VARIEDADES CORREIO DO POVO DOMINGO, 10 de fevereiro de 2002 — 19 SOCIEDADE Eduardo Conill FOTOS ABELARDO MARQUES No Sambódromo do Rio V Í D E O / DV D Drama e história nos lançamentos Conflitos pessoais, dramas familiares e históricos estão presentes entre as novidades do mês de fevereiro, em VHS e DVD. Histórico — A saga de três gerações de uma família judia-húngara é o centro da trama de “Sunshine - O Despertar de um Século”, lançamento da Europa/Filmark com direção de István Szabó. Ficção e cenas de documentários históricos se mesclam a fim de retratar os dramas dos Sonnenschein. Paixões proibidas, segredos, política, religião e o Holocausto definem os rumos da vida de cada personagem, até o momento em que o contemporâneo Ivan Sonnenschein enfrenta o passado e descobre duras verdades sobre si mesmo. Ralph Fiennes é o protagonista. Conflitos — Vencedor na categoria Melhor Diretor do Festival de Cannes e premiado como Melhor Filme Estrangeiro pela Associação de Críticos de Nova York, “As Coisas Simples da Vida”, de Edward Yang, é lançamento da Europa Filmes. Uma típica família de classe média de Taipei enfrenta uma série de contratempos, imprevistos e conflitos de ordem emocional. Ao mesmo tempo em que encaram o drama de uma possível falência financeira, têm de evitar a dissolução da família. Com Nianzhen Wu. Mundialmente famosa, a Marquês de Sapucaí se prepara para ser mais uma vez o palco de uma das mais deslumbrantes festas da Terra: o desfile das escolas de samba do primeiro grupo do Rio, que é a maior atração do carnaval brasileiro. Sete escolas desfilarão na noite de domingo e outras sete na noite de segunda, perfazendo um total de 14 escolas. Neste domingo, a São Clemente abre o desfile e vem com o enredo “Guapimirim, paraíso ecológico abençoado pelo Dedo de Deus”, cuja história conta as belezas naturais da Guana- Inez Aragão bara. Solange Gomes vem à frente da bateria da escola. Em seguida, entra a Caprichosos de Pilares, com o tema “Deu pra ti. Tô em alto-astral. Tô com Porto Alegre trilegal”, de autoria do carnavalesco Jaime Cezário, que mostrará as belezas e as tradições de Porto Alegre, quando a cidade completa 230 anos. Vários artistas do Portinho serão lembrados, como Mario Quintana, Elis Regina, Adriana Calcanhoto e Luis Fernando Verissimo. A polêmica Ângela Bismarck vai abrir o desfile da escola, exibindo na pele a bandeira de Porto Alegre, cuja pintura será feita por Albery. A multimídia Nana Gouveia virá com fantasia Bolo de Aniversário. E centenas de porto-alegrenses desfilarão em várias alas. De autoria do carnavalesco Milton Cunha, a Unidos da Tijuca vem com o enredo “O Sol brilha eternamente sobre o mundo da língua portuguesa”, que irá homenagear os oito países que falam a língua. O carro abre-alas, todo confeccionado em espelhos, vai levar 42 pavões, símbolo da escola. A modelo Fábia Borges será uma das atrações do desfile. Com o tema “Os papagaios amarelos nas terras encantadas do Maranhão”, chega à avenida a Acadêmicos do Grande Rio, mostrando a história dos franceses que partiram de caravelas para conquistar as terras do Maranhão, de autoria do consagrado Joãosinho Trinta. Luciana Gimenez virá como madrinha da bateria e nas diversas alas estarão Valéria Valenssa, Miguel Falabella, Suzana Vieira e Raul Gazzolla. O dublê Eric Deise Zarth Marilia Osorio Scott entrará novamente “voando” na Marquês de Sapucaí, assim como fez em 2001, para dar boas-vindas ao público. A seguir vem a Tradição, com o enredo “Os encantos da costa do Sol”, mostrando o litoral que vai de Rio Bonito a Macaé. Um dos destaques da escola é a porta-bandeira Wilma Nascimento, também conhecida como Cisne da Passarela. Várias esportistas estarão nas alas, como Dora Bria, Virna e Leila. Mário Quintaes é o responsável pelo enredo “Asas de um sonho, viajando com o Salgueiro, o orgulho de ser brasileiro”, com a Acadêmicos do Salgueiro mostrando a história da aviação, desde o pioneirismo até a chegada do homem à Lua. Joãosinho Trinta e a Grande Rio serão homenageados pelo Salgueiro, pois foram eles os responsáveis pelo primeiro e único homem voador no carnaval carioca. Encerrando a primeira etapa do desfile, chega a Beija-Flor de Nilópolis, com o enredo “O Brasil dá o ar de sua graça, de Ícaro a Rubem Berta, o ímpeto de voar”, cuja história mostra a luta do homem para conquistar os céus, numa grande homenagem ao gaúcho Rubem Berta. Duas filhas do homenageado virão num carro, enquanto numa das alas estará a atriz Cláudia Raia, e o marido Edson Celulari vai estar na bateria. Adriana Borrajo Torelly D. Pedro II em Bayreuth Bayreuth, a cidade dos Festivais de Wagner, está localizada na Alta Francônia, entre Berlim e Munique, e a não mais que 80 quilômetros de Nuremberg. Após uma visita realizada em 1870, Wagner decidiu que havia encontrado a cidade ideal para construir o seu Teatro dos Festivais, dedicado a executar apenas as suas obras, entre elas a mais grandiosa, o famoso ciclo do “Anel do Nibelungo”. A pedra fundamental foi assentada em 22 de maio de 1872 – dia em que Wagner completava 59 anos –, e o início das obras começa com fundos arrecadados pelas Sociedades Wagnerianas. Um dos subscritores foi o imperador Pedro II, wagneriano de longa data. Em 1850, quando Wagner estava exilado na Suíça, devido à fracassada Revolução de Dresden, recebeu cartas do imperador, convidando-o a se instalar no Brasil e a escrever óperas para o Teatro do Rio de Janeiro. Em 1871, dom Pedro II viaja pela primeira vez à Europa, onde mantém encontros com Wagner. Em agosto de 1876, inaugura-se o Teatro dos Festivais, para a primeira apresentação do ciclo completo do “Anel”. Entre os convidados, representando as realezas da Alemanha e do Brasil, destacam-se: Ludwig II da Baviera, imperador Guilherme I da Prússia, dom Pedro II, imperador do Brasil, mais o chanceler Otto von Bismarck, Frans Liszt, Edward Grieg, Peter Tchaikovski, Saint Säens, enfim, toda a intelligentsia do mundo das artes. Nosso imperador também participa de um concerto dado por Liszt – sogro de Wagner – e é um dos pre- sentes ao grande banquete comemorativo à inauguração do Festival, que até hoje segue sendo a grande meca dos wagnerianos. Devido ao mecenato proporcionado por Ludwig II ao mestre de Bayreuth, perdemos a chance de termos Wagner na corte do Rio de Janeiro, adaptando-se aos modismos cariocas e ao clima tropical. E quem sabe compondo um novo estilo de ópera com influências tipicamente brasileiras. Enfrentando o “Anel” O “Anel” é a mais gigantesca obra musical na história das óperas. Wagner trabalhou 26 anos na elaboração das quatro óperas que compõem o ciclo. A apresentação de “Rheingold” (O Ouro do Reno), “Die Walküre” (A Valquíria), “Siegfried” e “Götterdammerung” (O Crepúsculo dos Deuses) duram 16 horas – são quatro noites de espetáculos – e, anualmente, milhares de fãs de Wagner e da “Tetralogia” se dirigem ao Teatro do Festivais, situado na mítica Colina Verde, que se ergue junto à pequena cidade de Bayreuth, para desfrutarem deste espetáculo ímpar. Discos recomendados: “Der Ring ohne Worte” (O Anel sem palavras) Regência de Lorin Maazel Berliner Philharmoniker Telarc – CD 80154 Esta gravação é uma síntese musical da “Tetralogia”, sem a participação de cantores, envolvendo o ouvinte nos trechos mais empolgantes da obra e nos principais motivos condutores (leitmotiv) “Der Ring des Nibelungen” – Wagner Great Scenes Regência de sir Georg Solti Wiener Philharmoniker Decca – 421313-2 Este disco, com os principais trechos da obra que foi gravada na íntegra por Solti, em Viena, é considerado o melhor até hoje. O professor Mário Henrique Simonsen sempre o recomendava para aqueles que queriam se iniciar nos segredos do “Anel”. Esta gravação conta com os maiores intérpretes wagnerianos da segunda metade do século XX, tais como Birgitt Nilsson, Hans Hotter, Wolfgang Windgassen, Régine Crespin, Kirsten Flagstad e Dietrich Fischer-Dieskau.