SOCIEDADE DE
OLERICULTURA DO BRASIL
Presidente
Rumy Goto
UNESP-Botucatu
Vice-Presidente
Nilton Rocha Leal
UENF-CCTA
1º Secretário
Arlete Marchi T. de Melo
IAC
2º Secretário
Ingrid B. I. Barros
UFRGS-Porto Alegre
1º Tesoureiro
Marcelo Pavan
UNESP-Botucatu
2º Tesoureiro
Osmar Alves Carrijo
Embrapa Hortaliças
Volume 19 número 1
Março 2001
ISSN 0102-0536
SUMÁRIO
CARTA DO EDITOR
03
PESQUISA
Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grãos verdes.
P. S. L. Silva.
Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixo urbano.
C. A. Costa; V. W. D. Casali; H. A. Ruiz; C. P. Jordão; P. R. Cecon.
Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas de Petrolina - PE.
L. H. Bassoi; G. M. Resende; J. E. Flori; J. A. M. Silva; C. M. de Alencar.
Dióxido de carbono aplicado via água de irrigação na cultura da alface.
R. A. Furlan; D. R. B. Alves; M. V. Folegatti; T. A. Botrel; K. Minami.
Características e rendimento de vagem do feijão-vagem em função de fontes e doses
COMISSÃO EDITORIAL DA
de matéria orgânica.
HORTICULTURA BRASILEIRA G. M. Santos; A. P. Oliveira; J. A. L. Silva; E. U. Alves; C. C. Costa.
Presidente
Cultivar e adubação NPK na produção de tomate salada.
Leonardo de Britto Giordano
P. R. Z. Santos; A. S. Pereira; C. J. S. Freire.
Embrapa Hortaliças
Editores
Produção de frutos de quiabeiro a partir de mudas produzidas em diferentes tipos
Antônio T. Amaral Jr.
de bandejas e substratos.
UENF-CCTA
V. A. Modolo; J. Tessarioli Neto; L. E. R. Ortigozza.
Antônio Williams Moita
Embrapa Hortaliças
Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.
Arminda Moreira Carvalho
J. B. Menezes; J. Gomes Junior; S. E. Araújo Neto; A. N. Simões.
Embrapa Cerrado
Utilização do ‘não tecido’ de polipropileno como proteção da cultura de alface
Carlos Alberto Lopes
durante o inverno de Ponta Grossa – PR.
Embrapa Hortaliças
R. F. Otto; M. Y. Reghin; G. D. Sá.
César Augusto B. P. Pinto
UFLA
Efeito da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos,
Daniel J.Cantiffe
no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateiro tutorado em
University of Florida
duas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação.
Eduardo S. G. Mizubuti
M. U. C. Nunes; M. L. S. Leal.
UFV
Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas: um estudo de caso.
Francisco Reifschneider
Embrapa Hortaliças
M. Castelo Branco; F. H. França; M. A. Medeiros; J. G. T. Leal.
João Carlos Athanázio
Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado em função do
UEL
uso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio.
José Geraldo Eugênio de França
E. C. Silva; J. R. P. Miranda; M. A. R. Alvarenga.
IPA
José Magno Q. Luz
UFU
Marcelo Mancuso da Cunha
IICA-MI
Maria Aparecida N. Sediyama
EPAMIG
Maria do Carmo Vieira
UFMS - CEUD - DCA
Maria Urbana C. Nunes
Embrapa Tabuleiros Costeiros
Mirtes Freitas Lima
Embrapa Semi-Árido
Paulo César R. Fontes
UFV
Ricardo J. Piccolo
Argentina
Renato Fernando Amabile
Embrapa Cerrados
Sieglinde Brune
Embrapa Hortaliças
CORRESPONDÊNCIA:
Horticultura Brasileira
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Fax: (061) 556-5744
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Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
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PÁGINA DO HORTICULTOR
Uso de esterco bovino e húmus de minhoca na produção de repolho híbrido.
A. P. Oliveira; D. S. Ferreira; C. C. Costa; A. F. Silva; E. U. Alves.
Efeito do óleo mineral e do detergente neutro na eficiência de controle da mosca-branca
por betacyfluthrin, dimethoato e methomyl no meloeiro.
F. A.S.B. Medeiros; E. Bleicher; J. B. Menezes.
Produção de raízes de cenoura cultivadas com húmus de minhoca e adubo mineral.
A. P. Oliveira; J. E. F. Espínola; J. S. Araújo; C. C. Costa.
Rendimento de feijão-caupi cultivado com esterco bovino e adubo mineral.
A. P. Oliveira; J. S. Araújo; E. U. Alves; M. A. S. Noronha; C. M. Cassimiro;
F. G. Mendonça.
Seleção de linhagens de feijão-vagem de crescimento indeterminado para cultivo no
Estado de Goiás.
N. Peixoto; E. A. Moraes; J. D. Monteiro; M. D. T. Thung.
Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.
F. J. F. Luz.
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74
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81
85
88
INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE
Eficiência de tiacloprid para o controle de mosca-branca.
M. Castelo Branco; L. A. Pontes.
97
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
102
ISSN 0102-0536
Volume 19 number 1
March
2001
CONTENT
Journal of the Brazilian
Society for Vegetable Science
EDITOR'S LETTER
03
RESEARCH
Intercropping maize with cowpea for green ears and green grain production.
P. S. L. Silva.
Level of heavy metals and yield of lettuce fertilized with urban solid waste compost.
C. A. Costa; V. W. D. Casali; H. A. Ruiz; C. P. Jordão; P. R. Cecon.
Root distribution of asparagus cultivars in irrigated areas of Petrolina, Brazil.
L. H. Bassoi; G. M. Resende; J. E. Flori; J. A. M. Silva; C. M. Alencar.
Carbon dioxide water for lettuce irrigation.
R. A. Furlan; D. R. B. Alves; M. V. Folegatti; T. A. Botrel; K. Minami.
Characteristics and yield of snap-bean pod in function of sources and levels of organic matter.
G. M. Santos; A. P. Oliveira; J. A. L. Silva; E. U. Alves; C. C. Costa.
Cultivar and NPK fertilization on yield of fresh market tomato.
P. R. Z. Santos; A. S. Pereira; C. J. S. Freire.
Influence of different tray cell sizes and substrates over the production of okra
plantlets and fruits.
V. A. Modolo; J. Tessaroli Neto; L. E. R. Ortigozza.
Storage of yellow melons, genotypes TSX 32096 and SUNEX 7057, at room temperature.
J. B. Menezes; J. Gomes Junior; S. E. A. Neto; Araújo N. Simões.
Use of non woven polypropylene protection under lettuce crop during winter season in
Ponta Grossa, Brazil.
R. F. Otto; M. Y. Reghin; G. D. Sá.
Effect of biofertilizer, and others biological and chemical products, in controlling the fruit small
driller and in the production of staked tomato in two planting seasons and two irrigation systems.
M. U. C. Nunes; M. L. S. Leal.
Use of insecticides for controlling the South American Tomato Pinworm and the
Diamondback Moth: a case study.
M. C. Branco; F. H. França; M. A. Medeiros; J. G. T. Leal.
Yield and nutrient concentration of tomato plants pruned and grown under high planting
density according to phosphorus, gypsum and nitrogen sources.
E. C. Silva; J. R. P. Miranda; M. A. R. Alvarenga.
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GROWER'S PAGE
Address:
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Utilization of cattle manure and earthworm compost on hybrid cabbage production.
A. P. Oliveira; D. S. Ferreira; C. C. Costa; A. F. Silva; E. U. Alves.
Effect of betacyfluthrin, dimethoate and methomyl applied in mixtures with mineral oil
and neutral detergent in the control efficiency of whitefly in melon plants.
F. A.S.B. Medeiros; E. Bleicher; J. B. Menezes.
Carrot roots production cultivated with earthworm compost and mineral fertilizer.
A. P. Oliveira; J. E. F. Espínola; J. S. Araújo; C. C. Costa.
Yield of cowpea-beans cultivated with bovine manure and mineral fertilization.
A. P. Oliveira; J. S. Araújo; E. U. Alves; M. A. S. Noronha; C. M. Cassimiro;
F. G. Mendonça.
Selection of climbing snap bean lines in Goiás, Brazil.
N. Peixoto; E. A. Moraes; J. D. Monteiro; M. D. T. Thung.
Medicinal plants of popular use in Boa Vista, Roraima, Brazil.
F. J. F. Luz.
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PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST
Efficiency of tiacloprid in controlling whiteflies.
M. C. Branco; L. A. Pontes.
97
INSTRUCTIONS TO AUTHORS
102
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
carta do editor
C
omo é de conhecimento de nossos sócios, entre os dias 22 e 27 de julho deste
ano será realizado, em Brasília, o 41º Congresso Brasileiro de Olericultura
e o Encontro sobre Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares.
Nessa oportunidade contaremos com a presença de um grande número de profissionais
que trabalham direta ou indiretamente com olerícolas. Será uma oportunidade ímpar
para troca de conhecimentos técnicos e para conhecimento de outros profissionais que
atuam em diferentes segmentos. Convidamos a todos a participar deste evento e aproveitar a ocasião para reencontrar colegas das diversas regiões do País e conhecer os novos
profissionais que estão atuando na área.
Com relação à Horticultura Brasileira (HB) vamos contar, à partir deste número,
com a colaboração de um novo editor, o Dr. Daniel J. Cantliffe, da Universidade da
Flórida. A participação do Dr. Cantliffe irá contribuir para melhoria da qualidade da
revista, ampliando a penetração da HB na comunidade científica internacional.
A capa de todos os números do volume 19 terá como ilustração as pinturas em
pranchas de diversas hortaliças, pertencentes ao acervo do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). A HB presta, assim, uma justa homenagem a esta Instituição pelos relevantes serviços prestados ao nosso País. A pesquisa com hortaliças no IAC, que teve início
oficialmente em 1937, gerou conhecimentos e tecnologias que extrapolaram nossas fronteiras, conquistando reconhecimento a nível internacional.
Leonardo de B. Giordano
Presidente da Comissão Editorial
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
3
pesquisa
SILVA, P.S.L. Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grão verdes. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 04-10, março 2.001.
Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e
grãos verdes.
Paulo Sérgio L. Silva
ESAM – Departamento de Fitotecnia, C. Postal 137, 59.625-900 Mossoró-RN. E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o rendimento de espigas verdes de cultivares de milho (Centralmex, AG-401 e C-701)
e o rendimento de feijão verde de cultivares de caupí (Pitiúba, Caicó
e CNCx 658-15E) em monocultivos e em consorciação. O rendimento de espigas verdes (grãos com 70% a 80% de umidade) foi
avaliado pelo peso de espigas comercializáveis, empalhadas (EE)
ou despalhadas (ED). O rendimento de feijão (grãos com 60 a 80%
de umidade) foi avaliado pelos rendimentos de vagens (RV) e de
grãos verdes (RG). O estudo foi realizado em Mossoró (RN), entre
abril e julho/1990. Três monocultivos de milho, três monocultivos
de caupí e 3 x 3 consórcios foram avaliados no delineamento de
blocos ao acaso com cinco repetições. As populações de plantas de
milho e caupí, por hectare, foram 50.000 e 40.000 nos monocultivos,
e 25.000 e 20.000 nos consórcios, respectivamente. Não existiu
interação cultivares de milho x cultivares de caupí para as características avaliadas. A consorciação reduziu em 50% EE e ED. A redução em RV e RG com a consorciação foi de 55%. O índice Uso
Eficiente da Terra (UET), calculado com EE e RV, foi maior com a
cultivar Pitiúba do que com as outras cultivares de caupí. Não existiram diferenças entre cultivares de caupí quando UET foi calculado
com ED e RG. Não existiram diferenças entre cultivares de milho
quando o UET foi calculado com EE e RV ou ED e RG.
Intercropping maize with cowpea for green ears and green
grain production.
Palavras-chave: Zea mays L., Vigna unguiculata (L.) Walp.,
milho verde, feijão verde, uso eficiente da terra.
Keywords: Zea mays L., Vigna unguiculata (L.) Walp., green
corn, green bean, land equivalent ratio.
The objective was to evaluate the green ears yield of maize
cultivars (Centralmex, AG-401 and C-701) and the green bean yield,
of cowpea cultivars (Pitiúba, Caicó and CNCx 658-15E), using
monocropping and intercropping systems. The green ears yield
(grains with 70% - 80% humidity) was evaluated by weight of
marketable green ears, both with husk (EH) and without husk (EW).
The green bean yield (grains with 60% - 80% humidity) was
evaluated by green pods yield (PY) and green grains yield (GY).
The study was carried out at Mossoró, Brazil, between April and
July, 1990. Three maize monocroppings, three cowpea
monocroppings and 3 x 3 intercroppings were arranged in a
randomized block design with five replications. The maize and
cowpea plant populations, per hectare, were 50,000 and 40,000 with
monocropping, and 25,000 and 20,000, with alternate-row
intercropping, respectively. The maize cultivars x cowpea cultivars
interaction was not significant for the traits evaluated. The
intercropping systems reduced 50% EH and EW. The reduction of
PY and GY by intercropping was 55%. The Land Equivalent Ratio
(LER) calculated from EH and PY was greater when intercropping
was made with Pitiúba cultivar than with other cowpea cultivars.
There were no differences among cowpea cultivars when LER was
obtained from EW and GY. Maize cultivars did not differ as LER
calculated from EH and PY or EW and GY.
(Aceito para publicação em 15 de janeiro de 2.001)
O
“milho verde”, isto é, grãos de Zea
mays L. com teor de umidade entre 70% e 80%, e o feijão verde, ou seja,
grãos de caupí (Vigna unguiculata (L.)
Walp.) com teor de umidade entre 60%
e 80%, são produtos amplamente produzidos e consumidos no Rio Grande
do Norte. Na realidade, os dois produtos possuem importância expressiva em
todo o Nordeste brasileiro, sendo consumidos pelo nordestino sob várias formas, inclusive como ingredientes de
pratos típicos da região.
Para produção dos dois produtos, milho e caupí são cultivados em monocultivo
4
ou em variados tipos de consórcios, dentre os quais um dos mais comuns é aquele
de fileiras alternadas das duas culturas.
Aliás, grãos verdes e secos de milho e
caupí são produzidos com as mesmas cultivares e práticas culturais. Não existem
dados sobre os rendimentos médios de
espigas verdes e de grãos verdes das duas
culturas no Rio Grande do Norte. Para
grãos secos, os rendimentos médios de
milho e caupí no período 1993-95 foram
de 464 kg ha-1 e 327 kg ha-1, respectivamente (Brasil, 1996). Vários problemas
devem estar associados a estes baixos rendimentos. Um dos mais importantes é o
plantio de cultivares tradicionais, com
baixa capacidade produtiva. Em geral, o
agricultor norte-riograndense semeia sua
própria semente que, freqüentemente, é de
uma mistura de cultivares. Está se tornando comum a semeadura de cultivares importadas de outras regiões do país e que
sequer foram avaliadas sob as condições
nordestinas. Portanto, a identificação de
cultivares adequadas poderá contribuir
para melhoria dos rendimentos de milho
e caupí cultivados em monocultivo ou em
consórcio.
Nos trabalhos mais recentes sobre a
consorciação milho e caupí o interesse
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grão verdes.
dos pesquisadores é o aumento da produção de forragem (Khandaker, 1994;
Tripathy et al., 1997; Krishna et al.,
1998), de grãos das duas culturas
(Mohammad, 1993; Watiki et al., 1993;
Myaka, 1995; Balyan, 1997; Khola et
al., 1999;), ou o rendimento de uma terceira cultura plantada em sucessão ao
consórcio (Balyan, 1997; Olasantan,
1998). Diferentes cultivares influenciam
os rendimentos de forragem
(Tripathy et al., 1997) e de grãos. No
caso do caupí, a consorciação pode ou
não reduzir o rendimento de grãos
(Abdel-Gawad, 1993; Watiki et al.,
1993). Por outro lado, para o milho, a
consorciação com caupí propicia
(Balyan, 1997; Skovgard & Pats, 1997)
ou não (Watiki et al., 1993) aumento no
rendimento de grãos.
Apenas o trabalho de Silva & Freitas
(1996) foi encontrado na literatura consultada tratando da consorciação milhocaupí para produção de espigas verdes
e de grãos verdes. Eles concluíram que
o número e o peso de espigas verdes,
por hectare, obtidos nos monocultivos
foram superiores, em média, aos obtidos nos consórcios. Para o caupí, os
monocultivos, em média, também foram
superiores aos consórcios, mas a diferença entre monocultivo e a
consorciação com uma das cultivares de
milho (dentre as três estudadas) não foi
significativa. Coelho & Silva (1984) e
Ramalho et al. (1985) estudaram o consórcio milho e feijão comum para a produção de espigas verdes e grãos maduros de feijão comum (Phaseolus
vulgaris L.). Segundo Coelho & Silva
(1984), devido à redução de 15% na produção de espigas verdes comerciais de
milho, no sistema consorciado, e considerando que o preço médio do feijão é
cerca de quatro vezes o de espigas verdes de milho, a consorciação não se
apresenta como alternativa vantajosa, no
aproveitamento de várzeas na
entressafra do arroz. Ramalho et al.
(1985) também concluíram que, em diferentes épocas da entressafra, dificilmente o consórcio milho verde e feijão
comum será vantajoso economicamente, pela redução da produção de espigas
comerciais.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar os rendimentos de espigas verdes de milho e de vagens e grãos
verdes de caupí, em cultivos puros e
consorciados.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na
ESAM. Na tabela 1 são apresentados
dados sobre alguns fatores climáticos
medidos durante o período de realização do experimento.
O trabalho foi realizado sob condições de sequeiro, mas recebeu irrigação
suplementar por aspersão. A lâmina líquida requerida para o milho (5,6 mm)
foi calculada considerando-se ser de
0,40 m a profundidade efetiva do sistema radicular. O momento de irrigar teve
por base a água retida no solo à tensão
de 0,04 MPa. O turno de rega foi de um
dia. As irrigações foram iniciadas quando as plantas tinham, aproximadamente 35 dias de idade e foram feitas até
pouco antes das colheitas.
Três cultivares de milho
(Centralmex, AG-401 e C-701) e três
de caupí (Pitiúba, Caicó e CNCx 65815E) foram cultivadas em monocultivo
e em consórcio, perfazendo um total de
15 tratamentos (três monocultivos de
milho, três monocultivos de caupí e 3 x
3 consórcios). Os consórcios resultaram
da combinação, em esquema fatorial
completo, das três cultivares de cada
uma das culturas. Os tratamentos foram
avaliados no delineamento experimental de blocos ao acaso com cinco repetições. A cultivar Centralmex é variedade de polinização livre, possui altura de
planta em torno de 210 cm e foi utilizada como testemunha, dentre as cultivares de milho. As cultivares AG-401 e
C-701 são híbridos duplos, com alturas
de planta em torno de 170 e 150 cm,
respectivamente. As três cultivares de
caupí são de crescimento indeterminado
(tipo ramador). A cultivar Pitiúba foi
utilizada como testemunha, na comparação das cultivares de caupí. As parcelas dos cultivos puros ficaram constituídas por três fileiras com 6 m de comprimento. Como área útil, considerouse a ocupada pela fileira central, eliminando-se uma cova em cada extremidade. Nos consórcios, as parcelas foram
formadas por quatro fileiras com 6 m
de comprimento. Como área útil, considerou-se a ocupada pelas duas fileiras
centrais, eliminando-se uma cova em
cada extremidade. Tanto nas culturas
puras quanto nas consorciadas, a distância entre fileiras foi de 1,0 m e, entre
covas de uma mesma fileira, o
espaçamento foi de 0,4 m para o milho
e de 0,5 m para o caupí. Nos consórcios,
milho e caupí ocuparam fileiras alternadas.
O solo, um Argissolo Vermelho
Amarelo (PVA), foi preparado com duas
gradagens. A análise de uma amostra de
solo, retirada de área vizinha à área experimental, indicou: pH = 6,4; P = 18
ppm; K+ = 0,11 cmolc dm-3; Ca2+ = 1,6
cmolc dm-3; Mg2+ = 0,8 cmolc dm-3; Al3+
= 0,0 cmolc dm-3 e Na+ = 0,02 cmolc dm-3;.
O plantio foi feito em 22/4/1990, com
cinco sementes por cova. Um desbaste
foi efetuado aos 25 dias do plantio, deixando-se duas plantas por cova, para as
duas culturas. O caupí recebeu, como
adubação de plantio, 60 kg de P2O5 e 30
Tabela 1. Médias das temperaturas máximas e mínimas e da umidade relativa do ar e totais de insolação e precipitação mensais, durante o
período de abril a julho de 1990. Mossoró, ESAM, 1990.
M es es d e 1 9 9 0
Abril
Maio
Junho
Julho
Temp. máx.
(oC )
33,4
34,2
34,0
34,4
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Temp. mín .
(o C )
24,0
23,0
22,3
22,6
Umid.
(% )
72,0
71,9
64,3
64,1
In sol.
(h )
229,6
244,5
229,5
251,4
P recip.
(mm)
82,9
124,0
10,9
5,3
5
P.S.L Silva.
Tabela 2. Médias do rendimento de espigas verdes empalhadas comercializáveis de cultivares de milho em cultivos puros e em consórcio
com cultivares de caupí. Mossoró, ESAM, 1990.
Cu ltivares de
milh o
Centralmex
AG-401
C-701
Médias1
1
Milh o em
mon ocu ltivo
11.728
9.986
10.377
10.697 a
P itiú ba
5.625
5.947
5.602
5.725 b
Milh o con sorciado
Cu ltivares de cau pí
Caicó
CNCx 658-15E
-1
kg . h a
5.397
6.075
5.333
5.399
4.689
5.159
5.140 b
5.544 b
Médias1
7.206 A
6.666 A
6.457 A
-
Médias seguidas pela mesma letra, na linha ou na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%).
Tabela 3. Médias do rendimento de espigas verdes despalhadas comercializáveis de cultivares de milho em cultivos puros e consórcios com
cultivares de caupí. Mossoró, ESAM, 1990.
Cu ltivares de
milh o
Centralmex
AG-401
C-701
Médias1
1
Milh o em
mon ocu ltivo
5.920
5.245
5.629
5.931 a
P itiú ba
2.765
3.003
3.321
3.030 b
Milh o con sorciado
Cu ltivares de cau pí
Caicó
CNCx 658-15E
kg. h a-1
2.782
3.170
2.616
2.879
2.946
2.990
2.781 b
3.013 b
Médias1
3.659 A
3.436 A
3.972 A
-
Médias seguidas pela mesma letra, na linha ou na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%).
kg de K2O, por hectare. O milho, além
destes adubos, recebeu também, no
plantio, 35 kg de N/ha. Os adubos foram aplicados em sulcos, ao lado e abaixo dos sulcos de semeadura. Apenas o
milho recebeu adubação em cobertura
(65 kg de N/ha, aos 25 dias após o plantio). Como fontes de N, P2O5 e K2O foram utilizados sulfato de amônio,
superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente. O controle de
Spodoptera frugiperda Smith foi efetuado com pulverizações de deltamethrin
(250 mL.ha), aos 7 e 15 dias após o plantio. As invasoras foram controladas por
capinas realizadas aos 15 e 50 dias após
o plantio.
Para o milho, foram avaliados os
pesos de espigas empalhadas e
despalhadas, comercializáveis. A colheita foi realizada em quatro etapas, de
75 a 85 dias após o plantio, à medida
que os grãos atingiam o “ponto de milho verde”. Como espigas empalhadas
comercializáveis, foram consideradas as
espigas com aparência adequada à
comercialização e comprimento igual ou
superior a 22 cm. Como espigas
6
despalhadas comercializáveis, foram
consideradas as espigas com comprimento igual ou superior a 17 cm e com
granação e sanidade satisfatórias. Para
o caupí, foram avaliados os pesos de
vagens e de grãos verdes (kg.ha-1). A
colheita foi realizada em nove etapas,
de 45 a 75 dias após o plantio, à medida
que os grãos atingiam o “ponto de feijão verde”.
Os dados referentes às características avaliadas foram submetidos à análise de variância, seguindo-se as recomendações de Gomes (1982). Foram
analisados também dados sobre o índice de Uso Eficiente da Terra (UET), tal
como descrito por Mead & Willey
(1980). O UET indica a área de terra
necessária com as culturas em
monocultivo para proporcionar um rendimento equivalente ao obtido com as
culturas associadas, considerando-se
iguais áreas de terra cultivada (Mead &
Willey, 1980). Se AC, AS, BC e BS são
os rendimentos das culturas A, consorciada e solteira, e B, consorciada e solteira, respectivamente, o UET é igual a
(AC/AS) + (BC/BS).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para os rendimentos de espigas de
milho verde comercializáveis,
empalhadas ou despalhadas, houve efeito significativo de “milho (puros e consórcios)” (PC), mas não de “cultivares
de milho” (M) ou da interação PC x M.
O rendimento médio do milho nos
monocultivos foi superior aos rendimentos médios nos sistemas consorciados,
os quais não diferiram entre si, tanto
para espigas empalhadas (Tabela 2)
como para espigas despalhadas (Tabela
3). Para espigas empalhadas
comercializáveis, o rendimento médio
da gramínea nos consórcios foi de 5,5
t.ha-1. Este valor representa quase 51%
do rendimento médio observado nas
parcelas do milho solteiro. Para espigas
despalhadas comercializáveis, o
percentual correspondente (50%) foi semelhante.
No que se refere aos rendimentos de
vagens e grãos verdes de caupí, à semelhança do encontrado para o milho, houve efeito significativo de “caupí (puros
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grão verdes.
Tabela 4. Médias do rendimento de vagens verdes de cultivares de caupí em cultivos puros e consórcios com cultivares de milho. Mossoró,
ESAM, 1990.
Cu ltivares de
c au p í
Pitiúba
Caicó
CNCx 658-15E
Médias1
1
C a u p í em
mon ocu ltivo
3.876
6.129
6.216
5.407 a
Milh o con sorciado
Cu ltivares de milh o
Cen tralmex
AG-401
kg. h a-1
2.427
2.107
2.591
2.188
2.136
2.391
2.385 b
2.229 b
Médias1
C-701
2.737
2.831
2.059
2.542 b
2.787 A
3.435 A
3.200 A
-
Médias seguidas pela mesma letra, na linha ou na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%).
Tabela 5. Médias do rendimento de grãos verdes de cultivares de caupí em cultivos puros e consórcios com cultivares de milho. Mossoró,
ESAM, 1990.
Cu ltivares de
c au p í
Pitiúba
Caicó
CNCx 658-15E
Médias1
1
C a u p í em
mon ocu ltivo
2.106
2.911
2.816
2.611 a
Milh o con sorciado
Cu ltivares de milh o
Cen tralmex
AG-401
kg. h a-1
1.336
1.150
1.165
1.151
1.203
1.142
1.235 b
1.145 b
Médias1
C-701
1.409
1.321
957
1.229 b
1.500 A
1.637 A
1.530 A
-
Médias seguidas pela mesma letra, na linha ou na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%).
e consórcios)” (PC), mas não de “cultivares de caupí” (C) ou da interação PC
x C. Os rendimentos médios de vagens
(Tabela 4) e grãos (Tabela 5) verdes,
obtidos nos consórcios, não diferiram
entre si e foram inferiores aos respectivos rendimentos médios obtidos nos
monocultivos. No caso do rendimento
de vagens verdes, o rendimento médio
dos consórcios (2,4 t ha-1) foi de apenas
44% do rendimento médio dos
monocultivos (5,4 t.ha-1). Para grãos
verdes, o rendimento médio de 1,2 t.ha-1,
obtido nos consórcios, foi de apenas
46% do rendimento médio dos
monocultivos.
Os resultados obtidos no presente
trabalho demonstram que a
consorciação reduziu, significativamente, os rendimentos de espigas
empalhadas
e
despalhadas,
comercializáveis, em, aproximadamente, 50%, em relação aos rendimentos dos
monocultivos. Estas reduções devem ter
sido devidas às menores populações do
milho e à competição com o caupí, nos
consórcios. Reduções no rendimento do
milho, em conseqüência da
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
consorciação têm sido observadas por
outros autores. Silva & Freitas (1996)
constataram que os decréscimos médios
para número e peso de espigas verdes, em decorrência da consorciação,
foram de 49 e 45%, respectivamente.
Ramalho et al. (1985) verificaram reduções de 23% e 21% na produção de
milho verde de duas cultivares consorciadas com feijão comum (Phaseolus
vulgaris L.). Segundo eles, esta redução no rendimento de milho verde é de
magnitude superior à normalmente relatada na literatura, envolvendo o consórcio milho e feijão comum, quando é
avaliada a produção de grãos secos de
milho. Para eles, a maior competição
exercida pelo feijão, quando o milho se
destina à produção de espigas verdes é,
provavelmente, explicada pelo fato de,
neste caso, ser menor a diferença no ciclo das culturas. Segundo Willey (1979),
citado por Ramalho et al. (1985), quanto maior for a diferença no ciclo das
culturas
maior
será
a
complementaridade temporal e menor
a competição de uma espécie sobre a
outra. Mas provavelmente outros fato-
res devem estar envolvidos, dentre os
quais a população de plantas e as cultivares de milho e feijão. Pereira Filho et
al. (1991) verificaram variação de +3%
a –34% no rendimento do milho consorciado em relação ao rendimento do
milho solteiro, a depender da população de plantas (de 20 mil a 60 mil plantas/ha) e da cultivar de milho. Para uma
população de 50 mil plantas/ha, Cruz et
al. (1984) encontraram variação correspondente de +14% a –23%, dependendo da cultivar. A variação observada por
Carvalho (1990), foi de –48% a –57%,
também dependendo da cultivar, quando a população de milho foi de 20 mil
plantas/ha.
No caso do caupí, a redução dos rendimentos de vagens e de grãos verdes,
em conseqüência da consorciação, ficou
em torno de 55% e pode ser atribuída às
menores populações de plantas do caupí
nos consórcios, mas também à grande
competição com o milho. Este efeito da
população de plantas no consórcio milho e caupí para produção de grãos secos foi demonstrado por Rêgo Neto et
al. (1982). Quando a população do caupí
7
P.S.L Silva.
Tabela 6. Médias dos índices de uso eficiente da terra (UET) calculados com base no peso de espigas verdes empalhadas comercializáveis
de cultivares de milho e peso de vagens verdes de cultivares de caupí. Mossoró, ESAM, 1990.
Cu ltivares de cau pí
Pitiúba
Caicó
CNCx 658-15E
Médias1
1
Cen tralmex
1,18
0,94
0,91
1,01 a
Cu ltivares de milh o
AG-401
1,19
0,95
1,00
1,05 a
C-701
1,33
0,96
0,89
1,06 a
Médias1
1,23 A
0,95 B
0,93 B
-
Médias seguidas pela mesma letra, na linha ou na coluna, não diferem entre si (Tukey, 5%).
no consórcio correspondeu a 50% da
população no monocultivo (caso do presente trabalho), a redução média no rendimento de três cultivares foi de 55%.
Quando a população do caupí no consórcio foi equivalente a 66% da população no monocultivo, a redução correspondente foi menor (38%).
Silva & Freitas (1996) verificaram
que os rendimentos de vagens e grãos
verdes de caupí nos consórcios milho
verde e caupí verde nem sempre foram
inferiores, significativamente, aos obtidos nos monocultivos. Assim, o rendimento médio de cultivares de caupí em
consórcio com um híbrido duplo de milho de porte intermediário, apesar de ter
sido 25% menor que o rendimento médio das cultivares de caupí em
monocultivo, a diferença não foi significativa.
No presente estudo, para as duas
culturas, não houve efeito significativo
da interação entre cultivares de milho e
de caupí, indicando que os rendimentos
das cultivares de milho não dependeram
das cultivares de caupí utilizadas nos
consórcios e vice-versa. Silva & Freitas
(1996), também estudando a
consorciação milho verde e caupí verde, concluíram não existir a interação
cultivares de milho x cultivares de caupí,
para os rendimentos de milho verde ou
feijão verde. Ramalho et al. (1984) também não encontraram interação significativa entre as cultivares de feijão comum e as de milho, nem destas com os
sistemas de consorciação, para produção de grãos secos. Contudo, Carvalho
(1990) verificou que as cultivares de
feijão comum interferiram diferentemente no rendimento das cultivares de
milho, e estas mostraram, entre si, o
mesmo comportamento em relação às
cultivares de feijão.
8
A análise de variância dos índices de
Uso Eficiente da Terra (UET) indicou
efeito significativo apenas para cultivares de caupí. Isto ocorreu quando os índices foram calculados com base nos
pesos de espigas empalhadas
comercializáveis e de vagens verdes. O
UET obtido com a consorciação das cultivares de milho com a cultivar de caupí
Pitiúba foi, em média, superior aos UET’s
obtidos com as outras duas cultivares de
caupí, os quais não diferiram entre si (Tabela 6). O valor de 1,23 para o UET obtido com a cultivar Pitiúba indica que,
em média, os monocultivos exigiriam
23% mais de terra que os consórcios para
que produzissem o mesmo que um hectare de consórcio. É possível que a superioridade média dos consórcios das cultivares de milho com a cultivar de caupí
Pitiúba, em relação aos consórcios com
as outras cultivares de caupí, esteja relacionada a uma melhor adaptação da cultivar Pitiúba aos consórcios, apesar da
interação cultivares de milho x cultivares de caupí não ter sido significativa,
como já foi visto. Em média, a diminuição do rendimento de vagens verdes da
cultivar Pitiúba, nos consórcios, em relação ao rendimento no monocultivo, foi
de 37% (Tabela 4). Por outro lado, para
as cultivares Caicó e CNCx 658-15E, as
diminuições correspondentes foram de
59% e 65%, respectivamente (Tabela 4).
Quando os UET’s foram calculados
com base nos dados de peso de espigas
despalhadas e peso de grãos, o valor
correspondente à cultivar Pitiúba também foi superior aos correspondentes às
outras duas cultivares de caupí, mas
neste caso as diferenças não foram significativas . O valor médio do UET, neste caso, foi 1,03.
O fato de terem sido encontradas
diferenças significativas entre os UET’s
calculados com base no peso de espigas
verdes empalhadas e peso de vagens
verdes, mas não terem sido constatadas
tais diferenças entre os UET’s calculados com base no peso de espigas verdes
despalhadas e peso de grãos verdes, está
relacionado, obviamente, a diferenças
nas relações peso de espigas
despalhadas/peso
de
espigas
empalhadas e peso de grãos verdes/peso
de vagens verdes das cultivares avaliadas. Para as cultivares de milho
Centralmex, AG-401 e C-701, a relação
média rendimento de espigas
despalhadas/rendimento de espigas
empalhadas foi de 51, 52 e 62%, respectivamente. Para as cultivares de
caupí Pitiúba, Caicó e CNCx 658-15E,
a relação média rendimento de grãos
verdes/rendimento de vagens verdes foi
de 54, 48 e 48%, respectivamente. No
caso do milho, as diferenças nas relações podem estar associadas a uma maior
ou menor proporção de palhas na espiga ou a um descarte maior ou menor de
espigas empalhadas, quando da seleção
das
espigas
despalhadas
comercializáveis. Para o caupí, as diferenças nas relações devem estar relacionadas a diferenças na proporção de
pericarpo nas vagens.
Não foram encontrados na literatura consultada, dados sobre o UET calculados rendimentos de espigas verdes
empalhadas e vagens verdes ou com rendimentos de espigas verdes despalhadas
e grãos verdes no consórcio milhocaupí. Para rendimentos de grãos secos
das duas culturas, os valores do UET
têm sido superiores ou inferiores a 1 a
depender da densidade de plantio de
milho (Watiki et al., 1993) e da estação
de plantio (Shumba et al., 1990), dentre
outros fatores. Nas maiores densidades
de plantio, o UET ficou em torno de 1,1,
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Consorciação milho e feijão caupí para produção de espigas verdes e grão verdes.
enquanto nas menores densidades o valor deste índice foi inferior a 1,0 (Watiki
et al., 1993). Em ano de pouca chuva, o
UET não foi influenciado pela
consorciação, mas quando a precipitação pluvial foi acima da média, a
consorciação aumentou a produtividade da terra em 51% (Shumba et al.,
1990).
Deve ser ressaltado que a comparação dos valores de UET nos consórcios
milho-caupí para produção de espigas
verdes e vagens ou grãos verdes, com
os valores de UET nos consórcios para
produção de grãos secos das duas culturas, deve ser feita com cautela. No
caso do milho, espigas verdes
imprestáveis para a comercialização
podem ser perfeitamente aproveitadas
quando o interesse for por grãos secos.
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9
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Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de
lixo urbano.
Cândido A. Costa1, Vicente Wagner D. Casali2, Hugo Alberto Ruiz3, Cláudio P. Jordão4 Paulo Roberto
Cecon5
1
UFMG-NCA, C. Postal 135, 39.404-006 Montes Claros-MG; 2UFV-Depto. Fitotecnia; 3UFV-Depto. Solos e Nutrição de Plantas; 4UFVDepto. Química e 5UFV-Depto. Informática, 36.571-000, Viçosa-MG. E-mail: [email protected].
RESUMO
ABSTRACT
Avaliou-se o emprego do composto de lixo urbano em três cultivos sucessivos da alface. O experimento foi realizado em campo,
em Viçosa no período de outubro/95 a junho/96 num Latossolo Vermelho-Amarelo. Os tratamentos consistiram de quatro doses de composto de lixo (0, 10, 20 e 30 t ha-1) e três cultivares de alface (‘Regina’, ‘Vitória’ Verde Clara’ e ‘Brasil - 303’), arranjadas no esquema
fatorial 4 x 3, no delineamento em blocos casualizados, com quatro
repetições, totalizando 48 parcelas. Cada parcela experimental foi
constituída por quatro fileiras de cinco plantas, no espaçamento 25
x 30 cm, sendo as três linhas centrais consideradas como parcela. O
composto foi adicionado apenas no primeiro cultivo. Determinouse o peso da matéria fresca e da matéria seca da parte aérea das
plantas e o teor de Zn, Cu, Pb, Cd, Ni e Cr na matéria seca do tecido
vegetal, após a colheita no primeiro, segundo e terceiro cultivos,
correspondente a 46, 142 e 222 dias da aplicação do composto, respectivamente. Houve aumento significativo da produção em resposta
às doses do composto, principalmente no primeiro cultivo, em que
as cultivares ‘Regina’, ‘Vitória Verde Clara’ e ‘Brasil-303’ produziram, respectivamente, 333,82; 337,81 e 303,60 g.planta-1(peso fresco). No segundo cultivo, o efeito diminuiu. Já no terceiro cultivo,
não houve efeito do composto sobre a produção. O teor de metais
pesados na planta foi aumentado, principalmente no primeiro cultivo, seguindo a seguinte ordem decrescente: Pb>Cd>Cu>Zn. No segundo cultivo, o efeito foi menor e no terceiro cultivo não houve
efeito do composto, o que foi atribuído ao esgotamento do seu efeito. Nenhum dos elementos atingiu níveis considerados fitotóxicos.
Level of heavy metals and yield of lettuce fertilized with urban
solid waste compost.
Palavras-chave: Lactuca sativa L., adubação orgânica,
fitotoxicidade.
A field experiment was carried out to evaluate the influence of
fertilization with urban solid waste on the level of heavy metal and
yield of lettuce cultivars after three successive crops. The experiment
was carried out from October/95 to June/96 under field conditions,
in Viçosa (Brazil), on Yellow Red Latosol soil. The experimental
design was of complete randomized blocks, with treatments
distributed in a factorial cheme 4 x 3 (four levels of compost - 0, 10,
20 and 30 t ha-1 x three cultivars - ‘Regina’, ‘Vitória Verde Clara’
and ‘Brasil-303’), with four replications. Each plot was constituted
of 20 plants, spaced 25 x 30 cm, where data were collected from the
three central plants. Fresh and dry weight matter and Zn, Cu, Pb,
Cd, Ni and Cr content were determined after 46, 142 and 222 days
of application, respectively. Yield increased with higher compost
rates, particularly on first crop, where ‘Regina’, ‘Vitória Verde Clara’
and ‘Brasil-303’ produced 333.82; 337.81 and 303.60 g.plant-1 (fresh
weight), respectively. On the second crop, there was little effect and
on the third crop, there was not influence of compost on the yields.
Levels of heavy metals content in plants was increased as an effect
of the compost, in the following order: Pb>Cd>Cu>Zn. On the second
crop, the effect was intermediate and the third crop, was not influence
by compost, indicating consequent decrease in the influence of
compost on level of heavy metals in plant. No heavy metals were
detected in toxic level to the plant.
Keywords: Lactuca sativa L., organic manure, phitotoxicity,
recycle.
(Aceito para publicação em 05 de fevereiro de 2.001)
N
os últimos anos, difundiu-se bastante o uso de resíduos urbanos
como matéria-prima para obtenção de
fertilizante orgânico. Dentre esses, o lixo
domiciliar tem despertado grande interesse, pois sua utilização permite a
reciclagem de nutrientes e o seu
acúmulo vem constituindo sérios problemas ambientais, principalmente nas
grandes cidades (Ogata, 1983; Glória,
1992; He et al., 1995; Paino et al., 1996).
O composto orgânico de lixo urbano, por ter boa capacidade melhoradora
das condições químicas, biológicas e
físicas dos solos, causa efeitos no cres10
cimento e desenvolvimento das plantas.
Muitos são os trabalhos que registram
os efeitos positivos desse composto sobre a produção das plantas, principalmente nas espécies olerícolas. Já foram
constatados aumentos significativos na
produção, como conseqüente efeito do
composto orgânico de lixo, na cultura
do tomate (Fritz & Venter, 1988; Weir
& Allen, 1997), espinafre (Fritz &
Venter, 1988; Dixon et al. , 1995), rabanete (Fritz & Venter, 1988), abóbora italiana (Dixon et al., 1995), feijão-vagem
(Dixon et al., 1995), cenoura (Fritz &
Venter, 1988; Costa et al., 1997) e alfa-
ce (Fritz & Venter, 1988; Costa et al.,
1994; Dixon et al., 1995).
Woodbury (1992), cita o composto
orgânico de lixo urbano como grande
supridor de micronutrientes, como Zn,
Cu e B, além de melhorar a capacidade
de retenção de água e estimular a atividade microbiológica dos solos. Tais benefícios explicam o efeito positivo que
o composto proporciona no crescimento e desenvolvimento das plantas.
Por outro lado, o composto pode
também resultar em efeitos negativos na
planta, levando a um menor crescimento. Costa et al. (1994) observaram efeiHortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixo urbano.
to negativo do composto na produção
de matéria seca da alface e da cenoura
quando se aplicava doses acima de 20
t.ha-¹. Hernández et al. (1992), constataram diminuição no crescimento das
plantas em doses acima de 60 t.ha-¹. Tais
autores atribuíram esse resultado ao teor
de sais, principalmente de NaCl, que é
comumente encontrado em composto
orgânico de resíduos urbanos.
O efeito depressivo do composto
também pode ser atribuído aos metais
pesados veiculados no composto, os
quais, sendo absorvidos pelas plantas em
grandes quantidades, podem atingir níveis fitotóxicos. Costa (1994), quando
aplicou 90 t.ha-¹ de composto orgânico
de lixo urbano no solo, observou redução drástica do crescimento da alface e
da cenoura. Esse autor atribuiu tal efeito do composto ao elevado teor de Cu
no tecido vegetal, além do elevado pH
e condutividade elétrica dos solos.
O emprego de compostos orgânicos
de lixo na agricultura brasileira vem
aumentando consideravelmente na medida em que mais usinas de
beneficiamento de lixo são construídas.
Esses compostos orgânicos são utilizados principalmente pelos agricultores
circunvizinhos das usinas, em sua maioria produtores de hortaliças.
Entre as olerícolas, destaca-se a alface por ser intensivamente cultivada,
demandando, portanto, grandes quantidades de fertilizantes orgânicos.
Este trabalho teve por objetivo avaliar a produção de alface cultivada com
composto de lixo urbano em três cultivos sucessivos e o teor de metais pesados na matéria seca vegetal.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
área da Universidade Federal de Viçosa, no período de 09 de outubro de 1995
a 10 de junho de 1996, num Latossolo
Vermelho-Amarelo distrófico, textura
argilosa.
Os tratamentos consistiram de quatro doses de composto de lixo (0, 10, 20
e 30 t ha-1) e três cultivares de alface
(‘Regina’, ‘Vitória Verde Clara’ e ‘Brasil - 303’), arranjadas no esquema
fatorial 4 x 3, no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições,
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Tabela 1. Características físicas e químicas do solo e do composto orgânico de lixo urbano
na época da incorporação ao solo. Viçosa, UFV, 1995.
Características
pH em água (1:2,5)
P disponível (mg dm-3)
K disponível (mg dm-3)
Ca trocável (cmolc dm-3)
Mg trocável (cmolc dm-3)
Zn (mg dm-3)
Cu (mg dm-3)
Cd (mg dm-3)
Pb (mg dm-3)
Ni (mg dm-3)
Cr (mg dm-3)
Areia grossa (g kg-1)
Areia fina (g kg-1)
Silte3 (g kg-1)
Argila3 (g kg-1)
Classe textural
Valor
S olo
6,10
52,50
245,00
4,20
1,0
3,00
2,56
0,02
n.d.*
0,33
0,32
200,00
120,00
180,00
510,00
Argila
1
Composto2
6,70
350,00
3.080,00
41,50
6,80
670,38
390,00
1,93
368,11
36,50
97,04
-
1
Extrator químico: Mehlich-I (Defelipo & Ribeiro, 1981)
Extrator químico: HNO3/HClO4
* Não detectado.
2
totalizando 48 parcelas. Cada parcela
experimental foi constituída por quatro
fileiras de cinco plantas no espaçamento
25 x 30 cm, sendo as três linhas consideradas como parcela útil.
O composto foi fornecido pela usina de reciclagem e compostagem de lixo
urbano da Companhia Municipal de
Limpeza Urbana do Rio de Janeiro
(COMLURB). As características físicas
e químicas do solo e do composto na
época da incorporação são apresentadas
na Tabela 1.
Foram conduzidos três cultivos sucessivos de alface, com a adição do composto apenas no primeiro cultivo, um dias
antes do transplantio das mudas, ou seja:
primeiro cultivo (da semeadura à colheita), no período de 5 de outubro a 11 de
dezembro de 1995; segundo cultivo, de
16 de janeiro a 20 de março de 1996; e
terceiro cultivo, de 09 de abril a 10 de
junho de 1996. A colheita no primeiro,
segundo e terceiro cultivos, correspondeu
a 46, 142 e 222 dias da aplicação do composto, respectivamente.
As colheitas foram feitas pela manhã, cortando as plantas rente ao solo e
pesando imediatamente toda a parte aérea, para a determinação do peso da
matéria fresca. Em seguida, o material
vegetal foi colocado para secar em estufa a 65ºC até peso constante, sendo,
então, determinado o peso da matéria
seca.
As raízes foram retiradas do solo,
lavadas e também conduzidas para secagem em estufa com ventilação forçada a 65ºC até peso constante, visando a
análises químicas.
Na preparação das amostras para as
análises químicas, a matéria seca da
parte aérea foi separada em caule e folhas. Todo o material vegetal seco, tanto caule e folhas quanto raízes da alface, foi moído em moinho tipo Willey e
passado em peneira com malha de 20
mesh de abertura.
As amostras foram mineralizadas
com a mistura nítrico-perclórica, sendo
determinados os teores de Zn, Cu, Pb,
Cd, Ni e Cr. As leituras foram feitas em
espectrofotômetro de absorção atômica.
Os resultados foram analisados estatisticamente, por meio das análises de
variância e regressão. As médias foram
11
C.A. Costa et al.
Tabela 2. Produção de matéria fresca (MF) e de matéria seca (MS) da parte aérea de três
cultivares de alface, no segundo cultivo, adubadas com diferentes doses de composto de
lixo urbano. Viçosa, UFV, 1995/96.
MF
Cu ltivar
MS
g. plan ta-1
Regina
Vitória
BR-303
282,87 a*
269,84 a
161,01 b
19,64 a
18,75 a
9,89 b
RESULTADOS E DISCUSSÃO
*As médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si, a 5% de probabilidade,
pelo teste de Tukey.
1” Cultivo
2” Cultivo
3” Cultivo
Peso da MatØria Fresca (g/planta
400
350
300
250
200
Y=298,3810+3,3811X*
Y=211,7070+1,7465X**
Y=288,23
150
100
r†=0,88
r†=0,99
50
0
Peso da MatØria Seca (g/planta
20
15
Y=15,32+0,11X*
Y=14,57+0,10X*
Y=13,12
10
r†=0,93
r†=0,98
5
0
0
10
20
30
Doses de Composto de Lixo Urbano, t.ha-1
Figura 1. Produção de matéria fresca e de matéria seca da parte aérea da alface em três
cultivos sucessivos, em função do uso de doses de composto orgânico de lixo urbano. Viçosa, UFV, 1995/96.
12
comparadas pelo teste de Tukey, adotando-se o nível de 5% de probabilidade. As equações foram ajustadas, testando-se os coeficientes de determinação pelo teste F.
Produção de matéria fresca e de
matéria seca
A produção de matéria fresca foi
influenciada (p<0,05) pelas doses de
composto, no primeiro e segundo cultivo e pela cultivar apenas no segundo
cultivo. No terceiro cultivo, não houve
diferenças significativas em nenhum dos
tratamentos. No segundo cultivo, a produção de matéria seca foi influenciada
apenas pela cultivar. A interação dose
de composto x cultivar, não foi significativa em nenhum dos casos.
No segundo cultivo, as cultivares
‘Regina’ e ‘Vitória’ tiveram maior produção de matéria fresca e de matéria
seca do que ‘Brasil-303’ (Tabela 2).
Como no primeiro e no terceiro cultivos não houve diferença significativa
(p<0,05) entre as cultivares na produção de matéria fresca e matéria seca, as
condições ambientais típicas de verão,
em fevereiro e março, foram mais desfavoráveis à cultivar ‘Brasil-303’, resultando em menor produção, o que foi
confirmado pelo maior pendoamento
dessa cultivar.
As doses do composto provocaram
aumento linear da produção de matéria
fresca e de matéria seca das plantas do
primeiro e segundo cultivos (Figura 1). No
terceiro, o efeito não foi significativo.
O efeito positivo do composto na
produção de alface nos dois primeiros
cultivos é atribuído ao teor relativamente elevado de nutrientes essenciais às
plantas (Tabela 1), além da melhoria nas
condições físicas do solo. Tal efeito não
foi constatado no último cultivo, porque a capacidade do composto em melhorar as condições físicas, químicas e
biológicas do solo se esgotou, uma vez
que foi feita apenas uma aplicação. Ainda, o tempo decorrido até o último cultivo foi suficiente para que houvesse a
decomposição de grande parte da matéria orgânica do composto.
Paino et al. (1996), analisando o
efeito do composto orgânico de lixo urHortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixo urbano.
Tabela 3. Médias dos teores de Zn, Cu, Pb, Cd, Ni e Cr na matéria seca das folhas (F), do caule (C) e das raízes (R) de três cultivares de
alface adubadas com composto orgânico de lixo urbano. Viçosa, UFV, 1995/1996.
Cu ltivar
Variável
Regin a
Vitória
BR-303
D ose 0 t h a-1
Regin a
Vitória
BR-303
Regin a
D ose 10 t h a-1
Vitória
BR-303
Regin a
D ose 20 t h a-1
Vitória
BR-303
D ose 30 t h a-1
µg g-1
ZnC 3º Cultivo 63,10 a
58,45 b
54,08 c
59,05 a 57,04 ab 53,15 b
67,93 a
55,85 b
CuC 3º Cultivo
7,07 a
6,21 ab
5,64 b
6,15 b
9,21 a
5,12 b
68,38 a
8,79 a
59,50 b 56,85 b
8,16 a
5,49 b
7,35 a
6,85 a
51,45 c
4,38 b
PbF 3º Cultivo
3,28 a
0,46 b
0,46 b
2,35 a
2,08 a
1,00 a
4,95 a
0,86 b
1,64 b
1,23 a
1,74 a
1,70 a
PbC 3º Cultivo
1,02 b
4,20 a
0,10 c
0,66 a
0,50 a
0,09 b
1,22 a
0,10 b
0,05 b
0,79 b
0,11 c
1,40 a
PbR 3º Cultivo
0,65 a
0,43 a
0,53 a
0,23 a
0,55 a
0,06 a
0,21 b
1,25 b
4,87 a
0,35 b
0,89 b
7,70 a
CdC 1º Cultivo
0,13 ab
0,06 b
0,24 a
0,10 a
0,23 a
0,18 a
0,15 b
0,35 a
0,24 ab
0,21 a
0,28 a
0,30 a
CdC 3º Cultivo
0,04 a
0,06 a
0,06 a
0,05 a
0,13 a
0,05 a
0,03 a
0,10 a
0,05 a
0,20 a
0,04 b
0,05 b
NiC 3º Cultivo
6,78 a
5,50 b
5,34 b
3,85 c
7,19 a
4,39 b
6,45 a
1,60 c
2,70 b
6,75 b
8,51 a
5,25 c
CrC 3º Cultivo 10,04 a
7,63 b
5,03 c
8,30 b 12,90 a
7,57 b
11,05 a
2,63 b
2,93 b
9,43 a
6,81 b
3,75 c
4,50 b 12,28 a
12,52 a
9,73 a
14,07 a 14,42 a
16,10 a
13,57 a
16,07 a
5,13 a
0,22 b
0,63 b
5,85 a
4,89 a
CrR 1º Cultivo
8,43 b
13,48 a
12,82 ab
CrR 3º Cultivo
1,47 a
1,27 a
0,67 a
0,17 b
2,70 ab
4,63 a
4,15 a
As médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.
bano na cultura do milho após três cultivos sucessivos, observaram redução na
produção da planta ao longo dos cultivos. Tais autores atribuíram esse resultado ao esgotamento do efeito do composto na fertilidade do solo.
A máxima produção de matéria fresca foi obtida com a aplicação de 30 t.ha-1
do composto no primeiro cultivo, onde
as cultivares ‘Regina’, ‘Vitória’ e ‘Brasil-303’ produziram, respectivamente,
333,82; 337,81 e 303,60 g.planta-1.
As três cultivares de alface tiveram
comportamento semelhante em resposta à aplicação do composto, exceto no
segundo cultivo, em que a cultivar ‘BR303’ teve menor produção devido aos
fatores climáticos.
Teor de metais pesados na
matéria seca
a) Teor de Zn
Entre as cultivares foram constatadas
diferenças significativas (p<0,05) quanto
ao teor de Zn no caule, no segundo e no
terceiro cultivo e nas folhas, no terceiro
cultivo (Tabelas 3 e 4). Na comparação
das médias do teor de Zn entre as cultivares, observou-se que a cultivar ‘Regina’
apresentou maior teor desse elemento no
caule no terceiro cultivo. No segundo cultivo, tal cultivar não diferenciou da BR303. Já nas folhas, as cultivares ‘Regina’
e ‘Vitória’ tiveram a mesma média, porém superior à da cultivar ‘BR-303’.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
A regressão linear do teor de Zn, em
função das doses do composto, foi significativa para o caule no primeiro cultivo e para as folhas no primeiro e no
segundo cultivo (Tabela 5). Não houve
significância da regressão no terceiro
cultivo, indicando, provavelmente, o
esgotamento desse elemento no solo.
Jones & Jarvis (1981) citaram que a estabilidade da ligação Zn-matéria orgânica é relativamente fraca, podendo ser
facilmente liberada para ser absorvida
e, conseqüentemente, persistir menos
tempo no solo.
O valor máximo observado na matéria seca da planta (Tabela 6) está abaixo dos níveis considerados fitotóxicos
citados por Marschner (1995), que variam de 400 a 500 µg/g na matéria seca.
Costa (1994) estimou que, em dose de
aproximadamente 20 t.ha-¹ de composto de lixo, a alface pode acumular até
81,47 µg/g desse elemento na matéria
seca foliar.
Na tabela 7, são comparadas as médias dos teores de metais pesados entre
as partes da planta, em cada dose de
composto de lixo. Nota-se que o Zn, no
primeiro e no segundo cultivo teve maior
teor na raiz do que no caule e folhas.
Embora no terceiro cultivo não tenha
havido diferença significativa entre as
médias, percebe-se a tendência de maior
teor de Zn na raiz. Esses resultados estão de acordo com os obtidos por
Dechen et al. (1991), que concluíram
que as raízes concentram mais Zn do que
a parte aérea.
b) Teor de Cu
Foram constatadas diferenças significativas (p<0,05) entre as cultivares,
quanto ao teor de Cu nas raízes no primeiro e no segundo cultivo e no caule e
nas folhas no terceiro cultivo (Tabelas
3 e 4).
O aumento das doses do composto
aumentou linearmente, no primeiro cultivo, o teor de Cu nas raízes e no caule.
Nos demais cultivos não foi constatado
nenhum efeito significativo (Tabela 5).
O Cu não atingiu níveis de
fitotoxicidade em nenhuma das partes da
planta. O teor máximo observado na planta
foi 16,33 µg/g (Tabela 6). Furlani et al.
(1978) citaram que, normalmente, o teor
de Cu na alface varia de 5 a 13,9 µg/g.
Segundo Marschner (1995), os teores considerados fitotóxicos de Cu são de 20 a 30
µg/g na matéria seca das folhas.
Na Tabela 7 nota-se que apenas no
primeiro cultivo houve maior concentração de Cu no caule, chegando a 55%
a mais do teor nas folhas e tendo semelhantes proporções, para os demais cultivos, nas raízes, no caule e nas folhas.
Isso indica que o Cu foi translocado para
a parte aérea com relativa facilidade,
como atestou Alloway (1990).
c) Teor de Pb
Foram observadas diferenças significativas (p<0,5) do teor de Pb entre as
13
C.A. Costa et al.
cultivares (Tabelas 3 e 4). Todavia, nenhuma cultivar se destacou, observando-se comportamento diferenciado nas
doses e nos cultivos.
O efeito da dose do composto sobre
o teor de Pb foi significativo no primeiro cultivo nas raízes e no terceiro cultivo nas folhas da cultivar ‘BR-303’ (Tabela 5).
O teor máximo observado foi 4,95
µg/g no caule (Tabela 6). Costa (1994),
aplicando doses de 90 t.ha-¹ de composto orgânico de lixo, detectaram 6,33 µg/
g na matéria seca das folhas da alface.
Boon & Soltanpour (1992), analisando
plantas cultivadas em solos com altos
teores de Pb, encontraram até 45 µg/g
na parte aérea da alface e não fizeram
nenhuma referência a quaisquer efeitos
fitotóxicos.
Observa-se na Tabela 7 que não houve um padrão de distribuição do Pb na
planta. Alloway (1990) citou que a
translocação do Pb é muito influenciada pelo estado da planta. Em ótimas
condições de crescimento, o Pb precipita-se nas paredes celulares das raízes
como compostos poucos solúveis, sendo então pouco transportados para a
parte aérea. Todavia, esse mesmo autor
mencionou ainda que a absorção e a
translocação do Pb para a parte aérea
podem variar também em razão da estação do ano. No outono e inverno há
maior translocação para a parte aérea do
que nas outras estações.
Tabela 4. Médias relacionadas com os efeitos gerais das cultivares sobre o teor de Zn, Cu,
Pb, Cd, Ni e Cr na matéria seca das folhas (F), do caule (C) e das raízes (R) de três cultivares
de alface adubadas com composto orgânico de lixo urbano. Viçosa, UFV, 1995/1996.
Variável
ZnF 3º Cultivo
ZnC 2º Cultivo
CuF 3º Cultivo
CuR 1º Cultivo
CuR 2º Cultivo
PbC 1º Cultivo
PbR 1º Cultivo
CdF 2º Cultivo
CdF 3º Cultivo
CdC 2º Cultivo
CdR 1º Cultivo
NiF 1º Cultivo
NiC 2º Cultivo
NiR 3º Cultivo
CrC 2º Cultivo
CrR 2º Cultivo
Regin a
63,86 a
59,68 a
9,32 a
11,59 ab
10,01 b
4,12 a
0,94 b
0,10 a
0,07 a
0,12 b
0,05 b
3,05 ab
4,69 a
6,79 a
9,23 a
2,02 b
Cu ltivar
Vitória
µg g-1
60,55 a
50,39 b
8,27 ab
10,73 b
9,82 b
1,81 b
1,61 ab
0,08 ab
0,02 b
0,19 a
0,13 a
1,76 b
3,27 b
5,04 b
7,03 ab
6,91 a
BR-303
49,55 b
56,10 a
6,89 b
13,24 a
13,34 a
0,88 b
2,74 a
0,05 b
0,02 b
0,16 ab
0,12 ab
3,57 a
2,98 b
3,73 c
3,79 b
5,19 a
As médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si, a 5% de probabilidade,
pelo teste de Tukey.
d) Teor de Cd
Observou-se diferenças significativas no teor de Cd entre as cultivares
(Tabelas 3 e 4). Uma vez que nenhuma
cultivar se destacou, tais diferenças podem não ser atribuídas ao efeito dos tra-
tamentos e sim a outros fatores, como
as condições ambientais nos diferentes
cultivos e também ao baixo teor de Cd
no composto.
Na análise de regressão da dose do
teor de Cd na matéria seca (Tabela 5),
Tabela 5. Estimativas dos efeitos gerais dos teores de metais pesados (Y) na matéria seca das folhas, caule e raízes de três cultivares de
alface, em três cultivos, em função de doses de composto de lixo urbano (X) . Viçosa, UFV, 1995/1996.
Variáveis
Zn
Cu
Pb
Raízes
Y=10,12+0,11X r²=0,86*
Y=0,48+0,08X r²=0,86*
Cd
Y=0,07+0,01X
Zn
-
Pb
-
r²=0,93**
Equ ações de Regressão
Cau le
F olh as
1º Cu ltivo
Y=55,18+0,45X
r²=0,90*
Y=50,47+0,40X r²=0,96**
Y=14,40+0,14X
r²=0,86*
Regina Y=0,12+0,01X+0,0002X²
r²=0,97*
2º Cu ltivo
Y=57,06+0,39X r²=0,97**
3º Cu ltivo
BR-303 Y=0,54+0,04X r²=0,92**
**, significativos a 5 e 1% pelo teste F, respectivamente.
14
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Teor de metais pesados e produção de alface adubada com composto de lixo urbano.
ajustaram-se o modelo linear simples
para raízes e o modelo quadrático para o
caule da cultivar ‘Regina’ no primeiro
cultivo. No terceiro cultivo não houve
efeito significativo do composto sobre o
teor de Cd na planta, o que pode estar
relacionado ao teor relativamente baixo
no composto e, consequentemente, no
teor disponível no solo.
Observando o teor máximo de Cd
determinado na planta (Tabela 6), notase que o maior teor obtido foi de 0,53
mg/g nas folhas. Todavia, esse teor se
mostrou bem abaixo do nível conside-
rado fitotóxico por Bakers & Bowers
(1988), citados por Amaral (1991), que
é de 50 µg/g na matéria seca.
No primeiro cultivo houve maior
concentração do Cd nas folhas (Tabelas
7). No segundo e no terceiro cultivo, não
se observou um padrão da distribuição
do Cd nas partes da planta. Malavolta
(1994) citou que em plantas de feijão o
Cd se acumula mais nas folhas do que
em outras partes da planta.
e) Teor de Ni
Entre as cultivares foram observadas diferenças (p<0,05) no teor de Ni
Tabela 6. Valores máximos observados de
Zn, Cu, Pb, Cd, Ni e Cr na matéria seca da
alface adubada com composto de lixo urbano. Viçosa, UFV, 1995/1996.
Elemen to
Zn
Cu
Pb
Cd
Ni
Cr
Valor máximo
(µg g-1)
111,61
16,33
4,95
0,53
7,19
16,68
Tabela 7. Médias dos teores de metais pesados na matéria seca das folhas, do caule e das raízes da alface adubadas com composto orgânico
de lixo urbano. Viçosa, UFV, 1995/1996.
Elemento
P rimeiro Cu ltivo
F olh as
Cau le
Raízes
Terceiro Cu ltivo
F olh as
Cau le
Raízes
Zn
Cu
Pb
Cd
Ni
Cr
50,17
12,68
0,91
0,91
2,97
13,97
57,35 a
14,23 a
1,40 b
0,03 b
5,99 a
18,18 a
57,58 a 60,26 a
10,03 ab 11,04ab
4,48 a
0,58 b
0,05 ab 0,09 a
5,96 a
5,45 a
13,96 a
2,47 b
Zn
Cu
Pb
Cd
Ni
Cr
54,79 b
13,62 c
0,97 a
0,98 a
2,57 a
13,07 b
57,08
14,14
0,76
0,03
4,55
19,18
a
a
b
a
a
a
56,41 a
11,38 a
3,05 a
0,07 a
5,14 a
16,34 a
Zn
Cu
Pb
Cd
Ni
Cr
60,01
14,05
0,76
0,76
2,31
11,51
b
c
b
a
a
c
62,16
14,09
2,48
0,04
6,14
17,54
a
a
a
b
a
a
61,58 a 62,25 a
12,47 a 12,51 a
4,13 a
2,11 a
0,05 ab 0,11 a
3,58 b
4,55 ab
11,07 b
6,19 b
Zn
Cu
Pb
Cd
Ni
Cr
61,67
13,80
1,05
1,05
3,32
10,26
b
c
b
a
a
b
55,35
11,95
1,55
0,04
6,48
13,50
a
a
a
a
a
a
58,41
10,38
3,12
0,09
6,84
13,32
b
c
a
a
a
b
S egu n do Cu ltivo
F olh as
Cau le
Raízes
-1
µg g
0 t h a-1
52,05 b 75,60 a 57,84 b 56,96 b 95,36 a
22,68 a 16,73 b 15,23 a 17,57 a
16,57 a
1,49 a
0,75 a
2,27 a
1,22 ab
0,58 b
0,13 b
0,08 b
0,10 a
0,15 a
0,12 a
3,43 a
3,26 a
4,18 a
3,94 a
2,13 a
27,64 a
23,75 a 17,64 a
10,81 ab
7,04 b
-1
10 t h a
54,22 b 74,05 a 60,26 b 56,96 b 89,08 a
26,02 a 18,53 b 16,90 a 18,85 a 17,52 a
2,30 b
0,87 a
2,14 a
1,18 ab
0,15 b
0,17 b
0,09 b
0,04 a
0,12 a
0,12 a
4,15 a
2,87 a
5,08 a
4,08 a
1,74 a
36,37 a
19,53 b 15,82 a 14,17 a
8,43 a
-1
20 t h a
63,33 ab 72,57 a 63,99 ab 54,97 b 76,34 a
30,73 a 22,13 b 16,15 a 18,17 a 16,98 a
3,05 a
2,31 ab 2,93 a
2,30 a
0,48 b
0,24 ab
0,10 b
0,06 b
0,16 a
0,17 a
3,78 a
3,10 a
4,07 a
3,44 a
1,58 a
33,04 a
25,48 b 13,51 a 12,37 a 11,02 a
30 t h a-1
63,75 b 74,03 a 69,65 b 55,07 b 111,92 a
30,21 a 21,77 b 17,05 b 22,45 a 16,80 b
2,17 ab
3,12 a
3,39 a
1,23 b
0,97 b
0,26 b
0,13 b
0,09 b
0,19 a
0,23 a
3,37 a
4,09 a
4,97 a
3,78 a
7,78 a
30,79 a 30,58 a 13,85 a 15,53 a 11,39 a
61,69 a
15,43 a
2,31 ab
0,06 a
5,72 a
5,84 a
a 61,38 a
a 11,38 a
a
2,97 a
a
0,07 a
a 4,90 a
a
7,58 a
As médias seguidas da mesma letra na linha, em cada cultivo, não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
15
C.A. Costa et al.
(Tabelas 3 e 4). A cultivar ‘Regina’
apresentou maiores teores no caule no
segundo cultivo e nas raízes no terceiro cultivo.
A regressão da dose do composto
sobre o teor de Ni na matéria seca da
planta não foi significativa para nenhum
cultivar e em nenhuma das partes da
planta (Tabela 5). O baixo teor desse
elemento disponível no solo pode ter
sido a causa principal desse resultado.
O teor máximo observado na planta
foi de 7,19 µg/g (Tabela 6). Malavolta
(1976) citou que pode haver redução no
crescimento das plantas quando o teor
de Ni na matéria seca foliar atinge 40
µg/g. De acordo com Marschner (1995),
os níveis fitotóxicos desse elemento na
matéria seca do tecido vegetal variam
entre 10 e 50 µg/g. Assim, o máximo
teor encontrado está bem abaixo dos limites considerados fitotóxicos.
Observa-se na Tabela 7 que o Ni teve
concentração semelhante nas raízes, no
caule e nas folhas, exceto no terceiro
cultivo para a dose de 20 t.ha-1. Cataldo
et al. (1978) e Alloway (1990) citaram
que o Ni é facilmente transportado para
a parte aérea das plantas. Por outro lado,
Marschner (1995) cita que há diferenças entre as espécies na distribuição de
Ni na planta.
f) Teor de Cr
Foram constatadas diferenças no
teor de Cr entre as cultivares (Tabelas 3
e 4). Todavia, não houve destaque para
nenhuma das cultivares, que tiveram
comportamento diferenciado nas doses
e nos cultivos.
Não houve resposta significativa no
teor de Cr da planta em razão das doses
em nenhum dos cultivos (Tabela 5), o
que pode ser atribuído à baixa disponibilidade desse elemento no solo como
uma conseqüência do teor relativamente baixo de Cr no composto. Tal fato
implica que a dose mais alta aplicada
(30 t.ha-1) não foi suficiente para o incremento de Cr no tecido vegetal.
O teor máximo de Cr na matéria seca
foi 16,68 µg/g (Tabela 6). Os teores considerados fitotóxicos na alface são ainda escassos. Em outras espécies,
Malavolta (1976) citou que os valores
máximos de Cr na matéria seca variam
de 3,90 a 14,80 µg/g, entretanto não
16
mencionou os níveis fitotóxicos.
Considerando o baixo teor disponível de Cr no solo e o fato de não terem
sido constatados quaisquer efeitos de
fitotoxicidade nas plantas, verificou-se
que os teores desse elemento na matéria seca estavam bem abaixo dos níveis
fitotóxicos, assim como ocorreu com os
demais metais pesados estudados.
Observando a distribuição do Cr na
matéria seca da alface (Tabela 7), notase, principalmente no primeiro cultivo,
tendência de maior concentração no caule. Já no segundo e terceiro cultivo percebe-se que a maior concentração tende a ser no caule e nas folhas.
Nas condições do presente trabalho,
o composto de lixo urbano provocou
aumento na produção de alface nos dois
primeiros cultivos, mostrando grande
potencial de uso no cultivo desta
hortaliça. Quanto ao teor de metais pesados na planta, também houve aumento, principalmente no cultivo, seguindo
a seguinte ordem decrescente em relação às testemunhas: Pb>Cd>Cu>Zn.
Todavia, nenhum dos elementos estudados atingiu teores considerados
fitotóxicos.
LITERATURA CITADA
ALLOWAY, B.J. Heavy metals in soil. London:
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Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas de
Petrolina - PE.
Luís Henrique Bassoi1, Geraldo M. Resende1, José Egídio Flori1, José Antonio M. Silva1, Cristina M.
Alencar2
1
Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 Petrolina-PE; 2USP-ESALQ, C. Postal 83, 13.418-900 Piracicaba-SP; E-mail:
[email protected]
RESUMO
ABSTRACT
A distribuição radicular de duas cultivares de aspargo (New
Jersey 220 e UC 157 F1), irrigadas por aspersão convencional, foi
avaliada durante o ano de 1997 em solos de textura arenosa, em
plantio experimental e comercial, respectivamente, nos Projetos de
Irrigação de Bebedouro e Senador Nilo Coelho, em Petrolina (PE).
O objetivo foi obter informações do sistema radicular do aspargo,
empregando-se os métodos do monolito e do perfil de solo auxiliado pela análise de imagens digitais, para o manejo de solo e água
nesse cultivo. Na área experimental, a maior parte da matéria seca,
área e comprimento de raízes no perfil de solo e densidade de comprimento radicular foram encontradas até a profundidade de 0,4 m
nas duas cultivares, enquanto que na comercial a maior parte da área
e comprimento de raízes no perfil do solo estendeu-se até a profundidade de 0,6 m (cv. New Jersey 220). Nesses dois plantios, as raízes
das cultivares atingiram a profundidade de 1 m. Na área experimental, a massa seca, a área e o comprimento no perfil de solo, e a densidade de comprimento radicular nas cultivares concentraram-se até
a distância de 0,6 m à linha de plantas. No intervalo de diâmetro (d)
de raízes 2<d£5 mm, foram encontrados 88 e 82,2% das raízes da
cv. New Jersey 220 e UC 157 F1, respectivamente, enquanto que
pela análise das imagens, o diâmetro de raízes variou entre 2,4 e 2,6
mm (cv. New Jersey 220) e 2,4 e 3,6 mm (cv. UC 157 F1). As estimativas da distribuição e do diâmetro radicular apresentaram similaridades considerando os métodos empregados.
Root distribution of asparagus cultivars in irrigated areas
of Petrolina, Brazil.
Palavras-chave: Asparagus officinalis, distribuição de raízes,
monolito, análise de imagens.
Keywords: Asparagus officinalis, root distribution, monolith,
digital image analysis.
In 1997 the root distribution of two asparagus cultivars (New
Jersey 220 and UC 157 F1) irrigated by sprinkler was evaluated in
coarse textured soils in experimental and commercial areas at
Petrolina county, in the semi-arid region of northeastern Brazil, to
obtain useful information for soil and water management. Both the
monolith and the soil profile aided by digital image analysis methods
were used to evaluate it. In the experimental area, a greater
concentration of root dry weight, root area and length in the soil
profile and root length density was found up to 04 m depth for both
cultivars, while in commercial area the root area and length of cv.
New Jersey 220 were concentrated until 0,6 m depth. Roots reached
1 m depth in both areas. In experimental area, dry weight, area and
length in the soil profile and the length density of the roots showed
greater presence up to the distance of 0.6 m from the plant row.
Most of the roots (88% for cv. New Jersey 220 and 82.2% for cv.
UC 157 F1) were found with diameter greater than 2 mm and less
than or equal to 5 mm, while root diameter estimated by image
analysis varied from 2.4 to 2.6 mm (cv. New Jersey 220) and from
2.4 to 3.6 mm (cv. UC 157 F1). Data of both methods of root
distribution analysis and diameter estimation showed similarity.
( Aceito para publicação em 18 de dezembro de 2.000)
N
o Brasil acreditava-se ser o aspargo uma cultura de clima
frio, inadaptável aos locais de temperaturas elevadas, com calor ao longo do
ano. Em tais condições a planta vegetaria continuamente devido à ausência do
frio do inverno, necessário ao repouso
e acúmulo de reservas. Segundo tal concepção, o aspargo apenas se adaptaria
ao cultivo no extremo sul do Brasil, onde
foi introduzido (Pelotas, RS), no início
da década de 30 (Filgueira, 1982). Entretanto, especialistas americanos consideram que a seca é capaz de propiciar
o período de repouso necessário à planta, independente da temperatura, simplesmente pela ausência do fornecimento de água (Gardé & Gardé, 1964).
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Introduzido pela Embrapa Semi-Árido no final dos anos 70, o aspargo ocupa hoje uma área cultivada de 500 hectares no Vale do São Francisco, destacando-se como uma das maiores regiões
produtoras desta cultura no país
(D’Oliveira, 1992). Na região Nordeste
do Brasil, o clima quente e seco e o solo
arenoso, acrescidos de adequados níveis
de adubação e irrigação, fizeram com
que a cultura apresentasse excelente vigor, precocidade e produtividade, podendo chegar a 5.000 kg ha-1, a partir do
terceiro ano, quando a produção tende
a se estabilizar. Com a introdução do
aspargo como uma alternativa de cultivo em condições de clima quente, tor-
nou-se necessário desenvolver
tecnologias, objetivando estabelecer
definitivamente a cultura como uma
nova opção de plantio.
Em Petrolina (PE), o bom crescimento da planta permite a obtenção de
até duas colheitas por ano de aspargo
branco, sendo comum esta prática entre
os agricultores. A cultivar New Jersey
220, incialmente, foi a mais utilizada
devido à disponibilidade de sementes,
sendo que outras cultivares, como a UC
157 F1, foram introduzidas posteriormente na região pela iniciativa privada
(D’Oliveira et al., 1998).
Uma das caracterísitcas da planta de
aspargo é ser perene, com renovação
17
L.H. Bassoi et al.
Tabela 1. Caracterísiticas físicas do Latossolo Vermelho Amarelo da área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro, cultivado
com aspargo irrigado por aspersão convencional. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
P rofu n didade
m
0-0,2
0,2-0,4
0,4-0,6
0,6-0,8
0,8-1,0
Areia
S ilte
Argila
910
910
830
800
770
kg-1
40
20
40
50
70
D en sidade
global
kg dm-3
50
70
130
150
160
1,55
1,44
1,47
1,44
1,55
constante do seu sistema radicular a cada
ciclo de produção. Apresenta dois tipos
de raízes: as de reservas (carnosas), que
se desenvolvem a partir do rizoma,
atuando,
principalmente,
no
armazenamento de substâncias
fotossintetizadas, e as fibrosas, que encontram-se sobre as anteriores, e são
encarregadas da absorção de água e de
nutrientes do solo (Oliveira et al., 1981).
Em comparação com outros vegetais, a produção de aspargo não é diretamente o resultado da fotossíntese, mas
é uma função das reservas de
carboidratos que foram produzidos pela
folhagem do ano anterior. A quantidade
do potencial de carboidrato no início do
ciclo depende diretamente da quantidade
de massa radicular por planta (Martin &
Hartamann, 1990). As raízes parecem ser
o orgão da planta mais adaptado para avaliar o estado nutricional do aspargo, e desde que sejam estabelecidas as relações
nutricionais, pode-se avaliar a disponibilidade de nutrientes no solo e estipular
práticas de fertilização de acordo com o
teor de nutrientes nas raízes da planta de
aspargo (Hartmann et. al., 1990).
Na Holanda, observou-se que as produções médias de aspargo em cinco anos
aumentaram com a profundidade de
enraizamento. As maiores produções,
superiores a 5.000 kg ha-1, foram obtidas
com raízes atingindo 1,5 m de profundidade (Reijmerink ,1973). Em um solo de
textura silte arenosa, na California, EUA,
a atividade radicular de uma cultura de
aspargo proporcionou uma remoção de
água abaixo de 2,5 m de profundidade
(Cannell & Takatori, 1970). Em cultivos
realizados no Peru e Espanha, o sistema
radicular pode atingir 3 m de profundidade (Delgado de la Flor et al., 1987;
Ganiza Sola et al., 1988).
18
Entre os vários meios para o estudo
de sistemas radiculares, pode-se citar o
método da escavação, do monolito, do
trado, do perfil de solo, da parede ou
tubos de vidros, e os métodos indiretos,
baseados no princípio da determinação
das alterações no teor de água e de nutrientes, e da radioatividade de
traçadores em sucessivas amostragens.
Dessas mudanças pode-se inferir informações sobre a distribuição radicular no
perfil do solo (Bohm, 1979; Kopke,
1981). Juntamente com esses métodos,
as técnicas de processamento de imagens digitais podem substituir a análise
qualitativa da raiz por uma medida quantitativa. Em um perfil de solo, o cálculo
da densidade de raiz pode ser obtido pela
filtragem da imagem e calibração do
Sistema Integrado para Análise de Raiz
e Cobertura do Solo (SIARCS) baseado no nível de cor de cada pixel. A análise de imagens digitais de raízes expostas em um perfil de solo permite a
quantificação radicular em um menor
tempo, com menor requerimento de trabalho e com maior número de repetições (Crestana et al., 1994). É possível
obter rapidez, precisão e uma análise de
acordo com a presença, tamanho, volume e superfície da raiz (Fante Jr. et al.,
1994). A estimativa da atividade
radicular baseada na dinâmica da água,
medida pela técnica de moderação de
nêutrons e por tensiometria, mostrou
boa correlação com a distribuição
radicular estimada pela análise de imagens digitais em milho (Bassoi et al.,
1994). Em videiras, Bassoi et al. (1998)
avaliaram a distribuição radicular pela
análise de imagens digitais. No entanto, uma combinação de métodos pode
oferecer um estudo mais completo sobre o comportamento das raízes no solo
(Atkinson, 1980).
Umidade
Umidade 1, 5
0, 033 M p a
MP a
-1
g kg
40,0
23,6
49,0
29,3
75,0
37,4
87,4
41,8
105,6
45,2
O conhecimento detalhado da distribuição radicular do aspargo cultivado na
região semi-árida do Nordeste do Brasil,
que se caracteriza pela necessidade de
irrigação, pode trazer importantes informações práticas para o manejo da aplicação de água, do solo e da própria planta. A inexistência dessas informações levou à realização deste trabalho, que teve
como objetivo avaliar o sistema radicular
em plantios experimental e comercial, em
áreas irrigadas de Petrolina-PE, empregando-se os métodos do monolito e do
perfil de solo auxiliado pela análise de
imagens digitais.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no município de Petrolina, em uma área experimental e em outra de produção comercial. A área experimental pertence à
Embrapa Semi-Árido, situada no Projeto de Irrigação de Bebedouro. A área de
produção comercial encontra-se no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho.
Na área experimental, em agosto de
1997, foi analisada a distribuição
radicular das cultivares de aspargo New
Jersey 220 e UC 157 F1 presentes em
uma coleção de germoplasmas. As cultivares foram plantadas em um
Latossolo Vermelho Amarelo, com alta
porcentagem de areia (Tabelas 1 e 2),
cujos atributos físicos e químicos foram
determinados em amostras deformadas
de solo, de acordo com o procedimento
descrito por Embrapa (1997). O plantio
da cv. New Jersey 220 foi realizado em
agosto de 1990, em um espaçamento de
2,3 x 0,4 m e a produtividade média de
turiões de primeira (diâmetro superior
a 13 mm) e de segunda qualidade
(diâmetro entre 8 e 13 mm) foi de 3.125
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas de Petrolina - PE.
Tabela 2. Características químicas do Latossolo Vermelho Amarelo da área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro, cultivado
com aspargo irrigado por aspersão convencional. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
P rof.
m
pH
H 2O
C. E.
D S m-1
C a 2+
M g 2+
N a+
0-0,2
0,2-0,4
0,4-0,6
0,6-0,8
0,8-1,0
6,1
6,0
4,9
4,6
4,4
0,33
0,45
0,32
0,36
0,46
1,0
1,0
1,0
0,6
0,8
0,1
0,5
0,4
0,3
0,4
0,02
0,02
0,02
0,02
0,02
C.E.:condutividade elétrica do extrato saturado a 25o C
kg ha-1 entre 1991 e 1996, com uma colheita por ano, sempre no mês de novembro. Posteriormente, em 1995, foi
introduzida à coleção de germoplasma a
cv. UC 157 F1, com o mesmo
espaçamento, tendo produtividade média
de 4.802 kg ha-1 em 1996. As plantas da
coleção de germoplasma foram irrigadas
por um sistema de aspersão convencional fixo, com aplicação de uma lâmina
de água de 15 mm, duas vezes por semana (D’Oliveira et al., 1998).
Foram utilizados dois métodos de
análise de raízes, o do perfil de solo auxiliado pela análise de imagens digitais
(Crestana et al., 1994) e o do monolito
(Bohm, 1979). Em cada cultivar, abriuse uma trincheira paralelamente à fileira de plantas, com o primeiro perfil de
solo a 0,8 m de distância das plantas.
Uma fina camada de solo (1-2 cm de
espessura) foi retirada do perfil para
melhor visualização das raízes, as quais
foram pintadas com tinta látex branca
para um maior contraste com o solo. Um
reticulado de madeira de 1 x 1 m, subdividido com uma malha de barbante
branco em áreas de 0,2 x 0,2 m, foi colocado contra a parede, para auxiliar a
filmagem de cada área com uma câmera
de vídeo, em todo o perfil (2 m de comprimento x 1 m de profundidade). Em
seguida, foram coletados monolitos de
0,2 x 0,2 x 0,2 m de cada área filmada
na metade do perfil (1 m de comprimento x 1 m de profundidade). Com a retirada desses monolitos e da outra metade da parede da trincheira (0,2 m de espessura), obteve-se um novo perfil a 0,6
m de distância das plantas. Este procedimento se repetiu até que se chegasse
a distância de 0,2 m à linha de plantas.
Nesse perfil, procedeu-se apenas a filmagem das raízes. Para cada cultivar,
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
K+
H+Al
-1
cmolc kg
0,26
0,66
0,24
0,99
0,20
1,65
0,18
1,82
0,16
2,15
C. T. C.
Al3+
V
%
2,04
2,75
3,27
3,28
3,53
0,05
0,05
0,40
0,70
0,70
68
64
50
38
3
M. O .
P
g kg-1 mg kg-1
5,8
4,1
3,3
-
67
44
17
-
m.o.: matéria orgânica = %C x 1,725
+ - método do perfil auxiliado pela análise de imagem e do monolito
- método do perfil
Figura 1. Esquema representativo (vista de frente) da trincheira e da coleta de dados pelos
dois métodos de análise de raízes utilizados, na área experimental de aspargo no Projeto de
Irrigação de Bebedouro. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
+ - método do perfil auxiliado pela análise de imagem e do monolito
- método do perfil
Figura 2. Esquema representativo (vista de cima) da trincheira e da coleta de dados pelos
dois métodos de análise de raízes utilizados, na área experimental de aspargo no Projeto de
Irrigação de Bebedouro. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
foram analisados os perfis de 0,8; 0,6;
0,4 e 0,2 m de distância da planta, sendo coletadas 200 imagens e 75
monolitos. Os esquemas representativos
da coleta de imagens e de monolitos são
apresentados nas Figuras. 1 e 2.
As raízes foram separadas dos
monolitos por peneiramento no campo,
e em laboratório, foram lavadas, separadas em intervalos de diâmetro (d) (d£2
mm, 2<d£5 mm, 5<d£10 mm) e secas
em estufa a 105oC para a determinação
da massa seca (g).
Para a estimativa do comprimento
radicular em cada monolito, as raízes
foram colocadas contra um fundo pla19
L.H. Bassoi et al.
Tabela 3. Características físicas do solo da área de produção comercial no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, cultivado com aspargo
irrigado por aspersão convencional. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
P rofu n didade
m
0-0,2
0,2-0,4
0,4-0,6
0,6-0,8
0,8-1,0
Areia
S ilte
Argila
800
700
690
670
200
kg-1
70
100
110
120
540
Densidade
global kg dm-3
130
200
200
210
260
1,51
1,44
1,42
1,38
1,41
Umidade
Umidade 1, 5
0, 033 M p a
Mpa
g kg-1
80,9
42,2
103,1
58,3
125,9
60,7
131,1
66,6
167,6
85,5
Tabela 4. Características químicas do solo da área de produção comercial no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, cultivado com
aspargo irrigado por aspersão convencional. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
P rof.
m
pH
H 2O
C. E.
D S m-1
C a 2+
M g 2+
N a+
0-0,2
0,2-0,4
0,4-0,6
0,6-0,8
0,8-1,0
6,3
6,6
7,0
6,9
6,8
0,37
0,26
0,20
0,20
0,24
2,0
1,9
2,0
1,7
1,6
0,8
0,8
0,5
0,8
0,9
0,02
0,03
0,02
0,03
0,04
C.E.:condutividade elétrica do extrato saturado a 25o C
no de área conhecida (0,2 x 0,2 m) e cor
contrastante, e divididas em tantas partes quanto necessárias para a aquisição
de imagens com câmera de vídeo. Os
valores de comprimento de raiz encontrados para cada monolito foram
totalizados e divididos pelo volume de
solo (8.000 cm3), para a determinação
da densidade de comprimento de raiz
(cm.cm-3).
Na área de produção comercial, em
setembro de 1997, analisou-se a distribuição radicular da cultivar de aspargo
New Jersey 220, plantada em dezembro de 1993 em um espaçamento de 2,0
x 0,3 m, irrigada por aspersão convencional semi-fixo, com aplicação diária
de 7,2 mm de água. Nessa área, utilizou-se apenas o método do perfil de solo
auxiliado pela análise de imagens digitais, em uma trincheira com 1 m de profundidade e 1 m de comprimento, e entre duas linhas de plantas. As imagens
foram obtidas em dois perfis de solo, a
0,4 m de distância perpendicular à linha de plantas, um em cada lado da trincheira. O preparo do perfil para a filmagem foi o mesmo descrito anteriormente para a área experimental. Os atributos físicos e químicos do solo (Tabelas
20
K+
H+Al
-1
cmolc kg
3,30
0,33
2,75
0,33
2,85
0,00
2,85
0,17
0,14
0,17
C. T. C.
Al3+
V
%
6,45
5,81
5,37
5,55
2,85
3,40
3,30
2,75
2,85
2,85
90
90
100
94
94
M. O .
P
g kg-1 mg kg-1
9,8
5,6
3,9
-
57
7
7
-
m.o.: matéria orgânica = %C x 1,725
3 e 4) foram determinados em amostras
deformadas de solo, segundo Embrapa
(1997).
As imagens obtidas em campo (área
experimental e área de produção comercial) e em laboratório foram
digitalizadas por meio de uma placa
digitalizadora (resolução de 640 x 480
pixels)
instalada
em
um
microcomputador. As imagens foram
armazenadas em disquetes como arquivos BMP e, posteriormente, analisadas
pelo Sistema Integrado para Análise de
Raízes e Cobertura do Solo (SIARCS
3.0). Em cada imagem, pela diferença
de cor entre os pixels, foram selecionados os que representavam o sistema
radicular, determinando-se sua área
(cm2), tendo como medida de referência as dimensões da área de solo ou de
fundo com cor contrastante (0,2 x 0,2
m). Posteriormente, procedeu-se à
“esqueletização”, onde toda a extensão
das raízes era representada por uma linha com largura de 1 pixel, e à medida
do comprimento (cm).
Integrando-se os valores de massa
radicular em cada monolito, determinou-se a distribuição percentual na direção vertical (profundidade) e horizon-
tal (distância à linha de plantas), em relação ao total encontrado em todo o volume de solo (0,6 m3) analisado pelo
método do monolito. Os resultados de
área e comprimento de cada imagem
analisada, em todo o comprimento da
trincheira (2 m na área experimental e 1
m em cada lado da trincheira na área de
produção comercial), também foram
somados para o conhecimento da distribuição percentual nas camadas de
solo, em relação ao total encontrado em
cada perfil de 1 m de profundidade. O
diâmetro das raízes (mm) expostas em
cada área filmada no campo (0,2 x 0,2
m) foi estimado, por meio da relação
área/comprimento, e o valor médio em
todo o perfil de solo foi obtido (Bassoi
et al., 1999). Para a área experimental,
efetuou-se a comparação desse valor
médio com a distribuição percentual das
raízes classificadas nos intervalos de
diâmetro.
As médias de área e comprimento
de raízes da área experimental e de produção comercial, obtidos em cada área
de 0,2 x 0,2 m filmada no perfil do solo,
e as médias de densidade de comprimento de raízes da área experimental, determinados em cada monolito, foram
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas de Petrolina - PE.
Tabela 5. Distribuição percentual da massa seca radicular das cv. de aspargo New Jersey 220 e UC 157 F1, em função da profundidade do
solo, na área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
P rof. (m)
0-0,2
0,2-0,4
0,4-0,6
0,6-0,8
0,8-1,0
0, 2-0, 4
71,3
23,6
0,4
0,1
4,7
0, 4-0, 6
0, 6-0, 8
New Jersey 220
64,6
53,7
32,3
38,5
3,1
5,3
0
2,5
0
0
P erfil de solo (m)
0, 2-0, 8
0, 2-0, 4
%
68,2
44,2
27,0
38,9
1,5
1,3
0,2
15,5
0,3
0,2
0, 4-0, 6
0, 6-0, 8
UC 157 F 1
32,9
29,4
61,9
48,7
2,6
14,6
2,3
5,6
0,4
1,6
0, 2-0, 8
40,4
44,3
3,0
11,9
0,4
Tabela 6. Distribuição percentual da massa seca radicular das cv. de aspargo New Jersey 220 e UC 157 F1, em função do perfil de solo, na
área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
P rof. (m)
0-0,2
0,2-0,4
0,4-0,6
0,6-0,8
0,8-1,0
0-1,0
0, 2-0, 4
68,4
57,2
17,8
16,7
100
65,4
0, 4-0, 6
New Jersey 220
26,4
33,3
58,3
0
0
27,8
comparadas pelo teste t, na direção vertical e horizontal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na área experimental, observou-se
pelo método do monolito que a massa
radicular diminuiu à medida que se aumentou a distância em relação à linha
de plantas, em todo o perfil de solo de 1
m de comprimento e 1 m de profundidade. Nos monolitos coletados entre os
perfis de 0,2-0,4 ; 0,4-0,6 e 0,6-0,8 m
de distância à linha de plantas, a quantidade de massa seca radicular foi de, respectivamente, 194,0; 82,5 e 19,9 g para
a cv. New Jersey 220, e de 103,0; 27,5 e
16,7 g para a cv. UC 157 F1.
Na direção vertical, 95,2% (cv. New
Jersey 220) e 84,7% (cv. UC 157 F1) da
massa seca total de raízes estiveram presentes nas profundidades de 0-0,2 m e
de 0,2-0,4 m (Tabela 5), enquanto que
na direção horizontal, 93,2% (cv. New
Jersey 220) e 88,7% (cv. UC 157 F1)
esteve presente nos perfis de 0,2-0,4 m
e 0,4-0,6 m à linha de plantas (Tabela
6). A variação observada em ambas as
direções são uma das maiores fontes de
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
P erfil de solo (m)
0, 6-0, 8
0, 2-0, 4
%
5,3
76,6
9,6
61,5
23,9
29,0
83,3
91,0
0
31,5
6,7
70,0
variação na distribuição de raízes
(Atkinson,1989).
Pela análise das imagens, na área
experimental, a maior parte do sistema
radicular de ambas as cultivares esteve
presente até 0,2-0,4 m de profundidade,
com uma redução à medida que se aumentou a profundidade do solo, em todos os perfis analisados. Entretanto, a
cv. UC 157 F1 apresentou uma maior
presença na camada 0,4-0,6 m em relação à cv. New Jersey 220. Foi muito
pequena a presença de raízes a 0,6-0,8 e
0,8-1,0 m de profundidade. Na área de
produção comercial, notou-se uma distribuição mais homogênea das raízes da
cv. New Jersey 220 até a camada 0,40,6 m de profundidade, com uma redução gradual até a camada de 0,8-1,0 m
(Tabela 7).
A medida da massa seca radicular é
relativamente fácil de ser obtida, mas
fornece pouca informação, enquanto que
a área da superfície é de difícil interpretação. Apesar das raízes finas estarem
mais envolvidas no processo de absorção, existem evidências que as raízes
suberizadas podem absorver água. Devido a essa incerteza do diâmetro apro-
0, 4-0, 6
UC 157 F 1
15,2
26,1
16,2
3,6
18,5
18,7
0, 6-0, 8
8,2
12,5
54,8
5,4
50,0
11,3
priado, o comprimento de raiz por volume de solo, ou densidade de comprimento de raiz, tem sido usado para caracterizar a presença de raízes no solo
(Kleper, 1992).
Na área experimental, as médias da
área e do comprimento de raízes, estimadas no método do perfil, e da densidade de comprimento de raízes, estimada pelo método do monolito, foram superiores nas profunidades de 0-0,2 e 0,20,4 m, enquanto que na área de produção comercial, analisada somente pelo
método do perfil, os maiores valores
ocorreram na profundidade de 0,4-0,6
m (Tabela 8). Houve correspondência
com as maiores porcentagens de massa
seca (Tabela 5) e de área e comprimento de raiz até a profundidade de 0,2-0,4
m na área experimental, e com as maiores porcentagens de área e comprimento até a profundidade de 0,4-0,6 m na
área comercial (Tabela 7).
Em relação à distância à linha de
plantas, analisada somente na área experimental, as médias de área e comprimento de raízes e de densidade de comprimento diminuíram à medida que se
afastou das plantas. Os valores deter21
L.H. Bassoi et al.
Tabela 7. Distribuição percentual dos parâmetros área e comprimento das raízes das cv. de aspargo New Jersey 220 e UC 157 F1, em função
da profundidade do solo, na área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro, e na área de produção comercial no Projeto de
Irrigação Senador Nilo Coelho. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
P rof.
(m)
0, 2
0, 4
0, 6
Área
0-0,2
0,2-0,4
0,4-0,6
0,6-0,8
0,8-1,0
58,1
39,8
1,6
0,3
0,3
54,4
44,7
0,8
0,1
0
50,3
41,2
7,9
0,5
0
0-0,2
0,2-0,4
0,4-0,6
0,6-0,8
0,8-1,0
52,9
44,9
2,2
0
0
32,8
49,2
18,0
0
0
26,9
38,9
32,8
1,4
0
P erfil de solo (m)
0, 4*
0, 2
%
New Jersey 220
63,9
23,7
55,4
26,9
20,8
41,7
6,9
30,6
2,1
2,3
18,3
0,4
0
6,6
0,4
UC 157 F 1
11,2
52,2
49,4
45,2
11,5
2,6
21,8
0
6,1
0
0, 8
0, 4
0, 6
0, 8
Comprimen to
50,7
48,4
0,9
0,04
0
52,4
37,1
9,8
0,7
0
71,1
20,5
6,6
1,8
0
33,0
47,4
19,6
0
0
25,1
39,3
34,4
1,1
0
15,9
46,3
12,8
19,0
6,0
0, 4*
22,3
21,2
30,0
19,4
7,0
* área comercial, analisada somente para a cv. New Jersey 220 a 0,4 m de distância da linha de plantas
Tabela 8. Médias de área e comprimento de raízes no perfil do solo, e da densidade de comprimento de raízes no monolito, em função da
profundidade do solo, para as cv. New Jersey 220 e UC 145 F1, na área experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro e na área de
produção comercial no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho. Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
New Jersey 220
UC 157 F 1
Área experimen tal
Área experimen tal
P rof. (m)
Comprim. D en sidade
Comprim. D en sidade
Área (cm2)
Área (cm2)
(c m)
(cm. cm-3)
(c m)
(cm. cm-3)
0-0,2
16,87 a
63,16 a
0,099 a
11,69 a
47,42 a
0,033 a
0,2-0,4
12,33 b
49,28 b
0,037 b
12,82 a
51,43 a
0,029 a
0,4-0,6
0,69 c
3,42 c
0,0043 c
2,88 b
12,73 b
0,0033 b
0,6-0,8
0,10 d
0,44 d
0,00093 c
0,49 c
1,59 c
0,0073 b
0,8-1,0
0,053d
0,24 d
0,0040 c
0,13 c
0,45 c
0,00094 c
New Jersey 220
Área comercial
Área
Comprim.
(cm2)
(c m)
10,35 a,b 42,85 a,b
9,08 b
40,67 b
13,35 a
57,68 a
7,98 b
37,31 b
2,90 c
13,45 c
Médias seguidas pela mesma letra em um mesma coluna não diferem entre si pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade
minados no perfil de solo diferiram entre si, enquanto que para os valores determinados no volume de solo compreendido entre dois perfis (monolito), a diferença foi significativa entre todos na
cv. New Jersey 220, e somente para
0,2-0,4 m na cv. UC 157 F1 (Tabela 9).
Esse comportamento está em concordância com a distribuição percentual de
massa seca de raízes em função da distância do perfil do solo (Tabela 6).
O diâmetro das raízes de aspargo,
tanto da área experimental como da área
comercial, estimado pela relação entre
a área e o comprimento das raízes (Tabela 10) encontram-se dentro do intervalo 2<d≤5 mm. Alguns valores não
apresentam desvios-padrão, pois as
22
raízes foram observadas em apenas uma
área (0,2 x 0,2 m) da respectiva profundidade, ao longo de todo o comprimento da trincheira. Pelo método do
monolito, para os perfis de 0,2-0,4 , 0,40,6 e 0,6-0,8 m, as raízes com 2<d≤5
mm corresponderam a 89,0, 86,8 e
83,6% do total na cv. New Jersey 220, e
84,2, 81,2 e 71,8% na cv. UC 157 F1,
respectivamente, enquanto que as com
d≤2 mm apresentaram menor contribuição (7,7, 11,9 e 16,4% na cv. New Jersey
220, e 15,8, 18,8 e 28,2% na cv. UC 157
F1, respectivamente). Apenas a cv. New
Jersey 220 apresentou raízes entre
5<d≤10 mm (3,3% a 0,2-0,4 m e 1,3%
a 0,4-0,6 m). Assim, os valores estimados pela imagem digital encontram-se
dentro dos intervalos de diâmetro onde
a maior parte das raízes foi encontrada.
Drost (1999) relatou que plantas de
aspargo com 2; 3 e 4 anos apresentaram, respectivamente, uma profundidade de enraizamento médio (80% do total de raízes) de 0,3; 0,4 e 0,5 m, enquanto que o valor máximo foi de 0,8,
1,0 e 1,4 m, para as raízes de reserva.
Para as raízes fibrosas, os valores médios foram 0,6; 0,6 e 0,7 m, e os máximos, 1,0; 1,2 e 1,3 m. A maior presença
de raízes ocorreu próximo à coroa do
aspargo, a qual decresceu em profundidade e com a distância às plantas. Esses
resultados apresentam similariedade
com os apresentados nesse trabalho.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Distribuição radicular de cultivares de aspargo em áreas irrigadas de Petrolina - PE.
Tabela 9. Médias de área e comprimento de raízes no perfil do solo, e da densidade de comprimento de raízes no monolito, em função da
distância do perfil à linha de plantas, para as cv. New Jersey 220 e UC 145 F1, na área experimental do Projeto de Irrigação de Bebedouro.
Petrolina, Embrapa Semi-Árido, 1997.
I m a g em
P erfil
(m)
0,2
0,4
0,6
0,8
New Jersey 220
Área
( c m 2)
12,52 a
7,67 b
2,96 c
0,89 d
UC 157 F 1
Comprim.
(c m)
46,45 a
30,20 b
12,31 c
4,26 d
Área (cm2)
12,46 a
5,94 b
2,35 c
1,66 c
Comprim.
(c m)
50,68 a
24,50 b
9,62 c
6,09 c
Mon olito
D istân cia
(m)
0,2-0,4
0,4-0,6
0,6-0,8
New Jersey
UC 157 F 1
220
D en sidade D en sidade
(cm. cm-3)
(cm. cm-3)
0,053 a
0,028 a
0,027 b
0,0098 b
0,0074 c
0,0062 b
médias seguidas pela mesma letra em um mesma coluna não diferem entre si pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade
Tabela 10. Estimativa do diâmetro das raízes pela análise de imagem digital, das cv. de aspargo New Jersey 220 e UC 157 F1, na área
experimental no Projeto de Irrigação de Bebedouro, e na área de produção comercial no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho. Petrolina,
Embrapa Semi-Árido, 1997.
P erfil de solo (m)
0,2
P rof. (m)
0-0,2
0,2-0,4
0,4-0,6
0,6-0,8
0,8-1,0
N ew
Jersey
220
2,8 ± 0,2
2,5 ± 0,3
2,2 ± 0,2
2,6 ± 0,7
2,2 ± 0,2
0,4
0,6
0,8
N ew
N ew
N ew
N ew
UC 157
UC 157
Jersey
UC 157
UC 157
Jersey
Jersey
Jersey
F1
F1
220*
F1
F1
220
220
220
comerc.
2,5 ± 0,2 2,7 ± 0,3 2,4 ± 0,2 2,4 ± 0,1 2,4 ± 0,4 2,9 ± 0,9 2,0 ± 0,7 1,9 ± 0,2
2,4 ± 0,2 2,4 ± 0,3 2,4 ± 0,4 2,1 ± 0,3 2,7 ± 0,5 2,5 ± 0,7 2,7 ± 0,9 4,8 ± 3,6
2,5 ± 1,2 2,2 ± 0,4 2,3 ± 0,3 2,2 ± 0,3 2,2 ± 0,4 2,7 ± 0,8
2,6
2,7 ± 0,7
4,0
2,2 ± 0,2
2,0
3,2 ± 1,5
2,8
3,1
2,2 ± 0,3
2,8
- não foram observadas raízes
* analisado apenas no perfil 0,4 m
A profundidade de 0,6 m pode ser
considerada como a profundidade efetiva do sistema radicular do aspargo, podendo ser levada em consideração na
análise da eficiência de aplicação de
água, definida pela relação entre a quantidade de água armazenada na zona
radicular durante a irrigação e a quantidade de água aplicada, e da eficiência
de armazenamento de água, definida
pela relação entre a quantidade de água
armazenada na zona radicular e a quantidade de água requerida na zona
radicular antes da irrigação (Hansen et
al., 1980).
Os resultados evidenciaram que a
maior parte do sistema radicular do aspargo cv. New Jersey 220 e cv. UC 157
F1, irrigados por aspersão convencional e em solos de textura arenosa em
áreas irrigadas de Petrolina-PE, apresentou maior presença de raízes até a camada de solo 0,4-0,6 m de profundidade (direção vertical), e até a distância
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
perpendicular à linha de plantas de 0,6
m (direção horizontal). A comparação
de médias dos parâmetros área, comprimento e densidade de comprimento de
raízes mostraram resultados similares
entre si e também com a distribuição
percentual de massa seca, área e comprimento de raízes, nas profundidades
de solo e distâncias à linha de plantas
analisadas. As estimativas do diâmetro
de raíz pela análise de imagem estiveram dentro do intervalo de diâmetro com
maior presença do sistema radicular.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o suporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico
e
Tecnológico (projeto 523559/96-8), do
Banco do Nordeste do Brasil e do
International Foundation for Science
(projeto C/2748-1), da Suécia, para a
realização deste trabalho.
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Dióxido de carbono aplicado via água de irrigação na cultura da alface.
Raquel A. Furlan1; Dálcio R. B. Alves1; Marcos V. Folegatti2; Tarlei A. Botrel2; Keigo Minami3
1
USP-ESALQ , Doutorandos em Irrigação e Drenagem, Av. Pádua Dias, 11, 13.418-900 Piracicaba, SP. E-mail:
[email protected]; 2 USP-ESALQ, Profs. Drs. Departamento de Engenharia Rural; 3 USP-ESALQ, Prof. Dr. Departamento de
Horticultura.
RESUMO
ABSTRACT
O experimento foi realizado em Piracicaba (SP), com o objetivo
de avaliar os efeitos da aplicação de dióxido de carbono via água de
irrigação na produtividade e qualidade de alface cultivada em ambiente protegido. Os tratamentos foram constituídos de dois ambientes
protegidos, sendo um com aplicação de CO2 e o outro sem aplicação
de CO2, onde se cultivou a alface cultivar Verônica. Cada um dos
ambientes foi composto por oito parcelas com dimensões de 1,2 m x
6,0 m e espaçadas de 0,80 m. A cultura foi irrigada com o tubo
gotejador “Rain Tape” com vazão de 1,15 L/h, pressão de serviço de
60 kPa e espaçamento entre gotejadores de 0,20 m. As irrigações
foram feitas diariamente, tendo em vista o objetivo de aplicação diária
da dose de CO 2 de 50 L/m2/dia. As mudas de alface para o plantio foram formadas em ambiente protegido, em bandejas de isopor,
contendo vermiculita como substrato. O transplante foi feito aos 30
dias após o semeio em canteiros de 1,2 m de largura por 6,0 m de
comprimento, com espaçamento entre as plantas de 0,30 m e entre
linhas de 0,30 m. A aplicação de CO2 foi iniciada no dia 02 de outubro de 1997, sendo feita diariamente, estendendo-se por um período
de 30 dias, quando foi então realizada a colheita final da cultura de
alface. A aplicação de CO2 via água de irrigação proporcionou aumentos de área foliar e consequentemente do peso da matéria seca
da parte aérea, de cerca de 27%, aos 30 dias após o transplantio. O
diâmetro da cabeça de alface, número de folhas e o rendimento de
cabeças aumentaram em media 15,9%, 5,5% e 28,8%, respectivamente, em comparação aos dados obtidos no tratamento sem aplicação de CO2.
Palavras-chave: Lactuca sativa L., ambiente protegido, CO2,
gotejamento.
Carbon dioxide water for lettuce irrigation.
The experiment was carried out in Piracicaba, Brazil, in order to
evaluate the effects of carbon dioxide, applied with the irrigation
water, on the productivity and quality of the lettuce cultivated in
plastic greenhouse. The treatments were designed in two plastic
greenhouses, one was enriched with CO2 and the other without CO2,
where lettuce variety Verônica was cultivated. The plastic greenhouse
had eight plots with 1.2 x 6.0 m and spaced by 0.8 m. The crop was
irrigated with “Rain Tape” drip with outflow of 1.15 L/h at operating
pressure of 60 kPa. The irrigation was scheduled on a daily basis in
order to apply 50 liters/m2/day of CO2 daily. The seedlings were
produced in plastic greenhouse by using isopor tray with vermiculite
as substratum. They were transplanted 30 days after sowing date in
beds of 1.2 m width and 6.0 m length, with 0.30 m spaced between
plants and 0,30 m between lines. After the application of CO2 (10/
02/97 – 11/02/97) plants were harvested. Enrichment of irrigation
water with CO2 increased the leaf area, dry weight of the aerial part
by 27%, after 30 days of transplanting. The increase in lettuce head
diameter, number of leaves and yield of heads was of 15.9%, 5.55%
and 28.8%, respectively, in relation to the plot without CO2
application.
Keywords: Lactuca sativa L., plastic greenhouse, CO2, drip
irrigation.
(Aceito para publicação em 31 de janeiro de 2.001)
T
oda a evolução que originou a moderna agricultura foi fundamentada na necessidade de aumentar a produtividade, reduzir os custos de produção
e melhorar a qualidade do produto. Para
atingir esses objetivos, foi necessário
criar condições mais favoráveis para o
desenvolvimento das plantas. Assim,
surgiram novas técnicas como o cultivo
protegido e a aplicação de dióxido de
carbono via água de irrigação.
A alface se constitui numa das hortaliças mais consumidas pelos brasileiros. É uma planta muito tolerante às
doenças e pode ser produzida sem maiores problemas durante quase todo o
ano. Muitos agricultores preferem
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
cultivá-la em ambientes protegidos e
usando a alface para fazer rotação com
outras espécies. Outros cultivam espécies de primavera-verão durante o inverno, quando o preço no mercado é
mais alto, e durante o verão cultivam
alface obtendo desse modo preços mais
elevados (Sganzerla, 1995).
Os primeiros trabalhos utilizando-se
enriquecimento artificial com CO2 na
atmosfera interna de ambiente protegido, visando aumentar a produtividade
de culturas, foram realizados há mais de
100 anos no norte da Europa. Na década de 50, devido ao desenvolvimento de
técnicas modernas utilizando-se
isótopos radioativos foi possível acom-
panhar com clareza o processo de assimilação do CO2 pelas plantas. Também
nessa época foram realizados os primeiros experimentos com injeção de CO2
diretamente na água utilizada para irrigação das culturas a céu aberto, visando aumentar a sua produtividade. Entretanto, o grande desenvolvimento dessa tecnologia ocorreu na década de 60
(Galvão, 1993). Vários estudos conduzidos com enriquecimento de dióxido de
carbono em ambientes controlados e em
condições de campo mostraram aumento da fotossíntese, melhor desenvolvimento das plantas e maior resistência ao
estresse hídrico. Estes resultados podem
ser atribuídos à maior absorção de
25
R.A. Furlan et al.
dióxido de carbono pelas raízes e ao
conseqüente aumento na assimilação
pelo metabolismo das plantas (Arteca et
al., 1979; Cooker & Schubert, 1981).
No final dos anos 80, empresas norte-americanas que comercializavam
CO2 interessaram-se pelo processo e
iniciaram trabalhos com injeção de CO2
na água utilizada para irrigação, em culturas a céu aberto, visando aumentar a
sua produtividade, obtendo resultados
promissores (Sanches, 1992). A idéia de
fertilização com CO2 dissolvido na água
de irrigação se deve à dificuldade de
manter alta concentração do mesmo na
atmosfera de ambientes protegidos em
países como Colômbia, devido aos custos elevados desses ambientes herméticos (Salazar, 1991).
Para muitas espécies é difícil estabelecer concentração ótima de CO2, pela
escassez de dados encontrados na literatura. Entretanto, consultando-se resultados obtidos em pesquisas, conclui-se
que a concentração ótima de CO2 para
o crescimento da maioria das espécies
situa-se entre 600 e 900 mmolCO2/mol
de ar. Em alguns casos, têm sido observadas injúrias em plantas submetidas a
concentrações acima de 1.000
mmolCO2/mol de ar, o que é também
uma razão adicional para manter a concentração abaixo de 900 mmolCO2/mol
de ar. Além disso, incrementos da concentração de CO2 também implicam no
aumento de perdas devido ao vazamento do gás para o ambiente externo
(Mortensen, 1987). Ambientes com elevadas concentrações de CO2 induzem
pequenos acréscimos na área foliar e
aumentos um pouco maiores na massa
(Ford & Thorne, 1967). O CO2 induz
mudanças na anatomia e na morfologia
das plantas, resultando em alterações no
peso seco de órgãos (Acock &
Pasternak, 1986).
A temperatura ótima para
fotossíntese varia com o estádio de desenvolvimento das plantas, estando na
faixa de 20 a 30°C para a maioria das
espécies, sendo menor na fase de
maturação (Acock et al., 1990). Variando a concentração de CO2 e a intensidade luminosa, Ghannoum et al. (1997)
obtiveram variação de 71% na massa
seca de plantas C3 (Panicum laxum) e
28% de C4 (Panicum antidotade). O au26
mento da velocidade de assimilação
pode atingir 80% ao ativar a enzima
ribulose 1,5 bifosfato carboxilaseoxigenase (Rubisco), reduzindo a
fotorrespiração, melhorando o metabolismo, o crescimento e a produção.
O aumento da concentração de CO2
induz o fechamento parcial dos
estômatos, causando, como conseqüência, redução na transpiração (Faquhar et
al., 1978; Kimball, 1983; Kimball &
Idso, 1983; Morison, 1985; Cure &
Acock, 1986). Nesta situação há aumento da taxa de crescimento, com produção de maior quantidade de matéria
vegetativa e aumento da área foliar
(Morison & Gifford, 1984).
Kimball (1983) revisou 70 publicações apresentadas nos últimos 64 anos
referentes ao efeito do enriquecimento
do ambiente com CO2 sobre a produtividade de várias espécies de plantas. Os
resultados mostraram aumento de 33%
na produtividade com a duplicação da
concentração de CO2 da atmosfera.
O enriquecimento do ambiente de
túneis plásticos cultivados com pepino,
alface e pimentão, a uma concentração
de 10.000 mmolCO2/mol de ar por um
período de uma a duas horas antes do
nascer do sol, resultou em desenvolvimento mais rápido das plantas, frutos
precoces e aumento da produtividade de
pepino e alface em cerca de 45% em
relação à testemunha. Já a cultura de
pimentão teve maior número de frutos
e acréscimo de 20% na produção (Enoch
et al.,1970). D’Andria et al. (1990) verificaram aumento no peso do fruto de
tomate de 98 para 105 g e na produção
de 84 para 97 t/ha com uso de CO2 via
água de irrigação. Entretanto, Hartz &
Holt (1991) não encontraram diferença
de produtividade em tomate com fornecimento artificial de CO2. Fernandez
Bayon et al. (1993) observaram maior
crescimento de raízes, brotação e número de flores por planta com aplicação
de CO2 via água de irrigação na cultura
de melão.
A aplicação de CO2 via água de irrigação induziu aumento do conteúdo de
clorofila da folha, da absorção de zinco
e manganês e da produtividade de algodão (Mauney & Hendrix, 1988). A aplicação de 1.100 mmolCO2/mol de ar via
água de irrigação em uva, durante 37
dias no inverno, proporcionou aumento
de 36% na sua produtividade (Kurooka
et al., 1990). Trabalhando com soja,
Prior et al. (1991) verificaram aumento
na área foliar e maior potencial no
xilema ao meio dia com aplicação de
CO2 via água de irrigação. Em experimentos com curtos períodos de tempo
de aplicação CO2, o aumento da concentração induziu aumento da fotossíntese
em até 52% e da produção de ervilha
em 29% (Mudrik et al.,1997).
Em condições de ambiente protegido, com e sem a aplicação de CO2 via
água de irrigação, Pinto (1997) verificou que a maior produtividade de melão foi obtida no ambiente com aplicação de 1.170 mmolCO2/mol de ar via
água de irrigação, durante um período
de trinta minutos, apresentando incremento de produtividade de 27,3% em
relação ao tratamento sem CO2.
No Brasil, recentemente iniciou-se
a aplicação de CO2 via água de irrigação, mas há carência de trabalhos referentes ao assunto. Portanto, são necessários estudos para analisar os efeitos
da aplicação de CO2 via água de irrigação para as culturas, visando aperfeiçoar
o uso dessa técnica. Assim, objetivo
desse trabalho foi avaliar a produção
quantitativa e qualitativa de alface em
decorrência da aplicação de CO2 via
fertirrigação.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em
ambiente protegido na área experimental da USP – ESAL em Piracicaba, SP,
de 25 de setembro a 25 de outubro de
1997. As coordenadas geográficas do
local são 22°42’ de latitude sul, 47°38’
de longitude oeste e altitude de 575 m.
O clima é do tipo CWA, subtropical
úmido, conforme classificação de
Köppen.
Utilizou-se a alface cultivar
Verônica crespa, submetida a dois ambientes protegidos, sendo um com a aplicação de CO2 (50,5 L/m2/dia de CO2) e
o outro sem aplicação, em delineamento inteiramente casualizado. Cada ambiente foi composto por oito parcelas
com dimensões de 1,2 m x 6,0 m, espaçadas de 0,80 m, consideradas como
repetições.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Dióxido de carbono aplicado via água de irrigação na cultura de alface.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
140
2
120
y(CCO2) = 0,121D - 0,4583D + 3,1502
2
R = 0,9697
100
y (SCO2)= 0,0746D + 0,3853D - 0,9305
2
R = 0,9871
`rea Foliar (cm 2)
2
80
60
40
CCO2
SCO2
20
0
0
5
10
15
20
25
30
35
Dias ap s o transplantio
Figura 1. Área foliar de alface em função da aplicação (CCO2) ou não (SCO2) de CO2 e dos
dias após o transplantio das mudas (D). Piracicaba, ESALQ, 1997.
25
y(CCO2) = 0,0257D2 - 0,1325D + 0,437
R2 = 0,9687
20
MatØria seca (g/planta)
As mudas de alface foram formadas
em bandejas de isopor e vermiculita
como substrato em casa de vegetação e
transplantadas com cerca de 30 dias,
com as plântulas apresentando de três a
quatro folhas. Cada parcela foi constituída de quatro linhas de plantas espaçadas de 0,3 m x 0,3 m. As parcelas foram cobertas com filme de polietileno
preto, considerando-se como área útil a
linha central de plantas.
A adubação foi feita segundo a análise química de solo baseando-se nas
recomendações do Instituto Agronômico de Campinas (Raij et al., 1986). Foram utilizadas 67 g/m2 de superfosfato
simples e 3,3 g/m2 de cloreto de potássio. Para a adubação de cobertura foram
adicionadas 4,4 g/m2 de uréia, divididas
em quatro aplicações iguais via
fertirrigação, a cada sete dias.
A irrigação foi feita com o tubo
gotejador “Rain Tape” com vazão de
1,15 L/h, pressão de serviço de 60 kPa
e espaçamento entre gotejadores de 0,20
m. O manejo da irrigação baseou-se na
evaporação do Tanque Classe A, repondo diariamente 100% da evaporação do
tanque.
O sistema de aplicação de CO2 foi
composto de um contêiner (cilindro de
dióxido de carbono de alta pressão),
equipado com uma válvula dosadora do
produto CO 2 liberada do cilindro,
manômetro e um injetor Venturi para
introduzir CO2 na linha de irrigação. A
aplicação foi iniciada no dia 02 de outubro de 1997, estendendo-se até a colheita final da cultura. A injeção na linha de irrigação foi feita a partir das
11:00 h, por um período de aproximadamente 40 minutos, durante a aplicação da lâmina de irrigação.
A cada cinco dias, a partir dos sete
dias após o plantio, foram colhidas oito
plantas, sendo uma em cada parcela,
para avaliar o diâmetro das cabeças de
alface, número de folhas, massa seca da
parte aérea e área foliar, com uso do
integrador de área foliar modelo LICOR
LI 3100. Para a determinação do diâmetro da cabeça, foram tomadas duas
medidas transversais da planta, antes da
colheita e obtida a média. Após a determinação da área foliar, as plantas foram
acondicionadas em sacos de papel e colocadas para secar em estufa de circula-
y(SCO2) = 0,0163D2 + 0,0413D - 0,3669
R2 = 0,9889
15
10
5
CCO2
SCO2
0
0
5
10
15
20
25
30
35
Dias ap s o transplantio
Figura 2. Matéria seca de plantas de alface em função da aplicação (CCO2) ou não (SCO2)
de CO2 e dos dias após o transplantio (D). Piracicaba, ESALQ, 1997.
ção de ar forçada a 65oC até massa constante. Em seguida as plantas foram pesadas e determinou-se a matéria seca.
Foi aplicado o teste F para verificar
se a aplicação de CO2 teve efeito significativo sobre as características avaliadas. A área foliar, matéria seca, diâmetro de cabeça e número de folhas foram
submetidas à análise de regressão
polinomial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até 15 dias após o transplantio houve certa homogeneidade entre os tratamentos quanto à área foliar (Figura 1),
enquanto aos 30 dias, o valor médio de
área foliar observado no ambiente com
aplicação de CO2 foi de 98,55 cm2, valor esse 27,4% maior do que sem CO2,
(77,33 cm2). Acréscimos da área foliar
em beterraba açucareira, cevada, couve
e milho também foram verificados por
Ford & Thorne (1967) em ambientes
enriquecidos com concentrações de
1.000 a 3.000 mmolCO2/mol de ar.
O ambiente enriquecido com CO2
resultou em aumento de matéria seca das
plantas de alface a partir de 15 dias após
o transplantio (Figura 2), com valores
médios, aos 30 dias, de 15,52 e 19,75 g/
planta, para os tratamentos sem e com a
aplicação de CO2, respectivamente.
Apesar de os valores de área foliar e
matéria seca terem aumentado no ambiente com a aplicação de CO2, a rela27
R.A. Furlan et al.
mento com aplicação de CO2.
O máximo rendimento da cultura de
alface observado no ambiente com CO2
foi de 59,5 t/ha e em ambiente sem CO2
foi de 46,2 t/ha, apresentando diferença
de 28,8%. Enoch et al. (1970) também
observaram acréscimo em massa de
matéria fresca da ordem de 43% em alface cultivada em túneis de plástico sob
enriquecimento de CO2 e Pinto (1997)
observou aumento da produtividade
com a aplicação de CO2 injetado via
água de irrigação.
60
2
y(CCO2) = -0,0121D + 1,5653D + 10,402
2
R = 0,959
50
2
Di metro de cabe a
y(SCO2) = -0,0189D + 1,7201D + 6,0088
R2 = 0,9424
40
30
20
10
CCO2
SCO2
LITERATURA CITADA
0
0
5
10
15
20
25
30
35
Dias ap s o transplantio
Figura 3. Diâmetro de cabeça de alface em função da aplicação (CCO2) ou não (SCO2) de
CO2 e dos dias após o transplantio das mudas (D). Piracicaba, ESALQ, 1997.
45
2
y(CCO2) = 0,0254D + 0,0744D + 5,9049
2
R = 0,9036
40
Nœmero de folhas
35
y(SCO2) = 0,007D2 + 0,5221D + 3,2745
R2 = 0,9183
30
25
20
15
10
CCO2
SCO2
5
0
0
5
10
15
20
25
30
35
Dias ap s o transplantio
Figura 4. Número de folhas de alface em função da aplicação (CCO2) ou não (SCO2) de
CO2 e dos dias após o transplantio das mudas (D). Piracicaba, ESALQ, 1997.
ção entre área foliar e matéria seca (área
foliar específica) não foi alterada, apresentando valor médio de 4,9 cm2/g nos
dois ambientes. Assim, o acréscimo em
área foliar foi proporcional ao acréscimo em matéria seca na planta. Vários
autores (Kimball & Mitchell, 1979;
D´Andria et al., 1990; Islam et al., 1996)
observaram que o enriquecimento do
ambiente com CO2 possibilitou produção de pepino, pimentão e tomate mais
pesados, provavelmente por ter havido
maior acúmulo de carboidratos nos frutos devido às altas taxas de fotossíntese
encontradas nos ambientes com enriquecimento de CO2.
28
O valor médio do diâmetro da cabeça de alface observado no ambiente com
aplicação de CO2 aos 30 dias após o
transplantio foi de 46,63 cm e sem aplicação de CO2, de 40,25 cm, apresentando acréscimo no diâmetro da cabeça da
alface de 15,9% (Figura 3).
O número de folhas de alface por
cabeça não diferiu significativamente,
nos tratamentos com ou sem aplicação
de CO2, havendo, porém, tendência a
apresentar aumento do número de folhas no ambiente onde houve a aplicação de CO2 (Figura 4). Aos 30 dias após
o transplantio houve incremento de
5,5% no número de folhas para o trata-
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Características e rendimento de vagem do feijão-vagem em função de
fontes e doses de matéria orgânica.
Gilmara M. Santos; Ademar P. Oliveira; José Algaci L. Silva; Edna U. Alves; Caciana C. Costa
UFPB – CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia – PB. E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar doses e fontes de matéria orgânica na
cultura do feijão-vagem, cultivar Macarrão Trepador, instalou-se um
experimento em condições de campo no período de julho a novembro de 1998, no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. O delineamento experimental empregado foi blocos
casualizados, em esquema fatorial 4 x 5, compreendendo quatro fontes de matéria orgânica (esterco de galinha, esterco bovino, esterco
caprino e húmus de minhoca) e cinco doses, sendo 0; 5; 10; 15 e 20
t/ha de esterco de galinha; e, 0; 10; 20; 30 e 40 t/ha de esterco bovino, caprino e húmus de minhoca, em quatro repetições. Utilizaramse parcelas com 20 plantas, espaçadas de 1,00 x 0,50 m. Os resultados indicaram que o comprimento de vagens aumentou linearmente
com as doses de estercos de galinha, de bovino e de caprino. O peso
médio de vagens foi influenciado apenas pelo esterco de galinha. O
húmus de minhoca não exerceu efeito sobre a característica e a produtividade de vagens. O esterco de galinha na dose de 13,0 t/ha proporcionou rendimento máximo de vagens (26,3 t/ha), o esterco bovino na dose de 24,0 t/ha produziu 30,3 t/ha e o esterco caprino, na
dose de 16,6 t/ha, produziu 23,0 t/ha. A análise econômica indicou a
dose de 11 t/ha de esterco de galinha e de 23,0 t/ha de esterco bovino, como as mais viáveis economicamente para adubação orgânica
no feijão-vagem, resultando num rendimento estimado de 11,3 e 21,2
t/ha de vagens e uma receita prevista de 8.000 e 21.000 kg/ha de
vagens, respectivamente. Para o esterco caprino, 20 t/ha apresentou
saldo um pouco superior à sua ausência, enquanto 10 t/ha de húmus
de minhoca revelou saldo de R$ 2.336,00/ha, porém, inferior à sua
ausência. Conclui-se, pois, que nas condições em que foi realizada a
presente pesquisa, não é vantajoso o emprego do esterco caprino e
do húmus de minhoca como fontes de matéria orgânica para programas de produção de vagens em feijão-vagem.
Characteristics and yield of snap-bean pod in function of
sources and levels of organic matter.
Palavras-chaves: Phaseolus vulgaris L, vagem, adubação
orgânica, rendimento.
Keywords: Phaseolus vulgaris L, pod, organic fertilization, yield.
With the objective of evaluating levels and sources of organic
matter in the culture of the snap-bean, Macarrão Trepador cultivar,
an experiment in field conditions was setted in the period from July
to November 1998, in the Federal University of Paraíba, Brazil. The
experimental design was of randomized blocks, in factorial scheme
4 x 5, with four sources of organic matter (chicken manure, bovine
manure, goat manure and earthworm compost) and five levels (0, 5,
10, 15 and 20 t/ha of chicken manure and, 0, 10, 20, 30 and 40 t/ha
of bovine manure, goat manure and earthworm compost), in four
replications. Plots were of 20 plants, space 1.00 x 0.50 m. The results
indicated that the length of beans increased linearly with the levels
of chicken, bovine and goat manure. The average weight of pods
was just influenced by chicken manure. The earthworm compost
didn’t exercise effect on the characteristics and the productivity of
pods. The use of 13.0 t/ha of chicken manure provided maximum
yield of pods (26.3 t/ha), the bovine manure in the level of 24.0 t/ha
produced 30.3 t/ha and the goat manure in the level of 16.6 t/ha
produced 23.0 t/ha. The economical analysis indicated the use of 11
t/ha of chicken manure and 23 t/ha of bovine manure the most viable
sources of organic fertilization in snap-bean, by resulting in a
productivity of 11.3 and 21.2 t/ha of pods and a foreseen yield of 8
and 21 t/ha of pods, respectively. For the goat manure, the use of 20
t/ha revealed to be a little superior compared to its absence, while 10
t/ha of earthworm compost showed a balance of R$ 2.336.00/ha, but
inferior to its absence. In the conditions of the present research, the
use of goat manure and earthworm compost as organic matter sources
is not advantageous for programs of snap bean pods production.
(Aceito para publicação em 12 de fevereiro de 2.001)
A
literatura não menciona o emprego de adubos orgânicos na cultura
do feijão-vagem. Refere-se apenas à
adubação mineral, levando em consideração os teores de fósforo e potássio
existentes no solo. As recomendações
de fertilização da cultura se baseiam em
indicações para o feijão-comum
(Viggiano, 1990). Entretanto, o feijãovagem difere do feijão-comum quanto
ao porte, área foliar, altura, ciclo, hábito de crescimento e produtividade, principalmente, nas cultivares de crescimento indeterminado.
30
É indiscutível a importância e a necessidade de adubos orgânicos em hortaliças (Kimoto, 1993), tanto na produtividade como na qualidade dos produtos obtidos, especialmente em solos com
baixo teor de matéria orgânica, sendo
considerados agentes condicionadores
do solo, por melhorar as condições de
cultivo, através da retenção de água e
aumento da disponibilidade de nutrientes em forma assimilável pelas raízes.
(Filgueira, 1982; Ingue, 1984).
Quantidades adequadas de esterco
de boa qualidade podem suprir as ne-
cessidades
das
plantas
em
macronutrientes, sendo o potássio, o elemento cujo teor atinge valores mais elevados no solo pelo uso contínuo. O teor
desses elementos depende, entretanto,
da qualidade e da quantidade de esterco, bem como do tipo de solo (Lund &
Doss, 1980). O esterco de galinha pode
suprir parcial ou integralmente as exigências nutricionais do tomateiro, resultando em maiores rendimentos e qualidade de frutos (Silva Júnior & Vizzoto,
1990). O esterco bovino desempenha
papel importante no aumento da produHortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Característica e rendimento de vagem do feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica.
tividade em diversas hortaliças
(Filgueira, 1982; Camargo, 1984; Silva
et al., 1989; Seno, 1995; Espínola,
1998). O esterco caprino, apresenta fermentação mais rápida do que o esterco
de galinha e bovino, podendo ser utilizado com sucesso na agricultura após
um menor período de decomposição
(Tibau, 1993); Em algumas hortaliças
tem desempenhado papel importante na
elevação da produtividade (Leal & Souza, 1992; Ferreira et al., 1993). O
vermicomposto contém nutrientes essenciais às plantas numa forma mais
disponível, especialmente o nitrogênio
(Hara, 1989), sendo que seu emprego
tem proporcionado resultados
satisfatórios, na elevação da produtividade de alface e de cenoura (Ricci et al.,
1993; Espínola, 1998).
Devido à carência de informações
sobre o emprego de matéria orgânica na
cultura do feijão-vagem, foi realizado o
presente trabalho que objetivou avaliar
fontes e doses de matéria orgânica sobre
característica e rendimento de vagens.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi instalado um experimento em
Latossolo Vermelho-Amarelo, no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba no município de
Areia (PB), entre julho a novembro de
1998. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados em esquema fatorial 5 x 4, constituídos de
quatro fontes de matéria orgânica (esterco de galinha, húmus de minhoca,
esterco bovino e esterco caprino) e cinco doses, sendo 0, 5, 10, 15 e 20 t/ha de
esterco de galinha; e 0, 10, 20, 30 e 40 t/
ha de húmus de minhoca, de esterco
bovino e de esterco caprino com quatro
repetições.
A análise química do solo indicou
as seguinte características: pH = 6,10;
P = 92 mg/dm3; K = 105 mg/dm3; Ca+2
= 3,10 cmol/dm3; Mg+2 = 1,30 cmol/dm3
e matéria orgânica = 9,88 g/dm3. A caracterização química das fontes de matéria orgânica apresentou os resultados:
húmus de minhoca (P = 5,10 g/kg; K =
3,31 g/kg; N = 4,05 g/kg; matéria orgânica = 103,3 g/dm3 e relação C/N = 21/
1), esterco de galinha (P = 6,97 g/kg; K
= 14,36 g/kg; N = 11,5 g/kg; matéria
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
orgânica = 265,20 g/dm3 e relação C/N
= 13/1), esterco bovino (P = 5,2 g/kg; K
= 4,90 g/kg; N = 8,82 g/kg; matéria orgânica = 112,07 g/dm3 e relação C/N =
14/1) e esterco caprino (P = 7,2 g/kg; K
= 8,46 g/kg; N = 7,1; matéria orgânica
= 124,02 g/dm3 e relação C/N = 10/1).
O solo foi preparado mediante
aração, gradagem, levantamento de
leirões e abertura de covas de plantio.
A adubação constou apenas do fornecimento das fontes e doses de matéria orgânica 15 dias antes da semeadura. As
parcelas constaram de 20 plantas, espaçadas de 1,00 m entre fileiras e 0,50 m
entre plantas, todas consideradas úteis.
Na semeadura, utilizaram-se quatro
sementes por cova da cultivar Macarrão Trepador, a partir de sementes comerciais. Aos 15 dias realizou-se o desbaste, deixando-se uma planta por cova,
e a prática de tutoramento pelo sistema
de varas cruzadas.
Procurou-se manter as plantas sempre no limpo, por meio de capinas, com
auxílio de enxadas para evitar concorrência com plantas daninhas. Foram
efetuadas irrigações pelo método de aspersão, no período de ausência de precipitação. Realizou-se controle
fitossanitário, por meio da aplicação de
Benomyl para controlar mancha de alternaria (Alternaria alternata) ferrugem
(Uromyces appendiculatus) e mancha
angular (Phaeoisariopsis griseola).
O plantio foi realizado no início de
julho. As colheitas, em número de cinco, foram efetuadas semanalmente a partir de 50 dias do plantio. A característica
da vagem foi avaliada pelo comprimento e peso médio de vagem, enquanto a
produtividade foi obtida pelo somatório
da produção das colheitas e transformada em toneladas de vagens/ha.
Os dados obtidos foram submetidos
à análise de variância e de regressão
polinomial, utilizando-se o programa de
computação SAEG (1997).
A partir das equações de segundo
grau ajustadas, calculou-se a dose de
esterco de galinha e de bovino que proporcionou produtividade máxima econômica. Entretanto, a fim de atenuar os
problemas de variação cambial, para as
fontes de matéria orgânica que permitiram o cálculo da dose mais econômica,
trabalhou-se com uma relação de troca
ao invés de moeda corrente, igualandose a derivada segunda às relações entre
preços do produto e do insumo (Raij,
1991; Natale et al., 1996), vigentes em
Areia-PB, em 1998, buscando-se assim
dados mais estáveis. Neste estudo, os
valores utilizados para as variáveis vagens e matéria orgânica, foram: R$
400,00/t de vagens, R$ 30,00/t de esterco bovino e caprino e R$ 120,0/t de esterco de galinha e húmus de minhoca.
Dessa maneira, a ‘moeda’ utilizada nos
cálculos da dose econômica de esterco
de galinha e de bovino, foi a própria
vagem. A relação de equivalência entre
a tonelada de esterco bovino e a tonelada de vagens foi igual a 0,075 e entre a
tonelada de esterco de galinha e a tonelada de vagens foi igual a 0,3; ressaltando porém que o preço da tonelada da
vagem correspondeu ao utilizado pelo
produtor e, que essa relação de preços
pode variar a cada ano, conforme a demanda e oferta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A característica comprimento de
vagem foi influenciada pelo esterco de
galinha, bovino e caprino, enquanto a
característica peso médio de vagem,
pelo esterco de galinha.
O comprimento da vagem aumentou linearmente com as doses de esterco de galinha, de bovino e de caprino
(Figuras 1 e 2).
A resposta do esterco de galinha para
o peso médio de vagem, foi de natureza
quadrática (Figura 3). A derivada da
equação de regressão revelou a dose de
10 t/ha de esterco de galinha, como a
responsável pelo menor peso médio das
vagens no feijão-vagem (9,52 g). Em
tomateiro, Salek et al. (1981) verificaram elevação no peso médio de frutos
empregando o esterco de galinha como
fonte de matéria orgânica.
Com exceção do húmus de minhoca,
todas as fontes de matéria orgânica influenciaram significativamente o rendimento de
vagens nos tratamentos avaliados.
O esterco de galinha apresentou efeito quadrático sobre o rendimento de
vagens (Figura 4), com ponto de máximo em 13,0 t/ha, responsável pela produtividade de 26,3 t/ha. Em outras hortaliças, vários trabalhos têm mostrado
31
G.M. Santos et al.
Comprimento de vagem (cm)
18,0
17,0
y = 16,642 + 0,0746x
R2 = 0,87*
16,0
0
5
10
15
Esterco de galinha (t/ha)
20
Comprimento de vagens (cm)
Figura 1. Comprimento de vagem de feijão-vagem, em função de doses de esterco de galinha. Areia, CCA-UFPB, 1998.
y 1 = 18,688 + 0,0195x
R2 = 0,78*
20
19
18
17
y 2 = 17,12 + 0,0159x
R2 = 0,80*
16
15
0
10
20
30
40
Esterco bovino e caprino (t/ha)
Peso mØdio de vagem (g)
Figura 2. Comprimento de vagem de feijão-vagem em função de doses de esterco bovino
(y1) e de caprino(y2). Areia, CCA-UFPB, 1998.
13
11
9
y = 11,533 - 0,3961x + 0,0195x2
R2 = 0,98*
7
5
3
0
5
10
15
20
Esterco de galinha (t/ha)
Figura 3. Peso médio de vagem de feijão-vagem, em função de doses de esterco de galinha.
Areia, CCA-UFPB, 1998.
32
elevação do rendimento em função da
aplicação de esterco de galinha. No tomateiro, Salek et al. (1981) e Ferreira
et al. (1993), no alho, Seno et al. (1996),
e na cenoura, Souza (1990), obtiveram
elevação no rendimento empregando
doses variáveis de esterco de galinha.
No feijão-vagem, Alves (1999), obteve
elevado rendimento de sementes com 20
t/ha de esterco de galinha.
A resposta do esterco bovino sobre
o rendimento de vagens foi de natureza
quadrática (Figura 5). Pela estimativa da
equação da regressão, calculou-se a dose
de 24,0 t/ha, como a responsável pelo
máximo rendimento de vagens (30,3 t/
ha). Há consenso entre diversos autores
da eficiência do esterco bovino em elevar a produção de hortaliças, Em alho,
por exemplo, Seno et al. (1995), bem
como no tomateiro, conforme
Nakagawa & Conceição (1977), houve
aumento na produção dessas hortaliças
quando utilizou-se o esterco bovino
como fonte de matéria orgânica. Alves
(1999), verificou rendimento máximo de
sementes com 29 t/ha de esterco bovino. Com relação ao emprego do esterco
caprino, a exemplo do esterco de galinha e esterco bovino, os dados ajustaram-se ao modelo quadrático (Figura 6).
A dose de 17,0 t/ha de esterco caprino,
foi responsável pelo rendimento máximo de vagens (23,0 t/ha). Elevação na
produtividade do tomateiro e da alface,
com o emprego de esterco caprino como
fonte de matéria orgânica, foi retratada
de forma positiva por Ferreira et al.
(1993) e por Leal & Souza (1992), respectivamente, com o emprego de 20 t/
ha de esterco caprino. Não obstante, elevação no rendimento de sementes no
feijão-vagem empregando o esterco
caprino como fonte de matéria orgânica, foi verificado por Alves (1999).
A correlação significativa positiva
entre o comprimento e o rendimento de
vagens (0,84**) e o baixo valor verificado para a correlação entre o rendimento e
o peso médio de vagens (0,42*), indicam
que o rendimento do feijão-vagem, foi
função do comprimento de vagens e não
foi influenciado pelo seu peso médio.
Os rendimentos máximos de vagens
obtidos pelo uso do esterco de galinha
(26,9 t/ha), e de esterco bovino (30,3 t/
ha), superaram a média nacional que,
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Característica e rendimento de vagem do feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
y =15,271 + 1,7748x - 0,0676x2
R 2 = 0,62*
35
Rendimento (t/ha)
30
25
20
15
10
5
0
0
5
10
15
20
Esterco de galinha (t/ha)
Figura 4. Rendimento do feijão-vagem, em função de doses de esterco de galinha. Areia,
CCA-UFPB, 1998.
y = 9,0669 + 1,7884x - 0,0376x2
R 2 = 0,90*
35
Rendimento (t/ha)
30
25
20
15
10
5
0
0
10
20
30
40
Esterco bovino (t/ha)
Figura 5. Rendimento do feijão-vagem, em função de doses de esterco bovino. Areia, CCAUFPB, 1998.
y = 17,047 + 0,7148x - 0,0215x2
R 2 = 0,91*
30
25
Rendimento (t/ha)
segundo Blanco et al. (1997), está em
torno de 25,0 t/ha de vagens, em cultivares de feijão-vagem de hábito de crescimento indeterminado. Os benefícios
proporcionados pela adição de esterco
de galinha e de esterco bovino, possivelmente estejam relacionados ao suplemento de nutrientes de forma equilibrada permitindo ao feijão-vagem a capacidade máxima de produção de vagens,
induzida pela sua constituição genética
e pela condição do experimento, responsáveis pelos resultados obtidos. Segundo Primavesi (1985), o equilíbrio entre
os elementos nutritivos proporcionam
maiores produtividades do que maiores
quantidades de macronutrientes, isoladamente. Também, acredita-se que os
efeitos do esterco de galinha e do esterco bovino sobre a produtividade de vagens, devam-se não somente ao suprimento de nutrientes, mas a melhoria da
estrutura do solo e o fornecimento de
água, proporcionando melhor aproveitamento dos nutrientes originalmente
presentes (Peavy & Greig, 1972).
A ausência de resposta significativa
à adubação com húmus de minhoca,
pode ser atribuída à alta quantidade de
nutrientes originalmente presentes no
solo e às baixas concentrações de N e K
na sua composição, embora contenha
elevada disponibilidade de matéria orgânica.
Analisando-se economicamente os
resultados, a dose mais econômica de
esterco de galinha e de esterco bovino
foi de 11 e 23,0 t/ha, resultando num
rendimento estimado de 26,3 e 30,3 t/
ha de vagens, respectivamente. A receita
prevista, devido à aplicação do esterco
de galinha e do esterco bovino, pode ser
calculada pelo aumento de produção
proporcionada pelas doses econômicas,
custo do fertilizante e pela receita obtida. Igualando-se a derivada primeira a
zero, pôde-se calcular o aumento de produção proporcionado por estas fontes de
matéria orgânica. O esterco de galinha
proporcionou um aumento de 11,3 t/ha
e o esterco bovino de 21,2 t/ha de vagens. Deduzindo-se o custo de aquisição de 11 toneladas de esterco de galinha (3.300 kg de vagens) e de 23,0 toneladas de esterco bovino (1.710 kg de
vagens), obteve-se um receita prevista
de 8.000 e 21.000 kg/ha de vagens, para
20
15
10
5
0
0
10
20
30
40
Es terco caprino (t/ha)
Figura 6. Rendimento do vagens de feijão-vagem, em função de doses de esterco caprino.
Areia, CCA-UFPB, 1998
33
G.M. Santos et al.
Tabela 1. Rendimento de vagens de feijão-vagem, renda bruta, custo de aplicação e receita,
em função de húmus de minhoca e saldo. Areia, CCA-UFPB, 1999.
Esterco
caprin o
(t/h a)
0
10
20
30
40
0
10
20
30
40
Cu sto de
S aldo
aqu isição
(R$/ha = A-B)
(R$/h a = B)
17,92
7.168,00 7.168,00
19,85
7.940,00
30,00
6.740,00
24,08
9.632,00
600,00
9.032,00
19,54
7.816,00
900,00
6.916,00
10,80
4.320,00
1.200,00
3.120,00
Hú mu s de min h oca (t/h a)
18,59
7.436,00 7.436,00
27,43
3.536,00
1.200,00
2.336,00
19,56
424,00
2.400,00
-1.976,00
16,22
-948,00
3.600,00
-2.652,00
26,14
3.020,00
4.480,00
1.460,00
Ren dimen to Ren da bru ta
(t/h a)
(R$/h a = A)
o esterco de galinha e o bovino, respectivamente.
As doses mais econômicas de esterco de galinha e de bovino, estiveram próximas dos valores máximos atingidos
pelo rendimento (figuras 4 e 5) e, sob o
ponto de vista de rendimento, as doses
econômicas de esterco de galinha e de
esterco bovino, proporcionaram rendimentos de vagens acima da média nacional, indicando os benefícios do emprego destas fontes de matéria orgânica na
produção de vagens no feijão-vagem.
Contudo, o esterco bovino por apresentar maior rendimento e a mais elevada
receita prevista deve ser recomendado
como fonte de matéria orgânica de origem animal num programa de adubação
orgânica para esta hortaliça.
Para o esterco caprino, a relação entre esterco e rendimento de vagens,
embora tenha ajustado-se a modelo
quadrático, apresentou valor abaixo da
média nacional, não permitindo o cálculo da sua dose mais econômica, enquanto para o húmus de minhoca não se
constatou influência significativa sobre
o rendimento. Portanto, estas duas fontes foram avaliadas economicamente
pela diferença entre a renda bruta e o
custo de aquisição, em moeda corrente
(Pereira et al., 1985). Para o esterco
caprino, relacionando a renda bruta com
o custo dos adubos, pode-se verificar,
sob o ponto de vista dos rendimentos,
que nenhuma dose apresentou produtividade acima da média nacional e sob o
ponto de vista econômico a aplicação
34
de 20 t/ha foi a única que apresentou
saldo um pouco superior à sua ausência, enquanto para o húmus de minhoca, as doses de 10 e 40 t/ha, propiciaram rendimentos acima da média nacional (Tabela 1). Sob o ponto de vista
econômico, estas doses foram as únicas
que propiciaram saldos positivos, com
destaque para 10 t/ha, com R$ 2.336,00/
ha, porém inferior à ausência de húmus
de minhoca. Nas condições em que foi
realizado a presente pesquisa, não é vantajoso o emprego do esterco caprino e
do húmus de minhoca, em relação à ausência de suas aplicações e ao esterco
de galinha e de bovino, caracterizandose como fontes de matéria orgânica não
recomendadas para programas de produção de vagens de feijão-vagem.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a professora
Sheila Costa de Farias pela correção do
Abstract e aos agentes em Agropecuária
José Ribeiro Dantas Filho, Francisco de
Castro Azevedo, José Barbosa de Souza, Francisco Soares de Brito, Francisco Silva do Nascimento e Expedito de
Souza Lima que viabilizaram a execução dos trabalhos de campo.
LITERATURA CITADA
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Cultivar e adubação NPK na produção de tomate salada.
Paulo Renato Z. Santos1; Arione S. Pereira2; Cláudio José S. Freire2
1
UFPEL – Colegiado de pós-graduação em agronomia, C. Postal 354, 96.010-900 Pelotas-RS; 2Embrapa Clima Temperado, C. Postal
403, 96.001-970 Pelotas-RS. E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito de cultivar, da adubação NPK e da interação desses fatores na produção de tomate
salada tutorado. O experimento foi conduzido em Pelotas (RS) no
ano agrícola 1995/96. Foram utilizadas cinco cultivares (Flora-Dade,
Max, Empire, Pacific e Diva) e três níveis (2,0, 3,5 e 5,0 t/ha) de
adubação NPK (3,6-7,2-10). Os tratamentos foram dispostos sob
esquema fatorial em delineamento de blocos casualizados, com três
repetições. As cultivares Empire e Pacific apresentaram frutos com
maior peso médio do que Flora-Dade, Max e Diva. O número de
frutos por planta aumentou com a elevação do nível de adubação de
2,0 para 3,5 t/ha, enquanto que o peso médio de frutos diminuiu,
sem alterar a produção. As cultivares apresentaram resposta diferencial aos níveis de adubação, em relação ao peso médio de frutos.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill., adubo, genótipo.
Cultivar and NPK fertilization on yield of fresh market tomato.
The objective of this work was to study the effect of cultivar,
NPK fertilization and the interaction on yield components of fresh
market tomatoes. The experiment was carried out in Pelotas, Brazil,
in 1995/96 season. Five cultivars (Flora-Dade, Max, Empire, Pacific
and Diva) and three fertilization levels (2.0, 3.5 and 5.0 t/ha) of NPK
(3.6-7.2-10) were used. The treatments were displayed under a
factorial scheme, in a randomized complete block design, with three
repetitions. Empire and Pacific cultivars showed higher average fruit
weight than Flora-Dade, Max and Diva. The number of fruits per
plant increased with the elevation of fertilization levels from 2.0 to
3.5 t/ha, while the average fruit weight diminished, without changing
yield. The cultivars showed differential response to fertilization
levels, in relation to average fruit weight.
Keywords: Lycopersicon esculentum Mill., fertilizer, genotype.
(Aceito para publicação em 17 de janeiro de 2.001)
O
tomate tipo salada ocupa lugar de
destaque no mercado gaúcho, ao
contrário do restante do País. Em 1995,
na região de Pelotas, a produção de tomate ocupou uma área de cerca de 110
ha (Universidade Católica de Pelotas,
1998). Os produtores desta região preferem as cultivares híbridas Empire e
Pacific, devido ao excelente tamanho de
fruto. A adubação de plantio varia de
1,5 a 2,0 t/ha das mais variadas formulações NPK (Simch, 1995), e se baseia
em recomendações oriundas de outras
regiões, visto que nesta não existem resultados experimentais sobre adubação
em tomate tutorado.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Na região de Pelotas a recomendação de adubação para tomateiro rasteiro consiste de 100 a 120 kg/ha de N,
131 kg/ha de P e 242 kg/ha de K, para
solos com baixo teor de matéria orgânica e com teores limitantes de P e K (Comissão de Fertilidade do Solo – RS/SC,
1995). Entretanto Veduim & Bartz
(1998) testando diferentes níveis de adubação em tomate tutorado, em Santa
Maria (RS), concluíram que a dose de
máxima eficiência econômica situa-se
em 2,87 vezes a recomendação da Rede
Oficial de Laboratórios de Análise de
Solo do RS e SC, ROLAS (Comissão
de fertilidade do solo – RS/SC, 1995).
Para o Estado de São Paulo, Trani et
al. (1996) recomendam para tomate
estaqueado (12.500 pl/ha) a calagem
para elevar a saturação de bases a 80%
e o teor de Mg ao mínimo de 9 mmolc/
dm3; 20 a 30 t/ha de esterco de curral
bem curtido ou 5 a 8 t/ha de esterco de
galinha; 60 kg/ha de N, 351 kg/ha de P
e 250 kg/ha de K no plantio, para solos
de “baixa fertilidade” e 63 kg/ha de N e
38 kg/ha de K em cobertura, aos 15, 30,
45 e 60 dias após o transplante.
Em São Paulo, Horino et al. (1984)
concluíram que as melhores doses de N,
P, K, para a produção de frutos da cv.
Santa Cruz Yokota foram 300, 262 e 375
kg/ha, respectivamente.
35
P.R.Z. Santos et al.
Nos Estados Unidos, Smith et al.
(1990) encontraram resposta em peso
médio de frutos das cultivares Count II,
Freedom e U.S.68, inversamente proporcional às doses de NPK, enquanto a
produção total de frutos com a adubação NPK, foi significativamente superior à da testemunha. A melhor adubação foi 112 kg/ha de N, de P e de K.
Na Índia, Gupta & Shukla (1977), em
testes de doses de N, P e K, verificaram
que o tomateiro, cv. Sioux, respondeu
positivamente em produção de frutos
apenas para N e P. A dose que permitiu a
obtenção da produtividade máxima foi
de 91,5 e 59,7 kg/ha de N e P, em 1973, e
121 e 69 kg/ha de N e P em 1974.
Dois tipos de interação, envolvendo
adubação têm importância na agricultura moderna, sendo que uma delas é a
interação adubação x cultivar (Raij,
1991). Filgueira et al. (1995), estudando a interação entre cultivares de batatas em diferentes locais, encontraram
respostas distintas das cultivares aos
locais de cultivo, o que caracteriza a
existência de interação.
O objetivo deste trabalho foi obter
informações referentes a cultivares e
adubação NPK, para a cultura do tomateiro salada na região de Pelotas.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no
município de Pelotas, no ano agrícola
de 1995/96. O solo utilizado foi classificado como Podzólico Vermelho
Amarelo Distrófico, A moderado, textura argilosa (Hapludult) (Brasil, 1973). A
análise do solo apresentou os seguintes
resultados: argila = 18%; pH = 5,4; índice SMP = 59; M.O. = 31 g/l; P = 12,5
mg/l; K = 129 mg/l; Na = 18 mg/l; Al =
0,2 cmolc/l; Ca+Mg = 8,5 cmolc/l. A área
em que foi realizado o experimento, estava em pousio há mais de dez anos.
Foram estudados três níveis de adubação NPK de plantio e cinco cultivares de tomateiro. Os níveis de adubação
foram: 72 kg/ha de N, 328 kg/ha de P2O5
e 240 kg/ha de K2O (nível 1), 126 kg/ha
de N, 574 kg/ha de P2O5 e 420 kg/ha de
K2O (nível 2), 180 kg/ha de N, 820 kg/
ha de P2O5 e 600 kg/ha de K2O (nível
3), obtidos pela aplicação de 2,0, 3,5 e
36
5,0 t/ha da formulação 3,6-7,2-10, respectivamente. O adubo foi aplicado em
todas as parcelas, utilizando-se 2/3 do
total quatro dias antes do transplante e
o restante, vinte dias após, por ocasião
da amontoa. Foram usadas quatro cultivares híbridas (Empire, Max, Pacific e
Diva) e uma de polinização aberta (FloraDade). ‘Flora-Dade’ e ‘Pacific’ apresentam hábito de crescimento determinado,
‘Empire’, semi-determinado, e ‘Max’ e
‘Diva’ (longa vida), indeterminado. O
experimento foi delineado em blocos
casualizados, em um esquema fatorial 3 x
5, com três repetições.
A semeadura foi realizada em 15 de
setembro de 1995, em bandejas de isopor,
e o transplante foi efetuado em 18 de
outubro de 1995, quando as plantas atingiram altura igual ou superior a 10 cm.
O preparo do solo teve início com
uma aração, três meses antes do transplante, seguida de duas gradagens. Para
a correção do solo, utilizou-se calcário
da classe B. Este foi incorporado ao solo
por ocasião da primeira gradagem, na
dose de 4,0 t/ha. Quatro dias antes do
transplante, foram abertos os sulcos e
incorporados os adubos de plantio (2/3
do total). As plantas de bordadura receberam adubação equivalente ao nível
mais baixo. Cada parcela foi constituída
de 40 plantas, além da bordadura, sendo
que apenas as 12 plantas centrais formaram a unidade de observação. As plantas
foram colocadas em fileiras duplas, em
espaçamentos de 0,35 x 0,70 x 1,10 m, sendo 0,35 m entre plantas, 0,70 m entre fileiras simples e 1,10 m entre fileiras duplas.
Os demais tratos culturais (irrigação,
desbrota, tutoramento, controle de invasoras, controle de pragas e de doenças)
foram realizados quando se fizeram necessários, sendo uniformes em todas as
parcelas e de acordo com as práticas usadas em lavouras comerciais da região.
A adubação de cobertura foi de 357
kg/ha de N e 297 kg/ha de K2O (mistura
de sulfato de amônia e cloreto de potássio), parcelada em três aplicações aos
25, 50 e 75 dias após a amontoa, e mais
uma aplicação de 793 kg/ha de nitrato
de cálcio, 100 dias após a amontoa.
A colheita foi iniciada em 26 de dezembro, sendo realizada duas vezes por
semana, durante 86 dias. Os frutos de
cada parcela foram colhidos, classifica-
dos, contados e pesados. Frutos com
diâmetro superior a 50 mm foram considerados como comerciais.
Os tratamentos foram avaliados pelas variáveis produção e número de frutos total e comercial. Calculou-se, ainda, a partir desses dados, o peso médio
de frutos, total e comercial.
A análise estatística compreendeu a
análise de variância, pelo teste F, e a comparação de médias, pelo teste de Duncan,
ao nível de 5%. Efetuou-se, também, a
análise de adaptabilidade das cultivares
aos níveis de adubação, através do método de Eberhart & Russel (1966).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise da variância revelou efeito significativo dos fatores cultivar e
adubo, para número total e comercial de
frutos e peso médio total e comercial de
frutos. A interação cultivar x adubo foi
significativa somente para o peso médio de frutos (total e comercial). O fator
cultivar mostrou efeito significativo ainda para produção total e comercial.
O número total e comercial de frutos por planta não diferiu estatisticamente entre os níveis de 3,5 e 5,0 t/ha de
adubo, entretanto foi superior ao nível
de 2,0 t/ha de adubo (Tabela 1). Isto pode
ser explicado pelo fato das parcelas que
receberam níveis mais altos de adubo
terem apresentado um maior crescimento vegetativo, possibilitando a formação
de maior número de inflorescências por
planta e, consequentemente um maior
número de frutos.
As cultivares tiveram comportamentos distintos no que se refere aos números total e comercial de frutos. ‘Diva’
apresentou maior número de frutos total
e comercial, seguida por ‘Max’ e ‘FloraDade’. ‘Empire’ e ‘Pacific’ apresentaram
menor número de frutos total e comercial, não diferindo entre si (Tabela 1).
‘Max’ foi estatisticamente superior
a ‘Pacific’, ‘Diva’ e ‘Flora-Dade’ em
produtividade total e comercial, porém
não diferiu de ‘Empire’. As cultivares
Empire e Pacific, que são as mais plantadas na região de Pelotas, não diferiram entre si, quanto à produtividade
comercial, com valores de 131,6 t/ha e
121,2 t/ha, respectivamente (Tabela 1).
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Cultivar e adubação NPK na produção de tomate salada.
Tabela 1. Número de frutos comerciais por planta e produtividade comercial de cinco cultivares de tomate salada tutorado, em função de
três níveis de adubação NPK (3,6-7,2-10). Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 1996.
Nú mero de fru tos comerciais por plan ta
Cu ltivar
Nível de adu bação (kg/h a)
2, 0
3, 5
B
30,0 a*
Max
25,9 b A
28,6 b A
Flora-Dade
21,6 c B
Empire
18,4 c A
19,5 c A
Pacific
18,2 c A
Média
22,8
B
34,6 a
Média
5, 0
Diva
A
AB
Nível de adu bação (kg/h a)
2, 0
3, 5
Média
5, 0
31,9 a
120,3 ab A
127,4 ab A 119,5 ab A
122,4 bc
28,9 ab A
27,8 b
136,3 a
143,1 a A
137,6 a
25,0 b AB 26,9 b A
24,5 c
108,5 b* A
120,1 b A 128,3 a A
119,0
20,4 c A
19,4
d
127,4 ab A
135,4 ab A 132,2 a A
131,6 ab
18,8 c A
16,3
dA
17,8
d
128,7 ab A
132,7 ab A 102,2 b B
121,2 bc
25,3
24,7
A
24,3
124,2
131,7
126,4
A
31,1 a
P rodu tividade comercial de fru tos (t/h a)
A
A
133,5 a A
A 123,1
A
c
*/ Médias seguidas das mesmas letras, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao nível de
5% de probabilidade.
A análise de variância para produção total e comercial revelou efeito significativo somente para cultivar, mostrando que os genótipos estudados apresentaram diferentes necessidades
nutricionais, em função, talvez de seu
teto de produtividade.
A resposta não significativa, na produtividade, para doses de adubo pode
ser explicada pelo fato de que os níveis
testados no experimento são bem superiores à atual recomendação para a cultura no Rio Grande do Sul e Santa
Catarina (Comissão de fertilidade do
solo – RS/SC, 1995). Deve também ser
considerado que o nível de fertilidade
da área experimental foi considerado de
satisfatório a bom, de acordo com os
critérios de interpretação da análise do
solo. Por fim, cabe lembrar que todas
as parcelas experimentais receberam em
cobertura, formulações contendo N e K.
Portanto, a diferença esperada na produtividade seria devido ao P, já que os
outros dois nutrientes, pelos teores iniciais e ao adicionado em cobertura, não
deveriam limitar a produtividade. Os
dados mostram que a dose mais baixa
de P já foi suficiente para se obter a
máxima produtividade. Se tivesse sido
usada uma testemunha sem fertilizante,
provavelmente, a resposta seria outra.
A resposta não significativa para adubação, em relação à produção total e comercial de frutos (Tabela 1), está em concordância com resultados obtidos por diversos autores (Maschio & Souza, 1982;
Baungartner et al., 1988). Entretanto outros autores (Smith et al., 1990; Faria &
Pereira, 1993) encontraram resposta a
níveis crescentes de adubação NPK.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Estes resultados sugerem que para
solos com características semelhantes ao
usado neste experimento podem ser usadas como adubação de base as doses de
72 kg/ha de N, 328 kg/ha de P2O5 e 240
kg/ha de K2O (2,0 t/ha da formulação
3,6-16,4-12). Essa dose é comumente
utilizada pelos tomaticultores da região
(Simch, 1995). No entanto, é muito inferior à recomendada por Stevens (1997)
para o RS, baseado em dados empíricos
e, às recomendações para tomate tutorado
em São Paulo (Trani, 1996) e para o Centro-Sul do Brasil (Filgueira, 1982). Comparando-se com a recomendação da
ROLAS, verifica-se que essa dose é alta.
A recomendação seria de 65 e 100 kg/ha
de P e K, respectivamente. Cabe ressaltar, entretanto, que a recomendação da
ROLAS é baseada na cultura de tomate
rasteiro, que utiliza o menor nível
tecnológico, requerendo menor quantidade de nutrientes.
As médias de produção total e comercial de frutos (137,3 t/ha e 126,4 t/
ha, respectivamente) obtidas neste trabalho demonstram que a cultura tem um
potencial produtivo bem maior que a
produção média (60 t/ha) obtida na região de Pelotas (Universidade Católica
de Pelotas, 1998), sendo bastante superior, entretanto, à média nacional (43,8
t/ha) e do Rio Grande do Sul (31,8 t/ha)
(Anuário Estatístico do Brasil, 1996).
As cultivares Max, Empire e Pacific
tiveram pesos médios total e comercial
de frutos diminuídos com o incremento
na quantidade de adubo de 2,0 para 5,0
t/ha, concordando com os resultados
obtidos por Gupta & Shukla (1977), para
NP, Maschio & Souza (1982), para PK,
e Smith et al. (1990), para NPK.
As cultivares Empire e Pacific destacaram-se com relação ao peso médio de
frutos (total e comercial), sendo estatisticamente superiores às demais. ‘FloraDade’ e ‘Max’ apresentaram comportamento intermediário. Entre as cultivares
testadas, Diva foi a que apresentou menor peso médio total e comercial.
O peso médio dos frutos das cultivares Empire e Pacific observado neste
trabalho é um pouco inferior aos relatados por Peixoto et al. (1996), para a cultivar Empire, no Triângulo Mineiro, e
por Silva Júnior et al. (1995), para a
cultivar Pacific, no Litoral Catarinense.
Os resultados de número de frutos
(Tabela 1) e de peso médio (Tabelas 2)
mostram que houve diferenças entre as
cultivares, independente do nível de
adubação, sugerindo que essas são características próprias de cada cultivar.
No entanto, cultivares que produzem
grande número de frutos, apresentam
também menor peso médio, confirmando os resultados de Maschio & Souza
(1982). Valores semelhantes foram obtidos por Postingher (1995), em Pelotas,
com médias entre 27,5 e 29,2 frutos por
planta, para cultivares de hábito de crescimento indeterminado.
O peso médio de frutos é uma característica importante, pois o principal
critério de classificação do tomate é baseado no tamanho. Produzindo frutos de
tamanho reduzido, o tomaticultor tem
dificuldade em colocar o produto no
mercado, de forma competitiva.
Como a interação cultivar x adubo
foi significativa para a variável peso
médio de frutos, realizou-se análise de
adaptabilidade, pelo método de Eberhart
37
P.R.Z. Santos et al.
Tabela 2. Peso médio total e de frutos comerciais de cinco cultivares de tomate salada tutorado, em função três níveis de adubação NPK
(3,6-7,2-10). Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 1996.
P eso médio total (g/fru to)
Cu ltivar
Nível de adu bação (kg/h a)
2, 0
3, 5
Média
5, 0
Flora-Dade
142, b* A
135, b A
Max
152, b A
144, b AB 134, b
P eso médio de fru tos comerciais (g/fru to)
134, b A
B
Nível de adu bação (kg/h a)
2, 0
3, 5
Média
5, 0
137, b
158, b A
150, b A
143, b
166, b A
158, b AB 146, b B
150, b A
153, b
157, b
Empire
200, a
A
196, a
A
180, a
B
192, a
218, a
A
217, a
A
204, a
B
213, a
Pacific
207, a
A
202, a
A
171, a
B
193, a
222, a* A
222, a
A
197, a
B
214, a
Diva
116,
111, c
126, c A
115, c A
c A
106,
cA
111,
cA
122, c A
121, c
Média
163,
A 157,
B 146,
C
155,
178,
A
172,
B
164,
C
171,
*/ Médias seguidas das mesmas letras, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Duncan, ao nível de
5% de probabilidade.
Tabela 3. Análise de adaptabilidade, quanto ao peso médio de frutos (g/fruto), de cinco
cultivares de tomate salada tutorado, em função do uso de três níveis de adubação NPK (3,67,2-10). Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 1996.
Cu ltivar
Pacific
Empire
Max
Flora-Dade
Diva
P eso médio
Média
193,6
192,0
143,4
136,9
110,7
total
b*
2,07
1,17
1,05
0,47
0,57
P eso médio comercial
Média
b
213,8
1,77
213,3
0,98
156,4
1,42
152,6
0,54
121,0
0,79
*/ Coeficiente de regressão linear obtido da regressão da média de peso médio de frutos das
cultivares na média de peso médio de frutos dos níveis de adubação para cada cultivar (b >
1 significa adaptação restrita aos níveis baixos de adubação; b < 1 indica adaptação aos
níveis altos de adubação; b = 1,0 indica adaptação ampla aos diferentes níveis de adubação).
& Russel (1966). Nesta análise de regressão, o coeficiente (b) indica a resposta dos genótipos a condições do ambiente. Para cada cultivar, foi calculada
a regressão linear do peso médio de frutos em relação à média de peso de frutos de todas as cultivares (Tabela 3).
‘Pacific’ apresentou b > 1, que indica
adaptação restrita aos níveis baixos de
adubação. ‘Flora-Dade’ e ‘Diva’ (b <
1) mostraram-se mais adaptadas a doses altas de adubação. Estes genótipos
não foram afetados de modo significativo no peso médio com o aumento dos
níveis de adubação.
A cultivar Empire, para peso médio
total e comercial, e Max, para peso médio total, apresentaram valores de b
muito próximos à unidade, sugerindo
ampla adaptabilidade às diferentes doses de adubo (Tabela 3).
Os resultados envolvendo ‘Pacific’,
melhor adaptada a níveis mais baixos
de adubação, e ‘Empire’, de ampla adaptabilidade, explicam o bom desempenho
38
dessas cultivares na região de Pelotas,
onde se utiliza níveis de adubação de
baixos a médios, quando comparados
aos níveis testados neste trabalho.
Nas condições do presente trabalho,
as cultivares Empire e Pacific foram
superiores à Flora-Dade, Max e Diva,
quanto ao peso médio total e comercial
de frutos. O número de tomates produzido por planta aumentou com o nível
de adubação, enquanto que o peso médio de frutos diminuiu, porém sem alterar a produção. As cultivares apresentaram resposta diferencial aos níveis de
adubação para peso médio de frutos.
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Produção de frutos de quiabeiro a partir de mudas produzidas em diferentes tipos de bandejas e substratos1 .
Valéria A. Modolo; João Tessarioli Neto; Luís Enrique R. Ortigozza
ESALQ, C. Postal 9, 13.418-900, Piracicaba - SP. E.mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar a produção comercial de frutos de
quiabeiro a partir de plantas originadas do transplante de mudas,
instalou-se um experimento na ESALQ em Piracicaba. Na produção de mudas, que ocorreu em ambiente protegido, foram utilizados
três tipos de bandeja, que diferiam entre si pela altura e volume das
células, associadas a quatro diferentes substratos, que eram variações de uma mistura comercial (denominada GII). O delineamento
experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições, no esquema fatorial 3x4 (três tipos de bandeja e quatro variações do
substrato), perfazendo um total de doze tratamentos. Foram transplantadas 30 mudas/tratamento, obedecendo ao espaçamento de
0,5x1,0 m. Cada parcela experimental foi constituída por cinco fileiras de 3,0 m de comprimento totalizando a área de 15 m2. A colheita foi iniciada 49 dias após o transplante, sendo colhidos frutos
de tamanho comercial (8 – 10 cm de comprimento) das doze plantas
centrais. Foram avaliados número e peso total dos frutos. Foi observada maior produtividade em plantas originadas de mudas provenientes das bandejas de maior tamanho, independentemente do
substrato utilizado. A menor produtividade ocorreu quando no
substrato foi adicionado casca de arroz carbonizada na proporção
1:1 ao produto comercial GII, independentemente do tipo de bandeja utilizada.
Influence of different tray cell sizes and substrates on the
production of okra plantlets and fruits.
This study proposed to evaluate the production of okra fields
established by using seedling transplant. The experiment was carried
out in a greenhouse at the Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz” in São Paulo, Brazil. Trays with different cell size were
used in the okra seedling production. The substrates used were a
blend of a commercial mixture (Gioplanta). A completely randomized
block design, with 3 x 4 factorial arrangement (3 types of trays and
4 different substrates) was used, in a total of 12 treatments. In the
field 30 seedlings per each treatment were transplanted using 1,0 m
between rows and 0,5 m within each plant in the row. Each plot was
constituted by 5 rows of 3,0 m and area of 15 m2. Commercial fruits
size (8 – 10 cm length) were harvested from the 12 central plants 49
days after seedling transplanting. Number and fruit weight were
evaluated. In the field the plants grown in largest cell volume
produced more fruits than plants from small cell volume, regardless
of the substrate. The lowest yield was obtained when GII and
carbonized rice hulls were mixed (1:1) in the seedling production,
independently of the tray type used.
Palavras-chave: Abelmoschus esculentus, transplante, recipientes, substrato.
Keywords: Abelmoschus esculentus, transplant, container,
substrate.
(Aceito para publicação em 19 de janeiro de 2.001)
O
cultivo do quiabeiro (Abelmoschus
esculentus (L.) Moench) é realizado predominantemente, por meio de semeadura direta, onde são colocadas de
quatro a cinco sementes/cova (Minami
et al., 1997) ou até mesmo de cinco a
oito, conforme as recomendações técnicas para o Estado de São Paulo (Jorge
1
et al., 1990), consumindo assim de 4 a
8 kg de sementes/ha. Este gasto excessivo de sementes deve-se ao fato destas
apresentarem dormência devido à
impermeabilidade do tegumento
(Medina, 1971), que promove uma germinação desuniforme e demorada. Este
fato é acentuado quando a semente pos-
sui menos de 12% de umidade relativa,
o que pode ocorrer quando é submetida
a um período de secagem muito prolongada ou armazenamento em local com
umidade relativa inferior a 60%
(Minami et al., 1997). Outro fator importante no início do cultivo é a exigência de temperaturas elevadas, pois a tem-
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, ESALQ/USP, Piracicaba – SP.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
39
V.A. Modolo et al.
peratura ótima para germinação das sementes é de 21 a 35 O C (Sementes
Hortec, 1995). Dependendo da região
estas condições ocorrem somente em
algumas épocas do ano, o que restringe
a época de plantio da cultura.
A produção de mudas pode ser uma
alternativa quando as sementes de uma
determinada espécie ou variedade são
menos vigorosas e necessitam de maiores cuidados na fase de germinação e
emergência (Minami, 1995).
Existem no mercado diversos modelos de bandejas de isopor com células de formas e volumes diferentes, com
profundidades de 47, 60 ou 120 mm. Do
mesmo modo, estão disponíveis várias
formulações de substratos, produzidos
especialmente para a produção de mudas olerícolas. Porém, o estudo do volume e da altura adequada do recipiente, assim como do substrato para cada
espécie é de grande importância para
que não ocorram prejuízos no desenvolvimento da cultura após o transplante,
bem como na sua produção.
Estudos realizados por Ruff et al.
(1987) mostraram que houve redução no
desenvolvimento e alterações na
morfologia do sistema radicular de plantas de tomate quando estas foram produzidas em diferentes tipos de recipiente. Weston & Zandstra (1986), avaliaram diversos tamanhos de bandejas na
produção de mudas de tomate e verificaram que após o transplante das mudas para o campo, plantas provenientes
de mudas formadas em bandejas com
célula de maior volume começavam a
produzir mais cedo que aquelas provenientes de células de menor volume, não
havendo porém diferença entre as produções totais. Isto foi atribuído ao menor trauma sofrido pelas raízes durante
o transplante, pois as plantas originadas
de células maiores apresentavam sistema radicular mais desenvolvido. Em
berinjela, além da precocidade de produção, houve diferença na produtividade pois as mudas provenientes de células maiores apresentaram aumento na
produção (Gorski & Wertz, 1985).
Nicklow & Minges (1963) e Knavel
(1965) verificaram que mudas provenientes de células de maior volume apresentavam mais folhas, maior taxa de desenvolvimento após o transplante e preco40
cidade na produção. Verifica-se portanto,
que a interferência do tamanho do recipiente na produtividade pode variar de acordo com a hortaliça considerada.
O objetivo deste experimento foi
avaliar a produção de frutos de quiabeiro a partir de mudas produzidas em três
tipos de bandejas e quatro tipos de
substrato.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na
Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz”. Para a produção de mudas de
quiabeiro cultivar Santa Cruz - 47, em
ambiente protegido, foram utilizadas
bandejas de isopor de três tipos: T1 (72
cm3 de volume, 12 cm de altura e 128
células); T2 (36 cm3 de volume, 6 cm
de altura e 128 células) e T3 (16 cm3 de
volume, 4,7 cm de altura e 200 células),
associadas a quatro substratos constituídos basicamente de uma formulação
comercial, denominada pelo fabricante
como GII (Gioplanta - Comércio e Representação Agrícola Ltda.) e composto pela mistura de casca de pinus
compostada, casca de arroz carbonizada, vermiculita grossa número doze,
calcário dolomítico e uma adubação
básica composta por fertilizante 4-148, FTE-BR9 e Superfosfato Simples.
Nesta formulação foram feitas diferentes associações com outros materiais e/
ou com suplementação de adubação. O
substrato denominado A foi composto
somente da formulação do fabricante.
Para aquele denominado B, na formulação do fabricante foram acrescentadas
suplementações minerais durante a formação da muda. Para o substrato C foi
encomendado ao fabricante o produto
GII sem a adubação básica e também
foram realizadas as suplementações
minerais, semelhante ao substrato B. No
substrato D foi adicionada casca de arroz carbonizada na proporção 1:1 ao
produto comercial GII e suplementação
mineral durante a formação da muda.
Estas suplementações adotadas nos
substratos B, C e D consistiram da aplicação de 300 ml/bandeja do adubo solúvel Petters, na concentração 1 g/l em
intervalo de 6 dias. A composição de
elementos deste adubo é: 20% N; 10%
P; 20% K; 0,15% Mg; 0,02% B; 0,01%
Cu; 0,1% Fe; 0,056% Mn; 0,01% Mo e
0,0162% Zn.
A semeadura ocorreu em 09/02/1997
e o transplante das mudas após 31 dias,
adotando-se o espaçamento de 0,5 m
entre plantas e 1,0 m entre linhas. Segundo Vidal-Torrado & Sparovek
(1993), o solo desta área é descrito como
Terra Roxa Estruturada Eutrófica A
moderado textura argilosa sobre muito
argilosa,
correspondente
ao
Kandiudalfic Eutrudox.
Nas primeiras semanas após o transplante, a irrigação por aspersão foi realizada quase que diariamente e após o
pegamento das mudas no campo estas
foram realizadas em intervalos maiores
(duas a três vezes por semana). A adubação de cobertura foi realizada aos 30
e 60 dias após o transplante, empregando-se 10 g/planta de nitrocálcio. Efetuou-se o controle de pragas e doenças
conforme necessário e para o controle
de plantas daninhas foram realizadas
capinas manuais, com intervalo de aproximadamente quinze dias, durante todo
o ciclo da cultura.
O delineamento experimental foi
blocos ao acaso no esquema fatorial 3 x
4. Os tratamentos consistiram da combinação dos quatro diferentes substratos
(A, B, C e D) aos três tipos de bandeja
(T1, T2 e T3). Cada parcela foi composta por 30 mudas numa área de 15 m2
(5 fileiras com 6 plantas). Como área
útil foram consideradas as doze plantas
centrais desprezando-se as linhas laterais como bordadura. Os critérios de
avaliação foram número e peso total dos
frutos por planta.
Foram efetuadas sete colheitas sendo a primeira aos 49 dias após o transplante das mudas para o campo, quando
os frutos apresentavam padrão comercial,
ou seja, 8 a 10 cm de comprimento.
Os frutos de cada parcela foram contados e pesados em balança de precisão
e as médias foram comparadas pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, de acordo com Gomes (1990).
Na análise dos dados utilizou-se o programa computacional SAS (Statistical
Analysis System Institute, 1985).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As plantas originadas das mudas
provenientes das bandejas com células
de maior volume (T1 e T2), produziram
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Produção de frutos de quiabeiro a partir de mudas produzidas em diferentes tipos de bandejas e substratos.
maior quantidade de frutos que aquelas
provenientes de bandeja com células de
menor volume (T3), independentemente do substrato utilizado (Tabela 1). As
mudas produzidas na bandeja com células de volume intermediário (T2) não
diferiram daquelas produzidas nas demais bandejas. O mesmo comportamento que ocorreu com a produção em número de frutos foi verificado também
para a produção em peso (Tabela 2).
Estes resultados estão em concordancia
com aqueles obtidos por Gorski & Wertz
(1985) em berinjela, onde também houve
diferença na produção de frutos quando
as mudas transplantadas eram provenientes de bandejas com células de maior
volume. Weston & Zandstra (1986), não
observaram este comportamento na cultura do tomate. Estes autores constataram que as plantas provenientes de bandejas cujo volume de célula era maior
começaram a produzir mais cedo, entretanto, não diferiram na produção total. Sendo assim, a interferência do tamanho do recipiente na produtividade
pode variar de acordo com a hortaliça.
É importante ressaltar que antes do
transplante, ao se comparar os doze tipos de mudas estudadas, constatou-se
que aquelas produzidas na bandeja de
maior volume celular (T1) apresentaram
maior desenvolvimento. É possível que
estas mudas pudessem ter sido transplantadas mais cedo, considerando-se
que após o transplante houve um certo
índice de tombamento que pode ser devido ao tamanho da muda no momento
do transplante.
Quanto aos substratos pode-se observar que aquelas mudas formadas utilizando casca de arroz carbonizada, na
proporção 1:1, originaram plantas que
produziram menor quantidade em peso
e em número de frutos, independentemente do tipo de bandeja (Tabelas 1 e
2). Também foi observado que além do
substrato D ter proporcionado mudas de
menor tamanho, no momento do transplante houve dificuldade na retirada
destas mudas das bandejas, pois não
houve formação de torrão. Os demais
substratos não diferiram entre si.
Como informação complementar, observou-se que o sistema de produção de
mudas em bandeja, de uma forma geral,
possibilita maior uniformidade de germiHortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Tabela 1. Número total de frutos/planta de quiabeiro, referentes às mudas formadas em
diferentes tipos de bandejas e substratos. Piracicaba, ESALQ, 1997.
S u bstratos2
A
B
C
D
Média3
T1
55,66
58,16
50,95
43,00
51,19 A
Ban dejas1
T2
50,05
43,86
54,66
36,14
46,18 AB
T3
42,63
41,50
44,89
34,99
41,00 B
Média3
48,45 a
47,84 a
50,17 a
38,04 b
1
T1, T2, T3: bandejas com 128 células e 72 cm3 de volume; 128 células e 36 cm3 de volume
e 200 células e 4,7 cm3 de volume, respectivamente.
2
A, B, C e D: substratos compostos pela formulação GII; formulação GII + suplementação
mineral; formulação GII sem adubação básica do fabricante + suplementação mineral; formulação GII + casca de arroz carbonizada na proproção 1:1 + suplementação mineral, respectivamente.
3
Médias seguidas por letras diferentes, maiúscula na linha e minúscula na coluna, diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5%.
CV = 14, 45%
Tabela 2. Produção total (em gramas), de frutos/planta de quiabeiro referentes às mudas
formadas em diferentes tipos de bandejas e substratos. Piracicaba, ESALQ, 1997.
S u bstratos2
A
B
C
D
Média
T1
819,79
927,03
831,42
683,69
815,48 A
Ban dejas1
T2
921,42
686,29
884,94
598,60
772,81 AB
T3
727,22
661,94
700,23
565,58
663,74 B
Média3
822,80 a
758,42 a
805,53 a
615,96 b
1
T1, T2, T3: bandejas com 128 células e 72 cm3 de volume; 128 células e 36 cm3 de volume
e 200 células e 4,7 cm3 de volume, respectivamente.
2
A, B, C e D: substratos compostos pela formulação GII; formulação GII + suplementação
mineral; formulação GII sem adubação básica do fabricante + suplementação mineral; formulação GII + casca de arroz carbonizada na proproção 1:1 + suplementação mineral,
respectivamente.
3
Médias seguidas por letras diferentes, maiúscula na linha e minúscula na coluna, diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5%.
CV = 16, 91%
nação, diminuindo assim os problemas de
dormência das sementes de quiabeiro.
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Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.
Josivan B. Menezes; Julio Gomes Junior; Sebastião E. Araújo. Neto; Adriano do N. Simões
ESAM; Km 47, BR 110, Costa e Silva, C. Postal 137 59.625-900 Mossoró-RN. E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar a qualidade pós-colheita de dois
genótipos de melão amarelo (TSX 32096 e SUNEX 7057) armazenados sob condições ambiente (30,0 ± 1°C e 50,0 ± 5% de umidade
relativa), instalou-se experimento em Mossoró (RN), com frutos provenientes do Agropólo Mossoró – Assu, (RN). O clima dessa região é
quente e seco, com precipitação pluviométrica de 423 mm, temperatura máxima e mínima de 33 e 29°C, respectivamente. O solo da área
experimental é do tipo Podzólico Vermelho-Amarelo Equivalente
Eutrófico. Os frutos foram colhidos nas primeiras horas da manhã no
estádio de maturação comercial. Imediatamente após a colheita e seleção (frutos com boas características externas de qualidade) os melões foram embalados e transportados para o Laboratório de Análises
de Frutos e Hortaliças do Departamento de Química e Tecnologia da
Escola Superior de Agricultura de Mossoró, onde foram armazenados à temperatura de 30,0 ± 1°C e 50,0 ± 5% de umidade relativa por
até 49 dias. As avaliações foram feitas a intervalos de 7 dias. Montouse o experimento em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial do tipo 2 x 8 (genótipos x tempo de armazenamento)
com 3 repetições, cada parcela composta por 3 frutos. Foram avaliadas as seguintes características: firmeza da polpa, perda de peso, aparência (externa e interna), acidez total titulável, pH, o conteúdo de
sólidos solúveis totais, vitamina C total e os açúcares solúveis (redutores, não-redutores e totais). Houve interação significativa entre os
fatores estudados (temperatura x tempo de armazenamento) para a
firmeza da polpa, aparência interna e teor de açúcares solúveis (redutores, não-redutores e totais). Os resultados revelam aumento regular
na perda de peso e um declínio na firmeza da polpa durante o período
experimental. Os dois genótipos apresentaram redução na firmeza da
polpa e da qualidade externa e interna até o final do período experimental, no entanto, o genótipo TSX 32096 apresentou uma firmeza
de polpa mais elevada e uma melhor aparência interna. A firmeza da
polpa aos 42 dias de armazenamento foi de 18,40N e 15,38N para os
genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057, nesta ordem. A perda de peso
aos 42 e 49 dias de armazenamento foi de 4,60% e 5,12%, respectivamente. Houve redução da acidez total titulável, do conteúdo de sólidos solúveis totais e da vitamina C total para os dois genótipos. O
conteúdo de açúcares totais sofreu um acréscimo (variação de 6,8%
para 8,2%) e um declínio (variação de 9,5% para 8,8%) durante o
armazenamento, para os genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057, nesta
ordem. De acordo com os dados, os genótipos TSX 32096 e SUNEX
7057 apresentaram uma vida útil pós-colheita de 42 dias sob condições ambiente (30,0 ± 1°C e 50,0 ± 5% de umidade relativa).
Storage of yellow melons, genotypes TSX 32096 and SUNEX
7057, at room temperature.
Palavras-chave: Cucumis melo L., armazenamento, qualidade.
Keywords: Cucumis melo L., storage, quality.
The purpose of this research was to examine the postharvest quality
of two yellow melon genotypes TSX 32096 and SUNEX 7057, at
room temperature (30,0 ± 1°C and at relative humidity of 50,0 ± 5%).
The experiment was carried out in Mossoró, Brazil, with fruits
produced at Pólo Agrícola Mossoró–Assu. The region is characterized
by hot dry summer with maximum and minimum temperature of 33ºC
and 29ºC, respectively. Fruits were harvested at the stage of commercial
maturity. Immediately after harvesting and selection (fruits presenting
good external characteristics of quality) were transported to Mossoró
and were stored during 49 days. The analyses were conducted at sevenday-intervals. A 2 x 8 factorial in completely randomized design with
three replications was used. The factorial consisted of two genotypes
(TSX 32096 and SUNEX 7057) and eight storage periods (0, 7, 14,
21, 28, 35, 42 and 49 days). The following traits were evaluated during
this period: pulp firmness, weight loss, external and internal aspect,
titratable acidity, pH, soluble solids contents, total vitamin C and soluble
sugars (reducing, non-reducing and totals). A significant interaction
was observed among the factors cultivars x time during storage for
pulp firmness, internal aspect and soluble sugars (reducing, nonreducing and totals). The results of this study showed regular increase
of weight loss and decline of pulp firmness during storage. The firmness
of the pulp tissue and external and internal quality declined during
storage for two cultivars, however, the cultivar TSX 32096 showed a
significantly higher pulp firmness and better internal aspect. The values
for pulp firmness at 42 days of storage was18,40 N and 15,38 N for
cultivars TSX 32096 and SUNEX 7057, respectively. The weight loss
observed at 42 and 49 days of storage was 4,60% and 5,12% for the
two cultivars. A decline of titratable acidity, soluble solids contents
and total vitamin C for two cultivars was observed. The total sugars
increased (6,8% to 8,2%) and decline (9,5% to 8,8%) during fruits
storage of cultivars TSX 32096 and SUNEX 7057, respectively. Fruits
of TSX 32096 and SUNEX 7057 melon presented 42 days of shelf
life (30,0 ± 1°C and at relative humidity of 50,0 ± 5%).
(Aceito para publicação em 01 de dezembro de 2.000).
O
melão (Cucumis melo L.) é derivado de formas nativas encontradas na Índia (Salunke & Desai, 1984).
Apresenta plantas anuais, herbáceas,
42
caule prostrado, com número de hastes
e ramificações variáveis em função da
cultivar (Pedrosa, 1997). Os frutos cultivados apresentam considerável varia-
ção de tamanho, forma e peso; a casca
pode apresentar-se lisa, enrugada, tipo
“rede” ou em forma de gomos. Os frutos imaturos são normalmente verdes e
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.
quando maduros mudam para amarelo,
dependendo da cultivar. É uma das espécies olerícolas de maior expressão
econômica e social para a região Nordeste do Brasil, gerando cerca de 20.000
a 30.000 empregos diretos, sem contar
com aqueles relacionados com o transporte, comercialização e venda de
insumos (Pedrosa, 1997).
Esse interesse tem sido estimulado
pela crescente exportação e condições
ótimas de clima para o desenvolvimento dessa cultura. A alta luminosidade,
os baixos índices pluviométricos (com
exceção do período de janeiro a maio
que é a estação chuvosa) e a baixa umidade relativa do ar, além da inexistência
da mosca-das-frutas, permitem uma produção durante quase todo o ano.
No Brasil, a produção de melão concentra-se na região Nordeste de modo
especial nos Estados de Pernambuco,
Bahia, Paraíba, Ceará e Rio Grande do
Norte, onde 90% da área total plantada
é responsável por cerca de 91% da produção nacional (Dias et al. 1998). Em
1998 as 58.900 toneladas exportadas
deram ao Estado do Rio Grande do Norte o título de líder nacional, com 91%
de participação no mercado, com um aumento de 34,2% em volume com relação a 1996.
A qualidade de um produto agrícola
(fruto ou hortaliça) pode ser definida
através de critérios de qualidade. Estes
incluem propriedades nutricionais (vitaminas, proteínas, carboidratos etc.),
higiênicas (condição microbiológica,
conteúdo de componentes tóxicos, etc.),
tecnológicas
(capacidade
de
armazenamento) e sensoriais (aparência,
aroma, textura etc.). Quando se conhece o critério que caracteriza a qualidade
de um produto utiliza-se métodos de
mensuração que variam desde técnicas
instrumentais avançadas até análise sensorial (Menezes, 1996).
Em melão, o termo qualidade na précolheita tem sido relacionado a diferentes características, sendo as mais estudadas a firmeza da polpa, o conteúdo
de sólidos solúveis totais (SST), a avaliação subjetiva relacionada à aparência
(externa e interna), o conteúdo de açúcares solúveis (redutores, não-redutores
e totais), bem como, a perda de peso e o
valor nutricional (conteúdo vitamínico).
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
O conteúdo de SST, definido como a
percentagem de sólidos solúveis no suco
extraído da polpa, é um fator tradicionalmente usado para assegurar a qualidade do melão, embora em alguns casos seja considerado como um indicador de qualidade falho (Menezes et al.,
1998b). A importância do SST na qualidade dos frutos é relatada por Cohen
& Hicks (1986), que comprovaram uma
forte correlação entre o SST e a aceitação, doçura e aroma.
Yamaguchi et al. (1977), em estudo
sobre a correlação entre análise sensorial e SST em cantaloupe, determinaram
outros atributos de qualidade, tais como:
firmeza da polpa, aparência (interna e
externa) e compostos voláteis.
A firmeza da polpa é um dos principais atributos de qualidade em frutos.
Suas propriedades mecânicas de resistência dos tecidos se correlacionam com
as características estruturais do conglomerado celular, sendo também um dos
recursos mais utilizados no acompanhamento do amolecimento dos frutos, uma
vez que sofre alterações durante este
processo (Tucker, 1993), sendo uma
ocorrência
importante
no
armazenamento de frutos e hortaliças.
Dos atributos de qualidade, a textura se
caracteriza como um dos mais importantes, constituindo-se, portanto, em um
dos desafios da fisiologia pós-colheita
para manutenção da integridade dos frutos. Sob o ponto de vista de manuseio
pós-colheita, a textura é essencial, em
razão de frutos com maior firmeza serem mais resistentes às injúrias mecânicas durante o transporte e
comercialização (Grangeiro, 1997).
Mutton et al. (1981) concluíram, a partir de modelos matemáticos que o nível
mínimo sugerido para a firmeza da polpa por ocasião da colheita dos melões
‘PMR 45’, ‘Goldpack’ e ‘Gulfstream’
deve estar entre 9,80 N e 19,60 N.
A vitamina C é muito encontrada no
reino vegetal e recebe o nome de ácido
ascórbico, forma principal de atividade
biológica. Ao se oxidar, o ácido
ascórbico transforma-se em ácido
dehidroascórbico, que também possui
atividade de vitamina C. O requerimento
diário do homem em vitamina C se encontra na faixa de 50 mg. O conteúdo
de vitamina C total em melão é relati-
vamente baixo quando comparado com
outras culturas como o caju, abacaxi,
manga e acerola. Os frutos constituem
a fonte natural mais importante de vitamina C (ácido ascórbico) para os seres
humanos, e os que se destacam pelo alto
conteúdo desse ácido são: acerola, caju,
mamão, goiaba, citrus, morango, manga, caqui, kiwi, maracujá e tomate
(Awad, 1993). Evensen (1983) considerou o conteúdo de ácido ascórbico um
importante fator de qualidade para as
cultivares Superstar, Classic, Roadside,
Star Headliner, Star Trek e Harvest Pride
durante o armazenamento. Dhiman et al.
(1995) reportaram que o teor de ácido
ascórbico pode ser usado como forma de
avaliar a qualidade de diferentes cultivares de melão. Kader (1992), Salunke &
Desay (1984) e Cohen & Hicks (1986)
levaram em consideração critérios visuais,
organolépticos, texturais e nutritivos.
Artés et al. (1993) ampliaram os critérios
de qualidade para o melão, estudando
peso, tamanho, forma, espessura da casca, proporção da porção comestível, firmeza, SST, pH, acidez total titulável,
açúcares redutores e não-redutores, além
do índice de formol, nutrientes minerais
e velocidade de respiração.
Como o consumidor não pode julgar com confiabilidade a qualidade do
melão (conteúdo de açúcar) pela aparência externa, há necessidade de se introduzir padrões de mercado que servem
para prevenir a venda de frutos de baixa
qualidade. Isso indica que há inúmeros
fatores relacionados com a qualidade
pós-colheita do melão, e que o não entendimento por parte dos produtores
poderá desvalorizar substancialmente o
produto a nível de consumidor.
Na região Nordeste há predomínio
do cultivo de melão do grupo inodorus,
devido ao seu maior potencial de conservação pós-colheita (25 a 30 dias) em
relação às cultivares dos grupos
reticulatos e cantaloupe (Souza et al.,
1994), as duas últimas não alcançando
quatorze dias de vida útil pós-colheita
sob condições ambiente. Diversos
genótipos estão sendo plantados no Rio
Grande do Norte, dentre eles, o ‘Gold
Mine’, ‘AF 646’, ‘AF 682’ e ‘Piel de
Sapo’, todos pertencentes ao grupo
inodorus. Anualmente, verifica-se a introdução de diversos genótipos de melão com o objetivo de diversificar o pro43
J.B. Menezes et al.
duto a ser oferecido aos mercados interno e externo. O conhecimento sobre
o comportamento pós-colheita desses
novos materiais é fundamental para que
o produtor possa decidir sobre a sua introdução em plantios comerciais, haja
visto que os principais mercados consumidores (Região Sudeste do Brasil e
Europa) necessitam que o produto apresente bom potencial de conservação póscolheita.
A importância econômica da cultura tem estimulado a intensificação das
pesquisas nos últimos anos sobre fisiologia, bioquímica e tecnologia pós-colheita do fruto (Menezes et al., 1997).
O presente trabalho objetivou avaliar
o potencial de conservação pós-colheita dos genótipos TSX 32096 e SUNEX
7057 armazenados à temperatura de
30,0 ± 1°C e umidade relativa de 50,0 ±
5%, através de características representativas de qualidade.
MATERIAL E MÉTODOS
Os frutos foram obtidos de plantio
comercial localizado no Agropólo
Mossoró–Assu, (RN). O clima dessa
região é quente e seco, com precipitação pluviométrica de 423 mm, temperatura máxima e mínima de 33 e 29°C,
respectivamente. O solo da área experimental é do tipo Podzólico VermelhoAmarelo Equivalente Eutrófico. Colheu-se os frutos no estádio de
maturação comercial, adotando-se como
critério para a colheita um conteúdo
mínimo de sólidos solúveis totais (SST)
de 8,0% e boas características visuais
(externa e internamente). Em seguida,
os frutos foram conduzidos ao Laboratório de Pós-colheita de Frutos e Hortaliças do Departamento de Química e
Tecnologia da ESAM, onde foram pesados, selecionados (eliminando-se os
frutos portadores de imperfeições) e armazenados em uma sala com ar condicionado à temperatura de 30,0 ± 1°C e
umidade relativa de 50,0 ± 5% por até
49 dias.
As avaliações foram realizadas em
intervalos regulares de sete dias. A perda de peso foi determinada em relação
ao peso inicial dos frutos (1.997g e
1.821g para os genótipos TSX 32096 e
SUNEX 7057, respectivamente) por
44
ocasião da colheita e àqueles obtidos em
cada intervalo de amostragem. Os resultados foram expressos em percentagem (%). Para a avaliação da firmeza
da polpa, o fruto foi dividido longitudinalmente em duas partes, sendo que em
cada uma das metades procedeu-se duas
leituras na polpa (em regiões opostas)
com penetrômetro de marca Mc
Cormick modelo FT 327 com ponteira
de 8 mm de diâmetro. Os resultados
obtidos em libras (lbf) foram transformados para Newton (N) utilizando-se o
fator de conversão 4,45.
A avaliação da aparência externa e
interna foi realizada utilizando-se uma
escala visual e subjetiva. A escala
corresponde a notas variando de 1 a 5,
atribuídas por três pessoas treinadas, de
acordo com a severidade dos defeitos
(nota 1 = defeitos extremamente severos
em mais de 50% da área do fruto; nota 2
= defeitos severos em 31 a 50% da área
do fruto; nota 3 = defeitos moderados em
11 a 30% da área do fruto; nota 4 = defeitos leves em 1 a 10% da área do fruto
e, nota 5 = ausência de defeitos). Considerou-se como fruto inadequado para a
comercialização aquele cuja nota apresentou valor igual ou inferior a 3,0 para
quaisquer das avaliações.
A acidez total titulável (ATT) foi
determinada em duplicata utilizando-se
uma alíquota de 25 ml de suco, ao qual
adicionou-se 75 ml de água destilada e
5 gotas de fenolftaleína alcoólica a
1,0%. A seguir procedeu-se a titulação
até o ponto de viragem com solução de
NaOH a 0,1 M, previamente padronizada. Os resultados foram expressos em
percentagem de ácido cítrico, conforme
metodologia proposta por Artés et
al.(1993). O potencial hidrogeniônico
(pH) foi determinado no suco em duplicata, utilizando-se um potenciômetro
digital modelo DMPH-2 Digimed.
O conteúdo de sólidos solúveis totais foi determinado no suco, após
homogeneização da polpa em liqüidificador doméstico e posterior filtração,
por refratometria utilizando-se um
refratômetro digital modelo PR-100
Palette (Attago Co., Ltd, Japan). Os resultados foram expressos em percentagem, conforme metodologia proposta
por Kramer (1973). O conteúdo de vitamina C total foi determinada através
da titulação com iodato de potássio e os
resultados expressos em mg/100 mL de
suco, conforme metodologia proposta
pelo Instituto Adolfo Lutz (1985).
As determinações dos açúcares solúveis totais extraídos do suco foram
realizadas com o suco tendo sido mantido em freezer por um período máximo de 24 horas sendo os açúcares redutores e não redutores analisados pelo
método
de
Somoghy-Nelson
(Southgate, 1991). Os resultados foram
expressos em percentagem.
O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 2 x 8 , onde o primeiro fator referiu-se aos genótipos (TSX 32096 e
SUNEX 7057) e, o segundo, aos intervalos de armazenamento (0, 7, 14, 21,
28, 35, 42 e 49 dias). Foram utilizadas
três repetições com três frutos por parcela, totalizando cento e quarenta e quatro frutos no experimento. Os resultados foram submetidos à análise de
variância através do software SPSSPC
(Norusis, 1990) e detectada interação
significativa procedeu-se a regressão
polinomial através do software Table
Curve (Jandel Scientific, 1991).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve efeito significativo da interação
(p<0,05) para as variáveis firmeza da polpa, aparência interna e açúcares solúveis
(redutores, não-redutores e totais).
Observou-se um decréscimo linear
acentuado na firmeza da polpa para os
dois genótipos (Figura 1). O genótipo
TSX 32096 foi o que apresentou maior
firmeza da polpa ao longo de todo período experimental, com uma firmeza média de 24,14 N, sendo 29% superior à
firmeza do SUNEX 7057. A firmeza
inicial foi de 32,18 amaciando acentuadamente para 16,08 N, correspondendo
a uma redução de 53% na sua firmeza.
O genótipo SUNEX 7057 teve uma firmeza média de 18,72 N sofrendo uma
redução de 40% (23,39N a 14,04 N), do
início ao final do período experimental,
nesta ordem. A menor firmeza da polpa
proporcionada pelo SUNEX 7057 foi
provavelmente devido à características
do ponto de colheita já que o TSX 32096
foi colhido num estádio em que a cor da
casca se apresentava amarelo–verdosa,
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
6
5
30
25
4
20
3
15
10
2
1- Y = 32,1775 0,3281X R = 0,92*
2
2- Y = 23,3900 0,1908X R = 0,96*
2
3- Y = 1,4800 + 0,0742X R = 0,90*
5
2
0
.
35
Perda de peso (%)
.
40
Firmeza da polpa (N)
enquanto que o SUNEX 7057 foi colhido no estádio amarelo. Segundo Tucker
(1993), a perda de turgor (desidratação
dos tecidos) é um dos fatores responsáveis pelo amolecimento. Além disso a
água ajuda a manter a estabillidade estrutural da parede celular (Bartley &
Knee, 1982), sendo possível que a exposição dos frutos a uma temperatura
mais elevada possa ter contribuído para
uma ação mais intensa das enzimas envolvidas no amadurecimento.
Essa redução na firmeza da polpa é
uma característica geral do processo de
amadurecimento em diversos frutos,
inclusive melão, e também foi observado por Miccolis & Saltveit Jr (1991) em
sete cultivares do mesmo grupo
(inodorus). Neste experimento a firmeza da polpa reduziu-se para valores inferiores a 50 N, 60 dias após a antese.
Lester & Shellie (1992) também observaram uma redução acentuada na firmeza da polpa de melões “Honey Dew”
após 10 dias de armazenamento a 18ºC.
Miccolis & Saltveit (1995) observaram
que após três semanas de
armazenamento refrigerado (7, 12 e
15ºC; UR = 90%) frutos das cvs.
Honeydew, Amarelo, Juan Canary e
Golden Casaba apresentaram redução na
firmeza da polpa de 67, 63, 60 e 54%,
respectivamente. Entretanto, nas cvs.
Pacceco e Honey Loupe esta redução foi
de apenas 40% e 32%, nesta ordem.
Verificou-se um comportamento linear crescente na perda de peso ao longo do tempo de armazenamento; no entanto, a interação entre os fatores
genótipos x tempo de armazenamento
não foi significativa (Figura 1). Avaliando os coeficientes de correlação entre a
perda de peso e a firmeza da polpa, percebe-se uma relação inversa, indicando
que a perda de peso pode influenciar na
redução da firmeza da polpa. A perda
de peso atingiu valores médios de 3,30%
(33 kg×t-1) com uma variação de 1,48%
(14,8 kg×t-1) para 5,12% (51,2 kg×t-1)
no início e aos 49 dias de
armazenamento. Essa perda de peso
pode ser atribuída principalmente à perda de umidade (evapotranspiração) e ao
consumo de açúcares (respiração). No
entanto, nesse experimento acredita-se
que a perda de peso tenha sido ocasionada principalmente pelo primeiro fa-
1
0
7
14
21
28
35
42
49
Armazenamento (dias)
1- FP TSX 32096
2- FP SUNEX 7057
PP
Figura 1. Efeito da duração do armazenamento em condições ambiente (T = 30,0 ± 1ºC e
UR = 50,0 ± 5%) sobre a firmeza da polpa (FP) e perda de peso (PP) de melão amarelo,
genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057. Mossoró, ESAM, 1998.
tor (no caso do TSX 32096) e pelo segundo fator (no caso do SUNEX 7057)
como pode ser notado na Figura 5. Os
açucares solúveis totais tiveram um
comportamento crescente e decrescente ao longo do armazenamento para os
dois genótipos mencionados, nesta ordem. Os resultados obtidos neste trabalho são semelhantes àqueles obtidos por
Menezes et al. (1995), em pesquisa realizada com o genótipo AF 646, em que
a perda de peso atingiu valores médios
de 3,60% e 6,70%, aos 25 e 45 dias de
armazenamento, respectivamente. Segundo Kader (1992) a perda de peso é a
causa principal de deterioração no
armazenamento, resultando não apenas
em uma perda quantitativa (perda de
peso), o que ocasiona sérios prejuízos
econômicos (normalmente os frutos são
vendidos por unidade de peso), mas também em uma perda qualitativa
(enrugamento, amolecimento, etc.). No
entanto, a perda de peso de até 4,60%
não foi suficiente para causar alguma
perda na qualidade comercial dos frutos até o período de 42 dias (tempo de
vida útil), a partir do qual os frutos de
ambos genótipos foram afetados qualitativamente no que se refere a sua aparência externa e interna. Esses resultados são concordantes com os trabalho
realizados por Gonçalves et al., (1996),
em que reduções em torno de 5% no
peso dos frutos de melão, não foi suficiente para causar enrugamento da casca ou afetar significativamente a aparência externa dos frutos até 45 dias de
armazenamento.
O comportamento da avaliação subjetiva (aparência externa e interna) pode
ser visto na Figura 2. As principais características que conferiram perda da
qualidade externa dos frutos foram o
murchamento, o surgimento de manchas
escuras devido à senescência e a fermentação, sendo mais aparentes a partir dos
42 dias de armazenamento. Miccolis &
Saltveit Jr (1995) também verificaram
aumento progressivo de manchas superficiais em frutos de melão armazenado
a 7ºC e umidade relativa próxima de
90%. No presente trabalho, os dois
genótipos apresentaram-se com boa
qualidade externa até 42 dias de
armazenamento, quando então começaram a surgir alguns sinais de
senescência. Os genótipos alcançaram
o 42º dia de armazenamento com nota
média de 4,0 (parte do fruto afetada em
1 a 10%) para a aparência externa e interna. O comportamento em relação a
perda da qualidade externa foi idêntico
para ambos os genótipos. No que se refere à aparência interna, o genótipo
SUNEX 7057 foi o mais afetado com o
colapso interno da polpa já que aos 42
dias de armazenamento teve nota mé45
J.B. Menezes et al.
.
6
AparŒncia (esc. 1 - 5)
5
4
3
2
1
0
0
7
14
21
28
35
42
49
Armazenamento (dias)
1- AE TSX 32096 e SUNEX 7057
2- AI TSX 32096
3 AI SUNEX 7057
Figura 2. Efeito da duração do armazenamento em condições ambiente (T = 30,0 ± 1ºC e
UR = 50,0 ± 5%) sobre a aparência externa (AE) e aparência interna (AI) de melão amarelo,
genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057. Mossoró, ESAM, 1998.
6,8
0,1
6,6
0,06
6,4
6,2
6
0,04
5,8
1- Y = 0,1050 0,0008X
2- Y = 5,9167 + 0,0167X
0,02
2
R = 0,86*
2
R = 0,95*
pH (esc. 1 - 14)
.
0,08
ATT (%)
.
0,12
5,6
0
5,4
0
7
14
21
28
35
42
49
Armazenamento (dias)
ATT
pH
Figura 3. Efeito da duração do armazenamento em condições ambiente (T = 30,0 ± 1ºC e
UR = 50,0 ± 5%) sobre a acidez total titulável (ATT) e o potencial hidrogeniônico (pH) de
melão amarelo, genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057. Mossoró, ESAM, 1998.
dia de 3,3 (parte do fruto afetada em 11
a 30%), enquanto que o TSX 32096 alcançou esse mesmo período com nota
média de 4,0 (parte do fruto afetada em
1 a 10%). Considerando que os frutos
com nota menor ou igual a 3,0 eram inadequados ao consumo, conclui-se que a
vida útil pós-colheita dos melões amarelos, genótipos TSX 32096 e SUNEX
7057, limita-se a 42 dias sob condições
46
ambiente (30,0 ± 1°C e umidade relativa
de 50,0 ± 5%). Estes dados são extremamente úteis na estimativa dos limites de
tempo de comercialização para o produto.
Não houve interação significativa
entre os fatores genótipos e tempo de
armazenamento (Figura 3) para as variáveis acidez total titulável (ATT) e pH.
Como pode ser observado na Figura 3,
a acidez decresceu linearmente até o fi-
nal do período experimental, concordando com a elevação no pH, que sofreu
um acréscimo ao longo do
armazenamento. Os resultados mostraram que os dois genótipos tiveram comportamento semelhante durante todo o
período experimental para essas duas
variáveis. Os valores médios para a ATT
no início e aos 49 dias de
armazenamento foram de 0,11% e
0,07% de ácido cítrico, respectivamente. Essa redução pode ser atribuída à
utilização desse ácido no processo respiratório (Campbell, Huber & Koch,
1989). Esses resultados estão de acordo
com os obtidos por Menezes et al.,
(1995) e Gonçalves et al., (1996) para
os genótipos AF 646 e Piel de Sapo armazenados sob refrigeração. Esses autores reportaram uma variação de 0,15%
a 0,10% e de 0,19% a 0,13% para o AF
646 e Piel de Sapo, nesta ordem, do início ao final do período experimental.
Carvalho (1995) reportou um comportamento constante da ATT em melão
Yellow King até 21 dias de
armazenamento a 25 ± 2ºC e 70 ± 5%
de umidade relativa, observando uma
redução a partir desse período. O conteúdo médio foi de 0,14%. Por ocasião
da colheita os frutos apresentaram um
pH médio de 5,92 aumentando para 6,51
aos 49 dias de armazenamento. Aos 42
dias (tempo de vida útil dos genótipos)
o pH médio ficou em torno de 6,43. Esse
aumento no pH pode ser explicado pelo
consumo de ácidos orgânicos durante a
respiração. Esses resultados estão de
acordo com os obtidos por Silva (1993)
para os genótipos Gold Mine e Duna sob
condições ambiente (26,0 ± 2ºC e 65,0
± 2% de umidade relativa). Esse autor
relatou uma variação no pH de 5,47 para
6,17 e 5,55 para 6,05, no início e no final do período experimental, para os
genótipos Gold Mine e Duna, nesta ordem. Apesar da facilidade na
metodologia de análise para a determinação da ATT e do pH, Menezes et al.
(1998b) citam que a variação nos níveis
da ATT durante a maturação do melão
têm pouco significado prático em função da baixa concentração. Assim, o
conteúdo de ácidos orgânicos apresenta
pouca contribuição para o sabor e aroma, o que justifica a ausência de estudos sobre o metabolismo dos ácidos
durante a maturação do melão e
armazenamento.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Armazenamento de dois genótipos de melão amarelo sob condições ambiente.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
13
45
40
12,5
30
11,5
25
11
20
15
10,5
Vitamina C
(mg/100 mL) .
35
12
SST (%) .
Observou-se um comportamento linear e decrescente para o conteúdo de
SST e vitamina C total (Figura 4). A
determinação do conteúdo de sólidos
solúveis, normalmente é feita com o
objetivo de se ter uma estimativa da
quantidade de açúcares presentes nos
frutos, embora, medidos através de um
refratômetro, incluem, além dos açúcares solúveis, pectinas, vitaminas
hidrossolúveis, sais e ácidos orgânicos.
O conteúdo de sólidos solúveis tem sido
usado como um indicador de maturação
e critério de aceitação comercial, no
entanto, a doçura, o sabor o aroma e a
firmeza da polpa, são fatores de qualidade complementar. O conteúdo médio
de SST foi de 11,5%, com uma variação de 12,4% (por ocasião da colheita)
para 10,6% no final do período experimental. Aos 42 dias de armazenamento
os frutos apresentaram um conteúdo
médio de 10,8%. Menezes et al., (1998a)
reportaram conteúdos médios de SST
entre 9% e 10% para os genótipos Gold
Mine e AF 646. Segundo esses mesmos
autores um conteúdo médio de SST superior a 9% é bastante desejável sob o
ponto de vista comercial, em virtude do
SST ser um importante fator de qualidade em muitos países, inclusive no
Brasil. Os valores encontrados para o
SST estão bem acima do exigido para o
mercado americano e europeu que é de
9% e 8%, respectivamente. O elevado
conteúdo de SST pode ter contribuído
para a fermentação alcoólica que ocorreu após esse tempo de armazenamento
o que contribuiu para limitar a vida útil
em 42 dias, no máximo, sob condições
ambiente para os dois genótipos. A alta
concentração de substâncias alcoólicas
é encontrada, principalmente, nos tecidos mais internos que amolecem e subseqüentemente degradam (Motomura,
1994). Alta concentração de substâncias
alcoólicas (acima de 100 mL·100 mL-1
de suco) causa um aroma desagradável
e diminui a qualidade organoléptica e
comercial do produto. O conteúdo de
vitamina C total (ácido ascórbico + ácido dehidroascórbico) foi afetado significativamente pelo tempo de
armazenamento, havendo oxidação desses componentes durante o período experimental (Figura 4). A redução foi da
ordem de 80% até 49 dias de
armazenamento. O conteúdo médio foi
10
1- Y = 12,3717
2- Y = 31,4817
10
2
0,0367 R = 0,98*
2
0,5129 R = 0,81*
5
9,5
0
0
7
14
21
28
35
42
49
Armazenamento (dias)
1- SS
2- Vitamina C total
Figura 4. Efeito da duração do armazenamento em condições ambiente (T = 30,0 ± 1ºC e
UR = 50,0 ± 5%) sobre os sólidos solúveis totais (SST) e a vitamina C de melão amarelo,
genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057. Mossoró, ESAM, 1998.
de 18,92 mg 100 mL-1 com uma variação de 31,48 mg 100 mL-1 (por ocasião
da colheita) para 6,35 mg 100 mL-1 (no
final do experimento). Aos 42 dias o
conteúdo médio foi 9,94 mg 100 mL-1.
O conteúdo de vitamina C total em melão é relativamente baixo quando comparado com outras culturas como o caju,
abacaxi, manga e acerola. Dhiman et al.
(1995) analisando o teor vitamínico de
quatro cultivares de melão encontraram
variações de 24,90 mg·100 mL-1 a 32,49
mg.100 mL-1. O conteúdo médio foi de
32,49; 27,73; 28,50 e 24,90 mg×100 mL –1,
respectivamente para as cultivares MR–
12, Hara Madhu, Punjab Sunehri e
Punjab. Eitenmiller (1987) encontrou
valores médios de 28 mg×100 mL –1 de
peso fresco para melões cantaloupe contra 15,00 mg×100 mL –1 nos melões
“Honeydew”. O conteúdo de vitamina
C total aumenta com o desenvolvimento do fruto declinando durante o
armazenamento. Menezes et al. (1998a)
reportaram um acúmulo no conteúdo de
vitamina C total 20,63 mg×100 mL–1
para 32,23 mg×100 g–1 do melão tipo
Galia Nun 1380.
O comportamento dos principais
açúcares solúveis encontrados nestes
genótipos (redutores, não-redutores e
totais) está expresso na Figuras 5. Verificou-se comportamento diferenciado
com redução no conteúdo de açúcares
redutores no genótipo TSX 32096 de
5,34% para 3,21% do início ao final do
experimento acompanhada por acúmulo
nos açúcares não-redutores que variaram de 1,45% para 4,70%. Entretanto,
para o genótipo SUNEX 7057, foi observado acúmulo nos açúcares redutores (variação de 3,89% para 5,12%) e
decréscimo nos açucares não-redutores
de 5,58% para 3,54%. Como os açúcares redutores apresentam maior poder
adoçante que a sacarose, pode-se inferir que houve aumento na qualidade
organoléptica nos frutos do genótipo
SUNEX 7057 durante o armazenamento
até os 42 dias. A composição de açúcares solúveis totais do melão tem recebido considerável atenção em função da
sua importância na determinação da
qualidade. O conteúdo de açúcares solúveis totais encontrado neste experimento, que foi em média de 8,2% e
8,8%, aos 42 dias de armazenamento,
para os genótipos TSX 32096 e SUNEX
7057, nesta ordem, são semelhantes aos
obtidos por Menezes et al., (1995) para
AF 646.
Deste modo, pode-se concluir que os
genótipos estudados conservam as suas
características de qualidade por um período de até 42 dias de armazenamento
sob condições ambiente, sem perdas significativas de suas propriedades
47
J.B. Menezes et al.
6
10
9
8
7
.
4
6
3
5
4
2
1- Y = 5,3442 0,0435X
2- Y = 3,8850 + 0,0253X
3- Y = 1,4492 + 0,0774X
4- Y = 5,5817 0,0417X
5- Y = 6,7917 + 0,0339X
6- Y = 9,4858 0,0167X
1
2
R = 0,99*
2
R = 0,99*
2
R = 0,96*
2
R = 0,95*
2
R = 0,88*
2
R = 0,78*
3
2
AST (%)
AR e ANR (%) .
5
1
0
0
0
7
14
21
28
35
42
49
Armazenamento (dias)
1- AR TSX 32096
2- AR SUNEX 7057
3- ANR TSX 32096
4- ANR SUNEX 7057
5- AST TSX 32096
6- AST SUNEX 7057
Figura 5. Efeito da duração do armazenamento em condições ambiente (T = 30,0 ± 1ºC e
UR = 50,0 ± 5%) sobre os açúcares redutores (AR), não-redutores (ANR) e totais (AST) de
melão amarelo, genótipos TSX 32096 e SUNEX 7057. Mossoró, ESAM, 1998.
organolépticas,
podendo
ser
comercializado em qualquer lugar do país,
já que sua vida útil foi superior a 25 dias.
AGRADECIMENTOS
Os recursos desta pesquisa foram
oriundos do convênio ESAM/
VALEFRUTAS/CNPq–BIOEX. Agradecemos também aos proprietários da
Fazenda São João Ltda pela concessão
dos frutos.
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OTTO, R.F.; REGHIN, M.Y.; SÁ, G.D. Utilização do ‘não tecido’ de polipropileno como proteção da cultura de alface durante o inverno de Ponta Grossa PR. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p.49-52, março 2.001.
Utilização do ‘não tecido’ de polipropileno como proteção da cultura de
alface durante o inverno de Ponta Grossa – PR.
Rosana Fernandes Otto; Marie Yamamoto Reghin; Guilherme Domingues Sá1
UEPG, Depto. de Fitotecnia e Fitossanidade, Praça Santos Andrade s/n, 84.010-790, Ponta Grossa, PR. E.mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O experimento foi realizado na UEPG, Ponta Grossa, PR. Estudou-se o efeito da proteção com ‘não tecido’ de polipropileno sobre
o desenvolvimento, a qualidade e a produção de três cultivares de
alface, transplantadas no inverno de 1998. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, distribuído segundo esquema
fatorial 3x2 (cultivares x sistema de cultivo), com 5 repetições. As
cultivares utilizadas foram Tainá, Elisa e Verônica, cultivadas sob a
proteção do ‘não tecido’ de polipropileno (PP) e em ambiente natural (AN). O uso do ‘não tecido’ como proteção de plantas de alface
resultou em maior peso de matéria fresca de cabeça para todas as
cultivares estudadas quando comparado ao AN. Verificou-se, para
as cultivares Tainá e Verônica, incremento do índice de área foliar,
com conseqüente aumento da biomassa das plantas produzidas sob
o ‘não tecido’. A cultivar Elisa apresentou limbo foliar com aspecto
de estiolamento, perdendo a turgidez rapidamente após a colheita.
Possivelmente, os níveis de radiação sob PP foram inferiores ao ponto
de saturação fotossintética para a cv. Elisa. Recomenda-se o uso do
‘não tecido’ para as cultivares Verônica e Tainá, no inverno, para a
região de Ponta Grossa, por apresentarem cabeças com ótima qualidade e peso comercial.
Use of non woven polypropylene protection under lettuce
crop during winter season in Ponta Grossa, Brazil.
Palavras-chave: Lactuca sativa L., cultivo protegido,
polipropileno, estiolamento, agrotêxtil.
A field experiment was carried out in ‘’Capão da Onça’’ School
Farm, at the Universidade Estadual de Ponta Grossa in Brazil. The
effect of the protection of an spunbonded polypropylene non woven
fabric on the development, quality and yield of three lettuce cultivars,
transplanted during the winter of 1998 was studied. The experimental
design was of complete randomized blocks, displayed in a factorial
scheme 3x2 (cultivars x crop system), with five replications. The
cultivars were Tainá, Elisa and Verônica growing under non woven
polypropylene protection (PP) and environmental conditions (EC).
Greater head fresh weight was observed on woven protected plants.
Increased leaf area index (LAI) was observed for ‘Tainá’ and
‘Verônica’, with consequent increase of biomass in row cover plants.
‘Elisa’ showed etiolate leafs, that lost rapidly the turgidity after
harvesting. It is possible that the radiation levels under PP were
bellow of the saturated photosynthetic point for cv. Elisa. The use
the non woven protection for cv. Verônica and cv. Tainá, during winter
season of Ponta Grossa`s region is recommended, due to the fact
that these plants presented heads with excellent quality and
commercial weight.
Keywords: Lactuca sativa L., protected cultivation, polypropylene,
etiolation, row cover.
(Aceito para publicação em 15 de janeiro de 2.001)
A
alface é a principal hortaliça
folhosa no mercado consumidor
brasileiro. Nos últimos anos, a produção da cultura tem passado por mudanças significativas, tanto em relação a cultivares quanto aos sistemas de produção. Atualmente, em contraste com o
cultivo tradicional no campo, os produtores têm investido cada vez mais no
cultivo protegido de alface (estufas, tú-
1
neis, etc.), utilizando mudas de qualidade e diferentes substratos para crescimento.
Nesse sentido, o cultivo de alface
sob proteção do ‘não tecido’ de
polipropileno (também conhecido como
agrotêxtil) pode ser uma alternativa promissora para o produtor. A técnica consiste na colocação do material diretamente sobre a cultura ou sobre o solo
semeado, não necessitando de qualquer
estrutura de apoio. Os resultados têm
demonstrado aumento na produção, na
precocidade e na melhoria da qualidade
do produto comercial (Wells & Loy,
1985; Hemphill & Mansour, 1986; Jenni
& Stewart, 1989; Fuello et al., 1993;
Borosic et al., 1994; Otto, 1997; Otto &
Reghin, 1999; Reghin et al., 2000; Otto
et al., 2000a). O uso do agrotêxtil ofe-
Estudande de graduação do curso de agronomia da UEPG, Ponta Grossa, PR.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
49
R.F. Otto et al.
rece proteção contra fatores climáticos
adversos (Hernández & Castilla, 1993;
Otto et al., 2000b) e contra pragas (Wells
& Loy, 1985; Benoit & Ceustemans,
1992/3; Gregoire, 1992). Apresenta ainda facilidade no manuseio do material
(Otto, 1997) e requer menor investimento inicial, se comparado a outros sistemas de proteção de cultivo.
A realização de trabalhos verificando o efeito do agrotêxtil sobre diferentes espécies hortícolas é algo recente no
Brasil. Na produção de mudas de
mandioquinha-salsa observou-se efeito
benéfico da proteção tendo como resultado a formação de mudas mais uniformes, precoces e vigorosas quando comparadas àquelas formadas sem proteção
com agrotêxtil (Reghin et al., 2000).
Também, na região de Ponta Grossa,
verificou-se maior precocidade e incrementos de até 124% no peso de raízes
tubérosas de beterraba cultivada sob
agrotêxtil em relação às plantas não protegidas (Otto & Reghin, 1999). Em tomate e pimentão, a colocação do ‘não
tecido’ sobre as mudas recém transplantadas danificou o ponto de crescimento
das plantas, atrasando o início da fase
reprodutiva (Foltran et al., 1999), porém resultando em aumento da produção total para o pimentão (dados não
publicados).
Nos Estados Unidos e Europa a técnica já é conhecida desde os anos 70,
sendo utilizada para diferentes espécies.
Em alface, cultivada durante o outonoinverno de Astúrias – Espanha, verificou-se que o uso do agrotêxtil promoveu o aumento do peso de matéria fresca da cabeça em relação ao cultivo sem
proteção. Constatou-se também maior
precocidade na formação de cabeças
(Fuello et al., 1993).
No Canadá, foi verificado que, para
alface americana transplantada na primavera, deve-se manter a proteção com
o agrotêxtil até a cobertura total do solo
pelas plantas, visto que promoveu incremento no peso e firmeza das cabeças de alface sob proteção (Jenni &
Stewart, 1989). O estágio ótimo para
retirada da cobertura pareceu depender
das temperaturas encontradas, visto que
temperaturas excessivas resultaram em
necrose e queima das folhas externas.
Entretanto, as respostas obtidas em
relação a incremento de produção e
50
melhora da qualidade da alface protegida com agrotêxtil não são unânimes.
Durante o período de inverno e sob precipitações fortes e constantes de Córdoba, Espanha, foi verificado estiolamento
e danos no limbo foliar das plantas cultivadas sob a proteção, impedindo, desta maneira, a formação da cabeça comercial. Parte deste resultado pôde ser
explicado pelo baixo nível de radiação
fotossinteticamente ativa incidente nesta
época do ano. Nesta condição, os baixos níveis de radiação foram mais prejudiciais às plantas protegidas do que o
efeito benéfico do aumento de temperatura de ar e do solo verificados, resultantes do uso da proteção com agrotêxtil
(Otto, 1997).
No Brasil, pouco se conhece sobre
o efeito da proteção de polipropileno
sobre as diferentes espécies hortícolas.
Alguns produtores tem usado o material
para o cultivo da alface, porém não se
conhece se os resultados são semelhantes para os principais grupos da espécie
aqui comercializados (alface lisa, crespa e americana). Em Ponta Grossa o
prolongado período com temperaturas
baixas e a ocorrência de geadas no inverno, dificulta o cultivo da alface em
ambiente natural, apresentando perdas
e aumento no ciclo da espécie.
Desta maneira, o presente trabalho
teve como objetivo estudar a influência
do uso da cobertura com ‘não tecido’ de
polipropileno (agrotêxtil) sobre o desenvolvimento, a qualidade e a produção de
três cultivares de alface, cultivadas no
inverno, na região de Ponta Grossa.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido na
Universidade Estadual de Ponta Grossa
no inverno de 1998, em um solo
podzólico vermelho amarelo textura
média. O inverno da região é caracterizado por temperaturas mínima e máxima de 12 e 20oC, respectivamente, com
ocorrência de geadas freqüentes durante todo o período. O preparo da área
consistiu no destorroamento do solo e
na incorporação de esterco bovino (5
kg.m-2) com enxada rotativa e no preparo de canteiros. A adubação de base adotada foi de 100 g.m-2 da formulação 414-8, de acordo com o resultado da aná-
lise de solo. Aos 10 e 20 dias após o
transplante, realizaram-se as adubações
de cobertura com 5 g/planta de
nitrocálcio.
As mudas foram produzidas em bandejas de poliestireno expandido, com
128 células, com substrato comercial e
transplantadas em 13/05/98 quando
apresentavam quatro folhas definitivas.
O espaçamento utilizado foi 30x30 cm,
distribuído em parcelas experimentais
de 1,20x2,10m, para todas as cultivares,
totalizando de 28 plantas/parcela. O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualisado, distribuído
segundo esquema fatorial 3x2 (cultivares x sistema de proteção), com cinco
repetições.
As cultivares utilizadas foram Elisa
(grupo manteiga), Verônica (grupo crespa) e Tainá (grupo americana), cultivadas em ambiente natural (AN) e sob proteção do ‘não tecido’ de polipropileno
(PP) ou agrotêxtil, de coloração branca,
com 20 g.m-2.
O agrotêxtil foi colocado diretamente
sobre as mudas transplantadas de alface.
Para evitar a movimentação do material,
utilizaram-se varas de bambu, as quais
foram enroladas nas bordas do material e
colocadas em contato com o solo.
Para avaliação do trabalho, foram
colhidas seis plantas centrais/parcela de
cada cultivar. Isto ocorreu aos 47 dias
após o transplante para a ‘Verônica’ e
aos 54 dat para a ‘Elisa’ e ‘Tainá’. Neste período iniciou-se o desenvolvimento de Sclerotinia sclerotiorum na área
de cultivo, o que fez com que todo o
experimento fosse colhido na última
data descrita, ainda que somente as plantas sob agrotêxtil houvessem completado o ciclo produtivo.
Para cada planta, avaliaram-se o
peso de matéria fresca, o número de folhas e o peso de matéria seca após secagem em estufa a 70oC.
A área foliar de cada planta colhida/
parcela foi estimada pelo método de
Blackman & Wilson (1951), adaptado
para este experimento. Retiraram-se
quatro folhas de cada planta, em diferentes fases de desenvolvimento. Em
seguida, da parte central de cada folha
foi retirado um disco do limbo foliar,
utilizando-se um cilindro de metal com
21,88 cm2 de área interna. Os discos
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Utilização do ‘não tecido’ de polipropileno como proteção da cultura de alface durante o inverno de Ponta Grossa - PR.
foram secados em estufa a 70°C e pesados. A área foliar foi, então, determinada pela equação
ND x AD x PSL
AF= ————————— (1)
PSD
em que: AF = área foliar da planta
(cm 2 ); ND = número de discos
amostrados; AD = área do disco (cm2);
PSL = peso da matéria seca do limbo
foliar (g) e PSD = peso da matéria seca
dos discos (g).
Com base nos dados de área foliar,
de peso de matéria seca das plantas e de
espaçamento, calculou-se o Índice de
Área Foliar (IAF), a Biomassa Total
(BT, g.m-2) e a Superfície Foliar Específica (SFE, cm2.g-1) para cada uma das
plantas avaliadas.
Foi realizada a análise de variância
para todas as características estudadas.
Para os resultados que apresentaram
interação significativa, as médias entre
os tratamentos foram comparadas pelo
teste Tukey, em 5% de probabilidade,
para cada cultivar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A interação entre cultivares x sistema de proteção foi significativa para
todas as variáveis estudas, exceto para
número de folhas/planta e SFE.
O uso do ‘não tecido’ como proteção de plantas de alface resultou em
maior peso da matéria fresca de cabeça,
para todas as cultivares estudadas, comparativamente ao cultivo em ambiente
Tabela 1. Peso de matéria fresca, biomassa e índice de área foliar das cultivares de alface
produzidas em ambiente natural (AN) e sob proteção de ‘não tecido’ de polipropileno (PP).
Ponta Grossa, UEPG, inverno de 1998.
Característica
Peso da
matéria
fresca, g
Biomassa,
g.m-2
IAF, m.m-2
S istema de
cu ltivo
AN
PP
CV (%)
AN
PP
CV (%)
AN
PP
CV (%)
Elisa
224,6 bA *
305,8 aA
138,7 aA
146,6 aB
1,51 bA
1,97 aB
Cu ltivar
Tain á
191,7 bA
297,9 aA
9,7
125,4 bA
156,0 aB
12,1
1,13 bA
1,88 aB
12,7
Verôn ica
141,7 bB
292,3 aA
91,7 bB
201,5 aA
1,17 bA
2,75 aA
*Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem
estatisticamente entre si, pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
natural (Tabela 1). A maior produção das
plantas sob agrotêxtil refletiu também
em maior número de folhas por planta
em relação àquelas cultivadas em ambiente natural (Tabela 2), caracterizando uma maior atividade metabólica, com
menor intervalo de dias para emissão de
novas folhas.
Resultados semelhantes referentes a
maior crescimento das plantas em ambiente protegido vêm sendo verificados
por outros autores. Streck et al. (1994),
em Santa Maria (RS), verificaram maiores valores para número de folhas para
duas cultivares de alface cultivadas sob
túnel baixo, no inverno e na primavera,
comparadas ao cultivo em ambiente
externo. Segovia (1991), durante o inverno de Santa Maria, comparou três
cultivares de alface cultivadas em ambiente natural e sob estufa plástica e
verificou aumento significativo no número de folhas ao longo de todo o período avaliado para o cultivo em estufa.
Printz & Faus (1988), em Marrocos, relataram incremento de 34% no peso
médio de cabeça de alface cultivada sob
‘não tecido’, em relação ao cultivo ao
ar livre. Fuello et al. (1993), durante o
período de outono-inverno de Astúrias,
Espanha, verificaram que a utilização do
‘não tecido’ combinado com cores preta ou branca aumentou em 81% e 183%,
respectivamente, a produção de alface
relativamente ao uso exclusivo do
‘’mulching’’ preto ou branco.
Entretanto, o incremento no peso de
matéria fresca da cabeça não é a única
Tabela 2. Número de folhas por planta e superfície foliar específica (SFE) das cultivares de alface produzidas em ambiente natural (AN) e
sob proteção de ‘não tecido’ de polipropileno (PP). Ponta Grossa, UEPG, inverno de 1998.
Característica
S istema de
cu ltivo
No.de folhas/ planta
SFE, cm2.g-1
AN
PP
Média
CV (%)
AN
PP
Média
CV (%)
Elisa
35,2
39,5
37,3 A
Cu ltivar
Tain á
20,1
24,2
22,2 B
Verôn ica
16,0
20,8
18,4 C
Média
23,8 a
28,2 b
4,5
108,1
137,6
122,8 A
91,1
121,6
106,3 B
127,5
137,7
132,6 A
108,9 a
132,3 b
10,6
*Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey ao nível
de 5% de probabilidade.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
51
R.F. Otto et al.
característica a ser considerada na produção comercial da alface. O limbo foliar
deve ser bem formado, isento de lesões,
tenro, porém firme. Sob estes aspectos,
as cabeças de ‘Elisa’, produzidas sob a
proteção, apresentaram qualidade comercial inferior ao cultivo em AN, ainda que
o peso de matéria fresca tenha sido maior
sob PP. O uso do ‘não tecido’ de
polipropileno promoveu incremento no
índice de área foliar, porém, não houve
aumento na biomassa da planta (Tabela
1), caracterizando estiolamento das mesmas. Como resultado, verificou-se um
limbo excessivamente tenro, que perdeu
a turgidez imediatamente após a colheita. Este fato, possivelmente, ocorreu devido aos níveis de radiação solar incidentes sob a proteção serem inferiores ao
ponto de saturação de fotossíntese da
cultivar. Isto contribui para que os valores de superfície foliar específica (SFE)
das plantas cultivadas sob PP sejam maiores que das plantas em AN (Tabela 2),
caracterizando folhas mais finas, com
menor espessura. Entretanto, esse fator
não é desejável para cultivares cujas folhas são naturalmente finas e tenras, com
é o caso da ‘Elisa’, comparada à
‘Verônica’ ou ‘Tainá’. O aumento dos
valores de SFE para ‘Elisa’ resultaram
em folhas de qualidade inferior.
Resultados semelhantes foram constatados por Otto (1997), no cultivo da
alface sob polipropileno, durante o inverno, em Córdoba, Espanha. Neste estudo, verificou-se que o uso do ‘não tecido’ de polipropileno (17 g/m2) reduziu, em média, 20% da radiação
fotossinteticamente ativa (PAR) incidente sobre a proteção. Observou-se ainda que, como no inverno, a inclinação
dos raios solares é menor do que em
outras estações do ano, os níveis de radiação PAR incidente foram inferiores
ao ponto de saturação fotossintética da
espécie, resultando em aumento da superfície foliar específica (SFE), sem incremento de biomassa.
No presente estudo, para as cultivares Tainá e Verônica, verificou-se que
além do aumento verificado no peso de
matéria fresca devido a proteção do
polipropileno, as plantas apresentaram
incremento significativo na produção de
biomassa quando comparadas ao tratamento “ambiente natural” (Tabela 1).
Possivelmente, a modificação
52
microclimática devido ao uso da proteção favoreceu o aumento da área foliar,
promovendo a captação de radiação, o
que resultou em maior produção de
fotoassimilados por essas cultivares.
Provavelmente, os níveis de radiação
sob ‘não tecido’ de polipropileno foram
superiores ao ponto de saturação
fotossintética para ambas cultivares na
maior parte do dia.
O incremento relativo de biomassa
para a cv. Tainá cultivada sob ‘não tecido’ comparado ao ambiente natural foi
de 24,4%, enquanto que para ‘Verônica’
foi de 119,7%. É provável que essa diferença seja devido a características
morfológicas das cultivares. As plantas
da ‘Tainá’ sob a proteção formaram cabeça comercial, fazendo com que a
sobreposição das folhas diminuíssem a
atividade fotossintética das mesmas.
Entretanto, comparativamente à arquitetura das folhas, a cv. Verônica facilitou a captação de radiação e,
consequentemente, resultou em maior
produção de fotoassimilados.
Assim, a proteção da cultura da alface com agrotêxtil (20 g.m-2), durante o
inverno de Ponta Grossa, favoreceu o
desenvolvimento, a produção e a qualidade das cultivares Verônica e Tainá. As
plantas apresentaram não só cabeça bem
formada, como também folhas com ótimas características comerciais. Já a cv.
Elisa apresentou cabeças de bom tamanho comercial, porém com folhas excessivamente tenras, não sendo recomendável a proteção com o polipropileno para
o cultivo no inverno de Ponta Grossa.
AGRADECIMENTOS
Agrademos a Cia Providência - Divisão Não Tecido, pela cessão do material
de polipropileno utilizado neste trabalho.
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Efeito da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos, no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateiro
tutorado em duas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação.
Maria Urbana C. Nunes; Maria Lourdes S. Leal
Embrapa Tabuleiros Costeiros, C. Postal 44, 49.001-970 Aracaju – SE. E.mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Avaliou-se o efeito de biofertilizante, associado ou não a produtos biológicos e químicos, em diferentes condições de irrigação, sobre a produção do tomateiro tutorado e a ocorrência da broca pequena do fruto. Os experimentos foram conduzidos na região de Itabaiana
(SE) nos períodos seco e chuvoso. O delineamento experimental foi
de blocos ao acaso com 13 tratamentos e quatro repetições, sendo
cada parcela composta de 48 plantas no espaçamento de 1,00 x 0,50
m com uma planta por cova conduzida com duas hastes. A eficiência dos tratamentos variou com a época de plantio e com o sistema
de irrigação utilizado. De modo geral, na época chuvosa, obteve-se
maiores produções totais e comerciais superando as produções obtidas na época seca em 82% e 59%, respectivamente, e um maior
peso médio de frutos. Também na época chuvosa a percentagem de
frutos brocados foi significativamente superior àquela obtida na época
seca. Para o plantio na época seca, os melhores tratamentos foram:
a) com irrigação por aspersão: Bacillus thuringiensis subsp. Kurstaki
(Btk) isolado ou em combinação com clorfluazuron; deltametrina +
clorfluazuron e Btk + biofertilizante; b) com irrigação por
gotejamento: Btk + clorfluazuron. Para o plantio na época de chuva
destacaram-se os tratamentos: a) com irrigação por aspersão: Btk +
clorfluazuron; biofertilizante + teflubenzuron e clorfluazuron; b) com
irrigação por gotejamento: biofertilizante + clorfluazuron e
biofertilizante + abamectin.
Effect of biofertilizer, and others biological and chemical
products, in controlling the fruit small driller and in the
production of staked tomato in two planting seasons and two
irrigation systems.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Bacillus thuringiensis,
Neoleucinodes elegantalis, irrigação por aspersão, irrigação por
gotejamento, tomate.
Keywords: Lycopersicon esculentum, Bacillus thuringiensis,
Neoleucinodes elegantalis, sprinkler irrigation, drips irrigation,
tomato.
The objective of this study was to evaluate the effects of a
biofertilizer associated or not with biological and chemical products
under different irrigation systems upon the yield of staked tomato
and the occurrence of the “small fruit borer”. The experiments were
carried out at Itabaiana county, Sergipe State, Brazil, during the dry
and wet seasons, on a randomized blocks design with 13 treatments
and four replications. Each plot contained 48 plants, with two
branches, spaced by 1.00 x 0.50 with one plant of two stems. The
efficiency of the treatments varied according to the seasons and to
the irrigation systems. Total and commercial yields in the wet season
were respectively, 82 and 59% greater than the ones obtained in the
dry season, also with a higher average fruit weight. Percentage of
drilled fruits was significantly higher in the wet season than in the
dry season. Best treatments for the dry season were: a) sprinkler
irrigation: Bacillus thuringiensis variety Kurstaki (Btk) alone or in
combination with clorfluazuron; deltametrina + clorfluazuron and
biofertilizer + Btk; b) drip irrigation: Btk + clorfluazuron. For the
wet season sowing the best treatments were: a) sprinkler irrigation:
Btk + clorfluazuron; biofertilizer + tefluazuron and clorfluazuron,
and b) drip irrigation: biofertilizer + clorfluazuron and biofertilizer
+ abamectin.
(Aceito para publicação em 01 de fevereiro de 2.001)
O tomate é uma das principais hortaliças cultivadas nas regiões produtoras do
Estado de Sergipe. A região agreste de
Itabaiana lidera a produção com uma área
colhida de 116 hectares e rendimento
médio de 13,60 t/ha (IBGE, 1996).
O tomate consumido nos sete Estados dentro dos Tabuleiros Costeiros provém em grande parte da importação, a
exemplo de Sergipe, que atende apenas
21% de sua demanda interna. Ao lado
dessa dependência por importação, existem grandes áreas produtoras e/ou em
potenciais dentre os 305 municípios dos
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Tabuleiros Costeiros. Entretanto, um dos
principais entraves à cultura do tomate
na região deve-se à ocorrência de pragas, especialmente da broca pequena do
fruto (Neoleucinodes elegantalis). A
mesma ocorre durante todos os meses
do ano, sendo mais problemática na época das chuvas (maio a agosto) quando
causa perdas de produção de até 90%.
Causa danos diretamente nos frutos, tornando-os imprestáveis ao consumo. O
adulto deposita os ovos junto ao cálice
ou sob as sépalas. As lagartas recémeclodidas levam em média 50 a 60 mi-
nutos para penetrarem nos frutos ainda
pequenos, nos quais deixam um orifício quase imperceptível, ocorrendo perfeita cicatrização. As lagartas desenvolvem-se no interior dos frutos, alimentando-se da polpa. No final de seu desenvolvimento, com aproximadamente
30 dias, abandonam o fruto fazendo um
orifício grande e muitas vezes causando o apodrecimento. As lagartas de coloração rósea, de 11 a 13 mm de comprimento, empupam no solo próximo à
planta por um período de 17 dias
(Sandre Júnior et al., 1992). A infestação
53
M.U.C. Numes & LEAL, M.L.S. Leal
da broca varia com a época de plantio e
com a cultivar utilizada. Em Sergipe
constatou-se perdas que variaram de
66,21% para a cultivar Jumbo AG-592
a 92,75% para a cultivar Marglobe
(Embrapa, 1994).
Os prejuízos causados por essa praga atingem até 90% dos frutos dependendo da época de plantio (Gallo et al.,
1988), sendo os inseticidas fosforados
não sistêmicos e carbamatos, aplicados
quando os frutos ainda estão pequenos,
apresentam um controle satisfatório. O
controle químico é viável com o emprego de inseticidas piretróides e
carbamatos, com pulverizações
dirigidas para os frutos ainda novos,
antes da penetração das lagartas
(Filgueira, 1982). Vários autores avaliaram a eficiência de produtos químicos
para o controle da broca pequena em
diversas condições climáticas do Brasil. Raetano et al. (1993a), em Botucatu,
constataram que a permetrina (200 ml
p.c./100 L de água) foi o produto que
apresentou maior eficiência, seguido
pelo cartap (250g p.c./100 L de água) e
pelo abamectin nas doses de 50, 75 e
100 ml de p.c./100 L de água. Dentre os
inseticidas piretróides avaliados por
Raetano et al. (1993b), em Monte Mor
(SP), a deltametrina, cipermetrina,
permetrina e carbaryl foram igualmente eficientes, provocando um aumento
significativo na produção. Em avaliações feitas por Bortoli & Castellane
(1988), os inseticidas lambdacyalothrin
e permethrin propiciaram menores incidências de frutos brocados quando
comparados
com
cartap
e
metamidophós. Em Pernambuco, Lyra
Neto et al. (1991), constataram que a
permetrina 500 foi o produto mais eficiente, tanto para o controle da broca
pequena como para a traça. Nas condições de Lavras, de quatro produtos avaliados na época seca, destacaram-se o
abamectin, permethrin e triflumuron,
com eficiência superior a 80%, e o
clorfluazuron apresentou-se como o
quarto produto menos eficiente (Reis &
Souza, 1995). Em Piracicaba, Moreno
et al. (1995), constataram a eficiência
da deltametrina e do tebufenozide na
época seca. O mesmo não foi constatado em experimentos conduzidos em
Camocin de São Félix (PE) onde o tra54
tamento com deltametrina ficou em
quarto lugar em relação à eficiência de
controle desse inseto-praga (Lyra Neto
et al. 1984).
Atualmente, além dos produtos
organo-sintéticos, alguns de origem
microbiológica, com eficiência sobre o
controle de lagartas, vêm sendo estudados em relação à broca pequena do tomateiro. Souza & Reis (1991) avaliaram Bacillus thuringiensis (200g p.c./
100 L de água) e abamectin 18 CE (100
e 200 ml p.c./100 L de água) aplicados
em intervalos de sete dias. O tratamento mais eficiente foi o abamectin na dosagem de 200 ml, apresentando baixas
porcentagens de frutos brocados. Verificaram também que a eficiência do
abamectin não foi melhorada quando
associado com o inseticida microbiano.
Estes resultados contrariam os obtidos
por Gravena (1989), que recomenda
como melhor estratégia de controle da
broca do tomateiro no MIP a aplicação
de B. thuringiensis, semanalmente, nas
doses de 0,016 a 0,032 kg i.a./ha. Por
outro lado, Prando & Silva Júnior (1990)
constataram que, com aplicações semanais de B. thuringiensis (600g p.c./ha),
houve controle de apenas 27,43% da
broca pequena.
A associação de biofertilizantes com
inseticidas químicos ou biológicos poderá ser uma alternativa viável no controle desta praga. O biofertilizante é um
produto que tem ação inseticida e repelente não agressiva ao meio ambiente,
atuando com maior eficiência como repelente de insetos adultos e alados, matando principalmente as formas jovens.
É recomendado para o controle de pulgão, ácaros, mosca das frutas, lagartas,
vaquinhas, percevejo e cochonilhas
(Vairo, 1992).
A falta de cultivares resistentes, faz
com que o controle químico seja o método mais utilizado. Mas, diante das
grandes perdas de produção causadas
pela broca , deve-se estudar também os
fatores relacionados com o manejo da
cultura, que favorecem a ocorrência desse inseto-praga.
No presente trabalho objetivou-se
avaliar os efeitos da aplicação de
biofertilizante e de produtos biológicos
e químicos, em diferentes épocas de
plantio sob diferentes sistemas de irri-
gação, na produção e na incidência da
broca pequena do tomateiro tutorado.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos
na área experimental da Emdagro/
Embrapa localizada no Perímetro Irrigado de Jacarecica, na região agreste de
Itabaiana, à altitude de 180 m e em um
planossolo eutrófico de textura arenoargilosa. O trabalho foi desenvolvido em
três épocas de plantio: dezembro/95,
junho/96 e maio/97, ou seja duas épocas de chuva (maio e junho) e um de
seca (dezembro).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições e treze tratamentos:
biofertilizante; biofertilizante + Bacillus
thuringiensis subsp. kurstaki (Btk);
biofertilizante
+
abamectin;
biofertilizante + teflubenzuron;
biofertilizante + deltametrina;
biofertilizante + clorfluazuron; Btk;
abamectin; Bacillus thuringiensis subsp.
kurstaki e aizawai (Btka); deltametrina;
clorfluazuron; deltametrina +
clorfluazuron e Btk + clorfluazuron,
avaliados sob irrigação por aspersão e
por gotejamento. A parcela foi constituída por 48 plantas no espaçamento de
1,00 x 0,50 m com uma planta por cova,
conduzida com duas hastes, com
tutoramento tipo cerca cruzada. Foram
consideradas como úteis as 20 plantas
centrais. Os produtos foram usados nas
seguintes dosagens: Biofertilizante
(50%), Bacillus thuringiensis subsp.
kurstaki (6,72g i.a./100 L de água);
abamectin (0,9 ml i.a./100 L de água);
teflubenzuron (3,75g i.a./100 L de
água); deltametrina (1,25g i.a./100 L de
água); clorfluazuron (5g i.a./100 L de
água); Bacillus thuringiensis subsp.
kurstaki e aizawai (5,7g i.a./100 L de
água). O biofertilizante foi produzido
por fermentação anaeróbica, em tonel
plástico de 200 litros, onde foi colocado esterco fresco de bovino e água em
partes iguais, deixando um espaço vazio de 15 cm entre a solução e a boca do
tonel. Para escapamento do gás metano
resultante da fermentação, foi colocada
uma mangueira plástica tendo uma das
extremidades em contato com o espaço
vazio interno e a outra imersa em água
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Efeitos da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos, no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateiro tutorado em
duas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação.
contida em uma garrafa plástica transparente, por meio da qual foi acompanhado o processo de fermentação. Aos
trinta dias, final da fermentação, o tonel
foi aberto, coando-se o líquido e preparando uma solução a 50% com água não
clorada. Como o biofertilizante contém
macro e micronutrientes em sua composição, que pode sofrer alterações com
o decorrer do tempo após a abertura do
tonel (Vairo, 1992), a porção líquida de
cada tonel foi utilizada por um período
de apenas oito dias.
As mudas foram produzidas em bandeja de isopor sob telado, com substrato
formulado com pó de casca de coco
(Nunes, 2000) e transplantadas com 25
dias após a semeadura. A adubação de
plantio foi feita com esterco bovino na
dosagem de 30 t/ha e com a fórmula 624-12 na dosagem de 150 g/m de
camalhão. O plantio foi feito em sistema de camalhões baixos, em torno de
10 cm de altura. Foram feitas duas
amontoas, aos 30 e 60 dias. Para as adubações de cobertura utilizou-se o sulfato de amônio na dosagem correspondente a 40 kg de nitrogênio por hectare por
ocasião de cada amontoa.
Os tratos culturais constaram de capina, amontoas, desbrotas e amarrios.
Durante o desenvolvimento da cultura
constatou-se a ocorrência da larva
minadora (Liriomyza sp.) e pinta-preta
(Alternaria solani), que foram controladas com cyromazine, iprodione e
oxicloreto de cobre, respectivamente.
O início da colheita se deu aos 60
dias após o transplante e foram realizadas três colheitas na época seca e cinco
colheitas na época de chuva. Foram avaliados todos os frutos colhidos na parcela útil e calculada a produção total,
produção comercial e a percentagem da
produção total perdida devido à incidência de broca. Os dados foram submetidos à análises de variância com posterior
teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade para comparações múltiplas
entre médias de tratamentos. Também
foram formulados contrastes entre médias de tratamentos, testados pelo teste
t ao mesmo nível de significância.
Durante a fase experimental a temperatura variou de 18 a 36ºC no período
de dezembro/95 a março/96; de 16ºC a
31ºC de junho a setembro/96 e de 17 a
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
31ºC de maio a agosto/97. Registrou-se
uma variação de precipitação mensal de
0 mm a 20,3 mm; 33,3 mm a 332,2 mm
e de 3,8 mm a 284,2 mm nos respectivos períodos acima citados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As análises conjuntas dos experimentos, segundo metodologia proposta
por Gomes (1985), realizadas dentro de
cada época (seca e chuva), dentro de
cada sistema de irrigação (aspersão e
gotejamento), ou ainda considerando-se
todos os fatores estudados (época, sistema de irrigação e biofertilizante) numa
análise mais geral, evidenciaram
interações significativas entre estes três
fatores, em todos os níveis, não sendo
possível, portanto, a indicação do
biofertilizante sem considerar a época de
plantio e o sistema de irrigação utilizado.
Entretanto, apesar das interações
observadas entre os efeitos de época x
biofertilizante e época x sistema de irrigação, o efeito principal da época de
plantio sobrepujou os efeitos secundários das interações, podendo-se concluir
que, de um modo geral, na época de
chuva obteve-se maiores produções total (50,61 t/ha) e comercial (37,34 t/ha),
superando as produções obtidas na época seca em 82% e 59%, respectivamente, e um maior peso médio de frutos
(90,41 g e 70,80 g nas épocas de chuva
e seca respectivamente). Também na
época de chuva a percentagem de frutos brocados (23,25%) foi significativamente superior àquela obtida na época
seca (5,89%).
Conclusões semelhantes podem ser
tomadas com relação ao efeito do sistema de irrigação, em que o gotejamento
proporcionou maiores produções total
e comercial e maior peso médio dos frutos (43,85 t/ha, 34,66 t/ha e 84,28 g, respectivamente), superando em 27%; 32%
e 9,5% aqueles obtidos na irrigação por
aspersão. Neste sistema de irrigação
também se observou uma menor percentagem de frutos brocados (13,68%) do
que com o uso da irrigação por aspersão (15,45%). Esses resultados indicam
que o tomateiro tutorado é uma planta
mais adaptada à irrigação por
gotejamento, a qual evita a lavagem dos
produtos aplicados na parte aérea e cria
um microclima desfavorável à
infestação da broca pequena do fruto.
Os resultados com relação aos produtos utilizados serão discutidos dentro
de cada situação, de acordo com as análises de cada experimento, em particular. Houve efeito significativo entre os
tratamentos dentro de cada época de
plantio e de cada sistema de irrigação
utilizado, para produção total, comercial
e de frutos brocados.
No plantio da época seca com o uso
da irrigação por aspersão (Tabela 1),
houve destaque do tratamento com Btk
seguido pelos tratamentos deltametrina
+ clorfluazuron e Btk + clorfluazuron
que não diferiram estatisticamente, tanto para produção total como para a produção comercial. Na produção comercial, a aplicação de biofertilizante + Btk,
não diferiu estatisticamente de Btk;
deltametrina + clorfluazuron e Btk +
clorfluazuron. Estes tratamentos apresentaram também menores perdas de
frutos brocados, destacando-se a aplicação de biofertilizante + Btk. A eficiência deste Bacillus foi comprovada
também por Gravena (1989) no controle de Neoleucinodes elegantalis no MIP.
Constatou-se que o efeito do
clorfluazuron tanto em relação à produção total e comercial quanto à percentagem de frutos brocados, aumentou significativamente quando associado com
deltametrina ou Btk. A aplicação de
deltametrina, isoladamente, foi o tratamento que apresentou maior percentagem de frutos brocados, resultado que
discorda daqueles encontrados por
Raetano et al. (1993b) e da recomendação de Filgueira (1982), porém foi um
dos tratamentos mais eficiente quando
em combinação com o clorfluazuron.
O teste t para contrastes entre médias
de tratamentos, ao nível de 5% de
significância, confirmou os resultados do
teste de Tukey, apresentados na tabela 1.
Pelo teste t, a utilização da combinação
biofertilizante + deltametrina resultou em
maior produção comercial e menor percentagem de frutos brocados que a aplicação de deltametrina, isoladamente
(t=4,55 e t=4,12, respectivamente). A
combinação deltametrina + clorfluazuron
também foi mais eficiente que a
deltametrina, tanto na produção comercial (t=11,42) quanto na redução de fru55
M.U.C. Numes & LEAL, M.L.S. Leal
Tabela 1. Produção e perdas causadas pela broca pequena do fruto do tomateiro com plantio em época seca e sob irrigação por aspersão, em
função de tratamentos com biofertilizante e inseticidas biológicos e químicos. Aracaju (SE), Embrapa Tabuleiros Costeiros, 1995 – 1997.
Tratamen to
Biofertilizante
B. thuringiensis subsp. kurstaki (Btk)
Biofertilizante + Btk.
Clorfluazuron
Biofertilizante + clorfluazuron
Abamectin
Biofertilizante + abamectin
Deltametrina
Biofertilizante + deltametrina
Biofertilizante + teflubenzuron
Btk+ clorfluazuron
Deltametrina + clorfluazuron
B. thuringiensis subsp. kurstaki e
aizawai (Btka)
C. V.
Média Geral
D. M. S.
tos brocados (t=10,31). A combinação
Btk + clorfluazuron superou, em produção comercial, o efeito do clorfluazuron
aplicado isoladamente (t=3,65).
Os dados de produção obtidos no
plantio na época de chuva (maio/junho)
com um complemento de irrigação por
aspersão (Tabela 2), mostraram que os
tratamentos com Btk + clorfluazuron e
com biofertilizante + teflubenzuron
apresentaram produções totais estatisticamente superiores aos demais. Em produção comercial, destacaram-se estes
tratamentos além daqueles em que foi usado o clorfluazuron isoladamente. O resultado obtido com o uso do
clorfluazuron, em relação à ocorrência
de broca, discorda daquele obtido por
Reis & Souza (1995) em Lavras, em que
esse produto foi o menos eficiente no
controle da broca pequena do tomateiro. Tal fato, pode estar relacionado com
as condições climáticas de cada local de
aplicação. O tratamento com
biofertilizante + teflubenzuron além de
apresentar maior produção comercial foi
um dos mais eficientes no controle da
broca pequena do fruto. O tratamento
com abamectin está entre aqueles que
apresentaram menores produções comerciais e maior incidência de broca,
56
P rodu ção total
( t/ h a )
24,34
e
33,56 a
29,97 bc
29,34 bc
28,34 cd
25,52
de
28,52 cd
22,65
e
24,88
e
23,23
e
31,54 abc
32,63 ab
28,84
3,98
27,95
3,33
cd
P rodu ção comercial
(t/h a)
20,37
fg
28,95 a
26,32 abc
24,00 bcde
23,90 bcd
21,07
efg
22,55
def
16,62
h
20,48
fg
19,34
gh
27,09 ab
26,31 abc
24,58 bcd
4,48
23,20
3,11
cujo efeito foi significativamente melhorado quando associado com o
biofertilizante. O resultado obtido com
a aplicação isolada de abamectin foi semelhante àquele citado por Raetano et
al. (1993a) e contrário ao obtido por Reis
& Souza (1995). As melhores produções
e controle da broca pequena do fruto
devido à associação do biofertilizante
aos inseticidas teflubenzuron e
abamectin, estão relacionados com o
efeito nutricional e inseticida do
biofertilizante, como referenciado por
Vairo (1992). O teste t para contrastes
entre médias de produção comercial
mostrou haver superioridade das combinações biofertilizante + abamectin e
biofertilizante + Btk sobre o abamectin
e o Btk, utilizados isoladamente
(t=10,18 e t=3,65 respectivamente), confirmando o efeito positivo do
biofertilizante nesta situação. Também
a produção comercial média obtida na
combinação Btk + clorfluazuron foi significativamente superior às obtidas nestes dois produtos isolados (t=13,37 e
t=3,17 respectivamente). Estes resultados confirmam, em parte, aqueles mostrados na tabela 2.
Com o uso da irrigação por
gotejamento, na época seca (Tabela 3)
P erda por broca
(% )
7,50 bcd
4,95
ef
4,65
f
6,00 cdef
6,74 bcde
6,83 bcde
6,57 bcdef
10,74 a
8,50 b
7,95 bc
5,53
def
5,14
ef
5,28
ef
10,00
6,64
1,99
o tratamento com Btk + clorfluazuron
apresentou maior produção total e comercial que todos os demais tratamentos e uma das menores perdas de produção devido à ocorrência de broca
(4,30%). Nestas condições de cultivo
sobressaiu, em segundo lugar, o tratamento com clorfluazuron, em produção
total e comercial, apresentando também
pequena perda de frutos brocados
(4,48%). Em relação à produção comercial, o uso de Btk, biofertilizante +
clorfluazuron e biofertilizante +
teflubenzuron não diferiram estatisticamente entre si, fazendo parte dos melhores tratamentos, porém inferiores ao
tratamento de Btk + clorfluazuron. O
teste t não evidenciou contrastes
significantes entre os produtos usados
isoladamente ou em combinação com o
biofertilizante.
Nessa época de plantio (época seca),
com o uso da irrigação por aspersão
(Tabela 1), a média geral da produção
comercial foi de 23,20 t/ha com uma
perda de 6,64% devido à ocorrência da
broca pequena do fruto. Usando a irrigação por gotejamento (Tabela 3) obteve-se uma produção comercial média de
23,74 t/ha e uma perda de 5,13% de frutos brocados.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Efeitos da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos, no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateiro tutorado em
duas épocas de cultivo e dois sistemas de irrigação.
Tabela 2. Produção e perdas causadas pela broca pequena do fruto do tomateiro com plantio em época de chuva e sob irrigação por
aspersão, em função de tratamentos com biofertilizante e inseticidas biológicos e químicos. Aracaju (SE), Embrapa Tabuleiros Costeiros,
1995 – 1997.
Tratamen to
Biofertilizante
B. thuringiensis subsp. kurstaki (Btk)
Biofertilizante + Btk
Clorfluazuron
Biofertilizante + clorfluazuron
Abamectin
Biofertilizante + abamectin
Deltametrina
Biofertilizante + deltametrina
Biofertilizante + teflubenzuron
Btk + clorfluazuron
Deltametrina + clorfluazuron
B. thuringiensis subsp. Kurstaki e
aizawai (Btka)
C. V.
Média Geral
D. M. S.
P rodu ção total
(t/h a)
33,75
g
37,50
ef
41,29 cd
43,82 bc
40,19
de
35,48
fg
39,91
de
41,32
cd
41,66 cd
46,27 ab
49,04 a
42,08 cd
42,71
cd
2,83
41,16
3,48
P rodu ção comercial
(t/h a)
22,09
e
25,81
d
28,80 bc
34,00 a
27,12
cd
21,09
e
29,16 bc
28,98 bc
29,41 bc
36,61 a
36,51 a
28,41 bcd
P erda por broca
(% )
22,88
d ef
22,81
d ef
24,92 bcd
21,27
ef
24,33
cde
33,66 a
22,33
d ef
26,88 bc
26,50 b
19,81
f
22,16
d ef
28,00 b
30,33 b
19,92
3,34
29,10
2,90
4,60
24,27
3,34
f
Tabela 3. Produção e perdas causadas pela broca pequena do fruto do tomateiro com plantio na época seca e sob irrigação por gotejamento,
em função de tratamentos com biofertilizante e inseticidas biológicos e químicos. Aracaju (SE), Embrapa Tabuleiros Costeiros, 1995 –
1997.
Tratamen to
Biofertilizante
B. thuringiensis subsp. kurstaki (Btk)
Biofertilizante + Btk
Clorfluazuron
Biofertilizante + clorfluazuron
Abamectin
Biofertilizante + abamectin
Deltametrina
Biofertilizante + deltametrina
Biofertilizante + teflubenzuron
Btk + clorfluazuron
Deltametrina + clorfluazuron
B. thuringiensis subsp. kurstaki e
aizawai (Btka)
C. V.
Média Geral
D. M. S.
Na época de chuva e com o complemento da irrigação por gotejamento (Tabela 4), as maiores produções totais e
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
P rodu ção total
(t/h a)
25,46
d ef
28,53 bcd
25,48
d ef
31,37 b
28,13 bcd
29,08 bc
24,59
ef
28,98 bc
22,51
f
27,29
cde
35,89 a
25,29
d ef
26,53
4,13
27,72
3,41
cde
P rodu ção comercial
(t/h a)
19,61
fg
24,95 bc
22,04
cdef
28,01 b
25,11 bc
23,69
cd
20,33
efg
24,41
cd
17,68
g
25,09 bc
32,92 a
21,68
d ef
23,15
4,51
23,79
3,20
comerciais e as menores perdas de produção devido à ocorrência da broca foram obtidas com aplicação de
cde
P erda por broca
(% )
6,91 a
4,52
cd
4,26 cd
4,48 cd
5,37 abcd
6,57 ab
4,92 bcd
4,34 cd
5,82 abc
4,13
d
4,30 cd
6,37 ab
4,68
cd
10,86
5,17
1,66
biofertilizante + abamectin e de
biofertilizante + clorfluazuron, cujos
resultados não diferiram estatisticamen57
M.U.C. Numes & LEAL, M.L.S. Leal
Tabela 4. Produção e perdas causadas pela broca pequena do fruto do tomateiro com plantio na época das chuvas e sob irrigação por
gotejamento, em função de tratamentos com biofertilizante e inseticidas biológicos e químicos. Aracaju (SE), Embrapa Tabuleiros Costeiros, 1995 – 1997.
Tratamen to
Biofertilizante
B. thuringiensis subsp. kurstaki (Btk)
Biofertilizante + Btk
Clorfluazuron
Biofertilizante + clorfluazuron
Abamectin
Biofertilizante + abamectin
Deltametrina
Biofertilizante + deltametrina
Biofertilizante + teflubenzuron
Btk + clorfluazuron
Deltametrina + clorfluazuron
B. thuringiensis subsp. kurstaki e
aizawai (Btka)
C. V.
Média Geral
D. M. S.
te entre si. Também aqui foram constatadas diferenças significativas, tanto
pelo teste de Tukey quanto pelo teste t,
entre os tratamentos biofertilizante +
abamectin e abamectin, com relação à
produção comercial e percentagem de
frutos brocados (t=8,26 e t=3,25, respectivamente), indicando um melhor efeito
da combinação sobre o produto isolado
no aumento da produtividade e redução
da broca, à semelhança do observado no
mesmo período, com a irrigação por aspersão (Tabela 2). Somente nessa época
e com a irrigação por gotejamento, foram evidenciadas médias de produção
total e comercial significativamente superiores do tratamento biofertilizante +
clorfluazuron, quando comparado ao
clorfluazuron isolado (t=5,19).
Constatou-se, pelas médias gerais,
maior ocorrência de broca pequena do
fruto nos plantios feitos na época de
chuva (Tabelas 2 e 4), onde a perda
média de produção foi 17,63%, superior ao do plantio realizado na época
seca (Tabelas 1 e 3). A produção total,
produção comercial e o peso médio de
fruto obtidos nos cultivos feitos na época de chuva, foram superiores em 47%,
25% e 28%, respectivamente, em relação à época seca.
58
P rodu ção total
( t/ h a )
58,65
e
59,45
de
57,06
ef
59,64 cde
65,36 ab
53,99
fg
65,89 a
60,82 bcde
52,10
g
64,20 abc
59,94
cde
60,61
cde
P rodu ção comercial
(t/h a)
44,97
cde
43,87
cde
43,51
de
45,72
cd
52,01 a
41,35
ef
51,35 ab
43,44
de
37,83
f
48,19 abc
46,21
cd
46,49
cd
63,28 abcd
47,55
2,58
60,08
4,63
3,25
45,58
4,43
O fato da maior ocorrência de broca
ter sido observado na época de chuva,
pode estar relacionado com a maior lavagem dos produtos aplicados e com a
maior infestação desse inseto-praga
favorecida pelas condições climáticas
nesse período. Por outro lado as maiores produções na época de chuva podem
ser devido à ocorrência de temperaturas mais amenas, principalmente à noite, que são favoráveis ao vingamento de
flores e formação de frutos.
No presente trabalho observou-se
que as plantas que receberam a aplicação de biofertilizante apresentaram maior
vigor e coloração verde mais intensa em
relação aos demais tratamentos.
Diante dos resultados alcançados nas
condições em que foram desenvolvidos
os experimentos, conclui-se que o efeito dos tratamentos variou com a época
de plantio e com o sistema de irrigação
utilizado. Os melhores tratamentos, em
ordem decrescente, foram: a) Época
seca com a irrigação por aspersão: Btk;
Btk + clorfluazuron; deltametrina +
clorfluazuron; biofertilizante + Btk; b)
Época seca com irrigação por
gotejamento: Btk + clorfluazuron.; c)
Época de chuva com a irrigação por aspersão: Btk + clorfluazuron;
bcd
P erda por broca
(% )
21,56 bcd
23,23 abc
21,48
cd
21,90 bcd
20,11
cd
21,59 bcd
19,79
d
25,95 a
24,93 ab
22,73 abcd
21,83 bcd
21,00 cd
22,95 abcd
5,09
22,23
3,38
biofertilizante + teflubenzuron e
clorfluazuron; d) Época de chuva com
a irrigação por gotejamento:
biofertilizante + clorfluazuron e
biofertilizante + abamectin. O
biofertilizante por ser um adubo foliar
orgânico, tem o efeito de nutrir a planta
influenciando no seu desenvolvimento,
e consequentemente na produção. Estes efeitos somados ao efeito inseticida
de alguns produtos, resultam em melhores produções e controle da broca pequena do fruto do tomateiro.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao Técnico Agrícola
da EMDAGRO Waltênis Braga Silva e
ao Técnico Agrícola da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Arnaldo Santos
Rodrigues pelo apoio técnico e dedicação na condução dos experimentos e
coleta dos dados em campo.
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Efeitos da aplicação de biofertilizante e outros produtos químicos e biológicos, no controle da broca pequena do fruto e na produção do tomateiro tutorado em
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Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-dascrucíferas: um estudo de caso.
Marina Castelo Branco1; Félix H. França1; Maria A. Medeiros1, José Guilherme T. Leal2
1/
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970, Brasília - D.F; E-mail: [email protected] 2/EMATER-DF. Escritório Local
Núcleo Rural da Taquara, s/n. 70.000-000 Brasília – DF
RESUMO
ABSTRACT
Em agosto de 1999, produtores de tomate e brassicas da Núcleo
Rural da Taquara tiveram seus cultivos seriamente comprometidos
devido à impossibilidade de controle da traça-do-tomateiro e da traça-das-crucíferas. Diversos inseticidas, alguns com o mesmo princípio ativo ou, pertencentes ao mesmo grupo químico, eram aplicados de uma a sete vezes por semana sem qualquer eficiência no
controle das pragas. Lavouras foram abandonadas em diferentes estádios
de desenvolvimento. A fim de definir uma estratégia de controle
que viabilizasse a produção de tomate e brassicas na região, foi avaliado em laboratório a eficiência da dose comercial de alguns inseticidas usados no controle das duas pragas. Para isso, foram coletadas
duas populações de traça-do-tomateiro e uma população de traçadas-crucíferas. Para traça-do-tomateiro, cartap, abamectin, lufenuron,
acefate e deltametrina causaram respectivamente 100; 90; 67 e 0%
de mortalidade das larvas. Para traça-das-crucíferas, B. thuringiensis,
abamectin, cartap, acefate and deltametrina causaram 100; 96; 86;
79 e 5% de mortalidade respectivamente. De acordo com estes resultados foi recomendada a suspensão imediata do uso de piretróides
e organofosforados para o controle das duas pragas. Abamectin e
cartap foram recomendados para o controle da traça-do-tomateiro e
B. thuringiensis para o controle de traça-das-crucíferas.
Use of insecticides for controlling the South American Tomato
Pinworm and the Diamondback Moth: a case study.
Palavras-chave: Brassica oleracea, Lycopersicon esculentum,
Tuta absoluta, Plutella xylostella, tomate, repolho, couve-flor,
controle químico, resistência a inseticida.
Keywords: Brassica oleracea, Lycopersicon esculentum, Tuta
absoluta, Plutella xylostella, tomato, cabbage, cauliflower,
chemical control, insecticide resistance.
In August 1999, at the “Núcleo Rural da Taquara”, Federal
District, Brazil, tomato and brassica crops were severely damaged
by the South American Tomato Pinworm (Tuta absoluta) and the
Diamondback Moth (Plutella xylostella). During that time growers
related that they had been spraying insecticides one to seven times
per week without controlling the pests. In the fields it was observed
that there were crops with different ages and levels of chemical
residues which allowed the pests to multiplicate continuously. Then
it was decided that the first step to solve the problem would be to
evaluate the efficacy of the recommended field rate of some
insecticides in laboratory bioassays. Two Brazilian Tomato Pinworm
populations and one Diamondback Moth population were collected.
Cartap, abamectin, lufenuron, acephate and deltamethrin caused 100;
90; 67 and 0% of larval mortality to the South American Tomato
Pinworm, respectively. B. thuringiensis, abamectin, cartap, acephate
and deltamethrin caused 100; 96; 86; 79 and 5% of mortality to the
Diamondback Moth, respectively. According to laboratory results it
was recommended that the use of pyrethroid and organophosphorous
compounds must be suspended immediately. Abamectin and cartap
must be used to control the South American Tomato Pinworm and
B. thuringiensis must be employed to Diamondback Moth control.
(Aceito para publicação em 04 de janeiro de 2.001).
E
m agosto de 1999, foi verificado que
no Núcleo Rural da Taquara (DF) a
produção de tomate e brassicas estava
seriamente comprometida devido aos
danos ocasionados pela traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) e pela traça-dascrucíferas (Plutella xylostella). Diversos tipos de inseticidas, com freqüência
que variava de semanal a diária, foram
utilizados na região. A impossibilidade
de controle das pragas foi atribuída, pelos agricultores, à possível “falsificação
dos produtos”. Não foi levantada a hipótese de que a ineficiência dos produtos poderia ser devida à resistência das
pragas aos inseticidas. Resistência de
traça-do-tomateiro a cartap já foi observada no Brasil (Siqueira et al., 2.000) e
60
resistência de traça-das-crucíferas a diversos inseticidas já foi observada em
várias partes do mundo (Castelo Branco
& Gatehouse, 1997; Cameron & Walker,
1998; Baker, 1999; Kovaliski, 1999).
Observações preliminares de tomate
do local constataram a presença de minas de traça-do-tomateiro em praticamente todas as folhas e, em alguns casos, até 100% de frutos danificados. Em
lavouras de brassicas foram observados
furos de traça-das-crucíferas em folhas
de repolho e couve-flor e, em um cultivo
de couve-flor, foram encontradas mais de
100 larvas/planta. O sistema de produção destas culturas envolvia: plantio contínuo e sucessivo de tomate e brassicas;
abandono de restos culturais nas áreas de
cultivo; mistura de inseticidas; utilização
em rotação de dois ou três produtos diferentes, em uma mesma semana, sem observação de critérios técnicos.
Zhao et al. (1995), em ensaios realizados na China, observaram que testes
de laboratório onde se avaliava a eficiência da dose comercial de inseticidas para
o controle da traça-das-crucíferas eram
bons indicadores da eficiência dos inseticidas em campo. A fim de determinar
quais os inseticidas ineficientes para o
controle da traça-das-crucíferas e traçado-tomateiro no Núcleo Rural da
Taquara, testes de laboratório foram realizados. De posse destes dados e das observações de campo, recomendações para
o manejo da cultura foram sugeridas.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas: um estudo de caso.
MATERIAIS E MÉTODOS
1. Populações coletadas
Foram coletados ovos, larvas e
pupas de duas populações de traça-dotomateiro (Populações 1 e 2) e de uma
população de traça-das-crucíferas (População 3) no Núcleo Rural da Taquara.
Os agricultores forneceram dados sobre
os inseticidas utilizados e freqüência de
aplicação, conforme segue:
1.1 Traça-do-tomateiro: abamectin,
Bacillus thuringiensis, chlorfluzuron,
ciflutrina, deltametrina, fenpropatrina,
lufenuron, metomil, permetrina e
triflumuron. As pulverizações foram
realizadas com um inseticida ou com
mistura de produtos a cada 24 horas.
1.2 Traça-do-tomateiro: abamectin,
Bacillus thuringiensis, betaciflutrina,
ciflutrina, cartap, fenpropatrina,
lufenuron, metomil, permetrina,
triflumuron. As pulverizações eram realizadas a cada três dias, com um inseticida ou com mistura de dois inseticidas
(piretróide + lufenuron).
1.3 Traça-das-crucíferas: abamectin,
chlorfluzuron, deltametrina, metamidofós
e outros inseticidas não identificados. As
pulverizações eram feitas com intervalo que variavam de um a três dias.
2. Bioensaios
2.1. Traça-do-tomateiro: Foram
utilizadas larvas de segundo e terceiro
estádio de traça-do-tomateiro provenientes diretamente do campo. Os inseticidas abamectin (9 g.i.a./ha), acefate (750
g.i.a./ha), cartap (625 g.i.a./ha),
deltametrina (10 g.i.a./ha) e lufenuron
(40 g.i.a./ha) foram diluídos considerando-se o volume de calda de 1.000 L/ha.
Folíolos que não continham larvas de
traça-do-tomateiro foram imersos na
solução de inseticida por 10 segundos
e, em seguida, colocados para secar a
temperatura ambiente. Após estarem
secos, 10-15 larvas de traça-do-tomateiro foram colocadas em três folíolos em
placa de Petri (15 cm de diâmetro). Em
outro teste, folíolos infestados com larvas de traça-do-tomateiro foram imersos
na solução de inseticida por 10 segundos (10-15 larvas/repetição) e transferidos para placas de Petri. Foram utilizadas quatro repetições por tratamento.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Para todos os inseticidas, a mortalidade de larvas foi avaliada após 24 h,
exceto para lufenuron, onde a mortalidade de larvas foi avaliada após seis
dias. Para este último inseticida foi ainda avaliado o número de adultos emergidos. Para a população 1 foram testados abamectin, acefate, deltametrina e
lufenuron. Para a população 2 foram testados acefate, cartap e deltametrina. Os
produtos cuja mortalidade de larvas foi
superior a 90% foram considerados como
eficientes para o controle da praga.
Para a análise estatística foi utilizado o esquema fatorial 5 x 2 e 4 x 2 [inseticidas x posição das larvas nas folhas
(sobre ou dentro das minas)] para as
populações 1 e 2, respectivamente. Os
dados foram submetidos à análise de
variância e ao teste DMS (p<0,05) para
a separação das médias.
2.2.Traça-das-crucíferas: Larvas e
pupas foram coletadas em cultivo de
couve-flor e criadas em laboratório até
a emergência de adultos. Os adultos foram liberados em gaiola contendo folhas de repolho para a obtenção dos ovos
os quais foram mantidos em caixas plásticas com folhas de repolho até que as
larvas se desenvolvessem até o segundo estádio, quando foram utilizadas no
bioensaio. Foi avaliada a eficiência dos
seguintes inseticidas: acefate (750 g i.a./
ha), abamectin (9 g i.a./ha), Bacillus
thuringiensis (18 g i.a./ha), cartap (300
g i.a./ha) e deltametrina (6 gi.a./ha). As
diluições foram realizadas considerando-se um volume de calda de 400 l/ha.
Discos de folhas de repolho de 4 cm
de diâmetro foram imersos na solução
inseticida e secos à temperatura ambiente, no laboratório. Foram transferidos
para placas de Petri com 9 cm de diâmetro e sobre cada folha foram colocadas 15 larvas de traça-das-crucíferas.
A mortalidade de larvas foi avaliada após 48 h. Os dados foram submetidas à análise de variância e foi utilizado
o teste DMS (p<0,05) para a separação
de médias.
2.3. Inimigos naturais: Um total de
50 ovos de traça-do-tomateiro foram
coletados no campo em cada uma das
duas áreas de tomate. Os ovos foram
individualizados em cápsulas de gelatina para a verificação de ocorrência de
parasitóides.
Larvas de traça-das-crucíferas
coletadas no campo foram também separadas e criadas até o estágio de pupa.
Quando as pupas foram obtidas (172 no
total), foram individualizadas em cápsulas de gelatina para a observação da
emergência de parasitóides ou adultos
da praga.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1. Traça-do-tomateiro: Para as duas
populações de traça-do-tomateiro houve apenas efeito do inseticida na mortalidade das larvas. Não houve efeito da
posição das larvas sobre os folíolos (larvas sobre os folíolos ou no interior destes) nem da interação inseticida x posição das larvas. Este resultado é diferente do observado por Castelo Branco &
França (1993) onde, quando folhas de
tomate foram tratadas com cartap, a
mortalidade de larvas de traça-do-tomateiro no interior das minas foi significativamente menor do que a mortalidade
de larvas sobre as folhas. A causa desta
diferença não pôde ser identificada, mas
é possível que o grau de suscetibilidade
das populações ao inseticida de alguma
maneira interfira nos resultados.
As doses comerciais dos inseticidas
deltametrina e acefate causaram a mortalidade de menos de 2% das larvas das
populações 1 e 2 (Tabelas 1 e 2).
Lufenuron ficou em uma posição
intermediária, causando entre 67 e 72%
de mortalidade das lagartas (Tabela 1).
No entanto, este produto, por ser um
regulador de crescimento, afeta também
a emergência de adultos. Uma média de
13% dos adultos emergiram, quando as
larvas foram colocadas sobre as folhas.
Já quando as larvas estavam dentro das
folhas, este percentual subiu para 26%.
Ainda que mais de 10% dos adultos da
traça-do-tomateiro tenham emergido,
inseticidas reguladores de crescimento
como lufenuron afetam a fertilidade de
fêmeas (França & Castelo Branco,
1996), podendo contribuir para a redução da população da praga em campo.
Abamectin causou a mortalidade de
mais de 90% das larvas da população 1
(Tabela 1) e cartap causou a mortalidade de todas as larvas da população 2
(Tabela 2). Estes resultados indicam que
estes dois inseticidas são os produtos
61
M. Castelo Branco et al.
Tabela 1. Mortalidade de larvas de traça-do-tomateiro tratadas com diferentes inseticidas. Larvas sobre folhas ou no interior das minas.
População 1. Taquara, Embrapa Hortaliças, 1999.
In seticida
Posição das larvas
n1
dentro
sobre
dentro
sobre
dentro
sobre
dentro
sobre
dentro
sobre
40
40
45
45
39
32
35
37
39
39
Abamectin
Lufenuron
Deltametrina
Acefate
Testemunha
C.V. (%)
% larvas mortas
(média ± EPM)
96,8 ± 3,1 a
90,0 ± 5,7 a
67,2 ± 4,7 b
72,0 ± 5,7 b
0,0 ± 0,0 c
0,0 ± 0,0 c
2,2 ± 2,2 c
0,0 ± 0,0 c
5,0 ± 2,9 c
0,0 ± 0,0 c
25,71
1/
número de larvas encontradas após 24 h para todos os inseticidas a exceção de Match®, onde o número de larvas é o número de larvas
encontrado após seis dias.
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste DMS (p> 0,05)
Tabela 2: Mortalidade de larvas de traça-do-tomateiro tratadas com diferentes inseticidas. Larvas sobre folhas ou no interior das minas.
População 2. Taquara, Embrapa Hortaliças, 1999.
In seticida
P osição das larvas
n1
dentro
sobre
dentro
sobre
dentro
sobre
dentro
sobre
40
40
39
32
35
37
39
39
Cartap
Deltametrina
Acefate
Testemunha
C.V. (%)
% larvas mortas (média
± EP M)
100,0 ± 0,0 a
100,0 ± 0,0 a
0,0 ± 0,0 b
0,0 ± 0,0 b
0,0 ± 0,0 b
0,0 ± 0,0 b
5,0 ± 5,0 b
0,0 ± 0,0 b
20,15
1/
número de larvas encontradas após 24 h para todos os inseticidas a exceção de Match®, onde o número de larvas é o número de larvas
encontrado após seis dias.
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste DMS (p> 0,05)
mais eficientes para o controle da praga
na região.
Dos 50 ovos da traça-do-tomateiro
coletados de cada população, nenhum
parasitóide emergiu. Este resultado pode
indicar a ausência de parasitóides na
região ou a eliminação destes.
2.
Traça-das-crucíferas:
Deltametrina foi o produto menos eficiente, causando a mortalidade de menos de
6% das larvas (Tabela 3). Acefate e
cartap se situaram em uma posição intermediária com uma mortalidade variando de 79 a 86% (Tabela 3).Abamectin e
Bacillus thuringiensis causaram morta62
lidade superior a 96% (Tabela 3). Estes
resultados indicaram uma boa eficácia
dos dois inseticidas para o controle da
praga. Abamectin não é registratdo para
a cultura de brássicas, não tendo portanto o seu uso recomendado.
Das 172 pupas de traça-dascrucíferas obtidas, apenas duas estavam
parasitadas. Uma por Apanteles sp. e a
outra por Oomyzus sokolowiskii. Entre
as pupas 87 originaram adultos e 83 não
emergiram. Esta baixa ocorrência de
parasitóides pode ser atribuída ao elevado número de aplicações de inseticida e ao uso de produtos extremamente
tóxicos como por exemplo metamidofós
e deltametrina (Talekar & Yang, 1991;
Kao & Tzeng, 1992). Este resultado difere do observado por França &
Medeiros (1998) onde em uma avaliação de inseticidas em campo foi observada população alta de parasitóides (média > 4,0 adultos por planta) nas parcelas tratadas com deltametrina, indicando a sobrevivência destes no local do
experimento. Como nesta área de cultivo foram utilizados diferentes tipos de
inseticida, não foi possível a identificação dos produtos que mais contribuíram
para a redução da população dos
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas: um estudo de caso.
parasitóides. Estudos que visem avaliar
a seletividade de alguns destes produtos se fazem necessários.
É sabido que as doses recomendadas de qualquer inseticida são capazes
de matar um determinado percentual da
população da praga, geralmente 95%,
independentemente da sua densidade
populacional (Knipling, 1979). Então,
quando a densidade populacional é baixa, os produtos tendem a ser mais eficientes do que quando a densidade
populacional é mais elevada. No Núcleo
Rural da Taquara, o sistema de produção de tomate e brassicas (plantios sucessivos e não eliminação de restos culturais) e as condições ambientais (tempo
quente e seco) eram favoráveis ao crescimento descontrolado das populações de
traça-das-crucíferas e traça-do-tomateiro (França et al., 1985; Haji et al., 1988;
Castelo Branco, 1992). Deste modo, nenhum inseticida, mesmo os considerados
eficientes em testes de laboratório, apresentaram eficiência no campo.
Assim, para a viabilização de lavouras de tomate e brassicas na região e
sobrevivência de parasitóides e predadores que possam auxiliar na redução
das populações das pragas, são necessárias a implementação de medidas racionais de uso de inseticidas e outras
práticas de manejo da cultura que visem,
principalmente, reduzir as condições
favoráveis ao crescimento populacional
dos insetos. São recomendadas as seguintes medidas:
a) pulverizações semanais de inseticidas;
b) eliminação de inseticidas pertencentes a grupos químicos considerados
ineficientes nos testes de laboratório;
c) introdução de um esquema de rotação de inseticidas (Castelo Branco, 2.000);
c) uso de irrigação por aspersão para
remoção de ovos e mortalidade de larvas e pupas (Costa et al., 1998;
Junqueira et al., 1998);
d) destruição de restos culturais;
e) não utilização de plantio
seqüenciado de tomate ou brássicas.
As recomendações aqui descritas
foram seguidas por um agricultor do
Núcleo Rural da Taquara e com isso foi
recuperada uma lavoura de tomate e um
plantio de couve-flor que já haviam sido
considerados perdidos.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Tabela 3 Mortalidade de larvas de traça-das-crucíferas tratadas com diferentes inseticidas.
População 3. Taquara, Embrapa Hortaliças, 1999.
In seticida
Testemunha
Deltrametrina
Acefate
Cartap
Abamectin
Bacillus thuringiensis
C.V. (%)
% larvas mortas (média ± EP M)
0,0 ± 0,0 a
5,5 ± 1,7 a
79,0 ± 8,3 b
86,5 ± 4,7 bc
96,5 ± 2,2 cd
100,0 ± 0,0
d
18,93
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste DMS (p> 0,05)
AGRADECIMENTOS
A Hozanan P. Chaves pelo auxílio
nos trabalhos de campo e laboratório.
Aos agricultores do Núcleo Rural da
Taquara pelas informações prestadas.
LITERATURA CITADA
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63
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Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado
em função do uso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio.
Ernani C. Silva1; José R. P. Miranda2; Marco A. R. Alvarenga3
1
UFS-DEA, Cidade Universitária “Prof. José Aloísio de Campos”, 49.100-000, São Cristóvão-SE- E-mail: [email protected]; 2UFPBCSTR-Depto.Engª. Florestal, Campus VII, 58.700-970, Patos-PB; 3UFLA-DAG, C. Postal 37, 37.200-000, Lavras-MG, E-mail:
[email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Este trabalho foi conduzido em Lavras-MG, em 1997, para estudar a absorção de nutrientes e a produção de tomateiro no sistema
podado e adensado, sob diferentes doses de gesso, P2O5 e fontes de
N e de P, considerando também o sistema de produção convencional. Foram estudadas três doses de P2O5 (0,2; 0,4 e 0,6 t/ha) na forma de superfosfato triplo e quatro doses de gesso (0,3; 0,6; 0,9 e 1,2
t/ha), arranjadas como fatorial 3 x 4, no delineamento experimental
de blocos casualizados, com quatro repetições. Foram incluídos quatro tratamentos adicionais abrangendo espaçamentos e poda e fontes de N e P. A produção comercial cresceu linearmente com as doses de P2O5 e decresceu com o uso de gesso. As maiores produções,
ao limite de 149,2 t/ha, foram obtidas com plantas podadas e
adensadas. As menores produções, 91 t/ha (plantas podadas) e 63,2
t/ha (plantas não podadas), foram obtidas com o uso de N (sulfato
de amônio) e P(superfosfato simples). O teor de P nas folhas decresceu linearmente com o aumento das doses de gesso e variou de 3,0 a
1,7 g/kg com o menor teor observado nos tratamentos adicionais N
(sulfato de amônio) e P (superfosfato simples). O teor de Mg nas
folhas foi em média 4,7 g/kg sem diferenças significativas considerando os tratamentos com gesso e P2O5, mas foram encontrados teores de Mg em torno de 3,0 g/kg no tratamento adicional N (sulfato
de amônio) e P (superfosfato simples), estatisticamente diferente
dos demais tratamentos. O teor de Cu (79,4 mg/kg) observado no
tratamento adicional onde foi usada uréia como fonte de N e
superfosfato triplo como fonte de P, foi estatisticamente diferente de
120,6 g/kg, encontrado no outro tratamento adicional. O teor de Cu
elevou-se também com o aumento das doses de gesso. Conclui-se
que o uso excessivo de fertilizantes cujas fórmulas contenham S
pode inibir a absorção de P, assumindo maiores proporções nos plantios adensados. A redução do número de frutos por planta através da
poda, quando associada com maior densidade de plantio, pode resultar em ganho altamente significativo de produtividade.
Yield and nutrient concentration of tomato plants pruned
and grown under high planting density according to phosphorus,
gypsum and nitrogen sources.
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, fósforo, adubação fosfatada, gessagem, sistemas de produção.
This research was carried out at Lavras, Minas Gerais State (Brazil)
in 1997. The objective was to study nutrient absorption by tomato
plants pruned and grown under high planting density over different
gypsum, P2O5 rates and different N and P sources. The yield was also
analyzed, considering conventional planting systems. The experimental
design was of complete randomized blocks with four replications in a
factorial scheme 3 x 4 with three rates of P2O5 triple superphosphate
(0.2, 0.4, and 0.6 t/ha) and four rates of gypsum (0.3, 0.6, 0.9 and 1.2
t/ha). Four additional treatments were included about planting system
and soil fertilization. A linear increase was observed on the commercial
tomato yield with the increasing of P2O5 rates whereas linear decreasing
was observed with the increasing of gypsum rates. The production up
to 149.2 t/ha was obtained with plants pruned and grown under high
planting density. The lower production, 91 t/ha (pruned plants) and
63.2 t/ha (not pruned plants), was obtained using ammonium sulfate
(N source) and single superphosphate (P source). Leaf P contents,
with values around 3.0 a 1.7 g/kg, decreased with the increase of
gypsum rates. The lower leaf P content was observed in the additional
treatment with ammonium sulfate and single superphosphate. The
mean value of magnesium contents was 4.7 g/kg without statistically
significant differences considering gypsum and P2O5 treatments.
Otherwise values of magnesium contents around 3.0 g/kg were
found under additional treatments, statistically different when
compared to the treatments above mentioned. The observed Cu
values of 79.4 mg/kg in another additional treatment using urea as
N source, and triple superphosphate as P source was statistically
different with values of 120.6 g/kg, observed in the first additional
treatment. Leaf Cu contents also increased with the increase of
gypsum rates. Its was concluded that high levels of fertilizers with
sulfur can inhibit P uptake mainly in high planting density.
Reduction of number of fruits per plant by pruning associated with
high planting density can increase the yield.
Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, phosphorus and
gypsum fertilizers, production system.
(Aceito para publicação em 12 de dezembro de 2.000)
O
Brasil é o nono maior produtor
mundial de tomate e o décimo primeiro em termos de área plantada
(Agrianual, 1999). A produção em 1998
foi de 2.615 milhões de toneladas em
uma área de 59.810 ha, colocando essa
espécie como a hortaliça mais impor64
tante no Brasil, incluindo os aspectos
sócioeconômicos (Makishima,1991).
Entretanto, a produtividade média de
43,7 t/ha é muito baixa, tendo em vista
a potencialidade produtiva do tomateiro. Nos últimos anos, têm sido usadas
técnicas e práticas mais sofisticadas, alia-
das a sistemas de produção mais modernos e a cultivares híbridas de tomate
mais produtivas, no sentido de otimizar
o potencial produtivo dessa cultura. A
redução do número de hastes por planta
e a poda apical para um número definido de cachos nas hastes são práticas
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado em função do uso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio.
alternativas de produção de tomates para
consumo ao natural de modo a obteremse frutos com maior valor comercial
(Oliveira et al., 1996; Silva et al., 1997;
Camargos, 1998). A desbrota ou remoção de brotos axilares do tomateiro de
crescimento determinado induz efeito
semelhante ao observado em tomateiros de crescimento indeterminado, possibilitando maior percentagem de frutos graúdos, número e massa média de
frutos produzidos precocemente (SilvaJúnior et al., 1992).
A quantidade de nutrientes absorvidos pela planta de tomate e o seu
particionamento, geralmente associados
ao crescimento da planta, depende de
fatores bióticos e abióticos, dentre eles
a prática da poda (Pelúzio, 1991), sistema de plantio (Fontes & Fontes, 1991)
e fontes e doses de nutrientes (Fontes &
Fontes, 1992). O uso do gesso na cultura de amendoim como fornecedor de Ca
e S tem dado bons resultados (Quaggio
et al., 1982) assim como em soja
(Mascarenhas et al., 1976) e cenoura
(Castellane et al., 1983). Entretanto,
apesar da importância do gesso como
fonte de nutrientes, sua utilização pode
prejudicar a nutrição e a produção das
plantas quando empregado em doses que
elevem excessivamente a disponibilidade de Ca e S (Martinez et al., 1983).
Os objetivos do trabalho foram estudar o efeito de doses de gesso e doses
de P2O5 e diferentes fontes de N e de P
na absorção de nutrientes pelo tomateiro podado e adensado e na produção do
tomateiro em dois sistemas de produção, convencional e adensado.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no campo
experimental da UFLA, em Lavras
(MG), durante o ano de 1997, utilizando-se tomateiro do grupo Santa Cruz,
cv. Santa Clara. O solo é do tipo
Latossolo Vermelho Escuro distrófico
(Led) com as seguintes características:
pH em água = 4,9; P = 6 mg/dm3; K =
63 mmolc/dm3; S = 37 mg/dm3; Ca = 2,5
mmolc/dm3; Mg = 0,3 mmolc/dm3; Cu =
4,3 mg/dm3; Fe = 43,5 mg/dm3; Mn =
45,0 mg/dm3; Zn = 1,8 mg/dm3; Al =
0,1 mmolc/dm3; V = 45%; M.O. = 3,0
dag/kg; areia = 22 g/kg; limo = 24 g/kg;
argila = 54 g/kg.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Utilizou-se o extrator Mehlich 1 para
P, K, Zn, Mn, Fe e Cu, sendo o P determinado pelo método colorimétrico; K
por fotometria de chamas e os demais
nutrientes por espectrofotometria de
absorção atômica. O B foi extraído com
água quente e determinado por processo colorimétrico. Para Ca, Mg e Al utilizou-se extrator KCl 1M com a determinação de Ca e Mg feita por titulação
com EDTA e Al por titulação com
NaOH. O S foi determinado por extração com fosfato monocálcico em ácido
acético (método Hoeft).
A propagação do tomateiro foi em
bandejas de isopor, com 128 células, sob
estufa de cobertura de polietileno utilizando-se substrato comercial à base de
vermiculita expandida e resíduo orgânico. O transplante foi efetuado quando
as mudas apresentavam quatro folhas
definitivas. No campo, o arranjo das
plantas foi em fileira dupla (0,8 m entre
fileiras duplas x 0,4 m entre fileiras simples x 0,4 m entre plantas) com densidade de 41.500 plantas/ha, sendo uma
planta por cova. As plantas foram
conduzidas com uma haste e podadas
após o quarto ramo floral, imediatamente acima da terceira folha. Também fezse uso do cultivo convencional em
espaçamento 1,0 m x 0,50 m, densidade de 20.000 plantas/ha, onde as plantas foram mantidas com uma haste em
livre crescimento. Tratos culturais e
fitossanitários foram feitos de acordo
com o recomendado para a cultura do
tomateiro (Barbosa & França, 1980;
Churata-Masca, 1980; Maffia et al.,
1980; Manzan, 1980). Os tratamentos
em estudo foram três doses de P2O5 na
forma de superfosfato triplo (0,2; 0,4 e
0,6 t/ha) e quatro doses de gesso (0,3;
0,6; 0,9 e 1,2 t/ha), mais quatro tratamentos adicionais envolvendo fontes de
nitrogênio, fontes de fósforo e formas
de condução das plantas, arranjados no
delineamento experimental em blocos
casualizados, em esquema fatorial 3 x 4
+ 4, com quatro repetições. Os tratamentos envolvendo adubações foram propostos com base nas recomendações
para adubação do tomateiro (CFSEMG,
1989). O gesso apresentava 32,6% de
CaO e 18,6% de S. Todas as parcelas
receberam, por ocasião do transplantio,
180 kg/ha de K2O, na forma de KCl. Os
tratamentos fatoriais receberam 120 kg/
ha de N, na forma de uréia e fósforo na
forma de superfosfato triplo. Os tratamentos adicionais não receberam gesso
e constaram de: a) 120 kg/ha de N na
forma de uréia, 400 kg/ha de P2O5 na
forma de superfosfato triplo, com plantas podadas e cultivadas em fileira dupla (0,40 x 0,40 x 0,8 m); b)120 kg/ha
de N na forma de sulfato de amônio e
400 kg/ha de P 2 O 5 na forma de
superfosfato simples, com plantas podadas e cultivadas em fileiras duplas (0,40
x 0,40 x 0,8 m); c) convencional - 120
kg/ha de N na forma de sulfato de amônio
e 400 kg/ha de P 2O 5 na forma de
superfosfato simples, com plantas cultivadas em fileiras simples (1,0 x 0,5 m)
sem poda e d) 120 kg/ha de N na forma
de uréia com plantas podadas e cultivadas em fileiras duplas (0,40 x 0,40 x 0,8
m), omitindo-se a adubação fosfatada.
Assim, cada bloco ficou com 16 parcelas, sendo doze do fatorial e quatro dos
tratamentos adicionais. As parcelas foram formadas por doze plantas úteis no
tratamento convencional e por oito plantas úteis nos demais tratamentos.
A adubação em cobertura consistiu
da aplicação total de 120 kg/ha de N na
forma de uréia parcelados em três aplicações iguais, aos 20, 40 e 60 dias após
o transplantio nos tratamentos que receberam doses de gesso e doses de P2O5
e nos dois tratamentos adicionais que
receberam N na forma de uréia. Nos
outros dois tratamentos adicionais que
receberam sulfato de amônio no
transplantio, a adubação em cobertura
foi feita com sulfato de amônio nas
mesmas épocas e datas descritas. Todas
as parcelas receberam um total de 120
kg/ha de K2O em cobertura, parcelados
e aplicados da mesma forma que o nitrogênio. As adubações foram localizadas nos sulcos de plantio.
Os teores de P, K, Ca, Mg, S, Cu,
Fe, Mn e Zn nas folhas do tomateiro
foram analisados segundo delineamento experimental 3 x 4 + 2, considerando
os dois tratamentos adicionais onde as
plantas foram podadas e receberam N e
P2O5, com e sem enxofre na fórmula. As
análises foram feitas em amostras das
terceiras folhas a partir da extremidade,
aos 100 dias após o transplantio. Os teores de K, P, S, Ca e Mg foram determinados no extrato nítrico-perclórico, utilizando-se método colorimétrico para o
65
E.C. Silva et al.
Teores de P (g/kg)
A
y = 0,115x + 0,1923; R2 = 0,86
2,7
2,5
2,3
2,1
1,9
0,2
0,4
0,6
Doses de P2O5 (t/ha)
B
2,6
2,5
2,4
2,3
2,2
2,1
y = 0,0356x + 0,2633; R2 = 0,82
0,3
0,6
0,9
1,2
Doses de gesso (t/ha)
Figura 1. Teor de P na folha do tomateiro em função de doses de P2O5 (A) e doses de gesso
(B). Lavras, UFLA, 1997.
fósforo; fotometria de chamas para o
potássio; turbidimetria para o enxofre e
espectrofotometria de absorção atômica para os demais nutrientes (Malavolta
et al.,1989). As colheitas iniciaram-se
aos 110 dias após o semeio, quando os
frutos apresentavam coloração
avermelhada. Nessa época, avaliaramse produção comercial, caracterizada
por frutos livres de injúrias quer
provocadas por pragas ou doenças, independente do tamanho; produção de
frutos graúdos (frutos > 52 mm de diâmetro); massa média de fruto e produção de frutos por planta. Para essas análises foram incluídos todos os tratamentos em esquema fatorial 3 x 4 + 4.
Foi realizada análise estatística específica para o fatorial 3 x 4, considerando
todas as características analisadas; uma
análise específica para os dois tratamentos adicionais do esquema fatorial 3 x 4
+ 2, considerando apenas os teores de
nutrientes nas folhas e uma análise específica para os quatro tratamentos adicionais, considerando todas as características avaliadas. Resíduos comuns foram
obtidos e usados posteriormente para a
análise de variância conjunta, empregando-se o teste F, ao nível de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O teor de fósforo nas folhas dos tomateiros aumentou linearmente à medida que aumentaram as doses de P2O5,
indicando não suficiência das doses
66
aplicadas e o contrário aconteceu com a
aplicação de gesso (Figura 1). A resposta positiva à aplicação de P2O5, em relação ao teor de P nas folhas do tomateiro, pode estar relacionada com a grande
densidade de plantio. Por outro lado, o
efeito depressivo do gesso sobre a absorção do fósforo, provavelmente, seja
conseqüência do aumento da disponibilidade do ânion sulfato no solo, competindo com o fosfato pelos mesmos sítios
de absorção ou ainda pode ter provocado redução na translocação do P para a
parte aérea, devido à habilidade de o
tomateiro acumular sulfato em suas
raízes (Martinez et al., 1983). Os teores
de P nas folhas do tomateiro variaram
de 1,7 a 3,0 g/kg o que pode indicar uma
provável carência do nutriente, uma vez
que Nishimoto et al. (1977) observaram
que para o tomateiro atingir 95% do seu
rendimento máximo, os teores de P nas
folhas variaram de 3,0 a 5,0 g/kg. É
importante observar que o menor teor
de fósforo encontrado (1,7 g/kg), significativamente inferior ao de todos os
outros tratamentos, correspondeu ao tratamento adicional onde as fontes de N e
de P2O5 forneceram o equivalente a 380
kg/ha de enxofre, dose essa bem superior às aplicadas nos tratamentos
fatoriais através do gesso.
Não foi observado efeito significativo dos tratamentos e das possíveis
interações sobre o teor de K, mostrando
que as plantas acumularam esse nutriente independentemente dos tratamentos
recebidos e a não ocorrência de antago-
nismo entre Ca e K. Assim, os acréscimos no teor de Ca devido ao gesso e à
adubação fosfatada não foram suficientes para provocar modificações significativas no padrão de absorção de K pelo
tomateiro. Os teores de K encontrados
no presente estudo variaram de 28 a 33
g/kg e estão dentro da faixa adequada ao
tomateiro (Furlani et al., 1978).
Para o teor de Ca nas folhas também
não houve efeito significativo de nenhuma das fontes de variação e os teores
encontrados variaram de 26 a 35 g/kg.
Esta ausência de resposta deveu-se, provavelmente, à disponibilidade inicial do
nutriente no solo, considerada alta. Em
termos de nutrição, Takahashi (1989)
observou que tomateiros com teores de
Ca abaixo de 26 g/kg produziram normalmente sem apresentar sintomas de
podridão apical.
Em média o teor de Mg nas folhas
foi de 4,7 g/kg. A análise isolada dos
tratamentos que receberam doses de fósforo e gesso revelou não haver nenhum
efeito significativo referente ao acúmulo
de Mg nas folhas do tomateiro, o mesmo não acontecendo com os dois tratamentos adicionais e com a análise conjunta. As plantas podadas e adubadas
com N (sulfato de amônio) e P 2O 5
(superfosfato simples) acumularam, significativamente, a menor quantidade de
Mg (3,0 g/kg). Neste sentido, considerando-se que não foi fornecido Mg às
plantas, algum fator deve ter contribuído para este resultado. Descarta-se a
possibilidade de antagonismo entre Ca
e Mg uma vez que, em três tratamentos
que receberam doses de fósforo e gesso, foram fornecidas quantidades de Ca
superiores ao tratamento em questão e,
mesmo assim, as plantas apresentaram
teores mais elevados de Mg. Desta forma, possivelmente, o S componente dos
fertilizantes (N-sulfato de amônio e P2O5
– superfosfato simples) tenha influenciado na absorção de Mg. Diante dos
prováveis acréscimos na disponibilidade de sulfato e do provável acúmulo nas
raízes, a absorção de Ca pode ter sido
favorecida pela formação do par iônico
CaSO4, em detrimento do Mg. Entretanto, os teores de Mg encontrados neste
trabalho (0,47 g/kg) podem ser considerados adequados para o tomateiro
(Furlani et al., 1978).
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado em função do uso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
0,2 t/ha P2 O5; y = -150,83 x2 + 243,73 x -14,225; R2 = 0,76
...... 0,4 t/ha P2O5; y = 94,8 x + 11,3; R2 = 0,87
----- 0,6 t/ha P 2O5; y = 43,06 x + 35,5; R2 = 0,74
Teor de Cu (mg/kg)
O acúmulo de S não foi influenciado significativamente pelos tratamentos
e os teores encontrados nas folhas de
tomateiro neste trabalho, variando de 4,0
a 5,0 g/kg, estão dentro dos limites de
exigências do tomateiro (Takahashi,
1989). Os resultados parecem indicar
que a disponibilidade inicial de S no solo
atendeu às exigências das plantas, não
havendo portanto, resposta dos tratamentos onde foram aplicadas doses de
gesso. Segundo Castellane et al. (1983),
aplicações de 15 - 50 kg/ha de S, que
correspondem a 100 - 300 kg/ha de gesso, são suficientes para atender às necessidades da maioria das culturas.
Houve efeito significativo da interação
fósforo x gesso e dos tratamentos adicionais sobre os teores foliares de Cu. Considerando apenas os tratamentos adicionais,
constatou-se que o teor de Cu foi significativamente superior (120,6 mg/kg) no
tratamento cujas plantas foram podadas e
adubadas com sulfato de amônio e
superfosfato simples, enquanto foi de 79,4
mg/kg no tratamento cujas plantas receberam uréia e superfosfato triplo. Estes
dados sugerem um possível efeito do ânion
sulfato no processo de absorção e/ou
translocação do Cu. Por outro lado, os
dados oriundos da interação fósforo x gesso (Figura 2) não apresentaram consistência de modo a indicar ou não um possível
antagonismo entre P e Cu. À exceção da
dose de 0,2 t/ha de P2O5, os teores de Cu
na folha do tomateiro aumentaram linearmente com as doses crescentes de gesso.
Não se encontrou na literatura consultada
dados que confirmem ou não o efeito do
gesso sobre a absorção de Cu. É importante salientar que aos 100 dias após o
transplantio, foram detectados sintomas de
toxicidade de Cu nas plantas do tomateiro, confirmando a excessiva absorção deste nutriente, já que o normal situa-se entre
8 e 15 mg/kg (Bataglia,1988).
Os teores de Fe e Zn também não
foram influenciados significativamente
pelos tratamentos. Para Fe os teores variaram de 221 a 310 mg/kg e estão na
faixa de suficiência para o tomateiro que
compreende intervalo entre 40 - 400 mg/
kg (Bataglia, 1988). Quanto ao Zn os
teores variaram de 21,4 a 29,3 mg/kg,
situando-se abaixo da faixa adequada
para o tomateiro que é de 60 e 70 mg/kg
(Bataglia, 1988), embora não tenha sido
observado sintoma de deficiência do nutriente nas plantas. Esta baixa absorção
130
110
90
70
50
30
0,3
0,6
0,9
1,2
Doses de gesso (t/ha)
Figura 2. Teor de Cu na folha do tomateiro em função de doses de gesso. Lavras, UFLA, 1997.
de Zn pode estar relacionada com uma
possível interação entre P e Zn durante
os processos de absorção e translocação
e do efeito do Ca sobre a absorção do
referido nutriente, pois intensas adubações fosfatadas podem induzir deficiência de Zn em plantas cultivadas em solos
com baixa disponibilidade deste nutriente
(Loneragan et al., 1982).
Não houve efeito significativo dos
tratamentos que receberam doses de gesso e doses de P2O5 no teor de Mn nas
folhas do tomateiro registrando-se diferenças significativas apenas entre os tratamentos com N (uréia e amônia) e P2O5.
(superfosfato simples e superfosfato triplo). Desta forma, observou-se que os
teores de Mn detectados em plantas submetidas à poda e adubadas com sulfato
de amônio e superfosfato simples foram
significativamente inferiores aos observados nas plantas submetidas à adubação com uréia e superfosfato triplo. Do
ponto de vista nutricional, os teores encontrados (253 a 384 mg/kg) não assumem importância uma vez que estão próximo do limite máximo (400 mg/kg) definido por Bataglia (1988).
A produção comercial cresceu linearmente com as doses de P2O5 e decresceu com o uso de gesso (Figura 3). As
menores produções, 91 t/ha (plantas
podadas) e 63,2 t/ha (plantas não podadas), foram obtidas com o uso de N na
forma de sulfato de amônio e P na forma de superfosfato simples além de 58,4
t/ha no tratamento com plantas podadas
cuja fonte de N foi uréia, omitindo-se P.
Quanto ao efeito do gesso, possivelmente o S-orgânico do solo, acrescido do S
fornecido pelo gesso, superfosfato simples e sulfato de amônio tenham atingi-
do teores capazes de desequilibrar a relação S/N do solo e prejudicar o rendimento da cultura. Considerando plantas podadas, a produtividade significativamente inferior em relação às maiores observadas nos tratamentos com
doses de gesso e P, pode também ser
conseqüência do efeito depressivo do S
proveniente do sulfato de amônio e do
superfosfato simples. Para as plantas não
podadas, além do efeito depressivo de
S, deve ser também considerado o
espaçamento de 1,0 x 0,50 m com densidade de plantio de 20.000 plantas/ha,
portanto, inferior ao dos demais tratamentos. A omissão de P, embora possa
ter reduzido o efeito depressivo do S,
provavelmente tenha contribuído para
a baixa produtividade.
As diferenças de produtividade entre o tratamento onde as plantas não foram podadas e os demais tratamentos
cuja maior produtividade atingiu 149,2
t/ha, podem ser também atribuídas ao
emprego conjunto da poda e do aumento da densidade populacional (41.500
plantas/ha). Embora possa haver efeito
depressivo no peso médio do fruto em
função de alta densidade de plantio
(Camargos, 1998) refletindo em menor
produtividade comercial, este efeito
pode ser invertido através da poda apical
e adubação adequada (Cochshull & Ho,
1995; Silva et al., 1997).
Com base nos dados disponíveis na
literatura consultada, o rendimento médio do tomateiro no Brasil é de 43,7 t/
ha (Agrianual, 1999) e considerando a
dose de 400 kg/ha de P2O5 como adequada para solos deficientes em P (Comissão..., 1989), a produção alcançada
67
P rodu ª o com ercial (t/ha)
E.C. Silva et al.
y = 37,75x + 105,55;
135
125
R2
= 0,82
A
115
105
0,2
0,4
0,6
D oses de P 2 O 5 (kg/ha)
B
y = -26,157x + 140,27; R 2 = 0,96
135
125
115
105
0,3
0,6
0,9
1,2
D oses de gesso (t/ha)
Figura 3. Produção comercial do tomateiro em função de doses de P2O5 (A) e doses de
gesso (B). Lavras, UFLA, 1997.
y = 35,55x + 99,953; R 2 = 0,76
Frutos graœdos (t/ha)
125
A
120
115
110
105
100
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
D oses de P 2 O 5 (t/ha)
135
y = -27,947x + 135,13; R 2 = 0,96
125
115
B
105
95
0,3
0,6
0,9
1,2
D oses de gesso (t/ha)
Figura 4. Produção de frutos graúdos de tomate em função de doses de P2O5 (A) e doses de
gesso (B). Lavras, UFLA, 1997.
(Figura 3) indica que a utilização de
plantio adensado, associada à prática da
poda, permitiu elevar a eficiência na
utilização de fertilizante fosfatado. Os
dados sugerem que o emprego de 400
kg/ha de P2O5 foi vantajoso quando o
rendimento foi comparado ao obtido
68
com a dose menor embora tenha havido
resposta linear à aplicação de fósforo
sugerindo que produtividades mais altas podem ser conseguidas com aumento da dose de P2O5.
Tal como a produção comercial, a
de frutos graúdos cresceu linearmente à
medida que se aumentaram as doses de
P2O5 e decresceu com as de gesso (Figura 4). A porcentagem média de frutos graúdos produzidos em relação à
produção comercial foi de 94,56% entre os tratamentos que receberam doses
de gesso e doses de P2O5 e o adicional
que recebeu N (uréia), 400 kg/ha P2O5
(superfosfato triplo) e plantas podadas,
não havendo diferenças estatísticas entre eles. Para os demais tratamentos adicionais, a produção média de frutos
graúdos foi significativamente baixa
com 86,09%. Os resultados corroboram
os efeitos positivos da poda e do fósforo na produtividade do tomateiro.
As massas médias de 104 g (N - sulfato de amônio, P2O5 - superfosfato simples,
plantas podadas) e 107 g (N - uréia, omissão de P2O5 e plantas podadas) foram
iguais estatisticamente, mas diferiram daqueles outros doze tratamentos, cujas
médias variaram de 110 a 142g, consideradas iguais estatisticamente. Independente dos tratamentos, essas médias situaramse abaixo do padrão de fruto Santa Clara
que, em média, atinge 200 g/fruto (Nagai,
1985). A prática da poda per se seria suficiente para manter ou elevar as massas
médias obtidas neste experimento
(Cochshull & Ho, 1995; Silva et al.,1997),
entretanto, os efeitos negativos do gesso,
sulfato de amônio e superfosfato simples
provavelmente tenham superado os efeitos benéficos da poda, já que houve problemas na absorção de nutrientes indicando possível deficiência de P e Zn e excesso Cu, embora os demais nutrientes estivessem aparentemente dentro dos níveis
normais. Silva et al. (1997) cultivaram
tomateiro Santa Clara podado acima do
quarto ramo floral, adensado, utilizando como fonte de nutrientes 600 kg/ha
de P2O5 (superfosfato triplo), 100, 200,
400 e 800 kg/ha de N (nitrocálcio) e 200,
400, 800 e 1200 kg/ha de K2O (KCl) e
produziram frutos com massa média de
208,63 g.
A produção de frutos por planta teve
influência significativa do gesso, fósforo e principalmente do sistema de condução das plantas. Foi verificado aumento linear com a adubação fosfatada,
ao contrário do que aconteceu com a aplicação do gesso quando estes componentes foram analisados isoladamente (Figura 5). O efeito depressivo do gesso
sobre a produção das plantas, possivelmente seja devido ao ânion sulfato concorrendo com os mesmos sítios de abHortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Concentração de nutrientes e produção do tomateiro podado e adensado em função do uso de fósforo, de gesso e de fontes de nitrogênio.
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Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
4
3,8
Produ ª o de frutos/planta (kg)
sorção de fósforo. Por outro lado a produção das plantas verificada no tratamento adicional onde as mesmas não foram
podadas atingiu média de 3,9 kg/planta
e não diferiu estatisticamente da produção das plantas podadas que variou de
3,1 a 4,3 kg/planta. Neste caso a supressão do número de frutos ocasionada pela
poda foi compensada pela maior produção de frutos graúdos, refletindo positivamente na produção por planta.
Diante dos resultados encontrados,
conclui-se que o uso excessivo de fertilizantes cujas fórmulas contenham S
pode inibir a absorção de P, assumindo
maiores proporções nos cultivos com
alta densidade de plantio. No sistema de
produção podado e adensado onde a redução do número de frutos/planta é associada com maior densidade de plantio, pode ocorrer aumento altamente significativo da produtividade.
A
y = 1,0625x + 3,15; R 2 = 0,66
3,6
3,4
3,2
3
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
Doses de P 2O5 (t/ha)
4,5
B
y = -0,8111x + 4,1833; R 2 = 0,99
4
3,5
3
0,3
0,6
0,9
1,2
Doses de gesso (t/ha)
Figura 5. Produção de frutos por planta em função de doses de P2O5 (A) e doses de gesso
(B). Lavras, UFLA, 1997.
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69
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Uso de esterco bovino e húmus de minhoca na produção de repolho híbrido.
Ademar P. Oliveira; Daniel S. Ferreira; Caciana C. Costa; Analice F. Silva; Edna Ursulino Alves
UFPB - CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia-PB. E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Comparou-se a eficácia do esterco bovino e húmus de minhoca
na produção de repolho, híbrido Matsukaze, em experimento realizado no Centro de Ciências Agrárias da UFPB, Areia, de 10/12/97 a
05/03/98. Os tratamentos utilizados foram 20; 30; 40; 50 e 60 t/ha
de esterco bovino e 10; 15; 20; 25 e 30 t/ha de húmus de minhoca e
tratamento testemunha (sem matéria orgânica). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com onze tratamentos distribuídos em esquema fatorial (5 x 2) + 1, em quatro repetições. Foram avaliados o diâmetro longitudinal, transversal, índice de formato e compacidade da cabeça, peso médio e produção
total de cabeças. A dose de 46,0 t/ha de esterco bovino e 29,0 t/ha de
húmus de minhoca resultaram em maiores diâmetros longitudinais
na cabeça de repolho (13 e 12 cm, respectivamente). A dose de 47,0
t/ha de esterco bovino e 20,0 t/ha de humus de minhoca proporcionaram a formação de cabeças com maiores diâmetros transversais
(13 e 11 cm, respectivamente). Todas as doses de esterco bovino
induziram a formação de cabeças mais uniformes e compactas, enquanto a dose de 20 t/ha de húmus de minhoca propiciou a formação
de cabeças desuniformes de baixa aceitação comercial. A dose de
41,0 t/ha de esterco bovino promoveu máximo peso médio (900 g) e
máxima produtividade (47,0 t/ha) de cabeças, enquanto as doses de
27,0 e 29,0 t/ha de húmus foram responsáveis pelo peso médio máximo (700 g) e máxima produtividade (38,0 t/ha), respectivamente.
Utilization of cattle manure and earthworm compost on
hybrid cabbage production.
Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata, matéria orgânica,
produção.
The use of bovine manure and earthworm compost were
compared in cabbage production, hybrid Matsukaze, at the Federal
University of Paraíba, Brazil, from December 1997 to March, 1998.
The treatments consisted of 20; 30; 40; 50 and 60 t/ha of bovine
manure and 10; 15; 20; 25 and 30 t/ha of earthworm compost and a
treatment without organic matter (control). The experimental design
was of randomized blocks, with eleven treatments arranged in a
factorial scheme (5 x 2) + 1, with four replications. The longitudinal
and transversal diameters, format index and head compactness,
average weight and total production of heads were evaluated. The
level of 46.0 t/ha of bovine manure and 29.0 t/ha of earthworm
compost resulted in larger longitudinal diameters of cabbage heads
(13 and 12 cm, respectively). The level of 47.0 t/ha of bovine manure
and 20.0 t/ha of earthworm compost provided heads with larger
transversal diameters (13 and 11 cm). All bovine manure levels
induced the formation of more uniform and compact heads, while
the use of 20 t/ha of earthworm compost resulted in not uniform
heads with low commercial value. The level of 41.0 t/ha of bovine
manure promoted maximum average head weight (900 g) and yield
(47.0 t/ha), while the use of 27.0 t/ha of earthworm compost was
responsible for the maximum average head weight (700 g) and yield
(38.0 t/ha), respectively.
Keywords: Brassica oleracea var. capitata, organic matter, yield.
(Aceito para publicação em 02 de janeiro de 2.001)
É
reconhecida a importância e a necessidade da adubação orgânica em
hortaliças, principalmente nas hortaliças
folhosas, como as brássicas, visando
compensar as perdas por nutrientes ocorridas durante seu cultivo (Kimoto, 1993).
Em solos tropicais a mineralização de
matéria orgânica é intensa, o que torna a
adubação orgânica uma prática importante para compensar estas perdas (Omori
& Suguimoto, 1978). O repolho encontra-se entre as hortaliças que respondem
bem à adubação orgânica, principalmente
em solos arenosos (Kimoto, 1993). O esterco bovino é utilizado rotineiramente
em repolho, com respostas satisfatórias,
em doses acima de 30 t/ha (Omori &
70
Sugimoto, 1978; Silva Junior et al., 1984;
Nakagawa & Bull, 1990; Kimoto, 1993).
O vermicomposto é um fertilizante
orgânico produzido por processo de decomposição aeróbica, em que, numa
primeira fase, estão envolvidos fungos
e bactérias e, numa segunda fase, ocorre também atuação das minhocas originando um composto de melhor qualidade. Quando aplicado ao solo, o
vermicomposto provoca benefícios físicos e químicos (Harris et al., 1990).
Além do aspecto físico, as excreções
contém nutrientes essenciais às plantas
numa forma mais disponível, especialmente o nitrogênio (Sharpley & Syers,
1976). No vermicomposto a taxa de
mineralização do N é maior, a liberação
é mais lenta e gradual, reduzindo as perdas desse nutriente por lixiviação (Harris
et al., 1990). Nos dejetos de minhocas o
nitrogênio é quase cinco vezes maior que
antes de passar pelo seu trato digestivo,
enquanto o fósforo é sete, o potássio é
onze e o magnésio é três vezes maior
(Kiehl, 1985). As excreções destes vermes constituem um excelente substrato
para um desenvolvimento exuberante da
microfauna do solo (Longo, 1992).
Entretanto, pouco se sabe sobre a
quantidade de vermicomposto que deve
ser aplicada ao solo, a fim de proporcionar aumentos de produtividade nas hortaliças e permitir por meio de melhoria
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Uso de esterco bovino e húmus de minhoca na produção de repolho híbrido.
das condições físicas do solo, a utilização eficiente dos nutrientes pelas plantas. Em alface Ricci et al. (1994) obtiveram um adicional de 3,4 t/ha com
vermicomposto em relação ao composto
tradicional. Araujo (1997) observou que
no cultivo de cenoura o emprego de 25 t/
ha de húmus de minhoca incrementou o
desenvolvimento das plantas e promoveu
ganhos na produção total e comercial de
raízes. No feijão-vagem, 15 t/ha de
húmus de minhoca foram responsáveis
por aumento na produção de vagens (Oliveira et al., 1998).
Na região de Areia (PB), tem aumentado progressivamente o número de
minhocários, com produção de grandes
quantidades de húmus, que podem ser
utilizadas nos cultivos comerciais de hortaliças. O repolho é uma das principais
hortaliças cultivadas na região, mas não
há informações sobre as doses de esterco bovino e húmus de minhoca mais
apropriadas para proporcionar incremento na produção de cabeças. Deste modo,
o presente experimento teve como objetivo conhecer a(s) melhor(es) dose(s) de
esterco bovino e de húmus de minhoca
para a produção de repolho.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na
UFPB, em Areia, entre 10/12/97 e 05/
03/98, em solo tipo Latossolo vermelho-amarelo. Os resultados da análise
química de amostras do solo revelaram:
PH 6,2; P disponível = 95,0 mg/dm3; K
= 156,0 mg/dm3; Al trocável = 0,0 cmolc/
dm3; Ca + Mg = 4,75 cmolc/dm3 e 1,13%
de matéria orgânica.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com os tratamentos distribuídos em esquema
fatorial (5 x 2) + 1, com os fatores doses
e fontes de matéria orgânica (20; 30; 40;
50 e 60 t/ha de e 10; 15; 20; 25 e 30 t/ha
de húmus de minhoca) e, um tratamento
testemunha sem adubação orgânica, com
quatro repetições, empregando-se o híbrido Matsukaze. A caracterização química do esterco bovino e do húmus de
minhoca revelou, respectivamente, a seguinte composição: P = 1,84 e 5,10 g/
kg; K = 4,94 e 9,29 g/kg; N = 8,82 e 14,05
g/kg; matéria orgânica = 182,07 e 403,3
g/dm3; e relação C/N = 10/1 e 7/1.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
O húmus de minhoca utilizado foi
adquirido junto a produtor comercial,
originado a partir de esterco bovino e
restos de culturas de milho e mandioca.
Seu emprego em proporções equivalentes à metade das doses de esterco bovino seguiu recomendação de Lauro &
Correa (s.d), citado por Ricci et al.
(1994), que indicam para hortaliças a
utilização de 20 a 40 t/ha. As parcelas
mediram 6,40 m 2 compostas por 20
plantas espaçadas de 0,80 m entre linhas
e 0,40 m entre plantas.
O solo foi preparado mediante aração,
gradagem, levantamento de leirões de
aproximadamente 20 cm de altura e abertura de covas de plantio. O esterco bovino e o húmus de minhoca foram colocados nas covas, quinze dias antes do
transplantio. Não foi realizada adubação
química devido o solo apresentar teores
elevados de fósforo e potássio e para não
interferir no efeito das fontes e doses de
matéria orgânica testadas.
A produção de mudas foi realizada
em sementeira convencional (Filgueira,
1982). Cerca de 30 dias após a semeadura, quando as plântulas apresentavam
10 -15 cm de altura e 4 - 6 folhas foram
transplantadas para o local definitivo.
Foram realizadas pulverizações preventivas à base de Deltametrina 2,5E, a cada
quinze dias após o transplantio, visando o controle de pulgões (Brevicoryne
brassicae) e da traças-das-crucíferas
(Plutella xylostella). Utilizou-se irrigação por aspersão, sempre que necessário, procurando manter o nível de disponibilidade de água acima de 80% da
capacidade de campo. Efetuaram-se
também capinas com auxílio de enxadas, procurando-se manter a cultura livre de plantas invasoras. A colheita foi
realizada aos 100 dias após o
transplantio, quando as plantas apresentavam desenvolvimento máximo
(Sonnenberg, 1985). Foram realizadas
as seguintes avaliações: diâmetro transversal, longitudinal e índice de formato
da cabeça, determinado pela relação
entre o diâmetro transversal e longitudinal da cabeça (valores próximos de 1
indicam cabeças mais arredondadas),
compacidade da cabeça, avaliada por
notas (1 = fofa; 2 = compacidade média, 3 = firme), peso médio e produção
total de cabeças.
Os caracteres avaliados foram analisados por meio de análises de variâncias
e de regressões lineares e quadráticas. As
análises de variâncias foram
complementadas pelo teste de comparação múltiplas das médias (teste de Tukey),
ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve efeito significativo do esterco bovino sobre o diâmetro longitudinal e transversal, peso médio e produção total de cabeças. Para o húmus de
minhoca, além de se verificar efeito significativo sobre estas características,
houve efeito também sobre o índice de
formato de cabeças.
Através das derivações das equações
de regressão, o diâmetro longitudinal
das cabeças de repolho, atingiu valores
máximos, 13,0 cm e 12,0 cm nas doses
de 46,0 t/ha de esterco bovino e de 29,0
t/ha de húmus de minhoca, enquanto as
doses de 47,0 t/ha de esterco bovino e
20,0 t/ha de húmus de minhoca, foram
responsáveis pelos valores máximos no
diâmetro transversal (12,0 cm e 11,0 cm,
respectivamente) (Figura 1). Aumentos
no diâmetro das cabeça de repolho com
elevação de doses de esterco bovino,
também foram observados por Carneiro et al. (1987).
A relação do comprimento transversal e longitudinal, que determina o índice de formato das cabeças e a sua
compacidade, em função das doses de
esterco bovino não apresentaram variações, demonstrando que todas as doses
proporcionaram cabeças mais uniformes
e compactas, de boa aceitação comercial
na região de Areia, com valores para o
índice de formato da cabeça, semelhantes aos indicados por Giordano (1983)
e Castellane & Braz (1991), entre 0,8 e
1,00. Carneiro et al. (1987) também não
detectaram variação no índice de formato de cabeça em repolho em doses de
até 75 t/ha de esterco bovino. Quanto
ao húmus de minhoca, 20 t/ha propiciou
a produção de cabeças desuniformes e
com média compacidade, de baixa aceitação comercial.
Com relação às características peso
e rendimento de cabeças, a resposta do
repolho ao emprego de esterco bovino
e húmus de minhoca é de natureza
71
A.P. Oliveira et al.
y1 = 9,6793 + 0,1644x -0,0018x2
R2 = 0,85**
14
Di metro de cabe as (cm)
Di metro de cabe as (cm)
16
12
10
8
y2 = 8,9154 + 0,141x - 0,0015x2
6
R2 = 0,83*
4
16
y1 = 9,5937 + 0,1703x - 0,0029x2
14
R2 = 0,53*
12
10
8
2
6
y2 = 8,7085 + 0,2589x -0,0063x2
4
R2 = 0,8363
2
0
10
20
30
40
50
60
0
5
Esterco Bovino (t/ha)
10
15
20
25
30
Hœmus de minhoca (t/ha)
Figura 1. Diâmetro longitudinal (y1) e transversal (y2) de cabeças de repolho híbrido Matsukaze,
em função de doses de esterco bovino e de húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.
Peso mØdio de cabe a (g)
Peso mØdio de cabe a (g)
1200
1000
800
600
2
y = 396,15 + 24,214x - 0,2918x
R2 = 0,88*
400
800
600
400
AGRADECIMENTOS
y = 424,74 + 21,548x - 0,4043x2
R2 = 0,91*
200
0
200
0
10
20
30
40
50
0
60
5
10
15
20
25
30
Hœmus de minhoca (t/ha)
Esterco bovino (t/ha)
45
Produtividade (t/ha)
Produtividade (t/ha)
Figura 2. Peso médio de cabeças de repolho híbrido Matsukaze, em função de doses de
esterco bovino e de húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.
60
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
y = 20,699 + 1,2732x - 0,0153x2
R 2 = 0,86*
40
10
20
30
40
50
60
Esterco Bovino (t/ha)
LITERATURA CITADA
30
25
2
20
y = 22,321 + 1,0602x - 0,0183x
2
R = 0,91*
15
0
5
10
15
20
25
30
Hœmus de minhoca (t/ha)
Figura 3. Produtividade de cabeças de repolho, híbrido Matsukaze, em função de doses de
esterco bovino e de húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.
quadrática. Por meio das equações de
regressão, calculou-se a dose de 41,0 t/
ha de esterco bovino como aquela que
promoveu o máximo peso médio (900 g)
e a máxima produtividade de cabeças no
repolho (47,0 t/ha), e a dose de 27,0 t/ha
de húmus de minhoca, como aquela responsável pelo máximo peso médio (700
g) e máxima produtividade de cabeças
(38,0 t/ha) (Figuras 2 e 3). Em outros
estudos, também foram verificados au72
Os autores expressam seus agradecimentos à professora Sheila Costa de
Farias pela correção do Abstract e aos
agentes em agropecuária José Ribeiro
Dantas Filho, Francisco de Castro Azevedo, José Barbosa de Souza, Francisco Soares de Brito, Expedito de Souza
Lima e Francisco Silva do Nascimento
que viabilizaram a execução dos trabalhos de campo.
35
10
0
de repolho, possivelmente devido ao
suprimento de nutrientes de forma equilibrada proporcionado pela aplicação do
esterco bovino e do húmus de minhoca.
O equilíbrio entre os elementos nutritivos proporciona maiores produtividades
do que maiores quantidades de
macronutrientes
isoladamente
(Primavesi, 1985), Ainda, ocorre
melhoria da fertilidade e da estrutura do
solo, e no fornecimento de água, proporcionando melhor aproveitamento dos
nutrientes originalmente presentes
(Peavy & Greig, 1972).
Considerando que no município de
Areia a aquisição de esterco bovino é
mais fácil e resulta em uma maior produtividade de cabeças de repolho, seu
emprego seria recomendado na adubação orgânica em repolho, nas condições
edafoclimáticas deste município.
mentos na produtividade de cabeças no
repolho, quando se empregou o esterco
bovino como fonte de matéria orgânica
(Silva Junior, 1987; Nakagawa & Bull,
1990; Kimoto, 1993).
As produtividades máximas de cabeças alcançadas com o emprego do
esterco bovino e húmus de minhoca superaram a média nacional, em torno de
35 t/ha (Filgueira, 1982), indicando os
benefícios do seu emprego na produção
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Efeito do óleo mineral e do detergente neutro na eficiência de controle da
mosca-branca por betacyfluthrin, dimethoato e methomyl no meloeiro.
Francisco A.S.B. Medeiros¹; Ervino Bleicher²; Josivan B. Menezes¹
¹ ESAM, DQT, NEPC, C. Postal 137, 59.625-900 Mossoró-RN; ² Embrapa Agroindústria Tropical, C. Postal 3761, 60.511-110 FortalezaCE. E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Foram realizados dois experimentos diferentes com o objetivo
de avaliar o efeito de óleo mineral (experimento 1) e detergente neutro
(experimento 2) na eficiência de controle da mosca-branca (Bemisia
tabaci RAÇA B – Hemiptera-Homoptera: Aleyrodidae) no meloeiro (Cucurbitaceae, Cucumis melo L.- Variedade Amarelo, usando o
híbrido AF 646). O delineamento experimental utilizado para cada
experimento foi o de blocos casualizados com sete tratamentos e
quatro repetições, onde cada parcela tinha 60 m². O óleo mineral e o
detergente neutro quando associados aos inseticidas betacyfluthrin
e dimethoato reduziram a população de ninfas de mosca-branca, aumentando a eficiência de controle dos inseticidas, apesar da eficiência ainda ter sido baixa (menor que 70%). O methomyl apresentou
as mais baixas eficiências de controle, principalmente no experimento 2, além de não ter sido auxiliado nem pelo detergente neutro,
nem pelo óleo mineral. O óleo mineral e o detergente neutro na concentração de 0,5% não causaram fitotoxidade às plantas de melão.
No experimento 1 (com óleo mineral), o tratamento que se mostrou
mais eficiente foi com o uso do inseticida betacyfluthrin associado
ao óleo mineral, apresentando eficiência de controle de 68,57%. No
experimento 2 (com detergente neutro) foi mais eficiente o uso do
inseticida dimethoato com detergente neutro, apresentando eficiência de controle de 64,09%.
Effect of betacyfluthrin, dimethoate and methomyl applied
in mixtures with mineral oil and neutral detergent in the control
efficiency of whitefly in melon plants.
Palavras-chave: Cucumis melo L.; Bemisia tabaci RAÇA B;
controle fitossanitário.
Keywords: Cucumis melo L.; Bemisia tabaci RACE B;
fitossanitary control.
Two different experiments were developed to evaluate the
mineral oil (experiment 1) and neutral detergent (experiment 2) effect
in the control efficiency of the whitefly (Bemisia tabaci RACE B –
Hemiptera-Homoptera: Aleyrodidae) by betacyfluthrin, dimethoate
and methomyl in melon plants (Cucurbitaceae, Cucumis melo L. –
yellow variety, using the hybrid AF 646). The experimental design
applied to each experiment, was of randomized blocks with seven
treatments and four replications Each experimental plot had 60 m².
It was concluded that the mineral oil and neutral detergent associated
to betacyfluthrin and dimethoate insecticides reduced the whiteflys
nymphs population, increasing the efficiency of these insecticides,
although this efficiency could be considered low (less than 70%).
Methomyl presented the lowest efficiency in controlling the insect,
specially in experiment 2, even when applied with mineral oil or the
neutral detergent. Mineral oil and neutral detergent at the
concentration of 0.5% did not cause toxic reaction in the melon plants.
In experiment 1 the treatment combining mineral oil and
betacyfluthrin was the most efficient in controlling the insects (control
efficiency of 68.57%). In experiment 2, using neutral detergent, the
most efficient treatment was dimethoate insecticide associated with
the neutral detergent, (control efficiency of 64.09%).
(Aceito para publicação em 01 de janeiro de 2.001)
O
melão é uma das espécies
olerícolas de maior expressão econômica e social para a região Nordeste
do Brasil, gerando cerca de vinte a trinta mil empregos diretos, sem contar com
aqueles relacionados com o transporte,
comercialização e vendas de insumos
(Pedrosa, 1997).
A raça B de mosca-branca (Bemisia
tabaci) pode causar danos diretos à cultura do melão, pela sucção de seiva, provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta,
como também liberar substância açucarada que facilita o aparecimento de
fumagina (fungo), que provoca redução
no tamanho, peso e grau brix dos fru74
tos, podendo até estender o ciclo da cultura, implicando em mais despesas com
tratos culturais (Lourenção & Nagai,
1994). Contudo, são mais sérios os danos indiretos, podendo ocorrer no caso
de transmissão de vírus do tipo
Geminivirus (López, 1995); além dos
danos estéticos que também prejudicam
a comercialização.
Incidências constantes dessa praga,
têm provocado muitos prejuízos aumentando os índices de desemprego no campo, contribuindo para o êxodo rural nas
regiões produtoras de melão. Portanto,
a mosca-branca é uma praga de importância sócio-econômica, justificando os
estudos visando seu controle.
Com a entrada da mosca-branca nas
regiões produtoras de melão, o processo de implantação da cultura deve ser
re-estruturado dentro de uma nova ótica, ou seja, a diminuição do ciclo da
cultura, para assim diminuir o período
em que o cultivo está exposto à praga.
Cada semana a mais no campo representa uma ou até duas aplicações a mais
de inseticidas (Bleicher et al., 1998) e o
uso de medidas que venham auxiliar no
manejo integrado de pragas, dentre eles
o uso de óleo mineral e de detergente
neutro. A adição de óleo mineral e detergente neutro vêm sendo recomendados na concentração de 0,5 a 0,8% na
calda três dias após o uso de
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Efeito do óleo mineral e do detergente neutro na eficiência de controle da mosca-branca por betacyfluthrin, dimethoato e methomyl no meloeiro.
agroquímicos (Kissman, 1997). A
eficiência da aplicação desses produtos
depende muito de uma boa cobertura de
aplicação, principalmente da face inferior
(abaxial) da folha (Gallo et al., 1998).
A mosca-branca (biótipo B) adquire
resistência aos produtos químicos com
grande facilidade, sugerindo que o controle da praga seja feito com alternância
de produtos de grupos químicos diferentes (razão pela qual foram escolhidos os
inseticidas utilizados neste trabalho).
Deve-se utilizar o mesmo produto no
máximo duas vezes durante o ciclo da
cultura, enquanto os inseticidas reguladores de crescimento só devem ser usados uma única vez (Sawick et al., 1989).
O objetivo desta pesquisa foi verificar a eficiência do óleo mineral e do
detergente neutro, na concentração de
0,5%, adicionados aos inseticidas
betacyfluthrin, dimethoato e methomyl
para o controle da mosca-branca
(Bemisia tabaci RAÇA B) no meloeiro.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram conduzidos dois experimentos na MAISA (Mossoró Agro-industrial S.A.) em Mossoró, cujas médias de
temperatura e umidade relativa do ar são
27,8°C e 59,8% no mês de setembro, e
28,1°C e 61,3% para outubro, respectivamente (Chagas,1997).
O plantio das sementes foi realizado no mês de agosto, porém as aplicações dos produtos e as amostragens
ocorreram no período de setembro a
outubro de 1998.
O delineamento para cada experimento foi de blocos ao acaso com sete
tratamentos e quatro repetições.
Os inseticidas testados foram
betacyfluthrin 50 CE (100 mL/100 L),
dimethoato 400 CE (75 mL/100 L) e
methomyl 215 CE (100 mL/100 L). Utilizou-se 0,5% de óleo mineral (marca
comercial Assist) e de detergente neutro (marca comercial Indeba T) nos tratamentos em que foram adicionados às
caldas inseticidas.
A unidade experimental, com área
de 60 m², foi constituída por três fileiras de 10 m de comprimento, espaçadas
2 m entre as fileiras e 1 m entre os
gotejadores, sendo três plantas por
gotejador, totalizando 90 plantas do híbrido AF 646 por parcela.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Tabela 1.Número médio de ninfas de Bemisia tabaci raça B em 10 discos de 2,8 cm² de
folhas de meloeiro antes e após a aplicação de inseticidas associados a óleo mineral. Mossoró,
ESAM, 1998.
Tratamen tos
1. Testemunha
2. Betacyfluthrin
3. Betacyfluthrin + Óleo Mineral
4. Methomyl
5. Methomyl + Óleo Mineral
6. Dimethoato
7. Dimethoato + Óleo Mineral
F
C.V. (%)
N° médio de
n in fas/disco
A n te s
Ap ó s
5,03¹a²
14,15¹a²
4,48 a
9,95 b
4,43 a
7,97 b
4,57 a
10,81 b
5,04 a
10,68 b
5,15 a
10,33 b
3,58 a
8,99 b
0,66 ns
7,29**
28,93
13,76
%E
Abbott
-51,30
68,57
41,24
43,60
46,46
59,25
, efetuada para
¹ As médias apresentadas na tabela são produto da transformação
atender o modelo estatístico.
² As médias, na coluna, seguidas da mesma letra, não diferem estatisticamente ao nível de
5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
Aos 16 dias após o plantio aplicouse o inseticida imidacloprid em toda a
área experimental. Os inseticidas e o
óleo mineral foram aplicados aos 44; 51;
58 e 65 dias após o plantio. O detergente neutro foi aplicado aos 45; 52; 59 e
66 dias após o plantio. As amostras foram obtidas em dez folhas por parcela
com o auxílio de um cartucho metálico
de espingarda calibre 12, pressionando
a folha por cima entre as nervuras centrais e laterais, com um papelão por baixo facilitando o corte de pequenos discos de 2,8 cm². As amostras foram colocadas em sacos plásticos e acondicionadas em caixa de isopor até a contagem. As contagens foram feitas no mesmo dia, sob lupa tipo conta fio de 6,25
cm² de base com lente de dez aumentos. As amostragens e aplicações foram
feitas semanalmente, sendo feitas no
total cinco amostragens aos 44; 51; 58;
65 e 72 dias após o plantio.
O cálculo da percentagem de eficiência (Tabelas 1 e 2) foi feito utilizando a
fórmula de Abbott (1925).
, onde:
T = número de insetos vivos na testemunha
I = número de insetos vivos após a
aplicação dos produtos
Os resultados foram submetidos à
análise da variância com os dados trans-
formados em
e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de
5% de probabilidade utilizando-se o
software ESTAT (Sistema Para Análises Estatísticas, versão 1.0).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No experimento 1, realizado com
óleo mineral, verificou-se que não houve diferença estatística entre os tratamentos, porém, todos os tratamentos
reduziram significativamente o número
de ninfas de Bemisia tabaci raça B (Tabela 1). Todos os tratamentos produziram frutos aptos para a comercialização,
fato que não ocorreu com a testemunha,
devido ao ataque severo de mosca-branca. Observou-se tendência de aumento
da eficiência de controle de todos os tratamentos associados ao óleo mineral,
destacando-se
os
inseticidas
betacyfluthrin (68,57%) e dimethoato
(59,25%). Quando aplicados isoladamente a eficiência de controle foi de
51,30% e 46,46%, respectivamente. A
combinação de methomyl com óleo
mineral não resultou em grande acréscimo na eficiência de controle. A eficiência deste inseticida em aplicações isoladas foi de 41,24%, e quando associado ao óleo mineral, foi de 43,60%. Os
resultados encontrados nesse trabalho
foram um pouco melhores que os en75
F.A.S.B. Medeiros et al.
Tabela 2. Número médio de ninfas de Bemisia tabaci raça B em 10 discos de 2,8 cm² de
folhas de meloeiro antes e após a aplicação de inseticidas associados a detergente neutro.
Mossoró, ESAM, 1998.
Tratamen tos
1. Testemunha
2. Betacyfluthrin
3. Betacyfluthrin + Detergente Neutro
4. Methomyl
5. Methomyl + Detergente Neutro
6. Dimethoato
7. Dimethoato + Detergente Neutro
F
C.V. (%)
N° médio de
n in fas/disco
A n te s
Ap ó s
4,23¹a² 12,51¹a²
3,90 a
9,91abc
5,04 a
8,23 bc
4,60 a
11,80ab
5,33 a
8,79abc
4,05 a
9,60abc
3,82 a
7,35 c
1,00 ns
4,32**
26,40
18,49
%E
Abbott
-38,11
55,91
8,35
51,50
39,37
64,09
, efetuada para
¹ As médias apresentadas na tabela são produto da transformação
atender o modelo estatístico.
² As médias, na coluna, seguidas da mesma letra, não diferem estatisticamente ao nível de
5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
contrados por Haji (1997), onde o
dimethoato associado ao óleo mineral
não diferiu estatisticamente da testemunha, mas apresentou redução na população de ninfas. Também foi observada
por Gómez et al. (1997) redução em
populações de ninfas quando usado o
óleo mineral. Foi verificado por Hilje
(1996) que o óleo vegetal de Canavalia
apresentou bom efeito inseticida para
ovos e adultos, e o óleo de soja apresentou efeito parcial, comparados com a
testemunha e com o tratamento com o
inseticida endosulfan.
No experimento 2, realizado com
detergente neutro, observou-se alta população de ninfas nas parcelas utilizadas como testemunha (Tabela 2). Os tratamentos betacyfluthrin e dimethoato
quando associados ao detergente neutro reduziram significativamente o número de ninfas de mosca-branca quando comparados à testemunha. Os demais
tratamentos não diferiram estatisticamente da testemunha. O methomyl além
de apresentar uma eficiência de controle muito baixa, novamente não evidenciou diferença quanto ao número de
ninfas entre o tratamento com detergente
neutro (51,50%) e o tratamento sem
detergente neutro (8,35%). Já os tratamentos
com
os
inseticidas
betacyfluthrin e dimethoato, associados
ao detergente neutro, apresentaram eficiência de controle superiores (55,91%
76
e 64,09%, respectivamente) quando
comparados a aplicações isoladas
(38,11% e 39,37%, respectivamente).
Estes resultados estão de acordo com
os obtidos por Hilje (1997), onde também se verificou uma redução na população de ninfas, quando o detergente
neutro foi associado aos inseticidas
acefato e lambdcyalothrin.
Por meio das análises dos resultados, conclui-se que o detergente neutro
e o óleo mineral auxiliaram os inseticidas betacyfluthrin e dimethoato na redução da população de ninfas de mosca-branca, aumentando a eficiência de
controle dos mesmos, apesar dessa eficiência ainda ter sido baixa (menor que
70%). O inseticida methomyl apresentou a mais baixa eficiência de controle,
principalmente no experimento 2, além
de não ter sido auxiliado nem pelo óleo
mineral, nem pelo detergente neutro. O
óleo mineral e o detergente neutro na
concentração de 0,5% não causaram
fitotoxidade às plantas de melão. No
experimento 1 o tratamento que se mostrou mais eficiente foi o do inseticida
betacyfluthrin associado com o óleo
mineral, apresentando eficiência de controle de 68,57%. No experimento 2 o
tratamento que se mostrou mais eficiente foi o do inseticida dimethoato com o
detergente neutro, apresentando eficiência de controle de 64,09%.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à MAISA
pela disponibilidade, instalação dos experimentos e utilização dos produtos.
LITERATURA CITADA
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effectiveness of an inseticide. Journal of
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Produção de raízes de cenoura cultivadas com húmus de minhoca e adubo mineral.
Ademar P. Oliveira1; José Eduardo F. Espínola2; Jucilene S. Araújo1; Caciana C. Costa1
1
UFPB-CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia-PB; 2UFPB-CFT, 58.220-000 Bananeiras-PB. e.mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Neste trabalho avaliou-se o efeito de doses de húmus de minhoca (0, 15, 20, 25 e 30 t/ha), na presença e ausência de adubo mineral,
sobre a produção de raízes de cenoura, cultivar Brasília Nova Seleção. O experimento foi conduzido em Latossolo Vermelho-Amarelo, na Universidade Federal da Paraíba, em Areia, de julho a outubro de 1997. O delineamento experimental foi de blocos casualizados
com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 5 x 2. Foram
avaliadas a produção total e comercial de raízes (tipos Extra-A, Extra, Especial e Primeira). A dose de 25 t/ha de húmus de minhoca foi
responsável pela máxima produção total (70,1 t/ha) e comercial (31,1
t/ha) e pela mais baixa produção não-comercial de raízes (39,0 t/
ha). As produções total (79,5 t/ha) e comercial (25,5 t/ha) de raízes
na presença de adubo mineral, superaram em 71,7% e 64,7%, respectivamente, as produções obtidas na ausência de adubo mineral.
O adubo mineral proporcionou maior produção de raízes não-comerciais (54,0 t/ha), superando em 75,1% a produção obtida na ausência de adubo mineral. As produções de raízes do tipo Extra-A e
Extra aumentaram linearmente com as doses de húmus aplicadas.
Os aumentos nas produções de raízes tipos Extra-A e Extra foram
de aproximadamente 0,16 t/ha e 0,15 t/ha respectivamente, para cada
tonelada de húmus de minhoca adicionada ao solo. A presença do
adubo mineral elevou as produções de raízes dos tipos Extra-A, Extra
Especial e Primeira em 4,9; 5,6; 1,7 e em 19,4 t/ha, respectivamente, em relação à sua ausência.
Carrot roots production cultivated with earthworm compost
and mineral fertilizer.
Palavras-chave: Daucus carota L., adubação organo-mineral,
rendimento.
Keywords: Daucus carota L., organic-mineral fertilizer, yield.
In this work the effect of levels of earthworm compost was
evaluated (0, 15, 20, 25 and 30 t/ha), in the presence and absence of
mineral fertilizer, on the production of carrot roots, cv. Brasília Nova
Seleção. The experiment was performed in a Red-yellow Latossolo,
in the Federal University of Paraíba, in Areia, Brazil, from July to
October 1997. The experimental design was randomized blocks with
the treatments distributed in a factorial scheme 5 x 2. The total and
commercial production of roots were evaluated (Extra A, Extra,
Special and First types). The level of 25 t/ha of earthworm compost,
was responsible for the maximum total (70.1 t/ha) and commercial
(31.1 t/ha) yield and for the lowest non-commercial yield of roots
(39.0 t/ha). The total (79.5 t/ha) and commercial (25.5 t/ha) yield of
roots in the presence of mineral fertilizer, surpassed 71.7% and
64.7%, respectively, the yield obtained in the absence of mineral
fertilizer. The mineral fertilizer provided higher yield of noncommercial roots (54.0 t/ha), surpassing in 75.1% the yield obtained
in the absence of mineral fertilizer. Root production of Extra-A and
Extra types increased linearly with the applied earthworm compost
levels. Increases in the productions of root types Extra-A and Extra
were of approximately, 0.6 t/ha and 0.15 t/ha, respectively, for each
ton of earthworm compost added to the soil. The presence of the
mineral fertilizer increased the production of Extra-A, Extra, Special
and First type roots in 4.9; 5.6; 1.7 and 19.4 t/ha, respectively, in
comparison to its absence.
(Aceito para publicação em 17 de janeiro de 2.001)
A
adubação orgânica na cultura da
cenoura desempenha papel fundamental no aumento da produção de
raízes comerciais e na diminuição de
raízes deformadas, principalmente em
solos com baixo teor de matéria orgânica (Souza, 1990). Contudo, a resposta
da cenoura à aplicação de fertilizantes
orgânicos é muito variável, devido à diversidade na composição desses materiais. Entretanto maiores quantidades de
materiais orgânicos empregadas no seu
cultivo, especialmente os estercos de
animais e compostos orgânicos, têm sido
responsáveis por aumento de produção.
Gaweda (1997) verificou elevação na
produção de raízes de cenoura em solo
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
com elevado teor de matéria orgânica.
Todavia Pereira et al. (1979), avaliando
a eficiência do lixo industrializado,
como adubo orgânico sobre a qualidade
e rendimento de raízes da cenoura, constataram na análise dos dados relativos
ao peso, comprimento e diâmetro, não
haver diferença estatística entre as doses de 2; 4; 8 16 e 32 kg/m2. Também,
Schimid et al. (1993) não verificaram
aumento na produção de cenoura com o
emprego de esterco bovino.
O emprego do vermicomposto como
fonte de matéria orgânica na produção
de hortaliças vem aumentando nos últimos anos. Trata-se de um fertilizante
orgânico obtido pela decomposição
aeróbia controlada, produzindo um composto de boa qualidade, riquíssimo em
macro e micronutrientes. Não apresenta acidez e possui elevada taxa de
mineralização de N. Todavia devido à
alta capacidade de troca catiônica, a liberação de N é lenta e gradual, reduzindo as perdas por lixiviação (Harris et al.,
1990; Camilis Neto, 1992). Longo
(1992) afirma que o húmus produzido
pelas minhocas é em média 70% mais
rico em nutrientes que os húmus convencionais; o nitrogênio é quase cinco
vezes maior que antes de passar pelo seu
trato digestivo, enquanto o fósforo é
sete, o potássio é onze e o magnésio é
três vezes maior.
77
A.P. Oliveira et al.
Tabela 1. Produção total, comercial e não comercial de raízes de cenoura, em função de
doses de húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.
D o s es d e
h ú mu s (t/h a)
0
15
20
25
30
CV (%)
P rodu ção de raízes (t/h a)
Total
Comercial
Não-comercial
57,2 b
15,0 b
42,2 a
62,2 ab
20,1 a
42,1 a
61,3 ab
17,0 b
44,3 a
70,1 a
31,1 a
39,0 a
66,3 ab
19,1 b
44,3 a
21,5
27,6
33,6
Médias, nas colunas seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.
Pouco se sabe sobre a quantidade de
vermicomposto que deve ser aplicada ao
solo, a fim de proporcionar aumentos
de produtividade nas hortaliças e permitir a utilização eficiente dos nutrientes pelas plantas, sem contudo ocasionar prejuízos às propriedades do solo e
à composição vegetal. Em alface, Ricci
et al. (1994) obtiveram um adicional de
3,4 t/ha com vermicomposto em relação ao composto tradicional. No feijão
vagem, 15 t/ha de húmus de minhoca
foi responsável por aumento na produção de vagens (Oliveira et al. 1998). Em
repolho, Ferreira et al. (1998) verificaram máxima produção e peso médio de
cabeças, com aplicação de 30 t/ha de
húmus de minhoca. Todavia, Seno et al.
(1993) verificaram pouca influencia do
húmus de minhoca sobre o peso médio
do bulbo na cultivar de alho Roxo Pérola de Caçador.
Quanto ao efeito do húmus de minhoca associado a adubo mineral,
Bithencourt et al. (1996), avaliando as
combinações de fertilizantes com
húmus; fertilizantes com esterco de galinha e de húmus na alface, não encontraram diferenças entre os tratamentos
para o diâmetro da cabeça, peso da cabeça, altura da planta e peso verde das
folhas. O objetivo deste trabalho foi
avaliar o efeito do húmus de minhoca,
na ausência e na presença de adubo mineral, sobre a produção e qualidade de
raízes de cenoura.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na
Universidade Federal da Paraíba, em
Areia no período de junho a outubro de
78
1997, em Latossolo Vermelho-Amarelo. Os tratamentos consistiram da combinação dos fatores, doses de húmus de
minhoca (0; 15; 20; 25 e 30 t/ha) e ausência e presença de adubo mineral, dispostos em esquema fatorial 5 x 2, no delineamento experimental de blocos
casualizados, com quatro repetições.
Nos tratamentos que receberam adubo
mineral, aplicou-se no plantio 800 kg/
ha de superfosfato simples e 136 kg/ha
de cloreto de potássio e, em cobertura,
200 kg/ha de sulfato de amônio, em duas
parcelas iguais aplicadas aos 30 e 60 dias
após a semeadura. Também no ato da
adubação de plantio, foram incorporadas nos canteiros, as doses de húmus de
minhoca.
O tamanho das parcelas foi de 2,0 x
1,0 m. O espaçamento utilizado foi de
25,0 x 5,0 cm, com 160 plantas, todas
consideradas úteis. A cultivar empregada foi a Brasília Nova Seleção.
O húmus de minhoca teve como
matéria-prima o esterco bovino. A caracterização química do húmus de minhoca e o equivalente de unidade foram:
P = 3,0 g/kg; K = 2,5 g/kg; N = 3,5 g/
kg; matéria orgânica = 102,1 g/dm3; e
relação C/N = 17/1, enquanto que o solo
apresentou as seguintes características
químicas: pH H2O = 5,9; P disponível
92,4 mg/dm3; K = 67,5 mg/dm3; Al
trocável = 0,0 cmolc/dm3; Ca + Mg =3,5
cmolc/dm3; e 1,2% de matéria orgânica.
Após o preparo do solo e incorporação do adubo realizou-se a semeadura
manualmente, em sulcos a uma profundidade de 2,0 cm. Foram realizados desbastes aos 14 e 21 dias após a emergência.
Durante a condução da cultura foram realizadas capinas com auxílio de
enxadas, procurando-se manter sempre
a cultura livre de plantas daninhas. Utilizou-se a irrigação por aspersão, sempre que necessário, procurando manter
o nível de disponibilidade de água acima de 80% da capacidade de campo. A
ausência de pragas e doenças, dispensou o emprego de agrotóxicos.
Foram avaliadas as produções total
e comercial de raízes (tipo Extra-A,
Extra, Especial e Primeira), conforme
Freire et al. (1984). Os dados obtidos
foram submetidos à análise de variância
e as médias comparadas pelo teste
Tukey a 5% de probabilidade. Foi realizada a análise de variância da regressão
polinomial para verificar os efeitos linear e quadrático das variáveis, em função de doses de húmus de minhoca, sendo selecionado para expressar o comportamento de cada característica, o
modelo significativo de maior ordem e
que apresentou maior coeficiente de
determinação com os dados obtidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As produções total e comercial de
raízes, foram influenciadas (P<0,01) isoladamente pelos fatores doses de húmus
de minhoca e adubo mineral (Tabelas 1
e 2). A dose de 25 t/ha de húmus de
minhoca, foi responsável pelas máximas
produções total (70,1 t/ha) e comercial
(31,1 t/ha) de raízes. Estes valores representam acréscimos de 12,9 e de 16,1
t/ha, nas produções total e comercial de
raízes respectivamente, em relação à
ausência de húmus de minhoca. Não foi
observada diferença estatisticamente
significativa entre doses de húmus para
a produção de raízes não-comerciais.
Outros autores têm relatado efeitos positivos do emprego da matéria orgânica
na elevação da produção na cenoura
(Pereira et al., 1979; Párraga, 1987;
Souza, 1990; Gaweda, 1997), entretanto, não mencionam efeitos do húmus de
minhoca. Para hortaliças como alface
(Ricci et al., 1994), feijão-vagem (Oliveira et al.,1998), repolho (Ferreira et
al.,1998) e alho (Seno et al.,1993) a resposta à utilização de húmus de minhoca
tem originado resultados conflitantes
quanto ao rendimento.
A ausência de resposta do húmus de
minhoca sobre a produção de raízes nãoHortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Produção de raízes de cenoura cultivadas com húmus de minhoca e adubo mineral.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Tabela 2. Produção total, comercial e não comercial de raízes de cenoura, em função de
adubação mineral. Areia, UFPB, 1998.
D o s es d e
h ú mu s (t/h a)
Sem mineral
Com mineral
CV (%)
P rodu ção de raízes (t/h a)
Total
Comercial
Não-comercial
46,3 b
15,5 b
30,8 a
79,5 a
25,5 a
54,0 a
25,0
46,5
33,6
Médias, nas colunas seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.
Tabela 3. Produção de raízes dos tipos Extra-A, Extra, Especial e Primeira de cenoura, em
função de adubação mineral. Areia, UFPB, 1998.
Ad u b aç ão
Sem mineral
Com mineral
CV (%)
P rodu ção de raízes (t/h a)
Extra
Especial
4,2 b
4,9 b
9,9 a
6,6 a
50,4
44,8
Extra-A
2,9 b
7,8 a
80,5
P rimeira
12,5 b
31,9 a
42,8
Médias, nas colunas seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade.
Produ ªo de ra zes (t/ha)
comerciais, assemelha-se aos resultados
obtidos por Oliveira & Lima (1988) que
também não observaram efeito da adubação orgânica com bagaço de cana-deaçúcar e esterco caprino sobre características produtivas da cenoura.
A resposta positiva da dose de 25 t/
ha de húmus de minhoca sobre as produções total e comercial de raízes de cenoura, pode ser atribuída à composição
do húmus de minhoca, alterando as características químicas do solo, promovendo suprimento eficientemente de nutrientes à cenoura. Soma-se a isso a melhoraria na estrutura física, na capacidade de
troca de cátions e na retenção de água,
incremento substancial nas produções de
invertebrados, fungos e bactérias, promovendo condições essenciais para o solo
manter-se produtivo e, neste caso, proporcionar à cultura da cenoura maior produção de raízes comerciais,
consequentemente, reduzindo a produção
de raízes não-comerciais (Lynch, 1986;
Pereira, 1987; Souza, 1990).
Quanto ao emprego do adubo mineral, as produções total (79,5 t/ha) e comercial (25,5 t/ha) de raízes na presença de adubo mineral superaram em
71,7% e 64,70%, respectivamente, as
produções obtidas na ausência de adubo mineral. Este resultado expressa a
exigência da cenoura em adubo mineral
para obtenção de elevados rendimentos.
Há consenso entre diversos autores
(Camargo, 1981; Mesquita Filho et al.,
1985; Foltran, 1987; Rebouças & Souza
1990) sobre a eficiência do adubo mineral na elevação da produtividade na cenoura. Verificou-se também que a adubação mineral proporcionou maior produção de raízes não-comerciais (54,0 t/
ha), superando em 75,1% aquela obtida
na ausência de adubo mineral. A adubação mineral é uma das práticas de cultivo que mais influencia o resultado da
produção hortícola (Filgueira, 1982).
Contudo a elevada produção de raízes
não-comerciais obtidas com a adubação
mineral, não anula sua eficiência, fato
justificável pelo efeito positivo no incremento da produção de raízes comerciais.
Com relação às raízes classificadas,
as produções de raízes do tipo Extra-A
e Extra, aumentaram linearmente com
elevação das doses de húmus, ocorrendo aumento de aproximadamente 0,16
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
y 1 = 4,1774 + 0,1479x
y1
2
R = 0,82*
y2
y 2 = 2,6962 + 0,1613x
2
R = 0,67*
10
15
20
25
30
Hœm us de m inhoca (t/ha)
Figura 1. Produção de raízes dos tipos Extra-A (y1) e Extra (y2) em função de doses de
húmus de minhoca. Areia, UFPB, 1998.
t/ha e 0,15 t/ha respectivamente, para
cada tonelada de húmus de minhoca
adicionada ao solo (Figura 1). Todavia
as produções de raízes especial e primeira, não foram influenciadas pelas
doses de húmus, apresentando produções
médias de 4,9 e 12,4 t/ha, respectivamente. Párraga (1987) verificou que maiores
quantidades de adubos orgânicos aplicados, resultaram em produção de cenouras mais pesadas e do tipo extra. O acréscimo na produção de raízes Extra-A e
Extra, deve-se possivelmente, aos fatores relacionados com o aumento da produção total e comercial de raízes.
A adubação mineral incrementou
(P<0,01) as produções de raízes do tipo
Extra-A, Extra, Especial e Primeira (Tabela 3), em 4,9; 5,6; 1,7 e 19,6 t/ha, respectivamente, em relação à sua ausência. Estes resultados evidenciam a importância do adubo mineral na elevação
da produção de raízes classificadas de
cenoura, principalmente do tipo ExtraA e Extra. Aumentos de produção de
raízes de cenoura classificadas, em função da aplicação de adubo mineral também foram observados por Lima et al.
(1980), Castellane (1980), Camargo
79
A.P. Oliveira et al.
(1981) e Rebouças & Souza (1990).
Com base nos resultados apresentados e condições em que foi realizado o
trabalho, o húmus de minhoca mostrou
ser eficiente na produção de cenoura. O
emprego de 25 t/ha associado à adubação mineral, aumentou a produção de
raízes comerciais.
LITERATURA CITADA
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Rendimento de feijão-caupi cultivado com esterco bovino e adubo mineral.
Ademar P. Oliveira; Jucilene S. Araújo; Edna Ursulino Alves; Michelle A. S. Noronha; Christiane M.
Cassimiro; Flávia G. Mendonça
UFPB-CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia-PB. E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O feijão-caupi, conhecido no Nordeste Brasileiro por feijãomacassar ou feijão-de-corda é uma das principais culturas desta região, consumido sob a forma de grãos secos ou grãos verdes, tipo
ervilha. Na Paraíba detém 75% das áreas de cultivo com feijão, sendo que o baixo rendimento é atribuído à falta de estudos sobre nutrição mineral. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de
diferentes doses de esterco bovino, na presença ou ausência de adubo mineral, sobre o rendimento de vagens, de grãos verdes e secos
do feijão-caupi, cultivar IPA 206. O experimento foi conduzido na
Universidade Federal da Paraíba, em Areia, de setembro/1998 a janeiro/1999, em delineamento experimental de blocos casualizados,
com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 5 x 2, onde o
primeiro fator correspondeu às doses de esterco bovino (0, 10, 20,
30 e 40 t/ha) e, o segundo fator à presença e ausência de adubo
mineral, em quatro repetições. O rendimento máximo estimado de
vagens (9,64 t/ha) foi obtido com 25 t/ha de esterco bovino na presença do adubo mineral, enquanto que na ausência de adubo mineral o rendimento de vagens aumentou com a elevação das doses de
esterco bovino, na ordem de 49,3 kg/ha para cada tonelada de esterco bovino adicionado ao solo. O rendimento de grãos verdes na presença de adubo mineral atingiu valor máximo estimado (6,8 t/ha) na
dose ótima estimada de 17 t/ha de esterco bovino. Na ausência de
adubo mineral, o rendimento de grãos verdes, aumentou com a elevação das doses de esterco bovino, na ordem de 47,9 kg/ha para
cada tonelada de esterco bovino adicionado ao solo. O rendimento
de grãos secos na presença de adubo mineral atingiu valor máximo
estimado (3,03 t/ha) na dose de 21 t/ha de esterco bovino, enquanto
na ausência de adubo mineral a dose de 25 t/ha de esterco bovino foi
responsável pelo rendimento máximo de grãos secos (2,00 t/ha).
Yield of cowpea-beans cultivated with bovine manure and
mineral fertilization.
Palavras-chave: Vigna unguiculata, adubação organo-mineral,
vagens, grãos verdes, grãos secos, produção.
The cowpea-bean, known in the Brazilian Northeast as
‘macassar-bean’ or rope bean is one of the main crops of this region
being consumed as dry beans or green beans (pods and/or immature
grain). In Paraíba, it is cultivated in almost all regions, representing
75% of the area cultivated with common dry beans. The low yield is
due to the lack of a program of mineral nutrition. This experiment
was carried out to evaluate the effect of different levels of bovine
manure in the presence or absence of mineral fertilizer on pods and
green and dry grains yield of the cowpea-bean, cv. IPA 206. The
experiment was performed in the Federal University of Paraíba, in
Brazil, from September/1998 to January/1999, in a randomized
blocks design, where the treatments were distributed in a factorial
scheme 5 x 2, with the first factor corresponding to levels of bovine
manure (0, 10, 20, 30 and 40 t/ha) and, the second factor, the presence
or absence of mineral fertilizer, in four replications. Each plot
consisted of 20 plants, spaced 0.80 x 0.40 m apart. The estimated
maximum yield of pods (9.64 t/ha) was obtained with 25 t/ha of
bovine manure in the presence of mineral fertilizer, while in the
absence of mineral fertilizer, the yield of pods, increased with the
increasing levels of bovine manure, in the order of 49.3 kg/ha to
each ton of bovine manure added to the soil. The yield of green
grains in the presence of mineral fertilizer reached estimated
maximum value (6.8 t/ha) in the estimated optimum level of 17 t/ha
of bovine manure. In the absence of mineral fertilizer, the yield of
green grains, increased with the increasing of the levels of bovine
manure in the order of 47.9 kg/ha to each ton of bovine manure
added to soil. The yield of dry grains in the presence of mineral
fertilizer reached estimated maximum value (3.03 t/ha) in the level
of 21 t/ha of bovine manure. In the absence of mineral fertilizer, the
level of 25 t/ha of bovine manure was responsible for the maximum
yield of dry grains (2.00 t/ha).
Keywords: Vigna unguiculata Walp., organic-mineral fertilization,
pods, green grains, dry grains, yield.
(Aceito para publicação em 24 de janeiro de 2001)
O
feijão-caupi (Vigna unguiculata
(L.) Walp), conhecido por feijãomacassar ou feijão-de- corda é uma fonte de renda alternativa e considerado
alimento básico da população da Região
Nordeste do Brasil. O consumo do mesmo pode ser na forma de grãos maduros
e de grãos verdes, (“feijão-verde” com
teor de umidade entre 60 e 70%). É bastante apreciado por seu sabor e
cozimento mais fácil, sendo utilizado
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
como “feijão-verde”, em pratos típicos
da região Nordestina (Ferreira & Silva,
1987; Oliveira & Carvalho, 1988; Silva
& Oliveira, 1993). No Estado da
Paraíba, é cultivado em quase todas
micro-regiões, onde detém 75% das áreas
de cultivo com feijão (IBGE,1996).
Em algumas regiões do Estado da
Paraíba níveis baixos de produtividade
têm sido constatados. Sabe-se que um
dos problemas associados com a baixa
produtividade é o plantio de cultivares
tradicionais com pouca capacidade produtiva e a falta de um programa de nutrição mineral para a cultura.
O feijão-caupi pode ser cultivado em
solos com regular teor de matéria orgânica e razoável fertilidade. Em solos de
baixa fertilidade, necessita de aplicações
de fertilizantes mineral e/ou orgânico.
Contudo, o excesso de matéria orgânica pode ocasionar um desenvolvimento
81
Rendimento de vagens (t/ha)
A.P Oliveira et al.
12
MATERIAL E MÉTODOS
11
10
9
8
Y = 7,874 + 0,1409x - 0,0028x
7
2
6
2
R = 0,51*
5
4
0
10
20
30
40
Esterco bovino (t/ha)
Rendimento de grªos verdes (t/ha)
Figura 1. Rendimento de vagens de feijão-caupi, cultivar IPA 206, em função de doses de
esterco bovino na presença de adubo mineral. Areia, UFPB, 1999.
8
7
6
Y = 5,712 + 0,1289x - 0,0037x
5
2
2
R = 0,59**
4
0
10
20
30
Estrerc o bovino (t/ha)
40
Figura 2. Rendimento de grãos verdes de feijão-caupi, cultivar IPA 206, em função de
doses de esterco bovino na presença de adubo mineral. Areia, UFPB, 1999.
vegetativo acentuado em detrimento da
produção de vagens (Oliveira, 1982).
Embora o esterco bovino seja um
dos resíduos orgânicos com maior potencial de uso como fertilizante, principalmente em pequenos estabelecimentos agrícolas na região Nordestina, pouco se conhece a respeito das quantidades a serem utilizar no feijão-caupi, que
permitam a obtenção de rendimentos
satisfatórios.
Em relação à adubação mineral, a
necessidade da aplicação de nitrogênio,
não deve ser considerada como fator
crítico de produção no feijão-caupi. Em
áreas recém-trabalhadas, pode ser usada uma adubação nitrogenada em torno
de 20 kg/ha de N. O fósforo é elemento
importante para a cultura no processo
82
de formação de grãos. As recomendações de seu fornecimento à cultura, encontram-se na faixa de 50 a 100 kg/ha
de P2O5. O potássio, como para a maioria das plantas cultivadas, não tem apresentado resultado constante e positivo
no feijão-caupi. Seu emprego, entretanto, tem sido recomendado baseado no
balanceamento das fórmula de adubação. O feijão-caupi pode responder até
a 60 kg/ha de K20, mas as recomendações nunca devem ultrapassar a 30 kg/
ha (Oliveira, 1982).
O presente trabalho foi desenvolvido visando avaliar o emprego do esterco bovino na presença e ausência de
adubo mineral, sobre o rendimento de
feijão-caupi.
Foi instalado um experimento na
Universidade Federal da Paraíba
(UFPB), em Areia, no período de setembro de 1998 a janeiro de 1999, em
Latossolo Vermelho-Amarelo, onde foram estabelecidos dez tratamentos,
constituídos de cinco doses de esterco
bovino na presença ou ausência de adubo mineral, distribuídos em esquema
fatorial 5 x 2 em blocos casualizados
com quatro repetições. A análise do solo
indicou a seguinte composição: pH =
6,3; P = 93,0 mg/dm3; K = 165,0 mg/
dm3; Al+3 = 0,0 cmol/dm³; Ca+2 = 2,80
cmol/dm³; Mg+2 = 1,20 cmol/dm³ e matéria orgânica = 10,40 g/dm³. O esterco
bovino apresentava as seguintes características; P = 3,6 g/kg; K = 4,1 g/kg; N
= 3,8 g/kg; matéria orgânica = 182,07
g/dm3 e relação C/N = 10/1. As doses
de esterco bovino empregadas (0, 10, 20,
30 e 40 t/ha) foram aplicadas juntamente com o adubo mineral sete dias antes
da semeadura. A adubação mineral seguiu recomendações do Laboratório de
Química e Fertilidade de Solo da UFPB
e consistiu da aplicação de 500 kg/ha
de superfosfato simples, 68 kg/ha de
cloreto de potássio e 500 kg/ha de sulfato de amônio, aplicado em cobertura
aos 30 dias após a semeadura.
O preparo do solo constou de aração,
gradagem e abertura de covas de plantio. As parcelas foram compostas de 20
plantas da cultivar IPA-206, espaçadas
de 0,80 m entre fileiras e 0,40 m entre
plantas, sendo dez plantas empregadas
para avaliar o rendimento de vagens e de
grãos verdes e outras dez para avaliar o
rendimento de grãos secos. Durante a
condução da cultura foram realizadas
pulverizações à base de Deltametrina
2,5E, a cada quinze dias após a emergência, visando o controle da cigarrinha verde (Empoasca braemer). No período de
ausência de chuvas foi realizada irrigação por aspersão. Efetuou-se também
capinas com auxílio de enxadas, procurando-se manter a cultura livre de plantas invasoras. As colheitas, em número
de cinco, foram realizadas à medida que
a vagem iniciava sua maturação para
obtenção do rendimento de vagens e de
grãos verdes e quando secava para obtenção de grãos secos.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O rendimento de vagens, de grãos
verdes e de grãos secos no feijão-caupi,
foram influenciados (P ∠ 0,05) pelos
tratamentos.
Os rendimentos máximos estimados
de vagens (9,64 t/ha) e de grãos verdes(6,8 t/ha), calculados pela derivação
das equações descritas nas figuras 1 e
2, foram obtidos com 25 e 17 t/ha de
esterco bovino, respectivamente, ambos
na presença do adubo mineral. Na ausência de adubo mineral o rendimento
de vagens e de grãos verdes aumentou
com a elevação das doses de esterco
bovino na ordem de 49,3 kg/ha de vagem e de 47,9 kg/ha de grãos verdes a
cada tonelada de esterco adicionada ao
solo (Figura 3).
A partir das derivadas das equações
de regressão (Figura 4), o rendimento
de grãos secos na presença de adubo
mineral, atingiu valor máximo estimado (3,03 t/ha) na dose de 21 t/ha de esterco bovino. Na ausência de adubo
mineral a dose de 25 t/ha de esterco bovino foi responsável pelo rendimento
máximo de grãos secos (2,00 t/ha).
Os rendimentos máximos estimados
de vagens (9,64 t/ha), de grãos verdes
(6,8 t/ha) e de grãos secos (3,03 t/ha)
obtidos pelo uso do esterco, na presença do adubo mineral e de grãos secos na
sua ausência (2,00 t/ha), evidenciam
uma boa produtividade do feijão-caupi,
cultivar cultivar IPA 206 na micro-região de Areia- PB, superando os resultados obtidos por Silva et al. (1993),
Silva & Oliveira (1993) e Silva & Freitas
(1996) em cultivos convencionais. Provavelmente, durante o crescimento e
desenvolvimento das plantas, as doses
de esterco bovino, juntamente com os
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
9
Y 1 = 6,444 + 0,0493x
8
2
R = 0,66*
7
6
5
4
3
2
Y 2 = 3,824 + 0,0479x
1
R = 0,64*
2
0
0
10
20
30
40
Esterco bovino (t/ha)
Figura 3. Rendimento de vagens (Y1) e de grãos verdes (Y2) no feijão-caupi, cultivar IPA 206,
em função de doses de esterco bovino na ausência de adubo mineral. Areia, UFPB, 1999.
Rendimento de grªos secos (t/ha)
Os resultados obtidos foram interpretados por meio das análises de variância
e de regressão. Quando possível, os modelos de regressão linear e quadrática
foram utilizados para estimar as respostas das características avaliadas. Nas
significâncias das análises de variância
e de regressão foram considerados os níveis de probabilidade de 5% e 1% pelo
teste F. O teste “t” foi utilizado para testar os coeficientes da regressão nos níveis de probabilidade de 5% e 1%.
Rendimento de vagens e de grªos (t/ha)
Rendimento de feijão-caupi cultivado com esterco bovino e adubo mineral.
5
Y 1 = 1,0237 + 0,1922x - 0,0046x
2
2
R = 0,58**
4
3
2
Y 2 = 0,8009 + 0,0958x - 0,0019x
1
2
2
R = 0,80**
0
0
10
20
30
40
E s terc o b ov in o (t/h a)
Figura 4. Rendimento de grãos secos de feijão-caupi, cultivar IPA 206, em função de doses
de esterco bovino na presença (Y1) e ausência (Y2) de adubo mineral. Areia, UFPB, 1999.
nutrientes minerais adicionados ao solo,
supriram de forma equilibrada as necessidades nutricionais da cultura. A aplicação adequada de esterco de boa qualidade pode suprir as necessidades das
plantas em macronutrientes, devido a
elevação nos teores de P e K disponível
(Machado et al., 1983). Maiores produções de grãos em feijão-comum, com
doses de adubos orgânicos foram relatados (Vieira, 1988; Galbiatti et al.,
1996; Henriques, 1997).
A estabilização e queda no rendimento de vagens e de grãos verdes e
secos nas doses mais elevadas de esterco bovino na presença de adubo mineral, podem ser devidas ao excesso de
nutrientes fornecidos à cultura
(Malavolta, 1989; Huett, 1989; Smith &
Hadley, 1989). Resultados de vários estudos têm mostrado que o nitrogênio e
o potássio, são os elementos que o
feijoeiro retira do solo em maiores quantidades. Fósforo, cálcio, magnésio e
83
A.P Oliveira et al.
enxofre são também extraídos em quantidades consideráveis (Guedes &
Junqueira Neto, 1978).
Uma vez que o experimento foi instalado em solo com teores elevados de
P e K, acredita-se que os benefícios do
esterco bovino sobre o rendimento do
feijão-caupi, na presença e ausência de
adubo mineral, devam-se não somente
ao suprimento de nutrientes, mas também a melhoria de outros constituintes
da fertilidade do solo, no fornecimento
de água, no arranjamento da sua estrutura por meio de formação de complexos húmus-argilosos e consequente aumento na CTC, (Marchesini et al., 1988;
Yamada & Kamata, 1989), proporcionando melhor aproveitamento dos nutrientes originalmente presentes. Essas
condições provavelmente permitiram ao
feijão-caupi o seu potencial de produção de vagens e grãos verdes e secos,
induzida pela sua constituição genética.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à professora
Sheila Costa de Farias pela correção do
Abstract e aos agentes em Agropecuária
Francisco de Castro Azevedo, José Barbosa de Souza, Francisco Soares de
Brito, Francisco Silva do Nascimento e
Expedito de Souza Lima que
viabilizaram a execução dos trabalhos
de campo.
84
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Estado de Goiás. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 85-88, março 2.001.
Seleção de linhagens de feijão-vagem de crescimento indeterminado
para cultivo no Estado de Goiás.
Nei Peixoto1; Ednan A. Moraes1; Jair D. Monteiro2; Michael D. T. Thung3
1
3
AGENCIARURAL, EE Anápolis, C. Postal 608, 75.001-970 Anápolis-GO; 2Escola Agrotécnica Federal, 75.790-000 Urutaí-GO;
Embrapa Arroz e Feijão, C. Postal 179, 75.375-000 Santo Antônio de Goiás - GO; E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Em 1994, 64 linhagens de feijão-vagem oriundas do programa
de melhoramento genético do CIAT, Cali, Colômbia, foram avaliadas na Estação Experimental de Anápolis (EEA), da Agência Goiana
de Desenvolvimento Rural e Fundiário (AGENCIARURAL), quanto às seguintes características: adaptação, resistência a doenças, potencial de produção e qualidade de vagens. As 30 linhagens que se
destacaram foram avaliadas, em 1995, no mesmo local. Dentre estas foram selecionadas 20 linhagens, novamente avaliadas em 1996
nos municípios de Anápolis, Morrinhos e Urutaí no Estado de Goiás.
Nestes ensaios foram utilizadas como testemunhas as cultivares Favorito Ag 480 e Preferido Ag 482. Avaliações adicionais foram
conduzidas em 1997 em Anápolis, tendo-se a cultivar Favorito Ag
480 como testemunha. As linhagens Hav 13, Hav 14, Hav 22, Hav
25, Hav 27, Hav 38, Hav 40, Hav 49, Hav 53, Hav 56, Hav 64, Hav
65 e Hav 67 destacaram-se em rendimento e qualidade de vagens.
Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., ciclo vegetativo, produtividade, qualidade de vagens.
Selection of climbing snap bean lines in Goiás, Brazil.
Sixty four snap bean lines derived from the CIAT snap bean
breeding program were evaluated in 1994 at Anápolis Experiment
Station in Goiás, Brazil, for the following characteristics: adaptation,
disease resistance, yield potential and pod quality. The 30 outstanding
lines were further evaluated during 1995 in Anápolis and, in 1996,
20 of them were evaluated in Anapális, Morrinhos and Urutai in the
State of Goiás, Central Brazil. Final evaluation was carried out in
1997 in Anápolis. The standard cultivar Favorito Ag 480, was used
as a check in 1996 and in 1997. Also Preferido Ag 482 cultivar was
included as a second check in 1996. Breeding lines Hav 13, Hav 14,
Hav 22, Hav 25, Hav 27, Hav 38, Hav 40, Hav 49, Hav 53, Hav 56,
Hav 64, Hav 65 and the Hav 67 were chosen, regarding their yield
and pod quality, suitable for local market, with possibility to be
adopted by growers.
Keywords: Phaseolus vulgaris, life cycle, yield, pod quality.
(Aceito para publicação em 19 de fevereiro de 2.001)
O
feijão-vagem (Phaseolus vulgaris
L.) tem sido uma das dez hortaliças mais cultivadas em Goiás, onde o
volume anual de comercialização de
vagens alcança cerca de 4.100 toneladas. O produto é comercializado o ano
todo, sendo totalmente produzido no
Estado (CEASA-GO, 1991) que tem um
consumo per capita 1,2 kg de vagens
por ano, o maior do Brasil, mas inferior,
segundo CIAT (1992), ao de países
como o Chile (3,2 kg/ano) e a Turquia
(6,5 kg/ano). Embora não forneça teores elevados de proteínas e calorias
como o feijão-seco, supre o organismo
com vitaminas e sais minerais que faltam na maioria dos alimentos básicos
(CIAT, 1990).
Um programa de avaliação e seleção de linhagens de feijão-vagem está
sendo conduzido em Goiás desde 1988,
com o apoio do Centro Internacional de
Agricultura Tropical (CIAT). A Empresa de Assistência e Extensão Rural do
Estado de Goiás (EMATER-GO) destacou-se numa primeira fase, com o
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
lançamento das cultivares Coralina e
Turmalina, ambas de crescimento determinado (Peixoto et al., 1993; Peixoto et
al., 1997, 1997a). Numa segunda fase
esperam-se oferecer alternativas de cultivares de feijão-vagem de crescimento
indeterminado para cultura tutorada, em
sistema de rotação com outras culturas.
No Brasil este é o sistema de cultivo
mais adotado, por pequenos produtores,
que utilizam cultivares trepadoras, em
sucessão a outras hortaliças, como o tomate e o pepino, aproveitando-se, além
dos tutores, os resíduos de adubação
dessas culturas.
Este trabalho teve como objetivo
selecionar linhagens de feijão-vagem de
crescimento indeterminado como opções de cultivares para o Estado de
Goiás, que possibilitem oferta mais estável do produto ao longo do ano.
MATERIAL E MÉTODOS
Conduziu-se no Estado de Goiás, no
período de 1994 a 1997, em condições
de campo, em cultivo tutorado, um trabalho de avaliação e seleção de linhagens de feijão-vagem introduzidas do
CIAT, Colombia. Realizaram-se as seleções iniciais na Estação Experimental de Anápolis (EEA) (latitude de 16º
19’ 48” S, longitude de 48º 58’23” WGr
e altitude de 980 a 1000 m), partindo-se
em 1994, de 64 linhagens que foram
avaliadas quanto ao desenvolvimento
vegetativo, vigor, potencial aparente de
produção e qualidade de vagens, seguindo as metodologias de Silbernagel
(1986) e Schoonhoven & PastorCorrales (1987). Destas, trinta linhagens
foram escolhidas e avaliadas em 1995
na EEA e as 20 melhores foram avaliadas, em 1996, nos municípios de
Anápolis, Morrinhos e Urutaí, das quais
15 foram, novamente avaliadas em 1997,
em Anápolis. Utilizou-se como testemunha, em 1996 e 1997, a cultivar Favorito
Ag 480, a mais cultivada em Goiás. Em
1996 foi incluída, como testemunha adicional, a cultivar Preferido Ag 482.
Em cada ensaio foram feitas as correções da acidez e da fertilidade do solo,
85
N. Peixoto et al.
Tabela 1. Número de dias da semeadura à antese das primeiras flores, produtividade, número de vagens por planta, comprimento, peso
médio e nota para qualidade de vagens comerciáveis de linhagens de feijão-vagem de crescimento indeterminado. Anápolis,
AGENCIARURAL, 1995.
Linhagem
Hav 1
Hav 2
Hav 3
Hav 4
Hav 5
Hav 6
Hav 11
Hav 13
Hav 14
Hav 21
Hav 22
Hav 25
Hav 27
Hav 28
Hav 31
Hav 36
Hav 38
Hav 40
Hav 41
Hav 42
Hav 49
Hav 53
Hav 56
Hav 61
Hav 62
Hav 63
Hav 64
Hav 65
Hav 67
Hav 68
CV%
An tese
(n º)
56,ab
53,ab
56,ab
50,ab
54,ab
58,a
51,ab
47, b
48, b
50,ab
52,ab
53,ab
53,ab
49,ab
51,ab
51,ab
47,ab
51,ab
48,ab
48,ab
51,ab
49,ab
51,ab
46, b
50,ab
50,ab
51,ab
50,ab
53,ab
50,ab
6,68
P rodu tividade Vagen s por
(t/ha)
plan ta (n º)
14,8ab
51,abcd
13,8ab
46,abcd
14,9ab
59,abcd
18,0ab
58,abcd
13,7ab
50,abcd
16,3ab
61,abc
15,5ab
43,abcd
16,2ab
40, bcd
19,4ab
65,abc
18,5ab
49,abcd
20,2a
70,a
18,5ab
66,ab
18,0ab
59,abcd
13,9ab
39, bcd
9,5 b
30,
d
14,3ab
36, cd
15,6ab
44,abcd
19,3ab
51,abcd
21,1a
60,abc
15,7ab
45,abcd
18,6ab
51,abcd
19,9a
61,abc
19,8ab
52,abcd
18,6ab
48,abcd
18,0ab
53,abcd
15,2ab
46,abcd
21,3a
64,abc
18,7ab
53,abcd
20,4a
64,abc
15,7ab
44,abcd
18,94
17,80
conforme indicação da Comissão de
Fertilidade de Solos de Goiás (1988),
assim como os tratos culturais e
fitossanitários para a cultura, incluindo
irrigação por aspersão.
Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, com três
a cinco repetições. Cada parcela foi
constituída por 20 plantas em cultivo
tutorado, dispostas em duas fileiras, espaçadas de 1,00m x 0,20m.
Dados de produtividade foram obtidos a partir do peso de vagens
86
Comprimen to de
vagen s (cm)
14,5
efgh
15,7 cdefg
13,9
gh
15,2
efgh
14,9
efgh
14,1
fgh
15,3
defgh
16,1 cde
14,6
efgh
14,6
efgh
15,4
defgh
14,9
fgh
14,3
efgh
14,5
fgh
16,1 cde
17,1 bcd
15,0
efgh
18,7ab
17,3 bc
14,8
efgh
20,5a
16,0 cde
15,3
defgh
15,4 defgh
15,3
defgh
15,8 cdef
14,8
efgh
15,3
defgh
13,6
h
13,9
gh
3,80
comerciáveis colhidas por parcela. Adicionalmente foram avaliadas em 1995,
em Anápolis, as seguintes características: ciclo vegetativo, também avaliado,
em 1996, em Anápolis e Morrinhos e,
em 1997, em Anápolis, medido pelo número de dias da semeadura à antese das
primeiras flores; o número de vagens por
planta e peso médio das vagens, obtidos
pela média da parcela; o comprimento
de vagens comerciáveis, a partir de uma
amostra de 10 vagens por parcela e a
qualidade das vagens, por meio de no-
P eso médio de
vagen s (g)
7,0 defg
7,2 cdefg
6,4
g
7,5 bcdefg
7,0 defg
6,9
efg
8,0abcde
8,5ab
7,0
defg
8,2abc
7,0
defg
6,5
g
6,5
g
7,6 bcddef
7,8 bcde
8,2abc
7,5 bcdefg
8,0abcd
7,5 bcdefg
7,7 bcde
9,1a
8,1abcd
7,9 bcde
7,7 bcde
7,2 cdefg
7,7 bcde
7,0 defg
7,6 bcdef
6,6
fg
8,2abc
4,63
Q u alidade de
vagen s (n ota)
3,7abcde
4,3abc
4,3abc
4,0abcd
3,3 bcde
2,7
de
2,7
de
5,0a
4,0abcd
3,0 cde
5,0a
3, 7abcde
4,0abcd
3,0 cde
2,3
e
2,7
de
3,3 bcde
3,3 bcde
4,0abcd
3,3 bcde
4,7ab
5,0a
3,0 cde
3,0 cde
4,0abcd
3,0 cde
3,0 cde
3,7abcde
3,7abcde
3,7abcde
13,82
tas, atribuídas ao total de vagens colhidas por parcela na quarta colheita, variando de 1 (péssimo aspecto) a 5 (excelente
aspecto). Os dados foram submetidos à
análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5%
de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As linhagens Hav 13 e Hav 14 igualaram-se aos genótipos mais precoces,
enquanto que Hav 6 e Hav 41 igualaHortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Seleção de linhagens de feijão vagem de crescimento indeterminado para cultivo no Estado de Goiás.
Tabela 2. Número de dias da semeadura à antese das primeiras flores e produtividade de vagens comerciáveis de linhagens e cultivares de
feijão-vagem de crescimento indeterminado. Anápolis, Morrinhos e Urutaí, AGENCIARURAL, 1996/97.
Lin h agem/
Cu ltivar
An tese
An ápolis
1996
An ápolis
1997
Hav 2
50,
cd
-
Hav 4
47,
Hav 13
42,
i
43,
e
Hav 14
44,
ghi
43,
e
ef
f
P rodu tividade (t/h a)
An ápolis
Morrin h os 1996
1996
45,
-
An ápolis
1997
Morrin h os
1996
Uru taí
1996
-
10,45a
11,25
hi
10,34a
9,98a
-
11,03a
11,58 bcde
48,
fgh
12,83a
15,26ab
13,13a
15,83abcd
45,
hi
11,54a
11,85ab
14,56a
14,13abcde
54,ab
cd
Hav 21
47,
46, bcd
52, bcde
12,83a
13,78ab
13,12a
18,13ab
Hav 22
52,abcd
47,abc
52, bcde
12,28a
17,17ab
12,86a
14,32abcde
Hav 25
50,
47,abc
52, bcde
13,17a
17,64a
10,92a
12,38 bcde
Hav 27
52,abc
-
49,
10,12a
-
13,68a
15,33abcde
Hav 36
51, bcd
-
45,
10,09a
-
12,21a
12,71 bcde
Hav 38
44,
12,14a
16,77ab
14,09a
15,96abcd
Hav 40
51, bcd
15,43a
14,28ab
14,40a
19,83a
Hav 41
54,a
12,83a
11,46b
17,43a
Hav 42
44,
11,36a
-
12,20a
Hav 49
52,abc
12,63a
17,31ab
13,68a
Hav 53
36,abcde
47,abc
45,
hi
13,04a
15,76ab
12,09a
16,13abc
Hav 56
46,
45, cde
49,
efg
12,61a
15,71ab
11,09a
14,88abcde
Hav 64
51, bcd
47,abc
51,
cde
13,96a
13,92ab
13,77a
13,38abcde
Hav 65
46,
46, bcd
50,
def
13,45a
14,20ab
12,62a
13,79abcde
Hav 67
49,
de
46, bcd
49,
12,86a
16,83ab
12,53a
13,83abcde
Hav 68
49,
de
46, bcd
46,
12,36a
15,25ab
13,28a
Favorito Ag 480
50, cd
47,abc
53,abc
15,06a
16,30ab
16,10a
Preferido Ag 482
53,ab
56,a
10,06a
CV%
cd
hi
44,
de
52, bcd
1,61
ram-se aos de ciclo mais longo. A cultivar Favorito Ag 480, por outro lado,
comportou-se, ora como de ciclo médio, ora como precoce, enquanto que
Preferido Ag 482 foi tardia (Tabelas 1 e
2). O ciclo vegetativo é uma característica fenológica importante para o feijãovagem, pois quanto mais precoce a cultivar, maior número de opções terá o
agricultor na programação de colheitas
sucessivas na mesma área, o que é comum na agricultura familiar.
Os genótipos apresentaram pequenas diferenças em produtividade de vagens comerciáveis. Em Anápolis, no ano
de 1995, destacaram-se as linhagens
Hav 22, que apresentou também o
maior número de vagens por planta,
além de Hav 41, Hav 53, Hav 64 e Hav
67 que superaram apenas a linhagem
Hav 31 (Tabela 1). Em 1996, não houve
diferenças significativas entre os
genótipos, em Anápolis e em Morrinhos.
Em Urutaí sobressaiu a linhagens Hav
40, que superou inclusive a cultivar
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
def
49,a
48,ab
1,65
50,
51, bcde
-
fg
hi
46, bcd
hi
fgh
efg
44,
51,
1,94
i
cdef
efg
ghi
16,07
Preferido Ag 482, seguida de Hav 21,
Hav 53, Hav 13 e Hav 38. Em 1997, em
Anápolis, a linhagem Hav 25 foi a mais
produtiva, suplantando Hav 41. Não foi
constatada relação entre o ciclo
vegetativo e a produtividade (Tabela 2).
Em Anápolis, em 1995, a linhagem
Hav 49 foi a que apresentou vagens mais
longas, igualando-se apenas a Hav 40.
As linhagem Hav 49, seguida de Hav
13, Hav 21, Hav 36 e Hav 68, foram as
mais pesadas, superando as de menor
peso médio (Tabela 1).
A nota de qualidade de vagem, critério subjetivo que engloba diversas características relativas à aparência da vagem
como cor, brilho, formato, aspereza, presença de saliências em torno das sementes, é um indicador importante quanto à
aceitação pelos consumidores. As linhagens Hav 13, Hav 22 e Hav 53 foram as
melhores, não diferindo estatisticamente
de Hav 1, Hav 2, Hav 3, Hav 4, Hav 14,
Hav 25, Hav 27, Hav 41, Hav 49, Hav 62,
Hav 65, Hav 67 e Hav 68 (Tabela 1).
-
13,59a
13,19
22,80
9,13
e
11,38 cde
9,38
9,08
de
e
14,50abcde
15,75 bcde
15,73
Considerando-se em conjunto as características avaliadas, podem ser
indicadas aos produtores goianos, como
alternativas às cultivares ora em uso, as
linhagens Hav 13, Hav 14, Hav 22, Hav
25, Hav 27, Hav 38, Hav 40, Hav 49, Hav
53, Hav 56, Hav 64, Hav 65 e Hav 67.
AGRADECIMENTOS
Aos Técnicos Agrícolas Francisco
da Mota Moreira, Josimar Alberto Pereira, Isaquiel Melo Peres e Adriano
José Dias e aos servidores Tudes Cunha
Farias, Orimar Cordeiro de Godoy,
Adão da Silva e Jair dos Reis Sampaio,
pelo permanente apoio na condução dos
experimentos.
LITERATURA CITADA
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LUZ, F.J. F. Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 88-96, março 2.001.
Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.
Francisco Joaci F. Luz
Embrapa Roraima; BR. 174, km 08, Distrito Industrial, C. Postal 133, 69.301-970, Boa Vista - RR. E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Boa Vista, capital do Estado de Roraima é composta de uma população muito heterogênea, compreendida por nordestinos, sulistas e
amazônidas, que apresentam o hábito da utilização de plantas medicinais em suas manifestações culturais e costumes. Apesar do uso freqüente, as plantas medicinais apresentam cultivo muito incipiente,
restringindo-se a canteiros de fundo de quintal e ao cultivo de subsistência em pequenas hortas comerciais. Este trabalho objetivou levantar e identificar as plantas medicinais de uso popular utilizadas em
Boa Vista, por meio de informações obtidas com raizeiros, produtores
de hortaliças e participantes em curso de plantas medicinais realizado
pela Prefeitura Municipal. O trabalho foi realizado de janeiro de 1995
a abril de 1997, e constou de levantamento de informações sobre as
plantas e seus usos, coleta de material e sua identificação botânica.
Foram identificadas 60 famílias, das quais 8 espécies foram caracterizadas a nível de gênero e 105 a nível de espécie. Dentre as plantas
medicinais citadas, foram relacionadas 14 hortaliças, 19 fruteiras, 9
consideradas plantas daninhas, 4 de lavoura, 26 de uso medicinal
introduzidas de outras regiões e 41 de ocorrência natural em Roraima.
A combinação de plantas medicinais nativas e exóticas, hortaliças,
fruteiras e outras plantas cultivadas, no elenco das plantas
medicamentosas de uso popular em Boa Vista caracteriza a diversidade de costumes e cultura próprios de uma população de origens diversas, refletindo a riqueza e o potencial do conhecimento popular na
solução dos problemas de saúde da população local.
Palavras-chave: planta medicinal, amazonia, fitoterapia.
Medicinal plants of popular use in Boa Vista, Roraima, Brazil.
Boa Vista is located in the North of Amazonia, Brazil. The
population of Boa Vista is heterogeneous, composed of Northeastern,
Southern and Amazonian people. It has a strong tradition of using
plants in popular medicine. This work aims to identify medicinal
plants of popular use in Boa Vista, through information obtained
from, horticulturists and participants in a medicinal plant course.
The survey, made between January 1995 and April 1997, consisted
of identifying plants and their use in popular medicine. Sixty families
were identified of which genus and 105 by species name, were listed.
Common vegetables, fruits, weed and cultivated crops were found
among exotic and native medicinal plants. This combination of
different species in the spectrum of medicinal plants of popular use
in Boa Vista follows the diversity of habits and culture of people
with different origins, with implications on the richness and potential
use of popular knowledge in the cure of health problems.
Keywords: Amazonia, popular medicine.
(Aceito para publicação em 23 de janeiro de 2.001)
A
s plantas medicinais e suas formas
derivadas constituíram durante séculos a base da terapêutica (Scheffer,
1992). Aos poucos, com a evolução da
química, substituíram-se os compostos
naturais por quimioterápicos, que têm
um elevado custo até a fabricação em
escala e exigem um alto nível
88
tecnológico para sua produção. Atualmente, as plantas medicinais passaram
a ser cogitadas como recurso terapêutico
viável, devido aos altos preços e à falta
de acesso aos quimioterápicos por grande parcela da população.
No Nordeste brasileiro, cerca de 500
espécies vegetais, cuja maioria está cons-
tituída de plantas silvestres, são usadas
como medicinais, especialmente pela
população do meio rural e da periferia
urbana (Matos & Bezerra, 1993).
Boa Vista, capital do Estado de
Roraima localiza-se na parte Norte do
Estado, apresenta vegetação de savana
(Brasil, 1975), com fisionomia típica de
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.
cerrado. A população da cidade, em torno de 150.000 habitantes, é bastante
heterogênea, sendo compreendida essencialmente de roraimenses, incluindo
índios e descendentes dos pioneiros da
colonização do Estado, sulistas, nordestinos e nortistas em menor número.
Essa heterogeneidade se reflete na
diversidade das manifestações culturais
e dos costumes da população
boavistense. Dentre esses costumes,
destaca-se o uso popular de plantas na
cura das diversas enfermidades que atingem a população. Raizeiros e curandeiros, que trazem sua experiência na bagagem quando migram, e populações
autóctones ainda mantêm o uso de plantas medicinais como alternativa
fitoterápica, tal qual seus ancestrais. O
cultivo de plantas medicinais em Boa
Vista é muito incipiente, restringindose a canteiros de fundo de quintal e ao
cultivo de subsistência em pequenas
hortas comerciais, que produzem
olerícolas de consumo popular. Muitas
plantas medicinais são extraídas diretamente da natureza.
Correia Júnior et al. (1994) ressaltaram que, na medicina, produtos originários de plantas ocupam um espaço
cada vez maior na terapêutica. No entanto, a coleta desenfreada de plantas
nativas pode levar à extinção de espécies importantes.
A identificação e as informação obtidas sobre o uso de plantas medicinais
podem ser utilizadas para orientar pesquisas com a finalidade de refinar ou
otimizar os usos populares correntes,
desenvolvendo preparados terapêuticos
de baixo custo, ou isolar substâncias ativas passíveis de síntese pela indústria
farmacêutica (Amorozo, 1996). Este trabalho objetivou levantar e identificar as
plantas medicinais de uso popular utilizadas em Boa Vista.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na cidade de
Boa Vista, capital de Roraima, de janeiro
de 1995 a abril de 1997. O mesmo constou de três fases, compreendendo levantamento e coleta de informações sobre as
plantas e seu uso, coleta de material e identificação botânica.
O levantamento de plantas medicinais
de uso popular em Boa Vista foi realizado
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
por meio de questionário simplificado,
constando o nome popular da planta, a
parte utilizada, o uso e a condição de cultivo (subsistência ou comercial). Foram
aplicados três questionários em duas feiras populares da cidade, a feira do produtor e o feirão dos garimpeiros, contemplando dois raizeiros, e em duas pequenas hortas comerciais da periferia da cidade. Ainda foram obtidos dados com
quinze integrantes de um curso sobre plantas medicinais promovido pela Prefeitura
Municipal de Boa Vista.
A coleta de material vegetal para identificação foi realizada em visitas a hortas
e pomares caseiros. A identificação botânica foi feita na Embrapa Roraima. Foi
realizada revisão bibliográfica para auxiliar na identificação botânica, sendo utilizadas as seguintes referências: Cruz, 1979;
Lorenzi, 1991; Berg, 1993; Corrêa Júnior
et al., 1994; Milliken, 1995; Carriconde
et al., 1996; Mattos, 1996. Algumas plantas de difícil identificação a nível de espécie foram acondicionadas em excicatas,
catalogadas e remetidas para identificação nos herbários da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e do Museu Integrado de Roraima (MIRR).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação às plantas coletadas, foram listadas 60 famílias, com 8 plantas
identificadas a nível de gênero e 105 a
nível de espécie. Os nomes científicos
e populares, a parte da planta usada, a
forma e as indicações de uso, estão relacionados na Tabela 1.
Dentre as plantas citadas, foram relacionadas 14 hortaliças, 19 fruteiras, 9
plantas consideradas ervas daninhas de
plantas cultivadas (Lorenzi, 1991), 4
plantas de lavoura (arroz, milho, algodão
e cana-de-açúcar), 26 plantas de uso
medicinal introduzidas de outras regiões
e 41 plantas de ocorrência natural em
Roraima (Tabela 1). Essa diversidade na
origem das plantas é fruto da
heterogeneidade da população
boavistense, composta de muitos
migrantes, especialmente nordestinos. O
grande número de plantas de ocorrência
natural, decorre em parte da cultura indígena roraimense, com forte influência
na cidade, onde existem bairros criados
por índios que migraram para a cidade,
assim como da influência dos
amazônidas no uso de plantas da região.
Dentre as plantas medicinais introduzidas
muitas são de uso comum no Nordeste
(mastruço, coirama, hortelã, malvariço,
quebra-pedra, cidreira, romã, etc), segundo Matos & Bezerra (1993).
Foram citados mais de 70 tipos de
doenças no levantamento. Os mais citados foram inflamações, gripe, diarréia,
anemia, malária, diabete, doenças hepáticas e verminoses. Algumas doenças
citadas são muito comuns em Boa Vista. Dentre as transmissíveis notificadas
na cidade no ano de 1996, a malária
destacou-se com 90% das ocorrências.
Boa Vista também deteve 80,6% dos
casos de diarréia notificados no Estado
em 1996 (Pithan, 1996).
Os dois raizeiros consultados não
residem em Boa Vista e adquirem seus
produtos no interior do Estado. Um deles retira os mesmos diretamente da
mata ou de uma pequena horta de plantas medicinais, trazendo mudas e cascas para comercializar. O outro especializou-se na venda de pequenos frascos
de óleo de copaíba (Copaifera
officinalis) e de andiroba (Carapa
guianensis), retirados diretamente de
árvores nativas da região do Quitauaú,
em município vizinho a Boa Vista.
As hortas amostradas têm as plantas
medicinais como complemento de renda das olerícolas ou mantêm o seu cultivo para uso próprio ou da comunidade
próxima. O cultivo comercial nas hortas visitadas foi verificado apenas com
a hortelã miúda (Mentha x villosa L.)
que é comercializada para remédio e
para condimento.
No curso de plantas medicinais patrocinado pela Prefeitura de Boa Vista
foi relatado pelos participantes que o uso
medicinal das plantas tinha origem na
tradição familiar, passada por pais e
avós. Não foi mencionado o cultivo comercial das plantas. Pequenas hortas de
quintal e o cultivo em vasos mantinham
o fornecimento de plantas para fins medicinais. Algumas plantas nativas, como
caimbé (Curatella americana), mirixi
(Byrsonima
spp.),
sucuba
(Himathanthus articulatus), cajuí
(Anacardium giganteum) e caçari
(Myrciaria dubia) são exploradas diretamente da natureza, o que demonstra
preocupação mencionada por Corrêa
Júnior et al. (1994), quanto ao perigo
da exploração desenfreada e à extinção
de espécies ainda não cultivadas.
89
F.J. Luz.
Tabela 1. Plantas medicinais de uso popular no município de Boa Vista, Roraima. Boa Vista, Embrapa Roraima, 1997.
F amília/Nome cien tífico
Nome popu lar
Alliaceae
Allium cepa L.
Cebola
Allium sativum L.
Alho
Alismataceae
Echinodorus grandiflorus Chapéu-de-couro
Mitch.
Amaran th aceae
Gomphrena globosa L.
Perpétua; Perpetinha
An acardiaceae
Anacardium occidentale L. Caju
Cajuí
P arte e forma de u so
bulbo (xarope)
bulbilhos (chá)
gripe; asma; expectorante
vermífugo; gripe;
inflamação na garganta
folhas (chá)
tônico; antitussígeno
flores (chá)
coração
casca (infusão)
pseudofruto (suco)
casca (infusão)
folhas (chá)
antiinflamatório;
cicatrizante; antidiarréico
queimadura
antiinflamatório
antitussígeno; gripe
inflamação na garganta
antidiarréico
antiinflamatório;
cicatrizante; antidiarréico
antiinflamatório; asma
Anacardium giganteum
Hancock ex Engler
Mangifera indica L.
Manga
Spondias mombin L.
Taperebá; Cajá
fruta verde (xarope)
entre casca (chá)
folhas (chá)
casca (chá) fruto (suco)
Astronium ulei Mattick
A n n o n a c ea e
Anona muricata L.
Aroeira
casca (chá)
Graviola
folhas (chá)
Anona squamosa L.
Ata
folha (chá)
semente moída
A p o c y n a c ea e
Himathanthus articulatus
(Vahl) Woodson
Aspidosperma nitidum
Benth.
Bign on iaceae
Adenocalymna aliaceum
Mart.
Arrabidea chica (H.B.K .)
Verlot
Tabebuia serratifolia (Vahl)
Nich.
Bixaceae
Bixa orellana L.
Boragin aceae
Symphytum officinale L.
Borragin aceae
Heliotropium indicum L.
90
Sucuba, Pau-de-leite
Uso medicin al
diurético; digestivo;
obesidade
fígado; rins; antidiarréico;
digestivo
vermífugo
Carapanauba
casca (chá)
entrecasca (infusão)
latex
casca (chá)
malária; antiinflamatório;
inflamação ginecológica
leucemia
antiinflamatório; fígado;
malária; contraceptivo
Cipó alho
folhas (infusão)
Crajiru
folhas (chá)
Pau d'arco amarelo; Ipê
amarelo
casca
pó da madeira (chá)
gripe; banho infantil;
banho espiritual
anemia; antiinflamatório;
cicatrizante
gastrite; úlcera
anemia; câncer
Urucum
sementes trituradas;
raíz (chá)
vitiligo
malária
Confrei
folhas (chá)
cicatrizante; câncer
Crista-de-galo
flor (infusão)
hipertensão
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.
Tabela 1. (Continuação)
F amília/Nome cien tífico
Nome popu lar
Brassicaceae
Nasturtium officinale R. Br. Agrião
Brassica oleraceae L.
Couve
Bromeliaceae
Ananas comosus (L.) Meer. Abacaxi
Cactaceae
Cereus sp.
Mandacaru
Caesalpin aceae
Caesalpinia ferrea Mart. Ex Jucá
Tul.
P arte e forma de u so
Uso medicin al
folhas e flor (xarope)
folhas (suco)
antitussígeno; gripe
gastrite; anemia
fruto (suco)
diurético
caule (infusão)
caule (chá)
diabete
tuberculose; coqueluche;
pneumonia
vagem (chá); semente
(infusão)
antiinflamatório; rins;
tuberculose; reumatismo;
limpeza de pele
anemia
reumatismo
antiinflamatório;
cicatrizante; infecção na
garganta
analgésico
Copaifera officinalis Willd.
Copaiba
casca (infusão)
entre casca (infusão)
óleo
Bauhinia rutilans Spruce
ex Benth.
Bauhinia macrostachya
Benth.
Senna ocidentalis (L.) Link
Hymenaea courbaril L.
Escada-de-jaboti; Escada- rama (chá)
de-macaco
Pata-de-vaca
folhas (chá)
Fedegoso
Jatobá
Cassia spruceana Benth.
Mari-mari
Caparidaceae
Tamarindus indica L.
diabete; colesterol
raíz (chá)
folha (chá)
fruto com semente
(macerado)
casca (chá)
entrecasca (chá)
folhas novas (infusão em
álcool)
folhas (suco)
hepatite; malária; diabete
gripe; hemorróida;
diurético
tosse
tuberculose
anemia; gripe
manchas da pele
antimicótico
Tamarindo
frutos e folhas (chá)
antiinflamatório; diabete;
colesterol; antidiarréico;
obesidade
Caprifoliaceae
Sambucus nigra L.
Caricaceae
Carica papaya L.
Sabugueiro
folhas e flor (chá)
sarampo; cachumba
Mamão
folhas (xarope)
flor (chá)
fruto (in natura ou suco)
gripe; antitussígeno
digestivo
laxante
Celastraceae
Maytenus ilicifolia Reiss.
Espinheira santa
folhas (suco)
gastrite; fígado; pedra nos
rins
Beterraba
Mastruço
folhas e raíz (suco)
folhas, flores e frutos
(suco)
anemia
gripe; vermífugo;
cicatrizante; tônico;
antiinflamatório;
vermífugo; tuberculose;
pneumonia
Ch en opodiaceae
Beta vulgaris L.
Chenopodium
ambrosioides L.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
91
F.J. Luz.
Tabela 1. (Continuação)
F amília/Nome cien tífico
Nome popu lar
Cich oriaceae
Lactuca sativa L.
Alface
Compositae
Artemisia spp.
Ageratum conyzoides L.
Bidens pilosa L.
Helianthus annus L.
Spilanthes oleracea (L.)
Jacq.
Con volvu laceae
Operculina alata (Ham.)
Urb.
Costaceae
Costus spp.
Artemísia; Cibalena
Mentastro; Erva-de-São
João
Picão preto
Girassol
P arte e forma de u so
Uso medicin al
folha (in natura); raíz (chá) calmante; digestivo;
insônia
folhas (chá e banho)
folhas; planta inteira
antitérmico
gripe
raíz (chá)
semente triturada
Jambu
malária; hepatite
sinusite; epilepsia;
meningite
folhas, flor e raíz (xarope) antitussígeno; gripe
Batata-de-purga
raíz
depurativa do sangue;
laxante; antiinflamatório;
vermífugo
Canafístula; cana-demacaco
ramos (chá)
diurético
Língua de Pirarucu; folha
santa; coirama
folhas (suco)
antiinflamatório; dor de
ouvido
Melancia
Maxixe
Abóbora
Cabacinha
semente (chá)
fruto in natura
semente
fruto(chá)
diurético
diabete
vermífuga
sinusite; dor de cabeça
(inalação); abortivo
antimicótico
Crassu laceae
Kalanchoe pinnata (Lam.)
Pers.
Cu cu rbitaceae
Citrullus vulgaris Schrad.
Cucumis anguria L.
Cucurbita pepo L.
Luffa operculata (L.) Cogn.
In Mart.
Momordica charantia L.
D illen iaceae
Curatella americana L.
Melão-São-Caetano
folhas e ramos (suco)
Caimbé
entre casca (infusão)
inflamação ginecológica;
diabete; câncer
Eu ph orbiaceae
Croton cajucara Benth.
Sacaca
folhas e casca (chá)
Jatropha gossypifolia L.
Pinhão roxo
Phyllanthus spp.
Quebra-pedra
Ricinus comunis L.
F a b a c ea e
Cajanus flavus De
Candolle
Desmodium adscendens
(Sw.) DC.
Mamona
folhas (infusão)
folhas
seiva + água
folhas, raíz e sementes
(chá)
Semente (óleo)
malária; hepatite; ressaca;
fígado
antitérmico
verruga; aftas
laxante
diurético; cálculos renais
cicatrizante; purgativo
feijão andu; Guandu
folhas
sinusite; dor de cabeça
Carrapicho-beiço-de-boi
toda a planta
doença venérea; asseio
vaginal
92
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.
Tabela 1. (Continuação)
F amília/Nome cien tífico
Nome popu lar
Gramin ae
Cymbopogon citratus D.C. Capim santo
Stapf.
Oriza sativa L.
Arroz
Saccarum officinale L.
Cana-de-açúcar
Zea mays L.
Milho
Iridaceae
Eleutheriine bulbosa (Mill.) Coquinho; Marupazinho
Urban
P arte e forma de u so
folhas(chá)
grão, casca e farelo
(caldo)
folhas (chá)
cabelo e palha (chá)
rizoma (infusão)
rizoma (chá)
Labiatae
Mentha pulegium L.
Mentha x villosa L.
Poejo
Hortelã miúda
Ocimum spp.
Alfavaca
Oncimum minimum L.
Manjericão
Plectranthus amboinicus
(Lour.) Spr.
Hortelã-da-folha-grossa;
malvarisco
Lecy th idaceae
Bertoletia excelsa H.&.B.
Liliaceae
Aloe vera L.
Malpigh iaceae
Byrsonima crassifolia (L.)
H.B.K .
Byrsonima verbascifolia
(L.) Rich
Malpighia glabra L.
analgésico; calmante;
antitérmico
antidiarréico
antihemorrágico
catapora; sarampo
antidiarréico; cólicas;
hemorróidas
inflamação na garganta
folhas (infusão)
folhas (macerado)
folhas (chá)
folhas (suco)
folhas (xarope)
gripe
verme; gripe; cólicas;
sinusite; antitérmico
gripe; sinusite; catapora;
sarampo
banho
dor de cabeça
diarréia
dor de ouvido
gripe
folhas (suco)
folhas (infusão)
vermífugo
fígado; digestivo; ressaca
folhas e raíz (chá);
folhas, raíz, fruto e
semente (infusão)
anemia; malária; fígado
rins; antiinflamatório
Castanha do Brasil
amêndoa (óleo)
hemorragia (uso externo)
Babosa
folhas (chá)
folhas (suco)
digestivo; fígado
cicatrizante; antimicótico;
asma; queda de cabelo;
tumores; hemorróidas;
queimaduras
Murici
entre casca (chá)
Murici de raposa; Orelha
de burro
Acerola
raíz (chá)
antidiarréico;
antinflamatório; malária
antinflamatório; fígado
fruto (suco)
gripe; anemia
Plectranthus barbatus
Boldo
Andr.
Lau raceae
Persea gratissima Gaertn. Abacate
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
folhas e ramas (chá)
folhas e ramos (chá,
xarope)
folhas (infusão)
Uso medicin al
93
F.J. Luz.
Tabela 1. (Continuação)
F amília/Nome cien tífico
Nome popu lar
Malvaceae
Abelmoschus esculentum L. Quiabo
Gossypium barbadense L. Algodão
Hibiscus sabdariffa L.
Meliaceae
Carapa guianensis Aubl.
Mimosaceae
Piptadenia peregrina (L.)
Benth.
Mimosa pudica L.
M u s a c ea e
Musa spp.
P arte e forma de u so
Vinagreira
semente (pó)
cansaço; asma
folhas e botão floral (chá) antiinflamatório;
antitussígeno
folhas (cataplasma)
antimicótico
Andiroba
sementes (óleo)
antiinflamatório;
cicatrizante
Angico
entre casca (chá)
asma; tosse
Sensitiva; Dormideira;
Malícia
toda a planta
insônia
Bananeira
fruto (casca in natura)
pseudocaule (suco)
cicatrizante
antidiarréico;
antihemorrágico; tônico;
tratamento capilar
antidiarréico
fruto verde (in natura)
My rtaceae
Eucaliptus spp.
Uso medicin al
Eucalipto
folhas (xarope)
Myrciaria dubia (H.B.K .)
McVaugh
Psidium guajava L.
Caçari; Camu-camu
frutos (suco)
Goiaba
Punica granatum L.
Romã
folhas novas e brotos
(chá)
polpa do fruto (infusão)
casca do fruto (infusão)
Ny ctagin aceae
Boerhavia difusa L.
Pega-pinto
folhas (chá)
gripe; antitussígeno;
asma
anemia; tônico
antidiarréico; cólicas
diabete
inflamação na garganta;
antiinflamatório
raíz (chá)
malária; antinflamatório;
febre
infecção urinária
O xalidaceae
Averrhoa carambola L.
Carambola
folhas (chá)
fruto (suco)
analgésico
colesterol e pressão alta
P almae
Cocus nucifera L.
Coco
Açaí
entre casca (chá)
fibra do fruto seco (chá)
casca do fruto (chá)
raíz (chá)
antidiarréico; malária
hepatite
anemia
anemia
Maracujá
folhas (chá)
calmante; pressão alta;
fígado
vermífugo
coração
Euterpe oleracea Mart.
P assifloraceae
Passiflora edulis Sims.
semente (moída)
flor (chá)
94
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Plantas medicinais de uso popular em Boa Vista, Roraima, Brasil.
Tabela 1. (Continuação)
F amília/Nome cien tífico
Nome popu lar
P edaliaceae
Sesamum orientale L.
Gergelim
semente (sumo)
antiinflamatório;
pneumonia; meningite;
epilepsia
P h y tolaccaceae
Petiveria alliaceae L.
Tipi; Guiné
folhas
dor de cabeça; dor de
dente; picada de cobra;
reumatismo
Trançagem
folhas (suco)
úlcera
Amor crescido
folhas e raíz (suco)
antiinflamatório;
cicatrizante; ouvido;
antimicótico
laxante
queda de cabelo; fígado;
abortivo
P lan tagin aceae
Plantago major L.
P ortu lacaceae
Portulaca pilosa L.
P arte e forma de u so
folhas (chá)
folhas e ramos
P roteaceae
Roupala montana Aubl.
Rh amn aceae
Ampelozizyphus
amazonicus Ducke
Rosaceae
Fragaria vesca L.
Malus domestica
Ru biaceae
Genipa americana L.
Ru taceae
Citrus limonum L.
Congonha
entre casca (chá)
antinflamatório
Saracura-mirá
ramo (chá)
malária
Morango
Maçã
fruto in natura
fruta in natura
diabete
diarréia
Jenipapo
folhas (chá)
fruto in natura
anemia
diabete; antitussígeno
Limão
fruto (suco)
gripe; gastrite; colesterol;
obesidade
gripe; gastrite; aperitivo
digestivo
calmante
diabete
gastrite; cólica menstrual;
dor; abortivo
Citrus sinensis L. Osbeck Laranja
Ruta graveolens L.
S apotaceae
Manilkara sp.
S croph u lariaceae
Scoparia dulcis L.
Uso medicin al
Arruda
frutos (suco)
casca do fruto
folhas (chá)
semente
folhas (suco, infusão)
Massaranduba
casca (chá)
pneumonia
vassourinha
folhas (chá)
raíz (chá)
diabete
infecção urinária
casca (chá ou infusão)
malária; abortivo;
contraceptivo
malária; leucemia
S imarou baceae
Geissospermum sericeum Quina-quina
(Sagot) Benth. & Hook.
Simarouba amara Aubl.
Marupá
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
macerado da madeira
(infusão)
95
F.J. Luz.
Tabela 1. (Continuação)
F amília/Nome cien tífico
Nome popu lar
S olan aceae
Solanum tuberosum L.
Batata inglesa
batata (suco)
úlcera; vermífugo (suco
com casca)
Umbelliferae
Daucus carota L.
raíz
pele; cabelo; melhorar a
visão
icterícia
Cenoura
P arte e forma de u so
Petroselinum crispum L. Salsa
Verben aceae
Lippia microphylla Cham. Salva do campo
raíz (chá)
Lippia alba N.E.Br.
Erva cidreira
folhas (chá)
Z in giberaceae
Curcuma longa L.
Açafroa
rizoma (chá)
Zingiber officinale Rosc.
Gengibre; Mangarataia
rizoma (xarope)
Esse trabalho demonstrou a importância do uso das plantas medicinais no
tratamento das diversas doenças da população da cidade de Boa Vista. A combinação de plantas nativas com plantas
introduzidas, hortaliças, fruteiras e outras plantas cultivadas acompanha a
diversidade de costumes e cultura próprios de uma população de origem diversa, refletindo a riqueza e o potencial
do conhecimento popular na cura de
muitas enfermidades prevalentes na cidade de Boa Vista.
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março 2.001.
Eficiência de tiacloprid para o controle de mosca-branca.
Marina Castelo Branco; Ludmilla A. Pontes
Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília – DF. E-mail: [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O impacto de tiacloprid sobre a mortalidade de adultos, fertilidade de fêmeas, viabilidade de ovos e desenvolvimento de ninfas de
Bemisia argentifolii foi determinado em quatro experimentos. No
primeiro experimento, para avaliar a eficácia de tiacloprid em causar a mortalidade de adultos, foram utilizadas folhas de repolho tratadas com tiacloprid (96 g i.a./ha), imidacloprid (14 g i.a./ha), acefato
(750 g i.a./ha), deltametrina (6 g i.a./ha) e água e adultos liberados
nas gaiolas contendo as folhas tratadas. A mortalidade de adultos
foi avaliada após 72 h. No segundo experimento, para avaliar o impacto de tiacloprid sobre a fertilidade das fêmeas, utilizou folhas de
repolho tratadas com o inseticida ou água colocadas nas gaiolas,
seguida da liberação de 50 adultos por 24 h. Transcorrido este tempo, os adultos foram transferidos para uma outra gaiola contendo
folhas de repolho sem tratamento com inseticida por mais 24 h, quando foram então removidos. O número de ovos sobre cada folha foi
determinado e as folhas foram colocadas em uma câmara por dez
dias, quando o número de ninfas foi determinado. No terceiro experimento, para avaliar o impacto de tiacloprid na eclosão de ninfas
utilizou ovos de mosca-branca com idades de um e cinco dias tratados com tiacloprid ou água e, após 10 dias, foi avaliado o número de
ninfas de primeiro estádio em cada tratamento. No quarto experimento avaliou-se o impacto de tiacloprid no desenvolvimento de
ninfas. Estas foram tratadas com o inseticida ou água e após cinco
dias foi feita a contagem do número de ninfas de terceiro estádio.
Tiacloprid e imidacloprid causaram a mortalidade de 99% dos adultos enquanto acefato e deltametrina causaram menos de 32% de
mortalidade. O resultado indicou uma boa eficiência de tiacloprid
para o controle de adultos. A viabilidade dos ovos não foi afetada
pela exposição das fêmeas ao inseticida, já que mais de 97% destes
se desenvolveram. Mais de 97% dos ovos tratados com tiacloprid
com idades de um e cinco dias não se desenvolveram indicando que
o inseticida causa a inibição do desenvolvimento dos ovos independentemente da idade destes. Apenas 1,2% das ninfas de segundo
estádio tratadas com tiacloprid alcançaram o terceiro estádio, indicando que o inseticida afeta o desenvolvimento das ninfas.
Efficiency of tiacloprid in controlling whiteflies.
Effects of thiacloprid on adults, female fertility, egg hatch and
nymph development of Bemisia argentifolii were determined in
Brasília, Brazil. The first experiment was to evaluate the efficacy of
tiacloprid in causing adult mortality. Cabbage leaves were treated
with thiacloprid (96 g.a.i./ha), imidacloprid (14 g.a.i./ha), acephate
(750 g.a.i./ha), deltamethrin (6 g.a.i./ha) and water. Adult whiteflies
were released in cages containing the treated leaf. Adult mortality
was evaluated after 72 h. The second experiment was to evaluate the
impact of tiacloprid on female fertility. Cabbage leaves were treated
with thiacloprid or water and put into the cage. About 50 adults
were released into the cage for 24 h. After that time adults from each
cage were transferred to a new cage containing a leaf free from
insecticide treatment. Females were allowed to oviposit for 24 h.
Then whiteflies were removed from the cage and the number of
eggs on each leaf was counted. After counting, the leaves were
transferred to a chamber and 10 days later the number of first instar
nymphs was recorded. The third experiment evaluated the impact of
tiacloprid on egg hatch. Whitefly eggs which were one and fiveday-old were treated with thiacloprid or water. After 10 days the
number of first instar nymphs was determined. The fourth experiment
evaluated the impact of tiacloprid on nymphs development. Second
instar nymphs were treated with thiacloprid or water. After five days
the number of third instar nymphs was determined. Thiacloprid and
imidacloprid caused 99% adult mortality whereas acephate and
deltamethrin caused less than 32% adult mortality. The results
indicated that thiacloprid had good effect on adults. Egg viability
was not affected when females had contact with leaves treated with
the insecticide as more than 97% of the eggs hatched. More than
97% of the eggs treated with thiacloprid did not hatch, indicating
that inhibition of egg hatch caused by tiacloprid has no connection
with egg age. Thiacloprid affected nymph development. Only 1.2%
of the second instar nymphs treated with the insecticide developed
to the third stage.
Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata, Bemisia
argentifolii, controle químico, mosca-branca, tiacloprid,
deltametrina, acefato, imidacloprid.
Keywords: Brassica oleracea var. capitata, Bemisia argentifolii,
thiacloprid, deltamethrin, acephate, imidacloprid, chemical
control, whiteflies.
(Aceito para publicação em 05 de fevereiro de 2.001).
A
mosca-branca,
Bemisia
argentifolii, foi observada no Brasil pela primeira vez em São Paulo, no
início da década de 90 (Lourenção et al.,
1999); no Distrito Federal foi encontrada
em 1993, associada a cultivos de tomate e
repolho (França et al., 1996); em 1996 o
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
inseto foi o principal problema em cultivos de tomate do Vale do São Francisco
(Lima & Haji, 1998); no ano 2000 causou
sérios problemas aos produtores de feijão-vagem e tomate na Serra Gaúcha.
Em lavouras de tomate, a moscabranca ao se alimentar das plantas cau-
sa queda de frutos e folhas e amadurecimento irregular dos frutos. A
maturação irregular inviabiliza o uso dos
frutos para processamento industrial ou
consumo in natura. O inseto é também
vetor de geminivírus e quando contamina as plantas no início do cultivo, as
97
M. Castelo Branco & L.A. Pontes.
perdas podem ser totais (Villas Bôas et
al., 1997).
Para o controle desse inseto são recomendadas uma série de medidas culturais como o uso de mudas sadias, manutenção do cultivo no limpo, plantio
de milho ou mandioca para a redução
da população (Villas Bôas et al., 1997;
Villas Bôas, 2000); cobertura do solo
com plástico para repelir o inseto
(Cubillo et al., 1999) e aplicações de
inseticidas.
Diversos produtos são recomendados para o controle da mosca-branca,
sendo que novos inseticidas estão sendo constantemente lançados no mercado. O inseticida tiacloprid, pertencente
ao grupo químico dos neonicotinóides
foi avaliado para o controle da moscabranca em lavouras de pimentão e berinjela (Ferreira et al., 1999; Gitirana
Neto et al., 1999) e lançado oficialmente no mercado no ano 2000.
Ainda que este inseticida tenha sido
eficiente para o controle da praga, o
impacto do produto sobre os diferentes
estágios de mosca-branca não foi ainda
relatado. Assim sendo, este trabalho teve
como objetivo avaliar o impacto de
tiacloprid sobre adultos, ovos e ninfas
de mosca-branca e sobre a fertilidade de
fêmeas da praga.
MATERIAL E MÉTODOS
Origem da população de moscabranca utilizada nos experimentos: A
população utilizada foi proveniente do
município de Holambra (SP) e mantida
em casa-de-vegetação sobre plantas de
bico-de-papagaio de outubro de 1995 a
junho de 1999. Nenhuma pulverização
de inseticida foi realizada na casa-devegetação durante este período.
Descrição dos ensaios: Os quatro
experimentos foram realizados utilizando-se folhas destacadas de plantas de
repolho, cv. Kenzan, com cerca de 30
dias de idade e livres de infestação de
mosca-branca. Em todos os experimentos, as folhas foram imersas em água ou
na solução do inseticida por 10 segundos e, posteriormente, deixadas para
secar ao ambiente por duas horas. As
folhas foram colocadas em vidros com
água (12 mL de capacidade) para a manutenção da turgidez. Todos os ensaios
98
foram realizados em câmara climatizada
a 25 ± 1°C, fotofase de 13 h e umidade
de 70%.
Nos experimentos onde foram utilizados adultos, os vidros contendo as folhas foram colocados individualmente
dentro de gaiolas de plástico (10 cm de
diâmetro X 10 cm de altura). Os adultos
foram coletados com um aspirador sobre plantas de bico-de-papagaio e em
seguida liberados no interior das gaiolas.
Nos experimentos onde foram utilizados ovos ou ninfas de segundo estádio, as folhas de repolho foram colocadas em vidro e mantidas por 24 h em
casa-de-vegetação contendo adultos de
mosca-branca, para a realização da
oviposição. Após este período os adultos foram eliminados das folhas e estas
transferidas para a câmara climatizada
onde foram mantidas durante todo o
ensaio.
Todas as diluições de inseticidas foram feitas assumindo-se um volume de
calda de 400 litros/ha. Foi acrescentado
o espalhante adesivo alquil-fenolpoliglicoeter, na concentração de 62,5
g i.a./ha, a todas as soluções. A testemunha foi tratada com água mais
espalhante.
Avaliação da mortalidade de adultos de mosca-branca ocasionada por
tiacloprid: Foi realizado um ensaio preliminar para a determinação do período
ideal para avaliação da mortalidade de
adultos causada por tiacloprid. Quatro
folhas de repolho foram imersas por 10
segundos em uma solução do inseticida
tiacloprid (96 g i.a./ha) e quatro em água
(testemunha), sendo colocadas individualmente em gaiolas. Em seguida, adultos
de mosca-branca (média de 14 adultos/
gaiola) foram liberados no interior das
mesmas. A mortalidade foi avaliada 24;
48 e 72 h após a liberação. Os dados da
mortalidade foram corrigidos pela fórmula de Abbott (1925).
Para comparar a eficiência de
tiacloprid com outros inseticidas usados
no controle de mosca-branca, seis folhas de repolho/tratamento foram
imersas por 10 segundos em água ou nas
soluções das doses comerciais dos seguintes inseticidas: tiacloprid (96 g i.a./
ha), imidacloprid (14 g i.a./ha),
deltametrina (6 g i.a./ha) e acefato (750
g i.a./ha). As folhas depois de secas à
temperatura
ambiente
foram
transferidas para gaiolas e uma média
de 107 adultos de mosca-branca foi liberada em cada gaiola. A mortalidade
de adultos foi avaliada 72 h após a liberação dos adultos nas gaiolas.
O delineamento experimental utilizado foi completamente casualizado,
com cinco tratamentos e seis repetições.
Os dados da percentagem de mortalidade de adultos foram submetidos à análise de variância e foi utilizado o teste da
diferença mínima significativa (DMS)
(P< 0,05) para a separação de médias.
Impacto de tiacloprid sobre a fertilidade de fêmeas de mosca-branca:
Onze folhas de repolho foram tratadas
com tiacloprid (96 g i.a./ha) e onze com
água (testemunha) e em seguida
transferidas individualmente para gaiolas. Quando as folhas estavam enxutas,
cerca de 50 adultos de mosca-branca
foram liberados no interior das gaiolas.
Após 24 h os insetos foram retirados e
transferidos por outras 24 h para outras
gaiolas contendo folhas de repolho não
tratadas para a obtenção de ovos de
mosca-branca. Transcorridas as 24 h. os
adultos foram retirados das gaiolas e o
número de ovos sobre cada folha determinado. Dez dias após a oviposição foi
realizada a contagem do número de
ninfas de primeiro estádio presentes sobre as folhas.
O delineamento experimental foi
completamente casualizado e foram utilizadas onze repetições por tratamento.
Os dados da percentagem de eclosão de
ninfas foram submetidos à análise de
variância e foi utilizado o teste de t (P<
0,05) para a separação de médias.
Viabilidade de ovos de moscabranca tratados com tiacloprid: Folhas de repolho contendo ovos de mosca-branca com idades de um e cinco dias
foram tratadas com tiacloprid (96 g.i.a./
ha) ou água. Para cada idade de ovos e
cada tratamento foram utilizadas onze
folhas. Dez dias após a oviposição foi
realizada a contagem do número de
ninfas de primeiro estádio sobre cada
folha de cada tratamento e em seguida
determinada a percentagem de ovos
inviáveis.
O delineamento experimental foi
completamente casualizado com onze
repetições e dois tratamento. Os dados
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Eficiência de tiacloprid para o controle de mosca-branca.
da percentagem de ovos inviáveis com
idades de um e cinco dias foram corrigidos pela fórmula de Abbott (Abbott,
1925) e submetidos à análise de
variância. Foi utilizado o teste de t (P<
0,05) para a separação de médias.
Desenvolvimento de ninfas de segundo estádio de mosca-branca tratadas com tiacloprid: Vinte e duas folhas
de repolho contendo ovos de mosca-branca foram mantidas em câmara climatizada
por 15 dias até que as ninfas atingissem o
segundo estádio. Posteriormente as folhas
foram divididas aleatoriamente em dois
grupos de onze folhas cada (representando o tratamento tiacloprid e o tratamento
testemunha) e o número de ninfas sobre
cada folha foi determinado. Em seguida,
as folhas foram imersas na solução do inseticida ou água, deixadas secar à temperatura ambiente e em seguida levadas à
câmara. Cinco dias após, foi realizada a
contagem do número de ninfas de terceiro estádio.
O delineamento experimental foi
completamente casualizado e foram utilizadas onze repetições por tratamento.
Os dados foram submetidos à análise de
variância e foi utilizado o teste de t (P<
0,05) para a separação de médias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Avaliação da mortalidade de adultos de mosca-branca ocasionada por
tiacloprid: O ensaio preliminar para
avaliação da mortalidade de adultos causada pela dose comercial do inseticida
tiacloprid mostrou aumento da mortalidade com o passar do tempo. Nas primeiras 24 h apenas 33% dos adultos
haviam morrido; com 48 h a mortalidade aumentou para 81% e, com 72 h, a
mortalidade foi de 100%. Com isso, foi
definido que o tempo ideal para avaliação da mortalidade de adultos causada
por tiacloprid é de 72 h, avaliação utilizada em experimento posterior. Futuras
avaliações deverão distinguir populações de mosca-branca resistentes e suscetíveis ao inseticida.
A comparação da eficiência de
tiacloprid com outros inseticidas indicou que a dose comercial desse produto
e do inseticida imidacloprid (produto
pertencente ao mesmo grupo químico do
tiacloprid, neonicotinóides), foram as
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Tabela 1. Mortalidade de adultos de mosca-branca 72 h após o tratamento com inseticidas
ou água à temperatura de 25 ± 1°C, fotofase de 13 h e umidade de 70%. Brasília, Embrapa
Hortaliças, 1999.
Tratamen to
Tiacloprid
Imidacloprid
Acefate
Deltametrina
Testemunha
C.V. (%)
D ose (g i. a. /h a)
96
14
750
6
--
% mortalidade de
adu ltos1
(Média ± EP M)
99,1 ± 0,3 a
99,0 ± 0,5 a
31,8 ± 6,6 b
20,9 ± 6,3 bc
10,6 ± 2,3 c
16,19
1/
Para efeito de análise os dados foram transformados em arc sen raíz quadrada da percentagem
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste DMS (P>0,05).
Tabela 2. Percentagem de eclosão de ninfas de mosca-branca quando adultos mantiveram
contato por 24 h com folhas de repolho tratadas com tiacloprid (96 g i.a./ha) ou água e foram
em seguida transferidos por 24 h para folhas de repolho não tratadas com inseticida. Brasília,
Embrapa Hortaliças, 1999.
Tratamen to
Tiacloprid
Testemunha
C.V. (%)
Nú mero total de ovos
813
2845
% n in fas eclodidas
(Média ± EP M)
97,2 ± 1,2 a
98,6 ± 0,4 a
7,5
Médias seguidas da mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de t (P>0,05).
que causaram maior mortalidade de
adultos (99%) após 72 h (Tabela 1). Este
resultado indica que doses comerciais
destes inseticidas são eficientes para o
controle de adultos desta população.
Acefato e deltametrina ocasionaram
percentagem de mortalidade semelhantes, abaixo de 32%, e foram significativamente diferentes de tiacloprid (Tabela 1), sugerindo que a dose comercial
dos inseticidas não foi eficiente para
causar a mortalidade de adultos da população.
Impacto de tiacloprid sobre a fertilidade de fêmeas de mosca-branca:
O tratamento de adultos de mosca-branca por apenas 24 h com a dosagem comercial de tiacloprid (96 g.i.a./ha) permitiu a sobrevivência de algumas fêmeas
da população tratada, as quais foram
capazes de depositar ovos em folhas de
repolho não tratadas com inseticida. O
confinamento das fêmeas por 24 h sobre folhas de repolho tratadas com
tiacloprid não afetou a fertilidade destas, já que mais de 97% dos ovos depositados originaram ninfas (Tabela 2).
Tiacloprid apresentou um impacto so-
bre a fertilidade das fêmeas diferente dos
inseticidas pyriproxyfen, pertencente ao
grupo químico piridil eter e buprofezin,
pertencente ao grupo químico das
tiadiazinas. Estes dois últimos inseticidas reduziram a eclosão de ninfas de
mosca-branca quando as fêmeas tiveram
contato com plantas tratadas com os produtos (Ishaaya et al., 1988; Ishaaya et
al., 1994).
Stansly (1996) observou que a mosca-branca, B. argentifolii, é capaz de se
dispersar entre áreas de cultivo e Byrne
et al. (1999) constataram que a moscabranca, B. tabaci, pode se dispersar por
mais de 2 km. O fato de tiacloprid não
afetar a fertilidade dos ovos de moscabranca sugere que fêmeas que migrem
de cultivos tratados com o tiacloprid
para cultivos não tratados com o inseticida, são capazes de infesta-los, ao contrário do que pode ocorrer com as fêmeas provenientes de áreas tratadas com
pyriproxyfen ou buprofezin.
Viabilidade de ovos de moscabranca tratados com tiacloprid: O tratamento de ovos de mosca-branca com
tiacloprid nas idades de um e cinco dias
99
M. Castelo Branco & L.A. Pontes.
Tabela 3. Percentagem de ovos inviáveis de mosca-branca, com um e cinco dias tratados
com tiacloprid (96 g i.a./ha). Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999.
Idade dos ovos
(dias)
1
5
C.V. (%)
Nú mero total de ovos
tratados
1486
1279
% de ovos in viáveis
(Média ± EP M)
99,0 ± 0,7 a
97,6 ± 1,2 a
7,4
Médias seguidas da mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de t (P>0,05).
Tabela 4. Percentagem de sobrevivência de ninfas de terceiro estádio de mosca-branca cinco dias após o tratamento de ninfas de segundo estádio com tiacloprid. Brasília, Embrapa
Hortaliças, 1999.
Tratamen to
Tiacloprid
Testemunha
C.V. (%)
Nú mero de n in fas de
segu n do estádio
440
472
% n in fas terceiro
estádio1
(Média ± EP M)
1,2 ± 0,6 a
80,0 ± 5,0 b
30,1
1/
Para efeito de análise os dados foram transformados em arc sen raíz quadrada da percentagem
Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de t (P>0,05).
causou a inviabilidade de mais de 97%
dos ovos, independentemente da idade
destes. Este resultado indica que o inseticida possui uma boa atividade ovicida
(Tabela 3). Ainda que ovos de moscabranca tratados com tiacloprid com idades de um e cinco dias não tenham apresentado diferença significativa na
inviabilidade, esta não é uma regra geral para os inseticidas utilizados para o
controle de mosca-branca. Ishaaya et al.
(1994) por exemplo, observaram um
maior número de ovos inviáveis de mosca-branca quando estes foram tratados
com pyriproxyfen com idades entre um
e três dias do que quando tratados com
idade de cinco dias.
Desenvolvimento de ninfas de segundo estádio de mosca-branca tratadas com tiacloprid: Apenas 1,2% das
ninfas de segundo estádio de moscabranca tratadas com tiacloprid alcançaram o terceiro estádio, ao contrário da
testemunha, onde 80% das ninfas se
desenvolveram (Tabela 4). Tal observação indica que o inseticida é eficaz para
reduzir a sobrevivência de ninfas. O
mesmo impacto de inseticidas sobre
ninfas foi observado por Stansly et al.
(1998) e Ishaaya et al. (1994) quando
ninfas de mosca-branca foram tratadas
com imidacloprid ou pyriproxyfen, respectivamente.
100
A mortalidade de adultos, a
inviabilidade de ovos e mortalidade de
ninfas de mosca-branca, quando tratadas com tiacloprid, são fatores que devem contribuir para a redução das populações de mosca-branca em áreas de
cultivo, principalmente em áreas protegidas. No entanto, ainda que o inseticida tenha se mostrado eficiente para o
controle de diversas fases da praga, ele
deve ser utilizado de forma criteriosa
para evitar a seleção de populações resistentes. Não existem relatos sobre resistência a tiacloprid; contudo, populações de B. argentifolii resistentes a
imidacloprid já foram observadas
(Prabhaker et al., 1997).
AGRADECIMENTOS
Aos Drs. Félix H. França e Geni L.
Villas Bôas e ao Comitê de Publicações
da Embrapa Hortaliças pela revisão do
manuscrito. A Adiel L. dos Santos e
Hozanan P. Chaves pelo auxílio nos trabalhos de laboratório.
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produto Thiacloprid 480 SC, Imidacloprid 700
GRDA e 200 SC, no controle da praga Bemisia
argentifolii na cultura da berinjela. In: CONGRESSO
BRASILEIRO
DE
OLERICULTURA, 39., 1998, Tubarão. Resumos... Tubarão, SC., SOB, 1999. Resumo 120.
ISHAAYA, I.; MENDELSON, Z.; MELAMEDMADJAR, V. Effect of buprofezin on
embryogenesis and progeny formation of
sweetpotato
whitefly
(Homoptera:
Aleyrodidae). Journal of Economic
Entomology, v. 81, p. 781-784. 1988.
ISHAAYA, I.; DE COCK, A.; DEGHEELE, D.
Pyriproxyfen, a potent supressor of egg hatch
and adult formation of the greenhouse whitefly
(Homoptera: Aleyrodidae). Journal of
Economic Entomology, v. 87, p. 1185-1189,
1994.
LIMA, M.F.; HAJI, F.N.P. Mosca-branca x
geminivírus em tomate no Submédio do Vale
do Rio São Francisco. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, 1998. Reportagem de capa.
LOURENÇÃO, A.L.; YUKI, V.A.; ALVES, S.B.
Epizootia de Aschersonia cf. goldiana em
Bemisia tabaci (Homoptera: Aleyrodidae)
biotipo B no Estado de São Paulo. Anais da
Sociedade Entomológica do Brasil, v. 28, p.
343-345, 1999.
PRABHAKER, N.; TOSCANO, N.C.; CASTLE,
S.J.; HENNEBERRY, T.J. Selection for
imidacloprid resistance in silverleaf whiteflies
from the Imperial Valley and development of
a hydroponic bioassay for resistance
monitoring. Pesticide Science, v. 51, p. 419428, 1997.
STANSLY, P.A. Seasonal abundance of silverleaf
whitefly in southwest Florida vegetable fields.
Proceedings of the Florida State Horticultural
Society, v. 108, p. 234-242, 1996.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Eficiência de tiacloprid para o controle de mosca-branca.
STANSLY, P.; LIU, T.X.; VAVRINA, C.S.
Response of Bemisia argentifolii (Homoptera:
Aleyrodidae) under greenhouse, field and
laboratory conditions. Journal of Economic
Entomology, v. 91, p. 686-692, 1998.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
VILLAS BÔAS, G.L. Caracterização molecular
da mosca-branca Bemisia argentifolii e determinação do potencial biótico às plantas hospedeiras: abobrinha (Cucurbita pepo); feijão
(Phaseolus vulgaris); mandioca (Manihot
esculenta); milho (Zea mays); poinsétia
(Euphorbia pulcherrima); repolho (Brassica
oleracea) e tomate (Lycopersicon esculentum).
São Carlos: Universidade Federal de São
Carlos, 2000. 170 p. (Tese doutorado).
VILLAS BÔAS, G.L.; FRANÇA, F.H.; ÁVILA,
A.C.; BEZERRA, I.C. Manejo integrado da
mosca-branca Bemisia argentifolii. Brasília:
Embrapa Hortaliças, 1997. (Embrapa Hortaliças.
Circular Técnica da Embrapa Hortaliças, 9).
101
normas
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
Escopo do Periódico
O periódico, Horticultura Brasileira (HB), aceita artigos
técnico-científicos, escritos em português, inglês ou espanhol.
É composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 2.
Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural;
5. Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste;
7. Nova Cultivar; e 8. Comunicações.
1. ARTIGO CONVIDADO: tópico de interesse atual,
a convite da Comissão Editorial;
2. CARTA AO EDITOR: assunto de interesse geral.
Será publicada a critério da Comissão Editorial;
3. PESQUISA: artigo relatando um trabalho original, referente a resultados de pesquisa cuja reprodução é claramente demonstrada;
4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho na
área de economia aplicada ou extensão rural;
5. PÁGINA DO HORTICULTOR: comunicação ou
nota científica contendo dados e/ou informações passíveis de
utilização imediata pelo horticultor;
6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comunicação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos,
fertilizantes ou cultivares;
7. NOVA CULTIVAR: manuscrito relatando o registro
de novas cultivares e germoplasmas, a disponibilidade dos
mesmos, e apresentando dados comparativos envolvendo estes novos germoplasmas;
8. COMUNICAÇÕES: seção destinada à comunicação
entre leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na forma
de breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exceder 300 palavras, ou 1.200 caracteres, e deve ser enviado em
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disquete e indicação de que o texto se destina à seção Comunicações. Por questões de espaço, nem todas as notas recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadas
apenas parcialmente.
O periódico HB é publicado a cada quatro meses, de acordo
com a quantidade de trabalhos aceitos.
Os trabalhos enviados para a HB devem ser originais, ainda
não relatados ou submetidos simultaneamente à publicação em
outro periódico ou veículo de divulgação. Está também implícito que, no desenvolvimento do trabalho, os aspectos éticos e
respeito à legislação vigente do copyright foram também observados. Manuscritos submetidos em desacordo com as normas
não serão considerados. Após aceitação do manuscrito para publicação, a HB adquire o direito exclusivo de copyright para
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ou total dos trabalhos publicados sem a devida autorização por
escrito da Comissão Editorial da Horticultura Brasileira.
Para publicar na HB, é necessário que pelo menos um dos
autores do trabalho seja membro da Sociedade de Olericultura
do Brasil e esteja em dia com o pagamento da anuidade. Cada
artigo submetido deverá ser acompanhado da anuência à pu102
GUIDELINES FOR THE PREPARATION AND
SUBMISSION OF MANUSCRIPTS
Subject Matter
Horticultura Brasileira (HB) is dedicated to publishing
technical and scientific articles written in Portuguese, English
or Spanish. HB has the following sections: 1. Invited Article;
2. Letter to the Editor; 3. Research; 4. Economy and Rural
Extension; 5. Grower’s Page; 6. Pesticides and Fertilizers in
Test; 7. New Cultivar; and 8. Communications.
1. INVITED ARTICLE: deals with topics that arouse
interest. Only invited articles are accepted in this section;
2. LETTER TO THE EDITOR: a subject of general
interest. It will be accepted for publication after being
submitted to a preliminary evaluation by the Editorial Board;
3. RESEARCH: manuscript describing a complete and
original study in which the replication of the results has clearly
been established;
4. ECONOMY AND RURAL EXTENSION:
manuscript dealing with applied economy and rural extension;
5. GROWER’S PAGE: communications or short notes
with information that could be quickly usable by farmers;
6. PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST:
communications or scientific notes describing tests with
pesticides, fertilizers and cultivars;
7. NEW CULTIVAR: this section contains recent
releases of new cultivars and germplasm and includes
information on origin, description, avaliability, and
comparative data;
8. COMMUNICATIONS: these have the objective of
promoting communication among readers and the Editorial
Board as short communications, suggestions and criticism,
in a more informal way. They should be concise, not
exceeding 300 words or 1,200 characters. These should be
signed by author(s) and submitted in duplicate (original
and one copy), along with a diskette that contains a copy
of the text.
The journal HB is issued every four months, depending
on the amount of material accepted for publication.
HB publishes original manuscripts that have not been
submitted elsewhere. With the acceptance of a manuscript
for publication, the publishers acquire full and exclusive
copyright for all languages and countries. Unless special
permission has been granted by the publishers, no
photographic reproductions, microform and other
reproduction of a similar nature may be made of the journal,
of individual contributions contained therein or of extracts
therefrom.
Membership in the Sociedade de Olericultura do Brasil
is required for publication. For the paper to be eligible for
publication at least one of the authors must be a Society
member and the manuscripts should be accompanied by the
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
blicação de todos ao autores, e será avaliado pela Comissão
Editorial, Editores Associados e/ou Assessores ad hoc, de
acordo com a seção a que se destina.
Submissão dos trabalhos
Os originais deverão ser submetidos em três vias, em programa Word 6.0 ou versão superior, em espaço dois, fonte
arial tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deverá
ser incluído. Todas as cópias de figuras e fotos deverão ser de
boa qualidade.
Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, que
não deve incluir nomes científicos, a menos que não haja nome
comum no idioma em que foi redigido. Ao título deve seguir
o nome, endereço postal e eletrônico completo dos autores
(veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últimos volumes da Horticultura Brasileira).
A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Resumo em português ou espanhol, com palavras-chave ao final.
As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s)
científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetir
termos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, em
inglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o título
em inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus similares em português ou espanhol; 3. Introdução; 4. Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e Tabelas. Este roteiro deverá ser utilizado para a seção Pesquisa. Para as demais seções veja padrão de
apresentação nos artigos publicados nos últimos volumes da
Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento consultar a home
page da HB: www.hortbras.com.br
Referências à literatura no texto deverão ser feitas conforme os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú & Hoeffert,
1970). Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempre em itálico,
como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duve et al., 1951).
Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es),
no mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após a
data de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b.
Na seção de Literatura Citada deverão ser listados apenas
os trabalhos mencionados no texto, em ordem alfabética do
sobrenome, pelo primeiro autor. Trabalhos com dois ou mais
autores devem ser listados na ordem cronológica, depois de
todos os trabalhos do primeiro autor. A ordem dos itens em
cada referência deverá obedecer as normas vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Exemplos:
a) Periódico:
VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat
production of vegetables during refrigerated storage. Journal
of the American Society for Horticulture Science, v. 97, n. 3,
p. 431-432, Mar.1972.
b) Livro:
ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3. ed. New
York: John Willey, 1979. 632 p.
c) Capítulo de livro:
ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F.,
ed. Corn and corn improvement. New York: Academic Press,
1955. p. 465-536.
Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
agreement for publication signed by the authors. All
manuscripts will be evaluated by the Editorial Board,
Associated Editors and/or ad hoc consultants in accordance
with their respective sections.
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Manuscripts should be submitted in triplicate (original
and two copies) typed double-spaced (everything must be
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3.5 inch diskette which have the files copied on them using
the program Word 6.0 or superior.
The title page should include: title of the paper (scientific
names should be avoided); name(s) of author(s) and
address(es). Please refer to a recent issue of HB for format.
The structure of the manuscript should include: 1. Abstract
and Keywords. Keywords should start with scientific names
and it should not repeat words that are already in the title; 2.
Summary in Portuguese (a translation of the abstract will be
provided by the Journal for non-Portuguese-speaking authors)
and Keywords (Palavras-chave). 3.Introduction; 4. Material
and Methods; 5. Results and Discussion;
6.Acknowledgements; 7. Cited Literature and 8. Figures and
Tables. This structure will be used for the Research section.
For other sections please refer to a recent issue of HB for
format.
Bibliographic references within the text should have the
following format: Esaú & Hoeffert (1970) or (Esaú & Hoeffert,
1970). When there are more than two authors, use a reduced
form, like the following: De Duve et al. (1951) or (De Duve
et al., 1951). References to studies done by the same author
in the same year should be noted in the text and in the list of
the Cited Literature by the letters a, b, c, etc., as follows: 1997a,
1997b.
In the Cited Literature, references from the text should be
listed in alphabetical order by last name, without numbering
them. Papers that have two or more authors should be listed
in chronological order, following all the papers of the first
author, second author and so on. Please refer to a recent issue
of HB for more details. The order of items in each bibliography
should follow the examples (Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT):
a) Journal:
VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat
production of vegetables during refrigerated storage. Journal
of the American Society for Horticultural Science, v. 97, n. 3,
p. 431-432, Mar. 1972.
b) Book:
ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3. ed. New
York: John Willey, 1979. 632 p.
c) Chapter:
ULLSTRUP, A.J. Disease of corn. In: SPRAGUE, G.J.,
ed. Corn and corn improvement. New York: Academic Press,
1955. p. 465-536.
103
d) Tese:
SILVA, C. Herança da resistência à murcha de
Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba:
ESALQ, 1992. 72 p. Tese mestrado.
e) Trabalhos apresentados em congressos (quando não
incluídos em periódicos):
HIROCE, R.; CARVALHO, A.M.; BATAGLIA, O.C.;
FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO,
J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.
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Tel.: (0xx14) 6802 7172 / 6802 7203
Fax: (0xx14) 6802 3438
E-mail: [email protected]
104
d) Thesis:
SILVA, C. Herança da resistência à murcha de
Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba:
ESALQ, 1992. 72 p. Tese mestrado.
e) Articles from Scientific Events (when not published
in journals):
HIROCE, R; CARVALHO, A.M.; BATAGLIA, O.C.;
FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO,
J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977,
Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364.
For examples of cited literature from Internet (URL, FTP)
or CD – ROM, please consult the HB home page
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Hortic. bras., v. 19, n. 1, mar. 2001.
Pranchas com pinturas de
hortaliças
A idéia desta capa surgiu na exposição Hortaliças & Arte, realizada no estande do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), durante o 40o CBO, realizado no ano passado em São Pedro, SP. As pesquisas com hortaliças no IAC tiveram
início, oficialmente, em 1937, com
a implantação da antiga Seção de
Olericultura e Floricultura, sob a
Chefia do Dr. Olímpio de Toledo
Prado. A documentação visual das
hortaliças pesquisadas era feita por
meio de pinturas em pranchas e/ou
modelagem em gesso, em escala
real, pois não se dispunha das facilidades de hoje (câmeras sofisticadas, lentes e filmes especiais,
câmeras digitais). Além disso, fotografia colorida era um recurso caro
e, portanto, de uso limitado na documentação da pesquisa científica,
sendo substituída pelo trabalho de
ilustradores botânicos. Entre muitos
profissionais anônimos (cerca de
40), o IAC contou com verdadeiros
artistas, como José de Castro Mendes, Maria de Lourdes Sabóia e José
Ferraz Pompeu. Esses profissionais
foram contratados graças ao empenho do então Diretor do IAC, Dr.
Theodureto de Almeida Camargo.
Segundo o Dr. Armando José
Conagin, pesquisador aposentado
do IAC, ao voltar de um período de
especialização na Alemanha, o Dr.
Theodureto convenceu o governador do Estado da importância dessa
atividade para o registro visual da
pesquisa agronômica. A história do
caminho percorrido por esse precioso acervo é, no entanto, triste. Por
volta de 1990, foi criado o Museu
IAC, numa tentativa de preservar a
história da instituição. As peças em
gesso que, até então, estiveram sob
a guarda da antiga Seção de Horta-
liças, foram transferidas para o museu. Após alguns anos, o museu foi
extinto e, durante a “volta para casa”,
algumas peças se quebraram e outras se deterioraram. Quanto às ilustrações, algumas das quais foram
selecionadas para compor a capa desta edição, estavam guardadas há décadas no almoxarifado da antiga Seção de Hortaliças, sem nenhum cuidado especial, resultando no desgaste
da maior parte delas. O sentimento
de quem se depara com tais obras é
um misto de encantamento, por sua
beleza e, ao mesmo tempo, de tristeza devido ao mau estado das ilustrações e peças em gesso. Trata-se de
um acervo documental de grande
valor histórico e científico retratando com precisão e realismo a
tipologia das hortaliças que eram
objeto de pesquisa nas décadas de 40
e 50 no âmbito da pesquisa com
olerícolas no IAC. As cultivares ilustradas nessas obras resgatam o aspecto das hortaliças paulistas da época
da II Guerra Mundial e primeira fase
do pós-guerra. Vale a pena ressaltar
que, para algumas delas, essa é a
única documentação disponível, especialmente em se tratando de registro colorido e em escala real. O melhor exemplo é a existência das ilustrações das cultivares de tomate ‘Rei
Humberto’ e ‘Redondo Japonês’, tidos como prováveis parentais da consagrada cultivar Santa Cruz, também
retratada em dimensão real. Quem
tem a oportunidade de apreciar esse
acervo, é levado ao deslumbramento pela sua beleza plástica, onde as
hortaliças pesquisadas ficaram
registradas com extrema fidelidade
de cores e demais detalhes morfoanatômicos conferindo-lhes um aspecto real de frescor, de vida, ao
olhar do espectador. Sem dúvida, um
material como esse resulta da combinação de conhecimento técnico e
alta sensibilidade. As ilustrações
selecionadas e editadas nesta capa,
constituem parte de um material de
inestimável valor para a olericultura
brasileira. O que restou desse acervo está sob a guarda do Centro de
Horticultura do IAC, em Campinas,
e disponível à visitação. Esperamos
que esse precioso material possa, algum dia, ser devidamente restaurado. Dessa forma, resgataremos nosso débito com os artistas que contribuíram para enriquecer a memória da
olericultura paulista e brasileira.
(Drs. Arlete Marchi Tavares de Melo
e Francisco Antonio Passos, Pesquisadores Científicos do Centro de
Horticultura do IAC, Campinas, SP).
A revista Horticultura Brasileira é indexada
pelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO,
TROPAG e sumários eletrônicos/IBICT.
Programa de apoio a publicações científicas
Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade de
Olericultura do Brasil, 1983
Quadrimestral
Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura.
V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.
Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.
Periodicidade até 1981: Anual.
de 1982 a 1998: Semestral
a partir de 1999: Quadrimestral
1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos.
I. Sociedade de Olericultura do Brasil.
CDD 635.05
Tiragem: 1.000 exemplares
Download

- Associação Brasileira de Horticultura