Valdir Suzin
Perfil ideológico e sócio-econômico dos filiados
ao PMDB e PT no Distrito Federal
Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de PósGraduação do Cefor como parte das exigências do curso
de Especialização em Instituições e Processos Políticos
do Legislativo
Brasília
2007
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título: Perfil ideológico e sócio-econômico dos filiados ao PMDB e PT no Distrito Federal
Autor: Valdir Suzin
Finalidade do projeto: apresentar trabalho de monografia ao Programa de Pós-Graduação
do Cefor, conforme exigência do curso de Especialização em
instituições e Processos Políticos do Legislativo
Instituição: Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento da Câmara dos
Deputados – Cefor
Data: março/2007 – Brasília(DF)
Orientador: Antônio Teixeira Barros
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2. APRESENTAÇÃO
A história dos partidos políticos do Brasil tem sido abordada quase que
exclusivamente sob o ótica do desempenho eleitoral e da postura sobre os principais
temas nacionais. Raros são os estudos e pesquisas sobre aqueles que integram os
partidos. É verdade que não temos partidos de longa tradição e que tenham sua trajetória
marcada
por
uma
atuação
coesa
dos
seus
representantes.
Porém,
há
um
desconhecimento ainda maior quanto aos filiados dos partidos políticos. As referências aos
filiados, seja na imprensa ou na literatura limitam-se a mencionar a trajetória política e
peculiaridades das principais lideranças de cada partido.
Perdura um colossal desconhecimento quanto à maioria dos filiados. Afinal, quem
são eles? Qual é o perfil ideológico e sócio-econômico da grande massa de filiados? Quais
atividades partidárias desenvolvem. Participam ou não do processo decisório? Qual é a
distribuição entre homens e mulheres? O número de filiadas é tão reduzido quanto ao de
eleitas e ocupantes de cargos públicos? Quais as razões da filiação?
Responder estas e uma série de outras questões que envolvem os filiados é
praticamente
impossível
neste
trabalho.
Mesmo
assim,
pretendo
apresentar
cientificamente a realidade sócio-econômica e ideológica dos filiados ao Partido do
Movimento Democrático Brasileiro(PMDB) e Partido dos Trabalhadores(PT) do Distrito
Federal. Os dois são os maiores protagonistas da vida política do DF desde 1986, ano em
que os eleitores puderam eleger, pela primeira vez, representantes para a Câmara dos
Deputados e Senado Federal. Pretendo levantar, por meio de pesquisa de campo, dados
precisos sobre o perfil dos filiados aos dois partidos. Saber que classes representam e qual
a identificação política de cada um com a linha programática do respectivo partido.
O Distrito Federal apresenta algumas peculiaridades na vida política em relação às
demais unidades da Federação. Não está dividido em municípios, nem possui Câmara de
Vereadores. Tem autonomia administrativa, mas depende de recursos da União para sua
manutenção. Esses fatos podem fazer com que os filiados tenham uma percepção e
atuação política diferente daquela observada nas demais unidades da Federação. Mas,
certamente essas diferenças não devem ser tão significativas a ponto de o filiado ao PMDB
ou PT do DF ser um estranho perante aos filiados de outros estados.
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3. TEMA
Estudo sobre os critérios adotados para a filiação ao Partido do Movimento Democrático
Brasileiro(PMDB) e ao Partido dos Trabalhadores(PT) do Distrito Federal. Análise sobre como
ocorre o processo de filiação, desde o convite ou apresentação espontânea, o levantamento ou
não de dados sobre o interessado e os itens para aceitação ou recusa.
4. OBJETO
O perfil ideológico e sócio-econômico dos filiados ao PMDB e PT do Distrito Federal.
5. PROBLEMA
A disputa entre PMDB e PT no Distrito Federal é intensa e se acentua no período eleitoral,
a cada quatro anos. Militantes saem em busca de votos e dispostos, até mesmo, ao confronto
físico. Muitos vêem o oponente como um inimigo a ser eliminado e não um adversário a ser
vencido com a força das idéias políticas e o programa partidário.
5.1 Afinal, que fatores explicam tamanha polarização partidária entre PMDB e PT?
5.2 Os componentes dessa polarização são de caráter ideológico, econômico ou de mera
resistência pessoal?
5.3 Como essa polarização é avaliada pelos eleitores? Ela é benéfica para a democracia e
o amadurecimento político dos militantes?
5.4 Os militantes são filiados aos partidos políticos?
5.5 Quais são as qualificações dos filiados?
5.6 Que setores representam?
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6. HIPÓTESES
A polarização entre o PMDB e o PT no Distrito Federal é fruto da disputa pelo governo
local e pelas diferenças na formação política e nível de instrução entre os filiados.
O PMDB, desde o período em que exerceu o governo do DF por indicação do presidente
da República, adotou uma política clientelista e populista que acentua a dependência dos
moradores em relação ao Executivo local.
O PT, antes da autonomia política do DF conquistada em 1986, já tinha uma forte
penetração
entre
sindicatos
de
trabalhadores,
movimentos
organizados,
estudantes,
funcionalismo público, e algumas categorias profissionais, como médicos, professores e
jornalistas. Essa situação difundiu a idéia de que os filiados ao PT seriam mais politizados, com
maior nível de escolaridade e detentores de maior poder aquisitivo.
Outro aspecto que contribuiu para criar uma espécie de divisão social entre os partidários
do PMDB e PT foi a concentração do voto em determinadas áreas. Sucessivas eleições
mostraram o PMDB mais forte na periferia e o PT com maior votação nas cidades de maior poder
aquisitivo.
7. OBJETIVOS
7.1 OBJETIVO GERAL
Traçar um perfil ideológico e sócio-econômico dos filiados ao PMDB e PT no Distrito
Federal e analisar as causas da polarização entre os dois partidos no DF.
7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
7.2.1 Apresentar dados confiáveis sobre o posicionamento ideológico e condição sócioeconômica dos filiados
7.3.1 Apontar a existência ou não de concentração de filiados em determinada localidade
do DF
7.4.1 Revelar se os filiados com maior conhecimento político-ideológico são também
aqueles com maior escolaridade e renda
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7.5.1 Avaliar se a vitória nas urnas e conquista do poder é um dos motivos que fomentam a
filiação
8. JUSTIFICATIVAS
Os partidos só existem graças aos filiados e respectivas lideranças. Curiosamente, os
filiados são tratados como uma massa de desconhecidos, de reduzida importância e relegados a
uma participação mínima no processo decisório. Não raro, os filiados são convocados unicamente
para homologar decisões da cúpula partidária.
Meu trabalho procura reunir dados para mostrar quem é exatamente o filiado ao PMDB e
ao PT do Distrito Federal. Saber mais detalhes sobre o processo de aproximação com o partido,
sua origem social, condição econômica, atividades partidárias que desenvolve, tipo de contato que
mantêm com as principais lideranças do partido e se ao filiar-se procura trazer familiares para as
fileiras do partido. Em suma, coletar dados que permitam traçar um perfil fiel desses filiados.
As pesquisas realizadas nesta fase inicial do trabalho não apontaram a existência de
qualquer estudo ou levantamento científico sobre o perfil dos filiados ao PMDB e PT do Distrito
Federal. Igualmente, não foram encontrados estudos com enfoque sociológico abordando as
características desses filiados.
A falta dessas informações reforça a importância da proposta apresentada para o trabalho
de monografia.
Os dados da pesquisa certamente vão permitir uma avaliação mais precisa sobre a
identificação ou não do filiado com a linha programática de cada partido. Acredito também que
será possível obter informações exclusivas sobre como PMDB e PT atuam, como ocorre o
processo decisório interno, a presença de movimentos organizados(jovens, mulheres, minorias) e
como é o relacionamento entre os movimentos e a direção partidária.
9. METODOLOGIA
A parte inicial
do trabalho exige um amplo levantamento de informações, análise de
documentos e pesquisa bibliográfica sobre teoria política, história dos partidos, mecanismos de
representação, sistemas políticos e eleitorais, movimentos organizados e mecanismos do
processo decisório interno.
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Outra etapa da importância significativa para o trabalho será a pesquisa de campo com os
filiados ao PMDB e PT do Distrito Federal. A realização da pesquisa vai envolver uma série de
procedimentos anteriores. Observando-se métodos científicos será fixado o número de
entrevistados, os locais de pesquisa, o conteúdo dos questionamentos e a forma de tabulação dos
dados, entre outros.
A pesquisa de campo representa uma etapa imprescindível para o trabalho, mas decisões
anteriores podem comprometer a eficácia do trabalho. Elas dizem respeito ao conteúdo das
perguntas que serão formuladas para os entrevistados. As perguntas terão que ser claras,
objetivas e de fácil compreensão.
PMDB e PT possuem, cada um, 17 diretórios zonais no Distrito Federal. Algumas zonais
englobam mais de uma cidade-satélite. Também há casos em que existe mais de um diretório
zonal na mesma cidade. Há uma relação direta entre o número de filiados e a população. Quanto
maior a população da cidade maior é o número de filiados. Essas diferenças exigem que a
pesquisa de campo entreviste um número maior de filiados nas zonais de maior população. O
número de entrevistados vai ser definido obedecendo critérios técnicos de amostragem mediante
questionários que serão apresentados individualmente aos filiados nas respectivas zonais.
Outro aspecto importante desta etapa será a forma de tabulação dos dados e análise dos
mesmos.
10. REFERENCIAL TEÓRICO
O trabalho será desenvolvido com base em teorias clássicas da democracia, com a de
Jean Jacques Rousseau, e teorias mais recentes, como a de Joseph Schumpeter.
A principal obra de Rousseau “Contrato Social”, publicada em 1762, é considerada uma
peça vital para a democracia participativa. O autor apoia sua teoria na importância da participação
individual de cada cidadão no processo político para a tomada de decisões. Rousseau aponta
uma estreita ligação entre participação e controle. Segundo Rousseau, a participação pode
aumentar o valor da liberdade para o indivíduo e capacitá-lo a ser protagonista do seu próprio
destino. O processo participativo assegura que nenhum homem ou grupo seja senhor de outro e
que todos são igualmente dependentes entre si e igualmente sujeitos à lei.
Outra teoria para a elaboração do trabalho será a de Schumpeter, que fez uma revisão da
teoria democrática clássica em “Capitalismo, Socialismo e Democracia”(1943). Schumpeter
apresenta uma definição nova e realista da democracia e ataca a noção vigente de teoria
democrática como uma teoria de meios e fins. O autor define democracia como um método
político para chegar a decisões políticas, legislativas e administrativas. Não considerava
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necessário o sufrágio universal e que a participação do cidadão teria de ser limitada.
Conforme Schumpeter, o excesso de participação poderia comprometer a democracia e
inviabilizar a tomada de decisões. Além das teorias citadas, outras que tenham uma ligação mais
direta com o objeto do trabalho poderão ser aproveitadas.
11. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Atividade
Pesquisa Bibliográfica
Formatação do questionário, definição dos locais
para realizar a pesquisa e total de entrevistas em
cada zonal
Pré-teste da pesquisa
Realização da pesquisa de campo
Tabulação e análise dos dados
Redação do trabalho
Revisão do trabalho
Período
1º semestre de 2007
Junho de 2007
Junho de 2007
Julho e Agosto de 2007
Setembro de 2007
Outubro e Novembro de 2007
Dezembro de 2007
12. ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho terá cerca de 60 páginas, além de anexo com o questionário da pesquisa de
campo e será dividido nos seguintes capítulos:
1º Abordagem das teorias sobre participação política e apresentação dos critérios
adotados pelo PMDB e PT do Distrito Federal para a filiação partidária.
2º Relato sobre o desenvolvimento da pesquisa de campo, com informações sobre os
dados colhidos e manifestações dos filiados. Haverá também uma preocupação em mostrar como
se dá o relacionamento entre direção partidária e filiado e se este último tem participação nas
tomadas de decisão. Os dados podem explicitar se existem, ou não, mecanismos democráticos no
funcionamento interno dos dois partidos.
3º Análise dos resultados da pesquisa considerando-se o referencial teórico e os objetivos
delimitados. A realidade apontada na pesquisa de campo deve atender os pressupostos listados
na justificativa e explicitar os questionamentos constantes do Problema do projeto.
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVELAR, Lúcia. Participação política. In CINTRA, Antônio Octávio. Sistema político brasileiro:
uma introdução. Rio de Janeiro. Fundação Konrad Adenauer. São Paulo: Fundação Unesp, 2004,
pp 223 a 236
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1986
CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO
CHACON, Vamireh. História dos partidos políticos brasileiros. Brasília: Editora UnB, 1998
DOWNS, Anthony. Uma teoria econômica da democracia. São Paulo: Edusp, 1999
DUVERGER, Maurice. Os partidos políticos. Rio de Janeiro. Editora Guanabara, 1967
FLEISCHER, David. Reforma política: agora vai? In ABRANCHES, Sérgio; CINTRA, Antônio
Octávio; RIAL, Juan; SPECK, Bruno Wilhelm. Rio de Janeiro; Fundação Konrad Adenauer, 2005
FERREIRA, Dimas Enéas Soares. Acerca dos partidos e dos sistemas partidários. Rio de Janeiro:
Revista de Ciência Política, 2005
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas S.A. 2006
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar. Rio de Janeiro: Editora Record, 2005
MAINWARING, Scott. Políticos, partidos e sistemas eleitorais. São Paulo. Novos Estudos Cebrap,
1991
MIGUEL, Luis Felipe. A democracia domesticada. Bases antidemocráticas do pensamento
democrático contemporâneo. Rio de Janeiro: Dados – Revista de Ciências Sociais, 2002, pp 483 a
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MILL, John Stuart. Considerações sobre governos representativos. Brasília: Editora UnB, 1981
NICOLAU, Jairo. Sistemas eleitorais. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio Vargas, 2004
OLSON, Mancur. A lógica da ação coletiva: os benefícios públicos e uma teoria dos grupos
sociais. São Paulo. Edusp, 1965
PATEMAN, Carole. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992
RODRIGUES, Leôncio Martins. Partidos, ideologia e composição social. São Paulo. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, 2002
SARTORI, Giovanni. Partidos e sistemas partidários. Distrito Federal. Editora UnB, 1976
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