Portugalglobal Pense global pense Portugal Entrevista Jorge Moreira da Silva Reformas na energia e renováveis aceleram mobilidade 6 Destaque Transporte eléctrico e sustentabilidade 12 Mercados Novos desafios no Brasil 36 Empresas Janeiro 2015 // www.portugalglobal.pt Endutex 34 Janeiro 2015 // www.portugalglobal.pt sumário Entrevista // 6 Jorge Moreira da Silva, Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, apresenta, em entrevista, uma radiografia do sector das energias renováveis, da mobilidade eléctrica e da gestão inteligente da energia, em que Portugal é líder mundial. Destaque // 12 A mobilidade inteligente do futuro passa pela utilização do veículo eléctrico, ou do híbrido numa fase de transição, como alternativa ao veículo convencional movido a combustível de origem fóssil. Um tema em análise nesta edição e que está, naturalmente, interligado às questões ambientais, de gestão avançada da energia e de sustentabilidade. Roadshow Portugal Global // 30 A 5ª sessão do Roadshow Portugal Global, promovido pela AICEP, teve lugar em Aveiro, tendo sido abordados os mercados do Reino Unido e do Senegal. Empresas // 34 ENDUTEX: vocação para exportar. Mercado // 36 O Brasil é o mercado em destaque nesta edição da Portugalglobal pela sua grande dimensão e pelas oportunidades que representa para as empresas portuguesas. Além das análises do Embaixador português em Brasília, Francisco Ribeiro Telles, e do director do Centro de Negócios da AICEP em São Paulo, Carlos Moura, conheça os casos de sucesso de empresas que apostaram neste mercado: ASL & Associados, BTOC, Get2C, MEGAJOULE, Psiengine, Rangel e TIS. Análise de risco por país – COSEC // 54 Veja também a tabela classificativa de países. Estatísticas // 57 Investimento directo e comércio externo. AICEP Rede Externa // 60 Bookmarks // 62 EDITORIAL Revista Portugalglobal Av. 5 de Outubro, 101 1050-051 Lisboa Tel.: +351 217 909 500 Fax: +351 217 909 578 Propriedade aicep Portugal Global Rua Júlio Dinis, 748, 9º Dto 4050-012 Porto Tel.: +351 226 055 300 Fax: +351 226 055 399 NIFiscal 506 320 120 Mobilidade estratégica Conselho de Administração Miguel Frasquilho (Presidente), José Vital Morgado, Luís Castro Henriques, Pedro Ortigão Correia, Pedro Pessoa e Costa (Vogais). Directora Ana de Carvalho [email protected] Redacção Cristina Cardoso A entrevista que o atual responsável pelo Ambiente, Ordenamento do Território e Energia (MAOTE), o Ministro Jorge Moreira da Silva, dá à nossa revista muito nos honra, e mostra como temos créditos firmados como produtores e gestores de informação de excelência destinada aos media, decisores e empresas. [email protected] Vitor Quelhas [email protected] Rafaela Pedroso [email protected] Colaboram neste número Carlos Moura, Cristina Cândido, Direcção Grandes Empresas da AICEP, Direcção de Informação da AICEP, Direcção Internacional da COSEC, Direcção PME da AICEP, Duarte de Mesquita e Sousa, Francisco Ribeiro Telles, Jorge Moreira da Silva, Jorge Vasconcelos, José Henriques, José Rui Felizardo, Pedro Costa, Rodrigo Maia, Teresa Ponce de Leão. Fotografia e ilustração ©Embratur, ©Fotolia, Rodrigo Marques. Publicidade Cristina Valente Almeida [email protected] Secretariado Cristina Santos [email protected] Projecto gráfico aicep Portugal Global Paginação e programação Rodrigo Marques [email protected] ERC: Registo nº 125362 As opiniões expressas nos artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores e não necessariamente da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global. A radiografia que é feita pelo responsável do MAOTE, em torno da mobilidade elétrica, demonstra que não é possível falar desta e de sustentabilidade sem que outras valências fundamentais das políticas energéticas do país não sejam colocadas em perspetiva e consideradas no âmbito de uma estratégia integrada, como é o caso da eficiência energética, das energias renováveis, da redução da dependência energética, da segurança do abastecimentos, da gestão inteligente da energia, da criação de competitividade para a indústria e para os consumidores, da estruturação do setor da energia e da captação de investimento. Enfim, medidas que assegurem a sustentabilidade do crescimento e do ambiente em Portugal no contexto europeu e mundial. O destaque desta edição está naturalmente focado sobre a mobilidade elétrica, eficiência e energias renováveis, traçando um panorama atualizado da evolução e inovação tecnológica do setor e dos investimentos em curso no mercado interno, e sobre o seu potencial exportador, bem como uma breve mostra de produtos de mobilidade elétrica já hoje disponíveis no mercado português. nomia da América Latina, e uma das dez maiores do mundo, assumindo um papel de liderança nesta região do globo. Para além do interesse incontornável para as empresas portuguesas, pela sua dimensão e proximidade cultural, assim como pelas suas oportunidades de negócio e de investimento, Portugal tem um posicionamento de destaque no mercado brasileiro, seja pelos produtos que exporta, seja pelos serviços que as empresas portuguesas prestam, de forma crescente, em vários domínios. É igualmente um mercado que oferece oportunidades na área das políticas energéticas: projetos e infraestruturas de autossuficiência energética, energias renováveis e mobilidade elétrica urbana, ou seja, um conjunto de oportunidades que deve ser considerado pelas empresas portuguesas do sector. O primeiro Roadshow Portugal Global do ano teve lugar em Aveiro, dando sequência a um percurso de sucesso em matéria de informação sobre mercados e de proximidade física às empresas, que já passou por Leiria, Braga, Coimbra e Guarda. Estaremos presentes em mais sete distritos, terminando esta primeira edição do programa no Porto, em setembro de 2015. Em foco estiveram dois mercados – Reino Unido e Senegal – que suscitaram grande interesse junto da comunidade empresarial da região de Aveiro e mostraram a importância de cada Roadshow no reforço das exportações e na intensificação dos processos de internacionalização das empresas. A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal não implica qualquer compromisso por parte desta com os produtos/serviços visados. 4 // Janeiro 2014 // Portugalglobal O mercado do Brasil foi, desta vez, a nossa opção. Trata-se da primeira eco- MIGUEL FRASQUILHO Presidente do Conselho de Administração da AICEP novobanco.pt Apoiamos as exportações da sua empresa. Esta é a nossa marca. Mais de 160 mil clientes sabem que no NOVO BANCO podem contar com o conhecimento e a competência de uma equipa de 760 gestores dedicados a levar a sua empresa ainda mais longe. Fale connosco e descubra um mundo de oportunidades para o seu negócio. ENTREVISTA JORGE MOREIRA DA SILVA MINISTRO DO AMBIENTE, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E ENERGIA RENOVÁVEIS E MOBILIDADE ELÉCTRICA ESTAMOS NO TOP TEN DA POLÍTICA ENERGÉTICA MUNDIAL Embora licenciado em engenharia electrónica, a carreira do ministro Jorge Moreira da Silva está marcada pela consultoria, pela docência e pela intervenção institucional nas áreas do ambiente, energia e crescimento sustentável, bem como pelas respectivas políticas, tanto no plano nacional como internacional. Em entrevista, uma radiografia do sector das energias renováveis, da mobilidade eléctrica e da gestão inteligente da energia, em que Portugal é líder mundial. 6 // Janeiro 15 // Portugalglobal ENTREVISTA Os combustíveis fósseis estão em vias de extinção, o preço do petróleo é instável e é urgente reduzir o seu consumo e a dependência energética do exterior. Em que medida os transportes eléctricos fazem parte da visão do futuro? O esforço de Portugal foi visível nas reformas estruturais que foram concretizadas, o que permitiu alterar o perfil energético do país, de modo a termos neste momento um nível recorde de energias amigas do ambiente. Por um lado, temos 62 por cento de renováveis na electricidade e, por outro, atingimos o nível mais baixo dos últimos 20 anos da nossa dependência energética do exterior – 71,5 por cento – enquanto em 2005 tínhamos uma dependência de 90 por cento. Estes dados mostram que a evolução na electricidade foi muito positiva, embora tenhamos ainda níveis de dependência energética do exterior elevados e que, portanto, são inadequados no plano ambiental e do ponto de vista da nossa balança comercial. Assim, a aposta na eficiência energética e na mobilidade eléctrica permite responder a um dos maiores desafios que as sociedades actuais enfrentam, que é o da descarbonização do sector dos transportes e a substituição dos combustíveis fósseis por combustíveis renováveis. Esta substituição é para Portugal fundamental e estratégica, pois o que se verifica é que noutros países se substituíram os veículos convencionais por veículos eléctricos, é certo, mas em matéria de combustíveis apenas se substituiu o petróleo por carvão, gás ou nuclear. No caso português não é assim: estamos a substituir petróleo por água, vento e sol. Logo, a aposta na mobilidade eléctrica, em Portugal, tem um valor muito relevante não só na questão ambiental, mas também no reequilíbrio da nossa balança comercial e na redução da dependência enérgica do exterior. Quais são as medidas que tornam este sector atractivo para o investimento e para os consumidores finais de energia renovável? A nossa política energética assenta em três objectivos. Primeiro, pretendemos reduzir a dependência energética do exterior. Segundo, queremos criar mais condições de competitividade para a indústria e para os consumidores. E em terceiro lugar, pretendemos assegurar a sustentabilidade ambiental e a segurança de abastecimento. Portanto, são estes os grandes objectivos da nossa política energética em matéria de renováveis e, nesta medida, é fundamental referir que não utilizámos o pretexto da crise económica e financeira para travar a aposta nas energias renováveis. A Europa tem neste capítulo uma meta inferior à proposta por Portugal, que defendeu no pacote de energia uma meta de 40 por cento de renováveis enquanto a União Europeia fixou uma meta de apenas 27 por cento. No compromisso para o crescimento verde, desenvolvido pelo governo português, estamos a assumir um quadro mais ambicioso para clima e energia em Portugal: 40 por cento de renováveis em 2030; 30 a 40 por cento de redução das emissões de GEE em 2030, face a 2005. Assim, o país não só tem cumprido as suas metas nas energias renováveis, como tem defendido, no contexto europeu e local, metas mais exigentes. Em segundo lugar, o nosso objectivo é assegurar que esta aposta verde possa ser paga pelos portugueses e que não se transforme numa medida assistencialista ou despesista. Por isso, a par da aposta nas renováveis, avançámos com os cortes nas rendas excessivas de modo a eliminar a dívida tarifária que estava prevista para 2020, no valor de seis mil milhões de euros, e que assim ficará por 600 milhões a mil milhões de euros. No fundo fomos eliminando a dívida tarifária mas de uma forma que não pôs em causa o investimento verde, ou seja, a aposta nas energias renováveis. Há um terceiro pilar, que é o do autoconsumo. Nós não devemos olhar para o consumo e para a produção de energia apenas numa perspectiva de grande escala mas fazendo dos consumidores também produtores de energia. E, por isso, o regime de autoconsumo que acabamos de aprovar, e que é muito relevante para a atracção de investimento internacional, é um caso de estudo à escala global, porque substituímos um modelo em que os cidadãos instalavam painéis solares em casa ou equipamentos de energias renováveis para vender energia subsidiada à rede, o que onerava a dívida tarifária e criava um sobre custo sobre todos “Estamos a substituir petróleo por água, vento e sol, logo, a aposta na mobilidade eléctrica, em Portugal, tem um valor muito relevante não só na questão ambiental, mas também no reequilíbrio da nossa balança comercial e na redução da dependência enérgica do exterior.” os consumidores. Este regime foi substituído por um modelo de autoconsumo, em que a produção de energia em nossa casa é feita para consumo próprio, sem estar a prejudicar a sustentabilidade do sector eléctrico. A venda de energia à rede passou a ter novas regras. Esta foi uma aprovação muito recente e vai dinamizar o sector da instalação, da produção de equipamentos e da produção descentralizada. A mobilidade eléctrica é central e decisiva para a mudança das estratégias de mobilidade sustentável. Pensa que neste sentido há barreiras a eliminar? Sem dúvida que sim. A primeira barreira é o carregamento eléctrico. Durante muitos anos, vivemos numa lógica de carregamento eléctrico essencialmente dependente da rede pública e dos respectivos pontos de carregamento. Mas é preciso dizer que essa lógica não resultou de uma forma plena, pois temos 1.300 pontos de carregamento para apenas 500 veículos eléctricos (felizmente esse valor tem vindo a aumentar nas últimas semanas). A par da rede pública, deve-se privilegiar o carregamento em casa e nos locais de trabalho. O regime jurídico da mobilidade eléctrica, aprovado há meia dúzia de meses, privilegia o carregamento nesses locais. Portugalglobal // Janeiro 15 // 7 ENTREVISTA A segunda barreira é o preço e a fiscalidade verde dá um incentivo muito forte à aquisição de veículos eléctricos ou híbridos. A terceira barreira a vencer tem dimensão cultural: é preciso demonstrar que é possível viver e fazer a nossa vida normal substituindo veículos convencionais por veículos eléctricos ou híbridos. De que modo a administração pública vai dar o exemplo? Sendo uma questão de cultura, a administração pública tem a obrigação de liderar pelo exemplo. Por isso, temos em fase de conclusão um programa, que será apresentado em breve, de mobilidade eléctrica na administração pública. Este programa consiste na aquisição de 1.250 veículos pela administração pública até 2020 para substituir um número significativo de veículos convencionais. Dessa forma, vai ser possível verificar, em termos práticos, que é possível depender de forma efectiva e exclusiva de veículos eléctricos ou híbridos. Portanto, há um excedente para consumo próprio? À noite temos uma sobrecapacidade eléctrica e, nesta medida, as barragens servem de armazenamento de energia, e as próprias eólicas trabalham de noite e de dia, produzindo o mesmo efeito. Assim, utilizamos essa eletricidade de que não necessitamos à noite, para bombar a água nas barragens para que no dia seguinte estas tenham água em quantidade para produzir a electricidade necessária durante o dia e nas horas de ponta. Na prática, usamos as barragens para armazenar a electricidade que poderíamos perder durante a noite e que tem origem nas eólicas. Os veículos eléctricos são também uma outra forma de armazenar energia. Durante a noite, podemos usar os carros eléctricos para o carregamento doméstico, No Ministério do Ambiente e no meu Gabinete já vivemos exclusivamente, desde há seis meses, da utilização de veículos eléctricos e híbridos, e com esta opção conseguimos poupar entre 60 a 80 por cento da nossa factura energética. Este é um dado concreto, que está a ser monitorizado pela Agência Portuguesa do Ambiente. O que queremos agora é dar-lhe escala em toda a administração pública. Portugal é um caso de sucesso nas energias renováveis. Acredita que também podemos ser bemsucedidos na mobilidade eléctrica? Consideramos que podemos ter na mobilidade eléctrica um caso de sucesso semelhante ao das energias renováveis. Aqueles que avançarem primeiro têm condições de liderar, de testar tecnologias, projectos e uma integração na rede. A aposta que estamos a fazer na mobilidade eléctrica visa o carregamento eléctrico, a redução de custos aos consumidores, a demonstração prática através da administração pública, a capacidade de dar escala a este projecto e depois, com isso, será mais fácil atrair investimentos e projectos que se fixem em Portugal. Pode desenvolver um pouco mais esse tema? Nesta fase estamos a falar de mobilidade eléctrica urbana e não tanto de mobilidade a grandes distâncias. Ora, os veículos eléctricos, em articulação com as redes inteligentes de energia, são uma oportunidade para demonstrarmos as nossas capacidades no âmbito das tecnologias de informação e comunicação aplicadas à gestão da energia. Portugal é um caso de estudo internacional não só pelo seu sucesso na produção de energias renováveis mas também pela eficiência e integração das suas redes inteligentes. E, neste sentido, a mobilidade eléctrica deve ser também encarada como uma forma de carregamento da electricidade que não precisamos durante a noite e que pode ser utilizada para carregar os veículos eléctricos. 8 // Janeiro 15 // Portugalglobal “A aposta que estamos a fazer na mobilidade eléctrica visa o carregamento eléctrico, a redução de custos aos consumidores, a demonstração prática através da administração pública, a capacidade de dar escala a este projecto e depois, com isso, será mais fácil atrair investimentos para Portugal.” beneficiando da electricidade que está mais disponível a essa hora e que por essa via é menos onerosa. A mobilidade eléctrica deve ser encarada nesta lógica de relação entre renováveis, autoconsumo e redes inteligentes de energia. E como estamos relativamente a centros de investigação na área das energias renováveis? Nós temos centros de investigação de excelência em todas estas áreas e eu sem querer estar a excluir ninguém, vou tentar mencionar exemplos no Norte e no Sul. Por exemplo, o INESC é um centro de excelência no que diz respeito às redes inteligentes de energia. Ao nível das energias renováveis, temos o Instituto Superior Técnico, a Universidade de Coimbra, a Faculdade de Engenharia ENTREVISTA da Universidade do Porto, a Universidade do Minho, a Universidade de Évora e vários Institutos Politécnicos, que têm capacidades notáveis na área das energias renováveis. Por sua vez, na área da mobilidade eléctrica, temos o CEIIA, que tem dado cartas em termos internacionais com a sua capacidade de integrar tecnologias de informação e comunicação na área da energia e na área da mobilidade. Dada a imagem positiva do país nesta matéria, de que modo a notoriedade beneficia o investimento? O factor da reputação é uma forma eficaz de atrair mais investimento. Portugal nos últimos dois meses foi reconhecido como um dos líderes mundiais na área do planeamento e da energia. Em Dezembro de 2014, na Cimeira das Alterações Climáticas em Lima, no Peru, a rede das ONG internacionais considerou Portugal, tal como tinha acontecido em 2013, como o 4º melhor país do mundo em termos de política para as alterações climáticas, tanto ao nível da adaptação como ao nível da mitigação. Nessa cimeira, o secretário-geral das Nações Unidas, o Banco Mundial, a OCDE e a Comissão Europeia consideraram Portugal como o exemplo a seguir no que diz respeito à reforma da fiscalidade do Governo e à proposta do compromisso para o crescimento verde. Em Janeiro, no Fórum Económico Mundial, em Davos, foi publicada a lista da classificação dos países na política energética e Portugal, que no ano passado estava na 18ª posição, subiu para a 10ª posição. Portanto, estamos no top ten da política energética mundial. Esta posição representa oportunidades de negócio, na medida em que existe uma procura cada vez maior de bens e de serviços verdes à escala internacional. A economia verde cresce quatro por cento ao ano e representa quatro mil milhões de dólares, com uma perspectiva de investimento ainda maior em energia, água, saneamento e resíduos. Logo, os países que têm infra-estruturas, talentos e recursos, têm mais condições para competir e vencer à escala global. Nós temos atributos nesta área pelo que considero que esta aposta no crescimento verde, no qual se inclui a mobilidade eléctrica, é uma aposta segura. Do ponto de vista da atracção do investimento estrangeiro, existem casos de investimento na área das energias verdes ou algum projecto em curso? Nós temos tido exemplos práticos de atracção de investimento nas energias renováveis. Muitos projectos na área das energias renováveis resultaram de investimento internacional. Portugal tem condições únicas para a atracção de investimento internacional em áreas como a reabilitação urbana, a mobilidade eléctrica, as energias renováveis, o tratamento de resíduos, a reciclagem de materiais, os recursos biológicos e minerais, ou seja, áreas que são tratadas no âmbito deste Ministério. Quando recentemente o presidente Juncker solicitou aos Estados que identificassem projectos potenciais na área pública e na área privada, para o fundo que está a ser desenhado de 300 mil milhões de euros, mais de 50 por cento do volume financeiro para 2017 e 2020 resultam de projectos da área do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia. Até 2017 estão identificados oito mil milhões de euros e, até 2020, 15 mil milhões de euros de investimento necessário na área verde em Portugal. Quando falamos de reformas na área da energia, de que estamos a falar? Na área da energia, Portugal desenvolveu uma reforma de toda a sua política energética, do ponto de vista da sustentabilidade económico-financeira do sector até à reforma do mercado de combustíveis, com os combustíveis low-cost, com os preços de referência nos combustíveis, com a constituição da entidade nacional do mercado de combustíveis (ENMC). Na área da electricidade e das energias renováveis, com o regime de autoconsumo, com o regime jurídico da mobilidade eléctrica e com a reforma da fiscalidade verde que introduz uma taxa de carbono para os sectores que não estão cobertos pelo comércio de emissões e que usa uma parte da receita para promover a mobilidade eléctrica. Isso foi conseguido também noutras áreas, como por exemplo a reestruturação do sector dos resíduos e a reestruturação do sector das águas, reclamadas há décadas mas sempre adiadas. O regime excepcional de reabilitação urbana que está a eliminar várias regras que tornavam os custos da reabilitação urbana incomportáveis, porque eram tão ou mais elevados do que a nova construção. Com o novo regime jurídico, os custos serão reduzidos em 30 a 40 por cento, o que permite atrair durante sete anos um grande volume de investimento. A reforma do ordenamento de Portugalglobal // Janeiro 15 // 9 ENTREVISTA território vai concentrar todas as regras que estão dispersas nos vários planos e programas. Pode falar um pouco sobre a situação do Mobi.e, que representa 1.300 postos já instalados, e do abastecimento dos veículos eléctricos? Actualmente estamos numa fase de transição da fase piloto da mobilidade eléctrica, em que se utilizava a rede pública como a única forma de carregamento dos veículos para uma nova fase em que a rede, sendo pública, passa a ser mais concorrencial, não havendo uma entidade que seja dona dos pontos de carregamento. Assim, haverá a possibilidade de várias entidades poderem instalar pontos de carregamento, com mais concorrência e com maior envolvimento das autarquias locais. Paralelamente foram criadas mais condições para o carregamento em casa e nos locais de trabalho, com novas figuras jurídicas, como os operadores de rede e os comercializadores, dos pontos da mobilidade eléctrica. Existe uma meta fixada em termos da redução da dependência energética do exterior? Não há uma meta fixada, há um objectivo estratégico para o qual Portugal muito contribuiu, e que foi aprovado em Outubro de 2014 aquando da aprovação do Conselho Europeu do pacote de clima e energia para 2030, e que diz respeito ao reforço das interligações. A partir do momento em que a União Europeia foi tomando decisões sobre o que devia ser o pacote do clima e energia para 2030, definindo metas como a redução das emissões de CO2, a promoção das energias renováveis e da eficiência energética, Portugal considerou que era condição indispensável a integração de uma quarta meta: a das interligações Uma Europa interligada é uma Europa que consegue reduzir os seus custos energéticos em 40 mil milhões de euros anuais, logo as interligações não devem ser vistas com um dossier ibérico ou como um problema da relação ibérica com 10 // Janeiro 15 // Portugalglobal França; é um tema europeu do qual todos poderão beneficiar. Além de ser uma questão de princípio, não é possível falar de mercado interno da energia; se existem interligações superiores a 10 por cento em praticamente toda a Europa, com a excepção de uma “ilha” energética que é a Península Ibérica, que tem apenas 1,6 por cento de interligações. Neste cenário, Portugal pode tornar-se um exportador de energia de origem renovável? Temos recursos renováveis em abundância e em qualidade, como água, vento e sol, de que não dispõem outros países europeus. Logo, para muitos desses países é preferível importar electricidade renovável do que cumprir as metas respectivas através da produção doméstica, porque poderá ser mais cara. Para Portugal a vantagem traduz-se em atracção de investimento, de projectos e de criação de emprego. Estamos a falar do posicionamento de Portugal como exportador de energia, produzida com os seus recursos, o que é uma verdadeira revolução energética para um país que se habituou durante demasiado tempo a depender energeticamente do exterior, mas que cada vez mais poderá produzir electricidade renovável e abastecer a União Europeia. Por isso, diria que o compromisso para o crescimento verde associado a esta decisão europeia das interligações, de 10 por cento em 2020 e de 15 por cento até 2030, criam um quadro seguro para a atracção de investimento. Por exemplo, estamos a assumir que queremos uma redução de 30 por cento de emissões de CO2 em 2030 em relação a 2005; queremos 40 por cento de renováveis em 2030, o que significa 80 por cento de electricidade renovável; queremos ter um crescimento das exportações verdes de 6 por cento ao ano; queremos um crescimento do emprego verde de 4,3 por cento ao ano; pretendemos reduzir as nossas quedas de água de 40 para 20 por cento; queremos passar o volume de negócios da reabilitação urbana de 10 para 23 por cento; e muitas outras metas, que no fundo configuram este quadro – ou pentágono – de desenvolvimento, que é certamente ambicioso, mas que é fundamental para assegurar a estabilidade e a previsibilidade do sector. Ainda em matéria de energia, Portugal tem condições para se posicionar como um hub ibérico de gás, para que através da Península Ibérica, a União Europeia possa ser abastecida de GNL (gás natural liquefeito), diversificando as suas rotas de aquisição de gás. A União Europeia tem neste momento uma dependência muito significativa. Do ponto de vista estratégico, é relevante para a União Europeia diversificar as suas fontes e rotas de abastecimento. Portugal e Espanha beneficiam de sete terminais de GNL, nomeadamente o de Sines, e desde que exista um reforço das interligações entre Portugal, Espanha e França na área do gás, podemos vir a substituir cerca de 40 por cento das importações de gás na Rússia. Portanto, a área da energia tornou-se central em Portugal e Portugal tornou-se central no debate da energia europeia e mundial, o que é uma excelente notícia. DESTAQUE VEÍCULOS ELÉCTRICOS (VE) A MOBILIDADE INTELIGENTE DO FUTURO O veículo eléctrico – ou mesmo o híbrido, numa fase de transição – como alternativa ao veículo convencional movido exclusivamente a combustíveis de origem fóssil, é um paradigma em aceleração em todo o mundo. Pese embora a batalha dos prós e dos contras, normal quando se trata de uma opção tecnológica-civilizacional incontornável, a mundialização das energias renováveis e do veículo eléctrico é hoje uma questão de tempo, não muito distante. Na realidade, cada vez mais a inovação e o desenvolvimento tornam o veículo eléctrico energética e tecnologicamente eficiente, e por todas as razões, atractivo para os consumidores, tendo-se convertido numa forte aposta de todas as grandes marcas mundiais que lideram na mobilidade, no sector automóvel e não só. E tendo o futuro por horizonte, todos parecem estar cada vez mais de acordo: a melhor solução de mobilidade para responder às questões críticas do ambiente, da energia e da sustentabilidade, as quais vão do aquecimento global à preservação da qualidade de vida, passando pela (in)dependência dos combustíveis fosseis e pela gestão avançada da energia, passa pela evolução rápida e inteligente dos veículos eléctricos (VE). 12 // Janeiro 15 // Portugalglobal DESTAQUE CEIIA MOBILIDADE INTELIGENTE, CIDADE SUSTENTÁVEL >POR JOSÉ RUI FELIZARDO*, ADMINISTRADOR DO CEIIA, CENTRO PARA A EXCELÊNCIA E INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA AUTOMÓVEL Nas cidades do futuro a mobilidade será inteligente, em resultado da integração da mobilidade física com a mobilidade de informação e a energia de base renovável. A mobilidade será crescentemente encarada como um serviço. Cada pessoa poderá escolher em tempo real a alternativa mais conveniente para se deslocar de A para B e poderá tomar outras decisões, como adicionar um seguro de viagem ou diferir a sua deslocação para um momento fora da hora de ponta com a possibilidade de pagar portagens inferiores, por exemplo. Os serviços de mobilidade, prestados ao cidadão por múltiplos operadores, poderão ser pagos no final do mês numa única fatura integrada, como se de uma utility se tratasse. Mobilidade inteligente é sinónimo de maior sustentabilidade. A integração da mobilidade física com a mobilidade de informação e a energia produz um enorme conjunto de dados, em tempo real, que geram informação de suporte à tomada de decisão, permitindo que a escolha das alternativas considere o custo e o tempo da deslocação mas também o seu impacto ambiental, possibilitan- mização de créditos verdes, premiando o cidadão com as práticas de mobilidade mais amigas do ambiente. Estas medidas influenciarão por sua vez as dimensões tempo e custo de deslocação. do ao cidadão quantificar e minimizar a sua pegada ecológica e aos gestores da cidade monitorizar e definir políticas destinadas a reduzir as emissões. Entre estas políticas contam-se a possibilidade de criação de corredores verdes, dando prioridade aos meios de transporte mais sustentáveis, ou a dina- A implementação desta visão é, hoje, uma realidade através do mobi.me, o sistema de gestão de mobilidade para cidades criado pelo CEIIA, que surgiu da necessidade de integrar a gestão da mobilidade elétrica com os restantes serviços de mobilidade de uma cidade. Mas o mobi.me é mais do que isso, ligando redes de transportes, de energia e de telecomunicações para que as cidades sejam cada vez mais integradas, conectadas e sustentáveis. Cidades mais integradas, conectadas e sustentáveis As cidades serão mais integradas porque o mobi.me é uma plataforma in- Portugalglobal // Janeiro 15 // 13 DESTAQUE Projetos de Mobilidade Inteligente do CEIIA Programa mob-I | Iniciativa desenvolvida em conjunto com a Itaipu Binacional, a maior geradora de energia elétrica renovável do mundo, com o objetivo de desenvolver soluções de mobilidade urbana de nova geração a partir do mercado brasileiro. A primeira fase deste programa esteve focada na implementação, monitoramento e gestão de redes inteligentes de pontos de carregamento e de veículos elétricos e de soluções de compartilhamento. A segunda fase está focada na industrialização de soluções de mobilidade. eMI3 - Emobility ICT Interoperability Interest Group | Grupo de entidades do mercado global de veículos elétricos que visa harmonizar as definições de dados das TIC, os formatos, os interfaces e os mecanismos de intercâmbio a fim de permitir uma linguagem comum entre todas as plataformas de TIC para veículos elétricos. Treaty of Vaals | Junta entidades responsáveis pelas infraestruturas de carregamento para veículos elétricos de sete países europeus (Portugal, Bélgica, Holanda, Alemanha, Luxemburgo, Áustria, Irlanda). Trata-se da primeira Câmara de Compensação europeia para a mobilidade elétrica, constituindo um acordo de colaboração para “e-roaming” que permite aos utilizadores de mobilidade elétrica usar os seus cartões nos eletropostos de qualquer das entidades signatárias, mesmo no estrangeiro. MOBI-Europe | Projeto europeu que tem como objetivo promover a interoperabilidade de sistemas na Europa e desenvolver novos serviços disponibilizados a partir destas plataformas. O MOBI.Europe envolve parceiros de cinco países, incluindo a Renault, a cidade de Amesterdão ou a cidade de Limerick. MOBI2Grid | Contempla a construção de um corredor de Mobilidade Elétrica entre as cidades de Porto e Vigo (Galiza). Pretende-se com esta experiência que um utilizador português ou espanhol consiga efetuar uma viagem entre estas duas cidades, carregando em eletropostos localizados em ambos os lados da fronteira. termodal aberta a qualquer operador de serviços de mobilidade, com múltiplas vantagens. Primeiro, qualquer operador pode desenvolver o seu negócio em cima da plataforma. O mobi. me permite mesmo a integração com as plataformas que cada operador já tem em uso na sua relação com os seus clientes. Segundo, promove o surgimento de novos modelos de negócio como a possibilidade de o utilizador pagar o estacionamento junto com o carregamento da bateria do veículo elétrico ou os serviços de transporte público junto com os sistemas de sharing (como bicicletas). Terceiro, abre a possibilidade de entrada de players de outras áreas no negócio da mobilidade, contribuindo para a criação de ofertas integradas mobilidade.e-telecomunicações ou mobilidade-energia, por exemplo. O mobi.me agrega todos os serviços de mobilidade de uma cidade em função do cidadão, preservando os diferentes modelos de negócio de cada operador. Assim, as cidades serão mais conectadas também, porque o mobi.me permite a ligação entre devices de mobilidade de distintos operadores e destes devices com as infraestruturas da cidade, possibilitando a criação de redes sociais de objetos que interagem entre eles e com os utilizadores, gerando informação em tempo real para a cidade e para os cidadãos. E mais sustentável porque o mobi. me facilita a mobilidade da população com menores recursos, de que o projeto Maréanas que envolve o CEIIA e duas ONG do Rio de Janeiro, a Redes da Maré e o Observatório de Favelas, será um exemplo. Este projeto, desenvolvido na Maré, o maior complexo de favelas do Rio, propõe a instalação de uma solução de mobilidade baseada num sistema de ciclovias e bicicletas partilhadas que integre, através do mobi.me, a Maré com o sistema de transportes do Rio. O projeto visa facilitar a circulação em todo o espaço da cidade de forma fácil e ambientalmente sustentável e contribuir para a redução da estigmatização das populações de áreas economicamente mais deprimidas. 14 // Janeiro 15 // Portugalglobal DESTAQUE tem a capacidade de integrar múltiplas entidades, quer ao nível do desenvolvimento de tecnologia quer da operação, projetando e reforçando as suas ofertas, sem se sobrepor a essas mesmas entidades. O sucesso do mobi.me resulta, por conseguinte, da capacidade de cruzar engenharia de excelência com um modelo de negócio aberto. E esta pode ser uma das receitas do sucesso, projetar e testar em Portugal para projetar Portugal globalmente. mobi.me: uma referência global O mobi.me foi projetado a partir de Portugal, no CEIIA, tendo sido desenvolvido desde o início com uma ambição global, ou seja, projetar Portugal. A primeira fase de internacionalização resultou da necessidade de estar presente nos principais fóruns de normalização da indústria a nível internacional, nomeadamente na Europa, promovendo a interoperabilidade entre agentes e entre países, o que resultou na participação em plataformas como o Treaty of Valls e o eMI3, ou em projetos europeus como o MOBI. Europe ou o Mobi2Grid. Isto permite ao CEIIA estar em contacto com outros players de destaque e com as últimas tendências na área da mobilidade e participar na definição de normas e standards. A atual fase de internacionalização, a partir do Brasil, contribui para responder aos enormes desafios de mobilidade que aquele país enfrenta. O mobi.me está implementado em cidades emblemáticas como Brasília, Curitiba, Campinas ou Foz do Iguaçu, envolvendo entidades como a ITAIPU Binacional, a Aliança Renault-Nissan, a Prefeitura de Curitiba, o ICI, a CPFL ou os Correios do Brasil. Estes projetos estão focados em atividades como a gestão de redes de carregamentos de veículos elétricos, a gestão de serviços de car sharing, a gestão de frotas de logística urbana e de frotas públicas e ainda a integração com os transportes públicos. O Brasil, pelos desafios que enfrenta no domínio da mobilidade e pela proximidade cultural, constitui um mercado que simultaneamente reúne um enorme espaço de crescimento para a mobilidade inteligente e um significativo potencial de projeção para outras geografias. De facto, a cooperação com o Brasil na integração de tecnologia em novos produtos abre a porta para a sua internacionalização para outros mercados da América Latina e para os EUA. Esta convicção é partilhada pela Embaixada de Portugal em Brasília que assinou um protocolo com o CEIIA com o objetivo de promover a tecnologia portuguesa de mobilidade inteligente no mercado brasileiro. Ao abrigo deste protocolo, e durante dois anos, a Embaixada disporá de uma estação de carregamento e de um veículo elétrico cuja gestão será integrada no mobi.me. Outras dinâmicas de globalização de tecnologia associada ao mobi.me desenvolvida a partir de Portugal estão previstas em mercados como os EUA (Califórnia) e Emirados Árabes Unidos a partir do conceito de rede social de objetos, baseado no paradigma da Internet of Things. A aposta do CEIIA na mobilidade inteligente, baseada na plataforma mobi.me, tem-se revelado um sucesso. Em primeiro lugar porque cria valor para as cidades, para os operadores de serviços de mobilidade e para os utilizadores. Em segundo lugar porque Em resultado deste trajeto, o mobi.me foi referência na Conferência do Clima da ONU realizada em Dezembro de 2014 em Lima, no Peru, como a primeira plataforma mundial de gestão de mobilidade que contabiliza em tempo real as emissões de CO2. *O autor escreve de acordo com a nova grafia www.ceiia.com O CEIIA “Engenharizar” a Criatividade O CEIIA é um Centro de Engenharia e Inovação. Evoluiu de 50 engenheiros em 2006, orientados para o desenvolvimento de produto na indústria automóvel, para 260 em 2014, associados ao desenvolvimento de estruturas e sistemas complexos nas indústrias aeronáutica e offshore e ao desenvolvimento de novos produtos e serviços na indústria da mobilidade. Está presente em seis países e 70 por cento da sua faturação tem origem em mercados externos como o europeu e o brasileiro. Conta com unidades de I&D em Portugal e no Brasil. O CEIIA presta serviços de engenharia para o mundo, em estruturas e sistemas complexos, caso do Programa KC-390 (EMBRAER), mas também desenvolve produtos e serviços próprios (como o veículo inteligente BE, a Rede Social de iBikes ou o mobi.me). Portugalglobal // Janeiro 15 // 15 DESTAQUE MAOTE O CAMINHO FAZ-SE DE MODO MAIS VERDE >POR PEDRO COSTA*, ADJUNTO DO MINISTRO DO AMBIENTE, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E ENERGIA, RESPONSÁVEL PELO PROGRAMA DE DEMOSTRAÇÃO DE MOBILIDADE ELÉTRICA NO MAOTE O Governo tem vindo a promover uma ampla reforma na mobilidade elétrica. Em primeiro lugar, através de um novo regime jurídico de mobilidade elétrica, aprovado em 2014, e que evolui relativamente a uma primeira fase da estratégia de mobilidade elétrica que existe desde 2010. Neste regime promove-se uma nova estratégia de carregamento. Além da rede pública já existente, que se espera venha a tornar mais próxima dos cidadãos e dos seus hábitos, queremos que os condutores possam carregar as baterias dos veículos em casa, no local de trabalho, em centros comerciais e parques de estacionamento públicos. Espera-se que o mercado venha a disponibilizar, por exemplo, cartões de pré ou pós-pagamento, com tarifas fixadas pelo comercializador e operador de ponto de carregamento de mobilidade elétrica. Em segundo lugar, através da Reforma da Fiscalidade Verde, avançou-se para a minimização de um segundo constragimento da mobilidade elétrica: o preço. A Reforma da Fiscalidade Verde vem incentivar a utilização de carros elétricos, híbridos plug-in, através do IRS e do IRC, permitindo ainda a dedução do IVA da aquisição, fabrico ou importação, locação ou transformação de viaturas de turismo elétricas ou híbridas plug-in. Por outro lado, e também no sentido de desincentivar comportamentos mais poluentes e que afetam todos os portugueses, a taxa de carbono passa a incidir sobre os setores não incluídos no comércio europeu de licenças de emissão (CELE), sendo as taxas sobre os produtos petrolíferos agravadas em função das emissões de CO2. As reformas efetuadas são reformas ambientais que contribuem para a redução da emissão de gases poluentes, que tornam as nossas cidades mais ver- 16 // Janeiro 15 // Portugalglobal des, mas era preciso ir para lá do estabelecimento de medidas e incentivos, era necessário dar o exemplo. Pergun- tariam as pessoas, para quê incentivos à mobilidade elétrica se os nossos governantes continuam a deslocar-se nos automóveis movidos a combustíveis fósseis? Quando se fala de mobilidade elétrica, surgem ainda outras questões: será que a bateria tem autonomia suficiente para as deslocações necessárias ou vamos ficar no meio da estrada, quase como se de um smartphone se tratasse, em que tudo é ágil, exceto a bateria! Foi a pensar nestas respostas que, em maio de 2014, foi celebrado um protocolo entre o Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia (MAOTE) e a Associação Portuguesa do Veículo Elétrico (APVE), tendo em vista a operacionalização de um programa de mobilidade elétrica nos gabinetes do ministro e dos três secretários de estado. O programa con- DESTAQUE tou com a adesão de doze marcas, praticamente todas as que comercializam veículos elétricos em Portugal. Resultados? Até hoje não houve uma paragem por falta de energia e os dados confirmam as vantagens previstas. Além da diminuição drástica da emissão de gases poluentes, a substituição da frota a gasóleo por veículos elétricos tem permitido que as deslocações se façam com uma poupança de cerca de 70 por cento dos custos. Desengane-se quem pensa que o desempenho destes veículos fica aquém do desejado pelos aficionados de automóveis. Durante estes meses foram percorridos milhares de quilómetros por todo o país, de Bragança a Faro, e até em todo terreno pelos montes da herdade alentejana que recebeu os linces ibéricos. O projeto em curso no MAOTE é assim considerado um pequeno projetopiloto que tem permitido uma vasta aprendizagem a todos os agentes envolvidos. De notar que este projeto tem permitido “sentar à mesma mesa” intervenientes de áreas distintas a discutir este tema, de onde resultarão certamente frutos para o previsto programa na administração pública. O programa de mobilidade elétrica no MAOTE prevê que a cada um dos governantes seja disponibilizado um veículo elétrico para as deslocações, a que acresce um veículo híbrido para deslocações de maior distância a partilhar entre os diferentes gabinetes. De dois em dois meses são alterados os veículos utilizados, o que permite alargar o leque de experiências. Para além do período inicial de preparação, encontra-se previsto um período final de balanço, pelo que é expectável que o relatório final seja publicado no final do primeiro semestre de 2015. Os relatórios de monitorização são disponibilizados ao público: w w w. a p a m b i e n t e . p t / _ z d a t a / DESTAQUES/2014/I_Relatorio_MAOTE_Mobilidade_Eletrica.pdf www.dgeg.pt Tudo isto são boas razões para se alargarem horizontes e estabelecer como objetivo a implementação de um programa de mobilidade sustentável na administração pública. No quadro de uma estratégia para o crescimento verde e do conjunto de compromissos em matéria de ambiente, clima e energia assumidos por Portugal, designadamente em termos de redução de emissões, de eficiência energética e de penetração de energia de fontes renováveis, incluindo nos transportes, o Estado deve dar o exemplo na alteração de paradigma que se exige à sociedade, e monitorização das deslocações efetuadas; integração de ações relativas à tecnologia dos veículos e renovação da frota, com especial destaque para a promoção da mobilidade elétrica, estimando-se que a Administração venha a ter mais de mil veículos elétricos em circulação; e, por fim, a realização de um conjunto de iniciativas que visam promover comportamentos sustentáveis, designadamente na escolha dos modos de transporte e na ecocondução. “Os efeitos ambientais da implementação do Programa são diversos, nomedamente a redução de emissões de gases com efeito de estufa, de óxidos de azoto, de partículas, redução do ruído e contributo para o descongestionamento das cidades.” Os efeitos ambientais da implementação do Programa são diversos, nomedamente a redução de emissões de gases com efeito de estufa, de óxidos de azoto, de partículas, redução do ruído e contributo para o descongestionamento das cidades. O Programa contribui também para a redução da dependência energética do exterior, melhorando a segurança de abastecimento, incluindo por diversificação das fontes de energia primária. impulsionando o apoio a essa transição. Neste contexto, pretende-se incentivar a mobilidade sustentável na Administração Pública através da promoção de um padrão de mobilidade eficiente, da descarbonização do Parque de Veículos do Estado e a melhoria do seu desempenho ambiental e energético. Para além dos benefícios referidos, deve assinalar-se que as poupanças estimadas com o Programa são superiores aos custos previstos. Trata-se assim de um programa sustentável, com ganhos nas vertentes ambientais, sociais e económicas. O Programa aposta em três eixos de atuação: a Gestão da Mobilidade, que contempla um conjunto de iniciativas que visam a eficiência na mobilidade associada à Administração Pública e que inclui atuações para redução das necessidades de deslocação, escolha do modo de transporte mais adequado Caminhamos para uma mudança de paradigma no que respeita à mobilidade, que no caso português significa transportes movidos a água, vento e, no futuro, sol, dada a riqueza do nosso país nestes recursos renováveis. Queremos deslocar-nos de modo mais verde, sem receios à mudança. *O autor escreve de acordo com a nova grafia. Portugalglobal // Janeiro 15 // 17 DESTAQUE ADENE A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA SOCIEDADE >POR CRISTINA CÂNDIDO*, DIRECTORA DE MARKETING DA ADENE A eficiência energética está na ordem do dia por diversos fatores, nomeadamente enquanto fator essencial para a redução de custos e para a sustentabilidade financeira e ambiental das empresas e das famílias. O uso mais eficiente da energia permite também reduzir os custos por unidade de produto (ou serviço) disponibilizado ao mercado, tornando assim a empresa (ainda) mais competitiva. Isto é aplicável quer a PME seja uma pequena unidade industrial, quer seja um pequeno edifício de serviços destinado, por exemplo, a atividades hoteleiras. O Sistema de Gestão dos Consumos de Energia (SGCIE) e o Sistema de Certificação Energética de Edifícios (SCE) contribuem, respetivamente, para a promoção da eficiência energética nas instalações industriais com 18 // Janeiro 15 // Portugalglobal grandes consumos de energia e para a promoção da eficiência energética nos edifícios de comércio e serviços. São instrumentos que permitem às empresas fazer uma monitorização ativa e periódica dos seus consumos de energia, especificamente com o objetivo de identificar oportunidades e promover a implementação de medidas que reduzam esses consumos, tornando-as mais eficientes e competitivas. Também ao nível do consumidor, a eficiência energética assume um papel cada vez mais importante no seu quotidiano. O desenvolvimento de DESTAQUE uma sociedade não pode implicar um aumento do consumo de energia, mas sim traduzir-se na sua utilização responsável, sem que isso implique uma alteração na qualidade de vida, nem no conforto. O consumidor deverá ser racional na utilização de energia, existindo para isso opções e gestos simples que podem fazer toda a diferença: adquirir equipamentos etiquetados com boa classificação energética e adotar boas práticas quotidianas como apagar a luz ao sair de uma divisão ou colocar a máquina de lavar a funcionar com a carga completa, por exemplo. São cada vez mais as soluções para um consumo energético eficiente no nosso dia-a-dia. Desde a telecontagem e gestão inteligente dos consumos energéticos em casa, até à utilização de veículos elétricos e modos suaves de transporte (bicicletas, entre outros) como parte de um novo paradigma na “O uso mais eficiente da energia permite também reduzir os custos por unidade de produto (ou serviço) disponibilizado ao mercado, tornando assim a empresa (ainda) mais competitiva.” mobilidade. O futuro está aí e passa pela eficiência energética. Os benefícios de um futuro energeticamente eficiente são inegáveis e vão da economia ao ambiente, passando pela competitividade das empresas e pelo bem-estar das pessoas. Utilizar menos energia para fazer as mesmas ou mais atividades tem associado menores custos e redução do impacte ambiental. Em todas as áreas da nossa sociedade, sejam as empresas ou o consumidor, se existir uma escolha e uma utilização conscientes dos sistemas energéticos, é possível poupar na fatura e poupar o ambiente. APVE MOBILIDADE SUSTENTÁVEL UMA APOSTA CLARA NOS VEÍCULOS ELÉCTRICOS >POR JORGE VASCONCELOS, PRESIDENTE APVE A Associação Portuguesa do Veículo Eléctrico (APVE) foi criada em 1999 e tem por objecto estatutário a promoção de uma ampla utilização de veículos com propulsão eléctrica, integrada numa política de transportes e mobilidade sustentável. A APVE, organismo de utilidade pública, assume-se como associação do sector, representando a indústria, universidades, politécnicos e organismos de investigação, organismos do Estado e municípios com interesses, negócio e conhecimento na área de mobilidade eléctrica. A APVE acolhe também os utilizadores, identificando as suas necessidades e as suas aspirações, em articulação com outras associações, nomeadamente nas áreas dos transportes, energia e ambiente. Quando se fala em mobilidade sustentável não se sugere substituir a frota actual de automóveis com motor de combustão por automóveis eléctricos numa relação um para um. Pensa-se, antes de mais, em novas formas de organização das nossas cidades, espaços em que a mobilidade assume novas configurações e onde o transporte privado de quatro rodas é em grande parte substituído *A autora escreve de acordo com a nova grafia. www.adene.pt Portugalglobal // Janeiro 15 // 19 DESTAQUE INESC-ID A MOBILIDADE ELÉCTRICA À ESCALA LABORATORIAL >POR DUARTE DE MESQUITA E SOUSA, PROF. AUXILIAR DEEC/IST & INVESTIGADOR INESC-ID A mobilidade eléctrica é um desígnio com diversas vertentes e que tem beneficiado dos desenvolvimentos provenientes de várias áreas do conhecimento. pelo transporte público, pelo transporte de duas rodas e pelo transporte automóvel partilhado. Pensa-se portanto no desenvolvimento de novos modelos de negócio em que a centralidade é assumida pelo serviço da mobilidade e não mais, como acontecia no passado, pela aquisição individual do automóvel. Numa primeira fase de actividade, a APVE teve um papel essencialmente disseminador de informação sobre mobilidade eléctrica: organizou conferências, criou uma página na internet, publicou relatórios e boletins de informação, patrocinou projectos-piloto e sessões de demonstração e experimentação de veículos eléctricos (em particular autocarros em ambiente urbano), traduziu normas internacionais, assumindo as funções de Organismo de Normalização Sectorial (ONS), desenvolveu relações e parcerias internacionais, entre outras. Nos últimos anos, a actividade informativa tem vindo a ser crescentemente complementada por uma actuação mais assertiva na mobilização das competências e dos recursos disponíveis no sentido de definir e apoiar as es- 20 // Janeiro 15 // Portugalglobal tratégias, mais adequadas à transição da mobilidade eléctrica, de uma fase de investigação e demonstração para uma fase de concretização industrial e comercial em larga escala, criando as condições necessárias para a formação de um cluster de desenvolvimento de tecnologia e know-how para aplicação em Portugal e para exportação. Por último, importa recordar que sem mobilidade eléctrica Portugal não poderá cumprir os objectivos que colectivamente a Europa definiu para 2050. A mobilidade eléctrica, associada necessariamente à produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis, é a chave para reduzir emissões de gases de efeito de estufa e reduzir as importações energéticas, tornando Portugal um país mais saudável e energeticamente mais independente. As vantagens competitivas que o país adquiriu recentemente na área das energias renováveis reforçam e inspiram a construção de um novo modelo de mobilidade sustentável, no qual os veículos eléctricos terão um papel incontornável. www.apve.pt Esta tem sido frequentemente impulsionada pelos efeitos e conceitos que derivam da influência e dependência que os combustíveis fósseis representam no quotidiano. Quando se concebem soluções, equacionam-se também as questões ambientais e económicas. Do ponto de vista eléctrico, o consumo de energia eléctrica e a eficiência das soluções são fundamentais para a validação e a aceitação dos sistemas projectados. Quando se fala em mobilidade eléctrica e investigação, existe a tentação e ambição de projectar cadeias de tracção completas. Este desiderato, sendo nobre tanto do ponto de vista dos laboratórios de investigação como industrial, tem que ser finalizado num espaço de tempo adequado e consome recursos materiais e humanos que não se compaginam com os meios disponíveis. Ao longo dos últimos anos, as opções tomadas ao nível dos trabalhos de investigação, evoluíram, no nosso caso, para o estudo e desenvolvimento de soluções que contribuam para o desenvolvimento de sistemas de tracção mais eficientes. Os sistemas estudados, têm DESTAQUE sistemas, os conversores electrónicos de potência podem basear-se em diversos tipos de topologias de acordo com as funcionalidades requeridas. Uma das concepções desenvolvidas, permite recuperar energia durante a travagem do veículo, sendo a energia armazenada ou nas baterias ou nos condensadores. tido como linha condutora a recuperação e o armazenamento de energia. As soluções analisadas tomam como referência a partilha e troca de energia entre diferentes sistemas integrando a mesma cadeia de tracção. Dos sistemas conceptualizados, as soluções com mais potencial conjugam baterias electroquímicas com supercondensadores. Para a interligação entre estes dois A energia armazenada nestes dois sistemas é utilizada na alimentação da cadeia de tracção, sendo fornecida ou pelas baterias, ou pelos supercondensadores ou simultaneamente por ambos os sistemas de acordo com o modo de condução requerido em determinado instante (arranque, aceleração ou velocidade de cruzeiro, por exemplo). Para a implementação das funcionalidades referidas, o sistema requer um módulo de gestão de energia com parâmetros ajustáveis de acordo com as preferências do condutor do veículo, permitindo alterar o desempenho do veículo dentro de determinados limites. A mobilidade eléctrica tem sido um tópico de investigação com diversas vertentes e que tem atraído jovens investigadores. No caso da equipa do INESC- ID (Grupo de Energias Alternativas e Conversão de Energia), os contributos têm usufruído da experiência que os seus investigadores possuem em energias renováveis, electrónica de potência, sistemas electromecânicos e conversão electromecânica de energia, entre outras áreas. Para que a mobilidade eléctrica seja efectivamente uma realidade estamos convictos de que desafio após “Para que a mobilidade eléctrica seja efectivamente uma realidade, estamos convictos de que desafio após desafio as soluções desenvolvidas têm que sobreviver fora das paredes dos laboratórios de investigação.” desafio as soluções desenvolvidas têm que sobreviver fora das paredes dos laboratórios de investigação. www.inesc.pt Portugalglobal // Janeiro 15 // 21 DESTAQUE LNEG O VE TRAZ FLEXIBILIDADE AOS SISTEMAS DE ENERGIA >POR TERESA PONCE DE LEÃO*, PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO DO LNEG, LABORATÓRIO NACIONAL DE ENERGIA E GEOLOGIA O LNEG tem trabalhado na investigação sobre novos materiais com as funcionalidades necessárias e menores custos para as baterias e está neste momento em processo de patenteamento de um novo produto com vista a acelerar a curva de aprendizagem. Tem ainda apostado no desenvolvimento de uma metodologia de monitorização e otimização dos ciclos de carga e descarga tendo desenvolvido um demonstrador. 22 // Janeiro 15 // Portugalglobal tencialidades que surgem, por exemplo, de uma combinação da gestão da procura em função da oferta disponível. Os veículos elétricos são um exemplo, por excelência, de como as tecnologias de armazenamento podem revolucionar os sistemas dos transportes para modelos mais sustentáveis. São ainda exemplo da capacidade de gerir a oferta pela procura, principalmente porque estamos na era em que equipamentos eletrónicos que se tornaram ubíquos na sociedade moderna e nos permitem tomar decisões de gestão das nossas próprias necessidades de energia. O armazenamento de energia elétrica é uma das componentes para a sustentabilidade dos sistemas de energia. Mitiga a intermitência da generalidade das fontes renováveis pois o seu grande problema tem sido o armazenamento da energia que produzem. No entanto, devemos encarar o armazenamento sem amarras ao sistema atual e explorar as novas po- A tecnologia dominante são as baterias ião-lítio capazes de abastecer todos os equipamentos eletrónicos portáteis assim como quase todos os VE. Mas, basta-nos pesquisar um pouco sobre o estado da arte destes equipamentos para percebermos que ainda há problemas com o peso e a fadiga das baterias sujeitas aos diferentes ciclos de carga/ DESTAQUE descarga altamente limitativo da autonomia destes veículos. Recentemente têm surgido novas soluções que poderão ser um acelerador de todo este movimento. É o caso dos supercondensadores, que usam um mecanismo diferente para o armazenamento. A energia é armazenada por um fenómeno electroestático, na superfície do material, e não envolve reações químicas. Isto viabiliza as cargas rápidas, com densidade de potência muito elevada e sem apresentar fadiga ao longo do tempo, mesmo perante milhões de ciclos de carga/ descarga. Como desvantagens, têm uma baixa densidade de capacidade de armazenamento de energia e elevado custo. CRITICAL SOFTWARE MOBILIDADE NA ERA DIGITAL >POR RODRIGO MAIA*, PRINCIPAL ENGINEER @ CRITICAL SOFTWARE O virar da primeira para a segunda década deste novo milénio marcou o arranque de uma nova era. A Critical Software tem procurado manter-se na linha da frente do desenvolvimento de soluções para esta Era Digital, apostando, em particular, na área da mobilidade. Não devemos olhar para as duas tecnologias como competidoras mas antes como complementares. Os supercondensadores podem carregar na travagem e usar essa energia no arranque mas não conseguem manter o veículo em andamento pois a sua capacidade de armazenamento é pequena. As baterias entram em ação após arranque e não são sujeitas a ciclos abruptos de carga descarga. Esta conveniente combinação de tecnologias resolve o problema da fadiga das baterias e do elevado “Os veículos elétricos são um exemplo, por excelência, de como as tecnologias de armazenamento podem revolucionar os sistemas dos transportes para modelos mais sustentáveis.” peso fundamentalmente necessário para resolver o problema do arranque. dade e da crescente concentração da população em meios urbanos. A participação no programa Mobi.E (www.mobie.pt), como parceiro responsável pelo desenho da solução de gestão de postos de carregamento, marcou, em 2009, o arranque deste percurso. Através desta solução foi possível conectar mais de um milhar de postos de carregamento de veículos elétricos de Norte a Sul do país construindo-se assim a primeira rede nacional de mobilidade elétrica. A empresa tem, por isso, vindo a desenvolver soluções pioneiras nas áreas da mobilidade sustentável e inteligente acompanhando as tendências tecnológicas dominantes e respondendo aos desafios civilizacionais da sustentabili- Este percurso continuou depois a nível europeu com o projeto Mobi.Europe (www.mobieurope.eu), no qual a Critical Software teve a responsabilidade de conceber e desenvolver uma solução para roaming que permitisse a interoperabilidade entre sistemas de carregamento de veículos elétricos de diferentes países. Neste projeto estão presentes parceiros portugueses, holandeses, irlandeses, Como conclusão, gostaria de reforçar a mensagem de que a solução para a descarbonização da nossa economia passa por soluções de alteração de paradigma que tornarão a gestão do sistema elétrico muito flexível, ajustando a procura às disponibilidades da oferta onde o veículo elétrico se insere no seu duplo papel como consumidor e fornecedor inteligente. *A autora escreve de acordo com a nova grafia. www.ineg.pt Portugalglobal // Janeiro 15 // 23 DESTAQUE franceses e espanhóis, incluindo empresas como a Renault, a Intel ou as principais utilities da Irlanda e da Holanda. A mobilidade partilhada tem sido também uma das áreas em que a Critical Software tem apostado, sendo a solução de car-sharing, desenvolvida para a MobiAG, um excelente exemplo disso. Nesta solução, a Critical Soft����� “A Critical Software construiu uma plataforma agregadora de sistemas de car-sharing, permitindo assim criar as externalidades necessárias a um marketplace que pretende juntar clientes e provedores de viaturas partilhadas.” ware������������������������������� construiu uma plataforma agregadora de sistemas de car-sharing, permitindo assim criar as externalidades necessárias a um marketplace que pretende juntar clientes e provedores de viaturas partilhadas. A mobilidade inteligente é outra das áreas de atividade da Critical Softwa- re, consubstanciada, por exemplo, no projeto Tice.Mobilidade, no qual, em conjunto com o Instituto Pedro Nunes, coordenou um ecossistema de 26 parceiros nacionais. Neste projeto foi desenvolvida uma plataforma integradora denominada One.Stop.Transport (www.ost.pt), com o objetivo de integrar um conjunto de protótipos, projetos e serviços na área da mobilidade inteligente. A Critical, para além da coordenação, foi responsável pela construção de dois elementos marcantes desta solução integradora: um middleware de abstração de fontes de dados heterogéneos e um sistema de infotainment desenhado especificamente para a área da mobilidade elétrica e denominado MobiCarInfo. Após quatro anos, e com um volume de negócios crescente na área da mobilidade inteligente e sustentável, a Critical Software continua a trabalhar com os seus clientes no desenvolvimento de novas soluções alicerçadas não apenas num percurso sólido de desenvolvimento tecnológico, mas acima de tudo num forte conhecimento da realidade dos modelos de negócio desta área tão aliciante e promissora. *O autor escreve de acordo com a nova grafia. www.criticalsoftware.com MAGNUM CAP INOVAÇÃO NOS MODELOS ENERGÉTICOS PARA A MOBILIDADE >JOSÉ HENRIQUES, CEO DA MAGNUM CAP A Magnum Cap é uma das principais empresas portuguesas de produção de equipamentos para distribuição, armazenamento e gestão de energia, sendo líder em Portugal na fabricação de soluções de carregamento de veículos eléctricos. 24 // Janeiro 15 // Portugalglobal DESTAQUE Faz parte da missão da Magnum Cap acelerar a transição mundial para a adopção eficiente de energias limpas e sustentáveis. Neste sentido, a empresa disponibiliza uma gama completa de produtos para carregamento de veículos eléctricos, incluindo soluções de carregamento de veículos de duas e quatro rodas, sistemas de carregamento normal para utilização pública, carregamento privado em casa ou condomínios, e sistemas de carregamento rápido. A área da mobilidade eléctrica representa actualmente mais de 60 por cento da actividade da empresa, e mais de 80 por cento do seu orçamento de investigação e desenvolvimento. Os seus produtos são comercializados em 30 países, com destaque para o Brasil, Croácia, Espanha, França, Itália, Macau e Polónia. Refira-se que a Magnum Cap foi a empresa eleita para carregar os veículos eléctricos mais rápidos do mundo, o Volar-e e o Rimac Concept One, tendo sido igualmente escolhida, este ano, para carregar o primeiro veículo eléctrico a participar no Dakar. A própria empresa conta com uma frota de seis veículos eléctricos ligeiros de quatro rodas e dois veículos de duas rodas, com mais de 300.000 quilómetros percorridos, o que corresponde a uma poupança de cerca de 26 mil euros em combustível e 36 toneladas de CO2 não emitido. Para além da utilização cativa da mobilidade eléctrica, a Magnum Cap utiliza ainda energia solar na sua unidade de produção e no carregamento dos veículos enquanto parqueados na fábrica. Muito mais do que uma evolução na motorização do automóvel, um veículo eléctrico é uma revolução na forma como a mobilidade individual se integra na dinâmica diária e de desenvolvimento das cidades e da humanidade. Ao carregar a partir da rede eléctrica, um VE poderá ser reabastecido em casa, na rua ou em parques de estacionamento, com custos de utilização muito inferiores aos veículos convencionais, e/ou tirando partido da energia produzida através de fontes renováveis, ao mesmo tempo que preserva o ambiente, reduz as emissões de CO2, gases nocivos, maus cheiros e ruído nas cidades. A empresa tem em processo de finalização o desenvolvimento de sistemas bidirecionais de carga e descarga, permitindo a interligação do veículo eléctrico com a rede ou com a casa, tornando o veículo uma parte integrante desta e podendo funcionar como consumidor ou produtor, mediante vários critérios. Tais sistemas poderão ser também particularmente importantes na complementaridade de soluções de autoconsumo baseadas em fontes de produção renovável, relativamente às quais um VE poderá ser utilizado como armazém de energia, absorvendo a produção em excesso, podendo fornecer energia ao edifício em períodos de maior consumo e menor produção, e abrindo caminho a novos modelos energéticos, mais sustentáveis e mais distribuídos, capazes de mudar o paradigma energético actual. www.magnumcap.com Portugalglobal // Janeiro 15 // 25 DESTAQUE MOBILIDADE ELÉCTRICA OS TRANSPORTES DO FUTURO Portugal está a apostar cada vez mais em novos modelos energéticos para a mobilidade, que visam melhorar a nossa qualidade de vida a vários níveis, incluindo a vida nas cidades. Com este objectivo são lançados regularmente novos veículos eléctricos no mercado português, tanto de origem nacional como internacional. Estes transportes do futuro caracterizam-se pela inovação tecnológica e funcional, permitindo-nos construir um futuro energética e ambientalmente sustentável. O primeiro autocarro eléctrico 100 por cento português O Caetano 2500EL é o primeiro autocarro eléctrico 100 por cento português, tendo sido desenhado e produzido pela Caetano Bus. Após a sua apresentação em 2011, foram realizadas demonstrações e testes em algumas cidades europeias. Recentemente, a Caetano Bus desenvolveu uma nova solução para uso exclusivo em aeroportos – o E.COBUS. O modelo já esteve em operação pela Portway nos aeroportos de Lisboa e do Porto com o objectivo de comprovar a sua tecnologia e fiabilidade operacional. Tem feito ainda demonstrações em alguns dos principais aeroportos europeus e ganhou recentemente um concurso para Bicicletas eléctricas produzidas em Portugal A Órbita é uma empresa portuguesa que se dedica à produção de bicicletas, tendo sido a primeira a produzir bicicletas eléctricas em Portugal. Ao longo dos anos, criou vários modelos distintos de bicicletas eléctricas com diferentes características, de modo a responder às exigências dos seus clientes. Para comemorar os seus 44 anos de existência, lançou um novo modelo totalmente inovador, com mais força (quatro níveis), mais autonomia (60/100 km) e uma bateria mais duradora (1.000 cargas). Órbita www.orbitabikes.com 26 // Janeiro 15 // Portugalglobal o fabrico de seis unidades 100 por cento eléctricas para o aeroporto de Estugarda. Cada autocarro tem em média capacidade para 112 pessoas e uma autonomia mínima de 100 quilómetros sem recarga de baterias. Caetano Bus www.caetanobus.pt DESTAQUE Scooter Eléctrica BMW C Evolution A BMW iniciou em 2014 a produção da sua primeira scooter 100 por cento eléctrica, a C Evolution, com uma velocidade máxima de 120 km/h e uma bateria com capacidade de 8 kW/h. Esta scooter dispõe de um sistema inteligente de recuperação da energia e oferece quatro modos de condução: Estrada, Eco Pro, Sail e Dinâmico. A C Evolution proporciona emoções fortes, em silêncio e sem poluição. BMW Portugal www.bmw.pt Projecto FST Novabase Primeiro Fórmula 1 Eléctrico Português O Instituto Superior Técnico (IST) desenvolveu o primeiro carro de Fórmula 1 eléctrico português. Posteriormente, a equipa desenvolveu um segundo modelo mais inovador. Entre as especificações técnicas deste segundo modelo estão o chassis monocoque integral de fibra de carbono e o peso total de 200 kg. Na aceleração, atinge os 100 km/h em 2,8 segundos, sendo que o modelo anterior demorava quatro segundos. Ambos os carros participaram em várias corridas internacionais, tendo registado excelentes resultados, havendo no entanto problemas técnicos a resolver. Actualmente a equipa está a desenvolver um terceiro automóvel com diversos melhoramentos, que será lançado em Maio deste ano. Projecto FST Novabase http://fst.ist.utl.pt Soluções inovadoras de Mobilidade Eléctrica sénior A EGIRO é uma empresa portuguesa focada em soluções inovadoras que permitem uma maior mobilidade do público sénior. Disponibiliza uma variada gama de cadeiras de rodas eléctricas, composta por cinco modelos distintos e que se adaptam às necessidades de cada um. Esta empresa que aposta em soluções de mobilidade eléctrica apelativas e de alta qualidade, disponibiliza ainda scooters de mobilidade, elevadores de escadas, plataformas elevatórias, soluções para o banho e poltronas reclináveis e elevatórias. EGIRO www.egiro.pt Portugalglobal // Janeiro 15 // 27 DESTAQUE Automóveis Eléctricos BMW i3 O BMW i3 apresenta um design visionário e oferece uma experiência de condução isenta de emissões e praticamente inaudível. O seu espaço interior é bastante generoso e caracteriza-se por acabamentos com materiais nobres e sustentáveis. Este automóvel prima pelo conforto, disponibilizando um elevado número de serviços de apoio inovadores. Mercedes Classe B Electric Drive O novo mercedes Classe B Electric Drive chegou a Portugal este ano e oferece-lhe um prazer de condução ímpar. A condução silenciosa e sem emissões do novo Classe B é assegurada por um motor eléctrico de 132 kW (180 cavalos), o que permite chegar aos 100 km/h em apenas 7,9 segundos. Este veículo tem uma autonomia de 200 quilómetros e disponibiliza três modos de condução: Economy Plus, Economy e Sport. Nissan Leaf Com o Nissan Leaf, a condução 100 por cento eléctrica alcançou um novo nível de emoção e comodidade. Disponível em três versões e com inovadoras características, que permitem um maior conforto. Este automóvel eléctrico possibilita ainda uma aceleração dinâmica e velocidades de auto-estrada. Peugeot iOn O Peugeot iOn é um automóvel eléctrico de pequenas dimensões, que se insere facilmente na circulação urbana. O seu carácter e a sua vivacidade asseguram-lhe presença e consideração no meio do tráfego. Este veículo oferece-lhe desempenhos únicos, com zero emissões poluentes e zero emissões de CO2. Renault Zoe O Renault Zoe é um veículo ecológico, sem emissões poluentes. Com características ímpares, este exemplar revoluciona o sector dos automóveis eléctricos e adapta-se facilmente ao meio urbano. Uma opção inovadora e amiga do ambiente. 28 // Janeiro 15 // Portugalglobal AICEP INFORMAÇÃO ESPECIALIZADA ONLINE Portugalnews Promova a sua empresa junto de 19 mil destinatários em Portugal e nos mercados externos. NewsRoom Para uma divulgação em mercados internacionais, conta com a newsletter semanal em língua inglesa e/ou francesa. Fique a par da actividade da Agência no país e no exterior, conheça os casos de sucesso de empresas portuguesas e os artigos de especialidade económica. Esteja sempre informado com o clipping diário da imprensa nacional e estrangeira. Subscreva as nossas newsletters. Registe-se! ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL 5º SESSÃO DO ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL A FORÇA EXPORTADORA DE AVEIRO A iniciativa da AICEP, Roadshow Portugal Global, teve a sua primeira edição do ano em Aveiro, nas instalações da AIDA - Associação Industrial do Distrito de Aveiro, no dia 20 de Janeiro. A sessão plenária contou com a participação de Paulo Portas, Vice-primeiroministro, e do presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, e ainda com o representante da Agência no Reino Unido, Miguel Fontoura, e a representante do Senegal, Aida Wane, Directora-geral Adjunta da APIX, e instituições parceiras e empresas convidadas. O numeroso público empresarial presente na sessão, assim como nas reuniões bilaterais promovidas no âmbito do evento, realça bem a importância da região de Aveiro na exportação e o interesse das suas empresas nestes mercados. Tal como aconteceu nas cidades e regiões já percorridas pelo Roadshow da AICEP – Leiria, Braga, Coimbra e Guarda já receberam o evento e até Setembro mais oito vão receber o Portugal Global –, esta é uma iniciativa orientada para a identificação e geração de oportunidades reais de negócio, que pretende dar um maior impulso às exportações e à internacionalização da economia portuguesa através de uma política de proximidade às empresas, da qual faz parte a visita de representantes da AICEP a unidades fabris inovadoras e exportadoras. A escolha do distrito de Aveiro tem que ver não só com a presença de uma das lojas de Exportação da AICEP ali situada, mas sobretudo porque Aveiro destaca-se, Clique na imagem para ver o video do evento 30 // Janeiro 15 // Portugalglobal aparecendo no terceiro lugar dos distritos com mais PME Excelência 2014, logo a seguir ao Porto e Lisboa, com 240 empresas distinguidas. A AICEP aproveitou ainda o primeiro Roadshow do ano para realizar uma sessão de esclarecimento sobre os programas de apoio à internacionalização no âmbito do programa Portugal 2020. ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL MERCADOS EM FOCO Nos dois mercados que estiveram em debate em Aveiro, a AICEP identificou, através do seu responsável no Reino Unido, Miguel Fontoura, as oportunidades de negócio para as empresas portuguesas do sector Casa, e através da representante do Senegal foram analisadas as oportunidades em sectores como a Construção e Obras Públicas, Ambiente e Energia. Porquê o Reino Unido Mercado muito competitivo, maduro, exigente e sofisticado, plataforma de acesso privilegiado aos países da Commonwealth, o Reino Unido é um parceiro comercial estratégico para Portugal. É o 5º principal mercado de exportação de bens e o 1º de serviços. Tem ainda elevado potencial por explorar, sobretudo para produtos inovadores e de elevada incorporação tecnológica. As vendas para este mercado aumentaram cerca de 10 por cento em 2013 e registaram, entre Janeiro e Julho de 2014, um acréscimo de 15 por cento, por comparação com o período homólogo. As empresas do distrito de Aveiro são fortes no sector Casa com uma ofer- ta completa que vai do mobiliário, à iluminação, passando pela decoração e revestimentos. Aveiro oferece qualidade, inovação, design e preço. Vantagens competitivas apreciadas pelo mercado inglês e que muitas empresas do distrito de Aveiro já oferecem aos consumidores do Reino Unido. No distrito de Aveiro, o director da AICEP em Londres, Miguel Fontoura, focou os sectores da fileira Casa porque aumentar as vendas para este mercado de 64 milhões de consumidores, onde se destaca uma classe média/alta com um dos mais elevados poderes de compra do mundo, constitui uma oportunidade e uma prioridade nacional. Porquê o Senegal O Senegal, importador de bens de produção, de consumo e de investimento, oferece inúmeras oportunidades de negócio, em particular de investimento em condições vantajosas, para as empresas portuguesas. Grande potencial ainda por explorar nos grandes projectos em concurso nos sectores dos Transportes, Construção e Obras Públicas, Ambiente, Energia e privatizações em curso, muitos dos quais beneficiam de financiamentos concedidos por entidades multilaterais. A estabilidade política e a vantajosa posição geográfica fazem do Senegal uma importante plataforma económica para o acesso a países limítrofes. Para falar sobre o mercado e as suas oportunidades esteve Aida Wane, representante da APIX, congénere senegalesa da AICEP. Refira-se que no âmbito da diplomacia económica os esforços no sentido de dar maior ênfase ao potencial económico do mercado senegalês intensificaram-se, tendo sido assinados dois importantes instrumentos facilitadores desse aprofundamento: a Convenção para Evitar a Dupla Tributação e o Acordo de Promoção e Protecção Recíproca de Investimentos. A comunidade empresarial de Aveiro encara o Senegal como uma aposta de futuro, apresentando pedidos de informação crescentes em relação a este mercado. Nesta sessão do Roadshow Portugal Global foram identificados os principais projectos em curso e as janelas de oportunidade que se abrem às empresas portuguesas nos sectores em análise. Portugalglobal // Janeiro 15 // 31 ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL O Roadshow em Aveiro HIGHLIGHTS “O comportamento das empresas e das exportações em Portugal desmente visivelmente os economistas que diziam que Portugal já tinha atingido a sua capacidade máxima de exportação. Terminámos este ano dois por cento acima do melhor ano de sempre, que foi 2013. Ou seja, 2014 foi o melhor ano de sempre. A economia portuguesa tem sectores exportadores extremamente fortes e competitivos, que ao longo dos anos ganharam quotas e nichos de mercado, onde estão solidamente ancorados. Assim, é visível que a comunidade empresarial exportadora de Portugal é bastante dinâmica, o que permite que Portugal continue a crescer ao nível das exportações. O papel das empresas exportadoras foi fundamental na diversificação dos mercados, pois quando os mercados tradicionais estavam estagnados, procuraram outras opções de exportação, como a China, Angola, Argélia e Canadá. Para finalizar, é importante referir que o distrito de Aveiro está entre os mais dinâmicos nas exportações nacionais, pois exporta 5.700 milhões de euros em bens. Ao longo deste ano, a AICEP irá acompanhar ainda mais subsectores exportadores por sectores e visitar mais mercados, entre os quais os mercados da África Ocidental, onde a AICEP reforçará a sua presença. Os valores das exporta“ ções portuguesas partem do trabalho extraordinário e laborioso que as empresas têm feito ano após ano. A maior parte das nossas empresas foram capazes de reinventar os seus próprios negócios e procurar mercados lá fora. A região de Aveiro é exemplar no que diz respeito à exportação. Existem exemplos excepcionais de empresas que exportam para mercados de todo o mundo. O panorama da exportação portuguesa revela que existem 120 grandes empresas responsáveis por 50 por cento das exportações. Enquanto as pequenas e médias empresas representam 35 por cento, sendo essencial o apoio da AICEP e dos Roadshows. Para além das exportações, é importante abordar o tema da atracção de investimento em Portugal, em que é fundamental convencer os investidores internacionais a investirem no país através da criação das melhores condições para o fazerem. ” Pedro Ortigão Correia, Administrador da AICEP O Reino Unido é um “ mercado de exportação de oportunidades, sendo um exemplo disso os seus inúmeros mercados. É o principal exportador africano para o mercado europeu, para países como o Reino Unido, a Alemanha e a França. Está em forte crescimento económico e o seu ambiente económico é extremamente favorável à entrada de novas empresas, principalmente portuguesas. Actualmente, encontram-se a decorrer cinco projectos liderados por portugueses nos sectores da construção, da agricultura, da pesca e das peles. É visível que o Senegal encerra boas oportunidades de negócio para as empresas portuguesas. de grande volume de consumo, onde há inúmeras maneiras de vender e muito intervenientes envolvidos no processo, sendo fundamental para as empresas portuguesas conhecerem profundamente o mercado. As principais tendências de consumo são as ‘Pop Up Stores’, lojas com contratos de curta duração, que podem ir até aos seis meses; as Britain Connected, lojas de retalho onde se pode comprar pela internet qualquer hora do dia e levantar o produto na loja; e o Box Park, parque de contentores sofisticado no leste de Londres onde as empresas expõem os seus produtos e têm contratos de curta duração que podem ir até aos seis meses. As principais vantagens do Box Park são os custos mais reduzidos de entrada no mercado e saber se o seu produto interessa aos consumidores britânicos. Existem já inúmeras empresas portuguesas bem sucedidas neste parque. É ainda importante salientar que as empresas portuguesas têm alguns pontos fortes reconhecidos no mercado do Reino Unido, como a elevada qualidade dos produtos, o preço competitivo e a produção flexível. Aida Wane, Directora-Geral Adjunta da APIX Miguel Fontoura, Director da AICEP no Reino Unido Paulo Portas, Vice-Primeiro-ministro ” “O Senegal é uma terra ” 32 // Janeiro 15 // Portugalglobal ” ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL gueses estabeleceram e reforçaram as suas estratégias de internacionalização, permitindo que as relações económicas entre Portugal e o mundo conheçam um acentuado desenvolvimento. E os resultados estão à vista de todos. São já mais de 40 mil as empresas portuguesas que exportam os seus bens e serviços para um crescente número de mercados, permitindo que as exportações se situem perto dos 40 por cento do PIB. Actualmente, as nossas exportações para os mercados extracomunitários atingem cerca de 30 por cento do total, mais 10 por cento do que o verificado em 2008. Em 2012 e 2013, a balança externa portuguesa tornouse positiva, uma situação totalmente distinta da tendência verificada nas últimas décadas. ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL EM AVEIRO “PORTUGAL É HOJE UM PAÍS MAIS COMPETITIVO E MAIS INTEGRADO NA ECONOMIA GLOBAL” >EXCERTOS DO DISCURSO DE ABERTURA DE MIGUEL FRASQUILHO, PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA AICEP “É com o maior gosto que a AICEP organiza mais uma sessão do Roadshow Portugal Global, que já teve lugar em Leiria, Braga, Coimbra, Guarda, e hoje, aqui em Aveiro. Estaremos presentes em mais sete distritos, terminando esta primeira edição do programa no Porto, em Setembro de 2015. Aqui em Aveiro focamos a nossa atenção em dois mercados e em temáticas de grande relevo relacionadas com o comércio internacional. Com este Road����� show pretendemos ajudar a reforçar as exportações e os processos de internacionalização das empresas da região. Pretendemos dar destaque às oportunidades de negócio no sector da casa no Reino Unido e nos sectores da Construção e Obras Públicas, Ambiente e Energia no Senegal. Nestes mercados existem oportunidades de negócio adequadas a um tecido empresarial experiente, sofisticado e capaz de encarar vários tipos de mercados. Face à crise e ao encolhimento do mercado interno, os empresários portu- Temos, portanto, mais empresas portuguesas a vender os seus produtos e serviços em mais mercados, provando que o made in Portugal é hoje um activo reconhecido internacionalmente. Os conjuntos de reformas que foram empreendidos em diversos domínios da nossa economia tornaram-nos mais competitivos, contribuindo para que Portugal reconquistasse a sua credibilidade internacional e seja hoje encarado como um país de confiança. Em suma, Portugal é hoje um país mais competitivo e mais integrado na economia global. Na vertente da internacionalização, é preciso consolidarmos a nossa actuação nos países onde já estamos presentes e encontrar oportunidades em novos mercados. A AICEP está totalmente empenhada na internacionalização das empresas portuguesas e, por isso, o nosso novo Plano Estratégico alarga o âmbito de cobertura da nossa rede externa a 12 novos países. Assim, pretendemos acompanhar 65 mercados até ao final de 2016. E reforçamos, ainda, a nossa atenção na captação de investimento, porque só captando investimento será possível sustentar a internacionalização das empresas e o crescimento das exportações.” Portugalglobal // Janeiro 15 // 33 EMPRESAS ENDUTEX VOCAÇÃO PARA EXPORTAR Especializada em têxteis técnicos, a Endutex exporta 80 por cento da produção e tem filiais nos principais mercados europeus, no Brasil e, mais recentemente, nos Estados Unidos. A empresa tem igualmente a investido na diversificação das áreas de negócio, concretamente no turismo, com a abertura de hotéis em Portugal e no Brasil. A Endutex Revestimentos nasceu em 1970 dentro de um grupo com uma forte componente têxtil e onde a empresa representava um tipo de acabamento inovador para a época, nomeadamente nos plastificados e nos couros sintéticos. 34 // Janeiro 15 // Portugalglobal Actualmente, esta actividade de revestimentos têxteis em PVC e PU continua a ser o core business do Grupo, que tem sede em Vilarinho (Santo Tirso), uma filial também de produção no Brasil e escritórios/armazéns de distribuição em vários pontos da Europa. A Endutex Revestimentos (Portugal, Brasil e demais filiais comerciais) emprega cerca de 470 pessoas e trabalha com vários sectores de actividade tais como o sector automóvel, impressão digital, vestuário de protecção, estofos e calçado, arquitectura têxtil, têxtil-lar, entre outros. EMPRESAS Paralelamente, a Endutex Revestimentos tem vindo a desenvolver uma política de verticalização a montante com a produção das malhas e telas que são posteriormente usadas nos revestimentos. “Procuramos ser uma empresa rentável, assegurando assim a continuidade do nosso Grupo e dos colaboradores, assim como a confiança dos accionistas. O objectivo passa por uma forte componente de I&D, oferecendo artigos competitivos em preço, mas inovadores e com melhor qualidade e/ou desempenho funcional”, afirma Vitor Abreu, presidente do conselho de administração da Endutex. De acordo com o mesmo responsável, o Grupo apresenta bons resultados e níveis de autonomia financeira superiores a 60 por cento, atingindo uma facturação anual da ordem dos 80 milhões de euros. De sublinhar que 80 por cento das vendas são realizadas no mercado externo, o que demonstra a importância que as exportações e a internacionalização assumem para o Grupo, que tem filiais em Espanha, Brasil, Polónia, República Checa, Hungria, Alemanha e, agora, EUA. “Este trajecto [de internacionalização] teve início há mais de 20 anos, na altura com a nossa primeira experiência que foi a Endutex Ibérica. Com os pés bem assentes no chão queremos consolidar e prosseguir esta rota de internacionalização porque acreditamos que é o que melhor serve a nossa estratégia comercial”, conta Vitor Abreu, adiantando que a mais recente aposta do Grupo foi a abertura de um escritório e armazém de distribuição nos Estados Unidos. O presidente da Endutex revela ainda que um dos principais projectos em curso na área produtiva da empresa é a instalação de um novo equipamento que permite fazer acabamentos especiais sobre têxteis até 500 cm de largura. Uma aposta na hotelaria Seguindo uma estratégia de diversificação das áreas de negócio, a Endutex prepara-se para investir 34 milhões de euros no sector hoteleiro em Portugal e no Brasil. O investimento será realizado na construção de cinco novos hotéis, com a marca Moov Hotel, três dos quais no mercado nacional e os restantes no sudeste brasileiro. O primeiro empreendimento deverá abrir portas já em Junho de 2015, na Quinta das Sedas, em Matosinhos. Para 2016, está prevista a abertura de duas novas unidades: uma em Oeiras e a outra em Curitiba, no Brasil, a primeira abertura além-fronteiras. O ano de 2017 será marcado, também, pela inauguração de dois novos empreendimentos hoteleiros. Em Maio, em Lisboa, na zona do Parque das Nações, deverá nascer um novo Moov Hotel, num investimento que ronda os 10 milhões de euros. Está ainda prevista a inauguração do segundo empreendimento no Brasil, desta vez em Porto Alegre, no antigo cinema Astor, num investimento que ronda os oito milhões de euros. Todos os hotéis inaugurados pelo grupo Endutex passarão a ter a marca Moov Hotel, lançada oficialmente no início de 2015. As primeiras unidades que receberam a nova designação foram os B&B Hotéis do Grupo no Porto e em Évora, os primeiros investimentos da Endutex no sector hoteleiro, em 2011 e 2013, numa aposta do grupo nesta área de negócio. Endutex Revestimentos Têxteis SA Rua de Baiona, 22 4795-784 Vilarinho St. Tirso - Portugal Tel.: +351 253 489 500 Fax: +351 253 584 522 [email protected] www.endutex.pt Portugalglobal // Janeiro 15 // 35 MERCADOS BRASIL UM MUNDO DE OPORTUNIDADES O relacionamento entre Portugal e o Brasil é, além de histórico, caracterizado pelos relevantes fluxos comerciais e de investimento entre ambos os países. Portugal é reconhecido neste país pelos bens, na sua maioria, ligados ao chamado “mercado da saudade”, mas nos últimos anos têm sido as empresas ligadas aos serviços a impor-se neste exigente e sofisticado mercado. O Embaixador de Portugal em Brasília, Francisco Ribeiro Telles, e o director do Centro de Negócios da AICEP em São Paulo, Carlos Moura, traçam o perfil de um mercado onde são vastas as oportunidades de negócio para as empresas portuguesas. Neste dossier, conheça também o testemunho de algumas empresas portuguesas com sucesso no mercado brasileiro: ASL & Associados, BTOC, Get2C, MEGAJOULE, Psiengine, Rangel e TIS. Ainda de salientar a tecnologia e inovação do mobi.me, um projecto do CEIIA que chegou já a várias cidades do Brasil, explicado em artigo publicado no Destaque desta edição da Portugalglobal. 36 // Janeiro 15 // Portugalglobal MERCADOS PORTUGAL E O BRASIL JUNTOS A CRIAR VALOR >POR FRANCISCO RIBEIRO TELLES, EMBAIXADOR DE PORTUGAL As relações entre Portugal e o Brasil pautam-se por recorrentes ciclos de aprofundamento e de actualização, que resultam numa aproximação crescente entre os nossos países e os nossos povos. Portugal ultrapassou, através de um exigente programa de ajustamento, uma das crises mais profundas de que há memória recente. Ao direccionar a nossa economia para novos rumos, esta crise também criou oportunidades que nos aproximaram ainda mais do Brasil. Há quase três anos como Embaixador no Brasil, testemunho diariamente a intensidade das nossas relações com este grande país. Como disse a Presidente Dilma em visita a Portugal em 2013: “em cada esquina, a gente vê um parente!”. em sectores de elevado valor-acrescentado. O aprofundamento das nossas relações económicas institucionais permitiu recentemente a conclusão de Acordos com inegável contributo para as operações das empresas nacionais neste mercado, como o Memorando de Entendimento (MdE) no domínio do azeite de oliva, e o MdE para a promoção e a cooperação no domínio dos produtos frutícolas, e as trocas comerciais têm-se intensificado e diversificado. Partilhamos uma língua e uma história comuns, fortes laços económicos, culturais e afectivos, mas também novos desafios. Costumo dizer que o Brasil está a redescobrir Portugal. Desde logo pela presença da nossa Comunidade, espalhada pelos quatro cantos do país, que é um exemplo de sucesso e de integração na sociedade brasileira. Mas também pela voz dos nossos artistas, pelos testemunhos dos mais de 5.500 estudantes brasileiros a frequentar universidades portuguesas, pela excelência dos nossos centros de investigação, pelas qualificações dos nossos profissionais, pela vanguarda das nossas empresas, pelos sabores dos nossos produtos, pelas recordações trazidas por mais de um milhão de turistas brasileiros que visitam o nosso país anualmente. Hoje, o Brasil é o sexto maior mercado emissor de turistas estrangeiros para Portugal, e o primeiro fora da Europa. em Portugal, através da promoção dos fluxos de exportação e de investimento, e do apoio à projecção das nossas empresas, bens e serviços. Da nossa parte, e em parceria com a AICEP, a nossa rede consular e as 13 Câmaras de Comércio espalhadas por todo o país, procuramos dar a conhecer ao Brasil o que de melhor se produz O Brasil ocupa um lugar de destaque na diplomacia económica portuguesa, fruto não só da actual conjuntura nacional e internacional, mas também da crescente especialização dos nossos exportadores “O Brasil ocupa um lugar de destaque na diplomacia económica portuguesa, fruto não só da actual conjuntura nacional e internacional, mas também da crescente especialização dos nossos exportadores em sectores de elevado valor-acrescentado.” Os sinais que vêm do novo governo brasileiro apontam para uma maior abertura das relações económicas do Brasil com o mundo. Seja no âmbito de um futuro Acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, seja a nível bilateral, Portugal é um parceiro estratégico para o Brasil. O nosso país dispõe de activos mundialmente reconhecidos na vanguarda da economia do conhecimento que permitem ao Brasil operar processos de catching-up na sua indústria e subir na cadeia de valor internacional. O Brasil continua a oferecer boas perspectivas para a internacionalização das nossas empresas. O investimento directo entre os dois países tem ganho novo fôlego nos últimos anos, reforçando a nossa presença neste mercado, da construção à energia, passando pelo agro-negócio, o turismo e os serviços. Actualmente, estão instaladas no Brasil mais de 600 empresas portuguesas, onde empregam cerca de 110 mil trabalhadores. Boa parte das maiores empresas nacionais – Galp, EDP, CEIIA, TAP, Martifer, Teixeira Duarte, Mota Engil, Soares da Costa, Logoplaste, Sonae Sierra, Grupo Pestana, Porto Portugalglobal // Janeiro 15 // 37 MERCADOS Bay, Vila Galé, Grupo Grão Pará, Gallo, Sovena, Unicer, NORS, CGD, Millennium, Banif – estão presentes no Brasil. Em sentido inverso, as empresas brasileiras olham cada vez mais Portugal, não apenas como uma “porta de entrada para o mercado europeu”, mas também como plataforma logística e de negócios para atingir mais de um continente. Conceituadas empresas brasileiras como a Embraer, a Camargo Corrêa ou a Globo não escondem as vantagens da escolha de Portugal para ali se instalarem. Neste contexto, uma referência também à participação do Brasil no Programa de vistos gold, ocupando a 2ª posição, com 53 autorizações concedidas e perto de 50 milhões de euros investidos. Trata-se de um inegável contributo para a recuperação do mercado imobiliário português. No turismo, o aeroporto de Lisboa funciona cada vez mais como placa giratória para os brasileiros que viajam para a Europa, aproveitando o número crescente de voos oferecidos pela TAP, que são já 81 voos semanais directos entre Portugal e 12 cidades brasileiras. No plano político, as visitas e os encontros aos mais diversos níveis reforçam as nossas relações e fixam os novos de- 38 // Janeiro 15 // Portugalglobal safios: responder aos anseios dos nossos cidadãos. um veículo eléctrico equipado com sistema de mobilidade inteligente. Da última Cimeira luso-brasileira, que teve lugar em Lisboa, a 10 de Junho de 2013, destaco, pelo seu carácter inovador e a sua relevância para o futuro, o Acordo com o Biocant Park de Cantanhede, que se junta ao acordo de Cooperação com o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia de Braga, ambos sinais claros da aposta dos dois países em vencer os desafios tecnológicos do futuro. Procurando a qualidade da tradição aliada à excelência, estudam actualmente em universidades portuguesas 5.500 estudantes brasileiros. Com mais de 1.500 estudantes brasileiros, a Universidade de Coimbra é hoje a instituição de ensino estrangeira com maior número de estudantes brasileiros fora do Brasil. É também a primeira universidade fora do Brasil a aceitar os resultados do ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio brasileiro) para a inscrição de estudantes brasileiros nas suas faculdades, prática que se deverá estender em breve a todas as universidades públicas portuguesas. “O nosso país dispõe de activos mundialmente reconhecidos na vanguarda da economia do conhecimento que permitem ao Brasil operar processos de catching-up na sua indústria e subir na cadeia de valor internacional.” Também no capítulo da investigação e inovação, e prosseguindo o apoio à tecnologia portuguesa além-fronteiras, refiro o Protocolo que assinámos com o CEIIA (Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel) para a colocação na Embaixada em Brasília de Recordo também o Acordo assinado na última Cimeira entre o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e a Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil que pretende agilizar os processos de reconhecimento e equivalência de diplomas entre universidades dos dois países. Estes são apenas alguns exemplos de como as relações entre Portugal e o Brasil – intemporais e em contínua actualização –, se projectam cada vez mais para um futuro conjunto. MERCADOS UM NOVO BRASIL A EXPLORAR >POR CARLOS MOURA, DIRECTOR DO CENTRO DE NEGÓCIOS DA AICEP NO BRASIL O Brasil é um grande país, um grande mercado, repleto de oportunidades. Enquanto primeira economia da América Latina, e uma das dez maiores do mundo, assume um papel de liderança nesta região do mundo a todos os níveis. Se este vasto mercado registou, na última década, taxas de crescimento muito superiores às verificadas nos últimos 30 anos, com indicadores francamente positivos, a previsão de crescimento do PIB para 2015 e 2016, tal como a evolução de outras variáveis macroeconómicas (taxa de inflação, taxa de desemprego, ...) não são das mais animadoras. Para Portugal, contudo, o Brasil é uma realidade constante em todos os aspectos. Mesmo que não se queira, os dois países estão intensamente ligados, há muito tempo, e não há forma de o negar. Exemplos disso são as manifestações na área cultural, literária, artística, musical, de arquitectura, empresarial, de turismo, etc., enfim, de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal. Apesar do crescente conhecimento de parte a parte, potenciado pelo incremento do turismo na última década, em termos económicos e empresariais, o Brasil ainda conhece pouco Portugal e Portugal ainda conhece pouco o Brasil. As causas deste desconhecimento mútuo não são aqui analisadas, mas entendo que das suas consequências poderemos retirar algumas ilações úteis para entender melhor o futuro deste relacionamento. Existe porém ainda um longo caminho a percorrer neste relacionamento tão real e verdadeiro. Portugal tem um posicionamento de destaque no mercado brasileiro, com forte presença nos produtos tradicionais, tais como os alimentares (com o azeite a liderar) e os vinhos, embora não seja ainda muito reconhecido enquanto fornecedor de serviços (a empresas) de excelência. Paradoxalmen- Portugalglobal // Janeiro 15 // 39 MERCADOS te, da análise da balança comercial de Portugal com o Brasil, detectamos, de imediato, um domínio da exportação de serviços face à exportação de bens. Sabemos contudo que o sector do turismo/viagens representa muito nessa balança. Encontramos ainda assim, de forma crescente no Brasil, serviços prestados por empresas portuguesas em variadíssimos segmentos da economia, nomeadamente nos sectores da Mobilidade Inteligente, Energias, Engenharia e Infra-estruturas, Tratamento de Re- Dificuldades e desafios do mercado • Mercado proteccionista; • Sistema fiscal complexo com impostos em cascata e elevada carga tributária (II, IPI, ICMS, COFINS, etc.); • Elevadas taxas aduaneiras e Funcionamento das alfândegas, portos e afins; • Especificações na rotulagem / etiquetagem em determinados produtos; • Taxas de juro elevadas; • Complexidade do sistema jurídico; • Forte burocracia e morosidade; • Mercado laboral caro, complexo e rígido com elevada rotatividade. Escassez de alguma mão-de-obra técnica e qualificada. Baixa produtividade; • Custos de operação no país muito elevados; • Diminuição da procura global de commodities; • Grande desafio na melhoria da infra-estrutura existente; • Mercado concorrencial; • Diversidade de licenças e funcionamento de instituições como ANVISA (vigilância sanitária) e MAPA (Agricultura, Pecuária e Abastecimento); • Diferenças culturais. 40 // Janeiro 15 // Portugalglobal síduos, Ambiente, TIC, Arquitectura, Indústrias Criativas, Saúde, Educação, Serviços a Empresas (contabilidade, auditoria, qualidade, etc.) e Turismo. A este aspecto não será alheio o facto de a grande maioria das empresas portuguesas que se instalaram no mercado nos últimos anos sejam justamente dos sectores acima referidos. Mas quais são os motivos deste crescente sucesso dos serviços portugueses no mercado do Brasil? A primeira explicação é a qualidade dos mesmos. Portugal tem-se vindo a afirmar no mundo enquanto fornecedor de serviços de alta qualidade em vários dos sectores atrás referidos. Por outro, as entregas que as empresas portuguesas tão bem fazem, cumprindo os prazos. O entendimento ou “tradução” das necessidades das empresas brasileiras por parte das empresas portuguesas é outro “Apesar do crescente conhecimento de parte a parte, potenciado pelo incremento do turismo na última década, em termos económicos e empresariais, o Brasil ainda conhece pouco Portugal e Portugal ainda conhece pouco o Brasil.” dos factores recorrentemente apontados. Por fim, todos estes factores têm um grande aliado: o custo competitivo dos serviços e especialistas portugueses. MERCADOS Neste contexto não poderemos deixar de referir a importância do forte fluxo de emigração de altos quadros qualificados de Portugal para o Brasil, ao longo dos últimos cinco anos, em especial para a cidade de São Paulo. Cada vez mais, os executivos portugueses se afirmam no mercado brasileiro. Apesar de ainda não estarmos no patamar de promoção e imagem desejados, hoje, no Brasil, quando se fala de Portugal não se fala somente no bacalhau, no azeite e no Fado. Há uma crescente associação às empresas portuguesas, aos executivos portugueses, às soluções inovadoras portuguesas e ao state of the art que Portugal é aos olhos dos brasileiros que nos visitam. No Brasil, a AICEP, com escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro, para além do habitual trabalho desenvolvi- Sugestões de abordagem ao mercado • Estudar muito bem o mercado em que pretende actuar, antes de tomar qualquer decisão. É muito importante ter em consideração que não é um mercado de fácil penetração. • Analisar e identificar a região (Estado) mais adequada ao seu negócio. • Ter em atenção a diversidade jurídica, legislativa, fiscal, logística e cultural entre os vários Estados. • Planear com rigor o negócio e identificar bem o segmento-alvo. • Questionar: O meu produto vendese? Tenho preço? Há produção local? Quem são os países concorrentes? Quem são as marcas/empresas concorrentes? Em quanto ficam os direitos aduaneiros? Quem são os potenciais parceiros? Quais os impostos ao consumo? Quais são as principais feiras para promoção do meu produto? Quem são os principais importadores e distribuidores? Devo criar uma empresa local? Etc. • Obter o máximo de informações sobre os potenciais parceiros de negócios. • Ter em consideração que o mercado brasileiro é sofisticado e exigente. • Ter presença constante no mercado (acompanhamento próximo das operações). É difícil trabalhar o mercado brasileiro à distância. • Ter obrigatoriamente assessoria jurídica. • Necessidade de ter músculo financeiro uma vez que os resultados demoram a acontecer. • Participar em feiras e missões. • Ter presente que, apesar da proximidade cultural e da língua, o mundo dos negócios é diferente de Portugal. • Ter em atenção que a concepção do espaço e do tempo é diferente. • Existe um natural calor humano e de receptividade únicos no mundo. • Existe uma certa informalidade no clima de negócios, até certa familiaridade, mas não em demasia. • O ritmo e a dinâmica nos negócios no Brasil são diferentes. • É um mercado onde tudo é difícil mas nada é impossível. • Ser persistente, paciente… e não desistir. Portugalglobal // Janeiro 15 // 41 MERCADOS do no apoio à internacionalização das empresas portuguesas e à dinamização dos processos de exportação, tem vindo a afinar a sua estratégia de actuação com uma componente de diversificação regional (Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, DF, etc.) e sectorial (mobilidade inteligente, engenharia e ambiente, arquitectura, etc.), nunca descurando a importância eixo Rio – São Paulo, onde existe a maior concentração de empresas portuguesas, nem o acompanhamento prestado aos sectores tradicionais, que representam muito na nossa balança e se têm sabido reinventar e manter competitivos. Paralelamente, e com muita atenção, a AICEP Brasil tem vindo a focalizar crescentemente a sua actuação na captação de investimento brasileiro para Portugal, particularmente o estruturante e de matriz industrial. Temos vindo a ver reconhecidas, por parte de empresários brasileiros, as caraterísticas únicas e o potencial que Portugal apresenta, por exemplo, enquanto plataforma de acesso aos mercados europeu e africano. Por último, importa fazer referência ao êxito de outra das prioridades da AICEP no Brasil no que diz respeito à atracção de investimento para Portugal, o Regime ARI - Autorização de Residência para Actividade de Investimento. O Brasil assumiu, desde o lançamento desta iniciativa em 2012, um papel de destaque tendo, até Dezembro de 2014, sido atribuídas 66 autorizações de residência a investidores brasileiros que canalizaram recursos para a economia portuguesa. O país encontra-se, de resto, na segunda posição em termos globais neste programa, logo a seguir à China. AICEP Brasil Edif. do Consulado Geral de Portugal Rua Canadá, 324 - Jardim Europa 01436-000 São Paulo SP - Brasil Tel.: +55 11 3084 1830 / 1832 Fax: +55 11 3061 0595 [email protected] 42 // Janeiro 15 // Portugalglobal Sabia que... ENERGIA Alguns dados • O Brasil tem o terceiro maior potencial hidroeléctrico do mundo; • Condições climáticas extremamente favoráveis para o desenvolvimento da geração eólica; sobretudo às condições hidrológicas desfavoráveis, o consumo de energia elétrica foi feito a partir geração térmica, principalmente das centrais movidas a carvão mineral (+75,7%). • A energia eólica teve um acréscimo de 30,2 na geração de electricidade. • É um dos líderes globais na produção de electricidade com fonte na biomassa; • Conta com a sexta maior reserva de urânio do planeta; • Está entre as 20 maiores reservas de carvão; • Pode tornar-se um dos dez principais produtores globais de petróleo e gás natural, com as descobertas da camada do Pré-sal; • Em 2013 a participação das energias renováveis na matriz eléctrica brasileira foi de 79,3%. • Até 2020, será investido um bilião de reais no sector, sendo mais de metade deste valor em petróleo e gás. Política Energética • O governo brasileiro pretende realizar mais investimentos para aumentar a produção energética. • É o segundo maior produtor de etanol e biodiesel. • O Brasil é um dos principais países do mundo na produção de energias renováveis. Cerca de 45% da energia utilizada no país é proveniente de fontes renováveis, um dos maiores índices entre os países industrializados. Matriz Energética • Em 2013, o consumo de energia eléctrica no país aumentou cerca de 3,6%. • Com a redução de 5,4% da oferta de energia hidráulica, devido • Em 2013, o Brasil ainda não era autosuficiente em termos energéticos. Espera-se que nos próximos anos essa auto-suficiência seja atingida e o país se torne um exportador de energia, atingindo em 2020 um excedente de produção de 35,6%. • Espera-se que o petróleo seja cada vez menos importante na matriz energética brasileira, passando de 36,9% do total para 31,8% em 2020. • Segundo o Ministério de Minas e Energia, a previsão é de que as renováveis aumentem a sua representatividade de 41%, em 2013, para 46,2% em 2020. MERCADOS INFRA-ESTRUTURAS Alguns dados • Um modelo de décadas de baixo investimento, associado ao rápido aumento do poder de compra e da disponibilidade de rendimentos da população – efeito da ascensão da nova classe média brasileira – criaram uma maior procura por infra-estruturas básicas no Brasil. • O lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2007, multiplicou os investimentos públicos e privados na economia brasileira, com destaque para o sector de infra-estruturas. • A partir de 2011, o PAC entrou em sua segunda etapa. O PAC2 segue os passos do primeiro programa, estando centrado em seis eixos: – Água e Luz para Todos – Cidade Melhor – Transportes – Energia – Minha Casa, Minha Vida – Comunidade Cidadã • Eixo Água e Luz para Todos – Luz para Todos – Água em Áreas Urbanas – Recursos Hídricos • Eixo Energia – Geração de Energia Eléctrica – Transmissão de Energia Eléctrica – Petróleo e Gás Natural – Refinação e Petroquímica – Fertilizantes e Gás Natural – Revitalização da Indústria Naval – Combustíveis Renováveis – Água e Luz para todos • Eixo Cidade Melhor – Saneamento – Prevenção em Áreas de Risco – Mobilidade Urbana – Pavimentação TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação Alguns dados • O Brasil consolida-se como o 4º maior mercado de TIC do mundo, depois de EUA, China, Japão. • 4º maior mercado de Smart Connected Devices (Desktops, Notebook, Tablets, Smartphones) com uma estimativa de 71 milhões de aparelhos vendidos em 2014. • Actualmente, o sector das TIC representa 8,8% do PIB (projecção de alcançar 10,7% até 2022). • O mercado brasileiro de TIC terá crescido 9,2% em 2014. • Este mercado movimentou 441 mil milhões de reais em 2013, um desempenho de 16,9% superior ao ano anterior. • 175 mil milhões de dólares foram investidos em TIC em 2014. • Existem 132 milhões de utentes de Banda larga móvel (3G e 4G). • Mais de 90 milhões de utilizadores de Internet. • EixoTransportes – Rodovias – Ferrovias – Portos – Hidrovias – Aeroportos – Equipamentos para Estradas Vicinais • 271 milhões de telemóveis. • 89% da população brasileira é utilizadora da banda móvel 3G. • Os avanços na área da infra-estrutura do Brasil têm contudo sido lentos: – 72º posição no ranking do Fórum Económico Mundial dedicado aos países que mais avançaram em infra-estruturas. – A nota que o Fórum Económico Mundial atribui à qualidade das infra-estruturas brasileiras subiu apenas 0,7 entre 2005 e 2013. – No mesmo período, o aumento médio nas avaliações das dez nações que mais avançaram foi quase o dobro (+1,3). – Outros países emergentes (Rússia, Turquia, China, Indonésia) progridem a um ritmo mais rápido. Algumas tendências e oportunidades • Empresas amadurecerão as suas estruturas de Big Data / Analytics, mas o chamado “Socialytics” ainda é a principal aplicação. • Escassez de mão-de-obra especializada continuará a ser um desafio. • Investimento em capacitação/ formação será necessário. • Surgimento de empresas “data brokers” ou “analytics providers”. • Data centers terão um papel fundamental. • Modernização de aplicações vai continuar alavancando a adopção da cloud pública. Portugalglobal // Janeiro 15 // 43 MERCADOS - TESTEMUNHOS DE EMPRESAS ANTÓNIO SANTOS LESSA & ASSOCIADOS APOSTA CERTEIRA NUM MERCADO EXIGENTE A empresa de consultoria em engenharia António Santos Lessa & Associados, Lda. está no Brasil desde 2011. A sua abordagem a este exigente mercado envolveu a celebração de parcerias com empresas locais e a criação de uma empresa própria no Brasil. Fundada em 2006, em Leça da Palmeira; Matosinhos, a ASL Associados trabalha em infra-estruturas, estando fortemente vocacionada para a área de projecto e consultoria em engenharia civil. Com um volume de negócios anual a ascender a 500 mil euros, a empresa iniciou a sua internacionalização em 2011, numa estratégia de conquista de mercados, alargando a sua actividade, designadamente, a países com economias emergentes, como o Brasil e Angola, e reforçando a sua presença no mercado espanhol. Reino Unido e Alemanha são os mercados onde a ASL Associados irá apostar a médio prazo. Na abordagem ao Brasil, que actualmente contribui com 50 por cento para o volume de negócios da empresa, pesou o facto de se tratar de uma economia com a qual se identificavam, além de se falar a mesma língua. Após algumas viagens de prospecção, a ASL Associados celebrou parcerias com empresas locais no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Tivemos a felicidade de criar uma parceria sinérgica com a empresa OTZ Engenharia, que foi a empresa de serviços de engenharia que mais cresceu no Brasil em 2012. Nesse ano, a OTZ ganhou um contrato de 30 milhões de euros e precisou de confiar o trabalho a equipas experientes que garantissem a elaboração dos projectos dentro dos prazos. Foi assim que começámos a trabalhar em projectos para a Petrobrás, uma das empresas mais exigentes do Brasil, e dominar a área do petróleo e gás, nessa época em forte crescimen- 44 // Janeiro 15 // Portugalglobal to e que alavancou o nosso projecto de internacionalização”, explica António Lessa, director-geral da empresa. equipa são os factores de diferenciação apontados pela ASL Associados para o seu sucesso no Brasil. O mesmo responsável adianta que para penetrar no mercado brasileiro a empresa teve de adquirir novas competências na área do projecto, estudar a legislação e normas brasileiras, escrever de acordo com a grafia brasileira, apostar na formação no REVIT (BIM) e ainda deslocalizar alguns dos seus colaboradores para o Brasil. António Lessa sublinha que o Brasil é um “mercado extremamente proteccionista, sobretudo nos sectores onde a os brasileiros são fortes, com sistemas jurídico e fiscal complexos e uma elevada carga tributária à importação”. Além disso, “é difícil accionar o acordo de isenção de dupla tributação vigente entre os dois países” e investir nesse mercado tem “elevados custos operacionais e de logística”. Igualmente, o processo de instalação no mercado é “muito demorado e burocrático”. A evolução da ASL Associados no mercado levou à criação de uma empresa brasileira designada MFA Engenheiros e Associados, com sede no Rio de Janeiro, embora os seus projectos e clientes estejam, na sua grande maioria, em São Paulo. Refira-se que os principais clientes da empresa portuguesa são empresas de gestão de projectos, ateliers de arquitectura e empresas públicas (CDHU, CPTM, etc.). A qualidade do serviço prestado, a flexibilidade produtiva, a enorme capacidade de adaptação e de envolvimento da equipa, o cumprimento de prazos e as elevadas competências técnicas da No entanto, o Brasil é um país enorme onde existem muitas oportunidades e a necessidade de infra-estruturas é bem patente, acrescenta o director-geral da ASL Associados, que aconselha os empresários interessados no mercado a efectuar viagens de prospecção, a adquirir conhecimentos sobre a política e a cultura do país e a contratar um advogado local experiente. www.aslassociados.com http://mfaengenheiros.com MERCADOS BTOC CONSULTORIA DE GESTÃO COM SUCESSO NO BRASIL A BTOC - Consultores de Gestão é uma empresa portuguesa de contabilidade e auditoria que apostou no Brasil, dedicando-se, numa primeira fase, às empresas portuguesas já presentes ou em processo da internacionalização para aquele mercado. Actualmente com escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo, a BTOC tem uma vasta carteira de clientes de matriz internacional e a operação no Brasil vale já cerca de 30 por cento do volume de negócios do grupo. Considerando-se ela própria uma startup, dado que data de 2010 a sua constituição, a BTOC - Consultores de Gestão procurou com a internacionalização ganhar a dimensão que não conseguiria ter no mercado nacional e, simultaneamente, dar resposta aos clientes que procuravam novos mercados, em particular os de língua oficial portuguesa. Actualmente com uma presença global (Portugal, Espanha, Polónia, Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde), a BTOC permite que os empresários suportem as suas decisões e obtenham a informação de uma forma centralizada e global, através de um único prestador de serviços, facilitando a comunicação entre todas estas localizações e a consolidação de toda a informação contabilística. “Procuramos oferecer soluções para os nossos clientes na área de consultoria de gestão, fiscalidade e contabilidade para os nossos clientes nos PALOP, pois sabemos as dificuldades que um processo de internacionalização encerra. No Brasil, as dificuldades de entrada no mercado são ainda maiores, pelas barreiras que o próprio mercado impõe à entrada de novos ‘players’ internacionais, como exemplo, muita complexidade fiscal e elevada burocracia. Deste modo, decidimos apostar neste merca- do e constituir uma solução para todas as empresas portuguesas, num primeiro momento, e de outras geografias, numa fase posterior, para a entrada neste complexo e vasto mercado”, explica Sérgio Ramos, sócio da BTOC e responsável pela empresa no Brasil. Na abordagem ao mercado brasileiro, a empresa concentrou-se inicialmente na procura de um parceiro local enquanto ia desenvolvendo a sua actividade comercial e abordando potenciais clientes. Uma estratégia que, segundo Sérgio Ramos, teve um resultado muito positivo: “Ao fim de dois anos e meio temos escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro, uma estrutura de cerca de 30 pessoas e mais de metade da nossa carteira são clientes de matriz internacional”. Actualmente, este mercado já corresponde a cerca de 30 por cento do volume de negócios do grupo português. De acordo com o gestor, o investimento no Brasil permitiu à BTOC uma maior dispersão geográfica, que permite diluir o risco de negócio, e um maior apoio e satisfação dos clientes que dispõem, assim, de um prestador de serviços global. Além disso, a empresa beneficia de um mercado maduro e competitivo mas de grande dimensão como o brasileiro, o que lhe permite obter um crescimen- to mais rápido do que num mercado de menor dimensão como o português. A complexidade e burocracia do mercado brasileiro, que dificultam o dia-adia da empresa e dos seus clientes, a instabilidade económica, financeira e política que o país atravessa e o risco cambial são, por outro lado, algumas das desvantagens que Sérgio Ramos encontra no mercado brasileiro enquanto destino de internacionalização das empresas portuguesas. No entanto, afirma Sérgio Ramos, “embora seja um mercado de difícil implementação, estamos em crer que continua a ser muito apetecível, pela sua dimensão e dinamismo. Uma empresa que tenha como objectivo trazer o seu negócio e acrescentar algo ao que já existe no Brasil terá com certeza resultados a médio prazo”. O responsável da BTOC deixa ainda um alerta aos empresários interessados neste mercado: “o Brasil é um país caro e onde a implementação pode ser dispendiosa, pelo que convém efectuar um correcto planeamento e recolher o máximo de informação possível sobre o mesmo para que o projecto tenha sucesso”. www.btoc.com.pt Portugalglobal // Janeiro 15 // 45 MERCADOS - TESTEMUNHOS DE EMPRESAS GET2C UMA APOSTA SÓLIDA NO BRASIL A Get2C, uma empresa portuguesa especializada em mudanças climáticas, mercado de carbono e energias renováveis, tem no Brasil uma já sólida presença, participando em vários projectos de empresas e entidades locais. O bom desempenho da empresa no mercado brasileiro perspectiva uma evolução positiva. Fundada em 2011, a Get2C tem como principais áreas de actuação as políticas climáticas nacional e internacional, a gestão de activos de carbono e energias renováveis, a criação, avaliação e desenvolvimento de projectos de carbono e energia e a consultoria estratégica para clientes corporativos e industriais. Sedeada em Lisboa, a empresa possui parcerias na Ásia e em África, além do Brasil onde detém a Get2C Brasil (empresa brasileira detida a 100 por cento pela Get2C) com sede em São Paulo. tão de carbono, tendo realizado o apoio na identificação e selecção de créditos de carbono para compensação de emissões em algumas empresas brasileiras”, adianta o mesmo responsável. No Brasil, a empresa actua ao nível da política climática, gestão estratégica de carbono, trading de créditos de carbono para compensação, mobilidade sustentável, projectos de inovação e desenvolvimento e acompanhamento de projectos ao abrigo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL ou da sigla em inglês CDM) ou Standards Voluntários (ex. VCS). De acordo com Pedro Martins Barata, CEO da Get2C, a decisão de entrada no mercado brasileiro foi potenciada pela possibilidade de desenvolvimento dos projectos MDL, tendo sido essa a base de partida para a instalação em definitivo naquele país. “O início da actividade no Brasil passou pela coordenação e desenvolvimento do processo de MDL e de VCS para um conjunto de 13 projectos de gestão de resíduos animais. Actualmente prestamos também serviços de consultoria tanto a empresas como ao sector público (autarquias e governo federal) na definição das suas políticas de sustentabilidade e ges- 46 // Janeiro 15 // Portugalglobal Para o gestor, o Brasil apresenta-se como um mercado “extremamente interessante e com um enorme potencial quer a nível institucional, por ser um momento de reestruturação da política climática brasileira, quer a nível empresarial, por o tema estar neste momento a despertar maior atenção”. No entanto, ressalva Pedro Martins Barata, “é um mercado que apresenta vários desafios, quer ao nível da concorrência nacional quer pelos custos de estrutura que representa para uma empresa estrangeira”. Em 2014 a Get2C Brasil alcançou os seus melhores resultados, até à data, face ao desempenho global da empre- sa, no seguimento de um crescimento gradual e sustentado. Explica Pedro Martins Barata que a grande vantagem da Get2C no mercado brasileiro “é a possibilidade de trazer a experiência internacional em alterações climáticas, carbono e energia, aliada à língua portuguesa e proximidade cultural”. Dos mais recentes e principais projectos da Get2C Brasil, destacam-se os projectos MDL de gestão de resíduos animais desenvolvidos em parceria com as empresas brasileiras Brascarbon e SP Carbono, visando a utilização do efluente produzido em fazendas de suínos, num total de 170 fazendas em seis estados do Brasil para a captura e geração de biogás. Também na área do biogás, salienta-se o projecto que a Get2C desenvolveu no âmbito do Edital de Inovação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, com o objectivo de contribuir para a inovação no processo de gestão de resíduos e posterior recuperação e produção de biogás, com vários benefícios na vertente ambiental. Também para a EDP Brasil, a Get2C Brasil tem vindo a prestar consultoria especializada em gestão de carbono, em particular para garantir a continuidade de três projectos ao abrigo do MDL em Pequenas Centrais Hidroeléctricas. Pedro Martins Barata destaca ainda o projecto-piloto Smart Driving, já instalado numa empresa do ramo petrolífero no Brasil, e que pretende tornar a frota de veículos ligeiros das empresas um exemplo pioneiro de mobilidade eficiente e de baixo carbono. www.get2c.pt/index_pt.html conselhos e alertas a quem hoje pensa iniciar actividade neste país”. MEGAJOULE BRASIL FOI UMA APOSTA NATURAL A MEGAJOULE está presente no Brasil desde 2009, numa aposta de sucesso num mercado difícil mas atractivo. Actualmente, a operação da MEGAJOULE no mercado brasileiro é responsável por cerca de 50 por cento do volume de negócios do Grupo. Fundada em 2004, a MEGAJOULE é uma empresa portuguesa dedicada à consultoria em energias renováveis, líder na avaliação de recursos eólicos em Portugal, um dos mercados de referência para a energia eólica. A aposta da MEGAJOULE no mercado brasileiro surgiu no final de 2009, no seguimento de uma decisão estratégica de dispersão geográfica da actividade do Grupo, numa altura em que, com cinco anos de actividade, a MEGAJOULE era já uma referência internacional na consultoria técnica do sector das energias renováveis. De acordo com Ricardo Guedes, director técnico da MEGAJOULE e director da empresa no Brasil, a geração eléctrica por fontes renováveis, nomeadamente eólica, apresentava então “um potencial estratégico para o país, que necessitava de urgentemente reduzir o grande défice entre a geração eléctrica e as necessidades de consumo, justificando uma aposta séria e consistente do governo brasileiro por muitos anos”. Por outro lado, refere, o Brasil não era um mercado desconhecido para a empresa portuguesa: existiam experiências anteriores que podiam ser capitalizadas e que tornaram fácil, numa primeira fase, encontrar o parceiro ideal para criar uma estrutura local. Hoje a filial brasileira da MEGAJOULE é responsável por 50 por cento do volume de negócios consolidado do Grupo – presente em cinco mercados externos –, confirmando-se como uma aposta acertada e determinante. Um percurso que, segundo Ricardo Guedes, “não foi isento de erros e acertos, mas esses formam um capital de experiência que nos permite, com a devida humildade, deixar aqui alguns Neste contexto, o gestor aponta alguns aspectos que devem ser tidos em conta: o Brasil vive hoje um clima de quase estagnação económica e contínua depreciação do Real, não sendo actualmente um mercado para negócios rápidos ou de grandes margens, pelo que a actividade neste país deverá passar por uma escolha criteriosa do sector, pela “tropicalização” dos meios de produção de bens ou serviços. Importante também será a escolha da localização das empresas, dada a grande dimensão do Brasil e as suas limitações logísticas no transporte de pessoas ou mercadorias. “A burocracia e complexidade tributária, fiscal, legal e regulatória podem ser labirínticas. Um bom apoio contabilístico e legal, ou um parceiro de confiança, são estratégicos para o desenvolvimento do negócio. Ao partilhar a mesma língua, os investidores portugueses levam aqui uma clara vantagem”, reforça o mesmo responsável. Outras dificuldades apontadas são a escassez de mão-de-obra qualificada e a excessiva protecção do trabalhador em caso de litígio no que respeita à mãode-obra não qualificada. Pelo contrário, a integração de profissionais portugueses no mercado brasileiro é fácil e os processos de obtenção de vistos de trabalho, podendo ser demorados, são transparentes e seguros, frisa o gestor. Ricardo Guedes considera ainda que este mercado deve ser encarado numa perspectiva a longo prazo, acrescentando que para o grupo MEGAJOULE, o Brasil continuará a ser uma aposta natural. “Acreditamos que este Continente feito país revelará também grandes oportunidades para outras empresas portuguesas que, com ponderação e sem ilusões, saibam escolher os sectores, seleccionar os parceiros, estruturar-se localmente e olhar os investimentos no longo prazo”, conclui o mesmo responsável. www.megajoule.pt/?lingua=pt Portugalglobal // Janeiro 15 // 47 MERCADOS - TESTEMUNHOS DE EMPRESAS PSIENGINE TECNOLOGIA DE PONTA NO MERCADO BRASILEIRO A Psiengine, especializada em projectos de software para a indústria de seguros, nunca estabeleceu limites para sua actuação e é seu objectivo criar uma rede de parceiros para estar presente em toda a América Latina. O Brasil, com forte crescimento neste sector, é o ponto de partida para o desenvolvimento da estratégia da empresa portuguesa. Desde que foi fundada, em 2001, que a Psiengine cria novas soluções em tecnologia para conquistar clientes de todo o mundo. Especialista em projectos de software para a indústria de seguros, a empresa ajuda seguradoras e corretores a optimizar os seus processos, e assim crescerem em parceria. “O nosso objectivo é auxiliar os departamentos de tecnologia de informação das empresas a baixar seus custos de desenvolvimento de ‘software’ e a identificar e melhorar os seus indicadores de segurança e qualidade”, afirma o sócio da Psiengine, Rui Lacerda. “Trabalhamos em todas as etapas do desenvolvimento de software, incluindo arquitectura, requisitos, gestão, banco de dados, construção, testes, métodos e processos, gerenciamento de configuração, auditoria de segurança e métricas”. Com capacidade de actuação mundial, devido à especialização de profissionais e parceiros nos vários âmbitos do processo de desenvolvimento, a Psiengine possui carteira de clientes de grandes empresas em Portugal, Espanha, Brasil, Colômbia e Angola. Além do mercado segurador, a Psiengine tem apostado no sucesso de sua nova solução, chamada Sharpblocks. Trata-se de uma plataforma de desenvolvimento web e mobile que permite aplicações integradas, com desenvolvimento único para diferentes sistemas operacionais, utilizando os recursos 48 // Janeiro 15 // Portugalglobal A Psiengine está presente no Brasil desde o segundo semestre de 2012, tendo aberto um escritório em São Paulo, em 2014, com o objectivo de consolidar a sua actividade no mercado. A empresa tem participado em vários eventos nos principais estados brasileiros, designadamente numa importante feira de tecnologia que decorreu em Setembro no Rio de Janeiro, em busca de novos parceiros comerciais. nativos de cada um deles, e que está a ter grande visibilidade quer no Brasil quer em alguns países da Europa. “Por permitir o desenvolvimento único para aplicações ‘web’ e ‘mobile’, sendo o que o mercado deseja, estamos com muitos protótipos em andamento. Basicamente, para apresentação de propostas na área de seguros, antecipação de pagamentos e acesso à banca”, explica o mesmo responsável. Actualmente, o grande desafio da Psiengine é estabelecer uma rede de parceiros para estar presente em toda a América Latina, sendo que o Brasil se destaca no mercado de seguros latino-americano e mundial, registando um importante crescimento nos últimos anos. “O resultado tem sido animador. Estamos a avançar no Brasil já com alguns parceiros, e vislumbramos um futuro promissor, tendo em conta as actuais perspectivas”, garante Rui Lacerda, acrescentando que o Brasil “é um país acolhedor e muito extenso, tendo espaço para diversas empresas operarem de forma segura. Mas para se destacar é preciso investir na qualidade dos produtos e garantir a excelência na prestação de serviços, contando com uma equipa de alto nível, tal como a Psiengine tem feito em todos os locais onde opera”. Para o gestor, o Brasil pode e vai multiplicar a actividade da Psiengine. “A nossa equipa tem profissionais com muita experiência e altamente qualificados, fazendo com que todo e qualquer serviço prestado, desde uma simples customização até um grande projecto, seja um grande sucesso”, conclui Rui Lacerda. [email protected] www.psiengine.com MERCADOS RANGEL LOGÍSTICA GLOBAL PASSA PELO BRASIL A Rangel, constituída em 1980, é um dos maiores e mais activos operadores de logística global, sendo o Brasil a sua mais recente aposta no âmbito da estratégia de internacionalização da empresa. Na continuação do processo de internacionalização iniciado em 2006, a Rangel, em 2014, escolheu o mercado brasileiro, para a sua próxima etapa, criando uma empresa de raiz em São Paulo para prestar serviços de transporte marítimo e aéreo, serviços aduaneiros e logística. De acordo com Nuno Rangel, Vicepresidente da empresa, o seu objectivo é apoiar as empresas nos seus processos de exportação e importação, criando um “triângulo logístico de língua portuguesa”, facilitando o fluxo de negócios entre o Brasil, a Europa e África (Angola e Moçambique). Tendo em conta a existência de diversas empresas, essencialmente portuguesas e brasileiras, que têm trocas comerciais regulares entre estes quatro países, o objectivo é ser líder neste mercado. Para o responsável do Grupo, as vantagens encontradas no investimento no Brasil é claramente a dimensão do mercado, a língua portuguesa e a relação existente com a cultura portuguesa, embora inferior quando comparada com outros países de língua portuguesa. Entre as desvantagens encontradas estão a burocracia, a complexidade da legislação fiscal e laboral e a estrutura de logística insuficiente, aponta Nuno Rangel. “O Brasil é um mercado mais difícil do que outros mercados de língua portuguesa, uma vez que, ao ser-se visto como uma empresa estrangeira, não se consegue alcançar a mesma dimensão cultural que é característica nos últimos. Existe instalada muita concorrência nacional e internacional, pelo que a necessidade de diferenciação é fundamental. O desenvolvimento tecnológico pode e deve ser a ponte para esta diferenciação, assim como a especialização por nichos. Ou seja, é extremamente importante fazer um estudo exaustivo do mercado e da estratégia a implementar e ao mesmo tempo estarse bem preparado e assessorado em termos de escritório de advogados”, adianta o Vice-presidente da Rangel. Quanto ao contributo desta nova aposta para o resultado global do Grupo, Nuno Rangel afirma ser ainda prematuro avançar com valores, não só pelo facto de estar no seu arranque, mas também por ser uma aposta de curto/ médio prazo, mas acredita que, no futuro, e a exemplo do que já acontece com as empresas Rangel instaladas noutros mercados, possa vir a representar uma mais-valia na ordem dos 10 por cento. Através das instalações em São Paulo, a empresa já actua noutras regiões do Brasil, mas, a prazo, a estratégia passa por expandir e ganhar mais presença neste mercado com a instalação de novas filiais em zonas como o Rio de Janeiro, Recife e Manaus, revela o empresário, acrescentando que este crescimento poderá também acontecer por via de aquisição de empresas locais ligadas à logística e distribuição. “A Rangel estará atenta a uma possível oportunidade de aquisição de uma empresa no mesmo segmento de actividade ou que possa estar no âmbito da actividade da logística contratual”, adianta. Segundo Nuno Rangel, o alargamento dos serviços Rangel no Brasil vai sobretudo ao encontro das oportunidades emergentes que vão sendo descobertas no terreno. Neste momento a aposta, que vai além dos serviços base oferecidos pela Rangel, tenta introduzir no mercado brasileiro serviços dedicados a segmentos específicos como a logística integrada para o segmento dos vinhos, e, a prazo, os segmentos fashion e pharma, entre outros, já que são áreas em que a empresa actua na Europa com bastante sucesso. O potencial que o mercado brasileiro demonstra nestes segmentos poderá levar a canalizar novos investimentos para este país, revela ainda o mesmo responsável. www.rangel.com Portugalglobal // Janeiro 15 // 49 MERCADOS - TESTEMUNHOS DE EMPRESAS TIS CONSULTORIA PORTUGUESA DÁ CARTAS NO BRASIL A TIS está presente há 12 anos no mercado brasileiro, onde tem vários projectos em curso. A celebração de parcerias com empresas locais tem sido um dos factores que contribuem para o sucesso da TIS num mercado competitivo e difícil como o brasileiro. A TIS – Consultores em Transportes, Inovação e Sistemas, SA, está presente no mercado brasileiro, através da sua participada TIS.br, há cerca de 12 anos. A empresa tem actualmente em curso projectos de suporte às concessões rodoviárias do país, do desenvolvimento de linhas de metro ligeiro e ainda na área da logística urbana. É objectivo da TIS garantir que este mercado contribua de forma sustentada com 10 a 25 por cento para os resultados globais do grupo, o que tem sido alcançado. Miguel Gaspar alerta porém para a importância de a empresa ter uma presença diversificada no mercado internacional para reduzir a exposição aos riscos próprios de cada mercado. De acordo com Miguel Gaspar, administrador da TIS, a decisão de avançar para o Brasil teve em conta três aspectos principais: a percepção de se tratar de um mercado em contraciclo com o português, a percepção de existir espaço no mercado para consultores internacionais para suporte ao programa em curso de desenvolvimento de infraestruturas, e o conhecimento de pessoas chave enquanto garante de porta de acesso ao mercado brasileiro. Na sua abordagem ao competitivo mercado brasileiro, a empresa tem apostado na celebração de parcerias com entidades locais, onde seja possível integrar equipas de diferentes especialidades e onde a competência e experiência da empresa seja uma mais-valia diferenciadora. 50 // Janeiro 15 // Portugalglobal Miguel Gaspar adianta que o Brasil é, pela sua dimensão, “um mercado de elevado valor, particularmente relevante para a TIS num contexto de retrac- ção do mercado português. Porém, é um mercado de risco significativo, com muitas realidades distintas, ritmos próprios e contextos complexos em termos de funcionamento”. Para o administrador da TIS, “existem vantagens em estar presente no mercado quer pelo retorno económico, quer pela experiência que resulta do desenvolvimento de projectos de grande dimensão, reforçando o portefólio da empresa para actuar em qualquer geografia”. No entanto, acrescenta, “a distância e as diferenças de contexto são desafios fortes que induzem custos à operação”. Miguel Gaspar deixa ainda algumas observações aos empresários portugueses interessados neste país, que afirma tratar-se de “um mercado difícil, onde a língua, sendo similar, não deve ser vista como uma garantia de sucesso e de acesso fácil. O ponto de partida de uma empresa portuguesa não é mais favorável do que qualquer outra e não se sente qualquer relação preferencial relativamente a Portugal”. O gestor considera que as empresas devem ter uma abordagem cautelosa ao mercado brasileiro, percebendo o impacte que a dimensão do país tem no seu negócio, e que será mais fácil obter sucesso se se encontrar uma entidade parceira ou cliente, que veja vantagens imediatas no desenvolvimento de actividade comercial conjunta, por oposição a uma entrada independente no mercado, em particular para produtos ou serviços tradicionais, onde provavelmente já existirá uma concorrência competente no mercado. Além disso, os custos de contexto, nomeadamente administrativos, fiscais, cambiais, e de deslocações são muito significativos, e em regra, o investimento inicial na área comercial é elevado e o retorno demorado, reforça Miguel Gaspar. Porém, vencida a barreira inicial e criada uma relação de negócio com o cliente, o mercado é atractivo, reconhece o mérito, e as empresas de engenharia em Portugal conseguem habitualmente posicionar-se num patamar de elevada competência no mercado brasileiro, conclui o administrador da TIS. www.tis.pt MERCADOS RELACIONAMENTO ECONÓMICO PORTUGAL – BRASIL primeiros 11 meses, é de referir que as exportações portuguesas para o mercado brasileiro diminuíram 13,6 por cento face a idêntico período de 2013. Em 2013, da estrutura das exportações portuguesas para o Brasil, por grupos de produtos, destacam-se os produtos agrícolas (36,3 por cento do total exportado), as máquinas e aparelhos (14,8 por cento) e os metais comuns (11,7 por cento) que, no seu conjunto, representaram 62,8 por cento das nossas vendas para este mercado. O relacionamento económico entre Portugal e o Brasil assume grande importância quer pelos laços históricos existentes, quer pelo posicionamento deste mercado a nível mundial. As exportações portuguesas de bens e serviços para o mercado brasileiro cresceram nos últimos anos e são muitas as empresas nacionais que apostam no Brasil como destino de investimento directo. No que respeita ao comércio de bens, em 2010, 2011 e 2013 o Brasil integrou o top 10 dos maiores clientes de Portugal, colocando-se também como o terceiro maior mercado de destino das nossas exportações fora do espaço da União Europeia em 2013 (o 4º cliente foi Angola e o 6º os EUA). Já em 2014, no período de Janeiro/Novembro, e de acordo com dados divulgados pelo INE, o Brasil passou para a 11ª posição como cliente devido a uma ligeira diminuição das exportações. Como fornecedor de Portugal o Brasil ocupou a 12ª posição em 2013, sendo o 5º maior fornecedor fora da UE (6º fornecedor Angola, 9º a China, 10º a Rús- Dos restantes grupos, destacam-se ainda as exportações de minerais e minérios (9,5 por cento), de produtos alimentares (5,6 por cento), de veículos e outro material de transporte (5,6 por cento) e de combustíveis minerais (4,5 por cento). sia e 11º os EUA), subindo para o 11º lugar nos meses de 2014 em referência. Embora se verifique que, ao longo dos anos, a balança comercial bilateral tem sido tradicionalmente desfavorável a Portugal, é de realçar a redução substancial do défice em 2013 e o consequente aumento do coeficiente de cobertura das importações pelas exportações (89,5 por cento em 2013 contra 33,2 por cento em 2009). No ano passado, até Novembro, registou-se uma ligeira alteração na estrutura das exportações portuguesas para o Brasil, mantendo-se o grupo dos produtos agrícolas no primeiro lugar com 44,6 por cento do total, seguindo-se o das máquinas e aparelhos, que registou uma quebra de 8,8 por cento face a período homólogo de 2013, e o grupo de veículos e outro material de transporte com 10,9 por cento do total (mais 91,2 por cento). As exportações portuguesas de bens para o Brasil atingiram 739 milhões de euros em 2013, enquanto as importações do Brasil se cifraram em 832 milhões de euros. No ano passado, nos Segundo o Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, cerca de BALANÇA BILATERAL - COMÉRCIO DE BENS 2009 2010 2011 2012 2013 Var % 13/09a 2013 Jan/ Nov 2014 Jan/ Nov Var % 14/13b 294,5 439,5 583,1 680,8 739,0 26,8 671,3 579,9 -13,6 Importações 887,5 1.046,5 1.462,0 1.368,8 831,9 3,0 811,4 784,5 -3,3 Saldo -593,0 -607,0 -878,9 -687,9 -92,9 -- -140,1 -204,6 -- 33,2 42,0 39,9 49,7 88,8 -- 82,7 73,9 -- Exportações Coef. Cob. % Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhões de euros Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2009-2013 (b) Taxa de variação homóloga 2013-2014 2009 a 2012: resultados definitivos; 2013: resultados provisórios; 2014: resultados preliminares Portugalglobal // Janeiro 15 // 51 MERCADOS 48,6 por cento dos produtos industriais transformados exportados de Portugal para o Brasil, em 2013, que representaram 86,6 por cento do total das nossas vendas ao mercado, continham um grau de intensidade tecnológica baixa, 22,6 por cento média-baixa, 20,6 por cento média-alta e apenas 8,2 por cento alta. De acordo com o INE, cifrou-se em 1.742 o número de empresas em Portugal que exportaram para o Brasil em 2013, aumentando relativamente aos anos anteriores. Em relação à estrutura das nossas importações do Brasil, em 2013, destacam-se os grupos de produtos agrícolas (46,3 por cento do total), de combustíveis minerais (19,1 por cento) e de produtos alimentares (7,7 por cento), representando globalmente 73,1 por cento do total importado do Brasil. Em 2014, nos meses de Janeiro a Novembro, os grupos de produtos mais importados foram os combustíveis minerais (38,4 por cento do total), seguindo-se os agrícolas e os veículos e outro material de transporte. Segundo o GEE, 45,8 por cento dos produtos industriais transformados importados do Brasil (que representam apenas 32,1 por cento do total), em 2013, tinham um grau de intensidade tecnológica baixa, 29 por cento média-alta, 19,6 por cento com intensidade tecnológica alta e 5,5 por cento média-baixa. Serviços Nos últimos 20 anos, a balança comercial de serviços foi tradicionalmente favorável a Portugal, à excepção de 2003, atingindo um superavit na ordem dos 731 milhões de euros em 2013 e consequentemente uma taxa de cobertura elevada (288,5 por cento, a mais alta do período de 2009 a 2013). As exportações de serviços para o Brasil registaram uma taxa de crescimento média anual de cerca de 18 por cento nos últimos anos, enquanto as importações aumentaram, em média, 4,4 por cento. destacando-se ainda outros investimentos como os da CSN-Companhia Siderúrgica Nacional, da Weg Motores, da Marcopolo, o do anterior investimento da Embraer nas OGMA, da Odebrecht, da Camargo Correa e da Haco (etiquetas), entre outros. O Brasil considera Portugal a porta de entrada para a União Europeia, tendo demonstrado interesse em várias empresas públicas em processo de privatização. Dados do Banco de Portugal revelam que, num conjunto de 56 mercados, o Brasil foi o 7º maior cliente de serviços portugueses em 2013, caindo uma posição face ao ano anterior. As vendas de serviços portugueses ao Brasil, nesse ano, representaram cerca de 5,1 por cento do total e 4,5 por cento de Janeiro a Setembro de 2014. Como fornecedor, o Brasil ocupou o 9º lugar do ranking em 2013, representando 3,6 por cento do total importado por Portugal. Quanto ao IDPE, existem muitos exemplos de investimentos portugueses no Brasil, nomeadamente os realizados no sector do turismo, dos quais se destacam os desenvolvidos pelo Grupo Vila Galé, pelo Grupo Pestana, pelo Aquiraz Golf & Beach Villas, pelo Grupo Dom Pedro e pelo Solverde. Desde 2009 que as exportações de serviços têm aumentado de forma contínua, ultrapassando a barreira dos mil milhões de euros em 2011. Para além dos investimentos já referidos na área do turismo, apontamos outros realizados por empresas portuguesas que, pela sua importância, merecem destaque: a hidroeléctrica de Peixe Angical (no Estado do Tocantins) cuja construção foi da responsabilidade da EDP Energias do Brasil em parceria com a estatal Furnas, constituindo uma grande obra infraestrutural. Mais recentemente, novos investimentos da EDP e da GALP avolumam esta área de internacionalização. Os transportes (com 53,5 por cento) e as viagens e turismo (36,1 por cento) foram os tipos de serviços que mais contribuíram para um saldo positivo desta balança, pois representaram cerca de 90 por cento do total dos serviços exportados em 2013, registando aumentos na ordem dos 4,6 por cento e 1,2 por cento, respectivamente. Por outro lado, os serviços importados incidiram principalmente nas viagens e turismo (43,4 por cento do total) e nos transportes (36,6 por cento), com quebras face ao ano anterior. No turismo, é de referir que o Brasil é dos principais emissores de turistas para Portugal fazendo parte do top 10 enquanto mercado gerador de receitas. Em 2013, Portugal acolheu mais de 529 mil hóspedes brasileiros (mais 7 por cento face a 2012), registando mais de 1,2 milhões de dormidas (mais 7,1 por cento) e cerca de 404 milhões de euros em receitas (mais 1,2 por cento que no ano anterior). No período de Janeiro a Novembro de 2014, as receitas e as dormidas de turistas brasileiros no nosso país ascenderam, respectivamente, a 316,5 milhões de euros e a 1,28 milhões de dormidas. Investimento e turismo O Brasil continua a ser um importante destino do investimento directo de Portugal no estrangeiro (IDPE), sendo igualmente de realçar que Portugal é também destino do investimento directo brasileiro (IDE). Do investimento brasileiro em Portugal, destaca-se o da Embraer, que tem vindo a impulsionar o desenvolvimento de um cluster aeronáutico no nosso país, BALANÇA BILATERAL - COMÉRCIO DE SERVIÇOS Exportações 2009 2010 2011 2012 2013 Var % 13/09a 2013 Jan/ Nov 2014 Jan/ Nov Var % 14/13b 599,4 882,6 1.001,5 1.103,5 1.119,2 18,1 1.038,1 955,3 -8,0 Importações 268,1 453,3 503,6 476,2 387,9 14,1 364,5 372,0 2,0 Saldo 331,3 429,2 497,9 627,4 731,3 -- 673,6 583,3 -- Coef. Cob. % 223,6 194,7 198,9 231,8 288,5 -- 284,8 256,8 -- Fonte: Banco de Portugal; Unidade: Milhões de euros Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2009-2013; (b) Taxa de variação homóloga 2013-2014 52 // Janeiro 15 // Portugalglobal MERCADOS BRASIL EM FICHA Capital: Brasília – 2,5 milhões de habitantes (IBGE, 2007) Outras cidades importantes: São Paulo (11 milhões), Rio de Janeiro (6,1 milhões), Salvador (2,9 milhões), Fortaleza (2,4 milhões), Belo Horizonte (2,4 milhões) Brasil Brasília Religião: A maioria da população professa a religião Católica Romana (73,6%), embora a Constituição consagre a livre prática de todas as religiões. Língua Oficial: Português. Unidade monetária: Real do Brasil (BRL) 1 EUR = 3,0512 BRL (Banco de Portugal – média de Maio 2014) Risco País: Risco geral – BBB (AAA = risco menor; D = risco maior) – EIU, Março 2014 Área: 8.515.692,3 km2 (IBGE – 5º país em extensão territorial) População: 201 milhões (estimativa EIU de 2013) Densidade populacional: 23,6 habitantes/Km2 Designação oficial: República Federativa do Brasil Chefe do Estado e do Governo: Dilma Rousseff Data da actual Constituição: Outubro de 1988, com alterações posteriores. Principais partidos políticos: Governo Partido dos Trabalhadores (PT); Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB); Partido Social Democrático (PSD); Partido Progressista (PP); Partido Democrático Trabalhista (PDT); Partido da República (PR); Partido Comunista do Brasil (PC do B); Partido Socialismo e Liberdade (PSOL); Partido Verde (PV); Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Oposição - Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB); Democratas (DEM); Partido Socialista Brasileiro (PSB). As próximas eleições presidenciais, estaduais e parlamentares (Senado e Câmara dos Deputados) estão agendadas para Outubro de 2018. Risco Político – BBB Risco de Estrutura Económica – BBB Risco de crédito: 3 (1 = risco menor; 7 = risco maior) – COSEC Política de cobertura de risco: Operações de Curto prazo – Aberta sem condições restritivas; Operações de Médio / Longo prazo – Clientes soberanos: Aberta sem condições restritivas. Outros clientes públicos e privados: Aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária (COSEC). Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU) ENDEREÇOS ÚTEIS EMBAIXADA DO BRASIL Estrada das Laranjeiras, 144 1649-021 Lisboa - Portugal Tel.: +351 217 248 510 Fax: +351 217 267 623 [email protected] http://lisboa.itamaraty.gov.br/pt-br/ CONSULADO GERAL DO BRASIL EM LISBOA Praça Luís de Camões, 22 – 1º Esq 1249-190 Lisboa - Portugal Fax: +351 213 473 926 [email protected] www.consulado-brasil.pt CONSULADO GERAL DO BRASIL NO PORTO EMBAIXADA DE PORTUGAL EM BRASÍLIA Avenida de França, 20 – 1º 4050-275 Porto - Portugal Tel.: +351 226 084 070 Fax: +351 226 084 089 [email protected] www.portalconsular.mre.gov.br/mundo/ europa/republica-portuguesa/porto Avenida das Nações, Quadra 801, Lote 2 CEP 70 402-900 Brasília DF Tel.: +55 61 3032 9600 Fax: +55 61 3032 9642 embaixadadeportugal@ embaixadadeportugal.org.br www.embaixadadeportugal.org.br CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA LUSO-BRASILEIRA AGÊNCIA BRASILEIRA DE PROMOÇÃO DE EXPORTAÇÃO E INVESTIMENTOS – APEX Av. Conselheiro Fernando de Sousa, nº 11 - 6º 1070-072 Lisboa - Portugal Tel.: +351 213 477 475 Fax: +351 213 424 388 [email protected] www.ccilb.net Setor Bancário Norte – SBN Quadra 2 – Lote 11 Ed. Apex-Brasil 70040-020 Brasília – DF Tel.: +55 61 3426 0202 www.apexbrasil.com.br Portugalglobal // Janeiro 15 // 53 ANÁLISE DE RISCO - PAÍS COSEC Políticas de cobertura para mercados No âmbito de apólices individuais África do Sul* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Angola C Caso a caso. M/L Garantia soberana. Limite total de responsabilidades. Arábia Saudita C Carta de crédito irrevogável (decisão casuística). Caso a caso. M/L Argélia C Sector público: aberta sem restrições. Sector privado: eventual exigência de carta de crédito irrevogável. Em princípio. exigência de garantia bancária ou garantia soberana. M/L Argentina T Caso a caso. Barein C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária. Benim C Caso a caso, numa base muito restritiva. aso a caso, numa base muito C restritiva, e com exigência de garantia soberana ou bancária. M/L Brasil* C Aberta sem condições restritivas. M/L lientes soberanos: Aberta sem C condições restritivas. Outros Clientes públicos e privados: Aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária. Cabo Verde C Aberta sem condições restritivas. M/L E ventual exigência de garantia bancária ou de garantia soberana (decisão casuística). Camarões T Caso a caso, numa base muito restritiva. Cazaquistão Temporariamente fora de cobertura. China* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária. Colômbia C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso, numa base restritiva. Costa do Marfim C Caso a caso, com eventual exigência de garantia bancária ou garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. M/L Exigência de garantia bancária ou garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro de 3 para 12 meses. Costa Rica C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Cuba T Fora de cobertura. Egipto C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso. Emirados Árabes Unidos C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Etiópia C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso numa base muito restritiva. Filipinas C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Gana C Caso a caso numa base muito restritiva. M/L M/L C Aberta sem condições restritivas. lientes públicos: Aberta sem C condições restritivas. Clientes privados: Em princípio, aberta sem condições restritivas. Eventual exigência de garantia bancária numa base casuística. aso a caso, numa base muito C restritiva e com a exigência de contra garantias. Guiné-Bissau T Fora de cobertura. Guiné Equatorial C Caso a caso, numa base restritiva. 54 // Janeiro 15 // Portugalglobal Clientes públicos e soberanos: caso a caso, mediante análise das garantias oferecidas, designadamente contrapartidas do petróleo. Clientes privados: caso a caso, numa base muito restritiva, condicionada a eventuais contrapartidas (garantia de banco comercial aceite pela COSEC ou contrapartidas do petróleo). Hong-Kong C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Iémen C Caso a caso, numa base restritiva. M/L Caso a caso, numa base muito restritiva. Macau C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Malásia C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Malawi C Caso a caso, numa base restritiva. M/L Clientes públicos: fora de cobertura, excepto para operações de interesse nacional. Clientes privados: análise casuística, numa base muito restritiva. Marrocos* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Índia C M/L Aberta sem condições restritivas. Garantia bancária. Indonésia C Caso a caso, com eventual exigência de carta de crédito irrevogável ou garantia bancária. M/L Caso a caso, com eventual exigência de garantia bancária ou garantia soberana. Irão Sanções em vigor. Para mais informações, contactar a COSEC. Iraque T Fora de cobertura. Martinica C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. México* C Aberta sem restrições. M/L Em princípio aberta sem restrições. A eventual exigência de garantia bancária, para clientes privados, será decidida casuisticamente. Moçambique C Caso a caso, numa base restritiva (eventualmente com a exigência de carta de crédito irrevogável, garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e aumento do prazo constitutivo de sinistro). M/L Jordânia C Caso a caso. M/L Caso a caso, numa base restritiva. Koweit C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Fora de cobertura. Geórgia C Caso a caso numa base restritiva, privilegiando-se operações de pequeno montante. Chile M/L M/L Líbano C Clientes públicos: caso a caso numa base muito restritiva. Clientes privados: carta de crédito irrevogável ou garantia bancária. M/L Clientes públicos: fora de cobertura. Clientes privados: caso a caso numa base muito restritiva. Líbia T Fora de cobertura. Lituânia C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária. A umento do prazo constitutivo de sinistro. Sector privado: caso a caso numa base muito restritiva. Operações relativas a projectos geradores de divisas e/ou que admitam a afectação prioritária de receitas ao pagamento dos créditos garantidos, terão uma ponderação positiva na análise do risco; sector público: caso a caso numa base muito restritiva. Montenegro C Caso a caso, numa base restritiva. privilegiando-se operações de pequeno montante. M/L Caso a caso, com exigência de garantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante. Nigéria C Caso a caso, numa base restritiva (designadamente em termos de alargamento do prazo constitutivo de sinistro e exigência de garantia bancária). ANÁLISE DE RISCO - PAÍS de destino das exportações portuguesas No âmbito de apólices globais M/L aso a caso, numa base muito C restritiva, condicionado a eventuais garantias (bancárias ou contrapartidas do petróleo) e ao alargamento do prazo contitutivo de sinistro. M/L Oman C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Panamá C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Paquistão Temporariamente fora de cobertura. Paraguai C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso, numa base restritiva. Peru C M/L Aberta sem condições restritivas. lientes soberanos: aberta sem C condições restritivas. Clientes públicos e privados: aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária. Qatar C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Quénia C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso, numa base restritiva. República Dominicana C Aberta caso a caso, com eventual exigência de carta de crédito irrevogável ou garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC. M/L berta caso a caso com exigência A de garantia soberana (emitida pela Secretaria de Finanzas ou pelo Banco Central) ou garantia bancária. Singapura C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Suazilândia C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Tailândia C Carta de crédito irrevogável (decisão casuística). M/L C nálise caso a caso, numa base A muito restritiva. Senegal C Em princípio. exigência de garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. Na apólice individual está em causa a cobertura de uma única transação para um determinado mercado. enquanto a apólice global cobre todas as transações em todos os países para onde o empresário exporta os seus produtos ou serviços. As apólices globais são aplicáveis às empresas que vendem bens de consumo e intermédio. cujas transações envolvem créditos de curto prazo (média 60-90 dias). não excedendo um ano. e que se repetem com alguma frequência. Tendo em conta a dispersão do risco neste tipo de apólices. a política de cobertura é casuística e. em geral. mais flexível do que a indicada para as transações no âmbito das apólices individuais. Encontram-se também fora de cobertura Cuba. Guiné-Bissau. Iraque e S. Tomé e Príncipe. Não definida. Taiwan C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Tanzânia T Caso a caso, numa base muito restritiva. Tunísia* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária. Turquia C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Ucrânia C Clientes públicos: eventual exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exigência de carta de crédito irrevogável. M/L Rússia Sanções em vigor. Para mais informações, contactar a COSEC. S. Tomé e Príncipe Eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. Sector público: caso a caso, com exigência de garantia de pagamento e transferência emitida pela Autoridade Monetária (BCEAO); sector privado: exigência de garantia bancária ou garantia emitida pela Autoridade Monetária (preferência a projectos que permitam a alocação prioritária dos cash-flows ao reembolso do crédito). lientes públicos: eventual C exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exigência de garantia bancária. Para todas as operações, o prazo constitutivo de sinistro é definido caso a caso. Uganda C Caso a caso, numa base muito restritiva. M/L Fora de cobertura. Uruguai C Carta de crédito irrevogável (decisão casuística). M/L Venezuela C Clientes públicos: aberta caso a caso com eventual exigência de garantia de transferência ou soberana. Clientes privados: aberta caso a caso com eventual exigência de carta de crédito irrevogável e/ou garantia de transferência. M/L berta caso a caso com exigência A de garantia soberana. Zâmbia C Caso a caso, numa base muito restritiva. M/L Fora de cobertura. Zimbabwe C Caso a caso, numa base muito restritiva. M/L Advertência: A lista e as políticas de cobertura são indicativas e podem ser alteradas sempre que se justifique. Os países que constam da lista são os mais representativos em termos de consultas e responsabilidades assumidas. Todas as operações são objecto de análise e decisão específicas. Legenda: C M/L T Curto Prazo Médio / Longo Prazo Todos os Prazos * Mercado prioritário. Fora de cobertura. COSEC Companhia de Seguro de Créditos. S. A. Direcção Internacional Avenida da República. 58 1069-057 Lisboa Tel.: +351 217 913 832 Fax: +351 217 913 839 [email protected] www.cosec.pt Não definida. Portugalglobal // Janeiro 15 // 55 TABELA CLASSIFICATIVA DE PAÍSES COSEC Tabela classificativa de países Para efeitos de Seguro de Crédito à exportação A Portugalglobal e a COSEC apresentam-lhe uma Tabela Classificativa de Países com a graduação dos mercados em função do seu risco de crédito. ou seja. consoante a probabilidade de cumprimento das suas obrigações externas. a curto. a médio e a longo prazos. Existem sete grupos de risco (de 1 a 7). corresGrupo 1 Hong-Kong Singapura * Taiwan Grupo 2 Grupo 3 Arábia Saudita Botswana Brunei China • EAUa Gibraltar Koweit Lituânia Macau Malásia Oman Trind. e Tobago África do Sul • Argélia Bahamas Barbados Brasil • Costa Rica Dep/ter Austr.b Dep/ter Din.c Dep/ter Esp.d Dep/ter EUAe Dep/ter Fra.f Dep/ter N. Z.g Dep/ter RUh Filipinas Ilhas Marshall Índia Indonésia Marrocos • Maurícias México • Micronésia Namíbia Palau Panamá Peru Qatar Roménia Tailândia Uruguai Grupo 4 Aruba Barein Bulgária Colômbia El Salvador Guatemala Hungria Rússia Tunísia • Turquia pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento e o grupo 7 à maior. As categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do risco país. da definição das condições de cobertura e das taxas de prémio aplicáveis. Grupo 5 Grupo 6 Angola Azerbeijão Bolívia Cazaquistão Croácia Curaçau Dominicana. Rep. Gabão Gana Jordânia Lesoto Macedónia Nigéria Papua–Nova Guiné Paraguai S. Vic. e Gren. Santa Lúcia Vietname Zâmbia Albânia Arménia Bangladesh Belize Butão Cabo Verde Camarões Camboja Comores Congo Dominica Egipto Equador Fidji Geórgia Honduras Kiribati Moçambique Mongólia Nauru Nepal Quénia Samoa Oc. Senegal Sérvia Sri Lanka Suazilândia Suriname Tanzânia Timor-Leste Turquemenistão Tuvalu Uganda Uzbequistão Vanuatu Grupo 7 Afeganistão Ant. e Barbuda Argentina Bielorussia Benin Bósnia e Herzegovina Burkina Faso Burundi Cent. Af. Rep. Chade Cisjordânia / Gaza Congo. Rep. Dem. Coreia do Norte C. do Marfim Cuba • Djibuti Eritreia Etiópia Gâmbia Grenada Guiana Guiné Equatorial Guiné. Rep. da Guiné-Bissau • Haiti Iemen Irão • Iraque • Mali Mauritânia Moldávia Montenegro Myanmar Nicarágua Níger Paquistão Quirguistão Ruanda S. Crist. e Nevis S. Tomé e Príncipe • Salomão Seicheles Serra Leoa Síria Somália Sudão Sudão do Sul Tadzequistão Togo Tonga Ucrânia Venezuela Zimbabué Jamaica Kosovo Laos Líbano Libéria Líbia Madagáscar Malawi Maldivas Fonte: COSEC - Companhia de Seguro de Créditos. S.A. * País pertencente ao grupo 0 da classificação risco-país da OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos. • Mercado de diversificação de oportunidades • Fora de cobertura • Fora de cobertura. excepto operações de relevante interesse nacional NOTAS a) Abu Dhabi. Dubai. Fujairah. Ras Al Khaimah. Sharjah. Um Al Quaiwain e Ajma b) Ilhas Norfolk c) Ilhas Faroe e Gronelândia d) Ceuta e Melilha e) Samoa. Guam. Marianas. Ilhas Virgens e Porto Rico 56 // Janeiro 15 // Portugalglobal f) G uiana Francesa. Guadalupe. Martinica. Reunião. S. Pedro e Miquelon. Polinésia Francesa. Mayotte. Nova Caledónia. Wallis e Futuna g) Ilhas Cook e Tokelau. Ilhas Nive h) A nguilla. Bermudas. Ilhas Virgens. Cayman. Falkland. Pitcairn. Monserrat. Sta. Helena. Ascensão. Tristão da Cunha. Turks e Caicos ESTATÍSTICAS INVESTIMENTO e COMÉRCIO EXTERNO >PRINCIPAIS DADOS DE INVESTIMENTO (IDE E IDPE). EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES. INVESTIMENTO DIRECTO COM O EXTERIOR 2013 Jan/Nov tvh 2013/12 2014 Jan/Nov tvh 14/13 Jan/Nov tvh 14/13 Nov/Nov tvc 14/14 Nov/Out POR PRINCÍPIO ACTIVO / PASSIVO 2013 Activo 6.199 64,6% 5.815 4.288 -26,3% 45,9% 78,3% Passivo 6.626 -62,7% 4.996 3.827 -23,4% 264,0% -255,8% Saldo -427 96,9% 819 460 -43,8% -205,2% -123,6% 2013 Jan/Nov 2014 Jan/Nov tvh 14/13 Jan/Nov ACTIVO POR INSTRUMENTO FINANCEIRO E TIPO DE RELAÇÃO ENTRE EMPRESAS Títulos de participação no capital 641 3.122 386,9% De investidores directos em empresas de investimento directo 641 3.080 380,3% De empresas de investimento directo em investidores directos 0 10 -- Entre empresas irmãs 0 32 -- 5.174 1.166 -77,5% -64,7% Instrumentos de dívida De investidores directos em empresas de investimento directo 509 180 De empresas de investimento directo em investidores directos 3.156 1.139 -63,9% Entre empresas irmãs 1.509 -153 -110,1% 2013 Jan/Nov 2014 Jan/Nov tvh 14/13 Jan/Nov 165,3% PASSIVO POR INSTRUMENTO FINANCEIRO E TIPO DE RELAÇÃO ENTRE EMPRESAS Títulos de participação no capital 2.649 7.026 De investidores directos em empresas de investimento directo 2.649 6.710 153,3% De empresas de investimento directo em investidores directos -1 -13 -2506,0% Entre empresas irmãs Instrumentos de dívida 0 329 -- 2.348 -3.198 -236,2% De investidores directos em empresas de investimento directo 2.259 645 -71,4% De empresas de investimento directo em investidores directos -134 -4.087 -2945,5% Entre empresas irmãs 223 243 9,1% ACTIVO 2014 Jan/Nov tvh 14/13 Jan/Nov Espanha 1.863 37,8% Países Baixos 1.846 21,8% Suíça 1.014 471,2% PASSIVO 2014 Jan/Nov tvh 14/13 Jan/Nov Brasil 3.573 3069,2% Espanha 1.009 -9,0% Irlanda 554 733,6% Luxemburgo 231 11,1% Angola 512 312,9% Irlanda 222 284,2% Alemanha 447 37,6% União Europeia 28 4.511 -28,4% União Europeia 28 -1.693 -140,3% Extra UE28 -224 53,8% Extra UE28 5.520 589,8% POR PRINCÍPIO DIRECCIONAL 2013 tvh 2013/12 2013 Jan/Nov 2014 Jan/Nov tvh 14/13 Jan/Nov tvh 14/13 Nov/Nov tvc 14/14 Nov/Out ID de Portugal no Exterior (IDPE) 1.510 120,7% 1.285 6.846 432,7% -78,1% 384,9% ID do Exterior em Portugal (IDE) 1.938 -71,0% 466 6.386 1270,5% -32,6% 144,0% Saldo -428 96,9% 819 460 -43,8% -205,2% -123,6% Unidade: Variações líquidas em Milhões de Euros INVESTIMENTO DIRECTO - STOCK (posição em fim de período) 2011 Dez 2012 Dez 2013 Dez 2013 Set 2014 Set tvh 14/13 Set/Set Stock Activo 63.329 67.507 72.764 72.051 74.757 3,8% Stock Passivo 93.889 112.758 118.407 116.067 119.618 3,1% Stock IDPE 52.180 46.434 49.120 49.062 50.810 3,6% Stock IDE 82.740 91.685 94.762 93.079 95.671 2,8% Unidade: Posição em fim de período em Milhões de Euros Fonte: Banco de Portugal Portugalglobal // Janeiro 15 // 57 ESTATÍSTICAS COMÉRCIO INTERNACIONAL 2013 tvh 2013/12 2013 Jan/Nov 2014 Jan/Nov tvh 14/13 Jan/Nov tvh 14/13 Nov/Nov tvc 14/14 Nov/Out Exportações bens 47.266 4,5% 43.720 44.449 1,7% -0,4% -10,5% Exportações bens UE 33.235 3,5% 30.805 31.579 2,5% 0,0% -4,8% Exportações bens Extra UE 14.032 7,2% 12.915 12.870 -0,3% -1,4% -22,3% Exportações bens UE 70,3% -- 70,5% 71,0% -- -- -- Exportações bens Extra UE 29,7% -- 29,5% 29,0% -- -- -- BENS (Exportação) Unidade: Milhões de euros Unidade: % do total Exp. Bens - Clientes 2014 (Jan/Nov) % Total tvh 14/13 Espanha 23,5% 1,0% Alemanha 11,9% França Exp. Bens - Var. Valor (14/13) Meur Cont. p. p. Reino Unido 310 0,7 2,1% China 153 0,4 11,7% 3,0% França 150 0,3 Angola 6,6% 1,9% EUA 118 0,3 Reino Unido 6,1% 12,9% Alemanha 110 0,3 EUA 4,3% 6,5% Espanha 105 0,2 Países Baixos 4,0% 2,1% Marrocos -151 -0,3 % Total tvh 14/13 Exp. Bens - Var. Valor (14/13) Meur Cont. p. p. Máquinas, Aparelhos 14.4% -0,5% Veículos, Out. Mat. Transp. 304 0,7 Veículos e Outro Material de Transporte 11.1% 6,6% Agrícolas 241 0,6 Combustíveis Minerais 8.4% -17,9% Vestuário 230 0,5 Metais Comuns 8.0% 4,0% Plásticos, Borracha 174 0,4 Plásticos, Borracha 7.3% 5,7% Combustíveis Minerais -818 -1,9 2013 tvh 2013/12 2013 Jan/Nov 2014 Jan/Nov tvh 14/13 Jan/Nov tvh 14/13 Nov/Nov tvc 14/14 Nov/Out Exportações totais de serviços 21.957 10,2% 20.001 21.085 5,4% -2,6% -22,0% Exportações serviços UE 14.749 8,9% 13.578 14.337 5,6% -3,8% -26,1% Exportações serviços extra UE 7.208 12,9% 6.423 6.748 5,1% -0,3% -13,1% Exportações serviços UE 67,2% -- 67,9% 68,0% -- -- -- Exportações serviços extra UE 32,8% -- 32,1% 32,0% -- -- -- Exp. Bens - Produtos 2014 (Jan/Nov) SERVIÇOS (Exportação) Unidade: Milhões de euros Unidade: % do total 58 // Janeiro 15 // Portugalglobal ESTATÍSTICAS 2013 tvh 2013/12 2013 Jan/Nov 2014 Jan/Nov tvh 14/13 Jan/Nov tvh 14/13 Nov/Nov tvc 14/14 Nov/Out Importações bens 56.906 0,9% 52.328 54.066 3,3% 2,8% -10,0% Importações bens UE 40.959 1,6% 37.320 40.349 8,1% 3,4% -9,0% Importações bens Extra UE 15.947 -0,8% 15.008 13.717 -8,6% 0,8% -13,2% Importações bens UE 72,0% -- 71,3% 74,6% -- -- -- Importações bens Extra UE 28,0% -- 28,7% 25,4% -- -- -- BENS (Importação) Unidade: Milhões de euros Unidade: % do total Imp. Bens - Fornecedores 2014 (Jan/Nov) % Total tvh 14/13 Espanha 32,3% 4,8% Alemanha 12,4% França 7,1% Itália Países Baixos Reino Unido China Imp. Bens - Var. Valor (14/13) Meur Cont. p. p. Alemanha 861 1,6 14,7% Espanha 801 1,5 9,7% França 339 0,6 5,3% 7,4% Congo Brazavile 280 0,5 5,1% 6,0% Rússia -280 -0,5 3,0% 7,1% Camarões -566 -1,1 2,7% 16,9% Angola -1,183 -2,3 % Total tvh 14/13 Imp. Bens - Var. Valor (14/13) Meur Cont. p. p. Combustíveis Minerais 17,4% -10,2% Veículos, Outro Mat. Transp. 1.180 2,3 Máquinas, Aparelhos 15,1% 8,0% Máquinas, Aparelhos 599 1,1 Veículos e Outro Material de Transporte 10,6% 25,9% Químicos 205 0,4 Agrícolas 10,4% -1,8% Vestuário 166 0,3 Químicos 10,4% 3,8% Combustíveis Minerais -1.070 -2,0 Imp. Bens - Produtos 2014 (Jan/Nov) 2013 tvh 2013/12 2013 Jan/Nov 2014 Jan/Nov tvh 14/13 Jan/Nov tvh 14/13 Nov/Nov tvc 14/14 Nov/Out Importações totais de serviços 10.838 1,8% 9.991 10.959 9,7% 12,2% -10,9% Importações serviços UE 6.862 4,8% 6.294 6.982 10,9% 13,6% -12,0% Importações serviços extra UE 3.976 -2,9% 3.697 3.977 7,6% 9,8% -8,8% Importações serviços UE 63,3% -- 63,0% 63,7% -- -- -- Importações serviços extra UE 36,7% -- 37,0% 36,3% -- -- -- SERVIÇOS Unidade: Milhões de euros Unidade: % do total PREVISÕES 2014 : 2015 (tvh real %) 2013 2014 Jan/Set FMI CE OCDE BdP Min. Finanças INE INE Novembro 14 Dezembro 14 Novembro 14 Dezembro 14 Outubro 14 PIB -1,4 1,0 0,8 : 1,2 0,9 : 1,3 0,8 : 1,3 0,9 : 1,5 1,0 : 1,5 Exportações Bens e Serviços 6,4 2,6 3,5 : 4,5 3,6 : 4,6 3,1 : 5,3 2,6 : 4,2 3,7 : 4,7 Fontes: INE/Banco de Portugal Notas e siglas: Meur - Milhões de euros Cont. - Contributo para o crescimento das exportações tvc - Taxa de variação em cadeia n.d. - Não disponível p.p. - Pontos percentuais tvh - Taxa de variação homóloga Portugalglobal // Janeiro 15 // 59 Miguel Porfírio HOLANDA [email protected] Gonçalo Homem de Mello BÉLGICA [email protected] António Silva FRANÇA [email protected] REDE EXTERNA Miguel Fontoura REINO UNIDO [email protected] IRLANDA Oslo [email protected] Raul Travado Manuel Martinez CANADÁ ESPANHA [email protected] [email protected] Hai Dublin Londres Zuriqu Paris Eduardo Henriques Milão ESPANHA [email protected] Toronto Bruxelas Barcelona Nova Iorque Madrid S. Francisco Argel Rabat Rui Boavista Marques Praia EUA [email protected] Armindo Rios Álvaro Cunha CABO VERDE MÉXICO [email protected] Cidade do México [email protected] Rui Cordovil Carlos Pinto VENEZUELA MARROCOS Caracas [email protected] [email protected] Panamá João Renano Henriques Bogotá Miguel Crespo ARGÉLIA COLÔMBIA [email protected] [email protected] Lima Luís Moura ANGOLA [email protected] Rio de Janeiro Carlos Moura São Paulo BRASIL [email protected] Jorge Salvador CHILE [email protected] João Pedro Pereira Santiago do Chile ÁFRICA DO SUL [email protected] Buenos Aires Fernando Carvalho MOÇAMBIQUE [email protected] 60 // Janeiro 15 // Portugalglobal Pedro Macedo Leão Maria José Rézio ALEMANHA RÚSSIA [email protected] [email protected] João Guerra Silva Nuno Lima Leite DINAMARCA POLÓNIA [email protected] [email protected] Eduardo Souto Moura Joaquim Pimpão SUÉCIA HUNGRIA [email protected] [email protected] Ana Isabel Douglas ÁUSTRIA [email protected] Estocolmo ia Moscovo Copenhaga Berlim João Rodrigues Varsóvia Praga s ue Bratislava Viena ÍNDIA [email protected] Budapeste Liubliana Alexandra Ferreira Leite Bucareste CHINA Baku Ancara Celeste Mota Atenas Tunes [email protected] Pequim TURQUIA Tóquio [email protected] José Joaquim Fernandes JAPÃO [email protected] Tripoli Laurent Armaos Xangai GRÉCIA [email protected] Riade Doha Filipe Costa Nova Deli CHINA Guangzhou Abu Dhabi Macau [email protected] Hong Kong Maria João Bonifácio Pier Franco Schiavone CHINA ITÁLIA [email protected] [email protected] João Cardim Nuno Várzea INDONÉSIA TUNISIA [email protected] [email protected] Kuala Lumpur Singapura Manuel Couto Miranda EAU [email protected] Jacarta Luanda Windhoek Pretória Gaborone Maputo Maria João Liew MALÁSIA [email protected] AO SERVIÇO DAS EMPRESAS Portugalglobal // Janeiro 15 // 61 BOOKMARKS INFORMÁTICA E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO A informática e as tecnologias de informação invadiram o nosso dia-a-dia pessoal e profissional. A sua importância é tal, que, sem qualquer receio, poderemos afirmar que quem não dominar pelo menos os rudimentos básicos destas novas realidades delas se verá excluído, logo quebrados os laços para a construção de um futuro profissional e pessoal melhor. Esta obra, com forte sentido pedagógico, passo a passo introduz o leitor nestas novas realidades. Os leitores que pretendam aceder e tirar partido das novas tecnologias de informação, mesmo partindo do zero, encontrarão neste livro um precioso auxiliar e “companheiro” na jornada emocionante para o futuro. Escrito por um autor angolano e perfeitamente adaptado à realidade angolana, este livro, sendo pioneiro na sua área, ajudará a dinamizar o conhecimento e a construção de uma cultura da informação de que tirarão partido imediato os seus leitores e, posteriormente, o próprio país. 1. Conceitos Básicos de Informática 2. Informação Digital 3. Principais Componentes de um Computador 4. Software 5. Redes de Computadores e Internet 6. Intranet e Extranet 7. Ameaças digitais e meios de contaminação 8. Sistemas de Protecção 9. Auditoria Informática O livro destina-se a estudantes, como auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, e a profissionais de qualquer área que começam a trabalhar com meios informáticos. www.silabo.pt/Conteudos/7844_PDF.pdf Autor: P aulo Francisco António Editor: Edições Sílabo Nº de páginas: 356 Ano: 2015 Preço: 24,00€ DICIONÁRIO PRÁTICO DE ECONOMIA Com esta obra pretende-se dar a conhecer, de forma sistematizada, objectiva e sucinta, os principais conceitos, variáveis e técnicas da economia, as instituições internacionais com relevância nesta área do saber e o contributo dos principais pensadores que ajudaram a construir a ciência económica. As relações económicas são um elemento central da organização social contemporânea e assumem um lugar de destaque na vida quotidiana de todos nós. Nesta perspectiva, o Dicionário Prático de Economia pretende ser um guia de referência para todos aqueles que pretendem manter-se informados e adquirir conhecimento sobre assuntos que vão desde a in- 62 // Janeiro 15 // Portugalglobal tervenção do Estado na economia ao funcionamento dos mercados financeiros, passando por muitas outras áreas como o comportamento dos agentes económicos, a organização dos mercados de bens e serviços, ou as flutuações cíclicas referentes ao desempenho agregado da economia no curto prazo. www.silabo.pt/Conteudos/7882_PDF.pdf Autores: O rlando Gomes Editor: Edições Sílabo Nº de páginas: 276 Ano: 2015 Preço: 19,50€ Videoconferências AICEP Global Network A AICEP disponibiliza um novo serviço de videoconferência para reuniões em directo, onde quer que se encontre, com os responsáveis da Rede Externa presentes em mais de 40 países. Obtenha a informação essencial sobre os mercados internacionais e esclareça as suas dúvidas sobre: • Potenciais clientes • Canais de distribuição • Aspectos regulamentares • Feiras e eventos • Informações específicas sobre o mercado Para mais informação e condições de utilização consulte o site: www.portugalglobal.pt Tudo isto, sem sair do seu escritório Lisboa Av. 5 de Outubro, 101, 1050-051 Lisboa Tel: + 351 217 909 500 Porto Rua Júlio Dinis, 748, 9º Dto 4050-012 Porto Tel. + 351 226 055 300 E-mail: [email protected] Web: www.portugalglobal.pt