Informativo da Central Única dos Trabalhadores do Estado Rio de Janeiro - Dezembro 2011 - Nº 1 Ufa! Foi um ano de tirar o fôlego. Bem ao seu estilo, os ativistas e dirigentes da CUT-RJ e suas entidades filiadas protagonizaram inúmeros momentos da luta sindical, social, econômica e política do Estado do Rio de Janeiro. Fiel à sua vocação de ocupar as ruas, a central esteve à frente de atos e manifestações, passeatas e mobilizações. Por melhores salários e condições de trabalho, liderou várias greves, no estado, pressionou os patrões e negociou intensamente em nome dos interesses da classe trabalhadora. A CUT-RJ também promoveu, organizou ou apoiou conferências, seminários, debates e palestras com temáticas relevantes para os trabalhadores, a população, o Rio de Janeiro e o Brasil. Esta edição de lançamento do Jornal Classe traz um balanço das atividades da CUT-RJ em 2011. Veja porque é cada dia mais atual a máxima “Somos fortes, somos CUT.” PÁGINA 3 CUT na linha de frente das greves PÁGINA 5 Exclusivo: Classe entrevista Paulo Henrique Amorim PÁGINA 10 Na rua, junto com o povo Página 2 dezembro 2011 Direção Executiva da CUT-RJ Gestão 2009/2012 com grande satisfação que apresentamos ao mo vimento sindical e popular e à sociedade do estado do Rio de Janeiro o jornal Classe, o novo veículo da Central Única dos Trabalhadores. Fruto do esforço da direção da central, especificamente da sua Secretaria de Comunicação, esse novo veículo vem se somar a várias outras iniciativas na área de comu nicação da CUT-RJ, voltadas não só para fazer circular a informação classista e de qualidade no âmbito cutista, como também contribuir para a luta pela democratização da comunicação em nosso país. Temos consciência de cada produto de comunicação a mais no campo democrático, como jornais, panfletos, revistas, blo gs, sites, programas de rádio e TV jogam um papel importante na queda de braço contra o oli gopólio familiar que controla os meios de comunicação no Bra sil, negando ao povo brasileiro o acesso à informação plural, democrática, que valorize a cul tura popular e dê voz e vez às produções regionais desse país de dimensões continentais. Da parte da Secretaria de Comunicação da CUT-RJ, a sensação é de missão cum prida. O lançamento do Classe significa a concretização de to das as metas para o setor de co municação da CUT-RJ definida no planejamento estratégico da atual direção, realizado em ou tubro de 2009. De lá para cá, a secretaria contratou mais um profissional para o setor, lançou um novo portal de comunicação, criou um novo boletim eletrônico e pôs no ar um programa de rádio (A Voz do Trabalhador), em par ceria com a ONG Criar Brasil, que já passou da 100ª edição. Também, junto com essa ONG e com o patrocínio da Petro brás, tornou realidade o projeto Jornada, através do qual foram produzidos dez vídeos sobre o mundo do trabalho. Além disso, reativou o coletivo de comunica ção, promoveu uma oficina de mídia social e realizou mais um seminário de comunicação. Consideramos muito feliz a escolha do nome do nosso ve ículo impresso. Classe remete, evidentemente, à luta da classe trabalhadora por melhores con dições salariais, de trabalho e de vida, mas também nos faz assumir o compromisso de edi tar esse periódico com a classe digna de quem constrói as rique zas do Brasil e do mundo, os tra balhadores e trabalhadoras • • • • • • • • • • • • • • Presidente . Vice-presidente Secretário Geral . Secretário de Administração e Finanças Secretário de Organização e Política Sindical. Secretário de Formação Secretário de Comunicação Secretária pela Igualdade Racial Secretária da Mulher Trabalhadora Secretário do Meio Ambiente Secretário das Relações de Trabalho Secretária de Juventude Secretário de Saúde do Trabalhador Secretário de Políticas Sociais Darby de Lemos Igayara Neuza Luzia Pinto Aurélio Antonio de Medeiros José Antônio Garcia Lima Indalécio Wanderley Silva Roberto Ponciano G. de S.Junior Vitor Luiz S. de Carvalho Glorya Maria Alves Ramos Vergínia Dirami Berriel Edison Munhoz Filho Marcello Rodrigues de Azevedo Greice Damião Assis Antonio Barbosa dos Santos Manoel(zinho) Oscar J. Barbosa Direção Efetiva • • • • • • • • • • • • • • • • • • Alessandra Araújo Zanella André Jorge M da Costa Marinho Andréa Bussolo Oliveira Carlos Antonio Ribeiro Rodrigues Francisco Carlos dos Santos Helio Ricardo Batista da Cunha Jadir Baptista de Araújo Jorge Olintho de Oliveira Marins Luiz Claudio de Oliveira Maia Luiz Sergio de Almeida Dias Luiza de Fátima Dantas Marcelo Rodrigues Marílio Luis da Silva Paixão Marlene Silva de Miranda Oswaldo Luis Cordeiro Teles Rosana Meira Rodrigues Mesquita Sergio Magalhães Gianetto Sergio Pinto Soares • • • • Thiara Nascimento da Cruz Vagner Anselmo de Albuquerque Valmir de Lemos – “Índio” Yeda Glauce Silva Paiva Conselho Fiscal Titulares • • • Francisco José Izidoro da Fonseca Claudio José de Oliveira Suely Cardoso Barcellos Suplentes • • • Sergio Abbade Pinto Neto Pedro Batista Fraga Henriques Maria de Lourdes Silva Pereira EXPEDIENTE Central Única dos Trabalhadores no Estado do Rio de Janeiro Av. Presidente Vargas, nº 502/15º andar - Centro - Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (21) 2196-6700 Classe - Informativo da CUT-RJ Darby Igayara Presidente da CUT-RJ Vitor Carvalho Secretário de Comunicação da CUT-RJ Edição: Bepe Damasco; Redação: Bepe Damasco e Jean Oliveira; Diagramação e arte final: Marco Scalzo; Fotografia: Nando Neves, Robson Monte, Bepe Damasco, Marco Scalzo, Socorro Andrade, Henri Figueiredo, Emanuel Marinho, Claudionor Santana e Marcelo Rodrigues; Impressão: 3GrafEditora; Tiragem: 5 mil exemplares Página 3 DEZEMBRO 2011 or se negar a tratar os governos de Lula e Dilma como os da ditadura, de Sarney, Collor e FHC, os adversários da CUT, com o apoio entusiasmado do Partido da Imprensa Golpista (PIG), tentaram carimbar a central como governista e chapa branca. Não colou. E sabem por que? Porque no movimento sindical ninguém propõe, lidera e organiza tantas lutas como a CUT. Só no Rio de Janeiro, em 2011, cruzaram os braços em defesa dos seus direitos bancários, portuários, trabalhadores do UFRJ, servidores das justiças federais, trabalhadores em tecnologia da informação e nos setores de energia e telecomunicações entre outras categorias. Trabalhador es da UFRJ (junho/julh o) s s dos Correio io r á n io c n u F bro) /outu (setembro es em Trabalhador o) ções (janeir a ic n u m o c le te Bancários /outubro) (setembro Servidores d as Justiças Federais (ou tubr o) Trabalhador es no setor de Energia (fev ere iro/maio/ju nho) Portuários ( outubro) Trabalhador es em TI (novembro ) Página 4 tadual de Encontro Es vereiro) e f ( o ã ç a m r Fo Dirigentes e militantes de sindicatos e oposições cutistas se reuniram durante um fim de semana em Araruama, na Região dos Lagos, para discutir as políticas e ações de formação da CUT-RJ para 2011. Na ocasião, foram aprovados o plano de trabalho, as diretrizes, metas e ações, além das resoluções gerais que nortearam a formação cutista durante o ano. re novas Oficina sob ho) mídias (jun O auditório da CUT-RJ foi ocupado por dirigentes dirigentes e profissionais de comunicação e muitos notebooks conectados à internet. Tudo para aproveitar ao máximo a aula sobre redes sociais, compartilhamento de imagens, interação virtual, web rádio e web TV, transmissão de áudio e vídeo ao vivo pela internet, entre outros assuntos abordados pelo jornalista multimídia Arthur William. DEZEMBRO 2011 Coletivo de Comunicação (fevereiro) Depois de um tempo inativo, o Coletivo de Comunicação da CUT-RJ retomou suas atividades com todo o gás. Dirigentes e jornalistas da central e entidades filiadas expuseram alguns problemas e soluções para a comunicação sindical cutista e apontaram sugestões para o funcionamento do coletivo, como a realização de reuniões mensais e um seminário. Poder, Socialismo e Democracia (abril a julho) No ciclo de debates que discutiu da conjuntura estadual e nacional à atualidade da Comuna de Paris, passando por vários outros assuntos, a CUT-RJ recebeu políticos e intelectuais renomados como José Dirceu (foto), Robson Leite, Emir Sader, Virginia Fontes, Giuseppe Cocco, Gaudência Frigotto, Marcos Iannoni e Esther Kupperman. Plano Nacio nal de Form ação (abril a set embro) Os cursos de Organização e Representação Sindical de Base (ORSB) e Formação de Formadores (FF) constituíram a base do Plano Nacional de Formação da CUT em 2011. Foram três cursos ORSB (Norte Fluminense, Região Serrana e Rio de Janeiro), cada um com três módulos, e um curso FF que formou 12 novos formadores cutistas em nosso estado. Seminário de Comunicaç ão (outubr o) Discutir a utilização de todas as mídias existentes pela classe trabalhadora. Esse foi o objetivo alcançado pelo seminário que, durante dois dias, reuniu mais de 60 pessoas, entre dirigentes e profissionais de comunicação sindical, no auditório do Hotel Rio’s Presidente. O grupo de debatedores foi formado por especialistas em comunicação e intelectuais ligados à democratização das comunicações. dezembro 2011 Página 5 Entrevista/Paulo Henrique Amorim Por Bepe Damasco Com seu estilo franco, direto e contundente de sempre, o jornalista Paulo Henrique Amorim concedeu à edição número 1 do Classe uma entrevista marcante sob todos os pontos de vista. Durante mais de uma hora, Paulo Henrique conversou, no seu apartamento, em São Paulo, com o jornalista Bepe Damasco, assessor de comunicação da CUT-RJ. Mais do que não deixar pergunta sem resposta, esse carioca de “conversa afiada”, radicado em São Paulo, é um lead (que no jargão jornalístico significa a parte da matéria com o conteúdo mais importante) ambulante. Ele falou apaixonadamente sobre um sem número de assuntos, tais como a ação deletéria do Partido da Imprensa Golpista, balanço do governo Dilma, sua passagem pela Globo, a edição do debate Lula x Collor, a urgência de uma Ley de Medios no Brasil, “o mensalão português”, os processos que movem contra ele, o engavetamento do projeto de marco regulatório do ex-ministro Franklin Martins, o medo que Lula e Dilma têm da Globo e muito mais. Sobre o trânsito do banqueiro Daniel Dantas pelos corredores do poder, ele disparou um míssil: “Dantas comprou o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a Imprensa. Comprou o Brasil.” A íntegra da entrevista está em www.cutrj.org.br. Classe: Nos fale um pouco sobre sua origem e sua trajetória na imprensa brasileira? Paulo Henrique Amorim - Eu praticamente nasci como jornalista, no sentido de que o meu pai era jornalista. Ele enfrentou a censura da ditadura Vargas e trabalhou com o então jornalista Mário Martins, depois senador, e hoje conhecido como pai do Franklin Martins, do Vítor e da Ana Maria Machado. Meu pai levava para a casa aquelas folhas em que se desenhava o jornal. E eu praticamente me alfabetizei preenchendo essas páginas de jornal que o meu pai levava. Aí quando eu fui para a escola já estava praticamente alfabetizado. Classe: Você é carioca de onde? PHA - Sou carioca da Glória, mas me criei na Zona Norte. Marechal Hermes, Vila Kosmos, Cascadura, naquela região ali. Classe: Ao criar o blog Conversa Afiada, você chegou a imaginar que ele faria o sucesso estrondoso que faz? PHA - Não. O blog nasceu, na verdade, mais por uma preocupação tecnológica minha. Eu sempre tive, como jornalista, desde o comecinho, uma angustia que me perseguia, que era a necessidade de nunca me deixar atrasar tecnologicamente. Eu sempre quis estar na tecnologia da frente. Eu me lembro que ficava angustiado porque nunca tinha feito televisão. Depois, fiquei angustiado porque não tinha feito internet. Eu não pretendia fazer um blog necessariamente político, um blog necessariamente afiado. Eu sempre acreditei que ser jornalista é ser repórter. Ser jornalista é dar informações originais ou mostrar acontecimentos de um ângulo original. Sempre em busca de oferecer informação, porque numa sociedade democrática a informação é um bem precioso. Você permite que as pessoas com mais informação decidam melhor. Seja como eleitor, seja como pai, seja como membro de uma comunidade, seja como empreendedor, seja como consumidor, etc, etc. Classe: Que balanço você faz do estágio atual da luta pela democratização das comunicações no Brasil? PHA - O estágio atual é de desalento. De desalento e decepção. O presidente Lula governou debaixo de vara. A Página 6 dezembro 2011 imprensa brasileira, que no meu site eu chamo de PIG, tratou o Lula de uma forma vergonhosamente parcial. E o Lula foi incapaz de tomar qualquer providência para criar os mecanismos institucionais que permitissem oferecer ao público uma visão alternativa do que estava acontecendo. Aos 44 do segundo tempo, Lula pediu ao Franklin para fazer um projeto de lei. Ele deu apoio à Confecom, a Confecom apresentou todas as ideias que seriam necessárias apresentar. O Franklin fez uma série de seminários e reuniões para buscar, inclusive, o testemunho e o reconhecimento de organizações internacionais que tratam da questão do marco regulatório. Isso foi consubstanciado num projeto de lei, numa série de propostas que o Franklin entregou educadamente ao seu sucessor, o Paulo Bernardo, o que acho que o Franklin fez muito bem. O Paulo Bernardo fez críticas deselegantes ao projeto, com palavras que a boa educação não recomendam. Classe: A rigor, ele sentou em cima do projeto Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França, estou falando de novas democracias como México, Portugal, Espanha, Argentina, Chile e Uruguai. Em nenhuma nova democracia no mundo existe o que existe aqui no Brasil com a Globo. E consolidada através de mecanismos, como, por exemplo, a propriedade cruzada. Lula e Dilma têm medo de o Jornal Nacional derrubar o governo PHA - Ele sentou em cima e colocou debaixo dos projetos que o Sérgio Motta fez para o Fernando Henrique. O Sérgio Motta fez três projetos de marco regulatório da mídia, e o FHC jogou os três fora. Jogou fora não, botou na gaveta. E debaixo desses três do Sérgio Motta, o Paulo Bernardo botou o do Franklin. Eu acho que os primeiros sinais que a presidenta Dilma deu neste sentido foram decepcionantes. A primeira coisa que ela fez foi ir ao aniversário da Folha. A primeira coisa que o Lula fez em 2002 depois de eleito foi ser co-âncora do Jornal Nacional em companhia do William Bonner e da Fátima Bernardes. Ali eu disse : bom, a vaca foi para o brejo. Porque o Jornal Nacional tratou o Lula de uma maneira parcial, sempre parcial, e a primeira coisa que ele faz foi se sentir honrado em ancorar os Jornal Nacional ao lado dos algozes. Classe: Paulo Henrique, há não muitos anos as pessoas praticamente cruzavam os braços em relação ao poderio da mídia. Hoje muitas pessoas e entidades debatem o tema, que culminou com a Confecom .Você acha que podemos projetar um futuro melhor ou lutamos contra forças tão poderosas que tudo isso pode não dar em coisa alguma? PHA - Isso pode dar em alguma coisa. Hoje o constrangimento do governo é maior. Você vê, por exemplo, que o PT fez um seminário para estudar a questão da comunicação e o Paulo Bernardo fugiu. Classe: Como fugiu do Encontro Internacional dos Blogueiros, em Foz do Iguaçu? PHA - Como fugiu de Foz do Iguaçu. Paulo Bernardo não vai. Ou seja, o governo Dilma não tem condições de discutir com a sociedade a questão da Ley de Medios. O PT não pode discutir a Ley de Medios. O PT não tem que fazer seminário, o PT tem que governar. O PT é governo há oito anos, mais um, nove. Quem faz seminário é oposição. Já tem a Confecom, já tem o projeto do Franklin. Classe: Mas o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o partido tem sua própria pauta, e que ela, em alguns momentos, é diferente da pauta do governo. Classe: Isso se deve a uma crença de que possível ter uma convivência pacífica com a mídia ou é medo mesmo? PHA - Trololó, trololó. O PT não tem pauta diferente nenhuma. O PT é governo. Quem tem outra pauta é o PSDB. Ou troca o Paulo Bernardo ou põe o Paulo Bernardo para botar uma Ley de Medios no Congresso. PHA - Eu acho que é medo. O Lula e a Dilma têm medo da Globo. É só isso. Classe: Ele tem dito que vai colocar o projeto do Franklin para consulta pública na internet. Classe: Têm mais medo da Globo do que da Folha, por exemplo? PHA - Ele está dizendo a mesma coisa desde que chegou. O fato é o seguinte: o Paulo Bernardo não pode ir a uma reunião do PT. Ele não tem autoridade moral e política para ir a uma reunião do PT. Isso é uma forma de constrangimento importante para o governo. Eu entrevistei o Inácio Arruda, senador do PCdoB. Ele fez um paralelo muito interessante. Quando o Adib Jatene quis aprovar, no governo FHC, a CPMF, ele bateu na porta de todas as lideranças do Congresso para pedir uma CPMF. E aprovou. E agora o governo tem que bater em todas as portas para aprovar uma Ley de Medios, Agora, diz o Franklin : o ponto de partida de qualquer Ley dos Medios é a Constituição brasileira de 1988. PHA - Sim, Folha, Estadão e Veja são subadversários. Classe: Medo exatamente de quê? PHA - Têm medo de o Jornal Nacional derrubar o governo. Porque as denúncias da Folha, do Estadão e da Veja não têm a menor repercussão, a menor importância, se elas não tiverem a câmara de eco do Jornal Nacional. E a câmara de eco do Jornal Nacional reproduz, aumenta, amplifica e dá mais dimensão ao que acontece no Congresso. Nós temos o caso do ínclito e notável senador Álvaro Dias, que é um plagiador. Como se sabe, ele não tem nenhuma ideia original. Ele denuncia tudo que já foi denunciado. Então, eu acho que o grave nessa posição não é que eles, Lula e Dilma, estejam apenas preservando o seu governo. O problema aí não é preservar o governo Lula e Dilma, o problema aí é criar os mecanismos institucionais para a democratização da mídia. O Boni disse na entrevista que ele deu ao Geneton, na Globo News, que nenhuma televisão no mundo tem o share de audiência que a Globo tem. Nenhuma. Em nenhuma nova democracia do mundo, e eu não falo de Classe: Frankilin tem dito: vamos trabalhar com livrinho na mão. PHA - Isso. Vamos trabalhar com o livrinho na mão. O Inácio Arruda lembrou que todas as correntes de opinião brasileiras estão entre os 81 senadores e os 513 deputados federais. Vamos botar todo mundo numa mesa, como se faz num bom Congresso, e discutir. A bancada do coronelismo eletrônico tem uma posição, eu tenho outra, o PT tem outra, os tucanos têm outra, e vamos negociar. Agora , isso só chega se o governo tomar a iniciativa Qual é o medo de mandar uma Ley de Medios para o Congresso? Sai da toca, vamos discutir no Congresso. Esse trololó que tem aí de censura é papo furado. É como eu digo: em dúvida, copia a lei americana, pois nos EUA é onde se pratica o capitalismo mais selvagem Classe: Muita gente pergunta com um jornalista com as suas posições conviveu na Rede Globo. Você chegou a ser cerceado ou pressionado? PHA - Bom, minha posição na Globo foi a seguinte: eu fui comentarista econômico durante algum tempo. Depois, na maior parte do meu tempo na Globo, eu fiquei em Nova York, onde a minha relação ou a minha contraface com as questões políticas nacionais era mais remota, era mais rara. Quando eu trabalhei na Globo, eu fui absolutamente leal à Globo, não tem conversa. Eu fui um funcionário exemplar. Evidentemente que na Globo havia uma restrição política muito severa. Durante um certo tempo, a gente não podia falar, na editoria de economia, que era o meu caso, não podia falar no nome do Maílson da Nóbrega, ministro da Fazenda, porque o Roberto Marinho tinha uma operação com exportação de casas pré-fabricadas que o Maílson vetou. Por causa disso o nome Maílson da Nóbrega não podia ser citado. A gente podia falar do governo, mas não podia falar em Ministério da Fazenda, nem em Mailson Nóbrega. O que é uma coisa meio esquisita, mas, se você está trabalhando lá, das duas uma: ou cai fora ou obedece. Quando eu percebi que a Globo pretendia me dar uma rasteira, que foi quando eles me destituíram do cargo de chefe do escritório em Nova York, aí eu fui procurar emprego e saí da Globo para ganhar o dobro do que eu ganhava lá. Foi uma escolha profissional e também política. Porque, durante o tempo que trabalhei na Globo, eu discordava de muitas das posições da Globo. E trabalhava desconfortável e irritado, como, por exemplo, o dia em que o Jornal Nacional fez aquela famosa edição do debate entre Lula e Collor. Eu conversei com os editores do debate, com o Ronald Carvalho, que chegou lá na ilha e disse o que era para ser feito para o editor Octávio Tostes. Aliás, o Octávio Tostes teve muita coragem, foi ao Sindicato dos Jornalistas e, diante do Osvaldo Maneschi, gravou um depoimento histórico em que relata esse episódio. Então, o editor Ronald Carvalho chegou à ilha e disse para o Octávio Tostes: “ponha a mão no nariz e meta a mão na merda: é tudo que tem de bom do Collor e tudo que tem de mau do Lula.” O Alberico Souza Cruz, que veio de São Paulo para o Rio, porque estava aqui em São Paulo a acompanhar o candidato Collor no debate, chegou depois do almoço à TV Globo, entrou na ilha 7 e perguntou ao Tostes como é que estava a coisa. O Tostes disse “olha , eu segui esta instrução do Ronald e assim será feita a edição.” Aí o Alberico disse: “além disso, eu quero que ponha também isso e aquilo.” Depois que a matéria ficou pronta, saiu da ilha 7 e foi para a ilha 10, uma ilha mais complexa, com mais recursos de edição, fora do deadline de fechamento do Jornal Nacional, daí a grave importância que essa matéria tinha. Aí o Alberico reviu a matéria na ilha 10 e aprovou como foi para o ar. Classe: E a edição do Jornal Hoje, da parte da tarde, foi feita por quem? PHA - Foi feita pela Vianey Pinheiro, o Pinheirinho. Foi uma edição profissional, jornalística, correta, que era a que deveria ter sido repetida, mas o pessoal do Collor visitou a Alice Maria depois da edição do Hoje e disse que aquela edição não lhes interessava. E foi o que foi feito. E o doutor Roberto Marinho deu ao Ronald essa informação. Essa informação que o Ronald passou ao Octávio Tostes foi a informação que o doutor Roberto deu ao Ronald : tudo de bom para o Collor e tudo de ruim para o Lula. Classe: Então, foi essa a participação do Roberto Marinho? dezembro 2011 PHA - Doutor Roberto dava as ordens. Ele não ia para a ilha. O Alberico não sabia o que fazer numa ilha, não sabia dar um play numa ilha de edição, mas ele sabia dar ordens. Então, a minha insatisfação política na Globo sempre foi muito grande. Agora, como profissional, eu fui leal à Globo e me orgulho disso. Como fui leal à Bandeirantes e sou leal à Record. Agora, isso não impede que eu tenha as minhas posições políticas e quando me fazem essa pergunta eu costumo dar a seguinte resposta : a diferença entre o trabalho servil, o trabalho escravo, e o trabalho no regime capitalista, é que no trabalho servil o dono é dono do empregado. No regime capitalista, o dono contrata o empregado. O empregado dá a sua força de trabalho e recebe salário. O empregador recebe a força de trabalho e paga o salário. Se um dos dois está insatisfeito, rompe-se o contrato. Não existe a propriedade do empregado. Eu não estava satisfeito e fui me embora. Página 7 é bobo. Ele é mais esperto que os outros. Ele sabe que no crime é mais difícil ganhar. O que ele faz? Ele não ganha no mérito, quando ele ganha é na chicana. Quando ele ganha é na regra do jogo. Entendeu? Aí você tem que ir numa outra Classe: Coordenou a campanha do Serra no Nordeste. PHA - Isso, coordenou a campanha do Serra no Nordeste. Queria que o ínclito e brilhante senador Jarbas Vasconcelos fosse vice do Serra. Deu entrevista dizendo isso. E o Serra ? Ele, agora dá conferência sobre juros e foge da imprensa pela porta dos fundos. O Serra foge da imprensa e o Paulo Bernardo foge do PT. Classe: Como você vê esta obsessão do Serra de ainda sair candidato a presidente. Há uma especulação de que ele pode sair candidato pegando uma carona no PSD do Kassab, caso o Aécio seja o candidato pelo PSD. Classe: Em que circunstância surgiu a sacada genial de batizar o oligopólio da mídia de PIG (Partido da Imprensa Golpista)? PHA - O Fernando Ferro, deputado federal pelo PT de Pernambuco, o Ferrinho, um bravo deputado, fez um discurso da tribuna da Câmara para denunciar um denúncia vazia do Ali Kamel, que atribuiu a uma determinada apostila do Ministério da Educação uma frase ou uma informação que não constava, ou seja uma denúncia vazia, falsa. E o Fernando Ferro disse que o Ali Kamel era um membro do Partido da Imprensa Golpista. E aí eu achei aquilo genial e pá. Mas sempre digo que a ideia original é do Fernando Ferro. Classe: Numa entrevista sua ao Pânico na TV, você explicou didaticamente por que a Miriam Leitão nada entende de economia. Como é isso? PHA - A Miriam Leitão é um embutido da Sadia. Se você pegar as partes que compõem o embutido da Sadia, provavelmente você não consumirá. A Miriam Leitão não tem nenhuma ideia original. Ela nunca ofereceu uma ideia original. O que ela faz é embutir tudo na atividade dela na Globo. Agora, eu digo também o seguinte: a Miriam não tem nenhuma importância. Embora ela seja a mais importante pensadora neoliberal do Brasil, porque não há nenhum outro pensador neoliberal no Brasil que defenda o neoliberalismo tanto quanto ela, o que dá uma ideia do pensamento neoliberal no Brasil. O importante não é a Miriam Leitão, porque ela é um embutido da Sadia. O importante é a Globo e o importante é a Globo poder fazer o que faz através da Miriam, que é catequizar, persuadir, doutrinar, convencer, invadir a sua privacidade utilizando um bem público que é a TV aberta. Classe: Os processos que movem contra você interferem no seu cotidiano , na sua vida familiar? Como é lidar pessoalmente com isso. Eles te aborrecem muito? PHA - Olha, já me aborreceu mais. Hoje eu olho para isso com mais distância. Hoje já vejo isso com certo humor. Mas a vingança será pesada. Eu pretendo depois transformar isso tudo em livro e defender a tese de que eu, como Azenha, como Rodrigo Viana, como Nassif, como Esmael do Paraná, e uma série de blogueiros do interior do Brasil, estamos sendo vítimas de um processo que nada mais é do que uma tentativa de nos calar pelo bolso. Essas ações todas, no meu caso são 41 ações, não resistem a uma análise superficial. O Daniel Dantas, por exemplo, move 13 ações contra mim, e ele perde. Classe: Cíveis e criminais? PHA – Não, ele não entrou no crime porque ele não anos a fio trabalhou no gabinete do chefe da Casa Civil do Serra, o senador Aloísio Nunes, exercendo a tarefa que não se sabe bem qual é. Muito bem, o João Faustino diz que tem uma relação antiga com o Serra e com o Fernando Henrique, isso da própria boca dele. E colocaram indisponíveis os bens do Kassab graças ao Serra. Ele foi vice do Serra. O João Faustino trabalhou com Serra. instância para refazer a regra, a regra como ela efetivamente é. É assim que ele trabalha. O Dantas nunca ganha no mérito. Ele diz que as provas são falsas, no caso da Satiagraha; ele não deixa trazer para o Brasil as derrotas que ele sofreu na justiça britânica; ele mata a Chacal, devolveu a Operação Chacal para a primeira instância e logo, logo prescreve; não deixa abrir os discos dele, faz com que o Eros Grau sente em cima dos discos; ele não deixa julgar, se julgar, ele está ferrado. Se julgar, ele vai em cana, como fez o De Sanctis, que colocou ele duas vezes em cana. Mas eles me enobrecem. É aquele meu ditado “diz-me quem te processas e te direi quem és”. Eu sou processado pelo Daniel Dantas, Gilmar Mendes, Eduardo Cunha, Naji Nahas, Ali Kamel, pelo Heraldo Pereira (que diz que sou racista, eu sou racista!), o Carlos Jereissati, o Sérgio Andrade. É esse elenco que me processa. E disse me orgulho. Quando o meu neto tiver um pouquinho mais de discernimento, eu vou dizer: “ seu avô é um uma cara muito legal, olha quem processa ele.” Então, qual é o objetivo deles? É me calar pelo bolso, não é calar com uma condenação. Ah, o Heráclito Fortes me processa três vezes, o Heráclito Fortes , o Apolo da bancada Dantas, o homem que defendia o Dantas da tribuna do Senado e que dizia frases como “prefiro Dantas ao Delúbio”.Isso é um Varão de Plutarco. Cícero não foi tão brilhante. Muito bem, querem me calar pelo bolso, mas não vão calar. Classe: Falando um pouco mais de política, você não acha que a Dilma caiu na armadilha de demitir uma série de ministros pautada pela mídia? PHA - É um patologia. O Mercadante tem uma teoria muito interessante que é a do mergulho para frente. Toda vez que o Serra se vê numa situação de ser julgado pelo que fez, ele dá um pulo para frente. Agora, por exemplo, em lugar de ser julgado pela campanha que ele fez em 2010, que segundo Ciro Gomes, foi uma campanha calhorda, a campanha da bolinha de papel, a campanha do aborto, a campanha do fundamentalismo, a campanha do bispo de Guarulhos, a campanha de entregar o pré-sal para a Chevron, a campanha de querer invadir a Bolívia, a campanha de acabar com o Mercosul. Em vez de discutir essa campanha, ele é candidato em 2014. Ele não tem alternativa. Mas o vesgo do pânico tem mais chance de ser presidente da República que o Serra. Classe: Que nota você daria hoje, no conjunto, para o governo da Dilma? PHA - Acho que ela está indo muito bem, muito bem. Eu lamento que ela tenha esta atitude em relação ao marco regulatório, que eu prefiro chamar de Ley de Medios, e faço isso propositadamente porque nós temos a pretensão de nos rivalizarmos com a Argentina, o que não é o meu caso que admiro muito a Argentina.É para deixar claro que a Argentina tem uma Ley de Medios muito boa, muito boa. E foi tirada na marra. As pessoas foram para a rua pedir a Lei de Medios. E Globo de lá, o Clarin, trabalhava com o mesmo Ibope daqui. E a Cristina meteu a mão na Globo e no Ibiope. A Miriam Leitão é um embutido da Sadia. Se você pegar as partes que o compõe, você não consumirá PHA - Acho que ela faz muito bem. Acho correta a tese dela, a política dela. Localizou o malfeito, dança. Está certo. O meu problema com esta mídia que denuncia corrupção não é a denúncia da corrupção. O problema é o caráter político dessa denúncia. Agora, nós estamos diante de um fato brutalmente suspeito; uma empresa chamada Controlar tinha o monopólio de fazer o controle da poluição por parte dos automóveis de São Paulo e descobriu-se que isso era uma patranha. Essa patranha levou à prisão de um cavaleiro de nome João Faustino, que era, ou é, suplente do senador Agripino Maia e durante Classe: E fez campanha de massa, no dia da entrega do projeto ao Congresso argentino, ela levou 50 mil pessoas com ela. PHA - Exatamente. E não deu entrevista para a Globo. Se elegeu duas vezes sem dar entrevista para a Globo. E a Dilma se submete àquelas perguntas capciosas do William Bonner e da Fátima Bernardes. Classe: Mas, fora a questão da comunicação, por que você acha que a Dilma vai muito bem? Seria por que ela dá continuidade à obra do Lula? Página 8 DEZEMBRO 2011 PHA - Ela continua a obra do Lula e está dando alguns saltos à frente, como esse programa de Brasil sem Miséria, esse programa de fortalecimentos das pequenas e médias empresas. Acho quer ela tem dado saltos importantes na política de saúde e na política de educação. Na condução da política econômica também, porque ela tirou o monopólio dos neoliberais do Banco Central. Os neoliberais comandavam o Banco Central desde o governo Sarney. prova dos autos, absolve todo mundo? Classe: O Alexandre Tombini, atual presidente do Banco Central, não é um neoliberal? PHA - Ué, um ministro do Supremo disse que votou, no caso do mensalão, porque estava com a faca no pescoço. Quem empunhava a faca, a faca de Brutos? Era o Ali Kamel. PHA - O Tombini não é neoliberal e tem uma vantagem: ele não dá entrevista em off para a Míriam Leitão. Classe: Falando sobre a doença do ex-presidente Lula, comentários como o da Lúcia Hipólito, na rádio CBN, logo no dia da divulgação do problema, soltando foguete e colocando Lula fora do jogo político, não chega a ser indecente, uma falta de respeito ao drama alheio? PHA - Eu não ouvi o comentário da Lúcia Hipólito. O que eu posso te dizer é o seguinte: O PIG foi fazer o enterro do Lula. O PIG convocou o enterro do Lula. Foi para a capela do cemitério da Consolação para enterrar o Lula. O meu problema com a doença do Lula é com o Hospital Sírio e Libanês. Por que saem notícias sigilosas e confidenciais sobre o estado de saúde dos pacientes do Sírio e Libanês na Folha e na TV Globo? Eu sou paciente do Sírio e Libanês. Fiz uma cirurgia lá. Tirei uma hérnia de disco lá. Eu quero saber e, aliás, mandei um e-mail agora para o Sírio e Libanês para saber se as informações sobre a minha cirurgia serão tão públicas como o tratamento do Lula. Se forem, eu quero tomar as medidas judiciais para processar o Sírio. PHA - Eu acho que absolve muita gente, inclusive o José Dirceu. Mas o problema é que o Supremo costuma votar com a faca no pescoço. É o único Supremo no mundo que vota com a faca no pescoço. Eu não conheço outro caso igual. Classe: Dê alguns exemplos? Classe: A que você atribui o bom trânsito que o Dantas tinha com os governo de FHC e manteve nas eras Lula e Dilma? PHA - É porque o Dantas corrompeu o Brasil. O Dantas comprou o Brasil. Executivo, Legislativo e Judiciário. E imprensa. Os quatro poderes. Comprou tudo. E, no caso da imprensa, ele teve um plano de negócio originalíssimo. Ela Classe: A versão que passaram era a de que existia uma espécie de guichê no qual os parlamentares recebiam pelos serviços prestados ao governo nas votações do Congresso? PHA - É, inclusive os que votavam com o governo. Era preciso comprar os parlamentares que votavam sistematicamente com o governo. É um negócio sensacional. É um negócio de português, desculpe. Eu, como neto de português, posso dizer isso com toda autoridade. É um mensalão português. Um mensalão patrício. Como diz o Mino Carta, o mensalão está por provar-se. Eu quero ver o Supremo provar o mensalão. E tem mais: eu quero ver provar a culpa do José Dirceu. É que no Brasil não se faz a seguinte pergunta: de onde vem o dinheiro do mensalão? Vêm do Daniel Dantas. Ninguém pergunta: quem botava dinheiro no duto do mensalão? Era o Dantas, isso está comprovado. Os documentos da Brasil Telecom encaminhados à CVM mostram o dinheiro que a Brasil Telecom, no tempo do Dantas, dava para o Marcos Valério. O Marcos Valério fazia um estudo sobre a imagem da Brasil Telecom e ganhava um trilhão de dólares para fazer isso. Alguém aqui é bobo? Classe: Na sua opinião, então, se o Supremo julgar pela Classe: A que oposição você se refere? PHA - Eu quero dizer o seguinte : os que protestam , os inconformados, os indignados, os ativistas sociais defendem causas que são comoventes e enaltecedoras e espero sejam bem –sucedidos. Não no caso de Belo Monte, que eu acho que é nada mais, nada menos que uma ponta de lança dos interesses americanos no Brasil. Ponto. Mas eu acho que mais importante do que tudo, na minha opinião, é a questão da injustiça social. Esta sociedade, apesar da inclusão de 40 milhões de pessoas na classe média, apesar da ascensão social do pobre, apenas dos programas Brasil sem Miséria, é uma sociedade injusta. É uma sociedade cruel, é uma sociedade que não tem democracia, é uma subdemocracia. Esse é o assunto que me interessa. Negócio de meio ambiente e tal, eu acho tudo muito bom, sou a favor do meio ambiente. Mas não gasto cinco minutos do meu tempo preocupado com isso. Não gasto. Eu acho que estas redes sociais são muito úteis, mas não vão mudar o mundo, não vão mudar ro Brasil, enquanto não enfrentarem de frente o problema da desigualdade. Classe: Qual o destino dos jornais impressos no Brasil? Na sua opinião, eles caminham para o fim? Classe: O ministro da Justiça atual tem alguma ligação com ele? PHA – Acho que caminham para uma espécie de fim. Ele vai ser um produto de menos importância. Um produto de nicho. Assim como as revistas hoje são revistas de nicho, os jornais serão jornais de nicho. Tem mais chance de sobreviverem jornais de comunidade. Os dedicados à economia, como Valor, Financial Times, Wall Street Journal têm mais chances de sobreviverem do que a Folha. E o problema não e só de tecnologia. Não é só porque hoje existe uma tecnologia melhor do que a do jornal impresso. O problema é que os jornais brasileiros são muito ruins.O jornais brasileiros são péssimos. Não dá para ler, são mal escritos, não têm imaginação, são medíocres, são incompletos. Além de parciais. PHA - Sim, ele trabalhou para o Dantas. O José Eduardo Cardoso é assalariado do Dantas. Classe: Qual a sua opinião sobre a polêmica do diploma para jornalista? Classe: Para o jornalista Paulo Henrique Amorim, o que foi o mensalão? PHA - O mensalão foi uma operação de caixa dois de campanha que é tão brasileira quanto goiabada com queijo. Caixa dois. Todo mundo sabe disso. Mensalão é senha para você entrar no site do impeachment do Lula. legal movimento social em defesa do meio ambiente, em defesa da mulheres, em defesa do casamento gay. Eu sou a favor disso tudo. Eu sou a favor do meio ambiente, tenho aqui na minha casa uma micro reprodução dos Jardins do Burle Max. Sou a favor do casamento gay. Acho o machismo um absurdo. Tudo isso está certo. Agora, a oposição no Brasil gastou muita munição com essas causas secundárias. Subalternas em relação ao problema da injustiça social. comprava dono e o jornalista, porque normalmente os corruptores da imprensa compram um ou outro. Ele comprava os dois. Classe: O advogado Greenhalg também? PHA - Greenhalg também O Jose Eduardo Cardoso, como deputado federal , representante do povo de São Paulo, foi à Itália defender os interesses do Dantas. E aqui no Brasil tentou ajudar o Dantas no Ministério Público Federal. Ele é funcionário do Dantas. Classe: Existe por parte da mídia uma clara intenção de criminalizar os movimentos sociais. Na democracia que vai se consolidando no Brasil, qual deve ser o papel desses movimentos? PHA - Acho que esses movimentos têm um papel muito importante. Mas eu vou te falar o seguinte: eu acho muito PHA - Ah, eu sou contra. Sou inteiramente contra o diploma de jornalista. Isso é uma racionalização para um negócio de faculdades privadas. Não é preciso ter diploma para ser jornalista. Você pode ser jornalista com três meses de treinamento numa boa Pronatec. Com três meses na Pronatec, você faz um jornalista de boa qualidade. Agora, você precisa, de preferência, ter jornalistas com curso universitário. Pode estudar filosofia, matemática, física, biologia, literatura portuguesa.Isso tudo ajuda.Agora, o jornalista precisa respeitar os fatos. Como diz o Mino Carta, a verdade factual. Deve tentar também, o máximo possível, ser objetivo, até onde é possível ter alguma objetividade, ou seja, tentar a imparcialidade. Mas, sobretudo, o jornalista deve fustigar os poderosos. dezembro 2011 Página 9 A ação política da CUT em 2011 foi ao encontro de debates e temas de grande interesse da sociedade, de todos os homens e mulheres que sonham com um mundo melhor, sem discriminação por raça, livre do machismo e do sexismo, com terra para quem trabalha e produz, com perspectivas para os jovens e com respeito ao meio ambiente. “Mulheres de opinião, mulheres que falam” Em março, a Secretaria de Mulheres da CUT-RJ e o Coletivo de Mulheres da central realizaram uma série de atividades para marcar o mês das mulheres. Como o 8 de março caiu no carnaval, as mulheres cutistas marcaram presença em vários blocos. O mês foi encerrado, em grande estilo, como o seminário “Mulheres de Opinião, mulheres que falam” (foto). Em agosto, aconteceu a Plenária Estadual de Mulheres da CUT-RJ, no qual foi institucionalizado o Coletivo de Mulheres e discutida a participação nas conferências estadual e nacional de políticas para as mulheres. Combatendo o racismo Aliando conteúdo político, batuque, música e dança, a passeata da CUT-RJ politizou, emocionou e divertiu. Pelo segundo ano consecutivo, os manifestantes seguiram da Barão de Tefé até o Instituto Pretos Novos, onde foi servida uma feijoada. Tudo com muito axé a alegria. O evento foi organizado em conjunto com o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN). Este ano a Secretaria de Combate ao Racismo da CUT promoveu pela segunda vez a entrega do Prêmio Lélia Gozalez a mulheres negras que se destacaram na luta em defesa da classe trabalhadora. Em novembro, a CUT-RJ participou de várias atividades que marcaram o Mês da Consciência Negra. CUT-RJ cresce no campo A Secretaria de Políticas Sociais da CUT-RJ, que tem, entre outras responsabilidades, a de tocar a luta por reforma agrária, consolidou, em 2011, o avanço entre os sindicatos de trabalhadores rurais no interior do Estado do Rio de Janeiro. Vários deles, que haviam se filiado nos anos anteriores, se aproximaram ainda mais da CUT-RJ. A secretaria participou de vários atos de pressão junto ao Incra em defesa dos trabalhadores rurais do estado. Tudo como desdobramento do bem-sucedido seminário realizado no fim do ano passado. Meio Ambiente: que venha a Rio + 20 Juventude cutista Em agosto, a Secretaria de Juventude da CUT-RJ lembrou o Dia Internacional da Juventude com dois eventos. No seminário do coletivo (foto), os jovens cutistas discutiram o Plano Nacional de Educação (PNE) e a participação nas conferências de políticas públicas. Já a 1ª Conferência Livre de Juventude da CUT-RJ serviu como preparação para as conferências estadual e nacional de Juventude, realizadas em outubro e dezembro, respectivamente. Durante o ano de 2011, a Secretaria de Meio Ambiente da CUT-RJ participou e apoiou diversos eventos sobre a questão ambiental promovidos pelo poder público ou por entidades do terceiro setor. Entre eles, destacamos o Seminário sobre Licenciamento Ambiental, voltado especialmente para sindicalistas e realizado no Sindipetro-RJ, a 1ª Conferência Comunitária de Meio Ambiente de Maricá e o Seminário “Políticas Públicas, Controle Social e Sustentabilidade: um Enfoque para a Rio+20”, realizado em Belford Roxo. Página 10 DEZEMBRO 2011 Centra Única dos Trabalhadores construiu sua história nas ruas. Foi através de greves, passeatas, ocupações e mobilizações que a central firmou seu conceito de combatividade e compromisso não só com os trabalhadores e trabalhadoras, mas também com as transformações do país, com a democracia e a inclusão social. E 2011 não poderia ser diferente. 1º de maio: E viva a classe trabalhadora A CUT-RJ e suas entidades filiadas coloriram a Quinta da Boa Vista no Dia do Trabalhador com barracas, bolas, balões, jornais, revistas e camisetas. Em defesa de melhores empregos, trabalho decente e demais bandeiras de luta da central, militantes e dirigentes cutistas foram ao encontro da festa dos trabalhadores. Dia Nacional de Luta (6 de julho) A CUT-RJ tingiu de vermelho o Centro do Rio de Janeiro. Junto com movimentos sociais como o MST, levaram suas reivindicações para a rua metalúrgicos, bancários, funcionários públicos federais, aeronautas, aeroviários, químicos, petroleiros, trabalhadores em telecomunicações, eletricitários, servidores das justiças federais e das universidades, entre outras categorias. Ato nacional em defesa de aumento real (21 de setembro) Cerca de 1.500 trabalhadores, principalmente bancários e petroleiros, caminharam da Candelária à sede da Petrobrás reivindicando aumento real de salários, além de saúde e segurança para o trabalhador. “Temos que ter claro que salário e renda não causam inflação. O que causa inflação é especulação e não salário”, disse o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, durante a manifestação. Contra a injustiça, Rio leva 150 mil às ruas (10 de novembro) Centrais sindicais, partidos políticos, autoridades, artistas, atletas, profissionais liberais, donas de casa, estudantes, enfim, gente de todas as origens e cidades do Estado do Rio de Janeiro marcharam da Candelária à Cinelândia exigindo em alto e bom som que os recursos do estado referentes ao pagamento de royalties e participações especiais não sejam tocados. DEZEMBRO 2011 dia 13 de setembro de 2011 ficará tristemente marcado como o dia em que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio aprovou projeto de lei do governo do Rio que permite a transferência da gestão de unidades de saúde para as chamadas organizações sociais. Na prática, a decisão abriu caminho para privatização do setor e a precarização das relações de trabalho. A CUT-RJ, através de vários dirigentes, marcou presença no protesto na Alerj, onde os manifestantes foram impedidos de acompanhar a votação e reprimidos, até com gás de pimenta, pela Polícia Militar. Seminário reativa Coletivo de Saúde Página 11 Piso regional: luta da CUT-RJ repercute na imprensa Com alguma freqüência, os jornais do Rio de Janeiro O Dia e Extra vêm publicando notícias sobre a atuação da CUT-RJ, no Conselho Estadual de Trabalho e Renda (Ceterj), formado por trabalhadores, empresários e governo do estado, para definir o Piso Regional de Salários. No dia 22/11, O Dia deu duas páginas sobre a decisão da central de acionar o Ministério Público para garantir o pagamento da retroatividade do piso de 2011. O jornal publicou declarações de Indalécio Wanderley, secretário de Organização da CUT-RJ, e representante da central no Ceterj, explicando os prejuízos sofridos pelos trabalhadores do estado. Relações Jurídicas no Trabalho Além da retomada desse coletivo, o evento, que contou com a participação de 40 trabalhadores e trabalhadoras, discutiu também a participação dos militantes cutistas nos espaços institucionais relacionados à saúde do trabalhador, tais como o Conselho Estadual de Saúde (CES), a Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CIST) e as conferências municipais e estaduais de saúde. Foi um sucesso o seminário promovido pela Secretaria de Relações de Trabalho da CUTRJ sobre as Relações Jurídicas no Trabalho, ministrada pelo advogado e professor César Carvalho. A aula inaugural, dia 1º de junho, no auditório da CUT-RJ, contou com a participação de dezenas de representantes de várias categorias, interessados em conhecer a legislação trabalhista para, assim, melhor reivindicar seus direitos junto aos patrões. A secretaria realizou outros seminários igualmente concorridos. m agosto, mais de 300 militantes cutistas, eleitos nas assembleias de base dos sindicatos e oposições, se reuniram na Associação Atlética da Light, no Grajaú, para discutir resoluções e ações relacionadas a vários temas de interesse dos trabalhadores do estado do Rio, como trabalho decente, organização sindical, conjuntura estadual e políticas públicas, entre outros. A 9ª Plenária da CUTRJ homenageou um dos mais destacados militantes do movimento negro brasileiro, Abdias Nascimento, falecido em maio de 2011. Ao final dos debates, foram aprovadas 32 emendas ao texto "Panorama político, econômico e social do estado do Rio de Janeiro", da direção estadual, com propostas de políticas públicas sobre Saúde, Segurança Pública, Transporte, Meio Ambiente, Serviço Público, Habitação, Educação, Trabalho Decente, LGBT, Copa e Olimpíadas. 21 delegados foram eleitos para representar o estado do Rio na 13ª Plenária Nacional da CUT, realizada no mês de outubro, em São Paulo.