Cibelle de Morais Andrade
RA: 042624
Disciplina: Educação e Tecnologia
Professor José Armando Valente
Introdução
ou Cibelle de Morais Andrade, nasci em 1982, em Salvador, cidade em que passei
apenas 6 de meus 24 anos. Esse foi o principal motivo de minha escolha de
aprendizado: foi como um retorno às minhas raízes, e uma forma de matar um
pouco a saudade que sinto da cidade que tanto amo. Sou a terceira de 4 filhos e me
considero uma pessoa de muita sorte por ter a família que tenho. Meus pais, pessoas
admiráveis, sempre alimentaram o sonho de, quando se aposentarem, comprar um motor
home, onde pretendem passar a morar e viajar pelo resto da vida. Esse desejo deles, acredito
eu, foi o que nos fez mudar tanto de cidade. Aos 4 anos de idade, fiz a minha primeira de
tantas mudanças: São Paulo, Curitiba, Campo Largo, Valinhos, Alagoinhas, Entre Rios e
novamente Salvador e São Paulo. Essas mudanças de cidade dizem muito sobre minha
família: nos unimos cada vez mais a cada mudança, aprendemos a nos adaptar rapidamente
frente ao novo, aprendemos a conviver com as diferenças, com o desconhecido, com a
saudade..
Saudade... É mergulhada nela que vejo que não poderia ter feito melhor escolha para o
projeto.
O projeto: A disciplina “Educação e Tecnologia”, ministrada pelo Prof. José A.
Valente da Unicamp cuidou para que o aluno conhecesse seu próprio processo de
aprendizagem e, com o intuito de colocá-lo à prova, foi proposto um projeto, envolvendo um
estudo de algo de seu interesse. Assim, esse produto seria usado para verificar se, de fato, o
aluno aprendeu, levando em conta todas as considerações e reflexões sobre os processos de
construção de conhecimento e da preparação do produto. Entretanto, era de suma importância
o uso nesse estudo de mídias baseadas em tecnologia derivada da eletricidade, já que estas
compõem questão central dentro da disciplina. Aliando meu gosto por cozinhar ao fato de ser
uma soteropolitana saudosa da culinária da cidade em que nasci, os produtos escolhidos por
mim foram o acarajé e o vatapá.
A forma com que se daria esse aprendizado constitui um outro problema do projeto.
Sempre tive uma maior facilidade de percepção com as imagens, pois são delas que,
primeiramente, me lembro e são, a partir delas, que faço as conexões necessárias para me
recordar de determinado assunto. Desse modo, os vídeos e imagens são minha primeira opção
para o desenvolvimento desse projeto.
Não acho que terei grandes problemas. Já fiz anteriormente receitas de bolos e doces
com base na internet. Apesar de muitas não terem dado certo, acho que terei tempo de testar
outras receitas, caso não obtenha sucesso na primeira tentativa.
Objetivo
Meu objetivo nesse projeto é aprender a fazer acarajé e vatapá.
Objetivos Específicos
Para tal empreitada, precisarei coletar receitas, realizar uma pesquisa de preços,
comprar os ingredientes necessários e testar as receitas na cozinha.
Metodologia
A coleta de receitas será feita na internet e em programas culinários da televisão.
Farei, também, uma pesquisa de lugares e preços dos ingredientes necessários. Essas
pesquisas serão feitas através da internet e visita a lugares como supermercados.
Feito isso, irei à cozinha testar as receitas para que possa escolher a que usarei para
servir aos colegas num almoço organizado pela sala.
Todas as etapas serão documentadas através de fotografias e de relatórios.
Resultados
A Receita
Depois de definir os passos, fui atrás das receitas. Através do site de busca Google,
foram diversos os sites encontrados. Por ter grande afinidade com imagens, achei que um
vídeo me seria de grande valia e, primeiramente, procurei os sites que poderiam me oferecêlo. Não consegui encontrar o vídeo e, por isso, tive que mudar meu critério de seleção das
receitas. Procurava, agora, aquelas que me ofereciam as informações de forma mais clara e
precisa. A pré-seleção foi feita através da leitura e análise das receitas com a ajuda de minha
mãe. As que me sobraram foram essas que estão listadas abaixo:
* Programa de TV Culinário, Mais Você:
http://maisvoce.globo.com/culinaria.jsp?id=1384
* Site Portal Brasil:
http://www.portalbrasil.eti.br/salgados.htm
A idéia inicial era escolher uma delas e testá-la. Se aprovada, seria, então, a receita que
usaria para a apresentação final. Caso contrário, testaria uma outra até que o resultado
esperado fosse o desejado. Por já ter seguido outras receitas do Site “Mais Você” e ter gostado
do resultado, este foi o escolhido para o primeiro teste:
Ingredientes
Acarajé:
- 1 kg de feijão fradinho quebrado
- 2 cebolas
- 50g de camarão seco dessalgado
- Sal a gosto
- Azeite de dendê para fritar
Modo de preparo:
Vatapá:
- 3 pães (francês) frescos ou
amanhecidos
- 600ml de leite de coco
- 100g de amendoim torrado e sem
casca
- 100g de castanha de caju torrada
- 1 lasca de gengibre
- 1 cebola
- 3 dentes de alho
- 50g de camarão seco dessalgado
- Sal a gosto
- 1 xícara (chá) de azeite de dendê
- Farinha de trigo, se necessário
Acarajé:
Deixe o feijão de molho por 6 horas. Depois lave até que saia toda casca. Deixe
escorrendo numa peneira com um pano até que fique bem enxuto. No processador,
leve o feijão, uma cebola, o camarão seco, sal a gosto e triture até que fique com uma
consistência de massa. Bata a outra cebola no liquidificador e vá adicionando aos
poucos a massa, batendo com uma colher de pau até atingir o ponto. Esquente bem o
azeite de dendê e coloque os acarajés para fritar.
Vatapá:
Coloque o pão de molho na metade do leite de coco e reserve a outra metade. Deixe
por 2 ou 3 horas. No liquidificador, bata os pães deixados de molho, o amendoim, a
castanha de caju, a gengibre, as cebolas, o alho, o camarão seco e o sal. Triture todos
os ingredientes. Leve ao fogo e vá adicionando aos poucos o restante do leite de coco e
o azeite de dendê, acerte o sal e deixe por 20 a 30 minutos. Deve até atingir o ponto de
consistência de uma pasta firme. Se ficar ralo acrescente um pouco de farinha de
trigo.
Corte o acarajé ao meio e recheie com um pouco de vatapá.
Pesquisa de Preço e ingredientes
Fig. 1 - Lapa
Minha primeira preocupação, depois de ter feito a escolha
do projeto, foi a de não encontrar os ingredientes necessários.
Visitei alguns supermercados e lojas especializadas em produtos
nordestinos, as chamadas “Casas do Norte” e percebi que, sim, os
produtos podem ser encontrados também em São Paulo. Pude
perceber, também, que os preços variavam (e muito) de lugar para
outro. Era necessário, então, que fosse feita uma pesquisa de preço,
que foi dividida em dois sábados.
No primeiro, visitei alguns supermercados como “Pão de
Açúcar”, Carrefour e Mambo. No segundo, fui a uma “Casa do
Norte” na Vila Madalena e ao Mercado da Lapa. Pelo fato de não
haver muita diferença na qualidade dos produtos, foi a questão
financeira a única responsável pela escolha do lugar a serem
comprados os ingredientes. O Mercado da Lapa tinha a vantagem
de 8 reais, em média, dos outros lugares. Estava, assim, feita a
escolha.
Fig. 2 - Mercado
Fig. 3 – Box 1
Fig. 4 – Box 2
Fig. 5 – Box 3
Fig. 7 – Vista externa do Mercado da Lapa
Fig. 6 – Vendedor
Fig. 8 – Preparativos
Receita escolhida e ingredientes comprados. Era hora, então,
de “botar a mão na massa”. Para que o processo de aprendizado
realmente fizesse efeito, achei que não deveria fazer o acarajé e o
vatapá no mesmo dia. Optei por fazer, primeiramente, o acarajé.
O Acarajé
Fig. 9 – Cebola
Fig. 10 – Moendo o feijão
Fig. 11 – Fritando
Fig. 12 – Acarajé fritando
Fig. 13 – Pronto
De acordo com a receita, o feijão deveria ser posto de molho
6 horas antes, o que foi feito no dia 14/10/2006. No dia 15, logo
cedo, comecei a reunir os ingredientes e os instrumentos de que
precisaria.
Segui passo a passo a receita sem muitos problemas. O
único que poderia citar é o do ponto da massa. De acordo com
minhas pesquisas, a massa deveria ficar “não muito mole, nem
muito dura”, e eu não sabia o que significava isso exatamente.
Resolvi testar a massa colocando-a no óleo de dendê quente.
A massa se abriu e, é claro, alguma coisa estava errada: a massa
estava muito mole.
Voltei a massa para o processador, acrescentei feijão seco e
bati. Esse processo durou cerca de quarenta minutos.
Resolvi testá-la pela segunda vez e pra minha surpresa, a
massa não se desfez. Estava, assim, atingido o ponto do “nem muito
mole, nem muito dura”.
Minha preocupação era guardar bem esse ponto da massa
para que conseguisse repeti-lo posteriormente. Isso foi feito através
da observação e do manuseio da massa.
Hora de fritar o acarajé. Aprendi com minha mãe que
deveria usar uma colher molhada para pegar a quantidade de massa
antes de colocá-la no óleo. Sem muitos problemas, consegui fritálos e, já conhecendo o acarajé pronto, soube ver quando estava bom
de retirá-lo do fogo.
O “grupo de teste”, responsável por experimentar o acarajé,
foi composto por alguns membros de minha família e uma amiga.
Eles aprovaram o resultado. Experimentei e percebi que o sabor
estava mesmo muito próximo daqueles que costumo comer em
Salvador em minhas férias. Conclusão: “É essa a receita!”.
O Vatapá
Fig. 14 – Pão de molho
Fig. 15 – Ingredientes
Fig. 16 – Vatapá pronto
Já na etapa de pesquisa das receitas, tive a impressão de que
o preparo do vatapá era mais simples que o do acarajé. Estava certa.
Segui a receita sem problema algum. A única dificuldade estava em
acertar o sal e, pra isso, contei com a ajuda de minha mãe.
Acrescentamos um pouco de sal à receita original e... Pronto!
O mesmo grupo de teste do acarajé foi escalado. Estavam
todos a postos. Por não ter feito o acarajé no dia, experimentamos
com arroz, o que também é usado comumente como
acompanhamento do vatapá. Receita aprovadíssima.
Um detalhe importante: em minha pesquisa procurei saber se
podia congelar o vatapá e o acarajé para que pudesse servir algumas
semanas depois. Não era aconselhado que a massa do acarajé fosse
congelada; mas o vatapá, com o devido cuidado, poderia sim ir ao
freezer para ser servido, no máximo, 3 semanas depois. Foi feito,
então: deixei que o vatapá esfriasse e coloquei num pote plástico
bem vedado. Levei ao freezer.
Apresentação Final
De início, minha intenção era servir aos
colegas em um almoço organizado pela sala.
Infelizmente, não pude comparecer. O preparo
se deu, então, na casa de meus pais, em São
Paulo. Minha responsabilidade era grande,
afinal, me tornava a única responsável pelo
almoço de um sábado de 6 pessoas.
Já sabendo onde tinha errado, achei que
dessa vez tudo sairia às mil maravilhas. Não foi
bem assim. Não repeti os mesmos erros, mas
cometi um outro.
Tinha programado o início do preparo
Fig. 17 – Acarajé pronto pra servir
para as 9h. Ou seja, o feijão teria que ser posto
de molho às 3h da madrugada. Só fui perceber que havia me esquecido completamente do
molho do feijão quando já estava na cozinha arrumando as coisas pra começar o preparo. É
claro que o pessoal não ficou nem um pouco feliz comigo e, algumas briguinhas depois,
resolvi que faria no dia seguinte.
Data remarcada e despertador programado, lá estava eu na cozinha ao meio-dia do dia
seguinte. Como o vatapá já estava pronto, só tive o trabalho de tirá-lo do freezer para que
descongelasse e comecei o preparo do acarajé. No mais, tudo correu bem. Por volta de
13h30min, já estava fritando os acarajés. Coloquei o vatapá pra esquentar em banho-maria e,
à medida que os acarajés saíam do fogo, minha família almoçava. É claro que meu almoço
ficou pra mais tarde, mas nem por isso menos gostoso.
Nesse processo, posso dizer que minha principal constatação sobre as formas que
aprendo é que tenho grande facilidade de me adaptar ao material que me seja disponibilizado.
Esperava obter imagens que guiassem minha empreitada, mas como não consegui, soube dar
continuidade ao processo apenas com dicas e explicações textuais.
Percebi também, que em alguns momentos, sentia a necessidade de estar sozinha, isso
principalmente na hora da pesquisa. Porém, em outros momentos, pedia para que alguém
estivesse ao meu lado. Nesse ponto, devo citar a presença de minha mãe, que, por ter mais
conhecimentos sobre culinária, me passava confiança para que pudesse seguir a receita sem
maiores problemas. A necessidade de estar com alguém por perto se fez também na hora de
recapitular os passos dados por mim nos testes das receitas. Pude perceber que isso é uma
constante em meus estudos: preciso discutir com alguém sobre um determinado assunto para
que possa confrontar minhas idéias com a de outros, obter maiores informações sobre ele e
fixar melhor aquilo que foi estudado.
Devo citar, também, minha ansiedade para pôr minhas pesquisas em prática. Sempre
me considerei uma pessoa desatenta e inquieta e, por isso, acabo por preferir as coisas que me
prendam mais a atenção. É no campo prático que me sinto mais envolvida pelo material que
está sendo estudado e, por perder menos a concentração, acabo por assimilar melhor o
assunto. Posso, assim, dizer que a hora de testar as receitas foi a mais esperada e, também, a
mais prazerosa pra mim.
Conclusão
Acredito que consegui atingir o objetivo do projeto. Porém, como tive
um pouco mais de um mês de aprendizagem, não posso dizer que
poderia abrir uma barraca de acarajé pra vender na rua, por exemplo. O
importante é que o primeiro passo foi dado e agora tenho a
oportunidade de incrementar mais na próxima vez que quiser preparar
Fig. 18 – Final Feliz
essas iguarias.
Outro ponto importante nesse projeto, e que não se restringe ao produto
culinário, é que pude ter uma noção maior de como posso aprender através da tecnologia. Ele
me ensinou que essa construção do conhecimento, apesar de parecer rápida, exige muito
cuidado, um bom planejamento e uma pesquisa minuciosa. Em relação a isso, posso dizer que
na hora em que precisei escolher uma receita a seguir, optei, por um site em que confiava,
fazendo um bom uso do dinheiro e do tempo que gastaria.
Com certeza, essa aprendizagem fará parte de meu futuro. Já havia aprendido certas
coisas pela internet, mas esse projeto foi o primeiro a me proporcionar o aprendizado de algo
pela internet de forma integral. As formas com que achava que aprendia foram confirmadas
no processo e isso fará com que tenha mais facilidade em meus próximos projetos de estudo.
Bibliografia
Valente, José Armando. A espiral da aprendizagem e as tecnologias da informação e
comunicação: repensando conceitos. In: A Tecnologia no Ensino: implicações para a
aprendizagem; Editado por Maria Cristina Joly, São Paulo: Casa do Psicólogo Editora, 2002
P. 15-37./
Valente, José Armando. Concepções de aprendizagem.
Cavellucci, Lia C. B. & Valente, José Armando. Preferências de Aprendizagem:
aprendendo na empresa e criando oportunidade na escola.
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artigo final