AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO ESCOLAR CAUSAS DA EVASÃO ESCOLAR DURANTE A EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL CLAUDIA BRUNO ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO ALTA FLORESTA /2013 AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO ESCOLAR CAUSAS DA EVASÃO ESCOLAR DURANTE A EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL CLAUDIA BRUNO ORIENTADOR: PROF. ILSO FERNANDES DO CARMO “Trabalho apresentado como exigência parcial para obtenção do Título de Especialização em Gestão Escolar e Orientação Escolar.” ALTA FLORESTA/2013 “Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino.” (Paulo Freire) Agradeço, - A Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele. - A minha família que tanto contribuiu para meu sucesso e crescimento como pessoa. - Aos professores do curso em especial ao Professor Ilso Fernandes do Carmo, pela atenção e orientação na elaboração e conclusão deste trabalho. Dedico este trabalho a minha família e a todos os meus colegas profissionais da educação. RESUMO Devido a evasão escolar ser um problema endêmico e antigo no Brasil, sendo que todos os anos milhares de crianças vêm passando por essa experiência danosa ao seu futuro e ao do seu país, procurei desenvolver este trabalho com o objetivo verificar os fatores/causas que contribuem para elevar as taxas de evasão do ensino médio. O trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica onde se verificou que no Brasil todo ano milhares de crianças e adolescentes deixam as salas de aulas pelos mais diversos motivos. É um problema de ordem nacional, que afeta principalmente as classes mais desfavorecidas da sociedade. As causas da evasão escolar podem ser variadas, que vão desde as condições socioeconômicas, culturais, geográficas até mesmo em questões referentes aos encaminhamentos didáticos – pedagógicos, dificuldade em alguma disciplina e a baixa qualidade do ensino das escolas. Os resultados mostram que o maior índice de evasão escolar acontece no ensino médio e está relacionado às necessidades dos jovens trabalharem para ajudar na renda da família, fazendo com que aumente cada vez mais o número de adolescentes deixando as salas de aula. O governo vem desenvolvendo projetos de cunho social para reduzir a evasão escolar, porém por meio da pesquisa verificou-se que mesmo assim, esta perdura não havendo redução significativa. Palavras-chave: Educação, Evasão Escolar, Ensino Médio. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 1. A EDUCAÇÃO NO BRASIL 10 1.1 QUADRO DA EDUCAÇÃO NACIONAL 10 1.1.1 Analfabetismo 10 1.1.2 Repetência 11 1.1.3 Evasão 12 1.2 OUTROS DADOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 14 2. CAUSAS DA EVASÃO ESCOLAR NO BRASIL 15 2.1 A EVASÃO E A DESIGUALDADE SOCIAL 19 2.2 A EVASÃO E A ESTRUTURA ESCOLAR 22 2.3 A EVASÃO E O ENSINO MÉDIO NOTURNO 23 3. PRINCIPAIS PROJETOS DE ERRADICAÇÃO DA EVASÃO ESCOLAR 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS 31 BIBLIOGRAFIA 33 INTRODUÇÃO A educação, segundo estabelece a CONSTITUIÇÃO (1988) (arts. 205 e 227), é um direito público subjetivo que deve ser assegurada a todos, através de ações desenvolvidas pelo Estado e pela família, com a colaboração da sociedade. Quando trata especificamente do direito à educação destinado às crianças e aos adolescentes, o Estatuto da Criança e do Adolescente o descreve como um dever da família, comunidade, sociedade em geral e do Poder Público. Destas normas, constata-se que a educação não é um direito cuja responsabilidade é imposta exclusivamente a um determinado órgão ou instituição. Na verdade, é um direito que tem seu fundamento na ação do Estado, mas que é compartilhada por todos, ou seja, pela família, comunidade e sociedade em geral, resultando evidente que a “educação deixou de ser um tema exclusivo dos trabalhadores da área para ser uma questão de interesse de toda a sociedade”. Hoje no Brasil, a evasão escolar se constitui como um problema que cresce cada vez mais, afetando principalmente as escolas públicas. A evasão escolar em qualquer nível de ensino é um desafio para os profissionais da educação e uma chaga no nosso sistema de ensino. Números da evasão no Brasil mostram que a todo ano milhares de crianças e adolescentes deixam as salas de aulas pelos mais diversos motivos. A evasão escolar ocorre quando o aluno deixa de frequentar a aula, caracterizando o abandono da escola durante o ano letivo. Várias discussões e debates têm sido realizados procurando encontrar o “responsável” e a “solução” para este problema. A evasão escolar no Brasil, merece assim, uma certa atenção, pois não se trata de um problema restrito a algumas instituições de ensino, mas sim, um problema de ordem nacional, que afeta principalmente as classes mais desfavorecidas da sociedade. Comumente, enquanto educadores, respondemos a questionamentos relacionados aos motivos que levam ao fracasso e a evasão escolar dos nossos alunos. A evasão escolar é um problema complexo e se relaciona com outros importantes temas da pedagogia, como as formas da avaliação da aprendizagem, reprovação escolar e as disciplinas ministradas. Segundo Silva e Pimentel (2008) os meios de comunicação, os ambientes de pesquisa educacionais, as secretarias de 08 educação e a comunidade escolar se questionam sobre seus papéis na resolução deste processo que desencadeia consequências negativas para toda a sociedade, como violência, desemprego e baixa autoestima dos indivíduos. QUEIROZ (2012), cita que do que diz respeito a educação, a legislação brasileira determina a responsabilidade da família e do Estado no dever de orientar o aluno em seu percurso sócio-educacional. A educação é um direito de todos. A despeito disso o que se observa é que a educação não tem sido plena no que se refere ao alcance de todos os cidadãos, assim como no que se refere a conclusão de todos os níveis de escolaridade. A evasão escolar faz parte dos debates e reflexões no âmbito da educação publica brasileira e que infelizmente, ainda ocupa até os dias de hoje, um espaço de relevância no cenário das políticas publicas e da educação em particular. Quais as causas que levam o aluno a desistir de seus estudos durante a educação básica? Em face disto, as discussões acerca da evasão escolar, em parte, tem tomado como ponto central a busca por motivos reais que ocasionam este fato. As causas da evasão escolar podem ser variadas: condições socioeconômicas, culturais, geográficas ou mesmo questões referentes aos encaminhamentos didáticos – pedagógicos, dificuldade em alguma disciplina e a baixa qualidade do ensino das escolas podem ser apontadas como hipóteses para a evasão escolar no Brasil. Só analisando e entendo esses motivos é que encontraremos as raízes da evasão escolar, para assim buscar alternativas para combatê-las de forma eficiente. A evasão escolar é um problema endêmico e antigo no Brasil que perdura até hoje. Apesar dessa situação ainda existir no Ensino Fundamental, atualmente, o que chama atenção é o número de alunos que abandonam o Ensino Médio. Todos os anos milhares de crianças vêm passando por essa experiência danosa ao seu futuro e ao do seu país. O problema é que evasão é quase tida como comum entre os profissionais da educação, que no inicio do ano letivo não se preocupam em lotar as salas de aula já que sabem que muitos alunos desaparecerão da escola e não buscam nenhum tipo de alternativa para amenizar tal problema. Percebe-se que, a cada ano o nível de evasão se apresenta relevante, e que apesar da conscientização dos alunos feita pela gestão de muitas escolas, quanto à importância dos estudos, esta se faz extremamente preocupante. E com isso faz-se necessário este estudo na tentativa buscar subsídios ao entendimento das causas 09 da evasão escolar de forma que os resultados possam servir de base para um trabalho mais eficaz, tanto por parte das escolas quanto das políticas públicas a fim de minimizar a evasão escolar no ensino médio. O objetivo desse estudo é verificar os fatores/causas que contribuem para elevar as taxas de evasão da educação básica. O tema proposto apresenta-se de forma bastante abrangente, mas seu estudo, discussão e análise são muito relevantes, onde este é explanado através de experiências adquiridas no cotidiano escolar, em conjunto com um levantamento bibliográfico. O desenvolvimento deste trabalho será apresentado em capítulos. A primeira parte apresenta uma análise sobre a educação no Brasil, abrangendo assuntos como o analfabetismo, repetência e evasão. A segunda parte se trata de uma pesquisa sobre as causas da evasão escolar do ensino médio no Brasil, que estão relacionadas à desigualdade social e a estrutura escolar. Na terceira parte mostraremos os principais projetos de erradicação da evasão escolar dando ênfase aos programas governamentais de cunho social. E finalmente as considerações finais a respeito do resultado desta pesquisa, onde esperamos ter trazido elementos significativos capazes de propiciar a discussão sobre medidas que poderiam ser tomadas para amenizar os problemas do abandono da escola e assim, conter a evasão. 1. A EDUCAÇÃO NO BRASIL No que tange a educação, a legislação brasileira determina a responsabilidade da família e do Estado no dever de orientar o aluno em seu percurso sócio-educacional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (1996) é bem clara a esse respeito. Art. 2º. A Educação, dever da família e do Estado, inspirado nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 1.1 QUADRO DA EDUCAÇÃO NACIONAL Pesquisas na área educacional apontam que um terço dos brasileiros frequentam diariamente a escola (professores e alunos). Segundo dados do IBGE são mais de 2,5 milhões de professores e 53 milhões de estudantes matriculados em todos os níveis de ensino. Estes números apontam um crescimento no nível de escolaridade do povo brasileiro, fator considerado importante para a melhoria do nível de desenvolvimento de nosso país. 1.1.1 ANALFABETISMO O Brasil tem os maiores índices de evasão e repetência, ficando na 1ª posição na América Latina. Outra notícia importante na área educacional diz respeito ao índice de analfabetismo. O Ministério da Educação – MEC- divulgou dados de um levantamento que mostra que o Brasil tem atualmente cerca de 16 milhões de analfabetos. Isso significa que essas pessoas são incapazes de ler e escrever um simples bilhete, os chamados analfabetos funcionais. Segundo DANTAS (2010), o mapa do analfabetismo no país é preocupante, apesar da redução verificada nas últimas décadas. A pesquisa mostrou ainda que metade dos analfabetos se encontre em apenas 10% dos municípios brasileiros, com maior evidencia nas capitais. O analfabetismo está diretamente relacionado 11 com a pobreza e a raças historicamente discriminadas como as nos negros e a dos índios. Abaixo desses bolsões, formando a linha mais ampla do losango das classes sociais brasileiras, fica a grande massa das classes oprimidas dos chamados marginais, principalmente negros e mulatos, moradores de favelas e periferias da cidade. São os enxadeiros, os bóias-frias, os empregados na limpeza, as empregadas domésticas, as pequenas prostitutas, quase todos analfabetos e incapazes de organizar-se para reivindicar. Seu desígnio histórico é entrar no sistema, o que sendo impraticável, os situa na condição da classe intrinsecamente oprimida, cuja luta terá de ser a de romper com a estrutura de classes. Desfazer a sociedade para refaze-la. (DARCY, 1995, p. 209 citado por DANTAS, 2010, p. 10). O Censo de 2010 (IBGE), mostra uma queda no índice de analfabetismo em nosso país nos últimos dez anos (2000 a 2010). Em 2000, o número de analfabetos correspondia a 13,63% da população (15 anos ou mais de idade). Esse índice caiu para 9,6% em 2010. Ou seja, um grande avanço, embora ainda haja muito a ser feito para a erradicação do analfabetismo no Brasil. Outro dado importante mostra que, em 2006, 97% das crianças de sete a quatorze anos frequentavam a escola. De acordo com BRAGA (2009), esta queda no índice de analfabetismo devese, principalmente, aos maiores investimentos feitos em educação no Brasil nos últimos anos. Governos municipais, estaduais e federais tem dedicado uma atenção especial a esta área. Programas de bolsa educação tem tirado milhares de crianças do trabalho infantil para ingressarem nos bancos escolares. Programas de Educação de Jovens e Adultos (EJAs) também tem favorecido este avanço educacional. Tudo isto, aliado a políticas de valorização dos professores, principalmente em regiões carentes, tem resultado nos dados positivos. 1.1.2 REPETÊNCIA Outro dado importante cita ROCHA (2010), é a queda no índice de repetência escolar, que tem diminuído nos últimos anos. A repetência acaba tirando muitos jovens da escola, pois estes desistem. Recentemente a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura –UNESCO - divulgou o relatório de Monitoramento de Educação para 2010, e segundo esse relatório a qualidade da educação no Brasil é baixa, com destaque na educação fundamental e no ensino médio. O relatório da UNESCO 12 (2010), apresenta uma melhora no ensino entre 1999 e 2007. Percentualmente a repetência no ensino fundamental brasileiro é de 18,7%, sendo o mais alto da América Latina e fica bem distante da média mundial que é de apenas 2,9. 14% dos alunos brasileiros abandonam os estudos ainda no primeiro ano no ensino fundamental. A UNESCO (2010), apontou a baixa qualidade da educação brasileira pela situação atual. O ano mais crítico do Ensino fundamental é o 6º ano (5ª série). A UNESCO (2010), aponta como causas desses elevados índices a falta de estrutura como um todo do sistema de ensino, problemas de gestão, baixa qualificação profissional e metodologias inadequadas. As consequências da reprovação são diversas e trágicas. Podemos citar a baixa autoestima, distorção série-idade, subemprego e aumento dos alunos na Educação de Jovens e Adultos. Políticas de apoio nos setores social, cultural e econômico são necessárias à concretização da plena provisão e utilização da educação básica para a promoção individual e social. A educação básica para todos depende de um compromisso político e de uma vontade política, respaldados por medidas fiscais adequadas e ratificados por reformas na política educacional e pelo fortalecimento institucional. Uma política adequada em matéria de economia, comércio, trabalho, emprego e saúde incentiva o educando e contribui para o desenvolvimento da sociedade. (JOMTIEN, 1990, p. 10, citado por DANTAS, 2010, p. 13) Os elevados índices de reprovação no Brasil é resultado da falta de políticas educacionais adequadas à diversidade econômica, cultural e social da nossa população. A reversão dessa situação depende da compreensão que a educação é a base para o desenvolvimento humano. Este quadro tem mudado com reformas no sistema de ensino, que está valorizando cada vez mais o aluno e dando oportunidades de recuperação. As classes de aceleração também estão dando resultados positivos neste sentido. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), aprovada em 1996, trouxe um grande avanço no sistema de educação de nosso país. Esta lei visa tornar a escola um espaço de participação social, valorizando a democracia, o respeito, a pluralidade cultural e a formação do cidadão. A escola ganhou vida e mais significado para os estudantes. 1.1.3. EVASÃO 13 A evasão escolar faz parte dos debates e reflexos no âmbito da educação publica brasileira e que infelizmente, ainda ocupa até os dias de hoje, um espaço de relevância no cenário das políticas publicas e da educação em particular. Em face disso, as discussões acerca da educação escolar, em parte tem tomado como ponto central a busca pelos motivos reais que ocasionam esse fato. Segundo PACIEVITCH (2012), no Brasil a evasão escolar é um grande desafio para as escolas, pais e para o sistema educacional. Segundo dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira), de 100 alunos que ingressam na escola na 1ª série, apenas 5 concluem o ensino fundamental, ou seja, apenas 5 terminam a 8ª série. Em 2007, 4,8% dos alunos matriculados no Ensino Fundamental (1ª a 8ª séries/1º ao 9º ano) abandonaram a escola. Embora o índice pareça pequeno, corresponde a quase um milhão e meio de alunos. No mesmo ano, 13,2% dos alunos que cursavam o Ensino Médio abandonaram a escola, o que corresponde a pouco mais de um milhão de alunos. Muitos desses alunos retornarão à escola, mas em uma incômoda condição de defasagem idade/série, o que pode causar conflitos e possivelmente nova evasão. Analisando a questão do fracasso escolar no Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, FREITAG (1980, p. 61, citado por SILVA e PIMENTEL 2008, p. 07), destacou que dos 1000 alunos iniciais de 1960, somente 56 conseguiram alcançar o primeiro ano universitário em 1973. Isso significa taxas de evasão de 44% no ano primário, 22% no segundo, 17% no terceiro. A elas se associam taxas de reprovação que entre 1967 e 1971 oscilavam em torno de 63,5%. Em um estudo mais recente LAHOZ (2000), afirma que a cada 100 crianças que iniciaram os estudos em 1997, só 66 chegaram a 8ª série. Em se tratando do Estado de Mato Grosso, dados oficiais da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC, 2000 citado por QUEIROZ, 2012, p. 02), retratam que em 1995, "a reprovação e evasão somavam 39%, e apenas 10% dos jovens na faixa de 15 a 19 anos encontravam-se matriculados no Ensino Médio.” Esses dados revelam uma realidade bastante preocupante e que atinge desde todos os níveis escolares, diante deste fato, inúmeras medidas governamentais vem sendo adotadas para erradicar a evasão escolar, tendo como exemplos, a implantação da Escola Ciclada, a criação do programa bolsa-escola, a implantação do Plano Desenvolvimento Escolar (PDE), dentre outros, mas que não 14 têm sido suficientes para garantir a permanência da criança e a sua promoção na escola. Na pesquisa sobre o índice de evasão escolar no Brasil, feita no site do INEP, em 2008, mostra que as maiores desigualdades são verificadas quando a população dessa faixa etária é comparada segundo as regiões e de acordo com a localização de seus domicílios. A diferença de acesso é pronunciada entre as regiões, especialmente entre a Sudeste e a Nordeste. Na primeira, 61,8% dessa população frequentam o ensino médio e, na segunda, apenas 36,4%. Há também desigualdade, embora em um grau muito menor, no acesso ao ensino médio entre brancos e negros: 61,0% dos adolescentes brancos frequentam escola, taxa que na população negra é de 42,2%. Pela pesquisa realizada por SILVA (2012), sobre evasão escolar, observouse que os índices maiores de evasão aparecem nas escolas que possuem ensino médio noturno e nas escolas de periferia. Nas escolas do centro e ensino médio diurno o índice de evasão é bem menor. Segundo a pesquisa realizada com os alunos evadidos chegou-se a identidade destes jovens. Pode-se apurar que eles estão na faixa etária de 16 a 28 anos, ficando o percentual maior entre 18 e 23, porém uma parcela bem menor entre 16 e 17 anos. Sobre estes últimos a situação é preocupante, pois, por motivos diversos tiveram que se ausentar precocemente da escola. 1.2 OUTROS DADOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA Taxa de abandono (2008): 4,8% Taxa de reprovação (2008): 12,1% Taxa de aprovação (2008): 83,1% Matrículas na Educação Básica (2009): 52.580.452 - População adulta com Ensino Fundamental concluído: 54,9% (2010) - Crianças entre 5 e 6 anos que frequentam a escola: 91,1% (2010) - Jovens entre 11 e 13 anos que frequentam a escola nas séries finais do Ensino Fundamental: 84,9% (2010) - Jovens entre 15 e 17 anos com Ensino Fundamental completo: 57,2% (2010) - Jovens entre 18 e 20 anos com Ensino Médio completo: 41% (2010) (MEC/INEP/PNUD, 2013). 2. CAUSAS DA EVASÃO ESCOLAR NO BRASIL A evasão escolar tem como principal causa no Brasil à falta de interesse pela escola por parte dos alunos, segundo pesquisa Motivos da Evasão Escolar realizada pela Fundação Getúlio Vargas, citada por TORRES (2010), demonstrando que 40% dos jovens de 15 a 17 anos não dão continuidade ao ensino por julgá-lo desinteressante. Outra causa de evasão escolar apontada foi a necessidade de trabalhar, considerada a segunda causa responsável por 27 % de afastamento dos postos escolares e a dificuldade de acesso escolar com índice de 10,9%. Ao verificarmos as causas de evasão escolar nos anos de 2004 e 2006, pode-se constatar que o fator desinteresse pela escola apresentou queda de 45,12% para 40,29%, permanecendo ainda como seu principal motivo, já a necessidade de trabalhar aumentou de 22,75% para 27,09%. Embora vários estudos demonstrem que a falta de estudo tem relação direta com a qualidade de vida e sua renda, podese apurar em 2006, que 17,8% da população de jovens entre 15 a 17 anos encontram-se fora da escola, sendo que estes mesmos indivíduos deveriam estar cursando o Ensino Médio. Segundo ROCHA (2010), em seu estudo o relacionado ao insucesso escolar como consequência a evasão escolar baseia em duas diferentes óticas. Uma diz respeito às relações de ordem familiar do aluno aliado com as questões financeiras que o cerca e que acabam o levando precocemente ao mercado de trabalho. O outro esta relacionado com a estrutura escolar que inclui o tipo de abordagem que o professor usa em sala de aula, currículo, falta de recursos físicos, falta ou precariedade de atendimento psicopedagógico, rigidez excessiva nos horários e mesmo as frequentes faltas dos professores nas aulas. QUEIROZ (2012), cita que dentre as causas da evasão, destaca-se a necessidade de trabalhar para ajudar a família e, também, para seu próprio sustento. O ingresso na criminalidade e na violência são outros pontos comuns para tal evasão. O convívio familiar conflituoso, a má qualidade do ensino, entre outros fatores, são todos considerados partes integrantes e comuns da evasão escolar. É válido dizer que a evasão está relacionada não apenas à escola, mas também à família, às políticas de governo e ao próprio aluno. Todo esse contexto faz com que o estudante do Ensino Médio deixe de acreditar que a escola contribuirá para um 16 futuro melhor, já que a educação que recebe é precária em relação ao conteúdo, à formação de valores e ao preparo para o mundo do trabalho. A evasão escolar consiste, também, no não comparecimento dos alunos matriculados em sala de aula, sendo isso, segundo BRAGA (2009), uma das principais causas da repetência escolar, bem como desencadeando outros problemas como distorção idade/série e o próprio abandono. Hoje não se sabe a quem culpar especificamente pela evasão escolar, uma vez que nesse contexto surgem inúmeros atores envolvidos direta e indiretamente. A evasão escolar assola a todo o território nacional. Não se sabe até quando tem-se que conviver com esse quadro tão assombroso pelo qual está passando a educação em todo território nacional. Conforme afirma SOUZA (2012), a evasão escolar no Brasil é um problema antigo, que perdura até hoje. Apesar dessa situação ainda existir no Ensino Fundamental, atualmente, o que chama atenção é o número de alunos que abandonam o Ensino Médio. De acordo com QUEIROZ (2012), a evasão escolar, que não é um problema restrito apenas a algumas unidades escolares, mas é uma questão nacional que vem ocupando relevante papel nas discussões e pesquisas educacionais no cenário brasileiro, assim como as questões do analfabetismo e da não valorização dos profissionais da educação, expressa na baixa remuneração e nas precárias condições de trabalho. Devido a isso, educadores brasileiros, cada vez mais, vêm preocupando-se com as crianças que chegam à escola, mas que nela não permanecem. Um fator impediente relacionado ao desinteresse dos jovens estudantes do Ensino Médio são as sucessivas reprovações, que têm significativo peso na decisão de continuar ou não os estudos, pois, geralmente, a repetência é seguida pelo abandono escolar (LOPEZ; MENEZES, 2002, p.26). Em síntese, discutir a questão do fracasso escolar é muito mais do que apontar um ou outro responsável. A problemática do fracasso escolar remete para muitos debates que tratam sobre o aprendizado, obviamente, mas também sobre a eficácia dos docentes, sobre o serviço público, sobre a igualdade das "chances", sobre os recursos que o país deve investir em seu sistema educativo, sobre a "crise", sobre os modos de vida e o trabalho na sociedade de amanhã, sobre as formas de cidadania (CHARLOT, 2000, p. 14). 17 De acordo com OLIVEIRA (2013), os motivos para o abandono escolar podem ser ilustrados a partir do momento em que o aluno deixa a escola para trabalhar; quando as condições de acesso e segurança são precárias; os horários são incompatíveis com as responsabilidades que se viram obrigados a assumir; evadem por motivo de vaga, de falta de professor, da falta de material didático; e também abandonam a escola por considerarem que a formação que recebem não se dá de forma significativa para eles. Para NUNES (2013), a família não deixa de ser uma peça fundamental na educação, mas que os motivos do abandono escolar envolvem questões mais profundas. Um grande problema é a distribuição desigual de renda e metodologia do ensino que ainda atende à normas do século XIX. DIGIÁCOMO (2013) afirma que as causas da evasão escolar vão desde a necessidade de trabalho do aluno, como forma de complementar a renda da família, até a baixa qualidade do ensino, que desestimula aquele a frequentar as aulas, via de regra inexistem, salvo honrosas exceções, mecanismos efetivos e eficazes de combate à evasão escolar tanto em nível de escola quanto no nível de sistema de ensino, seja municipal, seja estadual. SILVA (2012), cita que o fenômeno da repetência no Brasil, que também ocorre no Ensino Fundamental, ocasiona outros problemas, dentre os quais a distorção idade-série (muitos alunos chegam ao Ensino Médio fora de faixa etária) e o fracasso escolar. É lícito acentuar que as pesquisas e os estudos que analisam a evasão escolar apontam para duas diferentes abordagens teóricas, a primeira das quais explica a situação com base nos fatores externos à escola, enquanto, a segunda se pauta nos fatores internos da instituição escolar. Os fatores externos são o trabalho, as desigualdades sociais, a relação familiar e as drogas. Os internos mais comuns estão assentados na própria escola, na linguagem e no professor. Assim, lança-se mão de parte da literatura científica acerca da evasão do Ensino Médio brasileiro para compreender os velhos e os novos dilemas. Os defensores dos fatores internos como determinantes da evasão escolar, como CUNHA (1997), citado por SILVA (2012), expressa a ideia de que a escola é responsável pelo sucesso ou fracasso dos alunos, principalmente daqueles pertencentes às categorias pobres da população, explicando teoricamente o caráter 18 reprodutor dessa instituição compreendida como Aparelho Ideológico de Estado (AIE). De acordo com FERREIRA (2013), são várias e as mais diversas as causas da evasão escolar ou infrequência do aluno. No entanto, levando-se em consideração os fatores determinantes da ocorrência do fenômeno, pode-se classificá-las, agrupando-as, da seguinte maneira: Escola: não atrativa, autoritária, professores despreparados, insuficiente, ausência de motivação etc; Aluno: desinteressado, indisciplinado, com problema de saúde, gravidez, etc; Pais/responsáveis: não cumprimento do pátrio poder, desinteresse em relação ao destino dos filhos etc; Social: trabalho com incompatibilidade de horário para os estudos, agressão entre os alunos, violência em relação a gangues etc. Na opinião de CHARLOT (2000), a problemática da evasão escolar deve ser vista sob vários ângulos, tais como: “sobre o aprendizado... sobre a eficácia dos docentes, sobre o serviço publico, sobre a igualdade das chances, sobre os recursos que o país deve investir em seu sistema educativo, sobre a crise, sobre os modos de vida e o trabalho na sociedade de amanha, sobre as formas de cidadania”. Nesse contexto, não existe fracasso escolar, mas sim, alunos que não conseguem aprender o que se quer que eles aprendam. Por esse motivo, ver-se um número tão elevado de evasão nas escolas. Segundo dados da Pesquisa Nacional por amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE (2013), os principais motivos da evasão declarado foram: Tabela 01 MOTIVOS PARA A EVASÃO MOTIVOS Ajudar nos afazeres domésticos Trabalho Falta de transporte Falta de dinheiro para se manter na escola Falta de documentação Falta de escola próxima Falta de vaga Concluiu a série ou curso desejado Doença Não quis frequentar Expulsão % 3,68% 20,69% 1,11% 2,38% 1,03% 1,37% 1,72% 5,51% 4,91% 33,59% 0,49% 19 Impedimento dos pais Outro motivo 0,34% 21,24% FONTE: IBGE (2013) 2.1 A EVASÃO E A DESIGUALDADE SOCIAL O fracasso escolar, segundo SNYDERS (2005), é o fracasso escolar da política vigente. Esse autor considera que a abertura política proporcionou ao campo educacional brasileiro, uma abordagem que privilegiou a construção de uma sociedade democrática e esta, por sua vez, superaria as relações sociais capitalistas. Entretanto, a escola parece ter recebido como função, posta por uma sociedade capitalista, a qual apresenta na sua estrutura, uma ideologia de desigualdade: a de reclassificar os alunos de diferentes classes sociais, tendo como critério suas motivações e potencialidades inatas. Essa função não é explicitada, porém ao discutir o fenômeno do fracasso escolar, uma das primeiras explicações que surge, está relacionada à origem social do educando. Segundo SILVA E PIMENTEL (2008), é inegável o processo de democratização do sistema educacional brasileiro. Assim, as pessoas menos favorecidas financeiramente estão tendo mais acesso à escola por meio do aumento do número de matriculas nas unidades de ensino. Entretanto, cabe considerar que somente o acesso não garante ao aluno êxito na continuidade de seus estudos. BRAGA (2009), cita que jovens, vindos de famílias pobres, são, em geral, os que têm menos êxito se avaliados através dos procedimentos convencionais de medidas. Isto porque, perde-se a função da escola no que tange à responsabilidade de transmitir o saber, associado às trocas de experiências entre os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. A escola necessita inovar e adotar como subsídio à proposta pedagógica e curricular, a troca múltipla de experiências num processo criativo e isso, por conseguinte, poderá nortear as experiências por meio mútuo dos conhecimentos compartilhados. Nesse sentido, CASTRO (2006), cita que acompanhar o aluno em todo o seu aprendizado, enquanto sujeito individual e social ainda constitui uma prática válida no sistema educacional. Assim, todo o saber – fomentado em sala de aula e na troca de experiência entre educando x 20 educador, passa a ser relevante no tocante à construção de um modelo de ensinoaprendizagem. No Brasil, muitos jovens e crianças abandonam a escolar para ingressarem no mercado de trabalho. Para estas pessoas a prioridade não é a educação, mas a própria sobrevivência. Isto está legitimamente posto, pois, sabe-se que o Brasil é um dos países mais perversos em distribuição de renda do continente – os 10% mais ricos concentram mais da metade da renda nacional. Muitos obstáculos persistem, os quais são produtos dessa situação, sejam: A heterogeneidade e a rigidez das estruturas econômicas; a concentração do progresso técnico e da riqueza acumulada; os elevados índices de desigualdade regional e social de renda; um mercado interno relativamente limitado em face de seu porte demográfico (PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS, 1993, p. 20, citado por BATISTA; SOUZA; OLIVEIRA, 2009, p. 19). BRANDÃO (1983) citado por SILVA E PIMENTEL (2008), em seu trabalho sobre evasão e repetência no ensino fundamental existente hoje explica que os alunos de nível socioeconômico mais baixo têm um menor índice de rendimento, e são mais propensos a evasão. As desigualdades sociais presentes na sociedade brasileira são resultantes das “diferenças de classe”, e são elas que marcam o fracasso escolar nas camadas populares. É essa escola de classes trabalhadores que vem fracassando em todo lugar. As políticas oficiais tentam ocultar esse caráter de classe no fracasso escolar, apresentando os problemas e as soluções com políticas regionais e locais. (ARROYO 1991, p. 21, citado por SILVA e PIMENTEL, 2008 p. 8). Pesquisas mostram que grande parcela dos alunos que abandonam a escola na juventude provém das famílias que pertencem às classe menos favorecidas em termos econômicos. Para SCHWARTZMAN (2008) citado por ROCHA (2010), aos 15 anos de idade, 15% dos adolescentes das famílias do quarto inferior de renda no Brasil já não estudam; aos 20 anos, 38% nem estudam nem trabalham. Entre os 25% mais ricos, só 2,4% não estudam aos 15 anos e, aos 20 anos. 11,3% nem estudam nem trabalham. Conforme QUEIROZ (2012), os alunos são obrigados a trabalhar para o sustento próprio e da família. Exaustos da maratona diária e desmotivados pela baixa qualidade do ensino, muitos desistem dos estudos sem completar o curso secundário. Segundo CORTELLA (2006), a educação, como direito objetivo de cidadania, fortalece a percepção de que, no momento em que as classes trabalhadoras passam a frequentar mais amiúde os bancos escolares, os 21 paradigmas pedagógicos, em execução, passam a ser insuficientes para dar conta plenamente desse direito social e democrático. De acordo com BRAGA (2009), o abandono à escola é composto então pela conjugação de várias dimensões que interagem e se conflitam no interior dessa problemática. Dimensões estas de ordem política, econômica, cultural e de caráter social. Dessa maneira, o abandono escolar não pode ser compreendido, analisado de forma isolada. Isto porque, as dimensões socioeconômicas, culturais, educacionais, históricas e sociais entre outras, influenciam na decisão tomada pela pessoa em abandonar a escola. ROSA (2011), aponta que esse problema continua sendo visto como um fato isolado e psicológico, ou seja, como consequência de um problema individual próprio da criança ou do jovem que fracassa. No entanto, de acordo com o autor, a explicação de que a evasão escolar e a repetência são causadas por problemas individuais, não consegue esclarecer porque isso continua acontecendo em grande escala com um número significativo de jovens oriundos de classes menos favorecidas economicamente. Nesse mesmo sentido de idéias, MELO (1987), citado por SILVA (2012), assinala como fato amplamente reconhecido que as crianças e os jovens pobres são as que mais repetem e abandonam a escola. Em oposição a essa população, há outros grupos sociais para os quais: cursar o ensino médio é algo tão natural quanto comer, tomar banho etc. E, muitas vezes, sua motivação está bastante associada à possibilidade de recompensa (seja por parte dos pais ou pelo ingresso na universidade). A questão está naquele grupo social para o qual o ensino médio não faz parte nem de seu capital cultural nem de sua experiência familiar e, por isso, o jovem desse grupo, geralmente não é cobrado para continuar estudando. É aí que está o desafio de criar a motivação pela escola (KRAWCZYK, 2009, p. 9). O desafio é de possibilitar aos jovens, aos adultos a aquisição dos instrumentos necessários e possíveis, que lhes permitam romper com o ciclo de pobreza no qual estão inseridos. Instrumentos estes que poderão lhes possibilitar participarem de forma ativa, enquanto atores sociais, protagonistas e cidadãos, dos bens culturais e econômicos produzidos pela e na sociedade. 22 2.2 A EVASÃO E A ESTRUTURA ESCOLAR FUKUI (1983), citado por QUEIROZ (2012), ressalta a responsabilidade da escola afirmando que o fenômeno da evasão e repetência longe está de ser fruto de características individuais dos alunos e suas famílias. Ao contrário, refletem a forma como a escola recebe e exerce ação sobre os membros destes diferentes segmentos da sociedade. Conforme ARROYO (1997), na maioria das causas da evasão escolar, a escola tem a responsabilidade de apontar a desestruturação familiar, e o professor e o aluno não têm responsabilidade para aprender, tornando-se um jogo de empurra. Sabe-se que a escola atual é preciso estar preparada para receber e formar estes jovens e adultos que são frutos dessa sociedade injusta e, para isso é preciso professores dinâmicos, responsáveis, criativos, que sejam capazes de inovar e transformar sua sala de aula em um lugar atrativo e estimulador. Diferentemente dos autores que apontam a criança e a família como responsáveis pelo fracasso escolar, FUKUI (1983) citado por QUEIROZ (2012), ressalta a responsabilidade da escola afirmando que "o fenômeno da evasão e repetência longe está de ser fruto de características individuais dos alunos e suas famílias. Ao contrário, refletem a forma como a escola recebe e exerce ação sobre os membros destes diferentes segmentos da sociedade". De acordo com AZEVEDO (2013), o problema da evasão e da repetência escolar no país tem sido um dos maiores desafios enfrentados pelas redes do ensino público, pois as causas e consequências estão ligadas a muitos fatores como social, cultural, político e econômico, como também a escola onde professores têm contribuído a cada dia para o problema se agravar, diante de uma prática didática ultrapassada. Conforme DIGIÁCOMO (2013), a evasão escolar é um problema crônico em todo o Brasil, sendo muitas vezes passivamente assimilada e tolerada por escolas e sistemas de ensino, que chegam ao cúmulo de admitirem a matrícula de um número mais elevado de alunos por turma do que o adequado, já contando com a "desistência" de muitos ao longo do ano letivo. Segundo ARANHA (2009), os maiores dilemas enfrentados pelos jovens, na atualidade, no Ensino Médio, são: turmas lotadas (chegam a 50 alunos por sala); 23 conteúdos extensos e específicos; professores despreparados para lidar com o estágio de desenvolvimento dos alunos. Apontando os dilemas, tem-se: Ao fim do 3º ano, apenas 25% dos alunos demonstram domínio do conteúdo de Língua Portuguesa e 10% de Matemática; Entre os 10 milhões que têm entre 15 e 17 anos, só a metade está no Ensino Médio. A outra metade, 1,8 milhão de alunos, desistiu de estudar e 3,5 milhões continuam presos pelos obstáculos do Ensino Fundamental; O 1º ano do Ensino Médio é o que apresenta o maior número de desistências. 2.3 A EVASÃO E O ENSINO MÉDIO NOTURNO A escola noturna foi criada, inicialmente, voltada para a alfabetização de adultos e para dar continuidade aos estudos iniciais, mas a necessidade fez com que também o ensino secundário, hoje ensino médio, passasse a ter cursos noturnos. Foi constituída como uma cópia do ensino diurno, alheia às necessidades dos alunos do curso noturno. CIEGLINSKI (2011), cita que nas décadas de 1980 e 1990, a oferta do ensino médio no período noturno foi uma das principais estratégias para garantir o acesso de adolescentes, jovens e adultos das camadas populares a este nível de ensino. Atualmente, as estatísticas educacionais demonstram mudanças. Um terço dos alunos matriculados no ensino médio frequenta a escola no período noturno, o que representa um total de 2,9 milhões de estudantes. Os dados consolidados do Censo Escolar de 2010 apontam um contingente significativo, mas ainda assim indicam uma redução. No início dos anos 2000, cerca de metade das matrículas do ensino médio era no período noturno, em que a qualidade do ensino pode ser afetada por problemas como a dupla jornada do estudante ou a carga horária de aulas reduzida. De acordo com QUEIROZ (2012) o ensino médio noturno sempre teve como característica seu público, formado por alunos trabalhadores. Inclusive essa foi, talvez, uma das razões para sua existência: garantir os direitos educativos daqueles que já estão no mercado de trabalho. Ou seja, há uma relação grande do ensino médio noturno com a perspectiva de direito à educação dos trabalhadores, sejam eles jovens ou adultos, que podem, ou não, ter abandonado os estudos e queiram 24 voltar a estudar. No Brasil, na medida em que a rede de ensino foi sendo estruturada, essa foi uma grande reivindicação dos grupos populares que ainda não tinham acesso à educação. SILVA E PIMENTEL (2008), citam que boa parte da juventude que chegou a etapa final da educação básica fez isso pela porta do ensino médio noturno e, se não fosse assim, ela não teria estudado, porque tem grandes necessidades de trabalho e de geração de renda. Isso gerou um padrão de expansão do ensino médio em que os cursos noturnos tinham uma relevância muito grande. Quando comparados à população do período diurno, nós observamos um perfil diferenciado de estudantes no noturno. Em linhas gerais, encontramos um aluno trabalhador e que tem muito menos tempo para estudar. Ele chega cansado à escola, muitas vezes, com fome, e encontra uma escola com péssimas condições de infraestrutura e com professores cumprindo uma jornada de trabalho extenuante. Por esses e outros fatores, o ensino médio noturno enfrenta mais desafios e dificuldades para fazer com que a população escolar que ali está possa aprender com a qualidade que tem direito. As razões que levam os alunos a procurar um curso noturno são muito diversas, entre as quais se podem citar: a busca pelo emprego, visto que as empresas impõem como condição para o contrato de trabalho o fato de estarem matriculados em escolas noturnas. Há estudos realizados que comprovam que 57% dos estudantes que estudam à noite, ou já trabalham, ou estão em busca de trabalho (RODRIGUEZ E HÉRAN, 2000 citado por ROCHA, 2010). BRAGA (2009), cita que o aluno do noturno é na sua maioria da classe trabalhadora, comumente, vem das camadas sociais mais desfavorecidas financeiramente tendo que trabalhar durante o dia cumprindo uma longa jornada de trabalho. Acaba por chegar à escola, cansado e sem motivação para estudar. Esse fato leva à diminuição do rendimento escolar. Como muitos dos alunos com idade superior a dezoito anos, possuem outras atividades, como o trabalho diurno, obrigações domésticas e a procura de emprego, o cansaço devido a essa rotina e as deficiências devido às repetências ou evasões anteriores, aliadas a um ensino de baixa qualidade, resultam em uma maior dificuldade de aprendizagem, provocando desânimo, falta de interesse e levando muitas vezes a mais repetências ou novos abandonos. Portanto, quem chega ao 25 Ensino Médio pode ser considerado um “sobrevivente” do Ensino Fundamental, mas que ainda corre sério risco de não conseguir chegar ao final da caminhada. Resultados de pesquisa realizada por ROCHA (2010) mostram que a taxa de evasão pesquisada nos arquivos da Escola Candido José de Godoi em Porto Alegre é de 52,5% é elevadíssima para o segundo trimestre letivo, seguramente essa taxa ainda aumenta substancialmente até o final do ano letivo. Estudos desenvolvido por MEKSENAS (1992), sobre a evasão escolar dos alunos nos cursos noturnos aponta por sua vez que a evasão escolar desses alunos se dá em virtude de estes serem obrigados a trabalhar para sustento próprio e da família, exausto da maratona diária e desmotivados pela baixa qualidade de ensino, muitos adolescentes desistem dos estudos sem completar o ensino médio Às vezes a falta de interesse do aluno, traduzida na evasão escolar é uma maneira de mascarar sua incapacidade para se esforçar. Mas em outras ocasiões não é assim. O aluno faria um esforço se percebesse que os conteúdos da aprendizagem são medianamente atrativos, úteis, conectados, co m sua vida diária, atraentes o suficiente para que o esforço valha a pena. Quando, pelo contrário, descobre que aprender supõe apenas memorizar certos conteúdos distantes para recuperá-los depois em uma prova, sua atitude defensiva diante da aprendizagem vai se consolidando. Pouco a pouco, seu atraso vai se ampliando e chega um momento em que a distância com o ritmo médio da turma se torna intransponível. O aluno com dificuldades específicas de aprendizagem não apresenta, de início, problemas de motivação, se bem que progressivamente pode se sentir incapaz de realizar as tarefas propostas e abandona qualquer tentativa de superá-las, já que as atividades propostas “estão cheias de respostas para perguntas que ele não sabe quais” (VASCONCELLOS, 1995, p.38, citado por ROCHA, 2010, p. 13). Portanto, a falta interesse por parte dos alunos está ligada a sua incapacidade de se esforçar e /ou na falta de conteúdos interessantes que lhes façam valer o esforço aplicado no ato de estudar. ROCHA (2010), cita que os alunos da noite preferem aprender atividades que possam ser experienciadas a conteúdos enlatados e a aplicabilidade imediata do conhecimento adquirido é significativa para os alunos da noite, buscam nas escolas noturnas muito mais do que instrução; buscam igualdade de oportunidades e formas de não exclusão. A legislação educacional atual não prevê organização e funcionamento diferenciado para o turno da noite (LDB, 1996), supondo que a realidade social nos diferentes turnos é uma só. Segundo DANTAS (2010), a rigidez dos horários de entrada e saída, a infrequência dos professores, o elevado número de alunos por classe, a falta de pessoal administrativo indispensável e mesmo a disposição das 26 disciplinas no horário representam barreiras de difícil superação para uma população estudantil que, na maioria das vezes, encara as aulas noturnas como uma segunda ou terceira jornada de trabalho. O currículo do ensino noturno, não tem identidade própria, é inadequado às necessidades e interesses dos alunos e não considera o contexto econômico, social e cultural de onde os alunos residem. Segundo LUFT (1998), citado por ROCHA (2010, p. 15): “O currículo do ensino noturno não pode ser idêntico ao currículo do ensino diurno, pois deve referir-se especificamente à realidade sociocultural do aluno trabalhador.”. Segundo ROSA (2011), o perfil do professor que leciona à noite é de um profissional que já chega à sala de aula, extenuado, pois está iniciando, muitas vezes, seu terceiro expediente de trabalho. Não raramente é descrente das possibilidades de aprender de seus alunos, e repete metodologias enfadonhas. Os alunos de um urso noturno necessitam de professores mais dispostos e preparados que possam ajudar na construção de conhecimentos úteis ao seu dia-a-dia que os motive a continuar, não de professores já extenuados e mal pagos, já na sua terceira jornada de trabalho que os trate com desmerecimento. 3. PRINCIPAIS PROJETOS DE ERRADICAÇÃO DA EVASÃO ESCOLAR TORRES (2010), cita que a implantação dos programas voltados a diminuir o processo de evasão escolar tem apresentado resultados negativos, tornando-se desafiador para o professor, manter a permanência do aluno na escola. Se levarmos em conta nosso contexto sociocultural identificaremos muitos fatores preponderantes, que desestimula a permanência escolar como: à sobrecarga de trabalho extensivo, professores sem uma qualificação adequada ao programa para jovens e adultos que tem contribuído mais para a exclusão social do que para a formação educacional. Tal situação levou o Brasil a desenvolver diversas estratégias com a finalidade de enfrentar, mesmo que de forma paliativa, os problemas que emergem do setor educacional. Segundo TORRES (2010), a ampliação das matrículas no ensino fundamental, sobretudo, é algo concreto, entretanto políticas públicas efetivas que possibilitem a permanência das crianças, dos jovens e dos adultos na escola é um entrave de grande porte, o qual ainda persiste. O FNDE mantém programas voltados a assistência ao aluno e consequentemente auxiliam a diminuição de evasão escolar tornando a escola mais acessível e atrativa. O programa dinheiro direto na escola transfere recursos a escolas de rede estadual, municipal e Distrito Federal, bem como, a escolas especiais mantidas por organizações não governamentais. Tais recursos são enviados para fazer frente à aquisição de materiais, manutenção e conservação de prédios escolar, para capacidade e aperfeiçoamento de profissionais da educação, na implementação de projetos pedagógicos e desenvolvimento de atividades educacionais diversas. Seu objetivo maior é o melhoramento na qualidade de ensino fundamental e chamar a comunidade a auxiliar na melhor aplicação desses recursos (TORRES, 2010, p. 38). De acordo com TORRES (2010), o programa nacional de alimentação escolar (PNAE) tem o papel de fornecer suplemento alimentar aos alunos de préescola e ensino fundamental as escolas públicas federais, estaduais e municipais. Cujo intuito é assegurar que o aluno tenha ao menos uma refeição diária nos dias letivos, se preocupando sempre com o valor nutricional e levando em conta as necessidades diárias de crianças e adolescentes. A liberação de recursos leva em conta o número de alunos levantados pelo Censo Escolar realizada pelo MEC/Inep, 28 com possibilidade de participação de escolas filantrópicas, que se encontrem devidamente cadastradas no conselho nacional de assistência social. Na tentativa de dirimir os altos índices de evadidos da rede pública de educação, o governo federal pactuou com os entes federados a implementação do Programa Bolsa Família. Segundo TORRES (2010), o programa Bolsa Família foi criado para apoiar famílias pobres garantindo-lhes direito à alimentação, acesso à educação e a saúde. Seu objetivo é a inclusão social da população carente, por meio da transferência de um auxílio monetário e garantir prestação de serviços essenciais. Há alguns programas incorporados a Bolsa Família como a bolsa família, o cartão alimentação, auxílio gás, bolsa alimentação. Todo esse conjunto de programas tem como intuito o fomento de condições mínimas de frequência e permanência de nossos jovens nas escolas. Pois a criança deve se amparada pelo Estado, em todas suas mazelas, deficiências por ela apresentada, apoiando conjuntamente sua família de poucas posses, de modo, a efetivar melhores condições de manutenção na escola e conclusão do ensino. Somente assim, nossos jovens terão perspectivas de um futuro próspero, diferentes de seus pais, evitando um ciclo permanente de pobreza e exclusão. O Programa Bolsa Família é uma forma de tornar obrigatória a permanência da criança e do jovem na escola. Assim, para que a família obtenha esse benefício pecuniário, faz-se necessário que a criança e o jovem frequentem a escola, caso contrário, perde-se o benefício. De acordo com BRASIL (2001), o Programa Bolsa Família, Lei de nº 10.219, foi implementado no Brasil no dia 11 de abril de 2001, na tentativa de combater a fome e a pobreza e promover a emancipação das famílias mais pobres do país. O Programa Bolsa Família é tido como uma das mais importantes políticas sociais deste governo com o intuito de priorizar a educação, a alimentação, a economia, a saúde e a previdência social. O programa Bolsa Família articula-se com o direito à alimentação por meio da garantia de uma renda mínima; articula-se com a saúde e educação por meio da cobrança de condicionalidades; articula-se com políticas de geração de trabalhos e renda, porque no pacto de adesão firmado com os municípios, determina a adoção de ações complementares nesse sentido. A partir de 2008, está valendo a extensão da faixa etária para adolescentes de 16 e 17 anos para incorporar ao benefício do Bolsa Família. Com isso, o programa se articula com o PROJOVEM, inclusive prevendo pagamento de bolsa diferenciada para essa faixa etária- no caso, R$ 30,00 por filho, até o limite de dois por família. (BRAGA, 2009, p.3) 29 De acordo com BATISTA; SOUZA E OLIVEIRA (2009), o número de matrículas tem aumentado nos últimos anos em todos os níveis e modalidades da educação. No entanto, o contingente de alunos que concluem o ensino fundamental e médio continua sendo inferior ao número de matrículas propostas. Isto é, o percentual de evadidos é maior do que o dos que ingressam na rede de ensino. Segundo o INEP, em 1998, o número de evadidos no ensino médio foi de 212.431, sendo que 153.160 pertencem à rede estadual na região nordeste. Na Bahia, esse percentual foi de 45.948 e, no que diz respeito à rede estadual de ensino foi de 34.414 no mesmo ano. Em Ilhéus, em 2007, o total de estudante matriculados no ensino médio na rede estadual de ensino foi de 50.522, destes 27.456 abandonaram a escola. Esses números absolutos demonstram que a evasão não diminuiu significativamente ao longo dos últimos dez anos nesse nível de ensino. KRAWCZYK (2009), afirma que: a evasão, que se mantém nos últimos anos, após uma política de aumento significativo da matrícula no ensino médio, nos revela uma crise de legitimidade da escola que resulta não apenas da crise econômica ou do declínio da utilidade social dos diplomas, mas também da falta de outras motivações para os alunos continuarem seus estudos. BATISTA; SOUZA E OLIVEIRA (2009), cita que a evasão escolar não é um problema restrito aos muros intra-escolares, uma vez que reflete as profundas desigualdades sociais existentes em nosso país e se constitui como um problema social. A situação é alarmante, principalmente por se tratar de uma parcela jovem da população que está excluída dos bens culturais da sociedade. Além disso, encontrase fora do mercado de trabalho, por não atender às exigências da sociedade hodierna, cada vez mais integrada à globalização e aos ditames do projeto neoliberal no que diz respeito à qualificação da mão de obra. Nessa perspectiva, o Governo Federal cria pela Lei nº 11.129, de 30 de junho de 2005, e institui o Programa Nacional de Inclusão de Jovens – ProJovem; assim como o Conselho Nacional da Juventude – CNJ e a Secretaria Nacional de Juventude. Alguns dispositivos constantes nessa Lei são revogados pela Lei nº 11.692 de 10 de junho de 2008, como por exemplo, amplia a faixa etária do público alvo a ser atendido de 18 a 24 anos para 18 a 29 anos (BRASIL, 2005). ROCHA (2010) cita que a articulação do ensino médio “com a educação profissional técnica 30 de nível médio constitui uma das possibilidades de garantir o direito à educação e ao trabalho qualificado”. Segundo BATISTA; SOUZA E OLIVEIRA (2009) esses programas são exemplos de estratégias materializadas pelo governo federal em parceria com os entes federados para reduzir o número significativo do contingente de jovens que estão fora das escolas ou as abandonaram em algum momento da sua trajetória estudantil. São programas que objetivam criar condições para que essas pessoas possam ingressar de forma imediata no mercado de trabalho. Contrapondo a criação desses projetos de cunho social com a questão da evasão escolar, verificou-se que mesmo assim, esta perdura. Com isso, não se reduz o grande contingente de alunos que abandonam as escolas. CONSIDERAÇÕES FINAIS O maior índice de evasão escolar está relacionado às necessidades dos jovens trabalharem para ajudar na renda da família, fazendo com que aumente cada vez mais o número de adolescentes deixando as salas de aula. Conclui-se, portanto, que as causas da evasão vêm dos próprios alunos, uma vez que muitos abandonam a escola para trabalhar, ou seja, ajudar no sustento da família. Verifica-se que as famílias devem ser conscientizadas sobre a importância do estudo para os filhos. Não há duvida de que o meio em que o aluno vive é o familiar, cuidando dela, provavelmente se aportarão benefícios à questão educacional. Vale ressaltar que o professorado é e sempre será um dos construtores importantes da questão educacional. Os cursos noturnos são igualados aos diurnos quanto ao currículo, mas em termos de estrutura psicopedagógica deixam a desejar, já que a classe noturna precisa de muito mais estímulo para vencer o cansaço causado pela rotina trabalho/escola e concluir os estudos. Necessitam de professores mais dispostos e preparados que possam ajudar na construção de conhecimentos úteis ao seu dia-adia que os motive a continuar, não de professores já extenuados e mal pagos, já na sua terceira jornada de trabalho que os trate com desmerecimento. Apresentadas as causas da problemática da evasão escolar, convém sugerir que algumas medidas poderiam ser tomadas para amenizar os problemas do abandono da escola e assim, conter a evasão. É preciso enfrentar e reduzir a evasão escolar em níveis de países desenvolvidos, principalmente no Ensino Médio noturno, para que haja uma escola de fato democrática. Para tanto, é necessário rever a concepção de qualidade de ensino, e também que se efetive, dentro da escola, um trabalho didático pedagógico com conteúdos, planejamentos, objetivos, métodos e avaliações realmente de qualidade, compatíveis com as condições reais dos alunos, promovendo assim a permanência e o sucesso dos alunos. São necessárias ações governamentais que visem à melhoria do nível de emprego permitindo melhores condições financeiras para que os pais possam arcar com as despesas da educação dos filhos, sem necessidade destes terem de se preocupar com sua sobrevivência priorizando o trabalho em detrimento dos estudos. 32 Vale ressaltar que o professorado é, e sempre será, um dos construtores importantes da questão educacional. É necessário proporcionar-lhe salários dignos, além de conceder cursos periódicos para aperfeiçoamento de seus conhecimentos e técnicas pedagógicas, fazendo com que eles prestem sua significativa parcela de contribuição na diminuição da evasão escolar, através de um trabalho parceiro e solidário. A escola noturna, através de políticas públicas, poderia se ocupar em qualificar os jovens para o mercado de trabalho, visto que são alunos que estão ingressando no mercado de trabalho, ou estão à procura do primeiro emprego. É de conhecimento público que a demanda por profissionais qualificados é crescente no País. Essa ação também acarretaria no interesse dos alunos em permanecer na escola noturna. Deve-se cuidar do aluno, motivando-o, assistindo-o e dando-lhe as condições básicas para que nele se desperte o interesse e a conscientização de que o estudo é importante para seu presente e futuro. Para o aluno, deve-se dar maior incentivo e melhorar a motivação das aulas, além de conscientizar os pais de que devem ter maior participação na vida escolar dos filhos e mobilizar as famílias acerca da importância dos estudos para eles. BIBLIOGRAFIA ARANHA, Ana. A escola que os jovens merecem. Revista Época. São Paulo, n. 587, ago. 2009. Disponível em< http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI87998152231,00A+ESCOLA+Q UE+OS+JOVENS+MERECEM.html>. Acesso em: 02 ago. 2013. ARROYO, Miguel G. da. Escola coerente à escola possível. São Paulo: Loyola, 1997. AZEVEDO, Francisca Vera Martins de. 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