Mini Paper Series Ano 11
o
Dezembro, 2015 – N 249
Computação para vestir
Cíntia Barcelos
uem poderia imaginar que dispositivos de tecnologia
fariam parte do mundo fashion? Hoje já é possível
complementar o visual com acessórios como relógios,
óculos e roupas inteligentes, também chamados de
SmartWatches, SmartGlasses ou SmartClothing. Esses
dispositivos são os wearable ou wearable computer (computador
para vestir). São dispositivos eletrônicos usados ou mantidos
muito próximos ao corpo para coletar ou mostrar informações do
usuário ou ampliar os sentidos.
O primeiro wearable que se tem notícia são os óculos, que
surgiram em 1268. Bem mais tarde nas décadas de 70 e 80 do
século XX vieram outros wearables bem famosos como os
relógios com calculadora da Casio e o Sony
Walkman que permitia ouvir música das fitas
cassete com fones de ouvido. Steve Mann e
Thad Starner são pioneiros nessa área e
trabalharam juntos no MIT Media Lab
Wearable Computer Group. Thad Starner
começou a usar continuamente seu primeiro
computador wearable em 1993 e hoje lidera
a iniciativa do SmartGlass da Google. Em
1997 a IBM lançou um protótipo de um
wearable computer semelhante a um
SmartGlass e quatro anos mais tarde um
relógio de pulso com Linux e conectividade
wireless.
Os dispositivos atuais são mais modernos,
poderosos, compactos e esteticamente
agradáveis e bacanas de usar. Podem suportar cálculos complexos
e interagir com sistemas externos através de interfaces. Os
desenvolvedores podem então construir aplicações para manipular
os dados gerados por esses dispositivos. Empresas como Samsung,
Motorola, Google e Apple estão lançando novos wearables.
Outras empresas como a IBM, Oracle e SAP atuam no
desenvolvimento de soluções e middleware para essa indústria.
O mercado de wearable computing vem crescendo intensamente.
A BCC Research projetou que as vendas mundiais irão atingir
30,2 bilhões de dólares em 2018. Esse crescimento vem de quatro
segmentos principais:
• Fitness e wellness: monitoram a saúde e os exercícios, analisam
e otimizam os dados, como as pulseiras de monitoração e as
SmartClothing. Atualmente esse segmento domina o mercado
atual.
• Sáude e medicina: utilizados para terapia e reabilitação, ajudam
médicos através da monitoração constante de sinais e sintomas
Q
do paciente, como lentes de contato para monitorar a glicose em
pacientes com diabetes e pulseiras especializadas para a terceira
idade. As vendas desse segmento crescem 30% ao ano.
• Infotainment: utilizados para informação e entretenimento,
como SmartGlasses e SmartWatches. Esses dispositivos estão se
tornando tão populares que em breve podem assumir a liderança
do mercado.
• Industrial e militar: ampliam a segurança, eficiência e
consciência do usuário sobre o que está em volta dele, como os
headsets para realidade aumentada.
Adquiri recentemente um SmartWatch e já incorporei o mesmo ao
meu dia a dia. Ele me acompanha na academia e nas corridas e
consolida todos os meus dados de exercícios.
Permite que eu monitore a agenda, receba
mensagens e emails, fale ao telefone
diretamente nele por viva voz ou fone
bluetooth e chame um táxi. Posso utilizar
também para o cartão de embarque no avião
e aprendi recentemente com um amigo a
fazer minha lista de supermercado com ele,
um sucesso! Ele vem ainda com uma
funcionalidade adicional para as mulheres.
Como ele vibra no pulso quando chega uma
ligação, eu não perco mais a chamada ao
deixar o celular na bolsa.
No entanto ainda existem inibidores e
desafios a serem ultrapassados. O maior
deles é mantê-los carregados ao menos 24
horas ou em um turno completo de uso. As redes vão precisar de
banda adicional para suportar a quantidade extra de dados, os
preços ainda são altos e muitas vezes não são bem aceitos
esteticamente. A interação com o usuário ainda é limitada e
existem preocupações sérias em relação a privacidade e segurança.
Os consumidores começarão a levar seus wearables para o
trabalho, e as empresas precisarão ver ganhos de produtividade
para desenvolver novas aplicações que incluam esses dispositivos.
A TI deverá ter a infraestrutura necessária para Big Data e
Internet of Things (IoT) para integrar os novos fluxos de dados.
Mas o maior problema a vencermos com essa tecnologia não é
gerenciamento ou segurança e sim a nossa dificuldade como seres
humanos para executar múltiplas tarefas simultaneamente.
Para saber mais
http://www.redbooks.ibm.com/abstracts/redp5213.html?Open
Cíntia Barcelos é arquiteta de soluções na IBM e tem mais de 22 anos de experiência em TI. Formada em Engenharia Eletrônica na UFRJ e
com MBA no IBMEC RJ, é membro do TLC-BR desde 2004 e da IBM Academy of Technology desde 2009, onde lidera o programa de
tecnologia. O Mini Paper Series é uma publicação quinzenal do TLC-BR e para assinar e receber eletronicamente as futuras edições, envie um
e-mail para [email protected].
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