DISCURSO DE ABERTURA DO XXIX FÓRUM NACIONAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS Inicialmente quero agradecer a todos que contribuíram para a realização de mais um FONAJE, em especial ao Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, na pessoa do seu Presidente, o Des. Luis Carlos Santini, na Coordenação do nosso querido Des. Rêmolo Letteriello, um fonajeano histórico que não se furtou de receber a missão de organizar este fórum, mesmo às vésperas de sua aposentadoria na magistratura, dos apoiadores como a SOFTPLAN, COPAGÁS, FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MATO GROSSO DO SUL, GOVERNO DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL, CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, FIBRIA, ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS DO MATO GROSSO DO SUL, PREFEITURA MUNICIPAL DE BONITO E PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO MURTINHO, sem falar na equipe sempre atenciosa do cerimonial do Tribunal de Justiça que nos recebe, na pessoa da Marilda Camargo. Não poderia esquecer de agradecer a todos os presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil que sempre colaboraram com as atividades do FONAJE ao liberar e custear as despesas para que os colegas pudessem participar desse fórum. E vocês todos, participantes, colegas e parceiros do mesmo sonho, que é o de entregar ao cidadão brasileiro uma resposta jurisdicional rápida nas questões mais prementes do dia-a-dia. A vocês, o meu agradecimento especial e os votos de boas vindas. Estamos vivendo um momento impar na vida política e institucional brasileira. Um momento de reformas que afetarão a vida de todos nós brasileiros, e também do Poder Judiciário. Cito, por exemplo, as reformas dos Códigos de Processo Civil e o de Processo Penal, e mais a reforma política e a reforma da legislação eleitoral. E as reformas não param por aí, existem mais de uma centena de projetos de lei tramitando no Congresso Nacional de interesse dos juizados especiais, e por esse motivo, busquei pessoalmente os Presidentes da Câmara Federal e do Senado para propor que estes projetos fossem sobrestados até o FONAJE emitir notas técnicas, o que foi sinalizado positivamente. Porém, entendo que não basta a nossa manifestação apenas nesses projetos. Está na hora de propor uma reforma efetiva na legislação dos juizados especiais que mantenha a integridade do microssistema dos juizados especiais como a grande novidade e talvez a única novidade que deu ao cidadão brasileiro a garantia do acesso à justiça e a uma resposta mais célere do Estado-juiz. Sabe-se, todavia, que, em verdade, os juizados especiais inauguraram na Justiça brasileira uma nova era onde a conciliação e o estímulo para que os conflitos sejam resolvidos por meios não adversariais fossem a tônica. Pois assim, os conflitos são resolvidos efetivamente, diferentemente quando o Estado dá a solução que muitas vezes resolve apenas o processo e não o conflito. Não é sem motivo que o lema do nosso XXIX FONAJE é “CONCILIAÇÃO – A ALMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS”, num claro convite a uma reflexão voltada para a manutenção do espírito que motivou a criação dos juizados especiais. Bonito nos convida a compartilhar de modo fraterno as nossas idéias e as nossas angústias com relação aos juizados especiais, nesse paraíso, onde o homem se encontra em harmonia com o meio ambiente. Aliás, não poderia um lugar ter um nome tão adequado. Obrigado aos nossos anfitrões, obrigado ao Estado do Mato Grosso do Sul, um jovem estado criado em 1977, nem por isso rico de uma história que remonta o período colonial, quando o português Aleixo Garcia, teria saído de Santa Catarina, atravessou a Serra Maracaju, desceu o rio Miranda, e, pelo rio Paraguai, chegou à Assunção. Uma história que segue pelo período das “entradas e bandeiras” no ciclo do ouro e desemboca na guerra do Paraguai. Uma história de heróis e da força de mulheres e homens desse Brasil que aqui abriram uma grande fronteira pecuária e agricola, e que desde 1932 lutavam pela emancipação política. Luta que resultou, ainda que tardiamente, a criação deste maravilhoso e promissor Estado. Terra do Poeta Manoel de Barros, que antes mesmo da criação do Estado do Mato Grosso do Sul era o arauto do pantanal, da natureza e dos homens, e também de poetas como Flora Egídio Thomé, poeta de Três Lagoas já na divisa com São Paulo, poesia forte da mulher pantaneira, e ainda, de Dourados, “onde o Brasil foi Paraguai”, vem o poeta contemporâneo Emmanoel Marinho, misto de artista multifacetado. E por que falar de poesia? Porque somente em um mundo onde exista sensibilidade podemos ser mais felizes, mais justos e mais fraternos. E este é o espírito que comanda o FONAJE. E é aqui, emoldurado pela riqueza e beleza do pantanal, em Bonito, que nós, juízas e juízes que lutamos por uma justiça célere e pelo sistema dos juizados especiais vamos nos debruçar sobre os desafios que nos aguardam neste momento no Congresso Nacional e também em nossos Tribunais, pois é necessário que eles reconheçam que ser juiz de juizados especiais não nos incapacita para exercer todos os cargos da carreira da magistratura. Para concluir esta minha saudação de boas vindas, evoco o hino do Mato Grosso do Sul que em seu estribilho diz: A pujança e a grandeza De fertilidades mil, São o orgulho e a certeza Do futuro do Brasil, pois assim também são os nossos Juizados Especiais. Muito obrigado.