I Conferência Brasileira sobre Arranjos
Produtivos Locais (APL)
APL de Moda Íntima de Nova
Friburgo e Região
– Características,
– Governança;
– APL x Desenvolvimento Econômico;
– O Papel dos Agentes Financeiros.
A História do Pólo
Fundada em 8 de janeiro de 1890, Nova
Friburgo tornou-se um pólo de confecções
a partir de 1982, quando uma grande
empresa da região, passando por
reestruturação, se viu obrigada a
dispensar 600 funcionários.
A falta de oportunidades obrigou essas
pessoas a iniciarem suas próprias
confecções. Desta forma, houve um
grande aumento no número de empresas,
o que acirrou a concorrência e incentivou
a busca por produtos e/ou preços
diferenciados.
A História do Pólo
• Em 1997, por solicitação do Sistema FIRJAN e do SEBRAE/RJ, a
Fundação Getúlio Vargas (FGV) realizou um estudo de potencialidades no
estado do Rio de Janeiro.
•
Este estudo identificou um grande potencial na indústria de vestuário do
Centro Norte Fluminense, principalmente para a exportação.
• Em função das informações obtidas, o Sistema FIRJAN e o SEBRAE/RJ
realizaram um novo estudo para aprofundar o seu conhecimento sobre o
setor e a região, e desenvolver um plano de ação.
•
Foram realizadas diversas missões exploratórias para identificar um
modelo adequado às características do Centro Norte Fluminense.
•
O selecionado foi o modelo italiano chamado de Distritos Industriais
Características do Pólo
EMPREGOS
EMPRESAS
CIDADE
População da Região (IBGE/2000)
244.000
Empregos formais e informais
20.000
Remuneração média (RAIS/2001)
R$ 370,00
Formais
380
Informais
220
Tamanho médio formais(SEBRAE-2004) 13 empregados
Faturamento total estimado (2003)
R$ 600.000.000
Volume exportado
1,5%
2002 - 63º
Ranking entre as 100 melhores cidades
para trabalhar - Revista VOCE S/A 2003 - 45º
FGV
2004 - 27º
Características do Pólo
Lingerie dia
71%
lingerie Noite
6%
Lingerie
sensual
14%
Roupa Infantil
7%
Moda praia /
aeróbica
2%
A Governança do APL
CONSELHO DA MODA
Comitê Gestor
Secretaria
Executiva
Comitês Técnicos
Projetos Especiais
Apoio Gerencial
Crédito e Tributação
Comércio Exterior
Meio Ambiente e
Resp. Social
Fórum de
Fornecedores
A Governança do APL
Características da Governança
• Conselho da Moda é composto por:
–
–
–
–
FIRJAN / SINDIVEST - entidades empresariais
SEBRAE / SENAI / UERJ - entidades de capacitação e fomento
Prefeituras / MDIC / SEDET/RJ - entidades governamentais
BNDES / BB - entidades de crédito
• O Conselho discute as questões estratégicas, adotando uma
linha comum de ação por parte das entidades
• Os comitês técnicos contam também com representação
direta dos empresários (maioria), e deliberam sobre todas
as ações voltadas ao desenvolvimento do Polo
• As ações de todas as entidades contam sempre com a
identidade visual do Conselho da Moda,
Moda tornando pública
sua unidade de ação.
A Governança do APL
Planejamento Estratégico
• O Conselho adota planejamento estratégico, composto por um
conjunto de ações de curto, médio e longo prazo, com objetivo de
atingir metas quantitativas, medidas por um conjunto de
indicadores.
• As ações são realizadas por uma ou mais entidades, de forma
unificada, ou muitas das vezes organizadas diretamente pelos
próprios empresários.
• Evita-se a duplicidade de ações entre as entidades, com
racionalização dos investimentos.
• Todas as ações, principalmente aquelas que são adotadas
nacionalmente por alguma entidade (cursos SENAI/SEBRAE,
oficinas de design, etc) são sempre adaptadas à realidade do Pólo.
A Governança do APL
Funcionamento como Empresa
• Entendemos o Arranjo Produtivo Local - APL como uma
organização empresarial assemelhada a um grande grupo
econômico composto por diversas empresas e divisões.
• A diferença fundamental está na hierarquia: no primeiro caso, ela
existe, tem rigidez e a condução do processo de gestão é de
responsabilidade do conjunto de acionistas.
• No caso do APL, não existe, nem poderia existir, qualquer
hierarquia, e a condução do processo de gestão só pode ser feita
através de sensibilização, com ações transparentes e não
excludentes, que sejam enxergadas como um benefício pelo
público alvo, e que venham a somar com suas ações individuais,
mantida sua identidade.
O APL como Motor de Desenvolvimento
Econômico
• Empresas com capital de origem de capital nacional;
• Com potencial de competição global impossível de se
conquistar atuando isoladamente como PME;
• O desenvolvimento tecnológico e a inovação, fatores
fundamentais de sucesso de um APL, podem ser amplamente
difundidos por políticas específicas para o Pólo.
• A constituição de uma Central de Serviços, englobando
serviços típicos de uma grande empresa (laboratórios de
qualidade, centro de design e modelagem, oficina de protótipos,
centro de treinamento, promoção comercial - show-room, etc)
torna possível o acesso da PME à tecnologia.
O Papel da Central de Serviços
• A Central de Serviços, ao lado da Governança do APL, pode
ser o fator determinante para o crescimento do Pólo a taxas
significativamente elevadas.
• A Central de Serviços garante escala para investimentos
normalmente só factíveis para empresas de grande porte,
elevando a produtividade, a qualidade e a rapidez de
inovação das empresas do Pólo às de uma grande corporação.
• Como viabilizar a constituição de uma Central de Serviços
em um APL ? Uma das questões: na Itália, normalmente, na
constituição do seu capital, há forte presença de bancos
regionais (no Brasil, talvez o agente financeiro do APL) e
Câmara de Comércio (no Brasil, talvez SENAI/SEBRAE)
O Papel dos Agentes Financeiros
Novos produtos específicos para APL
• É necessário que o agente financeiro do APL desenhe produtos
específicos, de modo a atender, com a rapidez necessária, as
demandas de crédito do momento (ex: folheteria, programa de
informatização, financiamento de treinamentos, financiamento de
missões comerciais), sem a rigidez dos programas tradicionais
de crédito às MPE’S.
• É fundamental que o agente financeiro visualize o APL como um
ente único para tomada de informações econômicas que dirijam
o acesso ao crédito, e que a Governança do APL disponha dessas
informações, de modo confiável, para fornecer ao agente.
O Papel dos Agentes Financeiros
Novos produtos específicos para APL
• Da mesma forma, a questão das garantias reais deve ser
analisada num cenário de rápido crescimento econômico (caso
os indicadores gerais do APL assim o indiquem), quando
garantias tradicionais (duplicatas/cheques) representativas do
faturamento do presente são insuficientes para garantir a
alavancagem de financiamento necessária ao crescimento da
empresa (seja em investimentos, seja em giro).
• A decisão de formatação e concessão de crédito pelo agente do
APL deve ser em nível hierárquico local, ou bastante próximo,
conhecedor da realidade local.
O Papel dos Agentes Financeiros
A diferença entre crédito para MPE e para APL
• A política de crédito para MPE é conhecida, mas não pode ser
encarada como a solução de crédito para APL, pois:
– existem médias empresas, algumas com papel fundamental,
nos APL;
– existem APL’s onde a presença marcante não é de MPE;
– as limitações da política de crédito para MPE podem impedir
algumas operações fundamentais para o sucesso do APL.
• É necessário ampliar a utilização do funding do crédito para
MPE (que permite juros menores) também para crédito
específico para APL.
O papel dos Agentes Financeiros
O papel fundamental do BNDES em crédito para APL
• O BNDES deve encarar com prioridade a formatação de uma
política de crédito específica para APL, onde estejam
contemplados:
– O seed-money para o início da constituição da Central de
Serviços;
– Financiamento específico para investimento em Central de
Serviços, definindo-se garantias e responsabilidades de
pagamento adaptadas à realidade do APL;
– Financiamento dos investimentos das médias empresas do
APL.
• O BNDES deve apoiar o estudo e desenvolvimento de
metodologia própria para caracterização de APL, e para o
financiamento de seu desenvolvimento.
Claudio Tângari
Presidente do Conselho da Moda do Pólo de Moda Íntima de
Nova Friburgo e Região
e-mail: [email protected]
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