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Segunda-feira
19 de janeiro de 2015
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Economia
AVIAÇÃO
Marina Schmidt
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Nem ampliação de pista no
Salgado Filho nem aeroporto 20
de Setembro. O ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Eliseu Padilha, alegou que, no momento, o Estado não movimenta
carga suficiente para justificar as
duas demandas. Na sexta-feira,
após reunião com o prefeito de
Porto Alegre, José Fortunati, Padilha assegurou a continuidade das
obras previstas para o aeroporto
internacional, que, segundo estudos da Infraero comporta o atual
volume de operações de carga e
passageiros até 2030. “Vamos
investir em torno de R$ 600 milhões no terminal de passageiros,
no terminal de cargas, no pátio
para aeronaves de passageiros e
no pátio para aeronaves de carga”, garantiu.
As intervenções elencadas
são as que já estavam previstas
para o aeroporto internacional,
sustentou o ministro. “Nunca foi
dito que a pista estava licitada.
Não mudou o projeto, e no devido
momento, se necessário for, a gente amplia a pista.” Padilha trouxe
dados da Infraero para justificar
a posição defendida. “Operamos
apenas com 54% da capacidade”,
alegou sobre o movimento no aeroporto. Sobre o volume de carga,
destacou que o Estado movimenta, há cinco anos consecutivos,
35 mil toneladas, destas, 7,8 mil
toneladas são exportadas, 8,5 mil
toneladas são importadas e 18,7
mil são transportadas internamente no País. “A grande verdade
é que o Rio Grande do Sul ainda
não tem produção com alto valor
agregado para que possamos ter
um grande avião saindo daqui
lotado, porque essas companhias
para fazer voos transcontinentais
têm que ter o avião lotado.”
O ministério da Aviação tem
o Salgado Filho como um dos
aeroportos a serem concedidos à
iniciativa privada. A concessão
do aeroporto não inviabilizará as
atuais obras, argumentou o ministro. “Pelo contrário, no contrato estará redigido exatamente este
compromisso: de que as obras do
Salgado Filho têm que ser concluídas como está projetado hoje.”
ve o lançamento. Temos obras
que são indispensáveis para o
Salgado Filho – temos que aumentar o nosso terminal de passageiros embora ele hoje ainda
esteja folgado, pois não atingiu
a plena capacidade de absorção,
mas já vamos construir para nós
termos um outro igual a esse em
janeiro de 2017. Vamos fazer um
pátio de estacionamento em tempo menor e vamos construir um
terminal de cargas, até para estimular o aumento das cargas no
Salgado Filho, porque nós temos
ainda pouca carga no Salgado
Filho: 35 mil toneladas por ano é
muito pouco e apenas 7,8 mil toneladas são dirigidas ao exterior.
Então, nós temos que ter ainda
um tratamento bastante intensivo
na nossa indústria para agregar
valor, porque o transporte aéreo
não é tão competitivo em termos
de preço.
JC – Uma das críticas que
surgiram no decorrer da semana passada foi a de que enquanto não se constrói o novo
aeroporto o Salgado Filho pode
ficar obsoleto. Qual é a previsão de que o Estado tenha um
novo aeroporto?
Padilha – Eu acho que o
Salgado Filho é um aeroporto
moderno. Aliás, moderníssimo.
O novo terminal obedecerá esse
padrão. Será um aeroporto moderno pelo menos até 2030, essa é
a projeção. A necessidade ou não
da construção de um outro aeroporto está muito vinculada a nós
termos cargas, porque ele traria
como argumento as chamadas
cargas transcontinentais. Hoje,
Jornal do Comércio – Essa
decisão sobre a não ampliação
da pista do aeroporto Salgado
Filho já foi discutida com as entidades empresariais gaúchas?
Eliseu Padilha – Eu sou ministro há 14 dias, sob o ponto de
vista formal, e, de fato, a partir
do dia 16. Por óbvio, estas obras
todas estão amparadas em estudos, debates, reuniões, oitivas de
empresários, oitivas da sociedade
civil, oitiva das autoridades ambientais e audiências públicas que
vêm acontecendo nos últimos três
anos. Portanto, todos os segmentos da sociedade foram ouvidos.
Eu tomei a liberdade ainda de levar o assunto ao governador e ao
prefeito de Porto Alegre para que
nós tenhamos os três níveis de
autoridade sintonizados – federal,
estadual e municipal.
JC – Há um consenso, então?
Padilha – Nós estamos no
mesmo consenso desde que hou-
MARCELO G. RIBEIRO/JC
Salgado Filho não precisa de
novas pistas, afirma Padilha
Terminal opera com apenas 54% da sua capacidade, diz Eliseu Padilha
nós carregamos um pouco de um
avião cargueiro em Porto Alegre
e vamos completar em São Paulo
para de lá ele ir para o exterior.
O sonho é que tendo uma pista
bastante larga os grandes cargueiros façam, se for o caso, parte da carga em São Paulo, no Rio
de Janeiro ou em Minas Gerais e
completasse aqui no Rio Grande
do Sul para sair para a viagem
transcontinental, pensando na
Ásia, por exemplo. Então, há uma
pretensão do Estado. Agora, é claro que ela tem que se sustentar
em fatos e o fato, neste caso, é nós
termos carga ou passageiros que
se justifiquem.
JC – Então, assim como a
pista, não há perspectiva algu-
ma para um novo aeroporto
por enquanto?
Padilha – Por enquanto nós
estamos estudando a conveniência de termos um segundo aeroporto. Vamos ter que aprofundar
mais a busca de elementos e
projeções de cargas, porque as
cargas que constatamos em operação hoje – a Infraero tem registro diário das cargas – são pequenas para termos a pretensão de
uma grande pista de cargas. Por
exemplo, colocarmos aqui uma
pista de 4 quilômetros que poderá
operar a partir daqui com aviões
já integralmente carregados. Isso
hoje não existe. Esses grandes
aviões têm capacidade para carga
que nós ainda não produzimos.
MARCELO G. RIBEIRO/JC
Fortunati está satisfeito com as justificativas
Prefeito e ministro divergiram quanto às intervenções no aeroporto
Previsão de entrega das obras do Salgado Filho
Ampliação dos pátios – 10 de março de 2015
Terminal de passageiros – 18 de janeiro de 2017
Novo terminal de cargas – janeiro de 2017 (obras começam em 15 de março
de 2015 e devem durar 22 meses)
FONTE: MINISTRO DA SECRETARIA DE AVIAÇÃO CIVIL (SAC), ELISEU PADILHA
O encontro entre o prefeito
de Porto Alegre, José Fortunati,
e o ministro da Aviação, Eliseu
Padilha, na sexta-feira, encerrou
uma semana de divergências
entre os dois quanto às intervenções no Salgado Filho. “As primeiras notícias que nós recebemos eram as de que as obras do
Aeroporto Salgado Filho seriam
paralisadas. O que o ministro diz
é que não. Todas as obras previstas e pactuadas sobre o aeroporto continuarão acontecendo”, esclareceu o prefeito. “Estou feliz,
porque tenho a garantia de que o
aeroporto Salgado Filho não está
sendo esquecido. Ao contrário,
continuará sendo modernizado e
ampliado nas suas instalações.”
Sobre a ampliação da pista do aeroporto, refutada neste
momento pelo ministro Padilha,
Fortunati afirmou que “os números falam por si só”, e que não
há necessidade de que o Salgado
Filho receba aviões maiores, por
operar com 54% da capacidade e
por não movimentar carga suficiente para justificar uma intervenção.
O prefeito assegurou que
assim que a necessidade de ampliação for comprovada tecnicamente irá pleitear o obra. “Não
podemos aguardar 2030 para
que a pista seja ampliada. Se há
esgotamento em 2030, a partir
dos próximos anos assim que as
novas instalações do aeroporto
estejam concluídas, nós deveremos iniciar a luta para que a
pista seja ampliada.”
No entanto, Fortunati frisou
que a área para expansão está
disponível para obras. “Nós liberamos tanto a Vila Dique como
uma parte da Vila Nazaré e toda
a área está cercada para que a
ampliação da pista, se necessária, pudesse começar no dia de
hoje. O que existe são moradias
outras que caso a pista seja ampliada poderão afetar a operação”, declarou.
O prefeito argumentou que
a construção de moradias para
remoção da Vila Dique está em
fase final, e já foi iniciada a construção de loteamentos para a
Vila Nazaré. “Então, não existe
nenhum problema. Se a Infraero quiser ampliar a pista agora,
concluindo em um ano, nós teremos toda a área do aeroporto
completamente livre.”
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Economia - Comitê Aeroporto Internacional 20 Setembro