Saúde Coletiva
ISSN: 1806-3365
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Editorial Bolina
Brasil
Freitas Oliveira, Ana Paula de; Silva Pires, Patrícia; Manuel, Jorge
Violência contra idosos: uma questão de cidadania
Saúde Coletiva, vol. 6, núm. 33, 2009, p. 198
Editorial Bolina
São Paulo, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84212107002
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ensaios em saúde coletiva
Oliveira APF, Pires PS, Manuel J. Violência contra idosos: uma questão de cidadania
Violência contra idosos: uma questão de
cidadania
Este ensaio busca reflexão sobre a questão da violência contra os
idosos no Brasil.
Descritores: Idoso, Violência, Cidadania.
This rehearsal suggests a reflection on the subject of the violence
against the seniors in Brazil.
Descriptors: Senior, Violence, Cithizen.
Este ensayo lleva a reflexión a respecto de la violencia contra las
personas mayores en el Brasil.
Descriptores: Mayor, Violencia, Cidadania.
H
oje, após 15 anos da edição da Lei de Política Nacional
do Idoso (Lei 8.842/94) e seis anos após o surgimento do
Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03), percebe-se que o país ainda
engatinha no cumprimento dos direitos dos idosos. Dados do
IBGE estimam que em 2020, o país ocupará o sexto lugar em
números de idosos no mundo com cerca de 40 milhões de
indivíduos com 60 anos ou mais1.
Atualmente com os avanços tecnológicos principalmente na área de saúde se conta com o aumento da expectativa
de vida, o que não necessariamente ocorre com a qualidade de vida dos idosos, principalmente pelo despreparo da
família, da sociedade e do Estado de lidar com as questões
sociais, psíquicas e fisiológicas que norteiam o envelhecimento. Tais questões acabam por gerar conflitos de interesses que por muitas vezes levam a violência social, psicológica e física contra o idoso.
Internacionalmente foram estabelecidas categorias para
designar as formas de violência contra a pessoa idosa. Sendo
elas: o abuso físico (uso da força física para obrigar os idosos
a fazerem o que não desejam, para feri-los, provocando incapacidade ou morte), maus tratos físicos ou violência física
(uso da força física para obrigar os idosos a fazerem o que não
desejam, para feri-los, provocando incapacidade ou morte),
abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos, (agressões verbais que visam aterrorizar os idosos,
humilhar, restringir sua liberdade e isolá-lo da convivência
social), abuso sexual e violência sexual, (ato sexual com pessoas idosas por meio de violência física ou ameaças), abandono (violência que se manifesta pela deserção ou ausência
dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares
de prestarem assistência a uma pessoa idosa necessitada de
proteção), negligência (recusa ou omissão de cuidados básicos, devidos e necessários aos idosos, pela família ou instituições), abuso financeiro e econômico (exploração ilegal ou
imprópria dos idosos, ou utilização não consentida por eles
de seus recursos financeiros e patrimoniais) e autonegligên-
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Ana Paula de Freitas Oliveira: Enfermeira. Doutora em
Ciências da Saúde. Professora Adjunta da Universidade Federal
da Bahia – Campus Anísio Teixeira / Instituto Multidisciplinar
em Saúde.
Patrícia Silva Pires: Enfermeira. Doutora em Enfermagem.
Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal da Bahia – Campus Anísio Teixeira /
Instituto Multidisciplinar em Saúde.
Jorge Manuel: Médico. Mestrando do Programa de Cirurgia
Plástica da Universidade Federal de São Paulo.
cia (diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua
própria saúde ou segurança, devido a recusa de cuidar de si
mesma). Cabe ressaltar que muitas dessas formas de violência
contra os idosos ocorrem em ambiente doméstico, o que está
intimamente ligado ao medo do idoso denunciar haja visto o
receio da perda dos laços afetivos com a família2-4.
A violência contra o idoso é concreta e existe das mais
diversas e cruéis formas, acontece em todo lugar diante de
nossos olhos, como filha que se apodera da pensão do pai;
idoso alojado em edículas imundas; neto que destrata o avô
fazendo-lhe ameaças; falta de banho; fralda não trocada;
medicamento administrado em horário incorreto; divisão
dos bens antes da morte; estupro de idosas acamadas; falta
de higiene em asilos; além de agressão física gratuita e sem
limites muitas vezes mostradas pelas câmeras de televisão,
seja por cuidadores ou por familiares, seja no ambiente doméstico ou asilar2-4.
Assim, é imprescindível a necessidade de tornar visível a
violência contra os idosos para que ela seja reconhecida nos
atos cotidianos e punidas pelas leis vigentes no país.
Acresce-se a isto, a necessidade do exercício da empatia,
ao colocar-se no lugar do outro, e principalmente identificar
estes atos de covardia e denunciá-los, não só como profissionais de saúde, mas como cidadãos. Coibir a violência é um
ato de cidadania.
Referências
1. Organização Mundial de Saúde (OMS). Relatório Mundial sobre Violência e Saúde. Organização Mundial de Saúde 2002; (1):1-42.
2. Fonseca M, Gonçalves HS. Violência contra o Idoso: Suportes Legais
para a Intervenção. Interação em Psicologia, 2003; (7):121-8.
3. Minayo MCS . Violência contra Idosos: O Avesso do Respeito à experiência e à sabedoria. Secretaria de Direitos Humanos, 2004.
4. Minayo MCS. Violência contra idosos: relevância para um velho problema. Cadernos de Saúde Pública, 2003; 19: 783-91.
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