César França Braga A atividade pesqueira de larga escala nos portos de desembarque do estuário do Rio Caeté, Bragança-pa. Resumo Dados estatísticos constituem elementos chaves de um projeto de pesquisa que sirva como base para estimar e predizer a captura periódica de pescado de uma determinada região a partir de uma serie de captura. Este trabalho visa o diagnóstico da atividade pesqueira de larga escala a partir do monitoramento dos desmbarques nos principais portos do estuário do rio caeté, Bragança-pa: Bacuriteua, vila de Ajuruteua, Caratateua, Furo grande, Tamatateua e Vila do Treme. Os dados sobre a captura foram coletados através de um censo, realizado de junho de 2000 à junho de 2001, digitalizados em um banco de dados e analisados usando técnicas estatísticas unimultivariadas e multivaridas. Neste trabalho consideramos pesca de larga escala e atividades de captura exercida por dois tipos de embarcação: os barcos industriais e os barcos de médio porte. De um total de 1.132 embarcações, 335 foram considerados barcos de pesca de larga escala. Os desembarques ocorrem apenas nas comunidades de Bacuriteua e Bragança e produziram 1061lt de pescado, o que representa 20% do total desembarcado. Os barcos de médio porte foram de maior importância relativa na produção desembarcando 70,39% da produção total de larga escala. Também foram importantes ao considerarmos os desembarques (78% dos desembarques totais de largas escalas). Cerca de 72% das embarcações de larga escala eram procedentes de outros estados, destacandose o ceará (59%). Os aparelhos mais frequentementes utilizados pelos barcos de larga escala foram a linha com bicicleta e a linha com caecos, que juntas foram usadas em 53% das viagens produzindo 682t de pescado (64% da captura total). Na vila de Bacuriteua ocorreu o maior desembarque, 63,89% do volume total, sendo que a maior parte foi desembarcada pelos barcos de médio porte (70,39% da produção total da frota de larga escala). No total, 52 tipos de pescado foram capturados pelas unidades pesqueiras da frota de larga escala, que foram classificados em 47 espécies pertencentes a 25 famílias de peixes. O grupo dos pargos, várias espécies da família lutjanidae, foi o alvo principal das pescarias correspondendo a 52% da produção total. Para análise de componentes principais foram escolhidas as produções das dez principais espécies, que representavam juntas 90% da produção total. Foram extraídos três fatores que explicaram 60% da variância das amostras. O primeiro fator destacou as espécies com o maior volume desembarcado na região bragantina e foi responsável por 25,48% da variabilidade dos dados. Este fator é caracterizado positivamente pela dominância de peixes capturados por anzóis como o pargo e a garoupa, e negativamente, pela dominância de peixes capturados com redes de emalhes como a serra e a canguira, sendo o numero de pescadores a variável que mais afeta este fator. A receita total da pesca de larga escala estimada para o período analisado foi de mais de Us$1.100,000. Só a comercialização do principal pescado desembarcado, os peixes da família lutjanidae, geraram renda de mais de Us$ 729, 000. A receita bruta estimada por tipo de arte de pesca revela que a pescaria de maior renda durante o período analisado foi a de linhas com bicicletas, com uma receita anual de quase Us$ 500.000. Os barcos de médio porte apresentaram maior valor de cpue, pois utilizavam um numero maior de anzóis que os barcos industriais, o que contribuiu para maior produção observada para este tipo de embarcação. Foram registradas 15 grandes áreas de pesca (pesqueiros) utilizadas pela frota de larga escala para as atividades de captura. O pesqueiro que apresentou a maior produtividade pesqueira foi o cabo norte, localizado na costa do Amapá, com a produção total de mais de 619t capturadas.