Agora é a hora de investir na Petrobrás?
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Questionamento por email de um cliente em relação ao investimento na Petrobrás:
“Você provavelmente vai achar que eu estou ficando maluca, mas gostaria de investir em
ações da Petrobras. Sei que irá demorar para a empresa se recuperar, porém no meu
ponto de vista seria uma maneira de aplicar em um produto que sei que não vou poder
contar – resumo uma poupança forçada”.
Resposta PETRA
“Prezada -------- tudo bem?
Primeiro, deixa eu te falar da minha satisfação em ver sua provocação sobre as ações da
Petrobras. Independentemente da empresa, que debaterei a seguir, sua visão de investidora
foi perfeita! Você está acompanhando uma empresa com ativos palpáveis (refinarias,
reservas de petróleo, plataformas), que já foi a maior do país e está na memória de todos,
viu o preço de suas ações despencarem nos últimos anos e sentiu-se instigada a investir.
E você pode estar certa de que este seu sentimento nos permeia diariamente e é o que nos
leva a debater profundamente todo um universo de oportunidades que existe no mercado
brasileiro. Mesmo a Petrobrás já foi tema de intensas discussões aqui na Petra. Deixa eu
compartilhar com você nossos pensamentos.
São três as preocupações que nos levaram a nos manter distante da Petrobrás já há algum
tempo:
a)
Combustíveis fósseis: há tempos nós questionamos o futuro dos combustíveis fósseis
como matéria prima. Acreditamos que o mundo caminha a passos largos para substituição
do petróleo por fontes renováveis. Temos sérias dúvidas em relação à lucratividade do
negócio petróleo quando a Petrobrás estiver, finalmente, explorando o pré-sal. Vamos
lembrar que desde o ano passado, os Estados Unidos começaram a extrair petróleo do tal
do gás de xisto, e suas reservas vão fazer com que os americanos se tornem um dos maiores
produtores mundiais até 2020. Assim, oferta de petróleo está deixando de ser um
problema, especialmente nos próximos anos, em que o crescimento econômico mundial
tende a ser menor.
Agora é a hora de investir na Petrobrás?
Resposta PETRA
b) Commodities: temos restrições a investir em empresas produtoras de commodities
(petróleo, minério de ferro, etc) porque estes produtos tem seus preços definidos no
mercado internacional e as empresas não tem qualquer ingerências sobre estes. Assim, elas
podem ser muito eficientes em seus processos e ainda assim, se verem inseridas em
circunstâncias econômicas que atinjam frontalmente seus preços. Veja o momento que
estamos vivendo: o petróleo saiu de US$ 110,00 o barril, para os atuais US$ 44,00.
Como o preço dos derivados de petróleo no Brasil são controlado pelo governo, a Petrobrás
não vai ser penalizada de imediato porque os preços dos combustíveis serão mantidos. Mas
pense em um mercado com um mínimo de competição... O impacto na lucratividade da
empresa seria enorme.
c)
Ingerência política: aqui tem duas frentes de preocupação: a questão do controle de
preços, ou seja, a empresa atuando para atender os interesses do governo (controle da
inflação, por exemplo) e a questão da corrupção que estamos vendo atingi-la frontalmente
nesse momento. A ingerência política tem como pior resultante a incerteza que gera. Como
proceder para avaliar a Petrobrás se não conseguimos projetar o seu fluxo de caixa? Como
confiar no balanço que não pode ser auditado?
Não sei se você teve chances de ver ontem, mas os técnicos da Petrobras teriam avaliado em
até R$ 88 bilhões as perdas geradas pela corrupção. É uma brutalidade! Não dá para saber
se é isso mesmo, porque esses números não foram publicados oficialmente, mas qualquer
proporção deste valor terá um impacto relevante no balanço e a ação que parece barata
pode estar é cara.
É verdade que existem hipóteses tentadoras como a vinda de um gestor famoso, de
reputação ilibada, que pudesse mudar a imagem da empresa e atrair investidores. Por mais
que essa hipótese possa parecer razoável de acontecer (na minha visão não é nada trivial),
o resultado efetivo nos números da Petrobrás seguirá incerto demais. Seja pelas dúvidas em
relação ao Petróleo, seja pelas dúvidas em relação ao tamanho dos esqueletos que lá
existam.
Agora é a hora de investir na Petrobrás?
Resposta PETRA
Assim, não investimos em ações da Petrobrás porque entendemos seu negócio (vender
petróleo) como ruim e porque a ingerência política traz uma incerteza descabida que torna
o risco do investimento imensurável. Se não investimos em nossos fundos, me sinto
bastante desconfortável em sugerir que você invista.
Mas se prefiro me manter distante da ideia de investir em Petrobrás, não gostaria de perder
o gancho da sua provocação que foi comprar ações de uma empresa que tenha caído muito,
pois esta é uma realidade do nosso momento atual para várias companhias onde
entendemos que o senso de oportunidade é muito consistente, ao contrário do exemplo da
Petrobrás.
Vou te dar apenas dois exemplos (poderia listar pelo menos 10):
Primeiro, de uma empresa conhecida: a Cia Hering, aquela das lojas de roupas dos dois
peixinhos. A ação valia R$ 30,00 no final de 2013 e está sendo negociada a R$ 18,00. Só que
aqui, é uma empresa que não tem dívida (a Petrobrás tem R$ 240 bilhões), a empresa
vende bens acessíveis a classe média e nova classe média e está crescendo com base na
expansão de sua rede de franquias, ou seja, com menor necessidade de investimentos. Seu
retorno para o acionista está na casa de 30% ao ano (o da Petrobras está em 5,6%) e ainda
paga 5% ao ano de dividendos.
Segundo, de uma empresa menos conhecida: a Cosan Logística é uma empresa da Cosan
que é um dos maiores grupos sucro-alcooleiros do país. É uma empresa nova, que nasceu
de uma divisão da própria Cosan em outubro de 2014. Esta cisão foi feita, pois está sendo
negociado um processo de fusão entre a Cosan Logística e a ALL, que é uma das maiores
empresas de transporte ferroviário do país. Neste momento, a fusão está sendo avaliada
pelo CADE que deverá aprova-la ou não até o mês de abril.
Entre o início de sua negociação em outubro e agora, as ações cederam de R$ 4,30 para os
atuais R$ 2,30. Em nossas avaliações a aprovação da fusão da Cosan Logistica com a ALL
tem tudo para devolver as ações para os patamares de outubro, o que significaria um
retono de quase 90% caso venha acontecer. E se não for aprovada? Nesse caso, os preços
atuais já são poderosos mitigadores de um risco de perda.
Agora é a hora de investir na Petrobrás?
Resposta PETRA
Quando a ideia de comprar Petrobrás veio a sua cabeça, subliminarmente veio o seu senso
de oportunidade. Aos preços atuais, você até estaria disposta a correr o risco de comprar a
Petrobrás, inclusive para ficar um longo prazo “investida”. Minha provocação é para que
você use o seu mesmo senso, extremamente valioso eu reforço, mas direcionando-o para
outras empresas.
Na PETRA Asset, escolhemos o fundo Petra Value para investir em empresas com quedas
acumuladas muito fortes e que ao mesmo tempo nos tragam proteção em relação à queda
anterior, e um potencial substancial de valorização. São ações para as quais não podemos
definir prazo para ganho, mas cuja atratividade é muito mais interessante do que a da
Petrobrás. Penso que o Petra Value permitirá você alcançar um resultado tão interessante
quanto você espera com a Petrobrás, só que com um risco substancialmente menor.
Se você quiser aprofundar o debate estou a sua disposição.”
Um forte abraço
Equipe PETRA Asset
Petra Asset Gestão de Investimentos LTDA
Av. Paulista, 1842 – 1º andar – cj.17 – Cerqueira César
www.petraasset.com.br
Email:[email protected]
Telefone: (11) 3526-9001
Este material tem o único propósito de divulgar informações e dar transparência à gestão de recursos executada pela PETRA ASSET, não deve
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recomendada a leitura cuidadosa do regulamento pelo investidor antes de aplicar seus recursos.
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Agora é a hora de Investir na Petrobrás? - Fevereiro 2015