Avaliação da estabilidade de um probiótico Termo Resistente* comercial em rações extrusadas e fareladas Rigobelo E.C.1; Maluta, R.P.2; Aquino, G.V3.; Ávila, F. A4. 1. Docente da UNESP – Campus de Dracena 2. Doutorando em Microbiologia Agropecuária da FCAV-UNESP, bolsista da FAPESP 3. Graduando em Medicina Veterinária da FCAV-UNESP, bolsista da FAPESP 4. Professor Titular da FCAV-UNESP – bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq – [email protected] RESUMO Foram avaliados o tempo de viabilidade de um probiótico termoresistente (TR)* em rações extrusada e farelada. Foi utilizado um probiótico comercial, liofilizado, termo-resistente, encapsulado, composto de Bacillus cereus (ATCC 9634) 4,0 x l08 UFC/g; Bacillus subtilis (CCT 3131) 4,0 x l08 UFC/g, incorporado em uma ração comercial extrusada e outra farelada. Em um experimento, foi avaliada a sobrevivência das bactérias quantitativamente e qualitativamente depois de 3, 6, 9, 12 meses de estocagem. Pelos resultados das contagens totais de esporos nas rações extrusada e farelada, o probiótico TR é notadamente estável por período superior a 12 meses. Palavras-chave: Probiótico, Ração extrusada, Ração farelada INTRODUÇÃO Os Probioticos são bactérias ou leveduras, vivas, que podem ser acrescentados à alimentação com o propósito de regular a microbiota intestinal do hospedeiro (PARKER, 1974). Os Probióticos têm sido usados terapêuticamente no tratamento de diarréia ou profilaticamente, em humanos e animais, para minimizar os efeitos da diminuição da microbiota intestinal devido à antibioticoterapia ou a gastrinterite (LESTRADET, 1995). É sabido que os Probióticos têm efeitos benéficos na saúde dos hospedeiros (FULLER, 1989), entretanto, os mecanismos não são completamente conhecidos, mas eles atuam como bio-reguladores da microbiota intestinal como uma fonte de enzimas digestivas e/ou fatores estimulantes no sistema imune (LESTRADET, 1994). A fim de melhorar o desenvolvimento ponderal, o desempenho reprodutivo e diminuir estresses (alta concentração de animais, desmama precoce ou crescimento rápido) têm sido utilizado rotineiramente probióticos na alimentação de bovinos (ÁVILA et. al., 2000) associado com sistema moderno de criação (LESTRADET, 1994). LIKIMANI & SOFOS (1990) estudaram a resistência de esporos de Bacillus globigii durante extrusão de uma mistura de milho/soja. Concluíram que nas temperaturas de extrusão mais altas (100, 120 e 140º C) os efeitos destrutivos são grandes. Apesar de haver também diminuição do número de esporos à temperatura de 80o C. BIOURGE et al. (1998) relataram que a resistência do Bacillus CIP 5832 ao processo de extrusão é mínima e resulta em perda de 99% de esporos. Este, para não haver perda considerável deve ser incluído na ração após o processo de extrusão. Desmama, mudanças dietéticas são as condições mais freqüentes que afetam a microbiota intestinal Dos animais e são as situações nas quais os Probióticos podem ser benéficos. Os Probióticos também são benéficos para os animais que vivem em grandes concentrações, pressão de infecção e tensão que podem afetar negativamente na resistência imune do animal. Baseado no exposto foi realizado o presente estudo com o objetivo de avaliar o tempo de viabilidade de um probiótico em ração farelada e extrusada. * PAS TR IMEVE METODOLOGIA 1) Do produto comercial / Detalhamento do teste O Produto comercial que foi submetido ao teste de estabilidade é um probiótico liofilizado, termo-resistente, encapsulados (KRASAEKOOPT et al. 2003), composto de Bacillus cereus (ATCC 9634) 4,0 x l08 UFC/g; Bacillus subtilis (ATCC 3131) 4,0 x l08 UFC/g, em rações extrusada e farelada, acondicionado em sacos plástico internamente e sacos de ráfia externamente, contendo 25 kg cada. Para fins do teste de estabilidade foi retirado de cada saco, 480 gramas de cada ração com probiótico que foi devidamente pesada em 48 saquinhos plástico contendo 10 g de ração extrusada cada e 10 g de ração farelada cada e embalados cada 12 saquinhos em sacos de ráfia para manter a mesma característica da embalagem original e armazenada em temperatura ambiente a serem utilizados para cada exame realizado a cada 30 dias. As análises foram realizadas nos tempos: T0 = Foram utilizadas 06 amostras contendo 10 g cada e seqüestrada 8 amostras T3 = Foram utilizadas 06 amostras contendo 10 g cada e seqüestrada 8 amostras T6 = Foram utilizadas 06 amostras contendo 10 g cada e seqüestrada 8 amostras T9 = Foram utilizadas 06 amostras contendo 10 g cada e seqüestrada 8 amostras T12 = Foram utilizadas 06 amostras contendo 10 g cada e seqüestrada 8 amostras O produto que foi analisado tem em seu nível de garantia 2 (duas) bactérias probióticas que serão dosadas em bloco conforme a afinidade para crescimento no mesmo meio de cultura. Bacillus cereus e Bacillus subtilis Utilizando-se do meio de Caldo Tripticase de Soja (TSB) suplementado com 0,2% de polimixina B (solução 0,1%) para a Contagem do Número mais Provável (NMP) e o meio de Agar Manitol Gema de Ovo Polimixina (MYP), para contagem direta em placas. A Incubação era a 35oC por 24 a 48 horas em estufa incubadora. Era verificado o número de tubos com crescimento e lido o valor do N.M.P. (Número Mais Provável) de acordo com a tabela do A.P.H. A (Manual da Associação Americana de Saúde Pública). RESULTADOS E CONCLUSÃO Os resultados das análises microbiológicas de cada Tempo (T0 ao T12) estão apresentados nas tabelas abaixo. Resultado médio da Contagem em Número Mais Provável (NMP) microorganismo Bacillus cereus e Bacillus subtilis na ração farelada. Tempo T0 T3 T6 T9 T12 Resultado da Análise 0,75x109 0,75x109 0,43x109 0,39x109 0,39x109 Níveis de Garantia (N.G.) 3,50x108 3,50x108 3,50x108 3,50x108 3,50x108 % de Diferença entre N.G. + 114,2% +114,2% +22,8% +11,4% +11,4% Resultado médio da Contagem em Número Mais Provável (NMP) microorganismo Bacillus cereus e Bacillus subtilis na ração extrusada. Tempo T0 T3 T6 T9 T12 Resultado da Análise 0,75x109 0,75x109 0,43x109 0,43x109 0,39x108 Níveis de Garantia (N.G.) 3,5,0x108 3,5,0x108 3,5,0x108 3,5,0x108 3,5,0x108 do do % de Diferença entre N.G. +114,2% +114,2% +22,8% +22,8% -+11,4% Resultado médio da Contagem em Placa do microorganismo Bacillus cereus e Bacillus subtilis na ração farelada. Tempo T0 T3 T6 T9 T12 Resultado da Análise 1,00x109 0,66x109 4,33x108 3,66x108 3,33x108 Níveis de Garantia (N.G.) 3,50x108 3,50x108 3,50x108 3,50x108 3,50x108 % de Diferença entre N.G. + 185,7% +85,5% +23,7% +4,5% - 4,8% Resultado médio da Contagem em Placa do microorganismo Bacillus cereus e Bacillus subtilis na ração extrusada. Tempo T0 T3 T6 T9 T12 Resultado da Análise 1,00x109 0,66x109 4,66x108 4,33x108 3,33x108 Níveis de Garantia (N.G.) 3,5,0x108 3,5,0x108 3,5,0x108 3,5,0x108 3,5,0x108 % de Diferença entre N.G. +185,7% +88,5% +33,14% +23,7% - 4,8% Pelos resultados das contagens totais de esporos nas rações farelada extrusada, pode-se observar que não houve perda em relação aos níveis de garantias de UFC de esporos, permanecendo viáveis e mantendo durante todo o tempo de estocagem. Este fato pode ser atribuído à incorporação do probiótico TR à ração após o processo de extrusão, quando a temperatura está em torno de 60o C, o que concorda com as recomendações de LIKIMANI & SOFOS (1990) e BIOURGE et al. (1998). A contagem total de esporos viáveis na ração farelada mostrou que eles permanecem com a mesma quantidade numérica durante todo o experimento. Diante destes resultados, o probiótico TR é notadamente estável em rações extrusada e farelada por período superior a 12 meses e está de acordo com o padrão fornecido pelo fabricante. REFERÊNCIAS:- ÁVILA, F.A.; PAULILLO, A.C.; SCHOCKEN-ITURRINO, R.P.; LUCAS, F.A., ORGAZ, A.; QUINTANA, J.L Avaliação da eficiência de um probiótico no controle de diarréia e no ganho de peso de bezerros. Arq. Brás. Méd. Vet. Zootec., v. 52, n. 1, p. 41-46, 2000. - BARROWS, G.T. & DEAM, B.D. Using probiotics in small animals: a new approach. Vet. Med., p. 36-42, 1985. - BIOURGE, V.; VALLET, C.; LEVESQUE, A.; SERGHERAET, R.; CHEVALIER, S.; - ROBERTON, J.L. The use of probiotics in the diet of dogs. J. Nutrition, Vannes, v. 128, n. 12, p. 2730-2732, 1998. - FULLER, R. Probiotics in man and animals. J. Appl. Bacteriol., v. 66, p. 365378, 1989. - KRASAEKOOPT, W.; BHANDARI, B.; DEETH, H. Evaluation of encapsulation techiniques of probiotics for yoghurt. Intern. Dairy J., v. 13, n. 1, p. 3-13, 2003. - ESTRADET, H. Probiotiques: utilization chez l’animal. Med. Chirur. Dig., v. 23, p. 421-424, 1994. - LESTRADET, H. Probiotiques: le Bacillus CIP 5832 chez l’homme et l’animal. Med. Chirur.Dig., v. 24, p. 37-39, 1995. - LIKIMANI, T.A. & SOFOS, J.N. Bacterial spore injury during extrusion cooking of corn/soybean mixtures. Intern. J. Food Microbiol., v. 11, p. 243250, 1990.