Cavernae - Núcleo de Atividades Espeleológicas
Cavernae - Núcleo de Atividades Espeleológicas
EXPEDIENTE
Cavernae 2011
2011
Comissão Editorial:
Evandro Rosa
Rodrigo Tinoco
Nelício Faria
Boletim Informativo do
Núcleo de Atividades Espeleológicas – BH - M.G.
Diagramação:
Nelício Faria
Composição:
Nelício Faria
Capa:
Gruta do Brejal
Vale do Rio Peruaçu – M.G.
Nelício Faria
Texto mais técnico no sentido de tentar
localizar e dar condições mínimas de
localização e entendimento por quem
não estava conosco. Apesar de
modesto, esperamos estar contribuindo
com a espeleologia Brasileira.
Estamos disponibilizando o Cavernae a
partir de agora, na página do NAE,
dentro do sítio da Sociedade Brasileira
de
Espeleologia,
SBE
www.cavernas.org.br/nae.asp.
Esperamos que possamos retomar
nossos trabalhos e esperamos que os
interessados
em
atividades
espeleológicas de BH e demais
cidades do estado nos procurem e
participem conosco de pequenas e
grandes descobertas.
NESTA EDIÇÃO:
Página
Título
02 Editorial – Cavernas de Minas
03 Gruta da Taboa
04 Gruta da Escrava
06 Vale do Rio Peruaçu
10 Gruta do Buraco que Sopra
12 Escalada
15 Sistema Meio, Morena e Terço
21 Naetícias
Editorial
Neste Cavernae estamos apresentando
um novo formato das nossas aventuras
pelas cavernas de Minas.
As matérias contidas no Cavernae
podem ser parcial ou integralmente
reproduzidas por terceiros desde que
citadas as fontes. Solicitamos que que
um
e-mail nos seja enviado
([email protected]) comunicando
onde e quando o material será
publicado.
A próxima meta é escanear e
disponibilizar as edições anteriores do
Cavernae para que todos tenham
acesso a esse material histórico do
grupo.
Os editores.
DE MINAS
CAVERNAE, ano 11, nº19 – Belo Horizonte, Jun-Ago/2011
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CAVERNAE, ano 11, nº19 – Belo Horizonte, Jun-Ago/2011
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Cavernae - Núcleo de Atividades Espeleológicas
Cavernae - Núcleo de Atividades Espeleológicas
GRUTA DA TABOA
Técnica:
Coordenadas da entrada principal:
19°28’30.0” S
44°19’41.7” W
Município: Sete Lagoas
Desenv. horizontal: 1230 m
Nº no Cadastro SBE : MG - 446.
Desnível : 16 m.
Rocha: Carbonatos do Grupo
Bambuí
Quem mapeou: NAE
Esta caverna situada no município
de Sete Lagoas, a cerca de 110 km de
Belo Horizonte, chama a atenção de
quem a visita por possuir quatro
entradas, sendo uma submersa. Até aí
nada de anormal não fosse o fato de
que duas delas estão do outro lado da
montanha.
Taboa além da parte seca, possui
também uma parte submersa que foi
pouco explorada.
O ribeirão que a atravessa é
perene.
Na metade de seu desenvolvimento
existem restos fósseis.
Ela faz parte das cavernas
estudadas pelos alunos da UFMG que
ali vão regularmente coletar e contar
os insetos presentes no dia e deixar
armadilhas para um período maior de
amostragem. O NAE já mostrou o
mapa simplificado desta caverna no
último Cavernae,
detalhado (anexo).
neste
o
mapa
Um dos problemas enfrentados
quando falamos em preservação é a
falta de conhecimento dos moradores
vizinhos a cavidades naturais que
desconhecendo seu ecossistema e
sua importância, jogam ali uma série
de detritos e dejetos que obstruem e
poluem o ambiente cavernícola,
conforme comentado na última edição.
A fazenda onde fica localizada
esta caverna já nos deu boas
surpresas, uma delas um lobo guará,
visto numa de nossas saídas para o
local. Era noite, em torno de 19 horas
e de repente na frente do carro, pára,
imponente aquele animal. Nós que não
somos bobos paramos também e
ficamos ali, nos olhando, até que ele
não querendo audiência se foi.
Nossa última visita ao local foi
frustrada pela presença de um
cadeado em uma porteira que dá
acesso à fazenda do Sr. Milton
Laranjeira, que aliás sempre nos
recebeu com um belo sorriso.
Certa vez, nesta fazenda, quando
chegamos, uma égua estava dando à
luz, ele nos convidou para ver o parto,
quando voltamos, já tarde, mãe e filho
já estavam bastante tranqüilos e o
filhote correndo pelo pasto.
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Fotografia 1: O disco - Gruta da Taboa – Sete Lagoas – M.G.
Cortesia: Evandro Rosa (NAE).
GRUTA DA ESCRAVA
Técnica:
Coordenadas da entrada principal:
19°14’09.0” S
43°40’23.1 W
Município: Santana do Riacho
Desenv. horizontal: 105 m
Nº no Cadastro SBE : Não cadastrada.
Desnível : +1,1/-11,4 m
Rocha: Carbonatos do Grupo Bambuí
Quem mapeou: NAE
Esta caverna está situada no
município de Santana do Riacho, uns
14 km após a pousada “Morro da
Pedreira”, lá na Serra do Cipó, fica na
beira da estrada depois da entrada do
Sítio da Matinha uns 30 metros à
esquerda.
Fomos convidados pela Bete Lessa
proprietária do sítio, aliás muito
agradável, para explora-la.
De cara fomos conferir
a
profundidade da caverna pois disseram
que não dava para ouvir uma pedra
bater no fundo. Também fomos conferir
para ver se achávamos restos da
escrava que dizem, ali ter caído, fugindo
do seu patrão.
A gruta de fato tem um pequeno
abismo com 11 metros logo após o
segundo salão da entrada e no nível
inferior um salão com algumas
ornamentações à esquerda no alto e
descendo à direita dois condutos um
inferior e outro superior levando a um
salão que possui um conduto à
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esquerda que termina em um quebra
corpo que leva ao pequeno salão do
guano.A parte mais complicada da gruta
é realmente a entrada e o rapel que
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desce sobre guano sujando a corda se
for muito comprida. Não achamos
nenhuma escrava, só uma galinha
morta e seu ovo não colocado.
VALE DO RIO PERUAÇU
Técnica:
Afluente
da
margem
esquerda do rio São Francisco. Norte
de Minas Gerais. Quando falamos em
Cavernas de Minas, falamos também
nas mais belas formações cársticas do
Brasil.
Fotografia 1: Minas Gerais –
Região onde se situa o Vale do Rio Peruaçu.
O Carste é o relevo característico
nos locais com presença de cavidades
naturais e é decorrente da ação natural
das
chuvas,
ventos,
tectonismo,
atuando sobre o calcáreo depositado no
fundo
dos
mares
antigos
que
posteriormente se ergueram.
Este calcáreo pode ter duas
origens possíveis: Pode ser clástico,
químico e orgânico. O químico é a
deposição de no fundo do mar de um
precipitado devido à agitação da água
do mar, sendo dividido em oolítico
(tamanho de ovo de peixe) e pisolítico
Mapa 01: Gruta da Escrava – Santana do Riacho – M.G.
Povoado de Mato Grande (NAE).
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(tamanho de uma ervilha). O orgânico é
devido à ação do mar sobre os corais,
carapaças calcárias, algas calcárias e
outros organismos, sendo o resultado
uma areia carbonática que também será
depositada no fundo do mar.
Em
Minas,
um
dos
mais
interessantes fenômenos cársticos do
ponto de vista espeleológico, encontrase no Vale do Rio Peruaçu. Diga-se de
passagem que a região desse vale está
sendo transformada em um parque, o
“Parque Nacional do Vale do Rio
Peruaçu”, a partir de uma dívida
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ecológica da Fiat Automóveis S.A. Este
vale com “V” maiúsculo possui
vegetação de características diversas:
caatinga, cerrado, entre outras. O
importante notar é que o rio Peruaçu ao
longo de milhares de anos vem
esculpindo uma série de cavernas em
mais de 20 quilômetros de rio, deixando
com seu trabalho cavernas com mais de
100 metros de teto, travertinos
gigantescos comparados com as
cavernas vizinhas a BH.
Quando estamos no vale somos
reduzidos a um ponto e somos
obrigados a refletir sobre nossas
referências espeleológicas rotineiras.
Dentro do vale o terreno é
completamente acidentado, é difícil
caminhar e manter o equilíbrio entre
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blocos de calcário com mais de 15
metros de tamanho, onde urtigas e
cançanções
aguardam
os
desprevenidos da cidade. Mocós estão
por toda parte, ou pelo menos seus
rastros e dejetos, animais que nunca
tiveram por perto a presença humana,
saltam nos ombros como se fôssemos
apenas mais uma árvore e ao caminhar
o risco de cair aumenta quando nos
deparamos com inclinações de mais de
45° e rochas calcárias soltas sobre
terra.
O terreno vai do plano até zonas de
dejeção com mais 45°. O clima
dependerá muito da época do ano, mas
é sempre quente de dia e muito frio à
noite.
Dentro de qualquer cavidade os
flebótomos
voam
ansiosos
e
freneticamente em direção à luz das
carbureteiras e do nariz mais próximo e
a única maneira de evitá-los é com
uma lanterna de mão que os afasta do
rosto indo para sua luz. A região é
endêmica
em
leishmaniose.
No
caminho para Itacarambi coloquei meu
braço para fora do carro em
velocidade, ao retirar, dezenas de
flebótomos pregados indicavam o
perigo.
A leishmaniose é uma doença
transmitida por um protozoário do
gênero Leishmania e se caracteriza por
lesões cutâneas e ulcerações de difícil
cicatrização.
O vetor como falamos é o
mosquito flebótomo. A leishmaniose
não é transmissível pelo homem.
Fotografia 3: Leishmania Donovani (Causadora da Leishmaniose
Visceral ou febre calazar).
O flebótomo se infecta quando
pica animais como gambá, preguiça e
rato doméstico ou silvestre. No cão, a
leishmaniose provoca as mesmas
lesões, mas o remédio que cura o
homem não tem efeito sobre o animal,
Fotografia 2: O beijo do kpta– Proximidades da Gruta do Brejal
Vale do Rio Peruaçu – M.G. Cortesia: Nelício (NAE).
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que
se
torna
assim
portador
permanente da doença.
Durante nossa estada no vale
dormimos em barracas fechadas,
bivacar
é fria.
Os flebótomos
queimados
em
três
horas
de
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carbureteira acesa fizeram
uma
pequena montanha ao redor da chama.
Na beira do rio Peruaçu eu dormi
sob o teto da caverna do Brejal e senti
calafrios, lutando
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com minha costela trincada na queda
que tive no rio. Deu pra agüentar e a
“Foca” foi a recompensa.
Os problemas que tivemos foram:
a altura do nível das águas que
estavam um ou dois metros acima do
normal, as lâminas dos lapiás nas
canelas, as escorregadas em cada
travessia e a luta para não molhar as
mochilas
Foram apenas quatro dias, mas
valeu dimais da conta sô!
GRUTA DO BURACO QUE SOPRA
Técnica:
Coordenadas da entrada principal:
19°14’44.0” S 44°21’43.4” W
Município: Paraopeba – M.G.
Desenv. horizontal: 300 m
Número no Cadastro SBE : Não
cadastrada.
Desnível : +6/-5 m.
Rocha: Carbonatos do Grupo
Bambuí
Quem explorou: NAE
O Buraco que Sopra é uma
pequena gruta situada à margem
esquerda subindo o rio Funil, na
fazenda do Sr. Ulisses. Foi topografada
em abril de 2000 pelo NAE.
É caracterizada como o próprio
nome diz pelo fato de sua entrada ficar
constantemente soprando, pois se trata
de um buraco com entrada de 40x60
cm, aproximadamente. A pressão
diferencial entre essa entrada e outra
que não descobrimos resulta no sopro
constante.
Quem faz espeleologia às vezes
se acostuma com coisas que a maioria
não tolera: lugares escuros, estreitos,
fechados, fendas, com mau cheiro,
com lama, com água, frios, quentes,
Fotografia 4: A foca. Gruta do Brejal. Vale do Rio Peruaçu. M.G.
Cortesia: Nelício (NAE).
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com poeira, úmidos demais e às vezes
uma combinação de tudo, formando um
pequeno inferno a ser desvendado e
bem no meio do nada.
Quando convidamos alguém para
vir conosco em nossas aventuras de
“desestress”, esquecemos disto tudo e
a aventura se transforma num jogo
psicológico da vítima em potencial que
revela para nós o seu medo de lugares
fechados ou de escuro. Ficamos horas
e horas dizendo vem comigo, você vai
conseguir, assim é mais fácil, pode
pisar na água, cuidado com a cabeça,
cuidado para não me queimar. Aiiii! E o
que ganhamos com isso?
Às vezes quatro pneus esvaziados
por bicicleteiros atrás de cachoeira. E
para melhorar ainda mais, após
contornarmos o problema duas horas
depois achando que poderíamos ir
embora, furamos um pneu num galho.
O que ganhamos com isso?
Às vezes um abraço do Sr.
Ulisses, lá do “Leite ao pé da Vaca” em
Paraopeba, que nos recebe como se
nos conhecesse há anos, que não
deixa
que
paguemos
nossos
sanduíches, que acha importante e
valioso o estudo de cavernas e que nos
dá importância.
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ESCALADA
Gravura 1: Escalada - Arte by Maurício Araújo.
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A prática da escalada é um
exercício de paciência, força, técnica e
inteligência, com um único objetivo:
“conquistar o cume da montanha”.
O
planejamento
prévio
da
conquista leva impreterivelmente à
necessidade de se pensar em uma via
de escalada, como é comumente
chamada a rota seguida pelo
escalador .
As vias de escalada podem ser
feitas de dois modos: natural e
artificial.
A via natural é aquela em que a
rocha oferece os pontos de ancoragem
ou agarras ao escalador. A artificial por
outro lado exige que o escalador crie
pontos artificiais na rocha na forma de
furos
onde
posteriormente
são
colocados pítons ou "spits".
A
via também
pode
ser
conquistada
com
equipamento
removível ao longo da subida, nesse
caso a rocha não será perfurada,
porém, caberá ao escalador usar as
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fendas naturais para fixação de
equipamentos que serão retirados pelo
segundo ou último escalador na via.
Muitas vezes também, para
economizar tempo numa conquista de
várias etapas, cordas são deixadas
nas vias, caracterizando assim uma
escalada
em
corda
fixa.
Os
escaladores costumam revezar e a
cada nova investida contra a rocha,
um deles guiará o percurso, tornando
assim mais democrática a conquista
da via.
Outra característica interessante
desse esporte radical é a colocação do
nome na via que pode refletir um
momento
de
inspiração
dos
escaladores, um acontecimento, uma
ação,
uma
dificuldade,
uma
homenagem, de modo que cada via é
uma história em particular, como aliás,
cada escalada é uma aventura
diferente, mesmo sendo repetida
várias vezes.
CONQUISTA DA PEDRA RISCADA.
A
rocha
é
arenito.
Na
espeleologia a escalada é uma técnica
auxiliar e um pouco do modo de ser do
escalador é colocado em prática
quando usada em explorações em
cavidades naturais. Não existem
nomes nas vias, nem existe o cume da
montanha a ser conquistado, porém,
após uma subida, salões enormes
podem estar esperando há milhares de
anos pela presença de alguém, como
já ocorreu, por exemplo, na “Toca da
Barriguda” e na “Toca da Boa Vista”.
Fotografia 1: Pedra Riscada
Cortesia : Evandro Rosa (NAE)
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SISTEMA MEIO, MORENA E TERÇO
GRUTA DE MORENA
Técnica:
Coordenadas da entrada principal:
19°10’07.7” S
44°20’21.4” W
Desenv. horizontal: 4620 m
Nº no Cadastro SBE : MG - 270.
Desnível : 68 m
Rocha: Carbonatos do Grupo
Bambuí
Quem mapeou: NAE.
Fotografia 2: Gruta de Morena – Cordisburgo – M.G.
Conduto: Cachoeira no fim do conduto Zig-Zag.
Calcáreo característico. Cortesia: Nelício (NAE).
Fotografia 1: Morcego - Gruta de Morena – Cordisburgo – M.G.
Conduto: Sulacap. Cortesia: Nelício (NAE).
Esta caverna está situada no
município de Cordisburgo, Minas
Gerais, a cerca de 125 km de Belo
Horizonte.
Ela faz parte do Sistema MeioMorena-Terço, sendo a gruta de maior
extensão do sistema.
Abaixo vemos o tipo de calcáreo
característico de Morena, presente na
cachoeira que é a resurgência do rio
Cantagalo, depois do sumidouro na
gruta do Meio.
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Área
de
localização:
Entre
S19º09’40” e S19º10’20” de latitude e
W44º20’15” e W44º20’35” de longitude.
Uma área de aproximadamente 450m x
850 m (380.000 m2 ).
Os trabalhos topográficos iniciados
na época da descoberta (Abril de 1985)
sofreram solução de descontinuidade de
1991 a 1996 quando foram retomados.
O caminho tradicional para Morena
começava deixando o carro na fazenda
do Sr. Roxo e fazendo a tradicional
trilha que passa por aquela “árvore
ponte” no meio do caminho, que aliás é
divisa do terreno do Sr. Roxo com o do
Sr. Gilberto, que em 1994 não
conhecíamos.
Na parada da entrada o êxtase de
muitos, inclusive o meu na minha
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primeira vez, diante daquela entrada
misteriosa que vemos se aprofundando
calcáreo adentro.
Estamos na terra Guimarães
Rosa (1), ali bem pertinho da gruta de
Maquiné, na maior gruta num raio de
120 Km do centro de BH.
Nos perdendo a cada vez que
voltávamos e tentávamos achar a
entrada principal fomos aos poucos
redescobrindo erros na topografia e um
pequeno abismo na gruta do “Meio” e
decorando
o
relevo
bastante
interessante e achando as outras
entradas (saídas) a partir do lado de
fora.
Cavernae - Núcleo de Atividades Espeleológicas
Talvez a extensão não seja o item
mais importante em Morena mas as
características bastante peculiares de
sua morfologia. Atualmente não existe
grande potencial de descobertas na
caverna nem nos arredores, exceção a
estudos
antropológicos
nas
coordenadas citadas abaixo.
O sistema possui as seguintes
entradas:
1.Meio:
Entrada Principal.
Abismo do Meio.
Entrada dos marimbondos.
2.Terço:
• Entrada Principal.
3.Morena:
• Entrada Principal – Drenagem
seca.
• Blocos desabados – Dolina de
abatimento e drenagem.
• Entrada Abelhas (2) –
Drenagem seca
• Entrada do Ney (3) – Entrada
do rio (sem nome)
• Entrada do Sr. Gilberto(4) –
Suponho ser de abatimento
• Entrada do Zig-Zag – Antiga
fenda formada pela passagem
do “Cantagalo”(5)
• Entrada do Conduto Préhistórico
•
•
•
Descrição dos Principais condutos:
•
•
Fotografia 2: Gruta de Morena – Cordisburgo – M.G.
Salão do bagre, Conduto dos Travertinos Gigantes
Cortesia: Evandro Rosa (NAE).
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Afonso Pena – Conduto a
partir da entrada principal
seguindo sempre à esquerda
até encontrar o rio (base A19)”
Sulacap”, descendo este até o
salão do monólito ( salão do
“Disco” ), indo dar lá no salão
daquela famosíssima Corda
que por uns 10 anos ficou ali
pendurada e seguindo depois
até o sifão.
Conduto dos Morcegos (M) –
Virando à direita na base A10,
indo até o salão do monólito e
depois até o salão da Corda.
Este conduto era inicialmente
utilizado pelas colônias de
morcegos , as quais foram
•
•
quase dizimadas por venenos
aplicados
em
alguns
espécimes.
Conduto das Abelhas – Vai da
entrada das abelhas até o
salão da Corda, é marcado
pelo forte cheio de amônia
logo no início, proveniente de
um cone de guano e também
pela presença de uma coruja
(suindara)
e
é
também
utilizada como abrigo de
pequenos animais.
Conduto
da
Fenda
–
Escalável.
Necessitando
técnicas de escala e 15 metros
de corda.
Condutos da saída do Ney –
Vai da base A24 até a entrada
do conduto Helictites, passa
pelo conduto da fenda, depois
pelo salão da vértebra, até se
encontrar com o conduto dos
Travertinos rompidos e formar
o salão da saída do Ney onde
está a entrada do conduto do
Sr. Gilberto. Conduto do ZigZag – A partir do salão dos
blocos desabados até a
cachoeira, subindo o rio
cantagalo.
Conduto Pré-histórico – Na
entrada de “Morena” acima da
entrada do Zigue-Zague e
marcado por um veio de
quartzo.
Conduto do Laminador da
entrada – À direita de onde
vem água da nascente interna.
Tem
como
principal
característica o teto baixo.
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Cavernae - Núcleo de Atividades Espeleológicas
Principais salões:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Salão principal
Salão secundário
Salão do monólito
Salão da corda
Salão das abelhas
Salão dos blocos desabados
Salão dos helictites
Salão da bifurcação
Salão da vértebra
Salão da saída do Ney
Salão do tobogã
Salão da fenda
Nas coordenadas S19º09’55”e
W44º20’10” encontramos vestígios de
pelo menos duas culturas préhistóricas com pinturas em vermelho e
pretas nas fendas horizontais do
calcáreo e no paredão vertical,
nenhum tipo de escavação foi
executado ainda e encontra-se bem
guardado pelas nossas amiguinhas
abelhas. A região das pinturas fica na
zona de resurgência do “Cantagalo” e
do alto tem-se ampla visão do local,
estranhamente nada encontramos em
nenhuma das entradas de “Morena” ou
da gruta do “Meio”.
1 – Cordisburgo – MG. é a cidade
natal de Guimarães Rosa, autor
mineiro de livros como: “Grande
Sertão Veredas” (de onde serão estas
veredas?), “Congo Soco” e muitos
mais de valor descritivo e culturais
inestimáveis. Visite ali o museu
Cavernae - Núcleo de Atividades Espeleológicas
“Guimarães Rosa” e a gruta de
“Maquiné”,
administrada
pela
Maquinetur.
2 – Conhecida inicialmente como
Gruta das Abelhas, verificou-se tratar
de apenas mais uma entrada (saída),
conectando-se ao conduto Afonso
Pena no salão da corda.
GRUTA DO TERÇO
Técnica:
Coordenadas da entrada principal:
19°10’07.7” S
44°20’21.4” W
Extensão: 110 m
Número no Cadastro SBE : Não
cadastrada.
Desnível : 20 m
Rocha: Carbonatos do Grupo
Bambuí
Quem mapeou: NAE
3 – Homenagem ao filho do Sr. Roxo
que indicou o local como se esta fosse
uma outra gruta na região, descobriuse tratar de outra entrada de “Morena”,
o córrego que ali penetra é perene
com extensão de 1600 metros até a
entrada do Ney, não estando nomeado
no mapa 1:100.000 do IBGE, folha SE23-Z-C-II.
4 – Homenagem ao dono da fazenda
“Cantagalo“ onde a gruta fica
localizada verdadeiramente. No dia
que
o
encontramos
estávamos
acabando de topografar um conduto
com uma saída de 20x40 cm, quando
escutamos os cavalos vindo em nossa
direção. Sua reação foi desagradável a
primeira vista, mudou gradativamente
quando percebeu que estávamos
topografando e explicamos nosso
trabalho.
5 – Rio Cantagalo é o principal
formador do sistema e formou sozinho
as grutas do “Terço” e “Meio”,
“Morena” tem a contribuição de outro
córrego (vide item 3), na sua formação
além da nascente interna logo na
entrada.
CAVERNAE, ano 11, nº19 – Belo Horizonte, Jun-Ago/2011
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Fotografia 1: Jararaca - Gruta do Terço – Cordisburgo – M.G.
Cortesia: Nelício (NAE).
Esta caverna situada no município
de Cordisburgo, Minas Gerais, a 105 km
de Belo Horizonte, fica entre a Gruta de
Morena e a Gruta do Meio e para ser
topografada pelo grupo teve que
esperar a retirada da jararaca, cuja
presença poderia estar associada ao
grande número de pererecas no local,
na hora da topografia, contamos umas
oito.
A fazenda onde fica localizada esta
caverna se chama Cantagalo, cujo dono
na época era o Sr. Gilberto, que sempre
nos tratou com a maior cordialidade. O
desenvolvimento é essencialmente
vertical em fendas estreitas e em
quebra-corpo.
CAVERNAE, ano 11, nº19 – Belo Horizonte, Jun-Ago/2011
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Cavernae - Núcleo de Atividades Espeleológicas
Ela faz parte do Sistema MeioMorena-Terço e é parte do conduto que
formou as três grutas estando em sua
porção superior. Em nossa tentativa de
unir as três cavidades foi que
exploramos esta caverna que em
extensão não é significativa, mas
Cavernae - Núcleo de Atividades Espeleológicas
aproxima
bastante
as
mesmas,
separadas que estão ainda por uns 25
metros.
Confesso que foram seis horas de
bastante cansaço para sair dali com os
dados na mão, que o digam o Evans e a
Teresa que me ajudaram na topografia.
GRUTA DO MEIO
Técnica:
Coordenadas da entrada principal:
19°10’07.7” S
44°20’21.4” W
Desenv. horizontal: 570 m
Nº no Cadastro SBE : MG - 231.
Desnível : 27 m
Rocha: Carbonatos do Grupo
Bambuí
Quem mapeou: NAE
O nome da gruta foi dado porque fica
no meio do caminho entre a Gruta de
Morena e a Fazenda do falecido Sr.
Roxo.
NAETÍCIAS
Aniversariantes do mês de setembro:
Virgínia
- 05/09
Marcelo Lara - 09/09
Lílian
- 25/09
UFLA
Estamos em contato com o Dr.
Rodrigo Lopes Ferreira da UFLA
onde iremos ministrar um Curso
básico de topografia de cavidades
naturais em outubro. Interessados
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CAVERNAE, ano 11, nº19 – Belo Horizonte, Jun-Ago/2011
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Núcleo de Atividades Espeleológicas – M.G.
Rua Medeiros e Albuquerque, 143, Bairro Santa Mônica
Belo Horizonte – M.G.
Cep.: 31525-110
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