Informativo da Central Única dos Trabalhadores do Estado Rio de Janeiro - Dezembro 2011 - Nº 1
Ufa! Foi um ano de tirar o fôlego.
Bem ao seu estilo, os ativistas
e dirigentes da CUT-RJ e suas
entidades filiadas protagonizaram
inúmeros momentos da luta
sindical, social, econômica e
política do Estado do Rio de
Janeiro. Fiel à sua vocação de
ocupar as ruas, a central esteve
à frente de atos e manifestações,
passeatas e mobilizações. Por
melhores salários e condições de
trabalho, liderou várias greves,
no estado, pressionou os patrões
e negociou intensamente em
nome dos interesses da classe
trabalhadora. A CUT-RJ também
promoveu, organizou ou apoiou
conferências, seminários, debates
e palestras com temáticas
relevantes para os trabalhadores,
a população, o Rio de Janeiro
e o Brasil. Esta edição de
lançamento do Jornal Classe traz
um balanço das atividades da
CUT-RJ em 2011. Veja porque
é cada dia mais atual a máxima
“Somos fortes, somos CUT.”
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CUT na
linha de
frente das
greves
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Exclusivo: Classe
entrevista Paulo
Henrique Amorim
PÁGINA 10
Na rua,
junto
com o povo
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dezembro 2011
Direção Executiva da CUT-RJ
Gestão 2009/2012
com grande satisfação
que apresentamos ao mo­
vimento sindical e popular
e à sociedade do estado
do Rio de Janeiro o jornal
Classe, o novo veículo da
Central Única dos Trabalhadores.
Fruto do esforço da direção da
central, especificamente da sua
Secretaria de Comunicação, esse
novo veículo vem se somar a várias
outras iniciativas na área de comu­
nicação da CUT-RJ, voltadas não
só para fazer circular a informação
classista e de qualidade no âm­bito
cutista, como também contribuir
pa­ra a luta pela de­mocratização da
comunicação em nosso país.
Temos cons­ciên­­cia de cada
pro­­duto de comunicação a mais
no campo democrático, como
jornais, panfletos, revistas, blo­
gs, sites, programas de rádio e
TV jogam um papel importante
na queda de braço contra o oli­
gopólio familiar que controla os
meios de comunicação no Bra­
sil, negando ao povo brasileiro
o acesso à informação plural,
democrática, que valorize a cul­
tura popular e dê voz e vez às
produções regionais desse país
de dimensões continentais.
Da parte da Secretaria de
Comunicação da CUT-RJ, a
sensação é de missão cum­
prida. O lançamento do Classe
significa a concretização de to­
das as metas para o setor de co­
municação da CUT-RJ definida
no planejamento estratégico da
atual direção, realizado em ou­
tubro de 2009.
De lá para cá, a secretaria
contratou mais um profissional
para o setor, lançou um novo
portal de comunicação, criou um
novo boletim eletrônico e pôs
no ar um programa de rádio (A
Voz do Trabalhador), em par­
ceria com a ONG Criar Brasil,
que já passou da 100ª edição.
Também, junto com essa ONG
e com o patrocínio da Petro­
brás, tornou realidade o projeto
Jornada, através do qual foram
produzidos dez vídeos sobre o
mundo do trabalho.  Além disso,
reativou o co­letivo de comunica­
ção, promoveu uma oficina de
mídia social e realizou mais um
seminário de comunicação.
Consideramos muito feliz a
escolha do nome do nosso ve­
ículo impresso. Classe remete,
evi­dentemente, à lu­ta da classe
trabalhadora por melhores con­
dições salariais, de trabalho e
de vida, mas também nos faz
assumir o compromisso de edi­
tar esse periódico com a classe
digna de quem constrói as rique­
zas do Brasil e do mundo, os tra­
balhadores e trabalhadoras
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Presidente
.
Vice-presidente
Secretário Geral
.
Secretário de Administração e Finanças
Secretário de Organização e Política Sindical.
Secretário de Formação
Secretário de Comunicação
Secretária pela Igualdade Racial
Secretária da Mulher Trabalhadora
Secretário do Meio Ambiente
Secretário das Relações de Trabalho
Secretária de Juventude
Secretário de Saúde do Trabalhador
Secretário de Políticas Sociais
Darby de Lemos Igayara
Neuza Luzia Pinto
Aurélio Antonio de Medeiros
José Antônio Garcia Lima
Indalécio Wanderley Silva
Roberto Ponciano G. de S.Junior
Vitor Luiz S. de Carvalho
Glorya Maria Alves Ramos
Vergínia Dirami Berriel
Edison Munhoz Filho
Marcello Rodrigues de Azevedo
Greice Damião Assis
Antonio Barbosa dos Santos
Manoel(zinho) Oscar J. Barbosa
Direção Efetiva
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Alessandra Araújo Zanella
André Jorge M da Costa Marinho
Andréa Bussolo Oliveira
Carlos Antonio Ribeiro Rodrigues
Francisco Carlos dos Santos
Helio Ricardo Batista da Cunha
Jadir Baptista de Araújo
Jorge Olintho de Oliveira Marins
Luiz Claudio de Oliveira Maia
Luiz Sergio de Almeida Dias
Luiza de Fátima Dantas
Marcelo Rodrigues
Marílio Luis da Silva Paixão
Marlene Silva de Miranda
Oswaldo Luis Cordeiro Teles
Rosana Meira Rodrigues Mesquita
Sergio Magalhães Gianetto
Sergio Pinto Soares
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Thiara Nascimento da Cruz
Vagner Anselmo de Albuquerque
Valmir de Lemos – “Índio”
Yeda Glauce Silva Paiva
Conselho Fiscal
Titulares
•
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Francisco José Izidoro da Fonseca
Claudio José de Oliveira
Suely Cardoso Barcellos
Suplentes
•
•
•
Sergio Abbade Pinto Neto
Pedro Batista Fraga Henriques
Maria de Lourdes Silva Pereira
EXPEDIENTE
Central Única dos Trabalhadores no Estado do Rio de Janeiro
Av. Presidente Vargas, nº 502/15º andar - Centro - Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (21) 2196-6700
Classe - Informativo da CUT-RJ
Darby Igayara
Presidente da CUT-RJ
Vitor Carvalho
Secretário de
Comunicação da CUT-RJ
Edição: Bepe Damasco; Redação: Bepe Damasco e Jean Oliveira; Diagramação
e arte final: Marco Scalzo; Fotografia: Nando Neves, Robson Monte, Bepe
Damasco, Marco Scalzo, Socorro Andrade, Henri Figueiredo, Emanuel Marinho,
Claudionor Santana e Marcelo Rodrigues; Impressão: 3GrafEditora;
Tiragem: 5 mil exemplares
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DEZEMBRO 2011
or se negar a tratar os governos
de Lula e Dilma como os da ditadura, de Sarney, Collor e FHC, os
adversários da CUT, com o apoio
entusiasmado do Partido da Imprensa Golpista (PIG), tentaram
carimbar a central como governista e chapa bran­ca. Não colou. E sabem por que?
Porque no movimento sindical ninguém
propõe, lidera e organiza tantas lutas como
a CUT. Só no Rio de Janeiro, em 2011, cruzaram os braços em defesa dos seus direitos bancários, portuários, trabalhadores do
UFRJ, servidores das justiças federais, trabalhadores em tecnologia da informação e
nos setores de energia e telecomunicações
entre outras categorias.
Trabalhador
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Dirigentes e militantes de sindicatos e oposições cutistas se reuniram durante um fim de semana em Araruama, na Região dos Lagos, para discutir as políticas e ações de formação da CUT-RJ
para 2011. Na ocasião, foram aprovados o plano
de trabalho, as diretrizes, metas e ações, além das
resoluções gerais que nortearam a formação cutista
durante o ano.
re novas
Oficina sob
ho)
mídias (jun
O auditório da CUT-RJ foi ocupado por dirigentes dirigentes e profissionais de comunicação e
muitos notebooks conectados à internet. Tudo para
aproveitar ao máximo a aula sobre redes sociais,
compartilhamento de imagens, interação virtual,
web rádio e web TV, transmissão de áudio e vídeo
ao vivo pela internet, entre outros assuntos abordados pelo jornalista multimídia Arthur William.
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Coletivo de
Comunicação (fevereiro)
Depois de um tempo inativo, o Coletivo de Comunicação da CUT-RJ retomou suas atividades
com todo o gás. Dirigentes e jornalistas da central
e entidades filiadas expuseram alguns problemas
e soluções para a comunicação sindical cutista e
apontaram sugestões para o funcionamento do coletivo, como a realização de reuniões mensais e um
seminário.
Poder, Socialismo
e Democracia
(abril a julho)
No ciclo de debates que discutiu da conjuntura
estadual e nacional à atualidade da Comuna de Paris, passando por vários outros assuntos, a CUT-RJ
recebeu políticos e intelectuais renomados como
José Dirceu (foto), Robson Leite, Emir Sader, Virginia Fontes, Giuseppe Cocco, Gaudência Frigotto, Marcos Iannoni e Esther Kupperman.
Plano Nacio
nal de Form
ação
(abril a set
embro)
Os cursos de Organização e Representação
Sindical de Base (ORSB) e Formação de Formadores (FF) constituíram a base do Plano Nacional
de Formação da CUT em 2011. Foram três cursos
ORSB (Norte Fluminense, Região Serrana e Rio
de Janeiro), cada um com três módulos, e um curso
FF que formou 12 novos formadores cutistas em
nosso estado.
Seminário
de
Comunicaç
ão (outubr
o)
Discutir a utilização de todas as mídias existentes pela classe trabalhadora. Esse foi o objetivo
alcançado pelo seminário que, durante dois dias,
reuniu mais de 60 pessoas, entre dirigentes e profissionais de comunicação sindical, no auditório do
Hotel Rio’s Presidente. O grupo de debatedores foi
formado por especialistas em comunicação e intelectuais ligados à democratização das comunicações.
dezembro 2011
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Entrevista/Paulo Henrique Amorim
Por Bepe Damasco
Com seu estilo franco, direto e contundente de sempre, o jornalista Paulo Henrique Amorim concedeu à edição número 1 do Classe uma
entrevista marcante sob todos os pontos de vista. Durante mais de uma hora, Paulo Henrique conversou, no seu apartamento, em São
Paulo, com o jornalista Bepe Damasco, assessor de comunicação da CUT-RJ. Mais do que não deixar pergunta sem resposta, esse carioca de
“conversa afiada”, radicado em São Paulo, é um lead (que no jargão jornalístico significa a parte da matéria com o conteúdo mais importante)
ambulante. Ele falou apaixonadamente sobre um sem número de assuntos, tais como a ação deletéria do Partido da Imprensa Golpista,
balanço do governo Dilma, sua passagem pela Globo, a edição do debate Lula x Collor, a urgência de uma Ley de Medios no Brasil, “o mensalão
português”, os processos que movem contra ele, o engavetamento do projeto de marco regulatório do ex-ministro Franklin Martins, o medo
que Lula e Dilma têm da Globo e muito mais. Sobre o trânsito do banqueiro Daniel Dantas pelos corredores do poder, ele disparou um míssil:
“Dantas comprou o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a Imprensa. Comprou o Brasil.” A íntegra da entrevista está em www.cutrj.org.br.
Classe: Nos fale um pouco sobre sua origem e sua trajetória na imprensa brasileira?
Paulo Henrique Amorim - Eu praticamente nasci como
jornalista, no sentido de que o meu pai era jornalista. Ele
enfrentou a censura da ditadura Vargas e trabalhou com o
então jornalista Mário Martins, depois senador, e hoje conhecido como pai do Franklin Martins, do Vítor e da Ana
Maria Machado. Meu pai levava para a casa aquelas folhas
em que se desenhava o jornal. E eu praticamente me alfabetizei preenchendo essas páginas de jornal que o meu pai
levava. Aí quando eu fui para a escola já estava praticamente
alfabetizado.
Classe: Você é carioca de onde?
PHA - Sou carioca da Glória, mas me criei na Zona Norte. Marechal Hermes, Vila Kosmos, Cascadura, naquela região ali.
Classe: Ao criar o blog Conversa Afiada, você chegou a
imaginar que ele faria o sucesso estrondoso que faz?
PHA - Não. O blog nasceu, na verdade, mais por uma
preocupação tecnológica minha. Eu sempre tive, como jornalista, desde o comecinho, uma angustia que me perseguia,
que era a necessidade de nunca me deixar atrasar tecnologicamente. Eu sempre quis estar na tecnologia da frente. Eu
me lembro que ficava angustiado porque nunca tinha feito
televisão. Depois, fiquei angustiado porque não tinha feito
internet. Eu não pretendia fazer um blog necessariamente
político, um blog necessariamente afiado. Eu sempre acreditei que ser jornalista é ser repórter. Ser jornalista é dar informações originais ou mostrar acontecimentos de um ângulo
original. Sempre em busca de oferecer informação, porque
numa sociedade democrática a informação é um bem precioso. Você permite que as pessoas com mais informação
decidam melhor. Seja como eleitor, seja como pai, seja como
membro de uma comunidade, seja como empreendedor, seja
como consumidor, etc, etc.
Classe: Que balanço você faz do estágio atual da luta
pela democratização das comunicações no Brasil?
PHA - O estágio atual é de desalento. De desalento e
decepção. O presidente Lula governou debaixo de vara. A
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imprensa brasileira, que no meu site eu chamo de PIG, tratou
o Lula de uma forma vergonhosamente parcial. E o Lula foi
incapaz de tomar qualquer providência para criar os mecanismos institucionais que permitissem oferecer ao público
uma visão alternativa do que estava acontecendo. Aos 44 do
segundo tempo, Lula pediu ao Franklin para fazer um projeto de lei. Ele deu apoio à Confecom, a Confecom apresentou
todas as ideias que seriam necessárias
apresentar. O Franklin fez uma série
de seminários e reuniões para buscar,
inclusive, o testemunho e o reconhecimento de organizações internacionais que tratam da questão do marco
regulatório. Isso foi consubstanciado num projeto de lei, numa série
de propostas que o Franklin entregou educadamente ao seu sucessor,
o Paulo Bernardo, o que acho que
o Franklin fez muito bem. O Paulo
Bernardo fez críticas deselegantes ao
projeto, com palavras que a boa educação não recomendam.
Classe: A rigor, ele sentou em
cima do projeto
Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França, estou falando de novas democracias como México, Portugal, Espanha,
Argentina, Chile e Uruguai. Em nenhuma nova democracia
no mundo existe o que existe aqui no Brasil com a Globo. E
consolidada através de mecanismos, como, por exemplo, a
propriedade cruzada.
Lula e Dilma
têm medo
de o Jornal
Nacional
derrubar o
governo
PHA - Ele sentou em cima e
colocou debaixo dos projetos que
o Sérgio Motta fez para o Fernando Henrique. O Sérgio
Motta fez três projetos de marco regulatório da mídia, e o
FHC jogou os três fora. Jogou fora não, botou na gaveta.
E debaixo desses três do Sérgio Motta, o Paulo Bernardo
botou o do Franklin. Eu acho que os primeiros sinais que a
presidenta Dilma deu neste sentido foram decepcionantes. A
primeira coisa que ela fez foi ir ao aniversário da Folha. A
primeira coisa que o Lula fez em 2002 depois de eleito foi
ser co-âncora do Jornal Nacional em companhia do William
Bonner e da Fátima Bernardes. Ali eu disse : bom, a vaca foi
para o brejo. Porque o Jornal Nacional tratou o Lula de uma
maneira parcial, sempre parcial, e a primeira coisa que ele
faz foi se sentir honrado em ancorar os Jornal Nacional ao
lado dos algozes.
Classe: Paulo Henrique, há não
muitos anos as pessoas praticamente
cruzavam os braços em relação ao
poderio da mídia. Hoje muitas pessoas e entidades debatem o tema,
que culminou com a Confecom
.Você acha que podemos projetar
um futuro melhor ou lutamos contra
forças tão poderosas que tudo isso
pode não dar em coisa alguma?
PHA - Isso pode dar em alguma
coisa. Hoje o constrangimento do
governo é maior. Você vê, por exemplo, que o PT fez um seminário para
estudar a questão da comunicação e
o Paulo Bernardo fugiu.
Classe: Como fugiu do Encontro
Internacional dos Blogueiros, em
Foz do Iguaçu?
PHA - Como fugiu de Foz do Iguaçu. Paulo Bernardo
não vai. Ou seja, o governo Dilma não tem condições de
discutir com a sociedade a questão da Ley de Medios. O PT
não pode discutir a Ley de Medios. O PT não tem que fazer
seminário, o PT tem que governar. O PT é governo há oito
anos, mais um, nove. Quem faz seminário é oposição. Já tem
a Confecom, já tem o projeto do Franklin.
Classe: Mas o presidente do PT, Rui Falcão, disse que o
partido tem sua própria pauta, e que ela, em alguns momentos, é diferente da pauta do governo.
Classe: Isso se deve a uma crença de que possível ter
uma convivência pacífica com a mídia ou é medo mesmo?
PHA - Trololó, trololó. O PT não tem pauta diferente
nenhuma. O PT é governo. Quem tem outra pauta é o PSDB.
Ou troca o Paulo Bernardo ou põe o Paulo Bernardo para
botar uma Ley de Medios no Congresso.
PHA - Eu acho que é medo. O Lula e a Dilma têm medo
da Globo. É só isso.
Classe: Ele tem dito que vai colocar o projeto do Franklin
para consulta pública na internet.
Classe: Têm mais medo da Globo do que da Folha, por
exemplo?
PHA - Ele está dizendo a mesma coisa desde que chegou. O fato é o seguinte: o Paulo Bernardo não pode ir a uma
reunião do PT. Ele não tem autoridade moral e política para
ir a uma reunião do PT. Isso é uma forma de constrangimento importante para o governo. Eu entrevistei o Inácio Arruda,
senador do PCdoB. Ele fez um paralelo muito interessante. Quando o Adib Jatene quis aprovar, no governo FHC, a
CPMF, ele bateu na porta de todas as lideranças do Congresso para pedir uma CPMF. E aprovou. E agora o governo tem
que bater em todas as portas para aprovar uma Ley de Medios, Agora, diz o Franklin : o ponto de partida de qualquer
Ley dos Medios é a Constituição brasileira de 1988.
PHA - Sim, Folha, Estadão e Veja são subadversários.
Classe: Medo exatamente de quê?
PHA - Têm medo de o Jornal Nacional derrubar o governo. Porque as denúncias da Folha, do Estadão e da Veja não
têm a menor repercussão, a menor importância, se elas não
tiverem a câmara de eco do Jornal Nacional. E a câmara de
eco do Jornal Nacional reproduz, aumenta, amplifica e dá
mais dimensão ao que acontece no Congresso. Nós temos o
caso do ínclito e notável senador Álvaro Dias, que é um plagiador. Como se sabe, ele não tem nenhuma ideia original.
Ele denuncia tudo que já foi denunciado.
Então, eu acho que o grave nessa posição não é que eles,
Lula e Dilma, estejam apenas preservando o seu governo.
O problema aí não é preservar o governo Lula e Dilma, o
problema aí é criar os mecanismos institucionais para a democratização da mídia. O Boni disse na entrevista que ele
deu ao Geneton, na Globo News, que nenhuma televisão no
mundo tem o share de audiência que a Globo tem. Nenhuma.
Em nenhuma nova democracia do mundo, e eu não falo de
Classe: Frankilin tem dito: vamos trabalhar com livrinho
na mão.
PHA - Isso. Vamos trabalhar com o livrinho na mão. O
Inácio Arruda lembrou que todas as correntes de opinião
brasileiras estão entre os 81 senadores e os 513 deputados
federais. Vamos botar todo mundo numa mesa, como se faz
num bom Congresso, e discutir. A bancada do coronelismo
eletrônico tem uma posição, eu tenho outra, o PT tem outra,
os tucanos têm outra, e vamos negociar. Agora , isso só chega se o governo tomar a iniciativa Qual é o medo de mandar
uma Ley de Medios para o Congresso? Sai da toca, vamos
discutir no Congresso. Esse trololó que tem aí de censura é
papo furado. É como eu digo: em dúvida, copia a lei americana, pois nos EUA é onde se pratica o capitalismo mais
selvagem
Classe: Muita gente pergunta com um jornalista com as
suas posições conviveu na Rede Globo. Você chegou a ser
cerceado ou pressionado?
PHA - Bom, minha posição na Globo foi a seguinte: eu
fui comentarista econômico durante algum tempo. Depois,
na maior parte do meu tempo na Globo, eu fiquei em Nova
York, onde a minha relação ou a minha contraface com as
questões políticas nacionais era mais remota, era mais rara.
Quando eu trabalhei na Globo, eu fui absolutamente leal
à Globo, não tem conversa. Eu fui um funcionário exemplar.
Evidentemente que na Globo havia uma restrição política
muito severa. Durante um certo tempo, a gente não podia
falar, na editoria de economia, que era o meu caso, não podia
falar no nome do Maílson da Nóbrega, ministro da Fazenda,
porque o Roberto Marinho tinha uma operação com exportação de casas pré-fabricadas que o Maílson vetou. Por causa
disso o nome Maílson da Nóbrega não podia ser citado. A
gente podia falar do governo, mas não podia falar em Ministério da Fazenda, nem em Mailson Nóbrega.
O que é uma coisa meio esquisita, mas, se você está trabalhando lá, das duas uma: ou cai fora ou obedece. Quando
eu percebi que a Globo pretendia me dar uma rasteira, que
foi quando eles me destituíram do cargo de chefe do escritório em Nova York, aí eu fui procurar emprego e saí da Globo
para ganhar o dobro do que eu ganhava lá. Foi uma escolha
profissional e também política. Porque, durante o tempo que
trabalhei na Globo, eu discordava de muitas das posições
da Globo. E trabalhava desconfortável e irritado, como, por
exemplo, o dia em que o Jornal Nacional fez aquela famosa
edição do debate entre Lula e Collor. Eu conversei com os
editores do debate, com o Ronald Carvalho, que chegou lá
na ilha e disse o que era para ser feito para o editor Octávio Tostes. Aliás, o Octávio Tostes teve muita coragem,
foi ao Sindicato dos Jornalistas e, diante do Osvaldo Maneschi, gravou um depoimento histórico em que relata esse
episódio. Então, o editor Ronald Carvalho chegou à ilha e
disse para o Octávio Tostes: “ponha a mão no nariz e meta a
mão na merda: é tudo que tem de bom do Collor e tudo que
tem de mau do Lula.” O Alberico Souza Cruz, que veio de
São Paulo para o Rio, porque estava aqui em São Paulo a
acompanhar o candidato Collor no debate, chegou depois do
almoço à TV Globo, entrou na ilha 7 e perguntou ao Tostes
como é que estava a coisa. O Tostes disse “olha , eu segui
esta instrução do Ronald e assim será feita a edição.” Aí o
Alberico disse: “além disso, eu quero que ponha também isso
e aquilo.” Depois que a matéria ficou pronta, saiu da ilha 7 e
foi para a ilha 10, uma ilha mais complexa, com mais recursos
de edição, fora do deadline de fechamento do Jornal Nacional,
daí a grave importância que essa matéria tinha. Aí o Alberico
reviu a matéria na ilha 10 e aprovou como foi para o ar.
Classe: E a edição do Jornal Hoje, da parte da tarde, foi
feita por quem?
PHA - Foi feita pela Vianey Pinheiro, o Pinheirinho.
Foi uma edição profissional, jornalística, correta, que era a
que deveria ter sido repetida, mas o pessoal do Collor visitou a Alice Maria depois da edição do Hoje e disse que
aquela edição não lhes interessava. E foi o que foi feito. E
o doutor Roberto Marinho deu ao Ronald essa informação.
Essa informação que o Ronald passou ao Octávio Tostes foi
a informação que o doutor Roberto deu ao Ronald : tudo de
bom para o Collor e tudo de ruim para o Lula.
Classe: Então, foi essa a participação do Roberto Marinho?
dezembro 2011
PHA - Doutor Roberto dava as ordens. Ele não ia para a
ilha. O Alberico não sabia o que fazer numa ilha, não sabia
dar um play numa ilha de edição, mas ele sabia dar ordens.
Então, a minha insatisfação política na Globo sempre foi
muito grande. Agora, como profissional, eu fui leal à
Globo e me orgulho disso. Como fui leal à Bandeirantes e sou leal à Record. Agora, isso não impede que eu
tenha as minhas posições políticas e quando me fazem
essa pergunta eu costumo dar a seguinte resposta : a
diferença entre o trabalho servil, o trabalho escravo,
e o trabalho no regime capitalista, é que no trabalho
servil o dono é dono do empregado. No regime capitalista, o dono contrata o empregado. O empregado dá
a sua força de trabalho e recebe salário. O empregador
recebe a força de trabalho e paga o salário. Se um dos
dois está insatisfeito, rompe-se o contrato. Não existe
a propriedade do empregado. Eu não estava satisfeito
e fui me embora.
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é bobo. Ele é mais esperto que os outros. Ele sabe que no
crime é mais difícil ganhar. O que ele faz? Ele não ganha no
mérito, quando ele ganha é na chicana. Quando ele ganha é
na regra do jogo. Entendeu? Aí você tem que ir numa outra
Classe: Coordenou a campanha do Serra no Nordeste.
PHA - Isso, coordenou a campanha do Serra no
Nordeste. Queria que o ínclito e brilhante senador Jarbas Vasconcelos fosse vice do Serra. Deu entrevista dizendo isso. E o Serra ? Ele, agora dá conferência sobre
juros e foge da imprensa pela porta dos fundos. O Serra
foge da imprensa e o Paulo Bernardo foge do PT.
Classe: Como você vê esta obsessão do Serra de
ainda sair candidato a presidente. Há uma especulação
de que ele pode sair candidato pegando uma carona
no PSD do Kassab, caso o Aécio seja o candidato pelo
PSD.
Classe: Em que circunstância surgiu a sacada genial de batizar o oligopólio da mídia de PIG (Partido
da Imprensa Golpista)?
PHA - O Fernando Ferro, deputado federal pelo
PT de Pernambuco, o Ferrinho, um bravo deputado,
fez um discurso da tribuna da Câmara para denunciar
um denúncia vazia do Ali Kamel, que atribuiu a uma determinada apostila do Ministério da Educação uma frase ou
uma informação que não constava, ou seja uma denúncia
vazia, falsa. E o Fernando Ferro disse que o Ali Kamel era
um membro do Partido da Imprensa Golpista. E aí eu achei
aquilo genial e pá. Mas sempre digo que a ideia original é do
Fernando Ferro.
Classe: Numa entrevista sua ao Pânico na TV, você explicou didaticamente por que a Miriam Leitão nada entende
de economia. Como é isso?
PHA - A Miriam Leitão é um embutido da Sadia. Se
você pegar as partes que compõem o embutido da Sadia,
provavelmente você não consumirá. A Miriam Leitão não
tem nenhuma ideia original. Ela nunca ofereceu uma ideia
original. O que ela faz é embutir tudo na atividade dela na
Globo. Agora, eu digo também o seguinte: a Miriam não tem
nenhuma importância. Embora ela seja a mais importante
pensadora neoliberal do Brasil, porque não há nenhum outro pensador neoliberal no Brasil que defenda o neoliberalismo tanto quanto ela, o que dá uma ideia do pensamento
neoliberal no Brasil. O importante não é a Miriam Leitão,
porque ela é um embutido da Sadia. O importante é a Globo
e o importante é a Globo poder fazer o que faz através da
Miriam, que é catequizar, persuadir, doutrinar, convencer,
invadir a sua privacidade utilizando um bem público que é
a TV aberta.
Classe: Os processos que movem contra você interferem
no seu cotidiano , na sua vida familiar? Como é lidar pessoalmente com isso. Eles te aborrecem muito?
PHA - Olha, já me aborreceu mais. Hoje eu olho para
isso com mais distância. Hoje já vejo isso com certo humor.
Mas a vingança será pesada. Eu pretendo depois transformar
isso tudo em livro e defender a tese de que eu, como Azenha,
como Rodrigo Viana, como Nassif, como Esmael do Paraná,
e uma série de blogueiros do interior do Brasil, estamos sendo
vítimas de um processo que nada mais é do que uma tentativa
de nos calar pelo bolso. Essas ações todas, no meu caso são 41
ações, não resistem a uma análise superficial. O Daniel Dantas, por exemplo, move 13 ações contra mim, e ele perde.
Classe: Cíveis e criminais?
PHA – Não, ele não entrou no crime porque ele não
anos a fio trabalhou no gabinete do chefe da Casa Civil do
Serra, o senador Aloísio Nunes, exercendo a tarefa que não
se sabe bem qual é. Muito bem, o João Faustino diz que tem
uma relação antiga com o Serra e com o Fernando Henrique,
isso da própria boca dele. E colocaram indisponíveis os
bens do Kassab graças ao Serra. Ele foi vice do Serra.
O João Faustino trabalhou com Serra.
instância para refazer a regra, a regra como ela efetivamente
é. É assim que ele trabalha. O Dantas nunca ganha no mérito. Ele diz que as provas são falsas, no caso da Satiagraha;
ele não deixa trazer para o Brasil as derrotas que ele sofreu
na justiça britânica; ele mata a Chacal, devolveu a Operação
Chacal para a primeira instância e logo, logo prescreve; não
deixa abrir os discos dele, faz com que o Eros Grau sente
em cima dos discos; ele não deixa julgar, se julgar, ele está
ferrado. Se julgar, ele vai em cana, como fez o De Sanctis,
que colocou ele duas vezes em cana. Mas eles me enobrecem. É aquele meu ditado “diz-me quem te processas e te
direi quem és”. Eu sou processado pelo Daniel Dantas, Gilmar Mendes, Eduardo Cunha, Naji Nahas, Ali Kamel, pelo
Heraldo Pereira (que diz que sou racista, eu sou racista!), o
Carlos Jereissati, o Sérgio Andrade. É esse elenco que me
processa. E disse me orgulho. Quando o meu neto tiver um
pouquinho mais de discernimento, eu vou dizer: “ seu avô é
um uma cara muito legal, olha quem processa ele.” Então,
qual é o objetivo deles? É me calar pelo bolso, não é calar
com uma condenação. Ah, o Heráclito Fortes me processa três vezes,
o Heráclito Fortes , o Apolo da bancada Dantas, o homem que defendia
o Dantas da tribuna do Senado e que
dizia frases como “prefiro Dantas ao
Delúbio”.Isso é um Varão de Plutarco. Cícero não foi tão brilhante. Muito bem, querem me calar pelo bolso,
mas não vão calar.
Classe: Falando um pouco mais
de política, você não acha que a
Dilma caiu na armadilha de demitir
uma série de ministros pautada pela
mídia?
PHA - É um patologia. O Mercadante tem uma teoria muito interessante que é a do mergulho para frente.
Toda vez que o Serra se vê numa situação de ser julgado
pelo que fez, ele dá um pulo para frente. Agora, por exemplo, em lugar de ser julgado pela campanha que ele fez em
2010, que segundo Ciro Gomes, foi uma campanha calhorda, a campanha da bolinha de papel, a campanha do aborto,
a campanha do fundamentalismo, a campanha do bispo de
Guarulhos, a campanha de entregar o pré-sal para a Chevron, a campanha de querer invadir a Bolívia, a campanha
de acabar com o Mercosul. Em vez de discutir essa campanha, ele é candidato em 2014. Ele não tem alternativa. Mas
o vesgo do pânico tem mais chance de ser presidente da República que o Serra.
Classe: Que nota você daria hoje, no conjunto, para o
governo da Dilma?
PHA - Acho que ela está indo muito bem, muito bem.
Eu lamento que ela tenha esta atitude em relação ao marco
regulatório, que eu prefiro chamar
de Ley de Medios, e faço isso propositadamente porque nós temos a
pretensão de nos rivalizarmos com a
Argentina, o que não é o meu caso
que admiro muito a Argentina.É para
deixar claro que a Argentina tem
uma Ley de Medios muito boa, muito boa. E foi tirada na marra. As pessoas foram para a rua pedir a Lei de
Medios. E Globo de lá, o Clarin, trabalhava com o mesmo Ibope daqui.
E a Cristina meteu a mão na Globo
e no Ibiope.
A Miriam Leitão
é um embutido
da Sadia. Se
você pegar as
partes que o
compõe, você
não consumirá
PHA - Acho que ela faz muito bem. Acho correta a tese dela, a
política dela. Localizou o malfeito,
dança. Está certo. O meu problema
com esta mídia que denuncia corrupção não é a denúncia da
corrupção. O problema é o caráter político des­sa denúncia.
Agora, nós estamos diante de um fato brutalmente suspeito;
uma empresa chamada Controlar tinha o monopólio de fazer o controle da poluição por parte dos automóveis de São
Paulo e descobriu-se que isso era uma patranha. Essa patranha levou à prisão de um cavaleiro de nome João Faustino,
que era, ou é, suplente do senador Agripino Maia e durante
Classe: E fez campanha de massa, no dia da entrega do projeto ao
Congresso argentino, ela levou 50
mil pessoas com ela.
PHA - Exatamente. E não deu
entrevista para a Globo. Se elegeu duas vezes sem dar
entrevista para a Globo. E a Dilma se submete àquelas perguntas capciosas do William Bonner e da Fátima Bernardes.
Classe: Mas, fora a questão da comunicação, por que
você acha que a Dilma vai muito bem? Seria por que ela dá
continuidade à obra do Lula?
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DEZEMBRO 2011
PHA - Ela continua a obra do Lula e está dando alguns
saltos à frente, como esse programa de Brasil sem Miséria,
esse programa de fortalecimentos das pequenas e médias
empresas. Acho quer ela tem dado saltos importantes na política de saúde e na política de educação. Na condução da política econômica também, porque ela tirou o monopólio dos
neoliberais do Banco Central. Os neoliberais comandavam o
Banco Central desde o governo Sarney.
prova dos autos, absolve todo mundo?
Classe: O Alexandre Tombini, atual presidente do Banco
Central, não é um neoliberal?
PHA - Ué, um ministro do Supremo disse que votou,
no caso do mensalão, porque estava com a faca no pescoço. Quem empunhava a faca, a faca de Brutos? Era o Ali
Kamel.
PHA - O Tombini não é neoliberal e tem uma vantagem:
ele não dá entrevista em off para a Míriam Leitão.
Classe: Falando sobre a doença do ex-presidente Lula,
comentários como o da Lúcia Hipólito, na rádio CBN, logo
no dia da divulgação do problema, soltando foguete e colocando Lula fora do jogo político, não chega a ser indecente,
uma falta de respeito ao drama alheio?
PHA - Eu não ouvi o comentário da Lúcia Hipólito. O
que eu posso te dizer é o seguinte: O PIG
foi fazer o enterro do Lula. O PIG convocou o enterro do Lula. Foi para a capela
do cemitério da Consolação para enterrar
o Lula. O meu problema com a doença do
Lula é com o Hospital Sírio e Libanês. Por
que saem notícias sigilosas e confidenciais
sobre o estado de saúde dos pacientes do
Sírio e Libanês na Folha e na TV Globo?
Eu sou paciente do Sírio e Libanês. Fiz uma
cirurgia lá. Tirei uma hérnia de disco lá. Eu
quero saber e, aliás, mandei um e-mail agora para o Sírio e Libanês para saber se as
informações sobre a minha cirurgia serão
tão públicas como o tratamento do Lula. Se
forem, eu quero tomar as medidas judiciais
para processar o Sírio.
PHA - Eu acho que absolve muita gente, inclusive o José
Dirceu. Mas o problema é que o Supremo costuma votar com
a faca no pescoço. É o único Supremo no mundo que vota
com a faca no pescoço. Eu não conheço outro caso igual.
Classe: Dê alguns exemplos?
Classe: A que você atribui o bom trânsito que o Dantas
tinha com os governo de FHC e manteve nas eras Lula e
Dilma?
PHA - É porque o Dantas corrompeu o Brasil. O Dantas comprou o Brasil. Executivo, Legislativo e Judiciário. E
imprensa. Os quatro poderes. Comprou tudo. E, no caso da
imprensa, ele teve um plano de negócio originalíssimo. Ela
Classe: A versão que passaram era a de que existia uma
espécie de guichê no qual os parlamentares recebiam pelos
serviços prestados ao governo nas votações do Congresso?
PHA - É, inclusive os que votavam com o governo. Era
preciso comprar os parlamentares que votavam sistematicamente com o governo. É um negócio sensacional. É um negócio de português, desculpe. Eu, como neto de português,
posso dizer isso com toda autoridade. É um mensalão português. Um mensalão patrício. Como diz o Mino Carta, o
mensalão está por provar-se. Eu quero ver o Supremo provar
o mensalão. E tem mais: eu quero ver provar a culpa do José
Dirceu. É que no Brasil não se faz a seguinte pergunta: de
onde vem o dinheiro do mensalão? Vêm do Daniel Dantas.
Ninguém pergunta: quem botava dinheiro no duto do mensalão? Era o Dantas, isso está comprovado. Os documentos
da Brasil Telecom encaminhados à CVM mostram o dinheiro que a Brasil Telecom, no tempo do Dantas, dava para o
Marcos Valério. O Marcos Valério fazia um estudo sobre a
imagem da Brasil Telecom e ganhava um trilhão de dólares
para fazer isso. Alguém aqui é bobo?
Classe: Na sua opinião, então, se o Supremo julgar pela
Classe: A que oposição você se refere?
PHA - Eu quero dizer o seguinte : os que protestam , os
inconformados, os indignados, os ativistas sociais defendem
causas que são comoventes e enaltecedoras e espero sejam
bem –sucedidos. Não no caso de Belo Monte, que eu acho
que é nada mais, nada menos que uma ponta de lança dos
interesses americanos no Brasil. Ponto. Mas eu acho que
mais importante do que tudo, na minha opinião, é a questão da injustiça social. Esta sociedade, apesar da inclusão de
40 milhões de pessoas na classe média, apesar da ascensão
social do pobre, apenas dos programas Brasil sem Miséria,
é uma sociedade injusta. É uma sociedade cruel, é uma sociedade que não tem democracia, é uma
subdemocracia. Esse é o assunto que me
interessa. Negócio de meio ambiente e tal,
eu acho tudo muito bom, sou a favor do
meio ambiente. Mas não gasto cinco minutos do meu tempo preocupado com isso.
Não gasto. Eu acho que estas redes sociais
são muito úteis, mas não vão mudar o
mundo, não vão mudar ro Brasil, enquanto não enfrentarem de frente o problema
da desigualdade.
Classe: Qual o destino dos jornais impressos no Brasil? Na sua opinião, eles
caminham para o fim?
Classe: O ministro da Justiça atual tem alguma ligação
com ele?
PHA – Acho que caminham para uma
espécie de fim. Ele vai ser um produto de
menos importância. Um produto de nicho.
Assim como as revistas hoje são revistas
de nicho, os jornais serão jornais de nicho.
Tem mais chance de sobreviverem jornais
de comunidade. Os dedicados à economia,
como Valor, Financial Times, Wall Street
Journal têm mais chances de sobreviverem do que a Folha. E o problema não e só
de tecnologia. Não é só porque hoje existe uma tecnologia
melhor do que a do jornal impresso. O problema é que
os jornais brasileiros são muito ruins.O jornais brasileiros são péssimos. Não dá para ler, são mal escritos,
não têm imaginação, são medíocres, são incompletos.
Além de parciais.
PHA - Sim, ele trabalhou para o Dantas. O José Eduardo
Cardoso é assalariado do Dantas.
Classe: Qual a sua opinião sobre a polêmica do diploma
para jornalista?
Classe: Para o jornalista Paulo Henrique Amorim, o que foi o mensalão?
PHA - O mensalão foi uma operação
de caixa dois de campanha que é tão brasileira quanto goiabada com queijo. Caixa
dois. Todo mundo sabe disso. Mensalão é
senha para você entrar no site do impeachment do Lula.
legal movimento social em defesa do meio ambiente, em defesa da mulheres, em defesa do casamento gay. Eu sou a favor disso tudo. Eu sou a favor do meio ambiente, tenho aqui
na minha casa uma micro reprodução dos Jardins do Burle
Max. Sou a favor do casamento gay. Acho o machismo um
absurdo. Tudo isso está certo. Agora, a oposição no Brasil
gastou muita munição com essas causas secundárias. Subalternas em relação ao problema da injustiça social.
comprava dono e o jornalista, porque normalmente os corruptores da imprensa compram um ou outro. Ele comprava
os dois.
Classe: O advogado Greenhalg também?
PHA - Greenhalg também O Jose Eduardo Cardoso,
como deputado federal , representante do povo de São Paulo, foi à Itália defender os interesses do Dantas. E aqui no
Brasil tentou ajudar o Dantas no Ministério Público Federal.
Ele é funcionário do Dantas.
Classe: Existe por parte da mídia uma clara intenção de
criminalizar os movimentos sociais. Na democracia que vai
se consolidando no Brasil, qual deve ser o papel desses movimentos?
PHA - Acho que esses movimentos têm um papel muito
importante. Mas eu vou te falar o seguinte: eu acho muito
PHA - Ah, eu sou contra. Sou inteiramente contra o
diploma de jornalista. Isso é uma racionalização para
um negócio de faculdades privadas. Não é preciso ter
diploma para ser jornalista. Você pode ser jornalista
com três meses de treinamento numa boa Pronatec.
Com três meses na Pronatec, você faz um jornalista de
boa qualidade. Agora, você precisa, de preferência, ter
jornalistas com curso universitário. Pode estudar filosofia, matemática, física, biologia, literatura portuguesa.Isso tudo ajuda.Agora, o jornalista precisa respeitar
os fatos. Como diz o Mino Carta, a verdade factual.
Deve tentar também, o máximo possível, ser objetivo,
até onde é possível ter alguma objetividade, ou seja,
tentar a imparcialidade. Mas, sobretudo, o jornalista
deve fustigar os poderosos.
dezembro 2011
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A ação política da CUT em 2011 foi ao encontro de debates e temas de grande interesse da sociedade, de todos
os homens e mulheres que sonham com um mundo melhor, sem discriminação por raça, livre do machismo e do
sexismo, com terra para quem trabalha e produz, com perspectivas para os jovens e com respeito ao meio ambiente.
“Mulheres de opinião, mulheres que falam”
Em março, a Secretaria de Mulheres da
CUT-RJ e o Coletivo de Mulheres da central
realizaram uma série de atividades para marcar o mês das mulheres. Como o 8 de março
caiu no carnaval, as mulheres cutistas marcaram presença em vários blocos. O mês foi encerrado, em grande estilo, como o seminário
“Mulheres de Opinião, mulheres que falam”
(foto). Em agosto, aconteceu a Plenária Estadual de Mulheres da CUT-RJ, no qual foi
institucionalizado o Coletivo de Mulheres e
discutida a participação nas conferências estadual e nacional de políticas para as mulheres.
Combatendo o racismo
Aliando conteúdo político, batuque,
música e dança, a passeata da CUT-RJ
politizou, emocionou e divertiu. Pelo segundo ano consecutivo, os manifestantes
seguiram da Barão de Tefé até o Instituto
Pretos Novos, onde foi servida uma feijoada. Tudo com muito axé a alegria. O
evento foi organizado em conjunto com o
Instituto de Pesquisas das Culturas Negras
(IPCN). Este ano a Secretaria de Combate
ao Racismo da CUT promoveu pela segunda vez a entrega do Prêmio Lélia Gozalez
a mulheres negras que se destacaram na luta em defesa da classe trabalhadora. Em novembro, a CUT-RJ
participou de várias atividades que marcaram o Mês da Consciência Negra.
CUT-RJ cresce no campo
A Secretaria de Políticas Sociais da CUT-RJ, que
tem, entre outras responsabilidades, a de tocar a luta
por reforma agrária, consolidou, em 2011, o avanço
entre os sindicatos de trabalhadores rurais no interior do Estado do Rio de Janeiro. Vários deles, que
haviam se filiado nos anos anteriores, se aproximaram ainda mais da CUT-RJ. A secretaria participou
de vários atos de pressão junto ao Incra em defesa
dos trabalhadores rurais do estado. Tudo como desdobramento do bem-sucedido seminário realizado
no fim do ano passado.
Meio Ambiente: que
venha a Rio + 20
Juventude cutista
Em agosto, a Secretaria de Juventude da CUT-RJ lembrou o Dia Internacional da Juventude com dois eventos. No seminário do coletivo (foto),
os jovens cutistas discutiram o Plano
Nacional de Educação (PNE) e a participação nas conferências de políticas
públicas. Já a 1ª Conferência Livre de
Juventude da CUT-RJ serviu como preparação para as conferências estadual e
nacional de Juventude, realizadas em
outubro e dezembro, respectivamente.
Durante o ano de 2011, a Secretaria de Meio
Ambiente da CUT-RJ participou e apoiou diversos
eventos sobre a questão ambiental promovidos pelo
poder público ou por entidades do terceiro setor.
Entre eles, destacamos o Seminário sobre Licenciamento Ambiental, voltado especialmente para
sindicalistas e realizado no Sindipetro-RJ, a 1ª Conferência Comunitária de Meio Ambiente de Maricá
e o Seminário “Políticas Públicas, Controle Social e
Sustentabilidade: um Enfoque para a Rio+20”, realizado em Belford Roxo.
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DEZEMBRO 2011
Centra Única dos Trabalhadores construiu sua história
nas ruas. Foi através de greves, passeatas, ocupações
e mobilizações que a central firmou seu conceito de
combatividade e compromisso não só com os trabalhadores e trabalhadoras, mas também com as transformações do país, com a democracia e a inclusão social. E 2011 não poderia ser diferente.
1º de maio:
E viva a classe trabalhadora
A CUT-RJ e suas entidades filiadas coloriram a Quinta da Boa
Vista no Dia do Trabalhador com barracas, bolas, balões, jornais,
revistas e camisetas. Em defesa de melhores empregos, trabalho
decente e demais bandeiras de luta da central, militantes e dirigentes cutistas foram ao encontro da festa dos trabalhadores.
Dia Nacional de Luta
(6 de julho)
A CUT-RJ tingiu de vermelho o Centro do Rio de Janeiro. Junto com movimentos sociais como o MST, levaram suas reivindicações para a rua metalúrgicos, bancários, funcionários públicos
federais, aeronautas, aeroviários, químicos, petroleiros, trabalhadores em telecomunicações, eletricitários, servidores das justiças
federais e das universidades, entre outras categorias.
Ato nacional em defesa de aumento real
(21 de setembro)
Cerca de 1.500 trabalhadores, principalmente bancários e petroleiros, caminharam da Candelária à sede da Petrobrás reivindicando aumento real de salários, além de saúde e segurança para o
trabalhador. “Temos que ter claro que salário e renda não causam
inflação. O que causa inflação é especulação e não salário”, disse
o presidente nacional da CUT, Artur Henrique, durante a manifestação.
Contra a injustiça, Rio leva 150 mil às ruas
(10 de novembro)
Centrais sindicais, partidos políticos, autoridades, artistas, atletas, profissionais liberais, donas de casa, estudantes, enfim, gente
de todas as origens e cidades do Estado do Rio de Janeiro marcharam da Candelária à Cinelândia exigindo em alto e bom som
que os recursos do estado referentes ao pagamento de royalties e
participações especiais não sejam tocados.
DEZEMBRO 2011
dia 13 de setembro de
2011 ficará tristemente
marcado como o dia em
que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio
aprovou projeto de lei do governo
do Rio que permite a transferência da gestão de unidades de saúde para as chamadas organizações
sociais. Na prática, a decisão abriu
caminho para privatização do setor e a precarização das relações
de trabalho. A CUT-RJ, através de
vários dirigentes, marcou presença
no protesto na Alerj, onde os manifestantes foram impedidos de
acompanhar a votação e reprimidos, até com gás de pimenta, pela
Polícia Militar.
Seminário reativa
Coletivo de Saúde
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Piso regional: luta da CUT-RJ repercute na imprensa
Com alguma freqüência, os jornais do Rio de Janeiro O Dia e Extra vêm publicando notícias sobre
a atuação da CUT-RJ, no Conselho
Estadual de Trabalho e Renda (Ceterj), formado por trabalhadores,
empresários e governo do estado,
para definir o Piso Regional de
Salários. No dia 22/11, O Dia deu
duas páginas sobre a decisão da
central de acionar o Ministério Público para garantir o pagamento da
retroatividade do piso de 2011. O jornal publicou declarações de Indalécio Wanderley, secretário
de Organização da CUT-RJ, e representante da central no Ceterj, explicando os prejuízos sofridos
pelos trabalhadores do estado.
Relações Jurídicas no Trabalho
Além da retomada desse coletivo, o evento,
que contou com a participação de 40 trabalhadores e trabalhadoras, discutiu também a participação dos militantes cutistas nos espaços institucionais relacionados à saúde do trabalhador, tais
como o Conselho Estadual de Saúde (CES), a
Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador
(CIST) e as conferências municipais e estaduais
de saúde.
Foi um sucesso o seminário promovido pela
Secretaria de Relações de Trabalho da CUTRJ sobre as Relações Jurídicas no Trabalho,
ministrada pelo advogado e professor César
Carvalho. A aula inaugural, dia 1º de junho, no
auditório da CUT-RJ, contou com a participação de dezenas de representantes de várias categorias, interessados em conhecer a legislação
trabalhista para, assim, melhor reivindicar seus
direitos junto aos patrões. A secretaria realizou
outros seminários igualmente concorridos.
m agosto, mais de 300 militantes cutistas, eleitos nas assembleias de base dos sindicatos e
oposições, se reuniram na Associação Atlética
da Light, no Grajaú, para discutir resoluções e
ações relacionadas a vários temas de interesse
dos trabalhadores do estado do Rio, como trabalho decente, organização sindical, conjuntura estadual
e políticas públicas, entre outros. A 9ª Plenária da CUTRJ homenageou um dos mais destacados militantes do
movimento negro brasileiro, Abdias Nascimento, falecido em maio de 2011.
Ao final dos debates, foram aprovadas 32 emendas ao
texto "Panorama político, econômico e social do estado
do Rio de Janeiro", da direção estadual, com propostas
de políticas públicas sobre Saúde, Segurança Pública,
Transporte, Meio Ambiente, Serviço Público, Habitação, Educação, Trabalho Decente, LGBT, Copa e Olimpíadas. 21 delegados foram eleitos para representar o estado do Rio na 13ª Plenária Nacional da CUT, realizada
no mês de outubro, em São Paulo.
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Classe entrevista Paulo Henrique Amorim Na rua, junto com o povo