UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI JAQUELINE DE MELLO SABRINA SILVA COELHO ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES QUE POSSUEM INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO DE IMPACTO. Biguaçu 2009 2 JAQUELINE DE MELLO SABRINA SILVA COELHO ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES QUE POSSUEM INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO DE IMPACTO. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia do curso de Fisioterapia da Universidade do Vale do Itajaí, Campus Biguaçu, sob orientação da professora Fabiane Dell’ Antônio. Biguaçu 2009 3 JAQUELINE DE MELLO SABRINA SILVA COELHO ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES QUE POSSUEM INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO DE IMPACTO. Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia e aprovada pelo Curso de Fisioterapia da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Biguaçu. Área de concentração: Ciência da Saúde ___________________________________ Prof.ª Fabiane Dell’ Antônio UNIVALI – CE de Biguaçu Orientadora ___________________________________ Prof.ª Gesilani Júlia da Silva Honório FESSC – São José Membro da banca avaliadora ___________________________________ Prof.ª Elaine Cristina Rodrigues Farina UNIVALI – CE de Biguaçu Membro da banca avaliadora 4 Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem ele, nada seria possível e não estaríamos aqui reunidos, desfrutando, juntos, destes momentos tão importante. A toda minha família, em especial aos meus pais Antonio Vieira de Mello Filho e Maria José de Mello pelo amor, incentivo, esforço, compreensão, dedicação, confiança e apoio em todos os momentos da minha vida. Aos meus queridos avós Antonio Pedro da Natividade e Vilsinia Delminda da Natividade pelo carinho, compreensão e incentivo em todos os momentos desta e de outras caminhadas. Ao meu noivo Taiguara Maicon da Silva pelo carinho, paciência e apoio em todos os momentos desta importante etapa em minha vida. As minhas amigas por compreenderem a minha ausência, durante a realização deste trabalho. Enfim, a todos os que acreditam que o espírito é eterno, e que nossa vida neste mundo não se resume senão a um estágio de aprendizado rumo à perfeição. Jaqueline de Mello 5 Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem ele, nada seria possível. A toda minha família; e em especial aos meus pais Joaquim Dutra Coelho e Vânia Maria de Faria e Silva Coelho, pelo amor incondicional, esforço, dedicação, compreensão e por partilhar todos os momentos importantes da minha vida. À minha querida vó Elvira Faria da Silva pelo infinito carinho, constante incentivo e por sempre desejar o meu sucesso. Ao meu namorado Jean Pablo Trierweiler por sua paciência e todo seu carinho, me apoiando e ajudando sempre nas situações mais difíceis e em todos os momentos dessa jornada. Enfim a todos que acreditaram na minha potencialidade e que de alguma forma ajudaram a chegar ao final dessa caminhada com mais entusiasmo e competência. Sabrina Silva Coelho 6 AGRADECIMENTOS Inicialmente agradecemos a Deus pela oportunidade e pelo privilégio que nos foram dados em compartilhar tamanha experiência e, ao freqüentar este curso, perceber e atentar para a relevância de temas que não faziam parte, em profundidade, das nossas vidas. Aos nossos pais, por sempre estarem ao nosso lado em todos os momentos difíceis da nossa vida. Pelo amor e dedicação, mas acima de tudo, por serem para nós exemplos de vida. A vocês, nosso carinho, respeito e admiração. Aos nossos familiares pela paciência em tolerar a nossa ausência. Aos nossos amores Taiguara e Jean, pelo infinito apoio e constante incentivo nos momentos mais difíceis dando-nos a serenidade. Aos nossos amigos e colegas de trabalho que nos auxiliaram na busca de um maior conhecimento nos momentos de dúvida. A você, minha colega e autora deste trabalho, que foi receptiva, amiga e carinhosa e depositou confiança em mim no momento decisivo para a minha formação acadêmica. Obrigada por compartilharmos juntas a realização deste trabalho. À nossa orientadora profª. Fabiane Dell’Antônio, por sua paciência e serenidade, pela confiança em acreditar que seríamos capazes de descrever este tema de pesquisa, pelo incentivo e apoio diante das muitas dificuldades encontradas e, principalmente, por ter nos mostrado a riqueza da fisioterapia uro-ginecológica. Às professoras, por aceitarem compor a banca examinadora e contribuírem para o meu aprimoramento e conhecimento profissional. 7 Aos professores, pela contribuição, dentro de suas áreas, principalmente pela dedicação e empenho que demonstraram no decorrer de suas atividades para com o grupo. À instituição UNIVALI, por permitir e autorizar a realização da pesquisa. Às coordenadoras, pelas palavras de incentivo e carinho, pelas soluções ágeis nas situações adversas, pela convicção de que tudo vai dar certo no tempo certo. Aos colegas de classe pela espontaneidade e alegria na troca de informações e materiais numa rara demonstração de amizade e solidariedade. À academia Superação que sempre acreditou no potencial deste trabalho e nos recebeu com muita compreensão e carinho. Em especial a todas as mulheres que aceitaram participar dessa pesquisa, contribuindo no período de coleta dos dados. Obrigada pela receptividade, colaboração e carinho demonstrados. Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram para que este trabalho consiga atingir aos objetivos propostos. Jaqueline de Mello Sabrina Silva Coelho 8 A vida tem o tamanho os nossos medos, das nossas lendas, alquimias e expectativas compartilhadas, das nossas tentativas, experiências e sonhos saboreados. Seguimos os trilhos de nossa rotina, ou arriscamos outros brilhos em alternativas incertas. Os caminhos são mais emocionantes quando nos expomos e corremos riscos. E descobrimos, no meio de uma ternura exposta, que todas as tentativas valem a pena. (Autor desconhecido) 9 RESUMO A Incontinência Urinária (IU) é definida pela Sociedade Internacional de Continência como uma condição em que a perda involuntária de urina torna-se um problema social e higiênico e é objetivamente demonstrável. A incontinência urinária de esforço (IUE) é uma barreira à participação das mulheres no esporte e às atividades de aptidão e, consequentemente, pode ser uma ameaça à saúde, à auto-estima e ao bem estar das mulheres. Os objetivos deste trabalho são analisar a qualidade de vida em mulheres que possuem incontinência urinária de esforço praticantes de exercício físico de impacto, verificar a incidência das mulheres que possuem IUE, identificar a incidência de gestações e do peso materno, investigar se as mulheres praticantes de Jump obtiveram o aumento da freqüência da IUE, verificar se essas mulheres sentem-se mal e com vontade de parar essa prática, e se usam proteção da calcinha. Este estudo consta 32 mulheres praticantes na academia Superação que apresentavam ou não incontinência urinária durante prática de exercício físico jump com idade entre 18 e 56 anos. As mulheres responderam a dois questionários de qualidade de vida em Incontinência Urinária com ajuda das acadêmicas, o “King’s Health Questionnaire” (KHQ) e o questionário confeccionado pelas pesquisadoras e validado previamente. Como resultados observou-se um aumento da perda de urina após essa prática para 28% das entrevistadas. Dentre estas apenas 9% sentiram vontade de parar o exercício, onde 25% das mulheres usam proteção na calcinha. Poucas referiram limitação nas suas atividades diárias, sendo que para 93,75% das mulheres houve pouca restrição. Houve dados contraditórios no decorrer do estudo, já que identificou-se um índice de 12,5% de mulheres que perdem urina aos esforços, e posteriormente 31,24%. Com este estudo conclui-se que nas mulheres que perdem urina aos esforços e que praticam a atividade física de jump não apresentam alterações significativas na qualidade de vida. Palavras-Chave: exercício físico, incontinência urinária, fisioterapia. 10 ABSTRACT The Urinary Incontinence (IU) it is defined by the International Society of Continence as a condition in that the involuntary loss of urine becomes a social and hygienic problem and it is objectively demonstrable. The urinary incontinence of effort (IUE) it is a barrier to the women's participation in the sport and to the aptitude activities and, consequently, it can be a threat to the health, to the self-esteem and the good to be of the women. The objectives of this healthy work to analyze the life quality in women that possess urinary incontinence of effort apprentices of physical exercise of impact, to verify the women's incidence that you/they possess IUE, to identify the incidence of gestations and of the maternal weight, to investigate the practicing women of Jump obtained the increase of the frequency of IUE, to verify those women feels bad and with will of stopping that practice, and they are used protection of the pantie. This study consists 32 practicing women in the academy Superação that presented or not urinary incontinence during practice of exercise physical jump with age between 18 and 56 years. The women answered to two questionnaires of life quality in Urinary Incontinence with help of the academic ones, " King's Health Questionnaire " (KHQ) and the questionnaire made by the researchers and previously validated. As results were observed an increase of the urine loss after that practice for 28% of the interviewees. Among these 9% only felt will of stopping the exercise, where 25% of the women use protection in the pantie. Little referred limitation in your daily activities, and for 93,75% of the women there was little restriction. You had given contradictory in elapsing of the study, since she identified an index of 12,5% of women that they lose urine to the efforts, and later 31,24%. With this study it is ended that in the women that lose urine to the efforts and that practice the physical activity of jump they don't present significant alterations in the life quality. Key-word: physical exercise, urinary incontinence, physiotherapy. 11 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Pelve Feminina Vista Anterior e Vista Inferior...................................... 18 Figura 2 – As Articulações Sacrociáticas.............................................................. 19 Figura 3 – Pelve Feminina Vista Cranial e Pelve Óssea....................................... 20 Figura 4 – Períneo e Diafragma Urogenital Feminino........................................... 22 Figura 5 – Musculatura do Períneo Feminina....................................................... 23 Figura 6 – Mecanismo da Micção.......................................................................... 34 Figura 7 – Incontinência Urinária de Esforço........................................................ 39 Tabela 1 – Avaliação da Incontinência Urinária nas Mulheres Praticantes de Jump..................................................................................................... 51 Gráfico 1 – Limitações de Atividades Diárias........................................................ 52 Gráfico 2 – Limitações Físicas.............................................................................. 53 Gráfico 3 – Limitações Sociais.............................................................................. 54 Gráfico 4 – Relações Pessoais............................................................................. 55 Gráfico 5 – Emoções............................................................................................. 56 Gráfico 6 – Sono e Disposição.............................................................................. 57 Gráfico 7 – Medidas de Gravidade........................................................................ 58 12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 13 2. OBJETIVOS...................................................................................................... 16 2.1. GERAL........................................................................................................... 16 2.2. ESPECÍFICOS............................................................................................... 16 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 17 3.1. ANATOMIA DA PELVE.................................................................................. 17 3.1.1. A Pelve Óssea............................................................................................ 17 3.1.2. Junturas da Pelve...................................................................................... 18 3.1.3. Aberturas e Cavidade Pélvica.................................................................. 20 3.1.4. Classificação das Pelves.......................................................................... 21 3.1.5. Considerações Funcionais....................................................................... 21 3.2. MUSCULATURA DO ASSOALHO PÉLVICO................................................ 21 3.2.1. Musculatura Profunda do Assoalho Pélvico.......................................... 24 3.2.1.1. Músculo Elevador do Ânus....................................................................... 25 3.2.1.1.1. Músculo Pubococcígeo...................................................................... 25 3.2.1.1.2. Músculo Iliococcígeo.......................................................................... 25 3.2.1.1.3. Músculo Puborretal............................................................................. 26 3.2.1.2. Músculo Isquiococcígeo........................................................................... 26 3.2.2. Musculatura Superficial do Assoalho Pélvico....................................... 26 3.3. FISIOLOGIA DO ASSOALHO PÉLVICO....................................................... 28 3.4. MECANISMO DO PARTO............................................................................. 29 3.5. EPISIOTOMIA................................................................................................ 31 3.6. MECANISMO NORMAL DA CONTINÊNCIA................................................. 32 3.7. MECANISMO DA MICÇÃO............................................................................ 34 3.8. INCONTINÊNCIA URINÁRIA......................................................................... 36 3.8.1. Bexiga Hiperativa...................................................................................... 37 3.8.2. Incontinência Urinária de Esforço........................................................... 37 3.9. EXERCÍCIO FÍSICO (JUMP).......................................................................... 41 3.10. QUALIDADE DE VIDA................................................................................. 44 4. METODOLOGIA............................................................................................... 47 4.1. TIPO DE PESQUISA...................................................................................... 47 4.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA........................................................................... 47 4.3. INSTRUMENTOS........................................................................................... 47 4.4. PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS.......................................... 48 4.5. ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................................... 48 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 50 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 61 APÊNDICES.......................................................................................................... 65 ANEXOS............................................................................................................... 68 13 1. INTRODUÇÃO Atualmente, há necessidade de uma condição de vida melhor aspirada por boa parte da população, que tornou-se em uma preocupação constante com a qualidade de vida e a boa forma física. Sendo assim, o exercício físico e a prática de esportes passaram a fazer parte do cotidiano de muitas mulheres, seja como forma de lazer ou atividade profissional (BARROS et al., 2007). Caetano et al. (2007) relatam que a prática regular de atividades físicas, considerando exercícios aeróbios, de fortalecimento muscular e de flexibilidade, é geralmente indicada no processo de tratamento e na prevenção de doenças cardíacas, hipertensão, osteoporose, obesidade, diabetes, entre outras. Além disso, tem efeitos positivos nos aspectos emocionais da pessoa, diminuindo os efeitos nocivos do estresse, alívio de tensões, melhora do humor, da ansiedade e depressão. Para Barros (2007), o exercício físico tem sido apontado como fator de risco para o surgimento da incontinência urinária. Dentre outros fatores de risco que podem levar a incontinência têm-se a idade avançada, obesidade, gestação, multiplicidade de partos vaginais, parto vaginal com lesão de nervos periféricos, de fáscias e ligamentos, deficiência estrogênica (menopausa), tabagismo, doenças do colágeno, fragilidade do tecido conjuntivo e dos músculos do assoalho pélvico, neuropatias, e histerectomia prévia. De acordo com o Viana, Martins e Geber (2001) um dos sintomas mais freqüentes na mulher é a incontinência urinária. Estes autores a definem como qualquer perda involuntária de urina, exceto para crianças, devido às peculiaridades anatômicas do trato urinário inferior feminino. A incidência da incontinência urinária é extremamente variável, de acordo com a idade e a população estudada. Na visão de Grosse e Sengler (2002), frequentemente, a incontinência urinária é um sintoma multifatorial. Inúmeras patologias podem provocá-la, mas nem todas, longe disso, permitem a reeducação. Do ponto de vista médico, esse sintoma é definido como uma perda involuntária de urina através de uma uretra anatomicamente sadia, resultante de um distúrbio, de uma disfunção do equilíbrio vesico-esfincteriano. 14 No ponto de vista de Baracho (2007), há uma complexa coordenação no sistema orgânico do assoalho pélvico composto pelos sistemas urinário, genital e intestinal, que quando interrompida leva as disfunções, com importante repercussão clínica. O tipo mais comum de incontinência urinária segundo Caetano et al. (2007) entre as mulheres é a incontinência urinária de esforço (IUE). Esta é responsável por quase metade dos casos. A incontinência urinária de esforço atinge com mais freqüência mulheres jovens com idade entre 25 e 49 anos. Mulheres na meia-idade, ou seja, próximas à menopausa, são mais atingidas por incontinência urinária mista, e mulheres idosas pela urge-incontinência. A incidência da incontinência é significativamente maior no sexo feminino devido a razões anatômicas, mudanças hormonais e conseqüências de partos e gestações que podem deslocar e enfraquecer os músculos do períneo. O períneo representa o conjunto das partes moles que fecham a pelve e suportam as vísceras em posição vertical; o músculo elevador do ânus, localizado no períneo, é o principal responsável pela continência urinária na mulher. Segundo Silva et al. (2005) a IUE não é apenas um problema geriátrico, uma vez que sua prevalência em mulheres de meia idade é de 30%, sendo que este valor sobe para 47% em mulheres que se exercitam regularmente, mas apenas 35% delas procuram tratamento. O problema de IUE em mulheres fisicamente ativas tem sido citado nos últimos anos por muitos autores. De acordo com Moura (2008), o assoalho pélvico representa o conjunto das partes moles que fecham a pelve suportando o peso das vísceras abdominais e pélvicas, ou seja, ele é formado pelo diafragma pélvico, diafragma urogenital e a fáscia endopélvica. Freitas et al. (1997) salienta que o fator mais importante na gênese da Incontinência Urinária de Esforço (IUE) é a diminuição do tônus dos músculos que fazem parte do assoalho pélvico, principalmente o feixe puborretal, do músculo elevador do ânus, e do músculo bulboesponjoso. Em decorrência do relaxamento muscular, dá-se progressiva a diminuição da pressão intra-uretral e a consequente perda de urina involuntária por ocasião dos aumentos bruscos da pressão intra-abdominal. Segundo Caetano et al. (2007), relata que o impacto causado pela incontinência na mulher não se limita apenas aos seus aspectos físicos. Ela afeta negativamente a esfera sexual, social, doméstica e ocupacional da vida da mulher. 15 Mulheres com incontinência urinária se sentem envergonhadas, constrangidas para a realização de atividades sociais e esportivas, e menos atraídas para o relacionamento sexual. A incontinência também está associada a sentimentos de solidão e tristeza. Estudos mostram que cerca de 80% de mulheres com sintomas graves de incontinência apresentam sintomas depressivos, acompanhados de diminuição da auto-estima e aumento da ansiedade. A incontinência urinária necessita de estudos complexos e de base científica para maior divulgação de sua prevenção e tratamento entre a população brasileira. A incontinência urinária é um problema comum que pode afetar mulheres de todas as idades. O impacto psicossocial da incontinência urinária na mulher refletese na incidência significativamente maior de depressão, neurose e disfunção sexual. Considerando-se que a incontinência urinária é um sintoma cuja prevalência é maior na população de meia idade e após a menopausa, é lícito supor que este problema venha a se agravar. Devido ao estigma social e ao fato de muitas mulheres acreditarem ser esta condição um processo natural do envelhecimento, algumas delas não buscam um tratamento adequado para o problema, tão pouco relatam o problema à um especialista. A abordagem da incontinência urinária de esforço, ainda hoje, apresenta dificuldades relativas ao diagnóstico e conduta terapêutica. Por esta razão, nos últimos anos, o tratamento da incontinência urinária de esforço vem ganhando maior projeção. A fisioterapia, de modo especial, vem a cada dia ampliando seu espaço de trabalho nesta área, e associa seus esforços a outros profissionais da saúde no sentido de integrar com dignidade as pessoas à sociedade, devolvendo a elas mesmas a auto-estima perdida. Diante disto, pode-se observar a seguinte problemática: Mulheres que praticam exercício físico regularmente em academia e que possuem IUE apresentam alteração na qualidade de vida? 16 2. OBJETIVOS 2.1 GERAL Analisar a qualidade de vida em mulheres que possuem incontinência urinária de esforço praticantes de exercício físico de impacto. 2.2 ESPECÍFICOS - Verificar a incidência de mulheres que possuem IUE nas praticantes de jump e a média da idade; - Identificar a incidência de gestações e o peso materno ganho durante as gravidezes nas mulheres praticantes de jump que possuem IUE; - Investigar se as mulheres praticantes de exercício físico de jump obtiveram aumento da freqüência da IUE após seu início. - Verificar se as mulheres que perdem urina sentem-se mal e com vontade de parar a prática do jump devido a IUE, e se usam alguma proteção na calcinha. 17 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 ANATOMIA FEMININA 3.1.1 A Pelve Óssea Em relação aos estudos de Polden e Mantle (2002), a pélvis provê um escudo protetor para os importantes conteúdos pélvicos; ela também suporta o tronco, e constitui a parte óssea do mecanismo pelo qual o peso do corpo é transferido para os membros inferiores ao andar, e às tuberosidades isquiais ao sentar. Complementando o pensamento, Stephenson e O´Connor (2004) acreditam que formando uma cavidade contínua com o abdome, a pelve serve para sustentar o tronco e promover uma área para inserção das extremidades inferiores. A pelve da mulher serve, ainda, para uma outra função vital: proteger os órgãos reprodutores e, durante os primeiros meses de gestação, o feto em desenvolvimento. Para Chiarapa, Cacho e Alves (2007), a pelve feminina constitui um arcabouço ósseo formado pelo sacro e pelo cóccix, situados entre os dois ossos do quadril, que protege as estruturas situadas em seu interior, dentre elas o trato urinário inferior. Baracho (2007) complementa que é constituída por dois ossos ilíacos, articulados posteriormente com o sacro e anteriormente entre si através da sínfise púbica. O osso ilíaco é formado pela fusão de três ossos – o ílio, o ísquio e o púbis. As paredes da cavidade pélvica afilam-se para baixo como um funil. O conjunto dos ossos e músculos que ocupam a base desse anel tem o formato de uma bacia. A cavidade inferior da bacia liga-se ao assoalho pélvico, sendo que este se fixa às paredes pélvicas. A incisura isquiática maior é amplamente preenchida pelo músculo piriforme e fornece saída para nervos e vasos da pelve para a região glútea e o períneo. Ainda é complementado por Kapandji (2003) que nas laterais, na face anterior, podemos sentir os ossos ílios superiormente. A crista ilíaca é o local onde apoiamos as mãos nos quadris, trata-se de uma região curva. A crista ilíaca termina posteriormente por uma saliência, a espinha ilíaca póstero-superior, e anteriormente, 18 por uma saliência, a espinha ilíaca ântero-superior. Apoiando as mãos nos quadris pode-se sentir a crista ilíaca. Na frente, sob a zona pilosa, encontra-se a região pubiana, que se trata de uma junção dos dois púbis, direito e esquerdo, unidos por uma fibrocartilagem espessa. Posteriormente e inferiormente encontra-se o ísquio, zona curvada a qual nos sentamos (Figura 1). Figura 1: Pelve Feminina Vista Anterior e Vista Inferior. Fonte: Netter. Atlas de Anatomia Humana, 2003. Para Chiarapa, Cacho e Alves (2007), a pelve tem importante papel na contenção das vísceras pélvicas e abdominais, além de permitir a passagem da uretra (trato urinário), da vagina (trato genital) e do reto (trato digestório). 3.1.2 Junturas da Pelve Incluem a sínfise púbica e as articulações sacroilíacas. As articulações sacroilíacas são fortes articulações sinoviais localizadas entre as faces articulares do sacro e do ilíaco. Essas superfícies possuem elevações e depressões irregulares, que resultam em um encaixe parcial dos ossos. O sacro é suspenso entre os ossos ilíacos, e os ossos são unidos firmementes pelos ligamentos interósseos, estes ligamentos maciços, espessos e muito fortes, unem as tuberosidades ilíacas e sacrais. Consistem em feixes de fibras fortes, curtos, que se unem aos ligamentos sacroilíacos posteriores e são sustentados por eles (Moore, 1994; Dângelo e Fattini, 2005). 19 Dângelo e Fattini (2005) ainda enfatizam que a articulação sacroilíaca é também reforçada por ligamentos extrínsecos e colaterais de visível resistência estendidos entre o sacro e os ossos do quadril. São eles: ligamento sacroilíaco anterior, ligamento sacroilíaco posterior, ligamento íliolombar e ligamento sacrotuberal (Figura 2). As Articulações Sacrociáticas 20- Ligamento Iliolombar 21- Crista Ilíaca 28- Ligamento Sacroilíaco Anterior 29- Ligamento Sacroespinhal 30- Ligamento Sacrotuberal 10- Ligamento Inguinal 23 e 24 – Ligamento Iliofemural 26- Ligamento Pubofemural Figura 2: As Articulações Sacrociáticas. Fonte: Belezain. Revista de Beleza, 2006. Ainda de acordo com estes autores, os ossos do quadril unem-se, anteriormente, no plano mediano numa juntura cartilaginosa, a sínfise púbica. Tratase de uma união direta das faces sinfisiais do púbis pelo disco interpúbico, fibrocartilaginoso espesso. Esse disco é geralmente mais espesso em mulheres do que em homens, nele também contém uma pequena cavidade que é maior em mulheres e aumenta durante a gravidez. São essas diferenças sexuais no disco interpúbico que permitem maior mobilidade dos ossos e o aumento do diâmetro da cavidade pélvica para a passagem do feto durante o parto. Os autores citados anteriormente não deixam de mencionar que na gravidez, os hormônios circulantes amolecem o disco, dando maior mobilidade à cintura pélvica. A sínfise púbica é reforçada por dois ligamentos: o ligamento púbico superior, que cruza a juntura superiormente entre os tubérculos púbicos, e o ligamento púbico arqueado, que se estende em arco entre os ramos inferiores do púbis. 20 3.1.3 Aberturas e Cavidade Pélvica Não há separação anatômica entre as cavidades abdominal e pélvica. Os órgãos do abdome, principalmente as estruturas móveis do tubo digestivo, deslocam-se livremente sobre a porção superior da pelve, que pode ser dividida em duas porções: a pelve falsa ou cavidade abdominopélvica (porção superior) e a pelve verdadeira ou cavidade pélvica propriamente dita (porção inferior) (Figura 3) (Chiarapa, Cacho e Alves, 2007). Figura 3: Pelve Feminina Vista Cranial e Pelve Óssea. Fonte: Própria, 2007. Stephenson e O’Connor (2004) afirmam que a linha terminal separa a pelve verdadeira da falsa, com a falsa localizando-se na região superior e, a verdadeira, na inferior. A pelve maior, ou falsa, abriga a porção inferior da cavidade abdominal. A pelve verdadeira, ou menor, localiza-se abaixo de um plano criado pela linha terminal e promontório sacral, que também identifica a abertura superior da pelve. A abertura superior da pelve é direcionada posteriormente e faz intersecção com o eixo vertical em um ângulo de aproximadamente 30º. A abertura interior da pelve, entretanto, devido à sua estrutura anatômica (o sacro, na parte posterior, e o pubis, na anterior) localiza-se em um plano quase horizontal. Ainda de acordo com os mesmos autores, a cavidade da pelve verdadeira foi comparada a um cilindro curvo, a porção superior dirigida para baixo e para trás e a porção inferior apontando para baixo e para frente. A pelve verdadeira é limitada na porção posterior pela porção anterior do sacro, parte interna do ísquio, incisura 21 sacrociática e ligamentos sacrociáticos. Na porção anterior, a pelve verdadeira é formada pelo púbis, ramo isquiático superior ascendente e forame obturador. Estimou-se que os planos das paredes da pelve verdadeira convergissem para os joelhos. E de acordo com Chiarapa, Cacho e Alves (2007), essa divisão se dá no limite da linha arqueada. 3.1.4 Classificação das Pelves Serão citadas aqui, variações pélvicas baseadas na forma da abertura superior, e podem ser apresentadas em quatro formas diferentes: bacia ginecóide forma mais comum com prevalência de 43% nas mulheres brancas e negras; bacia andróide, presente na maioria em homens; bacia antropóide, encontradas mais freqüentes em mulheres negras, e bacia platipelóide, rara em ambos os sexos, aparecendo em 2,6% das mulheres brancas e 1,7% das mulheres negras (Baracho, 2007). 3.1.5 Considerações Funcionais A pelve tem a função de proteger os órgãos pélvicos e transmitir o peso do tronco para o acetábulo passando pela linha arqueada e, portanto, para os membros inferiores na postura ereta. As paredes laterais e posterior estão revestidas pelos músculos obturador interno, piriforme e coccígeo; elas servem também de fixação para os músculos (Baracho, 2007). 3.2 MUSCULATURA DO ASSOALHO PÉLVICO Carrière (1999) enfatiza que o assoalho pélvico consiste nos tecidos que atravessam a abertura da pelve óssea e proporcionam sustentação às vísceras pélvicas e abdominais. Conforme Grosse e Sengler (2002) é delimitado pela estrutura ósteo-fibrosa, tendo na frente à sínfise pubiana e os ramos ísquiopubianos, atrás o sacro, o cóccix e o grande ligamento sacro-ciático. Esta autora, numa analogia simplista, afirma que podemos considerar o assoalho pélvico como as fundações de uma casa, cujo teto seria o diafragma, e cujas paredes seriam 22 representadas pelos músculos abdominais, na parte anterior e nas laterais, e pela coluna e musculatura espinhal na parte posterior. Têm-se como objetivo principal sustentar os órgãos internos, principalmente o útero, vagina e reto; proporcionar ação esfincteriana para a uretra, vagina e reto; além de permitir a passagem do feto por ocasião do parto (Baracho, 2007). Halbe (2000) explica que a musculatura do assoalho pélvico é constituída por dois tipos de fibras: 70% de fibras tipo I (contração lenta) que apresentam atividade tônica e 30% de fibras tipo II (contração rápida) que permitem uma resposta imediata a mudanças súbitas na pressão abdominal. Isso tem particular importância no mecanismo de continência urinária. Blandine (2005) afirma que o assoalho pélvico é formado por uma camada superficial de músculos fibrosos e alongados, o que denomina-se algumas vezes de períneo; e uma camada profunda de músculos largos e espessos, denominados diafragma pélvico (Figura 4). Figura 4: Períneo e Diafragma Urogenital Feminino Fonte: Netter. Atlas de Anatomia Humana, 2003. Haddad, Ribeiro e Carvalho (2000) complementam que o assoalho pélvico é composto, basicamente, pela fáscia endopélvica, diafragma pélvico e diafragma urogenital. Os autores ainda defendem a idéia de que a fáscia endopélvica constitui a camada superficial do assoalho pélvico, que fixa os órgãos pélvicos (principalmente útero e vagina) bilateralmente à pelve óssea. 23 De acordo com Moreno (2004) e Rodrigues (2001) o diafragma pélvico corresponde ao nível superior de músculos que ocluem e sustentam os órgãos pélvicos, sendo composto pelos músculos isquiococcígeos ou coccígeos (que ocluem a pelve posterior) e do levantador do ânus (que oclui a pelve anterior) dividindo-se nas porções pubococcígeo, iliococcígeo e puborretal. Rodrigues (2001) enfatiza que o diafragma urogenital, por sua vez, forma a camada mais externa do assoalho pélvico, e consiste dos músculos bulbocavernoso e isquiocavernoso, porções superficial e profunda dos músculos transverso do períneo, esfíncteres anal e uretral externo (Figura 5). Figura 5: Musculatura do Períneo Feminina Fonte: Netter. Atlas de Anatomia Humana, 2003. Na visão de Freitas et al. (1997), essas estruturas promovem um enfraquecimento do assoalho pélvico, cujo reforço é dado pelo diafragma urogenital, também chamado membrana ou ligamento triangular. Na posição ereta, os órgãos pélvicos são sustentados tanto pela porção medial do assoalho pélvico como pelo diafragma urogenital. O corpo perineal (centro tendíneo do períneo) é uma estrutura fibromuscular central em formato de cone que se aloja na frente do ânus. A laceração ou estiramento desse centro tendíneo do períneo durante o parto compromete a sustentação da parte inferior da parede posterior da vagina (Moreno, 2004). Carrière (1999) afirma que o assoalho pélvico obtém sua função de sustentação e manutenção em cooperação com os músculos do compartimento 24 abdominal. Na postura ereta, os seguintes músculos são partes do compartimento abdominal: músculos abdominais (ventralmente); diafragma pulmonar (rostralmente); músculos da coluna (dorsalmente); assoalho pélvico (caudalmente). Esses vários grupos musculares sustentam a função do músculo elevador do ânus e dos esfíncteres por meio da conexão funciona que existe entre eles. Durante tosse, esforço, saltos ou corrida, esses músculos precisam trabalhar juntos para servir de suporte para os músculos do assoalho pélvico. De acordo com o Bianco e Braz (2004), os músculos do assoalho pélvico têm três funções: de suporte, mantendo no local os órgãos pélvicos; esfincteriana, impedindo a saída de urina, de fezes e de gazes e função sexual, ajudando as mulheres a prender o pênis na hora da relação sexual aumentando as sensações vaginais. Baseado no conhecimento de suas funções, nota-se a importância da função muscular normal do assoalho pélvico. O enfraquecimento dos músculos da região do períneo resulta em deficiências dos sistemas ginecológico, urinário e gastrointestinal. Segundo Moreno (2004), a incontinência urinária feminina ocorre pela perda de controle da musculatura estriada esquelética, que forma o períneo. Este autor afirma que, o conhecimento da anatomia funcional desta musculatura, associado a exercícios e eletroestimulação é vital para uma terapia mais eficaz, revelando que esta combinação (anatomia funcional-exercício-eletroestimulação) resulta em restauração completa da continência urinária em 26% das pacientes e melhora efetiva em 48%. 3.2.1 Musculatura Profunda do Assoalho Pélvico Esses músculos formam o nível alto, estão situados na pelve menor próximo as vísceras. O seu conjunto possui a forma de uma cúpula, convexa para baixo e côncava para cima. Essa concavidade superior opõe-se a do músculo diafragma, daí o nome “diafragma pélvico”, estes são considerados os maiores e mais importantes músculos do assoalho pélvico, formam um leito que sustenta em sua concavidade todos os órgãos pélvicos, variando às variações de pressão abdominal de maneira passiva (elástica) e ativa (tônica) (Moore, 1994; Blandine, 2005). Ele é formado por dois músculos: o elevador do ânus e o isquiococcígeo (Henscher, 2007). 25 3.2.1.1 Músculo Elevador do Ânus Na visão de Grosse e Sengler (2002) e Baracho (2007), o músculo elevador do ânus atua principalmente como uma estrutura de suporte, mas sua ação esfincteriana se manifesta no canal anal e na vagina. É considerado um músculo par, sendo um direito e outro esquerdo. Da sínfise pubiana ao cóccix, na margem anal, esse dois músculos formam um “V” que delimita a fenda urogenital. Sua orientação global é oblíqua de cima para baixo, da frente para trás, e de fora para dentro. Para cada músculo elevador distinguimos uma parte externa, esfincteriana e uma interna, elevadora, não havendo continuidade entre esses dois feixes. Ainda na visão destes autores, os elevadores são inervados pelos ramos do nervo pudendo e terceiro e quarto nervos sacros, seu suprimento sanguíneo é feito pelos ramos da artéria pudenda interna. São essenciais para o reeducador, pois é por seu intermédio que se desenvolvem as qualidades do assoalho pélvico. As disfunções e alterações desses músculos implicam em incontinência urinária de esforço, urgência urinária e fecal, além dos prolapsos dos órgãos. Estes autores complementam ainda que esse grupo muscular compreende três músculos, cujas funções diferem entre si: o m. pubococcígeo, o m. iliococcígeo e o m. puborretal (Apostila Fisioterapia em Ginecologia). Elas se originam em cada lado da face posterior do púbis, do arco tendíneo e da espinha isquiática e estão inseridas no cóccix e no ligamento anococcígeo, na extremidade inferior do canal anal, no ponto central do períneo, na vagina inferior e na superfície póstero-lateral da uretra. 3.2.1.1.1 Músculo Pubococcígeo O músculo pubococcígeo é par, que ocupa uma posição mais craniana. Ele tem origem na face interna do ramo superior do osso púbico e se dirige para trás (em sentido dorsal), acompanhado pelo m. puborreto, para se inserir nas ultimas vértebras sacras e no cóccix (Kapandji, 2003; Henscher, 2007). Os autores ainda acreditam que esse músculo não participa de forma direta da elevação dos órgãos, mas que forme um contraforte muscular estático. 3.2.1.1.2 Músculo Iliococcígeo 26 O músculo iliococcígeo é par, situa-se atrás do músculo pubococcígeo. Ele se origina da fáscia acima do músculo obturador interno (no arco tendinoso do músculo elevador do ânus), a qual se prolonga até a espinha esquiática, e se dirige ao cóccix. Esse músculo é capaz de tracionar o cóccix para o lado e de elevar o reto, que repousa sobre o músculo elevador do ânus. (Kapandji, 2003; Henscher, 2007). 3.2.1.1.3 Músculo Puborretal O músculo puborretal também é par, cuja origem se encontra na face interna do osso púbico, abaixo da origem do músculo pubococcígeo. Ele não possui inserção óssea. Os músculos puborretais dos dois lados fundem-se atrás do reto, formando uma alça muscular que se abre para frente, na flexura anorretal. Esse músculo exerce tração para frente sobre os órgãos, levanta-os em sentido craniano e fecha a vagina e o reto (Kapandji, 2003; Henscher, 2007). 3.2.1.2 Músculo Isquiococcígeo O músculo ísquiococcígeo é par, que pode ser considerado seja como músculo separado, seja como formando a porção craniana do músculo elevador do ânus. Ele tem origem na espinha isquiática e no ligamento sacroespinhal, inserindose na face lateral (externa) do cóccix. Sua função consiste em dar suporte às vísceras e estabilizar a articulação sacroilíaca (Kapandji, 2003; Henscher, 2007). 3.2.2 Musculatura Superficial do Assoalho Pélvico Fazem parte da porção superficial do períneo os músculos isquiocarvernoso, músculo transverso superficial do períneo, músculo bulbocavernoso, músculo esfíncter externo da uretra e músculo esfíncter do ânus. Estes músculos superficiais se situam fora do assoalho pélvico e formam a camada externa ou região perineal, a qual se divide em região urogenital e anal (Kapandji, 2003; Baracho, 2007; Henscher, 2007). Entre o hiato urogenital e o hiato anal existe uma cunha formada por tecido conjuntivo firme, o corpo ou centro perineal, no qual divergem diversos músculos do assoalho pélvico (Kapandji, 2003; Henscher, 2007). 27 Grosse e Sengler (2002) dividem a camada superficial em: triângulo anterior, que contém os órgãos eréteis e os músculos ligados a eles, e um triângulo posterior anal. No triângulo anterior estão situados os músculos bulbocavernoso, músculo esfíncter externo da uretra, músculo isquiocavernoso e músculo transverso superficial do períneo; no triângulo posterior existe apenas o músculo esfíncter do ânus. O Músculo isquiocavernoso é par, cabe a esse manter a ereção do clitóris em caso de excitação sexual. O músculo bulbocavernoso também é par, sua função consiste principalmente em reduzir o diâmetro do intróito vaginal, inclusive durante a excitação sexual, sendo ele então um constritor da vagina. Junto com o esfíncter anal externo, o músculo bulbocavernoso forma um “oito” horizontal da musculatura externa do assoalho pélvico (Kapandji, 2003; Baracho, 2007; Henscher, 2007). O músculo transverso superficial do períneo é par e têm como função fixar o centro tendíneo onde se insere, sendo inervado pelo ramo do segundo e quinto sacral e nervo pudendo. É importante reconhecer este músculo no momento de reparo da episiotomia, para que o períneo seja recolocado nos planos apropriados (Baracho, 2007). Olah (2008) afirma que o músculo esfíncter externo da uretra é estriado e constituído basicamente de fibras de contração lenta, se tornando assim apto para a continência passiva. Na visão de Kapandji (2003) e Baracho (2007), o esfíncter anal é formado por dois músculos separados: o esfíncter anal interno e o externo, o esfíncter anal interno não possui controle voluntário, já o esfíncter anal externo pode contrair-se voluntariamente e é responsável por 30% da pressão de fechamento do ânus. Na concepção de Nolasco et al. (2008) os músculos do assoalho pélvico são constituídos de 70% de fibras do tipo I (contração lenta) e 30% de fibras de tipo II (contração rápida). Assim as fibras do tipo I são responsáveis pela ação antigravitacional dos músculos do assoalho pélvico, mantendo o tônus constante e também na manutenção da continência no repouso. E as fibras do tipo II são recrutadas durante o aumento súbito da pressão abdominal contribuindo assim para o aumento da pressão de fechamento uretral. Kapandji (2003) explica que com a gravidez, o corpo da mulher sofre alterações fisiológicas progressivas e contínuas enquanto ela se prepara para vivenciar uma nova função em seu círculo familiar e social. É no período pré-natal 28 que a gestante deve ser orientada quanto às etapas que irá vivenciar em sua gestação, no trabalho de parto e no puerpério. Os esclarecimentos e a educação da gestante se fazem necessários, pois uma mulher bem preparada e acolhida contribui satisfatoriamente para a evolução natural do parto. O autor citado anteriormente ainda enfatiza que por muito tempo o parto normal foi considerado o grande vilão do assoalho pélvico, porém, hoje sabe-se que a gestação por si só é um importante fator desencadeante e/ou agravante de alterações no assoalho pélvico. Para que o assoalho pélvico desenvolva bem sua função na gravidez, é preciso que esteja forte, a fim de permitir a sustentação do bebê e sua saída no momento do parto, causando o mínimo de estresse possível para o corpo da mãe. 3.3 FISIOLOGIA DO ASSOALHO PÉLVICO A quem afirme, como no caso de Rubinstein (2001), que diferentemente de outros mamíferos, na raça humana, em virtude da marcha bípede, a pelve se desenvolveu e se adaptou ao estresse promovido pela força de gravidade e aos aumentos da pressão intra-abdominal, que passaram a incidir sobre o eixo vertical da pelve. Fundamentalmente, o assoalho pélvico consiste de dois compartimentos musculares: o diafragma pélvico e o diafragma urogenital. Além do fato da micção representar um ato voluntário, a continência é assegurada por uma pressão intrauretral (PU) constantemente mais elevada que a intravesical (PV). A pressão intrauretral medida no esfíncter externo da uretra é de 110 cmH2O – idade +/- 20 cmH2O. Tosse, levantamento de pesos, esforço esportivo são fatores que provocam no interior da caixa abdominal aumentos de pressão que podem ultrapassar 200 cmH2O. Durante o esforço, a contração dos músculos elevadores do ânus atrai a uretra próxima para cima no interior da caixa abdominal, além de ser transmitido à bexiga, é também integralmente transmitido para a uretra proximal. O gradiente de pressão uretrovesical não se altera, PU continua superior a PV. Qualquer fraqueza do assoalho pélvico impede uma transmissão correta. Com o esforço, a uretra próxima não se desloca mais para cima no interior do compartimento manométrico pela contração dos elevadores, a pressão intraabdominal continua a ser transmitida à bexiga, mais deixa de ser transmitida na 29 totalidade ou em parte, à uretra. O gradiente de pressão torna-se negativo, PV é superior a PU (Grosse e Sengler, 2002). 3.4 MECANISMO DO PARTO De acordo com Stephenson e O´Connor (2004), o trabalho de parto é simplesmente o processo pelo qual o útero expele o feto. Baracho (2007) descreve mecanismo do parto, como a maneira que o feto penetra no estreito superior da bacia, passa pelo estreito médio, ultrapassa o estreito inferior e se desprende nos genitais externos. Vale lembrar que durante esse trajeto, o feto passa por uma série de movimentos, conhecidos como mecanismo do parto. Segundo Blandine (2005) o parto ocorre em duas fases. A primeira fase é chamada dilatação: o útero apresenta contrações características e reconhecíveis, elas são ritmadas e regulares cada vez mais intensas e separadas por períodos de repouso completo cada vez mais curtos a medida que o trabalho avança, estas podem começar com intervalos de aproximadamente vinte minutos que gradualmente diminuem para um minuto, ou de maneira irregular próximo ao parto. As contrações percorrem o útero a partir do fundo até a região do colo, o qual, no início, encontra-se espesso e fechado. Progressivamente, elas desencadeiam a dilatação do colo e sua retificação ou inversão completa. O útero forma então uma continuidade com a vagina também dilatada, isso pode levar um tempo variável de uma há várias horas (Kapandji, 2003; Blandine, 2005). Em relação aos estudos de Blandine (2005), as contrações empurram o feto para baixo e este, ultrapassando o estreito superior da pelve penetra na pelve menor, diz-se que ele está encaixado. O termo encaixamento na hora do parto indica a entrada no canal ósseo da escavação pélvica. Ele é diferente do encaixamento do final da gestação, o qual designa o momento em que o feto se posiciona de modo ainda reversível em direção a pelve. Baracho (2007) define encaixamento quando a grande circunferência do pólo cefálico ultrapassa o estreito superior. Quando a cabeça se apresenta em primeiro lugar, ela vai orientar-se girando para adaptar seu volume aos diâmetros da pelve menor, avançar em direção ao estreito médio e, em seguida, ao estreito inferior. Finalmente a cabeça apóia-se 30 sobre a ultima passagem a ser ultrapassada: o períneo trata-se da segunda fase do parto, denomina-se expulsão, explica Blandine (2005). O autor citado anteriormente também menciona que a pressão da cabeça sobre o assoalho pélvico provoca uma contração reflexa do útero, trata-se do reflexo expulsivo, a mulher sente vontade de empurrar e as contrações tornam-se quase irreprimíveis. Essa pressão da cabeça e as contrações provocam a ampliação do períneo, que ocorre em duas etapas: posterior e depois anterior, esta seria a ultima etapa antes do nascimento da criança. Ainda na concepção do mesmo autor, em um primeiro momento, a apresentação desce (denomina-se apresentação a parte do feto que se apresenta ao estreito superior no momento do parto; normalmente é a cabeça), seguindo a direção do sacro, oblíqua e posteriormente. Ela atinge o cóccix, o qual o empurra para trás. A região anal é pressionada e o orifício anal é comprimido, trata-se da ampliação do períneo posterior, no entanto, a retropulsão do cóccix é rapidamente limitada. Segue-se então um segundo tempo: a ampliação do períneo anterior. A apresentação é forçada para frente devido à forma côncava da face anterior do sacro, ela ultrapassa a abertura formada anteriormente pelos músculos levantadores e distende o períneo anterior, o qual protai. Durante essa ampliação, a distância entre o ânus e a vulva passa de três para oito centímetros. Segundo Freitas et al. (2006) as fases clínicas do parto são divididas em quatro períodos, denominados períodos clínicos do parto, são eles: primeiro período: dilatação; segundo período: expulsão; terceiro período: dequitação e quarto período: primeira hora pós-parto. O primeiro período é considerado o intervalo desde o inicio do trabalho de parto até a dilatação completa, esse período compreende a fase latente e a fase ativa de trabalho de parto, a fase latente apresenta duração variável e caracteriza-se pela dilatação do colo, a fase ativa caracteriza-se pelo período de dilatação rápida; o segundo período compreende o período entre a dilatação completa e desprendimento do feto; o terceiro período é o tempo entre a expulsão do feto e a expulsão da placenta; o quarto período é a primeira hora após a expulsão da placenta. O mesmo autor ainda explica que a duração do trabalho de parto varia a fase latente dura em média vinte horas nas primíparas e quatorze horas nas multíparas. O parto propriamente dito (fase ativa) tem o período de dilatação se completando em 31 cerca de doze horas nas primíparas, e de sete horas nas multíparas, a expulsão leva em média de cinqüenta a vinte minutos. Dângelo e Fattini (2005) afirmam que os músculos do assoalho pélvico que podem ser lacerados em particular são os feixes puborretal do músculo levantador do ânus e o núcleo central do períneo As lacerações espontâneas são classificadas como primeiro grau afetando pele e mucosa, segundo grau estendendo-se até os músculos perineais e terceiro grau onde atingem o músculo esfíncter do ânus. Existem também as lesões de quarto grau, nas quais ocorre uma lesão na parede anterior do reto (Stephenson e O’Connor, 2004; Chiarapa, Cacho e Alves, 2007). Henscher (2007) enfatiza que a vagina como um órgão oco, com 7 a 10 cm de comprimento e forma ligeiramente sinuosa. Ela possui grande elasticidade, por ser formada por uma rede delicada de músculos, tecido conjuntivo e pregas cutâneas transversais, mas ela pode sofrer lesão durante o parto. O mesmo autor ainda enfatiza que a musculatura do assoalho pélvico é capaz de frear a evolução do parto, provocando a ruptura do períneo ou obrigando o obstetra a praticar a episiotomia, com o objetivo de acelerar o parto. 3.5 EPISIOTOMIA Oliveira et al. (2004) conceitua a episiotomia como uma incisão cirúrgica na região da vulva com indicação obstétrica para impedir ou diminuir o trauma dos tecidos do canal do parto, favorecer a liberação do concepto, e evitar lesões desnecessárias do pólo cefálico submetido à pressão sofrida de encontro ao períneo. De acordo com Previatti e Souza (2007) a incisão do períneo por oportunidade do parto normal é uma prática muito utilizada entre os profissionais, constituindo um procedimento de uso liberal. No entanto, trata-se de uma conduta freqüentemente utilizada de maneira inadequada. Henscher (2007), Polden e Mantle (2002) complementam que a incisão deve ser praticada no auge de uma contratura; a sutura é realizada em anestesia local, após a eliminação da placenta, apesar de que um períneo bem distendido tenha uma pequena sensibilidade. O objetivo é normalmente acelerar o parto ou evitar o estiramento excessivo ou o corte dos tecidos em volta. A episiotomia usada em 32 conjunto com o fórceps ou extração a vácuo permite mais espaço para introdução dos instrumentos dentro da vagina. A incisão é suturada depois que o parto estiver completo. A incisão da episiotomia pode ser realizada com tesoura ou bisturi, sendo dividida em três técnicas: mediana, médio-lateral e lateral (Figura 6) sendo que esta última está em desuso. A episiotomia mediana é a menos utilizada, pois, a incisão é feita na porção tendínea e central do períneo, atingindo os músculos bulbocavernoso, transverso superficial do períneo, parte do levantador do ânus e esfíncter anal. A incisão médio-lateral é a técnica mais utilizada, onde é realizada na linha média do funículo posterior em direção a tuberosidade isquiática (Chiarapa, Cacho e Alves, 2007). A incisão costuma fechar-se sem maiores problemas, contanto que a sutura seja perfeita. Toda cicatriz do períneo prejudica a contração dos músculos do assoalho pélvico e favorece a incontinência devida aos esforços (Henscher, 2007). 3.6 MECANISMO NORMAL DA CONTINÊNCIA Polden (1997) enfatiza que a continência consiste na capacidade normal para acumular urina e fezes, com controle consciente sobre o tempo e lugar para urinar ou defecar. No adulto há uma variação considerável no volume que é acumulado e na freqüência de micção e defecação. A continência vesical ocorre graças às características funcionais deste órgão e pela ação da musculatura estriada do assoalho pélvico controlada pelo córtex cerebral. De acordo com Freitas (1997), os fatores de continência na mulher são os seguintes: • Fibras elásticas e musculatura estriada da uretra; • Tonicidade e elasticidade do ligamento pubo-uretral; • Integridade da mucosa uretral e vascularização submucosa; • Comprimento funcional da uretra (normal de 2,5 a 5 cm) que fica compreendido entre o início e o fim da pressão intra-uretral; • Integridade do suprimento nervoso à bexiga, uretra, esfíncter externo e assoalho pélvico; 33 • A bexiga deve estar posicionada e fixada de tal forma que, o seu colo em especial, fique bem apoiado e seja capaz de se fechar, e a uretra é reta e não inclinada; • O ângulo uretro-vesical posterior deve estar preservado; • Uretra proximal intra-abdominal (os dois terços proximais da uretra situamse em posição intra-abdominal, o que permite que durante o esforço as pressões intra-abdominais se transmitam tanto para a bexiga como para a uretra, auxiliando o mecanismo da continência). Segundo Pacetta e Girão (2004), duas teorias são mais amplamente aceitas para explicar a continência urinária: • Teoria da equalização da pressão intra-abdominal: durante as manobras de esforço, a pressão de fechamento uretral aumenta simultaneamente com o aumento da pressão intra-abdominal para manter a uretra fechada, apesar da grande elevação da pressão intravesical. A IUE ocorre quando a transmissão normal da pressão abdominal para a uretra é perdida. A excessiva mobilidade do colo vesical e uretra proximal e a localização extra-abdominal destes durante os esforços são responsáveis pela transmissão inadequada da pressão intra-abdominal à uretra proximal. • Teoria da “rede de sustentação”: a uretra situa-se sobre uma camada de sustentação composta pela fáscia endopélvica e parede vaginal anterior. Esta camada ganha estabilidade estrututal através de suas ligações laterais com o arco tendíneo da fáscia pélvica e os músculos elevadores do ânus. Os aumentos de pressão intra-abdominal comprimem a uretra contra esta camada que forma um tipo de “rede de sustentação”, mantendo a uretra ocluída. Este aumento na pressão de fechamento uretral é considerado mais importante para a continência do que a própria localização intra-abdominal da uretra. Polden (1997) afirma que a urina está continuamente sendo produzida e passa, por meio de peristaltismo, para a bexiga em quantidades variáveis – mais durante o dia, e menos à noite – vinda dos rins através dos ureteres. A bexiga “estável” normal aumenta o seu volume para conter e armazenar o líquido que 34 chega, sem um aumento significativo na pressão, até que esteja completamente distendida. A capacidade média da bexiga está entre 350 a 500 ml. A continência é mantida enquanto a pressão dentro da bexiga for inferior à pressão de fechamento da uretra (Fedrizzi, 1997). 3.7 MECANISMO DA MICÇÃO Baracho (2007) explica que quando a função de armazenamento e/ou esvaziamento de urina sofre qualquer distúrbio, uma grande variedade de sintomas urinários ocorre, sendo a incontinência urinária o principal sintoma do armazenamento anormal. Na visão de Pinheiro e Santos (2008) a bexiga atua como reservatório, relaxa para receber a urina durante a fase de enchimento e contrai para eliminá-la durante a fase de esvaziamento. A uretra contrai durante a fase de enchimento e relaxa durante a fase de micção, para permitir a eliminação da urina (Figura 6). Figura 6: Mecanismo da Micção Fonte: Manual Merck Saúde para Família. Conforme Polden e Mantle (2002) a urina está sendo continuamente produzida e passa, por meio de peristaltismo, para a bexiga em quantidades variáveis – mais durante o dia, e menos à noite – vinda dos rins através dos ureteres. A bexiga “estável” normal aumenta o seu volume para conter e armazenar 35 o líquido que chega, sem um aumento significativo na pressão, até que esteja completamente distendida, e sem as contrações involuntárias do detrusor mesmo com provocação, por exemplo, uma tosse, ou mudança de posição. Para Chiarapa, Cacho e Alves (2007), a bexiga acumula urina após a repleção vesical, quando estímulos enviados ao córtex são interpretados como desejo miccional e a associação da contração detrusora com o relaxamento esfincteriano irá permitir a liberação da urina. Essa função é controlada pelo sistema nervoso central e pelos centros da micção na ponte (tronco cerebral) e na medula espinhal (T10 a L2 – sistema nervoso simpático e S2 a S4 – sistema nervoso parassimpático). Ainda de acordo com os mesmos autores, a bexiga caracteriza-se por ser um órgão muscular liso com disposição homogênea de suas fibras, formando um sincício, o que faz com que durante o esvaziamento vesical ocorra a ativação de todas as células musculares lisas do detrusor, simultaneamente. Baracho (2002) afirma que na fase de enchimento, a pressão interna não se altera significativamente, graças à complacência vesical, que é determinada pelas características próprias da parede vesical, e ao tônus da musculatura, controlado neurologicamente. Durante essa fase, a uretra permanece fechada, sendo a pressão intra-uretral maior que a intravesical. O colo vesical normalmente se apresenta em posição alta em relação a pube, e ao nível do colo (Grosse e Sengler, 2002). A micção se inicia com o abaixamento do colo vesical, pois depende da musculatura do assoalho pélvico, em particular do músculo puborretal, ocorrendo o desaparecimento do ângulo uretrovesical posterior, sem alteração do ângulo de inclinação uretral, de modo que a uretra e o trígono ficam em uma linha reta, afirmam Fedrizzi (1997) e Polden (1997). Freitas (1997) complementa que no ato da micção ocorre também um relaxamento da musculatura periuretral, reflexo ou voluntário. A segunda fase da micção consiste na contração do músculo detrusor, abrindo o colo vesical e encaminhando a urina para a uretra, sendo capaz de reduzir todas as dimensões da bexiga (Baracho, 2002). Este autor acredita que a interrupção voluntária da micção pode ser conseguida pela contração da musculatura estriada. 36 Após o esvaziamento da bexiga ocorre a inibição da ativação do parassimpático sacral, enquanto o sistema simpático-adrenal completa o relaxamento da musculatura vesical e o retorno do tônus do esfíncter interno; entretanto, os motoneurônios que inervam o esfíncter externo reforçam sua contração, fechando novamente a cavidade vesical até que o volume urinário estocado em seu interior seja suficiente novamente para deflagrar nova micção (Baracho, 2002). Para Fedrizzi (1997), a capacidade média da bexiga está entre 350 a 500 ml. A continência é mantida enquanto a pressão dentro da bexiga for inferior à pressão de fechamento da uretra. Baseadas nesse conhecimento, duas grandes teorias tentam explicar essa correlação: a teoria da falha de transmissão da pressão vesical para a uretra, o que leva à perda urinária, e a teoria integral, que explica a perda de urina devido à deficiência do suporte uretral posterior, derivado da fáscia endopélvica (Pinheiro e Santos, 2008). 3.8 INCONTINÊNCIA URINÁRIA A Internacional Continence Society (ICS) definiu incontinência urinaria como toda condição na qual a perda involuntária de urina é objetivamente demonstrável e causa problema social e higiênico à mulher. Apresenta-se como um elemento gerador de exclusão social, interferindo na saúde física e mental da paciente e comprometendo sua qualidade de vida (Moreno, 2004). Polden e Mantle (2002) explicam que há uma variação individual considerável no que cada pessoa classifica como um “problema”, e, além disso, existem ainda muitos sofredores que ficam muito embaraçados para consultar seus médicos clínicos gerais ou qualquer outro sobre o assunto, ou que consideram o seu estado como sendo inevitável. Os levantamentos têm mostrado que na comunidade existem aqueles que não buscaram ajuda, cujo estado podia se beneficiar com a pesquisa e tratamento ativo, e outros para quem o tratamento com suas medidas, por exemplo, aparelhos, almofadas ou adaptações caseiras, iria melhorar sua qualidade de vida. Além disso, os ginecologistas e fisioterapeutas especializados no tratamento da incontinência urinaria ficam cientes de um grupo de mulheres que buscam ajuda, mas que usam queixas da incontinência urinaria para mascarar problemas 37 psicossexuais. Assim, a área toda de tratamento é complexa, exigindo atenção sensível e dedicação. Na visão de Grosse e Sengler (2002), a Incontinência Urinária atinge preponderantemente as mulheres. Essa desigualdade explica-se por razões anatômicas: a uretra feminina é relativamente mais curta (3 a 4 cm) que do homem (10-12 cm). Podem também ocorrer por razões vasculares e tróficas como na menopausa. Essa composição das forças de retenção passivas, trofismo da uretra e do assoalho pélvico foi considerada como responsável por 30% dos mecanismos da continência. Na mulher essa troficidade é em grande parte hormônio-dependente, com dois períodos de carência, o pós-parto e a menopausa. Muitos fatores de risco podem estar associados à incontinência urinária, como explica Jiang (2004), tais como idade avançada com picos na 5ª e 8ª década; fatores obstétricos (parto vaginal e incontinência urinária na gravidez); obesidade; dieta (distúrbios alimentares como anorexia); tabagismo, e por fim, o exercício físico. 3.8.1 Bexiga Hiperativa De acordo com a Sociedade Internacional de Continência, a bexiga hiperativa é caracterizada por contrações involuntárias durante a fase de enchimento vesical, sendo que o paciente não consegue inibir completamente essas contrações, associada a sintomas como urgência ou urge-incontinência, freqüência, noctúria e, às vezes, enurese noturna (Baracho, 2002). Polden (1997) acredita que o vazamento também pode ser provocado por atividades, tais como andar ou tossir; neste caso, pode ser confundido com verdadeira incontinência de estresse até que seja feita uma avaliação urodinâmica. Estímulos emocionais com envolvimento do córtex límbico – como medo, terror, estresse, raiva, ataques de riso, orgasmo, etc -, bem como estímulos sensoriais – como frio, ruído ou contato com a água – também podem levar à urgência e imperiosidade devido à hiperatividade do detrusor (Grosse e Sengler, 2002). 3.8.2 Incontinência Urinária de Esforço 38 De acordo com Baracho (2002), a Incontinência Urinária de Esforço Genuína (IUEG) é a mais freqüente, representando 62% das IU. É definida como a perda urinária involuntária, na ausência de contração do detrusor, ocorrendo aos esforços, quando a pressão intravesical supera a pressão intra-uretral. Os sinais e sintomas da incontinência urinária de esforço estão geralmente associados com a herniação da base vesical e da uretra posterior através do elevador do ânus, com a produção de uretrocistocele e relaxamento da fração anterior do diafragma pélvico. As herniações da uretra e da base da bexiga, através do diafragma pélvico, são os resultados do estiramento e relaxamento dos músculos e fáscia do andar pélvico devido a partos prévios e/ou alterações atróficas dos tecidos fibromusculares (Freitas et al., 1997). De acordo com os autores citados anteriormente, o fator mais importante na gênese da incontinência urinária de esforço é a diminuição do tônus dos músculos que fazem parte do assoalho pélvico, principalmente do feixe pulborretal, do músculo elevador do ânus, e do músculo bulboesponjoso. Em decorrência do relaxamento muscular, dá-se progressiva diminuição da pressão intra-uretral e a conseqüente perda de urina involuntária por ocasião dos aumentos bruscos da pressão intra-abdominal. Ainda de acordo com os mesmos autores, as pacientes com incontinência urinária de esforço são aquelas que possuem um deslocamento da uretra posterior e base da bexiga abaixo do diafragma pélvico, resultando em uma falha de transmissão de pressão intra-abdominal para a face externa da uretra posterior. Isto resulta na diminuição da pressão intra-uretral abaixo da pressão intravesical, provocando perda involuntária de urina. As pacientes que possuem incontinência urinaria de esforço são aquelas que experimentam perda involuntária de urina simultaneamente ao aumento de pressão intra-abdominal, sem que haja contração do músculo detrusor (Figura 7). Portanto, as causas de incontinência urinária de esforço estão relacionadas às alterações anatômicas do ângulo vesical e eixo da uretra, perda do compartimento uretral e alterações de pressão entre uretra e bexiga. 39 Figura 7: Incontinência Urinária de Esforço. Fonte: Alpha Clínica, 2009. A quantidade pode variar desde um pequeno escape até grandes volumes. Geralmente acontece ao tossir, espirrar, rir, erguer objetos, pular, correr ou fazer força para evacuar (Viana et al., 2001). Segundo Baracho (2002), se a queixa da paciente é somente perda urinaria aos esforços, o diagnóstico de incontinência urinária de esforço genuína é correto em aproximadamente 90% dos casos. Se a incontinência está associada a outras queixas como, por exemplo, urgência urinária, o que ocorre em aproximadamente 50% dos casos, a acurácia no diagnóstico de incontinência urinária de esforço genuína é pequena, mesmo diante de profissionais experientes, sendo necessária uma investigação urodinâmica. De acordo com Jones et al. (1990), a verdadeira incontinência urinária de esforço, diagnosticada depois de cuidadosos estudos urodinâmicos caracteriza-se geralmente por uma história clínica com os seguintes aspectos: • Perda de urina com tosse, riso ou espirro; • Perda de urina com a marcha, corrida ou outra atividade física; • A perda de urina é breve, quase sempre por surtos, e corresponde exatamente ao período de pressão intra-abdominal aumentada; • Em geral, a perda de urina não está associada com desejo de urinar; • A perda de urina é rara em decúbito dorsal ou durante o sono. 40 A incontinência urinária de esforço comumente relatada durante a atividade física é como o mecanismo normal de continência com aumento excessivo da pressão intra-abdominal que ocorre durante o exercício. Normalmente, quando a pressão intra-abdominal aumenta durante o exercício, a continência é mantida devido ao aumento da pressão no esfíncter uretral contra o suporte endopélvico da fáscia vaginal, fazendo com que o esfíncter uretral permaneça fechado (Jiang, 2004). Para o autor citado anteriormente, esportes de alto impacto como corrida e ginástica intensa, a pressão intra-abdominal aumente o suficiente para permitir que a pressão intravesical exceda a pressão intrauretral. Portanto, as atividades de alto impacto provavelmente aumentem o risco de desenvolver a incontinência urinária através de trauma direto nas estruturas do assoalho pélvico. Um assoalho pélvico tônico e forte, posicionado corretamente dentro da pelve pode ser um fator crucial em neutralizar os aumentos na pressão abdominal que ocorrem durante atividades de alto impacto tais como musculação, corrida e alguns jogos utilizando bola (Bo, 2004). Chiarapa, Cacho e Alves (2007) explicam que as fibras estriadas dos músculos periuretrais e do assoalho pélvico são divididas em tipos I e II. As do tipo I são de contração lenta e, por possuírem grande quantidade de mitocôndrias e de mioglobina, são capazes de manter atividade por longos períodos sem sofrerem fadiga e, assim, responderem pelo tônus muscular. As fibras do tipo II são mais fadigáveis, embora se contraiam mais rapidamente, compensando os aumentos da pressão abdominal, como os que ocorrem com tosse ou espirro. Com o avanço da idade, há diminuição da força e da massa muscular, sendo mais intensa a atrofia das fibras tipo II, fato parcialmente prevenido por exercícios. O distúrbio clínico da incontinência urinária de esforço inclui um espectro de sintomas com intensidade variável. Em uma extremidade do espectro está a atleta que apresenta extravasamento apenas de uma pequena quantidade de urina durante atividade física vigorosa; na outra extremidade do espectro está a mulher idosa e frágil que apresenta extravasamento de grandes quantidades de urina durante esforço físico mínimo. O grau de perturbação de cada mulher pela perda de urina é influenciado por seus valores culturais e expectativas acerca da continência e incontinência urinárias (Berek et al., 1998). 41 Jiang et al., (2004) afirmam que além de tudo, as mulheres devem ser incentivadas a continuar a praticar exercício físico, que beneficiará sua saúde geral, sem o risco do desenvolvimento da Incontinência Urinária mais tarde na vida. Mulheres atletas devem ser aconselhadas sobre o risco aumentado da incontinência urinária com esportes de alto impacto e distúrbios alimentares. 3.9 EXERCÍCIO FÍSICO (JUMP) Na visão de Vaz e Nodin (2005), o exercício físico foi definido por Caspersen e col. (1985, cit. por Ogden, 1999) como sendo um “movimento corporal planeado e repetitivo executado para melhorar ou manter um ou mais componentes da boa forma física”, distinguindo-o de atividade física, sendo esta “qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulte num consumo de energias” (op. cit., p. 180). Deste modo, tanto através do exercício como da atividade física dão-se mudanças físicas e biológicas que, no caso do exercício, resultam de movimentos intencionais. O exercício é tido como fundamental para a promoção de um bom estado de saúde, tanto ao nível físico como psicológico. Para os mesmos autores, o exercício pode aumentar o bem-estar psicológico, reforçando a auto-estima e autoconfiança do sujeito, isto porque, segundo King e col. (1992, cit. por Ogden, 1999), há uma maior satisfação em relação ao corpo, aumentam os sentimentos de realização e auto-eficácia e, além disso, a atividade social associada ao exercício físico conduz a uma melhoria de apoio social e uma maior auto-eficácia (Ogden, 1999). Em um exame com 144 atletas nulíparas de elite, 28% (40) experimentaram episódios de incontinência urinária durante o exercício, demonstrando que as atividades que mais causam perda urinária são saltos com pernas abertas (30%), saltos com pernas juntas (28%), corrida (30%) e esporte de impacto sobre o solo (14%). Na prática ginecológica, entre 290 pacientes que relataram atividade física regular, a taxa de incontinência urinária é de 30 % e de 20 % para mulheres que pararam de se exercitar devido à incontinência (Silva et al., 2005). Grosse e Sengler (2002) relatam que a incidência deste sintoma em mulheres atletas varia de 10% nas praticantes de natação, a 40% para praticantes de corrida ou ginástica aeróbica intensa. Isso leva 20% das desportistas a abandonar a atividade, 40% a mudarem de modalidade, privilegiando esportes que não as 42 expõem à esforços violentos, e 60% das jovens atletas recorrem a absorventes higiênicos. A idade média das atletas acometidas é 20,5 anos numa variação que vai dos 17 aos 24 anos. De acordo com o Caetano et al. (2007), a atividade física de alto impacto é um fator de risco para o desenvolvimento da incontinência urinária. A atividade física pode “evidenciar” a incontinência urinária, passando esta a ser percebida apenas a partir da realização de atividades físicas que predisponham a perda de urina, mesmo em mulheres que não possuem fatores de risco como a idade e paridade. Estudos mostram que a queixa de incontinência urinária entre mulheres jovens nulíparas que praticam atividades físicas é comum. Esse impacto, causado por exercícios de impacto, pode afetar o mecanismo de continência pela alteração da quantidade de força transmitida para o assoalho pélvico. Segundo Araújo et al. (2008), outros autores acreditam que estas atletas têm sobrecarga, estiramento e enfraquecimento do assoalho pélvico. Reforça esta teoria o fato de que a força vertical de reação máxima do solo durante diferentes atividades esportivas é três a quatro vezes o peso do corpo quando corremos, cinco a 12 vezes pulando, e nove vezes na queda após um salto em altura. Uma das novas atividades que desenvolvem aptidão aeróbia e atualmente tem sido muito procurada nas academias é o jump, que constitui um programa de exercícios ritmados de membros superiores e inferiores sobre um mini trampolim, sendo seus benefícios considerados os mesmos que os alcançados pela prática regular dos exercícios aeróbios. O sucesso desse programa está relacionado, principalmente, ao prazer e motivação que esta atividade proporciona, além da obtenção ou manutenção dos níveis adequados de condicionamento físico para a realização das tarefas do cotidiano (LEMOS, A. et al.; FURTADO, E. et al., 2004). De acordo com Furtado et al. (2004), o equipamento utilizado na aula de jump permite a realização de exercícios que envolvem a força da gravidade, além da aceleração e desaceleração, devido à sua superfície elástica e sistema de fixação de molas de especial resistência, que permitem atingir alta performance na execução dos exercícios. Os exercícios propostos são apresentados em forma de coreografias pré-estipuladas modificadas a cada trimestre. Cada rotina coreográfica envolve movimentos simples e de fácil execução, o que possibilita a participação de quase todos os tipos de indivíduos. As aulas são montadas com utilização de nove músicas, divididas de forma intervalada, iniciando com um aquecimento seguido de 43 um estágio de pré-training e entrando, em seguida, num ritmo mais intenso com cinco músicas que correspondem ao cardio-training. Sua fase final é composta de duas músicas com ritmo mais lento, uma para a fase de esfriamento e outra para exercícios abdominais. O mini trampolim foi amplamente comercializado na metade da década de setenta e alguns estudos foram desenvolvidos nesta área a partir de então. A distribuição da aceleração corporal e o consumo de O2 durante a corrida e saltos no trampolim. A atividade física realizada no trampolim diminui o risco de lesão nos membros inferiores e por isso é ideal durante a reabilitação (ALDABE, D. et al., 2009). A prática de jump vem crescendo cada vez mais nas academias. Contudo, pouco se sabe sobre o real comportamento da freqüência cardíaca (FC), do consumo de oxigênio e suas demandas energéticas em uma metodologia de treino pré-coreografado (FURTADO, E. et al., 2004). Segundo Paula (2009), é comum nas academias que possuem Body Jump (ou jump), encontrarmos alunas que perdem urina durante a atividade física e embora estranhem o fato, não procuram orientação nem mesmo do médico ginecologista. Essa incontinência urinária (perda involuntária de urina) das praticantes de jump é chamada de Incontinência Urinária de Esforço ou IUE. O aumento da pressão no abdômen durante os saltos e movimentos do jump, empurra todo o conteúdo da barriga para baixo, ou seja, direto na musculatura do períneo (assoalho pélvico). Se esta musculatura, que controla a micção estiver fraca, ocorrerá um escape de urina. O mesmo pode ser observado em outros esportes, com ênfase nos esportes de impacto, no qual a praticante trabalha o corpo, mas desconhece (ou não realiza) o fortalecimento dos músculos perineais. Os autores Grosse e Sengler (2002), procuram esclarecer, que as mulheres que não abandonaram suas atividades físicas por causa da incontinência utilizaram algumas estratégias para evitar a perda de urina durante o decorrer das atividades. As estratégias mais comuns foram o uso de forros ou absorventes, esvaziamento da bexiga antes de treinamentos e competições, restrição hídrica e mudança de exercícios. Em muitas situações, a utilização de absorventes não é suficiente para evitar o vazamento de urina e, sendo assim, frente à primeira perda, muitas mulheres abandonam suas atividades. Ainda estes autores, afirmam que é fato a existência de inúmeros benefícios decorrentes do exercício regular para o corpo de maneira geral. 44 3.10 QUALIDADE DE VIDA Na visão de Moreno (2004), o conceito de qualidade de vida está relacionado com a percepção do indivíduo sobre seu estado de saúde em grandes domínios e dimensões de sua vida. A Incontinência Urinária é um problema comum nas mulheres e pode significativamente prejudicar sua qualidade de vida, explica Jiang et al. (2004). A Incontinência Urinária de Esforço (IUE) é uma barreira à participação das mulheres no esporte e às atividades de aptidão e, consequentemente, pode ser uma ameaça à saúde, à auto-estima e ao bem estar das mulheres (Bo, 2004). Para Moreno (2004) a incontinência urinária é uma condição desconfortável, embaraçosa e estressante, que pode afetar até 50% das mulheres em alguma fase de suas vidas. A paciente tende ao isolamento social, pois tem medo de estar em público e ocorrer uma perda urinária; muitas vezes, desiste da prática de esportes ou de outras atividades que possam revelar seu “problema”. Sua vida passa a depender da disponibilidade de banheiros. Passa a sofrer, então, com dificuldades sexuais, alterações do sono e repouso. Com o objetivo de medir o impacto das disfunções do trato urinário baixo na vida das pacientes é que surgiram os questionários de qualidade de vida (QOL) específicos para estas patologias. Existem vários questionários descritos e validados na literatura. Devemos dar preferência aos questionários validados para língua portuguesa em amostras populacionais brasileiras (Baracho, 2007). Tamanini et al (2004) elencam que o uso de questionários como instrumentos de avaliação de qualidade de vida tem sido intensificado na pesquisa científica nos últimos anos. Com isso, valoriza-se a opinião do paciente sobre sua condição de saúde. No Serviço de Urodinâmica e Disfunções Miccionais do Hospital Mater Dei (Uromater) foi aplicado um questionário de qualidade de vida em 72 mulheres com incontinência urinária, encaminhadas para estudo urodinâmico. Verificamos que a qualidade de vida das pacientes, de acordo com o escore obtido no questionário, foi pior nas pacientes com queixas irritativas do que naquelas com queixas de perda urinária aos esforços, sendo esta diferença estatisticamente significativa. Os valores obtidos no questionário de qualidade de vida foram menores entre as pacientes com 45 avaliação urodinâmica alterada. No entanto, as diferenças não foram estatisticamente significativas entre as pacientes com diagnóstico urodinâmico de HV, incontinência urinária de esforço ou incontinência mista, o que reforça a maior importância da sintomatologia em relação ao diagnóstico urodinâmico na qualidade de vida da paciente (Baracho, 2007). Pacella e Girão (2004) apontam que entre os questionários específicos, o King´s Health Questionnaire (KHQ) é instrumento confiável e validado para mulheres com incontinência urinária. É constituído de 21 questões, divididas em oito domínios: percepção geral de saúde, impacto da incontinência urinária, limitações de atividades diárias, limitações físicas, limitações sociais, relacionamento pessoal, emoções e sono/disposição. O “Internacional Consulation on Incontinence Questionnaire – Short Form” (ICIQ-SF) é um questionários simples, breve e auto-administrável. Avalia rapidamente o impacto da Incontinência Urinária na Qualidade de Vida e qualifica as perdas urinárias de pacientes de ambos os sexos. É composto por quatro questões que avaliam a freqüência, a gravidade e o impacto da Incontinência Urinária, além de um conjunto de oito itens de autodiagnóstico, relacionados às causas ou a situações de Incontinência Urinária vivenciadas pelos pacientes (Tamanini, 2004). De acordo com Abreu et al. (2007), é necessário distinguir qualidade de vida (QV) de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS). A primeira tem concepção mais ampla e pode ser ilustrada pelo conceito proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo o qual QV é "a percepção do indivíduo acerca da sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações". A QVRS, por sua vez, recebe influência do conceito de saúde proposto pela OMS e designa uma série de modelos conceituais que definem o construto por meio de dimensões da vida e da percepção individual da saúde. Nessa perspectiva, entende-se que os funcionamentos físico e emocional repercutem diretamente sobre a QV enquanto as anormalidades biológicas a influenciam indiretamente devido a sua relação causal com a doença e com a incapacidade física. Para os autores citados anteriormente, entende-se que todos esses aspectos relacionados à saúde não podem estar desvinculados de outras dimensões da vida como, por exemplo, dos papéis e da interação social, das relações econômicas, culturais, políticas e espirituais. Tais dimensões, quando associadas às dimensões 46 de vida diretamente relacionadas à saúde, constituem o que se designa qualidade de vida global, construto mais amplo que incorpora fatores que interferem na vida individual e coletiva. Segundo Grosse e Sengler (2002), dessa forma, as mulheres com incontinência urinária não devem ser aconselhadas a evitar atividades físicas e esportivas por causa da incontinência. 47 4. METODOLOGIA 4.1 TIPO DE PESQUISA Sustentada pela fundamentação teórica contida no estudo e entrelaçada aos conceitos, teorias e objetivos, foram descritos os métodos e a técnica utilizada para que a pesquisa seja desenvolvida. De acordo com Oliveira (2001) o método e a técnica são os instrumentos que irão auxiliar o pesquisador a chegar num determinado resultado. Como o principal objeto de pesquisa neste trabalho é avaliar o questionário de praticantes de exercício físico, se fez apropriado à utilização de uma pesquisa teórico-empírica, do tipo descritiva, de campo e quantitativa. De acordo com Lüdorf (2004) a pesquisa teórico-empírica ocorre quando além da pesquisa bibliográfica, é realizado um trabalho de campo com algum tipo de coleta de dados. E esta pesquisa é do tipo descritiva, pois segundo Rudio (2000) esta técnica de pesquisa está interessada em descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los para que possa conhecer sua natureza, sua composição, processos que o constituem ou nele se realizam. 4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA A população deste estudo é composta por trinta e duas mulheres praticantes de exercício físico – Jump, com idade entre 18 e 56 anos. O processo de seleção da amostra é do tipo não probabilístico intencional. A amostra é composta por praticantes da Academia “Superação” em Barreiros – São José, inscritas nas aulas em questão, que se disponibilizaram em responder o questionário entre os meses de agosto e setembro deste ano. Foram considerados como critérios de exclusão: homens, mulheres com idade inferior a 18 anos e superior a 56 anos. 4.3 INSTRUMENTOS 48 Para a entrevista é utilizado um questionário (Anexo A), com 07 questões fechadas, que foi confeccionado pelas pesquisadoras e validado por professores do curso de Fisioterapia. Conjuntamente a esta etapa, é utilizado uma adaptação dos questionários “King’s Health Questionnaire (KHQ)” (Anexo B), para avaliar a qualidade de vida das pacientes que apresentam perdas de urina aos esforços. Este é um instrumento confiável e validado para mulheres com Incontinência Urinária, constituído de 21 questões, divididas em oito domínios (Pacetta e Girão, 2004). 4.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS Os dados são coletados com a aplicação direta dos questionários às praticantes de exercício físico da academia “Superação” em Barreiros - São José – SC, com início pelo questionário elaborado pelas pesquisadoras, e em seguida foi aplicado o questionário “King’s Health Questionnaire (KHQ)”. Primeiramente foi entregue um termo de consentimento para realização da pesquisa ao proprietário da academia (Apêndice A). Este termo busca esclarecer sobre os intuitos da pesquisa e a importância do desenvolvimento deste estudo. Uma vez autorizado, é dado início as atividades aqui propostas. Em seguida, foi explicado sobre a idéia e o objetivo deste projeto para as entrevistadas. Foram entregue o termo de consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B) para as participantes, explicando de maneira clara e compreensível o objetivo desta pesquisa e a forma de como este estudo foi realizado. Uma vez que estas participantes aceitaram o termo, os questionários foram respondidos. A idéia é que estes possam ser respondidos por um maior número de mulheres que praticam o Jump na academia, em todos os períodos: matutino, vespertino e noturno. Todos os questionários foram recolhidos após as mulheres terminarem de responder com privacidade e sanadas todas as dúvidas pelas pesquisadoras, que estavam à dispor durante o preenchimento do mesmo, sem interferir nas respostas. Foi explicado para as participantes que todos os resultados do projeto serão apresentados sem que sejam identificados seus participantes, deixando evidente assim o sigilo da pesquisa. 4.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS 49 A Análise dos resultados obtidos foi realizada de forma quantitativa a partir dos dados coletados. Para uma melhor visualização dos dados, os mesmos foram agrupados e apresentados em forma de tabelas e gráficos. A análise é comparativa, e tem o intuito de descrever a qualidade de vida em mulheres praticantes, sendo que o primeiro questionário avaliou questões como a IUE e seu agravamento com a prática do Jump nas atividades físicas e diárias. Já o segundo questionário, aplicado para avaliar a qualidade de vida destas mulheres, foram analisado: percepção geral de saúde, impacto da Incontinência Urinária, limitações de atividades diárias, limitações físicas, limitações sociais, relacionamento pessoal, emoções e sono/disposição. Para tais, foi utilizada estatística descritiva através de frequência simples e percentual. 50 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Este estudo apresentou um total de trinta e dois questionários respondidos por mulheres entre 18 e 56 anos de idade, praticantes de exercícios físicos jump da academia Superação. Este por sua vez, procurou analisar a qualidade de vida destas mulheres que possuem incontinência urinária de esforço. Na primeira parte do estudo, aplicou-se o 1º questionário com o objetivo de saber se havia perda de urina nas mulheres durante as atividades físicas. Por se tratar de um questionário onde as pessoas são identificas, possivelmente houve certo constrangimento por parte das atletas, ou até mesmo a falta de conhecimento sobre o tema tratado, que influenciou significativamente no resultado destas questões. Visto que, 12,5% das mulheres responderam que perdem urina nas atividades de esforços. Fato que se tornará contraditório no decorrer da aplicação do 2º questionário, onde observou-se um índice de 31,24%. Analisou-se nestas mulheres a quantidade de gestações, e verificou-se que 43,8% já foram gestantes, e dentre estas, 42,9 % fizeram algum parto normal. Observou-se um aumento de peso durante a gestação em média de 16 kg. Avaliando o aumento de perda da urina após estas mulheres terem iniciado as atividades de jump, 28% destas perceberam que sim. Dentre estas, apenas 9% delas sentiram vontade de parar de praticar o jump, onde 25% das mulheres que praticam o jump usam proteção na calcinha como prevenção. Segundo VIANA (2001), a perda de urina pode ser desencadeada através de várias situações. Geralmente acontece ao tossir, espirrar, erguer objetos, pular, correr, fazer força para evacuar e durante o seu caminho ao banheiro. A segunda parte do estudo foi composta por um questionário com questões voltadas aos problemas de bexiga e sua interferência na qualidade de vida destas mulheres, e obtiveram-se os seguintes resultados explanados e demonstrados em 01 tabela e 07 gráficos. 51 Tabela 01 Avaliação da incontinência urinária nas mulheres praticantes de jump. Nenhum Um pouco Moderadamente Muito Freqüência (ir ao banheiro para urinar muitas vezes) Noctúria (levantar a noite para urinar) Urgência (forte desejo de urinar e difícil segurar) Urge-Incontinência (vontade muito forte de urinar, com perda de urina antes de chegar ao banheiro) Incontinência Urinária Aos Esforços (perda de urina que ocorre durante a realização de esforços físicos como tossir, espirrar, correr) Enurese Noturna (urinar na cama à noite dormindo) Incontinência Durante A Relação Sexual Infecções Urinárias Freqüentes Dor Na Bexiga Dificuldade De Urinar 9,38% 50% 34,37% 6,25% 31,26% 46,87% 15,62% 6,25% 53,14% 21,87 21,87% 3,12% 65,63% 18,75% 12,50% 3,12% 68,76% 21,87% 3,12% 6,25% 93,75% 6,25% - - 90,63% 9,37% - - 46,88% 71,89% 84,39% 28,12% 9,37% 9,37% 18,75% 15,62% 3,12% 6,25% 3,12% 3,12% Além da tabela representada acima, houve também um índice de 6,25% de Cistite entre as participantes do jump. Pacetta e Girão (2004) mencionam que a pontuação dos questionários é dada em cada um de seus domínios, não havendo, portanto, pontuação geral. Os valores variam de 0 a 100 pontos onde o critério de avaliação da qualidade de vida é proporcional a pontuação feita no questionário de forma que, quanto mais alta for a pontuação, mais baixa será a qualidade de vida do indivíduo. Foi pontuado um questionamento sobre as mulheres que apresentam incontinência urinária a partir de suas atividades de vida diária. Sendo estas: afazeres domésticos (como limpar a casa e fazer compras), trabalho ou atividades diárias fora de casa. Observa-se no gráfico abaixo, que apenas 6,25% das mulheres referiram 50 pontos de limitação nas suas atividades diárias, enquanto que, outras 93,75% das mulheres referiram valores abaixo de 30 pontos de restrição. 52 Segundo Moreno (2004) a perda da continência urinária é uma condição desconfortável, embaraçosa e estressante em que a mulher passa a depender da disponibilidade de banheiros. Passa a sofrer, então, com dificuldades sexuais, alterações do sono e repouso, atuando diretamente nas atividades de vida diária. O relatado acima não está de acordo com os achados do gráfico 01, que como já citado, mostra que apenas 6,25% das mulheres referem 50 pontos de restrição em suas atividades diárias. Isso provavelmente se deve a um grau avançado da patologia, em que as mulheres apresentam maior frequência e quantidade de incontinência urinária em relação às outras mulheres, apresentando consequentemente limitações de atividades diárias em maior proporção. Gráfico 01 Limitações de Atividades Diárias 9% 6% 85% Pontuação=0 Pontuação=33,33 Pontuação=50 Fonte: “King’s Health Questionnaire” (KHQ). As limitações físicas como andar, correr, praticar esportes, fazer ginástica e viajar afetam em diferentes graus em 100% das mulheres pesquisadas com perda de urina. Observa-se no gráfico 02 que 84,37% das incontinentes não apresentaram impacto em suas atividades físicas, visto que apenas 15,62% destas mulheres apresentaram limitação inferior ou igual à 33,33 pontos nas atividades físicas. De acordo com Bo (2004), a incontinência urinária afeta diretamente a qualidade de vida, a participação de atividades sociais e a auto-estima. 53 Gráfico 02 Limitações Físicas 9% 6% 85% Pontuação=0 Pontuação=16,67 Pontuação=33,33 Fonte: “King’s Health Questionnaire” (KHQ). Ao examinar o gráfico 03, observa-se que dentre 100% das mulheres, apenas 3,12% se destacou com pontuação de 33,33 pontos de limitação social, incluindo encontros e visitas a amigos e familiares, e entre as outras, 84,37% das mulheres referiram nenhum tipo de restrição social. Entretanto, 12,5% relataram pequena e ocasional limitação à sua qualidade de vida em relação à família e amigos devido a seu problema de bexiga. Pacetta e Girão (2004), elencam um trabalho de Lam e col. (1992) onde foi demonstrado que 19% das pacientes com incontinência urinária acabam se abdicando e algumas atividades sociais como visitar amigos, viajar, praticar esportes ou ir às compras e ao trabalho em decorrência de suas perdas. Forma-se um círculo vicioso de ansiedade e sofrimento relacionado a uma possível perda de urina. 54 Gráfico 03 Limitações Sociais 3% 3% 6% 3% Pontuação=0 Pontuação=11,11 85% Pontuação=16,67 Pontuação=22,22 Pontuação=33,33 Fonte: “King’s Health Questionnaire” (KHQ). No gráfico 04 demonstra que apenas 9,37% das mulheres se destacaram com 16,67 pontos nas relações pessoais, incluindo seu relacionamento com seu parceiro e sua vida sexual. Entretanto, 43,75% das mulheres referiram nenhum problema com relações pessoais, sendo que as outras 43,87% das mulheres obtiveram respostas como “missing value” (não aplicável) em relação às limitações sociais decorrentes do seu problema de bexiga. 55 Gráfico 04 Relações Pessoais 9% 47% 44% Pontuação=Missing Value Pontuação=0 Pontuação=16,67 Fonte: “King’s Health Questionnaire” (KHQ). Para Tamanini et al (2004), a incontinência urinária provoca alterações graves na vida de pacientes por ela acometidas, tornando-se estressante e debilitante, além de gerar alta morbidade por afetar o nível psicológico, ocupacional, doméstico, físico e social. Moreno (2004) salienta que essas mulheres, silenciosamente, têm uma queda na auto-estima, tornando-se pessoas mais deprimidas, angustiadas e irritadas. Consequentemente sentem-se humilhadas e embaraçadas demais para falar sobre o seu problema. O gráfico 05 demonstra que somente 3,12% destas mulheres sentem-se deprimidas, ansiosas e nervosas com maior pontuação, sendo 44,44 pontos em relação às dificuldades que o problema de bexiga pode impor em seu dia-a-dia. Ao contrário das outras 28,12% das mulheres, que apesar de sofrerem alguma limitação social e/ou física sentem-se mais seguras em relação à sua patologia, apresentando valores menores ou iguais à 33,33 pontos, sendo que 68,75% das mulheres não apresentam problemas emocionais. 56 Gráfico 05 Emoções 6% 3% 22% 69% Pontuação=0 Pontuação=11,11 Pontuação=33,33 Pontuação=44,44 Fonte: “King’s Health Questionnaire” (KHQ). No gráfico 06 são demonstrados problemas relacionados com sono e disposição, sendo que 15,62% das mulheres se destacaram com pontuação igual ou superior 50, 34,37% delas obtiveram pontuação igual ou inferior 33,33, e 50% das mulheres não apresentaram nenhum problema relacionado ao sono e disposição devido ao problema de bexiga. 57 Gráfico 06 Sono e Disposição 6% 9% 16% 50% Pontuação=0 Pontuação=16,67 19% Pontuação=33,33 Pontuação=50 Pontuação=66,67 Fonte: “King’s Health Questionnaire” (KHQ). No gráfico 07 observa-se que ao questionar às voluntárias sobre a aplicação de medidas preventivas, tais como o uso de absorventes, pouca ingestão de água, troca de roupa íntima quando molhada, preocupação com a possibilidade de cheirar urina e vergonha, somente 40,62% das mulheres apresentam pontuação baixa de medidas de gravidade, composta entre 6 e 20 pontos. Enquanto que 37,5% das entrevistadas apresentam valores entre 25 e 40 pontos. Já 12,5% das mulheres adotam maior número de medidas preventivas, mostrando-se mais cautelosas à possibilidade de sentirem-se constrangidas em público devido a seu problema de bexiga, com pontuação entre 50 e 80. Sendo que 9,37% das mulheres não apresentaram nenhuma medidas de gravidade. Para Grosse e Sengler (2002), o tipo e quantidade de proteções utilizadas são geralmente um bom reflexo da importância das perdas: do simples protetor de calcinha à fralda, da proteção de segurança à proteção de necessidade, trocadas várias vezes por dia. Com isso conclui-se que as mulheres que mostraram-se mais cautelosas, adotando maior número de medidas preventivas, provavelmente apresentam maior comprometimento na sua disfunção. 58 Gráfico 07 Medidas de Gravidade Pontução=0 6% 3% 3% 9% Pontuação=6,67 6% Pontuação=13,33 13% Pontuação=20 Pontuação=26,67 21% 13% Pontuação=33,33 Pontuação=40 13% 13% Pontuação=53,33 Pontuação=66,67 Pontuação=80 Fonte: “King’s Health Questionnaire” (KHQ). 59 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Foram encontradas algumas dificuldades no decorrer deste trabalho, principalmente por se tratar de um assunto constrangedor e desconhecido no meio comunitário. Ao aplicar os questionários foram percebíveis por parte das pesquisadoras o quão constrangidas algumas mulheres ficavam quando o assunto era abordado. E por se tratar de um questionário onde as mulheres preenchiam as questões com identificação, houve dados contraditórios no decorrer do estudo entre um questionário e outro, já que no 1º questionário identificou-se um índice de 12,5% de mulheres que perdem urina aos esforços, e no 2º sobre qualidade de vida, as respostas atingiram 31,24% na IUE. Visto que a média de idade das mulheres com perda de urina foi de 35 anos. Nas mulheres entrevistadas a média que foram gestantes é de 43,8%, e o aumento de peso ganho durante as gestações foi de 16Kg. Sendo que 28% das entrevistadas relataram que houve aumento da perda de urina após terem iniciado a atividade de jump, e apenas 9% das mesmas sentem-se mal e com vontade de parar a prática desta atividade devido a perda de urina. Onde 25% usam proteção na calcinha durante o jump para prevenir constrangimento com perdas urinárias. Com este estudo observou-se que nas mulheres que perdem urina aos esforços e que praticam a atividade física de jump não apresentam alterações significativas na qualidade de vida. Conclui-se que houve pouca interferência do problema de bexiga nas atividades diárias, físicas, sociais e emocionais destas mulheres. Também houve pouca alteração no sono e disposição nas suas atividades diárias. Verificando-se que muitas das mulheres entrevistadas se cuidam com medidas preventivas e usam proteção para evitar constrangimentos em suas atividades diárias devido às perdas de urinas aos esforços. Após a aplicação dos questionários e correlação aos achados da literatura, observou-se que existem poucos estudos específicos e realizados a longo prazo sobre a relação da atividade física e da incontinência urinária, e sobre o conhecimento desta patologia, e quais são as medidas e atividades que podem ser realizadas pelas mulheres para sua prevenção e tratamento. 60 Conclui-se que este trabalho foi de grande valia, pois além de ampliar os conhecimentos acadêmicos, vem servir como base para novas pesquisas sobre o tema, uma vez que há um horizonte ainda a ser explorado sobre este assunto tão constante na vida das pessoas, e principalmente na das mulheres. 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, N. S. et al. Qualidade de vida na perspectiva de idosas com incontinência urinária. Scientific Electronic Library Online. 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-35552007000600003&script=sci_arttext. Acesso em: 04 mai. 2009. ALDABE, D.; et al. Avaliação da carga do Jump Fit. 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Rio de Janeiro: Medsi, 2001. 65 APÊNDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA Prezado Senhor proprietário da academia “Superação” Somos alunas da graduação do curso de Fisioterapia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, do Centro de Educação Superior de Biguaçu; e estamos desenvolvendo nosso trabalho de conclusão de curso, cujo tema é “Análise da qualidade de vida em mulheres que possuem incontinência urinária de esforço praticantes de exercício físico de impacto na academia “Superação” em Barreiros, São José-SC”. Trata-se de uma pesquisa teórico-empírica, do tipo descritiva, de campo e quantitativa, cujo objetivo geral é analisar a qualidade de vida em mulheres que possuem incontinência urinária de esforço praticantes de exercício físico de impacto, que freqüentam sua academia, e realizam a atividade de Jump. Cientes da importância deste estudo, em nome da ciência e do compartilhamento do saber, solicitamos sua autorização como proprietário da academia para a realização desta pesquisa, que será realizada de julho a agosto deste ano. Esclarecemos que nossa pesquisa é orientada pela Professora Fabiane Dell´ Antônio, que subscreve conjuntamente este documento. Atenciosamente ________________________________ Profª Orientadora Fabiane Dell` Antônio ___________________________ ____________________________ Acadêmica Jaqueline de Mello Acadêmica Sabrina Silva Coelho __________________________________ Proprietário da academia “Superação” 66 APÊNDICE B TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você está sendo convidada para participar como voluntário em uma pesquisa intitulada “Análise da qualidade de vida em mulheres que possuem incontinência urinária de esforço praticantes de exercício físico na academia “superação” em Barreiros, São José-SC”. Após ser esclarecida sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizada de forma alguma. A Senhora foi plenamente esclarecida sobre as avaliações que compõem essa pesquisa, estará participando de um estudo de cunho acadêmico, que tem por objetivo analisar a qualidade de vida em mulheres que possuem incontinência urinária de esforço praticantes de exercício físico. O procedimento para a pesquisa será desenvolvido através de questionário sobre qualidade de vida em Incontinência Urinaria. Este questionário é o King´s Health Questionnaire. A pesquisa foi aceita espontaneamente pela senhora, que no entanto, poderá desistir a qualquer momento, inclusive sem nenhum motivo, bastando para isso, informar sua decisão, da maneira mais conveniente. Fica esclarecido ainda, que por ser uma participação voluntária e sem interesse financeiro, a Senhora não terá direito a nenhuma remuneração. Os dados referentes a sua pessoa serão sigilosos e privados, não sendo seu nome divulgado, e todas as informações colhidas nesta pesquisa serão utilizadas para a mesma. A Senhora poderá solicitar informações durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma. Essa pesquisa será realizada pela acadêmica do curso de Fisioterapia da UNIVALI Sabrina Silva Coelho e Jaqueline de Mello, sob a supervisão da Professora Fabiane Dell’ Antônio. 67 CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO Eu,_____________________________________, RG:____________________ CPF: _____________________, abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informada e esclarecida sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento. Local e data: ____________________________________________ Nome: ____________________________________________ Telefone para contato: _____________________________________ Assinatura do sujeito:_________________________________ Para dúvidas ou esclarecimentos, consultar os pesquisadores responsáveis: Sabrina Silva Coelho – Telefone: (48) 32431228 Jaqueline de Mello – Telefone (48) 91617889 Profª responsável: MsC Fabiane Dell’Antônio – Telefone: (47) 99325817 68 ANEXO A QUESTIONÁRIO Nome:______________________________________ Bairro: ______________________ Cidade: ______________________ Fone: ___________________________ Idade: __________ 1- Você perde urina sem querer durante atividades de esforço? ( ) Não ( ) Sim Se sim, quais são estes esforços: ( ) tosse ( ) espirro ( ) risada ( ) levantar/deitar ( ) jump ( ) outros:_________________________________________________________ 2- Quantas gestações você teve? ( ) nenhuma ( ) uma ( ) duas ( ) três ( ) quatro ou mais. 3- Quantos partos normais você teve? ( ) um ( ) dois ( ) três ( ) quatro ou mais. 4- Quantos quilos aproximadamente você engordou nas suas gestações? R: ________; ________; ________; Outros:____________________________ 5- Você teve aumento da perda de urina após o início da atividade de jump? ( ) Não ( ) Sim 6- Você sentiu-se mal e com vontade de parar a prática do jump devido a perda de urina? ( ) Não ( ) Sim 7- Você usa alguma proteção na calcinha durante as aulas de jump? ( ) não ( ) Sim 69 ANEXO B VERSÃO EM PORTUGUÊS DO “KING’S HEALTH QUESTIONNAIRE” Nome:_________________________________ Idade:_________ data:___/___/___. 1. Como você descreveria sua saúde no momento? ( ) muito boa ( ) boa ( ) regular ( ) ruim 2. Quanto você acha que o seu problema de bexiga afeta sua vida? ( ) nem um pouco ( ) um pouco ( ) moderadamente ( ) muito ruim ( ) muito Gostaríamos de saber quais são seus problemas de bexiga e quanto eles afetam você. Da lista abaixo, escolha aqueles que você apresenta atualmente. Exclua os problemas que não se aplicam a você. Quanto que os seus problemas afetam você? Um Moderadamente Muito pouco a. FREQUENCIA (ir ao banheiro para urinar ( ) ( ) ( ) muitas vezes) b. NOCTÚRIA (levantar a noite para urinar) ( ) ( ) ( ) c. URGENCIA (forte desejo de urinar e difícil ( ) ( ) ( ) segurar) d. URGE-INCONTINÊNCIA (vontade muito forte ( ) ( ) ( ) de urinar, com perda de urina antes de chegar ao banheiro) e. INCONTINÊNCIA URINÁRIA AOS ESFORÇOS ( ) ( ) ( ) (perda de urina que ocorre durante a realização de esforços físicos como tossir, espirrar, correr,...) f. ENURESE NOTURNA (urinar na cama à noite ( ) ( ) ( ) dormindo) g. INCONTINÊNCIA DURANTE A RELAÇÃO ( ) ( ) ( ) SEXUAL h. INFECÇÕES URINÁRIAS FREQUENTES ( ) ( ) ( ) i. DOR NA BEXIGA ( ) ( ) ( ) j. DIFICULDADE DE URINAR ( ) ( ) ( ) k. VOCÊ TEM ALGUMA OUTRA QUEIXA? ( ) ( ) ( ) QUAL?_______________________________ A seguir, estão algumas das atividades diárias que podem ser afetadas por seu problema de bexiga. Quanto seu problema de bexiga afeta você? Nós gostaríamos que você respondesse cada questão, escolhendo a resposta que mais se aplica a você. Limitações de atividades diárias Nem um Um Moderadamente Muito pouco pouco 3a. Quanto o seu problema de bexiga ( ) ( ) ( ) ( ) afeta seus afazeres domésticos como 70 limpar a casa, fazer compras...? 3b. Quanto seu problema de bexiga afeta seu trabalho ou suas atividades diárias fora de casa? ( ) ( ) ( ) ( ) Nem um pouco ( ) Um pouco ( ) Moderadamente Muito ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Não aplicável ( ) Nem um pouco ( ) Um pouco ( ) Moderadamente Muito ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Nem um pouco ( ) Um pouco ( ) Moderadamente Muito ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Limitações físicas e sociais 4a. Seu problema de bexiga afeta suas atividades físicas como andar, correr, praticar esportes, fazer ginástica...? 4b. Seu problema de bexiga afeta suas viagens? 4c. Seu problema de bexiga limita sua vida sexual? 4d. Seu problema de bexiga limita seu encontro ou visita a amigos? Relações Pessoais 5a. Seu problema de bexiga afeta seu relacionamento com seu parceiro? 5b. Seu problema de bexiga afeta sua vida sexual? 5c. Seu problema de bexiga afeta sua vida familiar? Emoções 6a. Seu problema de bexiga faz com que você se sinta deprimida? 6b. Seu problema de bexiga faz com que você se sinta ansiosa ou nervosa? 6c. Seu problema de bexiga faz você sentir-se mal consigo mesma? Sono e disposição 7a. Seu problema de bexiga afeta seu sono? 7b. Você se sente esgotada ou cansada? Medidas de gravidade Nunca ( ) Às vezes ( ) ( ) ( ) Nunca Às Frequentemente O tempo todo ( ) ( ) ( ) ( ) Frequentemente O tempo 71 Você faz algumas das seguintes vezes todo coisas? E se faz, quando? 8a. Você usa forros ou absorventes ( ) ( ) ( ) ( ) para se manter seca? 8b. Toma cuidado com a quantidade ( ) ( ) ( ) ( ) de liquido que bebe? 8c. Troca suas roupas íntimas quando elas estão molhadas? 8d. Preocupa-se com a possibilidade de cheirar urina? 8e. Fica envergonhada por causa do seu problema de bexiga? Muito obrigado. Agora veja se deixou de responder alguma questão. Pontuação e cálculo do “King’s Health Questionnaire” (0 – 100) PARA CALCULAR AS PONTUAÇÕES PERCEPÇÃO GERAL DE SAÚDE Pontuação = ((Pontuação da Questão 1 – 1) / 4) x 100 1 – Muito boa 2 – Boa 3 – Regular 4 – Ruim 5 – Muito ruim IMPACTO DA INCONTINÊNCIA Pontuação = ((Pontuação da Questão 2 – 1) / 3) x 100 1 – Nem um pouco 2 – Um pouco 3 – Moderadamente 4 – Muito LIMITAÇÕES DE ATIVIDADES DIÁRIAS Pontuação = (((Pontuação das Questões 3a + 3b) – 2) / 6) x 100 1 – Nem um pouco 2 – Um pouco 3 – Moderadamente 4 – Muito LIMITAÇÕES FÍSICAS Pontuação = (((Pontuação das Questões 4a + 4b) – 2) / 6) x 100 1 – Nem um pouco 2 – Um pouco 3 – Moderadamente 4 – Muito LIMITAÇÕES SOCIAIS 72 Pontuação = (((Pontuação das Questões 4c + 4d + 5c) – 3) / 9) x 100** ** Se a pontuação da Questão 5c >= 1; se 0, então ..-2) / 6) x 100 1 – Nem um pouco 2 – Um pouco 3 – Moderadamente 4 – Muito RELAÇÕES PESSOAIS Pontuação = (((Pontuação das Questões 5a + 5b) – 2) / 6) x 100*** *** Se a pontuação da Questão 5a + 5b >= 2, se (5a + 5b) = 1; ...-1) / 3) x 100; se (5a + 5b) = 0; ...tratar como “missing value” (não aplicável) 0 – Não aplicável 1 – Nem um pouco 2 – Um pouco 3 – Moderadamente 4 – Muito EMOÇÕES Pontuação = (((Pontuação das Questões 6a + 6b + 6c) – 3) / 9) x 100 2 – Um pouco 1 – Nem um pouco 3 – Moderadamente 4 – Muito SONO E DISPOSIÇÃO Pontuação = (((Pontuação das Questões 7a + 7b) – 2) / 6) x 100 1 – Nunca 2 – Às vezes 3 – Frequentemente 4 – O tempo todo MEDIDAS DE GRAVIDADE Pontuação = (((Pontuação das Questões 8a + 8b + 8c + 8d + 8e) – 5) / 15) x 100 1 – Nunca 2 – Às vezes 3 – Frequentemente 4 – O tempo todo ESCALA DE SINTOMAS PONTUAÇÃO 1 2 3 0 ESCALA DE GRADUAÇÃO Um pouco Moderadamente Muito Omitiu resposta