UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA BRUNO NICODEMOS BISPO DA SILVA ESTUDO DO FLUXO DE INFORMAÇÃO DIGITAL E SEU PROCESSO DE ARQUIVAMENTO NO SETOR CONTÁBIL/FISCAL DA EMPRESA LEM/LTDA: MAPEANDO AS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS/FISCAIS RECIFE 2012 BRUNO NICODEMOS BISPO DA SILVA ESTUDO DO FLUXO DE INFORMAÇÃO DIGITAL E SEU PROCESSO DE ARQUIVAMENTO NO SETOR CONTÁBIL/FISCAL DA EMPRESA LEM/LTDA: MAPEANDO AS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS/FISCAIS Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Biblioteconomia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profª. Msc. Edilene Maria da Silva RECIFE 2012 S586e Silva, Bruno Nicodemos Bispo da. Estudo do fluxo de informação digital e seu processo de arquivamento no setor contábil/fiscal da empresa LEM/LTDA: mapeando as informações contábeis/fiscais / Bruno Nicodemos Bispo da Silva. – Recife: O autor, 2012. 78 f. : il.; 30 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Federal de Pernambuco, 2012. Orientador: Edilene Maria da Silva 1. Fluxo da Informação. 2. Gestão Documental. 3. Informação Contábil. 4. Análise de processos. 5. SPED Fiscal I. Título. CDU 024 CDD 028.5 BRUNO NICODEMOS BISPO DA SILVA ESTUDO DO FLUXO DE INFORMAÇÃO DIGITAL E SEU PROCESSO DE ARQUIVAMENTO NO SETOR CONTABIL/FISCAL DA EMPRESA LEM/LTDA: MAPEANDO AS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS/FISCAIS Este Trabalho de Conclusão de Curso – TCC foi aprovado pela banca examinadora do curso de Graduação em Biblioteconomia constituída pelos seguintes professores: _________________________________________________________________________ Prof. Msc. Edilene Maria da Silva Orientadora ________________________________________________________________________ Prof. Dra. Maria Cristina Guimarães Oliveira Examinador __________________________________________________________________________ Prof. Msc. Vildeane da Rocha Borba Examinador Aprovado em: Recife, ______ de _____________ de 2012 A minha mãe Luzia Bispo (in memorian) que, mesmo não pertencendo mais a este plano, sempre me transmitiu forças para continuar vivendo e aprendendo, Dedico. AGRADECIMENTOS Agradeço a minha esposa Patrícia Dias pelo carinho, presença e orações constantes visando minha vitória e bonança, por me estimular e incentivar nesta árdua caminhada e ainda por ser essa pessoa maravilhosa com quem vivo e convivo sem a qual nenhum esforço faria sentido. EU TE AMO, SEMPRE! Ao meu grandessíssimo tio, Sílvio Bispo a quem devo grande parte de minha formação intelectual, ideais políticos e consciência cidadã. Pessoa essa que sempre me tratou como um filho. JE VOUS AIME BEAUCOUP! MON ONCLE, MON PÈRE! À minha irmã Beatriz Bispo pela torcida e incentivo que mesmo distante me apoiou e sempre quis meu bem estar. Aos meus sogros Cristina e Marcos pela compreensão e carinho, e, sobretudo, por ter me acolhido nesta família linda que tenho. Aos meus sobrinhos Miguel e Tarsila, os seres mais lindos do mundo, simplesmente por existirem e tornar a minha vida mais feliz. À minha orientadora, professora Edilene Silva - a quem me atrevo a chamar de amiga - pela paciência, pela orientação, disponibilidade para me atender e tirar as minhas dúvidas, por ter se tornado minha “psicóloga” nos momentos difíceis e por toda ajuda que me concedeu na realização desse trabalho. Às professoras que compuseram a banca examinadora Cristina Guimarães e Vildeane Borba, pela gentileza de se disporem, mesmo na deflagração da greve, para avaliar meu trabalho e que muito contribuíram para a concepção da versão final. A todos os funcionários da LEM/LTDA que não hesitaram em me ajudar durante as entrevistas e aos companheiros do Departamento Contábil/Fiscal por momentos maravilhosos desfrutados desde que fui admitido nesta empresa À Clélia Dantas, diretora da Divisão de Arquivo do TCE-PE, com quem tive o privilégio de trabalhar e que foi a inspiração para que eu conseguisse desenvolver o tema exposto neste trabalho. À minha amiga e “irmã” Adna Márcia, por ter me ajudado em momentos difíceis, por ter me aconselhado sempre a trilhar o melhor caminho e com quem pude compreender o significado da canção: “amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito”. À minha nobríssima amiga Carla Izabel por ter me incentivado e transmitido forças durante minha empreitada acadêmica. Ao nobre amigo Kennedy Albuquerque (Magoooo da TOIC_T_) pelo companheirismo de sempre a quem tenho a honra de chamar de IRMÃO e que passei a ter conhecimento sobre o valor de uma amizade verdadeira. Aos meus companheiros da banda Duque de Arake (Gustavo, Paulo e Thiago) “meus amigos de fé, meus irmãos, camaradas”, pela compreensão e paciência, pois souberam me conter nos momento de perturbação e ainda me levavam para outro universo ao compartilhar com o que mais gosto de fazer: produzir som em harmonia! VIDA LONGA AO ROCK! A todos os professores da UFPE que contribuíram para a minha formação acadêmica. "A má informação é mais desesperadora que a não-informação." (Charles Colton). RESUMO Este trabalho é resultado de um estudo de caso sobre o Fluxo da Informação Contábil/Fiscal em meio analógico e digital, realizado numa empresa privada de grande porte que recebeu o pseudônimo de LEM/LTDA. O objetivo principal desse estudo se volta para a realização de um mapeamento do fluxo de informação entre duas filiais e o setor contábil/fiscal de uma empresa do ramo de comercio de eletroeletrônico, identificando por onde circula a informação desde sua origem até seu armazenamento. Observou-se como funciona o processo de tramitação das Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) desde sua origem até seu arquivamento, perpassando pelo repasse dos dados para a Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco (SEFAZ-PE) e a Receita Federal do Brasil (RFB), foi analisado como as informações de venda que ficam registradas no banco de dados do sistema Enterprise Resource Planning (ERP) da empresa são recolhidas, compiladas e enviadas on-line para a Receita Federal via Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e para a SEFAZ-PE por meio do Sistema de Escrituração Fiscal (SEF). Para compor a análise descritiva deste estudo, foram realizadas entrevistas em três setores correlatos os quais detêm a responsabilidade pelo fluxo da informação que são geradas de uma operação de venda. Ao final da pesquisa, constata-se que para haver maior fluidez da informação, a organização deve estar munida de um Sistema de Informação altamente desenvolvido e bem estruturado para atender aos requisitos dos órgãos reguladores e fiscalizadores na entrega da obrigação do Fisco. Todavia, verificou-se que é preciso que a empresa mantenha uma política séria ao lidar com as informações estratégicas, visto que, mesmo se tratando de uma empresa de grande porte e que trabalha com Tecnologias da Informação, não ficou ilesa dos gargalos que incidem durante o percurso da informação, levando muitas vezes a punições rigorosas. Constata a ausência de uma Gestão Documental eficiente e a inexistência de políticas para essa designação, deixando tanto os documentos digitais quanto os analógicos a mercê do acaso. Palavras-chave: Fluxo da Informação. Gestão Documental. Contabilidade Digital. Sistemas de Informação. Tecnologia da Informação. ABSTRACT This paper is a result of a case study about the Flow of Accounting/Fiscal Information through analogic and digital resource, accomplished in a big private company that got the pseudonym of LEM/LTDA. This study main goal was to map the flow of information between two subsidiaries of this company and the accounting/fiscal sector from a company of electronics, identifying where information circulates from its origin to its storage. It was observed how the processing of Electronic Invoices (e-Invoice) works from its origin to its filing, traversing the data transfer to Department of Finance of the state of Pernambuco (SEFAZ-PE) and Federal Revenue of Brazil (FRB), it was analyzed how the sale information that is recorded in the database of Enterprise Resource Planning (ERP) of the company is collected, compiled and sent on-line to Federal Revenue through Public Digital Bookkeeping System (PDBS) and to SEFAZ-PE through Fiscal Bookkeeping System (FBS). To compose the descriptive analysis of this study, it was used interviews in three related sectors which are responsible for the flow of information that is generated from a sales transaction. At the end of the study, it was concluded that in order to exist bigger fluidity of information, the organization must be provided of a highly developed and well-structured Information System to attend to the requisites of the regulators and supervisory organs in the delivery of the Treasury obligation. However, it was verified that it is necessary that the company keeps a serious policy when dealing with the strategic information, since, even being a big company that works with Information Technology, it was not unharmed of the barriers that occurs during the course of information, leading several times to strict punishments. It was verified the absence of an efficient Document Management and the nonexistence of policies for this purpose, leaving both digital and analogic documents at the mercy of chance. Keywords: Flow of Information. Document Management. Digital Accounting. Information Systems. Information Technology. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - Os três fluxos de informação de uma empresa 28 FIGURA 2 - Modelo do Fluxo interno e externo da informação. 28 FIGURA 3 - Representação do fluxo da informação nas organizações 30 FIGURA 4 - O ciclo da informação ou modelo social 32 FIGURA 5 - Formulário do fluxograma vertical 46 FIGURA 6 - Simbologia alternativa que foi utilizada nos Fluxogramas 52 FIGURA 7 - Fluxograma referente ao Fluxo da Informação 55 Contábil FIGURA 8 - Fluxograma referente à Contabilidade Digital (SPED) 60 FIGURA 9 - Fluxograma referente à Gestão Documental 65 FIGURA 10 - Simbologia do fluxograma vertical 74 FIGURA 11 - Simbologia do fluxograma horizontal parcial 75 FIGURA 12 - Simbologia do fluxograma horizontal global 76 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CF – Constituição Federal COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CPD – Central de Processamentos de Dados DANFE - Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica DCF – Departamento Contábil/Fiscal DIPJ – Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica DIRF – Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte ECD – Escrituração Contábil Digital EFD – Escrituração Fiscal Digital ERP - Enterprise Resource Planning ICMS – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação IPI – Imposto sobre Produto Industrializado LC – Lei Complementar NF-e – Nota Fiscal Eletrônica PAC – Programa de Aceleração do Crescimento PIB – Produto Interno Bruto PMATA – Projeto de Modernização da Administração Tributária e Aduaneira RFB – Receita Federal do Brasil SEF – Sistema de Escrituração Fiscal SI - Sistemas de Informação SPED - Sistema Público de Escrituração Digital SSL – Setor de Suporte as Lojas TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 14 1.1 JUSTIFICATIVA 18 2 GESTÃO DOCUMENTAL 19 2.1 GESTÃO DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS 24 2.2 MAPEAMENTO DAS INFORMAÇÕES 26 2.3 ETAPAS DO FLUXO DA INFORMAÇÃO 27 3 INFORMAÇÃO: ALGUMAS DEFINIÇÕES 30 4 CONTABILIDADE DIGITAL 34 4.1 ENTERPRISE RESOURCE PLANNING (ERP) 37 4.2 SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED 38 4.3 SEF - SISTEMA DE ESCRITURAÇÃO FISCAL (SEFAZ-PE) 41 5 FLUXOGRAMA 42 5.1 SIMBOLOGIA DO FLUXOGRAMA 45 6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 47 6.1 47 6.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS DESCRIÇÃO DA AMOSTRA 7 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 49 7.1 MAPEANDO O FLUXO DA INFORMAÇÃO UTILIZANDO A TÉCNICA DE FLUXOGRAMA FLUXO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL – ENTREVISTA COM O SSL CONTABILIDADE DIGITAL (SPED) - ENTREVISTA NO DCF GESTÃO DOCUMENTAL – ENTREVISTA COM O ARQUIVO DO DCF E O CPD CONSIDERAÇÕES FINAIS 52 7.2 7.3 7.4 8 REFERÊNCIAS 48 53 58 63 68 70 ANEXO A SÍMBOLOS DO FLUXOGRAMA VERTICAL 74 ANEXO B OS SÍMBOLOS DO FLUXOGRAMA HORIZONTAL, PARCIAL OU DESCRITIVO SÍMBOLOS DO FLUXOGRAMA HORIZONTAL GLOBAL OU DE COLUNA 75 ANEXO C 76 14 1 INTRODUÇÃO Fatores científicos, tecnológicos, econômicos e socioculturais incidem diretamente na sociedade e estão inteiramente relacionados com a mutação pela qual esta vem passando. Essas mudanças ocorrem com tal tenacidade e truculência que nos fazem ter a impressão de que, de repente, não temos conhecimento de nada que se passa nesta esfera. Nessa conjuntura de transformações sociais, a informação tornou-se uma necessidade crescente para qualquer setor da atividade humana e o gerenciamento dessa informação é um fator de elevada importância em qualquer ambiente organizacional por ser um recurso indispensável nos contextos internos e externos das pessoas e instituições. O principal foco da informação com a sociedade está relacionado com a produção de conhecimento no indivíduo e “como agente mediador na produção do conhecimento, a informação qualifica-se em forma e substância, como estruturas significantes com a competência de gerar conhecimento para o indivíduo e seu grupo”. (BARRETO, 1994, p.3). Já no ambiente organizacional, a informação pode se inserir como uma ferramenta indispensável para uma ação administrativa eficiente. Choo (2006, p. 27) diz que “[...] a criação e uso da informação desempenham um papel estratégico no crescimento e na capacidade de adaptação da empresa”. Neste contexto, não há mais como administrar uma organização competitivamente sem que haja um controle da produção, do uso e do fluxo das informações que transitam no interior das empresas. O eficiente monitoramento da produção, do uso e do fluxo das informações, aumenta as possibilidades de contribuição para o processo decisório das corporações. Embora, vale destacar que os indivíduos detentores do conhecimento são os únicos que possuem a competência cognitiva para decodificar o significado que tal informação exprime. A informação é elemento importante na tomada de decisões pertinentes, de melhor qualidade e no momento adequado, ou seja, pode ser utilizada para reduzir a incerteza na tomada de decisão. [...] a credibilidade das decisões será diretamente proporcional à qualidade da informação provida além da competência dos tomadores de decisão de interpretá-la e usá-la na escolha das opções mais corretas, contudo o acesso às informações sensatas aumenta a expectativa de sucesso da decisão. (LESCA; ALMEIDA, 1994.) 15 Conforme Braga (1996), a gestão da informação é eficaz quando políticas são estabelecidas de modo coerente e a informação gerada seja relevante e oportuna, com qualidade, precisão, custo apropriado e de fácil acesso para seus utilizadores. Na mesma perspectiva, os Sistemas de Informação (SI), através do auxílio das Tecnologias de Informação (TI), se inserem como ferramentas importantes para o alcance de bons resultados no processo decisório, por esses influírem diretamente no fluxo da informação seja em âmbitos internos ou externos. De acordo com Mañas (2007) o sistema de informações designa a logística indispensável à realização do processo de integração entre informação, conhecimento e tomada de decisão, a qual não se restringe somente à informática. Moresi (2001) completa dizendo que os sistemas de informação estão desenvolvendo mecanismos que maximizam o fluxo informacional relevante ao suporte das diretrizes organizacionais, em busca da decodificação do processo de conhecimento, tomada de decisão e intervenção na realidade. Contemporaneamente, o gerenciamento da informação passou a ser compreendido como um trunfo organizacional, permitindo superar algumas barreiras mercadológicas na medida em que existe uma nova maneira de pensar a informação, ou seja, como elemento estratégico nas organizações, mediada e veiculada pela Tecnologia da Informação, especificamente a internet, possibilitando que as empresas ajam e reajam rapidamente frente aos clientes, mercados, concorrência e de órgãos fiscalizadores e reguladores. Com base nas informações coletadas sobre os ambientes interno e externo, a organização pode identificar alternativas e tomar decisões estratégicas para promover mudanças na estrutura e nos processos organizacionais, de modo a garantir a manutenção da sintonia com o ambiente externo e oferecer respostas adequadas para a sobrevivência e crescimento da organização. (BEAL, 2009, p. 75) Como insumo para a tomada de decisão, a informação percorre diversos fluxos nos sistemas de informação das organizações antes de chegar ao seu detentor final. O fluxo Informacional é entendido como ponte que interliga os gestores à informação o qual explicita as etapas de produção, tratamento, armazenamento, distribuição, disseminação e uso da informação no ambiente corporativo. Segundo Vital (2010, p. 86) “a gestão da informação requer o estabelecimento de processos, etapas sistematizadas, organizadas e estruturadas das quais os fluxos informacionais são responsáveis.” Completando a ideia McGee e Prusak (1994, p. 5) afirmam que “a criação, captação, organização, distribuição, interpretação e comercialização da 16 informação são processos essenciais” para as instituições ministrarem a gestão da informação de forma estratégica. Contudo, para solucionar problemas oriundos da ausência, insuficiência, redundância e/ou abundância de informações, faz-se necessário que ocorra uma análise da gestão da informação, no sentido de delineamento do fluxo informacional com a assistência dos aparatos tecnológico, que dê suporte aos gestores de informações. A informação circula por meio de algum suporte, sejam eles físicos ou digitais. Tradicionalmente, a maioria das informações registradas no suporte físico é armazenada em arquivos, que podem ser nomeados de Arquivo geral, Centro de documentação, Centro de Informação, não importa a denominação é imprescindível que haja nas organizações uma gestão adequada para essa demanda. O crescimento da produção de informações trouxe consigo desafios também para a área arquivística, pois as organizações querem a informação, não importando se ela é ou está em formato analógico ou digital. E para tanto é preciso que uma organização desenvolva o gerenciamento dos documentos para minimizar os problemas e implementar (ou dinamizar) políticas de gestão documental. Como o termo gestão está associado ao ato de gerenciar, todos os preceitos da administração também se aplicam à gestão documental. Ou seja, é preciso ir além do ato de registrar a informação em um determinado suporte, traçar um planejamento de gerenciamento dos documentos desde sua produção até seu armazenamento, visto que toda gama documental que é gerada pela organização deve ser rapidamente localizada e utilizada no momento correto e necessário para tomar decisões com qualidade, credibilidade e exatidão. (BARTALO; MORENO, 2008) As práticas arquivísticas, como o tratamento, organização, armazenamento e disponibilização da informação, estão inseridas no contexto das organizações modernas e desempenha um papel muito importante, à medida que facilita o acesso às informações aos profissionais que nela trabalham. A informação arquivística constitui-se em prova documental extremamente necessária à vida das organizações/instituições, como fonte de sua história e autenticidade e transparência de suas ações. É utilizada quer pelo seu valor primário (para decidir, para agir, e controlar as decisões e ações empreendidas), quer pelo seu valor secundário (para efetuar pesquisas retrospectivas que põem em evidencia decisões ou ações passadas). (MORENO, 2006, p.80). 17 Diante da crescente geração de documentos em meio digital é imprescindível apresentar uma gestão documental subsidiada pelas Tecnologias da Informação, pois, as vantagens competitivas são agora obtidas através da utilização de redes de comunicação e sistemas de informações que interconectam empresas, clientes e fornecedores com rapidez e custo reduzido. Assim sendo, esse estudo se volta para a realização do mapeamento do fluxo de informação entre duas filiais e o setor contábil/fiscal de uma empresa do ramo de comércio de eletroeletrônico, identificando por onde circula a informação desde sua origem até seu armazenamento. Em se tratando de uma empresa privada esse processo se estende até o repasse desses dados informacionais para a Secretaria da Fazenda Estadual (SEFAZ) através do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). A “contabilidade digital”, constituída em parceria com o Fisco, surge como um novo modelo de lavrar a escrituração contábil/fiscal, e tem no Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) uma premissa de alcançar a transparência que o fluxo único de informações concede, bem como uma integração na relação entre Fisco, contribuintes e sociedade. Afirmado isto, surgem as indagações: Quais as principais etapas do fluxo da informação contábil desde sua origem até seu destino final neste cenário digital? E ainda, como monitorar o fluxo para combater os “ruídos” e diminuir os gargalos visando o êxito no final de todo processo contábil? Pretender-se-á com este estudo, efetuar um mapeamento das etapas do fluxo informacional que transita entre uma filial do estado da Paraíba e outra filial que atua no estado de Pernambuco e o setor contábil/fiscal da empresa, visando identificar quais os possíveis gargalos que interceptam o adequado fluxo de informações. Têm-se como objetivos específicos: observar como funciona o processo de tramitação das notas fiscais eletrônicas desde sua emissão até seu arquivamento, perpassando pelo repasse dos dados para a Secretaria da Fazenda Estadual e a Receita Federal; Analisar como as informações que constam no banco de dados do sistema ERP da empresa são recolhidas, compiladas e enviadas on-line para a Receita Federal via SPED e para a SEFAZ-PE por meio do SEF; Identificar como essas informações são geridas, armazenadas e descritas para o devido arquivamento ao final da etapa da escrituração. 18 1.1 JUSTIFICATIVA O Arquivo é um organismo que está em constante expansão por estar diretamente ligada à geração de novas informações que tais instituições precisam gerenciar, mesmo, que não possua o mesmo valor de sua origem. Isso diz respeito não só ao acervo criado que se expande com os adventos tecnológicos, mas também, a forma como os serviços são prestados, e esses, do mesmo modo, tiveram sua evolução legitimada. A gestão documental não passou ilesa por essas transformações. Das antigas prateleiras de madeira para imensos storages, de uma folha de papiro a um punhado de bits. O mundo do papel pouco a pouco está cedendo espaço para o mundo digital. E a nova perspectiva da transformação digital não está só atrelada aos documentos, mas também para quem os operacionalizam e consomem. A informação hoje deixa de ser privilégio de poucos e passa a ser disseminada e conhecida em questão de segundos. Todas essas premissas estão citadas em Rondinelli (2005, p. 24) ao afirmar que: [...] No mundo do trabalho, por exemplo, os profissionais da informação foram profundamente atingidos e, entre eles, os arquivistas. Tal afirmação se fundamenta no fato de que o avanço tecnológico mudou radicalmente os mecanismos de registro e de comunicação da informação nas instituições e, consequentemente, seus arquivos também mudaram. Devido às mudanças do setor tributário brasileiro e fazendo-se uso das novas tecnologias aplicadas à gestão e transferência da informação, desde abril de 2008 está em vigor uma nova sistemática de recolhimento do fisco através das informações contidas nas Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e). A troca de informações eletrônica com a Receita Federal já é uma realidade contundente. Esse mecanismo surgiu com o intuito de substituir a emissão de notas fiscais em papel e transformar o fluxo de informações antes desorganizado em um só núcleo, simplificando a vida do contribuinte, aumentando a segurança e inibindo às práticas de fraudes. A empresa estudada gera e trabalha com grande volume de emissões de NF-e e, em decorrência disso, a empresa está mobilizando uma equipe somente para tratar desse gerenciamento. Em decorrência disso, se faz necessário, e de extrema importância, para toda e qualquer organização a realização de um estudo aprofundado para a elaboração de um mapeamento dessas informações, visando um melhor monitoramento durante o 19 percurso de escrituração e posterior arquivamento adequado. Para servir de instrumento facilitador na recuperação dessas informações em caso de fiscalizações posteriores. As informações produzidas no âmbito organizacional são consideradas insumos essenciais, por isso que se constituem em elemento integrador das diversas atividades administrativas e processos organizacionais que refletem suas estruturas e funções, assim como formam e alicerçam o ambiente de informação de uma organização. A realização desse trabalho também trará uma contribuição de ordem teórica, pois, pretende identificar e apresentar os fenômenos pertinentes ao fluxo de informação em ambientes empresariais no âmbito da gestão documental integrada desde sua produção, tratamento, tramitação, armazenamento e acesso. Além disso, a relevância desse trabalho consiste em proporcionar maior conhecimento do processo de geração e manipulação das NF-e como documento legal, e explicitar os procedimentos da empresa na tramitação dos dados informacionais via SPED como forma de criar, por meio da interdisciplinaridade do tema, insumos que sirvam como base para outras pesquisas e/ou estudos de casos. 2 GESTÃO DOCUMENTAL Em qualquer esfera organizacional a produção de documentos é inerente à atividade corporativa. Existe uma infinidade de tipos diferentes de documentos que necessitam de organização para que o cotidiano das empresas transcorra normalmente. O ciclo de vida destes documentos tem trajetórias extensas, seja para cumprir obrigações impostas pela legislação, seja por auditorias internas, ou meramente pelo resgate das informações para assim formar a essência daquela atividade. A gestão de documentos (ou documental) é um procedimento essencial na existência de uma organização. Para tomar decisões, recuperar a informação e preservar a memória institucional é necessário constituir um conjunto de práticas que avalize a organização e preservação dos arquivos. Baseado na Lei nº. 8.159, de 08 de janeiro de 1991, o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística conceitua a gestão de documentos como sendo o “conjunto de 20 procedimentos e operações técnicas referentes à produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de documentos em fase corrente e intermediária, visando sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente”. (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 100). A NBR 9578 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1986, p. 1) reforça definindo que a gestão de documentos é uma “metodologia de programas para controlar a criação, o uso, a normalização, a manutenção, a guarda, a prática e a destinação de documentos”. Já os arquivos são “o conjunto de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos”. (BRASIL, 1991). Entendidos esses conceitos, podemos afirmar que a ação dessa gestão documental nos arquivos, diz respeito a uma área da administração relacionada à busca de economia e eficácia na produção, manutenção, uso e destinação final dos documentos. As ações da gestão documental ou gestão de documentos objetiva, entre outros, assegurar uma documentação adequada, garantir a preservação e o acesso aos documentos, permitindo a recuperação das informações de forma ágil e eficaz, proporcionar o cuidado adequado e o armazenamento a baixo custo, reduzir ao essencial a massa documental produzida, otimizar recursos humanos, físicos e materiais. (BARTALO; MORENO, 2008, p. 85) Na gestão documental, o cerne das discussões gira em torno justamente do documento. Porém, por mais importante que seja a informação contida nele, a gestão não visa administrar somente um, mas um conjunto de documentos que forma a gama documental e que possui também a informação importante para explicar, demonstrar, comprovar e subsidiar o indivíduo na tomada de decisão, com o intuito de inferir na realidade em busca de compreensões, seja na vida cotidiana de uma pessoa e/ou nas atividades de uma organização pública ou privada. A gestão de documentos iniciou sua exploração nos Estados Unidos e Canadá, a partir da década de 1950, após a Segunda Guerra Mundial, como uma forma de racionalizar a produção documental e promover o fácil acesso por parte da administração pública. Nesta época, as instituições arquivísticas públicas caracterizavam-se pela função de órgão estritamente de apoio à pesquisa, comprometidos com a conservação e acesso aos documentos considerados de valor histórico. Esta concepção opunha-se a ideia de 21 documento administrativo, cujos problemas eram considerados de competência peculiar dos órgãos da administração pública que os produziam e utilizavam. (JARDIM, 1987). O resultado destas alterações ocorridas trouxe para a área arquivística, uma nova concepção de arquivo baseada na Teoria das Três Idades, princípio pelo qual os documentos perpassam por etapas instituídas conforme seu valor administrativo e frequência de consulta. Essa teoria hoje é conhecida como o “Ciclo de Vida” dos documentos de arquivo que é composto por três fases: Fase corrente: são os documentos em tramitação ou que foram arquivados, mas que são consultados com frequência e são mantidos junto à organização que o produziu ou recebeu. Corresponde também ao valor administrativo que o documento representa para a organização no atual momento. Distingui-se por esta servir às finalidades imediatas da organização para as quais foram originadas ou recebidas em atividades pertinentes. Como exemplo, podemos citar os memorandos. Fase Intermediária: trata-se dos documentos provenientes do arquivo corrente, que não têm mais uso ou possui baixa assiduidade de acesso corrente embora tenham interesse administrativo e que espera a decisão sobre sua destinação final, podendo ser descartados ou encaminhados para o arquivo permanente. Exemplo Normas internas ou regulamentos. Fase permanente: é o conjunto de documentos armazenado de maneira definitiva em virtude de seu valor informativo, histórico ou probatório. Mesmo durante o “estado permanente” dos documentos, ainda existem critérios que definirão por quanto tempo eles permanecerão arquivados, a depender do valor das informações contidas no seu escopo. Um livro fiscal é um exemplo de documento permanente. Esse ciclo representado pela passagem dos documentos de uma fase para outra é direcionado por um instrumento denominado Tabela de Temporalidade, que visa o estabelecimento de parâmetros para avaliar os documentos e definir prazos de utilização e destinação final. Ela dá diretrizes no que se refere à: separação dos documentos de guarda temporária e de guarda permanente; a eliminação dos documentos em desuso; a racionalização das atividades de transferência e recolhimento e a introdução de uma política de destinação de documentos. (ARQUIVO NACIONAL, 2005). Complementando as etapas sugeridas pela Teoria das três idades que engloba as fases de produção até a destinação final, Rhoads citado por Jardim (1987), examinando o 22 contexto inerente às práticas arquivísticas fomentada pela UNESCO no seu Programa Geral da Informação (PGI) através do estudo RAMP1 (Programa de Gestão de Documentos e Arquivos), afirma que, para uma gestão de documentos alcançar a economia e eficácia, deve-se criar planos de ação criteriosos durante a construção das seguintes etapas: Produção: etapa que administra os itens peculiares de uma ação que controla a concepção de documentos, através da elaboração e gestão de formulários, da gestão da correspondência e dos relatórios, sistemas de gestão da informação, gestão das diretrizes da preparação e difusão da informação sobre as políticas e procedimentos e aplicação das novas tecnologias inerentes a estes processos; Utilização e conservação: atuam na fase que corresponde à utilização e armazenamento dos documentos indispensáveis para a concretização ou simplificação das atividades de uma organização. Compreende a implantação dos sistemas de arquivos e de recuperação da informação, a gestão dos correios e telecomunicações; seleção e uso de equipamentos reprográficos, análise de sistemas, produção e manutenção de programas de documentos vitais à administração e uso de automação e reprografia nestes processos. Destinação: fase esta que determinam os métodos para implementar as recomendações sobre eliminação de documentos, e que abrange as atividades de identificação e descrição dos documentos, a avaliação do valor permanente para os arquivos, a eliminação cíclica dos documentos sem valor de guarda permanente. Paralelamente, iniciara-se a era da “administração científica”, idealizada por Frederick Taylor2 e Frank Gilberth3, onde eles alertavam os administradores para a necessidade de aplicar métodos científicos aos processos administrativos, reduzindo custos e conseguindo resultados mais rápidos e satisfatórios. 1 Este programa tem como objetivos principais fomentar a formulação de políticas e planos de informação, difundir os métodos, normas e regras de gestão da informação, contribuir para o desenvolvimento de sistemas especializados de informação. [...] Os trabalhos versam sobre os principais aspectos da Arquivística contemporânea e são produzidos por especialistas internacionais. (SOUSA, 1995, p. 24). 2 Frederick Winslow Taylor foi um engenheiro norte-americano que introduziu o conceito da chamada Administração Científica, revolucionando todo o sistema produtivo no começo do século XX e criando a base sobre a qual se desenvolveu a atual Teoria Geral da Administração. 3 Frank Bunker Gilbreth engenheiro norte-americano nascido em Fairfield Maine, que com a esposa Lillian Gilbreth ganharam fama com a criação do Estudo dos Movimentos. 23 O modelo de administração científica influenciou diretamente a gestão documental por apresentar diretrizes na busca de soluções para problemas arquivísticos, e após serem aplicadas as ideias, verificou-se que essa corrente resultou em benfeitorias para a gestão documental, pois, mesmo não sendo criada para resolver questões diretamente relacionadas a documentos, trouxe muitas inovações para a área arquivística. (BARTALO; MORENO, 2008). Nos anos 1980, a arquivologia se deparava frente aos desafios de identificar inúmeros documentos empilhados em depósitos de arquivos, os quais aglomeravam desordenadamente e deveriam ser organizados e avaliados para que o inútil fosse suprimido, tarefas que se estabeleciam para resolver o problema da superlotação dos arquivos. (JARDIM,1987). Na década de 1990, As instituições arquivísticas públicas, particularmente os arquivos nacionais dos EUA e do Canadá, começaram a assumir nova feição, admitindo também a função de órgão de apoio à administração pública. Essa postura foi adotada a partir da aplicação dos princípios básicos de gestão de documentos, segundo o qual a informação deve estar disponível no lugar certo, na hora certa, para as pessoas certas e com o menor custo possível. (FONSECA, 2005). Atualmente, os desafios que se colocam para a gestão documental são em relação aos documentos digitais e tudo que engloba seus sistemas de gerenciamento, uma vez que essas conduzem a área arquivística a uma aproximação cada vez mais intensa com a área da Informática, na busca de parâmetros científicos para o planejamento adequado da produção e para o tratamento dos documentos que serão armazenados em bases de dados. Questões como a mudança de suporte da informação do meio analógico para o digital, certificação digital e arquivamento nas nuvens são algumas das proposições amplamente debatidas hoje por especialistas, empresas e acadêmicos no intuito de modernizar a gestão documental visando à resolução de problemas peculiares a essa área do conhecimento. A gestão de documentos contribui para a definição criteriosa da parcela de documentos que constituem valor ao patrimônio arquivístico de uma organização, ou seja, que nem todo documento produzido por uma organização deve ser conservado para sempre. Desse modo, é preciso colocar em prática os princípios de gestão para que, entre outros benefícios, a informação seja disponibilizada de forma rápida pelo fato de 24 caracterizar-se como processo de redução seletiva da massa documental, de forma a conservar permanentemente os documentos que têm valor administrativo e/ou cultural futuro sem menosprezar a integridade substantiva dessa massa para efeito de pesquisa. (SCHELLENBERG, 2006). 2.1 GESTÃO DE DOCUMENTOS ELETRÔNICOS Já no gerenciamento de documentos eletrônicos, o uso dos conceitos e práticas modernas de arquivamento pelas empresas que adotam esse recurso, dá garantias de que a informação que ali está sendo produzida e utilizada sejam bem gerenciada, além de outros benefícios como: a racionalização dos espaços de guarda de documento, a eficiência e rapidez nas suas atividades diárias e o atendimento, de forma mais rápida, de seu público e dos órgãos que o fiscalizam. Rondinelli (2005) cita a importância dessa designação arquivística: No âmbito das organizações públicas e privadas, os documentos eletrônicos tornaram mais urgente a gestão arquivística de documentos, que inclui tanto os documentos tradicionais como os produzidos em meio eletrônico. A gestão arquivística de documentos eletrônicos não difere essencialmente da gestão arquivística de documentos em papel, mas a manutenção dos documentos eletrônicos é mais dependente de um bom sistema de gestão arquivística de documentos. De acordo com o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (2005), documentos digitais são aqueles codificados em dígitos binários, acessíveis por meio de sistema computacional. O Conselho Nacional de Arquivos (2004, p. 7) considera exemplos de documentos arquivísticos digitais: textos; imagens fixas e em movimento; gravações sonoras; mensagens de correio eletrônico; páginas web; bases de dados. Nesse novo cenário, pelas quais as mutações passam a ocorrer com tamanha rapidez, a inquietação em relação ao gerenciamento dos documentos digitais é colocada em evidência, a partir do momento em que as organizações devem atinar para manter sólidas as redes internas e externas de transmissão de dados e ter a total confiança acerca da nova tecnologia que se pretende introduzir na instituição. A falta dessa ação pode acarretar o fracasso do que o gerenciamento de documentos digitais se propõe a fazer, fazendo com o 25 que esse tipo de documento, mesmo tendo origem digital, migre para outro suporte após sua criação, como por exemplo, a impressão em papel. Entretanto, o avanço da tecnologia digital e a consolidação da Internet possibilitaram aos documentos digitais, novas características e funcionalidades, chegando a não permitir que esses dados sejam transferidos para o papel. Um exemplo que podemos citar é arquivo sonoro. Os documentos arquivísticos digitais têm o caráter de facilitar sua transmissão. Porém, esta facilidade pode se reverter em problemas, pois, pode gerar informalidade na linguagem, duplicidades semânticas e confusões nas posições hierárquicas durante procedimentos gerenciais e operacionais em uma instituição, ou seja, a facilidade de acesso aos documentos digitais pode favorecer intervenções não autorizadas, acarretando adulteração de documentos digitais ou sua perda (SANTOS, 2005). Os documentos digitais também podem apresentar problemas típicos de preservação a longo prazo e de acessibilidade contínua, visto que, quanto mais os recursos tecnológicos avançam, mais serão as chances de haver obsolescência no que se refere a softwares, hardwares e formatos além da deterioração da mídia. A implementação de uma gestão documental eficiente se faz necessário por essa atividade ser direcionada às informações essenciais da organização ou de interesse arquivístico, que serão administradas de forma simples e objetiva. A gestão de documentos envolve, paralelamente, a utilização eficaz da informação em tempo hábil, garantindo a eficiência no âmbito interno e externo das empresas. Considerando o histórico da crescente utilização dos programas de gestão documental nas organizações, entende-se que há, não apenas uma conscientização do que seja a informação arquivística, mas uma preocupação no que tange todos os setores, principalmente os setores comprometidos com a cúpula da administração de uma organização, e quando essas as técnicas arquivísticas forem desenvolvidas nas empresas, poder-se-á perceber a rapidez na obtenção da informação e a racionalização de espaço físico destinado à guarda dos documentos, reconhecendo o valor intrínseco que cada arquivo representa. 26 2.2 MAPEAMENTO DAS INFORMAÇÕES O mapeamento das informações pode ser considerado uma técnica excelente para que organizações como a LEM/LTDA possam desmistificar e descrever “os tipos de recursos informacionais existentes, suas fontes e localizações, as unidades organizacionais responsáveis e os serviços e sistemas a eles associados”. (BEAL, 2009, p.34). Desta forma, deve-se considerar não só o conteúdo da informação, mas as maneiras de acesso disponíveis dentro da organização e a análise dos fluxos desde a fase embrionária até a de término de sua utilização. Se a organização dispuser de um mapa da informação, o usuário pode ser conduzido rapidamente para o local onde os dados se encontram, aumentando substancialmente a possibilidade e que estes sejam usados de maneira eficiente e de que a informação obtida seja reutilizada com facilidade. (BEAL, 2009, p.35, grifo da autora). A autora ainda lista os problemas que poderiam ser minimizados com a aderência desse método: Informação Dispersa: Problemas relacionados com a falta de integração entre os setores que produzem, processam e emitem informações comumente, dificultando o acesso e controle por parte dos gestores; Informação Divergente: Informações com mesmo conteúdo, mas que são discrepantes; Informação Excessiva: Quantidade muito grande de informações produzidas que nem sempre é utilizada ou consultada, acumulando ainda mais documentos na fase de armazenamento; Informações em duplicidade: produção repetida das mesmas informações e disponibilizadas ou disponibilizadas novamente. Existem varias formas de se mapear as informações numa organização. E para compor este mapeamento, foi elaborado Fluxogramas contendo todas as etapas do fluxo da informação que permeiam os setores SSL, DCF e CPD da LEM/LTDA e ele foi elaborado conforme foi descrito nos resultados da pesquisa. 27 Portanto, o estudo do mapeamento do Fluxo de Informações, e desenho do fluxograma permitirá à instituição entender os problemas na transmissão de dados informacionais, o que implicará numa maior capacidade de gerenciar a informação em todos os setores organizacionais, constituindo a força motriz do desenvolvimento econômico, social, cultural e tecnológico da empresa. 2.3 ETAPAS DO FLUXO DA INFORMAÇÃO As organizações possuem rotinas diferentes e, para cada segmento empresarial, pode-se desenhar um modelo de fluxo que se adapta à realidade informacional existente em suas estruturas. Este seria só mais um ponto dentre tantos outros sobre o fluxo da informação que a corporação deve sempre estar atenta, pois, para cada característica distinta que surge, podem surgir novas propostas de representação do fluxo. Neste sentido, a informação precisa seguir etapas gerenciadas que vão proporcionar a empresa maior segurança na utilização da informação. Citaremos três autores e suas respectivas representações das etapas: Etapas de Fluxo da Informação – Lesca e Almeida (1994) São mostradas três etapas do fluxo da informação inseridas na conjuntura organizacional e mercadológica. A primeira etapa aborda o ponto de vista da coleta da informação do ambiente externo para ser usado pela empresa, fazendo com o que a organização opte pela maneira adequada de tomar decisão para seu âmbito o que permitirá identificar qual informação será adaptável e utilizável. A segunda trata da informação produzida em seu próprio âmbito organizacional, selecionando qual informação será relevante ou não. Na última etapa, a informação produzida dentro do âmbito organizacional é comercializada para o público externo mediante clientes, fornecedores, concorrentes e a quem necessite. 28 Figura 1: os três fluxos de informação de uma empresa Fonte: Lesca e Almeida (1994) Fluxo interno e os fluxos externos da informação - Smit e Barreto (2002) Neste modelo, os autores consideram que a informação se expõe em dois estados: os que são sucedidos por fluxos internos e por fluxos externos de informação. O fluxo interno busca a representação de uma forma de ação e de organização a ser seguida no processo de controle e na tomada de decisão e os externos cooperam com a constituição das ações sugeridas pelo grau interno. Figura 2: Modelo do Fluxo interno e externo da informação. Fonte: Smit e Barreto (2002). 29 Modelo de representação do fluxo da informação – Beal (2009) Esse esquema talvez seja o mais ideal para as organizações seguirem na atual conjuntura, pois, ela envolve sete ações para melhoria da gestão da informação nas organizações através do fluxo: - A primeira etapa do fluxo da informação exibe a “identificação das necessidades e requisitos necessários” para uso da informação. Esta etapa é importante para o desenvolvimento de produtos informacionais. - A segunda, marca a “obtenção” da informação. Descreve que “na etapa de obtenção da informação são desenvolvidas as atividades de criação, recepção e captura de informação, proveniente de fontes externa ou interna, em qualquer mídia ou formato”. - Na terceira etapa, o “tratamento” da informação é traçado conforme o desejo de tornar a informação acessível. - A quarta etapa está relacionada à “distribuição” de informação referente às necessidades dos usuários. Afirma que “quanto melhor a rede de comunicação da organização, mais eficiente é a distribuição interna da informação, o que aumenta a probabilidade de que esta venha a ser usada para apoiar processos e decisões [...]”. - A quinta apresenta o “uso” da informação. Nessa etapa, a informação é usada nas práticas organizacionais pelos seus detentores. - A sexta etapa diz respeito ao “armazenamento” da informação, que na visão da autora, é o procedimento de conservar os dados e informações, permitindo o uso e reuso da informação. - O “descarte” é a sétima e última etapa do processo, permite que a organização descarte as informações em desuso, ou seja, que perderam seu valor administrativo e legal, abrindo espaço para novas informações e dando mais agilidade às informações em uso. 30 FIGURA 3 – Representação do fluxo da informação nas organizações FONTE: (BEAL, p. 29, 2009). 3 INFORMAÇÃO: ALGUMAS DEFINIÇÕES A Informação é um recurso valioso e está presente em todos os níveis hierárquicos da estrutura organizacional. Dois exemplos disso repercutem: no plano estratégico, quando uma “ação informacional” está apta para acrescentar coerência entre a organização e os meios que a envolvem, aumentando a eficácia na busca da realização da missão institucional; e nos planos operacional e gerencial, quando as informações são originadas dentro da organização, que posteriormente são traduzidas em aumento da eficiência organizacional em termos de opções estratégicas (ROBBINS, 2010). Com os avanços das tecnologias da informação que auxiliam diretamente o fluxo informacional, a informação passa a representar uma estratégia para qualquer atividade organizacional, seja produtiva, intelectual ou de serviços. Geralmente, as organizações adotam uma estrutura administrativa, cujas tomadas de decisões são baseadas no sistema de informação. Porém, muitas organizações se depararam com um problema: o mau funcionamento administrativo provocado pela desordem ou falta de uma normatização das informações estratégicas. 31 A informação é um significado registrado, em meio impresso, digital, oral e/ou audiovisual, e é transmitido para um indivíduo através de sinais num determinado tempo e espaço (LE COADIC, 2004). E para cumprir o papel de conhecimento comunicado, as informações percorrem por etapas que vão desde sua origem (obtenção) até a salvaguarda (armazenamento). As etapas, que são séries de ocorrências que media o sinal/mensagem de um emissor para um receptor, vêm se modificando pelo surgimento de adventos tecnológicos, sobretudo, no que se refere à transferência de dados informacionais. Além dos diversos contextos que este tema pode abordar, alguns autores da área da Ciência da Informação consideram o fluxo da informação uma função primordial, pelo fato dele operar diretamente na transmissão da mensagem no processo de comunicação. Atualmente, este fato é alavancado, principalmente, pela eclosão das tecnologias da informação que incidem na vida social, através da popularização da web, das telecomunicações e dos veículos de comunicação, sempre focalizando o que essa área do conhecimento defende sobre o propósito potencial da informação que é: criar conhecimento no indivíduo na sua realidade. Barreto (1998, p. 122) elucida essa premissa mencionando que: [...] o fluxo de informação, que, mediante processos de comunicação, realiza a intencionalidade do fenômeno da informação, não almeja somente uma passagem. Ao atingir o público a que se destina deve promover uma alteração; aqueles que recebem e podem elaborar a informação estão expostos a um processo de desenvolvimento, que permite acessar um estágio qualitativamente superior nas diversas e diferentes gradações da condição humana. E esse desenvolvimento é repassado ao seu mundo de convivência. Conforme Le Coadic (2004, p. 6) a aparição do fluxo da informação se deu através da conjunção de dois fenômenos: a explosão quantitativa da informação e a implosão do tempo de comunicação da informação. Ainda seguindo o raciocínio do autor francês, as etapas que compreendem o fluxo da informação se inserem por meio de ciclos, e interligam três componentes ao termo informação na composição de seus conceitos gerais: Informação e dado – define como sendo uma informação codificada que se submete ao processamento eletrônico. Utiliza-se o recurso da informação informatizada trazendo novas nomenclaturas como metadados e metainformação; 32 Informação e conhecimento – aborda a própria capacidade cognitiva do indivíduo, onde com o acréscimo de uma informação repassada, aquele conhecimento que já se encontrava retido em mente se modifica. Ele apresenta uma fórmula para representar este ciclo: C+∆C=C’ I∆ Onde o conhecimento C passa para um novo estado C’ pela contribuição de um conhecimento ∆C que é extraído de uma informação I∆; Informação e comunicação – sistema que representa a analogia de fenômenos que expõe a informação na conjuntura da comunicação. Nesta proposição, o autor apresenta um modelo simplista de ciclo da informação, que surgiu com a evolução dos modelos sociais propostos pela massificação da mídia e da teoria da informação. Figura 4 – O ciclo da informação ou modelo social Fonte: Le Coadic (2004, p. 10) Portanto, no âmbito da comunicação social, o fluxo da informação pode ser definido como um processo de transferência da informação de um emissor para um receptor, agregando valores ao indíviduo que, por consequência, transmitirá a informação processada para outros, gerando um novo ciclo. McGee e Prusak (1994) afirmam que o valor da informação é determinado pelo usuário, no qual implica que a mesma pode ser reutilizável. Completando o raciocínio Sordi (2008) menciona que o valor das informações, nesse contexto, deve estar claro e explicitado em fatores como: relevância, utilidade, clareza, objetividade, contextualização. Outra abordagem, mais focalizada na esfera institucional, surge pelo fato do fluxo da informação englobar atividades ligadas à produção, disseminação e uso da informação 33 nas organizações, desde a absorção de uma ideia até a sua transformação em um conhecimento e posterior expressão. Tratando da gestão da informação nas organizações, o fluxo da informação é estudado como uma fonte estratégica no sentido de subsidiar o processo decisório, e que, não obstante, percorre etapas sistematizadas que têm a função de delinear o melhor caminho para trafegar, desde sua concepção até o uso, intuitivamente a fim de minimizar ruídos durante sua trajetória. Dessa maneira, adverte-se que, sem a gestão, o fluxo de informação que circula nas organizações fica sem direção, dissipando informações relevantes ao desenvolvimento das organizações. (BEUREM, 2009). A projeção da informação, bem como sua manipulação, é debatida no cotidiano das corporações pelos respaldos que ela proporciona na maneira de gerir a empresa. Porém, pode sofrer efeito inverso caso apresente falhas ou defeitos na sua tramitação. O correto fluxo da informação traz consigo vantagens estratégicas, mas, se houver incidências de ruídos, o fluxo pode se tornar vulnerável acarretando discrepâncias gerenciais e operacionais, ocasionando adversidades direta e indiretamente (OLIVEIRA, 2010). Alguns autores da área já diagnosticaram problemas pela falta de monitoramento, eis abaixo alguns exemplos: A ausência da informação, por essa ser perdida ou extraviada durante seu percurso (MCGEE; PRUSAK, 1994); Desordem do fluxo e decorrente ineficiência, além do excesso de informações irrelevantes (LE COADIC, 2004); Bloqueios de comunicação, fazendo com o que a informação chegue insuficiente ao seu detentor final (FREIRE, 2006); Redundância e inconsistência de informações geradas de fontes diversas; (BEAL, 2009). A Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) concede recursos para o manuseio das informações visando minimizar ao máximo os problemas supracitados, desde a obtenção até a transmissão delas. Com o advento dos multimeios e da consolidação dos ativos da informática nos sistemas de informação, surge um novo modo de gerenciar as 34 informações. Hoje, ela tem um papel fundamental nas organizações por “adicionar valor e qualidade aos processos, produtos e serviços” Beal (2009, p. 78). Porém, também trouxe consigo desafios quanto ao impacto resultante do uso mesclado destas tecnologias. Está comprovado que muitos sistemas de tecnologia da informação ficam aquém de seu potencial em razão da concentração dos esforços unicamente em implantar equipamentos e programas de alto nível sem levar em conta os ajustes necessários nos processos organizacionais e no comportamento dos indivíduos em relação a TIC. [...] a implementação eficaz das tecnologias da informação exige uma integração dos aspectos técnicos dos sistemas de TIC com os aspectos sociais das organizações, num processo de adaptação mútua e contínua que deve contar com ampla participação de todas as partes que serão afetadas pela TIC. (BEAL, 2009, p. 79) Por isso, deve haver uma análise tanto dos equipamentos quanto do ambiente organizacional onde será implantada a TIC dentro do sistema de informação, além de um estudo prévio desse sistema, com o intuito de traçar diagnósticos de situações em que o seu uso reflita o fluxo de informação. Sistema de informação é o conjunto de dados (transformado em informação) interdependente das pessoas, da estrutura da organização, das tecnologias de informação (hardware e software), dos procedimentos e métodos que deveria permitir à empresa dispor, no tempo desejado, das informações que necessita (ou necessitará em caso de arquivamento) para seu funcionamento cotidiano e para seu desenvolvimento (MAÑAS, 2007). A informação deve ser gerenciada como recurso estratégico por meio de seus sistemas de informação para o processamento dos dados e obtenção da informação útil ao usuário no momento correto. Os sistemas de informação também mantêm controle sobre as rotinas de comunicação das informações, o que na teoria proporciona alicerces seguros de auxílio à tomada de decisão. Todavia, nota-se também que graves problemas relacionados aos sistemas de informação advêm da inadequação dos ciclos que compõem os fluxos de informações ou o não cumprimento de etapas inerentes ao processo de gerenciamento da informação. 4 CONTABILIDADE DIGITAL Entendida por muitos como a ferramenta chave para a administração financeira com o objetivo principal de planejar, organizar, controlar e decidir os passos econômicos de 35 uma corporação, a Contabilidade está inserida no campo das ciências por estudar o controle do patrimônio das entidades organizacionais, e se apresenta como fonte geradora de dados e informações úteis que subsidiam a gestão organizacional em seus processos de tomada de decisão. (FRANCO, 1996) A Contabilidade, por possuir vasta amplitude no seu campo de atuação, também apresenta vários conceitos possíveis, sobretudo nas áreas sociais, econômicas e financeiras. Segundo Ferrari (2001) a Contabilidade é a ciência que estuda, controla e interpreta as variações e composições do Patrimônio das entidades, objetivando o controle, o fornecimento de informações gerenciais e o planejamento. O papel primordial da Contabilidade é municiar as entidades de informações úteis para a tomada de decisões econômicas e podem-se destacar duas funções imprescindíveis dentro do campo de atuação da mesma que conforme Santos e Schmidt (2003) são as: FUNÇÕES ECONÔMICAS: que apura o resultado do período, o qual pode se apresentar na forma de lucro ou prejuízo; FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS: que controla o patrimônio da entidade, tanto sobre o aspecto estático (posição em dado momento), como dinâmico (representa o movimento ou as mudanças qualitativas e quantitativas dos elementos). Além das funções principais podem-se destacar como finalidades inerentes à Contabilidade as formalidades de escrituração, as demonstrações contábeis, a auditoria e a análise de balanços da empresa, que se prestam ao registro dos fatos praticados pela organização e à sistematização dos fatos em forma de demonstrações contábeis que refletem seu estado patrimonial, financeiro e de resultados. (SANTOS; SCHMIDT 2003). Destarte, a Contabilidade é indispensável para que uma empresa concretize interesses comerciais com o Governo, com os bancos, com fornecedores e clientes, além desta necessidade convencional, a Contabilidade se apresenta como o grande pilar na veracidade da informação e consequentemente na credibilidade da companhia perante seus investidores. (FERRARI, 2001) Hoje, estamos vivenciando a Era da Informação e a transformação aludida pela eclosão dos meios digitais, eletrônicos e virtuais para esse fim no cotidiano das corporações 36 está distinguindo um novo entendimento sobre a cultura da administração de empresas. Atualmente, o universo corporativo convive sob pleno domínio das tecnologias da informação, fazendo com que ocorram mudanças significativas em alguns processos tanto gerenciais quanto operacionais dentro de uma instituição. Dessa forma, é natural que essas mudanças atinjam campos comuns (e por vezes vitais) dentre as organizações como, por exemplo, a área Contábil/Fiscal que com o surgimento da contabilidade digital, trouxe novos mecanismos na apresentação das escrituras com o intuito de buscar uma maior integração entre os registros contábeis e seus usuários, internos e externos. No Brasil, as recentes mudanças ocorridas por força de leis, como a 11.638/074, surgem com a pretensão de uniformizar as informações contábeis para que se tornem de fácil transmissão, visando uma padronização internacional a fim de garantir um desenvolvimento eficaz das organizações e progressão ascendente do país. Algumas iniciativas do Governo Federal tais como o Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e informações a Previdência Social (SEFIP)5, acabaram por incentivar o interesse pelo gerenciamento eletrônico de arrecadação de tributos, não só por ter propiciado a concepção de um enorme banco de dados que facilita a tramitação das informações, mas também a melhora na gestão da cobrança e arrecadação de tributos por parte do Governo. (BRASIL, 2012) Nesse panorama, surge o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), instituído conforme o artigo 2º do Decreto nº 6.022/07 como parte do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 2007-2010), que, através da informatização, busca aproximar a relação entre contribuintes e o fisco. O SPED é uma modernização do fisco que se encarrega de interligar as esferas governamentais às organizações através de sistemas de informação, diminuindo a quantidade de obrigação a ser entregue e atendendo as necessidades dos contribuintes. Desse modo, o SPED é um Sistema de Informação que utiliza intensivamente as Tecnologias da Informação para suprir uma lacuna que está prevista na Emenda 4 Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.html 5 É um aplicativo desenvolvido pela Caixa Econômica Federal, que permite ao empregador/contribuinte consolidar os dados cadastrais e financeiros da empresa e seus empregados, bem como repassá-los ao FGTS e à Previdência Social. 37 Constitucional nº 42, aprovada em 19 de Dezembro de 2003 que inseriu o Inciso XXII ao art. 37 da Constituição Federal que determina às administrações tributárias da União, dos Estados e dos Municípios atuem de forma integrada, sobretudo no compartilhamento de cadastros e de informações fiscais. 4.1 ENTERPRISE RESOURCE PLANNING (ERP) Antes de destrincharmos o SPED e suas subdivisões, é pertinente falarmos do Enterprise Resource Planning (ERP) que são Sistemas de Informação auxiliados por recursos de TIC que integram sistemas, redes e também referencia a troca de dados entre sistemas contemplando a definição de uma tecnologia específica de plataformas de hardware e software além de integrar os setores das empresas tornando as rotinas administrativas interativas por este sistema possuir conceitos de interoperabilidade6. Esse recurso é de vital importância para a implantação e desenvolvimento do SPED nas organizações. (TONINI, 2006). O ERP se consolidou como uma importante ferramenta de gestão que, por meio de sua utilização, é possível controlar os estoques, as vendas, o relacionamento com clientes e fornecedores, o financeiro, os lucros, enfim, todos os setores da organização mediante um único programa. Anteriormente, as empresas utilizavam, sistemas diferentes para cada departamento, o que trazia dificuldades para a aglutinação da informação, o controle e a tomada de decisão. (PADOVEZE, 2010) Podemos definir ERP como uma arquitetura de software que facilita o fluxo de informações entre todas as atividades de uma empresa, como fabricação, logística, finanças e recursos humanos. Normalmente, é composto por um banco de dados único, operando em uma plataforma comum que interage com um conjunto de aplicações. (TONINI, p.30, 2006) É preciso ter noções sólidas e estar em constante aperfeiçoamento no que concerne aos conhecimentos em computação, sistemas, redes, tecnologia da informação, hardwares e softwares, para ter êxito ao fim de todo processo. Mas em contrapartida, com surgimento das ERP’s para as organizações, serviços essenciais como o de envio da escrituração ficou mais fácil, pois antes essa fiscalização era realizada de maneira muito burocrática, utilizando 6 Parte de princípios que tratam da diversidade de componentes de um SI, com a utilização de produtos diversos de fornecedores distintos. Tem por meta a consideração de todos os fatores para que os sistemas possam atuar cooperativamente, fixando as normas, as políticas e os padrões necessários para consecução desses objetivos. Disponível em: http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/e-ping-padroes-deinteroperabilidade/o-que-e-interoperabilidade/ 38 grandes quantidades de papéis e entrega de obrigações acessórias como os livros fiscais. Entretanto, os órgãos de fiscalização estão se desenvolvendo rapidamente, obtendo como resultado praticidade e um melhor relacionamento com as entidades. Todos esses processos de avanço tecnológico descritos acima foi, determinante para a evolução da Contabilidade, fazendo jus a seu objetivo principal que é levar a informação hábil e segura a seus usuários, por isso a importância de utilizar as ferramentas que automatizem a gestão. 4.2 SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED O SPED surgiu por meio da assinatura do Protocolo ENAT7 nº 3/2005 que envolveram a Receita Federal do Brasil (RFB) e as Secretarias de Fazenda Estaduais e Municipais (SEFAZ) em 27/08/2005 e que a partir dessa data, vem propiciando vantagens tanto para as empresas por exonerá-la da árdua tarefa de manter e enviar as informações tributárias em papel e o Governo por obter informações mais seguras e fidedignas, contribuindo para a diminuição da evasão fiscal. (BRASIL, 2012). O SPED é instrumento que unifica as atividades de recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e documentos que integram a escrituração comercial e fiscal dos empresários e das sociedades empresárias, mediante fluxo único, computadorizado, de informações. (BRASIL, 2012). A primeira iniciativa já tinha sido outorgada com o incremento na Constituição Federal, em seu 37º artigo, pela Emenda Constitucional nº 42 de 2003, determinando a sincronia entre as informações fiscais. Segundo a Emenda Constitucional Nº 42, de 19 de dezembro de 2003 em seu artigo 37 inciso XXII que institui: As administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreira específica, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. (BRASIL, 2003). 7 Encontro Nacional dos Administradores Tributários realizado em São Paulo, em agosto de 2005 onde houve aperfeiçoamento das decisões do ENAT I e a aprovação de protocolos visando realização do SPED, Nota Fiscal Eletrônica e padronização na aplicação do CNAE (Classificação Nacional das atividades Econômicas); 39 E deu continuidade no plano plurianual do governo de Fernando Henrique Cardoso através da lei 9.989/00 que tinha outra nomenclatura que era o PMATA (Programa de Modernização das Administrações Tributárias e Aduaneiras), mas acabou sendo implementado no governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). (AZEVEDO; MARIANO, 2009). Os principais objetivos do SPED são: a padronização das obrigações acessórias, geração e envio de documento eletrônico oficial com respaldo jurídico para todos os fins, redução de custos para os contribuintes e melhoria do controle dos processos, diminuindo ilícitos tributários devido ao cruzamento de dados e auditoria eletrônica. (BRASIL, 2012). Além disso, Azevedo e Mariano (2009) trazem como objetivo muito mais do que uma alteração da forma de cumprimento das obrigações, é uma mudança da “cultura do papel” nas organizações pela utilização de arquivos digitais. O SPED, na sua forma atual, é basicamente divido em sete projetos: Escrituração Contábil Digital (ECD ou SPED Contábil), Escrituração Fiscal Digital (SPED Fiscal), Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), Nota Fiscal Eletrônica de Serviço (NFS-e), Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e), FCONT8 e EFD-Contribuições9, todavia só serão estudados os três primeiros, pois, na pesquisa realizada na LEM/LTDA, não foram mencionadas as outras modalidades no estudo de caso. A ECD, por meio da “Instrução Normativa RFB nº 787, de 19 de novembro de 2007. (com as alterações da IN RFB 825/08 e da IN RFB 926/09)” foi instituído para fins fiscais e previdenciários e consiste na alteração da escrituração tradicional de livros Diário e Razão (antes feita em papel) para a digital, extinguindo a necessidade de manutenção de espaços para o arquivamento desta documentação. (BRASIL, 2012). Em síntese, o departamento contábil da empresa irá gerar através de seu sistema de ERP, que deverá estar atualizado e adequado ao processo de Escrituração Digital, um arquivo que será submetido ao Programa Validador e Assinador (PVA), fornecido através do site da Receita Federal que está disponível 8 Conforme disciplina a Instrução Normativa RFB nº 949/09, O FCONT é uma escrituração, das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, que considera os métodos e critérios contábeis vigentes em 31.12.2007. 9 A EFD-Contribuições trata-se de um arquivo digital instituído no Sistema Publico de Escrituração Digital – SPED, a ser utilizado pelas pessoas jurídicas de direito privado na escrituração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, nos regimes de apuração não-cumulativo e/ou cumulativo, com base no conjunto de documentos e operações representativos das receitas auferidas, bem como dos custos, despesas, encargos e aquisições geradores de créditos da não-cumulatividade. 40 para download. A partir daí o arquivo será validado, assinado digitalmente pelos responsáveis e após essa jornada, será gerado um requerimento de autenticação dirigido à Junta Comercial de sua jurisdição. O Convênio ICMS nº 143, de 15 de dezembro de 2006 instituiu a Escrituração Fiscal Digital (EFD) que surgiu com a proposta de substituir as escriturações de documentos fiscais em meio analógico para um arquivo digital, no qual constarão também outras informações de interesse do Fisco, inclusive registros de apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte. A partir de sua base de dados, a empresa deverá gerar um arquivo digital de acordo com leiaute estabelecido em Ato COTEPE, informando todos os documentos fiscais e outras informações de interesse dos fiscos federal e estadual, referentes ao período de apuração dos impostos ICMS e IPI. Este arquivo deverá ser submetido à importação e validação pelo Programa Validador e Assinador (PVA) fornecido pelo Sped. (BRASIL, 2012) Com a implementação dos ECD’s e EFD’s a empresa fica dispensada de apresentar outras obrigações acessórias tais como: DIPJ, IPI e PIS/CONFINS. De acordo com Ribeiro (2003, p. 398): “nota fiscal é um documento que deve ser emitido pelas empresas sempre que promoverem a circulação de mercadorias (através de vendas, transferências, remessas, devoluções, etc.) ou a prestação de serviços”. A NF-e foi desenvolvida de forma integrada pelas Secretarias da Fazenda dos Estados e pela Receita Federal do Brasil, de acordo com a assinatura do Protocolo ENAT 03/2005, de 27/08/2005, e consiste na mudança de suporte da nota fiscal analógica para a eletrônica, ou seja, na substituição do documento fiscal tradicional pelo seu equivalente digital, com validade jurídica garantida pela assinatura digital do remetente, simplificando as obrigações acessórias dos contribuintes e permitindo, ao mesmo tempo, o acompanhamento em tempo real das operações comerciais pelo Fisco. Existe outra variante de nota eletrônica, a Nota Fiscal Eletrônica de Serviços (NFS-e), que “é um documento de existência digital, gerado e armazenado eletronicamente em Ambiente Nacional pela RFB, pela prefeitura ou por outra entidade conveniada, para documentar as operações de prestação de serviços.” (BRASIL, 2012): Atualmente, as Administrações Tributárias despendem grandes somas de recursos para captar, tratar, armazenar e disponibilizar informações sobre a emissão de notas fiscais dos contribuintes. Os volumes de transações efetuadas e os montantes de recursos movimentados crescem num ritmo 41 intenso e, na mesma proporção, aumentam os custos inerentes à necessidade do Estado de detectar e prevenir a evasão tributária. (BRASIL, 2012). No que concerne ao fluxo da NF-e, pode-se afirmar que trabalha em circuitos predefinidos, onde tudo se inicia na empresa emissora, que gera um arquivo eletrônico, assinado digitalmente, contendo as informações da transação mercantil que será tramitado entre as SEFAZ’s de origem e a RFB. A NF-e também possui em seu escopo uma representação impressa intitulada DANFE que possui finalidades intrínsecas tais como: “resguardar a circulação de mercadorias, obter a companhia do destinatário/comprador para comprovação de entrega das mercadorias ou prestação de serviços e auxiliar a escrituração da NF-e.” (ANDRADE, 2009, p. 6). 4.3 SEF - SISTEMA DE ESCRITURAÇÃO FISCAL (SEFAZ-PE) De acordo com a Lei nº 12.333, de 23.01.2003 a Secretaria da Fazenda de Pernambuco (SEFAZ-PE) instituiu o SEF cujo programa tem o objetivo de gerar um arquivo digital onde são registradas as informações econômico-fiscais dos contribuintes cadastrados. O SEF é o conjunto de normas, programas, leiaute e especificações técnicas que disciplinam a nova escrituração fiscal do contribuinte do ICMS, inscrito no regime normal de pagamento do Estado de Pernambuco. A escrituração fiscal (livros fiscais) e a prestação de informações em documentos de informação econômico-fiscais (GIAM, GIAF etc) são feitas em sistema de processamento de dados através de software próprio para elaborar um arquivo digital com todas as informações do contribuinte. (PERNAMBUCO, 2012) Para que haja legalidade nas tramitações com documentos oficiais é preciso que eles estejam devidamente assinados, para legitimar sua identificação e comprovação. Com a eclosão das novas tecnologias, sobretudo no campo da informação, as assinaturas (ou certificações) digitais já é uma realidade no mundo virtual corporativo, tornando os documentos eletrônicos com a mesma autenticidade dos analógicos. A assinatura digital surgiu depois de instituída a Medida Provisória 2.200-2/01 (Emenda Constitucional Nº 32/2001) que regula o uso do documento eletrônico. A certificação digital só poderá ser emitida por Autoridades Certificadora, e por isso foi delegado ao ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação) a Autoridade Certificadora Matricial, e com isso surgiu também um sistema de certificação digital de documentos 42 eletrônicos denominados ICP-Brasil – Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira, tendo o objetivo de atribuir maior segurança aos documentos eletrônicos assinados eletronicamente. (AZEVEDO; MARIANO, 2009). A medida provisória supracitada foi complementada com a concessão da Lei n. 11.419, de 2006, cuja certificação digital se introduz no Brasil levando em consideração a probabilidade de sua emergente utilização face aos processos judiciais eletrônicos e/ou virtuais de várias magnitudes. A referida Lei no seu Capitulo I Artigo 1º define: “o uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido nos termos desta Lei”. A seguir transcrevemos alguns trechos da referida lei para fins de esclarecimento de determinados termos: § 1o Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, aos processos civil, penal e trabalhista, bem como aos juizados especiais, em qualquer grau de jurisdição. § 2o Para o disposto nesta Lei, considera-se: I - meio eletrônico qualquer forma de armazenamento ou tráfego de documentos e arquivos digitais; II - transmissão eletrônica toda forma de comunicação a distância com a utilização de redes de comunicação, preferencialmente a rede mundial de computadores; III - assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação inequívoca do signatário: a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora credenciada, na forma de lei específica; b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos. A certificação digital almeja, com as proposições expostas acima, a busca da autenticidade e integridade dos arquivos eletrônicos, pois, o fisco precisa confiar nas informações que recebe visto que os documentos assinados digitalmente possuem o mesmo valor jurídico que os documentos assinados manualmente. 5 FLUXOGRAMA Todo processo gerencial e operacional das corporações possui um fluxo das operações que compreendem as atividades de entradas, de processamentos e de saídas. Esse fluxo abrange as atividades setoriais da organização envolvida, os recursos humanos e 43 materiais, os custos relativos a esses recursos, o volume de trabalho, os tempos de execução, a documentação que tramita pelo mesmo e a tecnologia de informação utilizada. (ARAÚJO, 2011). Entre as técnicas de representação gráfica existentes, o fluxograma é o mais conceituado, pois ele “pode representar os vários fatores e as variáveis que ocorrem no sistema, os circuitos de informações correlacionadas ao processo decisório, bem como as unidades organizacionais envolvidas no processo”. (OLIVEIRA, 2010, p. 265). Esse fluxograma permite uma visão completa do fluxo, de maneira clara e precisa, facilitando a análise da situação atual. O fluxograma é a representação gráfica de um fluxo que expõe o encadeamento de tarefas de forma analítica, exibindo as características das operações, os responsáveis pelo andamento do trabalho e as organizações que desempenham tais atividades. (OLIVEIRA, 2010). O termo fluxograma provém da palavra inglesa flowchart, onde flow significa fluxo e chart gráfico e utiliza símbolos previamente convencionados, permitindo a descrição clara e precisa do fluxo. Segundo Oliveira (2010, p. 264), o fluxograma é conhecido também pelos nomes de carta de fluxo de processo, gráfico de sequência ou gráfico de processamento onde objetiva, entre outros, os seguintes aspectos principais: 1. Padronizar a representação dos métodos e os procedimentos administrativos; 2. Maior rapidez na descrição dos métodos administrativos; 3. Facilitar a leitura e o entendimento; 4. Facilitar a localização e a identificação dos aspectos mais importantes; 5. Maior flexibilidade; e 6. Melhor grau de análise. Para trabalhos de análise administrativa, o fluxograma é o gráfico mais utilizado e por esse motivo o mapeamento do fluxo de informação no presente trabalho será instituído por meio dessa ferramenta, pois: Os fluxogramas procuram mostrar o modo pelo qual as coisas são feitas, e não o modo pelo qual o chefe diz aos funcionários que as façam; não é a maneira segundo a qual o chefe pensa que as atividades são feitas, mas a forma pela qual o manual de normas e procedimentos manda que elas sejam feitas. (OLIVEIRA, 2010, p. 265). 44 E ainda com a descrição do fluxograma podem-se explanar feições do fluxo de um processo tais como: Quais operações são realizadas; Onde são realizadas as operações; Quem as executa; Quais as entradas e saídas; Qual o fluxo das informações (objeto de estudo deste trabalho); Quais os recursos empregados no processo; Quais os custos parciais e totais; Qual o volume de trabalho; Qual o tempo de execução, tanto parcial quanto total. Araújo (2011) ratifica as funcionalidades do fluxograma descritas acima mencionando as vantagens de utilizar esse tipo de representação gráfica: Conduz a um entendimento simples e objetivo dos métodos descritivos; Visualiza de maneira mais nítida a sequência de operações de um sistema; Verifica se tais operações estão sendo executadas, da maneira mais eficiente, pelos órgãos e pessoas adequadas; Aplica-se a qualquer sistema. A preparação de um fluxograma deve ser precedida de uma pesquisa no local onde será aplicada a técnica, efetuando um levantamento dos passos que envolvem as atividades, desde o operador inicial até o final, passando, inclusive, pelos formulários envolvidos no processo. (CURY, 2005). Abaixo constarão as etapas necessárias para a implantação da técnica do fluxograma: OBJETIVO LEVANTAMENTO PRELIMINAR LEVANTAMENTO DE DADOS ELABORAÇÃO DO FLUXO Definir o objetivo do sistema, que justifique a elaboração de um fluxo Planejamento, Levantamento e leitura dos documentos existentes; Levantamento da legislação, se houver, Contato com usuário (conversa informal) Questionário, entrevista, leitura de manuais, etc. Situação atual das atividades 45 PROPOSTA APROVAÇÃO IMPLANTAÇÃO ACOMPANHAMENTO Fluxograma representativo da situação atual; Descrição das falhas; Proposta (fluxograma, formulários); Teste, simulação para verificar distorções; Apresentação clara e objetiva para a Unidade Organizacional interessada Formalização (documentação e manuais); Treinamento Utilizar como guia para todos os procedimentos do momento da implementação em diante. Para efetuar as análises do fluxograma nos processos organizacionais, algumas indagações básicas devem ser levadas em consideração. Cury (2005) relaciona algumas perguntas norteadoras como: O que é feito? Para que serve? Qual a necessidade real da fase que está sendo analisada? (influência no resultado final da rotina analisada); Qual o local onde a fase está sendo realizada? E qual a conveniência de manter ou alterar o local, objetivando maior simplificação da rotina? Qual o momento (quando) esta fase é realizada e se a sua sequência está corretamente fixada? Quais os responsáveis pela sua execução e se a delegação de competência está correta; a forma como a fase está sendo executada? 5.1 SIMBOLOGIA DO FLUXOGRAMA Conforme Oliveira (2010, p. 268), “os símbolos têm por objetivos evidenciar origem, processo e destino da informação escrita e ou verbal componente de um sistema administrativo”. O uso dos símbolos apresenta de forma simples as atividades inerentes à rotina administrativa formando um diagrama que descreve minuciosamente cada etapa que permite expandir, elucidar ou decodificar os passos distintos dos métodos administrativos. Existem essencialmente três tipos principais de fluxograma: Fluxograma vertical: Esse tipo de fluxograma é “destinado à representação de rotina simples no seu processamento analítico dentro de uma unidade organizacional” (OLIVEIRA, 2010, p. 269). É 46 também utilizado no estudo de processos produtivos, do tipo linha de produção, além de utilizado para se proceder a levantamentos gerais. Para esse tipo de fluxograma, pode-se utilizar um formulário uniformizado (fig. 5) que contém símbolos e combinações preestabelecidos e impressos em colunas verticais. Possui vantagens do tipo agilidade de preenchimento, a nitidez na apresentação e de fácil leitura. Os símbolos mais utilizados em um fluxograma vertical são apresentados no Anexo A. FLUXOGRAMA VERTICAL Cliente: Execução ou conferência Demora Arquivo Provisório Processo: Totais Símbolos Operação ou análise ) ou Proposta ( ) Estudado por: Arquivo Definitivo Transporte Nº Atual ( Símbolos Data: Unidade Organizacional Descrição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Figura 5: Formulário do fluxograma vertical Fonte: (CURY, 2005) Fluxograma horizontal, parcial ou descritivo: É um tipo de fluxograma que apresenta o fluxo de trabalho dos documentos e das informações que circulam em uma atividade, e que possui símbolos padronizados. Comparase a um relatório de atividades redigido, a diferença é que no lugar de um texto corrido, usam-se símbolos e palavras que simplificam a descrição do fluxo no processo. Os símbolos deste fluxograma estão apresentados no Anexo B. Fluxograma horizontal global ou de coluna: Esse fluxograma é apresentado por colunas, o que permite demonstrar a circulação de documentos ou informações através de áreas de responsabilidade. Demonstra também os tipos de deliberações ou operações que se atingem ao transcorrer de todo processo, corroborando com o funcionamento da organização. Os símbolos deste fluxograma estão apresentados no Anexo C. 47 6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste tópico será descrita a metodologia adotada para a realização dos estudos que compõem o núcleo do tema em questão. E para desenvolver a pesquisa, tentou-se descobrir métodos que comportassem o referencial teórico, a obtenção de acontecimentos legítimos aliados aos conceitos e experiências dos colaboradores que servem ao universo pesquisado, no sentido de conseguir informações de pessoas que participam diretamente do objeto estudado, de analisar episódios característicos do assunto escolhido com uma profundidade empírica e ainda de permitir o intercâmbio entre pesquisador e sujeitos da pesquisa. 6.1 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Antes de destrincharmos as metodologias adotadas nesta investigação científica, é importante lembrar que “a atividade básica da ciência é a pesquisa” (VERGARA, 2009, p. 1,). E a pesquisa nesse contexto, se conceitua como sendo um trabalho cujo processo de elaboração é de domínio complexo e imprevisível, onde ela deve designar um procedimento apropriado para representar uma lógica própria, conforme a sua finalidade, durante a execução do estudo. (HUBNER, 1998). A pesquisa desenvolvida no presente trabalho traçou diretrizes de acordo com os critérios de Vergara (2009) que classifica as pesquisas: Quanto aos fins: a pesquisa visa uma abordagem descritiva por essa descrever as características do fluxo de informação contábil e fiscal entre duas lojas do e o setor contábil/fiscal de uma empresa do ramo comercial além de “estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza” (VERGARA, 2009, p. 42,). Valentim (2008, p. 23) enfatiza a pesquisa descritiva: Caracteriza-se pela seleção de amostras aleatórias de grandes ou pequenas populações sujeitas à pesquisa, visando obter conhecimentos empíricos atuais. Este tipo de pesquisa leva a possibilidade de generalização sobre a realidade pesquisada. Os métodos utilizados na pesquisa descritiva, geralmente, permitem ao pesquisador investigar apenas um percentual da população alvo desejada, isto é, existem casos que não há necessidade de pesquisar a população alvo na sua totalidade. 48 Está pesquisa também é de cunho exploratório, por se tratar de um tema recente que envolve três áreas correlatas que são a Contabilidade, Gestão da Informação e a Gestão Documental. Quanto aos meios, esta pesquisa aglutina, ao mesmo tempo: a pesquisa de campo por se tratar de uma pesquisa empírica; a investigação bibliográfica, pois busca referências em autores diversos; estudo de caso, por se tratar de um levantamento baseado em situações que estão dentro do contexto da realidade. Vergara (2009, p. 47) ressalta que as atividades desenvolvidas em determinado local ou instituição, apresentam características de pesquisa de Campo, que é a “investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo”. Os instrumentos escolhidos para a coleta de dados foram a observação participante, visto que compartilhamos com a equipe que trabalha na empresa pesquisada, participando diretamente do cotidiano das operações e a entrevista semi-estruturada, pois apresenta um roteiro pré-estabelecido. 6.2 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA O universo da pesquisa foi constituído por 7 colaboradores de uma empresa do ramo comercial de grande porte (que a partir deste capítulo, passará a se chamar LEM/LTDA) do setor contábil/fiscal e duas filiais: uma do estado de Pernambuco (que se chamará loja 2) e outra da Paraíba (loja 10). A LEM/LTDA é uma organização de natureza privada que se dedica à comercialização de produtos dos segmentos de eletroeletrônico, móveis, eletro portáteis, telefonia, e brinquedos. A empresa iniciou suas atividades em 1992 e constituiu uma rede de 114 lojas, (contando com galpões e escritórios) distribuídas nos estados de Alagoas, Bahia, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Pernambuco, tendo sua matriz instalada em Recife. Sua administração é efetuada através de co-gestão onde na matriz (na qual são distribuídos os setores administrativos) cada departamento possui um gestor tendo como subordinante a própria direção (que são os acionistas da empresa). E em cada uma das 114 49 lojas, compete às responsabilidades da gestão a um gerente, sendo esse monitorado por um supervisor regional. Por serem os dados contábeis e fiscais um dos objetos de estudo e pelo fato do arquivo da instituição estar atrelado a este departamento, é pertinente descrever sobre o Departamento Contábil e Fiscal (DCF). Esta divisão é responsável pelos lançamentos dos atos e fatos contábeis e pelo registro e mapeamento dos impostos, municipais, estaduais e federais. Mas ela é também responsável por toda gama informacional de vendas, transferências ou devoluções dos produtos nas lojas, e é desses tramites que surgem as Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) e é esse setor que responde pelo envio da Escrituração Contábil Digital (ECD) Escrituração Fiscal Digital (EFD). Outra razão pela qual motivou a escolha do DCF como universo do estudo foi para auxiliar na delimitação do tema, visto que o fluxo de informação é bastante abrangente e a informação contábil/fiscal bem como a produção de documentos contábil/fiscal é peculiar a toda e qualquer organização, por estes envolverem outros departamentos inclusive pelo seu caráter arquivístico. O fluxo informacional do DCF é constituído de toda a gama de informação gerada pelas ações de venda dos produtos nas lojas e das demais operações decorrente das atividades relacionadas às finanças, contabilidade e fiscal da empresa. Após realizar observações preliminares, foram identificados dois tipos principais: - O fluxo operacional: é o que agrupa as informações necessárias à concretização de uma operação de venda; - O fluxo gerencial: foi observado como sendo as informações funcionais que a gerência recebe, colocando-a a par do que se passa sobre algo de competência e responsabilidade a nível operacional. A rápida observação fez perceber que os gargalos podem estar na passagem das informações para o fluxo gerencial, pois, é de onde advêm os principais problemas administrativos do DCF da Empresa. 7 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS A empresa está distribuída em diversas localidades simultaneamente, mas as principais atividades administrativas se concentram na sede localizada no bairro da 50 Imbiribeira em Recife, onde se desenvolvem as atividades-meio da entidade. Ela também atua de forma descentralizada no que concerne às atividades-fim nas 114 lojas distribuídas pelo nordeste brasileiro recebendo suportes administrativos diversos por meio de comunicação instantânea com a matriz além de contar com supervisores. Cada unidade tem autonomia para fiscalizar e responder por um grupo geograficamente próximo de municípios do estado. A diversidade de linhas de produtos é direcionada para vários segmentos comerciais e não são produzidos na LEM/LTDA. São fornecidos por diversas empresas que mantém forte vínculo comercial onde fica a cargo da LEM/LTDA a distribuição dos produtos até o consumidor final. A LEM/LTDA possui um sistema de gerenciamento eletrônico de informação (ERP) que interliga as rotinas administrativa e financeira e todas as ações das lojas e depósitos com a matriz e outros órgãos fiscalizadores e reguladores. O objetivo desse sistema consiste em controlar a situação econômica, financeira e produtiva da empresa de forma integrada, dinamizando as decisões e otimizando os resultados. Trata-se de um software de interface maleável que foi adquirido para funcionar como um sistema aplicativo, integrando todas as atividades de todos os departamentos inclusive nas lojas com sua interface comercial. Antes de a empresa adquirir esse sistema, cada setor possuía um software diferente que era projetado só para atender as necessidades em relação às atribuições e rotinas daquele ambiente setorial, o que proporcionava muitos problemas de comunicação e até de ordem operacional e gerencial da empresa. Alguns módulos e serviços que ele promove dedicando-se só ao DCF: a) Orçamento por natureza da receita / despesa; b) Emissão de FN-e; c) Fluxo de caixa com indicadores gráficos; d) Planilhas financeiras; e) Emissão de contracheques em formulário contínuo; f) Emissão de boletos, borderô de pagamentos; g) Acompanhamento da movimentação de vendas; h) contas a pagar e a receber; i) Mapas e resumos da ECF; 51 j) Acompanhamento do histórico dos clientes; l) Gerenciamento eletrônico de documentos. Conforme foi descrito no tópico dos procedimentos metodológicos, foi realizado um estudo de caso envolvendo duas filiais da LEM/LTDA (lojas 02 e 10). Para o levantamento de informações foram envolvidos três setores na pesquisa: o Departamento Contábil/Fiscal (CDF); a Central de Processamento de Dados (CPD) e o Setor de Suporte às Lojas (SSL), nos quais foram realizadas entrevistas semi-estruturadas para verificar as etapas do fluxo da informação, com o intuito de apurar minuciosamente cada detalhe das informações repassadas pelos colaboradores dos referidos setores visando o desenho do fluxograma das operações de venda. A pesquisa de campo foi desenvolvida durante uma semana, mas precisamente entre os dias 14 e 18 de maio de 2012 na empresa supracitada e distinguiu-se em três fases correlacionadas: Fase 1: Informações acerca do Fluxo da Informação Contábil (NF-e). Compreendeu a observação das operações comerciais por meio de acesso remoto, troca de informações com as lojas 02 e 10 através de uma ferramenta de comunicação instantânea denominada Pandion e entrevista com a coordenadora do Setor de Suporte às Lojas (SSL); Fase 2: Informações acerca da Contabilidade Digital - SPED. Entrevista com a Contadora da empresa e o analista contábil que é o coordenador do Departamento Contábil/Fiscal (DCF) e coordena as operações de envio dos SPED’s; Fase 3: Informações acerca da Gestão Documental. Entrevista com o auxiliar de arquivo lotado no DCF e com um analista de TI lotado na Central de Processamento de Dados (CPD) da empresa que é responsável pelo repositório de dados do servidor da empresa. A análise foi norteada pelo modelo de fluxo da informação apresentado por Beal (2009), pois, dos três modelos estudados no referencial teórico, é o que melhor representa as organizações na atual conjuntura. 52 7.1 MAPEANDO O FLUXO DA INFORMAÇÃO UTILIZANDO A TÉCNICA DE FLUXOGRAMA A partir do recolhimento dos dados descritos neste capítulo sobre o fluxo dos documentos digitais e analógicos e os setores que os manipulam, parte-se para o mapeamento das atividades que envolvem todo este processo. Desta forma, a análise do processo e indicação do fluxo das informações foram descritos utilizando a técnica de Fluxograma. Dos três modelos mostrados no referencial teórico, ficou decidido pela utilização do Fluxograma Horizontal Global (ou de Coluna) por este, segundo Oliveira (2010, p. 275): Ser utilizado tanto no levantamento, quanto na descrição de novas rotinas e procedimentos; Permitir a demonstração do Fluxo das Informações e de documentos, com maior nitidez, tanto no ambiente interno quanto no externo da unidade organizacional; Apresentar maior versatilidade pela quantidade e diversidade de símbolos que ficam a disposição do analista. Além da utilização dos símbolos originais cujas designações e significados encontramse no capítulo 2 deste trabalho foi também incorporado outro símbolo, de criação própria, para ilustrar onde incide os principais gargalos. O símbolo utilizado foi: Símbolo G? Significado Gargalo (Onde G? será o tipo de gargalo que pode incidir naquele determinado processo). Figura 6: Simbologia alternativa que foi utilizada nos Fluxogramas Fonte: O Autor 53 7.2 FLUXO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL - ENTREVISTA COM O SSL O SSL tem como objetivo principal dar suporte às lojas no que se refere ao sistema integrado ERP durante as operações comerciais e o monitoramento de toda emissão de NFe. A coleta de dados se iniciou por esse setor pelo fato de estar diretamente atrelado às operações de venda na loja. Ao passo que realizávamos a entrevista, nos comunicávamos em paralelo com as lojas objetivando a observação, na prática, de como se originavam as informações que compõem as NF-e. Verificou-se a existência de vários tipos de NF-e que a LEM/LTDA emite e que são descriminados no campo Natureza da Operação tendo como principais as NF-e de Devolução de Mercadoria, NF’s-e de Devolução para Fornecedor, NF’s-e de Transferência de Produtos e as de Vendas, cuja especificidade é denominada como Lançamento em Substituição ao ECF, que diz respeito à operação de venda, que se sucede à troca do Cupom Fiscal pela NF-e a qual fica oficialmente deferida pela RFB. As informações que provém das operações de vendas são originadas nas lojas e se inicia basicamente pelo cadastro prévio do cliente que segundo o entrevistado: “compõe uma das mais importantes etapas para a concepção da NF-e, pois, a SEFAZ confronta todos os dados automaticamente à medida que a NF-e vai sendo gerada. Até informações como CEP e CPF do cliente são conferidos e se houver um dígito errado, a NF-e não é autorizada 10. Esse cadastro prévio é chamado de “pré-venda” onde são colhidos os dados pessoais do cliente além da descrição do produto adquirido já com a inclusão dos encargos que serão pagos por ele. Esse procedimento é imprescindível para constituição da NF-e, pois os dados do cliente também são repassados para a SEFAZ de origem e é desse procedimento que surgirão as primeiras informações de venda. Todas essas informações são inseridas e registradas pelo sistema ERP da empresa e depois repassadas automaticamente tanto para o banco de dados do servidor localizado na matriz, quanto para a SEFAZ de origem. De posse do Cupom Fiscal (CF), o cliente pode 10 Informação fornecida durante a entrevista pela loja 10 via comunicação instantânea on line. 54 solicitar a NF-e que conterá as mesmas informações do Cupom Fiscal acrescidas das informações da pré-venda juntamente com os dados relativos à compra, que seguirão para o Fisco. De acordo com o entrevistado da SSL: “Se o cliente for uma pessoa jurídica, a LEM/LTDA é obrigada a fornecer a NF-e tanto impressa quanto em meio digital e quando se trata de uma pessoa física, esta solicita a Nota Fiscal e é confeccionada a NF-e”. O próprio sistema ERP tem a homologação para certificar o documento eletronicamente e enviar para a SEFAZ, onde a NF-e receberá o deferimento ou não para circulação, sempre monitorada e conferida pelo SSL. “Antes da adesão deste novo sistema, tudo era feito manuscrito o que levava muito tempo para finalizar uma venda”. (Entrevista SSL, 2012). Após a confecção da NF-e, os dados lançados no sistema ERP ficam armazenados no banco de dados do servidor no formato XML e o cliente recebe uma via impressa denominada Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE). As informações da operação de venda que resultou na origem da NF-e são transportadas por meio do sistema ERP para banco de dados, enquanto a via da DANFE destinada à empresa é compilada a outros documentos e enviados via SEDEX para a matriz, mas precisamente em atenção ao DCF. As etapas desses processos estão representadas na figura 7: 55 FIGURA 7: Fluxograma referente ao Fluxo da Informação Contábil 56 Onde: A G1 : é a rotina inerente ao fluxo informacional no DCF; : Gargalo que incide durante o cadastro do cliente e consiste na inserção de dados errados no sistema causando inconsistências no banco de dados do servidor da LEM/LTDA e da SEFAZ também; G2 : Gargalo que diz respeito ao fato do site da SEFAZ se encontrar fora do ar o que faz com o que os dados lançados automaticamente fiquem em duplicidade. No modelo de fluxo apresentado por Beal (2009), a primeira etapa Identificação de Necessidades e Requisitos é de fundamental importância para haver êxito no decorrer das outras etapas, mas o que se observou com a aplicação da entrevista foi que não existe na LEM/LTDA um estudo prévio sobre essas necessidades informacionais e requisitos para gestão, nem mesmo um manual ou mapa que dê diretrizes de como se dá tal processo, ficando meramente a mercê da rotina diária das atividades operacionais. A organização das informações geradas das operações de venda só existe por causa da formalização jurídica que é imposta mediante a legislação. A RFB e demais SEFAZ’s exigem as informações contidas nas NF’s-e, sobretudo no processo de repasse dessas informações com o intuito principal de evitar a evasão fiscal. “É notório como facilitou a transmissão dos dados informacionais depois do advento da NF-e e SPED. A LEM/LTDA também precisou evoluir e foi praticamente obrigada a investir em um sistema integrado e outros aparatos tecnológicos, mas só isso, até o presente momento, não garantiu o sucesso esperado. Precisa-se de mais seriedade no gerenciamento de todo esse processo, pois a empresa carece de uma administração voltada para a informação tanto dentro como fora da empresa”. (ENTREVISTA SSL, 2012) 57 A partir do cadastro do cliente através do lançamento da pré-venda no PDV (chamado popularmente de caixa), e sua consecutiva inserção dos dados no sistema podemos mencionar que a informação está ali se originando e corroborando com a etapa de Obtenção. Observou-se que as informações colhidas do cliente e repassadas para as operadoras de caixa devem ser minuciosamente inseridas no sistema, pois, se houver erro de digitação ou qualquer inserção de informação não condizente com os dados passados pelo cliente, corre-se o risco da operação ser cancelada, criando inconsistências tanto no banco de dados do sistema ERP da LEM/LTDA quanto no banco da SEFAZ. O processo de cadastramento do cliente apresenta inúmeras deficiências que, se melhoradas, poderão servir como ferramenta valiosa no processo de pós-venda. “Problemas desse tipo pode acarretar em situações como: a SEFAZ não autoriza a circulação da nota por conterem dados errôneos; se o sistema entender como inconsistência poderá haver perda de registro chegando a ocorrer inexistência de dados naquela determinada NF-e; ou gerar duplicidade”. (ENTREVISTA SSL, 2012) Além de mencionados esses problemas nesta etapa, outro grave problema que acontece, dessa vez por responsabilidade da SEFAZ, devido a instabilidade do sistema, já que o sistema ERP da LEM/LTDA possui um “robô” que é interconectado ao sistema da SEFAZ, fazendo com o que, todas as informações sejam emitidas no mesmo instante em que elas são geradas, e o que ocorre é que o arquivo “bate e volta”. Só que quando se tenta gerar novamente, cai em duplicidade, visto que, as NF-e possuem numerações sequenciais que não podem ser alteradas e tendo o setor SSL que inutilizar esta nota ocasionando outros problemas como num efeito dominó. Outra observação valiosa acontece quando se está operacionalizando uma venda. É preciso saber se o cliente é pessoa física ou jurídica. Sendo uma pessoa jurídica, a NF-e é originada obrigatoriamente já no caso do cliente ser pessoa física, é facultativo solicitar ou não a NF-e, todavia os dados que constam no Cupom Fiscal também compõem as informações de saída que comporão o livro de apuração no momento em que este será enviado para a RFB através do SPED em outro módulo. A NF-e de venda é um documento que substitui o Cupom Fiscal, por isso quando se gera uma NF-e, o Cupom Fiscal precisa ser anexado ao DANFE para efeito de fiscalização por parte da SEFAZ juntamente com a RFB. 58 7.3 CONTABILIDADE DIGITAL (SPED) - ENTREVISTA NO DCF A entrevista no DCF foi dividida em duas partes: a primeira foi a entrevista com a gestora deste departamento - contadora geral da empresa, a qual forneceu informações gerais do setor. A segunda parte da entrevista foi realizada com o analista contábil e coordenador do DCF que detalhou sobre a sequência do fluxo das informações no processo de faturamento das Notas Fiscais e do procedimento do SPED e SEF. As informações que foram extraídas das NF-e (tanto de entradas quanto de saídas) e que constam no banco de dados no módulo contábil do Sistema ERP da empresa são unificadas para realizar as escriturações dessas notas e registro no Livro de Apuração. No Livro de Apuração será feita uma conferência dos dados com os que foram lançados no Sistema. Em seguida, é efetuada uma importação dessas informações, convertidas para o formato TXT, seguindo uma padronização conforme leiaute fornecido pela RFB. Pelo fato da LEM/LTDA possuir um sistema ERP integrado, facilita bastante o processo de repasse das informações para a SEFAZ. No caso da loja 10 as informações seguem diretamente para a RFB. Já as informações oriundas da loja 02 seguem para a SEFAZPE e eles se encarregam de encaminhar os dados para a RFB. O Sistema ERP da LEM/LTDA possui uma base de dados onde ficam registradas todas as informações de vendas das lojas, e que o DCF tem total acesso caso necessite confrontar algum dado antes de enviar o SPED. As atividades em relação ao envio do SPED que no caso específico do DCF, seria a distribuição das informações compiladas pelo contador para colaboradores com perfis específicos e que tenham capacitação e autorização adequadas para repassar as informações à SEFAZ-PE e para a RFB através do SPED. A ECD e EFD são procedimentos semelhantes. A diferença está nos tipos de obrigações, dos documentos analógicos que os arquivos digitais substituem e pela periodicidade/prazo de envio, sendo o EFD transmitido mensalmente e o ECD uma vez ao ano. Depois que as informações já estiverem sido unificadas em pastas especificas, aciona-se o PVA e insere toda informação que foi extraída do Sistema ERP, já convertida para TXT, para o SPED Fiscal e/ou SPED contábil no caso da loja 10 e SEF para a loja 02. 59 Em seguida, se processa a declaração do EFD de acordo com leiaute da RFB onde constarão todas as informações de vendas que ficam armazenadas no sistema ERP para depois serem importadas para o PVA, onde os arquivos receberão a validação e a certificação digital do contador da empresa devidamente cadastrado na receita e pelo representante da pessoa jurídica que é o acionista da LEM/LTDA. A transmissão desses dados é feita através do portal do RECEITANET11, e o envio do SEF é feito no endereço eletrônico da SEFAZ-PE. Para confirmar o envio da escrituração, a RECEITANET emite um recibo para ser impresso informando o êxito da entrega da obrigação, pois, a empresa ao final de todo procedimento ainda precisa imprimir e arquivar esse recibo em papel autenticado pela RFB onde neste recibo estarão todas as informações que foram enviadas tanto de entrada quanto de saída de uma forma resumida. Descritas as etapas acima, a figura 8 demonstra a continuação da sequência das etapas do fluxo da informação, dessa vez já com os dados informacionais sob posse do DCF: 11 Programa transmissor dos dados informacionais para RFB. 60 Figura 8: Fluxograma referente à Contabilidade Digital (SPED) 61 Onde: B : Processo de envio do SEF para a SEFAZ-PE; C : Rotina inerente ao processo de arquivamento o DCF E CPD; G3 : Gargalo que surge na adequação do sistema ERP da empresa aos leiautes impostos pela RFB e demais SEFAZ além de prazos e regulamentos diferentes; Depois da constatação de Autorização de Uso da NF-e por parte da SEFAZ e da confirmação da venda, as informações são enviadas para o DCF onde serão feitas as atividades que no modelo de fluxo da informação de Beal (2009) corresponde ao Tratamento da Informação. Neste momento os documentos que chegam ao DCF são selecionados, classificados, conferidos, formatados e compilados para a preparação do envio do SPED. As informações digitais no formato XML que ficam armazenados no servidor são analisadas e conferidas com os DANFE’s impressos e enviados pelas lojas com destino ao DCF. Depois de efetuada a conferência dia a dia, os arquivos digitais da loja 02 e 10 são convertidos de XML para TXT e são realocados para o aplicativo gerador do SEF (fornecido pela SEFAZ-PE) e para a pasta Geradora do EFD dentro do sistema ERP respectivamente, sendo todos os seus arquivos impressos, arquivados em pastas A-Z, inclusive a DANFE. Seguindo as etapas de Beal, a Distribuição da informação se dá a partir do momento em que os arquivos da loja 02 seguem para a SEFAZ-PE via SEF para posterior envio para a RFB e os da loja 10 já é repassada diretamente para a RFB por meio do SPED. Quando perguntado sobre o suporte da esfera governamental no processo, foi respondido que existe um plantão do SPED que dá suporte on line, mas que nem sempre 62 funciona. No que concerne à legislação se encontra um problema relacionado ao SPED, pois, trata-se de um sistema universal do Governo Federal, porém, quem estabelece os critérios de operacionalização são as Secretarias da Fazenda Estaduais. Um exemplo que podemos vincular ao que foi descrito é referente aos prazos de entrega da obrigatoriedade que compete a cada estado criar o seu, dificultando o processo de empresas que são instaladas em diversas UF’s no Brasil além dos sistemas exigirem procedimentos diferentes como acontece no caso do SEF e SPED que utilizam programas validadores diferentes quando os arquivos a serem enviados possuem a mesmas designações. Pode-se dizer que o procedimento do SPED possui muitas vantagens para ambas as partes, sobretudo no que se refere à segurança da tramitação das informações. Mas para se ter êxito, a organização precisa possuir um sistema ERP robusto e altamente desenvolvido para seguir as exigências da RFB no que concerne aos leiautes, visto que, esses leiautes servem para dar maior mobilidade e segurança ao fluxo da informação que será transmitido em meio magnético. Os principais problemas enfrentados, segundo os analistas, estão atrelados aos leiautes: “o sistema disponibilizado pela RFB é complexo e não aceita erros, pois, uma vez enviado as informações, não tem mais volta, não é um sistema desenvolvido para ser manipulado por terceiros.” (ENTREVISTADO, DCF). Algumas consequências foram identificadas no momento da transmissão do SPED, tais como: Documentos cujas informações divergem das registradas no sistema; Documentos em duplicidade; Documentos constam no livro de escrituração, mas inexistentes no banco de dados do sistema: “por que há algum problema no registro desse documento que impossibilita a transmissão dele, como por exemplo, quando o cliente está efetuando o cadastro lá na loja, não precisa preencher o campo do RG, pois para a RFB basta o CPF, e é necessário colocar a palavra ISENTO, mas muitas vezes há erros de digitação ficando assim escrito: “insento”, “inseto” ETC o que acaba causando erro nos registros quando se converte o arquivo de XML para TXT”. (ENTREVISTA DCF, 2012). Quanto ao Uso da Informação podemos mencionar três situações: a primeira diz respeito à utilização dessa informação no âmbito externo mais precisamente pela SEFAZ-PE e RFB que é usada para confronto de dados e verificar a ocorrências de fraudes nas operações de venda; outra situação que remete também a questões externas como quando 63 a empresa está sendo julgada em audiências ou auditorias e precisam daquelas informações para compor a defesa e, no próprio âmbito interno, para analisar outros fluxos como os de caixa, de estoque, de logística entre outros. 7.4 GESTÃO DOCUMENTAL – ENTREVISTA COM O ARQUIVO DO DCF E O CPD Além de o DCF desenvolver serviços inerentes às atribuições de finanças da empresa, é de sua responsabilidade também o gerenciamento de toda gama documental de natureza comercial, administrativa e por vezes jurídica. O arquivo armazena tanto documentos em suporte físico quanto os de formato digital. Mesmo sendo uma empresa experiente no mercado, a preocupação com as práticas arquivísticas estão sendo exercitadas apenas agora. São 20 anos de documentação espalhadas numa área de aproximadamente 100 m² que está começando a tomar forma de um arquivo. Recentemente contratou-se uma empresa para organizar e elaborar a política de gerenciamento documental, mas ainda não entrou em vigor. A LEM/LTDA também usa diversos recursos para o gerenciamento de informações/documentos, sobretudo para seu arquivamento que é o sistema ERP, cujo programa tem interfaces destinadas à tramitação dos dados informacionais que ficam armazenados no servidor da Central de Processamento de Dados, inclusive um módulo de Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED), que ainda está em fase de adaptações. No entanto, ainda é preciso que haja uma interação entre os aparatos técnicos, tecnológicos e o profissional responsável pela gestão documental. A trajetória do fluxo da informação tem sua continuação com a passagem pelo DCF e, depois que os dados são enviados por meio do SPED, eles são armazenados em pastas no servidor como itens já enviados para a SEFAZ e RFB, de acordo com a ordem cronológica de origem do documento. O DCF armazena estes mesmos arquivos como backups para garantirem a integridade desses documentos eletrônicos, pois os mesmos serão unificados novamente para compor o ECD (que são todos os arquivos de EFD de todos os meses do ano que seguirão novamente para a RFB). Já os documentos impressos que integram a informação arquivística em meio analógico como os recibos impressos que foram emitidos pela RFB e os DANFE’s, são 64 armazenados em pastas A-Z e são alocadas em estantes que formam o arquivo corrente do DCF para eventuais consultas. Visto que: As informações digitais de venda e das demais operações são armazenadas em storages no CPD da LEM/LTDA, porém observou-se que não há gerenciamento destas informações pós-arquivamento, o que causa muitos transtornos no momento em que um funcionário pretende recuperar a informação posteriormente. O DCF recebe suporte do CPD no que diz respeito às atribuições específicas de TI, porém, não existe interação no que concerne aos documentos armazenados eletronicamente, causando insatisfações para ambos os lados. A figura 9 mostra os detalhes desta etapa: 65 FIGURA 9: Fluxograma referente à Gestão Documental 66 Onde: G4 : Gargalo referente ao armazenamento das informações digitais, pois, o setor responsável pelo gerenciamento eletrônicos destes documentos seria o CPD, mas, as informações são salvas nos stogares sem nenhum tipo de tratamento ou organização. A recuperadas das informações é extremamente difícil, isso faz com que o DCF crie uma maneira de armazenar esses documentos em HD’s externos. G5 : Gargalo referente à falta de gerenciamento dos documentos impressos que são armazenados desordenadamente em pastas A-Z até terminar o ano corrente. Mesmo sendo documentos recentes, não é fácil fazer a recuperação deles, pois são muitos documentos armazenados de todas as lojas. G6 : Gargalo referente à falta de política de gestão documental pósarquivamento, pois, não há um critério para descartar os documentos. Ficando agrupados em um enorme espaço e quando se precisa de espaço para depositar documentos mais recentes, são escolhidos alguns documentos para serem incinerados, desrespeitando até mesmo a legislação vigente. Dentre as análises estudadas neste trabalho, as que mais chamam atenção condiz nas duas últimas etapas idealizadas por Beal (2009) que são o Armazenamento e o Descarte da Informação. As NF’s-e depois de receberem Autorização de Uso já são enviadas automaticamente para o servidor localizado no CPD, porém não há um gerenciamento dessas informações, ficando por vezes impossível de ser recuperada, pois, o sistema só 67 indexa o arquivo de acordo com a ordem cronológica e vários documentos são gerados ao mesmo tempo dentre as 114 lojas existentes. Por falta de uma gestão documental, os analistas contábeis são forçados a fazer cópias reservas em HD’s externos para se precaver de possíveis extravios. Os documentos analógicos originados destes processos são apenas guardados em pastas nominadas, mas também não há um gerenciamento. “Fica só a critério de guarda, pois, muitas vezes nem classificação recebem, isso quando o documento consegue chegar ao arquivo do DCF”. (ENTREVISTA DCF, 2012). Foi observado que no DCF existe um espaço onde ficam guarnecidos os documentos recentes (definido assim como arquivo corrente) e possui um espaço em anexo com aproximadamente 100m² que denominam de arquivo, porém os documentos não têm nem classificação nem organização. Quando questionado sobre a existência de uma política voltada para o arquivo, o setor foi bem enfático: “Aqui neste espaço estão guardados 20 anos de empresa e você ainda me pergunta se há uma política de arquivamento?”. Essa frase pode resumir bem o que seria a 7ª e última etapa, pois na LEM/LTDA não existe a etapa denominada de Descarte da informação por Beal idealizada. Todos os documentos são jogados em um depósito chamado pelos colaboradores de “céu” e é para lá onde se destinam os arquivos intermediários e permanentes. Não existem critérios para descarte de documentos que obedeça as normas legais, as políticas operacionais e exigências internas e externas (BEAL, 2009). O que há na verdade são incinerações sem nenhum respaldo. “Tanto faz para a empresa mandar queimar documento de 1999 com os de 2010, quando eles necessitam de espaço manda queimar e pronto, não existe uma critério de descarte muito menos uma tabela de temporalidade” (ENTREVISTA DCF, 2012). Existe ainda o problema em relação a falta de uma política de preservação digital, visto que, os formatos XML e TXT não são adequados para serem armazenados, pois, podem correr o risco de os arquivos caírem em obsolescência digital por não possuírem mais leitores ou reprodutores desse tipo de formato e/ou extensão. 68 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o agrupamento das análises dos resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que a problemática levantada sobre o fluxo da informação contábil e sua respectiva gestão documental na empresa estudada fora apresentada em coerência com os desdobramentos e funcionalidades do modelo de fluxo proposto por Beal (2009) incluindo um mapeamento da informação para identificar de onde advêm os principais gargalos que incidem neste fluxo. Apesar do complexo fluxo de informações que tramita entre os setores estudados, a escolha das rotinas contábil/fiscal foi um desafio satisfatório de se investigar, visto que, é uma área do conhecimento que, além se constituir em um dos setores mais importantes de uma organização, sofre influência direta e imprescindível da Gestão da Informação. Por meio dos resultados obtidos em relação ao fluxo da informação contábil/fiscal nas operações de venda, pôde-se ter a conclusão de que das 7 etapas que compõem o modelo “ideal” de fluxo da informação explicitado por Beal (2009), só cinco foram identificados como usáveis na LEM/LTDA. O destaque negativo dessa descoberta ficou por conta da ausência de uma Gestão Documental eficiente, pois, trata-se uma empresa privada de grande porte no cenário regional com uma longa estrada percorrida e alguns bilhões de receita anual, mas que investe pouquíssimo no tratamento de suas informações relativas as suas atividades operacionais e estratégicas. De posse do acervo teórico que compõe essa pesquisa, somadas as opiniões dos respondentes das entrevistas, pode-se dizer que o conceito de Contabilidade Digital (SPED/SEF) e seu Gerenciamento Eletrônico são vistos atualmente como uma “vantagem vital” das organizações que as utilizam, que sempre se viu cercadas de papéis, e tem essa premissa como a solução para o gerenciamento dos documentos digitais gerados destes processos. A Tecnologia da Informação criada para estes ambientes realmente foi uma inovação plausível para o cenário Tributário Nacional, afetando positivamente também as esferas arquivísticas, sobretudo para gerenciar sua massa documental que muitas vezes não está organizada fisicamente. A partir dos procedimentos descritos, tanto em relação ao estudo de caso, quanto em relação à revisão teórica, a problemática levantada neste estudo foi respondida através do mapeamento Fluxo da Informação por meio do desenho dos fluxogramas, o que tornou 69 mais claro e evidente a necessidade uma gestão e política documental, para diminuir os impactos no processo decisório da organização. Ficou explícito nas entrevistas que, para se ter êxito em todo o processo de gerenciamento de informações digitais, é importante a adesão de um sistema integrado robusto, que seja flexível e ao mesmo tempo consistente onde todas as informações fiquem “amarradas” esperando pelas solicitações de recuperação no momento adequado. As funcionalidades de um mapeamento das informações e a conseguinte construção de um fluxograma para a análise deste fluxo informacional dentro de um Sistema de Informações estão apresentadas para qualquer organização que deseje organizar suas atividades, inclusive no âmbito documental, visto que independente do porte da empresa, ela precisa se ater mais aos componentes intrínsecos voltados para a Gestão da Informação. O estudo de caso da LEM/LTDA é uma demonstração de que não será só com a adesão de um sistema ERP altamente desenvolvido que resolverão os gargalos, mas sim a utilização de uma política informacional eficaz que possa ser utilizada corretamente. Aponta-se como possível solução a adoção de uma política de gestão documental que contemple: a inserção de normas do CONARQ; a criação da Tabela de Temporalidade e a efetivação de procedimentos adequados para a preservação dos documentos digitais, como por exemplo, o armazenamento das informações digitais em formato PDF. Portanto, as organizações podem fazer uso do estudo de suas atividades por meio de mapeamento/fluxograma, não só para conhecer suas rotinas, mas também para aperfeiçoar os seus processos. A soma mais importante sobre a realização deste trabalho está no acréscimo interdisciplinar que esse tema propicia, tanto para a interatividade das áreas de Gestão da Informação, Ciências Contábeis e Arquivologia, quanto para a interação entre os setores estudados na LEM/LTDA. Visto que, confrontou-se a gama teórica com a árdua prática, trazendo contribuições mútuas tanto para a empresa pelo nível factível do estudo quanto para a academia por tornar um insumo para eventuais pesquisas. Enfim, espera-se que este estudo proporcione mais um alicerce teórico para esses temas estudados, sobretudo para os que estudarão a sequência do fluxo da informação contábil nos órgãos reguladores e fiscalizadores públicos como a RFB e demais SEFAZ’s. 70 REFERÊNCIAS ANDRADE, Isaías Jonas de. 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Material Figura 11: Simbologia do fluxograma horizontal parcial Fonte: (OLIVEIRA, 2010) 76 ANEXO C - SÍMBOLOS DO FLUXOGRAMA HORIZONTAL GLOBAL OU DE COLUNA Símbolo Significado Símbolo Significado Terminal Documento (Inicia ou termina uma rotina ou um processo qualquer). (Serve para identificar o documento que entra no fluxo). Conector Informação Oral (Utiliza para transferir o fluxo para outra página). (Quando uma informação importante é tramitada verbalmente). Arquivo Permanente Conector de Rotina (Documento foi arquivado, em caráter definitivo, só podendo sair mediante requisição). (Utiliza para transportar a rotina para outra coluna, dentro do mesma página). Arquivo Provisório Decisão (Indica fluxo em parada temporária, aguardando algum tipo de providência, para poder prosseguir). (Identifica a tomada de decisão, levando ao desdobramento do fluxo, segundo as alternativas verificadas). Inutilização ou destruição do Documento Sentido de Circulação: Documentos, Informações Orais. Operação Conferência (Indica um grupo de instruções que executam uma função de processamento do programa). (Indica qualquer exame, conferência ou inspeção no fluxo de trabalho inclusive a verificação do conteúdo do Documento). 77 Demora, Atraso ou arquivamento temporário Figura 12: Simbologia do fluxograma horizontal global Fonte: Adaptado de Oliveira (2010). Material