Luiza Kehdi
2°C
Trabalho conclusivo do intercambio
Escola da Vila-Colegio de la Ciudad (Argentina)
Fábricas Recuperadas.
O processo de recuperação e ocupação da IMPA.
Mais de trezentas fábricas recuperadas e atualmente ativas na Argentina,
centenas de trabalhadores que estiveram desempregados, trabalham diariamente
sem a vigilância de um chefe.
Contexto histórico: Crise de 2001
Há 50 anos a Argentina vinha se desenvolvendo a ponto de se tornar um país
que se igualava, economicamente, com países de primeiro mundo como Austrália e
Canada. Juan Domingo Perón, presidente do país de 1946 a 1955 e depois de 1973 a
1974, construiu uma Argentina baseada no modelo europeu de um Estado de bem
social. Perón estatizou as empresas e boa parte de todos os meios de produção
pertenciam ao estado. Durante seu mandato se construiu no país a classe média
mais prospera da América Latina.
Durante a década de 90, quando Carlos Menem assumiu a presidência,
houve uma transformação na Argentina; agora o país funcionaria de acordo com o
Fundo Monetário Internacional. Menem iniciou um processo de privatização de
quase tudo no país, libertando o Estado de tudo o que lhe pertencia. No início, este
processo foi muito bem visto pelo povo e, inclusive, nomeado como “Menem’s
Miracle” na imprensa norte americana. No entanto, foi um período desastroso para a
comunidade argentina, metade do país se encontrava agora abaixo da linha da
pobreza. Esta situação econômica foi mantida artificialmente as custas do Tesouro
Nacional, que esgotou seus recursos com a paridade cambial.
Em 1998 a primeira fábrica foi recuperada e ocupada, com um novo slogan:
“ocupar, resistir e produzir”. Esta fábrica é nomeada IMPA e é uma das maiores
fábricas recuperadas no país. Neste período, a economia já andava muito mal, e o
processo de abandonamento de algumas fábricas começou. Porém, foi em 2001 que
houve um boom, iniciou-se o período da Crise de 2001, quando a ação do governo
foi congelar todas as contas bancárias para reter, ainda que a força de decreto, o
dinheiro nos bancos.
Trabalhadores
se
viram
desempregados
e
manifestações
enormes
começaram a acontecer, pessoas em geral foram às ruas fechando passagens e
exigindo seus direitos e trabalhos de volta. Agora, o slogan havia se generalizado
para inúmeros trabalhadores, todos juntos em “ocupar, resistir e produzir”: O povo
todo queria um novo modelo na economia e no país.
IMPA: processo
de recuperação e ocupação da fábrica
Eduardo Murúa dirigente da IMPA, está na trabalhando na fábrica desde início
de sua recuperação e ocupação, e afirma que o momento em que recuperaram a
fábrica tinha conexão direta com a situação que o país atravessava nesse momento.
A IMPA foi a primeira fábrica a ser recuperada, em 1998, enquanto a maioria das
recuperadas começaram a surgir somente após o boom da crise, em 2001.
Havia uma grande luta sindical e política neste momento rondando a
Argentina, e todos os conflitos relacionados a salários e condições de trabalho eram
perdidos. Por tanto, era nítida a perda de empregos, na época a taxa de desemprego
era de 45% (enquanto hoje é de 20% no mundo). Como os trabalhadores se viam
inseridos nessa situação deplorável, decidiram que teriam de tentar um novo método
de luta; ocupar as fábricas que haviam sido fechadas e começar a produzir por conta
própria.
Durante os anos 90, em toda a Argentina, as leis trabalhistas foram
flexibilizadas e todas as leis comerciais foram contra os trabalhadores. Se antes da
crise uma empresa era fechada e vendida, os primeiros que cobravam por
indenização eram os trabalhadores e com a crise a grande mudança é que se
tornam desempregados.
Veem-se totalmente livres de apoio do estado ou do plano desemprego, que
tampouco cobrariam indenizações. Isso acontecia porque, quando a fábrica era
desativada e os bens deixados os bancos começavam a cobrar por estes, e
instituições financeiras que tinham dívidas a cobrar sobre as máquinas. Nem por
meio da aposentadoria os trabalhadores poderiam ter acesso ao dinheiro, pois na
época os patrões não pagavam os aposentados.
Eduardo conta que ele e um grupo de trabalhadores tentaram ocupar
algumas fábricas na cidade de Buenos Aires, anteriores a IMPA, que, por distintas
razões não se sucederam, sempre problemas entrelaçados com dinheiro e
liquidação de dívidas. No entanto, quando chegaram a IMPA foi diferente,
conseguiram ocupar a fábrica.
Agora não era mais uma ideia, se tornou realidade o conjunto de
trabalhadores em contato com a fábrica. Ocupar uma fábrica está longe de ser um
processo fácil, é na verdade uma situação muito complicada reabrir uma fábrica que
havia sido fechada, com os serviços cortados e sem nenhum estoque de matéria
prima. Havia quarenta trabalhadores, uma maquinaria que havia sido deixada na
fábrica sobra e uma vontade enorme de recuperá-las, diz o entrevistado Murúa.
Os trabalhadores resistiram, com muito sacrifício, o início do processo de
ocupação e recuperação da fábrica. Na década de 90, quando a empresa ainda
estava endividada, ela funcionou sem luz, água e gás. Além disso, ganhava-se muito
pouco, pois constantemente brigavam com o serviço público que não os ajudava por
não ser uma empresa privada e considerada ilegal. Eduardo, durante sua entrevista,
disse que era muito bonito presenciar todo este processo de luta; os trabalhadores
chegaram a dormir na fábrica, para juntar o dinheiro e então só no final de semana
retornarem as suas casas. Além disso, os trabalhadores entraram em greve de fome,
ainda como forma de juntar dinheiro. Nas palavras de Murúa, “ Eu estava “médio
gordo”, me via bem!”.
Hoje já existe uma relação entre eles e o serviço público que atua na
Argentina, depois de muita mobilização.
Após muitas negociações sobre as dívidas que tinham de pegar, se viram
livres delas somente após dez anos e, desta forma conseguiram uma posição
praticamente regularizada “meio” perante o país.
Em 1998, ano em que a IMPA foi recuperada, ainda não existiam muitas
empresas recuperadas como há hoje em dia. O movimento cresceu muito ao longo
dos anos. Durante o processo de recuperação, mais trabalhadores começaram a se
integrar e iniciaram seu trabalho na empresa.
Adotaram como forma de trabalho uma cooperativa, por serem diretamente
ligados as lutas sindicais e acreditarem que a cooperativa é uma forma de
organização válida para a manutenção de um empreendimento como este. Todos
na fábrica ganham o mesmo salário e trabalham jornadas de trabalho similares;
desde 98 até hoje. E quando há capital excedente, o valor é distribuído entre todos os
salários. Como não há a presença de um patrão que dê as ordens, todos decidem as
coisas juntos.
“A forma que adotamos para nossa empresa e para as que vieram depois foi
a forma cooperativa. Dentro do país não existem muitas formas que permitam a
autogestão dos trabalhadores, somente há essa figura jurídica que nos permite
comprar e vender.” Eduardo Murúa, dirigente da IMPA.
A empresa é um forte exemplo de manutenção de uma fábrica recuperada
para as outras que fazem parte do mesmo movimento. A
IMPA,
na
visão
dos
trabalhadores, tinha que ser um local também de resistência ao modelo capitalista
de produção, que cria guerra, morte e exclusão social. Por isso evitam admitir na
fábrica novos funcionário para manter seus ganhos.
Estes veem a propriedade que ocupam como um bem social, gerador de
emprego e educação. Apesar de que, se consideram uma empresa capitalista de
compra e venda como quaisquer outras só se distinguem pelo seu funcionamento
interno.
IMPA: seu funcionamento atualmente
Hoje em dia, a IMPA é uma empresa de metalúrgica de alumínio produzem os
tubos usados para pasta de dente, cosméticos, entre outros.
Se um novo integrante quer começar a trabalhar na fábrica, os outros
precisam ter certeza de que se o admitirem este irá permanecer, pois essa mudança
representa um grande impacto, tanto na empresa quanto no salário dos
trabalhadores. Então, a cooperativa submete o novato a um mês de teste, assim
como outras empresas de trabalhadores assalariados.
Além disso, as máquinas utilizadas na fábrica são todas muito velhas e para
isso tem um motivo específico. Se a maquinaria fosse modernizada teria uma
quantidade menor de trabalhadores por máquina, e, o objetivo do local é ter uma
grande quantidade de funcionários. Máquinas antigas necessitam de vários
funcionários para operá-las.
Para muitas fábricas recuperadas conseguirem se manter, inclusive a IMPA,
não agem sempre de acordo com a lei, ainda mais porque muitas vezes não são
consideradas empresas legais; um exemplo disto é o fato de que na IMPA há vinte e
oito processos em aberto.
A falta de apoio por meio de políticas do Estado para IMPA ainda é muito
pequena, no entanto, é muito difícil de ser fechada devido ao imenso apoio popular
que ela tem. E isso não é característica específica desta empresa, muitas outras
fábricas recuperadas sofrem o mesmo. Um exemplo disto é a eletricidade, a luz, na
IMPA que por um tempo era sempre cortada, pois as empresa de energia elétrica
local não os reconhece como uma empresa, por isso por um período se moveram a
base de gerador, Hoje em dia, já há uma boa estrutura em andamento, todo este
processo faz parte da instauração da empresa.
Muitos movimentos de fábricas recuperadas foram quebrados por diferenças
políticas, então a força do movimento atualmente está muito menos. Porém, as que
ainda existem e estão em movimento ajudam umas as outras se forem preciso; há
um grande companheirismo envolvido.
A IMPA não funciona apenas como uma fábrica de metalúrgica, nela existe
um centro educativo; uma escola, um museu sobre a trajetória do lugar e a produção
que está sendo construído e um centro cultural. Tudo isso dentro da fábrica.
O bairro desde o início apoiou a recuperação e ocupação da fábrica, mesmo
com a maioria dos trabalhadores não morando pela vizinhança. Para retribuir este
apoio popular ao movimento e beneficiar de alguma forma o bairro, abriram o centro
educacional, com a ajuda de estudantes de filosofia e letras.
Hoje, são em média 250 estudantes estudando no centro de educação na
IMPA. Os professores da universidade não são assalariados e trabalham lá por
gostarem e quererem retribuir aos moradores do entorno o apoio concebido a
fábrica durante seu processo de recuperação. Além disso, querem abrir um polo
educativo para todos; consideram necessários programas educativos em todas as
organizações sociais, isso se deve ao fato de que na Argentina o Estado paga 80%
das escolas privadas.
O centro cultural da fábrica consiste em várias atividades disponíveis para o
público, como dança exercícios de circo e aulas de teatro. E como um complemento
cultural, estão também no caminho da finalização do museu sobre a IMPA, desde
antes da recuperação e ocupação dos trabalhadores.
Todas as fábricas recuperadas, simbolicamente, tem um grande papel na
vida dos trabalhadores. Elas representam o sucesso desses trabalhadores, do povo,
que lutou pelos seus direitos e agora seguem como cidadãos ativos, atuando e
participando da sociedade em que vivem.
Mulheres: na IMPA e no processo de recuperação das fábricas
É nítido, nos dias de hoje, que se pensamos em fábricas ou trabalhos que
envolvem
algum
tipo
de
maquinaria
associamos
estes
diretamente
com
trabalhadores e homens. Em fábricas comuns (com comuns quero dizer; que exista
uma relação de patrão e funcionário, uma fábrica não recuperada), normalmente
existem mais homens trabalhando, se o trabalho for de maquinaria pesada, e em
fábricas de confecção de tecido mais mulheres. No entanto, sabemos que por uma
questão étnica, de cultura e gênero, estabelecida em nossa sociedade, é dado que
os trabalhadores homens ganham melhor, podem ter um expediente melhor, ou
seja, só o fato de ser mulher alguns direitos como trabalhadora e humana são
retirados.
A dúvida que permanecia era: como estão inseridas as mulheres no processo
de recuperação e ocupação das fábricas? Elas estavam presentes na família, como
apoio aos maridos que ficaram sem trabalho durante a crise? Não foi estabelecido
nenhum tipo de relação com este processo ou sim, as mulheres estavam presentes
e estão presentes até hoje nas fábricas?
Foi entrevistada Natália, uma das mulheres que trabalha na IMPA, colocando
e retirando os tubos de alumínio dos “ganchos”. Durante a conversa Natalia
confirmou que, desde início da recuperação das fábricas abandonadas as mulheres
estiveram presentes. Lutando pelos seus direitos como trabalhadora e no processo
de ocupação da fábrica também, e as que participaram deste tinham a mesma voz,
ou seja, o mesmo papel que era exercido pelos homens.
Atualmente, há muitas mulheres trabalhando nas diferentes fábricas
recuperadas espalhadas pela Argentina; no entanto, em quantidade, continuam bem
menores em relação aos homens. A quantidade de trabalhadoras varia de fábrica
para fábrica, em fábricas de tecido ou de escritórios onde a quantidade de mulheres
é maior, isso porque os trabalhos exercidos dentro destas são mais leves. Natália
pontuou que, em uma fábrica, Cepomar (o nome do lugar), quase todos que
trabalham lá são mulheres, no total são sete.
Na IMPA, especificamente, existem sete mulheres trabalhando e trinta
homens.
Por ser uma fábrica recuperada e trabalharem como uma cooperativa, ou
seja, ninguém é chefe e manda em ninguém lá dentro e os mesmo direitos que são
aplicados aos homens, são as mulheres também. Estes, obrigatoriamente, tem o
mesmo tempo de jornada de trabalho e todos na fábrica recebem a mesma quantia
de dinheiro. E leis trabalhistas direcionadas ao sexo feminino, exclusivamente,
também são aplicadas na fábrica, como por exemplo, licença maternidade.
Além disso, o companheirismo está muito presente nas relações de trabalho
exercidas na fábrica. Todos sempre se ajudam, Natália pontuou que a relação de
homens e mulheres na fábrica se dá de forma bem igualitária e cada um ajuda o
outro da maneira que pode, o exemplo dado pela entrevistada foi de que sempre
recebe ajuda ao carregar cargas pesadas.
Natália e outros trabalhadores da fábrica colocaram como ponto positivo do
seu trabalho e de sua vida trabalhar em um fabrica recuperada. Isso porque lá não
existe um chefe ou alguém que te vigie e obrigue as pessoas a trabalhar, que
segundo ela, é exaustivo e acaba com sua liberdade.
“Aqui é muito melhor, podemos conversar beber mate e fumar durante o
trabalho! Isso torna o trabalho bem mais divertido e faz com que nós, trabalhadores,
produzam mais”. Natália, trabalhadora da IMPA.
É possível então concluir que, as empresas recuperadas estão um passo à
frente em toda discussão de gêneros “inferiores e superiores” que permeia a nossa
sociedade. É claro que há um avanço no modo de cooperativa como trabalham que
coloca a mulher no mesmo patamar que o homem, ou seja, são garantidos aos dois
exatamente os mesmos direitos.
No entanto, a quantidade de mulheres que ocupam uma posição de
trabalhadoras nas fábricas (mesmo sendo muitas) ainda é bem menos dos que os
homens. Pode-se pensar que a questão que está em jogo aqui é a força, quero dizer,
as mulheres ainda são destinadas aos trabalhos mais leves, que exige menos
esforço físico. Ou seja, a ideia dominante ainda é a da mulher como designada a
realizar trabalhos considerados “femininos”, aqueles que exigem menos do corpo e
da força.
Importância social: as fábricas na vida dos trabalhadores
Como citado a cima, as fábricas carregam consigo uma simbologia muito
forte. Elas significam uma conquista, quase que utópica, na vida destes
trabalhadores.
No documentário “La Toma”, de Avis Lewis e Naomi Klein, foram feitas
entrevistas com trabalhadores onde é contado outro lado do boom da crise e do
processo de ocupação das fábricas.
O enfoque da fala não é tanto nas atuações políticas e a situação econômica
que o país se encontrava e sim, mais um lado social. Digamos que o lado mais
sentimental e pessoal de todo o caminho.
Em um depoimento para o filme, um funcionário da fábrica Forja San Martin,
Freddy, conta como era chegar a casa e sua filha perguntar se ele trabalhava e com
o que. Sentia-se envergonhado, sem saber o que responder à menina. Além disso,
em uma entrevista feita em sua casa, a mulher de Freddy diz que o quanto ela
ganhava não era suficiente para a comida e os custos da casa, e entre as dividas e a
comida da filha, ela escolhia a comida.
Mais do que uma conquista para uma boa condição econômica, é uma
conquista de ocupação em um lugar na sociedade. Cada fábrica se estrutura e se
organiza de uma forma, no entanto o que elas significam é similar, uma vitória
daqueles que um dia se viram sem emprego, em péssimas condições sociais.
As fábricas recuperadas da América Latina
É claro que na Argentina a questão do movimento operário ganhou muita
força durante a Crise de 2001 e que o processo de ocupação e recuperação de
fábricas abandonada se fortificou e se tornou mais conhecido
Porém, não é só na Argentina que o movimento operário tem força e
trabalhadores lutando por seus direitos.
O movimento de ocupação e recuperação de fábricas acontece em parte da
América Latina; Brasil, Uruguai e Venezuela. Fica claro aqui que, mesmo com países,
políticas e histórias diferentes há sempre uma luta trabalhadora que sobrevive e luta
em meio aos problemas ou para concepção adequada dos direitos em seu país.
Importante é perceber que esta luta não esta apagada, em 2006 houve uma
conferência, Encontro Pan- Americano em Defesa do Emprego e dos Direitos, da
Reforma Agrária e do Parque Fabril, que foi realizado em Joinville e (RS). E isso é só
um exemplo de reconhecimento da luta diária dos trabalhadores rurais e urbanos,
que estão sempre na ativa.
Em diferentes países da América Latina, assim como na Argentina existe a
IMPA e mais oitocentas e cinquenta fábricas, existem ocupações e lutas que mantém
vivo o movimento operário.
Bibliografia:
-
La
Toma,
Avis
Lewis
e
Naomi
Klein
-
https://www.youtube.com/watch?v=bpRjxJH6qQc
- Citação de jornal: “Baudelaire em Buenos Aires”, Damian Tabarovsky; publicado em
Folha de São Paulo, 04/set/2011
- Citação de jornal: “A revolta das Panelas”, Lucas Ferraz, Publicado em Folha de São
Paulo, 04/set/2011
- Entrevista com Eduardo Murúa e Natália, realizada em outubro de 2014.
http://www.unicamp.br/cemarx/anais_v_coloquio_arquivos/arquivos/comunicacoes/
gt4/sessao2/Giane_Souza.pdf
http://www.marxismo.org.br/content/10-anos-do-movimento-das-fabricas-ocupadas
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