TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO II AS FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS A Função Planejamento1 “Eu olho para o futuro porque é lá que eu vou passar o resto da minha vida” C. Kettering 1 Documento elaborado pela Profa. Sulivan D. Fischer Salgado, revisado e ampliado pela Profa. Patrícia Vendramini para fins didáticos em agosto de 2003. 1 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com A Função Planejamento Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá estar capacitado para: • Compreender o planejamento com uma das funções administrativas. • Descrever as várias orientações do planejamento. • Identificar os vários tipos de planos. • Conhecer e compreender a lógica do processo de planejamento estratégico, tático e operacional. • Conhecer as vantagens e desvantagens do planejamento. • Aplicar as principais ferramentas analíticas, especificamente para as fases de diagnóstico inicial. __________________________________________________________________ Contextualização As organizações devem operar com base da previsão para não funcionar ao acaso. Nada pode ser deixado ao sabor dos ventos. Elas requerem planejamento para todas as suas atividades, principalmente quando operam em ambientes dinâmicos, complexos e competitivos para dar continuidade às suas operações em direção ao sucesso. O administrador precisa ter em mente a importância de tomar decisões estratégicas e planejar o futuro de sua organização. Por meio da tomada de decisões, o administrador configura e reconfigura continuamente a sua organização ou a unidade organizacional que administra. Ele e sua equipe devem decidir qual rumo sua organização deverá seguir e elaborar os planos para que isso realmente ocorra. O planejamento está voltado para o futuro, e o futuro requer uma atenção especial. É para ele que estamos nos preparando a todo o momento. O Planejamento inicia o processo administrativo. Ele inclui a definição da missão organizacional, dos objetivos organizacionais, a seleção das políticas, a escolha de procedimentos e métodos desenhados para o alcance dos objetivos. O sucesso na função de planejamento requer o reconhecimento do ambiente da organização, o estímulo à criatividade, o encorajamento da participação dos colaboradores para a implementação de novas idéias e o desenvolvimento de abordagens inovadoras aos desafios da administração. Nesse sentido, o planejamento fundamenta os próximos estágios do processo administrativo, como a organização (que representa a alocação e o arranjo dos recursos para executar as tarefas essenciais), a liderança ou direção (que guia os esforços no sentido de assegurar elevados níveis de desempenho e de cumprimento de objetivos) e o controle (que monitora e acompanha a execução das tarefas para assegurar a necessária ação corretiva, se necessária). Assim, o planejamento constitui a função inicial da administração. Antes que qualquer função administrativa seja executada, a administração precisa planejar, ou seja, determinar os objetivos e os meios necessários para alcançá-los adequadamente.2 Então, o que é Planejamento? O planejamento tem sido praticado desde que as pessoas começaram a pensar nas implicações futuras das escolhas de hoje. Quando as sociedades se tornaram altamente organizadas e complexas, o planejamento passou a ser considerado uma parte integrante da liderança e da administração. Depois da Revolução Industrial, especialmente depois da revolução ter sido modificada nos Estados Unidos pelas técnicas da linha de montagem e a introdução dos princípios de administração de Taylor, era inevitável que o planejamento tivesse se tornado um aspecto decisivo da administração. Essa tendência emergiu por causa da crescente demanda por recursos e maior preocupação com o tempo exigido por uma tecnologia moderna. Assim, à medida que as instituições se tornaram maiores e mais 2 CHIAVENATTO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 209. 2 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com interdependentes, e à proporção que começaram a se descentralizar e decompor em numerosos setores, o planejamento tornou-se cada vez mais necessário para a existência da organização. Planejar significa interpretar a missão organizacional ao estabelecer os objetivos da organização e dos os meios necessários para a realização desses objetivos com o máximo de eficácia e eficiência. Planejar significa olhar para frente, visualizar o futuro e o que deverá ser feito, elaborar bons planos e ajudar as pessoas a fazer hoje as ações necessárias para melhor enfrentar os desafios do amanhã. O Planejamento constitui hoje um componente essencial em qualquer tipo de organização ou atividade. O planejamento pode estar voltado para a estabilidade no sentido de assegurar a continuidade do comportamento atual em uma ambiente previsível. Também pode estar voltado para a melhoria do comportamento a fim de assegurar a reação adequada a freqüentes mudanças em um ambiente mais dinâmico e incerto. Pode ainda estar voltado para as contingências no sentido de antecipar-se a eventos que possam ocorrer no futuro e identificar as ações apropriadas para quando eles eventualmente ocorrerem. Como todo planejamento se subordina a uma filosofia de ação, Ackoff aponta três tipos de filosofia do planejamento: Planejamento conservador: é o planejamento voltado para a estabilidade e a manutenção da situação existente. As decisões são tomadas a fim de obter bons resultados, mas não necessariamente os melhores possíveis, pois dificilmente o planejamento procurará fazer mudanças radicais na organização. Sua ênfase é conservar as práticas atualmente vigentes. O planejamento conservador está mais preocupado em identificar e sanar deficiências e problemas internos do que em explorar oportunidades ambientais futuras. Sua base é predominantemente retrospectiva, no sentido de aproveitar a experiência passada e projetá-la para o futuro. Planejamento otimizante: é o planejamento voltado para a adaptabilidade e inovação dentro da organização. As decisões são tomadas a fim de se obter o melhor resultado possível para a organização, seja minimizando recursos para alcançar um determinado desempenho ou objetivo, seja maximizando o desempenho para melhor utilizar os recursos disponíveis. O planejamento otimizante geralmente está baseado em uma preocupação em melhorar as práticas atualmente vigentes na organização. Sua base é predominantemente incremental, no sentido de melhorar continuamente, tornando as operações melhores a cada dia que passa. Planejamento adaptativo: é o planejamento voltado para as contingências e o futuro da organização. As decisões são tomadas a fim de harmonizar os diferentes interesses envolvidos, elaborando uma composição capaz de levar a resultados para o desenvolvimento natural da empresa e ajustá-las às contingências que surjam no meio do caminho. O planejamento adaptativo procura reduzir o planejamento retrospectivo voltado para a eliminação das deficiências localizadas no passado da organização. Sua base é predominantemente aderente, no sentido de ajustar-se às demandas 3 ambientais e preparar-se para as futuras contingências. Planejar significa interpretar a missão organizacional ao estabelecer os objetivos da organização e dos os meios necessários para a realização desses objetivos com o máximo de eficácia e eficiência. 3 CHIAVENATTO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 214-216. 3 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com ESTUDO DE CASO De olho na modernidade Como gerente do departamento de treinamento da Polifabril S/A, Marta Esteves tem a responsabilidade de pesquisar e determinar as necessidades de treinamento e de desenvolvimento dentro da companhia e apresentar resultados de seus estudos, com os cursos de ação recomendados para o seu superior, o diretor de RH. Em função disso, após a decisão e aprovação da Diretoria, o departamento de Marta tem a responsabilidade de implementar essas decisões do desenho e condução dos programas de treinamento e desenvolvimento de pessoal. Todo esse material será utilizado como protótipo para programas conduzidos nas diversas unidades descentralizadas da companhia e espalhadas por vários estados do país. A cada ano, o departamento distribui questionários de levantamento das necessidades de treinamento a todos os gerentes da companhia para saber quais são as carências de treinamento em suas respectivas áreas de atuação. A partir daí, Marta elabora a programação de treinamento a ser aprovada pela direção da companhia. A montagem da programação é feita com base nas respostas dos gerentes aos questionários enviados. O departamento de treinamento está dividido em três seções, cada qual especializada em um tipo particular e trabalho representado na companhia: A seção voltada para o desenvolvimento gerencial, a de desenvolvimento de supervisores e a de treinamento operacional para os funcionários. Cada seção tem um supervisor para tocar as atividades cotidianas. Em uma das reuniões semanais periódicas, Marta foi interpelada por um dos seus supervisores: Por que o planejamento de treinamento deveria continuar limitado ao exercício de um ano, como estava sendo feito desde a criação do departamento? A cada ano o departamento de treinamento deveria começar tudo de novo ou poderia partir de um patamar já conquistado? Em outros termos, o planejamento de treinamento deveria ser feito em cortes anuais ou poderia ser estendido em longo prazo? Deveria ser voltado para a solução de problemas atuais ou passados ou deveria estar voltado para o futuro das pessoas e da organização? Deveria ser meramente reativo ou ampliar-se para uma abordagem proativa? Deveria ser conservador ou adaptativo?4 Você, como futuro(a) administrador(a), que atitudes tomaria? 4 CHIAVENATTO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 212. 4 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Etapas básicas do planejamento O planejamento cobre uma variedade ampla de atividades, desde as mais complexas, ocorrendo a longo prazo e em ambientes incertos, até as mais simples, a curto prazo e em ambientes previsíveis. Essas atividades vão desde um plano da Volkswagen para reduzir o custo de fabricação em 35% para o próximo ano, e um plano de um gerente de departamento da Renner para contratar três vendedoras por tempo parcial para a próxima liquidação. As três etapas básicas do planejamento são: 1. 2. 3. Estabelecer um objetivo ou meta; Identificar e avaliar as condições atuais e futuras que afetem esse objetivo; Desenvolver uma abordagem sistemática para atingir esse objetivo. Vários planejadores incluem etapas adicionais como parte do planejamento. Essas etapas na realidade envolvem outras funções do administrador: 4. 5. 6. Implementar o plano (organizar, liderar); Controlar a implementação do plano (controle); Avaliar a eficácia do plano (controle). Essas três últimas etapas não são realmente de planejamento, mas refletem o fato de o planejamento, por ser a função fundamental, estabelece a base para o desempenho das funções seguintes. Vamos focalizar as três etapas básicas do processo de planejar, porém devemos ter em mente que, para ser eficaz, o planejamento precisa estar intimamente ligado às outras funções da administração.5 Estabelecer objetivos ou metas – a primeira etapa do planejamento se refere ao ponto onde queremos chegar, ou seja, que resultados queremos obter ao final de determinado período de atividades. Os objetivos ou metas podem ser estabelecidos em setores de desempenho como lucratividade, porção do mercado, recrutamento de pessoal, projetos a terminar em certa data, por exemplo. Identificar e avaliar as condições que afetam os objetivos – a segunda etapa do planejamento reconhece as variáveis importantes que influenciam os objetivos, como o poder de compra dos consumidores, atos dos concorrentes, etc. Como o planejamento se relaciona com o futuro, deve-se levar em consideração certas suposições sobre condições importantes ligadas ao fator tempo de realização do plano. A General Motors, por exemplo, ao planejar seu carro Saturn, teve que fazer suposições valiosas, ou aceitar premissas sobre algumas condições, tais como a procura por carros menores, diversas exigências governamentais sobre air bags, economia de combustível e controle de emissões. A precisão dessas premissas é de grande importância para um planejamento eficaz. Desenvolver uma abordagem para atingir os objetivos – o aspecto final do planejamento é a etapa que se relaciona a itens como responsabilidade para realização e inclui respostas a várias questões: quem fará o quê, como, dentro de que programação e quais serão os resultados disso. A importância e a complexidade do planejamento são fatores primordiais para determinar a formalidade e os detalhes dessa etapa. O bom planejamento deve levar em consideração a natureza do ambiente presente e futuro, no qual suas decisões e ações deverão funcionar. Para o planejamento ser eficaz, deve-se responder a algumas perguntas: 5 MEGGINSON, L. et al. Administração: conceitos e aplicação. 4. ed. São Paulo: Harbra, 1998. cap. 5. p.127-158. 5 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Por que devemos estabelecer a meta ou objetivo? (Why) O que deve ser feito para atingi-la? (What) Onde (em que nível) isso será feito? (Where) Quando isso será feito? Qual é sua programação no tempo? (When) Como será feito? (How) Quem vai fazer? (Who) Quanto custa? (How much) Note que a pergunta “por que” deve ser a primeira; isso se refere à eficácia da administração, para termos certeza de fazermos a coisa certa. Conceitos de Planejamento Planejar é o ato de determinar os objetivos da organização e os meios para alcançá-los (Richard L. Dalf). Planejar é decidir antecipadamente aquilo que deve ser feito, como fazer, quando fazer e quem deve fazer (Koontz, O’Donnell & Heihrich). Planejar é o processo de determinar como o sistema administrativo deverá alcançar os seus objetivos. Em outras palavras, é determinar como a organização deverá ir para onde deseja chegar (Samuel C. Certo ). Planejar é o processo de estabelecer objetivos e de determinar o que deve ser feito para alcançá-los (John R. Schermerhorn, Jr.). Que razões temos para planejar? Há várias razões para planejarmos. Em primeiro lugar, o planejamento ajuda a preparar a organização para mudanças contínuas. Apesar de os planejadores não poderem controlar o futuro, eles deveriam ao menos tentar identificar e isolar fatores ambientais e mudanças que possam influenciar o futuro. A segunda razão para o planejamento é, aumentar as possibilidades de tomar melhores decisões hoje, para ajudar a conseguir melhor desempenho no futuro. Para ajudar uma organização e seus administradores a antever o futuro a fim de permanecer funcionando e prosperar em um mundo mutável, deve haver um planejamento antecipado que seja ativo, vigoroso, contínuo e criativo, isto é, um planejamento proativo. A administração que não faz planejamento proativo será somente reativa – respondendo ao ambiente atual e não sendo uma participante ativa do mundo competitivo. O Planejamento é a função inicial da administração e deve ser vista como a locomotiva que puxa o trem das ações de organizar, liderar e controlar. Ou talvez devêssemos pensar no planejamento como a raiz principal de uma magnífica árvore, da qual saem os ramos das demais funções. Sem planos, os administradores não podem saber como devem organizar as pessoas e os recursos; podem até mesmo não ter uma idéia clara sobre o que precisam organizar. Sem um plano, não podem liderar com confiança ou esperar que os outros o sigam. E sem um plano, os administradores e seus seguidores têm pouca chance de alcançar seus objetivos ou de saber quando e onde saíram do caminho. Freqüentemente, planos falhos afetam a saúde de toda a organização. É por isso que a imprensa dos EUA dedicada aos negócios (The Wall Street Journal, Fortune e outros) devota tanta atenção às estratégias organizacionais, aos planos que os administradores de topo criam para cumprir os grandes objetivos das organizações. Seus leitores são stakeholders que usam essas informações para 6 julgar o desempenho presente da organização e suas chances de sucesso futuro. 6 STONER, J.A F. & FREEMAN, R. E. Administração. 5. ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall, 1985. 6 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com O planejamento é uma atividade que todas as organizações e seus administradores devem desempenhar bem para atingirem bons resultados. Praticamente todos nós realizamos alguma forma de planejamento. No chuveiro ou no carro ao ir para o trabalho ou para a escola, você pensa sobre as coisas que quer realizar no futuro e planeja o que fazer primeiro. Muitas pessoas fazem listas, que é uma forma rudimentar de plano. Uma lista de coisas prioritárias a serem feitas é uma forma de conservar seus esforços no caminho certo. Apesar das interrupções e recuos você pode ver a lista para saber o que deve fazer em seguida ou a qual dos itens terá tempo de se dedicar no intervalo entre dois compromissos. Como o planejamento deve feito? O problema de chegarmos a um planejamento adequado numa organização pode ser encarado de diversos ângulos. O planejamento pode ser centralizado para que sua parte mais importante em uma organização seja feita por um único grupo, como o departamento de planejamento. É comum as grandes empresas terem mais de 50 empregados nesses departamentos. Em grandes empresas, o planejamento pode ser descentralizado, ou seja, cada divisão ou departamento é responsável por planejar suas próprias operações, com pouca ou talvez nenhuma orientação da unidade central de planejamento. Isso é comum em organizações que operam em larga escala com múltiplas linhas de produtos. Assim, os gerentes de departamentos planejam para seus departamentos, os chefes de seções para suas seções, e assim por diante. Uma desvantagem do planejamento descentralizado é o perigo de haver sobreposição ou até mesmo conflitos entre os planos. Esses problemas podem ser evitados por uma unidade central que coordene os planos das divisões descentralizadas. Pode haver uma abordagem modificada, quando um departamento central faz o plano original a longo prazo e cada setor faz um planejamento detalhado de suas atividades necessárias para implementar o plano de longo prazo. Qual é a relação entre planejamento e as outras funções do administrador? Em alguns aspectos, o planejamento é a mais básica e difusa de todas as funções do administrador. Essa e todas as funções e atividades administrativas são inter-relacionadas, interdependentes e interativas como relacionamos abaixo: • A Função Organizar Organizar é o processo de nos certificarmos que os recursos humanos, materiais e financeiros trabalhem lado a lado. O planejamento fornece a informação e as estimativas que permitem juntar esses recursos com maior eficácia. Por exemplo: uma parte importante da organização é conseguir o pessoal adequado. • A Função Liderar A função liderar está intimamente associada a planejar. O planejamento determina a melhor combinação de fatores, forças, recursos e relações necessários para liderar e motivar os empregados. A função de liderar refere-se à maneira de pôr em ação esses elementos. • A Função Controlar O controle é uma conseqüência importante do planejamento eficaz, pois mostra aos administradores se seus planos são realistas ou se uma administração insatisfatória foi a causa de os planos não funcionarem como era de se esperar. Portanto, o controle é o meio de avaliar o desempenho real em relação aos planos. O objetivo de um plano é assegurar-nos de que os recursos contribuam positivamente para atingirmos os objetivos e metas da organização. Contudo o planejamento é essencial na medida em que estabelece os objetivos que irão dirigir os esforços do grupo. Os planos para atingir as metas da organização devem ser feitos antes de os administradores determinarem o tipo de relacionamento 7 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com organizacional, as espécies de qualificações que os empregados devem ter, como liderar os empregados e os tipos de controle a aplicar. Como o fator tempo e os níveis da organização afetam o planejamento? O tempo afeta o planejamento de três maneiras. Em primeiro lugar, é necessário muito tempo para se conseguir um planejamento eficaz. Em segundo lugar, é muitas vezes necessário continuar a seqüência das etapas do planejamento, sem todas as informações relativas às variáveis e alternativas, por causa do tempo exigido para coletar os dados e calcular todas as possibilidades. Em terceiro lugar, deve-se levar em conta o espaço de tempo abrangido pelo plano. • Planos de Curto, Médio e Longo Prazo Planos de curto prazo vão de um dia a um ano; planos de médio prazo cobrem um espaço de tempo de um a três anos; e planos de longo prazo envolvem atividades com três a cinco anos ou mais de antecedência, com alguns planos projetados para 25 anos ou mais no futuro. A maioria das empresas tenta entrosar os planos de curto, médio e longo prazo. Esse limite de tempo para o planejamento muda de organização para organização, às vezes é difícil dizer exatamente se um plano é de curto, médio ou longo prazo, em função da referência utilizada. Além disso, os planos mudam de longo para médio e depois para curto prazo à medida que o tempo passa. • Efeitos dos níveis da organização no tempo do planejamento Todos os administradores planejam, mas eles demoram mais ou menos tempo para planejar e elaborar planos para diferentes períodos de tempo, em função dos escalões em que se encontram nas organizações. À medida que os administradores sobem na organização, eles passam mais tempo planejando. Planejar é função de todos os administradores em uma organização, porém o caráter e a amplitude do planejamento variam com a sua relação autoridade-responsabilidade e com a natureza das diretrizes e planos esboçados por seu superior hierárquico. Portanto, a natureza e o período de tempo do planejamento mudam à medida que os administradores ocupam níveis hierárquicos superiores ou inferiores na organização. Notem que os administradores dos níveis mais baixos tendem principalmente a planejar a curto prazo – de um dia a um ano. Os administradores de nível médio planejam principalmente a curto prazo, mas também elaboram planos a médio prazo, de um a três anos ou mais. Os administradores de nível alto, geralmente elaboram planos a médio e longo prazo – de um a cinco anos ou mais. Naturalmente, estamos generalizando; haverá muitas exceções a essa regra. Quais são os tipos de Planos? O planejamento e os planos resultantes dele podem ser classificados de várias formas. A maneira de classificar o planejamento vai determinar o conteúdo dos planos e como o planejamento deve ser realizado. Um primeiro critério de classificação dos planos é abrangência e o impacto sobre a organização7. Ela segue a representação piramidal para simbolizar a hierarquia padrão existente: Estratégico Tático Operacional Figura 1. Níveis hierárquicos 7 MAXIMIANO, A. Introdução à administração. 5. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2000. p. 196 8 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com A classificação dos planos com base nesses critérios determina: 1. Planos estratégicos – definem os objetivos e as estratégias da organização. Incluem, além dos objetivos de toda a organização, a sua relação pretendida com o ambiente. São os planos estratégicos que determinam os produtos e serviços que a organização pretende oferecer, os mercados e clientes que pretende atender, assim como a construção de uma nova fábrica ou abertura de uma nova loja. A responsabilidade pela definição desses planos é da alta administração. Há empresas que dispõem de unidades de trabalho especialmente dedicadas a essa tarefa, são os departamentos de novos negócios. 2. Planos táticos – têm como finalidade otimizar determinada área de resultado ou função empresarial e não a empresa inteira, abrangem as atividades especializadas da empresa (marketing, finanças, produção, recursos humanos, novos produtos). Cabe lembrar que o desdobramento dos planos táticos depende diretamente dos estratégicos. 3. Planos operacionais – visam alcançar os padrões de funcionamento preestabelecidos, com controle dos detalhes. Podem ser considerados como a formalização dos processos, principalmente por meio de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento, das respectivas normas e implementação estabelecidas pelo nível tático. Por fim, criam condições para a adequada realização dos trabalhos diários da empresa. A classificação com base no critério da permanência inclui: 1. Planos estratégicos – que determinam a natureza da organização; 2. Planos estáveis – que tendem a permanecer fixos por períodos longos de tempo; 3. Planos de uso único – que visam um objetivo específico em um período de tempo limitado e são depois modificados ou abandonados. Os planos estratégicos incluem: ♦ a missão – é a razão da existência da organização (a Shell agora é uma empresa de “energia”, sendo antes considerada de “petróleo”); ♦ objetivos – significando o fim a que as atividades da organização se destinam, pois representam os resultados desejados do planejamento e as metas a serem atingidas pelas outras funções do administrador; ♦ estratégias – que incluem as atividades gerais que ajudam a organização a se adaptar a seu ambiente e integrar suas operações internas para atingir os resultados desejados. Os planos estáveis incluem: ♦ diretrizes – são as declarações e acordos gerais que guiam a tomada de decisões dos administradores e de seus colaboradores; ♦ procedimentos – estabelecem um método rotineiro ou técnica-padrão para lidar com atividades constantes; ♦ regras e regulamentos – determinam o curso de ação obrigatório a ser escolhido entre várias alternativas disponíveis. Os planos de uso único se referem às seguintes atividades não repetitivas: ♦ programas – incluem o complexo total de atividades necessárias para seguirmos um curso de ação; ♦ projetos – referindo-se à realização de um objetivo específico; ♦ orçamentos – são declarações financeiras de resultados esperados em termos numéricos. Os orçamentos estão ligados aos três tipos de planos mencionados. A figura a seguir ilustra os tipos de planos que as empresas podem desenvolver. 9 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Planos Estratégicos Planos Operacionais Planos Permanentes Planos de Uso Único Programas Políticas Orçamentos Projetos Procedimentos e Métodos Padrão Regras Figura 2 – Tipos de planos Fonte: Stoner & Freeman, 1999. EXERCITE SEUS CONHECIMENTOS! 1. Com relação ao horizonte de tempo e ao âmbito (abrangência, alcance) dos planos estratégicos e operacionais, é possível afirmar: a) O plano operacional deve ser mais simples e abrangente que o plano estratégico. Por exemplo: o objetivo operacional da Coca-Cola é tornar a Europa o mercado mais lucrativo nesta década. b) Como para alcançar o seu plano, a Coca-Cola adotou como objetivo estratégico distribuir gratuitamente o seu refrigerante durante as manifestações populares contra a Guerra entre EUA e Iraque. c) Já no nível operacional, o chefe do engarrafamento, na França, pôs em prática esses objetivos estratégicos contratando 350 merchandisers, que foram treinados na Universidade da Coca-Cola e em seguida mandados para visitar varejistas franceses, onde programam promoções e usam fitas métricas, espanadores e limpadores de vidros para garantir que a Coca seja apresentada adequadamente. d) No nível operacional, a Coca-Cola iniciou um amplo programa de montar uma rede de engarrafadores confiáveis e bem localizados, e de aumentar a visibilidade da Coca-Cola para os consumidores europeus. 10 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 2. Sobre a complexidade, o impacto e o âmbito dos planos estratégicos e operacionais, identifique a opção verdadeira: a) Os merchandisers da Coca-Cola precisam receber treinamento específico e diretrizes sobre o modo aprovado pela empresa de exibir o refrigerante, mas isso não interfere nos planos estratégicos. b) O “simples” objetivo de tornar a Europa seu mercado mais lucrativo, está forçando a Coca a repensar sua política de relacionamento com os engarrafadores europeus, que anteriormente compravam xarope da CocaCola e em seguida vendiam e promoviam independentemente a bebida aos varejistas. Em conseqüência, as promoções e as vendas da Coca, variavam de região para região. c) O setor de distribuição e logística da Coca-Cola pretende manter um alto grau de independência entre os engarrafadores para aumentar a visibilidade da bebida. d) No nível estratégico, os merchandisers franceses devem visitar 15 varejistas por semana e programar oito promoções dentro das lojas por mês. 3. Segundo o economista John Kenneth Galbraith, após a Primeira Guerra Mundial teve início a era da incerteza ou era da informação, que por suas características, impõe ao planejador: a) elaborar sistemas de recompensa que satisfaçam a hierarquia, a autoridade, a unidade de comando e a eficiência. b) equalizar o poder dentro da organização, reduzindo a diferença de poder e status entre supervisor e subordinados. c) gerir um ambiente de turbulência, cheio de mudanças, transformações em que as empresas deveriam se adaptar. d) selecionar e escolher os membros da organização com base, exclusivamente, na competência técnica e qualificação profissional. O que faz um planejamento ser eficaz? Os planos variam com a época e de acordo com a sua importância e complexidade. Entretanto apesar de suas diferenças, há alguns critérios gerais que o bom planejamento deve seguir. UTILIDADE: Para ser útil à administração no desempenho de suas outras funções, um plano deve se flexível e, ao mesmo tempo, estável e simples. 1. Flexibilidade – É essencial a um planejamento bem sucedido seja resultado de uma análise e previsão cuidadosas, desenvolvendo planos contingenciais e fazendo do planejamento um processo contínuo. O plano deve ser, portanto, capaz de sofrer uma adaptação rápida e suave a novas condições sem muita perda de eficiência. 2. Estabilidade – Se os planos mudam com muita freqüência, os administradores não se familiarizam com eles como instrumento operacional e não os usam com eficácia. Então, um plano estável é aquele que não tem de ser abandonado ou modificado amplamente por causa das mudanças no ambiente organizacional. 3. Simplicidade – Quanto maiores e mais complexos forem a organização e seu ambiente, mais complexos devem ser os planos. Entretanto, algumas vezes, os planos podem ser mais complicados do que o necessário. Se forem complexos, serão mais difíceis de implementar e de controlar. Assim, um plano simples ajuda na realização de seus objetivos com poucas variáveis, de forma a minimizar a possibilidade de complicações. PRECISÃO E OBJETIVIDADE: Precisamos avaliar os planos para ver se eles são claros, concisos e exatos. As decisões e outros atos administrativos são tão eficazes quanto as informações em que se baseiam. Assim, o planejamento deve se basear em pensamento realista e concreto sobre os requisitos necessários para alcançar objetivos e não sobre os objetivos pessoais dos que fazem o planejamento. 11 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Para atingir essa meta o planejamento deve basear-se no raciocínio objetivo e interesses pessoais e emocionais não devem interferir nos requisitos concretos, lógicos e reais do plano. EXTENSÃO: Os planos eficazes devem ter uma extensão adequada e refletir amplitude, unidade e coerência. 1. Amplitude – Um plano deve cobrir adequadamente todos os atos exigidos dos indivíduos e dos elementos organizacionais para atingir seus objetivos. Mas não deve especificar a natureza e condições das ações tão detalhadamente que se tornem desnecessariamente restritivos. Isto é, não deve limitar a natureza e as condições dos atos de tal modo que haja perda de iniciativa e de liberdade. Em vez disso, deve possibilitar a todos os administradores, em todos os níveis, coordenar os atos dos que estão sob sua responsabilidade. 2. Unidade – Se possível, somente um plano deve ser posto em execução de cada vez, para prevenir confusão e incoerência. Isto não quer dizer que não possa haver subdivisões do plano geral ou de outros planos contingenciais, pois pode haver diversas partes de um plano. Significa que cada plano deve ser projetado para atingir um objetivo central e ser coerente e completo. 3. Coerência – Cada unidade administrativa de uma organização está relacionada às outras unidades e delas depende. Cada unidade tem administradores que planejam suas operações em termos dos objetivos especiais de suas unidades. A eficácia desses administradores pode ser prejudicada se os planos não tiverem coerência, cooperação e coordenação. Portanto, deve haver uniformidade, pelo menos nos objetivos gerais das unidades de planejamento e da própria organização. EFICÁCIA DE CUSTO: O planejamento tem um custo elevado em termos de tempo, esforço e pressão emocional nos que o elaboram. Portanto, o guia para o planejamento é: “A não ser que os resultados aumentem a receita ou reduzam os custos em uma proporção maior do que o custo total do planejamento e de sua implementação, não o faça”. RESPONSABILIDADE: Existem dois aspectos que devem ser levados em consideração: 1. responsabilidade de fazer o planejamento e 2. responsabilidade de implementar os planos. Planejar não é trabalho de uma pessoa designada como “planejador”, mas faz parte da função de todos os administradores na organização, porque um plano para ter sucesso deve refletir as idéias e obrigações dos responsáveis por sua implementação. Contudo, esses administradores também precisam de uma orientação, coordenação e direção geral em seus esforços, que venham de alguém do nível mais alto na hierarquia, que tenha autoridade e responsabilidade específicas para o planejamento. Essa orientação pode aparecer sob a forma de guias, medidas específicas de desempenho e programação fornecida pela alta administração. OPORTUNIDADE: É a capacidade dos planejadores preverem com precisão quando ocorrerão os eventos futuros. A previsão do futuro com um grau razoável de precisão representa um problema por causa do grande número e variedade de eventos que podem surgir e sobre os quais a administração não tem muito controle, se é que tem algum. As organizações são afetadas por muitas coisas, como catástrofes, mudanças tecnológicas e até mudanças meteorológicas. Esses eventos são difíceis de predizer, porém os planejadores devem tentar prever a possibilidade de sua ocorrência. 12 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Qual é o papel dos objetivos? Os objetivos constituem um ingrediente crucial no processo do planejamento e são importantes em todos os níveis as organizações. Os objetivos são também bastante importantes para nós como indivíduos. • Definição de objetivos Os objetivos são os resultados finais que uma organização, departamento ou indivíduo desejam atingir. Eles procuram responder à pergunta o que deve ser feito na lista das seis perguntas chaves que vimos anteriormente. Os objetivos transcendem o processo de planejamento, à medida que se tornam os pontos focais a que se dirigem as perguntas quem, onde, quando e como. • Qual a diferença entre objetivo e meta? Alguns autores e práticos da administração afirmam que metas são amplas e gerais, enquanto que objetivos são específicos; outros dizem exatamente o contrário. Tudo o que podemos afirmar definitivamente é que tanto meta como objetivos têm uma orientação de valor e refletem condições necessárias para melhorar o desempenho em geral da organização. Lembre-se, que apesar de autores e administradores diferenciarem os dois termos, é muito mais comum não fazer essa diferença. Nós usaremos objetivo e meta como sinônimos perfeitos, significando um resultado final a ser procurado e atingido. • Como elaborar objetivos eficazes? A elaboração de objetivos é muitas vezes um processo mal compreendido e mal implementado. Entretanto, se fosse realizado adequadamente, teríamos uma administração mais eficaz. As diretrizes seguintes que se aplicam a todos os níveis da organização ajudarão a estabelecer objetivos mais eficazes. 1. Os objetivos devem limitar-se a áreas selecionadas de desempenho – Muitos administradores estabelecem um número excessivo de objetivos para seu pessoal. Como a idéia de estabelecer objetivos tem por fim estimular e dirigir a atenção e a energia, os objetivos cruciais perdem um pouco de seu valor se forem colocados ao lado de vários outros. Em vez de estabelecer 15 objetivos para seu pessoal, é melhor selecionar 5 ou 6 que se refiram a áreas de desempenho, como lucratividade, qualidade, controle de custos e/ou relações com clientes. 2. Seja específico – Se você não pode contar numericamente, medir ou descrever o objetivo de forma específica, esqueça-o. Objetivos vagos não somente estão sujeitos a má compreensão mas também não proporcionam satisfação tangível quando são atingidos. Examine, por exemplo, este: “O objetivo da Divisão de veículos de passeio é conseguir boa lucratividade em 2003”. Essa declaração é vaga em vários aspectos: a) O que é “boa” lucratividade? b) Qual será a medida – retorno sobre os ativos, retorno sobre o patrimônio líquido, retorno sobre vendas, etc. – usada para determinar lucratividade? c) Será a lucratividade determinada antes ou depois dos impostos? Uma declaração mais correta seria: “O objetivo da Divisão de veículos de passeio para 2003 é ganhar 20% de retorno sobre a média dos ativos após a dedução dos impostos”. 3. Estabeleça objetivos que representem um desafio – Os objetivos não devem ser tão altos e fora da realidade. Por exemplo: A Chrysler não seria realista estabelecendo um objetivo de ganhar 50% do mercado automobilístico norte-americano até 2004. Isso não só seria inútil, como também iria abater o moral do pessoal que sabe não ser possível atingir esse fim. 4. Os objetivos devem ser equilibrados – O desempenho em áreas-chave tende a ser interrelacionado, portanto os administradores devem levar em consideração o impacto que os objetivos têm 13 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com em todas elas. Por exemplo: a qualidade do trabalho influencia a quantidade de produtos acabados; a lucratividade e o controle de custos nem sempre são compatíveis com a prestação de serviço ao cliente ou com a manutenção de ativos físicos. 5. Estabeleça prazos realistas – Os objetivos, quando adequados, têm prazo para sua finalização. Isso responsabiliza o indivíduo pelo prazo e permite uma avaliação periódica de seu desempenho. 6. Envolva os subordinados – Como as pessoas se comprometem mais quando tomam suas próprias decisões, tente fazê-las estabelecer seus próprios objetivos e níveis de desempenho. Como administrador você não está necessariamente comprometido com os objetivos que eles consideram razoáveis, mas o nível que eles estabelecerem vai muitas vezes surpreendê-lo. Esse princípio é o fundamento da APO (Administração por Objetivos). 7. Estabeleça objetivos voltados para resultados – Como os objetivos são fins a serem atingidos, devem demonstrar o nível desejado de desempenho. Por exemplo: o objetivo “aumentar em 10% a propaganda em 1998” mede a quantidade gasta em propaganda, e não o “resultado final” que a propaganda deve produzir. Um objetivo melhor seria focalizar o número de novos clientes, a quantidade do pedido do cliente, ou o aumento de vendas que possa resultar da propaganda, e não o nível de propaganda em si. 8. Acompanhamento – Não espere até o fim do período do desempenho para determinar se os objetivos estão sendo alcançados. Use relatórios de desempenho intermediário ou faça uma verificação de seu progresso, para saber como seus subordinados desempenham seu trabalho. Se eles estiverem indo bem, elogie e reforce o desempenho deles; se não, instrua-os na medida necessária. • Por que os objetivos são importantes? Os objetivos são importantes para a administração por vários motivos e os principais são: (1) permitem um planejamento unificado de todos os departamentos; (2) servem como base para a motivação dos empregados; (3) a administração pode utilizá-los para a função de controle. Assim, eles devem ser integrados, estimulantes, possíveis de serem atingidos e mensuráveis. Os objetivos permitem um planejamento unificado – A alta administração estabelece objetivos gerais que são integrados na estrutura em que os administradores de níveis mais baixos e seus empregados estabelecem seus próprios sub-objetivos e planos. Isso cria uma hierarquia de objetivos. Os objetivos ajudam a motivar e a dar um senso de realização – Os objetivos realistas servem como base para motivação individual e do grupo. Uma pesquisa sobre o estabelecimento de objetivos mostra várias coisas importantes. Os pesquisadores Edwin Locke e Gary Latham citam dez estudos de digitadoras, carregadores e outros empregados que mostram um aumento de desempenho de 11% para 27% quando foram introduzidos objetivos específicos. Além disso, um estudo amplo de 70 relatórios de estabelecimento de metas realizado de 1984 a 1996, cobrindo mais de 7.000 empregados, levou os autores a concluir que metas específicas, difíceis e duras de atingir aumentaram o desempenho significativamente, mais do que metas moderadas do tipo faço o melhor que puder. Entretanto, o desempenho diminuiu drasticamente quando as metas foram estabelecidas em nível tão alto, a ponto de serem consideradas “impossíveis” de atingir. Os objetivos são uma base para o controle – Objetivos mensuráveis possibilitam aos administradores desempenhar a função de controle de forma mais eficaz. Quando a informação indica que os objetivos não estão sendo atingidos, o administrador deve examinar a situação e determinar se é ou não necessária alguma ação corretiva. Em caso afirmativo, ele deve decidir sobre a forma de agir. Porém a ação corretiva deve procurar fazer com que o desempenho real esteja de acordo com o objetivo. 14 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Quais são as vantagens e as desvantagens do planejamento? O Planejamento tem muitas vantagens: (1) ajuda a administração a se adaptar e ajustar-se ás condições mutáveis do ambiente; (2) ajuda a solidificar os acordos em itens primordiais; (3) os administradores têm possibilidade de ver o quadro operacional total com mais clareza; (4) ajuda a definir a responsabilidade com mais precisão; (5) dá mais ordem às operações; (6) ajuda na coordenação das diversas partes da organização; (7) tende a tornar os objetivos mais específicos e mais conhecidos; (8) diminui as conjecturas; (9) economiza tempo, esforço e dinheiro; (10) ajuda a diminuir os erros na tomada de decisão. Porém, caso o planejamento não seja realizado dentro dos requisitos necessários para a sua eficácia, algumas desvantagens podem decorrer do processo de planejar. Vejamos algumas delas: (1) o trabalho necessário para o planejamento pode ser maior que o valor de sua contribuição; (2) o planejamento tem a tendência de atrasar a execução; (3) o planejamento pode impedir a iniciativa e a inovação da administração; (4) às vezes, os melhores resultados são obtidos quando um indivíduo avalia a situação e enfrenta cada problema à medida que surge; e (5) de qualquer forma, poucos planos são seguidos com coerência. Contudo, apesar dessas e outras desvantagens, as vantagens de planejar superam de longe qualquer problema que surja. As empresas que fazem planejamento, mesmo mal, conseguem melhores resultados do que as que não planejam. Portanto, o planejamento deve ser feito para as empresas terem sucesso. ESTUDO DE CASO: MAMÍFEROS DA PARMALAT Em 1997, a Parmalat lançou uma campanha publicitária baseada na idéia de crianças fantasiadas de animais mamíferos. A campanha consistia em trocar embalagens de produtos da empresa por bichos de pelúcia e mais R$ 8,00. A campanha deveria durar três meses. Quinze dias antes de terminar, 1milhão e 200 mil mamíferos já haviam sido distribuídos. O estoque se esgotara. Uma operação foi montada às presas para trazer mais 600 mil bichos de fabricantes chineses, que passaram a trabalhar exclusivamente para o Brasil. Outros milhões foram encomendados e transportados por navios. No dia da reabertura da promoção, mais de 400 mil foram distribuídos. Um caminhão da Parmalat que ia para o Paraná foi roubado. Encontrado horas mais tarde, estava intacto. Faltava apenas o estoque de 500 pelúcias. Um ano depois, a Parmalat não havia conseguido terminar a promoção nem pretendia fazê-lo. A empresa tornara-se “refém” da promoção. As pessoas não queriam apenas um ou dois produtos. Muita gente passou a colecionar os mamíferos. Em busca da liderança no mercado de laticínios, a empresa não desejava contrariar crianças e transformar a fidelidade do cliente em rejeição à marca. 15 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com A promoção tornou-se quase uma divisão dentro da Parmalat, com 1.000 pessoas, computadores com leitores de códigos de barra em 272 postos de troca, em todo o país, e um furgão que roda por São Paulo para prestar socorro aos postos de distribuição. A operação não deve lucros diretos à empresa, que está interessada apenas na finalidade dos clientes e na alavancagem das vendas. A receita direta da promoção (8 milhões de pelúcias ao valor de R$8,00 cada um) mal cobre os custos, segundo a Parmalat. No final de 1998, dois milhões estavam em estoque e mais sete milhões estavam encomendados para a terceira fase. Isso totalizava 17 milhões de bichinhos desde o início da campanha. Ao todo são 21 personagens, que foram inicialmente avaliados pelos consumidores para detectar preferências. A vaquinha, por exemplo, tinha somente 4% das preferências. Virou bicho em extinção, porque todo mundo passou a querer. A empresa passou a importar quantidades iguais de todos os modelos, ficou impossível prever quais as preferências. Teria sido possível prever o que aconteceu com a promoção da Parmalat? O que esse caso ensina a respeito de planejamento operacional? Que outras lições de administração se podem extrair dessa história? Com base no estudo de caso apresentado e nos conceitos abordados, responda: 1. Qual era o objetivo estratégico da Parmalat? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ . 2. Que objetivos táticos ela definiu para isso? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ . 3. Quais foram os objetivos operacionais implementados? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ . 4. Os prazos foram cumpridos? Por quê? ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ . 5. A Parmalat atingiu os objetivos propostos? Justifique. ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ 16 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO II AS FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS O Planejamento Estratégico8 “Se você tem planos para um ano, plante arroz, Se você tem planos para dez anos, plante uma árvore, Se você tem planos para uma vida inteira, eduque as pessoas”. “Todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje”. Provérbios orientais 8 Material destinado a fins didáticos para a disciplina Teoria Geral da Administração II elaborado pela Profª Sulivan D. F. Salgado, revisado e ampliado pela Profª Patrícia Vendramini em setembro de 2003. 17 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com A Função Planejamento – Planejamento Estratégico Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá estar capacitado para: • • • Definir o conceito de planejamento estratégico. Compreender as etapas do planejamento estratégico. Aplicar as principais ferramentas analíticas do planejamento estratégico a fim de definir os rumos da empresa. H istoricamente, as relações existentes entre a organização e seu ambiente foram denominadas de questões estratégicas. Elas evidenciavam claramente a necessidade de sintonia entre as atividades organizacionais e as mudanças associadas ao ambiente. A solução para essa necessidade foi utilização de um modelo de planejamento que incorporasse uma análise racional das oportunidades e ameaças geradas pelo ambiente, em consonância com os pontos fortes e fracos da organização. O planejamento estratégico tornou-se excepcionalmente importante nos círculos empresariais, em grande parte devido à crescente complexidade dos ambientes tanto interno como externo. O termo estratégia vem do grego strategos, que significa “general”. Antigamente, significava a arte e a ciência de levar as forças militares à vitória. Hoje, pequenas, grandes e também organizações não-lucrativas usam estratégias para escolher as melhores opções para atingir seus objetivos. 1 O que é planejamento estratégico? É o processo que consiste na análise sistemática dos pontos fortes e fracos da empresa, e das oportunidades e ameaças do meio ambiente com o intuito de estabelecer objetivos, estratégias e ações 9 que possibilitem o aumento da competitividade empresarial . Planejamento Estratégico inclui atividades que envolvem a definição da missão, visão e valores da organização, o estabelecimento de seus objetivos e o desenvolvimento de estratégias que possibilitem o sucesso das operações no seu ambiente. Ele envolve alguns elementos para a tomada de decisão: 1. 2. 3. 4. 9 as decisões tomadas pela alta administração; a apropriação de muitos recursos, como dinheiro, mão-de-obra ou capacidade física; o impacto significativo a longo prazo; a interação da organização com o ambiente externo. CUNHA, Cristiano J. C. A. Planejamento estratégico. Notas de aula, Universidade Federal de Santa Catarina. 2000. 18 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 2 Etapas do planejamento estratégico As etapas do planejamento estratégico incluem não só o processo de elaboração do planejamento, mas também as fases de pré-planejamento, a implementação e o controle. A seguir, descrevemos cada uma das etapas, conforme a figura abaixo. 1ª etapa: Pré-planejamento Cultura e valores Relações de poder Sensibilização Negócio / Missão 2ª etapa : Elaboração Fatores Chaves de Sucesso Análise Externa Análise Interna Definição de Objetivos e Metas Definição de Estratégias 3ª etapa : Implementação e controle Implementação das estratégias Controle dos resultados Figura 1 – Etapas do Planejamento Estratégico Fonte: Cunha, 2000. 2.1 PRÉ-PLANEJAMENTO Para efetivar as grandes definições do planejamento estratégico é importante que os gestores conheçam a cultura empresarial e as relações de poder preponderantes na empresa. Essa é a etapa do Pré-planejamento, em que os administradores identificarão a predisposição da empresa a desenvolver e implementar as decisões advindas do processo de planejar. 2.1.1 Cultura Empresarial A cultura empresarial ou cultura corporativa é o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização. Ela refere-se ao sistema de significados compartilhados por todos os membros e que distingue uma organização das demais. Constitui o modo institucionalizado de pensar e agir que existe em uma organização. A essência da cultura de uma empresa é expressa pela maneira como ela faz seus negócios, a maneira como ela trata seus clientes e funcionários, o grau de autonomia ou liberdade que existe em suas unidades ou escritórios e o grau de lealdade expresso por seus funcionários com relação à empresa. A cultura empresarial representa as percepções dos dirigentes e funcionários da organização e reflete a mentalidade que predomina na organização. 19 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Cada organização mantém sua própria cultura. É por este motivo que algumas empresas são conhecidas por algumas particularidades. Os administradores da Procter & Gamble fazem memorandos que não ultrapassam uma página. Todas as reuniões da Du Pont começam com um comentário obrigatório sobre segurança. O pessoal da Toyota está concentrado em perfeição. A cultura representa o universo simbólico da organização e proporciona um referencial de padrões de desempenho entre os funcionários, influenciando a pontualidade, a produtividade e a preocupação com qualidade e serviço ao cliente. A cultura exprime a identidade da organização. Ela é constituída ao longo do tempo e passa a impregnar todas as práticas, constituindo um complexo de representações mentais e um sistema coerente de significados que une todos os membros em torno dos mesmos objetivos e dos mesmos modos de agir. Ela serve de elo entre o presente e o passado e contribui para a permanência e a coesão da organização. Em outras palavras, a cultura organizacional representa as normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros de uma organização no dia-a-dia e que direcionam suas ações para o alcance dos objetivos organizacionais. No fundo, é a cultura que define a missão e provoca o nascimento e o estabelecimento dos objetivos da organização. A cultura precisa ser alinhada aos outros aspectos das decisões e ações da empresa como planejamento, organização, liderança e controle para que possamos melhor conhecer seu universo. Segundo Schein (1986), cultura empresarial é o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e de integração interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas. Fazem parte dos componentes da cultura os artefatos visíveis, valores e pressupostos básicos. ♦ Artefatos visíveis: são as atividades, os eventos, o arranjo físico, os rituais, os símbolos que representam a maneira de ser da organização por meio de seus membros. Incluem o nome da empresa, logotipo e bandeira; arquitetura, layout, restaurante, estacionamento, áreas de circulação, portarias, gabinetes, salas de reunião, tipo do mobiliário, papéis nas mesas, telefones, fax e equipamentos; slogan, comunicação visual, cartazes e quadros de avisos; vestuários e cores, guaritas, recepção a visitantes e nível de ruídos. ♦ Valores: são as considerações sobre o que é bom ou mau, para explicar a relação entre os artefatos visíveis e sua adoção. São formados a partir da origem social, escolaridade, carreira profissional, idade e religião dos fundadores, proprietários, executivos, líderes informais; posicionamento da organização frente a acontecimentos marcantes (crises, oportunidades, mudanças, greves, acordos, benefícios); forma de gestão dos recursos humanos; foco da organização (presente, passado e futuro); estabelecimento dos objetivos e a clareza; coerência entre visão, missão e objetivos. ♦ Pressupostos básicos: relacionam-se à visão de mundo, sendo geralmente implícitos ou inconscientes, gerados ao longo do tempo. Um exemplo marcante de cultura empresarial é a cultura oposta das duas grandes empresas de softwares, a Microsoft e a Apple. Como elas foram formadas? Quem deu o tom e o ritmo das relações, hábitos, crenças e ações de cada empresa? Tudo começou com os seus fundadores e com as decisões que iam sendo tomadas. 2.1.2 Relações de poder Poder é a capacidade de uma subunidade (ou indivíduo) modificar a conduta de outras subunidades (ou indivíduos) da organização de uma maneira desejada, e prevenir que uma subunidade (ou o próprio indivíduo) adote uma conduta indesejável. Há diversos tipos de poder. A visão clássica de poder pressupunha que havia uma parte que determinava ordens e tinha o direito de ser obedecida. Atualmente, prevalece a visão de aceitação, em que o subordinado é quem decide se legitima o poder do seu superior ao cumprir ou não as ordens emitidas. As fontes do poder podem ser agrupadas da seguinte forma: 20 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com §Poder de recompensa: Decorre da capacidade de uma pessoa poder recompensar, gratificar, premiar outra, pelo cumprimento das ordens. §Poder coercitivo: Baseado na capacidade de uma pessoa punir outra e, por isso, ser obedecida. §Poder de referência: Baseado no desejo de uma pessoa de ser parecida ou se identificar com o influenciador. §Poder legítimo: Reconhecimento de que uma pessoa tem o “direito” de ser obedecida, decorre da autoridade legal. §Poder de competência: Baseado na crença ou compreensão de que uma pessoa tem certo conhecimento relevante. Com a convicção de que o ser humano é um ser de escolhas, deve exercer o seu livre arbítrio. Assim, forma os grupos de interesse, as chamadas coalizões, que se alternam no poder de uma organização. Resta uma pergunta quando analisamos as relações de poder existentes na organização: O grupo que deseja realizar o Planejamento Estratégico detém o poder necessário para promover a mudança? Analisadas a cultura empresarial e as relações de poder, os gestores poderão certificar-se da viabilidade em desenvolver e implementar o planejamento estratégico. Havendo uma resposta favorável ao planejamento, os gestores poderão, então, se preparar para a elaboração do planejamento, iniciando por alguns preparativos. 2.1.3 Preparação para o planejamento Antes da introdução ao processo de elaboração do planejamento são necessários alguns preparativos: § Decisão de planejar Essa decisão tem de ser um compromisso da administração, em diferentes níveis, que decorre da conscientização sobre a real necessidade do planejamento, a despeito do tempo e dos recursos a serem investidos. § Definição do grupo de planejamento Envolve a definição de quem vai participar e qual será a função de cada um – coordenadores, membros, consultores internos e/ou externos, grupos específicos de trabalho, etc. Em grandes empresas diversificadas, o planejamento estratégico pode abranger vários níveis da estrutura, incluindo: 1. o presidente e outros membros da alta administração; 2. os gerentes gerais das subsidiárias, como os gerentes de divisão e presidentes regionais; 3. gerentes funcionais das subsidiárias, que chefiam áreas funcionais como marketing, fabricação e finanças e devem apoiar sua estratégia; 4. gerentes dos principais departamentos operacionais, que têm responsabilidade de desempenhar seu papel no plano estratégico geral. § Definição do modelo Não existe uma metodologia universal de planejamento, pois as organizações diferem em tamanho, em tipos de informação, em estruturas organizacionais, em filosofia e estilo gerencial. Considerando a vasta bibliografia existente sobre planejamento, torna-se imprescindível adaptar o modelo que melhor se ajuste à realidade organizacional da empresa. § Comunicação São as atividades destinadas a sensibilizar e garantir a participação das pessoas que deverão contribuir na elaboração do planejamento. Estas deverão ser informadas sobre a metodologia adotada e o grau de seu envolvimento. 21 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 2.2 ELABORAÇÃO DO PLANEJAMENTO Em primeiro lugar devemos ter a compreensão clara da missão organizacional. Em segundo lugar, devemos estabelecer os objetivos, para todos saberem o que a administração quer realizar. Em terceiro lugar, a administração identifica as alternativas estratégicas disponíveis para atingir esses objetivos. Essa etapa exige o exame dos pontos fracos e fortes da organização, prevendo o ambiente futuro. Para completar o processo de elaboração do planejamento fazemos as escolhas estratégicas. Entretanto, para dar início à elaboração do planejamento, é necessário sensibilizar as pessoas direta ou indiretamente envolvidas nesse processo, de modo que sua contribuição seja efetiva, desde a geração das idéias e escolha dos cursos de ação até a implementação dos mesmos. 2.2.1 Sensibilização A sensibilização requer a compreensão das pessoas nos seguintes aspectos: § § § § § § § § Todos devem ter uma visão global do Planejamento Estratégico; Todos devem se envolver com o Planejamento Estratégico; Todos devem estar motivados com o Planejamento Estratégico; Cada um deve entender o seu papel no Planejamento Estratégico; Cada um deve entender o papel do Planejamento Estratégico na sua atividade Todos devem entender o papel do consultor no Planejamento Estratégico; Todos devem entender os conceitos envolvidos no Planejamento Estratégico; Caso haja um comitê, todos devem entender o seu papel no Planejamento Estratégico. A partir da sensibilização inicial, os indivíduos estarão alinhados aos propósitos da empresa em estruturar um futuro desejado. 2.2.2 Missão organizacional As organizações simplesmente não podem sobreviver se não souberem o que querem e para onde vão. A missão organizacional define o propósito fundamental e único que a organização tenta seguir e identifica seus produtos ou serviços e clientes. Assim a missão identifica a razão de ser da organização – isto é, o que ela representa. Tanto as organizações lucrativas como as não-lucrativas precisam especificar com muita clareza sua missão.10 Assim, a missão de uma organização significa a razão de sua existência. É a finalidade pelo qual a organização foi criada e para o que ela deve servir. A definição da missão organizacional deve responder a três perguntas básicas: Quem somos? O que fazemos? E por que fazemos o que fazemos? No fundo, a missão envolve os objetivos essenciais do negócio e está geralmente focalizada fora da empresa, ou seja, no atendimento às demandas da sociedade, do mercado ou do cliente. É importante conhecer a missão e os objetivos essenciais de uma organização, pois se o administrador não sabe por que ela existe e para onde ela pretende ir, ele jamais saberá dizer qual o melhor caminho a seguir. Para que seja eficaz, a formulação ou declaração da missão deve descrever clara e concisamente: • 10 Qual é o propósito fundamental do negócio; MEGGINSON, Leon et ali. Administração: conceitos e aplicações. 4. ed. São Paulo : Harbra, 1998. p. 81-84. 22 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com • Quais as necessidades básicas que o negócio deve atender e como atendê-las; • Quem é o cliente ou quais os setores-alvo ou o mercado a ser servido; • Qual o papel e a contribuição da organização à sociedade; • Quais as competências que a organização pretende construir ou desenvolver; • Quais os compromissos, os valores e crenças centrais que alicerçam o negócio; • Como criar o contexto adequado para formular os objetivos estratégicos e táticos e delinear o 11 planejamento na organização. A missão de uma organização pode mudar com o tempo. A BIC no começo da sua história projetava, fabricava e distribuía canetas esferográficas descartáveis, de baixo custo e alta qualidade. Essa definição de produto foi ampliada para “instrumentos de escrita” com diversos tipos de canetas (“felt-tip” e “markers”), e mais tarde mudou de novo para incluir itens baratos, mas de boa qualidade, que podiam ser produzidos e distribuídos em massa pelos mesmos canais. Por exemplo: isqueiros e aparelhos de barbear descartável. Portanto, a missão é a razão de ser da empresa. Deve relacionar o negócio à satisfação de alguma necessidade do meio ambiente. Em geral, a declaração da missão contém três elementos fundamentais: • • • Ação/negócio da empresa: oferecer, criar, promover, solucionar, comercializar, por exemplo; Produto/resultado: o que a organização oferece e qual necessidade é satisfeita; Cliente: usuário beneficiado, a quem se destina, o mercado. A missão tem duas funções essenciais: 1. Orientar as ações empresariais: todas as ações são realizadas em função da missão organizacional estabelecida. Os esforços organizacionais são canalizados a fim de cumprir a missão; 2. Delimitar a ação estratégica: está intimamente relacionada à abrangência do negócio em função das análises interna e externa. Veja alguns exemplos de declaração de missão: Exemplo 1: Datasul “Aumentar a competitividade dos clientes levando-os a novos patamares de gestão, com a utilização de sistemas computacionais na gestão de negócios originados pelos dois movimentos da economia conectada, onde as empresas precisam ser ágeis para se adaptar às demandas do mercado e velozes para atender às necessidades dos clientes”. Exemplo 2: Editora Abril “A Abril está empenhada em contribuir para a difusão de informação, cultura e entretenimento para o progresso da educação, a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento da livre iniciativa e o fortalecimento das estruturas democráticas do país”. Exemplo 3: O Boticário “Criar produtos e serviços que enalteçam a beleza e promovam o bem-estar das pessoas, traduzindo essa intenção em valores percebidos pelos clientes, para conquistar a sua fidelidade e assegurar o crescimento e a rentabilidade do negócio”. A declaração de missão de uma organização muitas vezes vai além de definir seus produtos ou serviços, mercados e clientes. Contém, freqüentemente, um esboço das crenças da organização e diretrizes gerais que serão usadas para atingir sua missão.12 Por isso, é necessário definir também os valores a ser preservados e respeitados na organização, que possibilitem o atingimento da visão pretendida. 11 12 CHIAVENATTO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p.248-249. MEGGINSON, Leon et ali. Administração: conceitos e aplicações. 4. ed. São Paulo: Harbra, 1998. p.171. 23 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com A Missão deve ser cumprida para que a empresa atinja a Visão pretendida. 2.2.3 Valores e crenças Os valores fazem parte dos fundamentos estratégicos da organização. São um conjunto de crenças e princípios que orientam as atividades e operações de uma empresa e o comportamento geral dos seus membros. Uma declaração de valores ajuda a reagir rápida e decisivamente quando ocorrem situações inesperadas, como aconteceu com a Tylenol, em 1988, quando oito pessoas morreram por ingerirem o produto contaminado com cianureto. A Johnson & Johnson decidiu tirar todos os seus produtos das farmácias para examinar o ocorrido. Porém, não basta que a organização tenha valores claramente definidos. É fundamental que os funcionários os conheçam e os abracem, pois é com base nesses valores que todas as ações dentro da organização serão realizadas. Os valores devem espelhar tudo aquilo que é importante para a organização. Por isso, devemos considerar dois importantes fatores: ♦ Que todos os valores devem ser associados aos princípios nos quais a empresa acredita; ♦ Que todos os envolvidos com a empresa, dos funcionários aos clientes, tenham interesses distintos e é importante reconhecer o maior número possível de perspectivas diferentes13. Segue alguns exemplos de declaração de valores: Exemplo 1: O Boticário • • • • • • • • Valorização da vida e do meio ambiente Respeito e comprometimento mútuos Objetivos e metas claros e definidos Reconhecimento pela contribuição para os resultados Desenvolvimento pessoal e profissional Inovação e Qualidade Empreendedorismo e ousadia Participação e trabalho em equipe Exemplo 2: WEG A declaração de valores da WEG é dividida em quatro segmentos: Clientes Agregar valor aos clientes, fornecendo produtos e serviços competitivos internacionalmente. Acionistas Criar continuamente valor aos nossos acionistas através de uma rentabilidade superior aos custos dos capitais investidos. Colaboradores Motivar continuamente nossos colaboradores e criar oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. 13 TIFFANY, Paul. Planejamento estratégico. São Paulo: Campus, 1998. 24 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Comunidade Ser uma empresa cidadã participando da vida comunitária e preservando o meio ambiente. Os valores estratégicos da empresa são seus alicerces. Por isso, devem perdurar ao longo do tempo e ser praticados por todos os envolvidos. 2.2.4 Visão A visão é um conjunto preciso e bem elaborado de palavras que anunciam o direcionamento e as 14 15 aspirações da empresa . É a definição de um futuro preferido , que represente propósitos globais e perdure ao longo do tempo. Veja alguns exemplos abaixo: Exemplo1: O Boticário “Ser reconhecida por colaboradores, parceiros, clientes e segmento onde atua como uma das mais importantes referências mundiais em beleza e fazer que suas ações para a preservação da vida estabeleçam uma forte identificação com a sociedade”. Exemplo 2: Porto de Itajaí “Ser reconhecido até 2005 como o Porto Brasileiro de maior eficiência da Região Sul e Mercosul”. Visão é a imagem que a organização tem a respeito de si mesma e do seu futuro. É o ato de ver a si própria no espaço e no tempo. Toda organização deve ter uma visão adequada de si mesma, dos recursos de que dispõe, do tipo de relacionamento que deseja manter com seus clientes e mercados, do que quer fazer para satisfazer continuamente as necessidades e preferências dos clientes, de como irá atingir os objetivos organizacionais, das oportunidades e das condições em que opera. Geralmente a visão está mais voltada para aquilo que a organização pretende ser do que para aquilo que ela realmente é. O termo visão é geralmente utilizado para descrever um claro sentido do futuro e a compreensão das ações necessárias para torná-lo rapidamente um sucesso. A visão representa o destino que a empresa pretende transformar em realidade. A visão busca estabelecer uma identidade comum quanto aos propósitos da organização, a fim de orientar o comportamento dos membros quanto ao futuro que ela deseja construir. A falta de uma visão dos negócios é profundamente prejudicial, pois desorienta a organização e os seus membros quanto às suas prioridades em um ambiente altamente mutável e fortemente competitivo. A visão somente é atingida quando todos dentro da organização trabalham em conjunto e em consonância para que ela se concretize.16 Outra definição a ser realizada para a composição do planejamento estratégico é dos Fatoreschave de sucesso. Vejamos do que se trata: 2.2.5 Fatores-Chave de Sucesso É um atributo que a empresa deve dispor para ser bem sucedida em suas atividades. A empresa deve alcançar um desempenho no mínimo satisfatório em relação aos “FCS”. Como resultado, devem ser continuamente monitorados e merecem atenção especial nas ações futuras para a capacitação da empresa. Uma vez escolhida a nossa estratégia de competição, resta-nos mobilizar os recursos disponíveis para a sua implementação. Estes recursos não são infinitos nem variados. Cada empresa, via de regra, dispõe de poucas armas poderosas e deve, antes de tudo identificá-las corretamente. O tipo de análise que leva a esta identificação foi originalmente desenvolvido por dois consultores americanos B.B.Tregoe e J.W. Zimmermann, que vão ao extremo de propor que cada empresa deve escolher apenas uma área de recursos básicos (que eles chamam força motora), como fulcro de sua capacidade de competir. Mas a realidade é outra. Nenhuma empresa pode apoiar-se apenas em um tipo de recurso. Na prática, escolhemos uma combinação de duas ou três armas de competição, levando em conta os pontos “fracos e fortes”, sempre em comparação com os nossos concorrentes principais. 14 15 16 TIFFANY, Paul. Planejamento estratégico. São Paulo: Campus, 1998. CUNHA, Cristiano J. C. A. Planejamento estratégico. Notas de aula, Universidade Federal de Santa Catarina. 2000. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p. 253-254. 25 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com As “armas” para competir Nosso raciocínio (que é seguido pelos planejadores estratégicos das empresas multinacionais) baseia-se na seguinte lista de áreas de recursos básicos que estão à disposição da empresa. • • • • • • • • • • Tecnologia; Capacidade financeira; Pessoal capacitado; Capacidade de produção; Produtos e serviços; Capacidade de marketing; Distribuição; Métodos de gerência; Capacidade administrativa; Sinergismo. Trata-se, pois de identificar entre esses recursos quais os mais aptos a implementar a nossa estratégia básica de competição (inovação ou produtividade). Esta análise será fornecida pela nossa posição em face dos nossos competidores, conduzida conforme o esquema de pontos sugeridos pelo quadro a seguir: Recursos para competir Vantagem Exclusiva Vantagens Características Vantagens de um Vantagem desfrutadas por comuns a toda pequeno grupo de exclusiva de nós e outros pouindústria concorrentes (no qual um concorcos concorrentes não nos incluímos) rente Tecnologia Financeiros Pessoal Produção Marketing Distribuição Métodos de gerência Capacidade Adm. Sinergismo Quadro 1 - Identificar os recursos necessários para competir ajuda-nos a diagnosticar a posição de nossa firma e a desenvolver uma estratégia apropriada. A conclusão evidente poderá validar ou não a nossa escolha anterior de determinada estratégia 17. Exercício: Para que possamos exemplificar os conceitos anteriores, tomemos o caso da Coca-cola, na sua luta pela manutenção da liderança, contra todos os outros fabricantes de refrigerantes (Antarctica, Brahma, Pepsi-cola). A marca Coca-cola detém participação de 42% no mercado brasileiro e para mantêla depende basicamente de sua estratégia de diferenciação. A marca Coca-cola é percebida pelos consumidores como diferente, no sentido de que é a única a oferecer dois benefícios básicos que o consumidor típico (o jovem) procura: prazer sensorial e o endosso social. Se a estratégia permanecerá a mesma, a Coca-cola precisa definir os meios para implementá-la com base nos recursos internos e externos. Esses meios são identificados em comparação entre a Cocacola e os seus competidores. Verificamos que a Coca-cola desfruta das seguintes vantagens: 17 GRACIOSO, Francisco. Planejamento estratégico orientado para o mercado. São Paulo: Atlas, 1996. 26 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com • Recursos financeiros para investir – principalmente em campanhas publicitárias e promocionais, pois o lucro gerado pelo seu negócio é muito superior ao dos seus concorrentes. • Produção – A Coca-cola não apenas dispõe de maior capacidade instalada como também pode aumentá-la rapidamente, devido ao seu sistema de franquia extremamente desenvolvido. • Marketing – A Coca-cola é a líder indiscutível na utilização das modernas técnicas de propaganda. • Métodos de gerência – A Coca-cola tem mais flexibilidade, devido ao seu sistema de franquia. Combinando esses fatores, pode-se chegar à estratégia de negócios da Coca-cola: uma estratégia de crescimento da sua participação, apoiada na imagem da marca (que por sua vez, é garantida pela superioridade da sua propaganda) e na sua capacidade (muito superior à dos concorrentes) de investir, seja em novas fábricas (através das revendedoras), seja em comunicação com o mercado (propaganda e promoção de vendas). Vamos agora exercitar essa ferramenta com outra empresa. Se você não trabalha, escolha uma empresa conhecida (por exemplo: Mc’Donalds, Renner, Makenji), analise quem são seus concorrentes e faça o exercício novamente. Isto lhe ajudará a desenvolver o raciocínio lógico e a conhecer melhor os Fatores-Chave de Sucesso de uma empresa. 2.2.6 Objetivos Organizacionais Para reforçar o que já tratamos sobre objetivos relacionados ao conceito de planejamento, os objetivos são os resultados ou metas para os quais todas as atividades organizacionais são direcionadas. As organizações têm vários objetivos amplos, a longo prazo e abrangentes, entre eles a lucratividade, a fatia do mercado, boas relações com os empregados, e outros. Na, verdade, os objetivos são resultados específicos que se pretende alcançar em um determinado período de tempo. Enquanto a missão define qual é o negócio da organização e a visão proporciona uma imagem do que a organização quer ser, os objetivos estabelecem resultados concretos que desejamos alcançar dentro de um específico prazo de tempo. Peter Drucker, quando era consultor da GE, identificou oito áreas principais em que uma empresa deveria estabelecer objetivos em função de: (1) posição no mercado; (2) produtividade; (3) recursos físicos e financeiros; (4) lucratividade; (5) inovação; (6) desempenho e desenvolvimento de administradores; (7) desempenho e atitudes dos empregados; (8) responsabilidade pública e social. 1. Posição no mercado: Uma empresa deve decidir qual é o produto (ou produtos) que deseja vender e o tipo de cliente que pretende atingir. Deve, também, escolher a porção do mercado que deseja abranger. 2. Produtividade: É o índice dos insumos e saídas de produtos (inputs e outputs) de uma organização. Quais são as entradas de mão-de-obra, equipamento e finanças necessários para se chegar ao produto final (output)? Os objetivos para melhoria da produtividade podem ser desenvolvidos em várias áreas, incluindo métodos de trabalho, maquinário e equipamento mais avançados, e maior eficiência do trabalhador. 3. Recursos Físicos e Financeiros: Como a organização vai gerar e utilizar os recursos financeiros? Os objetivos devem ser elaborados em relação à fábrica, ao equipamento e ao fornecimento de matéria-prima. 4. Lucratividade: Os objetivos de lucro são importantes para atingir outros objetivos, incluindo: (1) pesquisa e desenvolvimento necessários para a inovação; (2) poder financeiro para modernizar as fábricas e equipamentos e (3) salários necessários para atrair pessoal de alto nível. 5. Inovação: Há necessidade de produtos e serviços inovadores. Embora se corra um certo risco ao ser o primeiro com algo novo, há um potencial de grandes recompensas. 6. Desempenho e desenvolvimento de executivos: Tanto as organizações grandes como as pequenas devem estabelecer objetivos relacionados à qualidade do desempenho e conseguir o desenvolvimento de administradores em todos os níveis. 7. Desempenho e atitudes dos trabalhadores: Em todas as organizações os empregados do nível operacional fazem a maior parte do trabalho de rotina. Portanto, estabelecer objetivos em relação 27 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com a fatores como produção por empregado, qualidade do produto e nível de satisfação dos empregados iria beneficiar a administração que procura eficácia. 8. Responsabilidade pública e social: Boicotes do público e atos do governo atingem empresas que não adotam e implementam objetivos públicos e sociais. Como podemos notar, as oito áreas em que deveríamos estabelecer objetivos exigem intercâmbio para se conseguir realizar todos eles. O planejamento estratégico não existe em um vácuo, pois deve levar em consideração as variáveis que afetam a organização. É essencial identificar as principais variáveis, estar ciente de seu impacto atual e ser capaz de prever seu impacto potencial futuro. Os administradores devem estabelecer estratégias dentro de um quadro econômico turbulento, complexo e imprevisível, não só sob o ponto de vista econômico, mas também sociocultural, tecnológico, legal e físico. Devem também levar em consideração o ambiente interno, com suas complexidades financeiras, autoritárias, comportamentais e “políticas”. O administrador deve levar em consideração esses fatores externos e internos quando escolher uma estratégia para atingir suas metas profissionais e pessoais. Há dois grupos de fatores que afetam o processo de planejamento: 1. Fatores incontroláveis: tais como o crescimento da população, o ambiente político e as pressões sociais, que não têm uma causa direta e localizável. 2. Fatores controláveis: tais como a pesquisa, localização dos edifícios e relações organizacionais, sobre as quais a organização tem algum controle através das decisões de seus administradores. Ambos os fatores devem ser analisados e compreendidos para que a empresa esteja preparada para enfrentar as surpresas do ambiente, tanto em termos de superação de dificuldades como no aproveitamento das oportunidades. A análise SWOT (às vezes chamada TOWS) é uma forma útil para ajudar as organizações a conhecer melhor a si e o ambiente em que atua. A análise SWOT é o processo de identificar sistematicamente as Forças (Strenghs) e Fraquezas (Weaknesses) da organização, as Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) que o ambiente externo nos reserva. Ela permite à organização obter uma idéia mais clara da sua posição estratégica. Como uma análise sistemática focaliza todos os principais aspectos da situação da empresa. Porém, a análise SWOT é mais do que fazer uma lista. É essencial que sejam usadas medidas de avaliação para pesar, verificar as probabilidades, para analisar 18 os itens identificados . 2.2.7 Análise Externa É na etapa da análise externa que identificamos as oportunidades e ameaças presentes e futuras à empresa. • Oportunidades: são situações ou eventos futuros, externos à empresa e por ela ingerenciáveis diretamente. Quando bem aproveitadas, podem facilitar o cumprimento da missão. As oportunidades oferecem um potencial favorável no ambiente da empresa para o cumprimento do seu objetivo. • Ameaças: são situações ou eventos futuros, externos à empresa e por ela ingerenciáveis diretamente. Se não forem evitadas, podem dificultar o cumprimento da missão. As ameaças são as principais circunstâncias desfavoráveis ou impedimentos à posição atual ou futura da empresa no alcance do seu objetivo. A identificação desses dois fatores permite à organização vislumbrar oportunidades – respeitando seus fundamentos estratégicos – e ameaças, das quais deverá se defender. Todo esse processo visa estabelecer orientações para a posterior capacitação da empresa. 18 MEGGINSON, Leon et ali. Administração: conceitos e aplicações. 4. ed. São Paulo: Harbra, 1998. p.179-180. 28 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Para identificar oportunidades e ameaças, faça a pergunta: “o que pode acontecer, nos próximos dois ou cinco anos, de relevante para a empresa?” Antes de responder, avalie o que pode acontecer de relevante dentro de cada uma das seguintes dimensões ambientais: TECNOLOGIA MERCADO FORNECEDOR DIMENSÕES AMBIENTAIS PRODUTOS SUBSTITUTOS QUESTÕES POLÍTICAS E LEGAIS CONCORRÊNCIA Figura 2 – Dimensões ambientais As dimensões acima não delimitam completamente a análise ambiental. Para cada caso devem ser consideradas as mais apropriadas. As oportunidades identificadas e estudadas devem contribuir para o cumprimento da missão e, se possível, aproveitá-las. Da mesma forma, com as ameaças identificadas, permite à empresa traçar um plano de defesa. Para uma melhor organização dos trabalhos, tanto as oportunidades quanto às ameaças são priorizadas em função de sua relevância para o cumprimento da missão. AS OPORTUNIDADES E AMEAÇAS DEVEM SER PRIORIZADAS PELA SUA RELEVÂNCIA PARA O CUMPRIMENTO DA MISSÃO! 2.2.8 Análise interna Os pontos fortes e fracos da empresa são identificados por meio da análise interna da empresa. As definições são: • Pontos fortes: condições ou características internas que contribuem para o cumprimento da missão. Os pontos fortes ou forças são os recursos ou aptidões que fazem com que a empresa suplante os concorrentes, é uma característica competitiva da empresa que a coloca em vantagem frente aos concorrentes; • Pontos fracos: condições ou características internas que reduzem a probabilidade de cumprimento da missão. Os pontos fracos ou fraquezas são as características competitivas da empresa que os coloca em desvantagem frente às concorrentes, devendo estas também ser reconhecidas. Toda a organização deve ser diagnosticada para que os pontos fortes e fracos sejam identificados. Dentre as principais áreas de atuação, constam: MARKETING PRODUÇÃO SIG GESTÃO FINANÇAS RH P&D Figura 3 – Dimensões internas 29 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Todas as características, habilidades e competências da organização devem ser analisadas e priorizadas em função da sua contribuição para o cumprimento ou não da missão. OS PONTOS FORTES E FRACOS DEVEM SER PRIORIZADOS PELA SUA RELEVÂNCIA PARA O CUMPRIMENTO DA MISSÃO! É importante ressaltar que a utilização da matriz SWOT exige uma boa dose de bom senso para identificar os relacionamentos entre os aspectos internos (pontos fortes e fracos) e externos (oportunidades e ameaças). Vamos aos exercícios? 1. A Nutritiz, uma grande empresa brasileira atuante na área de alimentação infantil, realizou em fins de 2002 uma análise SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) do ambiente interno e externo, como pré-requisito para a elaboração de um plano estratégico para 2003. Uma possível conclusão dessa análise é: (A) a acentuada queda no número de nascimentos nos últimos anos no País, computada pelo IBGE, constitui uma fraqueza da Nutritiz. (B) a grande economia de escala, obtida pela Nutritiz na produção de suas extensas linhas de produtos, constitui uma oportunidade para a Empresa. (C) a baixa qualidade dos serviços de pós-venda prestados pela Nutritiz, registrada pelo seu call center, constitui uma ameaça à Nutritiz. (D) a avidez por produtos de alimentação infantil, demonstrada pelos supermercados, constitui uma força da Nutritiz. (E) a crescente atenção dos pais ao valor nutritivo dos alimentos de seus filhos, observada em uma pesquisa, é uma oportunidade para a Nutritiz. 2. O planejamento estratégico se vale dos conceitos de missão, visão e valores para alinhar a organização. Analise a utilização dos conceitos nas sentenças abaixo e em caso de inadequação do conceito, indique na linha ao final de cada sentença, qual deveria ser o conceito correto: I. A declaração de valores da Sadia busca "o atendimento das necessidades de alimentação do ser humano, com produtos saborosos e saudáveis, criando valor para o acionista e para o consumidor, contribuindo para o crescimento e a felicidade das pessoas". ____________________ II. “As pessoas do mundo Volkswagen estão empenhadas em assegurar a longo prazo relações estáveis de trabalho, aprendizagem e vida. Desejamos tratar cuidadosamente do planeta Terra para que nossos filhos e netos herdem um planeta ecologicamente são”. Esta é a Missão da Volkswagen. ____________________ III. A visão do Itaú é “Ser o banco líder em performance, reconhecidamente sólido e confiável, destacando-se pelo uso agressivo de marketing, tecnologia avançada e por equipes capacitadas, comprometidas com a qualidade total e a satisfação dos clientes”. ____________________ (A) Apenas a sentença I está correta. (B) Apenas a sentença III está correta. (C) Apenas as sentenças I e II estão corretas. (D) Apenas as sentenças II e III estão corretas. (E) Todas as sentenças estão corretas. 30 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 2.2.9 Definição de Estratégias Competitivas: os conceitos centrais O sucesso ou fracasso de qualquer empresa depende da vantagem competitiva – ofertando o produto a um custo mais baixo ou oferecendo benefícios únicos ao comprador que justifiquem um preço mais alto. Mas exatamente como uma companhia alicerça a liderança de custo? E de que modo ela se diferencia da concorrência?19 Michael Porter introduziu suas técnicas para a análise de indústria e concorrentes. A estratégia competitiva é a busca de uma posição competitiva favorável em um ramo da indústria, visa a estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência no setor. Duas questões centrais baseiam a escolha da estratégia competitiva: • A primeira é a atratividade das indústrias em termos de rentabilidade a longo prazo e os fatores que determinam essa atratividade. • A segunda questão central em estratégia competitiva corresponde aos determinantes da posição competitiva relativa dentro de uma indústria. Nenhuma questão é o suficiente por si só para orientar a escolha da estratégia competitiva. Uma empresa em uma indústria muito atrativa pode, ainda assim, não obter lucros atrativos, se tiver escolhido uma má posição competitiva. Por outro lado, uma empresa em posição competitiva excelente pode estar em uma indústria tão desfavorável que ela não é muito lucrativa, e maiores esforços para melhorarem sua posição será de pouco benefício. A estratégia competitiva não só responde ao meio ambiente, mas também tenta modelar este meio ambiente em favor da empresa. Barreiras para entrada num mercado Poder de barganha dos fornecedores A INDÚSTRIA rivalidade entre os competidores atuais Poder de barganha dos consumidores Ameaça de produtos ou serviços de substituição Figura 4 – O Modelo das Cinco Forças de Porter Porter descreve as cinco forças competitivas que determinam a atratividade de uma indústria e suas causas subjacentes, bem como o modo como estas forças se modificam com o passar do tempo e podem ser influenciadas pela estratégia. Ele também mostra como analisar a concorrência, prever e influenciar seu comportamento, e de que modo mapear os concorrentes em grupos estratégicos. Prossegue então para aplicar a metodologia a uma variedade de tipos importantes de meios industriais denominados cenários estruturais, incluindo indústrias fragmentadas, indústrias emergentes, indústrias passando por uma transição para a maturidade, indústrias em declínio e indústrias globais. Examina 19 PORTER, Michael E. Estratégia competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1990. 31 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com também as outras importantes decisões estratégicas que ocorrem no contexto de uma indústria, incluindo integração vertical, expansão da capacidade e entrada em novos negócios. A estratégia competitiva deve surgir de uma compreensão sofisticada das regras da concorrência que determinam a atratividade de uma indústria. As regras da concorrência estão englobadas em cinco forças competitivas: 1. 2. 3. 4. 5. as barreiras de entrada num mercado a ameaça de produtos ou serviços substitutos o poder de barganha dos compradores o poder de barganha dos fornecedores a rivalidade entre os concorrentes existentes O vigor coletivo dessas cinco forças competitivas determina a habilidade de empresas em setor industrial para obter, em média, taxas de retorno sobre investimento superiores ao custo de capital. As cinco forças determinam a rentabilidade da indústria porque influenciam os preços, os custos, o investimento necessário das empresas e os elementos do retorno sobre o investimento. 20 Há seis barreiras para entrada num mercado, segundo Michael Porter : ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ Economia de escala Diferenciação dos produtos Necessidades de capital Desvantagens do custo independente do tamanho Acesso a canais de distribuição Política governamental O autor também aconselha toda organização analisar as reações possíveis de seus competidores já existentes no mercado, para poder interagir aos contra-ataques de forma efetiva. O poder de barganha do comprador influencia os preços que as empresas podem cobrar, por exemplo, da mesma forma que a ameaça de produtos de substituição. O poder de barganha dos compradores também pode influenciar o custo e o investimento, porque compradores poderosos exigem serviços dispendiosos. O poder de negociação ou barganha dos fornecedores determina os custos das matérias-primas e de outros insumos. A intensidade da rivalidade influencia os preços assim como os custos da concorrência em área como fábrica, desenvolvimento do produto, publicidade e força de vendas. A ameaça de produtos de substituição coloca limites nos preços e modula o investimento exigido para deter novos entrantes. A vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pela empresa. O valor é aquilo que os compradores estão dispostos a pagar, e o valor superior provém da oferta de preços mais baixos do que os da concorrência por benefícios equivalentes ou do fornecimento de benefícios singulares que mais do que compensam um preço mais alto. As estratégias genéricas Porter identifica três estratégias genéricas amplas para conseguir vantagem competitiva: liderança de baixo custo, diferenciação e foco, representadas a seguir. As estratégias genéricas definidas por Porter oferecem uma pergunta básica: o que é necessário para o sucesso da empresa a longo prazo? A redução de custos e a oferta de algo especial representam duas estratégias de aplicação quase universal, afinal, os clientes baseiam sua decisão de compra na equação valor – uma equação que pondera os benefícios de qualquer produto ou serviço em relação à etiqueta de preço. 20 STONER, J. et al. Adminstração. 5. ed. Rio de Janeiro : Prentice-Hall do Brasil, 1985. p. 150. 32 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com LIDERANÇA EM BAIXO CUSTO DIFERENCIAÇÃO Produto sem opcionais Curva de experiência Cultura de baixo custo Características do produto Qualidade do produto Embalagem do produto FOCO Nichos de mercado Produtos especiais Território limitado Figura 5 – As estratégias genéricas . Pensar estrategicamente é fundamental!! Pensar estrategicamente é explorar uma estratégia para que a sua empresa esteja de acordo com sua missão básica21. A estratégia é muito importante para o processo de planejamento estratégico. Há ainda um refinamento dos tipos de estratégias definidos de acordo com a situação da empresa: estar 22 voltada à sobrevivência, manutenção, crescimento ou desenvolvimento . A combinação de estratégias deve ser feita de modo que aproveite todas as oportunidades possíveis, como demonstra o quadro a seguir. Diagnóstico Análise Interna Análise Externa Predominância de Pontos Fracos SOBREVIVÊNCIA Predominância § redução de custos de Ameaças § desinvestimento § liquidação de negócio § § § Predominância § de § Oportunidades § § CRESCIMENTO inovação internacionalização joint venture23 expansão § § § § § § Predominância de Pontos Fortes MANUTENÇÃO estabilidade: manter um estado de equilíbrio ameaçado nicho: focaliza a necessidade dos clientes especialização: reduz custos pela produção em massa DESENVOLVIMENTO de mercado de produtos financeiro de capacidade de estabilidade de diversificação (horizontal, vertical, concêntrica, mista, conglomerativa, interna) Quadro 2 – Tipos básicos de estratégias 21 TIFFANY, Paul, PETERSON, Steven. Planejamento estratégico. Rio de Janeiro: Campus, 1998. p. 260-277. OLIVEIRA, Djalma P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia, práticas. 15. ed. rev. São Paulo: Atlas, 2001. p. 173200. 23 Joint venture é a associação de duas empresas para produzir um produto. Por exemplo: uma empresa entra com capital de investimento e a outra com a tecnologia para o desenvolvimento e fabricação de um novo equipamento de corte a laser. Uma joint venture é diferente da fusão, em que as duas empresas fundam uma nova empresa. 22 33 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Como encontrar formas de crescer? Enfrentemos a realidade – seu produto simplesmente não será o mesmo amanhã. Talvez você não esteja planejando fazer absolutamente nada, mas tudo ao redor de seu produto vai mudar. O mundo dará mais um passo para frente. A economia, a tecnologia, o setor e a concorrência mudarão. Resultado: seus clientes verão sua empresa e seu produto de forma diferente, mesmo que você continue se vendo exatamente da mesma forma. Como encontrar formas de crescer e prosperar diante da mortalidade quase certa do produto? Você provavelmente tem intenção de criar um novo plano estratégico (além de apagar as luzes e fechar as portas) quando seu produto começar a envelhecer. Mas por onde ir? Mark Twain tinha um conselho para as pessoas que preferem manter as coisas exatamente como estão: Coloque todos os seus ovos em uma cesta..... e vigie a cesta! O problema é que os ovos vão chocar e os pintinhos provavelmente irão embora. Por isso, na verdade, observar e esperar não constituem uma opção. Quais as alternativas? Felizmente, não é preciso inventar alternativas; o planejamento do crescimento a longo prazo é o tema filosófico preferido dos gurus da administração há décadas. Um dos pioneiros das técnicas de crescimento a longo prazo foi um indivíduo chamado Igor Ansoff, que elaborou uma matriz simples representando as possíveis direções do crescimento. A Matriz das Direções do Crescimento simplesmente resume o que diz o bom senso: se você quiser que sua empresa cresça, tem que começar de algum lugar. O lugar mais óbvio para se começar e tirar proveito de sua posição atual é trabalhar com o que já tem. A rapidez do crescimento em qualquer uma dessas direções tem tudo a ver com as suas próprias capacidades e recursos e com a velocidade de mudanças no seu setor. Então, como gerenciar sua carteira de produtos? Quando decidir que chegou a hora de arriscar-se com novos produtos e mercados ou diversificar suas atividades em novos negócios, você terá que aprender a lutar. Não poderá mais se dar ao luxo de se concentrar em um único produto ou serviço; agora, será preciso lidar com mais de um produto no mercado. É preciso descobrir como manter todos os seus produtos na linha e dar-lhes a atenção especial e os recursos necessários, de acordo com a parte do ciclo de vida onde os produtos se encontram. Unidades estratégicas de negócios – UEN Obviamente, o malabarismo em geral exige um pouco de preparação e a primeira coisa que você quer descobrir é quantos produtos e serviços é preciso manter em dado momento. É fácil contar produtos e não é muito difícil contar serviços. No entanto, as perguntas a seguir tendem a surgir. Muitas vezes, não existe resposta certa, mas refletir sobre elas pode ajudar a entender melhor o que você está oferecendo. • Quantos produtos e serviços sua empresa fornece? • O acréscimo de uma característica ou opção ao seu produto um produto essencialmente novo exige um planejamento estratégico separado? • Dois conjuntos separados de clientes, usando seu serviço de formas diferentes, geram dois serviços, cada qual com seu plano estratégico? 34 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com • Quando você oferece dois produtos diferentes ao mesmo conjunto de clientes, cada um deles fabricado, comercializado e distribuído basicamente da mesma forma, você está lidando com uma área de produto maior e um único plano estratégico? A General Electric lutou com essas perguntas no final da década de 60. A empresa havia crescido muito depois das invenções originais de seu fundador Thomas Edison; não se tratava mais apenas de um fabricante de lâmpadas. Na verdade, era um gigante diversificado, atuando em ramos que iam de eletrodomésticos a televisores e computadores, passando por motores de avião. A empresa teve que encontrar a melhor forma de dividir-se para que cada parte tivesse um tamanho administrável e pudesse ser manipulada com todas as outras partes. Os gerentes da General Electric tiveram a brilhante idéia de organizar a empresa em torno do que chamaram unidades estratégicas de negócio. Uma unidade estratégica de negócio é uma parte da empresa grande o suficiente para ter seus próprios mercados bem definidos, atrair seu próprio conjunto de concorrentes e exigir recursos e capacidades tangíveis da empresa. Entretanto, é pequeno o suficiente para que se possa definir uma estratégia com metas e objetivos que reflitam seu ambiente de negócios especial. Usando este conceito, a General Electric transformou praticamente 200 departamentos de produtos independentes e separados em menos de 50 unidades estratégicas, cada qual com sua própria estratégia e planejamento bem definidos. Pense sobre as formas de reorganizar sua empresa em torno de unidades estratégicas de negócio. Sempre se elabora um plano estratégico separado, identifica-se uma unidade estratégica separada. Por onde começar? Como as unidades estratégicas muitas vezes referem-se a áreas específicas de produto e mercados juntas, comece com os seguintes passos: 1. Desmembre sua empresa no máximo possível de combinações separadas de produto e mercado. 2. Organize esses blocos de diversas formas, tentando todas as associações criativas de produtos e mercados em diferentes níveis e escalas. 3. Pense em como cada combinação pode funcionar em termos da criação de uma unidade de negócios viável. 4. Mantenha apenas as combinações de produtos e mercados que façam sentido em termos de estratégia. Planejamento estratégico, clientes, concorrência e estrutura da empresa. 5. Analise a adequação dessas novas unidades estratégicas em relação à empresa em geral. Se não gostar do que vê, repita o processo. Só concretize as mudanças depois de satisfeito com a nova organização. Para analisar cada unidade estratégica de negócio, a GE teve suporte da empresa de consultoria Boston Consulting Group – BCG, que criou uma matriz que pudesse analisar cada UEN. A Matriz BCG é uma ferramenta de análise de carteira fácil de usar que proporciona uma direção de planejamento útil. A análise de carteira baseia-se em dois grandes fatores: crescimento de mercado e participação relativa de mercado. • Crescimento de mercado – A unidade estratégica faz parte de um mercado em rápida expansão ou fica em algum lugar entre a área de crescimento lento e a área de crescimento zero? Utiliza-se o crescimento de mercado para definir a carteira porque o crescimento nos obriga a pensar no grau de atratividade da unidade estratégica no longo prazo. O ponto que separa os mercados de alto crescimento e os mercados e baixo crescimento é bastante arbitrário; comece usando como média um crescimento anual de 10%. • Participação relativa de mercado – Sua unidade estratégica desfruta de vantagem na participação de mercado com relação a seus concorrentes mais próximos, ou sua participação de mercado relativa é inferior à da concorrência? Utiliza-se a participação relativa no mercado como a principal característica para definir a carteira de unidades estratégicas porque todos indícios apontam para uma forte posição de participação de mercado intimamente associada à lucratividade da unidade estratégica. Divida suas unidades estratégicas entre as que possuem a maior participação no mercado e as que não possuem. 35 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Essa grade de Crescimento-Participação divide as unidades estratégicas da sua empresa em quatro grupos principais. Então os tipos de Unidades estratégicas são: • Pontos de interrogação ou Filhos problemáticos: são as unidades estratégicas com participação de mercado relativamente baixa em mercados de alto crescimento. Muitas vezes, representam negócios mais jovens e são assim denominados porque não sabemos ao certo que caminhos podem tomar. Como se encontram em mercados em expansão, a manutenção da atual participação de mercado dessas unidades estratégicas exige altos investimentos, mas suas vendas relativamente baixas tendem a gerar pouca ou nenhuma receita. Se conseguir aumentar substancialmente sua participação de mercado ao longo do tempo – e isso significa investir ainda mais – os filhos problemáticos podem acabar virando estrelas. Caso contrário, será necessário desistir deles. • Estrelas: são as unidades estratégicas que ocupam posição dominante na participação de mercado em mercados de alto crescimento. Toda unidade estratégica quer ser uma estrela. As estrelas normalmente têm grande apetite por dinheiro para financiar a expansão contínua e eliminar concorrentes ansiosos pela conquista de uma parte de seu território.Mas sua vantagem em participação de mercado lhes confere uma vantagem na geração de receita e altas margens de lucros. Em geral, as estrelas normalmente se sustentam, tanto produzindo quanto consumindo grandes volumes de dinheiro. Não hesite em apoiar uma estrela se precisar injetar recursos adicionais para manter sua liderança na participação de mercado. • Vaca leiteira ou Galinhas dos ovos de ouro: essas unidades estratégicas ocupam uma posição importante em termos de participação no mercado em mercados de baixo crescimento. Devido a suas vantagens em participação de mercado, essas unidades estratégicas geram muito dinheiro e a melhor parte é: não exigem muito em troca. Seus mercados de baixo crescimento normalmente são mais maduros e os produtos já são bem estabelecidos. Resultado: é possível estimular as galinhas de ovos de ouro a gerar mais caixa e depois reinvesti-lo para financiar unidades estratégicas promissoras em outros quadrantes. • Cães de estimação: são as unidades estratégicas com pouca participação de mercado em mercados de baixo crescimento – é só. Embora muitos de nós adoremos cães, é difícil adorar essa raça específica. A receita e os lucros normalmente são pequenos ou inexistentes e as unidades estratégicas muitas vezes consomem dinheiro. Embora exijam investimentos periódicos, esses Alto Crescimento do Mercado Baixo Baixa Fatia Relativa de Mercado Alta Figura 6 – Matriz BCG. 36 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com negócios marginais normalmente nunca geram muito, por isso talvez seja melhor voltar a atenção para candidatos mais promissores. Como praticar a técnica nas unidades estratégicas que acabamos de identificar? Comece dividindo suas unidades estratégicas em dois grupos básicos, dependendo da direção de seu fluxo de caixa: de um lado as que levam dinheiro para a empresa e do outro as que tiram dinheiro da empresa. Talvez você se surpreenda com a existência dos dois lados. Como todos os produtos passam por um ciclo de vida que provavelmente incluirá as fases de lançamento, crescimento, maturidade e declínio, as exigências das unidades estratégicas naturalmente são diferentes. Você deve investir em produtos durante as fases de lançamento e crescimento e seus produtos maduros acabam pagando todas as contas. Assim, como malabarista de sucesso, é preciso ter sempre pelo menos uma unidade estratégica para sustentar todas as outras que vêm atrás. Parte desse malabarismo pode parecer familiar se você já tentou administrar suas economias pessoais ou contas de previdência. Todo consultor financeiro diz a mesma coisa: diversifique seus investimentos para criar um conjunto mais estável e previsível. O ideal, segundo eles, seria equilibrar a carteira de investimentos com base no dinheiro que precisa ganhar de imediato e as reservas que espera ter no futuro. Dadas as suas necessidades e metas financeiras, os planejadores podem sugerir a compra de ações blue chip e títulos que geram dividendos imediatamente e também investindo em empresas mais especulativas que geram recompensas mais adiante. As unidades estratégicas de sua empresa têm muito em comum com a carteira de títulos e ações – de fato, tanto que a unidade estratégica sobre a qual falamos é chamada de administração de carteira. Para administrar sua própria carteira de unidades estratégicas com o mesmo profissionalismo que os especialistas financeiros acompanham o mercado de ações, você precisa de orientação, e é aí que entra a análise de carteira. A análise de carteira ajuda a examinar os papéis das unidades estratégicas em sua empresa e a determinar sua adequação para que a empresa cresça e mantenha a lucratividade. Além disso, a análise de carteira proporciona uma nova forma de pensar sobre estratégias e planejamento estratégico quando existe mais de uma unidade de negócio com a qual se preocupar. Faça agora você mesmo a Grade de Crescimento – Participação de sua empresa para representar sua própria carteira de unidades estratégicas. Vale lembrar que o ideal é ter em sua maioria estrelas e galinhas dos ovos de ouro (vacas leiteiras), com filhos problemáticos (os pontos de interrogação) suficientes para garantir o futuro de sua empresa. O ideal também seria ter poucos cães. Mas nem sempre o ideal ocorre na prática. Felizmente você também pode usar a Grade de Crescimento-Participação como base para delinear o que planeja fazer com as unidades estratégicas a fim de equilibrá-las no futuro. Veja o que fazer: 1. Analise as unidades estratégicas de sua empresa e prepare-se para inseri-las em uma Grade de Crescimento-Participação em branco. 2. Coloque cada unidade estratégica no quadrante adequado, baseando-se no que sabe sobre crescimento de mercado e participação de mercado relativa da unidade. 3. Trace um círculo em torno de cada unidade estratégica representando seu tamanho em relação a outras unidades. Baseie o tamanho de sua unidade na receita, lucros, vendas ou qualquer outra medida conveniente. 4. Preveja o movimento de cada unidade estratégica da grade em termos do crescimento geral do mercado e de sua participação no mercado. Use um período de tempo adequado ao seu setor e seu índice de mudança. 5. Para capturar essa previsão, trace setas indicando a direção do movimento e a posição desejada para cada unidade estratégica no futuro. As setas que apontam para fora da grade indicam que você planeja se livrar da unidade estratégica em questão. 37 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com A Matriz BCG torna a complexa e difícil tarefa de fazer malabarismos com diversos negócios parecer facílima. Mas antes de começar a movimentar as peças da grade como peças de um tabuleiro de xadrez, lembre-me do seguinte: • O crescimento de mercado é colocado como a única forma de medir o grau de atratividade de um mercado e de determinar se você gostaria ou não de estar no negócio. Mas o crescimento não é a única variável interessante. Os mercados podem se tornar atraentes devido a avanços na tecnologia, mudanças na regulamentação, lucros, etc. • A participação relativa de mercado é usada isoladamente para descrever seu grau de competitividade e a provável lucratividade de sua empresa. Mas a participação do mercado só é realmente relevante quando se está competindo com base no tamanho e no volume de vendas. Existem outras formas de competir, entre as quais tornar o produto singular de alguma forma, focalizar um grupo específico de clientes ou concentrar-se no serviço. • As unidades estratégicas da Grade de Crescimento-Participação são ligadas apenas pelo fluxo de caixa que entra e sai de diferentes negócios. No entanto, existem muitas outras formar de pensar no relacionamento e funcionamento conjunto das unidades estratégicas, inclusive visões que enfatizam a concorrência ou focalizam fatores de risco do mercado. • As diferenças entre uma estrela e uma galinha dos ovos de ouro (ou entre um filho problemático e um cão) são arbitrárias e estão sujeitas a todo tipo de definição e medição de problemas, por isso, sem uma análise cuidadosa e uma boa dose de bom senso, é fácil classificar equivocadamente suas unidades estratégicas. Cuidado então para não abandonar cedo demais um filho problemático por achar que se trata de um cão ou negligenciar e prejudicar uma estrela presumindo que se trata de uma galinha dos ovos de ouro que pode explorar.24 Você conhece agora as ferramentas mais utilizadas no Planejamento Estratégico. Agora, cabe a você, como administrador-pensador-ator, colocá-la em prática! 24 TIFFANY, Paul, PETERSON, Steven. Planejamento estratégico. Rio de Janeiro: Campus, 1998. p. 285-309 38 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com