CA Lupe Cotrim, ECAtlética e Sintusp, no entanto, já começaram a se articular para a ocupação do prédio nas férias Malú Damázio A vivência da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e a sede do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) podem estar ameaçadas pelas obras da nova reitoria. Segundo a secretaria do Centro Acadêmico Lupe Cotrim (Calc), trabalhadores da construção afirmaram que a demolição dos edifícios estaria marcada para dezembro de 2013. A Superintendência de Espaço Físico (SEF), responsável pelas obras, nega qualquer alteração no local. No prédio da vivência da ECA funcionam o Calc, a Associação Atlética Acadêmica Lupe Cotrim (ECAtlética) e uma lanchonete. Além disso, a outra parte do edifício abriga a sede do Sintusp há cerca de 45 anos. Atualmente, esses são os únicos espaços com gestão estudantil e dos funcionários no terreno da escola. Segundo o diretor do Sintusp, Magno de Carvalho, uma das trabalhadoras da gestão do sindicato conversou informalmente com o arquiteto responsável pela obra. O funcionário afirmou que no local Centro acadêmico lupe cotrim UNIVERSIDADE SEF nega demolição de vivência da ECA Jornal do Campus | 418 | novembro de 2013 | primeira quinzena Alunos fazem “piquete” para impedir passagem de máquinas de construção para as dependências da Vivência e Sintusp 6 seriam construídos uma avenida, um jardim e um estacionamento para facilitar o acesso ao prédio da administração da USP. “Nesse momento, depois das informações de demolição, nós e o Calc fizemos um ofício pedindo uma audiência conjunta com o reitor, porque ele não nos recebe há muitos anos, como não recebe ninguém dos movimentos”, ressalta. Apesar de não ter recebido qualquer comunicado oficial da Universidade, a responsável pela lanchonete, Maria Hermínia Santos, afirma que não tem esperanças de que a declaração da SEF seja verdadeira. “Demorei para me neutralizar e para ficar mais calma, mas mediante o que vem ocorrendo, eu não tenho esperanças de permanecer aqui”. A diretora da Escola, professora Margarida Kunsch, disse não ter qualquer informação sobre o processo de demolição e o classificou como “hipóteses e boatos”. Já o superintendente da SEF, o professor Antonio Massola afirmou, em comunicado à comunidade da ECA e ao Sintusp: “Não está nos planos da Reforma do Prédio da Antiga Reitoria nenhuma ação de demolição nas áreas citadas”. As obras no prédio da reitoria, iniciadas em agosto de 2011, já alcançaram parte do terreno da ECA no ano passado, quando o Canil – espaço cultural de convivência estudantil – foi demolido para dar lugar ao novo estacionamento da administração, sem qualquer aviso prévio à diretoria ecana. A destruição ocorreu também em dezembro. Ainda que a diretoria da ECA tenha enviado um ofício pedindo esclarecimentos, a demolição do prédio nunca foi comentada pela reitoria. As entidades ecanas já começaram a se articular para ocupar o prédio da vivência e a área aberta ao redor, a Prainha. “A greve veio em bom tempo, pois a reposição de aulas pode acontecer em dezembro, mantendo os estudantes na Prainha e na Vivência”, diz a diretora do Calc, Marcela Fleury. A secretária da ECAtlética, Sofia Soares, explica que estão pressionando a diretoria para uma reunião de esclarecimentos. Reitoria propõe convocação de nova estatuinte N Ana Paula Lourenço a quarta reunião de negociação entre a reitoria e grevistas, ocorrida no dia 31 de outubro, a administração da Universidade propôs a reelaboração do estatuto da USP. O documento está em vigência desde 1988, mas contém itens que datam de 1972, época da ditadura. Com a negociação indicando um caminho de conciliação entre os estudantes e a Universidade, o Comando Geral de Greve dos Estudantes aprovou, na segunda-feira (4/11), indicativo de saída de greve e fim da ocupação. A decisão definitiva deverá ser tomada na assembleia geral, dia 6/11. “A movimentação construída é histórica. Com a pauta ofensiva das diretas, conseguimos superar o trauma de um movimento estudantil que há anos não vence”, disse Thiago Mahrenholz, representante do DCE. De acordo com a assessoria de imprensa da USP, a proposta se apresenta como princípio condicionante para a desocupação imediata do prédio da reitoria. O acordo estabelece a reformulação do estatuto, que inclui a convocação de uma estatuinte autônoma e democrática por um congresso organizado por estudantes, funcionários e professores. Além disso, a estatuinte também debaterá a possibilidade de eleições diretas para reitor e diretores de unidade. Além da estatuinte, a reitoria propôs a criação de mais 500 vagas no Crusp em 2014, com a devolução dos prédios “K” e “L” para moradia e dos espaços de vivência do DCE e da Associação dos Pós-Graduandos da USP (APG). Há também a proposta do reajuste anual das bolsas estudantis, da garantia das três refeições diárias em todos os restaurantes universitários e da convocação de uma comissão, com participação Entenda as conquistas: • Abertura de uma Estatuinte livre, autônoma e democrática. • Os blocos K e L (500 vagas) serão devolvidos para o Crusp. • A vivência do DCE e da APG serão entregues de volta. • As bolsas estudantis sofrerão aumento de acordo com a porcentagem de reajuste do salários de professores e funcionários. estudantil, para garantir o retorno dos circulares gratuitos e o aumento da frota dos circulares 8012 e 8022, além de volta de linhas extintas (177P-10, 107T-10 e 7725). Por fim, a reitoria também propôs a abertura de um processo democrático de discussão do modelo de segurança na Universidade, para contemplar todas as particularidades do tema. • Até 2014, todos os bandejões terão café-da-manhã e postos para carregar o bilhete. • Aumento da frota de circulares da USP e volta de linhas extintas. • Discussão do modelo de segurança dentro da Universidade. • O Núcleo de Consciência Negra não será retirado do local. “A maior vitória que conquistamos nesse processo foi a política. Depois de uma forte greve e mobilização, o movimento estudantil se reergue fortalecido e a reitoria é obrigada a negociar e ceder em pontos importantes”, pontua Marcela Carbone do DCE. “Agora quem está pautando a dinâmica da USP é o movimento, e quem tem que responder é a reitoria”.