EFEITO DE FONTES DE N EM COBERTURA, NA VARIEDADE DE MILHO MANICA Manuel I.V.Amane, Mamudo Ibraimo e Fernando Chitio RESUMO Visando determinar as melhores fontes de N, usadas em cobertura, no milho, foi conduzido um estudo no Posto Agronómico de Nampula. No sulco de sementeira aplicou-se 200 kg/ha do composto 12 24 12. As fontes de N usadas em cobertura foram: urea, sulfato de amônio e nitrato de amônio, todas na quantidade de 46 kg/ha. As três fontes não diferiram significativamente entre si. Contudo, o sulfato de amônio revelou maior tendência de aumento de rendimento. INTRODUÇÃO Em Moçambique, o uso de fertilizantes não só não é prática comum, como sobretudo não tem obedecido nem a formulações específicas, para uma boa nutrição de plantas e nem as fontes de nutrientes, realmente necessários. Os fertilizantes disponíveis aparecem, muitas vezes devido a doações, que na maior parte das vezes não atendem a problemas específicos de fertilidade de solos, do país. É comum ver-se o composto 12 24 12 e ureia. Embora em menor quantidade, também aparece o sulfato de amónio. Não é comum a comercialização de nitrato de amónio. A exigência das culturas em nitrogênio vem aumentado, devido a intensidade de cultivo. Não tem sido possível recomendar aos camponeses com as melhores fontes de nitrogênio, para o seu uso, nas diferentes culturas. Cada fonte de N tem as suas particularidades específicas que a tornam particularmente susceptíveis a certas formas de perda (por exemplo volatilização, lixiviamento ou denitrificação). Entretanto, estas propriedades devem interagir com factores ambientais e biológicos que em muitos casos são sujeitos a variações sazonal e anual. Estudos conduzidos por alguns pesquisadores indicam que a eficiência de cada uma das fontes em relação a outra, como fonte disponível deve estar relacionada com o tempo de aplicação. Esta hipótese tem sido testada pelo menos em muitas situações florestais (Taylor, 1987; Nason et al., 1990; Brokley, 1995). O objectivo do presente trabalho foi o de contribuir na elucidacão sobre as melhores fontes de N, em cobertura, após aplicação, no sulco de plantio, do composto 12-24-12. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Posto Agronómico de Nampula, num solo de textura arenosa. As características químicas desse solo encontram-se na Tabela1 . Tabela 1. Características Químicas do solo de Nampula. C gkg-1 1 0,8 Olsen Ntotal (kgdm-3) P1 mgkg-1 Ca mg/kg-1 Mg mg/kg-1 K mg/kg-1 pH H2O H+Al pH 7 Al KCl 0,06 4,81 2,8 2,0 0,18 5,3 1,83 0,1 Os tratamentos constaram de fontes de nitrogênio em cobertura, após aplicação, no sulco de plantio do composto 12-24-12. As fontes de N utilizadas foram ureia, sulfato de amônio e nitrato de amônio. Usou-se 46 kg de N/ha. O delineamento experimental usado foi de blocos completos casualizados, com 4 repetições. A parcela experimental consistiu de 4 linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,8 m entre linhas e 0,25 m, na linha. Uma semana após a emergência fez-se desbaste, deixando uma planta por covacho. Para fins de coleta de dados, foram consideradas úteis as duas limhas centrais, de 5,0 m de comprimento. Usou-se a variedade Manica, a mais comum da região. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das características avaliadas são apresentados na Tabela 2. De acordo com esta Tabela 2, sem adubação no sulco de plantio e qualquer uma das fontes de nitrogênio em cobertura, houve um ligeiro atrazo na floração. A maior altura das plantas foi obtida com a aplicação de nitrato de amônio, embora estas não diferissem significativamente das outras fontes. O efeito de fontes de nitrogênio sobre a produtividade da variedade Manica, em Nampula, revelou superioridade do sulfato de amônio em relação as outras duas fontes, embora não diferissem estatisticamente. Com o uso de sulfato de amônio, a produtividade do milho variedade Manica aumentou cerca de 18% em relação a nitrato de amônio e cerca de 31% em relação a ureia. Quando se aplicou apenas o composto 12-24-12, no sulco de plantio, o sulfato de amônio provocou um aumento de aproximadamente 77%, enquanto para o nitrato de amônio foi de 49% e de ureia foi 35%. Em relação ao tratamento que não recebeu composto no sulco de plantio sulfato de amônio proporciounou um aumento de 173%, o nitrato de amônio de 130% e a ureia 108%. Os resultados podem sugerir a existência de certas formas de perda de N, que não o tornam disponível em certos períodos de maior demenda pela planta. Trabalhos realizados por alguns pesquisadores mostraram que o efeito combinado de N + S, melhorou o teor de S nas plantas adubadas, proporcionado altas produtividades (Brockley, 1995). Em geral, as fontes usadas não têm S, elemento essencial para a nutrição de plantas e para o balanço da síntese de aminoácidos e proteínas. Tabela 2. Principais características avaliadas na variedade de milho Manica, no Posto Agronómico de Nampula, 2000. Tratamentos NPK 0 200 200 200 200 N + 0 + 0 + Ureia + S. Amônio + N.Amônio C.V. (%) Plantas/ha Floração (dias) Altura (cm) Produção (kg/ha) Peso de 100 sementes 46.750 46.000 48.000 47.000 48.000 5,35 62 a 56 ab 53 b 52 b 53 b 6,31 144 c 193 b 205 ab 196 ab 234 a 10,82 2.600 c 4.014 bc 5.414 ab 7.102 a 5.976 ab 20.36 26,7 27,4 28,0 28,3 27,6 17,59 CONCLUSÕES 1. Independentemente da fonte, é importante o uso de fertilizantes nitrogenados e no sulco de plantio. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BROKLEY, R.P. Effects of nitrogen source and season of application on the nutrition and growth of lodgepole pine. Can. J. For. Res. 25: 516-526. 1995. NASON, G.E., PLUTH, D.J., McGILL, W.B. Volatilization and foliar recapture of ammonia following spring and fall application of nitrogen-15 urea to a Douglas-fir ecosystem. Soil Sci. Soc. Am. J. 52: 821-828. 1988. TAYLOR, C.M.A. The effects of nitrogen fertilizer at different rates and times of application on the growth of Sitka spruce in upland Britain. Forestry, 60: 87-99. 1987.