275 MÃES DE CRIANÇAS ABRIGADAS E A QUESTÃO DE GÊNERO Denise Jesuína Faria – (UNESP – Franca)1 Neide Aparecida de Souza Lehfeld – (UNESP – Franca)2 Vanessa de Oliveira – (UNESP – Franca)3 Aos nos propormos a abordar o tema que se refere a mães de crianças e adolescentes abrigados, um dos elementos decorrentes e possíveis de reflexão diz respeito aos aspectos ligados à construção social do gênero feminino: o papel da mulher na sociedade contemporânea enquanto mãe, trabalhadora, esposa e, sobretudo, enquanto mãe que “fracassa” em seu dever “natural” de proteger, cuidar, criar e educar os filhos. Inicialmente, nesta proposta de análise, entendemos ser necessário, antes de falar sobre a figura materna construída e instituída socialmente, conhecer sobre as transformações ocorridas na família, dos casamentos por grupos até a família burguesa, buscando compreender o papel feminino nas relações privadas, ou seja, no âmbito familiar. As leituras dos pensadores críticos como Marx, Lênin e Engels trazem a idéia de que as relações entre os sexos são instituídas e construídas socialmente. Na pré-história, os casamentos ocorriam por grupos, com o direito materno ocupando forte poder, pois a descendência era contada apenas na linha feminina, sendo o tio materno a figura masculina familiar à criança. Engels descreve a família sindiásmica, ocorrida no período da barbárie, em que um homem vive com uma mulher, mas a poligamia e a infidelidade ocasional são direitos masculinos. Há a exigência de fidelidade feminina com a punição cruel em caso de adultério. Nessas famílias, os filhos pertenciam exclusivamente às mulheres. Já a família monogâmica nasce a partir da necessidade de ter filhos advindos de paternidade incontestável, servindo os filhos como herdeiros diretos das propriedades acumuladas pelo pai. A monogamia era exigida apenas das mulheres, através da submissão de um sexo ao outro. Nesse modo de família, o adultério feminino é uma instituição social fatal, proscrito, punido com rigor e impossível de 276 ser suprimido. A legislação vigente era o Código Napoleão que afirmava que a criança concebida durante o casamento tem por pai o marido. O surgimento do patriarcado enquanto sistema de dominação-exploração traz, dentre outros aspectos, as questões do modo de produção. Tal sistema é constituído por um grupo, que envolve outros parentes, amigos, pessoas próximas e criados que, posteriormente, foi transmutado na família burguesa/nuclear/moderna. A família nuclear composta por pai, mãe e filhos, resulta de profundas transformações sócio-econômicas ao longo dos séculos XVI e XVIII. Neste contexto vamos observar que a dominação do pai permaneceu constante até o final do século XIX, quando o poder paterno se viu em decadência. Julgado fraco, o pai teve seu papel complementado pelo Estado. Exemplo deste contexto foi quando, em 1889, entram em vigor na França, leis que proibiam aos pais considerados indignos de infligirem a seus filhos castigos injustos, podendo perder seus direitos de pai. Aproximando do contexto das famílias brasileiras, vamos observar que, associados às modificações ocorridas de forma geral na sociedade, decorrentes do desenvolvimento econômico, político, cultural, entre outros; temos que acrescer fatos históricos de nossa realidade que interferem também na construção das famílias brasileiras. Alguns pressupostos presentes no processo sócio-histórico da formação de nossa sociedade precisam ser considerados, quais sejam: a imposição da cultura européia, a escravidão de negros e o descaso e desvalorização das crianças provenientes de classes pauperizadas, situação que permanecesse até os dias atuais. Desde o Brasil colonial, há diversos tipos de configuração familiar, sendo predominante e aceita socialmente a família patriarcal caracterizada pelo matrimônio civil e religioso, com legitimação social e com a finalidade de transmissão de herança aos filhos “legítimos”. Em tal família, o papel paterno é exercido de forma onipotente, tendo o pai direito absoluto nas decisões referentes ao filho, enquanto a mãe recebia auxílio de terceiros nos cuidados com a prole como, por exemplo, as “amas de leite”, que eram responsáveis pelos cuidados com crianças em tenra idade. As crianças das classes pauperizadas eram marcadas pela ausência da figura paterna, pois eram filhos advindos de uniões efêmeras e passageiras. O 277 senhor de escravos poderia ser um potencial substituto à figura paterna, mas não assumia tal função, na medida em que era distante e detentor do poder de mando. Já no Brasil republicano, com o advento do capitalismo em sua fase inicial, aparecem intensas modificações nos papéis parentais, que são redefinidos a partir de transformações sociais, econômicas e políticas no contexto mundial. Importantes alterações nas relações familiares ocorrem através da transição do modelo familiar patriarcal para o modelo burguês de família nuclear, em que as relações intrafamiliares tinham o objetivo de se tornarem cópia fiel das relações entre as classes sociais. As transformações na instituição familiar se deram a partir de processos de caráter histórico e não natural, em que os homens exercem o domínio-exploração sobre as mulheres, portanto, compreendemos que os sistemas de sexo/gênero são produtos da atividade humana histórica, pois o gênero se constrói-expressa através das relações sociais. A máxima de Simone de Beauvoir, em seu livro o Segundo Sexo (1949), diz que “não se nasce mulher, torna-se mulher” em alusão a que os comportamentos dos sexos advêm de construções sociais que ditam como ser mulher e como ser homem em determinada sociedade e época. Alguns aparelhos ideológicos do Estado, como a religião, incentivam o imaginário popular a, através de simbologismos, ter representações femininas contraditórias e excludentes: “santa” (Virgem Maria) e “puta” (Eva que levou Adão a cometer o pecado). Conceitua-se representação enquanto o reconhecimento do eu no outro, é o pensar-sentir a vivência. De acordo com SAFFIOTI, “cada ser humano é a história de suas relações sociais. Ora, um ser humano não entra em relação com apenas um OUTRO, mas com incontáveis OUTROS” (1992, p. 210) sendo, portanto, um ser relacional e histórico. Estamos produzindo e reproduzindo a vida real, a diferença é a base para a construção do poder e a mulher é um ser marcado pela diferença que é construída, atribuída e identificada. No século passado, em decorrência de diversas transformações socioeconômicas, a mulher adentrou ao mercado de trabalho e passou a contribuir financeiramente para a manutenção do lar e dos filhos, se sobrecarregando triplamente nas tarefas - filhos, marido e emprego. 278 Com o capitalismo, recria-se na fábrica a mesma forma de hierarquia social característica do patriarcado sob a chefia masculina. De 1970 a 1980 houve a elevação da taxa de participação feminina no mercado de trabalho, devido, dentre outros fatores, ao empobrecimento da população e à degradação das condições de vida. Dados levantados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1980 indicam que as mulheres eram as responsáveis por realizar dois terços do trabalho mundial, mas obtinham apenas 10% da renda mundial e detinham 1% da propriedade, conferindo às mulheres a condição de as mais miseráveis entre os pobres do mundo. A igualdade entre os sexos não se delimita apenas pela inserção da mulher no mercado de trabalho, pois este não significa necessariamente a libertação feminina. De modo geral, as mulheres continuam a ocupar posições auxiliares em uma sociedade dominada pelos homens. Na atualidade é possível observar na mídia e em alguns outros segmentos sociais, sobretudo na área de medicina, a proposição do retorno da mulher ao lar, às atividades domésticas e cuidados com os filhos, justificando que os filhos em tenra idade precisam da presença dos pais, sobretudo da mãe. E, nesta perspectiva, nos propomos a pensar a mulher enquanto mãe que, diante do abrigamento de seus filhos, se transmuta de cuidadora a negligente. Entendemos que “os papéis de pai, mãe e filho são construídos de acordo com cada época e cultura, respondendo assim a necessidades sociais (específicas)” (SILVA, 2005, p. 17). Histórica e socialmente, as meninas são educadas, desde a infância, a serem cuidadoras e, quando se tornam mulheres, são cobradas a serem as responsáveis pelo cuidado do lar, transfigurando-se na figura central do espaço privado, pois conforme destaca Valente (2007, p. 95) “é na família que a ordem sociocultural é reproduzida e as relações de gênero são atualizadas em todas as dimensões, seja no trabalho, no exercício da sexualidade ou nas relações de cuidado”. A maternidade, construída pela sociedade burguesa, nos remete à idéia de que é indispensável para a realização feminina ser mãe, trazendo o conceito de que só se é mulher verdadeira a partir do momento em que gera e cria filhos. Assim 279 podemos indagar: é uma faculdade natural amar sem restrições e cuidar sob quaisquer condições da criança que concebeu? Passando pelo estigma da mãe solteira e, posteriormente, pela incapacidade de ter condições socioeconômicas e/ou familiares para cuidar de filhos, a mãe que tem seu filho ou filhos abrigados passa por diversos tipos de preconceitos. Partindo-se do pressuposto de que mães que possuem seus filhos em situação de abrigamento não são, a priori, boas cuidadoras, mas tornam-se assim diante de circunstâncias familiares, psicossociais, políticas e econômicas. Na obra de Engels “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra”, segundo Venâncio (1980, p.74) traz que “a negligência de todos os deveres domésticos, a negligência, sobretudo, em relação às crianças é demasiado freqüente entre os operários ingleses e é provocada pelas instituições sociais existentes”. O mesmo autor segue destacando que na obra de Marx, o Capital, há referências de que: [...] as crianças são negligenciadas, mal-tratadas, mal-nutridas, às vezes alimentadas com opiatos, abandonadas pelas suas mães, que chega a sentir por elas uma aversão desnatural. Muitas vezes são vítimas de fome ou do veneno. (VENÂNCIO, 1980, p. 82). Nos dias atuais, tempos marcados por crises econômicas, altas taxas de desemprego, depressão do sistema, que afetam, sobretudo as classes pauperizadas e seus filhos, os quais têm seus direitos violados tanto no âmbito familiar como no social e político. Em uma breve aproximação do número de abrigamentos ocorridos na Comarca de Orlândia/SP de 2005 a 2008, em um total de vinte e sete ocorrências, é possível observar que os fatores motivadores dos abrigamentos estiveram relacionados a abandono, negligência e alcoolismo/drogadição materna, pois embora as crianças tenham a paternidade reconhecida em 67% dos casos analisados, a presença paterna nos cuidados efetivos dos filhos é pouco expressiva. Qual a história das famílias de crianças abrigadas? Foi propiciado a essas mães, pais, avôs, tios falarem sobre sua trajetória de vida que, provavelmente, foi marcada por várias formais de violência (interpessoal, no mundo doméstico, mundo 280 da rua), além de usar da violência educativa para “enquadrar” o filho em determinado padrão de comportamento? É necessário buscar ultrapassar o imediatismo de “julgar” as famílias, sobretudo as mães, no âmbito da responsabilidade e responsabilização individual/familiar e nos indagar: “Onde situar aquela mulher que já cria sozinha algumas crianças e que não recebe auxílio de qualquer espécie, seja moral, afetivo ou econômico?” (MOTTA, 2008, p. 60). A ausência de políticas públicas de atendimento a famílias cujos filhos estejam abrigados, sobretudo de fortalecimento da mãe que cria e educa seus filhos sozinha é uma realidade em nosso país. É de suma importância a implantação de ações nas três esferas de governo quanto ao planejamento e execução de políticas públicas de atendimento à mulher, como exemplo, o Programa Cidadania e Efetivação de Direitos das Mulheres – PPA 2008/2011, que abrange as seguintes áreas: fortalecimento da cidadania e ações de maior abrangência; trabalho; educação e saúde, que engloba a incorporação dos direitos sexuais e reprodutivos nas políticas de saúde. Embora não dispomos, no momento, dados sobre a idade das mães das crianças e adolescentes abrigados na Comarca de Orlândia/SP no período mencionado, quando tiveram a primeira gestação, pressupomos que foram mães jovens, sem apoio de um companheiro ou de uma rede familiar que possibilitasse a permanência das crianças no lar de origem em condições adequadas. Na esteira desta reflexão é possível pontuar sobre a gravidez na adolescência, o censo demográfico de 1991 e de 2000 demonstra a reversão da taxa de natalidade de jovens entre 15 e 19 anos, pois houve um aumento em 1990 devido a fatores como maior liberdade sexual, desvalorização da virgindade, início da vida sexual mais precoce, falta de planejamento familiar, dentre outros. Avalia-se que o declínio dessas gravidezes a partir de 2000 se deve, dentre outros fatores, a campanhas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST), estratégias da política de saúde reprodutiva e educação sexual nas escolas. A efetiva implantação e execução de políticas públicas é urgente e necessária, a fim de capacitar essas mulheres a criarem seus filhos, trabalhar e continuar os estudos, sobretudo quando os motivos do abrigamento ocorreram por motivos externos (falta de condições de habitação, renda, pressão familiar e outros), 281 mas não desprezando as motivações internas (idade precoce, despreparo para a maternidade). Assim, ao aproximarmos de situações que envolvem o abrigamento de crianças e adolescentes e sua relação com a suposta negligência das mães, é preciso considerar o contexto vivenciado em um âmbito histórico perpassando as transformações ocorridas na instituição familiar desde o período pré-histórico até o presente momento que desenharam o papel feminino na sociedade e na família. Considerar ainda que a mulher passou de detentora exclusiva do poder sobre os filhos, nos casamentos grupais até a família burguesa, em que trabalha fora e dentro do lar, se sobrecarregando de funções e tarefas. A maternidade, enquanto construção social, dita às mulheres o “dom natural de amar incondicionalmente seus filhos”, mas, ao observarmos a realidade, nos deparamos com mães que não conseguem sozinhas cuidar adequadamente de si e de seus filhos, gerando situações de negligência, drogadição/alcoolismo e abandono que culmina no abrigamento dos filhos. Observamos algumas iniciativas do Estado de apoio a mulheres no que diz respeito aos direitos reprodutivos, entretanto ainda são frágeis as políticas públicas que possam fortalecer as família e, em especial, as mães que têm seus filhos em situação de abrigamento. A fim de poder reavê-los em sua família de origem o mais breve possível. Marx dizia que as mulheres deveriam partir da maternidade individual para a social e que o grau de emancipação feminina seria o grau de emancipação da sociedade, porém, em tempos atuais, tanto a maternidade social como a emancipação feminina carecem de investimentos para que sejam uma realidade. As reflexões realizadas nesse artigo apontam que as mulheres não podem ser culpabilizadas individualmente pela condição de abrigamento de seus filhos, uma vez que a insuficiência de políticas públicas de apoio a essas mães é fator imperativo no aumento do número de crianças abrigadas. Pensamos que o caminho a ser trilhado é longo e árduo, porém necessário e possível com vistas a garantir, a todas as mulheres e a seus filhos, direitos sociais mais amplos, além de melhores condições de trabalho e de salários. REFERÊNCIAS 282 AGUIAR, N. Gênero e ciências humanas: desafio às ciências desde a perspectiva das mulheres. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997. ARENT, M. A crise do macho. 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