UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL ENSAIOS AVANÇADOS DE CAMPO NA ARGILA POROSA NÃO SATURADA DE BRASÍLIA: INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO EM PROJETOS DE FUNDAÇÃO NEUSA MARIA BEZERRA MOTA ORIENTADOR: RENATO PINTO DA CUNHA TESE DE DOUTORADO EM GEOTECNIA PUBLICAÇÃO: G.TD – 013A/03 BRASÍLIA / DF: MARÇO/2003 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL ENSAIOS AVANÇADOS DE CAMPO NA ARGILA POROSA NÃO SATURADA DE BRASÍLIA: INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO EM PROJETOS DE FUNDAÇÃO NEUSA MARIA BEZERRA MOTA TESE DE DOUTORADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR. APROVADA POR: _________________________________________ RENATO PINTO DA CUNHA, Ph.D. (UnB) (ORIENTADOR) _________________________________________ ANDRÉ PACHECO DE ASSIS, Ph.D. (UnB) (EXAMINADOR INTERNO) _________________________________________ NEWTON MOREIRA DE SOUZA, D.Sc. (UnB) (EXAMINADOR INTERNO) _________________________________________ FERNANDO A. B. DANZIGER, Ph.D. (COPPE - UFRJ) (EXAMINADOR EXTERNO) _________________________________________ HERALDO LUIZ GIACHETI, D.Sc. (UNESP) (EXAMINADOR EXTERNO) DATA: BRASÍLIA/DF, 26 DE MARÇO DE 2003 ii FICHA CATALOGRÁFICA MOTA, NEUSA MARIA BEZERRA Ensaios Avançados de Campo na Argila Porosa Não Saturada de Brasília: Interpretação e Aplicação em Projetos de Fundação (2003). xxxi, 335 p., 297 mm (ENC/FT/UnB, Doutor, Geotecnia, 2003) Tese de Doutorado - Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental 1. Ensaios de Campo 2. Prova de Carga Estática 3. Solos Não Saturados 4. Fundações Profundas I. ENC/FT/UnB II. Título (série) REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA MOTA, N.M.B. (2003). Ensaios Avançados de Campo na Argila Porosa Não Saturada de Brasília: Interpretação e Aplicação em Projetos de Fundação. Tese de Doutorado, Publicação G.TD-013A/03, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 335 p. CESSÃO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: Neusa Maria Bezerra Mota TÍTULO DA TESE DE DOUTORADO: Ensaios Avançados de Campo na Argila Porosa Não Saturada de Brasília: Interpretação e Aplicação em Projetos de Fundação GRAU / ANO: Doutor / 2003 É concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta tese de doutorado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese de doutorado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. _____________________________ Neusa Maria Bezerra Mota CCSW 1, Bloco B, Edf. Portal Master, Apto. 522 – Sudoeste CEP: 70680-150 – Brasília/DF - Brasil iii DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus, razão da minha vida. Aos meus pais Raimundo Nonato Mota e Ruth Bezerra Mota, que sempre me apoiaram e acreditaram em mim; e ao meu esposo Edson pelo carinho e apoio e pelas incontáveis horas trabalhando ao meu lado neste projeto. iv AGRADECIMENTOS Agradeço a Universidade Federal de Roraima, a Universidade de Brasília e a CAPES pela oportunidade e apoio finaceiro. Ao Professor Renato Pinto Cunha, pelos ensinamentos transmitidos, pela firmeza, objetividade, incentivo, cobrança, e principalmente pela amizade. Ao Professor José Henrique Feitosa pela atenção, amizade e valiosos ensinamentos durante a realização desta pesquisa. Ao amigo de todas as horas Renato Guimarães pelo apoio e desenvolvimento em conjuto dos ensaios desenvolvidos nesta pesquisa. Ao meu amigo Carlos pelas revisões e sugestões, além do incentivo e dedicação. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia José Campum de Carvalho, Márcio Muniz de Farias, André Pacheco de Assis, Ennio Marques Palmeira, Eraldo Luporine Pastore, Newton Moreira de Souza e Pedro Murrieta Santos Neto pela dedicação na difícil tarefa de transmitir conhecimento. Ao apoio e a sempre presente boa vontade dos Laboratórios de Geotecnia, Materiais, Estruturas e Mecânica, nas pessoas dos técnicos: Alessandro, Ricardo, Severino, Xavier, Engª Eliane, Leonardo, Clóvis e José Gonçalves. Aos técnicos da WRJ, Hélio Canellas, Wellington de Amaral e Pedro de Aquino, por apoiarem e trabalharem neste projeto durante a realização dos ensaios de campo. A minha amiga Cláudia Gurjão pelo incentivo e apoio em todas as horas. Aos colegas de Geotecnia e de turma: Lílian, Marisaides, Manoel, Karla, Idemilson, Adriano, Alan, Moura, Marta, Márcia, Gérson, Janaina, Paola, Carlos, Luis Fernando, Terezinha, Márcia, Karina, Maruska, Silvrano, Cíntia, Fabrício e Aldo. Ao engenheiro Yuri Mestnik pelo apoio durante a realização dos ensaios de campo e provas de carga. À WRJ – Engenharia de Solos e Materiais, nas pessoas dos engenheiros Renato Sales Cortopassi e Luis Ernesto Canellas, por apoiarem a realização dos ensaios de campo, fornecendo o equipamento de CPT e equipe técnica para suporte dos trabalhos, bem como apoio finaceiro. À EMBRE – Empresa Brasileira de Engenharia e Fundações, na pessoa do engenheiro Carlos Medeiros Silva, pela realização dos ensaios de SPT na obra, execução de estaca de v reação no campo experimental e retirada das amostras deformadas e indeformadas na obra e no campo experimental. À SONDA – Engenharia Ltda pelo apoio na execução das estacas e ensaios de SPT-T no campo experimental. À FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A., nas pessoas dos engenheiros Wanderson Silveira, Sérgio Fleury, Emídio Neto e o técnico Hélio Liduário, que contribuíram com a calibração do cone e ensaios triaxiais. vi RESUMO São estudados nesta pesquisa o comportamento geotécnico de dois depósitos da argila porosa não saturada de Brasília, a partir de um extenso programa de ensaios de campo, laboratório e provas de carga. Os estudos foram realizadas no Campo Experimental da UnB, localizado na Asa Norte e em uma obra na SGAS 905, Asa Sul, com o objetivo de avaliar o comportamento da camada de solo residual laterítico, mediante a obtenção de parâmetros do solo e considerando a variabilidade sazonal. Esta abordagem permitiu definir propriedades gerais de comportamento do depósito de argila porosa, válidas para a região. A pesquisa envolveu cinco campanhas de ensaios de campo, nas quais foram realizados ensaios de CPT, DMT, PMT, SPT-T e DPL, sendo esta a primeira vez que se comparou os ensaios CPT, DMT e DPL, realizados em estações distintas, na região CentroOeste. Sete provas de carga foram realizadas em diferentes épocas para avaliar o desempenho das fundações profundas em solos não saturados, considerando o efeito da sucção. Estes resultados são analisados e comparados com as previsões feitas por método numérico simplificado, semi-analítico (programa GEOFINE) e por elementos finitos (programa PLAXIS), a partir da retroanálise das provas de carga, conseguindo prever de forma adequada os resultados de campo. Para a determinação de propriedades de comportamento do solo, em paralelo aos ensaios de campo, descrevem-se resultados de ensaios de laboratório obtidos através de amostras deformadas e indeformadas. Os ensaios de laboratório aqui apresentados fazem parte de um amplo banco de dados de ensaios de laboratório que vem sendo desenvolvido por diversos autores do Programa de Pós-Graduação em Geotecnia da Universidade de Brasília, nos últimos oito anos. As análises dos resultados dos ensaios de campo e laboratório possibilitaram a previsão de propriedades fundamentais de comportamento do solo, incluindo estimativas de parâmetros de resistência, deformabilidade e identificação estratigráfica. Finalmente, foi proposto uma nova metodologia para identificação de perfil estratigráfico de depósitos de solos residuais, lateríticos e não saturados do Distrito Federal, a partir de ensaios de CPT. vii ABSTRACT This thesis focuses on the geotechnical behavior of two unsaturated “porous clay” deposits of the city of Brasília, via an extensive in situ testing program. This program was carried out together with laboratory and field loading tests. The studies were done in the Experimental Research Site of the University of Brasília, located in the North Wing of this same city, and in an engineering site located in the SGAS 905 residential unit of the South Wing. They were accomplished in order to evaluate the behavior of the residual and lateritic soil deposit layer existing in these areas, and were done via geotechnical parameter assessment along distinct seasons of the year. This approach has allowed the definition of the general properties and behavioral tendencies of these porous clay deposits, which were extended herein for the whole region. The research has involved five field-testing programs, in which CPT, DMT, PMT, SPT-T and DPL tests were carried out. It was the first time that the results from CPT, DMT and DPL were assessed and cross-compared in the Central Plateau of Brazil, considering distinct seasons along the year. Seven field load tests were also carried out in distinct seasons along the year, in order to assess the behavior of the deep foundations in unsaturated soil conditions considering the soil suction effect. These results were analyzed and cross-compared to predictions done by a simplified numerical and semi-analytical method (GEOFINE program), besides of a traditional finite element method (PLAXIS program). The numerical predictions were obtained through back-analysis of the field loading testing curves, and they were able to successfully simulate the experimental field data. In order to determine the geotechnical and behavioral properties of the soil, in parallel to the field-testing programs, laboratory tests with disturbed and undisturbed soil samples were also carried out. These tests are part of an extensive data bank of laboratory results that are under development in the last eight years by distinct researchers from the Geotechnical Post Graduation Program of the University of Brasília. The field and laboratory results allowed the assessment of fundamental geotechnical soil parameters, as well as its inherent behavior along the distinct seasons of the year – and this includes the major resistance, deformation and stratigraphic parameters of relevance. Finally, a new stratigraphic classification procedure has been proposed herein for residual unsaturated, lateritic and tropical soils of the Federal District, via CPT testing results. viii ÍNDICE CAPÍTULO PÁGINA 1. INTRODUÇÃO 1.1. CONTEXTO GERAL............................................................................ 1.2. OBJETIVO DA PESQUISA.................................................................. 1.3. ESCOPO DA TESE................................................................................ 1 1 3 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. ENSAIOS DE CAMPO.......................................................................... 2.1.1. Cone Elétrico e Piezocone (CPT/CPTU)............................................. 2.1.2. Dilatômetro de Marchetti (DMT)....................................................... 2.1.3. Pressiômetro de Ménard (PMT).......................................................... 2.1.4. Sondagem de Simples Reconhecimento sem e com Torque (SPT e SPT-T)............................................................................................................ 2.1.5. Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL)................................................... 2.2. SOLOS NÃO SATURADOS.................................................................. 2.2.1. Introdução............................................................................................ 2.2.2. Curvas Características......................................................................... 2.2.3. Propriedades Mecânicas...................................................................... 2.3. FUNDAÇÕES PROFUNDAS................................................................. 2.3.1. Introdução............................................................................................ 2.3.2. Provas de Carga Estática..................................................................... 2.3.3. Métodos para Previsão da Capacidade de Carga de Estacas............. 2.3.4. Métodos para Previsão de Recalque................................................... 2.4. FERRAMENTAS NUMÉRICAS........................................................... 2.4.1. Introdução............................................................................................ 2.4.2. Programa GEOFINE........................................................................... 2.4.3. Programa PLAXIS............................................................................... 2.4.3.1. Características do Programa............................................................ 2.4.3.2. Malha de Elementos Finitos............................................................. 2.4.3.3. Modelos Constitutivos...................................................................... 2.4.3.4. Simulações das Interações Solo-Estrutura....................................... 2.5. TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS DE CAMPO............. 2.5.1. Correlação Linear................................................................................ 2.5.2. Critério de Ajuste de Curvas............................................................... 2.5.2.1. Teste Qui-Quadrado (χ2).................................................................. 2.5.2.2. Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)…….........……………………… 6 6 6 12 13 3. CASOS: CARACTERÍSTICAS E ENSAIOS REALIZADOS 3.1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 3.2. CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DO DISTRITO FEDERAL. 51 51 52 17 19 21 21 23 26 31 31 31 32 34 35 35 36 38 38 39 40 44 46 47 48 48 49 ix 3.3. CLIMATOLOGIA DO DISTRITO FEDERAL................................... 3.4. ASPECTOS GEOLÓGICOS DO DISTRITO FEDERAL................... 3.5. SOLOS DA REGIÃO DO DISTRITO FEDERAL.............................. 3.6. CASO 1: CAMPO EXPERIMENTAL DA UNB – ASA NORTE....... 3.6.1. Localização ......................................................................................... 3.6.2. Características Geotécnicas e de Geologia de Engenharia................ 3.6.3. Características Mineralógicas............................................................ 3.6.4. Ensaios de Campo Realizados............................................................ 3.6.4.1. Cone Elétrico (CPT)......................................................................... 3.6.4.2. Dilatômetro de Marchetti (DMT).................................................... 3.6.4.3. Pressiômetro de Ménard (PMT)...................................................... 3.6.4.4. Sondagem de Simples Reconhecimento com Medida de Torque (SPTT). 53 54 56 59 59 60 63 65 67 70 72 73 3.6.4.5. Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL)............................................... 3.6.5. Descrição das Estacas Escavadas....................................................... 3.6.5.1. Estacas Ensaiadas............................................................................ 3.6.5.2. Estacas de Reação............................................................................ 3.6.5.3. Instrumentação das Estacas............................................................ 3.6.6. Ensaios realizados nas Estacas........................................................... 3.6.6.1. Prova de Carga Estática.................................................................. 3.6.6.2. Ensaios de PIT................................................................................. 3.6.7. Locação das Estacas e dos Ensaios de Campo................................... 3.7. CASO 2: OBRA LOCAL – ASA SUL.................................................. 3.7.1. Localização ......................................................................................... 3.7.2. Características Geotécnicas e de Geologia de Engenharia................ 3.7.3. Ensaios de Campo Realizados............................................................ 3.7.3.1. Cone Elétrico (CPT)......................................................................... 3.7.3.2. Dilatômetro de Marchetti (DMT).................................................... 3.7.3.3. Sondagem de Simples Reconhecimento (SPT)................................ 3.7.4. Estrutura dos Edifícios e Fundações Projetadas............................... 3.7.5. Descrição das Fundações Ensaiadas................................................... 3.7.5.1. Tubulão Ensaiado............................................................................ 3.7.5.2. Estaca Ensaiada............................................................................... 3.7.5.3. Tubulões de Reação......................................................................... 3.7.6. Prova de Carga Estática..................................................................... 3.7.7. Locação das Fundações Ensaiadas e dos Ensaios de Campo............ 75 76 76 77 78 80 80 82 83 85 85 86 88 89 90 90 92 93 93 94 94 96 97 4. RESULTADO DOS ENSAIOS DE CAMPO 4.1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 4.2. CURVAS CARACTERÍSTICAS.......................................................... 4.3. PERFIL DE UMIDADE E SUCÇÃO DAS CAMPANHAS REALIZADAS.............................................................................................. 4.3.1. Campo Experimental da UnB – Asa Norte........................................ 4.3.2. Obra Local – Asa Sul.......................................................................... 4.4. RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CAMPO..................................... 4.4.1. Cone Elétrico (CPT)........................................................................... 4.4.1.1. Campo Experimental de UnB.......................................................... 4.4.1.2. Obra Local....................................................................................... 4.4.2. Dilatômetro de Marchetti (DMT)...................................................... 99 99 100 102 102 105 106 107 107 109 112 x 4.4.2.1. Campo Experimental da UnB......................................................... 4.4.2.2. Obra Local....................................................................................... 4.4.3. Pressiômetro de Ménard (PMT) – Campo Experimental da UnB.... 4.4.4. Sondagem de Simples Reconhecimento (SPT e SPT-T).................... 4.4.4.1. Campo Experimental da UnB......................................................... 4.4.4.2. Obra Local....................................................................................... 4.4.5. Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) – Campo Experimental da UnB............................................................................................................... 4.5. INTERFERÊNCIA DA VARIAÇÃO SAZONAL NOS ENSAIOS DE CAMPO.................................................................................................. 4.5.1. Cone Elétrico (CPT)........................................................................... 4.5.2. Dilatômetro de Marchetti................................................................... 4.5.3. Sondagem de Simples Reconhecimento com medida de Torque (SPT-T)......................................................................................................... 4.5.4. Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL).................................................. 4.6. TESTES DE KOLMOGOROV-SMIRNOV E QUI-QUADRADO..... 4.6.1. Campo Experimental da UnB............................................................ 4.6.2. Obra Local.......................................................................................... 4.7. ANÁLISE GLOBAL.............................................................................. 112 116 117 120 120 120 121 123 125 130 133 136 137 137 140 144 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS PROVAS DE CARGA 5.1. ANÁLISE DAS CURVAS CARGA-DESLOCAMENTO.................... 5.2. PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DAS FUNDAÇÕES.... 5.2.1. Métodos Semi-Empíricos.................................................................... 5.2.1.1. Ensaios de CPT................................................................................ 5.2.1.2. Ensaios de SPT e SPT-T.................................................................. 5.2.2. Métodos Racionais ou Teóricos.......................................................... 5.2.3. Previsão da Capacidade de Carga do Tubulão.................................. 5.2.4. Análise Global dos Métodos de Extrapolação e Previsão de Carga.. 5.3. PREVISÃO DE RECALQUE DAS FUNDAÇÕES.............................. 5.3.1. Estacas................................................................................................. 5.3.2. Tubulão............................................................................................... 5.4. ANÁLISES NUMÉRICAS – CASOS ANALISADOS E RESULTADOS............................................................................................. 5.4.1. Programa GEOFINE.......................................................................... 5.4.1.1. Caracterização do Problema............................................................ 5.4.1.2. Características das Fundações......................................................... 5.4.1.3. Curvas Carga-Deslocamento Retroanalisadas................................ 5.4.1.4. Parâmetros Obtidos nas Retroanálises ........................................... 5.4.2. Programa PLAXIS.............................................................................. 5.4.2.1. Caracterização do Problema............................................................ 5.4.2.2. Características das Fundações......................................................... 5.4.2.3. Simulação das Provas de Carga...................................................... 5.4.2.4. Parâmetros Obtidos nas Retroanálises............................................ 5.4.2.5. Distribuição dos Pontos de Plastificação......................................... 5.4.3. Análises de Transferência de Carga ao Longo da Estaca E1............ 5.4.4. Análise Global dos Resultados da Interpretação Numérica.............. 145 146 155 155 155 159 165 167 168 169 169 175 176 176 176 176 177 180 180 181 182 182 186 193 195 199 6. ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA E PARÂMETROS GEOTÉCNICOS 201 xi 6.1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 6.2. ESTRATIGRAFIA E CLASSIFICAÇÃO DO SOLO......................... 6.2.1. Perfil do Campo Experimental........................................................... 6.2.1.1. Classificação via CPT...................................................................... 6.2.1.2. Classificação via DMT..................................................................... 6.2.2. Perfil da Obra local............................................................................. 6.2.2.1. Classificação via CPT...................................................................... 6.2.2.2. Classificação via DMT..................................................................... 6.2.3. Análise Global..................................................................................... 6.3. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS....................................................... 6.3.1. Determinação dos Parâmetros do Campo Experimental em Laboratório................................................................................................... 6.3.1.1. Parâmetros de Resistência do Solo (c e φ)....................................... 6.3.1.2. Coeficiente de Empuxo no Repouso (K0)........................................ 6.3.1.3. Módulo de Young (E) e Módulo Oedométrico (M)........................ 6.3.2. Determinação dos Parâmetros da Obra em Laboratório.................. 6.3.2.1. Parâmetros de Resistência do Solo (c e φ)....................................... 6.3.2.2. Módulo de Young (E) e Módulo Oedométrico (M)........................ 6.3.3. Análise dos Parâmetros de Campo e Laboratório – Campo Experimental................................................................................................. 6.3.3.1. Coesão (c)......................................................................................... 6.3.3.2. Ângulo de Atrito (φ)......................................................................... 6.3.3.3. Coeficiente de Empuxo no Repouso (K0)........................................ 6.3.3.4. Pressão Limite (Plim)......................................................................... 6.3.3.5. Módulo Oedométrico (M)................................................................ 6.3.3.6. Módulo de Young (E)...................................................................... 6.3.3.7. Análise Global.................................................................................. 201 202 202 208 217 218 223 228 228 230 7. CONCLUSÕES 7.1. CONCLUSÕES GERAIS...................................................................... 7.2. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS.................................... 259 259 263 A. DIFRATOGRAMAS DO SOLO DO CAMPO EXPERIMENTAL B. CERTIFICADOS DE CALIBRAÇÃO DO CONE E PIEZOCONE. C. RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CAMPO C.1. CONE ELÉTRICO............................................................................... C.1.1. Campo Experimental da UnB............................................................ C.1.2. Obra Local......................................................................................... C.2. DILATÔMETRO DE MARCHETTI.................................................. C.2.1. Campo Experimental da UnB............................................................ C.2.2. Obra Local......................................................................................... C.3. SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO (SPT E SPT-T) C.3.1. Campo Experimental da UnB............................................................ C.3.2. Obra Local......................................................................................... C.4. PENETRÔMETRO DINÂMICO LEVE (DPL) – CAMPO EXPERIMENTAL........................................................................................ D. MÉTODOS GRÁFICOS PARA INTERPRETAR AS CURVAS CARGA-RECALQUE DE PROVAS DE CARGA VERTICAIS D.1. MÉTODO DA NBR-6122/96................................................................ 286 292 300 300 300 302 305 305 307 308 308 309 231 231 236 237 239 239 240 240 241 244 248 251 252 254 258 310 311 311 xii D.2. MÉTODO DE VAN DER VEEN (1953).............................................. D.3. MÉTODO DE CHIN............................................................................ D.4. MÉTODO DE DÉCOURT (1999)........................................................ D.5. MÉTODO DE MAZURKIEWICZ (1972)........................................... E. RESULTADOS BÁSICOS DAS PROVAS DE CARGA E.1. OBRA EM ESTUDO(LOTE 3, SGAS 905)......................................... E.2. CAMPO EXPERIMENTAL................................................................. F. CONSIDERAÇÕES ADOTADAS NA PREVISÃO DE CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUES DAS FUNDAÇÕES F.1. MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS – CAPACIDADE DE CARGA....... F.1.1. Ensaios de CPT................................................................................... F.1.2. Ensaios de SPT-T............................................................................... F.2. MÉTODOS DE PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE TUBULÕES.................................................................................................. F.3. MÉTODOS RACIONAIS OU TEÓRICOS – CAPACIDADE DE CARGA......................................................................................................... F.4. MÉTODO DE RECALQUE – TUBULÃO.......................................... G. DISTRIBUIÇÃO DAS DEFORMAÇÕES TOTAIS – PLAXIS H. TRANSFERÊNCIA DE CARGA DA ANÁLISE NUMÉRICA H.1. CURVAS DE TRANSFERÊNCIA OBTIDAS PELO FINE............... H.2. CURVAS DE TRANSFERÊNCIA OBTIDAS PELO PLAXIS.......... I. ENSAIOS DE INTEGRIDADE TIPO PIT I.1. ANTES DAS PROVAS DE CARGA..................................................... I.2. DEPOIS DAS PROVAS DE CARGA................................................... 312 314 315 317 318 318 319 320 320 320 321 322 323 325 326 329 329 331 333 333 334 xiii LISTA DE TABELAS TABELA Tabela 2.1 - Propostas de interpretação de perfis de solo................................. Tabela 3.1 – Caracterização geotécnica do solo da UnB (modificado – Guimarães, 2002)............................................................................................ Tabela 3.2 – Distribuição dos ensaios de campo e retirada das amostras realizados no campo experimental da UnB....................................................... Tabela 3.3 – Ensaios de CPT realizados no campo experimental da UnB......... Tabela 3.4 – Ensaios de DMT realizados no campo experimental da UnB........ Tabela 3.5 – Ensaios de PMT realizados no campo experimental da UnB........ Tabela 3.6 – Ensaios de SPT-T realizados no campo experimental da UnB...... Tabela 3.7 – Ensaios de DPL realizados no campo experimental da UnB......... Tabela 3.8 – Características das estacas e provas de carga realizadas............... Tabela 3.9 – Provas de carga realizadas........................................................... Tabela 3.10 – Caracterização geotécnica da obra............................................. Tabela 3.11 – Distribuição dos ensaios de campo e retirada das amostras realizados na obra............................................................................................ Tabela 3.12 – Ensaios de CPT realizados na obra............................................ Tabela 3.13 – Ensaios de DMT realizados na obra........................................... Tabela 3.14 – Ensaios de SPT realizados na obra............................................. Tabela 3.15 – Profundidade de assentamento das fundações da obra em estudo............................................................................................................. Tabela 3.16 – Características dos tubulões de reação....................................... Tabela 4.1 – Dados das curvas características do campo experimental da UnB (modificado – Guimarães, 2002)...................................................................... Tabela 4.2 – Equações, coeficientes de correlações e trechos de saturação das curvas características do campo experimental da UnB (modificado – Guimarães, 2002)............................................................................................ Tabela 4.3 – Variação da umidade e sucção do campo experimental da UnB obtidos ao longo da pesquisa........................................................................... Tabela 4.4 – Variação da umidade e sucção da obra obtidos ao longo da pesquisa.......................................................................................................... Tabela 4.5 – Coeficientes de correlação dos valores de umidade entre campanhas no trecho de 1 a 8,0 m de profundidade......................................... Tabela 4.6 – Coeficientes de correlação dos valores de qc do CPT (campo experimental).................................................................................................. Tabela 4.7 – Coeficientes de correlação dos valores de p0 do DMT – campo experimental.................................................................................................... Tabela 4.8 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da 1ª campanha no campo experimental........................................ PÁGINA 11 62 66 67 70 73 73 75 77 82 87 89 90 90 91 92 96 101 102 104 106 123 126 130 137 xiv Tabela 4.9 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da 2ª campanha no campo experimental........................................ Tabela 4.10 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da 3ª campanha no campo experimental........................................ Tabela 4.11 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da 4ª campanha no campo experimental........................................ Tabela 4.12 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da obra (blocos B e C)................................................................. Tabela 4.13 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da obra (blocos D e E)................................................................. Tabela 4.14 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da obra (blocos F, G e H)............................................................. Tabela 4.15 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da obra (bloco A)......................................................................... Tabela 5.1 – Características das fundações e resultados obtidos nas provas de carga............................................................................................................... Tabela 5.2 – Variação da carga última de Van der Veen para os dois últimos estágios e porcentagem de recalques................................................................ Tabela 5.3 – Resultados da correlação linear entre os métodos de extrapolação e a prova de carga da estaca E6.................................................. Tabela 5.4 – Percentual de erro entre previsão e medição de carga de ruptura (CPT).............................................................................................................. Tabela 5.5 – Percentual de erro entre previsão e medição de carga de ruptura (SPT).............................................................................................................. Tabela 5.6 – Percentual de erro entre previsão e medição de carga de ruptura (SPT-T).......................................................................................................... Tabela 5.7 – Previsão da tensão admissível na base do tubulão ensaiado na obra................................................................................................................ Tabela 5.8 – Correlações adotadas na previsão dos módulos de deformabilidade............................................................................................... Tabela 5.9 – Módulo de deformabilidade utilizados no cálculo de recalque das estacas............................................................................................................ Tabela 5.10 – Relação entre recalque previsto por Poulos & Davies (1968) e recalque medido em prova de carga................................................................ Tabela 5.11 – Relação entre recalque previsto por Aoki & Lopes (1975) e recalque medido em prova de carga................................................................ Tabela 5.12 – Recalque total medido e previsto do tubulão (T1) da obra................................................................................................................ Tabela 5.13 – Parâmetros de projeto das fundações adotados no GEOFINE.... Tabela 5.14 – Parâmetros do solo do campo experimental adotados no GEOFINE....................................................................................................... Tabela 5.15 – Parâmetros de projeto das fundações adotados no PLAXIS....... Tabela 5.16 – Parâmetros dos solos do campo experimental para o modelo Mohr-Coulomb............................................................................................... Tabela 5.17 – Análise paramétrica da estaca E1 com variação de c.................. Tabela 5.18 – Análise paramétrica da estaca E1 com variação de φ.................. Tabela 5.19 – Correlação linear entre curvas de transferência de carga – 138 138 139 141 141 142 142 148 154 155 159 163 163 167 170 170 173 173 175 177 180 182 186 187 187 xv estaca E1......................................................................................................... Tabela 5.20 – Valores de carga no topo, nos níveis instrumentados, e porcentagem de ponta da estaca E1................................................................ Tabela 5.21 – Valores de carga no topo, em diferentes níveis, da estaca E1 através do GEOFINE...................................................................................... Tabela 5.22 – Valores de carga no topo, em diferentes níveis, e porcentagem de ponta da estaca E1 através do PLAXIS...................................................... Tabela 6.1 – Perfil de solo do campo experimental segundo classificações tradicionais (modificado – Delgado, 2002)....................................................... Tabela 6.2 – Classificação final do perfil de solo do campo experimental (CPT).............................................................................................................. Tabela 6.3 – Classificação final do perfil de solo do campo experimental (DMT)............................................................................................................ Tabela 6.4 – Parâmetros médios de resistência do solo na condição saturada... Tabela 6.5 – Coeficientes de ajustes e de correlação das funções hiperbólicas ajustadas......................................................................................................... Tabela 6.6 – Valores de K0 para o campo experimental.................................... Tabela 6.7 – Módulos de Young (E) obtidos de ensaios triaxiais CK0D........... Tabela 6.8 – Resultados dos ensaios de adensamento do solo do campo experimental (modificado – Guimarães, 2002)................................................. Tabela 6.9 – Parâmetros de Deformabilidade a partir de ensaios de adensamento do solo....................................................................................... Tabela 6.10 – Parâmetros de resistência do solo obtidos por ensaios de resistência....................................................................................................... Tabela 6.11 – Parâmetros de Deformabilidade a partir de ensaios de adensamento (obra)......................................................................................... Tabela 6.12 – Erros percentuais dos valores de coesão com base em ensaios de laboratório.................................................................................................. Tabela 6.13 – Erros percentuais dos valores de φ com base em ensaios de laboratório...................................................................................................... Tabela C.1 – Resultados médios dos ensaios de CPT da 1ª campanha.............. Tabela C.2 – Resultados médios dos ensaios de CPT da 2ª campanha.............. Tabela C.3 – Resultados médios dos ensaios de CPT da 3ª campanha (1ª parte).............................................................................................................. Tabela C.4 – Resultados médios dos ensaios de CPT da 3ª campanha (2ª parte).............................................................................................................. Tabela C.5 – Resultados médios dos ensaios de CPT da 4ª campanha.............. Tabela C.6 – Resultados médios dos ensaios de CPT da obra (blocos B e C)... Tabela C.7 – Resultados médios dos ensaios de CPT da obra (blocos D e E)... Tabela C.8 – Resultados médios dos ensaios de CPT da obra blocos F, G e H) Tabela C.9 – Resultados médios dos ensaios de CPT da obra (bloco A)........... Tabela C.10 – Valores das correções da rigidez da membrana antes e após a ciclagem no laboratório para os ensaios de campo experimental....................... Tabela C.11 – Resultados médios dos ensaios de DMT da 1ª campanha........... Tabela C.12 – Resultados médios dos ensaios de DMT da 2ª campanha........... 195 197 197 197 206 215 217 231 233 236 238 238 239 239 240 244 248 300 300 301 301 302 302 303 303 304 305 305 306 xvi Tabela C.13 – Resultados médios dos ensaios de DMT da 3ª campanha........... Tabela C.14 – Resultados médios dos ensaios de DMT da 4ª campanha........... Tabela C.15 – Valores das correções da rigidez da membrana antes e após a ciclagem no laboratório para os ensaios da obra............................................... Tabela C.16 – Resultados médios dos ensaios de DMT da obra....................... Tabela C.17 – Valores de N dos ensaios de SPT-T.......................................... Tabela C.18 – Valores de Tmáx e Tres obtidos nos ensaios de SPT-T................. Tabela C.19 – Valores de N dos ensaios de SPT.............................................. Tabela C.20 – Valores médios de N10 dos ensaios de DPL............................... Tabela C.21 – Resultados do ensaio DP3 com medida de torque..................... Tabela D.1 – Estimativa da carga de ruptura (R) do tubulão T1 por Van der Veen (1953).................................................................................................... Tabela E.1 – Dados das provas de carga realizadas na obra............................. Tabela E.2 – Dados das provas de carga realizadas no campo experimental..... Tabela F.1 – Fatores adotados para os métodos de CPT.................................. Tabela F.2 – Métodos de previsão de capacidade de carga via SPT e SPT-T para as estacas do campo experimental............................................................ Tabela F.3 – Métodos de previsão de capacidade de carga via SPT para a estaca da obra................................................................................................. 306 307 307 308 308 309 309 310 310 313 318 319 321 321 322 xvii LISTA DE FIGURAS FIGURA Figura 2.1 – Ilustração da geometria típica de um cone (a) Lunne et. al. (1997) e (b) Ortigão (1995)............................................................................................... Figura 2.2 – Layout da lâmina e do sistema de medição do Dilatômetro de Marchetti............................................................................................................. Figura 2.3 – Ilustração do pressiômetro de Ménard (PMT).................................. Figura 2.4 – Ilustração do Torquímetro usado na UnB (Guimarães, 2002)........... Figura 2.5 – Detalhe do DPL e Ponteira............................................................... Figura 2.6 – Ilustração do DPL e Ponteira........................................................... Figura 2.7 – Perfil típico de poro-pressão (Fredlund & Rahardjo, 1993)............... Figura 2.8 – Curvas características representativas do perfil de solo do campo experimental (modificado – Guimarães, 2002)...................................................... Figura 2.9 – Espaço tridimensional idealizado por Bishop & Blight (1963)........... Figura 2.10 – Superfície de estado de índice de vazios do solo colapsível do DF (modificado – Peixoto et al., 2001)...................................................................... Figura 2.11 – Relação da resistência ao cisalhamento com a curva característica de um solo; (a) curva característica, (b) variação de resistência em função da variação de sucção (modificado – Vanapalli et al., 1996)..................................... Figura 2.12 – Relação tensão-deformação para o modelo Mohr-Coulomb............ Figura 2.13 – Superfície de Mohr-Coulomb no espaço de tensões principais (c = 0)................................................................................................................. Figura 2.14 - Curva acumulativa para interpretação de DN.................................... Figura 3.1 – Mapa Geográfico do Distrito Federal............................................... Figura 3.2 – Distribuição da precipitação e da temperatura no Distrito Federal..... Figura 3.3 – Mapa geológico do DF e localização das áreas estudadas (modificado - Freitas-Silva & Campos, 1998)....................................................... Figura 3.4 – Mapa pedológico do Distrito Federal (EMBRAPA, 1978)................ Figura 3.5 – (a) Localização do campo experimental e (b) área dos ensaios em destaque.............................................................................................................. Figura 3.6 – Perfil de solo característico do campo experimental da UnB............. Figura 3.7 – Detalhe do equipamento de CPT/CPTU (vista frontal)...................... Figura 3.8 – Cone elétrico 3CH – modelo D0551................................................. PÁGINA 8 12 14 18 20 20 22 26 27 27 30 42 43 50 52 54 55 56 59 63 68 68 xviii Figura 3.9 – Piezocone 4CH – modelo D0551...................................................... Figura 3.10 – Sistema de aquisição de dados do CPT/CPTU................................ Figura 3.11 – Ensaio de CPT realizado no campo experimental da UnB............... Figura 3.12 – Unidade de controle e membrana do DMT..................................... Figura 3.13 – Ensaio de DMT realizado no campo experimental da UnB.............. Figura 3.14 – Ensaio de PMT realizado no campo experimental da UnB.............. Figura 3.15 – Ensaio de SPT-T realizado no campo experimental da UnB............ Figura 3.16 – Ensaio de DPL no campo experimental da UnB.............................. Figura 3.17 – Execução da estaca de reação no campo experimental da UnB....... Figura 3.18 – Perfil típico das estacas ensaiadas no campo experimental da UnB.. Figura 3.19 – Esquema de reação das provas de carga estáticas (modificado Perez, 1997)........................................................................................................ Figura 3.20 – Prova de carga realizada na UnB.................................................... Figura 3.21 – Execução do ensaio de PIT e resultado obtido para estaca E1........ Figura 3.22 – Locação dos ensaios de campo e estacas no campo experimental da UnB (s/ Esc.).................................................................................................. Figura 3.23 – Localização da área em estudo. (a) SGAS 905 em destaque (b) lote 3 em destaque (c) plano piloto com a SGAS 905 em destaque....................... Figura 3.24 – Perfil de solo característico da obra (Asa Sul)................................. Figura 3.25 – Ensaio de SPT realizado no bloco A da obra em estudo (SPO2).... Figura 3.26 – Visão panorâmica da obra em estudo em dezembro de 2001........... Figura 3.27 – Detalhe do tubulão T1 ensaiado...................................................... Figura 3.28 – Detalhe da estaca ensaiada.............................................................. Figura 3.29 – Detalhe dos tubulões de reação....................................................... Figura 3.30 – Prova de carga realizada no tubulão da obra em estudo.................. Figura 3.31 – Locação dos ensaios de campo e fundações ensaiadas na obra (s/Esc.)................................................................................................................ Figura 4.1 – Curvas características do solo do campo experimental da UnB (modificado – Guimarães, 2002).......................................................................... Figura 4.2 – Comparação entre perfis de umidade do campo experimental da UnB em anos anteriores às campanhas de ensaios de campo (modificado – Perez, 1997 e Sales, 2000).............................................................................................. Figura 4.3 – Comparação dos perfis de umidade do campo experimental ao longo dos anos de 1999 a 2001 referentes às campanhas de ensaios de campo e provas de carga.................................................................................................... Figura 4.4 – Comparação dos perfis de umidade da obra em novembro/2000, março/2001 e maio/2001, períodos de realização dos ensaios de campo e provas de carga............................................................................................................... Figura 4.5 – Ilustração das profundidades dos ensaios de campo analisadas.......... Figura 4.6 – Resultados de ensaios de CPT – 1ª campanha................................... Figura 4.7 – Resultados de ensaios de CPT – 2ª campanha................................... Figura 4.8 – Resultados de ensaios de CPT – 3ª campanha................................... Figura 4.9 – Resultados de ensaios de CPT – 4ª campanha................................... Figura 4.10 – Resultados de ensaios de CPT da obra (blocos B e C).................... 69 69 70 71 71 72 74 76 78 79 81 81 83 84 85 86 91 92 93 94 95 97 98 100 103 103 105 107 107 108 108 109 109 xix Figura 4.11 – Resultados de ensaios de CPT da obra (blocos D e E).................... Figura 4.12 – Resultados de ensaios de CPT da obra (bloco F)............................. Figura 4.13 – Resultados de ensaios de CPT da obra (blocos G e H).................... Figura 4.14 – Resultados de ensaios de CPT da obra (bloco A)............................ Figura 4.15 – Pressões p0 e p1 dos ensaios de DMT da 1ª campanha..................... Figura 4.16 – Módulo dilatométrico ED, índice do material ID e índice da tensão horizontal KD dos ensaios de DMT da 1ª campanha.............................................. Figura 4.17 – Pressões p0 e p1 dos ensaios de DMT da 2ª campanha..................... Figura 4.18 – Módulo dilatométrico ED, índice do material ID e índice da tensão horizontal KD dos ensaios de DMT da 2ª campanha.............................................. Figura 4.19 – Pressões p0 e p1 dos ensaios de DMT da 3ª campanha..................... Figura 4.20 – Módulo dilatométrico ED, índice do material ID e índice da tensão horizontal KD dos ensaios de DMT da 3ª campanha.............................................. Figura 4.21 – Pressões p0 e p1 dos ensaios de DMT da 4ª campanha..................... Figura 4.22 – Módulo dilatométrico ED, índice do material ID e índice da tensão horizontal KD dos ensaios de DMT da 4ª campanha.............................................. Figura 4.23 – Pressões p0 e p1 dos ensaios de DMT da obra................................. Figura 4.24 – Módulo dilatométrico ED, índice do material ID e índice da tensão horizontal KD dos ensaios de DMT da obra.......................................................... Figura 4.25 – Curva pressiométrica característica do campo experimental (7,6 m)..... Figura 4.26 – Curvas pressiométricas do ensaio PM1 – 1ª campanha.................... Figura 4.27 – Curvas pressiométricas do ensaio PM2 – 4ª campanha.................... Figura 4.28 – Curvas pressiométricas do ensaio PM3 – 2ª campanha.................... Figura 4.29 – Resultados dos ensaios de SPT-T do campo experimental da UnB.. Figura 4.30 – Resultados dos ensaios de SPT da obra.......................................... Figura 4.31 – Resultados dos ensaios de DPL do campo experimental da UnB..... Figura 4.32 – Resistência de ponta (qc) e atrito lateral (fs) do ensaio de DPL...... Figura 4.33 – Correlação linear do perfil de umidade da 1ª e 2ª campanha............ Figura 4.34 – Correlação linear do perfil de sucção matricial normalizada (pF/e) entre campanhas realizadas em diferentes estações do ano.................................... Figura 4.35 – Correlação linear do perfil de sucção matricial normalizada (pF/e) entre campanhas realizadas na mesma estação do ano........................................... Figura 4.36 – Correlação linear de qc entre CP4 (estação chuvosa) e CP15 (seca)................................................................................................................... Figura 4.37 – Correlação linear de qc entre a 1ª e 4ª campanha............................. Figura 4.38 – Correlação linear do perfil de umidade da 1ª e 4ª campanha............ Figura 4.39 – Correlação linear de qc entre a 1ª e 2ª campanha............................. Figura 4.40 – Relação de qc e fs versus pF/e dos ensaios de CPT da 1ª campanha............................................................................................................. Figura 4.41 – Relação de qc e fs versus pF/e dos ensaios de CPT da 2ª campanha............................................................................................................. Figura 4.42 – Distribuição espacial da correlação linear de qc entre a 1ª e 4ª campanhas (a) e 1ª e 2ª campanhas (b)................................................................. Figura 4.43 – Correlação linear de p0 entre DM1 (estação chuvosa) e DM4 (seca)................................................................................................................... 110 110 111 111 112 113 113 114 114 115 115 116 116 117 118 118 119 119 120 121 121 122 124 125 125 126 127 127 128 128 129 129 130 xx Figura 4.44 – Correlação linear de p0 entre a 1ª e 4ª campanha............................. Figura 4.45 – Correlação linear de p0 entre a 1ª e 2ª campanha............................. Figura 4.46 – Relação entre p0 versus pF/e dos ensaios de DMT das 1ª e 2ª campanhas........................................................................................................... Figura 4.47 – Distribuição espacial da correlação linear de p0 entre a 1ª e 4ª campanhas (a) e 1ª e 2ª campanhas (b)................................................................. Figura 4.48 – Relação entre N versus pF e PF/e (modificado, Guimarães, 2002)... Figura 4.49 – Relação entre torque versus pF e PF/e (modificado, Guimarães, 2002)................................................................................................................... Figura 4.50 – Correlação de N e torque dos ensaios de SPT-T das 1ª e 4ª campanhas (modificado – Guimarães, 2002) ........................................................ Figura 4.51 – Correlação de N e torque dos ensaios de SPT-T das 1ª e 2ª campanhas (modificado – Guimarães, 2002)......................................................... Figura 4.52 – Correlação de N e torque dos ensaios de SPT-T referentes a 1ª campanha (modificado – Guimarães, 2002).......................................................... Figura 4.53 – Correlação de N10 dos ensaios de DPL das 2ª e 3ª campanhas...... Figura 4.54 – Histograma e ajuste de curva dos dados de qc do ensaio CP13....... Figura 4.55 – Histograma e ajuste de curva dos dados de qc do ensaio CP14....... Figura 4.56 – Histograma e ajuste de curva dos dados de qc do ensaio CPO2...... Figura 4.57 – Histograma e ajuste de curva dos dados de qc do ensaio CPO5...... Figura 5.1 – Curva carga-deslocamento corrigida – Estaca 3 (E3)........................ Figura 5.2 – Curva carga-deslocamento corrigida – Estaca 4 (E4)........................ Figura 5.3 – Curva carga-deslocamento corrigida – Estaca 5 (E5)........................ Figura 5.4 – Curva carga-deslocamento – Estaca 1 (E1)....................................... Figura 5.5 – Curva carga-deslocamento – Estaca 2 (E2)....................................... Figura 5.6 – Curva carga-deslocamento – Estaca 3 (E3)....................................... Figura 5.7 – Curva carga-deslocamento – Estaca 4 (E4)....................................... Figura 5.8 – Curva carga-deslocamento – Estaca 5 (E5)....................................... Figura 5.9 – Curva carga-deslocamento – Estaca 6 (E6)....................................... Figura 5.10 – Curva carga-deslocamento – Tubulão (T1)..................................... Figura 5.11 – Cargas de ruptura extrapoladas em função da variação sazonal....... Figura 5.12 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos de CPT (parcela de carga do fuste).............................................................................................................. Figura 5.13 - Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos de CPT (parcela de carga total).................................................................................................................... Figura 5.14 – Comparação dos métodos de CPT para previsão da capacidade de carga Estaca E1 (campo experimental)................................................................ Figura 5.15 – Comparação dos métodos de CPT para previsão da capacidade de carga Estaca E6 (obra)........................................................................................ Figura 5.16 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos de SPT (parcela de carga do fuste).............................................................................................................. Figura 5.17 - Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos de SPT (parcela de carga total).................................................................................................................... Figura 5.18 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo 131 131 132 133 134 134 135 135 136 136 139 140 143 143 146 147 147 148 149 149 150 150 151 151 152 156 156 157 157 159 160 xxi experimental obtida através da aplicação dos métodos de SPT-T (parcela de carga do fuste)..................................................................................................... Figura 5.19 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos de SPT-T (parcela de carga total).......................................................................................................... Figura 5.20 – Comparação dos métodos de SPT para previsão da capacidade de carga Estaca E1 (campo experimental)................................................................ Figura 5.21 – Comparação dos métodos de SPT-T para previsão da capacidade de carga Estaca E1 (campo experimental)........................................................... Figura 5.22 – Comparação dos métodos de SPT para previsão da capacidade de carga Estaca E6 (obra)........................................................................................ Figura 5.23 – Comparação entre os métodos semi-empíricos de previsão de capacidade de carga e provas de carga (campo experimental).............................. Figura 5.24 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos racionais (parcela de carga total).................................................................................................................... Figura 5.25 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos racionais e provas de carga (parcela de carga do fuste).......................................................................... Figura 5.26 – Comparação entre os métodos racionais de previsão de capacidade de carga e provas de carga (campo experimental)................................................ Figuras 5.27 - Estimativa de recalque para estaca E1........................................... Figuras 5.28 - Estimativa de recalque para estaca E2........................................... Figuras 5.29 - Estimativa de recalque para estaca E3........................................... Figuras 5.30 - Estimativa de recalque para estaca E4........................................... Figuras 5.31 - Estimativa de recalque para estaca E5........................................... Figura 5.32 – Comparação entre os recalques estimados e os medidos em provas de carga............................................................................................................... Figura 5.33 – Discretização da estaca E1 pelo GEOFINE.................................... Figura 5.34 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo GEOFINE – Estaca 1 (E1)....................................................................................................... Figura 5.35 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo GEOFINE – Estaca 2 (E2)....................................................................................................... Figura 5.36 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo GEOFINE – Estaca 3 (E3)....................................................................................................... Figura 5.37 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo GEOFINE – Estaca 4 (E4)....................................................................................................... Figura 5.38 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo GEOFINE – Estaca 5 (E5)....................................................................................................... Figura 5.39 – Geometria de E5 no campo experimental (a) e malha de elementos finitos; assimétrica de E5 (b)................................................................................ Figura 5.40 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS – Estaca 1 (E1).................................................................................................................. Figura 5.41 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS – Estaca 2 (E2).................................................................................................................. Figura 5.42 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS – Estaca 3 (E3).................................................................................................................. Figura 5.43 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS – Estaca 4 (E4).................................................................................................................. 160 161 161 162 162 164 165 166 166 171 171 172 172 173 174 176 177 178 178 179 179 181 183 184 184 185 xxii Figura 5.44 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS – Estaca 5 (E5).................................................................................................................. Figura 5.45 – Análise paramétrica da Estaca E1 com variação de c...................... Figura 5.46 – Análise paramétrica da Estaca E1 com variação de φ...................... Figura 5.47 – Análise comparativa de c obtida nas retroanálises por camada......... Figura 5.48 – Análise comparativa de φ obtida nas retroanálises por camada........ Figura 5.49 – Análise comparativa de E obtida nas retroanálises por camada........ Figura 5.50 – Distribuição dos pontos de plastificação das estacas E1 (a) e E4 (b) ensaiadas durante o período chuvoso.............................................................. Figura 5.51 – Distribuição dos pontos de plastificação das estacas E2 (a) e E5 (b) ensaiadas durante o período seco.................................................................... Figura 5.52 – Distribuição dos pontos de plastificação da estaca E3 reensaiada durante o período chuvoso................................................................................... Figura 5.53 – Comparação da transferência de carga: prova de carga e GEOFINE (E1)................................................................................................... Figura 5.54 – Comparação da transferência de carga: prova de carga e PLAXIS (E1)..................................................................................................................... Figura 5.55 – Atrito lateral obtido pela instrumentação da estaca E1.................... Figura 5.56 – Atrito lateral obtido pelo GEOFINE para a estaca E1..................... Figura 5.57 – Atrito lateral obtido pelo PLAXIS para a estaca E1........................ Figura 6.1 – Caracterização física do solo do campo experimental (modificado – Guimarães, 2002)................................................................................................. Figura 6.2 – Resultados de ensaios de compactação Mini-MCV e perda de massa por imersão do solo do campo experimental a 7,0 m (Modificado – Gurjão 2003) Figura 6.3 – Curva granulométrica do campo experimental com e sem defloculante 2 m – camada I (modificado – Guimarães, 2002)............................. Figura 6.4 – Curva granulométrica do campo experimental com e sem 6 m – camada II (modificado – Guimarães, 2002).......................................................... Figura 6.5 – Curva granulométrica do campo experimental com e sem 9 m – camada III (modificado – Guimarães, 2002)......................................................... Figura 6.6 – Resultados da razão de atrito dos ensaios de CPT do campo experimental........................................................................................................ Figura 6.7 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997) – 1ª campanha (estação chuvosa)................................ Figura 6.8 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997) – 2ª campanha (estação seca)...................................... Figura 6.9 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997) – 3ª campanha (estação chuvosa)................................ Figura 6.10 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997) – 4ª campanha (estação seca).................................. Figura 6.11 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta 185 187 188 190 191 192 193 194 194 196 196 198 198 198 202 205 207 207 208 209 210 210 211 211 xxiii de Robertson et al. (1986) – 1ª campanha (estação chuvosa)................................ Figura 6.12 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Robertson et al. (1986) – 2ª campanha (estação seca)...................................... Figura 6.13 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Robertson et al. (1986) – 3ª campanha (estação chuvosa)................................ Figura 6.14 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Robertson et al. (1986) – 4ª campanha (estação seca)...................................... Figura 6.15 - Ábaco proposto de classificação de solo tropical do DF com os resultados de todas as campanhas......................................................................... Figura 6.16 – Caracterização do perfil de solo da obra sem ultra-som – bloco D.. Figura 6.17 – Caracterização do perfil da obra com defloculante e com ultrasom, bloco A....................................................................................................... Figura 6.18 – Caracterização do perfil da obra sem defloculante e sem ultrasom, bloco A................................................................................................................ Figura 6.19 – Curvas granulométricas da obra no bloco A, com defloculante e com ultra-som e sem defloculante e com ultra-som, na profundidade de 7,0 m – camada I.............................................................................................................. Figura 6.20 – Curvas granulométricas da obra no bloco A, com defloculante e com ultra-som e sem defloculante e sem ultra-som, na profundidade de 14,0 m – camada II............................................................................................................. Figura 6.21 – Classificação do solo da obra nos blocos B e C segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997)............................................................................... Figura 6.22 – Classificação do solo da obra nos blocos D e E segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997)............................................................................... Figura 6.23 – Classificação do solo da obra nos blocos F, G e H segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997)................................................................ Figura 6.24 – Classificação do solo da obra no bloco A segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997).................................................................................... Figura 6.25 – Classificação do solo da obra nos blocos B e C segundo a proposta de Robertson et al. (1986)................................................................................... Figura 6.26 – Classificação do solo da obra nos blocos D e E segundo a proposta de Robertson et al. (1986)................................................................................... Figura 6.27 – Classificação do solo da obra nos blocos F, G e H segundo a proposta de Robertson et al. (1986)..................................................................... Figura 6.28 – Classificação do solo da obra no bloco A segundo a proposta de Robertson et al. (1986)........................................................................................ Figura 6.29 - Ábaco proposto de classificação de solo tropical do DF com os resultados de todos os ensaios da obra................................................................. Figura 6.30 – Perfil típico de qc na argila porosa colapsível de Brasília (CP7)....... Figura 6.31 – Valores de coesão e ângulo de atrito obtidos nos ensaios de cisalhamento direto e triaxiais.............................................................................. Figura 6.32 – Comparação entre valores de c’ e φ’ obtidos nos ensaios de cisalhamento direto e triaxiais (média e medidas de dispersão).............................. 212 213 214 214 216 219 220 220 221 222 223 224 224 225 225 226 226 227 228 229 232 232 xxiv Figura 6.33 – Curva de ajuste do Caso 1.............................................................. Figura 6.34 – Curva de ajuste do Caso 3.............................................................. Figura 6.35 – Curva de ajuste do Caso 4.............................................................. Figura 6.36 – Variação da coesão com a sucção................................................... Figura 6.37 – Correlação entre K0 natural e saturado........................................... Figura 6.38 –Ajuste do ensaio pressiométrico a 2,6 m de profundidade (1ª campanha)........................................................................................................... Figura 6.39 – Variação da coesão dos ensaios da 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa).............................................................................................................. Figura 6.40 – Variação da coesão dos ensaios da 2ª e 4ª campanhas (estação seca).................................................................................................................... Figura 6.41 – Variação do ângulo de atrito dos ensaios da 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa) com calculado do DMT pela proposta de Marchetti & Crapps (1981).................................................................................................................. Figura 6.42 – Variação do ângulo de atrito dos ensaios da 2ª e 4ª campanhas (estação seca) com calculado do DMT pela proposta de Marchetti & Crapps (1981).................................................................................................................. Figura 6.43 – Variação do ângulo de atrito dos ensaios da 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa) com calculado do DMT pela proposta de Marchetti (1997)..... Figura 6.44 – Variação do ângulo de atrito dos ensaios da 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa) com o calculado do DMT pela proposta de Marchetti (1997). Figura 6.45 – Perfil de K0 da 3ª campanha calculado através de ensaios triaxiais e das correlações de Marchetti (1980), Lacasse & Lunne (1988) e Lunne et al. (1990).................................................................................................................. Figura 6.46 – Perfis de K0 das 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa) calculados através de ensaios triaxiais e das correlações de Lunne et al. (1990)..................... Figura 6.47 – Perfis de K0 das 2ª e 4ª campanhas calculados através de ensaios triaxiais e das correlações de Lunne et al. (1990)................................................. Figura 6.48 – Comparação da pressão limite de expansão (Plim) obtida em ensaios de PMT e DMT....................................................................................... Figura 6.49 – Valores de M por Mitchell & Gardner (1975) para os ensaios CP1 e CP6................................................................................................................... Figura 6.50 – Resultados de módulos de compressão unidimensional (M) das 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa)........................................................................... Figura 6.51 – Resultados de módulos de compressão unidimensional (M) das 2ª e 4ª campanhas (estação seca)................................................................................. Figura 6.52 – Resultados de módulo de Young (E) do ensaio DM1 e DM5 realizados nas estações chuvosa e seca, respectivamente...................................... Figura 6.53 – Resultados de módulo de Young (E) do ensaio CP1 e CP6 realizados nas estações chuvosa e seca, respectivamente...................................... Figura 6.54 – Resultados de módulo de Young (E) pelo CPT, FINE, PLAXIS e triaxial das 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa)................................................... Figura 6.55 – Resultados de módulo de Young (E) pelo CPT, FINE, PLAXIS e triaxial das 2ª e 4ª campanhas (estação seca)......................................................... Figura A.1 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB – profundidade 1 m................................................................................................. Figura A.2 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB – profundidade 2 m................................................................................................. Figura A.3 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB – profundidade 3 m................................................................................................. 234 234 235 236 237 241 242 242 245 245 246 246 249 250 250 251 252 253 254 255 256 257 257 286 286 287 xxv Figura A.4 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB – profundidade 4 m................................................................................................. Figura A.5 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB – profundidade 5 m................................................................................................. Figura A.6 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB – profundidade 6 m................................................................................................. Figura A.7 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB – profundidade 7 m................................................................................................. Figura A.8 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB – profundidade 8 m................................................................................................. Figura A.9 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB – profundidade 9 m................................................................................................. Figura A.10 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB – profundidade 10 m............................................................................................... Figura A.11 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB (amostra total) – profundidades 2, 4, 6, 8 e 10 m................................................................ Figura A.12 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB (fração argila) – profundidades 2, 4, 6, 8 e 10 m.............................................................. Figura D.1 – Método da NBR 6122/96 para Estaca E1........................................ Figura D.2 – Gráfico para estimativa de carga de ruptura (R) por Van der Veen (1953).................................................................................................................. Figura D.3 – Curva carga x recalque do Tubulão T1............................................ Figura D.4 – Método de Chin (1970) para estaca E1............................................ Figura D.5 – Curva carga x recalque da estaca E1................................................ Figura D.6 – Método de Décourt (1999) para o tubulão T1................................. Figura D.7 – Curva carga x recalque do Tubulão T1............................................ Figura D.8 – Método de Mazurkiewicz (1972) para estaca E6............................. Figura F.1 – Valores de Nq* de vários autores (Vesic, 1967)............................... Figura G.1 – Distribuição das deformações totais na estaca E1 (P=270kN).......... Figura G.2 – Distribuição das deformações totais na estaca E2 (P=300 kN)......... Figura G.3 – Distribuição das deformações totais na estaca E3 (P=270 kN)......... Figura G.4 – Distribuição das deformações totais na estaca E4 (P=210 kN)......... Figura G.5 – Distribuição das deformações totais na estaca E5 (P=270 kN)......... Figura H.1 – Curva de transferência de carga da estaca E2................................... Figura H.2 – Curva de transferência de carga da estaca E3................................... Figura H.3 – Curva de transferência de carga da estaca E4................................... Figura H.4 – Curva de transferência de carga da estaca E5................................... Figura H.5 – Curva de transferência de carga da estaca E2................................... Figura H.6 – Curva de transferência de carga da estaca E3................................... Figura H.7 – Curva de transferência de carga da estaca E4................................... Figura H.8 – Curva de transferência de carga da estaca E5................................... Figura I.1 – Estaca E1 – 21/02/00 – LA = 7,8 m; MA =5; WS = 3600; T1=32..... Figura I.2 – Estaca E4 – 13/11/00 – LA = 7,5 m; MA = 10; WS = 3600; T1=32.................................................................................................................. Figura I.3 – Estaca E5 – 13/11/00 – LA = 8,1 m; MA = 10; WS = 3600; T1=32.................................................................................................................. Figura I.4 – Estaca E1 – 11/10/01 – LA = 7,8 m; MA = 10; WS = 3600; T1=32.................................................................................................................. Figura I.5 – Estaca E2 – 11/10/01 – LA = 7,7 m; MA = 10; WS = 3600; T1=32.................................................................................................................. 287 288 288 289 289 290 290 291 291 312 314 314 315 315 316 317 317 324 326 326 327 327 328 329 329 330 330 331 331 332 332 333 333 334 334 334 xxvi Figura I.6 – Estaca E3 – 11/10/01 – LA = 8,0 m; MA = 10; WS = 3600; T1=32.................................................................................................................. Figura I.7 – Estaca E5 – 11/10/01 – LA = 8,1 m; MA = 10; WS = 3600; T1=32.................................................................................................................. 335 335 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS xxvii A ABNT Al AASHTO ASTM Bq C c c’ c’ C1 e C2 Cc CD CD CD CDnat CDsat CIENTEC CK0D CK0Dnat CK0Dsat CK0U CK0Unat CK0Usat cm COBRAMSEG CODEPLAN COPPE cp CPT CP1 a CP17 CPO1 a CPO15 CPTU Cs CU CUnat CUsat CUS d d df D Área Associação Brasileira de Normas Técnicas Alumínio American Association of State Highway and Transportation Officials American Society for Testing and Materials Parâmetro padrão para interpretação de ensaios de CPTU Coeficiente em função do tipo de solo sugerido por Décourt (1996) Coesão natural Coesão efetiva Coeficiente de deformabilidade da classificação MCT Parâmetros elásticos do solo, programa GEOFINE Índice de compressão Ensaio de cisalhamento direto consolidado e drenado Ensaio de compressão triaxial adensado e drenado Ensaio realizado com defloculante Ensaio de compressão triaxial adensado e drenado natural Ensaio de compressão triaxial adensado e drenado saturado Fundação de Ciência e Tecnologia Ensaio de compressão triaxial adensado anisotropicamente e drenado Ensaio de compressão triaxial adensado anisotropicamente e drenado natural Ensaio de compressão triaxial adensado anisotropicamente e drenado saturado Ensaio de compressão triaxial adensado anisotropicamente e não drenado Ensaio de compressão triaxial adensado anisotropicamente e não drenado natural Ensaio de compressão triaxial adensado anisotropicamente e não drenado saturado Centímetro Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pos-Graduacao e Pesquisa de Engenharia Corpo de prova Ensaio de penetração de cone elétrico Ensaios de CPT realizados no campo experimental Ensaios de CPT realizados na obra Ensaio de penetração de piezocone Índice de expansão Ensaio de compressão triaxial adensado e não drenado Ensaio de compressão triaxial adensado e não drenado natural Ensaio de compressão triaxial adensado e não drenado saturado Granulometria no granulômetro a laser com ultrasom Deslocamento previsto para ruptura Diâmetro do amostrador Graus de liberdade do teste de ajuste Qui-Quadrado Diâmetro do círculo circunscrito à estaca xxviii DF DMT DM1 a DM12 DMO1 a DMO3 DN DNα DNER DPL DP1 a DP3 Dr DRX e e0 e’ E Ec ED Eeod EMBRAPA Ei ek ESOPT et al. E1, a E5 E25 E50 fck Fe FR fs ft ftk fTmáx fTres F(x) g g/cm3 G Gs HRB Ia ID Ip INMET IPT/SP ISC ISOPT ISSMGE k Distrito Federal Dilatômetro de Marchetti Ensaios de DMT realizados no campo experimental Ensaios de DMT realizados na obra Diferença máxima entre SN (x) e F(x) Valores críticos para um determinado α Departamento Nacional de Estradas de Rodagem Penetrômetro Dinâmico Leve Ensaios de DPL realizados no campo experimental Índice de densidade Difratometria de raio-x Índice de vazios Índice de vazios inicial Índice de classificação MCT Módulo de Young do solo Módulo de elasticidade do concreto Módulo dilatométrico Módulo Edométrico Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Módulo de deformabilidade tangente inicial do solo Frequências esperadas do teste de ajuste Qui-Quadrado European Symposium on Penetration Testing “et alli” Estacas ensaiadas no campo experimental Módulo de deformabilidade secante a 25% da tensão de ruptura Módulo de deformabilidade secante a 50% da tensão de ruptura Resistência do concreto característica de projeto Ferro Razão de atrito do ensaio de CPT Resistência por atrito lateral do ensaio de CPT Atrito lateral corrigido do ensaio de CPT Resistência à tração Tensão de atrito lateral obtida utilizando o torque máximo Tensão de atrito lateral obtida utilizando o torque residual Distribuição acumulada de uma função teórica Grama Gramas por centímetro cúbico Módulo de Deformação Cisalhante Densidade relativa Highway Research Board Índice de atividade Índice de material (DMT) Índice de plasticidade Instituto Nacional de Meteorologia Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo International Symposium on Site Characterization International Symposium on Penetration Testing International Society for Soil Mechanicas and Foudations Engineering Coeficiente de aumento da tensão de atrito limite devido ao processo executivo da estaca do programa GEOFINE xxix KD kg kgf kgf/cm2 km kN kN/m3 kn kPA ks kT kx ky K0 K-S L l LG’ log m mm m3 M M MCT MCV MPa Mres Mv n N NBR Nk NSPT OCR P PC pF B0 PIP PIT PL PMT PM1 a PM3 PR PUC/RJ Pu p' pa p0 p1 Índice de tensão horizontal do DMT Quilograma Quilograma força Quilograma força por centímetro ao quadrado Quilômetro Quilo Newtons Quilo Newtons por metro cúbico Permeabilidade para escoamento perpendicular à interface Quilo Pascal Permeabilidade para escoamento na direção longitudinal da interface Coeficiente de empuxo estimado pelo torque Permeabilidade horizontal Permeabilidade vertical Coeficiente de empuxo no repouso Teste Kolmogorov-Smirnov Comprimento da seção longitudinal da estaca Comprimento Laterítico argiloso Logaritmo Metro Milímetro Metro cúbico Módulo de compressão unidimensional do DMT Módulo volumétrico Miniature, Compactado, Tropical Moisture Condition Value Mega Pascal Momento residual de torque Coeficiente variação volumétrica Porosidade Índice de resistência à penetração Norma brasileira Freqüências observadas na amostra do teste de ajuste Qui-Quadrado Número de golpes necessários à cravação do amostrador SPT Coeficiente de pré-adensamento Peso Prova de Carga Pressão correspondente ao término de entrada de ar nos macroporos Push-In-Pressuremeters – Pressiômetros cravados de inserção direta Pile Integrity Test Carga por atrito lateral Pressiômetro de Ménard Ensaios de PMT realizados no campo experimental Carga de ruptura Pontifícia Universidade Católica Carga última Tensão média efetiva Pressão atmosférica Pressão inicial do dilatômetro Pressão requerida para expandir a membrana do dilatômetro em 1,1 mm xxx pF pF/e pF EAMI pF EAMA Plim Pmáx P0M Ptrab q qc qE qt R R R2 Rinter RJ RM RT SN(x) SD SEFE IV SGAS SPT SPO1 a SPO3 SPT-T SP1 a SP5 Sr St Su SUS T T1 Tlim Tmáx Tres ua UD uw U0 UFPB UFPE UFRGS UFRJ UnB UNESP UNICAMP USCS USP w Logaritmo da altura de coluna de água em centímetros Correlação linear da sucção matricial normalizada Pressão de entrada de ar dos microporos Pressão de entrada de ar dos macroporos Pressão limite Carga máxima Pressão inicial do tramo pseudo-elástico Carga de trabalho Tensão desviadora Resistência de ponta do ensaio CPT Resistência de ponta efetiva do ensaio CPT Resistência de ponta do ensaio CPT corrigida Carga de ruptura convencional Raio da estaca Coeficiente de correlação Fator de redução de resistência da interface, programa PLAXIS Rio de Janeiro Coeficiente de correção do módulo M Razão de atrito corrigida do ensaio de CPT Função acumulada Ensaio realizado sem defloculante Seminário de Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia Setor de Grandes Áreas Sul Sondagem de simples reconhecimento à percussão Ensaios de SPT realizados na obra Sondagem de simples reconhecimento à percussão com medida de torque Ensaios de SPT-T realizados no campo experimental Grau de saturação Parâmetro de sensibilidade pelos CPT Resistência não drenada do solo Granulometria no granulômetro a laser sem ultrasom Torque Tubulão ensaiado na obra Força cisalhante limite do programa GEOFINE Torque máximo Torque residual Pressão de ar Índice de drenagem de camadas de solo (DMT) Pressão de água Poropressão de equilíbrio Universidade Federal da Paraíba Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal do Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade de Brasília Universidade Estadual de São Paulo Universidade Estadual de Campinas Unified Soil Classification System Universidade de São Paulo Teor de umidade xxxi wL wp ZM α α β β δ δmáx δmedido ∆A ∆B ∆p ∆pu φ φ’ φb γ γd γs γsat γW ν σ σ’ σ’ho σ’vo σz ρR τ σ’po Χ χ2 ψ Limite de liquidez Trabalho plástico Pressão lida quando o dilatômetro está à pressão atmosférica Coeficiente de adesão Nível de significância Fator empírico dos métodos de cálculo de capacidade de carga Inclinação do trecho B da curva característica Ângulo de atrito solo / estaca Recalque máximo Recalque medido Pressão requerida para vencer a rigidez da membrana e movimentá-la por 0,05 mm Pressão requerida para vencer a rigidez da membrana e expandi-la por 1,10 mm Pressão normal na membrana do dilatômetro Variação de carga última Ângulo de atrito do solo Ângulo de atrito efetivo do solo Ângulo indicativo do coeficiente de incremento de resistência cisalhante relativa a sucção mátrica Peso específico do solo Peso específico seco do solo Peso específico aparente dos sólidos Peso específico saturado Peso específico da água Coeficiente de Poisson Tensão total Tensão efetiva Tensão horizontal total “in situ” Tensão vertical efetiva “in situ” Tensão geostática Recalque de ruptura convencional Tensão cisalhante Tensão de pré-adensamento Parâmetro de Bishop Teste Qui-Quadrado Dilatância xxxii CAPÍTULO 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. CONTEXTO GERAL Os ensaios de campo representam uma necessidade para engenharia geotécnica, pois podem identificar as camadas e estimar os parâmetros mecânicos do solo para uma adequada previsão do comportamento das estruturas de fundações, contenção, dimensionamento de pavimentos, infra-estrutura hídrica, entre outros. Os ensaios de campo e de laboratório, bem como a retroanálise de casos reais, foram desenvolvidos para atender as exigências de novas tecnologias construtivas e gradativamente estabeleceram-se como instrumentos de que dispõe o engenheiro geotécnico para obtenção de perfis detalhados e representativos do solo, incluindo a descrição das condições do lençol freático e índices físicos; uma estimativa do estado inicial de tensões existentes no solo e sua história de tensões, e características tensãodeformação-tempo e resistência do solo. Nos últimos vinte anos introduziram-se novos e modernos equipamentos de investigação na prática de engenharia visando ampliar o uso de diferentes tecnologias em diferentes condições do subsolo. O avanço da eletrônica somado a rápida evolução da informática, têm proporcionado equipamentos mais apropriados, menores, mais robustos e mais econômicos. A utilização do Cone Elétrico (CPT), Dilatômetro de Marchetti (DMT), Pressiômetro de Ménard (PMT) e Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) no Brasil enriquecem a engenharia geotécnica, uma vez que eles se somam a Sondagem de Simples Reconhecimento a Percussão (SPT), permitindo um tratamento mais refinado aos parâmetros obtidos em investigações de campo, com forte consolidação teórica e rápido 1 tempo de resposta. Como resultado, os projetos de fundações são agilizados, permitindo maior acurácia de resposta. A versatilidade destes ensaios sobre os ensaios de laboratório conduz ao desenvolvimento de métodos de interpretação de ensaios de campo para a estimativa das propriedades do solo. Os ensaios de campo apresentam algumas vantagens sobre os ensaios de laboratório: • eliminação do efeito da perturbação provocada pelo processo de amostragem, possibilitando a estimativa das propriedades de solos sem os efeitos de amolgamento durante a amostragem; • capacidade de ensaiar um grande volume de solo; • eliminação de algumas dificuldades de ensaios de laboratório, como o reestabelecimento do estado de tensão em campo; • custos e tempo de execução, possibilitando a realização de um maior número de ensaios, permitindo uma caracterização mais detalhada do solo. No que se refere aos solos não saturados, este dois pontos são fundamentais, pois a sucção imposta em laboratório pode levar dias para equalização; • os resultados ficam prontamente disponíveis. Em contrapartida, como nem sempre são obtidas amostras, a identificação e classificação do solo tornam-se mais difíceis; têm-se um menor controle sobre as tensões de confinamento e sobre as condições de drenagem; as condições de contorno dos ensaios de campo são geralmente complexas, sendo a interpretação dos ensaios realizada com base em abordagens empíricas e calibrações para converter resultados de ensaios de campo em propriedades geotécnicas apropriadas para o projeto (exemplo: SPT, CPT e DMT), ou exigem hipóteses simplificadoras quando do desenvolvimento de métodos analíticos (exemplo: PMT e palheta). Com o desenvolvimento científico de métodos de investigação torna-se necessário a sua aplicação em solos não saturados, mediante a utilização de novas técnicas de ensaios que possibilitem a determinação dos parâmetros de resistência e deformabilidade com identificação das condições de drenagem e monitoração dos níveis de sucção que tornam atípico o comportamento de solos não saturados. Poucos resultados de ensaios de CPT, DMT, PMT ou DPL realizados em solos porosos do Centro-Oeste do Brasil estão disponíveis na literatura. Estes solos geralmente 2 causam problemas às estruturas neles assentes, em razão da sua baixa capacidade de carga e comportamento colapsível. O comportamento deste tipo de solo é complexo, sendo influenciado pela trajetória de tensões, sucção, condições geológicas, dentre outros fatores, merecendo atenção na interpretação dos ensaios de campo. A grande virtude destes ensaios avançados está na consolidação internacional das metodologias e padronização, permitindo comparações diretas de resultados e experiências locais. 1.2. OBJETIVO DA PESQUISA Este trabalho tem como objetivo a análise de resultados de ensaios de campo do tipo CPT, DMT, PMT, SPT-T e DPL para fins de projeto geotécnico em perfis de solo tropical não-saturado, típico da região Centro-Oeste do Brasil. São fornecidas informações básicas sobre os ensaios, seu desenvolvimento, componentes, calibrações e técnicas de utilização. Os métodos de interpretação de resultados são discutidos e ilustrados com base em resultados experimentais obtidos, sendo a principal ênfase da tese o comportamento da camada de solo poroso mediante a obtenção de parâmetros geotécnicos para aplicação em metodologias de projeto de fundações profundas no Distrito Federal, com a avaliação do seu desempenho e considerando a variação da sucção ao longo do ano. 1.3. ESCOPO DA TESE Esta tese foi estruturada em sete capítulos e nove apêndices. O Capítulo 1 apresenta o contexto geral da evolução dos ensaios de campo em solos porosos colapsíveis, não saturados, enfatizando a sua aplicação em fundações profundas. O objetivo básico desta tese também é apresentado neste capítulo, juntamente com o escopo da tese. No Capítulo 2 apresenta-se uma revisão das características gerais dos ensaios de campo associadas aos procedimentos adotados em sua execução, exigência indispensável à obtenção de resultados padronizados e interpretações. É feito um breve histórico da evolução dos ensaios de campo, relatando desde o equipamento utilizado até as principais aplicações na prática da engenharia geotécnica, dando-se ênfase à experiência acumulada no Brasil. Metodologias consagradas de análise de resultados de determinação estratigráfica do perfil do subsolo, a classificação dos solos e a previsão de propriedades dos materiais prospectados, particularmente de depósitos de solos lateríticos, não saturados, são os principais aspectos abordados. Apresenta ainda, as metodologias de 3 previsão de capacidade de carga e recalque aplicadas as estacas escavadas, assentes em solos não saturados, utilizadas na análise das provas de carga realizadas em diferentes épocas do ano e as ferramentas numéricas utilizadas (programa GEOFINE, versão 4, e PLAXIS, versão 7.1). O Capítulo 3 descreve o programa experimental adotado baseado na realização dos ensaios de campo e laboratório e provas de carga . O objetivo do programa experimental foi analisar a influência da sucção nos resultados dos ensaios e também avaliar as potencialidades dos ensaios de campo no estudo do comportamento de fundações profundas. A caracterização fisiográfica, climatológica, aspectos geológicos e os solos característicos do DF são abordados. O capítulo descreve as principais particularidades deste tipo de material, dos parâmetros e investigações e, também, os procedimentos e os equipamentos utilizados na execução dos ensaios e seus respectivos períodos de realização. Um enfoque estatístico é dado aos resultados de CPT com o objetivo de descrever a variabilidade espacial das propriedades do solo do campo experimental. O Capítulo 4 apresenta os resultados dos ensaios de campo e suas relações com a variação de umidade, visando verificar eventuais influências da variabilidade sazonal nos resultados dos ensaios de campo. As análises dos resultados obtidos nas provas de carga e retroanálises por simulações numéricas realizadas são apresentadas no Capítulo 5. Na tentativa de obtenção da carga de ruptura por métodos de extrapolação, apresenta-se uma análise detalhada dos principais métodos e sua adequada utilização em provas de carga executadas no DF. Descrevem-se os resultados obtidos nas previsões do comportamento das fundações (capacidade de carga e recalque) levando-se em conta a variabilidade sazonal. Apresentase ainda, um análise paramétrica dos parâmetros de resistência (c e φ) e módulo de elasticidade dos solos obtidos através de retroanálises utilizando-se os programas GEOFINE e PLAXIS. Um estudo detalhado do perfil estratigráfico e dos parâmetros do solo obtidos via ensaios de campo e laboratório são apresentados no Capítulo 6. Descreve-se os procedimentos de classificação do solo por meio dos ensaios de CPT e DMT, comparandoos com as classificações tradicionais via análise granulométrica e limites de Atterberg e metodologia MCT, específica para solos tropicais. Este capítulo mostra também análises qualitativas realizadas com parâmetros obtidos no laboratório e no campo, objetivando avaliar as potencialidades dos ensaios de campo na previsão dos parâmetros e comportamento do solo. 4 O Capítulo 7 relata as conclusões oriundas das avaliações e análises realizadas nesta tese, incluindo também algumas sugestões para pesquisas futuras. O Apêndice A reúne os difratogramas do solo do campo experimental da UnB. Os certificados de calibração do Cone e Piezocone encontram-se no Apêndice B. O Apêndice C apresenta os resultados médios dos ensaios de campo. No Apêndice D tem-se a descrição detalhada dos métodos gráficos de extrapolação das curvas carga-deslocamento utilizados nesta pesquisa. O Apêndice E reúne os resultados básicos das provas de carga executadas no campo experimental e em obra local. As considerações adotadas e os resultados obtidos na previsão de capacidade de carga e recalque das fundações são mostrados no Apêndice F. As distribuições de deformações totais obtidas pelo programa PLAXIS são vistas no Apêndice G. No Apêndice H são vistas as curvas de transferência de carga obtidas por análises numéricas. E finalmente os ensaios de PIT realizados antes e após as provas de carga do campo experimental estão apresentados no Apêndice I. 5 CAPÍTULO 2 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. ENSAIOS DE CAMPO Neste item apresenta-se uma revisão das características gerais dos ensaios de campo, mediante breve histórico da evolução dos ensaios e suas principais aplicações na prática da engenharia geotécnica. 2.1.1. Cone Elétrico e Piezocone (CPT/CPTU) Nos últimos anos o ensaio de CPT/CPTU tem adquirido grande projeção no meio geotécnico, por tratar-se de um ensaio de execução simples e que oferece resultados contínuos de excelente repetibilidade. Este ensaio fornece uma boa avaliação da descrição do perfil estratigráfico com relação ao tipo de solo, formação de camada, espessura, uniformidade, continuidade, definição da posição do nível d’água e da estimativa de parâmetros mecânicos dos solos. Os primeiros ensaios de penetração de cone surgiram na década de 30. Dois equipamentos foram desenvolvidos no Laboratório de Mecânica dos Solos de Delph, na Holanda. Esta é a razão pela qual o ensaio é também denominado de ensaios de cone holandês (Meigh, 1987). As primeiras referências ao ensaio remontam à década de 1930 na Holanda (Barentsen, 1936), consolidando-se a partir da década de 1950 (Begemann, 1963 e 1965). Relatos detalhados do estado do conhecimento, enfocando aspectos diversos da prática de engenharia, podem ser encontrados em Schmertmann (1978 e 1988), Meigh (1987), Robertson & Campanella (1988), Campanella (1995), Lunne et al. (1997) e nas conferências específicas dedicadas ao tema: ESOPT I e II – “Europen Symposium on Penetration Testing” em 1974 e 1982, respectivamente; “Symposium on Cone Penetration 6 Testing and Experience”, ASCE, em 1981; ISOPT I – “International Symposium on Penetration Testing” em 1988; CPT’95 – “International Symposium on Cone Penetration Testing” em 1995; ISC’ 98 – “International Symposium on Site Characterization” em 1998; BIC’2000 – Seminário Brasileiro de Investigações de Campo em 2000; “International Conference on In Situ Measurement of Soil Properties and Case Histories”, Bali em 2001 e no ISC-2 – “Second International Conference on Site Characterization” a ser realizado na cidade do Porto, Portugal em 2004. No Brasil, o ensaio chegou em meados da década de 50, trazido pela Companhia de Estacas Franki (Velloso, 1959). A partir daí outros projetistas passaram a empregar o ensaio para o projeto de estacas, motivando o desenvolvimento de métodos de estimativas de capacidade de carga no Brasil (Aoki & Velloso, 1975 e Velloso, 1981), sendo os primeiros trabalhos sobre cone mecânico relatados por Costa Nunes (1958), Velloso (1959), Danziger & Velloso (1986) e Prezzi (1990). O surgimento do cone elétrico não está claramente definido. Segundo Heijnen (1974) desde 1950 vários cones elétricos vinham sendo usados na Holanda. Em 1957 produziu-se o primeiro penetrômetro elétrico Delft, no qual media-se o atrito lateral separadamente. No ano de 1965 a Fugro desenvolveu um cone denominado tipo subtração, assim denominado porque na primeira célula de carga media-se a resistência de ponta, e na segunda media-se, simultaneamente, a resistência de ponta e atrito lateral (resistência total). O atrito lateral era obtido a partir da diferença entre os valores medidos nas duas células de carga (De Ruiter, 1971). Begemann (1963) relata o uso de cones elétricos com “strain gauges” para medir a resistência de ponta. Lunne et al. (1997) informam que de acordo com Broms & Flodin (1988) os primeiros equipamentos foram provavelmente desenvolvidos na Alemanha durante a II Guerra Mundial. Na década de 70 os cones elétricos passaram a medir a resistência de ponta e o atrito lateral local por meio de células de carga elétricas. Existiam dois tipos de cone elétrico, o primeiro capaz de medir apenas resistência de ponta, e o segundo denominado cone de atrito, media resistência de ponta e atrito lateral (De Ruiter, 1971). Os cones elétricos apresentam uma grande evolução em relação aos cones mecânicos, pois as células de carga têm maior sensibilidade, sendo suas medidas elétricas simples e confiáveis, possibilitando leituras contínuas e registro facilitado dos resultados. Os cones elétricos, de modo geral, têm as mesmas dimensões básicas dos cones mecânicos, ou seja, ângulo do cone de 60º e área de base de 10 cm2. O atrito lateral é medido em uma luva cilíndrica localizada atrás da base do cone com 105 cm2 de área lateral, tal como no 7 cone de Begemann. Os cones empregados na Europa foram padronizados (ISSMFE, 1977) e de forma semelhante surgiu a padronização americana, descrita na ASTM D 3441 (1979), como mostra a Figura 2.1. Figura 2.1 – Ilustração da geometria típica de um cone (a) Lunne et. al. (1997) e (b) Ortigão (1995). As medidas de poro-pressões durante a cravação de uma sonda foram realizadas pela primeira vez no início da década de 70. Em 1974, no “I European Symposium on Penetration Testing” (ESOPT-I) em Estocolmo, foram apresentados exemplos de medida de poro-pressão durante a penetração do cone. Este equipamento era exatamente um cone elétrico provido de um transdutor de poro-pressão associado a um elemento poroso. A medida de poro-pressão durante a cravação de uma sonda tem, como referências iniciais, Janbu & Senneset (1974), Wissa et al. (1975) e Torstensson (1975 e 1977). O termo piezocone surgiu no início da década de 80, com inserção, no penetrômetro, de medidores de poro-pressão. A partir daí muitos pesquisadores em todo o mundo passaram a empregar os elementos de medida de poro-pressão incorporados aos cones elétricos (Campanella & Robertson, 1981; De Ruiter, 1981). A combinação de medidas de resistência e poro-pressão adicionou uma nova dimensão à interpretação analítica dos dados (Figuras 2.1). 8 Os principais atrativos do ensaio são o registro contínuo da resistência à penetração, fornecendo uma descrição detalhada da estratigrafia do subsolo, informação essencial à composição de custos de um projeto geotécnico, e a eliminação de qualquer influência do operador nas medidas de ensaio (“operator independent”). As grandezas medidas são a resistência de ponta qc e o atrito lateral fs, sendo a razão de atrito FR (= fs/qc) o parâmetro derivado do ensaio, mais utilizado para a classificação dos solos. Os primeiros procedimentos de ensaio surgiram na década de 40 (Vermeiden, 1948), seguidos dos trabalhos de Begemann (1963) e De Ruiter (1971). Em 1989 surge a “International Reference Test Procedure for Cone Penetration Test, CPT”, ISSMFE (1989), que respeitou as dimensões anteriormente padronizadas. Em 1979 surge a norma americana D-3441 (ASTM, 1979), substituída pela D-5778 (ASTM, 1995) e em 1991 a brasileira NBR-12069 (ABNT, 1991a), Ensaio de Penetração de Cone In Situ (CPT). Os primeiros ensaios de cone no Brasil foram realizados em condições offshore, para obtenção de dados para projetos de plataforma de exploração e produção de petróleo (Bogossian & Mcentee, 1978). Ortigão et al. (1985), Rocha Filho (1986) e Rocha Filho & Sales (1994) apresentam também resultados de ensaios offshore. A utilização do CPT/CPTU no Brasil tem sido principalmente relacionada à atuação de universidades, seja no que diz respeito ao desenvolvimento de equipamento, seja apenas na realização de ensaios. Os trabalhos desenvolvidos têm sido fundamentais no estabelecimento de padrões e procedimentos, como Rocha Filho & Carvalho (1988), Danziger (1990), Bezerra (1996), Danziger et al. (1997). As principais instituições que se dedicam atualmente à pesquisa desta técnica, realizando importantes trabalhos com o equipamento, são COPPE/UFRJ, PUC-RJ, UFRGS, UFPE, UFPB, UNESP, UNICAMP e a UnB. Rocha Filho (1992) apresentou um relato abordando a aplicabilidade de ensaios in situ, incluindo CPT (elétrico e mecânico) para o projeto geotécnico de fundação em solos residuais, com ênfase aos procedimentos de ensaios e interpretação. Uma descrição da experiência nacional foi apresentada por Rocha Filho & Schnaid (1995). No BIC I, Danziger & Schnaid (2000) apresentaram um relato completo com recomendações para o ensaio, enfocando desde o equipamento utilizado (histórico e padronização), procedimentos na execução do ensaio, normalização, e aspectos básicos de interpretação de resultados e as principais aplicações da prática da engenharia, sendo dado ênfase à experiência acumulada no Brasil. Destaca-se alguns trabalhos que relatam a experiência brasileira de ensaios de 9 CPTU: Borges Neto (1981), Guimarães (1983), Alencar Jr. (1984), Lethola (1984), Sales (1988), Danziger et al. (1989), Danziger (1990), Diniz Filho (1990), Oliveira (1991), Fraiha Neto (1991), Árabe (1993), Bezerra (1996), Soares (1997), Sandroni et al. (1997) e Coutinho et al. (1998). Outros trabalhos também relevantes com o CPT: Menezes (1990), Averbeck (1995), Farias (1999), Giacheti (2001) e Mondelli et al. (2002). A experiência local na utilização do ensaio numa argila porosa tropical, limita-se a Ortigão (1994a) ou Ortigão et al. (1996), que executaram um ensaio de CPTU durante a execução do metrô/DF, Goulart et al. (2002), que apresentaram oito sondagens de CPT executadas em Águas Claras-DF para previsão da capacidade de carga de estacas e Mota et al. (2000a; 2002a; 2002b; 2002c), que apresentaram as análises iniciais desta pesquisa. Os resultados de ensaios de CPT e CPTU podem ser interpretados para três finalidades distintas: (i) identificação de perfil estratigráfico e classificação dos solos, (ii) obtenção de parâmetros geotécnicos e (iii) aplicação direta em projeto de fundações. Um relato amplo pode ser encontrado em Rocha Filho & Schnaid (1995) e Danziger & Schnaid (2000) que apresentam aspectos indispensáveis à interpretação do ensaio, considerando métodos consagrados de análise visando a aplicação dos resultados à prática de engenharia. Segundo Campanella et al. (1985) o ensaio de CPTU constitui-se numa ferramenta de investigação com respeito à determinação da estratigrafia do subsolo. Tornou-se uma técnica consagrada internacionalmente e em muito pouco tempo passou a ser conhecido como um instrumento para detectar e detalhar a estratigrafia do subsolo. A obtenção conjunta das medidas de qc, fs e poro-pressões geradas durante o processo de cravação permitem identificar camadas do subsolo de qualquer consistência e espessura. Diversos autores apresentaram propostas de classificação dos solos a partir de resultados de CPT/CPTU, estando algumas proposições consagradas na prática da engenharia, sendo, em geral, satisfatórias para classificação de solos sedimentares brasileiros, porém não foram testadas de forma sistemática em depósitos residuais (Quaresma et al.,1996 e Danziger & Schnaid, 2000). A classificação do solo pode ser obtida através de procedimentos gráficos que, a partir dos resultados de ensaios de CPT, relacionam qc versus FR ou qc versus fs. No caso do CPTU, as informações qualitativas do CPT são complementadas através de medidas de poro-pressões geradas durante a cravação. Neste caso, utiliza-se um novo parâmetro de classificação dos solos, Bq, e as metodologias sugerem relacionar qt versus Bq como indicativo do tipo de solo (Tabela 2.1). 10 Tabela 2.1 – Propostas de interpretação de perfis de solo. Referência Ensaio Begemann (1965), Sanglérat (1972), Schmertmann cone de (1978), Searle (1979) Begemann Douglas & Olsen (1981), Robertson & Campanella CPT (1983) e Robertson et al. (1986) Eslami & Fellenius (1997) CPTU Jones et al. 1981, Senneset & Janbu (1984), CPTU Robertson et al. (1986) Robertson (1990) CPTU Grandezas qc x FR qc x FR qE x fs qt x Bq qt x ft Os perfis estratigráficos obtidos a partir de resultados de CPT são interpretações de cartas de classificação de solo que foram propostas inicialmente por Douglas & Olsen (1981), a partir da resistência de ponta (qc) e razão de atrito (FR) determinadas com o cone elétrico. A carta de classificação proposta por Robertson et al. (1986), que utiliza a resistência de ponta corrigida (qt) e o parâmetro de classificação (Bq) determinadas com o piezocone, apresenta além da classificação do solo, a tendência de variação do índice de densidade (Dr), razão de pré-adensamento (OCR), sensibilidade (St) e índice de vazios (e). Posteriormente, Robertson (1990) propôs um refinamento de Robertson et al. (1986) para ser utilizado em resultados de sondagens com profundidades superiores a 30 m. Recentemente Eslami & Fellenius (1997) desenvolveram uma carta de classificação de solo para aplicação específica em projetos de estacas, baseada em uma consistente base de dados de CPT e CPTU associada a resultados de amostragens e ensaios laboratoriais de 20 locais em 5 países. Os parâmetros de entrada utilizados são a resistência de ponta efetiva (qE) e o atrito lateral (fs). O desenvolvimento de correlações ou ábacos de classificação ajustados regionalmente devem ser encarados como guias para avaliação do comportamento do solo e não como gráficos de classificação granulométrica (Campanella & Robertson 1988). Na literatura internacional existem numerosas propostas para obtenção de parâmetros geotécnicos. Tais propostas, na maioria dos casos, são relativas ao ensaio CPTU, pois a medida de poro-pressão adicionou uma nova dimensão às potencialidades do ensaio de CPT. Segundo Lunne et al. (1997), estas correlações são relativas a solos sedimentares. Cunha (1996a) e Schnaid (2000) apresentam a relação dos parâmetros de solos derivados dos ensaios de CPT/CPTU. 11 2.1.2. Dilatômetro de Marchetti (DMT) O dilatômetro tem se mostrado como um método prático e confiável para determinação de parâmetros geotécnicos dos solos, tendo sido usado no Brasil a partir de meados de 1986 com sucesso em diversas obras de engenharia (Quaresma et al., 1996). O dilatômetro foi desenvolvido em 1975, na Itália, pelo Professor Silvano Marchetti, pesquisador responsável pela concepção e construção do equipamento. A técnica foi patenteada na Itália em 1977, introduzido na América do Norte em 1980 e desde então tem se mostrado um ensaio simples e atrativo (Figura 2.2). Cabos Duto pneumático 15 mm Membrana Flexível Membrana Flexível 60 mm Dilatômetro Seringa 94 mm Seringa de Calibração Dilatômetro Sistema de medição Figura 2.2 – Layout da lâmina e do sistema de medição do Dilatômetro de Marchetti. A formulação dos conceitos básicos associados à sua interpretação foi proposta por Marchetti (1975, 1980 e 1997) e Schmertmenn (1982). Ambos propõem que os parâmetros do solo sejam obtidos em função dos índices dilatométricos. O ensaio foi normalizado nos Estados Unidos em 1986 (ASTM, 1986) e na Europa em 1995, não havendo ainda normalização específica no Brasil. Revisões extensas do estado do conhecimento podem ser encontradas em Marchetti (1980, 1997), Schmertmann (1986 e 1988), Lutenegger (1988), Lutenegger & Kabir (1988) e Lunne et al. (1989). 12 Segundo Marchetti (1980) as hipóteses adotadas no desenvolvimento do ensaio assumem: as perturbações geradas pela inserção do DMT no solo são inferiores à média observada em outras técnicas de penetração e as medidas são obtidas para pequenas deformações do diafragma e correspondem ao comportamento do solo na fase elástica. Por meio do DMT pode-se determinar o perfil estratigráfico do solo. Com base em evidências de resultados obtidos em diferentes tipos de solo, determinou-se que o índice do material ID, obtido a partir das pressões corrigidas p0 e p1 do ensaio, é controlado pelo tamanho dos grãos do solo e relativamente independe do OCR (Marchetti, 1980) e do grau de saturação do solo (Lacasse & Lunne, 1988). Segundo Marchetti (1997), ID é um parâmetro que reflete o comportamento mecânico do solo e não o resultado de uma análise granulométrica, sendo possível uma boa indicação do comportamento e da granulometria do solo estudado. A correlação de ID versus tipo de solo proposta por Marchetti (1980) fornece uma estimativa do tipo de solo. Os parâmetros geomecânicos do solo são estimados a partir de correlações de natureza semi-empírica sendo as correlações existentes desenvolvidas para areia e argilas de origem sedimentar (Marchetti, 1980; Marchetti & Crapps, 1981 e Schmertmann, 1983). A interpretação empírica é a principal limitação do DMT, sendo fundamental a realização de pesquisas de forma a estabelecer bancos de dados válidos para solos brasileiros. Segundo Schnaid (2000) a experiência brasileira é ainda incipiente, restringindo-se à validação da experiência internacional em condições locais, com base na comparação com outros ensaios de campo e laboratório. Destes trabalhos destacam-se Soares et al. (1986), Bogossian et al. (1988 e 1989), Décourt (1989), Bogossian & Muxfeldt (1993), Vieira (1994), Pereira & Coutinho (1998), Paula et al. (1998) e Palocci et al. (2000). Dentre as pesquisas realizadas no DF sobre o assunto citam-se: Ortigão (1993), Ortigão (1994a e 1994b), Ortigão et al. (1994 e 1996), Perez (1997), Jardim (1998), Cunha & Perez (1998), Cunha et al. (1999) e Cunha & Mota (2000), Mota et al. (2000b; 2002a) e Passos et al. (2002). 2.1.3. Pressiômetro de Ménard (PMT) A utilização de tecnologias mais avançadas constitui-se numa forma de melhor aproveitar as potencialidades naturais dos solos visando a sua utilização em engenharia. No que se refere à engenharia geotécnica, a utilização do pressiômetro soma-se ao CPT e ao DMT, permitindo um tratamento mais refinado aos parâmetros do solo, com forte 13 consolidação teórica e rápido tempo de resposta. O pressiômetro pode ser aplicado potencialmente em projetos geotécnicos, além de ser uma ferramenta para caracterização de perfis de solos tanto argilosos quanto arenosos. O primeiro pressiômetro que se tem notícia foi desenvolvido por Klöger, em 1933, que não logrou sucesso no seu invento devido às dificuldades na interpretação dos resultados e limitações tecnológicas da época, pois não existiam borrachas sintéticas e tubulações semi-rígidas. O termo pressiômetro foi introduzido pelo engenheiro francês Louis Ménard, 1955, seu precursor, para definir um elemento de forma cilíndrica projetado para aplicar uma pressão uniforme nas paredes de um furo de sondagem, através de uma membrana flexível, promovendo a conseqüente expansão de uma cavidade cilíndrica na massa de solo. Modernamente, o equipamento é reconhecido e utilizado como ferramenta rotineira de investigação geotécnica, sendo particularmente útil na determinação do comportamento tensão-deformação de solos in situ (Cunha, 1994 e Schnaid, 2000). Os pressiômetros são classificados em três categorias, segundo a sua forma de inserção no solo: pressiômetros para ensaios em furação prévia (PMT), pressiômetros autoescavantes (SBP) e pressiômetros cravados ou de inserção direta (PIP). A Figura 2.3 apresenta o pressiômetro de Ménard (PMT), para ensaios com perfuração prévia. Figura 2.3 – Ilustração do pressiômetro de Ménard (PMT). 14 Descrições detalhadas sobre o histórico, tipos e aplicações do pressiômetro podem ser encontradas em livros específicos (Baguelin et al., 1978; Mair & Wood, 1987; Briaud, 1992; Clarke, 1995). A utilização do pressiômetro apresenta claras vantagens, pois permite a obtenção: da relação tensão-deformação do solo in situ, segundo hipótese de deformação; do módulo de deformação; da pressão de escoamento, mais conhecida como “creep pressure” e da pressão limite associada às condições de ruptura do solo. Destacando-se como virtudes do ensaio a possibilidade de medir as propriedades de deformação do solo, a resistência limite ou de ruptura. As condições de contorno podem ser expressas via teorias de expansão de cavidade (Cunha, 1994). Segundo Schnaid & Mántaras (1998) as soluções analíticas de expansão de cavidade cilíndrica propostas por Carter et al. (1986) e Yu & Houlsby (1991, 1995) representam a natureza coesivo friccional dos solos, e podem ser aplicadas em um solo não saturado. Os primeiros equipamentos e ensaios pressiométricos realizados no Brasil são da década de 1970 e são creditados à Pontifícia Universidade Católica PUC/RJ e ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT/SP). A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em conjunto com a Fundação de Ciência e Tecnologia (CIENTEC/RS), vem desenvolvendo estudos de solos com um pressiômetro Ménard desde o início da década de 90. Segundo Schnaid et al. (1995), embora limitado a centros de pesquisa, já existe alguma experiência relacionada ao uso e interpretação de pressiômetros em solos brasileiros. Em 1998, com a aquisição de um pressiômetro tipo Ménard, a Universidade de Brasília iniciou suas pesquisas. A UFPB/CG, USP, PUC/RJ, UNICAMP também vêm se dedicando a utilização desta técnica. As principais referências sobre ensaios pressiométricos no Brasil, são: Brandt (1978), Sandroni & Brandt (1983), Rocha Filho & Romanel (1983), Toledo (1986), Rocha Filho & Toledo (1990), Schnaid & Rocha Filho (1994), Nakahara (1995), Schnaid et al. (1995), Bosch (1996), Ortigão et al. (1996), Soares (1997), Cavalcante (1997), Silva (1997), Schnaid & Mántaras (1998), Kratz de Oliveira (1999), Medeiros (1999), Furtado (1999), Soares (1999), Cunha et al. (2000), Kratz de Oliveira & Schnaid (2000a e 2000b), Kratz de Oliveira et al. (2000), Vecchi et al.(2000), Cavalcante et al. (2000), Cunha et al. (2001), Kratz de Oliveira et al. (2001) e Kratz de Oliveira (2002). Os trabalhos realizados na UFRGS (Silva, 1997, Kratz de Oliveira 1999 e 2002) demonstram que para uma interpretação racional dos resultados de ensaios em solos não 15 saturados é necessária a determinação prévia da sucção matricial in situ. Neste estudo, portanto, buscou-se medir a umidade do solo paralelamente à realização de cada ensaio pressiométrico. Em 1992, durante um programa de investigação geotécnica para o Metrô/DF foram realizados ensaios pressiométricos tipo Ménard em dois furos de sondagem na Asa Sul, sendo que Ortigão et al. (1996) aplicaram a solução de Carter et al. (1986) na análise dos resultados destes ensaios. Cunha et al. (2000) apresentaram resultados de ensaios na ardósia alterada de Brasília. Vecchi et al. (2000) mostraram solução proposta por Kratz de Oliveira (1999), modificada a partir de Yu & Houlsby (1991), para a interpretação de ensaios pressiométricos realizados no campo experimental da UnB, entre os meses de agosto a setembro de 1998 e em março de 1999. A interpretação dos dados de ensaios pressiométricos, aplicada à previsão de parâmetros, pode ser feita de forma tradicional, como descrito Baguelin et al. (1978), ou racional, utilizando-se de soluções analíticas (Ortigão et al., 1996; Bosch et al., 1997; Cunha, 1994 e Cunha, 1996b) e numéricas (Mántaras, 1995; Schnaid et al. 1995). Os resultados de ensaios pressiométricos são extremamente sensíveis à técnica de instalação, assim como ao procedimento de ensaio e à metodologia de interpretação. Cunha (1998) apresentou uma metodologia simplificada para quantificar o distúrbio gerado durante a realização do ensaio de PMT. Como a qualidade do ensaio é refletida na curva pressiométrica obtida, esta metodologia baseia-se no ajuste de curva, sendo o coeficiente de distúrbio igual ao número que mede o desvio médio para as deformações de 1 e 3% (tangenciais) da curva de ensaio. Segundo Cunha (1998), o valor do coeficiente de distúrbio varia de 0% para ensaios com ausência de perturbação até 100% quando ocorre perturbação total. Vecchi et al. (2000) adotaram valores do coeficiente de distúrbio menor que 15% para selecionar os ensaios, na condição natural e inundada, mais representativos do campo experimental da UnB. A maioria dos métodos de interpretação baseada em soluções analíticas utiliza a técnica de ajuste de curva no qual a curva experimental fornecida pelo ensaio é comparada com o resultado de uma curva teórica gerada analiticamente por uma simulação no computador, que por sua vez é resultante da aplicação da teoria de expansão de cavidade cilíndrica. Os parâmetros que levam à geração desta curva são escolhidos pelo usuário, que julga a qualidade do ajuste. A interdependência dos parâmetros constitutivos envolvidos (c, φ, σh0 e G) elimina a ocorrência de erros grosseiros na interpretação dos ensaios pressiométricos, pois a escolha de um valor pouco realista para qualquer uma das variáveis 16 reduz a possibilidade de ajuste (Cunha, 1996b; Schnaid, 2000 e Vecchi et al., 2000). Como limitação a esta abordagem, no entanto, deve-se destacar que não se trata de um método determinístico de obtenção de parâmetros constitutivos do solo. Ou seja, mais de um conjunto de valores pode fornecer um ajuste satisfatório, exigindo julgamento geotécnico e bom senso para a escolha do conjunto representativo. Neste trabalho, em particular, foi utilizado um modelo elasto-plástico modificado por Cunha (2002) a partir de Cunha (1996b) para a interpretação de ensaios pressiométricos em solos friccionais A este modelo foram incorporadas mais duas variáveis que compreendem a sucção mátrica do solo (ua – uw) e o ângulo de atrito dependente da sucção mátrica (φb). Desta maneira, contempla-se as duas parcelas de coesão (c) para solos não saturados, a parcela relativa à coesão efetiva, c’, dada pela cimentação do solo, e a parcela de coesão aparente, tgφb(ua – uw), fornecida pela sucção mátrica do solo, sendo a sucção obtida a partir da curva característica. O coeficiente de Poisson pouco influência nos resultados e devido à característica colapsível do solo em estudo, adotou-se a dilatância (ψ) como sendo nula. Nesta pesquisa limitou-se ao ajuste do trecho de carregamento da curva, devido ao fenômeno de fluência observado no final dos ensaios na argila porosa de Brasília e ao modelo proposto. Segundo Vecchi et al. (2000), com base nesta evidência em especial, pode-se sugerir uma mudança no procedimento de ensaio recomendado pela norma americana D 4719 (ASTM, 1987), de tal forma que ao final do carregamento mantenhamse a pressão de cavidade constante até estabilização completa das deformações. Somente após este período inicia-se o descarregamento. Salienta-se que Cunha (1994) já preconizou este procedimento para os trechos anteriores à realização do ciclo de descarga-recarga da curva pressiométrica, sugerindo que a descarga fosse realizada para um valor de fluência inferior a 0,01%/min. 2.1.4. Sondagem de Simples Reconhecimento sem e com Torque (SPT e SPT-T) A sondagem de simples reconhecimento (“Standard Penetration Test” – SPT), desenvolvida no final da década de 20, é reconhecidamente a mais popular, rotineira e econômica ferramenta de investigação geotécnica, sendo ainda um processo dominante na prática da engenharia geotécnica. Permite uma indicação da compacidade de solos granulares, como também a identificação da consistência de solos coesivos. As vantagens 17 com relação aos demais ensaios são: simplicidade do equipamento, baixo custo, obtenção de valores numéricos de resistência a penetração, retirada de amostras e a identificação da posição do nível d’água (Schnaid, 2000). Em 1939, o SPT foi introduzido no Brasil pelo Eng. Odair Grillo através do IPT de São Paulo e, em 1945, o Eng. Milton Vargas apresenta o primeiro trabalho sobre o ensaio (Teixeira, 1993). A primeira normalização do ensaio SPT foi realizada em 1958, pela ASTM, sendo a normalização norte-americana D 1586-67 (ASTM, 1967) utilizada com freqüência na América do Sul. Apesar da norma Brasileira, NBR 6484/80 (ABNT, 1980), observa-se uma diversidade de procedimentos utilizados para execução dos ensaios e falta de padronização (não há quantificação nem controle da energia utilizada no ensaio). A sugestão da medida do torque após a execução dos SPT foi proposta por Ranzini (1988), que sugeriu uma prorrogação no procedimento do ensaio dinâmico, para a obtenção de um valor de atrito lateral, não alterando em nada o procedimento para obtenção do índice de resistência à penetração (N), sendo esta uma das principais características do ensaio SPT-T, a possibilidade de determinar estaticamente, com um baixo custo adicional, a resistência de atrito lateral entre o amostrador e o solo (Figura 2.4). Figura 2.4 – Ilustração do Torquímetro usado na UnB (Guimarães, 2002). 18 A utilização desse ensaio na rotina dos serviços de sondagem foi implementada por Décourt & Quaresma Filho (1991 e 1994), que sugeriram a relação T/N como forma de aferição do valor N e como forma de classificação geotécnica dos solos. Alonso (1994) seguiu a proposta original de Ranzini (1998), a qual consiste em utilizar o torque para a previsão do atrito lateral de estacas. A seguir, destacam-se outros trabalhos sobre o tema: Alonso (1995; 1996a; 1996b), Camapum de Carvalho et al. (1998), Soares, J.M. (1999), Guimarães et al. (2000) e Camapum de Carvalho et al. (2001). Peixoto & Carvalho (2000) e Peixoto (2001) utilizaram um torquímetro elétrico com sistema automático de aquisição de dados, desenvolvido pela UNICAMP, como parte do projeto de pesquisa que objetiva a determinação de dados práticos para a utilização do SPT-T em geotecnia, sendo possível, a partir desse equipamento, construir a curva torque versus ângulo de rotação durante o ensaio, permitindo-se a obtenção mais precisa do valor do torque máximo e uma melhor análise do torque residual. Os ensaios foram realizados em sete campos experimentais onde têm-se informações detalhadas do subsolo. Guimarães (2002), visando conhecer as propriedades e o comportamento do solo poroso do DF, apresentou um estudo sobre a aplicabilidade e limitações do ensaio SPT-T no dimensionamento de estacas, considerando-se o efeito das variações de umidade/sucção ao longo do ano. Peixoto & Carvalho (2002) apresentaram uma proposta para padronização da medida do torque, com o objetivo de sugerir procedimentos de execução do ensaio e especificações dos equipamentos a serem utilizados, sugerindo siglas para os diferentes parâmetros obtidos no ensaio. 2.1.5. Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) O penetrômetro (cone) dinâmico leve (martelo de 10 kg), especificado na Referência Internacional para Procedimentos de Ensaio para Sondagem Dinâmica (DP) (ISSMFE, 1989), é um equipamento de campo manual de pequeno porte, projetado para uso em sondagens com profundidade máxima de 21 m (Figuras 2.5 e 2.6). O equipamento apresenta uma limitação geométrica e o principal parâmetro limitador da cravação é a resistência do solo, que define a energia necessária a ser aplicada nas hastes. 19 Figura 2.5 – Detalhe do DPL e Ponteira. Figura 2.6 – Ilustração do DPL e Ponteira. 20 O DPL pode ser classificado entre o CPT e SPT, pois aplica-se uma pequena energia (10 kg com altura de queda de 50 cm), significando aproximadamente 50 Joules. Devido à baixa energia o ensaio é considerado semi-estático. A sondagem é considerada adequada para projetos de pequeno e médio porte, complementando-se e correlacionandose as outras sondagens, é ideal para utilização em locais de difícil acesso como: várzeas, taludes e lugares fechados. Com boa penetrabilidade em solos fofos/moles e mediamente rijos, sendo possível ainda à utilização em camadas de areia e pedregulho mediamente compactados. O ensaio fornece atrito lateral e resistência de ponta, permitindo, através de amostrador, a coleta de amostras deformadas com aproximadamente 50 g. Referências internacionais sobre o DPL podem ser encontradas em Cestari (1990) e Taschenbuch (1991). No Brasil a utilização deste ensaio ainda é muito restrita, com ensaios realizados em Brasília, Campinas e São Paulo. Na avaliação de recalque de sapatas em solos terciários, num edifício de 17 pavimentos, localizado no centro da cidade de São Paulo, Castello et al. (2001) utilizaram o DPL para detectar a ocorrência de bolsões de areia argilosa, pouco compactada (espessura da ordem de 1 m). Neste caso o penetrômetro foi cravado até uma profundidade de 2 m, suficiente para detectar a ocorrência dos bolsões, atendendo as necessidades do projetista de forma satisfatória e mostrando-se como uma ferramenta versátil a ser utilizada em locais de difícil acesso. 2.2. SOLOS NÃO SATURADOS 2.2.1. Introdução A característica principal de solos não saturados é a presença de poro-pressão d’água negativa ou de sucção. Os parâmetros de resistência e de mudança de volume dependem da umidade. Mudanças de sucção, parâmetro principal governando o comportamento dos solos não saturados, são provocadas por mudanças na umidade. O estado de tensões no interior de um maciço de solo pode ser representado por combinações das variáveis de tensão (σ - ua) e (ua – uw), tensão líquida e sucção mátrica, respectivamente. O comportamento mecânico dos solos é função destas variáveis. A sucção, por sua vez, é função da variação das pressões de ar e água no interior do maciço e é estritamente relacionada com o ambiente ao redor, sendo de interesse na análise de problemas de 21 engenharia geotécnica. O perfil de poro-pressão no campo (e conseqüentemente o da sucção mátrica) pode variar ao longo do tempo, conforme Figura 2.7. Superfície do terreno Equilíbrio com o lençol d’água Evaporação excessiva Poropressões negativas Saturação de um solo ressecado Nível d’água Poropressão positiva Figura 2.7 – Perfil típico de poro-pressão (Fredlund & Rahardjo, 1993). A variação da sucção do solo é geralmente maior que as variações que normalmente ocorrem no perfil de tensões líquidas. Essas variações dependem de fatores como (Fredlund & Rahardjo, 1993): • Condições de superfície do terreno; • Condições ambientais; • Vegetação; • Lençol freático; • Permeabilidade do perfil de solo. A variação de umidade é sazonal e depende dos fenômenos que ocorrem na interface solo-atmosfera, ou seja, infiltração e evaporação de água na forma de vapor. Estações de chuva e de seca causam variações no perfil da sucção, particularmente perto da superfície, na zona ativa. A sucção mátrica no solo aumenta durante as estações de seca e decresce no período chuvoso. Durante uma estação de seca, a taxa de evaporação é alta, e o resultado é uma perda de água no solo. A condição oposta pode ocorrer durante uma estação chuvosa (Fredlund & Rahardjo, 1993). 22 Em Brasília as estações chuvosa e seca são bem definidas e a utilização das variáveis de estado de tensão, no início do horizonte laterítico e no horizonte saprolítico, proporcionam mudança de comportamento no solo não-saturado. A alternância de estações faz com que ocorra intensa lixiviação dos finos do horizonte superficial, criando uma estrutura porosa e muito permeável. Com os conhecimentos existentes de mecânica dos solos não saturados é possível desenvolver um modelo analítico de previsão da sucção no maciço. De posse do modelo, é possível entender como varia a sucção e portanto como mudam os parâmetros do solo, de modo que se tenham parâmetros confiáveis quando da elaboração de projetos geotécnicos. Um dos principais fenômenos que influenciam este processo é o fenômeno da evaporação, que necessita de estudo e caracterização física e matemática. A previsão do fluxo evaporativo é um problema importante e existe a necessidade de pesquisas e verificações de modelos de evaporação na superfície de solos. 2.2.2. Curvas Características O conhecimento da relação entre umidade e sucção é fundamental em projetos que tratem o comportamento de solos não saturados. Várias técnicas de ensaios de campo e de laboratório foram propostas na literatura. A sucção no solo compreende a soma de duas parcelas: a sucção matricial, relacionada com as forças capilares e de adsorção, e a sucção osmótica, resultante da presença de diferentes concentrações de sais dissolvidos na fase líquida (Peixoto, 1999). É comum analisar a sucção através da curva característica que expressa a variação de sucção com o teor de umidade, observando-se através desta que a sucção varia inversamente em relação à quantidade de água no solo. A variação da umidade altera basicamente a sucção matricial, principal responsável pelo comportamento mecânico dos solos não saturados. A curva característica representa a variação da sucção (quantidade de água que um solo pode ganhar ou perder) com a umidade ou grau de saturação. O seu formato depende do tipo de solo e da distribuição e tamanho dos poros, sendo que solos arenosos tendem a apresentar perda brusca de umidade (saturação) e argilosos perdas mais suaves quando a sucção atinge o ponto de entrada de ar. Vários modelos matemáticos foram propostos para modelagem da curva característica e a maioria dos modelos baseia-se na interdependência entre a forma da 23 curva e a distribuição de volume de vazios. Nestes casos, as equações são formuladas com base em curvas de regressão de resultados experimentais. Existem também outras proposições que procuram estabelecer a curva característica a partir de propriedades básicas do solo, tais como distribuição granulométrica e porosidade. Gerscovich (2001) apresentou as seguintes proposições matemáticas para modelagem da curva característica: Gardner (1858), Brooks & Corey (1964), Visser (1966), Farrel & Larson (1972), Roger & Hornberger (1978), Van Genuchten (1980), Gosh (1980), William et al. (1983), Saxton et al. (1986), Haverkamp & Parlange (1986), McKee & Bumb (1987), Rawls & Brakensiek (1989), Fredlund & Xing (1994) e Aubertin et al. (1998). Segundo Camapum de Carvalho & Leroueil (2000), a distribuição de poros depende da gênese e das alterações sofridas ao longo do tempo. Verifica-se a importância da distribuição de poros e do índice de vazios na definição das curvas características, sendo que outros fatores, tais como a orientação das partículas e variação iônica, também podem modificar a forma destas curvas, uma vez que, a interação entre as partículas e as forças de ligação e de retenção de água, pode ser alterada. A determinação do tamanho dos poros é essencial, pois afeta diretamente parâmetros de engenharia, sendo possível ilustrar através da curva característica como o decréscimo de volume de água pode ser relacionado com o tamanho dos poros, Marinho & Pinto (1997). Entre os vários métodos para determinar a sucção dos solos, o papel filtro (método indireto) baseia-se no princípio de que um solo, com alguma umidade, quando posto em contato com um papel filtro, com umidade menor, faz com que este último absorva uma certa quantidade de água até que o sistema entre em equilíbrio de pressão. Dependendo do contato entre o papel filtro e amostra, pode-se determinar a sucção total ou sucção matricial. Se o papel está em contato com a mostra tem-se sucção matricial, uma vez que o fluxo entre o papel e a amostra equilibra a concentração de sais na água do papel e na água da amostra. Para obtenção das curvas características do perfil de solo do campo experimental, a determinação da sucção foi realizada através da técnica do papel filtro, com amostras indeformadas e trajetória de umedecimento, metodologia detalhada em Guimarães (2002), que seguiu as recomendações de Marinho (1994 e 1995). Para análise do comportamento dos solos estudados, adota-se o modelo de transformação da curva característica proposto por Camapum de Carvalho & Leroueil (2000). As curvas obtidas para o campo experimental são típicas de solos tropicais, com 24 distribuição de poros não homogênea, ou seja, bimodal. Esta distribuição é devido ao intemperismo e a acidez, que são responsáveis pela formação de agregações de partículas cimentadas ou então por óxidos e hidróxidos de alumínio e/ou ferro, que, por sua vez, se ligam uma as outras, seja por mecanismos cimentantes ou por pontes de argila (Camapum de Carvalho & Leroueil, 2000). Segundo hipóteses dos mesmos autores, os solos com distribuição bimodal de poros apresentam dois pontos de entrada de ar, o primeiro nos macroporos (sucção da ordem de 5 kPa), que ao ser atingido observam-se grandes variações de saturação para pequenas variações de sucção, até o ponto correspondente ao término de entrada de ar nos macroporos, seguido do aumento significativo da sucção até atingir o ponto de entrada de ar nos microporos (Figura 2.8). Segundo Guimarães (2002), para análise das curvas características o melhor será trabalhar com os seguintes pontos (Figura 2.8): • Pressão de entrada de ar dos macroporos (pF EAMA): corresponde à interseção do encontro do trecho A com a vertical passando por Sr = 100 %; • Pressão correspondente ao término de entrada de ar nos macroporos (pF B0): corresponde a interseção dos trechos A e B; • Inclinação do trecho B (β): variação do grau de saturação ao longo da reta B que deve a princípio estar associado à atuação da sucção em poros intermediários e na própria água de hidratação superficial dos agregados e demais partículas isoladas, sendo o seu início associado ao ponto pF B0; • Pressão de entrada de ar dos microporos (pF EAMI): corresponde à interseção dos trechos B e C; • Pressão residual: correspondente a interseção dos trechos C e D. Com a definição destes pontos caracteriza-se a forma da curva característica do campo experimental, sendo importante à determinação do ponto correspondente ao término de entrada de ar nos macroporos, pois a partir deste ponto tem-se um aumento considerável de sucção. 25 6 100000 pF residual Entrada de ar dos microporos (pF EAMI) 5 10000 Trecho C 4 1000 Trecho B inclinação β 3 100 Entrada de ar dos macroporos (pF EAMA) 2 Sucção (kPa) Sucção (pF) Trecho D 10 Término de entrada de ar nos macroporos (pFB0) Trecho A 1 0 20 40 60 80 1 100 Sr (%) 1m 2m 3m Ajuste inicial Figura 2.8 – Curvas características representativas do perfil de solo do campo experimental (modificado – Guimarães, 2002). 2.2.3. Propriedades Mecânicas Os conceitos da Teoria do Estado Crítico demonstram que para descrever o comportamento tensão-deformação-resistência de solos não saturados é necessário utilizar parâmetros de estado que são: estado de tensão, grau de saturação, estrutura do solo, índice de vazios e umidade. Os parâmetros de estado podem ser relacionados por funções matemáticas, definidas como funções de estado. Essas funções representam a superfície de estado num espaço tridimensional (Bishop & Blight, 1963). Esses autores propuseram um sistema triortogonal de eixos que relacionam a variação do índice de vazios com as variáveis de tensão: normal líquida (σ - ua) e sucção mátrica (ua – uw), como mostra a Figura 2.9. 26 Figura 2.9 – Espaço tridimensional idealizado por Bishop & Blight (1963). Peixoto et al. (2001), apresentando a superfície de estado de índice de vazios do solo colapsível do DF, concluíram que o solo atingiu um potencial de colapso da ordem de 19,4 % na condição saturada, e que a superfície de estado definida pode ser utilizada como um modelo elasto-plástico não linear, permitindo a avaliação do comportamento tensãodeformação de um solo colapsível ao longo de trajetórias de molhagem (Figura 2.10). Figura 2.10 – Superfície de estado de índice de vazios do solo colapsível do DF (modificado – Peixoto et al., 2001). 27 Diversas são as propostas para tensões efetivas de solos não saturados, porém todas as expressões podem ser resumidas na definição de Bishop (1959), que modificou a equação de tensões efetivas de Terzaghi: σ' = σ – ua + χ (ua – uw) (2.1) Onde: χ = parâmetro de Bishop (1959), entre 0 e 1 que reflete a influência da sucção matricial na tensão efetiva; ua = pressão de ar; uw = pressão da água; σ = tensão total; σ’ = tensão efetiva. A equação de Bishop (1959) é consistente do ponto de vista de resistência, porém apresenta problemas com relação à deformabilidade. Ribeiro (1999) cita algumas das proposições desenvolvidas para a compressibilidade de solos não-saturados, são elas: Bishop & Blight (1963), Fredlund & Rahardjo (1993), Alonso et al. (1987), Pereira (1996) entre outros. Aplicando-se ao critério de ruptura de Mohr-Coulomb, a equação de resistência ao cisalhamento para solos não saturados, assume a seguinte formulação: τ = c’ + [(σ - ua) + χ (ua – uw)] tanφ’ (2.2) Sendo: c’ = coesão efetiva; φ’ = ângulo de atrito; χ = parâmetro de tensão efetiva de Bishop (1959). Para aplicação do modelo é necessário conhecer os parâmetros efetivos (a partir de ensaios convencionais) e também a relação entre o grau de saturação e a sucção matricial pela curva característica. 28 O aumento na sucção mátrica contribui para dar resistência ao solo contra mudanças nas pressões aplicadas externamente pelas fundações. Isso porque o aumento de sucção resulta em aumento na coesão (c’), pouco afetando o ângulo de atrito (φ’). A envoltória de Mohr-Coulomb, para condições não saturadas, deve ser substituída por uma superfície tridimensional com eixos expressos em função das tensões cisalhantes, das tensões normais e da sucção mátrica. Outra representação da variação da resistência ao cisalhamento com a sucção matricial é através do parâmetro φb da equação de resistência ao cisalhamento para solos não saturados, proposta por Fredlund et al. (1978): τ = c’ + (σ – ua)tanφ’ + (ua –uw).tanφb (2.3) O parâmetro φb, o chamado ângulo de resistência ao cisalhamento com respeito à sucção matricial, foi definido inicialmente como constante. Entretanto outros estudos comprovaram relações não lineares entre a resistência ao cisalhamento e a sucção matricial. É hoje consensualmente assumido o comportamento não linear, tal que tanφb = f(ua –uw). O parâmetro de φb pode ser determinado nos moldes do que é aceito na definição dos parâmetros de resistência a partir de Mohr-Coulomb, assumindo a linearidade em intervalos específicos de tensão normal. Vanapalli et al. (1996), apresentaram a relação entre a sucção e resistência ao cisalhamento, sobrepondo-se à curva característica do solo (Figura 2.11). Segundo os autores, φb varia entre zero e φ'. Para valores de sucção inferiores a entrada de ar, tem-se φb ≈ φ'. Segundo Gan & Fredlund (1996), a não linearidade da envoltória τ versus (ua –uw) está relacionada ao efeito de dessaturação do solo pela sucção aplicada e pelo efeito da dilatância (expansão volumétrica do solo durante o cisalhamento). Ambos resultam na diminuição da área de contato dos meniscos capilares com as partículas de solo e agregados e, por conseqüência, na redução da taxa de aumento da resistência ao cisalhamento com a sucção matricial. Pela Figura 2.10 observa-se que na dessaturação temos φb variável e decrescente com aumento de sucção, ou seja a ação do menisco não está mais em toda a área da superfície do grão. Após a dessaturação o φb é constante e igual a zero. 29 Figura 2.11 – Relação da resistência ao cisalhamento com a curva característica de um solo; (a) curva característica, (b) variação de resistência em função da variação de sucção (modificado – Vanapalli et al., 1996). Trabalhos na área de solos não saturados vêm sendo desenvolvidos nas UnB, destacam-se: Oliveira (1998), Gitirana Jr.(1999), Peixoto (1999), Ribeiro (1999), Camapum de Carvalho & Leroueil (2000), Peixoto et al. (2001), Camapum de Carvalho & Pereira (2001), Camapum de Carvalho et al. (2001; 2002), Guimarães (2002), Delgado (2002). 30 2.3. FUNDAÇÕES PROFUNDAS 2.3.1. Introdução O comportamento de um elemento isolado de fundação depende das propriedades dos materiais, da geometria do elemento estrutural e dos elementos de solo que compõem o sistema. Em projetos de estacas, três critérios básicos são considerados: a ruptura estrutural, a ruptura do solo adjacente e o recalque admissível. A ruptura estrutural é normalmente considerada quando se tem solos muito densos ou rochas. Na maioria dos casos, a capacidade de carga e o recalque admissível determinam a máxima carga no elemento de fundação. A interação solo-fundação-estrutura resulta em um sistema de variáveis que interagem mutuamente, de modo que o comportamento da obra é uma resultante desta interação. A variável solo é a mais complexa a ser representada num modelo, devido ao grau de incerteza que está presente na determinação de seus parâmetros. No caso de solos não saturados, a teoria da capacidade de carga é aplicada, baseando-se no conceito de que a coesão é composta pela coesão efetiva mais a parcela de sucção, assumindo-se corretamente parâmetros de resistência função da sucção atuante. 2.3.2. Provas de Carga Estática A finalidade do ensaio de carregamento estático é a determinação da carga de ruptura do sistema. A prova de carga, principalmente a estática, é o meio mais confiável e indiscutível de avaliar esta carga, apesar do progresso alcançado nos métodos semiempíricos. O ensaio consiste em carregar a estaca em incrementos progressivos de carga aplicada no topo e medir os deslocamentos correspondestes, curva carga-deslocamento, conforme NBR-12131 (ABNT, 1991b). A realização de provas de carga em estacas instrumentadas com extensômetros de resistência tem contribuído para o conhecimento dos regimes de tensão e deformação ao longo das estacas (Carvalho, 1991). Com as leituras da instrumentação da estaca, determina-se a carga correspondente em cada seção instrumentada, e os gráficos de transferência de carga em função da profundidade, para cada estágio de carga e descarga. Conhecidos os valores da carga de cada nível da seção instrumentada da estaca, determinase sua tensão lateral em cada trecho, a resistência lateral e a curva da mobilização da 31 resistência em função de seu deslocamento. Obtém-se também a curva mobilizada da resistência de ponta da estaca em função do deslocamento. A forma da curva carga-deslocamento depende da geometria (comprimento e diâmetro da estaca e das espessuras das camadas de solo) e da reologia dos diferentes materiais componentes deste sistema. A reologia é caracterizada pela forma da curva tensão-deformação-tempo obtida em laboratório. Ferreira (1998) citou diversos trabalhos feitos no Brasil nos últimos anos com provas de carga em estacas instrumentadas submetidas a esforços de compressão em solos colapsíveis. Albuquerque (2001) apresentou um amplo trabalho sobre comportamento à compressão de diferentes técnicas de fundações em estacas moldadas in-loco. Vários trabalhos vêm sendo desenvolvidos no Brasil sobre previsão e comportamento de fundações, sendo destaques as publicações do SEFE II, III e IV em 1992, 1996, 2000, respectivamente e X, XI e XII COBRAMSEG, em 1994, 1998 e 2002, respectivamente. 2.3.3. Métodos para Previsão da Capacidade de Carga de Estacas Uma estaca submetida a um carregamento vertical irá resistir a essa solicitação absorvendo parte dessa carga pelo atrito lateral gerado ao longo do fuste, e parte pela ponta da estaca, NBR-6122 (ABNT, 1996). A capacidade de carga pode ser então avaliada através de processos chamados diretos ou indiretos. Nos processos ditos “diretos” os valores das tensões limites de cisalhamento ao longo do fuste, e das normais ao nível da ponta da estaca, são determinadas através de correlações empíricas. O ensaio de CPT é utilizado para a previsão via método direto, pois o parâmetro qc pode correlacionar-se diretamente com o valor da capacidade de carga. Campanella (1995) recomenda para estimativa da capacidade de carga, via ensaio de CPT, a utilização dos 03 métodos empíricos propostos por Schmertmann (1978), De Ruiter & Beringen (1979) e Bustamante & Gianeselli (1982). Em vista disto, Mota et al. (2000a) apresentaram um estudo preliminar de avaliação da capacidade de carga de fundações profundas assentes no solo poroso de Brasília-DF a partir da utilização destas metodologias. Outros resultados de ensaios realizados no DF podem ser vistos em Goulart & Schnaid (2002). O método de Philipponnat, baseado no CPT, é difundido no meio técnico através do trabalho feito por Godoy & Azevedo Jr. em 1986, citado por Teixeira & Godoy (1996). O método foi testado pelo autor através de comparações com 15 provas de carga 32 instrumentadas. Alonso (1992) apresentou, de maneira sucinta, os métodos de uso corrente para estimativa da carga admissível de estacas utilizando-se os resultados do ensaio de CPT. Velloso & Lopes (2002) apresentaram inúmeros trabalhos que relatam a previsão do comportamento de estacas, aspectos teóricos do problema, comparações com resultados de provas de carga e critérios de cálculo, via CPT, são eles: Delft (1936), De Beer (1948), Frank (1948), Buisson (1953), Geuze (1953), Schultze (1953), Kérisel (1957a;1957b), De Beer (1963), Begemann (1963, 1965a, 1965b), de Beer & Wallays (1972), Weber (1971), Silva (2001). Também Sanglerat (1972) apresentou uma vasta bibliografia sobre métodos semi-empíricos que utilizam o CPT. O método proposto por Aoki & Velloso (1975) avalia a tensão-limite de ruptura de ponta e de atrito lateral em função da tensão de ponta qc do ensaio de CPT, sendo um método muito utilizado em projetos no DF, com dados de SPT. Os principais métodos semi-empíricos que utilizam o SPT são Meyerhof (1956), Aoki & Velloso (1975), Décourt & Quaresma (1978), Velloso (1981), Teixeira (1996), Vorcaro & Velloso (2000), citados por Velloso & Lopes (2002). Para o ensaio SPT-T os principais métodos são: Alonso (1996) e Décourt (1996). Novas propostas foram feitas por Camapum de Carvalho (1998) e Peixoto (2001), citados e utilizados por Guimarães (2002). Têm-se ainda, os métodos diretos de Zhou et al. (1982), Van Mierlo & Koppejan, (1952) e os métodos indiretos de Dennis & Olsen (1983), Vijayvergiya & Focht (1972), Janbu (1976) e Flaate & Selnes (1977), utilizados e citados por Davies (1987). Nos processos ditos indiretos os parâmetros de resistência do solo são obtidos através de ensaios de campo e/ou de laboratório, e a capacidade de carga é determinada através da utilização de formulações teóricas ou experimentais. Peiffer (1997), citado por Jardim (1998), desenvolveu um estudo de estimativa de parcela de resistência no fuste baseado no p0 do DMT. A metodologia estima a capacidade de carga a partir das propriedades do solo. O método de Marchetti et al. (1986) foi desenvolvido para estacas cravadas em argilas, baseia-se na determinação de σ’ho obtido pelo DMT após a reconsolidação. O método API, citado por Jardim (1998), foi criado para estacas de fundação de plataformas de petróleo. É bastante usado em projetos de fundações "offshore", sendo considerado um dos melhores métodos de previsão de capacidade de carga nesta área. Também tem sido utilizado em projetos de fundações convencionais "onshore". A limitação dos métodos indiretos é a dependência de acurácia de parâmetros com as correlações empíricas usadas na obtenção dos mesmos via ensaios de campo. 33 Existem também diversos métodos indiretos propostos na literatura, são eles: Meyerhof (1963), Berezantsevet et al. (1961), Tomlinsom (1971), Terzaghi (1943), Vesic (1963), Brinch & Hansen (1961), Vijayvergiya & Focht (1972), utilizados e citados por Mota et al. (2000a) e Davies (1987). Estas fórmulas teóricas, para previsão da carga admissível, conduzem a valores muito discrepantes entre si. Quanto às fundações profundas, mudanças significativas de umidade podem resultar em alteração na capacidade de carga das estacas. Em geral, nos solos não saturados, métodos semi-empíricos para o cálculo da capacidade de carga têm sido comumente adotados, para fins de carga admissível. Estes métodos são baseados em resultados de SPT, levando em consideração o tipo de estaca, geometria e método executivo. Em solos lateríticos e saprolíticos, as feições dos finos dificilmente estão retratadas nos ensaios SPT, sendo comum o erro de precisão em comprimento e de carga admissível de estacas cravadas e escavadas. Vários autores compararam previsões de capacidade de carga de estacas via métodos convencionais e via métodos de CPT/CPTU com resultados de provas de carga em vários tipos de solos. Segundo Almeida et al. (1996), todas essas comparações foram francamente favoráveis aos métodos baseados em ensaios de CPT/CPTU. Destes citam-se O’Neill (1986), Robertson et al. (1988), Almeida & Lunne (1993) e outros. 2.3.4. Métodos para Previsão de Recalque As últimas décadas assistiram a uma gradual mudança nos métodos para estimativa do recalque de fundações profundas, passando de procedimento essencialmente empíricos para métodos racionais, versáteis e poderosos (método dos elementos de contorno e método dos elementos finitos), que vem permitindo a análise de problemas não-lineares, inelásticos, sob condições de contorno altamente complexas. Entretanto, quanto mais sofisticado for o método de análise, mais controlado e preciso deve ser o procedimento para obtenção dos parâmetros geotécnicos, pois os erros cometidos na avaliação destes podem ser muito superiores àqueles induzidos pelo método de cálculo. Além disto, conforme menciona Poulos (1989), uma escolha apropriada dos valores de módulos de elasticidade pode desempenhar, no problema da determinação de recalques de estaca, um papel mais importante do que o método em si. Utilizam-se os métodos de Poulos & Davies (1968) e Aoki & Lopes (1975) para previsão do recalque das estacas. Os recalques das fundações dependem da relação tensão-deformação-tempo do solo 34 e da interação solo-estrutura. Nos solos não saturados, a mudança de volume obedece a um mecanismo ainda não completamente entendido, considerando as pressões efetivas, e à influência dos diferentes componentes de poro-pressão, bem como a combinação destes componentes com a pressão total aplicada. A pressão total e a sucção fornecem a base adequada para análise do comportamento mecânico destes solos (Gusmão Filho, 1994). Em geral, nos solos não saturados, o mecanismo de recalque das fundações envolve sempre ganho em saturação e/ou alteração do estado de tensão. No caso do Metrô/DF, escavado em argila porosa colapsível, foram observados níveis de recalques nunca antes verificado em obras subterrâneas deste porte no país. Apesar de manter-se o grau de saturação e as tensões externas o volume de recalque superficial, obtido nas seções instrumentadas, foi sempre superior ao volume de perda de solo, devido à alta porosidade e colapsividade deste material (Teixeira & Assis, 1994). Segundo Farias & Assis, 1994, o estado de tensão anterior ao colapso foi extremamente investigado, com o objetivo de encontrar um critério para colapso estrutural, baseado no nível de tensões, no entanto, nenhuma correlação aparente entre o estado de tensões e zona de colapso pôde ser estabelecida. Os autores concluíram que as fracas ligações cimentíceas da argila porosa aparentemente não resistem a tração, provocando o colapso de sua estrutura. 2.4. FERRAMENTAS NUMÉRICAS 2.4.1. Introdução Para determinação dos módulos, vários procedimentos podem ser utilizados baseados em ensaios de campo ou laboratório, correlações empíricas ou retroanálise de provas de carga. Segundo Rocha Filho et al. (1998), a retroanálise é a forma mais adequada para determinação dos módulos de elasticidade dos solos, estes são comparados com os obtidos através de vários tipos de ensaios de campo e laboratório, com o objetivo de indicar quais os mais adequados para determinação das características de compressibilidade do solo visando ao projeto. Para argila porosa de Brasília, destacam-se os trabalhos de Cunha & Perez (1998) e Cunha et al. (2001). 35 2.4.2. Programa GEOFINE O programa é baseado numa solução semi-analítica. A estaca é modelada usando elementos de viga normalizados, enquanto o comportamento do solo circundante é descrito pela solução fundamental de uma camada de solo. No caso de um corpo semi-infinito a solução é conhecida como solução de Mindlin. O comportamento de cisalhamento de interface estaca-solo é descrito usando o modelo elástico-plástico do material com MohrCoulomb. A tensão normal é obtida pela tensão geostática. O recalque admissível segue a condição de equilíbrio na direção vertical. O material não linear é refletido usando as variáveis de módulos secantes. A estaca é modelada como um membro composto de vários elementos. O número de elementos é então determinado da relação L/d, para a qual deriva-se a solução para avaliação da rigidez cisalhante do solo ao redor da estaca. O comprimento do elemento deve ser aproximadamente 2,5 vezes que o diâmetro da estaca. São usados pelo menos dez elementos para evitar resultados ásperos. Porém, a avaliação da rigidez cisalhante ainda é baseada na relação L/d = 2,5. Cada elemento é apoiado na ponta antes de uma mola. A rigidez da mola é derivada empregando parâmetros elásticos do subsolo C1 e C2 e funções de Bessel modificadas. Valores de C1 e C2 são determinados de parâmetros Edef (Equação 2.4) e ν do solo. A profundidade da zona de influência que afeta os valores de C1 e C2 é variável e muda com o recalque da estaca. A confiabilidade dos valores C1 e C2 depende da determinação dos módulos de deformação. Eoed = 1 Edef 2ν 2 1− 1 −ν (2.4) Sendo: Eoed o módulo oedométrico e ν coeficiente de Poisson. Para cada estaca determina-se o valor limite da força cisalhante transmitida pela lateral da estaca. Sendo a tensão geostática dada por: σ z = ∑ γ i hi (2.5) onde: γi é peso especifico aparente natural na ith camada e hi a espessura da ith camada. 36 E a tensão cisalhante limite: τ = σ z .k .tgφ + c (2.6) onde: k = coeficiente de aumento da tensão de atrito limite devido ao processo executivo da estaca (representa a razão entre a tensão horizontal após a instalação e a tensão inicial dependendo do processo de instalação da estaca), σz = tensão geostática, φ = ângulo de atrito e c = coesão. Cunha et al. (2002) e Cunha & Kuklík (2003) utilizaram valores de k = 0,5 para estaca escavada executada na argila porosa do campo experimental da UnB. Para estaca escavada, tipo hélice contínua, valores de k = 0,4, numa argila porosa da Asa Norte em Brasília-DF e de k = 0,7, numa camada de silte em Taguatinga-DF. Os autores obtiveram resultados satisfatórios nas previsões de comportamento das fundações. Nas análises apresentadas neste trabalho, adota-se k igual a 0,5. Acredita-se que este valor se deve ao fato que durante o processo executivo forma-se um solo de fundação mais fofo (perda de material), além das camadas inferiores também não serem formadas por solos tão rígidos, fazendo com que a estaca trabalhe predominantemente por atrito lateral. A força cisalhante limite é encontrada pela Equação 2.7 e a rigidez da mola na base pela Equação 2.8: Tlim = 2π rlτ 2 K p = π v C1 (2.7) (2.8) onde: r = raio da estaca, l = comprimento da estaca, τ = tensão cisalhante, ν = coeficiente de Poisson e C1 = parâmetro elástico do subsolo. A estaca é carregada por incrementos com a força aplicada no topo. São computadas forças desenvolvidas em molas individuais de todos os elementos a cada incremento. Essas forças são comparadas com a força cisalhante limite Tlim para um determinado elemento. Se a força da mola exceder Tlim então a rigidez desta mola é reduzida tal que para uma dada deformação a força da mola igualá-se a Tlim. 37 2.4.3. Programa PLAXIS O programa de elementos finitos PLAXIS (“Finite Element Code for Soil and Rock Analyses”), versão 7.11, específico para análises de deformações e estabilidade de obras geotécnicas, começou a ser desenvolvido em 1987 na Universidade de Delft, Holanda, e desde então tem sido atualizado de forma a torná-lo apropriado para resolução dos mais variados problemas geotécnicos. As características do programa PLAXIS foram obtidas mediante tradução direta do manual do programa e conforme apresentou Chissolucombe (2001) e Macedo (2002). 2.4.3.1. Características do Programa O PLAXIS é um programa de elementos finitos desenvolvido especificamente para análises de projetos de engenharia geotécnica. A estrutura computacional está dividida em quatro sub-programas, sendo o primeiro uma sub-rotina de entrada de dados (“Input”), um segundo de cálculo (“Calculation”), um de saída de dados (“Output”), e o último para a edição de curvas (“Curves”) feitas a partir de pontos selecionados na malha de elementos finitos. No “Input” são introduzidos os dados do problema como geometria, disposição dos elementos, propriedade dos materiais, modelo de comportamento do solo e as condições de fronteira. Esta sub-rotina também permite a geração da malha e dos estados de tensões iniciais do solo. O “Calculation” contém todas as facilidades para definir e começar o cálculo de elementos finitos. Este sub-programa considera somente análises de deformações e distingue entre um cálculo plástico, uma análise de adensamento e análise por atualização da malha. O sub-programa “Output” contém uma interface gráfica que permite uma boa visualização dos dados de entrada e dos resultados obtidos no cálculo de elementos finitos. No sub-programa “Curves” são geradas as curvas de carga-deslocamento, trajetórias de tensões e curvas tensão-deformação. Dentre as principais características do PLAXIS citam-se: • Análises bidimensionais em estado de deformação plana ou com simetria axial. • Entrada gráfica para o modelo geométrico, que permite representar adequadamente, as camadas do solo, estruturas, estágios construtivos, cargas e condições de contorno. Definido o modelo geométrico a malha é gerada automaticamente, tendo opções que possibilitam o refinamento global e local. 38 • Elementos triangulares isoparamétricos de 6 e 15 nós, com 3 e 12 pontos de Gauss, respectivamente. • Elementos de juntas podem ser utilizados nos cálculos envolvendo a interação entre o solo e as estruturas. A espessura da interface é nula, por isso utiliza-se uma espessura imaginária para obtenção das propriedades do material na interface. A resistência da interface é fornecida como uma porcentagem da resistência do solo. • Cinco modelos constitutivos estão implementados, sendo o elástico linear, o elástico perfeitamente plástico de Mohr-Coulomb, dois modelos elasto-plástico (“Soft-Soil” e “Hardenning-Soil”), e um modelo elasto-viscoplástico, derivado a partir do modelo CamClay (“Soft-Soil-Creep”). • Podem ser efetuadas análises para condições drenadas ou não-drenadas. A distribuição de poro-pressões pode ser efetuada a partir da linha freática para análises simples, e a partir da perda de carga para análises mais complexas. O programa permite efetuar análises acopladas. • O programa possui um algoritmo automático para determinação dos incrementos de carga e de tempo, para o caso das análises não lineares. • Análise de adensamento acoplada utilizando a teoria de Biot. • Diversidade de condições de carregamento devido a forças externas, deslocamentos, pressões nodais ou fluxo imposto. • Possibilidade de realizar análises em etapas. 2.4.3.2. Malha de Elementos Finitos O PLAXIS permite um procedimento de geração automática da malha, no qual a geometria é dividida em elementos triangulares de elementos básicos e elementos estruturais compatíveis. O programa tem disponível elementos triangulares isoparamétricos de 6 e 15 nós. Os elementos de 6 nós apresentam relações de interpolação de segunda ordem para os deslocamentos. Para estes, a matriz de rigidez é avaliada por integração numérica, usando um total de três pontos de Gauss (pontos de tensão). Para os triângulos de 15 nós, a ordem de interpolação é quatro e a integração envolve doze pontos de tensão. O triângulo de 15 nós é um elemento bidimensional muito preciso que tem mostrado desempenho satisfatório na análise de problemas complexos. No entanto, a utilização deste tipo de elemento conduz a um consumo de memória relativamente alto e os desempenhos 39 de cálculo e operações podem conduzir a um elevado tempo computacional. Na maioria dos casos a utilização de elementos de seis nós é suficiente para a obtenção de resultados satisfatórios. A geração da malha leva em conta a posição de pontos e linhas no modelo geométrico de tal forma que a posição exata de camadas, cargas e estruturas são levadas em consideração na malha de elementos finitos. O processo de geração é baseado no princípio de triângulo robusto que procura triângulos otimizados, resultado em uma malha não estruturada. As malhas “não estruturadas” não são formadas por elementos regulares padrão. O desempenho numérico dessas malhas é, no entanto, melhor que a das estruturas, com elementos regulares. Adicionalmente, para geração da malha, é feita uma transformação dos dados de entrada (propriedades, condições de fronteira, parâmetros dos materiais, etc) do modelo geométrico (pontos, linhas e “clusters”) para a malha de elementos finitos (elementos, nós e pontos de tensão). A precisão de resultados depende da forma e dimensões da malha usada para representar o sistema físico. Malhas mais refinadas tendem a resultados mais acurados. Sob este aspecto o PLAXIS permite o refinamento da malha em locais de maior interesse do usuário. 2.4.3.3. Modelos Constitutivos O PLAXIS tem disponível cinco modelos constitutivos, sendo o elástico linear, e quatro elasto-plásticos, que são Mohr-Coulomb, “Soft-Soil”, “Soft-Soil-Creep” e “Hardening-Soil”. A seguir são apresentados os dois modelos utilizados neste trabalho, o elástico-linear e o elasto-plástico de Mohr-Coulomb. O modelo Elástico-Linear representa a lei de Hooke de elasticidade linear isotrópica e é muito limitado para uma simulação mais abrangente do comportamento do solo. A matriz tensão-deformação no modelo, para o caso de deformações planas, é dada por: 4 K '+ 3 G 2 D ' = K '− G 3 0 2 K '− G 0 3 4 K '+ G 0 3 0 G (2.9) 40 Os módulos volumétricos K’ e de cisalhamento G são relacionados às constantes elásticas mais convencionais, o módulo de Young E’ e o coeficiente de Poisson ν’, através das seguintes expressões: G= E' 2(1 + ν ') K'= E' 3(1 − 2ν ') (2.10) (2.11) Quanto ao modelo Elasto-Plástico, o princípio básico da elasto-plasticidade define que as deformações e razões de deformação são decompostas em duas frações, uma elástica e outra plástica. No comportamento elástico o corpo recupera todas as deformações, enquanto que a plasticidade está associada com o desenvolvimento de deformações irreversíveis. Três princípios básicos regem os problemas que envolvem deformações plásticas, que são função de plastificação, lei de endurecimento e lei de fluxo. A função de plastificação (f) define o limite da região na qual todos os pontos localizados no seu interior representarão um estado de tensões onde ocorreram unicamente deformações elásticas. No caso mais geral a função de plastificação é definida como uma função dos seis componentes do tensor de tensão (σij), e indica o início da ocorrência de deformações plásticas. f(σij) = 0 (2.12) A função f(σij) < 0, representa a região onde ocorrem unicamente deformações elásticas, e para f(σij) > 0 é uma situação impossível de ocorrer. No espaço de tensões principais a função de plastificação representa uma superfície. Devido ao fluxo plástico ocorre endurecimento por trabalho e por deformação. Existem duas hipóteses para definir o grau de endurecimento. Na primeira hipótese assume-se que o endurecimento depende unicamente do trabalho plástico (wp) e independe da trajetória de tensões. Isto implica que a resistência após a plastificação depende unicamente do trabalho plástico realizado pelo material. Na segunda hipótese assume-se que o endurecimento está relacionado às deformações plásticas. 41 Na teoria da plasticidade a direção do vetor de deformações plásticas é definida através de uma lei de fluxo, assumindo-se que existe uma função do potencial plástico, no qual os incrementos de deformação plástica são ortogonais. Estes incrementos podem ser expressos como: d ε ijp = λ ∂g ∂σ ij (2.13) onde g é a função de potencial plástico e λ é um fator de proporcionalidade, também conhecido como multiplicador plástico. Para alguns materiais a função de potencial plástico coincide com a função de plastificação, considerando-se que o material segue uma lei de fluxo associada. No caso contrário, considera-se que o material segue uma lei de fluxo não-associada. Mohr-Coulomb é um modelo elástico perfeitamente plástico, empregado para representar ruptura por cisalhamento de solos e rochas. O modelo Mohr-Coulomb é assim denominado porque é assumido que o material comporta-se como linear elástico até atingir a ruptura, não havendo a ocorrência de endurecimento devido ao fluxo plástico, ou seja, a superfície de plastificação é fixa. A Figura 2.11 representa a relação tensa-deformação para o modelo Mohr-Coulomb, onde o material apresenta um comportamento linear elástico até atingir uma determinada tensão de escoamento, que se mantém constante para acréscimo de deformações plásticas. σ’ ε Figura 2.12 – Relação tensão-deformação para o modelo Mohr-Coulomb. A condição de Mohr-Coulomb é uma extensão da lei de atrito de Coulomb. De fato, esta condição assegura que a Lei de atrito de Coulomb é obedecida em qualquer plano dentro de um elemento do material. A condição de Mohr-Coulomb pode ser definida por 42 três funções formuladas em termos de tensões principais (Smith & Griffith, 1982): f1 = 1 ' 1 σ 2 − σ 3' + (σ 2' + σ 3' ) senφ − c.cosφ ≤ 0 2 2 (2.14) f2 = 1 ' 1 σ 3 − σ 1' + (σ 3' + σ 1' ) senφ − c.cosφ ≤ 0 2 2 (2.15) f3 = 1 ' 1 σ 1 − σ 2' + (σ 1' + σ 2' ) senφ − c.cosφ ≤ 0 2 2 (2.16) Os dois parâmetros plásticos que aparecem nas funções são o ângulo de atrito φ e a coesão c. Essas funções, juntas, representam um cone hexagonal no espaço de tensões principais, que está apresentado na Figura 2.12. Figura 2.13 – Superfície de Mohr-Coulomb no espaço de tensões principais (c = 0). O uso de uma lei de fluxo associada no critério de Mohr-Coulomb, leva a uma superestimativa da dilatância. Por isso, as funções potenciais plásticas contêm um terceiro parâmetro de plasticidade, o ângulo de dilatância. Este parâmetro é requerido para modelar incrementos de deformação volumétrica plásticas (dilatância). As funções de potencial plástico incluindo este parâmetro são apresentadas a seguir: 43 g1 = 1 ' 1 σ 2 − σ 3' + (σ 2' + σ 3' ) senψ 2 2 (2.17) g2 = 1 ' 1 σ 3 − σ 1' + (σ 3' + σ 1' ) senψ 2 2 (2.18) g3 = 1 ' 1 σ 1 − σ 2' + (σ 1' + σ 2' ) senψ 2 2 (2.19) 2.4.3.4. Simulações das Interações Solo-Estrutura Para simulação da interação entre os elementos de fundação e o solo, foi utilizado um elemento chamado de “Interface” disponível no programa PLAXIS para a modelagem deste tipo de situação. A natureza e a magnitude da interação solo-estrutura são modelados escolhendo um valor adequado para o fator de redução de resistência da interface (Rinter). Este fator relaciona a resistência da interface (atrito da parede e adesão) à resistência do solo (ângulo de atrito e coesão), permitindo obter valores de resistência menores ou iguais à do solo em função da rugosidade da estrutura, e das técnicas construtivas utilizadas para a sua inclusão dentro da massa do solo. No caso de necessidade o usuário pode definir as propriedades deste elemento independentemente das condições do solo e da estrutura. Dentro destas propriedades pode-se destacar parâmetros elásticos, de resistência e de permeabilidade. Os elementos de interface são conectados aos elementos do solo. Quando se usa elementos de solo de 6 nós, os elementos de interface correspondentes são definidos por três pares de nós. Já para o caso de elementos de solo de 15 nós, os elementos de interface correspondentes são definidos por cinco pares de nós. A cada interface é atribuída uma “espessura virtual”, que é uma dimensão imaginária utilizada para obter as propriedades do material da interface. A espessura virtual é definida como o fator de espessura virtual multiplicado pelo tamanho médio do elemento. O tamanho médio do elemento é determinado através da geração da a malha, numa montagem grosseira global. Já o fator de espessura virtual pode ser definido pelo usuário. 44 A matriz de rigidez para os elementos de interface é obtida usando pontos de integração de Newton-Cotes. A posição desses pontos de integração (ou ponto de tensão) coincide com a posição dos pares de nós. Portanto para os elementos de interface de seis nós são usados três pontos de integração de Newton-Cotes, e para os elementos de interface de 10 nós são utilizados cinco pontos de integração. Para descrever o comportamento de interfaces no modelo de interação soloestrutura é utilizado um modelo elasto-plástico. O critério de Coulomb é empregado para distinguir entre comportamento elástico da interface (deslizamento). Para a interface permanecer elástica a tensão de cisalhamento τ deve satisfazer a: τ < σ n tan φi + ci (2.20) E para o comportamento plástico, deve-se ter: τ = σ n tan φi + ci (2.21) Onde: φi = ângulo de atrito da interface; ci = coesão da interface; σn = tensão normal atuante na interface; τ = tensão cisalhante atuante na interface. As propriedades de resistência da interface estão ligadas às propriedades de resistência da camada de solo. As propriedades da interface são calculadas a partir das propriedades do solo, aplicando a seguinte regra: ci = Rinter.csolo (2.22) tgφi = Rint er tgφ solo ≤ tgφ solo (2.23) Há duas opções para a utilização da resistência da interface, a primeira é definida como interface rígida. Esta é utilizada quando a interface não deve influenciar a resistência do solo que a rodeia. Como resultado, as propriedades da interface, inclusive o ângulo de dilatância são os mesmos do solo, com a exceção do coeficiente de Poisson. Já a segunda é 45 definida como interface manual. Neste caso, o valor do Rinter pode ser entrado manualmente. Em geral, para interações reais de solo-estrutura a interface é mais fraca e deformável que as camadas de solo associadas, o que significa que o valor de Rinter é menor do que um. Valores adequados para Rinter, para os casos das interações entre vários tipos de solos e estruturas no solo podem ser encontrados na literatura. As interfaces têm uma permeabilidade para escoamento perpendicular (kn) e uma para escoamento na direção longitudinal (ks). As permeabilidades das interfaces são geradas pela aplicação de fatores a permeabilidades da camada de solo associada. Em vez de entrar esses valores manualmente, o PLAXIS permite a escolha de três entradas padrão, conhecidas como “Neutral”, “Impermeable” ou “Drain”, depois disso, o programa gera automaticamente as corretas permeabilidades de interface. A opção “Neutral” é utilizada quando a interface não deve influenciar no solo que a rodeia. Um exemplo da aplicação dessa opção seria a utilização de interfaces ao redor de quinas de objetos estruturais, onde as interfaces são visam nem a interação estrutura-solo, nem bloquear o fluxo. Essas interfaces seriam assumidas como neutrais, o que resulta em um alto valor de kn (100 vezes a permeabilidade no solo) e um valor de ks zero. A opção “Impermeable” é usada quando o escoamento perpendicular à interface deve ser impedido. Por exemplo, quando se usam vigas para modelar uma parede de estaca-prancha (de aço), as vigas por elas mesmas são permeáveis. Para impedir o fluxo de água através da parede, as interfaces ao redor devem ser consideradas impermeáveis, resultando em um baixo valor de kn (0,001 vezes a permeabilidade do solo) e um valor ks igual a zero. A opção “Drain” é usada quando a água puder escoar livremente na direção longitudinal da interface. Por exemplo, no caso da simulação de drenos de areia. Isto resulta em um alto valor de kn (100 vezes a permeabilidade do solo) e também um alto valor de ks (100 vezes a permeabilidade do solo). O escoamento real através da interface é determinado pela permeabilidade da interface, e pela sua “espessura virtual”. O fluxo ocorre de acordo com a Lei de Darcy. 2.5. TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS DE CAMPO Sendo os materiais naturalmente formados, os solos e suas propriedades variam ponto a ponto, em resposta às mudanças dos processos externos como, as condições ambientais durante a sua formação, os carregamentos e outros. Três fontes principais de 46 incerteza nas características das camadas do solo podem ser identificadas, como a heterogeneidade natural, a limitação de dados e os erros de medidas (Anjos, 1999). Enfoques estatísticos são especialmente relevantes para análise de resultados de ensaios in situ, pois geralmente os mesmos resultam em grande quantidade de dados. 2.5.1. Correlação Linear Para verificar o relacionamento entre duas variáveis X e Y, quando estas estão associadas e a medida de seu grau de associação, optou-se pela teoria da correlação que compreende a verificação da existência e o grau de relação entre as variáveis de um problema. Se X e Y representam duas variáveis aleatórias, e considerando n pares de observações (x1,y1), (x2,y2),...,(xn,yn), estas observações podem ser plotados num diagrama de dispersão. O coeficiente de correlação amostral r representa a tendência e a força da relação linear entre duas variáveis. A interpretação de r como medida de dependência de duas variáveis é puramente matemática e isenta de qualquer implicação de causa ou efeito. A forte correlação se dá quando a maioria dos pares de valores das observações estão próximos de uma reta (Assis et al.,1999). O coeficiente de correlação r é definido como sendo: n r= n n i =1 i =1 n.∑ X i .Yi − ∑ X i .∑ Yi i =1 2 n n n n.∑ X i2 − ∑ X i . n.∑ Yi 2 − ∑ Yi i =1 i =1 i =1 i =1 n 2 (2.24) Onde: Xi e Yi são variáveis aleatórias e n número de pares de observações. Assis et al. (1999) apresentam, conforme bibliografia encontradas em livros de estatística, a interpretação de r feita da seguinte forma: 0,00 ≤ r ≤ 0,20 – dependência insignificante 0,21 ≤ r ≤ 0,40 – dependência fraca 0,41 ≤ r ≤ 0,70 – dependência marcante 0,71 ≤ r ≤ 1,00 – dependência forte 47 2.5.2. Critério de Ajuste de Curvas 2.5.2.1. Teste Qui-Quadrado (χ2) O teste Qui-quadrado (χ2) permite avaliar a aderência entre uma distribuição dos dados amostrais com uma distribuição teórica à qual se supõe pertencer à amostra. A estatística do teste é construída com base na medida global de ajuste entre as freqüências observadas na amostra Nk, e as freqüências esperadas, ek. Essa medida é dada por: ( N k − ek ) 2 χ =∑ ek k =1 2 K (2.25) Se a hipótese for verdadeira, devem registrar-se pequenas diferenças entre as freqüências observadas e as esperadas e, conseqüentemente, χ2 deve tomar valores baixos. Pelo contrário, um valor de χ2 elevado constitui um indício de que há um desajuste entre a distribuição de freqüência na amostra e a teórica. Pode-se demonstrar que, quando a hipótese é verdadeira e a dimensão da amostra é grande, a estatística χ2 segue uma distribuição com: df = (k – 1) - R (2.26) Onde: df = graus de liberdade; K = nº de classe; R = nº de parâmetros da distribuição populacional estimados a partir da amostra. Uma vez fixado o nível de significância α, a rejeição ou não rejeição será feita com base na comparação entre o valor que a estatística de teste toma. As regras práticas que permitem utilizar este teste com confiança são: dimensão da amostra não inferior a 30 (N ≥ 30) e freqüência esperada em cada classe não inferior a 5 (ek ≥5). 48 2.5.2.2. Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) Apresenta-se neste trabalho uma análise mais aprofundada da variabilidade do solo pelo critério de Kolmogorov-Smirnov (K-S). Este é um teste não paramétrico de qualidade de ajuste que permite avaliar a aderência entre uma distribuição de freqüência associada a uma amostra e uma distribuição teórica. As distribuições teóricas são a Normal e LogNormal. Em solos argilosos, Anjos (1999) obteve para ensaios de CPT (medidas de qc), melhores resultados com a distribuição Log-Normal. O teste de K-S verifica para um certo grau de significância (α), se a função de distribuição previamente escolhida é aceita ou não. Para uma amostra de tamanho N, rearranja-se o conjunto de dados observados em ordem crescente. Desta amostra ordenada desenvolve-se uma função cumulativa como segue: 0 x < x1 SN(x) = xk ≤ x < xk+1 1 (2.27) x ≥ xN Onde: x1, x2, ...,xN são os valores da amostra de dados ordenados no passo anterior, k é o número de observações iguais ou menores do que a variável x e N é o tamanho da amostra. No teste de Kolmogorov-Smirnov, a diferença máxima entre SN(x) e F(x) sobre uma faixa inteira de X é a medida de discrepância entre o modelo teórico e os dados observados. Esta diferença máxima é denotada por: DN = Máx F ( x) − SN(x) (2.28) Onde: F ( x), S N ( x) : distribuição acumulada da função teórica sugerida e da distribuição acumulada dos dados observados normalizados, respectivamente. Na Figura 2.13, tem-se uma curva cumulativa onde as variáveis são SN(x) e também a função de distribuição proposta, F(x). 49 Figura 2.14 - Curva acumulativa para interpretação de DN. Teoricamente, DN é uma variável aleatória cuja distribuição depende do tamanho da amostra, N. Para um certo nível de significância (α), o teste K-S compara a máxima diferença observada da Equação (2.28) com o valor crítico DNα da seguinte relação de probabilidade: P (DN ≤ DNα) = 1 - α (2.29) A significância estatística de um resultado é uma medida estimada do grau para o qual esta é verdadeira. O valor de α representa um índice da confiabilidade de um resultado. Especificamente, representa a probabilidade de erro que está envolvido na aceitação dos resultados observados como válidos, ou seja, dados representativos de uma população. Valores críticos de DNα para vários níveis de significância (α) são tabulados e podem ser encontrados em Ang & Tang (1975). Se o DN observado é menor do que o valor crítico DNα, então a distribuição proposta é aceita para um α especificado; por outro lado à distribuição assumida pode ser rejeitada se DN é maior que DNα. Embora o teste de ajuste de curva Qui-Quadrado (χ2) seja não paramétrico no sentido que ele pode ser aplicado a observações que sigam qualquer classe de distribuição, o teste Kolmogorov-Smirnov é superior em certas circunstâncias. Uma das vantagens é a independência do número de classes em que se dividem os dados, ou seja, não precisando agrupar as observações em categorias arbitrárias; logo é mais sensível que o teste de χ2 nas análises nas caldas da distribuição, onde as freqüências são baixas. 50 CAPÍTULO 3 3. CASOS: CARACTERÍSTICAS E ENSAIOS REALIZADOS 3.1. INTRODUÇÃO Na prática de projeto de fundações a utilização de métodos racionais de análise pressupõe o conhecimento do subsolo, suas propriedades e comportamento. O grande desafio da engenharia geotécnica tem sido o uso de novas técnicas e métodos de interpretação desenvolvidos a partir de resultados de provas de carga que tragam melhores previsões e desempenhos, considerando casos reais de obras. Abordar a aplicabilidade das novas técnicas de ensaios de campo já implantadas no Brasil (CPT, DMT, SPT-T, PMT e DPL) visando ampliar o seu uso, com propostas de correção dos métodos existentes e proposição de novas metodologias, para as condições particulares do solo de Brasília (argila porosa tropical, laterizada), nos levará a encontrar alternativas técnicas e econômicas para o projeto de fundações profundas em obras de médio e grande porte no Distrito Federal (DF) e entorno. Neste capítulo, apresenta-se a caracterização fisiográfica, climatológica, aspectos geológicos e os solos característicos do DF. Em seguida uma descrição dos locais onde o programa experimental foi executado, bem como todas as etapas envolvidas da preparação e execução dos ensaios. Cinco campanhas distintas de ensaios de campo e provas de carga foram realizadas em diferentes épocas do ano (estação seca e chuvosa) e em dois locais distintos; o primeiro localizado no Norte da cidade de Brasília (Asa Norte) e o segundo no Sul (Asa Sul). Na Asa Norte quatro campanhas de ensaios de campo foram realizadas no Campo Experimental da Universidade de Brasília (UnB) onde tem-se uma camada de 51 aproximadamente 8,5 m de solo poroso colapsível, composto por uma areia silto-argilosa até 3,5 m, seguido de uma argila arenosa, eventualmente siltosa. Uma quinta campanha foi realizada na Asa Sul durante a construção do Edifício Central Park, localizado no Setor de Grandes Áreas Sul (SGAS) 905, com uma camada de solo poroso colapsível de até 17,0 m, sendo composto de argila arenosa, eventualmente siltosa. 3.2. CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DO DISTRITO FEDERAL O Distrito Federal ocupa, no Centro-Oeste do Brasil, uma área de 5814 km2, na qual estão inclusos 43 km2 de águas internas. É limitado ao norte e ao sul pelos paralelos de 15º30’ e 16º03’, e a leste e oeste pelos rios Preto e Descoberto, nas proximidades dos meridianos 47º25’, longitude extremo leste, e 48º12’, longitude extremo oeste. A cidade de Brasília situa-se na unidade federal do Distrito Federal, localizada no Planalto Central (Figura 3.1). N BRASIL a Figura 3.1 – Mapa Geográfico do Distrito Federal. O relevo caracteriza-se pela predominância de grandes superfícies planas e suavemente onduladas, conhecidas como chapadas, situadas acima da cota de 1000 m. A altitude média situa-se em torno de 1100 m, e o ponto culminante a 1349 m, localizado a noroeste na Chapada da Contagem. A área do Distrito Federal está constituída por cerca de 57% de terras altas que se apresentam como dispersoras das drenagens que fluem para as 52 três mais importantes bacias fluviais do Brasil: Platina, rios São Bartolomeu e Descoberto, Tocantins/Araguaia, rio Maranhão e a do São Francisco, rio Preto. Entre as bacias secundárias destaca-se a do rio Paranoá, onde está situado o lago artificial do Paranoá, criado juntamente com a cidade de Brasília (Novaes Pinto, 1993) . 3.3. CLIMATOLOGIA DO DISTRITO FEDERAL O clima do Distrito Federal enquadra-se na classificação de Köppen (CODEPLAN, 1984), entre os tipos: tropical de savana e temperado chuvoso de inverno seco, e está caracterizado pela existência bem nítida de duas estações. O período entre maio e setembro, estação fria e seca, é caracterizado pela baixa nebulosidade, alta taxa de evaporação e pela baixa taxa de precipitação. No período entre os meses de outubro e abril predomina a estação quente e chuvosa. De acordo com o INMET (2002), entre os anos de 1999 a 2001, período da realização dos ensaios de campo apresentados nesta pesquisa, a média total mensal de precipitação na estação seca foi de 25 mm, enquanto que na estação chuvosa foi de 161 mm, com uma concentração de 67% da precipitação anual entre os meses de novembro a março. A precipitação média anual no período foi de 1260 mm (Figura 3.2). A distribuição da precipitação se dá de forma irregular, onde as menores alturas pluviométricas anuais ocorrem na porção leste e as taxas mais elevadas estão concentradas a NE e SE do Distrito Federal, EMBRAPA (1978). Segundo estimativas de Coimbra (1987) cerca de 12% da precipitação total infiltram na zona vadosa e alcançam efetivamente a zona saturada do aqüífero. A evapotranspiração real fica em torno de 900 mm anuais, sendo que os meses de maio a setembro apresentam déficit hídrico, enquanto o período de outubro a abril apresenta superávit. A temperatura média anual varia entre os 19,8 e 23,5ºC, sendo os meses de setembro e outubro os mais quentes, com temperatura de 23,5ºC, e os meses de junho e julho, os mais frios, com temperaturas de 19,8 a 21,0ºC (Figura 3.2). Quanto à umidade relativa do ar os valores são da ordem de 70%, entre os meses de janeiro e abril (período de 1999 a 2000), decrescendo depois acentuadamente, atingindo valores muito baixos nos meses de maio a outubro, sendo os meses de agosto e setembro os mais críticos, onde já foram registradas umidades relativas de até 10% (INMET, 2002). 53 300 24 22 250 20 200 16 14 150 12 10 8 100 Precipitação (mm) Temperatura (ºC) 18 6 4 50 2 0 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov 0 dez Meses do ano Precipitação 1999 Precipitação 2000 Precipitação 2001 Temperatura Média Figura 3.2 - Distribuição da precipitação e da temperatura no Distrito Federal. 3.4. ASPECTOS GEOLÓGICOS DO DISTRITO FEDERAL A geomorfologia do Planalto Central possui características próprias, devido às características climáticas, geológicas e antrópicas. Em grande parte do Distrito Federal são encontradas chapadas, onde predomina um relevo residual e de aplainamento, com topografia plana e levemente ondulada (Blanco, 1995). Novaes Pinto (1993) e Freitas-Silva & Campos (1998) descreveram detalhadamente a geologia e geomorfologia local ressaltando suas peculiaridades. Macêdo et al. (1994), Blanco (1995), Cardoso (1995) e Cardoso (2002) citaram também estas referências. Segundo Cardoso (2002) o trabalho de Freitas-Silva & Campos (1998) redefine a geologia do Distrito Federal, como sendo composta por rochas atribuídas aos grupos Paranoá, Canastra, Araxá e Bambuí, contribuindo com cerca de 65; 15; 5 e 15% de sua área total, respectivamente. As rochas da região são compostas por ardósias, metarritmitos, metassiltitos e quartzito em geral muito intemperizados na sua parte superior. (Figura 3.3). 54 N CE OB CE – Campo Experimental OB – Obra SGAS 905 Figura 3.3 – Mapa geológico do DF e localização das áreas estudadas (modificado Freitas-Silva & Campos, 1998). Na área do plano piloto em Brasília, local dos ensaios, predomina as rochas do grupo Paranoá que possuem um grau de metamorfismo menor. Apresentam uma alternância de estratos de quartzitos com granulometria fina a média (unidade Q3), metassiltito argiloso (unidade S), metarritmito arenoso (unidade R3), metarritmito argiloso (unidade R4) e ardósia (unidade A), conforme nomenclatura adotada por Freitas-Silva & Campos (1998). A Figura 3.4 apresenta o mapa pedológico do DF com a definição da classe dos solos superficiais. 55 N Latossolo Vermelho Latossolo Vermelho-Amarelo Solo Podzólico Vermelho-Amarelo Solo Podzólico Vermelho-Escuro Terra Roxa Estruturada Similar Cambissolo Solos Hidromórficos Solos Aluviais Areia Quartzosas Áreas Urbanas 50 km Figura 3.4 – Mapa pedológico do Distrito Federal (EMBRAPA, 1978) 3.5. SOLOS DA REGIÃO DO DISTRITO FEDERAL Os solos do DF representam bem os solos da região do cerrado que em estado natural são bem drenados, mesmo quando há alta proporção de argila (até 90%), sendo a argila nestes solos ácidos agregada em grãos de tamanho de areia, apresentando alta permeabilidade. Ao contrário das regiões secas (menos de 800 mm/ano em média) onde solos muito argilosos são secos circuneutros ou alcalinos, fazendo com que a argila fique desfloculada, sem poros, tornando-a impermeável às chuvas e com pequena capacidade de armazenar água. Quando a cobertura de solo é suficientemente profunda, o lençol freático no cerrado está geralmente entre 15 e 35 m. E em áreas planas a mais de 6 m. Chegando a ser mais próximo à superfície somente onde o cerrado faz contato com o campo úmido. Geralmente as camadas superiores do solo, até 3 m de profundidade, secam durante a estação seca (Eiten, 1993). Diversos trabalhos foram desenvolvidos visando estudar os solos do DF, sendo as primeiras fontes de informações encontradas no levantamento realizado pelo Serviço Nacional de Levantamento de Solos (EMBRAPA, 1978), de onde se obteve o mapa pedológico do DF, na escala 1:000.000 (Figura 3.4), no Levantamento de Solos da Região 56 Geoeconômica de Brasília (EMBRAPA, 1983) e no trabalho da RADAMBRASIL (1982), que incorporam essencialmente os dados do levantamento original. Apresentam-se, a seguir, alguns trabalhos que abordam aspectos das características geotécnicas e geológicas deste solo, no intuito de oferecer uma melhor compreensão da camada superficial residual encontrada no campo experimental da UnB e na obra. Segundo Camapum de Carvalho & Mortari (1994), no Distrito Federal, as obras subterrâneas rasas geralmente se localizam em horizontes de solos colapsíveis, argilosos de cor vermelha a vermelha amarelada, denominados pelos geotécnicos da região como argila porosa. Para Camapum de Carvalho et al. (1993), a argila porosa é constituída por argilas, siltes e areias combinados em diferentes proporções dependendo do domínio geológico local. Estes trabalhos e vários outros, por exemplo, Camapum de Carvalho et al. (1994), Paixão & Camapum de Carvalho (1994) e Paixão (1995), mostram que os solos porosos colapsíveis de Brasília apresentam estrutura constituída por micro e macroporos, sendo a instabilização desta o motivo do colapso. Macedo et al. (1994) e Araki (1997) descrevem que a camada de argila porosa, na área do metrô, possui uma espessura que varia entre 8 e 40 m. Segundo Ortigão (1994a) e Ortigão et al. (1994), a estimativa inicial de recalques em camadas de argila porosa da Asa Sul, no Metrô de Brasília, era da ordem de 60 a 80 mm, entretanto no início da escavação observou-se a ocorrência de recalques superficiais de 150 a 200 mm, chegando a atingir picos de 500 mm, nas regiões com presença de lençol freático. Vários pesquisadores como Farias & Assis (1994), Ortigão (1994a), Teixeira & Assis (1994) e Blanco (1995) atribuíram este fenômeno ao fato do túnel ser escavado sob uma espessa camada de argila porosa, que tende a colapsar estruturalmente quando saturada ou sujeita a alteração do estado de tensões. Teixeira (1994), Luna (1997) e Chissolucombe (2001) apresentaram um estudo detalhado sobre deslocamentos do maciço de solo induzidos pela escavação de túnel em solo poroso colapsível mediante análise numérica. Cardoso (1995) apresentou um estudo micromorfológico sobre solos profundamente intemperizados de diferentes áreas do DF, e constatou que estes são formados por agregados de matriz fortemente argilosa, interligados entre eles e a grãos de quartzo (areia) por pontes de argila, com índices de vazios elevados entre 1,0 e 2,0. Blanco (1995) apresentou um estudo comportamental do perfil do solo após passagem da escavação do Metrô de Brasília, trecho Asa Sul, caracterizando uma calha de origem tectônica de 40 m de profundidade, no contato entre metarritmitos e ardósias, 57 preenchida por sedimentos argilosos. Foram obtidos alguns parâmetros empíricos e correlações para a previsão da deformada de recalques superficiais deste solo. De acordo com Ortigão (1993), Ortigão (1994a) e Ortigão (1994b) ao longo da diretriz projetada para o Metrô/DF, Asa Sul, verificou-se que a argila porosa apresenta espessura variável com intervalo de 20 a 30 m e índices SPT entre 2 e 3 golpes, em geral com nível d’água profundo, sendo em alguns casos encontrado a 5,0 m de profundidade, como no final da Asa Sul. A variação sazonal do lençol freático pode atingir até 4 m. Araki (1997) verificou que a gibbsita e os minerais paracristalinos de Al são predominantes nos primeiros metros, e sofrem uma redução gradual em seus teores de acordo com a profundidade, o que se reflete nos valores referentes a índices de vazios. Tal fenômeno sendo resultado do intemperismo químico mais intenso em condições superficiais. Segundo Guimarães et al. (1997) e Guimarães (2002) esta camada de argila porosa apresenta baixa resistência à penetração (SPT variando de 1 a 6 golpes) e alta permeabilidade (10-3 a 10-4 cm/s), apesar da matriz argilosa, sendo o comportamento em termos de permeabilidade similar aos solos granulares finos . Devido a sua alta porosidade e tipo de ligações cimentíceas, apresenta uma estrutura altamente instável quando submetida a aumento de umidade e/ou a alteração do estado de tensões, apresentando quase sempre uma brusca variação de volume, denominada colapso. Devido à complexidade dos solos do DF, Cardoso (2002), baseado na análise das varias proposições para descrição de perfis de intemperismo apresentadas e na sua experiência com os solos lateríticos do cerrado brasileiro, apresentou uma nova proposta de descrição dos horizontes em solos lateríticos para uso nas áreas de geotecnia e geologia de engenharia. Sua proposta é uma adaptação realizada a partir das descrições de perfis de Martins (2000), Pastore (1996) e o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, (EMBRAPA, 1999). Cardoso (2002) apresenta informações sobre as propriedades fundamentais dos solos do DF, do ponto de vista mineralógico, químico e de engenharia e analisa a influência imposta a estes solos, em suas propriedades físicas e comportamento mecânico, pelas características químicas e mineralógicas. 58 3.6. CASO 1: CAMPO EXPERIMENTAL DA UNB – ASA NORTE 3.6.1. Localização O Campo Experimental de Fundações e Ensaios de Campo do Programa de PósGraduação em Geotecnia da Universidade de Brasília, situa-se no Campus Darcy Ribeiro, Asa Norte – Brasília – DF. A posição geográfica é determinada pelas coordenadas 15º45’56’’ de latitude sul e 47º52’20’’ de longitude oeste, em uma área de aproximadamente 1000 m2. A região possui relevo com planaltos de topografias suaves e vegetação de cerrado, conforme características do planalto central do Brasil (Figura 3.5). N Brasília (Plano Piloto) Asa Norte Campo Experimental da UnB Asa Sul V ia L 3 P S AS N E IO R ef erên c ia PA PL AN SS TA PA E IO E IO N S OBS 1 2 ,4 SS ER V 5m S IS A TÓ MO R IO LÓ G IC O CX ES SG SG G 12 11 LEGENDA : C am po E xperim ental Á rvore A lam brado M eio-fio Projeção 0 25 50 m Figura 3.5 – (a) Localização do campo experimental e (b) área dos ensaios em destaque. 59 3.6.2. Características Geotécnicas e de Geologia de Engenharia Na área referente ao campo experimental tem-se um perfil típico da camada de solo laterítico vermelho argiloso, denominado de “argila porosa”, que apresenta baixa resistência à penetração (SPT variando de 1 a 6 golpes), baixa resistência de ponta (CPT variando de 0,6 a 2,3 MPa), baixa capacidade de suporte, baixo nível de saturação e alta permeabilidade (10-3 a 10-4 m/s). Devido a sua alta porosidade e tipo de ligações cimentíceas, apresenta uma estrutura altamente instável quando submetida a aumento de umidade e/ou a alteração do estado de tensões, apresentando quase sempre uma brusca variação de volume, denominado colapso. Este material é sobrejacente a uma camada de solo residual proveniente da alteração de ardósias denominado de silte argiloso de comportamento extremamente anisotrópico (Cunha & Camapum de Carvalho, 1997). O término da argila porosa é indicado nas sondagens pelo aumento súbito dos índices SPT, CPT e DMT ao atingirem o solo residual. Observa-se que até 18 m (profundidade máxima atingida nas sondagens) não há presença d’água. Maiores detalhes podem ser vistos em Camapum de Carvalho et al. (1994), Camapum de Carvalho & Mortari (1994), Ortigão (1994a), Camapum de Carvalho et al. (1995), Blanco (1995), Cardoso (1995), Ortigão et al. (1996), Araki (1997), Perez (1997), Rodrigues et al. (1998), Jardim (1998), Cunha et al. (1999), Peixoto (1999), Sales et al. (1999), Sales (2000), Foá (2001), Cardoso (2002) e Guimarães (2002). Visando conhecer as propriedades do solo, dois poços de inspeção foram manualmente executados para retirada de amostras deformadas e indeformadas próximo das estacas e dos furos de sondagens. No poço 1, aberto em dezembro de 1999, coletaramse 12 blocos indeformados a cada metro, e no poço 2, aberto em setembro de 2000, foram retirados 10 blocos indeformados a cada metro. Foram realizados ensaios de caracterização, para a identificação das propriedades físicas dos solos, permitindo a identificação de sua textura, plasticidade e estrutura; ensaios para determinação da curva característica pela técnica do papel filtro, com medidas de sucção matricial e total, ensaios de adensamento, cisalhamento direto, cisalhamento metalsolo e triaxial K0 e triaxiais CUnat e CUsat, CK0Unat e CK0Usat, para obtenção do comportamento mecânico do perfil de solo, com metodologias e resultados descritos em Guimarães (2002). Além desses ensaios foi apresentado o estudo da microestrutura por análises feitas utilizando microscopia eletrônica de varredura em amostras indeformadas metalizadas com ouro. 60 Segundo Pastore (1996) o perfil de solo do campo experimental da UnB mostra horizontes bem distintos: • 0 a 8,8 m – horizonte de solo residual laterítico, que sofreu processo de intemperismo, sendo constituído por uma argila arenosa vermelho escura (0 a 5 m) e uma argila pedregulho arenosa vermelho escura (5 a 8,8 m). • 8,8 a 10,3 m – horizonte de transição, composto de um solo laterítico (8,8 a 9,8 m) e poucas estruturas reliquiares (9,8 a 10,3 m). • 10,3 a 15 m – horizonte de solo saprolítico de ardósia, constituído por intercalações de quartzo (10,3 a 11,3) e um silte argiloso vermelho (11,3 a 15,0 m). Guimarães (2002) concluiu que existe uma boa relação das propriedades físicas com as características mineralógicas e microestruturais, sendo que o conjunto de resultados permite dividir o subsolo do campo experimental da UnB nas seguintes subcamadas: • 0 a 3,5 m – camada de areia argilo-siltosa porosa, com predominância de gibbsita, macroporos e muitos agregados, com alto índice de vazios (entre 1,27 e 1,60), peso específico dos sólidos em torno de 26,5 kN/m3 e IP médio de 10. Destaca-se que as propriedades de 3 a 4 m correspondem à zona de transição. Esta zona corresponde ao trecho de maior bioturbação, e na qual ocorrem as maiores variações de umidade ao longo do ano; • 3,5 a 8,5 m – camada de argila areno-siltosa, zona na qual as propriedades físicas, mineralógicas e microestruturais vão gradualmente se alterando até encontrar o residual mais jovem a 8,5 m. Neste trecho, o teor de gibbsita, a porosidade e a macroporosidade vão paulatinamente diminuindo, com índice de vazios decrescente (1,27 para 0,89), peso específico dos sólidos e índice de plasticidade semelhante à camada anterior. A profundidade de 8 m corresponde à zona de transição. • 8,5 – profundidade a partir da qual o solo assume textura mais siltosa, caracterizada pelo aumento do índice de vazios (0,96 a 1,08), do peso específico dos sólidos (em torno de 27,4 kN/m3) e do IP (valor médio 17) com distribuição de poros mais homogênea. Nesta profundidade já não aparece a gibbsita. O peso específico dos sólidos em torno de 26,5 kN/m3 é típico deste solo, formado por argilomineral do tipo caolinita (γs = 25,5 kN/m3), mineral quartzo (γs = 26,0 kN/m3) e oxido-hidróxido de ferro (hematita, γs = 51,0 kN/m3) e alumínio (gibbsita, γs = 24,0 61 kN/m3). O aumento de γs a partir de 8 m se deve provavelmente ao desaparecimento da gibbsita, enquanto o teor de hematita é mantido (Item 3.6.3). A Tabela 3.1 apresenta os parâmetros geotécnicos do solo do campo experimental da UnB, sendo CD granulometria com defloculante e SD sem defloculante. A Figura 3.6 apresenta o perfil geotécnico representativo desse local. Tabela 3.1 – Caracterização geotécnica do solo da UnB (modificado – Guimarães, 2002) Profundidade (m) Parâmetro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 26,86 26,78 26,11 25,97 26,94 25,75 26,52 26,25 27,15 27,62 γs (kN/m3) 10,20 10,41 11,49 11,46 11,96 11,98 12,82 13,86 13,84 13,29 γd (kN/m3) 3 13,33 13,67 14,65 14,45 14,95 14,39 15,44 18,00 17,78 17,53 γ (kN/m ) 3 16,48 16,53 17,09 17,03 17,53 17,33 17,98 18,60 18,75 18,47 γsat(kN/m ) Gs 2,739 2,731 2,662 2,648 2,747 2,626 2,704 2,677 2,769 2,816 e 1,6 1,57 1,27 1,27 1,25 1,15 1,07 0,89 0,96 1,08 n (%) 61,6 61,1 56,0 55,9 55,6 53,5 51,7 47,2 49,0 51,9 Pedregulho CD 0,2 0,2 0,7 0,8 1,4 2,1 4,3 3,6 0,6 0,0 Areia CD 41,5 41,5 41,6 33,7 31,6 25,7 22,7 33,8 10,2 3,4 Silte CD 24,9 29,2 25,7 26,3 26,5 22,9 24,6 27,4 80,4 93,2 Argila CD 33,4 29,1 32,0 39,2 40,5 49,3 48,4 35,2 8,8 3,4 Pedregulho SD 0,2 0,2 0,7 0,8 1,4 2,1 4,3 3,6 0,6 0,0 Areia SD 56,2 56,2 53,2 53,0 49,2 34,9 30,1 42,0 10,2 1,4 Silte SD 51,4 35,9 34,2 43,1 48,6 61,4 61,9 51,9 86,8 79,5 Argila SD 2,2 7,7 11,9 3,1 0,8 1,6 3,7 2,5 2,4 19,1 wL (%) 38 36 39 41 45 44 46 43 44 46 wP (%) 28 26 29 29 34 33 35 34 26 30 IP (%) 10 10 10 12 11 11 11 9 18 16 Ia 0,29 0,33 0,30 0,29 0,26 0,21 0,21 0,21 2,00 4,71 Na Tabela 3.1, em termos de granulometria, observa-se que as amostras apresentam grandes diferenças quando os ensaios são feitos com e sem defloculante, sendo que sem defloculante a parcela de argila forma microagregados areno-siltoso que vão dar características de um solo areno-siltoso até 5 m de profundidade e silto-arenoso de 6 a 9 m. Nos ensaios realizados para os solos de 9 a 10 m de profundidade, principalmente 10 m, apresentam partículas mais grossas nos resultados com defloculante que sem defloculante. Para verificar esta característica Guimarães (2002) realizou nestas duas profundidades ensaios de granulometria no granulômetro a laser com e sem a utilização de ultra-som, que simulam os resultados com e sem defloculante, e constatou que os resultados apresentaram discrepâncias das características encontradas nos ensaios realizados com e sem defloculante, a diferença pode estar ligada ao defloculante usado, que pode ter provocado expansão dos argilominerais do tipo ilita destas amostras durante o 62 ensaio e conseqüentemente alterando a leitura do densímetro. Um outro fator a ser avaliado é o próprio método de determinação das dimensões dos grãos. Nméd Nível do Terreno 0,0 Areia argilosa com silte vermelha HORIZONTE DE SOLO 3,5 m RESIDUAL LATERÍTICO Argila arenosa com silte vermelha 8,5 m HORIZONTE DE TRANSIÇÃO 10,0 m Silte variegado a roxo HORIZONTE DE SOLO 12,0 m SAPROLÍTICO DE ARDÓSIA Tméd qcméd fsméd (golpes) (kgf.m) (MPa) (kPa) - - - - 3 1,4 1,45 22,69 2 3,5 0,72 47,87 3 6,7 0,75 83,38 3 7,2 0,81 89,58 4 9,0 1,07 108,25 6 9,8 1,63 186,24 7 7,9 2,30 242,55 8 6,4 2,96 273,59 11 10,7 3,69 348,68 19 22,2 3,95 347,01 16 24,0 3,87 345,15 Figura 3.6 – Perfil de solo característico do campo experimental da UnB. 3.6.3. Características Mineralógicas Utilizada desde a década de 30 para determinação da estrutura cristalina, a difratometria de raios-X (DRX) é essencial para caracterização mineralógica dos argilominerais e de outros constituintes de granulação fina dos solos. O método é baseado na maneira pela qual a estrutura atômica do mineral interfere nos raios-X de um certo comprimento de onda, o que é determinado pelo arranjo cristalino interno dos átomos.No método do pó, que foi empregado nestes ensaios, o resultado dessa interação é coletado em um detector que o transforma em sinal elétrico amplificado e registrado na forma digital ou analógica denominada difratograma. Os picos são resultados da difração de raios-X em planos cristalográficos existentes na amostra, relacionando a posição, intensidade e forma. Os minerais apresentam padrões difratométricos específicos, podendo ser diferenciados uns dos outros em função disso. Os argilominerais são identificados principalmente pelas 63 interferências de 1ª ordem dos raios X relativos aos espaçamentos basais (característica do arranjo cristalino), pois estes são identificados para cada grupo. Foram realizadas análises de difratometria de raios-X (DRX), amostras de 1 a 10 m de profundidade do poço 2, em difratômetro RIGAKU, modelo Geigerflex , do Laboratório de Difratometria de Raios-X do Instituto de Geociências da UnB. As análises foram realizadas com tubo de Cu e filtro de Ni , em condições de operação de 40 kV e 20 mA, com varredura de 2º/min, no intervalo de 2 a 60ºθ para amostra total e 2 a 35ºθ a fração argila. Para a interpretação dos difratogramas foi utilizado o programa “JADE for Windows”. Os difratogramas de raios-X estão apresentados no Apêndice A (Figuras A.1 a A.12). Cada amostra foi subdividida a duas análises amostra total e fração argila (grãos de diâmetro inferior a 0,002 mm). Com relação à análise da amostra total constatou-se que: • A intensidade dos picos de caolinita aumentam com a profundidade; • Os picos de gibbsita desaparecem a partir de 8 m de profundidade, sendo marcante nos primeiros metros (entre 1 e 6 m); • Os picos de ilita surgem a partir de 6 m de profundidade e se mantém presente até 10 m de profundidade; • Os picos de quartzo estão presentes até a profundidade de 7 m; • Os picos de hematita estão presentes ao longo de toda a profundidade, enquanto que a goethita se mantém presente entre 1 e 3 m; • Os picos de rutilo de pequena intensidade surgem a partir de 4 m, enquanto o diásporo ocorre entre 7 e 9 m. Com relação à análise da fração argila constatou-se que: • Os picos de caolinita são bem definidos e crescentes com a profundidade; • Os picos de quartzo estão presentes até 7,0 m de profundidade; • Os picos de gibbsita estão presentes nos primeiros metros; • Os picos de ilita aparecem a partir de 6 m e se fazem presentes até 10 m; • Os picos de hematita estão presentes ao longo dos 10 m e picos de goethita aparecem somente nos primeiros metros. Segundo Nogami & Villibor (1995) a constituição da fração argila dos solos tropicais, sobretudo dos lateríticos, desempenha um papel decisivo no comportamento 64 peculiar desses solos, quando comparados com similares granulometricamente, considerados na bibliografia geotécnica de países situados em climas não tropicais. A fração argila dos solos lateríticos caracteriza-se por conter juntamente com os argilominerais elevada porcentagem de óxidos e hidróxidos de Fe e de Al. Na fração argila desses solos a caolinita é o argilomineral mais comum e o menos ativo coloidalmente. Guimarães (2002) apresentou os resultados das análises mineralógicas (amostra total) realizadas por Carvalho (1995), citado por Guimarães (2002), que são confirmados a partir das análises apresentadas neste trabalho, e concluiu que: • Os teores de caolinita, hematita e goethita se mantêm praticamente constantes entre 1 e 3 m, zona esta que ocorre as maiores variações de umidade; • O teor de gibbsita é praticamente constante entre 1 e 4 m; • A ilita só aparece no perfil a partir de 6 m, mantendo-se até 9 m; 3.6.4. Ensaios de Campo Realizados Foram executadas quatro campanhas de ensaios de campo e provas de carga, em diferentes épocas do ano (estação seca e chuvosa), no campo experimental da UnB. Para possibilitar uma análise comparativa dos resultados, optou-se em cada campanha pela execução de ensaios de CPT, DMT, PMT, SPT-T e DPL. Adotou-se o ensaio mais próximo da estaca como referência para avaliar o comportamento da fundação ensaiada, respeitando-se uma distância mínima de 2,0 m entre a estaca e o furo de sondagem, evitando qualquer interferência provocado pela execução da prova de carga. Sendo que em duas campanhas as sondagens foram realizadas logo após a execução das provas de carga. Durante a realização das campanhas foram obtidos os perfis de umidade a cada 0,5 m de profundidade até a cota limite das sondagens de SPT-T (Item 4.3.1). Em nenhum dos ensaios de campo foi encontrado o nível d’água. A Tabela 3.2 apresenta um resumo das atividades de campo desenvolvidas no campo experimental da UnB. São apresentados os ensaios de campo tipo CPT, DMT, PMT, SPT-T e DPL, as provas de carga e os ensaios de PIT realizados em quatro campanhas e estações distintas. 65 Tabela 3.2 – Distribuição dos ensaios de campo e retirada das amostras realizados 1ª Campanha 2ª Campanha 3ª Campanha 4ª Campanha Poço CAMPO EXPERIMENTAL DA UNB - ASA NORTE no campo experimental da UnB. Estações Ensaios SPT-T (SP1) SPT-T (SP5) CPT (CP1 a CP4) DMT (DM1 a DM3) PMT (PM1) PIT (Estaca 1) PIT (Estaca 4) Prova de Carga 1 (Estaca 1) Prova de Carga 5 (Estaca 4) SPT-T (SP3) CPT (CP5 a CP7) DMT (DM4 e DM5) PMT (PM3) PIT DPL (DP1 e DP2) Prova de Carga 3 (Estaca 2) SPT-T (SP4) CPT (CP8 a CP14) DMT (DM6 a DM8) PIT Prova de Carga 6 (Estaca 3) SPT-T (SP2) CPT (CP15 a CP17) DMT (DM9 a DM12) PMT (PM2) PIT Prova de Carga 2 (Estaca 5) Poço 1 Poço 2 C1 S1 C2 S2 C3 S3 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X C1 – Estação Chuvosa, período de Dezembro/1999 a Março/2000; S1 – Estação Seca, período de Junho/2000 a Setembro/2000; C2 – Estação Chuvosa, período de Outubro/2000 a Março/2001; S2 – Estação Seca, período de Maio/2001 a Agosto/2001; C3 – Estação Chuvosa, período de Outubro/2001 a Dezembro/2001; S3 – Estação Seca, Agosto/2002. OBS: Ensaio DP3 realizado na Estação Chuvosa em Novembro/2002. 66 3.6.4.1. Cone Elétrico (CPT) Um total de dezessete ensaios de cone elétrico, CP1 a CP17, foram executados ao longo dos anos de 2000 a 2001 no campo experimental da UnB, conforme Tabela 3.2 e Tabela 3.3. Tabela 3.3 – Ensaios de CPT realizados no campo experimental da UnB. Ensaios de CPT Prof. (m) Data do Ensaio Modelo do Cone CP1 15,70 24/02/2000 3CH CP2 13,10 25/02/2000 3CH CP3 15,10 01/03/2000 3CH CP4 15,40 01/03/2000 3CH CP5 13,60 15/08/2000 3CH CP6 15,90 15/08/2000 3CH CP7 15,10 18/08/2000 4CH CP8 11,90 28/11/2000 3CH CP9 12,80 29/11/2000 3CH CP10 12,10 29/11/2000 3CH CP11 15,40 01/12/2000 3CH CP12 16,50 01/12/2000 3CH CP13 18,00 07/12/2000 3CH CP14 15,80 07/12/2000 3CH CP15 15,60 07/05/2001 4CH CP16 17,60 24/05/2001 4CH CP17 17,30 24/05/2001 4CH Os ensaios de cone foram executados com equipamento hidráulico motorizado, com capacidade máxima de cravação de 200 kN, hastes cilíndricas de 33 mm de diâmetro e 1 m de comprimento, com um cone elétrico/piezocone de diâmetro igual a 3,56 cm, área de 10 cm2, ângulo de base igual a 60o com capacidade máxima na ponta de 100 kN e 1000 kPa de atrito lateral, acoplado a um sistema de aquisição de dados, computador e impressora, que forneceu as planilhas de variação da resistência de ponta (qc) e atrito lateral (fs) ao longo da profundidade (Figuras 3.7 a 3.11). Foi utilizado o software do fabricante, Hogentogler & Company, Incorporated - Columbia, Maryland, USA (1995). Os dados de qc e fs foram medidos a cada 10 cm com velocidade de cravação estática de 2 cm/s, conforme D-3441 (ASTM, 1995a), D-5778 (ASTM, 1995b) e NBR-12069 (ABNT, 1991a). Os ensaios foram realizados até o impenetrável, sendo esta limitação uma função do sistema de ancoragem e da capacidade de cravação do equipamento. Um fator limitante foi o aumento gradual da inclinação ao longo da profundidade, interrompendo-se a 67 sondagem quando a inclinação atingia 1,5º por passo ou 3º nos primeiros 5,0 m, sendo 9º a inclinação máxima permitida ao longo do ensaio (Hogentogler, 1995). O aumento gradual da inclinação levou a interrupção dos ensaios CP8, CP9, CP10 e CP11 da 3ª campanha. Realizaram-se os ensaios sem medição da poro-pressão (não encontrou-se nível d’água). Máquina de Cravação (Hidráulica) Capacidade Máxima = 200 kN Aquisição de Dados Trado para ancoragem Haste (d = 33 mm e L = 1 m) Cone ou Piezocone Ângulo = 60 º Ab = 10 cm2 Figura 3.7 – Detalhe do equipamento de CPT/CPTU (vista frontal). Os ensaios das 1ª, 2ª e 3ª campanhas foram realizados com o cone elétrico 3CH, modelo D0551 e Nº de série 682TC, exceto o ensaio CP7 e os ensaios da 4ª campanha executados com o piezocone 4CH, modelo D0551 e Nº de série 676TC, sem medição da poro-pressão, conforme Figuras 3.8 e 3.9. Figura 3.8 – Cone elétrico 3CH- modelo D0551. 68 Figura 3.9 – Piezocone 4CH - modelo D0551. Figura 3.10 – Sistema de aquisição de dados do CPT/CPTU. Conferiu-se a confiabilidade das medidas no Laboratório de Metrologia de Furnas – Centrais Elétricas S.A., em Goiânia-GO, com a calibração dos transdutores do cone e piezocone utilizados na pesquisa, conforme Certificados de Calibração Nº 0120/2001 e Nº 0119/2001 apresentados no Apêndice B. As calibrações foram executadas conforme procedimento interno adotado em Furnas a partir do método de comparação com os padrões do laboratório rastreados a padrões nacionais ou internacionais. Foram realizados quatro ciclos de carregamento, distribuídos ao longo da escala do instrumento em teste. 69 Figura 3.11 – Ensaio de CPT realizado no campo experimental da UnB. 3.6.4.2. Dilatômetro de Marchetti (DMT) Um total de doze sondagens dilatométricas, DM1 a DM12, foram executados ao longo dos anos de 2000 a 2001 no campo experimental da UnB, conforme Tabela 3.2 e Tabela 3.4. Tabela 3.4 – Ensaios de DMT realizados no campo experimental da UnB. Ensaios de DMT Prof. (m) Data do Ensaio Nº da Membrana DM1 12,60 25/02/2000 428 DM2 13,80 29/02/2000 428 DM3 13,80 29/02/2000 428 DM4 12,20 16/08/2000 403 DM5 15,00 16/08/2000 403 DM6 14,00 27/11/2000 428 DM7 12,00 27/11/2000 428 DM8 14,00 28/11/2000 428 DM9 15,00 07/05/2001 403 DM10 14,80 08/05/2001 403 DM11 18,20 08/05/2001 428 DM12 15,20 23/05/2001 428 O equipamento consiste de uma lâmina metálica plana de 94 mm de largura, 15 mm de espessura e 235 mm de comprimento, contendo uma membrana flexível de 60 mm de diâmetro composta de aço flexível, localizada em apenas um lado da lâmina reta. A membrana é inflada durante a realização do ensaio, utilizando-se o gás nitrogênio. A 70 lâmina é conectada por um tubo eletro-pneumático a unidade de controle que fica na superfície enquanto a lâmina é cravada no solo (Figura 3.12). Figura 3.12 – Unidade de controle e membrana do DMT. Adotou-se o sistema de cravação do cone e os ensaios foram executados até atingir o impenetrável (Figura 3.13). Figura 3.13 – Ensaio de DMT realizado no campo experimental da UnB. 71 O procedimento para a realização dos ensaios foi o da D18.02 (ASTM, 1986). Obtendo-se as leituras das pressões A e B a cada 20 cm, ao interromper a cravação. Registrou-se as leituras A e B em planilhas especificas, juntamente com as profundidades de ensaio e os dados iniciais, como o zero de calibração (Zm) e as pressões de calibração ∆A e ∆B . Com velocidade de 2 cm/s, cravou-se a lâmina dilatométrica no eixo Leste/Oeste, com exceção das sondagens DM10 e DM11 (4ª campanha) executadas no eixo Norte/Sul. 3.6.4.3. Pressiômetro de Ménard (PMT) Realizaram-se três ensaios pressiométricos, PM1, PM2 e PM3, com o pressiômetro tipo Ménard (sonda NX de 74 mm) no ano 2000 no campo experimental da UnB, conforme Tabela 3.2, Figura 3.14 e Tabela 3.5. Figura 3.14 – Ensaio de PMT realizado no campo experimental da UnB. 72 Tabela 3.5 – Ensaios de PMT realizados no campo experimental da UnB. Ensaios de PMT Data do Ensaio Nº Ensaios PM1 23 e 24/02/2000 10 PM2 20 e 21/06/2000 10 PM3 10 e 11/08/2000 8 Os ensaios seguiram os procedimentos recomendados pela D-4719 (ASTM 1987), e durante os mesmos foram medidas as pressões aplicadas e as variações volumétricas correspondentes à expansão da cavidade cilíndrica na massa de solo, obtendo-se a curva pressiométrica necessária à determinação de parâmetros de resistência e deformabilidade do solo, bem como a previsão da tensão horizontal “in situ”. Os ensaios foram executados em pré-furos, abertos a cada metro, com um trado tipo concha BX (63 mm) e alargados com um trado NX (74 mm) para posterior inserção da sonda pressiométrica (bainha de borracha). O centro da parte expansiva da sonda indica a profundidade de ensaio, sendo a cota do nível do terreno até o centro da sonda igual 0,6 m. A parte expansiva tem 0,42 m, com célula de medição de 0,21 m e distância do centro da sonda até o início das hastes de 0,73 m. As hastes possuem 1,0 m de comprimento. A pressão foi aplicada, em geral, em incrementos de 25 kPa, e os ensaios finalizados após ser consumida a água disponível no reservatório do equipamento, aproximadamente 800 cm3. Realizaram-se as sondagens SP1, SP2 e SP3 simultaneamente no mesmo furo dos ensaios PM1, PM2 e PM3, respectivamente, nas profundidades equivalentes (Item 3.6.4.4). 3.6.4.4. Sondagem de Simples Reconhecimento com Medida de Torque (SPT-T) Executaram-se cinco sondagens do tipo SPT-T, ou seja, com medição do torque (SP1 a SP5) ao longo dos anos de 2000 a 2001 no campo experimental da UnB, conforme Tabelas 3.2 e 3.6 e Figura 3.15. Tabela 3.6 – Ensaios de SPT-T realizados no campo experimental da UnB. Ensaios de SPT-T Data do Ensaio Prof. Final (m) SP1 23 e 24/02/2000 12,45 SP2 20 e 21/06/2000 12,45 SP3 10 e 11/08/2000 10,45 SP4 23/10/2000 12,45 SP5 08/03/2001 10,45 Os ensaios foram realizados de acordo com a NBR-6484 (ABNT, 1980), exceto quanto ao acionamento manual do martelo com cabo de aço e sem coxim de madeira, 73 segundo prática regional. O processo de perfuração (avanço) foi feito com trado, sem a necessidade de revestimento e em nenhum dos ensaios foi encontrado nível d’água. As sondagens de SPT-T foram executadas após os ensaios de PMT (Item 3.6.4.3). Coletaram-se amostras de solo do trado, no final de cada avanço, e do amostrador, ambas para determinação da umidade. Das amostras colhidas no amostrador foi feita a descrição táctil visual e sucção pelo método do papel filtro. Figura 3.15 – Ensaio de SPT-T realizado no campo experimental da UnB. O torque foi realizado após a penetração do amostrador padrão (Raymond de 50,8 mm), retirando-se a cabeça de bater e acoplando um pino adaptador do torquímetro para colocação de um anel centralizador. Segundo Peixoto (2001) o torque deve ser medido logo após a cravação, pois em alguns materiais há uma reestruturação do solo alterando o valor do torque. Utilizou-se dois torquímetros, GERDORE, um com capacidade máxima de 14 kgf.m e resolução de 0,5 kgf.m, utilizado nas primeiras camadas (N de 2 a 9 golpes), e 74 outro com capacidade máxima de 48 kgf.m e resolução de 2 kgf.m, nas camadas mais resistentes (Guimarães, 2002). O torque foi realizado sempre pelo mesmo operador, com velocidade de aproximadamente 1 volta a cada 10 segundos, com leitura de torque máximo a ¼ de volta e de torque residual após 1 e 2 voltas completas. Verificou-se que o torque residual estabilizou após a primeira volta. 3.6.4.5. Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) Realizaram-se três sondagens com DPL em 2002, no campo experimental da UnB, conforme Tabela 3.7, sendo a sondagem DP3 realizada com medida de torque, seguindo procedimento pioneiro preconizado e realizado por Nilsson (2002). Tabela 3.7 – Ensaios de DPL realizados no campo experimental da UnB. Ensaios de DPL Data do Ensaio Prof (m) Final DP1 09/08/2002 10,00 DP2 09/08/2002 10,00 DP3 18/11/2002 10,00 O penetrômetro usado está especificado na Referência Internacional para Procedimentos de Ensaio para Sondagem Dinâmica, DPL (ISSMFE, 1989). Consiste basicamente numa haste com uma ponteira (cone), penetrada no solo por pancadas. A ponteira tem por objetivo criar um vazio no solo, minimizando o atrito ou aderência ao longo das hastes. Utilizou-se um martelo de 10 kg com queda de 0,5 m, hastes de 1 m com diâmetro de 22 mm, ponteira (cone) de 35,7 ± 0,3 mm de diâmetro, guia do martelo com 1 m e diâmetro de 25 mm, e uma plataforma niveladora com extrator de hastes (Figura 3.16). Para a sondagem DP3 utilizou-se ainda, um torquímetro, marca APOLLO, com capacidade de 0 a 70 Nm e soquete de ½”x 8 mm para adaptar o torquímetro. A ponteira foi cravada no solo de 10 em 10 cm, medindo-se a quantidade de golpes necessários para sua cravação. O torque foi realizado a cada 1,0 m, logo após a penetração da ponteira, evitando-se assim a reestruturação do solo. O torque foi medido girando 180º, com velocidade contínua e lenta correspondendo a 360º/minuto, sendo a velocidade mantida constante, registrando-se o valor máximo e o valor predominante de resistência durante 120º (20 segundos). 75 Figura 3.16 – Ensaio de DPL no campo experimental da UnB. 3.6.5. Descrição das Estacas Escavadas 3.6.5.1. Estacas Ensaiadas Executou-se no dia 06 janeiro de 2000, cinco estacas escavadas mecanicamente com diâmetro de 30 cm. As estacas foram executadas com equipamento acoplado sobre caminhão e instrumentadas ao longo do fuste. Observou-se uma redução do diâmetro da estaca em sua base, comprometendo a descida da célula de carga nas estacas E1, E2 e E4, que provavelmente não ficaram totalmente apoiadas no fundo. Não foram colocadas células de carga nas bases das estacas E3 e E5. Não armou-se as estacas, sendo instalado apenas uma barra de aço lisa de 15,8 mm de diâmetro, onde foram colados os extensômetros elétricos (strain gages), como descrito no Item 3.6.5.3. Executou-se blocos de coroamento, com 0,5 m de altura, e armação de fretagem nas estacas. Moldaram-se corpos de prova de 15 x 30 cm para 76 verificação da resistência a compressão (fck) e módulo de elasticidade (E) do concreto em diferentes idades. As características das estacas são apresentadas na Tabela 3.8 e relacionadas de acordo com a época de cada ensaio (por campanha). As estacas foram numeradas de acordo com o posicionamento no campo experimental e as provas de carga numeradas de acordo com a ordem cronológica da execução do ensaio. Tabela 3.8 – Características das estacas e provas de carga realizadas. Estaca L ( m) Campanha φ (m) E1 0,30 7,65 1ª E2 0,30 7,25 2ª E3 0,30 7,80 3ª E4 0,30 7,30 1ª E5 0,30 7,85 4ª Definiu-se o posicionamento das estacas de acordo com as estacas de reação já existentes no campo experimental, executadas por Perez (1997), seguindo as recomendações da NBR-12131 (ABNT, 1991b). As estacas foram alinhadas e posicionadas com espaçamento de 1,5 m. Antes das provas de carga executou-se uma escavação de 0,5 m de profundidade e 0,9 m de largura em torno das estacas e o capeamento do topo com nata de cimento, garantindo nivelamento para montagem do sistema de célula de carga e extensômetros, e posterior realização dos ensaios de PIT. 3.6.5.2. Estacas de Reação Para compor o sistema de reação necessário para execução das provas de carga, utilizaram-se cinco estacas de reação do tipo escavada mecanicamente com 0,5 m de diâmetro e 10 m de comprimento, armadas com quatro barras de aço de 25 mm ao longo do fuste. Foram aproveitadas quatro estacas já existentes no campo experimental (Perez, 1997), sendo executado uma estaca de reação complementar com as mesmas características das demais (Figura 3.17). 77 Figura 3.17 – Execução da estaca de reação no campo experimental da UnB. 3.6.5.3. Instrumentação das Estacas Visando obter informações relativas à transferência de carga ao longo da profundidade, as estacas ensaiadas foram instrumentadas (Figura 3.18), entretanto apresentam-se apenas os resultados da instrumentação da estaca E1, pois as instrumentações das demais estacas apresentaram falhas, sendo que o conjunto de dados obtidos não permitiu ordenação confiável, logo os mesmos não serão considerados, ficando os dados de instrumentação da estaca E1 como referência para as demais. Guimarães (2002) apresenta varias considerações, resultados e sugestões para execução de futuras instrumentações, destacando os principais fatores que podem interferir no processo. Basicamente a instrumentação instalada consistiu de extensômetros elétricos de resistência, strain gages tipo KFG-5-120-C1-11 da Kyowa Eletronic Instrumets CO. Ltda., colados com adesivo CC-33A da Kyowa, em armaduras de ferro CA-25, aço 1010, com 5/8” de diâmetro e 0,5 m de comprimento e instalados aos pares no mesmo nível, em posição diametralmente oposta, com ligação do tipo ¼ de ponte (um extensômetro ativo). A ponte foi completada na unidade de leitura e alimentação (Strain Indication SM 60D da Kyowa Eletronic Instrumets CO. Ltda.). Para ligar os extensômetros a unidade 78 leitora utilizou-se cabo elétrico AF 4 x 26 AWG (E). A proteção dos strain gages contra umidade e choques mecânicos foi feita com a utilização de cola epóxi, adesivo de silicone e fita adesiva. As células de carga utilizadas nas estacas E1, E2 e E4, são constituídas de duas placas de 29 cm de diâmetro, ligadas por um tarugo de alumínio de 25 cm de comprimento, onde foram colados quatro strain gages, com ligação do tipo ponte completa, conforme esquema desenvolvido por Sales (2000). As barras instrumentadas e as células de carga foram calibradas na prensa do Laboratório de Materiais do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB, possibilitando corrigir eventuais diferenças nas leituras de deformação e possíveis erros de instalação. Após a calibração as barras foram unidas através de roscas, até formarem uma barra contínua. 0,25 m 0,25 m 0,0 0,5 1,0 Bloco 1,5 1,4 2,0 2,4 2,5 3,0 Profundidade (m) 4,0 5,0 6,0 7,0 3,5 3,4 Barras com strain gages 4,5 4,4 5,5 5,4 6,5 6,4 Célula de carga 7,7 7,4 0,3m 0,3m Perfil típico das estacas 3 e 5 Posição dos strain gages Legenda: strain gages Perfil típico das estacas 1, 2 e 4 Figura 3.18 – Perfil típico das estacas ensaiadas no campo experimental da UnB. 79 3.6.6. Ensaios realizados nas Estacas 3.6.6.1. Prova de Carga Estática As provas de carga estáticas seguiram as recomendações da NBR–12131 (ABNT, 1991b). O carregamento foi do tipo lento feito em estágios progressivos. O critério para mudança de estágio foi o estabelecido no item 3.3.2 (a) dessa norma. O sistema de reação para ensaiar as estacas centrais E1, E2 e E5 foi composto por quatro estacas de reação a tração R1 a R4 (conforme detalhe descrito no item 3.6.5.2) com três vigas metálicas atirantadas a estas estacas. O arranjo pode ser visto na Figura 3.19. A ligação da viga metálica com a estaca de reação foi feita através de placas de aço de 0,0254 m de espessura, quadradas (0,5 m de lado) e soldadas nas barras de espera das estacas de reação. A aplicação de carga foi feita por um macaco hidráulico da marca EMCT com capacidade para 1000 kN e altura de 0,395 m, acionado por uma unidade de bombeamento manual da marca SOILTEST. A leitura de carga aplicada foi através de uma célula de carga elétrica com altura de 0,27 m e unidade de leitura de marca KRATUS, com capacidade para 500 kN, instalada entre o macaco e a viga metálica. O sistema de referência foi composto de vigas metálicas fixadas no terreno visando obter um sistema estável, sem perturbação e interferência do carregamento, sendo o espaçamento dos pontos de fixação cinco vezes o diâmetro da estaca. Na leitura dos deslocamentos das estacas, foram utilizados seis extensômetros com curso de leitura de 0,05 m e sensibilidade de 10-5 m, sendo quatro extensômetros no topo, em posições diametralmente opostas, e dois laterais. A fixação dos extensômetros nas vigas de referência foi feita por bases magnéticas poli-articuladas. 80 Figura 3.19 – Esquema de reação das provas de carga estáticas (modificado - Perez, 1997). Ao longo das quatro campanhas de ensaios de campo realizaram-se seis provas de carga em estacas escavadas mecanicamente. Na estaca E3 foram executadas duas provas de carga, pois a primeira prova de carga (prova de carga 4) apresentou problemas de excentricidade no sistema de reação, sendo necessário a realização de um segundo ensaio (prova de carga 6), considerado nas análises desta pesquisa (Figura 3.20). A Tabela 3.9 apresenta as provas de carga com os seus respectivos períodos de execução. Figura 3.20 – Prova de carga realizada na UnB 81 Estaca E1 E2 E3 E3 E4 E5 Tabela 3.9 – Provas de carga realizadas. Campanha Nº da Prova de Carga Data 1ª 1 21/02 a 22/02/2000 2ª 3 09/08 a10/082000 3ª 4 24/10 a 27/10/2000 3ª 6 30/10 a 01/11/2001 1ª 5 06/03/2001 4ª 2 22/02 a 23/06/2000 Os perfis de umidade do solo durante a execução das provas de carga coincidem com os perfis de umidade dos ensaios SPT-T correspondentes, exceto para estaca E3, prova de carga 6, reensaio. 3.6.6.2. Ensaios de PIT Os ensaios de integridade com o equipamento PIT (Pile Integrity Testing) foram realizados nas 05 estacas do campo experimental, antes e após a execução das provas de carga. Sendo a face superior das estacas previamente lixadas, garantindo uma superfície lisa e limpa para aplicação dos golpes. O ensaio de PIT consiste na instalação de um acelerômetro de alta sensibilidade no topo da estaca a ser ensaiada, fixado com uma cera adesiva especial. Aplicando-se golpes sucessivos com um pequeno martelo manual na estaca, gerando ondas de compressão que se propagam pelo fuste, sofrendo reflexão ao encontrar variações nas características da estaca (seção, peso específico, ou módulo de elasticidade). Estas ondas retornam ao topo, onde são captadas pelo acelerômetro, registrando-se a evolução da aceleração com o tempo e armazenando-as no aparelho de PIT. Como a onda trafega com uma velocidade fixa e conhecendo-se esta velocidade com o tempo transcorrido entre o golpe e a chegada da reflexão, pode-se determinar a localização da variação de impedância na base da estaca, ou em eventuais falhas executivas. (Figura 3.21) O PIT utiliza o método baseado na propagação de ondas acústicas de baixo nível de deformação, considerando que estas ondas que trafegam na estaca são longitudinais, provocando deslocamentos na mesma direção de sua propagação. A verificação da integridade é feita por meio da interpretação do sinal de velocidade medida. Qualquer variação das características de impedância da estaca e resistência desenvolvida no fuste ou na ponta, avalia a qualidade da concretagem da estaca, localizando eventuais trincas ou vazios no fuste (Apêndice I). 82 Figura 3.21 – Execução do ensaio de PIT e resultado obtido para estaca E1. 3.6.7. Locação das Estacas e dos Ensaios de Campo A Figura 3.24 mostra a disposição das estacas escavadas (E1 a E5) instaladas no campo experimental da UnB e a locação dos furos de CPT, DMT, PMT, SPT-T e DPL. A área referente à Figura 3.22 está localizada próximo ao observatório sismológico, locado anteriormente na Figura 3.5 de acordo com estaca de referência. 83 SP DM CP DP Sondagem a Percussão DM8 Dilatômetro de Marchetti CP14 Cone Elétrico 3.30 Penetrômetro Dinâmico Leve 1.50 0.80 Poço para coleta de amostras CP4 CP3 Estacas de reação CP13 4.00 DM3 Estacas ensaiadas SP5 1.60 CP11 3.00 4.35 CP12 1.50 3.00 Pressiometro de Ménard 2.60 CP7 2.50 1.50 E3 E4 1.50 1.50 6.00 POÇO 1 CP8 1.00 1.20 DM6 3.00 CP9 SP4 2.40 DM7 Estacas Perez (1997) CP10 1.50 0.80 N 1.00 2.00 E1 E2 E5 13,70 2.70 1.50 5.30 SP2 0.60 4.50 2.00 DM11 1.40 DM5 10,70 5.60 1.90 CP16 3.00 CP6 1.40 POÇO 2 2.80 0.80 0.90 CP17 2.50 2.50 DM1 1.00 CP2 10,15 DM9 DM10 DP2 Referência 2.50 CP1 0.90 SP1 DM12 0.80 . 1.00 CP15 2.10 DM2 1.50 7.07 13,00 1.60 10,50 SP3 DP1 DP3 Figura 3.22 – Locação dos ensaios de campo e estacas no campo experimental da UnB (s/ Esc.) 84 DM4 CP5 3.7. CASO 2: OBRA LOCAL – ASA SUL 3.7.1. Localização Os ensaios de campo e provas de carga desta etapa do estudo são parte integrante do projeto de fundações do “Central Park”, um complexo de oito blocos de A a H, de lojas e kits, situado na SGAS 905, lote 3, Asa Sul – Brasília. A Figura 3.25 mostra a localização da área em estudo. (a) (b) SGAS 905 (c) LOTE 3 Brasília (Plano Piloto) N Asa Sul Figura 3.23 – Localização da área em estudo. (a) SGAS 905 em destaque (b) lote 3 em destaque (c) plano piloto com a SGAS 905 em destaque. 85 3.7.2. Características Geotécnicas e de Geologia de Engenharia Conforme apresentado anteriormente, a argila porosa de Brasília é representativa do perfil de solo majoritário do Distrito Federal, pois esta cobre cerca de 86 % de sua área, recebendo grande parte das fundações profundas executadas no DF, como ocorre na obra. A Figura 3.24 apresenta o perfil do solo, conforme corte AA’ apresentado na Figura 3.31. Trata-se pedologicamente de um latosolo vermelho escuro, cujas camadas superficiais são “porosas”; dada sua formação geológica e a variação sazonal. O horizonte de solo residual laterítico, que sofreu processo de intemperismo, é constituído por uma argila arenosa vermelha (variando de 0 a 10 m) e uma areia argilosa (variando de 10 a 21 m). No horizonte de solo saprolítico de metarritimito, que ocorre adjacente à unidade ardósia, tem-se uma camada de areia siltosa branca. Esta argila possui baixa resistência mecânica com SPT < 8. Apesar do alto teor de argila, este latosolo superficial apresenta comportamento similar à dos solos arenosos, além de um coeficiente de colapso extremamente alto. 0 50 100 200 (m) 150 0 Prof (m) 5 Argila arenosa com silte vermelha 10 Areia argilosa com silte d 15 d d 20 d Areia siltosa branca Impenetrável Horizonte de solo residual laterítico Horizonte de solo saprolítico de metarritimito Impenetrável 25 Figura 3.24 – Perfil de solo característico da obra (Asa Sul). 86 Executou-se três furos com perfuratriz sob caminhão para retirada de amostras nos blocos A, D e F com profundidades de 21, 15 e 10 m, respectivamente. Utilizou-se as amostras dos furos 1 (bloco A) e 2 (bloco D) na determinação dos limites de Atterberg (wL e wP), índice de plasticidade (IP), peso específico aparente dos sólidos (γs), granulometria do solo com e sem defloculante (hexametafosfato de sódio) e via granulômetro a laser (com e sem ultra som). A Tabela 3.10 apresenta a granulometria do solo com e sem defloculante, CD e SD respectivamente, obtida com amostras do bloco A, os limites de Atterberg e o índice de plasticidade do solo com amostras do bloco D. Parâmetro 3 γs (kN/m ) Pedregulho CD Areia CD Silte CD Argila CD Pedregulho SD Areia SD Silte SD Argila SD wL (%) wP (%) IP (%) Parâmetro 3 γs (kN/m ) Pedregulho CD Areia CD Silte CD Argila CD Pedregulho SD Areia SD Silte SD Argila SD wL (%) wP (%) IP (%) Tabela 3.10 – Caracterização geotécnica da obra. Profundidade (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 27,9 27,8 27,9 28,0 27,9 28,4 28,4 28,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 38,2 29,3 20,5 15,2 20,7 18,4 30,7 43,7 25,3 22,1 22,7 20,9 22,0 21,9 19,1 17,6 36,5 48,6 56,8 63,9 57,2 59,7 50,2 38,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 82,5 79,7 78,5 83,0 78,4 75,3 75,4 80,3 9,7 12,5 13,8 9,2 13,8 17,0 16,5 11,7 7,8 7,8 7,7 7,8 7,8 7,7 8,1 8,0 47 48 49 50 53 51 55 51 34 25 34 35 37 32 37 35 13 23 15 15 16 19 18 16 Profundidade (m) 12 13 14 15 16 17 18 19 28,2 28,7 28,9 28,2 28,0 28,6 28,3 28,1 3,6 19,3 9,0 0,4 0,5 2,0 0,0 0,0 48,9 40,4 45,7 39,8 46,0 40,4 38,5 33,8 22,9 16,2 20,7 26,6 20,2 27,2 29,3 30,4 24,6 24,1 24,6 33,2 33,3 30,4 32,2 35,8 3,6 1,9 9,0 0,4 0,5 2,1 0,0 0,0 79,5 77,5 66,1 74,0 72,1 61,5 48,7 55,7 9,2 12,7 17,5 17,6 19,6 28,7 43,4 36,3 7,7 7,9 7,4 8,0 7,8 7,7 7,9 8,0 45 31 32 26 13 5 9 27,9 0,0 45,0 21,2 33,8 0,0 74,4 17,6 8,0 31 31 0 10 27,7 0,1 40,0 21,5 38,4 0,1 78,2 13,6 8,1 47 35 12 20 27,8 0,6 33,1 32,9 33,4 0,6 54,4 37,0 8,0 21 26,9 0,0 81,3 15,3 3,4 0,0 83,1 12,2 4,7 11 28,5 0,2 46,0 24,4 29,4 0,2 82,2 9,5 8,1 47 34 13 87 Foram retiradas três amostras indeformadas das bases dos tubulões TA5 (bloco A), TF123 (bloco F) e TH7 (bloco H), com 14,0 m, 8,5 m e 12,0 m, respectivamente. Sendo realizados na amostra TH7 ensaios oedométricos, na amostra TA5 ensaio de cisalhamento direto vertical (natural e inundado), peso específico aparente natural (γ), seco (γd), índice de vazios (e), porosidade (n) e peso específico aparente do solo com emprego da balança hidrostática e na amostra TF123 ensaio triaxial tipo CUsat. Os resultados médios de três ensaios, no horizonte de solo residual laterítico (argila arenosa), são: γ = 16,55 kN/m3, γd = 13,58 kN/m3, e = 0,94, n = 48,41 % e Sr = 62,62 %. Os procedimentos seguiram as recomendações das normas brasileiras. 3.7.3. Ensaios de Campo Realizados Foi também executada uma campanha de ensaios de campo e provas de carga na obra. A campanha de ensaios de campo englobou ensaios de CPT, DMT e SPT possibilitando uma análise comparativa dos resultados. Os ensaios adotados para análise do comportamento das fundações foram executados no Bloco F, próximos da estaca escavada e do tubulão ensaiado. Salienta-se que não se encontra lençol freático até o limite das sondagens realizadas na obra. Obteve-se o perfil de umidade, a cada metro, até a cota limite dos furos 1, 2 e 3 nos blocos A, D e F, respectivamente. Na Tabela 3.11 apresenta-se um resumo de todas as atividades de campo desenvolvidas na obra, sendo apresentados os ensaios de campo tipo CPT, DMT, e SPT e as provas de carga realizados durante uma campanha e duas estações climáticas distintas. Apresenta-se ainda, as amostras deformadas e indeformadas retiradas durante a realização da referida campanha como parte das atividades desenvolvidas em campo. 88 Tabela 3.11 – Distribuição dos ensaios de campo e retirada das amostras realizados na obra. Única Campanha Amostras SGAS 905 - ASA SUL Estações Ensaios SPO1 (Bloco F) SPO2 (Bloco A) SPO3 (Bloco D) CPT (CPO1 a CPO15) DMT (DMO1 a DMO3) Prova de Carga Tubulão - Bloco F Prova de Carga Estaca - Bloco F Bloco A - Base do Tubulão TA5 Bloco H - Base do Tubulão TH7 Bloco F - Base do Tubulão TF123 Furo 1 - Bloco A Furo 2 - Bloco D Furo 3 - Bloco F C1 S1 C2 S2 C3 S3 X X X X X X X X X X X X X C1 – Estação Chuvosa, período de Dezembro/1999 a Março/2000; S1 – Estação Seca, período de Junho/2000 a Setembro/2000; C2 – Estação Chuvosa, período de Outubro/2000 a Março/2001; S2 – Estação Seca, período de Maio/2001 a Agosto/2001; C3 – Estação Chuvosa, período de Outubro/2001 a Novembro/2001; S3 – Estação Seca em Agosto/2002. 3.7.3.1. Cone Elétrico (CPT) Foram realizados quinze ensaios de cone elétrico (3CH, modelo D0551 e Nº de série 682TC) , CPO1 a CPO15, durante os meses de outubro e novembro de 2000, estação chuvosa, conforme Tabela 3.11 e Tabela 3.12. Utilizou-se o mesmo equipamento e procedimentos descritos no Item 3.6.4.1. O aumento gradual da inclinação levou a interrupção do ensaio CPO1, sendo os demais ensaios paralisados por limitação do sistema de cravação do equipamento. Não foi realizada medida de poro-pressão, pois até o limite das sondagens o lençol freático não foi atingido. 89 Tabela 3.12 – Ensaios de CPT realizados na obra. Ensaios de CPT Prof. (m) Data do Ensaio Modelo do Cone CPO1 11,90 31/10/2000 3CH CPO2 13,50 31/10/2000 3CH CPO3 10,70 01/11/2000 3CH CPO4 11,10 01/11/2000 3CH CPO5 13,40 01/11/2000 3CH CPO6 13,90 07/11/2000 3CH CPO7 14,60 07/11/2000 3CH CPO8 13,70 08/11/2000 3CH CPO9 14,70 08/11/2000 3CH CPO10 9,70 08/11/2000 3CH CPO11 10,10 09/11/2000 3CH CPO12 11,90 09/11/2000 3CH CPO13 21,60 09/11/2000 3CH CPO14 12,50 10/11/2000 3CH CPO15 22,50 13/11/2000 3CH 3.7.3.2. Dilatômetro de Marchetti (DMT) Executou-se três furos de sondagens dilatométricas, DMO1 a DMO3, em novembro de 2000, conforme Tabela 3.11 e Tabela 3.13, utilizando-se o mesmo equipamento e procedimentos descritos no item 3.6.4.2 e com a lâmina direcionada no eixo Norte/Sul. Tabela 3.13 – Ensaios de DMT realizados na obra. Ensaios de DMT Prof. (m) Data do Ensaio Nº da Membrana DMO1 21,00 20/11/2000 428 DMO2 12,00 20/11/2000 428 DMO3 14,00 20/11/2000 428 3.7.3.3. Sondagem de Simples Reconhecimento (SPT) Executaram-se três sondagens do tipo SPT (SPO1 a SPO3) nos meses de março e maio de 2001, conforme Tabela 3.11, Tabela 3.14 e Figura 3.15, seguindo as orientações gerais da NBR-6484 (ABNT, 1980), exceto quanto do acionamento manual do martelo, sem coxim de 90 madeira, pois utilizou-se cabo de aço, procedimento regional. O avanço foi feito com trado helicoidal sem revestimento, pois os furos estavam estáveis e não atingiu-se o lençol freático. Executou-se um corte de 4,0 m na área referente aos blocos B, C, G e F, sendo a sondagem SPO1 realizada após este corte. A Figura 3.27 apresenta a execução do ensaio SPO2 realizado no bloco A da obra em estudo. Tabela 3.14 – Ensaios de SPT realizados na obra. Ensaios de SPT Data do Ensaio Prof. Final (m) SPO1 30/03/2001 12,45 SPO2 05/05/2001 22,45 SPO3 07/05/2001 15,45 Figura 3.25 – Ensaio de SPT realizado no bloco A da obra em estudo (SPO2). 91 3.7.4. Estrutura dos Edifícios e Fundações Projetadas Na obra foram executados, no período de março a agosto de 2001, 518 tubulões a céu aberto com diâmetro dos fustes variando entre 0,6 e 0,7 m e bases de 0,9 a 2,0 m e ainda, 34 estacas escavadas com diâmetro de 0,3 m. As fundações estavam assentes em camada resistente (horizonte de solo saprolítico de metarritimito) com profundidade de 6 a 14 m, conforme Tabela 3.15, totalizando 1572 m3 de escavação mecânica de fuste e 237 m3 de escavação manual. A Figura 3.28 mostra uma visão panorâmica da obra, em execução, cujo complexo de edifícios totalizou aproximadamente 5.645 m2 de área construída. Tabela 3.15 – Profundidade de assentamento das fundações da obra em estudo. Bloco Profundidade (m) A 14 a 14,7 B 8,1 a 10,8 C 3,6 a 4,7 D 9,5 a 15,0 E 11,4 a 12,9 F 7,0 a 9,2 G 6,2 a 7,3 H 10,0 a 12,4 Figura 3.26 – Visão panorâmica da obra em estudo em dezembro de 2001. 92 3.7.5. Descrição das Fundações Ensaiadas 3.7.5.1. Tubulão Ensaiado Durante a estação seca realizaram-se duas provas de carga no Bloco F (Tabela 3.11). Para a primeira prova de carga executou-se em 17 de abril de 2001, um tubulão (T1) com 8,6 m de profundidade, fuste de 0,6 m de diâmetro, base de 1,5 m de diâmetro e 0,9 m de altura, seguindo mesmas características do dimensionamento adotado no projeto de fundações do Bloco F, permitindo avaliar o comportamento real das fundações da obra (Figura 3.29). Para sua execução utilizou-se uma perfuratriz sobre caminhão para escavação do fuste, sendo sua base escavada manualmente. Colocou-se apenas uma armação de fretagem com 2,3 m de comprimento, de acordo com detalhe apresentado na Figura 3.29. Aproveitou-se dois tubulões da obra como reação, armados em sua totalidade, seguindo as recomendações da NBR-12131 (ABNT, 1991b). 6 φ 10.0 - 2,3 m 16 φ 5.0 c/15 - 1,9 m 8,6 m 0,9 m 1,5 m Figura 3.27 – Detalhe do tubulão T1 ensaiado. Moldaram-se seis corpos de prova de 15 x 30 cm para verificação da resistência a compressão (fck) do concreto em diferentes idades. Obteve-se um fck de 19 MPa aos 28 dias. 93 3.7.5.2. Estaca Ensaiada Para o segundo ensaio, executou-se em 17 de abril de 2001, uma estaca escavada mecanicamente com 0,30 de diâmetro e 9,0 m de profundidade, sem armação ao longo do fuste. No topo da estaca colocou-se uma armação de distribuição de tensões, conforme detalhe apresentado na Figura 3.30. Moldaram-se seis corpos de prova de 15 x 30 cm para verificação da resistência a compressão (fck) do concreto em diferentes idades. Obteve-se fck de 19 MPa aos 28 dias. 7 φ 10.0 c/3 7 φ 10.0 c/3 GROUT (0,10 m) 9,0 m φ 30 Figura 3.28 – Detalhe da estaca ensaiada. 3.7.5.3. Tubulões de Reação Para compor o sistema de reação das provas de carga aproveitou-se os tubulões da obra TF110, TF121 e TF122 dimensionados de acordo com o projeto de fundações. Os fustes foram totalmente armados. Detalhes na Figura 3.29 e Tabela 3.16. 94 TF 110 6 φ 16.0 - 10,6 m TF 121 6 φ 25.0 – 10,0 m 57 φ 5.0 c/15 - 2,3 m 2,0 2,0 8,6 8,0 54 φ 5.0 c/15 - 2,3 m 1,15 1,75 TF 122 1,15 1,75 6 φ 25.0 – 11,0 m 60 φ 5.0 c/15 - 2,3 m 2,0 9,0 1,05 1,60 Figura 3.29 – Detalhe dos tubulões de reação. 95 Tabela 3.16 – Características dos tubulões de reação. Tubulão Hbase (m) Hfuste (m) φfuste (m) φbase (m) TF-110 0,9 1,75 1,15 7,45 TF-121 0,9 1,75 1,15 6,85 TF-122 0,9 1,60 1,05 7,95 3.7.6. Prova de Carga Estática Foram realizadas duas provas de carga, sendo uma em estaca e outra em tubulão, em períodos diferentes e após a realização dos ensaios de campo, conforme Quadro 3.2. O carregamento foi do tipo lento, feito em estágios progressivos. O critério para mudança de estágio foi à estabilização dos recalques ou um período de 30 minutos, conforme NBR –12131 (ABNT, 1991b). Para aplicação de carga na estaca utilizou-se um macaco hidráulico da marca EMCT, capacidade para 1000 kN, um macaco com capacidade de 2000 kN para o tubulão e uma unidade de bombeamento manual da marca SOILTEST. A leitura da carga aplicada foi feita com auxílio de duas células de carga elétrica e unidade de leitura de marca KRATUS, com capacidade de 1000 kN (estaca) e outra com capacidade de 2000 kN (tubulão). O sistema de reação utilizado foi equivalente ao adotado no campo experimental da UnB, de acordo com os procedimentos descritos no Item 3.6.6.1 e o sistema de referência foi composto de vigas metálicas fixadas no solo com espaçamento igual a cinco vezes o diâmetro da fundação ensaiada. Para a leitura dos deslocamentos utilizaram-se seis extensômetros com curso de leitura de 0,05 m, com sensibilidade de 10-5 m, sendo quatro extensômetros no topo, diametralmente opostos, e dois laterais. As provas de carga tiveram as características descritas a seguir: • Prova de carga no tubulão (Figura 3.31): Iniciada às 13:00 do dia 12/05/2001, interrompida às 16:00, reiniciada às 11:40 do dia 13/05/2001 e concluída às 10:30 do dia 14/05/2001. 96 Iniciou-se o ensaio com os seguintes ciclos de carga: 0, 150, 300, 450 kN, quando observaram-se problemas no sistema de reação, efetuando-se a descarga. Após reforço do sistema de reação, iniciou-se uma nova prova de carga (dia 13/05) aplicando os carregamentos: 0, 150, 300, 450, 600, 750, 900 kN, até o limite do sistema de reação, sendo o carregamento de 900 kN mantido por doze horas, após estabilização das leituras, descarregando-se nos estágios: 700, 500, 300,100, 0 kN. Não foram observados deslocamentos horizontais significativos. • Prova de carga na estaca: Iniciada às 18:00 do dia 15/05/2001 e concluída às 2:00 do dia 16/05/2001, com carregamentos de 0, 60, 120, 180, 240, 300, 360, 420, 480, 500 kN, quando o solo apresentou fissuras superficiais e as deformações não se estabilizavam, sendo constatado a ruptura do sistema estaca-solo. Não foi observado deslocamento horizontal significativo. Figura 3.30 – Prova de carga realizada no tubulão da obra em estudo. 3.7.7. Locação das Fundações Ensaiadas e dos Ensaios de Campo A Figura 3.31 mostra a disposição das fundações ensaiadas no bloco F e a locação, em planta, dos furos de CPT, DMT, SPT e poços para retirada de amostras. 97 A N S Detalhe das Fundações Ensaiadas no Bloco F DMO1 CPO15 CPO14 CPO12 CPO13 SPO2 CPO11 CPO1 CPO2 CPO10 CPO3 DMO2 0 SPO1 CPO4 CPO9 Legenda: SPO CPO5 SPO3 DMO CPO CPO8 Sondagem a Percussão Dilatômetro de Marchetti Cone Elétrico Poço para coleta de amostras indeformadas DMO3 CPO6 CPO7 Poço para coleta de amostras deformadas Estaca Ensaiada Tubulão Ensaiado Tubulão de Reação A’ Figura 3.31 – Locação dos ensaios de campo e fundações ensaiadas na obra (s/Esc.). 98 CAPÍTULO 4 4. RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CAMPO 4.1. INTRODUÇÃO Neste capítulo serão apresentados os resultados dos ensaios de campo e suas relações com a variação de umidade e sucção, com o objetivo de verificar eventuais influências da variação da umidade dos perfis nos resultados dos ensaios executados em diferentes estações do ano. No caso de solos não saturados torna-se necessário introduzir informações adicionais, estabelecendo relações com seu estado de saturação. Ao variar a umidade do solo para um determinado índice de vazios altera-se o grau de saturação e, portanto a sucção, situação freqüente em campo. Numa fase inicial, apresenta-se o modelo utilizado para estimar a sucção de campo conhecendo-se a variação do índice de vazios e a umidade obtida durante os ensaios de campo. Para avaliar a influência da variação sazonal nos resultados, apresenta-se a correlação linear entre campanhas. Uma análise qualitativa dos resultados de campo (dados da mesma espécie) será abordada. Para o estudo da variabilidade da resistência de ponta (qc) de ensaios de CPT, utilizando técnicas de estatística, aplicam-se os testes de ajuste de curvas de KolmogorovSmirnov (K-S) e Qui-Quadrado (χ2) para as distribuições Normal, Log-normal, Exponencial e Gamma. Enfoques estatísticos e probabilísticos são especialmente relevantes para análise de resultados in situ, pois geralmente os mesmos resultam em grande quantidade de dados, servindo em problemas geotécnicos não somente para descrever a variabilidade espacial das propriedades do solo, mas também para tomada de decisão sob condições de incerteza, sendo capazes de otimizar o processo. 99 4.2. CURVAS CARACTERÍSTICAS O formato das curvas características depende do tipo de solo e da distribuição e tamanho dos poros, sendo que solos arenosos tendem a apresentar perda brusca de umidade (saturação) e argilosos perdas mais suaves quando a sucção atinge o ponto de entrada de ar. A Figura 4.1 apresenta as curvas características de sucção mátrica do campo experimental obtidas pela técnica do papel filtro para as diferentes profundidades, com amostras indeformadas e trajetória de umedecimento. As curvas têm o ponto de entrada de ar variando entre 4 e 6 kPa para as amostras até 8,0 m e aproximadamente 100 kPa para a amostra de 10,0 m. Para o perfil de solo estudado o comportamento observado nas curvas características de 1,0 a 8,0 m está associado à análise granulométrica realizada sem o uso de defloculante (Tabela 3.1). A forma das curvas também apresenta uma relação com a granulometria sem defloculante, passando de um solo arenoso com sucção abaixo de 10 kPa e redução considerável de saturação em 1,0 m, para um solo siltoso com pouca variação de umidade e baixas sucções em 10,0 m. Enquanto que entre 1,0 e 6,0 m tem-se a 6,0 100000 5,0 10000 4,0 1000 3,0 100 2,0 10 1,0 0 1m 10 2m 20 30 3m 40 50 Sr (%) 4m 60 5m 70 80 6m 90 7m Sucção (kPa) Sucção (pF) forma horizontalmente deslocada com inclinação cada vez mais suave a partir de 7,0 m. 1 100 8m 10m Figura 4.1 – Curvas características do solo do campo experimental da UnB (modificado – Guimarães, 2002). 100 Comparando-se as curvas características da Figura 4.1 com a variação do índice de vazios ao longo da profundidade (Tabela 3.1), até 8,0 m, estes apresentam uma tendência inversa, pois para uma diminuição do índice de vazios (1,6 para 0,89) tem-se um aumento do valor correspondente ao ponto de entrada de ar nos macroporos (Sr B0: 53% para 96%), comportamento característico de solos tropicais, onde a distribuição de poros se dá de forma não homogênea (distribuição bimodal de poros). A Tabela 4.1 apresenta os pontos especificados na curva característica (Figura 2.8) para o perfil de solo estudado. Tabela 4.1 – Dados das curvas características do campo experimental da UnB (modificado – Guimarães, 2002). Prof. ψ - EAMA ψ - B0 w B0 Sr B0 ψ - EAMI w - EAMI Sr - EAMI e0 (m) (kPa) (kPa) (%) (%) (kPa) (%) (%) 1 1,60 4 6 31 53 530 22 38 2 1,57 6 8 20 52 1240 18 31 3 1,27 5 7 27 57 4421 17 35 4 1,27 5 13 30 63 7117 18 37 5 1,25 6 19 28 62 6506 19 42 6 1,15 5 28 27 62 1511 20 46 7 1,07 6 31 78 7176 18 44 8 0,89 4 8 31 93 1973 17 51 10 1,08 83 37 96 869 25 65 Sendo: e0 = índice de vazios inicial; ψ - EAMA = pressão de entrada de ar dos macroporos; ψ - B0 = pressão correspondente ao término de entrada de ar nos macroporos; w B0 = teor de umidade correspondente ao ponto B0; Sr B0 = saturação correspondente ao ponto B0; ψ - EAMI = pressão de entrada de ar nos microporos; w EAMI = teor de umidade correspondente ao ponto ψ - EAMI; Sr EAMI = saturação correspondente ao ponto ψ - EAMI. A sucção de entrada de ar nos macroporos está em torno de 5 kPa, com saturação do término de entrada de ar dos macroporos crescente com a profundidade, variando de 52 a 96%, e a saturação de entrada de ar nos microporos crescente com a profundidade de 31 a 65%. Entretanto a umidade para os dois pontos apresenta pouca variação com a profundidade, sem tendência definida. Para facilitar a aplicação das curvas características a cada metro, Guimarães (2002) apresentou, através de equações, um ajuste dos pontos no trecho onde ocorre acréscimo substancial da sucção com diminuição de saturação. A Tabela 4.2 apresenta estas equações, os coeficientes de correlação e os trechos de saturação, sendo importante 101 destacar que o ajuste de curva empírico proposto por Guimarães (2002) não permitiu modelar um único tipo de curva matemática que representasse o solo poroso de Brasília, o que seria ideal estatisticamente, sendo recomendado neste caso, estudos complementares. Para determinar a sucção de campo correspondente a cada campanha adotam-se estas equações. Vale ressaltar que nos casos cujos trechos de saturação estavam fora dos especificados para cada equação, obteve-se a sucção diretamente das curvas características (Figura 4.1). Guimarães (2002) não recomendou a extrapolação da curva de 9,0 m por se tratar de um material de transição do silte para o solo saprolítico de ardósia. Tabela 4.2 – Equações, coeficientes de correlações e trechos de saturação das curvas características do campo experimental da UnB (modificado – Guimarães, 2002). Trecho de Coeficiente Prof. Saturação Equação de (m) (%) correlação (R2) 1 0,99 38 a 53 e × pF = -0,1273 × Sr + 9,6096 -1,5665 2 0,97 30 a 52 e × pF = 1396,5 × Sr 3 1,00 35 a 57 e × pF = -0,1886 × Sr + 12,824 -0,0382×Sr 0,99 37 a 63 4 e × pF = 26,705 × e -1,8346 0,98 42 a 73 5 e × pF = 5810,80 × Sr -1,5189 0,97 45 a 82 6 e × pF = 1553,8 × Sr 7 0,99 44 a 78 e × pF = -0,1006 × Sr +9,8305 2 0,98 64 a 95 8 e × pF = 0,0033 × Sr – 0,5697 × Sr +25,985 2 1,00 60 a 96 10 e × pF = -0,0006 × Sr + 0,0637× Sr + 2,786 4.3. PERFIL DE UMIDADE E SUCÇÃO DAS CAMPANHAS REALIZADAS 4.3.1. Campo Experimental da UnB – Asa Norte Perfis de umidade do solo do campo experimental da UnB vêm sendo obtidos por diversos autores ao longo dos anos, entre eles Perez (1997), Jardim (1998), Sales (2000) e Guimarães (2002), sendo que a técnica de ensaio do solo na umidade natural e inundado passou a ser corrente a partir de Jardim (1998). A Figura 4.1 apresenta os perfis anteriores à realização dos ensaios de campo e provas de carga desta pesquisa. No presente estudo, durante a realização das campanhas de ensaios de campo e provas de carga, foram feitos perfis de umidade e estimativas do grau de saturação e sucção com valores de “Gs” e “e” da Tabela 3.1 com equações apresentadas na Tabela 4.2. Estes valores estão apresentados na Figura 4.3 e Tabela 4.3. 102 Umidade (%) 10 15 20 25 30 35 40 0 1 2 Profundiade (m) 3 Camada I Dez/96 4 5 6 Mai/97 Jun/97 Camada II Nov/97 7 Dez/98 8 9 10 Camada III 11 12 Figura 4.2 – Comparação entre perfis de umidade do campo experimental da UnB em anos anteriores às campanhas de ensaios de campo (modificado – Perez, 1997 e Sales, 2000). Umidade (%) 10 15 20 25 30 35 40 0 1 2 3 Camada I Profundiade (m) 4 Camada II C2: Out/00 (3ª campanha) 8 C2: Mar/01 (1ª campanha) 9 11 S1: Ago/00 (2ª campanha) S1: Set/00 (Poço 2) 7 10 C1: Fev/00 (1ª campanha) S1: Jun/00 (4ª campanha) 5 6 C1: Dez/99 (Poço 1) C3: Dez/01 (3ª campanha) Camada III 12 13 Figura 4.3 – Comparação dos perfis de umidade do campo experimental ao longo dos anos de 1999 a 2001 referentes às campanhas de ensaios de campo e provas de carga. 103 Na Figura 4.3 adota-se a mesma nomenclatura apresentada na Tabela 3.2 com C1: Fev/00 (1ª campanha), referente ao perfil de umidade da estação chuvosa 1, retirado no mês de Fev/00 e adotado para os ensaios da 1ª campanha. De Dez/1996 a Dez/2001 verifica-se que as variações que ocorrem no topo (1,0 a 3,0 m) devem-se a ciclos de precipitação e evaporação, zona de maior bioturbação. Esta região ativa já havia sido detectada por Cardoso (1995). Há uma tendência comum entre 3,0 e 8,0 m com pequenas variações de 2 a 4 % no horizonte de solo residual laterítico, zona estável. Entre 9,5 a 11,0 m ocorrem discrepâncias nas umidades, passando-se a grandes variações no horizonte de solo saprolítico, sendo que estas variações se devem ao acúmulo de água no período chuvoso e à perda de umidade na estação seca. Observa-se pelas amostras de umidade da 3ª campanha, retiradas em Out/00, correspondentes à estação chuvosa C2, que o perfil de solo não sofreu influência das chuvas intensas e espaçadas registradas naquele período, cujas precipitações médias foram de 196,7 mm/mês, sendo este período correspondente ao fim da estação seca e o início da estação chuvosa (período de transição entre estações). Já o perfil de umidade da estação chuvosa C3, retirado em Dez/01, sofreu influência das chuvas, que tiveram precipitações médias de 174 mm/mês, apresentando diferença de até 23,4% na umidade média do trecho inicial (1,0 a 3,0 m) quando comparado com o perfil de umidade da estação C2. Logo, o período C3 é considerado chuvoso e, levando-se em conta que a prova de carga 6, reensaio da estaca E3, ocorreu em período equivalente à estação C2 (Out/00) pode-se concluir que o ensaio é representativo de estação seca. Tabela 4.3 – Variação da umidade e sucção do campo experimental da UnB obtidos ao longo da pesquisa. Estação Profundidade (m) Data Parâmetro do ano 1,0 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5 7,5 8,5 10,5 Fev w (%) 26,9 27,7 30,6 32,3 32,5 32,0 30,4 29,3 29,0 27,9 C1 2000 ψ (kPa) 22,2 17,2 5,7 6,0 9,0 7,9 14,3 16,8 3,7 851,7 Jun w (%) 21,8 23,9 28,8 32,0 31,5 32,1 30,1 29,3 28,3 36,4 S1 2000 ψ (kPa) 773,6 56,3 8,6 6,0 5,1 7,7 15,4 16,8 3,8 149,0 Ago w (%) 18,0 18,3 26,8 31,1 30,6 30,6 29,4 27,6 26,7 22,1 S1 2000 3412 3209 14,6 6,0 6,9 11,5 18,6 42,6 5,1 1360 ψ (kPa) Out w (%) 20,0 20,1 24,6 26,7 30,4 30,7 28,1 27,7 26,9 33,6 C2 2000 ψ (kPa) 1991 1958 29,9 6,1 7,4 11,2 26,9 40,4 4,8 304,0 Mar w (%) 26,7 26,6 26,8 31,2 30,6 30,9 30,0 28,1 27,0 35,1 C2 2001 ψ (kPa) 23,4 24,2 14,6 6,0 9,0 10,6 15,8 32,4 4,6 211,0 Dez w (%) 27,9 28,4 29,8 30,4 30,8 30,9 30,0 28,2 C3 2001 16,0 13,7 6,8 6,0 6,4 10,6 16,0 30,0 ψ (kPa) 104 4.3.2. Obra Local – Asa Sul A Figura 4.4 apresenta o perfil de umidade obtido durante a realização dos ensaios de campo e da retirada de amostras indeformadas na obra. Umidade (%) Profundidade (m) 0 10 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 30 40 50 60 C2: Nov/00 (Furo 1) C2: Nov/00 (Furo 2) C2: Nov/00 (Furo 3) C2: Mar/01 (SPO1) S2: Mai/01 (SPO2) S2: Mai/01 (SPO3) Figura 4.4 – Comparação dos perfis de umidade da obra em novembro/2000, março/2001 e maio/2001, períodos de realização dos ensaios de campo e provas de carga. Durante a estação chuvosa C2 (Nov/00) observou-se umidades de até 44,7%, entre 1,0 e 3,0 m, com índice pluviométrico de 232,7 mm/mês. Já em março de 2001, com índice pluviométrico de 192,3 mm/mês, teve-se umidade de até 54,5%, pois estávamos no final da estação chuvosa, portanto com maior grau de saturação; salienta-se, ainda, que as amostras foram retiradas em dia chuvoso. Nos trechos de 4,0 a 7,0 m (bloco F), 4,0 a 11,0 m (bloco D) e 4,0 a 20,0 m (bloco A) tem-se uma tendência comum, com diferença percentual de variação de umidade de até 10% no horizonte de solo residual laterítico (camada II), tendendo a diminuir após alguns dias ensolarados. Ao atingir a camada de areia siltosa branca tem-se uma brusca redução 105 de umidade, nas profundidades de 21,0 m (furo 1), 12,0 m (furo 2) e 9,0 m (furo 3), devido a sua alta permeabilidade. Tabela 4.4 – Variação da umidade e sucção da obra obtidas ao longo da pesquisa. C2: Nov/00 C2: Nov/00 C2: Nov/00 C2: Mar/01 S2: Mai/01 S2: Mai/01 Prof. Furo 1 Furo 2 Furo 3 SPO1 SPO2 SPO3 (m) w w w w w w ψ ψ ψ ψ ψ ψ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 (%) (kPa) (%) (kPa) (%) (%) (kPa) (%) (kPa) (%) (kPa) 38,4 44,7 47,5 46,8 45,1 44,5 33,5 33,0 31,5 30,6 29,9 33,5 27,6 33,5 31,8 26,4 27,4 29,8 32,1 29,4 9,3 3,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 7,2 5,7 6,0 7,2 8,9 5,7 18,1 5,7 5,9 25,9 19,4 9,1 5,9 10,3 9717 39,7 44,4 45,3 41,9 40,7 38,7 33,2 31,6 33,1 28,3 29,3 7,1 8,9 7,1 2,8 0,0 0,0 1,3 2,1 3,5 7,7 5,8 5,6 14,5 10,7 12685 10072 12685 38,5 3,6 54,5 36,0 4,7 53,2 44,1 0,0 45,1 44,0 0,0 35,2 38,3 3,7 34,8 33,3 12,4 32,8 31,8 5,9 29,5 12,7 7143 21,8 4,8 21555 12,4 19,5 224 11,8 (kPa) 0,0 0,0 0,0 5,3 5,7 8,4 10,2 108,1 7410 7898 30,7 30,5 28,0 43,3 44,0 39,7 40,6 34,7 34,9 30,8 13,5 14,0 27,5 0,3 0,0 2,8 2,4 5,4 5,4 6,7 33,9 40,5 34,6 41,3 32,7 38,4 38,2 32,3 33,5 24,5 6,8 2,2 5,9 1,7 8,6 3,7 3,8 5,8 5,6 46,9 4.4. RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CAMPO Para que os ensaios de campo pudessem ser analisados e comparados nas mesmas profundidades, tomaram-se valores médios de CPT, DMT e DPL correspondentes a cada metro, conforme Apêndice C. Nos ensaios SPT-T tomou-se a soma dos golpes entre as profundidades de A + 0,15 m e A + 0,45 m, sendo A um número inteiro de uma dada profundidade, e seu torque medido na profundidade de A + 0,45 m. No DPL mediu-se o torque na profundidade A. O ensaio de PMT foi realizado logo após o avanço do trado na profundidade A - 0,6 m (cota de ensaio no centro da membrana). Tal agrupamento é sujeito a alguma subjetividade de critério, face à diversidade de medidas e a possíveis diferenças no nivelamento inicial da cota de topo de cada ensaio (Figura 4.5). 106 PMT CPT, DMT, DPL SPT-T A+ 0,9 m A + 0,15 m A A - 0,60 m A A A + 0,45 m ∑ Média i = A+ 0,1m Prof. (m) Prof. (m) Prof. (m) Figura 4.5 – Ilustração das profundidades dos ensaios de campo analisadas. 4.4.1. Cone Elétrico (CPT) 4.4.1.1. Campo Experimental da UnB Os resultados dos 17 ensaios de CPT estão apresentados nas Figuras 4.6 a 4.9, sendo qc a resistência de ponta do cone, fs o atrito lateral. qc (MPa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 3 6 9 12 0,0 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 fs (MPa) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 CP1 CP2 CP3 CP4 Figura 4.6 – Resultados de ensaios de CPT – 1ª campanha. 107 fs (MPa) qc (MPa) 3 6 9 12 15 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 18 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 CP5 CP6 CP7 Figura 4.7 – Resultados de ensaios de CPT – 2ª campanha. qc (MPa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 3 6 9 12 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 15 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 fs (MPa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 CP8 CP9 CP10 CP11 CP12 CP13 CP14 Figura 4.8 – Resultados de ensaios de CPT – 3ª campanha. 108 qc (MPa) 3 6 9 12 15 18 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 0,0 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 fs (MPa) 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 CP15 CP16 CP17 Figura 4.9 – Resultados de ensaios de CPT – 4ª campanha. 4.4.1.2. Obra Local Os resultados dos ensaios da obra estão apresentados nas Figuras 4.10 a 4.14. qc (MPa) 3 6 9 12 15 18 21 0,0 0 1 0 1 2 3 2 3 4 5 4 5 6 7 8 9 10 11 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 fs (MPa) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 6 7 8 9 10 11 12 13 12 13 14 15 14 15 CPO1 CPO2 CPO3 CPO4 Figura 4.10 – Resultados de ensaios de CPT da obra (blocos B e C). 109 qc (MPa) 3 6 9 12 15 18 0,0 0 1 0 1 2 3 2 3 4 5 4 5 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 fs (MPa) 6 7 8 9 10 11 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 6 7 8 9 10 11 12 13 12 13 14 15 14 15 CPO5 CPO6 CPO7 CPO8 Figura 4.11 – Resultados de ensaios de CPT da obra (blocos D e E). qc (MPa) 5 10 15 20 25 30 35 40 0,0 0 1 0 1 2 3 2 3 4 5 4 5 6 7 8 9 10 11 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 fs (MPa) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 6 7 8 9 10 11 12 13 12 13 14 15 14 15 CPO9 CPO10 Figura 4.12 – Resultados de ensaios de CPT da obra (bloco F). 110 qc (MPa) 6 12 18 24 30 36 0,0 0 1 0 1 2 3 2 3 4 5 4 5 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 fs (MPa) 6 7 8 9 10 11 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 6 7 8 9 10 11 12 13 12 13 14 15 14 15 CPO11 CPO12 Figura 4.13 – Resultados de ensaios de CPT da obra (blocos G e H). qc (MPa) 5 10 15 20 25 0,0 0 0 2 2 4 4 6 6 8 8 10 12 14 16 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 fs (MPa) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 10 12 14 16 18 18 20 20 22 22 24 24 CPO13 CPO14 CPO15 Figura 4.14 – Resultados de ensaios de CPT da obra (bloco A). 111 4.4.2. Dilatômetro de Marchetti (DMT) 4.4.2.1. Campo Experimental da UnB Devido à rigidez da membrana de aço do DMT e a eventuais imprecisões no sistema de medição, recomenda-se a correção das pressões medidas (Marchetti & Crapps, 1981). Antes da realização dos ensaios, para análise do seu comportamento, as mesmas foram exaustivamente exercitadas em laboratório. Os resultados finais referentes à ciclagem das membranas são apresentados no Apêndice C, Tabela C.9, com os valores de ∆A e ∆B antes e após a realização dos ensaios de DMT. As Figuras 4.15 a 4.22 apresentam as pressões p0 e p1 e os parâmetros intermediários (ED, ID e KD) dos ensaios de DMT realizados no campo experimental. Os valores médios destes parâmetros, calculados nos intervalos de cada metro, são apresentados no Apêndice C. p1 (kPa) p0 (kPa) 200 400 600 0 800 0 1 1 2 2 3 3 4 4 5 6 7 8 9 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 0 800 1600 2400 5 6 7 8 9 10 10 11 11 12 12 13 13 14 14 DM1 DM2 DM3 Figura 4.15 – Pressões p0 e p1 dos ensaios de DMT da 1ª campanha. 112 ID ED (MPa) Profundidade (m) 0 10 20 30 40 50 0 KD 1 10 0 0 0 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 5 6 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 10 11 11 11 12 12 12 13 13 14 14 argila silte areia 1 2 3 4 5 13 14 DM1 DM2 DM3 Figura 4.16 – Módulo dilatométrico ED, índice do material ID e índice da tensão horizontal KD dos ensaios de DMT da 1ª campanha. p1 (kPa) p0 (kPa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 250 500 750 0 1000 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 800 1600 2400 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 DM4 DM5 Figura 4.17 – Pressões p0 e p1 dos ensaios de DMT da 2ª campanha. 113 ID ED (MPa) 0 10 20 30 40 0 50 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Profundidade (m) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 KD 1 argila 10 silte 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 areia DM4 DM5 Figura 4.18 – Módulo dilatométrico ED, índice do material ID e índice da tensão horizontal KD dos ensaios de DMT da 2ª campanha. p1 (kPa) p0 (kPa) 200 400 600 0 800 0 1 0 1 2 3 4 2 3 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 800 1600 2400 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 DM6 DM7 DM8 Figura 4.19 – Pressões p0 e p1 dos ensaios de DMT da 3ª campanha. 114 5 ID ED (MPa) 0 10 20 30 40 50 0 0 1 Profundidade (m) 2 3 4 5 6 7 KD 1 0 10 0 0 1 2 1 2 3 4 3 4 5 6 5 10 11 12 13 14 15 2 3 4 5 6 7 7 8 8 9 1 8 9 9 10 10 11 12 11 12 13 14 13 argila silte areia 15 14 15 DM6 DM7 DM8 Figura 4.20 – Módulo dilatométrico ED, índice do material ID e índice da tensão horizontal KD dos ensaios de DMT da 3ª campanha. p1 (kPa) p0 (kPa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 200 400 600 0 800 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 1000 2000 3000 DM11 DM12 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 DM9 DM10 Figura 4.21 – Pressões p0 e p1 dos ensaios de DMT da 4ª campanha. 115 ID ED (MPa) 0 10 20 30 40 0 50 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Profundidade (m) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 KD 1 argila 0 10 silte areia 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 DM9 DM10 DM11 DM12 Figura 4.22 – Módulo dilatométrico ED, índice do material ID e índice da tensão horizontal KD dos ensaios de DMT da 4ª campanha. 4.4.2.2. Obra Local Os resultados dos três furos de DMT da obra estão apresentados nas Figuras 4.23 e 4.24. p0 (kPa) 400 800 1200 0 0 0 2 2 4 4 6 6 8 10 12 14 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 p1 (kPa) 1000 2000 3000 8 10 12 14 16 16 18 18 20 20 22 22 DMO1 DMO2 DMO3 Figura 4.23 – Pressões p0 e p1 dos ensaios de DMT da obra. 116 ID ED (MPa) 0 10 20 30 40 50 0 KD 1 10 0 0 0 2 2 2 4 4 4 6 6 6 8 8 8 10 10 10 12 12 12 14 14 14 16 16 16 18 18 18 20 20 22 22 Profundidade (m) 0 argila silte areia 1 2 3 4 5 20 22 DMO1 DMO2 DMO3 Figura 4.24 – Módulo dilatométrico ED, índice do material ID e índice da tensão horizontal KD dos ensaios de DMT da obra. 4.4.3. Pressiômetro de Ménard (PMT) – Campo Experimental da UnB A Figura 4.25 apresenta uma curva pressiométrica típica do campo experimental, na profundidade de 7,6 m, ensaio este realizado na 1ª campanha. Nesta curva, observa-se a evolução da expansão do pressiômetro no interior do furo em função da pressão aplicada. Notam-se as três fases características do ensaio: a primeira, da expansão da sonda até seu encontro com a parede do furo, caracterizada por baixas pressões (trecho horizontal AB de recompressão); a segunda, representada pelo trecho BC, aproximadamente retilíneo, em que se verifica a elevação da pressão aplicada sem um correspondente aumento de volume da sonda, na qual o solo se comporta em um regime pseudo-elástico; e finalmente, a terceira, quando atinge-se uma fase plástica a grandes deformações (trecho CD de plastificação). 117 600 D 500 P (kPa) 400 300 C 200 100 A B 0 0 200 400 600 800 1000 3 V (cm ) Figura 4.25 – Curva pressiométrica característica do campo experimental (7,6 m). As Figuras 4.26 a 4.28 apresentam as curvas pressiométricas obtidas para os três ensaios de PMT, realizados no campo experimental. As curvas foram corrigidas (correção de volume e pressão) e removidas do trecho de recompressão até PoM (pressão inicial do tramo pseudo-elástico), ou seja, o ponto de inflexão da curva pressiométrica. 700 0,6 m; ua-uw = 22,2 kPa 1,6 m; ua-uw = 17,1 kPa 600 P (kPa) 500 400 300 2,6 m; ua-uw = 5,7 kPa 3,6 m; ua-uw = 6,0 kPa 4,6 m; ua-uw = 9,0 kPa 5,6 m; ua-uw = 7,9 kPa 6,6 m; ua-uw = 14,3 kPa 200 7,6 m; ua-uw = 16,8 kPa 100 8,6 m; ua-uw = 3,7 kPa 9,6 m; ua-uw = 706,8 kPa 0 0 5 10 15 ∆r/r0 (%) 20 25 Figura 4.26 – Curvas pressiométricas do ensaio PM1 – 1ª campanha. . 118 1000 0,6 m; ua-uw = 773,6 kPa 900 1,6 m; ua-uw = 56,3 kPa 800 P (kPa) 700 600 500 400 2,6 m; ua-uw = 8,6 kPa 3,6 m; ua-uw = 6,0 kPa 4,6 m; ua-uw = 5,1 kPa 5,6 m; ua-uw = 7,7 kPa 6,6 m; ua-uw = 15,4 kPa 300 7,6 m; ua-uw = 16,8 kPa 200 8,6 m; ua-uw = 100 3,8 kPa 9,6 m; ua-uw = 265,1 kPa 0 0 5 10 15 20 25 ∆r/r0 (%) Figura 4.27 – Curvas pressiométricas do ensaio PM2 – 4ª campanha. 1100 0,6 m; ua-uw = 3412,0 kPa 1000 1,6 m; ua-uw = 3209,0 kPa 900 P (kPa) 800 2,6 m; ua-uw = 14,6 kPa 600 3,6 m; ua-uw = 6,0 kPa 500 4,6 m; ua-uw = 6,9 kPa 5,6 m; ua-uw = 11,5 kPa 6,6 m; ua-uw = 18,6 kPa 7,6 m; ua-uw = 42,6 kPa 700 400 300 200 100 0 0 5 10 15 20 ∆r/r0 (%) Figura 4.28 – Curvas pressiométricas do ensaio PM3 – 2ª campanha. 119 4.4.4. Sondagem de Simples Reconhecimento (SPT e SPT-T) 4.4.4.1. Campo Experimental da UnB A Figura 4.29 apresenta os resultados obtidos nos ensaios SPT-T realizados no campo experimental da UnB. No Apêndice C tem-se os valores tabelados de N, Tmáx e Tres. Profundidade (m) 0 8 16 24 Tres (kgf.m) Tmáx (kgf.m) N 32 40 0 0 5 10 15 20 25 30 35 0 0 0 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 5 6 6 6 7 7 7 8 8 8 9 9 9 10 10 10 11 11 11 12 12 12 13 13 13 5 10 15 SP1 SP2 SP4 SP5 20 25 30 SP3 Figura 4.29 – Resultados dos ensaios de SPT-T do campo experimental da UnB. 4.4.4.2. Obra Local Os resultados dos ensaios de SPT realizados na obra estão apresentados na Figura 4.30. Valores tabelados de N podem ser obtidos no Apêndice C. 120 N 0 10 20 30 40 50 60 70 0 2 4 Profundidade (m) 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 SPO1 SPO2 SPO3 Figura 4.30 – Resultados dos ensaios de SPT da obra. 4.4.5. Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) – Campo Experimental da UnB Apresentam-se nas Figuras 4.31 e 4.32 os resultados dos três ensaios de DPL realizados no campo experimental da UnB. N10 0 10 20 30 40 50 0 1 2 Profundidade (m) 3 4 5 6 7 8 9 10 11 DP1 DP2 DP3 Figura 4.31 – Resultados dos ensaios de DPL do campo experimental da UnB. 121 fs (MPa) qc (MPa) 1 2 3 4 5 0,00 0 1 1 2 2 3 3 4 5 6 7 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 0 0,02 0,04 0,06 0,08 4 5 6 7 8 8 9 9 10 10 11 11 DP3 Figura 4.32 – Resistência de ponta (qc) e atrito lateral via torque (fs) do ensaio de DPL. A resistência de ponta (qc) do DPL foi calculada a partir do número de golpes (N10), utilizando a fórmula de energia, proposta por Hiley modificada, e subtraindo-se o atrito lateral (Nilsson, 2002), a qual é dada por: m1 ⋅ g ⋅ h m1 + e 2 ⋅ m2 Pf = a ⋅ k ⋅ ⋅ s m1 + m2 (4.1) Sendo: m1 = 98 N (peso do martelo); m2 = 27 N/m + 60 N (peso das hastes, coxim e ponta); e = 0,70 (coeficiente de impacto); k = 0,80 (coeficiente geral); a = 1 (coeficiente de influência de água - seco); h = 0,50 m (altura de queda do martelo); s = penetração por número de golpes (m/ golpe). 122 O atrito lateral pode ser calculado por (Nilsson, 2002): fs = M res 1/ b + h / c (4.2) fs = atrito lateral na ponteira (kPa); Mres = momento residual de torque medido com o torquímetro (N/m); w = 0,011 m (raio da haste); h = altura da haste em pleno contato com o solo (m); b = 10000 (depende do equipamento; 6000< b < 12000); c =1315. 4.5. INTERFERÊNCIA DA VARIAÇÃO SAZONAL NOS ENSAIOS DE CAMPO Para avaliar a influência da variação sazonal nos resultados dos ensaios de campo, optou-se pela correlação linear entre campanhas. Analisa-se a formação das séries de dados correspondentes aos valores de qc do CPT, p0 do DMT, N e Torque do SPT-T e N10 do DPL para compreender a tendência e a força da relação linear medida pelo coeficiente de correlação r. Utilizou-se o programa STATISTIC WIN, versão 1999. A Tabela 4.5 apresenta a análise da variação do perfil de umidade em diferentes camadas do campo experimental no período de realização dos ensaios. Tabela 4.5 – Coeficientes de correlação dos valores de umidade entre campanhas no trecho de 1 a 8,0 m de profundidade. CAMPANHA (C) 1ª C (chuvosa) 2ª C (seca) 3ª C (chuvosa) 4ª C (seca) 1ª C (chuvosa) 0,90 0,82 0,93 1,00 2ª C (seca) 0,90 0,93 0,95 1,00 3ª C (chuvosa) 0,82 0,93 0,86 1,00 4ª C (seca) 0,93 0,95 0,86 1,00 Pela correlação linear da variação do perfil de umidade entre campanhas realizadas numa mesma estação, verifica-se que o menor coeficiente de correlação (r = 0,82) foi observado entre a 1ª e 3ª campanha (estação chuvosa), estando fora da tendência esperada nesta análise, confirmando o comportamento sazonal da 3ª campanha, conforme exposto no Item 4.3.1, que indica que o perfil de umidade da 3ª campanha (C2), Out/00, tem 123 tendência equivalente aos obtidos nas estações secas. Isto ocorre porque durante o período de realização desta campanha ocorreram poucas e espaçadas chuvas que levaram a uma instabilidade nas camadas I e III. Enquanto que, entre as campanhas realizadas na estação seca tem-se r = 0,95 entre os perfis de umidade da 2ª e 4ª campanhas, indicando que não há grandes variações no perfil de umidade durante estações secas. Constata-se ainda, que entre a 1ª e 2ª campanhas obtém-se r = 0,90, diminuindo a relação entre os perfis de umidade de campanhas realizadas em diferentes estações do ano, ou seja os perfis são efetivamente influenciados pela sazonalidade (Figura 4.33). Figura 4.33 – Correlação linear do perfil de umidade da 1ª e 2ª campanha. O mesmo comportamento em relação a umidade pode ser visto em termos de sucção. As Figuras 4.34 e 4.35 apresentam a correlação linear da sucção matricial normalizada (pF/e) em relação ao índice de vazios, sendo pF o logaritmo da sucção em centímetros de coluna de água, conforme modelo de curva característica transformada proposto por Camapum de Carvalho & Leroueil (2000). Segundo os autores o modelo é importante, do ponto de vista prático, pois, conhecendo-se a curva característica de um solo, determina-se a sua sucção para índices de vazios diferentes, sem que haja necessidade de medir ou acompanhar as variações de sucção do solo. Evidencia-se que na análise do comportamento mecânico dos solos não saturados, a curva característica em função da sua normalização pelo índice de vazios, constituí uma boa ferramenta. 124 Detecta a mesma diminuição da relação entre sucções obtidas de campanhas diferentes; lembra-se que a baixa relação existente entre a 1ª e 3ª campanhas deve-se aos motivos expostos no Item 4.3.1, confirmando mais uma vez que a 3ª campanha tem perfil de sucção similar as campanhas secas. 6 6 r = 0,83 r = 0,89 5 pF/e (4ª campanha) pF/e (2ª campanha) 5 4 3 2 1 0 4 3 2 1 0 0 1 2 3 4 5 6 0 pF/e (1ª campanha) 1 2 3 4 5 6 pF/e (1ª campanha) Figura 4.34 – Correlação linear do perfil de sucção matricial normalizada (pF/e) entre campanhas realizadas em diferentes estações do ano. 6 6 r = 0,94 r = 0,78 5 pF/e (3ª campanha) pF/e (4ª campanha) 5 4 3 2 1 0 4 3 2 1 0 0 1 2 3 4 5 pF/e (2ª campanha) 6 0 1 2 3 4 5 6 pF/e (1ª campanha) Figura 4.35 – Correlação linear do perfil de sucção matricial normalizada (pF/e) entre campanhas realizadas na mesma estação do ano. 4.5.1. Cone Elétrico (CPT) Para os ensaios de CPT realizados no campo experimental, considerando as duas sérias de observações (estação chuvosa versus estação seca), verifica-se que em 63,6% das análises, tem-se valores de r > 0,71 para qc ao longo da profundidade com confiabilidade 125 de 95% (Tabela 4.6). A Figura 4.36 apresenta como exemplo a correlação linear obtida entre os ensaios CP4 (1ª campanha) e CP15 (4ªcampanha). Na avaliação dos valores de qc por campanha, desconsiderando variações sazonais, tem-se valores de r variando entre 0,71 e 0,92, indicando que mesmo entre os ensaios realizados na mesma época, há uma grande variabilidade dos valores de qc, atribuída à variabilidade espacial do campo experimental. Estação Chuvosa Tabela 4.6 – Coeficientes de correlação dos valores de qc do CPT (campo experimental). Estação Seca ENSAIO CP5 CP6 CP7 CP15 CP16 CP17 CP1 0,69 0,72 0,61 0,65 0,81 0,80 CP2 0,90 0,65 0,80 0,73 0,69 0,75 CP3 0,75 0,79 0,80 0,82 0,59 0,70 CP4 0,84 0,82 0,74 0,87 0,80 0,84 CP8 0,76 0,41 0,66 0,87 0,79 0,85 CP9 0,70 0,58 0,65 0,87 0,87 0,92 CP10 0,68 0,42 0,60 0,86 0,72 0,79 CP11 0,59 0,71 0,68 0,82 0,77 0,84 CP12 0,67 0,72 0,57 0,72 0,87 0,90 CP13 0,69 0,59 0,55 0,60 0,74 0,70 CP14 0,65 0,74 0,50 0,75 0,85 0,88 Figura 4.36 – Correlação linear de qc entre CP4 (estação chuvosa) e CP15 (seca). 126 A Figura 4.37 apresenta a correlação linear entre todos os ensaios realizados na 1ª campanha (CP1, CP2, CP3 e CP4) e 4ª campanha (CP15, CP16 e CP17), períodos diferentes em que ocorrem variações sazonais significativas entre os perfis de umidade e sucção do campo experimental (Figura 4.34 e 4.38). Figura 4.37 – Correlação linear de qc entre a 1ª e 4ª campanha. Figura 4.38 – Correlação linear do perfil de umidade da 1ª e 4ª campanha. Na Figura 4.39 tem-se o resultado entre a 1ª campanha e 2ª campanha (CP5, CP6 e CP7), período de estações distintas com variação sazonal significativa, como mostrado nas Figura 4.33 e 4.34. Observa-se que a variação sazonal influencia os valores de qc do CPT, 127 podendo-se verificar nas Figuras 4.37 e 4.39, com coeficiente de correlação r = 0,65, grande dispersão dos resultados ou seja, não há uma relação forte entre as medidas de qc de época seca e chuvosa. Figura 4.39 – Correlação linear de qc entre a 1ª e 2ª campanha. As Figuras 4.40 e 4.41 apresentam a relação das medidas do CPT da 1ª e 2ª campanhas versus a sucção matricial (log kPa) e a normalizada (pF/e) em relação ao índice de vazios, considerando-se os valores de sucção matricial, apresentados na Tabela 4.3, e os resultados médios de qc e fs, apresentados nas Tabelas C.1 e C.2. Sucção (kPa) 1 10 100 Sucção (kPa) 1000 10000 1 5000 r = 0,71 100 1000 10000 3 4 5 r = 0,67 250 fs (kPa) 4000 qc (kPa) 10 300 3000 2000 200 150 100 1000 50 0 0 1 2 3 pF/e 4 5 1 2 pF/e Figura 4.40 – Relação de qc e fs versus pF/e dos ensaios de CPT da 1ª campanha. 128 Sucção (kPa) 1 10 (a)100 1000 Sucção (kPa) 10000 1 5000 100(b) 1000 10000 250 r = 0,49 r = 0,27 4000 200 3000 150 fs (kPa) qc (kPa) 10 2000 100 1000 50 0 0 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 pF/e pF/e Figura 4.41 – Relação de qc e fs versus pF/e dos ensaios de CPT da 2ª campanha. Verifica-se baixa correlação entre a sucção e as medidas de qc e fs do CPT, ou seja, não foi possível obter uma equação confiável entre estes parâmetros, apesar da evidência de dependência do qc e fs em relação a sucção, pois ambos sofrem variações devido a sazonalidade. A Figura 4.42 mostra a repetibilidade dos valores de qc, observando-se interferência sazonal e variabilidade espacial entre ensaios de CPT, sendo esta última tratada no item 4.6. (a) (b) r = 0,65 r = 0,65 Figura 4.42 – Distribuição espacial da correlação linear de qc: (a) entre a 1ª e 4ª campanhas; (b) 1ª e 2ª campanhas. 129 4.5.2. Dilatômetro de Marchetti (DMT) Comparando-se todos os resultados de p0 dos ensaios de DMT realizados no campo experimental, ao longo do ano, em duas séries de observações, resultados dos ensaios na estação chuvosa versus estação seca, observa-se que em 97 % os valores r > 0,71 para uma regressão com 95 % de confiabilidade (Tabela 4.7), representando uma melhor resposta dos resultados quando comparados com os obtidos pelo CPT. Como por exemplo, a Figura 4.43 mostra a relação entre os ensaios DM1 e DM4, realizados em estações distintas, neste caso com r = 0,96. Estação Chuvosa Tabela 4.7 – Coeficientes de correlação dos valores de p0 do DMT – campo experimental. ENSAIO Estação Seca DM4 DM5 DM9 DM10 DM11 DM12 DM1 0,96 0,87 0,86 0,82 0,75 0,91 DM2 0,80 0,91 0,83 0,92 0,95 0,88 DM3 0,91 0,94 0,91 0,93 0,89 0,97 DM6 0,92 0,92 0,91 0,89 0,84 0,95 DM7 0,72 0,78 0,69 0,82 0,91 0,70 DM8 0,89 0,88 0,86 0,88 0,87 0,90 Figura 4.43 – Correlação linear de p0 entre DM1 (estação chuvosa) e DM4 (seca). A Figura 4.44 apresenta a correlação linear entre ensaios realizados na 1ª campanha (DM1, DM2 e DM3) e 4ª campanha (DM9, DM10, DM11 e DM12), período com grande interferência sazonal no perfil de umidade do campo experimental. Na Figura 4.45 tem-se 130 o resultado entre a 1ª campanha e a 2ª campanha (DM4 e DM5), período de menor interferência sazonal. Nos dois casos é possível evidenciar diferenças significantes na relação de p0 em decorrência da sazonalidade. Figura 4.44 – Correlação linear de p0 entre a 1ª e 4ª campanha. Figura 4.45 – Correlação linear de p0 entre a 1ª e 2ª campanha. Comparando-se todas as combinações de ensaios de DMT por campanha, e desconsiderando a interferência das variações sazonais, ou seja estação chuvosa com chuvosa e estação seca com seca, obtém-se valores de r na faixa de 0,74 - 0,93, indicando a 131 ocorrência da influência de variabilidade espacial dos valores de p0 de ensaios realizados numa mesma campanha. A Figura 4.46 apresenta a relação de p0 com a sucção matricial normalizada. Observa-se uma menor dispersão dos resultados dilatométricos em relação aos de conepenetrometria, e uma tendência mais significativa de relação entre a sucção e o parâmetro dilatométrico p0 quando comparado com as relações de sucção e medidas de qc e fs do CPT. Sucção (kPa) 1 10 100 Sucção (kPa) 1000 10000 1 800 r = 0,82 100 1000 10000 r = 0,89 600 p0 (kPa) 600 p0 (kPa) 10 800 400 200 400 200 1ª campanha 2ª campanha 0 0 1 2 3 4 5 1 pF/e 2 3 4 5 pF/e Figura 4.46 – Relação entre p0 versus pF/e dos ensaios de DMT das 1ª e 2ª campanhas. Apresenta-se na Figura 4.47 a distribuição espacial das Figuras 4.44 e 4.45, onde demonstra-se que as variações existentes entre ensaios dilatométricos de campanhas diferentes e de uma mesma campanha são influenciados pela variabilidade sazonal e espacial dos parâmetros dilatométricos (heterogeneidade natural ou gênese). Estas variações também podem ser influenciadas por outros fatores, como a imprecisão das leituras e a anisotropia do solo. Neste sentido vale ressaltar que Cunha & Mota (2000) já apresentaram um estudo da variabilidade estratigráfica a partir de resultados de DMT. No entanto, realizar correlação linear entre medidas não quantifica a variabilidade espacial dos ensaios de campo, sendo necessário a utilização de metodologias estatísticas para aprofundar o estudo. Anjos (1999) utilizou escala de flutuação e função de auto correlação para análise da variabilidade espacial dos ensaios de CPTU, PMT (Ménard e auto-perfurante) e palheta realizados na Baixada Santista. 132 (a) r = 0,38 (b) r = 0,80 Figura 4.47 – Distribuição espacial da correlação linear de p0 entre a 1ª e 4ª campanhas (a) e 1ª e 2ª campanhas (b). 4.5.3. Sondagem de Simples Reconhecimento com medida de Torque (SPT-T) Guimarães (2002) e Camapum de Carvalho et al. (2001) relacionaram a sucção matricial apresentada na Tabela 4.3 com os resultados de SPT apresentados no Apêndice C (Tabela C.16). A Figura 4.48 apresenta a relação entre N versus sucção matricial (pF e log kPa) e ainda, a relação N com a sucção matricial normalizada (pF/e) em relação ao índice de vazios, confirmando-se que não há tendência definida de variação do parâmetro N com a sucção matricial (pF), no entanto, o mesmo apresenta tendência de aumento com o valor de pF/e. Segundo Camapum de Carvalho et al. (2001) esta constatação é importante, pois deixa claro que a análise do comportamento mecânico de solos não saturados em função da sucção normalizada constitui uma ferramenta importante. Já em relação ao torque, verificase uma maior dispersão dos resultados e a inexistência de correlação com a sucção matricial, comportamento esperado, pois enquanto o SPT é realizado sobre a amostra intacta, o toque é realizado sobre amostra já rompida, ou seja, a sucção considerada já não representa o estado do solo no contato metal/solo (Figura 4.49). 133 1 10 Sucção (kPa) 100 1000 10000 1 21 10 Sucção (kPa) 100 1000 10000 21 y = 2,1069x + 0,6487 R2 = 0,1371 18 y = 5,2071x - 4,2908 R2 = 0,5832 18 12 12 N 15 N 15 9 9 6 6 3 3 0 0 1 2 SP1 3 pF 4 SP2 1 5 2 SP4 SP3 3 pF/e 4 5 SP5 Figura 4.48 – Relação entre N versus pF e PF/e (modificado - Guimarães, 2002). Sucção (kPa) 1 10 100 Sucção (kPa) 1000 10000 1 35 y = 1,5703x + 4,1569 R2 = 0,0406 30 100 1000 10000 4 5 y = 4,9303x - 1,4886 R2 = 0,2785 30 25 Torque (kgf m) Torque (kgf m) 10 35 20 15 10 5 25 20 15 10 5 0 0 1 SP1 2 3 pF SP2 4 5 SP3 1 2 SP4 3 pF/e SP5 Figura 4.49 – Relação entre torque versus pF e PF/e (modificado - Guimarães, 2002). As Figuras 4.50 e 4.51 apresentam as medidas de N e torque do SPT-T correlacionadas entre campanhas realizada em épocas distintas. Observa-se que não há boa repetibilidade entre as medidas, que são afetados pelo estado do solo não saturado no momento do ensaio, pela gênese e metodologia de ensaio. Porém, mais ensaios precisam ser realizados para quantificar a importância desta variabilidade. 134 20 30 r = 0,96 r = 0,85 Torque (Kgf .m) - SP2 N - SP2 16 12 8 4 0 24 18 12 6 0 0 4 8 12 16 20 0 6 12 18 24 30 Torque (kgf.m) - SP1 N - SP1 Figura 4.50 – Correlação de N e torque dos ensaios de SPT-T das 1ª e 4ª campanhas (modificado – Guimarães, 2002). 30 20 r = 0,69 r = 0,60 Torque (kgf.m) - SP3 N - SP3 16 12 8 4 24 18 12 6 0 0 0 4 8 12 N - SP1 16 20 0 6 12 18 24 30 Torque (kgf.m) - SP1 Figura 4.51 – Correlação de N e torque dos ensaios de SPT-T das 1ª e 2ª campanhas (modificado – Guimarães, 2002). Observa-se na Figura 4.52, comparação dos ensaios SP1 e SP5, realizados na estação chuvosa, com intervalo de 1 ano, que não há repetibilidade das medidas de N e do Torque do SPT-T, apesar da quantidade de dados ser insuficiente para uma análise mais acurada. 135 20 25 r = 0,88 r = 0,66 Torque (kgf.m) - SP5 N - SP5 16 12 8 4 0 20 15 10 5 0 0 4 8 12 16 20 0 5 N - SP1 10 15 20 25 Torque (kgf.m) - SP1 Figura 4.52 – Correlação de N e toque dos ensaios de SPT-T referentes a 1ª campanha (modificado – Guimarães, 2002). 4.5.4. Penetrômetro Dinâmico Leve (DPL) Na Figura 4.53, onde correlacionam-se três ensaios de DPL em diferentes campanhas, observa-se comportamento similar ao ensaio SPT-T, com pouca repetibilidade da medida N10. 30 r = 0,85 N10 (3ª campanha) 24 18 12 6 0 0 6 12 18 24 30 N10 (2ª campanha) Figura 4.53 – Correlação de N10 dos ensaios de DPL das 2ª e 3ª campanhas. 136 4.6. TESTES DE KOLMOGOROV-SMIRNOV E QUI-QUADRADO Compreendendo um pouco da variabilidade espacial dos ensaios de CPT realizados no campo experimental e na obra, histogramas dos dados de qc (Figuras 4.54 a 4.57) foram ajustados para as distribuições: Normal, Log-normal, Exponencial e Gamma. As Tabelas 4.8 a 4.15 mostram os resultados do ajuste de curva, com os testes K-S e χ2, para cada ensaio de CPT e a distribuição que melhor se ajustou, ressaltada em negrito. Para o teste K-S calcula-se a diferença máxima DN com a Equação 2.28 e a probabilidade P com a Equação 2.39. No teste χ2 calcula-se a probabilidade P para o valor de χ2 observado, sendo df igual aos graus de liberdade (Equação 2.26). A distribuição de probabilidade com maior probabilidade de teste P, ou menor valor de DN ou χ2 é escolhida como a distribuição de probabilidade que melhor se ajusta aos dados medidos. 4.6.1. Campo Experimental da UnB Apresentam-se, a seguir, os resultados dos testes K-S e χ2 dos ensaios de CPT realizados no campo experimental (Tabelas 4.8 a 4.11 e Figuras 4.54 e 4.55). Tabela 4.8 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da 1ª campanha no campo experimental. K-S χ2 Ensaio Distribuição 2 DN df P P χ 0,158 < 0,01 100,236 18 0 Normal Log-normal 0,174 < 0,01 158,191 15 0 CP1 Exponencial 0,204 < 0,01 250,645 16 0 Gamma 0,171 < 0,01 120,585 17 0 Normal 0,152 < 0,01 93,906 6 0 Log-normal 0,150 < 0,01 36,834 5 0,0000007 CP2 < 0,15 28,879 6 0,0000644 Exponencial 0,109 Gamma 0,130 < 0,05 31,702 5 0,0000068 Normal 0,129 < 0,05 33,282 5 0,0000007 Log-normal 0,108 < 0,15 6,089 5 0,2976000 CP3 Exponencial 0,143 < 0,05 21,851 6 0,0012913 0,057 n.s. 5,6424 4 0,2275171 Gamma Normal 0,203 < 0,01 100,953 5 0 Log-normal 0,156 < 0,01 45,335 4 0 CP4 Exponencial 0,145 < 0,01 38,132 6 0,0000011 0,137 < 0,05 39,320 4 0,0000001 Gamma 137 Tabela 4.9 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da 2ª campanha no campo experimental. K-S χ2 Ensaio Distribuição df DN P P χ2 Normal 0,165 < 0,01 56,370 7 0 Log-normal 0,123 < 0,05 23,565 6 0,0006295 CP5 Exponencial 0,199 < 0,01 17,802 7 0,0129106 0,118 < 0,10 12,949 5 0,0238799 Gamma Normal 0,111 < 0,10 20,183 4 0,0004606 Log-normal 0,073 n . s. 14,272 5 0,0139819 CP6 Exponencial 0,120 < 0,05 27,236 7 0,0003033 0,053 n. s. 9,528 5 0,0898069 Gamma Normal 0,208 < 0,01 54,105 7 0 0,050 n. s. 21,979 7 0,0025600 Log-normal CP7 Exponencial 0,079 n. s. 27,949 8 0,0004860 Gamma 0,099 < 0,15 24,216 7 0,0010471 Tabela 4.10 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da 3ª campanha no campo experimental. K-S χ2 Ensaio Distribuição DN df P P χ2 Normal 0,190 < 0,01 117,000 7 0 0,172 < 0,01 34,400 5 0,000002 Log-normal CP8 Exponencial 0,190 < 0,01 88,615 8 0 Gamma 0,154 < 0,05 79,009 7 0 Normal 0,224 < 0,01 131,746 7 0 0,148 < 0,05 41,628 6 0,000002 Log-normal CP9 Exponencial 0,202 < 0,01 60,303 7 0 Gamma 0,158 < 0,01 61,926 7 0 0,240 < 0,01 51,128 4 0 Normal Log-normal 0,183 < 0,01 74,460 4 0 CP10 Exponencial 0,154 < 0,01 56,896 6 0 Gamma 0,213 < 0,01 66,236 4 0 0,162 < 0,01 21,154 4 0,0002960 Normal Log-normal 0,190 < 0,01 65,730 5 0 CP11 Exponencial 0,182 < 0,01 63,117 7 0 Gamma 0,160 < 0,01 43,206 5 0 0,130 < 0,05 27,581 6 0,0001131 Normal Log-normal 0,189 < 0,01 70,508 7 0 CP12 Exponencial 0,175 < 0,01 78,247 8 0 Gamma 0,179 < 0,01 46,318 6 0 0,122 < 0,05 29,499 5 0,0000186 Normal Log-normal 0,160 < 0,01 99,364 6 0 CP13 Exponencial 0,140 < 0,01 75,507 6 0 Gamma 0,103 < 0,10 64,885 4 0 Normal 0,178 < 0,01 104,115 7 0 Log-normal 0,144 < 0,01 45,860 6 0 CP14 < 0,10 25,551 8 0,0012567 Exponencial 0,101 Gamma 0,113 < 0,10 32,056 6 0,0000160 138 Tabela 4.11 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da 4ª campanha no campo experimental. K-S χ2 Ensaio Distribuição df DN P P χ2 0,168 < 0,01 34,260 4 0,0000007 Normal Log-normal 0,110 < 0,10 64,108 4 0 CP15 Exponencial 0,110 < 0,10 54,964 6 0 Gamma 0,108 < 0,10 47,974 4 0 Normal 0,115 < 0,05 113,363 10 0 0,126 < 0,05 39,976 10 0,0000172 Log-normal CP16 Exponencial 0,128 < 0,01 71,640 12 0 Gamma 0,084 < 0,20 51,700 11 0,0000003 Normal 0,170 < 0,01 0 0,040 n. s. 0 Log-normal CP17 Exponencial 0,041 n. s. 0 Gamma 0,041 n. s. 0 - Figura 4.54 – Histograma e ajuste de curva dos dados de qc do ensaio CP13. 139 Figura 4.55 – Histograma e ajuste de curva dos dados de qc do ensaio CP14. Na análise dos resultados obtidos nas campanhas obtém-se a mesma distribuição de probabilidade quanto mais próximo tenham sido realizados os ensaios de CPT. Na 1ª campanha os ensaios CP3 e CP4, distantes 0,8 m, ajustam-se com a distribuição Gamma; na 3ª campanha tem-se um maior número de ensaios realizados próximos entre si, sendo a distância máxima entre eles de 2,4 m, obtendo-se neste caso distribuições Normal e Log-normal. Na 4ª campanha os ensaios CP16 e CP17, distantes 0,9 m, têm distribuição Normal. Apesar dos ensaios da 2ª campanha terem sido realizados distantes entre si (distância média de 14,0 m), ainda assim obteve-se a distribuição Gamma para os ensaios CP5 e CP6. Esta análise contempla, numa tentativa inicial, verificar a variabilidade espacial dos ensaios de CPT executados no campo experimental, sendo possível constatar que os resultados sofrem influência não só da variação sazonal mas também da distribuição espacial das sondagens, pois dentro de uma mesma campanha têm-se distribuições de probabilidade diferentes. Recomenda-se um estudo mais aprofundado mediante a utilização de ferramentas estatísticas mais avançadas, tipo teste de hipótese que possibilite avaliar de forma mais adequada amostras distintas. 4.6.2. Obra Local As Tabelas 4.12 a 4.15 mostram os resultados de ajuste de curva com os testes K-S e χ2 dos ensaios de CPT realizados na obra (Figuras 4.56 e 4.57). Nas análises obtém-se as 140 distribuições Log-normal e Gamma sendo a variabilidade espacial definida de acordo com a locação dos furos de sondagens por blocos. Considera-se de excelente qualidade os ajustes de curva obtidos nos ensaios. Tabela 4.12 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da obra (blocos B e C). K-S χ2 Ensaio Distribuição df DN P P χ2 Normal 0,204 < 0,01 28,355 1 0,0000001 0,174 < 0,01 0 Log-normal CPO1 Exponencial 0,217 < 0,01 18,677 2 0,0000882 Gamma 0,180 < 0,01 0 Normal 0,264 < 0,01 23,424 4 0,0001045 0,120 < 0,10 1,129 1 0,2880292 Log-normal CPO2 Exponencial 0,224 < 0,01 6,282 4 0,1790744 Gamma 0,119 < 0,10 6,826 3 0,0776696 Normal 0,280 < 0,01 17,357 1 0,0000311 0,194 < 0,01 0 Log-normal CPO3 Exponencial 0,202 < 0,01 4,133 2 0,1266159 Gamma 0,230 < 0,01 5,837 1 0,0157002 Normal 0,297 < 0,01 47,912 4 0 0,205 < 0,01 36,474 3 0,0000001 Log-normal CPO4 Exponencial 0,267 < 0,01 42,338 4 0 Gamma - Tabela 4.13 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da obra (blocos D e E). K-S χ2 Ensaio Distribuição DN df P P χ2 Normal 0,174 < 0,01 16,629 2 0,0002455 Log-normal 0,158 < 0,01 18,690 3 0,0003175 CPO5 Exponencial 0,176 < 0,01 15,185 4 0,0043390 0,133 < 0,05 11,372 3 0,0098799 Gamma Normal 0,270 < 0,01 38,897 2 0 Log-normal 0,133 < 0,05 13,555 1 0,0002320 CPO6 Exponencial 0,182 < 0,01 24,096 3 0,0000240 0,128 < 0,05 10,910 1 0,0009573 Gamma Normal 0,161 < 0,01 23,891 4 0,0000843 Log-normal 0,123 < 0,05 18,248 4 0,0011060 CPO7 Exponencial 0,124 < 0,05 17,774 6 0,0068322 0,128 < 0,05 15,801 4 0,0033029 Gamma Normal 0,193 < 0,01 18,274 4 0,0010931 Log-normal 0,125 < 0,05 11,823 4 0,0187337 CPO8 Exponencial 0,142 < 0,05 7,217 5 0,2050361 0,127 < 0,05 13,864 4 0,0077481 Gamma 141 Tabela 4.14 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da obra (blocos F, G e H). K-S χ2 Ensaio Distribuição df DN P P χ2 Normal 0,247 < 0,01 59,701 9 0 0,073 n. s. 25,297 5 0,0001225 Log-normal CPO9 Exponencial 0,115 < 0,10 27,427 7 0,0002803 Gamma 0,128 < 0,05 26,043 6 0,0002194 Normal 0,412 < 0,01 37,805 1 0 0,204 < 0,01 0 Log-normal CPO10 Exponencial 0,428 < 0,01 19,839 1 0,0000085 Gamma Normal 0,267 < 0,01 25,092 1 0,0000005 0,216 < 0,01 5,233 1 0,0221676 Log-normal CPO11 Exponencial 0,267 < 0,01 11,968 2 0,0025212 Gamma Normal 0,320 < 0,01 45,380 4 0 0,105 < 0,20 7,579 1 0,0059082 Log-normal CPO12 Exponencial 0,212 < 0,01 23,044 3 0,0000397 Gamma - Tabela 4.15 – Resultados dos testes de ajuste não paramétricos (K-S e χ2) dos dados de qc da obra (bloco A). K-S χ2 Ensaio Distribuição df DN P P χ2 Normal 0,192 < 0,01 65,045 6 0 Log-normal 0,126 < 0,01 36,238 7 0,0000066 CPO13 Exponencial 0,130 < 0,01 46,984 8 0,0000002 0,085 < 0,01 29,434 6 0,0000506 Gamma Normal 0,150 < 0,01 46,570 5 0 Log-normal 0,078 < 0,01 14,127 5 0,0148358 CPO14 Exponencial 0,211 < 0,01 45,295 6 0 0,093 < 0,01 10,626 4 0,0311000 Gamma Normal 0,228 < 0,01 155,941 7 0 Log-normal 0,136 < 0,01 65,923 6 0 CPO15 Exponencial 0,153 < 0,01 93,733 8 0 0,116 < 0,01 61,535 6 0 Gamma 142 Figura 4.56 – Histograma e ajuste de curva dos dados de qc do ensaio CPO2. Figura 4.57 – Histograma e ajuste de curva dos dados de qc do ensaio CPO5. 143 4.7. ANÁLISE GLOBAL O modelo de transformação da curva característica de solos tropicais e de normalização da sucção em relação ao índice de vazios, proposta por Camapum de Carvalho & Leroueil (2000), para análise do comportamento mecânico de solos não saturados, é uma importante ferramenta no estudo da variabilidade sazonal. Não há, ainda, uma equação que correlacione a sucção matricial e as medidas do SPT-T. O ensaio de DMT é o que apresenta correlação mais significativa com a sucção matricial quando comparado com o CPT e o DPL, porém não se obteve um bom ajuste entre estas medidas que possibilitasse a definição de relação (equação) com a sucção. O ensaio de CPT é sensível às variações sazonais devido a própria sensibilidade do equipamento e ao elevado número de observações medidas (dados quase que continuamente). Já o ensaio de DMT também é capaz de registrar a variabilidade sazonal, porém com menor precisão. Portanto, torna-se evidente que o ensaio de CPT é um recurso apropriado para avaliar a variabilidade de comportamento do solo, seja em função da sazonalidade ou da variabilidade espacial das medidas. As medidas obtidas através de ensaios de SPT-T são em parte afetadas pelo estado do solo não saturado. Devido a pouca quantidade de medidas (baixa repetibilidade) tornase necessário um número maior de ensaios para quantificar esta influência, pois outros fatores podem estar mascarando esta variação, como, por exemplo: o mecanismo de ensaio (com pouca repetibilidade), falta de padronização e o erro humano. Entende-se que fazer média entre ensaios para analisar ou dimensionar um projeto geotécnico não é aconselhável para ensaios de CPT e DMT. Para dirimir erros grosseiros, deve-se utilizar ensaios próximos das estruturas geotécnicas a serem projetadas. No campo experimental, distâncias entre ensaios superiores a 10,0 m para o CPT e 18,0 m para o DMT apresentaram baixa correlação estatística. Há que se ter cautela na estimativa de parâmetros geotécnicos obtidos via ensaios de CPT e DMT nos três primeiros metros e no dimensionamento de fundações superficiais em solos não saturados, pois, comprovou-se um aumento de até 260% para o CPT e de 210% para o DMT nestas camadas, em ensaios realizados em diferentes estações do ano. Finalmente, pode-se concluir que ensaios de campo realizados em solos não saturados sofrem influência direta da variabilidade sazonal (sucção) e espacial (gênese). Estas variações interferem na avaliação de parâmetros geotécnicos, seja por retroanálises de provas de carga e/ou por estimativa via ensaios de campo (Capítulos 5 e 6). 144 CAPÍTULO 5 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS PROVAS DE CARGA Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos através da realização de cinco provas de carga lentas, em estacas escavadas, realizadas no campo experimental da UnB e duas provas de carga, em estaca escavada e tubulão, realizadas na obra. As provas de carga serão analisadas de acordo com a estação do ano (variação sazonal), ressaltando-se os principais fatos observados em cada teste. No Apêndice F são apresentados os dados básicos medidos em campo, visando facilitar interpretações futuras por outros autores. Na seqüência apresentam-se os resultados da aplicação dos métodos de extrapolação das curvas carga-deslocamento do topo e métodos de previsão de capacidade de carga e recalque. Ainda no presente capítulo são feitas previsões do comportamento das fundações e suas comparações com os valores medidos, levando-se em conta a variabilidade sazonal. Este trabalho consiste, ainda, na determinação dos valores e da distribuição dos parâmetros de resistência (c e φ) e dos módulos de elasticidade com a profundidade dos maciços de solo estratificados através de retroanálises das provas de carga. Estes parâmetros obtidos servem como dados comparativos para os obtidos através dos ensaios de campo e de laboratório a serem apresentados no Capítulo 6. Nas retroanálises e previsões utilizaram-se o programa GEOFINE, versão 4.0, método numérico simplificado e o programa de elementos finitos PLAXIS, versão 7.1. 145 5.1. ANÁLISE DAS CURVAS CARGA-DESLOCAMENTO Neste item são apresentadas e analisadas as curvas carga-deslocamento do topo obtidas nas provas de carga, bem como as cargas de ruptura e recalques mediante métodos de extrapolação. Nas provas de carga referentes às estacas E3, E4 e E5 foram feitos ajustes descontando-se as deformações iniciais de acomodação do sistema, pois como os extensômetros foram posicionados sob uma placa de distribuição entre a cabeça da estaca e o macaco, houve inicialmente um micro esmagamento entre a placa e cabeça da estaca. Lembra-se que em função do pequeno diâmetro da estaca (30cm) e da base do macaco, aproximadamente com a dimensão da estaca, tornou-se impossível à instalação dos extensômetros diretamente sob a cabeça da estaca, o que forçou a utilização dessa placa. O ajuste no trecho inicial da curva carga-deslocamento foi feito a partir de uma reta passando pelos cinco pontos iniciais da curva (trecho linear). As curvas das estacas E3, E4 e E5 foram rebatidas 0,3 mm, 1,1 mm e 0,5 mm, respectivamente. As Figuras 5.1 a 5.3 apresentam as curvas carga-deslocamento obtidas nas provas de carga das estacas E3, E4 e E5 e a nova curva ajustada. Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 1 Recalque (mm) 2 3 4 5 6 7 8 Experimental Experimental adotado Figura 5.1 – Curva carga-deslocamento corrigida – Estaca 3 (E3). 146 Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 1 2 Recalque (mm) 3 4 5 6 7 8 9 10 Experimental Experimental adotado Figura 5.2 – Curva carga-deslocamento corrigida – Estaca 4 (E4). Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 2 Recalque (mm) 4 6 8 10 12 14 Experimental Experimental adotado Figura 5.3 – Curva carga-deslocamento corrigida – Estaca 5 (E5). A Tabela 5.1 e as Figuras 5.4 a 5.10 apresentam os resultados obtidos em cada prova de carga e as cargas de ruptura previstas a partir dos métodos de extrapolação de ruptura convencional, segundo a NBR-6122 (ABNT, 1996), método de Van der Veen 147 (1953), método de Chin (1970), método de Décourt (1999) e o método de Mazurkiewicz (1972). Maiores detalhes sobre os métodos de extrapolação podem ser obtidos no Apêndice D. Tabela 5.1 – Características das fundações e resultados obtidos nas prova de carga. Carga de Ruptura (kN) L Pmáx δmáx φ Data Estaca (kN) (mm) A B C D E (m) (m) E1 0,30 7,65 Fev 2000 270 16,10 262 270 294 300 254 E2 0,30 7,25 Ago 2000 300 3,82 360 500 520 310 E3 0,30 7,80 Out 2001 270 4,85 270 322 321 268 E4 0,30 7,30 Mar 2001 210 5,72 260 370 370 300 E5 0,30 7,85 Jun 2000 270 8,92 310 416 398 330 E6 0,30 9,00 Abril 2001 500 53,14 370 505 526 562 520 T1 1,50* 7,60 Abril 2001 900 7,33 1000 1111 1170 1000 Legenda: φ = diâmetro do fuste/base* do elemento de fundação, em metros; L = comprimento do elemento de fundação, em metros; Pmáx = carga máxima aplicada na prova de carga, em kN; δmáx = recalque máximo obtido na prova de carga, em milímetros; A = ruptura convencional NBR-6122 (ABNT, 1996) (item 7.2.2.3); B = método de Van der Veen ( 1953); C = método de Chin (1970); D = método de Décourt (1999); E = método de Mazurkiewicz (1972). Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 Recalque (mm) 4 8 12 16 20 24 28 32 Prova de carga Van der Veen (1953) Chin (1970) Décourt (1999) Figura 5.4 – Curva carga-deslocamento – Estaca 1 (E1). 148 Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 0 1 Recalque (mm) 2 3 4 5 6 7 8 Prova de carga Van der Veen (1953) Chin (1970) Décourt (1999) Figura 5.5 – Curva carga-deslocamento – Estaca 2 (E2). Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 Recalque (mm) 1 2 3 4 5 6 7 8 Prova de carga Van der Veen (1953) Chin (1970) Décourt (1999) Figura 5.6 – Curva carga-deslocamento – Estaca 3 (E3). 149 Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 300 330 0 Recalque (mm) 2 4 6 8 10 12 Prova de carga Van der Veen (1953) Chin (1970) Décourt (1999) Figura 5.7– Curva carga-deslocamento – Estaca 4 (E4). Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 0 2 Recalque (mm) 4 6 8 10 12 14 16 18 Prova de carga Van der Veen (1953) Chin (1970) Décourt (1999) Figura 5.8 – Curva carga-deslocamento – Estaca 5 (E5). 150 Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 0 16 24 32 40 48 56 64 Prova de carga Van der Veen (1953) Chin (1970) Décourt (1999) Figura 5.9 – Curva carga-deslocamento – Estaca 6 (E6). Carga aplicada (kN) 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 0 2 4 Recalque (mm) Recalque (mm) 8 6 8 10 12 14 16 18 20 Prova de carga Van der Veen (1953) Chin (1970) Décourt (1999) Figura 5.10 – Curva carga-deslocamento – Tubulão (T1). 151 Segundo Décourt et al. (1996) a ruptura convencional é definida como a carga correspondente ao recalque do topo da estaca de 10% do seu diâmetro. Analisando as curvas carga-deslocamento, obtidas nas provas de carga realizadas no campo experimental, constata-se que as estacas não atingiram a ruptura segundo este critério, já que o deslocamento máximo foi de 5,3% do diâmetro. Também não houve ruptura estrutural como indicado por ensaios PIT antes e após as provas de carga, conforme Apêndice I. Seguindo o mesmo critério nos ensaios realizados na obra observa-se que a estaca E6 rompe com 450 kN chegando a atingir um deslocamento final de 17,7 % do diâmetro, enquanto que o tubulão não atingiu a ruptura, deslocando somente 1,22 % do diâmetro do fuste. Associando o deslocamento necessário para a total mobilização do atrito lateral ao diâmetro da estaca, Décourt et al. (1996) recomendou um intervalo de 1 a 3% do diâmetro para deslocamento axial, em solos granulares. Seguindo este critério constata-se que todas as estacas ensaiadas provavelmente tiveram todo o atrito lateral mobilizado, conforme se observa na instrumentação da estaca E1, que será mostrada no Item 5.4.3. A Figura 5.11 apresenta a variação das cargas de ruptura extrapoladas pelos métodos gráficos em função da variação sazonal, pela umidade média na camada I, nos três primeiros metros, zona de maior bioturbação. Os resultados são apresentados a partir da época mais seca. 550 Carga de ruptura (kN) chuvosa seca 500 450 400 350 300 250 200 E2 E5 E4 E1 E3 Fundações do Campo Experimental Van der Veen (1953) Chin (1970) Décourt (1999) Mazurkiewiczs (1972) Figura 5.11 – Cargas de ruptura extrapoladas em função da variação sazonal. 152 Pelos métodos de Van der Veen (1953) e Mazurkiewicz (1972) tem-se o limite inferior enquanto que pelos métodos de Chin (1970) e Décourt (1999) limite superior. As maiores diferenças entre as cargas de ruptura extrapoladas no período seco ocorreram devido a um menor nível de deformabilidade das fundações ensaiadas, com coeficiente de variação (desvio padrão sobre a média) de 24,5 %, ao contrário do período chuvoso, em que ocorreram as maiores deformabilidades e conseqüentemente um menor coeficiente de variação de 7,6 %. Vianna & Cintra (2000), preocupados em analisar a aplicabilidade do método de Van Der Veen (1953) propuseram um critério de extrapolação, a partir de 34 provas de carga estáticas realizadas em estacas pré-moldadas cravadas na cidade de Curitiba, sendo quatro das provas de carga conduzidas até a ruptura. O método foi desenvolvido considerando que as provas de carga levadas à ruptura tivessem sido interrompidas em diferentes estágios do ensaio com o objetivo de verificar se os valores obtidos para a carga de ruptura, através da extrapolação, aproximavam-se do valor experimental. Através da comparação dos valores de provas de carga, estes autores deduziram o seguinte critério para garantir uma boa extrapolação da curva: variação máxima de 10% (em módulo) nos valores de carga última de Van der Veen (1957) obtidos em dois estágios consecutivos garantiria um erro máximo de 11% (em módulo) em relação ao valor experimental da carga última. Inicialmente, para validar a aplicabilidade do método, adota-se este critério para E6 (estaca levada à ruptura) em três estágios consecutivos (do antepenúltimo ao último). Obtém-se a variação máxima de 8,9% nos valores de carga última de Van der Veen (1957). Em seguida, aplicando-se o critério às outras seis provas de carga, verifica-se que os resultados conduziram a variações aceitáveis de no máximo 3,8% (em módulo) para os dois últimos estágios de carga. Essas conclusões devem ser consideradas somente para a região estudada, sendo desejável a análise de um número maior de provas de carga conduzidas à ruptura para aprimorar o critério. A Tabela 5.2 apresenta os resultados obtidos pelo método de Van der Veen (Pu) considerando interrupção da prova de carga nos dois últimos estágios, a variação entre eles (∆Pu) e a deformação em relação ao diâmetro da estaca. 153 Tabela 5.2 – Variação da carga última de Van der Veen para os dois últimos estágios e porcentagem de recalques. Fundação ensaiada E1 E2 E3 E4 E5 E6 T1 P – ensaio (kN) 240 270 240 180 240 480 750 Penúltimo Pu – Van der Veen (kN) 260 370 270 270 310 490 1000 estágio Recalque (%) 2,00 0,97 0,84 1,37 2,14 12,91 0,69 P – ensaio (kN) 270 300 270 210 270 500 900 Pu – Van der Veen (kN) 270 360 270 260 310 505 1000 Último Recalque (%) 5,33 1,27 1,62 1,91 2,97 17,71 1,22 estágio 3,8 -2,7 0,0 -3,7 0,0 3,1 0,0 ∆Pu (%) Ao discutir o problema dos ensaios encerrados prematuramente, cabem alertas do tipo: “o critério de Van der Veen é aplicável somente quando o ensaio atinge pelo menos dois terços da carga de ruptura” (Décourt & Niyama, 1994), pois não há meio de assegurar, para uma prova de carga não rompida, qual a proporção da carga de ruptura. No processo de extrapolação de prova de carga tem-se uma maior convergência dos métodos quanto mais próxima a estaca estiver da ruptura, estacas estas com elevadas deformabilidades, como é o caso de E1 (16,1 mm) e E6 (53,14 mm) que apresentaram diferenças máximas de carga de ruptura extrapoladas entre os métodos de 18% e 11%, respectivamente. Ao contrário das estacas E2 (3,82 mm), E4 (5,72 mm) e E5 (8,92 mm), onde tem-se uma diferença de previsão de carga de ruptura de até 67% pelos métodos aqui analisados. Nesta interpretação não se considera a estaca E3 reensaiada, pois esta teve um deslocamento residual de 6,77 mm no primeiro ensaio, e pelos problemas associados de reensaio como carga residual e quebra da estrutura de solo no contato com o fuste . A Tabela 5.3 apresenta os resultados da correlação linear entre os métodos de extrapolação e a prova de carga da estaca E6. A estaca E6, levada à ruptura, apresenta curvas extrapoladas por Décourt (1999) e Van der Veen (1953) numa mesma tendência da curva experimental (Figura 5.9), com coeficientes de correlação (α) próximos de 1,0. Como o método de Van der Veen (1953) encontra-se no limite inferior de previsão de carga, e portanto, a favor da segurança, o mesmo pode ser utilizado de forma satisfatória e mais conservadora na análise dos resultados da região estudada. Lembra-se ainda que as curvas carga-deslocamento extrapoladas por Van der Veen (1953) seguem o modelo exponencial, e buscam estabelecer uma assíntota vertical para a curva. O método proposto por Mazurkiewicz (1972) foi inadequado para maior parte das curvas analisadas, devido a curva carga-deslocamento não ajustar-se satisfatoriamente ao modelo parabólico. 154 Tabela 5.3 – Resultados da correlação linear entre os métodos de extrapolação e a prova de carga da estaca E6. Coordenada (X) Van der Chin Décourt Prova de Métodos de extrapolação e Veen (1953) (1970) (1999) Carga prova de carga 2 2 2 R R R R2 α α α α Van der Veen (1953) 1,00 1,00 0,92 0,93 0,99 0,98 0,97 0,91 Chin (1970) 1,07 0,90 1,00 1,00 1,06 0,92 1,03 0,98 (Y) Décourt (1999) 1,00 0,98 0,93 0,95 1,00 1,00 0,95 0,96 Prova de Carga 1,00 0,93 0,97 0,98 1,03 0,94 1,00 1,00 Sendo: Y = α.X ; α = coeficiente de correlacão; Para aprimorar o conhecimento do método de extrapolação de uma curva cargadeslocamento mais adequado para a região, recomenda-se um número maior de provas de carga, conduzidas até a ruptura, embora os resultados obtidos aqui já permitam a definição de tendências e conclusões gerais. O método de Van der Veen (1953) foi o que apresentou melhor ajuste, por ser um método exponencial que reflete o comportamento das curvas carga-deslocamento de estacas escavadas no solo poroso do DF. 5.2. PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DAS FUNDAÇÕES Neste item será apresentada a capacidade de carga das fundações por métodos “estáticos” delineados por fórmulas que estudam a estaca mobilizando toda a resistência ao cisalhamento estático do solo. No apêndice F apresentam-se as considerações adotadas no cálculo da capacidade de carga de cada estaca e de acordo com cada método. 5.2.1. Métodos Semi-Empíricos 5.2.1.1. Ensaios de CPT Apresentam-se nas Figuras 5.12 e 5.13 os resultados de cálculo das capacidades de carga do fuste e total de todas as estacas ensaiadas no campo experimental. Os resultados das cargas são apresentados de acordo com a sazonalidade. As Figuras 5.14 e 5.15 mostram uma análise comparativa das parcelas de ponta, fuste e total da estaca E1, ensaiada no campo experimental e da estaca E6 ensaiada na obra. Nesta análise as previsões de capacidade de carga são obtidas a partir de três ensaios de CPT executados próximos da estaca. Como em todas as estacas foram 155 realizadas escavações de 0,5 m, desconsidera-se o primeiro metro de solo devido ao desconfinamento e perturbações local. Capacidade de carga lateral (kN) 500 chuvosa seca 400 300 200 100 0 E2 E5 E4 E1 E3* Fundações Aoki & Velloso (1975) Bustamante & Gianeselli (1982) Prova de Carga De Ruiter & Beringer (1979) Philipponnat (1986) *representativo de época “seca” – vide item 4.3.1. Figura 5.12 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos de CPT (parcela de carga do fuste). Capacidade de carga total (kN) 500 chuvosa seca 400 300 200 100 0 E2 E5 E4 E1 E3* Fundações Aoki & Velloso (1975) De Ruiter & Beringer (1979) Bustamante & Gianeselli (1982) Philipponnat (1986) Prova de Carga *representativo de época “seca” – vide item 4.3.1. Figura 5.13 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos de CPT (parcela de carga total). 156 Capacidade de carga (kN) 300 250 200 150 100 50 0 Aoki & Velloso (1975) De Ruiter & Beringer (1979) Bustamante & Gianeselli (1982) Philipponnat (1986) Métodos de Previsão Parcela Lateral Parcela de Ponta Parcela Total Prova de Carga Figura 5.14 – Comparação dos métodos de CPT para previsão da capacidade de carga Estaca E1 (campo experimental). Capacidade de carga (kN) 600 500 400 300 200 100 0 Aoki & Velloso (1975) De Ruiter & Beringer (1979) Bustamante & Gianeselli (1982) Philipponnat (1986) Métodos de Previsão Parcela Lateral Parcela de Ponta Parcela Total Prova de Carga Figura 5.15 – Comparação dos métodos de CPT para previsão da capacidade de carga Estaca E6 (obra). 157 A Figuras 5.12 e 5.13 mostram a relação existente entre as previsões obtidas através de diferentes métodos baseados em resultados de ensaio CPT, bem como a variação dos resultados em diferentes estações do ano. Como o atrito lateral (fs) medido pelo CPT é muito baixo, característica observada em solo colapsível, é possível observar que os valores de carga lateral obtidos através do emprego do método de Bustamante & Gianeselli (1992) encontram-se no limite superior, devido à parcela de carga do fuste ser obtida com base na resistência de ponta (qc) do CPT, ao contrário do método proposto por De Ruiter & Beringer (1979) que fica no limite inferior devido à parcela de carga do fuste ser obtida com base no baixo atrito lateral (fs) do ensaio de CPT (Figuras 5.14 e 5.15). Fato este que pode ser observado em Silva et al. (2002) na análise da previsão da capacidade de carga de uma estaca instrumentada no DF. Os métodos de Aoki & Velloso (1982) e Bustamante & Gianeselli (1982) mostram-se no limite superior de carga total, enquanto que De Ruiter & Beringer (1979) e Philipponnat (1986) no limite inferior. Para estaca E3 tem-se um coeficiente de variação (desvio padrão pela média) de apenas 9 % entre os métodos, o que reforça a importância de utilizar na previsão de carga ensaios próximos das fundações, situação está observada nos ensaios da 3ª campanha, distantes 2,5 a 5,0 m da estaca E3. Não há influência significativa da sucção na previsão da parcela lateral, porém na parcela total observa-se uma pequena tendência de variação da capacidade de carga prevista pela variação de qc. Salienta-se que esta tendência pode ser em parte devido à sazonalidade e/ou a variação espacial. A estaca E3 apresenta valores de carga similar aos obtidos na época seca devido aos elevados valores qc medidos durante a 3ª campanha, conforme explanado no Item 4.3.1. Para o conjunto de dados analisados, os métodos de previsão fornecem valores de carga de ruptura a favor da segurança, quando comparados com as cargas de ruptura extrapoladas no item anterior. Os percentuais de erro entre valores de carga observados (extrapolados por Van Der Veen) e previstos pelos métodos baseados em resultados de ensaio CPT estão apresentados na Tabela 5.4. Conclui-se que os valores de capacidade de carga previstos utilizando as propostas de Bustamante & Gianeselli (1982) e Aoki & Velloso (1975) para o ensaio CPT foram os que mais se aproximaram dos valores experimentais resultantes de provas de carga. De forma geral, os métodos de previsão de capacidade de carga via CPT utilizados nesta pesquisa, subestimaram a capacidade de carga das estacas (erros negativos), fornecendo valores conservadores de carga última (Tabela 5.4). 158 Tabela 5.4 – Percentual de erro entre previsão e medição de carga de ruptura (CPT). Método E2 E5 E4 E1 E3 E6 Aoki & Velloso (1975) -26,1 -42,3 -28,1 -24,1 -12,6 -30,1 De Ruiter & Beringer (1979) -51,7 -48,7 -43,1 -39,3 -3,0 -26,5 Bustamante & Gianeselli (1982) -26,1 -39,0 -28,8 -26,7 -13,7 -17,4 Philipponnat (1986) -53,1 -59,7 -53,5 -52,6 -20,4 -34,7 Média -39,2 -47,4 -38,4 -35,6 -12,4 -27,2 OBS: Cálculo do Percentual de Erro: Erro(%) = Estimado − Medido x100 Medido 5.2.1.2. Ensaios de SPT e SPT-T Apresenta-se nas Figuras 5.16 a 5.22 os resultados de cálculo da capacidade de carga, baseados nos principais métodos de SPT e SPT-T. As considerações adotadas para as metodologias de Aoki & Velloso (1975) – A e B (critérios diferentes), Décourt & Quaresma (1978) – C e D (critérios diferentes), Décourt (1996), Alonso (1996a), Capacidade de carga do fuste (kN) Camapum de Carvalho et al. (1998) e Peixoto (2001) são descritas no Apêndice E. 500 chuvosa seca 400 300 200 100 0 E2 E5 E4 E1 E3* Fundações Aoki & Velloso (1975) - A Aoki & Velloso (1975) - B Décourt & Quaresma (1978) - C Décourt & Quaresma (1978) - D Prova de Carga *representativo de época “seca” – vide item 4.3.1. Figura 5.16 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos de SPT (parcela de carga do fuste). 159 Capacidade de carga total (kN) 600 chuvosa seca 500 400 300 200 100 0 E2 E5 E4 E1 E3* Fundações Aoki & Velloso (1975) - A Aoki & Velloso (1975) - B Décourt & Quaresma (1978) - C Décourt & Quaresma (1978) - D Prova de Carga *representativo de época “seca” – vide item 4.3.1. Figura 5.17 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida Capacidade de carga do fuste (kN) através da aplicação dos métodos de SPT (parcela de carga total). 600 chuvosa seca 500 400 300 200 100 0 E2 E5 E4 E1 E3* Fundações Décourt (1996) Alonso (1996) Camapum de Carvalho et. al (1998) Peixoto (2001) Prova de Carga *representativo de época “seca” – vide item 4.3.1. Figura 5.18 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos de SPT-T (parcela de carga do fuste). 160 Capacidade de carga total (kN) 800 700 chuvosa seca 600 500 400 300 200 100 0 E2 E5 E4 E1 E3* Fundações Décourt (1996) Alonso (1996) Camapum de Carvalho et. al (1998) Peixoto (2001) Prova de Carga *representativo de época “seca” – vide item 4.3.1. Figura 5.19 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos de SPT-T (parcela de carga total). Capacidade de carga (kN) 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Aoki & Velloso (1975) (a) Aoki & Velloso (1975) (b) Décourt & Quaresma (1978) (a) Décourt & Quaresma (1978) (b) Métodos de Previsão Parcela Lateral Parcela de Ponta Parcela Total Prova de Carga Figura 5.20 – Comparação dos métodos de SPT para previsão da capacidade de carga Estaca E1 (campo experimental). 161 Capacidade de carga (kN) 700 600 500 400 300 200 100 0 Décourt (1996) Alonso (1996) Camapum de Carvalho et al. (1998) Peixoto (2001) Métodos de Previsão Parcela Lateral Parcela de Ponta Parcela Total Prova de Carga Figura 5.21 – Comparação dos métodos de SPT-T para previsão da capacidade de carga Estaca E1 (campo experimental). Capacidade de carga (kN) 2000 1600 1200 800 400 0 Aoki & Velloso (1975) (a) Aoki & Velloso (1975) (b) Décourt & Quaresma (1978) (a) Décourt & Quaresma (1978) (b) Métodos de Previsão Parcela Lateral Parcela de Ponta Parcela Total Prova de Carga Figura 5.22 – Comparação dos métodos de SPT para previsão da capacidade de carga Estaca E6 (obra). 162 Os métodos baseados em SPT e SPT-T apresentam capacidade de carga superiores aos métodos de CPT. Não há tendência definida com relação a sazonalidade, e os métodos de SPT apresentam uma variação entre 26,2% e 59,4% e os de SPT-T de 36,2% a 47,8%. Obtêm-se bons resultados quando se utilizam os coeficientes regionais propostos por Rodrigues et al. (1998) nos métodos de Aoki & Velloso (1975) e Décourt & Quaresma (1978), sendo as previsões feitas por este último as que mais se aproximam das cargas extrapoladas (Tabelas 5.5 e 5.6). Em geral, recomenda-se limitar a parcela admissível de ponta em estacas escavadas em 20% da parcela total, devido ao processo executivo da estaca. Seguindo este critério pode-se obter resultados mais próximos do real. No entanto, não se limitou neste estudo esta parcela de ponta no computo dos valores apresentados anteriormente. Tabela 5.5 – Percentual de erro entre previsão e medição de carga de ruptura (SPT). Método E2 E5 E4 E1 E3 E6 Aoki & Velloso (1975) (a) -59,44 -46,77 -14,23 -32,59 -9,63 69,70 Aoki & Velloso (1975) (b) -28,06 -5,48 51,92 19,63 60,37 200,79 Décourt & Quaresma (1978) (a) -50,28 -36,13 -6,54 -22,22 -1,11 16,83 Décourt & Quaresma (1978) (b) -31,11 -11,61 30,77 8,52 37,78 65,74 Média -42,22 -25,00 15,48 -6,67 21,85 88,27 OBS: Cálculo do Percentual de Erro: Erro(%) = Estimado − Medido x100 Medido Tabela 5.6 – Percentual de erro entre previsão e medição de carga de ruptura (SPT-T). Método E2 E5 E4 E1 E3 Décourt (1996) -57,50 -40,65 -8,85 -14,81 -6,67 Alonso (1996) -57,50 -36,45 0,38 -10,00 10,74 Camapum de Carvalho et al. (1998) 9,72 30,32 127,31 102,22 108,15 Peixoto (2001) -11,39 0,00 75,77 45,93 59,63 Média -29,17 -11,69 48,65 30,83 42,96 OBS: Cálculo do Percentual de Erro: Erro(%) = Estimado − Medido x100 Medido 163 O resumo geral das análises realizadas para previsão da capacidade de carga das estacas ensaiadas no campo experimental, considerando tanto a resistência de ponta como atrito de fuste, está apresentado na Figura 5.23. Na figura correlacionam-se as cargas de ruptura medida (Van der Veen) versus as cargas de ruptura estimada, balizados por retas de inclinação 1:2, 1:3, 1:1(ideal), 2:1 e 3:1. A dispersão dos resultados é considerável, em geral situados próximos da linha de inclinação 2:1, o que indica que os métodos tendem a subestimar a carga de ruptura. 600 3:1 2:1 1:1 Carga medida (kN) 500 400 1:2 300 200 1:3 100 0 0 100 200 300 400 500 600 Carga estimada (kN) Aoki & Velloso (1975) Bustamante & Gianeselli (1982) Aoki & Velloso (1975) (a) Décourt & Quaresma (1978) (a) Décourt (1996) Camapum de Carvalho et al. (1998) De Ruiter & Beringer (1979) Philipponnat (1986) Aoki & Velloso (1975) (b) Décourt & Quaresma (1978) (b) Alonso (1996) Peixoto (2001) Figura 5.23 – Comparação entre os métodos semi-empíricos de previsão de capacidade de carga e provas de carga (campo experimental) 164 5.2.2. Métodos Racionais ou Teóricos A Figura 5.24 apresenta os resultados das capacidades de carga das estacas ensaiadas ao longo do ano. Na análise dos métodos racionais adotam-se as soluções para resistência por atrito lateral, análogo ao usado para avaliar a resistência ao deslizamento de um sólido em contato com o solo e adotando-se o K0 natural obtido em ensaios triaxiais. Utiliza-se a coesão natural em função da sucção de acordo com a estação do ano (variabilidade sazonal). Verifica-se a capacidade de carga de ponta, por diferentes mecanismos de ruptura, segundo Terzaghi (1943), Vésic (1963), Berezantsev et al. (1963), Brinch-Hansen (1961), Meyerhof (1953), citados por Velloso & Lopes (2002). A metodologia adotada no cálculo das previsões teóricas está descrita no Apêndice F. Capacidade de carga total (kN) 1400 1200 chuvosa seca 1000 800 600 400 200 0 E2 E5 E4 E1 E3* Fundações Terzaghi (1943) Berezantsev et al. (1961) Meyerhof (1953) Vesic (1963) Brinch-Hansen (1961) Prova de Carga *representativo de época seca – vide item 4.3.1. Figura 5.24 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos racionais (parcela de carga total). Na Figura 5.25 compara-se a prova de carga com os métodos teóricos, tendo a parcela de ponta sido limitada em 20% da total, neste caso, igualando as diferentes teorias. Em conseqüência disto, os resultados teóricos apresenta boa convergência com a prova de carga. A estaca E3 apresenta uma diferença de 35% entre carga experimental e a teórica, justificada pela representatividade da estação seca. Para verificar a variabilidade entre os métodos e os resultados medidos apresenta-se a Figura 5.26, sem limitação de ponta. 165 Capacidade de carga (kN) 500 chuvosa seca 400 300 200 100 0 E2 E5 E4 E1 E3* Fundações Parcela Lateral 20% da Parcela de Ponta Prova de Carga Parcela Total *representativo de época “seca” – vide item 4.3.1. Figura 5.25 – Previsão da capacidade de carga das estacas do campo experimental obtida através da aplicação dos métodos racionais e provas de carga (parcela de carga do fuste). 1200 3:1 2:1 1:1 Carga medida (kN) 1000 800 1:2 600 400 1:3 200 0 0 200 400 600 800 1000 1200 Carga estimada (kN) Terzaghi (1943) Vesic (1963) Berezantsev et al. (1961) Brinch-Hansen (1961) Meyerhof (1953) Figura 5.26 – Comparação entre os métodos racionais de previsão de capacidade de carga e provas de carga (campo experimental) 166 5.2.3. Previsão da Capacidade de Carga do Tubulão Apresenta-se na Tabela 5.7 as cargas de ruptura para apoio da base do tubulão ensaiado na obra (bloco F), obtidas com base em metodologias empíricas. Utiliza-se a formulação para carga admissível proposta por Décourt et al. (1996) para SPT (recomendado para qualquer tipo de solo) e Ghionna et al. (1993) para CPT, considerando FS = 3. Adotam-se, ainda, Décourt (1995) para solos tipo II (argilas saturadas, não lateríticas) e Décourt (1992) para uso generalizado. As expressões empíricas e considerações adotadas são descritas no Apêndice F. A carga de ruptura do tubulão foi obtida mediante utilização de critérios de extrapolação proposto por Van der Veen (1953). Tabela 5.7 – Previsão da tensão admissível na base do tubulão ensaiado na obra. Carga Ruptura (kN) Ensaio Método Medido/Estimado Estimada Medida SPT Décourt (1992) 1413 1,4 CPT Ghionna et al. (1993) 3489 3,5 1000 SPT Décourt (1995) 4521 4,5 SPT Décourt et al. (1996) 4188 4,2 Média 4066 1000 3,4 Utilizando-se Décourt (1995), o valor da carga de ruptura convencional do tubulão é de 4521 kN (limite superior). Por outro lado, adotando Décourt (1992) para uso generalizado e, portanto, necessariamente conservador, obtém-se uma carga de 1413 kN (limite inferior). A carga lateral estimada com base na formulação teórica apresentada no item 5.2.2 é de 461 kN, considerando parâmetros característicos da argila porosa e a parcela de sucção na coesão natural. Como o recalque admitido pelo projetista estrutural da obra foi de 5 mm, tomando a prova de carga da estaca E6 (Figura 5.9) é possível obter uma tensão lateral de aproximadamente 30 kPa, que, extrapolada para o tubulão, corresponde a uma carga lateral de 443 kN (parcela absorvida pelo fuste do tubulão). No cálculo da tensão lateral com base na estaca E6 desprezou-se a parcela de ponta, conforme demonstrado na instrumentação da estaca E1 no final deste capítulo, quando se constata que esta magnitude de recalque é insuficiente para mobilização da ponta de uma estaca executada na argila porosa. Ora, como a prova de carga para o tubulão apresenta carga máxima de 900 kN não 167 esperava-se grandes deslocamentos. Logo o nível de carga da obra (admitindo recalque de 5 mm) é insuficiente para atingir as cargas estimadas na Tabela 5.7. 5.2.4. Análise Global dos Métodos de Extrapolação e Previsão de Carga Quanto maior a deformabilidade melhor convergência dos resultados dos métodos de extrapolação de curvas carga-deslocamento será obtida, observando que a extrapolação feita com deformabilidade menor que 1% do diâmetro da estaca levará a resultados de pouca confiabilidade em estacas de pequeno diâmetro. Ao escolher o método que melhor represente a carga de ruptura deve-se levar em consideração o bom senso na escolha do valor a ser adotado. Analisando a Tabela 5.1, conclui-se que o método com melhor desempenho para a região estudada é o de Van der Veen (1953). Quando o recalque atinge o valor de D/30, o critério da norma pode ser aplicado mesmo quando as curvas apresentam uma assíntota vertical, o que conduzirá à interpretação de uma carga de ruptura menor (a favor da segurança). Lopes (1979) sugere que ao adotar a carga de ruptura definida pela norma seja incluída uma estimativa mais realista do encurtamento elástico e um deslocamento de ponta maior. Os métodos de extrapolação aqui adotados não conseguiram refletir o comportamento real da curva carga-deslocamento do tubulão, principalmente devido ao pequeno recalque atingido no ensaio, com deslocamento máximo de 7,33 mm, equivalente a 0,005Db (diâmetro da base) e longe das recomendações encontradas na literatura para plena mobilização da base em solos arenosos (0,04 a 0,06Db). Deve ficar bem claro que a condição ideal é levar qualquer prova de carga a ruptura ou até a ocorrência de grandes deslocamentos, pois sua interpretação é uma questão ainda controversa, com diferentes visões do processo de ruptura. Verifica-se que para cada tipo de ensaio de campo têm-se previsões de capacidade de carga discrepantes, reforçando a importância que ao utilizar o método o calculista tenha conhecimento e experiência local com o ensaio adotado. De forma geral, a variação de sucção na camada superficial não influencia as previsões de capacidade de carga das fundações profundas, via ensaios de campo, sendo suas variações, provavelmente, provocadas por aspectos inerentes ao próprio método (tipo de estaca, tipo de solo, considerações adotadas etc.) ou a variabilidade espacial. A camada de 0 a 2,0 m, que sofre maior influência na variação de umidade, não contribui significa168 tivamente com a parcela lateral de carga, além do fato que é recomendado desprezar o trecho inicial de 0 a 1,0 m, procedimento este adotado nesta pesquisa. Os métodos racionais ou teóricos superestimam consideravelmente a parcela de ponta, chegando a valores até três vezes a carga obtida experimentalmente. Lembra-se que para mobilização da ponta são necessários grandes deslocamentos, agravados pela prática regional de não limpar a ponta nas estacas escavadas de pequeno diâmetro. Isto faz com que a maioria dos projetistas limita essa parcela, fato este também avaliado aqui. Desta forma, recomenda-se utilizar métodos racionais para o cálculo de previsão da carga de ruptura desde que se limitem as parcelas de ponta em até 20%; para o CPT recomenda-se o método de Bustamante & Gianeselli (1982) e de Aoki & Velloso (1975) que apresentaram erros de até 30% na estação seca e de 26% na chuvosa. Para o SPT o método mais adequado foi o de Décourt & Quaresma (1978) com erro de 40% no período seco e de 20% no chuvoso, e os métodos de Peixoto (2001) e Décourt (1996) para o SPT-T, que no período seco apresentaram erro máximo de 11% e no chuvoso 14%, respectivamente. 5.3. PREVISÃO DE RECALQUE DAS FUNDAÇÕES 5.3.1. Estacas Apresentam-se, a seguir, os resultados obtidos na aplicação dos seguintes métodos de previsão de recalques: Poulos & Davies (1968) e Aoki & Lopes (1975). Adotam-se os módulos de deformabilidades (E) obtidos através dos ensaios de campo (DMT, CPT, SPT, PMT) e das retroanálises feitas pelos programas GEOFINE e PLAXIS, a serem apresentadas e discutidas no item 5.4, Tabelas 5.12 e 5.14. Utilizam-se três ensaios triaxiais do tipo CK0D, nas profundidades de 3, 6 e 9 m, na umidade natural, para obtenção dos módulos de laboratório, Ei (Pallocci,1998). Adota-se o coeficiente de Poisson igual a 0,2 conforme item 5.4.2.4. A previsão dos parâmetros de campo é feita a partir do ensaio mais próximo à estaca ensaiada, e as correlações assumidas nesta previsão e a metodologia de laboratório serão discutidas no Capítulo 6. As Tabelas 5.8 e 5.9 apresentam as correlações e os módulos considerados no cálculo dos recalques. 169 Tabela 5.8 – Correlações adotadas na previsão dos módulos de deformabilidade. Ensaio Referência Formulação DMT Baldi et al. (1986) E = 0,85.ED CPT Robertson & Campanella (1988) E = 8.qc SPT Teixeira (1993) E = 2,7.N PMT Ajuste de Curva (Cunha, 2002) FINE Retroanálise programa GEOFINE PLAXIS Retroanálise programa PLAXIS Laboratório Ensaio CK0D Módulo tangente inicial (Ei) Tabela 5.9 – Módulo de deformabilidade utilizados no cálculo de recalque das estacas. Módulos de Deformabilidade (MPa) Ensaio Camada E1 E2 E3 E4 E5 I 1,4 3,0 1,4 2,5 1,8 DMT II 5,7 4,8 5,1 6,7 5,5 III 19,0 21,1 22,0 20,8 20,1 I 11,8 17,9 3,5 8,0 6,5 CPT II 13,5 10,5 7,4 9,4 9,7 III 30,0 23,2 26,2 26,3 22,7 I 5,4 8,1 6,8 5,4 8,1 SPT II 12,4 10,0 15,0 11,0 12,0 III 32,9 46,8 44,8 36,0 29,7 I 1,8 4,8 2,4 PMT II 5,9 7,7 17,6 III 15,0 I 10,0 38,0 35,0 10,0 10,0 FINE II 18,0 52,0 45,0 15,0 16,0 III 24,0 100,0 90,0 20,0 24,0 I 10,0 30,0 18,0 8,0 8,0 PLAXIS II 15,0 40,0 35,0 12,0 15,0 III 20,0 100,0 80,0 18,0 20,0 I 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 Laboratório II 4,1 4,1 4,1 4,1 4,1 III 13,8 13,8 13,8 13,8 13,8 As Figuras 5.27 a 5.31 apresentam uma comparação entre as previsões de recalque para a carga de trabalho (Ptrab) com FS = 2 das estacas do campo experimental. 170 10 9 Recalque (mm) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 DMT CPT SPT PMT FINE PLAXIS Lab. Ensaios Poulos & Davies (1968) Aoki & Lopes (1975) Prova de Carga Figuras 5.27 - Estimativa de recalque para estaca E1. 11 10 Recalque (mm) 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 DMT CPT SPT PMT FINE PLAXIS Lab. Ensaios Poulos & Davies (1968) Aoki & Lopes (1975) Prova de Carga Figuras 5.28 - Estimativa de recalque para estaca E2. 171 10 9 Recalque (mm) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 DMT CPT SPT FINE PLAXIS Lab. Ensaios Poulos & Davies (1968) Aoki & Lopes (1975) Prova de Carga Figuras 5.29 - Estimativa de recalque para estaca E3. 10 9 Recalque (mm) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 DMT CPT SPT FINE PLAXIS Lab. Ensaios Poulos & Davies (1968) Aoki & Lopes (1975) Prova de Carga Figuras 5.30 - Estimativa de recalque para estaca E4. 172 11 10 Recalque (mm) 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 DMT CPT SPT PMT FINE PLAXIS Lab. Ensaios Poulos & Davies (1968) Aoki & Lopes (1975) Prova de Carga Figuras 5.31 - Estimativa de recalque para estaca E5. A Tabela 5.10 e 5.11 e a Figura 5.32 apresentam a relação entre os recalques previstos e medidos para as estacas ensaiadas no campo experimental. Tabela 5.10 – Relação entre recalque previsto por Poulos & Davies (1968) e recalque medido em prova de carga. Recalque Previsto/Recalque Medido δmedido Estaca Ptrab (kN) (mm) DMT CPT SPT PMT GEOFINE PLAXIS LAB. E1 135 2,4 1,2 0,6 0,6 1,4 0,6 0,7 1,6 E2 180 1,56 2,3 1,4 1,0 3,4 0,3 0,4 3,3 E3 135 1,13 2,4 1,8 1,0 0,4 0,5 3,5 E4 130 2,70 0,9 0,6 0,5 0,7 0,7 1,4 E5 155 3,14 0,8 0,7 0,6 0,8 0,6 0,6 1,4 E6 252 3,89 1,4 0,9 0,3 Média 1,5 1,0 0,7 1,9 0,5 0,6 2,2 Tabela 5.11 – Relação entre recalque previsto por Aoki & Lopes (1975) e recalque medido em prova de carga. Ptrab Recalque Previsto/Recalque Medido δmedido Estaca (kN) (mm) DMT CPT SPT PMT GEOFINE PLAXIS LAB. E1 135 2,4 2,1 0,9 1,0 2,0 0,7 0,8 2,9 E2 180 1,56 3,5 3,1 3,2 4,5 0,6 0,8 6,5 E3 135 1,13 4,4 3,1 1,5 0,5 0,7 5,5 E4 130 2,70 1,9 1,4 1,2 0,9 1,1 3,1 E5 155 3,14 1,6 1,0 0,8 0,6 0,6 0,7 2,2 E6 252 3,89 0,5 0,3 1,2 Média 2,3 1,9 1,5 2,4 0,6 0,8 4,0 173 9 3:1 2:1 8 Recalque medido (mm) 7 6 5 1:2 4 3 1:3 2 1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Recalque estimado (mm) DMT - PD DMT - AL CPT - PD CPT - AL SPT - PD SPT - AL PMT - PD PMT - AL FINE - PD FINE - AL PLAXIS - PD PLAXIS - AL Laboratório - PD Laboratório - AL Legenda: PD = Poulos & Davies (1968) AL = Aoki & Lopes (1975) Figura 5.32 – Comparação entre os recalque estimados e os medidos em provas de carga. É possível observar que os módulos obtidos em laboratório superestimam em até seis vezes o recalque da estaca, logo, isto indica que a estimativa feita por parâmetros de laboratório não consegue reproduzir o estado de tensões do solo, nem as suas condições de confinamento e de trajetória de tensões mobilizadas pela estaca no solo circunvizinho. Enquanto isso, os ensaios de campo apresentam um índice muito bom de previsão, destacando-se a melhor representatividade do perfil (particularmente em solos residuais) e a minimização de problemas de amostragem e amolgamento. Os módulos retroanalisados pelo FINE e PLAXIS quando utilizados nas metodologias de Poulos & Davies (1968) e Aoki & Lopes (1975) subestimam o recalque medido em campo. Em geral, as estimativas feitas pelo CPT foram as que apresentaram os melhores resultados, adota-se a proposta de Robertson & Campanella (1988) para determinar o 174 módulo de deformabilidade do solo aferida por correlação local, mediante a utilização dos ensaios apresentados nesta pesquisa. O Capítulo 6 apresentará os resultados das análises paramétricas realizadas nesta pesquisa. 5.3.2. Tubulão Segundo Lobo et al. em 1994, citado por Décourt et al. (1996), o recalque total de tubulão pode ser estimado pelo método modificado de Meyerhof (1965), avaliando-se a parcela de carga resistida pelo fuste e desprezando-se a região da base. A diferença entre a carga vertical aplicada ao tubulão e a resistida pelo fuste dá a carga resultante na base. Não foi aqui considerado o peso próprio do tubulão, nem o acréscimo de tensões no solo subjacente à base, devido às tensões de cisalhamento ao longo do fuste. O recalque total do tubulão é estimado, de forma simplificada, pelo método modificado de Meyerhof (1965) acrescido de 2 mm, que, segundo o autor, representa o recalque necessário para mobilização do atrito ou adesão lateral no solo. Não tem sido considerado o valor da deformação elástica do concreto. Adotou-se também, Poulos & Davies (1968), baseado na teoria da elasticidade, com módulo de deformabilidade do solo de 13 MPa, baseado nos ensaios de CPT (Tabela 5.12). Tabela 5.12 – Recalque total medido e previsto do tubulão (T1) da obra Prova de Carga Meyerhof (1965) Poulos & Davies (1968) Previsto/Medido Carga (kN) δ (mm) δ (mm) δ (mm) Previsto/Medido 150 1,57 4,42 2,8 1,55 1,0 300 1,85 6,85 3,7 3,10 1,7 450 2,10 9,27 4,4 4,65 2,2 600 2,69 11,70 4,3 6,20 2,3 750 4,13 14,12 3,4 7,75 1,9 900 7,33 16,54 2,3 9,30 1,3 1000 18,16 10,32 Observa-se que os recalques estimados para carga de trabalho de 450 kN têm níveis de deformabilidade baixo, da ordem de 4 a 9 mm, perfeitamente aceitáveis para grande maioria das estruturas, pois na parcela do recalque medido no topo do tubulão tem-se embutido o encurtamento elástico do concreto, funcionando como coluna, e a deformação do solo subjacente a base, devido ao acréscimo de tensões. 175 5.4. ANÁLISES NUMÉRICAS – CASOS ANALISADOS E RESULTADOS 5.4.1. Programa GEOFINE Utilizou-se o programa GEOFINE, versão 4, para realizar uma análise numérica simplificada das provas de carga realizadas no campo experimental e na obra. As curvas carga-deslocamento foram ajustadas por análise paramétrica a partir do conhecimento dos parâmetros obtidos em laboratório, considerando a variação sazonal. 5.4.1.1. Caracterização do Problema Considera-se nesta análise, o perfil estratigráfico do campo experimental dividido em 04 camadas, sendo a camada I de 0,0 a 3,0 m, a camada II de 3,1 a 8,0 m, camada III de 8,1 a 12,0 m e a camada IV de 12,1 a 24,0 m. As fundações foram posicionadas no solo a partir da escavação de 0,5 m de profundidade ao nível do terreno (Figura 5.33). Aterro - cascalho 0,5 m Areia argilosa com silte 3,00 m Argila arenosa com silte 8,0 m Silte variegado 12,0 m Silte 24,0 m Figura 5.33 – Discretização da estaca E1 pelo GEOFINE 5.4.1.2. Características das Fundações Adotam-se as condições geométricas das fundações e os parâmetros característicos do concreto, conforme Tabela 5.13. Em função do processo executivo das fundações considera-se k = 0,5 (Item 2.4.2), correspondendo ao K0 obtido em ensaios pressiométricos 176 e triaxiais (Capítulo 6). O fck foi determinado em laboratório, para as idades de 28 e 48 dias, com concreto com slump de 19 cm. Tabela 5.13 – Parâmetros de projeto das fundações adotados no GEOFINE. Fundações Parâmetro Unidade E1 E2 E3 E4 E5 Comprimento da Fundação (L) m 7,65 7,25 7,80 7,30 7,85 m 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 Diâmetro do Fuste (φ) m 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 Diâmetro do Base (φ) Resistência à compressão (fck) MPa 13,00 13,00 13,00 13,00 13,00 Resistência à tração (ftk) MPa 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 5.4.1.3. Curvas Carga-Deslocamento Retroanalisadas Apresenta-se nas Figuras 5.34 a 5.38 as curvas carga-deslocamento obtidas por retroanálises feitas no programa GEOFINE. Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 2 Recalque (mm) 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Prova de carga FINE Figura 5.34 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo GEOFINE – Estaca 1 (E1). 177 Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0 1 Recalque (mm) 2 3 4 5 6 7 8 Prova de carga FINE Figura 5.35 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo GEOFINE – Estaca 2 (E2). Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 0 Recalque (mm) 1 2 3 4 5 6 7 8 Prova de carga FINE Figura 5.36 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo GEOFINE – Estaca 3 (E3). 178 Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 1 Recalque (mm) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Prova de carga FINE Figura 5.37 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo GEOFINE – Estaca 4 (E4). Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 0 Recalque (mm) 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Prova de carga FINE Figura 5.38 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo GEOFINE – Estaca 5 (E5). 179 5.4.1.4. Parâmetros Obtidos nas Retroanálises Na Tabelas 5.14 tem-se um resumo dos parâmetros adotados para os solos nas retroanálises das provas de carga pelo GEOFINE (Figuras 5.34 a 5.38). Tabela 5.14 – Parâmetros do solo do campo experimental adotados no GEOFINE. Estaca Camada E1 E2 E3 E4 E5 I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV γ γsat E (kN/m2) (kN/m2) (MPa) 13,88 15,45 17,66 19,00 13,88 15,45 17,66 19,00 13,88 15,45 17,66 19,00 13,88 15,45 17,66 19,00 13,88 15,45 17,66 19,00 16,70 17,69 18,61 20,00 16,70 17,69 18,61 20,00 16,70 17,69 18,61 20,00 16,70 17,69 18,61 20,00 16,70 17,69 18,61 20,00 10 18 24 50 38 52 100 120 35 45 90 100 10 15 20 50 10 16 24 45 Parâmetros G ν 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 Eoed c φ (MPa) (MPa) (kPa) (º) 4,2 7,5 10,0 20,8 15,8 21,7 41,7 50,0 14,6 18,8 37,5 41,7 4,2 6,3 8,3 20,8 4,2 6,7 10,0 18,8 11,1 20,0 26,7 55,6 42,2 57,8 111,1 133,3 38,9 50,0 100,0 111,1 11,1 16,7 22,2 55,6 11,1 17,8 26,7 50,0 15 17 58 62 38 20 60 65 15 17 20 30 16 19 50 60 25 14 50 55 27 27 26 25 27 27 26 25 27 27 26 25 27 27 26 25 27 27 26 25 5.4.2. Programa PLAXIS O programa PLAXIS, versão 7.2, foi utilizado para efetuar análises assimétricas. Devido às vantagens proporcionadas pela interface gráfica do programa, tentou-se reproduzir a situação real ocorrida durante as provas de carga no campo experimental. Com o auxílio deste programa, procurou-se determinar a provável distribuição e valores dos módulos de elasticidade do solo com a profundidade, a partir dos dados experimentais de recalques das provas de carga e do conhecimento da estratigrafia do maciço, fornecida por ensaio de campo e laboratório. As curvas carga-deslocamento das fundações foram ajustadas através de análises paramétricas. Nas análises utiliza-se o modelo axial simétrico que permite, devido a simetria na 180 geometria e na carga atuante, com respeito ao eixo central, simplificar o estudo de uma fundação isolada. O programa calcula a malha correspondente a um segmento de círculo que constitui 1 radiano, sendo os resultados multiplicados por um fator de escala igual a 2π para obtenção da carga correspondente a fundação. 5.4.2.1. Caracterização do Problema Para a análise foi considerado o perfil estratigráfico característico do campo experimental, conforme camadas estabelecidas no item 5.4.1.1. Adotam-se as fundações posicionadas no solo a partir da escavação de 0,5 m de profundidade por 0,9 m de largura ao nível do terreno. A Figura 5.39 apresenta uma visão geral da geometria do problema e da malha de elementos finitos utilizados no caso analisado. A malha foi gerada automaticamente. A malha bidimensional do campo experimental, apresentada na Figura 5.39(b), é composta por 1062 elementos triangulares de 6 nós, 2227 nós e 3186 pontos de Gauss. As condições de contorno se mantiveram constantes em todas as estacas simuladas no programa. Os deslocamentos horizontais nas laterais da malha foram restritos, enquanto que na base da malha (limite inferior) restringiu-se a deslocamentos verticais. A interface solo-fundação foi considerada neutra (opção “Neutral”) e sua resistência rígida. Figura 5.39 – Geometria de E5 no campo experimental (a) e malha de elementos finitos; assimétrica de E5 (b). 181 5.4.2.2. Características das Fundações Na análise numérica foi possível representar com fidelidade as condições geométricas das fundações. Para simulação destas utilizou-se parâmetros característicos do concreto, conforme Tabela 5.15, sendo E o módulo estrutural tangente inicial, referente a pequenas deformações, determinado em laboratório e similar ao módulo determinado na prova de carga, através de strain gages instalados no topo da estaca E1, seção de referência (item 3.6.5.3). Tabela 5.15 – Parâmetros de projeto das fundações adotados no PLAXIS. Fundações Parâmetro Unidade E1 E2 E3 E4 E5 Comprimento da Fundação (L) m 7,65 7,25 7,80 7,30 7,85 m 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 Diâmetro do Fuste (φ) m 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 Diâmetro do Base (φ) Módulo de Elasticidade (E) GPa 15,00 15,00 15,00 15,00 15,00 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 Coeficiente de Poisson (ν) 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 Coeficiente lateral (ko) 5.4.2.3. Simulação das Provas de Carga A simulação das provas de carga foi realizada obedecendo as seguintes etapas: • Entrada de dados no subprograma “Input”; • Geração automática da malha; • Geração das tensões iniciais a partir de k0; • Entrada dos estágios de carga (no carregamento) equivalentes aos adotados nas provas de carga (rotina do subprograma “Calculation”); • Retroanálise das provas de carga através de análise paramétrica utilizando os modelos constitutivos elástico linear e Mohr-Coulomb para representar o solo (por tentativa); • Obtenção da curva carga-deslocamento no topo da fundação utilizando o subprograma “Curves”. • Conclusão do ajuste da curva carga-deslocamento, visualizando-se os resultados de cálculo de elementos finitos com o subprograma “Output”. 182 Inicialmente para obtenção do módulo de Young (E) dos solos a partir de dados experimentais, determinou-se de forma interativa a retroanálise das provas de carga através de ajuste do trecho retilíneo, fase elástica, da curva carga-deslocamento, utilizando-se o modelo elástico linear para representar o solo. Num segundo momento foi feito o ajuste do trecho não linear, fase elasto-plástica, utilizando-se o modelo Mohr-Coulomb para representar o solo de Brasília. Nesta etapa foram ajustados os parâmetros de resistência (c e φ) que melhor representam o solo da fundação ensaiada, levando-se em consideração as diferentes estações do ano, completando-se a análise paramétrica. Em seguida, obteve-se a interpretação de tensões e transferências de carga das fundações. Apresentam-se, a seguir, as curvas cargadeslocamento obtidas (Figuras 5.40 a 5.44). No apêndice G tem-se a distribuição das deformações totais das estacas ao longo do perfil estudado. A previsão dos resultados a partir da retroanálise numérica dos ensaios mostra, em geral, a adequabilidade do uso deste método numérico para o solo em questão. As maiores dificuldades de ajuste foram observadas nas estacas E1 e E3, na fase elasto-plástica. Apresenta-se no item 5.4.2.4 as tentativas do processo interativo executado para a estaca E1, estaca esta que apresentou a maior dificuldade de ajuste. Destas tentativas, a melhor concordância obtida entre os resultados computacionais e os dados experimentais das provas de carga é apresentado na Figura 5.40. Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 2 Recalque (mm) 4 6 8 10 12 14 16 18 Prova de Carga PLAXIS Figura 5.40 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS – Estaca 1 (E1). 183 Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 0 1 Recalque (mm) 2 3 4 5 6 7 8 Prova de carga PLAXIS Figura 5.41 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS – Estaca 2 (E2). Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 0 1 Recalque (mm) 2 3 4 5 6 7 8 Prova de carga PLAXIS Figura 5.42 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS – Estaca 3 (E3). 184 Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 1 2 Recalque (mm) 3 4 5 6 7 8 9 10 Prova de carga PLAXIS Figura 5.43 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS – Estaca 4 (E4). Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 330 0 2 Recalque (mm) 4 6 8 10 12 14 16 18 Prova de carga PLAXIS Figura 5.44 – Retroanálise da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS – Estaca 5 (E5). 185 5.4.2.4. Parâmetros Obtidos nas Retroanálises A Tabelas 5.16 apresenta o resumo dos parâmetros adotados para o solo do campo experimental nas retroanálises das provas de carga (Figuras 5.40 a 5.44). Para todas as análises, pelo modelo Mohr-Coulomb, adotou-se o comportamento do solo como sendo drenado, com permeabilidade na direção horizontal (kx) e na direção vertical (ky) de 1 m/dia, e ângulo de dilatância (ψ) igual a zero. Na camada IV adota-se o modelo elástico linear, pois já não existe interferência dos parâmetros de resistência na análise. Tabela 5.16 – Parâmetros dos solos do campo experimental para o modelo Mohr-Coulomb. Parâmetros Estaca Camada E G k0 Eoed c γw ν γ φ E1 E2 E3 E4 E5 I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV (kN/m2) (kN/m2) (MPa) 13,88 15,45 17,66 19,00 13,88 15,45 17,66 19,00 13,88 15,45 17,66 19,00 13,88 15,45 17,66 19,00 13,88 15,45 17,66 19,00 16,70 17,69 18,61 20,00 16,70 17,69 18,61 20,00 16,70 17,69 18,61 20,00 16,70 17,69 18,61 20,00 16,70 17,69 18,61 20,00 10 15 20 50 30 40 100 120 18 35 80 100 8 12 18 45 8 15 20 50 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 (MPa) (MPa) (kPa) (º) 4,2 11,1 6,3 16,7 8,3 22,2 20,8 55,6 12,5 33,3 16,7 44,4 41,7 111,1 50,0 133,3 7,5 20,0 14,6 38,9 33,3 88,9 41,7 111,1 3,3 8,9 5,0 13,3 7,5 20,0 18,8 50,0 3,3 8,9 6,3 16,7 8,3 22,2 20,8 55,6 7 9 4 15 10 25 15 2 2 7 8 15 2 4 8 - 24 22 14 27 27 24 24 24 16 27 27 24 26 26 24 - 0,419 0,535 0,586 0,600 0,419 0,535 0,586 0,600 0,419 0,535 0,586 0,600 0,419 0,535 0,586 0,600 0,419 0,535 0,586 0,600 O coeficiente de Poisson do solo adotado foi determinado a partir de ensaios triaxiais CK0D, no campo experimental (valor médio das amostras nas profundidades de 6 a 6,3 e 8,7 a 9,0 m) calculado para εa ≤ 1%, conforme a seguinte equação: dε 1 ν = (1 − v ) 2 dε a (5.1) 186 A seguir apresenta-se uma análise paramétrica da estaca E1 considerando diferentes ajustes da curva carga-deslocamento para avaliar a sensibilidade dos parâmetros de resistência c e φ. Consideram-se, neste caso específico, os mesmos parâmetros adotados anteriormente para estaca E1 (Tabela 5.15), exceto c e φ. A Tabela 5.17 e a Figura 5.45 apresentam os resultados obtidos com a variação de c, e a Tabela 5.18 e Figura 5.46 com a variação de φ . Tabela 5.17 – Análise paramétrica da estaca E1 com variação de c. PLAXIS A PLAXIS B PLAXIS C PLAXIS D Camada φ (º) c (kPa) c (kPa) c (kPa) c (kPa) I 22 8 6 13 7 II 20 10 8 15 9 III 14 6 4 6 4 Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 2 4 Recalque (mm) 6 8 10 12 14 16 18 20 Prova de Carga PLAXIS A PLAXIS C PLAXIS D PLAXIS B Figura 5.45 – Análise paramétrica da Estaca E1 com variação de c. Camada I II III Tabela 5.18 – Análise paramétrica da estaca E1 com variação de φ. PLAXIS PLAXIS PLAXIS PLAXIS PLAXIS PLAXIS PLAXIS I II III IV V VI VII c (kPa) φ (º) φ (º) φ (º) φ (º) φ (º) φ (º) φ (º) 7 24 22 24 26 26 27 27 9 22 20 20 20 26 27 26 4 14 14 14 16 20 24 24 187 Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 2 4 Recalque (mm) 6 8 10 12 14 16 18 20 Prova de Carga PLAXIS I PLAXIS II PLAXIS III PLAXIS IV PLAXIS V PLAXIS VI PLAXIS VII Figura 5.46 – Análise paramétrica da Estaca E1 com variação de φ. Utilizando-se coeficientes de variação (desvio padrão/média), estimados com base estatística, para interpretar a análise paramétrica, observa-se que o ajuste da curva cargadeslocamento, entre o penúltimo e último estágio de carregamento (240 e 270 kN), é função da variação da coesão (c) na camada I, que nesta análise tem uma variação máxima de 37 %, e do ângulo de atrito (φ) na camada III, que nesta análise tem com 26 % de variação máxima. Em geral, este comportamento foi observado em todos os ajustes de curva carga-deslocamento, sendo no trecho não linear observado uma maior sensibilidade de c nas camada I e II e de φ na camada III. Um bom ajuste de curva utilizando metodologias numéricas só é possível com o conhecimento do ângulo de atrito e principalmente da coesão, parâmetros que sofrem variações sazonais. Esses parâmetros são responsáveis pelo ajuste do trecho não linear da curva carga-deslocamento, em retroanálises numéricas - modelo de Mohr-Coulomb. Para efeito de comparação dos parâmetros de resistência (c e φ) e módulo de deformação (E) do solo, obtidos nas retroanálises das provas de carga realizadas no campo experimental, utilizando o GEOFINE e PLAXIS, apresentam-se as Figuras 5.47 a 5.49. Esta análise mostra a relação existente entre as previsões numéricas e os parâmetros de 188 laboratório, bem como a variação dos resultados em diferentes estações do ano. Em geral, a análise paramétrica pelo PLAXIS foi mais conservadora que o GEOFINE quando comparados com os resultados de laboratório. A Figura 5.47 mostra claramente a influência da sucção na coesão natural, sendo as maiores variações observadas na camada I, com valores de coesão decrescente do período seco para o chuvoso. Nas camadas I e II não existe influência significativa da sazonalidade nas coesões obtidas. Como o ângulo de atrito (φ) não sofre muita influência da sucção, os valores obtidos são próximos do valor experimental (Figura 5.48). A ausência de resistência de ponta nas estacas E1 e E3 leva a utilização de um valor irreal para camada III onde as pontas das estacas estão assentadas. Adverte-se que caso as estacas E2, E4 e E5 tivessem uma deformabilidade maior durante o ensaio, provavelmente haveria dificuldade de ajuste das curvas retroanalisadas pelo programa PLAXIS. Os resultados obtidos na Figura 5.49 confirmam a tendência de aumento do módulo de deformabilidade com a sucção matricial, pois em tese quanto menor o teor de umidade de um solo não saturado maior será a sua rigidez. Os valores de laboratório são bem menores que os determinados através de retroanálises, sendo que estes se referem ao módulo tangente inicial (Ei) resultante dos ensaios triaxiais CK0D. Presume-se que tais diferenças ocorram devido ao fato de que, em laboratório, são obtidas as propriedades do material por meio de corpos de prova de dimensões reduzidas, que sofrem alívio de tensão durante a amostragem e que não são ensaiados segundo as reais trajetórias de tensões de campo. Além disso a metodologia executiva não é simulada pelos ensaios laboratoriais. Nota-se também um aumento significativo do módulo quando da realização do reensaio (E3), devido à redução do índice de vazios causada pelo ensaio anterior, ou seja, o primeiro ensaio provoca uma espécie de compactação no solo, aumentando consideravelmente sua propriedades de deformabilidade. Os parâmetros de resistência e deformabilidade serão tratados de forma detalhada no Capítulo 6, através de análise comparativa com parâmetros de campo e laboratório. 189 c (kPa) Camada I 50 chuvosa seca 40 30 20 10 0 E2 E5 E4 E1 E3* c (kPa) Camada II 30 chuvosa seca 25 20 15 10 5 0 E2 E5 E4 E1 E3* c (kPa) Camada III 70 chuvosa seca 60 50 40 30 20 10 0 E2 FINE E5 E4 PLAXIS E1 E3* Laboratório *Representativo de época “seca” – Estaca Reensaiada Figura 5.47 – Análise comparativa de c obtida nas retroanálises por camada. 190 Camada I 32 φ (º) seca chuvosa 24 16 8 E2 E5 E4 E1 E3* Camada II 32 φ (º) seca chuvosa 24 16 8 E2 E5 E4 E1 E3* Camada III 32 φ (º) seca chuvosa 24 16 8 E2 E5 FINE E4 PLAXIS E1 E3* Laboratório *Representativo de época “seca” – Estaca Reensaiada Figura 5.48 – Análise comparativa de φ obtida nas retroanálises por camada. 191 E (MPa) Camada I 40 seca 35 chuvosa 30 25 20 15 10 5 0 E2 E5 E4 E1 E3* E (MPa) Camada II 60 seca 50 chuvosa 40 30 20 10 0 E2 E5 E4 E1 E3* E (MPa) Camada III 120 seca chuvosa 100 80 60 40 20 0 E2 FINE E5 E4 PLAXIS E1 E3* Laboratório *Representativo de época “seca” – Estaca Reensaiada Figura 5.49 – Análise comparativa de E obtida nas retroanálises por camada. 192 5.4.2.5. Distribuição dos Pontos de Plastificação As distribuições dos pontos de plastificação determinados para o estágio máximo de carregamento das fundações ensaiadas estão apresentadas nas Figuras 5.50 a 5.52. Os pontos plásticos de Mohr-Coulomb representam os pontos de tensão que atingem a envoltória de ruptura de Coulomb. Os pontos de tração “cut-off” são aqueles pontos de tensão que se encontram em estado de tração. Estes representam os possíveis locais de formação de trincas ou fendas. Observa-se que, quanto maior a deformabilidade, maior será a plastificação de ponta simulada pelo programa PLAXIS, como se verifica na estaca E1. Nesta, com deformabilidade de 16,1 mm, tem-se uma maior concentração dos pontos de plastificação na base, enquanto nas estacas E4, E2 e E5, com pequenas deformabilidades não se verificam praticamente nenhuma mobilização de ponta, pois não há pontos de plastificação nas suas bases. Figura 5.50 – Distribuição dos pontos de plastificação das estacas E1 (a) e E4 (b) ensaiadas durante o período chuvoso. 193 Figura 5.51 – Distribuição dos pontos de plastificação das estacas E2 (a) e E5 (b) ensaiadas durante o período seco. Figura 5.52 – Distribuição dos pontos de plastificação da estaca E3 reensaiada durante o período chuvoso. 194 5.4.3. Análises de Transferência de Carga ao Longo da Estaca E1 Apresentam-se os resultados experimentais obtidos pela instrumentação da estaca E1 durante a prova de carga, bem como as curvas de transferência de carga e atrito lateral da estaca E1 ao longo da profundidade, obtidas por análises numéricas. No Apêndice G, têm-se os resultados obtidos, por análise numérica, para as demais estacas. Para análise da instrumentação adotou-se o módulo de elasticidade obtido na seção de referência da estaca (extensômetro posicionado a 0,4 m de profundidade), mediante curvas tensão-deformação segundo faixas de deformação (Guimarães, 2002). A Tabela 5.19 apresenta o resultado da correlação linear entre as transferências de carga medida na estaca E1 e as obtidas por interpretação numérica, sendo α o coeficiente de correlação linear entre o valor de carga medido (y) e o valor de carga estimado pelo GEOFINE e pelo PLAXIS (x). Verifica-se que as curvas de transferência obtidas através do GEOFINE têm uma maior aproximação das curvas experimentais, com coeficientes de correlação próximos de 1,0 e coeficiente de variação de 3,16 %. Tabela 5.19 – Correlação linear entre curvas de transferência de carga – estaca E1. GEOFINE PLAXIS Carga no topo (kN) 2 R R2 α α 60 0,94 0,97 0,88 0,82 120 1,00 0,93 0,97 0,97 180 0,94 0,76 0,86 0,87 240 0,95 0,73 0,86 0,85 270 0,92 0,88 0,82 0,82 Média 0,95 0,85 0,88 0,87 Desvio Padrão 0,03 0,11 0,06 0,06 Coef. de Variação (%) 3,16 12,30 6,36 7,15 Apresentam-se nas Figuras 5.53 e 5.54 as curvas de transferência de carga experimentais e numéricas da estaca E1 obtidas pelos programas GEOFINE e PLAXIS. 195 Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 300 0 1 Profundidade (m) 2 3 4 5 6 7 Experimental FINE 8 Figura 5.53 – Comparação da transferência de carga: prova de carga e GEOFINE (E1). Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 300 0 1 Profundidade (m) 2 3 4 5 6 7 Experimental PLAXIS 8 Figura 5.54 – Comparação da transferência de carga: prova de carga e PLAXIS (E1). 196 Apresenta-se na Tabela 5.20 os valores de carga em cada nível instrumentado para E1 e nas Tabelas 5.21 e 5.22 os resultados obtidos pelos programas GEOFINE e PLAXIS. Tabela 5.20 – Valores de carga no topo, nos níveis instrumentados, e porcentagem de ponta da estaca E1. % de ponta Carga no topo Carga no nível (kN) (kN) 0,4 m 1,4 m 2,4 m 3,4 m 5,4 m 7,4 m Ponta 0 0 0 0 0 0 0 0 0 60 59,9 51,2 42,4 39,4 15,0 5,2 0,2 0,3 120 119,9 106,2 84,9 78,8 59,9 20,7 0,9 0,7 180 174,2 142,1 119,9 105,0 82,4 51,8 0,9 0,5 240 242,5 194,2 164,4 147,4 132,6 72,5 2,1 0,9 270 266,2 218,3 186,8 159,7 138,5 77,7 1,3 0,5 Tabela 5.21 – Valores de carga no topo, em diferentes níveis, da estaca E1 através do GEOFINE. Carga no topo Carga no nível (kN) % de ponta (kN) 0,4 m 1,4 m 2,4 m 3,4 m 5,4 m 7,4 m Ponta 0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 60 59,7 54,5 48,1 40,0 22,5 6,4 1,5 2,5 120 117,0 106,6 94,4 79,9 44,4 11,4 4,0 3,3 180 173,6 159,1 141,2 116,4 65,7 14,8 4,0 2,2 240 234,1 215,4 194,0 170,4 105,8 25,9 7,0 2,9 270 263,2 245,3 223,8 198,3 134,2 53,9 10,0 3,7 Tabela 5.22 – Valores de carga no topo, em diferentes níveis, e porcentagem de ponta da estaca E1 através do PLAXIS. % de ponta Carga no nível (kN) Carga no topo (kN) 0,4 m 1,4 m 2,4 m 3,4 m 5,4 m 7,4 m Ponta 0 0 0 0 0 0 0 0 0 60 58,4 54,0 50,1 43,7 32,8 17,9 11,8 19,7 120 116,2 107,3 97,2 83,2 57,2 27,8 11,5 9,5 180 176,3 167,3 156,5 138,6 94,2 40,2 11,5 6,4 240 236,2 227,1 214,9 197,3 152,0 84,0 12,6 5,3 270 266,1 256,7 244,8 227,1 182,1 117,6 15,0 5,5 Observa-se, nas Figuras 5.53 e 5.54, que há uma tendência ao paralelismo nas curvas associadas aos dois últimos estágios de carregamento, indicando o esgotamento do atrito lateral na primeira camada de solo. Analisando-se a Tabela 5.20, verifica-se que praticamente toda a carga aplicada no topo foi absorvida por atrito lateral, 99,5% no último estágio da prova de carga, ou seja não chegando praticamente nenhuma carga na ponta da estaca. Nas retroanálises obtém-se por extrapolação das curvas de transferência do GEOFINE 96,3 %, e através do PLAXIS 94,5% de carga lateral, para o último estágio de carga (Tabelas 5.21 e 5.22). 197 120 kN 60 kN 180 kN 240 kN 270 kN 0,0 6,7 kPa 10,5 kPa 34,7 kPa 28,7 kPa 39,2 kPa 1,4 9,3 kPa 2,4 3,2 kPa 22,5 kPa 6,5 kPa 31,6 kPa 23,5 kPa 15,8 kPa 18,1 kPa 33,3 kPa 28,8 kPa 3,4 12,9 kPa 10,0 kPa 12,0 kPa 7,8 kPa 11,2 kPa 5,4 20,8 kPa 5,2 kPa 31,9 kPa 16,3 kPa 32,3 kPa 7,4 Figura 5.55 – Atrito lateral obtido pela instrumentação da estaca E1. 120 kN 60 kN 180 kN 240 kN 270 kN 0,0 4,2 kPa 10,2 kPa 15,9 kPa 18,6 kPa 18,7 kPa 1,4 6,8 kPa 12,9 kPa 19,0 kPa 22,7 kPa 22,8 kPa 2,4 15,4 kPa 8,5 kPa 26,3 kPa 25,1 kPa 27,1 kPa 3,4 9,3 kPa 18,8 kPa 8,3 kPa 17,5 kPa 34,3 kPa 26,9 kPa 34,0 kPa 5,4 42,4 kPa 27,0 kPa 42,6 kPa 7,4 Figura 5.56 – Atrito lateral obtido pelo GEOFINE para a estaca E1. 120 kN 60 kN 180 kN 240 kN 270 kN 9,8 kPa 10,1 kPa 0,0 4,5 kPa 9,7 kPa 9,6 kPa 4,2 kPa 10,7 kPa 11,5 kPa 1,4 2,4 6,8 kPa 14,9 kPa 5,8 kPa 13,8 kPa 19,0 kPa 12,9 kPa 12,6 kPa 18,7 kPa 18,8 kPa 3,4 23,6 kPa 24,0 kPa 23,9 kPa 5,4 7,9 kPa 15,6 kPa 28,6 kPa 36,1 kPa 34,2 kPa 7,4 Figura 5.57 – Atrito lateral obtido pelo PLAXIS para a estaca E1. Nas Figuras 5.55 a 5.57 apresentam-se os gráficos de distribuição do atrito. Observa-se que o nível de deformação atingido (16,10 mm) não foi suficiente para mobilizar toda a capacidade de carga lateral nas camadas de solo a partir de 3,4 m de profundidade (Figura 5.55). Entretanto de 0 a 3,4 m verifica-se que praticamente todo o 198 atrito lateral foi mobilizado para a carga de 270 kN, pois se observa na Figura 5.53 que há uma tendência ao paralelismo, nas retas associadas aos dois últimos estágios de carregamento, indicando o esgotamento do atrito lateral. Espera-se a partir desta carga que a curva de transferência real obtenha uma tendência similar as curvas obtidas por análises numéricas, correspondendo a uma rigidez crescente ao longo da profundidade, fato este verificado pelo vários ensaios de campo realizados. Albuquerque et al. (2001) apresentaram diversas provas de carga em estacas escavadas, instrumentadas, com diâmetro de 0,45 m e comprimento de 12,0 m. As estacas estavam assentes em perfil de solo residual de diabásio, com camadas de 6,5 m de espessura, constituída de argila silto-arenosa de alta porosidade, seguida de camada de silte argilo-arenoso até 19,0 m. Os autores observaram que a maior parte da carga aplicada foi absorvida por atrito lateral, situando estes valores em 98%, em média nas provas de carga lentas. Observaram ainda, que os valores de deslocamento, no momento do esgotamento do atrito unitário médio, foram da ordem de 3,5 mm; 7,8 mm e 4,8 mm com valores de atrito lateral de 42 kPa, 40 kPa e 41 kPa, respectivamente (diagrama de atrito crescente com a profundidade). Para estacas tipo hélice contínua, com diâmetro de 0,4 m; os valores de atrito lateral unitário médio, obtidos para carga de 270 kN, foram da ordem de 24,4 kPa e 23,4 kPa no trecho de 0 a 5,0 m e de 15,1 kPa e 14,9 kPa trecho de 5 a 12,0 m (diagrama de atrito decrescente com a profundidade). Verificaram que as estacas absorveram a maior parte da carga por atrito lateral, ficando esta parcela, em média, 93% para o primeiro carregamento. Já Cunha & Kuklík (2003) obtiveram valores de atrito lateral médio estimado pelo GEOFINE da ordem de 32 kPa e experimental de 39 kPa em uma estaca escavada, tipo hélice contínua, diâmetro de 0,4 m e comprimento de 18,5 m assente no perfil de solo característico de Brasília (argila porosa). Portanto, os valores aqui obtidos estão na ordem de grandeza de valores experimentais observados por outros autores. 5.4.4. Análise Global dos Resultados da Interpretação Numérica De modo geral, considera-se satisfatória a simulação numérica das curvas cargadeslocamento através dos programas GEOFINE e PLAXIS, sendo estas ferramentas numéricas uma boa alternativa para prever o comportamento das fundações e realizar análises paramétricas da fundação no solo em estudo. No entanto, vale ressaltar que a escolha de um coeficiente de aumento de tensão de atrito lateral limite devido ao processo executivo da estaca (k) no GEOFINE, e a escolha do modelo constitutivo que represente 199 bem os elementos do problema, no caso do PLAXIS, são de fundamental importância neste tipo de análise. Na instrumentação da estaca E1 não ocorreu mobilização de ponta, fato este observado na curva carga-deslocamento, que possui características de uma curva de estaca trabalhando preponderantemente por atrito lateral, pois a partir do estágio de 240 kN (equivalente a um recalque de 6,04 mm), verifica-se um grande deslocamento para um pequeno incremento de carga (30 kN). Logo pode-se concluir que a dificuldade de ajuste da curva carga-deslocamento pelo PLAXIS da E1 e E3 (reensaio) advém da impossibilidade de simular neste programa numérico a inexistência de resistência de ponta para as estacas. Observa-se pontos de plastificação na ponta das estacas, indicando resistência de ponta durante a retroanálise, o que, segundo a instrumentação, não aconteceu. Lembra-se que para estaca E3 o somatório do deslocamento residual do 1º ensaio com o deslocamento do 2º ensaio foi insuficiente para mobilizar a ponta. Ao contrário do que aconteceu nas estacas E2, E4 e E5, onde se observa que a pequena deformabilidade não provocou ganho significativo de resistência por ponta, e conseqüentemente plastificação, possibilitando o bom ajuste das curvas. Nos gráficos de distribuição do atrito lateral em profundidade, obtidos nas retroanálises com os programas GEOFINE e PLAXIS, verifica-se que os atritos dos últimos trechos da estaca foram superiores aos trechos sobrejacentes; esta ocorrência está associada principalmente ao fato do solo apresentar maior resistência nas camadas mais profundas que nas primeiras camadas, ou seja, adotou-se módulos de deformabilidade crescentes, conforme resultados obtidos nos ensaios de campo. Neste caso específico de simulações numéricas em estacas escavadas, instaladas em solo poroso colapsível não saturado, consideram-se os resultados numéricos do GEOFINE superiores em qualidade aos obtidos pelo PLAXIS. Os parâmetros c e φ apresentaram uma boa acurácia quando comparados com os de laboratório, e as curvas carga-deslocamento têm ajuste satisfatório quando comparadas com as experimentais. O sucesso na utilização desta ferramenta decorre de uma calibração adequada dos parâmetros de resistência do solo e da determinação adequada dos módulos de deformabilidades que melhor representavam a rigidez do elemento de fundação, considerando a variabilidade sazonal observada na época de cada ensaio (variações de sucção). 200 CAPÍTULO 6 6. ESTRATIGRAFIA E PARÂMETROS GEOTÉCNICOS 6.1. INTRODUÇÃO Descrevem-se aqui, os ensaios de laboratório realizados em amostras deformadas e indeformadas, visando comparar valores medidos experimentalmente com previsões baseadas em ensaios de campo. Apresenta-se também o perfil estratigráfico do solo subsidiando as análises mecânica e hidráulica para fins geotécnicos. Em princípio, obtém-se o perfil estratigráfico através de ensaios laboratoriais e de campo. Sendo a obtenção deste perfil uma das aplicações dos ensaios de campo, extraída por correlações ou pelo emprego de cartas de classificação de solo. Compara-se o perfil estratigráfico do campo experimental e da obra obtidos a partir dos resultados de CPT e DMT, com as classificações do solo, resultante dos métodos de classificação, baseados nos limites de Atterberg e granulometria, AASHTO, a classificação unificada USCS e a metodologia MCT (metodologia para caracterização e classificação de solos tropicais). Compararam-se os parâmetros geotécnicos através de ensaios de CPT, DMT, PMT e SPT com os resultados de ensaios realizados em laboratório, levando-se em conta a variabilidade sazonal. 201 6.2. ESTRATIGRAFIA E CLASSIFICAÇÃO DO SOLO 6.2.1. Perfil do Campo Experimental Apresenta-se o perfil estratigráfico do campo experimental obtido a partir de resultados de CPT e DMT em diferentes épocas do ano, visando compará-los com os perfis obtidos nos ensaios laboratoriais. Discute-se também a análise comparativa entre as cartas de classificação do CPT propostas por Robertson et al. (1986) e Eslami & Fellenius (1997); a metodologia de DMT proposta por Marchetti (1980) e os ensaios laboratoriais de análise granulométrica, segundo a NBR-7181 (ABNT, 1984). A Figura 6.1 mostra o índice de plasticidade (IP, %) e a porosidade (n, %) do perfil do campo experimental e sua distribuição granulométrica com e sem defloculante Profundidade (m) (hexametafosfato de sódio), CD e SD respectivamente, via ensaios laboratoriais. 0 0 0 0 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 6 6 6 6 7 7 7 7 8 8 8 8 9 9 9 9 10 10 10 10 11 11 8 12 16 IP (%) 20 11 45 50 55 60 65 n (%) 11 0 20 40 60 80 100 Granulometria CD Areia Silte 0 20 40 60 80 100 Granulometria SD Argila Figura 6.1 – Caracterização física do solo do campo experimental (modificado – Guimarães, 2002). 202 Lembra-se que Guimarães (2002) apresentou um estudo da microestrutura por análises feitas por microscopia eletrônica de varredura em amostras indeformadas metalizadas com ouro mostrando como evolui a estrutura e distribuição de poros com a profundidade. Constatou-se que o processo de alteração faz aparecer diferentes formas de agregação, sendo que ao atingir a camada residual jovem estas formações de agregados, por atuação dos óxidos de Fe e Al, cedem espaço a aglomerações ou pacotes de argilominerais. Com o aumento da profundidade a estrutura vai se tornando mais homogênea quanto à porosidade e distribuição de poros, sendo observados mais poros entre os agregados dos solos mais superficiais. Segundo Paixão & Camapum de Carvalho (1994) o solo de Brasília é formado por microconcreções de argila, com grãos do tamanho de silte e areia e estrutura interna bastante porosa, oriundo de partículas menores. De acordo com Cozzolino & Nogami (1993) esta agregação é suficientemente forte, influenciando os resultados das classificações tradicionais, assim, tanto a granulometria como os limites de Atterberg variam em função do grau de destruição dos mesmos. Outra dificuldade relaciona-se com a granulometria que melhor representaria uma argila ou solo argiloso laterítico, pois devido ao elevado grau de resistência dos agregados e ao grau de destruição dos mesmos, quando submetidos às determinações granulométricas tradicionais, obtém-se valores consideravelmente diferentes, com pequenas variações na intensidade do procedimento de desagregação adotado (geralmente aparelho de dispersão) e no tipo e concentração do defloculante. Por isso, algumas vezes as curvas granulométricas obtidas têm apenas valor simbólico, pois em muitos solos lateríticos constata-se, freqüentemente, elevada porcentagem de argila agregada na fração areia, quando se usam procedimentos tradicionais de análise granulométrica. Observa-se na Figura 6.1 que a granulometria apresenta diferenças consideráveis quando feitas com e sem defloculante, fato observado por Ignatius (1991) e Cozzolino & Nogami (1993) para este tipo de solo. Para Cardoso (2002) a utilização da análise granulométrica sem o uso de defloculante limita-se ao interesse de avaliar a influência do grau de agregação dos solos, influenciando as propriedades físicas, químicas e mineralógicas que estão diretamente associadas ao tipo de fração granulométrica predominante. Segundo Ignatius (1991) a inadequação dos sistemas tradicionais de classificação dos solos tropicais deve-se a particularidade deste tipo de solo, pois suas partículas reunidas em agregados são desagregadas progressivamente com o aumento do nível de 203 tensão aplicada e do teor umidade. Como nos ensaios para determinação das “propriedades de natureza” (granulometria e limites Atterberg) destroem-se os agregados num nível não controlado, ocorre uma grande dispersão dos resultados destes ensaios nos solos tropicais, não obtendo-se correlações confiáveis dos resultados com o comportamento dos solos quando submetidos a outros tipos de solicitação, onde o nível de destruição dos agregados é diferente daquele provocado nos ensaios tradicionais. Acredita-se que a existência e comportamento dos agregados estejam associados ao “comportamento laterítico” da classificação MCT. Diante das dificuldades de análise granulométrica e mineralógica dos solos tropicais, surgiu a metodologia MCT, baseada na determinação de características de interesse geotécnico ligado às propriedades mecânicas e hidráulicas, mais aplicada na caracterização e classificação dos solos tropicais. Segundo Nogami & Villibor (1995) as discrepâncias decorrentes do significado diferente dos índices classificatórios tradicionais (granulometria e limites de Atterberg) podem ser agrupadas de acordo com as duas classes mais importantes de solos tropicais: os solos de comportamento lateríticos e os saprolíticos. No caso dos solos lateríticos, os grãos não se apresentam de forma tipicamente lamelar, como nos argilominerais tradicionais, havendo um envolvimento da caolinita pelos hidróxidos e óxidos de Fe e Al hidratados. Além do mais, há indícios de que, mesmo na realização de ensaios tradicionais de determinação dos limites de Atterberg e de outros índices classificatórios de solos (como por exemplo, peso específico versus índice de vazios e coesão dos solos), a microestrutura permaneça em grande parte intacta ou pouco alterada. Segundo Godoy (1997), que apresentou a identificação e classificação geotécnica de latossolos e solos afins do estado de São Paulo a partir dos ensaios expeditos das pastilhas para a classificação MCT, esta metodologia é a mais indicada para caracterização e classificação de solos tropicais. Delgado (2002) classificou o solo do campo experimental pela metodologia MCT, nas profundidades de 4,0 e 8,0 m e Gurjão (2003) nas profundidades de 0,5 e 7,0 m e ambas constataram que este material pertence ao grupo LG’ (laterítico argiloso), com índice e’ igual a 1,1 e a inclinação das curvas de deformabilidade na compactação (coeficiente c’) de 2,3; que representam as argilas, argilas arenosas e siltosas e siltes argilosos (Figura 6.2). 204 190 18 170 Pi = 40% e' = 1,1 c' = 2,3 Solo LG´ 16 14 12 150 130 110 10 90 8 70 6 50 4 30 2 10 0 -10 1 10 Perda de massa por imersão Pi (%) Diferença de altura an = An - A4n (mm) 20 100 Número de golpes (n) w = 22,8% w = 27,6% w = 32,9% w = 37,9% w = 43,2% Pi Massa específica aparente seca (kg/m3) Famílias de Curvas de Compactação 2000 d' = 19,0 1800 1600 Sr = 100% 1400 1200 1000 800 20 25 n=1 30 35 40 Teor de Umidade de Compactação (%) n=2 n=3 n=4 45 n=6 n=8 n = 12 n = 16 n = 24 n = 32 n = 48 n = 64 n = 96 n = 128 Sr =100% Figura 6.2 – Resultados de ensaios de compactação Mini-MCV e perda de massa por imersão do solo do campo experimental a 7,0 m (Modificado – Gurjão 2003). De acordo com as classificações tradicionais HRB, AASTHO e a normalizada USCS, pela ASTM (1984, 1985 e 1988), e DNER (1996), constata-se que a classificação MCT não se relaciona de forma simples com estes grupos de classificação, 205 sendo os motivos deste problema relacionados com as peculiaridades mineralógicas e estruturais dos solos tropicais (Tabela 6.1). Tabela 6.1 – Perfil de solo do campo experimental segundo classificações tradicionais (modificado – Delgado, 2002). CLASSIFICAÇÃO Prof. AASHTO USCS (m) Grupo Materiais Constituintes Grupo Materiais Constituintes 1 A-4 ML/OL siltes inorgânicos – areias muito finas, areias finas solos siltosos 2 A-4 ML/OL 3 A-4 ML/OL siltosas e argilosas (ML). 4 A-7-6 ML/OL 5 A-7-6 ML/OL siltes orgânicos – argilas solos argilosos 6 A-7-6 ML/OL siltosas orgânicas de baixa plasticidade (OL). 7 A-7-6 ML/OL 8 A-5 solos siltosos ML/OL CL argilas inorgânicas de baixa a média plasticidade. 9 A-7-6 argilas pedregulhosas, solos argilosos arenosas e siltosas. 10 A-7-5 ML/OL idem. Na carta de classificação, o comportamento diferenciou-se em solos do grupo ML e CL, destacando-se que os solos mais argilosos apresentam um comportamento mais siltoso, localizando-se abaixo da linha A. Segundo Camapum de Carvalho & Mortari (1994), este fato está associado a microestrutura agregada, que em parte preserva-se intacta nos ensaios de plasticidade, sendo destruída pelo defloculante nos ensaios granulométricos de sedimentação. Adotando uma classificação que represente o perfil de solo do campo experimental, considerando as curvas granulométricas com defloculante no processo de classificação, e relacionando as propriedades físicas com as características mineralógicas e microestruturais de solos tropicais, divide-se o perfil em 04 camadas para análise comparativa da classificação do solo a ser obtida por meio dos ensaios de CPT e DMT: • Camada I - 1 a 3 m – areia argilosa com silte, vermelha (Figura 6.3); • Camada II – 3,1 a 8 m – argila arenosa com silte, vermelha (Figura 6.4); • Camada III - 8,1 a 12 m – silte argiloso variegado a roxo (Figura 6.5); • Camada IV – 12,1 a 15 m – silte. 206 ARGILA SILTE 100 AREIA Fina Grossa Média PEDREGULHO 90 80 % passa 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro das partículas (mm) Com Defloculante Sem Defloculante Figura 6.3 – Curva granulométrica do campo experimental com e sem defloculante 2 m – camada I (modificado – Guimarães, 2002). ARGILA SILTE 100 AREIA Fina Grossa Média PEDREGULHO 90 80 % passa 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro das partículas (mm) Com Defloculante Sem Defloculante Figura 6.4 – Curva granulométrica do campo experimental com e sem 6 m – camada II (modificado – Guimarães, 2002). 207 ARGILA SILTE 100 AREIA Fina Grossa Média PEDREGULHO 90 80 % passa 70 60 50 40 30 20 10 0 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro das partículas (mm) Com Defloculante Sem Defloculante Figura 6.5 – Curva granulométrica do campo experimental com e sem 9 m – camada III (modificado – Guimarães, 2002). 6.2.1.1. Classificação via CPT Os resultados apresentados a seguir são baseados nas correlações entre composição do solo e comportamento mecânico. Apesar das cartas de classificação não oferecerem uma previsão acurada do tipo de solo, servem como guia para o comportamento do mesmo. Devido a forma que as cartas de classificação correntes foram desenvolvidas, as vezes é inevitável obter de forma imprecisa a identificação dos tipos de solo. A falta de habilidade para identificar os sedimentos, para especificar as zonas de transição e parâmetros mistos (argila, silte, areia) dificulta o processo. Neste trabalho tenta-se obter um procedimento específico no uso destas metodologias de forma a identificar o perfil estratigráfico e a sua compatibilidade com as classificações tradicionais e do grupo MCT, que considera a origem geológica e/ou pedológica dos solos tropicais em condições de compactação. Mondelli et al. (2002) apresentou resultados de CPT num perfil de solo tropical arenoso (areia fina pouco argilosa, porosa e colapsível), afirmando que os resultados permitiram identificar os horizontes de solos com comportamentos lateríticos e não 208 lateríticos, uma vez que a razão de atrito (FR) apresentou valores distintos e variáveis no horizonte de solo não laterítico, indicando que a técnica poderia apresentar potencial para ser empregada na caracterização e previsão de comportamento típico destes solos. Entretanto analisando a Figura 6.6 observa-se que as maiores variações de FR ocorrem na camada I, provocadas provavelmente por maiores variações de sucção, podendo-se observar uma tendência a partir de 4,0 m, portanto, não caracterizando comportamentos distintos (laterítico e não laterítico). FR (%) FR (%) Prof (m) 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 0 5 10 15 20 25 30 1ª Campanha - Chuvosa CP1 CP2 CP3 CP4 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 2 4 6 8 FR (%) 10 12 2ª Campanha - Seca CP5 CP6 CP7 0 2 4 6 8 10 12 14 FR (%) 0 0 0 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 10 10 11 11 12 12 13 13 14 14 15 15 16 16 17 17 18 18 3ª Campanha - Chuvosa 19 19 CP8 CP9 CP10 CP11 CP12 CP13 2 4 6 8 10 12 14 4ª Campanha - Seca CP15 CP16 CP1 CP14 Figura 6.6 – Resultados da razão de atrito dos ensaios de CPT do campo experimental. A classificação proposta por Eslami & Fellenius (1997), testada neste trabalho e anteriormente por Mestnik (2002), apresenta bons resultados de análise estratigráfica, provavelmente devido à boa relação entre qc e fs, admitindo qc = qE (Figuras 6.7 a 6.10). Algumas dispersões foram observadas na camada I, em função das variações sazonais que interferiram diretamente nos valores de qc das camadas superficiais, evidencia esta observada na 2ª campanha, em que o ressecamento do solo provocou uma elevação nos valores de qc provocado pelo aumento de sucção, sendo a camada classificada como areia. Contrário ao que ocorre na 3ª campanha, pois os baixos valores de qc levam a uma classificação oposta do solo, como sendo argila sensível colapsível. De modo geral, classifica-se o perfil como argila a silte arenoso na camada I, argila a argila siltosa na camada II, argila siltosa a silte argiloso na camada III e silte argiloso a arenoso na camada IV, aproximandose da classificação MCT obtida para solos tropicais lateríticos (Tabela 6.2). 209 100 10 Areia 10 qc (MPa) 10 Silte Arenoso Argila Siltosa Silte Argiloso 1 1 Argila Argila Sensível-Colapsível 0,1 0,1 1 10 100 1000 fs (kPa) Camada I Camada II Camada III Camada IV Figura 6.7 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997) – 1ª campanha (estação chuvosa). 100 10 Areia 10 10 qc (MPa) Silte Arenoso Silte Argiloso Argila Siltosa 21 1 1 Argila Argila Sensível-Colapsível 0,1 0, 1 10 100 1000 fs (kPa) Camada I Camada II Camada III Camada IV Figura 6.8 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997) – 2ª campanha (estação seca). 210 100 10 Areia qc (MPa) 10 10 Silte Arenoso Silte Argiloso Argila Siltosa 1 1 Argila Argila Sensível-Colapsível 0,1 0,1 1 10 100 1000 fs (kPa) Camada I Camada II Camada III Camada IV Figura 6.9 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997) – 3ª campanha (estação chuvosa). 100 10 Areia qc (MPa) 10 10 Silte Arenoso Silte Argiloso Argila Siltosa 1 1 Argila Argila Sensível-Colapsível 0,1 0,1 1 10 100 1000 fs (kPa) Camada I Camada II Camada III Camada IV Figura 6.10 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997) – 4ª campanha (estação seca). 211 Para a proposta de Robertson et al. (1986) em que a classificação é função da relação entre qc e FR, tem-se maior dispersão dos pontos, gerando maiores incertezas quanto a real identificação estratigráfica do perfil (Figura 6.11 a 6.14). 100 1 12 10 9 11 8 10 1 qc (MPa) 7 6 5 1 3 1 4 1 2 0,1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 FR (%) Camada I Camada II Camada III Camada IV Zona Comportamento do Solo 1 Solo fino sensível 2 Matéria orgânica 3 Argila 4 Argila siltosa a argila 5 Silte argiloso a argila siltosa 6 Silte arenoso a silte argiloso 7 Areia siltosa a silte arenoso 8 Areia a areia siltosa 9 Areia 10 Areia pedregulhosa a areia 11 Solo fino muito rijo* 12 Areia a areia argilosa* * pré-adensado ou cimentado Figura 6.11 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Robertson et al. (1986) – 1ª campanha (estação chuvosa). 212 Observa-se que as maiores dispersões foram observadas na camada I, com as maiores variações de sucção. Na 2ª campanha os elevados valores de qc levam a classificação do solo da camada I para uma areia siltosa, zonas 7 e 8. Enquanto na 3ª campanha a mesma camada situa-se na zona 1, referente a um solo sensível de textura fina, como em Eslami & Fellenius (1997). Em geral, por esta carta de classificação, a camada I situada nas faixas 3, 4, 5 e 6, é classificada como argila a silte arenoso e argiloso; as camadas II e III, nas faixas 3, 4 e 5, é como argila e argila siltosa e a camada IV nas faixas 4, 5 e 6 é classificada como argila siltosa a silte argiloso a arenoso. 100 12 10 9 11 8 10 qc (MPa) 7 6 5 1 3 4 1 2 0,1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 FR (%) Camada I Camada II Camada III Camada IV Figura 6.12 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Robertson et al. (1986) – 2ª campanha (estação seca). 213 100 1 12 10 9 11 8 10 1 qc (MPa) 7 6 5 1 3 1 4 1 2 0,1 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 FR (%) Camada I Camada II Camada III Camada IV Figura 6.13 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Robertson et al. (1986) – 3ª campanha (estação chuvosa). 10 100 12 10 9 11 8 10 10 qc (MPa) 7 6 5 1 3 1 4 1 2 0,1 0, 0 1 2 3 4 5 6 7 8 FR (%) Camada I Camada II Camada III Camada IV Figura 6.14 - Classificação do solo do campo experimental segundo a proposta de Robertson et al. (1986) – 4ª campanha (estação seca). 214 A Tabela 6.2 apresenta o perfil estratigráfico do campo experimental, obtido através das cartas de classificação de CPT, comparado a análise granulométrica com o uso de defloculante e a metodologia MCT. Na comparação verifica-se que as cartas de classificação propostas para CPT indicam uma constituição granulométrica que permite classificar o solo pela sua matriz argilosa de textura fina, domínio das ardósias, predominantemente argilo-siltosos residuais. Nos três primeiros metros verifica-se uma diferença de comportamento na análise granulométrica e na classificação via CPT, o que sugere que aparentemente o solo já se encontra desagregado, ou o defloculante foi incapaz de romper as ligações microestruturais existentes. Tabela 6.2 – Classificação final do perfil de solo do campo experimental (CPT). Classificação do Solo Prof. Laboratório MCT – Nogami Camada Eslami & Robertson et al. (m) granulometria & Villibor Fellenius (1997) (1986) CD (1980) 1 areia argilosa argila a silte argila arenosa e I argila a silte arenoso 2 arenoso com silte siltosa 3 4 5 argila arenosa argila a argila argila arenosa e II 6 siltosa com silte siltosa 7 argila a argila 8 siltosa 9 argila siltosa a 10 III silte silte argiloso 11 silte argiloso 12 13 silte argiloso a argila siltosa a silte IV 14 arenoso arenoso 15 A classificação proposta por Eslami & Fellenius (1997) é considerada adequada, pois conduz a uma menor dispersão na correlação entre as medidas de qc e fs, porém sugere-se adaptações a fim de obter um melhor resultado na identificação dos solos típicos das regiões tropicais brasileiras. A seguir, apresenta-se uma proposta de modificação da carta de Eslami & Fellenius (1997) para identificação de perfis típicos de solos porosos colapsíveis, não saturados, característicos do DF, que sofrem influência de variações sazonais, nas camadas superficiais de acordo com as estações do ano (Figura 6.15). 215 100 10 Zona Não Estudada Solo Saprolítico Fino 10 qc (MPa) 10 1 1 Zona Ativa Solo Superficial Laterítico 0,1 1 Zona Não Estudada Argila Porosa 10 0, 1000 100 fs (kPa) Camada I Camada II Camada III Camada IV Figura 6.15 - Ábaco proposto de classificação de solo tropical do DF com os resultados de todas as campanhas. Com a nova proposta contempla-se uma zona ativa de solo superficial para as variações de qc devido a sazonalidade (variação de sucção), esta zona representa o solo areno-argiloso ou argilo-arenoso característico das camadas superficiais. Em seguida temse a zona representativa da argila porosa. Apesar de existir uma faixa de transição entre a argila porosa e o solo saprolítico fino (argila siltosa a silte argiloso), compreendida entre as duas camadas com profundidade de 0,5 m a 1,5 m não delimitou-se esta zona de transição devido a variabilidade espacial do depósito. Verifica-se, ainda, que não há dispersão significativa dos pontos a partir de 10 m de profundidade (camadas III e IV), zona de solo saprolítico fino, confirmando o comportamento da curva característica a 10 m de profundidade (Figura 4.1), que para variações do grau saturação de 20% a 70% não se observa variação de sucção significativa, conseqüentemente não sofrendo nenhuma influência da variabilidade sazonal. 216 6.2.1.2. Classificação via DMT A classificação proposta por Marchetti (1980), obtida a partir do índice do material ID (Figuras 4.16, 4.18, 4.20 e 4.22), identifica o solo como sendo uma areia siltosa a silte (ID variando de 1,20 – 3,30), características observadas na análise granulométrica sem defloculante. Esta diferença entre as frações granulométricas obtidas sem defloculante indica a facilidade de desagregação que pode estar ligada a fragilidade das ligações cimentíceas microestruturas, pois a parcela de argila forma microagregados mantidos pelas cimentações e pontes de argila, promovendo a formação de um aspecto granular que confere a estes solos elevada porosidade e comportamento em termos de permeabilidade similar aos solos granulares finos. Lembra-se que, segundo Marchetti (1980), o ID é um parâmetro que reflete o comportamento mecânico do solo e não fornece uma informação detalhada da distribuição granulométrica dos solos. Observa-se que não existe correlação direta de ID e o índice de plasticidade IP, tendo-se obtido valores semelhantes de ID para solos com diferentes IP. Logo, considera-se que a descrição do tipo de solo, por meio do DMT, é uma boa indicação do comportamento do solo e para este caso, que a granulometria pelo DMT aproximou-se mais com a obtida em laboratório sem uso de defloculante (Tabela 6.3). Tabela 6.3 – Classificação final do perfil de solo do campo experimental (DMT). Classificação do Solo Prof. Camada Granulometria (m) Marchetti (1980) SD 1 I areia siltosa 2 3 4 areia siltosa 5 areia siltosa a II 6 silte arenoso 7 8 9 10 III silte arenoso silte arenoso 11 12 13 IV silte 14 15 217 Compararam-se os resultados de ID desta pesquisa com os obtidos por Jardim (1998) em dois ensaios de DMT no campo experimental, executados com a metodologia de cravação dinâmica da lâmina dilatométrica e utilizando-se um tripé de sondagem empregado para sondagens do tipo SPT neste caso, Mota et al. (2000b) verificaram que o ID foi o parâmetro intermediário com maior sensibilidade à metodologia de cravação, pois obteve-se variação percentual de ± 30%, sendo o solo do campo experimental classificado por Jardim (1998) como silte ao longo de todo perfil. Como o sistema de cravação dinâmico gera diferenças significativas na interpretação de parâmetros dilatométricos, não recomenda-se a adoção deste procedimento de inserção da lâmina dilatométrica. 6.2.2. Perfil da Obra Local Para análise da granulometria do perfil de solo da obra, realizaram-se ensaios com e sem defloculante e com e sem ultra-som, utilizando o granulômetro a laser, nova técnica que está sendo corriqueiramente utilizada no curso de pós-graduação em geotecnia da UnB para determinação da curva granulométrica dos solos. Em relação aos procedimentos recomendados pela NBR 7118 (ABNT, 1984), este aparelho apresenta rapidez e precisão (Lima et al., 2002). O granulômetro permite a execução de ensaios utilizando-se do dispositivo de ultra-som, cujo objetivo é o de desagregar as partículas aglomeradas, ou com ligações cimentíceas, ou ligadas por outro mecanismo. Essa agregação pode ser avaliada a partir da diferença das curvas granulométricas com e sem a aplicação de ultra-som, assim como se faz com e sem defloculante. O tempo de utilização do dispositivo de ultra-som foi de 5 minutos, que, segundo Lima et al. (2002), é suficiente para desagregação das partículas. A Figura 6.16 apresenta o IP e a distribuição granulométrica obtida com o granulômetro a laser sem uso de ultra-som (SUS) para o perfil de solo da obra, bloco D. Nas Figuras 6.17 e 6.18 tem-se a distribuição granulométrica com e sem defloculante, CD e SD e pelo granulômetro a laser com e sem uso de ultra-som, CUS e SUS, respectivamente, para o perfil da obra, bloco A. Observa-se que os resultados do granulômetro a laser forneceram uma boa orientação quanto a granulometria dos solos, com acurácia razoável quando comparados com metodologia tradicional. A atuação do granulômetro com ultra-som foi eficiente para desagregar a fração areia que não pôde ser desestabilizada somente com a presença do defloculante. Verifica-se que na granulometria com ultra-som (CUS) tem-se na fração silte 218 um percentual oscilando entre 50% e 60%, na fração argila um percentual de 40%, e na fração areia aproximadamente 5%, exceto a 21 m, camada de areia siltosa branca (Figura 6.17). Comportamento similar observado por Guimarães (2002), nas profundidades de 9 m e 10 m em amostra de solo do campo experimental, e por Manso (1999), profundidades de 1 m, 5 m e 10 m no campo experimental e de 1 m, 5 m e 10 m na Asa Sul. A atuação do granulômetro com ultra-som é efetivada principalmente na fração areia onde ocorre maior desagregação, fato importante no aspecto contínuo da curva granulométrica, sem queda brusca, como sempre acontece quando realizado com o defloculante nas metodologias tradicionais (Figuras 6.19 e 6.20). O uso de defloculante não se torna efetivo na presença de frações de silte e argila a partir de 8,0 m de profundidade, o que sugere aparentemente que o solo já se encontra desagregado ou que a fração de areia não sofre interferência química do defloculante. Nas amostras sem defloculante (SD) a parcela de argila forma microconcreções que dão características de um solo areno-siltoso ao longo de toda profundidade em maiores proporções que o observado nas análises sem ultra-som (SUS) (Figura 6.18). Apesar dos ensaios indicarem uma constituição granulométrica variável, o uso destas técnicas possibilita um melhor entendimento quanto ao comportamento deste material de matriz argilosa. 0 0 1 2 1 2 3 3 4 4 5 Profundidade (m) Profundidade (m) 5 6 7 8 9 10 11 6 7 8 9 10 11 12 12 13 13 14 14 15 15 16 16 0 10 IP (%) 20 30 0 20 40 60 80 100 Granulometria SUS Argila Areia Silte Pedregulho Figura 6.16 – Caracterização do perfil de solo da obra sem ultra-som – bloco D. 219 Profundidade (m) 0 0 2 2 4 4 6 6 8 8 10 10 12 12 14 14 16 16 18 18 20 20 22 22 0 20 40 60 80 100 0 Granulometria CD Pedregulho Areia Silte Argila 20 40 60 80 100 Granulometria CUS Profundidade (m) Figura 6.17 – Caracterização do perfil da obra com defloculante e com ultra-som, bloco A. 0 0 2 2 4 4 6 6 8 8 10 10 12 12 14 14 16 16 18 18 20 20 22 22 0 20 40 60 80 100 Granulometria SD 0 20 40 60 80 100 Granulometria SUS Pedregulho Areia Silte Argila Figura 6.18 – Caracterização do perfil da obra sem defloculante e sem ultra-som, bloco A. 220 ARGILA SILTE 100 AREIA Fina Grossa Média PEDREGULHO 90 80 % passa 70 60 50 40 30 20 ABNT (CD) 10 Granulômetro (CUS) 0 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro das partículas (mm) ARGILA SILTE 100 AREIA Fina Grossa Média PEDREGULHO 90 80 % passa 70 60 50 40 30 20 ABNT (SD) 10 Granulômetro (SUS) 0 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro das partículas (mm) Figura 6.19 – Curvas granulométricas da obra no bloco A, com defloculante e com ultra-som e sem defloculante e som ultra-som, na profundidade de 7,0 m – camada I. 221 ARGILA SILTE 100 AREIA Fina Grossa Média PEDREGULHO 90 80 % passa 70 60 50 40 30 ABNT (CD) 20 Granulômetro (CUS) 10 0 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro das partículas (mm) ARGILA SILTE 100 AREIA Fina Grossa Média PEDREGULHO 90 80 % passa 70 60 50 40 30 20 ABNT (SD) 10 Granulômetro (SUS) 0 0,001 0,01 0,1 1 10 100 Diâmetro das partículas (mm) Figura 6.20 – Curvas granulométricas da obra no bloco A, com defloculante e com ultrasom e sem defloculante e sem ultra-som, na profundidade de 14,0 m – camada II. 222 Logo, divide-se o perfil da obra em 02 camadas para análise comparativa da identificação do solo pelo CPT e DMT. Adota-se a classificação obtida da análise granulométrica com uso de defloculante: • Camada I - 1 a 8 m – argila arenosa com silte, vermelha (Figura 6.19); • Camada II – a partir de 8,1 m – areia argilosa com silte, vermelha (Figura 6.20); 6.2.2.1. Classificação via CPT Apresenta-se nas Figuras 6.21 a 6.24 a classificação do solo da obra pela metodologia proposta por Eslami & Fellenius (1997), através dos resultados de CPT e admitindo-se qc = qE. E nas Figuras 6.25 a 6.28 os resultados pela proposta de Robertson et al. (1986). 1 10 100 1000 100 100 Areia qc (MPa) 10 10 Silte Arenoso Silte Argiloso Argila Siltosa 1 1 Argila Argila Sensível-Colapsível 0,1 0,1 1 10 100 1000 fs (kPa) Camada I Camada II Figura 6.21 – Classificação do solo da obra nos blocos B e C segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997). 223 10 100 Areia qc (MPa) 10 10 Silte Arenoso Silte Argiloso Argila Siltosa 1 1 Argila Argila Sensível-Colapsível 0,1 0,1 1 10 100 1000 fs (kPa) Camada I Camada II Figura 6.22 – Classificação do solo da obra nos blocos D e E segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997). 10 100 Areia qc (MPa) 10 10 Silte Arenoso Silte Argiloso Argila Siltosa 1 1 Argila Argila Sensível-Colapsível 0,1 0,1 1 10 100 1000 fs (kPa) Camada I Camada II Figura 6.23 – Classificação do solo da obra nos blocos F, G e H segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997). 224 10 100 Areia qc (MPa) 10 10 Silte Arenoso Silte Argiloso Argila Siltosa 1 1 Argila Argila Sensível-Colapsível 0,1 0,1 1 10 100 1000 fs (kPa) Camada I Camada II Figura 6.24 – Classificação do solo da obra no bloco A segundo a proposta de Eslami & Fellenius (1997). 100 12 10 9 11 8 10 qc (MPa) 7 6 5 1 3 4 1 2 0,1 0 1 2 3 4 5 6 Camada I FR (%) 7 8 Camada II Figura 6.25 – Classificação do solo da obra nos blocos B e C segundo a proposta de Robertson et al. (1986). 225 100 12 10 9 11 8 10 qc (MPa) 7 6 5 1 3 4 1 2 0,1 0 1 2 3 4 5 6 7 Camada I FR (%) 8 Camada II Figura 6.26 – Classificação do solo da obra nos blocos D e E segundo a proposta de Robertson et al. (1986). 100 12 10 9 11 8 10 qc (MPa) 7 6 5 1 3 4 1 2 0,1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Camada I Camada II Figura 6.27 – Classificação do solo da obra nos blocos F, G e H segundo a proposta de FR (%) Robertson et al. (1986). 226 100 12 10 9 11 8 10 qc (MPa) 7 6 5 1 3 4 1 2 0,1 0 1 2 3 4 5 6 Camada I FR (%) 7 8 Camada II Figura 6.28 – Classificação do solo da obra no bloco A segundo a proposta de Robertson et al. (1986). Observa-se, pela proposta de Eslami & Fellenius (1997), que os resultados não sofreram interferência significativa da sucção durante o processo de classificação do solo em função de qc e fs, pois os ensaios foram realizados numa mesma estação chuvosa (admitindo-se qc = qE). Identifica-se o perfil como argila a argila siltosa na camada I e silte argiloso a silte arenoso na camada II. Nos blocos F, G e H surge, pelas correlações de qc e fs, areia na camada impenetrável, subseqüente a camada de silte arenoso. Pela proposta de Robertson et al. (1986), Figuras 6.25 a 6.28, observam-se as mesmas dispersões vistas nos resultados do campo experimental, sendo o perfil classificado como argila a argila siltosa, zonas 3 e 4, na camada I e silte argiloso a areia siltosa, zonas 5 a 8, na camada II. Repete-se a presença da areia, zonas 9 e 10, na camada subseqüente à camada II (impenetrável). A Figura 6.29 apresenta a identificação do perfil de solo da obra através da proposta apresentada neste trabalho. Observa-se que na zona ativa de solo superficial temse um número pequeno de pontos sem significativa variação de sucção, pois toda a campanha realizou-se durante a estação seca. Entre a zona de argila porosa e de solo saprolítico fino tem-se uma camada de transição de 0,5 a 2,5 m de espessura, em função da 227 variabilidade espacial da obra. Verifica-se que os resultados possibilitaram, com o uso da classificação proposta, diferenciar horizontes distintos na obra (faixa de transição entre as camadas I e II). 1 10 100 1000 100 100 Zona Não Estudada Solo Saprolítico Fino 10 qc (MPa) 10 1 1 Zona Ativa Solo Superficial Laterítico 0,1 1 Zona Não Estudada Argila Porosa 0,1 10 100 1000 fs (kPa) Camada I Camada II Figura 6.29 - Ábaco proposto de classificação de solo tropical do DF com os resultados de todos os ensaios da obra. 6.2.2.2. Classificação via DMT Pela classificação proposta por Marchetti (1980), identifica-se o perfil da obra como silte arenoso, com ID no intervalo de 1,20 – 1,80 (Figura 4.24). 6.2.3. Análise Global Os sistemas de classificação têm sido empregados de forma satisfatória em depósitos de solos sedimentares, porém poucos dados foram testados de forma sistemática em solos residuais. Nesta tentativa, conclui-se que para este tipo de solo, poroso e 228 colapsível, não saturado, característico do DF, uma melhor relação para utilização de ábacos de classificação é dada pela correlação direta entre qc e fs, uma vez que a medida de fs reproduz muito pouco o atrito lateral ao longo do perfil. Os perfis de qc caracterizam-se como perfis típicos para este tipo de solo, com comportamento qualitativo que demonstram possíveis interpretações de tipos de solos e suas condições (Figura 6.30). A sucção conduz a valores distintos e variáveis de qc e FR na camada superficial, zona ativa até 3,0 m (camada I), podendo comprometer a avaliação do tipo de comportamento do solo pelas correlações ou ábacos de classificação. O perfil estratigráfico característico é em geral composto por uma camada de argila arenosa ou siltosa (argila porosa), seguido de uma camada de silte argiloso a arenoso (solo saprolítico fino); sendo que, no campo experimental a camada superficial é composta por um areia argilosa mediamente compacta. As propostas de Eslami & Fellenius (1997) para CPT e Marchetti (1980) para DMT apresentam uma boa acurácia na classificação estratigráfica do solo quando comparados com as curvas granulométricas com e sem defloculante, respectivamente. Eslami & Fellenius (1997) para CPT também apresenta bons resultados quando comparado com a metodologia MCT, porém a proposta de modificação desta carta de classificação, feita neste trabalho, contempla uma zona ativa superficial mais ampla para identificar os solos superficais tropicais, característicos desta região. qc (MPa) Profundidade (m) 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 3 6 9 12 15 18 camada superficial de areia argilosa, zona com maior interferência de variações sazonais argila arenosa colapsível, horizonte de solo residual laterítico Camada de solo residual (silte) Figura 6.30 – Perfil típico de qc na argila porosa colapsível de Brasília (CP7). 229 Salienta-se que os ábacos de classificação adotados identificam o solo quanto ao seu comportamento e não quanto a sua textura, não sendo adequado utilizá-los para identificar horizontes distintos de solos lateríticos e não lateríticos, procedimento este que requer mais estudos. Considera-se adequado a utilização das cartas de classificação, tomando-se sempre os devidos cuidados na interpretação e entendimento da interferência das variações sazonais em camadas superficiais. Mota et al. (2002c) apresentou um estudo para verificação da existência de associação entre as descrições estratigráficas dos ensaios de CPT e DMT realizados no campo experimental, pelo teste estatístico da máxima verossimilhança (aproximação de Qui-Quadrado), com nível de significância (α) de 5 %. A Qui-Quadrado é uma função densidade de probabilidade de tomada de decisão muito utilizada em amostragem e comparação entre amostras. As análises estatísticas foram executadas com o software SAS – Statistical Analysis System. As variáveis da descrição estratigráfica utilizada para a análise estatística foram obtidas a partir das metodologias propostas por Eslami & Fellenius, Robertson et al. (1986) e Marchetti (1980). Nesta análise, obteve-se uma repetibilidade em 80% dos pares de ensaios de CPT comparados e em 85% nos de DMT ao longo do perfil estudado, validando, assim, os resultados obtidos de identificação estratigráfica por estas cartas de classificação. Neste trabalho, sugere-se uma nova proposta de carta de classificação para CPT de forma a identificar mais claramente a argila porosa (solo laterítico) e saprolítico, levandose em conta a influência da sazonalidade nas medidas de qc e fs nas camadas superficiais. Mais estudos, no entanto são necessários para possibilitar a proposta de uma carta de classificação de uso geral para solos tropicais. 6.3. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS Apresenta-se um estudo detalhado da obtenção de parâmetros geotécnicos do campo experimental mediante análise comparativa entre parâmetros estimados através de ensaios de campo e os obtidos em laboratório, levando-se em consideração a variação sazonal nos ensaios de campo. 230 6.3.1. Determinação dos Parâmetros do Campo Experimental em Laboratório 6.3.1.1. Parâmetros de Resistência do Solo (c e φ) Os parâmetros de resistência do solo foram obtidos através de ensaios de cisalhamento direto e triaxiais realizados ao longo da profundidade. A seguir os critérios de obtenção de c’ (coesão do solo na condição saturada) e φ' (ângulo de atrito) são apresentados: • Ensaios de cisalhamento: adotou-se o critério de ruptura que considera os valores máximos de tensões cisalhantes obtidas em ensaios que apresentaram picos. Para as amostras que não apresentaram pico ou não tinham clara estabilização da tensão de ruptura, o eixo da tensão cisalhante (gráfico tensão cisalhante x deslocamento horizontal) foi colocado em escala log, e fez-se uma analogia com a determinação da tensão de préadensamento no ensaio de adensamento, sendo adotado como ponto de ruptura a tensão determinada segundo o procedimento de Pacheco Silva para a determinação da tensão de pré-adensamento. • Ensaios triaxiais: traçado o diagrama p’ (tensão média efetiva) x q (tensão desviadora) para cada amostra, com as respectivas envoltórias de ruptura interpoladas obteve-se a coesão e o ângulo de atrito do solo. • Os valores de c’ e φ’ obtidos nos ensaios de cisalhamento direto e triaxiais estão apresentados na Figura 6.31. • Com base nos valores médios, das variações e tendências de comportamentos observados, optou-se pela adoção de valores representativos (próximos da média) para φ’, que independe da variação de sucção, e para coesão saturada (c’), conforme Tabela 6.4 e Figura 6.32. Nesta análise foram descartados os parâmetros obtidos em ensaios com amostras ressecadas. Tabela 6.4 – Parâmetros médios de resistência do solo na condição saturada. Profundidade (m) Parâmetro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 27 27 27 27 27 27 27 27 28 φ' (º) c' (kPa) 6 2 0 2 6 10 11 17 22 10 24 18 231 0 1 1 2 2 3 3 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 4 5 6 7 4 5 6 7 8 8 9 9 10 10 11 11 0 20 40 60 80 100 120 140 10 15 coesão (kPa) 20 25 30 35 40 45 ângulo de atrito (kPa) CU Nat CU Sat Cis. Vert. Nat Cis. Vert. Sat CD Nat CD Sat Cis. Hor. Nat Cis. Hor. Sat. Figura 6.31 – Valores de coesão e ângulo de atrito obtidos nos ensaios de cisalhamento 0 0 1 1 2 2 3 3 Profundidade (m) Profundidade (m) direto e triaxiais. 4 5 6 7 8 4 5 6 7 8 9 9 10 10 11 0 10 20 30 40 50 11 0 c' (kPa) Média Saturado Maior Valor Saturado Menor Valor Saturado Valor A dotado 8 16 24 32 40 φ' (kPa) Valor Adotado nas correlações Faixa adotada (+/- 3Desvios Padrão) Média Figura 6.32 – Comparação entre valores de c’ e φ’ obtidos nos ensaios de cisalhamento direto e triaxiais (média e medidas de dispersão). 232 • Para determinação da coesão natural ao longo da profundidade nas campanhas, adotou-se a equação proposta por Machado e Vilar (1998), que ajusta a variação de coesão e sucção matricial por funções hiperbólicas através do método dos mínimos quadrados. c = c '+ (ua − uw ) a + b.(ua − uw ) (6.1) Onde: c = coesão aparente para um dado valor de sucção; c’ = coesão obtida nos ensaios inundados triaxiais e cisalhamento direto; (ua – uw) = sucção obtida conforme Tabela 4.2; a e b = coeficientes de ajuste. Considerando a Equação 6.2 a partir da Equação 6.1 para valores de sucção e coesão descritos anteriormente, obtiveram-se os coeficientes de ajuste e os coeficientes de correlação (Tabela 6.5), de acordo com o processo de ajuste de curvas mostrados nas Figuras 6.33 a 6.35. ∆c = c − c ' = (ua − uw ) a + b.(ua − uw ) (6.2) Tabela 6.5 – Coeficientes de ajustes e de correlação das funções hiperbólicas ajustadas. R2 Caso c’ (kPa) a b (kPa-1) 1 3,725 0,012 0,908 Varia com a 2 2,262 0,017 0,931 profundidade 3 1,258 0,044 0,823 1,554 0,022 0,952 4 Caso 1 = considerou-se todos os pontos; Caso 2 = retirou-se os pontos ressecados; Caso 3 = considerou-se os pontos do caso 2 com (ua – uw) ≤ 200 kPa; Caso 4 = considerou-se os pontos do caso 3 sem os do cisalhamento direto de 2 m (natural). 233 140 120 6m-amostra ressecada C - C' (kPa) 100 80 8m-amostra ressecada 60 40 7m-amostra ressecada 20 0 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 Sucção (kPa) Pontos experimentais Curva de ajuste - Caso 1 Figura 6.33 – Curva de ajuste do Caso 1. 40 C - C' (kPa) 30 20 10 2m Natural 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Sucção (kPa) Pontos experimentais Curva de ajuste - Caso 3 Figura 6.34 – Curva de ajuste do Caso 3. 234 40 C - C' (kPa) 30 20 10 0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 Sucção (kPa) Pontos experimentais Curva de ajuste - Caso 4 Figura 6.35 – Curva de ajuste do Caso 4. A Figura 6.33 apresenta a curva de ajuste do caso 1; para o caso 2 retiram-se os pontos ressecados. As curvas dos casos 2 e 4 apresentaram os melhores coeficientes de correlação (Tabela 6.2). Com base nos resultados, aptou-se por utilizar os coeficientes de ajuste da curva 4 para relacionar a coesão e a sucção quando (ua – uw) ≤ 200 kPa, e da curva 2 para os demais casos. Na Figura 6.36 observa-se que para sucção zero algumas amostras apresentam coesão (oriundas na maioria das vezes de ligações cimentíceas), sendo comprovado o acréscimo de coesão a partir de certo valor de sucção. Segundo Camapum de Carvalho & Pereira (2001) a influência da sucção no comportamento mecânico, até que se atinja a pressão de entrada de ar nos macroporos, é quase que desprezível, uma vez que a estrutura do solo é capaz de suportar o acréscimo de tensão capilar que ocorre por variação do raio do menisco no contorno do volume do solo. Verifica-se pelas curvas características apresentadas na Figura 4.1 que, do ponto de entrada de ar até o término de entrada de ar nos macroporos, a sucção tem pequena variação para grandes variações de saturação, comprovando-se que nesta faixa de variação a coesão não é influenciada pela sucção, sofrendo influencia somente após o término de entrada de ar nos macroporos (Sr ≅ 60%). 235 Sucção (kPa) 0,1 1 10 100 1000 10000 100000 0 1 2 3 4 5 6 140 120 Coesão (kPa) 100 80 60 40 20 0 Sucção (pF) Figura 6.36 – Variação da coesão com a sucção. O comportamento da τ versus (ua –uw), apresentado pela relação dos casos 2 e 4 corresponde a proposta de Vanapalli et al. (2001), com φb ≈ φ' (atan 10/20 ≈ 27º) para sucção de aproximadamente 40 kPa, que corresponde ao término de entrada de ar nos macroporos dos solos. A partir deste ponto o valor de φb é variável e decrescente. Após o fim da dessaturação tem-se φb constante e igual a zero. 6.3.1.2. Coeficiente de Empuxo no Repouso (K0) Obteve-se K0, em laboratório, através de ensaios de compressão triaxial tipo k0, ao longo da profundidade para as condições de umidade natural e saturada. Na metodologia adotada o corpo-de-prova foi montado sobre base de pedra porosa saturada, havendo absorção de água e influência nos valores K0. Portanto, os valores obtidos para o solo “natural” não correspondem exatamente aos valores da umidade do solo “in situ”. Condição Natural Saturado Tabela 6.6 – Valores de K0 para o campo experimental. Profundidade (m) 2 3 4 6 8 9 0,405 0,433 0,473 0,448 0,686 0,537 0,364 0,416 0,425 0,442 0,543 0,528 10 0,635 0,526 236 De forma geral, verifica-se uma tendência de aumento de k0 com a profundidade, com valores entre 0,4 e 0,6. A Figura 6.37 apresenta a relação entre k0 natural e saturado. 0,7 K0 saturado 0,6 0,5 0,4 0,3 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 K0 natural Figura 6.37 – Correlação entre K0 natural e saturado. 6.3.1.3. Módulo de Young (E) e Módulo Oedométrico (M) Os valores do módulo de Young (E) foram obtidos de ensaios triaxiais realizados em amostras retiradas a 3, 6 e 9 m, executados com tensões confinantes (σc) de 49, 98 e 196 kPa e corpos de prova na umidade natural (Palocci, 1998 e Jardim, 1998). Para obter o módulo correspondente a tensão efetiva média de campo utiliza-se a interpolação. σ medio = σ v' + 2.σ h' 3 com σ h' = K 0 .σ v' (6.3) sendo: ' σ media = tensão efetiva média in situ; σ v' = tensão vertical efetiva in situ; σ h' = tensão horizontal efetiva in situ; K0 = coeficiente de empuxo no repouso. 237 Tabela 6.7 – Módulos de Young (E) obtidos de ensaios triaxiais CK0D. Interpolado Prof. (m) Ei (MPa) E50 (MPa) σc (kPa) Ei (MPa) E50 (MPa) 49 3,4 2,5 3 1,7 0,9 98 3,0 1,2 196 2,4 1,0 49 5,2 3,1 6 4,1 2,9 98 4,5 2,2 196 4,0 3,1 49 15,3 8,0 9 13,8 7,3 98 196 13,2 7,0 A Tabela 6.8 apresenta os principais parâmetros dos ensaios oedométricos inundados, realizados por Guimarães (2002), com amostras do poço 1. Tabela 6.8 – Resultados dos ensaios de adensamento do solo do campo experimental (modificado – Guimarães, 2002) Parâmetro 1 cc 0,518 cs 30 σ’Pa (kPa) 13 σ’P0 (kPa) OCR 2,3 e inicial 1,70 e final 0,95 w inicial (%) 28,4 Sr inicial (%) 45,9 2 0,626 0,024 33 27 1,2 1,70 0,67 29,2 47,1 Profundidade (m) 3 4 5 6 7 8 9 0,467 0,502 0,484 0,403 0,319 0,249 0,078 0,019 0,018 0,015 0,020 0,017 0,014 0,030 81 57 80 100 89 107 150 42 56 71 85 101 119 137 1,9 1,0 1,1 1,2 0,9 0,9 1,1 1,34 1,37 1,36 1,20 1,14 0,91 0,94 0,75 0,74 0,79 0,82 0,72 0,76 0,99 27,1 25,6 25,0 26,8 20,4 18,0 28,8 54,0 49,3 50,5 58,8 48,3 52,8 85,0 10 0,115 0,048 156 154 1,0 0,96 1,00 31,3 91,4 Determina-se o módulo oedométrico (M) e o módulo de Young (E) do solo a partir destes resultados (Tabela 6.9). Adota-se a Equação 6.1 proposta por Poulos & Davies (1986): E= (1 − 2ν ) ⋅ (1 + ν ) (1 − ν ) ⋅ mv (6.4) M= 1 mv (6.5) 238 Sendo: E = Módulo de Young (kPa); ν = coeficiente de Poisson estimado em 0,2; mv = coeficiente de variação volumétrica (kPa-1); M = módulo oedométrico. Tabela 6.9 – Parâmetros de Deformabilidade a partir de ensaios de adensamento do solo. Parâmetro mv x10-3(kPa-1) E (MPa) M (MPa) 1 1,2 0,7 0,8 2 1,0 0,9 1,0 3 0,7 1,3 1,5 4 0,7 1,3 1,5 Profundidade (m) 5 6 7 0,6 0,4 0,5 1,6 2,3 1,7 1,7 2,6 1,9 8 0,2 4,9 5,4 9 0,2 6,2 6,9 10 0,2 5,0 5,5 6.3.2. Determinação dos Parâmetros da Obra em Laboratório 6.3.2.1. Parâmetros de Resistência do Solo (c e φ) A Tabela 6.10 apresenta os valores de coesão e ângulo de atrito obtidos por ensaios de cisalhamento direto e triaxial em amostras retiradas na obra (Bloco A e F). Adota-se o mesmo critério de ruptura descrito anteriormente. Tabela 6.10 – Parâmetros de resistência do solo obtidos por ensaios de resistência. Tipo de ensaio Amostra Parâmetro Prof.(m) Triaxial Adensado Não c (kPa) 22 TF123 8,6 (Bloco F) 31 Drenado Saturado (CUsat) φ (º) Cisalhamento Direto c (kPa) 58 TA5 (Bloco A) Horizontal Natural 42 φ (º) Cisalhamento Direto c (kPa) 65 TA5 Horizontal Natural 47 (Bloco A) φ (º) 14,0 Cisalhamento Direto c (kPa) 26 TA5 Horizontal Saturado 29 (Bloco A) φ (º) Cisalhamento Direto c (kPa) 30 TA5 Horizontal Saturado 43 (Bloco A) φ (º) 239 6.3.2.2. Módulo de Young (E) e Módulo Oedométrico (M) A partir dos ensaios oedométricos realizados com amostras do bloco H da obra, profundidade de 12,0 m, tem-se o módulo de Young (E), equação de Poulos e Davies (1986) e o módulo oedométrico (M) (Tabela 6.11). Tabela 6.11 – Parâmetros de Deformabilidade a partir de ensaios de adensamento (obra). Parâmetros mv x 10-3 (kPa-1) M (MPa) E (MPa) Natural 0,2 5,1 4,5 6.3.3. Análise dos Parâmetros de Campo e Laboratório – Campo Experimental Neste item apresenta-se uma comparação entre os parâmetros geotécnicos da argila porosa obtidos por meio dos ensaios de laboratório e via ensaios de DMT e PMT, nas diferentes estações do ano. Adotam-se os parâmetros determinados em laboratório para aferir as correlações de campo. Para possibilitar uma análise comparativa de todos os resultados obtidos, apresentam-se também os parâmetros utilizados nas retroanálises com o FINE e o PLAXIS. A partir de uma série de ensaios, Marchetti (1980) propõe várias correlações empíricas entre os índices do DMT e os parâmetros geotécnicos. Posteriormente vários pesquisadores, Marchetti & Crapps (1981), Marchetti (1997), Schmertmann (1982), Lacasse & Lunne (1988), Lunne et al. (1990) e Ortigão et al. (1996), reavaliaram essas correlações e concluíram que as correlações originais conduziram a resultados acurados com algumas dispersões em solos não estudados originalmente por Marchetti (1980). Neste trabalho os parâmetros geotécnicos fornecidos pelo DMT foram obtidos por diferentes proposições. Para avaliar as correlações mais apropriadas fez-se uma análise inicial destas correlações. Os resultados provenientes deste estudo, em conjunto com alguns dados disponíveis de outros depósitos permitiram sugestões acerca de correlações mais apropriadas aos solos tropicais. Os trabalhos de Ortigão (1994a; 1994b), Ortigão et al. (1996) e Jardim (1998) apresentam uma avaliação da qualidade dos resultados dos ensaios de campo para o solo residual típico do DF. 240 Ortigão (1994a) apresentou um extenso programa de investigação geotécnica por ocasião da construção do metrô de Brasília em 1992, incluindo ensaios de campo e de laboratório. Dentre os ensaios de campo a ênfase foi dada aos ensaios de DMT, comparando-os com ensaios de placa horizontal e ensaios de PMT. Foram realizados cinco ensaios de DMT, dois ensaios de PMT, um ensaio de CPTU e dois ensaios de placa horizontal concentrados no final da Asa Sul, onde foi iniciada a escavação do túnel. Nesta pesquisa, a interpretação dos ensaios de PMT por modelagem teórica é realizada utilizando-se o modelo elasto-plástico modificado a partir de Cunha (1994) por Cunha (2002). A este modelo incorpora-se a parcela coesiva do material, em função da sucção do solo. Devido a característica colapsível, adota-se a dilatância (ψ) como sendo nula. A Figura 6.38 apresenta um ajuste realizado para o ensaio a 2,6 m de profundidade com os respectivos parâmetros expressos nesta mesma figura. P (kPa) 120 Ensaio Teórico 100 PM2 - 2,6 m Parâmetros de Ajuste: σho = 25 kPa G = 1000 kPa ua-uw = 17 kPa 80 60 40 b φ = 4º c' = 10,8 kPa φ = 27º ν = 0,2 20 0 0 10 20 30 40 ∆r/r0 (%) Figura 6.38 –Ajuste do ensaio pressiométrico a 2,6 m de profundidade (1ª campanha). 6.3.3.1. Coesão (c) As Figuras 6.39 e 6.40 apresentam os valores de coesão utilizados nas retroanálises, obtidos em laboratório e através dos ensaios de PMT. Calcula-se a coesão do laboratório conforme descrito no item 6.3.1.1, tomando a sucção obtida pelo perfil de umidade referente a cada campanha. 241 c (kPa) 10 100 1 Profundidade (m) Profundidade (m) 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 c (kPa) 1ª campanha - chuvosa Laboratório FINE 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 10 100 3ª campanha - chuvosa PM1 PLAXIS Laboratório PLAXIS FINE Figura 6.39 – Variação da coesão dos ensaios da 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa). c (kPa) 1 c (kPa) 10 100 1 0 1 2 3 5 Profundidade (m) Profundidade (m) 4 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 2ª campanha - seca 16 Laboratório FINE PM3 PLAXIS 10 100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 4ª campanha - seca Laboratório FINE PM2 PLAXIS Figura 6.40 – Variação da coesão dos ensaios da 2ª e 4ª campanhas (estação seca). 242 As correlações propostas por Marchetti (1980) e Lacasse & Lunne (1988) para resistência não drenada (Su) em argilas saturadas via DMT não se aplicam à argila porosa do campo experimental, que apresenta comportamento drenado. Os ensaios de laboratório são insuficientes para estabelecer conclusões definitivas sobre a obtenção deste parâmetro, embora tenha sido obtido nos ensaios de campo a mesma ordem de grandeza dos valores de laboratório. Em suma, existe uma consistência de valores oriundos do laboratório e do campo. Existe uma tendência do PLAXIS de prever valores de coesão retroanalisadas no limite inferior, e o GEOFINE no limite superior. Para ensaios de SPT não há correlação adequada para a coesão. Décourt (1999) com base em resultados de ensaios de laboratório e sondagens confiáveis recomenda uma correlação entre NSPT e a resistência não drenada de argilas saturadas. Esta correlação também não atende as condições de drenagem e saturação do solo em estudo. A coesão em solos não saturados é o parâmetro que sofre as maiores variações, podendo-se observar na Tabela 6.12 erros percentuais de até 90% dos valores obtidos em laboratório. Estas variações estão dentro das incertezas do parâmetro que decorrem de variações sazonais verificadas durante os ensaios de campo e provas de carga executados em diferentes estações do ano, além de distintas trajetórias de tensão entre campo e laboratório, como já citado por Mair & Wood (1987). Os erros percentuais da coesão obtidas por retroanálises e ensaios de PMT, tendo como base de referência os ensaios de laboratório, estão apresentados na Tabela 6.12. Segue os critérios adotados anteriormente para a divisão das camadas: camada I (1 a 3,0 m), camada II (3,1 a 8,0) e camada III (8,1 a 12,0 m). 243 Tabela 6.12 – Erros percentuais dos valores de coesão com base em ensaios de laboratório. Campanhas Erro (%) Camada PMT FINE PLAXIS I -9,5 47,8 -31,0 1ª II 36,5 44,8 -23,3 III -19,5 -25,1 -91,4 I -36,2 5,1 -58,5 2ª II 25,8 43,7 -28,2 III 23,6 -48,5 I -60,8 -66,1 3ª II 17,9 -86,1 III -52,3 -95,2 I -53,0 51,5 -87,9 4ª II 9,5 22,6 -65,0 III -13,4 33,5 -78,6 I 32,9 41,3 60,9 Média em II 23,9 32,2 50,6 Módulo II 19,5 33,6 78,4 6.3.3.2. Ângulo de Atrito (φ) Calcula-se o ângulo de atrito através de duas correlações do DMT, segundo Marchetti & Crapps (1981) e Marchetti (1997). As Figuras 6.41 a 6.44 mostram os valores dos ângulos de atrito calculados em função da profundidade por essas correlações, assim como os ângulos de atrito obtidos pelo PMT, por retroanálises do GEOFINE e PLAXIS e tendo como referência os ensaios de laboratório. Varias teorias empíricas ou semi empíricas já foram publicadas para interpretação de φ’ por ensaio de CPT. Resultados de câmara de calibração demonstram a natureza complexa da penetração em areias, e segundo Robertson e Campanella (1989), soluções teóricas “fechadas” ainda não são possíveis para uma utilização prática. Com base nos dados coletados por diversos autores, baseados em soluções existentes em câmara de calibração onde φ’ é obtido por ensaios triaxiais de mesmo Dr e σ’h da câmara, Robertson & Campanella (1983) propuseram uma correlação empírica entre φ’ e qc. Segundo estes autores esta correlação deve ser razoavelmente precisa para areias normalmente adensadas, não cimentadas, moderadamente incompressíveis e predominantemente quartzosas. Para areias compressíveis os valores de φ’ tendem a ser maiores. Em areias pouco adensadas deve-se usar o σ’h (tensão efetiva na profundidade h do solo ensaiado) antes da penetração. 244 φ (º) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 15 20 25 30 35 40 10 Profundidade (m) Profundidade (m) 10 φ (º) 1ª campanha - chuvosa DM1 DM3 Laboratório FINE 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 15 20 25 30 35 40 3ª campanha - chuvosa DM2 CP1 PM1 PLAXIS DM6 DM8 Laboratório PLAXIS DM7 CP11 FINE Figura 6.41 – Variação do ângulo de atrito dos ensaios da 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa) com calculado do DMT pela proposta de Marchetti & Crapps (1981). 15 20 25 φ (º) 30 35 40 10 Profundidade (m) Profundidade (m) 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 φ (º) 2ª campanha - seca DM4 CP6 PM3 PLAXIS DM5 Laboratório FINE 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 15 20 25 30 35 40 4ª campanha - seca DM9 DM11 CP16 PM2 PLAXIS DM10 DM12 Laboratório FINE Figura 6.42 – Variação do ângulo de atrito dos ensaios da 2ª e 4ª campanhas (estação seca) com calculado do DMT pela proposta de Marchetti & Crapps (1981). 245 φ (º) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 15 20 25 30 35 40 10 Profundidade (m) Profundidade (m) 10 φ (º) 1ª campanha - chuvosa DM1 DM3 Laboratório FINE 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 15 20 25 30 35 40 3ª campanha - chuvosa DM6 DM8 Laboratório PLAXIS DM2 CP1 PM1 PLAXIS DM7 CP11 FINE Figura 6.43 – Variação do ângulo de atrito dos ensaios da 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa) com calculado do DMT pela proposta de Marchetti (1997). φ (º) φ (º) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 15 20 25 30 35 10 40 Profundidade (m) Profundidade (m) 10 2ª campanha - seca DM4 CP6 PM3 PLAXIS DM5 Laboratório FINE 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 15 20 25 30 35 40 4ª campanha - seca DM9 DM11 CP16 PM2 PLAXIS DM10 DM12 Laboratório FINE Figura 6.44 – Variação do ângulo de atrito dos ensaios da 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa) com o calculado do DMT pela proposta de Marchetti (1997). 246 Segundo a proposta de Marchetti & Crapps (1981) obtém-se o ângulo de atrito do solo por correlação com valores de ID > 1,2 (silte arenoso a areia), na qual o φ é obtido em função de ID e ED. O método de Marchetti (1997) foi baseado na correlação proposta por Campanella & Robertson (1991), em ábacos função de KD para estimativa de φ. A partir deste ábaco surgiu a equação analítica correlacionando o ângulo de atrito com KD. Para o cálculo do erro percentual adota-se como critério de escolha o ensaio de DMT mais próximo da estaca ensaiada na respectiva campanha, sendo para 1ª campanha o DM2, 2ª campanha o DM5, 3ª campanha o DM6 e 4ª campanha o DM11. A Tabela 6.13 apresenta os erros percentuais, verificando-se que os valores estimados pela correlação de Marchetti & Crapps (1981) foram os que mais se aproximaram dos valores determinados em laboratório, com boa repetibilidade e valores entre 26º e 28º. Estes resultados são compatíveis porque representam as propriedades reais do solo in situ, conforme classificação nos ensaios sem defloculante, ou seja, solo com comportamento areno-siltoso. Ortigão (1994a) apresenta valores entre 25 e 28º e Jardim (1998) entre 25 e 32º. Neste trabalho apresenta-se para camada porosa φ' de 27º, conforme determinação feita em laboratório O ensaio de CPT apresenta erros elevados na camada I, devido a variabilidade sazonal que interfere nas medidas de qc, levando a valores irreais do ângulo de atrito. Verificam-se erros percentuais de até 55% nesta camada. Pelo ensaio PM1 executado na 1ª campanha (estação chuvosa) verifica-se que as curvas pressiométricas ao longo da profundidade apresentam um valor de φ próximo ao determinado em laboratório. Nas campanhas secas isto não acontece, verificando-se erros percentuais de até 45%. Nas retroanálises observa-se que o FINE apresenta valores próximos dos obtidos em laboratório, enquanto o PLAXIS estima valores bem inferiores, com exceção da 2ª campanha que apresenta os menores erros percentuais. 247 Tabela 6.13 – Erros percentuais dos valores de φ com base em ensaios de laboratório. Erro (%) Campanhas DMT FINE Camada PMT CPT PLAXIS M&C M I -1,6 4,0 0,0 48,1 0,0 18,5 1ª II -0,5 7,5 1,5 5,2 0,0 -18,5 III 5,4 21,8 0,6 7,6 -1,3 -46,5 I 6,9 30,9 0,0 55,6 0,0 0,0 2ª II -1,9 10,2 -25,2 14,1 0,0 0,0 III 4,3 30,7 10,8 -1,3 -8,9 I 6,2 22,6 35,2 0,0 -11,1 3ª II 0,1 9,6 8,1 0,0 -11,1 III 5,1 31,1 20,7 -1,3 -39,2 I 6,3 9,0 -16,7 38,9 0,0 -3,7 4ª II 1,4 6,6 -45,9 2,2 0,0 -32,7 III 8,9 27,2 -25,9 10,7 -1,3 -8,9 I 5,2 16,6 0,0 46,3 0,0 11,1 Média em II 1,0 8,5 13,3 9,1 0,0 20,7 módulo III 5,9 27,7 0,6 12,4 1,3 25,8 6.3.3.3. Coeficiente de Empuxo no Repouso (K0) A estimativa do parâmetro K0 por meio do DMT foi realizada utilizando-se as propostas de Marchetti (1980), Lacasse & Lunne (1988) e Lunne et al. (1990). Utilizando os resultados de laboratório (K0 triaxial) como referência para K0, as correlações entre K0 e KD foram aferidas. Lacasse & Lunne (1988) sugerem modificações à proposição original de Marchetti (1980), sendo a correlação entre KD e K0 função da idade da argila. Para areias o K0 é estimado função de KD e qc do CPT. Lunne et al. (1990) ainda propôs uma correlação para argilas jovens em função do índice de plasticidade, baseado em ensaios realizados na Noruega. As proposições de Lacasse & Lunne (1988) e Lunne et al. (1990) apresentaram um bom ajuste para a argila porosa (Figura 6.45). 248 Lacasse & Lunne (1988) Marchetti (1980) Profundidade (m) 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 Lunne et al. (1990) 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 0 0 0 1 2 1 2 1 2 3 4 3 3 4 5 6 4 5 7 8 7 8 9 10 9 11 12 5 6 6 7 8 9 10 10 11 12 11 12 13 14 13 14 13 14 15 15 15 DM6 DM8 Laboratório k0 sat DM7 Laboratório k0 nat Figura 6.45 – Perfil de K0 da 3ª campanha calculado através de ensaios triaxiais e das correlações de Marchetti (1980), Lacasse & Lunne (1988) e Lunne et al. (1990). As Figuras 6.46 e 6.47 apresentam os valores de K0 ao longo da profundidade de acordo com as campanhas realizadas. Adotando-se Lunne et al. (1988) verifica-se que os valores de K0 apresentam boa repetibilidade em todos os furos, com valores elevados nos dois primeiros metros durante a estação seca e decrescendo com a profundidade, faixa de 0,4-0,7 (trecho da argila porosa). A partir de 10 m situa-se entre 0,6-0,8. Estes resultados concordam com K0 entre 0,4-0,7 obtidos para amostras naturais e inundadas a partir de ensaios triaxiais, profundidades entre 2,0 e 10,0 m. Ortigão et al. (1996) apresentam valores de K0 igual a 0,6, sendo observado também valores elevados de K0 nos primeiros 2,0 m de profundidade, com decréscimo linear na faixa de 0,5–0,7. Jardim (1998) obteve valores de K0 na faixa de 0,3-0,7 até 8,0 m e entre 0,8-1,1 até 12,0 m com DMT cravado dinamicamente (Jardim, 1998). Mota et al. (2000b) avalia a influência do sistema de cravação nos resultados de K0 obtidos por Jardim (1998) e observa que a variação em torno da média é de aproximadamente ± 20 % (até ≈ 4 m) e de ± 40 % a partir desta profundidade. 249 K0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 0,0 Profundidade (m) Profundidade (m) 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 K0 1ª campanha - chuvosa DM1 DM3 PM1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 3ª campanha - chuvosa DM2 Laboratório DM6 DM7 DM8 Laboratório Figura 6.46 – Perfis de K0 das 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa) calculados através de ensaios triaxiais e das correlações de Lunne et al. (1990). 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 0,4 0,8 K0 1,2 1,6 0 2 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 2ª campanha - seca DM4 DM5 Laboratório PM3 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 0,4 0,8 K0 1,2 1,6 2 4ª campanha - seca DM9 DM11 Laboratório DM10 DM12 PM2 Figura 6.47 – Perfis de K0 das 2ª e 4ª campanhas calculados através de ensaios triaxiais e das correlações de Lunne et al. (1990). 250 6.3.3.4. Pressão Limite (Plim) A pressão limite é definida somente para o PMT. Entretanto, a interpretação do DMT de Campanella & Robertson (1989) permite adotar Plim do DMT igual a p1. Os resultados são comparados na Figura 6.48 e concordam, o que era esperado pois Plim é obtido para grandes deformações, sem ser influenciado por problemas de instalação ou perturbação no solo. A pressão limite obtida na argila porosa é baixa, variando entre zero na superfície da argila e 1000 kPa na profundidade de 8,0 m. Nas camadas de solo saprolítico ela é crescente chegando a atingir 2880 kPa. Ortigão et al. (1996) obtiveram valores de Plim variando de zero na superfície da argila até 1000kPa, na época de execução do metrô de Brasília, e na profundidade de 20,0 m em ensaios de PMT e DMT realizados no final da Asa Sul. Plim (kPa) Plim (kPa) Profundidade (m) 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 1000 2000 1ª campanha - chuvosa DM1 DM2 DM3 0 3000 PM1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 1000 2000 Plim (kPa) 3000 2ª campanha - seca DM4 DM5 PM3 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 1000 2000 3000 4ª campanha - seca DM9 DM12 DM10 PM2 DM11 Figura 6.48 – Comparação da pressão limite de expansão (Plim) obtida em ensaios de PMT e DMT. 251 6.3.3.5. Módulo Oedométrico (M) Para o cálculo do módulo de deformação oedométrica (M), Mitchell & Gardner (1975) propuseram a equação M = α.qc, onde α é da ordem de 1,5 a 4,0. Apresenta-se na Figura 6.49, esta correlação para os ensaios CP1 (estação chuvosa) e CP6 (estação seca), realizados no campo experimental, sendo “a” referente ao valor de α. De acordo com estes resultados adota-se a = α = 1,5 para o perfil do solo em diferentes estações do ano. M (MPa) Profundidade (m) 0 4 8 12 16 20 24 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 a = 1,5 (chuvoso) a = 3,0 (chuvoso) a = 4,0 (chuvoso) Oedométrico (wcampo) a = 1,5 (seco) a = 3,0 (seco) a = 4,0 (seco) Figura 6.49 – Valores de M por Mitchell & Gardner (1975) para os ensaios CP1 e CP6. A expansão do diafragma no interior da massa de solo é freqüentemente utilizada na estimativa da deformabilidade do solo. Os estudos indicaram uma proporcionalidade entre o módulo oedométrico M e ED, tendo ID e KD como definidoras dos coeficientes de correlação (Marchetti, 1980; Lunne et al., 1981). O valor do módulo oedométrico M, ou módulo de compressão unidimensional fornecido pelo DMT cresce com a profundidade desde um valor da ordem de 1 MPa no topo até valores da ordem de 20 MPa a 8,0 m de 252 profundidade (camada de argila porosa), atingindo até 80 MPa na camada de solo saprolítico (Figuras 6.50 e 6.51). Ortigão et al. (1996) apresentaram valores da ordem de 5 MPa no topo até valores de 20 MPa a 15,0 m de profundidade. Jardim (1998) apresentou valores de da ordem de 1 MPa no topo até 18 MPa a 8,0 de profundidade, chegando a 28 MPa em 12,0 m. Os valores de M pelo CPT adotando α = 1,5, conforme Figura 6.49, apresentam boa convergência com o laboratório e com o resultados obtidos pelo DMT, horizonte de solo residual laterítico, camada de 1,0 a 8,0 m de profundidade. M (MPa) M (MPa) 20 40 60 0 80 0 0 1 1 2 3 2 3 4 4 5 5 6 6 7 Profundidade (m) Profundidade (m) 0 7 8 9 10 13 14 14 15 15 16 1ª campanha - chuvosa 80 9 13 17 60 10 11 12 16 40 8 12 11 20 17 3ª campanha - chuvosa 18 18 DM1 DM3 Oedométrico DM2 CP1 DM6 DM8 Oedométrico DM7 CP11 Figura 6.50 – Resultados de módulos de compressão unidimensional (M) das 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa). 253 M (MPa) M (MPa) 0 20 40 60 80 0 0 1 0 1 2 2 3 3 4 5 6 5 6 Profundidade (m) Profundidade (m) 4 7 8 9 10 11 12 13 14 40 60 80 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 15 16 17 18 20 2ª campanha - seca 17 4ª campanha - seca 18 DM4 CP6 DM5 Oedométrico DM9 DM11 CP16 DM10 DM12 Oedométrico Figura 6.51 – Resultados de módulos de compressão unidimensional (M) das 2ª e 4ª campanhas (estação seca). 6.3.3.6. Módulo de Young (E) Este parâmetro foi calculado através de um fator de correção F, que estabelece uma proporcionalidade entre o módulo de Young E, e o módulo dilatométrico ED. Segundo Robertson et al. (1989), o fator de correção F é igual a 10,0 para solos coesivos e 2,0 para solos arenosos. Baldi et al. (1986) sugerem para solos não coesivos valores de F iguais a 0,85 e 3,5 para areias normalmente adensadas e pré-adensadas, respectivamente. Na Figura 6.52 observa-se que o fator de correção F para este solo está muito próximo do que foi sugerido por Baldi et al. (1986) e Campanella et al. (1985) para solos arenosos, ou seja F = 0,85 para as distintas estações do ano. 254 E (MPa) Profundidade (m) 0 40 80 120 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 160 F = 0,85 - chuvoso F = 0,85 - seco F = 2 - chuvoso F = 2 - seco F = 3,5 - chuvoso F = 3,5 - seco Ei (Triaxial) E50 (Triaxial) 16 17 18 PMT Figura 6.52 – Resultados de módulo de Young (E) do ensaio DM1 e DM5 realizados nas estações chuvosa e seca, respectivamente. Para valores de módulo de deformabilidade (E) Robertson & Campanella (1988) sugeriram valores também em função de α, sendo da ordem de 6 a 10 para areias préadensadas e de 2,5 a 6,0 para areias normalmente adensadas. A Figura 6.53 apresenta a variação de α para os ensaios CP1 e CP6, realizados no campo experimental em estações distintas, sendo “a” correspondente ao valor de α. 255 E (MPa) Profundidade (m) 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 10 20 30 40 50 60 a = 2,5 - chuvoso a = 2,5 - seco a = 4 - chuvoso a = 4 - seco a = 8 - chuvoso a = 8 - seco Ei (Triaxial) E50 (Triaxial) PMT Figura 6.53 – Resultados de módulo de Young (E) do ensaio CP1 e CP6 realizados nas estações chuvosa e seca, respectivamente. A partir da Figura 6.53 pode-se estimar o valor de α = 2,5 (limite inferior) e α = 8 (limite superior). Os módulos obtidos em laboratório em ensaios CK0D são correlacionados no limite inferior ou seja, α = 2,5. Os módulos de deformabilidade obtidos nas retroanálises, concordam com os módulos determinados a partir de α = 8 (limite superior). As Figuras 6.54 e 6.55 mostram os módulos que melhor reproduzem a deformabilidade do elemento de fundação, considerando as trajetórias de tensões no campo com α = 8 para estimativa via CPT e módulos retroanalisados pelos programas GEOFINE e PLAXIS. 256 E (MPa) 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 40 60 80 100 120 0 1ª campanha - chuvosa Profundidade (m) Profundidade (m) 0 E (MPa) CP1 CP3 Ei (Triaxial) PM1 PLAXIS 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 40 60 80 3ª campanha - chuvosa CP8 CP10 CP12 CP14 E50 (Triaxial) PLAXIS CP2 CP4 E50 (Triaxial) FINE 100 120 CP9 CP11 CP13 Ei (Triaxial) FINE Figura 6.54 – Resultados de módulo de Young (E) pelo CPT, FINE, PLAXIS e triaxial das 1ª e 3ª campanhas (estação chuvosa). E (MPa) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 20 40 60 E (MPa) 80 100 120 0 2ª campanha - seca Profundidade (m) Profundidade (m) 0 CP5 CP7 E50 (Triaxial) FINE CP6 Ei (Triaxial) PMT PLAXIS 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 40 60 80 100 120 4ª campanha - seca CP15 CP17 E50 (Triaxial) FINE CP16 Ei (Triaxial) PMT PLAXIS Figura 6.55 – Resultados de módulo de Young (E) pelo CPT, FINE, PLAXIS e triaxial das 2ª e 4ª campanhas (estação seca). 257 6.3.3.7. Análise Global As comparações apresentadas entre os valores de campo e de laboratório servem para dar uma idéia da variabilidade dos parâmetros geotécnicos. No entanto, este trabalho não avançou o suficiente para que fosse propostas correlações para obtenção de parâmetros da argila porosa e colapsível. O número de ensaios de laboratório ainda é insuficiente para obtenção destas correlações. A questão quando se tenta calcular parâmetro via ensaios de DMT e CPT é que o solo poroso de Brasília, devido a sua alta permeabilidade, tende a ter comportamento como o de solos arenosos, ou seja, é um solo coesivo que quando carregado poderá apresentar comportamento de solo arenoso (drenado). A sucção tem influência na variação da coesão para valores do grau de saturação maiores que o ponto correspondente ao término de entrada de ar nos macroporos. O ângulo de atrito do solo estudado não apresenta tendência de variação com a sucção, sendo que as diferenças estão dentro da incerteza do parâmetro. Para camada porosa deve-se adotar um valor igual a 27º, e na camada saprolítica em torno de 24º. O método de análise dos resultados de PMT através de simulação teórica da curva de expansão de cavidade não apresentou resultados satisfatórios para os ensaios realizados na estação seca. Mais estudos devem ser realizados, com um número maior de ensaios realizados nesta estação. Os ensaios de campo reproduziram de forma satisfatória as condições de umidade e trajetória de tensões observadas no campo, quando compara-se com valores determinados em laboratório em função da sucção. Os parâmetros obtidos através de retroanálises pelo PLAXIS são limite inferior e no GEOFINE limite superior e reproduzem a trajetória de tensão e as condições de amolgamento do solo circunvizinho as estacas. Para interpretação dos parâmetros via DMT recomenda-se Marchetti & Crapps (1981) para determinação do ângulo de atrito (φ),Lunne et al. (1990) para coeficiente de empuxo no repouso (K0), Mitchell & Gardner (1975) para módulo oedométrico (M) e Robertson & Campanella (1988) para módulo de Young (E). Finalmente recomenda-se Robertson & Campanella (1988) para estimativa do módulo de Young via CPT. 258 CAPÍTULO 7 7. CONCLUSÕES 7.1. CONCLUSÕES GERAIS Esta pesquisa abordou de maneira científica a aplicabilidade de técnicas avançadas de ensaios de campo já implantadas no Brasil (CPT, DMT, PMT, SPT-T e DPL) visando ampliar o seu uso para as condições particulares do solo de Brasília (argila porosa na condição saturada), de forma a encontrar alternativas técnicas e econômicas para o projeto de fundações profundas em obras de médio e grande porte no Distrito Federal e entorno. Discutiu-se o comportamento real de fundações, quando carregadas estaticamente, sob condições distintas de umidade do solo. Foram realizadas quatro campanhas de ensaios de campo e provas de carga em diferentes estações do ano. Além disso também foram realizados ensaios de caracterização, cisalhamento direto e triaxial e de sucção (curva característica) em amostras de solos coletados no Campo Experimenta da UnB, no Campus Universitário - Asa Norte. Uma quinta campanha de investigação foi realizada em obra local, situada na quadra SGAS 905, Asa Sul. Várias metodologias para obtenção de parâmetros do solo foram avaliadas e comparadas com resultados de provas de carga em estacas, retroanalisadas mediante a utilização dos programas GEOFINE e PLAXIS. Medidas de umidade no perfil em diferentes épocas do ano mostram que a variação de saturação e, conseqüentemente da sucção, é significativa para os três primeiros metros, influenciando diretamente nas medidas de qc do CPT e p0 do DMT. Porém, não se conseguiu relacionar os resultados dos ensaios de CPT, DMT, SPT-T e DPL com a sucção, apesar de detectar as variações de umidade/sucção devido a sazonalidade. Observou-se que o ensaio dilatométrico foi o que apresentou melhor relação com a sucção e o ensaio de cone foi o que apresentou as maiores variações, em parte devido à sucção. Adicionalmente 259 pode ser dito que, apesar de pouco utilizada no DF, cuidados devem ser tomados com as fundações rasas e com as obras de contenção, pois, comprovadamente, as mesmas estão sujeitas à influência das variações no teor de umidade em diferentes épocas do ano nos metros iniciais do perfil de solo argiloso e poroso do DF. Nem sempre uma campanha realizada em uma determinada estação do ano pode ser classificada como seca ou chuvosa, pois, dentro de períodos chuvosos, tem-se veranicos e pode-se ter ainda chuvas intensas e espaçadas, características meteorológicas da região Centro-Oeste do Brasil. Recomenda-se que a identificação da estação referente a cada período seja feita após análise do perfil de umidade, principalmente nos primeiros metros. Lembra-se ainda que em ensaios de campo haverá sempre variações, seja devido a sazonalidade ou devido à variação espacial, anisotropia ou questões operacionais de cada ensaio realizado. Os testes de ajuste de curva K-S e χ2, ferramentas estatísticas aqui utilizadas, identificaram de forma adequada as funções de densidade de probabilidade representativas dos ensaios de CPT, sendo destacadas as distribuições Normal e Log-normal. Para uma análise mais aprofundada da variabilidade espacial dos ensaios de CPT, recomenda-se, a partir deste estudo, a utilização de ferramentas estatísticas mais avançadas, tipo teste de hipótese que possibilite avaliar amostras distintas. A previsão de capacidade de carga por métodos empíricos, semi-empíricos e racionais não sofreu influência significativa em relação à sazonalidade. Nos métodos racionais, a utilização da coesão, parâmetro que sofre grande influência da sucção nos três primeiros metros, pouco contribuiu na parcela total de carga, haja vista que tais metodologias superestimaram a parcela de ponta e não a parcela lateral. Já, nos métodos semi-empíricos de previsão da capacidade de carga a partir de resultados de ensaios de CPT, foi priorizada no dimensionamento a parcela de atrito lateral, que apresentou valores baixos, características estas observadas em perfis de solos colapsíveis. Os melhores resultados foram obtidos pelo método proposto por Bustamante & Gianeselli (1979) que sugerem o cálculo da parcela de atrito lateral a partir do valor da resistência de ponta (qc). Todos os métodos semi-empíricos de previsão de capacidade de carga subdimensionaram a parcela de resistência lateral (fuste) nas previsões feitas para estacas instaladas no campo experimental e na obra, com base na instrumentação da estaca E1. Observou-se que as previsões do campo experimental indicaram uma contribuição de ponta menor que no caso da obra, e isto ocorreu devido aos elevados valores de SPT na obra (N = 42), a 9,0 m de profundidade. 260 A partir das análises feitas neste trabalho pode se concluir que o método de Van der Veen (1953) foi o mais adequado para extrapolação da curva carga-deslocamento, pois além de ser mais conservador, refletiu com maior acurácia o comportamento das estacas. Sua forma exponencial reflete o comportamento de estacas flutuantes, que trabalham predominantemente por atrito lateral, o que tem sido observado em estacas escavadas instaladas em perfis de solo do DF. No entanto, não se pode afirmar que este método é o mais apropriado para extrapolação de curvas carga-deslocamento em tubulões, onde a parcela de ponta é mais relevante. Cuidados devem ser tomados no período de realização de provas de carga, principalmente para estacas escavadas, pois os dados aqui obtidos comprovam a influência da sazonalidade na carga última, podendo ocorrer diferenças de até 38%, o que levaria algumas obras a coeficientes de segurança menores que 2,0. Ao interpretar curvas cargadeslocamento de provas de carga realizadas em estações secas é recomendado uma redução da carga de ruptura, devido ao acréscimo médio de carga no período seco, provocados pelo aumento do módulo de elasticidade e pela menor deformabilidade do sistema (menor rigidez). Cautela deve ser adotada também em relação à ponta para estacas flutuantes no DF, pois se comprovou a quase inexistência desta parcela neste tipo de estaca escavada (flutuante) instaladas no perfil de solo do DF. Os recalques calculados considerando os módulos determinados a partir de ensaios de laboratório foram até seis vezes maiores que os recalques medidos durante as provas de cargas, logo a estimativa da trajetória feita por parâmetros de laboratório não reproduziu o estado de tensões e confinamento do solo. Estimativas de recalques feitas a partir de resultados de ensaios CPT foram adequados devido aos bons valores de módulo de deformabilidade (E) obtidos pelo CPT, sendo esta correlação para o solo local igual a E = 8qc. Com o conhecimento prévio dos parâmetros de resistência (c e φ) determinados a partir de laboratório pode-se simular nos programas GEOFINE e PLAXIS a curva cargadeslocamento, ressaltando-se que os parâmetros de deformabilidade (E e ν) obtidos em laboratório subestimaram os parâmetros retroanalisados, uma vez que o laboratório não simulou as reais trajetórias de tensões de carga e nem a metodologia executiva das estacas. Logo se recomenda a utilização dos parâmetros retroanalisados determinados nesta pesquisa, lembrando que os parâmetros da estação chuvosa simulam curvas cargadeslocamento a favor da segurança. 261 As correlações existentes para estimar resistência não drenada em argilas saturadas via CPT e DMT não se aplicam a argila porosa de Brasília, pois este solo tem comportamento drenado sendo composto por material terroso não saturado em sua grande maioria. Novos estudos devem ser realizados neste sentido. Para estimativa do ângulo de atrito via DMT recomenda-se utilizar Marchetti & Crapps (1981). Pelo CPT a proposta de Robertson & Campanella (1989) apresenta valores irreais não sendo adequado para estimar o ângulo de atrito em argilas porosas colapsíveis. A estima feita pelo ensaio de PMT, realizado na estação chuvosa, apresentou bons resultados de ângulo de atrito. O solo de Brasília tende a desagregar com o uso de defloculante e conseqüentemente tende a mudar sua característica granulométrica, portanto dependendo do uso ou não do defloculante existirão diferenças na classificação do solo. Outro aspecto é que devido ao alto grau de agregação o defloculante muda as características granulométricas do solo, devido à dificuldade de controlar o grau de desagregação durante os ensaios com defloculante. Conclui-se que para este tipo de solo com alto nível de agregação que a metodologia MCT é recomendada, pois não sofre influência com a desagregação do material. A nova proposta de classificação do solo via CPT, apresentada nesta pesquisa, contempla uma zona ativa do solo superficial influenciados pelas variações de umidade/sucção que provocam variações nas medidas de qc e fs registradas pelo CPT. Assim uma síntese das conclusões desse trabalho, baseada nos resultados apresentados nesta pesquisa e na experiência pessoal, é a seguinte: • Os ensaios de CPT e DMT foram capazes de registrar variações sazonais. Não se tem confirmação da real influência da sazonalidade nos ensaios de SPT-T e DPL; • Os parâmetros estimados através de ensaios de PMT realizados em estações secas, não apresentaram resultados satisfatórios, recomendando-se novos estudos; • A nova proposta de carta da classificação para CPT identificou de forma adequada o perfil estratigráfico do horizonte residual laterítico de Brasília, levando-se em conta a influência da sazonalidade; • O método de extrapolação de Van der Veen (1953) refletiu de forma satisfatória o comportamento das curvas carga-deslocamento de estacas escavadas em solos porosos; 262 • Deve-se reduzir a parcela de ponta em estacas escavadas assentes na camada de solo residual laterítico, porque através de instrumentação verificou-se que para este tipo de estaca não ocorreu mobilização de ponta; • Os métodos de previsão de carga via CPT recomendado para estacas escavadas nesta região foram Bustamante & Gianeselli (1982) e Aoki & Velloso (1975), para SPT, Décourt & Quaresma (1978) e para SPT-T, Peixoto (2001) e Décourt (1996); • No cálculo de previsão de recalque recomenda-se utilizar módulos retroanalisados em provas de carga ou obtidos através de ensaios tipo CPT, DMT ou PMT, pois módulos obtidos em laboratório superestimaram os recalques; • O programa GEOFINE, apesar de ser uma ferramenta simplificada em relação ao PLAXIS, apresentou via retroanálise parâmetros próximos aos obtidos em laboratório, sendo recomendado o seu uso; 7.2. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS Com base em todo o estudo anterior apresentado ao longo da Tese, são recomendados os seguintes tópicos para futuras pesquisas: • Sugere-se um estudo mais aprofundado dos métodos de extrapolação de curva cargadeslocamento e capacidade de carga de tubulões, inclusive levando-se em conta a variação de sucção ao longo do ano para se prever o comportamento in loco deste tipo de fundação; • Sugere-se um estudo mais aprofundado da variabilidade espacial dos ensaios de campo, aplicando ferramentas estatísticas tipo função de auto-correlação e/ou variogramas e testes de hipótese; • Sugere-se aprimorar os métodos diretos e indiretos de capacidade de carga e recalque de fundações via ensaios de campo avançados, levando-se em conta, explicitamente, a sucção do solo e o efeito de sazonalidade; • Sugere-se expandir os estudos referentes ao pressiômetro de Ménard, com um viés numérico de utilização da curva pressiométrica de campo, de forma a se calibrar programas numéricos, como o PLAXIS, para a simulação do comportamento de fundações profundas in loco, em diferentes estações do ano; 263 • Em função das correlações existentes de resistência não drenada via ensaios de CPT e DMT não serem adequadas para estimar coesão drenada em solo poroso colapsível, não saturado, sugere-se estudar alternativas de correlações deste parâmetro com estes ensaios; • Sugere-se, finalmente, o contínuo monitoramento de fundações profundas em verdadeira grandeza, e a realização de provas de carga e ensaios de campo ao longo do ano e em distintos locais do DF, para validação das premissas e resultados aqui obtidos – oriundos de estudo em área limitada geológica e geograficamente. 264 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT (1984). 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DIFRATOGRAMAS DO SOLO DO CAMPO EXPERIMENTAL fração argila amostra total 2 – Theta (graus) Intensidade (contagens) Figura A.1 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB– profundidade 1 m. fração argila amostra total 2 – Theta (graus) Figura A.2 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB– profundidade 2 m. 286 Intensidade (contagens) fração argila amostra total 2 – Theta (graus) Intensidade (contagens) Figura A.3 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB– profundidade 3 m. fração argila amostra total 2 – Theta (graus) Figura A.4 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB– profundidade 4 m. 287 Intensidade (contagens) fração argila amostra total 2 – Theta (graus) Intensidade (contagens) Figura A.5 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB– profundidade 5 m. fração argila amostra total 2 – Theta (graus) Figura A.6 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB– profundidade 6 m. 288 Intensidade (contagens) fração argila amostra total 2 – Theta (graus) Intensidade (contagens) Figura A.7 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB– profundidade 7 m. fração argila amostra total 2 – Theta (graus) Figura A.8 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB– profundidade 8 m. 289 Intensidade (contagens) fração argila amostra total 2 – Theta (graus) Intensidade (contagens) Figura A.9 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB– profundidade 9 m. fração argila amostra total 2 – Theta (graus) Figura A.10 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB– profundidade 10 m. 290 Intensidade (contagens) 2,0 m 4,0 m 6,0 m 8,0 m 10,0 m 2 – Theta (graus) Figura A.11 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB (amostra total) – profundidades 2, 4, 6, 8 e 10 m. Intensidade (contagens) 2,0 m 4,0 m 6,0 m 8,0 m 10,0 m 2 – Theta (graus) Figura A.12 – Difratograma do solo do campo experimental da UnB (fração argila) – profundidades 2, 4, 6, 8 e 10 m. 291 APÊNDICE B B. CERTIFICADOS DE CALIBRAÇÃO DO CONE E PIEZOCONE 292 293 294 295 296 297 298 299 APÊNDICE C C. RESULTADOS DOS ENSAIOS DE CAMPO C.1. CONE ELÉTRICO (CPT) C.1.1. Campo Experimental da UnB Prof (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Tabela C.1 – Resultados médios dos ensaios de CPT da 1ª campanha. CP1 CP2 CP3 CP4 Qc fs FR qc fs FR qc fs FR qc fs (MPa) (MPa) (%) 1,72 1,23 1,47 1,22 1,49 1,86 2,42 3,13 4,30 3,74 3,81 4,28 4,14 4,31 0,03 0,04 0,03 0,06 0,08 0,08 0,11 0,17 0,22 0,21 0,19 0,21 0,18 0,17 1,81 4,64 2,74 6,95 5,78 4,32 5,29 5,48 5,13 7,28 4,89 4,81 4,40 4,02 (MPa) (MPa) 0,93 0,54 0,71 0,72 1,13 2,27 3,06 3,71 4,09 4,89 4,74 8,31 0,03 0,03 0,04 0,05 0,05 0,12 0,16 0,21 0,22 0,25 0,23 0,36 (%) (MPa) (MPa) 2,99 6,03 6,21 7,72 4,92 5,64 5,24 5,52 5,35 5,07 4,78 4,42 1,02 0,97 0,73 0,49 1,29 1,76 1,78 2,38 2,86 3,26 2,83 4,57 4,36 7,54 0,04 0,03 0,03 0,05 0,07 0,10 0,14 0,17 0,18 0,19 0,18 0,24 0,21 0,33 (%) 3,35 3,14 6,51 10,05 6,90 6,36 8,15 7,03 6,33 5,87 6,25 5,65 4,95 4,50 (MPa) (MPa) 0,88 0,54 0,55 0,71 0,86 1,18 1,43 1,43 3,42 4,08 3,35 3,93 5,66 6,21 0,01 0,01 0,02 0,03 0,04 0,06 0,09 0,08 0,18 0,20 0,17 0,19 0,23 0,26 FR (%) 1,44 3,14 3,27 4,28 4,18 5,26 5,96 5,52 5,35 4,90 4,96 4,74 4,20 4,15 Tabela C.2 – Resultados médios dos ensaios de CPT da 2ª campanha. CP5 CP6 CP7 Prof qc fs FR qc fs FR qc fs FR (m) (MPa) (MPa) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 2,37 0,98 0,82 0,93 0,97 2,32 4,03 2,81 3,99 3,93 4,71 6,84 10,84 0,01 0,03 0,06 0,05 0,06 0,13 0,15 0,14 0,20 0,20 0,21 0,30 0,44 (%) 2,40 34,96 72,39 58,41 63,49 55,70 39,23 50,48 50,97 52,98 45,41 45,24 45,24 (MPa) (MPa) 3,52 0,95 0,72 0,98 1,27 1,66 1,91 2,46 3,55 3,21 2,39 4,24 4,88 5,90 7,66 0,01 0,01 0,04 0,06 0,08 0,10 0,10 0,13 0,17 0,10 0,06 0,19 0,20 0,23 0,32 (%) (MPa) (MPa) 0,19 3,07 0,74 0,95 5,33 1,17 6,20 0,85 5,94 1,11 5,79 2,01 5,32 2,68 5,38 3,59 4,90 3,55 2,81 3,16 2,02 3,48 4,57 5,37 4,18 8,70 3,93 13,21 4,35 0,04 0,03 0,06 0,05 0,07 0,10 0,14 0,20 0,18 0,15 0,14 0,18 0,36 0,59 (%) 0,74 3,48 5,65 6,41 6,77 5,79 5,15 5,55 5,03 4,78 4,07 3,31 4,13 4,65 300 Prof (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Tabela C.3 – Resultados médios dos ensaios de CPT da 3ª campanha (1ª parte). CP8 CP9 CP10 CP11 Qc fs FR qc fs FR qc fs FR qc fs (Mpa) (MPa) (%) 0,74 0,64 0,86 1,03 1,28 2,02 3,33 4,01 3,97 3,82 4,73 0,03 0,04 0,06 0,07 0,09 0,13 0,18 0,21 0,21 0,19 0,25 4,52 5,55 6,80 7,05 7,31 6,44 5,38 5,41 5,28 4,92 5,27 (MPa) (MPa) 0,66 0,58 0,75 0,79 1,12 1,38 1,34 2,83 3,75 4,12 5,00 0,02 0,02 0,05 0,05 0,08 0,09 0,07 0,15 0,19 0,21 0,25 (%) 3,37 4,20 6,20 6,01 6,77 6,32 5,11 5,30 5,12 5,09 5,05 (MPa) (MPa) 0,60 0,49 0,83 0,81 0,97 1,41 3,63 5,63 4,87 6,00 5,26 0,03 0,03 0,06 0,06 0,07 0,10 0,22 0,27 0,25 0,33 0,30 (%) (MPa) (MPa) 4,67 5,55 6,89 7,42 7,58 7,31 6,27 4,95 5,12 5,46 5,72 0,82 0,43 0,77 1,23 1,05 1,58 3,02 4,64 4,13 4,37 4,50 3,48 3,65 6,41 0,03 0,01 0,04 0,06 0,05 0,09 0,18 0,28 0,20 0,20 0,22 0,17 0,17 0,26 FR (%) 3,02 2,88 4,47 4,78 5,14 5,76 5,82 6,15 4,83 4,63 4,88 5,01 4,65 4,16 Tabela C.4 – Resultados médios dos ensaios de CPT da 3ª campanha (2ª parte). CP12 CP13 CP14 Prof Qc fs FR qc fs FR qc fs FR (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 (MPa) (MPa) (%) 0,61 0,39 0,56 0,89 1,30 1,36 1,89 2,94 2,85 2,78 3,64 3,74 3,07 3,05 5,02 0,02 0,02 0,03 0,05 0,08 0,09 0,12 0,18 0,19 0,15 0,19 0,19 0,15 0,14 0,22 3,00 4,67 5,95 5,91 5,84 6,45 6,24 6,34 6,69 5,51 5,23 5,06 5,00 4,51 4,33 (MPa) (MPa) 0,57 0,30 0,29 0,51 0,87 0,88 2,06 2,81 3,00 2,89 4,42 3,02 3,53 3,36 3,44 3,21 7,18 (%) (MPa) (MPa) 0,03 4,88 0,65 0,03 10,11 0,50 0,03 11,59 0,52 0,05 10,04 0,76 0,07 7,80 1,34 0,07 8,44 1,59 0,15 7,57 1,69 0,17 6,31 3,01 0,19 6,77 4,64 0,18 5,95 7,77 0,23 5,17 4,96 0,16 5,72 7,36 0,20 5,61 4,79 0,18 5,44 5,69 0,18 5,17 0,17 5,38 0,34 4,66 0,01 0,00 0,02 0,03 0,06 0,08 0,09 0,16 0,21 0,36 0,27 0,38 0,23 0,24 (%) 0,99 0,85 3,89 3,49 4,76 5,26 5,45 5,45 4,55 4,72 5,15 5,25 4,77 4,23 301 Tabela C.5 – Resultados médios dos ensaios de CPT da 4ª campanha. CP15 CP16 CP17 Prof Qc fs FR qc fs FR qc fs FR (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 (MPa) (MPa) (%) 1,04 0,65 0,51 0,61 0,83 0,96 1,89 3,20 3,22 3,10 3,11 3,08 3,34 4,46 0,01 0,03 0,03 0,04 0,05 0,06 0,11 0,19 0,17 0,15 0,14 0,14 0,14 0,21 0,81 4,59 6,23 6,39 5,97 6,44 5,73 5,98 5,43 4,95 4,64 4,73 4,17 4,79 (MPa) (MPa) 0,99 0,67 0,66 0,78 0,94 1,79 1,73 1,66 3,61 4,11 3,76 2,94 3,70 3,23 5,89 7,12 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,10 0,11 0,09 0,19 0,21 0,19 0,14 0,16 0,14 0,25 0,31 (%) 0,80 3,36 5,03 5,53 5,20 5,68 9,30 5,30 5,21 5,17 5,25 5,04 4,44 4,47 4,25 4,43 (MPa) (MPa) 0,98 0,54 0,52 0,62 0,80 1,14 1,56 2,71 3,73 4,31 3,99 3,83 3,25 4,01 7,39 8,46 0,01 0,03 0,03 0,04 0,05 0,07 0,11 0,17 0,21 0,23 0,22 0,20 0,14 0,17 0,31 0,39 (%) 0,87 5,52 6,47 6,86 7,86 6,68 6,14 6,13 5,63 5,38 5,51 5,22 4,29 4,28 4,25 4,66 C.1.2. Obra Local Prof (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tabela C.6 – Resultados médios dos ensaios de CPT da obra (blocos B e C). Bloco B Bloco C CPO1 CPO2 CPO3 CPO4 Qc fs FR qc fs FR qc fs FR qc fs (MPa) (MPa) (%) 0,78 0,74 0,73 0,79 0,64 1,49 2,25 2,40 2,53 1,92 7,52 0,03 0,04 0,04 0,05 0,04 0,08 0,12 0,12 0,10 0,08 0,17 3,55 5,52 5,32 6,06 5,89 5,14 5,70 4,75 4,01 4,28 3,24 (MPa) (MPa) 0,93 0,67 0,58 0,70 0,84 1,31 1,94 2,04 2,74 2,52 1,60 2,45 0,01 0,01 0,01 0,02 0,03 0,02 0,10 0,12 0,10 0,07 0,04 0,07 (%) 1,07 1,98 2,17 3,17 3,79 1,91 5,19 6,14 3,69 2,33 2,44 2,64 (MPa) (MPa) 0,56 0,66 0,69 0,87 0,86 1,14 1,98 3,40 5,15 0,00 0,02 0,02 0,03 0,04 0,06 0,11 0,04 0,06 (%) (MPa) (MPa) 0,58 0,83 2,55 0,80 3,37 0,89 3,68 0,69 5,04 1,09 4,51 1,23 5,33 2,28 1,34 5,67 0,97 11,37 9,30 0,01 0,03 0,04 0,03 0,06 0,07 0,06 0,08 0,16 0,15 FR (%) 1,36 3,58 4,06 4,37 5,53 5,57 3,18 1,50 1,41 1,68 302 Prof (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Prof (m) Tabela C.7 – Resultados médios dos ensaios de CPT da obra (blocos D e E). Bloco D Bloco E CPO5 CPO6 CPO7 CPO8 Qc fs FR qc fs FR qc fs FR qc fs (MPa) (MPa) (%) 0,63 0,46 0,57 0,79 0,83 1,00 1,28 2,22 3,23 3,38 2,34 4,91 0,00 0,00 0,02 0,03 0,03 0,04 0,09 0,11 0,16 0,09 0,09 0,08 0,63 0,84 3,25 3,47 3,91 4,55 6,82 4,91 4,92 2,71 3,63 1,82 0,70 0,64 0,72 0,81 0,93 2,08 2,56 2,37 2,22 2,65 3,45 3,58 9,61 0,03 0,05 0,04 0,04 0,05 0,12 0,14 0,12 0,11 0,07 0,09 0,08 0,20 (%) 3,90 7,30 5,42 5,34 5,72 5,73 5,75 4,90 4,81 2,61 2,73 2,11 2,43 (MPa) (MPa) 0,61 0,46 0,62 0,59 0,86 1,30 2,03 2,70 2,49 3,67 4,39 6,56 6,35 0,02 0,02 0,04 0,04 0,06 0,10 0,13 0,07 0,10 0,12 0,11 0,22 0,20 (%) 3,53 4,54 6,68 6,76 6,97 7,98 6,57 2,58 3,84 3,23 2,63 3,32 3,19 (MPa) (MPa) 0,65 0,50 0,56 0,61 0,81 1,83 2,73 1,42 1,95 2,45 4,29 5,32 0,02 0,02 0,02 0,03 0,04 0,09 0,15 0,09 0,12 0,09 0,11 0,15 FR (%) 3,16 3,63 4,23 5,82 5,39 5,30 5,44 6,31 6,01 3,81 2,60 2,72 Tabela C.8 – Resultados médios dos ensaios de CPT da obra (blocos F, G e H). Bloco F Bloco G Bloco H CPO9 CPO10 CPO11 CPO12 Qc Fs FR qc fs FR qc fs FR qc fs FR (MPa) (MPa) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 (MPa) (MPa) 0,53 0,40 0,69 0,84 1,26 1,70 2,59 2,46 2,33 2,31 4,34 6,16 6,97 0,02 0,02 0,04 0,05 0,08 0,13 0,15 0,14 0,11 0,06 0,12 0,14 0,11 (%) 4,23 4,53 5,19 5,28 6,29 7,61 5,84 5,56 4,74 2,71 2,76 2,45 1,79 (MPa) (MPa) 0,54 0,42 0,64 0,89 1,13 1,33 1,73 9,21 0,03 0,02 0,04 0,04 0,07 0,06 0,10 0,13 (%) 5,13 5,08 6,06 4,97 6,11 5,00 5,75 1,87 (MPa) (MPa) 0,56 0,63 0,55 0,59 0,60 1,18 2,77 3,72 9,74 0,02 0,02 0,02 0,03 0,04 0,08 0,07 0,06 0,20 (%) (MPa) (MPa) (%) 3,03 3,69 4,56 5,26 6,59 6,63 2,84 1,60 2,09 0,61 0,48 0,65 0,89 0,93 1,72 2,35 1,85 4,13 3,89 18,82 4,10 5,11 4,95 5,77 6,49 7,49 4,11 5,95 2,71 2,26 1,27 0,02 0,02 0,03 0,05 0,06 0,13 0,11 0,11 0,09 0,08 0,21 303 Tabela C.9 – Resultados médios dos ensaios de CPT da obra (bloco A). Bloco A Prof CPO13 CPO14 CPO15 (m) qc fs FR qc fs FR qc fs FR 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 (MPa) (MPa) (%) 0,42 0,45 0,43 0,68 1,17 2,16 2,24 2,67 3,09 5,03 12,34 5,66 2,85 5,98 4,15 2,65 2,74 2,71 3,51 4,41 0,03 0,03 0,03 0,05 0,08 0,18 0,12 0,12 0,13 0,17 0,20 0,18 0,14 0,11 0,12 0,10 0,11 0,12 0,12 0,14 7,59 6,60 6,84 8,23 7,06 8,72 5,33 4,68 4,27 4,23 1,55 3,56 5,02 2,29 3,07 4,47 4,43 4,50 3,58 3,81 (MPa) (MPa) 0,63 0,51 0,79 0,78 0,91 1,27 2,00 1,98 2,06 1,68 3,09 0,02 0,02 0,05 0,05 0,06 0,08 0,14 0,11 0,07 0,06 0,15 (%) 4,13 3,86 6,05 5,91 6,95 6,14 7,10 5,96 3,25 3,83 5,55 (MPa) (MPa) 0,70 0,57 0,44 0,60 0,91 1,99 2,55 2,68 2,43 2,29 3,69 5,29 5,13 3,39 3,20 2,68 2,91 2,01 1,98 3,36 5,70 0,02 0,03 0,02 0,04 0,06 0,12 0,19 0,15 0,10 0,08 0,13 0,16 0,14 0,15 0,14 0,13 0,12 0,10 0,06 0,12 0,23 (%) 3,51 4,46 4,67 6,35 6,86 6,08 7,44 5,41 4,26 3,53 3,65 2,99 2,85 4,65 4,71 5,33 4,24 4,90 3,09 3,86 4,70 OBS: FR é média da razão de atrito das medidas (fs/qc) em cada metro de ensaio. 304 C.2. DILATÔMETRO DE MARCHETTI C.2.1. Campo Experimental da UnB Tabela C.10 – Valores das correções da rigidez da membrana antes e após a ciclagem no laboratório para os ensaios do campo experimental. Ensaio ∆A (bar) ∆B (bar) inicial final inicial final DM1 0,15 0,15 0,20 0,15 DM2 0,15 0,15 0,20 0,20 DM3 0,15 0,15 0,20 0,50 DM4 0,15 0,15 0,40 0,40 DM5 0,15 0,15 0,40 0,40 DM6 0,15 0,15 0,45 0,45 DM7 0,15 0,15 0,45 0,45 DM8 0,15 0,15 0,45 0,45 DM9* 0,15 0,70 DM10 0,15 0,30 0,70 0,70 DM11 0,15 0,15 0,45 0,45 DM12 0,15 0,15 0,45 0,45 DMO1 0,10 0,10 0,70 0,55 DMO2 0,10 0,10 0,55 0,55 DMO3 0,15 0,15 0,45 0,45 * ensaio interrompido a 15,0 m (rompimento da membrana). Tabela C.11 – Resultados médios dos ensaios de DMT da 1ª campanha. DM1 DM2 DM3 Prof ED ID KD ED ID KD ED ID KD (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 (MPa) - - (MPa) - - (MPa) - - 1,79 1,52 1,73 3,42 5,43 5,65 16,51 24,89 28,60 29,99 25,54 37,44 - 2,52 0,95 0,99 2,19 2,33 1,62 4,31 1,57 1,48 1,47 1,51 1,80 - 1,42 1,65 1,18 0,82 0,97 1,08 1,27 3,78 4,11 3,81 2,81 3,19 - 1,15 2,19 3,58 3,46 6,30 8,84 12,28 10,89 18,40 29,33 25,54 27,83 22,32 2,51 1,15 1,36 1,53 2,08 2,41 3,12 2,39 1,74 3,72 1,35 1,56 1,23 0,64 1,73 1,53 1,08 1,18 1,17 1,16 1,17 2,20 1,57 3,17 2,69 2,55 2,19 3,75 5,14 4,77 6,08 9,29 14,17 21,53 28,15 26,05 21,02 25,40 27,51 1,34 1,56 2,09 2,25 2,50 2,43 2,96 3,29 1,78 1,49 1,13 1,18 1,26 2,66 2,28 1,62 1,14 1,03 1,26 1,33 1,67 3,29 3,37 3,09 3,26 3,02 305 Tabela C.12 – Resultados médios dos ensaios de DMT da 2ª campanha. DM4 DM5 Prof ED ID KD ED ID KD (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 (MPa) - - (MPa) - - 3,55 2,51 3,75 4,34 4,63 8,81 20,80 22,92 23,79 24,74 24,89 27,51 - 1,19 1,30 1,79 2,14 1,74 3,20 3,02 1,82 1,29 1,36 1,42 1,54 - 4,42 1,87 1,33 1,00 1,01 0,85 1,86 3,10 3,85 3,43 2,93 2,81 - 4,26 2,84 3,97 4,12 8,78 5,87 5,28 20,88 25,03 27,80 25,98 24,67 25,18 36,33 1,06 1,08 1,34 1,35 1,87 1,98 1,44 2,59 1,63 1,46 1,28 1,08 1,25 1,59 6,26 2,40 1,84 1,52 1,83 0,94 0,97 1,88 3,22 3,62 3,45 3,53 2,81 2,93 Tabela C.13 – Resultados médios dos ensaios de DMT da 3ª campanha. DM6 DM7 DM8 Prof ED ID KD ED ID KD ED ID KD (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 (MPa) - - (MPa) - - (MPa) - - 1,46 1,89 3,21 5,32 6,78 6,70 7,92 22,37 26,67 31,55 26,31 22,23 25,65 52,47 0,92 0,89 1,05 1,63 1,78 1,67 1,58 2,57 1,52 1,45 1,43 1,20 1,30 1,79 2,99 1,92 1,86 1,58 1,46 1,29 1,28 2,09 3,76 4,06 3,07 2,75 2,73 3,86 1,68 1,89 1,75 4,01 3,72 7,43 8,93 17,20 20,04 22,59 37,38 - 0,77 0,79 1,10 1,28 1,14 1,88 1,85 2,16 2,11 2,09 1,98 - 3,71 2,24 1,43 1,51 1,24 1,22 1,10 1,88 1,95 2,37 3,31 - 1,46 1,53 3,93 5,03 5,39 6,85 11,29 24,85 33,67 29,51 28,86 26,82 32,65 2,12 0,88 1,47 1,87 1,50 1,73 1,68 1,91 2,41 1,94 1,30 1,23 1,32 2,00 1,85 1,68 1,28 1,31 1,30 1,84 3,31 3,19 3,06 3,75 3,34 3,44 306 Prof (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Tabela C.14 – Resultados médios dos ensaios de DMT da 4ª campanha. DM9 DM10 DM11 DM12 ED ID KD ED ID KD ED ID KD ED ID KD (Mpa) - - (MPa) - - (MPa) - - (MPa) - - 0,84 1,23 2,73 2,66 4,19 3,10 8,11 18,18 23,79 24,59 25,69 18,84 15,34 42,16 - 0,84 0,62 1,32 1,04 4,29 4,04 1,71 2,34 1,47 1,19 1,47 1,09 0,89 1,47 - 2,58 1,60 1,33 1,21 0,48 0,50 1,21 1,81 3,26 3,84 3,30 2,60 2,39 3,64 - 0,91 1,35 2,00 2,59 3,97 8,20 6,89 11,70 20,66 22,41 29,11 26,78 24,74 41,57 - 1,93 1,18 2,38 0,92 1,17 2,12 1,47 2,03 1,81 1,27 1,32 1,30 1,40 1,85 - 0,77 1,30 1,00 1,34 1,34 1,37 1,30 1,35 2,64 3,34 3,67 2,49 2,44 2,84 - 2,33 2,00 3,57 4,88 6,05 9,84 7,72 21,28 30,39 36,87 33,08 31,70 24,19 16,76 26,96 39,79 49,26 3,50 1,34 1,76 1,70 1,96 2,79 2,17 4,31 3,03 2,28 1,33 1,36 1,28 1,05 1,44 1,74 1,78 2,78 1,38 1,30 1,31 1,14 1,30 0,91 1,23 2,22 3,11 4,15 3,51 2,64 2,05 2,21 2,51 2,88 0,58 0,73 0,73 0,73 0,73 0,80 1,24 7,36 35,85 33,01 28,93 27,91 23,25 28,49 - 1,19 1,50 1,50 1,50 1,50 1,67 0,45 1,23 2,37 1,70 1,47 1,43 1,16 1,38 - 0,80 0,44 0,30 0,23 0,19 0,15 0,69 1,10 3,62 3,65 3,28 2,96 2,77 2,63 - C.2.2. Obra Local Tabela C.15 – Valores das correções da rigidez da membrana antes e após a ciclagem no laboratório para os ensaios da obra. Ensaio ∆A (bar) ∆B (bar) inicial final inicial final DMO1 0,10 0,10 0,70 0,55 DMO2 0,10 0,10 0,55 0,55 DMO3 0,15 0,15 0,45 0,45 307 Tabela C.16 – Resultados médios dos ensaios de DMT da obra. Bloco A Bloco F Bloco D Prof DMO1 DMO2 DMO3 (m) ED ID KD ED ID KD ED ID KD 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 (Mpa) - - (MPa) - - (MPa) - - 0,80 1,82 4,23 6,34 4,96 9,18 12,61 7,51 12,10 11,59 11,88 16,47 18,14 14,72 5,90 8,45 10,78 13,34 11,51 23,10 0,44 1,04 1,60 1,20 1,10 1,40 1,28 1,07 1,27 1,26 1,06 1,25 1,64 2,61 1,90 1,61 0,94 1,22 0,85 1,75 2,57 1,39 1,51 2,39 1,57 2,02 2,50 1,49 1,92 1,69 1,87 2,00 1,53 0,73 0,37 0,59 1,20 1,11 1,30 1,40 1,06 1,64 4,19 5,79 9,36 15,85 14,97 17,67 21,17 17,09 26,42 - 0,62 0,79 1,53 1,16 1,22 1,38 0,93 1,62 1,71 1,80 1,37 - 2,42 1,67 1,52 2,21 2,64 3,66 4,08 2,60 2,56 1,85 3,22 - 2,31 2,10 3,79 5,54 5,25 6,85 14,14 12,90 16,10 13,92 9,11 11,37 35,56 - 0,62 0,95 1,21 1,02 0,97 0,91 1,15 0,93 1,60 1,08 0,94 1,74 1,91 - 4,39 1,56 1,80 2,50 2,05 2,13 3,04 3,14 2,42 2,39 1,68 1,08 2,61 - C.3. SONDAGEM DE SIMPLES RECONHECIMENTO (SPT E SPT-T) C.3.1. Campo Experimental da UnB Tabela C.17 – Valores de N dos ensaios de SPT-T. Prof. N (m) SP1 SP2 SP3 SP4 SP5 1 2 4 4 3 2 2 2 2 2 2 2 3 2 2 3 4 3 4 2 3 3 4 3 5 4 4 4 4 3 6 6 7 5 7 5 7 9 7 5 9 7 8 7 6 5 13 11 9 10 9 9 13 16 10 13 12 38 20 13 11 15 12 20 12 16 16 17 - 308 Prof. (m) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tabela C.18 – Valores de Tmáx e Tres obtidos nos ensaios SPT-T. SP1 SP2 SP3 SP4 SP5 Tmáx Tres Tmáx Tres Tmáx Tres Tmáx Tres Tmáx Tres (kgf.m) (kgf.m) (kgf.m) (kgf.m) (kgf.m) 1,5 1,0 1,0 0,5 1,0 0,5 1,0 0,5 2,5 1,5 4,0 3,5 2,0 1,5 4,0 2,5 3,0 2,0 4,5 3,5 7,0 6,0 4,5 4,0 6,0 4,5 8,0 7,0 8,0 7,0 7,0 6,0 6,5 6,0 7,0 5,5 8,0 6,5 7,5 6,0 9,0 7,0 9,5 7,5 8,5 7,0 8,0 7,0 10,0 8,0 13,0 10,0 7,0 4,5 8,5 7,5 11,0 8,0 9,5 8,0 10,0 5,0 7,0 5,0 4,5 3,0 9,0 7,0 9,0 6,0 8,0 5,0 4,5 4,0 3,5 2,0 7,0 4,5 9,0 4,5 9,0 5,5 10,0 7,0 2,5 1,5 21,0 16,0 11,0 8,0 10,0 5,0 20,0 18,0 30,0 22,0 31,0 28,0 20,0 18,0 21,0 15,0 20,0 18,0 31,0 27,0 22,0 15,0 25,0 24,0 27,0 23,0 - C.3.2. Obra Local Tabela C.19 – Valores de N dos ensaios de SPT. Prof. N (m) SPO1 SPO2 SPO3 1 3 13 14 2 7 2 2 3 8 2 2 4 8 2 2 5 10 4 3 6 7 6 4 7 8 9 7 8 9 7 5 9 42 2 6 10 45 6 7 11 60 6 9 12 59 12 13 13 19 24 14 22 40 15 10 16 17 17 18 18 14 19 12 20 13 21 15 22 14 - 309 C.4. PENETRÔMETRO DINÂMICO LEVE (DPL) – CAMPO EXPERIMENTAL Tabela C.20 – Valores médios de N10 dos ensaios de DPL. Prof. N10 (m) DP1 DP2 DP3 1 12 18 10 2 5 5 7 3 4 5 5 4 4 4 6 5 7 6 6 6 5 7 7 7 13 14 13 8 14 15 13 9 25 22 17 Tabela C.21 – Resultados do ensaio DP3 com medida de torque. Prof. Mmáx Mres qd f (m) N.m N.m (MPa) (MPa) 1 4,0 1,0 2,75 0,010 2 0,5 0,5 2,96 0,005 3 6,0 4,0 1,50 0,030 4 6,0 5,0 0,91 0,035 5 8,0 6,0 0,94 0,038 6 6,0 4,0 1,02 0,025 7 6,0 6,0 1,24 0,031 8 8,0 6,0 2,79 0,030 9 8,0 7,0 2,46 0,030 10 16,0 15,0 2,80 0,062 310 APÊNDICE D D. MÉTODOS GRÁFICOS PARA INTERPRETAR AS CURVAS CARGA-RECALQUE DE PROVAS DE CARGA VERTICAIS Neste apêndice são apresentados os métodos de extrapolação das curvas carga x recalque. No método da NBR 6122/96 a carga de ruptura é fixada em função de um valor de recalque máximo e nos métodos gráficos o ajuste parte da curva experimental para uma curva com formulação conhecida, exponencial no método de Van der Veen (1953), hiperbólica nos métodos de Chin (1970) e Décourt (1999), e parabólica no método de Mazurkiewicz (1972). D.1. MÉTODO DA NBR 6122/96 Quando a estaca é carregada até apresentar um recalque considerável, mas a curva carga x recalque não indica uma carga de ruptura definida, e sim, um crescimento contínuo do recalque com a carga, a NBR 6122/96 (item 7.2.2.3) prescreve que a carga de ruptura pode ser convencionada como aquela que corresponde, na curva carga x recalque, ao recalque obtido pela equação abaixo: ρR = R.L D + A.E 30 (D.1) Sendo: ρR = recalque de ruptura convencional; R = carga de ruptura convencional; L = comprimento da estaca; A = área da seção transversal da estaca; E = módulo de elasticidade do material da estaca; D = diâmetro do círculo circunscrito à estaca. 311 A partir de um valor arbitrado de carga (P), por exemplo à carga nominal da estaca, calcula-se pela Equação D.1 o correspondente recalque (ρ), para em seguida, por este ponto (P, ρ) plota-se a reta que corta o eixo dos recalques em D/30. O ponto de interseção dessa reta com a curva carga x recalque caracteriza a carga de ruptura convencional (R). A Figura D.1 apresenta o método da NBR 6122/96 para estaca E1. Obteve-se neste caso R = 262 kN e ρR = 11,9 mm. Carga aplicada (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 Recalque (mm) 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Prova de carga NBR 6122/96 Figura D.1 - Método da NBR 6122/96 para Estaca E1. D.2. MÉTODO DE VAN DER VEEN (1953) Um método muito usado no Brasil para essa extrapolação é o de Van der Veen (1953), que representa a curva carga x recalque (P, ρ) pela Equação D.2. P = R (1 - e-aρ) (D.2) Sendo a o coeficiente que define a forma da curva. Esta curva é assintótica a uma reta vertical que caracteriza a carga de ruptura (R). 312 Reescrevendo essa função P = P (ρ) tem-se a Equação D.3, que corresponde a uma reta que passa pela origem, quando plotada em uma escala semilogarítmica de base neperiana. a ρ = -ln (1-P/R) (D.3) O coeficiente a representa o coeficiente angular dessa reta. Partindo dos pontos (P, ρ) obtidos na prova de carga, deve-se encontrar, por tentativas, o valor de R que conduz à melhor regressão linear pelos pontos [- ln (1-P/R), ρ]. Estes valores são plotados em um gráfico. Novas tentativas são realizadas com outros valores de R. Quando resultar um gráfico reto, o valor adotado de R que o originou, corresponde à carga de ruptura (Figura D.2). Como, em geral, o trecho inicial da curva pode ser desprezado, na análise de capacidade de carga, Aoki (1976) observa que a não obrigatoriedade em passar pela origem do sistema de coordenadas pode melhorar a regressão e assim, propõe uma extensão da expressão de Van der Veen (1953) conforme Equação D.4 adotada para as extrapolações feitas nesta pesquisa. P = R [1 – e-(aρ + b)] (D.4) Sendo que b representa o intercepto, no eixo dos recalques, da reta obtida na escala semilogarítmica. A Tabela D.1 e as Figuras D.2 e D.3 apresentam o método de Van der Veen para o tubulão T1. Obteve-se neste caso R = 1000. Tabela D.1 – Estimativa da carga de ruptura (R) do tubulão T1 por Van der Veen (1953). Prova de Carga Van der Veen - Tubulão SGAS 905 P - ln (1 - P/R) ρ (kN) (mm) 900 kN 1000 kN 1200 kN 1350 kN 1400 kN 1500 kN 1600 kN 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 150 0,11 0,18 0,16 0,13 0,12 0,11 0,11 0,10 300 0,50 0,41 0,36 0,29 0,25 0,24 0,22 0,21 450 1,24 0,69 0,60 0,47 0,41 0,39 0,36 0,33 600 2,02 1,10 0,92 0,69 0,59 0,56 0,51 0,47 750 3,46 1,79 1,39 0,98 0,81 0,77 0,69 0,63 900 6,66 2,30 1,39 1,10 1,03 0,92 0,83 313 Estimativa da carga última pelo método de Van der Veen LN (1-P/Pult) 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 0 y = 3.1585x - 0.7396 R2 = 0.9962 Recalque (mm) 1 2 900 1000 1200 1350 3 1400 4 1500 5 1600 6 lt 7 Linear (lt) Figura D.2 – Gráfico para estimativa da carga de ruptura (R) por Van der Veen (1953). Carga (kN) 0 150 300 450 600 750 900 1050 0 Recalque (mm) 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Prova de carga Van der Veen Figura D.3 – Curva carga x recalque do Tubulão T1. D.3. MÉTODO DE CHIN (1970) Este método considera que, nas proximidades da ruptura, a curva carga x recalque seja hiperbólica. O recalque dividido pela carga correspondente (ρ/P), é plotado em gráfico em função do recalque (ρ). Determina-se o coeficiente angular do trecho reto, sendo o inverso deste valor à carga de ruptura (R). 314 As Figuras D.4 e D.5 apresentam o método de Chin (1970) para estaca E1. Obtevese neste caso R = 294 kN. 0,07 y = 0,0034x + 0,0052 R 2 = 0,9997 0,06 ρ/P (mm/kN) 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0,00 0 5 10 15 20 ρ (mm) Figura D.4 - Método de Chin (1970) para estaca E1. Carga (kN) 0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300 0 2 Recalque (mm) 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Prova de carga Chin (1970) Figura D.5 – Curva carga x recalque da estaca E1. D.4. MÉTODO DE DÉCOURT (1999) Para aplicar o método de Décourt (1999), divide-se a carga pelo recalque correspondente (P/ρ) e plota-se num gráfico em função da carga (P). A carga de ruptura 315 (R) é determinada pela Equação 5. A Equação 6 define a curva carga x recalque ideal extrapolada pelo método. R= C2 C1 (D.5) P= C2 ρ 1 − C1 ρ (D.6) sendo: R = carga de ruptura; P = carga aplicada; ρ = recalque; C1 = inclinação da linha reta (coeficiente angular); C2 = intercepto em y (ρ/P) da linha reta. As Figuras D.6 e D.7 apresentam o método de Décourt para o tubulão T1. Obtevese neste caso R = 1170 kN. 1400 y = -0,5123x + 599,37 P/ρ (kN/mm) 1200 R2 = 0,9977 1000 800 600 400 200 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 P (kN) Figura D.6 - Método de Décourt (1999) para o tubulão T1. 316 Carga (kN) 0 150 300 450 600 750 900 1050 1200 0 Recalque (mm) 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Prova de carga Décourt (1999) Figura D.7 – Curva carga x recalque do Tubulão T1. D.4. MÉTODO DE MAZURKIEWICZ (1972) Neste método a curva carga x recalque é dividida em partes que correspondem a recalques iguais. Pelos pontos assim obtidos são traçadas retas verticais e, onde estas interceptam o eixo das cargas, são traçadas retas a 45º com a horizontal, até interceptarem as verticais correspondentes aos pontos seguintes. Pelos pontos obtidos traça-se a reta resultante, cuja interseção com o eixo das abscissas fornece a carga de ruptura. A Figura D.8 apresenta o método de Mazurkiewicz (1972) para a estaca E6. Obteve-se neste caso R = 520 kN. Carga (kN) 0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 0 Recalque (mm) 10 20 30 40 50 60 Figura D.8 – Método de Mazurkiewicz (1972) para estaca E6. 317 APÊNDICE E E. RESULTADOS BÁSICOS DAS PROVAS DE CARGA Apresenta-se, neste apêndice, todos os valores de carga e recalques registrados durante as provas de carga, e já apresentados no Capítulo 5, sob forma gráfica. Faz-se isso para facilitar aos futuros usuários desta tese, caso queiram fazer novas análises destes ensaios. E.1. OBRA EM ESTUDO (LOTE 3, SGAS 905) Tabela E.1 – Dados das provas de carga realizadas na obra. E6 T1 Carga Recalque Carga Recalque (kN) (mm) (kN) (mm) 0,0 0,00 0,0 0,00 60,0 0,28 150,0 0,11 120,0 0,52 300,0 0,50 180,0 1,68 450,0 1,24 240,0 3,33 0,0 0,67 300,0 6,15 150,0 0,90 360,0 11,90 300,0 1,18 420,0 22,37 450,0 1,43 480,0 38,74 600,0 2,02 500,0 53,14 750,0 3,46 900,0 6,66 700,0 6,63 500,0 6,30 300,0 6,02 100,0 5,66 0,0 5,14 Obs: O recalque é a média das leituras em 4 extensômetros. 318 E.2. CAMPO EXPERIMENTAL Carga (kN) 0,0 30,0 60,0 90,0 120,0 150,0 180,0 210,0 240,0 270,0 220,0 170,0 120,0 70,0 23,0 0,0 Tabela E.2 – Dados das provas de carga realizadas no campo experimental. E1 E2 E3 E4 E5 Recalque Carga Recalque Carga Recalque Carga Recalque Carga Recalque (mm) (kN) (mm) (kN) (mm) (kN) (mm) (kN) (mm) 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,81 30,0 0,34 10,0 0,01 30,0 0,73 30,0 0,72 1,15 60,0 0,50 30,0 0,45 60,0 1,37 60,0 0,98 1,55 35,0 0,46 60,0 0,64 90,0 1,97 35,0 0,93 2,10 10,0 0,35 60,0 0,64 120,0 2,48 10,0 0,58 2,69 35,0 0,38 90,0 1,02 150,0 3,19 35,0 0,85 3,38 60,0 0,42 90,0 1,02 180,0 4,13 60,0 1,05 3,96 90,0 0,59 120,0 1,06 210,0 5,72 90,0 1,56 6,04 120,0 0,91 150,0 1,21 45,0 5,05 120,0 2,33 16,10 90,0 0,91 150,0 1,21 90,0 2,30 16,09 60,0 0,83 180,0 1,33 60,0 2,14 15,99 30,0 0,68 210,0 1,71 30,0 1,88 15,90 10,0 0,57 240,0 2,52 10,0 1,51 15,58 30,0 0,58 270,0 4,85 30,0 1,73 15,00 60,0 0,67 210,0 4,70 60,0 1,92 14,94 90,0 0,75 150,0 4,48 90,0 2,12 120,0 0,86 90,0 4,26 120,0 2,34 150,0 1,13 30,0 3,89 150,0 3,03 180,0 1,56 10,0 3,65 180,0 3,67 120,0 1,52 0,0 3,50 120,0 3,57 60,0 1,37 60,0 3,29 10,0 1,10 10,0 2,65 60,0 1,14 60,0 3,00 120,0 1,35 120,0 3,41 180,0 1,61 180,0 3,72 210,0 1,98 210,0 5,29 5,0 1,22 240,0 6,43 120,0 1,76 270,0 8,92 210,0 2,21 220,0 8,84 240,0 2,39 170,0 8,62 270,0 2,90 120,0 8,38 300,0 3,82 70,0 7,79 250,0 3,80 10,0 6,82 200,0 3,71 150,0 3,57 100,0 3,35 50,0 3,13 10,0 2,59 Obs: O recalque é a média das leituras em 4 extensômetros. 319 APÊNDICE F F. CONSIDERAÇÕES ADOTADAS NA PREVISÃO CAPACIDADE DE CARGA E RECALQUES DAS FUNDAÇÕES DE F.1. MÉTODOS SEMI-EMPÍRICOS – CAPACIDADE DE CARGA F.1.1. Ensaios de CPT No dimensionamento proposto pelo método De Ruiter & Beringen (1979), também conhecido como método europeu, o valor da resistência de ponta (qc unitário) é governado pelo valor de qc do ensaio de cone (CPT), sendo baseado no diâmetro da estaca (D) válido para uma zona entre 0,7 a 4D abaixo da cabeça da estaca e 8D acima da base. O atrito lateral é obtido a partir do menor valor de f1, f2 e f3. O método, proposto pôr Bustamante & Gianeselli (1982), também conhecido por LCPC, o valor da resistência de ponta (qc unitário) é obtido por qca, que corresponde aos valores médios entre 0,7 a 1,3q’ca, sendo q’ca valores de qc (cone) obtidos numa zona entre ± 3/2D. No cálculo das parcelas de fs e qc unitários os respectivos parâmetros α e kc , função dos tipos de estacas e solo, foram definidos de acordo com a variabilidade do solo. No método de Aoki & Velloso (1975), a tensão-limite de ruptura de ponta e de atrito lateral são diretamente avaliadas em função de qc e fs do ensaio de CPT. Neste método o cálculo da capacidade de carga utiliza coeficientes F1 e F2 que são fatores de transformação dos dados de resistências reais de uma estaca, englobando os efeitos do modo de instalação no solo e o efeito escala. Este último leva em conta a diferença do comportamento entre a estaca e o cone holandês (Aoki & Alonso, 1986). Como trata-se de um parâmetro que está relacionado ao processo executivo da estaca, foram utilizados os coeficientes recomendados pôr Rodrigues el. al. (1998) no dimensionamento, para estacas escavadas, coeficientes estes já determinados para a argila porosa do DF. O método de Philipponnat se baseia em correlações com o CPT, onde a tensão limite de ponta é obtida pelo qc do CPT vezes um coeficiente (αp) função do tipo de solo. O valor de qc a ser considerado é a média dos valores numa região três diâmetros acima e três diâmetros abaixo da ponta da estaca. Obtém-se o atrito lateral em função dos coeficientes αF e αs, função do tipo de estaca e solo, respectivamente. 320 Apresenta-se na Tabela F.1 os parâmetros adotados no cálculo das capacidades de cargas da estacas do campo experimental e da obra (bloco F), de acordo com as hipóteses dos métodos de previsão para ensaios de CPT. Tabela F.1 – Fatores adotados para os métodos de CPT . Método Fatores adotados f1 = 0,12 MPa; f2 = fs (cone); f3 = qc/300; De Ruiter & Beringen (1979) sendo fs o menor valor entre f1, f2 e f3. f = qc/α e qp = qca..kc; Bustamante & Gianeselli (1982) s α = 40 e kc = 0,35, até 8,9 m; α = 60 e kc = 0,45 a partir de 9,0 m. Aoki e Velloso (1975) F1 = 1,7 e F2 = 3,35 αp = 0,50; αF = 0,85; αs= 50 até 8,9 m Philipponnat (1986) αp = 0,45; αF = 0,85; αs = 60 a partir de 9,0 m. F.1.2. Ensaios de SPT-T Considera-se o solo do campo experimental como areno siltoso até 5,5 m, silte arenoso de 5,5 a 8,5 m, silte a partir de 8,5 m e na obra como areno siltoso até 9,0 m, conforme classificação do solo nos ensaios sem defloculante, representando as propriedades reais do solo “in situ”. As Tabelas F.2 e F.3 apresentam as considerações adotadas no campo experimental e na obra, respectivamente. Tabela F.2 – Métodos de previsão de capacidade de carga via SPT e SPT-T para as estacas do campo experimental. Método Critérios Adotados De 1,0 a 5,5 m: F1 = 3, F2 = 6, α (%) = 2,0 e k = 0,80 MPa; Aoki & Velloso (1975) - A De 5,5 a 8,5 m: F1 = 3, F2 = 6, α (%) = 2,2 e k = 0,55 MPa; Acima de 8,5 m: F1 = 3, F2 = 6, α (%) = 3,0 e k = 0,40 MPa; Valores de F1 = 1,7 e F2 = 3,35, sugeridos por Rodrigues Aoki & Velloso (1975) - B et al. (1998) e α (%) e k conforme apresentado acima; Décourt & Quaresma α = 0,60, β = 0,65 e k = 250 kN/m2; (1978) – A Décourt & Quaresma Valores de α = 0,90, β = 0,85 e K = 250 kN/m2, sugeridos (1978) – B por Rodrigues et al. (1998); Décourt (1996) Neq = Torque /1,2,α = 0,60, β = 0,65 e K = 250 kN/m2; Alonso (1996) α = 1,7, β = 175 kPa/kgf.m (média entre areia e silte); Camapum de Carvalho αt = 1,35 e PP por Décourt & Quaresma (1978), α = 0,90 e et al. (1998) K = 250 kN/m2, sugeridos por Rodrigues et al. (1998); sl = 1,4 e Fl = 1,3 e 0,7 para Tmáx/N < 1 e Tmáx/N > 1, Peixoto (2001) respectivamente; 321 Tabela F.3 – Métodos de previsão de capacidade de carga via SPT para a estaca da obra. Método Critérios Adotados Aoki & Velloso (1975) –A De 1,0 a 9,0 m: F1 = 3, F2 = 6, α (%) = 2,0 e k = 0,80 MPa; Valores de F1 = 1,7 e F2 = 3,35, sugeridos por Rodrigues et Aoki & Velloso (1975) –B al. (1998) e α (%) e k conforme apresentado acima; Décourt & Quaresma α = 0,60, β = 0,65 e k = 250 kN/m2; (1978) – A Décourt & Quaresma Valores de α = 0,90, β = 0,85 e K = 250 kN/m2, sugeridos (1978) – B por Rodrigues et al. (1998); Décourt (1996) Neq = Torque /1,2,α = 0,60, β = 0,65 e K = 250 kN/m2; Alonso (1996) α = 1,7, β = 175 kPa/kgf.m (média entre areia e silte); Camapum de Carvalho αt = 1,35 e PP por Décourt & Quaresma (1978), com α = et al. (1998) 0,90 e K = 250 kN/m2, sugeridos por Rodrigues et al. (1998); sl = 1,4 e Fl = 1,3 e 0,7 para Tmáx/N < 1 e Tmáx/N > 1, Peixoto (2001) respectivamente; F.2. MÉTODOS DE PREVISÃO DA CAPACIDADE DE CARGA DE TUBULÕES Apresenta-se a seguir, o cálculo da tensão admissível para apoio da base do tubulão da obra. Conforme Décourt (1992) para uso generalizado tem-se: qad = NSPT/40 (F.1) sendo: qad = tensão de ruptura generalizada; NSPT = resistência à penetração (SPT); De acordo com Décourt (1995) para solos tipo III (argilas saturadas, não lateríticas) o valor da tensão de ruptura convencional é de: quc = 0,08NSPT (MPa) (F.2) sendo: quc = tensão de ruptura convencional; NSPT = resistência à penetração (SPT); 322 Com base na experiência brasileira, Décourt et al, 1996, recomendam a seguinte expressão: qba = 20.N72 + σ’vb (F.3) sendo: qba = tensão admissível à cota de apoio do tubulão (kPa); N72 = resistência à penetração (SPT) média a baixo da cota de apoio do tubulão (usualmente numa faixa de espessura igual a Db abaixo da cota de apoio), obtida pelos padrões brasileiros; σ’vb = tensão geostática vertical efetiva (kPa) à cota de apoio do tubulão. Ghionna et al.(1993), citados por Décourt et al, 1996, recomendam que para um recalque de 0,10Db a tensão na base pode ser estimada por: qb = Fc.qc (F.4) sendo: qc = resistência de ponta do cone na região de apoio do tubulão (kPa); Fc = 0,15 para areias silicosas e 0,08 para areias carbonatadas. F.3. MÉTODOS RACIONAIS OU TEÓRICOS – CAPACIDADE DE CARGA As fórmulas teóricas foram de capacidade carga são aplicáveis aos casos particulares de solos puramente argilosos ou arenosos, como a argila porosa de Brasília possui as duas parcelas, ou seja solo não saturado e intermediário quanto a textura, considera-se a soma das equações propostas para cada tipo de solo, com base na metodologia exposta por Cintra & Aoki (1999) e Décourt (1996). Parcela Lateral fs = c.β + σv.K0.tgφ (F.5) 323 sendo: c = coesão (variando com sucção); φ = ângulo de atrito; β = fator empírico de adesão solo elemento de fundação, adota-se β = 1; σv = tensão vertical; K0 = coeficiente de empuxo no repouso obtido nos ensaios triaxiais naturais; Parcela de Ponta As soluções para resistência de ponta que se baseiam na Teoria da Plasticidade, supõem diferentes mecanismos de ruptura, conforme mostra a Figura F.2. Determina-se a resistência de ponta pela camada em que se localiza a ponta da estaca, com base na equação geral apresentada abaixo: Qp = c.Nc.Sc + γ .L. Nq*. Sq (F.6) Sendo: Nc e Nq* = fatores de capacidade de carga, em função de φ (ruptura generalizada) e de acordo com a solução adotada; Sc e Sq = fatores de forma; Figura F.1 – Valores de Nq* de vários autores (Vesic, 1967) 324 Observa-se pela Figura F.2 que há diferenças apreciáveis nas várias proposições de Nq*. Por exemplo, para φ = 40º, Nq* varia de 100 a 1000, dependendo do autor, comprometendo o cálculo da parcela de ponta de estacas em areia, levando a grandes incertezas quanto ao valor real a ser adotado. F.3. MÉTODO DE RECALQUE – TUBULÃO Estima-se o recalque total do tubulão pelo método modificado de Meyerhof (1965), para Db > 1,20 m, conforme equação abaixo: δ= σb Db 0, 64.N 60 Db + 0,30m 2 (mm) (F.7) sendo: σb = pressão aplicada ao solo pela base, em kPa; N 60 = N 72 , valor médio do SPT, da base até 2Db abaixo; 1, 2 Db = diâmetro da base do tubulão (m). 325 APÊNDICE H H. TRANSFERÊNCIA DE CARGA DA ANÁLISE NUMÉRICA H.1. CURVAS DE TRANSFERÊNCIA OBTIDAS PELO FINE Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 300 0 1 2 Prof (m) 3 4 5 6 7 8 65 kN 230 kN 130 kN 262 kN 195 kN Figura H.1 – Curva de transferência de carga da estaca E2 Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 300 0 1 Prof (m) 2 3 4 5 6 7 8 60 kN 240 kN 120 kN 280 kN 180 kN Figura H.2 – Curva de transferência de carga da estaca E3 329 Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 300 0 1 2 Prof (m) 3 4 5 6 7 8 70 kN 190 kN 115 kN 230 kN 140 kN Figura H.3 – Curva de transferência de carga da estaca E4 Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 300 0 1 Prof (m) 2 3 4 5 6 7 8 58 kN 115 kN 230 kN 275 kN 175 kN Figura H.4 – Curva de transferência de carga da estaca E5 330 H.2. CURVAS DE TRANSFERÊNCIA OBTIDAS PELO PLAXIS Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 300 360 0 1 Prof (m) 2 3 4 5 6 7 8 60 kN 120 kN 180 kN 240 kN 270 kN 300 kN Figura H.5 – Curva de transferência de carga da estaca E2 Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 300 0 1 2 Prof (m) 3 4 5 6 7 8 60 kN 240 kN 120 kN 270 kN 180 kN Figura H.6 – Curva de transferência de carga da estaca E3 331 Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 0 1 2 Prof (m) 3 4 5 6 7 8 60 kN 180 kN 120 kN 210 kN 150 kN Figura H.7 – Curva de transferência de carga da estaca E4 Carga aplicada (kN) 0 60 120 180 240 300 0 1 2 Prof (m) 3 4 5 6 7 8 60 kN 120 kN 240 kN 270 kN 180 kN Figura H.8 – Curva de transferência de carga da estaca E5 332 APÊNDICE I I. ENSAIOS DE INTEGRIDADE TIPO PIT (Pile Integrity Test) I.1. ANTES DAS PROVAS DE CARGA Figura I.1 - ESTACA E1 – 21/02/00 – LA = 7,8 m; MA = 5; WS = 3600 ; T1 = 32 Figura I.2 – ESTACA E4 – 13/11/00 – LA = 7,5 m; ; MA = 10; WS = 3600 ; T1 = 32 333 Figura I.3 – ESTACA E5 – 13/11/00 – LA = 8,10 m; ; MA = 10; WS = 3600 ; T1 = 32 I.2. DEPOIS DAS PROVAS DE CARGA Figura I.4 – ESTACA E1 – 11/10/01 – LA = 7,8 m ; MA = 10; WS = 3600 ; T1 = 32 Figura I.5 – ESTACA E2 – 11/10/01 – LA = 7,7 m; ; MA = 10; WS = 3600 ; T1 = 32 334 Figura I.6 – ESTACA E3 – 11/10/01 – LA = 8,0 m; ; MA = 10; WS = 3600 ; T1 = 32 Figura I.7 – ESTACA E5 – 11/10/01 – LA = 8,10 m; MA = 10; WS = 3600 ; T1 = 32 LEGENDA: LA = comprimento da estaca; MA = magnitude; WS = velocidade de onda; T1 = tempo de onda no topo da estaca. 335