CIÊNCIAS AGRÁRIAS 107 108 CIÊNCIAS ÁGRÁRIAS A IMPORTÂNCIA DA MONITORIA NA FORMAÇÃO DO 1 PETIANO PROJETO DE SENSIBILIZAÇÃO INFANTIL “MÃE, 2 QUERO SER SAUDÁVEL! ” 3 CICLO DE PALESTRAS A EDUCAÇÃO TUTORIAL ATUANDO COM PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: “O DIA DE PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PROMOVIDO PELO GRUPO 4 PET-FLORESTA DA UFRR TÓPICOS DE MANEJO: AULAS MINISTRADAS AOS 5 INGRESSANTES DO CURSO DE ZOOTECNIA DIA DE CAMPO: CANA DE AÇÚCAR NA ALIMENTAÇÃO DE 6 RUMINANTES1 SIMPÓSIO GRANDES CULTURAS: INTEGRANDO ENSINO, 7 PESQUISA E EXTENSÃO INTERAÇÃO ALUNO-CAMPO E VISUALIZAÇÃO DAS POTENCIALIDADES AGROPECUÁRIAS NO MUNICÍPIO DE CASTANHAL, PARÁ, COM A XVI 8 VIAGEM DE INTEGRAÇÃO RURAL 109 ESTÁGIO DE VIVÊNCIA EM CAMPO NA AGRICULTURA 9 FAMILIAR, USO DE DIAGNOSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO (DRP) COMO METODOLOGIA DE ANÁLISE NIVELAMENTO NA ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS PARA 10 INGRESSANTES NO CURSO DE ZOOTECNIA A REENGENHARIA FLORESTAL: UMA PROPOSTA 11 DE INCENTIVO DA ENGENHARIA PESQUISA E EXTENSÃO: MANEJO FLORESTAL CONFORME 12 O NOVO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO 13 ESCOLA DE REDAÇÃO 14 PROJETO SOCIAL CASA ALIANÇA DE MISERICÓRDIA PRÁTICAS DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA ATRAVÉS DA ORGANIZAÇÃO DAS “TARDES DE CAMPO" PARA 15 PRODUTORES DE LEITE NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ DESAFIOS DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:DISCUSSÃO 16 SOBRE O TRABALHO COM MULHERES NO ASSENTAMENTO RURAL DE ARACATI 110 BONS MARES AOS TUBARÕES: AVALIAÇÃO DA SEMANA DE ACOLHIDA AOS CALOUROS DO 17 CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA DA UNIVERDIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO-UNID EDUCAÇÃO TUTORIAL COMO DIFERENCIAL NA 18 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E NO CONTEXTO DA AGRICULTURA FAMILIAR INTERCÂMBIO DOS GRUPOS PET DA UFSJ: UMA NOVA 19 ABORDAGEM NA EDUCAÇÃO TUTORIAL AVALIANDO A APRENDIZAGEM DA BOVINOCULTURA DE 20 LEITE POR MEIO DE QUESTIONÁRIOS VIVENCIANDO A AVICULTURA POR MEIO DE ATIVIDADES 21 PRÁTICAS E LÚDICAS PROJETO-ESCOLA, CONHECENDO A ZOOTECNIA, 22 EXPANDINDO HORIZONTES AQUICULTURA INTERATIVA: A BUSCA PELO 23 CONHECIMENTO EM VIVEIROS DE PEIXE PROJETO HORTA ORGÂNICA E VIVEIRISMO: CAPACITAÇÃO, INCLUSÃO SOCIAL E MELHORIA DO 24 AMBIENTE PERFIL SOCIOECONÔMICO DO CONSUMIDOR DE PESCADO 25 NO MUNICÍPIO DE BELÉM PA 111 COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E SUCESSÃO ECOLÓGICA DE 26 UMA FLORESTA SECUNDÁRIA DE TERRA FIRME EM BRAGANÇA-PA INFLUÊNCIA DA LUZ NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE 27 TATAPIRIRICA (TAPIRIRA GUIANENSIS AUBL.). AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL, FISÍCA E TEMÁTICA DA XVI SEMANA DE ENGENHARIA FLORESTAL DA UFRPE PELOS PARTICIPANTES DO 28 EVENTO DEMANDA DOS DISCENTES DO CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL ACERCA DOS CURSOS DE CURTA DURAÇÃO A SEREM OFERECIDOS NOS EVENTOS PROMOVIDOS PELO 29 PET EDUCAÇAO AMBIENTAL EM SOLOS: ESTUDO DE 30 CASO DA ESCOLA VIRGILLIO LIBONATT ACOLHIDA SOLIDÁRIA PET-EA 2014 DA 31 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG VERIFICAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO EM EMPRESA BENEFICIADORA DE 32 SAL EDUCAÇÃO ALIMENTAR INFANTIL: UMA AÇÃO EDUCATIVA NA UNIDADE UNIVERSITÁRIA FEDERAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL NÚCLEO DE 33 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DA UNIVERSI 112 RECEPÇÃO AOS ALUNOS INGRESSANTES DO CURSO DE ZOOTECNIA - UDESC COMO MECANISMO DE INCLUSÃO 34 UNIVERSITÁRIA PESCA ITINERANTE: UM NOVO OLHAR SOBRE A ENGENHARIA DE PESCA NO SERTÃO 35 PERNAMBUCANO. PRODUTIVIDADE DE SOJA EM FUNÇÃO DE DOSES DE 36 FERTILIZANTE NITROGENADO NA SEMEADURA EM DOURADOS – MS INICIAÇÃO AO UNIVERSO ACADÊMICO PELA TUTORIA DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL (PET) ECONOMIA DOMÉSTICA: 37 OFICINAS EDUCATIVAS AOS RECÉM-INGRESSOS 38 GALPÃO CIDADÃO ENAPET 2014 EXPECTATIVAS E PERCEPÇÕES DOS ACADÊMICOS DO CURSO DE AGRONOMIA - UFSM SOBRE AS DISCIPLINAS 40 COMPLEMENTARES DE GRADUAÇÃO HORTA DIDÁTICA: AGREGANDO MAIS SABOR E 41 QUALIDADE DE VIDA A CRIANÇAS ASSISTIDAS SOCIALMENTE. ÀS MARGENS DO VELHO CHICO: UMA VIAGEM AO SEMI-ARIDO NORDESTINO ORIENTADA POR UM 42 PROFISSIONAL PETIANO. 113 A Importância da Monitoria na Formação do Petiano 1 1 1 2. Daniele Missio , Natan da Cruz de Carvalho , Marcelo Becker , Daniela dos Santos Brum 1 Bolsista do grupo PET-Veterinária, Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana, RS. Tutora do grupo PET-Veterinária, Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana, RS. 2 Introdução Com a criação do sistema Universitário Federal Brasileiro, as universidades buscaram um conjunto de normas para regulamentar esse sistema. Foi à lei Federal nº. 5.540, de 28 de novembro de 1968, que fixou regras de funcionamento do ensino superior e instituiu em seu artigo 41 a monitoria acadêmica (BRASIL, 1968). De acordo com a Resolução nº 152/99 artigo 1º “[...] a monitoria é caracterizada como uma modalidade ensino e aprendizagem vinculada às atividades de contribuição à formação do aluno integrada às atividades de ensino, pesquisa e extensão dos cursos de graduação” (UFPI, 1999). Conforme Cordeiro e colaboradores (2011), a monitoria acadêmica é um passo importante na vida de um estudante universitário, pois pode levá-lo a trilhar caminhos diferentes dos que havia planejado ao adentrar na Universidade. Conforme Friedlander (1984), o aluno-monitor é o estudante que, interessado em desenvolver-se, aproxima-se de uma disciplina e junto a ela realiza pequenas tarefas que contribuem para o ensino, a pesquisa ou à extensão. Segundo Schneider (2006), a monitoria pretende contribuir com o desenvolvimento da competência pedagógica e auxiliar os acadêmicos na apreensão e produção do conhecimento. Considerando isso e a proposta do Programa de Educação Tutorial (PET) de propiciar aos petianos, condições para a realização de atividades extracurriculares, que complementem a sua formação acadêmica, procurando atender mais plenamente às necessidades do próprio curso de graduação (MEC/SeSU, 2014), a monitoria voluntária é uma das atividades realizadas pelo Grupo PET Veterinária da Universidade Federal do Pampa, RS. Objetivos Esse trabalho objetivou apresentar em forma de relato os resultados positivos alcançados durante a monitoria para a formação dos petianos. Metodologia 114 Os petianos do Grupo PET-Veterinária da Universidade Federal do Pampa acompanharam e auxiliaram nas aulas práticas aos professores de diferentes disciplinas, básicas ou profissionalizantes, do curso de Medicina Veterinária de acordo com os índices de retenção e evasão do curso (Brum et al., 2013). Além disso, outras atividades extraclasses como aulas de revisão também foram criadas pelos petianos juntamente com o professor para estimular os alunos. Para a avaliação dos resultados deste trabalho optou-se pela técnica da análise teórica das práticas didático-pedagógicas realizadas durante o período de monitoria voluntária nas diferentes disciplinas, sendo que neste trabalho todas as atividades são condensadas em ideias sobre os resultados positivos do programa de monitoria para o petianos. Resultados e discussão Os petianos realizaram ao menos uma monitoria ao ano, podendo optar pela qual apresentavam maior afinidade ou interesse, desde que, já tivessem cursado a mesma. Assim, foram realizadas monitorias nas disciplinas de Anatomia Animal, Histologia e Embriologia Veterinária, Bioquímica Especial, Clínica Médica de Grandes Animais, Parasitologia Veterinária, Técnica Cirúrgica Veterinária e Nutrição Animal. Além disso, os petianos auxiliaram na execução de tarefas complementares a monitoria a fim de auxiliar aos alunos, como aulas de revisão, tendo grane aceitação pelos alunos. Conforme Linz e colaboradores (2009) a importância da monitoria nas disciplinas do ensino superior extrapola o caráter de obtenção de um título, indo mais além, seja no aspecto pessoal de ganho intelectual do monitor, seja na contribuição dada aos alunos monitorados e, principalmente, na relação de troca de conhecimentos, entre professor orientador e aluno monitor. Os petianos que exerceram a monitoria notaram a importância desta para o desenvolvimento das habilidades técnicas, o contato mais próximo com a docência e os demais alunos do curso, além disso, conseguiram rever os conteúdos anteriormente aprendidos e tiveram a oportunidade de melhor a dicção e diminuir a insegurança de falar em público, aumentando assim a autoconfiança nas relações interpessoais e contribuindo na realização de outras atividades. Segundo Cordeiro et al. (2011) a experiência vivida na monitoria serve para despertar vocações, principalmente quanto à docência, assim, é um ensaio necessário àqueles que ainda estão em dúvida sobre o que querem mais adiante, pois através dela algumas dúvidas serão esclarecidas, tanto no âmbito da aprendizagem do aluno quanto no âmbito educacional, servindo de base para a construção da identidade de educador do aluno-monitor. 115 Conclusão A monitoria é de suma importância para o desenvolvimento acadêmico dos alunos e foi de encontro ao que é proposto pelo PET. Permitindo assim, aos petianos um crescimento pessoal, profissional e social. Por estas razões, conclui-se que a monitoria desperta vocações e constitui-se em uma forma valiosa de consolidação do processo de ensino-aprendizagem que repercute positivamente na vida acadêmica e social do petiano. Referências BRASIL. Senado Federal, Lei Federal n.º 5540, de 28 de novembro de 1968. BRUM, D. S.; HOCH, G.C.; MISSIO, D.; CARVALHO, N. C.; SOUZA, T.L. Índices de Reprovação e Evasão no Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal do Pampa-RS. ANAIS: XVIII Encontro Nacional dos Grupos PET. Recife: ENAPET. 2013. CORDEIRO, A.S.; OLIVEIRA, B.P. Monitoria acadêmica: A importância para o aluno de licenciatura em química. ANAIS: 2º Encontro de ciência e Perícia Forenses do RN. Natal: ANNQ, 2011. FRIEDLANDER, M. R.; Alunos-monitores: uma experiência em Fundamentos de Enfermagem. Revista Esc. Enf. USP, 18(2): p.113-120, 1984. LINS, L. F.; FERREIRA, L. M. C.; FERRAZ, L. V.; CARVALHO, S. S. G. A importância da monitoria na formação acadêmica do monitor. In: JEPEX 2009 –IX Jornada de ensino, pesquisa e extensão da UFRPE, Recife, 2009. <http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/R0147-1.pdf.> Disponível em: Acesso em: Junho/2014. MEC/SESu. Programa de Educação Tutorial – PET Manual de Orientações Básicas. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/PETmanual.pdf>. Acesso em: 11 de junho de 2014. SCHNEIDER, M.S.P.S. Monitoria: instrumento para trabalhar com a diversidade de conhecimento em sala de aula. Revista Eletrônica Espaço Acadêmico, v. Mensal, p.65, 2006. UFPI- UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ. Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Resolução nº 152/99. Processo nº 23111.6670/99-64, 1999. 116 PROJETO DE SENSIBILIZAÇÃO INFANTIL “MÃE, QUERO SER SAUDÁVEL! ” [Alisson de Souza Cunha, Ana Carolina Fösch Batista, Bárbara Da Cás Draguetti, Carolinne Pereira Morais, Eliana Laís Lange, Halisson Baron da Silva, Maíra Michel Fuhr Puig, Valentina Ferrando Tasende, Vinicius Rios de Lima]¹; Alessandro de Oliveira Rios². ¹Bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET) Engenharia de Alimentos, Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Bento Gonçalves, 9500 – Campus do Vale – Prédio 43.212 - CEP: 91501-970 - Porto Alegre – RS Telefone: 55-51- 3308-9787 - Fax: 55-51- 3308-7048 ²Professor do Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Tutor do grupo PETEngenharia de Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Bento Gonçalves, 9500 – Campus do Vale – Prédio 43.212 - CEP: 91501-970 - Porto Alegre – RS Telefone: 55-51- 3308-9787 - Fax: 55-51- 3308-7048 Introdução A obesidade infantil tem aumentado muito nas últimas décadas o que representa um fato preocupante, uma vez que esta pode ser associada a problemas cardiovasculares e diabetes, doenças que antes eram observadas somente em adultos (STYNE, 2001). Um ponto determinante no número mais elevado de crianças obesas é a mudança no estilo de vida e dos hábitos alimentares (ROSENBAUM & LEIBEL, 1998). As crianças e adolescentes estão consumindo maiores quantidades de produtos ricos em açúcares simples e gordura, além de haver redução da prática de atividades físicas, associado à presença da televisão (OLIVEIRA et al., 2003). Diante deste contexto, um projeto voltado para instruir os consumidores em geral e principalmente conscientizar as crianças sobre a busca de uma alimentação mais saudável, através do conhecimento das consequências do mau hábito alimentar adquirido na infância torna-se de extrema importância. O documentário “Muito além do peso” lançado em novembro de 2012 representa a trajetória de Marina Farinha e do Instituto Alana, sendo retratada a situação da obesidade infantil e as doenças decorrentes do mau hábito alimentar. A grande repercussão do documentário “Muito Além do Peso” vem gerando discussões sobre a situação da saúde das crianças devido à má alimentação. Atualmente, um terço das crianças brasileiras tem obesidade e algumas apresentam diabetes, depressão, doenças cardíacas e respiratórias (OBESIDADE, 2013). 117 Diante destes fatos, foi desenvolvido pelos discentes do Programa de Educação Tutorial (PET), do Curso de Engenharia de Alimentos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), um projeto inspirado no documentário brasileiro “Muito Além do Peso”. O projeto de sensibilização recebeu o nome “Mãe, quero ser saudável!”, pois se trata de um projeto voltado para o público infantil, de modo que os filhos possam transmitir aos pais o que lhes foi ensinado, fazendo-se assim o inverso do que o habitual, uma vez que torna-se mais fácil ensinar hábitos saudáveis para crianças em formação escolar. Objetivos O objetivo deste projeto foi promover a conscientização das crianças em idade escolar, do ensino público e privado, sobre os malefícios do consumo demasiado de produtos com pouco valor nutricional, além de estimular tais consumidores a optarem por uma alimentação mais saudável e pela prática de atividade física regular. Metodologia Foram realizadas visitas em duas escolas para a implantação do projeto, sendo o Colégio La Salle Santo Antônio, localizado na Rua Luiz de Camões, 372, Bairro Santo Antônio, na cidade de Porto Alegre (RS), onde foram atendidas 5 turmas do primeiro ano do ensino fundamental. A segunda escola visitada foi a Escola Estadual de Ensino Fundamental Duque de Caxias, localizada na Rua General Caldwell, 1175, Bairro Azenha, Porto Alegre (RS), onde foram atendidas 8 turmas de primeiro a quarto ano do ensino fundamental. Para atingir o objetivo proposto, foram propostas as seguintes atividades: 1) Reconhecimento de Alimentos: foram apresentadas fotos de alguns vegetais, legumes e frutas (tais como: batata, cebola, abacate, chuchu, entre outros), sendo questionado o nome destes e as suas origens (raiz, árvore, etc.). Após, foram apresentando alguns dos benefícios do consumo regular de frutas e vegetais. 2) Apresentação das Quantidades de Açúcares e Gorduras dos Alimentos: para conscientização das crianças, foram apresentadas as quantidades de açúcares e gorduras adicionados aos produtos durante a industrialização, comparando com o conteúdo final do alimento (expressos em volume ou massa). 3) Apresentação do Processamento de Alimentos: foi apresentado o modo de processamento de produtos muito consumidos por crianças (batata industrializada, arroz branco e integral, bolachas recheadas, sucos, entre outros), esclarecendo suas fontes, as mudanças de ingredientes, de processamento e as consequências de seu consumo frequente, porém de 118 forma lúdica, com utilização de vídeos infantis. Para tanto, foram apresentadas as etapas de transformação da matéria prima até o produto final, comparando com práticas do cotidiano. 4) Apresentação das Vantagens do Processamento de Alimentos: nesta atividade foram expostas situações nas quais o processamento dos alimentos é benéfico, com indicação de produtos industrializados que podem ser opções de uma alimentação saudável. 5) Análise dos Hábitos Alimentares das Crianças: foram realizados questionamentos sobre seus atuais hábitos diários de alimentação, quais os alimentos preferidos e quais das propostas apresentadas já fazem parte do cotidiano. Para avaliação dos resultados ao final da atividade distribuiu-se um ficha de avaliação do projeto, onde os alunos deveriam indicar: 1. Gostei muito; 2. Gostei; 3. Degostei; 4. Desgostei muito, além de dar sugestões sobre as atividades realizadas. Resultados e Discussão Na atividade de Reconhecimento de Alimentos a abordagem de cada alimento foi explanada de forma simples, mostrando a importância de cada alimento, como por exemplo: Batata, como fonte de energia, representa um carboidrato e deve ser consumido sem exageros, pois o consumo demasiado gera acúmulo de calorias que pode levar ao sobrepeso. Frutas, verduras e legumes são fontes de fibras, minerais e vitaminas, auxiliando o organismo a funcionar melhor e por isso o consumo deve ser frequente. Carne e leite também devem ser consumidos, pois são ricos em proteínas que são importantes para a fortificação e para o crescimento. As crianças mostraram conhecer a maioria dos itens apresentados, tendo alguma dificuldade no reconhecimento de berinjela, couve, e por vezes pimentão. É importante que as crianças conheçam todos os alimentos e suas funções, pois uma boa alimentação não deve conter exageros de algum grupo alimentício e nem falta de outro. Durante a apresentação da atividade sobre as Quantidades de Açúcares e Gorduras dos Alimentos as crianças foram questionadas quanto à quantidade de açúcar e gordura em alguns alimentos (bolacha recheada, salgadinho, refrigerante, etc.). Após, foi apresentado de forma visual e comparativa a quantidade destes ingredientes nos alimentos, revelando que tais alimentos industrializados, em sua maioria, apresentam um elevado teor de açúcares e gorduras e que seu consumo em excesso gera malefícios para a saúde. Todos os alunos, inclusive os professores, ficaram surpresos com a quantidade de açúcar e gordura contidos nos alimentos, fazendo perguntas e relatos do quanto eles e seus familiares consumiam desses produtos. É indispensável que as crianças tenham o real conhecimento do 119 que estão ingerindo, para que possam, por elas mesmas, cuidar de sua alimentação, prevenindo assim futuras doenças relacionadas ao excesso de gordura e/ou açúcar. Na apresentação sobre o processamento de alimentos foi mostrado às diferenças entre o arroz branco e o arroz integral, além da diferença entre suco integral e néctar de frutas. Deste modo, foi possível relatar que no consumo de tais produtos há a opção pelo “mais” saudável possível. Ao comparar com o produto mais saudável, foi explicado o que foi alternado no processo, sendo apresentado que o arroz integral passou por um refino até chegar ao arroz branco. As crianças exibiram um completo desconhecimento da diferença entre néctar e suco integral, fato muito negativo, pois normalmente acredita-se que alguns alimentos representam o consumo saudável, mas que na realidade contém uma grande quantidade de açúcar. A maioria desconhecia o conceito de alimento integral (como por exemplo, arroz integral) e não possuem o hábito de consumi-lo. Na atividade sobre as vantagens do processamento de alimentos foram expostas situações onde o processamento é benéfico, para melhor conservação, facilitar a utilização e reduzir a contaminação microbiológica. As crianças mostraram-se interessadas quanto ao processamento de alimentos, fazendo vários questionamentos e percebendo que nem todos os produtos manufaturados são maléficos. Durante a análise dos hábitos alimentares as crianças foram questionadas sobre seus hábitos tanto na escola quanto em suas residências. Após, foi explicado os malefícios do consumo exagerado de alimentos de pouco valor nutricional e os benefícios de alimentos saudáveis e nutritivos. Além disso, foram mostrados vários grupos de alimentos e qual a frequência necessária de consumo destes para uma alimentação saudável. Os alunos foram participativos, relatando sobre seus hábitos alimentares como café da manhã, almoço e lanches trazidos para a escola. Percebeu-se que a maioria tem uma alimentação equilibrada nas refeições principais, porém nos intervalos entre essas refeições há o consumo, por vezes exagerado, de alimentos calóricos. Segundo Harnack et al. (1999), 64,1% de crianças em idade escolar podem ser consideradas consumidoras de refrigerante, em detrimento a outras bebidas saudáveis como leite e suco de fruta. Trichesa & Giuglianib (2005) ao realizarem um estudo com 573 crianças dos municípios de Dois Irmãos e Morro Reuter relataram que somente 23,4% das crianças sabiam o que eram alimentos saudáveis, 19% responderam corretamente as questões sobre alimentos ricos em gordura e 4,9% as questões sobre alimentos que são fonte de energia. Além disso, nesse estudo o grau de conhecimento em nutrição estava mais presente em crianças acima do peso. É significativo 120 que essas crianças apresentem uma mudança por si só em suas escolhas alimentares, preferindo alimentos mais saudáveis, com menor teor de açúcar e de gordura. Em relação a avaliação das atividades realizadas pelo grupo PET nas escolas obteve-se um índice acima de 95% de aceitação, sendo indicadas apenas as opções : 1. Gostei muito e 2. Gostei. Conclusão Durante a apresentação as crianças interagiram de forma espontânea, respondendo aos questionamentos e realizando diversas perguntas. Além disso, recebeu-se como retorno dos familiares dos discentes, com relatos de que o conhecimento aprendido em sala foi repassado aos mesmos. Assim conclui-se que a apresentação do projeto nas escolas obteve resultado satisfatório, ou seja, o desenvolvimento e a discussão da problemática com o público alvo levou ao interesse dos mesmos, tendo como ápice o conhecimento aprendido em sala de aula repassado aos familiares. Referências HARNACK, L. ; STANG, J. ; STORY, M. Soft drink consumption among US children and adolescents: nutritional consequences. Journal of the American Dietetic Association, vol.99 n.4, p. 436-411. Apr.1999. OBESIDADE, 2013 - a maior epidemia infantil da história. Disponível em : http://www.muitoalemdopeso.com.br/sobre/. Acesso em : 05 de jun. de 2014 OLIVEIRA A.M.A. et al. Sobrepeso e obesidade infantil: Influência dos fatores biológicos e ambientais. Arquivos Brasileiros Endocrinologia & Metabolismo, São Paulo, v.47 n.2, p.144-155, Apr. 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302003000200006. Acesso em: 30 maio de 2013 ROSENBAUM, M.; LEIBEL R.L. The physiology of body weight regulation: relevance to the etiology of obesity in children. Pediatrics, Elk Grove Village- IL, v.101, p. 525-549, jun. 1998. Disponível em: http://pediatrics.aappublications.org/content/101/Supplement_2/525.full.pdf. Acesso em: 28maio de 2013. STYNE D.M. Childhood and adolescent obesity: Prevalence and significance. Pediatric Clinics North America, v.48, p.823-854, ago.2001. TRICHESA, R. M.; GIUGLIANIB, E. R. J. Obesidade, práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Revista saúde pública. v.39 n.4, p.541-547, ago.2005. 121 Ciclo de Palestras SANTOS, T. B.; PATEL, V.; MÜLLER, D.; PAVAN, C. S.; MAZETTO, I. A.; KAIPERS, K. F. C.; REITZ, T. C.; VERONA, V.¹; ALFARO, A. T.² ¹ ² UTFPR – FRANCISCO BELTRÃO Introdução O curso Superior de Tecnologia em Alimentos é o único curso de graduação na área de alimentos oferecido na região Sudoeste do Paraná. Iniciou suas atividades em 2008 e sua implantação ocorreu em grande parte devido à mobilização de organizações governamentais, não governamentais e movimentos populares de representação dos agricultores, após terem identificado no processamento de alimentos, uma vocação natural do Sudoeste do Paraná. O curso confere aos discentes habilidades e competências para atuarem em diferentes funções, ligadas a área da ciência e tecnologia de alimentos. A formação de profissionais habilitados para atuar na industrialização de alimentos, supri a necessidade da região por mão de obra qualificada e permiti a expansão do setor, contribuindo para o desenvolvimento regional. O município de Francisco Beltrão pertence à Mesorregião Sudoeste Paranaense que é formada por 37 municípios, sendo Dois Vizinhos, Francisco Beltrão e Pato Branco, microrregiões em sua área de atuação, totalizando uma população residente de aproximadamente quinhentos e sessenta e cinco mil habitantes (IPARDES, 2010), dos quais cerca de 40% vivem no meio rural. Com relação à concentração fundiária, a região é caracterizada por minifúndios, dos quais aproximadamente 50% das propriedades rurais têm menos de 10 há. O ciclo de palestras é uma atividade desenvolvida pelo grupo PET do curso de Tecnologia em Alimentos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, câmpus Francisco Beltrão. A ação visa a apresentação de palestras e discussão sobre temas de interesse dos acadêmicos do curso. A atividade busca à associação entre ensino, pesquisa e extensão, numa perspectiva coletiva, interdisciplinar e transdisciplinar, onde todas as palestras são realizadas com a participação efetiva dos discentes do curso. Os tópicos apresentados aos acadêmicos são assuntos relacionados a área de alimentos e as possíveis áreas de atuação dos tecnólogos em alimentos. Integrantes do grupo PET122 Alimentos são responsáveis pelo levantamento de assuntos de interesse dos acadêmicos e posterior contato com os possíveis palestrantes. Objetivos O ciclo de palestras tem como objetivo a abordagem e discussão de diferentes temas relacionados ao curso de Tecnologia em Alimentos, mercado de trabalho e possibilidades de atuação profissional Metodologia Foram selecionados diferentes temas de interesse dos acadêmicos, e posteriormente, palestrantes com expertise no assunto foram convidados para explanação dos mesmos. A divulgação do evento foi realizada nos murais da universidade, convite formal realizado nas salas de aula e pelas redes socais. O evento ocorreu em três edições e contou com a seguinte distribuição: Primeira edição – Foram realizadas quatro palestras por diferentes profissionais da área de ciência e tecnologia de alimentos. Os assuntos abordados nas palestras foram: metodologia para implantação de agroindústrias, hidrolisados proteicos, embalagens e suas aplicações, frutos transgênicos. Segunda edição – Diferentes profissionais abordaram os temas: estudo da biossíntese de aromas, alimentos prebióticos e probióticos, biofilmes e uso e aplicação de embalagens ativas em alimentos. Terceira edição - foram apresentadas quatro palestras por egressos do curso, sendo que, dois egressos atuam em indústrias processadoras de alimentos e dois cursam pósgraduação stricto sensu na área de Ciência e Tecnologia de alimentos. Os egressos explanaram a respeito das dificuldades encontradas nas suas atividades, bem como, as possibilidades de atuação para os profissionais da área. Em cada edição, após as apresentações foram realizadas mesas redondas com discussão sobre os temas explanados, deste modo, possibilitando a realização de questionamento aos palestrantes e a ampla discussão dos temas. A atividade é realizada no auditório da UTFPR - câmpus Francisco Beltrão e conta com o apoio da assessoria de comunicação (ASCON) e da Diretoria de Relações Comunitárias e Empresariais (DIREC) da universidade. 123 Resultados e discussão O ciclo de palestras contou com um elevado número de participantes do curso superior de Tecnologia em Alimentos durante as três edições, obtendo resultados satisfatórios quanto a participação dos discentes do curso. Atividade similar também é desenvolvida por outros grupos PET como o PET-Engenharia Elétrica da UDESC e pelo PET-Química da UFC. Nas atividades realizadas por esses grupos, são apresentados diferentes temas e são esclarecidas dúvidas sobre a atuação profissional de suas respectivas áreas. Nas primeiras duas edições do evento, os temas abordados nas palestras buscaram não somente a disponibilização de informação aos discentes, mas também motivá-los. O estimulo aos discentes, principalmente dos primeiros períodos é fundamental para reduzir os índices de evasão. A possibilidade de interagir com profissionais da área permite que os discentes esclareçam dúvidas e, desse modo, sintam-se mais confiantes sobre o seu futuro profissional. Sabe-se que relatos de uma vida acadêmica e profissional de sucesso, estimulam a permanência dos estudantes no curso (UEL, 2014). O envolvimento em atividades que propiciem a vivencia do “aprender fazendo” e “refletindo sobre”, conduz os discentes a reflexões e discussões, sobre temas éticos, sócio-políticos e culturais, relevantes para o seu futuro exercício profissional e para a construção da cidadania. Observou-se na terceira edição do evento, ministrada por egressos, uma elevada participação de discentes de diferentes semestres. Acredita-se que o fato é resultado da similaridade e identificação dos discentes com o perfil dos palestrantes, visto que todos eram antigos colegas de curso. A interação entre discentes de diferentes estágios de adiantamento do curso, auxilia na interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, que é fundamental para uma formação acadêmica, desse modo, permitindo à concepção de profissionais mais aptos a construção do conhecimento. Ao final das palestras os temas foram amplamente discutidos pelos participantes e palestrantes. Dentre os temas abordados nas três edições do “ciclo de palestras”, ressalta-se que os temas mais discutidos foram aqueles ligados a futura inserção no mercado de trabalho. Muitos acadêmicos possuem dúvidas sobre a atual disponibilidade de empregos na área, bem como, a remuneração em média recebida. Conclusão A elevada participação e a positiva avaliação dos discentes, demonstra que o ciclo de palestras é uma atividade que contribui para a formação dos acadêmicos do curso. Além disso, a ação desempenha um importante papel no auxílio a redução da evasão. 124 No segundo semestre de 2014 está prevista a quarta edição do evento, com a apresentação de temas que ainda serão levantados e definidos junto aos discentes do curso. Referências PET–ENGENHARIA ELÉTRICA. Disponível em: <http://www.pet.joinville.udesc.br/atividades/projetos/pet-15-anos/>. Acesso em : 04 de junho de 2014. PET-QUÍMICA. Palestra de Egressos. Disponível em: <http://www.petquimica.ufc.br/?p=529>. Acesso em : 04 de junho de 2014. IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Economico e Social. Disponível em: http://www.ipardes.gov.br/. Acesso em : 04 de junho de 2014. UEL, Universidade Estadual de Londrina. Ciências Agrárias. Departamento de Zootecnia. 2014. 125 A Educação Tutorial Abordando Práticas Sustentáveis Através das Oficinas de Reciclagem de Papel e Artesanato Letícia Castro Nogueira1; Allan Werner dos Anjos1; Aloisio Werneck Pereira1; Dalila Araujo Lopes1; Dayane Oliveira Lima1; Gessica Kalline Rodrigues Silva1; Jéssica Grama Mesquita1; Laiza Santos Dagnaisser1; Marianna Fernandes Santana1; Marina da Silveira Gomes1; Natani de Souza Nascimento 1; Thais Vilaronga Reis da Silva1 ; Thuanny de Santa Barbara Menezes1; Tiago Marques Tito 1; Victor Rodrigues Ribeiro 1; Alexandre Monteiro de Carvalho 2 ¹ Membros discentes do PET-Floresta ² Professor Tutor do PET-Floresta Introdução A Educação Tutorial tem como objetivo propiciar aos alunos a participação em atividades extracurriculares que complementam sua formação. Em muitos momentos, nestas atividades se insere a sociedade do entorno do Campus Universitário, fazendo com que os grupos do Programa de Educação Tutorial da Engenharia Florestal (PETs) interajam com a população em geral, incluindo neste contexto pessoas muitas vezes distantes do ambiente acadêmico. O Grupo PET-Floresta, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, vinculado ao curso de graduação em engenharia promove atividades que levam em consideração os preceitos da sustentabilidade, transmitidos através da educação ambiental. Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, Art 1º). Dessa forma, o PET-Floresta busca através da educação tutorial, aplicar e difundir a educação ambiental na Instituição onde está inserido e na comunidade do entorno. Alguns dos grandes desafios, a serem superados, na organização de práticas sustentáveis e educação ambiental são apresentados no relatório realizado pela comissão organizadora da I Conferência Nacional de Educação Ambiental, em 1997. São eles: - “A falta de material didático para orientar os trabalhos de educação ambiental, por exemplo em escolas, sendo que os materiais disponíveis, em geral, estão distantes da realidade em que são utilizados e apresentam caráter apenas informativo e principalmente ecológico, não 126 incluindo os temas sociais, econômicos e culturais, reforçando as visões reducionistas da questão ambiental”; - “A ausência de uma visão integrada que contemple a formação ambiental dos discentes e a inclusão das questões éticas e epistemológicas necessárias para um processo de construção de conhecimento em educação ambiental”; - “A ausência de conceitos e práticas da educação ambiental nos diversos níveis e modalidades de ensino, o que reforça as lacunas na fundamentação teórica dos pressupostos que a sustentam” (MMA/MEC, 1997). Tais desafios trouxeram motivação ao Grupo PET-Floresta para efetuar trabalhos práticos que tratem da problemática ambiental, assimilando a questão social e econômica. Busca-se com isso a aplicação dos conceitos de sustentabilidade e educação ambiental, envolvendo ainda a interdisciplinaridade do ensino. Assim, o grupo tem considerado a educação ambiental como uma ferramenta utilizada para sensibilizar a todos, crianças, jovens e adultos. No caso das crianças a curiosidade infantil se apresenta como um ponto chave para a concretização de bons resultados da educação ambiental e na participação de jovens e adultos busca-se a conscientização dos envolvidos a partir da exemplificação de assuntos e problemas do cotidiano da vida destas pessoas. Experiências avaliadas como bem sucedidas e que consideraram os fatores discutidos acima foram as oficinas de reciclagem de papel e de artesanato com materiais alternativos realizadas pelo Grupo PET-Floresta da UFRRJ. Cada vez mais necessária e aplicada em centros urbanos, comunidades, ambientes empresariais, cooperativas de trabalho e outras organizações a reciclagem de papel mostra-se atualmente como prática bem sucedida e com potencial de crescimento indiscutível no futuro. A utilização de materiais que apresentem potencial de geração de renda para um grupo de pessoas, seja ele uma comunidade, uma pequena cidade, um bairro ou vila de uma grande metrópole, é vista hoje como uma forma não só de aproveitamento de bens que seriam descartados, mas também como uma alternativa organizada de um trabalho coletivo sustentável, que pode agregar ao grupo de pessoas envolvidas uma série de benefícios. Objetivos Este trabalho teve como objetivo, através da experiência com a educação tutorial acumulada pelo Grupo PET-Floresta da UFRRJ, utilizar e avaliar o ensino de práticas sustentáveis, enfatizando a importância da consciência ambiental e do reaproveitamento de diversos 127 materiais, em duas atividades abertas à comunidade do entorno do Campus de Seropédica da UFRRJ: as oficinas de papel reciclado e de artesanato a partir de materiais alternativos. Metodologia As atividades tiveram como público alvo estudantes de ensino fundamental da rede pública do município de Seropédica, que poderiam estar acompanhados de seus pais ou responsáveis, alunos de graduação e funcionários da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. A oficina de papel reciclado teve carga horária de 8 horas e foi ministrada pelos discentes integrantes do Grupo PET-Floresta, com o auxílio de um professor do curso de graduação em engenharia florestal, responsável pelo laboratório e pela disciplina de papel e celulose, ambos pertencentes ao Departamento de Produtos Florestais, do Instituto de Floresta da UFRRJ. No laboratório os participantes tiveram a oportunidade de produzir papel reciclado a partir da desagregação, prensagem, formação de folhas e secagem, de papéis usados trazidos pelos próprios participantes da atividade. Além da parte prática da atividade, houve uma palestra sobre questões relacionadas ao descarte do papel, as formas de consumo e de utilização correta, questões sociais e econômicas envolvidas no processo de uso-descarte-coleta de papel usado, além da ilustração das possibilidades de reciclagem e reaproveitamento. A oficina de artesanato a partir de materiais alternativos teve também carga horária de 8 horas e foi ministrada pelos discentes do Grupo PET-Floresta com o auxílio de uma profissional artesã. Cada participante aprendeu a reutilizar materiais trazidos por eles, como CDs inutilizados (riscados ou antigos) e embalagens de leite do tipo “longa vida”, além de retalhos de tecido. As duas oficinas foram realizadas em paralelo, em um dia batizado de “dia de práticas sustentáveis” organizado pelo Grupo PET-Floresta da UFRRJ, “abrindo as portas” do Instituto de Florestas. A partir dos CDs foram produzidos porta-recados e a partir das caixas de leite foram produzidas carteiras. Também foram discutidas em conjunto questões relacionadas ao descarte de materiais de difícil reciclagem e formas racionais e sustentáveis de aproveitamento dos materiais utilizados na oficina e outros. Como forma de avaliar as atividades, os integrantes do Grupo PET-Floresta distribuíram questionários de satisfação aos participantes. Trinta questionários foram preenchidos avaliando itens de cada atividade com notas 1 a 5, sendo estes: divulgação, organização, duração, informações disponibilizadas e didática. 128 Além disso, o questionário contou com campo onde os participantes puderam expressar suas opiniões e sugestões sobre cada atividade. Os dados registrados pelos questionários foram analisados através da média aritmética das notas. Resultados e discussão De acordo com os questionários distribuídos ao longo das atividades, a média de satisfação, considerando todos os critérios analisados e as duas oficinas de forma conjunta foi de 4,45, de um total de 5, representando uma aprovação de 89% para as atividades. Os participantes mostraram interesse em participar de futuros eventos e oficinas. Foi constatada a relevância que atividades de extensão podem ter na comunidade próxima ao Campus sede da UFRRJ. As oficinas tiveram boa ocupação, sendo preenchidas com quinze participantes em cada uma, sendo este o número de vagas pretendido e disponibilizado. Analisando as oficinas pode-se perceber como as práticas desenvolvidas pelo ensino tutorial podem estar presente não só dentro da Universidade, mas principalmente fora dela, propiciando à comunidade a oportunidade de aprender mais sobre o uso sustentável de materiais e recursos. Muitos participantes comentaram sobre a necessidade de uma maior e melhor divulgação das atividades e que estas sejam realizadas com periodicidade mais intensa. Foram destacados desejos e verificadas necessidades da realização de eventos semelhantes dentro do Instituto de Florestas da UFRRJ. Conclusões Conclui-se que as atividades planejadas para o “dia de práticas sustentáveis”, oficinas de papel reciclado e de artesanato alcançou os objetivos propostos. Visando melhorar os eventos futuros o grupo PET-Floresta planeja fazer a divulgação de tais atividades com maior antecedência, pois se verificaram falhas e dificuldades na divulgação das atividades que podem e devem alcançar um maior público, apesar de terem sua ocupação preenchida conforme as vagas disponibilizadas. Em futuras atividades semelhantes devem ser oferecidas mais vagas através da realização de mais de uma turma para cada oficina, que poderão também ser oferecidas em mais de um dia. 129 Observou-se também o desejo e a demanda para que este tipo de atividades aconteçam com mais frequência, abordando novamente os mesmos temas e também novos temas relacionados com a sustentabilidade ambiental. O Grupo PET-Floresta avaliou as atividades como de extrema importância e verificou a grande demanda por estas iniciativas existente na comunidade do entorno da UFRRJ. Foi verificada na prática e concluiu-se pela concordância com o texto de STERLING, 2001 que destaca que “é preciso ver diferente, deslocar e renovar nosso ponto de vista para compreender e agir diferentemente; aprendizado e mudança são inseparáveis, pois não é possível mudar sem aprender (ver o novo), ou aprender sem mudar”. Agradecimentos Ao professor Azarias Machado de Andrade, do Departamento de Produtos Florestais, do Instituto de Florestas da UFRRJ, que coordenou a oficina de reciclagem de papel. À artesã Regina Célia que auxiliou e coordenou a oficina de artesanato. Referências BRASIL. Lei n. 9795 - 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental. Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília, 1999. BRASIL, Ministério da Educação. Apresentação – PET. Disponível em : <http://portal.mec. gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12223&Itemid=480>. Acesso em 04 de Jun. 2014. CONFERÊNCIA Nacinal de Educação Ambiental. 1, 1997, Brasília. Declaração de Brasília para a educação ambiental. Brasília: Ministério do Meio Ambiente; Ministério da Educação, 1997. LIMA, G. da C. O discurso da sustentabilidade e suas implicações para a educação. Ambiente & Sociedade, vol. 6, núm. 2, julho-dezembro, 2003, pp. 99-119. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade Brasil. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=31760207>. Acesso em 06 de Jun. de 2014. STERLING, S. Sustainable education: re-visioning learning and change. Bristol, UK: Green Books, 2001. 130 Tópicos de Manejo: aulas ministradas aos ingressantes do curso de zootecnia1 Ana Maria Bridi2, Adana Kelita Felix Carneiro4, Amanda Gobeti Barro3, Ana Carla Picharillo3, Ana Maria Allain Ometto4, Bruna Silva Barboza3, Cássia Perpétua Marques3, Deivid Willian Xavier de Olvieira4, Dirceu Novais Junior3, Evelyn Rangel dos Santos3, Fernanda Gonçalves Lisboa4, Gabriela de Oliveira Souza3, Guilherme Agostinis Ferreira3, Guilherme de Oliveira Rorato4, Jéssica Gonçalves Vero3, Jéssica Martins Aliano3, Leonardo Lourenço Trolegi4, Maurilio Okuno Canhet3, Talita Favareto Casini4, Vanessa Bordini Barreto3. 1Projeto de ensino desenvolvido pelo PET Zootecnia UEL, financiado pelo MEC. 2Professora Tutora do PET Zootecnia – UEL, Paraná, Brasil. 3Acadêmico de Graduação em Zootecnia – UEL, Paraná, Brasil. Bolsista do PET- Programa de Educação Tutorial. 4Acadêmico de Graduação em Zootecnia – UEL, Paraná, Brasil. Voluntario do PET Programa de Educação Tutorial. Introdução O curso de graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina visa formar Zootecnistas com sólidos conhecimentos científicos e tecnológicos, dotados de consciência ética, política e humanista, capazes de desenvolver ações que contribuam com o desenvolvimento, o bem-estar e a qualidade de vida do homem. Seu princípio fundamental é a articulação entre a teoria e a prática, valorizando a pesquisa científica e as ações de extensão, de forma que os alunos adquiram capacidade de crítica, reflexão e interpretação da realidade. O curso tem objetivo qualificar os alunos para a continuidade dos estudos na pós-graduação e desenvolver a capacidade analítica, crítica, técnica e criativa dos mesmos. O PET Zootecnia, ao estudar os motivos ligados à evasão e retenção, identificou que parte desta evasão no curso se dava, muitas vezes, porque no segundo semestre do primeiro ano do curso, não é oferecida nenhuma disciplina ligada à produção animal. Os estudantes se ressentem pela falta de disciplinas profissionalizantes o que muitas vezes leva ao um desinteresse pelo curso. Assim, bolsistas do PET Zootecnia, supervisionados pela professora tutora, ofereceram uma 131 disciplina optativa aos calouros, onde foram abordadas práticas zootécnicas, visando introduzir termos técnicos e estimular a permanência dos alunos no curso. Objetivos As aulas ministradas pelos alunos bolsistas, ingressantes do grupo PET, tiveram como objetivo: - Diminuir a retenção e a evasão do curso de Zootecnia, através da oferta de uma disciplina aos calouros na área profissionalizante e pela convivência com os veteranos; - Proporcionar novos conhecimentos acadêmicos e um maior contato com os animais de produção, através de aulas práticas; - Demonstrar as diversas áreas de atuação do zootecnista; - Promover um aprimoramento dos conhecimentos dos Petianos, tanto técnico como a capacidade de elaborar e ministrar aulas, preparando-os ao exercício da docência. Metodologia Durante o segundo semestre de 2013 foram realizadas 16 aulas. As aulas foram ministradas na Fazenda Escola (FAZESC) e no Laboratório de Análise e Nutrição Animal (LANA), ambos pertencentes à Universidade Estadual de Londrina (UEL). Cada petiano escolheu um tema para a aula, de acordo com sua atividade de iniciação científica. Após a escolha do tema, o petiano elaborou um plano de aula onde constava o título da aula, os objetivos, a metodologia e as referências bibliográficas. Cada plano foi discutido e ajustado com a professora da disciplina. Cada aula teve a duração de uma hora aula (50 minutos) e foram ministradas nas sextas-feiras às 14 horas. Para esta atividade, foram abordados os seguintes temas: Identificação e caracterização de forrageiras; Escolha de reprodutores e matrizes e padrão racial da raça Santa Inês; Identificação e caracterização de forrageiras; Metabolismo de ovinos; Influência do escore de condição corporal no período reprodutivo; Técnica de OPG e Famacha na Ovinocultura; Cuidado com os cordeiros do nascimento ao desmame; Ezoognose de Bovinos; Estimativas de forragem; Equinocultura – Limpeza e cuidados higiênicos; Avicultura de postura; Bovinos fistulados; Creche, Maternidade e Terminação de Suíno; Análise de ovos; Leiteria; Análise de carne; Confecção de silagem; Anatomia do sistema digestivo de aves e introdução a fisiologia da digestão. Após as aulas era solicitado um breve relatório do conteúdo ministrado que foram corrigidos pelos próprios alunos que davam a aula, motivando e estimulando o aprendizado da docência 132 nos petianos. Resultados e discussão A aula de “Escolha de reprodutores e matrizes e padrão racial da raça Santa Inês” teve como objetivo repassar noções básicas sobre ezoognósia de ovinos, ensinando a correta nomenclatura do exterior; demonstrando os animais que apresentam o melhor padrão racial, bem como as características permitidas e as falhas que os desclassificam; listou-se as características desejáveis para animais voltados à produção e reprodução, fazendo a comparação entre os animais para destacar as qualidades e as falhas dos mesmos; listou-se as características que devem ser observadas no momento de aquisição e descarte de animais. Na aula de “Identificação e caracterização de forrageiras”, foi apresentado às características morfológicas e como usar-las na classificação botânica das forrageiras. Outro assunto tratado foi sobre as características agronômicas de diversas espécies. Na aula sobre “Metabolismo de Ovinos” discutiu-se sobre gaiolas metabólicas, métodos de manejo diário e avaliação do comportamento animal. No aprisco, exemplificou-se um modelo de confinamento. A aula de “Ezoognose de Bovinos” teve como objetivo demonstrar aos alunos a morfologia externa dos bovinos, enquanto a aula de “Influência do Escore de Condição Corporal no período reprodutivo” ocorreu à utilização de alguns animais do rebanho para demonstração da avaliação. Na aula de “Técnica de OPG e Famacha na Ovinocultura” foi demonstrado como é realizado os exames nos ovinos. A aula de “Equinocultura – Limpeza e Cuidados Higiênicos” foram abordados tópicos de manejo de higienização nos animais. Também, foram passadas algumas informações aos alunos sobre o histórico do setor de Equinocultura da Universidade. Na aula “Bovinos Fistulados” comentou-se sobre o histórico do método de fístula em animais; Conceitos da técnica cirúrgica e apresentação dos materiais que compõe a cânula; Conceitos de degradabilidade ruminal e atividade dos micro-organismos, como também técnicas de coleta de líquido ruminal e incubação “in situ” além do manejo e higiene da cânula. Na aula de “Estimativas de forragem” foi demonstrado como são feitas as coletas de massa de forragem, taxa de acúmulo e como calcular taxa de lotação. Para tanto, utilizou-se um quadrado de 0,25m² e uma segadeira a motor de combustível. Na aula de “Anatomia do Sistema Digestivo de Aves e Introdução a Fisiologia da Digestão” 133 foi utilizado como exemplo uma ave de postura, que foi insensibilizada e abatida. Após, foi retirado o aparelho digestório para explicação das partes anatômicas e os seus respectivos processos fisiológicos. Na aula de “Creche, Maternidade e Terminação de Suíno” foram abordadas os cuidados com animais recém nascido até a terminação. Na aula de “Avicultura de Postura” teve como tópicos o histórico e evolução (genética) da avicultura de postura; Marcas comerciais; Postura no chão e em gaiolas; Manejo das aves e Manejo dos ovos. Durante as aulas foram distribuídos para os alunos participantes panfletos relacionados ao assunto abordado, visando facilitar o aprendizado. Conclusão Conclui-se que, as aulas abordavam temas de interesse perante o curso, despertando um maior interesse dos alunos ingressantes em relação aos estudos e estimulando a permanência no curso. Referências ANUALPEC 2002. Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: FNP, 2002. 400 p. MACARI, M.; FURLAN, R. L.; GONZALES, E. Fisiologia aplicada a frangos de corte. Jaboticabal: FUNEP/UNESP, 2002. 375 p. PEIXOTO, A. M.; MOURA, J. C.; FARIA, V. P. Bovinocultura leiteira: fundamentos da exploração racional. Piracicaba: FEALQ, 1993b. 580 p. SILVA, I. J. S. Ambiência e qualidade na produção industrial de suínos. Piracicaba: FEALQ, 1999. 247 p. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. A produção animal na visão dos brasileiros. Piracicaba: FEALQ, 2001. 927 p. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA – UEL. Departamento de Zootecnia. Graduação. Disponível em: <http://www.uel.br/cca/zootecnia/pages/graduacao.php>. Acesso em: 12 maio 2014. 134 Dia de campo: Cana de açúcar na alimentação de ruminantes1 Ana Maria Bridi2, Adana Kelita Felix Carneiro4, Amanda Gobeti Barro3, Ana Carla Picharillo3, Ana Maria Allain Ometto4, Bruna Silva Barboza3, Cássia Perpétua Marques3, Deivid Willian Xavier de Olvieira4, Dirceu Novais Junior3, Evelyn Rangel dos Santos3, Fernanda Gonçalves Lisboa4, Gabriela de Oliveira Souza3, Guilherme Agostinis Ferreira3, Guilherme de Oliveira Rorato4, Jéssica Gonçalves Vero3, Jéssica Martins Aliano3, Leonardo Lourenço Trolegi4, Maurilio Okuno Canhet3, Talita Favareto Casini4, Vanessa Bordini Barreto3. 1Projeto de extensão desenvolvido pelo PET Zootecnia UEL, financiado pelo MEC. 2Professora Tutora do PET Zootecnia – UEL, Paraná, Brasil. 3Acadêmico de Graduação em Zootecnia – UEL, Paraná, Brasil. Bolsista do PET- Programa de Educação Tutorial. 4Acadêmico de Graduação em Zootecnia – UEL, Paraná, Brasil. Voluntario do PETPrograma de Educação Tutorial. Introdução A bovinocultura se destaca pela sua importância no agronegócio brasileiro e mundial. O Brasil tem o segundo maior rebanho efetivo do mundo, com cerca de 200 milhões de cabeças (BRASIL, 2014). A maior parte dos bovinos produzidos no Brasil é a pasto, sendo que muitas das vezes, o único alimento, desses animais são as gramíneas. Devido à sazonalidade do clima do país, a oferta de forragem é diferente no decorrer do ano, sobretudo é necessário que os alimentos tenham boa qualidade durante todo o ano, levando em conta os períodos alternados de excesso e escassez de pastagens (BUMBIERIS JUNIOR et al., 2007). Buscando reduzir os reflexos negativos da sazonalidade de produção de forragens sobre o desempenho do rebanho, a conservação de forragens é uma estratégia interessante a ser utilizada, para que os animais tenham alimentos de qualidade durante todo o ano (BOTELHO et al., 2010; BUMBIERIS JUNIOR et al., 2007). A ensilagem é uma técnica que consiste em preservar forragens, normalmente produzidas no verão, através de uma fermentação anaeróbica obtida pela picagem, compactação e vedação da planta forrageira em silos. O produto final dessa fermentação, denominado silagem, é obtido pela ação de bactérias lácticas sobre açúcares presentes nas plantas, abaixando o pH até 135 valores próximos de 4,0. A cana-de-açúcar, pelo fato de possuir alta produtividade e estar madura durante o período de inverno, pode ser uma excelente alternativa como recurso forrageiro, já que devido ao grande acúmulo de açúcar, permite a fermentação em quantidade adequada. O dia de campo tem por finalidade o intercambio de informações entre produtores e alunos, promover a interação do conhecimento científico com as práticas de campo. Tornando a produção mais tecnificada, rentável e expondo sua realidade diária aos alunos. Objetivos Objetivou-se com o trabalho realizado pelo grupo PET Zootecnia numa parceria com a CATECz - Empresa Junior de Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina, promover um dia de campo para produtores rurais, estudantes e técnicos, sobre processos de ensilagem, uso de aditivos e a silagem de cana x in natura, buscando: - Promover a integração entre os produtores e a comunidade acadêmica; - Proporcionar novos conhecimentos técnicos aos produtores; - Aprimorar os conhecimentos dos petianos, através da vivência transmitida pelos produtores. Metodologia O trabalho foi realizado por integrantes do Programa de Educação Tutorial (PET) em uma parceria com a CATECz - Empresa Junior de Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina, com a orientação dos professores Marco Aurélio Alves de Freitas Barbosa e Valter Harry Bumbieris Junior. O dia de campo foi desenvolvido na Fazenda 46, localizada no município de Cidade Gaúcha, ao noroeste do Estado do Paraná. A propriedade é privada com fins lucrativos e também é utilizada em parceria com a Universidade Estadual de Londrina para desenvolvimento de experimentos científicos na área de bovinocultura de corte. O evento contou com a exposição de três banners, que abordaram os processos de ensilagem e armazenamento, importância do uso aditivos na silagem de cana de açúcar e as vantagens do seu uso frente à cana de açúcar in natura. Seqüencialmente, apresentou-se a área experimental da fazenda que possui 12 hectares e foi realizado uma discussão sobre dimensionamento de silo tipo trincheira, presença de microrganismos que afetam a qualidade da silagem, a interferência da produtividade da cultura no custo e no produto final e tamanho ideal das partículas do material à ser ensilado. 136 Resultados e discussão O tema a silagem de cana-de-açúcar é uma alternativa para produtores de gado de corte e gado leiteiro porque visa suprir as necessidades do rebanho no inverno, com um alimento com um custo economicamente viável, foi apresentado pelos petianos Maurilio Okuno Canhet e Vanessa Bordini Barreto. Foi discutida a importância do uso de aditivos na silagem de cana e destacado a importância do uso de aditivos químicos e microbianos na tentativa de diminuir a proliferação de leveduras que convertem açúcares a etanol, dióxido de carbono e água, causando reduções de ate 70% no teor de carboidratos solúveis (CHO’s). O tema Cana in natura x silagem foi apresentado pela petiana Bruna Silva Barboza e a discente Thayane Letícia Casagrande, destacando os fatores que diferem o corte diário da cana in natura em relação à utilização de silagem. No período de escassez de forragem a cana de açúcar pode ser utilizada como uma alternativa de alimento volumoso para alimentação de bovinos, sendo frequentemente oferecida aos animais in natura, mediante cortes diários (SIQUEIRA et al., 2007). Esta forma de utilização da cana de açúcar apresenta alguns inconvenientes como a necessidade de contratação de mão de obra para cortes, desintegração e transporte, fato que tem levado muitos produtores a optar pela ensilagem como alternativa de utilização desta forrageira viabilizando os custos. Por fim, o petiano Dirceu Novais Junior discutiu sobre processos de ensilagem e armazenamento, os quais devem ter grandes cuidados para se obter uma silagem de alta qualidade, como a escolha adequada do tamanho do silo em relação à demanda da propriedade, os cuidados na compactação da forrageira, que deve ser o mais homogênea possível e o fechamento do silo, que não pode permitir a entrada de oxigênio. Conclusão O dia de campo apresenta-se como uma ferramenta de grande potencial na difusão do conhecimento e de tecnologias para a agropecuária em geral, e desta forma consegue-se passar conhecimentos científicos e proporcionar um convívio entre profissionais técnicos, produtores e alunos de graduação. 137 Referências BOTELHO, P. R. F.; PIRES, D. A, de A.; SALES, E. C. J. de.; ROCHA JUNIOR, V. R.; JAYME, D. G.; e REIS, T. do. Avaliação de Genótipos de sorgo em primeiro corte e rebrota para produção de silagem. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, v. 9, n. 3, p. 287-297, 2010. BUMBIERIS JUNIOR, V. H.; DIAS, F. J.; KAZAMA, R.; ARRUDA, D. S. R. de; JOBIM, C. C.; MORAIS, M da G. Degradabilidade ruminal e fracionamento de carboidratos de silagens de grama estrela (Cynodon nlemfuensis vanderyst.) com diferentes aditivos. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 28, n. 4, p. 761-772, 2007. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA. Bovino e Bubalinos. Brasília -DF. Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br/animal/especies/bovinos-e-bubalinos>. Acesso em: 31 Maio 2014. SIQUEIRA, G. R. et al. Interações entre inoculantes microbianos e aditivos químicos na fermentação e na estabilidade aeróbia de silagens de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum l.). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41., 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. (CDROM 138 SIMPÓSIO GRANDES CULTURAS: INTEGRANDO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Helen K. C. Paschoeto¹; Alex V. Alves¹; Valéria A. Herling¹; Anderson C. Santos¹; Naiara G. Sousa¹; Matheus F. Belon¹; Larissa Zubek¹; Guilherme S. C. Souza¹; Gustavo P. Camargo¹; Aarão F. Santos¹; Fernando T. Bernardino¹; Michel E. Neto¹; Fernando C. Melini¹; Paulo H. P. Alexandre¹; Guilherme C. Cagnini¹; Antonio C. A. Gonçalves². Introdução Idealizado e organizado pelo PET-Agronomia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) o Simpósio Grandes Culturas (SGC) é um evento anual que, em cada edição, aborda temas relacionados a uma cultura de grande importância para o setor agrícola. O evento é realizado desde o ano de 2008, tendo ocorrido, em 2014, a sua sétima edição, que obteve ótima avaliação pelo público. Objetivos O Simpósio Grandes Culturas tem como principal meta proporcionar ao público, que é na maioria composto por acadêmicos do curso de Agronomia da UEM, palestras que visem preencher algumas lacunas existentes na grade curricular vigente, além de buscar aproximar o público das inovações científicas e tecnológicas da agricultura. Metodologia Para a realização do evento, a Comissão Organizadora conta com o apoio da Fundação Agrisus e também com apoio institucional, por meio da Reitoria e das Pró-reitorias de Ensino, Pesquisa e Extensão, do Centro de Ciências Agrárias e do Departamento de Agronomia. O SGC ocorre durante dois dias completos e consiste na apresentação de palestras, após as quais há um momento para questionamentos e discussão sobre o assunto. Há também um painel temático, coordenado por um professor convidado, no qual reúnem-se palestrantes que debatem sobre um assunto previamente escolhido. A divulgação do evento é feita através da Internet, tanto por meio do site do grupo, quanto através de redes sociais, da Rádio Universitária, e também por meio de folders, cartazes e banners que são distribuídos no 139 campus universitário. Para a definição do tema de cada ano, nas primeiras edições fez-se uma pesquisa com os acadêmicos, sobre qual cultura lhes despertava mais interesse. Deste modo, ao longo dos anos, estabeleceu-se o seguinte ciclo: Cana-De-Açúcar, Milho, Soja, Trigo e Café. Este ciclo pode ser alterado, conforme se detecte uma mudança no mercado ou algum interesse maior por outra cultura, por parte do público. Em 2013 se iniciou o segundo ciclo, e até o momento tem-se optado por manter os temas pré-definidos. Assim o tema do evento realizado nos dias 06 e 07 de maio de 2014 foi “Milho”. Resultados e discussão No simpósio realizado em maio de 2014, obteve-se um público de cerca de 100 pessoas, sendo estas na maioria estudantes de Agronomia, tanto da graduação quanto da pósgraduação, mas também houveram alguns profissionais participando do evento. Ao final das atividades foi entregue a cada participante uma ficha de avaliação, a partir da qual foi possível inferir a qualidade técnica e científica das palestras apresentadas, bem como o bom desempenho do grupo PET-Agronomia na organização desse simpósio. Conclusão No ano de 2015, o grupo pretende realizar a oitava edição do evento. Esta nova edição trará consigo os mesmo parâmetros de qualidade utilizados para a realização dos simpósios anteriores, porém ajustando-se alguns aspectos abordados pelos participantes de 2014, como uma melhor pontualidade nas palestras e uma divulgação mais ampla do evento. Referências SILVA, C.B.R; GONÇALVES, A.C.A.²; Simpósio Grandes Culturas: Integrando Ensino, Pesquisa E Extensão; In: XIV ENAPET, 2009, Manaus - AM 140 INTERAÇÃO ALUNO-CAMPO E VISUALIZAÇÃO DAS POTENCIALIDADES AGROPECUÁRIAS NO MUNICÍPIO DE CASTANHAL, PARÁ, COM A XVI VIAGEM DE INTEGRAÇÃO RURAL Eduardo Augusto Carlos Conceição; João Francisco Costa Carneiro Junior¹; Carlos Augusto Cordeiro Costa². ¹Petianos Bolsistas do Grupo PET Agronomia UFRA/Belém; ²Tutor do Grupo PET Agronomia UFRA/Belém. Introdução Atividades de campo como visitas técnicas são modalidades de importância fundamental para atender as diversas necessidades e interesses dos alunos. Estas atividades devem ser planejadas de formas interdisciplinar, envolvendo diversas áreas de interesses na formação acadêmica. A Viagem de Integração Rural, já é uma atividade realizada pelo grupo ha muitos anos, já foram visitados diversos municípios no estado, como: Paragominas, Parauapebas, Igarapé-Acú, Tomé-Acú, São Miguel, Irituia, Tucuruí, Rondon, Santa Izabel do Pará entre outros. Morin (2000, p.52) “expõe que, a ideia de sujeito, um indivíduo sujeito, é a possibilidade de poder estar no centro de seu mundo para considerar seu mundo a si mesmo”, dentro dessa perspectiva a vivência provoca no aluno uma aproximação ao “saber se ver”, na medida em que é obtido um conhecimento na prática exercida. As atividades de campo permitem o contato direto com o ambiente, possibilitando que o estudante se envolva e interaja em situações reais, confrontando teoria e prática, além de estimular a curiosidade e aguçar os sentidos. Além disso, uma atividade de campo permite que “o aluno se sinta protagonista de seu ensino, que é um elemento ativo e não um mero receptor de conhecimento” (De Frutos et al, 1996, p.15). O município a ser observado e visitado com o intuito do primeiro contato do discente ingressante com o campo foi Castanhal. Esta cidade está localizada no Nordeste Paraense a 68 km da Capital do Estado, Belém. Esta é conhecida na região pelo seu potencial agrícola e pecuário. Objetivos A Viagem de Integração Rural (VIR) serve como uma ferramenta de interação entre os novos discentes e o campo. Este intuito partiu por parte dos petianos onde a observação foi o carácter principal onde foi visto que muitos que entravam no curso de Agronomia, não tinham muito conhecimento do curso ou se tinham era escasso. Com isto surgiu a VIR, que com a 141 XVI edição contemplou o município de Castanhal com a visitação, visualização e integração do aluno com o meio rural. No município pode ser observado em várias agrovilas três atividades que são muito fortes na região. Estas foram: O plantio, a colheita e beneficiamento da mandioca; Pomares de Mamoeiros consorciados ou solteiros; e Fazenda de Gado de Corte com o Sistema de Cria, Recria e Engorda dos Animais. Estas atividades instigaram os estudantes a uma visão renovada sobre o campo. Metodologia A abordagem utilizada para realização da Viagem de Integração Rural tem sua estrutura dividida em quatro etapas principais. Na primeira etapa, sendo uma das mais fundamentais para sua realização, está relacionada com escolha do local, onde, busca-se identificar, municípios com expressões agropecuárias no estado, assim como também, selecionar no grupo os coordenadores da atividade, que especificamente nesta foram dois petianos e o tutor, os mesmos são responsáveis pelas principais articulações visando à consecução da atividade. A segunda etapa refere-se ao planejamento da viagem, atrelando-se as melhores datas de realização da mesma, levando-se em consideração o início das aulas dos novatos no curso de agronomia e o calendário acadêmico, com o período de realização definido, torna-se possível dar inicio ao trâmite da logística da atividade constante no projeto de execução, envolvendo unidades administrativas da universidade, bem como, fontes externas. Ainda nesta etapa, é efetivada a viagem precursora ao município selecionado, visando junto à prefeitura do município e outras entidades governamentais e não governamentais, firmar programação e apoio logístico. Na terceira etapa é feita as divulgações em salas de aula e em redes sociais, abrindo-se as inscrições de participação, que se restringem a trinta alunos recém-ingressos no Curso de Agronomia/UFRA- Campus Belém. Na quarta etapa, é alcançado o objetivo principal da VIR, que é conduzir os estudantes aos locais contidos na programação, aplicando-se no encerramento de cada de dia de atividade, um questionário de avaliação, reservando-se o período noturno para aplicação e entrega do referido questionário, sendo possível a análise pelo petianos de pontos fortes e fracos, e propiciando se necessário, mudanças no direcionamento e forma metodológica pré-estabelecida. Durante a Viagem em questão, visitamos a Propriedade de Manoel das Chagas, na Comunidade de Nazaré onde tivemos a oportunidade de conhecer um pouco sobre o Manejo da Mandioca, desde seu plantio até sua fase final, foi visitado também a Fazenda AG Gomes, de Proprietário Manoel Gomes, na Agrovila de Iracema, nela podemos observar e dar ênfase a cultura do Mamão, 142 como o consórcio com outras culturas e os solteiros, além da parte de industrialização dos frutos, e finalmente, foi visitado a Fazenda NOGREMI, na PA-127, Estrada que liga Castanhal a Igarapé-Açu, a mesma destina-se à cria, recria e engorda de Bovinos de Corte, focando na Inseminação Artificial com o método LATF (Tecnologia que permite inseminar um grande número de vacas em dia e hora pré-determinados). Resultados e discussão A atividade Viagem de Integração Rural (VIR) objetiva despertar o estudante para a realidade de sua formação profissional, a partir da inserção deste no ambiente profissional da agronomia. Neste “pano de fundo” o estudante começa a compreender os desafios e possibilidades da sua futura profissão. Essa atividade proporciona uma experiência inicial muito construtiva com relação aos alunos do primeiro período do Curso de Agronomia da UFRA/Belém. Como principais resultados obtidos nesta atividade, podemos citar: IMPACTOS SOBRE OS CALOUROS DO CURSO DE AGRONOMIA E MAIOR APROXIMAÇÃO ENTRE ELES MESMOS - Através desse trabalho, esses alunos têm a oportunidade de se aproximarem uns dos outros, criando laços de amizades, em um ambiente totalmente novo e cheio de obstáculos, em que precisarão contar com a presença do outro para o êxito do mesmo; IMPACTO NA VISÃO DESTES RÉCEM CHEGADOS, SOBRE O PRÓPRIO CURSO DE GRADUAÇÃO - Esta atividade também contribui para o aluno ter uma visão geral do curso e das áreas em que pode atuar quando formado, observando-se que muitos deles tinham uma visão restrita sobre Agronomia, esses novos conhecimentos também os incentiva a criar expectativas sobre o mercado de trabalho, e assim, permanecer no curso. CONHECIMENTO ADQUIRIDO SOBRE O GRUPO PET - Aproxima o Grupo PET dos calouros, oportunizando de mostrar a esses alunos, a importância do Programa e das suas atividades, e que como as mesmas podem gerar resultados positivos, e contribuir, no crescimento da qualidade da graduação. O interesse dos calouros no Programa cresce a partir desse contato e vai se consolidando a partir de outras atividades que o grupo realiza com os alunos de graduação. Isso tem relevância significativa no processo de seleção de futuros petianos para o Grupo, já sendo constatado, que muitos candidatos, afirmam que o seu interesse pelo Programa se deu com a Viagem de Integração Rural. Contribuir com o crescimento da graduação é uma das bandeiras que o PET defende, e essa atividade, é um grande exemplo de como esse grupo pode ter bons resultados quando envolve em suas atividades, alunos de diversos semestres do Curso de Agronomia da UFRA/Belém. Com esse intuito as visitas foram realizadas em várias propriedades, possibilitando uma visualização de 143 diferentes realidades do município de Castanhal no Pará, assim como a diversidade de áreas na qual um engenheiro agrônomo pode atuar. Conclusão A Viagem de Integração Rural contribuiu para o aprendizado acadêmico, pois se pode conhecer um pouco da potencialidade agrícola do município estabelecendo assim uma ampla discussão do que foi observado, expandindo o leque de conhecimento da nossa profissão e sua importância na agricultura. Vale ressaltar a importância que esta atividade tem para os alunos que estão entrando na universidade, sabendo que muitos deles não conhecem a vasta área de atuação de um agrônomo. Podemos perceber o interesse desses alunos pela atividade, pelas visitas nas fazendas, nas empresas, nas industrias. Nesta atividade, os alunos são orientados sob diversos aspectos para que a atividade atinja os objetivos pretendidos. Assim, através do contato com profissionais e com o ambiente de trabalho, o estudante tem a oportunidade de compreender o contexto da agronomia, os desafios, as possibilidades, e a responsabilidade que ele mesmo terá quando profissional. Permite também, ao jovem estudante e todos os petianos compreender a profissão de modo mais amplo e relaciona-la a um contexto social, bem como adquirir visões criticas sobre o mercado de trabalho, a universidade, a sociedade, e todo o contexto em que o curso de graduação está inserido. Referências DE FRUTOS, J. A. et al. Sendas ecológicas: un recurso didáctico para el conocimiento del entorno. Madrid: Editorial CCS, 1996. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo, Cortez, 2000. 144 Estágio de vivência em campo na agricultura familiar, uso de Diagnostico Rápido Participativo (DRP) como metodologia de análise José Reinaldo da Silva Cabra de Moraes¹, Juliana Martins de Lima¹; Carlos Augusto Cordeiro Costa². ¹ Bolsistas PET-Agronomia/SESu-MEC/da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) ² Tutor do grupo PET-Agronomia/SESu-MEC/(UFRA) Introdução Atividades de campo são de suma importância, para poder atender as necessidades e os interesses de alunos. Buscou-se então, o Estágio de Vivência em comunidade que vem se multiplicando por todo o país, assumindo caráter local ou regional, em sua maioria interdisciplinar e a partir daí, atuar para melhorar a qualidade do ensino no curso de Agronomia, aproximando mais os alunos da realidade, demandas e necessidades dos trabalhadores e produtores rurais. O Estágio de Vivência é um período de tempo no qual estudantes universitários convivem com comunidades rurais e assentamentos e pretende discutir a necessidade de uma profunda reorientação dos padrões de organização socioeconômica da agricultura para alcançar sua sustentabilidade, caminhando assim, para a produção de alimentos de melhor qualidade (CAPORAL, 2002). Essa proposta representa hoje um importante processo de reflexão e elaboração crítica dos objetivos da universidade, em uma valorização do diálogo com a sociedade, repensando as condições de intervenção sobre a realidade do campo. Ao longo das discursões travadas, foi se reconhecendo como ponto central a superar a lacuna universidade/sociedade, em especial o caráter acadêmico, tecnicista e segmentado do conhecimento produzido na instituição universitária brasileira (PETERSEN, 1999). Partindo desse princípio busca-se, através do diagnóstico Rápido Participativo (DRP), conhecer a realidade socioeconômica das comunidades. Esse processo estimula a participação dos grupos sociais no processo decisório e, consequentemente, os resultados obtidos por essa interação assolam a visão simplista que os atores da esfera privada denotam as relações sociais, políticas e culturais. (GOMES et al,2001). Nesse contexto, o Estágio de Vivência, serve como uma forma de conexão entre o universitário e o meio rural. Aqui enfocamos o Estágio de Vivência realizado no município de Inhangapi-PA, nas comunidades: Patauateua, Boa Vista e Pernambuco. 145 Objetivos Objetivou-se, Aprender, observar, conhecer e participar da realidade do assentamento/comunidade. Conhecer a complexidade da realidade e a diversidade de manejo de cada propriedade. Valorizar a troca de informações e experiências, em plano coletivo e interdisciplinar. Confrontar seus conhecimentos teóricos com a realidade das comunidades/ assentamentos, gerando uma discursão na universidade, ao seu retorno, no período de avaliação. Metodologia Buscando alcançar os objetivos propostos, o Estágio de Vivência realizado no município de Inhangapi, é estruturado em etapas que são descritas a seguir: Etapa 1 – Preparação: Sendo uma das mais fundamentais para sua realização, buscam-se selecionar no grupo o coordenador da atividade, envolvendo geralmente um petiano e o tutor, os mesmo são responsáveis pelas principais articulações visando à execução da atividade, tal como, planejamento da viagem, encontrando-se as melhores datas de realização da mesma. Com o período de realização definido torna-se possível dar início aos trâmites de logística, envolvendo unidades administrativas da universidade. Ainda é realizada uma visita nas 12 casas das comunidades onde irão receber um aluno e um petiano, ou seja, dois alunos por casa. Também é articulado com a prefeitura do município e outras entidades governamentais e não governamentais a programação e o apoio logístico da atividade. Com tudo encaminhado, é feita a divulgação do Estágio de Vivência em Inhangapi e são abertas as inscrições para os alunos do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia. Com o período de inscrição encerrado é feito o sorteio de 12 (doze) alunos, sendo realizado também o sorteio de suplentes, caso aja desistência de algum aluno sorteado primeiramente. Etapa 2 – Vivência: é a fase em que um aluno e um petiano convivem, por cerca de 3 (três) dias diretamente com o produtor rural, ficando em uma das 12 (doze) casas de alguma família que os recebem. É importante lembrar que essa fase é caracterizada pela não intervenção, ou seja, os alunos vivenciam a realidade do agricultor, e não interferem na mesma, seja a parte técnica da universidade ou de valores culturais, políticos e sociais que não sejam daquela realidade e que se queira introduzir nela. Etapa 3 – Nesta etapa os alunos se reúnem na secretaria de agricultura do município e socializam as experiências num caráter avaliativo e reflexivo, pensando em formas de atuação 146 na organização e na sociedade, além de avaliar a experiência do estágio como um todo, levantando os pontos positivos e negativos, e por fim, elaborando propostas coletivas para o próximo Estágio de Vivência. Resultados e discussão Através da aplicação do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), observou-se que, mais de 80% das famílias das comunidades visitadas, não participam de nenhuma associação ou cooperativa, fator esse, que deve ser analisado pelos gestores da região ou comunidade. Visto que, o surgimento desta forma de associativismo constitui-se numa busca pela melhoria da qualidade de vida do agricultor, e em uma visão mais ampla, colocando-se como meio alternativo de desenvolvimento local, visto que apresenta uma relação de afinidade com o conceito de capital empresarial, ou seja, em sua essência, o cooperativismo caracteriza-se por uma forma de produção e distribuição de riquezas baseada em princípios como a ajuda mútua, a igualdade, a democracia e a equidade (GAWLAK, 2001). Outra questão a ser analisada, refere-se ao uso de crédito pelas famílias, onde apenas cerca de 33%, usam de tal benefício, assim como também relacionado aos serviços de assistência técnica e extensão rural que somam pouco mas de 35%. A importância das assistência técnica é dada, pois, a mesma, é capaz de transferir as tecnologias geradas pela pesquisa aos agricultores, possibilitando a estes o emprego de novas dinâmicas nas formas de produção, o que tem grande peso na promoção do crescimento e desenvolvimento do meio rural. Sendo assim, a assistência técnica e extensão rural são serviços de importância fundamental no processo de desenvolvimento rural e da atividade agropecuária, logo, sua falta, pode trazer grandes prejuízos as comunidades e famílias ali inseridas. Dos entrevistados, 66,7% tinham seu lote de terra de utilização própria, questão que trás seguridade as famílias visto que produzem em sua própria área, porém, a forma de preparo dessas áreas pelos produtores ainda é baseada na agricultura de corte e queima, um sistema que está em transformação, devido aos impactos ambientais gerados, mas que é frequente nas propriedades de muitos produtores rurais do pais. Observou-se também que mais de 35% das famílias apresentam a mandioca para a produção de farinha, como principal produto produzido pelas famílias. A produção de Açaí, principalmente nas áreas ribeirinhas das comunidades, tem em seu extrativismo como principal fonte de renda, principalmente no período de entressafra da cultura, chegando o preço da tonelada a dobrar. Cultivos alimentares de feijão e milho estavam presentes apenas em 7% das famílias. A comercialização da 147 produção é dada em 50% das famílias nas feiras de outra cidade e apenas 25% na feira do município e na comunidade, apresentando em média as famílias 3 a 4 salário mínimos. No entanto, quando não feita à venda pelos produtores de forma direta nas feiras, aparece a figura do atravessador e marreteiros, controlando preços e condições de pagamento aos produtores. Por outro lado tem-se o baixo poder aquisitivo da população, que se fazem frente a esses agentes, não favorecendo a demanda sustentável para os produtos locais. Torna-se, portanto, mais urgente à ação organizada de produtores para atuar em mercados no âmbito regional, que possam a vim solucionar diversos a atenuar problemas relatados pelos agricultores como falta de comercialização, maquinas e equipamentos e solo sem seus devidos preparos e manejos. Conclusão Os resultados apresentados neste trabalho representam um pouco da realidade local das comunidades do município de Inhangapi/PA, onde por meio do DRP, visto este como uma metodologia de pesquisa e de coleta de dados que pretende incluir a perspectiva de todos os grupos de interesse integrados em uma comunidade, forneceu informações diversas sobre a forma de trabalho, produção, apoio técnico científico, poder público local e entre outros. Que permitiu por meio do método local e participativo fazer levantamento da realidade desses produtores familiares. Outro fator relevante é a aproximação dos alunos da realidade, demandas e necessidades dos trabalhadores e produtores rurais, que necessitam desse apoio para a busca de novas técnicas para o fortalecimento da agricultura familiar, almejando a sustentabilidade desse sistema. Referências CAPORAL, F. R. Superando a revolução verde: a transição agroecológica no RS. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v. 3, n. 3, p 70-85, 2002. GAWLAK, Albino; RATZKE, Fabianne Allage y. Cooperativismo: filosofia de vida para um mundo melhor. 2. ed. Curitiba: Ocepar, 2001. GOMES, M. A. O.; SOUZA, A. V. A. de; CARVALHO, R. S. de. Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) como mitigador de impactos socioeconômicos negativos em empreendimentos agropecuários. In: BROSE, M. Metodologia Participativa – uma introdução a 29 instrumentos. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001. PETERSEN, P; ROMANO, J. O. Abordagens participativas para o desenvolvimento local. Rio de Janeiro: AS-PTA/ Actionaid – Brasil, 1999. 144p. 148 Nivelamento na área de ciências exatas para ingressantes no curso de zootecnia Daniel Augusto Barreta¹, Débora Ferreira Laureano¹, Gabriel Zieher¹, Mauricio Barreta¹, Sandra Schuh¹, Diovani Paiano², Edir Oliveira da Fonseca³. ¹Acadêmico de Zootecnia da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, Chapecó – SC, Bolsista do Programa de Educação Tutorial – PET/Sesu – MEC, ²Professor da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Tutor do Programa de Educação Tutorial – PET Zootecnia, ³Professor da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, Tutor Egresso do Programa de Educação Tutorial – PET Zootecnia Introdução As Diretrizes Educacionais Nacionais norteiam a inserção de disciplinas curriculares da área das ciências exatas nos cursos de Zootecnia do Brasil. As ciências exatas estão contidas em conteúdos de matemática, em especial cálculo e álgebra linear, ciências da computação, física, estatística, químicas, desenho técnico e construções rurais. Estas disciplinas favorecem o entendimento de outras áreas no curso de Zootecnia, como é o caso da genética aplicada à zootecnia, nutrição animal, climatologia, topografia aplicada à zootecnia, entre outras. Geralmente, os problemas mais sérios na área de ciências exatas são enfrentados pelos alunos na fase inicial do curso, provavelmente associados aos déficits educacionais do sistema de educação brasileiro. A avaliação do INEP (2011) indica que os alunos de 3° ano do ensino médio no Brasil possuem pontuação média de proficiência em matemática de 273 pontos, e nenhuma pontuação média do estado de SC é superior a 300 pontos. De acordo com o próprio INEP (2001), alunos com pontuação entre 250 a 300 pontos são capazes de utilizar conceito de progressão aritmética e interpretar tabelas de dupla entrada com dados reais. Sendo incapazes de identificar e resolver uma função de 1° grau, calcular a probabilidade de um evento em um problema simples, identificar em um gráfico de função o comportamento de crescimento/ decrescimento, identificar o gráfico de uma reta dada sua equação, utilizar o conceito de progressão geométrica, operar com o plano cartesiano utilizando sua nomenclatura (abscissa, ordenada e quadrantes), operar com o plano cartesiano encontrando o ponto de intersecção de duas retas; calcular a probabilidade de um evento, identificar em um gráfico de função os intervalos em que os valores são positivos ou negativos e os pontos de máximo ou de mínimo, resolver problema aplicando o teorema de Pitágoras em figuras espaciais, resolver problemas reconhecendo gráfico de uma função exponencial, entre outros. 149 Trabalhos em outras áreas indicam um grande problema, que é o índice de acadêmicos desistentes dos cursos durante os primeiros semestres, fato que esta correlacionado com a dificuldade de entendimento das ciências exatas. Uma das formas de nivelar e ajudar os discentes com mais dificuldade é o acompanhamento nas primeiras semanas de aula, esclarecendo dúvidas e revisando conteúdos já vistos em outras ocasiões. Além de auxiliar os discentes iniciantes, o referido acompanhamento promove a interação entre os alunos. A interação é de grande relevância para a vida acadêmica e precisa ser incentivada pelo professor, sendo que neste ambiente ambos são beneficiados (Barbosa e Jófili, 2004). Uma outra forma de melhorar o aprendizado se dá com o uso de meios didáticos alternativos, a fim de aumentar o interesse do estudante em buscar novas informações promovendo o relacionamento com conhecimentos já incorporados (Domingos e Recena, 2010). Com a realização deste curso esperam-se melhorias no desempenho dos alunos nas disciplinas nas áreas de exatas do curso de Zootecnia, pois historicamente se observa um alto índice de reprovação nas referidas disciplinas. Objetivos O projeto foi elaborado com o principal objetivo de minimizar as deficiências de aprendizagem em disciplinas nas áreas das ciências exatas, com isso favorecer o aprendizado nas disciplinas básicas do curso e como consequência o aprendizado nas disciplinas posteriores. Paralelamente, aumentar a interação entre alunos de diferentes fases do curso e despertar no aluno tutor o gosto pelo ensino. Metodologia Foram utilizadas para o projeto aulas expositivas dialogadas e a resolução de exercícios. Para a elaboração do plano de atividades os docentes responsáveis pela disciplina indicaram quais as principais dificuldades que os alunos dos semestres anteriores apresentavam em relação ao conteúdo programado para a disciplina. Após a identificação dos problemas foi elaborado um plano de atividades, o qual foi reencaminhado ao docente para sugestões ou foi construído junto com o docente da disciplina. Na sequência foram realizados encontros com os acadêmicos ingressantes nas primeiras semanas de aula, de acordo com horários livres na grade escolar dos mesmos para 150 evitar confronto de horários e assim maximizar a participação dos mesmos. Nos encontros foram utilizados como metodologia de ensino aulas expositiva, dialogadas, com apoio de aparelho de projetor multimídia além de apoio ao ensino realizado a distância por meio de correio eletrônico. Nos encontros foram trabalhados os pontos previamente estabelecidos em conjunto com o docente, desenvolvimento de exercícios práticos e encaminhamento a leitura adicional. Como forma de averiguar os benefícios do curso foi elaborado um questionário previamente estruturado com informações que os autores consideram relevantes. Posteriormente, o questionário foi aplicado aos alunos da primeira fase, independente de terem participado ou não no curso. Após a realização do mesmo para a elaboração do resumo foram utilizadas apenas as fichas dos alunos que participaram da atividade. Resultados e discussão A primeira edição ocorrida em 2013/02 contou apenas com quatro alunos os quais apresentaram 50% de frequência aos encontros. Visto a baixa procura foi relizado um trabalho maior de divulgação junto aos alunos, para sensibiliza-los em relação à participação nos quais foram envolvidos os professores responsáveis e o grupo PET como um todo. Como resultado no semestre 2014/01 houve a participação de 16 acadêmicos com frequência de 62,5%. Os alunos ingressantes classificaram a divulgação do curso como boa, pois 71% dos alunos ficaram sabendo da realização do mesmo. Os alunos participantes interessaram-se pela atividade principalmente por terem dificuldades nas disciplinas exatas, o principal objetivo em participar do curso foi revisar aprimorar e até mesmo adquirir novos conhecimentos nas áreas afins. Nesse contexto, o curso foi bem avaliado pelos participantes, pois os mesmos atribuíram nota média de 8,22 para a atividade e gostaram da iniciativa dos petianos, pois ambos apresentam uma linguagem parecida, o que facilita a aprendizagem. Com o decorrer do projeto espera-se avaliar o desempenho escolar dos alunos beneficiados e os índices de abandonos de modo a correlaciona-los com a realização do curso. Além dos benefícios aos calouros, a atividade desenvolveu nos bolsistas do PET o gosto pelo ensino, a habilidade de identificar problemas e desenvolver ferramentas para minimiza-los 151 Conclusão A atividade foi positiva para a maioria dos alunos beneficiados, no qual um pequeno número de turmas receberam tal auxilio até o momento, o que dificulta a realização de uma análise mais aprofundada a fim de saber os ganhos que tal metodologia de ensino proporcionou aos alunos participantes. Através do curso de nivelamento, buscou o favorecimento do senso de organização por parte dos integrantes do grupo PET e habilidade para identificar problemas e desenvolver novas alternativas para minimiza-los. Referências BARBOSA, R.M.; JÓFILI, J.M.; Aprendizagem cooperativa e ensino de química - parceria que dá certo. Ciência e Educação, v.10, n.1, p.55-61, 2004. DOMINGOS, D.C.; RECENA, M.C.; Elaboração de jogos didáticos no processo de ensino e aprendizagem de química: a construção do conhecimento. Ciências & Cognição, v. 15, n.1, p.272-281, 2010. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Descrição dos níveis de escala de desempenho em matemática. 2001. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/escala/ 2011/escala_desempenho_matematica_medio.pdf>. Acesso em: 17 maio 2014. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Diretoria de avaliação da educação básica. 2011. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/prova_brasil_saeb/resultados/2012/Saeb_2011 _primeiros_resultados_site_Inep.pdf>. Acesso em: 17 maio 2014. 152 A REENGENHARIA FLORESTAL: UMA PROPOSTA DE INCENTIVO DA ENGENHARIA Habitzreiter, C. Aline¹; Gazzana, Denise¹; Poleto, C. Gian¹; Cerutti, Giovana ¹; Croda. P. Jéssica¹; Scheuermann. F. Mirian¹; Cantarelli. B., Edison². ¹ Graduando do curso de Engenharia Florestal, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), campus Frederico Westphalen. ² Engenheiro Florestal, professor Adjunto do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), campus Frederico Westphalen e Tutor do Grupo PET Engenharia Florestal. Introdução O município de Frederico Westphalen localiza-se na macrorregião Norte do Estado do Rio Grande do Sul, constitui-se numa região que já teve a maior parte de seu território (264,50 km²) coberto por florestas nativas, mas que em pouco mais de um século de colonização teve sua área florestal reduzida para pouco mais de um terço (93,83 km²). Este cenário, em grande parte resulta da falta de manejo adequado deste recurso natural e da carência de conhecimento da comunidade regional quanto às melhores práticas relacionadas à atividade florestal. Isso ocorre em razão da carência de profissionais com conhecimento da atividade florestal na região, bem como o desconhecimento desta comunidade da existência do curso de Engenharia Florestal neste município. Em razão deste contexto, surge a necessidade de apresentar a comunidade regional o curso de Engenharia Florestal, além de motivar seus acadêmicos, através do desenvolvimento de uma atividade prática que envolva as diferentes disciplinas do curso, constituindo um processo de reengenharia. Em entrevistas com profissionais da Engenharia Florestal, é frequente relatos de que o percentual do conhecimento atual estima-se que somente 30 a 40% foram adquiridos nas aulas dentro da universidade. Nesse sentido algumas reflexões devem ser revistas, seja na estrutura universitária, seja na forma de aprendizado. Pesquisas recentes, órgãos e entidades governamentais vêm alertando sobre a importância da relação entre a teoria e a prática profissional, uma vez que estas são indissociáveis e fundamentais para a formação integral do acadêmico. A forma de condução das disciplinas será o fator determinante para a preparação dos futuros profissionais. Geralmente, as disciplinas são tratadas de forma isolada, abordado unicamente 153 os conteúdos de sua ementa, desconsiderando suas implicações e relações com os demais temas que compõem a Engenharia Florestal. Assim, o acadêmico tem acesso ao conhecimento de forma fragmentada, tornando ainda mais complexo o entendimento pleno das áreas de atuação da carreira florestal. E o mais preocupante, é que este modelo descontínuo acaba por tornar o curso desinteressante, desconsiderando aspectos multidisciplinares, particularmente, quando houver déficit de aulas de cunho prático nas disciplinas profissionalizantes. No contexto atual, cada vez mais se requer profissionais mais qualificados no mercado de trabalho. Desta forma, os gestores dos cursos de graduação devem estar atentos à qualidade do ensino ofertado, visando preparar profissionais aptos a atuarem no campo profissional. Assim, a análise do perfil dos alunos egressos, é uma forma de medir a qualidade do ensino ofertado, sendo também um importante meio de sanar problemas existentes nos cursos de graduação (PELEIAS, 2006). Assim alguns paradigmas devem ser quebrados, buscando uma forma integrada de ensino-aprendizagem, teoria e prática universitária, bem como, uma reflexão critica sobre a formação inicial e continuada dos futuros profissionais, destacando neste artigo, a formação do engenheiro florestal. Objetivos O objetivo deste trabalho é propor uma reflexão da forma tradicional de ensino universitário focando as mudanças que vem ocorrendo em todos os setores de domínio humano, principalmente, social e educacional, avaliando uma proposta de integralização curricular. Metodologia Os aspectos formadores de uma universidade giram em torno do tripé ensino-pesquisaextensão, o qual revela os objetivos e as funções principais que são indissociáveis, e que tem na sociedade e em sua interação com ela, um fator importante para avaliação e retorno de sua atuação. Esta relação pressupõe uma troca constante entre a universidade e o aluno, onde o ser humano, investido de sua capacidade de busca de conhecimento, informação e aperfeiçoamento, encontra cada vez mais nas Instituições de Ensino, espaço tanto para o aprendizado intelectual e formador, como um instrumento que permitirá desenvolver habilidades e encontrar instrumentos para uma troca maior com o meio externo, podendo interagir com ele e influenciá-lo, sendo a universidade a promotora de saber e conhecimento que entende a sociedade e propõe mudanças a esta realidade (LOUSADA e MARTINS; 2005). 154 Atualmente mudanças ocorrem de forma muito rápida, as informações propagam-se com velocidade, a partir do uso das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs). Em função disso, a educação do futuro tende cada vez mais, se tornar permanente, constante, não formal, difusa, multi-institucional e viabilizada pela tecnologia. Conforme Lévy: (...) a principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios. Sua competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o pensamento etc.(1999, p. 171). Para que as instituições de ensino acompanhem essas novas tecnologias, se faz necessário, que se transforme em locais que além de a informação ser transmitida, seja discutida, criticamente analisada, relacionada com valores e interesses, sendo colocada a serviço da definição de objetivos pessoais e coletivos. Ao homem compete ser criativo, imaginativo, inovador e multi-especialista. A ele compete saber fazer uso da informação, saber que, no mundo globalizado, o seu bem de capital é o intelecto. É preciso ressaltar que, as novas tecnologias não devem desviar o usuário de seu mundo interior e de sua criação de sentido. Ao contrário, essas tecnologias favorecem o acesso ao saber, a caça de informação, novos estilos de raciocínio e de conhecimento são instigados pela tecnologia. Cabe à educação desenvolver as potencialidades positivas da cibercultura, para que nos tornemos mais humanos, reflexivos e capazes de aplicar as novas tecnologias a favor de uma sociedade mais igualitária, justa e fraterna. Espera-se que, no decorrer dos tempos, a educação do futuro consiga avançar e superar as barreiras, rumo à democratização do conhecimento e do saber. Para tanto os cursos de graduação em Engenharia Florestal no Brasil capacitam o acadêmico a atuar principalmente, em áreas voltadas para a silvicultura e o manejo de florestas nativas e plantadas, conservação da natureza e tecnologias de aproveitamentos de produtos florestais. Atualmente, o país encontra-se em expansão das escolas florestais, chegando a 62 cursos de graduação em atividade. Contudo, apesar da consolidação e estruturação das escolas de florestas no Brasil os desafios da formação profissional são permanentes e constantes, especialmente frente a discentes com acesso irrestrito a informação. Neste contexto, o grande desafio é realmente tornar os bancos acadêmicos interessantes, mantendo os alunos motivados e determinados a seguir a carreira florestal. 155 Resultados e discussão Com isso, analisando o contexto, sugere-se uma integralização curricular, onde cada turma deve desenvolver as aulas práticas dentro de um sistema cooperativo. No 1º semestre as aulas podem ser mais interativas através de TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação), com disciplinas mais direcionadas a prática. Tendo a Iniciação a Engenharia Florestal que apresentar o que será estudado durante o curso. Já no 2º semestre os alunos podem ingressar no sistema cooperativo de aprendizado. Tendo através da Botânica Sistemática, conhecimento dos gêneros e espécies florestais. No 3º semestre, com a Silvicultura, os alunos aprendem a manejar sementes; produzir mudas florestais e projetar um viveiro florestal. No 4º semestre o currículo apresenta as disciplinas de: Fitogeografia Florestal; Tratos e Métodos Silviculturais; Economia Rural; Sociologia Rural; Topografia e Elementos de Geodésia; Experimentação Florestal e Fertilidade do Solo. Para o 5º semestre temos as disciplina de: Biometria Florestal; Dendrologia; Ecologia Florestal I; Genética Florestal; Propriedades Físico-mecânicas da Madeira; Fitopatologia Florestal; Manejo e Conservação do Solo. Para o 6º semestre: Ecologia Florestal II; Fitossociologia; Melhoramento Genético e Biotecnologia de Espécies Florestais; Política e Legislação Ambiental; Preservação de Madeiras; Ajustamento de Observações Geodésicas; Fotogrametria e Fotointerpretação e Química da Madeira. Para o 7º semestre: Inventário Florestal; Organização e Administração Florestal; Tecnologia da Madeira I; Extensão e Comunicação Rural; Hidráulica Geral “A” e Máquinas Florestais. Para o 8º semestre: Economia Florestal; Incêndios Florestais; Manejo de Bacias Hidrográficas; Vias de Acesso Florestal; Projetos, Perícias, Licenciamento e Avaliação Ambiental; Mecanização Florestal; Sensoriamento Remoto e Manejo da Fauna Silvestre. Para o 9º semestre: Manejo de Áreas Silvestres; Manejo Florestal; Parques e Arborização Florestal; Silvicultura Aplicada; Tecnologia da Madeira II; Estruturas e Construções em Madeira e Geoprocessamento. 156 E por fim, no 10º semestre, temos o estágio extracurricular, que deve ser desenvolvido em uma instituição privada ou pública. Sendo necessário que o acadêmico cumpra uma carga horária de 390 horas com atividades flexíveis, como disciplinas complementares (180 horas) e participação de eventos, congressos, semanas acadêmicas, etc (210 horas). Contudo, se analisarmos as diversas grades curriculares dos cursos de Engenharia Florestal, podemos ter inúmeras possibilidades de integralização curricular, sempre atento à vocação profissional da região geográfica onde está a universidade. Conclusão Torna-se fundamental, repensar a forma tradicional de formação profissional desenvolvida pelas universidades, onde se devem priorizar os melhores os critérios genéricos de avaliação, permitindo resultados que evidenciem aprendizado e conhecimento por parte dos alunos, ficando evidente que novos métodos de avaliação devem ser utilizados considerando as TICs como ferramentas capazes de facilitar e motivar o alunado em seu aprendizado inicial e continuado. A integralização curricular através de um sistema cooperativo de diferentes turmas de ingressos e maior valorização dos conhecimentos práticos poderá ser a solução para a formação de profissionais com melhor formação para as dificuldades do mercado de trabalho. Assim, fica perceptível que através dos indicadores de produtividade externa, como a maior aproximação da academia e do profissional, é possível buscar propostas que contribuirão para reforçar mudanças necessárias e amplamente almejadas. Referências LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. LOUSADA, A, C, Z; MARTINS, G, de A. Egressos como fonte de informação à gestão dos cursos de Ciências Contábeis. Revista Cont. Fin. – USP, São Paulo: n. 37, 2005. PELEIAS, I, R. Didática do ensino da contabilidade: aplicável a outros cursos superiores. São Paulo: Saraiva, 2006. PET. Relatórios de atividade. Frederico Westphalen: Documentos UFSM, 2013. UFSM. Missão do curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Santa Maria, 2006. Disponível em: < http://www.cesnors.ufsm.br/graduacao/engenharia-florestal>. Acesso em: 30/05/2013. 157 Pesquisa e extensão: Manejo Florestal conforme o novo Código Florestal Brasileiro Jaine C. K. Lanz¹; Fernando Rusch¹; Luis Fernando Allebrand¹; Priscila Simon¹; Ricardo Pilla¹; Elenice B. Weiler¹ Edison Bisognin Cantarelli². ¹ Graduando do curso de Engenharia Florestal, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), campus Frederico Westphalen e membro do Grupo PET Engenharia Florestal/UFSM/FW. ² Engenheiro Florestal, professor Adjunto do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), campus Frederico Westphalen e Tutor do Grupo PET Engenharia Florestal/UFSM/FW. Introdução As atividades de um Grupo PET são fundamentalmente relacionadas ao tripé EnsinoPesquisa-Extensão, sendo essencial que o grupo viabilize a interação com disseminação de conhecimento para os segmentos da comunidade regional. Neste sentido, esta atividade visa proporcionar entre os integrantes do Grupo PET Engenharia Florestal, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), campus Frederico Westphalen, a difusão de conhecimento relativo às atividades de produção de mudas, plantios comerciais, manejo florestal e extrativismo através do cultivo de plantas frutíferas nativas, em especial, em Áreas de Preservação Permanente APP, a qual tem a função de preservar locais frágeis como beiras de rios, topos de morros e encostas, que não podem ser desmatados para não causar erosões e deslizamentos, além de proteger nascentes, fauna, flora e biodiversidade, entre outros, e Reserva Legal RL, onde está é a porcentagem de cada propriedade ou posse rural que deve ser preservada, variando de acordo com a região e o bioma a pequenos produtores rurais familiares. Esta atividade é permitida pelas determinações do novo Código Florestal Brasileiro, atendendo anseios de agricultores familiares, quanto à viabilidade econômica da propriedade rural. O Código Florestal brasileiro constitui regras gerais sobre, onde e de que forma o território brasileiro pode ser explorado, isso ao determinar as áreas de vegetação nativa que devem ser preservadas e quais regiões são legalmente autorizadas a receber os diversos tipos 158 de produção rural. Desta forma, gerando impacto social de ação transformadora, especialmente, quanto aos problemas sociais resultantes da vulnerabilidade socioeconômica e da necessidade de recuperação das áreas degradadas. Entre os resultados esperados desta iniciativa, pode-se enfatizar a multiplicação da formação de conhecimento técnico frente às exigências resultantes da aprovação do ‘novo Código Florestal Brasileiro’, isso resulta na formulação, na implementação e acompanhamento de novas diretrizes para as políticas públicas prioritárias ao desenvolvimento sustentável regional e nacional. Objetivos O trabalho tem como finalidade orientar agricultores familiares, quanto ao cumprimento da legislação florestal, também auxiliar os petianos há terem um, aprimoramento profissional, vivenciado em atividades de campo o cumprimento das legislações e as delimitações. Para tanto, esta pesquisa visa estabelecer parâmetros que auxiliem na determinação do melhor formato metodológico para sua elaboração. Metodologia O projeto está sendo executado no município de Taquaruçu do Sul – RS, situado a oito (8) km do campus Frederico Westphalen da UFSM, abrangendo cinco (5) localidades, localizadas no interior do município, denominadas de Linha Santo Antônio, Balestrin, Turchetto, Dez de Novembro e Travessão Seco. No diagnóstico ambiental foi visível a necessidade de intervenções para a melhoria e adequação legal das condições presentes nas propriedades rurais e urbanas inseridas na micro-bacia. Num primeiro momento, foram levantados dados de campo relativos às condições ambientais das propriedades atendidas. Em seguida, foram realizados mapeamentos do uso do solo e demarcação das áreas irregulares de cada propriedade, especialmente quanto ao déficit de área de vegetação, descumprindo a nova legislação. Posteriormente, foram demarcadas áreas, corredores para a dessedentação dos animais e cercamento das áreas de APP, isso ocorreu apenas onde foi necessário. Em seguida foi feita a escolha das espécies adequadas a cada situação, estás por sua vez, espécies nativas, já que estás áreas deveriam estar preservadas, para então atender as exigências legais do ‘novo Código Florestal Brasileiro’, especialmente quanto as APPs. Por fim, para o mapeamento utilizou-se uma imagem orbital da região, obtida pela Prefeitura Municipal de Taquaruçu do Sul, com resolução espacial 0,5m X 0,5m. 159 Nos mapas obtidos, foram ilustradas as áreas em que foram implantadas estás mudas de espécies nativas em atividade de recomposição de APP, em cada propriedade rural. A partir deste levantamento em campo foi possível gerar mapas temáticos de cada propriedade, e criarem-se as seguintes classes: Categoria Limites, Categoria Rio, Categoria APP, Categoria Vegetação Nativa, Categoria Agricultura, Categoria Águas, Categoria Benfeitorias, Categoria Outros. Os maiores problemas foram encontrados nas linhas e propriedades a montante, onde se forma a cabeceira do Lajeado Amadeu, região de muitas nascentes e córregos afluentes do rio principal. Nessa região as Áreas de Preservação Permanente (APP) muitas vezes apresentam cobertura florestal, porém abaixo do exigido por lei e também sem presença de isolamento para animais (cercas). A partir disso, foram levantados dados de campo relativos às condições ambientais, em seguida, foram realizados mapeamentos do uso do solo e demarcação das áreas irregulares de cada propriedade. Foram consideradas como áreas irregulares, todas as APPs, com metragem inferior as especificadas pelo Código Florestal. Posteriormente, foram implantadas espécies nativas (processo este denominado como enriquecimento), nestas propriedades, visando atender as exigências legais do ‘novo Código Florestal Brasileiro’, especialmente quanto as APPs. Resultados e discussão As propriedades são caracterizadas como pequenas propriedades rurais e urbanas, geralmente de agricultura familiar, onde se produz principalmente culturas como soja, milho, tabaco e hortas familiares, assim como uma presença acentuada da suinocultura, animais para venda e principalmente para o consumo na própria propriedade como gado e galinhas. Quanto ao arrendamento de terras, essa atividade é pouco expressiva nessa região, sendo mais presente o arrendamento de parte da propriedade, geralmente de um vizinho para outro. Nas cinco localidades foram implantadas espécies nativas em um total de 12.228 mudas em um espaçamento 2X2, abrangendo uma área de aproximadamente 49.150m² de APP. Onde na Linha Albarelo foi implantado 3.424m² de terra e 856 mudas, na Linha Balestrin foi implantado 22.340m² de terra e 5.585 mudas, na Linha Santo Antônio foi implantado 5.860m² e 1.465 mudas, já na Linha Travessão Seco foram implantados 4.246m² e 1.062 mudas, e na Linha Turcheto foram implantados 13.280m² e 3.320 mudas. 160 Portanto surgem benefícios para os agricultores do qual, agora suas propriedades cumprem com a legislação florestal, já que, houve debate e desenvolvimento de metodologias voltadas a recuperação e enriquecimento de APP e RL, atendendo as necessidades de cada uma das propriedades rurais envolvidas no projeto. O trabalho também beneficiou os integrantes do grupo PET Engenharia Florestal, onde se pode enfatizar, o aprimoramento da capacidade de identificar espécies nativas nãomadeireiras que possuem potencial para uso e manejo sustentável em APP e RL. Deste modo possibilitar a formação de conhecimento técnico frente às exigências resultantes da aprovação do novo Código Florestal Brasileiro, que exigirá a recomposição de uma grande área territorial Conclusão As matas ciliares degradadas, que margeiam os cursos d'água são áreas que têm um papel estratégico na conservação da biodiversidade e na preservação da qualidade da água. Na micro-bacia do Lajeado Amadeu, a água é muito utilizada nas propriedades, principalmente para a dessedentação dos animais, o que afirma a importância da preservação e manutenção da qualidade das APPs e conseqüentemente da água. É a partir disso que os parâmetros de debate e desenvolvimento de metodologias utilizadas se tornam essenciais na recuperação das APPs já que cada propriedade é diferente e também deve ser trabalhada de forma adequada a realidade de cada uma delas, desta forma garante-se um resultado positivo na preservação do Lajeado Amadeu. Cabe ressaltar que esta é uma ação que visa melhorar um ambiente que abrange todos os cidadãos da região, sendo assim, demanda da colaboração de todos os envolvidos. Referências Entenda as principais regras do código florestal; Disponível em: < http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2012/11/entenda-as-principais-regras-do-codigoflorestal > Acesso em: 27/05/2014. Presidência da republica; Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12727.htm >Acesso em: 27/05/2014 161 Marco, R. De; Ponssoni, C. C.; Projeto corredor ecológico Lajeado Amadeu. Taquaruçu Do Sul, p. 01-20, 2012. RURALBR_agricultura. 2014 - Código Florestal: plantio de árvores nativas é alternativa para recuperação das Áreas de Preservação Permanente. Disponível em : < http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/2012/11/codigo-florestal-plantio-de-arvoresnativas-e-alternativa-para-recuperacao-das-areas-de-preservacao-permanente3952115.html >. Acesso em: 04 de junho de 2014. Mesquita, R. A. S.; Murilo, R. B.; Marinho, A. A.; Muraishi, T.; A importância das áreas de preservação permanete (app’s). Tocantins – FACTO, 2010. 162 ESCOLA DE REDAÇÃO Amanda Camila de Oliveira Poppi1, Caroline Silva Gonzaga Beuno1, Fabrícia de Almeida Garcia1, Gabriella Oliveira1, Isabela Ferreira Leal1, Jaqueline de Souza Hörügel1, Jessica SayuriTicse Nakamura1, Jessica Ortega de Jesus1, Leonardo Filipe Malavazi Ferreira1, Murilo Monteiro1, Natália Galoro Leite1, Nathaly Marques da Silva1, Priscila Martins Ribeiro1, Vinícius Donizeti Vieira da Costa1, Ferenc Istvan Bánkuti². 1 Acadêmico de Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá e integrante do PET Zootecnia. 2 Professor Doutor e Tutor do PET Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá. INTRODUÇÃO É notável a dificuldade encontrada por uma grande parcela da comunidade acadêmica em expressar seu conhecimento através da escrita. No curso de graduação em Zootecnia, por exemplo, onde a grade curricular compreende uma boa parcela de matérias das ciências exatas, é perceptível a deficiência dos acadêmicos em organizar seus pensamentos a fim de transcrevê-los. Alguns atribuem a este problema a falta de leitura, visto que o hábito de ler possibilita ao aluno uma vasta gama de conhecimentos e informações que serão de suma importância para o desenvolvimento de sua opinião e olhar crítico em relação a assuntos específicos. Outros relacionam a carência do ensino de redação nas escolas de nível fundamental e médio a este impasse no desenvolvimento literário. De acordo com Feitosa (1991), “Parece que a primeira razão para este “sofrimento” está naquilo que é, ao mesmo tempo, causa e efeito da crise em que se encontra a comunicação escrita: a pouca eficácia do ensino de redação nas escolas e a falta de treinamento especifico para redação cientifica, decorrentes de total desprestígio em que caiu a língua escrita como meio eficiente de comunicação. Hoje, “falam” os números, os dados estatísticos, as fotos, os gráficos, os VTs” (FEITOSA, 1991, p.12). Escrever se faz importante principalmente no momento em que o acadêmico se encontra no âmbito profissional, o qual exige a elaboração de relatórios, comunicação interpessoal, escrita de e-mails, entre outros. Com as mudanças constantes que ocorrem no 163 mercado de trabalho, torna-se imprescindível a atualização do profissional. Como se pode perceber em: “Quem vai sobreviver nesse novo mundo? Terão mais chances os que conseguirem acompanhar o ritmo das mudanças e também quem for "educado" e não meramente preparado para "apertar parafusos". O cacife dos que tiverem capacidade para criar e transferir conhecimentos de um campo para outro também será maior. Também o dos que souberem se comunicar, trabalhar em grupo, aprender várias atividades. Sobreviverão aqueles que estiverem preparados para a era da polivalência, da multifuncionalidade, das famílias de ocupações” (ASSIS, 1999. p. 13). Diante deste contexto, percebe-se que não cabe à Universidade a responsabilidade de preencher as lacunas deixadas pelos ensinos fundamental e médio, mas sim estimular aqueles que têm dificuldade em escrever, com leitura e prática, suprimindo assim, o mal da escrita e a desvalorização da língua portuguesa. OBJETIVOS O Projeto Escola de Redação foi estabelecido com o objetivo de minimizar as dificuldades encontradas pelos petianos de Zootecnia em escrever, sejam textos de cunho científico ou social, despertando o hábito da leitura e desenvolvendo a autocrítica frente aos assuntos diversos. METODOLOGIA Para o desenvolvimento da atividade, determina-se a elaboração de textos, a partir da leitura de livros de base cultural ou técnica, e da discussão de artigos ou temas propostos por petianos e tutor. Inicialmente um artigo ou tema é sugerido por um petiano. O grupo, por sua vez, discute o assunto proposto e, a partir da troca de informações, são incentivados a redigirem redação, obedecendo ao estilo literário de interesse. Posteriormente, estipula-se um prazo de entrega do trabalho, para que o tutor possa realizar as correções cabíveis, sendo avaliada a ortografia e a capacidade de interpretação de cada indivíduo. Além desta, pratica-se também a melhoria na escrita por meio do estímulo ao desenvolvimento de revisões bibliográficas encaminhadas à congressos científicos. Para que esses procedimentos sejam alcançados petianos são ainda mais estimulados à leitura. 164 RESULTADOS E DISCUSSÃO Apesar do pouco tempo de execução do projeto, visto que o mesmo foi estabelecido a pouco mais de um ano, é possível perceber a melhora no desempenho dos petianos, tanto nas atividades exercidas dentro, como fora do meio acadêmico. É perceptível a mudança na comunicação dos integrantes do PET. Quem lê, escreve e se comunica bem. CONCLUSÃO Nos dias atuais, é possível observar a intensa banalização da escrita e a desvalorização da língua portuguesa, o que pode ser relacionado à dificuldade das pessoas em expor as suas ideias no papel, sendo preferido, muitas vezes, os números, gráficos e imagens devido a deficiência em organizar as letras. A partir dos resultados que estão sendo alcançados, percebe-se que a leitura cultural e técnica faz com que o indivíduo adquira conhecimento e formule opiniões de forma mais consistente e eficaz. A leitura é a base para a boa escrita e não se deve ler somente para escrever, mas sim para enriquecer-se culturalmente. Um bom escritor será sempre um bom leitor. Os integrantes do PET tem tido melhora considerável nestes aspectos a partir do projeto “Escola de Redação”. 165 REFERÊNCIAS ASSIS, M. O Mundo do Trabalho. 2. ed. Brasília: SENAI, 1999. p. 13. BARRETO, C. A Importância do Ato de Escrever no Ensino de Língua Portuguesa. Disponível em: http://www.cintiabarreto.com.br/artigos/aimportanciadoatodeescrever.shtml. Acesso em: 15 de maio de 2014. FEITOSA, V. C. Redação de Textos Científicos. 4. ed. São Paulo: Papirus, 1991. p. 12. 166 Projeto Social Casa Aliança de Misericórdia Amanda Camila de Oliveira Poppi1, Caroline Silva Gonzaga Beuno1, Fabrícia de Almeida Garcia1, Gabriella Oliveira1, Isabela Ferreira Leal1, Jaqueline de Souza Hörügel1, Jessica Sayuri Ticse Nakamura1, Jessica Ortega de Jesus1, Leonardo Filipe Malavazi1, Murilo Monteiro1, Natália Galoro Leite1, Nathaly Marques da Silva1, Priscila Martins Ribeiro1, Vinícius Donizeti Vieira da Costa1, Ferenc Istvan Bánkuti². 1 Acadêmico de Graduação em Zootecnia – Universidade Estadual de Maringá – e integrante do PET Zootecnia. 2 Professor Doutor e Tutor do PET Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá. Introdução Os projetos sociais representam atividades importantes para o desenvolvimento da cidadania (BORGES et al. 2011). Permitem o acesso a áreas de conhecimento e experiências distintas, quase sempre, da realidade da equipe que nele atua. Promove a reflexão entre diferentes realidades de vida, despertando em seus integrantes a atitude de solidariedade (EIDELWEIN, 2005). Um projeto social aliado a uma atividade de extensão formam projetos que compreendem o processo educativo, cultural e científico como articulador do ensino, pesquisa e extensão. Diante desta importância, o PET Zootecnia/UEM desenvolve projeto com essas características. A atividade acontece em uma instituição de recuperação e integração de dependentes químicos, denominada “Aliança de Misericórdia Casa Nossa Senhora da Anunciação”, localizada no Município de Maringá, Pr. Objetivos O objetivo principal proposto neste projeto foi proporcionar ao petiano contato com uma realidade diferente – pessoas em reabilitação frente a dependência química, tal qual em dependência do álcool, craque, cocaína entre outros. Além disso, o de proporcionar a comunidade atendida, conhecimentos diferenciados, por meio de palestras na área de Zootecnia, dinâmicas em grupo e orientação técnica sobre a produção de animais. Atividades 167 estas, que ocupam e valorizam as pessoas atendidas, auxiliando assim, no processo de reabilitação. Metodologia Inicialmente foi estabelecido contato com responsáveis pela instituição atendida, afim de verificar o interesse e disponibilidade para a realização de projetos de parceria. Em etapa seguinte foram realizadas reuniões entre os representantes do PET/Zootecnia/UEM e aqueles da instituição parceira. Foram definidas as atividades e o método em que estas seriam realizadas. O projeto é composto por um conjunto de atividades que ocupam e valorizam as pessoas atendidas na instituição. Entre estas, estão: (a) assessoria em técnicas zootécnicas para a criação de suínos e aves. Criações essas, que já eram realizadas na instituição; (b) orientações e difusão de conhecimento por meio de palestras e dinâmicas em variados temas, tais quais, higiene pessoal e doenças sexualmente transmissíveis (DST´s). Além disso, elaboram manuais e cartilhas de orientação técnica para as culturas realizadas na instituição. Para tanto, petianos se dividem em grupos e realizam visitas semanais à instituição. Resultados e discussão A atividade está contribuindo significativamente para a complementação da formação de petianos, principalmente em caráter humano e integrador com outras realidades. Sendo assim, a atividade cria uma experiência no convívio com outras pessoas de outras realidades sociais, que geralmente o petiano não teria em um ambiente acadêmico (KISIL, 2011). Somam-se a estes fatos, a contribuição efetiva na busca por soluções distintas daquelas apresentadas e discutidas na Universidade. A falta de recursos financeiros, frente a necessidade das pessoas atendidas, torna urgente a necessidade de resposta, impondo ao petiano desafios distintos a cada dia, capacitando-o assim, a lidar com situações não corriqueiras e que fogem aquelas vividas em suas atividades de pesquisa e técnicas. Busca-se neste momento efetivação de parcerias já formatadas com outros grupos PET da Universidade Estadual de Maringá, afim de complementar o atendimento à instituição atendida. Entre esses, já foram contatados o PET Agronomia, Farmácia, Enfermagem, Educação física, Odontologia e Pedagogia. Trata-se de um projeto contínuo em que a cada ano busca-se o aperfeiçoamento. 168 Conclusão O projeto está atendendo aos objetivos propostos. O comprometimento e a motivação dos participantes têm atendido às expectativas do grupo PET e de representantes e atendidos da instituição. Para este ano, espera-se que parcerias já formatadas com outros grupos PET da UEM possam ser efetivadas. Referências BORGES, F. F.; HOFF, G.; BORGES, M. T. A.; NASCIMENTO, P. P. A importância dos Projetos Sociais para o desenvolvimento social, educacional e profissional de crianças e jovens. Universidade Federal do Tocantins – MBA em Gestão de Projetos e Cidades. 2011. Disponível em: http://procidade.wordpress.com/2011/03/11/a-importancia-dosprojetos-sociais-para-o-desenvolvimento-social-educacional-e-profissional-de-criancas-ejovens/. Acesso em : 28 jun. 2014. EIDELWEIN, K. A psicologia em projetos sociais de educação e trabalho. Psicologia & Sociedade, 17 (3), 62-66, set/dez: 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/psoc/v17n3/a09v17n3.pdf>. Acesso em : 27 jun. 2014. 169 Práticas de extensão universitária através da organização das “Tardes de Campo" para produtores de leite na região sudoeste do Paraná Viviann Y. Einsfeld, Alberto L. Gagstetter, Raquel S. Kolln, Anderson Rosso, Rafael Schimitz, Deividy Boger, Heliethe Barth, Francieli Freiesleben, Luanderson C. Borges, Miguel Kuhn, Graziele A. Gomes, Samanta K. Almeida¹, Fernando Kuss². Bolsistas PET-Produção Leiteira, UTFPR-DV¹ Tutor PET-Produção Leiteira, UTFPR-DV² Introdução Segundo o IPARDES (2009), o Paraná vem apresentando um expressivo crescimento da produção leiteira, consolidando-se como segundo estado produtor de leite do Brasil. Essa expansão foi mais intensa nas regiões Oeste e Sudoeste do Estado, com forte crescimento do rebanho e dos níveis de produtividade. Sendo que grande parte da produção concentrasse em pequenos estabelecimentos agrícolas familiares, onde produtores contam com pequenas áreas destinadas a produção leiteira e em grande parte carentes de informações técnicas. Analisando essa deficiência e buscando melhorar a produção tanto no aspecto de qualitativo quanto quantitativo os docentes Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Dois Vizinhos, desenvolveram um projeto, no ano de 2009, chamado de Unidades Demonstrativas de Produção Leiteira (UDPL), onde tem como objetivo orientar discentes para acompanharem quatro propriedades em distintos municípios da região, auxiliando produtores com o manejo alimentar dos animais das distintas categorias com o intuito de propiciar um desenvolvimento adequado de animais jovens, maximizar a produção de leite das vacas em lactação e propiciar as vacas secas adequada condição corporal ao parto. (PARIS, 2010) O projeto da UDPL tem como base a difusão das tecnologias empregadas que proporcionou a melhoria da produção, pensando nisso todo ano é realizada a rodada de tardes de campo, onde são encontros em cada unidade demonstrativa aberto ao público em geral para que se possa mostrar os resultados alcançados e como se chegou a tal. Neste momento inicia a participação do PET-Produção Leiteira, como tratasse de um grupo interdisciplinar, que preza e atua diretamente na área de ensino, pesquisa e extensão, o mesmo participa das tardes de campo ajudando na organização das palestras e apresentação de resultados, onde o tutor do grupo também é um dos docentes fundadores e colaboradores do projeto da UDPL, fazendo essa ponte de ligação entre o grupo e o projeto, sendo que ambos estão sempre em contato e colaborando nas atividades em comum. 170 Objetivos Propiciar aos alunos uma formação acadêmica diferenciada, permitindo aos mesmos ter o contato direto com produtores e técnicos, aprendendo como agir em diferentes públicos desenvolvendo assim o lado profissional. Além de estar agregando valor as tardes de campo através do repasse do conhecimento adquirido durante a graduação, colocando em prática um dos pilares dos grupos PET’s, a extensão, e contribuindo com os colegas desenvolvendo assim o espírito coletivo. Metodologia Os alunos da extensão são preparados dentro da universidade através do ensino e participação em cursos, e nas propriedades auxiliam os produtores juntamente com os docentes responsáveis, repassando informações sobre o manejo em geral dos animais e com o balanceamento alimentar dos mesmo, o qual é realizado mensalmente por meio de uma visita técnica em cada unidade demostrativa, essas são localizadas nos municípios de São Jorge D’Oeste, Dois Vizinhos, Boa Esperança do Sudoeste e Honório Serpa. As tardes de campo são realizadas anualmente, uma tarde em cada propriedade, buscando repassar os resultados alcançados em cada caso específico e mini-palestras são feitas sobre diversos temas ligados a área leiteira, as mesmas são abertas ao público em geral, produtores, técnicos e acadêmicos da instituição, sendo elas organizadas pelos alunos da extensão com a ajuda dos petianos, onde os mesmos auxiliam na confecção do material o qual é composto por Flip Sharp, são cartazes usados para uma melhor visualização do público durante a explanação, sendo composto de figuras e tabelas em cartolinas sendo fixadas em um suporte de madeira. As mini-palestras são ministradas por docentes da universidade parceiros do projeto UDPL, os temas abordados foram sobre : Sanidade do Rebanho Leiteiro, Silagem de Grão Úmido, Manejo de Vacas Secas e Manejo de Ordenha, sendo que os mesmos são os principais tópicos citados e trabalhados nas propriedades que recebem a assistência técnica, sendo possível observar que pequenas mudanças podem trazer resultados satisfatórios. Enquanto a divulgação conta com a colaboração de todos, alunos, servidores, professores, proprietários e órgãos públicos de cada local, sendo feita principalmente por rádio, principal meio de comunicação com o meio rural, e-mail, redes sociais e oralmente. A organização do local é feita pelos petianos, os quais se dividem para que todos participem, primeiramente é 171 montada as tendas em diferentes locais da propriedade onde em cada uma será apresentada uma mini-palestra, depois são instalados os Flip Sharp com o material a ser explanado. Depois os alunos são divididos onde os da extensão irão apresentar os resultados alcançados e os petianos são responsáveis por organizar o público, onde os mesmos são separados por grupos, para facilitar a locomoção e explanação das palestras, cada petiano fica como guia de um grupo, onde ajudam a controlar o tempo de cada palestrante, que foi de 45 minutos, e ordenar o grupo para a próxima tenda. Resultados e discussões Como resposta fica evidente a satisfação da interação dos orientados do tutor tanto do projeto da UDPL como dos petianos com produtores da área leiteira, pois a troca de conhecimento acontece de forma surpreendente, reunindo um número expressivo de produtores que tem apenas a noção básica da atividade, demais acadêmicos da universidade, e profissionais renomados, gerando uma abordagem interessante e assim relatando experiências vividas. Além de repassar os resultados alcançados das UDPL’s, que são realmente satisfatórios, onde as propriedade que possuem a mesma apresenta redução de custos e aumento da quantidade e qualidade de leite entregue gerando uma maior margem de lucratividades para os seus respectivos proprietários, também repassado novidades da cadeia leiteira, através das minipalestras, as quais geram discussões interessantes, onde os produtores, alunos e público aproveitam para saciar suas dúvidas com os docentes ali presentes. Permitindo dessa forma que os alunos tenham contato direto com doutores, técnicos e produtores, obtendo uma formação diferenciada pois estão se preparando dentro da graduação de como se portar com pessoas de diferentes níveis técnicos, além de obter contatos profissionais, os quais podem estar auxiliando de alguma maneira durante ou depois da graduação. Os acadêmicos que participaram das tarde de campo tem a percepção de como está a cadeia leiteira da região Sudoeste, ficando evidente que se tem muito a evoluir e buscando qual o melhor caminho para engrandecer a nossa pecuária leiteira, sendo que a região apresenta vários pontos positivos para o desenvolvimento da mesma como clima, relevo e solo favorável. Percebendo que hoje umas das principais dificuldades se encontram na assistência técnica, onde existem profissionais capacitados, mas os mesmos buscam se auto-beneficiar, pois grande maioria que auxiliam produtores são representantes comerciais e dessa maneira se 172 engrandecem encima dos mesmos, vendendo produtos de interesse próprio sem se importar se o uso é necessário ou não. Entrando assim o projeto da UDPL onde estudantes auxiliam produtores, que buscam reduzir custos, mostrando como os mesmos podem trabalhar com esses pontos favoráveis que a região apresenta e como pequenas mudanças podem trazer resultados realmente satisfatórios, sem se auto-beneficiar dos produtores, pois os acadêmicos apenas recebem uma bolsa mensal de R$ 400,00 do governo para desenvolver tal atividade. Apesar desse incentivo governamental para as instituições desenvolverem projetos, ainda é pouco pelo número de propriedades que a região apresenta, sendo que como citado de todo o Sudoeste apenas quatro propriedades recebem assistência técnica gratuita, faltando assim incentivo do governo para que depois de formados os já profissionais continuem desempenhando tal função, a qual só virá a contribuir com a cadeia leiteira. Conclusão O trabalho de campo tem importância por permitir uma formação acadêmica diferenciada aos alunos, colocando em situações de desafios fazendo com que os mesmos explorem seus potenciais, não ficando só ligado a teoria e sim interagindo com diferentes públicos o quais estarão em contato direto depois de formados, conhecendo assim práticas de comunicação com diferentes profissionais de níveis técnicos, além de estar inserido no meio produtivo podendo observar a demanda atual por profissionais capacitados que possam estar suprindo essa necessidade de assistência técnica qualificada no meio rural, além de poder contribuir com os demais grupos dentro da instituição e praticando a extensão a qual o grupo PETProdução Leiteira tanto almeja. Referências IPARDES. Caracterização Socioeconômicas da Atividade Leiteira no Paraná. Disponível em :<http://www.ipardes.gov.br/biblioteca/docs/sumario_executivo_atividade_leiteira_parana .pdf>. Acesso em 23 de maio de 2014. PARIS, M. Unidades Demonstrativas de Produção Leiteira em Pequenas Propriedades Rurais na Região Sudoeste do Paraná 173 (Dois Vizinhos). Disponível em: <http://eventos.cp.utfpr.edu.br/index.php/sicite/2010/paper/downloadSuppFile/1130/782>. Acesso em 23 de maio de 2014. 174 Desafios da extensão universitária: discussão sobre o trabalho com mulheres em assentamentos rurais Autora: Adriane Denise Fonseca Lopes¹; Tutora: Irene Alves Paiva². 1 Graduanda do curso de Serviço Social pela UFRN e bolsista do PET Conexões- Comunidade Campo. E-mail: [email protected] ²Professora adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e tutora do PET Conexões- Comunidade Campo. E-mail: [email protected] Introdução Sabemos que a Universidade é regida por um tripé: ensino, pesquisa e extensão, todavia o que vemos é que essas práticas acontecem muitas vezes de forma desarticulada, com importância diferenciada. O ensino e a pesquisa nos são cobrados a todo o momento, já a extensão é tida muitas vezes como uma prática menos importante, que merece menos crédito, sendo muitas vezes ignorado seu potencial junto à população e a formação profissional dos universitários. O presente trabalho discute a extensão universitária baseada nas atividades realizadas pelo grupo PET – Conexões de Saberes no segundo semestre de 2013, com um grupo de mulheres do assentamento de Aracati, localizado na cidade de Touros/RN. Para avançarmos na compreensão dessa problemática, torna-se pertinente, a priori, entendermos como funciona nosso grupo de trabalho. O PET – Conexões de Saberes é um grupo interdisciplinar, formado por estudantes das mais diversas áreas do conhecimento, que atuam em dois núcleos diferentes: o rural e o urbano. Nossa equipe, especificamente, que foi formada por três assistentes sociais e um gestor de políticas públicas trabalhou com a “parte social” do núcleo rural, no assentamento de Aracati. A escolha por trabalhar com um grupo de mulheres deveu-se a dois motivos principais. Primeiro, o entendimento de sua grande importância, que hoje parece esquecida, dentro do assentamento; uma vez que, durante o período de luta para a conquista da posse das terras, elas se mostraram ativas, dentro dos espaços políticos e de grupos. Entretanto, quando conquistaram a posse das terras e o atendimento de suas necessidades mais básicas, é possível notar um afastamento das mulheres desses espaços. Elas se voltam para os cuidados com o seu lote, sua família, ou o trabalho - que muitas vezes é doméstico, realizado em cidades 175 vizinhas durante a semana (MENEGAT, 2008). Segundo, porque notamos (com a aplicação de um questionário) que elas tinham muitas demandas, que almejavam por informação sobre os direitos seus e de suas famílias. Foi então que surgiram questões referentes à violência doméstica, direitos dos idosos e das crianças, direitos trabalhistas das empregadas domésticas, etc.A partir dessas premissas, surgiu o projeto de extensão “Mulheres fortes e unidas por uma qualidade de vida melhor”, que foi realizado durante o segundo semestre do ano de 2013. Objetivos Nosso maior objetivo nesse projeto de extensão foi, a partir do trabalho com esse grupo de assentadas, tanto levar a refletir sobre sua importância dentro do assentamento e o valor de sua organização e atuação política, quanto, levá-las a trabalhar sua autoestima e confiança, sempre estimulando a sua autonomia e do grupo em formação. Metodologia Como só podíamos visitar o assentamento a cada quinze dias (por questões objetivas de transporte), fizemos reuniões quinzenais (totalizando 6 reuniões), que priorizavam rodas de conversa, onde as mulheres tivessem ao máximo a fala (já que só com a fala delas poderíamos formar um grupo autônomo, acreditamos). Realizamos junto com as assentadas discussões sobre qualidade de vida, autoestima, direitos das mulheres (principalmente no tocante a violência e direitos trabalhistas) e importância da coletividade. Usamos o máximo de recursos lúdicos que tínhamos disponibilidade, como equipamentos de mídia, confecção de cartazes e quebra-cabeças. Tudo voltado para o cumprimento dos objetivos anteriormente propostos. Para compor esse trabalho, foi utilizada além das experiências em campo a leitura de algumas bibliografias. Resultados e discussão A prática de extensão deve ter uma orientação, não pode ser algo aleatório, desqualificado, é necessário um aporte teórico-metodológico, que sustente essa prática, que imprima direção, objetivos claros e estratégias para alcançá-los. Se recorrermos a Política Nacional de Extensão 176 Universitária (2012), vemos que logo no primeiro objetivo aparece “reafirmar a Extensão Universitária como processo acadêmico definido e efetivado em função das exigências da realidade, além de indispensável na formação do estudante, na qualificação do professor e no intercâmbio com a sociedade”. Assim sendo, a extensão tem um papel social, junto às necessidades sociais e um papel acadêmico, junto à formação de estudantes e professores. Quando pensamos em sua função social vemos que ela deve atender as exigências da realidade, isso exige um conhecimento do lugar onde se pretende atuar, é necessário ler sobre, andar, conhecer e principalmente escutar, afinal ninguém melhor para falar de suas necessidades do que quem necessita. Para a elaboração do projeto foi aplicado um questionário com as mulheres interessadas em participar, saber o que era de interesse delas, o que elas queriam saber. A partir do questionário foram traçadas as atividades que seriam feitas com essas mulheres, que iam desde trazer informações sobre direitos das mulheres, da família, trabalhistas, da família, até trabalhar a autoestima e coletividade em prol de busca de melhorias das assentadas. Entretanto, quando fomos colocar esse projeto em ação vimos como ele não é nada rígido, surgem novas dificuldades e demandas que não estavam previstas, elas começam desde o momento que nos deparamos com a estrutura do lugar de trabalho, que era uma pequena escola, com duas salas, não existindo espaço suficiente para as atividades que o PET realizava no local, até o momento que vemos, a partir do contato com as assentadas, que além das atividades propostas deveríamos incluir atividades voltadas para a necessidade de alfabetização presente entre o grupo de mulheres. Devemos lembrar ainda que por ser realizado em ambiente rural (um assentamento, como já vimos), outros desafios nos foram inerentes, afinal, é um erro acreditar que trabalhar em ambiente urbano e rural é a mesma coisa. Concordando com os apontamentos de Redin e Silveira, é importante pensar como a Universidade vai ao campo, como ela usa o conhecimento acadêmico aliado ao conhecimento popular, não podendo tentar impor ou passar por cima de práticas culturais da população. Pensar, por exemplo, em dias de festas da igreja, que tinha bastante influência no local, era melhor cancelar ou mudar o rumo das atividades, uma vez que essa prática era muito importante para boa parte das mulheres que frequentavam nossos encontros. 177 Outra questão notada é o imediatismo por resultados, vimos que atividades com resultados imediatos eram mais bem aceitas, quando realizamos um dia voltado para atividades de beleza, como arrumação de cabelos e unhas, a adesão foi grande, apareceram muitas mulheres, entretanto quando era realizadas atividades de discussão sobre direitos, que o maior resultado era o conhecimento e só poderia ser visto em longo prazo, poucas apareciam. Conclusão Vemos que a prática de extensão não pode ser ignorada, sendo fundamental para a composição do ensino e da pesquisa, além de propiciar uma rica troca de saberes com a comunidade em que a universidade esta inserida. Julgamos que para esse avanço e maior reconhecimento da extensão dentro da academia, é necessário que ela seja qualificada, e atenda a demandas reais da comunidade. Quando ao projeto notamos que com o passar dos encontros às mulheres foram mostrando mais sua voz, pudemos escutar como elas se enxergavam e ao assentamento. Escutar suas histórias, de suas famílias, seus desejos. Vimos a partir dos encontros práticas que haviam sido negligenciadas a priori, que precisavam de correção. Por fim, a experiência nesse projeto mostrou-se rica em aspectos profissionais e humanos, uma vez que pudemos interagir com um mundo que não conhecíamos (o assentamento rural), colocar em prática conhecimentos adquiridos em sala de aula e mais que tudo, aprender no dia-a-dia, com as mais diversas dificuldades, como se dá a prática profissional. Referências BRASILEIRAS, Fórum de Pró-reitores de Extensão das Instituições de Educação Superior Públicas. Política Nacional de Extensão Universitária. Manaus, 2012. MENEGAT, Alzira Salete. Mulheres de assentamentos rurais: identidades e trajetórias em construção. Fazendo Gênero 8: Corpo, violência e poder, Florianópolis, ago. 2008. REDIN, Ezequiel; SILVEIRA, Paulo Roberto Cardoso da. Extensão Universitária e Extensão rural: diferenças e desafios. Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI, Santa Maria, v. 9, n. 16, p.153-158, maio 2013. 178 BONS MARES AOS TUBARÕES: AVALIAÇÃO DA SEMANA DE ACOLHIDA AOS CALOUROS DO CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA DA UNIVERDIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO-UNIDADE ACADÊMICA DE SERRA TALHADA 1 MARQUES, Ricácio; 1 VENTURA, Emerson; 1 XAVIER, Missileny; NUNES, Lucas; 1 CARVALHO, Karen; 1 OLIVEIRA, Rosana; 1 SILVA, Josevânio; 1 ALCOFORADO, Vinícius; 1 CAMPELLO, Tiago; 2 SILVA-CAVALCANTI, Jacqueline 1 Graduando do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco membro, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, membro do grupo PET-Engenharia de Pesca UAST/UFRPE. 2 Tutora do PET- Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco email:[email protected] Área: ENGENHARIAS Introdução A entrada na universidade representa uma nova etapa na vida dos jovens que obtêm essa oportunidade, exigindo uma sequência de adaptações. Ser um universitário é, para muitos, caminhar para longe da família e da cidade de origem: implica morar fora de casa, numa cidade estranha, muitas vezes maior, conviver com pessoas diferentes e assumir responsabilidades com as quais antes não precisa se preocupar. É também frequentar salas de aula, corredores e outros espaços bastante diferentes do antigo colégio. É aprender novamente onde encontrar o professor, os novos colegas, como chegar e, especialmente, onde buscar as informações necessárias ao dia a dia acadêmico (BELLOTI, 2004). Há uma grande dificuldade na transição dos estudantes de ensino médio para o ensino superior. Segundo Cunha e Carrilho (2005), o ingresso dos alunos no ensino superior é marcado por inúmeros desafios, tanto pela adaptação ao curso, quanto pela transição entre a adolescência e a vida adulta. Há ainda, o receio do trote violento que ocorre em algumas instituições e também do novo ritmo de estudos, que requer mais dos mesmos. Portanto, uma adequada recepção aos calouros em suas respectivas faculdades, os faz sentir mais valorizados e confiantes para essa nova etapa de suas vidas. Ademais, os estudantes que conseguem integrar-se acadêmica e socialmente desde o ingresso à IES têm maior chance de crescimento intelectual e pessoal (Teixeira et al., 2008). Atualmente, universidades têm desenvolvido atividades de integração, que ocorre a cada semestre. Pensando nisto, o grupo PET (Programa de Educação Tutorial) do curso de Engenharia de Pesca desenvolveu a atividade denominada “Bons Mares aos Tubarões”, com o 179 intuito de recepcionar os novos ingressantes do curso de Pesca, minimizando assim o impacto do novo ambiente físico e social. de Engenharia “Acolhimento” foi a palavra chave que os membros do grupo PET utilizaram para receber os ingressos em seu primeiro semestre no curso. Estudo aponta que as ações de acolhimento quando realizadas de maneira integradora e sem provocar constrangimentos melhoraram o interesse dos alunos em relação ao curso (PEREIRA et al., 2006). Objetivos Este trabalho teve como objetivo avaliar as estratégias aplicadas pelo grupo PET Engenharia de Pesca, na acolhida aos calouros do curso, bem como no processo de adaptação/integração dos mesmos à universidade, utilizando como objeto de estudo a atividade “Bons Mares aos Tubarões”. Metodologia A atividade “Bons Mares aos Tubarões” consistiu em uma semana de integração entre o grupo PET e os calouros. A recepção consistiu em uma semana de atividades, ondes os calouros vivenciaram as seguintes experiências: introdução à vivência na profissão (realizada na base de pesca da UAST); dinâmica de grupo, para melhor integração do PET e dos próprios calouros; passeio nas dependências da universidade; apresentação das dicas PETs; olimpíada de matemática; entre outras. Como estas atividades foram realizadas durante o primeiro ano de atividades do PET, duas programações diferenciadas foram realizadas com os calouros de 2013, a fim de identificar qual a estratégia mais eficaz à acolhida. Foram realizadas duas acolhidas aos calouros: nos dias 20 a 23 do mês de maio; e nos dias 21 e 22 do mês de outubro de 2013. A primeira estratégia constou em uma semana de atividades com a autorização da coordenação do curso, bem como dos professores do período, onde alguns até participaram ativamente da programação, onde foram desenvolvidas as seguintes atividades: recepção e boas vindas aos calouros; dica PET (Panfletagem); apresentação do curso de Engenharia de Pesca; apresentação dos professores; apresentação do Programa de Educação Tutorial; apresentação da estrutura organizacional da Universidade; atividade de matemática com o professor do período; visita ao Museu de Oceanografia; dinâmica em grupo com os calouros; vivências dos alunos veteranos; visita à base de piscicultura do IPA (Instituto Agronômico de Pesquisa); apresentação de projetos desenvolvidos no IPA; práticas de pesca no Açude Saco; gincana e vídeos com os melhores momentos do evento. A segunda estratégia constou de um período menor, de dois dias de integração. Na ocasião, foram desenvolvidas as atividades: recepção e boas vindas aos calouros; dica PET (Panfletagem); apresentação do curso de Engenharia de Pesca; apresentação dos professores; apresentação do Programa de Educação Tutorial; atividade de matemática com o professor do período; vivências dos alunos veteranos; visita à base de piscicultura do IPA (Instituto Agronômico de Pesquisa); apresentação de projetos desenvolvidos no IPA e práticas de pesca no Açude Saco. Resultados e discussão 180 O nível de engajamento e integração entre o PET com os demais alunos de graduação foi mensurado através do número de alunos participantes nas atividades oferecidas pelo grupo durante o período, bem como pela fidelidade dos calouros às atividades oferecidas pelo PET posteriormente à acolhida. Em relação à quantidade de alunos na atividade “Bons Mares aos Tubarões”, em 2013.1 foram 37 alunos e em 2013.2 foram 39 alunos. Foram desenvolvidas 16 atividades com os calouros na primeira acolhida e na segunda acolhida, foram desenvolvidas 10 atividades. O grupo PET percebeu que a primeira estratégia de acolhimento foi a mais bem sucedida, dado que os alunos acolhidos tiveram uma maior identidade e entrosamento com o grupo PET. Nas duas acolhidas, a atividade que os calouros mais gostaram de executar foi a visita à base de Piscicultura do IPA. Esse resultado deve está relacionado a possibilidade que o calouro tem em entrar em contato com seu ambiente profissional, logo nos primeiros dias de aula, identificando-se com a atividade e a profissão escolhida. Devido a este fato, o grupo PET resolveu realizar esta atividade em todas as acolhidas nos “Bons Mares aos Tubarões”. Dando sempre ênfase à necessidade de proporcionar aos calouros nesta visita o trato com redes de pesca, viveiros e açudes, pontos chaves no curso de Engenharia de Pesca da UAST. Em geral, as duas acolhidas obtiveram resultados positivos, os alunos que participaram das mesmas passaram a frequentar outras atividades desenvolvidas pelo grupo PET, vendo nestas atividades uma forma de crescer academicamente. Pereira et al. (2006) em um estudo de caso sobre como evitar evasão em cursos de engenharia, observou que há um grande aproveitamento da primeira semana de aula, quando esta é proposta com atividades diferenciadas, onde normalmente seria dedicada a trotes e à apresentação das disciplinas do curso. O grupo PET percebeu que a semana de acolhida aos calouros na UAST/UFRPE é fundamental nessa questão e que os efeitos são realmente benéficos, principalmente quando os calouros começam a perceber o PET e os petianos como elemento de referencia do curso. Nesse sentido, o objetivo do PET em integrar e proporcionar experiências diferenciadas à formação dos alunos de graduação passa a ser cumprida. Silva-Filho et al. (2007) afirma que a média de evasão nos cursos superiores do Brasil é 22%, destoando muito de países como o Japão, o qual apresenta uma das menores taxas de evasão mundial (7%). Os valores de evasão no curso de Engenharia de Pesca na UFRPE-UAST são maiores daqueles citados como média nacional. Desde a implantação do grupo PET na unidade e seu maior envolvimento com os alunos de graduação, esses valores tem diminuído. Havendo momentos diferenciados para os alunos desde o início de sua entrada na universidade ao decorrer da graduação, esta estatística poderá mudar ainda mais. Na atividade de acolhida aos calouros, o PET Pesca demonstrou essa possibilidade de mudança, percebido pelos resultados alcançados, principalmente posteriores à acolhida. Em atividades posteriores oferecidas pelo PET aos alunos de graduação, o público de alunos que foram acolhidos pelo programa representa mais de 50% dos presentes. Segundo Martins (1999), tal como um bebê, o aluno passa por angústias que precisam ser digeridas e devolvidas a ele como elementos toleráveis. Nesse modelo, se o aluno encontra um ambiente continente para suas angústias, seu aprendizado e desenvolvimento emocional 181 poderão ser favorecidos. O grupo PET Pesca buscou desenvolver um ambiente agradável aos calouros nos seus primeiros dias de universitários, em que os mesmos pudessem se sentir a vontade nesta ocasião. Esse mesmo clima de acolhimento e fraternidade é continuado pela a graduação, fazendo-se o calouro perceber como parte do ambiente universitário, que pode contar com o PET diante de quaisquer momentos desfavoráveis ou conflitantes, dentro da limitação do grupo. Conclusão A atividade de recepção atingiu seus objetivos e mostrou-se como uma iniciativa que pode contribuir principalmente para a adaptação dos ingressantes à IES e ao curso. Foram proporcionados momentos dinâmicos de total interação entre o grupo PET e os calouros, valorizando esse momento de transição na vida dos mesmos. A primeira turma acolhida referente ao mês de maio apresentou uma maior identidade com o grupo PET. Acredita-se que esse fato se deve pelo maior número de atividades desenvolvidas com os mesmos durante a recepção, facilitando a integração do grupo com estes alunos. Portanto, a atividade “Bons Mares aos Tubarões” promovida pelo grupo PET para os alunos recepcionados teve ampla aceitação, tendo a primeira atividade de acolhida como a melhor estratégia, demonstrando-se então eficiente e fazendo-se permanecer um sentimento por parte dos novos ingressantes na unidade, de “verdadeiramente acolhidos”. Referências 1. CUNHA, S. M., CARRILHO, D.M. O processo de adaptação ao ensino superior e o rendimento acadêmico adaptação e rendimento acadêmico. Psicologia Escolar e Educacional, v.9, n.2, p.215-224, 2005. 2. PEREIRA, M. C.; FERREIRA, W. M.; BATISTA, E. A.; JUNIOR, E. S.; FALCO, J. R, Evitando evasão em cursos de engenharia: um estudo de caso, In: COBENGE: Ensino de Engenharia, Empreender e Preservar, XXXIV, 2006 Campo Grande- MS, Anais do XXXIV COBENGE. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, Setembro de 2006. ISBN 85-7515-371-4, 2006. 3. BELLOTI, P. L. O Programa Tutores e a Integração dos Calouros na FMUSP, Rio de Janeiro, v28, n° 3, p. 2, set/dez. 2004. 4. Martins LAM. Prefácio. Em: O universo psicológico do futuro médico. São Paulo: Casa do Psicólogo; 1999. 5. FILHO, R.L.L.S., MOTEJUNAS, P.R., HIPÓLITO, O., LOBO, M.B.C.M. A evasão no ensino superior brasileiro. Cadernos de Pesquisa, v.37, n.132, p.641-659, 2007. 6. TEIXEIRA, M.A.P., DIAS, A.C.G., WOTTRICH, S.H. Adaptação à universidade em jovens calouros. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), v.12, n. 1, p.185-202, 2008. 182 Educação Tutorial como diferencial na formação profissional e no contexto da Agricultura Familiar Mariana Alves Pinto Barbosa¹; Igor Franco Rezende¹; Daniel Rocha Nogueira¹; José Carlos Moraes Rufini² Introdução O mercado de trabalho necessita de profissionais que apresentem não somente a competência do “saber-fazer”, mas também do “saber-ser”. O ensino tutorial é uma importante ferramenta para a formação de profissionais de excelência, pois possibilita o desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas e pensamento crítico enquanto ser humano, ou seja, criatividade, versatilidade, flexibilidade, capacidade de relacionar-se, comunicar-se, em contraste com a formação acadêmica oferecida pela IES (Instituição de ensino superior). A Agricultura Familiar tem um grande potencial e uma relevante importância social e econômica no Brasil, uma vez que o país tem 4.367,902 pequenas propriedades, o que representa 84,4% dos estabelecimentos brasileiros (IBGE, 2006). Esses agricultores tem papel essencial na produção de alimentos, sendo a Agricultura Familiar responsável por grande parte da produção de mandioca, feijão, leite, milho e frutas. O cultivo de espécies frutíferas tem como principal característica à elevada exigência de mão-de-obra. Isso porque não apenas são necessários cuidados na condução do pomar, como também na colheita e manejo dos frutos. Assim, compreende-se porque a fruticultura tem um importante papel social, como fonte geradora de empregos. A complexidade da fruticultura faz com que sejam exigidos tratos culturais especiais e para isso, deve-se dispor de mão-de-obra qualificada em grande quantidade. Isto faz com que a mão-de-obra de caráter familiar seja considerada preponderante nessa atividade. Ainda no que se refere à mão-deobra, a fruticultura é uma fonte geradora de empregos não apenas diretamente no pomar, mas também indiretamente, no processamento dos frutos e manejo de produtos industrializados. Estima-se que, para cada hectare cultivado com frutíferas, são criados 3 a 5 novos postos de trabalho. Face ao elevado rendimento por área e ao alto valor agregado de frutos, como citados anteriormente, a fruticultura pode atuar, uma vez otimizando o sistema de produção, como um agente de capitalização do produtor, especialmente se a fruticultura estiver dentro de um plano de diversificação de cultura da propriedade. Dessa forma a fruticultura é um importante 183 fator de fixação do homem a terra, pois possibilita a exploração intensiva e lucrativa das áreas produtivas. Minas Gerais se destaca na produção de diversas espécies frutíferas como abacaxi, manga, banana, pêssego e abacate, além de possuir excelente potencial para a expansão de sua produção de citros, maracujá, uva e acerola. Entretanto, os resultados do diagnóstico rural evidenciam alguns problemas relacionados à agricultura familiar, sendo notadamente alguns mais genéricos como a falta de assistência técnica e a dificuldade na comercialização dos produtos. Outros aspectos são mais específicos para a fruticultura como a perda das frutas durante a safra e na pós-colheita, em decorrência de super oferta e má planejamento da produção, e a dificuldade de acesso a material propagativo com qualidade comprovada. Objetivos Promover o contato direto entre os discentes do curso de agronomia com a realidade da agricultura familiar para possibilitar o desenvolvimento de profissionais com pensamento crítico e capacitado na resolução de problemas. Metodologia O presente trabalho foi conduzido na Universidade Federal de São João Del Rei campus Sete Lagoas, situado na cidade de Sete Lagoas – MG. Esta atividade teve como público alvo, pequenos produtores rurais de três comunidades de Fortunas de Minas/MG e da Associação Comunitária dos moradores das comunidades Beira Córrego, Retiro dos Moreira e Adjacentes no município de Fortuna de Minas/MG. As atividades desenvolvidas constituíram-se das seguintes etapas: Seleção de genótipos superiores de aceroleiras com base na qualidade dos frutos O estudo foi realizado a partir de frutos oriundos de um pomar orgânico situado no município de Jequitibá/MG (latitude 19º15’S e longitude 44º15’W) implantado em 2006, em espaçamento de 4x2,5m, com cerca de 800 plantas oriundas de propagação seminífera. A préseleção foi baseada no histórico das plantas quanto à produtividade, regularidade da produção, vigor, sanidade e qualidade dos frutos. Com base no histórico das plantas foram selecionados 25 genótipos de aceroleira sendo coletados 200 frutos aleatoriamente em cada planta em duas épocas de colheita (2013/2014). Tais frutos estavam no ápice de sua maturidade fisiológica 184 com coloração avermelhada da casca. Os frutos foram embalados, identificados e conduzidos ao laboratório de produção vegetal da Universidade Federal de São João Del Rei-CSL (UFSJ). Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com 25 genótipos (fator de variação) e quatro replicatas de 15 frutos cada para cada época avaliada. Seguiu-se análise da massa do fruto (g), massa da polpa (g) e massa da semente (g); diâmetros transversais e longitudinais (mm), medidos a partir de um paquímetro digital. A análise de sólidos solúveis (SS) foi feita por refratometria, realizada com um refratômetro, expressando-se o resultado em °Brix, sendo utilizada a polpa dos frutos; pH, medido com pHmetro digital; acidez titulável (AT) por titulação simples, com resultados expressos em percentagem de ácido málico (g ácido málico/100 g de amostra). A relação entre sólidos solúveis totais e acidez, foi calculada a partir da razão entre os valores médios dos testes. Avaliação do perfil microbiológico e da qualidade da polpa de acerola Foram realizadas inspeções periódicas junto à Unidade de Processamento da Associação situada no município de Fortuna de Minas com o objetivo de avaliar a qualidade da polpa de acerola. Em cada período (10/2013, 04/2014), foram coletadas 4 amostras de 250mL de polpa congelada para avaliação do pH das características da qualidade microbiológica, que foram transportados em isopor com gelo até o Laboratório de Microbiologia da UFSJ-CSL e as amostras imediatamente processadas. Os valores de pH foram determinados por meio de pHmetro digital. Para as análises microbiológicas foram retirados 10 mL de cada amostra de polpa adicionados a um erlenmeyer contendo 90 mL de solução salina (NaCl 0,9%). Após 5 minutos de agitação a 200 rpm, 1 mL foi retirado para a diluição seriada, até 10-4, em tubos de ensaio contendo 9 mL de solução salina (NaCl 0,9%). Após homogeneização por inversão do tubo, 100 µl de cada diluição serão retirados e espalhados, em triplicata, em placas de petri contendo meio de cultura. Os meios de culturas utilizados foram o Agar Nutriente para análises de bactérias psicrofílicas e mesofílicas; Baird-Parker para análises de Staphylococcus aureus; Caldo Lauril Sulfato Triptose para detecção de coliformes totais e termotolerantes. As placas de petri foram mantidas em estufa de crescimento à 35°C/48 horas para coliformes totais e termotolerantes, plaqueamento em profundidade à 35ºC/48 horas para bactérias mesofílicas, plaqueamento em superfície à 7ºC/10 dias para bactérias psicrofílicas, plaqueamento em superfície à 25ºC/10 dias, plaqueamento em superfície à 35-37ºC/40 horas 185 para determinação da presença de Staphylococcus aureus, procedimentos realizados antes da contagem do número de colônias presentes. A partir dos resultados obtidos nas análises microbiológicas da polpa de acerola congelada foram realizados mini cursos e palestras relacionados a boas práticas de colheita e processamento dos frutos para obtenção da melhor qualidade de polpa congelada de acerola. Resultados e discussão Seleção de genótipos superiores de aceroleiras com base na qualidade dos frutos Os valores de massa do fruto variaram de 1,48g a 7,45g, sendo o acesso vinte e cinco o de maior massa. Para massa da polpa o maior valor foi de 5,85g inferior ao observado por Freire et. al (2006) para acerola cultivada no semi-árido. A média geral para massa de sementes foi de 1,07g, sendo que 13 dos 25 acessos foram superiores a esse valor. Alto valor de massa do fruto e polpa e baixo valor de massa da semente resultam em maior rendimento dos frutos, observados no presente trabalho para o acesso vinte e cinco. O acesso vinte e cinco apresentou o maior valor de diâmetro longitudinal 23,97mm e o acesso onze, o menor valor para o diâmetro transversal com valor de 15,65mm. De todos os acessos quinze possuíram valores superiores a média encontrada para relação DL/DT. No presente trabalho, os valores de pH não oscilaram entre os 25 acessos de acerola, sendo superiores a 3,09, coerente aos valores encontrados por Matsuura et al. (2001), superiores a 3,0 (3,08 a 3,57). A acidez total titulável (ATT) dos frutos de diferentes acessos variou entre 0,99 e 4,70%. Menor amplitude para acidez foi verificada por Matsuura et al. (2001), para doze genótipos de acerola, que oscilou entre 0,69 e 1,65%. Os valores de sólidos solúveis totais apresentaram variação de 6,35 a 11,53°Brix. Freire et al. (2006), por meio de análises de vários autores, constataram por meio dos seus experimentos teores de sólidos solúveis e acidez titulável com ampla faixa de variação, de 3,76 a 14,10º Brix para sólidos solúveis e de 0,53 até 2,27 para acidez. Os maiores índices para relação SST/ATT foram 6,42; 6,49; 6,50 e 6,93 gramas de ácido málico/100g referentes aos acessos 3, 8, 25 e 5, respectivamente. Avaliação do perfil microbiológico e da qualidade da polpa de acerola Os valores médios de pH das polpas da Agroindústria foram 3,57; valor este, que se enquadra nos padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento, que preconiza um 186 pH mínimo de 2,80 para polpa de acerola (Brasil, 2000). Os valores encontrados para bolores e leveduras, bactérias mesofílicas, bactérias psicrofílicas e presença de Staphylococcus aureus, foram 0,41 (UFC/g); 9,4 x10-³ (UFC/g); 0,13 (UFC/g); ausência, respectivamente, valores estes que se enquadram dentro da legislação vigente, que preconiza no máximo 5x10³ (UFC/g) para bolores e leveduras; 10³células/g de produto para Staphylococcus aureus, porém para bactérias psicrofílicas e mesofílicas não existem valores pré estabelecidos pela legislação. Nas análises para coliformes totais e termotolerantes não foi observado formação de gás dentro do tubo de Durham, portanto o resultado foi negativo para a formação de colônias de coliformes, pelo fato da acidez da acerola inibir o crescimento das mesmas. Conclusão A educação tutorial incrementou a formação profissional dos discentes envolvidos, permitiu por meio da vivência no contexto real da agricultura familiar o desenvolvimento do espírito crítico e a capacidade de analisar e trazer soluções aos problemas desafiadores enfrentados pela comunidade. Referências BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DO ABASTECIMENTO. Instrução Normativa nº 01/00, de 07/01/00. Regulamento técnico geral para fixação dos padrões de identidade e qualidade para polpa de fruta. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan. 2000, Seção I, p.54-58. FREIRE, J. L. de O.; LIMA, A.N.; SANTOS, F.G.B. dos; MARINUS, J.V.M. de L. Características físicas de frutos de acerola cultivada em pomares de diferentes microrregiões do estado da Paraíba. Agropecuária Técnica, Areia, v.27, n.2, p.105–110, 2006. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário de 2006, Agricultura Familiar, ISSN 0103-6157. Rio de Janeiro, p.1-267, 2006. MATSUURA, F.C.A.U.; CARDOSO, R.L.; FOLEGATTI, M.I.S.; OLIVEIRA, J.R.P.; OLIVEIRA, J.A.B.; SANTOS, D.B.S. Avaliações físico-químicas em frutos de diferentes genótipos de acerola (Malpighia punicifolia L.). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 23, n. 3, p. 602-606, 2001. 187 Intercâmbio dos grupos PET da UFSJ: Uma nova abordagem na educação tutorial Flávio Araujo de Moraes; Camila Calsavara Rocha; Gustavo Franco de Castro; Renata Elisa Viol¹; José Carlos Moraes Rufini². ¹Bolsista PET Agronomia, Universidade Federal de São João del Rei; ²Professor Tutor PET Agronomia, Universidade Federal de São João del Rei. Introdução O Programa de Educação Tutorial (PET) é um programa de excelência financiado pelo MEC/SESU que tem como base a indissociabilidade entre o ensino, pesquisa e extensão, que busca ampliar a gama de experiências vivenciadas na graduação bem como desenvolver habilidades dinâmicas e individuais, formando um profissional critico e atuante. A promoção da interação dos petianos com o corpo docente e discente da instituição complementa a formação acadêmica e estimula a melhoria do curso de graduação através do desenvolvimento de novas práticas e experiências. Esta interação permite a percepção da responsabilidade coletiva e do compromisso social perante a comunidade, além do desenvolvimento da capacidade de trabalho em equipe. A preparação de um discente exige não somente a relação interna no curso a que se refere o grupo PET, mas também da estreita ligação com os demais cursos de graduação existentes na Instituição de Ensino Superior (IES). Neste contexto é de extrema relevância a criação e desenvolvimento de encontros internos que promovam máxima interação entre os petianos, levando a otimização das ações no ensino, pesquisa e extensão. Objetivos O objetivo desta atividade é promover o intercâmbio, comunicação e integração efetiva dos diferentes grupos PET da UFSJ, levando a novos conhecimentos e a formação de parcerias, aprimorando desta forma as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Metodologia 188 Baseado nos diferentes propósitos do PET e buscando a maior interação entre os grupos da UFSJ, houve a necessidade da criação de atividades conjunta que estreitasse a relação dos grupos, visto que os mesmos estão inseridos em diferentes cursos e campus. Durante a plenária do III Encontro dos grupos PET da UFSJ: "Saúde e suas interfaces no século XXI", ocorrido no ano de 2013, foi proposto a criação do TRANSPET, um evento com o objetivo de promover o intercâmbio, comunicação e integração entre os grupos PET da UFSJ. O evento consiste no intercâmbio de petianos aos demais grupos PET da UFSJ. O evento teve início no dia 19/10/2013 no campus Sete Lagoas (CSL) e campus Dom Bosco (CDB), e contou com a participação de todos os grupos PET DA UFSJ. O grupo PET Agronomia acolheu os grupos PET BioSus e PET Conexões de Saberes no campus Sete Lagoas e os grupos, PET Filosofia e PET Mecânica acolheram os grupos PET “Da Loucura a Ciência” e PET Bioquímica, no campus Dom Bosco, ambos seguindo programação especifica para cada encontro. O encontro no CSL contou com a presença do tutor e de todos os integrantes do grupo PET Agronomia e de dois representantes de cada grupo visitante, contabilizando o total de 16 petianos. O cronograma da atividade no Campus Sete Lagoas contou com uma recepção/café da manhã que ocorreu das oito às nove horas, seguido das apresentações das atividades especificas de cada grupo no período da manhã. Após o almoço foram realizadas oficinas no viveiro de mudas e laboratório de produção vegetal, onde os integrantes do grupo PET Agronomia explanaram suas atividades realizadas desde a criação do respectivo grupo. Foram abordados os seguintes temas nas oficinas: propagação de plantas, hidroponia e análise físicoquímica de frutos. Após as oficinas os grupos continuaram o processo de integração através da participação no Grupo de Discussão, onde foram discutidas ações conjuntas entre os grupos participantes finalizando a atividade. Resultados e discussão As apresentações foram vinculadas as atividades realizadas nas áreas de ensino, pesquisa e extensão dos respectivos grupos. A presente ação permitiu que os grupos discutissem a melhor forma de execução das tarefas e também a proposição de aperfeiçoamento nas diversas áreas de atuação. A visualização das distintas linhas de pesquisas realizadas pelos petianos evidenciou relações similares que existem entre os cursos 189 de graduação da UFSJ, possibilitando formação de parcerias nos projetos desenvolvidos por cada grupo. As experiências trocadas entre os grupos deixaram claras as possibilidades de replicação das atividades que cada PET executa em seu campus e comunidade externa. É notável a importância que as IES possuem perante a sociedade, em vista disto, a existência de uma relação estreita entre os grupos PET e a comunidade serve como um apoio direto e objetivo na construção e multiplicação do conhecimento. Encontros como estes que propõem uma nova metodologia servem de apoio para sugestão de ideias e assuntos que envolvam a educação tutorial no Brasil e conseqüente fortalecimento desta. A base para participação em eventos regionais e nacionais dos grupos no país é favorecida e construída durante encontros internos, levando a um crescimento e amadurecimento dos assuntos pertinentes a atual situação do programa. Conclusão O Intercâmbio dos grupos Pet da UFSJ ampliou as inter relações, permitindo a amplitude de conhecimentos e experiências abordadas em diferentes cursos de graduação da IES, caracterizando assim a importância do PET na formação multidisciplinar do discente e evidenciando a necessidade de novas metodologias no programa de educação tutorial objetivando a otimização do ensino superior no país. Referências Manual de orientações básicas PET. Disponível em < http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12228:programade-educacao-tutorial-pet&catid=232:pet-programa-de-educacao-tutorial&Itemid=480> Acesso em 05/06/2014 190 Avaliando a Aprendizagem da Bovinocultura de Leite por meio de Questionários Cassiane Simone Gorosterrazú¹, Tacila Nascimento Vasconcelos¹, Danise Langaro¹, Bruno Gustavo Geraldo¹, Cristiane Paula Regauer¹, Joselaine dos Santos¹, Ilana Gatti¹, Ilidrimari Antunes¹, Janise Zeni¹, Sandra Mônica Cadini¹, Alline Vandressa Maia Kochhann¹, Cristina Napp¹, Denise Bauermann¹, Thaís Rithielli Vasconcelos¹, Juliana Marcia Rogalski². ¹, ² PET Conexões de Saberes Licenciatura em Ciências Agrícolas, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Câmpus Sertão. Introdução A região do Alto Uruguai apresenta como principal fonte de renda as atividades agropastoris. Os pequenos produtores rurais têm como principais atividades a produção de grãos, a atividade leiteira, a avicultura e a suinocultura. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) Câmpus Sertão caracteriza-se por ser essencialmente agrícola e pastoril, visto que foi criado a partir das antigas Escolas Agrícolas. O Câmpus possui, nas áreas agrícolas e zootécnicas, vários setores de produção, entre eles o de Bovinocultura de leite. Nesta perspectiva, foi desenvolvida a oficina “Vivenciando a Bovinocultura de leite”, através do Programa de Educação Tutorial (PET) Conexões de Saberes Licenciatura em Ciências Agrícolas. Para verificar os saberes e o conhecimento dos discentes sobre esta atividade elaborou-se um questionário, o qual foi aplicado previamente e posteriormente à oficina. O questionário, segundo GIL (1999, pode ser definido como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.. Conforme CHARLOT (2005, p.41) deve-se buscar o saber, pois se deve: “compreender como o sujeito categoriza, organiza seu mundo, como ele dá sentido à sua experiência e especialmente à sua experiência escolar [...], como o sujeito apreende o mundo e, com isso, como se constrói e transforma a si próprio”. Dessa forma, este estudo buscou verificar os saberes que os discentes apresentavam sobre a Bovinocultura de leite e avaliar se estes discentes aumentaram seu conhecimento após a participação na oficina. 191 Objetivos - Vivenciar a Bovinocultura de leite, através das atividades realizadas no setor; - Utilizar atividades lúdicas para fixar os conteúdos desenvolvidos; - Verificar por meio de questionário se as atividades práticas (visita e acompanhamento no setor) e lúdicas resultaram no aprendizado dos conteúdos abordados. Metodologia Os questionários, prévio e posterior a oficina Bovinocultura de leite, foram respondidos por discentes, pertencentes a três escolas públicas de Sertão: Escola Municipal de Ensino Fundamental João Antônio De Col, Escola Municipal de Ensino Fundamental Linha Secco e Escola Estadual de Ensino Fundamental Engenheiro Luiz Englert, sendo uma turma por escola. Participaram discentes das sétima e oitava séries. Visando relacionar a oficina com o conteúdo programático a série escolhida foi aquela que estava desenvolvendo a temática os seres vivos. Inicialmente aplicou-se um questionário aos discentes das turmas participantes. O questionário continha dez questões objetivas e de múltipla escolha, relacionadas à Bovinocultura de leite. Após responderem o questionário, os discentes participaram da oficina “Vivenciando a Bovinocultura de leite”. A oficina foi desenvolvida no setor de Bovinocultura do IFRS, Câmpus Sertão. Na oficina os discentes tiveram a oportunidade de vivenciar todo processo in loco da bovinocultura de leite (multidisciplinar), onde foram abordados: instalações e equipamentos, gestação, fases do ciclo de vida dos animais, lactação, produtividade, sistema digestório, manejo, doenças, bem estar animal, formas de minimizar os impactos ambientais pela atividade. Para fixar os conteúdos abordados foram desenvolvidas atividades lúdicas, como quebra-cabeças das raças leiteiras, corrida do saco relacionada às instalações e os equipamentos do setor de Bovinocultura de leite, jogo do tabuleiro envolvendo todos os conteúdos desenvolvidos. Posteriormente a oficina, os discentes participantes responderam o mesmo questionário sobre Bovinocultura de leite, para verificar se ocorreu um melhor desempenho nas questões referentes à atividade. 192 Resultados e discussão Previamente a oficina os discentes responderam um questionário contendo 10 questões para avaliar o saber existe pelos mesmos. Os discentes possuem idade ente 11 e 16 anos e a maioria reside na zona rural (84,9%). Quando questionados se já tiveram contato com a atividade da bovinocultura de leite, na Escola Engenheiro Luiz Englert a maioria dos discentes (44,5%) respondeu que sim, de forma indireta; 33,3% responderam que tiveram contato direto, pois a atividade constitui em renda familiar; e 22,2% que nunca teve contato com a atividade. Na Escola João Antônio De Col 46,1% dos discentes respondeu que tiveram contato indireto com a atividade; 46,2% responderam que diretamente, pois a família desenvolve a atividade; e 7,7% que nunca tiveram contato com a atividade. Já na Escola Linha Secco, a qual se situa no interior, 11,1% dos discentes responderam que sim de forma indireta e 88,9% responderam que sim diretamente, pois a família desenvolve a atividade. Entre as famílias que desenvolvem essa atividade 90% responderam que possuem instalações completas de ordenha. Dos entrevistados 88,6% responderam que conhecem alguma raça de gado leiteiro, os quais citaram quatro raças: Jersey, Holandesa, Zebu e Gir Leiteiro, destacando-se Jersey e Holandesa. Com relação à gestação apenas 51,0% dos discentes, em média, responderam corretamente que o período gestacional corresponde a nove meses. Quando questionados sobre a alimentação dos bovinos todos os discentes responderam alimentos utilizados para nutrir os bovinos, tais como: pasto, milho, feno, silagem, farelo de soja e sal mineral. Quando questionados sobre quais doenças costumam acometer o gado leiteiro, podendo citar várias, na Escola Engenheiro Luiz Englert 77,8% dos discentes citaram mastite e 22,2% febre aftosa, na Escola Linha Secco 100% citaram mastite, 88,9% febre aftosa e 53,8% brucelose. Na Escola João Antônio De Col 76,9% dos discentes citou mastite, 46,2% febre aftosa e 53,8% brucelose. Com relação à higienização dos equipamentos, do espaço da ordenha e do úbere das vacas, que deve ocorrer a cada ordenha responderam corretamente 100% dos discentes da Escola Engenheiro Luiz Englert, 88,9% na Escola Linha Secco e 84,6% na Escola João Antônio De Col. Em relação ao destino do leite após a ordenha, responderam que o leite deve ser resfriado 88,9, 100 e 61,5%, respectivamente. Os discentes que responderam os questionários participaram da oficina “Vivenciando a Bovinocultura de leite” e posteriormente foi aplicado o mesmo questionário, sendo que na Escola Linha Secco 100% dos discentes responderam corretamente todas as questões, na 193 Escola João Antônio De Col 79% e na Escola Engenheiro Luiz Englert 90% dos discentes. Os discentes da Escola João Antônio De Col, escola localizada em área urbana, apresentaram os menores índices de acertos, possivelmente por não vivenciarem a atividade no seu cotidiano. A oficina permitiu aos alunos acompanharem todas as etapas da atividade, bem como visualizarem na prática as fases de desenvolvimento, a alimentação, a ordenha, as instalações e equipamentos necessários, sendo abordados vários conteúdos de diversas áreas. Na prática educativa, tem-se percebido cada vez mais a importância dada à interdisciplinaridade como forma participativa e coletiva de diferentes componentes curriculares na busca pelo êxito educacional. CHARLOT (2005) reforça que ensinar é um ato complexo, dinâmico, difícil de ser analisado separadamente do aprender. Sendo o professor o profissional que trabalha com o processo ensino-aprendizagem, essa passa a ser uma profissão complicada para ser estudada. A metodologia com atividades lúdicas permitiu o envolvimento dos discentes nas atividades, bem como sociabilizar o conhecimento com os colegas. Além disso, percebeu-se a motivação e o aprendizado prazeroso por parte dos discentes. FIALHO (2007), diz que: "A exploração do aspecto lúdico pode tornar-se uma técnica facilitadora na elaboração de conceitos, no reforço de conteúdos, na sociabilidade entre os alunos, na criatividade e no espírito de competição e cooperação, tornando, esse processo transparente, ao ponto em que o domínio sobre os objetivos propostos sejam assegurados". Conclusão As atividades práticas e lúdicas motivaram os discentes em todas as etapas da oficina desenvolvida. O aumento do conhecimento pôde ser verificado com a aplicação dos questionários prévio e posterior a oficina. Além disso, os questionários demonstram a contribuição para a aprendizagem dos saberes que os discentes possuem devido a prática cotidiana da Bovinocultura de leite. Referências BERGAMO, M. O uso de metodologias diferenciadas em sala de aula: uma experiência no ensino superior. Disponível em: <http://www.univar.edu.br/revista/downloads/metodologiasdiferenciadas.pdf >. Acesso em: 28 de janeiro de 2014. 194 CHARLOT, B. Relação com o saber, formação de professores e globalização: questões para a educação hoje. Porto Alegre: Artmed, 2005. FIALHO, N. N. Jogos no ensino de Química e Biologia. Curitiba: Ibpex, 2007. GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. SILVEIRA, J. Dicas de estudo - estilos de aprendizagem. Disponível <http://www.unibarretos.edu.br/v3/faculdade/imagens/nucleo-apoio-docente/ ESTILOS%20DE%20APRENDIZAGEM%203.pdf>. Acesso em: 28 de janeiro de 2014. 195 em: Vivenciando a Avicultura por meio de Atividades Práticas e Lúdicas Ilana Gatti¹, Ilidrimari Antunes¹, Janise Zeni¹, Cassiane Simone Gorosterrazú¹, Cristiane Paula Regauer¹, Bruno Gustavo Geraldo¹, Danise Langaro¹, Joselaine dos Santos¹, Tacila Nascimento Vasconcelos¹, Sandra Mônica Cadini¹, Paulo Ricardo Oliveira de Moura¹, Juliana Marcia Rogalski². ¹,² PET Conexões de Saberes Licenciatura em Ciências Agrícolas, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Câmpus Sertão Introdução No Brasil, a produção nacional de carne de frango atingiu 13,3 milhões de toneladas em 2013, sendo a terceira maior produção e a primeira maior exportação do mundo, com 3,9 milhões de toneladas (EMBRAPA, 2013). Segundo esta empresa, nesse mesmo ano, a produção de ovos no país chegou a 34,1 milhões de unidades de ovos, sendo a sétima maior produção do mundo. Na região do Alto Uruguai a atividade merece destaque. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) Câmpus Sertão caracteriza-se por ser essencialmente rural, visto que foi criado a partir das antigas Escolas Agrícolas, possuindo alguns setores agropecuários, como o de Avicultura. Na prática educativa, tem-se percebido cada vez mais a importância dada à interdisciplinaridade como forma participativa e coletiva de diferentes componentes curriculares, buscando o êxito educacional. No ensino tradicional prevalecem à transmissão-recepção de informações, a memorização e a dissociação da relação entre o conteúdo e a vida cotidiana (LONGO, 2011). Segundo a autora, mediante o uso dos jogos como recursos didáticos, vários objetivos podem ser atingidos, relacionados à cognição (desenvolvimento da inteligência e da personalidade, fundamentais para a construção de conhecimentos); afeição (desenvolvimento da sensibilidade e da estima, e atuação no sentido de estreitar laços de amizade e afetividade); socialização (simulação de vida em grupo); motivação (envolvimento da ação, do desafio e mobilização da curiosidade) e criatividade. 196 O jogo oferece o estímulo e o ambiente propícios, favorecendo o desenvolvimento espontâneo e criativo dos discentes e permite ao docente: ampliar seu conhecimento de técnicas ativas de ensino; desenvolver capacidades pessoais e profissionais para estimular nos discentes a capacidade de comunicação e expressão, mostrando-lhes uma nova maneira, lúdica, prazerosa e participativa de relacionar-se com o conteúdo escolar, levando a uma maior apropriação dos conhecimentos envolvidos (BRASIL, 2006). Nesta perspectiva, a oficina “Vivenciando a Avicultura” buscou estudar todos os conteúdos que envolvem a atividade, de forma integrada, possibilitando aos alunos a vivência da atividade de forma prática, bem como de desenvolver e fixar os conteúdos por meio de atividades lúdicas. Objetivos - Vivenciar as atividades da avicultura: corte e postura; - Entender e diferenciar a avicultura de corte e postura; - Estudar as principais características das aves; - Identificar as fases de desenvolvimento das aves e sua alimentação; - Observar e identificar as instalações e manejos para produção de ovos e carne; - Estudar as condições necessárias para o bem estar animal; - Utilizar atividades lúdicas para desenvolvimento e fixação dos conteúdos estudados. Metodologia O Programa de Educação Tutorial (PET) Conexões de saberes Licenciatura em Ciências Agrícolas ofertou a oficina “Vivenciando a Avicultura”, a qual foi destinada às escolas de ensino fundamental (municipais e estaduais) do município de Sertão, RS. A oficina foi desenvolvida no setor de Avicultura: corte e postura do IFRS, Câmpus Sertão. Durante a oficina foram abordados os seguintes conteúdos: instalações, equipamentos e manejo dos aviários; características das aves, fases de vida das aves, comparação e diferenciação entre o galo e galinha (tamanho corporal, crista, penas, pernas e esporas), o ovo (coloração, formação, postura), início e duração da postura, tempo para abate de um frango de corte, nutrição e bem estar animal. Durante a visita aos aviários (corte e postura) os discentes puderam observar as diferenças entre os mesmos, bem como conhecer as instalações, os equipamentos (ventilador, caixa d’água, bebedouro, comedouro, gaiolas) e a rotina do setor. 197 No próprio setor de avicultura, como forma de fixação dos conteúdos da Oficina Avicultura (corte e postura), cada turma participante foi dividida em duas equipes e foram adaptados à atividade alguns jogos lúdicos, como: Quebra-cabeça - O jogo consistia em um quebra-cabeça referente ao sistema digestório da galinha, composto por seus órgãos. A equipe que primeiro montasse corretamente o quebracabeça era a vencedora. A outra equipe marcava pontos correspondentes ao número de peças montadas corretamente. Caça-palavras - Foram elaboradas frases referentes à avicultura, onde os discentes tinham que preencher corretamente as lacunas. Posteriormente ao preenchimento das lacunas, as palavras deveriam ser encontradas no caça-palavras. A equipe que primeiro finalizasse corretamente a atividade vencia o jogo, obtendo pontuação máxima. A outra equipe pontuava conforme o número de palavras encontradas. Corrida do ovo - Inicialmente a turma participante foi dividida em duas equipes e então foram formadas duplas para a competição. Cada discente da dupla tinha que correr com uma colher na boca equilibrando um ovo cozido, sem auxílio das mãos. O primeiro discente da dupla a chegar, sem derrubar o ovo, respondia a questão, relacionada a todo conteúdo da oficina, sendo que: caso respondesse a questão corretamente pontuava para a equipe, e caso não acertasse pontuava a equipe adversária. O somatório da pontuação dos três jogos determinava a equipe vencedora, sendo aquela com maior pontuação. Resultados e discussão Participaram da oficina quatro escolas: Escola Estadual de Ensino Fundamental Bandeirantes, Escola Municipal de Ensino Fundamental João Antônio De Col, Escola Municipal de Ensino Fundamental Linha Secco e Escola Estadual Engenheiro Luiz Englert, sendo uma turma por escola. Os discentes pertenciam às turmas do sexto, sétimo e oitavo ano (ano correspondente a temática os seres vivos), totalizando 45 participantes. Antes de participarem da oficina os discentes responderam um questionário, onde foi constatado que apresentavam baixo conhecimento sobre a Avicultura, visto que há poucos produtores no município de Sertão. Durante a oficina, os alunos se mostraram extremamente interessados, bem como participativos, em conhecer o funcionamento do setor de Avicultura. Após a oficina, nas atividades lúdicas desenvolvidas os discentes apresentaram 95% de acertos nas questões que 198 envolviam a oficina como um todo. Enquanto joga o aluno desenvolve a iniciativa, a imaginação, o raciocínio, a memória, a atenção, a curiosidade e o interesse, concentrando-se por longo tempo em uma atividade (FORTUNA, 2003). O ensino da Avicultura envolve conteúdos abstratos e muito deles de difícil compreensão. Dessa forma, a explanação dos conteúdos na prática e os jogos lúdicos puderam contribuir para a aprendizagem dos mesmos. Por aliar os aspectos lúdicos aos cognitivos, entende-se que o jogo é uma importante estratégia para o ensino e a aprendizagem de conceitos abstratos e complexos, favorecendo a motivação interna, o raciocínio, a argumentação, a interação entre discentes e entre docentes e discentes (CAMPOS, BORTOLOTO e FELICIO, 2003). Segundo VYGOTSKY (1996), o desenvolvimento da capacidade de pensar é em grande medida um desenvolvimento “de fora para dentro”, e a interação social é um requisito fundamental para tal desenvolvimento, de forma que as funções cognitivas de nível superior se iniciam por uma fase social e posteriormente se internalizam. Durante os jogos percebeu-se grande proximidade e envolvimento entre os discentes da mesma equipe. Conforme FRIEDMANN (1996), os jogos lúdicos permitem uma situação educativa cooperativa e interacional, ou seja, quando alguém está jogando está executando regras do jogo, e ao mesmo tempo, desenvolvendo ações de cooperação e interação que estimulam a convivência em grupo, aprendendo a respeitar o espaço do outro e seus limites. No final das atividades os discentes foram perguntados se gostariam de participar de outra oficina, onde todos participantes respoderam que sim. Desta forma, possivelmente os alunos acharam as atividades prazerosas e sentiram-se motivados durante o processo de aprendizagem. O docente é, então, elemento chave na organização das situações de aprendizagem, pois compete-lhe dar condições para que o discente "aprenda a aprender", desenvolvendo situações de aprendizagens diferenciadas, estimulando a motivação e a articulação entre saberes e competências (LABARCE e BORTOLLOZI, 2010). Conclusão A atividade prática desenvolvida no setor de Avicultura permitiu estudar os conteúdos de forma interdisciplinar, permitindo o estudo de vários conteúdos escolares de forma integrada e facilitando a aprendizagem. As atividades lúdicas podem contribuir para o processo ensinoaprendizagem, pois facilitam a compreensão e fixação dos conteúdos e consequentemente a aprendizagem, de forma lúdica, com motivação e diversão. Também estimulam a convivência e contribuem para a sociabilização dos discentes. Além disso, os jogos despertam 199 mais raciocínio e imaginação no educando, fazendo com este se torne um ser pensante e crítico na sociedade. Referências BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2006. 135 p. CAMPOS, L.M.L.; BORTOLOTO, T.M.; FELICIO, A.K.C. A produção de jogos didáticos para o ensino de Ciências e Biologia: uma proposta para favorecer a aprendizagem. Caderno dos Núcleos de Ensino, p.35-48, 2003. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Suínos e Aves. Relatório de atividades 2013. Disponível em: <http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/publicacao_2q92f0.pdf>. Acesso em : 20 de maio de 2014. FORTUNA, T. R. Jogo em aula. Revista do Professor, Porto Alegre, v.19, n.75, p.15-19, jul./set. 2003 FRIEDMANN, A. Brincar, crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996. LABARCE, E.C.; BORTOLOZZI, J. Atividades Práticas no Ensino de Biologia: Motivação, Interação e Cognição. IX Jornadas Nacionales y IV Congreso Internacional de Enseñanza de la Biología. p.1-3, 2010. LONGO, V.C.C. Vamos jogar? Jogos como recursos didáticos no ensino de Ciências e Biologia. São Paulo: Curso de Ciências Biológicas da Faculdade da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, 2011. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1996. 200 Projeto-Escola, conhecendo a Zootecnia, expandindo horizontes Rotchyelly Prestes Carpes¹, Julio Viégas², Stela Naetzold Pereira5, Tiago João Tonin3, Leticia Lopes da Costa5, Ana Carolina Philippsen5, Lisiani Rorato Dotto5, Greice Kelly Machado4, Bernardo Bevilaqua5, Bruna Aqel de Oliveira5,Elissandra Maiara de Castro Zilio5, Graciele Dalise Schirmann5, Vanessa Tomazetti Michelotti5. ¹ Apresentadora, Aluna do Curso de Zootecnia - UFSM, bolsista PET-Zootecnia – UFSM ² Dr., Professor do Departamento de Zootecnia – UFSM. Tutor do Grupo PET Zootecnia e NUPECLE - RS ³ Aluno do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM, Bolsista CAPES 4 Zootecnista – Egresso PET-Zootecnia – UFSM 5 Aluno(a) do Curso de Zootecnia - UFSM, bolsista PET-Zootecnia – UFSM Introdução O curso de graduação em Zootecnia surgiu no Brasil no ano de 1966, sendo instituído na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), na cidade de Uruguaiana, no estado do Rio Grande do Sul, contudo ainda é razoavelmente desconhecido ou confundido com outros cursos pela população de uma maneira geral. Dúvidas frequentes surgem a respeito da associação do curso de Zootecnia, com o curso de Medicina Veterinária, o que é um equívoco marcante. Portanto, atividades como a proposta a seguir tem alta importância, pois são esclarecedoras e formadoras de opinião. Este projeto faz parte do planejamento anual do grupo PET Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, e tem como objetivo apresentar o curso de Zootecnia em escolas de ensino fundamental e médio, mostrando para os alunos a realidade do curso bem como as áreas de trabalho e as ações que um Zootecnista desempenha durante a formação profissional. Objetivos Permitir maior visibilidade do curso fora do âmbito acadêmico, direcionando, através do esclarecimento, um maior número de alunos ao curso de Zootecnia, na medida em que permite conhecimento prévio das áreas de atuação que o curso abrange, almejando com estas ações a redução da evasão dos alunos. Incentivar o público-alvo a ingressar numa instituição de nível superior. Metodologia 201 O projeto vem sendo realizado desde o ano de 2012, tendo iniciado na Escola Municipal Lorenzo da La Corte, situada no município de Santa Maria. A escola possui turmas de ensino fundamental, de 1º a 9º ano, a visita nessa escola ocorreu no dia seis de novembro de 2012, no período da tarde, e contou com a presença das turmas do 5º, 6º, 7º e 8º ano, totalizando mais de cem alunos presentes durante a explanação. Foi utilizado material multimídia, para o auxílio na explanação por parte dos petianos e do tutor do grupo PET ZOOTECNIA- UFSM, essa apresentação continha informações sobre a estrutura da Universidade Federal de Santa Maria, e também referentes ao curso de Zootecnia, bem como quais laboratórios e setores vinculados a Zootecnia existem na UFSM, e em qual área o profissional em Zootecnia pode atuar após a sua diplomação. No mesmo ano foram visitadas mais três escolas aí incluída o Colégio Militar, momento em que ocorreu uma feira das profissões sendo que o PET Zootecnia representou o Curso de Zootecnia da UFSM. No ano de 2013, a Escola Estadual de Educação Básica João XXIII, situada na cidade de São João do Polêsine, na Quarta Colônia, foi visitada pelo turno da manhã, as turmas envolvidas foram as pertencentes ao Ensino médio da escola, englobando o 1º, 2º e 3º Anos. A visita realizou-se no dia 27 de Maio de 2013. No mesmo ano de 2013, mas no mês de Agosto a escola visitada foi a Escola Estadual de 2º Grau João Isidoro Lorentz, localizada no município de Formigueiro, RS, que fica a 73 km de distância de Santa Maria. Assim como na escola João XXIII, o público-alvo foram somente os alunos do ensino médio. O material utilizado em ambas as escolas foi o mesmo citado anteriormente, com material áudio visual, e explanação por parte dos integrantes do grupo e ativa participação do público envolvido. O Grupo PET enfrentou várias adversidades em relação ao projeto pela falta da verba de custeio não repassada ao Grupo. Resultados e discussão O objetivo do PET Zootecnia em apresentar o curso foi a divulgação e o elucidação uanto às áreas trabalhadas ao longo do curso de Zootecnia e a atuação do Zootecnista no mercado de trabalho e qual sua contribuição com a sociedade. Os alunos envolvidos pelo projeto mostraram-se bastante interessados pela atividade participando ativamente através de questionamentos sobre o que realmente é a Zootecnia, evidenciando pouco conhecimento do curso, possivelmente por ser relativamente novo em 202 relação aos outros cursos das ciências agrárias. Outro questionamento frequente foi sobre quais áreas de trabalho, que profissionais formados em Zootecnia, podem atuar. Foi esclarecido que a área da zootecnia tem inúmeras atuações profissionais, tanto com pequenos animais quanto grandes, sendo a escolha do aluno definida por qual área se identifica mais. Surgiram muitos questionamentos sobre assuntos cotidianos, muitas vezes levantados pela mídia, como composição dos alimentos, formas de produção e bem estar animal. A pergunta mais frequente durante o projeto foi sobre a diferença entre os cursos de Zootecnia e Medicina Veterinária. Muitas das pessoas acreditavam se tratar do mesmo curso. Isso ressalta a importância de atividades como esta, em que se tem oportunidade de divulgar a nossa área de atuação, ganhando assim, reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo Zootecnista. Além disso, desenvolver essa atividade possibilitou mostrar a importância deste profissional na produção de alimentos. Ao mesmo tempo permitiu o trabalho com um público diferenciado permitindo aos petianos trabalhar a desenvoltura e o posicionamento ético. Conclusão O desenvolvimento desse projeto foi de grande valia para o grupo PET, pois houve um maior entendimento por parte dos alunos em relação ao que o Zootecnista faz e como atua profissionalmente tivemos oportunidade de interagir com diferentes realidades, o que gera um crescimento pessoal e acadêmico dos integrantes do grupo PET. Porém a falta de recursos financeiros foi algo que inviabilizou em parte a execução do projeto, que era de dar sequência à vivência com os alunos através da construção de algum projeto interativo. 203 AQUICULTURA INTERATIVA: A BUSCA PELO CONHECIMENTO EM VIVEIROS DE PEIXE. Autor(es)¹; Janaína Silva dos Santos e Karina Ribeiro Tutor²; Karina Ribeiro2 1. Graduanda do curso de Engenharia de Aquicultura pela UFRN e bolsista do PET Conexões- Comunidade Campo – Grupo Água Viva e-mail: [email protected] 2. Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN/EAJ; Tutora do PET ConexõesComunidade Campo – Grupo água Viva. e-mail: [email protected] Introdução A história nos mostra que não temos uma tradição nem na formulação de políticas públicas, nem no pensamento e na prática de formação de profissionais da educação que focalize a educação do campo e a formação de educadores do campo como preocupação legítima (Arroyo, 2007). Sabe-se que o universo da educação, no meio rural, é marcado por uma diversidade de escolas, sendo que se sobressaem as classes multisseriadas que, na maioria das vezes, são isoladas e possuem um único professor (a) para todas as séries (Lima e Figueira, 2011), ocorrendo, assim, insatisfação dos professores e, consequentemente, os sujeitos tornam-se desmotivados para a continuidade de estudos, além das séries básicas, visto que o aprender tradicional das cidades reflete na perda de valores e identidade do campo. Ações de extensão nas unidades de formação sejam elas publicas ou privadas, federais ou estaduais, favorecem o amadurecimento profissional, social e ético de seus estudantes. Essas ações ocorrem pela ampliação das relações entre a comunidade científica e a sociedade, por meio de troca de saberes entre tais componentes e a aplicação dos conhecimentos adquiridos na universidade para a construção de novas realidades sociais. O conhecimento, pelo contrário, exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer sua ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica em invenção e em reinvenção. Reclama a reflexão crítica de cada um sobre o ato mesmo de conhecer, pelo qual se reconhece conhecendo e, ao reconhecer-se assim, percebe o “como” de seu conhecer e os condicionamentos a que está submetido seu ato (Freire, 1985). 204 O trabalho desenvolvido aborda as atividades de extensão realizadas por uma equipe multidisciplinar vinculado ao Programa de Educação Tutorial (PET) – Conexões de Saberes/Comunidade Campo, do grupo Água Viva, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, realizada no assentamento de Reforma Agraria Zabelê – Agrovila Aracati –, localizado no município de Touros/RN. Desta forma, alunos de Engenharia de Aquicultura, Psicologia e Pedagogia desenvolveram conjuntamente atividades voltadas para a educação infantil no que se refere ao cultivo de peixes do assentamento, promovendo, assim, a socialização dos saberes entre os diversos cursos de graduação. Objetivo O presente trabalho objetivou promover o reconhecimento do sujeito quanto ao seu meio social, despertando a vontade de estudar para terem uma profissão futura, despertando, ainda, o reconhecimento da sua identidade tanto em relação a sua vida no campo. Metodologia O trabalho “aquicultura interativa: a busca pelo conhecimento em viveiros de peixe” foi realizado com as crianças, com faixa etária de 3 a 13 anos, que compõe turmas multisseriadas na Escola Municipal Professora Altair da Silva Ferreira e nos viveiros de tilapicultura, ambos localizados no Assentamento Aracati, município de Touros/RN. De início, ocorreu uma apresentação individual, no qual os petianos se identificaram informando nome e área em que estudava. Posteriormente, perguntamos qual o sonho de futuro de cada criança. Deu-se assim um dialogo entre os sujeitos. Logo após o diálogo as crianças foram levadas aos tanques de piscicultura para aula de campo. Desta forma, iniciou-se um novo diálogo com perguntas como: O que faz um Aquicultor? Os peixes dormem? Como os peixes respiram? Como se chamam o bebê do peixe? As respostas foram anotadas e explicadas em seguida. Logo após a troca de saberes e explanações os alunos foram convidados a alimentar os peixes. Posteriormente, um dos petianos coletou alguns peixes para que as crianças pudessem observar mais de perto e pegá-los. Em seguida, as crianças, foram levadas para a sala de aula, onde se realizou a “pescaria educacional”. Esta, contava com peixes de emborrachado, contendo perguntas. Assim cada peixinho “pescado” a criança deveria ler a pergunta em voz 205 alta para os colegas, e os mesmos deveriam escrever as respostas. Ao final da pescaria e para finalizar a atividade ofereceu-se um lanche coletivo como prêmio. Resultados e Discussões A extensão rural é um processo educativo, que se propõe a contribuir de forma participativa com o desenvolvimento rural sustentável, centrado na expansão e fortalecimento da agricultura familiar, que assegurem a construção do pleno exercício da cidadania e a melhoria da qualidade de vida da sociedade (Faser, 1997). Desta forma, o trabalho realizado com filhos de produtores de peixe do assentamento Aracati uniu a educação e a aquicultura a fim de despertar nos alunos a vontade em atuar na atividade, assim como aprimorar sua busca pelo saber. Os resultados obtidos com a primeira roda de conversa demonstraram o interesse e sonho futuro da maioria das crianças se interessarem em serem médicos, professores e veterinários, confirmando, assim, a importância das atividades locais na formação desta criança, além da assimilação das mesmas pelos possíveis sonhos de seus pais ou responsáveis. No segundo momento do diálogo ao abordar as perguntas sobre a biologia dos peixes, obtemos como respostas das crianças seus pensamentos de modos ilusionados do mundo infantil. Evidenciando o conhecimento prévio e interpretação que cada criança em sua respectiva faixa etária possui independente do conhecimento técnico que as mesmas receberam posteriormente. Em seguida após as crianças serem convidadas a alimentar os peixes as mesmas ficaram eufóricas com o contato direto com os peixes, reagindo como resposta destas a observação e o entusiasmo em alimenta-los e vê-los em grande quantidade. Ao sentirem o primeiro contato físico segurando os peixes, facilitou o entendimento delas no que tinha sido dito teoricamente no qual aproveitamos para reforçar mostrando nos peixe cada resposta das tais questões levantadas, fazendo-as entender melhor o que estava sendo explicado. Corroborando com Lima e (Figueira 2011), concepção de Educação que nos habita ou que defendemos é a do processo de construção do conhecimento que não se acaba, que está no eterno construir-se e reconstruir-se, no movimento de ação-reflexão-ação, para ressignificação da realidade vivenciada e para emancipação intelectual de educadores e educandos. A atividade pescaria educacional com perguntas e respostas tiveram como o objetivo de forma dinâmica reforçar e descobrir o conteúdo compreendido entre as crianças, já que cada peixinho “pescado” a criança deveria ler a pergunta para que assim os colegas 206 escrevessem a resposta num folha em branco com o número da pergunta respondida, estimulando assim entre eles o melhoramento da leitura, escrita e coordenação motora. Portanto, as crianças absorveram o conhecimento da importância da piscicultura para sua comunidade e os ciclos de vida do peixe, onde elas responderam isso através do interesse pela atividade. Apesar do desafio a “pescaria educacional” serviu também como uma interação entre os colegas, já que quando na pescaria uma criança não sabia ler a outra que possuía o conhecimento da leitura o ajudava ler a pergunta para os colegas, contribuindo assim com a socialização e civilidade da turma. Espera-se que essas crianças possam ter desenvolvido uma melhor coordenação motora, um desenvolvimento na escrita e leitura, e psicológico, além do despertar para a importância do estudo e de seu futuro. Conclusão Concluímos que, apesar dos pais das crianças trabalharem nos viveiros de peixes da área, estas não apresentavam determinado conhecimento acerca da produção e cultivo de peixes, onde, através da atividade, surgiram por parte delas a vontade de criar peixes, de possuir um aquário, de observar de perto os comportamentos dos peixes apreendidos em aula. Observouse, ainda, a contribuição da atividade junto ao convívio em grupo entre os alunos e os petianos, o desenvolvimento da escrita e prática de leitura nos alunos, e ainda a troca de saberes entre a comunidade e a academia. Referências FASER. A construção de um novo modelo de serviço público de extensão rural e assistência técnica: a contribuição da FASER. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL, 1997, Brasília., anais [S.l.: s.n.], 1997. FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? tradução de Rosisca Darcy de Oliveira ¿ prefácio de Jacques Chonchol 7ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985 93 p. (O Mundo, Hoje, v. 24) l. Agricultura – Serviço de extensão 2. Educação rural I. Título II. Série 207 ARROYO, Miguel Gonzalez. Políticas de formação de educadores(as) do campo Cad. CEDES [online]. 2007, vol.27, n.72, pp. 157-176. LIMA, Armanda Coelho de Souza; FIGUEIRA, Maria do Rosário Souza. O trabalho docente nas escolas multisseriadas do campo. João Pessoa - PB: I Encontro de Pesquisas e Práticas em Educação do Campo da Paraíba, 01 a 03 de julho de 2011, pág. 01 - 16. 208 Projeto Horta Orgânica e Viveirismo: capacitação, inclusão social e melhoria do ambiente Kilson P. Lopes 1, Jerffeson A. Cavalcante 2, Ivando C. M. Silva 2, Joseano G. da Silva 2, José Ricardo T. de Albuquerque 2, Guilherme V. da Silva 2, Odair H. Oliveira 2, Natali A. E. Pereira 2, Francisco Tarcísio Lucena 2, Jackson S. Nóbrega 2, Mailson A. Cordão 2, Pedro Jorge S. Severo 2, Wellinghton A. Guedes 2, Flávio S. de Oliveira 2, Caciana C. Costa2 1 Tutor do PET- Agronomia da Universidade Federal de Campina Grande - email: [email protected] 2 Universidade Federal de Campina Grande - email: [email protected] Introdução É do conhecimento de todos que o Brasil tem passado por profundas dificuldades, sobretudo no plano social. E dentre as regiões mais atingidas com estes problemas destacam-se as regiões norte e nordeste. A concentração de renda está de tal forma imbricada no país que constitui quase que parte integrante e indissociável dele (UNESCO, 2001). São perceptíveis as transformações que veem acontecendo com desemprego e exclusão social; em todo o mundo, crescem as manifestações em prol de alternativas para solucionar tais problemas. É notória e urgente a busca de alternativas que garantam a sobrevivência das camadas mais atingidas da população, oferecendo-lhes oportunidades de se reinserirem na economia por sua própria iniciativa, transformando, dessa forma, desempregados em microempresários ou trabalhadores autônomos. Entre as estratégias de sobrevivência, cabe destacar a ampliação e o desenvolvimento de organizações populares, fundadas nos princípios da solidariedade, constituindo assim, oportunidades de trabalho e geração de renda para os excluídos do mercado de trabalho (COUTINHO et al., 2005). A universidade, no cumprimento de seu papel junto a sociedade, vem tentando desenvolver ações de extensão que buscam ofertar alternativas viáveis para as comunidades e assim modificar seu modo de vida, ofertando-lhes oportunidades de geração de renda com inclusão social. De acordo com Cruz et al. (2013), ao refletir sobre a importância da extensão universitária, há a necessidade de se engajar três aspectos que se requer destaque como: ensino, pesquisa e desenvolvimento social, onde ambas as atividades estão intimamente interligadas e devem ser vistas como agentes de reformulação das idéias da comunidade, não de forma assistencialista, mas reconhecendo o ambiente com seus costumes e crenças e passando a atuar de modo a transferir conhecimentos e técnicas bem como adquiri-las junto à sociedade. O mesmo autor ressalta que a nova concepção de educação passa a ser de fundamental importância para o desenvolvimento da sociedade, visto que o processo contínuo de aprendizagem leva uma 209 interação maior entre pesquisa e questões sociais bem como um maior interesse em solucionar problemas cotidianos. Dessa forma que a pesquisa teórica é de fundamental importância para salientarmos o desenvolvimento da extensão universitária no Brasil e suas ferramentas necessárias para as execuções de ações e suas efetividades, mediante a comunidade e como esse processo contribui para o desenvolvimento social. Diversas ações extensionistas podem promover uma interação entre a universidade e a sociedade local, atividades relacionadas à produção de alimentos saudáveis conciliadas a formação técnica na produção de hortas orgânicas e resgate da consciência ecológica em conjunto à capacitação de pessoal para produção de mudas. Embora pareçam práticas simples, a produção de mudas e hortaliças, requerem embasamento teórico que geralmente a comunidade não dispõe, sejam eles agricultores ou alunos, portanto, necessitam de auxilio para desenvolver estas atividades. De acordo com Coelho (2011) a pratica da extensão alavancou o fortalecimento da economia, através do incentivo ao trabalho coletivo em comunidades; a capacitação dos alunos em curso sobre manejo adequado do solo, melhor aproveitamento dos recursos ambientais sem agredí-los e produção de hortaliças; e também a geração de oportunidades de trabalho e renda, bem como a melhoria das condições de vida das famílias e o fortalecimento da economia da sociedade local. Objetivos O presente trabalho teve como objetivo principal a promoção da inclusão social e fortalecimento da consciência ecológica e ambiental da comunidade rural e urbana do município de Pombal, PB, a partir de iniciativas de capacitação sobre a importância de uma árvore e de uma alimentação saudável, utilizando como instrumento didático uma horta e um viveiro. Metodologia Os projetos foram desenvolvidos no Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar (CCTA) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus Pombal, PB. Foram realizados dois projetos de extensão no ano de 2013, intitulados como Horta Didática e Projeto Viverismo. O Projeto Horta Orgânica foi prioritariamente, constituído por pessoas das comunidades de Pombal que se propuseram a adquirir o conhecimento sobre a produção de hortaliças e pelo desenvolvimento de diversas atividades. Para implantação da horta, foram semeadas hortaliças como alface crespa, rúcula, coentro, cebolinha, rabanete, cenoura, berinjela, beterraba, tomate e pimentão. E a metodologia para práticas culturais foi 210 de acordo com o que Fernandes et al, (2010) propôs: preparo do solo e definição do levantamento dos canteiros; adubação orgânica; preparo das mudas; semeadura; transplantio; capinas e irrigações. Já o Projeto Viverismo, iniciou o trabalho de extensão de forma participativa, capacitando agricultores, comunidade e alunos do ensino fundamental, nas técnicas de coleta, beneficiamento e armazenamento de sementes das espécies escolhidas para a produção de mudas, assim como as técnicas que envolvem a produção de mudas e no plantio das mesmas, por meio da realização de oficinas e palestras no município de pombal, PB. A produção de mudas foi realizada por sementes empregando diversas espécies arbóreas nativas da caatinga, além de algumas espécies ornamentais/frutíferas. A semeadura foi realizada em sacos plástico de cor preta, biodegradáveis de diferentes volumes utilizando como substrato a mistura de solo de barranco, areia e esterco curtido, todos devidamente peneirados, na proporção 3:1:1 respectivamente. A manutenção do viveiro foi realizada diariamente. Foram realizadas coletas de sementes em árvoresmatrizes previamente identificadas, beneficiamento das sementes e avaliação da viabilidade no Laboratório de Análise de Sementes e Mudas do CCTA/UFCG, semeadura, transplante e outros tratos culturais necessários a boa condução das mudas. As ações de distribuição das mudas foram realizadas juntamente com mobilizações que tiveram o enfoque da importância da árvore na melhoria do meio ambiente seja ele urbano ou na recuperação de áreas desmatadas consequentes do uso intensivo e abusivo da vegetação e do solo, sem a devida reposição. Resultados e discussão Nas atividades dirigidas a Horta Orgânica, após toda a capacitação implementada através de aulas teóricas e acompanhamento da implantação da horta didática na UFCG – Câmpus Pombal, viu-se que esta serviu como modelo demonstrativo aos participantes oriundos da comunidade de Pombal, para que os mesmos pudessem colocar em prática seus conhecimentos adquiridos. O projeto atingiu um público alvo de 120 pessoas. Além dos conhecimentos transmitidos, parte da produção da horta foi direcionada para o restaurante universitário (RU) do Câmpus Pombal. Portanto, este projeto propiciou alguns pontos positivos como: a capacitação dos alunos em curso sobre manejo, preparo, aproveitamento e produção de hortaliças, visando no futuro a melhoria das condições de vida dos participantes e das suas famílias, promovendo o fortalecimento da economia da comunidade, pois o desenvolvimento de hortas a nível comercial pode propiciar geração de renda para a exploração individual ou comunitária. 211 O Projeto Viverismo atingiu um público estimado de 30 famílias com faixa etária de 30 a 50 anos sendo a maioria do sexo masculino nas áreas rurais. Na área urbana atingiu um público alvo de cerca de 80 alunos, com faixa etária de 8 a 12 anos, dos sexos masculino e feminino. As atividades realizadas permitiram o envolvimento da comunidade universitária com a realidade social e ambiental da região, através do intercâmbio do conhecimento científico com o popular, que ocorreu pelo contato de professores e acadêmicos com crianças e adolescentes das escolas de ensino médio, agricultores, e público em geral. Observou-se que o envolvimento das escolas, através das crianças, adolescentes e professores foi muito proveitoso, com grande receptividade do projeto e pronta vontade de contribuir para um meio ambiente harmonioso e equilibrado. O contato com as sementes e as mudas no viveiro, durante a oficina de produção de mudas, foi uma estratégia eficaz no estímulo, despertando a curiosidade e interesse dos estudantes do ensino básico envolvido na atividade de extensão. Notou-se que, ao longo do projeto as crianças que foram conscientizadas passaram a produzir mudas de espécies florestais nativas da caatinga, a fim de arborizar os espaços livres de sua escola proporcionando um ambiente mais agradável. Essas atitudes demonstram que o incentivo e a conscientização da preservação e manutenção do meio ambiente é o melhor caminho para obter sucesso nesse tipo de atividade. Nas comunidades rurais foi possível observar que as opiniões são diversas, mas em sua maioria, os agricultores sabem da importância da manutenção das matas nativas, mesmo havendo divergências na consciência de alguns sobre a real importância de uma mata bem preservada. Os resultados são bastante animadores, já que, a continuidade do trabalho aliado a sua importância é motivo de empolgação por parte dos beneficiados do projeto. Outro ponto perceptível entre os agricultores rurais, envolvidos na atividade de extensão, é a preferência por mudas de espécie frutíferas, e a curiosidade por novas técnicas de propagação além do uso das sementes, essa atitude é devidamente compreensível, pois sabe-se que o extrativismo de frutas pode ser uma atividade lucrativa, pois estas podem ser processadas ou comercializadas de forma in natura. No ponto de vista ambiental, a procura dos agricultores por mudas de espécies frutíferas pode entender-se como um problema, já que a recuperação de áreas desmatadas realizada apenas com espécies frutíferas não garantiria o equilíbrio ecológico da área, assim, ver-se a necessidade de incentivar e conscientizar cada vez mais a importância da manutenção das matas nativas. Conclusão 212 O papel da Universidade, mesmo que em ações pequenas é essencial para a mudança progressiva dos valores educacionais existentes, conscientização sobre a produção de alimentos saudáveis e preservação da biodiversidade para as gerações futuras. A integração do ensino, pesquisa e extensão, realizada no desenvolvimento do trabalho, permitiu visualizar com clareza o quanto o papel da Universidade pode ser cumprido com ações simples, claras e objetivas. São muitos os desafios, mas é perceptível o avanço observado no decorrer dos projetos, o despertar da importância de um ambiente preservado e dos benefícios dos sistemas de produção orgânicos. Referências COELHO, A. A.; LIMA, Flávia R. R.; GURJÃO, K. C. O.; PÔRTO, D. R. Q. Capacitação, implantação e acompanhamento de uma horta comunitária no Assentamento Juazeiro, Sousa-PB. Resumos do VII Congresso Brasileiro de Agroecologia, v. 6, n. 2, Dez 2011. COUTINHO, M. C.; BEIRAS, A.; PICININ, D.; LUKMANN, G.L. Novos caminhos, cooperação e solidariedade: a Psicologia em empreendimentos solidários. Psicologia Social, Porto Alegre, v. 17, n. 1, p. 17-28, 2005. CRUZ, S. R. S.; SANTOS, P. D. R.; SOUZA, A. M. S. A.; LIMA J. C.; SANTOS, M. C. S.; JESUS, N. A.; COSTA, C. L. N. A. extensão universitária: um caso de ação voltada ao desenvolvimento social em saúde pública. Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais, Aracaju, v. 1, n.16, p. 127-134, mar. 2013. FERNANDES, R. A.; SILVA, M.; COSTA, C. C.; SANTOS, D. P.; ARAÚJO E. A.; MARTINS, J. M. A. Projeto alimento verde: Implantação de hortas urbanas em Pombal-PB. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Pombal - PB, v. 3, n. 1, p.7-10, dez. 2010. UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Brasil: novos marcos de ação. Brasília, DF, 2001. 152 p. 213 Perfil socioeconômico do consumidor de pescado no município de Belém – PA Jeandria FREIRE1, André OLIVEIRA1 Murillo AZEVEDO1, Inglison SOUZA1, Marillyse PINHEIRO1, Renan MATANGRANO1, Daniela NASCIMENTO1, Maiara CASTRO1, Matheaux CUNHA1, Luciane MARÇAL1, Aldry SOUZA1, Mayara PEREIRA1 ; Lauro ITÓ2. INTRODUÇÃO O potencial pesqueiro do Brasil, estimado pela FAO, considerando a extensa costa marítima, os vários rios navegáveis, as represas das hidrelétricas e os 20% do total de água do mundo na região amazônica, é da ordem de 4 milhões de toneladas, o que representa abundância e diversidade de recursos pesqueiros tanto marinhos quanto continentais. O peixe é uma excelente fonte de proteína animal e outros nutrientes essenciais, e tem contribuído para a segurança alimentar em numerosas regiões, estimando-se que de 16,7 kg de peixe consumido por pessoa em 2006, a população mundial passe a consumir até 20 kg de peixe por ano até 2030, totalizando um consumo quase 90% da produção mundial de pescado. No ano de 2013 o Estado do Pará totalizou a produção de 728.393,80 toneladas de pescado, sendo 670.961 oriundos da pesca artesanal (92,1% da produção total), onde se captura mais de 80 espécies diferentes de peixes, o que elevou o Estado à categoria de maior produtor de pescado do país (SEPAq, 2014). Segundo Lopes et al. (2010), há uma nítida valorização dos atributos do pescado em relação a outras fontes de proteína animal, associando o seu consumo à saúde. O consumo de pescado no Brasil reflete diferenças regionais quanto ao poder aquisitivo da população, quantidade e qualidade ofertada, conservação, preços, alternativas para produtos substitutos e hábito alimentar. Ainda segundo Lopes et al. (2010), o consumo per capita de peixe no Brasil é de, aproximadamente, 4,03 kg/hab/ano. Nas regiões Centro Oeste, Sul, Sudeste e Nordeste o consumo per capita é, respectivamente, de 1,62; 1,60; 2,06 e 4,97 kg/hab/ano. A Região Norte, entretanto, é o grande destaque, sendo seu consumo per capita de 17,54 kg/hab/ano. O estado do Amazonas é o maior consumidor per capita do Brasil, com 30 kg/hab/ano. Os estados do Pará, Acre e Amapá, embora tendo consumo menor que o do Amazonas, ainda apresentam consumo significativamente maior que o consumo médio do restante do país. 1 Graduandos do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural da Amazônia. 2 Tutor/Professor Doutor da Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail: [email protected] 214 OBJETIVO O presente trabalho teve como objetivo traçar o perfil dos consumidores que frequentam a feira do pescado realizada pela Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura do Pará – SEPAq. METODOLOGIA Os questionários foram aplicados no bairro de Nazaré (Belém- PA) e na feira da Ceasa. O trabalho foi desenvolvido em dois locais distintos da capital paraense, onde estava ocorrendo à feira do pescado promovida pela SEPAq. O primeiro local de coleta de dados foi situado no centro de abastecimento alimentício, CEASA, localizado a poucos quilômetros do centro da capital, o segundo ponto foi situado no estacionamento aberto de uma biblioteca pública, CENTUR, localizada no centro da cidade (Bairro de Nazaré). A coleta de dados ocorreu no dia 10 de Maio de 2014, compreendida entre os horários de 05h00min às 12h00min. Os dados foram obtidos através de questionários socioeconômicos que continham perguntas relacionadas ao consumo de pescado. No primeiro ponto foram aplicados 18 questionários e no segundo, 100 questionários. Totalizando 118 questionários. Os dados foram analisados de forma linear (estatística descritiva) com o auxilio do programa EXCEL. RESULTADOS E DISCUSSÃO A amostra de entrevistados na feira do peixe vivo em Belém do Pará mostrou que 33% dos entrevistados são adultos na faixa etária entre 33 a 45 anos. Gênero mais representativo foram os homens sendo 53% e feminino 47%. Costa e et al (2013), estudou o perfil do consumidor do Pará, constatou que o homem é o que mais realiza a compra do pescado. Quanto ao estado civil, 33% são viúvos, 25% união estável, 21% são casados e apenas 20% são solteiros. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, os bairros do centro de Belém-PA concentra a parte da população de maior idade. Dos entrevistados 30% possuem o nível superior completo. Apenas 2% são analfabetos e 4 % só assinam o nome. Os consumidores que recebem acima de 4 salários mínimos representam 35%, 25% possuem renda em torno de 1 à 2 salários mínimos. Quanto ao número de pessoas que moram em sua residência 32% relatou ter apenas 2 pessoas, 20% 1 pessoa, 14% 4 pessoas. Os que consomem peixe na residência dos abordados 32% revelou que apenas 2 pessoas consomem peixe e apenas 16% mais de 5 consomem. 25% diz comprar o peixe vendido, na feira 215 promovida pela SEPAq, para consumo familiar, 25% opta por comprar em virtude da qualidade, 19% compra para revenda. Além do peixe, esses consumidores também consomem outros tipos de pescado sendo 29% com preferência para caranguejo e 12% camarão. Esses comem pelo menos uma vez. A quantidade demandada pelas famílias de pescado esta diretamente relacionada com o salário (Bezerra et al, 2012). CONCLUSÃO De acordo com os dados obtidos foi possível construir um perfil do consumidor de pescado que frequenta a feira organizada pela SEPAq. Em sua maioria os consumidores são do gênero masculino com idade na faixa de 33 a 45 anos, apresentam nível superior completo, podendo ter um salário de 4 ou mais salários mínimos. Estes consumidores frequentam essas feiras para seu próprio consumo alimentar e também pela qualidade do pescado fornecido. É válido destacar que a feira fornecia diversos tipos de pescado e além do peixe que foi o mais procurado, teve bastante procura o caranguejo e o camarão. Foi possível perceber que apesar dessas feiras serem organizadas com o intuito de oferecer um pescado com um valor mais acessível para os consumidores com menor renda familiar, tiveram bastante casos onde os consumidores entrevistados tinham boa escolaridade e renda familiar, mostrando que o preço acessível do pescado tem grande influência na quantidade de pessoas que frequentam essas feiras, sejam elas com baixa ou alta renda familiar. REFERÊNCIAS LOPES, Maria Lúcia Bahia et al. MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DA PESCA E AQUICULTURA NA AMAZÔNIA. 2010. Disponível em: <http://www.proped.ufra.edu.br/attachments/085_MERCADO E DINÂMICA ESPACIAL DA CADEIA PRODUTIVA DA PESCA E AQUICULTURA.pdf>. Acesso em: 3 jun. 2014. BEZERRA, Heitor de Souza et al. ANÁLISE ECONOMÉTRICA DO CONSUMO DE PEIXE DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM APLICANDO O EVIEWS 3.0, A PARTIR DO MÉTODO DOS MÍNIMOS QUADRADOS ORDINÁRIOS – M.Q.O. 2012. Disponível em: <http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/12/bmsrp.html>. Acesso em: 03 jun. 2014. 216 COSTA, Andréia Damasceno; ALMEIDA, Inailde Correia; OLIVEIRA, Juliana da Silva. MERCADO E PERFIL DO CONSUMIDOR DE PEIXE NO ESTADO DO PARÁ. 2013.Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/13/588.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2014. FAO (Org.). O peixe, fonte de alimentação, meio de subsistência e de comércio. Disponível em: <http://www.fao.org/docrep/012/i0765pt/i0765pt09.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2014. SEPAq, Christian Emanoel. Pará volta a ser o maior produtor de pescado do Brasil com quase 671 mil toneladas em 2013. 2014. Disponível <http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=67035>. Acesso em: 04 jun. 2014. 217 em: Composição florística e sucessão ecológica de uma floresta secundária de terra firme em Bragança-PA Mário Morais Oliveira Neto(1); Arllen Elida Aguiar Paumgartten(1); Beatriz Chaves da Silva(1); Elesandra da Silva Araújo(1); Iêda Alana Leite de Sousa(1); Samya Uchôa Bordallo(1); Waldenir Oliveira da Silva Junior(1); Luiz Gonzaga da Silva Costa(2). (1) Acadêmico de Engenharia Florestal e Integrante do Grupo PET - Florestal; ICA (Instituto de Ciências Agrárias); Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Campus Belém – SEDE, email: [email protected]; (2) Tutor do Grupo PET – Florestal; Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Introdução Os danos ambientais na Amazônia, causados, sobretudo por meio de práticas agrícolas e da pecuária têm gerado o desaparecimento de grandes extensões de floresta primária (Miranda & Rabelo, 2006). Do mesmo modo, a alteração da floresta primária leva ao surgimento das florestas secundárias ou capoeiras como são conhecidas popularmente. Dessa forma a floresta secundária é originada da regeneração natural a partir de um corte raso parcial ou total da “floresta virgem” (Oliveira Neto, Gomes, Ferreira 2014). De acordo com Massoca et al (2012), as áreas de floresta secundária nos trópicos se expandem continuamente sobre as áreas antes ocupadas por florestas primárias e desmatadas para a agropecuária. Em 2014 o instituto nacional de pesquisa (INPE) revela que os processos de ocupação e expansão das atividades humanas na Amazônia legal brasileira levaram ao desmatamento de 752.549 km² até em 2012(INPE, 2014). Parte dessa área se transforma em vegetação secundária pelo processo natural de regeneração, quando são “abandonadas”, após uso (geralmente para recuperação da biomassa, no caso da agricultura de corte e queima, ou outras razões). A vegetação secundária pode disponibilizar diversos serviços ambientais como contribuir para a diminuição da crescente emissão de gases de estufa para a atmosfera (Nobre & Nobre, 2002); para a recuperação da fertilidade do solo em agricultura itinerante (Martins, 2005). Proporcionam inúmeros produtos tais como açaí (Euterpe oleracea Mart) e ingá (Inga 218 paraensis Ducke) frutos comestíveis para o consumo humano e fauna silvestre, que, além disso, podem ser comercializados gerando renda para as famílias rurais. Dessa forma, há demanda de se estudar a estrutura e composição desse recurso natural, na tentativa de buscar compreender os processos naturais e identificar serviços e benefícios que as capoeiras podem oferecer para a sociedade. Objetivos Analisar a composição florística, sucessão ecológica de um fragmento de floresta secundária de terra-firme após sucessivos cultivos anuais (milho, mandioca, arroz). Metodologia A área de estudo foi um fragmento de floresta secundária de terra firme no município de Capitão Poço, Pará (01°45’S e 47°01’W). O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Am com precipitação anual em torno de 2.500mm, com uma curta estação seca entre setembro e novembro (precipitação mensal em torno de 60mm), temperatura média de 26° e umidade relativa do ar entre 75% e 89% nos meses com menor e maior precipitação, respectivamente (Schwartz 2007). Em 1999 quando começou o estudo a floresta tinha cerca de 13 anos de idade e proveniente de área abandonada após sucessivos cultivos anuais (milho, mandioca, arroz), segundo informação da família proprietária. Foram instaladas quatro parcelas permanente de monitoramento - PPM, com as seguintes dimensões: 30 x 30 m (0,9 ha), divididas em nove subparcelas de 10 x 10 m. Todos os indivíduos com dimensões ≥ 5, 0 foram identificados (nome comum e ou científico) e numerados sequencialmente com placa de alumínio ou dimotype contendo a identificação do número da parcela, da subparcela e do individuo. A metodologia de medição seguiu o protocolo de PPM, desenvolvido pela Embrapa. A distribuição em classes de diâmetro foi feita em sete classes. A divisão das espécies em grupos ecológicos seguiu o trabalho publicado no boletim do museu paraense Emílio Goeldi: “Checklist da flora arbórea de remanescentes florestais da região metropolitana de Belém e valor histórico dos fragmentos, Pará, Brasil”. 219 Resultados e discussão Foi encontrado um total de 443 indivíduos arbóreos vivos, subdivididos em 25 famílias, 46 gêneros e 45 espécies. Dentre estes, 14 indivíduos não foram indentificados botanicamente. A espécie mais abundante, Lacistema agregatum Rusby apresentou 59 indivíduos (13,78%), seguido de Guatteria poeppigiana Mart com 37 indivíduos(8,64%). As 10 famílias mais abundantes foram leguminosae, annonaceae, lacistemaceae, flacourtiaceae, clusiaceae, sapindaceae, arecaceae, lecythidaceae, nyctaginaceae e myrtaceae com 72, 72, 71, 55, 26, 21, 21, 19, 13 e 10 indivíduos respectivamente. A família das leguminosas apresentou nove gêneros distintos, desses o mais abundante foi o Inga com 40 indivíduos, dividido em 4 espécies: Inga alba Willd., Inga paraensis Ducke, Inga macrophylla Humb. & Bonpl, Inga edulis Mart, com 19, 8, 7 e 6 indivíduos respectivamente. Na visão de Silva & Tozzi (2011) a destacada ocorrência das leguminosas em uma área é ecologicamente importante, pois são bem adaptadas à primeira colonização e exploração de diversos ambientes. Quanto a isso, deve-se principalmente pela característica especial que elas possuem em relação à maioria das outras plantas, pela sua capacidade de associar microrganismos do solo, com bactérias fixadoras de nitrogênio, que transforma o N2 do ar atmosférico em compostos nitrogenados assimiláveis pelos vegetais (Nogueira, 2012). Dessa forma, a destacada ocorrência de Inga spp, é importante não só pela adubação nitrogenada, mas também por ter um fruto comestível, servindo assim de alimento para animais inclusive humanos. Além do Ingá spp, ocorre o açaí (Euterpe oleracea Mart), com a abundância de 21 indivíduos (4,74%), uma palmeira nativa da Amazônia Oriental cujo fruto é apreciado e se faz presente diariamente na dieta da maioria da população da região. Segundo Jardim (1996) o açaí tem diversos usos através do seu fruto para extração da polpa e seu estipe para obtenção do palmito. Além de gerar renda para o agricultor através da venda, o açaí é rico em nutrientes como o cálcio, ferro, fósforo e vitamina B1 (Calzavara, 1987), sendo uma fonte de nutrientes excelente para a alimentação no cotidiano. Os grupos ecológicos ficaram representados como segue: espécies pioneiras com um total de 244 indivíduos, secundárias iniciais com 107 e as secundárias tardias com 59 indivíduos e não teve ocorrência de espécies clímax na área. Não foi possível encontrar o grupo ecológico de 17 indivíduos de duas espécies, Lindackeria paraenses Kuhlm e Albizia hasslerii Burkart. A presença de clareiras na floresta é um fator determinante para a ocorrência de espécies pioneiras, pois necessitam de alta luminosidade para uma regeneração com êxito (Whitmore, 220 1990). O tamanho da abertura no dossel florestal é um parâmetro que deve ser levado em consideração por influenciar na composição florística, muitas vezes determinando a distribuição espacial das espécies (Jardim, Serrão e Nemer 2007). As pioneiras representaram aproximadamente 55% das espécies, ou seja, mais da metade de todas as espécies da área, de onde se deduz ser em decorrência de clareiras, mas também porque a vegetação está em processo inicial e lento de regeneração devido a fatores como vários ciclos de corte e queima. A distribuição em classes de diâmetro foi em sete classes: 1 - de 5cm a 14,2cm, 2 - de 14,3cm a 23,5cm, classe 3 - de 23,6cm a 32,8cm, 4 - de 32,9cm a 42,1cm, 5 - de 42,2cm a 51,4cm, 6 de 51,5cm a 60,7cm e 7 - de 60,8cm a 70cm. O número de indivíduos foi de 362, 58, 19, 3, 0, e 1 respectivamente em cada classe. A distribuição do número de indivíduos por classe de diâmetro teve a tendência esperada(J invertido) onde a maior quantidade se concentrou nas classes de menor diâmetro. Apesar de um resultado esperado, é importante destacar a concentração na primeira classe de diâmetro (5 cm até 14,2cm) de espécies colonizadoras como Lacistema agregatum Bergius com 59 indivíduos, sendo a espécie mais abundante na área. Outras espécies que apresentam as características de serem as primeiras a se regenerarem no solo são as conhecidas popularmente como enviras, pertencentes à família Annonaceae com 36 indivíduos na classe 1. Conclusão Os sucessivos cultivos anuais de milho, mandioca e arroz, podem ter afetado na regeneração natural da área. A área de estudo demonstrou estar em processo de colonização, apesar de expor um alto número de famílias e gêneros. A quantidade de espécies pioneiras e a distribuição em classe de diâmetro não deixam dúvidas que a área está em pleno processo de regeneração. Referências CALZAVARA, B. B. G. Recomendações Básicas: Açaízeiro. Belém: Embrapa, 1987. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE), 2014. Banco de dados do PRODES, Desmatamento nos municípios. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/prodesdigital/prodesmunicipal.php>. Acesso em: 06 maio 2014. JARDIM, M. Aspectos da produção extrativista do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) no estuário Amazônico. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 1996. (Boletim do Museu Goeldi, Série Botânica 12). 221 JARDIM, F. C. S; D. R. SERRÃO; NEMER T. C. Efeito de diferentes tamanhos de clareiras, sobre o crescimento e a mortalidade de espécies arbóreas. Moju, Pará. Acta Amazônica. vol.37 n.1 2007. p. 37 – 47. MARTINS, P. S. 2005. Evolutionary dynamic in amazonian “Roça de caboclo”. Estudos Avançados, 19(53):209 -220. MASSOCA, P. E. S., C. C. JAKOVAC, T. V. BENTOS, G. B. WILLIAMSON & R C. G. MESQUITA, 2012. Dinâmica e trajetórias da sucessão secundária na Amazônia central. 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Blackwell, London, 1990. 222 Influência da luz na germinação de sementes de tatapiririca (Tapirira guianensis Aubl.). Iêda Alana Leite de Sousa(1); Elesandra da Silva Araújo(1); Waldenir Oliveira da Silva Junior(1); Samya Uchôa Bordallo(1); Mário Morais Oliveira Neto(1); Arllen Elida Aguiar Paumgartten(1); Beatriz Chaves da Silva(1); Luiz Gonzaga da Silva Costa(²). (1) Acadêmico de Engenharia Florestal e Integrante do Grupo PET - Florestal; ICA (Instituto de Ciências Agrárias); Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Campus Belém – SEDE, email: [email protected]; (2) Tutor do Grupo PET – Florestal; Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Introdução A Tapirira guianensis Aubl., pertencente a família Anacardiaceae, popularmente conhecida como tatapiririca e também por camboatá, cupuba, pau de pombo ou peito-de-pombo. É uma árvore nativa, com ampla distribuição no Brasil (Silva-Luz&Pirani, 2011). Apresenta fácil adaptação e elevada produção de frutos que são altamente apreciados pela flora, sendo, portanto uma espécie de grande potencial para ser utilizada em programas de recuperação de áreas degradadas, principalmente em locais úmidos, já que é tolerante a esse ambiente (Lorenzi, 2002). Sua madeira pode ser usada na construção e obtenção de energia (Cunha e Albuquerque, 2006), o que a torna uma fonte alternativa de renda para o produtor florestal (Gutiérrez, et al. 2013). Nesse contexto, é necessário o conhecimento dos principais processos envolvidos na germinação de sementes de espécies nativas, o qual é de grande importância na preservação e utilização dessas em programas de recomposição de áreas degradadas (Lima, et al. 2006) e cultivos florestais. O fator luz desempenha um importante papel no controle da germinação de sementes e no inicio do desenvolvimento da planta, apesar de não atuar sozinha nesses processos (Portela, et al. 2001). A luminosidade em seus diferentes níveis pode ocasionar alterações fisiológicas e morfológicas na planta, e seu sucesso está sujeito à adaptação do vegetal a esses distintos níveis, o que se relaciona com suas características genéticas e sua interação com o meio (Scalonet et al., 2002). Quanto ao comportamento germinativo em relação à luz, as sementes podem ser classificadas como fotoblásticas positivas (que têm exposição à luz como uma condição para a germinação), fotoblásticas negativas (têm sua germinação inibida pela luz) e 223 as indiferentes à luz (germinam tanto no claro como no escuro) (Orozco-Segovia; VasquezYanes, 1992). Objetivo Devido à importância econômica, ecológica e à escassez de estudos sobre a germinação de Tapirira guianensis Aubl., este trabalho teve como objetivo classificar a espécie de acordo com o efeito da luz na germinação de suas sementes. Metodologia O experimento foi conduzido em viveiro coberto na Unidade Demonstrativa de Várzea da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) campus Belém/Pará. Os de frutos T. guianensis Aubl. foram coletados em março de 2014 na UFRA. As sementes foram retiradas dos frutos e para remoção da polpa as mesmas foram lavadas em água corrente. Foi realizado o processo de secagem natural das sementes onde foram expostas ao sol e ao vento. A seguir, as sementes passaram por um processo de quebra de dormência, em que foram imersas em água fria, à temperatura ambiente, por um período de 24h. As sementes foram colocadas para germinar em recipientes de garrafas pet de 11 cm de diâmetro, preenchidas parcialmente por seixo e acima deste uma camada de 2 cm de algodão. Para simular um ambiente com ausência de luz, as garrafas foram envolvidas e cobertas por papel alumínio e para a presença de luz estas foram envolvidas e cobertas com papel celofane transparente, criando um ambiente aproximadamente igual para os dois tratamentos. Foram realizadas quatro repetições de 25 sementes para cada tratamento: presença de luz (tratamento 1 - T1) e ausência de luz (tratamento 2 - T2). Em cada repetição utilizou-se cinco garrafas, onde cada uma recebeu cinco sementes, que depois de alocadas nas garrafas foram submetidas à presença e ausência de luz. O critério de germinação adotado foi à emissão da raiz primária (Cesarino et al., 2007). Os parâmetros avaliados foram o índice de velocidade de germinação (IVG) e emissão da radícula com influencia da luz, que foi obtido pela contagem diária das sementes germinadas durante um período de vinte dias para cada tratamento (luz e escuro). Para determinação do IVG aplica-se a seguinte fórmula: IVG (%) = SG/SP*100, em que SG significa sementes germinadas e SP sementes plantada (Hoppe et al., 2004). 224 Resultados e discussão A germinação das sementes se iniciou ao quinto e sétimo dia em ambos os tratamentos e pelos resultados obtidos, não se constatou uma diferença considerável de comportamento das sementes de tatapiririca quanto à resposta ao fator luz. Ao final dos tratamentos T1 e T2 foram obtidas médias de 98% e 97% de IVG, respectivamente. Sendo assim, pode-se afirmar que as sementes de Tapirira guianensis Aubl encontram-se no grupo das fotoblásticas neutras ou indiferentes a luz, visto que sua germinação ocorre tanto na presença como na ausência da mesma. Verificou-se que a luz não é um fator limitante a germinação de tatapiririca, este fato concorda com Costa e Aloufa (2010), o qual não constatou uma diferença significativa entre a germinação das sementes de Phoenix dactylifera L., tendo se mantido elevada nas diferentes condições, como 86,4 % e 92,8% para as sementes da presença e da ausência de luz, respectivamente. Resultados cujas médias de germinabilidade também não diferem nos diferentes tratamentos de luz foram encontrados em sementes de Calliandra viscidula Benth e Calliandra hygrophila Benth, ambas as espécies se comportaram como sementes fotoblásticas neutras (Resende et al., 2011). Essa plasticidade das sementes é de grande importância ecológica, por não requerer condições específicas de luminosidade (Aguiar et al., 2005). Por isso, a indiferença da germinação das sementes em relação à presença ou ausência de luz caracteriza uma vantagem, visto que essas sementes não precisam se localizar em camadas superficiais do solo, onde a luz pode atingilas, podendo, assim germinar em camadas menos superficiais. Esta capacidade de variação tem consequências ecológicas úteis, pois quaisquer que sejam as condições de luz do ambiente onde se encontrarem, as sementes poderão germinar (Silva e Matos, 1998). Conclusão As sementes de Tapirira guianensis Aubl. apresentam ótimas taxas de germinação em ambas as condições de luz e escuro, demonstrando assim caráter fotoblástico neutro ou indiferente à luz . 225 Referências AGUIAR, F. F. A. et al. Germinação de sementes e formação de mudas de Caesalpinia echinata Lam. (pau-brasil): efeito de sombreamento. Revista Árvore, v.29, n.6, p.871-875, 2005. CUNHA, L.V.F.C.; ALBUQUERQUE, U.P. 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Consequentemente, é de fundamental consideração o estudo da percepção ambiental a fim de que se possa compreender melhor as interrelações entre o homem e o meio ambiente, suas expectativas, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas. (FERNANDES et al., 2006). O PET Engenharia Florestal proporciona atividades baseadas no tripé a qual o programa está pautado: ensino, pesquisa e extensão (MEC, 2006), fornecendo assistência aos alunos de graduação, presando ajudá-los no aprofundamento nas áreas que desejarem seguir relacionadas ao curso de Engenharia Florestal. A XVI Semana de Engenharia Florestal foi um evento que congregou várias visões sobre um tema de grande importância para a sociedade, sendo essa iniciativa necessária em âmbito nacional e regional, ressaltando que faz parte do calendário da UFRPE, além de se consagrar como um veículo de comunicação entre os cursos de Engenharia Florestal do Brasil, em especial do Nordeste, bem como toda comunidade universitária e científica de áreas afins. 228 O evento foi estruturado na forma de conferências, mesas redondas, apresentações de trabalhos científicos, minicursos e oficinas como forma de complementação das informações extracurriculares aos participantes, procurando a cada edição reafirmar o compromisso no PET Engenharia Florestal na melhoria contínua da qualidade e da formação discente. Para facilitar a organização das atividades previstas para o evento, o grupo PET de Engenharia Florestal dividiu-se em comissões: Infraestrutura, transporte, patrocínio, científica, marketing promocional, cultural e secretaria. Este trabalho teve como intuito avaliar a percepção do público participante da XVI Semana de Engenharia Florestal quanto à temática, estrutura física e organizacional do evento. Material e métodos O evento A XVI Semana de Engenharia Florestal, organizada pelo PET Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE foi realizada do dia 16 ao dia 19 de dezembro de 2013, das 8h00 às 18h00 no auditório Vasconcelos Sobrinho da Universidade Federal Rural de Pernambuco, no bairro Dois Irmãos, localizado no município de Recife, contando com um público aproximado de 120 pessoas. O evento teve como público alvo discentes, docentes e técnicos da Universidade Federal Rural de Pernambuco e indivíduos de instituições em geral. A Semana de Engenharia Florestal trata-se de um evento com a intenção de promover a comunicação entre os envolvidos, a disseminação de conhecimentos sobre áreas de interesse da engenharia florestal, além de ampliar debates sobre os assuntos abordados. Na XVI Semana de Engenharia Florestal o tema: “A ação antrópica e os problemas ambientais do século XXI” transmitiu aos participantes informações sobre incêndios florestais, enchentes, desertificação e bioengenharia como uma opção sustentável de resolução, além de uma visão socioambiental, trazendo um olhar mais político sobre os tópicos em questão, gerando discussões sobre os temas. No evento foram realizadas oficinas de cultivo de orquídeas e minicursos de avaliação de impactos ambientais, supervisão ambiental em obras e sistema de posicionamento global (GPS). Ademais, apresentações orais e pôsteres de trabalhos 229 científicos previamente selecionados pela comissão científica do evento. Ao todo foram apresentados nove palestras, duas mesas redondas, lançamento de um livro e 5 mini cursos. Avaliação do nível de percepção Com o intuito de avaliar a percepção do público participante foi elaborado um questionário estruturado contendo questões de múltipla escolha e questões de caráter dissertativo acerca do evento. Dentre elas, destacamos questões relacionadas ao local utilizado para realização do evento, se os participantes receberam o devido apoio e informações necessárias, se os assuntos abordados contribuíram para melhor desempenho em sua vida profissional, se o evento permitiu intercâmbio de informações e o componente de maior interesse da programação do evento. Os questionários foram aplicados ao de maneira aleatória ao público participante do evento que se encontrava-se no auditório e na área de apresentação oral e pôsteres, respectivamente. Resultados e discussões Foram contabilizadas 95 pessoas na aplicação da avaliação. Os dados obtidos do questionário referente ao local utilizado para o evento se era apropriado, 65% dos participantes consideraram adequado, e 35% reconheceram pouco adequado. No que tange, ao apoio e informações oferecidas aos participantes pelo grupo PET Engenharia Florestal no evento, 65% julgaram bom, 20% consideraram ótimo e 15% classificaram como regular a participação do grupo. No que diz respeito aos assuntos abordados se auxiliaram em um melhor desempenho na vida profissional, 74% os participantes informaram que houve contribuição e 26% esclareceram que ocorreu parcialmente. Com relação ao câmbio de informação entre os participantes, 98% afirmaram que houve interação entre eles e 2% disseram que interagiram parcialmente. Tendo em consideração, aos componentes de maior interesse da programação do evento, 43% dos participantes avaliaram que as mesas redondas e palestras foram os de maior beneficio, seguido dos mini cursos com 40% e as apresentações orais e pôsteres lograram 17%. Considerando que a população, de uma maneira geral, toma conhecimento dos assuntos abordados no evento através da mídia, as respostas direcionaram-se no sentido de que são raras as oportunidades para debates abertos e esclarecedores sobre esse tema, refletindo um 230 cenário onde não há um incentivo para a conscientização populacional e investimentos para as adequações necessárias para evitar, reduzir ou mitigar as marcas causadas por tais fenômenos. O público alvo considerou que o tema desertificação fora o que despertou maior interesse, o que servirá de base para o planejamento de outras atividades tendo como tema central esse item (ciclo de debates e/ou mini cursos) para que o assunto seja abordado de uma maneira mais aprofundada. No que tange às melhorias que o grupo PET deve preocupar-se em eventos posteriores, o público teceu críticas ao local do evento (acústica local, necessidade de um equipamento de som de maior potência e uma estratégia para que a circulação de pessoas durante as palestras não interfiram no andamento das mesmas). Houve também uma demanda sobre uma abertura maior no espaço para apresentações orais dos trabalhos, dando visibilidade maior às pesquisas desenvolvidas e integração maior entre os participantes. Conclusão Através do diagnóstico das avaliações conclui-se que a XVI Semana de Engenharia Florestal alcançou as expectativas almejadas pelos organizadores, em razão da aprovação dos participantes referente ao local. O apoio e as informações dadas aos participantes foram bem sucedidas. O público declarou a existência de permuta de informações, e manifestou os elementos de maior interesse em suas interpretações, ademais a temática abordada afetou positivamente a vida profissional dos participantes. O grupo PET Engenharia Florestal da UFRPE bastante atuante dentro do Departamento de Ciência Florestal contribui na melhoria da qualidade do curso de Engenharia Florestal. Partindo da avaliação feita pelos participantes da XVI Semana de Engenharia Florestal, o grupo PET irá buscar melhorias no que diz respeito às críticas recebidas com o intuito de proporcionar eventos com maior nível de qualidade. 231 Referência BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Superior (SESu). Manual de Orientações Básicas (PET). Brasília, 2002. BOTH, Laura Jane Ribeiro Garbini. Ensino do Direito: a importância do Programa de Educação Tutorial. Publicado no jornal O Estado do Paraná. Curitiba, 2006. FERNANDES, R. S. et al. Uso da percepção ambiental como instrumento de gestão em aplicações ligadas às áreas educacional, social e ambiental. 2006. Disponível em : <http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT10/roosevelt_fernandes.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2014 PACHECO, Adelzita Valeria et al. Organização da Educação Básica e Legislação do Ensino. Universidade Federal do Acre. Rio Branco, 2013. 232 Demanda dos Discentes do Curso de Engenharia Florestal Acerca dos Cursos de Curta Duração Oferecidos pelo PET Engenharia Florestal da UFRPE Matheus Cordasso Dias1; Ana Luiza de Amorim Reis1; Brunno Henrique Silva1; Elton Januário Silva1; Ítalo Fernandes Pessôa Siqueira1; Jéssica Stéfane Alves Cunha1; Jeniffer Michele Pezzoti1; José Alex Moreira Donato de Melo1; José Henrique da Silva1; Marcella Gomes de Barros Monteiro1; Mayara Fernandes Costa Pedrosa1; Raíssa Santos Ferreira1; Tarsila Maria Santana de Almeida2; Marcelo Nogueira3 1 Graduandos do curso de Engenharia Florestal e Alunos Bolsistas do PET Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco 2 Graduanda do curso de Engenharia Florestal e Aluna Não Bolsista do PET Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco 3 Professor Doutor do DCFL e Tutor do PET Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco Introdução Criado em 1979 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) com o nome de Programa Especial de Treinamento (PET), o programa foi transferido em 1999 para a Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC). Em 2004, o programa passou a ser conhecido como Programa de Educação Tutorial (PET). O programa é composto por grupos tutoriais de aprendizagem e busca proporcionar aos alunos, sob a orientação de um professor tutor, condições para a realização de atividades extracurriculares, que complementem a formação acadêmica, procurando atender mais plenamente as necessidades do próprio curso de graduação e/ou ampliar e aprofundar os objetivos e conteúdos programáticos que integram sua grade curricular. As atividades extracurriculares que compõem o Programa têm como objetivo garantir aos alunos do curso oportunidades de vivenciar experiências não presentes em estruturas curriculares convencionais, visando a sua formação global e favorecendo a formação acadêmica, tanto para a integração no mercado profissional quanto para desenvolvimento de estudos em programas de pós-graduação. (BRASIL, 2006) 233 O ensino superior florestal começou na Alemanha, na Academia Florestal de Tharandt, criada em 1811. Ainda no século XIX, no ano de 1895, foi fundada a primeira escola de ensino florestal de nível superior das Américas, em Baltimore, nos Estados Unidos. O curso foi rapidamente difundido, pois na virada deste século já existiam várias universidades com formação superior no âmbito florestal (MACEDO & MACHADO, 2003). Nesses últimos cinquenta anos de história da Engenharia Florestal, diante do grande avanço e desenvolvimento técnico e maior aplicação do conhecimento científico, houve várias mudanças dentro do curso, bem como nas diversas áreas de atuação. Assim, com a expansão de pesquisa na área florestal, o aumento da tecnologia no setor e, principalmente, devido à clara urgência de preservação do meio ambiente, surgiu uma maior demanda por profissionais que atuem nessas áreas. Segundo Seixas (1989), citado por Barros (2011), o perfil do engenheiro florestal na época da sua criação estava mais próximo de ser um “Forest Manager” (Gerente ou Administrador Florestal), mas este deveria ser revisto, a fim de contemplar, também, dimensões como Ecologia, Silvicultura, Administração, Recursos Naturais, Manejo, dentre outras áreas, para que o/a engenheiro(a) florestal pudesse atuar, diagnosticar vários problemas de engenharia associados ao manejo de áreas florestais, incluindo o projeto e construção de estradas, pontes e outras estruturas, desenvolvimento de planos de exploração florestal e a adaptação de sistemas de exploração ao adequado manejo dos recursos ambientais. Com esta visão o grupo PET Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) tomou a iniciativa de aplicar um questionário junto aos graduandos do curso, com o intuito de buscar novas atividades extracurriculares que garantam o enriquecimento de sua formação acadêmica em áreas pouco explanadas durante o curso de graduação. Objetivos Este trabalho teve como objetivo, fazer um levantamento da preferência dos alunos de graduação do curso de engenharia florestal da UFRPE, através de um questionário 234 semiestruturado, acerca de cursos de curta duração a serem oferecidos durante os eventos que são organizados pelo PET Engenharia Florestal. Metodologia Para a realização do levantamento da preferência dos alunos de graduação do curso de Engenharia Florestal acerca dos cursos de curta duração a ser ofertado pelo Grupo PET Engenharia Florestal da UFRPE em eventos a serem realizados pelo mesmo, foi elaborado um questionário semiestruturado com catorze opções de cursos subdivididos em várias áreas das Ciências Florestais, sendo treze opções objetivas e uma discursiva de caráter pessoal, onde os alunos poderiam escolher até cinco minicursos de sua preferência. O questionário foi aplicado em todas as turmas do curso de Engenharia Florestal, para posterior análise e tomada de decisão pelo grupo sobre um provável cronograma de execução e viabilidade técnica dos mais procurados. Resultados e Discussão Num total de setenta e cinco pesquisados, o questionário gerou um total de trezentos e trinta e seis votos, distribuídos em dezoito cursos de curta duração, sendo treze deles previamente disponibilizados e cinco citados como opção de livre escolha. Dentre as opções, os minicursos de Paisagismo e Ecoturismo receberam cada um 11,61% das respostas, sendo os mais requisitados pelos respondentes; enquanto que o minicurso de Monitoramento Ambiental, o terceiro mais votado, recebeu 11,01% dos votos; o minicurso de Sobrevivência na Mata veio logo em seguida com 9,52%; já o minicurso de Monitoramento de Águas obteve 7,74% dos votos. Juntos obtiveram 51,49% dos votos. Os demais cursos previamente listados na enquete somaram 46,43% dos votos, enquanto que 2,08% dos votos se destinaram aos minicursos sugeridos pelos interrogados. De posse destes dados, podemos observar que a demanda por cursos de curta duração junto aos discentes do curso de Engenharia Florestal da UFRPE reflete a exigência do mercado de 235 trabalho, procurando profissionais que atuem de uma maneira multidisciplinar em questões em que o meio ambiente é o foco principal, gerando uma melhoria na qualidade de vida da população e preocupação com a sustentabilidade dos sistemas produtivos. Conclusão A escolha dos minicursos: Paisagismo, Ecoturismo, Monitoramento Ambiental, Sobrevivência na Mata e Monitoramento de Águas, demonstra o interesse dos alunos da graduação em experiências com áreas fora do âmbito estritamente acadêmico, voltado para atividades práticas, já que Ecoturismo, Monitoramento Ambiental, Sobrevivência na Mata e Monitoramento de Águas são discutidos durante o curso de graduação de uma maneira estanque e não multidisciplinar como o tema requer. Dos minicursos mais votados pelos interrogados, apenas o de Paisagismo compõe a grade curricular como disciplina do curso de Engenharia Florestal na Universidade Federal Rural de Pernambuco, o que pode refletir um déficit metodológico ou de conteúdo na disciplina, o que compete ao PET Engenharia Florestal cooperar com alternativas de solução desta lacuna, promovendo ao longo do ano atividades ligadas a essa demanda. Referências BARROS, D. F. Engenharia Florestal: a inserção da mulher e os limites de gênero. 2011. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Engenharia Florestal) Universidade Federal de Viçosa. 2011. BRASIL. Manual de Orientações Básicas. Programa de Educação Tutorial – PET. 2006. 25 p. MACEDO, J. H. P.; MACHADO, S. A. A Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná: História e Evolução da Primeira do Brasil. 1.ed. Curitiba: Editora UFPR Curitiba, 2003. 513p. 236 EDUCAÇAO AMBIENTAL EM SOLOS: ESTUDO DE CASO DA ESCOLA VIRGILIO LIBONATTI Ana Renata Abreu de Moraes1; Amanda de Castro Segtowich2; Ariadne Reinaldo Trindade2 Bianca Abraham de Assis Sousa3; Diego Luiz Pureza Barreiros¹; Dryelle de Nazaré Oliveira do Nascimento3; Enilde Santos de Aguiar3; Igor Camilo de Alencar Lopes2; Kelly Christina Alves Bezerra3; Larissa da Silva Miranda2; Luiz Fernando Favacho Morais Filho1; Maria da Costa Cardoso2; Marcilene Machado dos Santos1; Mário Lopes da Silva Júnior4; Maynara Santos Gomes 1; Vânia Silva de Melo5; Vivian Kelly Gomes da Rocha1; Yan Nunes Dias3 1 Acadêmicos de agronomia, integrante do grupo PET solos, Universidade Federal Rural da Amazônia. 2 Acadêmicos de Eng. Florestal, integrante do grupo PET solos, Universidade Federal Rural da Amazônia. 3 Acadêmico de Eng. Ambiental, integrante do grupo PET solos, Universidade Federal Rural da Amazônia. 4Tutor do PET Solos, Universidade Federal Rural da Amazônia. 5Professora Dra. do departamento de solos. Introdução A degradação ambiental é atualmente uma questão de primordial importância para a humanidade, fruto de uma concepção e uma relação com a natureza que se contrapõe à sustentabilidade. Importante é reconhecer que a degradação ambiental está relacionada com a concepção que as pessoas, individual ou coletivamente, têm da sua relação com a natureza, com o meio ambiente (MUGGLER; SOBRINHO; MACHADO, 2006). Em geral, as pessoas não percebem que o meio ambiente é resultado do funcionamento integrado de seus vários componentes e, portanto, a intervenção sobre qualquer um deles estará afetando o todo. Um desses elementos é o solo, componente essencial do meio ambiente, cuja importância é normalmente desconsiderada e pouco valorizada (BRIDGES & VAN BAREN, 1997). Diante da carência de sensibilidade da maioria das pessoas frente ao solo, a educação se faz ainda mais necessária, no sentido de se promover uma mudança de valores e atitudes. Isto se conquista por meio da realização de trabalhos que buscam ampliar a percepção do solo como um componente essencial do meio sócio-ambiental, que está extremamente presente em nossa vida. Considerando-se que o solo é um componente do ambiente natural e humano, presente no cotidiano das pessoas, e que é familiar e significativo para todos, ele pode ser usado como um instrumento da Educação Ambiental (ALMEIDA et al, 2004). É necessário, portanto, que se desenvolva uma “consciência pedológica”, a partir de um processo educativo que privilegie uma concepção de sustentabilidade na relação homemnatureza (MUGGLER; SOBRINHO; MACHADO, 2006). Por fazer parte do cotidiano das pessoas, os conteúdos didáticos de ensino sobre solos podem constituir em um efetivo 237 instrumento da educação ambiental (LELIS, et al., 2007). Apesar de o solo ser um importante componente ambiental, frequentemente o mesmo é relegado a um plano menor ou mesmo ignorado nos conteúdos ambientais do ensino fundamental (LIMA et al., 2004). O tema solos nos diferentes níveis de ensino, geralmente é abordado de maneira desinteressante e desatualizada, não sendo visualizado como um elemento importante na paisagem e no cotidiano (LIMA et al., 2005). Objetivo Dessa forma, o presente trabalho buscou desenvolver práticas voltadas para educação ambiental em solos para alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Virgílio Libonatti. Objetivos Específicos Contribuir para o conhecimento do solo como componente essencial do meio ambiente, essencial à vida, que deve ser conservado e protegido da degradação; Criar, desenvolver e consolidar a sensibilização em relação ao solo e promover o interesse para sua conservação, uso e ocupação sustentável; Construir uma consciência pedológica que, por sua vez, possa resultar na ampliação da percepção e da consciência ambiental. Metodologia As atividades desenvolvidas voltadas para educação ambiental em solos fazem parte de um projeto de educação ambiental denominado “Educação ambiental em solos: divulgar, educar e ensinar para preservar e conservar”. Este projeto está sendo desenvolvido pelo Programa de Educação Tutorial com ênfase em solos (PET-Solos) sob a orientação da professora Vânia Mello. O projeto foi desenvolvido: no início do ano de 2013 na escola Virgílio Libonatti, localizada no bairro Montese na cidade de Belém, Pará. As crianças que participaram do projeto cursavam da primeira à terceira série do ensino fundamental e tinham idade entre sete e 12 anos. Procedimentos Metodológicos As atividades de educação ambiental em solos foram desenvolvidas por meio de palestra para os professores e oficinas para as crianças. As oficinas foram elaboradas e desenvolvidas de forma a abordar todas as áreas da ciência, tais como física, química e biologia do solo. As oficinas realizadas foram: 238 Oficina 1 - Coleta de material reciclável Essa prática foi iniciada com a coleta de material reciclável descartada nos arredores da escola de forma inadequada, como papéis de bombons, palitos de picolé, embalagens de biscoito, canudos de refrigerante, latinhas de alumínio, garrafinhas tipo pet, entre outros. Posteriormente as crianças separaram todos os resíduos em coletores seletivos e opinaram sobre a importância do descarte correto dos resíduos gerados diariamente. No qual foi repassado o tempo de decomposição de cada resíduo Papel (3 a 6 meses), Plástico (mais de 100 anos), Resíduos orgânicos (em média 3 meses), Alumínio (200 a 500 anos). Oficina 2 - Decomposição dos resíduos produzidos na escola Nesta atividade foi implantada uma unidade experimental-demonstrativa onde foi depositada pelos alunos uma determinada quantidade de resíduos sólidos, coletados na Oficina 1. A partir disso houve a avaliação do efeito da velocidade de decomposição dos diferentes tipos de resíduos e suas influências na qualidade do solo. Oficina 3 - Propriedades morfológicas do solo Nesta oficina houve abertura de uma trincheira para observação da secção vertical de um solo, e verificação da presença de camadas horizontais mais ou menos distintas. As características do perfil foram a base da classificação e estudo dos solos, mas a sua maior importância foi a possibilidade de informar a maneira adequada do uso do solo. Além disso, houve utilização de diferentes amostras de solos para demonstração de propriedades como cor, textura, estrutura e consistência. Oficina 4 - Erosão dos solos Para desenvolvimento dessa oficina foi desenvolvido três protótipos de três diferentes solos, um simulando um solo com cobertura vegetal; outro simulando um solo com cobertura vegetal seca; e outro simulando um solo sem cobertura vegetal. Posteriormente foi simulado chuva para verificação da susceptibilidade de cada solo para erosão. No final as crianças foram instigadas a analisarem qual solo sofreu maior erosão e houve uma discussão sobre a importância da cobertura vegetal para a 239 manutenção da qualidade do solo. Oficina 5 - Indicadores locais de qualidade do solo Foram realizadas análises microbiológicas por meio do crescimento de bactérias e fungos em meio de cultura de solos de diferentes locais e analisados em microscópio e lupa. A atividade começou com uma breve explicação sobre a importância dos indicadores locais de qualidade do solo, com ênfase na análise microbiológica. Também foi explicado sobre os tipos de solos analisados e sua importância além de ensinar a manipulação de microscópio e lupa. Em seguida, as amostras de solo foram analisadas e as crianças foram estimuladas a refletir sobre o que foi visto no microscópio e lupa e alicerçadas nas informações expostas. Por fim, as crianças fizeram uma análise das amostras de solo, iniciando um debate. Resultados e discussão Os resultados mostram que práticas pedagógicas, como a realização de palestras, geram uma maior conscientização dos professores, tal como foi observado em outros trabalhos por Freire & Faundez (1985), nos quais em seus estudos sobre a Educação em solos, constatou-se que houve maior capacitação técnica dos professores e até mesmo em projetos interdisciplinares com crianças e adolescentes. Verificou-se também uma mudança na mentalidade das crianças, as quais se tornaram disseminadoras das informações adquiridas nas oficinas e, como consequência, ocorreu a redução dos descartes inadequados de resíduos ao redor da escola, devido, sobretudo, a implantação do sistema de coleta seletiva, no qual fez-se necessário uma sinalização e disponibilização de coletores específicos para cada tipo de material em um lugar de fácil acesso da escola, resultado esse também observado por Guimarães (2007) sobre a Formação de Educadores Ambientais no qual ocorreu uma acelerada disseminação da educação ambiental na sociedade brasileira e isto foi observado em território nacional. Os resultados obtidos foram imensamente gratificantes, pois em todas as oficinas houve questionamentos por parte dos alunos, o que contribuiu para a realização de projetos educativos, resultado esse também observado por Oliveira (2012) em seu trabalho de educação ambiental no qual enfatizou a necessidade de inovação quanto às práticas e compromisso no trato das questões ambientais cotidianas proporcionando um acréscimo de conhecimentos na área de solos. Neste sentido, Macedo (1994) afirmou que construir conhecimento sobre o solo é um processo realizado por etapa, de maneira parcial e sempre com um rigoroso acompanhamento. 240 Conclusão A educação ambiental em solos é uma importante ferramenta de conscientização da importância e utilização adequada do solo, tendo em vista que os temas abordados nas oficinas fazem parte do cotidiano das crianças, tornando-se, desta forma, uma alternativa viável e sustentável para aprendizagem e consequentes mudanças no modo de pensar das mesmas. Vale ressaltar a importância da expansão dessas atividades nas escolas e a sua aliança com as Universidades, multiplicando projetos de extensão e estreitando as relações com as comunidades, contribuindo, assim, para a formação não só das crianças, mas se expandindo para a comunidade como um todo. Dessa forma avaliamos as crianças como instrumentos de propagação das informações adquiridas durante o projeto, tornando-o dessa forma eficiente, correspondendo ás expectativas e acatando aos objetivos traçados nas diretrizes do projeto contribuindo, inclusive para que a realidade vivenciada na escola mudasse. Referências BRIDGES, E.M. & van BAREN, J.H.V. Soil: An overlooked undervalued and vital part of the human environment. Environ., 17:15-20, 1997. LELIS, J. L.; LOBO, L. M.; MUGGLER, C. C.; CAON, K. G.; CAMPOS, J. L. A.; PEREIRA, D. M.; VILLAR, J. P.; MORAIS, E. H. M.; PRIMO, F. Discutindo o solo na escola: construção de conceitos e valores ambientais. Revista Brasileira de Agroecologia, v.2 n.2, p. 559-562, 2007. LIMA, M. R.; LIMA, V.C.; PACHOLOK, C.; ROCHA, G. A.; OLESKO, M. L.; LIMA, R. A. A.; LAVANHINI, R. D. T. Educação Ambiental de Estudantes do Ensino Fundamental: a atividade extensionista realizada na exposição didática de solos da UFPR. In: II Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2004, Belo Horizonte (MG). Anais. Belo Horizonte (MG): Universidade Federal de Minas Gerais/Pró Reitoria de Extensão, 2004. MUGGLER, C. C.; PINTO, F. A & MACHADO, V. A. Educação em solos: princípios, teoria e métodos. In: Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 30. Recife, 2005. Anais. Recife, Sociedade Brasileira de Ciências do Solo, 2006. ALMEIDA, S.; MUGGLER, C. C.; MOL, J. L. et al. Solos e Educação Ambiental: Experiência com alunos do Ensino Fundamental na Zona Rural de Viçosa, MG. In: Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2. Belo Horizonte, 2004. CECCON, S.; COMPIANI, M.; HOEFFEL, J. L. M. Estudo de Caso do Programa de Educação Ambiental Fruto da Terra: a pedagogia de projetos como estratégia para a educação ambiental crítica. Pesquisa em Educação Ambiental, v. 4, n. 1, p. 37-62, 2009. 241 Acolhida Solidária PET-EA 2014 da Universidade Federal do Rio Grande - FURG Odivane Fadani¹, Bruna Curado Grilo¹, Cláudio Pereira Pinheiro¹, Geisa Teixeira Lamas¹, Jéssica Rodrigues Bágio¹, Lianca Maria Segeren¹, Marina Born Behling¹, Monique Martins Strieder¹, Paola Lopes Cavalheiro¹, Priscila Barbosa Mello Silva¹, Renan Schmutz Juliano¹, Wendel Pires Desordi¹; Marta M. M. Augusto². Introdução A acolhida ao estudante ingressante é uma etapa importante do processo de integração à vida universitária. Frente às crescentes expressões de violência nos chamados “trotes”, é importante elaborar e executar metodologias institucionais de trabalho com foco no combate as ações que não condizem com o ambiente acadêmico. A expressão “trote” esta diretamente relacionada a brincadeiras violentas que causam desconforto e intimidação aos ingressantes nos cursos superiores. Desde 2004, a Universidade Federal do Rio Grande proíbe “trotes” violentos e incentiva as práticas que estimulem a cidadania e relações sociais dentro e fora do ambiente universitário. Trote é a troça ou vaia que estudantes veteranos impõem aos calouros, ao passo que acolhida significa receber alguém, dar acolhida, acolher, abrigar e amparar (MICHAELIS, 2009). Nesse sentido, tornase evidente que uma acolhida aos novos acadêmicos é necessária e que o tradicional trote deve ser uma prática em extinção nas universidades. Em dezembro de 2010, a FURG aprovou a Deliberação nº 164/2010 do Conselho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Administração – COEPEA, que orienta a execução do Programa de Acolhida Cidadã, e que visa não apenas proibir os trotes violentos, mas também incentivar práticas respeitosas, solidárias e criativas para recepção aos novos estudantes (BRASIL, 2010). Visto que é importante que os calouros sintam-se integrado à nova universidade e, como muitos são de outras regiões, necessitam de informações e sugestões para melhor vivência desta fase na qual estão ingressando. Objetivos A proposta da “Acolhida Solidária PET-EA” teve por finalidade integrar os alunos ingressantes no curso de Engenharia de Alimentos, apresentar o curso e a estrutura da Escola de Química e Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande, o Programa de Educação 242 Tutorial da Engenharia de Alimentos (PET-EA), e despertar o espírito voluntário e a consciência cidadã nos calouros e veteranos. Metodologia A programação da Acolhida Cidadã constou de três etapas. A primeira etapa teve início pela manhã com as palestras da coordenação do curso e do grupo PET-EA, visando apresentar informações básicas sobre a universidade e o curso de Engenharia de Alimentos. Para a segunda etapa os alunos foram divididos em dois grupos, o primeiro realizou um passeio ciclístico para conhecer o campus universitário da FURG. O segundo grupo foi encaminhado para uma visita nas dependências dos laboratórios da Escola de Química e Alimentos, sendo que os dois grupos realizaram as duas atividades. No turno da tarde, foi realizada a terceira etapa, com a atividade nomeada de “Cross Calouro”, para integração dos alunos e reconhecimento do campus universitário. Para a atividade, os acadêmicos formaram equipes na procura das pistas indicativas dos locais a serem percorridos e conhecidos. Os componentes da equipe vencedora da terceira etapa foram contemplados com vaga garantida para a visita técnica organizada pelo grupo PET-EA. Após a realização da ação, camisetas alusivas ao acolhimento foram entregues aos calouros. A avaliação da acolhida cidadã foi realizada com os calouros participantes das atividades. Fichas de avaliação foram entregues para cada ingressante abordando a importância do acolhimento e o grau de satisfação com as atividades realizadas para integração no ambiente universitário. Resultados e discussão Dos 50 ingressantes do curso de Engenharia de Alimentos, 25 participaram da acolhida promovida pelo grupo PET-EA. As atividades na parte da manhã transcorreram como o planejado, a terceira etapa, que ocorreria a tarde, foi suspensa devido a baixa participação dos acadêmicos. Dos 25 calouros que participaram da acolhida, 21 responderam ao questionário de avaliação do evento. O grau de satisfação e a importância da acolhida obtiveram 100% de aprovação dos respondentes. As palestras de apresentação satisfizeram a expectativa dos participantes, sendo que referente ao desempenho dos palestrantes 29% avaliaram como ótimo, 19% muito bom, 19% bom e 33% regular. Quanto à divulgação do evento 5% 243 avaliaram como ótimo, 33% muito bom, 29% bom e 33% regular. A organização do evento foi avaliada como ótima por 43%, muito bom por 40%, bom por 19% e regular por 7%. A média geral da avaliação do evento foi de 8,52. Sendo assim, apesar de uma parte do evento não ter ocorrido por falta de participação, o resultado da avaliação das atividades promovidas foi satisfatório. Conclusão A acolhida solidária aos calouros do curso de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande atendeu as expectativas dos ingressantes quanto ao acolhimento, embora a baixa participação dos calouros. A média geral de avaliação do evento foi de 8,52. Referências ACOLHIDA. In: DICIONÁRIO Michaelis. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=acolhida >. Acesso em: 15 maio de 2014. BRASIL. Serviço Público Federal. Deliberação nº 164/2010, 17 de dezembro de 2010. Universidade Federal do Rio Grande, ata 024. <Disponível em: http://www.conselhos.furg.br/converte.php?arquivo=delibera/coepea/16410.htm> . Acesso em: 15 de maio de 2014. TROTE. In: DICIONÁRIO Michaelis. Disponível <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=trote >. Acesso em: 15 maio de 2014. 244 em: VERIFICAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO EM EMPRESA BENEFICIADORA DE SAL Marina Born Behling¹, Katherine de Oliveira Manetti¹, Gabrielle Victória Gautério¹, Marla Kappaun Rodrigues¹, Geisa Teixeira Lamas¹, Bruna Curado Grilo¹, Wendel Pires Desordi¹, Monique Martins Strieder¹, Odivane Fadanni¹, Jéssica Rodrigues Bágio¹, Renan Schmutz Juliano¹, Paola Lopes Cavalheiro¹, Priscila Barbosa Mello Silva¹, Cláudio Pereira Pinheiro¹; Marta M. M. Augusto². ¹ ²Programa de Educação Tutorial - Engenharia de Alimentos/ Escola de Química e Alimentos/ Universidade Federal do Rio Grande – FURG/ Rio Grande/ Rio Grande do Sul Introdução A maior parte dos alimentos de origem vegetal e animal tem como características se deteriorar com facilidade. A deterioração começa imediatamente após a colheita do vegetal ou abate animal. No decurso dos séculos sempre existiu uma técnica empírica de preservação de alimentos. Uma parte dessa técnica sobreviveu em nossa época: a secagem, a defumação, o emprego do sal, do vinagre e do álcool lembram com bastante exatidão os processos empregados no passado (GAVA et. al., 2008). No caso da carne, em tempos remotos, antes da difusão da conservação de alimentos pelo frio, altas concentrações de sal e secagem ao sol originavam um produto com vida útil relativamente longa, se comparada à carne fresca, mesmo quando armazenada em temperatura ambiente (COSTA & SILVA, 1999). Segundo o relatório do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), divulgado em 2010, o consumo interno de sal apresentou um aumento de 30,4% em relação a 2009. A demanda interna de sal se encontra distribuída por setores: o setor da indústria química que consumiu 2,4 milhões de toneladas (33%), para o consumo humano e animal, agricultura e alimentos responderam por 2,23 milhões de toneladas (30,1%), outros setores, como frigoríficos, curtumes, charqueadas, indústria têxtil e farmacêutica, prospecção de petróleo e tratamento de água, responderam com 2,25 milhões de toneladas (30,3%). A indústria em geral e distribuidores responderam pelas 487 mil de toneladas (6,6%) restantes. A qualidade higiênico-sanitária como fator de segurança alimentar tem sido amplamente estudada e 245 debatida, devido ao fato que as doenças transmitidas por alimentos são um dos fatores que contribuem para os índices de morbidade nos países da América Latina e Caribe. Segundo o Comitê WHO/FAO, as doenças transmitidas por alimentos são, provavelmente, o maior problema no mundo contemporâneo (AKUTSU et. al., 2005). A qualidade é o que satisfaz o cliente, sendo que o controle de qualidade é a manutenção dos produtos e serviços dentro dos níveis de tolerância aceitáveis para o consumidor ou comprador. Então, para avaliar a qualidade de um produto alimentar, tem-se que mensurar o grau em que o produto satisfaz os requisitos específicos, sendo que esses níveis de tolerância e requisitos se expressam por meio de normas, padrões e especificações (AKUTSU et. al., 2005). Boas Práticas de Fabricação (BPF) abrangem um conjunto de medidas que devem ser adotadas pelas indústrias de alimentos para manter qualidade sanitária e a conformidade dos produtos alimentícios. A aplicação das BPF em estabelecimentos beneficiadores de sal são os procedimentos higiênicosanitários e operacionais que devem ser aplicados em todo fluxo de produção, desde a obtenção da matéria prima até a distribuição do produto final, a fim de garantir sal apto ao consumo humano (BRASIL, 2000). As BPF consideram, de maneira geral, quatro pontos principais a serem analisados: termos relevantes – inclusive pontos críticos de controle e práticas referentes à pessoal; instalações – áreas externas, plantas físicas, ventilação e iluminação adequadas, controle de pragas, uso e armazenamento de produtos químicos, abastecimento de água, encanamento e coleta de lixo; requisitos gerais de equipamentos – construção, facilidade de limpeza e manutenção; e controles de produção (AKUTSU et. al., 2005). Além de cumprir a legislação governamental, a implementação das BPF permitem um melhor controle dos parâmetros de processo e do produto final, proporcionando uma gestão eficaz da qualidade em termos organizacionais e de seus recursos produtivos (CALARGE et. al., 2007). Objetivo O objetivo deste trabalho foi verificar, treinar e sensibilizar os colaboradores de uma empresa beneficiadora de sal, para a manutenção das Boas Práticas de Fabricação (BPF), dos Procedimentos Operacionais Padronizados e de Segurança do trabalho da empresa visando à melhoria da qualidade de seus produtos e garantir a integridade de seus colaboradores. 246 Metodologia Este trabalho foi realizado em uma empresa beneficiadora de sal com uma produção em torno de 7500 kg sal/dia e um quadro funcional de 50 colaboradores. Inicialmente, foi aplicado um check-list segundo a RDC Nº 275 que consistiu no preenchimento de um questionário para levantamento e registro das conformidades e não conformidades (BRASIL, 2002). Durante a vistoria foram observados os seguintes aspectos: projeto/instalações, manutenção, edificação, saneamento, equipamentos e utensílios; colaboradores; matéria-prima; fluxo de produção; embalagem e produto acabado, pessoal, controle de pragas e proteção ao produto. A partir do registro foi confeccionado e apresentado um relatório salientando as não conformidades encontradas, para análise e elaboração de estratégias de melhoria. Ao final do treinamento foi realizada uma avaliação junto aos colaboradores através de um questionário com respostas fechadas, em duas seções: na primeira a identificação do colaborador e na segunda foi relacionada às contribuições do treinamento ministrado. Resultados e discussão Um relatório foi elaborado com a descrição das conformidades e não conformidades verificadas e as medidas a serem tomadas na empresa, para atender as Boas Práticas de Fabricação e Procedimentos Operacionais Padrão em conformidade com a legislação (BRASIL, 2002). Foram observadas 21 inconformidades das 37 analisadas na área de produção da empresa. Estas inconformidades foram referentes à possibilidade de acidentes, riscos físicos e químicos de contaminação do produto, riscos para a saúde do manipulador e falhas na linha de fluxo da produção. Em vista disso, foi sugerida a realização de capacitação para os colaboradores como estratégia de sensibilização e melhoria dos serviços. Assim, um treinamento foi ministrado, em 3 sessões distintas com palestras em que foram abordados temas relativo as Boas Práticas de Fabricação, Procedimentos Operacionais Padronizados e Segurança do trabalho, como forma de corrigir as inconformidades. Dos 30 colaboradores presentes aos treinamentos, somente 19 preencheram o questionário de avaliação, representando 63,3% do total. Em relação às Boas Práticas de Fabricação, foi questionado aos colaboradores sobre a relevância do tema abordado para seu aprendizado. Nesta questão, 32% dos colaboradores julgaram como “ótima” a apresentação, 47% como “muito bom” e 21% como “bom”. A satisfação quanto ao tema abordado também foi questionada. Onde 26% dos colaboradores julgaram como “ótima” a apresentação, 58% como “muito bom” e 16% como “bom”. Outra questão foi em relação a didática dos palestrantes. Nesta pergunta, 26% dos 247 colaboradores julgaram como “ótima”, 63% como “muito bom” e 11% como “bom”. E por fim foi perguntado quanto ao material didático utilizado pelos palestrantes. Onde 37% dos colaboradores julgaram como “ótimo”, 37% como “muito bom” e 16% como “bom”. Para aos Procedimentos Operacionais Padronizados, foi questionado aos colaboradores sobre a importância do tema abordado para seu aprendizado; onde 32% dos colaboradores julgaram como “ótimo”, 63% como “muito bom” e 5% como “bom”. Quanto à satisfação do tema abordado, 21% dos colaboradores julgaram como “ótima”, 53% como “muito bom” e 26% como “bom”. Outra questão foi relativa à didática dos palestrantes, onde 21% dos colaboradores julgaram como “ótima”, 68% como “muito boa” e 11% como “boa”. Em relação a Segurança no Trabalho foi questionado aos colaboradores sobre a relevância do tema para sua aprendizagem. Nesta questão, 32% dos colaboradores julgaram como “ótima” e 68% como “muito bom”. A satisfação quanto ao tema abordado: 32% dos colaboradores julgaram como “ótima”, 47% como “muito bom” e 21% como “bom”. Outra questão foi em relação à didática dos palestrantes, onde 26% dos colaboradores julgaram como “ótima” a apresentação, 58% como “muito bom” e 16% como “bom”. A média final obtida para o treinamento ministrado foi 9,1. Conclusão A verificação realizada na empresa beneficiadora de sal apresentou 56,7% de inconformidades. Esse fato ressalta a importância da capacitação e conscientização dos colaboradores na adoção das BPF, para garantir a integridade e melhoria na qualidade do produto, e segurança à saúde do consumidor. Referências AKUTSU, R.C.; BOTELHO, R.A.; CAMARGO, E.B.; SÁVIO, K.E.O.; ARAÚJO, W.C. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Revista de Nutrição, v.18, n.3, p. 419-427, Campinas, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC nº 28, de 28 de março de 2000. Dispõe sobre os procedimentos básicos de Boas Práticas de Fabricação em estabelecimentos beneficiadores de sal destinado ao consumo humano e o roteiro de inspeção sanitária em indústrias beneficiadoras de sal. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 30 de março de 2000. 248 BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC n° 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Padronizados Aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 22 de outubro de 2002. CALARGE, F. A.; SATOLO, E. G.; SATOLO, L. F. Aplicação do sistema de gestão da qualidade BPF (boas práticas de fabricação) na indústria de produtos farmacêuticos veterinários. Revista Gestão e Produção, v.14, n. 2, p. 379-392, São Carlos, 2007. COSTA, L.E.; SILVA, A.J. Qualidade sanitária da carne de sol comercializada em açougues e supermercados de João Pessoa – PB. Boletim CEPPA, Curitiba, v.17, n.2, p.137-144,1999. Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Sumário Mineral 2011, Volume 31, Brasília-DF, 2012, disponível em: <https://sistemas.dnpm.gov.br/publicacao/mostra_imagem.asp?IDBancoArquivoArquivo=635 0> Acesso em: 23 de Maio de 2014. GAVA, A. J.; DA SILVA, C. A. B.; FRIAS, J. R. G. Tecnologia de alimentos: Princípios e Aplicações. Editora Nobel, São Paulo – SP, 2008. 249 EDUCAÇÃO ALIMENTAR INFANTIL: UMA AÇÃO EDUCATIVA NA UNIDADE UNIVERSITÁRIA FEDERAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ Autores: Francisco Robério da Silva Marques¹; Socorro Vieira da Silva¹, Sande Maria Gurgel 1 D’Ávila²; Ana Beatriz de M. Holanda ¹; Aline do L. dos Santos ¹; Ana Luiza C. de Oliveira ¹; Dalilia M. Cardoso ¹; Antonia Morgana M. Carvalho ¹; Karithas Shelly L. Alves ¹; Karoline Teixeira da Silva ¹; Mázida B. de Lima¹; Tarcísio Antonio F. da S. Rocha¹; Uly Alves Moreira¹. Tutora: Sande Maria Gurgel D’Ávila² INTRODUÇÃO De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (2014) a idade pré-escolar, de dois a seis anos, é considerada uma fase de extrema importância, tanto no que diz respeito ao processo de maturação biológica quanto ao desenvolvimento sociopsicomotor. Além disso, nesta idade a criança começa a criar sua independência e a formar seus hábitos alimentares para toda vida. A alimentação da criança, desde o nascimento e nos primeiros anos de vida, tem repercussões ao longo de toda a vida. A mesma é considerada um dos fatores mais importantes para a saúde da criança. Nesta fase, além de suprir as necessidades nutricionais, constitui uma das principais formas de contato com o mundo externo. À medida que a criança começa a frequentar outros ambientes, como a escola, se inicia uma intensa socialização, onde novas influências serão sofridas. Há uma grande tendência de repetir o comportamento de professores e de outras crianças, que podem ser bons ou ruins; por isso a necessidade do incentivo de uma alimentação saudável em grupo. (LAZARI ET al., 2012) A partir dessa perspectiva, bolsistas do Programa de Educação Tutorial Economia Doméstica, motivaram-se a realizar com as crianças atendidas pela Unidade Universitária Federal de Educação Infantil Núcleo de Desenvolvimento da Criança da Universidade Federal do Ceará, 1 Graduandos (as) do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal do Ceará - UFC, bolsistas do Programa de Educação Tutorial – PET Economia Doméstica; ² Professora Doutora - Adjunta III do Departamento de Economia Doméstica da UFC, Tutora do PET Economia Doméstica UFC. 250 uma oficina abordando a educação alimentar e nutricional, utilizando o recurso didático da pirâmide alimentar. Para Mahan (2005) a pirâmide alimentar foi desenvolvida para ensinar alimentação saudável a indivíduos e populações. Seu primeiro modelo foi criado em 1991 pela Agência Regulamentadora de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos da América (FDA). Com base nos conceitos da pirâmide foram lançados vários modelos por diferentes instituições, cada uma com um propósito. Na pirâmide tradicional, a base é composta pelos alimentos energéticos (grãos como trigo, milho, arroz e tubérculos como batata, mandioca, cará e pão), que devem compor a maior parte de nossa alimentação e ser consumidos de 5 a 9 porções por dia. Logo acima dos alimentos energéticos devem estar os alimentos reguladores, que são os vegetais e as frutas; esses alimentos fornecem os micronutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo. O consumo diário dos alimentos desse grupo deve ser de 4 a 5 porções de verduras e legumes e 3 a 5 porções de frutas.(MERGULHÃO; PINHEIRO, 2004). De forma dinâmica e participativa objetivamos identificar os hábitos alimentares das crianças e apresentar a elas propostas de alimentos saudáveis para a formação de novos hábitos. OBJETIVOS Identificar os hábitos alimentares das crianças atendidas pela Unidade Universitária Federal de Educação Infantil Núcleo de Desenvolvimento da Criança da Universidade Federal do Ceará, para realizar ação educativa visando à formação de hábitos alimentares saudáveis. METODOLOGIA Segundo Barros et Bustos apud Vieira (2002) a oficina é vista como novo método pedagógico de conhecimentos que insere na vida do integrante uma realidade vivenciada pela socialização: uma integração entre alunos e professores que percebem e dialogam sobre uma problemática específica. Nessa perspectiva a oficina sobre Educação Alimentar e Nutricional foi realizada no espaço físico da Unidade Universitária Federal de Educação Infantil Núcleo de Desenvolvimento da Criança da Universidade Federal do Ceará, com 19 crianças do primeiro ciclo, distribuídas em (10) do sexo feminino e (9) do sexo masculino, com idade média de 4 anos. Essa atividade foi realizada em três momentos, envolvendo as crianças e os petianos do PET Economia Doméstica, que foram orientados por um docente. Inicialmente aconteceu a 251 apresentação dos facilitadores e participantes. Em seguida, foi realizada uma dinâmica para a apresentação da temática; e por fim, foi proporcionado um momento lúdico as crianças, por meio de brincadeiras, em que as crianças tiveram acesso a alimentos saudáveis. As etapas da oficina buscaram a análise qualitativa do consumo alimentar infantil, assim como orientar sobre a função nutricional dos alimentos. Durante a roda de conversas as próprias crianças falaram um pouco sobre alimentação: o que elas entendiam sobre alimentação saudável e quais os principais alimentos que elas gostavam de consumir. A seguir foi proposto as crianças uma dinâmica, onde elas de forma coletiva, montariam grupo por grupo, a pirâmide alimentar, com o objetivo de identificarem os alimentos com seus grupos específicos. Por fim, foi oferecido as crianças kits com frutas (constituinte de um dos grupos da pirâmide alimentar) e por meio de uma brincadeira, foram orientados a criar pratos divertidos com as frutas. Após a elaboração e apresentação dos pratos as crianças consumiram as frutas. Esta atividade proporcionou uma forma lúdica de ver a comida no prato. RESULTADOS E DISCUSSÃO A educação nutricional é conceituada como um processo educativo no qual, através da união de conhecimentos e experiências do educador e do educando, vislumbrase tornar os sujeitos autônomos e seguros para realizarem suas escolhas alimentares de forma que garantam uma alimentação saudável e prazerosa, propiciando, então, o atendimento de suas necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais (CAMOSSA et al., 2005) Na escola, a criança vai estabelecer seu primeiro contato com refeições fora de casa. Esse contato pode expor a criança a alimentos que, até então, não faziam parte de suas refeições diárias, como doces, balas, bebidas de alto valor calórico e baixo valor energético e outras guloseimas. Isso reforça a escola como uma instituição de grande influência na vida das crianças, como o lugar ideal para se desenvolver ações de promoção à saúde, e o desenvolvimento de uma alimentação saudável. (BEZERRA et al., 2008). O uso da pirâmide alimentar com as crianças foi importante para favorecer a apresentação dos alimentos em grupos. Lazari et al (2012) cita em seu trabalho um estudo de Bernat (2014), que evidencia que as dinâmicas ludo pedagógicas são essenciais na promoção de bons hábitos alimentares. Confirmamos isso na oficina com as crianças, pois percebemos que elas aprenderam mais facilmente por meio das brincadeiras, sobretudo quando o assunto de alimentação saudável, 252 incluiu o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras, e a diminuição do consumo de doces, frituras etc. Sendo assim, os escolares passaram a ter maior contato com os alimentos mais rejeitados (verduras, frutas e legumes) e aprenderam sobre a importância do consumo de cada grupo alimentar. A realização da oficina foi bastante positiva, a partir do envolvimento das crianças e de suas respostas em todos os momentos vivenciados. CONCLUSÃO A realização dessa atividade reforçou para o grupo a certeza de que Escola e Família devem atuar em conjunto para proporcionar educação alimentar e nutricional às crianças, a partir de ações positivas frente aos alimentos e à alimentação; favorecendo a aceitação de uma alimentação saudável e diversificada. De forma lúdica é possível fazer a criança entender a relação entre alimentação e saúde, desenvolvendo hábitos alimentares saudáveis. Fazer boas escolhas alimentares é um processo complexo e tem conseqüências a curto, médio e longo prazos sobre a saúde dos indivíduos. Portanto, uma educação alimentar realizada na infância pode gerar adultos mais saudáveis, com uma relação mais positiva com o alimento, com a alimentação dentro e fora de casa. REFERÊNCIAS BERNART, A.; ZANARDO, V.P.S. Educação nutricional para crianças em escolas públicas de Erechim/RS. Revista Eletrônica de Extensão da URI. v.7, n.13, p.71-79, 2011. BEZERRA, J. A. B. et al. Projeto Pedagógico: alimentação saudável se aprende na escola!. UFC - Fortaleza, Ceará, 2008. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Alimentação para crianças de 4 e 5 anos. Departamento de Pediatria Ambulatorial – SBP, 2014 . Disponível em < http://www.conversandocomopediatra.com.br/website/paginas/materias_ge. php?id=154&content=detalhe>, acesso em: 26 mai 2014. CAMOSSA, A. C. A. et al. Educação Nutricional: Uma área em desenvolvimento. Alim. Nutr., Araraquara, v. 16, n. 4, p 349 – 354, out/dez 2005. LAZARI, T. A et al. Importância da educação nutricional na infância. Em VI Congresso multiprofissional em Saúde UNIFIL. Londrina, PR, 2012. MAHAN, L. K. et al.. Alimentos, Nutrição & Dietoterapia. São Paulo-SP, Ed. Roca, jan. 2005. 253 MERGULHÃO, E. P. Brincando de Nutrição. São Paulo - SP, Ed. Metha, ano. 2004. VIEIRA, E.; VOLQUIND, L.. Oficinas de ensino: o quê? Por quê? Como?. 4 ed. - Porto Alegre: Edipucrs, 2002. 254 Recepção aos alunos ingressantes do curso de Zootecnia - UDESC como mecanismo de inclusão universitária Laura C. D. Giombelli1; Patric A. Castro¹; Eduarda C. Pick1; Alexandre Balzan1; Junior G. Soares1; Alessandra Arno1, Crystian J. Cazarotto1, Denise N. Araujo2; Paulo R. Ficagna2; Maria L. A. Nunes2, Diovani Paiano3. ¹Bolsista PET-Zootecnia UDESC; ²Professor do Departamento de Zootecnia- UDESC; 3 Tutor PET-Zootecnia UDESC. Introdução Foi realizado nos inicios dos três últimos semestres o “Trote Solidário” com ingressantes no curso de Zootecnia/UDESC. Esta denominação de “solidário” caracteriza-se por contribuir para a sociedade com ações inovadoras, como a participação em campanhas de doação de sangue, pedágio solidário, combate ao mosquito da dengue e reestabelecimento de uma Área de Preservação Permanente (APP). Somado aos benefícios à sociedade, por meio das ações, a recepção visa favorecer a integração entre os calouros e demais fases da graduação. Autores como Dias (2009), citam a assistência sócio educacional como um fator que pode influenciar positivamente a menor evasão no ensino superior, aqui entendida como o conjunto de projetos e/ou ações que visam a integração do aluno com a universidade, sua permanência e bom desenvolvimento acadêmico. Da mesma, forma Cunha et al. (2001) e Bôas (2003), indicam que a evasão tende a crescer se a universidade não envolver seus alunos em atividades de pesquisa e extensão. Deste modo as atividades, realizadas, foram propostas para familiarizar e integrar os calouros com os laboratórios e grupos de trabalho do curso e seus respectivos projetos de ensino, pesquisa e extensão, assim como trabalhar a Ênfase em Produção Animal Sustentável do curso de Zootecnia/UDESC. Objetivos Realizar atividades para despertar a consciência social/ambiental, a solidariedade e o respeito com o próximo, com participação em palestras e recuperação de APP. Paralelamente, com as 255 referidas ações diminuir a evasão e familiarizar os calouros aos grupos de trabalho do curso e com a ênfase em sustentabilidade do curso de Graduação em Zootecnia. Metodologia No início do período letivo de 2014/01, foi realizada a recepção dos calouros da Zootecnia no campus da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) em Chapecó - SC, no qual foram elaboradas as seguintes atividades: apresentação do funcionamento, normas do Departamento de Zootecnia e o respectivo Curso, Centro e Reitoria da UDESC. Assim como os benefícios que os acadêmicos podem concorrer ao ingressarem na Universidade como bolsas de monitoria, bolsas de apoio permanência entre os outros programas de inclusão que a UDESC proporciona. Da mesma forma, foram apresentadas as bolsas na modalidade Extensão e Pesquisa e reforçado a importância da participação nos acadêmicos nas referidas modalidades. Foi elaborada uma breve apresentação sobre o PET, na qual foram abordadas as principais atividades, os critérios de seleção entre outros pontos relevantes para os acadêmicos. Após as apresentações, os calouros, foram encaminhados para uma breve visita aos laboratórios de ensino/pesquisa do curso, na qual os professores coordenadores apresentaram os principais projetos em execução, as principais pesquisas em andamento e as demais atividades desenvolvidas no laboratório, como estágios e trabalhos de conclusão de curso entre outros. Após a finalização do expediente os acadêmicos foram convidados para participar de uma palestra motivacional proferida pelo Professor Dr. Matheus P. Giombelli da Universidade Federal de Lavras-MG, ex-aluno de graduação do curso, intitulada: “A Zootecnia e o Zootecnista: passado, presente e futuro”, na qual foi abordada a relevância da profissão para o desenvolvimento regional e Brasileiro, assim como a importância de atividades extraclasse para a formação pessoal e futura atuação profissional dos acadêmicos. A segunda etapa, denominada trote solidário, foi baseada no plantio de 70 árvores de 21 espécies nativas, (doadas pelo viveiro da UNOCHAPECÓ), para reflorestamento de uma APP. Para fins de quantificar as atividades, foram encaminhadas fichas de avaliação pré-estruturadas para os alunos atendidos para quantificar sua satisfação e a sua opinião sobre as atividades realizadas. Resultados e discussão 256 A recepção aos calouros foi executada de forma gradativa em três etapas. A primeira consistiu na apresentação do curso de Zootecnia da UDESC, seguido de uma visita aos laboratórios da universidade com uma breve explicação sobre os projetos desenvolvidos. A segunda etapa foi uma aula inaugural na qual se trabalhou a necessidade de formação complementar à academia, com a participação em atividades de pesquisa, ensino ou extensão. E a terceira foi uma atividade prática de plantio de árvores nativas em uma APP. A elevada participação dos alunos ingressantes na aula inaugural, e posterior procura para participarem de grupos de pesquisa e ensino, indicou que os resultados das primeiras atividades realizadas para recepcioná-los foram positivos. Tendo em vista que a evasão no ensino superior é um fenômeno mundial, analisar e compreender este fenômeno se caracteriza como uma necessidade social visto os impactos sociais e econômicos que pode causar (VIVAS, 2011). Segundo o INEP (2009), as IES públicas apresentam cerca 33% de evasão enquanto as privadas 53%. De acordo com Silva Filho et al. (2007), a desmotivação dos acadêmicos, um dos principais elementos relacionados à evasão escolar, ocorre logo nos primeiros anos de curso quando o vínculo do aluno com a instituição ainda é frágil. Neste sentido, pode-se concluir que as atividades tiveram resultado positivo e preventivo para minimizar a desmotivação dos alunos ingressantes. Na realização da atividade de recuperação da APP, realizada na fazenda experimental da UDESC, havia necessidade de interação entre os alunos, o que favoreceu a formação de novos vínculos de amizade/trabalho e o sentimento de equipe nos participantes, de forma que tais fatores posteriormente possam ser mecanismos de vínculo e estímulo entre os calouros e acadêmicos das demais fases. Ao mesclar atividades teóricas com uma ação prática, como o plantio de árvores nativas, diversificou as estratégias e relacionou diretamente com a ênfase em sustentabilidade do curso de Zootecnia. Embora não tenha sido um dos objetivos originais do projeto, foi observado no decorrer das atividades o desenvolvimento das habilidades socais, na elaboração de estratégias para melhor executar o trabalho. As habilidades sociais são relevantes para o profissional Zootecnista, pois em grande parte da sua vida profissional trabalhará diretamente com pessoas, como proprietários rurais, funcionários, colegas de trabalhos, entre outros. Cerca de 80% dos alunos responderam o questionário referente às atividades, 10% alegaram não ter participado de pelo menos uma das atividades, 80% alegaram de que as atividades 257 contribuíram para um melhor entendimento sobre o curso de Zootecnia e ao Grupo PETZOO e 80% se declararam interessados em participar do PET e de suas atividades. As respostas sugerem que uma abordagem no início da vida acadêmica do estudante, pode ser uma estratégia eficiente para minimizar a desmotivação, para familiarizar os alunos com as atividades universitárias e em especial ao PET. Em relação à organização das atividades 50% das respostas relatam que o nível organizacional foi bom, 43% a descrevem como ótima e 7% como regular. Deve-se ressaltar que a atividade foi planejada para não ter custos, contando com doações dos insumos utilizados. Foi obtido resultados positivos em relação a interação entre os alunos participantes, pois 97% das respostas afirmaram esse efeito causado pela aproximação entre os mesmos durantes as atividades. Conclusão A recepção estimulou os alunos ao primeiro contato com os laboratórios, grupos de pesquisa e trabalho. Aumentou o sentimento de grupo entre os alunos ingressantes e alunos das demais fases. Favoreceu o entendimento das principais atividades do PET e sustentabilidade, ênfase principal do curso de Zootecnia de Chapecó-SC. Paralelamente, permitiu desenvolver nos petianos o senso de equipe, organização e trabalho em grupo. Referências BÔAS, G. K. V. Currículo, Iniciação Científica e Evasão de Estudantes de Ciências Sociais. Revista Tempo Social. São Paulo. v. 15. nº. 1. P. 45-62, 2003. CUNHA, A. M.; TUNES, E.; SILVA, R. R. Evasão do Curso de Química da Universidade de Brasília. Química Nova. São Paulo. v. 24 nº. 2 mar./abr. 2001. DIAS, E. C. M., THEÓPHILO, C. R., LOPES, M. A. S. Evasão no Ensino Superior: Estudo dos fatores causadores da evasão no Curso de Ciências Contábeis da Unimontes. 2009. Disponível em:<http://www.congressousp.fipecafi.org >. Acesso em: 2 de junho de 2014. INEP. Formas de Acesso. Disponível em: <http://www.educacaosuperior.inep.gov.br> SILVA FILHO, R. L. L. et al. A Evasão no Ensino Superior Brasileiro. Cadernos de Pesquisa. São Paulo. v. 37 nº. 132, 2007. 258 VIVAS, M. I. Q. Evasão na educação superior: uma aproximação com o fenomeno na universidade publica, 2011. Disponível em:< https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle >. Acesso em: 2 de junho de 2014. 259 PESCA ITINERANTE: UM NOVO OLHAR SOBRE A ENGENHARIA DE PESCA NO SERTÃO PERNAMBUCANO. XAVIER, Missileny¹; OLIVEIRA, Rosana¹; IZABELA, Karen¹; ALCOFORADO,Vinícius¹ ; VENTURA, Emerson¹. ; HILÁRIO, Tiago ¹; SILVA, Josevânio¹; NUNES, Lucas¹; MARQUES, Ricácio¹; SILVA- CAVALCANTI, Jacqueline Santos². ¹ Graduando do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Serra Talhada, membro do grupo PET-Engenharia de Pesca UAST/UFRPE. ²Tutora do PET- Engenharia de PESCA da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada Introdução A extensão universitária é redimensionada com ênfase na relação teoria-prática, na perspectiva de uma relação dialógica entre universidade e sociedade, como oportunidade de troca de saberes (JEZINE, 2004). Diante dessa nova visão de extensão universitária, esta passa a se constituir parte integrante da dinâmica pedagógica curricular do processo de formação e produção do conhecimento, envolvendo professores e alunos de forma dialógica, promovendo a alteração da estrutura rígida dos cursos para uma flexibilidade curricular que possibilite a formação crítica. As ações de caráter extensionista devem ser consideradas indispensáveis na formação do aluno petiano, na qualificação do professor e no intercâmbio com a sociedade, implicando em relações multi, inter ou transdisciplinares e interprofissionais (SCHEIDEMANTEL et al, 2004). As principais vantagens das atividades de extensão são: prestação de serviços e assistência; facilita a integração ensino-pesquisa-extensão; possibilita a integração universidade-comunidade; possibilita a comunidade universitária conhecer a problemática nacional e atuar na busca de soluções plausíveis, dentre outras. A atividade Pesca Itinerante desenvolvida pelo PET de Engenharia de Pesca da UFRPE- Unidade Acadêmica de Serra Talhada vem nesse contexto de levar a Universidade à Escola, além de ser uma ferramenta de disseminação de conhecimento. O Pesca Itinerante serve como instrumento de divulgação do curso, já que o mesmo ainda é de desconhecimento de uma parcela da população serra talhadense e da região. A atividade vem mostrando qual o 260 papel do Engenheiro de Pesca, quais suas funções, suas áreas de atuação, levando essa cultura da universidade para os futuros universitários. Tendo em vista o baixo conhecimento do curso nessa região, essa ação vem com intuito de trazer novos ingressantes para a comunidade acadêmica, com ênfase no curso de Engenharia de Pesca. Objetivo O presente trabalho objetivou apresentar os resultados das exposições itinerantes em duas escolas do município de Serra Talhada – PET realizadas pelos petianos do Programa de Educação Tutorial em Engenharia de Pesca (PET PESCA-UAST) para os alunos de escolas secundaristas, dando ênfase no protagonismo universitário como meio de exteriorização do curso de Engenharia de Pesca. Metodologia A atividade desenvolve-se a partir dos fundamentos de levar ao público de escolas estaduais e municipais de ensino médio do município de Serra Talhada-PE, a vivência com os petianos do curso de Engenharia de Pesca. As visitas dos petianos a estas escolas são feitas com intuito de expor os resultados de suas pesquisas individuais, principais áreas de atuação do curso de Engenharia de Pesca, o mercado de trabalho, esclarecer as dúvidas dos alunos secundaristas sobre o curso, em especial, o da Unidade Acadêmica de Serra Talhada. Foram impressos banners explicativos com os temas: Geologia de Ambientes Aquáticos, Limnologia, Técnicas de Pesca, Tecnologia do Pescado, Oceanografia e Navegação, Carcinicultura, Biotecnologia aplicada na Engenharia de Pesca, Dinâmica de Populações Pesqueiras, Ecologia e Extensão Rural. Os banners continham as informações básicas da área e como o profissional engenheiro de pesca atua nessa área. As visitas foram realizadas nos dias 17 e 22 de Agosto de 2013 nas escolas: Escola de Referência em Ensino Médio Professor Adauto Carvalho (EREMPAC) e Escola Methódio de Godoy Lima, respectivamente. Anterior à visita, a escola era visitada por um dos integrantes do grupo PET Pesca para firmar contato com a direção e abertura do espaço para o grupo. 261 O primeiro momento com os alunos das escolas foi à realização de uma palestra coletiva para a apresentação dos petianos e da atividade que seria desenvolvida, logo após uma breve apresentação do curso de Engenharia de pesca e suas principais áreas: Tecnologia do Pescado, Pesca-Captura, Aquicultura e Biotecnologia; Ainda nesse primeiro momento, eram explicadas as formas de acesso ao Ensino Superior Público em especial à UFRPEUAST, e seus sistemas de cotas. Ao final da palestra, os alunos eram convidados a se dirigirem para o pátio das escolas e interagirem com os petianos. No pátio das escolas eram fixados cartazes com os temas supracitados. Cada petiano ficava responsável por um banner e nesse segundo momento, eles se dirigiam para o banner sob sua responsabilidade para interagir com o público-alvo e tirar dúvidas. Resultados e discussão Na primeira exposição ocorrida na escola EREMPAC, o número de alunos atingidos foram 450 alunos, apenas os alunos do 3º ano do ensino médio. Na segunda exposição, na Escola Methódio de Godoy Lima estavam presentes 180 alunos também do último ano do ensino médio. A ação do grupo PET finalizou com um total de 630 alunos nas duas exposições. Para realização dessa atividade estiveram presente 10 e 9 petianos em cada escola, respectivamente. Projetos itinerantes vêm sendo desenvolvidos com caráter mais regional, com menor repercussão, no entanto focados nas necessidades locais da população (FERREIRA, 2007). O curso de Engenharia de Pesca é pouco conhecido e valorizado na região. Dessa maneira, a atividade Pesca Itinerante é essencial para uma maior popularização do curso. Ainda segundo Ferreira (2007), a visita de exposições itinerantes em escolas sempre são bem recebidas, e suas ideias acolhidas de maneiras otimistas. Nessa perspectiva, a atividade Pesca Itinerante vem confirmando essa visão, já que nas escolas visitadas houve um grande interesse por parte dos alunos e professores. Estes sempre se mostravam atentos e curiosos às explicações do petianos. Quando comparado o número de alunos atingidos pela ação, foi notada uma discrepância no número de alunos, em relação às duas escolas visitadas pelo grupo, onde a 262 primeira apresentou até três vezes mais alunos que a segunda. Acredita-se que essa discrepância possa está relacionada com o turno da visita. Como a primeira escola foi visitada nos períodos matutino e vespertino, e a segunda no horário noturno, a permanência por um maior período na escola, bem como um maior número de alunos matriculados nos períodos diurnos, podem ter influenciado no número total de alunos atingidos na ação. Quando avaliada a ação pelos petianos, ficou claro foi unânime entre os mesmos, que os alunos da escola visitada pela manhã e tarde, apresentaram maior interesse na ação do que àqueles do turno noturno. Uma possível explicação para este fato é a diferença no perfil do alunado contatado. Nos turnos, dentro dos diurnos, os alunos apresentavam menor idade, dentro da faixa etária da série cursada e maior familiaridade com os termos referente à seleção e ingresso ao ensino superior, algo não percebido entre os alunos do curso noturno. A maioria dos alunos do curso noturno apresentava-se fora de faixa e viam a ação como uma forma de “sair mais cedo” da aula. No entanto, na avaliação dos petianos, também foi enfatizada em suas falas, que os professores tanto do turno da manhã, quanto da tarde, acharam a ação essencial para popularização do curso na região, onde até eles não acreditavam que tinha potencial pesqueiro. Conclusão Mediante os resultados apresentados neste trabalho, asseguramos que a ação Pesca Itinerante contribuiu para a sociedade de forma a facilitar a interlocução da universidadecomunidade. Essa atividade permitiu a popularização do curso de Engenharia de Pesca, implantado no sertão pernambucano, e incentivando os alunos secundaristas a descobrirem novas áreas para sua escolha profissional. A facilidade na realização da ação frente às escolas pode ser uma maneira de facilitar a popularização de cursos pouco conhecidos em regiões onde o Ensino Superior foi interiorizado, e por não fazer parte da cultura local, são pouco conhecidos e valorizados. Essa difusão também auxilia na valorização profissional, recendo atenção e maior valorização entre a população local. Recomenda-se essa atividade para outros grupos PETs do Brasil, por desenvolver o protagonismo petiano frente as comunidades locais. 263 Essa atividade foi de suma importância para o entendimento do público sobre as principais dúvidas da população: o que é Engenharia de Pesca? Por que um curso de Engenharia de Pesca no sertão? Como anda o mercado desse profissional? E o que faz esse profissional?. Como essa atividade teve um caráter de diálogo informal de alunos para alunos proporcionou uma maior proximidade da escola com os universitários e com os temas apresentados. Referências JEZINE, E. 2004. As Práticas Curriculares e a Extensão Universitária. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária Belo Horizonte. Universidade Federal da Paraíba – UFPB. SCHEIDEMANTEL, S. E., KLEIN, R., TEXEIRA, L. I. 2004. A Importância da Extensão Universitária: o Projeto Construir. Universidade Regional de Blumenau - FURB FERREIRA, J. R. 2007. Ciência Móvel: Um Museu de Ciências Itinerante. X Reunión de la Red de Popularización de la Ciencia y la Tecnología en América Latina y el Caribe (RED POP - UNESCO) y IV Taller “Ciencia, Comunicación y Sociedad” San José, Costa Rica. 264 Produtividade de soja em função de doses de fertilizante nitrogenado na semeadura em Dourados – MS Carine Gonzatto¹; Eduardo Freitas Rodrigues¹; Evandro Fortuna¹; Fagner Frota¹; Ivan Vaz Sanches¹; Leonardo da Silva Ramos¹; Natanael Borges Soares¹; Rafael Azevedo da Silva¹; Renan Miranda Viero¹; Ricardo Fachinelli¹; Ricardo Oliveira dos Santos¹; Robson Ifran Vilalba¹; Weslei Diniz Dalto¹; Paula Pinheiro Padovese Peixoto². ¹Acadêmico do curso de Agronomia-UFGD, Bolsista do grupo PET/Agronomia-UFGD ²Tutora do grupo PET/Agronomia-UFGD Introdução O Brasil é referência mundial em produção de soja, com perspectivas de se tornar o maior produtor e exportador mundial nos próximos anos. A cultura é umas das mais importantes para o país, sendo cultivada em uma área superior à 30 milhões de hectares, e com produção de 86 milhões de toneladas na safra 2013/14 segundo a Conab (2014). Além do elevado teor de óleo, a soja é constituída por aproximadamente 40% de proteína, constituinte este que demanda grande quantidade de nitrogênio (N) para ser produzido. Segundo Crispino et al. (2001), para se produzir 3000 kg de grãos de soja, são necessários 240 kg de N, sendo que mais de 80% deste total são exportados nos grãos e o restante permanece nos restos culturais. O nitrogênio utilizado pela soja é em grande parte obtido através de fixação biológica em simbiose com bactérias Bradyrhizobium japonicum e B. elkanii, existindo também outras fontes como: o N presente no solo, oriundo principalmente da decomposição da matéria orgânica; fixação não-biológica, proveniente de descargas elétricas, combustão e vulcanismo; e fertilizantes nitrogenados. A adubação nitrogenada mineral é bastante onerosa, de acordo com Hungria et al. (2007) a cultura se tornaria inviável ao produtor se toda a dose de N necessária fosse suprida por fertilizantes sintéticos. Para contornar este problema, utiliza-se a inoculação das sementes de soja com bactérias fixadoras de nitrogênio, a um custo baixo e capaz de suprir toda a necessidade de N da cultura. Apesar de a pesquisa ter demonstrado que a adubação nitrogenada não se converte em aumentos de produtividade, segundo Pereira et al. (2010), existem situações em que se aplica 265 o nutriente com o objetivo de suprir as necessidades da planta até que a FBN (fixação biológica de nitrogênio) seja estabelecida. Objetivos Verificar se a adubação nitrogenada na semeadura da soja interfere na produtividade da cultura. Metodologia O experimento foi realizado em condições de campo na Fazenda Experimental de Ciências Agrárias (FAECA) da Universidade Federal da Grande Dourados, situada sob a latitude 22°14’S e longitude 54°49’W e 452 m de altitude, em solo classificado como LATOSSOLO VERMELHO Distroférrico. O delineamento experimental foi blocos casualizados, com 8 tratamentos e 4 repetições, totalizando 32 parcelas experimentais. Os tratamentos analisados foram as doses de nitrogênio, sendo T1 = 0, T2 = 6, T3 = 12, T4 = 18, T5 = 24, T6 = 30, T7 = 36 e T8 = 200 kg de nitrogênio ha-1, todos com inoculação de Bradyrhizobium sp nas sementes. Cada parcela foi representada por sete fileiras de soja espaçadas 0,45 e com 5 metros de comprimento cada uma, sendo que para determinação da produtividade foram colhidos somente quatro metros das três linhas centrais, gerando uma área útil de 5,4 m2. A semeadura foi realizada por semeadora pneumática no dia 19 de outubro de 2013, com sementes tratadas com Piraclostrobin + Tiofanato Metílico + Fipronil, Cobalto + Molibdênio e posteriormente inoculadas com inoculante líquido contendo Bradyrhizobium sp., estirpes Semia 5019 e Semia 5079, na dose de 3 ml kg-1 de semente. A cultivar utilizada foi a BMX Potência, com densidade de 265.000 plantas ha-1, adubada com 320 kg ha-1 da fórmula 00-20-20, aplicada no sulco de semeadura. Para aplicação dos tratamentos foi utilizada como fonte de nitrogênio a uréia (45% N), realizando-se logo após a semeadura a abertura de um sulco nas entrelinhas, aplicando-se as doses de nitrogênio manualmente e fechando-se os sulcos para evitar perdas. O controle de pragas, doenças e plantas daninhas foi realizado, sempre que necessário, com produtos recomendados para a cultura. A colheita foi realizada manualmente, no dia 19 de fevereiro de 2014. As plantas foram colhidas inteiras e posteriormente trilhadas com o auxílio de uma trilhadora estacionária. Foi 266 determinada a umidade, a massa de cem grãos e a produção (massa total) de grãos de cada parcela, que posteriormente foi convertida para produção em kg ha-1 à umidade de 13% através da fórmula: Kg/ha = [(100-US)*PP]/[(100-13)*(AP/10)], Onde: US: umidade atual dos grãos; PP: massa da parcela em kg; AP: área útil da parcela em m2. Os dados foram submetidos ao teste F e analisados pelo de teste Duncan. Resultados e discussão As produtividades médias dos tratamentos, em kg ha-1, foram: T1 = 2174,43; T2 = 2286,86; T3 = 2415,81; T4 = 2388,83; T5 = 2417,86; T6 = 2436,31; T7 = 2639,89 e T8 = 2430,81. A produtividade da testemunha foi menor em relação aos tratamentos com aplicação de nitrogênio. As médias de produtividade dos tratamentos apresentaram tendência de aumento com as doses crescentes de nitrogênio, mas apenas o tratamento 7, com 36 kg de nitrogênio por ha-1, diferiu estatisticamente da testemunha, com produtividade de 2639,89 kg ha-1, o que representa um aumento de 21,4% na produtividade. O aumento de produtividade da cultura com as doses crescentes de nitrogênio pode estar relacionada ao melhor desenvolvimento inicial, tanto da parte aérea quanto das raízes das plantas, proporcionando maior possibilidade de absorção de água no período de déficit hídrico pelo qual a cultura passou em seu estágio vegetativo. Segundo Uhry (2010), nos experimentos onde ocorre algum tipo de restrição ambiental para o desenvolvimento da cultura, como semeadura tardia, cultivares de ciclo muito curto, baixas temperaturas, déficit hídrico, entre outros, pode haver efeito positivo da adubação nitrogenada na produtividade da soja. Observou-se tendência de redução na produtividade do tratamento 8 em relação as melhores médias do experimento. Segundo Barbo (1979), as possíveis causas da redução de produtividade quando aplicadas doses elevadas de nitrogênio são: inibição da nodulação nas raízes, redução na quantidade de nitrogênio fixada pelos nódulos, menor utilização pelas plantas do nitrogênio mineral em relação ao liberado pela matéria orgânica, melhor aproveitamento da forma de nitrogênio fornecida pela simbiose em comparação ao nitrogênio mineral aplicado. 267 A massa de cem grãos apresentou médias, em gramas, de: T1 = 14,63; T2 = 15,17; T3 = 15,06; T4 = 15,48; T5 = 15,07; T6 = 15,27; T7 = 14,78 e T8 = 14,98. Este componente de produtividade da cultura não sofreu interferência significativa em relação à aplicação de nitrogênio na semeadura da cultura. De acordo com Navarro Júnior e Costa (2002), a massa média de grãos é geneticamente determinada, mas sofre influência do ambiente de produção. Silva et al (2001) também não observaram efeito significativo da aplicação de até 40 kg de nitrogênio ha-1 sobre a massa de cem grãos de soja. Conclusão A aplicação de 36 kg de nitrogênio ha-1 aumentou a produtividade da soja em 21,4 % em relação ao tratamento sem adubação mineral. A massa de cem grãos não foi afetada pelo fornecimento de nitrogênio na semeadura da cultura. Referências BARBO, C. V. S. Adubação nitrogenada em soja: usar ou não. Dourados: EmbrapaUEPAE, 1979. Disponível em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/234762>. Acesso em: 18 maio 2014. COMPAHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. Acompanhamento de safra brasileiro: oitavo levantamento, maio 2014. Brasília, 2014, 92 p. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/14_05_08_10_11_00_boletim_graos_ maio_2014.pdf>. Acesso em: 20 maio 2014. CRISPINO, C. C.; FRANCHINI, J. C. ; MORAES, J. Z.; SIBALDELLE, R. N. R.; LOUREIRO, M. de F.; SANTOS, E. N. dos; CAMPO, R. J.; HUNGRIA, M. Adubação nitrogenada na cultura da soja. Londrina: Embrapa Soja, 2001. (Embrapa Soja. Comunicado Técnico, 75). HUNGRIA, M.; CAMPO, R. J.; MENDES, I. C; A importância do processo de fixação biológica do nitrogênio para a cultura da soja: componente essencial para a competitividade do produto brasileiro. Londrina: Embrapa Soja, 2007. (Embrapa soja. Documentos 283). NAVARRO JÚNIOR, H. M.; COSTA, J. A. Contribuição relativa dos componentes de rendimento para produção de grãos de soja. Brasília: Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 37, n. 3, p. 269-274, 2002. PEREIRA, V. J.; RODRIGUES, J. F.; GOMES FILHO, R. R.; REIS, J. M. R. Comportamento da soja (Glycine max (L.) Merrill) submetida a adubação nitrogenada de plantio. Goiânia: Enciclopédia Biosfera, v. 6, n. 10, p. 1-5, 2010. 268 SILVA, A. F.; CARVALHO, M. A. C.; SCHONINGER, E. L.; MONTEIRO, S.; CAIONE, S.; SANTOS, P. A. Doses de inoculante e nitrogênio na semeadura da soja em áreas de primeiro cultivo. Uberlândia: Bioscience Journal, v. 27, n. 3, p. 404-412, 2011. UHRY, D. Adubação nitrogenada e densidade de semeadura em soja. 2010. 60f. Dissertação (mestrado) – Centro de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010. 269 INICIAÇÃO AO UNIVERSO ACADÊMICO PELA TUTORIA DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL (PET) ECONOMIA DOMÉSTICA: OFICINAS EDUCATIVAS AOS RECÉM-INGRESSOS Autores: Socorro Vieira da Silva 1; Francisco Robério da Silva Marques ¹; Sande Maria Gurgel D’Ávila²; Ana Beatriz de M. Holanda ¹; Aline do L. dos Santos ¹; Ana Luiza C. de Oliveira ¹; Dalilia M. Cardoso ¹; Antonia Morgana M. Carvalho ¹; Karithas Shelly L. Alves ¹; Karoline Teixeira da Silva ¹; Mázida B. de Lima¹; Tarcísio Antonio F. da S. Rocha¹; Uly Alves Moreira¹. Tutora: Sande Maria Gurgel D’Ávila2 Introdução O Programa de Educação Tutorial - PET do Curso de Graduação em Economia Doméstica da Universidade Federal do Ceará - UFC, iniciou suas atividades em 2009 e vem desde então desenvolvendo ações de ensino, pesquisa e extensão buscando sempre a integração entre as atividades no âmbito acadêmico e com a comunidade. No primeiro semestre de 2014, entre as atividades planejadas, o PET Economia Doméstica realizou oficinas educativas tendo como público os calouros/recém-ingressos do curso de Graduação em Economia Doméstica. As oficinas educativas tem se apresentado como um espaço profícuo para transmissão e troca de conhecimentos, para vivência da inter e transdisciplinaridade; num processo ativo de transformação recíproca entre sujeito e objeto; um caminho com alternativas que nos aproximam progressivamente do objeto a conhecer. (CUBERES, 1989 apud VIEIRA; VOLQUIND, 2002). As oficinas buscaram a interdisciplinaridade e a integração dos petianos com os discentes recém-ingressos, oportunizando assim, a troca de saberes por meio de uma metodologia de ensino-aprendizagem participativa. Os temas abordados nas oficinas estão relacionados às unidades curriculares do curso, tais como: Educação e Segurança Alimentar e Nutricional, 1 Graduandos (as) do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal do Ceará - UFC, bolsistas do Programa de Educação Tutorial – PET Economia Doméstica; ² Professora Doutora - Adjunta III do Departamento de Economia Doméstica da UFC, Tutora do PET Economia Doméstica UFC. 270 Estudos do Consumo, Estudos e Relações de Gênero, Vestuário e Moda, Cotidiano Familiar e Lazer, etc. Este trabalho apresenta o relato de uma das oficinas realizadas com estudantes do 1º semestre do curso de Economia Doméstica em integração com as disciplinas Fundamentos de Economia Doméstica e Educação Sanitária. A disciplina Fundamentos de Economia Doméstica objetiva transmitir conhecimentos sobre a origem do ensino de Economia Doméstica no mundo e no Brasil, a formação recebida e a atuação do profissional no mercado de trabalho, além de debates sobre temas da atualidade abordados com mais detalhes nas disciplinas do curso. A disciplina Educação Sanitária traz a preocupação com a educação em saúde atuando sobre o conhecimento das pessoas para que elas desenvolvam juízo crítico e capacidade de intervenção sobre suas vidas e sobre o ambiente com o qual interagem. A oficina em questão teve por tema “Amor e sexo: um diálogo entre desejos e conceitos”. A escolha desse tema se deu por este ser um assunto pertinente e por ser ainda cercado de pudores e preconceitos na sociedade. Essa atividade dentro da disciplina Fundamentos de Economia Doméstica para a inserção dos recém-ingressos no projeto de tutoria se mostrou oportuna por ser a primeira que trata mais especificamente de temas relacionados à vida cotidiana de indivíduos, grupos, famílias e comunidades, discutindo questões de gênero e sexualidade. Diante da perspectiva de integração de conhecimentos entre duas disciplinas do curso de Economia Doméstica com as ações do PET, foi feita a articulação para a elaboração e realização dessa oficina buscando naturalizar o debate sobre as questões amorosas e sexuais entre jovens. Objetivos Proporcionar aos petianos e estudantes recém-ingressos no curso de graduação em Economia Doméstica um espaço para reflexão troca de conhecimentos e experiências sobre temas abordados em algumas disciplinas presentes na matriz curricular do curso de graduação em Economia Doméstica. Metodologia Durante o planejamento das oficinas os petianos foram divididos em subgrupos, onde cada subgrupo ficou responsável por escolher temáticas específicas, relacionadas a setores de estudos do curso de Economia Doméstica, para serem realizadas no âmbito universitário/acadêmico e em comunidades do entorno do Campus do Pici – Universidade Federal do Ceará. 271 Paralelo ao planejamento os petianos, entraram em contato com docentes de disciplinas relacionadas ao tema, buscando parcerias e orientações necessárias para se trabalhar a temática. Também foi articulado com os docentes a data e horário para a realização das oficinas. Foram realizadas duas oficinas com a temática "Amor e sexo: um diálogo entre conceitos e desejos" abordando tanto as questões sentimentais e sexuais, como também as relações de gênero, eixo de estudo do curso. As oficinas foram divididas em três momentos. No primeiro houve a integração dos petianos facilitadores com o grupo, por meio das dinâmicas de apresentação e de integração abordando a temática central. No segundo momento, realizou-se uma roda de conversa para discussão do tema, a fim de trazer ao grupo o conhecimento prévio dos participantes a respeito do assunto. Por último, com a utilização de recursos audiovisuais realizou-se uma exposição dialogada, apoiada em referências bibliográficas sobre o assunto. A metodologia utilizada nas oficinas buscou promover um diálogo entre os conhecimentos dos calouros com conceitos de pesquisadores do assunto, pois segundo Vieira (2002), a teoria surge como uma necessidade para esclarecer a prática. Esta ação possibilita um processo educativo composto de sensibilização, compreensão, reflexão, análise, ação, avaliação. (FIGUEIRÊDO et al, 2006). Resultados e discussão A realização de oficinas propicia espaço para aprender com dinamismo. Isto ocorre, pois, existe uma cumplicidade entre os alunos, o professor e o recurso institucional, permitindo a construção do conhecimento. (VIEIRA e VOLQUIND, 2002). As etapas em que foram dividas as oficinas e os mecanismos utilizados para sua realização contribuíram para a participação ativa dos(as) calouros(as) durante as explanações. Este é um resultado positivo da oficina, pois esta se caracteriza como um espaço de construção coletiva do conhecimento, de análise da realidade, de um confronto e troca de experiências. (CANDAU, 1995 apud FIGUEIRÊDO et al, 2006). A realização desta atividade integradora entre PET, docentes e calouros efetivou a proposta da educação tutorial, uma vez que a tutoria justifica-se e se consolida, fundamentalmente, pela possibilidade de elaborar coletiva e criticamente as experiências de aprendizagem, como oportunidade ímpar para que docentes e discentes se articulem de forma efetiva e organizada para conhecer e produzir conhecimento. (MARTINS [201-?]). 272 Nesta perspectiva percebe-se a importância da tutoria, assim como a integração do PET com as demais atividades acadêmicas, visando assim a oportunidade dos petianos e demais discentes do curso vivenciarem experiências complementares à formação acadêmica de forma dinâmica e participativa. Conclusão A realização de oficinas educativas com discentes recém-ingressos do curso de Economia Doméstica proporcionou aos petianos a oportunidade de integrar conteúdos teórico-práticos a partir da inter-relação entre as disciplinas e as ações do programa. Ressalta-se que esta parceria entre o PET e os docentes será fortalecida, pois os calouros participantes das oficinas solicitaram mais atividades como esta, com temáticas complementares à formação acadêmica. Referências FIGUEIRÊDO M.A.C.; et al Metodologia de oficina pedagógica: uma experiência de extensão com crianças e adolescentes. Revista Eletrônica Extensão Cidadã, v. 2 (2006). Disponível em: http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/extensaocidada/article/view/1349/1022> Acesso em: 31 mai 2014. MARTINS, I. L.; Educação Tutorial no ensino presencial - uma análise sobre o PET. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/PET/pet_texto_iv.pdf> Acesso em: 29 mai 2014. VIEIRA, E.; VOLQUIND, L.. Oficinas de ensino: o quê? Por quê? Como?. 4 ed. - Porto Alegre: Edipucrs, 2002. 273 Projeto Galpão cidadão em Lavras-MG – A inclusão digital ao alcance de todos. Ronnie Tomaz Pereira¹; Aline Cesar de Lira¹; Guilherme Serrano¹; Gabriel Mendes Villela¹; Ana Carolina Silva Prestes¹; Larissa Souza Coelho¹; Cristiane Ferreira Andrade¹; Ana Luisa Ribeiro Teresani¹; Éder Lucas Corrêa dos Santos¹; Gustavo Pinto Rezende¹; Marcelo Machado Ferreira¹; Nicoly Maria Romeiro Lombardi¹; Tuani Sales Torres¹; Victor Hugo Silva Souza¹; Arthur Henrique Cruvinel¹; Felipe Goulart de Quiroz¹; Paulo Henrique Leite Machado¹; Luiz Antônio de Bastos Andrade². ¹ ²Universidade Federal de Lavras Introdução O Desenvolvimento da sociedade ao longo dos séculos nos levou ao que conhecemos hoje por era da digitalização e alto fluxo de informações. Frente a essas transformações temos como ícones os microcomputadores e a internet, esses novos conceitos mudaram nosso cotidiano.Junto à isso nasceu o que se denomina de sociedade da informação, ao mesmo tempo que restringiu a sociedade de menor poder aquisitivo o acesso à essas novas tecnologias (Mattos & Chagas, 2008). Atualmente o processo de inclusão digital no país vem a cada ano atenuando as desigualdades de acesso à esses meios de informação, dados da diretoria de pesquisa do IBGE (2011) revelam um crescimento de 6,2% no acesso à internet para pessoas da região Sudeste cuja renda esteve entre 25% e 50% do salário mínimo, no período de 2009 a 2011, enquanto a média do país cresceu 3,1% para a mesma faixa de renda. O projeto Galpão Cidadão pertence à Fundação Padre Dehon cuja presidente é Talestre Maria do Carmo Mário.Trata-se de um centro social na cidade de Lavras-MG, que tem como ideais a qualificação profissional, inclusão social e incentivo à cultura das comunidades carentes da cidade.O projeto recentemente recebeu 2ª colocação no Troféu Assis Chateaubriand de responsabilidade social, concedidos pela UNIFENAS e TV Alterosa. Objetivos A Iniciativa de aderir ao projeto com a proposta de atuar na inclusão digital teve como objetivo a atuação direta como modificador de realidades sociais, afim de apoiar a capacitação de crianças, jovens e adultos à utilizarem o microcomputador em suas funções essenciais e 274 uso básico da internet, familiarizando-se com o ato de digitar, elaborar textos, modificar configurações básicas do sistema, realizar uma pesquisa na internet, utilizar serviços de email, dentre outras funções, inserindo-lhes no desenvolvimento informacional, concretizando assim o democrático acesso à informação ao qual está vinculado o conceito de incluir um cidadão socialmente (Silva, Jambeiro, Lima, & Brandão, 2005). Esse trabalho teve também como meta a otimização da oratória e capacidade didática e de comunicação dos integrantes do grupo Pet Agronomia, inserindo os mesmos na área de ensino. Metodologia A Participação do grupo PET Agronomia da UFLA no projeto se deu por atividade voluntária no período de novembro de 2013 à Fevereiro de 2014, consistindo em dois dias de aulas semanais por turma, criando-se duas turmas divididas por faixa etária, crianças e jovens e o grupo adulto, os petianos, atuavam como tutores nas atividades na qual um deles liderava a aula do dia, totalizando um número médio de 5 petianos em cada aula, cada uma com duração de 1 hora. Foram Apresentadas as partes físicas de um microcomputador, assim como as terminologias utilizadas, abordou-se o histórico de surgimento e seus inúmeros usos atualmente. Utilizando o sistema operacional Windows XP os participantes aprenderam configurações básicas, personalização, bem como o uso de software de elaboração e formatação de textos, além de pesquisas na internet e uso de serviços de comunicação como email. Resultados e discussão A Atividade teve boa aceitação dos participantes beneficiados, comprovados pela procura da comunidade pelo curso, bem como o interesse da presidente da Fundação Padre Dehon em dar continuidade ao projeto. O incentivo à apropriação e uso das TIC´s pelas diferentes camadas sociais tem sua contribuição no processo de redução das desigualdades sociais, o que levou o grupo PET Agronomia à realizar a atividade na área de tecnologia da informação e comunicação social, gerando uma visão holística dos campos de atuação. O grupo considerou ainda muito positivo aprendizados relacionados à rotina de trabalho, planejamento semanal de aulas, bem como a atuação direta na realidade das comunidades atingidas, outro ponto em questão foi o desenvolvimento da capacidade de estar lidando com 275 os diferentes níveis e ritmos de aprendizado de cada participante, e a linguagem adequada para se abordar os temas que os participantes ainda tinham pouco contato. Conclusão Projetos Sociais como esse são de essencial validade para o país, uma vez quem vem a garantir um direito fundamental a todo cidadão, previsto na LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011, o acesso à informação. Apesar no crescimento do uso da internet tanto no país quanto nas regiões em particular, estudos mostram que ainda é preciso implementação de políticas públicas efetivas e projetos que garantam além do acesso a capacitação em utilização das novas ferramentas digitais (Mattos & Chagas, 2008). Referências (IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005/2011, 2011) MATTOS, Fernando Augusto Mansor de; CHAGAS, Gleison José do Nascimento. Desafios para a inclusão digital no Brasil. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte , v. 13, n. 1, Apr. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 99362008000100006&lng=en&nrm=iso>. access on 02 June 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-99362008000100006. SILVA, Helena et al . Inclusão digital e educação para a competência informacional: uma questão de ética e cidadania. Ci. Inf., Brasília , v. 34, n. 1, Jan. 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010019652005000100004&lng=en&nrm=iso>. access http://dx.doi.org/10.1590/S0100-19652005000100004. 276 on 02 June 2014. Expectativas e percepções dos acadêmicos do Curso de Agronomia - UFSM sobre as Disciplinas Complementares de Graduação Jover da Silva Alves¹; Beatriz Almeida Barboza¹; Priscila Barbieri Zini¹; Bruno Catapan Rampazzo¹; Cristiano Heitor Costa Curta¹; Fábio Henrique Gebert¹; Fábio Miguel Führ¹; Gabriela Descovi Milanesi¹; Jacson Zuhl¹; Jaini Piovesan dos Santos¹; Jonas Rodrigo Henckes¹; Kelin Pribs Bexaira¹; Moisés Boschetti¹; Nathália Brum Herbstrith¹; Maristela Rodrigues¹; Thomé Lovato ². ¹Acadêmico do curso de Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria/ Membro Grupo PET- Agronomia. ² Tutor PET- Agronomia Introdução A educação, além de ser um direito fundamental à humanidade, é a principal forma de alavancar o desenvolvimento de um país, bem como proporcionar desenvolvimento pessoal a qualquer indivíduo. Os órgãos de educação contribuem para que esse processo ocorra de forma eficiente, formando profissionais que cumpram com sua função social e que colaborem com a comunidade em geral, suprindo assim as necessidades do país. Nesse contexto, a educação universitária no Brasil é responsável por formar profissionais e atuar como emancipadora social e promotora do desenvolvimento. Não obstante, é de extrema importância que seus meios de ensino funcionem para que esse objetivo seja alcançado. Para isto, são lançados métodos a fim de que a educação se dê de forma mais dinâmica e eficiente. Assim, além das disciplinas tradicionais oferecidas na maioria das universidades, alguns cursos superiores incluíram em seus currículos disciplinas profissionalizantes específicas, conhecidas como disciplinas complementares de graduação (DCGs). Estas têm por objetivo o aperfeiçoamento dos profissionais em áreas específicas do conhecimento, adaptando o acadêmico à realidade socioeconômica e cultural em que está ou irá se inserir, especialmente no mercado de trabalho. Esse é o caso do Curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Essas disciplinas são destinadas para todos acadêmicos, com prioridade aos que cursarão o 10º semestre e tem carga horária mínima de 390 horas, realizando uma integração com as diversas áreas de conhecimento do curso, onde o aluno pode escolher uma determinada área de conhecimento para focar seus estudos (COORDAGRO, 2012). As DCGs são cursadas após 277 o Estágio Supervisionado, onde o acadêmico pôde identificar suas necessidades específicas e, desse modo, buscará supri-las de maneira concreta através do auxílio das disciplinas que cursará no último semestre antes de formar-se e definitivamente ingressar no mercado de trabalho. Objetivos Com abrangência nacional, o Programa de Educação Tutorial (PET) tem a missão de atuar em cursos superiores visando melhorar a qualidade destes, além de integrar pesquisa, ensino e extensão (MEC, 2012). Portanto, o presente trabalho objetivou descobrir a satisfação e as expectativas dos acadêmicos do quinto, sexto, sétimo e oitavo semestres do Curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria em relação às Disciplinas Complementares de Graduação (DCGs) ofertadas pela instituição. A pesquisa foi efetuada nos anos de 2011 e 2014 com o intuito de identificar a eficiência do projeto, bem como realizar um comparativo entre os resultados obtidos em cada ano, a fim de acompanhar a opinião dos acadêmicos e a evolução do curso. Metodologia O presente trabalho foi realizado pelo Grupo PET-Agronomia na UFSM - Campus de Santa Maria, região central do estado do Rio Grande do Sul, juntamente com apoio da Coordenação do Curso de Agronomia. Foram aplicados questionários para os alunos do quinto, sexto, sétimo e oitavo semestres do curso, no primeiro semestre dos anos letivos de 2011 e 2014. As perguntas foram referentes às expectativas e percepções das Disciplinas Complementares de Graduação (DCGs) que são ofertadas todos os semestres à comunidade acadêmica do Curso de Agronomia, com prioridade para os alunos do décimo semestre. O questionário foi composto por 13 questões: “1- Você conhece quais são as DCGs oferecidas pelo Curso?; 2Quais assuntos você gostaria que as DCGs oferecidas pelo Curso de Agronomia abrangessem?; 3- Existe(m) DCG(s) com alguma relação com esse(s) assunto(s)?; 4- Você já tentou matricular-se em alguma(s) DCG(s) do Curso de Agronomia?; 5- Se a resposta da questão anterior foi SIM, qual o motivo que levou a procurar matricular-se na(s) DCG(s)?; 6Se a resposta da questão 4 foi SIM, você conseguiu efetuar sua matrícula na(s) DCG(s)?; 7Se a resposta da questão anterior foi NÃO, qual motivo pelo qual você não conseguiu efetuar 278 sua matrícula?; 8- Em sua opinião, qual é o principal objetivo das DCGs no Projeto Político Pedagógico do Curso?; 9- As DCGs que você gostaria de cursar atingem esse objetivo?; 10Quais os departamento que você considera que oferecem DCGs e vagas em número suficiente?; 11- Quais os departamento que você considera que oferecem DCGs e vagas em número inferior à necessidade do Curso?; 12- Você considera adequado o estágio curricular supervisionado em Agronomia no 9º semestre?; 13- Você considera adequado oferecer as DCGs no 10º semestre?”. A tabulação dos dados foi feita através de soma simples. A malha amostral foi de aproximadamente 20% dos alunos de cada respectivo semestre. O trabalho ainda encontra-se em andamento. Com a obtenção dos dados finais, os mesmos serão encaminhados ao colegiado do Curso de Agronomia para proporcionar bases teóricas, e assim, contribuir com a reforma curricular do Curso. Resultados e discussão Através dos questionários aplicados aos estudantes do Curso de agronomia, observou-se que 77% dos alunos conhecem quais são as DCGs ofertadas. A maior procura por estas disciplinas concentra-se nos alunos do 8° semestre, sendo que a procura inicia, principalmente, a partir do 6° semestre. Os principais motivos que levam os estudantes a se matricularem nas DCGs, são a oportunidade de antecipar parte da carga horária do 10° semestre, já que o mesmo é destinado para a realização das DCGs e TCC, e também por demonstrarem algum interesse por algumas das disciplinas. A malha de estudantes abordados ressaltou a necessidade de serem ofertadas mais DCGs nas áreas da defesa fitossanitária, agricultura de precisão, culturas anuais, mecanização, tecnologia agrícola e assuntos técnicos e práticos relacionados com a realidade enfrentada pelo engenheiro agrônomo no mercado de trabalho. Outra questão tratada foi a preferência dos estudantes pelo período em que as DCGs e o Estágio são oferecidos. Os dados mostraram que 79% não querem estágio no 9° semestre e 90% são contrários as DCGs serem ofertadas somente no 10° semestre. Conclusão Os principais assuntos sugeridos às DCGs são sobre tecnologias no campo e culturas anuais, dando suporte para soluções aos gargalos técnicos e socioeconômicos atualmente enfrentados 279 pela agricultura. Alguns departamentos têm ofertado disciplinas, porém, estas não são suficientes em número de vagas visto a importância para atuação futura do engenheiro agrônomo. A realização do estágio curricular obrigatório no 9º semestre e a oferta de DCGs somente no 10º semestre possui reprovação de 79% e 90% pelos alunos, respectivamente, destacando assim a importância de uma reformulação curricular. Referências MEC. Programa de Educação Tutorial. Ministério de Educação e Cultura. Brasil. 2012. Acesso em: 24 de junho de 2012. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12223&Item id=480>. COORDAGRO. Projeto Político Pedagógico do Curso de Agronomia - UFSM. Coordenação do Curso de Agronomia. Universidade Federal de Santa Maria. 2012. Acesso em: 24 de junho de 2012. Disponível em: <http://w3.ufsm.br/agronomia/index.php?option=com_content&task=view&id=13&Itemid=2 7>. 280 HORTA DIDÁTICA: agregando mais sabor e qualidade de vida a crianças assistidas socialmente EDHIELLE VANESSA DE LIMA SOARES1; CARLA CUPERTINO MARINHO1; IZABELLA VICTORIANO DE SOUZA1; ANDREWS SANCHES LATORRE1; CAROLINA RISSI1; CESAR HENRIQUE DE JESUS1; PAULO ANDRÉ FERNANDES1; ANTONIONI POLIZEL GUASTALI1; WILSON JOSÉ DE OLIVEIRA SOUZA2. INTRODUÇÃO O projeto de implantação de hortas comunitárias e escolares constitui instrumento de auxilio na promoção de hábitos e comportamentos alimentares saudáveis que permite o resgate da cultura alimentar brasileira, ao introduzir alimentos de diferentes regiões do Brasil e constituem prática agroecológica que vem sendo inserida na agenda das políticas públicas do país (IRALA e FERNANDEZ, 2001). O projeto Implantação de Horta didática pelo Grupo PET Agro Registro está sendo desenvolvido em instituições como a Casa Criança Futuro Feliz (CRIFF) e de Apoio Menor Esperança (AME), que estão localizados na cidade Registro, região Sul do Estado de São Paulo. A Casa Criança Futuro Feliz vem prestando relevantes serviços ao município, dedicando-se ao abrigo e atendimento digno das crianças submetidas a maus tratos e abandonadas, com idade entre onze meses até onze anos. A instituição AME, presta assistência à população infantil e infanto-juvenil local, em situação de vulnerabilidade social, desenvolvendo atividades complementares utilizando métodos de arte-educação e de educação de valores, com crianças e adolescentes entre sete a dezessete anos de ambos os sexos. Com intuito de propagar os conhecimentos de cultivo de hortaliças para o enriquecimento nutricional destas crianças e adolescentes, bem como a utilização de técnicas interdisciplinares, ensinar a planejar, implantar e manter ecossistemas produtivos, realizar a reeducação alimentar, ensinando o valor nutricional dos vegetais e introduzir educação ambiental, construindo a noção de equilíbrio do meio ambiente é fundamental para sustentabilidade do nosso planeta (IRALA e FERNANDEZ, 2001). 1 Discente, Agronomia, Unesp - SP, bolsista PETAgro Registro; Doutor, Docente de Mecânica e Máquinas Agrícolas, Mecanização Agrícola e Plantio Direto na UNESP – Campus de Registro. Tutor do Grupo PET Agro Registro. 2 281 O presente projeto teve como objetivos ensinar, com uso de aulas teóricas e práticas, conceitos que provoquem nas crianças, a reflexão sobre a necessidade de mudanças dos hábitos relacionados à preservação ambiental e educação nutricional por meio da valorização do meio rural via Horticultura. Incentivando a introdução do sistema nas Instituições como ganho econômico e social. METODOLOGIA O grupo PET Agro Registro, em uma visita realizada junto às instituições Casa Criança Feliz (CRIF) e Apoio Menor Esperança (AME), notou-se a grande importância de uma complementação nutricional nas refeições destas crianças e adolescentes, aliada as condições que as áreas apresentavam para a realização de aulas práticas de instalação de hortas didáticas. Na primeira etapa, escolheu-se o local onde seriam desenvolvidas as aulas práticas e a implantação da horta, seguindo com o preparo do solo. Na segunda etapa foram elaboradas aulas teóricas e práticas para cada instituição, visando o público de cada entidade. Para a AME foram elaboradas aulas baseadas em materiais didáticos já utilizados para estes fins, que abrangem conhecimentos gerais de ciências aplicadas, como a utilização de técnicas de manejo sustentáveis, além da utilização de outros instrumentos culturais, como música, pintura e informática, com intuito de facilitar o aprendizado. Foram elaboradas atividades de sensibilização, proporcionando a interação entre as crianças e o assunto proposto, incluindo o “Dia da feira”, que permitiu às crianças realizar o reconhecimento de frutas e hortaliças, bem como degustá-las nas formas in natura, de suco, de preparados e tortas. Para a CRIF foram elaboradas aulas voltadas para prática, utilizando recursos ilustrativos e oficina culinária para o aprendizado, já que o público de interesse possui menor grau de escolaridade e as crianças apresentam menor faixa etária. Como complementação didática, torna-se de grande importância que essas informações sejam oferecidas por meio de uma cartilha com orientações claras, de linguagem fácil e breve. Desta maneira, utilizando uma ferramenta disponível na internet gratuitamente, denominado "Toondoo", foi possível criar desenhos animados descrevendo passo a passo, a implantação de uma horta, o que fomenta o aprendizado destas crianças e adolescentes, servindo de complemento ao aprendizado. 282 RESULTADOS E DISCUSSÃO As atividades educativas propostas para as entidades parceiras estão sendo realizadas com êxito. Já na primeira atividade desenvolvida foi possível observar a interação entre acolhidos e assistidos e o grupo PET, aproximando as relações do grupo com a entidade e com as famílias, percebendo-se com isso, um grande interesse das crianças em aprender e participar do projeto proposto. Considerando a realização das atividades nas Instituições participantes do projeto, no ano agrícola 2013/14, na AME foi possível utilizar uma área de 120m2, ocupadas com canteiros (cultivados com alface, rúcula, cebolinha e salsinha) e pneus usados, nos quais se cultivaram flores e plantas medicinais. Durante a realização de 8 encontros, participaram em média, 15 alunos e três profissionais da instituição. Considerando a metodologia proposta, pode-se desenvolver atividades, do primeiro ao último encontro, envolvendo reconhecimento do local e delimitação do espaço, apresentação teórica e prática sobre as partes das plantas, início da instalação da horta didática, “Dia da feira” (com promoção do reconhecimento e degustação de frutas e hortaliças pelas crianças), continuação na implantação de mudas de flores, plantas medicinais e hortaliças, apresentação teórica e cuidados com a horta. Na CRIF, a área conseguida para uso no projeto foi de aproximadamente 80m2 após a limpeza, que foi ocupada com canteiros elevados, cultivados com alface, cebolinha, salsinha e tomate, pneus usados, nos quais se cultivou alface, cebolinha e salsinha, além do emprego de garrafas PET suspensas em armações de bambu amarradas com arame, com participação das crianças e adolescentes, promovendo o “aprender-fazendo”. Durante os encontros, conseguiuse a participação, em média, de 11 crianças e dois profissionais da instituição, além da participação de familiares, basicamente mães das crianças assistidas. Neste ponto, esperava-se maior participação da família no projeto, acima da média de quatro mães que participaram dos encontros. Entretanto, o comprometimento dos funcionários com o projeto foi positivo, contribuindo com sua realização. Durante a realização do trabalho, percebeu-se que as crianças e adolescentes envolvidos no projeto se tornaram cada vez mais interessados no assunto e nas atividades. No caso da AME, vem contribuindo com mais uma atividade formativa e agregadora de conhecimento aos participantes, ampliando as possibilidades de minimizar o risco social. As atividades realizadas na CRIF têm se mostrado muito proveitosas e gratificantes, com a participação assídua das crianças e participação de algumas mães. Este caso, tem se observado que é uma atividade muito atrativa para as crianças e adolescentes, especialmente 283 porque foram envolvidos com responsabilidades de cuidar da horta didática em duplas, fortalecendo a ideia do trabalho em equipe e da responsabilidade. Com as oficinas culinárias desenvolvidas, observou-se uma grande valorização do alimento devido à ação participativa das crianças nos processos de produção de hortaliças, incentivando o conhecimento e consumo de alimentos nutritivos. Assim, constata-se que um dos principais papéis da implantação de hortas é promoção da segurança alimentar e nutricional das crianças e da comunidade envolvida no contexto de direito humano à alimentação adequada (CONSEA, 2004). Identificou-se que no decorrer das aulas, as crianças estão constantemente estimulando a coordenação motora, o que promoveu um incentivo a leitura, desenvolvendo a habilidade da escrita. Durante as atividades lúdicas de prática e sensibilização, pode-se observar que o trabalho em equipe permitiu a criação de um vínculo e, consequentemente, o respeito entre os envolvidos. Além de ter proporcionado uma interação entre as crianças e o assunto abordado, percebendo-se o melhor entendimento dos alunos. Através da motivação e curiosidade das crianças pelo conhecimento houve um desenvolvimento na computação, como fonte de pesquisa e aprendizagem. CONCLUSÕES Com o desenvolvimento do projeto, e diante dos resultados expostos pode-se concluir que a realização de aulas teóricas aliadas à prática de produção de hortaliças, enfatizando o trabalho em equipe constitui importante instrumento de aprendizagem e construção cultural do indivíduo. Permite o maior contato das crianças com a natureza, criando uma valorização e preservação do meio em que vivem. Com a colheita das hortaliças, houve um enriquecimento da merenda escolar com a inclusão de alimentos saudáveis na alimentação, promovendo mudanças de hábitos alimentares de alunos e da comunidade escolar. REFERÊNCIAS CONSEA. Documento de conferência da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Brasília, DF: CONSEA, 2004. IRALA, C. H.; FERNANDEZ, P. M. Manual para as escolas: a escola promovendo hábitos alimentares saudáveis. Horta. Brasília, 2001. 284 ÀS MARGENS DO VELHO CHICO: uma viagem ao Semiárido Nordestino orientada por um profissional petiano. CESAR HENRIQUE DE JESUS1, ANDREWS SANCHES LATORRE1; ANTONIONI POLIZEL GUASTALI1; EDHIELLE VANESSA DE LIMA SOARES1; CARLA CUPERTINO MARINHO1; IZABELLA VICTORIANO DE SOUZA1; PAULO ANDRÉ FERNANDES DOS SANTOS1; WILSON JOSÉ OLIVEIRA DE SOUZA2. INTRODUÇÃO O semiárido brasileiro possui características peculiares, fazendo com que esta região seja de suma importância, desde ambiental, por possuir o único bioma exclusivamente brasileiro (Caatinga), até o social, por ser uma das regiões que mostram um dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos dentro do território brasileiro, devido as suas frequentes e fortes secas. Como sua principal bacia hidrográfica, tem-se a bacia do Rio São Francisco, conhecido como o velho Chico, sendo considerada uma das principais bacias de toda América do Sul. A partir dela, grandes sistemas de irrigação estão sendo desenvolvidos para que a agricultura de larga escala seja a cada dia uma realidade para a população dessa região, trazendo desenvolvimento econômico e emprego, já que a fruticultura é a principal atividade econômica vigente na região. Os sistemas de irrigação são de essenciais para a região, visto que o semiárido brasileiro é marcado por possuir uma pluviosidade irregular, tendo grandes períodos de secas, e períodos de chuvas curtas, porém intensas, com média pluviométrica de 200 mm a 800 mm anuais, dependendo da microrregião (ASA, 2014). Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região do Semiárido Nordestino, a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver (MMA, 2014). Essa realidade vem sendo alterada com grandes projetos de fruticultura, como o visto pelo grupo em sua viagem técnica, já que todas as produções agrícolas visitadas são irrigadas com as águas do rio São Francisco, porém ainda de difícil acesso à população, visto que o custo das terras nessas regiões é elevado, além dos altos valores para um sistema de irrigação de eficiência, para que supra a necessidade hídrica de cada cultura. Com um histórico de secas, miséria e fome em grande parte do semiárido brasileiro, em especial no extremo oeste nordestino, essa região é vista pela população brasileira em 1 Discente, Agronomia, Unesp - SP, bolsista PETAgro Registro; Doutor, Docente de Mecânica e Máquinas Agrícolas, Mecanização Agrícola e Plantio Direto na UNESP – Campus de Registro. Tutor do Grupo PET Agro Registro. 2 285 geral como uma região pobre, sem grandes perspectivas de desenvolvimento, principalmente na área agrícola, mas a região vem se demonstrando capacitada e empenhada a mudar essa perspectiva. Dependente do grande rio São Francisco, que banha grande parte dessa região, sendo por muitas vezes chamado de Nilo brasileiro, menção ao rio que corta regiões desérticas na África, nota-se intenso desenvolvimento agrícola e econômico para boa parte da região, mesmo que se questione tal desenvolvimento, se este alcança a todos ou a apenas a grandes produtores. Os sistemas de irrigação encontrados nessa região são de alta tecnologia, devido ao fato de necessitar de um sistema fortemente eficiente, minimizando o estresse hídrico, seja por déficit ou por excesso, e maximizando a eficiência de adubação, entre outros fatores. A partir da implantação de sistemas de irrigação, desenvolvimento genético e tecnificação da mão de obra, hoje o polo agroindustrial Petrolina-Juazeiro (local onde as visitas técnicas ocorreram) se encontra em alto nível de produção de frutíferas, especialmente uva fina de mesa, com e sem sementes, manga, melão, banana e derivados, como suco de uva, vinhos e água de côco, tendo o mercado externo como principal foco. Por estes motivos, a região é grande exportadora de frutas, aproveitando a logística que a região Nordeste dispõe, visto que é o caminho mais curto para a exportação de produtos do Brasil para a Europa. Tal viagem técnica pôde expor a realidade agrícola de alta tecnologia que vêm sendo desenvolvida e aplicada, trazendo resultados surpreendentes, de forma que frutas consideradas de regiões temperadas, como a uva e a maçã, possam ser produzidas com alta qualidade, produtividade e excelente sabor nessa região. OBJETIVOS O presente trabalho teve como objetivo desenvolver maior conhecimento teóricoprático sobre a fruticultura no semiárido brasileiro, permitindo maior contato com os sistemas de produção e manejos utilizados, dentro de um ambiente complicado para a agricultura, visto as características climáticas da região. METODOLOGIA Para a atividade descrita, foi necessário desenvolver o planejamento, administração e trabalho em grupo em diversas ações do grupo PET Agro Registro. Para isto, foi elaborado um projeto de viagem técnica para o Estado de Pernambuco, mais precisamente no polo 286 agroindustrial de Petrolina-Juazeiro, tendo como principal foco a produção de frutíferas no semiárido brasileiro. O grupo necessitou efetuar um rigoroso planejamento de seus horários, desde a faculdade, devido à necessidade dos membros se ausentarem por uma semana de suas atividades dentro da sala de aula, até a elaboração de cronograma detalhado para execução, envolvendo logística de locomoção durante as visitas técnicas. O planejamento financeiro da viagem com o grupo mostrou a necessidade de envolver ações para levantamento de recursos, minimizando os gastos pessoais na viagem. Desta forma, realizou-se vendas de produtos em festas regionais e outras ações como rifas, além de negociar estadia na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Para a organização das visitas técnicas tutoradas por profissionais que atuam na região, contou-se com o apoio do Engenheiro Agrônomo Petiano Éder Ignácio de Souza, que realizou os contatos e agendamentos por atuar na região desde 2002 e atualmente ser produtor de uvas de mesa tipo exportação e banana. RESULTADOS E DISCUSSÃO O grupo PET Agro Registro, conseguiu efetuar todas as visitas técnicas planejadas, com eficiências e aproveitamento de todos os membros, não encontrando problemas relevantes durante toda a atividade, mostrando que a dedicação do grupo foi de suma importância para que fosse possível a realização de tal projeto. Uma das primeiras atividades realizadas foi conhecer a opinião dos produtores pequenos e médios locais sobre a transposição do Rio São Francisco. Ficou evidente a posição contrária dos produtores, especialmente os pequenos e médios em relação às obras de transposição, podendo-se colher argumentos consistentes como impacto na quantidade de água disponível para a região, a demora e os custos das obras. Durante as visitas técnicas, os alunos do PET conheceram detalhes da produção de frutas no semiárido Nordestino, destacando-se a cultura da uva. Os profissionais que acompanharam o grupo nas visitas técnicas mostraram passos de produção, desde a obtenção da muda até o despacho da fruta para exportação. A região do Polo Agroindustrial de Petrolina-Juazeiro possui características climáticas peculiares, com altas temperaturas anuais e baixos índices pluviométricos. Suas características são temperaturas médias elevadas, em torno de 27º C, e amplitude térmica em torno de 5º C, sendo que as chuvas, além de irregulares, não excedem os 800mm/ano (GALVANI, 2014). 287 Na fase de produção, foi destaque a condução da planta com podas de formação e de condução, enfatizando o planejamento da produção agrícola alinhada com o mercado. A condução da adubação por fertirrigação e os sistemas de irrigação ocuparam boa parte das visitas de campo, quando se descaram os tipos de irrigação utilizados, o controle de irrigação automatizado e a dosagem de fertilizantes para a linha de irrigação. No que se refere à melhoramento genético, foi possível conhecer uma área experimental com mais de 20 variedades de uvas em fases de triagem, seleção e testes finais de campo para implantação em larga escala. Empresas estrangeiras e Instituições de pesquisas brasileiras como EMBRAPA e IAC (Instituto Agronômico de Campinas) são os principais desenvolvedores e colaboradores com a região. As atividades de Pós-colheita também foram evidenciadas nas visitas, destacando-se o processo de recepção da fruta colhida (uva e côco), pré-processamento/embalagem, embalagem, rastreamento, acondicionamento e entrada na cadeia de frio até o armazenamento para comercialização. A comercialização também foi abordada, destacando-se o mercado externo como o principal canal de escoamento da produção de frutas do Polo Agroindustrial PetrolinaJuazeiro. O mercado interno, entretanto, vem recebendo novo olhar por parte dos produtores, uma vez que tem remunerado bem, com pagamentos a prazos menores, além de menor exigência em embalagem, o que reduz o custo do produto de forma significativa. A produção de suco de uva e vinhos de mesa finos também tem sido alternativas para elevar a remuneração do produtor. O associativismo tem sido uma forma adotada pelos produtores para produzir o suco de uva, que vem ganhando destaque no mercado interno e externo, dadas sua qualidade e benefícios, já notados pelo mercado. No caso do vinho, tem se restringido a grandes grupos especialistas em produção da bebida, que vem implantando áreas expressivas de uvas viníferas, com produção de produtos de excelente qualidade, dignos de conquistar prêmios nacionais e internacionais, como tem ocorrido nos últimos anos com o produto. CONCLUSÃO O grupo recebeu a oportunidade de conhecer um polo tecnológico de importância, em uma região com adversidade climática, limitante à produção quando não se emprega tecnologia adequada. Vivenciaram técnicas diversificadas, tendo contato com sistemas de manejo, praticas culturais e sistemas de produção diferentes da realidade do grupo, além de ter um contato maior com as diversidades encontradas no Brasil, desde cultural até ambiental, 288 podendo assim efetuar uma analise critica das dificuldades, das soluções e tecnologias empregadas. AGRADECIMENTOS O Grupo PET Agro Registro agradece a todos os profissionais e empresas que contribuíram com a realização da visita técnica ao Semiárido Nordestino, destacando-se os Engenheiros Agrônomos Éder Ignácio de Souza e Patrícia Inácio Vilar, as empresas Fazendas Sassaki, Coana, Fazenda Nova Esperança, Fazenda Nossa Senhora Aparecida, Grupo JD, Pepsico, EMBRAPA Semiárido. REFERÊNCIAS ASA. Unidades Climáticas Brasileiras. < http://www.asabrasil.org.br/Portal/ Informacoes.asp?COD_MENU=105>. Acessado em: 04/06/2014. GALVANI, E. Unidades Climáticas Brasileiras. <http://www.geografia.fflch.usp.br/ graduacao/apoio/Apoio/Apoio_Emerson/Unidades_Climaticas_Brasileiras.pdf>. Acessado em: 04/06/2014. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. biomas/caatinga>. Acessado em: 04/06/2014. 289 Caatinga. < http://www.mma.gov.br/