Ocorrência de Tuberculose registrada no Sistema de Informação de Agravos
de Notificação para município de Rio Branco – AC.
SILVA, Antonia Giselda Santos da1
MARTINS, Dalva Araújo2
Resumo
A tuberculose vem merecendo atenção não só por sua capacidade
infectocontagiosa, mas também por ser um agravo de saúde pública que afeta a
população socialmente vulnerável. Apesar das evoluções tecnológicas do setor
saúde e a adoção de políticas publicas de combate, a doença atinge índices
alarmantes, principalmente nos países de terceiro mundo, como o Brasil, onde
também é a terceira infecção oportunista mais frequente no momento do diagnóstico
de casos de AIDS. Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a evolução dos casos
de TB registrado no DATASUS pelo SINAN para o município de Rio Branco - Acre,
no período e 2001 a 2013. Os dados foram obtidos do Sistema de Informação de
Agravos de Notificação-Tuberculose (SINAN-TB). O levantamento foi na base de
dados do SINAN nacional para recuperação dos casos residentes no município. A
coleta dos dados foi feita entre junho e julho de 2015. Os resultados mostraram que
em Rio Branco a tuberculose é a principal causa de óbitos dentre as doenças
infecciosas e parasitarias.
Palavras chaves: Tuberculose. Casos de TB em Rio Branco. Co-oinfecção de TB e
HIV. Epidemiologia. TB segundo raça/cor.
Abstract:
Tuberculosis has had the attention not only for its infectious ability but also because it
is a public health grievance that affects the socially vulnerable population. Despite
the technological developments in the health sector and the adoption of public
policies to combat the disease reaches alarming levels, particularly in third world
countries, such as Brazil, which is also the third most common opportunistic infection
at diagnosis of SIDA cases . The objective of this study was to analyze the evolution
of TB cases registered in DATASUS by SINAN for Rio Branco - Acre, and in the
period 2001 to 2013. Data were obtained from the Information Resulting System
Notification-TB ( SINAN-TB). The survey was in the national SINAN database for
recovery of resident cases in the city. Data collection was done between June and
July 2015. The results showed that in Rio Branco TB is the leading cause of deaths
from infectious and parasitic diseases.
Keyword: Tuberculosis. TB cases in Rio Branco. Co-oinfecção of tuberculosis and
HIV. Epidemiology. TB by race/color.
1 – Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas da Faculdade Meta.
2 – MSc. Ecologia e Manejo de Recursos Naturais, Docente da Faculdade Meta.
Introdução
A Tuberculose (TB) é uma doença infecciosa crônica que vem afligindo a
humanidade há cinco milênios. Seu agente etiológico, o Mycobacterium tuberculosis,
ou bacilo de Koch, é o patógeno que mais mortes causou, entre as doenças
infecciosas em adultos (RAVIGLIONE; SNIDER; KOCHI, 1995).
Ao desenvolver a forma pulmonar ativa da doença, o homem torna-se a
principal fonte de infecção pelo bacilo, através da transmissão pessoa a pessoa por
meio fala, espirro ou tosse, em que são eliminadas gotículas no meio externo
circundante contendo o agente etiológico (SVS, 2009), ou seja, a transmissão é
respiratória, com a chance do individuo se infectar relacionada ao ambiente, ao
tempo de exposição, continuidade ao vigor da tosse de um individuo bacilifero, a
condição de adoecimento, entretanto, é modulada pela imunidade e esta associada
à nutrição (BRASIL, 2005a).
Podemos entender melhor as individualidades do adoecimento, quando
compreendemos que há pessoas que conseguem destruir o bacilo de Koch na porta
de entrada, e, os que não conseguem, existem ainda, os indivíduos que
permanecem em equilíbrio com o bacilo, mesmo albergando ele atua, passando o
hospedeiro a apresentar as manifestações que caracterizam a doença. Baseado
nestas informações, afirma-se que as diversas situações de estresse do organismo,
a exemplo do que ocorre nos procedimentos invasivos, podem provocar uma
depressão do sistema imunológico, deixando assim a TB-infecção sujeita a entrar
em atividade (SVANE, 1999). O mesmo ocorre na presença de co-infecções ou de
idades avançadas (KRITSKI et al., 2000; MORI, 2000; CHAIMOWICZ, 2001;
RAJAGOPALAN, 2001). Observa-se ainda, que a desnutrição, assim como a
dependência alcoólica, acelera a evolução dessa doença e pode determinar uma
maior precocidade do óbito. Dessa forma, percebe-se que as condições e hábitos de
vida, gerados pelo desenvolvimento humano, são primordiais à determinação do
estado de saúde ou doença.
Esta doença vem merecendo atenção não só por sua capacidade
infectocontagiosa, mas também por ser um agravo de saúde pública que afeta a
população socialmente vulnerável. Apesar das evoluções tecnológicas do setor
saúde e a adoção de políticas publicas de combate, a doença atinge índices
alarmantes, principalmente nos países de terceiro mundo (TEIXEIRA, 2001).
Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (WHO, 2010), o Brasil, ocupa a
19ª posição entre os 22 países com maior carga da doença no mundo, pois em 2010
foram notificados no país, 70.601 casos novos da doença, com taxas de incidência
de 37,9 e mortalidade de 2,5 casos por 100 mil habitantes (BARREIRA, 2011).
Para o controle da TB, é fundamental interromper a cadeia de transmissão da
doença. Cada doente não diagnosticado tende a infectar de 10 a 15 pessoas em um
ano, sendo que uma ou duas adoecem, mantendo a transmissão da
endemia.(CASTILHO, 1982). Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002) a
investigação do contato é uma das estratégias mais apropriadas de vigilância para
interromper a transmissão e o desenvolvimento subsequente da TB, só perdendo
em efetividade para a busca ativa de sintomáticos respiratórios.
As principais medidas de controle da tuberculose recomendadas pelo
Ministério da Saúde aos estados e municípios brasileiros são ((BRASIL, 2011a;
(BRASIL, 2012; BRASIL, 2013): adoção do esquema de tratamento padronizado
mundialmente, com a inclusão do etambutol como quarta droga; priorização do
tratamento diretamente observado como estratégia de acompanhamento dos casos;
investigação dos contatos; cura com comprovação laboratorial; e adoção de
estratégias diferenciadas para grupos mais vulneráveis, como triagem diagnóstica
na porta de entrada para a população carcerária e atenção oferecida no local onde
vive a população de rua e nos serviços especializados de Aids.
As metas globais e indicadores para o controle da TB foram desenvolvidos na
perspectiva das metas do desenvolvimento do milênio, bem como no STOP TB Partnership e
na Assembléia Mundial da Saúde. Foram consideradas metas de impacto reduzir, até o ano de
2015, a incidência para 25,9/100.000 hab e a taxa de prevalência e de mortalidade à metade
em relação a 1990. Além disso, espera-se que até 2050 a incidência global de TB ativa seja
menor que 1/1.000.000 habitantes por ano (WHO,2009). Embora as estratégias de
controle estejam bem definidas, documentadas e descentralizadas, o país ainda está
longe de alcançar a meta, estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
de eliminar a tuberculose como problema de saúde pública até 2050 (WHO, 2010).
A dificuldade em reduzir a incidência ou até mesmo erradicar a doença,
relaciona-seao aumento de problemas sociais tais como baixa renda familiar,
educação precária, condições insalubres de habitação, desnutrição, alcoolismo e
doenças infecciosas associadas (BRASIL, 2005). Para Ruffino-Netto (2002), além
destes, outros fatores podem ser apontados como agravantes, o crescimento das
populações marginais, à epidemia de HIV/aids, à multirresistência às drogas, ao
envelhecimento da opulação e aos movimentos migratórios. Este quadro ainda se
agrava, baseado na organização e qualidade do sistema de saúde, que
comprometem o acesso aos serviços, a falha na distribuição de drogas
antituberculosas e a falta de pessoal treinado para o diagnóstico, notificação e o
acompanhamento do paciente com TB (ALVES et al, 2000).
Em 1995 cerca de 1/3 dos 15 milhões de indivíduos infectados pelo HIV no
mundo estavam co-infectados pelo M. tuberculosis. Setenta por cento dos indivíduos
co-infectados viviam na África, 20% na Ásia e 8% na América Latina. A infecção pelo
HIV aumenta a suscetibilidade à infecção pelo M. tuberculosis. Em um indivíduo
infectado pelo M. tuberculosis, o HIV passa a ser um importante co-fator na
progressão da tuberculose infecção para doença. A notificação de casos de
tuberculose tem aumentado em populações onde a co-infecção HIV e M.
tuberculosis é frequente ( MELO; SOARES; ANDRADE, 1999).
No Brasil, a tuberculose é a terceira infecção oportunista mais freqüente no
momento do diagnóstico de casos de AIDS. Em 1984, esta associação correspondia
a 13,3% dos casos de AIDS, em julho de 1993, a associação elevou-se para 18,9%.
Havia uma projeção do Ministério da Saúde de que no período de 1993 a 1995,
apareceriam 87.000 casos novos de AIDS, dos quais 20 a 40% poderiam
desenvolver tuberculose (KUSANO,1996).
A tuberculose é uma doença de notificação compulsória no país e a
responsabilidade é do setor público. O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil tem
como principais pilares a universalização do acesso, a descentralização das ações e
a equidade no tratamento (BRASIL,1990a; BRASIL,1990b). O atendimento do SUS,
vai desde a disponibilização de medicamentos até a assistência, realizada
prioritariamente pela rede de atenção básica de serviços de saúde (BRASIL, 2011a;
BRASIL, 2011b; BRASIL, 2006).
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é a principal
fonte de dados da TB, constituindo a base para o cálculo de indicadores
epidemiológicos e operacionais do país (DVE, 2007). Outros sistemas, como o
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informações
Hospitalares (SIH) e Sistema de Informação Laboratorial (SILTB), registram dados
sobre diversas fases de ocorrência da doença e devem ser considerados para a
vigilância da TB. Além dos sistemas informatizados, os programas de controle da TB
em nível municipal ou no das unidades de saúde dispõem de outros instrumentos de
registro. O Livro de Registro e Acompanhamento de Tratamento dos Casos de
Tuberculose (LPATB) e o Livro de Registro Laboratorial (LRLAB) têm o objetivo de
facilitar o monitoramento local dos casos diagnosticados.
Garantir a qualidade das fontes de registro que auxiliam a vigilância da TB é
tarefa importante para o controle do agravo. O relacionamento entre bases de dados
é uma estratégia utilizada para avaliar a sensibilidade do sistema de vigilância.
Possibilita encontrar casos que foram identificados por outros sistemas, mas não
foram captados pela vigilância da doença, sinalizando para possíveis entraves no
fluxo de informação, barreiras de acesso aos serviços de saúde para o diagnóstico e
tratamento adequado e em tempo oportuno (FRENK,1985; MILLMAN, 1993). É
possível, também, identificar casos que foram diagnosticados por meio de exame
laboratorial e que não iniciaram tratamento e contribuem para a manutenção da
cadeia de transmissão, especialmente os casos bacilíferos (DVE, 2015). Pacientes
com resultado positivo na baciloscopia de escarro e que não iniciam tratamento
configuram situação extrema na vigilância da TB, uma vez que se trata de um caso
identificado pelos serviços de saúde.
A subnotificação de casos no SINAN impossibilita o real conhecimento da
situação epidemiológica da TB e prejudica o planejamento das ações voltadas para
seu controle. Embora ainda não se saiba o número de casos que são perdidos no
SINAN, a recuperação rotineira de dados de diferentes fontes de informação
utilizadas pelos Programas de Controle da Tuberculose poderia minimizar a
ocorrência do problema. Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar a evolução dos
casos de TB registrado no DATASUS pelo SINAN para o município de Rio Branco Acre, no período e 2001 a 2013.
Material e método
Este estudo foi de caráter seccional dos registros de casos de TB no período
de 2001 e 2013, pacientes residentes no município de Rio Branco – Acre.
O município de Rio Branco, capital do estado do Acre, possui uma área de
865.800 ha. Segundo o IBGE (2014), o município possui 354.194 habitantes, sendo
que 88% desta população encontram-se na área urbana e periurbana e os outros
12% na zona rural ou florestal. Localiza-se no sudeste do estado do Acre, sudoeste
da Amazônia Ocidental, entre as coordenadas 67º25` e 69º25` de longitude oeste e
9º30` e 10º30` de latitude sul, inserido na Regional do Alto Acre. Corresponde a
5,4% do território acreano e limita-se com os municípios de Sena Madureira, Bujari,
Porto Acre, Senador Guiomard, Capixaba, Xapuri e Brasiléia (Figura 1) (RIO
BRANCO, 2009).
Figura 1 - Localização do município de Rio Branco - AC
Rio Branco destaca-se por ser o maior aglomerado urbano do Estado,
concentrando aproximadamente 46% do total da população. O município sofreu um
intenso fluxo migratório, característico de êxodo rural, o que promoveu a ocupação
desordenada do meio urbano, formando os bairros periféricos da cidade e os
bolsões de pobreza, que se reproduzem até os dias atuais. O resultado desse
processo se reflete no baixo IDH-Municipal, que embora seja o melhor do Estado
(0,754), ainda ocupa a posição 1.744ª em relação a outros municípios do Brasil.
Essa condição desfavorável está expressa na proporção de pobres registrada
no município, que representa 32,1% da população (medida pela proporção de
pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 75,50, equivalente à metade
do salário mínimo vigente em agosto de 2000); a concentração de riqueza, medida
pelo Índice de Gini é de 0,62, onde 20% dos mais pobres detêm 2% da riqueza
gerada, enquanto 20% dos mais ricos concentram 66,4% da riqueza total no
município; a mortalidade de até 1 ano de idade (por 1.000 nascidos vivos)
representou 30% (IBGE, 2000) .
Os dados foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação-Tuberculose (SINAN-TB). O levantamento foi na base de dados do
SINAN nacional para recuperação dos casos residentes no município. A coleta dos
dados foi feita entre junho e julho de 2015. A opção por iniciar a análise de dados a
partir de 2001 deve-se à disponibilidade dos mesmos a partir desse ano.
As taxas de incidência, as quais baseiam-se nos casos notificados no SINANTB, foram calculadas conforme o Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da
Saúde (BRASIL, 2005).
A análise da incidência e dos percentuais de casos novos de TB foi realizada
utilizando-se o programa TabWin (http://www.datasus.gov.br).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na analise dos dados de ocorrência de tuberculose registrado para o
município de Rio Branco no período de 2001 a 2013 mostrou que a tuberculose se
destaca como uma das principais causas de morte entre as doenças infecciosas e
parasitarias. A Figura 2 mostra que o numero de óbitos causados por TB é maior
que as demais doenças em onze dos treze anos estudados, já que em 2008 o
numero de óbitos causados pela AIDS se iguala ao de TB e apenas em 2004 o
numero de óbitos causados pela AIDS é maior que os causados por TB.
NÚMERO DE OBITOS POR PRINCIPAIS DOENÇAS INFECCIOSA E
PARASITARIA
Aids
Doença de Chagas
Tuberculose
Diarréia e gastroenterite de origem infecciosa presumível
18
16
Nº de óbitos
14
12
10
8
6
4
2
0
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
ANO
Figura 2 – Números de óbitos causados pelas principais doenças infecciosas e
parasitarias no município de Rio Branco – AC.
O principal indicador utilizado para avaliar as ações de controle da
tuberculose é o percentual de cura dos novos casos. Uma das metas
recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é identificar 70% e
curar, pelo menos, 85% dos casos, como medida para começar a reverter à
situação da tuberculose. Em 2010, o Brasil detectou 88% dos casos. No
entanto, o alcance do percentual recomendado pela OMS para a cura ainda é
um desafio. De 2001 a 2004, o País aumentou o indicador de cura, porém, a
partir de 2005, houve uma estabilização, com índices de 73,5%, em 2009, e
70,3%, em 2010 (BRASIL, 2014).
Quanto ao percentual de cura dos novos casos para o município de Rio
Branco, à figura 3 mostra que ocorre uma variação no percentual de casos
bacilíferos curados, pois a menor porcentagem de cura é de 46,44% registrada no
ano de 2003 e maior é de 69,23% registrada no ano de 2012. Assim o percentual de
cura dos novos casos de TB para o município de Rio Branco ainda é menor que o
ultimo percentual (70,3%) registados para o país, de acordo com Ministerio da
Saúde (BRASIL, 2014).
PERCENTUAL DE CASOS NOVOS
Casos bacilÍferos curados (%)
Casos de retratamento que realizaram cultura (%)
Casos com teste HIV realizado (%)
80
70
Percentual
60
50
69,52
62,58
60,84
58,27
54,16
53,92
60,38
55,88
56,05
46,44
55,68
43,47
40
71,49
67,61
69,23
60,94
56,25
30
26,11
20
10
12,58
10,58
20
11,61
6,55
7,81
1,76
0,66
0,64
0,54
0,52
01,47
0
0
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
3,97
2,85
2,57
2,26
0,96
0
0
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Ano
Figura 3 – Percentual de curas dos novos casos de TB para o município de Rio
Branco – AC.
A infecção pelo HIV aumenta significativamente o risco de desenvolvimento
de tuberculose (TB) ativa: um indivíduo infectado pelo HIV é 25 vezes mais
susceptível à TB em relação aos não infectados, e o risco de morte em pacientes
coinfectados pelo HIV e pelo bacilo de Koch é duas vezes maior que em paciente
soropositivo para o HIV sem TB (RODRIGUES-JÚNIOR et. al., 2006). A
sensibilidade dos paciente com HIV a Tuberculose fica mais evidenciada nos
resultados demostrados na figura 3, onde observamos um crescimento no
percentual de caso de TB associados com teste HIV no município de Rio Branco no
período de tempo estudado, uma vez que o percentual em 2001 era igual a 1,47% e
em 2013 apresenta-se igual a 71,49%, embora apareça uma tendência de redução
deste percentual em 2013 (67,61%).
A taxa de detecção da tuberculose em estágios avançados da AIDS é
relativamente baixa, uma vez que apenas alguns pacientes irão apresentar
elucidação radiológica típica e clínica. Ademais, taxas de positividade do exame são
lamentavelmente baixas nesses pacientes, levando ao diagnóstico tardio em um
número significativo de pacientes, o que impele a instituição da terapêutica precoce
e contribui para a disseminação do bacilo na comunidade (MUNAWWAR E SINGH,
2012).
Ainda na esfera clínica, cabe mencionar que a infecção por HIV modifica a
apresentação clínica da tuberculose, a duração do tratamento, a tolerância aos
tuberculostáticos, a resistência às drogas disponíveis e, possivelmente, a
suscetibilidade dos comunicantes envolvidos.( GANDHI NR et. al., 2006; DAFTARY,
2012). Estas mudanças têm favorecido a permanência e o destaque da tuberculose
entre as doenças infecciosas mais prevalentes na atualidade (CAMINERO , 2004),
sobre tudo na resistência as drogas, o que pode leva ao retratamento e justificaria o
aumento do percentual de casos de retratamento de 2009 a 2013 no município de
Rio Branco (figura 3), uma vez que coincide com os anos de pico do aumento
percentual dos casos de coinfecção HIV e TB .
Outras razões de insucesso do tratamento da tuberculose, que leva ao
retratamento, salienta-se a interrupção prematura da medicação, decorrente do seu
abandono pelo doente. Segundo as normas do Programa Nacional de Controle da
Tuberculose - PNCT, "será dada alta por abandono ao doente que deixou de
comparecer à unidade por mais de 30 dias consecutivos, após a data aprazada para
seu retorno" (BRASIL, 1995).
É importante destacar a relevância da variável raça/cor nos sistemas de
informações de saúde para o estudo do perfil epidemiológico dos diferentes grupos
populacionais, pois as características que distinguem estes grupos podem subsidiar
o planejamento de políticas públicas que levem em conta as necessidades
específicas dos mesmos (SÃO PAULO, 2011).
CASOS DE TUBERCULOSE SEGUNDO RAÇA/COR
120
100
Nº de casos
80
60
40
20
0
Branca
2001
9,09
2002
23,36
2003
28,87
2004
29,85
2005
22,7
Amarela
4,55
Indígena
5,68
Parda
Preta
2006
19,15
5,11
0,7
3,73
1,42
1,6
1,46
1,41
0,75
0
2,66
63,64
60,58
57,04
58,21
69,5
69,15
17,05
9,49
11,97
7,46
6,38
7,45
2007
20,71
2008
20,51
2009
8,21
2010
1,7
2011
8,58
2012
15,38
2013
11,43
0
0
0,97
0
0,86
0,45
0,48
0,59
1,92
0,48
0
0,43
0,45
2,38
73,37
70,51
86,47
96,59
84,55
79,64
77,14
5,33
7,05
3,86
1,7
5,58
4,07
8,57
OBITOS DE TUBERCULOSE SEGUNDO RAÇA/COR
100
90
80
Nº de obitos
70
60
50
40
30
20
10
0
2001 2002 2003
Branca
15,38 16,67 7,14
Amarela
0
0
0
Indígena
0
0
0
Parda
76,92 58,33 85,71
Preta
7,69
25
7,14
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
9,09
25
37,5
50
50 14,29 14,29 25
50
7,14
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
8,33
0
0
0
0
0
0
0
0
81,82 41,67 50
50
40 85,71 85,71 75
50 92,86
9,09
25
12,5
0
10
0
0
0
0
0
Figura 4 – A: Ocorrência de casos de tuberculose segundo raça/cor - B: Números
de óbitos por tuberculose segundo raça/cor para o município de Rio Branco.
A figura 4 mostra que a população de pessoas que se autodeclaram de cor
parda ocupa o primeiro lugar na ocorrência casos e óbitos por tuberculose no
município de Rio Branco, ao longo do período de tempo estudado. A população de
pessoas que se autodeclaram de cor branca aparece em segundo lugar em relação
a ocorrência casos e óbitos por tuberculose no município, seguida pela população
de pessoas que se autodeclaram de cor preta, e indígena. Já a população de
pessoas que se autodeclara de cor amarela é a que detém a menor ocorrência e
óbito por tuberculose município de Rio Branco.
Em dois estudos, Stead et al. (1990 e 1994) admitiram que os negros
americanos poderiam ser mais susceptíveis ao desenvolvimento de tuberculose
ativa depois de infectados do que os americanos brancos, demonstrando
semelhança ao resultado encontrado por este estudo.
Os estudos realizados com foco na análise da situação da tuberculose entre
os povos indígenas são, relativamente, poucos, e tendem a se concentrar na região
Amazônica. Em geral são estudos de análise transversal ou descritivos com base
em registros documentais de anos anteriores. As prevalências encontradas
apresentam uma realidade heterogênea, variando desde a ausência de casos até
mais de 2.000 casos a cada 100 mil habitantes (Buchillet & Gazin, 1998; Amarante,
2003; Basta et al., 2004; Machado Filho, 2008).
CONCLUSÃO
Considerando os resultados apresentados neste trabalho concluímos que no
município de Rio Branco a tuberculose é a principal causa de óbitos dentre as
doenças infecciosas e parasitarias, uma vez que ao longo do período de tempo
estudo ela aparece com o maior numero de óbitos em todos os anos.
Quanto ao percentual de caso novo, rematamos que a tuberculose ainda não
esta sobre controle no município de Rio Branco, haja vista que o numero de casos
curados varia entre 46,44% e 69,23%, quando o percentual de casos curado no país
já de 70,3%.
Um fator que reforça esta conclusão, é o aumento do numero de caso com
teste de HIV e de retratamento, ambos podendo estar relacionado, pois o tratamento
ministrado para o HIV altera o perfil da doença o gera o aumento do percentual de
retratamento.
Concluímos ainda, que quanto a cor, o maior numero de casos aparecem na
população de pessoas que se autodeclaram de parda, seguida das que se
autodeclaram brancas, pretas, indígenas e amarelas.
Contudo, em nosso trabalho não abordamos as variáveis sexo e faixa etária.
Portanto sugerimos que os estudos futuro abordem estas variáveis, uma vez que
elas, bem como outras, permitirão diagnosticar a parcela populacional mais
vulnerável a infecção por tuberculose no município de Rio Branco.
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