SOLANGE NUNES DE OLIVEIRA (INGR. 03/1999) “A Arqueologia Guarani: construção e desconstrução da identidade indígena” A Arqueologia Brasileira voltada para os ceramistas tem prevalecido, desde a implementação do PRONAPA, nos anos 1960, como uma metodologia voltada para o aperfeiçoamento do trabalho de campo, fortemente influenciada por teorias advindas dos E.U.A., nas figuras de Betty Meggers e Clifford Evans. Com uma grande atenção voltada para as escavações, a partir daquela data houve um considerável crescimento no número de sítios prospectados e escavados. A enorme quantidade de material arqueológico depositado em acervos passou a ser sistematizada e, a partir de então, surgiram as fases e tradições na Arqueologia Brasileira. Este tratamento metodológico dado ao material arqueológico tem prevalecido até nossos dias e, no decorrer de sua história, tem obedecido a um ideal de neutralidade e objetividade, que veio contribuir para o conturbado cenário político brasileiro. Aquela época, os cientistas julgavam-se desvinculados das questões políticas e, consequentemente, da sociedade e seus problemas. Atualmente, inseridos em épocas mais engajadas, os cientistas sociais, e arqueólogos, em particular, não devem negligenciar o seu papel na sociedade e a força de suas disciplinas na construção de discursos sobre o social. É neste contexto de reivindicação de mudanças e busca pelo auto-consciência, por parte de alguns segmentos científicos, que se insere este trabalho, procurando fazer uma análise crítica da Arqueologia Brasileira, sobretudo aquela que se ocupa do estudo da cultura guarani. Para tanto, as teorias e conceitos utilizados a-criticamente pelos arqueólogos brasileiros, no tocante à cultura indígena, são analisados e, sua adesão a modelos rígidos (como Tradição Tupiguarani e, posteriormente, sbtradições Tupi e Guarani) é debatida, fazendo uma crítica à vertente da Arqueologia Brasileira que considera válida a equação uma cultura = uma língua = uma etnia. Seguindo-se a esta crítica, definições de etnicidade, identidade étnica e grupo étnico são apresentadas, ressaltando algumas das teorias que nortearam as pesquisas de taxonomia humana com o passar do tempo, nas Ciências Humanas, em geral, e na Arqueologia, em específico. A dissertação finaliza a importância de um exame crítico sobre as fundações teórico-metodológicas da Arqueologia, em escala mundial e local, evidenciando a relevância de uma Arqueologia auto-crítica e o seu papel frente aos povos do presente. Pedro Paulo Abreu Funari (Orientador) André Leonardo Chevitarese - UFRJ Gilson Rodolfo Martins - UFMS 07/02/2002