AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE FISICO-QUÍMICO DE PRODUTOS FARMACEUTICOS DURANTE O PROCESSO PRODUTIVO. MARCELO AUGUSTO ALENCAR LIMA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DO CURSO DE QUÍMICA INDUSTRIAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL EM QUÍMICA INDUSTRIAL ANÁPOLIS, GO – BRASIL JUNHO – 2012 i BANCA EXAMINADORA APROVADO EM ______/ ______ / ______ Prof . MSc. Lauro Bernardino Coelho Junior (Orientador) Prof . MSc. Wilsione José Carneiro (Membro) Prof . MSc. Tarcísio Souza (Membro) ii ALENCAR, MARCELO AUGUSTO LIMA. AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE FISICOQUÍMICO DE PRODUTOS FARMACEUTICOS DURANTE O PROCESSO PRODUTIVO. xi, 43p. 29,7cm (UnUCET/ UEG, Bacharel, Química Industrial, 2012) Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Estadual de Goiás, UnUCET 1. Medicamento 2. Controle de Qualidade Físico-Químico 3. Análises Fisico-Químicos 4. Teor 5. Dissolução I. UnUCET/ UEG II. Título (série) iii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, Agostinho de Lima Silva e Maria Jivaneide de Alencar Lima, meu irmão, familiares e amigos que acompanharam toda a minha vida. Se não fossem vocês eu poderia ter desistido nas primeiras dificuldades que eu encontrasse nesta longa caminhada que tive até hoje. Amo vocês, todos então em meu coração. iv AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pois ele que me deu todas as forças necessárias para que eu nunca desistisse dos meus sonhos, sempre me dando tranquilidade. Iluminou-me em vários momentos e me deu todo o conhecimento necessário para que eu conseguisse ingressar em uma Universidade Pública e ter conseguido vencer várias barreiras durante o curso de Química Industrial. Agradeço a meus pais, Agostinho de Lima Silva e Maria Jivaneide de Alencar Lima, que me deram a educação, estrutura, aconselhamentos necessários para que eu conseguisse ser alguém e com consciência e podendo fazer minhas próprias escolhas. Agradeço e meu irmão Vitor Hugo de Alencar Lima, que sempre me aturou quando eu precisava treinar minhas apresentações para a faculdade, mesmo com algumas brigas, mas são coisas de irmãos. Agradeço a minha família também por sempre acreditarem em mim, por estarem presente na minha longa caminhada. Amo muito vocês. Agradeço a meus amigos Marcelo Santos Cunha, Cayo Henrique Santos Cunha, Juliano Candido Rosa, Marcos Candido Rosa, Leandro Borges Alves, Yago Leon, Rafael Alves, Marco Aurélio Silva Filho, Pedro Francisco, Raphael Vinícius, Geraldo Junior, Lucas Guimarães que sempre estiveram junto comigo, nas alegrias, nas tristezas. Ajudaram-me muito no momento mais difícil da minha vida, que foi quando minha mãe estava com um tumor no cérebro, se não fosse o apoio de vocês eu não sei o que poderia ter sido da minha vida, sem os momentos em que passamos. A meus amigos e professores da Escola Raios do Sol e do Colégio Progressivo e da Universidade Estadual de Goiás, que me deram os conhecimentos necessários para que eu conseguisse uma carreira e dando suporte para que eu conseguisse um bom emprego. Agradeço a meus amigos da faculdade que sempre me ajudaram, pois sempre me deram as condições necessárias para que eu conseguisse estudar em Anápolis, me ajudaram não nas questões de deixar dormir em suas casas, almoçar ou coisa do tipo, mas pelas amizades que conseguimos criar neste tempo, as dificuldades em que todos juntos conseguimos superar. Agradecimentos especiais á Rafaella Borges Azevedo, uma das minhas companheiras de sala de aula e companheira de ônibus, nas longas voltas para Goiânia, a Vanessa Tiarini que mesmo não estudando mais comigo, ampliei o meu carinho e afeto por esta pessoa que se tornou uma grande amiga, passamos por grandes dificuldades juntos, mas tudo que fizemos valeu a pena. Amo vocês. v Agradeço a Cleidianny Carvalho, que foi uma pessoa que conheci há pouco tempo, mas que sempre esteve presente na época da mais difícil de minha vida teve que me aturar e atura até hoje, mas sempre está ali me ajudando, me dando carinho, atenção e que me conquistou com o seu jeito simples de ser. Amo você. Agradeço ao meu orientador Lauro Coelho por acreditar no meu trabalho e por me dar dicas importantes para o meu crescimento profissional e para a complementação deste trabalho. Agradeço também a equipe do controle de Qualidade Físico-Químico da Neo Química Indústria farmacêutica, que me ensinaram e me deram suporte para a realização do meu trabalho de conclusão de curso e para minha carreira como químico. vi Resumo do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a UnUCET/ UEG como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Bacharel em Química Industrial AVALIAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE FISICO-QUÍMICO DE PRODUTOS FARMACEUTICOS DURANTE O PROCESSO PRODUTIVO. Marcelo Augusto Alencar Lima Junho 2012 Orientador: Prof . MSc. Lauro Coelho Curso: Química Industrial RESUMO Há tempos muito antigos, já se sabia sobre a existência de alguns fármacos ou drogas que eram utilizados. Os produtos mais utilizados eram de origem vegetal e mineral. Estudos mais aprofundados nas áreas de descoberta de fármacos, estruturas e funcionalidade dentro de organismos vivos (humanos) foram aumentando com o tempo (século XX), passando a formação das primeiras farmacopeias. Hoje em dia para a aceitação do produto no mercado e pelo consumidor, os medicamentos são acompanhados e testados em sua qualidade, desde a matéria prima até o produto final. As análises para qualidade do produto e liberação para o mercado estão incorporadas ao Controle de Qualidade FísicoQuímico, onde se realiza os testes de teor (doseamento), dissolução, uniformidade, aspecto, entre outros e são analisadas por métodos de titulação, espectrofotometria e cromatográfica de alta eficiente (HPLC), onde estes termos são especificados pela farmacopeia Brasileira ou norte Americana (USP) e são vistoriados pela ANVISA. O objetivo do trabalho é mostrar as técnicas de análises do Controle de Qualidade Físico-Químico em formas farmacêuticas sólidas (comprimidos) em produtos em processo e produtos acabados, para aprovação do produto a ser vendido no mercado. Os produtos analisados neste trabalho possuíram resultados dentro dos parâmetros de aprovação, com valores entre 90% a 110% para teor, 85% a 115% com desvio padrão relativo menor que 6 para a uniformidade, 70% + 5% para a dissolução e características dentro do especificado para o aspecto. vii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO. ........................................................................................................... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 3 2.1 PRODUÇÕES DE MEDICAMENTOS ................................................................. 3 2.1.1 Histórico ....................................................................................................................... 3 2.2 PROCESSOS FABRIS ........................................................................................... 6 2.2.1 Descobertas de Fármacos, Testes de Eficiência do Fármaco e Inserção no Mercado . 6 2.2.2 Produção de Medicamentos na Indústria .................................................................... 8 2.3 ANÁLISES QUÍMICAS DENTRO DO CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO ..................................................................................................... 11 2.3.1 Introdução ao Controle de Qualidade Físico-Químico ............................................... 11 2.3.2 Controle de Processo ................................................................................................. 12 2.3.3 Análises de Produtos em Processo e Produtos Acabados ......................................... 12 2.3.4 Rastreabilidade........................................................................................................... 20 3. MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 22 3.1 MATERIAIS E REAGENTES ............................................................................. 22 3.2 MÉTODOS ........................................................................................................... 24 3.2.1 Aspecto ....................................................................................................................... 24 3.2.2 Uniformidade de Doses Unitárias .............................................................................. 25 3.2.3 Dissolução (Porcentagem Dissolvida de Sildenafila em Comprimidos de 50 mg). .... 27 3.2.4 Teste de Teor de Ativo Presente no Medicamento ................................................... 28 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................. 31 4.1 ASPECTO ............................................................................................................. 31 4.2 UNIFORMIDADES DE DOSES UNITÁRIAS ................................................... 31 4.2.1 Uniformidade por Peso (Dipirona em Comprimidos de 1G) ...................................... 31 4.2.2 Uniformidade por Conteúdo (Losartana Potássica em Comprimidos 50 mg) ........... 33 4.3 DISSOLUÇÃO (CITRATO DE SILDENAFILA 50 MG) .................................. 35 4.4 TESTES DE TEOR DE ATIVO PRESENTE NO MEDICAMENTO ................ 37 4.4.1 Teor Inicial (Ceprofen 50 mg) ..................................................................................... 37 1 4.4.2 Teste de Teor Final Ativo (Dipirona 300 mg+ Cafeína 30 mg+ Isometepteno Mucato 30 mg).................................................................................................................................. 39 5. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 41 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 42 2 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Aparelho de Karl Fischer .............................................................................. 14 Figura 2– Dissolutor Hanson. ......................................................................................... 17 Figura 3 – Titulação ........................................................................................................ 18 Figura 4 – Espectrofotômetro UV .................................................................................. 19 Figura 5 – HPLC: Cromatografia de alta eficiência. ...................................................... 20 Figura 6- Leitura Losartana Potássica (tempo de corrida). Sobreposição das amostras. 34 Figura 7- Leitura do tempo de corrida do Citrato de Sildenafila. Sobreposição das amostras sobre o padrão. ................................................................................................ 36 Figura 8 - Gráficos de absorbância pelo comprimento de onda do branco e do Padrão. 37 Figura 9 - Gráfico de calibração e valor de comprimento de onda do padrão. .............. 38 Figura 10- Gráfico da absorbância pelo comprimento da amostra de Ceprofen inicial, resultado do valor de absorbância de Ceprofen. ............................................................. 38 Figura 11 – Leitura do tempo de corrida em minutos de cada ativo presente no medicamento................................................................................................................... 40 3 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Valores de peso individual dos comprimidos e teores encontrados. .............. 31 Tabela 2- Valores de peso individual dos comprimidos, teores encontrados e a área dos picos. ............................................................................................................................... 33 Tabela 3 – Número de comprimidos, peso e o teor em porcentagem de Sildenafila presente em cada comprimido. ....................................................................................... 35 Tabela 4- Valores de porcentagem dos ativos e área dos picos de cada ativo presente no medicamento................................................................................................................... 39 4 1. INTRODUÇÃO. Os primeiros conhecimentos sobre medicamentos e drogas vêm desde os tempos antigos e eram muito utilizados em rituais religiosos, cultos, festas, em caças entre outros e geralmente com propriedades alucinógenas e/ou afrodisíacas. As matérias mais utilizadas eram produtos de origem vegetal e minerais (BARREIRO, 2011). Com o tempo, foram feitos vários estudos sobre estes tipos de produtos e drogas e a sua atuação no homem. Mas até antes do século XIX a quantidade de fármacos pesquisados e encontrados não eram em grande escala, isso devido à falta de tecnologias e estudos mais aprofundados em outros assuntos que se relacionavam a esta área. A partir do século XX houve uma explosão na descoberta de novos fármacos, geralmente estas descobertas eram ao acaso. Assim com o desenvolvimento de tecnologia e técnicas adequadas começou a se desenvolver farmacopeias mais completas, estudos sobre desenvolvimento de novos fármacos, biodisponibilidade e bioequivalência, produção em larga escala (época da segunda guerra mundial) e estudos de mercado (CIPOLLE, STRAND, MORLEY, 2006). Dentro da indústria se busca produção de medicamentos mais lucrativos, ou seja, produção de medicamentos para tratamento de doenças mais frequentes. Mas para a introdução deste produto no mercado, é preciso fazer vários testes durante a produção de um medicamento, como o controle de qualidade das matérias primas. A produção do medicamento deve seguir regras e procedimentos que vão facilitar o trabalho e garantir a produção de medicamentos com resultados adequados e garantir também a reprodutibilidade destes resultados. Estas regras são previstas e vistoriadas pela ANVISA (ARAGÃO, 2002). 1 Depois de feito o medicamento é preciso passar pelo Controle de Qualidade Físico-Químico, onde vão ser feitos testes para determinar se os produtos ou medicamentos terão as características condizentes com o que é especificado, assim podendo ser aceito no mercado (NIELSEN, 1978). A finalidade deste trabalho é mostrar as análises feitas dentro de um laboratório de Controle de Qualidade Físico-Químico de uma indústria farmacêutica em medicamentos de forma farmacêutica sólida, mais especificamente em comprimidos, para que os produtos tenha um alto grau de qualidade, segurança e aceitação do produto pelo consumidor. Garantindo assim uma alta credibilidade a empresa (TRAISNEL, GAYOT, 1995). 2 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 PRODUÇÕES DE MEDICAMENTOS 2.1.1 HISTÓRICO O conhecimento das drogas para o tratamento de doenças vem desde a antiguidade, há anos antes de Cristo. As primeiras drogas encontradas e a maioria das drogas hoje existentes são de origem vegetal ou desenvolvidas a partir de sínteses químicas planejadas de produtos naturais e eram geralmente consumidos na forma de chás ou poções. Povos antigos (3000 a.C.) já tinham um conhecimento sobre a utilização de algumas plantas e minerais para o tratamento de certos tipos de doenças, como os chineses utilizavam de algumas plantas para o tratamento da malária, índios que utilizavam de certas raízes ou plantas onde colocavam estas poções e extratos na ponta de flechas com a função de imobilização e/ou envenenar suas presas e também esses produtos eram usados para a cura de diarreias, febre (KOROLKOVAS E BURCKHALTER, 1982). Outras utilizações eram em rituais religiosos ou festas, devido a características alucinógenas e ou afrodisíaca, exemplo disso é a planta Papaver Somniferum, conhecido como uma das plantas mais antigas utilizadas pelo homem (400 a.C.), de onde se extraia o ópio, que por relatos tinham funções de curar dores de cabeça, utilizado contra asma. Existem drogas que são provenientes de não só de vegetais, mas também provenientes de fungos, bactérias e sintéticos (BARREIRO, 2011). Os sais metálicos ou inorgânicos começou a ter indícios de serem utilizados como drogas no século IV a.C. Foi proposto Hipócrates onde seus ensinos foram utilizados por praticamente toda a Idade Média (KOROLKOVAS E BURCKHALTER, 1982). 3 Nos anos de 129-199, Galeno, considerado o fundador da Farmácia, divulga a utilização de extratos vegetais na utilização de cura de doença. As formulações farmacêuticas que provinha das plantas eram conhecidas como formulas galênicas (BARREIRO, 2011). As ideias por ele divulgadas predominaram por 1500 anos, onde a partir do século XV e XVI começaram a surgir os primeiros embriões das farmacopeias com informações sobre o uso de remédios de origem vegetal. Nos séculos seguintes a quantidade de fármacos descobertos enriqueceram mais ainda as farmacopeias. Os conhecimentos sobre a química farmacêutica elevou-se com as descoberta de que muitos compostos químicos possuem toxidade seletiva em relação a alguns agentes com função infectante e também começou os rumores sobre a teoria da chave e fechadura, onde explica o modo de ação destas drogas ou fármacos (KOROLKOVAS E BURCKHALTER, 1982). No século XX, a gama de fármacos descobertos foram muito grandes, relatos históricos indicam que mais de 200 fármacos foram prescritos e começaram a ser conhecidos neste século. Houve diferentes processos para encontrar novos fármacos, mas dentre estes, a sorte e o acaso foram um dos principais fatores para descobertas importantes de novos produtos farmacêuticos e desde o ano de 1950 muitos fármacos já eram vendidos e/ou comercializados (CIPOLLE, STRAND, MORLEY, 2006). Um importante ativo que teve o “acaso” como mão chefe foi a Penicilina-G que foi observado primeiramente por volta de 1896 por Ernest Duchesne, mas na época a sua caracterização por cientistas não foi possível devido à instabilidade. Mas em 1929 á 1930 isto foi possível por Sir Alexander Fleming, onde foi observado por ele que placas que foram esquecidas em bancada, apresentavam-se com um número de colônias em quantidade reduzida, assim foi feito um tratamento destas placas onde foi descoberta a presença do fungo Penicillum Notatum, observando então suas propriedades 4 antibacterianas, assim descobrindo a penicilina. Mas o isolamento e o teste em animais foram possíveis por volta de 1940, devido a estudos feitos por Sir Ernst Chain e Lord Howard Florey (BARREIRO E FRAGA, 2008). Outros produtos como agentes neuroativos, Sulfas diuréticas, Citrato de sildenafila (Viagra), Mefiprestona (pílula do dia seguinte), Ansiolíticos Benzodiazepínicos, foram os principais fármacos descobertos ao acaso (BARREIRO E FRAGA, 2008). Outro processo de descoberta de fármacos muito importante são as drogas obtidas por metabolismo de outras drogas. Nestes processos foram descobertos alguns ativos que atuavam no corpo com uma eficácia maior depois de metabolizados, exemplo disto é o paracetamol que se metabolizava em acetanilida e fenacetina (BARREIRO E FRAGA, 2008). Armamentos utilizados durante a Segunda Guerra Mundial, como a mostarda nitrogenada, foram observados e estudados, pois este poderia ter funções quimioterápicas. Assim foram descobertos agentes anti-metabólitos e alquilantes presente na mostarda nitrogenada. (CIPOLLE, STRAND, MORLEY, 2006). A descoberta de vários fármacos, as intervenções farmacêuticas em vacina, descoberta de analgésicos aumentaram e muito e melhoraram a qualidade de vida das pessoas. Os conhecimentos adquiridos até este momento foi conhecido como a primeira revolução farmacêutica. A segunda revolução farmacêutica e hoje conhecida como farmacologia contemporânea utiliza-se de isolamentos e caracterização de fármacos presentes em células animais (CIPOLLE, STRAND, MORLEY, 2006). 5 2.2 PROCESSOS FABRIS 2.2.1 DESCOBERTAS DE FÁRMACOS, TESTES DE EFICIÊNCIA DO FÁRMACO E INSERÇÃO NO MERCADO As tendências seguidas por todas as indústrias farmacêuticas é fazer o direcionamento racional de estudos e investimentos, pesquisas de alto custo e especialização, restrição do mercado às grandes corporações e por fim fazer pesquisas de doenças lucrativas como principal alvo (exemplo são os remédios para gripe). Logo as indústrias podem utilizar de um fármaco já conhecido para começar a produção em escala de produtos com este ativo ou investem na descoberta de novos fármacos. As exigências que o novo fármaco deve seguir são: o elevado grau de segurança, ser eficaz no tratamento da doença ao qual este fármaco foi desenvolvido e deve ser obtido em sua forma mais pura e seu processo de produção deve ser de fácil reprodutibilidade (BARREIRO, 2007). Para o medicamento chegar ao mercado, é preciso passar por várias etapas. Estas etapas são: descoberta do alvo (ou fármaco em potencial), descoberta do fármaco, fases pré-clínicas e clínicas e estudos de mercado. Na descoberta do alvo (primeira etapa) é observado a sua estrutura molecular, sua seletividade e o seu potencial como fármaco, ou seja, que seu efeito biológico seja eficaz. Assim é feito a validação do fármaco. A segunda etapa é a descoberta do novo fármaco, onde é feito a modificação da estrutura deste para otimizar ou melhorar o efeito biológico do fármaco. Então nesta parte é feito uma formulação, logo o candidato a fármaco passa por testes para ser observado a sua metabolização, sua toxidade, seletividade. Assim este novo fármaco pode ser potencializado e dosado. Logo após é feito pesquisas e desenvolvimento de 6 processos, com a função de aperfeiçoar as etapas de síntese (aumento da eficiência, redução das etapas de síntese) (McCARTHY, FRIZELLE, RICHARD, 2002). A terceira etapa é a fase pré-clínica, onde vão ser testadas as formulações propostas em animais (usualmente em ratos). Vão ser feito relatórios, mostrando todos os efeitos observados nos animais como os efeitos farmacológicos e os ricos identificados (toxicologia), assim podendo definir qual a melhor formulação e dosagem, ou seja, aquela que apresentou uma maior eficácia no tratamento da doença proposta (OLIVA, 2006). A quarta etapa é a fase clínica onde se divide em três fases. Na primeira fase é ministrado o medicamento em pacientes saudáveis durante 6 meses, onde vão ser observado a farmacocinética, ou seja, o que o nosso corpo fez com o medicamento (como foi absorvido, distribuído, metabolizado e excretado), observando também a farmacodinâmica, como o fármaco irá atuar no nosso organismo. Na segunda fase são utilizados voluntários com o tipo de doença que o fármaco irá atuar. O teste feito é chamado de teste cego, pois os pacientes e os pesquisadores não saberão quem consumiu o placebo, o fármaco novo e o fármaco de controle. Assim com as observações feitas neste teste, podem-se fazer algumas correções para aumentar a segurança do medicamento. A terceira fase se confunde com a segunda fase, mas utiliza-se um número de voluntários maior. A quarta etapa consiste na inserção e na aceitação do novo fármaco no mercado. São mandadas todas as observações do fármaco (suas características benéficas ao homem, toxicologia, dosagem), para órgãos responsáveis pela aprovação do fármaco. Durante o processo de aprovação são feitos novos testes para analisar se não falta nenhuma característica que não foi observada nos testes feitos anteriormente e feito também testes de mercado como a eficácia do novo 7 medicamento em relação a outros medicamentos com a mesma função, o custo deste novo medicamento (McCARTHY, FRIZELLE, RICHARD, 2002). 2.2.2 PRODUÇÃO DE MEDICAMENTOS NA INDÚSTRIA A produção de um medicamento sólido (comprimido, comprimido revestido) passa por vários processos até chegar ao produto final. Os processos utilizados são a mistura, moagem, secagem e compressão, estes processos são para a produção de sólidos em pó e formação de comprimidos. Alguns medicamentos passam por um processo de revestimento (STETSKO, 1983). O processo de mistura é uma das operações unitárias mais utilizadas dentro da Indústria farmacêutica, podendo misturar diferentes tipos de pós, onde este serão misturado e não podem mais serem separados, por isso neste processo toma-se muito cuidado com as quantidades de matéria prima utilizada para a produção do medicamento, a densidade, rugosidade e elasticidade dos pós para poder obter um produto com características adequadas. O tipo de misturador mais utilizado dentro da indústria farmacêutica é o misturador por lote, onde os misturadores possuem formas geométricas (duplo cone, cúbico e cilíndrico) e giram sobre um eixo (NIELSEN, 1978). O movimento de rotação que irá favorecer a mistura de pós. O misturador duplo cone é o mais visto dentro da produção por sua eficácia no favorecimento e acentuação do atrito entre partículas e no transporte de partículas. O pó geralmente cai em cascata dentro destes misturadores, logo a maior eficiência de uma mistura de pó também irá depender da velocidade de rotação dos misturadores. A velocidade a ser empregada no misturador irá depender do tamanho das partículas de pó e da cascata produzida por eles. Geralmente utilizam-se velocidades medianas, pois em velocidade baixas não produz a cascata adequada e em velocidades altas o pó tende a ficar presa a parede, 8 diminuindo a eficiência do processo de mistura (LACHMAN, LIEBERMAN, KANIG, 2001). Processo de moagem terá a função de diminuir o tamanho das partículas sólidas e o tamanho destas partículas é determinado na unidade mesh (10 mesh equivale a 1346 µm). O tamanho das partículas determina o a classificação da partícula, ou seja, partículas grosseiras (maior do que 20 mesh), partículas intermediárias (20 a 200 mesh) e partículas finas (menor que 200 mesh) (LACHMAN, LIEBERMAN, KANIG, 2001). O processo de moagem como tem a função de reduzir o tamanho destas partículas, também terá a função de aumentar a superfície de contato destas partículas, facilitando então o processo de dissolução de um comprimido ou de um pó em um solvente (LACHMAN, LIEBERMAN, KANIG, 2001). O tipo de moinho a ser escolhido para esta operação dependerá da natureza do pó obtido no processo de mistura, como a quantidade de água presente no material, ponto de fusão do pó ou pode depender também das especificações do produto que se quer obter (LACHMAN, LIEBERMAN, KANIG, 2001). O tipo de moinho mais utilizado dentro da indústria farmacêutica é o moinho de martelo, devido a sua versatilidade de redução (reduz em várias escalas), podendo então ser utilizados para pós-secos ou grânulos úmidos. As velocidades a serem utilizadas devem ser maiores do que a utilizada no processo de mistura, para favorecer o processo de moagem (PARROTT, 1975). Depois da operação de moagem, o material é levado para os secadores, onde vão retirar quase toda a umidade presente dentro de um produto em processo. Isso facilitará a eliminação do produto por bactérias, fungos e leveduras. O tipo de secador mais utilizado são os secadores de leito estático, mais específico, secadores de tabuleiro. O calor para a secagem deste material é proveniente do vapor d’água e/ou da eletricidade. Para uma secagem uniforme do material o fluxo de ar é uniforme em todo 9 compartimento do secador (fluxo de ar constante) (LACHMAN, LIEBERMAN, KANIG, 2001). Na operação de compressão e consolidação do pó, o material em processo de produção vai passar por compressores com a função de reduzir e homogeneizar as partículas em pó. A facilidade deste processo irá depender da natureza dos materiais presente no pó (LACHMAN, LIEBERMAN, KANIG, 2001). Depois dos testes feitos com o produto inicial dentro do laboratório de controle de qualidade, o produto é liberado para outra etapa de compressão, mas agora para a formação do comprimido. O comprimido é a forma farmacêutica sólida mais utilizada na produção de remédios isso devido a sua difícil alteração depois de ser formado o comprimido, é fácil a percepção de alguma alteração que pode ter ocorrido, o transporte de comprimidos é muito mais fácil em relação a líquidos, o custo de produção é muito menor. A sua utilização é maximizada, pois se pode administrar nestes comprimidos a quantidade certa de ativo em cada comprimido, ou seja, facilita ainda mais na hora da utilização do medicamento, pois cada comprimido já tem a dose certa para o consumidor. Algumas desvantagens podem ser percebidas na hora do consumo, pois existem alguns comprimidos amargos, outros podem ser sensíveis ao oxigênio, assim estes fármacos tende a ser passados para outras formas farmacêuticas (COSTA, LOBO, 1999). O equipamento de compressão para a formação de comprimidos mais utilizado dentro de uma indústria farmacêutica é com compressores rotativos. Este equipamento pode ser programado em questão da força de compressão, a quantidade de alimentação, assim podendo garantir comprimidos mais homogêneos, uniformidade entre os comprimidos bem parecidos (SHOTTON, OBIORAH, 1983). Depois de formado os comprimidos são feitos vários testes para verificar a resistência mecânica do comprimido, uniformidade, características organolépticas, 10 cortes e ranhuras, biodisponibilidade adequada ao comprimido final. Assim mantendo toda a uniformidade de um lote de medicamento (SETH, BANDELIN, SHANGRAW, 1980). O processo de revestimento de comprimidos encarece mais todo o processo de produção de um medicamento, mas geralmente é preciso da utilização deste processo devido a várias características que um medicamento pode ter de desagradável ao consumidor ou o efeito que um medicamento deve ter. A utilização do processo de revestimento tem o objetivo de marcar o sabor do fármaco ou a cor, controle da liberação do fármaco (lentamente), proteção do fármaco contra a etapa gástrica (estômago) para se chegar à etapa entérica. Um revestimento muito utilizado para mascarar o sabor desagradável de um medicamento, é o revestimento drágea (revestimento de açúcar). O equipamento utilizado para a formação dos revestimentos são os sistemas de bacias convencionais, onde se adiciona o medicamento nestas bacias, fazendo movimento de rotação, depois são adicionados os aditivos que irão fazer o revestimento do comprimido. Neste sistema de bacias existe aquecimento, o que irá favorecer para a secagem do revestimento no comprimido (STETSKO, 1983). Logo após este revestimento, os comprimidos irão passar por testes de dissolução, para ser observado se os comprimidos irão dissolver conforme o previsto pela empresa. 2.3 ANÁLISES QUÍMICAS DENTRO DO CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO 2.3.1 INTRODUÇÃO AO CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO É a parte das Boas Práticas de Fabricação relacionada à amostragem, às especificações, aos testes, aos procedimentos de organização, à documentação e aos procedimentos de liberação, que garantirão que os testes sejam executados e que os 11 materiais não sejam liberados para uso, nem os produtos liberados para venda ou fornecimento até que a qualidade dos mesmos seja julgada como satisfatória (USP29, 2005). Controle de Qualidade é o conjunto de operações (programação, coordenação e execução) com o objetivo de verificar a conformidade de um produto frente às especificações estabelecidas, ou seja, controle exercido sobre qualquer processo independentemente do escopo. Controle de qualidade está envolvido no desenvolvimento de sistemas os quais asseguram que os produtos ou serviços são projetados e produzidos para ir ao encontro ou superar as expectativas dos usuários (RDC 17, 2012). A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é o órgão federal com a função de vistoriar toda uma indústria farmacêutica, desde o processo de produção até os testes de liberação de produto, fazendo-se também a vistoria de laudos. E os procedimentos a serem realizados dentro de um laboratório de Controle de Qualidade Físico-Químico para liberação de produto, são previstas pela farmacopeia (ARAGÃO, 2002). 2.3.2 CONTROLE DE PROCESSO São fichas com informações dos tipos de análises que devem ser feitas, para a aprovação de um produto. Tem como objetivo fiscalizar e possivelmente elaborar modos de classificação de defeitos, englobamento entre produção e controle de qualidade para a resolução dos possíveis problemas e defeitos (USP29, 2005). 2.3.3 ANÁLISES DE PRODUTOS EM PROCESSO E PRODUTOS ACABADOS Os tipos de análises realizadas para garantir a qualidade de um produto são as análises físicas (peso médio, volume médio, altura, dureza, diâmetro de 12 comprimidos, friabilidade, densidade), onde estes são realizados na própria produção, testes microbiológicos (controle de qualidade Microbiológico), aspecto, análises de umidade (método Karl Fischer ou balança de infravermelho), dissolução, uniformidade e teor de ativo, que são feitos dentro do laboratório de controle de Qualidade FísicoQuímico (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010). 2.3.3.1 ASPECTO O teste de aspecto é realizado no produto em processo e produto acabado. Durante o processo, são verificados: cor, odor, homogeneidade do granulado ou do produto a granel, se há presença de partículas estranhas, enfim, se o produto está conforme o especificado. Já no produto acabado, são verificados não só o aspecto do produto, mas também os materiais de acondicionamento e embalagem (blísters, frascos, bulas, caixas, tampas, rótulos) (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2012). 2.3.3.2 UMIDADE Esta análise é feita através do método Karl Fischer como mostrado na Figura 1, onde a fração de água da substância analisada dissolvida em metanol reage quantitativamente com a solução anidra de iodo e dióxido de enxofre presente no reagente titulante de Karl Fischer (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010). O fim do consumo d’água pela reação é indicado automaticamente no display do aparelho, que também emite relatório impresso. O resultado é expresso em porcentagem e corresponde ao resultado da fórmula abaixo: Porcentagem de umidade % V F 100 m onde: 13 V = volume gasto na titulação (ml) F = fator do reagente de Karl Fischer m = peso da amostra (mg) Figura 1 – Aparelho de Karl Fischer Fonte: http://www.labnews.co.uk/products/category/karl-fischer-titrator/ 2.3.3.3 UNIFORMIDADE DE DOSES UNITÁRIAS Visa determinar a uniformidade de doses unitárias, em formas farmacêuticas com único fármaco ou com mais de um componente ativo, ou seja, visa verificar se vários comprimidos de um mesmo lote possuem quantidade de ativo semelhante e dentro do especificado, geralmente a quantidade de ativo deve estar entre 85 a 115% ou com um DPR (desvio padrão relativo) menor ou igual a 6. Os resultados são obtidos por análises espectrofotométricas ou por análise instrumental (cromatografia) (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010). A uniformidade das doses unitárias de formas farmacêuticas pode ser determinada por dois métodos: variação de peso e uniformidade de conteúdo. A uniformidade de doses unitárias por variação de peso pode ser feita em produtos que 14 possuem quantidade de ativo maior que 25 mg. São geralmente empregados em comprimidos, onde se pesam 10 amostras, onde estas amostras são pulverizadas e a partir do resultado do doseamento conforme a metodologia analítica/monografia individual calculando logo após o conteúdo do componente ativo, assumindo, distribuição homogênea desse componente (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2012). Na uniformidade de doses unitárias por conteúdo, é feito a análise das amostras separadamente, ou seja, comprimido por comprimido e com quantidade de ativo menor que 25 mg. No caso, pesam-se os 10 comprimidos individualmente e coloca-se nas vidrarias especificadas na metodologia e fazem-se as diluições necessárias. Calculando o conteúdo de ativo presente desse componente (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2012). Depois de feitas as análises e calculado a quantidade de ativo em cada amostra, calcula-se o DPR através da Equação 1 e 2. (1) S (x i x )2 n -1 , (2) DPR(%) S 100 x Em que: S = desvio padrão da amostra DPR = desvio padrão relativo (desvio padrão expresso em % da média) X = média dos valores obtidos nas unidades testadas expressas como porcentagem da quantidade declarada n = número de unidades testadas x1, x2, x3 ... xn = valores individuais (xi) das unidades testadas em porcentagem da quantidade declarada (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010). 15 2.3.3.4 DISSOLUÇÃO Visa determinar a porcentagem da quantidade de princípio ativo, declarado no rótulo do produto, liberado no meio de dissolução, dentro do período de tempo especificado na metodologia analítica/monografia de cada produto. O teste visa demonstrar se o produto atende às exigências constantes da metodologia analítica/monografia do medicamento para comprimidos e cápsulas (YUKSEL, KANIK, BAYKARA, 2000). A metodologia mostra todas as informações necessárias para o processo de dissolução, como o tempo de corrida da dissolução, a quantidade de meio de dissolução dentro de cada cuba (recipiente onde armazena o meio de dissolução) que pode variar em 500 mL, 900 mL e 1000 mL (dependendo do produto a ser analisado), o tipo de dispositivo de agitação (pá, pá com skinker, cesto), o tipo de meio de dissolução, temperatura geralmente varia de 37ºC ± 0,5ºC e os intervalos em que se deve retirar. Nestes intervalos de tempo especificados na metodologia analítica/monografia do produto, retira-se da zona média, entre a superfície do meio de dissolução e a parte superior dos cestos ou pás, amostra para análise. A menos que especificado na metodologia analítica/monografia do produto, é preciso repor o volume da amostra retirado com líquido de dissolução (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2012). Geralmente as amostras a serem realizadas são coletadas no final do processo, assim é feita as diluições se especificadas na metodologia analítica/monografia e feita às análises de teor em espectrofotômetro ou em cromatografia (HPLC-Cromatografia líquida). A quantidade de amostra a ser analisada são de 6 comprimidos, isso quando há apenas uma amostra do lote. Quando a amostra chega ao controle de qualidade Físico-Químico em frações, a quantidade de amostra a ser analisada dependerá desta 16 quantidade de frações (USP29, 2005). A quantidade liberada de ativo para que o produto seja aprovado, irá depender de cada produto. Produtos que possuem etapas gástricas e entéricas, geralmente deve ter uma quantidade de ativo dissolvida menos que 10% na etapa de resistência (gástrica) e na etapa entérica irá variar com o produto analisado, mas geralmente para a aprovação é preciso que a quantidade de ativo seja maior que a quantidade especificada no método mais 5% (T%+5%). Para produtos de apenas uma etapa para ser aprovado também deve seguir o critério de quantidade especificada pelo no método mais 5% (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010). Na Figura 2 é mostrado um tipo de dissolutor usado na indústria farmacêutica. Figura 2– Dissolutor Hanson. Fonte: http://www.flowscience.com.br/dissolutor-comprimido-SR8-apre.html 2.3.3.6 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ATIVO PRESENTE NO MEDICAMENTO Visa determinar a quantidade de princípio ativo presente em uma determinada amostra, que pode ser realizada através de métodos físico-químicos (titulação e espectrofotometria) e/ou por métodos instrumentais (cromatografia) (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2010). 17 A determinação de teor por Titulação consiste em um método químico no qual a substância a ser dosada é dissolvida em solvente específico e posteriormente tratada com uma solução padronizada específica (titulante), e o ponto de viragem (ponto que indica o final da reação) sendo determinado instrumentalmente (utilizando pH metro, por exemplo) ou visualmente com a adição de indicador apropriado, como mostrado na Figura 3. O solvente, a solução titulante, determinação do ponto de viragem e os cálculos de quantidade de ativo presente estão descritos na metodologia analítica/monografia da substância a ser analisada. Os tipos de titulação mais envolvidos no controle de qualidade Físico-Químico são os métodos de neutralização (acidimetria ou alcalimetria) e métodos redoxes (JEFFEMY, 2010). Figura 3 – Titulação Fonte: http://www.flowscience.com.br/dissolutor-comprimido-SR8-apre.html A determinação do teor por Espectrofotometria no Ultravioleta e no Visível tem como princípio a relação proporcional existente entre a luz absorvida e a concentração da solução da substância a ser analisada. Baseando-se na comparação da quantidade de luz (radiação) absorvida entre soluções com a mesma concentração, sendo que uma delas de teor conhecido (solução padrão), quando estas são submetidas à ação de aparelhagem específica (espectrofotômetro representado na Figura 4). O 18 preparo destas soluções, assim como a região luminosa do espectro eletromagnético (comprimento de onda) em que devem ser feitas as leituras de absorbância estão descritos na metodologia analítica/monografia da substância a ser analisadas (JEFFEMY, 2010). Figura 4 – Espectrofotômetro UV Fonte: http://www.fcfrp.usp.br/dcf/laprofar/paginas/lab_infraestrutura.htm Os métodos cromatográficos compreendem a distribuição de um soluto entre duas fases – móvel e fixa – atuando a fixa por adsorção, partição, fixação em gel ou troca iônica. A cromatografia constitui um processo de separação sendo que a identificação ou determinação quantitativa dos componentes de uma amostra só é possível quando os métodos cromatográficos são combinados com técnicas apropriadas de detecção e medida (CHO, 1998). Tanto nas análises espectrofotométricas quanto nas análises cromatográficas, são utilizados computadores para identificar e determinar os resultados, como representado pela Figura 6. Pois os resultados obtidos saíram e forma de gráficos e dados numéricos, ou seja, os softwares são programados para fazer todos os cálculos fornecendo os resultados certos de ativo presente em uma amostra (JEFFEMY, 2010). 19 Nas análises de teor são utilizados 20 comprimidos do lote a ser analisado, são pulverizados e pesa-se a quantidade de ativo indicado na metodologia analítica/monografia. A quantidade de ativo presente na amostra deve estar em um intervalo de 90% a 110% (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 2012). Figura 5 – HPLC: Cromatografia de alta eficiência. Fonte: http://pharma-qc.blogspot.com.br/2010/05/hplc-operation.html 2.3.4 RASTREABILIDADE A função da rastreabilidade em uma indústria farmacêutica é de fazer a organização e a identificação dos produtos, reagentes utilizados, testes feitos. Quando o produto chega ao setor de controle de qualidade Físico-Químico, este é acompanhado por uma ficha de controle de processo, onde estão todas as informações das análises que devem ser feitas para a aprovação do produto. É preciso retirar o método a ser utilizado para a análise no programa DocNix (programa utilizado por algumas empresas), onde ficam salvos todos os métodos de análise para os produtos existente e produzidos pela empresa. Nos métodos de análises, todos os campos devem ser preenchidos conforme a parte do experimento em que o analista está fazendo. São relatados nos métodos, todos os reagentes utilizados colocando também seus lotes, fase móvel, entre outros. Depois das análises feitas e da aprovação do produto é preenchido o campo da ficha de controle 20 de processo (RDC 17, 2012). Existe um caderno específico para cada tipo de análise, ou seja, análises físico-químicas, análises instrumentais e dissolução possuem cadernos específicos ondem vão constar o produto analisado, o lote, início da análise, final da análise, tipo de análise, nome do analista e data. Estes cadernos devem ser preenchidos quando se começa algum experimento (RDC 17, 2012). Na sala de balança existem cadernos que vão indicar quais os produtos pesados, para que tipo de análise se foi pesado amostra e padrão ou somente amostra. Para o preparo de soluções existem 3 tipos de cadernos, um para lançamento do lote, um contendo para soluções reagentes, soluções tampões e indicadores e um caderno para soluções volumétricas. O caderno de lote consta de data, nome da solução, nome do analista que fez a solução e o tipo de solução. Nos cadernos de soluções reagentes, tampões e indicadores e no caderno de solução volumétrica, contem todas as informações sobre as soluções como os reagentes utilizados, quantidades, lote e marca do produto (RDC 17, 2012). Cada tipo de solução preparada tem um tipo de etiqueta, para facilitar o trabalho do analista. Soluções reagentes são identificados com etiquetas verdes (validade de 3 meses), soluções tampões são identificadas com etiquetas azuis (validade de 1 mês), soluções indicadoras são identificadas com etiquetas rochas (validade de 6 meses) e soluções volumétricas são identificadas com etiquetas amarelas (refatoração em 3 meses) (RDC 17, 2012). 21 3. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho foi desenvolvido durante o estágio realizado em uma Indústria, localizada em Anápolis/GO no Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) durante o período de 08 de agosto de 2011 a 20 de dezembro de 2011, onde se procurou relatar as atividades desenvolvidas dentro da indústria farmacêutica, mas especificamente, dentro do laboratório de Controle de Qualidade Físico-Químico e procurou-se descrever os objetivos dos Procedimentos do Sistema de Qualidade, procedimentos operacionais para a obtenção de medicamentos de forma sólidas (comprimidos no caso deste estudo) de alta qualidade, assim podendo ser liberado para a venda no mercado. Os procedimentos mostrados neste trabalho, foram retirados do programa DocNix (programa de rastreabilidade de métodos analíticos, utilizado por algumas empresas), que possui a função de armazenar todos os métodos analíticos de medicamentos existente na indústria. Os medicamentos que foram analisados são alguns no processo de compressão como a Losartana Potássica, Dipirona Sódica, alguns no processo de revestimento como o Citrato de Sildenafila, depois do processo de blistagem como a Dipirona + Cafeína + Isometepteno Mucado e também no material granulado como o caso do Ceprofen. 3.1 MATERIAIS E REAGENTES - Balança analítica Shimadzu modelo AY220; - Banho semi-analítica Metler Toledo PB 303 – S; - Banho de ultrassom Unique USC 1450; - Capela de Exaustão Designs; - Cubetas Espectrofotométricas de quartzo de 1 cm Hellma; 22 - Espectrofotômetro Shimadzu UV-160 1 PC; - Microcomputador; - Padrões de Referência USP, Sigma e PBritânica; - Karl Fischer Orion AF8; - pHmetro Ω Orion; - Reagentes Analíticos - Software UV – 160 1PC; - Vidrarias Volumétricas de Laboratório Calibradas; - Purificador de Água Milli – Q; - Dissolutores: HANSON SR-8 PLUS; - Cromatógrafos: HPLC Merck, UPLC Merck; - Millex 0,45 cm ou 0,22 cm; - Seringas; - Pipetas de pastour; - HCl 0,1 M - Ácido Acético Glacial PA - Solução indicadora de Amido - Metanol - Ácido Fósfórico - H2O de milli-Q - Solução volumétrica de Iodo 0,05 M 23 - Tampão de Acetato de Amônia 0,2N - Acetonitrila - Tampão de fosfato Monobásico 0,05N - Tampão de Hexanossulfonato de Sódio - Trietilamina - Dipirona Comprimido de 1,0 g - Losartana Potássica antes do revestimento 50 mg - Citrato de Sildenafila comprimido revestido de 50 mg - Ceprofen de 50 mg - Dipirona 300 mg + Cafeína 30 mg + Mucato de Isometepteno 30 mg 3.2 MÉTODOS 3.2.1 ASPECTO Para o teste de aspecto, foi observado se Dipirona sódica, Citrato de Sildenafila, Losartana Potássica, Dipirona + Cafeína + Isometepteno Mucado possuía um material granulado (pó) de coloração branca, sem a presença de grânulos escuros e foi observado também se o material granulado de Ceprofen possuía uma coloração amarelada, com grânulos finos e sem a presença de grânulos escuros. 24 3.2.2 UNIFORMIDADE DE DOSES UNITÁRIAS 3.2.2.1 UNIFORMIDADE POR PESO (DIPIRONA COMPRIMIDO DE 1,0 G) Nas condições gerais e analíticas utilizou-se solução volumétrica de Iodo 0,05M, solução indicadora de amido, de vidrarias volumétricas, ponto de viragem para cor azul e cada mL de iodo gasto equivale a 17,57 mg de Dipirona. No preparo da amostra pesou-se 20 comprimidos e estabeleceu-se o peso médio, logo após a amostra foi pulverizada e pesou-se o equivalente a 250 mg de Dipirona. A amostra foi transferida para um erlenmeyer de 250 mL e adicionou-se também 25 mL de água de Milli-Q e 5 mL de ácido acético glacial. Homogeneizou-se a solução e logo após foi adicionado 1 mL de solução indicadora de amido. Esta solução então foi titulada com uma solução volumétrica de Iodo 0,05M em temperatura abaixo de 15°C (utilizou-se banho de gelo). Os cálculos feitos para a massa que foi pesada de amostra foi representada pela Equação 3. (3) m Pm mt me Onde, m= Massa real pesada mt= quantidade de ativo pesado me= quantidade de ativo do comprimido especificado pela empresa Pm= peso médio dos comprimidos. Os cálculos onde se determinou a quantidade em porcentagem de ativo presente na amostra foi representada pela Equação 4. 25 (4) X VG FC 17,57mg 100 250mg Onde: X= % de Dipirona na amostra; VG= Volume Gasto de Iodo em mL; FC= Fator de correção da solução de Iodo; 17,57 mg= Quantidade em mg de ativo que equivale a cada mL de titulante; 250 mg= Quantidade de princípio ativo na Amostra. 3.2.2.2 UNIFORMIDADE POR CONTEÚDO (LOSARTANA POTÁSSICA ANTES DE REVESTIDO 50 MG) Nas condições gerais, analíticas e cromatográficas utilizou-se vidrarias volumétricas e solventes grau HPLC (cromatografia líquida), a concentração de trabalho foi de 0,5 mg/mL. No equipamento de análise (HPLC) utilizou-se uma coluna Xterra; C-18; 5µm (4,6 x 250 mm), com um detector UV em um comprimento de onda de 254 nm, fase móvel que foi utilizada era de Metano, Água, Ácido Fosfórico nas proporções de 60:40:0,5 respectivamente, o diluente dos comprimidos foi a própria fase móvel, fluxo que utilizado foi de 1mL/minuto, volume de injeção de 10µL, a temperatura da coluna de 40°C com um tempo de corrida da amostra e padrão foi de 10 minutos. Para o preparo da substancia química de referência, pesou-se o equivalente a 50,0 mg de Losartana Monopotássica padrão e transferiu-se para um balão volumétrico de 100 mL e completou-se com a fase móvel. Levou-se a solução para o ultrassom até a completa solubilização do padrão. Logo após filtrou-se a solução em millex de 0,45 µm diretamente em vial de 2 mL. Levou-se o padrão para análise em HPLC. Já no preparo da amostra pesou-se e anotou-se o peso de 10 comprimidos e os comprimidos foram transferidos individualmente para balões volumétricos de 100 26 mL. Completou-se o volume com fase móvel e os balões foram levados para o ultrassom até solubilização total do comprimido. As soluções então foram filtradas em millex de 0,45 µm diretamente em vials de 2 mL. Levaram-se os vials para leitura em HPLC. Para o cálculo da quantidade de da substancia química de referência que foi pesado e transferido para o balão volumétrico, foi utilizado a Equação 5. (5) m mt 100% Po Onde, m= massa de padrão secundário que deve ser pesada mt= massa de padrão indicada para ser pesada pelo método 100%= padrão puro Po= potencia do padrão secundário 3.2.3 DISSOLUÇÃO (PORCENTAGEM DISSOLVIDA DE SILDENAFILA EM COMPRIMIDOS DE 50 MG). Nas Condições gerais, analíticas e cromatográficas utilizou-se de vidrarias volumétricas, solventes de grau HPLC. Utilizou-se no dissolutor Ácido Clorídrico 0,1N, com um volume de 900 mL em cada cuba, o aparato utilizado foi a pá, o tempo de dissolução foi de 45 minutos a 37°C, com uma concentração de trabalho de 0,055 mg/mL. No equipamento de análise (HPLC) utilizou-se uma coluna Xterra; C-18; 5µm (4,6 x 250 mm), com um detector UV/VIS, em um comprimento de onda de 295 nm, fase móvel utilizada foi de tampão de Acetato de Amônio 0,2M e acetonitrila na proporção 50:50 respectivamente, o diluente dos comprimidos é HCl 0,1N, fluxo que 27 utilizado foi de 1mL/minuto, volume de injeção de 10µL, a temperatura da coluna entre 20°C a 30°C e o tempo de corrida de cada amostra e do padrão de 10 minutos. No preparo da substancia química de referência, pesou-se o equivalente a 38,9 mg de Citrato de sildenafila padrão e transferiu-se para um balão volumétrico de 50 mL e completou-se o volume com Ácido Clorídrico 0,1N. A solução foi levada para o ultrassom por 10 minutos até a solubilização total do padrão, logo após, foi pipetado 5 mL desta solução e foi transferida para um balão volumétrico de 50 mL e foi completado o volume com Ácido Clorídrico 0,1N. Filtrou-se a solução em millex de 0,45 µm diretamente no vial e foi levada para a análise em HPLC. No preparo da amostra pesou-se 6 comprimidos e anotou-se os pesos, foi observado se as cubas contendo o meio de dissolução estavam a 37°C. Colocaram-se os comprimidos em cada cuba e começou-se a dissolução. Após o tempo de dissolução decorrido foi coletada a amostra com seringas de 10 mL e filtrou-se a solução em millex de 0,45 µm diretamente nos vials. Levaram-se as amostras para análise em HPLC. Para a quantidade de padrão secundário que foi pesado, utilizou-se a Equação 5. 3.2.4 TESTE DE TEOR DE ATIVO PRESENTE NO MEDICAMENTO 3.2.4.1 TEOR INICIAL (CEPROFEN 50MG) As condições gerais e analíticas foram utilizadas vidrarias volumétricas calibradas, utilizou-se também um padrão secundário para comparação com as amostras que foram preparadas. O método que foi utilizado para a análise foi a espectrofotometria UV com um comprimento de onda de 254 nm com uma concentração de trabalho de 0,01 mg/mL e metanol foi utilizado com diluente de nossa amostra e do padrão e também foi utilizado com o branco na leitura espectrofotométrica. 28 Para o preparo da substancia química de referência pesou-se o equivalente a 12,5 mg de Cetoprofeno padrão onde este foi transferido para um balão volumétrico de 50 mL e completou-se o volume com metanol. Esta solução foi levada para o ultrassom até a solubilização total do padrão. Depois de solubilizado foi transferido, com ajuda de uma pipeta, 1 mL da solução para um balão volumétrico de 25 mL e completou-se com metanol, foi feita a homogeneização e logo após feito a leitura. Para o preparo da amostra pesou-se o equivalente a 25 mg de Cetoprofeno e este foi transferido para um balão volumétrico de 50 mL, completou-se o volume com metanol e a solução foi levada para o ultrassom até a solubilização total. Depois de solubilizado a amostra este foi filtrado em um papel de filtro faixa preta e foi coletado deste filtrado com uma pipeta, 1 mL e foi transferido para um balão de 50 mL e o completou-se o volume com o metanol. A solução foi homogeneizada e foi feita a leitura da amostra. Antes da leitura da amostra e do padrão, foi feita a leitura do branco (metanol foi utilizado como branco) para que não houver a interferência do metanol na leitura. As massas de amostra e padrão pesadas foram calculadas pela Equação 3 e 5 respectivamente. 3.2.4.2 TEOR FINAL (DIPIRONA 300 MG + CAFEÍNA 30 MG + MUCATO DE ISOMETEPTENO 30 MG) Nas condições gerais, analíticas para a análise foi utilizado vidrarias volumétricas, solventes grau HPLC, utilizou-se padrões secundários. A concentração de trabalho que foi utilizado: Dipirona [1,2]; Cafeína [0,12]; Mucato de Isometepteno [0,12]. 29 Para o sistema cromatográfico utilizou-se uma coluna Symmetry C-8, 5µm (4,6x250nm), o detector que foi utilizado foi o UV 2487; Comprimento de onda (275nm-350nm-195nm), utilizou-se como fase móvel um Tampão de Fosfato de Potássio Monobásico 0,07M: Acetonitrila : Tampão Hexanossulfonato de Sódio 0,007M : Trietilamina (750:250:25:15 respectivamente), o fluxo de entrada de amostra foi de 0,8 mL/min, o volume de injeção 5 µL, a temperatura da coluna foi de 25±5°C e o diluente utilizado foi Ácido Clorídrico 0,1N. A ordem de eluição e mudança de comprimento de onda foi em primeiro Dipirona (4 minutos), Cafeína (5,2 minutos) e Mucato de Isometepteno (7,3 minutos). No preparo da substancia química de referência pesou-se o equivalente a 300 mg de Dipirona, 30 mg de Cafeína, 30 mg de Mucato de Isometepteno e transferiuse os três padrões para um balão volumétrico de 250 mL e completou-se o volume com HCl 0,1N e levou-se para o ultrassom até solubilização total do padrão. Homogeneizou-se a solução e filtrou-se em millex 0,45 µm em vials de 2 mL. No preparo da amostra pesou-se 20 comprimidos e foi estabelecido o peso médio. Trituraram-se os comprimidos e pesou-se o equivalente a um peso médio (300 mg de Dipirona; 30 mg de cafeína e 30 mg de mucato de isometepteno). Foi transferido para um balão volumétrico de 250 mL e foi adicionado HCl 0,1N e levou-se para o ultrassom até a solubilização total da amostra. Homogeneizou-se esta solução foi filtrada em millex de millex 0,45 µm em vials de 2 mL. As massas de amostra e padrão pesadas foram calculados pela Equação 3 e 5 respectivamente. 30 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 ASPECTO Os medicamentos analisados (Losartana Potássica, Dipirona Sódica, Citrato de Sildenafila e Dipirona + Cafeína + Isometepteno Mucato) apresentam um pó de cor branca, onde as amostras não apresentaram nenhuma presença de partículas estranhas, sem presença de grânulos coloridos e escuros e o Ceprofen apresenta um pó de cor amarela, um granulado fino e sem a presença de partículas estranhas e grânulos coloridos. Logo o resultado está conforme o indicado no controle de processo destes produtos. 4.2 UNIFORMIDADES DE DOSES UNITÁRIAS 4.2.1 UNIFORMIDADE POR PESO (DIPIRONA EM COMPRIMIDOS DE 1G) Está representado na Tabela 1 o peso individual dos comprimidos pesados e apresentando os valores de teor que possivelmente pode estar contido em cada comprimido. Tabela 1- Valores de peso individual dos comprimidos e teores encontrados. n° de comprimidos e a média 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Xm Peso individual (mg) 1218 1204 1197 1220 1226 1207 1185 1189 1194 1211 1205 Teor de ativo (%) 100,83 99,67 99,1 100,99 101,48 99,92 98,43 98,43 98,84 100,25 99,79 31 A massa de amostra pesada e transferida para o balão foi calculada utilizando-se da equação 3, e o valor de massa pesada foi de 301,25 g. O volume gasto de solução volumétrica de Iodo 0,05M para a titulação da Dipirona foi de 13,5 mL e o fator de correção da solução é de 1,052, assim foi calculado, usando a equação 4, a quantidade de ativo em porcentagem média presente no peso médio obtendo-se um valor de 99,79%. A quantidade encontrada de ativo dentro do peso médio e os pesos individuais foram colocadas em uma planilha, onde são feito os cálculos automaticamente gerando assim o resultado da porcentagem de ativo presente em cada comprimido. O resultado encontrado está dentro dos parâmetros previstos pela farmacopeia e pelas normas da empresa. A quantidade de ativo deve estar entre 85 a 115 % e a quantidade de ativo encontrada foi de 99,79%, ou seja, apresenta um resultado ótimo e preciso (valores de teor não variam muito de comprimido para comprimido). O resultado pode ser considerado também exato, pois a média dos resultados está próxima de 100% (diferença de 0,21). Logo o lote de Dipirona foi aprovado e liberado para a etapa de blistagem e depois ser feita a análise de teor final Foi observado durante a análise que quando mais próximo do ponto de viragem, a coloração da solução durava um tempo para voltar ao normal. Como o resultado não se apresentou muito diferente ao proposto pelo método, mostra que os erros na preparação da amostra foram mínimos. 32 4.2.2 UNIFORMIDADE POR CONTEÚDO (LOSARTANA POTÁSSICA EM COMPRIMIDOS 50 MG) O potencial do padrão secundário é de 98,9%, logo, massa de padrão que foi pesada e transferida para o balão, foi calculada utilizando-se a equação 5, logo, a quantidade pesada de padrão foi de 50,6 mg. Os resultados encontrados na análise de HPLC estão representados na Tabela 2 e na Figura 6. Tabela 2- Valores de peso individual dos comprimidos, teores encontrados e a área dos picos. n° comprimidos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Xm Peso (mg) 124,2 123,5 123,9 123 124,7 125,4 124,8 123,9 124,9 124,7 124,3 Teor de ativo (%) 103,6 105,8 104,1 103,8 102,8 102,1 99,9 99,9 102,9 103,5 102,84 Área dos picos 7618747,2 7781619,1 7654051,9 7635028,5 7557080,9 7511415,9 7346775,8 7348038,8 7570148,1 7613913,1 7563681,93 33 Figura 6- Leitura Losartana Potássica (tempo de corrida). Sobreposição das amostras. Para o procedimento de uniformidade de doses unitárias (uniformidade por conteúdo) da Losartana Potássica, o teor presente deve estar em um intervalo de 85% a 115%. Como se pode observar nos resultados à média é de 102,84%, o que atende as normas seguidas pela empresa e previstas pela farmacopeia, a uniformidade por conteúdo da Losartana Potássica foi aprovado na análise. Observa-se uma quantidade de ativo está bem próximo de 100% e a uma pequena variação entre os resultados de teor apresentados por cada comprimido no teste de uniformidade, mesmo assim os resultados não são tão exatos por se espera um teor perto de 100% e possui uma variação de 2,84% e também não são tão precisos devido a grande variação entre os resultados de ativo de cada comprimido, mas ainda os resultados apresentam-se dentro dos parâmetros de aprovação. O desvio padrão foi calculado utilizando-se da equação 1 e 2, logo, o valor de desvio padrão apresentado pela análise foi de 1,777. Um desvio padrão relativamente baixo, resultado pequena variação entre os resultados. As possíveis causas para a pequena variação da porcentagem de teor de ativo pode ser no próprio comprimido, onde este pode não ter sido dissolvido nas mesmas proporções, quantidade de ativo menor ou maior presente em cada comprimido, erros mecânicos como a quantidade de reagente colocada, aferição do menisco, a 34 quantidade da injeção de amostra dentro do aparelho de cromatografia líquida de alta eficiência, presença de bolhas nas amostras, assim podendo interferir no resultado de nossa análise. 4.3 DISSOLUÇÃO (CITRATO DE SILDENAFILA 50 MG) O padrão secundário de Citrato de Sildenafila possui uma potencia de 98,76%, logo a massa de padrão pesada foi calculada utilizando-se a equação 5. Então a quantidade pesada de padrão secundário que foi transferido para o balão de 50 mL foi de 39,4 mg e após as diluições, o padrão foi utilizado para a calibração, ou referencia. Os resultados das análises nas amostras estão representados na Tabela 3 e na Figura 7. Tabela 3 – Número de comprimidos, peso e o teor em porcentagem de Sildenafila presente em cada comprimido. n° de comprimidos 1 2 3 4 5 6 Xm Teor de Peso (mg) ativo (%) 321,2 112,7 312,5 96,5 317,1 113,1 310,9 108,2 322,4 110,6 322,7 114,2 317,8 109,21667 Área dos picos 578.720 495.614 580.961 555.655 569.063 586.228 561.040 35 Figura 7- Leitura do tempo de corrida do Citrato de Sildenafila. Sobreposição das amostras sobre o padrão. Para o procedimento de dissolução da Sildenafila o teor presente não poderia ser menor ou igual a 70%+5 (ou seja, não pode ser menor do que 75%). Como se pode observar nos resultados à média 109,22%, o que atende as normas seguidas pela empresa e previstas pela farmacopeia, logo a dissolução de Citrato de Sildenafila foi aprovada. Observa-se uma quantidade alta de ativo e uma grande variação entre os resultados de teor apresentados por cada comprimido no teste de dissolução assim os resultados não são tão exatos por se espera um teor perto de 100% e possui uma variação de 9,22%e também não são tão precisos devido a grande variação entre os resultados em cada cuba, mas ainda os resultados apresentam-se dentro dos parâmetros de aprovação. O desvio padrão foi calculado utilizando-se a equação 1 e 3, o valor apresentado pela análise foi de 6,027. Um desvio padrão relativamente alto, resultado da grande variação dos resultados. A variação nos resultados depende de vários fatores como a não homogeneidade da temperatura das cubas, erro de pesagem do padrão (balanças analíticas com grande variação), rotação inadequada para o processo. Mas um fator que pode relevar estes resultados são as maneiras que ocorreram à produção do comprimido, 36 pois uns podem ter uma maior quantidade de ativo do que outros, o revestimento pode ter suportado mais a dissolução em um comprimido do que em outros. 4.4 TESTES DE TEOR DE ATIVO PRESENTE NO MEDICAMENTO 4.4.1 TEOR INICIAL (CEPROFEN 50 MG) O núcleo teórico da amostra (peso medido pela própria produção, peso médio de amostragem coletada) é de 0,250 g e o potencial do padrão de cetoprofeno é de 99,5%, logo massas pesadas de amostra e padrão utilizando-se da equação 3 e 5 respectivamente foram de 0,125 g e 12,6 mg respectivamente. Uma observação a ser feita é que Pm neste caso, significa o valor do núcleo teórico do produto inicial. O resultado obtido na análise de teor inicial de Ceprofen está representado abaixo nas Figuras 8, 9 e 10. Figura 8 - Gráficos de absorbância pelo comprimento de onda do branco e do Padrão. 37 Figura 9 - Gráfico de calibração e valor de comprimento de onda do padrão. Figura 10- Gráfico da absorbância pelo comprimento da amostra de Ceprofen inicial, resultado do valor de absorbância de Ceprofen. Para o procedimento de teste de teor inicial o valor de ativo deve se apresentar em um intervalo de 90% a 110%, mas o para o Ceprofen os valores de ativo devem ser entre 92,5% a 107,5%, isso ocorre por ser um tipo de medicamento controlado (tarja preta), ou seja, um medicamento de portaria 344. O valor de ativo de cetoprofeno encontrado na amostra é de 105,47%, ou seja, o medicamento está dentro do parâmetro de aprovação da empresa e da farmacopeia. Observa-se que o resultado não é tão exato, pois considerando que a quantidade ideal seria de 100%, existe uma variação então de 5,47. 38 As possíveis causas para esta variação de resultado pode ser por erros mecânicos como a pesagem de padrão (menor quantidade do que a calculada) ou pesagem da amostra (quantidade maior do que a calculada), a concentração dos reagentes utilizados, aferição errônea de menisco. Pode ter ocorrido também, que na produção do pó a quantidade de matéria a ser colocada para formar o medicamento inicial foi um pouco alta. 4.4.2 TESTE DE TEOR FINAL ATIVO (DIPIRONA 300 MG+ CAFEÍNA 30 MG+ ISOMETEPTENO MUCATO 30 MG) O valor do potencial dos ativos de Dipirona, Cafeína e Isometepteno Mucato são de 99,33%, 100,10% e 99,6% respectivamente, assim as quantidades pesada de padrão e transferidos para o balão volumétrico especificado pelo método foi calculado utilizando-se a Equação 5. O peso médio dos comprimidos contendo estes ativos pesados é de 0,8293 g, logo foi pesada esta quantidade de produto, pois foi o especificado pelo método. Os resultados obtidos estão presentes na Tabela 4 e na Figura 11. Tabela 4- Valores de porcentagem dos ativos e área dos picos de cada ativo presente no medicamento. Ativos Dipirona Cafeína Isometepteno Mucato Teor de ativo (%) 101,5 103,4 95,4 Área dos picos 5548315,9 1820840,2 1044743,9 39 Figura 11 – Leitura do tempo de corrida em minutos de cada ativo presente no medicamento. Para o teste de teor final em cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) os valores de ativos devem-se apresentar no intervalo de 90% a 110%. O medicamento analisa possui os ativos dentro deste parâmetro, logo o medicamento pode ser considerado aprovado, assim como é um produto final o lote aprovado pode ser liberado para a venda para o mercado. Os valores de ativo estão próximos de 100%, existindo uma pequena variação, mas nada que leve a reprovação do produto. As causas para esta variação na porcentagem do teor pode ter sido por erros mecânicos, ou seja, na hora da pesagem dos ativos de dipirona (quantidade maior que a calculada), cafeína (quantidade maior que a calculada) e isometepteno mucato (quantidade menor a calculada), a solubilização dos ativos em HCl 0,1 podem ter sido maior nos casos da cafeína e da dipirona e menor no isometepteno mucato. Aferição do menisco pode ser outro tipo de erro que foi cometido durante a análise, volume de injeção da amostra, fluxo ou quantidade de bolhas. 40 5. CONCLUSÃO Os resultados obtidos nos testes de aspecto, de dissolução, uniformidade em doses unitárias (por peso e por conteúdo), de teor inicial e final são aceitáveis, visto ao que se diz na metodologia analítico-monográfica (farmacopeia e as normas previstas pela empresa). Através destes resultados pode-se perceber o quanto é importante seguir os métodos de controle de qualidade físico-químico de formas farmacêuticas sólidas (comprimidos) minunciosamente, assim irá assegurar que o medicamento a ser vendido no mercado posteriormente, tenha um alto grau de qualidade e segurança e aceitação do produto pelo consumidor, gerando então uma alta credibilidade a empresa. Diante as considerações feitas, para fazer a otimização no processo de aprovação do produto é preciso ler os procedimentos e métodos a ser empregado nas análises, utilizar vidrarias corretas e calibradas, aferir menisco corretamente, conversar com outros analistas para discutir as possíveis causas de erros ou variações de resultados, assim podendo-se elaborar formas mais adequadas de resolução de problemas. Pelo o relatado, o emprego de forma correta de trabalho dentro de uma empresa, como no preenchimento de laudos, testes feitos e analisados, utilização de materiais adequados, facilitará muito o trabalho na questão de padronização de testes, rapidez na liberação de laudos e produtos e garantia de qualidade de medicamentos e a fiscalização feita pela ANVISA anualmente é muito mais facilitada, com toda documentação preenchida corretamente. 41 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAGÃO, C. F. S. Desenvolvimento de Metodologias Analíticas para a Padronização de Extratos de Cissampelos Sympodialis Eichl (milona). Tese (doutorado) – Universidade Federa da Paraíba, 225 p, João Pessoa, 2002. BARREIRO, E.J. O Processo Racional da Descoberta de Novos Fármacos. Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas, p 1-42, Rio de Janeiro, 2007. BARREIRO, E.J. Sobre a química dos: Remédios, dos Fármacos e dos Medicamentos,n°3, p 1-3, 2011. BARREIRO, E.J. e BOLZANI, V.S. 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