AVALIAÇÃO FITOSSANITÁRIA EM PLANTAS ORNAMENTAIS Ceratti, Silene1, Neto, Nelson2, Ribeiro, Ana Lúcia de Paula3, Broch, Djulia Tais4 1. INTRODUÇÃO A floricultura, em seu sentido amplo, abrange o cultivo de plantas ornamentais, desde flores de corte e plantas envasadas, floríferas ou não, até a produção de sementes, bulbos e mudas de árvores de grande porte. É um setor altamente competitivo, que exige a utilização de tecnologias avançadas, profundo conhecimento técnico pelo produtor e um sistema eficiente de distribuição e comercialização (SILVEIRA, 1993). A recente expansão do cultivo comercial de plantas ornamentais e o plantio em larga escala, vem ocasionando o aumento de problemas fitossanitários apesar de muitas plantas apresentarem rusticidade natural (ASSIS et al., 2002). O desenvolvimento de estratégias de controle de pragas e doenças nas plantas ornamentais implica na identificação rápida e correta dos agentes causadores de moléstias, pois em plantas ornamentais dois aspectos precisam ser considerados para e eficiência de controle. O primeiro aspecto é o fato de que poucos produtos são registrados no Ministério da Agricultura para o controle de pragas (AGROFIT, 2009) e um segundo aspecto consiste na introdução de sementes e mudas não certificadas que contribui para a introdução de pragas exóticas. A escassez de informações sobre doenças e pragas associada ao cultivo de flores, compromete principalmente a qualidade do produto e o assunto deve ser tratado com bastante cuidado pelos produtores, pois lotes contaminados por insetos, fungos, vírus e bactérias perdem o seu valor no momento da comercialização. Assim, a exigência de qualidade, quanto ao aspecto fitossanitário cria a necessidade de estudos científicos, portanto, trabalho teve por objetivo identificar as doenças fúngicas e as espécies de artrópodes associados à produção de flores visando fortalecer o processo produtivo de plantas ornamentais na Região Noroeste do Rio Grande do Sul. _______________________ 1Aluna do Curso de Agronomia da Universidade de Cruz Alta, Unicruz, [email protected]. 2 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fitopatologia, Professor da Universidade de Cruz Alta, Unicruz, [email protected] 3 Engenheira Agrônoma, Doutora em Entomologia, Professor da Universidade de Cruz Alta-RS, Unicruz, [email protected] 4 Aluna do Curso de Agronomia da Universidade de Cruz Alta, Unicruz, [email protected] 4. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Município de Ijuí no Distrito de Barreiro, na propriedade rural do Sr. Vilerson Ceratti, produtor há dez anos que possui uma área de 700 m2 de produção de flores ornamental e sócio da COOPERFLORES. A produção diversificada, em torno de 40 espécies de plantas, produzidas em estufas plásticas de 9 x 30; 8 x 20; 15 x 20. As plantas foram vistoriadas durante o período de produção nas safras 2010, coletando amostras das espécies vegetais constituída por folhas, flores, brácteas e caules com sintomas de ataque de doenças e pragas. O material coletado foi remetido aos Laboratórios de Entomologia e Fitopatologia da Universidade de Cruz Alta identificado com auxílio microscópio estereoscópico ótico. Durante o período de coleta dos insetos foram realizadas leituras de temperaturas com termômetro de máximas e mínimas. 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os sintomas de doenças foram registrados através de fotografias para confecção de um herbário virtual e as pragas foram identificadas e compõem a coleção científica do Laboratório de Entomologia da Unicruz (Tabela 1). Tabela 1: Diagnose de doenças e pragas em flores ornamentais no Município de Ijuí, RS, 2010. Planta ornamental Diagnóstico Amor perfeito- Viola tricolor Botritis sp e Liryomiza sp (mosca minadora) Áster - Áster margar Liryomiza sp. e Thrips sp. Celosia - Celosia argêntea Liryomiza sp (mosca minadora) Cravina - Dianthus chinensis Liryomiza sp (mosca minadora) Cravo de defunto - Tagetes patula Thrips sp. Dahlia - Dahlia harlequin Liryomiza sp. e Thrips sp Petúnia - Petunia hybrida Liryomiza sp(mosca minadora) e Botritis sp. Torenia - Torenia fournieri Liryomiza sp. e Thrips sp Verbena - Verbena obsession Liryomiza sp., Thrips sp e Tuta absoluta Zinnia - Zinnia elegans Liryomiza sp. e Thrips sp Lírio - Lilium sp. Hemerocales sp.(ferrugem) Thormiun tenax Chrysomphalus sp. De acordo com o diagnóstico realizado nas plantas, observou-se com freqüência danos provocados por mosca-minadora (Liryomiza sp) e tripes, insetos minadores e sugadores observados com freqüência em áreas de produção com ambiente protegido das Ordens Diptera e Thysanoptera, respectivamente. No levantamento de insetos nas estufas de produção de flores com armadilhas (bandejas d’água) de cores amarela e branca durante os períodos de coleta (Tabela 2), observou-se que os insetos coletados representam a ordem Diptera com 523 insetos coletados em armadilhas de cor amarela e 288 insetos em armadilhas de cor branca. Confirmando, portanto a preferência dos insetos desta ordem pela cor amarela. Portanto, o diagnóstico realizado diretamente nas plantas, confirmaram através das coletas com as armadilhas, os danos provocados através dos insetos da ordem Diptera, principalmente os danos provocados por mosca-minadora (Liryomiza sp.). Tabela 2: Insetos coletados nos meses de março a agosto em armadilhas d’água em estufas no município de Ijuí, 2010. Ordens Nº insetos/Bandejas Amarela Nº insetos/Bandejas Branca Coleoptera 01 02 Diptera 523 288 Embrioptera 17 Hemiptera 07 01 Hymenoptera 21 23 Lepidoptera 02 01 Orthoptera 02 Trichoptera 01 Zooptera 78 70 Total 603 404 A temperatura do ambiente é um fator que interfere na vida dos insetos e no aparecimento de doenças (Gráfico 1). A partir dos dados de temperatura foi possível observar uma ocorrência maior de problemas fitossanitários em temperaturas em próximas de 25ºC que possibilitam uma atividade fisiológica nos organismos capazes de causar dano econômico. A variação da temperatura pode provocar alteração na fisiologia dos organismos onde, temperaturas abaixo de 18ºC provocam a hibernação dos insetos diminuindo a capacidade de provocar injúrias nas plantas. Gráfico 1. Temperaturas médias durante o período de Abril a Agosto, Ijuí 2010. 6. CONCLUSÃO Os resultados mostram que as espécies de insetos relacionadas à Ordem Diptera foram superior às demais ordens e confirmaram o relato de diagnose de danos nas plantas ornamentais. A temperatura tem uma correlação positiva com a atividade fisiológica dos insetos. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGROFIT. Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em: <http://www.agrofit.com.br Acesso em 25 de outubro de 2009. ASSIS, S.M.P.; MARINHO, R.R.L.; GOIM JUNIOR, M.G.C.; MENEZES, M.; ROSA, R.C.T. Doenças e pragas de helicônias. Diseases and pest of heliconias. Recife: UFRPE, 2002. 102 p. SILVEIRA, R.B.A. Floricultura no Brasil. SBFPO, 1993. Adaptado por Alcebíades Rebouças, São José, UESB. <http://www.uesb.br/flower/florbrasil.html