Recursos de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) Aplicados ao Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico de Minas Gerais Ms. Alexandre Henrique Delforge Técnico da Superintendência do Iphan em Minas Gerais Justificativa A pesquisa arqueológica foi incluída entre os procedimentos mínimos no licenciamento ambiental de empreendimentos sujeitos ao estudo de impacto ambiental, para resgatar ou proteger sítios que de outra forma, seriam simplesmente destruídos. Há carência de pessoal envolvido no gerenciamento e na pesquisa em todas as instâncias. Com a intensificação do desenvolvimento a ameaça ao patrimônio arqueológico cresce proporcionalmente. A organização da informação em um SIG pretende melhorar a compreensão da paisagem arqueológica e a eficácia das ações de licenciamento ambiental, levantamento, proteção e valorização do patrimônio. Objetivos Específicos: • • • • Consolidar e gerir um banco de dados dos sítios arqueológicos. Avaliar a potencialidade e o risco ao acervo de sítios arqueológicos do Estado de Minas Gerais. Prestar informação a órgãos públicos envolvidos no licenciamento ambiental e planejamento do desenvolvimento: Governo Estadual, IBAMA, IEPHA, IEF, DNPM, Ministério Público Federal e Estadual entre outros. Prestar informação à sociedade, empreendedores, arqueólogos e pesquisadores. Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico: O Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico é um conjunto de ações complexas exercidas pelos vários níveis de governo e pela sociedade sobre os vestígios materiais da atividade humana no passado, que tenham significado para o entendimento da formação cultural do país. Tem base nos mais diversos ramos do conhecimento e é exercido em nome do interesse público e em benefício da própria sociedade. Tem a finalidade de identificar, preservar e promover a produção de conhecimento, divulgá-lo e utilizá-lo em prol do desenvolvimento humano, da valorização das culturas locais e da promoção da tolerância entre estas culturas. Manter o significado original dos vestígios materiais sobreviventes conciliando sua sobrevivência com o desenvolvimento econômico e a ocupação do território. O início do uso de Sistemas de Informações Geográficas na arqueologia, data do início dos anos 1980, como em Robert j. Hasenstab, 1983 e Kenneth L. Kvamme, 1984.(Kvamme, 1995). Segundo Kvamme “O futuro dos SIGs na arqueologia reside na criação de grandes bancos de dados nacionais ou regionais de registros sítios e monumentos para o gerenciamento arqueológico” (Kvamme, 1995). Para Van Leusen, as experimentações holandesas em SIGs arqueológicos demonstraram que os arqueólogos acadêmicos e o Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico estão em trilhas distintas metodológica e teoricamente. (Van Leusen, 1995). A visão do GPA deve partir do presente para o futuro do patrimônio. Restringir a informação a somente aquilo que é pertinente ao problema. É preciso considerar os aspectos relativos à sua permanência, ao seu caráter cultural, sua promoção e incorporação ao imaginário da nação. Funções dos SIGs no Gerenciamento: • Análise espacial, análise da distribuição dos sítios no terreno em relação às variáveis geográficas. (KVAMME, 1995) • Levantamento do risco à preservação e sensibilidade a impactos aos sítios provocado por atividades humanas. (DJINDJAN, 1998) • Avaliação de potencial, para existência de sítios desconhecidos em áreas sem informação. (KVAMME, 1995 e DJINDJAN, 1998) • Apoio à adoção de medidas de proteção, apoio à fiscalização (VOORIPS, 1998). 347 553 613 700 300 98 99 146 200 398 384 319 287 336 272 442 493 500 74 94 100 60 50 400 337 600 503 860 860 860 860 860 860 860 860 860 860 Informação no banco de dados: 800 0 IO R E T_ D IS E D T S DE IS U D TI T VA O L A S ER SS E E R OC PRSE S A FA TR U A O S IN S D A OR P O M C OE TO RIA P E TI OJ LTO PR S U N P O C ER RU C _ T _ RT A T_ R A T L I R RV E E C NS O O T C AC RV P IM E SE O N PR RE R M TE TU A D X Y F N LOT LA O PI O N Í A NIC U M ME O N Tipos de emprendimentos Pesquisados 2003 a 2009 14% 18% 6% 5% 5% 30% 4% 3% 0% 1% 1% 2% 3% 3% Barragem/Hidroelétrica Ferro Linha Transmissão Acadêmicas Residencial Calcário Rodoferroviário Estrut. Industrial Fosfato/salitre Sanitário Unidade de Conservação Agrícola Dutos Silvicultura Ouro Aeroporto Bauxita Ardósia Número de sítios localizados em áreas de concessão minerária em MG. Substância Número de sítios Número de registros no DNPM (2009) Rocha Calcária 103 993 Minério de Ferro 83 3874 Quartzo 63 809 Diamante 61 1818 Ouro 55 2077 Granito 26 4961 Zinco 24 551 Argila 22 1343 Manganês 20 603 Areia 16 3427 Quartzito 10 480 Bauxita 7 1465 Caulim 5 590 Fosfato 5 412 Sítios Inseridos em área de risco causado pela atividade agrícola: 38% 42% Risco Alto 20% Risco Médio Risco Baixo Gráfico da quantidade de sítios pela distância aos rios principais Sítio s Sítios 120 100 80 60 40 20 0 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Metros Tipologia dos sítios pela distância aos rios principais: 100% 99 80% 60% 167 205 336 131 40% 20% 166 177 110 287 0% Até 3000 m. Mais de 3000 m. Total Arte Rupestre Lítico Cerâmico Tipologia dos sítios por bacia hidrográfica: 3 202 46 175 0 1 0 10 76 24 15 1 39 55 131 17 33 8 D oc e ar a Je na q íb ui a ti n P h ar on aí h b a a do Su l M u cu rí P ar do 1 P Fr an ão S 21 15 ci sc o G ra nd e 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 1 4 Arte Rupestre Lítico Cerâmico TABELA DE DENSIDADES DE SÍTIOS EM ÁREAS PESQUISADAS. Município da Área Sítios por km2 Jequitaí 0,45 Diamantina 0,177 Lagoa Santa 0,233 Pains 0,095 Grão Mogol 0,080 Itacarambí 0,065 Buenópolis 0,091 Unaí 0.690 Araguarí 0,032 Itueta 0,065 Ijací 0,073 Conquista 0,094 Jeceaba 0,625 Periquito 0,08 Monte Alegre 0,416 Média 0,218 Estimativa do número total de sítios pré coloniais x área de Minas Gerais 586.528 km2 127.863 sítios *x Máximo (0,69) 404.704 *x Mínimo (0,032) 18.769 REFERÊNCIAS Bona, Luke Dalla. Predictive Modelling Methodology,vol 3: Methodological considerations. A Report Prepared for the Ontario Ministry of Natural Resources. Lakehead University: Center for Archaeological Resource Prediction, Thunder Bay, 1994 Ontario. Carmichael, D. L . GIS predictive modelling of prehistoric site distributions in central Montana. In: Stanton, A.; Green, W. and Zubrow, E. B. W.: Interpreting space: GIS and archaeology. Taylor & Francis, London, 1990. Cunha, Manuela Caneiro da (Org) História dos Índios no Brasil. Companhia das Letras, 1992 Dias, Ondemar. Ocupação do território de Minas Gerais: Grupos de Horticultores Ceramistas. In: Oliveira, Ana Paula de P Loures de (Org), Arqueologia e Patrimônio em Minas Gerais. MAEA UFJF , Juiz de Fora ,MG. 2007 Green, S. W. Sorting out settlement in southeastern Ireland: landscape archaeology and geographic information systems. In: Stanton, A.; Green, W. and Zubrow, E. B. W.: Kvamme, KL A BView across the water: The North American experience in archaeological GIS in, Lock, G.;Stancic Z. Archaeolgy and geographical information sistems. Taylor & Farncis. Bristol England,1995. Miller; P. How to look good and influence people: Thoghts on the design and interpretation of an archaeologuical GIS. In LOCK, G.;Stancic Z. Archaeolgy and geographical information sistems. Taylor & Farncis. Bristol England,1995. Nimuendajú, Curt. Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendajú. Rio de Janeiro, IBGE. 1987. Oliveira, Ana Paula de P. Loures de. Arqueologia e Patrimônio da Zona da Mata Mineira, São João Nepomuceno. MAEA, Juiz de Fora 2004. Oliveira, Ana Paula de P. Loures de. Arqueologia e Patrimônio da Zona da Mata Mineira, Juiz de Fora. MAEA, Juiz de Fora, 2004. Pardi, M. L. F. et al. Simpósio de Informática e Sistemas de Gestão e Informação Para Arqueologia.; Anais do I Congresso Internacional da Sociedade de Arqueologia Brasileira, 2007. Piló, Henrique ; Baeta, Alenice. As Ocupações Pré-Coloniais nos Campos Ferruginosos de Minas Gerais: Um Panorama Preliminar. in: Oliveira, Ana Paula de Paula Loures de (Org) Arqueologia e Patrimônio em Minas Gerais, MAEA UFJF, Juiz de Fora ,MG. 2007. Prous André. O Brasil Antes dos Brasileiros: A Pré História do Nosso País. Rio de Janeiro 2006 Prous, André. Arqueologia Brasileira, Editora UnB, Brasília - DF ,1992. Thomaz, Rosângela C. Cortez. Aplicação de SIG em Programas de Investigação Arqueológica, COBRAC 2000 · Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário. UFSC Florianópolis. 2000. Van Leusen; P.M. GIS and archaeological resource management: an European agenda. In LOCK, G.;Stancic Z. Archaeolgy and geographical information sistems. Taylor & Farncis. Bristol England,1995. Renfrew, Colin e Bahn, Paul. Arqueología, Teorias Métodos e Práctica. Ediciones Akal, Madrid ,1998. Seda, Paulo. Arte Rupestre do Centro, Norte e Noroeste de Minas Gerais, Brasil. In: Oliveira, Ana Paula de P. Loures de (Org). Arqueologia e Patrimônio em Minas Gerais. MAEA, UFJF, Juiz de Fora, MG. 2007 Tenório, Maria Cristina (Org). Pré-História da Terra Brasilis. Editora UFRJ, Rio de Janeiro RJ, 2000. Trigger, Bruce. História do pensamento arqueológico. Odisseus Editora. São Paulo, SP, 2004. Zanettini, Paulo et al. Relatório preliminar de sistematização de fontes diversas e dados obtidos por meio de Termo de Cooperação Técnica firmado entre o IPHAN (9aSR/SP) e a Zanettini Arqueologia em setembro de 2006 (pesquisa em andamento). São Paulo SP, 2007. O Levantamento das informações nos arquivos do Iphan e a elaboração da tabela Mestra tiveram a colaboração de Bruna Lopes Coutinho, estagiária (curso de História da PUC Minas), Milton Carvalho Moreira, estagiário (curso de Geografia da UFMG) e Ângelo Vicente Batista (Arqueólogo contratado, 2009). Foto: Alexandre Delforge Obrigado. Contatos: [email protected]