Violações ao PDM levam EDP a alterar projeto do Centro de Artes Lisboa. A Fundação EDP já entregou na Câmara Municipal de Lisboa um novo projeto para o Centro de Artes que pretende construir em Belém, substituindo o aprovado em fevereiro de 2012, que violava o plano diretor municipal A Fundação EDP alterou o projeto inicial do Centro de Artes que pretende construir em Belém, junto ao Museu de Eletricidade, respondendo desta forma às críticas que se fizeram ouvir quando da sua aprovação, em fevereiro de 2012. O novo projeto já seguiu para a Câmara de Lisboa. "O projeto arquitetónico e a arquitetamantêm-se", explicou ao DN Sérgio Figueiredo, administrador delegado da Fundação EDP. "Fizemos alterações em função das recomendações dos pareceres recolhidos junto das autoridades afirmou, referindose aos pareceres da então Direção Regional da Cultura de Lisboa e ao Instituto de Gestão do Património competentes", Arquitetónico e Arqueológico E será que o novo projeto vai cumprir na íntegra o que diz o PDM? Terá, por exemplo, menos de dez metros de altura? Sem querer adiantar qualquer pormenor em concreto sobre as alterações ao projeto, Sérgio Figueiredo lembrou que as cinco edificações que agora estão no espaço onde a Fundação pretende construir o Centro de Artes já têm uma altura superior à estipulada no PDM. "Com a apresentação do novo projeto demonstrámos a flexibilidade suficiente para acomodar as recomendações apontadas", referiu ao DN, destacando a valorização do local após o investimento de 20 milhões de euros que, "apesar da situação económica do País, a Fundação continua disposta a fazer." E, deixando antever que as exigências foram atendidas, refere: "Se não quiserem mudar a lei, se for muito difícil, não fazemos." Apresentado pelo próprio pre- nem todas sidente da EDP, António Mexia, a 5 de abril de 20 1 1 , e idealizado por um dos nomes em ascensão da arquitetura britânica, Amanda Levete, o projeto do Centro de Artes da Fundação EDP foi inicialmente aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa em fevereiro de 2012, com os votos contra do PSD e do CDS e sob um coro de críticas que apontavam várias violações ao plano diretor municipal (PDM). Uma dessas vozes críticas foi o Movimento Fórum Cidadania Lisboa, que, na sequência da aprovação do pedido de informação prévia, passou das palavras à ação e enviou uma queixa para a Provedoria de lustiça em abril de 2012, invocando a eventual violação do PDM "acerca da preservação do sistema de vistas e da restrição à construção massiva abeira- rio". E ontem o Movimento recebeu a resposta da Provedoria de Justiça: "arquivamento do processo". Mas um arquivamento com sabor a vitória, como reconheceu ao DN Paulo Ferrero. Isto porque, quase dez meses depois e após várias diligências, a Provedoria de Justiça apurou, junto da Câmara Municipal de Lisboa, que a Fundação EDP transmitira à autarquia que, "sem desistir da iniciativa" e "prevendo reformular o projeto, abdicava da informação prévia favorável e dos direitos que lhe pudessem assistir". Ou seja, conclui a Provedoria de Justiça, "o projeto inicial encontra-se abandonado", lê-se no documento enviado ao Movimento. António Carlos Monteiro, vereador do CDS que votou contra a do autorização de construção Centro de Artes tal como ele foi apresentado em fevereiro de 2012, considera que se o projeto for mo- dificado para ficar em conformidade com o PDM "tanto melhor", lembrando que o que está em causa não é a qualidade do projeto, antes as violações ao PDM que implica. CRITICAS ALTURA de altura da > Os 14 metros idealizada por Amanda Levete são um dos problemas apontados porque o pLano diretor "concha" municipal (PDM) prevê que os edifícios junto ao rio não podem exceder os dez metros de aLtura. COMPRIMENTO Os 153,3 metros de comprimento de frente previstos no projeto inicialmente aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa excedem os 50 metros máximos previstos no PDM. > SOLO PERMEÁVEL > Os 2800 m de espaços verdes 2 MARINA MARQUES previstos peLa arquiteta "em nada contribuiriam" britânica para que 30% da área do terreno permita a infiltração das águas. 0 documento enviado pela Procuradoria Movimento de Justiça ao Fórum Cidadania Lisboa refere ainda que a autarquia "parecia estar a aceitar uma leitura inusitada deste preceito ao aceitar como colo verde qual- quer superfície com plantações acima da cota soleira". ARQUITETA Amanda Levete reformulou Responsável pelo projeto de ampliação do Museu Victoria & Albert, em Londres, Amanda Levete foi a escolha da Fundação EDP para a conceção do projeto do Centro de Artes. Nome em ascensão na arquitetura britânica, o seu nome é sempre conotado com um tipo de arquitetura que permite a máxima fruição de um edifício por quem o habita ou percorre. Sem trair esses > princípios, presentes no projeto inicial, Amanda Levete "acomodou as alterações que decorrem das recomendações das autoridades competentes", explicou Sérgio Figueiredo, administrador-delegado da Fundação EDP. Nascida em 1955, a arquiteta lidera um ateliê com o seu nome - Amanda Levete Architets, conhecido no meio como"AL_A". projeto Ninguém contesta a qualidade do projeto da britânica Amanda Levete que até permite que se passeie em cima do telhado