JORNAL DA associação médica Junho/Julho 2008 • Página 9 ENSINO desempenho avaliado pelo MEC Walmir Monteiro das. Precisamos combater esse mercantilismo”, critica o professor. Situação no Brasil Ao todo, foram avaliados 103 cursos de medicina, entre públicos e particulares. As 17 instituições que apresentaram resultados insatisfatórios, entre 1 e 2, tanto no conceito Enade quanto no IDD, serão notificadas pelo MEC e terão dez dias para explicar o mau desempenho. Todas terão que apresentar um diagnóstico sobre o desempenho e medidas para resolver os problemas identificados. (Veja a lista completa no site www.inep.gov.br). Depois disso, a comissão nomeada pelo MEC poderá realizar vistorias e sugerir medidas para os cursos. Se houver consenso sobre elas, será assinado um termo de compromisso; senão, poderá ser aberto um procedimento administrativo. O diagnóstico deve levar em conta medidas didático-pedagógicas, integração do curso com os sistemas local e regional de saúde, o perfil dos alunos, a oferta de vagas em 2008, infra-estrutura e produção científica. Entre as punições, poderão estar o corte de vagas e a suspensão de novos processos seletivos. Os alunos já matriculados não serão afetados, já que as mudanças valem apenas para os vestibulares posteriores. Também podem ser acordadas melhorias de infra-estrutura e contratação de mais professores, de acordo com o MEC. Neste ano, o Enade avaliou cursos das mesmas áreas examinadas em 2004 (agronomia, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social, terapia ocupacional e zootecnia), além dos cursos de biomedicina, tecnologia em radiologia e tecnologia em agroindústria. A prova foi aplicada em 202.726 universitários no dia 11 de novembro de 2007. Leia, na página 5, o editorial “As escolas de medicina estão levando bomba”. A Faculdade de Medicina da UFMG manteve a boa avaliação FACULDADES DE MEDICINA AVALIADAS EM MINAS GERAIS Instituição Município Dependência Administrativa Conceito Conceito Enade* IDD** Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Federal 4 4 Universidade José do Rosário Vellano Alfenas Privada 3 4 Faculdade de Ciências Médicas de MG Belo Horizonte Privada 3 3 Faculdade de Medicina de Itajubá Itajubá Privada 3 2 Faculdade de Medicina de Barbacena Barbacena Privada 2 3 Universidade Federal do Triângulo Mineiro Uberaba Federal 4 4 Universidade Federal de Montes Claros Montes Claros Estadual 4 3 Universidade Federal de Juiz de Fora Juiz de Fora Federal 4 3 Universidade Federal de Uberlândia Uberlândia Federal 3 3 Faculdade de Medicina do Vale do Aço Ipatinga Privada 2 s/ conceito Universidade do Vale do Sapucaí Pouso Alegre Privada 2 3 Universidade Presidente Antônio Carlos Juiz de Fora Privada 2 3 Universidade de Uberaba Uberaba Privada 2 2 * Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. Avalia o conhecimento dos alunos e tem escala de um a cinco. ** Indicador de Diferença de Desempenho. Mede o conhecimento agregado pelos cursos aos estudantes e tem escala de um a cinco. É calculado a partir das notas dos formandos de 2007 e dos ingressantes de 2004. Fonte: Inep. Novos critérios para criação de cursos de medicina Os próximos cursos de graduação em medicina terão que cumprir novas diretrizes curriculares estabelecidas pelo Ministério da Educação. As exigências foram publicadas no último dia 14 de abril pela Secretaria de Educação Superior e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Entre os novos requisitos está o de que o curso esteja conectado a instituições que oferecem outros cursos bem-avaliados na área de saúde; que ele se integre às redes locais de saúde; que o número de vagas esteja adequado; que haja laboratórios e biblioteca; que tenha hospital próprio ou convênio com outro por ao menos dez anos, e que tenha programas credenciados de residência médica. Para o ex-presidente da Associação Médica Brasileira e criador do site www.escolasmedicas.com.br, Antônio Celso Nunes Nassif, a ausência da qualidade do ensino médico em grande parte das escolas compromete a formação de bons profissionais. “A inexistência de hospital escola atrelado à instituição de ensino superior para o treinamento e a prática médica, em muitas delas, resulta também, num fator prejudicial importante para os acadêmicos que terminam o curso sem passar por ele, o que é fundamental”, ressalta Nassif. Nassif não vê, atualmente, um dos melhores cenários para a medicina no Brasil. Somente neste início de século, ele lembra que foram criados 74 novos cursos. “Boa parte de- les, sem condições ideais para o ensino da medicina, serviu ainda mais para agravar o problema. As 175 escolas existentes no País entregam, anualmente à sociedade, cerca de 17 mil novos médicos. O número de vagas para residência médica não alcança 50%”, alerta Nassif. “Basta ter o diploma registrado no MEC e nos conselhos regionais de medicina para se poder trabalhar legalmente. Não existe em nosso País a obrigatoriedade de um exame prévio de conhecimento para aprovar e autorizar o médico a iniciar sua profissão”, critica o professor. Confira mais informações sobre as escolas médicas nos sites: www.escolasmedicas.com.br e www.inep.gov.br.