OLIBERAL BELÉM, QUARTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DE 2015 PODER 3 POLÍTICA TRE decide cassar prefeito e vice de Oriximiná. Página 4. SERVIDORES Veto de Dilma à elevação para 75 anos foi derrubado pelos parlamentares O Congresso Nacional derrubou ontem o veto da presidente Dilma Rousseff à elevação de 70 para 75 anos da aposentadoria compulsória em todas as esferas do serviço público do país. A proposta prevê que, além dos servidores da União, dos estados e dos municípios, também serão beneficiados com a nova regra os integrantes do Judiciário, do Ministério Público, das Defensorias Públicas e dos Tribunais e dos Conselhos de Contas. A mudança no teto de aposentadoria do funcionalismo havia sido aprovada em setembro pelo Congresso Nacional. No mês seguinte, Dilma vetou a proposta com a justificativa de que havia um vício de origem na tramitação do projeto. Segundo ela, o texto aprovado pelos congressistas "contraria" trecho do artigo 61 da Constituição, que trata das iniciativas da Presidência da República. Este dispositivo constitucional afirma que cabe ao Executivo federal decidir sobre a aposen- tadoria no serviço público. No embasamento do projeto, o Legislativo destacou que a elevação do teto de aposentadoria compulsória no serviço público geraria uma economia entre R$ 800 milhões a R$ 1,4 bilhão por ano aos cofres da União nos próximos 55 anos. A explicação é que com a mudança os servidores passariam a se aposentariam "tardiamente". Na ocasião em que Dilma vetou a proposta, o Ministério do Planejamento informou que não tinha feito estimativas para avaliar se o projeto elevaria ou reduziria os gastos do governo federal. ANANDA BORGES - CÂMARA DOS DEPUTADOS Congresso eleva teto para aposentadoria Governo pretendia votar ontem mesmo autorização para déficit primário argumentou que a proposta criaria um subprograma "voltado para um segmento profissional específico, sem estipular critérios relacionados à renda dos beneficiários, o que desvirtuaria os objetivos originais do programa". META FISCAL BENGALA Em maio deste ano, foi aprovada uma emenda à Constituição, apelidada de "PEC da Bengala", que ampliou de 70 para 75 anos a idade para aposentadoria compulsória de ministros de tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF), e do Tribunal de Contas da União. A medida, porém, não atingia os demais servidores públicos. O primeiro veto apreciado - e mantido pelos parlamentares - foi o que barra a inclusão das atividades turísticas no meio rural como atividade Sessão do Congresso apreciou vetos presidenciais, mas não avançou para a meta fiscal rural. Na justificativa do veto, a presidente argumenta que o dispositivo "poderia enquadrar certas atividades turísticas indevidamente como atividade rural, o que possibilitaria uma aplicação distorcida de benefícios tributários no âmbito do imposto de renda rural". O veto foi mantido pelos deputados, já que a derrubada recebeu 253 votos. Para anular o veto presidencial, seria necessário maioria absoluta (257 votos). Outros 148 deputados votaram pela manutenção e 3 se abstiveram. Como a Câmara manteve o veto, os senadores não chegaram a votá-lo. O segundo veto apreciado pelos parlamentares impede a criação de um subprograma do Minha Casa, Minha Vida chamado Programa Nacional de Habitação dos Profissionais de Segurança Pública. A proposta previa a constrição de unidades habitacionais para policiais civis e militares, com subsídio do governo federal. Por 189 votos a 142, os deputados decidiram manter o veto da presidente. Ao excluir o texto, Dilma Foi adiada no Congresso, por falta de quórum. a discussão do Projeto de Lei (PLN) 5/15, que autoriza o governo a fechar o ano de 2015 com deficit primário de até R$ 119,9 bilhões. Esse número vai substituir a meta prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em vigor, de superavit primário de R$ 55,3 bilhões para a União (governo federal e Banco Central). A oposição sugeriu que o Parlamento deixasse para hoje a votação do projeto, mas devido à falta de garantia de que não haveria obstrução hoje, a base governista insistiu na votação, que acabou não ocorrendo pela ausência dos parlamentares. Mantido veto sobre benefício a policiais no Minha Casa, Minha Vida A Câmara dos Deputados manteve o veto parcial 45/15 ao projeto de lei de conversão da Medida Provisória 679/15. O veto retira do texto um subprograma criado pelo Congresso no programa Minha Casa, Minha Vida. Esse subprograma, direcionado aos profissionais de segurança pública, permitia o atendimento de interessados com renda superior à prevista no programa habitacional do governo. Houve 189 votos contra o veto, mas eram necessários 257. Outros 142 deputados optaram pela manutenção. Para o Poder Executivo, por não estipular critérios relacionados à renda dos beneficiários, o subprograma desvirtuaria os objetivos originais do programa. Outro motivo do veto foi a falta de estimativas de impacto orçamentário-financeiro. DESIGNER A Câmara dos Deputados manteve, por 221 votos a 93, o veto total ao Projeto de Lei 1391/11, que regulamentava a profissão de designer. Segundo a presidente Dilma Rousseff, o veto ocorreu por se tratar de Bumlai nega em CPI influência de “amizades” CONVOCADO Empresário "amigo de Lula" tinha habeas corpus para permanecer calado O empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem à CPI do BNDES, na Câmara dos Deputados, que possui princípios e nunca se deixou levar por amizades. Munido de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que o permitiu ficar calado em audiência com deputados, Bumlai foi convocado para comparecer à audiência da CPI, o que tornou a sua ida obrigatória. Ele, no entanto, só falou ao final, durante as considerações finais. Preso na semana passada, Bumlai é suspeito de ter praticado tráfico de influência em órgãos e instituições do governo federal. "Eu tenho princípios, eu tenho normas, eu jamais me deixei levar por amizades de A, B ou C", disse Bumlai. "A minha vida foi constru- ída com trabalho, com muito suor, morando em porões, construindo parte deste Brasil que ninguém sabe", afirmou.Antes do encerramento da sessão, Bumlai disse ter a "consciência tranquila". "Tenho a minha consciência absolutamente tranquila e o tempo vai mostrar. Não privilegiei ninguém", disse Bumlai, acrescentando ter provas. Logo no início da sessão, o empresário explicou aos deputados que iria se manter calado uma vez que era agora investigado. “Mudou muito a minha condição desde a se- mana passada”, justificou. Diante dos questionamentos dos parlamentares, repetia: “Seguindo a orientação do meu advogado, eu vou me manter calado”. Alguns deputados demonstraram irritação com o silêncio dele. Um dos autores da convocação, o deputado Arnaldo Jordy (PPSPA) o acusou de covardia. "É uma postura covarde, a sua posição aqui é de covardia diante dos interesses do pais, antipatriótica. Espero que tenha noção disso", disse Jordy, acrescentando que o silêncio era "ensurdecedor". matéria inconstitucional que contraria o artigo 5º, o qual assegura o livre exercício de qualquer trabalho, admitindo a imposição de restrições apenas quando houver a possibilidade de ocorrer dano à sociedade. O projeto reservava a profissão aos graduados em design ou em áreas afins, como comunicação visual, desenho industrial, programação visual, projeto de produto, design gráfico, design industrial, design de moda e design de produto. Pela proposta, também poderiam ser registrados os profissionais com pelo menos três anos de experiência. MAIS "Urna custa menos que fundo” O ministro Dias Toffoli, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou ontem que os valores para a Justiça Eleitoral adquirir novas urnas eleitorais com voto impresso são menores que os recursos destinados ao Fundo Partidário. O Tribunal estima que uma nova licitação para a atualização das urnas custará R$ 200 milhões ao Tribunal. "Esse valor que a Justiça Eleitoral está precisando é muito menor do que o Fundo Partidário." O valor atual do fundo, alimentado com recursos públicos e destinado aos partidos políticos, é de R$ 867 milhões. "Nós estamos muito esperançosos de que o Congresso, o Ministério do Planejamento, Tesouro Nacional e a Presidência irão garantir a exceção sobre esses recursos necessários para a continuidade das urnas e das eleições, que têm data marcada", afirmou o ministro no fim da cerimônia do Prêmio Innovare, no Supremo Tribunal Federal (STF). [email protected] O dilema do PT A final, o PT quer salvar Eduardo Cunha para salvar a presidente Dilma, ou quer cassar o presidente da Câmara para tentar salvar a reputação do partido, se é que isso ainda é possível? O que importa mais para o PT, salvar Dilma ou a possibilidade de Lula chegar vivo politicamente em 2018? O ministro da Justiça, certamente atendendo a uma orientação de Dilma, declarou que o governo não está fazendo pressão contra Eduardo Cunha, que continua certo de que todas as denúncias que surgem contra ele têm como fonte o Palácio do Planalto. Mas o presidente do PT, Rui Falcão, fez um apelo público aos três representantes do partido no Conselho de Ética para que votem pela admissibilidade da denúncia que, se acontecer, significará que o presidente da Câmara não tem mais força para controlar o Conselho. Dos nove votos previstos, ele já recebeu sete contra, e não é possível hoje dizer se os três petistas farão a balança pender contra Cunha, ou se o salvarão, e nem mesmo se haverá algum voto inesperado contra ele. Esta noite brasiliense será certamente das mais quentes, muito além do calor de verão que fez o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo, reclamar do ar condicionado da sala. As tentativas de retardar a decisão, ou mesmo de aprovar uma punição mais branda a Eduardo Cunha antes mesmo de começar o processo, aconteceram como o previsto. O tempo que perderam discutindo quem chegou primeiro à reunião, quem furou a fila de presença, foi fundamental para que a votação não acontecesse ontem mesmo. O deputado Ma- noel Junior, do PMDB, suplente no Conselho, jogou como um titular do time de Cunha. Fez diversos questionamentos sobre o regimento, confundindo o já confuso presidente do Conselho, apenas para ganhar tempo, nenhuma questão era fundamental ou realmente necessária. O deputado Wellington Roberto (PR-PB), que apoia o presidente da Câmara, apresentou um voto em separado em que, ao mesmo tempo considera que não há motivos para processar o presidente da Câmara, e pede uma censura pública a ele. O que parece uma contradição em termos tem sua lógica. Se o Conselho considerar que não há motivo para processar Eduardo Cunha, pode haver um recurso ao plenário para rever a decisão. E tudo indica que hoje Cunha já não tem maioria para se livrar do processo. Aliados de Eduardo Cunha fizeram de tudo para retardar a sessão de ontem Mas, se o Conselho decidir puni-lo de alguma maneira, encerra-se lá mesmo a discussão. O deputado Wellington Roberto quer uma punição porque, ao negar durante depoimento na CPI da Petrobras que possuía contas no exterior, Cunha não teria mentido, mas faltado com "a responsabilidade do cuidado nas suas declarações, exigindo o compromisso com a sua exatidão maior do que a demandada dos demais 512 deputados". Eis, senhores, um deputado rigoroso, ético, que mesmo sendo reconhecidamente um aliado de Cunha, quer puni-lo para que pense melhor antes de falar. Enfim, a reunião do Conselho de Ética foi dominada pela pantomima costumeira na Câmara, e até mesmo o deputado Chico Alencar quase foi usado para atrasar mais ainda a decisão final sobre Cunha. Como também o deputado do PSOL está sendo acusado de falta de decoro no Conselho de Ética pelo ético deputado Paulinho da Força, uma manobra de Cunha e aliados contra o PSOL, que liderou o processo contra o presidente da Câmara, o presidente do Conselho José Carlos Araújo chegou a colocar na pauta da reunião de hoje o caso de Alencar antes do de Cunha, alegando que o deputado do PSOL certamente gostaria que seu caso fosse logo julgado. Mas Chico Alencar disse que considerava mais lógico continuar analisando o caso de Cunha para depois entrar o seu na pauta. Hoje, preveem-se mais manobras regimentais antes que a votação prossiga, mas, se nada acontecer na noite de Brasília, é provável que a questão seja resolvida hoje. Uma coisa é certa: os três petistas que compõem o Conselho de Ética não terão uma noite tranquila. OS PONTOS-CHAVE 1 O PT quer salvar Eduardo Cunha para salvar a presidente Dilma, ou quer cassar o presidente da Câmara para tentar salvar a reputação do partido? 2 3 Não é possível dizer se os 3 petistas farão a balança pender contra Cunha. Uma coisa é certa: os petistas do Conselho não terão uma noite tranquila.