UMA QUESTÃO DE SAÚDE Segundo a OMS: 1. Há 17,6 médicos no Brasil para cada 10 mil pessoas. Esse número é a metade do encontrado em países europeus e o Maranhão tem índice comparado ao Iraque e à Índia. 2. Em geral, existem duas vezes mais médicos na Europa que no Brasil 33,3 a cada 10 mil habitantes. São 48 médicos na Áustria a cada 10 mil cidadãos, contra 40 na Suíça, 37 na Bélgica, 34 na Dinamarca, 33 na França, 36 na Alemanha e 38 na Itália. 3. Existem realidades diferentes no Brasil. No Sudeste, por exemplo, a taxa é de 26 médicos por 10 mil habitantes, superior à dos Estados Unidos (24), Canadá (20) e Japão (21) de saúde no mundo. Mas, nos Estados do Norte, são 10 médicos para cada 10 mil pessoas, abaixo da média nacional de países como Trinidad e Tobago, Tunísia, Tuvalu, Vietnã, Guatemala, El Salvador ou Albânia.No Nordeste, a taxa é de 12 médicos para cada 10 mil pessoas - no Maranhão, chega a 7 médicos por 10 mil, taxa equivalente à da Índia ou do Iraque. A situação mais dramática, porém, é ainda da África, com apenas 2,5 médicos a cada 10 mil habitantes. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo". Porque algumas regiões tem tão poucos médicos¿ 1. O médico recém formado não quer deixar o local onde vive. 2. Impossibilidade de fazer cursos e especializações (o que não impede médicos com especializações de irem para esse locais). 3. Baixos salários. Porém a proposta do Governo Federal é o salário de R$10.000,00. Nos centros urbanos não se paga isso em hospitais públicos e privados. 4. Faltam universidades públicas que formem médicos no interior e em locais distantes. O que melhoraria muito o atendimento, já que o estudante seria da localidade. Mas isso não garante a permanência dele ali. 5. Hospitais sem condições adequadas de trabalho - Problema existente em todos os lugares. Na Região Metropolitana do Salvador, o Hospital Geral de Camaçari, que é do Estado, não tem leitos suficientes, nem mesmo um aparelho para fazer endoscopia. Precisei do serviço e tive que me dirigir a Salvador. Para um hospital que aceitasse meu plano de saúde. Uma criança com corpo estranho na garganta, morreria. Os postos de saúde de Camaçari atendem bem. O município oferece uma estrutura melhor do que a de Salvador. Mas médicos que fazem concurso pro município, depois de algum tempo migram para capital que fica a menos de uma hora. O salário não é a justificativa. 6. Dificuldade de chegar aos locais. Mas se ninguém é obrigado a trabalhar nessas localidades, porque médicos que já atuam nas capitais declararam guerra ao governo¿ Esse é o ponto que mais me intriga. Temos nos centros urbanos um bom número de universidades particulares que formam doutores que deveriam passar por um crivo mais sério. Aqui em Salvador, alunos de uma dessas fizeram manifestação pela qualidade do ensino e respeito aos professores e foram recebidos pela polícia. Então esse futuros profissionais serão melhores do que cubanos¿ Cuba tem um dos melhores sistema de saúde do mundo. Falta reconhecer o diploma desses profissionais. Também sou a favor de avaliações para poder exercer a profissão. Seria uma "OAB" médica. Bons estudantes não temeriam exames. Independentes de serem estrangeiros ou não. Porque somente agora estamos assistindo médicos nas ruas requerendo qualidade na saúde pública¿ Alguns nunca atenderam o chamado do sindicato da categoria. Excelente que estejam participando. Inclusive doutores que trabalham apenas em hospitais particulares das grandes cidades. Um apoio para aqueles que não tem condições de trabalho e baixos salários. Torço para que esse comportamento não seja de caráter político eleitoral e continue independente de quem seja o próximo presidente. Porque infelizmente, em meio a um movimento sério, tem gente com outras intenções. Contratação de estrangeiros Para Hans Kluge, Diretor da Divisão dos Sistemas de Saúde e Saúde Pública da OMS, a importação de médicos "não é a panaceia" e deve ser feita com cautela pelo Brasil para garantir que médicos de fora tenham treinamento e qualificação adequados para exercer a medicina no país. Postos de trabalho abundantes, combinados a bons salários e à oportunidade de exercer a profissão em centros de saúde e pesquisas considerados referência mundial, são os principais atrativos para essa mão de obra estrangeira. A fluência em português deve ser levada em consideração. O médico e o paciente precisam se entender. Mas, se os médicos não vão até onde há pessoas precisando de atendimento, o governo continua estudando trazer médicos de outros países para preencher vagas em regiões com carência desses profissionais. Uma medida correta, principalmente se também será oferecida a oportunidade dos brasileiros fazerem especializações no exterior. O plano é esse. No momento não há como não utilizar mão de obra estrangeira, seguindo a ordem de priorizar médicos brasileiros, conforme consta nas declarações governamentais. A curto prazo sana um problema. Porém essa medida deve vir com : - Construção de novas unidades de saúde e estruturação das existentes. - Oferta de leitos condizente com o número de habitantes. - Salários dignos e plano de cargos e salários para profissionais da saúde. - Construção de universidades públicas que ofertem cursos na área de saúde em cidades polos de regiões mais distantes. - Incentivo à pesquisa. - Instituir política de medicina preventiva, com programas que levem os médicos às casas. - Ampliação das UPAs. Se os médicos querem se manifestar, os pacientes também. Porque aqui cabe o debate em relação à atitude de profissionais que atuam na rede pública e privada, mas tratam de modo diferenciado os pacientes. Alguns chegam a ser rudes ou nem tocam nos doentes da rede pública. Todo mundo que conheço passou pelas mãos de um mau profissional. Eles denigrem a imagem dos bons e responsáveis doutores que não tem preconceito no trato com pessoas e vão até o fim na luta pela cura. Aconselho uma visita ao site do AVERMES, Associação das Vítimas de Erros Médicos. Tem uma boa cartilha no endereço http://www.avermes.com.br/. Ou o blog http://bastacomoserrosmedicos.blogspot.com.br/.