UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO NATALIE BELARMINO SOUSA MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – CAMPUS I. João Pessoa 2010 2 NATALIE BELARMINO SOUSA MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – CAMPUS I. Monografia apresentada à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, como requisito obrigatório para obtenção do título de bacharel em Administração. Orientador: Prof. Walmir Rufino da Silva, Dr. João Pessoa 2010 3 Ao professor orientador Doutor Walmir Rufino da Silva Solicitamos examinar e emitir parecer a respeito do Trabalho de Conclusão de Curso da aluna Natalie Belarmino Sousa. João Pessoa, 26 de janeiro de 2010. _______________________________ Prof. Fábio Walter , Dr. Coordenador do SESA Parecer do Professor Orientador: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________ Prof. Walmir Rufino da Silva, Dr. Professor Orientador 4 NATALIE BELARMINO SOUSA MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – CAMPUS I. Monografia apresentada à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, como requisito obrigatório para obtenção do título de bacharel em Administração. Aprovada em 21 de janeiro de 2009. ________________________________ Prof. Walmir Rufino da Silva, Dr. Orientador - UFPB ____________________________ Profª Nadja Valéria Pinheiro, Ms. Examinadora – UFPB _______________________________ Prof. Jorge de Oliveira Gomes, Ms. Examinador - UFPB João Pessoa 2010 5 AGRADECIMENTOS A Deus todo poderoso que me deu capacidade física e intelectual para a elaboração e conclusão deste estudo, e pela oportunidade a mim concedida de poder adquirir um conhecimento tão importante não apenas para meu crescimento profissional quanto para minha evolução pessoal; A minha família por estar sempre presente em todas as conquistas da minha vida me incentivando quando assim é necessário; Ao meu noivo e melhor amigo Eric Caetano Alves, pelo incentivo, apoio e companheirismo e por estar sempre ao meu lado nos momentos que mais preciso sempre disposto a me auxiliar em todas às horas, minutos e segundos de minha vida; Aos meus grandes amigos Hermes de Oliveira Machado Filho e Alexandre Coutinho de Mello pelas dicas valiosíssimas e a pela preciosa contribuição que foram de fundamental importância para a elaboração, realização e conclusão deste estudo; A professora Ms. Nadja Valéria Pinheiro pelo incentivo dado na decisão de contemplar este tema me fazendo acreditar que este estudo era possível e importante não só para mim como para a academia; Ao professor Dr. Walmir Rufino da Silva por aceitar a orientação deste estudo e conduzir seu desenvolvimento com muita sabedoria e paciência; Ao professor Dr. Ulisses Umbelino pelas elucidações acerca dos procedimentos e cálculos estatísticos coerentes com o perfil desta obra; Aos funcionários da Coordenação e do Departamento do curso de Administração da Universidade Federal da Paraíba, respectivamente: Kelson Ribeiro César, Soraya Lopes e Mª das Graças Rodrigues, Mª do Socorro Medeiros e Francivaldo Nascimento pela preciosa contribuição na produção deste trabalho; Aos amigos conquistados ao longo de minha jornada acadêmica e a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a conclusão desta obra, em especial a turma 2004.2 por ter sido a melhor turma do mundo em todos os aspectos. Por ter me proporcionado grandes momentos, grandes amigos e por ter deixado uma saudade bem maior do que eu posso suportar. 6 “A ausência de motivação, o doloroso conformismo das pessoas, chega até ser incentivado em muitas circunstâncias e conseqüentemente denominado como virtude. Não estar motivado a seguir direção alguma pode ser mais confortável para os outros, mas nunca o é para o próprio indivíduo que por isso abdicou da alegria de estar vivo”. (Cecília Whitaker Bergamini) 7 RESUMO A motivação humana é um tema que tem grande destaque em nossa atualidade por se tratar de um assunto de interesse organizacional – em que as empresas cada vez mais buscam conciliar os interesses organizacionais aos interesses individuais a fim de convergirem para um fim comum – e acadêmico no tocante as várias pesquisas realizadas nas universidades cuja finalidade é desvendar a funcionalidade do comportamento humano. Neste contexto, o presente trabalho trata da motivação humana no contexto acadêmico com o intuito de estudar sua natureza entre o corpo discente do curso de graduação em administração da Universidade Federal da Paraíba – Campus I cujo propósito é compreender de que forma a escolha do curso é realizada, observando se os atuais alunos estão motivados com a atual estrutura física- pedagógica do curso e com o conteúdo curricular oferecido pela citada unidade acadêmica, objetivando entender as perspectivas dos atuais matriculados em relação ao curso de graduação em administração da Universidade Federal da Paraíba e a futura atuação profissional. Os dados obtidos neste estudo foram tratados sob a perspectiva quantitativa utilizando-se do dispositivo estatístico de distribuição amostral de proporções, permitindo o tratamento de variáveis não-numéricas através de cálculos percentuais o que possibilitou a análise dos resultados alcançados, chegando-se a conclusão que os alunos de graduação em administração não estão motivados com relação ao curso oferecido pela Universidade Federal da Paraíba – Campus I, uma vez que, dentre as variáveis propostas, apenas o conteúdo firmou-se como um fator motivador no corpo discente, não sendo possível existir motivação, pois não há equilíbrio entre os fatores motivacionais e os fatores higiênicos, condição fundamental para consolidar a motivação segundo a Teoria dos Dois Fatores de Herzberg. PALAVRAS-CHAVE: Motivação. Corpo discente. Curso de graduação em Administração. 8 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 MOTIVAÇÃO SEGUNDO O MODELO DE COMPORTAMENTO ............... 52 FIGURA 2 VISÃO BÁSICA DA TEORIA DA EXPECTATIVA ........................................54 FIGURA 3 A HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW ................................ 57 FIGURA 4 A HIERARQUIA DAS NECESSIDADES HUMANAS E OS MEIOS DE SATISFAÇÃO ................................................................................................................. 58 FIGURA 5 A TEORIA DOS DOIS FATORES DE HERZBERG......................................61 FIGURA 6 FATORES SATISFACIENTES E FATORES INSATISFACIENTES COMO DOIS CONTÍNUOS OPOSTOS........................................................................................61 FIGURA 7 RELAÇÃO DE EQUIDADE ......................................................................... 64 FIGURA 8 MODELO ERC DA MOTIVAÇÃO.................................................................72 9 LISTA DE GRÁFICOS CIDADE DE ORIGEM DOS RESPONDENTES .................................................... 86 GRÁFICO 2 ORIGEM DO ENSINO MÉDIO ................................................................. 89 GRÁFICO 3 FORMA DE INGRESSO NA UNIVERSIDADE ......................................... 90 GRÁFICO 4 REALIZAÇÃO DE CURSO PREPARATÓRIO PARA O VESTIBULAR .... 91 GRÁFICO 5 NÚMERO DE VEZES QUE SE SUBMETEU AO EXAME DE VESTIBULAR ............................................................................................................... 92 GRÁFICO 6 ESCOLHA DO CURSO NA REALIZAÇÃO DO PRIMEIRO VESTIBULAR .................................................................................................................. 93 GRÁFICO 7 FATORES DETERMINANTES NA ESCOLHA DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO .......................................................................................................... 94 GRÁFICO 8 MOTIVOS PARA A REALIZAÇÃO DE UM CURSO SUPERIOR ............... 97 GRÁFICO 9 RAZÕES PARA FAZER UM CURSO SUPERIOR .................................... 98 GRÁFICO 10 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO VS CARREIRA DESEJADA ..................... ........................................................................................................................................ 99 GRÁFICO 11 AVALIAÇÃO DOS ALUNOS NO TOCANTE A INFRA-ESTRUTURA DO CURSO .................................................................................................................. 100 GRÁFICO 12 ATUALIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS MINISTRADOS........................... 103 GRÁFICO 13 ÁREAS DE CONHECIMENTO COM ABORDAGEM DEFICITÁRIA ..... 104 GRÁFICO 14 CONHECIMENTO ERUDITO ALIADO À PRÁTICA ............................. 105 GRÁFICO 15 SATISFAÇÃO COM RELAÇÃO ÀS TÉCNICAS DE ENSINO ADOTADAS .................................................................................................................. 108 GRÁFICO 16 ESTÍMULO DOS ALUNOS PARA ASSISTIR AULA ............................. 109 GRÁFICO 17 MOTIVOS PARA DESISTIR DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ........ 110 GRÁFICO 18 SEGMENTOS QUE OS ALUNOS PRETENDEM ATUAR .................... 112 GRÁFICO 19 CONHECIMENTOS ASSIMILADOS VS SEGURANÇA PROFISSIONA113 GRÁFICO 20 INGRESSAR EM OUTRO CURSO APÓS CONCLUIR ADMINISTRAÇÃO ........................................................................................................ 114 GRÁFICO 1 10 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 QUANTIDADE DE ALUNOS CONSULTADOS POR TURNO E PERÍOD 77 QUADRO 2 GÊNÊRO DOS RESPONDENTES DA PESQUISA .................................. 80 QUADRO 3 FAIXA ETÁRIA DA AMOSTRA PESQUISADA ......................................... 81 QUADRO 4 ESTADO CIVIL DOS RESPONDENTES DA PESQUISA ......................... 82 QUADRO 5 RENDA FAMILIAR DOS PESQUISADOS ................................................ 83 QUADRO 6 INDICAÇÃO RELIGIOSA DA AMOSTRA ABORDADA............................. 85 QUADRO 7 PERÍODO ATUAL DOS ENTREVISTADOS ............................................. 87 QUADRO 8 ANO DE INGRESSO À UNIVERSIDADE ................................................. 88 QUADRO 9 ATIVIDADES REALIZADAS ANTES DE INICIAR O CURSO DE ADMINISTRAÇÃO .......................................................................................................... 95 QUADRO 10 FATORES GERADORES DE DESINTERESSE ................................... 102 QUADRO 11 METODOLOGIA ADEQUADA PARA AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTO . ................................................................................................................................ 106 QUADRO 12 ÁREAS QUE REPRESENTAM MAIOR INTERESSE NOS ALUNOS 116 QUADRO 13 ÁREAS QUE NÃO INTERESSAM TANTO AOS ALUNOS .................... 116 QUADRO 14 ÁREAS QUE INTERESSAM MENOS AOS ALUNOS ............................ 117 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 12 1.1 ÁREA TEMÁTICA E PROBLEMATIZAÇÃO ................................................. 14 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 18 1.3 OBJETIVOS DO ESTUDO ........................................................................... 20 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 21 2.1 ORIGENS DO PROCESSO EDUCACIONAL BRASILEIRO ........................ 21 2.2 ENSINO SECUNDÁRIO NO BRASIL ........................................................... 23 2.2.1 O Papel do Ensino Infantil e do Ensino Fundamental .......................... 23 2.2.2 Ensino Médio Brasileiro .......................................................................... 26 2.3 ENSINO SUPERIOR E A UNIVERSIDADE NO BRASIL .............................. 30 2.3.1 Antecedentes Históricos e Evolução ..................................................... 30 2.3.2 Curso de Administração.......................................................................... 34 2.3.3 Curso de Administração no Brasil ......................................................... 35 2.3.4 Curso de Administração na Paraíba....................................................... 37 2.3.4.1 Acesso e Disponibilidade de Vagas .................................................... 39 2.4 ENTENDENDO A MOTIVAÇÂO ................................................................... 41 2.5 TEORIAS MOTIVACIONAIS ......................................................................... 44 2.5.1 Modelo Tradicional ................................................................................... 44 2.5.2 Motivação segundo o Modelo das Relações Humanas ......................... 46 2.5.2.1 A Experiência de Hawthorne ................................................................ 48 2.5.3 Modelo do Comportamento ..................................................................... 51 2.5.4 Teoria da Expectativa ............................................................................... 53 2.5.5 Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow .............................. 56 2.5.6 Teoria dos Dois Fatores de Herzberg ..................................................... 60 2.5.7 Teoria da Equidade................................................................................... 63 2.5.8 Teoria das Necessidades Adquiridas de McClelland ............................ 66 2.5.9 Teoria ERG ................................................................................................ 70 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................ 74 3.1 NATUREZA DA PESQUISA ......................................................................... 74 3.2 MÉTODOS DE ABORDAGEM .................................................................... 74 3.3 MÉTODOS DE PROCEDIMENTO................................................................ 75 3.4 UNIVERSO DA PESQUISA .......................................................................... 75 3.5 AMOSTRA .................................................................................................... 76 3.6 INSTRUMENTO DE PESQUISA .................................................................. 77 3.7 COLETA DOS DADOS ................................................................................. 79 3.8 TRATAMENTO DOS DADOS ....................................................................... 79 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................. 80 4.1 PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA ..................................................... 80 4.2 PERCEPÇÃO DA MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UFPB – CAMPUS I ............................ 94 5 CONCLUSÕES ............................................................................................. 118 6 SUGESTÕES ................................................................................................ 123 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 124 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ...................................................................... 130 12 1 INTRODUÇÃO A questão da motivação humana é um assunto muito debatido e pesquisado dentro do âmbito acadêmico e organizacional, pois é através do estudo da motivação que as empresas encontram o ponto de equilíbrio entre objetivos empresariais e aspirações individuais dos seus funcionários, fazendo com que se crie um clima agradável em que ambos possam caminhar para um interesse comum (MARRAS, 2000). Na questão pessoal, é a motivação a válvula propulsora que vai determinar o nível de satisfação ou não satisfação que um indivíduo desenvolverá ao longo da execução de um trabalho, em relação ao cargo que ocupa, ao seu conteúdo e ao desenvolvimento de suas funções, determinando como este irá progredir naquilo em que se propôs a realizar e se estar feliz com a decisão que tomou (BERGAMINI, 2005). É a motivação que vai energizar, dirigir e impulsionar os esforços de uma pessoa, pois entendemos que todo comportamento é motivado, e uma pessoa altamente motivada desenvolverá os melhores desempenhos (BATEMAN E SNELL, 1998). Por possuir natureza complexa, e por contemplar uma ampla faixa de comportamentos, vários cientistas e estudiosos, de forma geral, se propuseram a estudar e avaliar este tema criando teorias que ajudassem a compreendê-lo melhor dentro de várias situações e perspectivas em que o mesmo encontra-se inserido, contemplando tanto a questão motivacional no viés organizacional quanto à questão da motivação pessoal. No presente estudo, abordaremos as teorias precursoras no estudo da motivação humana e seu contexto no âmbito organizacional como o modelo tradicional desenvolvido por Frederick Taylor e a motivação segundo o modelo das relações humanas difundida por Ellton Mayo e seus seguidores. Utilizaremos teorias consolidadas na área da ciência humanística com ênfase comportamental como à teoria do modelo de comportamento de fácil entendimento e ampla divulgação no meio intelectual, a moderna teoria da expectativa desenvolvida por Victor Vroom, a popular teoria da hierarquização das necessidades humanas proposta por Maslow, a teoria dos dois fatores, relacionando ambiente versus 13 conteúdo da função desenvolvida por Herzberg, a teoria da equidade elaborada por J. Stacy Adams contemplando as comparações sociais como fatores condicionantes de motivação, a teoria das necessidades socialmente adquiridas elaborada por McClelland, e por fim, a teoria ERG surgindo como uma releitura da teoria das necessidades de Maslow proposta por Clayton Aldefer. Todas as teorias serão estudadas a fim de fornecer uma ótica coerente e coesa a cerca do tema avaliado, proporcionando um entendimento claro e consistente das variáveis propostas, possuindo grande relevância prática-teórica por contemplar um tema atual, em uma universidade de grande prestígio local e um curso cuja popularidade é notável não só na região em que foi abordado, mas em todo Brasil. 14 1.1 ÁREA TEMÁTICA E PROBLEMATIZAÇÃO A problemática da educação no Brasil é uma questão de base, cujo reflexo é transparecido no ensino superior que se torna uma seqüência dos erros cometidos nos alicerces da estrutura. Observa Betto (2007), há quatro décadas à questão do ensino público brasileiro vem decrescendo, e o problema não é a quantidade de escolas públicas oferecidas à população, o foco é a qualidade do ensino público que deixa a desejar prejudicando os alunos das series básicas, tornando o acesso destes as universidades públicas deficitário. O duelo escola pública versus escola privada é notório e já faz parte de diversas pesquisas, algumas delas de cunho científico, em todo o Brasil. A maioria dessas pesquisas obtém como resultado um crescente aumento da participação de alunos advindos de escolas particulares, em detrimento dos alunos provenientes das escolas públicas. Em alguns casos, cursos concorridos e de grande status social como Medicina, por exemplo, ganham caráter mais elitista possuindo no seu quadro de alunos matriculados estudantes detentores de considerável renda familiar e que puderam freqüentar os melhores colégios da rede privada de sua região, o que não inviabiliza, mas torna difícil, o acesso de alunos que possuem condição financeira menos favorecida e que não tiveram ao seu dispor grande estrutura pedagógica, em geral, alunos oriundos da rede pública de ensino 1. Dentro dessa perspectiva e se enquadrando a atual situação educacional brasileira, o curso de administração segue a mesma linha. Segundo pesquisa realizada por Silva e Machado (2006), foi constatada em sua análise que entre os alunos matriculados no curso de graduação em administração nas instituições de ensino superior do estado da Paraíba, apenas 23,8% tinham cursado totalmente o ensino médio em escola pública, e que 53,8% desses alunos submeteram-se a cursos preparatórios para prestar vestibular, configurando uma necessidade de complementar, ou até mesmo aprender de forma satisfatória, o conteúdo ministrado em suas respectivas escolas e que deixou a desejar, ou não propiciou confiança suficiente, para que estes pudessem prestar vestibular sem recorrer ao _______________________________ 1 Dados do Relatório Socioeconômico da FUVEST ano 2009 respondido por 137388 candidatos, disponível em: <http://www.fuvest.br/scr/qasen.asp?anofuv=2009&fase=3&carr=0000000434&quest=07&tipo=1&grupo=1> <Acesso em: 05. Mar. 09> 15 uso desse dispositivo. Neste ínterim, o curso de Administração tem crescido vertiginosamente nos últimos anos em todo o país. Os dados do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - revelam que o curso de Administração está entre os maiores cursos em número de matrículas do Brasil possuindo 257.408 mil matriculados no ano de 1998, o que lhe rendia a segunda colocação no ranking nacional e a primeira no Nordeste com 25.773 mil alunos2. Recentemente, uma sinopse educacional publicada pelo mesmo órgão no ano de 2006 evidencia uma mudança significativa no número de matrículas, em oito anos o número de alunos cresceu para 654.109 mil matriculados tornando o curso de Administração o mais popular entre os universitários brasileiros3. Não diferente do restante do país, a Paraíba vem despertando um grande interesse na área das Ciências Sociais Aplicadas tendo como carro chefe das atenções o curso de Administração. Em todo o Estado existem 15 cursos de graduação em Administração com aproximadamente 13.015 matriculados4, 1.024 alunos desse total são da Universidade Federal da Paraíba 5 – Campus I, a qual se encontra como a melhor opção para o curso no Estado e uma das melhores do país recebendo conceito 4 do Enade no ano de 20066. Strong (1954 apud MATTIAZZI, 1974) tenta explicar tamanho interesse quando afirma que o interesse está presente quando estamos cientes do que vamos fazer. Interesse é uma resposta de gosto, apreciação por algo e este surge quando alguém encontra plena satisfação dos seus desejos. Para Strong a motivação está diretamente relacionada com o interesse a um determinado curso, e por sua vez o interesse motivado resulta na aprendizagem, quando este não existe e o indivíduo não possui suas necessidades realizadas ou quando determinado objeto não correspondem às suas expectativas, este entra em estado de não-gosto. Outro fato que poderia explicar tamanha expansão do curso surge com a ___________________________ 2 Dados fornecidos por <http://www.inep.gov.br/superior/censosuperior/evolucao/evolucao.htm> <Acesso: 12. Nov.08> 3 Dados retirados do site <http://www.inep.gov.br/superior/censosuperior/sinopse/> <Acesso em: 12. Nov.08> 4 Dados fornecidos por Conselho Regional de Administração – Paraíba <Acesso em: 11.Fev.09> 5 Informações obtidas na Coordenação de Administração em: 02. Fev.09 6 ENADE: Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Dados retirados do site do MEC <http://enade2005.inep.gov.br/novo/Site/?c=CUniversidade&m=mostrar_lista_area > <Acesso em: 12. Nov.08> 16 teoria desenvolvida por Bordin (1969 apud MATTIAZZI, 1974) que identifica o interesse por um determinado curso com a relação de status social, laço emocional entre pai e filho ou por se tratar de uma ocupação tradicional na família. Dessa forma, o que direciona a orientação das escolhas profissionais dos indivíduos são influências familiares, são elas que desenvolverão as aptidões para determinada área de conhecimento ou curso específico. Independente da razão pelas quais os estudantes de administração são levados a escolha do curso que se encontram, seja pelo interesse individual despertado pelas próprias convicções ou por status social, tradição familiar ou qualquer outra vertente de influência, tanto Strong quanto Bordin concordam ao afirmar que o indivíduo só desenvolverá completa satisfação profissional obtendo êxito social se o curso que este escolheu satisfizer seus valores, utilizar suas aptidões explorando sua capacidade intelectual de realização e corresponder as expectativas projetadas. Segundo Super (1967) a satisfação resulta do uso recompensado das habilidades, reunindo as necessidades numa direção aprovada, os interesses são aceitos e a realização social dos valores canaliza recursos pessoais. O resultado é uma pessoa integrada, bem qualificada e segura para desenvolver as tarefas a que se propôs. O indivíduo, Marras (2000) define, resolve o que fazer mediante os níveis de expectativas que ele possui em relação à recompensa, ao o que ele receberá em troca, ou seja, são as esperanças fundadas em supostos direitos, probabilidades ou promessas, Ferreira (2000), que motivam a escolha de uma determinada profissão. Pelletier (1982) vai mais além e atribui a escolha profissional à estrutura social como elemento mais importante, pois ao mesmo tempo em que condiciona o desenvolvimento do indivíduo a fazer uma escolha também determina as condições sócio-econômicas que norteará tal seleção. Logo, em período de grande prosperidade econômica o indivíduo pode desenvolver certas aspirações profissionais e ter orientado seus esforços com intuito de satisfazer tais aspirações, mas com um declínio de seu padrão de vida suas condições sócioeconômicas podem não oferecer as condições necessárias de ingresso ou correto desenvolvimento no curso almejado, exigindo desse uma tomada de decisão alternativa podendo não corresponder às habilidades inerentes ao indivíduo ou as 17 suas próprias convicções. A classe social, as condições climáticas e geográficas, a organização industrial e a cultura social também influenciam no comportamento vocacional, e são responsáveis pelo interesse e conseqüente escolha pela área de conhecimento e curso selecionado. Outros fatores também são atribuídos à realização da escolha profissional e são relacionados a uma futura satisfação ou não com esta. De acordo com Revista Veja (2003), muitos jovens ao analisar o curso ao qual pretendem prestar vestibular se valem de questões que, em geral, não contribuem efetivamente para a consolidação profissional e satisfação dos mesmos em relação a sua escolha, tais como cursos que oferecem maior facilidade de ingresso acadêmico ou cursos que estão na moda, ou seja, com ampla divulgação nos meios de comunicações. No geral, indivíduos guiados por essa lógica tendem a se frustrar não obtendo o desempenho desejado. No tocante ao curso de administração, Silva e Machado (2006) afirma que tanto nas universidades públicas quanto nas particulares, há um elevado percentual de alunos que foram frustrados em seu primeiro vestibular para outros cursos, migrando, posteriormente, para o curso de administração, totalizando cerca de 40,5% dos alunos da rede pública de ensino superior e 47,1% da rede privada. Em linhas gerais, os atuais alunos do curso de administração em ambas as instituições de ensino que não optaram por esse curso no primeiro vestibular, preferiam outra área de conhecimento, e aqueles que fugiram dessa perspectiva tinham o curso de direito como primeira opção. Nesse contexto, abdicar do que se deseja é tarefa difícil, seguir aquilo que não foi planejado é um papel muito pior. Dificilmente um profissional, seja qual for a área de atuação, terá sucesso em uma carreira que já fora inicia com um fracasso, e manter-se motivado em busca daquilo que não se quer é impossível. Bergamini (2005) afirma que a motivação é um sintoma essencial da vida psíquica que se movimenta em busca de algo, e jamais poderíamos descrever um ser humano em toda sua abrangência e significado abjurando tal aspecto ao esquecimento. Marras (2000, p. 34) contribui ao determinar que “a motivação é a força motriz que alavanca as pessoas a buscarem satisfação” e sem este ultimo elemento os indivíduos estão isentos da auto-realização. 18 Diante do exposto surge a seguinte questão: Os alunos de graduação em Administração encontram-se motivados em relação ao curso oferecido pela Universidade Federal da Paraíba? 1.2 JUSTIFICATIVA A motivação é um elemento fundamental para o desempenho de uma determinada função, concentrando as atenções de vários cientistas e estudiosos do mundo inteiro. Para Coradi (1985), a constante preocupação com o aperfeiçoamento das atividades relativas aos negócios e sua ânsia por melhorias é a mola propulsora da contínua busca por eficiência e em muitos casos, é o estudo da motivação que possibilitará a conclusão desse objetivo, entretanto, nos últimos anos, esse tema tem despertado interesse não apenas dos sistemas organizacionais como também de cooperativas, organizações religiosas, entre outros, com intuito de melhorar a atuação do ser humano quando ele está inserido em uma organização. Birch e Veroff (1970 apud BERGAMINI, 2005), tratam do assunto explicando que o estudo da motivação é uma minuciosa procura por explicações de um dos mais complexos mistérios da existência humana – suas próprias ações. Bergamini (2005, p. 109) avalia a necessidade do estudo da motivação revelando: A ausência de motivação, o doloroso conformismo das pessoas, chega até ser incentivado em muitas circunstâncias e conseqüentemente denominado como virtude. Não estar motivado a seguir direção alguma pode ser mais confortável para os outros, mas nunca o é para o próprio indivíduo que por isso abdicou da alegria de estar vivo. Ciente da importância que este assunto implica na vida de todos os indivíduos que estão inseridos na sociedade, este estudo tenciona avaliar a motivação dos alunos do curso de graduação em administração da Universidade Federal da Paraíba, apresentando uma relação entre os fatores motivacionais determinados e o grau de satisfação obtido pelo corpo discente. Com isso, pretende-se obter um quadro geral que possa fornecer um feedback ao departamento do referido curso a respeito do universo pesquisado e seus supostos dados, podendo, dessa forma, propiciar informações que possam traçar 19 novas diretrizes de aprendizagem, apontando os êxitos e os eventuais fracassos na temática do ensino. Para tanto, foram utilizadas informações coletadas no próprio âmbito acadêmico, a respeito de dados concedidos tanto pela coordenação do curso quanto por todos os outros setores competentes, que contribuíram de forma efetiva para a realização desse trabalho e para a pesquisa de caráter empírico que este contempla, viabilizando, dessa maneira, a concretização e a utilização dos resultados apresentados de forma otimizada, já que este estudo trata-se de uma pesquisa pioneira no campo de projeto de conclusão de curso e muito tem a contribuir para a distinção e o eventual progresso do mencionado curso a nossa instituição. Quanto à viabilidade, o referido projeto torna-se viável pela facilidade de acesso aos dados, visto que, o pesquisador faz parte do corpo discente da unidade superior em questão, está em contato diário tanto com os setores de interesse para a pesquisa quanto com os indivíduos que comporam a amostra que fora submetida à coleta dos dados, possuindo grande disponibilidade de tempo e baixo custo de execução, pois o treinamento para a realização da pesquisa ocorreu com apenas dois participantes que já tinham experiência com pesquisas de cunho acadêmico e grau de instrução compatível com a realização das atividades que foram desenvolvidas, e, por ser um tema popular na academia, tem a disposição uma vasta e variada literatura, suficiente, portanto, para analisar as variáveis propostas. Além da viabilidade, o presente estudo fez-se necessário a partir da percepção de insatisfação de alguns alunos pertencentes à turma 2004.2 com relação à conjuntura pedagógica e estrutural oferecida pelo curso, fenômeno presente e percebido, pelo pesquisador, em outros alunos do referente curso pertencentes a outras turmas e períodos, fato esse que instigou a abordagem do tema e a formulação das questões abordadas na presente pesquisa. Trata-se também de um estudo oportuno no que tange a possibilidade de fornecer informações que venham a contribuir com o projeto político pedagógico que concerne à atualização da grade curricular oferecida pelo curso bem como auxiliar os eventos acadêmicos voltados para os alunos de administração, tais como a 20 semana acadêmica de administração, que poderão usufruir os dados aqui deliberados familiarizando-se melhor com o público alvo ao qual se destina. 1.3 OBJETIVOS DO ESTUDO A presente pesquisa tem como objetivo geral, apresentar os fatores de motivação dos alunos do curso de graduação em administração da Universidade Federal da Paraíba – Campus I. Para atingir esse objetivo central, fez-se necessário a elaboração dos seguintes objetivos específicos: a) descrever o curso de graduação em administração oferecido pela Universidade Federal da Paraíba; b) verificar se a estrutura física e pedagógica oferecida pelo curso são fatores motivacionais; c) identificar se o conteúdo ministrado no curso é gerador de motivação no corpo discente; d) oferecer sugestões de melhorias para as eventuais falhas a fim de promover uma aprendizagem satisfatória. 21 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 ORIGENS DO PROCESSO EDUCACIONAL BRASILEIRO A difusão da educação no Brasil tem laços sociais e culturais fortes e indispensáveis a sua validação, entendimento e consolidação quanto cultura ou sistema. Os jesuítas tiveram esse papel social e foram os responsáveis pela criação dos primeiros colégios e formação dos letrados frente à colonização portuguesa. No século XVI foram desenvolvidos os colégios jesuítas em terras brasileiras. Paiva (2007) determina que tanto os colégios quanto as universidades, nesse tempo, eram destinados a poucos. As diferenças sociais eram marcadas não unicamente pelo poder, mas também pelo grau de instrução, pela diferença intelectual proporcionada pela freqüência escolar na época. Segundo sua pesquisa, a escola, à luz da colonização de Portugal, no Brasil, foi um precioso agente na organização social e na estruturação da ordem e cultura portuguesa. Inicialmente, o colégio tinha a função de ensinar a ler, escrever, contar e cantar e fora destinado a catequização dos índios e preparação de novos missionários. No entanto, a necessidade de subjugar os habitantes do “novo mundo” à cultura portuguesa admitindo-a como superior e verdade absoluta se fez primordial, e não tardou para que o acesso as letras fosse destinado aos filhos dos principais – filhos de portugueses nascidos no Brasil também considerado portugueses. A estes era designado à manutenção do sistema cultural e a ocupação de cargos públicos que possibilitariam a reprodução da sociedade. As letras deviam significar adesão plena à cultura portuguesa. Pertencem à corte como eixo social... Trata-se de uma atitude cultural de profundas raízes: pelas letras se confirma à organização da sociedade. Essa mesma organização vai determinar os graus de acesso às letras, a uns mais, a outros menos (PAIVA, 2007, p.43-44). A escolarização brasileira inicia-se excluindo negros e índios – pois diante da possibilidade de afirmação cultural e social através da escolarização, a catequese indígena fora considerada pelos jesuítas desnecessária – voltando-se para as classes sociais mais abastadas cujo intuito era privilegiar os descendentes 22 de europeus que possuíam títulos nobres e grande prestígio social. A religião teocêntrica e a adoração ao d’El rei eram os parâmetros utilizados para nortear o ensino e a manutenção das letras, e cabia aos letrados resguardar a pureza da cultura e vigiá-la em seu curso de aceitação e transformação social. Hansen (2007) relata outro fato que torna a educação em tempos coloniais um instrumento de extrema importância que se dá pelo ato de justificação da conduta dos colonizadores em relação aos povos que já habitavam essas terras, configurando uma incoerência entre discurso – disciplinas e comportamentos assimilados dentro das escolas – e a prática. A colonização portuguesa foi marcada por numerosos e sangrentos combates contra nativos que se apresentavam em grupos infinitamente maiores, tentando resistir à submissão e a escravização deliberada por Portugal. Diferentemente do cotidiano português, aqueles que se encontravam em território colonial viviam em estado de guerra, podendo ser surpreendidos com uma nova batalha a qualquer momento. Milhares de índios eram massacrados em duelos desfavoráveis em que uma vitória ao seu favor tratava-se de um fato surreal. Eis que com todos esses conflitos armados e com a realidade adversa atribuiu-se ao colégio uma importante função: Daí a importância dos letrados e canonistas: eles jogavam os argumentos e recompunham a ação em termos de validade, segundo os princípios. Daí, indiscutivelmente a importância do colégio. O colégio plasmava o estudante para desempenhar, no futuro, o papel de vigilante cultural, de forma que a prática, mesmo desviante, pudesse ser recuperada (HANSEN, 2007, p.49). Compreende-se, portanto, que a educação no Brasil inicia-se de maneira atípica dos demais sistemas educacionais no mundo. Em sua primeira fase destina-se a questão religiosa com a catequese de índios e formação de missionários. Posteriormente, é entendida ora como agente de consolidação ora como agente de conformação da imposição cultural portuguesa, justificando, com argumentos bem elaborados, as atrocidades cometidas pelos colonizadores, legitimando-se como identidade cultural. São esses os elementos do nosso passado colonizador que, arraigados a nossa cultura, vão formular os parâmetros necessários para o desenvolvimento do sistema educacional brasileiro que ainda hoje encontra nas ações seculares fragmentos norteadores para a aplicação e expansão da escolarização como um todo, dentro dos três níveis educacionais existentes. 23 2.2 ENSINO SECUNDÁRIO NO BRASIL Iniciada pelos jesuítas entende-se por ensino secundário, segundo o MEC – Ministério da Educação e Cultura, um nível de conhecimentos básicos que corresponde a um conjunto específico de anos de escolaridade. No caso brasileiro, o ensino secundário encontra-se disposto em 14 anos de educação básica, abrangendo a educação infantil, ensino fundamental e o ensino médio. A educação básica possui suas diretrizes norteadoras apoiadas em quatro documentos principais: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, o Plano Nacional de Educação (PNE) e a Constituição da República Federativa do Brasil 7. De acordo com o artigo 22 da LDB, a educação básica tem por finalidade “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Ramos (2003) analisa esta ultima finalidade firmada pela LDB atribuindo seu desenvolvimento ao ensino médio, visto que, entre as suas finalidades específicas incorpora-se a preparação básica destinada ao trabalho e a cidadania do educando, que serão desenvolvidas por um currículo que englobará uma educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes, do processo histórico de transformação da sociedade e da cultura e a língua portuguesa como instrumento de comunicação, de acessibilidade ao conhecimento e ao exercício da cidadania. O ensino médio é, portanto, uma das etapas mais importantes da conjuntura da educação básica, pois dar suporte pedagógico para o educando ingressar no mercado de trabalho, criando a possibilidade do mesmo ser admitido em um curso superior. 2.2.1 O Papel do Ensino Infantil e do Ensino Fundamental A Constituição Federal de 1988 determina a educação como direito de todos e dever do Estado, e declara como princípios do ensino não só a igualdade ______________________________ 7 Dados disponíveis em: <www.portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=293&Itemid=358 > <Acesso em: 20. Mar.09> 24 de condições de acesso e permanência, mas a correspondente obrigação de oferta de uma escola com um padrão de qualidade, que propicie a todos os brasileiros e brasileiras – independente da classe social região geográfica do país, raça, sexo, ou etnia – freqüentar uma escola com boas condições de funcionamento e de competência educacional, em termos de pessoal, material, recursos financeiros e projeto pedagógico, permitindo identificar e reivindicar a escola de qualidade comum de direito de todos os cidadãos. Como conseqüência, a gratuidade do ensino nas instituições oficiais deve ser assimilada não só como a matrícula potencial, no caráter quantitativo, a vaga em alguma escola – mas deve representar o oferecimento das condições plenas que torne possível a todos os alunos a sua freqüência regular à escola, exigindo por parte das esferas públicas – pela desigualdade social extrema e incólume no país – recursos materiais e financeiros compensatórios, colocados à disposição para que a igualdade seja estabelecida e a permanência dos mais pobres e marginalizados seja possível, com as mínimas condições de igualdade pedagógica e social. Dessa forma, a prioridade do ensino infantil e fundamental no país, é fornecer ao aluno acesso adequado à base comum nacional e a parte diversificada, incluindo as características regionais, culturais e econômicas da sociedade, bem como o cotidiano do aluno (ARELALO, 2005). Entretanto, segundo pesquisas desenvolvidas pela referida autora, a problemática da educação básica brasileira, partindo da análise referente ao ensino fundamental, inicia-se pelas desigualdades regionais e entre classes existentes no país que impossibilitam um ensino uniforme que desenvolva de forma satisfatória as potencialidades individuais dos educandos. A realidade da educação fundamental brasileira e o histórico elitista que a sustenta é melhor visualizada na síntese de educação básica, o educacenso, realizado pelo Ministério da Educação e Cultura que divulgou dados relativos ao ano de 2008 8, a saber: O Brasil tem um total de 53 milhões de alunos matriculados na educação básica, cerca de 21 milhões desse total de matriculas pertencem à região Norte e Nordeste, sendo a região Sudeste a maior concentradora de alunos matriculados totalizando 20 milhões de matrículas. 25 No âmbito da educação infantil, o país possui em sua totalidade cerca de 6 milhões de crianças matriculadas. Desse total, pouco mais de 2 milhões das matriculas estão distribuídas nas regiões Norte e Nordeste, as regiões Sul e Sudeste lideram o ranking das matriculas ficando a maior parcela dos investimentos nessa região, somando 3 milhões de alunos matriculados, cabendo ao CentroOeste pouco mais que 387 mil matrículas. No que tange o ensino fundamental, o Brasil possui 32 milhões de matriculas, cabendo as regiões Norte e Nordeste 13 milhões desse total, à região Sul e Sudeste cabe o somatório de 16 milhões de alunos matriculados. As regiões Norte e Nordeste aparecem como as regiões menos desenvolvidas não apenas no quesito ensino fundamental, mas na questão ensino básico. Juntas totalizam 16 estados que partilham os menores investimentos na educação elementar, tornando-se evidente o abismo do desenvolvimento educacional regional do país. Além da distribuição desigual de vagas para o ensino básico brasileiro entre suas regiões, vale ressaltar, que do total de vagas pertencentes ao ensino básico, 88% dos alunos devidamente matriculados estão cursando o ensino básico na rede pública de ensino, sendo, portanto, o poder público o maior regulador e financiador das séries básicas, cabendo a iniciativa privada 12% do total dos alunos matriculados8. Entretanto, segundo a avaliação dos especialistas em educação, a exemplo de Ramos, Arelalo e Nascimento, apesar da pequena parcela pertencente ao ensino privado, este é o segmento que possui a melhor infra-estrutura física e pedagógica, propiciando aos alunos que dispõe de recurso financeiro apropriado, melhores condições de aprendizado, aumentando ainda mais a desigualdade educacional no tocante a distribuição de riquezas e a formação de classes do país. Vale ressaltar, que desse total de alunos alocados no setor público, menos da metade concluirá o 9º ano sem nenhuma desistência ou reprovação, em 2003, apenas 34,2% do total dos alunos ____________________________ 8 Todos os dados das páginas 17 e 18 referentes ao Censo Escolar 2008, ou educacenso, estão disponíveis no site do MEC: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/educacenso_2008.pdf > < Acesso em: 20. Jan. 09> 26 que ingressaram no ensino básico público em todo o Brasil, concluíram o ensino fundamental9. Paralelo ao ensino fundamental, o ensino médio segue um itinerário semelhante, caracterizado pelo dualismo educacional e pela desigualdade social. 2.2.2 Ensino Médio Brasileiro Historicamente, o ensino médio no Brasil caracteriza-se pela dualidade estrutural, que determina políticas educacionais diferenciadas destinadas as camadas sociais distintas, estabelecida pela divisão social do trabalho, que classifica e distribui os homens segundo suas funções intelectuais, sua origem de classe, escolas de currículo e conteúdos diferentes (NASCIMENTO, 2007). Segundo o mencionado autor, as políticas educacionais adotadas pelo Brasil para o ensino médio não conseguem avançar rumo a uma unitariedade do ensino. O duelo entre um ensino propedêutico – ensino mais abrangente destinado ao vestibular – e o ensino profissional – voltado para o mercado de trabalho, criado com a finalidade de suprir a demanda por formação escolar proveniente do acelerado processo de industrialização e urbanização brasileiro, e que por muitos anos, fora destinado as camadas mais pobres da sociedade – se perpetuam com o passar dos anos exigindo que o país adote, de acordo com um determinado período de tempo, posturas diferentes com relação ao ensino médio impondo ao mesmo várias reformas ao longo das décadas. Outro ponto importante com relação a este nível educacional reside nas inúmeras críticas e frustrações no tocante a qualidade do ensino, as condições físicas das escolas, ao desinteresse dos alunos e a insatisfação dos professores do ensino médio brasileiro. Um diagnóstico atual do ensino médio no Brasil foi divulgado em uma pesquisa desenvolvida pela UNESCO10, coordenada por Abramovay e Castro, realizada com 50.740 alunos e 7.020 professores em 13 capitais brasileiras, e aponta a seguinte situação: ______________________________ 9 ARELALO, Lisete Regina Gomes O ensino fundamental no Brasil: avanços, perplexidades e tendências p.1042. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v26n92/v26n92a15.pdf> <Acesso em: 15. Jan. 09> 27 A idade média dos alunos é de 19 anos, sendo que mais de 50% tendem a se concentrar na faixa entre 16 a 17 anos, nas 13 cidades focalizadas. Em oito mais velhos concentram-se no período noturno. Em oito capitais, mais de 20% dos alunos têm 20 anos de idade ou mais. Os alunos mais velhos concentram-se no turno noturno. Mais da metade dos alunos de ensino médio não tem acesso a computador em suas residências. A exclusão digital é mais perversa para os alunos de escola pública. Na maioria das capitais, enquanto mais de 60% dos alunos das escolas privadas declaram ter computador, nas escolas públicas a tendência é que apenas 20% tenham. Em muitas cidades chega a mais de 40% a proporção de professores que não têm computadores em suas residências, tendendo estes a estarem mais representados nas escolas públicas. Em muitas cidades, particularmente em escolas públicas, os professores não usam computadores na escola (cerca de 30% dos casos), variando conforme as capitais pesquisadas o estado de exclusão digital entre 16,9% em Curitiba a 62,1% em Goiânia. A maioria dos professores pesquisados tem como formação a licenciatura (cerca de 60%). Aproximadamente um terço deles possui pós-graduação ou mestrado, em particular nas capitais do Sul e do Sudeste. Os dados mostram ainda que existam professores que concluíram apenas o segundo grau exercendo o magistério. Na maioria das cidades os professores se declaram insatisfeitos com a renda obtida com o seu trabalho no magistério (entre 76,9% em Maceió a 58,6% em Rio Branco). Os índices de insatisfação são bem mais altos entre os professores das escolas públicas, ainda que também nas particulares a tendência seja a mesma. Os alunos, quando solicitados a indicar os dois principais objetivos do ensino médio, marcaram com maior freqüência a opção "preparar para o curso superior (vestibular)", é a opção que se 28 concentra mais da metade das respostas quer nas escolas públicas quer nas escolas privadas. A busca de um futuro melhor foi a segunda opção mais marcada pelos alunos quando questionados sobre os dois principais objetivos do ensino médio - quase metade deles na maioria das capitais. Os professores que admitem não dominar a informática são mais comuns nas redes públicas de ensino. As porcentagens de docentes pesquisados que admitem não dominar a informática, a depender da capital, variam de 24,6% a 7,2% nas escolas públicas e 7,7% a 1,2% nas escolas privadas. Segundo a indicação dos alunos os laboratórios são pouco usados como recurso pedagógico. Na rede pública, essa indicação varia de 92% a 89,9%. Nas escolas privadas, as proporções diminuem em todas as capitais, mostrando que os alunos dessas escolas têm mais acesso aos laboratórios, contudo não usufruindo uma situação ideal, pois entre esses a indicação de não utilização varia, de acordo com a capital, entre 86,3% a 9,1%. Sobre os espaços para a prática de atividades desportivas, entre 73% e 35,7% dos alunos de escolas públicas, de acordo com a capital, indicam que faltam esses espaços na escola. Entre os alunos de escolas privadas, mais de 2/5 dos alunos indicam falta de espaço para atividades esportivas. Observa-se que mais de 2/5 dos alunos indicam não aprender artes ou manifestações artísticas e culturais. É interessante observar que, geralmente, são os alunos das escolas públicas das capitais pesquisadas os que declaram, com mais freqüência, não ter acesso a esse tipo atividade na escola. Tanto para os alunos quanto para os professores, os três principais problemas da escola são em ordem decrescente: alunos desinteressados, alunos indisciplinados e falta de espaços. O aluno valoriza o aprendizado, mas acha que o que aprende na escola é insuficiente. O grau de insatisfação é maior na pública. 29 Diante dos dados expostos, fica clara a dicotomia existente no ensino médio entre escola pública e escola privada, uma tendência presente desde a educação infantil. É evidente que os mais penalizados nesta estrutura arcaica de ensino básico são os alunos advindos das escolas públicas, que muito tem que se esforçar para ingressar em uma universidade pública, já que a mesma está cada vez mais elitista, destinando o ensino público que deveria ser voltado em sua maioria à sociedade como um todo, para as classes mais abastadas do país representadas pelos alunos das escolas da rede privada de ensino11. A educação básica realizada de forma inapropriada priva da sociedade aqueles que não dispuseram de recursos e oportunidades suficientes que proporcionassem o adequado crescimento pessoal, intelectual e profissional do individuo, que, dessa maneira, é colocado à margem da sociedade sem que possa desfrutar dos benefícios gerados por uma instrução adequada, bem como de cursos de capacitação, e cursos de nível superior que possam agregar valor ao indivíduo. O desenvolvimento da educação brasileira inicia-se excludente em sua base e perpetua-se inalterado até o ensino superior, excluindo os menos abastados dos campis das universidades. ______________________________ 10 Pesquisa realizada em parceria UNESCO/MEC desenvolvida em 13 capitais brasileiras, a listar: Rio Branco, Macapá, Belém, Teresina, Maceió, Salvador, Cuiabá, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Coordenada por Miriam Abramovay e Mary Garcia Castro, divulgada em 29 de Abril de 2003. Disponível em: <http://www.brasilia.unesco.org/noticias/revista_ant/noticias2003/ensino_medio_final> <Acesso em 20. Mar. 09> 11 Dados retirados do relatório socioeconômico da FUVEST o qual estabelece que 29,3% das vagas das universidades públicas que fazem parte de seu complexo universitário são ocupadas pelos alunos oriundos da rede pública de ensino, enquanto 65,5% são preenchidas pelos alunos que concluíram o ensino médio na rede privada de ensino médio. Disponível em: < http://www.fuvest.br ><Acesso em: 05. Mar. 09> 30 2.3 2.3.1 ENSINO SUPERIOR E A UNIVERSIDADE NO BRASIL Antecedentes Históricos e Evolução O ensino superior no Brasil sofreu grandes obstáculos na sua implantação e várias modificações no seu curso histórico. Cunha (2007) admite que diferentemente da Espanha, Portugal não só desincentivo a criação de universidades nas colônias como as proibiu. A metrópole concedia apenas bolsas para que os filhos dos colonos fossem estudar na universidade de Coimbra. Permitiam que os colégios jesuítas oferecessem somente o ensino secundário e alguns poucos cursos de formação superior tais como Filosofia e Teologia. Tal intransigência justifica-se por dois motivos: ausência de recursos docentes suficientes para deslocar-se para a colônia sem comprometer o ensino nas universidades metropolitanas, visto que, na época, Portugal dispunha de uma única universidade de grande porte, a de Coimbra, e tal fato o colocava em posição desvantajosa com relação ao quesito educação entre os demais países europeus. Outro fato que contribuiu para a tardia reação brasileira em adesão ao desenvolvimento do ensino superior reside, já no século XVIII, da possível influência do ideário iluminista. Portugal temia que os futuros universitários brasileiros fossem “contaminados” com as idéias de liberdade proferidas por tal revolução ideológica e com isso eclodissem movimentos independentistas no país. Com o modelo educacional imposto por Portugal, o Brasil sofreu grande atraso no desenvolvimento do sistema universitário em relação às colônias espanholas. Somente depois de três séculos da chegada dos portugueses, nosso país, no então século XIX ao fim do período colonial, engatinhava para uma tardia refundação do ensino superior que só foi possível com a transferência da sede do poder metropolitano à colônia em razão das invasões napoleônicas que, juntamente com a Inglaterra, França e Alemanha, influenciaram a política educacional no ensino superior brasileiro. Segundo o estudo feito pelo mencionado autor, as universidades desenvolveram-se pela multiplicação das cátedras – unidades isoladas de ensino superior, todas de cunho estritamente estatal, cujo objetivo era a formação 31 profissional. Inicialmente, foram oferecidos os cursos de Medicina, Direito e Engenharia que juntos formariam a tríade que dominaria por longas décadas o panorama da educação superior no país. É importante ressaltar que fora durante o período imperial (1822-1889), que o ensino superior ganhou notoriedade somando-se as cátedras outros cursos, constituindo as academias ou escolas superiores. O acesso era destinado a todos, porém, cedendo às pressões das elites regionais, passa a existir uma facilitação no ingresso dos candidatos pertencentes às classes sociais que dominavam o cenário econômico na época, e estes passaram a burlar os exames preparatórios que tinham a função de selecioná-los, tais como filhos de donos de engenhos, filhos de mineradores, dentre outros segmentos privilegiados. No século XX a necessidade de ingressar no ensino superior contagia a sociedade brasileira. Os latifundiários queriam ter filhos bacharéis, os intitulados “doutores”, não objetivando tão somente oferecer aos filhos uma educação adequada que lhes conferissem bom desempenho na profissão desejada, pretendia-se também ingressá-los nas atividades políticas, somar a família prestígio social preparando-os para as possíveis intempéries econômicas e sociais que poderiam afligi-los. A população menos abastada, como os trabalhadores urbanos e colonos estrangeiros, viam na escolarização dos filhos uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida. Daí surge uma procura desenfreada pelos cursos de nível superior. Além desses fatos, Faria Filho (2007) também atribui outras características que, durante as primeiras décadas do regime republicano, foram fundamentais para o surgimento de tamanha demanda, a listar: Acesso facilitado devido às mudanças nos processos de admissão e a multiplicação das faculdades impulsionada pelas transformações econômicas e institucionais e pela luta, de caráter ideológico, dos liberais e positivistas pelo “ensino livre”, combatendo os privilégios concedidos a diplomas escolares que ofereciam livre ingresso ao ensino superior, isentando seus portadores dos exames preparatórios. Entretanto, o curso de transformação que a educação superior tomara não tardaria a ser contido, pois tais diplomas fornecidos em quantidade ilimitada dariam plenas condições para que os cargos detentores de maior prestígio, 32 remuneração e poder fossem ocupados indiscriminadamente, banalizando a importância e o título que o ensino superior concedia. Os diplomas das escolas superiores tendiam a perder a raridade e, em conseqüência, deixavam de ser instrumento de discriminação social eficaz e aceito como legítimo. Além do mais, o imediatismo na busca dos diplomas escolares, principalmente do grau superior, comprometia a função de formar os intelectuais das classes dominantes mais necessitados deles que nunca... (CUNHA, 2007, p. 159). Dessa forma, algumas dificuldades foram impostas para que a ideologia do bacharelismo não fosse banalizada e o caráter seletivo/discriminatório do processo de avaliação foi intensificado com a adoção das seguintes medidas: Desoficializar e conter a “invasão” do ensino superior por candidatos não habilitados; Emancipar as escolas superiores existentes conferindo-lhes o título e condição de corporações autônomas cuja autonomia financeira era incentivada pela criação de taxas cobradas para a submissão dos candidatos aos exames de admissão, matrícula, curso, biblioteca e certificado de conclusão; Abolir os privilégios dos diplomas acadêmicos concedido a algumas instituições a exemplo do Colégio Pedro II; Criação de projetos de lei visando transferir os estabelecimentos de ensino superior aos governos estaduais e as organizações da iniciativa privada; Instituir os exames de admissão, rebatizados de exames vestibulares, para selecionar os candidatos às vagas destinadas ao ensino superior; Exigir dos aprovados nos exames vestibulares o certificado de conclusão do então ginásio, só permitindo sua matrícula no ensino superior mediante a apresentação obrigatória deste; Adotar o critério de numerus clausus que fixa o número máximo de vagas oferecidas por curso a cada ano; Priorizar a matrícula dos candidatos segundo a ordem de classificação até completar o número de vagas destinado ao curso escolhido. 33 O intuito dessa ultima medida era descongestionar os cursos mais solicitados, Medicina, Direito e Engenharia, obrigando os candidatos que não conseguiram aprovação no curso desejado migrar para outros menos procurados em que havia ampla disposição de vagas não preenchidas. Observa-se desde então, uma tendência acadêmica, incentivada pelo governo federal, baseada na conveniência de ingressar no ensino superior não no curso almejado, mas no curso possível, analisando o número de vagas, concorrência e facilidade de aprovação, critérios que ainda são utilizados por vários candidatos na sociedade atual. O objetivo do governo federal era manter o número mínimo de alunos matriculados em todos os cursos oferecidos, garantindo sua existência e manutenção. Observa-se, no entanto, que apesar de um tímido avanço no que tange a educação superior percebido desde o período colonial, imperial até a república, o Brasil, apesar dos esforços, não possuía uma instituição superior com status de universidade. Até o momento, eram as escolas superiores, batizadas posteriormente de faculdades, que dominavam o cenário acadêmico. Podemos considerar Cunha (2007), que a grande reação veio em 1909 com a criação, proporcionada no auge do ciclo da borracha pelos investimentos de grupos privados, da Universidade de Manaus, no estado do Amazonas, a primeira do país. Todavia, dezessete anos após sua fundação chegaria à extinção, declinando ao mesmo tempo em que a exploração da borracha se findava na região. Outras duas universidades também foram criadas fruto dos investimentos do capital privado, a Universidade de São Paulo e a Universidade do Paraná, ambas dissolvidas com menos de uma década de funcionamento. Segundo o levantamento histórico realizado pelo referido autor, a primeira instituição de ensino superior que se consolidou com o status de universidade possuindo durabilidade na prestação de serviços acadêmicos foi a Universidade do Rio de Janeiro (1920), criada através de incentivos federais originada da reunião dos cursos preexistentes das faculdades federais. Tal ação serviria de modelo para a criação das demais universidades do país, iniciando, dessa forma, o processo de federalização do ensino superior. No decorrer da história vários acontecimentos influenciaram o modelo do ensino, principalmente do terceiro grau, adotado pelo Brasil. A criação e 34 consolidação da universidade pública sofreram grandes mudanças correspondentes à política externa adotada pelo Estado, e interna em forma de estatutos e regras básicas que institucionalizavam e regia o funcionamento adequado das instituições de ensino superior, a essencial elaboração de novos cursos que propiciariam as condições necessárias para a criação dos campis foi singular para a universalização do ensino. Além do tripé anteriormente citado que constituiu os alicerces do ensino acadêmico – Medicina, Direito e Engenharia – outros cursos ganharam importância de forma a contribuir para a expansão da universidade no país, tais como: Odontologia, Farmácia, Agronomia, Veterinária, Química, entre outros, e os primeiros cursos da área de ciências sociais aplicadas composto por Economia e Administração, este ultimo criado no período getulista em 1941, o qual concentraremos especial atenção. 2.3.2 Curso de Administração Os cursos superiores em administração surgiram no final do século XIX impulsionados pelo advento da industrialização e pela complexidade e magnitude que a mesma implicava às organizações. Ribeiro (2005) ainda escreve que o primeiro país a desenvolver a administração como ciência foi os EUA a fim de suprir a necessidade do nascente mercado baseado nas criações das primeiras linhas de montagem e produção massificada surgida no início do século XX naquele país. Conforme o Conselho Federal de Administração (2005), com a criação da Wharton School, em 1881, os EUA dão o passo pioneiro para a consolidação do curso de administração servindo de modelo para o mundo. Em 1952 os norte-americanos formavam algo em torno de 50 mil bacharéis, 4 mil mestres e cem doutores por ano. Pizzinatto (2000) afirma que como precursores da nova temática do ensino de administração, os norte-americanos influenciaram vários países no mundo, em especial o Brasil, que contou com o apoio americano na formulação de seus primeiros cursos superiores em administração bem como de convênios estabelecidos com os EUA para a formação do corpo docente a fim de aprimorar o ensino e satisfazer as necessidades do mercado industrial e acadêmico interno, 35 que após a Revolução de 1930, despertou grande interesse pelo conteúdo e aplicabilidade industrial do curso. 2.3.3 Curso de Administração no Brasil No Brasil, segundo Ribeiro (2005), o curso de administração segue um itinerário diferenciado do norte-americano, pois o processo de industrialização brasileiro só seria implantado após a Revolução de 1930, sob a égide do governo do presidente Getúlio Vargas. O referido presidente se sobressai na história política por ter contribuído de forma expressiva para o desenvolvimento do ensino superior brasileiro, em especial, por ter inserido o caráter cientifico ao ensino de administração no Brasil com a criação da fundação que levaria seu nome e que se tornaria referencia no ensino acadêmico em administração em todo o país: Fundação Getúlio Vargas. Pode-se atribuir a Fundação Getúlio Vargas, criada em 1944, como a pioneira, quanto instituição de ensino superior, a formulação do primeiro currículo especializado em administração, tanto do setor público – através da Escola de Administração Pública (EAB/FGV – 1952) sediada no Rio de Janeiro, quanto de empresas privadas creditada a Escola de Administração de Empresas (EAESP/SP – 1954), em São Paulo. O pioneirismo curricular especializado em administração da Fundação Getúlio Vargas teve fortes influências norte-americanas dado que a mencionada fundação dispunha de parcerias com a USAID (Desenvolvimento Internacional do Governo dos Estados Unidos) e com a Universidade Estadual de Michigan. A criação da FEA/USP – Faculdade de Economia e Administração, fundada em 1946, foi um marco crucial para a evolução do pensamento acadêmico e possuía como objetivo prioritário a formação de funcionários para o alto escalão do setor público e privado brasileiro que pudessem discutir e propor novos estudos sobre os problemas econômicos vividos pelo Brasil frente à nova situação econômica – administrativa conseqüentes da crescente demanda industrial (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2009). Antes disso, em 1931, o ensino de administração foi atribuído ao Instituto da Organização Racional do Trabalho – IDORT e posteriormente, em 1938, ao 36 Departamento de Administração do Serviço Público – DASP cuja função era formar técnicos em administração e enviá-los para aperfeiçoamento no exterior, em especial nos Estados Unidos, com o intuito de forma quadros técnicos qualificados o suficiente para gerenciar a máquina do governo, que aumentava para dar conta das novas atividades assumidas pelo Estado. Com isso, o presidente Getúlio Vargas pretendia estabelecer um padrão de eficiência na prestação do serviço público federal criando vias democráticas para o recrutamento e seleção dos funcionários que comporia o quadro permanente de recursos humanos na administração pública brasileira (GOMES, 2008). Conselho Federal de Administração (2005) estabelece, entretanto, que até meados da década de 60 não havia regulamentação da profissão de administrador, e com a crescente adesão popular ao curso e o grande número de profissionais atuando na área sentiu-se a necessidade de formular pré-requisitos básicos para sua orientação e execução profissional. Cria-se então, por meio da Lei nº. 4.769 de 9/9/65 o Conselho Federal de Administração e os Conselhos Regionais de Administração, ambos vinculados ao Ministério do Trabalho, com as funções de articular e estabelecer regras uniformes com relação à profissão, fiscalizar o desempenho profissional e emitir carteiras profissionais, respectivamente. Ribeiro (2005) complementa ao afirma que na medida em que os cursos se expandiam por todo o país, o Ministério da Educação e Cultura percebeu a necessidade de estabelecer normas que identificassem claramente as disciplinas básicas do curso. Surge então, través de Parecer nº. 307/66 emitido pelo Conselho Nacional de Educação, o currículo mínimo obrigatório indispensável à adequada formação no curso de administração, com carga horária de 2.700 horas, composto pelas seguintes disciplinas: Matemática Estatística Contabilidade Teoria Econômica Economia Brasileira Psicologia Aplicada à Administração Sociologia Aplicada à Administração 37 Instituição de Direito Público e Privado Noções de Ética Administrativa Legislação Social Legislação Tributária Teoria Geral da Administração Administração Financeira e Orçamento Administração de Pessoal Administração de Material Além das disciplinas elencadas, tornava-se obrigatório, de acordo com a opção do aluno, as disciplinas de Direito Administrativo, ou Administração de Vendas e Administração de Produção. O curso de administração ganha notoriedade e, em 1968, o país passa por um período de surto acadêmico com um vasto crescimento dos cursos superiores em administração em vários estados da federação impulsionado pela Lei de Reforma Universitária validada pelo governo militar e sua política de valorização da administração nacional, originando inúmeras instituições acadêmicas privadas, expandindo o ensino superior no Brasil. Porém, o currículo mínimo estabelecido na época atribuía ao formando o título de técnico em administração, graças à carga horária que lhe era conferido. Inicia-se, assim, um movimento liderado pelo Conselho Federal de Administração com o objetivo de obter substituição do título de técnico em administração pelo de administrador, pleito atendido em 13/06/85 através da Lei nº. 7.321, que não alterava, entretanto, o campo de atuação e a atividade executada pelo referido profissional (PIZZINATTO, 2000). 2.3.4 Curso de Administração na Paraíba Na Paraíba, o ensino de administração iniciou-se em 23 de junho de 1963, ano que fora aprovada a criação do Curso de Administração da UFPB – Universidade Federal da Paraíba, conforme publicação da Ata da 4ª Sessão Extraordinária do Conselho Universitário – CONSUNI. Mas é o Decreto nº. 63.584 38 de 11 de novembro de 1968, p. 9938, que traria o reconhecimento ao mencionado curso que, na época, integrava a antiga FACE – Faculdade de Ciências Econômicas, sediada na cidade de João Pessoa 12. Inicialmente, o curso de administração da UFPB seguiu as diretrizes que guiavam os cursos formadores de pessoal nos anos sessenta e tinha o compromisso de formar quadros de pessoal para atuar no setor estatal, esse é o motivo que justifica a ênfase adotada pelo curso em Administração Pública. O currículo aplicado foi o mesmo da EAP-FGV13 que serviria como modelo para vários outros cursos de administração em todo o país. A estrutura acadêmica da UFPB foi reformulada pela Resolução nº. 12/73 que lançou as bases de formação de centros como órgãos intermediários entendidos como coordenações de departamento afins e de departamentos por áreas de conhecimentos básicos profissionais. Nesse contexto, o curso de administração encontra-se inserido no CCSA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, onde está locado seu departamento – composto por 3 funcionários e com o quadro de 27 professores efetivos, sendo 1 graduado, 7 mestres, 17 doutores e 2 professores com pós-doutorado, além de 9 professores substitutos – e pela coordenação de curso possuindo 4 servidores, que é dirigida atualmente pelo professor Mestre Jorge de Oliveira Gomes14. Quanto à estrutura física o curso dispõe de salas de aulas expositivas no CCSA e na Central de Aulas, de uma biblioteca setorial – responsável pelo empréstimo de livros tanto aos matriculados em administração quanto os demais alunos dos outros cursos que fazem parte do centro – e de um laboratório de informática igualmente compartilhado. _______________________________ 12 13 14 Informações obtidas no site <www.ccsa.ufpb.br> <Acesso em 02. Fev.09> . EBAP – FGV - Escola de Administração Publica pertence a Fundação Getulio Vargas criada em 1952 Informações cedidas pelo Departamento e Coordenação do curso de Administração em 04. Fev.09 39 2.3.4.1 Acesso e Disponibilidade de Vagas A Universidade Federal da Paraíba admite cinco formas de acesso ao curso de graduação em administração, a saber: PSS - Processo Seletivo Seriado, concurso público referente ao vestibular; PSTV – Processo Seletivo de Transferência Voluntária que oferece ao aluno já ingresso em uma universidade pública ou privada, à oportunidade de transferir-se para outra instituição ou outro curso de graduação de acordo com a disponibilidade de vagas e o caráter seletivo para inserção ao curso requerido; o processo de Reopção de Curso cuja função é permitir que o aluno já matriculado em um curso da UFPB possa transferir-se voluntariamente para outro curso de graduação dentro da instituição obedecendo ao critério de vagas disponíveis e ao processo de admissão; Transferência Exofício concedida a todo funcionário público federal, seu cônjuge e filhos, que necessite mudar-se de Estado ou repartição, o direito, de acordo com a Resolução nº.35/98 de transferir-se de uma determinada instituição federal para outra em um curso de graduação idêntico ou correspondente, obrigando a universidade requisitada a disponibilizar uma vaga para o curso solicitado, e, por fim, o processo de Inserção de Graduados que proporciona ao aluno que já concluiu algum curso em instituição de ensino superior ingressar em outro curso de graduação de sua escolha, observando as vagas disponíveis e o processo de seleção determinado pela unidade concedente 15. Na mencionada universidade, o curso de administração integra a área IV que corresponde à área de Ciências Humanísticas e encontra-se disponível em dois turnos: matutino e noturno, com duração mínima de 4 anos e 5 anos, respectivamente, possuindo regime acadêmico semestral, ambos com carga horária de 3.030,12 horas. O referido curso é um dos mais solicitado pelos candidatos que pleiteiam uma vaga no vestibular estando entre os cursos mais concorridos da UFPB, o que deve ter estimulado tanto o departamento quanto a coordenação do mesmo a aumentar o número de vagas oferecidas, passando de 160 vagas no total nos anos de 2004 a 2006, para 220 vagas nos vestibulares de 2008 e 200916 um crescimento aproximado de 13,75%. _____________________________ 15 16 Dados fornecidos pela Coordenação do curso de Administração em 04. Fev.09 Dados obtidos em <www.coperve.ufpb.br> <Acesso em: 10. Jul.09> 40 Popular entre o corpo discente da Universidade Federal da Paraíba, o estudo em administração é de extrema importância para a difusão do entendimento organizacional, ora na gama de conhecimentos destinados a área de atuação da Administração pública, ora na área de atuação da Administração Empresarial, este ultimo sendo atualmente a ênfase mais adotada e propagada pelo referido curso. Nesse ínterim, a questão motivacional pretende abarcar o discernimento que os referidos alunos possuem em relação ao mencionado curso relacionando-o com o tema proposto e com as teorias motivacionais abordadas que orientarão o presente estudo e suas futuras conclusões. 41 2.4 ENTENDENDO A MOTIVAÇÂO O que é motivação? Sempre nos perguntamos o que é motivação ou o que pode ou não motivar um determinado indivíduo, mas talvez seja melhor começarmos o presente estudo esclarecendo o que não é motivação. Robbins (2005) afirma que muitas pessoas compreendem, incorretamente, o real significado da motivação e freqüentemente entendem que a motivação é um traço pessoal, ou seja, alguns têm e outros não. Na vida prática empresarial, os executivos pouco experientes costumam rotular seus funcionários como preguiçosos, presumindo que o indivíduo é sempre preguiçoso ou desmotivado, quando na realidade tal fato nem sempre é verdade. A compreensão sobre o tema estudado nos faz perceber que a motivação é o resultado da interação do indivíduo com a situação, e seu nível varia tanto entre os indivíduos como em apenas um único indivíduo, dependendo do momento. A motivação humana é um dos assuntos mais estudados em todo mundo. Vários cientistas, instituições de pesquisas e organizações dedicam especial atenção a esse tema a fim de definirem seu sentido real, buscando compreender: Como ela ocorre? Quais os fatores que a influenciam? Por que a motivação determina o comportamento e o estado de satisfação das pessoas? O que é estar ou não motivado a fazer algo? entre outros, com intuito de saber quais as diretrizes norteadoras do desempenho e ações humanas (MARRAS, 2000). Na realidade, a palavra motivação pode nos dar um vasto leque de significados, empregados ora em situações corriqueiras comuns ao nosso dia-adia como estar motivado para estudar, trabalhar, praticar atividades físicas, ou até mesmo para não fazer nada, ora em situações extremamente complexas relacionadas ao estudo da dinâmica comportamental ou da vida psíquica de um determinado individuo ou grupo. Motivação, motivo, movimentar e motor, são termos atuais que exprimem idéias semelhantes derivadas da mesma palavra em latim: motivus que significa aquilo que movimenta, que faz andar, que induz ou determina a fazer algo. No que tange a área de estudos científicos, o estudo da motivação enquadra-se no enfoque comportamental configurando-se como um dos temas centrais sendo de extrema importância à compreensão dos mecanismos que induz as pessoas para 42 comportamentos de alto desempenho, de gosto ou não-gosto, frustração ou improdutividade, relacionados aos interesses organizacionais, administrativos ou as suas próprias convicções (MAXIMIANO, 2004). Segundo Bergamini (2005) o termo motivação emprega-se normalmente como sinônimo de forças psicológicas, anseio, aspiração, cobiça, vontade, impulso, etc. Todos esses termos possuem sentido de movimento ou ação. Tratase, portanto, de uma força interna que impulsiona as pessoas a agir, a buscar algo ou a evitar determinadas situações, e toda força relativa ao comportamento estão direcionadas a um alvo, a uma questão específica. Gil (2008) declara que motivação é a conseqüência de necessidades não satisfeitas e estas, por sua vez, são intrínsecas a cada pessoa. Cada indivíduo possui motivação própria gerada por necessidades distintas e não se pode afirmar, a rigor, que uma pessoa pode motivar outra. Megginson et al (1998) define que motivação é induzir um grupo de pessoas ou um único indivíduo, respeitando-se suas personalidades e necessidades distintas, a trabalhar para atingir os objetivos organizacionais ao mesmo tempo em que se empenham em atingir seus próprios objetivos. Pereira (2004) garante que a motivação refere-se ao comportamento que visa um objetivo, transformando-o em um comportamento motivado. Este, por sua vez, pode depender de necessidades do organismo, resultar de processos de aprendizagem ou da combinação de diversos processos. Robbins (2004) afirma que a motivação consiste na disposição para fazer alguma coisa e é condicionada pela ação de satisfazer uma determinada necessidade do indivíduo. Esta necessidade, por sua vez, trata-se de uma deficiência física ou psicológica que faz com que um determinado resultado pareça atraente. Uma necessidade não satisfeita gera tensão, estimulando a vontade do indivíduo. Essa vontade provoca uma busca de metas específicas que uma vez alcançadas, terão como conseqüência a satisfação da necessidade e a redução da tensão. Montana e Charnov (2003) determinam que motivação pode ser descrita como um processo que estimula um indivíduo para empreender uma ação que conduza a satisfação de uma necessidade ou a realização da meta almejada. 43 Para Silva e Rodrigues (2007), o estudo da motivação e do comportamento está intrinsecamente ligado à natureza humana, fundamentada na prerrogativa que nosso comportamento é motivado por um desejo de atingir algum objetivo, nesses termos, define: A motivação de uma pessoa depende da força de seus motivos. Os motivos às vezes, definidos como necessidades, desejos ou impulsos no interior do indivíduo. Os motivos são dirigidos para objetivos; fundamentalmente, os motivos ou necessidades são a mola da ação (SILVA e RODRIGUES 2007, P.8). Maximiano (2004, p. 275) complementa ao afirma que “a palavra motivação indica as causas ou motivos que produzem determinado comportamento, seja ele qual for. A motivação é a energia que movimenta o comportamento”, e segundo sua análise, esta possui três propriedades: 1) Direção: Consiste no objetivo do comportamento motivado ou na direção para qual a motivação conduz o comportamento. 2) Intensidade: Refere-se à magnitude da motivação. 3) Permanência: Trata-se do tempo relativo à duração da motivação. Dentro do contexto exposto, surgiram diversas teorias que se proporam a estudar o comportamento humano dentro do viés motivacional, classificadas em teoria de processos e teorias de conteúdo. Segundo a perspectiva explanada nos estudos de Coradi (1985), as teorias de processo procuram explicar como funciona o mecanismo da motivação, enquanto as de conteúdo dedicam-se as explicações de quais fatores específicos motivam as pessoas. Para melhor entendê-las, o presente estudo contemplará a abordagem referente às teorias motivacionais desde as teorias mais antigas às contemporâneas que constituirão a estrutura necessária que dará suporte para o entendimento da motivação como fator propulsor do desempenho humano. 44 2.5 TEORIAS MOTIVACIONAIS 2.5.1 Modelo Tradicional O modelo tradicional é associado a Frederick Taylor e à Administração Científica, compondo a teoria clássica de Administração. A teoria clássica desenvolveu o princípio da política racional, fornecendo um guia prático para as atividades a fim de evitar comportamentos indesejáveis. Segundo Ferreira et al (2006), o modelo em questão inspirava-se no tipo de gestão mecanicista que teve suas bases consolidadas no início do século XX, possuindo como seus principais idealizadores, além de Taylor, nos Estados Unidos, Henry Fayol, na França e Henry Ford, que apesar de não ter desenvolvido nenhuma teoria, obteve grande sucesso em suas aplicações práticas à frente da Ford Motors Company. Para Maximiano (2004), tal visão, também conhecida como modelo homem- econômico-racional, é a pioneira sobre motivação e estabelece que a felicidade e o desempenho do indivíduo resultam da posse material. Stoner e Freeman (1999) definem que neste modelo os administradores determinavam o método de realizar tarefas repetitivas e em seguida motivavam seus empregados com recompensas salariais, ou seja, quanto mais produzissem, mais ganhavam. A suposição básica adotada na época era a de que os administradores compreendiam o trabalho melhor que os empregados, e que estes eram essencialmente preguiçosos só podendo ser motivados pelo dinheiro. Chiavenato (2003) explica que de acordo com a abordagem mecanicista da administração, a organização formal, utilizando-se de regras e procedimentos, fixa um nível mínimo de comportamento legítimo aceitável e prescreve a interação que deve existir entre as unidades organizacionais e os ocupantes das posições. Outra característica da administração científica, definida por Taylor, reside na divisão das tarefas com a superespecialização do operário, eliminação do desperdício, padronização de métodos e máquinas, incentivos salariais e prêmios por produção, utilização de métodos científicos nos processos produtivos e a constante busca pela eficiência produtiva. Observa-se, no entanto, que sua ênfase é unicamente tecnicista, voltada para a estrutura organizacional, técnicas 45 de produção e máxima produtividade, relegando a segundo plano o elemento humano, seu comportamento e suas variáveis, dentro da organização. No âmbito gerencial, Megginson (1998) et al relata que na administração criada por Taylor era da responsabilidade dos administradores desenvolver uma ciência específica para o trabalho de cada pessoa, substituindo, dessa forma, o método indutivo; também cabia a esses profissionais selecionar, treinar, ensinar e criar métodos científicos para os trabalhadores, eliminando a liberdade que estes dispunham de escolher seus próprios métodos de trabalho e de treinar a si próprios da forma que lhes eram conveniente. Os administradores deveriam cooperar ativamente com os funcionários a fim de garantir que o trabalho fosse realizado de acordo com os melhores métodos disponíveis, dividir o trabalho e as responsabilidades com os empregados, incentivando-os financeiramente sempre que possível para motivá-los a produzir cada vez mais. Gil (2008) afirma que o objetivo fundamental da abordagem científica era proporcionar às atividades administrativas uma fundamentação científica, substituindo a improvisação e o empirismo. Do ponto de vista técnico, esse sistema fundamentava-se na racionalização do trabalho, no que concerne a simplificação dos movimentos necessários para a execução de uma tarefa, reduzindo o tempo consumido para realizá-la. Todavia, segundo seu entendimento, o taylorismo pretendia ser algo mais. Ele abrangia uma verdadeira revolução mental por parte dos empregados e empregadores, que deveriam renunciar a luta pela repartição do produto do trabalho em favor da coordenação de esforços para aumentar cada vez mais esse lucro. Kwasnicka (2003) aponta três importantes falhas da abordagem mecanicista: a primeira é a forma como Taylor aborda a motivação do trabalhador assumindo que o dinheiro é o maior motivador limitando a teoria clássica ao tempo, pois sua ênfase nos motivos financeiros era mais adequada nas primeiras décadas do século do que é atualmente. Hoje é sabido que há outras necessidades a serem consideradas para que uma pessoa seja dedicada ao trabalho do que exclusivamente o reconhecimento financeiro; a segunda falha é o determinismo imposto pela teoria, incapacitando trabalhar com um conjunto de variáveis e examinar as suas interdependências, tornando seus princípios pragmáticos; e por ultimo, ela é restritiva, omitindo importantes dimensões 46 comportamentais. O homem é um ser complexo e seu comportamento deve ser analisado observando um conjunto muito grande de variáveis. Entretanto, o caráter tecnicista presente nos autores da teoria clássica não dispunham de um quadro de referência para compreender o comportamento humano, optando simplesmente por não abordar essa questão. Ferreira et al (2006) acrescenta outras duas observações importantes referentes a teoria clássica da administração residentes na visão limitada das organizações, que direcionaram pouca ênfase aos aspectos sociais, políticos e ambientais. Os teóricos da administração científica tratam as empresas como se fossem ilhas e como se estas estivessem completamente isoladas da sociedade como um todo. Outra crítica feita à abordagem clássica pelo autor consiste na proposta prescritiva e generalizante das formulações apresentadas pelos seus autores que tinha a pretensão de serem aplicadas como uma suposta “receita para o sucesso”, desconsiderando as singularidades de cada organização, bem como as influências das contingências sociais, econômicas e políticas. Apesar das críticas de vários autores sobre os aspectos políticos, econômicos, sociais e comportamentais não contemplados pela administração científica, é importante frisar que Taylor marcou, como poucos, o pensamento administrativo do século XX, revolucionando a forma com que as empresas se organizavam. Seu legado persiste influenciando os sistemas produtivos dos mais variados empreendimentos, desde as multinacionais as lojas e escritórios, perpetuando o modelo racional do trabalho na conjuntura da sociedade atual. 2.5.2 Motivação segundo o Modelo das Relações Humanas Em pesquisa desenvolvida por Ellton Mayo, em conjunto com outros pesquisadores das relações humanas, entre eles Chester Bernard, Herbert Simon, Parker Follet e Kurt Lewin, descobriu-se que o tédio e a repetitividade das atividades reduziam o nível de motivação das pessoas, ao passo que os contatos sociais ajudavam a criar e manter a motivação. Tal fato foi evidenciado logo após o advento da Revolução Industrial, que não só trouxe grande contribuição à evolução tecnológica como também atingiu as relações humanas com a super 47 especialização do trabalho e a racionalidade empregada no sistema de produção, o que ocasionou a perda do sentido do valor individual, do orgulho pelo trabalho e do reconhecimento do homem como ser humano, exigindo das organizações a necessidade de se preocuparem com a administração de pessoal. Chiavenato (2003) explica que a abordagem humanística da administração, encetada pelo movimento das relações humanas, teve seu início no final da segunda década do Século XX, em um período marcado por recessão econômica, inflação, desemprego e forte atuação dos sindicatos. O movimento teve suas origens nos seguintes fatos: 1) Necessidade de humanizar e democratizar a Administração: A princípio, procurou-se libertar a Administração dos conceitos mecanicistas instaurados pela Teoria Clássica adequando-a aos novos padrões de vida do povo americano. Neste primeiro momento, o movimento das relações humanas revelou-se como um movimento tipicamente americano, voltado para a democratização dos conceitos administrativos. 2) Desenvolvimento das ciências humanas: Em especial da psicologia que se destacou por sua influência intelectual e suas primeiras aplicações na psicologia industrial. As ciências humanas surgem para evidenciar as inadequações dos preceitos da Teoria Clássica. 3) As idéias filosóficas pragmáticas de John Dewey e da Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin: As idéias de Dewey e Lewin, aliada a sociologia de Pareto, foram fundamentais para o desenvolvimento da concepção humanística na Administração. 4) Conclusões da Experiência de Hawthorne: Liderada por Ellton Mayo a experiência de Hawthorne colocou em xeque os preceitos postulados pela Teoria Clássica e estabeleceu os princípios norteadores da teoria defendida pela Escola das Ralações Humanas. 48 2.5.2.1 A Experiência de Hawthorne Silva (2000) declara que as experiências lideradas por Ellton Mayo, no experimento de Hawthorne, entre a década de 1920 a 1930, foram decisivas para instituir os princípios básicos da Escola das Relações Humanas e promoveu uma série de ações, tomadas junto a grupos experimentais e de controle, que produziu um estado de ânimo grupal, expresso em comportamentos mais produtivos. Essa experiência, assim como outras que se seguiram, veio a destacar a importância de fatores socais e psicológicos na produção, valorizando as relações humanas. A pesquisa desenvolvida por Mayo e seus seguidores trouxeram as seguintes conclusões: O nível de produção é resultante da integração social: Diferente do que afirmava a Teoria Clássica, o nível de produção não é estabelecido pela capacidade física ou fisiológica do trabalhador, mas por normas sociais e expectativas grupais; Comportamento social do empregado: O comportamento do indivíduo apóia-se no grupo. O empregado não age nem reage isoladamente como indivíduo, mas de forma integrada como membro do grupo. Este, por sua vez, estabelece e até impõe quotas de produção a seus membros; Recompensas e sanções sociais: O comportamento dos operários está condicionado a regras e padrões socialmente estabelecidos. Os trabalhadores que produziram acima ou abaixo do limite socialmente determinado perderam o respeito e admiração dos demais colegas de trabalho; Grupos informais: A empresa passou a ser visualizada como uma organização social composta por grupos sociais informais cuja estrutura nem sempre se equipara com a organização formal da empresa. Os grupos informais representam a organização humana da empresa; Relações humanas: Cada indivíduo é dotado de personalidade e características próprias que influi no comportamento e atitudes dos 49 outros com quem mantém contato, e é ao mesmo passo, por estes igualmente influenciado; Importância do conteúdo do cargo: O conteúdo e a natureza do trabalho têm influência sobre o empregado. Atividades simples tornam-se monótonas e maçantes afetando negativamente o trabalhador, reduzindo sua eficiência; Ênfase nos aspectos emocionais: Os elementos emocionais inesperados e irracionais do comportamento humano merecem atenção especial dos teóricos das Relações Humanas. Segundo Ferreira et al (2006), a experiência de Hawthorne constituiu um verdadeiro “divisor de águas” do pensamento administrativo, esclarecendo a importância dos aspectos psicossociais do trabalho e como estes podem influenciar a produtividade. Tal experiência deixa claro que uma organização não é determinada apenas pela sua composição formal, sua face informal – como a cultura organizacional, grupos e os líderes informais – merece ser estudada e estimulada para atuar de forma positiva. Montana e Charnov (2003) destacam a importância da experiência de Hawthorne ao afirmarem que tal fato não foi apenas relevante para os aspectos de trabalho e do melhoramento da produtividade, mas que as conclusões da experiência desenvolvida por Mayo além de levarem em conta os valores sociais da organização e de seus funcionários, impulsionou o surgimento das teorias de cunho humanista e propiciou elementos relevantes na construção de modelos de gestão humanizados. Kwasnicka (2003) ressalta ainda que a grande ênfase das relações humanas foi dada ao estudo dos grupos, satisfação do empregado, tomada de decisão do grupo e estilos de liderança, e que, apesar das descobertas dos psicólogos sobre a natureza da percepção e motivação, seu foco incidiu mais sobre o grupo do que sobre o indivíduo e mais sobre a democracia do que sobre a liderança autocrática. A autora alega que essa abordagem procurava solucionar os problemas de conformismo - o conformismo ocorre quando o indivíduo sacrifica graus de sua individualidade e conforma-se com certas regras de comportamento ditadas pela organização; objetivos obscuros - ocasionado quando se segue a 50 risca as regras políticas e os procedimentos formais da organização esquecendose, entretanto, da razão de existência organizacional; rigidez das regras de trabalho; crescimento descontrolado – proveniente do incremento da produtividade, resultando na proliferação das unidades organizacionais e perda da motivação – quanto mais rotineira é a organização, utilizando-se substancialmente de normas e padrões, menor é a oportunidade de se praticar a iniciativa de se exercitar máximos esforços. Gil (2008) declara que a relevância do fator humano na organização veio a proporcionar a harmonização da ideologia existente entre capital e trabalho definida pelos teóricos da Administração Científica. As bases postuladas pelas relações humanas constituem o processo de integração de indivíduos numa situação de trabalho, fazendo com que ao mesmo tempo em que os trabalhadores colaborem com a empresa encontrem satisfação de suas necessidades sociais e psicológicas. Silva e Rodrigues (2007) complementam afirmando que a escola das relações humanas difundia que a melhor forma de motivar os trabalhadores era dando ênfase ao comportamento social dos mesmos, oferecendo-lhes oportunidade de se sentirem úteis e importantes no trabalho por eles desenvolvido. Para tanto, a organização deveria promover o reconhecimento do valor pessoal de cada um, possibilitando aos empregados um conhecimento mais amplo da empresa, dando-lhes abertura para exprimir opiniões a respeito da estratégia produtiva, bem como das diretrizes administrativas da organização. Diante do exposto, podemos afirmar que o movimento das relações humanas trouxe grande contribuição para a evolução da abordagem humanística da administração, fazendo emergir a necessidade de desenvolver a gestão de pessoal dentro das organizações. Entretanto, algumas idéias defendidas por este movimento foram taxadas por alguns autores como frágeis e românticas, dado que a teoria contempla apenas os aspectos comportamentais deixando de lado as questões estruturais. Segundo Kwasnicka (2003), o movimento das relações humanas deixa a desejar pelo não-reconhecimento das organização formal e por desconsiderar as condições econômicas, sociais ou políticas da sociedade, bem como a divisão de classes e os ganhos financeiros que, segundo a teoria, não influi no comportamento do homem no trabalho. Vale ressaltar, no entanto, que o 51 homem é motivado por um complexo conjunto de fatores inter-relacionados, possui natureza complexa e é composto por uma diversidade de necessidades, desejos e talentos, admitindo que as pessoas são diferentes entre si, não sendo possível, portanto, adotar nenhuma definição isoladamente como modelo ou forma exclusiva de motivação a ser adotada pelas organizações. 2.5.3 Modelo do Comportamento O modelo de comportamento é uma das teorias motivacional mais conhecida, e mais simples, do meio acadêmico e explica como os motivos determinam o comportamento, produzindo uma explicação de fácil entendimento das ações individuais. O modelo apóia-se em três hipóteses principais: 1) Todo comportamento é motivado; 2) O comportamento é guiado para a realização de algum objetivo; 3) O comportamento que procura realizar algum objetivo pode ser perturbado por conflito, frustração ou ansiedade. Segundo Ferreira (2000), o comportamento consiste em um tipo de conduta, trata-se do conjunto de atitudes e reações do indivíduo face ao meio social, é, portanto, “o conjunto das reações que se podem observar num indivíduo, estando este em seu ambiente, e em dadas circunstâncias” (p. 169). Gil (2008) acredita que este modelo enfatiza a importância das variáveis externas como agentes modificadoras do comportamento, e que o mesmo baseiase na idéia que o comportamento depende de suas conseqüências específicas, e que é possível controlar ou mesmo afetar certo número de comportamento de alguns indivíduos mediante a manipulação de suas conseqüências. Enquanto as teorias cognitivas argumentam que são as necessidades internas que conduzem o comportamento, a teoria do comportamento enfatiza a importância das variáveis externas para condicioná-lo. Megginson et al (1998) faz duas suposições básicas acerca do comportamento: primeiro o comportamento humano é causado, e segundo o comportamento humano é direcionado para uma meta. As ações conscientes que 52 temos é fruto tanto das forças presentes em nosso ambiente como em nossa hereditariedade. O comportamento humano não é apenas causado, mas também visa sempre uma meta. Em essência, o comportamento dos indivíduos pode ser conseqüência de sua maneira de ver o mundo, é dirigido para a consecução de uma meta e resulta em motivação para atingi-la. Portanto, o processo de motivação no modelo de comportamento é basicamente composto de causa ou estímulos. Maximiano (2004) enfatiza que o modelo de comportamento baseia-se na idéia de que todo comportamento é acionado por um tipo de estímulo, dado figura abaixo: ESTÍMULO PESSOA OBJETIVO Figura 1: Motivação segundo o Modelo do Comportamento. Fonte: Maximiano (2004, p. 276) Segundo o modelo estudado, objetivo é o resultado que o comportamento pretende alcançar, atendendo dessa forma a uma necessidade. Entretanto, a realização de tal objetivo poderá ser dificultada por (MARRAS, 2000): Frustração: É fruto de uma necessidade insatisfeita, ou da percepção de falta de equidade, gerando outras manifestações do comportamento humano. Uma necessidade insatisfeita, um objetivo não realizado, produz um sentimento de frustração e ansiedade. Conflito: Provocado por incompatibilidade de comportamentos. Ansiedade: Resultante da ameaça do bem-estar ou tranqüilidade pessoal. Em regra geral, o modelo assume a postura de que o comportamento de todas as pessoas tem a mesma natureza, no sentido de que o mecanismo de funcionamento das pessoas possui os mesmos traços: todos são influenciados por motivos e buscam realizar objetivos. Outra teoria que aborda o aspecto motivacional processual é a sofisticada teoria da expectativa, desenvolvida por 53 Victor Vroom, que propõe analisar como os objetivos podem ter maior ou menor importância para as pessoas. 2.5.4 Teoria da Expectativa Victor Vroom é um psicólogo americano professor de Administração Industrial e Psicologia da Yale University, e, em sua busca contínua no estudo das teorias de motivação humana, desenvolveu, em 1964, um modelo explicativo da conduta dos indivíduos denominado “modelo de expectativas”. Em seu trabalho, Vroom permeia a reflexão de que todo comportamento humano é sempre direcionado para a concretização de um resultado, ou seja, as pessoas sempre fazem determinadas escolhas esperando sempre algo em troca. Segundo Coradi (1985), no estudo de Vroom, a questão da satisfação deve ser encarada como um resultado das relações entre as expectativas projetadas e os resultados esperados. Dessa forma, segundo sua ótica de avaliação, a motivação seria um processo de governar escolhas entre diferentes comportamentos dos indivíduos, avaliando as conseqüências de cada alternativa de ação. Diante do modelo proposto por Vroom, Marras (2000) destaca duas variáveis que determinam a ação (ou motivação) das pessoas: O valor da recompensa; O que se espera como recompensa. Nesta análise, quando o indivíduo reflete diante da questão do que deve fazer, a resposta é proporcional não apenas ao que ele irá efetivamente receber em troca ao terminar a missão, mas também aos níveis de expectativa que ele projeta em relação ao que deve receber. Hampton (1990) sugere que a teoria de Vroom enfoca o entrelaçamento de crenças e expectativas que as pessoas possuem sobre seu trabalho combinado as forças de seus desejos cuja finalidade é ganhar algum nível de força emocional dentro de cada indivíduo. E descreve suas características em três conceitos básicos: esforço → desempenho esperado, desempenho→recompensa esperada 54 e atratividade ou validade de recompensa. A primeira expectativa envolve a crença que o esforço conduz ao desempenho. A segunda envolve a crença de que o desempenho conduz a aquisição de recompensa e o ultimo refere-se à intensidade ou atratividade que as pessoas têm com relação às recompensas que poderão obter. Esta atratividade não é igualmente importante na mente de todos, variando de pessoa para pessoa. Silva e Rodrigues (2007) avaliam que para Vroom, cada indivíduo desenvolve manifestação de agrado, ou prioridades, por certos resultados finais chamados de valências. Uma valência positiva revela o desejo de atingir um resultado final particular, enquanto que uma valência negativa implica um desejo de desviar-se ou fugir de um resultado particular. A essa relação é dado o nome de instrumentalidade. Dubrin (2003) enfatiza ainda que segundo a teoria da expectativa a motivação é produto de escolhas deliberadas que se engajam em atividades cujos resultados valam a pena. As pessoas estarão bem motivadas se acreditarem que o esforço realizado levará a um bom desempenho, o que ocasionará resultados preferidos. Os preceitos básicos da teoria criada por Vroom estão dispostos na figura abaixo: Figura 2: Visão básica da teoria da expectativa. Fonte: Dubrin (2003, p. 123). Utilizando-se da ilustração acima, Bergamini (1998) define que nível de expectativa representa aquilo que se pretende alcançar investindo certo grau de esforço. Este nível está intimamente ligado à estimativa de probabilidade de sucesso possível de ser atingindo tendo como base o nível de comprometimento e o esforço de cada um. Instrumentalidade está ligada à probabilidade, estimada pelo próprio indivíduo, que se tem que receber pela recompensa desejada tendo em vista a conquista do objetivo. Por fim, valência é o valor da recompensa que o 55 indivíduo atribui num determinado momento. Assim, o nível de satisfação que será obtido está vinculado à percepção que cada um tem da resposta que o meio ambiente proporcionará como retribuição aos esforços dispendidos por uma pessoa. De acordo com os referidos autores, segundo Vroom, os valores de instrumentalidade podem variar de -1 a 1, funcionando como coeficientes de correlação e, caso o indivíduo perceba que não há relação alguma entre a produtividade e a recompensa, a instrumentalidade é zero. Vroom ainda afirma que a motivação do indivíduo poderá influenciá-lo a perceber se as suas ações poderão alterar seu desempenho, a essa percepção de ação é dado o nome de expectância. Os valores de expectativas variam de 0 a 1, dependendo do grau de certeza percebida com que determinadas ações são desenvolvidas pelo indivíduo e se estas poderão influenciar seu nível de desempenho. Bateman e Snell (1998) complementam afirmando que para que a motivação seja alta, a expectativa, a instrumentalidade e a valência têm que ser todas altas, e apresentam três implicações cruciais oferecidas pela teoria: a) Aumentar expectativas: proporcionar um bom ambiente de trabalho que facilite um bom desempenho e encorajar as pessoas para que elas acreditem ser capazes de alcançar aquilo que delas se esperam; b) Identificar resultados com valências positivas: compreender o que as pessoas almejam das atividades que executam e considerar que as pessoas podem atribuir valências diferentes aos resultados; c) Instrumentalizar o desempenho em direção a resultados positivos: garantir que o bom desempenho seja seguido de reconhecimento pessoal, elogios e outros resultados positivos e conscientizar as pessoas que se dedicar às atividades, executando-as corretamente, ensejará o mínimo possível de resultados negativos. Dessa forma, Silva e Rodrigues (2007, p.47) concluem afirmando: A teoria da expectância, reconhecida como um modelo de teoria cognitiva propõe [...] que os conteúdos mentais mais importantes sejam os disparadores do comportamento motivacional que são representados pelos valores armazenados na mente. Esses valores configuram a percepção individual em termos de desejabilidade percebida quanto aos resultados que podem ser atingidos por meio de algum tipo de desempenho. Podemos concluir que o ponto forte dessa teoria é oferecer um esquema para se compreender como a motivação funciona, já que a mesma afirma que 56 para que o indivíduo seja motivado ele necessita estipular um valor a recompensa que irá receber, precisando acreditar que um esforço adicional o levará a um desempenho melhor resultando em recompensas maiores. 2.5.5 Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow Abraham H. Maslow foi professor de psicologia da Brandeis University e presidente da American Psychological Association, e sem dúvida, um dos mais notáveis pesquisadores do enfoque motivacional consagrando-se, em 1954, com a publicação de seu livro Motivação e Personalidade, em que propunha, através de sua teoria de hierarquização das necessidades humanas, que as pessoas estão em um estado de contínua motivação e suas necessidades estão ordenadas em níveis, correspondentes a uma hierarquia de importância e influenciação. Soto (2008) esclarece que uma necessidade é uma sensação pessoal de carência ou privação gerada em algum aspecto da vida de um indivíduo, causando uma tensão desagradável. A pessoa esforça-se no sentido de reduzir essa tensão tomando uma ação que lhe permita satisfazer a sua necessidade. Tal necessidade é instigada por ter êxito, segurança no trabalho, riqueza ou poder, entre várias outras que podem surgir ao longo da vida. O indivíduo ao reduzir a sua sensação de deficiência reduzirá também a intensidade da força motivadora que o impulsionou e novas necessidades deverão surgir. O autor afirma ainda que a obra de Maslow é de extrema importância no complexo estudo das necessidades e suas motivações. Marras (2000) revela que segundo Maslow, a motivação das pessoas objetiva satisfazer certas necessidades que vão desde as mais básicas – intituladas fisiológicas (estão relacionadas com a sobrevivência do indivíduo e com a preservação da espécie e são inatas aos seres humanos) – até as mais complexas (as de auto-realização) . Maslow enumera cinco necessidades do indivíduo: Necessidades fisiológicas, de segurança, necessidades sociais, de estima e de auto-realização, na hierarquia apresentada a seguir: 57 Figura 3: A hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Chiavenato (2003, p. 331) Robbins (2005) define as necessidades de Maslow obedecendo aos seguintes critérios: 1) Necessidades fisiológicas: Correspondem as necessidades mais simples, e de vital importância à manutenção da vida do indivíduo tais como necessidade de alimentação, de sono e repouso, de abrigo, etc. Essas são as necessidades mais permanentes de todas e quando uma delas não é corretamente satisfeita, ela domina a direção do comportamento. 2) Necessidades de segurança: Esse grupo constitui o segundo nível das necessidades humanas agrupando as necessidades de segurança, de estabilidade e de proteção contra ameaça, invasão, privação ou perigo. Podem se consideradas como necessidades de preservação. 3) Necessidades sociais: Uma vez satisfeitas às necessidades fisiológicas e de segurança, surge às necessidades sociais. Faz parte desse nível a necessidade de pertencer a um grupo, de aceitação social, de afeto, de amizade, de participação, de amar e ser amado. Quando essas necessidades não são relativamente satisfeitas, o individuo passa a ter um comportamento agressivo em relação às pessoas que o cercam. A frustração das necessidades sociais podem levá-lo a solidão e a isolação do meio social. 58 4) Necessidade de estima: São necessidades relacionadas à maneira de como o individuo se auto-avalia. Envolvem questões como valorização de si mesmo, prestígio, status, autoconfiança e poder. Na ausência de sua realização, o individuo é levado ao processo de frustração acarretando sentimentos como desânimo, fraqueza e sentimento de inferioridade. 5) Necessidades de auto-realização: A auto-realização é a necessidade mais elevada e pertence ao topo da hierarquia. Tratase da necessidade de realizar ao máximo o próprio potencial e o autodesenvolvimento contínuo. Chiavenato (2003) argumenta que tais necessidades humanas assumem formas e expressões que variam de acordo com o indivíduo, e que sua intensidade e manifestação são variadas obedecendo às diferenças individuais. O autor ainda sugere os meios de satisfação correlacionando-os com as necessidades já descritas na ilustração que se segue: Figura 4: A hierarquia das necessidades humanas e os meios de satisfação Fonte: Chiavenato (2003, p. 332). Sabe-se que a teoria da hierarquia das necessidades elaborada por Maslow é uma das teorias motivacionais mais populares do meio acadêmico. Silva e Rodrigues (2007) atribuem a essa popularidade sua simplicidade e o fato das 59 necessidades humanas estarem dispostas em forma de pirâmide, se assemelhando a pirâmide hierárquica organizacional. Maximiano (2004) destaca que a teoria em questão estabelece à motivação um caráter bastante positivo nos quais as pessoas encontram-se em processo de desenvolvimento contínuo. Entende-se, portanto, que existe uma grande tendência das pessoas progredirem ao longo das necessidades, buscando sempre satisfazer uma após a outra até atingirem o topo da auto-realização. Marras (2000, p.34) destaca dois pontos importantes da teoria em análise: 1. Todas as pessoas têm necessidade, cada uma delas com peculiaridades e intensidades distintas. Isso faz com que elas sempre tentem satisfazer essas necessidades. Ao satisfazer a necessidade, acaba a motivação. No mesmo instante, contudo, nasce uma nova necessidade, e por via de conseqüência, uma nova força motriz impele o individuo a novamente buscar outra satisfação. 2. Todas as necessidades representam carências ou falta de alguma coisa que vem do meio circundante (exterior) para completar o indivíduo, à exceção do ultimo estágio, que é o da auto-realização. Essa realização é puramente intrínseca, e em geral, manifesta-se em indivíduos que são independentes que têm o poder de se autogovernar. Trata-se de pessoas que não buscam retornos materiais ou financeiros, mas, sim, satisfação pessoal. Gil (2008) atribui à teoria de Maslow outro aspecto importante ao declarar que tal teoria ressalta que as pessoas não precisam apenas de recompensas financeiras, mas também de respeito e atenção de todos os envolvidos no ambiente de trabalho para se motivarem e alcançar os resultados esperados. Kwasnicka (2003) completa ao afirmar que o ponto forte da teoria de Maslow é sua sugestão em forma de hierarquia, estabelecendo uma ordem para a satisfação das necessidades dispostas. Nenhuma necessidade é completamente atendida, além disso, são as necessidades de nível mais baixo que influenciarão diretamente o comportamento. Logo, se a organização se estruturar de modo que propicie aos indivíduos satisfazerem suas necessidades sociais, do ego e autorealização, os conflitos entre objetivos individuais e organizacionais serão minimizados. Para Bowditch e Buono (2003) o principal valor dessa abordagem é o reconhecimento e a identificação das necessidades individuais com o propósito de motivar o comportamento. É evidente que as pessoas diferentes estarão em pontos diferentes da hierarquia, e que a mesma pessoa pode estar em pontos 60 diferentes em momentos diferentes. A natureza humana não estabelece padrões, portanto, não se pode motivar as pessoas da mesma forma. As organizações devem ser flexíveis e adotar incentivos que respeitem e preservem a individualidade das pessoas. Apesar de ser uma teoria amplamente aceita, tanto por estudiosos da área comportamental quanto por gestores praticantes, a teoria propagada por Maslow, em um primeiro instante, parece simplificar o estudo da motivação humana uma vez que determina que o desenvolvimento da motivação obedeça a uma ordem hierárquica, não deixando claro, entretanto, se uma necessidade tem que ser, obrigatoriamente, completamente satisfeita antes que surja outra. Na verdade, o que se pode perceber é que o ser humano não segue um desenvolvimento linear de necessidades a serem satisfeitas, ao contrário, este pode tanto ter necessidades parcialmente satisfeitas como parcialmente não satisfeitas, bem como possuir mais de uma necessidade ao mesmo tempo. 2.5.6 Teoria dos Dois Fatores de Herzberg A teoria dos dois fatores formulada por Frederick Herzberg explica como o ambiente no trabalho e o próprio trabalho pode gerar motivação. Na verdade, a teoria proposta por Herzberg distingue satisfação de motivação dividindo-os em fatores higiênicos e fatores motivacionais. Segundo Silva e Rodrigues (2007), Herzberg define os fatores que levam a satisfação como fatores higiênicos e estes estão diretamente relacionados com as condições em que um determinado trabalho é realizado, seu grupo é constituído por fatores como relações interpessoais, supervisão, salário, condições físicas e de segurança no trabalho, política organizacional, entre outros. Cabe a Maximiano (2004) definir os fatores motivacionais ou intrínsecos correspondentes ao conteúdo do trabalho em si, sentimento de realizar uma atividade importante, senso de responsabilidade, possibilidade de crescimento, orgulho e sentimento de prestígio decorrentes do exercício da profissão e reconhecimento pelo trabalho bem feito. Aguiar (1991) esclarece que além de Herzberg fazer clara distinção entre o que satisfaz (fatores higiênicos) e o que 61 motiva (fatores motivacionais) as pessoas em seu ambiente de trabalho, este propõe que os fatores geradores da satisfação relacionam-se intimamente com o espaço físico e com conjunto de componentes em que um dado trabalho é desenvolvido, enquanto que o segundo está estreitamente relacionado com as funções da tarefa e influencia diretamente a produtividade dos membros da organização. A figura a seguir mostra claramente a distinção entre os fatores mencionados. Figura 5: Teoria dos Dois Fatores de Herzberg. Fonte: Maximiano (2004, p. 293) É necessário saber que os fatores higiênicos e motivacionais não se relacionam entre si. O primeiro é responsável por gerar satisfação nas pessoas e é totalmente desligado e distinto dos fatores que proporcionam a insatisfação. O contrário de satisfação não é insatisfação, mas ausência de satisfação, também o oposto da insatisfação é a ausência dela, e não a satisfação, como mostra a figura abaixo: Figura 6: Fatores satisfacientes e fatores insatisfacientes como dois contínuos opostos. Fonte: Chiavenato (2005, p. 252) apud Silva e Rodrigues (2007, p.40). 62 Os fatores de higiene são necessários, porém, insuficientes para promover a motivação e produtividade do indivíduo. Quando a deterioração estiver presente em qualquer um dos fatores higiênicos e estes estiverem abaixo do nível tolerável pelos membros da organização, surgirá insatisfação conduzindo-os a uma atitude negativa. Bergamini (2005, p.124) determina: Os fatores higiênicos não fazem as pessoas produzirem mais, sua presença garante apenas que seja conseguido manter o nível de insatisfação delas em um grau mínimo. [...] É, no entanto, na busca dos objetivos motivacionais que as pessoas experimentarão maiores níveis de satisfação. Silva e Rodrigues (2007, p. 38) afirmam que “a melhoria dos fatores higiênicos servirá (apenas) para remover os empecilhos à formação de atitudes positivas” e Coradi (1985) complementa declarando que a melhoria dos fatores de higiene não garante e não elevam os índices de satisfação das pessoas que desenvolvem atividades num determinado ambiente, pois estes com o passar do tempo serão vistos como “normais”, porém, caso essas condições piorem ao invés de melhorarem, as contestações serão inevitáveis e a insatisfação começará a se manifestar. Ou seja, a melhoria dos fatores higiênicos não motiva, mas sua piora gera insatisfação. Segundo Dubrin (2003), a teoria dos dois fatores trouxe duas grandes contribuições para o estudo da motivação: primeiro, tem ajudado as pessoas a perceber que o dinheiro nem sempre é o motivador principal; segundo, tem auxiliado a formulação de empregos para torná-los intrinsecamente mais satisfatório. Entretanto, tal teoria falha ao desacentuar as diferenças individuais e camufla a importância dos fatores de higiene, pois estes tais como benefícios, bom ambiente de trabalho, boa estrutura, entre outros, atraem e retêm empregados, satisfazem e motivam muitas pessoas. Gil (2008) complementa a idéia de Dubrin (2003) ao declarar que a ampla aceitação da teoria de Herzberg não autoriza, porém, a desconsiderar os fatores higiênicos. Se for verdade que aumentar os salários, e outros benefícios, não levam as pessoas a trabalharem com mais dedicação, pode, no entanto, deixá-las satisfeitas o bastante para que outros fatores possam motivá-las. Por outro lado, 63 se as vantagens e as condições de trabalho causam insatisfação, as pessoas tornam-se desmotivadas, e nenhum outro elemento será capaz de motivá-las. Torna-se evidente que os fatores que fazem parte do ambiente, ou higiênicos, não determinam, segundo a teoria de Herzberg, a satisfação do indivíduo, porém, não podem, em nenhum momento, serem desconsiderados do conjunto que a compõem. A satisfação que este pode adquirir no cargo depende dos fatores motivacionais ou satisfacientes correspondentes ao seu conteúdo ou as atividades estimulantes desempenhadas pelo seu ocupante. Para Chiavenato (2003), os fatores motivacionais estão sob o controle do indivíduo, pois se relacionam diretamente com a natureza do conjunto de tarefas que a pessoa executa, envolvendo sentimentos de crescimento individual, reconhecimento profissional e auto-realização. 2.5.7 Teoria da Equidade A Teoria da Equidade, elaborada por J. Stacy Adams, em 1965, propõem que o comportamento do indivíduo é influenciado a partir das relações entre as trocas sociais. Estas, por sua vez, especificam os caminhos pelos quais os indivíduos irão responder por uma determinada situação. De acordo com Coradi (1985) a teoria da equidade baseia-se em processos comparativos que fazemos, quer de semelhanças ou de disparidades, através de nossos mecanismos de percepção, dos cotejos econômicos, sociais, humanos, mensurando nosso poder em relação aos demais que nos rodeiam. A base de comparação é nosso universo pessoal, nossa área de relações e de atuação, nosso campo visual e perceptível, não sendo possível, no entanto, fazermos comparações fora desta área simplesmente por não conhecermos nada além dela, ela é o limite. Segundo Stoner e Freeman (1999), a teoria da equidade afirma que a motivação, o desempenho e a satisfação das pessoas, no trabalho ou numa atividade qualquer, depende da avaliação subjetiva que essas fazem da relação entre o seu quociente esforço/recompensa e o quociente esforço/recompensa de outros em situações semelhantes. Nesse contexto, a equidade pode ser entendida 64 como uma relação entre a contribuição dada pelo indivíduo na realização de seu trabalho, tais como a habilidade ou esforço em realizar determinada tarefa, e as recompensas que recebe, ou que receberá, tais como reconhecimento social ou benefícios, comparando-as com as recompensas que os outros ganharam por contribuições da mesma natureza, entretanto, as recompensas devem ser vistas como justas para que sejam motivadoras. Para Dubrin (2003), a teoria da equidade enfoca, basicamente, com que imparcialidade as pessoas pensam que estão sendo tratadas em comparação a certos grupos de referência. Segundo sua avaliação, a teoria sustenta o conceito de que as pessoas mantêm-se motivadas diante da aceitação de certas crenças sobre os resultados que recebem de suas funções e os recursos que investem para obter esses resultados. A essência da teoria é que as pessoas comparam seus recursos e seus resultados (utilizando-se de comparações sociais) com outros que estão no mesmo ambiente de trabalho ou em condições similares. Quando o indivíduo acredita que está recebendo os resultados de acordo, ou que estes são diretamente proporcionais aos inputs ou insumos investidos – tais como esforço, habilidade ou experiência – geralmente ficam satisfeitos e dispostos a se dedicarem mais a finco as atividades que estão executando. De outro modo, caso percebam que não estão sendo tratados equitativamente, concluem que estão dando mais do que estão recebendo da organização, criando um estado de tensão e insatisfação. Bateman e Snell (1998) explicam mais sucintamente de que forma as pessoas comparam o quociente de seus próprios esforços em relação aos de outra pessoa de forma a checar se há ou não equidade entre eles utilizando-se da seguinte equação: Figura 7: Relação de equidade Fonte: Bateman e Snell (1998, p. 373). Caso as proporções sejam equivalentes, as pessoas então acreditam que a relação é eqüitativa ou justa, fazendo com que estas se sintam satisfeitas com o tratamento que recebem. Mas aquele que acreditar que sua proporção é menor 65 com relação a dos outros sentirá que não foi tratado de forma eqüitativa. A iniqüidade causa insatisfação e conduz a uma tentativa de restituir o equilíbrio da relação através da restauração da equidade. Hampton (1990) sustenta a teoria que as pessoas que foram tratadas de forma não eqüitativa e encontram-se insatisfeitas ficam motivadas a fazer algo que possa restaurar a equidade valendo-se de quatro possíveis escolhas: reduzir seus insumos fazendo menos esforços, apresentando baixo desempenho ou até mesmo engajando-se num comportamento autodestrutivo ao simular estar doente para não ir trabalhar, entre outros. Outra opção é tentar aumentar seus resultados fazendo com que as pessoas percebam que elas merecem mais pelo seu rendimento num dado trabalho. Outros modos de restaurar a equidade é focalizar a mudança de quociente da outra pessoa. O indivíduo pode tentar diminuir os resultados dos outros utilizando-se de meios ilícitos que vão desde a sabotagem do trabalho do outro a criar problemas deste com seus superiores. Uma pessoa também pode mudar suas percepções de insumos e resultados julgando que as recompensas não são tão atrativas como pensava. Também é possível aumentar os insumos dos outros alterando as próprias percepções com relação ao próximo através do reconhecimento do esforço/recompensa do outro. Dubrin (2003) acrescenta mais duas opções de ações: a pessoa pode mudar sua fonte de referência escolhendo outro indivíduo para tal confronto cuja relação resultado/recurso seja semelhante a do próprio interessado ou adotar uma medida extrema como deixar a situação pedindo demissão ou optando por mudar de área de atuação, sentido-se mais livre para procurar equidade em outra posição. Já Silva e Rodrigues (2007) estabelecem a seguinte relação: A relação de equidade feita pelo indivíduo avalia as suas recompensas (R) e as suas contribuições (C) e as recompensas e contribuições dos outros. Chega-se a relação de equidade quando há um equilíbrio nesta relação (RC individual = RC dos outros); de iniqüidade, quando o indivíduo percebe que a relação o desfavorece (RC individual < RC dos outros), e de favorecimento quando o indivíduo percebe que é favorecido nesta relação (RC individual > RC dos outros). Também é necessário considerar que a equidade ou a iniqüidade podem ocorrer, segundo a percepção do indivíduo, ao avaliar a relação existente entre o que ele 66 investe na realização do trabalho (dedicação, tempo, energia, etc.) e o que ele recebe em troca (reconhecimento, status, satisfação, etc.) sem haver comparação com outros indivíduos. A iniqüidade, por sua vez, poderá ocorrer quando os retornos previstos em relação aos investimentos de recursos realizados não são obtidos. De acordo com a perspectiva dos referidos autores, além das comparações descritas, o indivíduo ainda faz outra baseada na comparação do seu contrato com o contrato de outros trabalhadores da mesma organização ou de outras organizações, realizando, dessa forma, uma pesquisa de mercado. A teoria da equidade estabelece que se o indivíduo perceber a equidade continuará a contribuir com o mesmo nível de antes, mas se perceber um desequilíbrio nas comparações, sua produtividade cairá e este poderá optar por outro trabalho ou até mesmo outra área de atuação. Tal teoria pressupõe que os indivíduos têm consciência da situação uns dos outros, e têm capacidade de comparar tais situações e caso haja iniqüidade entre elas, aqueles que se julgarem injustiçados irão tentar diminuir essa falta de equidade chagando atrasados ou faltando ao trabalho, reclamando aos setores competentes, diminuindo o esforço empenhado, entre outros. 2.5.8 Teoria das Necessidades Adquiridas de McClelland Assim como Maslow, a Teoria das Necessidades Adquiridas de McClelland também considera as necessidades como de origem biológica, porém, não as leva em conta apenas pelo seu aspecto hierárquico. Estudos revelam que no final da década de 1940, o psicólogo David McClelland e sua equipe aplicaram o Teste da Percepção Temática (TPT) a fim de mensurar as necessidades humanas. Tal teste exibia figuras para as pessoas e solicitava que as mesmas escrevessem histórias sobre o que viam. A partir dos resultados obtidos, McClelland elaborou sua teoria enfocando três necessidades humanas que motivam o comportamento do homem – realização, poder e associação ou afiliação – que se interrelacionam, possuem níveis variados de intensidade entre as pessoas, valendo-se 67 de seus perfis psicológicos e do processo de socialização aos quais foram submetidas ao longo de suas vidas. Robbins (2005) as define da seguinte maneira: 1) Necessidade de realização: busca da excelência, de se realizar segundo determinados padrões, de lutar pelo sucesso. 2) Necessidade de poder: necessidade de fazer com que os outros se comportem da forma prevista, influenciar o comportamento alheio. 3) Necessidade de associação: desejo de criar relacionamento interpessoais amigáveis. Segundo o autor em questão, as pessoas que desenvolvem a necessidade de realização são indivíduos que alimentam o desejo de fazer algo melhor ou de modo mais eficiente do que já foi feito no passado. Os grandes realizadores se destacam das outras pessoas por desejarem fazer melhor as coisas, buscando assumir responsabilidades de solucionar problemas, receber rápido feedback para saber se estão melhorando e estabelecer metas moderadamente desafiadoras. Na necessidade de poder, o indivíduo desenvolve o desejo de impactar, de ter influência e de controlar as outras pessoas, sentem prazer quando estão no comando, optam por situações competitivas e de status tendendo a se preocupar mais com o prestígio e a influência do que com o desempenho eficaz. A terceira necessidade identificada por McClelland é a necessidade de associação. Pessoas guiadas pela necessidade de associação buscam a amizade, preferem situações de cooperação em vez de competição e se interessam por relacionamentos que envolvam um alto grau de compreensão mútua. Hampton (1990), por sua vez, classifica a teoria das necessidades de McClelland como a teoria das três necessidades secundárias ou adquiridas socialmente – poder, afiliação e realização – e afirma que tal teoria provocou grande impacto na literatura administrativa, pois a relação de poder, afiliação e realização são particularmente importantes porque estão ligadas a formas distintas de comportamento. Segundo sua avaliação, as pessoas tentam conseguir a necessidade de poder de várias formas e apresenta dois estilos diferentes: Um tipo enfatiza o poder pessoal – é constituído por pessoas dominantes que conseguem gerar inspiração e grande lealdade pessoal - o outro 68 estilo prioriza o poder social ou institucional – as pessoas inseridas nesse contexto procuram influenciar os outros não pela submissão pessoal, mas por meio do comprometimento impessoal baseado no cumprimento dos requisitos que a tarefa requer. O primeiro está focalizado no indivíduo e o segundo está vinculado à organização e a própria tarefa e possui maior probabilidade de sobreviver com o passar do tempo. À necessidade de afiliação o autor afirma que as pessoas que possuem esse tipo de necessidade mais forte dão mais atenção às outras pessoas e a seus sentimentos. Parecem ser mais amistosas, ficam mais a vontade nas relações e são mais capazes de solucionar conflitos. Todos esses comportamentos que emergem da necessidade de afiliação ajudam as pessoas a serem mais eficazes. Quanto à necessidade de realização Hampton (1990) avalia como sendo a mais complexa das necessidades, pois quando esta é particularmente forte, o indivíduo manifesta freqüentemente uma intensa preocupação em estabelecer metas profissionais arriscadas e difíceis, e ao perseguir essas metas, saber se o desempenho foi bom e receber o reconhecimento pelo sucesso. Na observação de Dubrin (2003), as necessidades apresentadas por MacClelland influenciam o comportamento no trabalho e estão arraigadas a base cultural e individual de cada um cuja composição vai desde a família, grupo de colegas a programas de televisão. Quando uma necessidade é suficientemente forte, a pessoa é impelida a se empenhar em atividades que possam satisfazê-la, e fixa três necessidades – chaves: a necessidade de realização - é perseguida por aqueles que desejam conseguir algo difícil por seus próprios méritos, em geral são pessoas com espírito empreendedor – a necessidade de poder – pessoas que possuem esse tipo de necessidade pensam em como influenciar os outros, ditar comportamentos e obter uma posição de autoridade e status, como os altos executivos, por exemplo. Já as pessoas que detém a necessidade de afiliação preocupam-se em ressentimentos e restabelecer relacionamentos querem engajar-se em rompidos atividades que e amenizar permitam um relacionamento mais íntimo. Para Aguiar (1991), os resultados dos estudos de McClelland, desenvolvido com grupos de adolescentes e com grupos de executivos em diferentes culturas, indicam que os indivíduos têm necessidade de realização, de afiliação e poder em 69 graus diferentes. A necessidade predominante, no entanto, é a que vai influenciar mais diretamente seu comportamento. A necessidade de realização proposta por McClelland tenta relacionar essa necessidade com o desenvolvimento econômico de um determinado lugar. Segundo McClelland, a necessidade de realização está fundamentada na ética protestante, que enfatiza o esforço individual e a importância e o compromisso com os resultados do seu próprio trabalho. O indivíduo realiza-se naquilo que faz e não nas possíveis recompensas que obterá do trabalho realizado. Segundo o autor estudado, a necessidade de realização parte da hipótese de que os indivíduos fixam para si um padrão de excelência de seu desempenho e tentam atingi-lo por diferentes meios. O que importa ao individuo guiado por essa necessidade é a realização cada vez melhor, de forma diferente e específica, o que lhe proporcionará satisfação na execução do que está fazendo. Logo, segundo sua análise, tal teoria justifica o individualismo e o egoísmo, pois tudo se justifica à medida que o indivíduo se “realiza”. O autor também afirma que existem necessidades que se integram com o objetivo de permitir a concretização de uma necessidade superior. Os indivíduos com preponderância da necessidade de realização apresentam geralmente um alto grau de necessidade de poder e um grau moderado da necessidade de afiliação, sendo o “poder”, nesta situação, pré-requisito ou condição para a “realização”. Em contra partida, quando o “poder” surge como necessidade preponderante, com o objetivo de dominação ou imposição de uma ideologia específica, associa-se em geral com a necessidade de “afiliação”, que permite o estabelecimento das relações sociais, a sua aceitação por diferentes grupos ou indivíduos, tornando-se indispensável até certo ponto a sua própria manutenção. É importante ressaltar que a preeminência de uma necessidade favorecerá ou prejudicará a integração dos indivíduos na organização. Os indivíduos com necessidade de realização terão mais dificuldades de se ajustar aos padrões existentes nas organizações burocráticas, pois dificilmente conseguirão atingir, nessas organizações, um nível de excelência de realização criativa. Ao contrário, os indivíduos em que prevalece a necessidade de poder são os que mais facilmente se integram e se ajustam às organizações burocráticas. Já aqueles que possuem necessidade de afiliação mais forte, limitarão seus padrões de realização em favor de sua aceitação por grupos ou indivíduos. 70 Conclui-se, dessa forma, que a teoria das necessidades de MacClelland trouxe uma contribuição importante para identificar as necessidades relacionadas ao desempenho pessoal e gerencial dos indivíduos, fornecendo explicações para cada tipo de comportamento baseado ou orientado por uma das necessidades da tríade discutida. Um ponto forte da teoria analisada, segundo os autores mencionados, é o seu aspecto exclusivo de que as pessoas podem ser ensinadas a ter certas necessidades através de programas capazes de aumentar sua motivação. Além disso, a teoria sugere que a motivação é mutável mesmo na idade adulta, e que as necessidades discutidas podem intensificar-se, mudar ou deixar de existir através da alteração das percepções do indivíduo ou mesmo por programas de treinamento especialmente preparados para tal mudança. Entretanto, sua teoria é vista por vários autores como simplista, não apenas por tentar explicar o comportamento de um único indivíduo fundamentando-se em apenas três necessidades motivacionais básicas, como por propor o estudo do comportamento de uma população inteira tendo como base os mesmos pressupostos. 2.5.9 Teoria ERG Clayton Aldefer, da Universidade de Yale, trabalhou em cima da teoria da hierarquia das necessidades de Maslow com o propósito de aliá-la melhor com a pesquisa empírica. A esta hierarquia revisada foi dado o nome de Teoria ERG, tornando-se uma versão mais atual e válida da teoria das necessidades. Robbins (2005) afirma que, segundo Aldefer, há três grupos de necessidades essenciais: existência, relacionamento e crescimento. Surgindo a sigla ERG, em inglês. O grupo chamado de existência refere-se a nossa matéria básica de sobrevivência, inclui os itens chamados por Maslow de necessidade fisiológica e de segurança. O segundo grupo destina-se as nossas necessidades de relacionamento que está diretamente ligada ao desejo de manter importantes relações interpessoais. Este desejo de status e sociabilidade carece da interação com outras pessoas para ser atendido, comparando-se com as necessidades sociais e aos componentes externos de estima classificados por Maslow. O 71 terceiro e ultimo grupo denominado de crescimento, difere-se por se tratar de um desejo intrínseco de desenvolvimento pessoal, aliado aos componentes intrínsecos da categoria de estima de Maslow e as características da necessidade de realização. Além de trocar cinco necessidades por apenas três, a teoria de Aldefer difere da de Maslow em dois aspectos, elencados por Stoner e Freeman (1999): 1) Mais de uma necessidade pode estar ativa ao mesmo tempo; 2) Quando as necessidades mais altas são frustradas, o desejo de satisfazer outra de nível inferior aumentará. Outra constatação, segundo a ótica de Bowditch e Buono (2003), é que, segundo a teoria da hierarquia das necessidades de Maslow, existe uma rigidez na progressão das etapas, enquanto a teoria ERG não assume tal postura e as necessidades podem estar em ação simultaneamente, ou seja, não há uma obrigatoriedade de uma necessidade de nível inferior ser plenamente satisfeita para só assim seguir para uma necessidade de nível superior. Silva e Rodrigues (2007) apontam outro fato importante na teoria ERG: a existência de uma dimensão chamada de frustração-regressão. Tal relação estabelece que quando uma necessidade de nível superior é insatisfeita, cresce o desejo de atender a uma necessidade de nível inferior, contrariando a afirmação de Maslow que fixava uma estagnação do indivíduo em determinado nível de necessidade até que esta fosse atendida. Soto (2008) entende que a hipótese da regressão da frustração ocorre quando um indivíduo vê frustrada a satisfação da necessidade superior, migrando então para a necessidade de nível mais baixo, e esclarece que, para efeito da regressão, em um indivíduo que busca satisfazer uma necessidade de nível inferior é provável que a necessidade de nível superior torne a aparecer como um importante fator de motivação da sua conduta. Quando tal fato ocorre, o indivíduo passa imediatamente para a necessidade de nível superior seguinte, com a intenção de tentar novamente satisfazer sua necessidade de forma diferente. A afirmação dada por Soto (2008) é visualizada na ilustração a seguir: 72 Figura 8: Modelo ERC da motivação Fonte: Soto (2008, p.147) Analisando a figura acima concluímos que a progressão da satisfação ocorre obedecendo ao crescimento vertical superior, migrando da necessidade de existência à necessidade de realização, e dessa para a necessidade de crescimento quando nenhuma necessidade anterior for frustrada. Na hipótese de haver frustração, ou seja, a não realização de uma necessidade superior, esta regressa a necessidade inferior e insiste até a necessidade pretendida ser totalmente satisfeita. No contexto adotado, e de acordo com autores abordados, a teoria ERG, assim como a teoria de Maslow, converge ao afirmarem que as necessidades de nível mais baixo levam a exigência de satisfazer as necessidades de nível superior, entretanto, divergem no ponto em que a teria ERG afirma que múltiplas necessidades podem atuar ao mesmo tempo e que uma necessidade de nível superior não atendida exigirá atender uma necessidade de nível inferior. Outro ponto positivo da teoria elaborada por Aldefer é que esta se torna mais coerente ao considerar que as diferenças entre as pessoas são causadas por variáveis como a educação, antecedentes familiares e ambiente cultural, alterando a importância que cada um dos grupos de necessidade tem para cada indivíduo. Com relação à perspectiva motivacional, devemos salientar que as idéias expostas nos dão uma visão geral dos estudos desenvolvidos acerca da motivação e do comportamento humano. Contudo, é importante frisar, que o comportamento humano é complexo o que significa que não podemos dar uma única definição para a motivação. As pessoas são impulsionadas por motivos diversos, em diferentes momentos e circunstâncias, portanto, não podemos adotar 73 nenhum modelo anterior isoladamente. Todos esses modelos estão arraigados, de forma direta ou indireta, nas teorias motivacionais que evoluiriam com o passar do tempo, cada uma adotando uma perspectiva diferente sobre o tema de acordo com a necessidade desenvolvida em suas épocas. Outro fator igualmente relevante é apontado por Robbins (2004) no que concerne a cultura sobre a qual foram formuladas as teorias motivacionais. Este alerta que a maioria das teorias foram desenvolvidas nos Estados Unidos por norte-americanos e sobre norte-americanos, e que é preciso tomar cuidado ao se utilizar as recomendações de uma teoria específica quando lidarmos com uma cultura diferente. Não podemos subjugar os variados costumes dos diversos países a uma teoria sobre motivação sem levar em conta seus aspectos culturais, sociais, econômicos e políticos. 74 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 NATUREZA DA PESQUISA Quanto aos fins, critérios e objetivos que foram analisados, a presente pesquisa classifica-se como exploratória – por que, embora a UFPB seja uma instituição com tradição e alvo de pesquisas em diversas áreas de investigação, incluindo a presente área, não se tem muito conhecimento neste tema dentro da perspectiva proposta por esta pesquisa em relação ao curso questionado, e por esse tratar-se de um curso de grande popularidade na instituição em questão, manifestou-se a necessidade de contemplar tal temática direcionando-a ao fim que este estudo se propõe – e descritiva, ao passo que irá descrever as características dos alunos do curso de graduação em administração, suas percepções e expectativas acerca das variáveis propostas neste estudo. Segundo Gil (2002), as pesquisas descritivas com base em objetivos acabam por proporcionar uma nova visão do problema, aproximado-as de uma pesquisa exploratória. Entretanto, a união entre esses dois tipos de pesquisas é comumente utilizada por pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. Dessa maneira, obtiveram-se nesse estudo, dados fornecidos por pessoas que tiveram experiência prática com o problema que fora pesquisado, analisandoos a fim de estimular sua compreensão. 3.2 MÉTODOS DE ABORDAGEM O método de abordagem utilizado nesse estudo é o método indutivo, pois sua análise parte da premissa dos fatos observados para chegar a uma conclusão que contém informações sobre fatos ou situações não observados (RICHARDSON, 1999). Submetemos, com a utilização dessa abordagem, todos os indivíduos que fizeram parte da amostra, neste caso os alunos de graduação em administração da Universidade Federal da Paraíba, a idênticas situações, propiciadas pela 75 aplicação individual de um questionário, para podermos, partindo de dados particulares constatados, chegarmos a proposições gerais. 3.3 MÉTODOS DE PROCEDIMENTO Quanto aos meios, podemos identificá-la, em um primeiro momento, como pesquisa de campo, e em um segundo momento como pesquisa de levantamento. Para Vergara (2008), a pesquisa de campo tratar-se de uma investigação empírica que é realizada no local onde ocorre o fenômeno. Para isso, o pesquisador deve estar ciente de que deve coletar os dados de forma sistematizada, selecionandoos e organizando-os sem qualquer tipo de manipulação (LIMA, 2004). Já a pesquisa de levantamento é caracterizada, nessa pesquisa, pela interrogação direta das pessoas cujas informações desejam-se analisar. Gil (2002) determina que nesse tipo de pesquisa seleciona-se, mediante procedimentos estatísticos, uma amostra significativa de todo o universo que é tomado como objeto de investigação, cujas conclusões são projetadas em sua totalidade. Conseguimos, dessa maneira, obter conhecimento direto da realidade, economia e rapidez em relação à coleta dos dados e sua quantificação, possibilitando uma análise estatística. 3.4 UNIVERSO DA PESQUISA Universo ou população constitui o conjunto de elementos que possuem determinadas características. Fala-se de população ao se referir aos habitantes, em aspectos globais, de um determinado lugar. Em termos estatísticos, pode ser um conjunto de indivíduos que trabalham num mesmo lugar, os alunos matriculados em uma mesma universidade ou num determinado curso, entre outros (RICHARDSON, 1999). No presente estudo, o universo da pesquisa foi composto pelos alunos devidamente matriculados no curso de Administração oferecido pela Universidade Federal da Paraíba – Campus I nos turno matutino e noturno, cursando do quarto ao décimo período, totalizando 707 alunos. A 76 limitação do universo foi baseada no nível das questões abordadas no questionário, excluindo-se da amostra os alunos inseridos entre o primeiro ao terceiro período do curso de Administração por estes não possuir maturidade acadêmica suficiente para responder as perguntas específicas do questionário, uma vez que, o conteúdo inerente as disciplinas compostas na grade curricular dos citados períodos possui abordagens generalistas não conferindo a estes conhecimento apropriado para responder as questões propostas por esta pesquisa a contento. 3.5 AMOSTRA Segundo Gil (2002, p.121), “amostra é uma pequena parte dos elementos que compõem o universo”. Richardson (1999) a define como um subconjunto qualquer do conjunto universal ou da população. Neste caso, utilizando-se da definição de Arango (2005), a amostra foi determinada através do procedimento estatístico de dimensionamento amostral para estimativas de proporções, baseando-se no erro absoluto de população finita. No contexto abordado, foi adotado o grau de significância de 90% e margem de erro absoluta de 3% (para mais ou para menos), considerando uma prevalência real máxima de 10%, o que limitou a amostra em 27,58% do universo estudado, ou seja, foram submetidos à pesquisa um número aproximado de 195 alunos. Para que a amostra ficasse mais representativa, dividiu-se o total dos 195 alunos pesquisados pelos doze períodos avaliados obtendo-se uma média inicial de 17 alunos por período no turno matutino e 16 alunos por período no turno noturno. Dessa forma, chegou-se a fração de 17 alunos questionados por período entre o quarto e o oitavo período no turno matutino totalizando 85 alunos, e 16 alunos consultados por período entre o quarto ao décimo período no turno noturno somando 110 alunos. Todos os alunos foram abordados de forma aleatória, obedecendo ao critério de acessibilidade e disponibilidade dos referidos. Entretanto, baseando-se no critério a pouco mencionado, a quantidade real de alunos consultados por período e turno segue conforme mostra o Quadro abaixo: 77 PERÍODO TURNO QUANTIDADE MATUTINO NOTURNO MATUTINO NOTURNO MATUTINO NOTURNO MATUTINO NOTURNO MATUTINO NOTURNO 14 15 16 16 14 17 19 18 15 15 9º PERÍODO NOTURNO 19 10º PERÍODO NOTURNO 17 4º PERÍODO 5º PERÍODO 6º PERÍODO 7º PERÍODO 8º PERÍODO TOTAL 195 Quadro 1: Quantidade de alunos consultados por turno e período Fonte: Elaboração própria (2009) Dessa forma, conseguiu-se atingir a quantidade total da amostra calculada de 195 alunos que foram submetidos à pesquisa, respeitando-se o intervalo de períodos previamente determinados – do quarto ao décimo período – dentro dos turnos propostos (matutino e noturno) sem comprometer o presente estudo. 3.6 INSTRUMENTO DE PESQUISA Foi utilizado, como técnica de coleta de dados, a aplicação de um questionário fechado e observação direta extensiva. Lima (2004, p.52) o define afirmando: “O questionário corresponde a uma técnica de coleta de dados utilizada em pesquisa de campo de caráter quantitativo. É o resultado da formulação e da aplicação de uma série ordenada de questões”. Segundo Richardson (1999), o questionário é, na realidade, um tipo de entrevista estruturada, e cumprem pelo menos duas funções: descrever as características e medir determinadas variáveis de um grupo social, utilizando-se ora de questões unidimensionais, ora de perguntas múltiplas. Lima (2004) atribui aos questionários fechados a seguinte sugestão de formulação de questões: Questões dicotômicas, questões de estimação ou de 78 avaliação, questões de fato, questões de ação e perguntas de intenção, as quais foram aplicadas neste estudo, possuindo as seguintes características: Questões dicotômicas: Referem-se a perguntas que oferecem ao entrevistado duas opções de respostas. Ex: A favor ou contra; Sim ou não. Questões de estimação ou de avaliação: Dentro desse contexto, a pergunta solicita um julgamento, uma estimação ou avaliação segundo uma escala que remete a um grau de intensidade crescente ou decrescente e as prováveis respostas estão listadas logo após a questão. Questões de fato: Remetem-se aos dados sobre o entrevistado, tais como gênero, idade, estado civil, outros. Questões de ação: Propõem-se identificar opções, atitudes e ações do respondente. Perguntas de intenção: Pretendem conhecer entrevistado certas diante de circunstâncias, a postura do projeções ou expectativas. Adquirimos, desse modo, conhecimento acerca do problema que foi analisado adotando uma postura de impessoalidade, por parte do pesquisador, frente aos dados coletados. A opção pela adoção da mencionada estrutura justifica-se por proporcionar objetividade nas respostas, o que facilitou o preenchimento do material e a análise dos dados pelo pesquisador. O questionário adotado foi formulado por Jean-Luc MONGENET e traduzido pelo professor Dr. Walmir Rufino da Silva. O citado questionário foi utilizado pelo mencionado professor em pesquisa conjunta com o professor Mestre Márcio Machado publicada no 30º encontro ANPAD – ENANPAD 2006 – Salvador/BA. O referido questionário sofreu adaptações com o intuito de se adequar melhor ao perfil adotado na presente pesquisa. 79 3.7 COLETA DOS DADOS A coleta dos dados é uma das partes de grande relevância do projeto de pesquisa. Segundo Gil (2002), é necessário garantir que os pesquisadores sejam honestos e não coletem dados enviesados, é preciso também, à medida que os dados são coletados, examiná-los para verificar se estão completos, claros e coerentes. A pesquisa foi realizada pelo pesquisador e dois participantes devidamente treinados e os questionários foram apresentados individualmente aos alunos entrevistados que os preencheram de acordo com as explicações dadas no ato da abordagem, esta, por sua vez, foi feita em sala de aula e em outros ambientes obedecendo ao critério de acessibilidade e disponibilidade dos alunos submetidos à pesquisa realizada entre os meses de julho a setembro de 2009, contemplando os alunos do período letivo de 2009.1 no turno matutino e 2009.2 no turno noturno. 3.8 TRATAMENTO DOS DADOS Para Vergara (2008), essa etapa é uma das mais importantes, pois se refere à seção na qual se explica para o leitor como se pretende tratar os dados que foram coletados, estabelecendo os procedimentos ou técnicas adotados. Sob este aspecto, os dados coletados foram dispostos em gráficos e tabelas utilizando-se do dispositivo estatístico de distribuição amostral de proporções. Segundo Arango (2005), a distribuição amostral de proporções é o processo de extrair amostras de uma população e verificar a relação dos seus parâmetros com os da própria população em termos proporcionais, possibilitando trabalhar com variáveis não-numéricas, utilizando-se de distribuição estatística expressa através de cálculos percentuais. Vale salientar, que todos os dados estatísticos foram organizados em uma planilha eletrônica utilizando-se dos mecanismos oferecidos pelo programa Microsoft Excel 2007. 80 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Neste item, são apresentados os dados da pesquisa de campo aplicada nos meses de julho a setembro de 2009 na Universidade Federal da Paraíba com os alunos do curso de bacharelado em administração devidamente matriculados nos turno matutino e noturno. A amostra, inicialmente projetada para este estudo, foi ajustada a realidade encontrada na aplicação da pesquisa de campo, e, em virtude dessa condição, foram entrevistados 78 alunos no turno matutino e 117 alunos no turno noturno, que recebeu, dessa forma, os alunos remanescentes do turno matutino que estavam ausentes durante a aplicação da pesquisa. A análise e discussão dos resultados divide-se em duas partes: a primeira parte trata dos dados referentes ao perfil dos sujeitos da pesquisa, submetidos, segundo a classificação feita por Lima (2004), a questões de fato, constituindo a Parte I do questionário aplicado. A segunda parte é dedicada à percepção da motivação dos alunos do curso de graduação em administração da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) disposta em questões dicotômicas, perguntas de intenção, questões de ação e de estimação ou avaliação, compondo a Parte II do questionário da pesquisa (Apêndice A). 4.1 PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA Com relação ao gênero, os dados coletados propiciaram as seguintes conclusões: ANÁLISE GERAL TURNO MATUTINO TUNO NOTURNO Masculino 61,5% Masculino 55% Masculino 65,8% Feminino 38,5% Feminino 45% Feminino 34,2% Total 100% Quadro 2: Gênero dos respondentes da pesquisa Fonte: Elaboração própria (2009) Como mostra o Quadro 2, o perfil da amostra identificou que 61,5% e 38,5% do total dos 195 alunos pesquisados matriculados no curso de graduação 81 em administração da Universidade Federal da Paraíba, pertencem ao sexo masculino e feminino, respectivamente. A maior concentração de indivíduos pertencentes ao sexo masculino está no turno noturno, dos 117 entrevistados neste turno 65,8% são homens, enquanto que o sexo feminino possui maior concentração no turno matutino, com 45% do total dos 78 alunos consultados. Esta predominância do sexo masculino permanece inalterada desde o ano de 2006, comprovada em pesquisa publicada no referido ano por Silva e Machado que declarava, no período, que 55,5% dos alunos de graduação em administração das instituições públicas da Paraíba eram homens. Fato também comprovado pela FUVEST em seu Relatório Socioeconômico divulgado neste ano de 2009, com 55,8% dos alunos convocados para a primeira matrícula em graduação em administração na Universidade de São Paulo pertencentes ao sexo masculino. No que tange a faixa etária, os dados obtidos indicam os seguintes resultados: ANÁLISE GERAL 0% 52% 34,4% 9,5% 2,6% 1,5% menos de 18 anos de 18 a menos de 23 anos de 23 a menos de 27 anos de 27 a menos de 32 anos de 32 a menos de 37 anos 37 anos ou mais Total Quadro 3: Faixa etária da amostra pesquisada TURNO MATUTINO 0% 72% 24,4% 2,6% 1% 0% TURNO NOTURNO 0% 38,5% 41% 14,5% 3,4% 2,6% 100% Fonte: Elaboração própria (2009) Segundo o Quadro 3, não há entre os entrevistados nenhum estudante com menos de 18 anos, e podemos perceber que os alunos mais jovens cuja faixa etária é de 18 a menos de 23 anos somam 52% do total dos consultados e estão reunidos, em maior parcela, no turno matutino que detém 72% desse percentual. Em segundo lugar está o grupo de 23 a menos de 27 anos (34,4%) concentrandose, em sua maior parte, no turno noturno (41%). Em terceiro lugar, agrupamos os alunos de 27 a menos de 32 anos (9,5%), de 32 a menos de 37 anos (2,6%) e de 82 37 anos ou mais com 1,5% dos totais da amostra. Os três últimos itens citados estão concentrados, em sua maioria, no turno noturno que representa, respectivamente, 14,5%, 3,4% e 2,6% dos itens elencados. Observamos ainda que, segundo os dados, os alunos mais velhos estão reunidos no turno noturno que apresenta 61,5% do total dos alunos que tem de 23 anos aos que possuem 37 anos ou mais. De acordo com o Quadro 3, concluímos que a faixa etária dos atuais alunos do curso de administração fica entre os 18 a menos de 23 anos, com 52% das respostas. Esse resultado apresenta relação com as estatísticas da Síntese de Indicadores Sociais 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que estabelece que na Paraíba a população jovem pertencente a essa faixa etária é de 35,27%. Comparando-a com os dados referentes aos atuais alunos matriculados no curso de administração, é como se algo em torno dos 21% da população paraibana avaliada na pesquisa do IBGE dentro dessa faixa etária pertencesse ao curso de administração UFPB, caracterizando que a demanda pelo curso é muito alta e prioritariamente jovem. No que concerne ao estado civil, os dados se comportam da seguinte maneira: ANÁLISE GERAL 86% 11,5% 0% 1% 1,5% TURNO MATUTINO 91% 8% 0% 0% 1% Solteiro Casado Viúvo Divorciado Vivendo em concubinato Total Quadro 4: Estado civil dos respondentes da pesquisa TURNO NOTURNO 83% 13,6% 0% 1,7% 1,7% 100% Fonte: Elaboração própria (2009) Conforme o Quadro 4, observa-se que 86% dos alunos submetidos à pesquisa estão solteiros e estão, em sua maioria, concentrados no turno matutino (91%); podemos notar que 11,5% dos alunos estão casados e pertencem, em maior parte, ao turno noturno (13,6%). O turno noturno é o que representa o maior 83 número de alunos divorciados (1,7%) e vivendo em concubinato (1,7%) cujo total na análise geral é de 1% e 1,5%, respectivamente. Não foram registrados alunos viúvos. Os dados presentes no Quadro 4 afirmam que a maioria dos alunos matriculados no curso de administração estão solteiros. Tal fato pode ser comprado com os resultados divulgados pelo relatório socioeconômico da FUVEST 2009, reafirmando que, segundo pesquisa realizada por esta fundação nos campus da Universidade de São Paulo, 99% dos alunos convocados pela primeira lista de matrículas em administração nestas instituições estão solteiros. No tocante a renda familiar, as respostas obtidas propiciaram os dados do Quadro seguinte: ANÁLISE GERAL TURNO MATUTINO TURNO NOTURNO de 1 a 3 salários mínimos 13% 13% 14% de 4 a 7 salários mínimos 44% 50% 40% 20,5% 11,5% 26,5% de 12 a 15 salários mínimos 10% 9% 10,5% de 16 a 19 salários mínimos 7% 10% 4% acima de 19 salários mínimos 5,5% Total Quadro 5: Renda familiar dos pesquisados 6,5% 5% 100% de 8 a 11 salários mínimos Fonte: Elaboração própria (2009) Segundo o Quadro 5, verificou-se que 44% dos alunos abordados tem renda mensal de 4 a 7 salários mínimos, conjecturando a maioria do total de alunos entrevistados, estes estão concentrados no turno matutino que retém 50% dos alunos que encontram-se neste parâmetro. Os pesquisados que possuem renda familiar mensal entre 8 a 11 salários mínimos constituem 20,5% do total da amostra, estando alocados, em sua maioria, no turno noturno (26,5%). Os respondentes que possuem como renda familiar de 1 a 3 salários mínimos totalizam 13% e pertencem, em maior quantidade, ao turno noturno (14%). Aqueles que desfrutam da renda mensal de 16 a 19 salários mínimos ou ganham 84 acima desse valor, somam 12,5% do total dos consultados e estão agrupados no turno matutino que possui para cada item 10% e 6,5%, respectivamente. Entende-se, portanto, que 87% dos alunos de graduação em administração possuem renda familiar mensal acima da média nacional, que varia de meio a 3 salários mínimos por mês, pertencendo, dessa forma, à parcela dos 13,7% da população brasileira que possuem renda familiar mensal per capita acima de quatro salários mínimos, conforme publicado na Síntese de Indicadores Sociais 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como podemos observar, uma boa renda familiar possibilita que esses alunos invistam de forma qualitativa em sua educação, promovendo a inserção de alunos melhor preparados no curso. Contudo, sob outro ponto de vista, podemos concluir que tal fato confirma as observações feitas por Franco (2008) acerca do ensino público superior em que este afirma que a maior parte dos alunos ingressos na educação pública superior brasileira são detentores de considerável renda familiar, conforme comprovado nos dados divulgados no Relatório Socioeconômico da FUVEST (2009) que indica que 78,4% do total dos candidatos submetidos ao exame vestibular dos campis da Universidade de São Paulo possuem renda familiar mensal entre 4 a 20 salários mínimos ou mais. De acordo com os dados, podemos concluir que a educação pública superior, no Brasil como um todo, está cada vez mais voltada aos alunos de classe média que desfrutam de considerável renda familiar e podem direcionar maiores investimentos financeiros aos seus estudos, ao contrário daqueles que não usufruem da mesma condição financeira e estão presentes em quantidades cada vez menores nas instituições públicas superiores do país. Quando questionados sobre religião, as respostas se comportaram da seguinte maneira: 85 ANÁLISE GERAL 56,5% 19% 5% 18% 1,5% TURNO MATUTINO 60% 17% 5% 16,8% 1,2% Católica Evangélica Espírita Não possui Outros Total Quadro 6: Indicação religiosa da amostra abordada TURNO NOTURNO 53,8% 21,4% 4,3% 18,8% 1,7% 100% Fonte: Elaboração própria (2009) De acordo com o Quadro 6, podemos constatar que 56,5% dos alunos respondentes são católicos, e estão concentrados no turno matutino que detém 60% dos alunos submetidos à pesquisa que admitem possuir essa orientação religiosa; os evangélicos estão em segundo lugar (19%), concentrando-se no turno noturno (21,4%) que possui sua maioria. Os alunos que admitem ser espíritas totalizam 5% dos entrevistados, estando alocados, em maior parte, no turno matutino (5%); aqueles que não possuem indicação religiosa somam 18% do total e estão presentes em maior quantidade no turno noturno (18,8%), que também abarca o maior somatório de alunos que possuem outras orientações religiosas (1,7%) do total dos 1,5% de alunos que não se encaixaram com as opções sugeridas pelo item avaliado. Conforme expresso no Quadro acima, a maioria dos alunos do curso de administração declaram pertencer a religião católica (56,5%). Este dado corrobora com os resultados do Censo Demográfico (2000) realizado pelo IBGE cujos dados determinam que a maior parte da população paraibana (94,2%) é católica. Quanto à cidade de origem dos entrevistados, foram obtidos os resultados presentes no Gráfico abaixo: 86 JOÃO PESSOA 8% 17% 53% 22% OUTRAS CIDADES DA PARAÍBA OUTRAS CIDADES DO NORDESTE OUTRAS CIDADES DO BRASIL Gráfico 1: Cidade de origem dos respondentes Fonte: Elaboração própria (2009) No Gráfico 1, verificou-se que a maioria dos alunos consultados são naturais da cidade de João Pessoa com 53% do total. O gráfico também é composto por outras cidades pertencentes ao estado da Paraíba como um todo que juntas contabilizam 22% da amostra analisada. Quanto à região Nordeste, registramos que 17% dos consultados são oriundos de outras cidades nordestinas. As demais cidades do país somam juntas 8% do total dos consultados. Do percentual registrado para as outras cidades do estado da Paraíba, podemos observar que as cidades com maior representatividade é Campina Grande que possui 4,6% da procedência dos consultados; em segundo lugar vem Cabedelo com 2% do total; seguidos de Santa Rita e Patos, que representam, separadamente, as cidades-natal de 1,5% dos entrevistados. Observamos ainda que entre as demais cidades do Nordeste, 5,6% dos consultados são naturais de Recife em Pernambuco, e, entre as demais cidades brasileiras, 3% são originados de São Paulo capital. Os dados apresentados na questão nos mostram que o curso de administração da Universidade Federal da Paraíba possui no seu quadro discente indivíduos que são oriundos, em maior quantidade, da capital paraibana e do próprio estado, detendo juntos 75% do total dos consultados, ao contrário daqueles que são provenientes de outras cidades do Nordeste e do país como um todo que somam em conjunto 25% do total da amostra. 87 Com relação ao período atual dos alunos pesquisados e ao ano de ingresso na universidade, constataram-se os seguintes resultados: ANÁLISE GERAL Períodos % 4º Período 15 5º Período 16 6º Período 16 7º Período 19 8º Período 15 9º Período 10 10º Período 9 Total 100 Quadro 7: Período atual dos entrevistados Fonte: Elaboração própria (2009) Como demonstra o Quadro 7, a maioria dos respondentes pertencem ao sétimo período (19%), seguido do sexto (16%), quinto (16%), quarto (15%) e oitavo períodos, este ultimo com 15% dos alunos. Juntos, os mencionados períodos detêm 81% do total dos alunos matriculados em administração. Observase, entretanto, que o nono e o décimo períodos (10% e 9%, respectivamente) possuem a menor concentração de alunos matriculados, somando-se apenas 19% do total. De acordo com os dados dispostos podemos concluir que existe no curso de administração um baixo índice de alunos que concluem o curso em relação à quantidade de ingressantes, já que a maior concentração de alunos é verificada do quarto ao sétimo período, decaindo nos períodos seguintes apresentando o menor índice no ultimo período, ou seja, no período de conclusão. Com relação ao ano de ingresso na universidade, os dados obtidos dispostos no Quadro seguinte revelam: 88 ANÁLISE GERAL Ano de ingresso % 1997 0,5 2000 1 2002 2 2003 3 2004 7 2005 9 2006 31 2007 28 2008 17 Não respondeu 1,5 Total 100 Quadro 8: Ano de ingresso à universidade Fonte: Elaboração própria (2009) Segundo o Quadro 8, podemos afirmar que 31% dos respondentes ingressaram na instituição no ano de 2006, constituindo a maioria dos alunos consultados. Dos atuais alunos, 28% e 17% ingressaram na universidade nos anos de 2007 e 2008, respectivamente. Em menor quantidade ainda encontramos alunos cujo ano de ingresso datam dos anos de 1997, 2000, 2002, 2003, 2004 e 2005, somando juntos 22,5% do total de matriculados do curso. Apenas 1,5% dos alunos consultados não responderam o item analisado. Tal fato evidencia a retenção existente no curso, visto que, um número considerável dos entrevistados (22,5%) são alunos retardatários. No que concerne a origem do ensino médio, os resultados obtidos pela pesquisa apontam para o resultado demonstrado no Gráfico a seguir: 89 24,6% Escola Pública 75,4% Escola Privada Gráfico 2: Origem do Ensino Médio Fonte: Elaboração própria (2009) Conforme expresso no Gráfico 2, a maior parte dos alunos consultados afirmaram ter concluído o ensino médio em escolas da rede privada (75,4%) em detrimento da rede pública de ensino que deteve apenas 24,6% da formação básica dos alunos abordados. Como mostra o mencionado Gráfico, a maioria dos estudantes do curso de administração da Universidade Federal da Paraíba são egressos de escolas particulares. Este resultado é explicado pelo diagnóstico do ensino médio divulgado pela UNESCO, realizada por Abramovay e Castro, em 13 capitais brasileiras em que foi comprovado as péssimas condições físicas e pedagógicas do ensino médio público brasileiro, tendo o Nordeste como a região brasileira mais deficitária. De certo modo, esse fato contribui para uma demanda maior pelas escolas privadas que podem oferecer tanto uma infra-estrutura adequada quanto uma corpo docente mais qualificado. Entretanto, essa realidade torna a educação básica brasileira excludente, visto que, poucos alunos advindos de escolas públicas conseguem ingressar em uma universidade pública, tornado-a cada vez mais elitista. Vale salientar, que este dado não constitui um fato isolado do curso de administração da UFPB, do estado da Paraíba ou da região Nordeste, o Relatório Socioeconômico divulgado pela FUVEST (2009) declara que 88,5% dos alunos matriculados no curso de administração também concluíram o ensino médio em escolas da rede privada de ensino. 90 Questionados sobre a forma de ingresso na universidade, os dados coletados apresentaram o seguinte resultado: 4%0% Vestibular Transferido 96% Graduado Gráfico 3: Forma de ingresso na universidade Fonte: Elaboração própria (2009) Como podemos observar no Gráfico 3, aproximadamente 96% dos alunos entrevistados afirmaram ter ingressado na universidade através do vestibular, enquanto 4% obtiveram acesso a universidade utilizando-se do dispositivo de transferência. Destaca-se o fato de nenhum aluno submetido à pesquisa ter ingressado como graduado. Conforme observado, podemos estabelecer uma relação dos dados obtidos nesta questão com os fornecidos pela pesquisa de Silva e Machado (2006) e afirmar que a forma de ingresso no curso de administração nas instituições públicas da Paraíba não foi modificada com o passar do tempo, pois desde o ano da divulgação da referida pesquisa até os dias atuais, o vestibular ainda é a forma de ingresso mais utilizada pelos alunos para se ter acesso ao curso de graduação em administração, correspondendo, na ocasião, a 97% do total das respostas dos consultados. Quanto à realização de curso preparatório para o vestibular, obtiveram-se os resultados que se seguem: 91 45% 55% Sim Não Gráfico 4: Realização de curso preparatório para o vestibular Fonte: Elaboração própria (2009) Dado o Gráfico 4, observa-se que a maioria dos respondentes afirmaram ter feito algum curso preparatório para o vestibular, com 55% do total das respostas. Os resultados obtidos assemelham-se aos divulgados pelo Relatório Socioeconômico da FUVEST (2009) em que afirma que a maior parte dos alunos matriculados em administração (71,2%) se preparou em algum cursinho prévestibular, ao passo que 28,8% não fez uso desse recurso. Segundo pesquisa realizada por Silva e Machado (2006), esse feito é incidente há, pelo menos, três anos, quando se verificou em 2006 que 53,8% dos alunos matriculados em administração nas instituições públicas da Paraíba tinham realizado curso preparatório para o vestibular. Em relação ao número de vezes que prestou vestibular, as respostas se comportaram da seguinte maneira: 92 Quantidade Não Respondeu Mais de quatro Quatro Três Duas Uma 0% 10% 20% 30% 40% 50% Percentual Gráfico 5: Número de vezes que se submeteu ao exame vestibular Fonte: Elaboração própria (2009) Visualizando o Gráfico 5, podemos verifica que boa parte dos entrevistados se submeteu ao exame vestibular uma única vez (44,6%); em segundo plano temos os alunos que prestaram vestibular duas e três vezes com 28,4% e 17%, respectivamente, da incidência das respostas. Em terceiro e ultimo plano observamos que 6% e 3% dos alunos entrevistados fizeram entre quatro a mais de quatro exames vestibulares, respectivamente. Apenas 1% do total dos alunos consultados não respondeu este item. Os dados evidenciam que a maior parte dos atuais alunos do curso de administração se submeteu a seleção do vestibular uma única vez, entretanto, conforme análise de questões anteriores, embora os estudantes do curso de administração possuírem considerável renda familiar, o que favorece grandes investimentos em educação, serem egressos de escolas particulares que, em relação às escolas públicas, desfrutam de melhores instalações físicas, qualificado corpo docente e variados recursos pedagógicos, e terem realizado curso preparatório para o vestibular, menos de 45% dos entrevistados se submeteram ao processo de vestibular uma única vez e conseguiram alcançar a aprovação de imediato no curso. 93 Quanto à escolha do curso na realização do primeiro vestibular, verificou-se que 60% dos alunos respondentes admitiram ter escolhido o curso de administração como primeira opção no seu primeiro vestibular. Os 40% dos alunos que não optaram pelo curso de graduação em administração em seu primeiro vestibular optaram pelos cursos abaixo relacionados, conforme mostra Gráfico 6: 3% 2% 1% 3% 3% 4% ADMINISTRAÇÃO 6% DIREITO SAUDE TURISMO ENGENHARIA 5% CFO 13% 60% LICENCIATURAS CONTABEIS COMPUTAÇÃO OUTROS Gráfico 6: Escolha do curso na realização do primeiro vestibular Fonte: Elaboração própria (2009) De acordo com os dados do Gráfico 6, entre os 40% dos alunos que não optaram pelo curso de administração no seu primeiro vestibular, a maioria tinha o curso de Direito como primeira opção (13%). Em seguida surgem os cursos da área de Saúde (5%); Turismo (4%); Engenharia (3%); CFO - Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar (3%); Licenciaturas (3%); Ciências Contábeis (2%), e por fim o curso de Computação com 1% das intenções de ingresso. Cerca de 6% dos respondentes tinham o intuito de ingressar em Outros cursos acadêmicos, sendo os cursos da área de Comunicação os mais requisitados com 1,5% do total das pretensões de ingresso. Os resultados proporcionados nesta questão são similares aos encontrados em pesquisa desenvolvida por Silva e Machado (2006), em que reafirma que a maioria dos estudantes de administração que não optaram por esse curso no seu primeiro vestibular, tinham o curso de Direito como sua primeira opção 94 4.2 PERCEPÇÃO DA MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS DO GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UFPB – CAMPUS I CURSO DE Quando questionados sobre o fator determinante que os levaram a cursar administração, foram constatados os seguintes resultados: Outros Não Sabe Não Respondeu Status Social Facilidade de ingressar na Universidade Fácil inserção no mercado de trabalho Tradição Familiar Possui negócio próprio Concurso público Convicção pessoal 0% 10% 20% 30% 40% 50% Gráfico 7: Fatores determinantes na escolha do curso de administração Fonte: Elaboração própria (2009) Segundo o Gráfico 7, 49,4% dos respondentes afirmaram que a opção pelo curso partiu de convicção pessoal. Para 7% dos alunos entrevistados o principal fator de cursar administração é por possuírem negócio próprio, o dado se repete para aqueles que pretendem concorrer a concurso público. Apenas 4% dos alunos consultados ingressam no curso por questão de tradição familiar; 19% admitiram que o interesse pelo curso partiu pela fácil inserção profissional no mercado de trabalho, outros 4,8% informaram que fizeram administração por ser mais fácil de ingressar na universidade. Nenhum dos sujeitos consultados está no curso de administração por status social, enquanto que 1% dos alunos não respondeu a questão e 3% não sabem ao certo o que os levaram a optar pelo curso de administração; 4,8% dos alunos abordados preferiram optar por outros fatores de inserção no curso de administração. De acordo com os dados adquiridos na questão, a maioria dos atuais estudantes de administração escolheu ingressar no curso baseado em suas próprias convicções. Segundo Megginson et al (1998), o comportamento humano é sempre motivado por alguma causa interna ao próprio indivíduo, por seus 95 motivos internos, e estes são direcionados a cumprir uma determinada meta ou objetivo. Na questão em análise podemos deduzir, baseando-se na teoria do modelo de comportamento, que os alunos que escolheram o curso de administração por convicção pessoal possuem grande estima pela área de conhecimento que o curso abrange ou detém desejo intenso de alcançar um objetivo, ou satisfazer uma necessidade específica, relacionado à prática profissional que o curso concede. Quanto às atividades realizadas antes de ingressar no curso de administração, os dados apontam para o resultado mostrado no quadro a seguir: Logo após concluir o ensino médio, iniciei o curso de Administração na Universidade Tecnologia Engenharia Primeiro estudei outro curso superior Saúde 21,5% Contábeis Direito Licenciaturas Outros Gestão Fiz um curso técnico Informática 6,7% Outros Total Quadro 9: Atividades realizadas antes de iniciar o curso de administração Fonte: Elaboração própria (2009) Conforme expresso no Quadro 9, 71,8% dos entrevistados declarou que logo após o término do ensino médio iniciaram o curso de administração na universidade; 21,5% dos respondentes assumiram já terem ingressado na universidade em outro curso superior, entretanto, apenas 3,6% desse total concluíram o curso. Entre as áreas de conhecimento cursadas anteriormente destacam-se os cursos com formação de tecnólogo (4%) e as engenharias (4%). Os cursos com formação técnica também foram citados por 6,7% dos alunos submetidos à pesquisa, a maior parte desses alunos afirmaram ter concluído cursos técnicos na área de gestão (2,6%) antes de ingressar no ensino acadêmico. 71,8% 4,0% 4,0% 2,0% 2,0% 2,0% 1,5% 6,0% 2,6% 1,5% 2,6% 100% 96 Os resultados obtidos nesta questão corroboram para a análise feita por Nascimento (2007) acerca da educação básica referente ao ensino médio no Brasil, quando o referido autor afirma existir no país um duelo entre o ensino propedêutico – destinado ao vestibular – e o ensino profissional – voltado para o mercado de trabalho, evidenciado, na questão, pela alta procura pelo ensino destinado ao vestibular, visto que, a maior parte dos respondentes afirmou que logo após concluir o ensino médio, iniciaram o curso de administração na universidade ou já haviam cursado outro curso superior antes de iniciar o curso de administração, pondo em segundo plano a obtenção de conhecimento profissional voltado, especificamente, para o mercado de trabalho oferecido pelos cursos técnicos. Este resultado ainda contribui para reafirmar o diagnóstico do ensino médio divulgado pela UNESCO, realizada por Abramovay e Castro, em 13 capitais brasileiras cujas conseqüências apontaram que a maioria dos alunos entrevistados quando solicitados a indicar os principais objetivos do ensino médio, marcaram com maior freqüência a opção “preparar para o curso superior (vestibular)”, concentrando mais da metade das respostas dos respondentes da pesquisa, quer nas escolas públicas quer nas escolas privadas de ensino médio. Ao avaliar os motivos para realizar um curso superior, chegaram-se as seguintes conclusões: 97 É melhor realizar um curso que garanta futuras chances de emprego, mesmo que se tenha menos interesse no assunto. É melhor realizar um curso numa área pela qual se tem realmente interesse, independente de como serão as futuras chances de emprego. 29,7% 71,3% Gráfico 8: Motivos para a realização de um curso superior Fonte: Elaboração própria (2009) De acordo com o Gráfico 8, admitimos que 71,3% dos alunos consultados informaram que é melhor realizar um curso numa área pela qual se tem realmente interesse, independente de como serão as futuras chances de emprego do que realizar um curso que garanta futuras chances de emprego, mesmo que se tenha menos interesse no assunto (29,7%). Os dados da opção é melhor realizar um curso numa área pela qual se tem realmente interesse, independente de como serão as futuras chances de emprego confirmam o entendimento da idéia de motivação intrínseca, que, segundo Dubrin (2003), defende que se você tornar o cargo mais interessante, talvez não haja necessidade de recompensas externas. A teoria dos dois fatores está baseada nesse pressuposto, e este, por sua vez, defende a crença que uma atividade pode satisfazer as necessidades de competência e autodeterminação de uma pessoa quando esta a desempenha por prazer. Para Maximiano (2004), os fatores motivacionais ou intrínsecos desenvolvem a motivação do homem auto-realizador e estabelece que as pessoas sejam motivadas pela satisfação intrínseca da realização de objetivos ou interesses pessoais. Neste caso, o que importa não é ganhar dinheiro e sim realizar-se pessoalmente. Em contraste, a opção é melhor realizar um curso que garanta futuras chances de emprego, mesmo que se tenha menos interesse no assunto revela a importância com as recompensas externas, evidenciando o caráter da motivação extrínseca, tal como ocorria no modelo tradicional cujo fator motivacional preponderante era de cunho financeiro. 98 Consultados sobre as razões para fazer um curso universitário verificou-se Percentual os seguintes resultados: 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Conhecer a vida de estudante universitário Obter uma educação completa Obter uma formação para uma futura profissão 0% 8,7% 91,3% Série1 Gráfico 9: Razões para fazer um curso superior Fonte: Elaboração própria (2009) Conforme mostra o Gráfico 9, a opção obter uma formação completa para uma futura profissão (91,3%) destaca-se em relação a obter uma educação completa (8,7%). Verificou-se ainda que nenhum dos atuais alunos do curso de administração ingressou na universidade com pretensão de conhecer a vida de estudante universitário. Os dados obtidos endossam os resultados adquiridos em pesquisa desenvolvida por Silva e Machado (2006) cujas conclusões indicaram que 86,3% dos alunos de instituições públicas foram instigados a realizar um curso superior com o objetivo de obter uma formação para o desempenho de uma futura profissão. Em contrapartida, aqueles que buscam o ensino superior com o intuito de obter uma formação completa não ultrapassam os 13,7% dos entrevistados. De acordo com os resultados analisados, podemos perceber que o ensino superior brasileiro vem adotando a postura de inserir novos profissionais no mercado de trabalho, assumindo a responsabilidade que, segundo Nascimento (2007), era destinado ao ensino técnico-profissional que foi criado com finalidade de suprir a demanda por formação escolar provenientes do processo de industrialização e urbanização brasileiro, e embora haja um aumento de 14,7% da procura pela educação profissional e tecnológica no país, divulgado no ultimo 99 Censo Escolar da Educação Básica relativo ao ano de 2008, é crescente o número de estudantes que buscam na educação superior uma forma de inserção no mercado de trabalho, aumentando consideravelmente o número de alunos que ingressam anualmente neste nível de educação. Franco (2008) alia a esse fato os fortes investimentos do setor privado gerando novas universidades e a tentativa de expansão e democratização do ensino superior patrocinado pelo governo federal através de programas como o PROUNI – Programa de Universidade para Todos e REUNI – Reestruturação Universitária, que buscam aumentar o acesso a educação superior em todo país. Quando inquiridos a responder se o curso de administração possibilitaria a oportunidade de seguir a carreira desejada, os resultados se comportaram da seguinte maneira: 1,5% 1% 5% 35,5% Estou certo Considero provável 57% Considero improvável Certamente que não Não sei Gráfico 10: Curso de administração vs Carreira desejada Fonte: Elaboração própria (2009) De acordo com o Gráfico 10, 57% dos alunos entrevistados afirmaram que consideram provável que o curso de administração possa oferecer a carreira desejada, enquanto 35,5% dos respondentes estão certos que o curso irá proporcionar a carreira profissional esperada. Em contraste com esses resultados, 5% dos consultados não sabem se terá no curso de administração a consolidação da carreira almejada, enquanto 1,5% consideram improvável que o curso possa 100 atender a essa perspectiva e 1% dos alunos estão certos que o curso de administração não possibilitará a carreira profissional pretendida. Os dados dispostos no Gráfico acima corroboram para a pesquisa feita por Silva e Machado no ano de 2006 entre os estudantes do curso de administração no estado da Paraíba. Naquele momento, 90,10% dos alunos entrevistados pertencentes às instituições públicas de ensino superior, disseram considerar provável conseguir, através do curso de administração, seguir a carreira profissional deseja fato esse que continua inalterado na questão analisada, apesar de estar em menores proporções. Quando indagados sobre a infra-estrutura do curso, obtiveram-se os seguintes resultados: 2,6% 28,7% Satisfaciente 68,7% Insatisfaciente Não Respondeu Gráfico 11: Avaliação dos alunos no tocante a infra-estrutura do curso Fonte: Elaboração própria (2009) Como mostra o Gráfico 11, 68,7% dos alunos submetidos à pesquisa afirmaram que a infra-estrutura oferecida pelo curso é insatisfaciente; para 28,7% dos respondentes a questão estrutural não deixa a desejar e 2,6% não responderam ao item avaliado. Os dados analisados no Gráfico acima confirmam a perspectiva de Bergamini (2005) acerca da teoria dos dois fatores de Herzberg em que determina que os fatores higiênicos – vinculados ao ambiente – são necessários, porém, insuficientes para provocar motivação e a produtividade desejada do indivíduo. 101 Estes não fazem as pessoas produzirem mais, sua permanência garante apenas que seja conseguido manter o nível de insatisfação das pessoas em um grau mínimo, é, no entanto, na busca da realização dos objetivos motivacionais – ligados ao conteúdo da atividade – que as pessoas experimentarão maiores níveis de satisfação. Bateman e Snell (1998) salientam que independente do quanto esses fatores possam parecer bons, eles não vão tornar as pessoas verdadeiramente satisfeitas ou motivadas com a função que desempenham. Silva e Rodrigues (2007) alertam que os fatores higiênicos e motivacionais são dois contínuos opostos e não se relacionam entre si, e que o primeiro servirá (penas) para remover os empecilhos à formação de atitudes positivas. Entretanto, segundo Gil (2008), os fatores higiênicos não devem ser desprezados, e afirma que uma boa infra-estrutura e um bom ambiente de estudo ou trabalho podem atrair, reter, satisfazer e motivar muitas pessoas, influenciando, inclusive, em suas decisões pessoais e profissionais, ou seja, o descontentamento com a infra-estrutura oferecia pelo curso, representado pela maioria dos respondentes, pode ser suficiente para que alguns alunos optem por outra instituição de ensino ou até mesmo, na falta dessa, por outra área de conhecimento melhor estruturada. Quanto aos fatores que geram desinteresse nos alunos com relação ao curso de administração, os resultados conquistados, considerando as respostas dos 195 consultados para cada item individualmente e valendo-se da indicação de uma escala com pesos que variam de 6 (para o item mais relevante) a 1 (para o item menos relevante), os dados coletados apresentaram os seguintes resultados: 102 Fator Gerador de Desinteresse Aulas monótonas Grau de Relevância 6 Nº de Respondentes 104 – 195 % 53,0% Interação professor – aluno inexistente ou insuficiente 5 46 – 195 24,0% Absenteísmo 4 45 – 195 23,0% Livros desatualizados e/ou danificados 3 59 – 195 30,3% Salas de aula sujas e/ou mal iluminadas e/ou sem ventilação e/ou desconfortáveis 2 65 – 195 33,3% Acesso restrito as salas de projeções ou laboratórios 1 71 – 195 36,4% Quadro 10: Fatores geradores de desinteresse Fonte: Elaboração própria (2009) Conforme o Quadro 10, o fator que causa maior desinteresse nos alunos são as aulas monótonas: 104 consultados dos 195 alunos que compõe a amostra optaram por esse item, somando 53% do total dos entrevistados. A interação entre professores e alunos inexistente ou insuficiente é o segundo fator que causa maior desinteresse nos alunos: 46 respondentes dos 195 consultados elegeram esse item, totalizando 24% dos entrevistados. O absenteísmo completa o grupo dos fatores que causam maior desinteresse nos alunos: 45 alunos dos 195 questionados escolheram esse item que apresentou 23% das indicações. No que tange os fatores que proporcionam um desinteresse menor, ocupando o terceiro lugar estão os livros desatualizados e/ou danificados: 59 respondentes dos 195 consultados apontaram esse item, totalizando 30,3% dos questionados. As salas de aulas sujas e/ou mal iluminadas e/ou sem ventilação e/ou desconfortáveis surgem como o segundo item que causa um desinteresse menor nos alunos e foi indicado por 65 das 195 pessoas abordadas, somando 33,3% das respostas. E, por fim, o acesso restrito as salas de projeções ou laboratórios é o fator que menos contribui para deixar os alunos desinteressados: 71 respondentes dos 195 entrevistados afirmaram que tal fator não causa grande desinteresse com relação ao curso, apontando como o item que propicia menor interesse entre todos os itens elencados com 36,4% do total. De acordo com os dados apresentados, a monotonia presente nas aulas é o fator que mais contribui para que os alunos se desinteressem pelo curso, ou, em proporção menor, pelas aulas ministradas, com a maioria das indicações. O acesso restrito as salas de projeções é o item que produz menor desinteresse nos 103 alunos, e apesar de ser um recurso escasso, este não impõem limitações ao corpo discente. Questionados se os conteúdos ministrados em sala de aula estão atualizados em relação às exigências do mercado de trabalho, os resultados obtidos estão expostos no Gráfico abaixo: 60% 51,8% 46,7% 50% 40% 30% 20% 10% 1,5% 0% Sim Não Não Respondeu Gráfico 12: Atualização dos conteúdos ministrados Fonte: Elaboração própria (2009) O Gráfico 12 expõe que 51,8% dos respondentes afirmaram que os conteúdos ministrados em sala de aula se adequam perfeitamente às exigências feitas pelo mercado de trabalho; enquanto que 46,7% dos consultados alegam que em termos de atualização, os conteúdos abordados deixam a desejar. Apenas 1,5% dos questionados não responderam este item. Conforme podemos observar, segundo a maioria dos alunos, a questão da atualização dos conteúdos é uma exigência que o curso de administração vem cumprindo sem contratempos, entretanto, para uma parcela considerável dos alunos entrevistados, a atualização das ementas curriculares não está em conformidade com as exigências feitas pelo mercado de trabalho, ou sua atualização não acompanha em tempo hábil as mudanças originadas pelo mercado atual. 104 Segundo a observação feita por Ferreira et al (2006) acerca da teoria de Herzberg, o conteúdo de uma atividade é fator determinante da motivação, e este, por sua vez, torna-se mais importante para a motivação das pessoas que a obediência as normas ou obrigações impostas por tal atividade, pois caso as pessoas não se sintam motivadas, estas não se empenharão para o cumprimento das ordens provenientes da tarefa executada e não poderão apresentar bons resultados. Nesses termos, a desatualização dos conteúdos ministrados em sala de aula com relação às determinações impostas pelo mercado de trabalho, poderá servir como um fator desmotivador para 46,7% dos estudantes que afirmam existir tal deficiência nas atuais ementas curriculares. Quando questionados sobre quais áreas de conhecimento, que compõem (ou poderia compor) a grade de formação profissional do curso deveria ser melhor abordadas, verificaram-se os resultados a seguir: Gráfico 13: Áreas de conhecimento com abordagem deficitária Fonte: Elaboração própria (2009) Conforme o Gráfico 13, as áreas de conhecimento com o maior déficit quanto à abordagem é Finanças que se destaca em primeiro lugar com 15% das respostas; Administração Pública na segunda colocação detendo 13% da preferência dos alunos; Logística e T.I (Tecnologia da Informação) em terceiro 105 plano com 12% da indicação dos respondentes; Marketing e Qualidade com 11%; Gestão Ambiental com 9% das indicações; Produção e Recursos Humanos com 7% do total de respostas e por fim, Outros com 3% das intenções dos alunos. Conclui-se, dessa forma, que o ponto fraco da grade obrigatória profissional do curso é representado pela área de Administração Financeira detendo a maioria das indicações, seguida por Logística e Tecnologia da Informação com a segunda maior votação neste quesito. Administração Pública e Gestão Ambiental destacam-se nesse item por não serem disciplinas contempladas no curso, entretanto, sua abordagem seria de grande interesse dos respondentes, pois juntas somam 22% das intenções dos alunos consultados. Outras disciplinas sugeridas pelos respondentes a fim de enriquecer os conhecimentos disseminados durante o curso são as áreas destinadas a Empreendedorismo, Comércio Exterior e Terceiro Setor, aparecendo como as mais indicadas no item Outros. Indagados se os critérios da metodologia adotada atualmente pelo curso atende a proposta de aliar a teoria à prática, as respostas foram consolidadas no Gráfico a seguir: 1,5% 26,2% Sim 72,3% Não Não Respondeu Gráfico 14: Conhecimento erudito aliado à prática Fonte: Elaboração própria (2009) Conforme o Gráfico 14 expressa, 72,3% dos alunos consultados acreditam que o curso de administração não cumpre com a proposta de aliar o conhecimento 106 teórico à prática, entretanto, para 26,2% a proposta do curso é cumprida; 1,5% dos alunos não responderam esse item. Aos alunos que responderam que o curso não logra êxito em aliar a teoria à prática, quando questionados quais desses itens, teoria ou prática, deveria ser menos abordado, 81% dos respondentes afirmaram que a teoria é excessiva em relação à prática, enquanto 19% julgam que é a prática que deveria ser menos abordada. Os resultados explanam a deficiência do curso de administração em encontrar um ponto ótimo de equilíbrio entre a teoria e à prática, deixando uma lacuna entre o conhecimento literário e o prático, sem conseguir sucesso na proposta metodológica adotada. Quanto à metodologia mais adequada para a realização da avaliação de conhecimentos, os dados obtidos, considerando as respostas dos 195 consultados para cada item individualmente e valendo-se da indicação de uma escala com pesos de 6 (para a metodologia mais adequada) a 1 (para a metodologia menos adequada), concluiu-se os seguintes resultados: Metodologia Adequada Elaboração de projetos Seminários Debates Provas Questionários Fichamentos Não Respondeu Grau de Conveniência Nº de Respondentes 6 98 – 195 5 56 – 195 4 41 – 195 3 38 – 195 2 63 – 195 1 84 – 195 10 – 195 % 50,2% 28,8% 21,0% 19,6% 32,4% 43,0% 5,0% Quadro 11: Metodologia adequada para avaliação de conhecimentos Fonte: Elaboração própria (2009) De acordo com o Quadro 11, a metodologia mais adequada para avaliação de conhecimentos é a elaboração de projetos: 98 alunos dos 195 sujeitos que compõe a amostra optaram por esse item, totalizando 50,2% da indicação dos respondentes. A realização de seminários surge como a segunda melhor metodologia: 56 alunos dos 195 respondentes escolheram esse item, somando 29,8% do total dos consultados. Os debates fecham o grupo das metodologias 107 mais apropriadas para avaliação de conhecimentos: 41 pessoas das 195 entrevistadas preferiram esse tipo de avaliação, totalizando 21% dos respondentes. No que se refere às metodologias menos adequadas para a avaliação de conhecimentos, as provas aparecem como o terceiro item menos adequado para avaliação: 38 alunos dos 195 pesquisados indicaram esse item, somando 19,6% dos respondentes. Os questionários ocupam o segundo lugar: 63 alunos dos 195 consultados apontaram esse item como impróprio para avaliá-los, totalizando 32,4% dos respondentes. Por fim, os fichamentos surgem como a metodologia menos indicada entre todos os itens avaliados: 84 alunos dos 195 submetidos à pesquisa afirmaram que este é o pior critério de avaliação, concentrando 43% do total dos alunos consultados. Apenas 10 dos 195 alunos não responderam essa questão, cerca de 5% do total. Entende-se, portanto, que a elaboração de projetos destaca-se como a metodologia mais adequada para a avaliação de conhecimentos por esta reunir um conjunto de habilidades distintas que estimulam a capacidade crítica e intelectual do aluno, explorando todo potencial que este pode oferecer, além de deixá-los mais próximos da realidade empresarial, permitindo que os mesmos aliem o conhecimento erudito a prática. Os fichamentos surgem como a metodologia menos adequada por não propiciar uma evolução significativa do conhecimento, não explorando de forma apropriada a capacidade intelectual dos alunos, sendo visto como uma atividade menos desafiadora e monótona. Consultados sobre as técnicas de ensino utilizadas atualmente pelo corpo docente para facilitar a assimilação do conteúdo explanado em sala de aula, os resultados percebidos estão expressos no Gráfico seguinte: 108 Insatisfatórios Satisfatórios 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Gráfico 15: Satisfação com relação às técnicas de ensino adotadas. Fonte: Elaboração própria (2009) De acordo com o Gráfico 15, aproximadamente 59% dos alunos questionados entenderam que as técnicas adotadas atualmente pelo corpo docente com intuito de facilitar a assimilação do conteúdo das disciplinas são insatisfatórios. Para 41% dos respondentes os recursos empregados são satisfatórios e cumprem com critério avaliado. Conforme o resultado nos mostra, as técnicas utilizadas não cumprem com o objetivo proposto. Segundo a avaliação da maioria dos respondentes, os métodos de ensino adotados em sala de aula não são proveitosos e não conseguem atender a expectativa apresentada na questão. Esse dado contribui para analisar a questão anterior em que foram avaliados os fatores que causam desinteresse nos alunos, tendo nas aulas monótonas o principal fator gerador de desinteresse. Neste caso, as técnicas de ensino adotadas pelo corpo docente, desaprovadas por 59% dos alunos que afirmam que estas não auxiliam no desenvolvimento de uma aprendizagem satisfatória, podem contribuir, direta ou indiretamente, pela monotonia presente nas aulas, causando desinteresse nos alunos. Ao serem interrogados se sentem estimulados em vir assistir aula, as respostas foram expostas as da seguinte maneira: 109 41,6% 57,4% Sim Não Gráfico 16: Estímulo dos alunos para assistir aula Fonte: Elaboração própria (2009) Utilizando-se dos dados do Gráfico 16 temos que 57,4% dos alunos consultados afirmam que se sentem estimulados em ir assistir as aulas, enquanto que 41,6% admitem não ter estímulo nenhum para estar presente nas salas de aula. Esse resultado apresenta relação com os dados analisados em questões anteriores, apresentando conexão entre si: quando questionados sobre a atualização dos conteúdos abordados em sala de aula 46,7% dos consultados afirmaram que estes não estão atualizados conforme as demandas do mercado de trabalho, e quando inquiridos sobre as técnicas de ensino adotadas 59% dos respondentes admitiram que tais técnicas não são satisfatórias, não propiciando, portanto, uma aprendizagem significativa. Logo, chegamos à conclusão que tanto os conteúdos desatualizados quanto as técnicas de ensino insatisfatórias contribuem, direta ou indiretamente, para desestimular os alunos a assistir as aulas, configurando, segundo a definição de Bergamini (2005) sobre a teoria dos dois fatores de Herzberg, uma desmotivação de ordem intrínseca, ou seja, os alunos desmotivam-se mais com o conteúdo do curso em si do que com sua estrutura deficitária. Quando questionados sobre se em algum momento pensaram em desistir do curso, 65,6% dos consultados afirmaram que nunca pensaram em desistir do curso, enquanto que 34,4% declararam que já pensaram em abandonar o curso 110 em algum momento. Aqueles que admitiram ter desejado desistir do curso foram enunciados os seguintes motivos: Gráfico 17: Motivos para desistir do curso de administração Fonte: Elaboração própria (2009) O Gráfico 17 nos mostra que o percentual de 34,4% dos entrevistados que afirmaram já ter desejado desistir do curso em algum momento foram guiados pelos seguintes motivos, de acordo com a divisão que se segue: o que motivou 1,5% dos alunos a desistir do curso foi à restrição do mercado de trabalho aos profissionais em administração. Para 17,5% dos consultados as razões para abandonar o curso de administração é a insatisfação com a metodologia adotada; 4% alegaram que foram motivados a abandonar o curso em virtude da precariedade da estrutura oferecida; 4% não se identificaram com as atividades atribuídas ao profissional de administração; 2% afirmaram que o reconhecimento profissional é insuficiente e 5,4% citaram Outros motivos, tais como problemas pessoais (12,5%) e baixa remuneração (2,5%). É notório que para os alunos do curso de administração, as questões ligadas ao conteúdo do curso (fatores motivacionais) são de extrema importância. 111 Os dados dessa questão reafirmam a teoria dos dois fatores de Herzberg no tocante a mais da metade dos alunos, cerca de 17,5% do total, verem como motivo de desistência a metodologia insatisfatória adotada pelo curso. Entretanto, como afirma Dubrin (2003), não se podem desconsiderar os fatores higiênicos ligados a estrutura, pois esses podem sim satisfazer e motivar muitas pessoas, fato esse comprovado em 4% dos alunos consultados que enxergaram na ausência de tais fatores motivo suficiente para desistir do curso. Para Aguiar (1991), os fatores motivacionais estão estreitamente ligados as funções de uma determinada atividade que um indivíduo executa ou irá executar, para 4% dos respondentes são exatamente as funções atribuídas ao profissional de administração que geram desmotivação ao ponto de estimulá-los a abandonar o curso. Chiavenato (2003) explica ainda que são os fatores motivacionais que poderão propiciar sentimentos de crescimento individual, auto-realização e reconhecimento profissional, este ultimo não identificado por 2% dos alunos consultados que afirmaram que o reconhecimento profissional insuficiente é motivo preponderante para vir a desistir do curso. Apenas 1,5% dos respondentes atribuem ao mercado de trabalho restrito e as possíveis futuras chances escassas de emprego como um fator que propicie a desmotivação levando a desistência do curso. Coradi (1985) atribui esse comportamento a teoria da expectativa elaborada por Vroom, em que esta especifica que a questão da satisfação está intimamente ligada à relação entre a expectativa projetada e os resultados esperados. Neste caso, têm-se como resultado esperado, ou valor da recompensa, rápida absorção do formando em administração pelo mercado de trabalho, no caso desse ser percebido pelo aluno como um mercado restrito, essa expectativa já não projeta mais a recompensa esperada gerando insatisfação, fazendo com que este não invista mais o grau de esforço desejado no desenvolvimento de suas atividades, optando por abandonar o curso. No que concerne ao desejo de seguir carreira acadêmica, 69,7% dos respondentes disseram não pretender aderir à carreira acadêmica, ao passo que 30,3% dos consultados assumem desejar ingressar na academia. Aqueles que 112 admitiram não pretender ingressar na academia desejam atuar nos seguintes segmentos, conforme exposto no Gráfico a seguir: 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Iniciativa privada Setor público Terceiro setor Negócio próprio Não Sabe Gráfico 18: Segmentos que os alunos pretendem atuar Fonte: Elaboração própria (2009) De acordo com o Gráfico 18, 29,7% dos respondentes pretendem ingressar no setor público; 19% manifestaram o desejo de atuar na iniciativa privada; 1% tencionam seguir carreira profissional no terceiro setor, enquanto que 13,8% aspiram trabalhar em negócio próprio. Soma-se 6,2% o total de consultados que ainda não sabem em que segmento pretende atuar após se formarem. Como se pode observar, de forma geral, os alunos respondentes preferem atuar em um segmento que garanta certo grau de estabilidade no emprego, optando para os segmentos da iniciativa privada ou setor público totalizando juntos 48,7% das pretensões. Tal fato comprova segundo Robbins (2005), a veracidade da teoria das necessidades de Maslow que enumera as necessidades dos indivíduos em uma pirâmide hierárquica. Satisfeita as necessidades mais simples, os indivíduos buscam satisfazer as necessidades de segurança, configurados nesta questão pela necessidade de estabilidade no emprego, sobretudo no setor público que propicia maiores vantagens no tocante a condições mais seguras de trabalho, relegando a segundo plano os riscos e oportunidades oferecidos àqueles que pretendem atuar em negócio próprio. 113 Os alunos interrogados sobre se de acordo com os conhecimentos assimilados durante o curso, terão confiança suficiente para atuar como administrador, as repostas se comportaram conforme expressa o Gráfico seguinte: 2% 36% Sim 62% Não Não Respondeu Gráfico 19: Conhecimentos assimilados VS Segurança profissional Fonte: Elaboração própria (2009) De acordo com o Gráfico 19, verifica-se que 62% dos entrevistados acreditam que os conhecimentos assimilados durante o curso conferem segurança suficiente para que estes atuem como administrador. Do contrário, 36% dos respondentes não acreditam nisso, e assumem que os conhecimentos assimilados durante o curso não são suficiente para que possam ter uma boa atuação no mercado de trabalho. Apenas 2% dos consultados não responderam a questão. Essa característica demonstra que, embora a maioria dos respondentes afirme estar seguros na atuação profissional, uma parte significativa dos matriculados temem em não apresentar uma atuação a contento no mercado de trabalho, visto que, em questões anteriores, a maioria afirmou que não está familiarizado com a prática profissional (81%), não consideram que as técnicas de ensino adotadas pelo corpo docente proporcionam uma aprendizagem completa (59%) e acreditam que os conteúdos ministrados em sala de aula estão aquém das exigências do mercado de trabalho (46,7%), contribuindo, dessa forma, para a insegurança apresentada nos dados da questão avaliada. 114 Questionados se pretendem ingressar em outro curso superior após concluir o curso de administração, 52,3% dos respondentes afirmaram que logo após concluir o curso de administração ingressarão em outro curso de nível superior, em contra partida, 47,7% dos consultados preferem não investir em tal projeto. Aqueles que almejam reingressar na universidade em outro curso de graduação tencionam optar pelos seguintes cursos, conforme expressa o Gráfico abaixo: Gráfico 20: Ingressar em outro curso após concluir administração Fonte: Elaboração própria (2009) Conforme o Gráfico 20 apresenta, 47,7% dos consultados não pretendem reingressar na universidade em um novo curso de graduação. O percentual de 52,3% dos estudantes que tencionam retornar a universidade em um outro curso de graduação divide-se da seguinte forma: a maioria dos entrevistados, cerca de 17,6%, pretendem reingressar na universidade no curso de Direito; 6,7% almejam cursar Ciências Contábeis; 5,6% dos consultados gostariam de reingressar em um curso de Engenharia; 2,6% dos respondentes admitiram preferir Relações Internacionais; Psicologia detém 2% das intenções de reingresso à universidade; 115 1,5% dos consultados mostraram preferência pelo curso de Computação; 8,7% optaram por Outros cursos, sendo o curso de Arquitetura (1,5%) e os da área de Saúde (1,5%) os mais solicitados. Soma-se aos Indecisos 3,6% dos entrevistados e os que ainda Não Sabem em que curso pretende reingressar à universidade totalizam 4%. Questionados pelo pesquisador durante a abordagem sobre o porquê de reingressar na universidade em outro curso de graduação, visto que, vários alunos submetidos à pesquisa optaram por tal decisão surpreendendo a expectativa inicial da questão, a maioria dos alunos justificou, verbalmente ou escrevendo no questionário, que gostariam de complementar os conhecimentos adquiridos no curso de administração com outro curso da área ou que pudessem associar as informações assimiladas durante o curso de administração em outro curso de graduação, acreditando que dessa maneira teriam uma formação acadêmica mais completa. Enquanto outros admitiram desejar realizar outro curso superior por possuir afinidade ou simpatia por um curso específico. Tal resultado reafirma a insegurança presente na realidade dos estudantes de administração, que reingressam na universidade a fim de tentar complementar as lacunas provenientes da deficiência, ora estrutural ora metodológica, apresentadas durante o curso. Sobre as áreas de conhecimento pertinentes ao curso de administração, foi atribuída a seguinte hierarquia conforme o interesse do entrevistado: nível 1 para aquelas que se interessam mais; nível 2 para as que não interessam tanto e nível 3 para as áreas que menos interessam, de forma que cada respondente atribuísse um único peso para cada uma das áreas sugeridas. As respostas obtidas nesta questão foram analisadas para cada área individualmente e são apresentadas da seguinte maneira: 116 ÁREAS QUE INTERESSAM MAIS – NÍVEL 1 Empreendedorismo Consultoria Empresarial Gestão de Pessoas Nº DE RESPONDENTES % 119 – 195 101 – 195 93 – 195 61,0% 51,8% 46,7% Quadro 12: Áreas que representam maior interesse dos alunos Fonte: Elaboração própria (2009) De acordo com o Quadro 12, as áreas de conhecimentos referentes ao curso de administração que mais interessam aos alunos é Empreendedorismo: 119 pessoas dos 195 alunos entrevistados demonstraram afinidade com esta área somando 61,0% das intenções dos consultados. Consultoria Empresarial aparece em segundo lugar, 101 alunos dos 195 submetidos à pesquisa manifestaram maior aceitação por essa área, totalizando 51,8% das respostas dos questionados. Por fim, a área de Gestão de Pessoas: 93 alunos dos 195 indagados revelaram apreciar esta área de conhecimento, totalizando 46,7% das respostas, ocupando o terceiro e ultimo lugar entre as áreas de maior preferência entre os alunos. ÁREAS QUE NÃO INTERESSAM TANTO – NÍVEL 2 Marketing Logística Empresarial Operações e Gestão da Produção Nº DE RESPONDENTES % 81 – 195 80 – 195 73 – 195 41,5% 41,0% 37,4% Quadro 13: Áreas que não interessam tanto aos alunos Fonte: Elaboração própria (2009) Conforme mostra o Quadro 13, entre as áreas que não interessam tanto aos alunos está Marketing: 81 alunos dos 195 entrevistados afirmaram não ter tanto interesse por essa temática, somando 41,5% do total das respostas. Logística Empresarial é a segunda no ranking: 80 respondentes dos 195 consultados não demonstraram muito interesse por essa área, totalizando 41% das afirmações. Operações e Gestão da Produção surge em terceiro lugar entre as áreas que não interessam tanto aos alunos: 73 pessoas das 195 entrevistadas declararam não ter um grau de afinidade considerável por esse assunto, constituindo 37,4% das intenções dos alunos. 117 ÁREAS QUE MENOS INTERESSAM – NÍVEL 3 Agronegócios e Desenvolvimento Rural Administração Hospitalar Cooperativas Nº DE RESPONDENTES % 131 – 195 112 – 195 91 – 195 67,2% 57,4% 46,7% Quadro 14: Áreas que menos interessam aos alunos Fonte: Elaboração própria (2009) As áreas que menos interessam aos alunos abrangem os conhecimentos inerentes a Agronegócios e Desenvolvimento Rural: 131 entrevistados dos 195 alunos submetidos à pesquisa disseram que esta área é a que menos interessa entre todas as áreas citadas, totalizando 67,2% dos consultados. Administração Hospitalar ocupa a segunda colocação detendo 112 alunos dos 195 respondentes que não se interessam por esta área de conhecimento, resultando em 57,4% dos entrevistados, e finalmente, em terceiro e ultimo lugar, a área destinada ao estudo e desenvolvimento das Cooperativas: 91 estudantes dos 195 questionados afirmaram que esse assunto é um dos menos interessantes, somando em 46,7% do total de entrevistados. Os quadros analisados mostram as áreas que concentram maior preferência dos atuais alunos do curso de administração. É importante salientar que embora algumas áreas não pertençam a essa estimativa, estas também são importantes para o cenário econômico do país, carecendo de uma demanda maior de profissionais de administração que possam desempenhar satisfatoriamente suas atividades nesses nichos de mercado, configurando verdadeiras oportunidades de negócios, carreiras profissionais ou acadêmicas em virtude da falta de profissionais qualificados que dominem, a contento, os conhecimentos pertinentes à administração inerentes a cada uma delas. 118 5 CONCLUSÕES Acredita-se que o objetivo geral proposto para esse trabalho tenha sido atingido uma vez que foram apresentados os fatores de motivação dos alunos do curso de graduação em administração da Universidade Federal da Paraíba – Campus I . Com base na revisão bibliográfica e no tratamento dos dados, são apresentados os resultados da análise na ordem proposta pelo esquema da pesquisa. Inicialmente buscou-se descrever o curso de graduação em administração oferecido pela Universidade Federal da Paraíba – Campus I, apresentando seu contexto histórico, sua estrutura acadêmica e o acesso e disponibilidade de vagas, atendendo, dessa forma, ao primeiro objetivo específico sugerido por esse trabalho. Respondendo ao segundo objetivo específico que tratou de verificar se a estrutura física e pedagógica oferecida pelo curso são fatores motivacionais, foi observado que, quanto à estrutura física, 68,7% dos alunos pesquisados acreditam que a estrutura oferecida pelo curso é insatisfaciente, e esta não constitui um fator de motivação para os atuais alunos do curso de graduação em administração, visto que, analisando os itens estruturais que são geradores de desinteresse nos alunos, constatou-se que poucos alunos atribuem seu desinteresse com o curso aos fatores estruturais tais como a desatualização do acervo bibliográfico (30,3%), as más condições das salas de aula (33,3%) e ao acesso restrito as salas de projeções ou laboratórios (36,4%). Concluímos, que, de acordo com os dados apresentados neste estudo, a ausência de uma estrutura física adequada para o curso de graduação em administração na universidade estudada não é um fator motivador. Tal fato corrobora com a perspectiva da motivação segundo Herzberg defendida por Bergamini (2005) em que determina que os fatores higiênicos – vinculados ao ambiente – são necessários, mas insuficientes para gerar a motivação desejada no indivíduo, é, entretanto, nos objetivos motivacionais – ligados ao conteúdo – que as pessoas poderão experimentar maiores níveis de satisfação. 119 No tocante a estrutura pedagógica, constatou-se que as técnicas de ensino adotadas pelo curso deixam a desejar para 59% dos alunos entrevistados que afirmaram que estas são insatisfatórias. Para 72,3% dos consultados, o curso não logra êxito na tentativa pedagógica apresentada atualmente de aliar o conhecimento teórico à prática e 81% desse percentual afirma que a teoria é excessiva. Os fatores geradores de desinteresse que promovem a ausência de motivação no decorrer do curso, segundo os alunos, são proporcionados pelas aulas monótonas (53%), interação entre professor-aluno inexistente ou insuficiente (24%) e o absenteísmo promovido pelo corpo docente (23%). Pelos dados analisados, apesar da estrutura pedagógica oferecida pelo curso estar longe da excelência, 57,4% dos respondentes assumem estar estimulados para vir assistir aula e 62% acreditam que os conhecimentos assimilados durante o curso conferem segurança suficiente para o exercício da função de administrador, contudo, 52,3% dos consultados admitem desejar reingressar à universidade em outro curso de graduação, ora para complementar os conhecimentos adquiridos no curso de administração com outro curso de área afim ou em outra área que possam associar as informações assimiladas durante o curso garantindo-lhes uma formação mais completa, ora por possuir afinidade ou simpatia por outro curso específico. Podemos concluir que a estrutura pedagógica atual oferecida pelo curso de graduação em administração possui falhas pertinentes relativas ao processo de ensino-aprendizagem não sendo possível firma-se como fator motivacional entre o corpo discente. O resultado obtido neste item confirma a concepção da motivação segundo Herzberg formulada por Coradi (1985) que declara que a melhoria dos fatores higiênicos não eleva os índices de satisfação das pessoas que desenvolvem atividades num determinando ambiente, pois estes com o passar do tempo são vistos como “normais”, porém, caso essas condições piorem ao invés de melhorarem, as contestações serão inevitáveis e a insatisfação começará a se manifestar, isto é, a melhoria dos fatores higiênicos não motiva, mas sua piora gera insatisfação. Ferreira et al (2006) complementa afirmando que isto ocorre porque o conteúdo de uma tarefa é mais importante para a motivação de um indivíduo que os fatores externos ou a ambiência em que esta se desenvolve. 120 Com relação ao terceiro objetivo específico desse estudo que se propôs a identificar se o conteúdo ministrado no curso é gerador de motivação no corpo discente, observou-se que referente à atualização dos conteúdos ministrados em sala de aula em relação às exigências do mercado de trabalho, 51,8% dos consultados afirmaram que os conteúdos abordados pelo curso estão em conformidade com tais exigências. Entretanto, percebeu-se a existência de várias áreas de conhecimento com abordagem deficitária, entre estas Finanças (15%), Logística (12%) e Tecnologia da Informação (12%) compondo as áreas de formação profissional obrigatória do curso, seguidos de Administração Pública (13%) e Gestão Ambiental (9%) que surgem como sugestões de abordagem futura. Entre os entrevistados, 65,6% dos consultados admitiram nunca ter pensado em desistir do curso, em contrapartida, os 34,4% dos alunos que já pensaram em desistir do curso em algum momento o principal motivo que desencadeou tal manifestação foi à insatisfação com metodologia adotada pelo curso com 17,5% das afirmações, instigado tanto pelo insucesso em relacionar conhecimento teórico e prática profissional quanto pela composição de sua estrutura curricular. Segundo a análise dos dados obtidos no presente estudo, podemos concluir que o conteúdo abordado atualmente pelo curso de administração da Universidade Federal da Paraíba, apesar de apresentar algumas deficiências, surge como o principal fator motivador entre a maior parte do corpo discente, porém, foram identificadas falhas acentuadas em sua composição que se não solucionadas em tempo hábil poderão comprometer a motivação dos atuais matriculados. A conclusão apresentada neste item contribui para a afirmação de Maximiano (2004) acerca da teoria dos dois fatores de Herzberg quando admite que é apenas o conteúdo e o desenvolvimento do trabalho em si que são capazes de produzir motivação no indivíduo. Em linhas gerais, a partir da análise dos dados e de acordo com as informações obtidas neste estudo, podemos concluir que os alunos de graduação em administração estão desmotivados com relação ao curso oferecido pela Universidade Federal da Paraíba – Campus I, uma vez que, dentro das variáveis propostas, apenas o conteúdo firmou-se como um fator motivador no corpo discente, observou-se que a atual estrutura física e pedagógica oferecida pelo 121 curso gera insatisfação ou a não motivação nos alunos, não sendo possível firmarse como fatores motivacionais. O presente resultado contribui com a afirmação de Coradi (1985) acerca da teoria dos dois fatores de Herzberg em que este afirma que haverá motivação quando existir um equilíbrio entre os fatores higiênicos – vinculados ao ambiente – e os fatores motivacionais ligados ao conteúdo da atividade em si, na ausência desse equilíbrio a motivação não poderá ser confirmada, fato este comprovado na presente pesquisa. Concernente ao quarto e último objetivo específico que se propunha a oferecer sugestões de melhorias para as eventuais falhas a fim de promover uma aprendizagem satisfatória, que venha a contribuir para a motivação dos alunos de graduação em administração da Universidade Federal da Paraíba – Campus I são propostas as seguintes medidas: a) enfatizar a prática com uma maior utilização de estudos de casos, jogos e simulações que possam reproduzir as funções e as responsabilidades atribuídas ao profissional de administração; b) promover visitas técnicas e aulas práticas nas empresas a fim de apresentar a realidade empresarial, familiarizando o aluno com a estrutura organizacional e do mercado de trabalho; c) revisar e modernizar o programa das disciplinas obrigatórias do curso de administração pertencentes as áreas de Finanças, Logística e Tecnologia da Informação citadas como as mais deficitárias; d) aprimorar o programa das disciplinas oferecidas pelo curso com a adoção e o desenvolvimento Empreendedorismo, Comércio de novos Exterior, temas tais como: Responsabilidade Social, Consultoria Empresarial, Gestão Ambiental, Gestão de Empresas NãoGovernamentais, Conflitos e Negociação no Trabalho, Mercado Financeiro, Treinamento e Remuneração Estratégica e Ergonomia; e) oferecer disciplinas que desenvolvam projetos e que possam estimular o trabalho em grupo e instigar a capacidade crítica e analítica do aluno, explorando sua criatividade e seu potencial intelectual; f) propiciar um conhecimento mais abrangente na área de Administração Pública, abordando seus conceitos, contexto histórico e 122 estrutura, bem como as funções e responsabilidades conferida ao administrador público; g) direcionar o curso de administração para áreas específicas criando ênfases ou habilitações distintas cuja escolha fique a critério do aluno; h) modernizar o processo pedagógico desenvolvendo novos procedimentos no ensino e na aprendizagem, e preparar o corpo docente para realizar avaliações mais expressivas do aprendizado. 123 6 SUGESTÕES Acerca dos possíveis temas para a realização de futuras pesquisas sobre o tema de Motivação, e assuntos relacionados, dentro do viés abordado na presente pesquisa, pode-se indicar: a) Motivação e expectativas dos alunos do curso de graduação em administração da Universidade Federal da Paraíba quanto ao futuro profissional; b) Percepção da motivação do corpo docente da Universidade Federal da Paraíba em relação aos cursos de graduação e ao exercício acadêmico; c) Relação entre motivação e evasão entre os alunos de graduação da Universidade Federal da Paraíba. 124 REFERÊNCIAS AGUIAR, Maria Aparecida Ferreira de. 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Para que os resultados sejam representativos, é importante que você preencha este questionário com cuidado e de forma mais sincera possível. Informamos que os dados serão tratados em todo seu conjunto, nunca de forma isolada, no sentido de garantir o sigilo dos dados coletados. Agradecemos sua valiosa contribuição em responder todas as questões. Atenciosamente, Prof. Dr. Walmir Rufino da Silva Professor Orientador Natalie Belarmino Sousa Aluna de Graduação em Administração QUESTIONÁRIO DA PESQUISA PARTE I – PERFIL DOS RESPONDENTES DA PESQUISA 1 ( ( ( Idade: ) Menos de 18 anos ) de 23 a menos de 27 anos ) de 32 a menos de 37 anos ( ( ( ) de 18 a menos de 23 anos ) de 27 a menos de 32 anos ) 37 anos ou mais. 2 ( Sexo: ) Masculino ( ) Feminino 3 ( ( ( Renda familiar ) de 1 a 3 salários mínimos ) de 8 a 11 salários mínimos ) de 16 a 19 salários mínimos ( ( ( ) de 4 a 7 salários mínimos ) de 12 a 15 salários mínimos ) acima de 19 salários mínimos 4 ( ( Estado civil: ) Solteiro ) Viúvo 5 ( ( ( ( ( Religião: ) Católica ) Evangélica ) Espírita ) Não possui ) Outros ________________________________ 6 Cidade/Estado de origem: ______________________________________ 7 Período atual: _______________ 8 Turno: 9 Em que ano você ingressou na UFPB: _________________ ( ( ( ) Manhã ) Casado ) Divorciado ( ( ) Noite ) Vivendo em concubinato 131 10 ( Onde concluiu o ensino médio: ) Escola Pública ( ) Escola Privada 11 ( Qual foi a forma de ingresso: ) Vestibular ( ) Transferido 12 ( Fez curso preparatório para prestar vestibular? ) Sim ( ) Não 13 Quantas vezes prestou vestibular: ( ) Uma ( ) Duas ( ) Três ( ( ) Quatro ) Graduado ( ) Mais de quatro 14 O curso de Administração foi sua primeira opção no seu primeiro vestibular? ( ) Sim ( ) Não Caso negativo, qual curso você pretendia cursar? __________________________________________ PARTE II – PERCEPÇÃO DA MOTIVAÇÃO NOS ALUNOS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 15 ( ( ( ( O que o levou a estudar Administração? ) Convicção pessoal ) Concurso público ) Possui negócio próprio ) Tradição Familiar ( ( ( ( ) Fácil inserção no mercado de trabalho ) Facilidade de ingressar na Universidade ) Status Social ) Outros ___________________________ 16 Que atividade você realizou antes de começar a estudar Administração: ( ) Logo depois de concluir o ensino médio, iniciei o curso de Administração na Universidade. ( ) Primeiro estudei outro curso. Caso sim, qual? ___________________________________________ Terminou? Sim ( ) Não ( ) ( ) Fiz um curso profissionalizante Caso sim, qual? ___________________________________________ 17 Qual das alternativas abaixo corresponde a sua opinião? ( ) É melhor realizar um curso que garanta futuras chances de emprego, mesmo que se tenha menos interesse no assunto. ( ) É melhor realizar um curso numa área pela qual se tem realmente interesse, independente de como serão as futuras chances de emprego. 18 ( ( ( Existem várias razões para realizar um curso universitário. Escolha abaixo a que melhor lhe identifica: ) Conhecer a vida de estudante universitário. ) Obter uma educação completa. ) Obter uma formação para uma futura profissão. 19 ( ( Você acredita que estudar Administração vai lhe dar a possibilidade de seguir a carreira desejada? ) Estou certo ( ) Considero provável ( ) Não sei ) Considero improvável ( ) Certamente que não 20 ( No tocante a infra-estrutura oferecida pelo curso, em sua opinião, esta é: ) Satisfaciente ( ) Insatisfaciente 21 Para você, quais dos itens abaixo geram desinteresse nos alunos? Enumere-os de 6 a 1 conforme o grau de relevância, do mais relevante (6) ao menos relevante (1): ( ) Acesso restrito as salas de projeções ou laboratórios ( ) Absenteísmo ( ) Aulas monótonas ( ) Livros desatualizados e/ou danificados ( ) Salas de aula sujas e/ou mal iluminadas e/ou sem ventilação e/ou desconfortáveis ( ) Interação professor – aluno inexistente ou insuficiente 22 Em sua opinião, os conteúdos abordados em sala de aula estão atualizados em relação às exigências do mercado de trabalho? ( ) Sim ( ) Não 23 Em sua opinião, qual (is) área (s) de conhecimento deveria (m) ser melhor abordada (s)? 132 ( ( ( ( ( ) Recursos Humanos ) Finanças ) Logística ) Marketing ) Administração Pública ( ( ( ( ( ) Produção ) Qualidade ) T.I ) Gestão ambiental )Outros ________________________ 24 De acordo com os critérios da metodologia adotada, você acha que a proposta do curso em aliar a teoria à prática é alcançada? ( ) Sim ( ) Não Caso negativo, qual desses itens deveria ser menos abordado: ( ) Teoria ( ) Prática 25 Qual metodologia para avaliação de conhecimentos é a mais adequada? Enumere-as de 6 a 1 conforme o grau de conveniência, do mais adequado (6) ao menos adequado (1): ( ) Elaboração de projetos ( ) Questionários ( ) Seminários ( ) Debates ( ) Fichamentos ( ) Provas 26 ( No tocante às técnicas de ensino adotadas, estas são: ) Satisfatórios ( ) Insatisfatórios 27 ( Você se sente estimulado em vir assistir aula? ) Sim ( ) Não 28 Já pensou em desistir do curso em algum momento? ( ) Sim ( ) Não Caso positivo, o que o instigou no momento? ( ) Mercado de trabalho restrito ( ) Insatisfação com a metodologia adotada pelo curso ( ) Precariedade da estrutura oferecida ( ) Não se identificou com as atividades atribuídas ao profissional em Administração ( ) Reconhecimento profissional insuficiente ( ) Outros _____________________________________________ 29 Pretende seguir carreira acadêmica? ( ) Sim Caso negativo, qual segmento pretende atuar: ( ) Iniciativa privada ( ) Terceiro setor ( ) Não ( ( ) Setor público ) Negócio próprio 30 Face aos conhecimentos assimilados durante o curso, você acredita que terá segurança suficiente em atuar como Administrador (a)? ( ) Sim ( ) Não 31 Após concluir a graduação em Administração, você pretende ingressar em outro curso de nível superior? ( ) Sim ( ) Não Caso positivo, qual curso? _______________________________________________ 32 Por favor, indique para cada uma das áreas apresentadas abaixo, aquela pela qual você: se interessa mais (1), não se interessa tanto (2), e a que menos lhe interessa (3). ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) Administração Hospitalar ) Consultoria Empresarial ) Gestão de Pessoas ) Empreendedorismo ) Finanças e Controle Gerencial ) Cooperativas ) Marketing ) Gestão da Qualidade e Competitividade ) Responsabilidade Social, Gestão ambiental e Sustentabilidade ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) Gestão Hoteleira e Turismo ) Organização, Cultura e Sociedade ) Estratégia e Sustentabilidade Empresarial ) Agronegócios e Desenvolvimento Rural ) Operações e Gestão da Produção ) Sistema da Informação e Tecnologias ) Gestão e Políticas Públicas ) Terceiro Setor e Desenvolvimento Local ) Logística Empresarial