Latrocida teve a sua defesa paga por réus PÁGINA 4 segunda Festa para todos os gostos no bairro Tijucal [email protected] PÁGINA 3 PERIGO EMINENTE A GAZETA - 1B CUIABÁ, 26 DE SETEMBRO DE 2011 1 comprimido de ecstasy Facilidade no armazenamento e transporte e a possibilidade de produção em pequenos e insuspeitos locais facilitam disseminação das ATS no mundo custa hoje cerca de R$ 60, enquanto pedra de crack é comprada por R$ 5 Anfetaminas vão ocupar 2º lugar no ranking das drogas GLÁUCIO NOGUEIRA DA REDAÇÃO A s drogas anfetamínicas (ATS, da sigla em inglês) como o ecstasy ocuparão o segundo lugar no ranking de drogas ilícitas consumidas no mundo. A análise, feita pelo delegado da Polícia Federal Éder Rosa de Magalhães, é baseada em relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) que prevê a droga desbancando a cocaína e provocando uma onda de terror e pânico, semelhante a vivenciada hoje com o alto índice de usuários de crack. Entre os aspectos que tornarão a droga ainda mais atrativa estão o conceito de que a ATS é uma “droga limpa”, a facilidade no armazenamento e transporte e a possibilidade de produção em pequenos e insuspeitos locais. Mas, com poder devastador, o contínuo uso destas substâncias pode provocar a ruptura de vasos sanguíneos e levar o dependente à morte. Para o delegado, o único fator que ainda impede a popularização da droga é o valor, ainda alto para o padrão dos consumidores. Isto se deve ao fato de que quase 100% do produto ainda é importado de grandes centros, como o Sudeste da Ásia e a Holanda. Um comprimido de ecstasy, nome dado à droga mais popular para esta categoria, ainda não sai por menos de R$ 60, valor elevado se considerar que uma pedra de crack pode ser comprada por até R$ 5. Magalhães revela que ainda que são baixos os números de apreensões, mas já há trabalho de inteligência no Em Mato Grosso, droga chega de grandes cidades, vem em pequenas quantidades e geralmente é traficada em festas rave e boates entre amigos, o que dificulta interceptação sentido de combater o tráfico destes entorpecentes antes que o consumo se alastre. Já existem informações de que a droga entra no país, na maior parte das vezes, por via aérea, como retorno das chamadas mulas, que partem para a Europa levando cocaína. Como ocupa pouco espaço, a droga pode ser escondida em compartimentos falsos de mala, ou misturada em vidros de medicamentos comuns. Em Mato Grosso, a droga chega oriunda de grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Vinda em pequenas quantidades, geralmente é traficada em festas rave e boates entre amigos, fator que dificulta ainda mais o trabalho de interceptação da droga. A PF já possui indícios de que químicos brasileiros passaram a fabricar a droga no Brasil, outro ponto que corrobora o relatório, que anuncia o surgimento de pontos de produção em locais da América Latina. Com isso, há uma grande tendência no barateamento dos comprimidos, forma mais comum de apresentação da droga, o que, fatalmente, concretizará as projeções. Quando a substância for vendida por preços próximos de R$ 30, o que já ocorre na Europa, a tendência é uma migração dos consumidores da cocaína para a ATS. A mesma dificuldade enfrentada pelos agentes da PF pode ser sentida no âmbito da Polícia Civil do Estado. Delegada titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Cleibe Aparecida de Paula explica que ainda é raro o registro de apreensões deste tipo de substância nas operações. Conta que pelo fato de a maior parte deste tipo de droga poder passar despercebida, apenas denúncias realizadas pela população podem ajudar a combater o tráfico deste tipo de entorpecente. Fato é que se mesmo com todas as dificuldades a massificação do consumo de maconha e cocaína, incluindo seus subprodutos, ocorreu de forma rápida, todas as facilidades geradas pelas ATSs, que vão da produção, armazenamento, transporte e distribuição, tornam as preocupações da ONU, PF e PJC algo bastante justificado. Saúde - AATS pode causar danos físicos e psicológicos aos dependentes e levá-los à morte. O alerta foi feito pelo coordenador do Centro de Informações sobre Medicamentos do Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), Hélder Cássio de Oliveira. Isto porque a droga aumenta os índices de noradrenalina, estimulante do sistema nervoso central. A droga causa sintomas de doenças como taquicardia, hipertensão, insônia, irritabilidade, causa alucinações e a perda de apetite. “Ela estimula o corpo todo de quem usa, deixa as pessoas extremamente agitadas, alertas”. Com o organismo funcionando em alta velocidade, os vasos sanguíneos podem não aguentar a pressão e se romperem, causando um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Além dos aspectos físicos, os problemas de ordem neuropsíquica como a depressão, um dos grandes vilões da medicina moderna. Em alguns casos, pode também causar surtos de psicose e transtorno bipolar. “Como há uma carga muito forte de noradrenalina, o organismo deixa de fabricar esta substância, garantida pela droga. E isso leva a pessoa para baixo, causando a depressão”. Geralmente, o usuário passa por duas fases distintas e a que precede a da depressão é chamada de fase maníaca. Nela, a pessoa fica acelerada, gesticula e fala muito, tendo até dificuldade em articular as palavras na velocidade em que o cérebro passa a trabalhar. Durante a mania, o dependente se torna alguém compulsivo e canaliza essa compulsividade com a bebida, que potencializa ainda mais o efeito da droga, a dança, o que deu o apelido ao ecstasy de a droga da noite, e até mesmo o sexo, que leva usuários aos grupos de risco de transmissão de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Na medicina, a Anfetamina caiu em desuso por existirem atualmente drogas mais potentes e porque os resultados trazem mais prejuízos do que benefícios. Histórico - No grupo da ATS, o ecstasy é a droga mais comum. Antes restrita à vida noturna, já é encontrada em grandes cidades durante o dia. Por causar euforia, caiu no gosto das pessoas de maior poder aquisitivo, que enxergaram na substância a oportunidade de momentos de intensa alegria. Os comprimidos podem ser encontrados em sites estrangeiros, comprados via internet e entregues em casa, disfarçados de remédios, o que facilita o disfarce. Lúcio Távora/AE ONU prevê onda de terror e pânico, semelhante à vivenciada hoje com o alto índice de usuários de crack AE/Arquivo