Volume 20 número 1 março 2002 SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Journal of the Brazilian Society for Vegetable Science UNESP – FCA C. Postal 237 - 18.603-970 Botucatu – SP Tel.: (0xx14) 6802 7172 / 6802 7203 Fax: (0xx14) 6802 3438 E-mail: [email protected] www.hortciencia.com.br www.sobhortalica.com.br Presidente/President Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente/Vice-President Nilton Rocha Leal UENF-CCTA 1º Secretário / 1st Secretary Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário / 2nd Secretary Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro / 1st Treasurer Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro / 2nd Treasurer Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190 - 70.359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 385 9051 / 385 9073 / 385 9000 Fax: (0xx61) 556 5744 E-mail: [email protected] Presidente / President Leonardo de Britto Giordano Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores / Editors Ana Maria Resende Junqueira UnB Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. ISSN 0102-0536 Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Celso Luiz Moretti Embrapa Hortaliças César Augusto B. P. Pinto UFLA Clementino Marcos Batista de Farias Embrapa Semi-Árido Daniel J.Cantliffe University of Florida Eduardo S. G. Mizubuti UFV Egon J. Meurer UFRGS Eunice Oliveira Calvete UFP Francisco Bezerra Neto ESAM João Carlos Athanázio UEL José Ernani Schwengber UFPel José Magno Q. Luz UFU Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Maria Aparecida N. Sediyama EPAMIG Maria do Carmo Vieira UFMS - CEUD - DCA Maria Urbana C. Nunes Embrapa Tabuleiros Costeiros Murillo Lobo Júnior Embrapa Arroz e Feijão Paulo César R. Fontes UFV Paulo César Tavares de Melo ESALQ Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Antônio Ayub UEPG A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO e TROPAG. Programa de apoio a publicações científicas Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983 Trimestral Títulos anteriores: V. V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura. 1-3, 1961-1963, Olericultura. Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969. Periodicidade até 1981: Anual. de 1982 a 1998: Semestral de 1999 a 2001: Quadrimestral a partir de 2002: Trimestral 1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Sociedade de Olericultura do Brasil. CDD 635.05 Tiragem: 1.000 exemplares 2 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Volume 20 número 1 março 2002 ISSN 0102-0536 SUMÁRIO/CONTENT ARTIGO CONVIDADO / INVITED ARTICLE Avaliação de procedimentos de comparações múltiplas em trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira de 1.983 a 2.000. Assessment of multiple-comparison procedures of published articles in the journal Horticultura Brasileira from 1,983 to 2,000. F. Bezerra Neto; G. H. S. Nunes; M. Z. Negreiros. 5 PESQUISA / RESEARCH Produção e qualidade de frutos de diferentes cultivares de morangueiro em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. Production and quality of some cultivars of strawberry fruits in field experiments at Atibaia and Piracicaba, Brazil. J. H. Conti; K. Minami; F. C. A. Tavares. Ação de fitorreguladores no crescimento da erva-cidreira-brasileira. Action of plant growth regulators over the development of Lippia alba. M. B. Stefanini; S. D. Rodrigues; L. C. Ming. Acumulação de matéria seca e rendimento de frutos de morangueiro cultivado em substrato com diferentes soluções nutritivas. Dry matter accumulation and fruit yield of strawberry plants grown on substrate under different nutrient solutions supply. J. L. Andriolo; J. V. Bonini; M. P. Boemo. Desenvolvimento vegetativo da pupunheira irrigada por gotejamento em função de níveis de depleção de água no solo. Effects of soil water depletion levels on the vegetative development of drip irrigated peach palm plants. A. Ramos; M. L. A Bovi; M. V. Folegatti. Divergência genética entre linhagens de melão e a heterose de seus híbridos. Genetic divergence among melon lines and the heterosis in their hybrids. W. O. Paiva Calidad postcosecha de tomates almacenados en atmósferas controladas. Postharvest quality of tomato fruits stored under controlled atmospheres. P. A. Gómez; A. F. L. Camelo. Caracterização morfológica de acessos de batata-doce. Morphologic characterization of sweet potato. M. Daros; A. T. Amaral Júnior; T. N. S. Pereira; N. R. Leal; S. P. Freitas; T. Sediyama. Análise da capacidade combinatória em cruzamentos dialélicos de três cultivares de jiloeiro. Combining ability analysis in diallel crosses among three garden egg cultivars. A. C. P. P. Carvalho; R. L. D. Ribeiro. Divergência genética em acessos de quiabeiro com base em marcadores morfológicos. Genetic divergency of okra accessions based on morphological characteristics. G. E. Martinello; N. R. Leal; A. T.Amaral Júnior; M. G. Pereira; R. F. Daher. Estimativas de tamanho de parcela em experimentos com mandioca. Estimates of plot sizes in experiments with cassava. A. E. S. Viana; T. Sediyama; P. R. Cecon; S. C. Lopes; M. A. N. Sediyama. Alterações sensoriais em alface hidropônica cv. Regina minimamente processada e armazenada sob refrigeração. Sensorial changes of minimally processed hydroponic lettuce cv. Regina stored under refrigeration. M. Freire Júnior ; R. Deliza; A. B. Chitarra. Desempenho de sementes peletizadas de alface em função do material cimentante e da temperatura de secagem dos péletes. Performance of pelleted lettuce seeds in response to glue material and temperature during the drying of the pellets. J. B. C. Silva; P. E.C. Santos; W. M. Nascimento. Potencial biótico da mosca-branca Bemisia argentifolii a diferentes plantas hospedeiras. Biotic potential of Bemisia argentifolii to different host plants. G. L. Villas Bôas; F. H. França; N. Macedo. Avaliação de acessos de batata-doce para resistência à broca-da-raiz, crisomelídeos e elaterídeos. Screening of sweet potato accessions for resistance to the West Indian sweet potato weevil, chrysomelids and elaterids. F. H. França; P. S. Ritschel. Resistência genética à mancha-bacteriana em genótipos de pimentão. Genetic resistance to bacterial leaf spot on sweet pepper genotypes. R. A. Costa; R. Rodrigues; C. P. Sudré. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 10 18 24 28 34 38 43 48 52 58 63 67 71 79 86 PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE Absorção de nutrientes pelo tomateiro cultivado sob condições de campo e de ambiente protegido. Nutrient absorption by tomato plants grown under field and protected conditions. J. A. Fayad; P. C. R. Fontes; A. A. Cardoso; F. L. Finger; F. A. Ferreira. Comparação de métodos de enxertia em pepino. Comparison of grafting methods in cucumber. K. A. L. Canizares; R. Goto. Influência do boro no desenvolvimento e na composição mineral do pimentão. Influence of boron application on sweet pepper development and mineral composition. S. C. Mello; A. R. Dechen; K. Minami. Germinação de sementes de alface sob altas temperaturas. Lettuce seed germination at high temperature. W. M. Nascimento; D. J. Cantliffe. Micropropagação do jaborandi Micropropagation of the jaborandi. R. T. Sabá; O. A. Lameira; J. M. Q. Luz; A. P. R. Gomes; R. Innecco. Produção de sementes pré-básicas de batata em sistemas hidropônicos. Production of potato pre-basic seeds in hydroponic systems. C. A. B. Medeiros; A. H. Ziemer; J. Daniels; A. S. Pereira. 90 95 99 103 106 110 INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE / PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST Qualidade do inhame ‘Da Costa’ em função das épocas de colheita e da adubação orgânica. Da Costa yam quality in relation to harvest time and organic fertilization. A. P. Oliveira; P. A. Freitas Neto; E. S. Santos. 115 NOVA CULTIVAR / NEW CULTIVAR Ouro Verde MG 2: nova cultivar de mungo-verde para Minas Gerais. Ouro Verde MG 2: new mungbean cultivar for Minas Gerais State, Brazil. R. F. Vieira; V. R. Oliveira; C. Vieira; C. M. F. Pinto. 119 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS 121 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. artigo convidado BEZERRA NETO, F.; NUNES, G.H.S.; NEGREIROS, M.Z. Avaliação de procedimentos de comparações múltiplas em trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira de 1983 a 2000. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 1, p. 05-09, março, 2.002. Avaliação de procedimentos de comparações múltiplas em trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira de 1.983 a 2.000. Francisco Bezerra Neto; Glauber Henrique S. Nunes; Maria Zuleide de Negreiros. ESAM, Depto. Fitotecnia, Km 47 BR 110, C. Postal 137, 59.625-900, Mossoró-RN; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Vários procedimentos de comparações múltiplas têm sido usados para explicar a resposta de tratamentos testados em experimentos agronômicos. Entre esses, está o uso de testes de comparação de médias, muitas vezes apropriados a alguns tratamentos e inteiramente inapropriados a outros. Um levantamento e uma avaliação do uso e mau uso desses testes foi realizado com os trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira no período de 1.983 a 2.000. Procedimentos alternativos são sugeridos para situações onde os testes de comparação de médias não são apropriados. Dos 294 trabalhos analisados, algum tipo de teste foi utilizado para a comparação de médias. Em 65,6% dos artigos consultados, os testes como o de Tukey, Duncan e a DMS de Fisher foram adequadamente aplicados com relação ao tipo de dados envolvidos. Em 22,8% dos artigos, esses testes estavam parcialmente corretos e nos 11,6% dos artigos restantes estavam incorretamente aplicados ao tipo de tratamento utilizado na pesquisa. Assessment of multiple-comparison procedures of published articles in the journal Horticultura Brasileira from 1,983 to 2,000. Palavras-chave: Tratamentos qualitativos, tratamentos quantitativos, contrastes, procedimentos de comparações múltiplas, técnicas de regressão. Keywords: Qualitative treatments, quantitative treatments, contrasts, multiple comparison tests, regression techniques. Several procedures of multiple-comparison have been used to explain the response of treatments applied in experimental units of agronomic experiments. Among these are the mean comparison tests, sometimes appropriate for some kinds of treatments and completely inappropriate for others. The use and misuse of these tests were surveyed and assessed in the articles published in the journal Horticultura Brasileira from 1,983 to 2,000. Alternative procedures are suggested for situations in which mean comparison tests are inappropriate. We observed that in 294 articles some kind of test was used for mean comparison. In 65,6% of these articles multiple comparison tests (as Tukey, Duncan and LSD) were appropriately used for the type of involved data. In another 22,8% tests were used in a partially correct form. For the 11,6% remaining articles multiple comparison tests were inappropriately used for the type of treatments used in the research. (Aceito para publicação em 07 de dezembro de 2.001) E m experimentos agronômicos, o objetivo da análise estatística dos dados é fornecer tantas informações quanto possíveis a respeito da maneira como as unidades experimentais respondem aos tratamentos aplicados. Para isso, é muito comum submeter os dados a uma análise de variância (ANOVA) para saber se existem ou não diferenças significativas entre as médias dos tratamentos aplicados. Feita a análise, a tentativa é explicar a resposta desses tratamentos de maneira mais detalhada. Vários procedimentos podem ser usados com esse propósito, como o ajustamento de funções de resposta, usando as técnicas de regressão (Little, 1981; Dawkins, 1983), os conjuntos de contrastes planejados entre as médias ou grupos de médias (Gill, 1973; Jones, 1984; Swallow, 1984; Klockars & Sax, 1990), os procedimentos de comparações múl- Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. tiplas de médias (Chew, 1976; Carmer & Walker, 1985) ou o método aglomerativo, tal como o proposto por Scott & Knott (1974). Nenhum desses procedimentos deve ser usado indiscriminadamente, pois, alguns deles são apropriados a certos tipos de tratamentos e inteiramente inapropriados a outros. Um dos mais freqüentes e incorretamente utilizados é o teste de comparação múltipla de médias (Petersen, 1977; Aflakpui, 1995). O uso inapropriado de um teste pode conduzir o pesquisador a interpretações equivocadas dos resultados de um experimento bem como a tirar conclusões erradas. Os tipos de experimentos para os quais os procedimentos de comparações múltiplas de médias são apropriados, são aqueles cujo objetivo é determinar os melhores tratamentos dentro de um con- junto qualitativo de tratamentos. Vários procedimentos são possíveis. Um deles é quando os contrastes (que envolvem grupos de médias) são definidos após prévia inspeção dos dados, sendo sua significância verificada usando o teste de scheffé (Banzatto & Kronka, 1995). Quando os contrastes são definidos a posteriori e são ortogonais o procedimento adequado para verificar as suas significâncias seria o teste F ou equivalente ao teste t (Gill, 1973). Porém, quando os contrastes não são ortogonais e que o interesse é comparar todos os pares de médias entre si, neste caso deve-se escolher um procedimento de comparação múltipla tal como o de Tukey (Carmer & Walker, 1985; Perecin & Malheiros, 1989). Se o número de tratamentos é grande e há o interesse numa separação real de grupos de médias, sem a ambigüidade de resul5 Bezerra et al. Tabela 1. Classificação dos trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira no período de 1.983 a 2.000, quanto ao uso de testes de comparação de médias. Mossoró, ESAM, 2000. Testes Usados Tukey Duncan Skott-Knott DMS SNK Dunnett Não informado Total Porcentagem Adequado Nº % 103, 61,3 62, 64,6 10, 100,0 7, 77,8 2, 100,0 2, 100,0 7, 100,0 193, 65,6 tados, o procedimento apropriado seria o teste de Scott Knott (Ferreira et al., 1999; Silva et al., 1999; Ramalho et al., 2000). Se o interesse é comparar a média de qualquer tratamento com a média do tratamento testemunha (controle), o procedimento adequado seria usando o teste de Dunnett (Lentner & Bishop, 1986; Christensen, 1996). Cardelino & Siewerdt (1992), revisando 260 trabalhos publicados na Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia (SBZ) de 1984 a 1989, constataram que 24,6% dos testes de comparação de médias estavam corretos, 11,2% parcialmente correto e 64,2% incorretos. Santos et al. (1998), em levantamento realizado em 628 trabalhos publicados na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB) de 1980 a 1994, observaram que os testes de comparação de médias foram adequados em 57,0%, parcialmente adequados em 11,5% e inadequados em 35,5%. Este trabalho teve como objetivo fazer uma avaliação dos procedimentos de comparações múltiplas de médias empregados na análise dos trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira, de 1.983 a 2.000, além de apresentar alternativas adequadas aos procedimentos inapropriadamente usados. MATERIAL E MÉTODOS Uma revisão dos procedimentos de comparações múltiplas de médias foi realizada nos trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira (HB) de 6 Uso dos testes de comparação de médias Parc. adequado Inadequado Nº % Nº % 41, 24,4 24, 14,3 25, 26,0 9, 9,4 0, 0,0 0, 0,0 1, 11,1 1, 11,1 0, 0,0 0, 0,0 0, 0,0 0, 0,0 0, 0,0 0, 0,0 67, 34, 22,8 11,6 1983 a 2000, correspondendo aos volumes de 01 a 18. Esses procedimentos quanto à aplicação de testes foram classificados em “adequado”, “parcialmente adequado” ou “inadequado”. Foi considerado “adequado” quando o teste de comparação de médias consistia no procedimento mais apropriado aos tratamentos de natureza qualitativa e não estruturados. Foi considerado “parcialmente adequado” quando o teste de comparação de médias consistia no procedimento apropriado a tratamentos estruturados (tratamentos de um conjunto formado pela adição de um ou mais fatores, muito comuns nas áreas de fitotecnia e de sementes), a experimentos fatoriais (onde se compara todos os tratamentos entre si, dois a dois), e a situações onde, após ajustar uma equação de regressão aos dados, ainda é utilizado um teste de comparação múltipla. Foi considerado “inadequado” quando o teste de médias foi aplicado a tratamentos de natureza quantitativa ou, ainda, em experimentos fatoriais, em médias marginais dos fatores, sem levar em conta possíveis interações entre os efeitos principais. Uma distribuição de freqüência absoluta e percentual foi realizada para as três categorias dos testes de comparação de médias. Entre os testes levantados estão a DMS de Fisher (teste ‘t’ de amplitude fixa), o de Tukey, o de Duncan, o de SNK (Student-NewmanKeuls), o de Scott-Knott e o de Dunnett. Nos trabalhos em que os autores não informaram o tipo de comparação múl- Total Nº 168, 96, 10, 9, 2, 2, 7, 294, % 57,1 32,6 3,4 3,1 0,7 0,7 2,4 100,0 tipla empregado, o teste foi classificado como “Não informado”. RESULTADOS E DISCUSSÃO A distribuição de freqüência absoluta e percentual dos testes de comparação de médias aplicados aos trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira no período de 1.983 a 2.000 estão apresentados na Tabela 1. Nesses dezoito anos, 294 trabalhos foram analisados, dos quais 193 (correspondendo a 65,6%) foram classificados como “adequados”, com relação à aplicação dos testes de comparação de médias, 67 (correspondendo a 22,8%) foram considerados como “parcialmente adequados” e 34 (correspondendo a 11,6%) foram classificados como “inadequados”. Entre os testes utilizados, os mais freqüentes foram o de Tukey (57,1%) e o de Duncan (32,6%). Estes resultados estão em concordância de certa maneira com os obtidos por Cardellino & Siewerdt (1992) que obtiveram percentuais em torno de 63% e 25%, para os teste de Tukey e de Duncan, respectivamente. Por outro lado, os percentuais encontrados estão mais próximos dos obtidos por Santos et al. (1998), que encontraram resultados próximos a 59% e 32%, para os respectivos testes. Observando-se os procedimentos de forma individual, dentro da categoria “adequado”, verificou-se que 61,3% dos testes de Tukey, 64,6% dos testes de Duncan e 77,8% da DMS de Fisher foHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Avaliação de procedimentos de comparações múltiplas em trabalhos publicados na revista Tabela 2. Porcentagem de germinação de sementes de Maytenus ilicifolia após tratamentos de secagem e armazenamento. T1: T2: T3: T4: T5: T6: Tratamentos Testemunha Secagem (22ºC, 15 % UR) Armazenamento (5ºC) Armazenamento (-20ºC) Secagem + Armazenamento (5ºC) Secagem + Armazenamento (-20ºC) Médias* (%) 100, a 82, b 93, a b 85, a b 82, b 75, b * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 3. Efeito do nível de adubação orgânica sobre o rendimento de óleo essencial de Lipia Alba. Níveis de adubação orgânica (kg/m²) 0 1 2 4 8 Rendimento de óleo essencial (ml/g x 100%)* 0,3395 a 0,3091 a 0,2940 ab 0,2696 bc 0,2642 c Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. * Tabela 4. Efeito do teor de cinza vegetal sobre peso médio da cabeça de alface, cv. Brasil 303. Níveis de cinza vegetal (t/ha) 0 10 15 20 30 Peso médio (g)* 170,2 b 265,8 a 262,9 a 233,3 a 220,4 a Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade. * ram utilizados de forma apropriada. Para os outros tipos de teste estas percentagens foram 100%. Ainda dentro dessa categoria, em sete trabalhos de competição de cultivares, usou-se procedimentos de comparações múltiplas apropriados para identificar as melhores cultivares, porém observou-se o descuido dos pesquisadores em não mencionarem o tipo de procedimento usado nos ensaios (Tabela 1, “Não informado”), indispensável na elaboração da tomada de decisão. O uso mais comum dos procedimentos de comparações múltiplas de médias é efetuar comparações de cada uma das médias com cada uma das outras, com o objetivo de detectar possíveis Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. grupos entre um conjunto de tratamentos não estruturados. Um exemplo que ilustra esta categoria foi extraído de um trabalho em que se comparou a produção de nove cultivares de cebola (Allium cepa L.), através do teste de Tukey, identificando-se quatro grupos. Em outro exemplo, avaliando a produtividade de vinte linhagens de abóbora (Curcubita moschata Duchesne), através do teste Scott-Knott, os autores identificaram dois grupos. Foram incluídos na categoria “parcialmente adequado”, 24,4% dos trabalhos onde se empregou o teste de Tukey, 26% dos trabalhos onde se empregou o teste de Duncan e 11,1% dos trabalhos onde se empregou a DMS de Fisher. A aplicação deste tipo de procedimento é comum em tratamentos estruturados (tratamentos formados pela adição de um ou mais fatores) ou em experimentos fatoriais onde se comparam todos os tratamentos entre si, dois a dois ou em situações após ajustar uma equação de regressão, ainda se utiliza um teste de comparação de médias. O exemplo da Tabela 2 ilustra a situação, onde os pesquisadores avaliaram a porcentagem de germinação de sementes de Maytemus ilicifolia após tratamentos de secagem e armazenamento. Embora parcialmente correta a aplicação do teste de Tukey, os autores poderiam ter formulado contrastes importantes como: Y 1 = (m 3 + m 4 ) – 2m 1 (armazenamento x testemunha); Y2 = m5 + m 6 - m 3 - m 4 (secagem e armazenamento x armazenamento); Y3 = m 5 + m 6 - 2m 2 (secagem e armazenamento x secagem). Outra situação está ilustrada em um experimento fatorial 2 x 2 x 3, onde os autores estudaram a influência de duas fontes de potássio, duas doses de cloreto de sódio e três doses de potássio sobre o teor de nitrogênio da matéria seca da parte aérea de tomateiro. Pode-se constatar que, o emprego do teste de Duncan é parcialmente apropriado, embora o procedimento correto, no caso de nenhuma interação significativa, fosse comparar as médias marginais dos fatores principais (caso de natureza qualitativa) ou ajustar uma equação de regressão a eles (caso de natureza quantitativa). No caso de interação significativa, deve-se comparar médias dos níveis de um fator (de natureza qualitativa) dentro dos níveis de outro fator. Por exemplo, comparar as médias dos efeitos das fontes de potássio dentro de cada dose de cloreto de sódio. O ajustamento de uma equação de regressão aos teores de nitrogênio em função das doses de potássio dentro de cada dose de cloreto de sódio também seria um procedimento correto, apesar de apenas três níveis para a estimação dos parâmetros da equação. Quando este número de níveis é menor do que quatro pode-se ter problema no processo de estimação dos parâmetros. Dentro da categoria “inadequada”, registrou-se que, nos trabalhos onde foi empregado o teste de Tukey, 14,3% 7 Bezerra et al. utilizaram-no de forma inapropriada, seguido pela DMS de Fisher com 11,1% e pelo teste de Duncan com 9,4% (Tabela 1). Esses testes foram responsáveis pelos 11,6% do uso inadequado dos testes de comparação de médias nos trabalhos publicados na revista Horticultura Brasileira. Nas Tabelas 3 e 4 estão ilustrados exemplos de má aplicação dos testes de comparações múltiplas a tratamentos quantitativos (como níveis de adubação orgânica e níveis de cinza vegetal). O procedimento estatístico mais correto para essas situações, seria examinar os dados das variáveis observadas através de uma relação funcional com os níveis dos tratamentos aplicados. As equações resultantes proporcionam uma descrição das variações ocorridas nas variáveis observadas em função dos níveis dos tratamentos aplicados, permitindo estudar qualquer nível intermediário dos tratamentos, mesmo que eles não estejam diretamente incluídos no estudo (Figura 1). Por exemplo, na Figura 1 (b), podese identificar o nível de cinza vegetal que proporciona o maior peso médio (cerca de 263 g) de cabeça de alface, que é de aproximadamente 11 t/ha. As causas prováveis do mau uso desses testes podem estar associadas ao desconhecimento de procedimentos alternativos aos testes de comparações múltiplas de médias, como a técnica de análise de regressão, bem como a falta de conhecimento das condições de uso adequado desses testes aos tipos de dados estudados. Além disso, pode também ser devido à falta de habilidade dos pesquisadores na interpretação dos resultados, podendo levá-los a fazer inferências errôneas acerca dos tratamentos investigados. Cardellino & Siewerdt (1992) e Pearce (1993) advertem que deficiências como estas podem levar o pesquisador à simplificação do uso de um teste de comparação múltipla, mesmo quando ele não se constitui na melhor opção para a análise dos dados experimentais. Por outro lado, Matos (1993) evidencia que a formação acadêmica da maioria dos pesquisadores tem sido baseada em receitas estatísticas com muita ênfase na parte matemática e pouca ou nenhuma consideração na adequação dos métodos ou na interpretação dos resultados obtidos. 8 Figura 1. (a) Rendimento de óleo essencial em função de diferentes níveis de adubação orgânica e (b) Peso médio da cabeça de alface em função de diferentes níveis de cinza vegetal. De modo geral, pode-se observar a verificação pouca cuidadosa da adequabilidade dos testes de comparações múltiplas aos tipos de tratamentos considerados na análise. Além disso, nota-se que o uso inadequado dos testes é comum, principalmente, nos casos nos quais estão envolvidos tratamentos de natureza quantitativa. O uso indiscriminado desses testes pode resultar em perda de informação e eficiência reduzida quando procedimentos mais adequados estão disponíveis. Por fim, ressalta-se que o pesquisador deve consultar, sempre que possível, um estatístico quando existir dúvidas na escolha do teste a ser aplicado, de modo que os dados possam ser explorados de manei- ra correta e conseqüentemente, os resultados advindos da pesquisa possam auxiliar nas tomadas de decisões. LITERATURA CITADA AFLAKPUI, G.K.S. Some uses/abuses of statistics in crop experimentation. Tropical Science, v. 35, n. 2, p. 347-353, 1995. CARDELLINO, R.A.; SIEWERDT, F. Utilização correta e incorreta dos testes de comparação de médias. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 21, n. 6, p. 985-995, 1992. CARMER, S.G.; WALKER, W.M. Pairwise multiple comparisons of treatment means in agronomic research. Journal of Agronomic Education, v. 14, n. 1, p. 19-26, 1985. CHEW, V. Comparing treatment means: a compendium. Hortscience, v. 11, n. 4, p. 348-357, 1976. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 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Produção e qualidade de frutos de diferentes cultivares de morangueiro em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. José Henrique Conti; Keigo Minami; Flavio C. A. Tavares ESALQ, C. Postal 83, 13.418-900 Piracicaba-SP; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Foram instalados experimentos em Atibaia (SP), região de clima ameno, e Piracicaba (SP), região de clima quente, no ano de 1996, com delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições e dezesseis plantas por parcela, com as cultivares Campinas, Dover, Guarani, Princesa Isabel e AGF 080. Dos frutos avaliou-se a presença de “pescoço”, formato, teor de sólidos solúveis, pH, cor interna e externa, textura e a produção e seus componentes. Atibaia destacou-se pela produção maior de frutos (468,30 g/planta), maior número de frutos (46,75 frutos/planta) e maior peso médio de fruto (10,06 g) em relação a Piracicaba. As características do fruto e da planta do morangueiro foram pouco variáveis ao efeito de locais. As medidas de cor interna, textura e presença de pescoço possibilitaram indicar a cultivar Guarani como apto para o uso industrial e Dover como pouco indicado. Em função das medidas de peso, teor de sólidos solúveis, pH e textura, as cultivares Campinas, AGF 080 e Princesa Isabel são as mais adequadas ao consumo “in natura”, enquanto que Guarani e Dover são pouco adequadas. Os dados de resistência à compressão, que estimam a textura dos frutos, comprovam que as cultivares Guarani, Dover e Princesa Isabel são as mais resistentes ao transporte e Campinas e AGF 080 as menos resistentes. Production and quality of some cultivars of strawberry fruits in field experiments at Atibaia and Piracicaba, Brazil. Palavras-chave: Fragaria x ananassa Duch., cultivares, clima, tropical, consumo ‘in natura’, rendimento. Keywords: Fragaria x ananassa Duch., climate, tropical, fresh market, yield. Field experiments were carried out in São Paulo State (Brazil), in Atibaia, Cfb climate and Piracicaba, Cwa climate, in 1996. The experimental design was of randomized blocks with four replications and sixteeen plants per plot using the cultivars Campinas, Dover, Guarani, Princesa Isabel and AGF 080. The presence of neck, shape, yield, number and average weight, amount of soluble solids, pH, external and internal color, texture and components of yield and of the fruits were evaluated. Atibaia experiment resulted in greater production of fruits (468,30 g/plant), greater number of fruits (46,75 fruits/plant) and greater fruit mean weight (10,06 g) in relation to Piracicaba. Characteristics of the strawberry fruit and plant were not influenced by local effects. The internal color measures, texture and neck presence indicate the cv. Guarani suitable for industrial purposes. In function of the weight measures, amount of soluble solids, pH and texture, the Campinas, Agf 80 and Princesa Isabel cvs. are the most suitable for the fresh market while Guarani and Dover are inadequate. Guarani, Dover and Princesa Isabel are the most resistant cvs. to transportation and Campinas and Agf 80 are the less resistant. (Aceito para publicação em 14 de fevereiro de 2.002) U ma complexa interação entre os fatores temperatura e comprimento do dia determinam o desempenho produtivo e a qualidade dos frutos em cultivares de morangueiro em uma determinada região produtora (Scott & Lawrence, 1975). Em vista disso, quando uma cultivar é selecionada para determinada região fisiográfica e plantada em outra, dificilmente apresentará elevada produção de frutos de qualidade (Dávalos, 1979). Human & Evans (1989) e Rice Jr. (1990) testaram cultivares do morangueiro na África e confirmaram que estas, quando melhoradas para regiões temperadas, não mostraram bom desempenho em áreas tropicais. As principais regiões brasileiras produtoras de morango localizam-se em 10 áreas de clima tropical de altitude elevada, ameno. Atualmente a cultura está se expandindo para áreas de clima tropical de altitude média, quente. A produção comercial do morango no Brasil está baseada em poucas cultivares. A ‘Campinas’, selecionada para consumo in natura na década de cinqüenta pelo IAC (Camargo, 1960), ainda hoje é uma das mais cultivadas. Na década de setenta foi lançada a cultivar Guarani para uso industrial e, na década de oitenta, a cultivar Princesa Isabel com frutos mais duráveis após a colheita (Passos & Camargo, 1993). Na década de noventa foi importada dos EUA a cultivar Dover, selecionada, segundo Howard & Albregts (1980), para a resistência a antracnose nas condições da Florida. A alta incidência de antracnose, doença conhecida como “flor preta” no morangueiro, tem levado os agricultores a buscar novas alternativas de produção. Entre elas, a utilização de novas cultivares supostamente mais resistentes, como a ‘Dover’, estão sendo avaliadas. Por a introdução dela ser recente, não há dados científicos sobre o seu desempenho em nossas condições. Sabe-se que na região produtora de Atibaia e Jarinu (SP) a mesma tem apresentado suscetibilidade à bacteriose, resistência duvidosa à antracnose e características de frutos inadequadas ao consumo in natura. No entanto, teve grande aceitação pelos agricultores quando estes, para escapar da antracnose, mudaram o local de plantio para áreas noHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Produção e qualidade de frutos de morango em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. vas distantes dos mercados consumidores e pela textura muito firme dos frutos, mostrou-se adequada para o transporte a longas distâncias. Também estão sendo avaliadas mudanças no sistema de produção. Com a finalidade de estudar a introdução da irrigação por gotejamento, o cultivo protegido e o uso de cobertura morta de solo orgânica ou de polietileno, Passos (1997) realizou trabalho na região produtora de Atibaia e Jarinu com a cultivar Campinas. A introdução de germoplasma exótico, vem sendo realizada pelos próprios produtores sem que estes novos materiais sejam avaliados adequadamente quanto à adaptabilidade ao cultivo em condições tropicais e exigências do mercado consumidor. Estes frutos de morango sendo oferecidos no mercado com características de qualidade inadequadas, têm resultado em menor consumo da fruta e, como conseqüência, prejuízos ao agricultor. Assim foi proposto o presente trabalho, com o objetivo de avaliar o desempenho de diferentes cultivares de morangueiro quanto à produção e seus componentes e a qualidade dos frutos em Atibaia e em Piracicaba, regiões de clima ameno e quente respectivamente. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliadas neste trabalho as cultivares Campinas, Guarani e Princesa Isabel desenvolvidas pelo IAC (Passos & Camargo, 1993), a cultivar AGF 080 pela empresa Agroflora e a cultivar Dover selecionada na Flórida (Howard & Albregts, 1980), cultivadas em duas regiões distintas, Atibaia e Piracicaba. Piracicaba está localizada na latitude de 22º 43’, longitude de 47º 37’ e a uma altitude de 505 m, e Atibaia em latitude de 23º 07’ e longitude de 46º 33’ e o experimento estava a uma altitude de 811 m. Em Piracicaba, o experimento foi plantado em solo denominado Terra Roxa Estruturada e clima do tipo Cwa segundo classificação pelo sistema internacional de Koeppen e em Atibaia, em Latossolo Vermelho Escuro e clima predominante Cfb. Os frutos foram coletados em experimentos em 1996, nos municípios de Atibaia e Piracicaba, respectivamente Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. em campo de produção comercial de frutos e em área experimental do Departamento de Horticultura da ESALQ. Os experimentos obedeceram o mesmo delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições de cinco cultivares e parcelas constituídas de dezesseis plantas, sem bordadura como proposto pôr Nagai et al. (1978). A cobertura de solo foi feita com filme plástico de polietileno preto e irrigação por aspersão. Em Atibaia foram plantadas mudas de raiz nua em 25 de março de 1996 e, após cinco floradas, as plantas foram retiradas no dia 7 de novembro. Em Piracicaba as mudas eram de torrão, e foram plantadas em 30 de abril de 1996 e retiradas no dia 28 de novembro, após cinco floradas. As características do fruto analisadas nas diferentes cultivares foram a presença de “pescoço” (prolongamento afunilado na base do fruto); o formato; a produção e seus componentes; o teor de sólidos solúveis, o pH, a textura e a coloração externa e interna. O “pescoço” foi estudado com base no trabalho de Passos et al. (1994), em cinqüenta frutos no estágio maduro, na segunda florada, por parcela. Para a análise da forma dos frutos nas cultivares Campinas, Dover, Princesa Isabel e AGF 080, que apresentam frutos com formato cônico ou cônico alongado, foi desenvolvido um método que consiste em cortar os frutos de morango ao meio no sentido do maior comprimento. A face cortada de uma das metades do fruto foi pressionada em uma folha de cartolina branca onde deixou uma marca. Em torno da marca foi traçado um triângulo onde a mesma ficou inscrita. Foram analisados, por este método, cinqüenta frutos de segunda ou terceira ordem, no estágio maduro, na segunda florada por parcela. Em cada triângulo foram medidas a base e a altura; A razão entre as mesmas foi utilizada na obtenção das médias de cada cultivar. O teor de sólidos solúveis e o pH foram obtidos (100 g de frutos, de terceira florada em cada parcela) triturando os frutos em liqüidificador juntamente com 100 ml de água por três minutos a alta velocidade, seguindo o descrito por Passos (1982). No material obtido foram realizadas três medidas de pH, com volume de 50 ml, (peagâmetro da marca Analion) e três medidas de quantidade de sólidos solúveis expressos em graus Brix (densitômetro marca Anton Paar, modelo DMA 46). A textura foi obtida em texturômetro TA-XT2 nas seguintes condições: os frutos foram medidos individualmente nas mesmas condições, determinandose a força de resistência à compressão na condição de retorno ao início (“return to start”). A ponta de prova (“probe”) utilizada foi a haste de base plana de 3 mm de diâmetro. Foram utilizadas as velocidades de perfuração de 2 mm/s na fase pré-teste teste, 1 mm/s na fase teste e 2 mm/s na fase pós-teste. A distância de perfuração foi padronizada em 10 mm e o resultado expresso pela força máxima (g). Para cada análise tomaramse cinco frutos maduros ao acaso, de terceira florada por parcela. A cor dos frutos de morango foi quantificada em espectrofotômetro COMCOR 1500 PLUS e os dados obtidos correspondem aos componentes analíticos L*, a* e b*, segundo o descrito por Ferreira (1981). Os valores de L* variam do claro ao escuro, sendo o valor 100 correspondente à cor branca e o valor 0 (zero) à cor preta; o componente a* varia entre o vermelho e o verde onde os valores positivos correspondem ao vermelho, o 0 (zero) ao cinza e os valores negativos, à cor verde; o componente b* varia do azul ao amarelo onde os valores negativos correspondem ao azul, o 0 (zero) ao cinza e os valores positivos, à cor amarela. Os valores de a* e b* foram convertidos ao índice c* (croma), obtido da raiz quadrada de a*2 + b*2. A cor do fruto inteiro foi determinada com a seguinte configuração do aparelho: abertura pequena, uv (ultra violeta) excluso, brilho incluso, ângulo de 100, leitura média de quatro determinações em cada parcela. A cor do morango cortado foi determinada na mesma configuração, com a única diferença que a abertura utilizada foi a normal. Os frutos foram cortados longitudinalmente e as metades arranjadas no vidro óptico, contidas pelo anel de PVC. Foram colocadas três a quatro camadas de frutos, arranjadas de modo a não deixar espaços vazios, colocan11 J. H. Conti et al. do-se na mesma camada metades de frutos diferentes. Também foram realizadas quatro determinações por parcela dos experimentos com frutos maduros de terceira ordem. O estudo da coloração de frutos, através da análise dos componentes L* (luminosidade) e de a* e b* que juntos resultam no valor de c* (croma), é uma maneira de quantificar a característica cor. Em morangos, vários trabalhos com estes componentes da cor foram realizados tanto para a cor externa como interna dos frutos. Miszczak et al. (1995) e Paraskevopoulou-Paroussi et al. (1995) estudaram o comportamento dos componentes L*, a* e b* em morangos inteiros pós colheita e concluíram que os valores de L*, a* e b* diminuem conforme avança o tempo de armazenamento, ou seja, neste período os frutos amadurecem e tornam-se mais vermelho-escuros visualmente. Sacks & Shaw (1993) estudaram a cor interna dos morangos e concluíram que em sete dias de armazenamento os frutos se tornaram mais escuros e mais cromáticos, isto é, apresentaram valores menores de L* e elevados de croma enquanto que, na coloração externa, quanto mais amadurecem os frutos, estes apresentam-se mais escuros e menos cromáticos. Baseados nestas constatações e considerando que as cultivares estudadas apresentam diferenças visuais de cor externas e internas desde o vermelho claro até o escuro, foi proposta, no presente trabalho, uma classificação para coloração em frutos de morango utilizando os valores de L* e c*. Estabeleceu-se uma faixa intermediária, baseando-se na média de todas as cultivares e considerando o desvio padrão para mais e para menos da média, como a amplitude daquelas cultivares que estão nesta faixa. Assim, considerando o componente L* como a luminosidade indicativa do grau de claro e escuro, é viável estabelecer que para a coloração externa, valores menores que 29,24 indicam cor escura, valores de L* entre 29,34 e 34,62 indicam condição intermediária e valores maiores que 34,62 cor clara. Para a coloração interna, valores menores que 38,35 indicam cor escura, valores entre 38,35 e 51,57 são intermediários e maiores que 51,57 de cor clara. O valor de 12 Figura 1. Frutos das cultivares: forma dos frutos, ocorrência de “pescoço” e cor externa. Piracicaba, ESALQ, 1996. c* expressa o grau de croma dos frutos, onde, pela classificação proposta, frutos mais coloridos externamente apresentam valores menores que 24,92, a faixa intermediária está entre este valor e 36,08 e os frutos menos coloridos têm valores de croma maiores que 36,08. O valor de c*, na coloração interna dos frutos, apresentou uma faixa intermediária entre 33,28 e 42,88, assim frutos menos cromáticos apresentam valores de c* menores que 33,28 e os mais cromáticos valores maiores que 42,88. A produção total de frutos, o número de frutos e o peso médio dos frutos foi obtida da colheita. Esta foi feita em todas as plantas de cada uma das parcelas, ocorreu quando os frutos estavam entre os estágios “¾ maduros” e “maduros”, duas vezes por semana, durante todo o período de produção sendo contados e pesados os frutos “comerciáveis”, isto é, aqueles apropriados para o consumo (Passos, 1982; Passos, 1997; Tessarioli Neto, 1982; Tessarioli Neto, 1993). Os resultados de formato, pH, teor de sólidos solúveis, textura, cor interna e externa, produção, número e peso médio dos frutos foram submetidos à análise de variância e as diferenças entre as médias dos tratamentos foram comparadas por Tukey a 5% de probabilidade. A análise dos dados de presença de “pescoço” considerou a presença ou ausência de determinada estrutura se esta estiver presente em 95% da amostra (Queiroz-Voltan et al., 1996). Os resultados dos experimentos, embora obtidos separadamente, puderam ser analisados em conjunto, pois a relação entre os quadrados médios dos resíduos dos dois experimentos foi menor que sete para todas as características estudadas (Cruz & Regazzi, 1994). RESULTADOS E DISCUSSÃO A característica presença de “pescoço” foi útil para caracterizar e também para ajudar na determinação da finalidade de uso de algumas cultivares. As cultivares Guarani e Dover foram caracterizadas pela ausência ou presença desta característica, sendo ausência de “pescoço” em ‘Dover’ (100,0% dos frutos analisados) e presença de “pescoço” em ‘Guarani’ (97,7% dos frutos analisados). Campinas apresentou 67,2% dos frutos com “pescoço”, AGF 080 79,0% dos Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Produção e qualidade de frutos de morango em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. Tabela 1. Razão entre a base e a altura do triângulo circunscrito, teor de sólidos solúveis (graus Brix), pH, textura, cor interna e externa pelos componentes luminosidade (L*) e croma (c*) em frutos de morangueiro, em análise conjunta dos experimentos de Atibaia e Piracicaba. Piracicaba, ESALQ, 1996. Cor Teor de Cor interna sólidos interna pH textura Cultivares solúveis Luminosi- Croma (c*) (graus Brix) dade (L*) Campinas 0,942 a 8,37 a 3,77 b 85,75 c 43,66 a 39,17 ab Dover 0,652 c 7,10 c 3,66 c 123,27 b 49,26 a 32,47 c Guarani 7,20 c 3,58 d 144,78 a 35,81 b 43,68 a Princesa 0,838 b 7,77 b 3,84 a 110,26 b 48,77 a 36,63 bc Isabel AGF 080 0,944 a 8,52 a 3,77 b 82,75 c 47,33 a 38,42 b CV% 1,920 4,532 1,051 23,59 14,70 12,60 Razão Base/ altura Cor Cor externa externa Luminosi- Croma (c*) dade (L*) 34,15 a 34,29 a 30,10 b 28,66 b 28,27 c 21,23 c 33,01 a 33,96 a 34,12 a 8,42 34,43 a 18,29 */ Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, 5%. frutos com “pescoço” e Princesa Isabel 41,7% dos frutos com “pescoço”. Como as cultivares Campinas, AGF 080 e Princesa Isabel apresentaram menos de 95% dos frutos com uma mesma característica, não foi possível definir a qual das duas categorias pertenciam (Figura 1). Os resultados obtidos com a cultivar Guarani demonstraram sua característica de produção de morangos para uso industrial pela facilidade na remoção do cálice, finalidade para a qual havia sido selecionada. A forma do fruto do morangueiro é de fundamental importância para o sucesso das cultivares devido às exigências do mercado consumidor. Sendo, no entanto, uma característica de difícil identificação pela análise comparativa com formatos padrões estabelecidos de maneira diferente, por vários autores (Passos, 1982; Lemaitre & Linden, 1968; Queiroz-Voltan et al., 1996). Diante da dúvida de qual dos sistemas propostos pelos autores acima mencionados utilizar e, aliado ao fato de que quatro das cinco cultivares estudadas apresentarem formato muito semelhante, tipo cônico ou cônico-alongado, decidiu-se propor um novo sistema para distinguir frutos com formato tipo cônico. Na análise conjunta dos experimentos, as cultivares Campinas e AGF 080 não apresentaram diferenças significativas entre si mas diferiram da Dover e da Princesa Isabel. As cultivares Campinas e AGF 080 apresentaram a maior relação entre a base e a altura do fruto (0,943), o que caracteriza um formato de fruto pouco alongado, assemelhanHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. do-se a um “pião”. Com valores menores ficou a cultivar Princesa Isabel e com os valores mais baixos a cultivar Dover, o que significa frutos com o formato mais cônico alongado entre as quatro cultivares testadas (Tabela 1 e Figura 1). O teor de sólidos solúveis é característica de interesse para frutos comercializados in natura pois o mercado consumidor prefere frutos doces. Os resultados obtidos com o teor de sólidos solúveis estimados em graus Brix (Tabela 1), evidenciaram, como esperado, grande variação nas cultivares testadas contudo não houve variação significativa para o fator locais. Na análise conjunta dos experimentos as cultivares Campinas e AGF 080 apresentaram os maiores valores de graus Brix, em seguida ficou a cultivar Princesa Isabel e diferente destes mas semelhantes entre si as cultivares Guarani e Dover. Passos (1982) em experimento realizado em Jundiaí, 1979, chegou aos valores de 8,10 graus Brix para a cultivar Campinas e 5,20 para a cultivar Guarani em frutos “maduros”. No presente trabalho, o teor de sólidos solúveis em Atibaia, onde o clima é semelhante a Jundiaí, foi de 8,45 graus Brix na cultivar Campinas e 7,10 graus Brix na cultivar Guarani. Podemos afirmar que o valor elevado no teor de sólidos solúveis da cultivar Campinas confirma a descrição de Camargo & Passos (1993), que consideram esta cultivar de sabor adocicado e o sabor da cultivar Princesa Isabel, menos doce que a cultivar Campinas, como suave-adocicado. O pH dos frutos apresentou variação significativa entre as cultivares. A análise conjunta dos experimentos de Atibaia e Piracicaba apresentou valores de pH mais elevados para a cultivar Princesa Isabel. Em seguida, diferentes dos demais mas semelhantes entre si, ficaram as cultivares Campinas e AGF 080 seguidas por Dover e Guarani (Tabela 1). A determinação do pH dos frutos é importante na definição da finalidade de uso das cultivares. O pH ácido é propriedade de morangos para uso industrial (Passos, 1982), e o mercado consumidor para frutos in natura prefere frutos pouco ácidos. A característica de pH torna difícil o desenvolvimento de cultivares de dupla aptidão, já que as exigências para cultivares de uso industrial e consumo in natura são opostas. Comparando com os resultados obtidos por Passos (1982) e no presente trabalho, em Atibaia, notamos que o pH médio dos frutos foram semelhantes para a cultivar Campinas e diferentes para a cultivar Guarani. O fruto de Guarani, considerado ácido por Camargo & Passos (1993) também apresentou valores mais baixos de pH neste trabalho. As diferenças de textura e cor são de fundamental importância para o produtor na escolha das cultivares, mas é difícil diferenciar as texturas muito firme da firme, e esta da pouco firme, e também as tonalidades da cor vermelha. A caracterização quantitativa de caracteres fornece parâmetros mais exatos quanto às propriedades de textura e cor dos frutos, 13 J. H. Conti et al. Tabela 2. Produção total (g/planta), número total/planta e peso médio (g) de frutos de morangueiro em Atibaia e Piracicaba e análise conjunta dos experimentos. Piracicaba, ESALQ, 1996. Cultivares Campinas Produção total de frutos (g/planta) Atib.x Atibaia Piracicaba Pirac. Número total de frutos/planta Atibaia Piracicaba Atib.x Pirac. Peso médio de frutos (g) Atibaia Piracicaba Atib.x Pirac. 494,02 a 321,35 a 407,69 a 49,78 a 38,48 a 44,13 a 9,91 b 8,33 b 9,12 b Dover 475,57 a 306,34 ab 390,96 a 46,14 ab 34,39 a 40,26 a 10,32 ab 8,90 a 9,61 a Guarani 496,87 a 263,09 ab 379,98 a 52,66 a 36,11 a 44,38 a 9,41 7,28 Princesa Isabel 394,18 b 236,63 b 315,40 b 37,03 b 25,66 b 31,34 b 10,64 a 9,22 a 9,93 a AGF 080 480,90 a 311,62 a 396,26 a 48,12 a 38,11 a 43,12 a 10,00 b 8,12 b 9,06 b CV % 10,690 11,179 11,165 9,717 9,468 9,494 2,070 2,974 3,113 c c 8,35 c */ Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, 5%. e também contribui para definir a finalidade de uso das cultivares. Os dados de resistência à compressão expressos em gramas permitiram classificar a textura dos frutos, considerando a média geral das cultivares (109,36 g) mais ou menos o desvio padrão (25,80) para expressar os limites para frutos de textura firme. Frutos com resistência à compressão acima do limite desta amplitude, ou seja 135,16 g, foram considerados muito firmes e aqueles com valores abaixo deste limite, ou seja 83,55 g, foram considerado pouco firmes. Esta classificação, mesmo baseada em poucas cultivares, parece representativa da situação real já que os frutos das cultivares estudadas têm ampla variabilidade quanto à textura pois pela descrição de Passos & Camargo (1993) a cultivar Guarani tem frutos muito firmes, Princesa Isabel tem frutos regularmente firmes e Campinas frutos firmes. Verificou-se que não houve diferença significativa quanto à textura dos frutos entre locais. Contudo, verificou-se que as cultivares, de fato, apresentaram valores de resistência à compressão diferentes, permitindo classificar a cultivar Guarani como de grande resistência à compressão ou textura muito firme, com o valor médio de 144,78 g. As cultivares Dover e Princesa Isabel, respectivamente com 123,27 g e 110,26 g, não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si, podendo ser considerados frutos de textura firme, enquanto que as cultivares Campinas e AGF 080 com os valores de 85,75 g e 14 82,75 g, respectivamente, e não diferentes entre si, ficaram situadas no limite entre as de textura firme e pouco firme (Tabela 1). Com estes dados, os valores de textura das cultivares Campinas e AGF 080 indicam que os frutos destas, têm a característica que o consumidor de frutos in natura aprecia, contudo pode ser limitante para o transporte de frutos, pois estes podem sofrer danos mecânicos com facilidade. Os frutos firmes da cultivar Princesa Isabel apresentaram textura que permite o comércio em mercados mais distantes, diminuindo a perda de frutos, pois estes, também podem suportar mais tempo depois de colhidos. Paraskevopoulou-Paroussi et al. (1995) demonstraram que frutos mais firmes mantém melhor a qualidade durante o período de armazenamento. A cultivar Dover, apesar da aparente firmeza de seus frutos, apresentou valores menores que a cultivar Guarani, possivelmente devido à maior firmeza da polpa interna da cultivar Dover. Passos (1982), em experimento realizado em Jundiaí (SP), estimou a textura através da resistência à ruptura nas cultivares Campinas e Guarani, e verificou que em frutos maduros a textura da cultivar Campinas foi de 42,25 lbf/ 50g e na cultivar Guarani de 62,50 lbf/ 50g. Estes resultados guardam relação com a textura do fruto, determinada no presente trabalho, que indicou maior firmeza dos frutos da cultivar Guarani em relação a Campinas. Os dados de cor dos frutos do morango inteiro ou a cor externa e os com- ponentes L* e c*, não mostraram diferenças significativas entre locais. As cultivares Campinas, AGF 080 e Princesa Isabel não diferiram entre si e a cultivar Princesa Isabel apresentou valores inferiores de luminosidade e croma em relação às demais. Dover e Guarani diferiram significativamente entre si e das demais cultivares, apresentando ainda, Guarani, os menores valores de L* e c* em relação às demais (Tabela 1). Apesar das diferenças significativas encontradas entre as cultivares, pela classificação proposta, as cultivares Campinas, AGF 080, Princesa Isabel e Dover foram consideradas de coloração e luminosidade intermediárias e somente Guarani se destacou por apresentar valores de c* inferiores a 24,92 e de L* inferiores a 29,24 caracterizando coloração externa escura e mais cromática, o que concorda com as avaliações visuais (Figura 1). Para as cinco cultivares a cor interna dos morangos, expressos pelos componentes L* e c*, não variou entre os experimentos. Quanto à luminosidade, as cultivares Dover, Princesa Isabel, AGF 080 e Campinas não diferiram significativamente entre si, tendo diferido da Guarani que apresentou valor de L* de 35,81. Pela classificação proposta, estas cultivares ficaram no grupo intermediário e Guarani no grupo de coloração escura. Quanto ao croma dos frutos, as cultivares mostraram diferenças, sendo Campinas, AGF 080 e Princesa Isabel do grupo intermediário, a cultivar Dover foi considerado pouco cromático e Guarani muito cromático (TaHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Produção e qualidade de frutos de morango em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. Figura 2. Produção mensal de frutos de morangueiro (g/planta), de cinco cultivares, em Atibaia e Piracicaba. Piracicaba, ESALQ, 1996. bela 1). A coloração interna é uma das mais importantes características do morango para uso industrial. O vermelho intenso da cultivar Guarani quando observada visualmente, também refletiu em um valor de croma maior que 42,88 e em um valor de L* menor que 38,35. Os dados mostraram que Dover não tem coloração interna vermelho intensa, pois tem valor de L* de 49,26 e de croma de 32,47, o que deve prejudicar o seu uso na industrialização. Passos (1982) estudou os componentes L*, a* e b* utilizando método mais simples que o deste trabalho, e também fez a análise subjetiva de cor e verificou que a cultivar Guarani apresentou, para coloração interna, valores elevados de a* e baixos de L*, caracterizando vermelho intenso, coincidindo com as avaliações subjetivas. Os resultados deste Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. trabalho, demonstraram que Guarani, selecionada na década de setenta com fins específicos para uso industrial (Passos & Camargo, 1993), mostrou-se a mais recomendada para uso na indústria, ressaltando a importância dos trabalhos de melhoramento que, mesmo utilizando métodos mais simples, foram bem sucedidos na seleção desta cultivar. A produção de frutos do morangueiro apresentou variação significativa entre as cultivares, com comportamento diferente em Atibaia e Piracicaba. Em Atibaia a produção total de frutos não apresentou variação significativa entre as cultivares testadas, no entanto podemos citar os maiores valores numéricos observados nas cultivares Guarani (496,87 g/planta) e Campinas com uma produção de 494,02 g/planta (Tabela 2). Em Piracicaba, as cultivares Campinas e AGF 080 apresentaram as maiores produções totais de frutos (respectivamente 321,35 e 311,62 g/planta), seguidas de Dover e Guarani com valores de produção respectivamente de 306,34 e 263,09 g/planta mas as diferenças obtidas entre estas quatro cultivares não foram significativas. A cultivar Princesa Isabel apresentou a menor produção (236,63 g/planta), diferindo significativamente de ‘Campinas’ e ‘AGF 080’ mas não diferindo significativamente de ‘Guarani’ e ‘Dover’ (Tabela 2). Os resultados deste trabalho mostraram que a cultivar Dover atinge níveis de produção elevados, semelhantes às cultivares Campinas, AGF 080 e Guarani que apresentaram produção alta já comprovada em condições experimentais e em áreas de produção. Os resultados da análise conjunta destacaram a cultivar Princesa Isabel com a menor produção (315,40 g/planta) e significativamente diferente das demais (Tabela 2). A produção total de frutos neste trabalho, em Atibaia, pode ser comparada com outros experimentos com morango sob condições de manejo e clima semelhantes. Passos (1982) obteve em Jundiaí (SP), respectivamente nos anos de 1979 e 1980, 434,18 e 424,37 g/planta com a cultivar Campinas e 524,97 e 529,75 g/planta com a cultivar Guarani. Tessarioli Neto (1982), em São Bento do Sapucaí (SP) no ano de 1979, obteve produções de 387,08 g/planta com a cultivar Campinas e 520,67 g/planta com Guarani. Tessarioli Neto (1993), testou diversos tipos de cobertura de solo em morangueiro na cultivar Campinas em Monte Alegre do Sul (SP) e atingiu a produção de 494,74 g/planta com a cobertura de plástico de polietileno preto aplicado 21 dias após o transplante das mudas. Os resultados obtidos por estes autores foram concordantes com os deste trabalho. Passos (1997), em Atibaia, com a cultivar Campinas, testou diversos sistemas de produção e na área com irrigação por aspersão e cobertura de solo com plástico de polietileno preto, obteve produções de 171 g/planta em 1994 e 277 g/planta em 1995. No entanto, o autor comenta que no ano de 1994 houve ocorrência de geada prejudicando a produção precoce, e em 1995 o plantio ocorreu no 15 J. H. Conti et al. dia 9 de junho, tardio para a região, o que pode ter prejudicado a produção total de frutos. Analisando a produção pelo peso de frutos produzidos mensalmente, para todas as cultivares, notamos que em Atibaia e em Piracicaba o pico na colheita deu-se nos meses de agosto e setembro, respectivamente (Figura 2). Sendo, ainda, a produção média das cinco cultivares em Atibaia (468,30 g/planta) significativamente maior que em Piracicaba (287,81 g/planta). Os resultados obtidos concordam com Tessarioli Neto (1993) que obteve, na cultivar Campinas, o pico de produção no mês de setembro com 123,28 g/planta. A produção precoce de frutos, ou seja, aqueles produzidos nos meses de abril, maio e junho é a mais valorizada no Brasil e por esta razão, segundo Passos (1982), esta característica é muito importante para a seleção de cultivares nos trabalhos de melhoramento. De acordo com os resultados obtidos (Figura 2), as cultivares analisadas foram semelhantes quanto à produção precoce nos meses de maio, junho e julho, o que já era esperado pois as cultivares Campinas, Guarani e Princesa Isabel, foram selecionadas pelo IAC para possuírem esta característica. A cultivar Dover mostrou semelhança àqueles selecionados pelo IAC, podendo ter sido a produção precoce um dos motivos que o tornou de grande aceitação pelo produtor de morangos. A cultivar Princesa Isabel foi aquela que apresentou o menor número de frutos produzidos com valores significativamente inferiores das demais na análise conjunta e na análise isolada do experimento de Piracicaba. Em Atibaia, o número de frutos produzidos pelas cultivares Dover e Princesa Isabel não diferiu estatisticamente, produzindo a menor quantidade de frutos e diferindo significativamente de Campinas, AGF 080 e Guarani (Tabela 2). Os resultados obtidos com as cultivares Campinas e Guarani foram inferiores, porém muito próximos àqueles citados por Tessarioli Neto (1993): 56,52 frutos/planta para a cultivar Campinas e Tessarioli Neto (1982): 72,32 frutos/planta para Guarani, mas superiores para a cultivar Campinas, aos obtidos por Tessarioli Neto (1982): 48,96 e por 16 Passos (1997): 23,22 frutos por planta. O peso do fruto é uma das características de maior importância agronômica na produção comercial do morango pois está diretamente relacionado ao tamanho do mesmo. Hortynski et al. (1991) obtiveram uma correlação de 86,4% entre tamanho e peso de frutos. Frutos grandes tornam o processo de colheita e embalamento mais rápido além da sua valorização pelo mercado consumidor resultando em maiores ganhos ao produtor. Os resultados da análise conjunta e do experimento de Piracicaba destacaram as cultivares Princesa Isabel e Dover com o maior peso médio dos frutos. Em seguida, Campinas e AGF 080 apresentaram peso médio dos frutos e a seguir a cultivar Guarani com o menor peso médio dos frutos. No experimento de Atibaia houve diferença em relação à cultivar Dover que apresentou peso médio dos frutos semelhante também às cultivares Campinas e AGF 080 (Tabela 2). Resultados semelhantes aos aqui encontrados foram obtidos por outros autores sob condições de manejo e clima parecidos. O peso médio dos frutos no trabalho de Passos (1982) variou entre 9,34 g e 10,90 g para a cultivar Campinas e entre 7,50 g e 8,80 g para Guarani, em experimento conduzido em Jundiaí em 1979 pelo mesmo autor, respectivamente para frutos “3/4 maduros” e “maduros”. Tessarioli Neto (1993) chegou ao valor de 8,81 g para a cultivar Campinas e Tessarioli Neto (1982) obteve o valor de 9,05 g para esta cultivar e 7,80 g para Guarani. Passos (1997) em experimento realizado em 1994 em Atibaia com a cultivar Campinas atingiu o valor de 6,12 g. Estes resultados caracterizaram Dover e Princesa Isabel como cultivares de frutos grandes, demonstrando que, assim como ‘Campinas’ e ‘AGF 080’ têm esta característica importante para o mercado de frutos in natura. Os dados de presença de “pescoço”, produção, peso, teor de sólidos solúveis, pH, cor interna expressa pelos componentes L* e c* e textura, expressa pela força de resistência à compressão de morangos, deram parâmetros importantes para determinar em cada cultivar, isoladamente, a aptidão aos consumos in natura e industrial e também para analisar o desempenho produtivo e aspectos ligados à comercialização. As cultivares Campinas e AGF 080, pelas características do fruto de textura firme a pouco firme, elevado teor de sólidos solúveis e tamanho grande, expresso pelo peso elevado, caracterizaram aptidão ao consumo “in natura”. Estas cultivares também apresentaram elevado desempenho produtivo, no entanto, pela textura dos frutos não são adequadas ao transporte a longas distâncias. A cultivar Guarani, pelas características do fruto de presença de pescoço, pH ácido, textura muito firme e cor interna vermelho intensa, demonstraram ter aptidão ao uso industrial. A textura muito firme de seus frutos também a tornam adequada ao transporte a longas distâncias. Esta cultivar também apresentou elevado desempenho produtivo. A cultivar Dover apresentou elevada produção de frutos. Tem, também, frutos grandes, interessantes para o consumo in natura. No entanto, as características de pH ácido e teor baixo de sólidos solúveis o tornam inadequado ao consumo in natura. Para uso industrial, esta cultivar apresenta características de interesse como frutos com pH ácido e textura firme, no entanto os frutos não têm “pescoço” e a cor interna não é vermelho intensa o que o torna pouco apropriado ao uso industrial. Graças às características de textura firme esta cultivar é adequada para o transporte a longas distâncias. A cultivar Princesa Isabel, pelas características de peso elevado de frutos e pH pouco ácido, demonstrou aptidão ao consumo in natura. A textura elevada de seus frutos é maior que a das cultivares Campinas e AGF 080 o que não prejudica a aceitação pelo consumidor e, por outro lado, é mais resistente ao transporte. AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado graças ao apoio da FAPESP, processo 96/1606-2, do CNPQ, dos Departamentos de Horticultura e Genética da ESALQ/USP, das pesquisadoras Sonia Dedeca S. Campos e Vera L. P. Ferreira, do laboratório FEPISA do ITAL e do produtor rural Claudemir Rodrigues Spinassi de Atibaia (SP). Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Produção e qualidade de frutos de morango em ensaios conduzidos em Atibaia e Piracicaba. LITERATURA CITADA CAMARGO, L.S. Novas variedades de morangueiro no Estado de São Paulo. Piracicaba: ESALQ, USP, 1960. 48 p. (Tese doutorado). CAMARGO, L.S; ALVES, S.; SCARANARI, H.J.; ABRAMIDES, E. Novas cultivares de morangueiro para a região do “alto piracicaba” no planalto paulista. Bragantia, Campinas, v. 27, n. 10, p. 117-133, 1968. CAMARGO, L.S; PASSOS, F.A. 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Ação de fitorreguladores no crescimento da erva-cidreira-brasileira.1 Mirian Baptista Stefanini2; Selma Dzimidas Rodrigues2; Lin Chau Ming3 UNESP-Instituto de Biociências – Depto. Botânica, C. Postal 510, 18.618-000, Botucatu-SP; 3UNESP-Faculdade de Ciências Agronômicas – Depto. Horticultura, C. Postal.237, 18.603-970, Botucatu-SP. 2 RESUMO ABSTRACT Lippia alba, espécie brasileira da família Verbenaceae, é plantada e usada em todo o Brasil por suas atividades farmacológicas como analgésica, antiespasmódica, calmante, sedativa e citostática. Popularmente a Lippia é denominada de alecrim, cidreira falsa ou falsa melissa. O trabalho visou testar o efeito das aplicações de GA3, ethephon e CCC sobre o crescimento de Lippia alba (Mill.) N.E.Br. - Verbenaceae, em diferentes épocas do ano. O experimento foi instalado na Fazenda São Manuel, pertencente à UNESP em Botucatu, de dezembro/95 a dezembro/96. O mesmo consistiu de sete tratamentos e três repetições em blocos inteiramente casualizados, com os tratamentos aplicados nas parcelas e as colheitas nas subparcelas. Os tratamentos incluíram o controle, ácido giberélico (GA3 50 e 100 mg.L-1), ácido 2-cloroetil-fosfônico (ethephon- 100 e 200 mg.L-1) e cloreto de 2-cloroetil-trimetil amônio (CCC 1000 e 2000 mg.L-1). Os reguladores vegetais foram aplicados em duas épocas, aos quarenta e cem dias da implantação do experimento no campo e o crescimento das plantas foi avaliado em seis épocas. Após a primeira aplicação as plantas foram coletadas em intervalos de 14 dias. Os fitorreguladores GA3, e CCC tenderam a elevar os resultados das características, matéria seca de caule, folhas, flores e total, porém sempre permaneceram menores ou iguais ao controle. Action of plant growth regulators over the development of Lippia alba. Palavras-chave: Lippia alba, Verbenaceae , ácido giberélico, ethephon, CCC, plantas medicinais. Lippia alba, a Brazilian species, from the Verbenaceae family, is planted and used throughout Brazil in traditional medicine such as analgesic, calminative and sedative, using aqueous extract of leaves. This study investigated the effect of GA3, ethephon and CCC spray solutions on the growth of L. alba at different times of the year. The experiment was carried out at São Manuel Experimental Station from the Universidade Estadual Paulista in Botucatu, Brazil, from December 1995 to December 1996. The experiment consisted of 7 treatments with three replications in complete randomized blocks, and the treatment was applied to the plots and at harvest time, to the subplots. The treatments included control, giberellic acid (GA3 50 and 100 mg.L-1), 2-cloroetil-fosfonic acid (ethephon 100 and 200 mg.L-1) and 2-cloroetil-trimetil ammonium chloride (CCC- 1000 and 2000 mg.L-1). The vegetable regulators were applied at two different periods, forty and a hundred days after establishment of the experiment, and the growth of the plants was evaluated six times. After the first application, the plants were collected at intervals of 14 days. Plant growth regulators GA3, and CCC tended to elevate the results of the evaluated parameters (dry matter of stem, leaves, flowers and total) but the results always stayed smaller or equal to the control. Keywords: Lippia alba, gibberellic acid, ethephon, CCC, medicinal plants. (Aceito para publicação em 7 de dezembro de 2.002) L ippia alba, espécie brasileira da família Verbenaceae, é plantada e usada em todo Brasil por sua propriedade analgésica, antiespasmódica, calmante, sedativa e citostática; seus efeitos terapêuticos já foram comprovados cientificamente (Ming, 1992). Popularmente a Lippia é denominada também de alecrim, alecrim do mato, alecrim do campo, camará, capitão do mato, cidrão, cidreira, cidreira brava, capim cidreira, cidreira crespa, cidreira falsa, cidreira melissa, erva cidreira, erva cidreira do campo, erva-cidreirabrasileira, falsa melissa, salva do Bra- sil, salva limão, e outras denominações (Ming, 1992). A planta vegeta em solos arenosos e nas margens dos rios, açudes, lagos e lagoas, em regiões de clima tropical, sub-tropical e temperado. Os esforços na busca de substâncias ativas, que possam aumentar a produção de óleos essenciais são de grande importância, principalmente quando se considera a dependência da indústria farmacêutica nacional. A importação de matéria-prima nesta área chega a 80%, o que representa uma soma considerável de evasão de divisas para o país. Segundo Scheffer (1992) poucas são as informações disponíveis relativas ao aspecto agronômico, havendo a necessidade de estudos que revelem o comportamento das espécies medicinais quando submetidas às técnicas de produção sem afetar o valor terapêutico da planta considerando-se o fato que os princípios ativos podem sofrer alterações conforme as técnicas de cultivo (Madueño Box, 1973). Em locais de diferentes características edafo-climáticas, possivelmente a produção de biomassa e os teores de princípio ativo não serão os mesmos. Ter essas informações sistematizadas 1 Parte da Tese de doutorado da 1ª autora - Instituto de Biociências- Departamento de Botânica” - Universidade Estadual Paulista, UNESP, Botucatu - C. Postal 510, 18.618- 000 Botucatu – SP. 18 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Ação de fitorreguladores no crescimento da erva-cidreira-brasileira. é fundamental para uma boa estratégia de produção. No tocante a aspectos agronômicos, de L. alba, muito pouco se tem estudado; não existem pesquisas e literatura suficientes, havendo pois, necessidade de se estabelecer técnicas apropriadas de produção dessa planta a fim de possibilitar a produção de matéria prima vegetal de boa qualidade, com maior teor de óleo essencial. Segundo Correa Júnior et al. (1992) citado por Ming (1992), fatores de ordem genética ou endógena, são os que dependem da carga genética de cada planta, diferente para cada espécie e faz com que cada espécie tenha uma composição química diferente. Fatores externos como temperatura, pluviosidade, vento, solo, latitude e altitude também interferem de forma significativa na elaboração dos metabólitos secundários. Fatores técnicos, como forma de plantio, adubação, tratos culturais, época de colheita também têm sua importância, tanto na produção de biomassa como no teor de princípios ativos. Em se tratando de plantas medicinais, a preocupação não deve apenas estar relacionada com a produção quantitativa de biomassa por hectare, mas também com a riqueza dos princípios ativos contidos. Por isso os diversos aspectos devem ser levados em conta para que se possam produzir plantas medicinais em quantidades suficientes e com qualidade necessária. O uso de reguladores vegetais quando empregados no manejo da planta podem modificar seu comportamento, alterando não só a produtividade desta, como o seu metabolismo secundário, obtendose às vezes um aumento do teor de óleo essencial (Shukla & Farooqi, 1990). Os efeitos das giberelinas aparecem no crescimento (alongamento do caule), comprimento dos internódios, área foliar e acúmulo de matéria seca. Retardantes de crescimento como o chlormequat, ethrel, phosfon-D, alar, hidrazida maleica e AMO-1618 estão sendo amplamente usados para diminuir a altura das plantas, visando uma produção mais compacta com aumento de ramos, folhas verde escuras e florescimento precoce. Tratamentos com cycocel (CCC), normalmente induzem ao nanismo em Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. plantas e esse efeito é maior com o aumento da concentração, pela inibição do alongamento e divisão celular atuando; O retardador como antigiberelinas também atua na formação de clorofila e, portanto, na assimilação, produzindo flores com raios maiores e resultando em glândulas de óleo em maior número ou mais longas. Magalhães (1986) relata que a análise de crescimento descreve as condições morfofisiológicas da planta, em diferentes intervalos de tempo, permitindo acompanhar a dinâmica da produtividade, avaliada através de parâmetros fisiológicos e bioquímicos. Também indica, que a análise de crescimento é um método que pode ser utilizado para investigação do efeito dos fenômenos ecológicos sobre o crescimento, como adaptabilidade das espécies em ecossistemas diversos, efeitos de competição, diferenças genotípicas da capacidade produtiva e influência das práticas agronômicas sobre o crescimento. A determinação da área foliar é importante, segundo este mesmo autor porque as folhas são as principais responsáveis pela captação de energia solar e pela produção de matéria orgânica, através da fotossíntese. Se a superfície foliar é conhecida e a alteração da massa da planta, durante certo período de tempo é calculada, torna-se possível avaliar a eficiência das folhas e sua contribuição para o crescimento da planta como um todo. Diante da escassez de estudos em fisiologia de plantas medicinais no Brasil, o presente trabalho visou avaliar a influência do GA3, ethephon e CCC nas características biométricos e análise de crescimento, de Lippia alba, nas diferentes estações do ano. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na fazenda experimental de São Manuel da Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP em Botucatu (SP)., cujo solo está classificado como Latossolo Vermelho Amarelo, fase arenosa. A análise química do solo da área experimental, mostrou os seguintes resultados expressos por volume de terra fina seca ao ar de acordo com Raij & Quaggio (1983): pH em CaCl2=5,5; P disponível =49,0mg/cm3; matéria orgânica =1,5%; Al trocável= 1,7 Meq/dm3; K+=0,22 Meq/dm3; Ca2+=2,6 Meq/dm3; Mg2+= 0,9 Meq/dm3; SB= 3,7 Meq/dm3; CTC= 5,5 Meq/dm3 de terra e V= 47%. A área foi arada, gradeada e recebeu calagem para se obter V = 67% (conforme análise de solo), antes da adubação de instalação de 60 g/m2 da fórmula 4-14-8. Não foi realizada adubação em cobertura. O experimento foi instalado no campo, de janeiro/96 a julho/96 e consistiu de sete tratamentos com três repetições no delineamento experimental de blocos casualizados com parcelas subdivididas, somando-se cinqüenta e duas plantas por parcela, considerando-se as bordaduras externas e as entre as subparcelas. Das subparcelas doze plantas úteis foram utilizadas, sendo colhidas duas plantas de cada uma das seis subparcelas, durante as seis coletas. As bordaduras externas foram descartadas e as internas (utilizadas para se evitar o autossombreamento) também. Empregaram-se 21 parcelas de 7,20 x 2,40 m, com espaçamento de 0,80 m entre linhas e 0,60 m entre plantas. Entre parcelas o espaçamento foi de 1,0 m e entre blocos, de 1,5 m. Os tratamentos foram: GA3 (50 e 100 mg.L-1), ethephon (100 e 200 mg.L-1), CCC (1000 e 2000 mg.L-1) e controle. Os tratamentos foram aplicados nas parcelas e as coletas foram realizadas nas subparcelas. A escolha destes fitoreguladores foi devido ao fato de serem mais usados pelos produtores e relativamente baratos, além de existirem vários trabalhos com os mesmos em diversas plantas medicinais, mas nenhum empregando Lippia alba. Foram realizadas duas aplicações dos fitorreguladores, aos 40 (70 dias de vida em bem estabelecidas, 100% de pegamento) e aos 100 dias após a implantação do experimento no campo (130 dias de ciclo de vida das plantas). Nas duas épocas de aplicação as plantas encontravam-se na fase vegetativa e de florescimento, respectivamente. Por se tratar de planta com crescimento indeterminado não há uma divisão nítida entre os ciclos vegetativo e reprodutivo. Trinta dias após a primeira aplicação dos reguladores iniciou-se as cole19 M.B. Stefanini, et al. Tabela 1. Médias da área foliar (dm2), de duas plantas de Lippia alba (Mill.) N.E.Br. por coleta, submetidas aos tratamentos GA3, ethephon e CCC em mg.L-1 nas seis épocas de coletas. Botucatu, UNESP-FCA, 1997. Coletas pós-plantio Coleta1-14d. Coleta2-28d. Coleta3-42d. Coleta4-56d. Coleta5-70d. Coleta6-84d C.V. (a) % GAs 50 23,38 c 29,29 bc 40,61 b 41,46 b 60,82 a 60,53 a 67,3 GA3100 22,96c 35,56c 56,09b 61,32b 81,97 a 83,95 a Ethep100 22,30 d 38,42 c 59,28 b 48,97 bc 61,97b 98,61a Tratamentos Ethep200 CCC 1000 17,58 c 35,04 d 24,87 c 58,22 bc 50,37 b 69,23 b 52,56 b 60,08 b 45,03 bc 94,90 a 98,61 a 86,12 a C.V. (b)% 28,1 CCC 2000 25,42 d 33,68 d 50,39 c 57,94 bc 74,55 a 70,91 ab Test. 30,05 d 51,49 c 59,74 bc 69,47 b 65,91 b 118,58 a *Coletas realizadas de 14 em 14 dias, após 100 dias de plantio */Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. tas, que foram realizadas de 14 em 14 dias até 42 dias após a última aplicação, para que houvesse tempo de se completar as quatro estações do ano. Foram coletadas duas plantas por subparcela de cada tratamento e levadas ao laboratório, onde procedeu-se a determinação da área foliar e em seguida as plantas foram separadas em caule, folhas e flores, acondicionadas em sacos de papel, etiquetadas pesadas e levadas à estufa com circulação forçada de ar e temperatura entre 40-50ºC até obtenção da massa seca constante. Para a determinação da área foliar foi utilizado o aparelho digital Automatic Área Meter - Model AAM 7 - da HAYASHI DENKOH CO. LTD TOKYO JAPAN. Esta medida foi expressa como a média das áreas de todas as folhas das duas plantas em dm2. Os resultados obtidos foram submetidas à análise de variância (teste F) e também análise de variância, aplicando-se o teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade para comparação das médias. Os tratamentos estatísticos adotados, seguiram as recomendações de Banzatto & Kronka (1989). RESULTADOS E DISCUSSÃO Área foliar Houve influência significativa apenas para a época de coleta. Ocorreu aumento constante da área foliar do início ao final do ciclo, provavelmente devido ao próprio desenvolvimento fisiológico da planta (Tabela 1). Durante um período de tempo experimental semelhante 20 ao do presente experimento, Stefanini (1992), relatou que a aplicação de GA3 foi efetiva na promoção do crescimento de estévia. Em plantas de manjericão (Ocimum basilicum L.) El-Sahhar et al. (1984) obtiveram aumento da área foliar (51%) e do número de folhas por planta (90,14%) com a aplicação de GA3 90 ppm. O mesmo ocorreu no trabalho de Ansari et al. (1988) que reportaram que GA3 (50 ppm) aumentou o comprimento, largura e peso seco das folhas de Cymbopogon jwarancusa (Schult), bem como, a porcentagem de rendimento do óleo e dos seus constituintes principais. Os mesmos resultados foram obtidos por Sharma et al. (1988), porém em concentração de 200 ppm de GA3 Em outro trabalho plantas de manjericão tratadas com GA3 aumentaram o número total de folhas frescas (68,82%), a área foliar (84,59%), massa de matéria fresca da planta (85,85%) e a porcentagem seca (82,84%), sendo que a melhor concentração foi 100 ppm (Shedeed et al.,1990). Umesha et al. (1991), em plantas de Ocimum gratissimum L., também observaram que GA3 influenciou a altura da planta, comprimento internodal, área foliar e acúmulo de massa seca quando comparados com o controle; também o rendimento foliar foi significativamente influenciado, obtendo valores máximos com GA3 a 50 ppm. Entretanto, em plantas tratadas com CCC, essas medidas foram reduzidas quando comparadas com o controle. Em plantas de manjerona (Majorana hortensis Moench.) Vasundhara et al. (1992), revelaram que plantas tratadas com GA3 mostraram aumento no número de ramos, altura e expansão de toda a planta; no entanto, o cycocel (CCC) teve efeito negativo sobre todos esses parâmetros. Mencionando aumento no número de folhas em Mentha piperita e Mentha crispa, sob condições de campo com aplicação de ethephon, El-Keltawi & Croteau (1986) relatam ainda uma severa parada no crescimento na concentração de 1000 ppm e redução no tamanho das folhas de 50%. Ainda os mesmos autores, observaram que houve redução no tamanho das folhas de sálvia (cerca de 60%) também na mesma concentração de 1000 ppm de ethephon, ambas comparadas com o controle. Porém, o número de folhas foi quase o dobro nas concentrações de 500 e 1000 ppm, devido ao aumento da ramificação lateral. Portanto, a partir dos autores referidos, percebe-se que a maioria deles obteve em plantas medicinais aumento no número e/ou na massa seca de folhas e de ramos principais como efeito do GA3. Dessa forma, os resultados obtidos neste trabalho não estão concordes com a literatura, ou seja, não houve efeitos de tratamentos nessa medida biométrica. Ao se considerar o CCC, habitualmente observa-se na literatura, relatos de extensão na área foliar em plantas medicinais, talvez devido ao seu efeito na formação de clorofila e sua influência no número de ramos principais que aumentam de forma inversamente proporcional à concentração de CCC. Este Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Ação de fitorreguladores no crescimento da erva-cidreira-brasileira. Tabela 2. Médias da massa seca de caule (g ), de duas plantas de Lippia alba (Mill.) N.E.Br. por coleta, submetidas aos tratamentos GA3, ethephon e CCC em mg.L-1 nas seis épocas de coletas. Botucatu, UNESP-FCA, 1997. Coletas pós-plantio Coleta1-14d. Coleta2-28d. Coleta3-42d. Coleta4-56d. Coleta5-70d. Coleta6-84d C.V. (a) % GAs 50 30,12 e 38,32 de 53,83 cd 63,27 bc 91,75 a 85,10 ab 76,5 GA3100 28,58 d 46,98 d 70,63 c 98,92 b 143,40 a 153,78 a Tratamentos Ethep100 Ethep200 29,52 c 19,52 d 44,02 c 30,18 d 82,47 b 66,25 c 85,25 b 89,63 b 96,42 ab 65,23 c 114,12 a 135,00 a C.V. (b)% 31 CCC 1000 49,95 c 63,93 c 100,63 b 111,67 b 144,03 a 136,47 a CCC 2000 30,60 e 49,48 de 66,18 cd 90,57 ab 98,68 a 73,02 bc Test. 37,51 d 63,65 c 83,00 c 131,67 ab 105,63 b 140,13 a *Coletas realizadas de 14 em 14 dias, após 100 dias de plantio . */Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey Tabela 3. Médias da massa seca de folhas (g), de duas plantas de Lippia alba (Mill.) N.E.Br. por coleta, submetidas aos tratamentos GA3,Ethephon e CCC em mg.L-1 nas seis épocas de coletas. Botucatu, UNESP-FCA, 1997. Coletas pós-plantio Coleta1-14d. Coleta2-28d. Coleta3-42d. Coleta4-56d. Coleta5-70d. Coleta6-84d C.V. (a) % GAs 50 15,43 c 19,10 bc 25,03 b 26,22 b 38,70 a 39,15 a 66,7 GA3100 15,48 c 21,12 c 34,52 b 37,89 b 51,80 a 53,27 a Tratamentos Ethep100 Ethep200 CCC 1000 15,58 c 10,98 c 26,05 d 21,08 c 16,62 c 31,63 cd 36,43 b 30,17 b 42,68 b 30,89 b 33,21 b 38,05 bc 39,52 b 28,80 b 60,20 a 62,35 a 62,33 a 54,63 a C.V. (b)% 31,0 CCC 2000 18,35 e 24,73 de 31,52 cd 36,66 bc 47,55 a 45,38 ab Test. 19,20 d 28,70 c 37,18 bc 43,46 b 41,50 b 74,58 a *Coletas realizadas de 14 em 14 dias, após 100 dias de plantio. */Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey fato pode ser devido à supressão da dominância apical, assim como da ramificação lateral que é induzida por concentrações baixas de CCC. No presente trabalho, o CCC não influenciou no aumento da área foliar quando comparado aos outros tratamentos (Tabela 1). Entretanto, a literatura para outras plantas preconiza que o CCC diminui a elongação, pois, diminui a produção de citocinina, diminuindo a divisão celular; impede a síntese de giberelina e aumenta a resistência à seca. Assim, podese inferir que o genótipo influencia enormemente os resultados em plantas de plasticidade fenotípica tão alta. Massa seca de caule Ocorreu um aumento contínuo da massa seca de caule da primeira à ultima coleta, onde infere-se que se trata do ganho natural de massa durante o desenvolvimento fisiológico, e que as Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. concentrações dos reguladores utilizados neste trabalho, não foram eficientes para que ocorresse algum efeito (Tabela 2), ao contrário do trabalho de Eid & Abmed (1976) que constataram que o CCC aumentou e que GA3 diminuiu a massa seca de plantas de manjericão (na concentração de GA3 200 ppm); citam alguns autores como, Guilot & Gattefosse (1961), que observaram aumento em altura de Mentha viridis e Mentha crispa; Mei-Shuwu et al.(1964) que verificaram que GA3 aumentou a altura de Mentha arvensis e Czabajska & Uranowa (1965), que encontraram ser GA 3 um promotor da altura de Matricaria chamomilla. Os resultados obtidos considerando GA3, CCC e ethephon não foram satisfatórios, ou seja, não geraram grandes incrementos de massa seca em relação à testemunha. Dessa forma, se o escopo de um trabalho for obter aumento de massa seca de caule, a aplicação de GA3, CCC e ethephon terá efeito dependendo da cultura considerada e das concentrações utilizadas. Massa seca de folhas Novamente só ocorreu efeito significativo para as médias das coletas, que aumentaram da primeira à última, conforme avançou o crescimento vegetativo da Lippia (Tabela 3). Porém estes resultados não concordam com Haikal & Badr (1982) que relataram aumento na altura de plantas de camomila com GA3. O número de ramos principais aumentou tanto nos tratamentos com GA3 (200; 300; 400 e 500 ppm), exceto no GA3 100 ppm, como nos tratamentos com CCC (500; 1000; 1500; 2000 e 2500 ppm). Bhatnagar & Ansari (1988) também relataram que o ácido giberélico aumentou a massa fresca de folhas em 21 M.B. Stefanini, et al. Tabela 4. Médias da massa seca de flores (g), de duas plantas de Lippia alba (Mill.) N.E.Br. por coleta, submetidas aos tratamentos GA3, ethephon e CCC em mg.L-1 nas seis épocas de coletas. Botucatu, UNESP-FCA, 1997. Coletas pós-plantio Coleta1-14d. Coleta2-28d. Coleta3-42d. Coleta4-56d. Coleta5-70d. Coleta6-84d C.V. (a) % GAs 50 1,70 c 2,33 c 3,02 bc 4,60 b 8,45 a 8,67 a 68,3 GA3100 1,90 d 2,90 cd 3,95 c 7,35 b 11,98 a 12,22 a Tratamentos Ethep100 Ethep200 CCC 1000 1,62 c 0,87 d 3,87 d 2,85 c 2,17 cd 6,03 c 6,02 b 3,60 bc 6,07 c 5,75 b 6,22 a 7,45 c 7,97 a 4,22 b 11,55 b 8,52 a 7,42 a 13,80 a C.V. (b)% 30,4 CCC 2000 2,77 d 4,53 bc 3,78 cd 5,72 b 9,35 a 9,83 a Test. 1,47 d 4,97 c 4,62 c 9,15 b 9,82 b 14,60 a * Coletas realizadas de 14 em 14 dias, após 100 dias de plantio. */Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Cymbopogon citratus e Cymbopogon jawarancusa (Scult). O mesmo ocorreu em plantas de Ruta graveolens L., onde a melhor concentração para esses efeitos foi 100 ppm de GA3. O cycocel aumentou o número de folhas e ramos bem como a massa fresca e seca de folhas, nas concentrações de 500 e 1000 ppm (El-Khateeb et al., 1991). Em concentrações de 500; 1000 e 2000 ppm de CCC, Ellabban (1978), relatou que, em plantas de Cymbopogon citratus, houve diminuição significativa da massa seca de folhas. Entretanto, El-Keltawi & Croteau (1986b) citam que, cycocel 250 ppm estimulou o crescimento de hortelã, e aplicações de cycocel 2000 ppm em sálvia, reduziu seu peso de matéria fresca a 50%. Aplicações de ethephon em hortelã (Mentha piperita), provocaram parada de crescimento e notável redução no tamanho das folhas (50%) na concentração 125 ppm; no entanto, com 500 ppm o número de folhas dobrou (El-Keltawi & Croteau,1986a). Ethephon induziu redução na massa seca de folhas no presente experimento, no entanto, este fato se deve talvez à dosagem utilizada (100 e 200 mg.L-1), bem abaixo da máxima utilizada pelo autor acima. Assim, os resultados obtidos não concordam com a literatura, pois, CCC, GA3 (dependendo da concentração) e ethephon podem levar a um certo aumento da massa seca de folhas, dependendo da planta considerada. Massa seca de flores Como as demais características houve efeito significativo somente entre as 22 épocas de coleta, mais uma vez permitindo concluir que as dosagens utilizadas para esta planta não foram as mais apropriadas. Ocorreu aumento constante deste índice da primeira até a ultima coleta (Tabela 4). Ao contrário do presente trabalho, o número de capítulos por planta, diâmetro e o peso fresco de 100 capítulos de camomila (Matricaria chamomilla) aumentaram em todos os tratamentos com GA3 (100; 200; 300; 400 e 500 ppm) e com CCC (500; 1000; 1500; 2000 e 2500 ppm), relatam Haikal & Badr (1982). Tais resultados, de acordo com os autores são devidos à natureza das plantas e à concentração específica que induziu ao estímulo da fotossíntese (especialmente o aumento de a-amilase), a qual aumentou a concentração de açúcar, elevando a pressão osmótica e permitindo a entrada de água dentro da célula, tendendo a estendê-la e alongá-la. Plantas de manjerona tratadas com CCC floresceram precocemente, enquanto no caso de GA3 floresceram tardiamente. O florescimento tardio observado em GA3 pode ser devido ao crescimento vegetativo prolongado causado pelo regulador vegetal (Vasundhara et al.,1992). No presente trabalho, novamente não se recomendaria a aplicação dos fitorreguladores nas dosagens utilizadas em Lippia alba para produção de flores, baseado nos resultados da análise de variância. Na literatura encontra-se imensa gama de resultados, ou seja, dependendo do gênero considerado, GA ou CCC podem tornar precoce ou tardia a floração, mas geralmente levam ao aumento da massa seca de flores; o etileno retarda a florada mas aumenta esta medida. Massa seca total Também para esta característica houve efeito somente das coletas, e notase um aumento contínuo da massa seca total da primeira à ultima coleta, talvez pelos mesmos motivos já citados para as outras características avaliadas (Tabela 5). Novamente este resultado discorda da maioria dos trabalhos envolvendo o uso de reguladores, já que o ácido giberélico (10; 50 e 100 ppm), permitiu taxa máxima de crescimento em extensão e acúmulo de peso seco em Cymbopogon winterianus jowitt (Nandi & Chatterjee ,1987); o peso das plantas de Rosmarinus officinalis L., com GA3 (50; 100 e 200 ppm) aumentou de maneira relevante, bem como a altura e o número de ramos por planta (ElKhateeb, 1989 ) e Kaul & Kapoor (1966), citados por Shedeed et al. (1990), apontaram que soluções de GA3 nas concentrações de 10-200 ppm, induziram aumento de 30-50% no rendimento total de plantas de Mentha arvensis e Shedeed et al. (1990), mostraram que aplicações de GA 3 em Ocimum basilicum L., aumentou a massa fresca das plantas e a massa seca, sendo 100 ppm a melhor concentração. Pela literatura percebe-se que o ácido giberélico pode aumentar ou diminuir a massa seca total da planta, embora geralmente a aumente e que o CCC pode afetar ou não tal medida, embora usualmente a reduza. Não se pode inferir sobre a ação do etileno, mas como este hormônio restringe a área foliar, a Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Ação de fitorreguladores no crescimento da erva-cidreira-brasileira. Tabela 5. Médias da massa seca total (g), de duas plantas de Lippia alba (Mill.) N.E.Br.por coleta, submetidas aos tratamentos GA3, ethephon e CCC em mg.L1 nas seis épocas de coletas. Botucatu, UNESP-FCA, 1997. Coletas pós-plantio Coleta1-14d. Coleta2-28d. Coleta3-42d. Coleta4-56d. Coleta5-70d. Coleta6-84d C.V. (a) % GAs 50 47,25 d 59,75 c 82,05 bc 94,09 b 138,90 a 132,92 a 68,3 GA3100 45,97 d 71,00 d 109,26 c 144,15 b 207,18 a 219,27 a Tratamentos Ethep100 Ethep200 CCC 1000 46,72 d 31,37 d 79,87 c 67,95 d 48,97 d 101,60 c 124,86 bc 100,02 bc 149,38 b 121,90 bc 129,06 b 157,17 b 143,90 b 92,85 c 215,78 a 184,98 a 204,75 a 204,90 a C.V. (b)% 30,4 CCC 2000 51,72 d 78,75 cd 101,48 bc 132,94 a 155,31 a 128,23 ab Test. 55,63 d 97,32 c 121,84 c 184,28 b 182,83 b 229,32 a *Coletas realizadas de 14 em 14 dias, após 100 dias de plantio. */Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey massa seca de caules e folhas e aumente o de flores, podendo diminuir seu número, deduz-se que diminua o valor dessa característica. Os resultados obtidos neste experimento estão de certa forma de acordo com a literatura quanto aos efeitos do GA3, porém, discordam com esta quanto aos efeitos do ethephon e do CCC, pois após a aplicação destes as plantas continuaram crescendo contradizendo a literatura. Os resultados do presente trabalho são controversos com a literatura, o que pode ser explicado pelo fato da planta utilizada ser bastante rústica e não domesticada. Isto se confirma pelos altos índices do coeficiente de variação. Crescendo espontaneamente no país todo, a Lippia é ainda pouco estudada quanto à sua morfologia, taxonomia, quanto à sua fisiologia e principalmente no que se refere a uma padronização genética para que se desenvolvam no campo plantas de crescimento e desenvolvimento semelhantes. Por se tratar de um trabalho inédito com aplicação de fitorreguladores em uma planta medicinal de origem brasileira, partiu-se de concentrações utilizadas para outras plantas medicinais, principalmente de outros países que não foram as mais adequadas para esta planta. Faz-se necessário, desenvolver outros trabalhos, considerando outras concentrações de fitorreguladores e as influências das condições edafo-climáticas em que a planta se encontra. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. LITERATURA CITADA ANSARI, S.H.l; Qadry J.S.; JAIN, V.K. Effect of plant hormones on the growth and chemical composition of volatile oil of Cymbopogon jawarancusa (SCHULT). Indian Journal of Foresty., v. 11, n. 2, p. 143-146, 1988. BANZATTO, D.A.; KRONKA, S.N. Experimentação agrícola. Jaboticabal: FUNEP, 1989. 247 p. BHATNAGAR, J.K.; ANSARI, S.H. Effects of hormones on the growth and composition of volatile oils of Cymbopogon citratus and Cymbopogon jawarancusa. 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Os experimentos foram feitos no Departamento de Fitotecnia da UFSM, em Santa Maria, RS, nos anos de 1998 e 1999, no interior de um túnel alto de polietileno. As plantas foram cultivadas em sacolas plásticas contendo 3,5 L de substrato por planta, na densidade de 6,6 plantas/m2. A dose de referência, em g/planta/semana, foi de 0,235 de KNO3; 0,365 de Ca(NO3)2; 0,167 de MgSO4; 0,087 de superfosfato simples, complementada por 0,008 mL de ferro quelatizado (5% Fe) e 0,038 mL de uma solução contendo os demais micronutrientes. Em 1998, o tratamento inferior (T1) foi igual à dose de referência, enquanto T2 e T3 corresponderam às quantidades de T1 multiplicadas por dois e três, respectivamente. Em 1999, a dose inferior (T4) foi igual ao tratamento T3 do ano anterior, enquanto T5 e T6 corresponderam às quantidades de T3 multiplicadas por 1,50 e 2,25, respectivamente. Cada um dos três tratamentos foi aplicado via da fertirrigação, em intervalos regulares de uma semana, a uma fileira distinta com 60 plantas. No período entre a oitava e a vigésima semana após o transplante, foi determinada a acumulação de matéria seca da parte aérea da planta, em intervalos de 21 dias, e a matéria fresca acumulada de frutos colhidos maduros, nos dois experimentos. Os resultados indicaram as quantidades, em g/planta, de 1,06 de KNO3; 1,64 de Ca(NO3)2; 0,75 de MgSO4; 0,40 de superfosfato simples, complementada por 0,036 mL de ferro quelatizado (5% Fe) e 0,17 mL da solução contendo os demais micronutrientes, como a dose semanal a ser empregada para atingir o rendimento máximo de frutos do morangueiro cultivado em substrato. Dry matter accumulation and fruit yield of strawberry plants grown on substrate under different nutrient solutions supply. Palavras-chave: Fragaria x ananassa, crescimento, rendimento, fertirrigação. The effect of five nutrient solutions was evaluated on growth and fruit yield of strawberry plants, cv. Dover, grown in a substrate with fertigation. Experiments were carried out in Santa Maria, Brazil, during 1988 and 1999, in a polyethylene tunnel. Plants were cultivated in bags filled with 3.5 L of a commercial substrate mixture, in a plant density of 6.6 plants/m2. The reference doses for the different nutrients, in g/plant/week, was 0.235 KNO3; 0.365 Ca(NO3) 2; 0.167 MgSO 4; 0.087 superphosphate (20% P 2O 5), complemented with 0.008 mL of an iron chelate (5% Fe) and 0.038 mL of a mixture with remaining micronutrients. In 1998, the low treatment (T1) was the reference dose, and the amount of nutrients in T2 and T3 were multiplied by a factor of two and three respectively. In 1999, the low doses (T4) corresponded to the amount of nutrients used in the T3 treatment in 1998, and the quantities of nutrients used in T5 and T6 were multiplied by a factor of 1.50 and 2.25, respectively. Nutrient solutions were supplied by fertigation at weekly intervals in separated rows, with 60 plants each. In the period between the 8 th and the 20 th week after transplanting, the accumulation of plant dry matter in above ground portion was determined at 21-day intervals. Ripe fruits were harvested and accumulated fruit fresh weight was recorded. Maximum fruit yield was obtained with 1.06 g KNO3, 1.64 g Ca(NO3)2; 0.75 MgSO4; 0.40 superphosphate (20% P2O5), 0.036 mL of iron chelate (5% Fe) and 0.17 mL of the micronutrient mixture per plant as weekly basis. Keywords: Fragaria x ananassa, growth, yield, fertigation. (Aceito para publicação em 12 de novembro de 2001) O cultivo do morangueiro (Fragaria x ananassa) é uma atividade econômica de importância em muitas regiões do Brasil, destacando-se os Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul como os maiores produtores nacionais (Groppo et al., 1997). Um dos problemas atuais de maior gravidade que afeta essa cultura é a alta incidência de mo1 2. léstias, tanto da parte aérea como do sistema radicular. Aquelas que atacam o sistema radicular são responsáveis por elevada mortalidade de plantas nas lavouras, que é agravada pelo cultivo sucessivo durante vários anos na mesma área, geralmente em pequenas propriedades. A conseqüência final dessa situação é o baixo rendimento de frutos da cultura, cuja produtividade média no Estado do Rio Grande do Sul se situa em torno de 500 gramas/planta, o que está muito abaixo do potencial de produção, superior a 700 gramas/planta em um único ciclo de produção (Hennion & Veschambre, 1997) A elevada incidência de moléstias da parte aérea da planta exige a aplicação freqüente de Bolsista de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do RS, FAPERGS, no ano de 1998. Bolsista de Iniciação Científica do Programa PIBIC-CNPq, no ano de 1999. 24 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Acumulação de matéria seca e rendimento de frutos de morangueiro cultivado em substrato com diferentes soluções nutritivas. fungicidas para o seu controle. A observância dos períodos de carência dos agrotóxicos é difícil de ser realizada durante o período de produção de frutos, pois as colheitas são efetuadas em intervalos de poucos dias. Consequentemente, o consumo do morango pela população brasileira está aquém das potencialidades devido à falta de confiança do consumidor em relação aos teores residuais de agrotóxicos presentes nos frutos. Uma das alternativas tecnológicas para evitar as moléstias radiculares e reduzir a incidência daquelas que atacam a parte aérea da planta é o cultivo em ambiente protegido e sobre substratos estéreis. Nesse sistema de cultivo, o fornecimento de água e nutrientes pode ser melhor ajustado às necessidades da planta, reduzindo-se as perdas por excessos. O potencial de inóculo das principais moléstias pode ser diminuído mediante a cobertura total do solo com filme de polietileno (mulching), combinada com a desinfestação sistemática dos materiais estruturais do ambiente protegido antes de cada ciclo de produção. Outra vantagem do método é a possibilidade de cultivar as plantas sobre estrados, a uma altura aproximada de um metro acima do nível do solo, facilitando as operações de manejo e de colheita dos frutos (FAO, 1990). No cultivo em substratos, os nutrientes devem ser fornecidos às plantas através de uma solução nutritiva completa, via fertirrigação, obedecendo a uma determinada proporção entre os nutrientes que a compõem. Os resultados sobre a extração de nutrientes pela cultura do morangueiro encontrados na literatura consultada variam entre os autores (Branzanti, 1985; Ulrich et al., 1992; Castellane, 1993; Hennion & Veschambre, 1997; Archbold & Mackown, 1995). Os dados existentes são valores totais obtidos durante o ciclo de produção de cultivares predeterminadas e relativos aos níveis de produtividade específicos. Resultados sobre a extração máxima de macronutrientes obtidos por Souza et al. (1976) e citados por Castellane (1993) apontam valores da ordem de 1,33; 0,23; 1,36; 0,73; 0,25 e 0,20 g/planta de N, P, Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. K, Ca, Mg e S para a cultivar de morangueiro Monte Alegre e de 1,61; 0,36; 1,87; 0,73; 0,30 e 0,21 g/planta, para a cultivar Campinas. Para a cultivar Gariguette, na França, Hennion & Veschambre (1997) citam valores de 3,0; 0,80; 3,66; 1,25 e 0,54 g/planta para o N, P, K, Ca e Mg, respectivamente. Quando o cultivo é realizado fora do solo, a nutrição mineral deve ser planejada de forma a ajustar a oferta de nutrientes de acordo com a demanda da planta no decorrer do seu ciclo de produção, através de modelos que levem em conta a acumulação de matéria seca pela cultura (Justes et al., 1995; Le Bot et al., 1998). O presente trabalho teve por objetivo comparar o efeito de diferentes soluções nutritivas sobre o crescimento e o rendimento de frutos do morangueiro cultivado em substrato e inferir sobre a dosagem semanal a ser empregada para maximizar o rendimento de frutos dessa cultura. MATERIAL E MÉTODOS Dois experimentos foram conduzidos na Universidade Federal de Santa Maria –(RS) em 1998 e 1999, no interior de um túnel semicircular de polietileno (5 m de largura e 20 m de comprimento), com o morangueiro Dover. As mudas foram implantadas em sacolas de polietileno, contendo 3,5 L do substrato comercial Plantmax Folhosas, arranjadas no interior do túnel em dez fileiras, com 60 plantas em cada fileira, em uma distância de 0,50 m entre fileiras e 0,30 m entre as sacolas. Os tratamentos consistiram de cinco soluções nutritivas, com base em uma solução de referência (T1), obtida a partir daquela recomendada para a cultura do tomateiro por Jeannequin (1987), a qual foi transformada em quantidades semanais de nutrientes fornecidos através da fertirrigação (Andriolo et al., 1997; Andriolo & Poerschke, 1997). As quantidades previstas para o tomateiro foram ajustadas para o morangueiro através de uma relação de proporcionalidade entre a matéria seca total das plantas das duas culturas no estádio adulto As quantidades de fertilizantes aplicadas pela solução de referência foram, em g/planta: 0,235 de KNO3; 0,365 de Ca(NO3)2; 0,167 de MgSO4; 0,087 de superfosfato simples, complementadas por 0,008 mL de ferro quelatizado (5% Fe) e 0,038 mL de uma solução contendo os demais micronutrientes, em mmol/L-1: 0,4 de (NH4)6Mo7O24.4H2O; 243 de H3BO3; 10 de CuSO4.5H2O; 90 de MnSO4.4H2O e 35 de ZnSO4.7H2O (Jeannequin, 1987). As outras soluções foram fixadas em doses múltiplas da solução de referência, mantendo-se inalteradas as proporções entre os nutrientes. No ano de 1998, as quantidades de nutrientes nos tratamentos T2 e T3 corresponderam às quantidades de T1 multiplicadas por dois e três, respectivamente. No ano de 1999, também foram comparadas três doses, sendo a menor (T4) igual àquela do tratamento T3 do ano anterior, enquanto os tratamentos T5 e T6 corresponderam às quantidades de T3 multiplicadas por 1,50 e 2,25, respectivamente. Para efetuar a aplicação dessas doses, as respectivas quantidades de fertilizantes previstas para cada planta foram dissolvidas em um volume eqüivalente a um litro de água por planta. Para fins de arranjo experimental, nos dois anos foi empregado o delineamento inteiramente casualizado, com três tratamentos e quatro repetições. Sobre cada sacola foi instalada uma mangueira de irrigação por gotejamento, com apenas um gotejador em cada sacola. O volume de água retido pelo substrato em cada sacola na capacidade máxima de retenção foi de 1,98 L, medido antes de iniciar os experimentos. Essa característica física foi determinada pela diferença entre a massa úmida e seca de cinco amostras de material com volume seco igual a um litro. Para determinar a massa úmida, o material foi previamente hidratado até a saturação e deixado em drenagem livre por um período de 12 horas, à sombra (Andriolo & Poerschke, 1997). As mudas foram transplantadas para as sacolas nos dias 22 e 26 do mês de abril, respectivamente, em 1998 e 1999. Até o final dos experimentos, uma dose de cada uma das soluções nutritivas foi fornecida às plantas em intervalos regulares de uma semana, pela fertirrigação. As irrigações foram feitas sempre que necessárias para repor os volumes perdidos pela transpiração. 25 J. Andriolo et al. Quatro plantas competitivas dentro de cada fileira foram coletadas em intervalos regulares de 21 dias, entre a oitava e a vigésima semana após o transplante, totalizando cinco coletas. A matéria seca das folhas, dos caules (incluindo pecíolos, pedúnculos e rizomas) e dos frutos foi determinada após secagem em estufa de circulação de ar forçado, na temperatura de 60ºC, até massa constante. Em cada fileira, foram selecionados na oitava semana, quatro grupos de cinco plantas, empregadas para determinar a produção de matéria fresca de frutos colhidos maduros duas vezes por semana ao longo do período experimental. Os resultados referentes à ultima coleta de matéria seca das plantas e de produção de matéria fresca de frutos foram submetidos à análise da variância e as médias em cada experimento testadas pelo teste de Duncan, até 5% de probabilidade. Durante o período de duração de cada um dos experimentos, o manejo do ambiente do túnel foi efetuado apenas por ventilação natural, mediante o soerguimento diário de cada uma das extremidades laterais do filme de polietileno em aproximadamente um metro, entre as 9:00 h e 15:00 h. Foram feitas aplicações semanais de fungicidas para o controle preventivo das moléstias da parte aérea das plantas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A acumulação de matéria seca nas folhas, caule e frutos no ano de 1998 foi crescente entre a oitava e a décima sétima após o transplante, para os três compartimentos citados (Figura 1). Da décima semana até o final do período, o caule mostrou estagnação do crescimento nas duas doses inferiores (Tabela 1). As quantidades de matéria seca medidas nas plantas que receberam a dose T3 diferiram significativamente das demais na última coleta efetuada. A maior resposta aos nutrientes foi observada nas folhas, com incremento de matéria seca de 34% quando a dose passou de T2 para T3. No mesmo período e tratamentos, o incremento observado no caule foi de 22% e nos frutos de 20%. A dinâmica do crescimento medido no ano de 1999 foi distinta, com redução do 26 Figura 1. Matéria seca de folhas (A,B), caule (C,D) e frutos (E,F) de plantas de morangueiro, cv. Dover, cultivadas em substrato com diferentes soluções nutritivas, nos anos de 1998 (A, C, E) e 1999 (B, D, F). Santa Maria, UFSM, 1998/99. crescimento do caule e principalmente dos frutos, após a décima quarta semana do transplante (Figura 1). As três soluções nutritivas fornecidas nesse ano não induziram efeito significativo sobre a acumulação de matéria seca de folhas, considerando-se a última coleta realizada como sendo a mais representativa das cinco que foram efetuadas (Tabela 1). Efeito negativo sobre a acumulação de matéria seca foi observado no caule, onde T6 apresentou média significativamente inferior às demais. Quanto aos frutos, tanto a matéria seca como fresca não apresentaram diferenças significativas entre as médias dos tratamentos T5 e T6. Em lavouras de morangueiro conduzidas no solo e ambiente protegi- do na costa do Mediterrâneo, Hennion & Veschambre (1997) recomendam doses de N entre aproximadamente 2 e 3 g/planta/semana, obedecendo uma proporção em torno de 1,0; 0,25 e 1,82, para o N, P e K, respectivamente. Os resultados atuais indicaram doses menores para uso no cultivo em substrato, entre 0,337 e 0,505 g/planta/semana de nitrogênio. Uma das razões desses baixos valores pode ser devido ao controle rigoroso da irrigação que foi efetuado na condução dos experimentos, reduzindo ao máximo as perdas de nutrientes pela drenagem. Quando o manejo da irrigação das lavouras for efetuado de forma empírica, essas doses devem portanto ser corrigidas de acordo com os volumes Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Acumulação de matéria seca e rendimento de frutos de morangueiro cultivado em substrato com diferentes soluções nutritivas. Tabela 1. Matéria seca (MS) de folhas, caule e frutos na última coleta efetuada na vigésima semana após o transplante e matéria fresca (MF) total de frutos do morangueiro, cv. Dover, cultivado em substrato com diferentes soluções nutritivas. Santa Maria, UFSM, 1998/99. Tratamentos1/ 1998 T1 T2 T3 CV% 1999 T4 T5 T6 CV% Folhas MS (g/planta) Caule Frutos 4,49 c 5,74 b 7,69a 7,50 6,90 b 7,10 b 8,70a 8,50 4,73 c 5,90 b 7,06a 4,00 3,72a 3,42a 2,93 b 6,60 2,81 b 3,54a 3,55a 11,90 4,70a 4,90a 4,30a 12,40 Total MF de frutos (g/planta) 16,11 c 18,75 b 23,45a 8,55 427,80 c 549,40 b 589,60a 9,40 11,23a 11,86a 10,78a 10,70 595,50 b 701,90a 674,40a 11,90 Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade. T1 = g/planta: 0,235 de KNO3; 0,365 de Ca(NO3)2; 0,167 de MgSO4; 0,087 de superfosfato simples, 0,008mL de ferro quelatizado (5% Fe) e 0,038mL de solução de micronutrientes; T2 e T3 = T1 multiplicada por dois e três, respectivamente; T4 = T3; T5 e T6 = T4 multiplicada por 1,50 e 2,25, respectivamente. */ 1/ drenados, ou mediante o monitoramento sistemático da eletrocondutividade da solução drenada, como preconizado para a cultura do tomateiro (Andriolo & Poerschke, 1997). O aumento porcentual na acumulaçâo de matéria seca entre as plantas que receberam as doses T1 e T3 no ano de 1998, foi de aproximadamente 71% para as folhas, 26% para o caule e 49% para os frutos (Tabela 1), indicando que não houve competição entre a parte vegetativa da planta e os frutos. Essa observação evidencia um comportamento peculiar do morangueiro, pois em culturas de hábito de crescimento indeterminado que produzem frutos, o crescimento deles exerce efeito inibidor sobre o crescimento da parte vegetativa (Marcellis, 1995; Heuvelink, 1996; Andriolo et al., 1998). No ano de 1999, a diferença porcentual na quantidade de matéria seca entre as doses T4 e T6 foi de aproximadamente -8,5% para as folhas, -21% para o caule e 26% para os frutos, sugerindo que houve competição entre os órgãos da parte aérea, em detrimento principalmente do caule. Esse resultado pode estar relacionado com maior incidência da mancha de micosferela que ocorreu nesse ano, afetando a produção de assimilados pela cultura. Os resultados obtidos sugerem a solução nutritiva referente ao tratamento T5 como a dose semanal de nutrientes a Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. ser empregada na fertirrigação do morangueiro cultivado em substrato, com as seguintes quantidades, em g/planta: 1,06 de KNO3; 1,64 de Ca(NO3)2; 0,75 de MgSO4; 0,40 de superfosfato simples, complementada por 0,036 mL de ferro quelatizado (5% Fe) e 0,17 mL da solução contendo os demais micronutrientes. Deve-se, porém, ressaltar, que o uso dessa fórmula na produção comercial do morangueiro deve passar por pequenos ajustes com base em características locais, levando em conta o material vegetal, o substrato empregado, o manejo da irrigação e também a relação custo/benefício. LITERATURA CITADA ANDRIOLO, J.L.; POERSCHKE, P.L. Cultivo do tomateiro em substratos. 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Postal 09, 13.418-900 Piracicaba–SP; IAC, C. Postal 28, 13.001-970 Campinas-SP, Email: [email protected] RESUMO ABSTRACT Avaliou-se o efeito da irrigação complementar por gotejamento no desenvolvimento vegetativo de pupunheiras (Bactris gasipaes Kunth) com três anos de idade. Durante 94 dias (agosto a novembro/ 97) foram estabelecidos quatro níveis de irrigação, baseados nas porcentagens de 25% (T1), 50% (T2), 75% (T3) de água disponível consumida em função da evapotranspiração de referência, medida em um par de lisímetros de lençol freático constante, e a testemunha (T4), sem irrigação, com turnos de rega de 2, 4 e 6 dias respectivamente. O delineamento experimental empregado foi em blocos casualizados com parcelas subdivididas, com quatro tratamentos, oito repetições e dezesseis plantas úteis por parcela. A resposta das plantas aos diferentes tratamentos foi avaliada por meio da taxa absoluta de crescimento das características diâmetro do estipe na região do colo, altura da planta, comprimento de ráquis, número de perfilhos, número de folhas e emissão de folhas novas. As avaliações tiveram início quatro dias antes da imposição dos tratamentos e foram repetidas aos 34; 68; 83; 98; 133 e 168 dias. Houve diferenças entre os tratamentos para número de folhas emitidas, diâmetro e altura da planta. O tratamento 1 (25% ) foi superior aos demais para número de folhas emitidas (p<0,01), enquanto para as características altura e diâmetro, o mesmo só diferiu significativamente da testemunha (p<0,05). Já os tratamentos 2 (50%) e 3 (75%) não diferiram estatisticamente entre si. Não houve diferenças entre tratamentos para comprimento da ráquis foliar, número de perfilhos e de folhas. Ocorreram diferenças significativas entre os períodos de avaliação, sendo que para todas as características mensuradas os maiores acréscimos foram obtidos a partir dos 68 dias após o início das avaliações. Comparando os tratamentos irrigados, especialmente durante os períodos de déficit hídrico, observou-se que melhor desenvolvimento, principalmente em diâmetro e número de folhas novas, foi obtido no menor turno de rega (T1: 2 dias). Essa informação é de valor fundamental no cultivo da pupunheira para palmito, pois o rendimento em palmito por planta (produção) está direta e positivamente correlacionado com o diâmetro da planta e o número de folhas. Uma vez que a seca é um dos principais fatores climáticos limitantes ao cultivo da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth), especialmente quando o objetivo principal é a produção de palmito, a irrigação complementar realizada veio suprir essa deficiência, nos meses com déficit hídrico. Effects of soil water depletion levels on the vegetative development of drip irrigated peach palm plants. Palavras-chave: Bactris gasipaes, lâminas de irrigação, desenvolvimento vegetativo, turno de rega. Keywords: Bactris gasipaes, irrigation sheets, vegetative development, irrigation interval. The effects of soil water depletion levels on the vegetative development of drip irrigated three-years-old peach palm plants were evaluated. Four irrigation levels were established for a 94-day period (August to November of 1997), based on 25% (T1), 50% (T2) and 75% (T3) of available water consumed in function of the evapotranspiration of measured reference in a lysimeter of constant water table, and the control (T4) without irrigation. A split randomized block design, with four treatments, eight replications and sixteen inner plants per plot was utilized. Peach palm response to the different treatments was evaluated throughout the absolute growth rate of the characteristics: stem diameter at soil level, plant height, foliar raquis length, offshoot and functional leaf number, as well as emission of new leaves. The evaluations began four days before treatment imposition and were repeated at 34; 68; 83; 98; 133 and 168 days. There were differences between treatments depending on for the number of emitted leaves, plant diameter and height. Treatment 1 (25%) was superior to the others for emitted leaves rate, while for the characteristics height and diameter, the same treatment only differed significantly from the control. There were no differences between treatments for raquis length, offshoot and functional leaf number. Significant differences among the evaluation periods were found for all the measured characteristics, with the largest increments being obtained after 68 days from the beginning of the evaluations. When comparing the treatment by irrigation, especially during the periods of water deficiency, it was observed that the best development in relation to diameter and number of new leaves was obtained when irrigation was done at two day intervals. (Aceito para publicação em 17 de dezembro de 2.001) O Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de palmito do mundo (Bovi, 1998). Para atender esta alta demanda, a exploração predatória já provocou grande devastação das palmeiras nativas da Mata Atlântica. Para diminuir essa pressão de exploração surge a 28 necessidade de plantio para a exploração permanente de palmito. Dentre as palmeiras que estão chamando a atenção dos agricultores, a pupunheira (Bactris gasipaes Kunth) se destaca principalmente pelas suas características de precocidade e perfilhamento (Villachica, 1996; Mora-Urpí et al., 1997; Bovi, 1998). Durante as duas últimas décadas a palmeira pupunha tem sido objeto de pesquisas intensivas e desenvolvimento em várias partes da América tropical (Clement, 1995). Estudos sobre a palmeira pupunha no EsHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Desenvolvimento vegetativo da pupunheira irrigada por gotejamento em função de diferentes níveis de depleção de água no solo. tado de São Paulo, conduzidos pelo Instituto Agronômico de Campinas, afirmam que esta tem alta adaptabilidade às condições agroclimatológicas (Germek et al., 1981) e que entre as palmeiras utilizadas para produção de palmito de boa qualidade, a pupunheira é precoce e relativamente rústica (Bovi, 1998). No entanto, é uma cultura exigente quanto às características físicas e químicas do solo, necessita de adubação balanceada para máxima produtividade e correção da acidez do solo a cada quatro anos (Bovi, 1997). Não foram encontrados resultados de pesquisa indicando a demanda de água para o cultivo. Não obstante, reconhece-se pela prática que a exigência de água pela pupunheira, quando cultivada para palmito, é elevada, sendo necessária irrigação complementar quando o plantio é feito em áreas com déficit hídrico. No caso da pupunheira, o déficit hídrico tem efeitos marcantes, não só pela redução do crescimento da palmeira, bem como pela diminuição do rendimento, afetando ainda negativamente a qualidade do palmito obtido (Bovi et al. 1997; 1998). A ausência de trabalhos de pesquisa sobre a influência da irrigação em cultivos de pupunheira se deve ao fato de que a maioria das regiões produtoras de palmito (Amazonas, Pará, Rondônia, Acre) possui elevados índices pluviométricos. Porém, atualmente a implantação de grandes áreas comerciais de palmito pupunha no Estado de São Paulo, cuja distribuição das chuvas é irregular ao longo do ano, tornam pesquisas relacionadas a esse tema necessárias. Vizquez (1981) estudou o comportamento fenológico da cultura, pela produção de folhas novas, morte das folhas, crescimento em altura e diâmetro da estipe em relação à precipitação mensal. O autor observou que os períodos de máxima precipitação correspondem ao de maior engrossamento do estipe e produção de folhas novas, ressaltando a possibilidade de que a irrigação seja economicamente recomendada para o cultivo de pupunheira em regiões com baixos índices pluviométricos. Embora a seca seja um dos principais fatores climáticos limitantes ao cultivo da pupunheira, especialmente quando o objetivo principal deste cultivo é a produção de palmito, Olitta (1984) afirma Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. que um manejo adequado da irrigação, envolve determinação da quantidade e freqüência de aplicação de água, visando sempre maximizar a produtividade e minimizar os custos e ainda as perdas de água. Tratando-se de uma cultura de alto valor econômico, a prática de irrigação complementar justifica-se, uma vez que permitirá um aumento na produtividade. O presente estudo visou obter respostas sobre os efeitos da irrigação complementar, aplicada em três diferentes níveis de irrigação, durante um período de 98 dias, no crescimento de pupunheiras para produção de palmito com três anos de idade. MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi desenvolvido de agosto/97 a janeiro/98, no campo experimental da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, localizada no município de Piracicaba à altitude de 576 metros (Ometto, 1981). Segundo a classificação climática de Köppen, o clima é do tipo CWA, com precipitação média anual de 1247 mm, temperatura média de 21,1°C, umidade relativa média de 74% e velocidade do vento de 2,2 m/s. Durante o período experimental a temperatura média variou de 19,17 a 25,070C, a umidade relativa de 69,4 a 84,0% e a precipitação de 17,3 (agosto) a 244,3 mm (novembro). O solo classifica-se como Terra Roxa Estruturada (Alfisol), série Luiz de Queiroz. Na área experimental encontrava-se instalado numa área de 12 m x 50 m, um plantio de pupunheiras com três anos de idade, inermes (procedente de Yurimaguas, Peru), com plantas espaçadas de 2 m x 1 m, num total de trezentas plantas. O delineamento experimental empregado foi em blocos casualizados com parcelas subdivididas no tempo, quatro tratamentos, oito repetições e dezesseis plantas úteis por parcela. Para aplicação de água, empregou-se um sistema de irrigação localizada, tipo gotejamento, com seis linhas laterais espaçadas entre si de 2 m. Os gotejadores, inseridos na linha lateral, apresentam uma vazão de 1,7 l/h, com pressão de serviço de 120 KPa e com três emissores por planta. A partir da curva de retenção da água no solo, calculou-se a lâmina inicial de irrigação pela capacidade máxima de armazenamento da água no solo, colocando o solo em capacidade de campo até a profundidade de 80 cm. As irrigações foram realizadas quando 25%, 50% e 75% da água disponível foi consumida, definindo os tratamentos 1, 2 e 3, respectivamente, com turnos de rega correspondentes a 2, 4 e 6 dias aproximadamente, sendo que a quantidade total de água aplicada foi de 144 mm, 130 mm e 142 mm. O controle da irrigação baseou-se na metodologia recomendada pela FAO (Doorembos & Kassan, 1979), em que a evapotranspiração máxima da cultura (mm/dia) é determinada pelo produto da evapotranspiração potencial de referência pelo coeficiente de cultivo (Kc). Utilizou-se o valor médio diário da evapotranspiração potencial de referência obtida por dois lisímetros de lençol freático constante. Devido à ausência de informação sobre o coeficiente de cultivo para a pupunheira, utilizou-se resultado obtido por Rao (1980) (Kc = 0,85) para a cultura do coco (Cocos nucifera L.). Ressalta-se que antes da aplicação dos tratamentos, as plantas do experimento vinham sendo mantidas irrigadas, porém sem um manejo correto da irrigação. As adubações foram realizadas em função da recomendação da análise química do solo (0-20 cm: pH=4,4; M.O.=2,4%; P=21 ppm; SSO4=4,6 meq/100g; K=0,28 meq/100g; Ca=0,5 meq/100g; Mg=0,26 meq/100g; Al=0,3 meq/100g; H+Al=0,58 meq/ 100g; soma de bases=7,9 meq/100g; CTC=13,7 meq/100g e V=58%; 20-40 cm: pH=5,0; M.O.=2,4%; P=15 ppm; SSO4=4,2 meq/100g; K=0,3 meq/100g; Ca=0,3 meq/100g; Mg=0,1 meq/100g; Al=0,meq/100g; H+Al=0,47 meq/100g; soma de bases=4,7 meq/100g; CTC=9,4 meq/100g e V=50%), e determinou-se a aplicação em cobertura, mensalmente, 28 g/planta da fórmula 20:05:10, complementando-se ainda com 10 g de uréia por planta, em cada cobertura. Para manter a cultura no limpo, evitando a competição com as ervas daninhas, as mesmas foram roçadas. A avaliação dos tratamentos foi realizada pelo monitoramento do desenvolvimento da cultura, onde todas as plantas de cada bloco foram mensuradas, considerandose as seguintes características: a) diâme29 A. Ramos et al. Tabela 1. Resultado da análise de variância, teste F e coeficiente de variação (CV %) para a taxa de crescimento das variáveis diâmetro da planta na região do colo, altura e emissão de folhas novas. Piracicaba, ESALQ, 1997. Quadrado Médio Coeficiente de Graus de liberdade variação Blocos 7, Tratamentos 3, Resíduo (A) 21, Parcelas 31, Tempo 3, Temp x Trat 9, Resíduo (B) 84, Total 127, Coeficiente de variação (%) Diâmetro colo Altura Folhas novas 0,0029 0,0167* 0,0024 0,0184 0,1410* 0,0379 0,0001 0,0011* * 0,0001 0,1467* * 0,0024ns 0,0015 1,9615* 0,0869ns 0,0867 0,0103* * 0,0002* * 0,0001 16,42 22,51 15,86 **significativo pelo teste F a 1% de probabilidade; *significativo pelo teste F a 5% de probabilidade; ns não significativo pelo teste F. Transformações utilizadas: diâmetro na região do colo: tro do estipe na região do colo; b) altura da planta; c) número de folhas e f) emissão de folhas novas. As medidas foram tomadas como especificado por Bovi e colaboradores (Bovi et al.,1988; 1992; 1993). Antes de se iniciarem as irrigações (05/08/97), mediu-se todas as plantas (31/07/97), sendo que as avaliações seguintes foram realizadas aos 34 (04/ 09/97), 68 (08/10/97), 83 (23/10/97) e 98 dias (07/11/97) após o início da aplicação dos tratamentos. Ao término dos 98 dias, as irrigações foram suspensas em função de chuvas intensas que ocorreram no mês de novembro, e foram realizadas mais duas avaliações aos 133 (12/12/97) e aos 168 dias (16/01/98). Os valores de crescimento das variáveis medidas foram determinados pelas taxas de acréscimos que ocorreram entre as avaliações. A taxa de crescimento absoluto (TCA) é representada pela variação, ou incremento entre duas avaliações consecutivas (Benincasa, 1988). Assim, foi calculada da seguinte maneira: TCA = A2 - A1/ T2 - T1, em que: A1 e A2 = valores reais mensurados em dois diferentes períodos e T1 e T2 = período (tempo em dias) em que foram realizadas as avaliações. Os dados foram analisados pelos métodos estatísticos: análises de variância e testes de significância (teste de Tukey a 1% e 5% de probabilidade) para os tratamentos (níveis de irrigação - variáveis dependentes) e tempos de avaliação (variáveis independentes), para todas as variáveis 30 (Gomes, 1987). As curvas de crescimento para as características diâmetro no colo, altura e folhas novas emitidas, foram ajustadas através de uma equação de regressão do tipo exponencial. RESULTADOS E DISCUSSÃO A temperatura média mensal do ar mês de agosto foi de 19°C. Com o aumento da temperatura nos meses seguintes, a freqüência de irrigação aumentou, em função do aumento da demanda evaporativa e o fornecimento de água foi mais intenso, com turnos de rega de 2; 4 e 6 dias aproximadamente, correspondentes aos tratamentos 1; 2 e 3 respectivamente. Na Tabela 1 é apresentada a análise da variância das características avaliadas. Observa-se que após análise exploratória dos dados, a característica diâmetro na região do colo necessitou de transformação de dados (visando restabelecer a homogeneidade de variância). Por esta tabela, observase que houve diferença significativa entre tratamentos para as características diâmetro no colo (p<0,05), altura (p<0,05) e emissão de folhas novas (p<0,01), entre tempo para todas as variáveis. Verifica-se também, que houve interação significativa entre períodos de avaliação e tratamentos (p<0,01), apenas para a variável folhas novas emitidas. Os coeficientes de determinação (R2) obtidos pelo ajuste de regressão exponencial para diâmetro no colo fo- ram de 0,92; 0,94; 0,90 e 0,96 para os tratamentos 1; 2; 3 e 4, respectivamente. Para a característica altura, obtevese valores de 0,97; 0,96; 0,94 e 0,91 para os tratamentos 1; 2; 3 e 4, respectivamente. Já para folhas novas emitidas, as regressões para o ajuste das curvas não foram significativas. Devido à ausência de trabalhos sobre a resposta da cultura a níveis de irrigação, as discussões serão realizadas basicamente pelos resultados obtidos na análise estatística do que com base na literatura citada. Diâmetro no colo: Pela tabela 2 observa-se que considerando a média de todos os períodos, o tratamento 1 (25% de água disponível) de água disponível não diferiu estatisticamente do tratamento 2 (50% de água disponível). Dessa forma, as plantas do tratamento 1 que receberam lâminas com maior freqüência (menor turno de rega), apresentaram médias de crescimento em diâmetro no colo semelhantes àquelas do tratamento 2 e superior apenas aos tratamentos 3 e 4. Por sua vez, os tratamentos 2; 3 e 4 não diferiram significativamente. Pela Tabela 2, que representa a taxa de crescimento média diária, em diâmetro no colo, para cada período e para o período total de avaliação, verifica-se que as maiores taxas médias de crescimento foram obtidas nos tempos 3 e 4 (intervalos de 68-83 e 83-98 dias, após o início da imposição dos tratamentos, respectivamente). Tais resultados estão de Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Desenvolvimento vegetativo da pupunheira irrigada por gotejamento em função de diferentes níveis de depleção de água no solo. Tabela 2. Médias originais da variável acréscimo em diâmetro no colo (em cm) para o fator tratamento (T1; T2; T3 e T4 = 25%; 50%; 75% de água disponível e testemunha, respectivamente) dentro do fator tempo. Piracicaba, ESALQ, 1997. Tratamentos T1 T2 T3 T4 Médias Tempo 1 (34 dias) 0,6025 a 0,2663 a 0,1813 a 0,3163 a 0,3245 Médias de tempo Tempo 2 Tempo 3 (68 dias) (83 dias) 0,3275 a 0,9163 a 0,2688 a 0,6400 a 0,1900 a 0,4675 a 0,2288 a 0,4138 a 0,2538 0,6094 Tempo 4 (98 dias) 0,8813 a 0,8163 a 0,8188 a 0,5588 a 0,7688 Médias de tratamentos 0,6819a 0,5478ab 0,4142 b 0,3791 b 0,505 Médias seguidas de letras iguais na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Figura 1. Crescimento médio em diâmetro na região do colo segundo o período de avaliação (T1; T2; T3 e T4 = 25%; 50%; 75% de água disponível e testemunha, respectivamente). Piracicaba, ESALQ, 1997. acordo com Vizquez (1981) que, em estudo sobre aspectos fenológicos da cultura, afirmou que os períodos de maior precipitação pluviométrica, corresponderam aos de maior engrossamento do estipe. Embora a quantidade total de água aplicada por tratamento seja semelhante (144; 130 e 142 mm para os tratamentos 1; 2 e 3, respectivamente), nota-se que o menor turno de rega (2 dias para o tratamento 1) favoreceu o crescimento em diâmetro das plantas, durante os períodos de maior déficit hídrico (tempos 1; 3 e 4). Isso foi mais evidente no período 3 (68 a 83 dias após o início). A Figura 1 representa o crescimento durante todo período de avaliação, para a variável diâmetro no colo. Nesta figura observa-se que durante as irrigações (34; 68; 83 e 98 dias) o crescimento das planHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. tas foi mais acentuado, para todos os tratamentos, a partir dos 68 dias (08/10), principalmente aos 83 (23/10) e 98 (7/ 11) dias, à medida em que os períodos de avaliação diminuíram de 34 para 15 dias, sendo que nesses tempos ocorreram as maiores taxas de crescimento, como pode ser observado na Tabela 2. Verifica-se na Figura 1, a tendência de estabilização do crescimento do diâmetro no colo, a partir dos 133 dias, para os tratamentos 1; 2 e 3, ao longo do tempo, e isto pode ter ocorrido devido ao elevado índice de precipitação e ao aumento da temperatura do ar e umidade relativa do ar nos meses de novembro e dezembro. Altura: O teste de média indicou diferenças significativas entre tempo e tratamento, sendo que o tratamento 1 (25% de água disponível) de água dis- ponível diferiu estatisticamente apenas do tratamento 4 (testemunha). Esta diferença entre os tratamentos 1 e 4, ocorreu no tempo 2, aos 68 dias, como verifica-se na Tabela 3. Observa-se também, que as maiores taxas de crescimento, para todos os tratamentos, foram obtidas nos tempos 3 (83 dias) e 4 (98 dias). A Figura 2 representa a curva de crescimento em altura obtida pelos diferentes tratamentos em função de todos os períodos de avaliação, onde observa-se um maior crescimento em altura nas avaliações realizadas aos 68 (08/ 10); 83 (23/10) e 98 (07/11) dias. Mesmo para as avaliações realizadas após o término das irrigações, aos 133 (12/12/ 97) e 168 (16/01/98), a cultura continuou apresentando o mesmo padrão de crescimento em relação aos períodos irrigados, isto é, com crescimento acentuado. Tais resultados são corroborados por Vizquez (1981), que relata uma relação positiva entre precipitação e crescimento em altura do estipe, ainda que este crescimento não tenha sido proporcional aos meses de maior precipitação. Folhas novas emitidas: Para a variável folhas novas emitidas, verificase pela Tabela 4 que o teste de médias indicou que houve diferença significativa entre os tratamentos (p<0,01), sendo que o tratamento 1 (25% de água disponível) de água disponível foi superior aos demais tratamentos. Sendo assim, foi feito o gráfico de crescimento desta variável, para todo período avaliado (Figura 3), incluindo aos períodos irrigados, os períodos sem irrigação (avaliações realizadas aos 133 e 168 dias). Nesta figura observa-se que as plantas do tratamento 1 emitiram um maior número de folhas novas, como resposta às 31 A. Ramos et al. Tabela 3. Médias originais da variável acréscimo em altura (cm) para o fator tratamento (T1; T2; T3 e T4 = 25%; 50%; 75% de água disponível e testemunha, respectivamente) dentro do fator tempo. Piracicaba, ESALQ, 1997. Tratamentos T1 T2 T3 T4 Médias Tempo 1 (34 dias) 5,9713 a 7,7663 a 7,9375 a 7,5450 a 7,3050 Médias de tempo Tempo 2 Tempo 3 (68 dias) (83 dias) 11,5238 a 10,6400 a 8,0463 a 10,2763a 5,5938 a 8,8438 a 5,4988 a 6,8275 a 7,6657 9,1469 Tempo 4 (98 dias) 10,5475 a 7,7862 a 13,0000 a 8,3288 a 9,9156 Médias de tratamentos 9,6706 8,8438 8,4688 7,0500 8,5083 a ab ab b Médias seguidas de letras iguais na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey a de 5% de probabilidade. Tabela 4. Médias originais da variável folhas novas para o fator tratamento (T1; T2; T3 e T4 = 25%; 50%; 75% de água disponível e testemunha, respectivamente) dentro do fator tempo. Piracicaba, ESALQ, 1997. Tratamentos T1 T2 T3 T4 Médias Tempo 1 (34 dias) 0,68 a 0,44 a 0,44 a 0,37 a 0,48 Médias de tempo Tempo 2 Tempo 3 (68 dias) (83 dias) 0,94 a 0,94 a 0,68 a 0,68 a 0,68 a 0,68 a 0,65 a 0,65 a 0,74 0,74 Tempo 4 (98 dias) 0,87 a 0,59 a 0,59 a 0,50 a 0,64 Médias de tratamentos 0,86 0,60 0,60 0,54 0,65 a b b b Médias seguidas de letras iguais na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Figura 2. Crescimento médio em altura segundo o período de avaliação (T1; T2; T3 e T4 = 25%; 50%; 75% de água disponível e testemunha, respectivamente). Piracicaba, ESALQ, 1997. irrigações realizadas a menores turnos de rega (2 dias) quando comparadas às plantas dos demais tratamentos (4 e 6 dias, e sem irrigação). Essa maior emissão de folhas, associada ao maior desenvolvimento em diâmetro de plantas (Figura 1) indica que para quantidades 32 semelhantes de água aplicada (144 a 130 mm) o melhor turno de regas é de 2 dias. Essa informação é de valor fundamental no cultivo da pupunheira para palmito, pois o rendimento em palmito por planta (produção) está direta e positivamente correlacionado com o diâmetro da planta e o número de folhas (Bovi et al., 1992; 1993). Verifica-se na figura 9 que aos 133 dias as plantas de todos os tratamentos emitiram em média duas folhas; observa-se ainda que aos 168 dias, ocorreu a emissão de aproximadamente uma folha para as plantas de todos os tratamentos. Desenvolvimento vegetativo da pupunha: No início do experimento (31/07/97) as plantas apresentavam as dimensões médias: diâmetro na região do colo 11,42 cm, altura até a inserção da folha mais nova de 115 cm, com número médio de 8 perfilhos e 5 folhas funcionais (verdes). Ao final (16/01/98) das avaliações suas dimensões foram: 14,32 cm de diâmetro no colo, 180,88 cm de altura, número médio de 9 perfilhos e 8 folhas funcionais por planta. Como resultado dos períodos de avaliação, as plantas apresentaram médias de crescimento em diâmetro no colo, e altura de 0,5; 8,5 cm respectivamente (Tabelas 2 e 3), apresentando ainda acréscimo médio de um perfilho e emissão de uma folha nova a cada período de avaliação (Tabela 4). Os resultados aqui apresentados corroboram os reporHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Desenvolvimento vegetativo da pupunheira irrigada por gotejamento em função de diferentes níveis de depleção de água no solo. Figura 3. Média do número de folhas novas emitidas segundo o período de avaliação (T1; T2; T3 e T4 = 25%; 50%; 75% de água disponível e testemunha, respectivamente). Piracicaba, ESALQ, 1997. tados por Vizquez (1981) em que o autor ressalta a possibilidade de que a irrigação seja economicamente recomendada para o cultivo de pupunheira em regiões com baixos índices pluviométricos. Este autor, estudando a resposta fenológica da cultura em relação à precipitação, por um período de um ano, afirmou que este tempo de avaliação é muito curto e não permitiu obtenção de respostas de forma repetida que permita eliminar as dúvidas surgidas. De uma forma geral, conclui-se que houve diferença significativa entre os tratamentos para as variáveis diâmetro no colo, altura e folhas novas emitidas, sendo que para as duas primeiras variáveis, as médias de crescimento do tratamento 1 (25% de água disponível) de água disponível, foram superiores apenas à do tratamento 4 (Tabelas 2 e 3), enquanto que para folhas novas emitidas, o tratamento 1 foi superior aos tra- Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. tamentos T2 (50% de água disponível), T3 (75% de água disponível) e testemunha (Tabela 4). Para todas as variáveis, os maiores acréscimos ocorreram a partir dos 68 dias após o início da imposição dos tratamentos e avaliações. Comparando os tratamentos irrigados, especialmente durante os períodos de déficit hídrico, nota-se que melhor desenvolvimento, principalmente em diâmetro e número de folhas novas, foi obtido no menor turno de rega (2 dias). LITERATURA CITADA BENINCASA, M.M.P. Análise do crescimento de plantas: (Noções Básicas). Jaboticabal, FUNEP, 1988. 42 p. (Boletim Técnico 467a). BOVI, M.L.A. Palmito pupunha: informações básicas para cultivo. Campinas, Instituto Agronômico, 1998. 50 p. (Boletim Técnico 173). BOVI, M.L.A.; GODOY JR., G.; SAES, L.A. Pesquisas com os gêneros Euterpe e Bactris no Instituto Agronômico de Campinas. In: PALMITO: I ENCONTRO DE PESQUISADORES. Curitiba, PR, 1988. p. 1-43. BOVI, M.L.A. Expansão do cultivo da pupunheira para palmito no Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 15, suplemento, p. 183-185, 1997. BOVI, M.L.A.; VIEIRA, S.R.; SPIERING, S.H.; MONTEIRO, S.M.G.; GALLO, P.B. Relações entre crescimento de pupunheira e alguns parâmetros físicos do solo. 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(Dissertação mestrado) 33 PAIVA, W.O. Divergência genética entre linhagens de melão e a heterose de seus híbridos. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 1, p. 34-37, março 2.002. Divergência genética entre linhagens de melão e a heterose de seus híbridos. Waldelice O. de Paiva Embrapa Agroindústria Tropical, C. Postal 3761, 60.511-110 Fortaleza-CE, E-mail [email protected] RESUMO ABSTRACT Avaliou-se a divergência genética entre linhagens e híbridos de melão e a heterose verificada nos híbridos produzidos com o cruzamento destas linhagens. O experimento foi desenvolvido de setembro a novembro/98, no Município de Pacajús (CE). Os tratamentos corresponderam a nove linhagens pertencentes aos grupos cantalupensis, inodorus e momordica e os dez híbridos obtidos pelo cruzamento dos seguintes tipos de linhagens: cantalupensis x cantalupensis, inodorus x inodorus, cantalupensis x momordica e inodorus x momordica. As maiores contribuições para a divergência genética entre as linhagens paternais foram observadas para sólidos solúveis totais e para o formato do fruto. Cucumis melo inodorus e C. melo cantalupensis formaram um único grupo. Nos híbridos, as distâncias genéticas foram maiores quando se utilizaram linhagem do grupo momordica como um dos parentais e menores, quando as duas linhagens eram cantalupensis. A heterose favorável nos híbridos nem sempre ocorreu quando se utilizaram linhagens divergentes, enquanto que cruzamentos entre linhagens com pequena distância genética manifestaram essa característica. Genetic divergence among melon lines and the heterosis in their hybrids. Palavras-chave: Cucumis melo, diversidade genética. Keywords: Cucumis melo, genetic diversity. The genetic divergence in melon lines and hybrids was studied, besides the heterosis manifested in the hybrids produced from lines. The experiments were conducted from September to November/98, in Pacajus, Ceará (Brazil). The treatment consisted of nine lines of cantalupensis, inodorus and momordica groups and ten hybrids produced between cantalupensis x cantalupensis, inodorus x inodorus, cantalupensis x momordica, inodorus x momordica lines types. The best contribution for genetic divergence between lines was shown in total soluble solids and fruit shape. Cucumis melo inodorus and C. melo cantalupensis were grouped together. The highest genetic distance was verified in the hybrids produced with one parental momordica. The smallest genetic distance was observed when both parents were cantalupensis. Favorable heterosis in the hybrids was not always verified when the parents were divergent, whilst hybrids from lines closely related showed this characteristic. (Aceito para publicação em 29 de novembro de 2.001) N as espécies vegetais em que o produto comercial é utilizado na forma in natura os atributos de qualidade tornam-se determinantes para a sua aceitação pelos consumidores. No caso do melão, para não serem modificadas as características reconhecidamente aceitas no mercado, os híbridos são obtidos do cruzamento entre linhagens muito próximas e isso tem limitado a seleção de linhagens parentais (McCreight, 1993). Por esse motivo, informações resultantes do uso de genitores divergentes são escassas. Os estudos da divergência genética têm sido de grande importância em programas de melhoramento envolvendo hibridações, pois sem a necessidade de cruzamentos, identificam progenitores que em futuros cruzamentos possibilitem maior efeito heterótico (Cruz et al., 1994). Com isto, é possível avaliar maior número de linhagens para maior número de características. É aplicado para diversas espécies vegetais como critério de seleção de genitores (Shamsuddin, 1985; Cruz et al.,1994). 34 Quando o objetivo do melhoramento não é produzir híbridos, o conhecimento da diversidade alélica ou gênica, constatada pelas estimativas da heterose ou através da distância genética em cruzamentos, pode auxiliar na escolha de métodos de seleção mais eficientes para explorar esta variabilidade recombinacional nas gerações avançadas. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a divergência genética de linhagens de melão e a heterose dos seus híbridos, em combinações previamente escolhidas. MATERIAL E MÉTODOS Utilizaram-se oito linhagens de melão pertencentes ao programa de melhoramento genético da Embrapa Agroindústria Tropical, obtidas após sete gerações de autofecundação, e uma linhagem considerada homozigota, introduzida da Universidade de Cornell, reconhecida como resistente ao vírus do mosaico do zucchini, vírus do mosaico da melancia e a afídeos (Pitrat, 1990). As linhagens da Embrapa Agroindústria Tropical são IM 03.02; IM 03.04; IM 04.00; IM 05.00; IM 07.00; IM 47.00 (grupo cantalupensis, frutos redondos, epiderme rendilhada e amarela, polpa e placenta de cor salmão); IM 50.00 e IM 54.00 (grupo inodorus, frutos ovais, epiderme enrugada e amarelo-ouro, polpa e placenta de cor creme). A linhagem da Universidade de Cornell (PI 414723) pertencente ao grupo momordica, apresenta frutos compridos de epiderme lisa e amarela e polpa e placenta de cor salmão. Merece destaque a expressão sexual, do tipo monoico, da linhagem PI 414723, à semelhança da maioria das cultivares pertencentes ao grupo momordica (Robinson & DeckerWalters, 1999), enquanto que as demais linhagens mostram expressão sexual andromonóica. Foram efetuados os cruzamentos direcionados: linhagens com características de frutos semelhantes (cantalupensis x cantalupensis e inodorus x inodorus) e linhagens com características diferentes (cantalupensis x momordica e inodorus x momordica). Os dez híbridos obtidos foram avaliados juntamente com as nove linhagens Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Divergência genética entre linhagens de melão e a heterose de seus híbridos. Tabela 1. Média de características agronômicas e de qualidade do fruto avaliadas nas linhagens de melão. Pacajus-CE, Embrapa Agroindústria Tropical, 1998. Genótipos IM 03.02 IM 03.04 IM 04.00 IM 05.00 IM 07.00 IM47.00 IM50.00 IM54.00 PI 414723 NFP 1/ 2,09ab 2) 1,07a 1,86ab 1,76a 1,30a 1,86ab 2,08ab 2,75ab 3,05b PFP 1,63a 0,82a 1,81a 1,30a 1,16a 1,34a 1,10a 2,17a 2,56a PMF 0,77a 0,77a 0,62a 0,70a 1,12a 0,69a 0,52a 0,81a 0,89a TCS 5,68d 6,22de 5,12bc 5,75d 6,17de 5,11bc 4,09a 6,45e 4,87b FF 1,22ab 1,01a 1,12ab 1,06ab 1,29b 1,11ab 1,05ab 1,02a 2,12c TCC 17,41a 48,08a 40,32a 29,81a 19,55a 31,14a 19,20a 38,01a 40,59a DF 0,59a 0,79a 0,68a 0,70a 0,70a 0,88a 1,19a 0,63a 0,80a SST 9,55ab 5,77a 10,66bc 8,99b 10,72bc 8,94b 12,11c 10,08bc 5,33a NFP=número de frutos/planta; PFP=produção total de frutos/planta; PMF=peso médio de frutos (g); DCS=diâmetro da cavidade da semente (cm); FF=formato do fruto; TCC=taxa de concentração da colheita (%); DF=densidade do fruto; SST=sólidos solúveis totais (ºBrix). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre sí ao nível de 5% pelo teste de Tukey. 1/ parentais em um experimento instalado sob delineamento de blocos ao acaso, com três repetições e dez plantas por parcela. O experimento foi conduzido no período de setembro a novembro/98, em campo, na Estação Experimental de Pacajus (CE), pertencente à Embrapa Agroindústria Tropical. As distâncias entre linhas de plantio e entre plantas dentro da linha foram respectivamente de 2,00 e 0,50 metros. O cultivo foi conduzido sob irrigação por gotejamento e o manejo seguiu as indicações do sistema de produção para a cultura (Dusi, 1992). Foram avaliados o número e peso total de frutos por planta, taxa de concentração da colheita aos 70 dias póssemeadura em relação à produção total e peso médio dos frutos. Em nove frutos de cada tratamento foram obtidas as medidas do formato (relação entre os diâmetros externo longitudinal e transversal) e da cavidade da semente (diâmetro transversal interno). A densidade do fruto foi estimada pela relação entre o volume e o peso, sendo o volume, calculado pela quantidade de água que um fruto desloca quando colocado dentro de um vasilhame graduado. O teor de sólidos solúveis totais foi determinado em uma amostra de suco homogeneizado, extraído de uma fatia longitudinal, com uso de um refratrômetro de campo. Antes de se efetuarem as análises estatísticas os parâmetros número de frutos e o índice do formato, foram transformados , seguindo a metodologia de para Steel & Torrie (1960). Com os dados obtidos efetuaram-se as análises genéHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. tico-estatísticas utilizando-se o programa computacional Genes (Cruz, 1997). As heteroses, em relação à média dos pais (Hmp; mp=100) foram expressas em porcentagem (acréscimo ou decréscimo) do valor médio observado para as linhagens parentais. A divergência genética entre os progenitores foi quantificada pela distância generalizada de Mahalanobis (D2), e a delimitação dos grupos de similaridade foi calculada seguindo a metodologia proposta por Tocher (RAO, 1952). RESULTADOS E DISCUSSÃO As análises de variância para as oito características avaliadas, indicam que existem diferenças estatísticas significativas entre os genótipos para número de frutos por planta (NFP), peso total de frutos por planta (PFP), peso médio de frutos (PMF), diâmetro da cavidade da semente (DCS), formato do fruto (FF) e sólidos solúveis totais (SST). Efetuados os desdobramentos dos efeitos de tratamentos, verificou-se que as linhagens diferem para NFP, PMF, DCS, FF e SST, enquanto que os híbridos mostram diferenças para NFP, PMF, DCS, FF e SST. Observa-se que ocorreram valores elevados para os coeficientes de variação ambiental de PFP e taxa de concentração da colheita (TCC) indicando que a colheita concentrada e a produção de frutos sofrem com as modificações ambientais. Estes valores estão coerentes com o comportamento do meloeiro, que é muito afetado pelo am- biente, mostrando grande variabilidade ambiental dentro de cultivares (Davis et al., 1964; Nelson & Burguer, 1996) e mesmo entre plantas dentro de cultivares. Os testes de médias das linhagens (Tabela 1) evidenciaram que a linhagem do grupo momordica, difere para NFP e FF, e é semelhante a IM 03.04 no que se refere aos baixos teores de sólidos solúveis totais. Estas linhagens já haviam sido anteriormente avaliadas, confirmando desempenho de PI 414723 para alta produção de frutos e de IM 03.04 em produzir frutos com baixos teores de açúcares (Paiva et al., 2000). Constata-se que baixo teor de açúcares é uma característica inerente desta linhagem, apesar de pertencer ao grupo cantalupensis, cujos frutos mostram altos valores para SST. A contribuição relativa dos teores de sólidos solúveis totais para a divergência genética é muito grande (38,39%), sendo a característica que contribui mais fortemente para a divergência, seguida pelo formato do fruto (31,16%). Juntas, essas duas características alcançaram quase 70% da variação total. O fato do sólidos solúveis totais mostrar alta contribuição para a divergência genética é indicativo de que linhagens com atributos qualitativos excepcionais, mas com baixo teor de sólidos solúveis não devem ser descartadas para a obtenção de híbridos, haja vista que, de acordo com Moonsoon et al. (1996), ocorre heterose favorável para essa característica. As características DCS, NFP, PMF, Den35 W. O. Paiva Tabela 2. Estimativas da divergência genética entre pares de linhagens de melão, expressas pela distância generalizada de Mahalanobis (D2), e das heteroses (H%) e médias (X) dos híbridos referentes às características agronômicas e de qualidade do fruto e as respectivas correlações. Pacajus (CE), Embrapa Agroindústria Tropical, 1998. Genitores D2 NFP X1) H (%) 1x9 107,18 2,5 ab 1x4 5,35 3,9 bc -2,7 PFP X H(%) PMF X H(%) DCS X H(%) 4,12 a 101,1 1,65 b 98,08 6,26 b 102,1 2,15 a 46,81 0,55 a -25,0 -2,37 a -14,9 1,15 a 0,67 6,32 211,93 1,14 a 7x8 43,84 2,75 ab 10,59 2,46 a 68,51 0,88 a 72,89 5,88 ab 14,17 1,09 a 32,98 20,07a -31,9 0,71 a 5,17 8x9 155,40 2,59 ab 48,17 3,90 a 5,49 0,75 a -22,09 9,55 b 43,84 3,29 1,07 a 32,80 5,53 ab 11,53 0,60 a 69,22 4,77 a 36,07 1,38 a 61,32 1,19 a 17,56 7,75 c 154,2 2,64 a 10,67 1,05 a -8,64 1,47 a 70,12 6,46 b 227,3 0,78 a 23,87 5,57 ab -2,38 2,09 c 4,74 1,05 a 4,71 17,32 2,09 c -32,8 6,71 1,09 a 51,31 68,64 0,70 a 3,55 29,12 30,48 24,41 0,63 72,78 1,09 a -33,8 5,74 a a -2,06 50,33a -29,9 H(%) 0,85 a 30,32 11,75bc 26,71 7x9 b 1,53 17,42a -26,2 3x6 -8,02 b X 8,35 ab 12,25 146,14 2,4 ab 1,57 ab -55,58 0,97 a -22,6 40,63 6,51 H(%) 3x9 13,71 2,58 a 50,7 1,41 bc X 45,19 1,07 41,5 5,93 H(%) 2x5 1,73 a ab X 18,56 1,86 c 10,92 33,64a 15,99 0,75 a 7,06 SST a -22,9 1,03 4,68 a H(%) DF 133,05 5,23 8x7 -16,07 5,38 a X TCC c 2 x9 a FF a 0,13 6,73 a 3,04 7,89 ab 2,33 0,74 a -22,18 8,19 ab -12,13 60,24a 32,80 0,81 a -37,76 10,11bc 36,94 39,73a -23,4 26,73a -31,2 0,62 a -33,38 11,94c -9,39 9,74 bc 23,99 41,98 a 21,92 15,73 0,61 a -11,62 10,05bc 21,20 Corr. Pearson -0,20 0,63 0,17 0,76 0,06 0,20 -0,29 0,33 Corr. Spencer -0,37 0,70 0,16 0,71 0,14 0,08 -0,26 0,28 NFP= número de frutos; PFP= produção total (g/planta); PMF = peso médio de frutos (g), DCS= diâmetro da cavidade da semente (cm), FF= formato do fruto; TCC= taxa de concentração da colheita; DF= densidade do fruto; SST= sólidos solúveis totais (ºBrix)) Médias seguidas de mesma letra não diferem entre sí ao nível de 5% pelo teste de Tukey. 1/ sidade do fruto (DF), TCC e PFP apresentaram contribuição relativa de 9,15; 7,58; 7,06; 3,58; 2,38 e 0,67%. As médias de dissimilaridade entre cada par de genótipos obtidas pela distância generalizada de Mahalanobis (D2), permitiram a formação de dois grupos de similaridade. O grupo I foi composto pelas oito linhagens da Embrapa Agroindústria Tropical, embora apresentem diferenças para tipo de fruto e grupo botânico. É provável que se fossem utilizadas também nesta avaliação as características de tipo de superfície de epiderme, coloração da epiderme, coloração da polpa, que são mais contratantes, o resultado do agrupamento seria diferente. O outro grupo é formado apenas por PI 414723, que é o mais divergente. As distâncias genéticas, calculadas pelo método de Mahalanobis, foram maiores quando se utilizava a linhagem do grupo momordica como um dos parentais, e menores quando duas linhagens eram do grupo cantalupensis (Tabela 2). O cruzamento mais divergente foi verificado entre uma linhagem inodorus e outra momordica (7x9=211,93). Hierarquizando-se as médias das características, do ponto de vista comercial, verifica-se que esse cruzamento (7x9), ocuparia o 9º lugar para NFP e PFP, o 4º lugar para PMF, o 10º lugar para DCS, o 8º lugar para FF o 4º lugar para TCC e o primeiro lugar para SST. 36 Os resultados obtidos confirmam que esse germoplasma não é adequado para ser utilizado diretamente na produção de híbridos porque resulta em frutos com comprimento acima do desejável, e densidade da polpa muito baixa, características de frutos com pequena espessura de polpa. Contudo esses híbridos podem ser recombinados para sintetizar uma população onde os atributos favoráveis de resistência às doenças, precocidade e concentração de colheita possam ser explorados. Observase, ainda que a heterose para SST nestes cruzamentos foi positiva em duas ocasiões, quando se cruzou com IM 03.02, uma linhagem cantaloupe (cantalupensis) e quando se utilizou IM 40.00, uma linhagem amarela (inodorus). Considerando que sólidos solúveis totais é uma característica que tem controle poligênico, com ação genética aditiva e não aditiva e heterose (McCreiht et al.,1993), existe a possibilidade de que num programa de seleção recorrente esta característica seja melhorada, com possibilidades de obter altos ganhos na seleção. Observa-se também na Tabela 2, que a combinação de progenitores distantes, considerados divergentes, nem sempre resulta em heterose expressiva nos híbridos. Valores de heterose abaixo de 10% foram observados nos seguintes cruzamentos: 1X9, para NFP; 2X9, para PMF, TCS, DF, e SST; 3X9, para FF,TCS, e SST. Por outro lado, os maiores valores positivos para a heterose foram observados nas combinações para NFP e PFP, no cruzamento entre duas linhagens do grupo inodorus (8X7), com valores de heterose de 154,24% e 227,38%; para PMF, no cruzamento entre uma linhagem cantalupensis e outra momordica (1x9), com heterose de 98,08%; para TCC, no cruzamento entre uma linhagem cantalupensis e outra momordica (2x9) com heterose de 68,64%; para DF, no cruzamento entre duas linhagens cantalupensis (1x4), com heterose de 30,32%; e para SST, no cruzamento entre uma linhagem do grupo inodorus e outra momordica (8X9), com heterose de 41,98%. De acordo com Cruz et al. (1994), em milho devem ser evitados cruzamentos entre cultivares do mesmo padrão de similaridade, para maximizar a variabilidade indispensável em qualquer programa de melhoramento. O que se verificou nesse trabalho, é que a heterose se manifesta mesmo em híbridos produzidos com linhagens cuja distância genética é bastante reduzida, a exemplo do cruzamento 1X4 ou 3X6, efetuado entre duas linhagens do grupo cantalupensis. Resultados semelhantes já foram relatados em quiabo por Parpat et al., (1980). Como a heterose é uma medida relativa da geração F1, em comparação à méHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Divergência genética entre linhagens de melão e a heterose de seus híbridos. dia dos pais Cruz et al., (1994) sugerem que na escolha dos genitores devem ser considerados, além da divergência genética, seus próprios desempenhos, concordando com a maneira como até então são formados os híbridos de melão. Apesar da correlação entre a divergência genética dos progenitores e o desempenho médio dos híbridos ter sido positiva para a maioria dos caracteres, também foram detectadas correlações negativas, no caso dos pais e das médias de híbridos para os caracteres de NFP e DF. Pelo que se conhece, no que se refere ao número de frutos por planta, a ineficiência da predição deste caráter pode ser atribuída aos efeitos genéticos não aditivos (McGreicht et al., 1993). AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Programa de Biotecnologia para a Competitividade Agrícola Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. (BIOEX); Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Fruticultura Irrigada do Nordeste (PADFIN), e à VALEFRUTAS-Associação para o Desenvolvimento do Agronegócio do Vale do Assu pelos recursos fornecidos. LITERATURA CITADA CRUZ, C.D. Programa GENES: Aplicativo Computacional em Genética e Estatística. Viçosa: UFV, 1997. 442 p. 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El diseño fue completamente aleatorizado con tres repeticiones. Cada frasco poseía cuatro frutos, los que constituyeron la unidad experimental. Los tratamientos fueron cuatro, consistiendo en un flujo continuo de: a) 1%, b) 3%, c) 5% y d) 21% de O2 (testigo) completando con N 2 hasta 100%. El color, medido con un colorímetro, evolucionó más lentamente y la firmeza se retuvo por más tiempo a medida que se redujo la concentración de oxígeno. Con 5% de oxígeno el color final no difirió del testigo, con 3% sólo fue igual al exponerlos luego a 20°C, no alcanzándose una coloración normal con 1%. Por otra parte, y en todos los tratamientos por igual, los sólidos solubles y la acidez fueron menores y el pH fue mayor que al inicio. El color y la firmeza preferidos por los consumidores (Índice de color »12 y firmeza » 65 KPa) fueron alcanzados a los 7 días de almacenamiento con 21% de O2, a los 12 con 5%, a los 14 con 3% y a los 21 con 1%, correspondiéndose con valores decrecientes de la relación sólidos solubles/acidez titulable. Esto indicaría que frutos externamente semejantes poseerían propiedades organolépticas diferentes. Los efectos observados estarían asociados no sólo a la menor tensión de oxígeno, sino también a la ausencia de etileno. Postharvest quality of tomato fruits stored under controlled atmospheres. Palabras-clave: Lycopersicon esculentum, refrigeración, oxígeno, color, firmeza. Controlled atmosphere extends tomato shelf life, allowing them to be harvested them at later maturity stages and, at the same time, affecting their quality. The effects of controlled atmospheres were studied (low oxygen concentrations and free of carbon dioxide and ethylene), on color, firmness and the main components of tomato fruit taste, cv. Diva. On April 1998, fruits harvested at the turning stage (USDA) in INTA Balcarce (Argentina) were stored in 3 L hermetic flasks at 12ºC during 36 days. The experimental design was completely randomized with three replications. Each flask containing four fruits was considered as the experimental unit. Treatments were four, a flow through system of: a) 1%, b) 3%, c) 5% and d) 21% (check) of oxygen balanced with nitrogen to 100%. Color, measured with a colorimeter, changed more slowly and firmness remained higher with decreasing oxygen concentrations. The final color of fruits at 5% O2 was the same as those from check fruits. Fruits from the treatment 3% reached the optimum color only when transferred to 20ºC, while those stored at 1% did not reach a normal color. On the other side, and in all the treatments, soluble solids and titratable acidity were lower and pH was higher than those at the beginning. Color and firmness preferred by the consumers (Color index » 12 and firmness » 65 KPa) were reached after 7-day storage at 21% O2, 12 days at 5%, 14 days at 3% and 21 days at 1% according to decreasing values of the soluble solids/titratable acidity ratio. This would indicate that fruits externally alike could have different organoleptic properties. Effects observed could be related to both the low oxygen levels and the absence of ethylene. Keywords: Lycopersicon esculentum, refrigeration, oxygen, color, firmness. (Aceito para publicação em 6 de dezembro de 2.001) L a calidad óptima para el consumo de tomate fresco se obtiene cuando se permite que los frutos maduren en la planta, alcanzándose de este modo el máximo flavor (Kader et al., 1977). Con el fin de demorar la cosecha lo más posible, se ha observado un importante desarrollo de la tecnología de almacenamiento en atmósferas modificadas y controladas. En este último caso, el tomate puede ser cosechado con un grado de coloración 3 (escala USDA, 1975), el que le conferiría una vida de postcosecha relativamente larga; proporcionaría frutos de mejor sabor y permitiría que los mismos alcancen sin 38 inconvenientes la coloración final (Gong & Kenneth, 1994). La contribución relativa del sabor y el aroma al flavor no ha sido aún claramente delimitada. Con respecto al aroma, se ha observado que su principal componente (el volátil Z-3-hexenal) se encuentra en una concentración 31% mayor en tomates madurados en planta que cuando la cosecha es anticipada con el fin de lograr un mayor potencial de almacenamiento (Saltveit, 1999). En cuanto al sabor son importantes los azúcares, que constituyen aproximadamente el 60% de los sólidos solubles (predominan glucosa y fructosa), los ácidos orgánicos (mayormente cítrico y en menor medida málico), aminoácidos, lípidos y minerales (Peiris et al., 1998). Mientras algunos investigadores han sugerido que la relación sólidos solubles/acidez titulable es importante para definir las diferencias en el flavor entre cultivares de tomate, otros indican que el flavor de los frutos puede ser mejorado incrementando el contenido total de azúcares y ácidos (Jones & Scott, 1984). Generalmente, un incremento en estos compuestos resulta en un correspondiente aumento en la intensidad del flavor, lo que no Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Calidad postcosecha de tomates almacenados en atmósferas controladas. necesariamente implica una mejora en la calidad del mismo. A su vez, dado un nivel de azúcares, habría una concentración óptima de ácidos por encima de la cual ocurriría una disminución en la aceptabilidad (Malundo et al., 1995). Actualmente, el flavor del tomate es estimado tanto a partir de estudios sensoriales como mediante mediciones de sólidos solubles, pH, acidez titulable y la relación sólidos solubles/acidez titulable (Baldwin et al., 1991; 1998). Una concentración de oxígeno menor que la del aire normal conduce a una maduración más lenta, observándose que niveles de este gas por debajo del 21% reducen la velocidad de reacción en varios procesos fisiológicos como la producción de etileno y la actividad de enzimas relacionadas con el ablandamiento celular (Peppelenbos, 1997; Thompson, 1998). La concentración de oxígeno debe ser menor al 10% para afectar la respiración (Wills et al., 1981). En cambio, la respuesta al etileno se ve inhibida significativamente con niveles del orden del 3% (Silva et al., 1999). Concentraciones inferiores al 1% pueden ocasionar desórdenes fisiológicos, ya que si bien se demora la maduración, cuando los frutos son transferidos al aire se producen podredumbres antes de que se complete la coloración (Thompson, 1998), consecuencia de una fermentación anaeróbica durante el almacenamiento (Li et al., 1973). En general, los máximos beneficios del almacenamiento en atmósferas controladas se obtienen cuando la concentración de O2 oscila entre el 1% y el 5% y el CO 2 no supera el 5% (Salunke & Desai, 1984; Kader et al., 1985), habiéndose comprobado que con 0% de CO2 se obtienen muy buenos resultados (Yang & Chinan, 1988). Además, sin excepción, el producto debe ser mantenido en condiciones refrigeradas (12º C). Diversos investigadores han determinado cómo la menor concentración de oxígeno afecta la degradación del almidón y la clorofila y, al mismo tiempo, la síntesis de licopeno, b-caroteno y azúcares solubles (Thompson, 1998). Sin embargo, es menor el número de trabajos que Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. aborden su incidencia sobre las variables que en mayor medida determinan la decisión de compra por parte del consumidor, esto es, el color, la firmeza y los principales componentes del sabor. El objetivo de este trabajo fue determinar los efectos que atmósferas controladas con concentraciones de oxígeno menores a la atmosférica y libres de dióxido de carbono y etileno, producen sobre el color, la firmeza y los principales componentes del sabor de frutos de tomate Diva, cultivar larga vida ampliamente difundido. MATERIAL Y METODOS Frutos del cultivar Diva producidos en invernadero, fueron cosechados y transportados al Laboratorio de Calidad y Postcosecha de la EEA Balcarce. Tomates sanos, libres de heridas y de defectos visibles fueron desinfectados sumergiéndolos en una solución de 100 ppm de hipoclorito de sodio. Una vez secos, se clasificaron de acuerdo a su color externo utilizando la escala de colores de California Tomato Board (USDA, 1975), seleccionando aquellos correspondientes al grado de madurez 3 (entre 10% y 30% de su superficie con coloración distinta del verde). Se formaron muestras de 530 ± 30 g, colocándolas en frascos de vidrio de 3 litros de capacidad y llevándolas a una cámara refrigerada a 12ºC. El diseño experimental fue completamente aleatorizado. Cada tratamiento contó con tres repeticiones de cuatro frutos cada una, constituyendo cada frasco una unidad experimental. Se establecieron cuatro tratamientos con las siguientes concentraciones: a) 1% de oxígeno + 99% de nitrógeno, b) 3% de oxígeno + 97% de nitrógeno, c) 5% de oxígeno + 95% de nitrógeno y d) 21% de oxígeno + 79% de nitrógeno (testigo). Los mismos se aplicaron mediante un flujo continuo de 4 mL/min en el interior de cada frasco, a fin de asegurar una composición gaseosa constante a lo largo de todo el experimento y evitar la acumulación de dióxido de carbono y etileno. Diariamente se midió el contenido de dióxido de carbono y etileno dentro de los envases con el fin de verificar que no se produjera su acumulación. En el primer caso, muestras de 1 ml fueron inyectadas en un analizador infrarrojo de CO2 (Illinois Modelo 3600). Para las determinaciones de etileno muestras de igual volumen fueron inyectadas en un cromatógrafo de gases Varian Aerograph (Series 1400) con detector de ionización de llama (FID). Se determinó la calidad inicial de los frutos, considerando los mismos parámetros que posteriormente fueron evaluados a los 8; 15; 27 y 36 días de almacenamiento, fechas en las que se realizaron muestreos de tipo destructivo. Se analizaron los siguientes aspectos: Color: determinado con un colorímetro Minolta (Chroma meter CR300), utilizando la escala de la CIE L*a*b*(1976). El valor de estos parámetros para cada una de las muestras se obtuvo promediando los resultados de tres lecturas efectuadas en la zona ecuatorial y una en el extremo distal de cada uno de los frutos que componían la misma. Para expresar el color se calculó el índice de Yeatman modificado (López Camelo et al., 1996), que emplea los parámetros a*, b* y L* en lugar de a, b y L. Firmeza: Mediante la determinación de los diámetros menor y mayor del área de deformación producida al someter frutos a un aplanador horizontal (1,4 kg), aplicando el peso en la zona ecuatorial (Calbo & Nery, 1995). Cada medición fue expresada en KPa. Sólidos solubles: Se determinaron con refractómetro de mano Baush & Lomb, utilizando el jugo fresco sin diluir de las muestras, extraído con juguera, y centrifugado 20 min. a 6000 rpm. Se los expresó en ºBrix. Acidez titulable: 20 g de jugo fresco se diluyeron con 50 ml de agua destilada y se titularon con NaOH 0,1 N. La acidez titulable fue calculada como g% de ácido cítrico mediante la siguiente fórmula: A= acidez en g% de ácido cítrico V= volumen de NaOH 0,1 N, en cm3 G= cantidad de muestra en g 39 P.A. Gomes & A.F.L. Camelo Relación sólidos solubles/acidez titulable: como una medida del sabor de los frutos, se calculó esta relación expresándola de la siguiente manera (multiplicada por 10 para facilitar la interpretación gráfica de los resultados): pH: se determinó con un pehachímetro sobre el jugo sin diluir de las muestras, extraído y centrifugado. Para determinar diferencias entre tratamientos se realizó análisis de varianza. Para estimar la evolución de cada parámetro bajo cada tratamiento se realizaron análisis de regresión en función del tiempo de almacenamiento, utilizando el método de los cuadrados mínimos para seleccionar las ecuaciones. Para cada fecha de muestreo se efectuaron tests de comparaciones múltiples entre los distintos tratamientos. RESULTADOS Y DISCUSION No fueron detectadas concentraciones fisiológicamente activas de etileno ni significativas de dióxido de carbono en ninguno de los envases, lo que indicó que el flujo establecido en el interior de los frascos fue lo suficientemente alto como para evitar la acumulación de los mismos. El color de los frutos evolucionó durante el almacenamiento ajustándose a un modelo de tipo sigmoidal (Figura 1), coincidiendo con lo hallado por otros autores para frutos almacenados en atmósferas normales (Tijskens & Evelo, 1994; López Camelo & Gómez, 1998) y con coeficientes que variaron en función del contenido de oxígeno. Concentraciones de oxígeno menores que la del aire hicieron que el color se desarrollara más lentamente, siendo significativas las diferencias entre el testigo y los demás tratamientos. Esta demora se observó principalmente durante los primeros días de almacenamiento. Posteriormente, la coloración final alcanzada por los frutos almacenados en 5% de oxígeno no difirió de la observada en el testigo. Con 3% y 1% de oxígeno, el color fue menor, observándose al finalizar el experimento 40 Figura 1. Evolución del color (ICm) en tomates almacenados a 12ºC en atmósferas controladas con distintos niveles de oxígeno. Balcarce, Argentina, INTA, 1998. que aún no habían alcanzado el valor máximo. El color de los tomates provenientes del tratamiento 3% evolucionó normalmente cuando los frutos fueron llevados a temperatura ambiente. En cambio, frutos almacenados en 1% de oxígeno no alcanzaron en ninguno de los casos una coloración óptima. La firmeza de los frutos disminuyó durante el almacenamiento, existiendo un alto grado de ajuste entre la tendencia observada y las ecuaciones calculadas, de tipo exponencial negativa (Figura 2). El ablandamiento fue significativamente mayor en los frutos almacenados con 21% de oxígeno, seguidos por aquellos expuestos al 5%. Los tratamientos con 1% y 3% de O2, proporcionaron, luego de 36 días, los frutos más firmes. El contenido de sólidos solubles y la acidez titulable variaron durante el almacenamiento (Tabla 1). En todos los casos, los valores observados luego de 36 días fueron menores que los iniciales, no existiendo diferencias significativas entre tratamientos. Al analizar el cociente entre ambos parámetros (Figura 3) y calcular las ecuaciones correspondientes, se obtuvo un alto grado de ajuste. En todos los tratamientos se constató un aumento inicial de la relación, debido, principalmente, a una caída importante en la acidez y a un leve aumento en el contenido de sólidos solubles. Posteriormente, mientras la acidez tendió a estabilizarse, el contenido de sólidos solubles disminuyó, determinando que la relación cayera en forma continua hasta el final del almacenamiento. En cuanto al pH, se observó que el patrón de evolución fue similar para todos los tratamientos no siendo significativas las diferencias (Tabla 1). En todos los casos la tendencia inicial fue decreciente para luego incrementarse marcadamente hacia el final del experimento. Tanto el desarrollo del color como la pérdida de firmeza se relacionaron altamente con el contenido de oxígeno de las atmósferas, siendo más efectivas en demorar los cambios aquellas que poseían las menores concentraciones de este gas, lo que también ha sido observado por otros investigadores (Salunke & Wu, 1973). La pérdida de la firmeza es la resultante de la acción de tres enzimas principales: celulasa, pectinesterasa y poligalacturonasa (Tucker et al., 1980), siendo esta última la que mejor se correlaciona con el ablandamiento, ya Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Calidad postcosecha de tomates almacenados en atmósferas controladas. Figura 2. Evolución de la firmeza (KPa) en tomates almacenados a 12ºC en atmósferas controladas con distintos niveles de oxígeno. Balcarce, Argentina, INTA, 1998. Figura 3. Evolución de la relación (S.S./A.T.)x10 en tomates almacenados a 12ºC en atmósferas controladas con distintos niveles de oxígeno. Balcarce, Argentina, INTA, 1998. que su concentración se incrementa durante la maduración. Esta enzima se sintetiza de novo, proceso que requiere de la presencia de oxígeno y que a su vez es estimulado por el etileno (Abeles et al., 1992). Los cambios en el color se hallan controlados por enzimas que son altamente dependientes del etileno, el cual participa regulando la síntesis de licopeno y b-caroteno y la degradación Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. de la clorofila (Hobson & Grierson, 1993). En este experimento los frutos no se hallaron expuestos al etileno debido a que el barrido continuo de la atmósfera impidió su acumulación. Además, se requiere una concentración mínima de oxígeno para que el etileno, aún cuando presente, pueda ejercer su acción, debido a que su receptor tiene un grupo metálico en su estructura que debe estar bajo la forma oxidada (Abeles et al., 1992). Estudios recientes indican que la presión parcial de oxígeno a la cual la respuesta al etileno es inhibida un 50% (KM) es de aproximadamente 3% (Silva et al., 1999). El hecho de que los frutos igualmente se ablanden y cambien su color, aunque a un ritmo más lento, indicaría que al menos algunos procesos relacionados a la modificación de la pared celular y la síntesis de pigmentos serían etileno independientes. Los cambios en el contenido de sólidos solubles y la acidez titulable resultaron marcadamente independientes de la concentración de oxígeno, al menos en los niveles probados en este experimento. Esto confirmaría lo hallado en trabajos previos, donde se indicó que no existiría una relación de dependencia entre las variaciones en los ácidos orgánicos, los azúcares reductores y la degradación de almidón con respecto a los cambios en el color y el ablandamiento celular (Jeffery et al., 1984; Baldwin et al., 1991). Las enzimas relacionadas con el proceso respiratorio tienen una muy alta afinidad por el oxígeno, siendo capaces de saturarse con concentraciones menores al 1% (Silva et al., 1999). Esto explicaría la inexistencia de diferencias entre tratamientos cuando se analizaron los sólidos solubles y la acidez titulable. Debido a que la evolución del color y la pérdida de firmeza se vieron afectados de manera semejante por la concentración de oxígeno, el punto de intersección entre las funciones que los representan correspondió aproximadamente a los mismos valores de color y firmeza para todos los tratamientos (IC »12 y Firmeza »65 KPa), niveles que, según trabajos previos, prefiere el consumidor para adquirir el producto (Shewfelt & Prussia, 1993) (Figura 4). El momento en que esto ocurrió dependió de la efectividad del tratamiento para demorar los cambios (a los 7 días en el testigo, 12 días en la atmósfera con 5% de oxígeno, 14 días en la de 3% y 21 días en la de 1%). Sin embargo, la relación sólidos solubles/ acidez titulable presentó valores diferentes en cada uno de los casos, ya que su evolución mostró ser independiente de la concentración de oxígeno. 41 P.A. Gomes & A.F.L. Camelo El sabor de los frutos está dado por los niveles de azúcares y ácidos orgánicos, aún cuando no exista coincidencia en cómo estos factores interactúan. Dado que los cambios en las variables empleadas para estimar estos parámetros no dependieron de la atmósfera, pero el color y la firmeza sí lo hicieron, se podría inferir que frutos que por su aspecto externo se encontrarían en el grado de aceptación óptimo por parte del consumidor, poseerían propiedades organolépticas diferentes. Atmósferas con niveles de oxígeno menores al 5% y libres de dióxido de carbono y etileno alargaron la vida de postcosecha de frutos de tomate cv. Diva cosechados con un grado de color 3 (USDA, 1975), siendo la más conveniente aquella que poseía 3% de oxígeno. Estas atmósferas ocasionaron un retraso en el desarrollo del color y el ablandamiento, pero no afectaron significativamente los cambios que normalmente ocurren en las principales variables responsables del sabor. Los efectos observados parecen estar asociados no sólo a la menor tensión de oxígeno sino también a la ausencia de etileno, hormona no detectada en ninguno de los tratamientos. LITERATURA CITADA ABELES, F., MORGAN, P.; SALTVEIT, M. Ethylene in plant biology. 2 ed. California: Academic Press. 1992. 414 p. BALDWIN, E.A., SCOTT, J.W., EINSTEIN, M.A., MALUNDO, T.M., CARR, B.T., SHEWFELT, R.L.; TANDON, K.S. Relationship between sensory and instrumental analysis for tomato flavor. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 123, n. 5, p. 906-915. 1998. BALDWIN, E., NISPEROS-CARRIEDO, M.; MOSHONAS, M. Quantitative analysis of flavor and other volatiles and for certain constituents of two tomato cultivars during ripening. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 116, n. 2, p. 265-269, 1991. CALBO, A.; NERY, A. Medida de firmeza em hortaliças pela técnica de aplanação. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 13, n. 1, p. 14-18, maio 1995. 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A.T. pH 0 4.23b 0.45c 4.36b 4.23b 0.45c 4.36b 4.23b 0.45b 4.36a 4.23b 0.45b 4.36a Días a 12 oC 8 15 c 4.53 4.20b 0.46c 0.40b a 4.06 4.33b 4.33c 4.33c c 0.45 0.40a 4.06a 4.03a 4.6c 4.00b b 0.44 0.36a 4.16a 4.3a c 4.33 4.00a 0.40a 0.39a 4.10a 4.33a 27 4.20b 0.37a 4.63c 4.00a 0.40a 4.60c 3.86a 0.35a 4.63b 4.06a 0.39a 4.70b 36 4.00a 0.42b 4.60c 4.00a 0.43b 4.60c 3.80a 0.38a 4.66b 4.00a 0.41a 4.60b Valores seguidos por igual letra dentro de cada fila no difieren significativamente entre sí. Duncan 5%. S.S.= sólidos solubles; A.T.= acidez titulable. JEFFERY, D., SMITH, C., GOODENOUGH, P., PROSSER, Y.; GRIERSON, D. Ethyleneindependent and ethylene-dependent biochemical changes in ripening tomatoes. Plant Physiology, v. 74, p. 32-38, 1984. JONES, R.A.; SCOTT, S.J. Genetic potential to improve tomato flavor in commercial F1 hybrids. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 109, p. 318-321, 1984. KADER, A., STEVENS, M., ALBRIGHTHOLTON, M., MORRIS, L.; ALGAZI, M. 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Alberto Lamego 2000, Horto, 28.015-620 Campos dos Goytacazes – RJ; 2/UFV, 36.571-000 Viçosa – MG; E-mail: [email protected] 1/ RESUMO ABSTRACT Objetivando caracterizar morfologicamente acessos de batatadoce da Coleção de Germoplasma da UENF e visando otimizar a utilização de genomas de interesse para o melhoramento, foram instalados dois experimentos, ambos em blocos ao acaso com três repetições. Os plantios foram realizados em novembro e em dezembro de 1997, ambos na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ). Para tanto, quatorze acessos de batata-doce foram avaliados quanto a descritores da parte aérea e das raízes, num total de vinte características. Constatou-se a ocorrência de variabilidade genética entre os acessos, proporcionada principalmente pelas características pubescência do ápice das ramas, pigmentação das nervuras inferiores da folha e formato das raízes. Os acessos ‘Amarelinha’, ‘Roxinha’, ‘WON-B’ e ‘Campina 3’ apresentaram características de interesse para o mercado consumidor Norte- Fluminense. Palavras-chave: Ipomoea batatas (L.) Lam., descrição morfoagronômica, descritores, recursos genéticos. Morphologic characterization of sweet potato. To characterize morphologically accesses of sweet potato from the germplasm collection of the Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) Brazil, as a way to optimize the utilization of important genomes for plant breeding, two experiments were carried out in field conditions, both in a randomized blocks design with three replications. The experiments were done in November at UENF and December in Campos. For such experiment, fourteen sweet potato accesses were evaluated for different traits related to aerial parts, and root descriptors, in a total of twenty characteristics. Genetic variability between accesses was observed, mainly due to characteristics of pubescence of the stem apex, pigmentation of the inferior veins of leaves and shape of roots. The accesses, Amarelinha, Roxinha, WON-B and Campina 3 presented interesting characteristics for the market of north-fluminense region. Keywords: Ipomoea batatas (L.) Lam., morphoagronomic description, descriptors, genetic resources. (Aceito para publicação em 3 de dezembro de 2.001) A espécie Ipomoea batatas é cultivada em todo território nacional, apresentando uma infinidade de formas, com grande diversidade fenotípica e genotípica. Praticamente todos os Estados brasileiros possuem cultivares peculiares, 1 porém, muito do que se conhece é mera duplicata, visto ocorrerem diversas cultivares iguais com o mesmo nome e viceversa (Miranda, 1982; Murilo, 1990). Por conseguinte, a caracterização morfológica constitui em tarefa de gran- de importância para a cultura da batatadoce, para evitar o plantio de formas genômicas semelhantes e o conseqüente estreitamento genético da espécie. A caracterização morfológica consiste em fornecer uma identidade para Parte da tese de mestrado defendida pelo primeiro autor em outubro de 1999 na UENF. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 43 M. Daros et al. cada entrada através do conhecimento de uma série de dados que permitam estudar a variabilidade genética de cada amostra (Ramos & Queiroz, 1999). Considerando a necessidade de um estudo sobre a recomendação de cultivares para o Município de Campos dos Goytacazes RJ., e de se conhecer, valorizar e utilizar os acessos da coleção de I. batatas, desenvolveu-se este trabalho com o objetivo de diferenciar os acessos da Coleção de germoplasma da UENF e, com isso, indicar formas promissoras para o melhoramento genético e para o atendimento ao mercado consumidor. MATERIAL E MÉTODOS A caracterização morfológica foi realizada na Unidade de Apoio à Pesquisa do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense e na Estação Experimental de Campos da PESAGRO-RIO, no Município de Campos dos Goytacazes, onde foram instalados experimentos no campo em novembro e dezembro de 1997, respectivamente. O clima da região é classificado como tropical chuvoso, clima de bosque (AM), segundo Koeppen, citado por Ometo (1981), com uma precipitação média anual de 1023 mm. O primeiro experimento foi implantado em solo fúlvico de textura argilosa com 2,2% de matéria orgânica e o segundo em latossolo amarelo com a mesma textura e 0,14% de matéria orgânica. Utilizaram-se quatorze acessos de I. batatas, dois dos quais, provenientes de olericultores do próprio município (Roxinha e Amarelinha). Dois foram oriundos de Itaguaí (WON-A e WON-B) e um de Magé (Rosinha de Verdan), três do Estado da Paraíba (Paraíba, Mandioca e Campina 3) e os demais (Acesso 07, Talo roxo, Linha 5, Rosada, Roxa-roxa e Mazomba) sem procedência conhecida. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com quatorze tratamentos e três repetições. Cada bloco foi composto por duas leiras de quatorze metros de comprimento e 0,50 m de altura, com espaçamento de 0,25 m entre plantas e 1,5 m entre o topo das 44 leiras. As áreas experimentais foram submetidas a uma aração e uma gradagem, feitas, respectivamente, a um mês e uma semana antes do plantio; posteriormente, foram feitas leiras no terreno. As avaliações da parte vegetativa foram feitas três meses após o plantio e as da raiz foram realizadas por ocasião da colheita (120 dias após o plantio). As adubações foram feitas com base na análise de solo. De acordo com os valores obtidos nesta análise, fez-se as seguintes adubações: no ambiente 1 (UENF-CCTA) aplicou-se 10 kg/ha de nitrogênio, 180 kg/ha de P2O5 e 30 kg/ ha de K2O. No ambiente 2 (PESAGRORIO), aplicou-se a mesma quantidade de nitrogênio, metade da dose de fósforo e o dobro da dose de potássio. O nitrogênio (sulfato de amônio) foi aplicado aos quinze dias (dose única), juntamente com o cloreto de potássio. O fósforo (superfosfato simples) foi aplicado por ocasião do plantio. As irrigações por aspersão compreenderam duas aplicações semanais até três semanas após o plantio e uma irrigação semanal desta data até a colheita. O controle de invasoras foi feito de acordo com a necessidade. A caracterização morfológica foi realizada com o material em pleno desenvolvimento vegetativo, segundo proposto por Huamán (1996), exceto para características referentes às raízes tuberosas, que seguiram o padrão de caracterização recomendado pelo ‘’International Board for Plant Genetic Resources’’ (IBPGR) (1991). Os dados referentes às características de folhas e de pecíolos foram obtidos da parte central das ramas (folhas maduras), utilizando-se três folhas por planta e quatro plantas por parcela dentro de um bloco em cada experimento. Os dados referentes às raízes foram obtidos de todo material colhido de seis plantas úteis de cada parcela. Foram avaliados, conforme preconizado por Huamán (1996) e IBPGR (1991): a) tamanho da folha (TF) [pequena (<8 cm), média (8–15 cm), grande (16–25 cm) ou muito grande (>25 cm)], com notas 3; 5; 7, ou 9, respectivamente; b) perfil geral da folha (PG) (arredondada, reniforme, cordada, triangular, lanceolada, lobulada ou quase di- vidida), com notas 1; 2; 3; 4; 5; 6 ou 7, respectivamente; c) tipo de lóbulo da folha (TL) (ausência de lóbulos, lóbulos muito superficiais, lóbulos superficiais, moderados, profundos ou muito profundos), com notas 0; 1; 3; 5; 7 ou 9, respectivamente; d) número de lóbulos da folha (NL), obtido pela contagem dos lóbulos de cada folha, descartando-se os basais; e) forma do lóbulo central da folha (FLC) (ausente, dentada, triangular, semi circular; semi elíptica, elíptica, lanceolada, oblongolanceolada, linear ou linear-estreito), com notas o; 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8 ou 9, respectivamente; f) cor da folha madura (FM) (amarelo-verde, verde, verde com bordas roxas, verde cinzento, verde com nervuras roxas na face, ligeiramente roxa, predominantemente roxa, verde na face superior e roxo na inferior ou roxo em ambas as superfícies), com notas 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8 ou 9, respectivamente; g) cor da folha imatura (FI) (amarelo-verde, verde, verde com bordas roxas, verde cinzento, verde com nervuras roxas na face, ligeiramente roxa, predominantemente roxa, verde na face superior e roxo na inferior ou roxo em ambas as superfícies), com notas 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8 ou 9, respectivamente; h) pigmentação do pecíolo (PIG) (verde, verde com roxo próximo ao talo, verde com roxo próximo à folha, verde com roxo em ambos os extremos, verde com manchas roxas ao longo do pecíolo, verde com bandas roxas, roxo com verde próximo à folha, alguns verdes outros roxos ou totalmente roxo), com notas 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8 ou 9, respectivamente; i) comprimento do pecíolo (COM) [muito curto (<10cm), curto (10–20 cm), intermediário (21–30 cm), longo (31–40 cm) ou muito longo (>40 cm)], com notas 1; 3; 5; 7 ou 9, respectivamente; j) pigmentação das nervuras inferiores (PNI) (amarelo, verde, mancha roxa na base da nervura principal, mancha roxa em várias nervuras ou nervura principal parcialmente roxa, nervura principal predominantemente ou totalmente roxa, todas nervuras parcialmente roxas, todas as nervuras predominantemente ou totalmente roxas, toda face inferior ou nervuras totalmente roxas), com notas 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8 ou 9, respectivamente; l) coloração predominante das ramas (CP) (verde, verde com poucas Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Caracterização morfológica de acessos de batata-doce. Tabela 1. Caracterização de alguns descritores referentes à parte aérea de quatorze acessos de batata-doce para as condições ambientais do Município de Campos dos Goytacazes. Campos dos Goytacazes, UENF, 1997. Ramas Acesso Roxinha Amarelinha Acesso 7 Talo roxo Linha 5 WON-A Paraíba Mandioca WON-B Campina 3 Rosada Roxa-roxa R de Verdan Mazomba PIG CP CS 3 0 1 2 9 2 1 0 1 0 1 0 1 2 3 6 1 2 1 2 1 2 1 7 1 3 1 5 Folha madura PAR 9 5 3 3 3 0 0 3 3 3 5 7 7 7 PG 6 6 6 6 6 6 3 6 6 6 6 6 6 6 Forma TL NL 5 5 7 7 3 5 3 5 3 9 3 9 1 1 3 5 3 5 3 5 3 5 1 5 5 5 3 5 PNI FLC 4 9 4 2 1 1 1 2 4 2 2 2 4 2 Tamanho 9-13 (5) 8-10 (5) 10-14 (5) 11-14 (5) 10-12 (5) 10-15 (5) 8-10 (5) 10-15 (5) 10-12 (5) 11-14 (5) 10-13 (5) 11-15 (5) 10-15 (5) 10-14 (5) 8 4 9 5 7 5 5 7 7 7 2 7 7 2 Cor da folha FM FI 2 2 9 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 2 9 3 2 2 3 2 3 2 3 4 3 4/9 Pecíolo PIG COM 4 3 9 4 4 4 1 3 5 3 1 1 3 1 5 3 5 7 5 7 5 7 7 7 5 5 5 3 PIG = pigmentação da rama; CP = cor predominante da rama (1 = verde, 3 = verde com poucas manchas rosadas, 9 = totalmente roxo escuro); CS = cor secundária da rama (0 = ausente, 2 = ápice verde, 3 = nós verdes, 5 = ápice rosado, 6 = nós rosados, 7 = outros); PAR = pubescência do ápice da rama (0 = nenhuma, 3 = rala, 5 = moderada, 7 = densa, 9 = muito densa); PG = perfil geral da folha madura (3 = cordada, 6 = lobulada); TL = tipo de lóbulo da folha madura (1 = lóbulos muito superficiais, 3 = superficiais, 5 = moderados, 7 = profundos); NL = número de lóbulos da folha madura; FLC = forma do lóbulo central da folha madura (1 = dentada, 2 = triangular, 4 = semi-elíptica, 9 = linear-estreito); TAM = tamanho da folha (5 = folha mediana); PNI = pigmentação das nervuras inferiores (2 = verde, 4 = manchas roxas em várias nervuras, 5 = nervura principal parcialmente roxa, 7 = todas as nervuras parcialmente roxas, 8 = totalmente roxas, 9 = toda face inferior e nervuras totalmente roxas); FM = cor da folha madura (2 = verde, 9 = roxa em ambas superfícies); FI = cor da folha imatura (2 = verde, 3 = verde com bordo roxo, 4 = verde cinzento, 9 = roxa em ambas superfícies); PIG = pigmentação do pecíolo (1 = verde, 3 = verde com roxo próximo a folha, 4 = verde com roxo em ambos extremos, 5 = verde com manchas roxas ao longo do pecíolo, 9 = totalmente roxo); COM = comprimento do pecíolo (1 = muito curto, 3 = curto, 5 = intermediário). *Rosinha de Verdan manchas rosadas, verde com muitas manchas rosadas, verde com muitas manchas rosadas escuras, predominantemente rosado, predominantemente rosado escuro, totalmente rosado ou totalmente rosado escuro), com notas 1; 3; 4; 5; 6; 7; 8 ou 9, respectivamente); m) cor secundária das ramas (CS) (ausente, base verde, ápice verde, nós verdes, base rosada, ápice rosado, nós rosados ou outros), com notas 0; 1; 2; 3; 4; 5; 6 ou 7, respectivamente; n) pubescência do ápice das ramas (PAR) (ausência de pilosidade, pilosidade rala, moderada, densa ou muito densa), com notas 0; 3; 5; 7 ou 9, respectivamente; o) formato da raiz (FOR) [redondo (perfil quase circular com uma proporção de largura e comprimento de 1:1), redondo elíptico (perfil ligeiramente circular com bordos agudos e uma proporção de largura e comprimento de 2:1), elíptico (perfil com a largura máxima Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. igual à distância de ambos os extremos e uma proporção de largura e comprimento não superior a 3:1), ovado (perfil semelhante a um ovo), obovado (perfil inverso ao ovado), oblongo (perfil quase retangular com os lados paralelos), largo oblongo (perfil oblongo com uma proporção de largura e comprimento superior a 3:1), largo elíptico (perfil elíptico com uma proporção de largura e comprimento superior a 3:1) ou largo irregular ou curvado, com notas 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8 ou 9, respectivamente; p) defeitos na superfície da raiz (DS) (ausente, periderme com pele de crocodilo, veias proeminentes, constrições horizontais superficiais, constrições horizontais profundas, fendas longitudinais superficiais, fendas longitudinais profundas, constrições e rachaduras profundas ou outros), com notas 0; 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7 ou 8, respectivamente; q) espessura do córtex (ESPCORT) [muito fina (1mm ou menos), fina (1–2 mm), intermediária (2– 3 mm), grossa (3–4 mm), muito grossa (>4 mm)], com notas 1; 3; 5; 7 ou 9, respectivamente; r) cor predominante da periderme (CORPRED) (branco, creme, amarelo, alaranjado, marrom-alaranjado, rosado, roxo, roxo-avermelhado ou vermelho escuro), com notas 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8 ou 9, respectivamente; s) intensidade da cor (INT) (pálida, intermediária ou escura), com notas 1, 2 ou 3, respectivamente; t) cor secundaria da periderme (CORSEC) (classifica-se nos mesmos tons que a cor predominante); u) cor predominante da polpa (CPP) (branca, creme, creme-escuro, amarelo-pálido, amarelo-escuro, alaranjado-pálido, alaranjado-intermediário, alaranjado-escuro ou fortemente pigmentado com antocianinas), com notas 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8 ou 9, respectivamente. 45 M. Daros et al. Tabela 2. Caracterizações de alguns descritores referentes à raiz de quatorze acessos de batata-doce avaliados para as condições do Município de Campos dos Goytacazes. Campos dos Goytacazes, UENF, 1997. Acesso Roxinha Amarelinha Acesso 7 Talo roxo Linha 5 WON-A Paraíba Mandioca WON-B Campina 3 Rosada Roxa roxa Rosinha de Verdan Mazomba FOR DS 8/7 8/9 8 5 2/3 9/8 1 3 3/5 7/4 8/9 5/6 7 2/3 2 3 3 8 8 3 2 0 1 5 8 0 2 2 Raíz Cor da periderme ESPCORT CORPRED INT COR1SEC 7 6 1 1 3 6 1 1 9 3 2 3 9 4 2 1 7 3 2 1 7 3 2 0 9 6 3 1 9 6 2 0 7 5 1 1 5 4 2 2 7/4 6 2 1 3 9 3 9 9 6 1 1 5 6 1 1 Cor da polpa CPP 1 1 4 4 2 2 7 2 3 2 2 9 2 2 FOR = formato da raiz [1 = redondo (L/A1:1), 2 = redondo-elíptico (L/A<2:1), 3 = elíptico (L/A<3:1), 4 = ovado, 5 = obovado, 6 = oblongo (L/A=2:1), 7 = largo oblongo (L/A>3:1), 8 = largo elíptico (L/A>3:1), 9 = largo irregular ou curvado]; DS = defeito da superfície [ 0= ausente, 1 = pele de crocodilo, 2 = veias proeminentes, 3 = constrições horizontais superficiais, 5 = fendas longitudinais superficiais, 8 = outros]; ESPCORT = espessura do córtex [3 = fina (1-2mm), 5 = intermediária (2-3mm), 7 = grossa (3-4mm), 9 = muito grossa (>4mm)]; CORPRED = cor predominante da periderme [3 = amarela, 4 = alaranjada, 5 = marrom alaranjada, 6 = rosada, 7 = roxa]; INT = intensidade da cor da periderme[ 1 = pálida, 2 = intermediária, 3 = escura]; CORSEC = cor secundária da periderme [0 = ausente, 1 = branca, 2 = creme, 3 = amarela, 7 = roxa]; CPP = cor predominante de polpa [ 1= branca, 2 = creme, 3 = creme escuro, 4 = amarelo pálido, 7 = alaranjado intermediário, 9 = fortemente pigmentado com antocianinas]. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observa-se, que os descritores referentes à parte aérea revelaram elevada variabilidade genética entre os acessos inclusos nos experimentos (Tabela 1). O perfil geral e a cor da folha madura foram as características que menos proporcionaram variabilidade entre os acessos, o que se opõe à informação dada por Murilo (1990) onde é citado o formato das folhas como uma das características mais importantes na distinção genotípica. Por outro lado, a cor secundária das ramas e a pigmentação das nervuras inferiores da folha foram as que apresentaram maior variação. A pubescência do ápice das ramas foi, de todas as características avaliadas, a única que apresentou todas as classes possíveis para os quatorze acessos avaliados. No que se refere à cor predominante da rama a maioria dos acessos (80%) se encontraram dentro da mesma classe. Quanto à cor secundária, os acessos foram distribuídos de forma mais diferen46 ciada. Portanto, a cor secundária da rama possibilitou maior discernimento dos acessos. De forma análoga, a pubescência do ápice das ramas apresentou-se como um bom descritor para a caracterização. A característica pigmentação das nervuras inferiores da folha possibilitou boa discriminação dos acessos, tornando-se uma boa indicadora da variabilidade presente, com a vantagem de ser de fácil classificação. Fica evidente, ao se comparar a cor da folhagem madura com a cor da folhagem imatura (Tabela 1), que a última se destacou pela maior variação para os acessos avaliados, revelando-se de maior utilidade na distinção genotípica. Quanto ao pecíolo, a pigmentação apresentou maior número de classes do que o comprimento. Para o comprimento do pecíolo, das cinco classes formadas, duas (números sete e nove) não ocorreram na avaliação. Na Tabela 2 são apresentados alguns descritores referentes à raiz dos quatorze acessos de batata-doce avaliados. Per- cebe-se pelo mesmo, no que se refere às raízes tuberosas, que o formato foi a característica mais variável, com grande diversidade entre os acessos, inclusive dentro destas. Esta característica apresentou todas as classes possíveis de discriminação concordando com Vasconcellos (1986), que cita o formato das raízes como característica muito importante na descrição de cultivares. Cinco dos acessos avaliados (Roxinha, Amarelinha, Acesso 7, WON-A e Rosada) apresentaram o formato largoelíptico para raízes, considerado ideal para o comércio. Com exceção do acesso 7, houve alguma variação, porém com menor expressão. Com o formato elíptico, também desejável ao comércio, cita-se Linha 5, Mandioca, WON-B e Mazomba ocorrendo também alguma variação como a característica anterior. Outra característica de fácil identificação e que permite boa diferenciação é a presença de defeitos na superfície da raiz. Apesar de não terem ocorrido duas das classes, foi possível a diferenHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Caracterização morfológica de acessos de batata-doce. ciação entre os acessos. Não se levando em conta a parte aérea, os defeitos na superfície da raiz diferem um acesso de outro, mesmo que tenham formato, cor e produção iguais. Entre estes, as nervuras proeminentes foram as que mais se destacaram, ocorrendo em quatro cultivares avaliadas (Roxinha, Paraíba, Rosinha de Verdan e Mazomba), seguidas pelas constrições horizontais superficiais, que ocorreram nas cultivares Amarelinha, Acesso 7 e WON-A (Tabela2). De todos os acessos avaliados, apenas Roxa-roxa e Mandioca não apresentaram qualquer tipo de defeito na superfície da raiz; entretanto a cultivar Roxa-roxa possui uma coloração arroxeada na periderme e polpa não aceitável para o comércio local (Tabela 1). Ao contrário da característica anterior, a espessura do córtex não é de fácil obtenção, apresentando pequeno número de classes e podendo estar sujeito a erros de medições. A cor da periderme é outra característica tida como uma das mais importantes na diferenciação. Sua importância vai além do aspecto morfológico, estando mais relacionada com o aspecto comercial, onde há uma restrição de matizes preferidas pelo consumidor (creme, marromalaranjado e rosada). Para o trabalho em Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. questão, a coloração rosada, que é aceitável pelo mercado, esteve em 50% dos acessos (Roxinha, Amarelinha, Paraíba, Mandioca, Rosada, Rosinha de Verdan e Mazomba) (Tabela 2). Todavia, não se deve desconsiderar a cultivar WONB, por apresentar cor marrom-alaranjada para essa característica, que também é de boa aceitabilidade pelo comércio. A cor secundária da periderme não proporcionou boa diferenciação, visto que 9 dos 14 acessos tiveram predominância do matiz branco. Semelhante ao que ocorreu com a característica cor secundária da periderme, a cor predominante de polpa também variou pouco entre os acessos estudados, com a maioria deles dentro de uma mesma classe, que é aceitável pelo comércio. Vale ressaltar que tais características são suficientes para diferenciação, porém, no presente trabalho houve uma certa sobreposição das mesmas. É importante destacar também que embora as características comerciais sejam definidas pelo sistema radicular, a parte aérea revelou maior variabilidade, sendo mais útil na discriminação dos acessos. Pode-se concluir que os genótipos ‘Roxinha’ e ‘WON-B’ são promissores para futuros programas de melhoramento, visto atenderem às exigências do mercado consumidor. LITERATURA CITADA CAMARGO, A.P. Observações preliminares sobre o ciclo vegetativo da batata-doce. Bragantia, Campinas, v. 5, p. 797-821, 1945. HUAMÁN, Z. Botânica sistemática y morfológica de la planta de batata o camote. 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Itaguaí: Pesagro-Rio, 1986, 6 p. (Comunicado Técnico, 174). 47 CARVALHO, A.C.P.P.; RIBEIRO, R.L.D. Análise da capacidade combinatória em cruzamentos dialélicos de três cultivares de jiloeiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 1, p. 48-51, março 2.002. Análise da capacidade combinatória em cruzamentos dialélicos de três cultivares de jiloeiro1 . Ana Cristina P.P. Carvalho2 ; Raul L.D. Ribeiro3 PESAGRO-RIO, 23.851-970 Itaguaí-RJ. E-mail: [email protected] 3UFRRJ-Instituto de Biologia, BR 465, km. 7, 23.836-970, Seropédica–RJ. 2 RESUMO ABSTRACT As cultivares de jiloeiro (Solanum gilo) Tinguá, Comprido Verde Claro e Morro Redondo foram utilizadas em cruzamentos obedecendo a esquema dialélico, com os recíprocos. Os genitores e os respectivos híbridos F1 foram avaliados no campo, por 14 descritores fitotécnicos, dos quais sete foram estatisticamente analisados pelo Modelo de Griffing. Os genótipos demonstraram capacidade geral de combinação para comprimento, diâmetro e peso médio do fruto, número de dias até início da colheita e altura da planta. A capacidade específica de combinação, significativa para todas as características analisadas, indica efeitos de dominância e/ou epistáticos envolvidos no seu controle genético. Os híbridos ´Tinguá´ x ´Comprido Verde Claro´ e ´Comprido Verde Claro´ x ´Morro Redondo´ apresentaram resultados promissores para produção de frutos. Combining ability analysis in diallel crosses among three garden egg cultivars. Palavras-chave: Solanum gilo, hibridação, produtividade. Three garden egg (Solanum gilo) cultivars: Tinguá, Comprido Verde Claro, and Morro Redondo were crossed in a diallel scheme including reciprocals. Parental cultivars and F1 hybrids were evaluated under field conditions in relation to 14 agronomic traits. Seven of these traits were statistically analysed and significant effects of general combining ability demonstrated for fruit length, fruit diameter, mean fruit weight, number of days from planting to initial harvesting, and plant height. With respect to specific combining ability there was significance for all characteristics analysed, showing that dominant/ epistatic effects were involved in their genetic control. The hybrids: ‘Tinguá´ x ‘Comprido Verde Claro´ and ‘Comprido Verde Claro´ x ‘Morro Redondo´ showed promising results for fruit yield. Keywords: Solanum gilo, hybridization, yield. (Aceito para publicação em 18 de fevereiro de 2.002) O jiloeiro, Solanum gilo Raddi, é uma planta da família das solanáceas, com frutos de formas variadas, casca fina e coloração verde clara ou verde escura quando ainda imaturos, sendo apreciados por seu paladar e por suas propriedades digestivas (Castro, 1971). É bastante cultivado no Brasil, principalmente nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo (PESAGRO-RIO & EMATER-RIO, 1989). No Rio de Janeiro encontra condições favoráveis ao seu cultivo, razão pela qual tem assumido importância crescente na olericultura fluminense. Em 1999, comercializaramse 14.305 t de frutos, dos quais 98% provieram do Estado, com destaque para os municípios de Sumidouro, Nova Friburgo, Itaocara, Teresópolis e Cachoeiras de Macacu (CEASA-RJ, 2000). No início dos anos 80, eram poucas as cultivares de jiloeiro no comércio, sendo todas de origem nacional 1 (Filgueira, 1982), situação que parece perdurar até os dias de hoje. O mercado consumidor do Rio de Janeiro prefere frutos de coloração verde clara e formato alongado, enquanto em São Paulo têm maior aceitação aqueles arredondados e verde escuros. O dialelo é um método genético-estatístico que auxilia na seleção de genitores, com base na capacidade de combinação relacionada à produtividade e outras características fitotécnicas em populações segregantes. O uso do dialelo permite, ainda, conhecer o controle genético dessas características, que orienta o método de melhoramento a ser adotado (Ramalho et al., 1993; Cruz & Regazzi, 1994). Na análise dialélica proposta por Griffing (1956), o desempenho médio de cada genótipo é decomposto em capacidade geral de combinação (efeitos principais) e capacidade específica de combinação (interações). A capacidade geral de combinação (CGC) diz respeito ao comportamento médio de um genitor numa série de combinações híbridas e está associada aos efeitos aditivos dos alelos e às ações epistáticas do tipo aditiva (Cruz & Vencovsky, 1989). Por sua vez, a capacidade específica de combinação (CEC) é usada para estimar os desvios do comportamento de um híbrido em relação ao esperado com base na CGC, estando associada aos efeitos de dominância e epistasia (Cruz & Vencovsky, 1989; Cruz & Regazzi, 1994). Poucos estudos genéticos têm sido realizados com o jiloeiro para subsidiar o melhoramento da espécie. Campos (1973) estudou o comportamento de oito variedades e de seus respectivos híbridos F1, em cruzamentos dialélicos; estimou as diversas heteroses e procedeu à análise em látice, pesquisando correlações entre caracteres vegetativos e de produção; constatou a existência de alta CEC entre cruzamentos, recomendan- Parte de tese de doutorado do primeiro autor, apresentada ao Depto. De Genética da UFRRJ. 48 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Análise da capacidade combinatória em cruzamentos dialélicos de três cultivares de jiloeiro. Tabela 1. Caracterização de três cultivares de jiloeiro (Solanum gilo), respectivos híbridos F1 e seus recíprocos, segundo sete descritores fitotécnicos. Seropédica-RJ, PESAGRO-RIO, 1997. Cultivar/ Híbridoa Descritorb CORPOL CORCAL FORCAL FORFRU branca verde intermediário ovalado branca verde intermediário ovalado branca verde intermediário arredondado branca verde intermediário ovalado branca verde intermediário arredondado branca verde intermediário ovalado T CVC MR T x CVC T x MR CVC x T CORFRU verde-clara verde-clara verde-escura verde-clara verde-escura verde-clara FOREXT pontudo pontudo obtuso pontudo pontudo pontudo CVC x MR verde-escura branca verde intermediário arredondado pontudo MR x T verde-escura branca verde intermediário arredondado pontudo MR x CVC verde-escura branca verde intermediário arredondado pontudo FORSUP intermediário intermediário intermediário intermediário intermediário intermediário levemente lobado Intermediário levemente lobado T = ‘Tinguá’; CVC = ‘Comprido Verde Claro’ e MR = ‘Morro Redondo’; (Fonte: Morgado & Dias, 1992); CORFRU = cor do fruto imaturo; CORPOL = cor da polpa; CORCAL = cor do cálice; FORCAL = formato do cálice; FORFRU = formato do fruto; FOREXT = formato da extremidade apical do fruto; e FORSUP = formato da superfície do fruto. a b do o uso de dialélicos na seleção de híbridos comerciais em jiloeiro. O objetivo do presente trabalho foi estimar a CGC e a CEC em três cultivares de jiloeiro, selecionadas dentre as mais importantes atualmente no Brasil, utilizando a metodologia de cruzamentos dialélicos, com os recíprocos. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas plantas provenientes de sementes de jiloeiro cedidas pela Topseed Sementes Ltda., representando as cultivares Tinguá, Comprido Verde Claro e Morro Redondo. Os híbridos, obtidos através de polinização manual, obedeceram o esquema dialélico 3x3, com os recíprocos. Os cruzamentos foram efetuados em casa-de-vegetação na Estação Experimental de Itaguaí (EEI), da PESAGRO-RIO, sediada em Seropédica-RJ, no período de agosto a novembro de 1996. Foram usadas 10 plantas envasadas de cada cultivar, sendo que todas elas serviram como genitores femininos e masculinos. O pólen foi colhido de flores recém-abertas, previamente colocadas em placas de Petri por 24 horas para desidratar. Botões florais, no estádio anterior à antese, foram emasculados pela manhã e imediatamente polinizados. Os seis híbridos F1 e as três cultivares genitoras foram avaliados na área Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. experimental da EEI, no período de junho a dezembro de 1997. As parcelas foram constituídas de 10 plantas, dispostas no espaçamento de 1,5 x 0,8 m entre linhas e entre plantas na mesma linha, respectivamente. Procederam-se os tratos culturais rotineiros, incluindo capinas, amontoa, irrigação por aspersão e pulverizações com pesticidas (quando necessário). Os frutos foram colhidos quando próprios para comercialização e logo colocados em sacos plásticos no refrigerador até que as avaliações fossem efetuadas. Essas avaliações basearam-se em alguns descritores para Capsicum (IBPGR, 1983) e berinjela (IBPGR, 1988), segundo Morgado & Dias (1992). Foram avaliados a cor do fruto imaturo; cor da polpa; cor e formato marginal do cálice; formato do fruto; formato da extremidade do fruto; formato do fruto em corte transversal; número total e peso total de frutos; comprimento, diâmetro e peso médio do fruto; número de dias até início da colheita; e altura da planta. Nas análises de capacidade combinatória foram incluídos os genitores e os híbridos F1, com os recíprocos, perfazendo o total de p 2 genótipos; considerou-se o Modelo 1 (Griffing, 1956), supondo-se as cultivares como de efeito fixo e apenas o erro experimental como de efeito aleatório (Ramalho et al., 1993). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados de cor do fruto (casca), da polpa e do cálice, de formatos do fruto intacto e em corte transversal, e de formatos marginal do cálice e da extremidade do fruto são apresentados na Tabela 1. Os três genitores e os respectivos híbridos F1 apresentaram polpa do fruto de cor branca, cálice verde e de formato marginal intermediário. Quanto à cor do fruto (casca), observou-se dominância do verde escuro, que caracterizou todos os híbridos derivados da cultivar Morro Redondo. Campos (1973) constatou, também, que cultivares de jiloeiro de frutos verde-escuros transmitiam esta característica aos seus híbridos; além disso, verificou que os híbridos F1 entre cultivares de frutos claros e escuros, apresentavam, de modo geral, listras mais claras entremeadas à cor escura da casca, o que foi confirmado no presente estudo. Determinou-se, ainda, dominância da forma arredondada dos frutos, apresentada por todos os híbridos envolvendo ‘Morro Redondo’. Em relação ao formato da extremidade do fruto, detectou-se dominância da presença de “bico” apical (formato pontudo). Assim, os híbridos que tiveram como genitora a cultivar Morro Redondo, que produz frutos sem “bico”, apresentaram-se pontudos. 49 A.C.P.P. Carvalho & R.L.D. Ribeiro Quanto ao contorno superficial do fruto, todos os híbridos mostraram-se intermediários em relação aos genitores. Entretanto, os frutos dos híbridos derivados das cultivares Comprido Verde Claro e Morro Redondo exibiram perfil levemente lobado em corte transversal. Embora trabalhando com cultivares diferentes, os resultados relativos a características de fruto assemelham-se também àqueles encontrados por Campos (1973), que não considerou, entretanto, alguns dos descritores presentemente estudados, tais como comprimento e diâmetro do fruto, cor da polpa, cor e formato do cálice. Houve diferenças significativas entre os genótipos avaliados, permitindo a decomposição dos efeitos em CGC e CEC. Quanto à CGC, registraram-se diferenças para peso, comprimento e diâmetro do fruto, número de dias até início da colheita, e altura da planta. Não foram detectadas diferenças para número e peso total de frutos (Tabela 2). Campos (1973) já havia constatado significância de quadrados médios referentes à CGC para a maioria das características por ele estudadas, indicando que as variedades de jiloeiro na ocasião utilizadas não constituíam, da mesma forma, um grupo geneticamente homogêneo. Significância para CGC indica que efeitos gênicos aditivos estão envolvidos na herança de determinada característica. Esses efeitos gênicos aditivos são fixados ao longo de sucessivas gerações, sendo sobretudo importantes para espécies autógamas como o jiloeiro. A existência de efeitos gênicos aditivos para todos os descritores aqui avaliados abre a possibilidade de obtenção de novas cultivares a partir de cruzamentos com os genitores testados. Altos valores de gi (positivos ou negativos) indicam divergências genéticas muito expressivas entre genitores. Assim, aqueles apresentando CGC elevada seriam potencialmente superiores quanto à sua contribuição em programas de melhoramento (Ramalho et al., 1993). Pelos valores de gi referentes à produtividade (número e peso total de frutos), ‘Tinguá’ pode ser indicada como melhor genitora (Tabela 2). Em termos de comprimento do fruto, a cultivar Morro Redondo apresentou valores negativos de CGC, contribuindo 50 Tabela 2. Efeitos (gi) da capacidade geral de combinação (CGC) com referência a sete descritores fitotécnicos, a partir de cruzamentos entre três cultivares de jiloeiro (Solanum gilo). Seropédica-RJ, PESAGRO-RIO, 1997. Descritor COMFRU DIFRU NTF PTF PMF NIC ALT b Ta 0,04 - 0,07 3,94 129,50 0,47 - 4,01 - 0,01 (CGC - gi) CVC 0,22* * - 0,08* * - 0,71 - 78,83 - 0,97* * 2,77* * - 0,03* * ** ** ** ** ** MR - 0,26 * * 0,15 * * - 3,24 50,67 - 0,50 * * 1,25 * * 0,04 * * ** Significativo ao nível de 1% pelo teste de Tukey; T = ‘Tinguá’; CVC = ‘Comprido Verde Claro’; MR = ‘Morro Redondo’; b COMFRU = comprimento do fruto; DIAFRU = diâmetro do fruto; NTF = número total de frutos; PTF = peso total de frutos; PMF = peso médio do fruto; NIC = número de dias até início da colheita; ALT = altura da planta. a Tabela 3. Efeitos (sij) da capacidade específica de combinação (CEC) com referência a sete descritores fitotécnicos, a partir de cruzamentos entre três cultivares de jiloeiro (Solanum gilo). Seropédica-RJ, PESAGRO-RIO, 1997. Descritor COMFRUb DIFRU NTF PTF PMF NIC ALT T x CVC 0,27 * * - 0,16 * * 14,67 * * 362,33 * * - 0,92 * * - 2,48 * * 0,08 * * a ( CEC - s ij) T x MR - 0,25 * * 0,06 * * - 5,29 * * - 97,33 * * 0,82 * * 1,98 * * - 0,03 * * CVC x MR 0,33 * * - 0,07 * * 12,21 * * 429,00 ** 1,06 * * - 7,45 * * 0,06 * * ** Significativo ao nível de 1% pelo teste de Tukey; a T = ‘Tinguá’; CVC = ‘Comprido Verde Claro’; MR = ‘Morro Redondo’; b COMFRU = comprimento do fruto; DIFRU = diâmetro do fruto; NTF = número total de frutos; PTF = peso total de frutos; PMF = peso médio do fruto; NIC = número de dias até início da colheita; ALT = altura da planta. para reduzir esse comprimento nos híbridos de que participou. ‘Comprido Verde Claro’ e ‘Tinguá’, por sua vez, contribuíram para aumentar o comprimento do fruto, destacando-se a primeira cultivar com os valores mais altos. ‘Comprido Verde Claro’ e ‘Tinguá’, ambas produzindo frutos ovalados, induziram valores negativos de gi, demonstrando seu potencial de reduzir o diâmetro do fruto nos cruzamentos em que estiverem envolvidas. Ao contrário, ‘Morro Redondo’, que produz frutos do tipo arredondado, contribuiu no sentido de aumentar o diâmetro. Com relação ao ciclo, ‘Tinguá’, enquanto genitor, influenciou na diminui- ção do número de dias até início da colheita, enquanto ‘Comprido Verde Claro’ e ‘Morro Redondo’ revelaram efeito oposto. Finalmente, no que concerne à altura (porte) da planta, somente a cultivar Morro Redondo apresentou valores positivos de gi,, sendo a única, desse modo, a contribuir para aumentá-la. Os efeitos relacionados à CEC (sij) foram significativos para todos os descritores avaliados (Tabela 3). Valores de baixa magnitude indicam que os híbridos F1 entre as cultivares parentais apresentaram comportamento esperado, com base na CGC. Por outro lado, altos valores de sij indicam que o desempeHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Análise da capacidade combinatória em cruzamentos dialélicos de três cultivares de jiloeiro. nho de um dado híbrido tenderá a ser melhor ou pior, em relação ao esperado por conta da CGC dos genitores. Valores de s ij negativos foram registrados no cruzamento ‘Tinguá’ x ‘Morro Redondo’ para produtividade (número e peso total de frutos). As demais hibridações caracterizaram-se por valores positivos de sij, com os F1’s ‘Tinguá’ x ‘Comprido Verde Claro’ e ‘Comprido Verde Claro x ‘Morro Redondo’ destacando-se quanto a número e peso total de frutos, respectivamente. No conjunto das características estudadas, o cruzamento ‘Comprido Verde Claro’ x ‘Tinguá’ revelou 65% de heterose em relação à média dos pais e 32% em relação à do genitor mais produtivo, para número total de frutos; 63% de heterose em relação à média dos pais e 30% em relação à do genitor mais produtivo, quanto ao peso total de frutos (Tabela 3). Quanto ao diâmetro do fruto, apesar do F 1 ‘Comprido Verde Claro’ x ‘Tinguá’ ter apresentado heterose negativa, a característica é desejável para atender à preferência dos consumidores cariocas por frutos mais compridos. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Esse mesmo híbrido produziu frutos de padrão adequado à comercialização no Estado do Rio de Janeiro, isto é, de coloração verde clara, formato ovalado e “bico” apical, além de revelar maior precocidade do que seus genitores. AGRADECIMENTOS Ao pesquisador Marco Antonio de Almeida Leal (PESAGRO-RIO/EEI) pelas sugestões e apoio nas análises estatísticas, e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) pelo auxílio financeiro. LITERATURA CITADA CAMPOS, J.P. Aspectos teóricos e aplicados da heterose em jiló (Solanum gilo Raddi). Piracicaba: ESALQ, 1973. 88 p. (Tese doutorado). CASTRO, A.G. Cultura do jiló (Solanum gilo Raddi). A Lavoura, v. 74, p. 5, 1971. CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DO RIO DE JANEIRO (CEASA-RJ) – SPD – Evolução histórica das quantidades por produto: grupo–hortaliças, subgrupo-fruto, produto-jiló, período 1990-1998. Rio de Janeiro: CEASA/GRANDE RIO, 2000. n.p. CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. Viçosa: Imprensa Universitária, 1994. 390 p. CRUZ, C.D.; VENCOVSKY, R. Comparação de alguns métodos de análise dialélica. Revista Brasileira de Genética, Ribeirão Preto, v. 12, n. 2, p. 425-438, 1989. EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Niterói, RJ; EMPRESA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Niterói, RJ. Recomendações para a cultura do jiló. Niterói, 1989. 16 p. (PESAGRORIO/EMATER-RIO. Informe Técnico, 18). FILGUEIRA, F.A.R. Solanáceas III: pimentão, pimentas, berinjela e jiló. In: FILGUEIRA, F.A.R., ed. Manual de olericultura: cultura e comercialização de hortaliças. São Paulo: Agronômica Ceres. v. 2, 1982. p. 301-318. GRIFFING, B. Concept of general and specific combining ability in relation to diallel crossing systems. Australian Journal of Biological Science, v. 9, p. 463-493, 1956. MORGADO, H.S.; DIAS, M.J.V. Caracterização da coleção de germoplasma de jiló do CNPH/ EMBRAPA. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 10, n. 2, p. 86-88, 1992. RAMALHO, M.A.P.; SANTOS, J.B.; ZIMMERMANN, M.J.O. Genética quantitativa em plantas autógamas; aplicações ao melhoramento do feijoeiro. Goiânia: Editora da UFG, 1993. 271 p. 51 MARTINELLO, G.E.; LEAL, N.R.; AMARAL JÚNIOR, A.T.; PEREIRA, M.G.; DAHER, R.F. Divergência genética em acessos de quiabeiro com base em marcadores morfológicos. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 1, p. 52–58, março 2001. Divergência genética em acessos de quiabeiro com base em marcadores morfológicos. Gilmar Efrem Martinello; Nilton R. Leal; Antônio T.A. Júnior; Messias G. Pereira; Rogério F. Daher UENF–CCTA, Av. Alberto Lamego, 2000 – Horto, 28.015-620, Campos dos Goytacazes-RJ; E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Vinte e sete caracteres morfoagronômicos, 13 quantitativos e 14 qualitativos, foram utilizados para a avaliação da diversidade genética em 39 acessos do gênero Abelmoschus, por meio das análises de agrupamento hierárquico do vizinho mais próximo e de componentes principais, utilizando-se a distância Euclidiana média padronizada como medida de dissimilaridade. As plantas foram cultivadas em condições de campo na Universidade Estadual do Norte Fluminense, em Campos dos Goytacazes, utilizando-se o delineamento experimental em blocos ao acaso com quatro repetições. A formação dos grupos de acessos, com base no método hierárquico do vizinho mais próximo, revelou resultados semelhantes aos obtidos pela análise em componentes principais, já que ambos os métodos reuniram os acessos de A. esculentus e A. caillei. O método hierárquico agrupou os genótipos de forma idêntica tanto para os 27 descritores quantitativos e qualitativos quanto para os 13 descritores quantitativos separadamente, demonstrando que os descritores qualitativos tiveram pouca influência na discriminação genotípica. Por outro lado, os descritores qualitativos foram capazes de classificar corretamente as espécies, porém mascararam a variabilidade genética no germoplasma, não possibilitando um rastreamento mais abrangente dos genomas. Os descritores que menos contribuíram para a discriminação dos acessos foram, largura do epicálice, peso de 100 sementes, número de segmentos do estigma, altura da planta, comprimento da folha, largura da folha, nó do primeiro florescimento e comprimento do fruto. Genetic divergency of okra accessions based on morphological characteristics. Palavras-chave: Abelmoschus spp., diversidade genética, análise multivariada, distância genética, descritores morfológicos. Keywords: Abelmoschus spp., genetic diversity, multivariate analysis, genetic distance, morphological descriptors. Twenty-seven morphological characteristics (13 quantitative and 14 qualitative) were used to evaluate the genetic diversity of 39 Abelmoschus accessions by hierarchic method of single linkage and principal component analysis for the grouping of the genotypes. Standardized average Euclidean distance was used as dissimilarity measure. Plants were grown in field conditions at the Universidade Estadual do Norte Fluminense, in Campos dos Goytacazes, Brazil, using randomized complete blocks design with four replications. The accessions groups formation based on the hierarchic method of single linkage showed similar results to those obtained by principal components analysis since both methods grouped A. esculentus and A. caillei accessions. The hierarchic method has grouped the genotypes in the same way as for the 27 descriptors (quantitative and qualitative) as for the 13 quantitative descriptors, demonstrating that qualitative descriptors had a little influence on the genotypic discrimination. Qualitative descriptors were able to correctly classify species, although they masked the genetic variability at the germplasm, not allowing a comprehensive survey of the genomes. The characters that less contributed for the genotypes discriminations were the epicalyx length, 100 seeds weight, number of stigma segments, plant height, leaf width, first flowering node and fruit length. (Aceito para publicação em 14 de novembro de 2.001) O manejo eficiente de germoplasma vegetal é de vital importância para o pesquisador, pois este precisa de germoplasma geneticamente puro e bem caracterizado, para utilizá-lo em suas pesquisas e para o melhoramento. Neste contexto, os marcadores genéticos têm uma aplicação muito importante na administração de recursos genéticos, além de proporcionarem dados básicos que são necessários ao melhoramento de plantas ou para o mapeamento de genes. Os marcadores mais antigos e amplamente difundidos, são os que têm como base características morfológicas. Estes ainda continuam sendo aplicados com eficiência para certos tipos de germoplasma. Suas principais vantagens 52 residem no fato de serem simples, rápidos e com baixo custo de análise (Bretting & Widrlechener, 1995). Um dos empregos mais importantes dos marcadores genéticos é a determinação das relações citogenéticas que, por sua vez, é o ponto crítico para a organização da diversidade/divergência genética (Crawford, 1990). A falta de entendimento das relações sistemáticas põe em risco a proteção in situ do germoplasma. Os marcadores genéticos também podem auxiliar na identificação correta de acessos do germoplasma (Bohac et al., 1993), pois o realinhamento taxonômico servirá para saber como se proceder na administração e uso deste germoplasma no futuro. Os marcadores genéticos podem revelar, ainda, os perfis genéticos populacionais de germoplasma recém adquiridos, como um prelúdio para uma administração ex situ, per se (Brown & Clegg, 1983). Para tanto, é necessário a avaliação e interpretação simultânea de um conjunto de caracteres para a determinação daqueles que efetivamente contribuem na discriminação genotípica (Cruz, 1990). Bisht et al. (1997) utilizaram dados de 49 acessos de Abelmoschus tuberculatus para estudar a diversidade genética de características mofológicas quantitativas e qualitativas, por meio de técnicas de análises estatísticas multivariadas. Ariyo (1993) utilizou a Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Divergência genética em acessos de quiabeiro com base em marcadores morfológicos. análise de componentes principais e canônica, para estudar a variabilidade em 30 acessos de A. caillei. A partir destes resultados, ficou esclarecido que a pigmentação e características do fruto foram os descritores mais importantes na variação entre os acessos. A análise canônica, entretanto, forneceu uma visão diferente da importância relativa das várias características. Nesta, as características número de frutos por planta e peso dos frutos foram as que mais contribuíram para a variação total. Hamon & van Sloten (1989) relataram que uma única lista de descritores, proposta inicialmente para todo o gênero Abelmoschus, não considera o polimorfismo morfo-fenológico das formas africanas. A. esculentus e A. caillei são duas espécies cultivadas que coexistem com vários ciclos e estruturas diferentes e que isso revela as limitações de uma única lista de descritores na caracterização de diversas formas de espécies cultivadas, a qual é menos válida ainda, quando se considera as formas silvestres. As técnicas de estatística multivariadada que permitem a quantificação da dissimilaridade pela distância genética, assim como análises de agrupamentos, constituem-se em instrumentos adequados para a avaliação de acessos em bancos de germoplasma, onde o número de genótipos é elevado e vários descritores são utilizados (Pereira, 1989; Cruz, 1990). Este trabalho teve por objetivo estimar a diversidade genética, bem como discriminar os caracteres morfoagronômicos de maior importância na caracterização da variabilidade de acessos do gênero Abelmoschus. Para tanto, utilizou-se técnicas de análise estatística multivariada, quais sejam, as análises de agrupamento hierárquico do vizinho mais próximo e componentes principais, com base na distância Euclidiana média padronizada. MATERIAL E MÉTODOS Para o estudo da divergência genética com base em marcadores morfológicos, utilizaram-se 39 acessos do gênero Abelmoschus, sendo quinze pertencentes à espécie A. esculentus, Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. quinze A. caillei, sete A. moschatus, um A. ficulneus e um A. tetraphyllus. Estes acessos foram cedidos pela Estação Regional da Geórgia do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os quais foram solicitados com a intervenção da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, seguindo-se a legislação para importação de germoplasma. Atualmente, os acessos estão sendo mantidos pelo Banco de Germoplasma da UENF. Os genótipos incluem espécies cultivadas e silvestres de diversas origens (Tabela 1). As plantas foram cultivadas na Unidade de Apoio a Pesquisa da UENF, em Campos dos Goytacazes, no periodo de agosto de 1998 a janeiro de 1999. O espaçamento utilizado foi 1,0 m entre fileiras e 0,5 m entre plantas. Utilizouse o delineamento experimental em blocos ao acaso, com 4 repetições e 5 plantas por parcela. Na caracterização do germoplasma utilizou-se 13 descritores quantitativos: número de segmentos do epicálice, comprimento do epicálice (mm), largura do epicálice (mm), comprimento do pedúnculo (cm), peso de 100 sementes (g), número de segmentos do estigma, altura de planta (cm), número de internós, comprimento da folha (cm), largura da folha (cm), nó do primeiro florescimento, nós produzindo frutos na haste principal, comprimento do fruto (cm) e 14 descritores qualitativos: tipo de fruto (1:quinado, 2:intermediário, 3:roliço); hábito de crescimento (1:ereto, 2:intermediário, 3:prostrado); presença de ramificação (1:baixa, 2:abundante); pubescência do caule (1:altamente piloso, 2:medianamente piloso, 3:notável); cor do caule (1:verde, 2:verde com manchas vermelhas, 3:vermelho); cor da folha (1:verde, 2:verde com nervuras vermelhas, 3:vermelha) forma do epicálice (1:linear, 2:lanceolado, 3:triangular); persistência dos segmentos do epicálice [1:não persistente até sete dias do florescimento, 2:parcialmente persistente (após sete dias), 3:persistente]; cor da pétala (1:amarela, 2:branca); coloração vermelha na base da pétala (1:apenas internamente, 2:ambos os lados); posição do fruto na haste principal (1:ereto, 2:horizontal, 3:pendular); cor do fruto imaturo (1:verde, 2:verde-escuro, 3:verde com manchas vermelhas, 4:vermelho, 5:vermelho-escuro); pubescência do fruto (1:pelos macios, 2:ásperos, 3:espinhosos); tipo do estigma (1:aberto, 2:semiaberto, 3:fechado). A caracterização foi efetuada de acordo com a lista de descritores do “International Plant Genetic Resources Institute” (IPGRI) elaborada por Charrier (1984). A análise estatística foi efetuada com base na distância Euclidiana média padronizada e componentes principais, utilizando-se os recursos computacionais do Programa Genes I (Cruz, 1997). A Distância Euclidiana Média Padronizada é expressa por: n dii’ = í[ ∑ (Xij - Xi’ j)2 ]/ný½ , j=1 onde n = número de variáveis avaliadas; e Xij = a observação no acesso i em referência à característica j. Para a padronização utilizou-se a relação: Xij = Xij , S (Xj) em que S (Xj) é o desvio-padrão dos dados do j-ésimo caráter (Cruz & Regazzi, 1994). Na obtenção dos componentes principais, as seguintes propriedades foram consideradas: a) Se Yij é um componente principal, então: Yij = a1 xi1 + a2x12 + ... apxip b) Se yij’ é outro componente principal, então: yij’’ = b1xi1 + b2 xi2 + ... bpxip P P e, ∑ aj2 = å bj2 = 1 j=1 j=1 P ∑ ajbj = 0, j=1 ou seja, os componentes são não correlacionados. c) Entre os componentes principais, yi1 apresenta a maior variância, yi2 o segundo maior e, assim, sucessivamente. 53 G.E. Martinello et al. Tabela 1. Lista dos acessos de Abelmoschus spp caracterizados e suas procedências. Campos dos Goytacazes, UENF, 1999. Item 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 Acesso* 1367 1368 1369 1370 1371 1291 1304 1307 1310 1311 1312 1313 1314 1315 1321 1372 1284 1288 1290 1301 1306 1309 1373 1293 1294 1295 1297 1300 1323 1324 1296 1302 1303 1316 1317 1318 1320 1374 1375 Identificação da espécie A. esculentus cv. Piranema A. esculentus cv. Santa Cruz 47 A. esculentus cv. Pusa Sawani A. esculentus var. Itaocara I A. esculentus var. Itaocara II A. esculentus A. esculentus A. esculentus A. esculentus A. esculentus A. esculentus A. esculentus A. esculentus A. esculentus A. esculentus cv. Parbhani Kranti A. caillei A. caillei A. caillei A. caillei A. caillei A. caillei A. caillei A. manihot A. caillei A. caillei A. caillei A. manihot A. caillei A. caillei A. caillei A. moschatus A. moschatus A. moschatus A. moschatus A. moschatus A. moschatus A. moschatus A. tetraphyllus A. ficulneus Procedência Itaguaí-RJ. Itaguaí-RJ. Índia Itaocara-RJ. Itaocara-RJ Síria Paquistão Nigéria Burkina Faso Algéria Síria Zambia Camarões Sudão Índia Índia Costa do Marfim Costa do Marfim Costa do Marfim Costa do Marfim Costa do Marfim Costa do Marfim Índia Togo Guiné Togo Japão Burkina Faso Benin Guiné Benin Benin Togo Benin Costa do Marfim Benin Benin Índia Índia *Número dos acessos registrados no Banco de Germoplasma da UENF. As estimativas desses parâmetros são obtidas pela solução do sistema de equação: (R - λjI) aj = 0, em que λj são as raízes características ou autovalores da matriz 54 de correlações entre as variáveis originais ou de covariâncias entre variáveis padronizadas. Existem p autovalores correspondentes às variâncias de cada um dos p componentes principais; αj = vetor característico ou também chamado autovetor, representa o conjunto de transformações ortogonais nas quais as variáveis originais padronizadas devem ser multiplicadas, para produzir as variáveis Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Divergência genética em acessos de quiabeiro com base em marcadores morfológicos. transformadas; I é a matriz identidade de dimensão p x p; e R é matriz de correlações fenotípicas entre pares de variáveis originais. A importância relativa de cada componente (Irj) foi avaliada pela porcentagem da variância total que ele explica, ou seja: IRj = V (yij) ———— Traço de R = lj ———— ∑lj , sendo: V(Yi1) + V(Yi2) + .... + V(Yip) = Traço de R. Adotou-se o critério de descartar a variável de maior coeficiente em cada componente, com autovalor acumulado maior que 0,70, de acordo com as proposições de Jolliffer (1973) e Pereira (1989). Posteriormente, adotou-se o método hierárquico do vizinho mais próximo para o agrupamento. No procedimento analítico, partindo-se da matriz de distâncias genéticas, procedeu-se a sucessivas identificações dos genótipos mais próximos, a partir do par mais semelhante, até que se estabeleceu um diagrama de árvore. A distância entre um acesso k e um grupo formado pelos acessos i e j, é dada por: D2(ij)k = min (D2ik; D2jk), em que D2(ij)k é a distância entre o grupo ij e o acesso k, e min (D2ik; D2jk) é a menor distância entre os grupos de acessos ik e jk (Cruz & Regazzi, 1994). Ae=A. esculentus; Ac=A. caillei; Am=A. manihot; Amo=A. moschatus; At=A. tetraphyllus e Af=A. ficulneus. Figura 1. Dendrograma de dissimilaridade genética de 39 acessos de quiabeiro, estabelecido pelo método do vizinho mais próximo, utilizando-se a distância Euclidiana média padronizada com base em 27 caracteres morfológicos. Campos dos Goytacazes, UENF, 1999. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com base nas médias dos dados morfológicos obtidas a partir dos acessos, obtiveram-se três matrizes de distâncias Euclidianas, que foram analisadas pelo método hierárquico do vizinho mais próximo e de componentes principais. Com base na matriz de distâncias Euclidianas médias, geraram-se três dendrogramas (Figuras 1, 2, e 3). Fazendo-se um corte vertical a uma distância de ligação de 17,5 no agrupamento hierárquico dos acessos com base nas características avaliadas (Figura 1), observa-se que houve a formação de seis grupos. O grupo 1 reúne os acessos de A. esculentus e A. caillei. O segundo grupo reúne 5 dos 7 acessos de A. moschatus estudados. O grupo 3 reúne os acessos 1317 e 1320 de A. moschatus e os representantes de A. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Ae=A. esculentus; Ac=A. caillei; Am=A. manihot; Amo=A. moschatus; At=A. tetraphyllus e Af=A. ficulneus. Figura 2. Dendrograma de dissimilaridade genética de 39 acessos de quiabeiro, estabelecido pelo método do vizinho mais próximo, utilizando-se a distância Euclidiana média, obtido a partir de 13 descritores quantitativos. Campos dos Goytacazes, UENF,1999. tetraphyllus e A. ficulneus. Os grupos 4, 5 e 6 foram compostos pelos acessos 1324 (A. caillei), 1297 (A. manihot) e 1373 (A. manihot), respectivamente. O método hierárquico agrupou os acessos de forma idêntica tanto para os 27 descritores (Figura 1) quanto para os 13 descritores quantitativos (Figura 2). Isto indica que os descritores qualitativos não afetaram o perfil da distribuição dos acessos no dendrograma, não interferindo, de forma determinante, no estudo da variabilidade entre genótipos de quiabeiro, com base em dados morfológicos. Os descritores quantitativos foram eficientes na discriminação dos acessos, porém, não foram capazes de classificar corretamente as espécies. Um dos motivos para isso, pode ser o fato de que estas características são controladas por muitos genes, sendo muito afetadas por fatores ambientais. 55 G.E. Martinello et al. Tabela 2. Estimativa das variâncias (autovalores, l), associados aos componentes principais (CP), e respectivos coeficientes de ponderação (autovetores) de 13 descritores morfológicos quantitativos avaliados em 39 acessos de quiabeiro. Campos dos Goytacazes, UENF, 1999. Compo-nentes principais j Variância acumula- Descritores* da (%) 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 CP 1 4,6567 35,8208 -0,1074 0,3938 -0,2480 0,4398 -0,0666 0,3805 0,1150 0,0389 0,0233 -0,4763 0,0631 -0,4237 0,0607 CP 2 2,9571 58,5676 0,2336 -0,3314 0,3441 0,1511 0,0813 0,2074 -0,2836 -0,3342 0,2482 -0,5359 0,1437 0,2854 0,0420 CP 3 2,3569 76,6975 0,1395 -0,4230 0,3242 -0,2344 -0,0207 -0,1011 0,1679 0,2924 -0,2900 -0,2470 0,1840 -0,5767 -0,0751 CP 4 1,2783 86,5313 -0,3288 -0,0542 0,2425 0,4071 0,1738 -0,3250 0,5513 0,1297 0,0175 -0,0900 0,2224 0,3291 -0,2063 CP 5 0,5414 90,6955 0,4098 0,1048 -0,1643 -0,0148 -0,1033 -0,0218 -0,086 0,5912 0,4155 0,0508 0,4761 0,1459 -0,0508 CP 6 0,3576 93,4464 0,2984 -0,2915 -0,0499 0,3582 -0,1941 0,4916 0,1885 -0,0951 -0,3720 0,4235 0,1666 0,1134 -0,1132 CP 7 0,2394 95,2882 -0,0588 0,3372 0,3399 -0,1646 -0,7779 -0,0310 -0,0048 -0,0008 -0,2238 -0,1583 0,0548 0,2318 -0,0461 CP 8 0,1978 96,8099 -0,1987 0,2483 0,4834 -0,0114 0,0874 0,1472 -0,0743 -0,2633 0,2969 0,4176 0,4270 -0,3365 0,0522 CP 9 0,1416 97,8993 0,3756 0,1435 0,2860 0,1941 -0,0053 -0,1226 -0,0358 0,0082 0,2127 0,1172 -0,4912 -0,1508 -0,6160 CP 10 0,1368 98,9514 CP 11 0,0845 99,6013 CP 12 0,0352 99,8717 0,1443 0,3353 0,2581 -0,3908 0,4310 0,4774 0,2954 0,1972 -0,1462 -0,0884 -0,1323 0,2452 0,0278 CP 13 0,0167 100,0000 0,3008 0,3604 -0,0464 0,0979 0,3144 -0,3507 -0,2942 0,1919 -,05377 -0,0581 0,3402 0,0288 -0,1167 0,3687 0,13 11 0,2355 0,3380 -0,0339 -0,2088 0,1783 0,0669 0,0129 0,0569 -0,2347 -0,0888 0,7278 -0,3436 -0,0522 0,2671 0,3052 0,1064 0,1486 -0,5647 0,5257 -0,2196 0,0855 -0,1505 0,0729 0,505 *01 = número de segmentos do epicálice; 02 = comprimento do epicálice; 03 = largura do epicálice; 04 = comprimento do pedúnculo; 05 = Peso de 100 sementes; 06 = Número de segmentos; 07 = Altura da planta; 08 = Número de internós; 09 = Comprimento da folha; 10 = largura da folha; 11 =Nó do primeiro florescimento; 12 = Nós produzindo frutos na haste principal; e 13 = Comprimento do fruto. Ae=A. esculentus; Ac=A. caillei; Am=A. manihot; Amo=A. moschatus; At=A. tetraphyllus e Af=A. ficulneus. Figura 3. Dendrograma de dissimilaridade genética de 39 acessos de quiabeiro, estabelecido pelo método do vizinho mais próximo, utilizando-se a distância Euclidiana média, obtido a partir de 14 descritores qualitativos. Campos dos Goytacazes, UENF, 1999. O agrupamento hierárquico, com base em características morfológicas qualitativas, reuniu os acessos conforme a espécie botânica, quando fez-se um corte vertical a uma distância de 2,5 (Figura 3). Isto ocorreu, provavelmente, pelo fato destas características serem controladas por poucos genes e, portanto, serem pouco afetadas pelo ambiente. Outrossim, é que a taxonomia clás56 sica normalmente utiliza destas características para classificar as espécies. O dendrograma mostrou um baixo potencial em diferenciar os acessos dentro dos vários grupos formados, denotando uma reduzida variabilidade genética no germoplasma. Isto pode ser explicado pelo fato de que estas características, sendo controladas por poucos genes, não possibilitam um rastreamento muito abrangente dos genomas. Observou-se ainda, que não houve uma associação entre a diversidade genética e ecogeográfica entre os acessos. O resultado da análise de componentes principais, obtido a partir de 13 caracteres morfológicos quantitativos (Tabela 2), mostra que foram necessários quatro componentes, para que a variância por eles explicada atingisse um mínimo de 80%. Isso indica uma dispersão, de forma mais equitativa, da variância total, nos caracteres avaliados. A técnica de análise multivariada de componentes principais tem a vantagem em relação aos métodos de análise univariada de avaliar a importância de cada característica estudada sobre a variação total disponível entre os acessos avaliados, possibilitando o descarte dos caracteres menos discriminantes, por já estarem correlacionados com outras variáveis redundantes ou pela sua invariância. Com base nos resultados deste trabalho, foram descartados os caracteres: largura do epicálice, peso de 100 sementes, número de segmentos do estigma, altura da planta, comprimento da folha, largura da folha, nó do primeiro florescimento e comprimento do fruto. Porém o procedimento de descarte de variáveis pela técnica de componentes principais, pela Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Divergência genética em acessos de quiabeiro com base em marcadores morfológicos. Genótipos: 1=A. esculentus; 2=A. caillei; 3= A. manihot; 4= A. moschatus; 5= A. tetraphyllus e 6= A. ficulneus. Figura 4. Dispersão de 39 acessos de Abelmoschus spp. em três componentes principais, com base nas distâncias Euclidianas médias, estimadas a partir de 13 descritores morfológicos quantitativos. Campos dos Goytacazes, UENF, 1999. possibilidade de eliminar variáveis que possuem pesos consideráveis nos primeiros componentes, principalmente quando estes acumulam grande fração da variância total (Morais, 1992). A análise de componentes principais reduziu os treze descritores em três componentes principais, que explicaram 76,7% da variância total (Tabela 2). O componente 1, que explicou 35,8% da variância total, está associado a um contraste entre dois grupos de variáveis. Dentre as variáveis de maior peso neste componente pode-se citar: comprimento do epicálice, comprimento do pedúnculo, número de segmentos do estigma, largura da folha e nós produzindo frutos na haste principal. O componente 2, que explicou 22,7% está associado aos seguintes descritores: comprimento do epicálice, largura do epicálice, altura da planta, números de internós, largura da folha e nós produzindo frutos na haste principal. No componente 3, que sozinho explicou 18,1% da variância total, os descritores de maior peso foram: comprimento do Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. epicálice, largura do epicálice, número de internós, comprimento da folha e nós produzindo frutos na haste principal. A representação gráfica dos escores dos três primeiros componentes principais demonstra que houve a formação de quatro grupos (Figura 4). O primeiro e o maior deles é composto pelos acessos de A. esculentus e A. caillei, confirmando, desta forma, a aglomeração produzida pelos métodos já analisados. O segundo grupo é formado apenas pelos acessos de A. moschatus. O terceiro, reune três acessos de A. esculentus e apenas um de A. manihot. Por fim, o grupo quatro é composto pelos acessos de A. tetraphyllus e A. ficulneus, além de um acesso de A. manihot. Verifica-se, ainda, que ocorreu uma separação dos acessos de A. manihot. Estes acessos diferem, basicamente, pela variável altura da planta. Este fato não concorda com o método de agrupamento hierárquico com base nos descritores qualitativos, que revelaram os dois acessos de A. manihot como pertencentes ao mesmo grupo. Porém, está de acordo com os agrupa- mentos hierárquicos (Figuras 1 e 2). Pode-se considerar que, de um modo geral, os dois métodos de aglomeração fundamentados em dados morfológicos, foram coerentes na formação dos grupos entre acessos de quiabeiro. Martinello et al. (1996), numa análise por componentes principais aplicada a características morfológicas em quiabeiro, verificaram que A. caillei foi a única das espécies silvestres que fez parte do grupo em que todos os outros acessos eram A. esculentus. Estes autores verificaram ainda que hibridações interespecíficas entre A. caillei (2n= 185-189) e A. esculentus (2n= 72-144), foram eficientes e que, os híbridos F1 se mostraram férteis e produziram grandes quantidades de sementes viáveis, apesar da diferença do número de cromossomos entre os parentais. Isto indica uma grande afinidade entre os genomas, que podem fazer parte de um mesmo complexo gênico. Estas constatações denotam que, no processo de evolução, estas espécies divergiram ou bifurcaram mais recentemente. Outra hipótese, proposta por Baum & Gupta (1996), sugere que A. caillei tenha se diferenciado a partir de A. esculentus, ou vice-versa, por um processo evolucionário reticulado, isto é, anfiploidização, poliploidização, hibridação ou outro sistema genético. Convém salientar que este tipo de situação envolvendo evolução reticulada para as plantas superiores, ainda é pouco estudada. Siemonsma (1982) hipotetizou que A. caillei é um anfiplóide natural de A. esculentus (2n= 130-140) e A. manihot (2n= 60-68), concordando com os resultados obtidos por esta pesquisa. Porém, para se entender plenamente como estas espécies evoluíram, deve-se recorrer às técnicas de citogenética molecular como, por exemplo, hibridização genômica in situ, uma vez que se trata de alopoliplóides. Verificou-se ainda, que as técnicas estatísticas empregadas neste trabalho foram capazes de estabelecer padrões e classificações da diversidade genética, identificando claramente os grupos. As informações resultantes são úteis no entendimento da diversidade dentro da coleção e como está estruturada. As características morfométricas delineiam estes 57 G.E. Martinello et al. grupos auxiliando na pesquisa de novas cultivares e busca de espécies silvestres requeridas como base genética para programas de melhoramento da cultura. LITERATURA CITADA ARIYO, O.J. 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A estimativa do tamanho da parcela variou com a metodologia empregada e com a característica analisada. O método da máxima curvatura modificado foi aquele que permitiu a obtenção de estimativas mais adequadas. Por esse método, e considerando-se que a parcela ideal deve possibilitar a avaliação eficiente de todas as características analisadas neste experimento, o tamanho adequado de parcela encontrado foi de 26,59 m2 (44 plantas). Estimates of plot sizes in experiments with cassava. To estimate the plot size in experiments with cassava, an experiment, using the cultivar “Cramuquém” was conducted at the Campus of the “Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia” in Vitória da Conquista, Brazil. The maximum curvature method, the modified method for maximum curvature, the method for comparison among variances were used. The estimate of the plot size changed with the applied methodology and the analyzed characteristic. The modified method for maximum curvature was the one which allowed for the obtainment of more adequate estimates. By applying this methodology and considering that the ideal plot would make possible an efficient evaluation of all analyzed characteristics, the adequate size of the plot was found to be 26.59 m2 (44 plants). Palavras-chave: Manihot esculenta Crantz, coeficiente de variação, método da máxima curvatura, experimentação. Keywords: Manihot esculenta Crantz, coefficient of variation, method for maximum curvature, experimentation. (Aceito para publicação em 5 de dezembro de 2.001) A mandioca (Manihot esculenta Crantz), planta pertencente à família Euphorbiaceae, é originária da América tropical, provavelmente do Nordes58 te do Brasil (Dominguez et al., 1982). É cultivada em países da África, Ásia, Oceania e América Latina, onde suas raízes representam importante fonte ali- mentícia, rica em calorias e carboidratos, para aproximadamente 600 milhões de pessoas (Roca et al., 1991). Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Estimativas de tamanho de parcela em experimentos com mandioca. Tabela 1. Área de cada parcela, número de parcelas, número de unidades básicas (ub) e número de plantas, no ensaio de uniformidade com mandioca, variedade Cramuquém, Vitória da Conquista, UESB, 1998. Tamanho de parcela* Área (m²) No de parcelas Nº de ub Nº de plantas 518,4 172,8 57,6 28,8 14,4 4,8 3, 9, 27, 54, 108, 324, 108, 36, 12, 6, 3, 1, 864, 288, 96, 48, 24, 8, R Bl P SP SSP SSSP * Tamanho de parcela: R = repetições; Bl = blocos; P = parcelas; SP = subparcelas; SSP = subsubparcelas e, SSSP = subsubsubparcelas. No Brasil, segundo maior produtor de mandioca do mundo (FAO, 2000), trabalhos de pesquisa em campo com essa cultura são feitos em várias localidades, abrangendo ambientes bastante diversos. Muitas vezes a heterogeneidade das condições locais tem levado à obtenção de erros experimentais de grandes magnitudes, o que dificulta a comprovação estatística de diferenças entre os tratamentos avaliados. Além das condições ambientais, é importante observar, para a cultura da mandioca, a variação existente no material de plantio, o que leva, segundo Lozano et al. (1977), à desigualdade de vigor e de produção por planta, entre plantas provenientes de uma mesma variedade. Essa desigualdade pode ser maior em regiões de baixa pluviosidade e em solos que apresentam limitações quanto à fertilidade, já que, nessas condições, as plantas de mandioca seriam, inicialmente, mais dependentes das reservas existentes no material de plantio. A adoção de um tamanho de parcela adequado é uma das maneiras de reduzir o erro experimental. Esse tamanho ótimo da parcela é muitas vezes recomendado por meio de estudos empíricos feitos para uma região ou cultura específica. Porém, do ponto de vista estatístico, essa prática não é a melhor, já que o tamanho ótimo da parcela depende da heterogeneidade do local experimental (Lin et al., 1996). O tamanho e a forma das parcelas não podem ser generalizados, pois variam com o solo e com a cultura. A determinação dos mesmos deve ser feita para cada cultura e cada local em que ocorram condições climáticas e de solo diferentes das Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. que já tenham sido determinadas (Oliveira & Estefanel, 1995). O tamanho da parcela influencia diretamente a precisão e o valor dos dados experimentais obtidos. Além da precisão estatística, vários outros aspectos são importantes para determinar o tamanho ideal da parcela, como presença ou ausência de bordadura, tipo de cultura, número de tratamentos, nível de tecnologia empregada no cultivo e disponibilidade de área e de recursos financeiros (Bueno & Gomes, 1983). O objetivo deste trabalho foi estimar o tamanho adequado da parcela, para experimentos com mandioca. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido na Área Experimental do Campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em Vitória da Conquista. As médias das temperaturas máxima e mínima do ar são, respectivamente, de 25,3oC e de 16,1oC. A precipitação média anual é de 733,9 mm, sendo o maior nível encontrado de novembro a março. O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Amarelo Álico A moderado, relevo plano. A análise química do solo revelou pH em água: 4,6; P: 1,0 mg/dm3; K+: 0,2 cmolc/dm3; Al3: 0,4 cmolc/dm3; Ca2: 1,3 cmolc/dm3; Mg2: 0,8 cmolc/dm3; H+ + Al3+ 3,4 cmolc/dm3; S.B. cmolc/dm3: 2,3; m: 15,0%; V: 40,0%; C.T.C. Total: 5,7 cmolc/dm3. Utilizou-se a cultivar de mandioca conhecida regionalmente como Cramuquém, cujas plantas apresentam hastes marrom-claras, sem ramificação, com broto terminal verde e pecíolo vermelho. As raízes tuberosas apresentam película suberosa de cor marrom-escura, rugoso, com córtex creme e polpa branca, com presença de pedúnculo e ausência de cintas. Essa cultivar é utilizada regionalmente, tanto para produção de farinha e extração de amido, como para consumo das raízes na alimentação humana. O solo foi arado e gradeado e os sulcos, espaçados de um metro, foram abertos com trator. As manivas utilizadas no plantio foram obtidas de plantas sadias, com idade aproximada de 18 meses e plantadas logo após a coleta, distribuídas a cada 60 cm dentro de cada sulco. Foram utilizadas manivas padronizadas, provenientes do terço médio da planta, com 20 cm de comprimento e aproximadamente dois centímetros de diâmetro e com cinco a sete nós. O corte da maniva foi reto, em ambas as extremidades, sem usar apoio nesse procedimento. O experimento foi plantado, sem calagem e adubação, em dezembro de 1995, formado de 27 fileiras, espaçadas de 1 m, com 96 plantas em cada, numa área total de 1.555,2 m2, com replantio aos trinta dias após a brotação. Os tratos culturais foram restritos às capinas e ao controle de formigas. Na colheita, feita em outubro de 1997, as plantas foram agrupadas em conjuntos com oito unidades denominados unidades básicas (ub), de cuja combinação foram formados os diferentes tamanhos de parcela analisados, todos com forma retangular, denominados repetições (R) blocos (Bl), parcelas (P), subparcelas (SP), subsubparcelas (SSP) e subsubsubparcelas (SSSP) (Tabela 1). Foram avaliados a porcentagem de matéria seca e amido em raízes tuberosas, 59 A.E.S. Viana et al. Tabela 2. Estimativas de coeficientes de variação (%), em função do tamanho de parcela em unidades básicas (nub), para as características rendimento de raízes tuberosas (R), peso da parte aérea (PPA), índice de colheita (IC), porcentagem de matéria seca (MS), porcentagem de amido (A) e altura da planta de mandioca (AP), Vitória da Conquista, UESB, 1998. nub 1/ 108, 36, 12, 6, 3, 1, 1/ R 0,98 1,55 3,50 5,89 10,68 27,14 PPA 0,91 1,60 3,68 6,25 12,79 31,47 IC 0,82 1,30 2,68 4,11 6,98 16,99 MS 0,08 0,17 0,40 0,78 1,43 3,93 A 0,09 0,20 0,47 0,92 1,68 4,63 AP 0,16 0,42 0,89 1,70 4,48 12,38 nub = 8 plantas. Tabela 3. Estimativas das variâncias reduzidas, em unidades básicas (ub), para índice de colheita (IC), porcentagem de matéria seca (MS), peso da parte aérea (PPA), produção de raízes tuberosas (R) e altura de plantas de mandioca (AP), nos diferentes tamanhos de parcela, Vitória da Conquista, UESB, 1998. nub 108, 36, 12, 6, 3, 1, IC 0,0015 0,0013 0,0018 0,0021 0,0030 0,0060 b b b b b a MS 0,0603 0,0989 0,1832 0,3467 0,5805 1,4628 c c c c b a PPA 0,6271 0,6463 1,1392 1,6406 3,4397 6,9430 c c c c b a R 0,4886 0,4094 0,6969 0,9848 1,6185 3,4852 c c c c b a AP 0,0009 0,0020 0,0030 0,0055 0,0190 0,0485 c c c c b a Numa mesma coluna, valores seguidos de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Bartlett, a 5% de probabilidade. conforme metodologia proposta por Grossmann & Freitas (1950); altura de plantas, peso da parte aérea; peso de raízes tuberosas e índice de colheita. A análise estatística foi feita de acordo com o critério de classificação hierárquica, simulando um experimento em parcelas subsubsubdivididas (Vallejo & Mendoza, 1992) (Tabela 3) e as variâncias para cada tamanho de parcela, foram reduzidas em relação a uma subsubsubparcela (Hatheway & Williams, 1958), em ordem hierárquica. Para determinação do tamanho ótimo de parcela, foram utilizados o método da máxima curvatura, o método da máxima curvatura modificado e o método da comparação de variâncias. Pelo método da máxima curvatura, um experimento de uniformidade ou determinada área é colhido, em unidades básicas, as quais são combinadas para formar parcelas experimentais de vários tamanhos. Obtidos os coeficientes de variação, para cada tamanho de parcela, esses são representados graficamente contra o tamanho de cada parcela avaliada. O tamanho ótimo da parcela é determinado visualmente, 60 correspondendo ao ponto de máxima curvatura (Federer, 1955). Entretanto, neste trabalho, optou-se por utilização de programa de computador (Microsoft Excel), na elaboração dos gráficos, unindo-se os pontos com segmento de reta, conforme procedimento adotado por Ortiz (1995). O aperfeiçoamento do método da máxima curvatura, chamado de Método da Máxima Curvatura Modificado, foi desenvolvido por Lessman & Atkins (1963), que estabeleceram uma função do tipo Y= a/xb, para explicar a relação entre coeficiente de variação (CV) e tamanho da parcela, permitindo que o ponto que corresponde ao tamanho ótimo da parcela fosse determinado algebricamente, dando maior precisão aos resultados obtidos. Neste trabalho, usou-se a função em que o valor da abcissa, no ponto de curvatura máxima, é dado pela seguinte fórmula (Chaves,1985), deduzida a partir de Meier & Lessman (1971): sendo: XMC = valor da abcissa correspondente ao ponto de máxima curvatura; a = constante da regressão; e, b = coeficiente de regressão. Outro procedimento utilizado na determinação do tamanho ótimo de parcelas experimentais é a comparação de variâncias. Nesse método (Vallejo & Mendonza, 1992; Ortiz, 1995), inicialmente as variâncias são reduzidas para uma unidade básica, dividindo-se a variância de cada parcela pelo número de unidades básicas correspondentes. Em seguida, são aplicados consecutivos testes de Bartllet, para homogeneidade de variâncias (Steel & Torrie, 1980), excluindo-se, em cada teste, a parcela de menor tamanho que apresente variância estatisticamente diferente. Quando um grupo de variâncias homogêneas é obtido, escolhe-se o menor tamanho de parcela, dentro desse grupo, como sendo o tamanho ótimo de parcela. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os coeficientes de variação apresentaram valores entre 0,08% e 31,47%, que, além de inversamente proporcioHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Estimativas de tamanho de parcela em experimentos com mandioca. As setas indicam o ponto de máxima curvatura Figura 1. Relação entre coeficiente de variação e tamanho de parcela, para as características: rendimento de raízes tuberosas (R), peso da parte aérea (PPA), índice de colheita (IC), porcentagem de matéria seca (MS), porcentagem de amido (A) e altura da planta de mandioca (AP), Vitória da Conquista, UESB,1998. Figura 2. Relação entre coeficiente de variação (CV) e tamanho da parcela, e valor da abcissa no ponto de máxima curvatura (XMC) para as características produção de raízes (A), peso da parte aérea (B), índice de colheita (C), altura de plantas de mandioca (D), porcentagem de matéria seca (E) e porcentagem de amido (F), Vitória da Conquista, UESB, 1998. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. nais ao tamanho da parcela, mostraram comportamento diferenciado de acordo com a característica, sendo maiores para o peso da parte aérea e menores para a porcentagem de matéria seca em raízes tuberosas (Tabela 2). Pelo método da máxima curvatura, o melhor tamanho de parcela, para rendimento de raízes tuberosas e peso da parte aérea, foi 48 plantas ou 28,8 m2 (seis unidades básicas); e para altura de plantas, índice de colheita, porcentagem de matéria seca e porcentagem de amido, em raízes tuberosas, o tamanho adequado de parcela foi 24 plantas ou 14,4 m2 (três unidades básicas) (Figura 1). Embora de fácil aplicação, este método não considera a dependência do ponto de máxima curvatura da escala usada na construção do gráfico e do tamanho da menor unidade básica adotada (Federer, 1955). Foi observada neste trabalho a dependência da escala na determinação do ponto de máxima curvatura. Na tentativa de minimizar esse problema, na Figura 1, onde o tamanho de parcela foi determinado, usou-se uma menor escala e representou-se apenas a região de curvatura mais acentuada, compreendida entre 1 e 12 unidades básicas. Outra consideração que pode ser feita, sobre essa metodologia de determinação de tamanho de parcela, diz respeito à maneira como a curva é traçada. De acordo com a descrição de Federer (1955), após os pontos serem plotados em gráfico, uma curva, feita à mão livre, é traçada e o ponto de máxima curvatura é determinado visualmente. Esse procedimento foi adotado por Vallejo & Mendoza (1992), que inclusive, encontraram o tamanho ótimo de parcela, no intervalo entre dois pontos. Entretanto, Ortiz (1995) optou por ligar os pontos com segmentos de reta, determinando como melhor tamanho de parcela a unidade básica correspondente à curvatura máxima. Este último procedimento foi adotado no presente trabalho. Pelo método da máxima curvatura modificado (Figura 2) encontrou-se como tamanho ótimo de parcela: 5,03 unidades básicas (40 plantas ou 24 m2) para produção de raízes tuberosas; 5,54 unidades básicas (44 plantas ou 26,59 m2) para peso da parte aérea; 3,75 unidades básicas (30 plantas ou 18 m2) para 61 A.E.S. Viana et al. índice de colheita; 3,31 unidades básicas (26 plantas ou 15,9 m2) para altura de plantas; 1,81 unidades básicas (14 plantas ou 8,69 m2) para porcentagem de matéria seca e 1,98 unidades básicas (16 plantas ou 9,5 m2) para avaliação da porcentagem de amido. O método da máxima curvatura modificado, embora utilize o mesmo princípio do método da máxima curvatura, fornece resultados mais precisos do que esse, por estabelecer uma equação de regressão para explicar a relação existente entre os coeficientes de variação e os respectivos tamanhos de parcela. O uso da equação de regressão permitiu, ainda, que fossem feitas estimativas de tamanho de parcela, nos intervalos entre as unidades básicas predeterminadas, nesse caso com elevada precisão, uma vez que os valores de r2 obtidos variaram de 0,98 a 0,99. Pelo teste de Bartllet (Tabela 3), observa-se que as variâncias reduzidas foram maiores em parcelas com uma unidade básica. Para índice de colheita, os demais tamanhos de parcela apresentaram variâncias iguais, considerando-se a parcela formada por três unidades básicas (24 plantas ou 14,4 m2) como a mais indicada, já que o uso de parcelas maiores não reduzirá a variância. Para as demais características avaliadas, as parcelas formadas por 6; 12; 36 e 144 unidades básicas, apresentaram variâncias inferiores às das parcelas com uma e três unidades básicas e iguais entre si. Os métodos utilizados neste trabalho para determinação do tamanho ótimo de parcelas experimentais têm a desvantagem de não levar em consideração os custos. Entretanto, pode-se considerar que, em experimentação, dentro de certos limites, os custos, a não ser que sejam muito elevados, podem ser desprezados, com o objetivo de aumentar a precisão. No caso de experimentos com a cultura da mandioca, pelo menos com o nível tecnológico adotado na região, a utilização de parcelas com maior tamanho, dentro de certos limites, não levaria a grande aumento nos custos com a experimentação em campo. Tal afirmativa pode não ser verdadeira para outros tipos de experimentos. Dentre os métodos utilizados neste trabalho, o método da máxima curvatura e comparação de variâncias estimam 62 Tabela 4. Estimativas de tamanho da parcela de mandioca (m2) obtidas pelos métodos da máxima curvatura (MMC), máxima curvatura modificado (MMCM) e comparação de variâncias (MCV), Vitória da Conquista, UESB, 1998. Características Produção de raízes tuberosas Peso da parte aérea Índice de colheita Porcentagem de matéria seca Porcentagem de amido Altura da planta MMC 28,80 28,80 14,40 14,40 14,40 14,40 MMCM 24,14 26,59 18,00 8,69 9,50 15,89 MCV 28,80 28,80 14,40 28,80 28,80 28,80 parcelas que coincidem com o tamanho das unidades básicas predeterminadas, isto é, não admitem encontrar valores intermediários entre as unidades básicas, a não ser que, no caso do primeiro método, o ponto de máxima curvatura seja determinado numa curva livre, com pouca precisão, e não por segmentos de reta, como adotou-se neste trabalho. Pela Tabela 5, observa-se que esses dois métodos estimaram parcelas com dimensões que variaram de 14,40 m2 a 28,80 m2, para as diversas características avaliadas, enquanto o método da máxima curvatura modificado estimou parcelas que variaram de 8,69 m2 a 26,59 m2. Deste modo, o método da máxima curvatura modificado, tem a vantagem de estabelecer uma equação de regressão que normalmente apresenta altos valores de coeficiente de determinação, para encontrar o tamanho adequado de parcela, aumentando a confiabilidade das estimativas e permitindo encontrar valores intermediários entre os tamanhos de parcela pré-determinados no experimento, sendo por isto considerado o mais adequado. Em experimentos com mandioca, geralmente as características aqui consideradas são analisadas, sendo portanto necessário escolher uma parcela que permita a adequada avaliação de todas elas. Assim, o tamanho adequado de parcela deve ser de 26,59 m2, com aproximadamente 44 plantas úteis, tomando-se como base a avaliação de peso da parte aérea, que exigiu parcelas de maior tamanho. As informações sobre tamanho adequado de parcela em experimentos com mandioca são escassas e variáveis, principalmente considerando-se trabalhos realizados no Brasil e, ou, em regiões semi-áridas. As estimativas do tamanho das parcelas aqui obtidas (Tabela 4) estão próximas dos valores encontrados na literatura: 5 a 80 m2 (Monzón et al.,1977, citados por Tineo & Villasmil ,1988), 50 m2 (Sinthuprama et al., 1973) e 9,6 m2 (Bueno & Gomes, 1983). Pode-se concluir que as estimativas do tamanho da parcela variaram com os métodos empregados e com a característica analisada. O método da máxima curvatura e o método da comparação de variâncias estimaram parcelas com dimensões às vezes semelhantes, para as diversas características avaliadas, geralmente apresentando maior tamanho do que as parcelas estimadas pelo método da máxima curvatura modificado. O método da máxima curvatura modificado permitiu a obtenção de estimativas mais adequadas, cujas dimensões mínimas variaram de 8,69 m2, para avaliação de porcentagem de matéria seca de raízes tuberosas, e cujas dimensões máximas foram de 26,59 m2, para avaliação de peso da parte aérea. Para a eficiente avaliação de todas as características analisadas neste experimento, parcelas de 26,59 m2 (44 plantas) estimadas pelo método da máxima curvatura modificado, foram as mais adequadas. LITERATURA CITADA BUENO, A.; GOMES, F.P. Estimativa do tamanho de parcela em experimento de mandioca. Revista Brasileira de Mandioca, Cruz das Almas, v. 2, n. 2, p. 39-44, 1983. CHAVES, L.J. Tamanho da parcela para seleção de progênies de milho (Zea mays L.). Piracicaba: ESALQ, 1985, 148 p. (Tese. Doutorado). DOMINGUEZ, C.; CEBALLOS, L.F.; FUENTES, C. Morfologia de la planta de yuca. In: Yuca: Investigation, production y utilization. Cali, Colombia:CIAT/PNUD., 1982. p. 28-49, 1982. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Estimativas de tamanho de parcela em experimentos com mandioca. FAO. Faostat database gateway. 2000. http:// apps.fao.org/lim500/nph-wrap.pl? Production. Crops.Primary&Domain=SU. Consultado em 25 de jul. de 2000. FEDERER, W. T. Experimental design. 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E-mail: [email protected]; 2UFLA, Caixa Postal 37, CEP 37.200-000 Lavras-MG 1 RESUMO ABSTRACT Com o aumento da demanda por frutas e hortaliças minimamente processadas, a manutenção da qualidade destes produtos é um fator fundamental. O consumidor exige um produto fresco, de aspecto saudável, com boas características de cor, bem como outros atributos desejáveis na sua aparência. Foram avaliadas algumas alterações sensoriais em alface hidropônica, cv. Regina, minimamente processada, acondicionada em sacos plásticos termosoldados e armazenadas a 2 oC e 10oC. Independente da temperatura de armazenamento, até o terceiro dia, nenhum comprometimento do produto houve para qualquer dos aspectos de qualidade analisados: cor, frescor, escurecimento da nervura central, escurecimento de bordas, aspecto de podre e sabor de cozido. No armazenamento a 2oC a alface apresentou uma vida de prateleira de sete dias, sem comprometimento das suas principais características de aparência, ou seja, não houve escurecimento e a cor e o frescor se mantiveram inalterados. Para o produto armazenado a 10oC, as alterações ocorridas tornaram o produto indesejável após o terceiro dia. Sensorial changes of minimally processed hydroponic lettuce cv. Regina stored under refrigeration. Palavras-chave: Lactuca sativa, pré-cortados, conservação. The maintenance of the sensorial quality of minimally processed fruits and vegetables is becoming a fundamental factor due to the increasing demand for these products. The consumer looks for a fresh product with healthy appearance and good color characteristics, as well as other desirable attributes in its appearance. Some sensorial characteristics were evaluated in minimally processed hydroponic lettuce, cv. Regina conditioned in thermally sealed plastic bags and stored at 2ºC and 10ºC. For both storage temperatures, there was no significant product modification regarding the analyzed quality aspects like color, freshness, browning, rotten aspect and cooked flavor up to the third day of the experiment. At 2oC the lettuce presented a shelf life of 7 days without compromising its main sensorial characteristics as color, freshness and browning. For the product stored at 10oC the shelf life was up to 3 days. Keywords: Lactuca sativa, fresh-cut, shelf life. (Aceito para publicação em 03 de dezembro de 2.001) O consumidor vem apresentando cada vez maior consciência na escolha de sua alimentação, porém com menor tempo disponível para preparar refeições saudáveis. Como resultado, o Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. mercado e a demanda por frutas e vegetais minimamente processados têm aumentado rapidamente, proporcionando o surgimento de produtos convenientes, ou seja, produtos frescos que podem ser preparados e consumidos em pouco tempo (Burns, 1995). Seguindo uma tendência mundial, muitos consumidores brasileiros resolveram utilizar pratos semi-prontos e vegetais pré-cortados. Os 63 M. Freire Junior et al. Tabela 1. Média das notas atribuídas para a alface hidropônica cv. Regina minimamente processada, embalada em saco plástico termosoldado, durante armazenamento a 2oC e 10oC. Rio de Janeiro, Embrapa Agroindústria de Alimentos, 2000. Atributo 0 Tempo de armazenamento (dias) 7 10 3 2o C 10oC 2o C 10oC 2 oC 14 10oC 2o C 10oC Cor 8,93±0,16 8,95±0,14 8,61±0,91 8,44±0,79 7,75±0,87 8,57±0,84 6,53±1,97 8,22±0,68 1,01±0,03 Frescor 8,73±0,37 8,65±0,43 8,04±0,79 7,68±1,06 5,85±1,49 7,47±1,60 2,33±1,59 5,20±2,22 1,00±0,00 ENC EB 0,00±0,00 0,02±0,00 0,14±0,16 0,07±0,10 0,79±0,94 0,91±1,01 0,94±1,15 0,38±0,38 1,32±1,33 2,49±1,78 1,15±0,91 0,78±0,76 5,12±1,99 5,11±2,65 3,04±1,92 2,40±1,40 8,73±0,63 7,92±2,20 COZ 0,74±0,84 0,58±0,77 1,07±0,79 1,26±1,37 1,81±1,45 1,16±1,01 4,39±2,26 3,03±2,34 8,10±2,41 PO 0,00±0,00 0,01±0,03 0,08±0,20 0,01±0,04 2,11±1,47 0,00±0,00 5,85±2,20 0,23±0,35 9,00±0,00 IGA 8,49±0,46 8,55±0,39 7,52±0,71 7,46±1,09 4,81±1,56 7,42±1,21 2,50±1,38 5,03±1,70 1,00±0,00 ENC: Escurecimento da nervura central; EB: Escurecimento das bordas; COZ: Aspecto cozido; PO: Aspecto podre; IGA: Impressão global da aparência supermercados estão ampliando cada vez mais as seções deste tipo de produto. Segundo dados da consultoria Nielsen, no Brasil este nicho de mercado começou a ser explorado em 1994 e, em apenas um ano cresceu 68,9% em volume consumido no varejo e. em 1996 movimentou cerca de R$ 400 milhões em vendas (Jornal do Brasil, 21/6/1997). A alface é considerada uma hortaliça folhosa importante na alimentação do brasileiro, o que assegura à cultura expressiva importância econômica. É uma das culturas mais produzidas em hidroponia, o que permite seu cultivo durante o ano todo, com grande produtividade, com qualidade e sem o risco de contaminação por microrganismos veiculados pelo solo. Este trabalho teve por objetivo avaliar as alterações das principais características sensoriais da alface hidropônica minimamente processada, cv. Regina, para obter informações que permitam preservar sua qualidade, por uma maior período de armazenamento. MATERIAL E MÉTODOS As 90 plantas inteiras de alface (cv. Regina) cultivadas em sistema de hidroponia, foram procedentes da região serrana de Miguel Pereira, Rio de Janeiro. As amostras foram colhidas, ao acaso, pela manhã, e selecionadas por sua uniformidade, com peso médio unitário de 450 gramas, sendo pré-resfriadas em água gelada (5oC) e levadas para a planta-piloto para seu processamento. Em seguida, foram cortadas as raízes e retiradas as folhas externas. 64 As folhas restantes, lavadas individualmente em água potável, foram cortadas com facas de aço inoxidável, com um único movimento e sentido transversal ao longo da nervura central, de maneira a se obter tiras com 20±2mm de largura, seguindo a metodologia proposta por Hurst (1995). As folhas cortadas foram novamente lavadas, por imersão em água fria (5-8oC) com 100 ppm de cloro livre, ajustado em pH 7,0 por 15 minutos, e centrifugadas por 1 minuto em centrifuga marca Fanem modelo 204-NR, a 1500 rpm. O produto foi acondicionado manualmente, em sacos plásticos de BOPP/ PEBD (Polipropileno bi-orientado/ Polietileno de baixa densidade) em porções de 100 g e, armazenado em câmaras BOD, às temperaturas de 2oC±1oC e 10±1oC, que representam, respectivamente, as condições ótimas recomendadas e as encontradas nos pontos de venda a varejo. A avaliação da aparência da alface foi realizada aos 0; 3; 7; 10 e 14 dias, utilizando equipe de sete provadores selecionados pela aptidão superior em discriminar cor. Amostras do produto em diferentes estádios de conservação, variando de fresco a bastante senescente, foram apresentadas à equipe durante a fase de treinamento, a fim de estimular e enriquecer a discussão, possibilitando o levantamento e a definição dos atributos sensoriais: cor (verde-claro característico da alface, tom homogêneo, uniforme, sem manchas ou áreas descoloradas ou amarelecidas); frescor (aspecto viçoso, vivo e brilhante); escurecimento da nervura central (áreas avermelhadas, escuras e/ou marrons, localizadas nas margens laterais da nervura central); escurecimento das bordas (áreas avermelhadas, escuras e/ou marrons, localizadas nas margens laterais do tecido cortado e do limbo foliar); cozido (aspecto ressecado, quebradiço, murcho, amolecido, sem rigidez; sem turgor celular); podre (aspecto deteriorado, enegrecido, melado, com exsudação e odor desagradável acentuados); impressão global da aparência (aspecto global, incluindo todos os atributos juntos, conferindo qualidade ao produto). Os atributos de cor, frescor, escurecimento da nervura central, escurecimento das bordas, cozido e podre foram avaliados em escalas não estruturadas de nove pontos ancoradas nos extremos correspondendo a 1 e 9 (onde: 1 = não característica, pouco, nenhum, nenhum, ausente, ausente; 9 = característica, e muito para os demais atributos). A impressão global de aparência seguiu escala que variou de 1 = muito ruim a 9 = muito boa. Cada amostra foi composta por três sacos contendo 100 gramas de alface cortada, codificada com número de três dígitos e apresentada aos provadores em bandejas de aço inoxidável forradas com papel branco. Os testes foram realizados em cabines individuais de prova sob iluminação branca, imitando a luz do dia. A ordem de apresentação das amostras seguiu delineamento de blocos completos balanceados (MacFie et al., 1989) e os produtos foram avaliados em duplicata. As notas conferidas pelos provadores foram tabuladas, e as médias submetidas à análise de variância e Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Alterações sensoriais em alface hidropônica cv. Regina minimamente processada e armazenada sob refrigeração. comparadas pelo teste de Tukey a nível de 5%, através do programa estatístico Sanest (Machado & Zonta, 1991). Através do programa estatístico SANEST, foi determinada a correlação linear (correlações de Pearson) entre os atributos sensoriais, para cada temperatura de armazenamento. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados mostraram que a temperatura, o tempo de armazenamento e a interação tempo-temperatura afetaram significativamente todos os atributos sensoriais estudados relacionados com a aparência da alface cortada. As médias das notas atribuídas pelos provadores estão apresentadas na Tabela 1. Observou-se que até o terceiro dia não houve alteração perceptível da cor da alface minimamente processada, em nenhuma das temperaturas de armazenamento. Após o sétimo dia, as diferenças na cor em ambas as temperaturas foram perceptíveis, sendo muito menos acentuadas a 2oC. À temperatura de 10oC, após o sétimo dia, houve perda na cor característica da alface, evidenciando comprometimento da qualidade. A alteração da cor pode ser atribuída à degradação da clorofila e à formação de compostos secundários, o que reduz sensivelmente a qualidade do produto. Os padrões respiratórios para hortaliças em resposta às temperaturas mais baixas são variáveis. No caso específico da alface, como existe tolerância a temperaturas próximas a 2oC, verificou-se que o frescor nesta temperatura foi mantido praticamente inalterado até o sétimo dia. A temperatura mais baixa propiciou um taxa respiratória adequada para assegurar o equilíbrio com a glicólise, mantendo um metabolismo normal, conforme constatado por Lyons (1973) em hortaliças tolerantes ao chilling. Este fato não ocorreu à temperatura de 10oC, pois no sétimo dia de armazenamento a média seis atribuída pelos provadores foi interpretada como perda de frescor e consequentemente de valor comercial. Apesar dos ferimentos ou cortes induzirem o escurecimento e serem fatores limitantes para a conservação de hortaliças minimamente processadas, a Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. temperatura de 2oC foi eficiente para evitar, até o décimo dia, o escurecimento da nervura central, o que não ocorreu à temperatura de 10oC. Não se observaram diferenças no escurecimento das bordas do produto, até o terceiro dia, para as duas temperaturas de armazenamento. No produto armazenado a 2oC, observou-se escurecimento mais lento e gradual, sendo que até o décimo dia, o produto manteve-se com boa qualidade. No produto armazenado a 10oC ocorreu aumento constante e mais acentuado no escurecimento, sendo que após o terceiro dia, esta alteração ficou bem evidenciada, comprometendo a qualidade do produto. Segundo López-Gálvez et al. (1996), dentre os diferentes componentes que interferem na aparência da alface précortada, o escurecimento da superfície da folha e o das bordas são os maiores defeitos que levam à diminuição da qualidade das saladas produzidas com esta hortaliça pré-cortada, na ausência da desordem denominada russet spotting. No armazenamento a 10oC, após o sétimo dia, a diferença no escurecimento foi significativa, quando comparado ao produto armazenado a 2oC. Observou-se que até o sétimo dia, não houve diferença significativa no atributo cozido, entre as duas temperaturas de armazenamento. No produto armazenado a 2oC, não ocorreu diferença significativa até o décimo dia enquanto que a 10oC, esta diferença foi mais acentuada após sete dias. Observou-se também que o material de embalagem utilizado evitou a perda de umidade, via evaporação, retardando o murchamento ou perda do turgor do produto, ajudando a manter a sua qualidade. É possível que o principal fator de alteração do atributo cozido tenha sido a elevação do teor de CO2 à temperatura de 10oC, conforme constatado por López-Galvez et al. (1996) e por Siriphanic & Kader (1985). No produto conservado a 2oC não ocorreu diferença significativa no atributo podre até o décimo quarto dia, enquanto durante o armazenamento a 10oC, houve diferença acentuada após o terceiro dia. Até o terceiro dia, não houve diferença significativa no atributo Impres- são global da aparência, para as duas temperaturas de armazenamento. A partir do terceiro dia observou-se diferença na impressão global da aparência do produto armazenado nas duas temperaturas. Durante o armazenamento a 2oC, o produto permaneceu em boas condições até por 10 dias, com uma queda gradual e mais lenta na qualidade. Para o produto armazenado a 10oC, após o sétimo dia notou-se grande e acentuada diminuição na qualidade. Tais resultados estão em concordância com Bolin et al. (1977), que reportam que o armazenamento à baixa temperatura é método importante de preservação para produtos minimamente processadas como a alface cortada da cultivar Iceberg. McDonald et al. (1990), estudaram a alface crespa cortada cv. Salinas, utilizando diferentes filmes plásticos, armazenadas a 1oC e 5oC por 14 dias, e comentaram que a aparência e o sabor foram mais afetados pela temperatura do que pelo tempo do armazenamento, em três dos quatro tipos de filme utilizados. Com relação à correlação linear, observou-se que para ambas temperaturas de armazenamento, houve correlação significativa entre os atributos (r1 = 2oC; r2 = 10oC). A cor apresentou alta associação positiva com frescor (r1= 0,9304; r2 =0,8653) e a impressão global da aparência (r 1 = 0,9326; r 2 =0,8582), e uma alta associação negativa com escurecimento da nervura central (r 1 = -0,9283; r 2 =-0,9574), escurecimento das bordas (r1= -0,8542; r2 =-0,9397) e com os atributos cozido (r1= -0,8976; r2 =-0,9796) e podre (r1= 0,7362, r2 =-0,9348). Da mesma maneira, o frescor do produto apresentou alta associação positiva com a cor (r 1= 0,9304; r2 =0,8653) e a impressão global da aparência (r 1 = 0,9982; r 2 =0,9920), e alta associação negativa com escurecimento da nervura central -0,9999; r 2 =-0,9572), (r 1 = escurecimento das bordas (r1= -0,9849; r2 =-0,9835) e com os atributos cozido (r1= -0,9825; r2 =-0,9388) e podre (r1= 0,9065, r2 =-0,9834). O escurecimento da nervura central apresentou alta correlação positiva com o escurecimento das bordas (r1= 0,9853; r2 =0,9869), com os atributos aspectos cozido (r1= 0,9799; 65 M. Freire Junior et al. r 2 =0,9953) e podre (r 1= 0,9045; r 2 =0,9889) e apresentaram altas correlações negativas em relação à cor (r1= 0,9283; r2 =-0,9574), ao frescor (r1= 0,9999; r2 =-0,9572) e impressão global da aparência (r1= -0,9971; r2 =-0,9347). As médias das notas mostraram que no armazenamento a 2oC os primeiros sinais de deterioração na qualidade iniciam-se pelo atributo cozido, seguido pelo escurecimento da nervura central, escurecimento de bordas e do aspecto podre, enquanto que a 10oC o atributo cozido foi o sinal mais evidente somente até o terceiro dia. Após este período, o escurecimento da nervura central, o escurecimento de bordas e o aspecto podre aparecem praticamente juntos. O escurecimento da nervura central foi mais intenso que o escurecimento das bordas, alcançando médias superiores nos mesmos períodos, em ambas as temperaturas. Estas médias também mostraram que a 10oC, após o sétimo dia, quando a concentração de CO2 atingiu valores próximos de 6%, o escurecimento da nervura central e o escurecimento das bordas cresceu acentuadamente. Contudo, a 2oC somente após o décimo dia observou-se aumento no escurecimento da nervura central 66 e do escurecimento de bordas, sendo bem menor que o do produto armazenado a 10oC. Através dos resultados obtidos nas condições experimentais do presente trabalho, conclui-se que para ambas temperaturas de armazenamento (2 oC e 10oC), não houve nenhum comprometimento do produto com qualquer um dos aspectos de qualidade sensorial analisados, até o terceiro dia: a alface hidropônica, cv. Regina, minimamente processada, armazenada a 2oC, apresentou tempo de prateleira de 7 dias, sem comprometer suas principais características sensoriais; já para o produto armazenado a 10oC, a vida de prateleira foi no máximo, de 3 dias, devido principalmente à alteração na cor e ao escurecimento acentuado da nervura central e escurecimento das bordas. AGRADECIMENTOS À CAPES, pelo auxílio financeiro. LITERATURA CITADA BOLIN, H.R.; STAFFORD, A.E.; KING JR., A.D.; HUXSOLL, C.C. Factors affecting the storage stability of shredded lettuce. Journal of Food Science, v. 42, p. 1319-1321, 1977. HURST, W.C. Sanitation of lightly processed fruits and vegetables. HortScience, v. 30, n. 1, p. 22-24, 1995. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 de junho de 1997- 1o Caderno, p. 17. LÓPEZ-GÁLVEZ, G.; SALTVEIT, M.; CANTWELL, M. The visual quality of minimally processed lettuces storaged in air or controlled atmosphere with emphasis on romaine air iceberg types. 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Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. SILVA, J.B.C.; SANTOS, P.E.C.; NASCIMENTO, W.M. Desempenho de sementes peletizadas de alface em função do material cimentante e da temperatura de secagem dos péletes. Horticultura brasileira, Brasília, v. 20 n. 1, p. 67-70, março 2.002. Desempenho de sementes peletizadas de alface em função do material cimentante e da temperatura de secagem dos péletes. João Bosco C. Silva1; Paulo E.C. Santos2; Warley Marcos Nascimento1. 1 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF, E-mail: [email protected] 2Graduando de agronomia, UnB. RESUMO ABSTRACT Sementes de alface da cultivar Grand Rapids Nacional foram peletizadas, utilizando-se como material de enchimento, a mistura de microcelulose e areia fina em volumes iguais e, como material cimentante, diferentes volumes de suspensão aquosa de bentonita e de acetato de polivinila, em cinco porporções (%): 100+0; 75+25; 50+50; 25+75; e 0+100. Os cimentantes foram aplicados em separado, sendo a bentonita aplicada na primeira camada de recobrimento das sementes. Após a peletização, as sementes foram submetidas à secagem sob temperaturas de 15 e 36°C, e avaliadas quanto à germinação e emergência das plântulas. As combinações de cimentantes utilizadas na peletização e a temperatura de secagem não afetaram significativamente a porcentagem final de germinação das sementes em gerbox. Na avaliação da emergência de plântulas em bandejas, apenas duas formulações de péletes apresentaram menor taxa em relação ao tratamento com desempenho máximo, indicando que as diferenças obtidas não foram devidas às diferenças na formulação do recobrimento e nem à temperatura de secagem. Independentemente da temperatura de secagem, todas as formulações utilizadas na peletização causaram redução na velocidade de germinação. Entretanto, quando semeadas em substrato orgânico e cultivadas em casa de vegetação, as sementes revestidas com várias formulações apresentaram índices de velocidade de emergência semelhantes aos das sementes não peletizadas. Neste ambiente, as plântulas oriundas de sementes peletizadas apresentaram crescimento normal, sem diferenças significativas com a testemunha, em relação à produção de matéria seca da parte aérea e das raízes, avaliadas aos 20 dias após a semeadura. Performance of pelleted lettuce seeds in response to glue material and temperature during the drying of the pellets. Palavras-chave: Lactuca sativa L., peletização, estabelecimento de plântulas, vigor. Keywords: Lactuca sativa L., pelleting, coat, seedling establishment, vigor. Seeds of lettuce cv. Grand Rapids Nacional were pelleted using as a filler, a mixture of sand and microcellulose in equal volume parts, and as a glue, different volumes of water suspension of bentonite and polyvinyl acetate at five proportions (%): 100+0; 75+25; 50+50; 25+75; and 0+100 applied apart, betonite being applied in the first coat layer. After pelleting, seeds were dried at 15 or 36°C and evaluated for germination and seedling emergence. Seed pelleting compound and drying temperature did not affect total germination. Only two pellet formulations showed reduced rate of seedling emergence indicating that differences were not due to the coat formulation and drying process. Independently of seed pellet formulation and dry temperature, the germination of pelleted seed delayed in relation to raw seeds. When sowed in organic substrate and placed under greenhouse conditions, pelleted seeds showed similar germination rate to raw seeds. In this environment, seedlings from pelleted seeds showed normal growth. The fresh and dry matter were similar to those from raw seeds at 20 days after sowing. (Aceito para publicação em 09 de janeiro de 2.002) A peletização consiste no revestimento de sementes com sucessivas camadas de material seco e inerte, dando a elas o formato arredondado, maior massa e acabamento liso, o que facilita a distribuição e o manuseio das sementes, especialmente aquelas muito pequenas, pilosas, rugosas ou deformadas. As sementes de alface (Lactuca sativa, L.) caracterizam-se pelo pequeno tamanho, pouco peso e formato irregular, o que dificulta a sua individualização e distribuição, tanto no processo manual quanto mecânico de semeadura. A utilização de sementes peletizadas reduz os custos de produção de mudas por diminuir o consumo de sementes, diminui o ser- Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. viço de distribuição manual de sementes, facilita a mecanização da semeadura e pode eliminar a prática do desbaste de plantas excedentes. Soma-se a isto, a possibilidade de incorporação de nutrientes, reguladores de crescimento e outros agroquímicos durante o processo de peletização, podendo constituir melhorias na sanidade das sementes e no estabelecimento das plântulas. Para algumas espécies, o menor consumo de sementes pode viabilizar a utilização de semente de melhor qualidade genética, especialmente as sementes híbridas. Embora a técnica de peletização tenha sido desenvolvida há vários anos, as informações referentes à composição dos materiais empregados e à confecção dos péletes são pouco difundidas, uma vez que esta técnica permanece inacessível junto às empresas de sementes e as companhias processadoras dos péletes. O processo consiste basicamente em aplicar camadas sucessivas de um material sólido inerte sobre as sementes em constante movimento dentro de uma betoneira, alternando a aplicação do material de enchimento com a pulverização de um cimentante solúvel em água (Silva, 1997; Silva & Nakagawa, 1998a). Para escolha de material a ser utilizado na peletização, incluindo os de enchimento, os adesivos e os de acabamen67 J.B.C. Silva et al. to, deve-se levar em conta a sua influencia, dentre outros aspectos, na rigidez do pélete, na absorção de água e na troca gasosa entre a semente e o ambiente externo ao pélete. Todos estes aspectos afetam diretamente a germinação das sementes, causando geralmente, redução na velocidade de germinação e do crescimento das plântulas (Sachs et al., 1981; Sachs et al., 1982; Silva & Márton, 1992; Silva et al., 1992). Silva, (1997) e Silva & Nakagawa, (1998a; 1998b; 1998c; 1998d), propuseram diferentes métodos para avaliação de materiais e verificaram diferenças marcantes quanto ao tempo de dissolução e a resistência física dos péletes, fatores estes que influenciam a absorção de água e a troca gasosa, afetando assim a germinação das sementes. Em avaliações preliminares para seleção de material (dados não publicados), definiu-se a areia fina, microcelulose, bentonita e acetato de polivinila como as melhores opções de ingredientes para formulação da camada de peletização. A areia e a microcelulose são utilizadas como material para enchimento. A bentonita e a cola à base de acetato de polivinila (cola PVA) são utilizadas como cimentante, tendo a bentonita a função de formar o núcleo dos péletes, por ser uma argila que agrega levemente as partículas utilizadas como enchimento. A cola PVA é utilizada para cimentar a camada de acabamento, por ter maior capacidade de agregação das partículas, dando a rigidez necessária aos péletes. No entanto, os adesivos formam uma solução de alta viscosidade, o que dificulta a troca gasosa entre a semente e o ambiente externo ao pélete, sendo portanto interessante minimizar o uso de cola PVA. O processo de peletização implica na aplicação de um volume relativamente grande de água, utilizada como veículo para pulverização da suspensão de cimentantes. Após o processamento, a umidade contida na camada de peletização deve ser retirada imediatamente, evitando assim a absorção de água pela semente. Porém o uso de calor durante essa secagem pode causar dormência secundária às sementes (Popinigis, 1985). O objetivo do trabalho foi avaliar a viabilidade e o desenvolvimento de 68 plântulas de alface em resposta a diferentes proporções de bentonita e cola PVA utilizadas na peletização, bem como avaliar o efeito da temperatura de secagem após o processamento. MATERIAL E MÉTODOS Peletização Sementes de alface do tipo crespa, da cultivar Grand Rapids Nacional, foram peletizadas em uma betoneira adaptada e instalada na Embrapa Hortaliças, seguindo metodologia descrita por Silva & Nakagawa (1998a). Utilizou-se, como material para enchimento, uma mistura de areia fina e microcelulose, em volumes iguais, peneirada aos poucos e aplicada alternadamente com a pulverização de cimentante. Como material cimentante, variou-se a proporção dos volumes de solução aquosa bentonita (BT), na diluição de 80 g/L e de cola à base de acetato de polivinila (PVA), diluída a 25% (v/v), nas seguintes proporções (%) de BT + PVA: 100+0; 75+25; 50+50; 25+75; 0+100. Cada ingrediente cimentante foi aplicado separadamente por pulverização dirigida à massa circulante dentro da betoneira, sendo o PVA aplicado na fase de acabamento. Ou seja, os núcleos dos péletes foram construídos com cimentante bentonita e a camada externa com PVA. Após a peletização, as sementes foram divididas em duas amostras e secadas em estufas sob temperaturas constantes de 15 e de 36ºC, por 24 horas, constituindo um fatorial 5x2, mais uma testemunha constituída das sementes nuas. Germinação Quatro repetições de 50 péletes ou sementes nuas foram distribuídas sobre duas folhas de papel de germinação, umedecidas com água destilada, e incubadas em caixas gerbox, mantidas em germinadores a 20ºC, sob luz. Foram realizadas contagens diárias das sementes que emitiram raízes primárias. A contagem final de germinação foi realizada aos sete dias, conforme as prescrições estabelecidas pelas Regras de Análise de Sementes (Brasil, 1992). Utilizando os dados de contagem diária de germinação calculou-se o índice de velocidade de germinação por meio da fórmula proposta por Maguirre (1962). Emergência de plântulas e produção de mudas Três repetições de 128 sementes foram semeadas em bandejas de poliestireno de 128 células, contendo substrato orgânico comercial da marca Plantmax (Eucatex) e mantidas em casa de vegetação. Foi realizada a contagem diária da emergência das plântulas e, aos 20 dias, efetuou-se a colheita das mudas para determinação das massas de matéria fresca e seca, tanto da parte aérea como das raízes. Para a determinação da massa de matéria seca utilizouse uma estufa de circulação forçada, a 60ºC por 24 horas. Rapidez e eficiência de plantio Determinou-se o tempo médio gasto por operários treinados para semeadura manual em bandejas de 128 células, comparando sementes nuas e peletizadas. Outra avaliação foi realizada com uma semeadora mecânica, dotada de mecanismo de sucção das sementes por agulhas, determinando-se a porcentagem de células sem sementes bem como a porcentagem de células com mais de uma semente. A análise dos dados foi realizada inicialmente no modelo de fatorial excluindo-se o tratamento testemunha, visando analisar os efeitos interativos. Não havendo interação significativa, fez-se a análise com todos os tratamentos, discriminando-os por meio do teste de Dunnet. RESULTADOS E DISCUSSÃO Germinação A porcentagem de germinação obtida em laboratório não foi afetada pelas diversas composições de cimentantes utilizados na peletização das sementes (Tabela 1), não se observando também diferenças na germinação quanto à temperatura de secagem dos péletes. Entretanto, as sementes nuas emitiram raízes primárias mais rapidamente que todos os tipos de sementes peletizadas, sendo que entre as composições de péletes e entre as temperaturas de secagem não houve diferenças significativas. Este atraso na germinação é comum em sementes peletizadas conforme resultados de diversos estudos (Silva, 1997; Sachs et al., 1981; Roos & Moore III, 1981 e trabalhos citados por Tonkin, 1984). Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Desempenho de sementes peletizadas de alface em função do material cimentante e da temperatura de secagem dos péletes. Emergência de plântulas Todos os péletes apresentaram porcentagem de emergência semelhantes à obtida com sementes nuas; apenas dois tipos de péletes apresentaram menor taxa de emergência de plântulas em relação ao tratamento com desempenho máximo (100% BT/360C), sendo um dos tipos confeccionado com a formulação de 50% de cola à base de PVA e secagem a 15ºC e outro com 25% de cola PVA e secagem a 36ºC (Tabela 2). Estes resultados sugerem que as diferenças na emergência de plantulas não podem ser relacionadas com a formulação da camada de recobrimento e nem com a temperatura de secagem. Quanto à velocidade de emergência das plântulas, o comportamento das sementes peletizadas foi mais aproximado das sementes não cobertas, quando se comparam estes dados com os obtidos na avaliação da velocidade de germinação, avaliada em laboratório. O retardamento observado na emergência das plântulas obtidas com sementes peletizadas, não afetou significativamente, a qualidade das mudas de alface produzidas em bandejas sob condições de casa de vegetação (Tabela 2). Aos 20 dias após a semeadura, as Tabela 1. Germinação de sementes nuas e de diversos tipos de péletes de semente de alface ‘Grand Rapids Nacional’ incubadas sob luz, a 20°C. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999. Composição de cimentante 100% BT 75% BT + 25% PVA 50% BT + 50% PVA 25% BT + 75% PVA 100% PVA 100% BT 75% BT + 25% PVA 50% BT + 50% PVA 25% BT + 75% PVA 100% PVA Sementes nuas (controle) CV (%) DMS Temperatura Germinação de secagem (%) (°C) 36 96,5 a 36 96,0 a 36 96,0 a 36 95,0 a 36 96,0 a 15 98,0 a 15 94,0 a 15 91,5 a 15 95,5 a 15 93,5 a 97,5 a 3,3 7,73 Índice de velocidade 21,3 b 20,5 b 19,7 b 19,3 b 21,3 b 22,0 b 20,2 b 19,3 b 19,9 b 19,8 b 25,4 a 5,7 2,87 Valores seguidos pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey na comparação entre péletes e pelo teste Dunnett, na comparação com a testemunha. BT = Bentonita; PVA = Cola à base de acetato de polivinila plântulas não apresentaram diferenças significativas de massa de matéria fresca e seca, tanto da parte aérea quanto das raízes, quando se comparam as plântulas originadas de sementes nuas com as originadas dos demais tratamen- tos, inclusive para as temperaturas de secagem e diferentes tipos de péletes. Entretanto, percebe-se pelo alto coeficiente de variação, que houve desuniformidade no crescimento das plântulas. Tabela 2. Emergência e desenvolvimento de plântulas oriundas de diversos tipos de péletes de sementes de alface ‘Grand Rapids Nacional’, em casa de vegetação. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999. Composição dos péletes Temperatura de Emergência (%) secagem (°C) 100% BT 75% BT + 25% PVA 50% BT + 50% PVA 25% BT + 75% PVA 100% PVA 100% BT 75% BT + 25% PVA 50% BT + 50% PVA 25% BT + 75% PVA 100% PVA Sementes nuas (controle) CV DMS 36 36 36 36 36 15 15 15 15 15 - 96,6 a 90,1 b 91,4 ab 94,5 ab 92,2 ab 94,5 ab 94,0 ab 90,1 b 91,7 ab 91,4 ab 95,6 ab 2,3 6,17 Índice de velocidade 34,7 abc 33,0 c 33,4 bc 33,8 abc 34,5 abc 36,4 ab 35,1 abc 32,5 c 34,0 abc 34,4 abc 36,6 a 3,2 3,18 Matéria seca (mg)* Parte aérea Raízes 260 a 160 a 371 a 130 a 352 a 108 a 367 a 108 a 378 a 160 a 363 a 147 a 395 a 143 a 312 a 118 a 303 a 178 a 491 a 182 a 404 a 135 a 17,8 36,3 190 105 *Média de 20 plântulas. Valores seguidos pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey na comparação entre péletes e pelo teste Dunnett, na comparação com a testemunha. BT = Bentonita; PVA = Cola à base de acetato de polivinila Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 69 J.B.C. Silva et al. Rapidez e eficiência de plantio Quanto à avaliação da facilidade de semeio, verificou-se que para semear manualmente as sementes peletizadas, os operários gastaram o tempo médio de 2:12 minutos para semear uma bandeja de 128 células, e gastaram 3:42 minutos para semear sementes nuas, o que corresponde a um gasto a mais de 68% de mão-de-obra. Observou-se ainda, naquelas bandejas semeadas com sementes nuas, que algumas células continham mais de uma semente, o que é um aspecto negativo à produção de mudas, pois além de um maior gasto de sementes, há a necessidade de se realizar, posteriormente, o desbaste naquelas células com mais de uma plântula. As sementes peletizadas foram facilmente semeadas em semeadora mecânica, e não se observou nenhum tipo de dano ou quebra dos péletes, causado pela semeadora. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Horti-mudas – Xavier & Baliza Ltda., por ter ce- 70 dido operários e equipamentos para realização das avaliações de rapidez e eficiência de plantio das sementes. LITERATURA CITADA BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília, Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. 1992. 365 p. MAGUIRRE, J.D. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Science, v. 2, p. 176-7,1962. NASCIMENTO, W.M.; CALIARI, M.F.; MARCOS FILHO, J. Influência da quantidade de água no substrato na germinação de sementes peletizadas de alface, beterraba e tomate. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 7, n. 1, p. 68, 1989. (resumo 169) POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. Brasília, s. ed., 289 p.,1985 ROOS, E.E.; MOORE III, F.D. Effect of seed coating on performance of lettuce seeds in greenhouse soil tests. 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Avaliação de métodos e materiais para peletização de sementes. Botucatu: UNESP, 1997. 127 p.(Tese doutorado) SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Confecção e avaliação de péletes de sementes de alface, Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 2, p. 151-158, 1998a. SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Metodologia para avaliação da resistência de péletes. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 2, p. 118-122, 1998b. SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Metodologia para avaliação de materiais cimentantes para peletização de sementes. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 31-37, 1998c. SILVA, J.B.C.; NAKAGAWA, J. Métodos para avaliação de materiais de enchimento utilizados na peletização de sementes. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 1, p. 44-49, 1998d. TONKIN, J.H.B. Pelleting and other pre-sowing treatments. In: THOMPSON, J.R. (Ed.) Advances in research and technology of seeds, part 9. Wageningen: ISTA, p. 95-97, 1984. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. VILLAS BÔAS, G.L.; FRANÇA, F.H.; MACEDO, N. Potencial biótico da mosca-branca Bemisia argentifolii a diferentes plantas hospedeiras. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 1, p. 71-79, março 2.002. Potencial biótico da mosca-branca Bemisia argentifolii a diferentes plantas hospedeiras1 . Geni L. Villas Bôas1; Félix Humberto França1; Newton Macedo2 Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, CEP 70359-970 Brasília-DF. E-mail: [email protected]; 2UFSCar, C. Postal 153, 13.6000000 Araras-SP 1 RESUMO ABSTRACT A mosca-branca Bemisia argentifolii Bellows & Perring, 1994 causa danos em diversas culturas de importância econômica no Brasil. Este trabalho teve o objetivo de avaliar o potencial biótico do inseto nas plantas de abobrinha, feijão, mandioca, milho, poinsétia, repolho e tomate. Os experimentos foram conduzidos na Embrapa Hortaliças, em Brasília-DF, em câmaras climatizadas, à temperatura de 28 ± 2ºC e casa de vegetação, à temperatura ambiente (25 ± 8ºC), partindo-se de uma população de B. argentifolii, criada em poinsétia desde 1995. Repolho e feijão foram as plantas hospedeiras que apresentaram períodos pré-imaginais mais curtos, respectivamente 20,5 e 21,9 dias. As maiores porcentagens de mortalidade nesses períodos foram observadas em mandioca (97,9%) e milho (94,2%). A razão sexual em geral foi favorável às fêmeas. O inseto apresentou valores muito próximos de rm (capacidade intrínseca de crescimento da população), variando de 0,18 em feijão a 0,13 em repolho, mostrando estar igualmente adaptado a estes hospedeiros. Resultados diversos foram observados em milho e mandioca, onde as fêmeas apresentaram alta mortalidade (> 90%), o que sugere baixa capacidade de utilização destes hospedeiros pela mosca-branca. Biotic potential of Bemisia argentifolii to different host plants. The whitefly Bemisia argentifolii Bellows & Perring, 1994 has been causing damage in several economically important crops in Brazil. The purpose of this research was to determine the biotic potential of the insect in zucchini, dry bean, cassava, corn, poinsettia, cabbage and tomato. The experiments were carried out at the Experimental Station of Embrapa Hortaliças, located in Brasilia, in BOD chamber (28°C ± 2°C) and greenhouse (25°C ± 8°C), with a whitefly population continuously reared on poinsettia plants since 1995. Cabbage and dry bean were the host plants with shorter preimaginal periods, 20.5 and 21.9 days respectively. The highest mortality in this periods was observed in cassava (97.9%) and corn (94.2%). Sexual ratio (female:male) favored females. The insect presented a small range for the intrinsic rate of increase (rm), 0.18 for dry bean and 0.13 for cabbage, reflecting the similar adaptability to both hosts. Lower intrinsic rates of increase were observed in corn and cassava, with high female mortality (> 90%), suggesting that these two species were less suitable hosts for this whitefly population. Palavras-chave: Bemisia tabaci biótipo B, biologia, tabela de vida, abobrinha, feijão, mandioca, milho, poinsétia, repolho, tomate. Keywords: Bemisia tabaci B biotype, biology, life table, zucchini, dry bean, cassava, corn, poinsettia, cabbage, tomato. (Aceito para publicação em 07 de janeiro de 2.002) A mosca-branca Bemisia argentifolii Bellows & Perring, 1994 (Homoptera: Aleyrodidae) (Bellows Junior et al., 1994) foi introduzida no Brasil, provavelmente através da planta ornamental poinsétia (Euphorbia pulcherrima), tendo sido registrada em São Paulo em 1990 (Melo, 1992; Lourenção & Nagai, 1994) e no Distrito Federal em 1993 (França et al., 1996). Esta espécie foi encontrada em 1986 na Flórida, em altas populações em estufas de criação de poinsétia e inicialmente considerada um novo biótipo de B. tabaci, denominado biótipo B ou mosca-branca da folha prateada (Bethke et al., 1991; Perring et al., 1993). B. argentifolii pode causar danos diretos às culturas ao se alimentar da seiva, provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta. A excreção de substâncias açucaradas que cobrem as folhas e servem de substrato para fungos, resultando na formação da fumagina, reduz o processo de fotossíntese e o valor comercial das culturas. Em tomate ocorre também o amadurecimento irregular dos frutos, o que dificulta o reconhecimento do ponto de colheita, reduz a produção e a qualidade da pasta, após o processamento (Villas Bôas et al., 1997). O dano mais sério causado por mosca-branca, no entanto, é o chamado dano indireto, onde o inseto é vetor de vários geminivírus, sendo considerado o mais importante vetor de patógenos virais do mundo. Conforme Gerling & Mayer (1996) é difícil saber quais trabalhos sobre a biologia do inseto foram realizados com B. tabaci ou B. argentifolii. A biologia de B. tabaci foi estudada em diversos hospedeiros e em várias regiões do mundo, conforme revisões de Byrne & Bellows Junior (1991) e Fishpool & Burban (1994), sendo que estes últimos autores comentam a variação existente nos diferentes resultados encontrados, em função das condições climáticas e diferentes plantas hospedeiras. O estudo da biologia de insetos é importante, principalmente em espécies recém-introduzidas em uma região, por oferecer conhecimentos básicos ao estabelecimento de medidas adequadas de controle. O objetivo deste trabalho 1 Parte da tese de doutoramento do primeiro autor, apresentado ao PPG-ERN da UFSCar, São Carlos, SP. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 71 G.L. Vilas Boas et al. foi avaliar o potencial biótico de B. argentifolii em algumas plantas hospedeiras como abobrinha, feijão, mandioca, milho, poinsétia, repolho e tomate, determinando-se os parâmetros biológicos mais adequados para estimar a adaptação da espécie ao interagir com estas plantas. MATERIAL E MÉTODOS População base Os insetos utilizados em todos os experimentos descritos neste trabalho foram obtidos a partir de uma população criada em plantas de poinsétia, que vem sendo mantida em casa de vegetação, na Embrapa Hortaliças, Brasília (DF), desde 1995. Esta população de mosca-branca foi previamente identificada como B. argentifolii, através da técnica molecular de polimorfismo de DNA amplificado ao acaso (RAPD) (G.L. Villas Bôas, dados não publicados). Hospedeiros avaliados O potencial biótico da mosca-branca foi determinado sobre plantas de abobrinha italiana ‘Caserta’ (Cucurbita pepo), feijão ‘Carioquinha’ (Phaseolus vulgaris), mandioca (Manihot esculenta), milho ‘Br 201’ (Zea mays), poinsétia (Euphorbia pulcherrima), repolho ‘Kenzan’ (Brassica oleracea var. capitata) e tomate ‘Nemadoro’ (Lycopersicon esculentum). A idade das plantas foi padronizada em sete dias após a semeadura para abobrinha e milho, quinze dias para feijão, 20 dias após o transplante para repolho, tomate, mandioca e três meses para poinsétia, por apresentarem nestes estágios fenológicos número de folhas e vigor compatíveis com as exigências dos trabalhos. Condições experimentais Os experimentos foram conduzidos no laboratório de Entomologia da Embrapa Hortaliças, de setembro de 1998 a setembro de 1999. Estes estudos foram realizados em câmaras climatizadas (BOD) a 28 ± 2ºC, 70 ± 10% de umidade relativa (UR) e fotofase de 14 h com observações diárias, nos hospedeiros repolho, feijão, mandioca e abobrinha. Além destes, para reduzir o efeito causado pelo manuseio das folhas a cada 24 h, foram realizados estudos das bionomias da mosca-bran72 ca em BOD com observações a cada três dias, em média, nos hospedeiros tomate, milho e poinsétia. Adicionalmente, para atenuar o efeito da eventual perda de qualidade das plantas, que permaneceram sob a luz da BOD, bem como o manuseio diário, foram realizados estudos das biologias da mosca-branca, em casa de vegetação (temperatura ambiente de 25 ± 8ºC e 60 ± 10% UR). Definição do número de casais Foi efetuado um ensaio preliminar com repolho ‘Kenzan’ de quinze dias após transplante. Os tratamentos foram: um, dois, quatro, oito e 16 casais por vaso, com quatro repetições. Os casais, de diferentes idades, foram colocados em gaiolas (tubo de PVC de 13 cm de diâmetro e 20 cm de altura, coberto com tela na parte superior) com vasos de repolho de 0,5 L e 12 cm de diâmetro, por 24 h. Estudos biológicos em BOD Casais de mosca-branca foram coletados na face abaxial da folha de poinsétia. Como os adultos ficam sempre pareados, com as cabeças voltadas para lados opostos, estes eram aspirados e liberados nas gaiolas de PVC que continham os vasos com as plantas hospedeiras, geralmente com pelo menos duas folhas totalmente expandidas, onde permaneciam por 24 h. Foram utilizados dez casais por vaso. Após 24 h, determinou-se o número de ovos sobre cada folha. Tanto no experimento onde as observações eram diárias, como naquele cujas observações eram feitas a cada três dias, as plantas foram verificadas sempre no mesmo horário, com auxílio de microscópio estereoscópio, e anotada a presença de cada fase do inseto e a mortalidade ocorrida, até a emergência dos adultos. Para as observações a cada três dias, o tempo de duração de cada estádio de crescimento foi estabelecido e registrado quando pelo menos 50% dos indivíduos haviam mudado para o estádio seguinte àquele da observação anterior. A transição entre as diferentes fases foi observada através da mudança na cor e tamanho das ninfas ou pela presença da exúvia. As seguintes variáveis foram avaliadas: número inicial de indivíduos por folíolo, número de ovos por fêmea por dia (24 h), porcentagem de eclosão, número de estádios, tempo de desenvolvimento de cada estádio (dias), duração total de ovo a adulto (dias), mortalidade em cada fase (%) e mortalidade total (%). Estudos biológicos em casa de vegetação Até a obtenção das posturas, o procedimento foi o mesmo anteriormente descrito para os estudos da bionomia em BOD. Os vasos foram mantidos em casa de vegetação e observados a cada três dias, em média. Avaliou-se o número inicial de indivíduos por folíolo, número de ovos por fêmea por dia (24 h), porcentagem de eclosão de ninfas, período médio em dias, de ovo a adulto e porcentagem total de mortalidade. Razão sexual Os adultos obtidos a partir dos estudos de biologia anteriormente descritos, foram capturados e sexados. A sexagem foi feita com auxílio de microscópio estereoscópio, sendo o reconhecimento dos machos e fêmeas feito através das diferenças anatômicas do abdômen do inseto, que na fêmea se apresenta arredondado e no macho se apresenta em formato de pinça em sua porção final. Longevidade e fertilidade das fêmeas Avaliou-se a longevidade e fecundidade das fêmeas e o número de ovos por fêmea por dia (24 h). Os casais provenientes da população base foram colocados em recipientes de plástico, cobertos com tela, que continham uma folha da planta hospedeira, com o pecíolo colocado em um pequeno vidro com água, e mantidos em BOD. Cada folha era trocada em intervalos de três dias, em média, quando determinava-se o número de posturas efetuadas neste intervalo de tempo. Os machos que morriam durante o experimento eram substituídos por outros machos provenientes da população base. A observação era considerada concluída com a morte da fêmea. As fêmeas mortas ou desaparecidas sem efetuar postura, no primeiro intervalo de observação, foram eliminadas das análises. Associação inseto hospedeiro em várias gerações Colocaram-se inicialmente 100 casais da população base, criada em poinsétia, em dez vasos de repolho, em gaiolas (61 x 64 x 80 cm) em telado, à temperatura ambiente. Após três geraHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Potencial biótico da mosca-branca Bemisia argentifolii a diferentes plantas hospedeiras. Tabela 1. Número de ovos por casais e número de ovos por fêmea (média e erro padrão da média) em 24 h, da mosca-branca Bemisia argentifolii, em repolho. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1998. Tratamentos 01 casal 02 casais 04 casais 08 casais 16 casais Nºovos/casais/24h X1 ± EPM² 2,8 ± 0,9 a3 5,8 ± 1,8 ab 8,0 ± 3,8 ab 18,5 ± 3,9 b 34,5 ± 9,1 c Nºovos/fêmea/24h X ± EPM 2,8 ± 0,9 2,9 ± 0,9 2,0 ± 0,9 2,3 ± 0,5 2,2 ± 0,6 X = Médias EPM = Erro padrão da média 3 Médias seguidas da mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste DMS (Diferença mínima significativa) a 5%. 1 2 ções, casais foram coletados e liberados nas gaiolas com a planta hospedeira repolho. Foram estudados, em casa de vegetação, a longevidade das fêmeas, número de ovos por fêmea e o número de ovos por fêmea por dia. Tabela de vida de fertilidade Foram calculados os valores de Ro = ∑ mx.lx (taxa líquida de reprodução ou o número de fêmeas geradas por uma fêmea em uma geração); T = ∑ mx.lx.x/ ∑ mx.lx (duração média de uma geração); rm = lnRo/T (estimativa da capacidade intrínseca de crescimento da população) e l = erm (razão finita de aumento, que representa o número de indivíduos adicionados à população/unidade tempo) (Silveira Neto et al., 1976; Price, 1984). Delineamento experimental e análises estatísticas O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado. A análise dos dados foi feita com o auxílio do software Statview, determinandose parâmetros estatísticos descritivos como média, erro padrão da média e amplitude. Foi feita a análise da variância, utilizando-se como teste de separação de médias o DMS (Diferença Mínima Significativa) (P ≤ 0,05). Nestes casos, os dados foram transformados para √ x + 0,5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Definição do número de casais Verificaram-se diferenças significativas entre os tratamentos para número total de ovos, sendo que nos tratamentos Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. oito e 16 casais, a média de ovos foi de 18,5 e 34,5, respectivamente (Tabela 1). As fêmeas ovipositaram de 2,0 a 3,0 ovos por dia, não havendo diferença estatística entre os tratamentos (Tabela 1). A metodologia com gaiolas de PVC e período de 24 h mostrou-se adequada para obtenção de posturas para se iniciar experimentos com mosca-branca. Baseado nos resultados obtidos, tomouse a decisão de trabalhar com oito a dez casais por vaso, conforme a disponibilidade de adultos. Estudos biológicos em BOD e casa de vegetação Ciclos de vida mais curtos foram verificados em repolho (20,5 ± 0,3 dias) e feijão (21,9 ± 0,7 dias), enquanto em poinsétia (26,6 ± 0,5 dias) e mandioca (25,0 ± 1,3 dias) o período de desenvolvimento foi mais longo (Tabelas 2 e 3). Em estudos bionômicos de B. tabaci e B. argentifolii, na mesma planta hospedeira, vários pesquisadores chegaram a resultados similares, sendo que as diferenças observadas foram devidas às diferentes condições ambientais dos experimentos, principalmente temperatura e umidade. Mizuno & Villas Bôas (1997) verificaram em repolho um ciclo maior (25,6 ± 1,1 dias), à temperatura de 25 ± 2ºC e semelhante ao que foi obtido para repolho (Tabela 4) em casa de vegetação (26,7 ± 0,2 dias). Para feijão, tanto Coudriet et al. (1985) como Tsai & Wang (1996) verificaram tempo de desenvolvimento similar aos obtidos nestes experimentos em BOD, enquanto Eichelkraut & Cardona (1989) citam duração total de 25,3 dias a 26,5ºC, com- patível com os dados obtidos em feijão em casa de vegetação (25,7 dias) (Tabela 4). Na planta hospedeira poinsétia, Bethke et al. (1991) observaram um tempo de desenvolvimento total de 23,2 ± 0,7 dias, à temperatura de 25,4ºC, enquanto Enkegaard (1993) encontrou 26,1 dias (26,7ºC), similares aos resultados deste trabalho (Tabela 3). Salas & Mendoza (1995) e Mizuno & Villas Bôas (1997) trabalhando com tomate, obtiveram dados semelhantes aos apresentados neste trabalho, sob as mesmas condições de temperatura, enquanto Tsai & Wang (1996) registraram um ciclo menor (18,0 dias) a 25 ± 1ºC. Coudriet et al. (1985) verificaram um período mais longo (27,3 dias) a 26,7ºC, valor muito próximo ao que foi verificado (27,5 dias) em casa de vegetação (Tabela 4). Em abobrinha, Yee & Toscano (1996) registraram um ciclo de 23 dias, sob temperatura de 27 ± 2ºC. As maiores porcentagens de mortalidade total na fase pré-imaginal foram registradas em mandioca (97,9 ± 1,3%) e milho (94,2 ± 2,8%), nos estudos de bionomia realizados em BOD (Tabelas 2 e 3). Em casa de vegetação (Tabela 4), a maior porcentagem de mortalidade total foi observada em feijão (74,7 ± 5,3%). As maiores porcentagens de mortalidade ocorreram em ninfas do terceiro estádio, quando os insetos estavam associados com as plantas hospedeiras repolho (15%), feijão (39%), mandioca (63%) e tomate (5%), e em ninfas do quarto estádio em milho (76%) e poinsétia (17%) (Tabelas 2 e 3). Em estudos realizados na casa de vegetação, as maiores porcentagens de mortalidade ocorreram em ninfas do quarto estádio para feijão (55%), abobrinha (42%) e repolho (32%). Em tomate, observouse uma elevada porcentagem de mortalidade na fase de ovo (30%) (Tabela 4). Os dados referentes à mortalidade, encontrados na literatura, são extremamente variáveis, sendo que, além dos fatores abióticos, outros fatores interferem nas taxas de mortalidade observadas nas diferentes espécies de plantas hospedeiras, como idade, vigor, cultivar e substâncias metabólicas secundárias. O intenso manuseio das folhas durante as amostragens também contribui para o aumento da mortalidade ninfal 73 G.L. Vilas Boas et al. Tabela 2. Número inicial de indivíduos por folíolo, duração e porcentagem de mortalidade em cada fase e total (média, erro padrão da média e amplitude) de Bemisia argentifolii, respectivamente nas plantas hospedeiras repolho, feijão, mandioca e abobrinha, realizado em câmara climatizada, regulada a 28±2ºC, 70±10% UR e fotofase de 14 h, observados diariamente. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1998-1999. Nº de indivíduos/folíolo X1 ± EPM2 Amplitude3 Repolho (n4 = 100) Ovo 14,2 ± 2,1 2 - 41 1º estádio 12,9 ± 1,9 2 - 37 2º estádio 11,9 ± 1,9 2 - 34 3º estádio 11,3 ± 1,9 1 - 32 4o estádio 9,1 ± 1,4 1 - 23 Adultos 8,0 ± 1,3 1 - 18 Ovo-adulto Feijão (n = 100) Ovo 23,3 ± 2,7 5 - 46 1º estádio 19,9 ± 2,4 5 - 41 2º estádio 13,7 ± 1,9 3 - 32 3º estádio 10,8 ± 1,5 3 - 26 4o estádio 6,9 ± 0,9 1 - 16 Adultos 4,3 ± 0,7 1 - 11 Ovo-adulto Mandioca (n = 100) Ovo 13,6 ± 2,0 3 - 38 1º estádio 8,3 ± 1,0 1 - 16 2º estádio 3,5 ± 0,7 0 - 12 3º estádio 1,8 ± 0,4 0-6 4o estádio 0,9 ± 0,3 0-4 Adultos 1,6 ± 0,6 1-4 Ovo-adulto Abobrinha (n = 110) Ovo 20,9 ± 5,1 0 - 74 1º estádio 27,9 ± 5,4 2 - 57 2º estádio 11,0 ± 3,1 2 - 21 3º estádio 5,0 ± 4,0 1-9 4o estádio5 Adultos Ovo-adulto Fases Duração (dias) X ± EPM Amplitude Mortalidade (%) X ± EPM Amplitude 6,4 ± 0,1 3,2 ± 0,1 2,8 ± 0,1 3,9 ± 0,3 4,3 ± 0,2 20,5 ± 0,3 6,0 - 6,9 2,9 - 3,8 2,0 - 3,2 2,6 - 6,6 3,0 - 5,6 18,9 - 23,5 8,7 ± 2,2 5,3 ± 1,5 7,6 ± 3,5 15,0 ± 3,7 10,8 ± 3,7 36,9 ± 5,1 0 - 27,8 0 - 16,7 0 - 50,0 0 - 50,0 0 - 50,0 0 - 69,2 6,1 ± 0,1 4,4 ± 0,2 2,9 ± 0,1 5,4 ± 0,4 4,9 ± 0,4 21,9 ± 0,7 5,3 - 7,2 3,5 - 5,3 2,1 - 4,0 3,2 - 8,9 3,0 - 10,0 17,0 - 26,8 14,9 ± 3,3 30,3 ± 4,0 17,9 ± 3,6 39,2 ± 6,1 36,7 ± 4,4 79,2 ± 4,1 0 - 50,0 0 - 60,0 0 - 57,1 0 - 100 0 - 66,7 20 - 100 4,6 ± 0,1 4,5 ± 0,2 4,2 ± 0,3 4,8 ± 0,4 6,9 ± 0,7 25,0 ± 1,3 3,5 - 5,0 3,5 - 7,0 3,0 - 6,5 3,5 - 7,0 5,0 - 9,3 22 - 29 37,4 ± 4,1 53,6 ± 7,5 61,0 ± 7,4 62,5 ± 11,1 35,7 ± 18,0 97,9 ± 1,3 11,1 - 80 0 - 100 0 - 100 0 - 100 0 - 100 76,5 - 100 6,1 ± 0,2 2,9 ± 0,2 1,7 ± 0,7 4,0 ± - 5,0 - 8,0 2,0 - 4,0 1,0 - 2,3 4,0 - 4,0 - 18,3 ± 4,7 49,8 ± 7,8 55,9 ± 14,4 88,9 ± - 0 - 61,4 8,7 - 73,0 0 - 75,0 88,9 - 88,9 - X = Médias EPM = Erro padrão da média 3 Amplitude = Valores máximo e mínimo 4 n = Número inicial de casais 5 = a planta morreu 1 2 (Enkegaard, 1993). Para poinsétia, as porcentagens de mortalidade total, de ovo a adulto variaram de 6% a 28ºC (Enkegaard, 1993) a 39% a 27ºC (Costa & Brown, 1991). Tsai & Wang (1996) verificaram porcentagem de mortalidade total de 60% em tomate e de 46% em 74 feijão, enquanto Mizuno & Villas Bôas (1997) mencionam 53% em tomate, ocorrendo uma maior mortalidade em ninfas do quarto estádio (24%) e 46,8% em repolho, com maior mortalidade em ninfas do primeiro estádio (19%). Costa et al. (1991) trabalhando a 27ºC, ci- tam mortalidade pré-imaginal de 83% em tomate e 17% em abobrinha. Coudriet et al. (1985) observaram mortalidade acima de 90% em cana-de-açúcar para as ninfas do primeiro estádio, com as sobreviventes morrendo no segundo estádio. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Potencial biótico da mosca-branca Bemisia argentifolii a diferentes plantas hospedeiras. Tabela 3. Número inicial de indivíduos por folíolo, duração e porcentagem de mortalidade em cada fase e total (média, erro padrão da média e amplitude) de Bemisia argentifolii, respectivamente nas plantas hospedeiras tomate, milho e poinsétia, realizado em câmara climatizada, regulada a 28±2ºC, 70±10% UR e fotofase de 14 h, observados a cada três dias. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999. Fases Nº de indivíduos/folíolo X1 ± EPM2 Amplitude3 Tomate (n 4 = 60) Ovo 29,4 ± 5,5 1º estádio 29,3 ± 5,5 2º estádio 28,8 ± 5,5 3º estádio 28,7 ± 5,5 4o estádio 27,6 ± 5,4 Adultos 27,0 ± 5,3 Ovo-adulto Milho (n = 120) Ovo 9,3 ± 1,6 1º estádio 6,3 ± 0,7 2º estádio 5,1 ± 0,7 3º estádio 3,9 ± 0,7 4o estádio 3,8 ± 0,6 Adultos 1,3 ± 0,4 Ovo-adulto Poinsétia (n = 105) Ovo 34,7 ± 4,3 1º estádio 32,0 ± 3,9 2º estádio 31,7 ± 3,9 3º estádio 28,4 ± 3,5 4o estádio 26,2 ± 3,3 Adultos 21,0 ± 2,2 Ovo-adulto - Duração (dias) X ± EPM Amplitude Mortalidade (%) X ± EPM Amplitude 7 - 59 7 - 59 7 - 57 7 - 57 6 - 57 6 - 57 - 6,8 ± 0,1 3,3 ± 0,3 2,5 ± 0,2 3,1 ± 0,1 7,6 ± 0,5 22,4 ± 0,4 6,3 - 7,0 2,0 - 5,1 2,0 - 4,0 2,5 - 4,1 6,0 - 10,5 18,9 - 24,0 0,7 ± 0,7 1,5 ± 1,2 0,9 ± 0,9 4,6 ± 2,3 2,0 ± 0,8 9,3 ± 2,9 0 - 8,3 0 - 14,3 0 - 11,1 0 - 25,0 0 - 9,1 0 - 32,1 0 - 30 2 - 12 0 - 11 0-9 1-7 0-3 - 6,5 ± 0,1 2,8 ± 0,4 2,2 ± 0,2 3,5 ± 0,2 9,2 ± 1,2 23,8 ± 0,7 6,0 - 7,4 1,1 - 6,0 1,0 - 3,7 2,5 - 4,0 5,8 - 13,5 22 - 26 37,8 ± 7,0 24,7 ± 7,9 32,2 ± 7,4 20,5 ± 7,6 75,5 ± 7,8 94,2 ± 2,8 0 - 80 0 - 100 0 - 100 0 - 100 33,3 - 100 70 - 100 14 - 100 12 - 88 12 - 88 11 - 79 11 - 77 6 - 42 - 7,2 ± 0,0 2,9 ± 0,0 3,7 ± 0,2 4,2 ± 0,2 7,5 ± 0,3 26,6 ± 0,5 7,0 - 7,6 2,5 - 3,2 2,8 - 7,2 2,6 - 6,1 5,4 - 10,4 24,2 - 31,9 7,5 ± 1,7 1,1 ± 0,5 9,4 ± 2,6 7,4 ± 2,0 17,2 ± 4,3 35,7 ± 4,7 0 - 23,8 0 - 7,3 0 - 39,5 0 - 31,1 0 - 58,3 0 - 74,4 X = Médias EPM = Erro padrão da média 3 Amplitude = Valores máximo e mínimo 4 n = Número inicial de casais 1 2 Dentre os hospedeiros, verificou-se que a abobrinha foi muito sensível ao manuseio direto e ao ambiente interno da BOD, sendo que em geral, as plantas secaram e morreram antes que os insetos completassem o ciclo de desenvolvimento (Tabela 2). Razão sexual A razão sexual foi sempre favorável às fêmeas, com exceção daquela observada em mandioca, onde se obteve uma razão sexual de 0,5 fêmeas:1,0 macho. As maiores variações foram observadas em milho (3:1) e tomate (2:1). Já em poinsétia e repolho a razão fêmea:macho observada foi de 1,3:1. A razão sexual encontrada em tomate foi de 2,7:1,0 (SaHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. las & Mendoza, 1995; Mizuno & Villas Bôas, 1997), de 3,7:1,0 em repolho (Mizuno & Villas Bôas, 1997) e de 1:1 em feijão (Eichelkraut & Cardona, 1989). Longevidade e fertilidade das fêmeas A longevidade variou, em média, de 21,3 ± 9,0 dias em fêmeas de terceira geração em repolho a 5,5 ± 2,5 dias em milho, sendo que em feijão o valor máximo observado foi de 40 dias (Tabela 5). Observou-se que em mandioca as fêmeas morreram nos primeiros três dias, sem efetuar postura. Esta observação corrobora os dados de Costa & Russel (1975), que ao realizar experi- mentos em insetário, verificaram que os insetos efetuaram poucas posturas e as ninfas morreram antes de atingir a fase adulta, concluindo que B. tabaci não coloniza mandioca no Brasil, uma vez que nos experimentos em confinamento os adultos morriam após três dias. A longevidade de fêmeas criadas em poinsétia foi de 17 dias (Bethke et al., 1991) à temperatura de 25,4ºC e de 16 dias (Enkegaard, 1993) a 28ºC, maiores que a obtida neste estudo (13,2 ± 1,9 dias). Em tomate foi de 19 dias (Salas & Mendoza, 1995) e em feijão de 14 dias (Eichelkraut & Cardona, 1989). Os resultados obtidos permitem verificar que as maiores relações de ovos 75 G.L. Vilas Boas et al. Tabela 4. Número inicial de indivíduos por folíolo, duração e porcentagem de mortalidade total (média, erro padrão da média e amplitude) de Bemisia argentifolii, respectivamente nas plantas hospedeiras feijão, abobrinha, repolho e tomate, realizado em casa de vegetação, à temperatura ambiente (25 ± 8ºC, 60 ± 10% UR). Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999. Fases Nº de indivíduos/folíolo X1 ± EPM2 Amplitude3 Feijão (n 4=60) Ovo 26,4 ± 4,5 1º estádio 27,4 ± 4,5 2º estádio 26,0 ± 4,2 3º estádio 23,3 ± 3,7 4o estádio 14,1 ± 2,1 Adultos 5,9 ± 1,1 Ovo-adulto Abobrinha (n=90) Ovo 18,8 ± 5,3 1º estádio 18,2 ± 5,0 2º estádio 20,7 ± 5,3 3º estádio 20,3 ± 5,2 4o estádio 18,3 ± 5,3 Adultos 11,3 ± 3,0 Ovo-adulto Repolho (n=110) Ovo 22,5 ± 3,5 1º estádio 18,2 ± 2,1 2º estádio 15,7 ± 2,0 3º estádio 15,2 ± 2,0 4o estádio 15,1± 2,0 Adultos 10,3 ± 1,5 Ovo-adulto Tomate (n=60) Ovo 16,8 ± 2,4 1º estádio 2º estádio 3º estádio 4o estádio 12,2 ± 2,2 Adultos 10,0 ± 2,1 Ovo-adulto - Duração (dias) X ± EPM Amplitude Mortalidade (%) X ± EPM Amplitude 0 - 54 5 - 54 5 - 54 5 - 48 5 - 29 3 - 14 - 25,7 ± 0,8 20,6 - 28,9 6,2 ± 4,2 3,9 ± 2,6 8,8 ± 2,2 35,2 ± 5,5 54,9 ± 6,3 74,7 ± 5,3 0 - 36,4 0 - 21,4 0 - 16,7 0 - 58,3 30 - 86,2 40 - 90,9 0 - 70 0 - 56 1 - 56 1 - 56 1 - 56 0 - 35 - 26,1 ± 0,4 25 - 28,3 14,0 ± 8,0 0 0,6 ± 0,6 2,8 ± 2,8 42,1 ± 6,5 51,5 ± 7,4 0 - 100 0 0 - 8,9 0 - 41,5 0 - 100 0 - 100 0 - 60 3 - 36 3 - 36 3 - 36 3 - 36 2 - 28 - 26,7 ±0,2 25,2 - 29,0 14,2 ± 4,7 10,7 ± 4,7 4,0 ± 1,7 1,5 ± 0,9 31,9 ±-3,7 51,9 ± 4,3 0 - 62,1 0 - 72,0 0 - 28,0 0 - 14,3 0 - 71,4 6,7 - 84,6 7 - 29 2 - 25 1 - 20 - 27,5 ± 0,7 23,0 - 31,5 30,1 ± 7,0 21,0 ± 7,3 45,5 ± 7,9 0 - 75,0 0 - 85,7 0 - 85,7 X = Médias EPM = Erro padrão da média 3 Amplitude = Valores máximo e mínimo 4 n = Número inicial de casais 1 2 por fêmea foram encontradas em repolho de terceira geração (172,3 ± 70,0), os valores totais máximos de até 301 ovos por fêmea em repolho e 299 ovos por fêmea em poinsétia (Tabela 5). Em milho, as fêmeas geralmente efetuaram poucas posturas, apresentando, em mé76 dia, 5,0 ± 1,0 ovos. A maior média de número de ovos por fêmea por dia (7,9 ± 1,1) foi observada em adultos de terceira geração em repolho, não havendo diferença significativa para oviposição de fêmeas de primeira geração (6,3 ± 1,1) naquela planta hospedeira, poinsétia (5,4 ± 0,4) e abobrinha (4,9 ± 0,6). Nestes casos os valores máximos e mínimos variaram de 0 a 11,6 ovos. Com relação ao total do número de ovos por fêmea em poinsétia, Enkegaard (1993) obteve 263 ovos, com um número médio de ovos de 96,3 e Bethke et al. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Potencial biótico da mosca-branca Bemisia argentifolii a diferentes plantas hospedeiras. Tabela 5. Longevidade de fêmeas de Bemisia argentifolii, número total de ovos por fêmea e número de ovos por fêmea por dia (média, erro padrão da média e amplitude), em diferentes plantas hospedeiras, realizada em BOD à temperatura de 28 ± 2ºC, 70 ± 10% UR e fotofase de 14 h. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999. Número Número de inicial de fêmeas que casais1 ovipositaram X² ± EPM³ Amplitude4 Poinsétia 65 26 13,2 ± 1,9ab5 3 - 34 Tomate 61 22 Planta hospedeira Longevidade da fêmea 6,3 ± 1,3 c 2 - 28 N.º de ovos/fêmea X ± EPM Amplitude 83,4 ± 15,8ab 28,2 ± 7,7 c 6 - 299 N.º de ovos/fêmea por dia X ± EPM Amplitude 5,4 ± 0,4ab 1,2 - 8,8 2 - 137 3,6 ± 0,6 cd 0,7 - 11,4 0,2 - 11,6 Feijão 53 20 11,3 ± 2,3ab 3 - 40 54,5 ± 12,3 bc 1 - 168 4,1 ± 0,6 bcd Abobrinha 45 19 8,6 ± 1,5 bc 2 - 28 50,4 ± 11,7 bc 2 - 188 4,9 ± 0,6abc 0,7 - 9,2 Repolho 1ª geração 29 10 12,9 ± 3,9abc 3 - 29 108,7 ± 39,4ab 1 - 301 6,3 ± 1,1ab 0,3 - 11,6 Repolho 3ª geração 11 3 21,3 ± 9,0abc 5 - 36 172,3 ± 70,0a 33 - 253 7,9 ± 1,1a 6,6 - 10,0 5,0 ± 1,0 Milho 3 2 5,5 ± 2,5abc 3-8 Mandioca 20 0 - - bc - 4-6 - 1,3 ± 0,7 - d 0,5 - 2,0 - Fêmeas que morreram ou fugiram sem efetuar posturas não foram consideradas para as análises. 2 X = Médias 3 EPM = Erro padrão da média 4 Amplitude = Valores mínimo e máximo 5 Dados originais, para análise estatística foram transformados em √ x + 0,5. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste DMS (Diferença mínima significativa) a 5%. 1 (1991) verificaram um número médio de (85,0 ± 19,4), muito similar ao que foi apresentado de 83,4 ± 15,8 ovos por fêmea (Tabela 5). Salas & Mendoza (1995) observaram valores para o número total de ovos por fêmea e média de ovos por fêmea, respectivamente 194,9 ± 59,1 e 11,7 ± 3,6, bem mais elevados que os obtidos neste trabalho para tomate, 28,2 ± 7,7 (número de ovos/fêmea) e 3,6 ± 0,6 (número de ovos/fêmea/dia) (Tabela 5). Costa & Brown (1991) registraram, na temperatura de 27ºC, 48 ovos em abobrinha e Eichelkraut & Cardona (1989) obtiveram 75 ovos por fêmea, em feijão. Costa et al. (1991) verificaram que as maiores posturas foram realizadas em 48 h em abobrinha (128 ovos), sendo que em tomate foram obtidos 64 ovos. Tsai & Wang (1996) demonstraram que plantas hospedeiras têm efeito significativo na longevidade e oviposição de fêmeas de B. argentifolii e os resultados obtidos nos experimentos aqui discutidos estão de acordo com os apresentados por outros pesquisadores. Por exemplo, os resultados de Costa et al. (1991) demonstraram que B. tabaci, quando confinada a determinadas plantas hospedeiras, não deposita número igual de ovos em todas as espécies. Embora a taxa de sobrevivência dependa da planta hospedeira, estes autores não observaram correlação direta entre o número de posturas e a taxa de sobrevivência. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Isso sugere que, antes da postura, as fêmeas de B. tabaci não são capazes de avaliar o potencial qualitativo da planta hospedeira com respeito a taxa de sobrevivência da progênie (Costa et al., 1991). Byrne & Bellows Junior (1991) comentam que espécies polífagas apresentam uma taxa de adaptação diferenciada em diferentes hospedeiros. Segundo Coudriet et al. (1985) mesmo culturas consideradas de menor preferência podem servir como culturas de sobrevivência no inverno ou na entressafra. Bethke et al. (1991) sugerem que o inseto não só apresenta amplo número de hospedeiros, como se adapta facilmente a novos hospedeiros, em novos ambientes. Associação inseto hospedeiro em várias gerações A mosca-branca, inicialmente criada em poinsétia, foi mantida em repolho até a terceira geração, tendo sido avaliada a duração do ciclo total, de ovo a adulto, verificando-se maior ciclo de vida no repolho da terceira geração de 21,1 ± 0,6 dias, comparado com o ciclo observado na primeira geração, que foi de 20,5 ± 0,3 dias. Foi também observada maior porcentagem de mortalidade em repolho da terceira geração (79,1%). Tabela de vida de fertilidade Os maiores valores de Ro (número de fêmeas geradas por fêmea em cada geração) foram obtidos para poinsétia (237,1) e abobrinha (107,1), e o menor para milho (3,0) (Tabela 6). Verifica-se que B. argentifolii apresentou valores muito próximos de rm (estimativa da capacidade intrínseca de crescimento da população) e l (razão finita de aumento). Os valores de rm variaram de 0,18 a 0,13 e os valores de l de 1,20 a 1,14, respectivamente em feijão e repolho na terceira geração, mostrando estar igualmente adaptada a estes hospedeiros. Para a planta hospedeira milho o valor de rm (0,06) e l (1,06) foram inferiores, e estes resultados sugerem que a mosca-branca, quando comparada a outras espécies de plantas, não se encontra adaptada a esta planta. A mortalidade elevada observada na fase pré-imaginal e também das fêmeas, impossibilitou a determinação de tabela de vida de fertilidade para mandioca. A duração média de uma geração (T) foi maior em poinsétia (36,19 dias) e menor em tomate (28,47 dias). Para este hospedeiro, verifica-se que um menor valor de Ro é acompanhado de um menor tempo de geração, fazendo com que o rm e o l sejam bastante semelhantes às demais plantas hospedeiras (Tabela 6). Os valores de Ro observados para poinsétia, por Enkegaard (1993) e Calvitti & Remotti (1998) foram, respectivamente, 42,8 e 37,9, menores que o obtido neste trabalho, que foi de 237,1. Em geral estas variações podem ser explicadas pelas diferenças nas espécies estudadas, 77 G.L. Vilas Boas et al. Tabela 6. Taxa líquida de reprodução (Ro), duração média de uma geração (T), capacidade intrínseca de crescimento da população (rm) e razão finita de aumento (l) de Bemisia argentifolii em diferentes plantas hospedeiras. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1998-1999. Planta hospedeira Feijão Poinsétia Tomate Abobrinha Repolho 1ª geração Repolho 3ª geração Milho Ro1 114,32 237,09 58,92 107,06 90,79 49,13 3,00 T² 30,14 36,19 28,47 33,99 33,65 34,74 28,52 rm³ 0,1802 0,1703 0,1675 0,1579 0,1546 0,1321 0,0628 l4 1,1975 1,1857 1,1823 1,1710 1,1672 1,1412 1,0648 Ro = Taxa líquida de reprodução, que expressa o número de fêmeas geradas por fêmea em cada geração T = Duração média de uma geração, expressa em dias 3 rm = Capacidade intrínseca de crescimento da população 4 λ = Razão finita de aumento, que expressa o número de fêmeas originadas de uma fêmea, a cada três dias 1 2 constituições genéticas das populações de mosca-branca e de cultivares de plantas, bem como da interação genótipo/ambiente das plantas hospedeiras. Os valores de Ro encontrados no presente estudo para tomate (58,9) estão similares aos observados por Tsai & Wang (1996). Os valores de rm aqui demonstrados, são semelhantes aos verificados na literatura, quando consideradas as mesmas espécies de plantas hospedeiras. Tsai & Wang (1996) obtiveram os seguintes valores de rm, 0,19; 0,15; 0,12; respectivamente para berinjela, tomate e feijão. Calvitti & Remotti (1998), estudando plantas daninhas, arbitrariamente agruparam as plantas hospedeiras, considerando rm maior que 0,09 as espécies mais preferidas. Os autores sugerem que, quanto mais preferida é a planta, maior a taxa de crescimento dessa população, nesse hospedeiro. De acordo com a afirmação daqueles autores, baseada em valores de rm menores, considera-se que, nas condições do presente trabalho, com exceção do milho e mandioca, as plantas hospedeiras abobrinha, feijão, poinsétia, repolho e tomate são igualmente preferidas pelo inseto, por apresentar um elevado potencial biótico nestas hospedeiras, quando cultivadas em condições naturais. Para auxiliar o manejo integrado desta praga, e de acordo com os resultados aqui apresentados, recomenda-se adotar a rotação com milho, na entressafra, entre as culturas de maior preferência do inseto, como tomate, repolho, abobrinha e feijão. Gravena et al. (1984) utilizaram sorgo granífero como barreira circundante em experimentos 78 com tomate estaqueado, verificando a redução da população de B. tabaci. Na América Central é recomendada a utilização de barreiras vegetais, com sorgo forrageiro e milho (Salguero, 1993). A técnica do pousio não é indicada neste caso, pois a mosca-branca se utiliza de várias espécies de plantas daninhas, como hospedeiro alternativo, que se constituiriam em fonte de futuras infestações. Assim, em áreas de intenso desequilíbrio, é recomendável interromper o ciclo das espécies preferidas, utilizando-se de milho ou outra gramínea como sorgo ou cana de açúcar, ou mesmo mandioca. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem às pesquisadoras Maria Alice de Medeiros e Marina Castelo Branco pelas valiosas sugestões e revisão do manuscrito. Ao auxiliar de laboratório Hozanan Pires Chaves e ao técnico agrícola, Adiel Lopes dos Santos, do Laboratório de Entomologia da Embrapa Hortaliças, pelo dedicado auxílio na condução dos experimentos. Agradecem ainda as pertinentes sugestões dos professores da UFSCar, Dra. Angélica Maria P. Martins Dias, Dra. Maria Inês Salgueiro Lima e Dr. Carlos Roberto Sousa e Silva. LITERATURA CITADA BELLOWS JUNIOR, T.S.; PERRING, T.M.; GILL, R.J.; HEADRICK, D.H. Description of a species of Bemisia (Homoptera: Aleyrodidae). Annals of the Entomological Society of America, v. 87, n. 2, p. 195-206, 1994. BETHKE, J.A.; PAINE, T.D.; NUESSLY, G.S. Comparative biology, morphometrics and development of two populations of Bemisia tabaci (Homoptera: Aleyrodidae) on cotton and poinsettia. 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Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF. E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Foram avaliados para resistência a danos causados por insetos nas folhas e raízes, no campo, 366 acessos do Banco Ativo de Germoplasma de batata-doce da Embrapa Hortaliças. Os insetos de interesse foram Diabrotica spp., Conoderus sp., Epitrix sp., e a broca-da-raiz da batatadoce, Euscepes postfasciatus. Considerando o estrato raízes, aproximadamente 21% dos acessos avaliados mostraram-se resistentes a crisomelídeos e elaterídeos, tendo sido identificados pelo menos sete clones melhores que a referência padrão de resistência àqueles insetos, a cultivar Brazlândia Roxa. Sete acessos, entre esses o CNPH 005, CNPH 026 e CNPH 258 mostraram-se bastante homogêneos e consistentes em três avaliações. Esses mesmos clones, além dos clones CNPH 088, CNPH 295, CNPH 314 e CNPH 318 mostraram-se entre os mais resistentes à broca-da-raiz, porque tiveram 7% ou menos das suas raízes tuberosas danificadas por Euscepes postfasciatus enquanto as cultivares Brazlândia Branca e Princesa obtiveram, respectivamente, 23,3% e 53,3% de danos. Outros nove acessos foram classificados como mais suscetíveis que essas cultivares. A aplicação desses resultados no manejo integrado de pragas em batata-doce é discutido. Screening of sweet potato accessions for resistance to the West Indian sweet potato weevil, chrysomelids and elaterids. Palavras-chave: Ipomoea batatas, Chrysomelidae, Elateridae, Diabrotica spp., Conoderus sp., Epitrix sp., Euscepes postfasciatus, resistência de plantas a insetos, insetos de solo, manejo integrado de pragas. Three hundred sixty six sweet potato plant accessions of the Sweet potato Germplasm Bank of Embrapa Hortaliças (Brazil) were evaluated in the field for resistance to the Wireworm-Diabrotica-Systena (WDS) pest complex: Diabrotica spp., Conoderus sp., Epitrix sp., and West Indian sweet potato weevil, Euscepes postfaciatus. About 21% of all plant accessions showed high resistance to chrysomelids and elaterids. Seven clones, among them CNPH 005, CNPH 026 and CNPH 258 were more resistant than the standard resistant commercial cultivar Brazlândia Roxa. These sweet potato accessions and CNPH 088, CNPH 295, CNPH 314 and CNPH 318, were the most promising sources of resistance against the West Indian sweet potato weevil because they had 7% or less, of their roots damaged by Euscepes postfasciatus, compared to commercial cultivars Brazlândia Branca (23.3%) and Princesa (53.3%). The application of these results in an integrated control of sweet potato pests approach is discussed. Keywords: Ipomoea batatas, Chrysomelidae, Elateridae, Diabrotica spp, Conoderus sp, Epitrix sp, Euscepes postfasciatus, sweet potato, West Indian sweet potato weevil, host plant resistance, soil insects, integrated pest management. (Aceito para publicação em 07 de dezembro de 2.001). A diversidade de espécies de insetos associados à batata-doce e parentes silvestres próximos nas AmériHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. cas é atribuída por Raman & Alleyne (1991), ao fato de que o centro de origem de várias espécies do gênero Ipomoea é localizado nas Américas do Sul e Central. São exemplos de insetos chave da cultura os adultos e as larvas 79 F.H. França & P.S. Ritschel de várias espécies de crisomelídeos, elaterídeos e da broca-da-raiz E. postfasciatus. Essa é a principal praga da cultura em vários países das Américas do Sul e Central, Caribe e Pacífico Sul. Enquanto extensa pesquisa realizada resultou em táticas úteis de manejo integrado visando o controle de crisomelídeos, poucos trabalhos foram realizados procurando apresentar soluções para os danos e as perdas causadas pela broca-da-raiz. O controle químico das pragas da batata-doce em anos recentes no Brasil tem se mostrado inviável pelo alto custo dos agrotóxicos e inexistência de produtos registrados para a cultura. Algumas práticas agronômicas têm provado serem eficientes ao longo dos últimos 50 anos no controle de pragas da cultura como a utilização de ramas sadias; boa preparação do solo evitando-se o torroamento excessivo; irrigação adequada visando manter o solo úmido, evitando-se assim a formação de rachaduras que facilitem a entrada de insetos para oviposição e alimentação; rotação de culturas e amontoa alta (Bondar, 1930; Bondar, 1931). A essas medidas associou-se a utilização de variedades resistentes como importante componente do manejo integrado de pragas da batata-doce (Miranda et al.,1984). Cultivares de batata-doce resistentes a insetos de solo das famílias Chrysomelidae e Elateridae foram lançadas em 1975 nos EUA (Jones et al.,1975), e desde então, a metodologia de seleção de germoplasma tem sido aperfeiçoada (Rolston et al., 1979; Mullen et al., 1980; Barlow & Rolston, 1981; Jones et al., 1981) resultando na liberação de novas cultivares (Mullen et al., 1980; Jones et al., 1983). A resistência da batata-doce a insetos de solo como a larva-alfinete (Diabrotica spp.), larva-arame (Conoderus spp.) e pulgado-fumo (Epitrix spp.) é presumida estar localizada na pele das raízes, mas o fator que a determina ainda não foi identificado (Cuthbert & Davis, 1971). O desconhecimento deste fato, porém, não impediu o desenvolvimento de cultivares resistentes (Jones et al., 1981). Um acervo extremamente consistente de informações sobre a biologia, interações tróficas e resistência genéti80 ca a Megastes spp. e Euscepes postfaciatus (Fairmaire) foi produzido através das teses orientadas pelo Prof. Dr. Antonio F. de Souza Leão Veiga, na Universidade Federal Rural de Pernambuco, sendo que alguns destes trabalhos discriminaram claramente os níveis de resistência encontrados (Martinez, 1985; Novo, 1983; Garcia, 1989; Braga, 1993). Publicações sobre a resistência de batata-doce à broca-daraiz são relativamente recentes na literatura internacional e parte destas refere-se a avaliações realizadas em campo ou a trabalhos conduzidos em laboratório. Sabe-se que os poucos materiais selecionados tiveram baixa qualidade agronômica (Raman & Alleyne, 1991). A partir de 1979 na Embrapa Hortaliças, foi realizado um trabalho de desenvolvimento metodológico (França et al., 1983a), avaliação (França et al., 1983b) e seleção de germoplasma de batata-doce para resistência a crisomelídeos (Miranda & França, 1988; França, 1989; Silveira & Maluf, 1994) que culminou com a liberação em 1984 da cultivar resistente Brazlândia Roxa. Variabilidade genética em batata-doce para resistência a ácaros foi demonstrada por Maluf et al. (1987). Mais recentemente, significativo sucesso foi obtido na busca por germoplasma resistente a crisomelídeos resultando no lançamento das cultivares ‘Palmas’ e ‘Caruanã’, no Estado de Tocantins, mais resistentes àqueles insetos que o padrão conhecido até então (M. A. da Silveira, informação pessoal). Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultados da caracterização do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de batata-doce da Embrapa-Hortaliças (Ritschel et al., 1999) para resistência a artrópodes de folhas, ramas e raízes, com ênfase à broca-da-raiz da batatadoce, E. postfaciatus, crisomelídeos e elaterídeos e a importância destes resultados no manejo de pragas da cultura. MATERIAL E MÉTODOS Avaliação preliminar Trezentos e sessenta e seis acessos do BAG de batata-doce da Embrapa Hortaliças foram plantados em dezembro de 1995 e avaliados em fins de maio de 1996, correspondendo aproximadamente ao ciclo vegetativo de 180 dias. Uma amostra de oitenta acessos plantada em experimento independente do anterior, mas em área adjacente a ele, foi avaliada em setembro de 1996, correspondendo aproximadamente a um ciclo vegetativo de 270 dias, visando verificar se a manutenção de raízes no solo por mais tempo implicaria no aumento ou não dos danos causados por insetos. As ramas utilizadas nos experimentos foram obtidas a partir de viveiro constituído para este fim. Estas contavam com aproximadamente 60 dias de idade, e mediam entre 30 e 40 cm de comprimento, contendo de 6 a 10 entrenós. Metade destes foram enterrados no solo, preparados em camalhões de 25 cm de altura. O espaçamento utilizado foi 0,80 m entre linhas e 0,30 m entre covas. O solo foi arado uma vez e gradeado utilizando-se grade niveladora para bom destorroamento da área. Foram realizadas duas amontoas ou recuperação dos camalhões até 60 dias após o plantio das ramas. No plantio foram aplicados, por hectare, 30 Kg N, 150 Kg de P2O5 e 150 Kg de K2O. Trinta dias após o plantio foram aplicados 30 Kg de N em cobertura. Os demais tratos culturais foram aqueles recomendados para a cultura (Miranda et al., 1984). Foram utilizadas até 10 plantas/cova por acesso para avaliação quantitativa dos danos nas raízes. Não foram usados agrotóxicos no solo ou em pulverização na área dos experimentos. Os genótipos foram submetidos à ação de populações naturais dos insetos de interesse. Os acessos foram avaliados para danos causados por crisomelídeos dos gêneros Diabrotica spp., Epitrix sp., e elaterídeos do gênero Conoderus sp., nas folhas e nas raízes, através da determinação do número de furos em amostras de folhas coletadas em cinco plantas (1 folha/planta = 5 folhas) e de quinze raízes tuberosas por acesso. Atribuiuse ainda nota de dano considerando-se o aspecto geral das folhas de todas as plantas ou das raízes tuberosas colhidas de cada parcela. Foi utilizada uma escala de notas, onde a nota um correspondia a folhas ou raízes pouco danificadas; parcelas com folhas e raízes Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Avaliação de acessos de batata-doce para resistência à broca-da-raiz, crisomelídeos e elaterídeos. Tabela 1. Distribuição de frequência das notas de dano em folhas de 366 acessos de batatadoce e número médio de furos nas folhas. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1996. Avaliação preliminar I Notas de dano 2 Frequência 1 36, 2 170, 3 146, 4 14, 366, Média geral de furos/folha 1 2 Média ± EPM 1 (nº de furos) 2,8 ± 0,5 8,3 ± 0,6 13,7 ± 1,1 22,7 ± 6,1 10,5 ± 0,3 Erro padrão da média Notas de dano: 1 = folha pouco danificada; .......; 5 = folha muito danificada muito danificadas receberam nota cinco (França et al., 1983a). A cultivar Brazlândia Roxa foi considerada padrão resistente a crisomelídeos, e as cultivares Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada e Coquinho os padrões suscetíveis. As raízes tuberosas de batata-doce foram avaliadas para danos da broca-daraiz, tendo sido determinada a porcentagem de raízes sadias e danificadas em cada acesso. Foi obtida a estatística descritiva dos dados (média, desvio padrão, erro padrão da média, amplitude, etc), de modo a permitir que os genótipos fossem agrupados nas classes de dano: altamente suscetíveis (81-100% de dano), suscetíveis (61-80%), moderadamente resistentes (41-60%), resistentes (21-40%) e altamente resistentes (020%). Não se conhecendo entre os acessos de batata-doce disponíveis no BAG algum resistente à broca-da-raiz, estabeleceu-se antes da avaliação dos genótipos, que a resistência seria caracterizada pela presença de danos em até 40% das raízes tuberosas de cada acesso. A suscetibilidade seria atribuída aos acessos com mais de 61% de raízes tuberosas danificadas. Essas, após colhidas, foram deixadas secar ao relento durante à noite, no próprio local da colheita, antes de serem armazenadas. Ensaio para confirmação de resistência e suscetibilidade em raízes tuberosas Considerando-se as avaliações dos dois experimentos anteriores, o total de 28 acessos classificados como resistentes e suscetíveis, além das cultivares lançadas pela Embrapa Hortaliças, Brazlândia Branca, Rosada, Roxa e Princesa, foram avaliados para resistênHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. cia a crisomelídeos e broca-da-raiz (Tabela 4). Um ensaio, onde foram utilizadas 10 plantas/cova por acesso para avaliação quantitativa dos danos nas raízes, delineado em blocos casualizados com três repetições, foi conduzido no período de janeiro a junho de 1997, na mesma área em que foi plantada a avaliação preliminar, visando garantir a presença de insetos causadores de danos. A obtenção de ramas e demais procedimentos acerca da instalação (espaçamento, adubação), condução e avaliação do ensaio foram realizados como descrito anteriormente. Procedeuse à análise de variância, sendo as médias separadas pelo teste estatístico da Diferença Mínima Significativa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliação preliminar Há variabilidade genética em batata-doce para danos causados por insetos nas folhas (Tabela 1), ainda que nesta avaliação tenhamos verificado que aproximadamente 95% dos genótipos do BAG de batata-doce da Embrapa Hortaliças são tolerantes a danos causados por insetos nas folhas. Os danos foliares foram na sua maioria causados por coleópteros das famílias Chrysomelidae (Diabrotica spp., e Epitrix sp.), Elateridae e em menor instância por Curculionidae. Observou-se também, consideráveis populações de afídeos e cigarrinhas, estas últimas, provavelmente do gênero Empoasca spp., às quais podem ser atribuídos os sintomas de viroses observados na maioria dos acessos. Mesmo que inseticidas não tenham sido pulverizados, o número médio de furos por folha, 10,5 + 0,3, pode ser considerado baixo (Tabela 1). Como resistentes foram consideradas as parcelas que obtiveram nota média equivalente a dois e nenhum acesso obteve nota cinco (Tabela 1). Provavelmente a alimentação de coleópteros, que causa grande impacto visual ao agricultor devido às lesões grandes ou pequenas, que podem coalescer ou não, raramente causam o desfolhamento das plantas. Ainda que os danos foliares possam acontecer na fase inicial da cultura eles são melhor percebidos quando a planta e a cultura estão bem estabelecidas. Ainda assim, estes danos não interferem na quantidade ou qualidade da produção, provavelmente devido ao grande número de folhas nas plantas de batata-doce e até porque é possível haver, como em outras culturas, compensação entre plantas do mesmo genótipo. Os danos causados por insetos nas folhas são menos importantes que aqueles causados nas raízes, uma vez que estas são objetos da comercialização. Os danos nas raízes depreciam-nas comercialmente, ainda que os danos causados por crisomelídeos e elaterídeos sejam superficiais e uma vez removida a epiderme não são percebidos na polpa da batata-doce. O mesmo não acontece com a broca-da-raiz cujos danos ocorrem tanto na superfície da raiz quanto na polpa. Além de causar péssima impressão visual a quem adquire o produto, as qualidades organolépticas das raízes são alteradas de tal forma, que a produção não pode ser utilizada nem para consumo animal (Miranda et al., 1984). Avaliação para resistência a crisomelídeos e elaterídeos em raízes tuberosas Neste experimento, considerando-se o número de acessos e cultivares avaliados, 32, empregou-se metodologia (França et al., 1983a) que possibilita avaliação de grande número de genótipos a qual tem sido utilizada com sucesso em outros programas de melhoramento genético de batata-doce para seleção de materiais visando a resistência a crisomelídeos e elaterídeos (Silveira & Maluf, 1994). Os genótipos definidos nesta avaliação como resistentes são consistentes com aqueles relata81 F.H. França & P.S. Ritschel dos por Silveira & Maluf (1994). Os materiais mais resistentes, aos quais se atribuiu nota 1, apresentaram em média 4,0 ± 0,4 furos por raíz enquanto que os suscetíveis situaram-se no extremo oposto e receberam nota 4 (23,7 ± 0,9 furos/raiz) e nota 5 (36,2 ± 2,0 furos/ raiz) (Tabela 2). A frequência de acessos resistentes a crisomelídeos e elaterídeos no BAG de batata-doce da Embrapa Hortaliças é elevada. Isto sugere que programas de melhoramento que visem incorporar resistência a esses grupos de insetos utilizando esses acessos tem boa probabilidade de sucesso. Das raízes tuberosas, avaliadas 180 dias após o plantio das ramas (DAP), aproximadamente 50% dos acessos do BAG foram classificados como resistentes (notas 1 e 2) e 21% receberam as mesmas notas quando a avaliação das raízes tuberosas foi feita 270 DAP (Tabela 3). Os danos nas raízes aumentam à medida que as mesmas permanecem mais tempo no solo e esta informação tem implicações tanto em programas de melhoramento genético visando resistência a insetos como para recomendações sobre manejo integrado Tabela 2. Número de furos observados em raízes tuberosas de batata-doce às quais foram atribuídas notas de dano. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1996. Nota 2 1 2 3 4 5 Número de furos/raiz tuberosa (n = 15) Média ± EPM 3 Amplitude4 4,0 ± 0,4 (2 - 7) 11,1 ± 0,9 (7 - 16) 17,2 ± 0,8 (12 - 23) 23,7 ± 0,9 (19 - 32) 36,2 ± 2,0 (27 - 55) 1 n = nº de raízes escolhidas ao acaso para determinação do número de furos Notas de dano: 1 = raiz pouco danificada; ......; 5 = raiz muito danificada 3 Erro padrão da média 4 Número mínimo e máximo de furos determinado para raízes escolhidas em determinada nota de dano 1 2 de pragas da batata-doce. Assim, melhoristas devem priorizar a seleção de genótipos precoces que associem produção e qualidade agronômica em detrimento aos tardios. Porém, quanto mais tarde for feita a avaliação e a seleção de genótipos, mais confiança o avaliador poderá ter no seu procedimento uma vez que o risco de eventuais escapes serão reduzidos. Se as populações naturais de crisomelídeos e elaterídeos propiciam boas oportunidades para sele- ção de acessos resistentes pela quantidade de insetos ao longo do ano, esta condição é uma ameaça à produção comercial de batata-doce. Como consequência, quanto ao manejo de pragas da cultura, os agricultores e extensionistas devem ser orientados a colher sua produção tão logo as raízes maturem, de modo a evitar riscos na comercialização e prejuízos econômicos. Os resultados apresentados não diferem daqueles encontrados por França Tabela 3. Distribuições de frequências das notas de dano relativas aos furos causados por larvas de crisomelídeos e elaterídeos e da porcentagem de raízes tuberosas danificadas pela broca-da-raiz avaliados em acessos do BAG de batata-doce da Embrapa Hortaliças. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1996. Danos nas raízes 180 D.A.P. Crisomelídeos e elaterídeos Euscepes postfasciatus 1 Frequência Classes de dano (%) Frequência Notas de dano 1, 37, 0 -20 266,, 2, 125,, 21-40 35,, 3, 96, 41-60 21,, 4, 48, 61-80 2,, 5, 20,, 81-100 6,, Total 326,, Total 330,, Danos nas raízes 270 D.A.P. Crisomelídeos e elaterídeos Euscepes postfasciatus. 1 Notas de dano Frequência Classes de dano (%) Frequência 1, 4,, 0-20 37,, 2, 13,, 21- 40 18,, 3, 21,, 41-60 10,, 4, 29,, 61-80 6,, 5, 13,, 81-100 9,, Total 80,, Total 80,, 1 Notas de dano: 1 = raiz pouco danificada; ......; 5 = raiz muito danificada 82 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Avaliação de acessos de batata-doce para resistência à broca-da-raiz, crisomelídeos e elaterídeos. Tabela 4. Média e erro padrão da média (EPM) da porcentagem de raízes danificadas pela broca-da-raiz e nota de dano relativa ao número de furos causados por larvas de crisomelídeos e elaterídeos avaliados em raízes tuberosas de acessos e cultivares do BAG de batata-doce da Embrapa Hortaliças. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1997. Acessos CNPH 005 CNPH 026 CNPH 295 CNPH 258 CNPH 318 CNPH 088 CNPH 314 Brazlândia Rosada CNPH 117 CNPH 200 CNPH 630 CNPH 524 CNPH 360 CNPH 403 CNPH 342 Brazlândia Roxa CNPH 076 CNPH 367 CNPH 070 CNPH 646 CNPH 690 CNPH 411 Brazlândia Branca CNPH 377 CNPH 292 CNPH 293 CNPH 402 CNPH 060 CNPH 046 CNPH 480 CNPH 676 Princesa DMS (5 %) 1 2 Crisomelídeos e elaterídeos (Nota de dano) 1 Média ± EPM2 1,0 ± 0,0 1,0 ± 0,0 1,3 ± 0,3 1,0 ± 0,0 2,0 ± 0,6 1,3 ± 0,3 1,3 ± 0,3 3,3 ± 0,7 3,3 ± 0,7 3,3 ± 0,7 3,0 ± 1,0 3,3 ± 0,3 2,3 ± 0,3 2,3 ± 0,9 2,7 ± 0,3 1,7 ± 0,3 4,3 ± 0,3 3,0 ± 0,0 2,0 ± 0,0 2,3 ± 0,3 2,7 ± 0,3 3,7 ± 0,3 2,7 ± 0,7 2,0 ± 0,0 2,0 ±0 ,0 3,3 ± 0,7 3,7 ± 0,3 1,3 ± 0,3 4,3 ± 0,7 3,0 ± 1,2 2,7 ± 0,3 3,3 ± 0,3 1,4 Broca-da-raiz (%) Média ± EPM2 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 3,3 ± 3,3 3,3 ± 3,3 4,7 ± 4,7 6,7 ± 3,3 10,0 ± 5,8 10,0 ± 5,8 10,0 ± 5,8 10,0 ± 5,8 10,0 ± 10,0 13,3 ± 8,8 13,3 ± 8,8 14,0 ± 7,0 16,7 ± 3,3 16,7 ± 6,7 16,7 ± 8,8 20,0 ± 0,0 20,0 ± 10,0 20,0 ± 11,5 20,0 ± 5,8 23,3 ± 12,0 23,3 ± 14,5 23,3 ± 18,6 23,3 ± 3,3 23,3 ± 8,8 26,7 ± 3,3 33,3 ± 8,8 44,0 ± 22,6 52,5 ± 24,3 53,3 ± 13,3 27,6 Notas de dano: 1 = raiz pouco danificada; ......; 5 = raiz muito danificada Erro padrão da média. et al. (1983a) e reforçam a conclusão alcançada por Silveira & Maluf (1994), confirmada por Peixoto et al. (1999), de que o método de avaliação através de escala de notas é eficiente na medida que Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. permite a seleção de genótipos suscetíveis e resistentes com confiança, rapidez e segurança. A cultivar de batatadoce Brazlândia Roxa, recomendada pela Embrapa Hortaliças como resisten- te a crisomelídeos (Miranda et al., 1984), obteve nota mais baixa (nota 1,7) que as cultivares comerciais Brazlândia Branca (nota 2,7) e Princesa (nota 3,3) (Tabela 4), as quais podem ser classificadas como moderadamente suscetíveis. A mesma classificação foi atribuída à Brazlândia Branca por Silveira & Maluf (1994). Estes resultados também são semelhantes àqueles obtidos por Peixoto et al. (1999). Foram identificados ainda sete genótipos com nota inferior à alcançada por Brazlândia Roxa. Alguns destes acessos (CNPH 005, CNPH 026 e CNPH 258), foram homogêneos e consistentes nas três avaliações obtendo a nota 1,0. Os mesmos são promissores e podem ser explorados no futuro, ainda que os ganhos em resistência não venham a ser tão elevados (Tabela 3). Informações sobre acessos mantidos no BAG/batata-doce da Embrapa Hortaliças foram apresentadas por Ritschel et al. (1999). Avaliação para resistência à broca-da-raiz Foi identificada variabilidade genética para resistência à broca-da-raiz entre os acessos avaliados, mas esta metodologia deve ser refinada de modo a melhor separar os genótipos resistentes dos suscetíveis. Os intervalos de classes de danos, que na avaliação inicial foi estimado em 20%, são úteis quando grande quantidade de clones precisa ser selecionada (Tabela 3). Contudo, há necessidade de considerarem-se novos intervalos, por exemplo, 5% ou 10% (Tabela 4), para melhor resolução dos resultados nas fases mais avançadas de programas de melhoramento genético visando resistência à broca-da-raiz. Costa (1961), não trabalhou com percentagem de raízes danificadas, mas utilizou uma escala de notas de 0 (nenhum dano/ nenhuma larva e/ou pupa) a 5 (muito dano; presença de larvas e/ou pupas), para avaliar o impacto de inseticidas no controle da broca-da-raiz. Esta metodologia precisa ser melhor definida em estudos de resistência a insetos, considerando os resultados obtidos por Garcia (1989) que utilizou critério de notas 0 a 5 apropriando estas, à variação percentual de dano (0–100%), que se aproxima parcialmente do critério de avaliação utilizado nos experimentos cujos resultados são descritos neste trabalho. 83 F.H. França & P.S. Ritschel Avaliando 44 clones e cultivares de batata-doce do Banco de Germplasma do IPA e da UFRPE, Garcia (1989) em critério denominado “estabilidade da resistência em relação ao ecossistema” (desempenho dos genótipos nos três ecossistemas testados), não classificou nenhuma das cultivares testadas como resistente. O autor destacou apenas duas cultivares como “menos suscetíveis”: Rama Curta Roxa e Caboatã. As demais, entre as quais se incluíam as cultivares Centenial e Dahomey, foram todas consideradas altamente suscetíveis. Nos experimentos conduzidos na Embrapa Hortaliças, os clones CNPH 005, CNPH 026, CNPH 295, CNPH 258, CNPH 318, CNPH 088 e CNPH 314 tiveram 7% ou menos das raízes danificadas por E. postfasciatus enquanto as cultivares Brazlândia Branca, com 23,3% e Princesa, com 53,3%, além de nove acessos estiveram entre os mais suscetíveis (Tabela 4). Informações sobre a origem e caraterísticas desses acessos são apresentadas por Ritschel et al. (1999). Infestações naturais da broca-da-raiz também são problemáticas nas avaliações em grande escala e isto provavelmente se deve às características da relação da espécie que é onívora e cujo ciclo pré-imaginal é longo (Raman & Alleyne, 1991). Garcia (1989) valeu-se de infestações naturais da broca-da-raiz, que no Estado de Pernambuco é endêmica, mostrando ser mais prudente, como garantia, instalar os ensaios de campo em áreas onde previamente batata-doce foi cultivada com a presença do inseto a se tentar infestações em laboratório ou trazidas de outro campo de produção. A não ser que se infeste a área com muitos insetos, não haverá tempo suficiente para que populações introduzidas colonizem a área causando os danos que possibilitem a separação dos clones resistentes dos suscetíveis. No caso dos crisomelídeos e elaterídeos, seleções tardias dos clones aos 270 DAP são mais proveitosas e consistentes que aquelas realizadas até 180 DAP (Tabela 3). Contudo, deve se alertar para o risco de que neste processo poderão ser descartados clones com resistência moderada, os quais poderiam ser úteis se utilizados junto com outras táticas de controle (Brett et al., 1961; Cuthbert & Jones 1978; Jones et al., 1981). 84 A prolongação do ciclo vegetativo da batata-doce ou a colheita tardia das raízes é uma prática muito comum adotada por agricultores como estratégia para reduzir oferta de produto ao mercado e manter bons preços para sua produção. Não se conhece nenhum estudo onde tenha sido comprovada a eficácia desta estratégia, até porque são poucos os produtores que mantêm registro das partes da produção descartadas por danos causados por insetos. Os resultados obtidos através desses experimentos sugerem que os danos causados por insetos de solo, sejam eles crisomelídeos, elaterídos ou a broca-da-raiz aumentam de uma forma tal, que em 90 dias, reduziu em 50% o número de acessos resistentes e aumentou de oito a dez vezes em termos percentuais a frequência de acessos suscetíveis. Se o comportamento e biologia da broca-da-raíz trazem dificuldades para os melhoristas, estas características da espécie podem e devem ser utilizadas para melhorar a eficiência de controle nas áreas de produção comercial. Assim, a rotação de culturas evitando-se o plantio sucessivo, além do plantio de genótipos precoces, colheita de toda a área cultivada na época apropriada e a remoção e destruição de restos culturais são práticas culturais eficientes para se obter produções livres do inseto. Não foi observada correlação entre danos causados por crisomelídeos e elaterídeos e aqueles causados pela broca-da-raiz. Aparentemente, os fatores condicionando a resistência a E. postfasciatus são diferentes daqueles que definem a resistência a Diabrotica spp e Conoderus spp. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Processo nº 520304/ 97.7) pela bolsa individual de pesquisa concedida. A Ornélio Guedes da Silva, Hozanan Pires Chaves, José Gomes Teixeira e Ronildo Costa Gonçalves pelo apoio técnico na condução deste trabalho. À Maria Fátima Bezerra Ferreira Lima e Paulo Fraga Jr. pelo apoio bibliográfico e à Marina Castelo Branco e Maria Alice de Medeiros e a dois anônimos revisores da Horticultura Brasileira pelas boas sugestões, que foram incorporadas a este manuscrito. LITERATURA CITADA BARLOW, T.; ROLSTON, L.H. Types of host plant resistance to the sweet potato weevil found in sweet potato roots. Journal Kansas Entomological Society, v. 54, p. 649-657, 1981. BONDAR, G. Insetos daninhos e moléstias da batata-doce no Brasil. 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Alberto Lamego, 2000, 28.015-620 Campos dos Goytacazes-RJ. E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT A mancha-bacteriana, principal doença bacteriana do pimentão causa desfolha intensa quando em condições favoráveis, deixando os frutos expostos ao sol, depreciando-os e diminuindo a produção. Para estimar, nas condições de Campos dos Goytacazes, os efeitos genéticos da reação do hospedeiro ao patógeno, tanto em folhas como em frutos, foram obtidos híbridos F1, sem recíprocos, a partir de cruzamentos dialélicos entre cinco genótipos de pimentão, sendo três suscetíveis (‘UENF 1420’, ‘UENF 1421’ e ‘UENF 1422’) e dois resistentes (‘UENF 1381’ e ‘UENF 1382’). A inoculação com Xanthomonas campestris pv. vesicatoria constou de infiltração no mesófilo foliar, utilizando-se a concentração de 103 células/ml, ajustada com auxílio de espectrofotômetro. Os efeitos de variedade e de heterose média foram significativos para resistência em folhas, indicando que efeitos aditivos e de dominância estão envolvidos no controle genético deste caráter. Para resistência em frutos, apenas os efeitos de variedade foram significativos, indicando a presença de efeitos aditivos no controle desta característica. A partir das análises puderam ser selecionados os parentais para RMB em folhas: ‘UENF 1381’ e ‘UENF 1382’. Para RMB em frutos ‘UENF 1381’ e ‘UENF 1421’ foram os melhores parentais. Os melhores híbridos para RMB em folhas foram: ‘UENF 1420’ x ‘UENF 1421’, ‘UENF 1382’ x ‘UENF 1420’, ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1420’, ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1421’, ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1422’ e ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1382’. Genetic resistance to bacterial leaf spot on sweet pepper genotypes. Bacterial leaf spot (BLS) is the most important bacterial disease in sweet pepper, causing intense defoliation under favorable conditions, leaving the exposed fruits to sunburn and decreasing the yield. To estimate genetic effects of the reaction to BLS on leaves and fruits, under the conditions of Campos dos Goytacazes (Brazil), hybrids F1, without reciprocals, were obtained from diallel crosses among five pepper genotypes, three susceptible (‘UENF 1420 ‘, ‘UENF 1421 ‘ and ‘UENF 1422 ‘) and two resistant (‘UENF 1381 ‘ and ‘UENF 1382 ‘). Leaves were inoculated by infiltrating the mesophyll with 103 cells/ml, adjusted with spectrophotometer. Variety and mean heterosis were significant for resistance on leaves, indicating that additive and dominant effects are involved in the genetic control of this character. For resistance in fruits, only variety effects were significant, indicating the presence of additive effects in the control of this characteristic. Based on these analyses, the genotypes ‘UENF 1381 ‘ and ‘UENF 1382 ‘ were selected for resistance to BLS on leaves. For resistance to BLS on fruits, ‘UENF 1381’ and ‘UENF 1421’ were the best genotypes. The best hybrids for resistance to BLS on leaves were: ‘UENF 1420’ x ‘UENF 1421’, ‘UENF 1382’ x ‘UENF 1420’, ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1420’, ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1421’, ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1422’ and ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1382’. Palavras-chave: Capsicum annuum L., Xanthomonas campestris pv. vesicatoria, dialelo, resistência a doenças, heterose, híbridos. Keywords: Capsicum annuum L., Xanthomonas campestris pv. vesicatoria, diallel analysis, disease resistance, heterosis, hybrids. (Aceito para publicação em 6 de fevereiro de 2.002) A mancha-bacteriana, causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. vesicatoria (nova classificação proposta: X. axonopodis pv. Vesicatoria Xav, Vauterin et al., 1995), é considerada a principal doença bacteriana da cultura do pimentão, atacando a parte aérea. Essa doença pode causar danos foliares sob altas temperatura e umidade, acarretando perda de produção e qualidade dos frutos (Kimura, 1984; Santos, 1995; Kousik & Ritchie, 1996; Sahin & Miller, 1996; Lopes & Quezado-Soares, 1997). A bactéria afeta a planta em qualquer fase de desenvolvimento, sendo os ataques mais severos na fase de mudas, canteiros e sementei- 1 ras (Salgado & Tokeshi, 1980). A infecção se da através de aberturas naturais tais como: estômatos, hidatódios e lenticelas. Pequenas lesões causadas pelo vento, chuvas ou insetos também podem servir de porta de entrada para o patógeno (Kimura, 1984). A disseminação do patógeno se dá de planta para planta através da água das chuvas ou de irrigação (Carmo et al., 1996). Entre os métodos de controle recomendados, a resistência genética é considerado o mais econômico e tecnicamente mais prático, principalmente quando se observam os custos, o risco potencial de resíduos químicos nos frutos e a resistência do patógeno aos produtos químicos utilizados. Deste modo, há um crescente interesse em desenvolver cultivares de pimentão com resistência à manchabacteriana (Sahin & Miller, 1998). Três genes de resistência (Bs1, Bs2 e Bs3) foram identificados nos seguintes acessos, respectivamente: PI 163192 (Capsicum annuum), PI 260435 (C. chacoense) e PI 271322 (C. annuum). Neste último acesso, foram detectados também componentes de resistência quantitativa e o gene Bs1. Estudos baseados nesses acessos mostraram que as interações envolvendo estes genes seguem a hipótese gene-a-gene. O gene Bs2 confere resistência às raças 0; 1; 2 e 3, comumente encontradas, mas não Parte da tese apresentada pelo primeiro autor para obtenção do título de Mestre. Pesquisa financiada pela FENORTE 86 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Resistência genética à mancha-bacteriana em genótipos de pimentão. Tabela 1. Valores médios para notas obtidas pelos parentais e seus respectivos híbridos F1 para reação à mancha-bacteriana em folhas. Campos dos Goytacazes, UENF, 2000. Parentais 'UENF1420' 'UENF1421' 'UENF1422' 'UENF1382' 'UENF1381' 'UENF1420' 3,00 cd - 'UENF1421' 3,00 cd 3,00 cd - 'UENF1422' 3,67abc 4,17a 3,83ab - 'UENF1382' 2,83 de 3,17bcd 3,00cd 2,33 e - 'UENF1381' 3,00cd 2,17 e 3,00 cd 3,00 cd 1,00 f DMS= 0,6943 As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. às raças 4; 5 e 6 (Reifschneider & Lopes, 1997). Resistência à raça 6 foi descrita em Capsicum pubescens (PI 235047), e com base na reação deste acesso foi proposta uma nova classificação das raças em P0, P1, P3, P4 e P6 (incompatíveis com PI235047), e P2, P5, P7 e P8 (compatíveis com PI 235047) (Sahin e Miller, 1998). A determinação dos componentes de capacidade combinatória é muito importante em programas de melhoramento para escolha de parentais geneticamente divergentes que foram utilizados em esquemas de cruzamento, principalmente quando se objetiva identificar híbridos promissores e/ou o desenvolvimento de linhagens superiores a partir destes híbridos (Allard, 1971). O dialelo é um método genético-estatístico que permite estimar a magnitude relativa dos componentes da variância genética relativas às características de interesse do melhoramento (Blank, 1997). O método de análise dialélica proposto por Gardner & Eberhart (1966) fornece informações importantes sobre o potencial dos progenitores e da heterose manifestada em seus híbridos (Cruz & Vencovsky, 1989). O objetivo deste trabalho foi estimar os efeitos genéticos da reação à mancha-bacteriana (RMB), em folhas e frutos, utilizando o método de análise dialélica proposta por Gardner & Eberhart (1966). MATERIAL E MÉTODOS Para estudar o controle genético da resistência à mancha-bacteriana do pimentão em folhas e frutos, foram avaliados os parentais e a geração F1 de um dialelo completo, sem recíprocos. As avaliações foram conduzidas em CamHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. pos dos Goytacazes (RJ), em área do Convênio UENF/PESAGRO-RIO. Cinco genótipos de C. annuum L. foram utilizadas, sendo três deles suscetíveis à mancha-bacteriana (‘UENF 1420’, ‘UENF 1421’ e ‘UENF 1422’) e dois resistentes (‘UENF 1381’ e ‘UENF 1382’). Estes progenitores foram escolhidos com base no seu comportamento em relação à mancha-bacteriana, descritas em literatura (Santos, 1995) e nas características morfoagronômicas divergentes. Para obtenção dos híbridos foram realizadas todas as combinações possíveis entre os cinco parentais (sem os recíprocos). Os cruzamentos foram realizados em condições de casa de vegetação. Os botões florais foram emasculados e polinizados em seguida. Os frutos dos cruzamentos foram colhidos maduros separadamente e as sementes retiradas manualmente. Os híbridos e os parentais, num total de 15 genótipos (tratamentos), foram cultivados em casa de vegetação, em vasos de plástico com capacidade para 5 L, em substrato tratado com brometo de metila. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com seis repetições para RMB em folhas e oito para RMB em frutos, sendo que cada parcela foi representada por uma planta por vaso. Para inoculação foi utilizado o isolado de X. c. pv. vesicatoria ENA 4135, cedido pelo depto. de fitopatologia da UFLA, cuja virulência foi constatada em ensaios preliminares. O isolado foi cultivado em meio líquido DYGS (Rodrigues Neto et al., 1986; Carmo et al., 1996), por cerca de 30 h. Em seguida, com auxílio de alça de platina, a suspensão bacteriana foi transferida para placas de Petri contendo meio DYGS. Após período de 36 a 48 h de cresci- mento, a 28 ± 20C (Carmo et al., 1996), as células bacterianas foram suspensas em água esterilizada e a concentração de células ajustada para 108 células/ml, em espectrofotômetro, utilizando-se 600 nm de comprimento de onda, e densidade ótica equivalente a 0,5 (adaptado de Bongiolo Neto et al., 1986). Em seguida, as suspensões originais foram submetidas à diluição em série, também em água esterilizada, para obtenção de 103 células/ml. A inoculação foi feita aproximadamente aos 40 dias de idade, na 3a folha verdadeira. Para inoculação foliar foi utilizado o método de infiltração de suspensão bacteriana no mesófilo (Bongiolo Neto et al., 1986; Santos, 1995). A infiltração do inóculo foi feita até se observar o encharcamento da folha. Nos frutos, a inoculação foi efetuada em dois frutos por planta com auxílio de agulhas hipodérmicas, previamente colocadas em contato com células bacterianas em placas de Petri. Em folhas, as avaliações foram realizadas três semanas após a inoculação contando-se o número de pústulas (x) numa área de 1,0 cm2, atribuindo notas de 1 a 6 (nota 1 = 0 < x < 5, nota 2 = 6 < x < 15, nota 3 = 16 < x < 30, nota 4 = 31 < x < 40, nota 5 = 41 < x < 50 e nota 6 = x > 50), sendo a nota 1 correspondente à resistência e a nota 6 correspondendo à suscetibilidade. Em frutos, as avaliações foram conduzidas sete dias após a inoculação. As lesões foram medidas em seu maior comprimento (y), com auxílio de paquímetro digital, e sendo utilizada a seguinte escala de notas, adaptada de trabalhos com o patossistema feijão-Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli (Arnaud-Santana et al, 1994; Rodrigues, 1997): resistente = 0 < y < 1 mm; moderadamente resistente = 1 < y 87 R. A. Costa et al. Tabela 2. Valores médios para notas obtidas pelos parentais e seus respectivos híbridos F1 para reação à mancha-bacteriana em frutos. Campos dos Goytacazes, UENF, 2000. Parentais 'UENF1420' 'UENF1421' 'UENF1422' 'UENF1382' 'UENF1381' 'UENF1420' 3,75ab - 'UENF1421' 2,71 cde 2,13 ef - 'UENF1422' 3,88a 2,57 de 3,25 bc - 'UENF1382' 3,43ab 2,71 c 3,57ab 2,75 cd - 'UENF1381' 1,75 fg 1,75 fg 1,88 f 2,50 de 1,25 g DMS= 0,5891 As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. < 2 mm; moderadamente suscetível = 2 < y < 3 mm; suscetível = 3 < y < 4 mm; altamente suscetível = y > 4 mm. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os quadrados médios foram significativos pelo teste F ( a < 0,01), para todas as características avaliadas, o que evidencia a existência de variabilidade genética entre os genótipos utilizados. A precisão do experimento, baseada no coeficiente de variação, foi 12,8% e 18,0%, para RMB em folhas e em frutos, respectivamente. Estabelecendo-se que valores para RMB em folhas acima de 2,0 devem ser descartados por não apresentarem nível de resistência satisfatório, foram selecionados os seguintes genótipos: ‘UENF 1382’, ‘UENF 1381’, ‘UENF 1420’ x ‘UENF 1421’, ‘UENF 1382’ x ‘UENF 1420’, ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1420’, ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1421’, ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1422’ e ‘UENF 1381’ x ‘UENF 1382’ (Tabela 1). Para RMB em frutos, considerandose o valor correspondente à metade da escala adotada para a característica, podem ser selecionados os seguintes genótipos: ‘UENF 1421’, ‘UENF 1382’, ‘UENF 1381’, ‘UENF 1421’ x ‘UENF 1422’, ‘UENF 1421’ x ‘UENF 1382’, ‘UENF 1420’ x ‘UENF 1381’, ‘UENF 1421’ x ‘UENF 1381’, ‘UENF 1422’ x ‘UENF 1381’ e ‘UENF 1382’ x ‘UENF 1381’ (Tabela 2). Todos os híbridos obtidos a partir do genótipo ‘UENF 1381’ foram selecionados por apresentarem níveis satisfatórios de resistência, indicando que esse acesso é uma boa fonte de resistência em folhas e frutos. No entanto, os genótipos ‘UENF 1420’ x ‘UENF 1421’, ‘UENF 1420’ x ‘UENF 1382’ e 88 Tabela 3. Estimativas dos parâmetros média e efeitos de variedade (Vi) e seus desviospadrão (DP) para reação à mancha-bacteriana (RMB) em folhas e frutos avaliados em cinco genótipos de Capsicum annuum L. e seus híbridos F1’s de acordo com o método de GARDNER & EBERHART (1966). Campos dos Goytacazes, UENF, 2000. Variedades (Vi) 1. 'UENF 1420' 2. 'UENF 1421' 3. 'UENF 1422' 4. 'UENF 1382' 5. 'UENF 1381' Média das variedades DP (Média Varied.) DP(Vij) DP(Vi - Vj) RMB Folhas 0,0653 0,0524 0,2872 -0,0476 -0,3571 1,8753 0,0456 0,0690 0,1091 ‘UENF 1382’, que foram selecionados para RMB em folhas, não o foram para frutos, enquanto que os genótipos ‘UENF 1421’ e ‘UENF 1421’ x ‘UENF 1422’, que não foram selecionados para RMB em folhas, foram selecionados para RMB em frutos. Já os genótipos ‘UENF 1420’, ‘UENF 1422’, ‘UENF 1420’ x ‘UENF 1422’, ‘UENF 1421’ x ‘UENF 1382’ e ‘UENF 1422’ x ‘UENF 1382’ não foram selecionados em nenhuma das avaliações. Do ponto de vista epidemiológico, o ataque de Xav em folhas é de maior importância, uma vez que uma maior superfície da planta está sujeita ao ataque do patógeno, facilitando a sua disseminação e o progresso da doença no campo, devido a maior fonte de inóculo secundário. O patógeno quando infecta as folhas, além de causar desfolha, impedindo que a planta produza fotoassimilados importantes para o seu desenvolvimento, expõe os frutos ao sol, depreciando-o para a comercialização. Frutos 0,2615 -0,1246 0,1704 0,1322 -0,4396 1,8844 0,0310 0,0813 0,1285 Uma vez observada diferenças significativas entre tratamentos, foi possível por meio do método de análise proposta por Gardner & Eberhart (1966), decompor o quadrado médio de genótipos em efeitos de variedades e heterose, sendo esta decomposta em heterose média, varietal, e específica. Os quadrados médios para efeitos de variedade foram altamente significativos ( a < 0,01), tanto para RMB em folhas quanto em frutos, sendo que o efeito de heterose média só foi significativo para RMB em folhas. Isto indica que efeitos aditivos são mais importantes no controle da RMB, ou seja, há possibilidade de fixação destas características em gerações futuras e obtenção de linhagens superiores. Para o caso da RMB em folhas, a significância da heterose média indica que a média dos híbridos diferiu da média dos parentais. Isto sugere que os melhores híbridos poderão ser selecionados para esta característica, e que efeitos de dominância e/ou epistasia esHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Resistência genética à mancha-bacteriana em genótipos de pimentão. tão presentes no controle deste caráter. Souza (1998), avaliando o patossistema mancha-bacteriana x pimenta, observou que além dos efeitos de variedade e heterose média, a heterose específica foi altamente significativa, o que não foi observado no presente trabalho. As estimativas de média e efeitos de variedades (Vi) mostram que os parentais ´UENF 1381’, ‘UENF 1382’, ‘UENF 1421’ e ‘UENF1381’, apresentaram valores de Vi negativos para RMB em folhas e em frutos, respectivamente (Tabela 3). Isto significa que estes parentais contribuíram para reduzir os valores apresentados por seus híbridos nesta característica (Cruz & Regazzi, 1994), ou seja, aumentaram a resistência nas combinações híbridas, uma vez que a escala de notas utilizada é decrescente. As avaliações permitiram selecionar não só parentais superiores para serem utilizados em programas de melhoramento, mas também destacaram híbridos promissores que após estudos de adaptabilidade e estabilidade poderão ser indicados para as condições em que este trabalho foi conduzido. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à pesquisadora Dr a Maria do Carmo de Araújo Fernandes da PESAGRO-RIO/Estação Experimental de Itaguaí pela doação das sementes dos genótipos ‘UENF 1381’ e ‘UENF 1382’. Ao Prof. Ricardo Magela de Souza, da UFLA, pela ces- Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. são do isolado bacteriano. À Engenheira Agrônoma Ana Cristina Pinto Juhász, pelo auxílio na revisão do manuscrito, e ao Técnico Agrícola José Manoel de Miranda pelo apoio na condução do experimento. LITERATURA CITADA ALLARD, R.W. Princípios do melhoramento genético das plantas. São Paulo: Edgard Blucher, 1971. 381 p. ARNAUD-SANTANA, E., COYNE, D.P., ESKRIDGE, K.M.; VIDAVER, A.K. 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Jamil Abdalla Fayad1; Paulo Cezar Rezende Fontes2; Antônio Américo Cardoso2; Fernando Luiz Finger2; Francisco Affonso Ferreira2 EPAGRI-Estação experimental de Caçador, C. Postal 591, 89.500-000 Caçador-SC; 2UFV-Departamento de Fitotecnia, 36.571-000 Viçosa- MG. E-mail: [email protected] 1 RESUMO ABSTRACT Foram realizados dois experimentos, na Universidade Federal de Viçosa, objetivando caracterizar a absorção de nutrientes pelo tomateiro cultivado sob condições de campo e de ambiente protegido. O primeiro, com a cultivar Santa Clara, cultivada a campo, no sistema de cerca cruzada e sete cachos. O segundo, em estufa plástica, com o híbrido EF-50, conduzidas verticalmente, mantendo-se oito cachos em cada uma. Ambos experimentos foram delineados em blocos ao acaso, com quatro repetições. O primeiro constituído por oito e o segundo por nove tratamentos. Em ambos experimentos, o padrão de absorção de nutrientes seguiu o acúmulo de matéria seca pelas plantas. No experimento de campo, a ordem decrescente de acúmulo de nutrientes na parte aérea foi: K, N, Ca, S, P, Mg, Cu, Mn, Fe e Zn, alcançando os valores máximos de 360; 206; 202; 49; 32; 29 kg.ha-1; 3.415; 2.173; 1.967 e 500 g.ha-1, respectivamente. Em ambiente protegido, o acúmulo de nutrientes na parte aérea do tomateiro decresceu na seguinte ordem: K, N, Ca, S, Mg, P, Mn, Fe; Cu e Zn, alcançando os valores de 264; 211; 195; 49; 40; 30 kg.ha-1; 3.200; 2.100; 1.600 e 700 g.ha-1, respectivamente. As taxas de absorção diária dos nutrientes são apresentadas bem como as porcentagens de absorção do N e de K em determinados períodos do crescimento do tomateiro, visando auxiliar na programação das épocas de aplicação destes nutrientes em cobertura. Nutrient absorption by tomato plants grown under field and protected conditions. Two experiments were conducted at Universidade Federal de Viçosa to evaluate nutrient absortion by tomato plants grown under field and protected conditions. In the first experiment, tomato cv. Santa Clara was grown in the field with seven clusters/plant. In the second one tomato hybrid EF-50 was grown in plastic greenhouse and pruned to eight clusters. Both experiments were designed as randomized blocks, with four replicates. The first and second experiments were performed with eight and nine treatments, respectively. In both experiments, the nutrient absorption patterns followed the plant dry matter accumulation. In the field experiment, the amounts of nutrient uptaken by the plants decreased following the order K, N, Ca, S, P, Mg, Cu, Mn, Fe and Zn reaching their maximal values of 360; 206; 202; 49; 32; 29 kg ha-1; and 3415; 2173; 1967 and 500 g ha-1, respectively. In the greenhouse experiment, the order was K, N, Ca, S, Mg, P, Mn, Fe, Cu, and Zn reaching their maximal values of 264; 211; 195; 49; 40; 30 kg ha-1; and 3227; 2121; 1639 and 651 g ha-1, respectively. Nutrient daily absorption rates are presented as well as the percentages of N and K uptaken at determined tomato plant growth period, which can be helpful to program the time of sidedressing of those nutrients. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum Mill, plasticultura, marcha de absorção de nutrientes, nutrição mineral. Keywords: Lycopersicon esculentum Mill, plasticulture, nutrient absortion march, mineral nutrition. (Aceito para publicação em 30 de novembro de 2001) O s teores e os conteúdos de nutrientes no tomateiro variam com o desenvolvimento da cultura, sendo que o seu conhecimento é importante para decisões sobre a aplicação racional de fertilizantes (HAAG et al., 1978). A quantidade de nutrientes absorvidos pela planta de tomate, durante o ciclo, depende de fatores bióticos e abióticos, como temperatura do ar e solo, luminosidade e umidade relativa (PAPADOPOULOS, 1991), época de plantio (HEUVELINK, 1995), genótipo e concentração de nutrientes no solo (FONTES & WILCOX, 1984). Esses e outros fatores, como a fertirrigação, con90 dução vertical das plantas e cobertura plástica, presentes de forma diferenciada nos sistemas de cultivo do tomateiro conduzido em condições de campo e em ambiente protegido influem na sua absorção de nutrientes. No Brasil, um dos primeiros trabalhos visando o conhecimento da marcha de absorção dos nutrientes pelo tomateiro foi realizado por Gargantini & Blanco (1963), utilizando a cultivar Santa Cruz-1639 e conduzido em ambiente protegido, onde conclui-se que o nutriente mais absorvido foi o K seguidos pelo N, Ca, S, P e Mg. As absorções de N, K, Mg e S alcançaram valores máxi- mos no período de 100 a 120 dias após a germinação, enquanto que o Ca e o P foram absorvidos durante todo o ciclo da cultura. Para a maioria das cultivares de tomate, até a iniciação floral, a planta absorveu menos de 10% do total de nutrientes acumulados ao longo do ciclo (Ward, 1967; Fernandes et al., 1975; Haag et al, 1978). Durante o florescimento e a frutificação, que normalmente ocorrem no período dos 55 aos 120 dias, o tomateiro absorve elevadas quantidades de nutrientes (Gargantini & Blanco, 1963; Fernandes et al., 1975). Nesse período, as concenHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Absorção de nutrientes pelo tomateiro cultivado sob condições de campo e de ambiente protegido. trações de N, P, K (Halbrooks & Wilcox, 1980) e de Cu (Fernandes et al., 1975) são maiores nos frutos e as de Ca, Mg (Halbrooks & Wilcox, 1980), S, B e Mn, nas folhas (Fernandes et al., 1975). Porém, os trabalhos citados foram conduzidos em condições diferentes uns dos outros, o que proporcionou diferenças significativas nas quantidades de nutrientes absorvidos e sua alocação nos diversos órgãos. Nesses trabalhos revisados foram constatadas diferenças nas quantidades de nutrientes absorvidos, possivelmente ocasionadas pelas condições diferenciadas de cultivo. Sendo desconhecidos trabalhos sobre a absorção de nutrientes pela cultivar Santa Clara cultivada sob condições de campo e pelo híbrido EF-50 em ambiente protegido, o presente trabalho teve por objetivo determinar a dinâmica de absorção de nutrientes pelo tomateiro, cv. Santa Clara, sob condições de campo, e do híbrido EF-50, em ambiente protegido. MATERIAL E MÉTODOS Foram instalados dois experimentos na Horta do Fundão, da Universidade Federal de Viçosa. O primeiro foi realizado sob condições de campo, no período de 20 de março a 18 de julho de 1997, período de baixa incidência de chuvas e final de produção de tomate na região. Utilizou-se a cultivar Santa Clara, conduzida no espaçamento de 1,0 m entre linhas e 0,5 m entre plantas, com uma muda por cova. As plantas foram conduzidas com duas hastes e tutoradas com bambu, no sistema de cerca cruzada, e podadas após a terceira folha acima do quarto cacho floral, na haste principal, e do terceiro cacho floral, na haste secundária. O método de irrigação foi por sulco. No sulco de plantio efetuouse uma adubação com 10 t ha-1 de cama de aviário e 1,1 kg ha-1 de boro, 20 kg ha-1 de magnésio, 80 kg ha-1 de N, 180 kg ha-1 de P2O5 e 50 kg ha-1 de K2O (Comissão..., 1989), respectivamente, na forma de bórax, sulfato de magnésio, uréia, superfosfato simples e cloreto de potássio. As adubações de cobertura foram realizadas aos 15; 30 e 50 dias após o transplantio das mudas, manualmente, ao longo das linhas de plantio. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Na primeira adubação de cobertura utilizou-se 80 kg ha-1 de N, 180 kg ha-1 de P2O5 e 50 kg ha-1 de K2O, e na segunda e terceira, 80 kg ha-1 de N e 50 kg ha-1 de K2O. O segundo experimento foi desenvolvido em estufa com cobertura plástica (0,1 mm de espessura), modelo arco, com 9 m de largura, 40 m de comprimento, pé direito de 3,2 m de altura e laterais abertas (sem tela e plástico), no período de 24 de abril a 10 de setembro de 1997. Nesse experimento foi cultivado o híbrido EF-50, com hábito de crescimento determinado, em fileiras duplas distanciadas em 1,0 m, com 0,5 m entre fileiras simples. O espaçamento entre plantas foi de 0,6 m, com uma muda por cova. Em cada planta foram mantidos oito cachos florais e tutoradas na vertical. A irrigação foi por gotejamento. A necessidade de água foi calculada pelo método do tanque classe A, considerando-se o coeficiente do tanque de 0,75 e coeficientes de cultura variáveis, dependendo do estádio de desenvolvimento da planta (Carrijo et al., 1996). Na adubação no sulco de plantio aplicaram-se 360 kg ha-1 de P2O5, na forma de superfosfato simples (Comissão..., 1989), e 20 kg ha -1 de magnésio, na forma de sulfato de magnésio. As adubações de cobertura foram efetuadas junto com a água de irrigação em 24 aplicações, utilizandose 255 kg ha-1 de N, na forma de uréia, 240 kg ha-1 de K2O, na forma de cloreto de potássio, 10 kg ha-1 de bórax, 10 kg ha-1 de sulfato de zinco e 200 g ha-1 de molibdato de sódio (Comissão..., 1989; Sampaio, 1996). A concentração de nutrientes na água de irrigação sempre foi menor que 700 mg L-1 (Pizarro, 1987), para garantir uniformidade de distribuição dos nutrientes. Os fertilizantes bórax, sulfato de zinco e molibdato de sódio foram aplicadas na água de irrigação, parcelados em cinco aplicações. Foram retiradas amostras dos solos de ambos os experimentos, na profundidade de 0-20 cm, 60 dias antes do transplantio das mudas, para análises química as quais apresentaram as seguintes características: pH H2O= 6,6 e 5,9; P= 110,8 e 30,2 mg dm-3 (Extrator Mehlich-1); K= 151,0 e 33,0 mg dm-3; Ca2+ = 5,6 e 4,1 cmolc dm-3; Mg2+= 1,0 e 0,9 cmolc dm-3; Al3+= 0,0 e 0,0 cmolc dme P remanescente= 18,7 e 26,2 mg dm3 para os experimentos de campo e em ambiente protegido, respectivamente. O valor do P remanescente na solução de equilíbrio, pode ser correlacionado com a capacidade tampão de fosfato no solo (Alvarez, 1994). O solo das duas áreas experimentais foi classificado como textural argiloso. As mudas, para ambos os experimentos, foram produzidas em copinhos de jornal de 9 cm de altura e 5,5 cm de diâmetro, preenchidos com o substrato formado por 600 kg de terra, 150 kg de esterco de galinha e 23 kg da fórmula 05-20-10. Foram realizadas as semeaduras, com três sementes por copinho, à profundidade de 0,5 cm. Quando as mudas apresentaram a primeira folha verdadeira, foi realizado o desbaste, deixando uma muda por copinho. Ambos os experimentos foram delineados em blocos casualizados com quatro repetições. O primeiro com oito e o segundo com nove tratamentos. Cada tratamento correspondeu a uma época de amostragem, realizada em intervalos de quinze dias, a partir do transplantio. Foram colhidas, aleatoriamente duas plantas por amostragem. No primeiro experimento, o bloco foi constituído por seis fileiras de plantas com 14,5 m de comprimento e no segundo, por cinco fileiras de plantas com 17,4 m de comprimento. Em ambos os experimentos, a terceira e a quarta fileiras do bloco continham as planta úteis, sendo as demais fileiras mais as duas plantas das extremidades da terceira e quarta fileiras do bloco consideradas bordaduras. Em cada experimento, as duas plantas amostradas em cada época (tratamento) e em cada repetição foram cortadas ao nível do solo e divididas em caule, folha, cacho e fruto. Em seguida, utilizando os valores médios das duas plantas, foram determinados os teores e calculados os conteúdos e as taxas de absorção diárias de N, P, K, Ca, Mg, S, Zn, Fe, Cu e Mn em cada órgão da planta. A taxa de absorção diária de cada nutriente foi obtida com a derivada primeira da equação de melhor ajuste ao conteúdo de cada nutriente na planta, em função de dias após o transplantio. A produção e a classificação de frutos fo3 91 J. A. Fayad et al. Tabela 1. Quantidade de nutriente acumulado na parte aérea total e nos frutos do tomateiro cultivado no campo, cv. Santa Clara, e o valor da taxa diária máxima de absorção e alocação. Viçosa, UFV, 1997. Taxa máxima de Acúmulo máximo na Acúmulo máximo no 1/ 1/ fruto absorção da planta 2/ planta Nutriente Sta Clara EF-50 Sta Clara EF-50 Sta Clara EF-50 N 10.288 , 9.582, 5.656 , 6.709 , 198,52 142,69 P 1.622 , 1.377, 869, 959, 32,11 11,60 K 17.994 , 11.995 , 10.001, 9.645 , 310,00 187,37 Ca 10.124 , 8.845, 494, 386, 151,00 74,00 Mg 1.463 , 1.829, 307, 372, 23,00 15,00 S 2.437 , 2.238, 494, 512, 58,99 27,55 Zn 25, 30, 5, 7, 0,39 0,50 Cu 171, 74, 4, 3, 4,44 0,82 Fe 98,36 96, 22,59 61, 0,78 1,87 Mn 108,66 147 3,74 4, 1,78 1,90 Taxa máxima de alocação no fruto 2/ Sta Clara EF-50 101,00 80,00 34,44 20,00 309,00 197,00 13,70 8,42 10,12 8,49 10,64 6,50 0,12 0,09 0,17 0,05 1,13 3,95 0,10 0,11 mg.planta-1 para os macro e mg.planta-1 para os micronutrientes mg.planta-1.dia-1 para os macros e mg.planta-1dia-1 para os micronutrientes 1/ 2/ ram determinadas nas colheitas de frutos maduros do último tratamento. Todas as características determinadas foram submetidas às análises de variância e de regressão polinomial, utilizado-se o SAEG (Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas- UFV). RESULTADOS E DISCUSSÃO Absorção de nutrientes pelo tomateiro cv. Santa Clara cultivado sob condições de campo O K foi o nutriente mais absorvido pela planta, seguido pelo N e Ca, sendo que o acúmulo máximo destes três nutrientes ocorreu aos 120; 120 e 102 dias após o transplantio, respectivamente (Tabela 1 e Figura 1A). Seguindo a mesma ordem decrescente, os outros nutrientes absorvidos em menor quantidade pelo tomateiro foram S, P e Mg que atingiram o acúmulo máximo aos 120; 93 e 120 dias (Tabela 1 e Figura 1A). Os micronutrientes Cu, Mn, Fe e Zn, foram absorvidos em menor quantidade que os demais, porém todos apresentaram comportamento de acúmulo crescente até o final do ciclo cultural (Tabela 1 e Figura 1B). Do total desses nutrientes absorvidos pelo tomateiro, os frutos acumularam 55% do N, 54% do P, 56% do K, 5% do Ca, 21% do Mg e 20% do S. Dos micronutrientes, o Fe foi o que mais acumulou nos frutos seguido pelo Zn, Cu, e Mn, totalizando 23%, 20%, 2,3% 92 Figura 1. Conteúdo de macro (A) e de micronutrientes (B) na parte aérea total do tomateiro cultivado no campo, cv. Santa Clara, em função da idade. Viçosa, UFV, 1997. e 3,4% do total absorvido pela planta, respectivamente. Portanto, comparando-se a quantidade de nutriente da parte vegetativa da planta com a de frutos, verifica-se maior quantidade de N, P e K nos frutos e Ca, Mg, S, Zn, Cu, Mn e Fe na parte vegetativa (Tabela 1). A taxa diária de absorção dos nutrientes pela planta do tomateiro foi crescente até os 46; 39; 51; 45; 15; 44; 59 e 57 dias para o N, P, K, Ca, S, Zn e Mn, respectivamente, para depois decrescer (Tabela 1). De modo geral, a máxima absorção diária dos nutrientes coincidiu com o período inicial da frutificação. Nesse período ocorre o estabelecimento de uma força mobilizadora de nutrientes e assimilados, devido ao aumento da atividade metabólica, associada à atividade hormonal e à divisão e crescimento celular (Taiz & Zeiger, 1991). Para o Fe, a taxa diária foi constante em todo o ciclo cultural e para o Cu foi decrescente do início ao final do ciclo. Comparando-se a taxa diária de absorção de nutrientes da planta com a dos frutos, observa-se que em determinada fase do tomateiro, geralmente antes da primeira colheita dos frutos, esses absorvem mais N, P, K, S, Zn e Fe do que a planta, indicando translocação desses elementos. Os resultados obtidos para a parte aérea, quanto ao acúmulo de nutrientes, estão em concordância parcial com os resultados de Fernandes et al. (1975) que trabalharam com tomate para fins industriais, onde o K foi o nutriente de maior acumulo na planta, seguido pelo N e Ca. Porém, houve diferença nesta seqüência com o Mg, S e P. Também, neste mesmo trabalho observa-se semelhança na dinâmica de alocação nos frutos de 56% do N, 9% do Ca, 55% do K e 21% Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Absorção de nutrientes pelo tomateiro cultivado sob condições de campo e de ambiente protegido. Tabela 2. Dinâmica de absorção de N e K, na parte aérea total, em função da idade do tomateiro cultivado no campo, cv. Santa Clara. Viçosa, UFV, 1997. Idade da planta (dias após o transplantio) 12, 24, 36, 48, 60, 72, 84, 96, 108, 120, Nutriente N K % 4,1 9,0 16,6 22,9 21,4 13,9 7,0 3,1 1,3 0,5 2,0 5,5 13,3 23,9 26,3 17,1 7,7 2,9 1,0 0,3 Figura 2. Conteúdo de macro (A) e de micronutrientes (B) na parte aérea total do tomateiro cultivado em ambiente protegido, híbrido EF-50, em função da idade. Viçosa, UFV, 1997. do Mg do total absorvido, e diferindo da dinâmica do P e S. É possível que estas diferenças sejam devido à cultivar utilizada, das condições edafoclimáticas e/ou do manejo da planta. Desta forma, a absorção dos nutrientes, pela cv. Santa Clara, acompanhou o crescimento da planta. Com o início da frutificação, intensificou-se a quantidade absorvida de todos os nutrientes. Os valores máximos dos pesos da matéria seca total e dos frutos, atingiram 406,3 e 207 g.planta-1 e a produção total de frutos maduros foi 94,8 t.ha-1 sendo que a produção comercial foi de 88,6 t.ha-1. As porcentagens de absorções de N e K, os elementos mais acumulados pela planta e, usualmente aplicados parceladamente em cobertura na cultura, são maiores no período entre 36 e 72 dias, quando atingem 74,8% do N e 80,6% do K absorvidos durante o ciclo cultural (Tabela 2). Essas necessidades de nutrientes, em função da idade da Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. planta, foram construídas a partir da equação da taxa diária de absorção (dados não apresentados), e auxiliam na indicação das quantidades e época de aplicação dos adubos de cobertura (Tabela 2 e 3). Assim, os resultados da taxa diária de absorção indicam a necessidade de realizar com maior freqüência as aplicações de adubos de cobertura. Absorção de nutrientes pelo tomateiro, híbrido EF-50, produzido em ambiente protegido O acúmulo dos nutrientes na parte aérea do tomateiro ocorreu de forma crescente até os 135 dias após o transplantio das mudas, época considerada como final do experimento por terem sido colhidos todos os frutos (Tabela 1 e Figura 2A e 2B). A única exceção a este padrão de acúmulo ocorreu com o Fe que teve seu máximo aos 104 dias para depois decrescer (Tabela 1 e Figura 2B). Na parte aérea da planta, o K foi o nutriente mais absorvido, seguido com certa proximidade pelo N. Na ordem decrescente de absorção o Ca, S, Mg e P foram os macronutrientes menos absorvidos. Dentre os micronutrientes o Mn foi o mais armazenado seguido pelo Fe, Cu e Zn (Figura 2A e 2B). Do total destes elementos absorvidos, os frutos armazenaram 70% do N e P, 80% do K, 4% do Ca, 20% do Mg e 23% do S. Dos micronutrientes analisados, o Fe foi o que mais acumulou nos frutos, seguido pelo Zn, Mn e Cu, totalizando 63%, 25%, 3% e 3,5% do total absorvido pela planta, respectivamente (Tabela 1 e Figura 2B). Assim, os frutos tornaram-se as maiores reservas de N, P, K e Fe da planta. O valor da taxa diária de absorção foi crescente até os 67; 68; 52; 70 e 64 dias para o N, K, S, Zn e Fe, para depois decrescer até o final do ensaio (Tabela 1). Para o P, Ca e Mg os valores das taxas foram constantes durante todo o ensaio. Enquanto o valor da taxa de absorção do Cu foi crescente durante todo o experimento, para o Mn foi decrescente. Os valores dos pesos da matéria seca total e dos frutos atingiram 397,9 e 269,5 g.planta-1 e a produção total de frutos maduros foi de 115,4 t.ha-1 sendo que a produção comercial foi de 109,0 t.ha-1. Esta dinâmica de acúmulo de nutriente apresentou certa semelhança com os dados obtidos por Gargantini & Blanco (1964) que trabalharam com a cv. Sta Cruz 1639, cultivada em vaso e em ambiente protegido. Obtiveram que o P e Ca aumentaram até o final do experimento e para o N, K, Mg e S decresceu no final. Do total de nutrientes absorvidos, encontraram que 84% do N, 86% do P, 70% do K, 21% do Ca, 63% do Mg e 34% do S foram alocados nos frutos. As taxas de absorção de macronutrientes obtidas por Huett & Dettman (1988) variaram ao longo do ciclo do tomateiro, atingindo os valores máximos de 521; 119; 884; 290 e 84 mg planta-1 dia-1, para o N, P, K, Ca e Mg, respectivamente. Estes valores são bem maiores que os obtidos no presente trabalho, provavelmente pelo fato de as plantas terem sido cultivadas em areia, com solução nutritiva. Pardossi et al. (1987) obtiveram menores taxas de absorções de N e K, com valores máxi93 J. A. Fayad et al. Tabela 3. Absorção de nutrientes pela parte aérea total do tomateiro cultivado no campo, cv. Santa Clara e pelo tomateiro cultivado em ambiente protegido, híbrido EF-50. Viçosa, UFV, 1997. Cultivar Sta Clara EF-50 N P K Ca 206 211 32 30 360 264 202 195 mos de 70 e 79 mg planta-1 dia-1 de N e de K, respectivamente. A absorção dos nutrientes acompanhou o crescimento da planta. Com o início da frutificação, intensificou-se a quantidade absorvida de todos os nutrientes. As porcentagens de absorções de N e K, os elementos mais acumulados pela planta e, usualmente aplicados parceladamente em cobertura na cultura, via água de irrigação, são maiores no período entre 35 e 91 dias, quando atingem 73,5% do N e 75,0% do K absorvidos durante o ciclo cultural (Tabela 4). Essas necessidades de nutrientes, em função da idade da planta, foram construídas a partir da equação da taxa diária de absorção (dados não publicados), e auxiliam na indicação das quantidades e época de aplicação dos adubos de cobertura (Tabela 3 e 4). Assim, os resultados da taxa diária de absorção indicam a necessidade de realizar com maior freqüência as aplicações de adubos de cobertura. LITERATURA CITADA CARRIJO, O.A.; MAKISHIMA, N.; OLIVEIRA, C.A.S.; REIS, N.V.B.; FONTES, R.R. Fatores de evaporação do tanque classe A e níveis de fertirrigação com nitrogênio e potássio afetando o cultivo protegido de tomate. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n. 1, p. 78, 1996. ALVAREZ, V.V.H. Curso de fertilidade e manejo do solo. ABEAS, Brasília, 1994. 98 p. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DE MINAS GERAIS. Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais; 4a aproximação. Lavras, 1989. 76 p. FERNANDES, P.D.; CHURATA-MASCA, M.G.C.; OLIVEIRA, G.D.; HAAG, H.P. 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Postal 237, 18.603-970 Botucatu – SP, E-mail: [email protected] RESUMO ABSTRACT Foram comparados três métodos de enxertia sobre o crescimento, floração e produção de pepino (Cucumis sativus L.), híbrido Hokuho enxertado em abóbora (Cucurbita maxima Duch.), hibrido Excite Ikky. O ensaio foi instalado em ambiente protegido na UNESP-FCA em Botucatu. Plantas enxertadas por fenda, encostia e perfuração apical foram comparadas com plantas não enxertadas. As características avaliadas foram sobrevivência de mudas, altura da planta, número de internódios, diâmetro do hipocótilo, número de dias até a floração, número de flores femininas e masculinas, número de dias até o inicio da colheita, número de frutos abortados e comerciáveis/planta em cinco semanas de colheita. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com cinco repetições e dois vasos por parcela. As plantas não enxertadas apresentaram maior porcentagem de sobrevivência. A enxertia por qualquer método não influenciou na altura das plantas, mas o número de internódios foi superior nas plantas enxertadas por fenda. O diâmetro do hipocótilo e o número de frutos abortados foi maior nas plantas enxertadas. A enxertia não modificou a expressão sexual nem a produção de frutos comerciáveis/planta. Foi observada a presença de brilho na casca de todos os frutos colhidos de plantas enxertadas. Comparison of grafting methods in cucumber. A trial was carried out under protected cultivation to compare three grafting methods on growth, flowering and yield of cucumber (Cucumis sativus L.), hybrid Hokuho grafted on squash (Cucurbita maxima Duch.), hybrid Excite Ikky, at UNESP in Botucatu, Brazil. Plants were grafted by cleft, approach and tongue grafting, and compared with cucumber plants without grafting. Seedling survival, plant height, node number, hypocotyl diameter, days to flowering, number of female and male flowers, days to first harvest, number of aborted fruits, and commercial fruits per plant during five weeks were evaluated. The trial was carried out in a randomized complete block design, with five replications and two plants per plot. The greatest survival rate was obtained from non-grafted plants. Grafting methods had no influence on plant height, however, node number was greater in cleft grafted plants. Hypocotyl diameter and number of fruits which failed to set were greater in grafted plants than in non grafted ones. Grafting did not affect sex expression and commercial fruit yield per plant. Fruits harvested from grafted plants were shiny. Palavras-chave: Cucumis sativus L., Cucurbita maxima, enxertia, ambiente protegido. Keywords: Cucumis sativus L., Cucurbita maxima, grafting, protected cultivation. (Aceito para publicação em 16 de janeiro de 2.002) N o cultivo de cucurbitáceas em ambiente protegido, a enxertia pode ser considerada atualmente como método alternativo de produção. Com este método visa-se a menor incidência de doenças fúngicas do solo, menor infestação de nematóides e melhoria da qualidade dos frutos com a retirada da cera, resultando em maior brilho (Canizares et al., 1996). Os patógenos do solo, incluindo nematóides, são responsáveis por 67,7% dos replantios necessários em hortaliças (Oda, 1995). Outros patógenos são responsáveis por 23,7%, pragas por 1,2%, desordens fisiológicos 5,3%, desbalanço nutricional do solo 0,3% e causas desconhecidas 1,8%. Além desse aspecto, algumas combinações enxerto/porta-enxerto têm sido relacionadas não só com a resistência do porta-enxerto a fatores adversos, mas também ao aumento da produção (Yamakawa, 1982; Kawaide, 1985; Cañizares, 1997) tendo em vista que Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. determinados porta-enxertos induzem o aumento do vigor da copa (Janowski & Skapski, 1985). O sucesso da enxertia é representado pela união morfológica e fisiológica das duas partes envolvidas. Miguel (1997) observou que as superfícies de contato do enxerto e porta-enxerto devem estar limpas. Mesmo que haja boa cicatrização na região da enxertia, se houver pouco contato, esta pode dificultar o movimento da água e dos nutrientes. Dessa forma, os elementos vasculares não iniciam a atividade do câmbio vascular e a enxertia tende a fracassar (Deloire & Hébant, 1982 citados por Rachow-Brandt & Kollmann, 1992b), por interferir na translocação de assimilados da raiz para a parte aérea da planta (Andrews & Marquez, s/d; Rachow-Brandt & Kollmann, 1992a), e também por alterar a concentração de alguns elementos nutritivos. Alguns fatores interferem no sucesso da enxertia, como por exemplo a temperatura na pós- enxertia influenciando a sobrevivência das plântulas. É recomendado manter os enxertos entre 25 e 26oC durante a fase de união. Temperaturas inferiores a 15 ou superiores a 32oC são prejudiciais (Miguel, 1997). Stripari et al. (1997) com 30oC na pós-enxertia, obtiveram entre 96,5 e 100,0% de sobrevivência de plântulas enxertadas, aos 25 dias pós enxertia, em pepino híbrido Summer Green enxertado em abóbora híbrida Kirameki usando o método da fenda cheia. A umidade também interfere e esta deve ser mantida elevada para evitar a desidratação dos tecidos. Afetam também a enxertia a diferença entre os diâmetros do hipocótilo do enxerto e do porta-enxerto (Stripari et al., 1997). No Japão, Oda et al. (1993), avaliando a taxa de sobrevivência e o crescimento de plantas de pepino, utilizando a enxertia horizontal em dois porta-enxertos, (Cucurbita moschata e C. maxima), concluíram que com a menor diferença entre o diâmetro do hipocótilo do en95 K.A.L. Canizares & R. Goto. xerto e porta-enxerto, a taxa de crescimento e sobrevivência aumentava. A sobrevivência da enxertia depende também da remoção ou não das folhas cotiledonares e do ângulo de sobreposição das folhas cotiledonares. Oda et al. (1993) concluíram que a taxa de sobrevivência dos enxertos de pepino sobre abóbora sem cotilédones no porta-enxerto foi significativamente menor (75%) que as que continham cotilédones (maior que 90%). Nos enxertos com 90o de ângulo formado entre os cotilédones de porta-enxerto e enxerto, a taxa de sobrevivência foi 100%, comparado com 50% em enxertos com 0o de ângulo. Na prática têm sido utilizadas enxertias por fenda, encostia e perfuração apical. Os produtores paulistas de pepino japonês têm muitas dúvidas em relação às alterações que as plantas enxertadas apresentam, afirmando que o desenvolvimento da planta enxertada varia em função do método empregado. Desse forma esse experimento teve por objetivo comparar três métodos de enxertia na sobrevivência das mudas, crescimento, floração e na produção de pepino do tipo japonês. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em estruturas de proteção com cobertura plástica (7,0 x 20,0 m), na área experimental da Fazenda Lageado, do Depto. de Produção Vegetal da UNESP em Botucatu, de fevereiro a junho de 1998. Foram realizados quatro tratamentos, três métodos de enxertia e o controle sem enxertia. O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, com 4 tratamentos e 5 repetições com 2 plantas/parcela (1 planta/vaso), exceto para a sobrevivência das mudas (50 plantas/parcela). A abóbora foi semeada em 25/02 e o pepino em 27/02. A enxertia foi feita em 12/03 (25 enxertos por parcela), seguindo os critérios de Kawaide (1985); Oda (1995) e Miguel (1997). Em todos métodos de enxertia o meristema apical da abóbora foi eliminado, deixando-se apenas as duas folhas cotiledonares. Em todos métodos, os cotilédones do pepino foram 96 Fonte: Oda (1995), adaptado por Cañizares & Goto Figura 1. Enxertia por garfagem de fenda cheia. Fonte: Oda (1995), adaptado por Cañizares & Goto. Figura 2. Enxertia por encostia. Figura 3. Enxertia por perfuração apical. posicionadas a 90 o em relação aos cotilédones da abóbora (Figura 1), conforme Oda et al. (1993). No método de garfagem de fenda cheia foi feito um corte de mais ou menos 1,0 cm de profundidade entre os cotilédones da abóbora, até o centro do hipocótilo (Figura 1). O hipocótilo do pepino foi cortado em forma de bisel a 1,5 cm abaixo dos cotilédones e inserido na fenda. Enxerto e porta-enxerto foram presos por um clipe especial. No método por encostia, foi feito um corte de cima para baixo, 1,0 cm abaixo das folhas cotiledonares da abóbora (Figura 2). Nas plântulas de pepino, com o sistema radicular, o corte foi feito de baixo para cima. Feita a união, o enxerto foi preso por um clipe especial. Seis dias após a enxertia promoveu-se o ‘desmame’, que consistiu em cortar o hipocótilo do pepino logo abaixo do ponto de enxertia para isolar o sistema radicular do mesmo. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Comparação de métodos de enxertia em pepino. Tabela 1. Sobrevivência das plântulas (SP), altura das plantas (AP), número de internódios (NI), diâmetro do hipocótilo (DH) e número de dias para floração (DF) para plantas de pepino com e sem enxertia, usando os métodos de fenda cheia, encostia e perfuração apical. Botucatu, UNESP, 1998. Tratamento Fenda cheia Encostia Perfur. apical Pé franco Média CV (%) SP**(%) 88,0ab 72,0 b 68,0 c 94,0a 80,5 11,8 AP (cm) 133,0a 128,4a 123,0a 125,0a 127,4 4,2 NI* (n0/pl) 19,6a 18,5ab 18,4 b 18,3 b 18,7 3,14 DH** (cm) 1,5a 1,6a 1,4a 1,1 b 1,4 8,6 DF (dias) 24,2a 23,0a 25,0a 24,8a 24,2 7,1 * e **: significativo a 5 % e 1 %, respectivamente. 1 Valores nas colunas seguidos pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% Tabela 2. Número de flores femininas (FF) e masculinas (FM), número de dias até o início da colheita (DC), número de frutos abortados/ planta (FA) e número de frutos comerciáveis/planta (FC) em plantas de pepino com e sem enxertia, usando três métodos: fenda cheia, encostia e perfuração apical. Botucatu, UNESP, 1998. Tratamento Fenda cheia Encostia Perfur. apical Pé franco Média CV (%) FF** (flores/pl) 23,6ab 24,0ab 25,0a 22,0 b 23,6 4,6 FM (flores/pl) 9,6a 9,4a 9,2a 9,4a 9,4 15,2 DC** (dias) 34,8 b 35,2 b 35,6 b 39,2a 36,2 1,7 FA* (frutos/pl) 4,0ab 3,8ab 4,4a 3,0 b 3,8 19,1 FC (frutos/pl) 12,8a 13,2a 12,0a 11,0a 12,1 12,4 * e **: significativo a 5 % e 1 %, respectivamente. 1 Valores nas colunas seguidos pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% No método da perfuração apical utilizou-se arame grosso, de 0,4 cm de diâmetro com a ponta aplainada, e com este foi feito um orifício no ápice da abóbora entre as folhas cotiledonares, de aproximadamente 0,5 cm de profundidade (Figura 3). No hipocótilo do pepino foi feito um corte em forma de bisel de aproximadamente 0,5 cm abaixo dos cotilédones e introduzido no orifício feito entre as folhas cotiledonares da abóbora. O transplante para vasos de plástico com capacidade para 10 litros ocorreu 10 dias após a enxertia. O substrato foi preparado com Latossolo Vermelho Amarelo, retirado de camada superficial de 20 cm, corrigido para 80% de saturação de bases com calcário dolomítico e misturado com adubo orgânico na proporção de 10% do volume total do solo. Este solo foi adubado com 100 mg.dm-3 de fósforo utilizando-se superfosfato simples. O potássio foi elevado para 4,0 mmolc.dm-3 utilizando-se nitrato de potássio. As plantas foram tutoradas individualmente e conduzidas em fio vertical. A irrigação foi feita pelo sistema de gotejo Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. na razão de três litros/dia. Foram feitas três adubações de cobertura aplicando-se 2,5 g/vaso de cloreto de potássio e 1,0 g/vaso de nitarato de amônio em cada aplicação. Foram avaliados a sobrevivência de plântulas de um total de 50 plantas/parcela, altura das plantas (das folhas cotiledonares até o meristema apical), número de internódios acima das folhas cotiledonares, diâmetro no ponto médio da região da enxertia e no hipocótilo daquelas não enxertadas, número de dias até o início da floração, número de flores femininas e masculinas e número de dias até o início da colheita. Em 5 semanas de colheita contaram-se os números de frutos abortados/planta e comercializáveis/ planta (20 cm de comprimento). Na análise de variância, a comparação das médias foi feita pelo teste de Tukey a 5%, para todas as características avaliadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre os métodos, a fenda cheia resultou em maior taxa de sobrevivên- cia e plantas enxertadas pelo método da perfuração apical tiveram menor sobrevivência (Tabela 1). A baixa sobrevivência das mudas enxertadas por perfuração apical, pode ter sido influenciada pela pouca experiência do enxertador com esta técnica. Portanto é precipitado afirmar-se que o uso desse método acarreta grande perda de plântulas enxertadas. De forma geral, a taxa de sobrevivência obtida foi bastante baixa se comparada com dados obtidos por Stripari et al. (1997) que obtiveram valores entre 96,5 e 100,0% aos 25 dias pós enxertia, usando o método de fenda cheia. Isto pode ter ocorrido, possivelmente pela alta temperatura do interior da câmara na pós-enxertia, que ultrapassou 40oC no presente ensaio. A altura das plantas enxertadas não diferiu daquelas não enxertadas. Porém, houve diferenças em relação ao número de internódios/planta. Plantas enxertadas por fenda cheia e por encostia não diferiram entre si quanto ao número de internódios (Tabela 1). No presente ensaio os diferentes métodos usados não 97 K.A.L. Canizares & R. Goto. promoveram diferença na altura das plantas, discordando dos resultados obtidos por Cañizares & Goto (1998) que relataram que as plantas dos pepinos híbridos Ancor e Nikkey enxertadas sobre abóbora foram mais altas que as não enxertadas. Nas hortaliças enxertadas, o vigor da copa pode ser função do portaenxerto utilizado. No presente ensaio o porta-enxerto Excite Ikky não promoveu aumento de vigor na copa do híbrido Hokuho (Janowski & Skapski, 1985). As plantas enxertadas apresentaram maior desenvolvimento na região central do enxerto, quando comparadas com o diâmetro do hipocótilo das plantas não enxertadas (Tabela 2). A prática da enxertia independente do método, aumentou o diâmetro na região superior do hipocotilo entre 0,3 e 0,5 cm. Resultados semelhantes foram obtidos por Cañizares (1997). O aumento do diâmetro na região da enxertia é conseqüência da formação do calo resultante do processo de cicatrização normal constituído por células parenquimatosas (Janick, 1966). Não houve diferença em relação ao número de dias até o florescimento. As plantas floresceram, em média, 24,2 dias após o transplante (Tabela 1). Em relação à floração, as plantas enxertadas por perfuração apical produziram 25% a mais de flores femininas/planta do que as não enxertadas (Tabela 2). Atingiram a fase de fruto 54% das flores oriundas de plantas enxertadas por fenda, 55% por encostia, 48% por perfuração e 50% por pé-franco (Figura 4). Estes dados concordam com os obtidos por Takahashi et al. (1982) que obtiveram aumento do número de flores femininas em plantas de pepino enxertadas sobre Sicyos angulatus. Não houve diferença entre os tratamentos para número de flores masculinas/planta, sendo que a média geral para o caráter avaliado foi de 9,4 flores masculinas/planta, caracterizando as plantas como monóicas (Tabela 2). A expressão sexual da planta não foi modificada pelos métodos de enxertia, apesar dos valores para flores femininas apresentarem diferenças significativas entre tratamentos. A enxertia induziu maior número de flores femininas porém não diminuiu o número de flores masculinas. 98 Figura 4. Porcentagem de flores que atingiram o estádio de fruto comercial em plantas de pepino com e sem enxertia, usando os métodos de fenda cheia, encostia e perfuração apical. Botucatu, UNESP, 1998. Portanto, não houve reversão sexual, discordando de Friedlander et al. (1977) que relataram modificação da expressão sexual em pepino monoico enxertado em porta enxertos ginóicos. O tempo do plantio até o início da colheita foi superior em plantas não enxertadas que necessitaram em média quatro dias a mais para que os frutos atingissem o ponto comercial de colheita. (Tabela 2). Os resultados obtidos sugerem a existência de efeito positivo da enxertia sobre a precocidade da produção, independentemente do método utilizado. O número de frutos abortados foi superior em plantas enxertadas (Tabela 2). Plantas originadas de pés francos apresentaram menor abortamento do que plantas enxertadas por perfuração apical. É possível que o processo de enxertia aliado ao método utilizado tenham provocado estresse inicial que se manifestou na fase de crescimento de frutos, levando ao aborto dos mesmos. A produção de frutos comercializáveis/planta não diferiu entre tratamentos, em cinco semanas de colheita (Tabela 3). O estresse provocado pela enxertia, não gerou aumento ou diminuição da produção. Entretanto, Yamakawa (1982), Kawaide (1985) e Cañizares (1997) obtiveram maior produção. Quanto à qualidade visual, todos os frutos produzidos pelas plantas enxertadas apresentaram casca brilhante. Nos frutos de plantas não enxertadas obser- vou-se a presença de cera na casca, de acordo a observações feitas por Yamakawa (1982), Fujieda (1986) e Cañizares (1998). Sob condições de manejo do presente experimento, conclui-se que, plantas obtidas pelo método de garfagem em fenda cheia apresentaram maior sobrevivência, quando comparado aos outros métodos testados. Os métodos não influenciaram na altura das plantas, porém o diâmetro do hipocótilo foi maior nas plantas enxertadas. Os métodos testados não tiveram influência sobre a produção comercial de frutos em cinco semanas de colheita, porém a enxertia, independente da metodologia utilizada, antecipou a colheita em 3 dias aproximadamente. Todos os pepinos colhidos das plantas enxertadas apresentaram brilho na casca, característica importante do ponto de vista comercial. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). LITERATURA CITADA ANDREWS, P.K.; MARQUEZ, C.A. Graft Incompatibility. In: JANICK, J. Horticultural Reviews, v. 15, Purdue University, John Wiley & Sons, Inc. s/d. p. 183-232. CAÑIZARES, K.A.L. Efeito da enxertia de híbridos de pepino (Cucumis sativus L.) em dois híbridos de abóbora (Cucurbita sp.) sob ambiente protegido. Botucatu, UNESP, 1997. 80 p. (Tese Mestrado). Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Comparação de métodos de enxertia em pepino. CAÑIZARES, K.A.L.; GOTO, R. Crescimento e produção de híbridos de pepino em função da enxertia. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 16, n. 2, p. 110-13, 1998. CAÑIZARES, K.A.L.; IOZI, R.N.; STRIPARI, P.C.; GOTO, R. Enxertado, japonês fica mais brilhante. Agrianual 97. Anuário Estatístico da Agricultura Brasileira. São Paulo, FNP, Consultoria & Comércio, 1996. p. 332-333. FRIEDLANDER, D., ATSMON, D., GALUN, E. The effect of grafting on sex expression in cucumber. Plant Soil, v. 18, p. 1343-1350, 1977. FUJIEDA, K. Cucumber. In: KONISHI, K.; IWAHORI, S.; KITAGAWA, H.; YAKUWA, T. Horticulture in Japan. 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Influência do boro no desenvolvimento e na composição mineral do pimentão. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 1, p. 99–102, março 2.002. Influência do boro no desenvolvimento e na composição mineral do pimentão1 . Simone C. Mello2; Antonio Roque Dechen3; Keigo Minami3 Rua das Magnólias, 135, Jd. Novo Mundo, 13.211-610 Jundiaí, SP; 3 ESALQ, C. Postal 09, 13.418-900 Piracicaba-SP. E-mail: [email protected] 2 RESUMO ABSTRACT O experimento foi conduzido no município de Piracicaba (SP), de fevereiro a junho de 1994, em solo classificado como Terra Roxa Estruturada eutrófica A moderado textura argilosa. Visou-se estudar a aplicação de boro no desenvolvimento e na composição mineral de plantas de pimentão cv. Magda. Adotou-se o delineamento em blocos casualizados com quatro doses de bórax aplicadas nas covas de plantio (0; 5; 10 e 20 kg ha-1 equivalentes a 0; 0,6; 1,1 e 2,2 kg ha1 de B) e quatro repetições. Avaliou-se a altura das plantas, o número de folhas e de flores, a área foliar, o peso da matéria seca da parte aérea e os teores de nutrientes nas folhas recém-maduras mais pecíolos, aos 45 dias após o transplante. Foram avaliados também, aos 40 dias após o transplante, o peso do material verde dos frutos e a composição mineral do pericarpo e das sementes dos mesmos. As doses de bórax não influenciaram as características avaliadas e os teores de macronutrientes e de B, Cu, Fe, Mn e Zn nas folhas mais pecíolos. Entre as partes dos frutos, os teores de B foram superiores nas sementes em relação ao pericarpo, nas quatro doses utilizadas. Influence of boron application on sweet pepper development and mineral composition. An experiment was carried out in Piracicaba (Brazil) from February to June 1994, to study the effects of boron application on the development and mineral composition of sweet pepper (Capsicum annuum L.), cultivar Magda. The experiment was carried out in a randomized block design with four levels of borax (0; 5; 10 and 20 kg ha-1 equivalent to 0; 0.6; 1.1 and 2.2 kg ha-1 of B) and four replications. The plant height, number of leaves and flowers were evaluated, also the foliar area, dry weight of aerial part and nutrient contents in the leaves plus petioles at 45 days after transplanting date. In addition, fruit fresh weight; pericarp and seed mineral composition were evaluated 40 days after transplanting date. Different concentrations of borax did not affect the evaluated characteristics nor the macronutrient and B, Cu, Fe, Mn and Zn levels in the leaves plus petioles and fruits. For the pericarp and seeds, the concentrations of boron were higher in the seeds than of in petioles for all levels of applied borax. Palavras-chave: Capsicum annuum, boro, bórax, nutrição mineral. Keywords: Capsicum annuum, boron, borax, mineral nutrition. (Aceito para publicação em 27 de novembro de 2.001) O pimentão (Capsicum annuum L.), apesar de sua reconhecida importância econômica, é pouco estudado no Brasil, no que diz respeito à adubação 1 com micronutrientes, especialmente o boro. Além de afetar o desenvolvimento e a produção do pimentão, o boro pode interferir no equilíbrio nutricional da cultura. Segundo Correia et al. (1977), a deficiência de B em plantas de pimentão reduz o peso do material seco da parte aérea e das raízes, o nú- Parte da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor à ESALQ/USP. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 99 S.C. Mello et al. mero de ramos, de folhas e de flores. Além desses efeitos, o B também reduz a área foliar e a taxa fotossintética, conforme verificado por Pandev et al. (1982). Na nutrição mineral de plantas, o fornecimento desse micronutriente nas raízes influencia a absorção, o acúmulo e a utilização de outros elementos essenciais (Salinas et al., 1982). Santos et al. (1990) obtiveram teores foliares maiores de Mg e de Cu, em plantas de pimentão, com a aplicação de 2 mg L-1 de B em solução nutritiva. A espécie Capsicum annuum é muito sensível à deficiência de B, sendo que a sua aplicação via solo tem sido uma prática adequada para aumentar a produtividade da cultura. Horino et al. (1980) constataram incrementos de 6,7 t ha-1 na produção de pimentão com a aplicação de 2 kg ha-1 de B. Trani & Raij (1996) recomendam a adição de 1,0 kg ha-1 de B no plantio do pimentão, independentemente do teor desse elemento no solo. Entretanto, essas quantidades, normalmente empregadas, que variam de 1 a 2 kg ha-1 de B, podem não ser adequadas para o desenvolvimento da cultura, levando-se em consideração o teor de B no solo, o tipo de solo e a época de cultivo. Navrot & Levin (1976) observaram em solo turfoso com teor médio de 0,93 mg dm-3 de B que a adição de 2 kg ha-1 desse elemento diminuiu a produção de pimentão. Na cultura do tomateiro, pertencente à mesma família do pimentão, Plese et al. (1998) obtiveram redução no peso médio de frutos com a aplicação de 1 e 2 g cova-1 de ácido bórico, equivalente a 3,4 e 6,8 kg ha-1 de boro, em solo com 0,56 mg dm-3 de B (água quente). Gunes et al. (1999), também em plantas de tomate, observaram sintomas de toxidez de B com a adição de 10 e 20 mg kg-1 desse elemento no solo. Realizou-se, portanto, esse trabalho com o objetivo de verificar os efeitos da aplicação de B no desenvolvimento e na composição mineral do pimentão, cv. Magda, em solo com 1,0 mg dm-3 de B. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no município de Piracicaba (SP), no período de fevereiro a junho de 1994, em solo 100 classificado como Terra Roxa Estruturada eutrófica A moderado textura argilosa. A área, amostrada à profundidade de 20 cm, apresentou as seguintes características químicas: pH (CaCl2) 5,2; 40,4 g dm-3 de matéria orgânica; 888 mg dm-3 de P (resina); 9,6, 22,2 e 15,4 mmolc dm-3 de K, Ca e Mg, respectivamente; acidez potencial 27,7 mmol c dm -3; capacidade de troca de cátions 75 mmolc dm-3; saturação por bases 63 %; 1,0 mg dm-3 de boro. O delineamento experimental foi de blocos casualizados com quatro repetições, sendo os tratamentos compostos pelas doses de bórax (11,5 % B) 0; 5; 10 e 20 kg ha-1, que foram equivalentes a 0; 0,6; 1,1 e 2,2 kg ha-1 de B. As aplicações do bórax foram feitas em covas de 20 x 20 x 20 cm, misturando-se bem com o solo a fim de homogeneizar. Com base nos resultados da análise química do solo, dispensou-se a adubação básica de plantio. Foram aplicados, aos 10; 25; 40 e 55 dias após o transplante, 2,5 g/planta de N e 1,0 g/planta de K2O (Passos, 1985), empregando-se como fonte a uréia (45% N) e o cloreto de potássio (60% K2O). As mudas produzidas em bandejas de isopor com 128 células, preenchidas com substrato composto de casca processada e enriquecida, vermiculita expandida e turfa processada e enriquecida, foram transplantadas em 24 de fevereiro de 1994, no espaçamento de 1,0 entre fileiras e 0,5 m entre plantas. Cada parcela experimental foi composta de 20 plantas, com uma densidade de 20.000 plantas/ha. Para as avaliações da altura de plantas, número de flores, número de folhas, estimativa da área foliar, peso do material seco da parte aérea e teores de nutrientes nas folhas mais pecíolos, aos 45 dias após o transplante, amostraram-se três plantas/parcela. Para a determinação da área foliar, utilizou-se o método de uso de áreas conhecidas descrito por Benincasa (1988). A colheita dos frutos iniciou-se em 5 de abril e se estendeu até 14 de junho de 1994. Os frutos foram pesados, para a avaliação do peso médio de frutos por planta. Para a análise química dos mesmos, coletaram-se cinco frutos ao acaso por parcela, aos 40 dias após o trans- plante, que foram separados em pericarpo (P) e sementes (S). Empregouse para determinação dos teores de nutrientes a metodologia descrita por Sarruge & Haag (1974) e Bataglia et al. (1983): Nitrogênio: método semimicroKjeldahl; fósforo: método colorimétrico; enxofre, potássio, cálcio, magnésio, cobre, ferro, manganês e zinco: espectrofotometria de absorção atômica; B: colorimetria da azometina H. RESULTADOS E DISCUSSÃO Considerando-se o desenvolvimento das plantas no campo, pôde-se observar que aquelas que receberam a aplicação de 20 kg ha-1 de bórax (2,2 kg ha1 de B) apresentaram sintomas iniciais de toxidez, aos quinze dias após o transplante. Ocorreu amarelecimento das pontas das folhas seguido por necrose. Além disso, as plantas tinham crescimento mais lento em comparação com a testemunha. Contudo, tais sintomas desapareceram ao longo do desenvolvimento da cultura. Este fato sugere que quando as plantas estavam no início do desenvolvimento a dose de boro em questão foi excessiva, levando-se em consideração o teor de boro no solo (1,0 mg dm-3), considerado alto segundo Raij et al. (1996), bem como o modo de aplicação, ou seja, na cova de plantio, que proporcionou concentração elevada e localizada desse micronutriente, próximo às raízes, resultando, dessa forma, em sintomas de toxicidade. Salinas et al. (1982) também verificaram efeitos fitotóxicos do B em plantas de pimentão com o aumento das doses em solução nutritiva (0; 0,25; 1; 2; 4; 8 e 16 mg L-1 de B). Resultados semelhantes foram obtidos por Gunes et al. (1999) em plantas de tomate, as quais apresentaram sintomas de toxidez com a adição de 10 e 20 mg kg-1 de boro no solo. Para a altura de plantas, número de folhas, número de flores, área foliar e peso do material seco da parte aérea as análises de variâncias não acusaram efeitos significativos entre as doses de boro, cujos valores constam da Tabela 1. O peso do material verde dos frutos, cujo valor médio foi de 84 g/fruto, amostrados aos 40 dias após o transplante, também não foi afetado pelos tratamentos empregados. Tais resultados indicam que o teor Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Influência do boro no desenvolvimento e na composição mineral do pimentão. Tabela 1. Valores médios de altura de plantas, número de folhas, número de flores, estimativa da área foliar e peso do material seco da parte aérea, aos 45 dias após o transplante. Piracicaba, ESALQ, 1994. Doses de bórax (kg/ha) Número de folhas Altura (cm) 0 5 10 20 C. V. (%) 42,4 42,5 43,6 42,8 7,33 Número de flores 104,4 100,7 101,8 135,3 14,82 Área foliar (dm2) 18,9 19,5 16,8 25,8 31,27 18,1 17,4 19,1 20,9 14,20 Peso do material seco (g/planta) 13,9 13,1 14,4 14,9 16,13 Tabela 2. Teores de macronutrientes e de micronutrientes no pericarpo (P) e nas sementes (S) de pimentão cv. Magda, aos 40 dias após o transplante. Piracicaba, ESALQ, 1994. Doses de Partes bórax do fruto (kg ha -1) N P K Ca Mg S B Cu g kg -1 Fe Mn Zn mg kg -1 0 P S 22,3a 29,6a 3,6a 5,2a 28,6a 23,4a 1,4a 1,2a 1,6a 3,2a 1,9a 1,7a 19,7a 30,1 b 11,3a 14,5a 88,0a 92,5a 77,3a 79,3a 33,5a 36,8a 5 P S 21,7a 28,1a 3,5a 5,2a 31,0a 23,8a 1,9a 1,7a 1,8a 3,2a 1,4a 1,6a 14,9a 48,5 b 8,5a 13,0a 69,5a 87,0a 77,0a 79,3a 28,5a 31,0a 10 P 22,2a 3,8a 31,4a 1,3a 1,9a 1,7a 16,2a 11,5a 83,5a 76,8a 32,0a S 28,6a 5,7a 21,4a 1,2a 2,9a 1,3a 33,9 b 13,7a 89,7a 78,0a 34,3a 20 P 22,2a 3,7a 32,1a 2,1a 1,8a 1,3a 17,5a 9,0a 64,3a 77,5a 35,0a Média S P 30,3a 22,1a 4,9a 3,7a 23,3a 30,8a 1,3a 1,7a 2,9a 1,8a 1,3a 1,5a 41,9 b 16,9a 13,8a 10,1a 76,8a 76,3a 78,5a 77,1a 31,0a 32,3a S 29,2 b 5,3 b 23,0 b 1,3a 3,1 b 1,5a 37,7 b 13,8 b 86,5 b 78,8 b 33,3 b P 7,47 9,83 21,98 42,09 19,65 27,74 24,9 12,0 10,7 1,0 12,2 C. V. (%) * / Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. de B presente no solo foi considerado adequado para o desenvolvimento da cultura. Resultados semelhantes foram obtidos por Santos et al. (1990), os quais observaram que o número de folhas definitivas e o peso médio dos frutos não foram afetados pelas doses de B (0,25; 0,50; 1,00 e 2,00 mg L-1). Entretanto Navrot & Levin (1976) constataram que a aplicação de 2 kg ha -1de B em solo turfoso com 0,93 mg dm-3 de B reduziu a produção da cultura. Cabe ressaltar, também, que o fato da maior dose de B não ter reduzido as características avaliadas, confirma a recuperação das plantas, que no início apresentaram sintomas de fitotoxidez, e sugere que o pimentão cv. Magda apresenta tolerância ao excesso de B. De acordo com Adriano (1986), o pimentão pode ser considerado uma espécie semi-tolerante ao excesso desse micronutriente no substrato. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Para os teores de nutrientes nas folhas mais pecíolos a análise de variância não acusou efeito significativo entre as doses de bórax, sendo que os teores médios de N, P, K, Ca, Mg e S foram de 27,9; 4,3; 50,0; 15,0; 4,2 e 2,1 g kg-1, respectivamente. Para o B, Cu, Fe, Mn e Zn, as concentrações médias estiveram em torno de 60,5; 36; 284; 36 e 121 mg kg-1. Resultados semelhantes foram obtidos por Salinas et al. (1982), que não encontraram diferenças significativas entre os teores foliares de N, P, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Cu e Zn, no período do florescimento, com o aumento da adição de B em solução nutritiva. Entretanto, esses autores obtiveram aumento na concentração de B nas folhas com o aumento do conteúdo desse elemento no substrato, o que também foi verificado por Santos et al. (1990), discordando, portanto, dos resultados obtidos nesse experimento. Com exceção do Cu e do Zn, os teores dos demais nutrientes apresentados estão dentro das faixas consideradas adequadas, segundo Trani & Raij (1996). Os teores de Cu e de Zn, por sua vez, estão acima dos limites máximos, possivelmente em virtude de pulverizações foliares feitas com fungicidas cúpricos (oxicloreto de cobre 500 g kg – 1 ) e à base de zineb (750 g kg-1). As doses de B não afetaram a composição mineral dos frutos. Os teores de nutrientes não diferiram significativamente no pericarpo e nas sementes, exceto o de B que foi superior nas sementes, nas quatro doses utilizadas (Tabela 2). Resultados concordantes foram obtidos por Navrot & Levin (1976), que constataram que a aplicação de 2 kg ha1 de B no solo não alterou os teores de N, Cu, Zn e Fe nos frutos. Por outro lado, Santos et al. (1990) verificaram que a aplicação de 1 mg L-1 de B em solução nutritiva aumentou os teores de Mg, Cu 101 S.C. Mello et al. e B nos frutos. Considerando-se os teores médios dos nutrientes nas partes dos frutos, verificou-se que as concentrações dos mesmos, exceto de Ca e de S, de modo geral, foram maiores nas sementes. Os maiores teores de macronutrientes encontrados nos frutos foram os de K e os de N, seguidos dos de P e de Mg. Os teores de Ca e de S foram encontrados aproximadamente na mesma proporção. Tais resultados estão parcialmente de acordo com os obtidos por Miller et al. (1979), que verificaram que os elementos mais absorvidos foram o K e o N seguido do P, S, Ca e Mg. Quanto aos micronutrientes, a absorção em ordem decrescente foi: Fe, Mn, Zn, B e Cu. Oliveira et al. (1971) verificaram, de maneira geral, resultados semelhantes. Pode-se concluir pelos resultados obtidos, que em solo com 1,0 mg kg-1 de B a aplicação desse elemento via solo se mostrou desnecessária, o que sugere a necessidade de maiores estudos envolvendo diferentes tipos de solos e teores do elemento em questão, para que se possa recomendar quantidades mais adequadas de B para a cultura do pimentão. LITERATURA CITADA ADRIANO, D.C. Boron. In: ADRIANO, D.C. ed. Trace elements in the terrestrial environment. New York: Springer Verlag, 1986. p. 73-105. 102 BATAGLIA, O.C.; FURLANI, A.M.C.; TEIXEIRA, J.P.F.; FURLANI, P.R.; GALLO, J.R. Métodos de análise química de plantas. Campinas: IAC, 1983. 48 p. (Boletim Técnico, 78). BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas. Jaboticabal: FUNEP, 1988. 42 p. CORREIA, L.G.; CAMARGO, J.M.C.; SOUZA, E.L.S.; MONNERAT, P.H. Deficiência de magnésio e boro na fase inicial de crescimento do pimentão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 17., 1977, Juazeiro. Resumos... 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Warley Marcos Nascimento1; Daniel J. Cantliffe2 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF; 2Horticultural Sciences Department, University of Florida, P.O. Box 110690, Gainesville, Fl 32611-0690, USA. Email: [email protected] 1 RESUMO ABSTRACT Altas temperaturas durante a embebição das sementes de alface podem inibir a germinação. Vários métodos para reduzir o problema da termoinibição e, ou termodormência têm sido propostos, incluindo a utilização de germoplasmas tolerantes, o ajuste do ambiente de produção de sementes, a utilização de reguladores de crescimento e o condicionamento osmótico das sementes. Nestas metodologias, o mecanismo de ação parece estar relacionado com o “enfraquecimento” (“amolecimento”) do endosperma, que possibilitará o crescimento do embrião sob altas temperaturas. O enfraquecimento do endosperma, tem sido associado com a indução da enzima endo-b-mananase na região da micrópila. O etileno, também pode estar envolvido no controle desse processo. Lettuce seed germination at high temperature. High temperature during imbibition of lettuce seeds can inhibit germination. Several methods to circumvent thermoinhibition and, or thermodormancy have been proposed including resistant germplasm, adjusting the seed production environment, the use of growth hormones and seed priming. The mechanism of action for each of these methodologies appears to be related specifically to endosperm loosening which allows the embryo to grow under high temperature. Endosperm loosening has been associated with the induction of endo-b-mannanase at the micropylar end. Ethylene may also play an important role in controlling this process. Palavras-chave: Lactuca sativa, endosperma, atividade enzimática, condicionamento osmótico, estabelecimento de plântulas. Keywords: Lactuca sativa, endosperm, enzyme activity, seed priming, stand establishment. (Aceito para publicação em 17 de janeiro de 2.002) A lface (Lactuca sativa L.) é uma importante folhosa cultivada em várias partes do mundo. No Brasil, o cultivo da alface é realizado durante o ano todo, em diferentes regiões. Em condições de altas temperaturas, a semente (aquênio) de alface, quando semeada tanto em estufas (produção de mudas para o transplantio) quanto no campo (semeadura direta), poderá ter uma redução na germinação ou uma desuniformidade na emergência das plântulas. Estes fatos poderão reduzir a produtividade e consequentemente o lucro do produtor. A temperatura, tem grande influência na germinação de sementes de alface. A temperatura ótima está em torno de 20°C, e a maioria das cultivares não germina em temperaturas superiores a 30°C. Quando condições de altas temperaturas ocorrem durante a embebição das sementes de alface, dois diferentes fenômenos podem ser observados: a) a termoinibição, que é um processo reversível, uma vez que a germinação ocorre quando a temperatura reduz para um 1 nível adequado, e; b) a termodormência, onde as sementes não germinarão após a redução da temperatura, também chamada de dormência secundária (Khan, 1980/81). Neste caso, entretanto, a germinação ocorrerá se as sementes forem tratadas com reguladores de crescimento ou sumetidas ao condicionamento osmótico (“seed priming”). A temperatura máxima e crítica para a germinação das sementes de alface depende do genótipo (Harrington & Thompson, 1952; Gray, 1975; Thompson et al., 1979; Damania, 1986). Algumas cultivares de alface podem germinar em temperaturas variando de 5 a 33°C (Gray, 1975). Em geral, temperaturas acima de 30°C afetam a germinação das sementes, reduzindo a velocidade ou a porcentagem de germinação. Assim, dependendo do local e época de semeadura, a germinação das sementes pode ser errática ou nula, comprometendo o estande no campo e, ou na casa de vegetação. Diferentes estratégias para reduzir os problemas da termoinibição e, ou da termodormência têm sido utilizadas. Alguns genótipos termotolerantes têm sido identificados (Bradford, 1985) ou desenvolvidos (Guzman et al., 1992). Entretanto, efeitos ambientais na expressão do caráter de termotolerância têm sido observados (Nagata, 1997, comunicação pessoal)1 . Além deste fato, ainda não se entende como as sementes herdam a capacidade para germinarem em altas temperaturas. Fatores ambientais durante a maturação das sementes também influenciam a temperatura limite de germinação. Durante o desenvolvimento das sementes, a temperatura pode afetar subseqüentemente a germinação (Gray et al., 1988; Drew & Brocklehurst, 1990; Steiner & Opoku-Boateng, 1991). Assim, sementes de alface produzidas em regiões de clima quente germinaram melhor em altas temperaturas (Harrington & Thompson, 1952; Damania, 1986). Sob condições controladas, Gray et al. (1988) verificaram que as sementes de alface produzidas em regimes de temperatura de 30/20°C ger- Nagata, R.T. (Horticultural Sciences Department, University of Florida, P.O. Box 110690, Ginesville, Fl 32611-0690, USA). Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 103 W.M. Nascimento & D.J. Cantiliffe. minaram melhor a 30°C do que sementes produzidas a 25/15°C ou 20/10°C. Em outro estudo, Sung et al. (1998a) verificaram que sementes de alface produzidas a 30/20°C apresentaram uma maior porcentagem de germinação comparada com aquelas produzidas em condições de baixas temperaturas. Estes autores concluíram que o caráter de termo-tolerância foi regulado pela interação genótipo e temperatura durante o desenvolvimento das sementes. O condicionamento osmótico das sementes pode diminuir o período entre a semeadura e o estabelecimento de plântulas e reduzir o risco das sementes expostas às condições adversas e fatores bióticos no campo durante esse período crítico de germinação. Em alface, esse tratamento tem sido utilizado, com sucesso, para reduzir o problema de inibição da germinação causado por temperaturas altas (Guedes & Cantliffe, 1980; Khan, 1980/81; Guedes et al., 1981; Valdes et al., 1985; Wurr & Felows, 1984; Nascimento & Cantliffe, 1998). Entretanto, o mecanismo exato do condicionamento osmótico para a germinação das sementes de alface, nessas condições, não é totalmente conhecido. A aplicação de reguladores de crescimento, como etileno, têm aumentado significativamente a germinação das sementes, sob altas temperaturas, em laboratório. Assim, a aplicação de precursores de etileno ou produtos à base de etileno têm permitido a germinação de sementes de alface em altas temperaturas (Saini et al. ,1986; Fu & Yang, 1983; Khan & Prusinski, 1989; Nascimento et al. , 1999c; 1999b; Nascimento, 2000). Neste aspecto, vale salientar que o uso de etileno não tem sido aplicado comercialmente. É sabido que alto vigor e elevada germinação são dois pré-requisitos para se alcançar um bom estabelecimento de plântulas. Alto vigor das sementes é uma condição necessária para tolerar estresses ambientais (Heydecker, 1972), incluindo temperaturas. Foi sugerido recentemente, que o envelhecimento das sementes de alface reduz a capacidade para germinar em altas temperaturas (Nascimento et al., 1999a). Os processos fisiológicos e bioquímicos que controlam a dormência 104 de sementes e o possível mecanismo da germinação das sementes de alface, principalmente sob condições de altas temperaturas, não são totalmente bem entendidos. Nas ultimas décadas, dezenas de publicações têm sido dedicadas à explicação das razões por que as sementes de alface não germinam em determinadas condições e, ou, quais tratamentos permitem a germinação (Cantliffe et al., 2000). Estudos sobre os efeitos de altas temperaturas na germinação de sementes de alface têm sido reportados há vários anos (Borthwick & Robbins, 1928), e têm sido um tópico de grande interesse para vários pesquisadores (Cantliffe et al., 2000). Diferentes hipóteses foram enunciadas como causas da não germinação das sementes de alface: a) redução da permeabilidade do tegumento à trocas gasosas (Borthwick & Robbins, 1928); b) impermeabilidade do tegumento à água (Speer, 1974); c) acumulação de produtos metabólicos no endosperma e embrião (Borthwick & Robbins, 1928); d) efeitos inibitórios do ácido abscísico (McWha, 1976); e) mau funcionamento do fitocromo (Scheibe & Lang, 1969); f) barreira física do tegumento e, ou endosperma (Ikuma & Tilmann, 1963); g) inibição da secreção de enzimas da parede celular (Ikuma & Tilmann, 1963; Dutta et al., 1997); e h) deficiência do potencial de crescimento do embrião (Nabors & Lang, 1971). Nascimento (1998), em um amplo estudo, procurou estabelecer uma relação entre a germinação das sementes de alface em altas temperaturas a diferentes tratamentos, como maturação de sementes, genótipos, vigor das sementes, condicionamento osmótico, e o uso de específicos reguladores de crescimento, como etileno. Recentemente, foram publicados diversos artigos evidenciando a existência de uma estreita relação entre o enfraquecimento do endosperma, a atividade da enzima endo-b-mananase, a produção de etileno, e a germinação das sementes de alface sob altas temperaturas (Nascimento et al, 1998a; 1999c; 2000b; Nascimento & Cantliffe, 1999; Nascimento et al, 1999; Nascimento et al, 2000a; 2001; Cantliffe et al., 2000). O embrião da semente de alface é totalmente envolvido pelo endosperma, o qual é constituído de uma camada de duas a quatro células. O endosperma pode atrasar ou prevenir a germinação das sementes atuando como uma barreira física à emissão da radícula, especialmente sob condições desfavoráveis. Assim, o “enfraquecimento” (“amolecimento”) do endosperma torna-se um pré-requisito à emissão da radícula, sob condições de altas temperaturas (Sung, 1996). Uma vez que as paredes celulares do endosperma são compostas principalmente de polímeros de galactomananas, endo-b-mananase poderia ser uma enzima potencialmente regulatória no enfraquecimento do endosperma. O hormônio etileno poderia estar também envolvido neste processo, atuando diretamente no enfraquecimento do endosperma da semente através de um desconhecido mecanismo, ou estar envolvido na regulação de enzimas responsáveis pela “digestão” da parede celular do endosperma (por exemplo, endo-b-mananase), ou a combinação de ambos. Todos estes processos favoreceriam a emissão da radícula e consequentemente a germinação das sementes de alface sob altas temperaturas. Testando diferentes genótipos, observou-se a exigência de uma menor força, no teste de puntuação, para penetrar o endosperma naquelas sementes provenientes de genótipos termo-tolerantes comparada com aqueles termosensitivos (Sung et al., 1998b). O mesmo foi observado em sementes osmoticamente condicionadas, isto é, um menor requerimento de força para penetrar o endosperma nessas sementes; alterações estruturais do endosperma na região da micrópila foram também observadas antes da emissão da radícula (Sung et al., 1998b). Isso sugere uma maior ou menor resistência do endosperma naquelas sementes que germinam satisfatoriamente ou não, respectivamente, em condições de altas temperaturas. Maior atividade da enzima endob-mananase no endosperma, antes da emissão da radícula, foi observada nessas situações onde as sementes germinaram adequadamente (Nascimento, 1998). Em outro estudo, Nascimento et al. (2000a) verificaram que, em altas temperaturas, genótipos termo-tolerantes produziram maiores quantidades de Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Germinação de sementes de alface sob altas temperaturas. etileno, apresentaram maior atividade de endo-b-mananase, e germinaram melhor do que aqueles genótipos termo-sensitivos. Em adição, sementes de genótipos termo-tolerantes embebidas a 35°C no escuro produziram menos etileno, apresentaram menor atividade enzimática e menor germinação do que aquelas sementes embebidas sob luz (Nascimento & Cantliffe, 2000). Um inibidor de ação de etileno, tiossulfato de prata, inibiu ambos, etileno e endo-b-mananase, enquanto que o precursor de etileno, 1aminociclopropano-1- ácido carboxílico (ACC), induziu a atividade da enzima e permitiu a germinação das sementes do genótipo termo-sensitivo ‘Dark Green Boston’ (Nascimento et al., 1999c; Nascimento & Cantliffe, 1999). Nascimento et al. (1999), avaliando diferentes níveis de vigor, observaram que sementes envelhecidas artificialmente, ou seja, de menor vigor, apresentaram menor produção de etileno e menor atividade enzimática do que aquelas não envelhecidas. Assim, o envelhecimento das sementes pode reduzir a produção de etileno e a atividade de endo-b-mananase, e assim, diminuir a germinação das sementes em condições de altas temperaturas. Todos esses resultados sugerem que o aumento de etileno e da atividade de endo-b-mananase podem contribuir para o enfraquecimento do endosperma, especialmente sob altas temperaturas, levando a uma condição de germinação. Esses resultados podem ser utilizados no estudo de marcadores moleculares para o desenvolvimento de cultivares tolerantes à germinação sob condições de altas temperaturas. O uso de alface como modelo neste estudo pode também ser aplicado e, ou estendido à outras espécies que apresentam problemas similares. LITERATURA CITADA BORTHWICK, H.A.; ROBINS, W.W. 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Postal 12.168, 60.356-001 Fortaleza-CE 1 RESUMO ABSTRACT O jaborandi (Pilocarpus microphyllus Stapf) é uma árvore da família Rutaceae destacando-se por intensivo uso na indústria farmacêutica através de um dos seus princípios ativos, pilocarpina, utilizado no controle do glaucoma. O objetivo do presente trabalho foi desenvolver um protocolo de micropropagação de jaborandi. Os ápices e segmentos caulinares utilizados na micropropagação foram retiradas das plântulas germinadas in vitro cultivadas em meio MS com diferentes concentrações e combinações de reguladores de crescimento. O tratamento com 3% de NaOCl (hipoclorito de sódio) e na ausência de AG3 (ácido giberélico) promoveu maior percentagem de germinação e menor índice de contaminação. O segmento apical foi o mais eficiente na emissão e comprimento médio de brotos de jaborandi sob diferentes concentrações de BAP (6benzilaminopurina) e diferentes combinações de zeatina e cinetina. Palavras-chave: Pilocarpus microphyllus, Rutaceae, pilocarpina, reguladores de crescimento, in vitro. Micropropagation of the jaborandi. The jaborandi (Pilocarpus microphyllus Stapf.) is a tree belonging to the Rutaceae family and is well known for its intensive use in the pharmaceutical industry through one of its most active principles, the pilocarpine, used to control glaucoma. The purpose of this research is to develop micropropagation protocols. Shoot tips and stem segments used in the micropropagation were removed from the seedlings grown in vitro and cultivated in MS medium with different concentrations and combinations of growth regulators. A treatment with 3% of NaOCl and the lack of GA3 caused a higher percentage of germination and a lower rate of contamination. The apical segment was the most efficient for shoot emission with best average length under different concentrations of BAP and different combinations of zeatin and kinetin. Keywords: Pilocarpus microphyllus, Rutaceae, pilocarpine, growth regulators, in vitro. (Aceito para publicação em 4 de dezembro de 2.001) A flora Amazônica é rica em espécies medicinais com grande potencial econômico para a extração de princípios ativos. Normalmente, as plantas medicinais desta região são exploradas através do extrativismo, o que aliado à expansão da fronteira agrícola na região, em áreas de populações de ocorrência natural dessas espécies, vem provocando erosão genética e colocando-as em risco de extinção. Muitas espécies de ocorrência natural da região amazônica são largamente usa106 das na medicina popular. Dentre as espécies medicinais produtoras de princípios ativos de grande interesse mundial destaca-se o jaborandi, que é utilizado em produtos farmacológicos. Das folhas desta planta são extraídos sais de pilocarpina, um alcalóide utilizado na fabricação de um colírio indicado para o controle do glaucoma (Santos et al., 1988). O jaborandi (Pilocarpus microphyllus Stapf) é uma planta arbustiva e bastante ramificada perten- cente à família Rutaceae, apresentando altura média de 2 m, com folhas compostas medindo, em média, 40 cm e folíolos coriáceos, de forma lanceolada. As flores são pequenas dispostas em rácimos (cachos) compactos. Os frutos são dispostos em cachos brancos contidos em cápsulas de córtex acinzentado e liso (Marques & Costa, 1994). No Brasil, ocorre principalmente na região Leste da Amazônia e nas regiões do CentroSul e Nordeste (Marques & Costa, 1994). Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Micropropagação do jaborandi. Esta planta, conhecida por seu intensivo uso na indústria farmacêutica, destaca-se no controle do glaucoma, devido à pilocarpina, alcalóide encontrado em suas folhas. O preço médio de comercialização do jaborandi nos Estados maiores produtores, Pará, Maranhão e Piauí é de R$ 747,63 por tonelada de matéria seca (IBGE, 1996). Esta substância não tem efeitos colaterais, ao contrário das demais que visam o controle do glaucoma. A coleta contínua de folhas de jaborandi vem resultando na redução significativa das populações de ocorrência natural, colocando esta espécie em risco de extinção. A propagação do jaborandi por sementes é viável e a germinação ocorre entre 10 e 30 dias., Entretanto, a propagação assexuada ainda não é um método recomendado devido à inadequação dos métodos convencionais como o enraizamento de estacas e enxertia (Marques & Costa, 1994). A cultura de tecidos vegetal tem sido considerada ferramenta promissora para a preservação de fontes vegetais, bem como a propagação comercial de plantas medicinais (Abreu, 1998). A propagação vegetativa in vitro, também denominada micropropagação, por causa do tamanho dos propágulos utilizados, é a aplicação mais prática da cultura de tecidos e a de maior impacto (Grattapaglia & Machado, 1998). A propagação in vitro de plantas medicinais tem sido realizada por vários autores (Pinto et al., 1994; Lameira, 1997) e incrementada nos últimos anos devido a vários fatores, entre eles, dificuldades na reprodução, baixa taxa de germinação ou exploração irracional, resultando na quase extinção de algumas espécies e modificação do meio ambiente, dificultando a coleta de plantas saudáveis (Kajiki, 1996). Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi desenvolver um protocolo de micropropagação a partir de segmento caulinar de jaborandi. MATERIAL E MÉTODOS Experimento 1: Germinação in vitro de sementes de jaborandi Sementes de jaborandi provenientes do banco de germoplasma da Embrapa Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Amazônia Oriental serviram como fonte de explante para a obtenção de plântulas assépticas in vitro. As mesmas foram coletadas após a sua maturação e, em seguida, levadas para o laboratório de biotecnologia da Embrapa Amazônia Oriental, para desinfestação. No processo de desinfestação do material foram utilizadas sementes com e sem casca. Em ambos tratamentos as mesmas foram lavadas com água corrente por 30 a 60 minutos e logo após mergulhadas em álcool puro (960GL) durante 3 minutos. A seguir foram mergulhadas em solução de hipoclorito de sódio (NaOCl) a 2% e 3% por 20 minutos; sendo 10 minutos sob agitação e 10 minutos em câmara de fluxo laminar em repouso. Posteriormente foram lavadas três vezes em água destilada autoclavada. Após a assepsia, as sementes de jaborandi foram inoculadas em tubos de ensaio contendo 10 ml de meio Murashige e Skoog (MS) (1962) com metade das concentrações dos sais (½ MS), solidificado com 0,7% de ágar, sem suplemento de regulador de crescimento e ½ MS + 0,7% de ágar + 4,33 mM AG3 (ácido giberélico); onde permaneceram até a germinação. O pH foi ajustado para 5,8, antes da autoclavagem, e a esterilização foi feita em autoclave a 1200C durante 15 minutos. Em cada tubo foi inoculada uma semente, sob câmara de fluxo laminar. A incubação foi realizada em sala de crescimento com temperatura de 26 ± 1oC, umidade média em torno de 70% e fotoperíodo de 16 horas luz branca fria sob 25 µmol.m-2.s-1 de irradiância. O delineamento estatístico utilizado foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos e cinco repetições, sendo cada repetição formada por quatro tubos com uma semente por tubo. Após 30 dias da inoculação, foram avaliadas as percentagens de germinação e contaminação, e as médias comparadas pelo teste de Duncan a nível de 5% de significância. Experimento 2: Micropropagação de jaborandi Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Amazônia Oriental. Os explantes utilizados nos experimentos seguintes foram retirados das plântulas germinadas in vitro, de acordo com o experimento anterior. Efeito de 6-benzilaminopurina (BAP) na regeneração de brotos de jaborandi a partir de segmento caulinar Das plantas germinadas in vitro foram excisados os segmentos nodal e apical com aproximadamente 5 mm de comprimento e inoculados em meio de cultura MS solidificado com 0,7% de ágar e suplementado com diferentes concentrações de BAP (2,22; 4,44; 6,66; 8,88 e 11,10 mM) e pH de 5,8 antes da autoclavagem. Em seguida foram levados para sala de crescimento sob as condições do experimento anterior. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado para dois explantes (segmentos nodal e apical) com cinco níveis de BAP para cada um, com cinco repetições, sendo que cada repetição foi composta de cinco unidades experimentais. Cada unidade experimental foi constituída de dois frascos com quatro explantes por frasco. Aos 30 dias após a inoculação, foram avaliados o número e o comprimento de brotos e as médias comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5% de significância. Efeitos da cinetina (KIN) e zeatina (ZEA) na regeneração de brotos de jaborandi a partir de segmento caulinar Segmentos nodal e apical de plântulas germinadas in vitro foram excisados com aproximadamente 5 mm de comprimento e, em seguida, inoculados em tubos de ensaio com 10 ml de meio MS líquido, com ponte de papel, suplementado com diferentes concentrações de KIN (0; 0,46; 2,32 e 9,29 mM) combinado com 0,45 mM de ZEA. O pH dos meios de cultura foi ajustado para 5,8 antes da autoclavagem. Os tubos contendo os explantes foram acondicionados em sala de crescimento sob as mesmas condições do experimento anterior. O delineamento estatístico foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 (tipos de explantes) x 4 (reguladores de crescimento), com quatro repetições. Cada repetição foi constituída de quatro unidades experimentais e cada unidade experimental de um tubo de 107 R.T. Saba et al. Tabela 1. Percentagem de germinação e de contaminação de sementes de jaborandi germinadas in vitro sob diferentes tratamentos de NaOCl e na presença ou ausência de AG3. Belém, Embrapa Amazônia Oriental, 2000. 2% NaOCl 3% NaOCl % de germinação Ausência AG3 Presença AG3 60,40 bA 65,45aA 93,30aA 60,40aB % de contaminação Ausência AG3 Presença AG3 20,61 25,00 6,70 20,61 NaOCl= hipoclorito de sódio AG3 = ácido giberélico Médias na mesma coluna seguidas pela mesma letra minúscula e na mesma linha pela mesma letra maiúscula não diferiram entre si pelo teste de Duncan em nível de 5 % de significância. Tabela 2. Valores médios do número e comprimento (cm) de brotos de jaborandi em função de diferentes tipos de explantes e concentrações de BAP. Belém, Embrapa Amazônia Oriental, 2000. Ápice BAP ( M) 2,22 4,44 6,66 8,88 11,11 Nº médio de brotos 0,6 ± 0,19b 0,7 ± 0,26b 1,8 ± 0,34a 1,1 ± 0,37ab 1,0 ± 0,42ab Comprimento médio de brotos (cm) 2,0 ± 0,45ab 2,5 ± 0,36ab 3,0 ± 0,34a 1,5 ± 0,27b 2,0 ± 0,42ab Nodal Nº médio de brotos 1,4 ± 0,26a 1,2 ± 0,41a 0,8 ± 0,43a 0,8 ± 0,54a 0,6 ± 0,29a Comprimento médio de brotos (cm) 1,7 ± 0,21ab 2,0 ± 0,23a 1,5 ± 0,24ab 1,0 ± 0,18b 1,8 ± 0,23ab BAP = 6-benzilaminopurina Médias seguidas pela mesma letra não diferiram entre si pelo teste de Duncan em nível de 5% de significância.; ± erro padrão. ensaio com um explante. Aos 30 dias após a inoculação, foram avaliados o número e o comprimento de brotos e as médias comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Germinação in vitro de sementes de jaborandi Ocorreu efeito significativo somente para a percentagem de germinação, na interação entre o NaClO e AG3. O tratamento com 3% de NaOCl e na ausência de AG3 promoveu maior percentagem de germinação quando comparado ao tratamento com 2% de NaOCl na ausência de AG3 (Tabela 1). Provavelmente, o AG3 não influenciou a germinação das sementes. É possível que o AG3 não apresente efeito sobre a germinação de jaborandi devido ao fato de que este processo fisiológico possa ser controlado por mais de uma substância promotora, além do AG3. Segundo a teoria de Khan (1971), as citocininas teriam um papel permissivo na regeneração da dormência aumentando a sensibilidade das sementes à ação das giberelinas. 108 Os menores valores do nível de germinação de sementes observados na presença de AG3 também podem ser devidos a um efeito nocivo de altas concentrações de AG3, tendo em vista que algumas sementes já possuem este regulador em níveis endógenos adequados para o controle fisiológico da germinação. As sementes de jaborandi provavelmente devem apresentar um nível endógeno de AG3 suficiente para o controle da germinação, dispensando, portanto, tratamentos exógenos com giberelinas. Os resultados obtidos no presente trabalho concordam com os obtidos por Blank et al. (1997) que não verificaram diferenças sobre a germinação de sementes ex vitro de Campomanesia rufa na presença ou ausência de AG3 e por Vieira et al. (1998) que não observaram a completa germinação de semente de braquiarão (Brachiaria brizantha) com a aplicação do AG3. Entretanto, Subrata et al. (1997) estudando a regeneração de plântulas in vitro a partir de sementes de Dendrocalamus strictus, verificaram que concentrações de AG3 de 0,5 a 2,0 mg.L–1 foram mais efetiva no au- mento da germinação em meio MS líquido ou semisólido. Efeito de 6-benzilaminopurina (BAP) na regeneração de brotos de jaborandi a partir de segmento caulinar De acordo com a Tabela 2, verificou-se que não houve efeito das concentrações de BAP, apenas para o número de brotos no explante nodal. Para o segmento apical verificou-se uma maior emissão de brotos (1,8 brotos/ explante) e comprimento médio de brotos (3,0 cm) sob a concentração de 6,66 mM de BAP, porém só diferiu significativamente das concentrações de 2,22 e 4,44 mM de BAP que promoveram menor emissão de brotos. A concentração de 8,88 mM de BAP, promoveu o menor crescimento dos brotos que atingiram apenas 1,5 cm de comprimento. Lameira et al. (1994) verificaram na regeneração de brotos de Cephaelis ipecacuanha que a concentração de 6,66 mM de BAP induziu maior emissão de brotos (5,4 brotos/explante). Com relação aos segmentos nodais, não houve diferença significativa entre as diferentes concentrações de BAP testadas para a emissão de brotos. EntreHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Micropropagação do jaborandi. tanto, foram verificados efeitos significativos sobre o crescimento de brotos; porém as concentrações de BAP pouco diferiram, sendo o menos eficiente o tratamento contendo 8,88 mM de BAP. A menor emissão de brotos no segmento nodal pode ser devida a diversos fatores. Provavelmente, o nível de auxina endógena presente no segmento apical inibiu a emissão de brotos axilares a partir do segmento nodal, caracterizando a dominância apical exercida pelo segmento apical. Outro fator a ser considerado é a hipótese de que a proliferação de brotos in vitro pode ser maximizada com o emprego de dois ou mais reguladores de crescimento (Skoog & Miller, 1957). Provavelmente a proliferação de brotos de jaborandi necessite da combinação de citocininas com auxinas. É interessante ressaltar que os níveis de reguladores de crescimento adequados para proporcionar a maior quantidade de brotos emitidos, variam de acordo com o genótipo da planta considerada, e que devem ser determinadas para cada caso. Entretanto, os dados obtidos concordam com a afirmação de Pierik et al. (1982) de que é fundamental a utilização de citocinina no meio de cultura para obter boas taxas de multiplicação. A escolha de citocinina e da concentração utilizada dependerá do material utilizado. Efeitos da cinetina e zeatina na regeneração de brotos de jaborandi a partir de segmento caulinar em meio MS líquido Não houve interação entre as concentrações de reguladores de crescimen- Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. to com o tipo de explante, bem como, não houve diferença significativa entre as concentrações dos reguladores de crescimento. Entretanto, houve diferença significativa entre o tipo de explante. O segmento apical foi o mais eficiente produzindo em média até 3,0 brotos por explante, com 7,2 mm de comprimento, enquanto o segmento nodal apresentou 1,0 broto por explante, com tamanho médio de 1,3 mm. Este resultado discorda de Pinto et al. (1994) que observaram em brotos de Kielmeyera coriacea que segmentos nodais apresentaram maiores valores quanto à produção média de brotações. Isso demonstra que o tipo de explante a ser selecionado dependerá da espécie. LITERATURA CITADA ABREU, I.N. Propagação in vivo e in vitro, calogênese, nutrição mineral e quantificação de mucilagem em Cissus sicyoides. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 1998 . 101 p. (Dissertação mestrado). BLANK, A.F.; BLANK, M.F.A.; ALVARENGA, A.A.; LAMEIRA, O.A. Efeito do armazenamento em refrigerador na germinação de sementes de Campomanesia rufa. In: CONGRESSO DE FISIOLOGIA VEGETAL, 6. Resumos... Belém: Sociedade Brasileira de Fisiologia Vegetal, p. 487, 1997. GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M.A. Micropropagação. 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Postal 403, 96.001-970, Pelotas-RS. E-mail: [email protected]; 2 UFLA, C. Postal 37, 37.200000 Lavras-MG. 1 RESUMO ABSTRACT Os métodos convencionais de produção de sementes pré-básicas de batata apresentam como característica comum a reduzida eficiência, em razão dos baixos índices de multiplicação de tubérculos. A introdução de novos métodos de produção que propiciem maiores taxas de multiplicação podem contribuir para o aumento da disponibilidade de sementes de qualidade, e por conseqüência para a elevação da produtividade da cultura. Nesse trabalho são descritos dois sistemas hidropônicos, que pelos resultados obtidos, revelam sua viabilidade para a produção de sementes pré-básicas, com aumentos significativos nos índices de multiplicação, e que podem representar um importante avanço no processo produtivo de sementes de batata. Palavras-chave: Solanum tuberosum L., cultivo sem solo. Production of potato pre-basic seeds in hydroponic systems. The reduced tuber multiplication rate determines the low efficiency in the conventional methods of potato pre-basic seed production. New methods of seed production, with higher multiplication rates, may contribute to improve yield by increasing the availability of good quality seeds. This study describes two hydroponic systems, suitable for growing potato pre-basic seeds, which may represent an important step in the production process of potato seeds. Keywords: Solanum tuberosum L., soilless culture. (Aceito para publicação em 07 de fevereiro de 2.002) A utilização de material propagativo de alta qualidade fitossanitária, é requisito indispensável para a obtenção de elevadas produtividades na cultura da batata. Doenças transmissíveis por semente, como viroses e a murcha bacteriana, constituem-se em fatores limitantes da produtividade, ocasionando em muitas regiões elevados prejuízos. Levantamento da incidência de viroses em áreas de produção de batatasemente a partir de material pré-básico, nas principais regiões produtoras dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, revelam índices de infecção de até 35% das plantas amostradas, atingindo níveis de 42% no caso específico de algumas cultivares (Daniels et al., 2000b). A primeira estratégia para o controle das doenças transmitidas via semente, tem sido o plantio de materiais sadios, oriundos de cultura de tecidos, onde a limpeza clonal e posterior indexação asseguram a qualidade fitossanitária do material produzido (Fortes et al., 1998). Essa técnica tem permitido, ganhos significativos de produtividade no cultivo da batata. O sucesso dessa estratégia, entretanto, depende, principalmente, de métodos eficientes de produção de material 110 propagativo, ou seja, de técnicas que propiciem multiplicações rápidas, e com custos reduzidos. Sob esse aspecto, os sistemas tradicionais de produção de sementes pré-básicas até então utilizados no Brasil, apresentam como característica comum, a reduzida eficiência, em razão dos baixos índices de multiplicação de tubérculos. São produzidos em média, nesses sistemas de três a cinco tubérculos por planta (Daniels et al., 2000a), o que contribui para a elevação dos custos da semente. Nesse cenário, a introdução de novos métodos de produção de sementes pré-básicas que propiciem maiores taxas de multiplicação, seguramente representa um avanço na cadeia produtiva da batata, capaz de produzir reflexos positivos na produtividade, particularmente em regiões onde a qualidade das sementes utilizadas é fator limitante para a obtenção de maiores rendimentos. Dentre os novos métodos para a produção de batata semente, destacam-se as técnicas hidropônicas. Diferentes sistemas hidropônicos vêm sendo empregados em diversos países, como forma de substituir os métodos convencionais de produção de tubérculos semente (Chang et al., 2000; Romanenko, 1997), mas que nem sempre atingem os índices de multiplicação desejados (Le Hingrat & Marhic, 1999). No Brasil, os resultados até então alcançados com a produção de tubérculos em sistemas hidropônicos (Medeiros et al., 2001a, 2001b; Pereira et al., 2001) revelam importante avanço no processo produtivo de sementes de batata, capaz de contribuir para a eliminação de um de seus pontos de estrangulamento: a baixa taxa de multiplicação de tubérculos pré-básicos. A maior produtividade normalmente obtida nos sistemas hidropônicos, comparativamente ao cultivo tradicional, deve-se fundamentalmente à ausência de enfermidades radiculares, desde que utilizado material isento de patógenos, e ao melhor controle sobre a nutrição das plantas, através do uso de solução nutritiva adequada à espécie (Caldevilla & Lozano, 1993). A solução permite manter junto às raízes a concentração desejada de nutrientes, procedendo-se os ajustes sempre que necessários. Da mesma forma, pode-se manter os valores de pH da solução em faixas pré estabelecidas, otimizando a absorção de nutrientes (Martínez & Alvarez, 1993). Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Produção de sementes pré-básicas de batata em sistemas hidropônicos. Tabela 1. Número médio de tubérculos por planta e unidade de área e peso médio de tubérculos de batata cultivada em sistema hidropônico constituído de telhas de fibrocimento, em três espaçamentos. Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2001. Espaçamento Tubérculos/planta Tubérculos/m 2 10 cm 15 cm 20 cm 11,5 b* 12,6 ab 14,3 a 513 a 413 b 339 b Peso médio de tubérculos (g) 14,6 a 16,3 a 17,5 a Médias seguidas da mesma letra dentro de cada variável não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan (P<0.05). Esse trabalho tem como objetivo relatar resultados obtidos e descrever dois sistemas hidropônicos desenvolvidos na Embrapa Clima Temperado, para produção de sementes pré-básicas de batata. DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS Nos sistemas desenvolvidos, a fonte de nutrientes é exclusivamente a solução nutritiva, podendo-se utilizar como material de multiplicação, minitubérculos ou plântulas micropropagadas, importantes quando for necessária a multiplicação de material proveniente da cultura de tecidos. Sistema em telhas de fibrocimento Nos primeiros estudos de produção de batata semente em plataforma de telha de fibrocimento, foram utilizados diferentes substratos (Medeiros & Silva, 1999) em sistema de cultivo sem solo, que posteriormente evoluiu para o sistema atual, pela maior eficiência e facilidade de manejo. No sistema atualmente proposto, a colheita é realizada ao final do ciclo da cultura. Por essa razão, de forma semelhante às condições de campo, os tubérculos formados apresentam grande variabilidade de tamanho e peso, podendo atingir valores superiores a 250 g ou mesmo serem descartados pelo tamanho extremamente reduzido. Predominam entretanto tubérculos grandes (Classificação tipo I a III) o que indica esse sistema adequado para produção de tubérculos destinados a um subsequente plantio em condições de campo. O sistema baseia-se em uma plataforma constituída de telhas de cimento amianto, com canais de 6 cm de altura e espaçados de 18 cm (distância entre dois pontos médios), recobertas por um filme de polietileno, assentadas sobre estrutura de madeira, a qual confere ao Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. conjunto a declividade de 4%. O revestimento com polietileno objetiva prevenir qualquer reação indesejável dos nutrientes da solução com o material constitutivo da telha, além de prevenir seu encharcamento. Os canais da telha são preenchidos com uma camada de granito fragmentado (brita) de tamanho médio, utilizado como auxiliar na sustentação das plantas. Sobre a brita é colocado outro filme de polietileno, cuja função é evitar a penetração da luz no sistema radicular das plantas em desenvolvimento. A incidência da luz sobre os estolões em formação, provoca seu esverdeamento, com emissão de folhas, reduzindo a tuberização. Esse segundo filme pode ser de polietileno preto ou preferencialmente de dupla face, para condições de intensa radiação e temperatura do ar elevada, contribuindo nesse caso, para redução da temperatura na zona de desenvolvimento das raízes e tubérculos. O plantio é realizado através de pequenos cortes em forma de cruz feitos nesse filme, por onde posteriormente, emergem os brotos e desenvolvem-se os caules. Os estudos sobre espaçamento das plantas nesse sistema (Tabela 1) revelam seus efeitos diretos sobre o número de tubérculos produzidos. Espaçamentos menores, como no caso de 10 cm entre plantas, determinam maior número de tubérculos por unidade de área, com redução do número por planta, observando-se tendência de redução no tamanho médio dos tubérculos formados, em comparação àqueles desenvolvidos em espaçamentos maiores. Deve ser considerado, que o aumento da população de plantas determina maior percentagem de acamamento. Quando a multiplicação é feita a partir de plântulas propagadas “in vitro”, são utilizados pequenos cubos de esponja fenólica para dar sustentação ao caule da planta até que se complete a aclimatização. Melhores resultados em relação à sobrevivência têm sido obtidos com a aclimatização prévia das plântulas, antes do transplante para a estrutura hidropônica. Para tanto, as plântulas, já na esponja, são colocadas em bandejas com pequeno volume de solução nutritiva, protegidas contra temperatura e radiação elevadas, até que se complete a aclimatização, quando então são transferidas para a plataforma. Sistema de Calhas de PVC articuladas (Figuras 1-4) Sistema com princípios semelhantes a este, vêm sendo usado para produção de batata semente na Rússia (Romanenko, 1997). A estrutura constitui-se de duas calhas de PVC sobrepostas, sustentadas por suporte de madeira, posicionadas com declividade de 4%. A calha superior, com função de tutoramento das plantas, é fixa com orifícios de 25mm de diâmetro espaçados de 15 a 20 cm. A inferior é móvel, podendo ser afastada e dessa forma expor os tubérculos em formação. Essa característica introduz o grande diferencial em relação ao sistema anterior, pois possibilita que os tubérculos sejam colhidos tão logo atinjam o tamanho desejado, o que torna o sistema apropriado à produção de minitubérculos. Na calha inferior, por onde circula a solução nutritiva e onde raízes e tubérculos se desenvolvem, é feito o plantio. Nessa ocasião, os minitubérculos ou plântulas micropropagadas são colocados em cubos de esponja fenólica e posicionados exatamente sob os orifícios existentes na calha superior. Os brotos ao crescerem passam através desses orifícios e as hastes de desenvolvem normalmente. Como no caso anterior, a penetração da luz no sistema radicular das plantas deve ser evitada. Nessa estrutura, o ponto crítico de penetração de luz são as linhas de junção das duas calhas, onde os estolões tendem a forçar seu desenvolvimento para a parte externa. Uma fina lâmina de espuma sintética colocada entre as duas calhas, nas linhas de assentamento, minimiza a entrada de luz. Como medida complementar, utiliza-se uma cortina de filme de polietileno 111 C.A.B. Medeiros et al. preto, com cerca de 25-30cm de largura, presa nas bordas da calha superior, e que estende-se ao longo da linha de junção das calhas. Outra forma de restringir a entrada de luz é fixar um filme de polietileno preto ao longo da borda interna da calha superior, com ele envolver a calha inferior, prendendo-o na borda externa daquela calha. Quando necessário articular a calha inferior para a colheita, libera-se a parte fixada na borda externa. SOLUÇÃO NUTRITIVA Composição Diferentes soluções nutritivas têm sido testadas, objetivando avaliar sua adequação aos sistemas hidropônicos desenvolvidos. Entre os resultados até então obtidos (Tabela 2), destacam-se aqueles onde utilizou-se a solução descrita por Furlani (1988) constituída de N 198 (7:1 NO3:NH4); P 39; K 183; Ca 142; Mg 38; S 52; Fe 2,0; Mn 0,40; Cu 0,02; Zn 0,06; B 0,30; Mo 0,06 em mg L-1; a descrita por Clark (1982) modificada, constituída de N 360 (8:1 NO3:NH4); P 12; K 298; Ca 302; Mg 37,8; S 58,5; Fe 2,76; Mn 0,97; Cu 0,07; Zn 0,30; B 0,53; Mo 0,15 em mg L-1; e a solução comercial constituída de 0,8 g L-1 de Kristalon Laranja® (6;12;36;3 e 8% de N; P2O5; K2O; MgO e S respectivamente); 0,8 g L-1 Nitrato de cálcio Hydro® (16,5 e 19% de N e Ca respectivamente) e 0,03 g L -1 de Tenso Cocktail® (2,57; 0,52; 0,13; 0,53; 2,1; 1,74; 2,57 e 0,53% de Ca EDTA; B; Mo; Cu EDTA; Fe EDTA; Fe DTPA; Mn EDTA e Zn EDTA respectivamente). Um aspecto importante para facilitar o manejo da solução nutritiva nos sistemas é a proporção entre o nitrogênio provido na forma nítrica e amoniacal. Essa proporção deve ser estabelecida de forma a não permitir grandes oscilações nos valores de pH da solução durante o desenvolvimento da cultura, o que determinaria a necessidade freqüente de correções, dificultando o manejo do sistema. Irrigações Em ambos sistemas descritos, a solução drenada é recirculada. As irrigações seguem uma programação cíclica, sendo a solução nutritiva bombeada durante quinze minutos, a cada intervalo 112 Figura 1. Conjunto de calhas com suporte Figura 2. Calha articulada Figura 3. Plantas em fase de florescimento no sistema de calhas Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Produção de sementes pré-básicas de batata em sistemas hidropônicos. de igual duração. Em função da menor evapotranspiração no período noturno, esse intervalo pode ser aumentado para 30 minutos, sem que haja redução na produtividade. O depósito para a solução nutritiva, em fibra de vidro ou plástico, deve ter a capacidade adequada ao número de plantas do sistema. Em razão da grande área foliar das plantas de batata, e da conseqüente alta evapotranspiração sob condições de radiação e temperatura do ar elevadas, deve-se considerar como indicativo do volume do depósito, a necessidade aproximada de dois litros de solução nutritiva por planta. Volumes menores dificultam o manejo do sistema, pela necessidade de freqüentes reposições de solução. Para a irrigação utiliza-se conjunto moto-bomba em que as partes que entram em contato com a solução sejam de PVC ou outro material resistente à oxidação. Nos sistemas descritos trabalha-se com fluxo de solução da ordem de 1L/min em cada calha ou canal. PRODUÇÃO Figura 4. Calha articulada com tubérculos da cv. Baroneza Tabela 2. Número de tubérculos de duas cultivares de batata produzidos em dois sistemas hidropônicos, em diferentes soluções nutritivas. Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2000. Número de tubérculos/planta Baronesa Eliza Sistema hidropônico em calhas de PVC F 45 a A* 34 b B K 35 b A 44 a A Sistema hidropônico em telhas de fibrocimento C 12** 12 K 11 10 Soluções F - Furlani (1998); K - Kristalon Laranja®, Nitrato de cálcio Hydro® e Tenso Cocktail®; C - Clark (1982) modificada; *Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan (P<0.05). (Fonte: Medeiros et al., 2001) **Diferenças não significativas (P<0.05). Os resultados obtidos, em relação ao número de tubérculos (Tabela 3), indicam a maior produtividade dos sistemas hidropônicos em relação aos métodos convencionais, onde os índices de multiplicação situam-se entre 3-5 tubérculos por planta (Daniels et al., 2000a). O melhor controle sobre o aporte de nutrientes, é provavelmente o mais importante fator a determinar a obtenção de elevadas produtividades (Caldevilla & Lozano, 1993). A comparação entre os sistemas evidencia a maior produtividade do sistema de calhas (Tabela 3), onde a colheita dos tubérculos ainda pequenos, estimula a diferenciação e formação de outros. A energia que seria normalmente utilizada para o aumento do tamanho dos tubérculos, com a eliminação dessa demanda, é carreada para a formação de novo material, propiciando a obtenção de altas taxas de multiplicação. Tal não ocorre na plataforma de telhas, onde o pleno desenvolvimento dos tubérculos, limita a disponibilidade de produtos Tabela 3. Número médio de tubérculos de batata produzidos por planta em dois sistemas hidropônicos. Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2000. Cultivar Sistema Calha de PVC Telha de fibrocimento Baronesa Tubérculo 49,6 aA* 21,0 bA Eliza Material propagativo Plântula Tubérculo 32,4 aB 32,9 aA 10,9 bB 13,5 bA Plântula 23,0 aA 8,6 bA *Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e maiúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste Duncan (P<0,05). (Fonte Pereira et al.,2001) Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 113 C.A.B. Medeiros et al. Tabela 4. Peso médio de tubérculos de batata produzidos em dois sistemas hidropônicos. Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2000. Cultivar Sistema Calha de PVC Telha de fibrocimento Baronesa Tubérculo 3,3 bA* 12,9 aA Eliza Material propagativo Plântula Tubérculo 3,8 bA 4,5 Ba 14,8 aA 15,4 aA Plântula 4,9 bA 14,1 aA *Médias seguidas da mesma letra minúscula na vertical e maiúscula na horizontal não diferem entre si pelo teste Duncan (P<0,01). (Fonte Pereira et al., 2001) fotossintéticos para a formação de novo material. Nesse sistema, com a colheita realizada ao final do ciclo da cultura, o peso médio dos tubérculos é sempre maior, se comparado ao sistema anterior (Tabela 4). Deve ser salientado, na comparação de produtividade entre os sistemas, que as características de manejo das calhas de PVC, onde para a colheita deve-se ter acesso a cada calha individualmente, aumenta o espaço necessário para o sistema, o que faz com que o número de plantas por unidade de área, seja menor em comparação à plataforma de telhas de fibrocimento. Ambos sistemas podem utilizar plântulas ou minitubérculos como material propagativo. Observa-se, no entanto, que a taxa de multiplicação é maior quando são utilizados minitubérculos (Tabela 3). LITERATURA CITADA CALDEVILLA, E.M.; LOZANO, M.G. Cultivos sin suelo: hortalizas en clima mediterraneo. Reus, Espanha: Ediciones de horticultura. 1993. 123 p. CHANG, D.C.; KIM, S.Y.; HAHM, Y.; SHIN, K.Y. Hydroponic culture system for the production of seed tubers without soil. American Journal of Potato Research, v. 77, n. 6, p. 394, 2000. 114 CLARK, R.B. Nutrient solution growth of sorghum and corn in mineral nutrition studies. 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Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 1, p.115-118, março 2.002. Qualidade do inhame ‘Da Costa’ em função das épocas de colheita e da adubação orgânica. Ademar P. de Oliveira1; Pedro A. de Freitas Neto1; Elson S. dos Santos2 1 UFPB - CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia-PB, E-mail: [email protected]. 2EMEPA-PB RESUMO ABSTRACT Foi desenvolvido um trabalho na EMEPA em João Pessoa, entre setembro/98 e junho/99, com o objetivo de quantificar o teor de matéria seca, de amido e de cinzas em rizomas do inhame, cultivar Da Costa, em função das épocas de colheita e da adubação orgânica, em solo Podzólico Vermelho-Amarelo, textura arenosa. Estudaramse níveis de esterco bovino (5; 10; 15 e 20 t/ha) e de esterco de galinha (2,8; 5,6; 8,4 e 11,2 t/ha), duas épocas de colheita (sete e nove meses após o plantio) e uma testemunha, sem resíduo orgânico. Os tratamentos foram arranjados como fatorial 2x4x2+1, no delineamento de blocos casualizados, com quatro repetições. O teor de matéria seca nos rizomas aumentou com a maturidade do caráda-costa, passando de 33% em rizomas colhidos aos sete meses, para 36% em rizoma colhidos aos nove meses. Os teores de matéria seca nos rizomas colhidos aos sete meses decresceram de 35,80% e 34,71%, respectivamente, na ausência de estercos para 30,03% e 29,25%, respectivamente, com as doses de 20 t/ha de esterco bovino e de 11,2 t/ha de esterco de galinha. Na colheita realizada aos sete meses, o teor de amido foi de 26%, elevando-se para 29% na colheita aos noves meses. O teor de amido, na colheita realizada aos nove meses, aumentou com as doses de esterco de galinha, atingindo o máximo de 31,6% com a dose de 4,8 t/ha. O teor de cinzas nos rizomas não foi influenciado pelas épocas de colheita, mas naqueles colhidos aos nove meses, o teor aumentou com\ as doses de esterco bovino e de galinha, atingindo o máximo de 0,78 e 0,67%, respectivamente, nas doses de 12,8 e 6,7 t/ha. Da Costa yam quality in relation to harvest time and organic fertilization. Palavras-chave: Dioscorea cayennensis Lam., épocas de colheita, esterco bovino, esterco de galinha, composição química. Keywords: Dioscorea cayennensis Lam., harvest time, cattle manure, chicken manure, chemical composition. An experiment was carried out in EMEPA, João Pessoa, Brazil between September 98 and June 99 to quantify the dry matter, starch and ash content of yam rhizomes, cv. Da Costa, in relation to harvest time and organic fertilization. The area consisted of a red-yellow podzolic sandy soil. Four levels of cattle manure (5; 10; 15 and 20 t/ ha), four levels of chicken manure (2.8; 5.6; 8.4 and 11.2 t/ha), and two harvest times [seven and nine months after planting date (APD))] plus a treatment without organic residue, were studied, arranged in a factorial cheme 2x4x2+1 in randomized blocks, with four replications. Dry matter was of 33% and 36% in rhizomes harvested seven and nine months APD, respectively. At seven months APD, dry matter decreased from 35.80% and 34.71%, without cattle or chicken manure, respectively, to 30.03% and 29.25%, for highest levels of cattle manure (20 t/ha) and chicken manure (11.2 t/ha). Starch content increased from 26% at seven months APD to 29% at nine months APD. Nine months APD, starch content in rhizomes increased (31.6%) with increasing levels of chicken manure (4.8 t/ ha). Ash content was not affected by harvest dates. However, applying 12.8 t/ha of cattle manure and 6.7 t/ha of chicken manure, rhizomes presented increase in ash content of 0.78% and 0.67% respectively, when harvested nine months APD. (Aceito para publicação em 31 de.janeiro de 2.002) O inhame (Dioscorea cayennensis Lam.), também conhecido por cará-da-costa, cará-inhame ou inhame da costa, alcança no Nordeste, especialmente nos Estados maiores produtores (Pernambuco e Paraíba), grande importância socio-econômica, uma vez que é hortaliça produtora de rizomas alimentícios com alto valor energético e nutritivo e elevado teor de amido (Ciacco & D’appolonia, 1978). A colheita pode ser realizada aos sete meses, caracterizada pela “capação”, ou aos nove meses, quando a planta completa seu ciclo de vida. A primeira é realizada com os objetivos de se obter rizomas Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. para comercialização no período de entressafra e proporcionar a produção futura de rizomas-semente, uma vez que as plantas, por permanecerem no campo por mais dois meses, completam seu ciclo e, consequentemente, produzem rizomas-sementes (Santos, 1996). O estadio de maturação é um dos fatores que influenciam decisivamente as características dos produtos hortícolas (Arthey, 1975). No inhame, a máxima massa seca dos rizomas é alcançada no período próximo à maturação fisiológica (Martin, 1976), tal como Brillouet et al. (1981) verificaram nas espécies Dioscorea dumetorum e Dioscorea rotundata. Por outro lado, o teor máximo de proteínas dos rizomas de Dioscorea cayennensis, Dioscorea dumetorum e Dioscorea rotundata ocorreu mesmo antes de sua maturação fisiológica (Treche & Guion, 1980). Na espécie Dioscorea rotundata, o maior acúmulo de amido ocorreu aos seis meses após o plantio, havendo redução no oitavo mês. Essa redução é atribuída, parcialmente à diminuição da atividade fotossintética causada pelo amarelecimento e subseqüente abscisão das folhas (Ketiku & Oyenuga, 1973). A adubação orgânica pode proporcionar melhoria na qualidade dos pro115 Qualidade do inhame ‘Da Costa’ em função das épocas de colheita e da adubação orgânica. Tabela 1. Teores (%) de matéria seca, de amido e de cinzas em rizoma de inhame, em função de épocas de colheita. João Pessoa, EMEPA, 1999. Épocas de colheita Sete meses Nove meses C.V(%) 1 Matéria seca1 33,0 36,0 4,1 Amido1 26,0 29,0 2,7 Cinzas 0,66 0,66 2,4 Médias diferiram estatisticamente pelo teste F, a 5% de probabilidade. dutos colhidos (Ricci et al., 1994); contudo, há poucas informações dos seus efeitos em hortaliças (Ricci, 1993). Santos (1993) atribui aos vegetais produzidos com adubos orgânicos maior valor nutricional, traduzido em maior teor de vitaminas, proteínas, açúcares e matéria seca e teores equilibrados de minerais. Na região Nordeste, é constante a prática da adubação orgânica pelos produtores de inhame; no entanto, as informações até então, relacionando sua nutrição mineral com a qualidade dos rizomas, relacionam-se mais ao emprego de NPK do que de resíduos orgânicos. Avaliando os efeitos da adubação com NPK sobre a produção e o conteúdo químico de rizomas do inhame (Dioscorea rotundata), Kayode (1985) observou efeito significativo em relação ao conteúdo de amido, quando comparou as parcelas não adubadas com as adubadas. Porém, o estadio de maturação fisiológica dos rizomas foi importante fator na concentração do amido (Lyonga, 1984). Este trabalho objetivou avaliar a qualidade do inhame, num solo Podzólico Vermelho-Amarelo, textura arenosa, em função de épocas de colheita e adubação orgânica. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na EE de Mangabeira, pertencente à EMEPA, em João Pessoa, de setembro/98 a junho/99. O tipo de solo utilizado foi um Podzólico Vermelho-Amarelo, de textura arenosa, cujas análises química e física indicaram as seguintes características: pH H2O (1:2,5) = 5,8; P = 10,24 mg/dm3, K = 25,00 mg/dm3; Na = 0,04 cmolc/dm3; H + Al = 3,55 cmolc/dm3; Al = 0,39 cmolc/dm3; Ca = 0,50 cmolc/ dm3; Mg = 0,20 cmolc/dm3; matéria orgânica = 7,96 g/dm3; CTC = 4,35 cmolc/ dm3; areia = 55,0 dag/kg; silte = 12,9 116 dag/kg e argila = 2,2 dag/kg. Como adubos orgânicos utilizaram-se o esterco bovino e de galinha com, respectivamente, a seguinte composição: P = 4,3 e 17,18 g/kg; K = 9,75 e 17,25 g/kg; C = 105,61 e 153,83 g/dm3; N = 9,82 e 22,09 g/dm3; relação C/N = 10,1 e 7/1 e matéria orgânica = 183 e 265 g/dm3. Estudaram-se o emprego de níveis de esterco bovino (5; 10; 15 e 20 t/ha) e de esterco de galinha (2,8; 5,6; 8,4 e 11,2 t/ha) em duas épocas de colheita (sete e nove meses após o plantio) e uma testemunha sem resíduo orgânico. Os tratamentos foram arranjados como fatorial 2x4x2+1, no delineamento de blocos casualizados, com quatro repetições. O solo foi preparado por meio de uma aração, duas gradagens e confecções de leirões. A unidade experimental foi composta de 32 plantas, espaçadas de 1,20 m entre fileiras e de 0,60 m entre elas, sendo consideradas úteis as doze plantas centrais. A adubação de plantio constou da aplicação de esterco bovino e de galinha, nas doses referentes aos tratamentos, de 36 g/planta de superfosfato triplo e 21 g/planta de cloreto de potássio, enquanto a adubação de cobertura constou da aplicação de 7,5 g/planta de sulfato de amônio, aos 120 dias após o plantio. No plantio, empregaram-se rizomassementes com massa média de 250 g, da cultivar Da Costa, previamente tratados pela imersão em solução de Benlate 500 (200 g para 100 litros de água) e Nemacur (250 g/100 litros de água ), por 10 minutos. Durante a condução do experimento, foram realizadas capinas sempre que necessárias, amontoa a cada 60 dias após o plantio e irrigação por aspersão, procurando manter o nível de disponibilidade de água acima de 80% da capacidade de campo. Adotou-se o sistema de espaldeiramento, formado de estacas de cimento medindo 2,0 m de altura, com 0,50 m enterrados no solo, localizadas entre duas filas de leirões, sustentando na sua extremidade superior um fio de arame galvanizado número 12, para o qual convergia uma linha de barbante amarrado ao ramo principal da planta. Não foi observada ocorrência de pragas ou doenças, dispensando-se o uso de defensivos agrícolas. Para as análises químicas, foram colhidos em cada tratamento, doze rizomas aos sete meses (imaturos) e doze aos nove meses após o plantio (maduros). Por ocasião das colheitas, foram tomadas, ao acaso, amostras de rizomas, para determinação dos teores de matéria seca e de cinzas, de acordo com normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985) e de amido seguindo metodologia do Laboratório Nacional de Referência Animal (1981). Os resultados obtidos para as diferentes características foram submetidos à análise de variância e observada a significância até o nível de 5% pelo teste F, procedeu-se à análise de regressão polinomial. RESULTADOS E DISCUSSÃO O maior teor de matéria seca (Tabela 1) verificado nos rizomas colhidos aos nove meses pode indicar que o teor máximo de matéria seca no inhame é alcançado na sua completa maturação, período esse caracterizado pela presença de ramos e folhas senescentes. Martin (1976) também observou maior teor de matéria seca em rizomas de cará-da-costa, colhidos aos nove meses após o plantio, comparado com aqueles colhidos aos sete meses. Na colheita aos sete meses, a matéria seca foi influenciada pela adubação orgânica, enquanto aos nove meses os rizomas apresentaram média de 35,23 e 35,91% de matéria seca, em função das doses de esterco bovino e de galinha, respectivamente. A redução do teor de matéria seca (Figuras 1 e 2) pode indicar que com o aumento das doses de esterco bovino e de galinha, houve aumento dos nutrientes prontamente absorvidos e consequentemente o inhame foi suprido adequadamente, induzindo à produção de rizomas maiores, pela Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. A. P. Oliveira et al. elevação no teor de sua umidade. (Huett, 1989) também observou que plantas subnutridas apresentaram maior teor de matéria seca Isso porque, o comprimento médio dos rizomas e o seu teor de umidade aumentaram de 17,55 cm e 63,43% e 17,25 cm e 64,89%, respectivamente, na ausência de esterco para 21,50 cm e 66,32% e 22,02 cm, e 79,06%, respectivamente, com as doses de 20 t/ha de esterco bovino e de 11,2 t/ ha de esterco de galinha. O período de sete meses de ciclo já pode ter sido suficiente para ocorrer a mineralização das fontes de resíduos orgânicos, porque a matéria orgânica fornece o N inorgânico, aumenta a capacidade de troca de íons minerais e fornece água gradualmente, na medida em que se processa sua mineralização. Resultados de pesquisa revelam que a taxa do N em resíduos de origem animal no solo situa-se entre 13 e 67% após seis meses (Rodrigues & Casali, 1999). Pelos resultados de estudos realizados por Chae & Tabatabai (1986), constatou-se que em resíduos orgânicos, até o primeiro mês, ocorre pouca mineralização, que aumenta até aos três meses e estabiliza a liberação de elementos minerais até aos seis meses. Ocorreu acréscimo no teor de amido nos rizomas, em função das épocas de colheita (Tabela 1), sendo que este maior teor (aos nove meses do plantio) é alcançado na sua completa maturação. De acordo com Martin & Thompson (1972), o teor de amido no inhame é influenciado pela espécie e pela maturidade dos rizomas. Menores teores de amido em rizomas imaturos das espécies de Dioscorea dumetorum e Dioscorea rotundata foram verificados por Brillouet et al. (1981), embora Ketiku & Oyenuga (1973) afirmem que ocorre redução no teor de amido na espécie Dioscorea rotundata a partir do oitavo mês, em função da redução da atividade fotossintética. No presente trabalho, provavelmente não houve redução do teor de amido acumulado nos rizomas, entre o sétimo e o nono mês, por não ter havido redução da área foliar e como conseqüência, da atividade fotossintética. Quanto aos níveis de adubação orgânica, o teor de amido aumentou apeHortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Figura 1. Teor de matéria seca (y1) e de cinzas (y2) em rizomas de inhame colhidos aos sete meses, em função de doses de esterco bovino. João Pessoa, EMEPA, 1999. Figura 2. Teor de matéria seca (y1) e de amido (y2) em rizomas de inhame colhidos aos sete meses, em função de doses de esterco de galinha. João Pessoa, EMEPA, 1999. nas com as doses de esterco de galinha, atingindo o máximo de 31,6% com a dose de 4,8 t/ha, quando então começou a decrescer (Figura 2). A redução do teor de amido nos rizomas, em função do aumento das doses de K pode ter sido devido em parte, ao aumento do teor de água nos rizomas, proporcionado pelo K do solo, aliado às doses mais elevadas do esterco de galinha. Em batata, a maior absorção e acúmulo de K na planta, acarreta redução do potencial osmótico e aumento da absorção de água, o que causa diluição dos teores de amido nos tubérculos (Reis Júnior, 1995). Em Dioscorea rotundata, Obigbesan (1974) observou relação direta do K com o teor de amido nos rizomas. Os percentuais encontrados para os teores de amido, em função da idade das plantas e da adubação orgânica, encontram-se dentro do intervalo citado para a espécie por Martin (1972), de 20 a 40%. O fato de o teor de cinzas nos rizomas (Tabela 1) não ter sido influenciado pelas épocas de colheita pode indicar que já, aos sete meses, ocorreu definição na sua composição mineral, tal como ocorreu em batata-doce, em que o conteúdo mineral das raízes não foi alterado pelas épocas de colheita (Reynolds et al., 1994). Por outro lado, 117 Qualidade do inhame ‘Da Costa’ em função das épocas de colheita e da adubação orgânica. Figura 3. Teor de cinzas em rizomas colhidos aos nove meses, em função de doses de esterco de galinha. João Pessoa, EMEPA, 1999. o teor de cinzas aumentou com as doses de esterco bovino e de galinha, atingindo o máximo de 0,78 e 0,67%, respectivamente, nas doses de 12,8 e 6,7 t/ha, quando então começou a decrescer (Figuras 1 e 3). Essas doses são próximas das recomendadas (12,5 t/ha de esterco bovino e 6,9 t/ha de esterco de galinha) para obtenção da máxima produção econômica no inhame (Santos, 1996). LITERATURA CITADA ARTHEY, V.D. Quality of horticultural products. New York: John Wiley, 1975. 228 p. BRILLOUET, J.M.; TRECHE, S.; SEALY, L. Alterations in cell wall constituents of yams Dioscorea dumetorum and D. rotundata with maturation and storage conditions. Relation with post-harvest hardening of D. dumetorum yam tubers. Journal of Food Science, v. 46, n. 6, p. 1964-1967, 1981. CHAE, Y.M.; TABATABAI, M.A. Mineralization of nitrogen in soils amended with organic wastes. Journal Environmental Quality, v. 15, n. 2, p. 193198, 1986. 118 CIACCO, C.F.; D’APPOLONIA, B.L. Baking studies with cassava and yam flour. Biochemical composition of cassava and yam flour. Ceral Chemistry, v. 55, n. 3, p. 402-411, 1978. HUETT, D.O. Effect of nitrogen on the yield and quality of vegetables. Acta Horticulture, v. 247, p. 205 -209, 1989. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físicos e químicos para a análise de alimentos. 3. ed. São Paulo, 1985, 120 p. KAYODE, G.O. 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Ouro Verde MG2: nova cultivar de mungo-verde para Minas Gerais. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 1, p. 119-120, março 2.002. Ouro Verde MG 2: nova cultivar de mungo-verde para Minas Gerais. Rogério F. Vieira1; Valter R. Oliveira2; Clibas Vieira3; Cleide Maria F. Pinto1 Epamig, Vila Gianetti, 47, 36.571-000 Viçosa-MG; 2Epamig, Rodovia MG 424, km 64, 35.701-970 Sete Lagoas-MG. 3 UFV – Dept. de Fitotecnia, 36.571-000 Viçosa-MG. Email: E-mail: [email protected] 1 RESUMO ABSTRACT Dentre várias linhagens introduzidas do “Asian Vegetable Research and Development Center” (AVRDC), sobressaiu a linhagem VC 3984-B-2-B-4-1-B, que recebeu o nome de Ouro Verde MG 2. Suas sementes são verde-brilhantes e o peso de 1000 unidades varia de 43 a 51 g. O início da floração ocorre em torno de 33 dias após a emergência e a primeira vagem madura surge entre 23 e 33 dias. Por se tratar de espécie de maturação desuniforme, podem ser necessárias duas a quatro colheitas. As plantas podem atingir 95 cm de altura. As vagens são marrom-escuras e concentram-se na parte superior da planta. É suscetível a duas doenças que geralmente aparecem no final do ciclo de vida do mungo-verde: míldiopulverulento (Erysiphe polygoni) e mancha-foliar-de-cercospora (Cercospora canescens). A ‘Ouro Verde MG 2’ é resistente ao acamamento, e o seu rendimento, em três ensaios instalados em dezembro, janeiro e fevereiro, variou de 1,5 a 2,0 t/ha. Esses rendimentos foram, em média, 12% superior ao da cultivar Ouro Verde. Ouro Verde MG 2: new mungbean cultivar for Minas Gerais State, Brazil. Palavras-chave: Vigna radiata, acamamento, rendimento, peso de sementes. Among many accessions introduced from Asian Vegetable Research and Development Center (AVRDC), the VC 3984-B-2-B4-1-B stood out and was named ‘Ouro Verde MG 2’. The seeds are bright green and 1000-seed weight ranges from 43 to 51 g. Flowering starts approximately 33 days after emergence and the first pod ripens between 23 and 33 days later. As mungbean is a non-uniform maturation species, two to four harvests could be necessary. The plant can reach 95 cm high. The pods are dark brown and concentrated in the upper canopy. This cv. is susceptible to two diseases which generally appear late in the crop: powdery mildew (Erysiphe polygoni) and cercospora leaf spot (Cercospora canescens). ‘Ouro Verde MG 2’ is resistant to lodging. The yield measured in three experiments carried out in December, January, and February, ranged from 1.5 to 2.0 t/ha. In average, these yields were 12% superior than the achieved by the cultivar ‘Ouro Verde’. Keywords: Vigna radiata, lodging, yield, seed weight. (Aceito para publicação em 3 de janeiro de 2.002) O feijão-mungo-verde ou mungoverde (Vigna radiata) é importante leguminosa de grão cultivada na Ásia, sendo a Índia o maior produtor mundial, com 1.374.000 t produzidas em 1995/ 96, que representando 47% da produção mundial (Tickoo & Satyanarayana, 1998). No Brasil, a produção de mungoverde é incipiente, mas com tendência crescente, devido ao aumento da demanda pelo broto de feijão, principal produto produzido com essa espécie. É planta anual, de porte ereto ou semi-ereto, de florescimento indeterminado, podendo durar algumas semanas (Nalampang, 1992). Suas sementes são pequenas, de coloração verde, amarela, preta ou mosqueada. Para a produção de broto de feijão (“moyashi”) apenas as sementes verdes (opacas ou brilhantes) têm interesse comercial. A temperatura mínima média para o desenvolvimento dessa leguminosa parece ser de 20-22°C e a ótima, de 28Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. 30°C, talvez um pouco acima se a umidade do solo for adequada (Poehlman, 1978). Portanto, nos locais não muito altos da Zona da Mata de Minas Gerais, o seu cultivo pode ser feito com sucesso de agosto até março, desde que água não seja fator limitante. Para se obter sementes de alta qualidade, o plantio deve ser planejado de modo que a colheita não coincida com os meses mais chuvosos. A maturação das vagens é desuniforme. A primeira vagem madura pode ser observada entre 46 e 70 dias após o plantio, dependendo da cultivar e, principalmente, das condições climáticas. O período entre o aparecimento da primeira vagem madura e a última colheita pode chegar a 50 dias, se as condições de umidade e temperatura forem adequadas. Neste caso, podem ser necessárias até quatro colheitas. Em geral, 70 a 80% da produção total é obtida na primeira e segunda colheitas. Em ensaios conduzidos em Minas Gerais, os rendimentos de grãos secos têm variado de 135 a 2.550 kg/ha (Vieira & Nishihara, 1992; Vieira et al., 1992; Vieira & Vieira, 1996; Caldas et al., 1999; Vieira et al., 1999). Em 1993, foi lançada a primeira cultivar de mungo-verde para Minas Gerais com a denominação ‘Ouro Verde’. Apesar de produtiva, ela é suscetível ao acamamento. Essa característica indesejável dificulta a colheita, tanto manual como mecânica. Este último método já vem sendo utilizado por alguns agricultores. Ademais, as sementes provenientes de vagens que maturam próximo ou em contato com o solo podem ter a sua qualidade prejudicada. ORIGEM A cultivar Ouro Verde MG 2 foi introduzida do “Asian Vegetable 119 Ouro Verde MG2: nova cultivar de mungo-verde para Minas Gerais. Tabela 1. Acamamento, rendimento e peso de 1000 sementes da cultivar ‘Ouro Verde’ e da ‘Ouro Verde MG 2’. Viçosa, Prudente de Morais e Coimbra, EPAMIG, 1997 e 1999. Local dos ensaios (data do plantio) Viçosa (11-12-97) Prudente de Morais (13-1-99) Coimbra (24-2-99) Cultivar Ouro Verde Ouro Verde MG 2 Ouro Verde Ouro Verde MG 2 Ouro Verde Ouro Verde MG 2 Acamamento1 Rendimento (kg/ha) 5,0 1,7 5,0 1,3 3,2 2,0 1.566 1.741 1.808 2.027 1.277 1.454 Peso de 1000 sementes (g) 51 50 35 43 42 51 1 / 1 = todas as plantas eretas; 2 = todas as plantas ligeiramente inclinadas ou algumas plantas caídas; 3 = todas as plantas moderadamente inclinadas (45°) ou 25% a 50% das plantas caídas; 4 = todas as plantas consideravelmente inclinadas ou 50% a 80% das plantas caídas; 5 = todas as plantas fortemente inclinadas ou 80% a 100% das plantas caídas. Research and Development Center” (AVRDC), localizado em Formosa. Ela foi recebida em 1986 com a denominação VC 3984-B-2-B-4-1-B. Esta linhagem originou-se do cruzamento entre as linhagens VC 2719A x VC 1000C. DESCRIÇÃO A emergência ocorre entre seis e 11 dias após o plantio, sendo mais demorada quando o plantio é feito em época de temperaturas amenas. Da emergência ao início da floração, a ‘Ouro Verde MG 2’ leva aproximadamente 33 dias. Do início da floração ao aparecimento da primeira vagem madura, a ‘Ouro verde MG 2’ leva de 23 a 33 dias, sendo essa fase reprodutiva mais curta quando ela coincide com temperaturas altas. A altura das plantas varia com o clima: em torno de 60 cm, quando as temperaturas são amenas, a 95 cm, quando são altas e não há limitação de umidade no solo. As vagens, de coloração marrom escura, geralmente têm em torno de 7,5 cm de comprimento e entre 5,0 e 5,4 mm de largura, e concentram-se na 120 parte superior da planta. É suscetível ao míldio-pulverulento (Erysiphe polygoni) e à mancha-foliar-decercospora (Cercospora canescens). No entanto, como essas doenças só são observadas em intensidade leve a moderada no final do ciclo de vida do mungoverde, provavelmente não causam prejuízo no rendimento. Dentre 25 cultivares testadas em três municípios de Minas Gerais, a ‘Ouro Verde MG 2’ foi a única que apresentou alta resistência ao acamamento; comparada à ‘Ouro Verde’ o contraste é grande (Tabela 1). Na média dos três ensaios, a ‘Ouro Verde MG 2’ produziu 12% a mais. Em geral, as sementes desta nova cultivar são mais pesadas que as da ‘Ouro Verde’ (Tabela 1). LITERATURA CITADA CALDAS, M.T.; VIEIRA, R.F.; OLIVEIRA, V.R. Comportamento de cultivares de feijão-mungoverde em Prudente de Morais, Minas Gerais. IN: SIMPÓSIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFV, 9., 1999, Viçosa. Resumos... Viçosa: UFV, 1999. p. 250. NALAMPANG, A. Grain legumes in the tropics. Bangkok: Departament of Agriculture, 1992. 98 p. POEHLMAN, J.M. What we have learned from the International Mungbean Nurseries. IN: INTERNATIONAL MUNGBEAN SYMPOSIUM, 1., 1977, Los Baños, Philippines. Proceedings... Taipei, Taiwan: AVRDC, 1978. p. 97-100. TICKOO, J.L.; SATYANARAYANA, A. Progress in mungbean breeding research with special emphasis on disease and insect resistance, constraints, and future directions. IN: INTERNATIONAL CONSULTATION WORKSHOP ON MUNGBEAN, 1997, New Delhi, Índia. Proceedings... Tainan, Taiwan: AVRDC 1998, p. 58-77. VIEIRA, R.F.; NISHIHARA, M.K. Comportamento de cultivares de mungo-verde (Vigna radiata) em Viçosa, Minas Gerais. Revista Ceres, Viçosa, v. 39, n. 221, p. 60-83, 1992. VIEIRA, R.F.; VIEIRA, C.; ARAÚJO, G.A.A. Comparações agronômicas de feijões dos gêneros Vigna e Phaseolus com o feijão-comum (Phaseolus vulgaris L.). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 27, n. 6, p. 841-850, 1992. VIEIRA, R.F.; VIEIRA, C. Comportamento de feijões dos gêneros Vigna e Phaseolus no consórcio com milho plantado simultaneamente. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 31, n. 11, p. 781-787, 1996. VIEIRA, R.F.; PINTO, C.M.F.; SILVA, J.I. Comportamento de linhagens de feijão-mungo-verde em Viçosa, Minas Gerais. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 334 (Resumo), 1999. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. normas NORMAS PARA PUBLICAÇÃO Escopo do Periódico O periódico Horticultura Brasileira (HB) aceita artigos técnico-científicos escritos em Português, Inglês ou Espanhol. É composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 2. Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural; 5. Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste; 7. Nova Cultivar; e 8. Comunicações. 1. ARTIGO CONVIDADO: tópico de interesse atual, a convite da Comissão Editorial; 2. CARTA AO EDITOR: assunto de interesse geral. Será publicada a critério da Comissão Editorial; 3. PESQUISA: artigo relatando um trabalho original, referente a resultados de pesquisa cuja reprodução é claramente demonstrada; 4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho na área de economia aplicada ou extensão rural; 5. PÁGINA DO HORTICULTOR: comunicação ou nota científica contendo dados e/ou informações passíveis de utilização imediata pelo horticultor; 6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comunicação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos, fertilizantes ou cultivares; 7. NOVA CULTIVAR: manuscrito relatando o registro de novas cultivares e germoplasma, sua descrição e disponibilidade, com dados comparativos; 8. COMUNICAÇÕES: seção destinada à comunicação entre leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na forma de breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exceder 300 palavras, ou 1.200 caracteres, e deve ser enviado em duas cópias devidamente assinadas, acompanhadas de disquete e indicação de que o texto se destina à seção Comunicações. Por questões de espaço, nem todas as comunicações recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadas apenas parcialmente. O periódico HB é publicado a cada três meses, de acordo com a quantidade de trabalhos aceitos. Os trabalhos enviados para a HB devem ser originais, ainda não relatados ou submetidos simultaneamente à publicação em outro periódico ou veículo de divulgação. Está também implícito que, no desenvolvimento do trabalho, os aspectos éticos e respeito à legislação vigente do copyright foram também observados. Manuscritos submetidos em desacordo com as normas não serão considerados. Após aceitação do manuscrito para publicação, a HB adquire o direito exclusivo de copyright para todas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos publicados sem a devida autorização por escrito da Comissão Editorial da Horticultura Brasileira. Para publicar na HB, é necessário que pelo menos um dos autores do trabalho seja membro da Sociedade de Olericultura do Brasil e esteja em dia com o pagamento da anuidade. Cada artigo submetido deverá ser acompanhado da anuência à publicação de todos os autores, e será avaliado pela Comissão Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. GUIDELINES FOR THE PREPARATION AND SUBMISSION OF MANUSCRIPTS Subject Matter Horticultura Brasileira (HB) is dedicated to publishing technical and scientific articles written in Portuguese, English or Spanish. HB has the following sections: 1. Invited Article; 2. Letter to the Editor; 3. Research; 4. Economy and Rural Extension; 5. Grower’s Page; 6. Pesticides and Fertilizers in Test; 7. New Cultivar; and 8. Communications. 1. INVITED ARTICLE: deals with topics that arouse interest. Only invited articles are accepted in this section; 2. LETTER TO THE EDITOR: a subject of general interest. It will be accepted for publication after being submitted to a preliminary evaluation by the Editorial Board; 3. RESEARCH: manuscript describing a complete and original study in which the replication of the results has clearly been established; 4. ECONOMY AND RURAL EXTENSION: manuscript dealing with applied economy and rural extension; 5. GROWER’S PAGE: communications or short notes with information that could be quickly usable by farmers; 6. PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST: communications or scientific notes describing tests with pesticides, fertilizers and cultivars; 7. NEW CULTIVAR: this section contains recent releases of new cultivars and germplasm and includes information on origin, description, avaliability, and comparative data; 8. COMMUNICATIONS: these have the objective of promoting communication among readers and the Editorial Board as short communications, suggestions and criticism, in a more informal way. They should be concise, not exceeding 300 words or 1,200 characters. These should be signed by author(s) and submitted in duplicate (original and one copy), along with a diskette that contains a copy of the text. The journal HB is issued every three months, depending on the amount of material accepted for publication. HB publishes original manuscripts that have not been submitted elsewhere. With the acceptance of a manuscript for publication, the publishers acquire full and exclusive copyright for all languages and countries. Unless special permission has been granted by the publishers, no photographic reproductions, microform and other reproduction of a similar nature may be made of the journal, of individual contributions contained therein or of extracts therefrom. Membership in the Sociedade de Olericultura do Brasil is required for publication. For the paper to be eligible for publication at least one of the authors must be a Society member and the manuscripts should be accompanied by the 121 Editorial, Editores Associados e/ou Assessores ad hoc, de acordo com a seção a que se destina. Submissão dos trabalhos Os originais deverão ser submetidos em três vias, em programa Word 6.0 ou versão superior, em espaço dois, fonte arial tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deverá ser incluído. Todas as fotos deverão ser enviadas no original. Figuras e/ou quadros deverão ser de boa qualidade. Devido aos altos custos de impressão gráfica da revista, solicita-se aos autores que sejam sucintos na redação, utilizando o mínimo de trabelas, figuras e citações bibliográficas. Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, que não deve incluir nomes científicos, a menos que não haja nome comum no idioma em que foi redigido. Ao título deve seguir o nome, endereço postal e eletrônico completo dos autores (veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últimos volumes da Horticultura Brasileira). A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Resumo em Português ou Espanhol com palavras-chave ao final. As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s) científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetir termos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, em Inglês, acompanhado de título e keywords. O abstract, o título em Inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus similares em Português ou Espanhol; 3. Introdução; 4. Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e Tabelas. Este roteiro deverá ser utilizado para a seção Pesquisa. Para as demais seções veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últimos volumes da Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento consultar a home page da SOB: www.hortciencia.com.br ou www.sobhortalica.com.br As citações de artigos no texto deverão ser feitas conforme os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú & Hoeffert, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempre em itálico, como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duve et al., 1951). Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b. Na seção de Literatura Citada deverão ser listados apenas os trabalhos mencionados no texto, em ordem alfabética do sobrenome, pelo primeiro autor. Trabalhos com dois ou mais autores devem ser listados na ordem cronológica, depois de todos os trabalhos do primeiro autor. A ordem dos itens em cada referência deverá obedecer as normas vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Exemplos: a) Periódico: VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat production of vegetables during refrigerated storage. Journal of the American Society for Horticulture Science, v. 97, n. 3, p. 431-432, Mar.1972. b) Livro: ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3. ed. New York: John Willey, 1979. 632 p. 122 agreement for publication signed by the authors. All manuscripts will be evaluated by the Editorial Board, Associated Editors and/or ad hoc consultants in accordance with their respective sections. Manuscript submission Manuscripts should be submitted in triplicate (original and two copies) typed double-spaced (everything must be double spaced) and printed. Use of the “Arial” font, size 12, is required. Include a copy of the manuscript on computer diskette at submission. The Editorial Board will only accept 3.5 inch diskette which have the files copied on them using the program Word 6.0 or superior. The title page should include: title of the paper (scientific names should be avoided); name(s) of author(s) and address(es). Please refer to a recent issue of HB for format. The structure of the manuscript should include: 1. Abstract and Keywords. Keywords should start with scientific names and it should not repeat words that are already in the title; 2. Summary in Portuguese (a translation of the abstract will be provided by the Journal for nonPortuguese-speaking authors) and Keywords (Palavras-chave). 3.Introduction; 4. Material and Methods; 5. Results and Discussion; 6.Acknowledgements; 7. Cited Literature and 8. Figures and Tables. This structure will be used for the Research section. For other sections please refer to a recent issue of HB for format. You can also visit Hotr.Bras home page in the following addresses: www.hortciencia.com.br or www.sobhortalica.com.br. Bibliographic references within the text should have the following format: Esaú & Hoeffert (1970) or (Esaú & Hoeffert, 1970). When there are more than two authors, use a reduced form, like the following: De Duve et al. (1951) or (De Duve et al., 1951). References to studies done by the same author in the same year should be noted in the text and in the list of the Cited Literature by the letters a, b, c, etc., as follows: 1997a, 1997b. In the Cited Literature, references from the text should be listed in alphabetical order by last name, without numbering them. Papers that have two or more authors should be listed in chronological order, following all the papers of the first author, second author and so on. Please refer to a recent issue of HB for more details. The order of items in each bibliography should follow the examples (Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT): a) Journal: VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat production of vegetables during refrigerated storage. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 97, n. 3, p. 431-432, Mar. 1972. b) Book: ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3. ed. New York: John Willey, 1979. 632 p. Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. c) Capítulo de livro: ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. (ed.) Corn and corn improvement. New York: Academic Press, 1955. p. 465-536. d) Tese: SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 1992. 72 p. (Tese mestrado.) e) Trabalhos apresentados em congressos (quando não incluídos em periódicos): HIROCE, R.; CARVALHO, A.M.; BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO, J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364. Para a citação de artigos ou informações da Internet (URL, FTP) ou publicações em CD-ROM, consultar as instruções para publicação disponíveis na home page da HB (www.horciencia.com.br ou www.sobhortalica.com.br) ou diretamente com a Comissão Editorial. Uma cópia da prova tipográfica do manuscrito será enviada eletronicamente para o autor principal, que deverá fazer as possíveis e necessárias correções e devolvê-la em 48 horas. Correções extensivas do texto do manuscrito, cujo formato e conteúdo já foram aprovados para publicação, não são aceitáveis. Alterações, adições, deleções e edições implicarão novo exame do manuscrito pela Comissão Editorial. Erros e omissões presentes no texto da prova tipográfica corrigido e devolvido à Comissão Editorial são de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ou verifique os padrões de publicação dos últimos volumes da Horticultura Brasileira. Os originais devem ser enviados para: Horticultura Brasileira C. Postal 190 70.359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 385 9051 / 385 9073 / 385 9000 Fax: (0xx61) 556 5744 E-mail: [email protected] Assuntos relacionados a mudanças de endereço, filiação à Sociedade de Olericultura do Brasil, pagamento de anuidade, devem ser encaminhados à Diretoria da Sociedade de Olericultura, no seguinte endereço: Sociedade de Olericultura do Brasil UNESP – FCA C. Postal 237 18.603-970 Botucatu – SP Tel.: (0xx14) 6802 7172 / 6802 7203 Fax: (0xx14) 6802 3438 E-mail: [email protected] Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. c) Chapter: ULLSTRUP, A.J. Disease of corn. In: SPRAGUE, G.J., (ed.) Corn and corn improvement. New York: Academic Press, 1955. p. 465-536. d) Thesis: SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 1992. 72 p. (Tese mestrado.) e) Articles from Scientific Events (when not published in journals): HIROCE, R; CARVALHO, A.M.; BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO, J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357-364. For examples of cited literature from Internet (URL, FTP) or CD – ROM, please consult the HB home page (www.hortciencia.com.br or www.sobhortalica.com.br) or the Editorial Board. A copy of the galley proof of the manuscript will be sent to the first author who should make any necessary corrections and send it back within 48 hours. Extensive corrections of the text of the manuscript, whose format and content have already been approved for publication, will not be accepted. Alterations, additions, deletions and editing implies that a new examination of the manuscript must be made by the Editorial Board. Errors and omissions which are present in the text of the corrected galley proof that has been returned to the Editorial Board are entirely the responsability of the author. Orientation about any situations not foreseen in this list will be given by the Editorial Board or refer to a recent issue of Hoticultura Brasileira. Manuscripts should be addressed to: Horticultura Brasileira C. Postal 190 70.359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 385 9051 / 385 9073 / 385 9000 Fax: (0xx61) 556 5744 E-mail: [email protected] Change in address, membership in the Society and payment of fees should be addressed to: Sociedade de Olericultura do Brasil UNESP – FCA C. Postal 237 18.603-970 Botucatu – SP Tel.: (0xx14) 6802 7172 / 6802 7203 Fax: (0xx14) 6802 3438 E-mail: [email protected] 123 PROPOSTA DE FILIAÇÃO Senhor Presidente, Desejo filiar-me à SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL e por este motivo envio em anexo comprovante de depósito, transferência entre bancos ou cheque nominal e cruzado no valor de R$ 80,00 (oitenta reais), para pessoa física e R$ 160,00 (cento e sessenta reais) para pessoa jurídica, na conta corrente n0 7440-3, agência 0079-5 (Botucatu - SP), do Banco do Brasil S/A. Favorecido: Sociedade de Olericultura do Brasil. Seguem em anexo dados adicionais. NOME: ___________________________________________________________________________ RG: __________________ - _________ ESTADO: ______________________________________ DATA DE NASCIMENTO: ____/____/____ SEXO: ________________________________________ PROFISSÃO: ______________________________________________________________________ CULTURAS DE INTERESSE: __________________________________________________________ EMPRESA/INSTITUIÇÃO ONDE TRABALHA: ____________________________________________ CARGO/FUNÇÃO: __________________________________________________________________ ENDEREÇO COMERCIAL: RUA: ___________________________________________________N0 : ______________________ CAIXA POSTAL: ____________ BAIRRO: ________________ CEP: __________________________ CIDADE: ___________________________________ ESTADO: ______________________________ TELEFONE: ( )_________________ FAX: ( ) _______________________________________ ENDEREÇO PARA CORRESPONDENCIA: RUA: _________________________________________ N0 _________________________________ CAIXA POSTAL: ______________ BAIRRO: _____________ CEP: ___________________________ CIDADE: __________________________________ ESTADO: _______________________________ TELEFONE: ( ) ____________________ FAX: ( ) ____________________________________ E.mail:____________________________________________________________________________ DATA: ____/____/____ ATENCIOSAMENTE Enviar para: Sociedade de Olericultura do Brasil UNESP, FCA, Depto. Prod. Vegetal (Horticultura) C. Postal 237 18.630-970 Botucatu – SP [email protected] 124 Hortic. bras., v. 20, n. 1, mar. 2002. Tratamentos de sementes de hortaliças O estabelecimento de plântulas no campo está diretamente relacionado com a qualidade das sementes e as condições que permitem a máxima germinação em menor espaço de tempo. O período entre a semeadura e o estabelecimento de plântulas é fase crítica. A boa qualidade das sementes depende de atributos genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários. A qualidade da semente é particularmente crítica quando se utiliza híbridos, onde o alto custo de sementes exige utilização de técnicas para melhor emergência das plântulas. Para se obter sementes de qualidade, as empresas produtoras tomam cuidados, que iniciam no programa de melhoramento genético. Além da qualidade genética são observados o tamanho, peso, forma, coloração, umidade, pureza física e varietal, germinação, vigor, dormência e presença de microrganismos. A época e região mais adequadas para a produção de sementes poderá afetar significativamente a sua qualidade fisiológica e sanitária. A utilização das melhores técnicas de produção, colheita e beneficiamento são fundamentais no processo de produção de sementes. As sementes comercializadas devem atender às exigências impostas pela fiscalização, principalmente com relação à germinação e pureza, e em alguns casos, alguns limites de tolerância quanto à incidência de doenças transmi- tidas pelas sementes. Estas empresas têm oferecido ao produtor de hortaliças, sementes com maior valor agregado, principalmente na forma de tratamento de sementes. Estes tratamentos permitem segurança no manuseio das sementes, controle de microrganismos, melhor e mais rápida germinação, emergência mais uniforme, e/ou melhor distribuição das sementes. Grande parte das empresas de sementes de hortaliças que atuam no mercado nacional já oferece alguns destes tratamentos, realizados no Brasil ou no exterior. Os principais tratamentos aplicados às sementes de hortaliças são o tratamento contra microrganismos, a peliculização, a peletização e o condicionamento osmótico. Tratamentos contra microrganismos visam reduzir ou eliminar aqueles presentes (interna ou externamente) nas sementes e/ou controlar causadores de tombamento pré e pós-emergência (Alternaria, Pythium, Phytophythora e Rhizoctonia). Sementes de hortaliças em geral são tratadas apenas com fungicidas, na maioria com produtos de contato com amplo espectro de ação (Captan ou Thiram). Estes produtos não controlam todas as espécies de fungos, principalmente os que infectam (internamente) as sementes. Ainda, certos vírus ou bactérias podem também ser transmitidos pelas sementes, e, obviamente, este tipo de tratamento torna-se ineficaz. Testes de sanidade detectam microrganismos associados às sementes, servindo de orientação para o tipo de tratamento e produto a serem utilizados. Para determinados patógenos, produtos sistêmicos, tratamentos térmicos ou sementes indexadas (livre de vírus, por exemplo) devem ser empregados. As condições de armazenamento e/ou semeadura também devem ser consideradas na escolha do tratamento. O uso de sementes tratadas reduz o potencial de inóculo dos patógenos associados às sementes, protegendo sementes e plântulas de patógenos de solo. Peliculização consiste na aplicação de filme composto de mistura de polímeros, plásticos e corantes envolvendo a semente. Geralmente, fungicidas acompa- nham este tratamento. A peliculização reduz desperdício de fungicida e permite maior eficiência do tratamento. Reduz também os riscos de contaminação por parte do usuário, por não ter contato direto com o fungicida. Diferente da peletização, este tratamento não modifica a forma ou o tamanho das sementes. O corantes propicia melhor aspecto visual da semente, além da melhor visibilidade após a semeadura. Algumas empresas utilizam esta característica para diferenciar cultivares. Outra vantagem da peliculização é o maior fluxo durante a semeadura mecanizada, resultado da menor fricção entre sementes. Quando realizada de maneira inadequada, a película pode atuar como barreira física restringindo a difusão de oxigênio para o interior da semente, e/ou reduzindo a saída de inibidores. A maioria das sementes de hortaliças caracteriza-se por pequeno tamanho e formato irregular; dificultando manuseio e semeadura. A peletização [revestimento da semente com material seco, inerte, de granulometria fina e material cimentante (adesivo)], permite dar às sementes a forma arredondada, uniforme, de maior tamanho, facilitando sua distribuição, seja ela manual ou mecânica. Em contraste com sementes nuas, as sementes peletizadas são distribuídas com maior precisão e uniformidade. Deste modo, o gasto de sementes é reduzido, e a operação de desbaste é minimizada ou totalmente eliminada. Este tratamento permite ainda incorporar ao pélete, inseticidas, fungicidas, fertilizantes e/ ou reguladores de crescimento. Em alguns casos, a semente peletizada pode apresentar problemas na germinação (principalmente retardamento), pois o pélete pode atuar como barreira física para a troca gasosa entre a semente e o ambiente externo. Sementes peletizadas em geral não suportam longo período de armazenamento. O condicionamento osmótico consiste na hidratação controlada, suficiente para promover atividade pré-metabólica, sem permitir emissão da radícula. Em geral, as sementes são embebidas em solução osmótica, sob certa temperatura, por determinado prazo e seguido da secagem para o grau original de umidade. Este tratamento é vantajoso pois permite que as sementes sejam manuseadas e/ou armazenadas. O condicionamento osmótico tem sido utilizado para melhorar a velocidade de germinação, a uniformidade das plântulas e algumas vezes a percentagem de germinação, especialmente em condições edafo-climáticas adversas. Em alface por exemplo, este tratamento permite a germinação das sementes sob condições de alta temperatura (acima de 30°C), evitando a termo-inibição e a termodormência, fatos comumente observados durante o verão. Este tratamento não é padronizado pois exige metodologia adequada para cada espécie, cultivar e até para lotes de sementes. Dependendo das condições de armazenamento, as sementes osmoticamente condicionadas também não suportam longo período de armazenamento (em geral, alguns meses). Os tratamentos acima descritos não são exclusivos, isto é, todos eles podem ser combinados entre si, em uma seqüência, obtendo assim efeito aditivo. A agregação de um ou mais tratamentos ao lote de sementes permite à empresa produtora de sementes a obtenção de produto diferenciado, além de fornecer uma semente de melhor qualidade. Soma-se a isto, que a grande maioria dos lotes “escolhidos” pelas empresas produtoras de sementes para receber tais tratamentos são aqueles de alta qualidade fisiológica, assim uma vantagem a mais para o produtor. Embora na maioria das vezes, o custo da semente “tratada” possa ser mais elevado, mas ainda baixo em relação ao custo total de produção, a utilização destas sementes poderá trazer benefícios no estabelecimento da lavoura com conseqüências na produtividade e qualidade dos produtos. Neste número da Horticultura Brasileira temos a oportunidade de publicar dois artigos referentes a tratamentos de sementes, onde os leitores poderão obter maiores informações. (Warley Marcos Nascimento, Pesquisador, Embrapa Hortaliças; E-mail: [email protected])