Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Utilizando portfólio didático como estratégia de ensino de Biologia numa perspectiva CTS Denise do Carmo Farago Zanotto Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira André Koscianski Márcia Regina Carletto Resumo Vivemos numa sociedade influenciada por avanços científicos e tecnológicos e, não sabemos até que ponto o homem detém o controle de toda essa tecnologia. Todavia, sabemos que existe uma imbricação entre a ciência, tecnologia e sociedade. A LDB aponta a necessidade de se trabalhar com essa imbricação no ensino fundamental e médio possibilitando a formação de cidadãos crítico-reflexivos capazes de transformar a realidade onde estão inseridos. Neste sentido, o presente artigo busca definir, situar e caracterizar o movimento CTS, bem como apresentar uma proposta de trabalho realizada com alunos da 3ª série de Biologia do ensino médio em que utilizamos a modalidade de portfólio didático dos meios de comunicação, a qual permite que diversos conceitos científicos sejam trabalhados de forma interdisciplinar numa perspectiva CTS. Palavras-chave: ensino de biologia, portfólio didático, CTS. Abstract Using didatic portfolio perspective CTS as a strategy for teaching biology in a We live in a society influenced by scientific and technological advances, and do not know how far the man has control of all this technology. However , we know that there is an overlap between science, technology and society. LDB points out the need to work with that overlap in elementary school and high school to be become possible the formation of critical-reflexive citizens who will be able to transforming reality where they are inserted. In this sense, this article seeks to define, locate and characterize the movement CTS, as well to show a proposal of work done with 3rd grade Biology high school students where we use II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT the mode of media didactic portfolio, which allows various scientific concepts been worked in a interdisciplinary way in STS perspective. Keywords: biology teaching, didatic portfolio, STS. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Introdução A tecnologia se faz presente na vida das pessoas nos mais variados setores. Vivemos, portanto, numa sociedade cada vez mais tecnologizada e repleta de avanços científicos visando o bem-estar do homem contemporâneo. Entretanto, o que se observa é que os problemas sociais se agravam a cada dia e as conquistas tecnológicas e científicas são desfrutadas apenas por uma pequena parcela da população, ou seja, na maioria das vezes, os conhecimentos científicos e tecnológicos são elitizados. Muitas vezes os avanços tecnológicos contribuem mais para gerar contradições do que solucioná-las. Neste cenário percebe-se que há uma falta de sintonia da tecnologia com o aspecto humano (Motoyama, 1985). E foi com o intuito de tornar óbvio essa dissonância que surgiu o movimento CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) que possibilitou aos cidadãos uma maior reflexão acerca dos benefícios e malefícios da tecnologia na sociedade atual. Devido ao fato de a ciência e a tecnologia estarem cada vez mais formatando nossa sociedade no sentido de causarem tanto benefício quanto malefício é importante que a escola possa agregar ao seu currículo tais questões, pois nota-se que reflexões sobre os avanços científicos e tecnológicos ocupam pouco ou nenhum espaço nas aulas de Biologia. A atual conjectura necessita de professores com uma postura diferente de décadas atrás e a sociedade de hoje exige um aluno - futuro profissional - com habilidades e competências que lhe permitam desenvolver-se como cidadãos adequados às novas exigências sociais e de trabalho. Assim, ensinar conteúdos de Biologia, principalmente aqueles que envolvem conhecimentos das novas biotecnologias, exige alterações, inclusões nos programas de ensino e nas atividades pedagógicas. E o que nós educadores podemos fazer para facilitar o entendimento da ciência e da tecnologia e suas inter-relações com o contexto social no qual estamos inseridos? Com tantos avanços é papel do professor oportunizar aos alunos momentos de reflexão e discussão dessas questões. Cabe ressaltar que não existem receitas prontas, nem tão pouco fórmulas mágicas no sentido de se coadunar as contribuições das ciências humanas e sociais à ciência e tecnologia no contexto educacional. Assim sendo por meio desse artigo objetiva-se expor uma alternativa de trabalho num enfoque CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) nessa disciplina fazendo uso da modalidade II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT portfólio didático dos meios de comunicação numa tentativa de formar cidadãos cientificamente e tecnologicamente alfabetizados capazes de entender e transformar a realidade onde estão inseridos. 1. Movimento CTS O acrônimo CTS compreende os estudos sobre Ciência, Sociedade e Tecnologia. Podemos definir esse movimento como uma análise crítica e transdisciplinar da Ciência e Tecnologia num determinado contexto social. De acordo com Pinheiro (2005) os estudos CTS baseiam-se na busca do entendimento dos aspectos sociais do desenvolvimento técnico-científico, tanto com relação aos benefícios como consequências danosas que o mesmo venha provocar. Esse movimento surge por volta das décadas de 60 a 70 em decorrência de uma crítica ao modelo econômico desenvolvimentista visto que o desenvolvimento científico e tecnológico não estava proporcionando o bem-estar social. Além disso, a degradação ambiental, a fabricação de bombas bem como a publicação das obras “A estrutura das revoluções científicas” de Thomas Kuhn e “Silent spring” de autoria de Rachel Carsons (ambas em 1962) também contribuíram para o seu surgimento. Assim se alastrou por vários países objetivando refletir criticamente sobre a relação entre a Ciência, Tecnologia e suas imbricações sócio-culturais (Cruz; Zilbersztajn, 2001). Na explicação de Walks (1990 apud Santos, 2008) esse movimento foi defendido por teses anti-tecnocráticas, elaboradas e divulgadas por educadores liberais e de esquerda preocupados com questões ambientais e com receio de uma possível guerra nuclear. Para Fourez (1997) o referido movimento não seria contrário à tecnologia, mas contra um modelo particular de desenvolvimento tecnológico capaz de trazer muito mais problemas do que soluções. Como se constata existe mais de uma explicação para o surgimento do movimento CTS, fato que leva a divergências e congruências do ensino de Ciências (Química, Física e Biologia) nessa perspectiva. De acordo com González García, López Cerezo e Luján López (apud Bazzo, p. 220-221, 1998) há duas correntes de CTS: a corrente européia que está centrada na Ciência como um processo a qual enfatiza a dimensão social que antecede os desenvolvimentos científico-tecnológicos e estuda a origem das teorias científicas e a corrente americana que enfatiza as conseqüências II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT sociais das inovações tecnológicas, sua influência sobre nossa forma de vida e nossas instituições valorizando o caráter humanístico. Dada a importância do enfoque CTS ele foi direcionado para várias áreas como a Computação, Genética, Automação e isto vem contribuindo para despertar o interesse público sobre esses assuntos (Valério; Bazzo, 2006 apud Bonett et al., 2008) visando a superação de problemas cotidianos. De acordo com Walks (1990), questões relacionadas à qualidade de vida da sociedade industrializada, à necessidade da participação da comunidade nas decisões de ordem pública, a sensibilização de intelectuais como Layton (1994), Santos (2000 apud Santos, 2008), Mortimer e Santos (2002), Santos e Schnltezler (1997), Aikenhead (1994) e Freire (1996) com relação às questões éticas e, sobretudo, o medo e a frustração decorrentes dos excessos tecnológicos propiciaram as condições para o surgimento de propostas de ensino num enfoque CTS. De acordo com Pinheiro (2005) apesar desse movimento não ter tido sua origem no contexto educacional as reflexões nessa área vêm aumentando de maneira significativa. Como uma necessidade de formar cidadãos crítico-reflexivos com relação à tecnologia surge a necessidade da reformulação dos currículos acadêmicos de ciências no ensino médio e fundamental no qual possa ser contemplado o enfoque CTS. 1.1 CTS e o Ensino de Ciências O ensino de Ciências é referido por Solomon e Aikenhead (1994) como uma forma de conduzir o aluno à compreensão das experiências do dia a dia por meio da integração de conhecimentos do ambiente social, tecnológico e natural. Todavia é preocupante como o ensino de Ciências e, particularmente o de Biologia nem sempre tem acompanhado o desenvolvimento científico e tecnológico. Isso deve-se em parte a grande quantidade de conteúdos presentes nas matrizes curriculares. Observamos que há um descompasso em termos de conteúdo do atual currículo de Biologia e o que o aluno acompanha diariamente pela mídia escrita e falada concernentes aos avanços e descobertas científicas e tecnológicas no campo da Biologia. O enfoque CTS no contexto educacional, segundo Aikenhead (2003) surgiu em fins dos anos 70 e início dos anos 80 do século XX quando se estabeleceu um consenso entre os educadores de Ciências em relação à necessidade de inovações na área em decorrência da necessidade II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT emergente de uma educação política voltada para a ação e uma busca por abordagens interdisciplinares capazes de promover uma alfabetização tecnológica numa sociedade impregnada de Ciência e Tecnologia. Assim o enfoque CTS fez-se presente nos currículos em face à necessidade de alfabetizar cientificamente os alunos o que não vinha acontecendo com o ensino tradicional. Desta forma, percebe-se que o ensino de Ciências num enfoque CTS deixa de ser essencialmente memorístico, fragmentado e descontextualizado. Segundo Silveira (2006) é preciso oportunizar ao aluno momentos de se contraporem à visão determinista tecnológica e ao modelo de decisões tecnocráticas proporcionando situações de debates reflexivos que conduzam a um consenso sobre a necessidade de se acabar ou ao menos reduzir a dicotomia entre desenvolvimento humano X desenvolvimento tecnológico. Daí a necessidade de se incluir temas com enfoque CTS no ensino de Ciências. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) cita em vários artigos o incentivo a abordagem CTS, tanto para a educação básica como para o Ensino Médio. No artigo 35 e 36, por exemplo, fica evidenciada essa preocupação. Art.35. O ensino médio terá como finalidades: “[...] II- a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.” (BRASIL, 1999). Art.36. O currículo do ensino médio observará também: “I – destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico da transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação; acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; II – adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes.” Em conformidade com esses artigos é que Pinheiro, Silveira e Bazzo (2007) enfatizam a quebra de fronteiras rígidas e excludentes entre os saberes. E se consta na LDB a necessidade de se trabalhar os conteúdos de Ciências num enfoque CTS por que isso nem sempre vem sendo feito? II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Essa indagação é respondida por autores como Alves et al. (2009), segundo os quais a primeira coisa a ser feita é a mudança de concepções dos professores de Ciências e Biologia, o que nem sempre é fácil devido a formação acadêmica inicial dos mesmos que, embora tentando mudar tais concepções ainda trabalham os conteúdos como se o aluno fosse um mero receptáculo de conhecimentos. Além desse fator limitante outros ainda se somam para dificultar ainda mais o trabalho num enfoque CTS. Na visão de Echeverría e Soares (2007) o próprio contexto sócio-econômico e cultural dificulta as mudanças: salários baixos, falta de tempo para interação entre professores da mesma escola bem como duplas ou triplas jornadas de trabalho. Autores como Auler (2002) e Trivelato (2000) realizaram investigações nessa área e seus estudos revelaram que muitos professores tentam trabalhar com esse enfoque, mas que na prática os temas por eles selecionados não envolvem os alunos em discussões e avaliações de diferentes pontos de vista. Eles justificam esse fato no sentido de que os professores sentem-se presos a estruturas curriculares tradicionais. Por isso, autores como Mortimer e Santos (2002) acreditam que a simples inserção de temas sociais no currículo não funciona se não houver mudanças nas práticas e concepções pedagógicas. Analisando-se os diferentes pontos de vista dos autores supracitados fica claro que não existem receitas prontas de como incluir o enfoque CTS em Ciências e Biologia, mas o importante é que os professores estejam empenhados em querer mudar suas concepções que muito auxiliarão a preencher as lacunas de sua formação inicial bem como a busca constante de alternativas que subsidiem seu trabalho. Neste sentido, o presente artigo apresenta dados de um trabalho já realizado na disciplina de Biologia com alunos da terceira série do Ensino Médio de uma escola pública do estado do Paraná, utilizando-se da modalidade de portfólio didático dos meios de comunicação. 2. Portfólio didático dos meios de comunicação De acordo com Marulanda, Jaramillo e Restrepo (2008) uma das formas de se trabalhar com CTS no ensino é a modalidade de portfólio didático. Entende-se por portfólio didático dos meios de comunicação a maneira de aproveitar as notícias que são veiculadas nos meios de comunicação, com uma estrutura baseada II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT principalmente na construção social do conhecimento, nas consequências da ciência e da tecnologia bem como o controle social da ciência e tecnologia. Em revisão bibliográfica sobre o tema CTS, Auler (1998) constatou que não há uma compreensão e um discurso consensual com relação aos objetivos, conteúdos, abrangências e modalidades de implementações. Para ele é necessário uma fundamentação teóricometodológica alicerçada em três eixos baseados nas configurações curriculares mediante a abordagem de temas de relevância social, interdisciplinaridade e democratização dos processos de tomada de decisão em temas envolvendo ciência e tecnologia. O portfólio apresenta como vantagens o caráter de atualidade e a facilidade de se trabalhar com diferentes pontos de vista numa mesma notícia ou reportagem. Tem como objetivo geral utilizar a informação científica veiculada pela mídia num enfoque CTS. De acordo com Marulanda, Jaramillo e Restrepo (2008) os objetivos específicos dessa modalidade de ensino num enfoque CTS são: - mostrar que os meios de divulgação científica são acessíveis e significativos para a alfabetização tecnológica e científica dos cidadãos; - contribuir para a compreensão dos problemas éticos, culturais e humanos relacionados com a informação contidas nas notícias de divulgação de ciência e tecnologia; - fomentar a divulgação tecnológica e científica por meio de novas tecnologias de informação e comunicação, fazendo um uso responsável da mesma. Com isso propõe-se atividades que contribuam para que os educandos sejam capazes de fazer uma análise crítica do material de divulgação científica, bem como suas implicações sociais em determinado contexto e valorização da aprendizagem dos conteúdos tecnocientíficos. Para tanto, escolhe-se um tema atual controverso para ser analisado e posteriormente faz-se, por exemplo, um debate considerando-se aspectos conceituais e de valores humanos. Pode-se adotar como instrumentos de avaliação os debates, os júris simulados, as resenhas críticas, a elaboração e apresentação de peças teatrais, entre outros. O importante é sempre lembrar que para se trabalhar numa perspectiva CTS é interessante escolher temas atuais, controversos, que favoreçam a interdisciplinaridade, que exerçam impacto direto sobre o grupo social com o qual estamos trabalhando e que estimule o debate e análise. (Marulanda, Jaramillo e Restrepo, 2008) II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT 3. Apresentação de uma proposta de trabalho numa perspectiva CTS na disciplina de Biologia do Ensino Médio Esse trabalho foi realizado com os alunos da 3ª série do Ensino Médio de um colégio estadual intitulado: Portfólio didático sobre a questão da imortalidade. Neste portfólio foi abordado o tema: o uso da biotecnologia visando a imortalidade. Para se trabalhar o referido portfólio foi escolhido a reportagem “Você pode ser imortal”, de autoria de João Vito Cinquepalmi, publicada na revista Superinteressante de fevereiro de 2010 (Cinquepalmi, 2010). O objetivo geral da análise dessa reportagem foi refletir até que ponto a biotecnologia pode propiciar a imortalidade ao homem bem como as implicações positivas e negativas que isso poderia trazer para a sociedade contemporânea e futura. Considerando-se que uma das características do enfoque CTS é a interdisciplinaridade, nesse trabalho foi priorizado a disciplina de Biologia e seu imbricamento com as áreas de conhecimento de Química e Informática. Para tal análise e discussão do tema foram elaborados objetivos específicos dessas três áreas de conhecimento. Cita-se como objetivos específicos de Biologia a serem contemplados: - refletir sobre a questão da imortalidade considerando-se os aspectos positivos e negativos da questão. - discutir com os colegas sobre as implicações bioquímicas, éticas, políticas, econômicas, tecnológicas e sociais decorrentes da imortalidade. Para a área de conhecimento de informática objetivou-se: - aumentar a percepção sobre a importância da segurança no desenvolvimento de softwares voltados para a saúde. Com a relação à Química o objetivo específico foi o de: - analisar quais os conteúdos da Química estudados no ensino médio estão claramente presentes nos avanços tecnológicos apresentados no texto. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT 4. Procedimentos metodológicos Considerando-se que o currículo de Biologia é bastante extenso em termos de conceitos científicos, percebemos que o mesmo suscita de uma metodologia que permita ao professor trabalhar esses conceitos de uma maneira que torne o aluno capaz de compreendê-los de uma forma contextualizada, crítica e reflexiva. Neste sentido, percebemos a importância de trazer para a disciplina de Biologia o enfoque CTS para capacitar os educandos a discutir, analisar e compreender os problemas que permeiam a sociedade contemporânea. Assim sendo, a forma escolhida para trazer o enfoque CTS para a disciplina de Biologia foi o uso de portfólio didático dos meios de comunicação proposto por Marulanda, Jaramillo e Restrepo (2008). Neste trabalho utilizamos uma metodologia qualitativa de natureza interpretativa, com observação participante. A coleta de dados deu-se por meio das respostas orais e escritas por parte dos alunos às questões previamente elaboradas pelo professor, nas dúvidas e argumentações levantadas nos debates e nas resenhas críticas. 4.1 Amostra da pesquisa A amostra que proporcionou essa atividade envolveu 19 estudantes, com idade entre 16 a 18 anos, cursando a 3ª série do Ensino Médio de um Colégio Estadual do município de São João do Triunfo- PR na disciplina de Biologia relacionando conceitos de Biologia, Química e Informática. Para garantir o anonimato dos alunos, os nomes foram substituídos por letras seguidas de números (A1, A2, A3,...). 4.2 Atividade inicial Num primeiro momento selecionamos a reportagem veiculada pela revista Superinteressante de fevereiro de 2010 intitulada “Você pode ser imortal” e elaboramos um texto com os fragmentos que consideramos mais relevantes para atingirmos os objetivos a que nos propusemos. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Logo em seguida, levando em consideração a questão da interdisciplinaridade envolvendo conceitos de Biologia, Química e Informática organizamos algumas questões para serem discutidas com os alunos. Na sequência estabelecemos o número de aulas necessárias para a realização da atividade, bem como a forma de implementação e avaliação dessa estratégia de ensino com enfoque CTS. 4.3 Aplicação da atividade Inicialmente explicamos aos alunos a metodologia da atividade, os objetivos da mesma e a forma como seria feita a avaliação. Logo em seguida solicitamos aos alunos que, individualmente, realizassem em casa uma leitura prévia do texto e anotassem aquilo que considerassem mais relevante para discussão em sala de aula. Na sala de aula, os educandos foram reunidos em equipes de 4 componentes para que pudessem refletir, trocar ideias e responder às seguintes questões: 1) Trace um paralelo entre a busca da imortalidade na época dos alquimistas e na nossa sociedade contemporânea. Os objetivos da busca da imortalidade são os mesmos? 2) Quais são os aspectos positivos e negativos que a imortalidade traria para o ser humano , analisando-se os seguintes aspectos? - biológicos - psicológicos - éticos - sociais - políticos - econômicos 3) Comente sobre as situações abaixo: a) Segundo estatísticas de pesquisas aposentar-se por idade no Brasil significa descansar só nos últimos 10% da vida em média. Se o ser humano chegar até aos 300 anos de idade, a labuta irá até os 270 anos aproximadamente. Isso se o governo quiser e puder pagar a aposentadoria. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Afinal o ser humano continuará jovem e produtivo o suficiente para trabalhar. E o tédio de trabalhar na mesma coisa? Será possível ter mais de uma carreira profissional? E a superpopulação e a sustentabilidade no planeta? Já pensou nisso? Expresse sua opinião sobre esses questionamentos. b) De acordo com o texto lido no mundo dos imortais só se morrerá por acidentes muito graves e quando os órgãos não puderem ser consertados a tempo. Por isso as famílias irão crescer. Será possível convivermos até com nossos tataravôs. As famílias irão ficar enormes, até porque as pessoas terão mais casamentos (ou não?). Segundo pesquisas atualmente os casais brasileiros ficam casados 11 anos em média; um novo casamento ocorre cerca de 3 anos depois da separação. Nesse ritmo chegaríamos aos 500 anos com uns 32 casamentos. Dê sua opinião sobre o exposto acima. 4) Se os cientistas descobrirem a fórmula da imortalidade você acha que toda a população do planeta vai ser imortal? Por quê? 5) Qual sua percepção da relação entre a Química que você estuda no ensino médio e os avanços tecnológicos apresentados no texto? Quais os conteúdos presentes?Qual a importância de estudá-los? 6) Por que os radicais livres , citados no texto, são tão nocivos às células , ao ponto de causarem envelhecimento precoce? 7) Considerando que os nanorrobôs citados no texto precisarão de um software para exercerem suas funções, quais riscos estaríamos correndo em utilizá-los? 8) Como poderia ser feito um sistema de emergência caso nanorrobôs apresentassem anomalias que pusessem em risco a vida do hospedeiro? 9) Quais os riscos que o uso de nanorrobôs nos organismos pode representar para a sociedade? 10) Se a longevidade infinita for alcançada, que tipo de adaptações poderiam ser necessárias nos sistemas atuais? Depois de respondidas as questões acima, realizou-se um debate em que cada grupo expôs seu ponto de vista e, quando surgiam divergências aproveitava-se esse momento para reflexões e discussões sobre até que ponto o homem tem o poder sobre a tecnologia que produz. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT Após esse trabalho que durou 8 aulas foi solicitado que cada grupo produzisse uma resenha crítica. Além disso os alunos também foram avaliados pela produção individual de um texto onde relataram o que aprenderam com a reportagem trabalhada em sala de aula . 4.4 Análise dos resultados Com o desenvolvimento desse projeto percebeu-se que os alunos demonstraram mais interesse pela aula e em nenhum momento reclamaram da necessidade de terem que fazer leitura e expressar suas ideias também por escrito, reclamações estas muito comuns durante a realização de exercícios após explicações com aulas essencialmente expositivas. O uso dessa modalidade de trabalho com CTS é bastante motivadora, fato evidenciado segundo comentários por parte dos alunos 1, como por exemplo: “É uma forma mais gostosa de aprender; você nem sente e quando vê aprendeu muitos conceitos novos” (A 2); “É um tipo de leitura e produção de texto que não cansa” (A 8); “Você aprende lendo revistas” (A 1) e também “Achei ótimo e gostaria que houvessem mais aulas assim” (A 12). Por meio das respostas dos alunos, percebe-se que esse tipo de modalidade didática propicia a aquisição de conceitos científicos de uma forma diferente da tradicional, bastante motivadora, utilizando-se de informações científicas veiculadas pela mídia (Marulanda, Jaramillo e Restrepo, 2008). Ao analisarmos as respostas das questões propostas percebemos que muitas eram semelhantes, por isso destacaremos apenas algumas opiniões dos educandos sobre o tema. Com relação à primeira questão os alunos concluíram que a busca pela imortalidade sempre esteve atrelada ao poder, tanto na época dos alquimistas como na atualidade, como podemos perceber no comentário de um dos alunos: “O homem sempre quis ser imortal e sempre vai querer porque o que ele quer é ter o poder nas mãos para sempre” (A 1). Respondendo à segunda questão sobre os aspectos positivos e negativos que a imortalidade traria para o ser humano nos aspectos biológicos, psicológicos, éticos, sociais, políticos e econômicos a grande maioria acredita que, apesar de não haver mais doenças físicas, aumentariam os distúrbios psicológicos, depressão e suicídios, conforme podemos citar: “Eu acredito que não teriam doenças físicas, mas aumentaria o número de pessoas desequilibradas 1 Visando garantir o anonimato dos alunos pesquisados será utilizada uma identificação fictícia de A1 a A19. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT emocionalmente por não saber exatamente o que fazer com tanto tempo pela frente” (A 19), “A ociosidade poderia levar às pessoas a praticar crimes ou suicidar-se” (A 12). Para A11: “Eu acho que aumentaria mais ainda o número de pessoas sofrendo de depressão porque veriam muitos amigos e parentes morrendo caso não tivessem dinheiro para comprar a fórmula da imortalidade. Teria que ter mais médicos psiquiátricos”. Na fala dos alunos também foi possível detectar que haveriam muito mais problemas éticos, sociais, políticos e econômicos tendo em vista que a imortalidade não seria privilégio de todos. Essa modalidade de ensino permitiu aos educandos uma reflexão crítica referente às conseqüências do avanço científico e tecnológico e suas imbricações éticas com a sociedade e de acordo com autores como Aikenhead (1994), Freire (1996), Santos e Mortimer (2002) essa reflexão é de fundamental importância para a formação de cidadãos capazes de transformar a realidade em que estão inseridos. A discussão da terceira questão demonstrou que na opinião dos educandos seria tedioso exercer a mesma profissão por muitos anos, sendo necessário ter mais de uma formação profissional. A população aumentaria muito prejudicando a sustentabilidade no planeta. Com relação aos casamentos argumentaram que não seria prudente ter muitos filhos o que poderia ocasionar muitas implicações sociais, econômicas e ambientais o que evidenciamos com os comentários: “Eu acho que não agüentaria exercer a mesma profissão por 200 ou 300 anos ou sei lá quantos. Seria preciso ter mais de uma formação profissional” (A 2). “Eu nem sei se haveria a instituição casamento, talvez tivesse um outro tipo de contrato” (A 5). A3 complementa: “Com tantos relacionamentos haveria um aumento populacional tão grande que o planeta não iria suportar de jeito nenhum, além do mais os problemas ambientais seriam muito maiores do que hoje em dia”. Caso os cientistas descubram a fórmula da imortalidade como exposto na questão quatro todos foram unânimes em afirmar que ela seria somente para quem tivesse dinheiro. Sobre esta questão vejamos, por exemplo, a seguinte argumentação: “A imortalidade seria só para quem fosse rico e isso geraria mais desigualdade e discriminação social” (A 6). Respondendo à quinta questão sobre a relação da Química com os avanços tecnológicos apresentados no texto fica claro que esse tipo de atividade possibilita que o aluno compreenda que a Química que ele estuda não está aquém de sua realidade. Podemos observar nas respostas: “Com essa atividade ficou mais claro para mim alguns conceitos que eu não entendia como os II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT radicais livres e porque nós envelhecemos” (A 7) e também “Sem você sentir está aprendendo nesse texto o que são átomos, ligações químicas, enfim o que o professor tenta nos ensinar em Química e achamos muito complicado.” (A 8). Quando se fala ou pensa em envelhecimento a primeira coisa que nos vêm à mente são as rugas e os cabelos brancos, ou seja, o aspecto externo. Dificilmente pensamos no envelhecimento em termos bioquímicos e celulares. Na sexta questão, pudemos observar que os educandos estabeleceram relações entre o envelhecimento e a formação de radicais livres. Para ilustrar vejamos a resposta seguinte: “Agora percebo a importância de você utilizar no dia-a-dia antioxidantes para combater a formação de radicais livres porque agora entendo que quanto menos radicais livres, menos oxidação celular e daí retardamos s envelhecimento e isso ocorre de dentro para fora” (A 9). Quando indagados sobre os riscos do uso de softwares para o funcionamento dos nanorrobôs a maioria não pensou apenas nos riscos biológicos, mas também nos aspectos econômicos e éticos. Podemos verificar suas opiniões nos comentários abaixo: Eu acho que o programa poderia falhar e os nanorrobôs executarem uma função diferente da programada e em órgãos diferentes. Isso seria letal. Também penso que o uso desses programas trariam riscos de se incentivar a pirataria e logo teríamos multinacionais monopolizando o comércio como o que ocorre atualmente com os agrotóxicos (A 3). A14 complementa: “Seria preciso ter empresas muito sérias atuando nesse setor pra que isso não trouxesse mais problemas ainda”. Quando questionados sobre como poderia ser feito um sistema de emergência caso os nanorrobôs utilizados apresentassem anomalias que colocassem em risco a vida do hospedeiro percebemos que os mesmos encontraram mais dificuldade para responder, conforme podemos observar nos comentários: “Não sei ao certo, talvez um programa que consertasse panes desse tipo” (A 17) e também “Um programa em que ele se auto-corrigisse, mas não sei como explicar direito” (A 9). É perceptível que os softwares não são estranhos à realidade dos educandos, porém eles não dominam conceitos intrínsecos dessa área de conhecimento, provavelmente pelo fato de II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT usarem mais os computadores para acessar e-mails, Orkut, etc. e não se preocuparem em entender seu funcionamento. Com relação à nona questão os alunos acreditam que o uso dos nanorrobôs nos organismos poderiam trazer riscos para a sociedade nos mais diversos setores, o que pode ser verificado nas respostas seguintes: “Haveria uma busca contínua na tentativa de se fazer cópias dos programas para comercializá-los nem que para isso fosse preciso passar por cima dos direitos do cidadão” (A 8). A2 alega que “Teríamos riscos de exploração financeira, poder. Quem tivesse acesso iria querer dominar o mercado e essa tecnologia”. A14 argumenta: “Na minha opinião os nanorrobôs poderiam ser usados para fazer terrorismo cibernético”. Os alunos acreditam que se a longevidade infinita fosse alcançada seriam necessárias muitas adaptações nos sistemas atuais, como por exemplo: “Eu acho que as religiões e a fé não seriam mais levadas a sério” (A 6). A15 aborda a questão dos distúrbios psicológicos: “Teria que ter muitos grupos de terapia para tratar dos doentes de problemas ou distúrbios psicológicos”. A11 complementa: “Teriam que se repensar questões ligadas à aposentadoria, planos de saúde, etc.”. Analisando as opiniões dos alunos nas resenhas críticas constatamos que a maioria deles não gostaria de ser imortal. Podemos evidenciar isso conforme algumas respostas: “Eu não queria ser imortal porque eu acho que eu viveria momentos de tristeza e angústia caso eu tivesse parentes ou amigos mais pobres que não pudessem comprar essa tecnologia” (A 13). A17 aborda a questão religiosa, “Para mim, de acordo com minhas crenças religiosas isso seria anti-natural, anti-social. A vida tem um ciclo imposto pelo Criador que precisa ser respeitada”. Percebemos que por meio desta atividade os alunos tiveram a oportunidade de refletir sobre os impactos que a tecnologia e a ciência poderiam ter sobre a sociedade atual e futura, bem como capacitá-los para se posicionarem sobre até que ponto o homem tem ou não o poder sobre a tecnologia por ele produzida. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT 5. Considerações finais Com base nas diversas percepções do ensino de Ciências e Biologia num enfoque CTS dos autores que fundamentaram a elaboração desse artigo percebe-se que muito se fala e se pensa em se trabalhar Ciências nesse enfoque mas, que na prática poucos docentes o fazem . Sendo assim, cabe ressaltar que a partir do momento que os docentes se dispuserem a modificar suas percepções acerca da cultura científica e tecnológica estarão muito mais preparados para proporcionar aos seus alunos uma aprendizagem científica voltada para uma abordagem contextualizada e social. Para isso o professor necessita desenvolver uma postura dialógica em suas aulas, promovendo debates em que o aluno possa tomar parte com suas ideias (Freire, 1996). Como já foi mencionado anteriormente não há pretensões de fornecer receitas, mas uma alternativa de metodologia para se trabalhar a Biologia numa perspectiva CTS por meio de reportagens científicas veiculadas pela mídia impressa que possibilitem suprir uma necessidade do mundo contemporâneo que é alfabetizar em ciência e tecnologia (Santos; Schnetzler, 1997). Considerando a influência que a mídia exerce sobre a vida de nossos alunos, essa modalidade de implementação de trabalho num enfoque CTS mostrou-se bastante eficiente, principalmente pela facilidade de se encontrar material e para demonstrar que é possível a divulgação em massa da ciência com a utilização das informações científicas e tecnológicas que circulam na mídia. Como afirma Fourez (1995) não se trata de mostrar as maravilhas da ciência, como a mídia faz, mas de disponibilizar as representações que permitam ao cidadão agir, tomar decisão e compreender o que está implícito em termos de malefício ou benefício por trás de cada descoberta científica e tecnológica. Referências Aikenhead, G. S. STS Education: a rose by any other name. In: Cross, R. A vision for science education: responding to the work of Peter Fensham. New York: Roulthege Falmer, 2003. p.5975. ______. What is STS science teaching? In: Solomon, J.; Aikenhead, G. S. STS education: international perspectives on reform. New York: Teachers College Press, 1994. p. 47-59. Alves, E. M; et al. Reflexões entre o enfoque Ciência-Tecnologia-Sociedade e as práticas dos professores de ciências. Ciência em Tela, Rio de Janeiro (RJ), v. 2, n. 2. p. 1-9, 2009. Auler, D. Interações entre Ciência-Tecnologia-Sociedade no contexto da formação de professores de ciências. 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Autor A: Denise do Carmo Farago Zanotto: Mestranda em Ensino de Ciência e Tecnologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. [email protected] Autor B: Nilcéia Aparecida Maciel Pinheiro: Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Tecnologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. [email protected] Autor C: Rosemari Monteiro Castilho Foggiatto Silveira: Professora Doutora do Programa de PósGraduação em Ensino de Ciências e Tecnologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. [email protected] Autor D: André Koscianski: Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Tecnologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. [email protected] Autor E: Márcia Regina Carletto: Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Ensino II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia - PPGECT de Ciências e Tecnologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. [email protected] II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia 07 a 09 de outubro de 2010 Artigo número: 18 ISSN: 2178-6135