AMBIENTE e PULMÃO
António Jorge Ferreira
Uma Nova Abordagem para um
Ambiente Mais Saudável
• Apesar da esperança de vida ter aumentado
substancialmente no último século, continua a
registar-se uma enorme incidência de doenças
relacionadas com problemas ambientais e com o
desenvolvimento dos países.
• Os dados apresentados pela Comissão Europeia na
"Estratégia Europeia de Ambiente e Saúde" são preocupantes.
• Estima-se que nos países industrializados 20% das doenças
registadas sejam imputáveis a factores ambientais, registandose um aumento significativo de casos de asma e alergias.
• Estudo efectuado em 124 cidades (80 milhões de habitantes):
exposição a situações prolongadas de poluição do ar por
partículas não é negligenciável, inclusive na análise dos casos
de morte.
• Os europeus passam 85% a 90% do seu tempo em
ambientes fechados;
• outros estudos revelam que os níveis de poluição
do ar interior são duas vezes mais elevados do que
no exterior, favorecendo a existência de diversos
tipos de patologia.
Qualidade interior dos edifícios
• As deficientes condições do ar interior num edifício
traduzem-se em termos sociais num acréscimo de
custos com cuidados de saúde, com condições de
absentismo, com redução da produtividade.
• As razões da falta de qualidade do ar devem-se a
diferentes factores que podem ter origem no sistema
de climatização, na falta de sistema de climatização
adequado, na envolvente do edifício ou na deficiente
utilização do edifício.
Qualidade interior dos edifícios
• Nos casos mais graves uma percentagem
significativa dos ocupantes dum edifícios
pode sentir problemas de saúde diversos
(dores de cabeça, dificuldades respiratórias,
tonturas, cansaço generalizado).
• Um dos factores relevantes na garantia da qualidade
interior dum edifício é a qualidade do ar exterior.
Uma boa qualidade do ar nunca é possível num
edifício com uma envolvente de muito fraca
qualidade térmica.
• A qualidade da envolvente influencia o nível de
conforto interior, independentemente da existência
ou não de sistema mecânico de climatização.
• Uma concepção sustentada dum edifício deve:
• privilegiar a iluminação natural
• garantir que os materiais utilizados na construção
não libertam compostos orgânicos voláteis nem
partículas ou fibras
• reduzir as cargas térmicas
Os aspectos mais relevantes para
garantir a qualidade do ar interior são:
• Garantir a boa qualidade térmica da envolvente
• Garantir a instalação de correcto sistema de
ventilação e filtragem
• Evitar o uso de materiais que libertem compostos
orgânicos voláteis, incluindo o formaldeído (no
mobiliário, em alcatifas e carpetes, em cortinados,
em revestimentos)
• Utilizar soluções que evitem ou reduzam o uso
produtos químicos durante as operações de
manutenção
• Manter as condições de temperatura, humidade e
velocidade do ar dentro de condições de conforto
• Evitar a possibilidade de existência de condições
propícias ao desenvolvimento de agentes
patológicos, em especial ácaros e bactérias.
• Na generalidade, resulta difícil estabelecer
com precisão em que medida a qualidade do
ar interior pode afectar a saúde, já que não
se dispõe de suficiente informação sobre a
relação entre a exposição e o efeito nas
condições a que costumam estar presentes
os contaminantes.
• A qualidade do ar interior num edifício depende de uma
série de variáveis, como qualidade do ar exterior, o
desenho do sistema de ventilação e acondicionamento do
ar, as condições em que opera e se mantém este
sistema, a divisão em compartimentos do edifício e as
fontes interiores de contaminantes e sua magnitude.
• Em suma, pode afirmar-se que os defeitos mais
frequentes são consequência de una ventilação
inadequada, da contaminação gerada no interior e a
procedente do exterior.
• Edifícios mais herméticos
• Menor entrada de ar fresco
• Preocupações com a eficiência térmica
e redução de perdas.
• Uma característica importante dos contaminantes do ar
interior é que as suas concentrações variam espacial e
temporalmente mais que as do exterior.
• os níveis elevados de contaminantes gerados por
combustão, em particular de dióxido de nitrogénio e
monóxido de carbono em espaços interiores, costumam
proceder de aparelhos de combustão mal ventilados ou
com deficiente manutenção e do fumo do tabaco.
Síndroma do Edifício Doente
• A designação de "Síndroma do Edifício Doente"
manifesta-se pela aparição nos locais de trabalho
dos seguintes sintomas, num número significativo
de ocupantes desses locais:
Symptoms and illnesses related to the quality of indoor air
Síndroma do Edifício Doente
• -Irritação das mucosas do globo ocular, nariz e garganta;
• -Distúrbios neuropsiquiátricos;
• -Afecções cutâneas (pele seca, comichão);
• -Sintomatologia asmática;
• -Odor e gosto desagradáveis;
• Normalmente os sintomas agravam-se ao longo do dia,
quando a permanência nos edifícios é prolongada, diminuindo
à noite e nos fins de semana, ou quando se melhoram as
condições de ventilação dos locais.
Sindroma do Edifício Doente
• Algumas das consequências mais graves, a nível
médico, do "Sindroma do Edifício Doente” podem
ser:
• - Alergias;
• - Pneumonias - Legionelose;
• - Asbestose;
• --Carcinoma do pulmão;
• - Mesotelioma.
Contaminantes químicos característicos
• gases e vapores (inorgânicos e orgânicos)
• partículas
• podem ter penetrado no interior desde o ambiente
exterior ou terem-se formado dentro do edifício.
Contaminantes químicos principais e mais
comuns no ar interior
• 1. dióxido de carbono (CO2), um produto metabólico
que se utiliza como indicador do nível general de
contaminação do ar em relação com a presença de
seres humanos no interior.
Contaminantes químicos principais e mais
comuns no ar interior
• 2. monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogénio
(NOx) e dióxido de enxofre (SO2), gases de
combustão inorgânicos formados fundamentalmente
durante a combustão de combustíveis.
Contaminantes químicos principais e mais
comuns no ar interior
• 3. compostos orgânicos que se originam a partir de
diversas fontes interiores e do exterior.
Quatro grupos de compostos orgânicos:
• a) compostos orgânicos muito voláteis (COMV);
• b) compostos orgânicos voláteis (COV);
• c) compostos orgânicos semivoláteis (COSV),
• d)
compostos
(COAP).
orgânicos
associados
a
partículas
Fumo de Tabaco Ambiental
• A contaminação do ar interior por fumo de tabaco
procede do fluxo lateral e do fluxo principal de fumo
exalado, geralmente recebe o nome de fumo de
tabaco ambiental (ETS).
• Identificaram-se milhares de compostos diferentes
do fumo do tabaco, cujas quantidades individuais
varíam em função do tipo de cigarro e das
condições de produção de fumo: nicotina,
nitrosaminas, HPA, CO, CO2, NOx, acroleína,
formaldeído e cianeto de hidrogénio.
Contaminação Biológica
TIPOS DE FUNGOS NO AR INTERIOR
QUE PODEM CAUSAR RINITE E ASMA
MICRORGANISMOS QUE PODEM CAUSAR
ALVEOLITE ALÉRGICA EXTRINSECA
RELACIONADA COM OS AR INTERIOR
AR EXTERIOR
• A poluição atmosférica é um problema ambiental
transfronteiriço, que provoca efeitos nocivos, a curto
ou longo prazo, constituindo, por isso, preocupação
internacional.
• O aumento do nível das emissões de poluentes
atmosféricos numa região pode vir a intensificar
esses mesmos efeitos, nessa ou noutra região.
Adapt. de CONFAGRI:
2006
• A Revolução Industrial acelerou o crescimento económico e
demográfico, tendo acentuado o ritmo de exploração de
recursos renováveis (como o ar) e não renováveis (como os
combustíveis fósseis), provocando a degradação da qualidade
destes e da paisagem natural e cultural, nomeadamente pela
poluição do ar.
•
O uso de veículo próprio aumentou consideravelmente no
século XX, intensificando o tráfico rodoviário e a poluição
atmosférica, pela emissão de poluentes atmosféricos, como o
NOx (óxidos de azoto), SOx (óxidos de enxofre), Pb (chumbo),
CO (monóxido de carbono) e CO2 (dióxido de carbono).
Adapt. de CONFAGRI:
2006
Consequências/Efeitos
• Os poluentes atmosféricos são responsáveis por vários efeitos
sobre a saúde humana, ecossistemas, em materiais e
construções (como monumentos de mármore e metais) e no
clima (nevoeiro fotoquímico e efeito de estufa.
• A gravidade desses efeitos irá depender da:
• concentração do poluente
• tempo de exposição a este
Adapt. de CONFAGRI:
2006
• A maior parte dos poluentes atmosféricos gasosos
são transparentes (excluindo o NO2 - dióxido de azoto
- de cor castanha), pelo que grande parte dos efeitos
visíveis da poluição atmosférica são causados pela
interacção da luz com partículas em suspensão.
• As propriedades de dispersão e absorção de luz são
assim frequentemente usadas para estimar a emissão
de partículas em diversas fontes.
Adapt. de CONFAGRI:
2006
• Os poluentes atmosféricos SO2 (dióxido de enxofre), NOx, NH3
(amoníaco) e COVNM (compostos orgânicos voláteis não
metânicos) são gases acidificantes (GA), tendo como principal
orIgem as actividades de combustão, incluindo as provenientes
de:
• sector energético
•
transportes
• actividades agrícolas (aplicação de fertilizantes e pecuária)
• processos industriais com utilização de solventes.
Adapt. de CONFAGRI:
2006
Efeitos genéricos da poluição do ar
A poluição do ar tem vindo a ser a causa de um conjunto de
problemas, nomeadamente:
-Degradação da qualidade do ar;
-Exposição humana e dos ecossistemas a substâncias
tóxicas;
-Danos na saúde humana;
-Danos nos ecossistemas e património construído;
-Acidificação;
-Deterioração da camada de ozono estratosférico;
-Aquecimento global/alterações climáticas
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Os poluentes usados no cálculo do índice de qualidade
de ar
Existem diversos poluentes atmosféricos, mas vai-se focar a atenção
apenas naqueles que fazem parte do cálculo do índice de qualidade do
ar não só por fazerem parte deste último mas também por serem
comuns, especialmente nas áreas urbanas e industriais quotidianas.
São cinco os poluentes englobados no índice de qualidade do ar:
Monóxido de carbono (CO);
Dióxido de azoto (NO2);
Dióxido de enxofre (SO2);
Ozono (O3);
Partículas finas ou inaláveis (medidas como PM10)
LIMIARES DE ALERTA E INFORMAÇÃO
Poluente
O3
O3
NO2
Limiar
Limiar de Informação
Limiar de Alerta
Limiar de Alerta
SO2
Limiar de Alerta
Definição
180 µg/m3 (média horária)
240 µg/m3 (média horária)
400 µg/m3 medido em, pelo menos,
três horas consecutivas
500 µg/m3 medido em, pelo menos,
três horas consecutivas
Principais efeitos da presença de ozono troposférico
• a) Saúde humana – tosse, dor de cabeça, náuseas, falta de ar,
irritações oculares e danos na função pulmonar.
• b) Ecossistemas – redução da produção agrícola e florestal e do
crescimento da vegetação natural e semi-natural.
• c)
Materiais e Construção – o O3 é muito reactivo
quimicamente causando fragilidade, fendas e outras alterações
químicas nos diversos materiais (diminuição da elasticidade da
borracha, corrosão de metais e redução da resistência dos
tecidos e dos plásticos, entre outros).
Adapt. de CONFAGRI:
2006
SO2
• a) Saúde humana – gás directamente tóxico para os humanos;
perturbação das vias respiratórias, especialmente em doentes
com asma e outras doenças pulmonares crónicas;
• b) Ecossistemas, Materiais e Construção – poluente
acidificante.
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NOx
• a) Saúde humana – Inflamação das vias respiratórias; reduções
na função pulmonar; agravamento de reacções alérgicas de
indivíduos sensíveis;
• b) Ecossistemas, Materiais e Construção – poluente acidificante
e precursor da formação de ozono.
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2006
NH3
• a) Saúde humana - pode ser sufocante, de extrema irritação
aos olhos, garganta e trato respiratório e até causar severas
lesões no corpo, incluindo queimaduras (extensas queimaduras
podem levar à morte).
• b) Ecossistemas, Materiais e Construção - poluente
acidificante.
Adapt. de CONFAGRI:
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Compostos orgânicos voláteis
• a) Saúde humana - está incluída neste grupo uma grande
variedade de poluentes orgânicos com efeitos que vão desde
problemas respiratórios ligeiros a cancro;
• b) Ecossistemas e Materiais e Construção - poluente precursor
da formação de ozono.
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Matéria Particulada
• As PM10 (matéria particulada com diâmetro igual ou inferior a 10
mm) na atmosfera podem resultar de emissão directa (PM10
primárias) ou da emissão de precursores de partículas,
parcialmente transformados em partículas através de reacções
químicas atmosféricas (PM10 secundárias).
• As PM10 resultam assim das mesmas emissões que causam
acidificação, eutrofização e ozono troposférico.
• A perigosidade das PM depende do seu tamanho (as PM2.5 são as
mais perigosas em termos de mortalidade) e da sua composição
química. O transporte rodoviário e a indústria energética são os
principais contribuintes da emissão de PM.
Adapt. de CONFAGRI:
2006
• Para além dos precursores de partículas, as partículas PM10
constituem também uma importante ameaça sobre a saúde
humana e o ambiente, podendo aumentar a severidade de
problemas respiratórios (sobretudo Asma e DPOC), aumento do
risco de cancro do pulmão e de morte prematura.
• (a OMS estimou que anualmente, 100 000 mortes prematuras na
Europa devem-se à exposição a PM).
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Eutrofização
• A eutrofização pode resultar da deposição em excesso
de poluentes atmosféricos contendo azoto, como o
NOx e o NH3, nos ecossistemas, conduzindo a
alterações na composição de comunidades de plantas
e redução da biodiversidade destes.
Adapt. de CONFAGRI:
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Acidificação
• As emissões de NOx, SOx e NH3, combinadas com o vapor de água,
a luz solar e o oxigénio do ar, dão origem à formação de ácido
nítrico e ácido sulfúrico, que poderão cair sob a forma de
precipitação em locais distantes da emissão daqueles, dando
origem às chuvas ácidas.
• O efeito acidificante de cada um dos poluentes acima
identificados depende do seu potencial de acidificação e das
características dos ecossistemas e materiais expostos.
Adapt. de CONFAGRI:
2006
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