FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
Título: Apontamentos para discutir o IDEB na escola.
Autora
Telma Regina Machado Onça
Disciplina/Área
Gestão Escolar
Escola de Implementação Colégio
Estadual
Júlia
Wanderley
-
Ensino
do Projeto e sua localização Fundamental e Médio
Rua Itapuí, 901 - Jardim Pioneiro.
Município da escola
Núcleo
Prado Ferreira - Paraná
Regional
de NRE - Londrina
Educação
Professora Orientadora
Instituição
de
Marleide Rodrigues da Silva Perrude
Ensino Universidade Estadual de Londrina - UEL
Superior
Relação Interdisciplinar
Professores de todas as disciplinas
Resumo
Este trabalho propõe refletir sobre as causas do
baixo desempenho dos alunos na aprendizagem,
do baixo índice do Colégio no IDEB desde 2005 e
da grande quantidade de alunos reprovados e
evadidos
principalmente
no
período
noturno,
discutindo com a comunidade escolar (professores,
funcionários, equipe pedagógica e direção) os
objetivos e a função dos indicadores de qualidade
da educação-Prova Brasil e Fluxo Escolar (IDEB) e
seus efeitos na gestão pedagógica e administrativa
da escola.
Palavras-chave
Avaliação Externa, Educação Básica, Prova Brasil,
Fluxo Escolar e IDEB.
Formato
do
Material Unidade Didática
Didático
Público Alvo
Professores, Funcionários, Equipe Pedagógica e
Direção.
1 APRESENTAÇÃO
Essa Unidade Didática surgiu em função da necessidade de refletir sobre
as causas do baixo desempenho dos alunos na aprendizagem, do baixo índice no
IDEB desde 2005 e da grande quantidade de alunos reprovados e evadidos do
Colégio Estadual Júlia Wanderley em Prado Ferreira.
Ao analisar alguns dados sobre a Prova Brasil e sobre o Fluxo Escolar foi
possível constatar altos índices de evasão e reprovação principalmente no período
noturno. Esses resultados exigem um cuidadoso estudo, um olhar mais atento por
parte da equipe da escola, no sentido de compreender o seu significado político
pedagógico.
2 OBJETIVOS
Discutir com a comunidade escolar (professores, funcionários, equipe
pedagógica e direção) os objetivos e a função dos indicadores de qualidade da
educação-Prova Brasil e Fluxo Escolar (IDEB) e seus efeitos na gestão pedagógica
e administrativa da escola.
3 INTRODUÇÃO
O Brasil passou por várias mudanças na área da educação a partir de
1990, implantando um sistema de avaliação e informação educacional. Hoje conta
com um sistema de avaliação que a partir de indicadores possibilitam monitorar as
políticas e conhecer as deficiências do ensino. Com as avaliações nacionais e com
os levantamentos dos dados fornecidos pelo Inep é possível planejar, analisar,
debater a educação além de ser um instrumento que monitora e regula a educação
que nem sempre traz resultados positivos para a escola.
Este trabalho propõe estudar o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica), a Prova Brasil e o IDEB como componentes do sistema nacional
de avaliação. Discutir com professores e equipe pedagógica a função e os objetivos
do indicador (IDEB) proposto pelo MEC, que mede a qualidade do ensino e propõe
metas de desempenho para cada escola, facilitar o entendimento de todos e
também analisar e discutir os dados bianual (IDEB) da escola e seus efeitos sobre o
trabalho do professor.
O estudo do tema se divide em etapas. Na primeira etapa há um estudo
da história das Avaliações Externas. Na segunda há uma análise e estudo dos
gráficos e tabelas que mostram o desempenho da escola no Fluxo dos Alunos
(promoção, repetência e evasão), na Prova Brasil, no IDEB da escola e o reflexo
dessas no cotidiano da escola. Na terceira etapa propõe-se um levantamento de
possíveis ações que podem melhorar o desempenho da escola e colaborar com o
processo de ensino aprendizagem, procurando diminuir a evasão e a repetência
principalmente no período noturno.
UNIDADE I
Avaliações Externas
A Avaliação em Larga Escala, enquanto política pública, ações
desencadeadas pelo Estado, diretrizes em escala federal, articulada a um modelo de
Estado neoliberal trouxe a partir de 1990 o termo qualidade, responsabilizando
professores e gestores pelos resultados, então a educação passa a ser tratada
como
mercadoria.
Essas
políticas
foram
recomendadas
por
organismos
internacionais que enfatizam ações para superar a crise de eficiência, eficácia e
produtividade do sistema.
Em meados de 90 houve a implantação da Avaliação Externa através do
SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica, considerando os resultados de
aprendizagem através de recursos quantitativos, implantado no âmbito das políticas
públicas, objetivando melhorar a qualidade da educação brasileira e universalizar o
acesso à escola. O SAEB passou por mudanças em 2005, sendo composto pela
ANEM - Avaliação Nacional da Educação Básica e pela ANRESC - Avaliação
nacional do rendimento Escolar, conhecida como Prova Brasil. Essa Avaliação é
focada no rendimento do aluno e desempenho do sistema de ensino. Sobre a
dimensão dessas avaliações Zanardine (2008, p. 97) expõe:
Em consonância com o modelo da administração pública gerencial, no
âmbito da globalização, e com a proposição do Banco Mundial de
alívio da pobreza, o governo empreendedor, tendo em vista o
desapego à burocracia e à rigidez de suas normas, entende que deve
financiar os resultados e não os recursos ou distribuir os recursos
tendo como parâmetros os resultados. Para que os gastos incidam
majoritariamente sobre os resultados das organizações públicas
prestadoras de serviços, o governo deve impreterivelmente adotar e
implementar estratégias de participação, avaliação e aferição de
rendimentos e desempenho a serem explicitados sob a forma de
rankings.
A estatística utilizada para calcular esses Índices de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB), qualidade de ensino de cada escola e de cada rede de
ensino, serve para conhecer a população da escola, para regular o que se ensina e
para verificar se as escolas estão trabalhando o que é proposto pelo Governo
Federal e Estadual.
O Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), a Prova
Brasil e o IDEB como componentes do Sistema Nacional de Avaliação são os
objetos de estudo deste trabalho. A Prova Brasil e o IDEB são aplicados em todo o
país e são de responsabilidade de órgãos públicos. O resultado do IDEB é a
combinação da nota média da Prova Brasil, multiplicada pela taxa de aprovação, seu
índice varia de 1 a 10. Estes fornecem dados estatísticos que interferem no cotidiano
da escola, servindo para classificar, monitorar e tabular a educação, dando
sustentação para a competição entre escolas, ranqueando escolas e impondo um
raciocínio mercadológico, desconsiderando aspectos políticos e sociais. O Brasil
prevê o índice de 6,0 para 2022 como meta para a educação.
A política avaliativa tem a lógica do mercado regulador e é firmada no
discurso da qualidade. A esse respeito Correia (2010, p. 458) chama atenção:
[...] a cultura da qualidade tende, com efeito, a confundir-se com a
multiplicação de instrumentos de avaliação de tal forma sofisticados
que parece desempenhar um papel mais importante na imposição de
uma ordem cognitiva mais ou menos homogeneizante do que na
apreciação e regulação da acção organizacional.
A gestão baseada em resultados provoca uma competição entre escolas,
onde busca atingir altos índices no ranking do IDEB, entendendo que os melhores
resultados demonstram “qualidade”. Essa forma de gestão enquadra-se no modelo
empresarial como resultado do sistema de produção capitalista neoliberal.
O desempenho da escola nessas avaliações, bem como o fluxo dos
alunos, com base no Censo Escolar mede a qualidade do ensino. A partir desses
resultados, ações são articuladas através de programas e recursos para a educação
nas áreas de risco.
O questionamento é: Quais os significados desses índices para nossa
escola? Como esses resultados são retornados à escola, no sentido de apoio, ou de
pressão sobre professores e gestores que não conseguiram ensinar ou manter o
aluno na escola? As apreciações negativas da Avaliação Externa são estudadas
para solução dos problemas existentes?
Para aprofundar o estudo: Texto Complementar: Avaliações institucionais
externas: ensaios sobre o IDEB e Prova Brasil (NOIMANN, 2011).
UNIDADE II
Nesta unidade
propõe-se um estudo entre Professores, Funcionários,
Equipe Pedagógica e Direção sobre os dados dos gráficos e tabelas abaixo
relacionados, analisando e procurando encontrar os problemas da escola que
precisam ser sanados.
Os dados abaixo revelam algumas preocupações para a escola e permite
visualizar pontos que precisam ser trabalhados. O grande desafio da escola é
melhorar os resultados da Prova Brasil, diminuir a repetência e a evasão e aumentar
a aprovação, superando os baixos índices do IDEB. Pois as Avaliações Externas
utilizadas para medir a qualidade do ensino e regular a educação, chegaram às
escolas trazendo recursos e financiamentos, e, sobretudo a preocupações com os
resultados e a supervalorização de resultados positivos.
Entretanto é preciso olhar para os diferentes fatores pedagógicos e
administrativos que também interferem nos resultados. Diante disso propõe-se uma
análise dos dados pautados em alguns questionamentos:
Eles revelam a realidade da escola? Que fatores contribuem para esses
resultados? Quais os limites da escola?
Quadro 1 - IDEB – Colégio Júlia Wanderley - anos finais do ensino fundamental
IDEB
METAS IDEB
2005
2007
2009
2011
2013
2005
2007
2009
2011
2013
2,7
2,8
3,0
2,6
-
-
2,7
2,9
3,1
3,5
Fonte: Autora
Quadro 2 - Prova Brasil - Colégio Estadual Júlia Wanderley - anos finais do ensino
fundamental.
ANOS
2005
2007
2009
2011
PORTUGUÊS
209.0
197,9
245,1
*
MATEMÁTICA
232,2
219,4
226,5
*
* Nº de participantes insuficiente para que os resultados sejam divulgados.
Fonte: Autora
SÍNTESE DOS RESULTADOS EDUCACIONAIS NOS ÚLTIMOS ANOS
1) Rendimento e movimento escolar do período matutino do ensino fundamental do
ano de 2008 do Colégio Estadual Júlia Wanderley de Prado Ferreira PR.
Quadro 3 – Ensino fundamental manhã 2008
Fonte: Autora
Gráfico 1 – Ensino fundamental manhã 2008.
Fonte: Autora
2) Rendimento e movimento escolar do período noturno do ensino fundamental do
ano de 2008 do Colégio Estadual Júlia Wanderley de Prado Ferreira PR.
Quadro 4 – Ensino fundamental noturno 2008
Fonte: Autora
Gráfico 2 – Ensino fundamental noturno 2008
Fonte: Autora
Observando o ano de 2008, período matutino e noturno, percebe-se uma
grande diferença entre o número de alunos reprovados e de alunos que
abandonaram a escola. No noturno vemos alunos que passam pela escola por
vários anos seguidos e não concluem seus estudos por abandono e por reprovação,
ficando fora da idade-série. Em 2008 há 35% de alunos aprovados para 60% de
alunos que abandonaram e reprovaram no noturno. O grande desafio é dar
condições de permanência para estes alunos e diminuir o alto índice de reprovação
nesse período. Já no período da manhã há uma aprovação de 79,6% dos alunos,
revelando outra realidade.
3) Rendimento e movimento escolar do período matutino do ensino fundamental do
ano de 2009 do Colégio Estadual Júlia Wanderley de Prado Ferreira-PR.
Quadro 5 – Ensino fundamental matutino 2009
Fonte: Autora
Gráfico 3 – Ensino fundamental manhã 2009
Fonte: Autora
4) Rendimento e Movimento escolar do período noturno do ensino fundamental do
ano de 2009 do Colégio Estadual Júlia Wanderley de Prado Ferreira PR.
Quadro 6 – Ensino fundamental noturno 2009
Fonte: Autora
Gráfico 4 – Ensino fundamental noturno 2009
Fonte: Autora
Em 2009, há um maior número de alunos que não concluíram seus
estudos, totalizando 46,8% de alunos que abandonaram e 5,4% de reprovados, num
total de 52,2%, que não concluíram a etapa em curso. Somente 20,7% dos alunos
foram aprovados no noturno, chamando a atenção para o alto índice de reprovação
e abandono no noturno.
5) Rendimento e movimento escolar do período matutino do ensino fundamental do
ano de 2010 do Colégio Estadual Júlia Wanderley de Prado Ferreira PR.
Quadro 7 – Ensino fundamental matutino 2010
Fonte: Autora
Gráfico 5 – Ensino fundamental manhã 2010
Fonte: Autora
6) Rendimento e movimento escolar do período noturno do ensino fundamental do
ano de 2010 do Colégio Estadual Júlia Wanderley de Prado Ferreira PR.
Quadro 8 – Ensino fundamental noturno 2010
Fonte: Autora
Gráfico 6 – Ensino fundamental noturno 2010
Fonte: Autora
No ano de 2010, o período noturno teve 31,1% de alunos aprovados, para
60% de alunos que reprovaram e abandonaram. Esses números exagerados tem
afetado o IDEB da escola? Que ações podem ser feitas para melhorar a aprovação
e manter os alunos do período noturno na escola?
7) Rendimento e Movimento Escolar do Período Matutino do Ensino Fundamental do
ano de 2011 do Colégio Estadual Júlia Wanderley de Prado Ferreira PR.
Quadro 9 – Ensino fundamental matutino 2011
Fonte: Autora
Gráfico 7 – Ensino fundamental manhã 2011
Fonte: Autora
8) Rendimento e movimento escolar do período noturno do ensino fundamental do
ano de 2011 do Colégio Estadual Júlia Wanderley de Prado Ferreira PR.
Quadro 10 – Ensino fundamental noturno 2011
Fonte: Autora
Gráfico 8 – Ensino fundamental noturno 2011
Fonte: Autora
No ano de 2011 o IDEB foi para 2,6%, o número de alunos reprovados no
noturno foi de 11,7% e 55,8% abandonaram os estudos, perfazendo um total de
67,5% dos alunos. Somente 31,2% foram aprovados. Esses dados são relevantes
para estudo, porém é necessário o envolvimento de toda comunidade escolar,
governantes, secretaria da educação e outros, para a solução desses problemas.
Ações precisam acontecer em prol da educação. Talvez um novo olhar para esses
dados possa refletir melhor a realidade de cada escola, que é medida sem análise
de cada número e muitas vezes refletem mais aspectos sociais, econômicos e
culturais, do que de aprendizagem. Quando esses números são divulgados sugerem
que a escola está sendo ineficaz, sendo considerada de baixa qualidade. A grande
preocupação é em como superar os problemas de evasão, repetência e
consequentemente os baixos índices.
A estatística utilizada para calcular esses Índices de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB), qualidade de ensino de cada escola e de cada rede de
ensino, serve para conhecer a população da escola, para regular o que se ensina e
para verificar se as escolas estão trabalhando o que é proposto pelo Governo
Federal e Estadual.
O desempenho da escola nessas avaliações, bem como o fluxo dos
alunos, com base no Censo Escolar mede a qualidade do ensino. A partir desses
resultados, ações são articuladas através de programas e recursos para a educação
nas áreas de risco.
A questão é: Como interpretamos esses resultados? Quais os significados
desses índices para nossa escola? Que impactos esses resultados trazem para a
comunidade escolar? Esses resultados trazem punições ou benefícios para a
escola? Esses resultados servem para quem?
Atividade II – Considerando os gráficos e tabelas acima, procure analisar os dados
fornecidos e responder as questões abaixo:
1- Como interpretamos esses resultados?
2- Que impactos esses resultados trazem para a comunidade escolar?
3- Qual a responsabilidade da escola diante desses dados?
E da família?
E do aluno?
4- Que fatores contribuem para esses resultados?
Unidade III
Após esse estudo sobre Avaliações Externas, dados do IDEB, da Prova
Brasil e do fluxo escolar dos alunos é possível fazer algumas interpretações quanto
à
escola,
ao
rendimento
dos
alunos,
aos
professores,
aos
aspectos
socioeconômicos e a gestão escolar, e também planejar ações que permitam
melhorar o desempenho da escola, tendo o Projeto Político pedagógico e as
Diretrizes Pedagógicas como marcos referenciais.
Nessa etapa propõe-se um estudo de outras escolas do Paraná que
melhoraram sua gestão e consequentemente o ensino e a aprendizagem dos
alunos.
Voltando olhar para a escola procura-se por meio de um trabalho coletivo
a construção de ações buscando responder as seguintes questões:
1- Que caminhos é preciso percorrer para a melhoria da qualidade da educação?
2- Como reduzir os índices de evasão e repetência, em especial, do ensino noturno?
3- Que ações a equipe pedagógica precisa desenvolver?
4- Qual o papel do professor nesse contexto?
5- Como as famílias podem contribuir?
6- Frente aos índices de reprovação e evasão, o trabalho do professor no período
noturno deve ser diferenciado do período matutino?
A partir desses questionamentos sugere-se a construção de propostas de
trabalho que deverão compor o Projeto Político Pedagógico, e que a cada semana
pedagógica será retomado e avaliado com o intuito de constantemente reafirmar o
compromisso com a escola pública e de qualidade.
REFERÊNCIAS
CORREIA, José Alberto. Paradigmas e cognições no campo da administração
educacional: das políticas de avaliação à avaliação como política. Revista
Brasileira de Educação, São Paulo, v. 15, n. 45, set./dez. 2010.
NOIMANN, Emmanuel Flávio. Avaliações institucionais externas: ensaios sobre o
IDEB e prova Brasil. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 3., 2011,
Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa: UEPG, 2011.
VIANNA, Heraldo Marelim Avaliações nacionais em larga escala: análises e
propostas. São Paulo: DPE, 2003.
ZANARDINI, João Batista. Ontologia e avaliação da educação básica no Brasil
(1990-2007). 2008. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2008.
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