Sermão de S. A.º aos Peixes – GUIÃO – CAP. I
1.1.
Vós = pregadores. O conceito predicável é um passo das Escrituras
que se demonstra irrefutavelmente aplicável às condições da época.
1.2.
O sal impede a corrupção dos alimentos, assim como os pregadores
devem impedir a corrupção social e moral.
1.3.
Duas razões: os pregadores não pregam a verdadeira doutrina nem
dão o exemplo; os ouvintes não querem receber a doutrina e imitam
os maus exemplos.
2. Vieira pretende seguir o exemplo do santo, pregando aos peixes e sendo,
desse modo, sal da terra e sal do mar, já que os homens não o ouvem, como
acontecera com o santo.
2.1.
Os bons exemplos devem ser seguidos, consequentemente, Vieira
segue o exemplo de S. A.º, tanto mais que com o santo a estratégia
resultara. Uma vez que, os homens também não o ouvem, Vieira
espera conseguir, como o santo, realizar os seus intentos.
3. Enquanto os outros doutores da igreja foram sal da terra, S. A.º foi sal da
terra e sal do mar.
4. Resposta Livre.
5. Resposta Livre.
6. “a terra se vê tão corrupta”; “a terra se não deixa salgar”; “a que se não
pegou nada na terra” “deixa a terra, vai-se ao mar”; “foi sal do mar”; “o mar
está tão perto”; “Senhora do mar”.
6.1.
Do ponto de vista semântico, os 2 vocábulos apresentam 2
significados: os locais que designam e os habitantes desses locais.
7. Processos simétricos: construção paralelística que organiza e que expande o
texto, partindo da decomposição da expressão “ou é porque o sal não salga
ou porque a terra se não deixa salgar”. Assim, parte do texto explica as
razões e as consequências do sal não salgar e a outra parte da terra se não
deixar salgar.
A informação vai progredindo em torno do conceito predicável, eixo
temático estruturante do texto, apresentando repetição de vocábulos (terra,
mal, sal, pregadores), de expressões (o sal não salga, a terra não se deixa
salgar) e de ideias.
Funcionamento narrativo – distingue-se, claramente, um tempo presente,
na reflexão social e moral (o sal não salga); um passado (pregava, chegou),
na narração da história de S. A.º; e um futuro (ouvirão), na resolução de
pregar como o Santo.
Sermão de S. A.º aos Peixes – GUIÃO – CAP. II
1.
1.1.
O orador sublinha que os peixes são um mau auditório, pois jamais se
poderão converter. A crítica consiste na declaração da dor do
pregador, por constatar que não poderá converter o seu suposto
auditório. No entanto, sublinha que a dor é banal, por ser comum a
ausência de fé nos homens.
1.2.
Os visados diretos são os peixes, contudo o orador pretende atingir
os homens com esta crítica.
2.
2.1.
O sal conserva e preserva o são para que se não corrompa.
2.2.
Também as pregações pretendem evitar a corrupção. Louvam o bem
para o conservar e repreendem o mal para o afastar.
3.
3.1.
O Sermão divide-se em 2 pontos: o louvor das virtudes dos peixes e a
repreensão dos seus vícios.
3.2.
Pretende seguir as propriedades do sal, que são as propriedades das
pregações: louvar o bem e repreender o mal para conservar o bem.
4.
4.1.
Peixes: ouvem e não falam; foram as primeiras criaturas que Deus
criou; são alimento para o homem; são numerosos e entre eles se
encontram os maiores animais; são obedientes, atentos, quietos e
devotos; ajudam à salvação dos homens.
5.
5.1.
Os peixes são melhores do que os homens
5.2.
Jonas foi lançado ao mar pelos homens. Um peixe recolheu-o nas
entranhas e lançou-o à terra, para assim poder pregar.
5.3.
Os peixes mostraram mais respeito e devoção pelos pregadores da
palavra de Deus do que os homens, o que comprova o argumento.
6.
6.1.
Os homens por falarem demasiado, por serem pouco atentos e
desobedientes, não respeitam e não seguem a palavra de Deus,
assumindo comportamentos muitas vezes irracionais.
6.2.
A associação peixes/homens pretende focalizar a atenção dos
ouvintes nos defeitos que se querem ver ultrapassados.
Sermão de S. A.º aos Peixes – GUIÃO – CAP. III
1.
1.1.
Fará menção dos peixes que têm virtudes que merecem ser
evidenciadas.
1.2.
O peixe de Tobias (da Bíblia), a rémora, o torpedo e o quatroolhos (da realidade natural).
1.3.
Peixe de Tobias: Peixe de bom coração e proveitoso fel; bom para
curar a cegueira e para lançar fora os demónios. Rémora:
pequeno o tamanho mas grande na força e no poder. Torpedo:
Fazem tremer o braço dos pescadores. Quatro-olhos: possuem 2
olhos que lhes permitem vigiar as aves que os atacam por cima e
outros 2 que lhes permitem vigiar os peixes que os atacam por
baixo.
1.4.
Tal como o Peixe de Tobias, Santo A.º tem um bom coração:
alumia e cura as cegueiras e lança fora os demónios. A língua de
Sto. A.º foi rémora na terra, pela sua força para domar e parar as
fúrias das paixões humanas. As palavras do Santo, tal como o
torpedo, fizeram tremer os homens que se emndaram de seus
pecados. O exemplo do quatro-olhos assemelha-se ao que o
Santo pregou: deve olhar-se para cima, considerando que há céu,
e para baixo, considerando que há inferno.
2.
2.1.
Soberba, Vingança, Cobiça; Sensualidade.
2.2.
Nau Soberba: crítica à soberba humana, que faz os homens
inchar. Nau Vingança: crítica aos que estão sempre dispostos a
vingar-se dos seus semelhantes. Nau Cobiça: crítica aos invejosos.
Nau Sensualidade: crítica aos que se deixam facilmente perder,
moral e socialmente, os lúbricos.
2.3.
Os homens que possuem os defeitos salientados têm destinos
atrozes, acabando por se assumir como os seus próprios
carrascos.
2.4.
Vieira quer mostrar os perigos das paixões humanas, aqui
representados pelas naus, mostrando também de que modo
Santo A.º foi capaz de as combater através das sua pregação e
exemplo.
3.
3.1.
O peixe ensina aos homens que devem ter consciência de que há
céu e inferno. O céu destina-se aos que forem bons e o inferno a
todos os que são pecadores.
3.2.
Os homens, sendo racionais, não se comportam como tal, não
vendo o céu e o inferno. De contrário, o quatro-olhos, que é
vigilante e olha para baixo e para cima, era mais merecedor de
uma alma racional.
4. Resposta Livre.
Sermão de S. A.º aos Peixes – GUIÃO – CAP. IV
1.
1.1.
A inserção tem em conta a crítica que o orador quer fazer:
antropofagia social – os peixes comem-se uns aos outros, tal como os
homens se comem, metaforicamente, em todos os atos em que
acontece a exploração de uns pelos outros; vaidade no vestuário: a
vaidade e a cegueira leva os peixes a deixarem-se pescar, o que,
alegoricamente, remete para os homens que, a troco de uns trapos
coloridos são capazes de empenhar toda a sua vida.
1.2.
“(…) considerai, peixes, que também os homens se comem vivos,
assim como vós”. Esta expressão mostra como Vieira usa a alegoria
para criticar os homens.
1.3.1. Vieira salienta o caso dos que morrem e que, mesmo antes de
serem enterrados já estão a ser comidos (os herdeiros, os
testamenteiros, os legatários, os credore, etc.), bem como o caso dos
que têm questões na justiça, que também são comidos por inúmeros
oportunistas (o meirinho, o solicitador, o advogado, a testemunha,
etc). uma vez mais, alegoricamente, o orador serve-se do exemplo
dos peixes para, alegoricamente, criticar as atitudes dos homens.
1.3.2. Ao apontar os defeitos dos grupos sociais em questão, Vieira
pretende chamar a atenção para as injustiças cometidas, sobretudo
com os mais desfavorecidos, na medida em que os “grandes comem
os mais pequenos”. De igual modo, pretende moralizar os costumes e
os comportamentos.
2.
2.1.
“Morreu algum deles, vereis logo tantos sobre o miserável a
despedaçá-lo e a comê-lo”; “é maior ignorância e maior cegueira
deixares-vos enganar (…) com duas tirinhas de pano(…)”.
2.2.
Vieira pretende provar a veracidade das suas afirmações, através de
argumentação adequada e forte para poder levar o auditório a mudar
os seus comportamentos.
2.3.
Ao atacar violentamente e de forma satírica os vícios dos peixes,
Vieira tenta convencer os homens a modificar a sua conduta moral e
social, levando-os a olhar de outro modo para os mais desfavorecidos
e a evitarem a vaidade. Ao estabelecer a sua argumentação,
pretende, sobretudo, agir sobre o coração dos homens.
3.
3.1.
Insistência anafórica no olhai e no vede: “Olhai como estranha”;
“Olhai, peixes”; “Vede vós”; “Vede aquele”. Antítese lexical:
Grndes/pequenos; claras/escuras; dia/noite. Exclamação: “Enganados
por um retalho de pano perder a vida?”; apóstrofe: “Olhai, peixes…”;
interrogação retórica: “Quereis ver um Job destes?”; comparação:
“São piores os homens que os corvos”; metáfora: “A vaidade entre
os vícios é o pescador mais astuto”; enumeração: Comem-no os
herdeiros, (…) os testamenteiros; (…) os legatários; (…) os
acredores; (…) o médico; (…) o sangrador (…)”.
3.2.
A enumeração é, talvez, o mais expressivo, pelo ritmo gradativo onde
se insere e porque sustenta a argumentação, exemplificando o poto
de vista do orador.
4. Resposta Livre.
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