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Artigo de Opinião
Notícias
António Machado e Moura
Vogal do Conselho Directivo
da Ordem dos Engenheiros - Região Norte
Entrevista
a Moreira da Silva
Destaque
Escrevo este Editorial em Agosto, período de férias, dedicado ao descanso, ao lazer, a tudo que nos liberte da pressão do quotidiano e nos faça
esquecer os problemas. Mas, se podemos gozar algum período de merecidas férias, a verdade é que os problemas não vão de férias e estão aí
em permanência, exigindo atenção redobrada.
O período de seca que se começou a sentir no final de 2004 foi-se agudizando, a tal ponto que esta já é considerada a pior desde 1945 e poderá
atingir uma expressão sem paralelo nos últimos dois séculos. A falta de
infra-estruturas hidráulicas em certas zonas do país impede a atenuação
dos efeitos desta situação extrema, e é sentida com grande impacto por
mais de uma centena de milhar de portugueses, cujo abastecimento em
água potável ocorre apenas em poucas horas do dia ou depende da chegada de autotanque… Mãos criminosas, aliadas às vagas de calor e à
seca extrema, acarretam o flagelo dos incêndios florestais, com danos
irreparáveis no ecossistema e prejuízos materiais incalculáveis. Há lacunas graves na organização do sistema de prevenção e de combate a este
drama, que, de ano para ano, persistem e até se reforçam…O triste ano
de 2003, com 425 mil hectares ardidos, parece já esquecido e não teve,
seguramente, as consequências que a situação impunha! Veja-se o cenário de desolação em muitas zonas do país!...
Na altura em que os preços do crude batem recordes, a quebra dramática da produção de energia hidroeléctrica veio agravar a nossa dependência energética de forma sensível, com custos económicos e ecológicos
muito graves. A economia nacional ressente-se fortemente deste quadro
conjuntural e as perspectivas de recuperação parecem estar cada vez
mais distantes…
Perante este cenário nada optimista, mas realista, só o engenho nos
pode ajudar… Fica a esperança na possibilidade da Engenharia poder
contribuir com a criação de soluções que resolvam ou mitiguem de
forma eficaz os problemas referidos, melhorando as nossas vidas.
Deste número da Info gostaria de realçar a magnífica entrevista do Eng.
Moreira da Silva, com considerações de grande pertinência sobre o
actual quadro florestal e as razões que estão na base da situação dramática que vivemos; na secção Destaque, a oportuna referência ao INESC
Porto, um centro de excelência da Engenharia portuguesa, no vigésimo
aniversário do início da sua actividade e numa altura em que o Eng. José
Mendonça recebe o testemunho das mãos do Eng. Guedes de Oliveira.
Uma referência para os artigos de opinião do Eng. Fontainhas Fernandes
sobre Bolonha numa perspectiva das Ciências Agrárias, e do Colégio
Regional de Engenharia Civil sobre aspectos fundamentais da Nova
Regulamentação sobre Térmica e Certificação Energética dos Edifícios.
Uma palavra final para os sessenta anos passados sobre esse acontecimento dramático ocorrido em Hiroxima, recordado através de um oportuno texto que coloca questões de grande pertinência sobre o tema.
Vida Associativa
Engenharia
no Mundo
Lazer
Agenda
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Ficha Técnica
Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região Norte.
Director: Luís Ramos ([email protected].).
Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Luís Leite Ramos, Fernando
Almeida Santos, Maria Teresa Ponce Leão, António Machado e Moura, Joaquim
Ferreira Guedes, José Alberto Gonçalves, Aristides Guedes Coelho, Hipólito
Campos de Sousa, José Ribeiro Pinto, Francisco Antunes Malcata, António
Fontainhas Fernandes, João da Gama Amaral, Carlos Vaz Ribeiro, Fernando
Junqueira Martins, Luís Martins Marinheiro, Eduardo Paiva Rodrigues, Paulo Pinto
Rodrigues, António Rodrigues da Cruz, Maria da Conceição Baixinho.
Redacção: Ana Ferreira (edição), Liliana Marques e redacção QuidNovi.
Paginação: Paulo Raimundo.
Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi.
Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20 4º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229388155.
www.quidnovi.pt. [email protected]
Publicação trimestral: Julho/Agosto/Setembro – n.º 5/2005. Preço: 2,00 euros.
Tiragem: 12 500 exemplares. ICS: 383485. Depósito legal: 29 299/89.
Contactos Ordem dos Engenheiros – Região Norte
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– 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258823522.
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– 5000-651 Vila Real. Tel. 259378473.
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OPINIÃO
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António Fontainhas Fernandes, coordenador do Colégio de Engenharia Agronómica da Região Norte
Bolonha: uma perspectiva
das Ciências Agrárias
Este documento nasce da necessidade de apresentar uma
perspectiva da aplicação de um dos temas centrais que
marcam a agenda política da actualidade, a implementação
da declaração de Bolonha no ensino superior português no
quadro das Ciências Agrárias. Os principais objectivos da
implementação de Bolonha são por demais conhecidos e, de
uma forma resumida, centram-se na adopção de um sistema
de graus comparável e legível baseada em dois ciclos prédoutoramento, na promoção da mobilidade de estudantes e
de docentes, bem como na generalização da diplomação ao
nível superior numa óptica de empregabilidade. Desde logo,
o cumprimento destes objectivos pressupõe a constituição de
um espaço europeu de ensino superior que promova a
dinamização da economia e da sociedade, com vista a
competir com os principais actores mundiais envolvidos na
formação avançada, como é o caso dos Estados Unidos,
cujas universidades continuam a ocupar as melhores
posições nos rankings, graças a um clima económico e social
que favorece a inovação.
Até ao momento, o centro da discussão da tão badalada
mudança de paradigma relacionada com o Processo de
Bolonha tem-se situado na fórmula a implementar em
Portugal. As preocupações dos agentes que intervêm no
ensino superior têm incidido na opção entre “3+2” e “4+1”
nas diferentes áreas de formação, tendo sido já
amplamente discutidos os relatórios dos grupos de trabalho
criados pela anterior ministra para as diferentes áreas de
conhecimento. Este debate ganhou uma grande intensidade
no plano económico, uma vez que algumas das
preocupações derivam da lógica de redução do tempo de
formação que conduza a uma diminuição no financiamento.
Do ponto de vista organizativo, qualquer que seja a duração
dos ciclos ou a área de formação, os cursos têm de ser
forçosamente orientados de forma diferente da existente na
actualidade, numa lógica de ECTS. Nesta perspectiva, a
reorganização curricular inerente ao Processo de Bolonha
também constitui uma oportunidade ímpar para introduzir
alguma coerência no sistema. Esta questão exige, entre
outros aspectos, a definição de competências e do perfil
para as diferentes áreas de conhecimento no espaço actual
de ensino superior em Portugal. Na verdade, a acção
reformadora de Bolonha não pode continuar a esgotar-se na
discussão de uma fórmula, devendo ter em atenção muitos
outros factores de mudança, como os aspectos
pedagógicos dos docentes que devem envolver inovação na
forma de ensinar e de avaliar, das questões relacionadas
com a investigação e a internacionalização das instituições,
embora se enquadrem num plano diferente daquele que o
presente artigo pretende analisar.
De acordo com o relatório apresentado ao ministério da
tutela no âmbito das Ciências Agrárias, no passado ano
lectivo foram oferecidas cerca de 1500 vagas nos sistemas
universitário e politécnico, das quais apenas cerca de 50%
foram preenchidas na primeira fase de candidatura. Nas
restantes fases de candidatura, este número não melhorou
significativamente. De acordo com o guia de acesso do
passado ano lectivo, estas vagas correspondem a um
número ligeiramente superior a quarenta cursos (43), não
se englobando neste grupo os cursos de Arquitectura
Paisagista e de Medicina Veterinária. Entre os cursos estão
acreditados pela Ordem dos Engenheiros nove cursos, dois
de Engenharia Silvícola (UTAD e Instituto Superior de
Agronomia) e oito de Engenharia Agronómica (dois da
Universidade dos Açores, dois do Instituto Superior de
Agronomia, dois da UTAD, um da Universidade do Algarve
e um da Universidade Católica), de acordo com os dados
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publicados na página web da Ordem. No âmbito da
Engenharia Agronómica foram consideradas as licenciaturas
em Engenharias Agrícola, Alimentar e Zootécnica. Em
suma, pode-se concluir que a grande maioria dos cursos
não se encontram acreditados.
Com base nestes dados, torna-se prioritário definir regras
claras de ordenamento no espaço português de ensino
superior a par da implementação de Bolonha. Desta forma,
é necessário tomar decisões sobre o excesso de vagas
oferecidas no domínio das Ciências Agrárias, que podem
passar pelo encerramento de cursos. A racionalização da
oferta de cursos oferecidos nos diferentes sub-sistemas de
ensino superior também deve ser considerada uma
prioridade. Na realidade, aos cerca de 1700 cursos
oferecidos no passado ano lectivo correspondem 825
designações, ministrados por um vasto conjunto de
instituições de ensino. Com efeito, é urgente diminuir a
enorme pulverização existente. Trata-se de uma matéria que
está a ser objecto de um estudo do Conselho de Reitores
das Universidades Portuguesas, no âmbito da sua
Comissão Especializada para a Educação e Formação
Inicial, Pós-graduada e Permanente. De referir que em
Espanha existe um “catálogo de cursos” que prevê a
existência de 140 cursos, existindo comissões criadas pelo
Conselho de Coordenação Universitária que estudam a
hipótese de diminuir este número para cerca de metade.
Esta reorganização da oferta educativa permitirá melhorar a
mobilidade nos países da União Europeia, tanto dos
estudantes como dos diplomados.
Outra das questões relevantes neste domínio centra-se na
harmonização das qualificações exigidas aos potenciais
candidatos ao acesso. Deste ponto de vista, importa
estabelecer um conjunto de requisitos comuns para as
OPINIÃO
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ofertas idênticas propostas pelas instituições nos diversos
sub-sistemas de ensino superior. Adicionalmente, o grau
académico obtido em qualquer dos ciclos deve ter a mesma
designação. De igual modo, o título profissional a que
podem aceder os respectivos diplomados deve ser idêntico,
reservando-se às Ordens Profissionais o papel de
fiscalização do exercício da profissão. Este processo de
racionalização conduziria a uma harmonização da
nomenclatura dos cursos oferecidos pelas diversas
instituições de ensino superior existentes em Portugal. Na
realidade, a criação de cursos por critérios de marketing
como forma de atrair candidatos ao ensino superior tem
conduzido a situações gritantes, traduzindo-se numa
enorme disparidade da oferta de cursos.
Em termos conclusivos, Bolonha constitui um desafio
e uma oportunidade única para impor alguma ordem no
ensino superior. As mudanças previstas com a reforma
de Bolonha devem exigir, obrigatoriamente, uma
transparência nas designações dos cursos, a harmonização
tanto ao nível das condições de acesso, como das
competências a adquirir pela formação. Neste sentido, no
quadro do ordenamento do espaço português de ensino
superior proposto, é necessário enquadrar decisões acerca
da racionalização da oferta educativa, em particular no
domínio das Ciências Agrárias. Esta orientação deve ser
perspectivada numa lógica de qualidade, baseando-se em
critérios bem definidos, devendo os relatórios das Ordens
Profissionais, no caso da acreditação e da Fundação das
Universidades Portuguesas no plano da avaliação,
constituir um instrumento de apoio à tomada de decisões.
Em suma, é preciso ter presente que todas as preocupações
referidas devem estar sempre associadas a uma garantia de
qualidade das instituições de ensino superior em Portugal.
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NOTÍCIAS
Engenharia na net
info
da OE mais de três mil utilizadores,
sendo a sua maioria, como se
esperava, membros da Ordem.
A OE está disposta a angariar o maior
número de cibernautas e para que
estes não tenham razões de queixa foi
disponibilizado um endereço de e-mail
[email protected] – onde os
utilizadores podem esclarecer
eventuais dúvidas.
Certificação energética
em 2006
A evolução e a expansão da internet
focalizou rapidamente a atenção dos
diferentes públicos. Perante a
popularidade e o sucesso da rede
electrónica, a Ordem dos Engenheiros
(OE) atribuiu-lhe importância e desta
forma aderiu às novas tecnologias,
criando um site com o endereço
www.ordemengenheiros.pt
Os resultados são satisfatórios e o site
tem recebido cada vez mais visitas.
Por mês, as páginas deste portal estão
a ser visitadas cerca de cinco mil
vezes. Contudo, as expectativas
esperadas no final do ano, segundo a
OE, devem apontar para números
muito superiores.
A estratégia de marketing implantada
pela OE começou a dar frutos,
milhares de engenheiros e
interessados seleccionam em primeiro
lugar este site em busca de
informação sobre engenharia. Neste
espaço as informações abundam:
dados relativos às regalias para
membros; ligações a bancos;
companhias de seguros,
especialmente destinados a
engenheiros; legislação, fóruns, são
algumas das áreas que os cibernautas
podem aceder. No entanto, algumas
delas, para poderem ser visualizadas
exigem um registo prévio no Portal do
Engenheiro. O visitante clica no link
“N.º de Membro/Login” e desta forma
surgirá um pequeno documento para
preencher.
Actualmente já se registaram no site
A certificação energética dos edifícios
vai passar a ser obrigatória já no início
do próximo ano. A medida deve-se em
parte em dar a conhecer aos seus
futuros utentes as respectivas
características energéticas e a
qualidade do ar no interior do edifício.
A legislação da certificação energética
tem como objectivo assegurar que
todos os novos edifícios, bem como
os respectivos sistemas de
climatização, submetidos a
licenciamento no território nacional,
cumpram as normas de eficiência
energética, como, por exemplo, os
colectores solares térmicos para o
aquecimento da água ou outras
soluções equivalentes.
O PSD demonstrou o seu desagrado
quando se pronunciou em Junho
contra o desagendamento ao projectolei que aprova o Sistema Nacional de
Certificação Energética dos Edíficios e
de Qualidade do Ar Interior dos
Edifícios (SNCEQAIE) e as respectivas
normas.
Neste sentido, o grupo parlamentar
do PSD referiu-se em comunicado que
“é cada vez mais preocupante o
surgimento, associado à degradação
da qualidade do ar interior nos
edifícios, de sintomas como a fadiga,
dores de cabeça, tosse, náuseas e
tonturas, dificuldade em respirar,
secura ou irritação nos olhos”.
A urgência da aprovação baseia-se
quer na obrigação de transpor a
directiva relativa ao desempenho
energético dos edifícios quer na
criação dos mecanismos para a sua
aplicação. Outro facto a ter em
consideração é que esta matéria devia
ser já incluída no programa curricular
das faculdades de Engenharia e de
Arquitectura no próximo ano lectivo.
A Ordem dos Engenheiros (OE) e a
Ordem dos Arquitectos reuniram-se
para debater assuntos como o novo
enquadramento legal e debater as
implicações nas respectivas profissões
e na qualidade dos edifícios. Contudo,
de forma a garantir a qualidade foi
info
considerado que é necessária a aposta
na formação dos técnicos para
certificação de edifícios.
Fernando Santo, bastonário da OE, foi
um dos profissionais que se
pronunciou sobre a formação de
técnicos certificados. “O país teve
uma explosão de construção na última
década, mas a qualidade regulava-se
mais por factores de ‘marketing’
comercial do que pelo cumprimento
das normas técnicas de
regulamentação”, explicou.
Propostas feitas
ao Governo
Fernando Santo, bastonário da Ordem
dos Engenheiros (OE), está sempre
atento a novos desafios de forma a
articular melhorias e criar novos
projectos para a sua área.
Neste sentido, o bastonário foi ouvido
pelo Governo a 20 de Maio,
nomeadamente pelo ministro das
Obras Públicas, Transportes e
Comunicações, Mário Lino.
As propostas apresentadas pelo
membro superior da Ordem foram
referentes à revisão do Decreto 73/73,
da Ficha Técnica da Habitação e da
legislação sobre Instruções para a
Elaboração de Projectos.
Depois de uma breve apreciação do
tema, o governante disponibilizou-se
para proceder à análise dos
documentos, meditar sobre a
legislação, no sentido de encontrar
melhores soluções.
Na mesma linha de intenções,
Fernando Santo voltou a ser ouvido no
dia 24 do mesmo mês pelo secretário
de Estado da Administração Local,
Eduardo Cabrita, ao qual o bastonário
fez sobressair a emissão dos
certificados de habitabilidade previstos
na anterior proposta de revisão da Lei
do Arrendamento.
Algumas destas propostas já teriam
sido apresentadas ao Governo de
Santana Lopes, o qual previa que a
apreciação das condições mínimas de
habitabilidade das fracções que
conduziriam, ou não, à emissão do
certificado de habitabilidade, estaria
dependente das vistorias a realizar por
engenheiros ou arquitectos.
Assim sendo, a OE continuará a
estudar várias propostas para melhorar
a regulamentação sobre a matéria.
Segurança em debate
Inúmeros engenheiros reuniram-se no
passado mês de Julho num jantar para
debaterem o tema “A Intervenção do
Especialista em Engenharia de
Segurança”. O encontro, além de uma
aproximação entre profissionais da
mesma área, serviu para discutir o
papel dos engenheiros em matéria de
segurança e desta forma encontrar as
mais vastas soluções de protecção aos
trabalhadores.
A temática da segurança está presente
em todas as profissões, mas como foi
mencionado no jantar-debate existem
actividades mais expostas a acidentes
de trabalho e uma delas é a
Engenharia.
São vários os especialistas que se
preocupam em encontrar novas
NOTÍCIAS
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soluções para o problema. Sérgio
Miguel, coordenador da
Especialização de Engenharia da
Segurança da Ordem dos Engenheiros
(OE), considera que a segurança é um
tema sempre em aberto. PoOE em
relação a este assunto tem tido uma
intervenção activa.
Neste âmbito, já foram apresentadas
algumas propostas, uma delas
aconteceu no primeiro mandato da
Comissão Executiva da Engenharia de
Segurança (ES), em Abril de 2000,
quando foi enviado ao secretário de
Estado do Trabalho uma opinião do
projecto de decreto-lei sobre a
certificação profissional de Técnicos e
Técnicos Superiores de Segurança e
Higiene no Trabalho (SHT), bem
como uma proposta sobre conteúdos
formativos para o curso de Técnicos
Superiores de SHT.
Por outro lado, outras propostas ao
nível da OE foram colocadas em cima
da mesa, tal como o regulamento das
especializações, aprovado na
assembleia de representantes em Abril
de 1999, tendo, no entanto, sofrido
algumas alterações, sendo a última
efectuada em Março de 2005 em
apenas alguns domínios, tais como a
criação e o funcionamento das
especializações (artigo 3º e 6º),
eleições para a comissão executiva
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NOTÍCIAS
(artigo 7º) e outorga do título de
especialista (artigo 8º).
Enquanto a palavra de ordem foi a
segurança, o sector da construção foi a
especialidade mais foi abordada. Desta
forma alguns engenheiros alertaram
para a necessidade de se criarem
subespecializações de especializações
de forma a definir o grau do
especialista de segurança. Ainda nesta
linha de pensamento foi realçada a
importância de definir uma
coordenação mais simples na área da
segurança contra incêndio.
Casa da Música
com vista assegurada
O consenso em torno da controvérsia
do enquadramento urbano da Casa da
Música está assegurado. Depois de
algumas negociações, os arquitectos
Rem Koolhaas e Ginestal Machado
podem estar serenos, já que a Câmara
info
Municipal do Porto comprometeu-se a
ceder o terreno contíguo ao da
Adicais.
Com a solução encontrada a Casa da
Música pode continuar a usufruir da
boa vista na medida em que a grande
janela não vai ficar de forma alguma
tapada, ao contrário do projecto inicial
do gabinete do arquitecto Ginestal
Machado. E assim sendo irá nascer
num futuro próximo um edifício,
nomeadamente a sede do Banco
Nacional Português.
Para o entendimento de todas as
partes foi importante ou mesmo
imprescindível a presença de Rem
Koolhaas na cidade no Porto para a
inauguração da Casa da Música. “O
facto do arquitecto estar no Porto
possibilitou um encontro, que
procurava há muito, mas não tinha
conseguido. Posso dar o lote 2, se for
necessário, e também estou disponível
para aprovar tudo o que merecer o
acordo de ambas as partes, dentro da
capacidade construtiva permitida”,
explicou Rui Rio, presidente da
autarquia do Porto.
É de salientar que a cedência do lote 2
chegou até às mãos do Conservatório de
Música do Porto e foi posteriormente
devolvido pela Direcção Regional de
Educação do Norte à autarquia. A união
dos dois lotes permitirá uma solução
urbanística distinta, abrindo desta forma
um canal para a manutenção das vistas
do auditório.
Actualmente cabe a Ginestal Machado
estudar a melhor forma para uma
óptima concepção urbanística,
segundo o arquitecto a proposta para
o novo edifício não ultrapassará a cota
de referência dos 28 metros referente
ao topo superior do “janelão”,
conforme o recomendado pelo
gabinete do arquitecto holandês autor
da emblemática construção da Casa da
Música.
A área total de construção será de
18.570 metros quadrados e o prazo
previsto para a sua conclusão é de
três anos.
info
Energia eólica
O Governo lançou em Julho um
concurso internacional para a
atribuição de licenças de produção de
mil e setecentos megawats de
energia eólica.
Trata-se de um programa que
mobiliza maior investimento no
quadro dos PIIP (Planos de Infraestruturas de Investimentos
Prioritários) e desta forma a
produção de electricidade será
elevada para 44 por cento a partir de
fontes renováveis até 2013.
Como explicou Castro Guerra,
secretário de Estado-adjunto da
Indústria e da Inovação, o concurso é
composto por duas fases, a primeira
que durou até Julho e a outra
prolongar-se-á até ao final do ano.
Além de se criar um “cluster”
industrial, este concurso vai ainda
gerar mais de 1 600 postos de
trabalho.
O Governo prevê que até 2010 haja
um crescimento no investimento de
mais de 3,8 mil milhões de euros na
instalação dos 1 700 megawatts.
Apesar desta medida ser elucidativa e
bastante rentável é ainda necessário
ter em conta o impacto ambiental,
Eugénio Sequeira da Liga para a
Protecção da Natureza apoia a
iniciativa, mas alerta para a
necessidade de cuidados a ter com o
ambiente, nomeadamente na
construção das instalações que vão
proceder à produção de energia
eólica.
Eugénio Sequeira defende que é
fundamental que se conheçam os
critérios de instalação, na medida
que as zonas mais ricas em fontes de
energia renovável são áreas
protegidas, inseridas na Rede Natura.
Além disso, critica a falta de
iniciativas governativas nos últimos
anos na produção de energias
renováveis, apontando como exemplo
o facto de Portugal ser melhores
condições climatéricas do que a
Alemanha para o desenvolvimento de
unidades de energia fotovoltaica, mas
mesmo assim o que o nosso país
produz em 10 anos, a Alemanha
consegue num ano.
Outra preocupação demonstrada pelo
ambientalista relaciona-se com a
possibilidade do incumprimento de
Portugal ao compromisso que assumiu
na Cimeira de Quioto: ter 39 por cento
da produção eléctrica a partir de
energias renováveis em 2010.
AECOPS pede apoio
ao Governo
Associação das Empresas de
Construção e Obras Públicas
(AECOPS) tenta sensibilizar o
Governo para que os projectos de
grande envergadura sejam
adequadamente planificados.
Esta preocupação subsiste devido ao
pouco ritmo verificado por parte das
NOTÍCIAS
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empresas de obras públicas. Desde o
início do ano foram já perdidos mais
de 540 mil postos de trabalho, vindo
o número de desempregados a
crescer gradualmente.
O pessimismo e a preocupação são
as características que estão a
dominar o comportamento dos
profissionais da área e a única
solução encontrada foi pedir ao
Governo uma política consistente
para as obras públicas.
Esta medida precisa de alguma
brevidade, na medida em que as
empresas têm que definir estratégias
e prepararem-se para eventuais
concursos.
Construção de pontes
inovadora
Depois de 11 anos de investigação, a
Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto (FEUP) com a
colaboração da empresa Mota-Engil
coloca Portugal numa posição de
prestígio no que diz respeito à
construção de pontes.
O sistema pré-esforço orgânico ou
Organic Prestressing System,
inovador a nível mundial, permite
compensar as forças a que a
estrutura das pontes está sujeita de
forma a reduzir deformações e
tensões, baseando-se no
funcionamento do músculo humano,
além de a segurança ser assegurada e
os custos significativamente
reduzidos.
Os primeiros passos deste projecto
estão a ser dados numa ponte que
está a ser construída sobre o Rio
Sousa, em Lousada. Local este onde
já foram efectuadas 12 betonagens,
ou seja, já deram 12 avanços no
tabuleiro. A obra está programada
para ser finalizada no final do ano,
mas com o novo método os prazos
poderão ser superados.
De acordo com Pedro Pacheco,
investigador da FEUP e coordenador
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NOTÍCIAS
da equipa que desenvolveu o
sistema, trata-se “de uma solução
tecnológica que permite compensar
as forças a que a estrutura metálica
das pontes está sujeita, baseando-se
no funcionamento do músculo
humano”. Por sua vez Fernando
Pinto, profissional da Mota-Engil,
esclarece que “cada betonagem
representa um avanço na construção
da ponte de 30 metros cada e nesse
processo registam-se alguns
acidentes de trabalho que com este
sistema ficam muito minorizados”.
Importa referir ainda que o principal
descobridor desta “galinha de ovos
de ouro” foi Pedro Pacheco. Ao que
foi apurado a ideia começou a ser
incubada quando realizou um
trabalho universitário. O investigador
está convicto que este método será
usado nos outros países “por ser
simples e trazer grandes vantagens”.
Engenharia
das Energias chega
à universidade
Para colmatar a falha de profissionais
no ramo das energias, a Universidade
de Trás-os-Montes (UTAD) vai abrir
no próximo ano lectivo a primeira
licenciatura do país em Engenharia
das Energias.
Salvador Malheiro, o professor
responsável pelo novo curso, deu a
conhecer que inicialmente serão
abertas 15 vagas. Para o docente as
vantagens são inúmeras e quem
enveredar pelo curso tem à partida
sucesso profissional garantido, na
medida em que a evolução no sector
energético está a sentir-se
gradualmente não só em Portugal
mas no mundo. O responsável pelo
curso atreve-se mesmo a afirmar que
nas próximas décadas, se registará
um forte aumento na procura de
especialistas em Engenharia de
Energias.
info
A localização da universidade não
poderia ser melhor, na perspectiva
em que a cidade de Vila Real ocupa o
primeiro lugar no que diz respeito à
produção de energia eólica, seguida
de Braga e Viseu.
O professor elogia a zona afirmando:
“estamos numa região com uma
potência de crescimento
impressionante”, contudo os seus
projectos não se ficam por aqui uma
vez que levanta a hipótese de
promover outras formas de energia
renovável.
O curso será leccionado por docentes
da universidade e será composto por
uma formação em Ciências de
Engenharia e numa árdua
especialização em produção,
distribuição e utilização de energia.
No entanto, uma formação básica
nos domínios de Ambiente e das
Ciências Empresariais serão umas
das formações a contemplar o curso.
Num futuro próximo, o desejo de
Salvador Malheiro é que o curso de
Engenharia das Energias seja
reconhecido pela Ordem dos
Engenheiros, tal como acontece com
todas as licenciaturas de engenharias
disponíveis na UTAD.
A polémica do túnel
de Ceuta
O túnel de Ceuta parece ser um tema
sem fim. Apesar de já ter sido aberto
no fim do mês de Julho à circulação
automóvel no troço entre a Praça
Filipa de Lencastre e o Jardim do
Carregal no centro do Porto, a
polémica parece subsistir. Por
concluir ainda está parte da infraestrutura que deveria acabar na Rua
de D. Manuel II, entretanto
embargada.
Neste momento as questões que
estão em cima da mesa são as de
continuar ou não as obras no túnel
de Ceuta. Neste sentido, recorde-se
que a 8 de Julho o IPPAR deu um
prazo de 45 dias à Câmara Municipal
do Porto para cobrir com terra a zona
escavada junto ao Museu Nacional
Soares dos Reis.
No entanto, a posição de Rui Rio foi
a de escrever uma carta ao primeiroministro, José Sócrates, a sugerir que
a decisão sobre o túnel de Ceuta
devia ser congelada até às eleições
autárquicas. "Qualquer solução que
venha a ser ali implementada é a que
estiver no programa que ganhar as
próximas eleições. Em democracia
não pode haver solução mais justa,
equilibrada, sensata, que é de voltar a
devolver ao povo a decisão
sobre o túnel de Ceuta", esclareceu o
presidente da autarquia portuense.
Ao que parece, Rui Rio obteve já uma
resposta da sua intenção, porém não
foi adiantado qual o seu teor.
Recorde-se ainda que em Abril do
presente ano a Ordem dos
Engenheiros predispôs-se através da
secção regional do Porto a liderar
uma comissão arbitral para gerir a
má relação entre a Câmara do Porto e
o IPPAR. No entanto o IPPAR
recusou desde logo a sua
intervenção, alegando que a
comissão seria desconforme com a
lei. A Ordem defendeu que apenas
tinha como intuito ajudar numa
situação que há muito se arrasta.
Polis estimula
Governo
Um pacote de novas políticas
urbanísticas está a ser preparado
pelo Governo a implementar durante
os próximos anos. Esta iniciativa tem
por objectivo reestruturar os actuais
programas Polis e assim proceder à
realização de um modelo urbanístico.
Neste sentido, o Executivo vai retirar
o que de melhor tem o Polis e desta
forma irá elaborar um conjunto de
políticas mais amplas que definirão o
modelo de cidade que se pretende
para Portugal. “O investimento
info
público e privado são dois dos eixos
que queremos congregar nas
intervenções a realizar no âmbito dos
novos programas a serem criados”,
esclareceu o secretário de Estado do
Ordenamento do Território e Cidades,
João Ferrão.
Contudo a falta de verbas tem sido
uma das principais dificuldades
encontradas pelos vários
responsáveis ao nível local pelos
programas Polis.
A título de exemplo João Esgalhado,
director-executivo do Polis Covilhã
proferiu ao Mercado Imobiliário que
“a insuficiência de verbas impediu a
plena conclusão do programa, tendolhe sido retiradas diversas obras
inicialmente previstas”.
No entanto as verbas não são o único
senão. Para Matos Rodrigues, da
sociedade Aveiropolis “é urgente
definir os objectivos do programa
Polis. Foram criadas sociedades
anónimas, limitadas no tempo – cerca
de cinco anos – para desenvolverem
um plano estratégico. Não é possível
gerir e planear a actividade de uma
empresa de capitais públicos, quando
se introduzem frequentes indefinições
relativamente aos objectivos a atingir,
esclareceu. Por sua vez o presidente da
Câmara Municipal de Viana do Castelo,
Defensor Moura, partilhou da mesma
ideia e acrescentou que “mais do que a
falta de verbas, o Vianapolis debateuse com a falta de decisão dos quatros
ministros que tutelaram este programa
entre 2000 e 2004”.
Espanha retira água
portuguesa
Portugal pode estar a ser prejudicado
pelo país vizinho, pois Espanha
retirou água do Rio Douro e do
Guadiana e ao contrário do que já
devia ter acontecido ainda não a
repôs, desrespeitando assim os
acordos para rios luso-espanhóis.
Perante a seca que o país enfrenta, as
repercussões estão-se a manifestar
preocupantes e segundo dados do
Instituto da Água (INAG), desde o
dia 1 de Outubro do ano passado,
não houve um único dia em que o
caudal do Rio Douro na Barragem de
Miranda superasse os 300 metros
por segundo. E mesmo sendo esta
diferença muito notória e
preocupante a água não deixou de
ser desviada para outros locais.
Importa realçar que o mês de Maio
do ano transacto foi registada a
maior disparidade de todos os
tempos: apenas num só dia o caudal
médio na Barragem de Miranda foi
de 197 metros cúbicos por segundo,
mas ao Pocinho só chegaram 28.
Este é um dos piores exemplos. No
entanto os outros meses não andam
muito longe destes valores.
Seca faz aumentar
os custos
Já todos sabemos que a seca é uma
problemática mundial. Portugal
também sofre com esta forte ameaça.
A falta de água nos rios e nas
barragens condiciona uma
NOTÍCIAS
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diminuição na capacidade de gerar
electricidade. Esta falha actualmente
tem de ser compensada pelas
centrais térmicas.
De acordo com José Penedos,
presidente da Rede Eléctrica Nacional
(REN), existem “quebras assinaláveis
de um ano para o outro, pois a
produção hidroeléctrica caminha para
um terço do normal, ou seja, entre os
27 e os 30 por cento do que é
produzido num ano médio”,
esclareceu.
José Penedos deu ainda a conhecer
que os problemas começaram no
último trimestre de 2004 e só não
foram mais graves porque o
problema foi amortecido pela
valorização do euro face ao dólar.
A mesma fonte refere que os
pequenos consumidores irão sentir
as suas facturas de pagamento
crescerem no ano de 2007. Já para os
clientes que possuam indústrias este
efeito irá surtir em muito menos
tempo e com tendência a um
agravamento.
“Vamos ter mais emissões e uma
maior exportação de fundos para a
compra de combustíveis”, refere José
Penedos como consequência da fase
que o país atravessa.
Página 12
ENTREVISTA
info
José Joaquim Ribeiro Moreira da Silva, engenheiro florestal
País em chamas
José Joaquim Ribeiro Moreira da Silva, nascido em Massarelos,
a 10 de Dezembro de 1923, dedicou 43 anos da vida ao sector
florestal público português. Ao longo destes anos adquiriu
uma rica cultura da floresta e a realização profissional consequente. Mas hoje o panorama é diferente. Preocupado e desapontado, observa, já retirado desse meio, a falta de gestão florestal, de organização de meios humanos e de estruturas de
combate aos incêndios. A paisagem florestal e o grau de protecção civil alteraram-se, o que exige uma mudança nas medidas políticas que têm sido prometidas, mas que para já não
têm passado disso mesmo.
De facto, o engenheiro florestal – designação profissional que
substituiu o engenheiro silvicultor – assiste ao país em chamas
e recorda o que poderia ter sido feito: “Por volta de 1960 inte-
Com 43 anos de vida dedicados ao sector florestal,
Moreira da Silva já foi várias vezes homenageado. A
mais marcante talvez tenha sido a homenagem
promovida pelo Colégio Florestal da OE
grei uma equipa que alertou o governo e os serviços florestais
para o perigo dos incêndios nas florestas e indicávamos soluções e políticas. Só agora é que há a primeira tentativa com a
criação das zonas de intervenção florestal. Quando a Forestis –
Associação Florestal do Norte e Centro foi fundada, lançámos
a ideia da Gestão e Defesa Florestal Conjuntas”. Nada tem
sido feito porque “não há aliciantes políticos. São medidas
impopulares, pois só há resultados passados 10 ou 20 anos e
não há nenhum governo com quatro anos de vida que se arrisque a fazer isso. As medidas de prevenção não são feitas de
info
ENTREVISTA
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Texto de Ana Ferreira • Fotos de Alfredo Pinto
um ano para o outro, podem ser realizadas para 10 anos”.
Para o engenheiro a gestão de floresta assenta em três pilares
fundamentais: “Competência, o que obriga a outro pilar importante que é a área. Não é possível gerir uma floresta com dois,
cinco ou 20 hectares. São precisos milhares de hectares, mas
para isso é preciso a junção da gestão das propriedades, mas
quem é que se atreve a fazer isso politicamente? Pode haver
aliciantes fiscais, mas é preciso dinheiro. O terceiro ponto é o
profissionalismo. O rescaldo devia ser obrigatório, pois é um
crime deixar reacender um fogo. Quando estava nos Serviços
Florestais, ficava de 50 em 50 metros um homem após termos
apagado o fogo à noite, porque sabíamos que às 3h30 ou 4
horas da madrugada mudava o vento e ele reacendia”.
O grave problema do combate aos incêndios florestais, na sua
opinião, surgiu em 1980, quando os serviços florestais deixaram de ser os responsáveis pelos combates e não se transmitiu o know-how aos bombeiros. Exemplificando, observa:
“Outro dia vi na televisão os bombeiros a combater um fogo
pela frente, no sítio mais perigoso que há, pois surgem gases
letais. No meu tempo, quando éramos responsáveis pelo combate aos incêndios, estava sempre presente um técnico de dia
e de noite. Chegava a ser chamado durante a noite para substituir um colega que estava cansado”.
Compreende, porém, as dificuldades em travar este flagelo que
consome as áreas florestais portuguesas, especialmente no
Verão, mas o que é fundamental é criar quanto antes condições
especiais. “Se os incêndios atingem determinado volume e se
forem puxados a vento não há nada a fazer, a única hipótese é
evitar que se propague. E isso passa por aquilo que defendo há
alguns anos e que passa, por exemplo, pela compartimentação
da floresta e pela utilização de fogos controlados”.
Além disso, e num ponto de vista mais utópico, defende que
se deve “pensar a sério na mudança da floresta. As pessoas
que plantam um carvalho só podem ver benefícios dali a 150
anos. Como ninguém dura 150 anos, ninguém planta carvalhos. Era preciso haver a possibilidade de emprestar dinheiro a
longo prazo às pessoas para plantar uma floresta, que só seria
cobrado na altura do corte. E nós tínhamos obrigação de ajudar, visto a floresta a nós também nos interessar”.
Além destas observações, o engenheiro florestal acrescenta
mais dois problemas ao flagelo dos incêndios: “A desertificação, pois o mato deixou de ser cortado. Uma vez calculei com
a ajuda de um colega matemático qual o combustível existente
em mil hectares de floresta suja. Tinha mais energia acumulada do que a libertada pela bomba atómica de Hiroshima.
Outro problema é a limitada fiscalização das queimadas. Ou
as pessoas se consciencializam que fazer queimadas fora do
tempo é um crime contra a nação e denunciam ou então surgem os incêndios”.
Moreira da Silva foi em 1992 um dos fundadores da
Forestis - Associação Florestal do Norte e Centro, tendo
assumido a presidência desde esse ano até 1998
Educação e formação florestal
Para Moreira da Silva ainda não há em Portugal um forte respeito pelas leis de defesa do ambiente e a consciência de que
é necessário aproveitar e gerir os recursos da floresta para fins
económicos ou recreativos. Na sua opinião este comportamento deriva do facto de os “portugueses não poderem ter
educação ambiental se não têm educação cívica”. Situação
que já vem de há muitos anos e está relacionada com o analfabetismo. “Estas gerações de agora têm dificuldades porque
não têm alicerces. Um aluno que está a estudar ambiente na
escola primária e que tem preocupações sobre esse aspecto,
deixa de estar enquadrado quando chega a casa e a mãe não
fecha a torneira e as luzes ficam acesas. O que é preciso é um
grande esforço persiste na educação das crianças”.
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ENTREVISTA
info
José Joaquim Ribeiro Moreira da Silva, engenheiro florestal
Considera que os jovens entre os 20 e os 30 anos começam
a ter preocupações ambientais, mas é insuficiente se se dá
protagonismo aos “ambientalistas de café, que só se querem promover e o que dizem que está mal é lugar-comum”
e se os docentes não estão preparados para divulgar a mensagem.
Os conhecimentos sobre o ambiente têm de ser transmitidos
logo nos primeiros anos escolares, mas têm de ser contínuos,
mesmo nos cursos específicos da área, porque só assim se
formam bons engenheiros.
Segundo Moreira da Silva, para que isto seja conseguido uma
das condições essenciais é que os professores de Engenharia
Florestal conheçam o terreno. “Tenho visto investigações
sobre Fogos Controlados, por exemplo, feitas por pessoas que
não sabem o que é o ecossistema natural”.
Aponta ainda outra crítica: “O Instituto de Agronomia resolveu dividir o curso de Silvicultura em três ramos: produção,
protecção e indústria, o que é um disparate, pois estas áreas
estão relacionadas. A vantagem do engenheiro florestal é a
capacidade de abarcar”.
São levantadas várias questões para o reduzido número de
jovens a procurar o curso de Engenharia Florestal nos dias de
Para Moreira da Silva o grave problema do combate aos
incêndios florestais surgiu em 1980, quando os serviços
florestais deixaram de ser os responsáveis pelos combates e não se transmitiu o know-how aos bombeiros
hoje, questões essas que passam pelas saídas profissionais e
pela desvalorização da área.
Na sua opinião existem engenheiros florestais bem formados
no país, porém há que ter em conta vários pontos: “O primeiro é que em Portugal ainda há saídas para os engenheiros florestais. No meu tempo os engenheiros florestais trabalhavam
para o Estado e no campo eram muito poucos. Um dos problemas é que há lugares das câmaras municipais que tiveram
o apoio para a criação de núcleos florestais que estão ocupados por pessoas com outra formação. Mas não sou da opinião que por câmara é necessário um engenheiro florestal,
porque não há trabalho para isso. Acho que Portugal deveria
de ter 300 engenheiros florestais no campo. Temos três
milhões de hectares, se cada um ficasse com 100 mil, eram
300 profissionais. E ao fim de alguns anos esses engenheiros
já não podem estar no campo porque deixam de ter resistência e dão lugar a outros.”
info
Outro ponto que o engenheiro realça é a importância que se
confere a esta área no Verão devido aos incêndios, mas que
no resto do ano é esquecida.
“Para ser florestal tem de se ser poeta”
Mas, afinal, quem é o engenheiro que trata a floresta por ‘tu’
e que afirma que para se ser florestal tem de se ser poeta?
“Porque o poeta acredita, quando os outros lhe demonstram
que é impossível; porque o poeta é sensível, quando os
outros foram esmagados pela forja brutal do nosso quotidiano; porque o poeta sonha, quando os outros já assentaram
os pés na terra, e como diz António Gedeão: “Sempre que
um Homem sonha o mundo pula e avança”; porque como
diz o poeta a ele não podemos “cortar a raiz ao pensamento”; porque o poeta ainda “corre de botas rotas atrás das ilusões”, como diria Raul Brandão.
Moreira da Silva, que em jovem não pretendia ser florestal,
veio a encontrar nessa área o gosto pelo trabalho. Aponta
que uma das vantagens em ser florestal é trabalhar com utopias, com projectos que antevê, mas que dificilmente os testemunha na prática devido à demora dos resultados.
Trabalhou durante cinco anos como encarregado da direcção
do Parque Nacional da Peneda-Gerês, tendo sido esse o período que o mais marcou na longa carreira profissional, “porque
tinha uma missão extremamente importante que era juntar
imensas profissões e tendências. Trabalhava com sociólogos,
arqueólogos, geólogos e sentia que era o elo aglutinador de
uma obra muito interessante que eram uns estudos profundos
sobre o parque não só da parte natural mas também humana.
Sempre defendi que o parque devia ser uma universidade aberta. O meu projecto era um pouco romântico, uma utopia.
Quando apresentei a Lei Orgânica, aprovada no tempo da
Maria de Lourdes Pintasilgo, indicava uma projecção para o
parque, que previa ser o cadilho do desenvolvimento do interior português. E o desenvolvimento podia fazer-se não com
cimento armado, mas com outros valores mais importantes
como a cultura e as tradições. O Parque Nacional era uma
bandeira que os investigadores gostavam de levantar”.
Porém, o período que mais o marcou positivamente trouxelhe amargos sentimentos, explica: “Fui saneado duas vezes
na minha vida profissional. Uma vez no Parque Nacional em
1980, por questões políticas, porque consideravam-me uma
pessoa perigosa por ser de esquerda. Mas eu nunca utilizei
as minhas convicções políticas na administração pública. Fui
completamente isento, mas eles acharam que não e expulsaram-me do parque, fazendo-me um grande favor, porque
estava cansado. O processo demorou seis meses, porque
houve forças políticas até do próprio governo que contrariavam a minha expulsão do parque. Isso deu-me uma força
ENTREVISTA
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enorme. O secretário de Estado quis recuar, mas já não conseguia, porque eu já tinha dito muita coisa. E mais tarde,
quando quiseram que voltasse, recusei. Voltei para a
Direcção-Geral das Florestas. A segunda vez que fui saneado
foi quando fiz 70 anos. A administração pública manda
embora um funcionário quando atinge essa idade, não aproveitando muito do investimento que fez nessa pessoa”.
Moreira da Silva completou a formação de Engenharia
Agrónoma na Universidade Técnica de Lisboa, sem nunca
obter a licenciatura pois entretanto mudou para Silvicultura,
como antigamente se designava o actual curso de
Engenharia Florestal. Antes de ir para o Parque Nacional trabalhou cerca de 10 anos no horto da família, a Casa Moreira
da Silva, para onde tinha lugar marcado desde pequeno.
Na década de 1950 foi convidado para trabalhar nos Serviços
Florestais do Porto, e após um período de serviço de gabinete,
começou a ir para o campo, onde descobriu a verdadeira vocação. Fez projectos de estradas, foi responsável pelos serviços
de caça e pesca e, entre outras tarefas, introduziu em Portugal
o Paperpot, um método de criação de estufas florestais para
produção intensiva e automatizada de árvores florestais que
estudou na Finlândia e adaptou ao clima português.
Do seu currículo diversificado e abrangente consta a fundação e a presidência da Forestis de 1992 a 1998, o que também aconteceu por acaso na sua vida. “A Comissão de
Coordenação da Região Norte tinha entre mãos um projecto
com associações florestais francesas e espanholas para um
programa comunitário e o então presidente da Comissão de
Coordenação, o engenheiro Braga da Cruz, achava que a
Região Norte devia ter uma associação. A única que representava os florestais era a Confederação dos Agricultores
Portugueses, mas que estava mais ligada aos latifúndios do
que ao minifúndio do Norte. Nessa altura vieram ter comigo
a pedir para sugerir nomes para presidentes dessa associação e os dois ou três nomes que indiquei foram vetados.
Depois fui o escolhido”. Hoje em dia, “o pai babado da
Forestis” não se desloca frequentemente à associação, só
quando é requisitada ajuda, mas mesmo assim faz questão
de acompanhar o seu crescimento.
Com um carreira ímpar no sector florestal em Portugal,
Moreira da Silva já recebeu várias distinções, como a medalha de honra da agricultura em 1999 e o grau de Grande-oficial da ordem de Mérito Agrícola, Comercial e Industrial
(Classe de Mérito Agrícola) em 2000.
A mais marcante talvez tenha sido a homenagem promovida
pelo Colégio Florestal da Ordem dos Engenheiros em 1997,
cujo discurso de apresentação coube à filha que seguiu as
suas pisadas, adquiriu amor à floresta e tornou-se uma engenheira florestal.
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DESTAQUE
info
INESC Porto
Pedro Guedes de Oliveira
em discurso directo
O INESC Porto é um ‘filho’ adulto?
O INESC Porto é uma instituição independente desde 1998,
que resultou da autonomização do pólo do Porto do INESC,
que comemora este ano 20 anos. Estou na direcção do INESC
desde 1991 e do INESC no Porto desde 1993. Portanto, há 12
anos. Mas, como presidente do INESC Porto estou desde que
foi criado em 1998.
Do ponto de vista pessoal foi muito gratificante a experiência.
Cheguei ao INESC no Porto em 1993, já o INESC tinha sete ou
oito anos, e existia um grupo a que não pertenci que tinha
lançado a iniciativa decorrente do INESC que existia em
Lisboa. Nessa altura estava ligado ao INESC através da
Universidade de Aveiro. Esse grupo fez um trabalho muito
interessante, porque na fase inicial havia uma parcela muito
focalizada num projecto muito grande que se chamava SIFO
(Serviços Integrados de Fibra Óptica).
Quando assumi a direcção, o que fizemos foi pôr ordem na
‘casa’. A nível de estrutura estavam constituídos muitos
grupos pequenos e tentámos dar maior configuração a
algumas áreas de trabalho e actualmente, como resultado
desse processo de reenquadramento, existem cinco unidades
de organização. Depois criaram-se as condições internas que
permitiram a autonomização, o que passou por constituir um
grupo de pessoas capaz de assegurar toda a gestão interna,
pois na altura dependia-se totalmente dos serviços de Lisboa.
Na minha opinião assegurar bem a gestão de uma instituição
deste tipo é fundamental, porque libertar o tempo das pessoas
que estão ligadas à investigação, ao desenvolvimento e à
prestação de serviços das tarefas mais administrativas e
garantir que o controlo que se faz dos custos, da qualidade do
trabalho e da produtividade seja bem feito é extremamente
importante.
A partir de 1996 quando se começou a pensar que o INESC
precisava de ser reestruturado, movimento do qual estive
fortemente empenhado, existiam condições no Porto para
pensar que a autonomia era possível. Foi uma aposta muito
forte e com alguns riscos. Tive um papel de liderança nesse
processo, até porque como estava na direcção em Lisboa
permitiu-me influenciar as decisões que levaram à
autonomização, mas só foi possível porque contou com uma
fortíssima mobilização interna.
O INESC Porto é uma instituição grande com mais de 200
trabalhadores, das quais cerca de 80 contratados. Tem
responsabilidades e precisa de conseguir manter a qualidade
técnica e científica, ter novas áreas de trabalho, garantir a
sustentabilidade económica, a ligação ao tecido produtivo, a
capacidade em ir buscar projectos, quer internacionais quer
nacionais, junto das empresas que permita ao INESC Porto
viver sem ficar dependente do Orçamento de Estado. É muito
importante o financiamento de projectos, mas também é
fundamental que neste bolo haja trabalho para as empresas,
para assim garantir a nossa actividade. O que vai de encontro
info
DESTAQUE
Página 19
Entrevista de Ana Ferreira
com uma missão fundamental da instituição: a actividade deve
colaborar com o tecido produtivo no sentido de melhorar as
condições de competitividade. Até agora nestes sete anos que
levamos de vida isso tem corrido razoavelmente bem.
Não se sente agora a abandonar esse ‘filho’?
Não estou a abandonar nada. Mantenho um gabinete no
INESC Porto. Vou continuar a trabalhar com o INESC e a fazer
investigação, retomando activamente algumas áreas que foram
prejudicadas durante este período que tinha responsabilidade
directa no INESC Porto.
O que acho é que há duas ou três coisas que foram
fundamentais para a minha saída. Em primeiro lugar, era
necessário que houvesse uma situação de estabilidade interna
que permitisse que a saída de uma pessoa que esteve ligada
desde a fundação tivesse um substrato sólido para que esta
agitação a nível de direcção não fosse desestabilizadora. Foram
criadas condições de organização, de estabilidade, de
objectivos, de estratégia da instituição e, ao mesmo tempo,
condições económicas.
Além disso era necessário que a nova equipa tivesse condições
estáveis para poder pensar no que vai mudar, porque tenho a
certeza absoluta que isto vai mudar significativamente. Essa é
outra componente. Uma das razões pela qual acho que vale a
pena fazer isto é pela mudança. As pessoas não podem ficar
muito tempo ligadas porque, por muito entusiasmo que haja,
julgo que é bom renovar as instituições com gente mais nova,
com outra visão e experiência.
A terceira componente fundamental era encontrar a pessoa. Na
minha opinião, é preciso um conjunto de condições, e uma
delas não é de certeza que essa pessoa seja um ‘herdeiro’. A
pessoa que está a presidir, o professor José Manuel Mendonça,
teve um percurso no INESC de 10 anos, mas também teve um
percurso fora do INESC de outros 10 anos. Tem uma
experiência própria, muito diferente da minha. Muito rica do
ponto de vista de intervenção, no sentido de políticas quer na
Agência de Inovação quer na Fundação Ilídio Pinho. Teve uma
intervenção de contacto com o tecido económico
extremamente enriquecedora e, na minha opinião, muito mais
intensa que a minha e é 10 anos mais novo do que eu. Tem a
experiência e a vontade para assumir um barco que já é
grande, onde é preciso capacidade e conhecimento de gestão
de pessoas, de economia e financeira, de motivação, e para
delinear novas estratégias. Depois reúne outras condições,
como, por exemplo, ser bem aceite internamente, porque uma
instituição deste tipo vive muito das pessoas andarem
satisfeitas com o ambiente.
Esta mudança não foi uma ruptura, foi preparada. A
continuidade na transição, para haver descontinuidade na
acção.
O que vai fazer agora?
Além do meu trabalho no INESC Porto, vou tirar para o ano
licença sabática, o que significa que não vou dar aulas, como o
fiz há sete anos atrás. Isto vai-me permitir fazer várias coisas,
entre as quais ir ao estrangeiro, onde penso estabelecer
ligações com alguns grupos de trabalho com quem tenho
contacto. Há zonas de investigação ao nível de trabalho
pessoal que gostaria de reactivar. Há outras áreas na actividade
universitária em que estou muito empenhado quer com as
políticas públicas, pois acho que nós com o dinheiro e as
pessoas que temos podíamos fazer muito melhor, quer em
favorecer a articulação interuniversitária em certas áreas onde
só podemos vir a ter sucesso a nível intervencionista se
aumentarmos as massas críticas. Num país como o nosso, de
gente capaz de produzir trabalho de grande qualidade, significa
inevitavelmente juntar esforços entre as várias instituições. O
que me preocupa muito é que o impacto internacional das
nossas universidades é extremamente baixo.
Há uma coisa que estou pessimista, que é o facto de achar que
os portugueses não percebem que aquilo que se faz em
Portugal é a soma do que cada um de nós faz. As pessoas
julgam que a acção individual acaba por não resultar e
desistem. O que acho em relação aos jovens de enorme
qualidade que continuamos a ‘produzir’, é que devemos
estimular uma atitude individualmente responsável a todos os
níveis com vista a que daqui a 10 anos o país esteja claramente
melhor e acho que é possível.
De facto, não vou-me reformar. Eu gosto de ter a sensação que
só não me reformo porque não quero.
Notas curriculares
Pedro Guedes de Oliveira assumiu a direcção do INESC em 1991 e a do INESC Porto aquando a sua fundação em 1998, cargo que desempenhou
até 2005. Além de continuar a colaborar com o INESC Porto, é professor catedrático no Departamento de Engenharia Electrotécnica e de
Computadores da FEUP. A sua investigação tem incidido no âmbito dos Circuitos Electrónicos Analógicos e Digitais, VLSI Analógico, Engenharia
Biomédica, processamento de Sinal e Redes Neuronais, sendo autor de publicações e participante de conferências nacionais e internacionais. Foi
membro do Conselho de Administração da Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, presidente da mesa do Conselho Geral da CulturPorto e um
dos membros fundadores do Departamento de Engenharia Electrónica e de Telecomunicações da Universidade de Aveiro, onde deu aulas até 1993.
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DESTAQUE
info
Inesc Porto
José Manuel Mendonça
em discurso directo
Como encara esta passagem de testemunho?
É um enorme desafio. Eu estive no INESC durante 10 anos, saí
durante 10 anos para estar na Agência de Inovação e na
Fundação Ilídio Pinho e voltei agora. Conheço os objectivos, a
forma de trabalhar, mas como estive anos afastado falta-me
muito conhecimento interno do INESC. Mas tenho a vantagem
de ter uma visão externa. Sou capaz de olhar para o INESC
como olham as empresas, a administração pública e os
parceiros sociais.
Pretende fazer algo de novo?
Uma mudança de direcção é sempre uma oportunidade de
mudança para a instituição. Mudança em termos estratégicos,
de procedimento, de intervenção e eventualmente interna, de
forma a responder a essas mudanças estratégicas. Mudar por
mudar não é boa prática. É preciso mudar tendo em vista um
objectivo concreto. Neste momento há uma reflexão a nível de
direcção que vai ser estendida aos colaboradores mais
seniores para repartirem algumas inquietações e alguma
intenção de irreverência da instituição para os próximos
tempos, para que não seja só um observador na sociedade
portuguesa na sua posição de sistema científico tecnológico
nacional, mas que seja um actor, uma parte interessada, um
interveniente, nas transformações e nos desafios que o país vai
ter de assumir.
Como vê a investigação e o desenvolvimento em Portugal?
Portugal tem um desafio. Eu sou muito sensível àquele
aspecto que é muito simples: Portugal tem um défice da
balança de transacções correntes de 35 milhões de euros por
dia, portanto, todos os dias os portugueses estão cada vez
mais endividados e pobres. Qualquer dia esse problema tornase mais agudo e irresolúvel e a única maneira de se fazer isso
não é com o consumo interno privado nem é com o
investimento público, é aumentando a capacidade nacional de
desenvolver, fabricar e exportar bens e serviços
transaccionáveis competitivos no mercado internacional. A
minha tese, e de muitas pessoas com as quais concordo, é que
só é possível fazer isso com um nível elevado de qualificações
e se formos capazes de inovar nos produtos, nos serviços e
nos processos e essa inovação e essas qualificações dependem
muito da base científica e tecnológica. Assim, percebe-se qual
o papel de uma instituição como o INESC e outras que
existem podem ter no desenvolvimento económico e social do
país. O INESC tem como vocação ajudar a desenvolver o país,
as autarquias, as empresas, os hospitais, os utilizadores de
tecnologias, mas sempre com uma base científica muito forte,
aquilo a que se chama science based innovation (inovação
baseada em ciência) que dê capacidades diferenciadoras e que
aporte uma competitividade muito elevada aos produtos,
processos e serviços que as empresas portuguesas sejam
capazes de vender no mercado internacional. Se não for assim
vai ser muito complicado, porque nós não temos muitos
outros factores competitivos. Não somos um país de matérias-
info
DESTAQUE
Página 21
Entrevista de Ana Ferreira
primas, já fomos um país de mão-de-obra barata, mas já não
somos, portanto a única hipótese é arranjar um conjunto de
vantagens competitivas e nesse conjunto a inovação, as
qualificações, a ciência e a tecnologia têm certamente um
papel muito importante.
Existem actualmente condições para o desenvolvimento
tecnológico?
Existem casos de sucesso de empresas portuguesas que estão
no mercado internacional em posições fortes e de liderança. O
grande problema é que esses exemplos de sucesso são
minoritários e não têm dimensão para arrastar tudo o resto.
Portanto, nós somos capazes de ser bons internacionalmente,
mas muitos dos sectores de actividade nacionais não fizeram
essa aposta na inovação e a média do país é muito má. Os
nossos sectores industriais não tiveram a capacidade de
prospectar, de antecipar as mudanças e de as fazer
atempadamente, continuando a trabalhar no mesmo
paradigma de mão-de-obra barata e de uma indústria baseada
em recursos, enquanto que cada vez mais diz-se que a
indústria baseada em recursos tem de ser hoje em dia uma
indústria baseada no conhecimento do futuro.
Os desafios da nova direcção não são sinónimo de ruptura?
Não. O INESC é uma instituição de grande dimensão e tem
um volume de actividade equivalente a seis milhões de euros
em trabalhos de investigação e desenvolvimento tecnológico,
o que é bastante e, portanto, é como a lei da física, não há
descontinuidade. As mudanças podem ser mais rápidas ou
mais lentas, mas há sempre transições e continuidades. O
INESC é forte em várias pontos: tem tido nos últimos anos a
classificação de excelente pela Avaliação Científica
Internacional; tem um modelo de organização interna que é
elogiado; tem sistemas e processos internos de gestão e de
controlo das suas actividades que são muitas vezes referidos
como exemplares pela sua eficiência e pelo rigor com que
tratam os aspectos de apoio administrativo ao trabalho de
investigação. Portanto, tem muitos pontos fortes. Em
algumas áreas tem notoriedade, influência e impacto muito
importantes. Mas se olharmos para as diferentes vertentes de
desempenho da instituição, há algumas delas que merecem a
nossa atenção e que é preciso trabalhar e empurrar os limites
dessas vertentes. Uma delas é precisamente a ligação à
sociedade e às empresas, ou seja, aumentar o impacto que o
saber, as tecnologias e os projectos têm na sociedade,
aumentar o contributo que têm para as empresas, as
autarquias, os hospitais, os nossos parceiros e obviamente
aumentando esse contributo, o valor da instituição aumenta
e os serviços que presta à sociedade são mais relevantes. Ao
fazer isso preserva a excelência científica e começar a olhar lá
para fora a sério. O INESC tem muitos projectos
internacionais e muitas parcerias com outras instituições de
investigação e empresas de primeira linha dentro e fora da
Europa, mas isso tem de ser reforçado e desenhado de uma
forma mais sustentada estrategicamente, porque só assim
consegue manter o desenvolvimento e a geração de
conhecimento científico e tecnológico e aumentar o seu valor
em termos de resultados da investigação e dos projectos.
Uma outra vertente é a capacidade de lançar spin-offs. O
INESC tem lançado empresas, a última é a FiberSensing.
Mas tem de haver ambição para ser capaz de transferir
tecnologia, valor para a sociedade e para a economia e está
provado que uma das formas mais eficazes é através das
empresas, das pessoas. Por isso, tem de haver um maior
esforço nesse sentido, para que o valor não fique nos
relatórios, nos protótipos de laboratório, para que o
investimento, às vezes de anos, não fique fechado em
quatro paredes.
Daqui a 20 anos pretende olhar para trás e ver inovação?
Exactamente como há 20 anos quando apareceu o INESC no
Porto. Mas com uma diferença, é que hoje em dia as coisas
são mais aceleradas. Mudanças semelhantes como a dos 20
anos passados certamente passarão em menos de 20 anos,
porque o nível de evolução é muito mais rápido. As mudanças
dos últimos 20 anos podem acontecer em meia-dúzia de anos.
Portanto, a instituição tem de ser capaz de se revitalizar,
renovar e adaptar os seus modelos, modos de operação e
funcionamento e a sua estratégia para que, sem desvirtuar a
sua missão e os seus objectivos e preservando os seus pontos
fortes, ser capaz de ser uma instituição de maior valor na
sociedade portuguesa.
Notas curriculares
José Manuel Mendonça tomou posse da segunda direcção do INESC Porto a 1 de Julho de 2005. Entre 1987 e 1996 esteve nesta instituição como
responsável pela Unidade de Engenharia de Sistemas de Produção, cargo que deixou para passar a ser administrador executivo em representação
do AIPMEI da Agência de Inovação de 1996 a 2000, e depois administrador executivo da Fundação Ilídio Pinho de 2000 a 2004.
Pertence ao Departamento de Engenharia Electrotécnica e Computadores da FEUP e é docente e coordenador da Secção de Automação, Controlo e
Sistemas de Produção Industrial. Desempenha vários cargos de gestão de ciência e tecnologia, bem como funções consultivas na área da ciência,
tecnologia e inovação a nível nacional e internacional. É autor de vários artigos académicos e participante em conferências, seminários e workshops
em Portugal e no estrangeiro. É licenciado em Engenharia Electrotécnica pela FEUP (1977), tirando o diploma em Ph.D em Engenharia no Imperial
College of Science and Technology da Universidade de Londres (1986) e é professor catedrático pela FEUP (2003).
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VIDA ASSOCIATIVA
Estado do ambiente
na Região Norte
No dia 25 de Maio realizou-se no
Auditório da Associação Industrial do
Minho uma palestra sobre “O Estado do
Ambiente na Região Norte”. A
organização desta iniciativa foi levada a
cabo pelo Colégio Regional do Ambiente
e pela Delegação Distrital de Braga.
Fizeram parte do painel de oradores
António Brito (UM) com uma
apresentação sobre “O Novo Plano
Estratégico para os Resíduos Agrícolas”,
Isabel Vasconcelos (CCDRN) com uma
apresentação sobre “O Diagnóstico da
gestão de Resíduos na Região Norte” e
Pedro Machado (BRAVAL) com uma
apresentação sobre “O Projecto
Ecobraval”. Foram moderadores da
sessão Luís Marinheiro (coordenador
regional Norte do ambiente) e Paulo
Rodrigues (delegado distrital de Braga).
info
instalações da Universidade do
Minho, num jogo de futsal entre a
equipa dos veteranos do FC Porto e a
OE de Braga.
Este convívio, inserido no programa
desportivo da Delegação de Braga da
OE e co-organizado pela DT –
Dinamismo Total, estendeu-se a um
almoço, prova de karting indoor no
SportCenter em Braga, e à respectiva
entrega dos prémios.
italianos do projecto NOE –
Património e Prevenção de Riscos
Naturais.
A sessão de abertura contou com a
participação de Paulo Morais (vicepresidente da CMP), Gerardo Saraiva
(Presidente do Conselho Directivo da
OERN), Fernando Noronha (presidente
da APG), António Guedes Marques
(vice-presidente da Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento
Regional do Norte) e M. Gilles
Begusseau (Projecto NOE – Região
Provence-Alpes-Cote D’Azur).
A parte da manhã foi reservada à
apresentação de diversas
comunicações da autoria de Ricardo de
Oliveira (COBA), Fernando Noronha
(FCUP), Cristina Gomes (COBA), Sofia
Guimarães (Engico – Grupo COBA),
Luísa Borges (CMP) e Roberto Garufi
(NOE), que tiveram como objectivo o
enquadramento do tema da Cartografia
Geotécnica, a apresentação das várias
Carta geotécnica
do Porto
Taça OE Braga/DT
A primeira Taça Ordem dos
Engenheiros de Braga/DT foi
disputada no dia 26 de Maio, nas
Decorreu no passado dia 31 de Maio,
no auditório da Casa do Infante, o
workshop sob o tema Carta Geotécnica
do Porto, promovido pela Ordem dos
Engenheiros da Região Norte (OERN),
Câmara Municipal do Porto (CMP) e
Associação Portuguesa de Geólogos
(APG).
Estiveram presentes cerca de 75
participantes (lotação máxima),
incluindo representantes franceses e
cartas constituintes da Carta
Geotécnica do Porto e, na última,
alguns exemplos de trabalhos de
análise de risco desenvolvidos na
Sicília.
Durante a tarde decorreu a sessão
prática, na qual os participantes
info
puderam familiarizar-se com a
utilização das várias aplicações
informáticas da Carta Geotécnica do
Porto, com recurso a diversos
exemplos.
Visita aos
subterrâneos do Porto
O Colégio Regional de Engenharia
Geológica e de Minas com o apoio
dos SMAS Porto, levou a efeito, no
dia 18 de Junho, uma visita aos
mananciais de água subterrâneos do
Porto.
Esta iniciativa foi muito concorrida e,
para além da parte cultural,
proporcionou momentos de diversão
e alegre convívio.
Os subterrâneos visitados percorrem
o antigo manancial de Paranhos
(também conhecido como o
manancial da Arca de Água ou Arca
das Três Fontes por serem três as
nascentes de onde a água brotava),
que foi, sem dúvida, o mais
importante, devido à excelente
qualidade e pureza da água e ao seu
“copioso caudal".
Dado o grande interesse manifestado
por esta visita, e dado que nem todos
puderam participar, o Colégio Regional
de Engenharia Geológica e de Minas irá
repetir esta actividade em data a
anunciar brevemente no site da Região
Norte.
Procedimentos
de licenciamento
do Porto
A Ordem dos Engenheiros - Região
Norte (OERN), com o apoio da
Câmara Municipal do Porto (CMP),
promoveu no passado dia 28 de
Junho, na sua sede, uma sessão de
esclarecimento e debate subordinado
VIDA ASSOCIATIVA
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ao tema “Novos Procedimentos de
Licenciamento da Câmara Municipal
do Porto”. A sessão teve início às
21h30, tendo sido extremamente
participada, dado que contou com
mais de uma centena e meia de
presenças e teve a duração de cerca
de duas horas e meia.
A abertura da sessão foi efectuada
pelo presidente do Conselho
Directivo da OERN, o engenheiro
Gerardo Saraiva de Menezes, o qual
deu as boas-vindas aos presentes,
expôs os objectivos da sessão e
agradeceu a colaboração dos
elementos que permitiram que a
mesma se pudesse concretizar. Em
seguida deu a palavra aos oradores,
tendo a intervenção de fundo ficado a
cargo do arquitecto José Carapeto,
director municipal da CMP, o qual
expôs detalhadamente a organização
do processo de licenciamentos
implementado na CMP e referiu os
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VIDA ASSOCIATIVA
seus aspectos mais relevantes, tendo
em vista a melhoria da eficiência do
sistema de licenciamento
Posteriormente, o vice-presidente da
CMP, Paulo Morais, fez igualmente
uma breve intervenção,
complementando e sublinhando
alguns dos aspectos que foram
referidos na apresentação anterior.
Após este período de intervenções
seguiu-se um animado período de
debate, em que foram colocadas
diversas questões aos oradores e
expressos pontos de vista por parte dos
inúmeros colegas presentes na
assistência. As respostas às questões
colocadas foram asseguradas pelos
elementos da CMP já referidos e ainda
pelo engenheiro José Duarte, director
do Departamento de Licenciamento,
Salubridade e Fiscalização.
Cursos de formação
em Braga
No âmbito dos cursos de formação
financiada realizados na sede
Distrital de Braga da Ordem dos
Engenheiros, coube ao delegado
distrital de Braga, o engenheiro Paulo
Rodrigues, a tarefa de abrir e encerrar
os respectivos cursos.
De salientar o sucesso desta 1ª acção
de formação, testemunhada por
formadores e formandos, que não
pararam de enviar mensagens de
agradecimento e de felicitações pela
iniciativa da Ordem dos Engenheiros.
Além do valor acrescentado que esta
iniciativa permitiu aos formandos, do
ponto de vista formativo nas
diferentes disciplinas leccionadas,
também tivemos o testemunho que
esta acção de formação permitiu
conhecer de perto a sede distrital de
Braga e aproximar os engenheiros às
info
actividades da Ordem, assim como
permitiu juntar colegas da
Universidade que não se viam à
muitos anos.
É caso para dizer que esta acção de
formação correu e está a correr
muito bem e como tal "recomendase".
Bragança discute
ambiente
No âmbito do II ciclo de palestras
“Estado do Ambiente na Região
Norte”, realizou-se em Bragança, no
dia 2 de Julho, uma palestra
subordinada ao tema “Qualidade
Ambiental e Ordenamento do
Território”. Este evento, organizado
pelo Conselho Regional Norte do
Colégio de Engenharia do Ambiente,
mereceu o apoio da delegação
distrital de Bragança e do Instituto
Politécnico de Bragança (IPB). Na
sessão de abertura, o presidente do
IPB, Doutor Dionísio Gonçalves,
salientou a importância da temática
para a região e manifestou particular
agrado pelo facto do colégio ter
seleccionado a cidade de Bragança
para este fórum de reflexão.
Os trabalhos propriamente ditos
iniciaram-se com a intervenção do
engenheiro Artur Gonçalves, docente
da Escola Superior Agrária de
Bragança, a qual versou a problemática
do planeamento ambiental a nível
urbano. Neste contexto, foram tecidas
considerações sobre os vários
níveis de actuação e de
enquadramento relativamente às
figuras de ordenamento de território
aplicáveis.
Seguiu-se a comunicação do
engenheiro Pedro Santos, especialista
do Grupo de Estudos Ambientais da
Escola Superior de Biotecnologia da
Universidade Católica Portuguesa,
que se centrou na aplicação do
conceito de Agenda 21 Local e, em
particular, no caso prático de Santo
Tirso. A Agenda 21 Local de Santo
Tirso está a decorrer desde Janeiro de
2005 na sequência de um protocolo
info
de colaboração estabelecido com a
Câmara Municipal de Santo Tirso. O
objectivo central deste projecto é a
elaboração de um diagnóstico e de
um plano de acção para o
desenvolvimento sustentável do
concelho nas áreas definidas como
prioritárias. Para tal têm vindo a ser
promovidos diversos momentos de
participação pública, com recurso a
metodologias facilitadoras e
dinamizadoras da participação,
merecendo particular destaque as
reuniões dos Fóruns Participativos
assim como a realização de um
questionário à população do
concelho. Até ao momento foram já
elaborados vários documentos
técnicos, tais como o perfil da
comunidade e o pré-diagnóstico de
sustentabilidade, que reúne
indicadores ambientais, económicos e
sociais sobre o concelho. Todos os
documentos produzidos até ao
momento podem ser consultados na
página oficial do projecto:
www.agenda21-stirso.org. Destaque
ainda para a existência de um Grupo
Coordenador (GC) que consiste numa
equipa de trabalho de carácter
executivo e que reúne, pelo menos,
uma vez por mês, com o intuito de
discutir e decidir os próximos passos
do processo. No GC estão
representados o executivo municipal,
técnicos da autarquia e de serviços
municipalizados e diversos sectores
da sociedade civil.
Na sessão de encerramento, e dado o
interesse manifestado pelos
presentes, o presidente do IPB
aceitou o desafio lançado por parte
do engenheiro Luís Marinheiro em se
promover, na cidade de Bragança,
outro evento sobre a temática e mais
alargado a outros agentes da
sociedade.
Portugal acolhe
congresso mundial
das TIC em agricultura
Numa organização conjunta da
Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro (UTAD), da Federação
Europeia para as Tecnologias da
Informação na Agricultura (EFITA) e
da Associação Portuguesa para o
Desenvolvimento das Tecnologias da
Informação na Agricultura (APDTICA)
realizou-se, de 25 a 28 de Julho de
2005, na UTAD em Vila Real, a
conferência internacional conjunta
EFITA/WCCA 2005 - 5th Conference of
the European Federation for
Information Technology in Agriculture,
Food and Environment e 3rd World
Congress on Computers in Agriculture
and Natural Resources.
Este evento reuniu 300 dos maiores
especialistas a nível europeu e
mundial na área das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC)
aplicadas à agricultura, alimentação e
VIDA ASSOCIATIVA
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ambiente. Os comités organizador e
científico receberam 301 trabalhos de
autores provenientes de 47 países,
tendo seleccionado 179 trabalhos para
apresentação oral e 40 para
apresentação em poster. O programa
de trabalhos do EFITA/WCCA 2005 foi
constituído por 50 sessões técnicas
paralelas, duas sessões de posters,
dois workshops e cinco sessões
tutoriais, cobrindo diversos temas:
Agricultura de Precisão, Automação e
Controlo, Desenvolvimento Rural,
eAgBusiness, Gestão de Recursos,
Modelação Ambiental e Científica,
Produção Animal, Redes Sensoriais,
Segurança Alimentar, Sistemas de
Apoio à Decisão, entre outros.
Os principais objectivos desta
conferência visaram promover o uso
das novas tecnologias, divulgar o
estado da arte no uso de ferramentas
de software, estabelecer contactos e
promover a colaboração entre as
instituições de investigação, de ensino
e os produtores, iniciar projectos de
educação e de treino e apresentar
Página 26
VIDA ASSOCIATIVA
info
Neste evento foram também atribuídos
dois prémios, designados por EFITA
Junior e EFITA Senior Prizes, destinados
a estimular a investigação da aplicação
das TIC na agricultura. O prémio EFITA
Junior foi atribuído ao trabalho Dynamic
market monitoring for agrifood
industries over the Internet, da Drª.
Melanie Fritz, da Universidade de Bona,
Alemanha, e o prémio EFITA Senior ao
trabalho Integrated Pest Management –
Sugar Beet Model, do Dr. Verreet, do
Freising Institute, Alemanha.
Português distinguido
pela ASCE
planos inovadores com vista a criar
novas empresas. As conclusões dos
trabalhos e as recomendações tecidas
pelas várias instituições públicas e
privadas, nacionais e internacionais,
representadas nesta conferência,
apontaram para o potencial que as TIC
encerram neste sector. A gestão da
informação e a utilização das novas
tecnologias foram consideradas
imprescindíveis ao apoio de tomada
de decisões num sector agrícola cada
vez mais competitivo e globalizado e
com crescentes preocupações na
segurança alimentar e
sustentabilidade ambiental.
O engenheiro Paulo Jorge de Sousa
Cruz, do Departamento de Engenharia
Civil, em co-autoria com o colega
investigador da Universidade do Minho,
José Manuel Lopes Cordeiro ganharam
o 2005 Thomas Fitch Rowland Prize,
atribuído pela ASCE – American Society
of Civil Engineers dos Estados Unidos,
ao melhor artigo científico publicado
em 2004, na área da história da
Engenharia Civil.
O artigo premiado “Innovative and
Contemporary Porto Bridges” foi
publicado no número de Fevereiro de
2004 na revista Practice Periodical on
Structural Design and Construction e
constitui a segunda parte de um
conjunto de dois artigos – o primeiro
foi publicado na mesma revista em
Novembro de 2003 – dedicados à
história das pontes da cidade do
Porto e do seu contributo para o
desenvolvimento da Engenharia Civil.
Este prémio, um dos mais antigos e
prestigiantes no mundo académico
anglo-saxónico, é pela primeira vez
atribuído a investigadores portugueses.
A entrega da distinção realiza-se em
Outubro em Los Angeles.
info
Em memória
do engenheiro
Daniel Pinto da Silva
Natural de Vila Meã, concelho de
Amarante, onde nasceu a 17 de Maio de
1925, faleceu no passado dia 2 de Junho
o nosso ilustre colega Daniel de Sousa
Soares Pinto da Silva, membro
conselheiro da Ordem dos Engenheiros.
Ao registar este facto e exprimir o seu
profundo pesar pelo desaparecimento
deste nosso colega, a Info deixa aqui
algumas breves notas, evocativas do
seu percurso profissional.
Licenciado em Engenharia Civil pela
FEUP em 1950, inicia a sua actividade
profissional em 1951 na Repartição de
Estudos da Direcção Geral de Serviços
Hidráulicos, em 1955 ingressa na então
empresa Hidroeléctrica do Douro onde
vem a desenvolver actividade de muito
relevo como responsável pelo Sector
Hidráulico e de Hidrologia, sendo de
destacar a sua acção a nível do estudo e
implementação das diversas eclusas de
navegação nos aproveitamentos
hidroeléctricos do Douro Nacional. Na
sequência das fusões operadas no
Sector Eléctrico, vem a transitar em
1969 para a CPE (Companhia
Portuguesa de Electricidade) e em 1976
para a EDP (Electricidade de Portugal).
Em 1983 assume as funções de
presidente da Comissão Directiva do
então recém-criado Gabinete de
Navegabilidade do Douro, funções que
exercerá até à sua aposentação. No
período compreendido entre 1973 e
1986 foi ainda membro da Comissão
Internacional para Estudo das Eclusas
de Navegação.
A sua intensa actividade profissional
levou-o a estabelecer contactos muito
estreitos com o LNEC (Laboratório
Nacional de Engenharia Civil), onde
deixou a melhor das recordações como
técnico e como pessoa. A este propósito,
o actual presidente do LNEC, colega
Carlos Matias Ramos, recorda: “O
Engenheiro Daniel Pinto da Silva,
engenheiro com E grande, abordou
sempre com o maior rigor e espírito de
equipa todos os trabalhos em que, de
forma entusiasta, se envolveu como
projectista integrado na excelente equipa
da Hidroeléctrica do Douro,
posteriormente integrada na CPE e
actualmente na EDP. Salienta-se o seu
envolvimento, como responsável nas
relações com o LNEC no âmbito dos
estudos em modelo reduzido dos órgãos
hidráulicos das barragens do Douro
Nacional e, em particular, das eclusas de
navegação. Refere-se, pelo desnível
máximo de água entre montante e
jusante, a eclusa da Barragem do
Carrapatelo, que à época constituiu um
recorde mundial. O sucesso no
desempenho das diversas eclusas que
foram construídas no Douro Nacional e
que agora permitem usufruir daquela via
navegável resultaram da forma como se
desenvolveram esses estudos, cujo
resultado muito devem à forma afável,
dialogante, empenhada e conhecedora
como o Engenheiro Daniel Pinto da Silva
desenvolvida a sua relação com os
técnicos do LNEC.
VIDA ASSOCIATIVA
Página 27
Salienta-se a este propósito, a
comunicação que apresentou em coautoria, com outros engenheiros da
EDP e com investigadores do LNEC, ao
XXII Congresso Internacional de
Navegação, Paris – 1969, intitulada L’
Écluse de Carrapatelo sur le Fleuve
Douro. Esta comunicação foi
posteriormente publicada na série
Memórias do LNEC (M352, 1970).”
O engenheiro Daniel Pinto da Silva foi
autor ou co-autor de inúmeros
trabalhos na sua área de actividade
profissional, muitos dos quais
apresentados em congressos e
encontros internacionais. A terminar
esta breve nota não podemos esquecer
que este nosso colega dedicou sempre
grande carinho às actividades da ‘sua’
Ordem, tendo sido eleito para o
desempenho de diversas funções
directivas na Região Norte. Sem a
pretensão de sermos exaustivos,
referem-se alguns dos mandatos a que
ele esteve ligado. Assim, a 1 de Julho de
1975 tomou posse como secretário da
Comissão Directiva Provisória da
Secção Regional do Porto da Ordem
dos Engenheiros e a 2 de Abril de 1979
tomou posse como vice-presidente do
Conselho Directivo. A 1 de Abril de 1982
passou a exercer funções como
membro do Conselho Fiscal e, no
mandato seguinte, em 1985, exerceu
funções como membro da Assembleia
de Representantes. Em todos estes
cargos demonstrou sempre as mais
notáveis qualidades profissionais e
humanas, que lhe granjearam a
admiração de todos os colegas e
colaboradores.
De registar que o seu falecimento se
registou na sua casa de S. Cosmado,
concelho de Armamar, em plena região
do Douro, pela qual nutria um especial
carinho que se reflectiu sempre no
decurso da sua vida pessoal e
profissional.
Página 28
VIDA ASSOCIATIVA
info
Conselho Regional do Colégio de Engenharia Civil
Nova regulamentação
sobre térmica e
certificação energética:
uma oportunidade para
melhorar a qualidade
global dos edifícios
INTRODUÇÃO
Reflectindo a crescente preocupação
da sociedade com o desenvolvimento
sustentado, que todos os Engenheiros
devem promover empenhadamente
nas suas actividades, têm vindo a
multiplicar-se, em contextos variados
e com ecos regulares na imprensa,
eventos em torno da eficiência
energética dos edifícios,
sensibilizando os profissionais da
área da construção, a comunidade em
geral e o meio político, para a
necessidade de legislar nesse sentido.
Com o objectivo de melhorar o
desempenho energético dos edifícios,
corresponder às exigências do acordo
de Quioto e transpor a Directiva
Comunitária 2002/91/CE, estão em
curso iniciativas legislativas em dois
campos:
Alteração dos actuais Regulamentos
sobre térmica dos edifícios:
RCCTE – Regulamento das
Características de Comportamento
Térmico dos Edifícios
RSECE – Regulamento dos Sistemas
Energéticos de Climatização dos
Edifícios
Certificação energética.
Os respectivos projectos de diploma
que estão em adiantada fase de
discussão no Governo e terão grande
impacto nas práticas actualmente em
vigor no sector da construção, sem
que tivesse ocorrido suficiente
divulgação e adequado debate no
meio técnico interessado.
Tanto mais que, além da
regulamentação de carácter
eminentemente técnico, as propostas
introduzem clausulado regulador das
qualificações profissionais dos
técnicos responsáveis pelos projectos
e instalações, bem como as suas
regras de licenciamento, abrindo
conflito com legislação existente ou
em curso de revisão.
A OE tem centrado muito da sua
acção no sentido de corrigir a
dispersão, descoordenação e
contradição que têm caracterizado a
produção legislativa do sector da
construção. Nesta linha o Colégio de
Engenharia Civil analisou as
propostas de diplomas sobre térmica
dos edifícios acima referidos, avaliou
a sua compatibilidade com os
princípios estratégicos que a OE
defende e com a legislação que está
em curso de revisão, designadamente
com a proposta estruturante, relativa
à revisão do Decreto 73/73.
Dessa análise resultou o parecer que
está disponível em
http://norte.ordemdosengenheiros.pt.
Nele se fazem propostas e identificam
algumas questões que seria prudente
esclarecer, num contributo
construtivo que nos parece pertinente
para melhorar a eficácia dos
diplomas.
ASPECTOS RELEVANTES
Quer o RCCTE, quer o RSECE, além
dos conteúdos eminentemente
técnicos que são o escopo natural dos
Regulamentos e não suscitam
reservas, incluem clausulado de
natureza administrativa do qual
discordamos porque:
Interfere com o regime de
licenciamento;
Interfere com as Ordens Profissionais
na qualificação de competência
profissional dos seus membros;
Interfere com a esfera disciplinar das
Ordens, transferindo a sua acção para
terceiros;
Ignora legislação existente, ou em
curso de alteração, com a qual
interfere, agravando a desarticulação
legislativa do sector.
Por outro lado este clausulado colide
frontalmente com a proposta
estruturante que a OE apresentou
para revisão do Decreto 73/73,
designadamente:
Contrariando a visão do projecto
como um todo multidisciplinar;
Dá azo a que o consumidor possa
encarar com desigual credibilidade os
vários termos de responsabilidade
que integram um mesmo processo de
licenciamento, quando a OE
desencadeia medidas para reforçar a
mesma credibilidade e confiança
pública;
Transferindo competências de
qualificação profissional que
estatutariamente são exclusivo da OE
para outras entidades como o CSOP,
DGE e Associações de AVAC.
De acordo com a proposta, a
aplicação do RCCTE não será
obrigatória para todos os edifícios e
não é possível assegurar a eficiência
energética dos edifícios sem
assegurar a qualidade da sua
envolvente na componente energética
e construtiva, pelo que o
Regulamento das Características de
Conforto Térmico dos Edifícios
(RCCTE) deve ser aplicado a todos os
edifícios (residenciais e de serviços)
independentemente da necessidade,
ou não, de aplicação do RSECE.
O prazo de 90 dias para entrada em
vigor é claramente insuficiente, uma
vez que a legislação é complexa, não
se conhece programa de formação,
nem manuais de aplicação e só um
info
círculo muito restrito de profissionais
conhece e estará em condições de a
aplicar. Nem-tão pouco conseguimos
perceber na Directiva esta
necessidade de precipitar soluções,
uma vez que esta prevê uma
tolerância de 3 anos na
implementação da certificação e das
inspecções.
Também os protocolos relativos à
qualificação profissional não são
conhecidos da Ordem e a certificação
exige a criação de estruturas técnicas,
das quais pouco se sabe.
Por outro lado cria um negócio novo
de cerca de 25 milhões de euros por
ano, correspondente à expectativa de
100.000 certificados, relativamente ao
qual é indispensável assegurar
transparência, nomeadamente quanto
aos critérios de atribuição de alvarás
às futuras empresas certificadoras e
ao regime de preços.
No que respeita à utilização de
energias renováveis não vemos
condições para impor como
obrigatória a utilização de painéis
solares. A Directiva impõe que “seja
estudada a viabilidade técnica e
económica de sistemas
alternativos…”. Consideramos que a
utilização de sistemas alternativos
deve ser estimulada, desde que esteja
demonstrada a sua sustentabilidade
económica e ambiental, com
integração urbanística assegurada.
Não há indicações de que tenham
sido avaliados os vários impactes da
nova legislação, designadamente o
agravamento do custo induzido, quer
pelo aumento de exigências na
construção, quer dos novos
procedimentos administrativos (taxas
de certificação), por um lado, e, por
outro, sobre os efeitos nas soluções
construtivas, na durabilidade das
construções e ainda nos efeitos que a
imposição de alterações súbitas pode
ter na indústria ao nível dos materiais
ou das práticas de construção, ou
ainda na burocracia associada aos 2
novos organismos públicos criados:
O Sistema Nacional de Certificação
Energética e o Observatório Para a
Eficiência Energética.
Perante a inexistência de um
enquadramento global e integrado,
é natural que as propostas
apresentem, como é o caso, uma
ideia de certificação meramente
sectorial. Ora, um edifício não integra
apenas sistemas energéticos; o
seu projecto e execução dizem
respeito a um todo multidisciplinar e
não podemos, por exemplo, encarar
como aceitável que um edifício tenha
um excepcional desempenho
acústico, mas tenha,
simultaneamente, problemas de
infiltração, ou a sua estrutura ameace
ruína.
Ora, se a OE considera fundamental a
visão do projecto como um todo,
também os objectivos de qualidade
devem enquadrar-se na mesma
perspectiva integrada.
PROPOSTA
É um imperativo de desenvolvimento
avançar com medidas concretas e
sustentáveis que reduzam o consumo
de energia e emissões que
contribuem para o efeito de estufa no
sector da construção, do mesmo
modo que é necessário estabelecer
garantias de qualidade mais efectivas
perante o consumidor.
Relativamente às duas iniciativas
legislativas em apreço o Colégio de
Engenharia Civil propõe:
Regulamentos
Por princípio os regulamentos devem
cingir-se ao conteúdo técnico, sendo
as questões de natureza
administrativa ou de competências
para o exercício dos actos remetidas
VIDA ASSOCIATIVA
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para diplomas próprios. Nesta
perspectiva concordamos com a
aprovação das propostas de revisão
do RCCTE e RSECE nas seguintes
condições:
Manter o clausulado com conteúdo
técnico;
Eliminar o clausulado de natureza
administrativa que diz respeito ao
licenciamento e qualificações
profissionais;
Obrigar, de forma clara, à aplicação
do RCCTE a todos os edifícios
(residenciais e de serviços);
Alargar o prazo de entrada em vigor
para 1 ano;
Criar uma comissão técnica de
acompanhamento para aferir os
impactes de implementação destes
diplomas e propor os ajustamentos
adequados.
Certificação
Deve procurar-se uma solução que
satisfaça a Directiva, mas que integre
a visão dos projectos e obras como
um todo multidisciplinar coordenado
e homogéneo, aproveitando a
oportunidade para promover um salto
significativo na garantia de qualidade
global dos edifícios e criar um modelo
de certificação com a perspectiva
integrada, a implementar do seguinte
modo:
Definição dum modelo integrado de
certificação global dos edifícios;
Implementar o modelo de forma
progressiva, avançando
sucessivamente com as áreas cujo
conhecimento técnico-científico esteja
mais consolidado, como parece ser o
caso do Comportamento Energético
dos Edifícios.
Estabelecer uma calendarização
de objectivos, para que o mercado
e a comunidade técnica se preparem.
Página 30
ENGENHARIA
NO MUNDO
info
Hiroxima, a engenharia
ao serviço de quem?
“Foi um brilho”, assim descreveu Van
Kirk, um dos 12 tripulantes do bombardeiro B-29 com o nome Enola Gay, a
bomba a explodir em Hiroxima a 6 de
Agosto de 1945.
A bomba Little Boy, de quatro toneladas
e meia (20 quilos de urânio 235), 3,5
metros de comprimento e 0,75 de largura, era como uma arma de disparo, em
que um pequeno explosivo impelia uma
‘bala’ de urânio por um cano de 1,8
metros até um núcleo de urânio, desencadeando a fissão nuclear. Rebentou a
580 metros de altitude com uma força
correspondente a 15 mil toneladas de
TNT. Em dois minutos o cogumelo que
gerou tinha 10 quilómetros de altura.
Esse brilho levou à morte 66 mil pessoas
e feriu 69 mil, e uma segunda bomba
detonada três dias depois em Nagasáqui
somou o fim de 39 mil vidas humanas e
25 mil feridos. Os números ainda hoje
não são exactos, mas sabe-se que mais
pessoas viriam a morrer por contaminação radioactiva.
Bastou que Einstein mostrasse ‘o como
se faz’ para que se desse início à corrida
ao armamento e à energia atómica.
Através da equação E=mc2, o físico
demonstrou que a matéria pode ser convertida directamente em energia, quer
pelo processo de fissão quer por fusão.
Em 1938, os físicos alemães Otto Hahn e
Fritz Strassmann conseguiram pela primeira vez a fissão de um átomo, o que
comprovou que este processo produz
energia em grandes quantidades. O trabalho levado a cabo pelo grupo liderado
por Otto Hahn empenhara-se nesse trajecto depois de conhecer os avanços do
italiano Enrico Fermi, que anos antes iniciara a experiência de bombardeamento
de urânio com neutrões. Foi Fermi o primeiro a verificar na prática, pela construção do que se poderá chamar o primeiro
reactor atómico, como a energia libertada era imensa e poderia ter aproveitamento para a produção de electricidade.
Em Agosto de 1942, Roosevelt, então
presidente dos Estados Unidos, lançou o
Projecto Manhattan, liderado pelo físico
Robert Oppenheimer, que conduziu o
primeiro ensaio de uma bomba atómica
com plutónio em Alamogordo (Novo
México), a 16 de Julho de 1945. Vivia-se a
II Guerra Mundial e a bomba atómica foi
considerada um mal menor para o seu
fim e a rendição do Japão.
Com tantos esforços humanos reunidos
abriu-se o caminho para a tecnologia
nuclear. Engenheiros e cientistas de
vários países empenham-se para criar
uma arma cada vez mais poderosa, mais
perigosa e mais eficaz. Existem actualmente mais de 10 mil ogivas nucleares,
sendo cada uma delas 20 vezes mais
potente que a bomba atómica de
Hiroxima.
Estados Unidos, Rússia, Reino Unido,
França, China, Índia, Paquistão e Israel
possuem armas nucleares. A Coreia do
Norte e o Irão possivelmente também as
detêm.
Para estar ao serviço de quem? Corre-se
o risco das armas nucleares virem a ser
usadas novamente em conflitos bélicos
ou por grupos terroristas.
Terá sido mesmo necessário uma bomba
atómica em Hiroxima para terminar com
o conflito?
Precisamente por este medo ser real,
vários países assinaram o Tratado de
Não-Proliferação Nuclear em 1968 e a
Iniciativa de Segurança contra a
Proliferação em 2003. Mas tudo isso
parece um pouco contraditório, pois
sabe-se que potências mundiais pretendem modernizar o seu armamento. Os
Estados Unidos, por exemplo, querem
tentar desenvolver um novo tipo de
bomba, o Penetrador Nuclear Robusto
da Terra, conhecido por ‘caça-abrigos’
por vir a ser utilizado para atacar alvos
no subsolo.
Há, porém, duas certezas: a Engenharia
nem sempre está ao serviço do bem e
nunca mais haverá recuo ao caminho traçado depois de Hiroxima.
info
LAZER
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Agostinho Peixoto, consultor/especialista em Turismo
Planície Dourada
A Região de Turismo Planície Dourada
abrange um vasto território no Sul do
país, que abrange os concelhos de:
Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos,
Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do
Alentejo, Mértola, Moura, Ourique,
Serpa e Vidigueira. A região é toda no
interior fazendo fronteira a norte com
o distrito de Évora, a leste com
Espanha, a sul com o Algarve, e a
oeste com os concelhos de Odemira,
Santiago do Cacém e Grândola. Ocupa
uma área de cerca de 8500 km2, e tem
uma fraca densidade demográfica com
cerca de 15,4 hab./km2.
A paisagem, forte, imensa, perturbante
define o território. No Inverno o verde
domina, na Primavera, mantos floridos
de variados tons transformam a região
num festival de cor; no Verão a
sensação de secura e calor é-nos
também transmitida pelo dourado que
então conquista tudo, por fim, no
Outono os campos são charruados e
semeados, o castanho adquire o
protagonismo, uma infinidade de tons
de terra definem agora a paisagem.
A paisagem é a primeira sensação que
temos ao chegarmos à região, importa
pois descobrir o que está para além
desta primeira impressão.
A fauna é também nesta região um
indubitável motivo de interesse. São
vários os habitats identificados na
Rede Natura 2000, como a ZPE de
Moura Barrancos e Mourão onde pode
encontrar várias aves de rapina,
cegonha negra ou grous; a ZPE de
Castro Verde, único plano zonal do
país, onde as aves estepárias marcam
presença; ou ainda a ZPE do Guadiana
onde se inclui o Parque Natural do
Vale do Guadiana, que tem como
referência obrigatória a queda de água
conhecida por Pulo do Lobo.
História rica, desde tempos remotos,
tem testemunhos da presença
humana: sítios arqueológicos, castelos,
igrejas, antigas minas, museus onde
são expostos os vestígios do passado,
ou tão simplesmente as pequenas vilas
e aldeias com as suas construções
tradicionais reflectem bem a
diversidade das influências culturais a
que esta região esteve sujeita.
As festas religiosas e populares
existem por toda a região, todas as
aldeias e vilas embelezam-se para
festejar os seus santos padroeiros,
especialmente no período de Verão.
As feiras, outrora espaços privilegiados
de reunião e comércio, modernizam-se
hoje para serem as mostras das
actividades e produções locais,
também o convívio em torno do Cante
é pretexto para encontros nas várias
localidades que têm tradição nesta
arte.
A gastronomia é um dos melhores
cartões de visita da região. São os
queijos de cabra e de ovelha, sendo o
mais afamado de Serpa, são os
presuntos e enchidos sobretudo os de
Barrancos preparados a partir do porco
preto. Famoso, em toda a região, é
também o pão de trigo com o qual
juntando-se ervas aromáticas –
coentros, poejos, ou hortelã –
elaboram-se as deliciosas migas,
açordas e ensopados. Gaspacho,
ensopado de borrego, carne do
alguidar, sopa da panela, sopa de
beldroegas, sopa de cação e açorda de
alho com bacalhau são alguns dos
pratos eleitos, mas há mais, há as
favas guisadas, as ervilhas com ovos, o
cozido de grão, e ainda os pratos de
caça.
Na doçaria a excelência é para os
doces conventuais como o pão de rala
ou as trouxas-de-ovos, mas as popias,
os nógados ou os pastéis de grão são
também uma tentação.
Quanto aos vinhos, Vidigueira, Moura
e Pias são as zonas mais afamadas e
com mais tradição nesta arte, no
entanto, para além destas localidades,
nos últimos anos têm surgido vinhas
noutras zonas da região.
E porque falamos de paisagem e
alimentação, não nos podemos
esquecer do azeite, já que o olival é
uma presença constante na paisagem
e o azeite um dos produtos regionais
mais reconhecidos, destacando-se o
azeite de Moura.
É uma região onde os sentidos se
cruzam num turbilhão de sensações
únicas. Uma região de visita
obrigatória.
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AGENDA
info
ENCONTROS E DEBATES
24 SETEMBRO
LOCAL: Gerês - Terras de Bouro
ORGANIZAÇÃO: OERN
ENCONTRO 2005 DE MEMBROS ELEITOS
DA REGIÃO NORTE
DA ORDEM DOS ENGENHEIROS
12 E 13 OUTUBRO
LOCAL: EXPONOR, Matosinhos
ORGANIZAÇÃO: OE
ENCONTRO NACIONAL DO COLÉGIO
DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA
O Colégio Nacional de Engenharia Electrotécnica vai levar a
cabo o seu 7º Encontro Nacional, o qual vai decorrer em
simultâneo com o 14º ENDIEL (Encontro para o
Desenvolvimento do Sector Eléctrico e Electrónico), que
tem lugar entre 11 e 15 de Outubro de 2005 na Exponor Feira Internacional do Porto. As datas de realização do
encontro serão os dias 12 e 13 de Outubro e o mesmo será
subordinado ao tema principal “O papel do Engenheiro
Electrotécnico na Engenharia dos Edifícios”. Neste tema
serão considerados quatro subtemas parciais, os quais se
referem especificamente a Sistemas de Energia, Sistemas
de Telecomunicações, Automação e Segurança e ainda a
Eficiência Energética.
O encontro, cujo programa final se encontra em processo
de elaboração, revestirá a forma de um conjunto de
seminários e painéis, sobre o tema e subtemas referidos,
em que participam, como conferencistas convidados,
diversos técnicos e especialistas de reconhecido mérito.
OUTUBRO
LOCAL: Vidago - Chaves
ORGANIZAÇÃO: OERN e Delegação Distrital de Vila Real
1.º ENGINEERS TROPHY/ENGENHARIA TOTAL
OUTUBRO
LOCAL: Sede da OERN
ORGANIZAÇÃO: OERN
ASSEMBLEIA REGIONAL NORTE DA ORDEM
DOS ENGENHEIROS – ORÇAMENTO 2006
CONGRESSOS E SEMINÁRIOS
12 A 14 OUTUBRO
LOCAL: Auditório do ISEP
ORGANIZAÇÃO: FEUP
TRIBOSCIENCE AND TRIBOTECHNOLOGY
SUPERIOR FRICTION AND WEAR CONTROL
IN ENGINES AND TRANSMISSIONS
No âmbito do Programa COST, patrocinado pela ESF –
European Science Foudation, está em curso um programa
de trabalhos a nível europeu relacionado com a
investigação e desenvolvimento na área da Tribologia
aplicada a motores e transmissões mecânicas. Neste
grupo de trabalhos estão envolvidos mais de 100
investigadores e técnicos dos países europeus e
limítrofes.
Face ao interesse dos resultados até agora obtidos, o
“Department of Energy” dos Estados Unidos associou-se
aos trabalhos, nomeadamente nos relacionados com a
Engenharia das Superfícies (“Integrated engineered
surface technology to reduce friction and increase
durability program of the department of energy”).
Assim sendo, este grupo realizará a sua conferência anual
no Porto de 12 a 14 de Outubro de 2005, no auditório do
ISEP, Departamento de Engenharia Mecânica, sendo
coordenador da iniciativa o Eng. Luís Andrade Ferreira, da
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
Esta conferência está aberta à participação de todos
interessados em Tribologia e Engenharia das Superfícies.
Nela serão apresentados mais de 25 trabalhos por alguns
dos mais prestigiados especialistas mundiais em
Tribologia.
Mais informações em: http://www.fe.up.pt/cost532 e D.
Fernanda Fonseca, DEMEGI/FEUP: 225081716 ou
[email protected]
2 A 5 NOVEMBRO
LOCAL: UTAD
ORGANIZAÇÃO: APEZ
XV CONGRESSO DE ZOOTECNIA
A Associação Portuguesa de Engenheiros Zootécnicos
(APEZ) vai realizar, de 2 a 5 de Novembro de 2005, o XV
Congresso e I Iberoamericano de Zootecnia na
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), uma
iniciativa que merece o apoio da Ordem dos Engenheiros.
O tema central do congresso é a investigação e
desenvolvimento em ciência animal, englobando quinze
sessões temáticas onde estarão presentes oradores
convidados de renome científico e técnico internacional.
Adicionalmente, o Congresso integra as III Jornadas
Internacionais de Cunicultura e diversos workshops sobre
assuntos da actualidade, designadamente “Segurança
Alimentar”, “Diagnóstico da Gestação em Ruminantes”,
“Zootecnia nos trópicos” e “Novas Tecnologias em
Melhoramento Animal”.
O último dia de trabalhos será dedicado ao debate das
questões do ensino, da acreditação e da empregabilidade na
Zootecnia. Esta sessão pretende reunir todos os
interessados nesta matéria, em particular, os docentes e
investigadores, bem como os agentes empregadores da
área. Nesta perspectiva, serão convidados representantes
info
de diversas empresas privadas e de instituições públicas
com interesse na ciência animal para debater as questões
da empregabilidade. De igual modo, estarão presentes
representantes da Ordem dos Engenheiros para debater o
tema da acreditação no quadro do processo de Bolonha.
Mais informações em: www.apez.pt, www.zootec.org,
[email protected] ou 25932261
23 E 24 DE FEVEREIRO
LOCAL: FEUP
ORGANIZAÇÃO: OERN, FEUP e APSET
6º COLÓQUIO DE SEGURANÇA
E HIGIENE DO TRABALHO
CULTURA E LAZER
AGENDA
Página 33
Profissional com o objectivo de transmitir conhecimentos e
divulgar casos de reconhecida importância para o exercício da
profissão de engenheiro, designadamente no tocante aos
valores e princípios a ela inerentes.
Estes cursos constituem, desde Janeiro de 2002, uma
componente obrigatória dos estágios de admissão à Ordem
dos Engenheiros. Deste modo, qualquer membro estagiário
que se tenha inscrito depois de 1 de Janeiro, só será admitido
como membro efectivo após a frequência, com
aproveitamento, daqueles cursos.
A duração destes cursos é de 10 horas, a funcionar das 10h30
às 13h e das 14h30 às 17h.
O número de participantes por curso é limitado, sendo as
inscrições consideradas por ordem de recepção na OERN.
Para efectuar a inscrição deverá enviar a ficha de inscrição e
proceder ao pagamento de 25,00 euros (inclui: documentação)
Mais informações em: www.norte.ordemdosengenheiros.pt
SETEMBRO
LOCAL: Braga
ORGANIZAÇÃO: Delegação Distrital de Braga
INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO - "ENGENHO
E OBRA - ENGENHARIA EM PORTUGAL
NO SÉCULO XX "
SETEMBRO/OUTUBRO/NOVEMBRO
LOCAL: Porto, Vila Real e Viana do Castelo
ORGANIZAÇÃO: OERN
PLANO DE FORMAÇÃO FINANCIADO 2005
LOCAL: Sala de Convívio da OERN
ORGANIZAÇÃO: OERN
Os cursos a decorrer no Porto: Formação Avançada de
Formadores (60 h), Legislação Laboral/Acidentes de Trabalho
(30 h), Informática Avançada (30h); em Vila Real: Finanças e
Contabilidade para Não Financeiros (30h), Inglês Técnico
Comercial (60h), Informática Avançada (30h); e em Viana do
Castelo: Metodologias, Implementação Sistemas Gestão de
Qualidade (30h).
Inscrições limitadas a membros e seleccionadas segundo
análise curricular. Enviar curriculum vitae com a indicação do
curso para [email protected]
Mais informações em: www.norte.ordemdosengenheiros.pt
INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE PINTURA
DE JORGE DO CARMO
7 A 29 OUTUBRO
20 SETEMBRO
LOCAL: Sede da OERN
ORGANIZAÇÃO: OERN
LANÇAMENTO DO LIVRO “PONTE MARIA PIA, A
OBRA-PRIMA DE SEYRIG”
1 A 17 OUTUBRO
Nascido há 65 anos em Viseu, o pintor autodidacta está
representado em colecções nacionais e estrangeiras. As suas
pinturas fazem parte do espólio do Museu Grão Vasco,
Governo Civil de Viseu, Turismo de Viseu, Auditório Mirita
Casimiro, Câmara Municipal de Nelas, International House
(Inglaterra) e Câmara Municipal de Castro Daire.
FORMAÇÃO
3 E 10 SETEMBRO; 12 E 19 NOVEMBRO
E 10 E 17 DEZEMBRO
LOCAL: Sede da OERN
ORGANIZAÇÃO: OERN
CURSO DE ÉTICA E DEONTOLOGIA
PROFISSIONAL
A Região Norte da Ordem dos Engenheiros tem vindo a
promover cursos de formação em Ética e Deontologia
LOCAL: Departamento de Geologia da FCUP-Porto
ORGANIZAÇÃO: Colégio Regional de Engenharia Geológica e
de Minas e pela Associação Portuguesa de Geólogos
5º CURSO DE EXPLOSIVOS
Entre de 7 a 29 de Outubro vai decorrer nas instalações do
Departamento de Geologia da FCUP-Porto, promovido pelo
Colégio Regional de Engenharia Geológica e de Minas e pela
Associação Portuguesa de Geólogos, o 5º Curso de Explosivos
do Centro de Geotecnia do IST CEGEO/IST.
Trata-se de um curso com interesse para todos os que estejam
ligados à aplicação de produtos explosivos industriais e a todos
os que ocupam, ou pretendem ocupar, cargos de
responsabilidade técnica em pedreiras e obras de escavação,
nomeadamente: licenciados em Geologia, Eng.ª de Minas,
Eng.ª Geológica, Eng.ª Geotécnica e Eng.ª Química.
Mais informações em: www.norte.ordemdosengenheiros.pt ou
Colégio Regional de Eng.ª Geológica e de Minas:
[email protected]
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AGENDA
info
Formação 2005/2006 (1.º Semestre)
Projectista de Redes de Gás (48h) - € 350,00
7 a 22 de Novembro de 2005
23 de Janeiro a 7 de Fevereiro de 2006
9 a 24 de Fevereiro de 2006
Porto
Braga
Vila Real
Projecto de Aquecimento Central e Produção de Água Quente Sanitária (24h) - € 200,00
13 a 20 de Março de 2006
Braga
Projectista de Sistemas Solares Térmicos (58h) - € 510,00
20 de Março a 7 de Abril de 2006
19 de Junho a 7 de Julho de 2006
Porto
Porto
Segurança contra Incêndios - Concepção e Projecto (40h) - € 320,00
6 a 17 de Março de 2006
22 de Maio a 2 de Junho de 2006
Vila Real
Braga
Projectos de Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios (28h) - € 250,00
12 a 20 de Dezembro de 2005
16 a 24 de Janeiro de 2006
8 a 16 de Maio de 2006
22 a 30 de Maio de 2006
Braga
Porto
Vila Real
Porto
Sistemas de Iluminação, Integração e Eficiência Energética (20h) - € 220,00
6 a 10 de Fevereiro de 2006
5 a 9 de Junho de 2006
BOLETIM DE PRÉ- INSCRIÇÃO
Porto
Vila Real
Formação 2005/2006 (1.º Semestre)
NOME ________________________________________________________________________________ N.º Regional __________________
MORADA ____________________________________________________________________________________________________________
CÓD. POSTAL ____-____ _____________________ Tel. Resid. ________________ Tel. Emp. _________________
Telem.________________ E-mail _________________
Curso(s) pretendido(s) / Datas de realização – __________________________ / ______________ __________________________ /
______________ , __________________________ / ______________ __________________________ / ______________ ,
__________________________ / ______________
Data 200_/_______/_______
___________________________________________
Caso o número de participantes pré-inscritos no curso seja considerado insuficiente em termos pedagógicos, a Ordem dos Engenheiros
reserva-se o direito de adiar ou anular o mesmo.
Download

Info Nº 5 - Ordem dos Engenheiros Região Norte