Juventude: Uilian faz análise crítica dos jovens no Estado e no país
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Florianópolis, Abril de 2013 Nº 188 - Ano XVII
PAPA FRANCISCO
Primeiro latino americano, primeiro
jesuita e primeiro papa a adotar o nome
de Francisco, Dom Jorge Bergoglio é
conhecido pela simplicidade e humildade
A eleição do Cardeal argentino, realizada no dia 13 de março, causou surpresa no mundo
inteiro, já que não era cogitado
entre os principais candidatos.
Após apenas três votações, foi eleito com mais de dois terços dos
115 votos dos cardeais.
Homem simples e humilde,
Dom Jorge Mario Bergoglio, 76
anos, era cardeal de Buenos
Aires. Como nome, adotou Francisco, homenagem a São Francisco de Assis. A escolha teve inspiração em Dom Cláudio Hummes,
cardeal brasileiro, que lhe disse:
“Não se esqueça dos pobres”,
como os apóstolos em Jerusalém
recomendaram a Paulo (conf.
Gálatas 2,10).
PÁGINAS 02 e 03
Tema do Mês
Dom Jorge Mario Bergoglio é homem simples e humilde, e deve adotar essas características em seu ministério
CATEDRAL 300 ANOS
Edição especial resgata a história
da Paróquia da Catedral
Caderno especial de quatro páginas fala sobre os eventos comemorativos aos 300 anos da Paróquia Nossa Senhora do Desterro e Santa Catarina, a Catedral. Também
recorda o crescimento da igreja e os eventos históricos em
que esteve envolvida nesse tempo. Ainda mostra as atividades desenvolvidas na paróquia nos dias de hoje.
Encontro reúne
ex-alunos do Seminário de Azambuja
PÁGINA 03
Participe do
Jornal da
Arquidiocese
193 padres e diáconos participam da
Missa do Crisma
PÁGINA 05
Celebração marca
os 50 anos da Paróquia de Guabiruba
PÁGINA 08
RESSURREIÇÃO
para a Vida Eterna
Por uma força especial dada
pelo único Deus criador, nossos
pais nos deram o corpo e a alma,
enquanto geradores neste mundo, criadores na ordem da natureza terrena. Deus nos deu o corpo e a alma, enquanto Criador
transcendental, fonte de toda a
vida. Ele é criador na ordem da
graça, mistério que só alcançamos pela fé. Criados na unidade
global de corpo e alma, deixamonos, porém, marcar pelo pecado, causa de profunda divisão
interna, que se manifesta em
ALESC promoveu
sessão especial
para a CF-2013
PÁGINA 11
toda a sua força e pavor na morte, com a separação entre alma
e corpo. Uma separação provisória, contudo! Pois nossa fé nos
diz que a alma humana, que
após o julgamento já vive no céu
(ou no inferno), continua atrelada ao corpo e aguarda ansiosa a
ressurreição definitiva de nossa
carne para podermos – na unidade recomposta de corpo e
alma, na totalidade de nosso ser
– viver a vida eterna em Deus
(ou a morte eterna, sem Deus).
PÁGINA 04
Propedêutico
ganha nova casa
de formação
PÁGINA 12
P O R C A R TA
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2
Opinião
Abril 2013
Palavra do Bispo
Dom Wilson Tadeu Jönck
Jornal da Arquidiocese
Arcebispo de Florianópolis
PAPA FRANCISCO
Habemus Papam – No dia 13
de março, o Cardeal de Buenos
Aires, Jorge Mário Bergoglio, eleito
pelo conclave, foi anunciado como
sucessor do Papa Bento XVI, que
renunciou em 28 de fevereiro. Ao
escolher o nome de Francisco, tornava conhecido o seu modo de ser
pastor em Buenos Aires. Mostra
espírito despojado e busca estar
muito próximo das pessoas, sobretudo dos mais simples. Sua indicação para a sede de Pedro contrariou os prognósticos dos vaticanistas
de plantão. Comprova-se mais uma
vez que a eleição de um papa não
segue os conchavos e disputas eleitorais dos pleitos realizados em
nossas cidades. O Papa Francisco
é a resposta às orações dos fiéis do
mundo inteiro que pediam a Deus
um papa “segundo o Seu coração”.
Primeira vez – Foi a primeira
vez que um cardeal sul-americano
foi escolhido para dirigir a Igreja. O
mundo inteiro se alegrou com o
povo argentino, pela escolha do seu
Cardeal. Pela primeira vez, um papa
escolhe o nome de Francisco. Nunca antes um jesuíta tinha se tornado papa. A tríplice novidade nos dá
a certeza de que a Igreja viverá um
novo tempo, uma época de acolhida mais determinada da mensagem do Evangelho de Jesus Cristo.
Experiência de regime totalitário – Esta é uma marca dos
três últimos papas. O Papa João
Paulo II sentiu o peso do regime
comunista. Na experiência da restrição da liberdade individual, formou sua personalidade e construiu
a resposta ao chamado de Deus
para dirigir o seu povo. Já o Papa
Bento XVI, viveu sua infância e parte da juventude sob o regime nazista. Vivenciou pessoalmente o quanto o desejo de dominar pode desfi-
Palavra do Papa
Francisco
Páscoa: mistério
central da nossa fé
Feliz Páscoa a todos! Agradeçolhes por virem também hoje tão numerosos a esta praça, a fim de compartilharmos a alegria da Páscoa,
mistério central da nossa fé. Que a
força da Ressurreição de Cristo possa alcançar cada pessoa, especialmente quem sofre, e todas as situações mais necessitadas de confiança e esperança. Cristo venceu o
mal de modo pleno e definitivo, mas
toca a nós, pessoas de cada tempo, acolher esta vitória em nossa
vida e nas realidades concretas da
história e da sociedade. Por isso
parece-me importante sublinhar o
que hoje pedimos, na liturgia deste
segundo dia da Páscoa: Ó Pai, que
fazes crescer a tua Igreja dando-lhe
sempre novos filhos pelo batismo,
concede a teus fiéis a graça de exprimirem, na vida, o sacramento
que receberam pela fé!
É verdade: o Batismo, que nos
faz filhos de Deus, e a Eucaristia,
que nos une a Cristo, devem tornarse vida, isto é, devem traduzir-se em
atitudes, gestos, escolhas. A graça
contida nos sacramentos pascais
é um potencial de renovação enorme para a existência pessoal, para
a vida das famílias, para as relações
sociais. Mas tudo passa através do
coração humano: se eu me deixo
tocar pela graça do Cristo ressuscitado, se lhe permito de mudar-me
naquele aspecto que não é bom,
que pode prejudicar a mim e aos
outros, eu permito à vitória de Cristo que se confirme na minha vida,
que alargue a sua ação benéfica.
Esse é o poder da graça! Sem a
graça de Deus não podemos nada.
Mas com a graça do Batismo e da
Comunhão eucarística posso tornar-me instrumento da misericórdia de Deus, da bendita misericórdia de Deus. Exprimir na vida o sacramento que recebemos: eis, caros irmãos e irmãs, o nosso empenho quotidiano, mas eu diria também, a nossa alegria quotidiana!
Oremos juntos, em nome do Senhor ressuscitado, e pela intercessão de Maria Santíssima, para que
o Mistério pascal possa atuar profundamente em nós e neste nosso tempo, a fim de que o ódio ceda
lugar ao amor, a mentira à verdade, a vingança ao perdão, a tristeza à alegria. Amém.
gurar o ser humano e a própria sociedade. Também o Papa Francisco
enfrentou a dura realidade da ditadura militar, que atingiu a Argentina, e o nosso e outros países da
América do Sul. Os três conheceram,
em suas próprias vidas, de modo
concreto, a realidade do mal. Suas
vidas foram forjadas no enfrentamento dessa realidade. E levaram
essa experiência de vida para o exercício do governo da Igreja.
Presença na JMJ do Rio de
Janeiro – O anúncio foi dado pelo
próprio Papa durante a homilia na
Missa de Ramos. Disse que quer
caminhar com os jovens. Pede
uma preparação espiritual, e deseja que o Encontro dos jovens no
Rio de Janeiro seja um sinal de fé
para o mundo inteiro.
Sobre el ciel y la tierra – É
o título do livro em que o cardeal
Bergoglio expõe o que pensa sobre a Igreja católica, sobre pontos
da doutrina e da moral. O livro
mostra como governava a Arquidiocese de Buenos Aires. Apresenta-se como alguém muito próximo
do povo, firme na defesa dos
ensinamentos da Igreja, bem com
dos valores do moral cristã.
Dois pensamentos– “Podemos caminhar o quanto quisermos, podemos construir muitas
coisas, mas se não proclamarmos
Jesus Cristo, algo está errado. Vamos nos tornar uma ONG piedosa,
e não uma Igreja que é a esposa
de Cristo”. “Quando caminhamos
sem a cruz, quando construímos
sem a cruz e quando proclamamos
Cristo sem a cruz, não somos discípulos do Senhor. Somos terrenos.
Podemos ser bispos, padres, cardeais, papas, tudo isso, mas não
somos discípulos do Senhor”.
“
O Papa Francisco é a resposta às orações
dos fiéis do
mundo inteiro
que pediam a
Deus um papa
‘segundo o Seu
coração’”.
Opinião
O que você espera do Papa Francisco?
Que ele como o doce Cristo na
terra, possa guiar a barca de
Pedro, a Igreja, no Caminho do
Cristo Senhor. Que ele nos ensine
a amar e servir a Cristo como seus
predecessores o fizeram. Que
aprendamos com ele a estar a serviço da vida e da evangelização,
mesmo se tivermos de passar por
tribulações. Acredito que seu ministério será de continuidade com
o dos últimos pontífices, e assim
fará com que o Evangelho seja
uma resposta aos desafios dos
nossos dias.
Espero que, por ser LatinoAmericano, zele de modo especial pela Igreja em nosso continente, sobretudo na questão
Que o Mistério
pascal possa atuar
profundamente
em nós e neste
nosso tempo, a fim
de que o ódio ceda
lugar ao amor”.
“
Papa Francisco, 01 de abril, na
Alocução do Angelus
pastoral. Que, guiado pelo Espírito Santo, una em si a simplicidade de São Francisco de Assis, a
inteligência de um jesuíta, o vigor
de um Latino-Americano e a primazia de São Pedro, e guie a Igreja com solicitude e amor. Já demonstrou ser um homem simples,
humilde, e disposto a dar especial atenção aos mais pobres. Já nos
deu fortes indícios de como será
a sua ação pastoral.
Emanuel Poletto,
Paróquia da Santíssima Trindade Florianópolis
Lucas Casimiro F. Teixeira
Seminarista do segundo ano de
Filosofia da Arquidiocese, Brusque
Caso queira compartilhar conosco algo que deseje ser refletido nesse espaço, envie sua
sugestão para [email protected]. As sugestões serão analisadas pela equipe.
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24 mil exemplares mensais
Irmã Geisa Santos
Irmã do Instituto N.Sra. do Bom
Conselho, Florianópolis
Diante da renúncia de Bento
XVI, lembrei-me de uma frase que
minha mãe ora ou outra citava:
‘até aqui o Senhor nos sustentou’.
E é o que sinto quando olho para
o Papa Francisco. Acredito, apoiado pela fé, que o mesmo Senhor
continuará sustentando sua mesma Igreja. Eu não espero do Papa
Francisco, mas espero com ele.
Recordando um dos seus primeiros gestos como Papa, pedindo
nossa oração, penso que devemos de fato rezar e rogar a Deus
para que o sustente em sua missão, bem como nos sustente a nós
também na nossa.
Diretor: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Editorial: Dom Wilson Tadeu Jönck, Pe. Leandro Rech,
Pe. Revelino Seidler, Pe. José Ar tulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Ber toldi, Leda
Cassol Vendrúscolo, Maria Antônia Carsten, Maria Glória da Silva, Carlos Martendal, Felipe Candin Jornalista Responsável: Zulmar Faustino - SC 01224 JP - (48) 8405-6578 - Coor. de Publicidade:
Pe. Pedro José Koehler - Revisão: Pe. Ney Brasil - Editoração e Fotos: Zulmar Faustino Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão: Diário Catarinense
Jornal da Arquidiocese
Geral 3
Abril 2013
Francisco: o Papa dos pobres
Dom Jorge Bergoglio é o primeiro latino americano, primeiro jesuita e o primeiro a chamar-se Francisco
São Francisco de Assis
São Francisco de Assis
(1182-1226) é o padroeiro
dos humildes e um dos santos
mais populares da Igreja Católica - provavelmente também
é o melhor recebido entre os
não-católicos ou não-cristãos.
Era filho de uma família de
comerciantes ricos da Úmbria
(centro da Itália), mas que decidiu de um dia para o outro
“casar-se com a Senhora Pobreza”, dedicar-se à pregação
e ganhar seu pão com o trabalho manual ou esmolas. Desde então, é vinculado à paz e a
um estilo de vida simples, de
renúncia a privilégios terrestres.
Foi o fundador da ordem dos
religiosos franciscanos, que dirigem paróquias, escolas, hospitais e organizações de caridade ao redor do mundo.
Divulgação/JA
Humilde, simples e com uma
opção real pelos pobres. Assim pode
ser definido o cardeal argentino Dom
Jorge Mario Bergoglio, 76 anos, que,
no dia 13 de março, foi eleito Papa.
Nesse dia, por volta das 15h de
Brasília, a chaminé da Capela
Cistina, de Roma, expelia fumaça
branca anunciando aos fiéis católicos do mundo todo: “Temos Papa!”.
Surpresa para muitos, já que
apenas na manhã do dia anterior
os 115 cardeais estavam reunidos
e era apenas a terceira vez que a
chaminé expelia fumaça (duas
vezes antes com a fumaça preta
indicando a falta de consenso).
Isso significava que o novo papa já
havia conseguido pelo menos dois
terços dos votos dos cardeais.
Depois de quase duas horas
de ansiosa espera, era anunciado o nome do sucessor de Pedro,
bispo de Roma e líder da Igreja no
Mundo: Dom Jorge Mario Ber-
Vai acontecer...
Encontro dos Ex-Alunos
de Azambuja - AESA
Papa Francisco: nome teve inspiração em Dom Claudio Hummes
goglio, cardeal arcebispo de
Buenos Aires, na Argentina, era
eleito o novo Papa. E assumiu o
nome de Francisco.
É o primeiro latino americano,
o primeiro pertencente a Ordem
dos Jesuítas. Na Argentina, o Cardeal Bergoglio era conhecido por
ser um intenso defensor da ajuda
aos pobres. Também costuma
apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado.
Embora se mostre preocupado com a população de baixa renda, o papa não é conhecido como
adepto da Teologia da Libertação,
corrente bastante prestigiada na
Igreja do Brasil. Ele foi um dos redatores do Documento de
Aparecida, em 2007.
Inspiração brasileira
No dia 16 de março, três dias
depois de sua eleição, ele explicou que escolheu o nome de São
Francisco de Assis após uma re-
comendação feita pelo arcebispo
emérito de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, que estava ao seu
lado no momento da eleição.
“Quando os votos chegaram
a dois terços, aconteceu o aplauso esperado, pois afinal eu havia
sido eleito papa. E Dom Cláudio
me abraçou e me beijou, e me
disse: ‘Não se esqueça dos pobres’. Eu me lembrei imediatamente de São Francisco de Assis”, contou, saindo do script para
revelar a história da escolha de
seu nome.
Segundo o papa, seu desejo é
o de “uma igreja pobre, para os
pobres”. “O nome apareceu no
meu coração. Francisco é o homem da pobreza, o homem da
paz, o homem que ama e protege
os seres da criação”. O papa comentou ainda que considera Dom
Cláudio Hummes um “grande
amigo”. “Quando a coisa começou
a ficar um pouco perigosa, ele começou a me tranquilizar”, contou.
Serviços realizados nos jesuítas
O jesuíta nasceu na capital argentina e, depois de cursar o seminário no bairro Villa Devoto, entrou
para a Companhia de Jesus, aos 19
anos, em 1958. Foi ordenado padre anos depois da longa formação
a que se submetem os jesuítas.
De 1973 a 1979, Bergoglio foi
provincial na Argentina e a partir de
1980, reitor da faculdade de San
Miguel, cargo que ocupou por seis
anos. Ele obteve o título de doutor
em Teologia na Alemanha. Em
1992, foi nomeado bispo e promovido a arcebispo em 1997, passan-
do a chefiar a arquidiocese de
Buenos Aires desde então. Distinguido por João Paulo II, ingressou
no Colégio dos Cardeais em 2001.
Na Santa Sé, participava de diversos discatérios: era membro da
Congregação para o Culto Divino
e para a Disciplina dos Sacramentos, da Congregação para o Clero
e da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e das Sociedades da Vida Apostólica, além
do Conselho Pontifício para a Família e da Comissão Pontifícia
para a América Latina.
A Associação dos Ex-Alunos
do Seminário de Azambuja –
AESA, através do seu Presidente, Ernesto de Souza, promove, nos dias 19 e 20 de abril
(sexta e sábado), a 17ª edição
do encontro entre os ex-estudantes do Seminário. Durante o
encontro, que inicia no fim da
tarde do dia 19, haverá coquetel de confraternização nas dependências da piscina; e, no dia
20, asssembleia geral ordinária,
prestação de contas, eleição da
diretoria de 2013 a 2015, Missa de Ação de Graças e almoço
festivo. Há possibilidade de hospedagem no Seminário: reservar com o Reitor, Pe. Pedro
Schlichting.
Mais informações pelos fones (48) 3228-4649, ou (48)
9915-4132, ou ainda pelo e-mail
[email protected]
Hino celebra a
Anunciação do Senhor
A Catedral Metropolitana de
Florianópolis, juntamente com o
Coral Santa Cecília, realizará no
dia 25 de abril, às 20h, a tradicional Celebração Mariana da Solenidade da Anunciação do Senhor,
com o hino “AKÁTHISTOS”, em honra da Mãe de Deus. A celebração
será presidida por nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck.
“AKÁTHISTOS”, palavra grega
que significa “não sentado”, indica a forma como o Hino deve
ser cantado: de pé. Ele salienta
o momento em que Maria recebeu o anúncio de que fora escolhida para gerar o Salvador, permanecendo Virgem. A data cor-
reta é 25 de março, que ocorre
exatamente nove meses antes
do nascimento de Jesus Cristo,
no Natal, 25 de dezembro. Mas
como essa data, este ano, ocorreu na Semana Santa, a Celebração foi transferida.
Em 1987, Ano Mariano, quis
o Papa João Paulo II, que esse
“poderoso e dulcíssimo hino”
fosse cantado em todas as catedrais do mundo. Desde então,
por iniciativa de Dom Murilo
Krieger, então Bispo-Auxiliar, e
graças ao Coral Santa Cecília, o
“Akáthistos” tem sido cantado
em nossa Catedral, estando
também gravado em CD.
Encontro acolhe casais
em segunda união
Paróquia São Vicente, em
Itajaí, sediará nos dias 13 e 14
de abril mais um encontro de formação para casais em segunda
união. Está será a 10ª vez que a
paróquia realiza o evento. A formação é promovida pelo Casos
Especiais da Pastoral Familiar.
Novamente o evento contará com a assessoria do Pe.
Roberto Aripe (Padre Chiru),
da Diocese de São Leopoldo, RS,
e sua equipe. Ele é o criador da
metodologia “O Senhor é o meu
Pastor”, que orienta os casais
em segunda união.
A formação tem a finalidade
de acolher os casais nessa situação e trazê-los para a Igreja, para
que se sintam membros da comunidade como todo cristão. Todos
os casais da Arquidiocese são convidados a participar. Os filhos, independente da idade, também
podem ir. Os participantes de outras cidades serão acolhidos para
pernoitar em casas de família.
Os interessados devem entrar
em contato com a paróquia pelo
fone (47) 3241-2742 ou com o
casal referencial Lieje e Rogério,
pelos fones (47) 3241-2455 ou
9983-2556, ou ainda pelo e-mail
[email protected].
4
Tema do Mês
Abril 2013
Jornal da Arquidiocese
RESSURREIÇÃO PARA A VIDA ETERNA
Não se pode ser cristão sem a fé na ressurreição de Cristo e em nossa própria ressurreição.
Ressurreição de
Nossa Totalidade
O credo cristão se serve de duas fórmulas para afirmar essa verdade de fé: ressurreição dos mortos e ressurreição da carne.
Ressurreição dos mortos significa que, mesmo passando pelo poder da morte, dela seremos libertados pela força criadora e
regeneradora de Deus. Ele, que um dia nos
criou ex nihilo (a partir do nada), também
nos recriará ex morte (a partir da morte) (2
Mac 7,14.28). A morte não tem poder sobre Deus. Ao contrário, sendo o Senhor dos
vivos (Mc 12,27), ele vence o poder da
morte e garante-nos a força da vida.
Ressurreição da carne significa que
mesmo na fragilidade de nossa carne mortal, na materialidade caduca de nossa existência, própria de todas as criaturas, nós
seremos, se formos fiéis a Deus, glorificados, transformados, transfigurados. Nossa
realidade material – químico-físico-biológica – será transfigurada. No fim dos tempos
Divulgação/JA
No Tempo Pascal confessamos a fé na
ressurreição para a vida eterna. O dogma da
nossa ressurreição é núcleo central na fé cristã. Não se pode ser cristão sem a fé na ressurreição de Cristo e em nossa própria ressurreição. Como Cristo ressuscitou, nós também ressuscitaremos. O Espírito Santo, que
ressuscitou Jesus, também há de nos ressuscitar (Rm 8,11). O ser humano é uma unidade indissolúvel de alma e corpo, espírito e
matéria. No momento em que começamos
a existir, já fomos formados nessa unidade
composta. Não existia uma alma anterior,
que viesse depois a entrar no corpo. Nem
um corpo anterior, que viesse a receber uma
alma proveniente das alturas. Sempre existimos como alma e corpo inseparáveis.
Por uma força especial dada pelo único
Deus criador, nossos pais nos deram o corpo e a alma, enquanto geradores neste mundo, criadores na ordem da natureza terrena.
Deus nos deu o corpo e a alma, enquanto
Criador transcendental, fonte de toda a vida.
Ele é criador na ordem da graça, mistério
que só alcançamos pela fé. Criados na unidade global de corpo e alma, deixamo-nos,
porém, marcar pelo pecado, causa de profunda divisão interna, que se manifesta em
toda a sua força e pavor na morte, com a
separação entre alma e corpo. Uma separação provisória, contudo! Pois nossa fé nos
diz que a alma humana, que após o julgamento já vive no céu (ou no inferno), continua atrelada ao corpo e aguarda ansiosa a
ressurreição definitiva de nossa carne para
podermos – na unidade recomposta de corpo e alma, na totalidade de nosso ser –
viver a vida eterna em Deus (ou a morte
eterna, sem Deus).
receberemos um corpo
glorioso, celestial, como
o de Cristo ressuscitado
(1 Cor 15,44; Fil 3,21).
Num dos prefácios da
missa dos mortos, professamos: “desfeito o
nosso pobre corpo mortal, nos é dado nos céus
um corpo imperecível”.
Fé na Vida
Eterna
“
Ressurreição da
carne significa:
mesmo na fragilidade de nossa carne mortal seremos,
se formos fiéis a
Deus, glorificados,
transformados,
transfigurados”.
Deus nos criou para
o amor, para a comunhão com ele. Em nosso nascimento, saímos
do ventre cálido de nossa mãe para podermos viver de modo mais consciente nesta
terra. Na morte deixaremos o ventre da mãe
terra, para poder experimentar a plenitude da
vida. A morte é uma passagem, um parto. É
um momento – mais ou menos trágico, conforme as circunstâncias e a preparação de
cada um – de um complexo maior da existência. Após a morte, nos será dada a vida eterna. Ela é dom de Deus; não é obrigação, peso;
nem é conquista ou merecimento nosso. É
merecimento só na medida em que Deus quer
que seja mérito nosso o que provém de sua
graça e bondade.
Como um embrião,
feto ou bebê, já vive neste mundo e nesta vida
terrena, também nós já
vivemos na vida eterna.
Estamos envolvidos
pela eternidade, que é
o próprio Deus. Mas o diafragma do tempo e do
espaço e da realidade
material nos impede de
experimentar a beleza
da eternidade. Isto só
nos será possível após
o parto da morte e o juízo particular pelo qual
Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, nos fará
passar, cada qual individualmente, mas sempre na relação com os irmãos. Na vida eterna todos seremos um em Cristo, na totalidade do Cristo cósmico, o Pleroma, a plenitude
de todas as coisas. No julgamento particular, cada qual recebe de Deus a retribuição
imediata de salvação ou condenação, em
relação à sua fé e às suas obras. Tal retribuição consiste no acesso à bem-aventurança
do céu, imediatamente ou depois de uma
adequada purificação, ou à condenação eterna no inferno.
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Suprema Felicidade ou
Eterna Condenação
O céu é o estado de felicidade suprema
e definitiva realização. Não é um lugar físico, pois na vida eterna não haverá mais
tempo, espaço e realidade material. É um
estilo de vida totalmente aberto à comunhão. Os que morrem na plena graça de
Deus são reunidos à Igreja triunfante, onde
vêem Deus face a face (1Cor 13,12). Vivem
em comunhão de amor com a Santíssima
Trindade e, na rede de relações que a todos
nos envolve, eles intercedem por nós. Os
que morrem sem estar devidamente preparados para o abraço eterno do Pai, morrem na amizade de Deus, que lhes assegura a salvação eterna. Mas precisam ser ainda queimados na palha dos egoísmos, vícios e manias, para poder entrar na glória do
céu sem mancha alguma de pecado. Formam a Igreja padecente. A esse estado, que
também não é um lugar, mas uma predisposição de correção e purificação, a Igreja
católica chama de purgatório. Um estado
purificatório, ao mesmo tempo marcado
pela dor do arrependimento e do remorso e
pela certeza e alegria da salvação.
Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (1Tm
2,4). Ele tudo faz para que sua vontade
salvífica universal realmente aconteça.
Mas não impõe a salvação. Amor não se
impõe; se propõe. Deus não pode forçarnos a aceitar seu amor. Se o fizesse, seria
contraditório consigo mesmo. Deus criou
o homem livre e responsável. Por isso, apesar de querer que todos tenham modo de
se arrepender (2Pd 3,9), respeita as suas
decisões. Portanto, o próprio homem, em
plena autonomia, pode querer autoexcluirse voluntariamente da comunhão com
Deus. Se alguém, até o momento da morte e do julgamento, persistir no pecado
mortal, recusar o amor misericordioso de
Deus, fechar-se em seu orgulho e não quiser aceitar o perdão de Deus, essa pessoa
estará assumindo para si um estado de
vida – que na verdade é morte – de total
afastamento de Deus. A pena principal do
inferno é a eterna separação de Deus. É,
por isso, morte eterna, pois, separando-se
de Deus, o único em quem se encontra a
vida e a felicidade, ninguém pode viver, ninguém pode ser feliz.
Que o Deus dos vivos e dos mortos nos
dê a graça de uma permanente e persistente conversão, a fim de podermos ressuscitar
com Cristo para a glória eterna!
Pe. Vitor Galdino Feller
Vigário Geral da Arquidiocese, Professor de Teologia e Diretor da FACASC/ITESC
Email: [email protected]
Jornal da Arquidiocese
Geral 5
Abril 2013
Missa do Crisma é realizada na Catedral
Durante a celebração, os 124 padres presentes fizeram a renovação das promessas sacerdotais
Foto JA
Na manhã da Quinta-Feira
Santa (27/03), Dom Wilson Tadeu Jönck, arcebispo de Florianópolis, Dom Vito Schlickmann, bispo auxiliar emérito,
124 padres e 69 diáconos permanentes, estiveram reunidos na
Catedral de Florianópolis, às 9h,
para participar da Missa do Crisma e da renovação das promessas sacerdotais, um dos grandes
momentos da Semana Santa.
Esta liturgia solene, que o Bispo diocesano celebra com o seu
presbitério e seu diacônio, é uma
das principais manifestações da
plenitude do sacerdócio episcopal e é, também, sinal da estreita
união dos presbíteros e diáconos
entre si e com seu Bispo. A celebração da instituição do sacramento da Ordem, é oportunidade
única para os Presbíteros, com os
Diáconos, renovarem, solenemente, seu compromisso diante
de Deus e da Igreja.
A esta celebração eucarística
se associa o povo fiel, representando as comunidades católicas
de toda a Arquidiocese, para comemorar festivamente, em Cristo, a participação no sacerdócio
real, comum a todos os batizados. Foi o que aconteceu mais
uma vez, na Catedral, que este
ano está comemorando o 3º centenário de criação da paróquia de
Paróquia Santa Inês – Baln. Camboriú
Celebração, presidida por Dom Wilson, contou com a participação de
124 padres e 69 diáconos da Arquidiocese
N.Sra. do Desterro, a igreja-mãe
da Arquidiocese.
Em sua homilia, nosso arcebispo lembrou que, ao assumirem
sua missão, os padres e diáconos
se comprometem aos desafios
correspondentes. “Que neste dia
possamos reviver os momentos
felizes do nosso sacerdócio, mas
também reencorajar-nos para os
momentos difíceis pelos quais
passamos”, disse.
Dom Wilson propôs ainda algumas pistas de comportamento:
“Somos convidados a relativizar
as coisas do mundo que nos cercam e ser fiéis a Cristo e a segui-
Lo. É preciso saber acolher o sofrimento e compadecer-nos do sofrimento do outro”, orientou o arcebispo.
No final da celebração, Dom
Wilson solicitou que todos os seminaristas da Arquidiocese – do
Propedêutico, do Menor, da Filosofia e da Teologia - fossem até o
altar, para serem conhecidos e
incentivados pelos presentes.
Também apresentou Wellington
Silva e Deivide Tiago Tomasi,
que concluíram a Teologia no ano
passado e que, com a graça de
Deus, “em breve integrarão o nosso presbitério”.
Retiro Feminino de Emaús
O Movimento de Emaús realizará nos dias 25 a 28 de abril, o
“92º Retiro de Emaús Feminino”.
Como é tradição, o retiro será realizado na Casa de Encontros Vila Fátima, no Morro das Pedras, em Florianópolis. Serão abordados temas
relacionados aos valores humanos
e cristãos, estimulando as jovens a
se tornarem lideranças participati-
Plano de Pastoral
vas na sua comunidade, trabalho,
faculdade e, especialmente, na sua
própria família. O Retiro está em
consonância com o que pede a
Campanha da Fraternidade de
2013, que os jovens sejam protagonistas na Igreja e na sociedade.
Para participar, as jovens devem
ser maiores de 18 anos. A ficha de
inscrição pode ser preenchida no
site do Emaús - www.emaus.
org.br/florianopolis ou no Centro
Arquidiocesano de Pastoral (CAP), localizado no Largo São Sebastião, na
Beira-Mar, em Florianópolis nas seguintes datas: 11/04 das 19h30 às
21h30, 13/04 das 10h às 12h30
e 16/04 das 19h30 às 21h30. Mais
informações pelo site ou pelo e-mail
[email protected].
A Igreja tem como finalidade
exercer o pastoreio de Jesus Cristo. Isto significa ter a mesma solicitude, o mesmo cuidado, que Ele
tinha e tem para com as pessoas.
“Vinde a mim” e eu vos conduzirei à vida. Para poder exercer essa
prioridade, há necessidade de
buscar, sempre de novo, os meios adequados. É com esse sentido que nossa Arquidiocese elaborou o Plano de Pastoral. É um Plano estratégico para pastorear, reunir, formar e conduzir a porção do
Povo de Deus a ela confiada.
A Paróquia Santa Inês, seguindo as orientações da Assembléia
Arquidiocesana, elaborou o seu
Plano de Pastoral, tendo em
vista as pessoas que participam
e freqüentam a Paróquia. Embora sejam apenas duas comunidades eclesiais, o território é vasto
e o número é sempre oscilante e
as pessoas se apresentam com
necessidades as mais variadas.
Para elaborar o Plano Paroquial de Pastoral, seguimos o
seguinte esquema: a partir da
disponibilização do material, pela
Arquidiocese e pela Comarca de
Itajaí, foi entregue, a cada membro do CPP, uma cópia para conhecimento e para se começar a
pensar num Plano Pastoral para
a Paróquia. No dia 27 de novembro de 2012, houve a Assembléia
paroquial, com mais de cem lideranças para discutir e elaborar o
Plano, dando um rosto paroquial
ao Plano que já tinha o rosto da
Arquidiocese e da Comarca.
Após a explicação da missão
que aguardava a todos, os participantes foram divididos em cinco grupos. Cada grupo ficou encarregado de elaborar uma Ur-
gência. Houve, em seguida, um momento de plenário apenas para
ouvir o relatório. Três meses depois, em 26 de fevereiro p.p., o CPP
se reuniu, com mais de quarenta
pessoas, quando se tomou conhecimento, mais de perto, do conteúdo e das tarefas que deveriam ser
executadas por todos. O material
foi apresentado na sua formatação final. O Plano Pastoral recebeu
então a aprovação e, desde então,
começou-se a pô-lo em prática,
priorizando a ação social e a formação das lideranças.
Confiados na boa vontade de
todos/as, queremos ser sal, luz
e fermento numa sociedade
com tantas sombras, tantos desafios e numa Igreja que precisa
ter a coragem de saber escolher
o que convém para poder responder melhor aos anseios das
pessoas. Confiamos na organização, mas de modo especial na
graça de Deus, para poder realizar essa missão.
Pe. Frei Ladí Antoniazzi, OFM,
pároco da Paróquia Santa Inês,
Balneário Camboriú
Capa do Plano Paroquial
6
Bíblia
Abril 2013
Jornal da Arquidiocese
Conhecendo o livro dos Salmos (58)
Salmo 79 (78): Intervém, Senhor!
Súplica intensa, apaixonada,
com ela o salmista dá voz aos sobreviventes da maior catástrofe
nacional da história judaica: a destruição de Jerusalém e do Templo
pelos babilônios, no ano 586 antes
de Cristo. Cerca de dez anos antes,
em 597, a cidade já fora tomada
pelos mesmos babilônios, chefiados por Nabucodonosor, mas não
fora destruída. Agora, reincidindo na
revolta contra os dominadores, apesar das advertências de Jeremias,
Jerusalém não escapa da destruição, e do massacre quase total do
seu povo. É esta a situação que é
descrita nos primeiros quatro
versículos. No v. 5, a pergunta angustiada “Até quando?” é seguida
por clamores de vingança contra os
inimigos, ao mesmo tempo que por
brados de socorro e de ajuda em
favor dos que sobreviveram. O
versículo final, praticamente sem
preparação, já canta vitória e promete agradecimento para sempre.
Invadiram tua herança
1. Ó Deus, os pagãos invadiram tua herança, / profanaram teu santo Templo, / reduziram Jerusalém a um montão
de ruínas!
2. Abandonaram os corpos
dos teus servos como alimento
às aves do céu, / e a carne dos
teus santos, às feras da terra.
A invocação inicial a Deus não
lhe dá títulos nem qualificativos, p.
ex., “Deus do universo”, “Deus de
Israel”, “Deus santo” etc, nem o chama pelo nome de “Javé/Senhor”,
revelado a Moisés no Êxodo. O
salmista entra direto no assunto: a
denúncia, ou acusação formal, contra os “pagãos”. O que é que eles
fizeram? Atentaram contra as posses de Deus: sua propriedade (“herança”), sua morada (Jerusalém e
o Templo), seus súditos (“servos”,
“santos”). Eles “profanaram” o Templo, crime enunciado mais vezes na
Lei (cf Lv 19,13) e denunciado pelos profetas (cf Jr 7,30). Os “santos” são os membros do povo “santo”, isto é, consagrado ao Senhor.
Deixar seus corpos insepultos,
como pasto dos abutres e das feras, era o cúmulo da humilhação.
O sangue derramado
3. Derramaram o sangue
deles como água em torno de
Jerusalém / e não havia quem
o encobrisse.
“Derramar sangue” é a conhecida metáfora para indicar morte
violenta. A comparação “como
água” indica a banalidade e a violência do crime. O sangue “não
encoberto”, lit. “não enterrado”,
clama ao céu, como o sangue de
Abel (Gn 4,10). É nesse sentido que
Miqueias 7,10; e Sl 115,2. No Sl
42,4.11, o salmista a retoma numa
situação pessoal: “As lágrimas são
meu pão dia e noite, enquanto me
repetem o dia inteiro: Onde está o
teu Deus?” Quanto à “vingança do
sangue”, é um costume tribal, que
impunha ao parente próximo a
obrigação de vingar-se do assassino (cf Nm 35,19). Esse “vingador”,
em hebraico go’el, também traduzido por “redentor”, é um dos títulos dados no livro de Isaías ao próprio Deus, “vingador/redentor” do
seu povo: “Não temas, vermezinho
de Jacó,...o teu redentor é o Santo
de Israel, o Senhor!” (Is 41,14) Mas
que isso realize-se quanto antes,
em nossos dias, “aos nossos
olhos”, insiste ainda o salmista.
clama Jó, o sofredor; “Ó terra, não
encubras o meu sangue, e não se
esconda em ti o meu clamor”.
Escárnio dos vizinhos
4. Tornamo-nos o escárnio
dos nossos vizinhos, / zombaria
e ludíbrio de quem nos rodeia.
O escárnio dos vizinhos não atinge apenas os sobreviventes, mas o
próprio Deus, que teria sido incapaz
de livrar o seu povo, como explicita
a seguir, neste mesmo salmo, o v.
10: “Onde está o Deus deles?”
Até quando, Senhor?
5. Até quando, Senhor? Ficarás irado para sempre? / Vai
arder como fogo o teu ciúme?
O salmista aqui ousa expressar a impaciência diante do que
lhe parece o endurecimento de
Deus. E chega a provocá-lo, acusando-o de um “ciúme devorador”,
como aliás preveniu Moisés, no
livro do Deuteronômio: “O vosso
Deus é um fogo abrasador, é um
Deus ciumento” (Dt 4,24). “Ciumento” de quê? Do amor e da fidelidade do seu povo!
Teu furor,
contra os pagãos!
6. Derrama teu furor contra
os pagãos que não te conhecem / e sobre os reinos que
não invocam o teu nome,
7. pois devoraram Jacó / e
devastaram sua morada.
Sentindo que o “furor” de Deus
não cessa, o orante procura alcançar que Ele o derrame sobre “os
pagãos”, que não O conhecem, e
sobre “os reinos”, que não invocam o Seu nome. Pois esses inimigos, certamente pelo fato de
não reconhecerem o Senhor, tornaram-se réus de um imperialismo devastador que não conhece
limites, e o Deus justo não pode
deixar de reprimi-los.
De nós, tem compaixão!
O gemido dos cativos
8. Não relembres contra
nós as culpas de nossos pais.
/ Pelo contrário, venha logo ao
nosso encontro a tua misericórdia, / pois estamos reduzidos
à miséria extrema.
9. Socorre-nos, ó Deus, nosso Salvador, pela glória do teu
nome! / Livra-nos, e perdoa
nossos pecados por amor do
teu nome.
11. “Chegue à tua presença o gemido dos cativos; / com
o poder do teu braço, livra os
condenados à morte.
Depois de ter invocado a justiça
punitiva de Deus contra os inimigos,
o salmista agora suplica, para o seu
povo, a misericórdia que perdoa...
Mas não é isso usar de “dois pesos
e duas medidas”, na oração?
Como posso pedir que Deus me
perdoe, se peço ao mesmo tempo
que Ele não perdoe ao inimigo? Rezando assim, como fica o
ensinamento do Senhor Jesus no
Pai-nosso: “Perdoai-nos, assim
como nós perdoamos” (Mt 6,12)?
Além disso, rezando assim, não
estou seguindo a “regra de ouro”,
que resume “a Lei e os Profetas”:
“Tudo o que quereis que os outros
vos façam, fazei-o vós a eles!” É
verdade que a motivação do
salmista é humilde, em nome do
seu povo: “Não relembres contra
nós as culpas...” A propósito, um
detalhe interessante, que nos faz
lembrar a parábola do Pai misericordioso correndo ao encontro do
filho pródigo (Lc 15,20), é o que
lemos no v. 8: “Venha logo ao nosso encontro a tua misericórdia...”
A vingança do sangue
10. Por que haveriam os
povos de dizer: “Onde está o seu
Deus?” / Seja conhecida entre
os povos, aos nossos olhos, a
vingança do sangue dos teus
servos, por eles derramado.
A pergunta sarcástica dos povos vizinhos, já comentada acima,
no v. 4, nós a encontramos também, literalmente em Joel 2,17;
Como se tem ampliado, na história humana, o doloroso eco desse “gemido dos cativos”, desses
“condenados à morte”! Basta lembrar o horror dos campos de concentração da segunda guerra mundial, e de tantas outras guerras,
antes e depois, ainda hoje... E a
humanidade não aprende! No Salmo 102, lemos a resposta divina
a esse clamor: “O Senhor se inclinou do seu alto santuário, dos céus
olhou para a terra, para ouvir os
gemidos dos cativos e livrar os condenados à morte” (Sl 102,20-21).
Devolve sete vezes
12. Mas aos nossos vizinhos devolve sete vezes, em
seu regaço, a afronta com que
te afrontaram, Senhor.
Novamente, o irreprimido anseio por desforra, agora motivado
teologicamente: a “afronta” dos
nossos vizinhos, os povos
limítrofes, não atingiu propriamente a nós, mas a ti, Senhor: “a afronta com que te afrontaram”. Quanto à devolução “sete vezes”, é uma
punição que excede em muito a
“lei do talião”, a qual estabelecia a
igualdade entre delito e castigo (cf
Ex 21,24). Ora, se já a lei do talião
foi superada por Jesus, no sermão
da Montanha (cf Mt 5,38), mais
ainda a devolução “sete vezes”,
que Jesus transforma em perdão,
repetido tantas vezes quanto necessário: “Não apenas sete vezes,
mas setenta vezes sete vezes” (Mt
18,21-22), isto é, sempre! Quanto
aos “vizinhos”, que se aproveitaram da derrota dos judeus, o Sl
137,7 os identifica como os “filhos
de Edom”, os idumeus, contra os
quais também levantou-se o profeta Abdias.
Ovelhas do teu rebanho
13. Quanto a nós, teu povo
e ovelhas do teu rebanho, eternamente te daremos graças; /
de geração em geração proclamaremos o teu louvor.
Este versículo final, inesperadamente tranquilo e confiante,
após queixas e preces tão dramáticas, brota de uma fé viva que já
se compromete em agradecer,
disposta a proclamar um louvor
eterno, “de geração em geração”.
E o “nós” do salmista é identificado como “teu povo e ovelhas do
teu rebanho”, identificação que
aparece também no Sl 74,1, no Sl
95,7 e, ainda, no Sl 100,3: “Ficai
sabendo que o Senhor é Deus, Ele
nos fez e somos seus, seu povo e
ovelhas do seu rebanho”. Isto,
sem esquecermos o conhecido
Salmo 23, numa dimensão pessoal que certamente não exclui a
coletiva (“O Senhor é o pastor que
me conduz...”). De resto, o
pastoreio divino é ressaltado pelos textos proféticos contra os
“maus pastores”, “que perdem e
dispersam as ovelhas do meu rebanho” (Jr 23,1) e “se apascentam a si mesmos” (Ez 34,31). A
propósito, ainda em Ezequiel, temos a proclamação final do cap.
34: “E vós, minhas ovelhas, sois o
rebanho humano da minha pastagem, e Eu sou o vosso Deus,
oráculo do Senhor” (Ez 34.31).
Pe. Ney Brasil Pereira
Professor de Exegese Bíblica na Faculdade de Teologia de SC - FACASC
email: [email protected]
Para refletir:
1) Quais são as posses de
Deus, contra as quais os
pagãos atentaram?
2) Como entender o “ciúme”
de Deus contra o seu
povo? E por que “arde para
sempre”?
3) Como o salmista pede a
compaixão de Deus para
seu povo, enquanto invoca o furor divino contra os
inimigos?
4) O que era a “vingança do
sangue”, e como entender
Deus como “vingador/redentor” do seu povo?
5) Que diz nosso Senhor Jesus sobre “devolver sete
vezes” a afronta dos adversários?
6) Como é possível o
versículo final, tão confiante, após queixas e pedidos
tão dramáticos?
Caderno
Especial
Catedral de
Florianópolis
Jornal da
Arquidiocese
Florianópolis, Abril de 2013 Nº 188 - Ano XVII
300 anos de fé no coração da cidade
São 300 anos de criação da Paróquia de N.Sra.
do Desterro, a Igreja-Mãe dos acontecimentos
eclesiais vividos no Estado nesses três séculos
Uma Celebração Eucarística, realizada
na noite do dia 05 de março, marcou as
comemorações dos 300 anos de criação
da Paróquia Nossa Senhora do Desterro e
Santa Catarina, a nossa Catedral. Essa foi
mais uma das celebrações comemorativas
ao terceiro centenário.
Presidida pelo Pe. Vitor Galdino
Feller, vigário geral da Arquidiocese, a celebração foi concelebrada por vários padres
e diáconos. Durante a missa, houve a entrada das imagens de Nossa Senhora do
Desterro e de Santa Catarina de Alexandria,
respectivamente padroeira e co-padroeira
da Catedral.
Em sua homilia, Pe. Vitor lembrou que
foi ali que surgiu a fé de todos os catarinenses. “Hoje celebramos 300 anos da
construção da primeira igreja nesta cidade.
Da vila que aqui se constituiu e, junto com
ela, da criação da paróquia nossa fé católica se estendeu por toda a ilha, toda a
diocese e todo o Estado. Aqui nasceu a nossa fé. A fé de todos os desterrenses, depois
florianopolitanos, de todos os diocesanos,
de todos os catarinenses. Por isso cantamos
‘louvai o Senhor porque ele é bom’”.
“O Evangelho de Deus aqui se fez história. Quantos batizados, casamentos, sepultamentos, ordenações, anúncios da Palavra, Celebrações Eucarísticas, foram realizados aqui nesses 300 anos. O Evangelho
se fez história nas nossas construções
arquitetônicas, pinturas, esculturas, em
quantas obras de arte. Impossível contar a
história desta cidade, diocese e Estado, sem
referência à paróquia que aqui surgiu”,
acrescentou Pe. Vitor.
Durante as oferendas, lideranças da
paróquia levaram até o altar símbolos das
pastorais, organismos e serviços existentes na paróquia, e que constituem as Forças Vivas da igreja. Ao final da celebração,
todos foram convidados a participar de um
coquetel de confraternização realizado no
auditório da Catedral.
Programação
A Celebração do dia 05 de março, foi um
dos eventos alusivos aos 300 anos da Catedral. A programação iniciou em novembro
de 2012, quando no dia 25 Dom Wilson presidiu a Celebração do Dia de Santa Catarina, e se encerra em novembro deste ano.
Ainda no dia 26 de fevereiro, todos os
bispos das dez dioceses da CNBB - Regional
Sul IV, reunidos em Florianópolis para seu
primeiro encontro anual, participaram de uma
celebração na Igreja-Mãe do Estado.
No decorrer do ano, outros eventos marcarão os 300 anos. Todo dia 17 de cada
mês, até novembro deste ano, será celebrado o Dia de Nossa Senhora do Desterro
(que é festejada no dia 17 de fevereiro), e
serão convidadas as paróquias da Comarca da Ilha para conduzirem e animarem as
celebrações.
Toda quarta-feira, às 9h e às 15h, é celebrada a Novena em honra a Nossa Senhora
do Desterro pelas famílias em virtude de na
última Assembleia de Pastoral ter sido definida a família como prioridade pastoral.
“Em novembro haverá o encerramento
das festividades dos 300 anos com um
show religioso nacional em frente à Catedral”, disse Pe. Ewerton Gerent, vigário da
Catedral e responsável pela organização
do evento ainda sem data definida.
Bispos, padres e diáconos da Arquidiocese diante da Catedral, a nossa Igreja-Mãe
2 Jornal da Arquidiocese
Abril 2013
Abril 2013
Jornal da Arquidiocese 3
Catedral
Coral Santa Cecília
de própria do Coral Santa Cecília da Catedral é, como não podia deixar de ser,
litúrgica, cabendo-lhe solenizar as celebrações litúrgicas na própria Catedral. Fiel a esse objetivo, o Coral tem
sempre solenizado a Missa nos domingos à noite, bem como em todas as
solenidades religiosas do ano.
Anualmente o Coral Santa Cecília
tem promovido, desde 1986, com crescente sucesso, em abril, este ano pela
28ª vez, o CONESPA, “Concerto Espiritual da Páscoa”, envolvendo outros
Corais da Grande Florianópolis. Depois
de várias gravações em fita k-7, o Coral gravou, em 1998, o seu primeiro
CD e depois vieram outros quatro CDs.
Atualmente conta com 40 músicos
entre sopranos, baixos, contraltos e
tenores. Alguns deles já faziam parte
da primeira formação de 1950.
Arquivo/JA
Coral Santa Cecília é o responsável por solenizar as celebrações litúrgicas
Irmandades da Catedral
A Catedral conta ainda com quatro
irmandades. No passado, os leigos homens não tinham o hábito de participar das celebrações eucarísticas, que
contavam com a participação das mulheres. Então, formavam irmandades,
que tinham como objetivo ajudar os
seus membros e a própria comunidade. São quatro as irmandades: Irmandade Senhor Bom Jesus dos Passos;
Irmandade Divino Espírito Santo; Irmandade Ordem Terceira; Irmandade NSra.
do Rosário e São Benedito.
Irmandade Divino Espírito Santo - fundada em 1773, em 1910 iniciou suas atividades sociais, com o
abrigo denominado Lar São Vicente de
Paulo. Em 1977, criou o Jardim de Infância Girassol e nesse mesmo ano incorporou a Sociedade Promocional do
Menor Trabalhador - PROMENOR.
Ordem Terceira de São Francis-
co da Penitência - fundada em 1745,
funcionou por alguns anos na igreja da
Catedral. Em 1803, com a construção
de sua igreja própria, mudou para lá a
sua sede. Sua finalidade é a promoção
de trabalhos sociais para os pobres.
Irmandade NSra. do Rosário e
São Benedito – fundada em 1750,
está localizada na igreja mais próxima
da Catedral. Antes funcionou em uma
pequena capela no mesmo local. Anos
depois, em 1787, deu-se início a construção da atual igreja. Sua finalidade
era acolher os fiéis negros da cidade.
Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos - criada em 1764,
pode não ser a mais antiga, mas é certamente a mais conhecida. A procissão
que antecede a Semana Santa, costuma reunir milhares de fiéis no entorno
da Catedral. A Irmandade é responsável pelo Imperial Hospital de Caridade.
A Paróquia de Nossa Senhora do Desterro
300 anos de História presenciando e vivendo os principais eventos que definiram os rumos do município e do Estado
Celebrar os 300 anos da paróquia
de Nossa Senhora do Desterro de Florianópolis é celebrar também os 213
anos anteriores à vida paroquial. Isso é
mais importante ainda quando se refere a uma instituição religiosa pois a
formalização jurídica coroa o trabalho
anterior das populações. Deus sempre
age nos povos: precisamos levar em
conta o que Deus fez antes da chegada da fé cristã. O Espírito age em toda a
criação e por toda parte lança sementes da verdade, razão pela qual em todos os povos brota a fé em Deus.
A Ilha de Santa Catarina, situada no
Atlântico Sul, num ponto estratégico a
quem demandava a Ásia pelo Oeste e,
depois de 1492, o Rio da Prata, teve o
povoamento iniciado cerca de 2.500
aC., estendendo-se praticamente até a
chegada dos europeus. Tudo indica que
os europeus vieram interromper o fluxo
dos povoadores indígenas, de tradição
tupi-guarani, que estavam a demandar
as terras do litoral. Esses povos foram
chamados de “carijó” em razão de sua
pele mais clara. Deles a Ilha recebeu o
nome de Meiembipe, e dos brancos nela
chegados a partir de 1500, Ilha dos Patos e, logo, Ilha de Santa Catarina.
Seus primeiros moradores após a
Conquista portuguesa foram náufragos,
desertores, degredados e padres. O primeiro encontro com os carijós foi pacífico, mas transformou-se em destruição e
massacre quando as plantações de canade-açúcar em São Vicente, São Paulo,
Rio, necessitaram de mão-de-obra. Os
missionários Frei Bernardo de
Armenta e Alonso Lebrón intentaram
fundar uma Igreja livre do peso do apoio
governamental, mas fracassaram porque, desde 1494, pelo Tratado de
Tordesilhas, o papa Alexandre VI entregava ao Rei de Portugal o Padroado, isto
é, todos os assuntos religiosos ficaram
sob o domínio político. Depois de 1549
chegaram os primeiros padres jesuítas,
como os franciscanos também recebidos
com festa. O conflito com os bandeirantes paulistas, que queriam escravos a
morrerem de cansaço e não almas a serem salvas, provocou a destruição dos
carijós da Ilha e do litoral catarinense.
Podemos dizer que, pelo ano de 1620,
eram pouquíssimos os sobreviventes, e
antes eram dezenas de milhares.
Paulistas, vicentistas, açorianos,
negros – novo povoamento
Esvaziada pela violência, em 1673
Arquivo/JA
O Coral Santa Cecília é o responsável por solenizar as celebrações
litúrgicas realizadas na Catedral. Foi
fundado oficialmente, com sua primeira Diretoria, em 1950, embora a Catedral tenha tido há muito mais tempo o
seu Coral. Estabelecida como paróquia
desde 1713, a Matriz de Nossa Senhora do Desterro deve ter tido a sua música coral desde os tempos coloniais, no
século XVIII, no período imperial, no
século XIX, e até nossos dias.
A partir de 1953, contou com a regência do Pe. Agostinho Staehelin,
que conduziu o Coral ao longo de quase duas décadas. Nesse período, até
1960, o Coral Santa Cecília era praticamente o Coral da cidade.
Desde 1973, assumiu a regência
Pe. Ney Brasil Pereira, levando adiante o ideal dos fundadores. A finalida-
A pequena igreja até o início do século XX, em um dia tranquilo da então provinciana Desterro
é iniciado um projeto de colonização
da Ilha por mandado do bandeirante
Francisco Dias Velho, que veio pessoalmente em 1675 e tratou em 1678
de adquirir o título de posse. Nesse ano
estava concluída uma igreja de Nossa
Senhora do Desterro, mas pode-se conjeturar que já existiria uma igrejinha,
pois não haveria cristãos sem sua igreja para orações e sepultamentos. Era
pequena ermida de pedra e cal, coberta de palhas, na mesma colina onde
hoje se encontra a catedral. Dias Velho
trouxe cento e poucos trabalhadores e
escravos, muitos deles descendentes
dos carijós aprisionados no século anterior. Esse povoamento fracassou
quando, em 1687, Dias Velho foi assassinado por piratas dentro da igreja.
Então a Ilha tornou-se importante não
pela população, mas por ser ótimo porto de abastecimento dos navios europeus que iam para o Rio da Prata ou
para o Oriente, a quem os ilhéus vendiam madeira, carne e produtos da terra.
A pobreza era grande nessa população,
constituída de índios, negros, negros
escravos e brancos.
A assistência religiosa era oferecida
por padres que percorriam o litoral des-
de Cananéia até Laguna, ou por capelães
dos navios. Era facilitada a criação de freguesias (paróquias), bastando pequena
povoação desejar ter padre vigário. Assim, em 1665 tinha sido criada a freguesia de Nossa Senhora da Graça do rio
São Francisco e tem-se como certa a existência da freguesia de Nossa Senhora
do Desterro em 1713, com o primeiro
casamento celebrado em 7 de janeiro
de 1714, quando o carmelita Frei Agostinho da Trindade assina “Vigário desta
Matriz”. Uma freguesia pequena, com
não mais de 400 moradores, mas felizes por terem a sua igreja.
Frei Agostinho foi o grande padre
missionário do período que vai até 1731.
Sua obra missionária se estendia até
Laguna. Preocupado com o povoamento da Ilha, foi a Portugal solicitar o envio
de moradores, o que aconteceu entre
1748 e 1756, quando Dom João V promoveu o envio dos casais açorianos
provenientes principalmente do grupo
central do Arquipélago dos Açores (Ilhas
Terceira, Pico, São Jorge, Faial e Graciosa). Foram 6 mil, dos quais 1.500 se
transferiram para o Rio Grande. Fixaram
raízes culturais e religiosas profundas
que até hoje constituem a essência cul-
tural da Ilha de SC e litoral do Continente. A Ilha teve em 1750 a criação das
freguesias de Santo Antônio de Lisboa e
da Lagoa da Conceição.
A paróquia pedia nova igreja matriz e
essa foi desenhada pelo governador e
engenheiro José da Silva Paes. A construção foi iniciada em 1753 e completada pelo ano de 1773, e esteve sempre
sujeita a reformas e adaptações. Em
1908, com a criação da diocese de Florianópolis, a matriz de Nossa Senhora
do Desterro foi elevada a Catedral. Para
as comemorações do centenário da Independência em 1922, Dom Joaquim
Domingues de Oliveira (1914-1967) promoveu alteração arquitetônica que lhe
deu o visual de hoje, com duas torres e
ampliação lateral. Dotou-a de carrilhão
de sinos e de órgão de tubos alemão.
A Matriz de Nossa Senhora
do Desterro e sua Praça
A Capitania de Santa Catarina foi
criada em 11 de agosto de 1738, tornando-se Província em 1822, com a
Independência, e Estado em 1889,
com a República. Uma vila ou cidade
necessitava de um desenho urbano, e
a tradição portuguesa estabelecia o
local da matriz, ao lado direito a câmara e cadeia, à esquerda o palácio do
governo. No meio, a praça onde se processava a vida dos encontros, comércio, festejos, recepções públicas, brigas.
A Praça da Matriz, hoje Praça XV de
Novembro, dava no mar, visível a todos os que chegavam embarcados.
A igreja matriz era o centro da vida
religiosa e também política da cidade.
A administração pública promovia e financiava os festejos de Corpus Christi,
festa oficial do Império português. Por
muito tempo a matriz sediou a Irmandade dos Homens Pretos, a do Divino
Espírito Santo e a Ordem Terceira da
Penitência, que depois receberam suas
igrejas. As grandes datas eram nela comemoradas, com sermão proferido por
orador sacro e o canto do Te Deum, hino
litúrgico de ação de graças. A vitória nos
campos de batalha, a chegada de novo
governador, o nascimento e casamento dos príncipes, a morte de reis, eram
ali comemorados.
Com a proclamação da República,
decretou-se a separação entre Igreja e
Estado, mas nem por isso a Praça da
Matriz, depois Praça da Catedral, deixou de ser o centro maior da vida pública. Dentro da Catedral ou em sua praça foram comemorados os grandes
acontecimentos públicos: o envio de
soldados para a guerra, a Páscoa dos
militares, as vitórias das forças armadas na Guerra do Contestado e nas
duas grandes Guerras de 1914 e 1939,
chegadas de bispos e arcebispos, posse de governadores e prefeitos, seus
eventuais sepultamentos.
No Largo e escadarias da Catedral
aconteceram as marchas das mulheres em defesa da família e contra o
comunismo, contra a ditadura de 1964,
as passeatas pela redemocratização,
os protestos contra tudo e contra todos, grandes comícios pelas Diretas,
apresentações musicais e, principalmente, os encontros dos jovens, dos
amigos, do povo que sente a Catedral
como sua casa e as escadarias como
sua varanda.
A Matriz-Catedral continua a contemplar e a ser contemplada: é impossível não parar e agradecer a Deus pela
história desfiada a seu redor. Ela não é
apenas uma construção: é um pulmão
vivo oxigenando os corações felizes, necessitados, agradecidos, o povo.
Pe. José Artulino Besen
Igrejas da Catedral
A Paróquia de Nossa Senhora do
Desterro e Santa Catarina de Alexandria, criada no dia 05 de março de
1713, se estende por quase todo Centro de Florianópolis. Atualmente ela é
composta por sete igrejas e quatro capelas que se localizam em hospitais e
colégios da região.
- Igreja N. Sra. do Rosário e de
São Benedito - 1756
- Capela Menino Deus – Hospital
de Caridade – 1765
- Igreja São Francisco de Assis –
1803
- Igreja São Sebastião – 1876
- Capela Sagrado Coração de Jesus 1908
- Igreja do Divino Espírito Santo –
1910
- Igreja Nossa Senhora do Monte
Serrat - 1927
- Capela São José (Asilo) – 1950
- Capela Menino Jesus de Praga
(Colégio) - 1999
- Igreja Nossa Senhora Aparecida
– 2002
- Igreja da Santíssima Trindade
(Provincialado)
- Capela N. Sra. das Graças
- Capela do Hospital Carmela Dutra
Igreja N. Sra. do Rosário e de São Benedito é a comunidade mais antiga da Catedral
Diácono Maneca
A Arquidiocese de Florianópolis é a
diocese brasileira com maior número
de diáconos. E a Catedral também teve
o seu. Por quase 20 anos, Manoel
Vidal Pereira realizou esse serviço na
Igreja-Mãe do Estado.
Natural de Palhoça, Maneca - como
era conhecido - veio morar em Florianópolis aos 17 anos. E aqui viveu a sua
vida. Foi motorista de táxi por décadas,
atuando no centro da capital. Vangloriava-se por ser um motorista cuidadoso
e, por isso, nunca ter recebido uma
multa. Era ele que buscava e levava os
bispos na residência episcopal para
celebrar na Catedral.
No diaconato, serviu a Igreja como
diácono durante 23 anos. O ‘sim’ a Deus
começou quando a Igreja Santa Terezinha, na Prainha, ainda era uma capela da
Catedral. Convidado pelo Pe. Pedro Martendal, ingressou na Escola Diaconal e
foi ordenado por Dom Afonso Niehues.
Há 62 anos era casado com Célia
Francisca Pereira, sua companhia
inseparável, com quem teve sete filhos,
catorze netos e nove bisnetos. Durante sua trajetória como diácono,
contabilizou quase quatro mil batizados e mais de 300 casamentos. Todos
devidamente anotados.
A esposa foi a sua maior incentivadora. “Quando mais jovem, ele estava
mais preocupado em dar uma vida mais
confortável a mim e aos filhos. Assim,
não participava da vida da Igreja. Só mais
tarde, depois de eu muito rezar, é que ele
começou a participar mais ativamente”,
disse Célia. Diácono Manoel faleceu no
dia 09 de dezembro de 2011.
Abril 2013
4
Jornal da Arquidiocese
Uma igreja viva e atuante
Pastorais, movimentos e trabalhos sociais são forças vivas que dinamizam a paróquia tricentenária
Pastorais da Catedral
Para o melhor atendimento e
organização existem algumas pastorais que auxiliam na vida cotidiana da paróquia tricentenária. A
Pastoral litúrgica quer ser um
sinal de unidade nas celebrações,
especialmente da Eucaristia. Dela
participam os Ministros da Comunhão, da Palavra, e do Canto. O
Coral da Catedral existe oficialmente, com Diretoria própria, desde 1950.
A Pastoral Vocacional tem
como objetivo conduzir os fiéis ao
descobrimento de sua verdadeira vocação, religiosa ou laical. Iniciou há pouco tempo, e é sinal de
uma igreja que reza, e zela pelas
vocações.
Catequizar e preparar crianças, jovens e adultos, para receberem os sacramentos da Igreja,
é tarefa da Pastoral da
Catequese. Na Catedral, além
CPP reúne as lideranças das Forças Vivas presentes na Catedral
da Catequese para a Primeira
Comunhão e a Crisma, dedicada
a crianças e adolescentes, existe
também a Catequese para os
Adultos, que está sendo bastante
procurada na paróquia.
A Pastoral do Dízimo está
mostrando aos fieis que somos
uma comunidade unida. E que
vive da ajuda e da união de todos
os que, nesta paróquia, alimentam a sua fé.
Ação Social na Paróquia
A Paróquia da Catedral possui
um amplo trabalho social. Semanalmente atende dezenas de pessoas que vem à Catedral pedir ajuda. Atendendo duas vezes por
semana, a Ação Social e Cultural da Catedral se preocupa
com os que estão àa margem da
sociedade, auxiliando nas necessidades básicas de cada um (alimento, roupa, etc.)
Em união com a Ação Social
Paroquial temos algumas associações beneficientes:
- Associação de Proteção
ao Berço: produz enxovais para
recém-nascidos, distribuídos
mensalmente, através de um cadastro prévio.
- Associação Beneficente
Santa Zita: trabalha com as
empregadas domésticas, dando
suporte a elas.
- Associação das Vicentinas: ajuda as pessoas carentes
que aparecem com frequência.
Também está presente na paróquia a Pastoral do Migrante,
que objetiva zelar pela dignidade
aos migrantes que chegam a Florianópolis. Esta pastoral é coordenada pelos padres da Congregação dos Missionários de São
Carlos – Scalabrianos. Com o
Carisma “onde estão os imigrantes ali deve estar a Igreja”, os missionários Scalabrianos, com seus
voluntários, levam o sorriso da
Pátria e o consolo da Fé aos imigrantes que os procuram.
Associações religiosas
Entre tantas Associações, feminina e masculinas, que floresceram na Catedral, por exemplo
as “Filhas de Maria” e os “Congregados Marianos”, destacamos
duas, ainda atuantes: o Aposto-
lado da Oração, e a Legião de
Maria.
Criado no dia 03 de dezembro de 1895, no tempo de Mons.
Topp, o Apostolado da Oração
tem como padroeiro São Francis-
co Xavier. Criado na França pelos
Jesuítas, em meados do séc. XIX,
o “Apostolado” espalhou-se pelo
mundo. Como o nome o sugere,
sua marca é o “oferecimento diário de si mesmo”, em espírito de
reparação e desagravo ao Sagrado Coração de Jesus.
A Legião de Maria está
presente na Catedral desde o
ano de 1958. Este grupo é composto por cristãos que, sob a
proteção de Maria, desejam participar mais das atividades
evangelizadoras da Igreja. Para
isso, dedicam duas horas por semana, saindo em duplas, como
o Senhor determina no evangelho (Mc 6,7).
Na foto acima,
encontro da
Pastoral do
Migrante com
pessoas vindas de
outros países.
Na foto ao lado,
confraternização
das voluntárias da
Associação das
Vicentinas
Jornal da Arquidiocese
GBF 7
Abril 2013
Notícias – GBFs e CEBs
Celebração dos Mártires - Compromisso das CEBs
Foto JA
Na comunidade N.Sra. Aparecida do Alto da Caeira, em Florianópolis, foi realizada a celebração de Ramos, dia em que a Igreja inicia a semana santa, a caminhada da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, centro
da nossa fé. Nesse dia também
foi celebrada a vida dos Mártires,
compromisso assumido no 11º
Encontro Estadual das CEBs que
aconteceu em setembro de
2012. Para a Igreja, os mártires
são homens e mulheres que profetizaram sem medo, preferindo
morrer a renunciar à sua fé. Lutaram pela justiça, igualdade e liberdade do povo oprimido e marginalizado. Já dizia o mártir D.
Hélder: “Não deixem cair a profecia”. E continua a nos dizer:
“Deus deu ao ser humano o poder e a responsabilidade de não
GBFs - formação paroquial
Neste mês os Grupos Bíblicos
em Família realizam suas atividades de formação nas paróquias e
comarcas. Os momentos de formação aconteceram em três paróquias: São Judas – Barreiros;
São João Batista - Itajaí e São João
Bosco - Itajaí, refletindo sobre os
temas Campanha da Fraternidade e Ano da Fé. Nesta edição queremos destacar a paróquia São
João Bosco, Itajaí.
Paróquia São João Bosco, Itajaí
Caminhada homenageou os mártires da fé católica, compromisso assumido no 11º Encontro Estadual das CEBs, realizado em setembro de 2012
se conformar com o sofrimento
e a dor do inocente, mas combater o mal e a injustiça. E esta é a
tarefa de todos nós, cristão/as
Foto JA
Os quadros dos 20 mártires estão expostos na igreja da comunidade
Motivação para o
13º Intereclesial das CEBs
Neste ano, a coordenação regional das Comunidades
Eclesiais de Base têm o compromisso de motivar as coordenações diocesanas das 10 dioceses do Regional Sul4 para a
participação no 13º Intereclesial das CEBs, que acontecerá
em Janeiro de 2014, em Juazeiro do Norte, Ceará. A primeira Ampliada das CEBs/GRF aconteceu nos dias 22 a 24
de março em Rio do Oeste, com a presença de todas as 10
dioceses. Foi um fim de semana muito rico e produtivo, pois
no mesmo local estava acontecendo também o seminário
das Pastorais Sociais, e em alguns momentos os dois grupos
juntaram suas atividades. Percebemos o quanto foram bons
esses momentos em comum. Durante este ano, os dois grupos (CEBs-GR/F e Pastorais Sociais) assumiram fazer
algumas atividades em conjunto. Em todas as dioceses haverá vários momentos de preparação para o 13º Intereclesial e
para a participação na 5ª Semana Social Brasileira.
batizados, pois “grande graça é
persistir na caminhada certa.
Mas, graça das graças é não desistir nunca”.
A Celebração foi bem participada, tendo sido presidida pelo
Pe. Vilson Groh. Não deixemos
nunca de ser profetas do Reino,
pois o próprio Jesus nos diz: “Bemaventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem, amaldiçoarem o vosso nome por causa do
Filho do Homem! Alegrai-vos, neste dia, e exultai, porque será grande a vossa recompensa no céu,
pois era assim que os seus antepassados tratavam os profetas”
(Lc 6, 22-23).
Coord. Arquidioc. das CEBs
Animadores participaram do primeiro encontro de formação do ano
Os animadores/as dos Grupos
Bíblicos em Família de São João
Bosco, Itajaí, participaram, na noite de 18 de março, do primeiro
encontro de formação deste ano,
que foi conduzido pelo pároco Pe.
Izidoro Paula da Silva.
O encontro foi organizado pela
equipe de coordenação paroquial.
Foi refletido sobre a Fé, uma vez
que vivenciamos o Ano da Fé. Citando o lema atual da paróquia
“Somos pedras vivas” (1Pd 2,5),
Pe. Izidoro enfatizou a importância da atuação silenciosa e eficaz
dos Grupos Bíblicos em Família
dentro do contexto que engloba
todas as paróquias e comarcas, e
é a força atuante na Igreja arqui-
diocesana há muitos anos.
Também falou da necessidade de alimentarmos nossa fé através de instrumentos formais e informais, sobretudo através da Palavra contida na Bíblia e da experiência do encontro entre as pessoas nas casas, como ocorria nas
primeiras comunidades cristãs.
Conclamou os GBF a visitarem todos os lares, com a segurança de serem “fermento na
massa”, e concluiu assim: “Jesus
Cristo ontem, hoje e sempre!”.Os
GBFs agradecem por mais essa
oportunidade de formação.
Angeli Schmitt Reinhardt
Paróquia São João Bosco - GBF –
Nossa Senhora do Rosário
Historia dos GBFs da paróquia da Azambuja – Brusque
Grupo Bíblico – “Somos Missão”
Nosso grupo bíblico começou
no ano de 1985. O Padre que
acompanhou o grupo foi o Pe.
Márcio da Silva, que dedicou-se
muito a motivar os participantes e
a visitar as casas das famílias carentes. O Padre e as pessoas do
nosso grupo se dispuseram a ajudar uma família que vivia em um
barraco de lona, pois não tinha
condições de construir a sua casa
própria. Fizemos um mutirão, compramos o terreno e construímos
uma casa simples, com a documentação legalizada. Em nosso
grupo bíblico também fazemos
sempre corrente de oração para
pessoas ou famílias que necessitam de intercessão, e muitas graças já foram alcançadas. Também
arrecadamos alimentos e distribuimos para as famílias carentes
de nossa comunidade. Entendemos que missão é um pouco isso:
“Somos Missão”.
Margit – Animadora do grupo
8
Geral
Abril 2013
Guabiruba celebra 50 anos
Lançado livro que resgata a história da vida católica na comunidade
Foto JA
Uma Celebração Eucarística,
realizada na noite do dia 19 de
março, marcou o Jubileu de Ouro
de criação da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em
Guabiruba. Durante a solenidade,
realizada na Igreja Matriz, foi lançado o livro “História da Igreja Católica em Guabiruba – cinqüentenário
da Paróquia”, de autoria do seminarista Eder Cláudio Celva.
A missa, presidida pelo nosso
arcebispo Dom Wilson Tadeu
Jönck, foi concelebrada por 17
padres e diáconos, filhos da terra,
dehonianos ou que ajudaram a
construir os 50 anos de história. A
solenidade teve início com a entrada dos padroeiros das sete comunidades que compõem a paróquia.
Em seguida, uma liderança fez
a leitura de breve histórico da comunidade, da construção da primeira igreja, do trabalho realizado
pelos padres do Sagrado Coração
de Jesus, até a construção da nova
igreja e criação da paróquia, dando
especial destaque ao trabalho do
Pe. Pedro Mathias Engel, SCJ.
No início da celebração, Dom
Wilson lembrou as coincidências
daquela data: 105 anos de criação da Diocese de Florianópolis;
primeira missa do Papa Francisco, “que estamos aprendendo a
conhecer”; e dia de São José. Em
sua homilia, nosso arcebispo falou da missão que cada um de nós
assumiu e da responsabilidade
que temos com ela.
Após a comunhão, foram lembradas as pessoas que trabalharam
no processo de criação da paróquia.
Algumas delas estavam presentes.
Dom Wilson presidiu a celebração jubilar que contou com a presença de
padres que construíram a história da Paróquia, nascidos no município
Pe. Donizete Queiroz, superior provincial da Congregação dos Padres
do Sagrado Coração de Jesus, lembrou a origem da presença dos padres dehonianos na região.
“Estamos aqui desde muito antes
desses 50 anos de paróquia. Desejamos felicidades a todos, neste dia
tão importante”, disse.
Ao final da celebração, houve
queima de fogos e foi descerrada
uma placa comemorativa aos 50
anos, homenageando a memória do
Pe. Pedro Mathias Engel, o primeiro
pároco. Em seguida, houve um jantar por adesão no salão paroquial.
Livro resgata
história da Paróquia
Ainda durante a solenidade, o
seminarista de Teologia da Arquidiocese, Eder Cláudio Celva,
filho da terra, apresentou uma síntese do seu livro “História da Igreja Católica em Guabiruba”.
O livro começa com a chegada dos primeiros imigrantes alemães, em 1861, até os tempos
mais recentes. Fala dos 32 filhos
e filhas da terra, dedicados à vida
religiosa. “Com a publicação da
obra, creio ter colaborado para a
descoberta de uma Guabiruba até
agora desconhecida”, disse.
Para o prefeito Matias Kohler,
também presidente do CPP, a obra
é de fundamental importância
para a comunidade. “Toda família
de Guabiruba deveria ter um exemplar da obra para ler e conhecer os
eventos da nossa história”, disse.
O livro pode ser adquirido na secretaria paroquial, pelo fone (47)
3354-0115 ou pelo e-mail
[email protected]
Mais fotos no site da Arquidiocese
(www.arquifln.
org.br), clicar em “Álbum de
fotos” no alto da página.
Colônia Alemã, Italiana e Polonesa
A localidade de Guabiruba está
intimamente ligada à colonização
de Brusque, constituindo uma das
mais antigas ocupações da ex-colônia Itajahy. Foi em 1861 que chegaram as primeiras famílias de
imigrantes, vindas de Baden, sul
da Alemanha. Mais tarde vieram
os imigrantes italianos. Em fins de
1865, foi erguida no local uma primeira capela, dedicada a Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro.
Nela, a 17 de novembro de 1866,
o Pe. Alberto Gattone cantou a
primeira missa solene em Brusque.
O atendimento espiritual dos moradores do local passou a ser feito
pelos padres de Brusque.
Quase cem anos depois, em
1962, pela lei nº 821, Guabiruba foi
elevada à categoria de município. No
ano seguinte, 1963, um abaixo assinado de pessoas da comunidade
pedia ao Arcebispo Metropolitano,
Dom Joaquim Domingues de Oliveira, que elevasse a capela à categoria de paróquia e nomeasse como
pároco Pe. Pedro Mathias Engel
SCJ, que já atendia a comunidade.
A reivindicação foi aceita e confirmada através de correspondência datada de 16 de fevereiro do
mesmo ano. A oficialização foi feita em 19 de março de 1963, quando Dom Joaquim assinou decreto
criando a paróquia. Na mesma
data foi assinado convênio, confiando aos cuidados da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos – SCJ)
a administração da paróquia. Trabalho que permanece ainda hoje.
Jornal da Arquidiocese
Estado para uma
sociedade do Bem viver
Nos últimos anos, diante da
crise, vimos os governos dos
países gastarem bilhões de recursos públicos para “socorrer”
o sistema financeiro ou para incentivar o consumo. De outro
lado, sentimos o Estado ausente quando ficamos nas filas do
SUS, por exemplo. Percebemos
aí sua deficiência em áreas sociais, mas competência nos projetos econômicos.
“Estado” diz respeito ao conjunto das instituições políticas e
administrativas que administram
um território (Texto-Base da 5ª
SSB, p.12). O Estado nasceu nas
sociedades tributárias, onde o
poder está nas “cidades-estado”.
Através de tributos ou trabalho
escravo, sustentam-se os reis e
seus funcionários. Em troca, garante-se proteção ao território e
seu povo frente a ataques. Anteriormente, nas sociedades primitivas, não havia Estado, mas o
coletivo: o clã, a tribo. Havia exemplos também de poder exercido
por mulheres. Enfim, ao longo da
história da humanidade, aconteceram mudanças na forma de
organizar o Estado.
Os principais fundamentos
do Estado atual foram
construídos depois da revolução
industrial e francesa, no final do
século XVIII. Nesse período surgiu a ideia de que o soberado é o
povo, e não o rei. É o povo que
tem o direito de eleger quem
deve ser seu dirigente e como
deve governar; de fiscalizar (poder legislativo) e de julgar (poder
judiciário). E qualquer membro
do povo pode ser escolhido
como governante (sufrágio universal). Consolidou-se a democracia representativa e formal.
Também esse Estado, dito
moderno, surgiu numa sociedade dividida entre os grandes proprietários (burgueses) e os trabalhadores. E os trabalhadores
ficaram fora de seu comando. É
o Estado capitalista, cuja organização e atuação está a serviço
do capital. Porém os trabalhadores, através de muitas lutas,
ao longo dos anos, conquistaram
algumas leis que defendem seus
direitos, mesmo nesse Estado
não feito para eles. Assim, a aposentadoria, o seguro desemprego... é o Estado do Bem-Estar
social. Isso conduziu à falsa
ideia de um Estado neutro, que
favorece a todos igualmente.
No tempo de Jesus havia o
Estado, subordinado ao Império
Romano. O Templo religioso era
também o poder político de Israel. A proposta de Jesus é o
Reino de Deus, onde o poder é
serviço aos pobres, órfãos, doentes. O Ensino Social da
Igreja, um conjunto de encíclicas e documentos oficiais,
propõe que o Estado tenha
como princípio básico o bem
comum. Onde a pessoa é fim,
e o poder público é meio
A proposta da 5ª Semana
Social Brasileira é refletir sobre
a dúvida atual: Estado para quê
e para quem? E propõe um Estado a serviço do Bem-Viver:
“
Os trabalhadores, através de
muitas lutas,
conquistaram
algumas leis
que defendem
seus direitos,
mesmo nesse
Estado não feito
para eles”.
uma vida em harmonia: consigo mesmo, com a comunidade, com a Mãe-Terra e seus filhos, e com Deus. A proposta
desta sociedade não é a de apenas consumir para viver.
Para isso, a CNBB está convocando a participar da 5ª Semana Social Brasileira. São
encontros de debates com as
comunidades, pastorais e organizações sociais e com lideranças
políticas, para encontrar alternativas para um Estado a serviço da
vida e dos direitos de todos.
Pe. Roque Ademir Favarin
Secretário Regional Caritas SC
Jornal da Arquidiocese
Ação Social 9
Abril 2013
Assembleia discute a Dimensão Social na Arquidiocese
Fortalecimento da dimensão social nas comarcas foi uma de suas deliberações
Divulgação/JA
A 41ª Assembleia Ordinária da
Ação Social Arquidiocesana - ASA
realizou-se no dia 02 de março na
Paróquia Santo Antônio, no município de São José, e contou a presença de 18 ações sociais paroquiais filiadas, todas filiadas a ASA.
No início dos trabalhos, Dom
Wilson Tadeu Jönck, Arcebispo Metropolitano, fez uma reflexão sobre a quinta urgência das
Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que é “Igreja a serviço da vida plena para
todos”, tendo presente os indicativos do Plano Pastoral da Arquidiocese. Durante sua exposição,
Dom Wilson enfatizou a importância do trabalho social desenvolvido pelas ações sociais, pastorais e organismos nas paróquias da Arquidiocese. Para Dom
Wilson, a Igreja precisa dos leigos e voluntários e conta com os
trabalhos que realizam nas suas
comunidades. Eles demonstram
sua fé, colocando-se a serviço
das pessoas que mais sofrem.
Em seguida, os membros da
equipe executiva da ASA apresentaram o relatório de Atividades do
ano de 2012, que demonstra as
Participação da sociedade na Gestão de
Risco e Desastre é tema de Seminário
Com a participação de nosso arcebispo Dom Wilson, Assembleia da
ASA referenda nova presidente, Sra. Sandra A. Schlichting
ações desenvolvidas pela ASA nas
suas quatro diretrizes; a prestação
de contas, com o parecer do conselho fiscal aprovando as contas
do exercício anterior; o planejamento de 2013; e a carta de renúncia do presidente da ASA.
No momento final foi discutida
a vacância do cargo de Presidente
da ASA diante a renúncia do então
Presidente Pe. Mário Sérgio do Nascimento. Conforme o estatuto da
ASA e aprovação da assembleia,
Sandra Aparecida Schlichting, até
então vice-presidente, assumiu a
presidência da entidade até a próxima assembleia eletiva que ocorrerá em maio/2014.
O desafio para o ano de 2013
será o fortalecimento da Dimensão
Social na Arquidiocese através da
organização por comarcas, onde o
espaço que até então era composto somente pelas Ações Sociais
será ampliado para os demais atores sociais das paróquias.
Participação e Controle Social em debate
Conselho Estadual de Assistência Social
– CEAS realiza Plenária Descentralizada
A Cáritas Brasileira Regional
de Santa Catarina é integrante do
Conselho Estadual de Assistência
Social, CEAS, e sua representação
é feita pela Ação Social Arquidiocesana, ASA, sua entidade filiada.
Com a intenção de aproximar o
Conselho Estadual da realidade
dos Conselhos Municipais e fortalecer o espaço de controle social, realizar-se-á nos dias 23 e 24
de abril uma Plenária Descentralizada e Ampliada com a presença
dos 295 municípios, através dos
Conselhos Municipais, gestores e
entidades que compõem a Rede
Socioassistencial.
A Plenária contará com a presença da Presidente do Conselho
Nacional de Assistência Social,
CNAS, Luziele Tapajós, que jun-
NUDEC´s de Guabiruba
e Botuverá realizam
Seminários Municipais
tamente com os participantes discutirá propostas de aprimoramento do trabalho e efetivação da Política de Assistência Social através
do Sistema Único de Assistência
Social, SUAS, no estado de Santa
Catarina.
Destacamos que o exercício
do Controle Social se dá através
da participação política, e é nesse espaço que a sociedade orga-
nizada intervém nas políticas públicas, interagindo com o Estado
na definição de prioridades e na
elaboração dos planos de ação
das esferas de governo (municipal, estadual ou federal).
Para as entidades interessadas estão previstas 50 vagas, e a
inscrição pode ser feita através do
site www.sst.sc.gov.br onde
também está disponível toda programação.
Nos dias 16 e 23 de março
realizaram-se em Botuverá e
Guabiruba seminários municipais sobre gestão de risco e desastre, destacando a importância da participação da comunidade. O evento foi realizado pela
Ação Social Arquidiocesana e
pelos Núcleos Comunitários de
Defesa Civil (NUDECs) das respectivas cidades, contando com
a participação dos gestores municipais (prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, técnicos da defesa civil) e lideranças comunitárias. Para trabalhar a temática,
foi convidado o psicólogo social
Dr. Marcos Ferreira, professor
universitário e ex-assessor da
Secretaria Nacional de Proteção
e Defesa Civil.
Dentre os diversos temas
abordados pelo assessor, foi
destacada a importância de a
comunidade estar organizada, e
a atuação nos espaços de controle social nos períodos de normalidade (sem catástrofes
ambientais), a fim de melhorar
a resposta das políticas públicas
locais. A partir da organização
dos NUDECs, é possível contribuir para uma política de Proteção e Defesa Civil mais organizada em cada município, obtendo-se assim uma melhor resposta em situações de desastres
naturais.
Como indicativo para este
ano, foi reafirmada a importância do envolvimento com as
etapas municipal e estadual da
II Conferência Nacional de Proteção e Defesa Civil, prevista
para acontecer em junho, contribuindo para a consolidação
da Política Nacional de Defesa
Civil.
No encerramento do seminário, no sentido de despertar um
olhar dos participantes para a
preservação do meio ambiente,
foram plantadas duas árvores:
em Botuverá foi um Ipê, e em
Guabiruba, uma Gabiroba, símbolo do município.
Divulgação/JA
DATA
23 e 24/04/2013
LOCAL
Centreventos Cau Hansen –
Bairro América – Joinville/SC
INFORMAÇÕES E
INSCRIÇÕES
(048) 3229 3782
www.sst.sc.gov.br
Lideranças locais de Botuverá e Guabiruba debateram o tema de
gestão de risco e desastres em suas comunidades
10
Geral
Abril 2013
Foto JA
Protagonismo juvenil
Coordenador regional da juventude
analisa a situação dos jovens no ano
em que eles estão em evidência
Neste ano, vários eventos promovidos pela Igreja colocam os jovens em evidência. Entre eles, a
Campanha da Fraternidade,
que tem como tema “Fraternidade
e Juventude”, e a Jornada Mundial da Juventude(JMJ), que será
realizada no Rio de Janeiro, de 23 a
28 de julho. Para falar sobre os jovens, sua importância na sociedade
e na Igreja, conversamos com Uilian
Dalpiaz, coordenador da juventude da CNBB-Regional Sul 4 (SC).
Nesta entrevista, ele fala do
fato de a juventude estar em foco
este ano e da preocupação da Igreja com os jovens. Também comenta a participação dos jovens na
Igreja e na sociedade, a colaboração que os jovens podem dar na
evangelização através das mídias
sociais, e a importância do Setor
Juventude e da JMJ como um espaço de comunhão e unidade,
para celebrar, refletir, e agir.
Jornal da Arquidiocese Neste ano, várias atividades
colocam a juventude em foco.
Você acha que só agora a Igreja acordou para a importância
da juventude?
Uilian Dalpiaz - Acredito que,
especialmente por conta da JMJ,
a juventude está mais no foco e
no centro das discussões. Porém,
é fundamental que possamos
olhar para a memória histórica e
com carinho para todo o bonito
“acúmulo” que a Igreja do Brasil –
e da América Latina – possui com
relação ao trabalho com a juventude. São frutos que vêm desde a
Ação católica especializada (com
a JAC, JEC, JIC, JOC e JUC), com
todo o trabalho que existe na Igreja do Brasil. Nas Conferências de
Medellín (1968) e Puebla (1979),
na América Latina, a Igreja voltou
seus olhos de maneira especial aos
jovens. Foi a partir desses olhares
que se constituíram ao longo dos
anos bonitas experiências no trabalho de evangelização da juventude: as Pastorais da Juventude e
outros movimentos e expressões
juvenis que temos hoje. O momento em que vivemos agora é tempo
de potencializar e ampliar essas
ações.
JA - A CF-2013 é mais um
desses eventos. Entre suas
preocupações está a de os
jovens serem mais protagonistas na Igreja e na sociedade. Na sua opinião, a que se
deve a pouca participação da
juventude?
Uilian - Tenho a impressão de
que é um pouco mito essa aversão
à participação e ao gosto dos/as
jovens pela política e pelas questões sociais. A partir deste início de
milênio, temos as conferências
municipais, estaduais e nacionais
de juventude, a criação de diversos
conselhos paritários, bem como o
envolvimento dos jovens em diversas esferas da sociedade. Há muitos desafios e conquistas pela frente, especialmente em nosso Esta-
Uilian é coordenador da Juventude na CNBB-Regional Sul IV e tem
uma visão aprofundada e crítica dos jovens no Estado e no país
Os/as jovens podem e desejam ser
protagonistas. O que falta é acreditar
efetivamente nessa sua capacidade”.
“
do, porém vejo que os/as jovens
podem e desejam ser protagonistas. O que falta é acreditar efetivamente nessa sua capacidade.
JA - Uma das propostas da
CF-2013 é a criação dos Conselhos Estaduais e Municipais
da Juventude. Que contribuições eles darão para os jovens?
Uilian - Sem dúvida, eles
alavancarão as políticas públicas
para a juventude. Os conselhos,
conferências, secretarias, são espaços legítimos que devem ser assegurados. Em Santa Catarina, ainda
batalhamos por esse reconhecimento e conquista. Uma vez possibilitados, a grande contribuição é a
busca por autonomia e para assegurar melhores condições de vida
digna aos jovens. Tão logo, com as
oportunidades alcançadas, se expurgarão pré-conceitos que estigmatizam o/a jovem como proble-
Retalhos do Cotidiano
Divulgação/JA
As folhas do outono não caem
porque querem; caem porque
chegou a hora!
Forte
“O esquecimento mata as injúrias; a vingança multiplica-as”
(Benjamin Franklin)! Este é o caminho: esquecer as injúrias, amar
o que injuria. A vingança não parte da nobreza, nem da dignidade,
nem da honra. Vinga-se quem é
fraco e pensa ser forte; perdoa o
que, sendo forte, parece fraco!
Como a alma se sente livre,
quando se esquece das ofensas!
Carranca
Nem o amor nem a bondade
são carrancudos!
des sociais, a grande oportunidade de mostrar e fazer ressoar o jeito de ser, crer e viver de um/a jovem cristão.
JA - Nos últimos anos, a
Igreja tem trabalhado mais
fortemente na questão do
Setor Juventude. Como você
está vendo esse trabalho e
quais as suas perspectivas?
Uilian - O Setor Juventude procura congregar as diversas expressões juvenis presentes dentro da
Igreja. Vejo como oportunidade,
quando bem trabalhada. Alguns
riscos podem aparecer quando se
tenta homogeneizar o trabalho.
Deve-se respeitar a organicidade
e a espiritualidade nas diversas expressões – pastorais, movimentos,
congregações e novas comunidades. Algumas dessas ações, visando a unidade, são a própria Campanha da Fraternidade e a Jornada Mundial da Juventude.
JA - De que forma a JMJ
contribuirá para conscientizar
os jovens da sua presença e
importância na vida da Igreja?
Uilian – A JMJ passará a contribuir na medida em que não fique
apenas no evento em si, mas que
se faça um caminho, pré, durante e
pós-JMJ. Já temos bonitos sinais de
envolvimento e participação que
aconteceram durante a peregrinação da cruz e ícones da JMJ pelo
nosso Estado; teremos ainda a Semana Missionária e a JMJ como tal,
que serão um grande sinal de celebração, comunhão e encontro. A
Jornada deve enviar cada jovem em
missão, sabendo e destacando que,
como cristãos, somos sinais de Cristo, enviados/as para além das nossas realidades, especialmente
àquelas mais sofridas, como nos
pede Francisco, o novo Papa.
Carlos Martendal
Outono
Liberdade
ma e não como solução.
JA - Os jovens, de modo
geral, utilizam muito bem as
mídias sociais para se comunicar. De que forma se pode
aproveitar essa habilidade
para chamá-los a uma presença mais efetiva nas decisões da sociedade ou, ainda,
na evangelização?
Uilian - São meios crescentes
e que vieram para somar em nossa sociedade. As tecnologias, devidamente aproveitadas, podem
ser – e são – um diferencial. E isso
os/as jovens fazem bem. Tanto no
campo eclesial como no social. Em
se tratando de evangelização, vejo
que o principal foco e força vêm
sendo buscar atingir aqueles que
ainda não estão no meio eclesial.
Devemos ser presença e fazer-nos
ver onde o grande público juvenil
está. E hoje, em grande parte, está
na internet. Vejo, por isso, nas re-
Jornal da Arquidiocese
Bento XVI
Eleito num dia em que a Palavra nos apresentava os Atos dos
Apóstolos e, referindo-se a
Barnabé, classificava-o como “um
homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé” (11,24), Bento XVI apresentou sua renúncia no dia em que
a Igreja lia o livro do Gênesis, relatando que “Deus viu que era bom”
(1,10)! Que belo gesto, o da renún-
cia: no Vigário de Cristo, o reflexo
da humildade, do desapego, da
simplicidade e do amor dAquele que
o escolhera para o Pontificado!
“Agora, de um modo novo o
Romano Pontífice permanece ao
lado do Senhor na cruz, nunca
abandonado no percurso de uma
vida longa e extraordinariamente
frutuosa.” (G. Vian)
tantas mulheres procuram uma criança para adoAborto Quando
tar, tantas outras abortam as crianças que Deus lhes dá...
Francisco
Bem-vindo, querido Papa Francisco! Escutamos suas palavras:
“Podemos caminhar o que
quisermos, podemos edificar um
monte de coisas, mas se não
confessarmos Jesus Cristo, está
errado. Tornar-nos-emos uma
ONG sociocaritativa, mas não a
Igreja, Esposa do Senhor. Quando não se caminha, ficamos parados. Quando não se edifica sobre as pedras, o que acontece?
Acontece o mesmo que às crianças na praia quando fazem castelos de areia: tudo desmorona,
não tem consistência”.
Sepultura
É preciso esquecer o que passou para poder viver a vida que
está pela frente. Deixemos morrer em nossos corações as
desatenções sofridas, as palavras
que nos feriram. Para fazer o sepultamento, nem precisamos da
presença de outras pessoas. E,
sobre a sepultura, colocaremos
lápide libertadora: “Aqui jazem as
ofensas que recebi”, “Aqui estão
sepultadas as palavras que me
feriram”. Que sepultura libertadora, a sepultura das coisas ruins!
Jornal da Arquidiocese
Geral 11
Abril 2013
Sessão Especial prestigiou a CF-2013
“Carta da Juventude” solicitou a criação do Conselho Estadual da Juventude já previsto em lei
Foto JA
A Assembleia Legislativa de Santa Catarina promoveu, na noite do
dia 04 de março, sessão especial
sobre a Campanha da Fraternidade
2013. A solenidade foi proposta pelo
deputado Padre Pedro Baldissera, e
contou com a presença de nosso arcebispo, Dom Wilson Tadeu
Jönck, de Dom João Francisco
Salm, bispo de Tubarão, e representantes da juventude na Arquidiocese e no Estado. A CF-2013 tem como
tema “Fraternidade e Juventude”.
Em seu pronunciamento, o deputado lembrou os jovens são as
principais vítimas da sociedade.
“Os jovens são os mais atingidos
por muitas das contradições sociais e econômicas de um país. Mais
de 60% da população carcerária
brasileira tem entre 18 e 29 anos
e ainda temos 1 milhão de jovens
analfabetos. Isto é um sinal de alerta para agir hoje, e agir principalmente de forma coletiva, ouvindo
e participando junto dos jovens”,
afirmou Padre Pedro.
Dom Wilson, em sua fala, mostrou preocupação pela pouca participação dos jovens nos eventos
decisórios e de mobilização. “O jovem tem um lugar especial e é também sujeito de uma preocupação
especial. Fazer com que assuma
seu papel na igreja e na sociedade é
Coordenadores e coordenadoras
de Coroinhas participam de retiro
Realizado pelo segundo ano consecutivo, foi a
primeira vez que muitos deles fizeram um retiro
Dom Orani agradecerá ao Papa pela escolha do Rio para sede da JMJ
Sessão Especial contou com participação de representantes das 10
dioceses do Estado, que foram homenageados durante solenidade
o objetivo da campanha”, afirmou.
Felipe Candin, coordenador
do Setor de Juventude da Arquidiocese, fez a leitura da Carta da Juventude, documento no qual os jovens
ligados à igreja destacam a importância do debate dentro da Campanha da Fraternidade e listam temas
que consideram fundamentais no
Estado. Entre as questões, aparece
a “criação efetiva do Conselho Estadual da Juventude”, previsto na Lei
14.872/2009. O documento foi
entregue ao deputado Padre Pedro
Baldissera que se encarregou de levar às mãos do governador.
Ainda durante a sessão, jovens entraram com uma réplica
da Cruz da Jornada Mundial da Juventude, que será realizada em
julho no Rio de Janeiro, e houve a
execução do Hino da CF-2013
pela banda “Ressoar em Deus”.
Em seguida, representantes dos
jovens foram homenageados com
uma placa comemorativa. Ao final,
a Pastoral da Juventude de encenou
uma denúncia dos problemas pelos
quais passam os jovens e o anúncio
de coisas positivas, como inclusão,
paz, saúde, educação e preservação
da vida, buscadas por eles.
A Pastoral de Coroinhas da Arquidiocese promoveu, nos dias 08
a 10 de março, o Retiro para Coordenações de Coroinhas. Realizado pelo segundo ano consecutivo,
o evento teve como sede a Casa
de Encontros e Retiros Divina Providência, em Florianópolis. Participaram do encontro formativo 40
coordenadores e coordenadoras
comarcais, paroquiais e de comunidade, representando as oito
comarcas da Arquidiocese.
Durante os três dias, eles contaram com a assessoria do Pe.
Vânio da Silva, coordenador arquidiocesano da Pastoral Vocacional. Ele adotou como tema “O Caminho de Emaús”, enfocando o
nosso encontro com Jesus na Palavra e na Eucaristia. “Procuramos
mostrar a arte da oração e como
ensinar os nossos coroinhas a crescer na comunhão com Jesus através da oração e da leitura orante
da Bíblia”, disse Pe. Vânio.
Para a Irmã Clea Fuck, coordenadora arquidiocesana da Pas-
toral de Coroinhas, o encontro novamente foi uma experiência
marcante. “A beleza foi, como no
ano passado, a presença de um
bom grupo de jovens que já coordenam grupos em suas paróquias”, lembrou. Segundo ela, muitos
participantes realizaram um retiro
pela primeira vez na vida e, embora fosse um retiro espiritual, também foi mesclado com formação
da prática do dia a dia vivido pelos
coordenadores e coordenadoras.
Letícia Fernanda Ceccato
Waier, da Paróquia N.Sra. do Perpétuo Socorro, em Guabiruba, foi
uma das que participou de um retiro pela primeira vez na vida. Com
apenas 14 anos, ela foi coroinha
por quatro anos e pelo segundo
ano ajuda na coordenação paroquial. “O retiro foi muito importante, porque deu uma noção mais
exata do que é ser coroinha e do
que passar para os novos coroinhas”, disse. Segundo ela, a partir
do trabalho, pretende conhecer
melhor a vocação religiosa. Foto JA
Florianópolis cria Conselho Municipal da Juventude
Na tarde do dia 14 de março,
foram empossados os primeiros
membros do Conselho Municipal
da Juventude de Florianópolis. A
solenidade realizou-se no gabinete do Prefeito. São 18, os membros titulares do Conselho. Eles
terão como missão acompanhar,
sugerir e fiscalizar as políticas públicas do município voltada aos
jovens.
Metade dos membros repre-
sentantes da sociedade civil e a
outra metade, do governo. No
segmento religioso, Tiago Teles
foi eleito para representar as religiões. Ele é membro do Movimento Emaús há oito anos. “É
uma oportunidade de buscarmos projetos para os jovens e
mostrar a cara da juventude religiosa, além de proporcionar articulação entre as diferentes religiões do nosso município”, dis-
se Tiago.
Segundo Guilherme Pontes,
Coordenador de Políticas Públicas
de Juventude de Florianópolis, o
Conselho havia sido instituído em
2010, através da lei 8.452, porém até hoje ela não havia sido
colocada em prática e o Conselho não existia. “Agora teremos a
missão de juntos construirmos a
política de juventude de Florianópolis”, afirmou.
Retiro reuniu 40 participantes de todas as comarcas da Arquidiocese
12
Geral
Abril 2013
Jornal da Arquidiocese
Propedêutico tem nova casa de formação
Seminário é transferido para São José com espaço mais adequado para a formação dos seminaristas
Foto JA
O Seminário Propedêutico recebeu, na manhã do dia 14 de março, os formadores dos seminários
da Arquidiocese e o nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck. O
evento marcou a apresentação,
para os formadores, da nova casa
de formação do Propedêutico, agora localizado na Casa Santa Maria,
na Ponta de Baixo, em São José.
Antes estava em Camboriú.
O evento teve início às 8h30,
com a Celebração Eucarística presidida por Dom Wilson. Em sua
homilia, ele relacionou os jovens
com Moisés, que foi escolhido para
uma missão. “Assim como ele,
vocês também estão sendo chamados para cumprir uma missão.
E devemos responder com Fé.
Acreditar que Deus nos fala nesse
desejo de vivermos a fé”, disse.
O Seminário Propedêutico, destinado aos jovens que já tem o segundo grau, para um período de formação antes de ingressar no Seminário Maior, estava em Camboriú,
ocupando um espaço da paróquia,
desde 2010.
Segundo Dom Wilson, a Paróquia Divino Espírito Santo estava
precisando do local. “Então tivemos
que procurar outro local. Como temos a Casa Santa Maria, que
estava sub-aproveitada, resolvemos destiná-la à formação dos jovens do Propedêutico”, disse. Ele
Pascom ministra oficina
Durante a formação, participantes aprenderam o
conceito de Pastoral da Comunicação e como aplicá-lo
Os seis seminaristas do Propedêutico ganharam um local com as condições ideais para a sua formação, com área de lazer e uma bela vista
esclareceu que a casa foi doada a
Arquidiocese para servir como espaço de formação para lideranças,
encontros, retiros e espiritualidade.
Para Pe. Josemar Silva, reitor do Propedêutico, os seminaristas ganharam com a mudança.
“O local tem as condições ideais
para acolher os propedeutas. Também a proximidade com Florianópolis contribui com mais pessoas
para ajudar na formação. Além
disso, eles podem participar dos
eventos realizados pela FACASC
e outros eventos na sede da Arquidiocese”, informou.
Mesmo tendo mudado de lo-
cal, não mudou o nome do Seminário, que permanece como “Seminário Propedêutico Mons.
Valentim Loch”. As atividades
iniciaram no dia 04 de março,
com seis seminaristas: três novos;
dois vindos do Menor; e um que
já estava no propedêutico.
O programa de formação também permanece o mesmo. Eles
terão aulas pela manhã com o Pe.
Isaltino Dias, contando com o auxílio do Welington Cristiano da Silva, que será ordenado diácono,
que ministrará aulas de catecismo, e da Professora Silvia Togneri,
com a parte bíblica.
A Pastoral da Comunicação da
Arquidiocese promoveu no dia 16
de março uma tarde de formação
na Paróquia Santa Cruz, em Areias,
São José. Realizada na Igreja Matriz, a formação reuniu seis membros da equipe da Pastoral da Comunicação paroquial.
A formação foi ministrada por
Zulmar Faustino, jornalista e
membro da equipe arquidiocesana
da Pascom. Durante o encontro, ele
falou sobre o que é, finalidade e objetivos da Pastoral, e como organizála na paróquia. Também esclareceu
dúvidas dos participantes.
A paróquia tem Pastoral da
Comunicação há três anos e conta com cerca de 30 lideranças. A
Pastoral está presente também
em seis das nove comunidades.
É a segunda vez que a equipe recebe formação. A primeira foi em
outubro de 2011, sobre fotografia, que foi eleita pela equipe com
a necessidade mais presente.
Para Gabriela Fernandes,
coordenadora da Pascom paroquial, a equipe busca formação para
otimizar o trabalho. Segundo ela,
a oficina foi muito boa e deu as
diretrizes de como o trabalho deve
ser conduzido. “Tínhamos uma visão diferente, agora sabemos o
conceito e vamos buscar trabalhar
com ele”, disse. O trabalho conta
com o total apoio do pároco Pe.
Kelvin Konz.
Na avaliação de Zulmar, o trabalho realizado pela equipe é muito bom e estão seguindo os passos corretos. Segundo ele, “é uma
equipe jovem, interessada, que
está buscando se especializar e realizar um bom trabalho na comunidade. Tem tudo para dar certo”.
Outras formações
Além da Oficina de Pastoral da
Comunicação, a equipe arquidiocesana também ministra as oficinas
de Fotografia, Texto Jornalístico, planejamento em comunicação e
blog/hot site. Todas as oficinas são
gratuitas e ministradas em um período, manhã ou tarde. Os interessados em uma das oficinas podem
entrar em contato pelo fone (48)
8405-6578 ou pelo e-mail
[email protected].
Foto JA
Legião de Maria realiza festa da “Acies”
A Legião de Maria promoveu no
dia 10 de março, na Catedral de Florianópolis, a festa da “Acies”. O evento é realizado anualmente no dia 25
de março ou em outro dia conveniente. Nela, os legionários se consagram, individual ou coletivamente, a
Nossa Senhora, numa cerimônia
que tem o nome de “Acies”.
Esta palavra latina, que significa um exército em ordem de batalha, designa com razão, a cerimônia, em que os legionários, como
um só corpo, se reúnem para renovar a sua fidelidade a Maria, Rainha da Legião, e dela receber a força e benção para mais um ano de
combate contra o exercito do mal.
Com um roteiro próprio, a cerimônia iniciou com as orações da
Téssera (Oração dirigida ao Espírito Santo), uma alocução feita pelo
Diretor Espiritual, Pe. Pedro
Martendal. Depois, seguiu-se a
consagração coletiva, as orações
da Catena Legionis, Santa Missa,
orações finais e o Hino da Legião
de Maria. Durante toda a cerimônia houve cantos marianos.
A Acies também foi realizada em
outras paróquias da Arquidiocese
onde a Legião de Maria está presente: Curiae “Imaculada Conceição”,
Capoeiras; “N.Sra. da Boa Viagem”,
Saco dos Limões; “Mãe dos Caminhantes”, Agronômica; “Rainha dos
Apóstolos”, Estreito – todas em Florianópolis, e “Medianeira de todas
as Graças”, em Biguaçu.
Equipe paroquial da Pascom recebeu a segunda formação
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Edição 188, Ano XVII - Arquidiocese de Florianópolis/SC