Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Tese de Doutorado Sistemática de Pseudolaelia Porto & Brade (Orchidaceae) Luiz Menini Neto Rio de Janeiro 2011 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Sistemática de Pseudolaelia Porto & Brade (Orchidaceae) Luiz Menini Neto Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em Botânica. Orientadora: Rafaela Campostrini Forzza Co-orientador: Cássio van den Berg (UEFS) Rio de Janeiro 2011 ii M545s Menini Neto, Luiz. Sistemática de Pseudolaelia Porto & Brade (Orchidaceae) / Luiz Menini Neto. – Rio de Janeiro, 2011. xxii, 244 f.: 50 il. Tese (Doutorado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 2011. Orientador: Rafaela Campostrini Forzza Bibliografia. 1. Orchidaceae. 2. Taxonomia. 3. Conservação. 4. Biogeografia. I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical. CDD 584.150981 Sistemática de Pseudolaelia Porto & Brade (Orchidaceae) Luiz Menini Neto Tese submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro – JBRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor. Aprovada por: Profa Dra Rafaela Campostrini Forzza (Orientadora) ____________________ Prof. Dr. Fábio de Barros ____________________ Prof. Dr. Cristiano Franco Verola ____________________ Profa Dra Andréa Ferreira Costa ____________________ Profa Dra Dorothy Sue Dunn de Araujo _____________________ em __/__/2011 Rio de Janeiro 2011 iii Dedico este trabalho à minha família pelo suporte incondicional de sempre. iv “Ser um biólogo não significa ter um emprego; significa escolher um estilo de vida.” - Ernst Mayr (Isto é biologia – a ciência do mundo vivo) v AGRADECIMENTOS Agradeço, a Dra. Rafaela Campostrini Forzza pela orientação “desde sempre” e por ter me aturado por ainda mais quatro anos, pela companhia nas coletas, pela presença quando necessário e pela importância que teve, tem e sempre terá na minha formação acadêmica; ao CNPq pela bolsa de doutorado-sanduíche para o trabalho em Feira de Santana; ao Programa de Pós-Graduação da Escola Nacional de Botânica Tropical; ao Dr. Cássio van den Berg por franquear-me o uso do Lamol e pela recepção no meu “período baiano”, além de guiar-me em campo à população de Maracás; ao amigo André Paviotti Fontana, sem o qual este trabalho ficaria bastante incompleto, por servir-me de guia e companheiro nas coletas, pela recepção nas várias vezes que visitei o MBML, pelas conversas sobre as complexas Pseudolaelia, coleta de material e empréstimo de fotos para montagem do guia; aos amigos Ana Luísa de Carvalho Lima e Fabrício Moreira Ferreira por me acolherem durante minha estadia em Feira de Santana; a Camila Souza da Mata pela inestimável ajuda com as intermináveis extrações de DNA no Laboratório de Biologia Molecular de Plantas do JBRJ, bem como a Dra. Luciana Franco responsável pelo laboratório; ao amigo MSc. Fabrício Moreira Ferreira e MSc. Tarciso Maia Santos pela “mão” indispensável que me deram no Lamol; a amiga Maria Rita Cabral por ceder-me fotos e material de sua coleção particular, e pelo auxílio com bibliografia; ao amigo Dr. Pedro Lage Viana por ceder-me fotos para montagem do guia e companhia na coleta na Estação de Peti, mesmo quando estava atarefado com a própria tese; ao Dr. Vidal de Freitas Mansano pelas sugestões nas duas disciplinas de Seminários, tanto no projeto quanto nos dados prévios da tese; a Rosilene O. S. Bis pelo fornecimento de material para morfometria, DNA e fotos; ao Felix Eduardo R. Costa e Thiago W. Lemos Fernandes por auxílio com material para morfometria e fotos para o guia; ao amigo MSc. Cláudio Nicoletti de Fraga por ceder-me fotos e pelo auxílio com bibliografia de difícil acesso, das espécies descritas por Augusto Ruschi; ao Dr. Fábio de Barros pela atenção que me dispensou, quando visitei o Orquidário do Estado, no Instituto de Botânica e pelo envio da cópia da ilustração original de Pseudolaelia vellozicola; ao amigo Dr. Marco Antônio Manhães pelas conversas e auxílios para percorrer os caminhos labirínticos e sombrios da estatística; a MSc. Priciane C. C. Ribeiro pela ajuda com o ISSR; vi a amiga MSc. Melissa Bocaiúva e ao meu ex-aluno e agora colega Bruno Paixão, pelos dados de material do herbário da Universidade Federal de Viçosa; a tia Regina e sua família pela hospedagem no Rio de Janeiro durante as disciplinas; a Dra. Fátima Regina G. Salimena por novamente me ceder um “cantinho” no herbário Leopoldo Krieger (UFJF) para o desenvolvimento do meu trabalho; aos que me cederam fotos para montagem do Guia: Alek Zaslawski, MSc. Gustavo Denarde Nogueira, Ludovic J. C. Kollmann, Mauro Rosim, Reginaldo V. Leitão, Dra. Silvana C. Ferreira; aos companheiros e/ou guias nas coletas por Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro afora: Dra. Fátima Regina G. Salimena, Joel C. Silva, José Cardoso Drummond, Dr. Lyderson F. Viccini, Marco Aurélio Baltar, MSc. Mariana Machado Saavedra, MSc. Mateus Clemente, MSc. Pâmela Sousa Silva, Dra. Tatiana U. P. Konno e Victor Lopes; aos curadores e funcionários dos herbários que visitei, onde fui bem recebido; aos meus pais por estar aqui, pelo apoio de sempre e pelos ensinamentos que me fizeram o que sou; a Cintia pela compreensão das intermináveis horas na frente do computador e pelos vários dias longe de casa, além do companheirismo que sempre demonstrou; a Deus acima de tudo. Enfim, agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma para que este trabalho pudesse ser realizado e aproveito para me desculpar se injustamente alguém ficou de fora desta lista, Obrigado. vii RESUMO Orchidaceae é uma das maiores famílias dentre as angiospermas, abrigando 20000 a 25000 espécies, distribuídas por quase todas as regiões do planeta, mas com a grande maioria concentrando-se nos trópicos. O Brasil é um dos países mais ricos em Orchidaceae, possuindo mais de 2400 espécies distribuídas em 235 gêneros. Dentre estes, figura Pseudolaelia Porto & Brade, gênero endêmico cujas espécies ocorrem predominantemente nos inselbergues graníticos da Floresta Atlântica e, em menor número, nos afloramentos de quartzito dos campos rupestres do Cerrado e Caatinga, geralmente epifíticas sobre Velloziaceae. É um gênero monofilético, integrante de um clado basal da subtribo Laeliinae denominado Isabelia Alliance. Pode ser caracterizado pelos pseudobulbos homoblásticos, rizoma longo, inflorescências longas, geralmente delgadas, simples ou compostas, portando flores róseas, amarelas ou alvas, às vezes creme, com labelo frequentemente trilobado, de margem simples, erosa ou fimbriada, coluna semicilíndrica a claviforme, com a base fundida ao labelo, formando um cunículo. O polimorfismo observado nas populações e o grande número de binômios publicados a partir de 2003, aliados a distribuição restrita aos dois únicos hotspots de biodiversidade existentes no Brasil motivaram a realização do presente estudo, que considerou inicialmente 19 binômios e teve os seguintes objetivos: 1) analisar a variabilidade morfológica floral intra e interespecífica das populações de P. dutrae Ruschi (e do táxon afim P. freyi Chiron & Castro Neto) e P. vellozicola (Hoehne) Porto & Brade (e dos táxons afins P. oliveirana V. P. Castro & Chiron e P. regentii V. P. Castro & Marçal) através de morfometria tradicional (Capítulo 1) e geométrica (Capítulo 2); 2) analisar a diversidade genética intra e interpopulacional dos mesmos táxons avaliados pela morfometria empregando marcadores Inter Simple Sequence Repeat (ISSR) (Capítulo 3); 3) revisar taxonomicamente o gênero Pseudolaelia (Capítulo 4) e 4) ampliar o conhecimento da distribuição geográfica através de análise de material de herbário e visitas às populações, análise de parcimônia de endemismo (PAE), modelagem de distribuição potencial (MDP) além de definição do status de conservação das espécies de Pseudolaelia pelos critérios da International Union for Conservation of Nature (IUCN) (Capítulo 5). A morfometria tradicional e geométrica, junto com a análise da diversidade genética das espécies P. dutrae e P. vellozicola e táxons afins através de marcadores ISSR demonstrou que ambas devem ser consideradas espécies amplamente polimórficas. A região de maior riqueza e diversidade para Pseudolaelia indicada pela análise biogeográfica foi a região serrana, norte e noroeste do Espírito Santo, além da divisa deste estado com Minas Gerais. É também a região com maior porcentagem de adequação de ambiente demonstrada pela MDP. Sete binômios foram colocados em sinonímia, de modo que 12 espécies são reconhecidas atualmente como integrantes de Pseudolaelia. Quatro lectótipos foram designados, para as seguintes espécies: P. canaanensis (Ruschi) F. Barros, P. dutrae, P. geraensis Pabst e P. vellozicola. São apresentadas descrições, ilustrações, chave de identificação, comentários sobre taxonomia, ecologia, distribuição geográfica e conservação. É apresentado ainda um anexo com fotografias de detalhes de flores, frutos e habitats das espécies de Pseudolaelia. Palavras-chave: taxonomia, conservação, biogeografia, morfometria, diversidade genética, inselbergue, campo rupestre, Floresta Atlântica, Cerrado, Caatinga. viii ABSTRACT Orchidaceae is one of the largest families among the angiosperms, encompassing 20,000 to 25,000 species distributed around the planet, but occurring manly in the tropics. Brazil is one of the richest countries in Orchidaceae, with over 2,400 species distributed in 235 genera. Among these, figure Pseudolaelia Porto & Brade, whose endemic species occur predominantly in granitic inselbergs in Atlantic Rainforest and to a lesser extent, in outcrops of quartzite rock from the campos rupestres of the Cerrado and Caatinga, usually epiphytic on Velloziaceae. It is a monophyletic genus, part of a basal clade of the subtribe Laeliinae called Isabelia Alliance. It can be characterized by homoblastic pseudobulbs, long rhizome, long inflorescences, usually slender, simple or compound, bearing pink flowers, yellow or whitish, sometimes cream, with often trilobed labellum, simple, erose or fimbriate margin, semi-cylindrical claviform column, with the base fused to the labellum, forming a cuniculus. The polymorphism observed in populations and the large number of binomials published since 2003, allied to distribution restricted to two hostpots of biodiversity in Brazil motivated the present study, which began with 19 binomials and had the following aims: 1) assess floral morphological variability within and among species populations of P. dutrae Ruschi (and the related taxon P. freyi Chiron & V. P. Castro Neto) and P. vellozicola (Hoehne) Porto & Brade (and related taxa P. oliveirana V. P. Castro & Chiron and P. regentii V. P. Castro & Marçal) through traditional (Chapter 1) and geometric morphometrics (Chapter 2), 2) assess genetic diversity of intra and interpopulation of the same taxa evaluated by morphometrics using Inter Simple Sequence Repeat (ISSR) markers (Chapter 3), 3) provide the taxonomic revision of Pseudolaelia (Chapter 4) and 4) expand knowledge of the geographical distribution by analysis of herbarium material and collection expeditions to populations, parsimony analysis of endemicity (PAE), modelling the distribution potential (MDP), in addition to defining the conservation status of species Pseudolaelia applying the criteria of International Union for Conservation of Nature (IUCN) (Chapter 5). The traditional and geometric morphometrics, along with analysis of genetic diversity of the species P. dutrae and P. vellozicola and related taxa using ISSR markers showed that both species should be regarded as broadly polymorphic species. The region of highest richness and diversity to Pseudolaelia was indicated by the biogeographic analysis as the mountain region, north and northwest of the Espírito Santo, and the boundary with Minas Gerais. It is also the region with higher habitat suitability demonstrated by the MDP. Seven binomials were placed in synonymy, so that 12 species are currently recognized as members of Pseudolaelia. Four lectotypes were designated for the following species: P. canaanensis (Ruschi) F. Barros, P. dutrae, P. geraensis Pabst and P. vellozicola. There are presented descriptions, illustrations, identification key, as well as comments about taxonomy, ecology, geographic distribution and conservation. It is also an attachment presented with photographs of flowers, fruits and habitats of Pseudolaelia species. Key-words: taxonomy, conservation, biogeography, morphometry, genetic diversity, inselberg, campo rupestre, Atlantic Rainforest, Cerrado, Caatinga. ix SUMÁRIO Lista de tabelas ............................................................................................................. xiv Lista de figuras ............................................................................................................. xvi Introdução geral ........................................................................................................... 1 Capítulo 1 – Análise morfométrica de espécies polimórficas de Pseudolaelia Porto e Brade (Orchidaceae) ....................................................................................... 6 Resumo ........................................................................................................................... 7 Abstract ........................................................................................................................... 8 Introdução ....................................................................................................................... 9 Material e métodos ......................................................................................................... 10 Resultados ....................................................................................................................... 12 Discussão ........................................................................................................................ 14 Referências ..................................................................................................................... 19 Capítulo 2 – Estudo da morfometria da flor de Pseudolaelia (Orchidaceae) através de Análise Elíptica de Fourier ........................................................................ 36 Resumo ........................................................................................................................... 37 Abstract ........................................................................................................................... 38 Introdução ....................................................................................................................... 39 Material e métodos ......................................................................................................... 40 Resultados ....................................................................................................................... 43 Discussão ........................................................................................................................ 44 Referências ..................................................................................................................... 49 Capítulo 3 – Diversidade genética e delimitação de espécies polimórficas de Pseudolaelia (Orchidaceae) através do uso de marcadores ISSR ............................ 64 x Resumo ........................................................................................................................... 65 Abstract ........................................................................................................................... 66 Introdução ....................................................................................................................... 67 Material e métodos ......................................................................................................... 69 Coleta das amostras .......................................................................................... 69 Extração do DNA e amplificação dos marcadores ISSR .................................. 70 Análise dos dados ............................................................................................. 71 Resultados ....................................................................................................................... 73 Análise das populações do G1 ............................................................................ 73 Análise das populações do G2 ............................................................................ 75 Discussão ........................................................................................................................ 76 Referências ..................................................................................................................... 82 Capítulo 4 – Revisão taxonômica de Pseudolaelia Porto & Brade (Laeliinae, Orchidaceae) ................................................................................................................. 104 Resumo ........................................................................................................................... 105 Abstract .......................................................................................................................... 105 Introdução ....................................................................................................................... 106 Histórico taxonômico ..................................................................................................... 107 Material e métodos ......................................................................................................... 109 Tratamento taxonômico .................................................................................................. 110 Chave para identificação das espécies de Pseudolaelia ..................................... 112 1) Pseudolaelia aromatica Campacci .......................................................... 114 2) Pseudolaelia ataleiensis Campacci ......................................................... 116 3) Pseudolaelia brejetubensis M. Frey ........................................................ 117 4) Pseudolaelia canaanensis (Ruschi) F. Barros ......................................... 120 5) Pseudolaelia cipoensis Pabst ................................................................... 123 6) Pseudolaelia citrina Pabst ....................................................................... 126 7) Pseudolaelia corcovadensis Porto & Brade ............................................ 129 8) Pseudolaelia dutrae Ruschi ..................................................................... 132 9) Pseudolaelia geraensis Pabst .................................................................. 136 xi 10) Pseudolaelia irwiniana Pabst .................................................................. 139 11) Pseudolaelia pitengoensis Campacci ...................................................... 141 12) Pseudolaelia vellozicola (Hoehne) Porto & Brade ................................. 143 Referências Bibliográficas .............................................................................................. 149 Índice de exsicatas .......................................................................................................... 155 Capítulo 5 – Biogeografia e conservação de Pseudolaelia: um gênero de Orchidaceae endêmico do leste do Brasil ................................................................... 178 Resumo ........................................................................................................................... 179 Abstract ........................................................................................................................... 180 Introdução ....................................................................................................................... 182 Métodos .......................................................................................................................... 185 Análise dos padrões de distribuição geográfica, riqueza e diversidade .............. 185 Análise de parcimônia de endemismo ................................................................ 187 Modelagem de distribuição potencial ................................................................. 187 Distribuição das espécies versus Unidades de Conservação e indicação das áreas importantes na conservação de Pseudolaelia ....................................... 188 Categorização das espécies segundo IUCN (2001) ............................................ 189 Resultados ....................................................................................................................... 189 Padrões de distribuição geográfica, riqueza e diversidade ................................. 189 Análise de parcimônia de endemismo ................................................................ 191 Modelagem de distribuição potencial ................................................................. 191 Distribuição das espécies versus Unidades de Conservação .............................. 192 Categorização das espécies segundo IUCN (2001) ............................................ 192 Discussão ........................................................................................................................ 193 Padrões de distribuição geográfica, riqueza e endemismo ................................. 193 Definição do status e indicação de áreas prioritárias para a conservação de Pseudolaelia através das análises de distribuição geográfica, PAE e MDP .. 196 Referências ..................................................................................................................... 200 Conclusões gerais .......................................................................................................... 221 xii Referências Bibliográficas ........................................................................................... 224 Anexos ............................................................................................................................ 233 Anexo 1 – Guia de fotos de Pseudolaelia ...................................................................... 234 Anexo 2 – Lectotypifications in Pseudolaelia (Laeliinae: Orchidaceae) – Artigo publicado no periódico Kew Bulletin ............................................................................. 242 xiii LISTA DE TABELAS Capítulo 1 – Análise morfométrica de espécies polimórficas de Pseudolaelia Porto e Brade (Orchidaceae) Tabela 1 – Populações de Pseudolaelia amostradas no estudo: n = número de flores utilizadas por população. Siglas dos estados: BA= Bahia; MG= Minas Gerais; ES= Espírito Santo; RJ= Rio de Janeiro. Acrônimos dos herbários segundo Holmgren et al. (1990). Os grupos 1 e 2 são representados, respectivamente por letras maiúsculas e minúsculas na tabela e no mapa ................................................................................... 24 Tabela 2 – Caracteres florais usados na análise morfométrica e resultados da PCA (PC1 e PC2) e CVA (Eixo1 e Eixo2). Os cinco valores mais importantes para cada componente/eixo estão destacados em negrito ............................................................... 25 Capítulo 2 – Estudo da morfometria da flor de Pseudolaelia (Orchidaceae) através de Análise Elíptica de Fourier Tabela 1 – Populações de Pseudolaelia amostradas no estudo: n = número de flores utilizadas por população. Siglas dos estados: BA= Bahia; MG= Minas Gerais; ES= Espírito Santo; RJ= Rio de Janeiro. Acrônimos dos herbários segundo Holmgren et al. (1990). Os grupos 1 e 2 são representados, respectivamente por letras maiúsculas e minúsculas na tabela e no mapa. .................................................................................. 54 Capítulo 3 – Diversidade genética e delimitação de espécies de Pseudolaelia (Orchidaceae) através do uso de marcadores ISSR Tabela 1 – Populações de Pseudolaelia amostradas no estudo ...................................... 90 Tabela 2 – Iniciadores de ISSR usados neste estudo e respectivas seqüências .............. 91 Tabela 3 – Análise genética das populações do G1 ........................................................ 92 Tabela 4 – Análise de variância molecular (AMOVA), considerando as populações do G1 composta dos táxons P. vellozicola, P. oliveirana e P. regentii ............................... 93 Tabela 5 – Distância genética de Nei (abaixo da diagonal) e identidade genética de Nei (acima da diagonal) calculadas entre os pares de populações do G1 ...................... 94 Tabela 6 – Análise genética das populações do G2 ........................................................ 95 xiv Tabela 7 – Análise de variância molecular (AMOVA), considerando as populações do G2 composta dos táxons P. dutrae e P. freyi .................................................................. 96 Tabela 8 – Distância genética de Nei (abaixo da diagonal) e identidade genética de Nei (acima da diagonal) calculadas entre os pares de populações do G2 ...................... 97 Capítulo 5 – Biogeografia e conservação de Pseudolaelia: um gênero de Orchidaceae endêmico do leste do Brasil Tabela 1 – Status de conservação e padrões de distribuição geográfica das espécies de Pseudolaelia ................................................................................................................... 212 Tabela 2 – Espécies de Pseudolaelia ocorrentes em Unidades de Conservação de Proteção Integral ............................................................................................................. 213 xv LISTA DE FIGURAS Capítulo 1 – Análise morfométrica de espécies polimórficas de Pseudolaelia Porto & Brade (Orchidaceae) Figura 1 – Localização das populações amostradas neste estudo. Populações: Grupo 1 – A. Caetité; B. Caraí; C. Itaipé; D/E. Ataléia; F. Água Doce do Norte; G. Águia Branca; H. Marilândia; I. Vitória; J. Piúma; K. Campos dos Goytacazes. Grupo 2 – a. Vila Pavão; b. Boa Esperança; c. São Roque do Canaã; d. Brejetuba ........................... 26 Figura 2 – Segmentos florais dissecados com as características medidas neste estudo (ver Tabela 2 para os códigos das variáveis) .................................................................. 27 Figura 3 – Labelos das flores das populações do grupo 1, mostrando a variação inter e intrapopulacional: A. Águia Branca, B. Água Doce do Norte, C. Marilândia, D. Caetité, E. Caraí, F. Ataléia A, G. Ataléia B, H. Vitória, I. Piúma, J. Campos dos Goytacazes, K. Itaipé ...................................................................................................... 28 Figura 4 – Labelos das flores das populações do grupo 2, mostrando a variação inter e intrapopulacional: A. São Roque do Canaã, B. Vila Pavão, C. Boa Esperança, D. Brejetuba ......................................................................................................................... 29 Figura 5 – PCA de 208 espécimes do G1, baseada em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Os componentes 1 e 2 explicam, respectivamente, 69,95% e 13,69% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras e compreendem 95% dos representantes de cada grupo ................................................................................... 30 Figura 6 – CVA de 208 espécimes do G1, baseada em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Os eixos 1 e 2 explicam, respectivamente 51,62% e 14,65% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras e compreendem 95% dos representantes de cada grupo .......................................................................................... 31 Figura 7 – Dendrograma mostrando a relação fenética entre os indivíduos das populações do G1, baseado em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Caetité (BA), Itaipé (MG), Caraí (MG), Ataléia 1 (MG), Ataléia 2 (MG), Água Doce do Norte (ES), Águia Branca (ES), Marilândia (ES), Vitória (ES), Piúma (ES), Campos dos Goytacazes (RJ) .............................................................................................................. 32 Figura 8 – PCA de 94 espécimes do G2, baseada em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Os componentes 1 e 2 explicam, respectivamente, 73,47% e 15,34% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras e compreendem 95% xvi dos representantes de cada grupo ................................................................................... 33 Figura 9 – CVA de 94 espécimes do G2, baseada em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Os eixos 1 e 2 explicam, respectivamente, 53,88% e 27,42% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras e compreendem 95% dos representantes de cada grupo .......................................................................................... 34 Figura 10 – Dendrograma mostrando a relação fenética entre os indivíduos das populações do G2, baseado em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2), usando a distância Euclidiana e UPGMA como algoritmo de agrupamento. Análise feita no programa PAST 2.04. Boa Esperança (ES), São Roque do Canaã (ES), Vila Pavão (ES), Brejetuba (ES) ....................................................................................................... 35 Capítulo 2 – Estudo da morfometria da flor de Pseudolaelia (Orchidaceae) através de Análise Elíptica de Fourier Figura 1 – Localização das populações amostradas neste estudo. Populações: Grupo 1 – A. Caetité; B. Caraí; C. Itaipé; D/E. Ataléia; F. Água Doce do Norte; G. Águia Branca; H. Marilândia; I. Vitória; J. Piúma; K. Campos dos Goytacazes. Grupo 2 – a. Vila Pavão; b. Boa Esperança; c. São Roque do Canaã; d. Brejetuba ........................... 55 Figura 2 – Reconstruções dos componentes principais como variáveis de forma de sépala dorsal, sépala lateral e pétala do G1, baseadas na PCA do contorno das peças florais .............................................................................................................................. 56 Figura 3 – Reconstruções dos componentes principais como variáveis de forma do labelo do G1, baseadas na PCA do contorno das peças florais ...................................... 57 Figura 4 – Reconstruções dos componentes principais como variáveis de forma de sépala dorsal, sépala lateral e pétala do G2, baseadas na PCA do contorno das peças florais .............................................................................................................................. 58 Figura 5 – Reconstruções dos componentes principais como variáveis da forma do labelo do G2, baseadas na PCA do contorno das peças florais ...................................... 59 Figura 6 – CVA de 208 espécimes do G1. Os eixos 1 e 2 explicam, respectivamente, 47,4% e 21,64% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras (representadas pelos símbolos maiores) e compreendem 95% dos representantes de cada grupo. Os desenhos representam as formas médias das peças florais de cada população ........................................................................................................................ 60 xvii Figura 7 – Dendrograma mostrando a relação fenética entre os indivíduos das populações amostradas no G1, usando a distância Euclidiana e UPGMA como algoritmo de agrupamento. Caetité (BA), Itaipé (MG), Caraí (MG), Ataléia 1 (MG), Ataléia 2 (MG), Água Doce do Norte (ES), Águia Branca (ES), Marilândia (ES), Vitória (ES), Piúma (ES), Campos dos Goytacazes (RJ) ............................................... 61 Figura 8 – CVA de 94 espécimes do G2. Os eixos 1 e 2 explicam, respectivamente, 58,2% e 31,5% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras (representadas pelos símbolos maiores) e compreendem 95% dos representantes de cada grupo. Os desenhos representam as formas médias das peças florais de cada população ........................................................................................................................ 62 Figura 9 – Dendrograma mostrando a relação fenética entre os indivíduos das populações amostradas no G1, usando a distância Euclidiana e UPGMA como algoritmo de agrupamento. Boa Esperança (ES), São Roque do Canaã (ES), Vila Pavão (ES), Brejetuba (ES) ............................................................................................ 63 Capítulo 3 – Diversidade genética e delimitação de espécies de Pseudolaelia (Orchidaceae) através do uso de marcadores ISSR Figura 1 – Localização das populações amostradas neste estudo. Populações: Grupo 1 - A. Maracás; B. Ataléia; C. Água Doce do Norte; D. Águia Branca; E. Colatina; F. Santa Leopoldina; G/H. Campos dos Goytacazes. Grupo 2 – a. Aimorés; b. Vila Pavão; c. Boa Esperança; d. São Roque do Canaã; e. Brejetuba .................................... 98 Figura 2 – Exemplo de gel corado com brometo de etídio mostrando padrão de amplificação de bandas do iniciador de ISSR Mao para a população de Água Doce do Norte (G1). 1-17: indivíduos; a, b: marcador de 100 pares de base ............................... 99 Figura 3 – Dendrograma obtido com algoritmo neighbor-joining e coeficiente de similaridade Sorensen-Dice para todos os espécimes das populações do G1. Mar Maracás (BA); Ata – Ataléia (MG); AgDoc – Água Doce do Norte (ES); AgBr – Águia Branca (ES); Col – Colatina (ES); SLeo – Santa Leopoldina (ES); CamA/CamB – Campos dos Goytacazes (RJ). Os números após as abreviações dos nomes das populações representam os indivíduos de cada população. Os valores à direita dos nós representam o suporte de bootstrap acima de 50% ................................ 100 Figura 4 – Dendrograma obtido com o algoritmo neighbor-joining usando a distância xviii de Nei entre as populações do G1 .................................................................................. 101 Figura 5 – Dendrograma obtido com algoritmo neighbor-joining e coeficiente de similaridade Sorensen-Dice para todos os espécimes das populações do G2: Aim – Aimorés (MG); BEsp – Boa Esperança (ES); VP – Vila Pavão (ES); SRC – São Roque do Canaã (ES); Brej – Brejetuba (ES). Os números após as abreviações dos nomes das populações representam os indivíduos de cada população. Os valores à direita dos nós representam o suporte de bootstrap acima de 50% ............................... 102 Figura 6 – Dendrograma obtido com algoritmo neighbor-joining usando a distância genética de Nei entre as populações do G2 .................................................................... 103 Capítulo 4 – Revisão taxonômica de Pseudolaelia Porto & Brade (Orchidaceae) Figura 1 – Pseudolaelia aromatica: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D. Coluna, vista lateral; E. Coluna, corte longitudinal; F. Coluna, vista ventral; G, Antera, vista ventral; H. Antera, vista dorsal; I. Polínia isolada. (A-I. Campacci 1964) .............................................................................................................. 159 Figura 2 – Pseudolaelia ataleiensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D. Coluna, vista lateral; E. Coluna, corte longitudinal; F. Coluna, vista ventral; G, Antera, vista ventral; H. Antera, vista dorsal; I. Polínia isolada. (A-I. Campacci 1959) .............................................................................................................. 160 Figura 3 – Pseudolaelia brejetubensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D. Coluna, vista lateral; E. Coluna, corte longitudinal; F. Coluna, vista ventral; G, Antera, vista ventral; H. Antera, vista dorsal; I. Polínia isolada. (A-I. Frey 30) .......................................................................................................................... 161 Figura 4 – Pseudolaelia canaanensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D. Perianto dissecado; E-G. Detalhes do labelo; H-I. Coluna, vista lateral; J. Coluna, corte longitudinal; K. Antera, vista dorsal; L. Antera, vista ventral; M. Polínia isolada. (A-B, G, I, J. Menini Neto 475; C, H. sem coletor (MBML 22844); D, K-M. Ruschi s. n. (SP 55328); E. Fontana 5052; F. Menini Neto 761) ....... 162 Figura 5 – Pseudolaelia cipoensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D-E. Detalhes do labelo; F. Coluna, vista lateral; G. Coluna, corte longitudinal; H. Coluna, vista ventral; I, Antera, vista ventral; J. Antera, vista dorsal; K. Polínia isolada. (A-C. Ghillány 209; D, F-K. Cordeiro CFSC 6541; E. Borba 140) 163 xix Figura 6 – Distribuição geográfica de Pseudolaelia aromatica, P. ataleiensis, P. brejetubensis, P. canaanensis e P. cipoensis .................................................................. 164 Figura 7 – Pseudolaelia citrina: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C-F. Perianto dissecado; G. Vista geral da flor; H-I. Perianto dissecado; J. Vista geral da flor; K. Perianto dissecado; L. Coluna, vista lateral; M. Coluna, corte longitudinal; N. Coluna, vista ventral; O, Antera, vista ventral; P. Antera, vista dorsal; Q. Polínia isolada. (A-B, E, L-Q. Menini Neto 763; C. Kautsky 490; D. Fontana 883; F. Bis s. n. (MBML); G-K. Menini Neto 615; H. Fontana 1243; I-J. Fontana 4831) ..................... 165 Figura 8 – Pseudolaelia corcovadensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D-E. Detalhes do labelo; F. Perianto dissecado; G. Coluna, vista lateral; H. Coluna, corte longitudinal; I. Coluna, vista ventral; J, Antera, vista ventral; K. Antera, vista dorsal; L. Polínia isolada. (A, E, G-L. Menini Neto 521; B-C. Menini Neto 522; D. Menini Neto 401; F. Leoni 1813) ............................................................. 166 Figura 9 – Distribuição geográfica de Pseudolaelia citrina e P. corcovadensis ............ 167 Figura 10 – Pseudolaelia dutrae: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D-I. Detalhes do labelo; J. Coluna, vista lateral; K. Coluna, corte longitudinal; L. Coluna, vista ventral; M, Antera, vista ventral; N. Antera, vista dorsal; O. Polínia isolada. (A-B, J-O. Menini Neto 613; D. Fontana 3388; E. Tameirão Neto 2373; F. Duarte 13977; G. Fontana 2341; H. Lagasa 211; I. Fontana 123) ................................................................................................................................. 168 Figura 11 – Distribuição geográfica de Pseudolaelia dutrae ......................................... 169 Figura 12 – Pseudolaelia geraensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D-K. Detalhes do labelo; L. Coluna, vista lateral; M. Coluna, corte longitudinal; N. Coluna, vista ventral; O, Antera, vista ventral; P. Antera, vista dorsal; Q. Polínia isolada. (A, C, L-Q. Menini Neto 753; B, H-K. Menini Neto 764; D-G. Menini Neto 519) ................................................................................................... 170 Figura 13 – Pseudolaelia irwiniana: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C-D. Perianto dissecado; E-F. Detalhes do labelo; G. Coluna, vista lateral; H. Coluna, corte longitudinal; I. Coluna, vista ventral; J, Antera, vista dorsal; K. Antera, vista ventral; L. Polínia isolada. (A-B, E-F, G-L. Menini Neto 622; C. Santos 652; D. Forzza 617) . 171 Figura 14 – Pseudolaelia pitengoensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D. Coluna, vista lateral; E. Coluna, corte longitudinal; F. Coluna, vista ventral; G, Antera, vista ventral; H. Antera, vista dorsal; I. Polínia isolada (A-I. xx Menini Neto 760) ........................................................................................................... 172 Figura 15 – Distribuição geográfica de Pseudolaelia geraensis, P. irwiniana e P. pitengoensis .................................................................................................................... 173 Figura 16 – Pseudolaelia vellozicola: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Detalhe do labelo; D. Vista geral da flor; E. Detalhe do labelo; F. Vista geral da flor; G. Detalhe do labelo; H-K. Perianto dissecado; L-M. Coluna, vista lateral; N. Coluna, corte longitudinal; O. Coluna, vista ventral; P, Antera, vista dorsal; Q. Antera, vista ventral; R. Polínia isolada (A-C, M-R. Menini Neto 520; D-E. Kollmann 11746; F-G. sem coletor (MBML 31321); H. Pinheiro 165; I. Forzza 794; J. Hoffmann s. n. (HB 63499); K. Pinheiro 35) .................................................................................................. 174 Figura 17 – Distribuição geográfica de Pseudolaelia vellozicola .................................. 175 Figura 18 – Variação morfológica entre indivíduos ao longo da distribuição geográfica de Pseudolaelia vellozicola. 1) BA – Caetité (van den Berg 1914; foto: S.C.Ferreira; 2) BA – Rio de Contas (cultivada em Paty do Alferes (RJ), foto: M.R.Cabral); 3) BA – Jacaraci (Pinheiro 165); 4) MG – estrada Espinosa-Montezuma (Sakuragui CFCR 15090); 5) MG – Mato Verde (Sakuragui CFCR 15149); 6) MG – Rio Pardo de Minas (Forzza 794); 7) MG – Pedra Azul (Mello-Silva 439); 8) MG – Monte Azul (foto: P.L.Viana); 9) MG – Santa Maria do Salto (Lombardi 5591; foto: L.Kollmann); 10) MG – Caraí (Kollmann 11746; foto: L.Kollmann); 11) MG – Itaipé (Kollmann 11734; foto: L.Kollmann); 12) MG – Ataléia 1 (Menini Neto 754); 13) MG – Ataléia 2 (Menini Neto 755; foto: L.Menini Neto); 14) MG – Diamantina (Pinheiro 35); 15) MG – São Gonçalo do Rio Preto (foto: P.L.Viana); 16) MG – estrada Datas-Diamantina (Menini Neto 377; foto: L.Menini Neto); 17) MG – estrada Diamantina-Extração (Menezes CFCR 9301); 18) ES – Água Doce do Norte (Menini Neto 757; foto: L.Menini Neto) 19) ES – Águia Branca (Fontana 5040; foto: L.Menini Neto); 20) ES – Colatina (Magnago 804); 21) ES – João Neiva (foto: A.Zaslawski); 22) ES – Marilândia (sem coletor (MBML 31321); 23) ES – Santa Teresa (sem coletor (HB 18964); 24) ES – Vitória (Costa s. n. (CESJ 57158); fotos: a. F.E.R.Costa; b. M.R.Cabral; 25) ES – Venda Nova do Imigrante (foto: G. D. Nogueira); 26) ES – Castelo (Fontana 1230); 27) ES – Guarapari (foto: M. Rosim); 28) ES – Piúma (Fernandes s. n. (CESJ 57157); 29) RJ – Campos dos Goytacazes (Menini Neto 520; fotos: L. Menini Neto); 30) RJ – Casimiro de Abreu (Hoffmann s. n. (HB 63499) ................................................................................................................. 176 xxi Capítulo 5 – Biogeografia e conservação de Pseudolaelia: um gênero de Orchidaceae endêmico do leste do Brasil Figura 1 – Registros das espécies de Pseudolaelia e UC’s de Proteção Integral estadual e federal. Quadrículas de 1° x 1°. BA: Bahia, MG: Minas Gerais, ES: Espírito Santo, RJ: Rio de Janeiro .................................................................................. 214 Figura 2 – Riqueza de espécies de Pseudolaelia por quadrícula de 1° x 1° ................... 215 Figura 3 – Diversidade de Pseudolaelia por quadrícula de 1° x 1°, calculada através do índice de Shannon ...................................................................................................... 216 Figura 4 – Dendrograma de similaridade da análise de UPGMA com índice de Jaccard, mostrando a formação de regiões florísticas. Índice de correlação cofenética 217 de 0,9352 ........................................................................................................................ Figura 5 – Árvore mais parcimoniosa da PAE obtida através da análise de consenso estrito de quadrículas de 1° x 1°. Os números acima dos ramos representam o suporte dado pela análise de bootstrap ....................................................................................... 218 Figura 6 – Modelagem de distribuição potencial das espécies de Pseudolaelia ............ 219 Figura 7 – Comparação dos registros de ocorrência de Pseudolaelia com a distribuição das áreas consideradas prioritárias para a conservação da biodiversidade e UC’s estaduais e federais, segundo Ministério do Meio Ambiente (2007) ................. 220 xxii INTRODUÇÃO GERAL Orchidaceae é uma das maiores famílias dentre as angiospermas, apresentando de 20.000 a 25.000 espécies (Dressler 1981, 1993), das quais aproximadamente 73% são epifíticas (Atwood 1986). Estão distribuídas por quase todas as regiões do planeta, com a grande maioria concentrando-se nos trópicos (Dressler 1981). Na região neotropical, área com maior riqueza específica do globo (Dressler 1993), destacam-se dois grandes centros de diversidade, os Andes a noroeste, cujo número total de espécies ainda não foi estimado (Smith et al. 2004) e a Floresta Atlântica a leste, com a ocorrência registrada de pouco mais de 1.250 espécies, sendo a família de angiospermas mais rica deste domínio (Barros et al. 2009). O Brasil tem uma das floras mais ricas do mundo (Giullieti et al. 2005), com aproximadamente 41.000 espécies registradas (Forzza et al. 2010), não sendo diferente para Orchidaceae, destacando-se tanto no continente americano, como no mundo (Pabst & Dungs 1975, 1977, Dressler 1981), com pouco mais de 2.400 espécies conhecidas das quais 1.620 são restritas ao território brasileiro (Barros et al. 2010). O posicionamento de Orchidaceae nos sistemas de classificação vem sofrendo modificações ao longo do tempo (Dahlgren et al. 1985, Cronquist 1988, Chase et al. 1993, 1995) e atualmente a família ocupa uma posição basal na ordem Asparagales (APG 1998, 2003, 2009). Independentemente da ordem na qual a família foi posicionada no passado, seu reconhecimento como um grupo natural sempre foi motivo de poucos questionamentos. Da mesma forma, à luz da sistemática filogenética seu monofiletismo é sustentado por numerosos trabalhos, tanto morfológicos quanto macromoleculares (Dressler 1981, 1993 Judd et al. 1993, Cameron et al. 1999, Freudenstein & Rasmussen 1999, Pridgeon et al. 1999, Freudenstein et al. 2000, 2004). São indicadas como 1 sinapomorfias morfológicas para a família a presença de flores zigomorfas e ressupinadas; a pétala mediana modificada em labelo; os estames férteis 1 ou 2 (3 em algumas Apostasioideae), unidos em maior ou menor grau ao gineceu formando a coluna ou ginostêmio; as sementes sem fitomelanina e endosperma e o embrião reduzidos (Dressler 1993, Judd et al. 1993). Independentemente do consenso em relação ao monofiletismo da família, a classificação infrafamiliar das Orchidaceae é bastante controversa, com propostas diferentes (Dressler 1993, Szlachetko 1995), sendo, atualmente mais adotado o sistema de Pridgeon et al. (1999, 2001, 2003, 2005, 2009), com cinco subfamílias: Apostasioideae, Cypripedioideae, Vanilloideae, Orchidoideae e Epidendroideae. Laeliinae faz parte da subfamília Epidendroideae e da tribo Epidendreae, sendo a segunda maior subtribo de Orchidaceae, abrigando cerca de 2.000 espécies distribuídas em cerca de 40 gêneros (Pridgeon et al. 2005). Destacam-se neste grupo alguns dos principais gêneros de interesse ornamental, como Brassavola R. Br., Cattleya Lindl., Encyclia Hook., Epidendrum L., Hadrolaelia (Schltr.) Chiron & V. P. Castro, Hoffmannseggella H. G. Jones, Laelia Pers., Prosthechea Knowles & Westc. e Sophronitis Lindl. Dois estudos de filogenia molecular foram realizados com as espécies da subtribo Laeliinae (van den Berg et al. 2000, 2009). A primeira análise (van den Berg et al. 2000) empregou a região ITS do DNA ribossômico, indicando que para o grupo ser monofilético seria necessária a realocação de alguns gêneros como Dilomilis Raf., Helleriella A. D. Hawkes, Isochilus R. Br., Neocogniauxia Schltr. e Ponera Lindl. em outras subtribos. É notável, como destacado pelos autores, o surgimento na análise, de agrupamentos de regiões florísticas distintas, como a Alliance Pseudolaelia composto por espécies epífitas sobre Vellozia (Velloziaceae) em habitats áridos como campos rupestres, campos de altitude e inselbergues graníticos, ou o clado formado por Broughtonia R. Br., Cattleyopsis 2 Lem., Laeliopsis Lindl. ex Paxton, Psychilis Raf., Quisqueya Dod e Tetramicra Lindl., todos ocorrentes no Caribe. O segundo estudo (van den Berg et al. 2009) utilizou um maior número de regiões: além de ITS (nuclear), foram usadas também trnL, trnL-F, matK (regiões do plastídio). A subtribo se mostra monofilética, já com as transferências dos gêneros supracitados para outras subtribos, no entanto as relações entre alguns dos gêneros de Laeliinae sofreram modificações neste segundo estudo. Pseudolaelia emerge como monofilético no mesmo clado de Constantia Barb. Rodr., Isabelia Barb. Rodr. e Neolauchea Kraenzl. (grupo denominado Pseudolaelia Alliance por van den Berg et al. 2000), na base da subtribo, irmão do restante das Laeliinae. No estudo realizado por van den Berg et al. (2009), Pseudolaelia mantém o monofiletismo, novamente associado aos gêneros supracitados, além de Leptotes Lindl. e Loefgrenianthus Hoehne, em um clado que recebeu o nome de Isabelia Alliance, irmão de Encyclia Alliance. O gênero Pseudolaelia foi estabelecido por Porto & Brade (1935). Nesta ocasião os autores descreveram P. corcovadensis (espécie tipo do gênero) e transferiram para o gênero Schomburgkia vellozicola Hoehne (= P. vellozicolla), descrita um ano antes por Hoehne (1934). Endêmico do leste do Brasil, suas espécies ocorrem em afloramentos de quartzito dos campos rupestres da Caatinga e Cerrado ou nos inselbergues de granito/gnaisse da Floresta Atlântica, com apenas uma espécie também encontrada nas restingas do Espírito Santo (P. vellozicola). As espécies estão distribuídas predominantemente nos estados de Minas Gerais e/ou Espírito Santo, com exceção de P. corcovadensis (que ocorre em Minas Gerais e Rio de Janeiro), P. geraensis (registrada para Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais) e P. vellozicola (encontrada ao longo de toda a área de ocorrência do gênero, na Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro). Destaca-se o fato de que o Cerrado e a Floresta Atlântica são os únicos dois hotspots de 3 biodiversidade ocorrentes no Brasil (Myers et al. 2000) Barros et al. (2010) listaram 16 espécies para o gênero, no entanto deixando de fora da lista P. calimaniorum V. P. Castro & Chiron, P. oliveirana V. P. Castro & Chiron e o híbrido natural P. x perimii Frey. Assim um total de 19 binômios é registrado para o gênero, sendo este o número considerado no início deste estudo. As espécies de Pseudolaelia podem ser caracterizadas como ervas, predominantemente epífitas sobre Vellozia (Velloziaceae), menos freqüentemente saxícolas; pseudobulbos fusiformes ou piriformes, homoblásticos, cobertos por catáfilos que se desfazem em fibras, separados por rizoma geralmente longo; inflorescências longas, em geral delgadas, racemosas, simples ou compostas, portando flores numerosas, róseas, amarelas, alvas ou creme, maculadas ou concolores, labelo frequentemente trilobado, às vezes tetralobado, relativamente amplo, com o disco geralmente ornamentado por lamelas divergentes, fundido à base da coluna, formando um cunículo. Embora Pseudolaelia não atraia tanto a atenção, como ocorre com outros gêneros de Laeliinae, e.g. Cattleya, Hadrolaelia, Hoffmannseggella, Laelia, Sophronitis, etc., e sofra pouca pressão de coleta de cultivadores e comerciantes, metade das espécies do gênero figura nas listas de espécies ameaçadas de extinção, dos estados do Espírito Santo (ES) e Minas Gerais (MG), com status variados. São elas: P. brejetubensis, P. canaanensis, P. citrina, P. dutrae e P. vellozicola, na lista oficial do ES (Kollmann et al. 2007), e P. cipoensis, P. citrina e P. corcovadensis na lista de MG (Biodiversitas 2007). Ainda são citadas P. canaanensis, P. maquijiensis e P. pavopolitana na lista de plantas raras do Brasil (van den Berg et al. 2009). A principal ameaça às espécies de Pseudolaelia é a destruição dos habitats em virtude, principalmente, da extração de rochas de interesse ornamental, como o granito, que somada ao endemismo extremo pode levar ao desaparecimento de grande parte das populações e até mesmo a extinção das espécies de 4 distribuição mais restrita. A despeito da distribuição relativamente restrita no Brasil, as espécies de ocorrência mais ampla possuem grande polimorfismo e dificuldade de delimitação, agravada pela descrição recente de táxons morfologicamente semelhantes. Assim, este estudo tem como objetivos revisar taxonomicamente e estabelecer a delimitação das espécies com circunscrição duvidosa de Pseudolaelia, através de análises de morfometria geométrica e tradicional, morfológica e de diversidade genética com marcadores ISSR; ampliar o conhecimento da distribuição geográfica, através de registros de herbários e visitas às populações naturais e com o emprego de ferramentas de modelagem ecológica e análise de parcimônia de endemismo, estabelecendo as possíveis ameaças às quais as espécies estão sujeitas, segundo os critérios adotados pela International Union for Conservation of Nature (2001). 5 6 Análise morfométrica de espécies polimórficas de Pseudolaelia Porto & Brade (Orchidaceae) Resumo Pseudolaelia Porto & Brade é um gênero endêmico do leste do Brasil, com 19 binômios descritos, distribuídos predominantemente nos inselbergues graníticos da Floresta Atlântica. O objetivo deste estudo foi a delimitação entre P. vellozicola (Hoehne) Porto & Brade, P. oliveirana V. P. Castro & Chiron e P. regentii V. P. Castro & Marçal e entre P. dutrae Ruschi e P. freyi Chiron & V. P. Castro através de análise morfométrica das peças florais. Foram amostrados 302 espécimes pertencentes a 15 populações naturais dos táxons supracitados, divididas em dois grupos: Grupo 1 (G1), com 11 populações afins de P. vellozicola e Grupo 2 (G2), com quatro populações afins de P. dutrae. Vinte variáveis florais foram medidas e analisadas com métodos multivariados de ordenação (PCA, CVA) e agrupamento (UPGMA). Os resultados mostram que não existem descontinuidades morfológicas marcantes o suficiente para considerar P. oliveirana e P. regentii como espécies à parte de P. vellozicola, por um lado e P. freyi como distinta de P. dutrae, de modo que P. vellozicola e P. dutrae devem ser consideradas espécies amplamente polimórficas. Palavras-chave: taxonomia, PCA, CVA, UPGMA, Pseudolaelia dutrae, Pseudolaelia vellozicola. 7 Abstract Pseudolaelia Porto & Brade is a genus endemic to eastern Brazil, comprising 19 described binomials, found predominantly in granitic inselbergs of the Atlantic Forest. The aim of this study was defining the boundaries between P. vellozicola (Hoehne) Porto & Brade, P. oliveirana V. P. Castro & Chiron and P. regentii V. P. Castro & Marçal and between P. dutrae Ruschi and P. freyi Chiron & V. P. Castro through morphometric analysis of floral parts. We sampled 302 specimens from 15 natural populations of the taxa above, divided into two groups: Group 1 (G1), formed by 11 populations related to P. vellozicola and Group 2 (G2), with four populations related to P. dutrae. Twenty floral variables were measured and analyzed using multivariate ordination methods (PCA, CVA) and cluster analysis (UPGMA). The results show that there are not morphological discontinuities enough to consider P. oliveirana and P. regentii as different species of P. vellozicola on the one hand, and P. freyi as distinct species from P. dutrae on the other, so that P. vellozicola and P. dutrae should be considered as widely polymorphic species. Key-words: taxonomy, PCA, CVA, UPGMA, Pseudolaelia dutrae, Pseudolaelia vellozicola. 8 Introdução Pseudolaelia Porto & Brade (Orchidaceae, Laeliinae) é um gênero endêmico do leste do Brasil, abrigando 19 binômios descritos. As espécies ocorrem predominantemente como epífitas sobre Velloziaceae, distribuídas nos inselbergues graníticos da Floresta Atlântica e afloramentos quartzíticos dos campos rupestres do Cerrado e Caatinga, nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O gênero pode ser caracterizado por pseudobulbos homoblásticos, fusiformes ou piriformes, separados por rizoma freqüentemente longo, portando catáfilos que se desfazem em fibras, inflorescência indeterminada, longa, em racemo ou panícula, com flores róseas, amarelas alvas ou creme, maculadas ou concolores, labelo simples ou freqüentemente trilobado, às vezes inteiro, com margem inteira ou erosa, cunículo presente (Capítulo 4). Durante a revisão taxonômica de Pseudolaelia, forte polimorfismo floral foi observado nas populações de duas espécies, Pseudolaelia vellozicola (Hoehne) Porto & Brade e P. dutrae Ruschi, suscitando incerteza em relação a sua delimitação. Aliado a isso, alguns táxons muito similares a estas duas espécies foram descritos nos últimos anos, como P. calimaniorum V. P. Castro, P. oliveirana V. P. Castro & Chiron, P. regentii V. P. Castro & Marçal (todos semelhantes a P. vellozicola) e P. freyi Chiron & V. P. Castro, afim de P. dutrae. Embora a análise morfológica seja importante na sistemática (Rohlf 1990, Henderson 2006) e a morfometria possa auxiliar em grande medida na solução da delimitação dos táxons, relativamente poucos trabalhos têm sido realizados com Orchidaceae, considerando-se a riqueza específica existente na família (Bateman e Farrington 1989, Tyteca e Gathoye 1993, Bower et al. 1997, Shaw 1998, Cardim et al. 2001, Borba et al. 2002, 2007, Carlini-Garcia et al. 2002, Goldman et al. 2004, Bernardos 9 et al. 2005, Gardiner et al. 2005, Sosa e De Luna 2005, Shipunov et al. 2004, 2005, Shipunov e Bateman 2005, Pinheiro e Barros 2007, 2009, Ribeiro et al. 2008, Ponsie et al. 2009). Uma vez que a delimitação das espécies supracitadas não foi possível apenas pelo estudo clássico de exemplares herborizados, o presente estudo tem como objetivos analisar a variabilidade morfológica intra e interespecífica de espécies de Pseudolaelia com delimitação incerta, empregando como ferramentas a morfometria das peças florais e estatística multivariada, como auxílio na delimitação taxonômica das espécies do gênero. Material e métodos Foram amostrados 302 espécimes pertencentes a 15 populações naturais das espécies de Pseudolaelia com maior polimorfismo e com problemas de delimitação, divididas em dois grupos: Grupo 1 (G1), com 11 populações afins de P. vellozicola e Grupo 2 (G2), com quatro populações afins de P. dutrae (Tabela 1; Fig. 1). A amostragem englobou toda a área de distribuição de ambas as espécies. O G1 (Fig. 3), composto por 208 espécimes, é formado por uma população da Bahia, relacionada a P. regentii (descrita por Castro Neto e Marçal (2007) para este estado); três populações do noroeste do Espírito Santo, relacionadas a P. oliveirana (descrita por Castro Neto e Chiron (2009) para esta região, de material proveniente de Pancas), além de outras sete populações de Minas Gerais, região litorânea do Espírito Santo e Rio de Janeiro. No G2 (Fig. 4) foram incluídos 94 espécimes distribuídos em três populações da região serrana e norte do Espírito Santo, além da população típica de P. freyi, descrita por Chiron e Castro Neto (2004) de material proveniente do oeste do Espírito Santo. As coletas de material foram feitas aleatoriamente e o tamanho das amostras variou 10 de acordo com a disponibilidade de flores e tamanho das populações nos respectivos ambientes. As flores foram coletadas de indivíduos diferentes nas populações e conservadas em álcool a 70%. Em laboratório foram dissecadas, montadas em fichas florais e digitalizadas em 600 pontos por polegada em scanner de mesa. O material testemunho das populações utilizadas neste estudo foi depositado nos herbários CESJ, HUEFS, MBML e RB. Acrônimos segundo Holmgren et al. (1990). As medidas das peças florais foram tomadas a partir das fichas digitalizadas com auxílio do programa de acesso livre Image J (Image processing analysis in Java, disponível em http://rsbweb.nih.gov/ij/). Vinte variáveis florais foram medidas (Tabela 2; Fig. 2) com precisão de três casas decimais. As análises multivariadas foram feitas com o programa PAST v. 2.04 (Hammer 2010). Foram aplicados dois métodos de ordenação para investigar possíveis distorções de algum dos métodos (Everitt 1978). Análise de Componentes Principais (PCA), como método exploratório para analisar a estrutura geral dos dados, sem delimitação entre grupos e Análise de Variáveis Canônicas (CVA), com as populações usadas como variáveis categóricas. Na PCA o número de eixos informativos foi definido pela comparação dos autovalores com a probabilidade aleatória em uma distribuição broken-stick (Frontier 1976). Foi feita também análise de agrupamento com as populações, usando a distância Euclidiana e UPGMA (unweighted pair group method with arithmetic average) como algoritmo de agrupamento. 11 Resultados Na PCA foram considerados informativos apenas os dois primeiros eixos para ambos os grupos analisados, pois foram os únicos que apresentaram um padrão nãoaleatório para interpretação, obtido pelo modelo nulo broken-stick de distribuição dos autovalores (valores não mostrados). Estes dois primeiros eixos explicam respectivamente 69,58% e 13,53% da variação total na análise do G1 e 73,47% e 15,34% na análise do G2. No G1 (Fig. 5), os indivíduos das populações amostradas apresentaram certa tendência de agrupamento na análise, com algumas exceções, como Água Doce do Norte e Águia Branca, cujos indivíduos ficaram bastante espalhados no espaço multivariado, demonstrando grande variabilidade. No primeiro componente é possível observar distinção apenas entre Caetité e Piúma e forte sobreposição das demais populações sobre estas duas. No componente dois é possível distinguir Caetité de Piúma/Campos e também Águia Branca/Água Doce do Norte de Campos. Também neste componente, observa-se uma tendência de separação das populações mais próximas do litoral (Campos, Piúma e Vitória), mas parte dos indivíduos sobrepõe-se com algumas das populações interioranas. No entanto, todas as populações sofreram sobreposições em maior ou menor grau em ambos os eixos, não havendo separação clara entre elas. Os cinco caracteres mais importantes para os componentes 1 e 2 estão destacados em negrito na Tabela 2. Os dois primeiros eixos da CVA para o G1 (Fig. 6) representam respectivamente 48,62% e 14,45% da variação total. Assim como na PCA, há alguma tendência para agrupamento, mas sobreposição dos indivíduos em quase todas as populações também pode ser notada. No eixo 1 ocorre uma tendência de separação entre as populações mais próximas do litoral e de altitudes menores (representadas por Piúma, Vitória e Campos) das demais populações, que ocorrem mais no interior e, em geral, em localidades mais 12 elevadas. No eixo 2 destaca-se apenas a população de Águia Branca, havendo forte sobreposição entre os indivíduos das demais populações amostradas. As cinco variáveis mais importantes em relação aos eixos 1 e 2 estão destacadas em negrito na Tabela 2. A análise de agrupamento para o G1 (Fig. 7) mostra alguma tendência de formação de grupos com a maior parte da população de Caetité (embora em um mesmo ramo com alguns indivíduos de Águia Branca e Campos), parte da população de Campos (em um ramo com um indivíduo de Vitória) e parte da população de Vitória (no entanto, entremeada com indivíduos de Campos, Piúma e um indivíduo de Água Doce do Norte). No G2, há certa tendência de agrupamento entre os indivíduos das populações, mas na PCA ocorre grande sobreposição entre as quatro populações em ambos os componentes (Fig. 8). As cinco variáveis mais importantes em relação aos componentes 1 e 2 estão destacadas em negrito na Tabela 2. A CVA apresenta padrões mais bem definidos no eixo 1 (Fig. 9), responsável por 53,88% da variância total, principalmente com a separação das populações de Boa Esperança e São Roque do Canaã. O eixo 2, que responde por 27,42% da variância total, também mostra a separação da população de Boa Esperança das demais populações. Em ambos os eixos, as populações de Brejetuba e Vila Pavão sofrem forte sobreposição, não ocorrendo separação entre elas. No eixo 2, ambas sobrepõem-se também com São Roque do Canaã, ficando Boa Esperança isolada. Os cinco caracteres mais importantes nos eixos 1 e 2 estão destacados em negrito na Tabela 2. No G2 (Fig. 10), a análise de agrupamento mostra a formação de dois grandes ramos, sendo um deles constituído principalmente por indivíduos de Brejetuba e Vila Pavão, no entanto entremeados com alguns indivíduos de Boa Esperança e São Roque do Canaã e o outro composto apenas por indivíduos destas duas últimas populações, embora sem delimitação clara entre elas. 13 Discussão A PCA e a CVA para o G1 (Figs. 5 e 6) apresentaram resultados muito similares, havendo pouca diferenciação entre as populações amostradas. A forte sobreposição entre populações diferentes, independentemente da distribuição geográfica destaca-se na PCA. Embora neste tipo de análise o primeiro eixo freqüentemente reflita o tamanho dos indivíduos (Peres-Neto 1995), independentemente da ocorrência de flores de tamanhos bem diferentes (como observado na Fig. 3), ocorre sobreposição da maioria dos indivíduos de Ataléia A/B-MG, Caraí-MG, Caetité-BA (com as menores flores dentre as populações analisadas) e Marilândia-ES, que sobrepõem-se entre si e são sobrepostos por grande parte dos indivíduos de outras populações mais variáveis, como Águia Branca-ES e Água Doce do Norte-ES (que apresentam as maiores flores). Deve ser destacado que são todas populações de áreas interioranas e, em geral, de altitudes maiores em oposição a certa tendência de agrupamento observada no componente 2 das três populações mais próximas do litoral e de altitudes menores (Campos-RJ, PiúmaES e Vitória-ES), embora ocorra sobreposição de alguns indivíduos de Piúma e Vitória com estas populações interioranas. Em uma comparação com a CVA, nota-se uma separação mais clara, no componente 1 entre as três populações próximas ao litoral (que apresentam vários indivíduos sobrepostos entre si) e as populações interioranas, as quais se sobrepõem de forma acentuada, como ocorre também na PCA. Uma vez que os ambientes em que estas populações ocorrem são semelhantes (afloramentos rochosos), é possível que a proximidade do litoral e a altitude expliquem a diferenciação morfológica observada entre as populações. Fato semelhante foi observado por Trovó et al. (2008) com populações de Actinocephalus polyanthus (Bong.) Sano (Eriocaulaceae) do litoral diferenciando-se de populações montanas do interior. 14 As populações de Águia Branca, Água Doce do Norte e Marilândia (todas do noroeste do Espírito Santo) mostraram grande variação, mas não se separaram das populações de Minas Gerais e Bahia nas análises de ordenação realizadas (Figs. 5 e 6). A análise de agrupamento aponta para certa tendência de formação de grupos, mas com entremeio de indivíduos de populações diferentes, não ocorrendo uma delimitação muito precisa entre as populações, como demonstrado de forma mais clara pelas análises de ordenação (PCA e CVA). Inclusive a tendência de agrupamento observada entre as populações litorâneas, separando-se das populações interioranas nas análises de ordenação, não é observada na UPGMA, que apresenta os indivíduos destas populações entremeadas e em ramos diferentes. Castro Neto e Chiron (2009), ao descreverem P. oliveirana, de material proveniente de Pancas, região noroeste do Espírito Santo (mesma região de Água Doce do Norte, Águia Branca e Marilândia), apresentaram principalmente caracteres quantitativos para sua distinção de P. vellozicola: flores ligeiramente maiores com sépalas e pétalas mais longas e estreitas, forma do istmo do labelo que torna o lobo mediano oval, além do ápice do labelo arredondado. De forma semelhante, Castro Neto e Marçal (2007) destacaram, na descrição original de P. regentii, de material proveniente da Bahia, que o tamanho das flores seria um dos principais caracteres para distingui-la da espécie mais próxima. Embora tenham comparado a mesma com P. freyi, fica patente um equívoco, uma vez que a maior identidade certamente é com P. vellozicola (apresenta inflorescência simples (enquanto P. freyi apresenta inflorescência simples ou composta), labelo trilobado (vs. tetralobado), de margem inteira (vs. margem fortemente erosa), com lamelas destacadas desde a base do labelo (vs. lamelas verrucosas destacadas a partir da metade do comprimento ou mais próximo ao ápice). Outros caracteres quantitativos foram usados, como largura das pétalas e comprimento do istmo do labelo, além do ápice obtuso do lobo mediano do labelo. 15 No entanto, estes caracteres se mostraram fortemente variáveis tanto do ponto de vista inter quanto intrapopulacional, fato observado na análise dos exemplares de herbário ao longo da distribuição de P. vellozicola (Capítulo 4) e dos indivíduos de cada população do presente estudo (destacada apenas para o labelo na Fig. 3). O fato de a população de Caetité apresentar flores menores, como ocorre também, de modo geral, com outros exemplares de herbário analisados da Bahia e do norte de Minas Gerais, provavelmente se explica devido a estas localidades estarem entre as mais setentrionais de Pseudolaelia, ocorrendo no domínio da Caatinga, em ambiente mais seco (ver Fig. 3). Vegetativamente as plantas da Bahia e norte de Minas Gerais também apresentam, de modo geral, porte menor do que as demais populações de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Variação morfológica relacionada ao tipo de ambiente e latitude já foi observada em análise morfométrica de famílias diferentes e em localidades distintas, como Styracaceae (Fritsch e Lucas 2000), Iridaceae (Sapir et al. 2002), Orchidaceae (Goldman et al. 2004, Haraštová-Sobotková et al. 2005), Sarraceniaceae (Ellison et al. 2004), Malvaceae (Assobagdjo et al. 2006), Eriocaulaceae (Trovó et al. 2008) e Rosaceae (Shimono et al. 2009). Freqüentemente as plantas de ambientes mais áridos apresentam-se com menores dimensões nos órgãos vegetativos e florais, como destacado por Sapir et al. (2002), fato observado na população de Caetité e também na análise de exemplares de herbário provenientes da Bahia e norte de Minas Gerais (no domínio da Caatinga), localidades que apresentam disponibilidade hídrica reduzida. Em relação ao G2, não houve separação clara das populações na PCA e na análise de agrupamento, mas sobreposição considerável entre indivíduos de populações diferentes, também independentemente do tamanho floral (Fig. 4), assim como ocorreu no G1. A CVA, no entanto, isola a população de Boa Esperança em ambos os eixos e a 16 população de São Roque do Canaã no eixo 1. Esse isolamento se justifica em virtude da importância no eixo 1 de variáveis como compr/sd, compr/pet e compr/sl, uma vez que ambas apresentam flores consideravelmente maiores do que os indivíduos de Brejetuba e Vila Pavão, esta última com uma peculiaridade, que são os lobos laterais pouco desenvolvidos em vários indivíduos. Apesar desta separação pelo tamanho das flores, seu reconhecimento como pertencente a P. dutrae é possível em virtude de caracteres qualitativos, como o labelo tetralobado (com raras exceções), calosidade com lamelas verrucosas que se destacam a partir da metade do labelo, além das margens dos lobos medianos sempre fortemente erosas. São todas características também observadas na população de Brejetuba, localidade típica de P. freyi. As características usadas por Chiron e Castro Neto (2004) na descrição original de P. freyi, para diferenciá-la de P. dutrae são principalmente quantitativas e com grande variação, como tamanho menor da planta, rizoma mais curto, lobos laterais do labelo mais curtos e mais largos e número menor de flores. Estes caracteres são sobrepostos pelos de outras populações de P. dutrae e mesmo uma análise mais cuidadosa da população de P. freyi na própria localidade típica, mostra inconsistência. Ainda que sejam consideradas características qualitativas destacadas por Chiron e Castro Neto (2004), como coloração das flores (que apresenta grande variação, como mostrado no Anexo 1), a calosidade do labelo com lamelas que se destacam a partir da metade do comprimento, ou inflorescência raramente composta, não há consistência. A inclusão nesta análise de populações de localidades no limite da distribuição de P. dutrae mostra a sobreposição nos caracteres florais, importantes no reconhecimento das espécies de Pseudolaelia bem como de Orchidaceae como um todo. A observação das populações em campo e de material herborizado (Capítulo 4) aponta a grande variação morfológica de Pseudolaelia, reforçando que os principais 17 caracteres que têm sido utilizados na delimitação de novas espécies, afins de P. vellozicola e P. dutrae são variáveis nas populações estudadas. Alguns estudos com morfometria de Orchidaceae têm mostrado que plantas de ampla distribuição podem apresentar forte variação morfológica. Esta tendência foi encontrada, por exemplo, em Calopogon tuberosus (Goldman et al. 2004); Epidendrum secundum Jacq. (Pinheiro e Barros 2007); Bulbophyllum exaltatum Lindl. (Ribeiro et al. 2008); Brasiliorchis picta (Hook.) R. B. Singer, S. Koehler & Carnevali e B. crysantha (Barb. Rodr.) R. B. Singer, S. Koehler & Carnevali (Pinheiro e Barros 2009). Os resultados obtidos com o estudo morfométrico de P. vellozicola (de ampla distribuição) e P. dutrae (de distribuição mais restrita), acentuam esta tendência, apontando para a ocorrência de variabilidade morfológica intra e interpopulacional, possivelmente devido ao isolamento, uma vez que os inselbergues onde ocorrem atuam como ilhas, dificultando o fluxo gênico entre as populações (como demonstrado no Capítulo 3). A existência dessa variabilidade reforça a necessidade de maior critério e cuidado na descrição de novas espécies e delimitação de táxons de distribuição geográfica mais extensa. As sobreposições observadas nas análises multivariadas apontam para coespecificidade de P. dutrae e P. freyi, assim como de P. vellozicola, P. oliveirana e P. regentii, pois apesar do grande polimorfismo intra e interpopulacional observado não existem descontinuidades morfológicas claras entre as populações de várias localidades estudadas e gradações podem ser observadas nas localidades intermediárias da distribuição geográfica destas duas espécies (v. Capítulo 4). 18 Referências Assogbadjo, A. E. et al. 2006. Patterns of genetic and morphometric diversity in baobab (Adansonia digitata) populations across different climatic zones of Benin (West Africa). – Ann. Bot. 97: 819-830. Bateman, R. M. e Farrington, O. S. 1989. Morphometric comparison of populations of Orchis simia Lam. (Orchidaceae) from Oxfordshire and Kent. – Bot. J. Linn. Soc. 100(3): 205-218. Bernardos, S. et al. 2005. 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Material Testemunho A 16 BA – Caetité 970 van den Berg 1915 (HUEFS) B 7 MG – Caraí 740 Kollmann 11746 (MBML) C 7 MG – Itaipé 770 Kollmann 11734 (MBML) D 20 MG – Ataléia 330 Menini Neto 754 (CESJ, RB) E 20 MG – Ataléia 280 Menini Neto 755 (CESJ, RB) F 22 ES – Água Doce do Norte 610 Fontana 5053 (MBML) G 20 ES – Águia Branca 360 Fontana 5040 (MBML) H 9 ES – Marilândia 770 Magnago 804 (MBML) I 30 ES – Vitória 50 Costa s. n. (CESJ 57158) J 25 ES – Piúma 100 Fernandes s. n. (CESJ 57157) K 33 RJ – Campos dos Goytacazes 50 Menini Neto 520 (CESJ, RB) a 20 ES – Vila Pavão 150 Menini Neto 756 (CESJ, RB) b 17 ES – Boa Esperança 500 Bis s.n. (MBML 35413) c 27 ES – São Roque do Canaã 630 Menini Neto 613 (CESJ, RB) d 30 ES – Brejetuba 1300 Menini Neto 766 (CESJ, RB) Total 302 24 Tabela 2 – Caracteres florais usados na análise morfométrica e resultados da PCA (PC1 e PC2) e CVA (Eixo1 e Eixo2). Os cinco valores mais importantes para cada componente/eixo estão destacados em negrito. G1 Código 1. compr/sd 2. larg25/sd 3. larg50/sd 4. larg75/sd 5. compr/pet 6. larg25/pet 7. larg50/pet 8. larg75/pet 9. compr/sl 10. larg25/sl 11. larg50/sl 12. larg75/sl 13. cm/lab 14. lll/lab 15. llm/lab 16. compr/lm 17. compr/ll 18. larg/ll 19. larg/il 20. compr/il Variável comprimento máximo da sépala dorsal largura da sépala dorsal em 25% do comprimento largura da sépala dorsal em 50% do comprimento largura da sépala dorsal em 75% do comprimento comprimento máximo da pétala largura da pétala em 25% do comprimento largura da pétala em 50% do comprimento largura da pétala em 50% do comprimento comprimento máximo da sépala lateral largura da sépala lateral em 25% do comprimento largura da sépala lateral em 50% do comprimento largura da sépala lateral em 75% do comprimento comprimento mediano do labelo largura máxima do labelo pelos lobos laterais largura máxima do lobo mediano do labelo comprimento do lobo mediano comprimento do lobo lateral largura máxima do lobo lateral largura do istmo do labelo comprimento do istmo do labelo PCA PC1 PC2 0,504 0,042 0,057 0,036 0,546 0,029 0,060 0,069 0,521 0,044 0,057 0,033 0,252 0,129 0,170 0,191 0,054 0,007 0,048 0,036 -0,168 0,279 0,234 0,145 -0,158 0,221 0,291 0,219 -0,233 0,317 0,252 0,151 0,269 0,436 0,121 0,228 0,087 0,134 -0,111 0,008 G2 CVA Eixo1 Eixo2 -0,017 0,028 0,024 0,021 -0,014 0,023 0,031 0,029 -0,029 0,036 0,032 0,027 0,010 0,055 0,039 0,017 0,013 0,018 -0,016 0,010 -0,044 -0,009 -0,012 -0,006 -0,052 -0,014 -0,022 -0,023 -0,057 -0,003 -0,008 0,002 -0,021 0,037 -0,047 -0,034 0,027 0,011 0,009 -0,016 PCA PC1 PC2 CVA Eixo1 Eixo2 0,430 0,064 0,074 0,066 0,516 0,066 0,109 0,128 0,386 0,085 0,099 0,083 0,207 0,277 0,345 0,202 0,186 0,008 0,109 0,023 -0,194 0,080 0,097 0,067 -0,365 0,051 0,107 0,131 -0,191 0,099 0,103 0,089 -0,025 0,759 0,028 -0,012 0,344 0,081 -0,069 0,055 0,061 0,011 0,013 0,011 0,076 0,014 0,022 0,026 0,052 0,015 0,017 0,015 0,032 0,042 0,065 0,036 0,031 0,0005 0,021 0,004 -0,002 0,009 0,009 0,007 -0,025 0,006 0,008 0,009 -0,004 0,011 0,012 0,013 -0,008 0,0211 -0,002 -0,005 -0,0005 -0,002 -0,013 0,011 25 Figura 1 – Localização das populações amostradas neste estudo. Populações: Grupo 1 – A. Caetité; B. Caraí; C. Itaipé; D/E. Ataléia; F. Água Doce do Norte; G. Águia Branca; H. Marilândia; I. Vitória; J. Piúma; K. Campos dos Goytacazes. Grupo 2 – a. Vila Pavão; b. Boa Esperança; c. São Roque do Canaã; d. Brejetuba. 26 Figura 2 – Segmentos florais dissecados com as características medidas neste estudo (ver Tabela 2 para os códigos das variáveis). 27 Figura 3 – Labelos das flores das populações do G1, mostrando a variação inter e intrapopulacional: A. Águia Branca, B. Água Doce do Norte, C. Marilândia, D. Caetité, E. Caraí, F. Ataléia A, G. Ataléia B, H. Vitória, I. Piúma, J. Campos dos Goytacazes, K. Itaipé. 28 Figura 4 – Labelos das flores das populações do G2, mostrando a variação inter e intrapopulacional: A. São Roque do Canaã, B. Vila Pavão, C. Boa Esperança, D. Brejetuba. 29 Figura 5 – PCA de 208 espécimes do G1, baseada em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Os componentes 1 e 2 explicam, respectivamente, 69,95% e 13,69% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras e compreendem 95% dos representantes de cada grupo. 30 Figura 6 – CVA de 208 espécimes do G1, baseada em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Os eixos 1 e 2 explicam, respectivamente 51,62% e 14,65% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras e compreendem 95% dos representantes de cada grupo. 31 Figura 7 – Dendrograma mostrando a relação fenética entre os indivíduos das populações do G1, baseado em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Caetité (BA) ●, Itaipé (MG) ●, Caraí (MG) ●, Ataléia 1 (MG) ●, Ataléia 2 (MG) ●, Água Doce do Norte (ES) ●, Águia Branca (ES) ●, Marilândia (ES) ●, Vitória (ES) ●, Piúma (ES) ●, Campos dos Goytacazes (RJ) ●. 32 Figura 8 – PCA de 94 espécimes do G2, baseada em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Os componentes 1 e 2 explicam, respectivamente, 73,47% e 15,34% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras e compreendem 95% dos representantes de cada grupo. 33 Figura 9 – CVA de 94 espécimes do G2, baseada em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Os eixos 1 e 2 explicam, respectivamente, 53,88% e 27,42% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras e compreendem 95% dos representantes de cada grupo. 34 Figura 10 – Dendrograma mostrando a relação fenética entre os indivíduos das populações do G2, baseado em 20 caracteres florais (Fig. 2, Tabela 2). Boa Esperança (ES) ●, São Roque do Canaã (ES) ●, Vila Pavão (ES) ●, Brejetuba (ES) ●. 35 36 Estudo da morfometria da flor de Pseudolaelia (Orchidaceae) através de Análise Elíptica de Fourier Resumo Pseudolaelia Porto & Brade é um gênero endêmico do leste do Brasil, com 19 binômios descritos, distribuídos predominantemente nos inselbergues graníticos da Floresta Atlântica. O objetivo deste estudo foi a delimitação entre P. vellozicola (Hoehne) Porto & Brade, P. oliveirana V. P. Castro & Chiron e P. regentii V. P. Castro & Marçal e entre P. dutrae Ruschi e P. freyi Chiron & V. P. Castro através de Análise Elíptica de Fourier (EFA) do contorno digitalizado das peças florais. Foram amostrados 302 espécimes pertencentes a 15 populações naturais dos táxons supracitados, divididas em dois grupos: Grupo 1 (G1), com 11 populações afins de P. vellozicola e Grupo 2 (G2), com quatro populações afins de P. dutrae. Vinte e quatro variáveis de forma foram extraídas das matrizes de coeficientes de Fourier e descrevem os contornos das peças florais de cada um dos dois grupos. As relações entre as populações foram estimadas por análises de ordenação (PCA e CVA) e agrupamento (UPGMA). Os resultados mostram que não existem descontinuidades morfológicas marcantes o suficiente para considerar P. oliveirana e P. regentii como espécies à parte de P. vellozicola, por um lado e P. freyi como distinta de P. dutrae, de modo que P. vellozicola e P. dutrae devem ser consideradas espécies amplamente polimórficas, englobando os binômios supracitados. Palavras-chave: Pseudolaelia vellozicola, P. dutrae, morfometria geométrica, PCA, CVA, UPGMA. 37 Abstract Pseudolaelia Porto & Brade is an endemic genus to eastern Brazil, comprising 19 described binomials, found predominantly in granitic inselbergs of the Atlantic Forest. The aim of this study was defining the boundaries between P. vellozicola (Hoehne) Porto & Brade, P. oliveirana V. P. Castro & Chiron and P. regentii V. P. Castro & Marçal and between P. dutrae Ruschi and P. freyi Chiron & V. P. Castro through Elliptical Fourier Analysis (EFA) of digitised outline of floral parts. We sampled 302 specimens from 15 natural populations of the taxa above, divided into two groups: G1, formed by 11 populations related to P. vellozicola and G2, with four populations related to P. dutrae. Twenty-four shape variables were extracted from the matrices of Fourier coefficients and describe the outlines of floral parts of the two groups. The relationships between populations were estimated by multivariate ordination (PCA and CVA) and cluster analysis (UPGMA). The results show that there are not morphological discontinuities enough to consider P. oliveirana and P. regentii as different species of P. vellozicola on the one hand, and P. freyi as distinct species from P. dutrae on the other, so that P. vellozicola and P. dutrae should be considered as widely polymorphic species, encompassing the binomials above. Keywords: Pseudolaelia vellozicola, P. dutrae, geometric morphometry, PCA, CVA, UPGMA 38 INTRODUÇÃO Pseudolaelia Porto & Brade (Orchidaceae, Laeliinae) é um gênero endêmico do leste do Brasil, abrigando 19 binômios descritos. As espécies estão distribuídas pelos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. São predominantemente epífitas sobre Velloziaceae, distribuídas nos inselbergues graníticos da Floresta Atlântica e nos afloramentos quartzíticos dos campos rupestres, nos domínios do Cerrado e Caatinga (vide Capítulos 4 e 5). Podem ser caracterizadas pelos pseudobulbos homoblásticos, fusiformes ou piriformes, separados por rizoma freqüentemente longo, portando catáfilos que se desfazem em fibras, inflorescência racemosa, longa, simples ou composta, com flores róseas, amarelas, alvas ou creme maculadas ou concolores, labelo simples ou freqüentemente trilobado, às vezes inteiro (Capítulo 4). Pseudolaelia vellozicola (Hoehne) Porto & Brade e P. dutrae Ruschi, são duas das espécies que apresentam distribuição mais ampla e durante a revisão taxonômica de Pseudolaelia, forte polimorfismo floral foi observado nas populações de ambas as espécies, suscitando incerteza em relação a sua delimitação (Capítulo 5). Aliado a isso, táxons semelhantes foram descritos nos últimos anos, como P. calimaniorum V. P. Castro, P. oliveirana V. P. Castro & Chiron, P. regentii V. P. Castro & Marçal (semelhantes à P. vellozicola) e P. freyi Chiron & V. P. Castro, semelhante a P. dutrae. Os caracteres florais usados na delimitação destes táxons (comprimento e largura de sépalas e pétalas, largura e forma do istmo do labelo, além do ápice do labelo e coloração em alguns casos) se mostraram muito variáveis nas espécies de Pseudolaelia, inclusive entre indivíduos de uma mesma população (vide Capítulo 4 e Anexo 1). A delimitação de táxons polimórficos de Orchidaceae tem sido auxiliada através da utilização de análises morfométricas tradicionais empregando medidas lineares de órgãos 39 vegetativos e reprodutivos, e.g. Borba et al. (2002), Shipunov et al. (2004), Pinheiro & Barros (2007, 2009), Ponsie et al. (2009), Ribeiro et al. (2008). Por outro lado, um número menor de estudos tem sido realizado usando a morfometria geométrica no estudo das Orchidaceae (Kores et al., 1993, Shipunov & Bateman, 2005), embora esta ferramenta tenha sido empregada com sucesso em outras famílias botânicas, e.g. Premoli (1996), McLellan (2000), Volkova & Shipunov (2007), Andrade et al. (2008, 2010), Fritsch et al. (2009), Magrini & Scoppola (2010). Esta abordagem tem a vantagem de menor influência na análise do tamanho do órgão, levando em consideração principalmente sua forma (Zelditch et al. 2004). O objetivo deste estudo foi estimar quantitativamente a divergência morfológica inter e intrapopulacional, através de Análise Elíptica de Fourier (EFA) do contorno das peças florais e análise multivariada, como contribuição à delimitação das espécies P. vellozicola e P. dutrae. MATERIAL E MÉTODOS Foram amostrados 302 indivíduos pertencentes a 15 populações naturais das espécies de Pseudolaelia com maior polimorfismo e com problemas de delimitação, divididas em dois grupos: Grupo 1 (G1), com 11 populações afins de P. vellozicola e Grupo 2 (G2), com quatro populações afins de P. dutrae (tabela 1; figura 1). A amostragem englobou toda a área de distribuição de ambas as espécies. O G1, composto por 208 indivíduos, é formado por uma população da Bahia, relacionada a P. regentii (descrita por Castro Neto & Marçal (2007) para esse estado); três populações do noroeste e região serrana do Espírito Santo, relacionadas a P. oliveirana (descrita por Castro Neto & Chiron (2009) para esta região, de material proveniente de Pancas), além de sete populações de 40 Minas Gerais, região litorânea do Espírito Santo e Rio de Janeiro. No G2 foram incluídas três populações da região serrana e norte do Espírito Santo, além da população típica de P. freyi, descrita por Chiron & Castro Neto (2004) de material proveniente do oeste do Espírito Santo. Foi coletada uma flor de cada indivíduo diferente nas populações e conservadas em álcool a 70%. O material foi amostrado de forma aleatória, com número variado das amostras, segundo a disponibilidade de flores e o tamanho das populações nos respectivos ambientes. Em laboratório foram dissecadas, montadas em fichas florais e digitalizadas em 600 pontos por polegada em scanner de mesa e gravadas como arquivo JPEG. O material testemunho das espécies utilizadas neste estudo está depositado nos herbários CESJ, HUEFS, MBML e RB (acrônimos segundo Holmgren et al., 1990). As flores foram divididas a partir das fichas florais digitalizadas, separando-se as peças do perianto (labelo, pétalas, sépala dorsal e sépalas laterais). As imagens resultantes foram editadas para aumentar contraste e nitidez, eliminando o fundo e obtendo um contorno de cada peça. Para as partes simétricas (pétalas e sépalas laterais), foi utilizado apenas o lado esquerdo da flor. As análises a seguir foram realizadas separadamente para os grupos 1 e 2, gerando duas matrizes. Foram posicionados dois pontos de referência (landmarks), no ápice e na base de cada peça e, em seguida, o contorno de cada uma foi digitalizado para extração do conjunto de coordenadas xy através do software TPS Dig versão 2.12 (Rohlf, 2008) e gravados em um arquivo do tipo “.tps” para processamento subseqüente. Estas coordenadas foram importadas no programa Morpheus et al. (Slice, 2008) onde foi realizada a EFA (Análise Elíptica de Fourier). Sépalas e pétalas foram convertidas em 20 harmônicos e o labelo em 30 harmônicos, suficientes para reconstrução de seus 41 contornos, resultando, respectivamente, em matrizes de 84 e 124 coeficientes de Fourier. A escolha do número de harmônicos foi feita através de teste previamente realizado, sendo considerados valores ótimos para a reconstrução da forma das respectivas peças. Os quatro primeiros coeficientes de cada matriz foram descartados, pois correspondem ao harmônico zero. Os contornos foram padronizados no Morpheus et al. (Slice, 2008) através do comando bookstein superimposition, que utiliza os dois landmarks definidos anteriormente. Este comando requer que as configurações referentes à orientação, escala, localização e ponto inicial da digitalização das peças florais estejam desativados. Uma Análise de Componentes Principais (PCA) foi conduzida para a matriz de coeficientes de Fourier de cada peça floral através do programa Fitopac versão 1.64 (Shepherd, 2006). Os seis primeiros componentes foram extraídos, representando a variação da forma do contorno em cada uma das peças florais, reconstruídas de acordo com a metodologia proposta por Yoshioka et al. (2004), usando o módulo “Fourplot” no programa NTSYSpc versão 2.1 (Rohlf, 2000), que redesenha os contornos através do conjunto de coeficientes de Fourier. Estes contornos mostram as alterações expressas independentemente por cada um dos componentes principais, representados nas figuras 2 e 3 (G1), 4 e 5 (G2) (que mostram as transformações de -2, -1, +1 e +2 desvios padrões). Em seguida, os seis primeiros componentes principais obtidos para labelo, pétala, sépala lateral e dorsal, foram utilizados para montar duas matrizes de 24 colunas e 208 linhas para o G1 e 94 linhas para o G2. Uma Análise de Variáveis Canônicas (CVA) foi realizada com os dados destas matrizes, utilizando as populações como variável categórica. Foi feita ainda análise de agrupamento através do algoritmo UPGMA (Unweighted PairGroup Method of Averages) em uma matriz de distância Euclidiana, para verificar descontinuidades morfológicas entre as populações. Ambas as análises foram realizadas com o auxílio do programa PAST v. 2.04 (Hammer, 2010). 42 RESULTADOS Os seis primeiros componentes principais (PCs) obtidos na PCA representam entre 89% e 98% de variação total no G1 (Figuras 2 e 3). Para as sépalas e pétalas do G1, os PCs 1, 4 e 6 representam modificações assimétricas e os PCs 2, 3 e 5 representam modificações simétricas, enquanto para o labelo as modificações assimétricas são representadas pelos PCs 1, 2 e 3 e as modificações simétricas são representadas pelos PCs 4, 5 e 6. No G2 os seis primeiros PCs explicam entre 88% e 97% da variação total (Figuras 4 e 5). Neste grupo, os PCs 1, 2 e 3 representam modificações simétricas para as quatro peças florais, enquanto os PCs 3, 4 e 5 representam modificações assimétricas. Na CVA realizada para os indivíduos do G1, os dois primeiros eixos explicam, respectivamente, 47,4% e 21,6% da variação total (Figura 6), aponta forte sobreposição morfológica entre as populações amostradas em ambos os eixos, mostrando a população de Campos dos Goytacazes com tendência de separação do restante apenas no eixo 1. Os vetores na Figura 6 representam as variáveis que atuam na diferenciação entre as populações, sendo as mais importantes PC4sd, PC4sl, PC4pet, PC3lab, PC4lab. A análise de agrupamento (UPGMA) dos exemplares do G1 (Figura 7) mostra os indivíduos entremeados, sem delimitação clara entre as populações a que pertencem. A única tendência de formação de grupo ocorre com a população de Campos dos Goytacazes, em que cerca de metade dos indivíduos amostrados agrupam-se no mesmo ramo e a outra metade posiciona-se em ramos variados do no dendrograma, mas demonstrando tendência de agrupamento com indivíduos de Piúma e Vitória. A CVA para os indivíduos do G2 (Figura 8), cujos dois primeiros eixos explicam 58,2% e 31,5% da variação, respectivamente, aponta para a separação da população de Vila Pavão no eixo 1 e alguma sobreposição dos indivíduos das demais populações em ambos 43 os eixos. As variáveis que atuam na diferenciação entre os grupos estudados são representadas pelos vetores na Figura 8, e destacam-se principalmente aquelas relacionadas à forma do labelo: PC1lab, PC2lab, PC3lab, PC4lab, PC6lab, além de PC2sd. Por outro lado, a análise de agrupamento (UPGMA) para os indivíduos do G2 (Figura 9) não sustenta a formação de grupos bem delimitados com as quatro populações estudadas, embora haja alguma tendência de união em parte dos exemplares de Brejetuba, assim como em parte dos indivíduos de Vila Pavão, mas com espécimes entremeados de outras populações. DISCUSSÃO Embora escassos na taxonomia botânica, estudos morfométricos empregando EFA como ferramenta de auxílio à delimitação de táxons têm sido conduzidos tanto com órgãos vegetativos (principalmente folhas), quanto reprodutivos (sobretudo forma das peças da corola), apresentando resultados que confirmam a relevância desta abordagem no estudo da taxonomia. O emprego desta ferramenta destaca-se nos estudos de Premoli (1996) com Notophagaceae, Andrade et al. (2008; 2010) com Araceae, Gage & Wilkin (2008) com Alliaceae, Fritsch et al. (2009) com Fabaceae e Magrini & Scoppola (2010) com Ophioglossaceae. No presente estudo as modificações assimétricas desempenharam maior importância na variação total das peças florais do G1, sobretudo naquelas peças que apresentam forma primariamente simétrica, como a sépala dorsal (com 83,41% no PC1) e o labelo (com o total de 77,02% nos três primeiros PCs). Por outro lado, no G2 as modificações simétricas foram mais importantes do que as assimétricas para todas as quatro peças florais analisadas, com os PCs 1, 2 e 3 somando 77,6% (labelo), 89,4% 44 (sépala dorsal), 92,06% (pétala), 97,48% (sépala dorsal). A importância das alterações simétricas e/ou assimétricas na variação da forma de peças florais simétricas foi avaliada em três estudos realizados com espécies de interesse ornamental (Yoshioka et al., 2004, Yoshioka et al., 2006, Kawabata et al., 2009), demonstrando que tais modificações podem apresentar contribuições diferentes, mesmo em peças florais que apresentam formas predominantemente simétricas, de forma semelhante ao que foi observado nos dois grupos do presente estudo para sépala dorsal e labelo. Diferentes tendências na importância das variáveis responsáveis pelas alterações simétricas e assimétricas também foram observadas em estudos empregando EFA de folhas (Andrade et al. 2008, 2010, Fritsch et al., 2009, Magrini & Scoppola, 2010). As análises de ordenação (CVA) e agrupamento (UPGMA) para o G1 (Figuras 6 e 7, respectivamente) apresentaram configuração similar, havendo forte sobreposição entre as populações no primeiro caso (com exceção de Campos dos Goytacazes) e pouca tendência de formação de grupos bem delimitados (observada apenas em parte dos indivíduos de Campos dos Goytacazes) na segunda análise. Resultado semelhante nas relações interpopulacionais do G1 foi obtido na análise morfométrica tradicional apresentada no Capítulo 1. Naquele estudo a CVA mostra separação de Campos dos Goytacazes que forma um grupo com Piúma e Vitória (ambas do litoral do Espírito Santo) e a UPGMA apresenta cerca de metade dos indivíduos de Campos dos Goytacazes agrupados em um mesmo ramo, enquanto o restante dos representantes desta população se agrupa em outros ramos com indivíduos de Piúma e Vitória. Assim, a tendência observada no estudo de morfometria tradicional de separação das populações mais próximas ao litoral (Campos dos Goytacazes, Piúma e Vitória) das demais populações interioranas (Bahia, Minas Gerais e interior do Espírito Santo) é 45 atenuada nos resultados obtidos no estudo de morfometria geométrica, em que apenas Campos dos Goytacazes se separa das demais populações na CVA, provavelmente pela menor influência do tamanho das peças florais nesta análise. Aparentemente o isolamento desta população se deve, em grande parte, à maior largura de sépalas e pétalas quando comparada com as demais populações, como pode ser observado nas formas médias na Figura 6 e na importância das variáveis representadas pelos vetores PC4sd, PC4sl, PC4pet, enquanto o labelo é semelhante ao de outras populações, como Caraí, Piúma e Vitória. No entanto, o suporte para a separação de Campos dos Goytacazes do restante das populações é pequeno, pois as variáveis que mais se destacaram na diferenciação deste grupo apresentam pequena porcentagem na explicação da variação total: PC3lab (7,93%), PC4lab (5,58%), PC4sd (0,78%), PC4sl (3,69%), PC4pet (2,94%). Estes resultados apontam para pouco suporte no reconhecimento da população da Bahia (Caetité) e das populações do noroeste do Espírito Santo (Água Doce do Norte, Águia Branca e Marilândia), como espécies à parte de P. vellozicola, como proposto por Castro Neto & Marçal (2007) ao descreverem P. regentii e por Castro Neto & Chiron (2009) na descrição de P. oliveirana. Em ambas as descrições, foi dado destaque a alguns caracteres florais como importantes na diferenciação destas de P. vellozicola, como flores ligeiramente maiores, com sépalas e pétalas mais longas e estreitas, forma do istmo do labelo que torna o lobo mediano oval, além do ápice do labelo arredondado (em P. oliveirana) e flores menores, largura das pétalas e comprimento do istmo do labelo, além do ápice do lobo mediano do labelo obtuso (em P. regentii). Tais caracteres mostraram variação na análise de material de herbário (Capítulo 4), inclusive com um aparente gradiente de tamanho, com as populações da Bahia apresentando plantas e flores menores do que as do norte de Minas Gerais, que por sua vez são menores do que as que ocorrem no centro e leste de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio 46 de Janeiro. Os resultados apresentados para o G2 são, de certo modo, contrastantes entre a CVA e a UPGMA, com a separação de Vila Pavão das demais populações que sofrem alguma sobreposição na primeira análise (Figura 8) e fraca tendência para formação de pequenos grupos na segunda (Figura 9), com grande porcentagem dos indivíduos das quatro populações entremeados. Em comparação com a análise morfométrica tradicional (Capítulo 1) os resultados da CVA para o G2 mostraram certa tendência na separação das populações, mas total sobreposição entre as populações de Vila Pavão e Brejetuba, que são as que apresentam as menores flores dentre as amostradas. Na análise morfométrica geométrica as variáveis mais importantes na variação dos indivíduos do G2 estão relacionadas ao labelo (PC1lab 48,76%, PC2lab 17,68%, PC3lab 11,16%, PC4lab 5,34% e PC6lab 2,36%), o que pode explicar a separação da população de Vila Pavão, que apresenta alguns indivíduos com os lobos laterais do labelo muito curtos e estreitos e os lobos medianos com formas variadas (vide figura 4, Capítulo 1), resultando em uma forma média do labelo bastante assimétrica e diferente das outras populações (Figura 8). A UPGMA para o G2 mostra vários indivíduos entremeados de populações diferentes, pouco agrupamento de indivíduos da mesma população e nenhuma formação consistente de grupos. Há um certo contraste com os resultados obtidos na análise morfométrica tradicional em que é possível a distinção de dois ramos principais (Figura 7, Capítulo 1), sendo o primeiro composto apenas por indivíduos entremeados de São Roque do Canaã e Boa Esperança e outro ramo composto principalmente por indivíduos de Vila Pavão e Brejetuba, no entanto com vários indivíduos dispersos de Boa Esperança e um indivíduo de São Roque do Canaã. Na descrição original de P. freyi, Chiron & Castro Neto (2004) se valem de alguns 47 caracteres quantitativos para a diferenciação desta de P. dutrae, como plantas menores, com rizoma mais curto, lobos laterais do labelo mais curtos e mais largos e número menor de flores na inflorescência. Também são citados caracteres qualitativos como coloração das flores (que apresentam variação inter e intrapopulacional, como demonstrado no Anexo 1), calosidade do labelo apresentando lamelas mais destacadas a partir da metade do comprimento do labelo (vs. no ápice do labelo em P. dutrae, segundo os autores) e inflorescência raramente composta. Estes caracteres apresentaram ampla variação, observada na análise do material de herbário e de populações de P. dutrae de várias localidades (Capítulo 4), que apresentam plantas de porte variado, com inflorescências simples a compostas, paucifloras a multifloras, flores de coloração variada e calosidade do labelo com as lamelas que podem ser mais destacadas desde a metade ao ápice do labelo, demonstrando, assim, sobreposição. Ainda, uma avaliação mais cuidadosa da própria população típica de P. freyi (em Brejetuba) demonstra que os caracteres utilizados apresentam considerável inconsistência. A sobreposição de pelo menos parte dos indivíduos de Brejetuba com aqueles das populações de São Roque do Canaã e Boa Esperança na CVA (Figura 8), além da não formação de grupo bem delimitado na UPGMA (Figura 9) parece apontar para sua coespecificidade com P. dutrae. Além da sobreposição demonstrada pela análise dos caracteres quantitativos, caracteres qualitativos compartilhados com as demais populações, como labelo tetralobado (embora com alguma variação sobretudo na divisão dos lobos medianos), com a margem fortemente erosa, calosidade formada por lamelas verrucosas destacadas a partir da metade do comprimento do labelo, reforçam esta tendência. Os resultados deste estudo, em adição àqueles obtidos na análise morfométrica tradicional, demonstram que a ampla distribuição, tanto de P. vellozicola quanto de P. dutrae, aliada ao relativo isolamento das populações nas ilhas representadas pelos 48 inselbergues graníticos e campos rupestres devem ser os responsáveis pela grande variação interpopulacional observada em ambas as espécies, apontando, no entanto, mais para uma variação clinal, em virtude da inexistência de descontinuidades morfológicas conspícuas, do que para reconhecimento efetivo de espécies à parte, de modo que foi proposta a sinonimização de P. freyi sob P. dutrae e de P. oliveirana e P. regentii sob P. vellozicola (Capítulo 4). REFERÊNCIAS Andrade IM, Mayo SJ, Kirkup D, van den Berg C. 2008. Comparative morphology of populations of Monstera Adans. (Araceae) from natural forest fragments in Northeast Brazil using Elliptic Fourier Analysis of the leaf outlines. Kew Bulletin 63: 193-211. 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Euphytica 151: 311-319. Zelditch ML, Swiderski DL, Sheets DH, Fink WL. 2004. Geometric morphometrics for biologists: A primer. New York: Elsevier Academic Press. 53 Tabela 1 – Populações de Pseudolaelia amostradas no estudo: n = número de flores utilizadas por população. Siglas dos estados: BA= Bahia; MG= Minas Gerais; ES= Espírito Santo; RJ= Rio de Janeiro. Acrônimos dos herbários segundo Holmgren et al. (1990). Os grupos 1 e 2 são representados, respectivamente por letras maiúsculas e minúsculas na tabela e no mapa. Grupos Populações 1 A 16 BA – Caetité 970 van den Berg 1915 (HUEFS) B 7 MG – Caraí 740 Kollmann 11746 (MBML) C 7 MG – Itaipé 770 Kollmann 11734 (MBML) D 20 MG – Ataléia 1 330 Menini Neto 754 (CESJ, RB) E 20 MG – Ataléia 2 280 Menini Neto 755 (CESJ, RB) F 22 ES – Água Doce do Norte 610 Fontana 5053 (MBML) G 20 ES – Águia Branca 360 Fontana 5040 (MBML) H 9 ES – Marilândia 770 Magnago 804 MBML) I 30 ES – Vitória 50 Costa s. n. (CESJ 57158) J 25 ES – Piúma 100 Fernandes s. n. (CESJ 57157) K 33 RJ – Campos dos Goytacazes 50 Menini Neto 520 (CESJ, RB) a 20 ES – Vila Pavão 150 Menini Neto 756 (CESJ, RB) b 17 ES – Boa Esperança 500 Bis s.n. (MBML 35413) c 27 ES – São Roque do Canaã 630 Menini Neto 613 (CESJ, RB) d 30 ES – Brejetuba 1300 Menini Neto 766 (CESJ, RB) Total 302 2 n Procedência Altitude (m.s.m.) Material Testemunho 54 Figura 1 – Localização das populações amostradas neste estudo. Populações: Grupo 1 – A. Caetité; B. Caraí; C. Itaipé; D/E. Ataléia; F. Água Doce do Norte; G. Águia Branca; H. Marilândia; I. Vitória; J. Piúma; K. Campos dos Goytacazes. Grupo 2 – a. Vila Pavão; b. Boa Esperança; c. São Roque do Canaã; d. Brejetuba. 55 Figura 2 – Reconstruções dos componentes principais como variáveis de forma de sépala dorsal, sépala lateral e pétala do G1, baseadas na PCA do contorno das peças florais. 56 Figura 3 – Reconstruções dos componentes principais como variáveis de forma do labelo do G1, baseadas na PCA do contorno das peças florais. 57 Figura 4 – Reconstruções dos componentes principais como variáveis de forma de sépala dorsal, sépala lateral e pétala do G2, baseadas na PCA do contorno das peças florais. 58 Figura 5 – Reconstruções dos componentes principais como variáveis da forma do labelo do G2, baseadas na PCA do contorno das peças florais. 59 Figura 6 – CVA de 208 espécimes do G1. Os eixos 1 e 2 explicam, respectivamente, 47,4% e 21,64% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras (representadas pelos símbolos maiores) e compreendem 95% dos representantes de cada grupo. Os desenhos representam as formas médias das peças florais de cada população. 60 Figura 7 – Dendrograma mostrando a relação fenética entre os indivíduos das populações amostradas no G1, usando a distância Euclidiana e UPGMA como algoritmo de agrupamento. Caetité (BA) ●, Itaipé (MG) ●, Caraí (MG) ●, Ataléia 1 (MG) ●, Ataléia 2 (MG) ●, Água Doce do Norte (ES) ●, Águia Branca (ES) ●, Marilândia (ES) ●, Vitória (ES) ●, Piúma (ES) ●, Campos dos Goytacazes (RJ) ●. 61 Figura 8 – CVA de 94 espécimes do G2. Os eixos 1 e 2 explicam, respectivamente, 58,2% e 31,5% da variação total. As elipses são centradas na média das amostras (representadas pelos símbolos maiores) e compreendem 95% dos representantes de cada grupo. Os desenhos representam as formas médias das peças florais de cada população. 62 Figura 9 – Dendrograma mostrando a relação fenética entre os indivíduos das populações amostradas no G1, usando a distância Euclidiana e UPGMA como algoritmo de agrupamento. Boa Esperança (ES) ●, São Roque do Canaã (ES) ●, Vila Pavão (ES) ●, Brejetuba (ES) ●. 63 64 Diversidade genética e delimitação de espécies polimórficas de Pseudolaelia (Orchidaceae) através do uso de marcadores ISSR Resumo Pseudolaelia é um gênero endêmico do leste do Brasil, abrigando 19 binômios descritos, com distribuição predominante nos inselbergues graníticos da Floresta Atlântica. O objetivo deste estudo foi a delimitação entre P. vellozicola (Hoehne) Porto & Brade, P. oliveirana V. P. Castro & Chiron e P. regentii V. P. Castro & Marçal e entre P. dutrae Ruschi e P. freyi Chiron & V. P. Castro através da análise da diversidade genética intra e interpopulacional empregando cinco iniciadores de ISSR. Treze populações foram amostradas e divididas em dois grupos (G1 com oito populações de P. vellozicola e afins e G2 composto por quatro populações de P. dutrae e uma de P. freyi). A porcentagem de loci polimórficos foi alta em ambos os grupos (G1=100%, G2=97,37%), o coeficiente de diferenciação genética e a AMOVA mostraram forte estruturação das populações (Gst=0,634/0,543 e ФPR: 0,617/0,615, respectivamente para o G1 e G2) e o fluxo gênico estimado foi baixo em ambos os grupos (Nm/G1=0,288 e Nm/G2=0,420), possivelmente devido ao mecanismo de polinização existente em Pseudolaelia. O teste de Mantel mostrou correlação entre a distância genética de Nei e distância geográfica para as populações do G1, mas não para o G2. Dois dendrogramas construídos pelo algoritmo neighbor-joining para os dois grupos, com todos os indivíduos e com a distância genética de Nei, não mostraram diferenciação entre os táxons em ambos os grupos, nem padrão de distribuição geográfica para as populações. Os resultados deste estudo empregando marcadores ISSR conduzem para reconhecimento de apenas duas espécies polimórficas, P. vellozicola (incluindo P. oliveirana e P. regentii) e P. dutrae (incluindo P. freyi). Palavras-chave: diversidade genética, marcadores moleculares, taxonomia, Pseudolaelia dutrae, Pseudolaelia vellozicola. 65 Abstract Pseudolaelia is an endemic genus to eastern Brazil, comprising 19 described binomials found predominantly in granitic inselbergs of the Atlantic Forest. The aim of this study was defining the boundaries between P. vellozicola (Hoehne) Porto & Brade, P. oliveirana V. P. Castro & Chiron and P. regentii V. P. Castro & Marçal, and between P. dutrae Ruschi and P. freyi Chiron & V. P. Castro by analyzing intra and interpopulation genetic diversity employing five ISSR primers. Fifteen populations were sampled and divided into two groups (G1 with eight populations of P. vellozicola and related taxa and G2 consisting of four populations of P. dutrae and one of P. freyi). The percentage of polymorphic loci was high in both groups (G1=100%, G2=97.37%), the coefficient of genetic differentiation and the AMOVA showed strong structure of populations (Gst=0.634/0.543 and ФPR=0.617/0.615, respectively for G1 and G2) and estimated gene flow was low in both groups (Nm/G1=0.288 and Nm/G2=0.420), possibly due to pollination mechanism of Pseudolaelia species. The Mantel test showed a correlation between Nei's genetic distance and geographic distance for populations in G1, but not for the G2. Two dendrograms constructed by the neighbor-joining algorithm for the two groups, with all individuals and the Nei's genetic distances, showed no differentiation between the taxa in both groups and no pattern of geographic distribution of the populations. The results of this study using the ISSR markers lead to recognition of only two polymorphic species, P. vellozicola (comprising P. regentii and P. oliveirana) and P. dutrae (comprising P. freyi). Key-words: genetic diversity, molecular markers, taxonomy, Pseudolaelia dutrae, Pseudolaelia vellozicola. 66 Introdução O gênero Pseudolaelia Porto & Brade (Orchidaceae, Laeliinae) é endêmico do leste do Brasil e abriga 19 binômios descritos. Ocorre predominantemente na forma de vida epifítica sobre Velloziaceae, nos inselbergues graníticos da Floresta Atlântica e afloramentos quartzíticos dos campos rupestres do Cerrado e Caatinga, distribuído pelos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Pseudolaelia pode ser caracterizado pelos pseudobulbos homoblásticos, fusiformes ou piriformes, separados por rizoma frequentemente longo, portando catáfilos que se desfazem em fibras, inflorescência indeterminada, longa, simples ou composta, com flores róseas, amarelas, alvas ou creme, maculadas ou concolores, labelo simples ou frequentemente trilobado, às vezes inteiro, com margem inteira ou erosa, cunículo presente (Capítulo 4). Durante estudo de campo e análise de material de herbário para a revisão taxonômica do gênero (Capítulo 4), forte polimorfismo floral foi observado nas populações de P. vellozicola (Hoehne) Porto & Brade e P. dutrae Ruschi. Além disso, a incerteza em relação a sua delimitação foi agravada pela publicação recente de táxons muito similares a estas duas espécies, como P. regentii V. P. Castro & Marçal (Castro Neto e Marçal 2007), P. calimaniorum V. P. Castro & Chiron e P. oliveirana V. P. Castro & Chiron (Castro Neto e Chiron 2009) (semelhantes à P. vellozicola) e P. freyi Chiron & V. P. Castro (Chiron e Castro Neto 2004), similar a P. dutrae. Os caracteres florais predominantemente usados na delimitação destes táxons se mostraram muito variáveis nas espécies de Pseudolaelia: comprimento e largura de sépalas e pétalas, largura e forma do istmo do labelo, além do ápice do labelo e coloração no caso de P. freyi. Devido a isso, dois estudos empregando análises morfométricas plana (Capítulo 1) e geométrica (Capítulo 2) de peças 67 florais buscaram elucidar a delimitação de P. vellozicola e P. dutrae e táxons afins, apontando para a existência de apenas duas espécies polimórficas. Embora a análise morfológica desempenhe importante papel na sistemática (Rohlf 1990, Henderson 2006), o uso de ferramentas moleculares desenvolvidas nas duas últimas décadas, baseadas em PCR (Polymerase Chain Reaction) têm contribuído com o estudo da sistemática de plantas e animais (Wolfe 2005). Os marcadores moleculares podem ser proteínas (antígenos ou isoenzimas) e DNA (genes conhecidos ou fragmentos de seqüência de função desconhecida), cuja escolha depende do problema a ser resolvido. Ao longo dos últimos anos, diferentes técnicas têm sido usadas para detectar a variação genética dentro e entre populações através do acesso direto ao DNA tais como RAPD (Random Aplified Polymorphic DNA), AFLP (Amplified Fragment Length Polymorphism), RFLP (Restriction Fragment Length Polymorfism), microssatélites (SSR – Single Sequence Repeats) e ISSR (Inter Single Sequence Repeats). Todas essas técnicas têm sido amplamente empregadas em plantas vasculares e em menor grau nas briófitas (Hassel e Gunnarsson 2003). A variabilidade genética (biodiversidade molecular), além de ser importante para os estudos evolutivos pode ser usada como ferramenta de investigação por ecólogos e sistematas em diversos ramos da ciência como, por exemplo, para verificar as afinidades e limites entre as espécies, para detectar modos de reprodução e estrutura familiar, para estimar níveis de dispersão nas populações, entre outros (Avise 1994). Os dados básicos para esse tipo de estudo são os chamados marcadores moleculares, que são biomoléculas relacionadas a algum traço genético, conhecidos ou não, e que apresentam alguma variabilidade relacionada ao problema a ser estudado. Essa variabilidade permite a comparação de indivíduos, populações ou até mesmo espécies diferentes. 68 Dentre estes marcadores se destaca o ISSR (Inter-Simple Sequence Repeat), apropriado para o estudo da variabilidade genética de populações naturais devido a sua alta variabilidade no padrão de bandas (polimorfismo) e capacidade para avaliar a diversidade em populações pequenas, além do custo relativamente baixo. A primeira e mais freqüente aplicação foi no estudo de plantas cultivadas (Gupta et al. 1994, McGregor et al. 2000, Liu e Wendel 2001, Galván et al. 2003, Hussein et al. 2008, Verma et al. 2008), sendo também muito utilizado em estudos de diversidade genética, geralmente aplicada a conservação (Smith et al. 2002, Shen et al. 2006, Xiao e Gong 2006, Xiaohong et al. 2007, George et al. 2009) e, menos freqüentemente em estudo de sistemática em populações naturais (Ajibade et al. 2000, Barker e Hauk 2003, Mort et al. 2003, Schrader e Graves 2004, Rodrigues 2010). Este trabalho objetivou o estudo da diversidade genética e a delimitação das espécies polimórficas Pseudolaelia dutrae e P. vellozicola, através da utilização de marcadores ISSR, além de correlacionar com os resultados previamente obtidos através das análises morfométricas. Material e métodos Coleta das amostras Foram amostradas 13 populações naturais das espécies de Pseudolaelia com maior polimorfismo e com problemas de delimitação, divididas em dois grupos: Grupo 1 (G1) formado por oito populações afins de P. vellozicola, perfazendo 134 indivíduos e Grupo 2 (G2), formado por cinco populações afins de P. dutrae, somando um total de 92 espécimes (Tabela 1; Fig. 1). A amostragem inclui toda a área de distribuição de ambas as espécies. O 69 G1 é formado por uma população da Bahia (Maracás), relacionada a P. regentii (descrita por Castro Neto e Marçal (2007) para este estado); três populações do noroeste do Espírito Santo (Águia Branca, Água Doce do Norte e Colatina), relacionadas a P. oliveirana (descrita por Castro Neto e Chiron (2009) para esta região, de material proveniente de Pancas), uma população do leste de Minas Gerais (Ataléia) e duas populações do norte do Rio de Janeiro (ambas de Campos dos Goytacazes). No G2 foram incluídas uma população do leste de Minas Gerais (Aimorés), três populações da região serrana (São Roque do Canaã) e norte do Espírito Santo (Vila Pavão e Boa Esperança), além da população típica de P. freyi, descrita por Chiron e Castro Neto (2004) de material proveniente de Brejetuba, oeste do Espírito Santo. As coletas de material foram feitas aleatoriamente e o tamanho das amostras variou de acordo com o tamanho das populações nos respectivos ambientes. Fragmentos de folhas foram coletados e mantidos em tubos plásticos de 2,5ml contendo gel preparado com 2g de CTAB (Brometo de Cetiltrimetilamônio), 35g de NaCl e água destilada para completar o volume de 100ml e mantidos sob refrigeração (4ºC) até o momento da extração do DNA. O material testemunho das espécies utilizadas neste estudo está depositado nos herbários CESJ, HUEFS, MBML e RB (acrônimos segundo Holmgren et al. 1990). Extração do DNA e amplificação dos marcadores ISSR A extração do DNA foi feita através do protocolo CTAB de Doyle e Doyle (1987) modificado, com maceração do tecido foliar em nitrogênio líquido. Foram testados inicialmente 20 iniciadores de ISSR IDT (UBC814, UBC843, UBC844, UBC898, UBC899, UBC901, UBC902, AW3, BECKY, CHRIS, DAT, GOOFY, 70 M1, M2, R7, JOHN, MANNY, MAO, OMAR e TERRY) (Wolfe 2000), com a finalidade de selecionar os que apresentassem bons padrões de amplificação. As reações para amplificação de ISSR foram feitas com volume total de 18µl, contendo 2µl de tampão (10x) (Phoneutria Ltda.), 1µl de MgCl2 (50mM), 3,2µl DNTPs (10mM), 0,6µl do iniciador ISSR diluído (10x), 0,2µl (5U/µl) de enzima Taq DNA polimerase (Phoneutria Ltda.), 11µl H20 (q.s.p.), 1µl de DNA diluído 10 vezes. A amplificação foi realizada seguindo o protocolo modificado de Wolfe et al. (1998), no aparelho Thermocycler GeneAmp PCR System 9700 (Applied Biosystems, Foster City, USA), com um período de desnaturação inicial (94ºC por 110 segundos), seguido por 35 ciclos compostos por três estágios: desnaturação (94ºC por 40 segundos), anelamento (45ºC por 45 segundos) e extensão (72ºC por 110 segundos). O programa foi finalizado por um ciclo de 94ºC por 45 segundos, 44ºC por 45 segundos e 72ºC por 7 minutos. Os produtos da PCR foram misturados ao marcador azul de bromofenol e carreados em géis de agarose a 1,5% em tampão SB 1x, corados com brometo de etídio e submetidos a 3 horas de eletroforese. Posteriormente, os géis foram visualizados sob luz ultravioleta em transiluminador UV (Spectroline) e a documentação das bandas foi feita com câmera digital Kodak EDAS 290. Análise dos dados As análises foram realizadas separadamente para cada um dos dois grupos de populações de Pseudolaelia (G1 e G2), definidos anteriormente. As imagens resultantes da digitalização dos géis foram analisadas para a montagem manual da matriz binária com o tamanho dos fragmentos (bandas) usado para designar os 71 loci em cada iniciador. Os loci foram tratados como dialélicos (1 = banda presente; 0 = banda ausente). As matrizes de presença/ausência foram analisadas usando o programa POPGENE versão 1.32 (Yeh et al. 1997) para estimar a variação genética dentro e entre populações através dos seguintes parâmetros de diversidade: número de loci polimórficos (N), percentual de loci polimórficos (P), índice de diversidade genética de Nei (1973) (H), índice de diversidade de Shannon (I). A estrutura genética das populações foi estimada pela análise de diversidade de genes em populações subdivididas (Nei 1973), com o cálculo da heterozigosidade genética total (Ht), heterozigosidade média dentro das populações (Hs), coeficiente de diferenciação gênica entre as populações (GST) e estimativa de fluxo gênico (Nm). Foram computadas também a identidade genética e a distância genética de Nei (1978). A proporção da variabilidade genética foi avaliada em três níveis hierárquicos: dentro das populações, entre as populações e com a hipótese de diferenciação entre os táxons do G1 (P. vellozicola, P. oliveirana e P. regentii) e G2 (P. dutrae e P. freyi) através de uma análise de variância molecular (AMOVA) conforme proposta por Excoffier et al. (1992), com a utilização do programa GenAlEx versão 6.41 (Peakall e Smouse 2006). O valor de ФPR obtido na AMOVA é análogo ao valor GST, indicando a diferenciação entre as populações estudadas. A significância foi testada com 999 permutações com P representando a probabilidade de observação de um valor ao acaso igual ou maior que o valor observado. Foram realizadas duas análises de agrupamento para o G1 e G2, através do algoritmo neighbor-joining, sendo a primeira com todas as espécies e coeficiente de similaridade Sorensen-Dice e a segunda com a distância genética de Nei (1978) entre as populações, usando respectivamente os programas PAST versão 2.04 (Hammer 2010) e 72 NTSYSpc versão 2.1 (Rohlf 2000). O algoritmo neighbor-joining foi escolhido de acordo com proposta de Archibald et al. (2006), que o considerou mais robusto do que UPGMA para este tipo de estudo. A correlação das matrizes de distância genética de Nei e distância geográfica foi testada através do teste de Mantel realizado no programa PASSaGE versão 2 (Rosenberg e Anderson no prelo), com a significância testada por 10000 permutações. Resultados Cinco iniciadores de ISSR apresentaram maior número de bandas polimórficas, com nitidez satisfatória para os dois grupos de populações estudados (Tabela 2). A Fig. 2 mostra um exemplo de padrão de amplificação para o iniciador Mao na população de Água Doce do Norte (ES). O tamanho das bandas variou de 250 a 2000 pares de base em ambos os grupos. Análise das populações do G1 A amplificação dos cinco iniciadores de ISSR resultou em 77 loci para o G1, dos quais 100% foram polimórficos (Tabela 3), com média de 15,4 bandas por iniciador. As populações apresentaram porcentagens de loci polimórficos variando entre 11,84% (Mar) e 43,42% (Col). Os índices de diversidade de Nei (He) e Shannon (I) variaram entre He=0,0445/I=0,0656 (Mar) e He=0,1293/I=0,1959 (Ata). A medida da estrutura genética das populações foi obtida pela análise da diversidade de genes em populações subdivididas (Nei 1973) com valor de heterozigosidade genética total (Ht) de 73 0,2423 (±0,0211) e heterozigosidade média dentro das populações (Hs) de 0,0886 (±0,0060) (Tabela 3) e valor de coeficiente de diferenciação populacional (GST) de 0,634. A AMOVA mostrou que 51% da variação genética total ocorre entre as populações (ФPR=0,617), enquanto 32% da variação é intrapopulacional e apenas 17% da variação total foi observada entre os táxons do G1 (Tabela 4). A identidade genética de Nei calculada entre os pares de população apresentou variação de 0,6664 (Mar/ÁgBr) a 0,9147 (Col/Ata). A distância genética de Nei, calculada para inferência da divergência genética entre as populações variou de 0,0891 a 0,4089, com o valor mínimo ocorrendo entre as duas primeiras populações e o valor máximo entre as duas últimas (Tabela 5). O fluxo gênico estimado entre as populações deste grupo pode ser considerado baixo (Nm=0,288). A análise de agrupamento, usando o coeficiente de similaridade de Sørensen-Dice, com todos os espécimes do G1 (Fig. 3) mostra as populações formando grupos bem delimitados, com exceção de três indivíduos de Colatina: Col5 que aparece mais relacionado à população ÁgBr e os indivíduos Col2 e Col3 que surgem externamente ao ramo de Col e ÁgBr. Chama atenção a relação mais estreita entre Mar e CamB (destacado com a letra A na Fig. 3), do que entre esta e CamA, que aparece isolada na base da árvore, devido à distância muito maior entre as duas primeiras do que entre as duas últimas. O outro grande ramo observado engloba todas as demais populações amostradas, do estado de Minas Gerais e Espírito Santo (B). Embora as populações apresentem delimitação clara, o suporte de bootstrap é baixo para a maioria dos ramos, com exceção clara em Mar, com 99% de suporte. O dendrograma apresentado na Fig. 4, construído com a distância genética de Nei entre as populações mostra uma configuração levemente diferente, mas ainda apresentando maior relação entre CamB e Mar, do que com CamA que surge relacionada às duas 74 anteriores, com ÁgDoc, Ata e Col agrupadas no mesmo grande ramo (A). O outro ramo que se destaca é formado por duas populações do Espírito Santo (Águia Branca e Santa Leopoldina). O teste de Mantel demonstrou que existe alta correlação entre a distância genética de Nei e a distância geográfica entre as populações do G1 (p=0,01279; r=0,81796), com pouco menos de 82% da diferença genética sendo explicada pela distribuição geográfica. Análise das populações do G2 As amplificações resultaram em 76 loci para o G2, dos quais 97,37% (74) foram polimórficos (Tabela 6). O número médio de bandas por iniciador para o G2 foi de 15,2. Para o G2, as porcentagens dos loci polimórficos variaram de 21,05% (São Roque do Canaã-ES) a 46,05% (Vila Pavão-ES). Os índices de diversidade de Nei (He) e Shannon (I) apresentaram valores entre He=0,0624/I=0,0970 (São Roque do Canaã-ES) e He=0,1465/I=0,2196 (Boa Esperança-ES). O valor de heterozigosidade genética total (Ht) foi de 0,2396 (±0,0323) e heterozigosidade média dentro das populações (Hs) de 0,1095 (±0,0073), com coeficiente de diferenciação populacional (GST) de 0,543. A AMOVA demonstrou que a variação genética interpopulacional contribuiu mais para diversidade genética total, com 58% da variação total (ФPR=0,615), enquanto 37% da variação foi dentro das populações e apenas 5% de variação entre os táxons (P. dutrae e P. freyi) que compõem este grupo (Tabela 7). O cálculo da identidade de Nei entre pares de populações deste grupo resultou em valores mínimos e máximos de 0,7401 (entre SRC e BEsp) e 0,9008 (entre Aim e SRC), enquanto a distância genética de Nei apresentou valores entre 0,1045 (entre SRC e Aim) e 75 0,3009 (entre BEsp e SRC). O fluxo gênico estimado entre as populações deste grupo foi relativamente baixo (Nm=0,420) (Tabela 8). No dendrograma construído com o coeficiente de similaridade de Sorensen-Dice para todos os indivíduos do G2 (Fig. 5), a população de BEsp fica isolada na base da árvore enquanto as demais se agrupam em um grande ramo (A). De modo geral, os indivíduos de cada população aparecem agrupados em ramos próprios, exceto por um indivíduo de Aim (Aim9) que fica à parte do ramo de Aim+SRC, e um indivíduo de VP (VP19) que surge como relacionado ao grande ramo formado por SRC+Aim+VP (B). Também no G2 os ramos das populações apresentam, de modo geral, baixo suporte de bootstrap. O dendrograma (Fig. 6) construído com a distância genética de Nei entre as populações do G2 mostra a formação de dois ramos (A e B) compostos por SRC+Aim (A) e VP+Besp+Brej (B). Para este grupo o teste de Mantel demonstrou não haver correlação significativa entre as distâncias genética de Nei e geográfica entre as populações (p=0,25200, r= 0,38467), ou seja apenas cerca de 38% da diferença genética entre as populações pode ser explicada pela distribuição geográfica. Discussão Estudos utilizando ISSR, com o intuito de delimitação de espécies nativas de Orchidaceae ainda são incipientes, destacando-se apenas o trabalho de Rodrigues (2010) que buscou conhecer a diversidade genética e elucidar as relações filogenéticas e taxonômicas entre o par de espécies Cattleya coccinea Lindl. e C. mantiqueirae (Fowlie) van den Berg, ocorrentes no sudeste do Brasil. São mais freqüentes estudos com 76 aloenzimas visando conhecer apenas a estrutura genética, como os estudos realizados por Alcantara et al. (2006) em Oncidium hookeri Rolfe, Borba et al. (2007) com Sophronitis sincorana (Schltr.) van den Berg & M. W. Chase, ou, com cunho taxonômico, como o estudo de Ribeiro et al. (2008) com o complexo de espécies de campo rupestre Bulbophyllum exaltatum Lindl., todos com aloenzimas. Em ambos os grupos analisados (G1 e G2) os valores totais de loci polimórficos foram altos (100% e 97,37%, respectivamente), mas os valores intrapopulacionais podem ser considerados baixos a medianos, com menor valor observado na população Mar do G1 (apenas 11,84%). A porcentagem de loci polimórficos intrapopulacionais está de acordo com os valores obtidos por Rodrigues (2010) para as espécies de Cattleya supracitadas, mas são consideravelmente menores quando comparados, por exemplo, com os valores obtidos por Rossi (2007) com a espécie arbustiva Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes (Rubiaceae) provenientes das florestas Amazônica e Atlântica (75,3% a 86,9%) ou Brandão (2008) com a espécie arbórea Myrcia splendens (Sw.) DC. (Myrtaceae) (75,4% a 94,2%) em fragmentos florestais no sul do estado de Minas Gerais. Altos valores de GST e ФPR apontam para maior variação genética interpopulacional, tanto no G1 (GST=0,634 e ФPR=0,617) quanto no G2 (GST=0,543 e ФPR=0,615), indicando forte estruturação das populações. Esta maior variação interpopulacional é também mostrada na AMOVA (G1=51% e G2=58%) enquanto a variação intrapopulacional apresentou valores de 32% no G1 e 37% no G2. A maior variabilidade entre as populações se reflete também nos baixos índices de diversidade de Nei e de Shannon, apresentados pelas populações de ambos os grupos no presente estudo. A maior variabilidade interpopulacional é citada para outras Orchidaceae estudadas com os marcadores ISSR, tanto terrícolas, como Platanthera aquilonis Sheviak (ФST=0,70), P. dilatata (Pursh) Lindl. ex L. C. Beck (ФST=0,49) (Wallace 2004), Piperia 77 yadonii Rand. Morgan & Ackerman (FST=0,42, análogo a ФST e GST) (George et al. 2009), quanto epifíticas, como no caso de Cattleya coccinea e C. mantiqueirae (ФST=0,70 e ФST=0,72, para agrupamentos diferentes das populações dos dois táxons) (Rodrigues 2010). Um estudo com o marcador AFLP também aponta a ocorrência de maior variação interpopulacional para Spiranthes romanzoffiana Cham. (ФST=0,89) (Forrest et al. 2004). Por outro lado, um estudo com aloenzimas obteve valores menores do que no exposto acima: as espécies do gênero Calopogon R. Br. apresentaram valores reduzidos de diferenciação genética entre as populações (GST=0,037-0,085) (Trapnell et al. 2004). Dois outros trabalhos empregando isoenzimas obtiveram resultados semelhantes, com a espécie epifítica Laelia speciosa (Kunth) Schltr. (FST=0,04) (Ávila-Diaz e Oyama 2007) e, embora com valores um pouco mais altos do que as anteriores, o mesmo ocorreu em duas espécies epifíticas e uma rupícola de Lepanthes (L. rupestris) (L. rubripetala Stimson: FST=0,248, GST=0,266, ФST=0,293; L. rupestris Stimson: FST=0,148, GST=0,169, ФST=0,138; L. eltoroensis Stimson: FST= 0,251, GST=0,219, ФST=0,218) (Tremblay e Ackerman 2001). Aparentemente não há influência da forma de vida na maior ou menor estruturação das populações. É importante destacar a obtenção de baixos valores na variação genética observada quando se testa a hipótese de existência dos táxons P. vellozicola (Ata, SLeo, CamA e CamB), P. regentii (Mar) e P. oliveirana (ÁgDoc, ÁgBr e Col) compondo o G1 e P. dutrae (BEsp, VP e SRC) e P. freyi (Brej) compondo o G2. A variação observada foi de 17% (ФRT=0,168, P=0,001), no G1 e 5% (ФRT=0,05, P=0,01) no G2. Estas baixas porcentagens de variação genética encontradas na hipótese da existência destes táxons sugerem que, na verdade, as populações do G1 e G2 representam, respectivamente, apenas duas espécies altamente polimórficas, P. vellozicola e P. dutrae. 78 A análise do fluxo gênico estimado para populações do G1 e G2 auxilia na explicação dos altos valores de variação interpopulacional observados. Como apontado por Tremblay e Ackerman (2001) espera-se diferenciação genética entre populações quando o fluxo gênico é menor do que 1 e, por outro lado, quando o fluxo gênico é maior do 1 este é suficientemente forte para evitar diferenciação entre as populações devido à deriva genética e seleção natural. Em ambos os grupos de populações estudados o valor de Nm (que representa o número de migrantes por geração e serve como medida do fluxo gênico) foi menor do que 1 (Nm=0,288 no G1 e Nm=0,420 no G2), reforçando a estruturação das populações, como já destacado pelos altos valores de Gst e Фpr. Em algumas espécies de Orchidaceae ele pode ser tão alto quanto, por exemplo, na espécie terrícola Orchis longicornu Poir. (Nm=3,75) ou na epifítica Tolumnia variegata (Sw.) Braem (Nm=2,5). As plantas que têm sementes dispersas pelo vento apresentam maiores médias de fluxo gênico (Hamrick et al. 1995) e aquelas polinizadas por animais geralmente possuem grande variação genética intrapopulacional (Ávila-Diaz e Oyama 2007), no entanto, embora Pseudolaelia se enquadre neste perfil de polinização e dispersão, estas duas afirmações parecem não valer para as espécies tratadas neste estudo. O único estudo sobre a biologia reprodutiva de uma espécie de Pseudolaelia foi realizado por Borba e Braga (2003) para P. geraensis Pabst (tratada no referido estudo como P. corcovadensis Porto & Brade) e permite inferir sobre os motivos da maior variação interpopulacional observada, em detrimento da variação intrapopulacional. Pseudolaelia geraensis apresenta o mecanismo de engano do polinizador, não apresentando par mimético, mas mimetizando o modelo generalizado de flor melitófila, com guias de néctar, mas com raras visitas das abelhas Bombus atratus Franklin, 1913 e apresenta taxa de frutificação relativamente baixa. No entanto, as flores são autocompatíveis, embora a viabilidade das sementes formadas por 79 autogamia/geitonogamia seja significativamente inferior àquelas formadas por xenogamia ou em polinização aberta. Essa menor viabilidade resulta da depressão endogâmica nas fases iniciais de desenvolvimento, conduzindo ao aborto dos embriões. Uma vez que a morfologia floral das espécies do presente estudo é similar àquela observada em P. geraensis, com guias de néctar, presença de cunículo e abertura estreita que dá acesso ao mesmo, há possibilidade de o mecanismo de polinização ser semelhante. Se assim for, o fluxo gênico reduzido entre as populações tanto do G1, quanto do G2 (embora um pouco maior do que no G1, provavelmente pela proximidade maior das populações) pode ser explicado pelo número reduzido de visitas dos polinizadores, acarretando um baixo índice de polinização cruzada. Isto leva a um alto nível de endogamia e mesmo que haja eficiência na dispersão de sementes, existe uma alta probabilidade de elas serem resultantes de fecundação endogâmica, tendo uma baixa taxa de germinação devido à depressão endogâmica. Em adição, a dispersão a longa distância não só é dificultada pela distância propriamente dita, mas também pela necessidade dos novos indivíduos enfrentarem um novo ambiente com outras plantas já estabelecidas e, portanto, sujeitos a competição por recursos e espaço. Além disso, a dependência das espécies de Vellozia como forófitos pode também ser entendida como um fator limitante para o estabelecimento das Pseudolaelia. Esta situação ainda é agravada quando se leva em consideração a disposição insular dos inselbergues, ambientes típicos das espécies de Pseudolaelia, naturalmente fragmentados e isolados não só por outros tipos de vegetação circundante, mas também por áreas urbanas e cultivadas (Porembski 2000), o que inclusive prejudica a sobrevivência dos polinizadores das plantas de afloramentos (Barbará et al. 2007). As análises de agrupamento para o G1, com todos os indivíduos (Fig. 3) e apenas para as distâncias genéticas de Nei (Fig. 4) não permitem o reconhecimento de nenhum 80 padrão geográfico (agrupam-se, por exemplo, a população Mar, da Bahia e a população CamB, do Rio de Janeiro), embora o teste de Mantel tenha mostrado correlação entre as matrizes de distância geográfica e distância genética de Nei. Independentemente do reconhecimento de cada população em seu respectivo ramo na Fig. 3 (com exceção de três indivíduos de Col, devido à provável introgressão com a população ÁgBr, em virtude da proximidade geográfica), não é possível também reconhecer os táxons P. regentii (população de Mar) e P. oliveirana (populações de ÁgDoc, ÁgBr e Col), cujas populações surgem entremeadas àquelas atribuídas a P. vellozicola (Ata, SLeo, CamA e CamB). O baixo suporte de bootstrap dos ramos, com poucas exceções (como Mar e Cam B), também aponta para a coespecifidade das populações deste grupo. Em relação ao G2 um panorama semelhante pode ser traçado, uma vez que a única população atribuída a P. freyi aparece entremeada às populações de P. dutrae tanto no dendrograma com todas as espécies (Fig. 5) quando na árvore construída com base na distância genética de Nei (Fig. 6). Neste grupo não houve correlação entre a distância geográfica e a distância genética de Nei. Também não é possível traçar um padrão geográfico devido, por exemplo, ao posicionamento distante no dendrograma das duas populações do norte do Espírito Santo (BEsp e VP) com desestruturação forte na primeira população e, em menor escala, na segunda população (devido ao posicionamento de VP19). A delimitação sugerida entre Pseudolaelia vellozicola, Pseudolaelia regentii (Castro Neto & Marçal 2007) Pseudolaelia regentii e P. oliveirana foram considerados táxons distintos de P. vellozicola, respectivamente nas publicações originais feitas por e Castro Neto & Chiron (2009), assim como P. freyi foi considerada diferente de P. dutrae por Chiron & Castro Neto (2008). No entanto a delimitação foi baseada principalmente em caracteres morfológicos vegetativos e florais consideravelmente polimórficos como constatado pela observação de populações em campo e pela análise morfométrica 81 tradicional e geométrica das peças florais apresentadas, respectivamente nos Capítulos 1 e 2. De forma semelhante, estas delimitações também não encontram respaldo na presente análise, conduzida através do uso de marcadores moleculares ISSR, apontando para duas espécies polimórficas, sendo P. vellozicola de ampla distribuição, englobando as populações anteriormente atribuídas a P. regentii e P. oliveirana, e P. dutrae, com distribuição mais restrita, englobando a população de P. freyi. Referências Ajibade SR, Weeden NF, Chite SM (2000) Inter simple sequence repeat analysis of genetic relationships in the genus Vigna. Euphytica 111: 47-55. Alcantara S, Semir J, Solferini VN (2006) Low genetic structure in an epiphytic Orchidaceae (Oncidium hookeri) in the Atlantic Rainforest of South-eastern Brazil. Ann Bot 98: 1207-1213. Archibald JK, Mort ME, Crawford DE, Santos-Guerra A (2006) Evolutionary relationships within recently radiated taxa: comments on methodology and analysis of inter-simple sequence repeat data and other hypervariable, dominant markers. Taxon 55(3): 747-756. 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Yeh FC, Boyle TJB (1997) Population genetic analysis of co-dominant and dominant markers and quantitative traits. Belg J Bot 129: 157-165. 89 Tabela 1 Populações de Pseudolaelia amostradas no estudo. Alt. Material Testemunho Grupos Populações n Procedência Siglas 1 A 15 BA – Maracás Mar 900 Menini Neto 769 (CESJ, RB, HUEFS) B 20 MG – Ataléia Ata 330 Menini Neto 754 (CESJ, RB) C 17 ES – Água Doce do Norte ÁgDoc 610 Fontana 5053 (MBML) D 16 ES – Águia Branca ÁgBr 360 Fontana 5040 (MBML) E 20 ES – Colatina Col 524 Fontana 5021(MBML) F 15 ES – Santa Leopoldina SLeo 478 Fontana 4904 (MBML) G 20 RJ – Campos dos Goytacazes CamA 50 Menini Neto 520 (CESJ, RB) H 11 RJ – Campos dos Goytacazes CamB 30 - a 9 MG – Aimorés Aim 144 Menini Neto 762 (CESJ, RB) b 20 ES – Vila Pavão VP 150 Menini Neto 756 (CESJ, RB) c 17 ES – Boa Esperança BEsp 500 Bis s.n. (MBML 35413) d 27 ES – São Roque do Canaã SRC 630 Menini Neto 613 (CESJ, RB) e 30 ES – Brejetuba Brej 1300 Menini Neto 766 (CESJ, RB) 2 Total (m) 226 n = número de indivíduos por população. Abreviações dos estados analisados: BA= Bahia; MG= Minas Gerais; ES= Espírito Santo; RJ= Rio de Janeiro. Siglas = abreviações das populações. Alt = altitude. Acrônimos dos herbários segundo Holmgren et al. (1990). Os grupos 1 (populações afins P. vellozicola) e 2 (populações afins P. dutrae) são representados, respectivamente por letras maiúsculas e minúsculas na tabela e no mapa. 90 Tabela 2 Iniciadores de ISSR usados neste estudo e respectivas seqüências. Iniciadores Sequências UBC898 5’(CA)6-RY3’ UBC899 5’(CA)6-RG3’ MAO 5’(CTC)4-RC3’ JOHN 5’(AG)7-YC3’ MANNY 5’(CAC)4-RC3’ Onde: Y = C ou T; R = G ou A. 91 Tabela 3 Análise genética das populações do G1. Populações G1 P N Maracás/BA 15 9 11,84% 0,0445 (0,1288) 0,0656 (0,1874) Ataléia/MG 20 29 38,16% 0,1293 (0,1810) 0,1959 (0,2662) Águia Branca/ES 16 17 22,37% 0,0648 (0,1398) 0,1006 (0,2073) Água Doce do Norte/ES 17 23 30,26% 0,1056 (0,1763) 0,1582 (0,2569) Colatina/ES 20 33 43,42% 0,1160 (0,1739) 0,1803 (0,2510) Santa Leopoldina/ES 15 23 30,26% 0,0911 (0,1613) 0,1401 (0,2369) Campos A/RJ 20 15 19,74% 0,0810 (0,1710) 0,1174 (0,2447) Campos B/RJ 11 17 22,37% 0,0766 (0,1650) 0,1134 (0,2348) 0,2370 (0,1487) 0,3796 (0,1969) Média Total 134 76 He I n 100% n: número de indivíduos amostrados por população; N: número de loci polimórficos; P: porcentagem de loci polimórficos; I: índice de diversidade de Shannon; He: diversidade genética de Nei (1973). Desvio padrão entre parênteses. Os valores mínimos e máximos estão destacados em negrito. 92 Tabela 4 Análise de variância molecular (AMOVA), considerando as populações do G1 composta dos táxons P. vellozicola, P. oliveirana e P. regentii. Componentes de Variação variância Total (%) 360,454 1,971 17 0,001 5 521,739 6,003 51 0,001 Dentro de populações 126 470,054 3,731 32 0,001 Total 133 1352,246 11,705 100 Fonte de variação GL SQ Entre táxons 2 Entre populações dos táxons P ФPR: 0,617 GL: graus de liberdade; SQ: soma dos quadrados. P: probabilidade de observação de um valor ao acaso igual ou maior do que o valor observado. 93 Tabela 5 Distância genética de Nei (abaixo da diagonal) e identidade genética de Nei (acima da diagonal) calculadas entre os pares de populações do G1. CamA CamA CamB - Ata 0.8488 Col ÁgBr ÁgDoc SLeo Mar 0.8415 0.8747 0.8152 0.8743 0.8371 0.7276 0.8411 0.8427 0.7711 0.801 0.7674 0.7102 0.9147 0.8619 0.8728 0.8519 0.7105 0.9047 0.8828 0.869 0.7204 0.8647 0.8534 0.6644 0.8367 0.6789 CamB 0.1639 - Ata 0.1726 Col 0.1338 0.1711 0.0891 - ÁgBr 0.2043 0.2599 0.1486 ÁgDoc 0.1344 0.2219 0.136 0.1246 0.1453 - SLeo 0.1779 0.2648 0.1603 0.1404 0.1585 0.1783 - Mar 0.318 0.3421 0.3417 0.328 0.4089 0.3873 0.173 - 0.1002 - 0.6684 0.4029 - Os valores mínimos e máximos estão destacados em negrito. Ver Tabela 1 para as abreviações dos nomes das populações. 94 Tabela 6 Análise genética das populações do G2. n N P He I Aimorés/MG 9 21 27,63% 0,0839 (0,1493) 0,1308 (0,2247 Boa Esperança/ES 23 33 43,42% 0,1465 (0,1948) 0,2196 (0,2796) Vila Pavão/ES 20 35 46,05% 0,1378 (0,1875) 0,2098 (0,2693) São Roque do Canaã/ES 20 16 21,05% 0,0624 (0,1355) 0,0970 (0,2033) Brejetuba/ES 20 23 30,26% 0,1168 (0,1914) 0,1710 (0,2743) 0,2464 (0,1828) 0,3815 (0,2412) Populações G2 Média Total 92 74 97,37% n: número de indivíduos amostrados por população; N: número de loci polimórficos; P: porcentagem de loci polimórficos; I: índice de diversidade de Shannon; He: diversidade genética de Nei (1973). Desvio padrão entre parênteses. Os valores mínimos e máximos estão destacados em negrito. 95 Tabela 7 Análise de variância molecular (AMOVA), considerando as populações do G2 composta dos táxons P. dutrae e P. freyi. Componentes de Variação variância Total (%) 170,105 0,634 5 0,01 3 397,312 7,317 58 0,001 Dentro de populações 87 398,866 4,585 37 0,001 Total 91 966,283 12,536 100 Fonte de variação GL SQ Entre grupos 1 Entre populações dos táxons P ФPR: 0,615 GL: graus de liberdade; SQ: soma dos quadrados. P: probabilidade de observação de um valor ao acaso igual ou maior do que o valor observado. 96 Tabela 8 Distância genética de Nei (abaixo da diagonal) e identidade genética de Nei (acima da diagonal) calculadas entre os pares de populações do G2. BEsp SRC VP Aim Brej BEsp - 0.7401 0.8611 0.7983 0.8274 SRC 0.3009 - 0.8022 0.9008 0.7807 VP 0.1495 0.2204 - 0.8931 0.8099 Aim 0.2253 0.1045 0.1131 - 0.7939 Brej 0.1895 0.2475 0.2109 0.2307 - Os valores mínimos e máximos estão destacados em negrito. Ver Tabela 1 para as abreviações dos nomes das populações. 97 Fig. 1 Localização das populações amostradas neste estudo. Populações: Grupo 1 - A. Maracás; B. Ataléia; C. Água Doce do Norte; D. Águia Branca; E. Colatina; F. Santa Leopoldina; G/H. Campos dos Goytacazes. Grupo 2 – a. Aimorés; b. Vila Pavão; c. Boa Esperança; d. São Roque do Canaã; e. Brejetuba. 98 Fig. 2 Exemplo de gel corado com brometo de etídio mostrando padrão de amplificação de bandas do iniciador de ISSR Mao para a população de Água Doce do Norte (G1). 1-17: indivíduos; a, b: marcador de 100 pares de base. 99 Fig. 3 Dendrograma obtido com algoritmo neighbor-joining e coeficiente de similaridade Sorensen-Dice para todos os espécimes das populações do G1. Mar - Maracás (BA); Ata – Ataléia (MG); AgDoc – Água Doce do Norte (ES); AgBr – Águia Branca (ES); Col – Colatina (ES); SLeo – Santa Leopoldina (ES); CamA/CamB – Campos dos Goytacazes (RJ). Os números após as abreviações dos nomes das populações representam os indivíduos de cada população. Os valores à direita dos nós representam o suporte de bootstrap acima de 50%. 100 Fig. 4 Dendrograma obtido com algoritmo neighbor-joining usando a distância genética de Nei entre as populações do G1. 101 Fig. 5 Dendrograma obtido com algoritmo neighbor-joining e coeficiente de similaridade Sorensen-Dice para todos os espécimes das populações do G2: Aim – Aimorés (MG); BEsp – Boa Esperança (ES); VP – Vila Pavão (ES); SRC – São Roque do Canaã (ES); Brej – Brejetuba (ES). Os números após as abreviações dos nomes das populações representam os indivíduos de cada população. Os valores à direita dos nós representam o suporte de bootstrap acima de 50%. 102 Fig. 6 Dendrograma obtido com algoritmo neighbor-joining usando a distância genética de Nei entre as populações do G2. 103 104 1 Revisão taxonômica de Pseudolaelia Porto & Brade (Laeliinae, Orchidaceae) 2 3 RESUMO – (Revisão taxonômica de Pseudolaelia Porto & Brade (Laeliinae, 4 Orchidaceae). Pseudolaelia é um gênero endêmico do leste do Brasil, cujas espécies 5 ocorrem geralmente como epífitas em Velloziaceae ou saxícolas, predominantemente nos 6 inselbergues graníticos da Floresta Atlântica e, menos freqüentemente, nos campos 7 rupestres do Cerrado e Caatinga. O gênero pode ser caracterizado pelos pseudobulbos 8 homoblásticos, rizoma longo, inflorescências longas, geralmente delgadas, em racemo ou 9 panícula, portando flores róseas, amarelas ou alvas, com labelo freqüentemente trilobado, 10 de margem simples, erosa ou fimbriada, coluna semicilíndrica ou claviforme, cunículo 11 presente. São reconhecidas 12 espécies neste tratamento taxonômico, com sete binômios 12 sinonimizados. São apresentados descrições, chave de identificação, ilustrações, mapas de 13 distribuição geográfica e comentários taxonômicos, ecológicos, de distribuição geográfica 14 e de conservação sobre as espécies de Pseudolaelia. 15 Palavras-chave: campo rupestre, conservação, inselbergue, leste do Brasil, taxonomia. 16 17 ABSTRACT – (Taxonomic revision of Pseudolaelia Porto & Brade (Laeliinae, 18 Orchidaceae). Pseudolaelia is an endemic genus to eastern Brazil. The species are often 19 epiphytes on Velloziaceae or saxicolous, predominantly in Atlantic Forest granitic 20 inselbergs and, less often, in Cerrado and Caatinga campos rupestres. The genus can be 21 characterized by homoblastic pseudobulbs, long rhizomes, long and usually slender 22 inflorescences, raceme or panicle, bearing pink, yellow or whitish flowers, often with 23 trilobed labellum, with simple, fimbriate or erose margin, semi-cylindrical or claviform 24 column, cuniculus present. Twelve species are recognized in this taxonomic treatment and 25 seven binomials are placed under synonymy. There are presented descriptions, 105 26 identification key, illustrations, maps of geographic distribution as well as comments about 27 taxonomy, ecology, conservation and geographic distribution of Pseudolaelia species. 28 Key-words: Brazil eastern, campo rupestre, conservation, inselberg, taxonomy. 29 30 Introdução 31 32 Orchidaceae é uma das maiores famílias de angiospermas, apresentando entre 33 20000 e 25000 espécies (Dressler 1981; 1993), das quais cerca de 73% são epífitas 34 (Atwood 1986). Está distribuída por quase todas as regiões do planeta, com a grande 35 maioria concentrando-se nos trópicos (Dressler 1981). Na região neotropical, a família é 36 altamente diversificada, sobretudo na América Central, Andes e Floresta Atlântica. No 37 entanto, tamanha diversidade não permite uma estimativa para Orchidaceae nesta região 38 dos trópicos americanos (Smith et al. 2004). 39 O Brasil detém uma das floras mais ricas do mundo (Giullieti et al. 2005), com 40 aproximadamente 41000 espécies registradas (Forzza et al. 2010), sendo Orchidaceae uma 41 das famílias mais representativas, com pouco mais de 2400 espécies conhecidas (Barros et 42 al. 2010). 43 Pseudolaelia Porto & Brade faz parte da subfamília Epidendroideae, tribo 44 Epidendreae, subtribo Laeliinae (van den Berg et al. 2005). O estudo de van den Berg et al. 45 (2000) define o gênero como monofilético, integrante de um clado composto por 46 Constantia Barb. Rodr., Isabelia Barb. Rodr. e Neolauchea Kraenzl., na base da subtribo, 47 irmão do restante das Laeliinae, denominado Pseudolaelia Alliance. Em novo estudo 48 realizado por van den Berg et al. (2009a), Pseudolaelia mantém o monofiletismo, mas 49 surge em um clado com os gêneros supracitados, além de Leptotes e Loefgrenianthus, o 50 qual recebeu o nome de “Isabelia Alliance”, irmão do clado “Encyclia Alliance”. 106 51 O gênero é endêmico do leste do Brasil e possui espécies predominantemente 52 epífitas sobre Velloziaceae (canelas-de-ema), ou saxícolas, nos afloramentos de quartzito 53 dos campos rupestres nos domínios da Caatinga e do Cerrado, ou nos inselbergues de 54 granito/gnaisse da Floresta Atlântica, os dois últimos considerados hotspots mundiais de 55 biodiversidade (Myers et al. 2000). Ocorre desde o nível do mar, nas restingas ou 56 afloramentos rochosos no litoral do Espírito Santo até altitudes próximas de 1400 m.s.m., 57 na Serra do Cipó, no município de Mutum ou no planalto de Diamantina, todas em Minas 58 Gerais, ou em Brejetuba, Espírito Santo (Capítulo 5). 59 Barros et al. (2010) listaram 16 espécies para o gênero, deixando de fora da lista P. 60 calimaniorum V. P. Castro & Chiron, P. oliveirana V. P. Castro & Chiron e o híbrido 61 natural P. x perimii Frey, de modo que 19 binômios foram considerados no início deste 62 estudo. Exceção feita às descrições originais das espécies, nenhum estudo de cunho 63 taxonômico foi realizado com as espécies do gênero Pseudolaelia, que teve 11 dos 19 64 binômios publicados a partir de 2003. Apenas dois artigos específicos sobre Pseudolaelia 65 foram publicados, com o estudo de biologia reprodutiva de P. geraensis (identificada 66 erroneamente como P. corcovadensis) (Borba & Braga 2003) e uma nota de ampliação do 67 conhecimento de distribuição geográfica de P. corcovadensis (Leoni 1993). 68 Os objetivos deste trabalho foram revisar taxonomicamente as espécies de 69 Pseudolaelia, fornecendo descrições, chave de identificação, ilustrações, comentários 70 taxonômicos, ecológicos, além de descrever a distribuição geográfica e status de 71 conservação segundo IUCN (2001). 72 73 Histórico taxonômico 74 75 Pseudolaelia foi estabelecido por Porto & Brade (1935). Nesta ocasião os autores 107 76 descreveram P. corcovadensis (espécie-tipo do gênero, proveniente do Rio de Janeiro, 77 supostamente do Morro do Corcovado, na capital fluminense) e transferiram Schomburgkia 78 vellozicola Hoehne, descrita um ano antes por Hoehne (1934), baseado em planta cultivada 79 no Orquidário do Estado (São Paulo), oriunda do Espírito Santo. 80 Ruschi (1946) estabeleceu o gênero Renata, descrevendo a espécie R. canaanensis 81 Ruschi. Na mesma década publicou também P. dutrae Ruschi (Ruschi 1949). Ambas as 82 espécies foram descritas de material proveniente do entorno do município de Santa Teresa, 83 região serrana do Espírito Santo. 84 Quase 20 anos depois, Pabst (1967) descreveu P. geraensis, baseado em material 85 proveniente do nordeste de Minas Gerais, município de Teófilo Otoni. Na década seguinte, 86 o mesmo autor publicou P. irwiniana (do Planalto de Diamantina), P. cipoensis (da Serra 87 do Cipó) (Pabst 1973) e P. citrina (do leste de Minas Gerais) (Pabst 1976). 88 89 90 91 Alves (1992) descreveu P. lyman-smithii R.J.V. Alves, posteriormente sinonimizada sob Epidendrum campestre Lindl. por Barros (2002). Barros (1994) transferiu Renata canaanensis para Pseudolaelia, posição sustentada posteriormente por análises moleculares (van den Berg et al. 2000; 2009a). 92 Depois de 30 anos sem novas descobertas no gênero, apenas na última década 11 93 táxons foram descritos, sendo 10 espécies e um híbrido natural. Dentre estes, três táxons 94 são ilegítimos, pois os typi designados não foram depositados no herbário referido nas 95 respectivas opera princeps: P. calimaniorum V. P. Castro & Chiron, P. oliveirana V. P. 96 Castro & Marçal e P. regentii V. P. Castro & Marçal. 97 Frey (2003; 2005a; 2005b; 2005c) descreveu quatro táxons provenientes do Espírito 98 Santo: P. brejetubensis e P. x perimii (ambos provenientes de Brejetuba, no sudoeste do 99 estado), P. maquijiensis (da região de Colatina), P. pavopolitana (de Vila Pavão, do norte 100 do ES). 108 101 Em adição a estes quatro táxons, Chiron & Castro Neto (2004) descreveram P. freyi 102 (município de Brejetuba); Castro Neto & Marçal (2007) descreveram P. regentii para o sul 103 do estado da Bahia. Campacci (2008; 2009) descreveu P. pitengoensis (Nova Belém, no 104 leste do estado de Minas Gerais, próximo à divisa com o Espírito Santo), além de P. 105 aromatica e P. ataleiensis (da região de Ataléia, no leste de Minas Gerais). Castro Neto & 106 Chiron (2009) publicaram P. calimaniorum e P. oliveirana, para o sul e noroeste do 107 Espírito Santo, respectivamente. 108 109 Material e métodos 110 111 Os exemplares depositados nos seguintes herbários foram consultados, através de 112 visitas (*), empréstimos (#) ou análise de fotos das exsicatas ou registros disponíveis na 113 Internet (@), nas respectivas instituições: BHCB (#), CEPEC (#), CESJ (*), ESA (*), GFJP 114 (*), HB (*), HUEFS (*), HUENF (*), MBM (*), MBML (*), NY (@), R (*), RB (*), SP 115 (*), SPF (*), UB (#), UEC (*) UNIP (#), US (@), VIC (*), VIES (#) (acrônimos segundo 116 Holmgren et al. 1990). Deve-se destacar a pequena representatividade de Pseudolaelia na 117 maioria dos herbários, com exceção do MBML, que apresenta um bom acervo do gênero. 118 As expedições de coleta foram realizadas no período de 2007 a 2010, tendo como 119 foco as localidades referidas nas etiquetas das exsicatas e algumas outras localidades sem 120 material testemunho em coleções, mas com potencial para ocorrência e/ou onde haviam 121 sido avistadas espécies de Pseudolaelia. As plantas foram coletadas e herborizadas 122 segundo a metodologia usual. Sempre que possível, três exemplares foram coletados, 123 sendo depositados nos herbários CESJ, HUEFS e RB. Os dados relevantes foram anotados 124 em campo e as plantas foram fotografadas com o intuito de se formar um banco de dados 125 fotográfico para publicação em forma de “Rapid Color Guides” (Anexo 1), editado pelo 109 126 “The Field Museum, Chicago”. 127 A grafia do texto referente ao protólogo de cada espécie é apresentada da exata 128 forma como aparece nas obras originais. As descrições foram feitas com base no material 129 examinado, o qual se encontra organizado da seguinte forma: estados listados no sentido 130 norte-sul e municípios em ordem alfabética. Quando mais de uma coleta foi realizada na 131 mesma localidade, estas foram ordenadas cronologicamente. A distribuição geográfica está 132 baseada no material examinado de todos os herbários supracitados. Os mapas foram 133 preparados usando-se o programa DIVA GIS 7.1.5®, tendo como base o Americas Base 134 Map (Bletter et al. 2004). 135 O status de conservação das espécies foi definido de acordo com as categorias 136 propostas pela International Union for Conservation of Nature (IUCN) (2001) através de 137 observações das populações em campo e dados de herbário. As espécies descritas 138 recentemente, cujas populações não foram observadas em campo foram consideradas 139 Deficientes de Dados (DD). Foram utilizadas também as listas vermelhas de espécies 140 ameaçadas dos estados de Minas Gerais (Biodiversitas 2007) e Espírito Santo (Kollmann et 141 al. 2007), além da lista da flora brasileira ameaçada de extinção (Biodiversitas 2005), da 142 lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas do Brasil (MMA 2008) e da lista de 143 plantas raras do Brasil (van den Berg et al. 2009b), e as listas de espécies das plantas 144 ameaçadas para o Brasil publicadas pela Biodiversitas e pelo Ministério do Meio Ambiente 145 (2008). 146 147 Tratamento taxonômico 148 149 Pseudolaelia Porto & Brade, Arq. Inst. Biol. Veg. 2: 209. 1935. 150 Espécie-tipo: Pseudolaelia corcovadensis Porto & Brade 110 151 = Renata Ruschi, Orquid. Nov. Estad. Espírito Santo: 5. 1846. 152 153 Ervas epífitas sobre Vellozia (Velloziaceae) ou saxícolas. Raízes filiformes, brancas, 154 geralmente aéreas, com ápice verde na maioria das espécies, podendo ser vináceo em P. 155 canaanensis. Rizoma cilíndrico, geralmente longo, portando catáfilos tubulosos, 156 estramíneos, que se desfazem em fibras. Pseudobulbos fusiformes ou raramente piriformes, 157 de secção transversal cilíndrica, amarelos, verdes ou vináceos, homoblásticos, portando 158 uma extensão caulinar cilíndrica, foliada, em P. canaanensis, com catáfilos estramíneos, 159 desfazendo-se em fibras nos mais antigos, estes freqüentemente sulcados. Folhas 160 conduplicadas, verde-claras ou verde-escuras, às vezes discolores, com a face abaxial 161 matizada de vináceo, freqüentemente lanceoladas, às vezes lineares, eretas a patentes, em 162 algumas espécies curvas, coriáceas, com a margem serrilhada, ápice agudo. Inflorescência 163 indeterminada, ereta, laxa, longa, em geral delgada, em racemo ou panícula (podendo 164 apresentar ramificações curtas e com poucas flores ou ramificações mais longas e com 165 muitas flores), freqüentemente pauciflora, raramente multiflora, flores de antese sucessiva, 166 mas várias abertas simultaneamente. Flores róseas, amarelas ou alvas, raramente cremes, 167 maculadas ou concolores, ressupinadas; labelo geralmente trilobado, raramente inteiro, 168 adnato na base à coluna; cunículo presente, mais desenvolvido, verde e visível 169 externamente apenas em P. brejetubensis enquanto nas demais espécies apresenta 170 coloração semelhante às peças florais e visível apenas em corte longitudinal da coluna; 171 lobos laterais desenvolvidos ou inconspícuos, lobo(s) mediano(s) inteiro(s), ondulado(s), 172 fimbriado(s) ou eroso(s), disco carnoso, geralmente ornamentado com lamelas mais ou 173 menos conspícuas, em número variado, apresentando ou não tricomas, dispostas ao longo 174 de todo o disco ou apenas próximo a base do lobo mediano, em algumas espécies com 175 lamelas verrucosas, principalmente na base do lobo mediano; coluna semicilíndrica ou 111 176 claviforme, com alas próximas ao ápice; antera apical, quadrangular; polínias 8, dispostas 177 em duas séries de 4, amarelas, freqüentemente trapezoidais, achatadas lateralmente, com 178 caudícula granulosa. Frutos freqüentemente globosos, costados, com perianto persistente. 179 180 Etimologia: alusão à semelhança com o gênero Laelia pelas oito polínias que ambos 181 possuem. 182 183 Chave para identificação das espécies de Pseudolaelia 184 185 1 – Planta com projeção caulinar cilíndrica foliada no ápice do pseudobulbo, portando 11- 186 19 folhas dispostas a partir do ápice do pseudobulbo, ao longo da projeção ....................... 187 ................................................................................................................. 4. P. canaanensis 188 1’ – Planta sem projeção caulinar cilíndrica foliada no ápice do pseudobulbo, folhas 2-7, 189 190 dispostas desde a metade até o ápice do pseudobulbo. 2 – Labelo inteiro ou 2-lobado. 191 3 – Sépalas e pétalas creme, labelo alvo ou estriado de vináceo, margem fimbriada, 192 disco com várias lamelas longitudinais, pilosas, divergentes desde a base, até 193 próximo ao ápice, flores odoríferas ................................................ 1. P. aromatica 194 3’ – Sépalas e pétalas amarelas, labelo alvo com margem e nervuras vináceas, 195 margem erosa, disco com duas lamelas longitudinais divergentes, transformando- 196 se próximo à metade do comprimento em nervuras verrucosas, proeminentes, 197 flores sem odor .............................................................................. 2. P. ataleiensis 198 2’ – Labelo 3-4-lobado. 199 4 – Plantas com até 8 cm alt., excluindo a inflorescência ....................... 6. P. citrina 200 4 – Plantas com mais de 15 cm alt., excluindo a inflorescência. 112 201 5 – Labelo com istmo mais largo do que longo. 202 6 – Labelo com lamelas longitudinais partindo de dois calos basais, 203 paralelos que formam um sulco mediano, dispostas até próximo ao ápice 204 do lobo mediano. 205 7 – Plantas com rizoma maior que 3,3 cm compr., pseudobulbos 206 maiores que 4,9 cm compr., inflorescência com mais de 60 cm 207 compr. ......................................................................... 9. P. geraensis 208 7’ – Plantas com rizoma de até 2,6 cm compr., pseudobulbos menores 209 que 3,5 cm compr., inflorescência com até 45 cm compr. .................. 210 ..................................................................................... 5. P. cipoensis 211 6’ – Labelo com lamelas longitudinais dispostas desde a base até próximo 212 ao ápice do lobo mediano. 213 8 – Pseudobulbos com 3-5 folhas lanceoladas, inflorescência com 214 mais de 45 cm compr. ......................................... 7. P. corcovadensis 215 8’ – Pseudobulbos com até 3 folhas linear-lanceoladas, inflorescência 216 com até 30 cm compr. .............................................. 10. P. irwiniana 217 5’ – Labelo com istmo mais longo do que largo. 218 9 – Flores amarelas com lobo mediano do labelo vináceo, lobos laterais do 219 labelo até 2 mm compr. ................................................. 11. P. pitengoensis 220 9 – Flores alvas ou róseas, lobos laterais do labelo maiores que 5 mm 221 compr. 222 10 – Margem do lobo mediano do labelo fortemente ondulada, 223 cunículo protuberante, externamente verde ......... 3. P. brejetubensis 224 10’ – Margem do lobo mediano do labelo plana, cunículo não 225 protuberante, externamente de cor semelhante às peças florais. 113 226 11 – Labelo com o lobo mediano de ápice freqüentemente 227 arredondado, raramente emarginado ou apiculado, margem 228 inteira, lamelas longitudinais geralmente glabras destacadas 229 por toda sua extensão ..................................... 12. P. vellozicola 230 11’ – Labelo com o lobo mediano de ápice profundamente 231 emarginado, raramente obtuso, margem erosa ou fimbriada, 232 lamelas longitudinais pubescentes, com ápice verrucoso, mais 233 destacadas próximo a base do lobo mediano ......... 8. P. dutrae 234 235 1) Pseudolaelia aromatica Campacci, Colet. Orquídeas Brasil. 7: 246. 2009. Tipo: Brasil, 236 Minas Gerais, Ataléia, 490 m.s.m., M.A. Campacci & R.V. Leitão 1964, V.2009 (Holótipo: 237 SP!). 238 Figura 1, Anexo 1 (Fotos 1-3). 239 Erva saxícola ou epífita sobre Velloziaceae, 20-35 cm alt., excluindo a inflorescência. 240 Rizoma cilíndrico, 1-6 cm compr., verde-escuro a acastanhado, coberto por catáfilos ovais, 241 ca. 8 x 5 mm, estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras. Pseudobulbo 242 fusiforme, 7-12 cm compr., verde-amarelado, com 5 entrenós, coberto por catáfilos 243 lanceolados, ca. 2-3 x 2 cm, estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras 244 nos pseudobulbos mais velhos. Folhas 3-6, eretas, dispostas desde a metade até o ápice do 245 pseudobulbo; lâmina foliar lanceolada, 10-25 x 2-2,5 cm, verde-clara, coriácea, margem 246 serrilhada, ápice agudo; bainha foliar 3-4 x 1,3-2 cm, verde-clara, cartácea. Inflorescência 247 em panícula, ereta, ca. 70 cm compr., ca. 110-flora; pedúnculo elíptico, ca. 35 cm compr., 248 verde; brácteas tubulosas, amplectivas sobre o pedúnculo, 5-6,7 cm compr., estramíneas, 249 paleáceas, ápice agudo; brácteas florais triangulares, ca. 2,5 x 1 mm, avermelhadas, 250 membranáceas, ápice agudo. Flores odoríferas, pediceladas, pedicelo e ovário ca. 2,5 cm 114 251 compr., verde-amarelados; sépala dorsal oblanceolada, ca. 1,4 x 0,3 cm, creme, côncava, 252 margem levemente convoluta, ápice agudo; sépalas laterais oblanceoladas, ca. 1,3 x 0,45 253 cm, creme, assimétricas, côncavas, margem levemente convoluta, ápice agudo; pétalas 254 espatuladas, ca. 1,4 x 0,25 cm, creme, assimétricas, ápice agudo; labelo inteiro, ca. 1 x 0,8 255 cm, totalmente alvo ou estriado de vináceo, metade apical reniforme, margem fimbriada, 256 ápice emarginado, disco do labelo carnoso, com várias lamelas longitudinais, pilosas, 257 divergentes desde a base até próximo ao ápice; cunículo inconspícuo externamente; coluna 258 ca. 5,5 mm compr., base esverdeada, ápice alvo; antera atrovinácea; polínias amarelas, 259 caudícula ca. 0,5 mm compr. Frutos não vistos. 260 Material examinado: somente o exemplar tipo. 261 Etimologia: referência ao odor exalado pelas flores. 262 Distribuição geográfica e habitat: Pseudolaelia aromatica é conhecida apenas da 263 localidade típica, ocorrendo como saxícola ou epífita sobre Velloziaceae em inselbergue 264 granítico a cerca de 490 m.s.m., no município de Ataléia, leste de Minas Gerais, na divisa 265 com o Espírito Santo (Figura 6). 266 Status de conservação: Apenas uma população é conhecida, fora de unidade de 267 conservação, mas em virtude da não observação em campo, é aqui considerada Deficiente 268 de Dados (DD) (IUCN 2001). 269 Comentários: Pseudolaelia aromatica aproxima-se de P. ataleiensis, mas diferencia-se 270 desta e das demais espécies pelas flores creme com labelo inteiro, completamente alvo ou 271 estriado de vináceo, com margem fimbriada e inflorescência em panícula ampla, com os 272 ramos secundários bem desenvolvidos, além do odor exalado pelas flores, característica 273 que lhe deu nome, não observada em nenhuma outra espécie do gênero. 274 275 115 276 2) Pseudolaelia ataleiensis Campacci, Colet. Orquídeas Brasil. 7: 250. 2009. Tipo: Brasil, 277 Minas Gerais, Ataléia, 280 m.s.m., M.A. Campacci & R.V. Leitão 1959, V.2009 (Holótipo: 278 SP!). 279 Figura 2, Anexo 1 (Fotos 4-5). 280 Erva saxícola ou epífita sobre Velloziaceae, 25-35 cm alt., excluindo a inflorescência. 281 Rizoma cilíndrico, 1-6 cm compr., verde-escuro a acastanhado, coberto por catáfilos ovais, 282 ca. 7 x 4 mm, estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras. Pseudobulbo 283 fusiforme, 8-12 cm compr., verde-amarelado, com 5 entrenós, coberto por catáfilos 284 lanceolados, ca. 3,5 x 2 cm, estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras 285 nos pseudobulbos mais velhos. Folhas 3-7, eretas, dispostas desde a metade até o ápice do 286 pseudobulbo; lâmina foliar lanceolada, 15-25 x 2-3 cm, verde-clara, coriácea, margem 287 serrilhada, ápice agudo; bainha foliar 3-3,5 x 1,5-2,5 cm, verde-clara, cartácea. 288 Inflorescência em panícula, ereta, 60-70 cm compr., ca. 120-flora; pedúnculo elíptico, ca. 289 53 cm compr., verde-avermelhado; brácteas tubulosas, amplectivas sobre o pedúnculo, 5,3- 290 7 cm compr., estramíneas, paleáceas, ápice agudo; brácteas florais triangulares, ca. 3 x 1 291 mm, avermelhadas, membranáceas, ápice agudo. Flores sem odor, pediceladas, pedicelo e 292 ovário 1,5-2 cm compr., verde-amarelados; sépala dorsal oblanceolada, ca. 1 x 0,35 cm, 293 amarela, côncava, margem levemente convoluta, ápice agudo; sépalas laterais 294 oblanceoladas, ca. 9 x 3 mm, amarelas, assimétricas, côncavas, margem levemente 295 convoluta, ápice agudo; pétalas espatuladas, ca. 9 x 2,5 mm, amarelas, assimétricas, ápice 296 agudo; labelo inteiro, ca. 8 x 9 mm, lobos reniformes, ca. 5 x 5 mm, alvos com a margem 297 vinácea, erosa, ápice emarginado; disco do labelo carnoso, amarelo-esverdeado, com duas 298 lamelas longitudinais divergentes, transformando-se, próximo à metade do comprimento, 299 em nervuras verrucosas, proeminentes, vináceas, distribuídas pelos lobos; cunículo 300 inconspícuo externamente; coluna ca. 5 mm compr., verde-amarelada, matizada de 116 301 vináceo; antera atrovinácea; polínias amarelas, caudícula ca. 0,5 mm compr. Frutos não 302 vistos. 303 Material examinado: somente o exemplar tipo. 304 Etimologia: referência ao município de Ataléia, Minas Gerais, localidade típica da espécie. 305 Distribuição geográfica e habitat: Pseudolaelia ataleiensis é conhecida apenas da 306 localidade típica, ocorrendo como saxícola ou epífita sobre Velloziaceae em inselbergue 307 granítico a cerca de 280 m.s.m., no município de Ataléia, leste de Minas Gerais, na divisa 308 com o Espírito Santo (Figura 6). 309 Status de conservação: Apenas uma população é conhecida, fora de unidade de 310 conservação, mas em virtude da não observação em campo, é aqui considerada Deficiente 311 de Dados (DD) (IUCN 2001). 312 Comentários: Pseudolaelia ataleiensis apresenta flores com coloração semelhante e 313 morfologia ligeiramente próxima à de P. canaanensis e P. pitengoensis. No entanto, 314 diferencia-se de P. canaanensis pelo menor porte e ausência de projeção apical foliada no 315 pseudobulbo e de P. pitengoensis pelo maior porte e inflorescência mais longa e com 316 maior número de flores, além do labelo inteiro (versus trilobado com os lobos laterais 317 pouco desenvolvidos). 318 319 3) Pseudolaelia brejetubensis M. Frey, Bradea 9(8): 34. 2003. Tipo: Brasil, Espírito Santo, 320 Brejetuba, Monte Feio, 20º10’35” a 20º11’15”S, 41º16’45” a 41º17’15”W, 1100-1400 321 m.s.m., M. Frey & L.C.F. Perim 30, 25.VI.2001 (Holótipo: RB!; Isótipo: MBML!). 322 Pseudolaelia x perimii M. Frey, Richardiana 5(3): 159. 2005. Tipo: Brasil, Espírito Santo, 323 Brejetuba, Monte Feio, 1100-1400 m.s.m., M. Frey & L.C.F. Perim 231, 1.V.2002 324 (Holótipo: MBML!), syn nov. 325 Figura 3, Anexo 1 (Foto 6). 117 326 Erva saxícola, ca. 15 cm alt., excluindo a inflorescência. Rizoma cilíndrico, 1,5-2 cm 327 compr., verde, coberto por catáfilos ovais, ca. 5 x 3 mm, estramíneos, paleáceos, ápice 328 agudo, desfazendo-se em fibras. Pseudobulbo fusiforme, ca. 3,5 cm compr., verde- 329 amarelado a vináceo, com 3-5 entrenós, coberto por catáfilos lanceolados, ca. 1 x 0,6 cm, 330 estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras nos pseudobulbos mais 331 velhos. Folhas 2-5, curvas, dispostas desde a metade até o ápice do pseudobulbo; lâmina 332 foliar linear, 10-12- x 1,2-1,5 cm, discolor, verde-arroxeada adaxialmente, roxa 333 abaxialmente, coriácea, margem serrilhada, ápice agudo; bainha foliar ca. 1,5 x 0,8 cm, 334 verde, cartácea. Inflorescência em panícula, ereta, 35-40 cm compr., 12-15-flora; 335 pedúnculo cilíndrico, 22-25 cm compr., roxo, brácteas tubulosas, 2-3 cm compr., 336 estramíneas, paleáceas, ápice agudo; brácteas florais triangulares, ca. 2 x 0,5 mm, 337 membranáceas, ápice agudo. Flores sem odor, pediceladas, pedicelo e ovário ca. 1,9 cm 338 compr., róseo-arroxeados; sépala dorsal oblanceolada, 1,1-1,4 x 0,3-0,4 cm, alva a rósea 339 com estrias róseo-escuras, levemente côncava, ápice agudo; sépalas laterais oblanceoladas, 340 1,1-1,4 x 0,3-0,4 cm, alvas a róseas com estrias róseo-escuras, assimétricas, côncavas, 341 ápice agudo; pétalas linear-oblanceoladas, ca. 1,1-1,4 x 0,1 cm, alvas com ápice róseo, 342 levemente assimétricas, ápice obtuso; labelo trilobado, 0,8-1 x 0,8-1 cm, lobos laterais 343 lineares, ca. 4,5 x 2,5 mm, róseos, ápice agudo, lobo mediano elíptico, ca. 7 x 5 mm, alvo 344 com estrias róseo-escuras, margem fortemente ondulada, ápice obtuso, disco do labelo 345 carnoso, piloso, com 3-7 lamelas creme desde a base até próximo ao ápice do lobo 346 mediano; cunículo verde, protuberante, ca. 2 mm compr.; coluna ca. 3 mm compr., roxa; 347 antera roxa; polínias amarelas, caudícula ca. 1 mm compr. Frutos não vistos. 348 Material examinado: BRASIL. Espírito Santo. Brejetuba: Monte Feio, M. Frey & L.C.F. 349 Perim 231, 1.V.2002, fl. (MBML). 350 Etimologia: referência ao município de Brejetuba, Espírito Santo, localidade típica da 351 espécie. 118 352 Distribuição geográfica e habitat: Pseudolaelia brejetubensis é conhecida apenas da 353 localidade típica, em inselbergue granítico, entre 1100 e 1400 m.s.m., no Monte Feio, 354 município de Brejetuba, oeste do Espírito Santo, próximo à divisa com o estado de Minas 355 Gerais (Figura 6). 356 Status de conservação: Citada na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção do 357 Estado do Espírito Santo na categoria Criticamente em Perigo (Kollmann et al. 2007). Em 358 expedição à localidade típica não foi possível encontrar a planta, sendo provavelmente uma 359 espécie rara no local. No entanto, em virtude de ser uma espécie endêmica do Espírito 360 Santo, deve também ser considerada Criticamente em Perigo de forma global (B2ab(iii) 361 (IUCN 2001). É necessário planejamento de proteção a este habitat, em virtude da 362 utilização da área por motociclistas, para realização de trilhas, levando à degradação do 363 ambiente e conseqüentemente à possível extinção da espécie. 364 Comentários: Pseudolaelia brejetubensis diferencia-se das demais espécies do gênero 365 pelas flores alvas, com sépalas e pétalas estriadas longitudinalmente de róseo, pelos lobos 366 laterais do labelo largos, de ápice obtuso, e lobo mediano com margem fortemente 367 ondulada, além do cunículo proeminente, distinto externamente, de coloração verde, 368 enquanto nas demais espécies sua distinção não é possível em uma análise externa das 369 flores. 370 Frey (2005) propôs um híbrido natural entre P. brejetubensis e P. dutrae (esta 371 última considerada por ele como P. freyi), denominando-o P. x perimii, baseado no porte 372 maior, rizoma mais longo, número intermediário de ramificações na inflorescência, período 373 de floração intermediário e nectário menos desenvolvido do que em P. brejetubensis, mas 374 ainda assim possível de ser observado externamente na flor. 375 Embora as flores de P. x perimii sejam um pouco maiores, a coloração e morfologia 376 floral são praticamente idênticas. Além disso, a presença do nectário verde distinto 119 377 externamente (importante caráter diagnóstico de P. brejetubensis), embora menos 378 desenvolvido, confirma que os exemplares de P. x perimii devem ser considerados dentro 379 da variação morfológica natural existente em P. brejetubensis. 380 Pseudolaelia brejetubensis e o suposto híbrido não foram vistos em campo, mas a 381 observação de populações de outras espécies e de material de herbário demonstra que os 382 caracteres morfológicos utilizados por Frey (2005) apresentam polimorfismo inter e 383 intrapopulacional em Pseudolaelia, de modo que a sinonimização de P. x perimii sob P. 384 brejetubensis é proposta. 385 386 4) Pseudolaelia canaanensis (Ruschi) F. Barros, Acta Bot. Brasil. 8: 15. 1994. ≡ Renata 387 canaanensis Ruschi, Orquid. Nov. Estad. Espírito Santo: 5. 1946. Tipo: Brasil, Espírito 388 Santo, Santa Terêsa, Vale do Canaan. Exemplar typo em Herbário no Museu Nacional sob 389 os n.ºs 40711 e 40713 (fruto), leg. Augusto Ruschi 23.3.1946. Colhido sôbre rocha viva, 390 expôsto ao sol, no Pôsto nº 4 de observações das orquidaceas; altitude local 850 ms. Duas 391 estampas e cinco fotografias. Lectótipo designado por Menini Neto et al. (2011): Brasil, 392 Espírito Santo, Santa Terêsa, Vale do Canaan: Ruschi 46, R 40711 (R!). 393 Figura 4, Anexo 1 (Fotos 7-12). 394 Erva saxícola, 20-50 cm alt., excluindo a inflorescência. Rizoma cilíndrico, 5-13 cm 395 compr., verde-claro, coberto por catáfilos ovais a tubulosos, 0,4-4,1 x 0,4-0,7 cm, 396 estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras. Pseudobulbo fusiforme, 6- 397 36 cm compr., verde-amarelado, com 5-8 nós, ápice com uma projeção caulinar foliada 398 cilíndrica, 8,5-15,3 cm compr., parte intumescida coberta por catáfilos ovados a 399 lanceolados, 1,7-4,1 x ca. 1,5 cm, estramíneos, paleáceos, ápice obtuso a agudo, 400 desfazendo-se em fibras nos pseudobulbos mais velhos. Folhas 11-19, patentes, dispostas a 401 partir do ápice do pseudobulbo, ao longo da projeção caulinar; lâmina foliar linear a 120 402 lanceolada, 1,5-19,5 x 0,7-3,1 cm, verde-clara, cartácea, margem finamente serrilhada a 403 inteira, ápice agudo; bainha foliar amplexicaule, 1,9-4,5 x 1,5-2 cm, verde-clara a 404 amarelada, cartácea. Inflorescência em panícula, ereta, 37-70 cm compr., ramos da 405 inflorescência 6-15,5 cm compr., ca. 90-flora; pedúnculo cilíndrico, 34-50 cm compr., 406 verde-avermelhado; brácteas tubulosas, amplectivas sobre o pedúnculo, 0,6-3,2 cm compr., 407 estramíneas, paleáceas, ápice emarginado, agudo ou obtuso; brácteas florais triangulares, 408 1,5-3,2 x 1,5-2,1 mm, estramíneas, membranáceas, ápice agudo. Flores sem odor, 409 pediceladas, pedicelo e ovário 1,1-1,6 cm compr., verde-claros a amarelados; sépala dorsal 410 oblanceolada, ca. 1 x 0,3 cm, amarelo-clara, margem convoluta próximo ao ápice, com 411 uma região espessada, verruculosa, castanha, ápice agudo; sépalas laterais oblanceoladas, 412 ca. 1,1 x 0,3 cm, assimétricas, amarelo-claras, margem convoluta próximo ao ápice, com 413 uma região espessada, verruculosa, castanha, ápice agudo; pétalas espatuladas, ca. 1,1 x 414 0,3 cm, amarelo-claras, assimétricas, margem levemente ondulada próximo ao ápice 415 agudo; labelo inteiro, ca. 7 x 5 mm, margem erosa, ápice arredondado ou emarginado; 416 disco do labelo carnoso, com lamelas longitudinais, divergentes, irregulares, amarelo-claro 417 a amarelo-ouro, às vezes com o ápice maculado de vermelho, desde a base até próximo ao 418 ápice do labelo; cunículo inconspícuo externamente; coluna ca. 5-7 mm compr., verde- 419 amarelada; antera atrovinácea; polínias amarelas, caudícula ca. 1 mm compr. Frutos 420 imaturos ou submaturos globosos, ca. 1 cm compr., verde-escuros. 421 Material examinado: BRASIL. Espírito Santo. Água Doce do Norte: Pedra da Antena, 422 18º34'27,8"S, 40º59'36"W, L.Menini Neto et al. 758, 29.V.2009, fl. (CESJ, RB). Itaguaçu: 423 Pedra do Caparaó, Divisa com Baixo Guandu, A.P.Fontana et al. 816, 10.IV.2004, fl. 424 (MBML). Santa Leopoldina: Luxemburgo, Pedra Preta, A.P.Fontana et al. 1150, 425 15.III.2005, fl. (MBML). Santa Teresa: Pedra da Onça, Posto 15 de observação, A.Ruschi 426 194, 15.VII.1942, fl./fr (R); Vale do Canaan, Posto de observação número 4, A.Ruschi s.n., 427 23.III. 1946, fl. (HB 3871); Reserva Santa Lúcia, 19º58'08,5"S, 40º32'09,6"W, 428 J.A.Lombardi et al. 5181, 24.II.2003, fl. (BHCB, UB); Valsugana Velha, Estação Biológica 121 429 de Santa Lúcia, L.Kollmann et al. 2795, 30.III.2000, fl. (MBML); idem, R.R.Vervloet et 430 al. 1901, 24.III.2003, fl. (MBML); idem, H.Q.Boudet-Fernandes 1878, 4.III.1986, fl. 431 (MBML); Alto Pedra Alegre, H.Q.Boudet-Fernandes 2297, 17.II.1988, fl. (MBML); 432 Estação Biológica de Santa Lúcia, L.Menini Neto & A.P.Fontana 475, 31.I.2008, fl. 433 (CESJ); São Roque do Canaã: Alto Misterioso, C.N.Fraga et al. 1155, 19.III.2004, fl. 434 (MBML, RB, SP); idem, L.Kollmann et al. 8707, 4.III.2006, fl. (MBML); idem, C.Esgario 435 & A.P.Fontana 20, 16.VII.2006, fl. (MBML); idem, C.Esgario & A.P.Fontana 55, 436 30.VII.2006, fl. (MBML); Misterioso, Pedra dos Três Carneiros, 19º46’11,8"S, 437 40º45'24,7"W, L.Menini Neto & A.P.Fontana 614, 1.VIII.2008, fl. (CESJ, RB); Alto 438 Misterioso, 19º48'11,3"S, 40º46'12,7"W, L.Menini Neto & A.P.Fontana 616, 1.VIII.2008, 439 fl. (CESJ, RB). Sem município: H.D.Bicalho s.n., 26.III.1969, XX (SP 175174); A.Ruschi 440 s.n., 25.III.1949, fl. (SP 55328); morros do Vale do Canaan, R.Kaustsky 426, 6.IV.1974, fl. 441 (HB). Minas Gerais. Itabirinha de Mantena: beira da estrada para Córrego Azul, 442 18º29’35”S, 41º10’47”W, L.Kollmann et al. 11696, 3.VII.2009, fl./fr. (MBML); Nova 443 Belém: Serra do Pitengo, 18º32'02,7"S, 41º07'29,1"W, L.Menini Neto et al. 761, 444 30.V.2009, fl./fr. (CESJ, HUEFS, RB). 445 Etimologia: referência ao Vale do Canaã, Espírito Santo, localidade típica da espécie. 446 Distribuição geográfica e habitat: Pseudolaelia canaanensis ocorre nos inselbergues 447 graníticos da região serrana, noroeste e norte do Espírito Santo e também no leste de Minas 448 Gerais, nos municípios de Itabirinha de Mantena e Nova Belém (Figura 6), em amplitude 449 altitudinal de 550-1300 m.s.m. Forma grandes populações com muitos indivíduos de hábito 450 saxícola, crescendo geralmente entre Velloziaceae, Bromeliaceae, musgos e liquens. 451 Status de conservação: Citada na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção da 452 flora do Espírito Santo (Kollmann et al. 2007) e na revisão lista da flora brasileira 453 ameaçada de extinção (Biodiversitas 2005) como Vulnerável e no Anexo II lista do MMA 454 (2008) como Deficiente de Dados. É citada também na lista de plantas raras do Brasil (van 455 den Berg et al. 2009b). A inclusão desta espécie nas referidas listas se deve ao fato de que 456 por muito tempo, foi considerada endêmica do Vale do Canaã, município de Santa Teresa, 457 no Espírito Santo. No entanto, várias coletas realizadas nos últimos dez anos ampliaram o 122 458 conhecimento de sua distribuição geográfica, incluindo também o estado de Minas Gerais, 459 de modo que deve ser considerada de forma global na categoria Não Ameaçada (Least 460 Concern, LC) (IUCN 2001). 461 Comentários: Pseudolaelia canaanensis foi descrita no gênero Renata por Ruschi (1946), 462 sendo transferida para Pseudolaelia por Barros (1994). Embora apresente morfologia floral 463 levemente semelhante à de P. aromatica e P. ataleiensis, pode ser facilmente diferenciada 464 das espécies de Pseudolaelia pelo porte mais robusto, apresentando o maior número de 465 folhas (11-19), destacando-se também por uma projeção caulinar no ápice do pseudobulbo, 466 ao longo da qual se distribuem as folhas e pela inflorescência em panícula ampla, 467 geralmente com mais de 80 flores pequenas, amarelo-claro a amarelo-ouro, em alguns 468 exemplares com o labelo maculado de vermelho. 469 Ruschi (1946) descreveu Renata canaanensis baseado em dois sintypi depositados 470 no herbário do Museu Nacional do Rio de Janeiro (R), Ruschi 46 (R 40711) e Ruschi 194 471 (R 40713). O último foi destacado na exsicata como typus fructi. A data da coleta provida 472 no protólogo não corresponde às datas das exsicatas 40711 (23.III.1936) e 40713 473 (15.VII.1946). Isto pode ter sido originado de um engano do autor que inadvertidamente 474 usou o dia e mês de uma coleta e o ano da outra. No entanto, os números de registro do 475 herbário R e todas as demais informações disponíveis nas exsicatas correspondem ao 476 protólogo. Nenhum dos espécimes tem flores ou frutos, mas existe material conservado em 477 via úmida de Ruschi 46. Assim, Menini Neto et al. (2011) designaram o espécime 40711 478 (Ruschi 46) como lectótipo. 479 480 5) Pseudolaelia cipoensis Pabst, Bradea 1: 365. 1973. Tipo: Brasil, Minas Gerais, Serra do 481 Cipó, ca. 1400 m.s.m., A. Ghillany 209, 15.V.1970 (Holótipo: HB!). 482 Figura 5, Anexo 1 (Foto 13). 123 483 Erva epífita sobre Velloziaceae, 15-20 cm alt., excluindo a inflorescência.. Rizoma 484 cilíndrico, ca. 2-2,6 cm compr., verde a vináceo, coberto por catáfilos ovais, estramíneos, 485 paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras. Pseudobulbo fusiforme, ca. 2,3-3,4 cm 486 compr., verde, com 3-4 entrenós, coberto por catáfilos lanceolados, estramíneos, paleáceos, 487 ápice agudo, desfazendo-se em fibras nos pseudobulbos mais velhos. Folhas 4, eretas, 488 dispostas desde a metade até o ápice do pseudobulbo; lâmina foliar lanceolada, 8,3-12,6 x 489 0,7-1 cm, verde, coriácea, margem serrilhada, ápice agudo; bainha foliar ca. 2,1 x 0,8 cm, 490 verde-clara, amarelada, cartácea. Inflorescência em racemo ou panícula, neste caso com 491 apenas uma ramificação, ereta, ca. 30-45 cm compr., 6-12-flora; pedúnculo cilíndrico, ca. 492 25-46 cm compr., verde, brácteas tubulosas, ca. 3-5 cm compr., estramíneas, ápice agudo a 493 acuminado; brácteas florais largo a estreito-triangulares, 1,7-6 x 1-1,5 mm, membranáceas, 494 ápice agudo a acuminado. Flores sem odor, pediceladas, pedicelo e ovário ca. 1,3-1,7 cm 495 compr., róseos; sépala dorsal elíptica, 8-9 x ca. 4 mm, rósea, ápice agudo; sépalas laterais 496 elípticas, 1-1,1 x ca. 0,5 cm, róseas, levemente assimétricas, côncavas, ápice agudo; pétalas 497 obovadas, 7,5-8 x 5-6 mm, róseas, assimétricas, ápice agudo; labelo trilobado, ca. 8 x 8 498 mm, lobos laterais elípticos, ca. 2 x 1 mm, róseos, ápice arredondado, lobo mediano 499 suborbicular, ca. 6 x 8 mm, róseo com estrias róseo-escuras, ápice arredondado, disco do 500 labelo carnoso, com 3 lamelas amarelas desde a base até o início do lobo mediano; 501 cunículo inconspícuo externamente; coluna ca. 5 mm compr., rósea; antera róseo-escuro; 502 polínias amarelas, caudícula ca. 1 mm compr. Frutos não vistos. 503 Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Santana do Riacho: Km 110 ao longo da 504 rodovia Belo Horizonte-Conceição do Mato Dentro, I.Cordeiro & J.R.Pirani CFSC 6541, 505 6.IX.1980, fl. (SP, SPF); Pico do Breu, M.Pereira et al. 893, 15.VII.1991, fl. (BHCB); 506 Serra do Cipó, E.L.Borba 140, fl. cult. II.1994, fl. (BHCB). 507 Etimologia: referência à Serra do Cipó, Minas Gerais, localidade típica da espécie. 508 Distribuição geográfica e habitat: Pseudolaelia cipoensis é conhecida apenas de alguns 124 509 poucos registros nos campos rupestres da Serra do Cipó (Figura 6), em altitude próxima de 510 1400 m.s.m. Parece ser bastante rara nesta região, uma vez que a despeito de três décadas 511 de estudo intensivo da flora da Serra do Cipó, foi coletada apenas três vezes após sua 512 publicação na década de 1970. Em duas expedições de coleta realizadas a esta localidade, 513 para o desenvolvimento deste estudo, a espécie não foi encontrada o que reforça a hipótese 514 de sua raridade na área. Ocorre como epífita sobre Velloziaceae. 515 Status de conservação: Citada na lista da flora brasileira ameaçada de extinção da 516 Biodiversitas (2005) como Vulnerável e na lista vermelha de espécies ameaçadas de Minas 517 Gerais como Criticamente em Perigo, devido ao endemismo extremo (Biodiversitas 2007). 518 Também é referida no Anexo I da lista oficial de espécies ameaçadas do Brasil (MMA 519 2008). Em virtude da existência de apenas alguns poucos registros desde sua publicação e 520 da área de ocupação provavelmente reduzida, deve ser considerada Vulnerável (VU) (D2) 521 segundo os critérios da IUCN (2001). 522 Comentários: Pseudolaelia cipoensis apresenta maior afinidade com P. geraensis e P. 523 irwiniana. Pode ser diferenciada da primeira pelo menor porte e inflorescência mais curta, 524 por apresentar 4 folhas por pseudobulbo (vs. 4-7) e pelos lobos laterais do labelo mais 525 estreitos, destacados do lobo mediano (vs. lobos laterais mais largos, geralmente 526 sobrepondo o lobo mediado). Diferencia-se de P. irwiniana pelo maior porte, presença de 4 527 folhas por pseudobulbo (vs. 2 ou 3 folhas) e inflorescência com menor número de flores, 528 distribuídas de forma mais espaçada na raque (vs. flores mais agrupadas no ápice da 529 raque), labelo com lamelas que partem de dois calos basais, paralelos que formam um 530 sulco mediano, dispostas até próximo ao ápice do lobo mediano (vs. lamelas partindo 531 desde a base do labelo e indo até próximo ao ápice do lobo mediano). 532 533 125 534 6) Pseudolaelia citrina Pabst, Bradea 2: 70. 1976. Tipo: Brasil, Minas Gerais, pr. Ibiraçu, 535 1200 m.s.m., epiphyta in Velloziaceae, soli prorsus exposita, R. Kautsky 490, 7.V.1975 536 (Holótipo: HB!). 537 Pseudolaelia maquijiensis M.Frey, Richardiana 5(1): 40. 2005. Tipo: Brasil, Espírito 538 Santo, limite entre os municípios de Baixo Guandu e Colatina, Morro do Maquiji, 700 539 m.s.m., M. Frey & L.C.F. Perim 655, 15.V.2004 (Holótipo: MBML!; Isótipo: LY), syn nov. 540 Pseudolaelia pavopolitana M. Frey, Richardiana 5(4): 204. 2005. Tipo: Brasil, Espírito 541 Santo, Vila Pavão, Morro do Cruzeiro, 350 m.s.m., M. Frey & L.C.F. Perim 672, 29.V.2004 542 (Holótipo: MBML!), syn nov. 543 Figura 7, Anexo 1 (Fotos 14-28). 544 Erva saxícola, 5-8 cm alt., excluindo a inflorescência. Rizoma cilíndrico, 0,6-2,9 cm 545 compr., verde a vináceo, coberto por catáfilos ovados, lanceolados a tubulosos, ca. 3 x 5 546 mm, estramíneos, paleáceos, ápice arredondado, desfazendo-se em fibras. Pseudobulbo 547 subpiriforme a piriforme, 1,2-4,3 cm compr., verde a vináceo, com 2-4 nós, coberto por 548 catáfilos ovados ou lanceolados, 0,9-1,7 x 0,6-0,8 cm, estramíneos, paleáceos, ápice agudo, 549 desfazendo-se em fibras nos pseudobulbos mais velhos. Folhas 3-5, patentes a curvas, 550 dispostas desde a metade até o ápice do pseudobulbo; lâmina foliar linear, 2-13,5 x 0,2-0,8 551 cm, verde-escura a vinácea, coriácea, margem inteira, ápice agudo; bainha foliar 0,8-2 x 552 0,5-1,4 cm, verde-clara a verde-escura, cartácea. Inflorescência em panícula, ereta, ca. 14- 553 44,5 cm compr., 6-34-flora; pedúnculo cilíndrico, ca. 7,5-24,5 cm compr., vináceo, 554 brácteas tubulosas, amplectivas sobre o pedúnculo, ca. 1,3-4 cm compr., estramíneas, 555 paleáceas, ápice agudo a acuminado; brácteas florais estreito-triangulares a triangulares, 1- 556 6,5 x 0,5-1 mm, estramíneas, membranáceas, ápice agudo a acuminado. Flores sem odor, 557 pediceladas, pedicelo e ovário 1,1-2,9 cm compr., amarelados a vináceos; sépala dorsal 558 elíptica a oblanceolada, ca. 0,9-1,1 x 0,2-0,3 cm, amarelo-esverdeada ou internamente 126 559 amarela, externamente matizada ou estriada de vináceo, ápice agudo; sépalas laterais 560 elípticas a oblanceoladas, ca. 9 x 2-2,5 mm, amarelo-esverdeadas ou internamente 561 amarelas, externamente matizadas ou estriadas de vináceo, assimétricas, côncavas, ápice 562 agudo; pétalas espatuladas, 0,9-1 x 0,1-0,15 cm, amarelo-esverdeadas ou internamente 563 amarelas, externamente matizadas de vináceo, assimétricas, ápice arredondado; labelo 564 trilobado, 0,6-1 x 0,7 cm, lobos laterais triangular-lineares a ligulados, 3-4 x 0,5-1 mm, 565 amarelos, ápice agudo, lobo mediano largo-oval ou suborbicular, 4-6 x 3-4 mm, totalmente 566 amarelo ou amarelo-claro matizado de róseo, ápice arredondado a agudo, disco do labelo 567 carnoso, com 7-9 lamelas irregulares, creme ou amarelas, verrucosas, desde a base até 568 próximo ao ápice do labelo, pilosas, tricomas alvos ou amarelos; cunículo inconspícuo 569 externamente; coluna ca. 5-6 mm compr., amarelo-esverdeada, verde ou verde matizada de 570 vináceo, com ápice róseo ou vináceo; antera verde, rósea, castanha ou vinácea; polínias 571 amarelas, caudícula 0,5-1 mm compr. Frutos não vistos. 572 Material examinado: BRASIL. Espírito Santo. Águia Branca: Santa Luzia, propriedade 573 de Ciro Ferreira, 18º58'40"S, 40º39'56"W, V.Demuner et al. 2940, 18.X.2006, fl. (MBML); 574 idem, 18º58'46"S, 40º39'44"W, V.Demuner et al. 3459, 3.IV.2007, fl. (MBML); idem, 575 18º58'19"S, 40º39'46"W, V.Demuner et al. 3998, 18.V.2007, fl. (MBML). Boa Esperança: 576 Pedra da Botelha, R.O.S.Bis s.n., 5.VII.2008, fl. (MBML 35414). Colatina: Itapina, 577 Fazenda Pedra Grande, Morro do Maquiji, 19º21'28,9"S, 40º50'30,4"W, 28.VII.2009, 578 L.Menini Neto & A.P.Fontana 768, fr. (RB). Itaguaçu: Pedra do Caparaó, A.P.Fontana et al. 579 883, 10.IV.2004, fl. (MBML); Marilândia: Liberdade, Água Viva, Pedra do Cruzeiro, 580 19º20'54"S, 40º33'4"W, V.Demuner et al. 4234, 13.VI.2007, fl. (MBML); idem, 581 19º20'53,7"S, 40º33'03,6"W, V.Demuner et al. 1623, 18.I.2006, fl. (MBML); Alto 582 Liberdade, Pedra do Cruzeiro, 19º20'53"S, 40º33'3"W, L.F.S.Magnago et al. 862, 583 18.IV.2006, fl. (MBML). Nova Venécia: Serra de Baixo, Pedra da Torre, 18º46'58"S, 584 40º26'47"W, A.P.Fontana et al. 4831, 16.II.2008, fl. (MBML). Santa Leopoldina: 585 Luxemburgo, Pedra Preta, A.P.Fontana & L.Kollmann 1243, 9.III.2005, fl. (MBML). São 586 Roque do Canaã: Misterioso, Pedra dos Três Carneiros, A.P.Fontana et al. 1543, fl. 587 (MBML); Alto Misterioso, A.P.Fontana & C.Esgario 1557, 16.VII.2005, fl. (MBML); 127 588 idem, 19º48'06,1"S, 40º46'19,1"W, C.Esgario & A.P.Fontana 65, 30.VII.2007, fl. (MBML); 589 idem, 19º48'11,3"S, 40º46'12,7"W. L.Menini Neto & A.P.Fontana 615, 1.VIII.2008, fl. 590 (CESJ, RB). Minas Gerais. Mutum: Imbiruçu, Pedra Santa, M.Freyi & L.C.F.Perim 514, 591 13.VI.2003, fl. (MBML); idem, 20º10'35S, 41º26'03"W, L.Menini Neto et al. 763, 592 31.V.2009, fl. (CESJ, RB). 593 Etimologia: referência à coloração amarela das flores. 594 Distribuição geográfica e habitat: Pseudolaelia citrina pode ser encontrada no extremo 595 leste de Minas Gerais e também oeste, noroeste e região serrana do Espírito Santo (Figura 596 9), ocorrendo como saxícola em inselbergue granítico, entremeada a liquens e musgos, 597 formando pequenas populações com poucos indivíduos cespitosos isolados, em altitudes 598 que variam de 700 a 1200 m.s.m. 599 Status de conservação: Pseudolaelia citrina corre o risco de desaparecer na localidade 600 típica (Pedra Santa, Imbiruçu, município de Mutum-MG), pois o número reduzido de 601 exemplares e a destruição causada ao habitat pelo pisoteio de turistas, abertura de trilhas 602 por motoqueiros, introdução de capim-gordura (Melinis minutiflora P. Beauv.) que abafa as 603 touceiras e sombreia as plantas, impedindo seu desenvolvimento e têm destruído o habitat 604 em que ocorre. Em Minas Gerais é conhecida ainda outra população no Parque Estadual 605 Sete Salões, no leste do estado, embora sem registro em herbário. 606 Foi citada pela Biodiversitas (2005) na lista da flora brasileira ameaçada de 607 extinção na categoria Vulnerável e consta também nas listas vermelhas das espécies 608 ameaçadas de extinção das floras de Minas Gerais (Biodiversitas 2007) e Espírito Santo 609 (Kollmann et al. 2007), respectivamente nas categorias Vulnerável e Criticamente em 610 Perigo, além de ter sido incluída no Anexo I da lista oficial da flora ameaçada do Brasil 611 (MMA 2008). A sinonimização de P. maquijiensis e P. pavopolitana sob P. citrina amplia 612 a distribuição geográfica e o número de populações desta espécie, mas segundo os critérios 613 da IUCN (2001) deve ser considerada na categoria Vulnerável (VU) de forma global 614 (B1ab(iii)B2ab(iii), destacando-se ainda que apenas uma população é protegida em 128 615 unidade de conservação no estado de Minas Gerais. 616 Comentários: Pseudolaelia citrina é a menor espécie do gênero, não alcançando 10 cm de 617 altura excluindo a inflorescência. Apresenta também as menores flores dentre as espécies 618 do gênero, de coloração predominantemente amarela, às vezes esverdeada, podendo ter as 619 sépalas matizadas de vináceo e em algumas populações o labelo com matizes róseos. 620 Frey (2005), ao descrever Pseudolaelia maquijiensis, utilizou como caracteres 621 distintivos dimensões de órgãos vegetativos (como rizoma e pseudobulbos) e reprodutivos 622 (como comprimento da inflorescência e tamanho das sépalas, pétalas e do labelo), 623 afirmando que P. maquijiensis seria maior do que P. citrina em vários aspectos. No 624 entanto, coletas realizadas nas localidades típicas de ambas as espécies, demonstram 625 claramente que pode haver sobreposição destas dimensões e as características apontadas 626 por Frey (2005) fazem parte da variação existente entre populações diferentes de uma 627 mesma espécie. De forma semelhante o reconhecimento de P. pavopolitana por Frey 628 (2005) foi sustentado pelo porte menor e coloração diferente do labelo quando em 629 comparação com P. citrina. A análise dos typi de ambas e a morfologia floral semelhante 630 apontam para a coespecificidade. Assim, são propostas as sinonimizações de P. 631 maquijiensis e P. pavopolitana sob P. citrina. 632 633 7) Pseudolaelia corcovadensis Porto & Brade, Arq. Inst. Biol. Veg. 2: 209. 1935. Tipo: 634 Brasil, Rio de Janeiro, Corcovado, 500 m.s.m., epiphytica in Velloziaceae, Voll & Carris 635 s.n., 20.VI.1935 (Holótipo: RB!). 636 Figura 8, Anexo 1 (Fotos 29-41). 637 Erva epífita sobre Velloziaceae, 15-25 cm alt., excluindo a inflorescência. Rizoma 638 cilíndrico, 1,9-2,7 cm compr., verde, coberto por catáfilos ovais, ca. 2 x 0,7 cm, 639 estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras. Pseudobulbo fusiforme, 2,7- 129 640 5 cm compr., verde, com 4 entrenós, coberto por catáfilos lanceolados, ca. 2,5 x 1 cm, 641 estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras nos pseudobulbos mais 642 velhos. Folhas 3-5, eretas a levemente curvas, dispostas desde a metade até o ápice do 643 pseudobulbo; lâmina foliar lanceolada, 7,7-22 x 0,6-1,1 cm, verde-clara a verde-escura, 644 coriácea, ápice agudo; bainha foliar 2,1-3 x 0,7 cm, estramínea, paleácea. Inflorescência 645 em racemo ou panícula, ereta, 45-60,5 cm compr., 7-12-flora; pedúnculo cilíndrico, 40- 646 52,5 cm compr., verde-avermelhado, brácteas tubulosas, 3-5,7 cm compr., estramíneas, 647 ápice agudo a acuminado; brácteas florais triangulares, 1,5-4,2 x 0,7 mm, estramíneas, 648 membranáceas, ápice acuminado. Flores sem odor, pediceladas, pedicelo e ovário ca. 1,5 649 cm compr., róseos; sépala dorsal elíptica, 1,1-2,2 x 0,5-0,8 cm, rósea, ápice obtuso; sépalas 650 laterais elípticas, 1-2 x 0,5-0,9 cm, róseas, assimétricas, côncavas, ápice agudo; pétalas 651 elípticas, 1,1-2,1 x 0,6-0,9 cm, róseas, levemente assimétricas, ápice arredondado; labelo 652 trilobado, 0,8-1,5 x 0,8-1,5 cm, lobos laterais ligulados, 1,4-4,8 x 1,7-3,6 mm, róseos, ápice 653 arredondado, lobo mediano suborbicular, 0,6-1,1 x 0,9-1,4 cm, róseo com estrias róseo- 654 escuras, ápice arredondado, disco do labelo carnoso, com 3-9 lamelas amarelas desde a 655 base até próximo à metade do lobo mediano; cunículo inconspícuo externamente; coluna 7- 656 8 mm compr., rósea com ápice alvacento; antera verde; polínias amarelas, caudícula ca. 1 657 mm compr. Frutos maduros verde-claros, globosos, ca. 2 cm compr. 658 Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Divino: Fazenda do Riacho, L.S.Leoni 659 1813, 11.III.1992, fl. (GFJP). Juiz de Fora: Área de Proteção Ambiental Santo Cristo, 660 A.N.Caiafa & G.L.G.Soares s.n., 15.V.1998, fl. (CESJ 30123, MBM); sem localidade, 661 E.L.Borba 554, fl. cult. 26.III.2000, fl. (UEC); Área de Proteção Ambiental Santo Cristo, 662 21º41'37,3"S, 43º18'21,6"W, L.Menini Neto & M.A.Clemente 521, 3.VI.2008, fl./fr. 663 (CESJ, HUEFS, RB); Monte Verde, L.Menini Neto & V.Lopes 992, 10.VIII.2010, fr. 664 (CESJ, RB). Rio de Janeiro. Nova Friburgo: C.Gomes s.n., VI.1936, fl. (RB 29801); 665 F.Dungs s.n., 30.IX.1973, fl. (HB 52519); Córrego D’Antas, Morro do Carrapato, 666 E.R.Pansarin & L.Mickeliunas 1021, 6.III.2003, fl. (UEC); Macaé de Cima, propriedade 667 do Sr. David Miller, 22º22’31”S, 42º29’41”W, C.N.Fraga et al. 1810, 6.V.2007, fl. (RB). 130 668 Paty do Alferes: Alto da Boa Vista, 22º24'38,2'S, 43º20'54,6"W, L.Menini Neto & 669 M.A.S.Baltar 522, 7.VI.2008, fl. (CESJ, HUEFS, RB). Petrópolis: Araras, Malta, 670 P.I.S.Braga 1358, 8.XI.1968, fl. (RB); idem, Morro da Pedra do Oratório, G.Martinelli 671 8751, 25.IX.1982, fr. (RB); Vale das Videiras, 22º27'08,2"S, 43º19'34,7"W, L.Menini Neto 672 & M.A.S.Baltar 401, 5.V.2007, fl. (CESJ, HUEFS, RB). Santa Maria Madalena: Pedra das 673 Flores, A.C.Brade & S.Lima 13325, 4.VI.1934, fl. (RB). Sem município: Cultivada no 674 orquidário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sem coletor, sem data, fl. (RB 426398). 675 Etimologia: referência ao Morro do Corcovado, Rio de Janeiro, suposta localidade típica 676 da espécie. 677 Distribuição geográfica e habitat: Pseudolaelia corcovadensis está distribuída pela região 678 serrana e norte do estado do Rio de Janeiro e leste-sudeste do estado de Minas Gerais 679 (Figura 9), freqüentemente formando grandes populações, epífitas sobre Vellozia plicata 680 Mart. em altitudes que variam de 900 a 1400 m.s.m. Embora a etiqueta do material tipo 681 tenha como referência da localidade o Corcovado, esta espécie nunca foi recoletada nesta 682 localidade e tampouco em qualquer outro afloramento rochoso do município do Rio de 683 Janeiro. No protólogo, Porto & Brade (1935) já comentavam com surpresa o fato de se 684 encontrar um novo gênero de Orchidaceae em um município amplamente visitado por 685 vários coletores e naturalistas no século XIX e início do século XX. Acreditamos também 686 que seja um equívoco da etiqueta do exemplar tipo. 687 Status de conservação: Citada na lista de espécies ameaçadas de extinção da flora de 688 Minas Gerais na categoria Em Perigo (Biodiversitas 2007). Dentre os únicos dois registros 689 realizados em MG, a população do município de Juiz de Fora, Minas Gerais, já foi 690 praticamente destruída em virtude de se encontrar em uma pedreira ativa, com extração de 691 pedra britada. De forma global deve ser considerada na categoria Em Perigo (EN), segundo 692 os critérios da IUCN (2001) (B1ab(iii)B2a). 693 Comentários: Pseudolaelia corcovadensis tem como espécies mais semelhantes P. 694 cipoensis, P. geraensis e P. irwiniana, em virtude das sépalas e pétalas largas, podendo se 131 695 diferenciar pelas flores maiores, presença de cinco a nove lamelas amarelas bem 696 destacadas no disco do labelo e margem do labelo fortemente ondulada. Apresenta também 697 distribuição geográfica distinta, nos inselbergues graníticos do sudeste de Minas Gerais e 698 no Rio de Janeiro, enquanto as demais espécies ocorrem no centro e nordeste de Minas 699 Gerais, sendo P. cipoensis e P. irwiniana exclusivas de campos rupestres. 700 701 8) Pseudolaelia dutrae Ruschi, Bol. Mus. Biol. Prof. Mello-Leitão. Sér. Bot. 1: 40. 1949. 702 Tipo: Brasilia, E. E. Santo, Santa Teresa, Barra do Rio Perdido. Altit. 400-600 ms., 703 epiphytica ad Velloziaceae. Exemplar typo Herbario Museu de Biologia Prof. Mello-Leitão 704 nº 1501, leg. A. Ruschi, 3.7.1948. Lectótipo designado por Menini Neto et al. (2011): 705 Brasil, Espírito Santo, Santa Teresa, Barra do Rio Perdido, 500 m.s.m., A.Ruschi 1502, 706 3.VII.1948 (MBML!). 707 Pseudolaelia freyi Chiron & V. P. Castro, Richardiana 4(4): 157. 2004. Tipo: Brasil, 708 Espírito Santo, município de Brejetuba, Monte Feio, 1100-1400 m.s.m., M. Frey & L.C.F. 709 Perim 702, 28.VI.2004 (Holótipo: MBML!), syn nov. 710 Figura 10, Anexo 1 (42-72). 711 Erva epífita sobre Velloziaceae, raramente saxícola, 20-30 cm alt., excluindo a 712 inflorescência. Rizoma cilíndrico, 0,5-8 cm compr., verde a vináceo-acastanhado, coberto 713 por catáfilos ovais, ca. 1,5 x 1 cm, estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em 714 fibras. Pseudobulbo fusiforme a subpiriforme, 3-10,5 cm compr., verde a acastanhado, com 715 4-5 entrenós, coberto por catáfilos ovais a lanceolados, 1,6-4 x 1-1,5 cm, estramíneos, 716 paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras nos pseudobulbos mais velhos. Folhas 3- 717 7, eretas a levemente curvas, dispostas desde a metade até o ápice do pseudobulbo; lâmina 718 foliar lanceolada, 7,4-33,4 x 0,7-2,2 cm, verde-escura a matizada de vináceo, coriácea, 719 margem serrilhada, ápice agudo; bainha foliar 1,8-4,1 x ca. 1,2 cm, verde-clara passando a 132 720 estramínea, cartácea. Inflorescência em racemo ou panícula com ramos curtos, ereta, 34,5- 721 80 cm compr., 20-110-flora; pedúnculo cilíndrico, 19-60,5 cm compr., verde-avermelhado, 722 brácteas tubulosas, 3,8-9 cm compr., estramíneas, ápice agudo a acuminado; brácteas 723 florais triangulares a lanceoladas, 1,5-7 x 1-1,5 mm, verdes a vináceas, membranáceas, 724 ápice agudo a longo-acuminado. Flores sem odor, pediceladas, pedicelo e ovário 1,1-2,6 725 cm compr., róseo-esverdeados; sépala dorsal oblanceolada, 1,1-2,8 x 0,2-0,5 cm, alva a 726 róseo-escura, levemente assimétrica, levemente côncava, ápice agudo; sépalas laterais 727 oblanceoladas, 1,1-2,7 x 0,3-0,6 cm, alvas a róseo-escuras, assimétricas, côncavas, ápice 728 agudo; pétalas espatuladas a oblanceoladas, 1,2-2,9 x 0,2-0,6 cm, alvas a róseo-escuras, 729 levemente assimétricas a assimétricas, ápice agudo a arredondado; labelo trilobado, 10-1,7 730 x 1,1-1,3 cm, lobos laterais lineares a oblongos, 1,5-9,2 x 0,5-2 mm, alvos a róseo-escuros, 731 ápice agudo a arredondado, lobo mediano reniforme a suborbicular, 0,3-0,9 x 0,5-1,1 cm, 732 alvos a róseo-escuros, estriados de róseo a róseo-escuro, margem erosa ou fimbriada, ápice 733 profundamente emarginado, raramente obtuso, disco do labelo carnoso, piloso, com duas 734 lamelas desde a base, formando várias lamelas longitudinais com ápice verrucoso, mais 735 destacadas próximo à base do lobo mediano, alvas a amarelas; cunículo inconspícuo 736 externamente; coluna ca. 6-7 mm compr., alva, verde a verde-rosada, às vezes com ápice 737 arroxeado; antera roxa; polínias amarelas, caudícula ca. 1 mm compr. Frutos maduros 738 globosos, 1,4-2 cm compr., verdes. 739 Material examinado: BRASIL. Espírito Santo. Afonso Cláudio: Pedra dos Três Pontões, 740 A.P.Fontana et al. 3387, 18.V.2007, fl. (MBML); idem, A.P.Fontana et al. 3388, 18.V.2007, 741 fl. (MBML); idem, A.P.Fontana et al. 3637, 16.VII.2007, fl. (MBML). Boa Esperança: 742 Pedra da Botelha R.O.S.Bis s.n., 10.VII.2009, fl. (MBML 35413). Brejetuba: Monte Feio, 743 20º10’32,6”S, 41º17’10,1”W, L.Menini Neto & A.P.Fontana 766, 27.VII.2009, fl./fr. 744 (CESJ, HUEFS, RB); idem, L.Menini Neto & A.P.Fontana 767, 27.VII.2009, fl. (CESJ, 745 HUEFS, RB). Itarana: Pedra do Cruzeiro, L.Kollmann 25, 24.VI.1988, fl. (MBML); Pedra 746 da Onça, R.L.Teixeira & P.C.M.Mili s.n., 25.VII.2004, fl. (MBML 22562). Muqui: 133 747 Sumidouro, Sítio 20 Alqueires, 20º58’34”S, 41º13’56”W, L.Kollmann et al. 11668, 748 6.VI.2009, fl. (MBML). Santa Teresa: Pedra da Onça, H.Q.Boudet-Fernandes & W.Boone 749 1927, 16.IV.1986, fl. (MBML), Pedra Alegre, Pedra do Cruzeiro, V.Demuner et al. 1152, 750 20.VI.2000, fl. (MBML), idem, R.R.Vervloet et al. 8, 29.VI.2000, fl. (MBML); Valsugana 751 Velha, Estação Biológica de Santa Lúcia, L.Kollmann et al. 3621, 25.IV.2001, fl. 752 (MBML); Pedra da Onça, L.Kollmann 3638, 7.V.2001, fl. (MBML); São João de 753 Petrópolis, Valão de São Braz, A.P.Fontana & J.R.Silva 5, 12.VI.2000, fr. (MBML); idem, 754 A.P.Fontana et al. 104, 24.II.2001, fl. (MBML); idem, A.P.Fontana & J.I.Fontana 122, 755 10.VI.2001, fl. (MBML); idem, A.P.Fontana & J.I.Fontana 123, 10.VI.2001, fl. (MBML). 756 São Roque do Canaã: Misterioso, Pedra dos Três Carneiros, A.P.Fontana et al. 681, 757 24.XII.2003, fr. (MBML); idem, A.P.Fontana et al. 1542, 9.VII.2005, fl. (MBML). Vila 758 Pavão: Comunidade Figueira, 18º39'04,4"S, 40º33'11,7"W, L.Menini Neto et al. 756, 759 29.V.2009, fl. (CESJ, HUEFS, RB). Sem município: 30 Km antes de Baixo Guandu, 760 A.P.Duarte 13977, 19.V.1971, fl. (RB); sem localidade, A. Seidel 960, Fl. cult. VI.1965, fl. 761 (HB); Rodovia de acesso à Nova Colatina, E. J. Colnago s. n., 13.IV.1983, fl. (SP 330906); 762 Minas Gerais. Aimorés: Pedra Lorena, UHE Aimorés, E.Tameirão Neto 2373, 26.III.1997, 763 fl. (BHCB); inselbergue contíguo à Pedra Lorena, próximo a Usina de Aimorés, 764 19º26'26,2"S, 41º05'35,9"W, L.Menini Neto et al. 762, fl. (CESJ, RB). Nanuque: A.Seidel 765 906, Fl. cult. 30.VII.1963, fl. (HB). 766 Etimologia: homenagem a Eurico Gaspar Dutra, presidente da república na época da 767 descrição da espécie. 768 Distribuição geográfica e habitat: ocorre como epífita sobre Velloziaceae, raramente 769 como saxícola, formando grandes populações predominantemente no estado do Espírito 770 Santo, mas também sendo encontrada em Minas Gerais, nos afloramentos graníticos 771 próximos a divisa com este estado (Figura 11). Distribui-se em grande amplitude 772 altitudinal, entre 140 e 1300 m.s.m. 773 Status de conservação: Em virtude da ampla distribuição e do grande número de 774 populações conhecidas, geralmente formadas por muitos indivíduos, deve ser considerada 775 Não Ameaçada (LC) (IUCN, 2001). 776 Comentários: Pseudolaelia dutrae apresenta maior semelhança com P. vellozicola, 134 777 possuindo forte polimorfismo floral. Diferencia-se desta pelo porte geralmente maior, 778 inflorescência freqüentemente em panícula com ramos secundários curtos e mais ou menos 779 compactos (vs. freqüentemente em racemo), flores com sépalas e pétalas geralmente mais 780 estreitas e lobo mediano do labelo com margem fortemente erosa ou fimbriada, ápice 781 profundamente emarginado, lamelas longitudinais de ápice verrucoso, mais destacadas 782 próximo à base do lobo mediano (vs. labelo com margem inteira, ápice freqüentemente 783 arredondado e lamelas longitudinais destacadas por toda sua extensão). 784 No protólogo de P. dutrae, Ruschi (1949) citou como holótipo sua coleta de 785 número 1501, depositado no herbário MBML. Além deste exemplar, o autor também 786 referiu como material examinado os exemplares sob os números 1502 e 1503, coletados no 787 mesmo local e data, 1550 e 1551 (município de Santa Leopoldina, Alto Santa Maria), 1211 788 e 1213 (município de Itaguassú, Serra do Limoeiro), 1470 e 1471 (município de Colatina, 789 Pedra da Cascata), 1610 e 1611 (município de Afonso Cláudio, Pedra da Laginha). Exceto 790 por dois espécimes (1502 e 1503), todos os materiais, inclusive o holótipo, foram perdidos 791 durante uma enchente que destruiu parte da coleção do MBML em dezembro de 2000. 792 Assim, o lectótipo designado por Menini Neto et al. (2011) foi um dos exemplares 793 restantes (Ruschi 1502). 794 Chiron & V. P. Castro (2004) descreveram P. freyi baseados em material 795 proveniente do Monte Feio, em Brejetuba (ES), diferenciando-a de P. dutrae pelo menor 796 porte, inflorescência mais curta, em racemo (ou com poucas ramificações), rizoma mais 797 curto, calosidade dividida em crista na metade do comprimento (vs. no ápice) labelo com 798 istmo amarelo (vs. branco) e lobos laterais do labelo mais curtos e largos. Uma análise da 799 população de Brejetuba no pico de floração demonstrou que estes caracteres são variáveis, 800 sobretudo o porte, comprimento do rizoma, a calosidade e a coloração (vide Anexo 1). O 801 número de ramificações na inflorescência também não é um caráter consistente, pois 135 802 ocorre variação tanto na população de Brejetuba quanto nas demais populações de P. 803 dutrae. 804 As demais populações de P. dutrae demonstram também forte polimorfismo floral 805 intra e interpopulacional, como pode ser observado na Figura 11 (e nos Capítulos 1 e 2 806 com o estudo da morfometria floral), mas sem suporte para reconhecimento de P. freyi 807 como espécie à parte de P. dutrae. Esta situação também foi observada no estudo da 808 diversidade genética com marcadores moleculares ISSR de populações de P. dutrae, que, 809 embora tenha demonstrado diferenciação genética entre as populações, possivelmente 810 causada pelo isolamento representado pelos inselbergues, não deu suporte ao 811 reconhecimento de espécies separadas. Desse modo, sugere-se sinonimização de P. freyi 812 sob P. dutrae. 813 814 9) Pseudolaelia geraensis Pabst, Orquídea (Rio de Janeiro) 29: 63. 1967. Tipo: Brasil, 815 Minas Gerais, in saxis calcaris ad marginem viae Nanuque – Teófilo Ottoni, R. P. Belém 816 1629, 14.VIII.1965 (Holótipo: CEPEC, perdido; Lectótipo: HB! Designado por Menini 817 Neto et al. (2011); Isolectótipo: NY foto!, UB foto!). 818 Figura 12, Anexo 1 (Fotos 73-85). 819 Erva epífita sobre Velloziaceae ou saxícola, 25-35 cm alt., excluindo a inflorescência. 820 Rizoma cilíndrico, 3,3-18,5 cm compr., verde a verde-amarelado, coberto por catáfilos 821 tubulosos, 0,9-1,9 x ca. 0,9 cm, estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em 822 fibras. Pseudobulbo fusiforme, 4,9-9,3 cm compr., verde-claro a verde-amarelado, com 4 823 entrenós, coberto por catáfilos lanceolados, ca. 4 x 1,5 cm, estramíneos, paleáceos, ápice 824 agudo, desfazendo-se em fibras nos pseudobulbos mais velhos. Folhas 4-7, eretas, 825 dispostas desde a metade até o ápice do pseudobulbo; lâmina foliar elíptica a lanceolada, 826 9,8-23,6 x 0,87-3,4 cm, verde a verde-amarelada, coriácea, margem serrilhada, ápice agudo 136 827 a assimétrico; bainha foliar 2,5-3,6 x 0,8-1,8 cm, verde-clara, amarelada, cartácea. 828 Inflorescência em racemo, ereta, 61-166 cm compr., 10-25-flora; pedúnculo cilíndrico, 60- 829 149 cm compr., verde a avermelhado, brácteas tubulosas, 2,5-7,5 cm compr., estramíneas, 830 ápice agudo; brácteas florais triangulares a lanceoladas, 1,6-6,8 x 0,2-1 mm, verdes a 831 vináceas, membranáceas, ápice agudo a acuminado. Flores sem odor, pediceladas, pedicelo 832 e ovário 1,5-2,6 cm compr., róseos; sépala dorsal oblanceolada, 1,4-2 x 0,5-0,7 cm, alva a 833 rósea, levemente assimétrica, ápice agudo; sépalas laterais oblanceoladas, 1,4-2 x 0,6-0,8 834 cm, alvas a róseas, assimétricas, côncavas, ápice agudo; pétalas espatuladas, 1,2-2 x 0,5- 835 0,8 cm, alvas a róseas, assimétricas, ápice agudo; labelo trilobado, 0,9-1,4 x 0,8-1,3 cm, 836 lobos laterais triangulares, 0,5-4 x 0,4-2,3 mm, alvos a róseos, ápice agudo, lobo mediano 837 reniforme, ca. 0,5 x 1 cm, alvo a róseo com estrias róseo-escuras, ápice emarginado, disco 838 do labelo carnoso, com 2 calos basais paralelos divergindo em várias lamelas pouco 839 desenvolvidas até próximo ao lobo mediano; cunículo inconspícuo externamente; coluna 5- 840 6 mm compr., rósea matizada de verde; antera verde; polínias amarelas, caudícula ca. 1 841 mm compr. Frutos maduros globosos, ca. 1,8 cm compr., verdes. 842 Material examinado: BRASIL. Bahia. Sem município: Ao lado da Rodovia BR-4, km 843 777, R.P.Belém 3776, 27.VI.1968, fl. (CEPEC). Minas Gerais. Marliéria, R.C.Forzza et 844 al. 6044, 8.II.2011, fl. (RB). Nova Era: propriedade da CENIBRA, L.Menini Neto & J.C. 845 Drummond 519, 17.V.2008, fl. (CESJ, HUEFS, RB). Santa Bárbara: Serra do Caraça, 846 J.R.Stehmann & E.Tameirão Neto s.n., 11.IX.1990, fl./fr. (BHCB 28388). São Gonçalo do 847 Rio Abaixo: Estação Ambiental de Peti (CEMIG), Mirante do Cruzeiro, J.A.Lombardi et 848 al. 4717, 23.IV.2002, fl. (BHCB, SPF); idem, 19º53'40"S, 43º22'12"W, L.Menini Neto & 849 P.L.Viana 764, 16.VII.2009, fl./fr. (CESJ, HUEFS, RB). Teófilo Otoni: Córrego São João, 850 M.Frey et al. 901, 25.VI.2005, fl. (MBML); BR-418, estrada Teófilo Otoni-Nanuque, 851 L.Menini Neto et al. 753, 28.V.2009, fl (CESJ, HUEFS, RB). Espírito Santo. Sem 852 município: R.Burle-Marx s.n., Fl. cult. 26.XI. 1978, fl. (HB 69137). 853 Etimologia: referência ao estado de Minas Gerais, onde foi encontrada pela primeira vez. 854 Distribuição geográfica e habitat: Pseudolaelia geraensis está distribuída desde o sul da 137 855 Bahia até o Espírito Santo, estendendo-se ao nordeste e centro de Minas Gerais (Figura 856 15). Pode ocorrer como saxícola, nos inselbergues graníticos da Bahia e nordeste de Minas 857 Gerais ou como epífita sobre Vellozia plicata, em afloramentos da região centro-leste de 858 Minas Gerais e região serrana do Espírito Santo em amplitude altitudinal que varia de 300 859 a 1400 m.s.m. 860 Status de conservação: Embora apresente ampla ocorrência, segundo os critérios da IUCN 861 (2001) deve ser considerada na categoria Vulnerável (VU) (B1ab(iii)B2a), principalmente 862 em virtude da distribuição fragmentada e registro em um número reduzido de localidades. 863 Comentários: Pseudolaelia geraensis tem como espécies mais semelhantes P. 864 corcovadensis, P. cipoensis e P. irwiniana, compartilhando flores com sépalas e pétalas 865 largas, diferenciando-se pelos pseudobulbos maiores, folhas mais largas e em maior 866 número, inflorescência freqüentemente com mais de um metro de comprimento, labelo 867 com duas calosidades basais, com projeções formando um sulco longitudinal central, que 868 se estende sobre o lobo mediano como lamelas divergentes, pouco desenvolvidas. Esta 869 última característica também está presente em P. cipoensis, mas as flores são menores e os 870 lobos laterais mais desenvolvidos e estreitos do que em P. geraensis. 871 As plantas do nordeste de Minas Gerais, na região da localidade típica, são mais 872 robustas e apresentam inflorescências mais longas (com mais de 1m compr.) e flores 873 menores, formando grandes touceiras associadas a Bromeliaceae, Cactaceae, liquens e 874 musgos, enquanto as plantas que ocorrem mais ao sul do estado e também no Espírito 875 Santo são plantas menos robustas, com inflorescências geralmente mais curtas e flores 876 mais desenvolvidas. 877 Pabst (1967) citou no protólogo de P. geraensis apenas o holótipo Belém 1629 878 depositado no herbário CEPEC, que não foi encontrado. Embora Pabst não tenha citado os 879 isótipos no protólogo, estes foram localizados durante a realização do presente estudo nos 138 880 herbários HB, UB e NY. Assim, Menini Neto et al. (2011) designaram como lectótipo o 881 exemplar depositado no herbário HB, onde Pabst trabalhou. 882 883 10) Pseudolaelia irwiniana Pabst, Bradea 1: 366. 1973. Tipo: Brasil, Minas Gerais, 18 km 884 E of Diamantina, cerrado interspread with outcrops, 900 m.s.m., H. S. Irwin et al. 27706, 885 16.III.1970 (Holótipo: UB Foto!; Isótipo: HB!, NY foto!). 886 Figura 13, Anexo 1 (Fotos 86-92). 887 Erva epífita sobre Velloziaceae, ca. 15 cm alt., excluindo a inflorescência. Rizoma 888 cilíndrico, 1,5-2 cm compr., vináceo, coberto por catáfilos ovais, ca. 6 x 4 mm, 889 estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras. Pseudobulbo fusiforme, ca. 890 3-4 cm compr., vináceo, com 4 entrenós, coberto por catáfilos lanceolados, ca. 8 x 5 mm, 891 estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras nos pseudobulbos mais 892 velhos. Folhas 2-3, eretas, dispostas desde a metade até o ápice do pseudobulbo; lâmina 893 foliar linear-lanceolada, 10-13 x ca. 1 cm, verde-escura a vinácea, coriácea, margem 894 serrilhada, ápice agudo; bainha foliar 1-1,5 x ca. 0,8 cm, verde-escura, cartácea. 895 Inflorescência em racemo, ereta, ca. 20-30 cm compr., 8-13-flora; pedúnculo cilíndrico, 896 18-27,5 cm compr., verde-avermelhado, brácteas tubulosas, 2,5-4 cm compr., estramíneas, 897 ápice agudo; brácteas florais triangulares, 2-6 x 1-1,5 mm, membranáceas, ápice agudo a 898 acuminado. Flores sem odor, pediceladas, pedicelo e ovário ca. 1 cm compr., róseo- 899 esverdeados; sépala dorsal elíptica, 1,1-1,6 x 0,3-0,5 cm, rósea, ápice agudo; sépalas 900 laterais lanceoladas, 1-1,6 x 0,3-0,5 cm, róseas, assimétricas, côncavas, ápice agudo; 901 pétalas espatuladas, 1-1,6 x 0,3-0,6 cm, róseas, assimétricas, ápice agudo; labelo trilobado, 902 0,7-1 x 0,8-1 cm, lobos laterais triangulares a ligulados, 1-3 x 0,8-1,5 mm, róseos, ápice 903 arredondado, lobo mediano suborbicular a reniforme, 0,6-0,8 x 0,8-1 cm, róseo com estrias 904 róseo-escuras, ápice arredondado a emarginado, apiculado, disco do labelo carnoso, com 5- 139 905 7 lamelas longitudinais amarelas passando a róseo-escuras, desde a base até próximo ao 906 ápice do lobo mediano; cunículo inconspícuo externamente; coluna 3-4 mm compr., róseo- 907 esverdeada com ápice alvacento; antera verde; polínias amarelas, caudícula ca. 0,5 mm 908 compr. Frutos esféricos, 1,5-1,8 cm compr., verdes. 909 Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Diamantina: estrada para Curralinho, 910 N.L.Menezes 815, 23.III.1978, fl. (HB); L.Krieger & M.C.Brügger s.n., 28.I.1976, fl. 911 (CESJ 14056); sem localidade, F. Barros 607, Fl. cult. 28.I.1981, fl. (SP); estrada para 912 Extração, a ca. 9 Km de Diamantina, L.P.Queiroz et al. 7597, 11.I.2003, fl. (HUEFS); sem 913 localidade, A.K.A. Santos et al. 652, 13.I.2006, fl. (HUEFS); Curralinho, L.Menini Neto et 914 al. 622, Fl. cult. em X.2006, fl. (CESJ). Datas: próximo a Datas, H.S.Irwin et al. 22541, 915 24.I.1969, fl. (HB); ca. 15 Km S de Diamantina, W.R.Anderson et al. 35518, 5.II.1972, 916 fl./fr. (UB); noroeste da cidade, 18º27’11”S, 43º39’01”, L.Menini Neto et al. 743, 917 26.V.2009, fr. (CESJ, HUEFS, RB). Serro: estrada para Milho Verde, a 3 Km do trevo da 918 estrada para Capivari, 18º29’17”S, 43º28’16”W, L.Menini Neto et al. 729, 25.V.2009, fr. 919 (CESJ, HUEFS, RB); São Gonçalo do Rio das Pedras, L.Menini Neto et al. 732, 920 15.V.2009, fr. (CESJ, HUEFS, RB). Sem município: BR-259, 10 Km N de Diamantina, 921 G.Hatschbach 40893, 24.I.1978, fl. (MBM). 922 Etimologia: homenagem ao pesquisador H. S. Irwin, que coletou o material tipo. 923 Distribuição geográfica e habitat: Pseudolaelia irwiniana ocorre apenas nos campos 924 rupestres do Planalto de Diamantina, Minas Gerais (Figura 15), em altitude que varia de 925 1000 a 1300 m.s.m., como epífita freqüentemente sobre espécies do grupo de Vellozia 926 hirsuta Goeth. & Henrard, confundindo-se com os forófitos em virtude de morfologia 927 foliar semelhante, apresentando crescimento fortemente reptante. 928 Status de conservação: Deve ser considerada na categoria Em Perigo (EN) segundo os 929 critérios da IUCN (2001) (B1ab(iii)B2ab(iii), principalmente em virtude da degradação do 930 ambiente, que é muito explorado para mineração de diamante, além da existência de 931 apenas uma população em unidade de conservação. 932 Comentários: Pseudolaelia irwiniana possui maior semelhança com P. cipoensis, mas 933 diferencia-se por ser a espécie de menor porte dentre as Pseudolaelia com forma de vida 140 934 epifítica, com pseudobulbos de até 4 cm compr., vináceos, com 2-3 folhas (vs. 4 folhas em 935 P. cipoensis), eretas e mais estreitas e inflorescência com flores agrupadas próximo ao 936 ápice (vs. flores com distribuição mais espaçada na ráque em P. cipoensis). 937 Há uma população registrada em Capivari (distrito do município de Serro) que 938 apresenta morfologia floral intermediária entre P. irwiniana e P. vellozicola, embora 939 vegetativamente seja possível reconhecer a identidade de P. vellozicola, havendo, no 940 entanto, possibilidade de ser um híbrido entre as duas espécies, pois são simpátricas no 941 Planalto de Diamantina. 942 943 11) Pseudolaelia pitengoensis Campacci, Boletim CAOB 71: 60. 2008. Tipo: Brasil, 944 Minas Gerais, Nova Belém, Serra do Pitengo, 800 m.s.m., M. A. Campacci 1918, VII.2007 945 (fl. cult. V.2000), (Holótipo: UNIP!). 946 Figura 14, Anexo 1 (Fotos 93-95). 947 Erva epífita sobre Velloziaceae, 15-20 cm alt., excluindo a inflorescência. Rizoma 948 cilíndrico, 1-1,7 cm compr., verde a vináceo, coberto por catáfilos ovais, ca. 4 x 4 mm, 949 estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em fibras. Pseudobulbo fusiforme a 950 subpiriforme, 2,9-5,6 cm compr., verde-claro a vináceo, com 4 nós, coberto por catáfilos 951 lanceolados, 1,6-2,4 x ca. 0,8 cm, estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em 952 fibras nos pseudobulbos mais velhos. Folhas 4-6, eretas, dispostas desde a metade até o 953 ápice do pseudobulbo; lâmina foliar lanceolada, 6,8-18 x 0,7-1,4 cm, verde-escura, 954 coriácea, margem serrilhada, ápice agudo; bainha foliar 2,6-3,9 x ca. 0,8 cm, verde-clara, 955 avermelhada, paleácea. Inflorescência em panícula, ereta, 39-73,5 cm compr., ramos da 956 inflorescência 2,5-5 cm compr., 10-50-flora; pedúnculo cilíndrico, 34-50 cm compr., verde- 957 avermelhado, brácteas tubulosas, amplectivas sobre o pedúnculo, 2,5-5,9 cm compr., 958 estramíneas, ápice acuminado; brácteas florais triangulares, 2-5 x 1,5 mm, membranáceas, 141 959 ápice acuminado. Flores sem odor, pediceladas, pedicelo e ovário 1,2-1,8 cm compr., 960 amarelos; sépala dorsal oblanceolada, ca. 1 x 0,25 cm, amarelo-esverdeada, ápice agudo; 961 sépalas laterais oblanceoladas, ca. 9 x 3 mm, amarelo-esverdeadas, assimétricas, côncavas, 962 ápice agudo; pétalas espatuladas, ca. 1 x 0,2 cm, amarelas, assimétricas, ápice agudo; 963 labelo trilobado, ca. 9 x 6,5 mm, lobos laterais triangulares, ca. 2 x 1 mm, amarelo- 964 esverdeados, ápice agudo, lobo mediano reniforme, ca. 5 x 6,5 mm, vináceo, superfície 965 papilosa, ápice emarginado, disco do labelo amarelo, carnoso, sem lamelas; cunículo 966 inconspícuo externamente; coluna ca. 4-5 mm compr., verde-amarelada com ápice 967 arroxeado; antera roxa; polínias amarelas, caudícula ca. 0,3 mm compr. Frutos 968 subesféricos, ca. 1,2 cm compr., verdes. 969 Material examinado: BRASIL. Minas Gerais. Nova Belém, Serra do Pitengo, 970 18º32'02,7"S, 41º07'29,1"W, L.Menini Neto et al. 760, 30.V.2009, fl./fr (CESJ, HUEFS, 971 RB). 972 Etimologia: referência a Serra do Pitengo, Minas Gerais, localidade típica da espécie. 973 Distribuição geográfica e habitat: conhecida apenas da localidade típica, na Serra do 974 Pitengo, município de Nova Belém, Minas Gerais (Figura 15). Ocorre como epífita sobre 975 Vellozica plicata, formando grande população a cerca de 600 m.s.m. 976 Status de conservação: deve ser enquadrada na categoria Vulnerável (VU) (D2) segundo 977 os critérios da IUCN (2001), por apresentar apenas uma população conhecida em área de 978 ocupação reduzida, fora de unidade de conservação, e sujeita a efeitos da atividade humana 979 e eventos estocásticos (p. ex. fogo). 980 Comentários: Pseudolaelia pitengoensis possui caracteres florais semelhantes aos de P. 981 ataleiensis e P. canaanensis, com a qual é simpátrica. Diferencia-se de ambas pelo menor 982 porte e menor número de folhas, presença de lobos laterais no labelo, embora reduzidos 983 (vs. lobos laterais ausentes em ambas as espécies e labelo bilobado ou inteiro, 984 respectivamente, em P. ataleiensis e P. canaanensis), inflorescência menor, com menos 142 985 flores, distinguindo-se ainda de P. canaanensis pela ausência de projeção foliada no ápice 986 do pseudobulbo. Também vale mencionar que P. pitengoensis só vegeta como epífita sobre 987 Vellozia, enquanto as outras duas espécies são saxícolas. 988 989 12) Pseudolaelia vellozicola (Hoehne) Porto & Brade, Arq. Inst. Biol. Veg. 2: 211. 1935. ≡ 990 Schomburgkia vellozicola Hoehne, Bol. Agric. (São Paulo) 34: 622. 1934. Tipo: Plantas 991 cultivadas na coleção particular do autor, desde 1918 e mais exemplares observados no 992 Orchidário do Estado, em 1929. Na chácara do Sr. Júlio Conceição, em Santos, observada 993 vegetando nas próprias Vellosias, com que foi transportada do Espírito Santo, segundo 994 informou o referido senhor. Floresce de Abril a Agosto. Lectótipo designado por Menini 995 Neto et al. (2011): prancha número 11 da publicação original de Schomburgkia vellozicola. 996 Pseudolaelia regentii V. P. Castro & Marçal, Richardiana 8(1): 7. 2007. Tipo: Brasil, 997 Bahia, Rio de Contas, Paramirim, S. Marçal s.n. (Holótipo: SP. Não depositado), syn nov. 998 Pseudolaelia oliveirana V. P. Castro & Chiron, Richardiana 9(1): 22. 2009. Tipo: Brasil, 999 Espírito Santo, Pancas, G. O. Pinto s.n., s.d. (Holótipo: SP. Não depositado), syn nov. 1000 Pseudolaelia calimaniorum V. P. Castro & Chiron, Richardiana 9(1): 25. 2009. Tipo: 1001 Brasil, Espírito Santo, Venda Nova do Imigrante, C. Caliman s. n., s. d. (Holótipo: SP. Não 1002 depositado), syn nov. 1003 Figuras 16 e 17, Anexo 1 (Fotos 96-127). 1004 Erva epífita sobre Velloziaceae, raramente saxícola, 15-25 cm alt., excluindo a 1005 inflorescência. Rizoma cilíndrico, ca. 2-7,7 cm compr., verde-amarelado a vináceo, coberto 1006 por catáfilos ovais, ca. 1,9 x 1 cm, estramíneos, paleáceos, ápice agudo, desfazendo-se em 1007 fibras. Pseudobulbo fusiforme, 2,3-7,8 cm compr., verde-amarelado a vináceo, com 4-5 1008 entrenós, coberto por catáfilos lanceolados, 2-3,8 x 1-1,5 cm, estramíneos, paleáceos, ápice 1009 agudo, desfazendo-se em fibras nos pseudobulbos mais velhos. Folhas 4-6, eretas a 143 1010 levemente curvas, dispostas desde a metade até o ápice do pseudobulbo; lâmina foliar 1011 lanceolada a linear-lanceolada, 6,4-27 x 0,4-1,1 cm, verde-escura, coriácea, margem 1012 serrilhada, ápice agudo; bainha foliar 1,9-4,4 x 0,6-2 cm, verde-clara, amarelada, cartácea. 1013 Inflorescência em racemo ou, menos freqüentemente, em panícula, ereta, 24,5-75,5 cm 1014 compr., 10-30-flora; pedúnculo cilíndrico, ca. 21,5-69 cm compr., verde-avermelhado, 1015 brácteas tubulosas, 1,5-8 cm compr., estramíneas, paleáceas, ápice agudo a longo- 1016 acuminado; brácteas florais triangulares a linear-triangulares, 1,4-10 x 0,5-3 mm, 1017 estramíneas, membranáceas, ápice agudo a acuminado. Flores sem odor, pediceladas, 1018 pedicelo e ovário 0,8-2,2 cm compr., róseos; sépala dorsal elíptica a oblanceolada, 1-2,5 x 1019 0,2-0,6 cm, alva, rósea a róseo-escura, simétrica a levemente assimétrica, ápice agudo; 1020 sépalas laterais estreito-elípticas a oblanceoladas, 1-2,5 x 0,2-0,7 cm, alvas, róseas a róseo- 1021 escuras, assimétricas, levemente côncavas, ápice agudo a acuminado; pétalas elípticas, 1022 falciformes, oblanceoladas ou espatuladas, 1,1-2,7 x 0,2-0,4 cm, alvas, róseas a róseo- 1023 escuras, simétricas a assimétricas, ápice agudo a arredondado; labelo trilobado, 0,9-1,8 x 1024 0,4-1,4 cm, lobos laterais triangulares, falciformes, lanceolados, elípticos, ligulados ou 1025 lineares, 2-6,5 x 0,5-2 mm, alvos a róseos, ápice agudo, longo-acuminado ou arredondado, 1026 lobo mediano suborbicular ou largo-oval, 7-8 x 6-9 mm, róseo com estrias róseo-escuras, 1027 margem inteira, ápice arredondado, às vezes emarginado ou apiculado, disco do labelo 1028 carnoso, com 3-7 lamelas longitudinais amarelas desde a base até próximo à metade do 1029 lobo mediano; cunículo inconspícuo externamente; coluna 5-6 mm compr., verde matizada 1030 de róseo até rósea; antera verde a rósea; polínias amarelas, caudícula ca. 1 mm compr. 1031 Frutos subesféricos, ca 1,5 cm compr., verdes. 1032 Material examinado: BRASIL. Bahia. Caetité: distrito de Brejinho das Ametistas, Área 1033 da Bahia Mineração, -14,3588S, -45,5372W, M.S.Mendes 552, VIII.2008, fl. (HUEFS); 1034 idem, C.van den Berg 1914, 24.VII.2007, fl. (HUEFS); idem, C.van den Berg 1915, 1035 24.VII.2007, fl. (HUEFS). Jacaraci: Morro do Chapéu, F.Pinheiro & F.Rivadavia 165, Fl. 144 1036 cult. I.2000, fl. (SP). Maracás: 8 km na estrada para Contendas do Sincorá, Pedra Ladeira, - 1037 13.45S, -40,48W, C.van den Berg 1863, 21.VII. 2007, fl. (HUEFS); idem, C.van den Berg 1038 1864, 21.VII. 2007, fl. (HUEFS); idem, C.van den Berg 1865, 21.VII. 2007, fl. (HUEFS); 1039 idem, L.Menini & C.van den Berg 769, 1.XII.2009, fl./fr. (CESJ, RB). Espírito Santo. 1040 Água Doce do Norte: Córrego Havaí, 18º34'30,06'S, 40º59'35,15"W, A.P.Fontana et al. 1041 5053, 27.IV.2008, fl. (MBML); sem localidade, L.Kollmann et al. 11013, 27.IV.2008, fl. 1042 (MBML); idem, L.Kollmann et al. 10947, 27.IV.2008, fl./fr. (MBML); Pedra da Antena, 1043 18º34'27,8"S, 40º59'36"W, L.Menini Neto et al. 757, 29.V.2009, fl. (CESJ, HUEFS, RB). 1044 Águia Branca: Córrego do Trinta (CEIER), 19º01'22,2"S, 40º38'52,8"W, V.Demuner et al. 1045 2203, 25.IV.2006, fl. (MBML); Santa Luzia, 18º58’40”S, 40º39’56”W, L.F.S.Magnago et 1046 al. 1114, 26.VII.2006, fl. (MBML); idem, 18º58’26”S, 40º39’52”W, V.Demuner et al. 1047 3474, 3.IV.2007, fl. (MBML); idem, Pedra da Bandeira, 18º58’76”S, 40º39’93”W, 1048 A.P.Fontana et al. 5040, 26.IV.2008, fl. (MBML). Castelo: Parque Estadual do Forno 1049 Grande, A.P.Fontana et al. 1230, 26.III.2005, fl. (MBML). Colatina: Alto Moacir, Pedra do 1050 Cruzeiro, 19º20'53"S, 40º33'3"W, L.F.S.Magnago et al. 804, 17.IV.2006, fl. (MBML); 1051 Guarapari: L.Krieger & R.Mello-Silva s.n., 6.VI.1982, fl./fr. (BHCB, CESJ 6923, MBM, 1052 SPF, UB); L.Kollmann 3637, fl. cult. 7.V.2001, fl. (MBML); distrito de Buenos Aires, 1053 L.C.F.Perim & M.Frey 1022, 4.XI.2005, fl. (MBML). Itarana: Pedra da Onça, R.Kautsky 1054 492, fl. cult. 14.V.1975, fl. (HB). Piúma: Monte Aghá, T.W.L.Fernandes s.n., 16.V.2010, fl. 1055 (CESJ 57157). Vila Velha: Barra do Jucu, proximidades da Morada do Sol, C.N.Fraga 498, 1056 28.IX.1999, fl. (MBML); João Goulart, sem coletor, sem data, fl. (VIES 12571). Vitória: 1057 Guajura, B.Weinberg 640, 19.III.1983, est. (MBML); Campus da UFES, 20°16’36”S, 1058 40°18’15”W, O.J.Pereira et al. 2043, 20.VI.1989, fl. (VIES); Pedra da Gamela, 1059 20°19’11”S, 40°20’15”W, P.C.Vinha 1225, fl. (VIES); Pedra do Cruzeiro, C.N.Fraga & 1060 A.A.Mathias 426, 7.IV.1999, fl. (MBML); Reserva Biológica de Camburi, A.M.Assis 578, 1061 2.IX.1998, fl. (VIES); Camburi, Reserva Municipal de Camburi, C.N.Fraga 527, 1062 15.X.1999, fr. (MBML); Morro Itapenambi 20°19’11”S, 40°20’15”W, S.V.Pereira & 1063 J.M.Simões 70, sem data, fl. (VIES); sem localidade, F.E.R.Costa s.n., 18.V.2009, fl. 1064 (CESJ 57158). Sem município: sem localidade (cultivada no Jardim Botânico de São 1065 Paulo), sem coletor, fl. cult., 14.VI.1929, fl. (SP 24567); idem (cultivada no Jardim 1066 Botânico do Rio de Janeiro), sem coletor, fl. cult. IV.1960, fl. (HB 18964); próximo à 1067 Vitória, D.B.Odebrecht s.n., V.1974, fl. (HB 60736). Minas Gerais. Ataléia: próximo a 1068 Roncamento, 18º01'48"S, 41º08'32"W, L.Menini Neto et al. 754, fl. (CESJ, HUEFS, RB); 1069 idem, 18º00'50"S, 41º09'14"W, L.Menini Neto et al. 755, fl. (CESJ, HUEFS, RB). Caraí: 145 1070 sem localidade, 17º10’25”S, 41º40’20”W, L.Kollmann & E.Leme 11746, 6.VII.2009, fl. 1071 (MBML). Carlos Chagas: pedra próximo ao Posto Kaladão, 17º51’45”S, 40º59’45”W, 1072 L.Kollmann et al. 11720, 4.VII.2009, fl. (MBML). Diamantina: próximo a Cachoeira dos 1073 Cristais, F.Pinheiro & M.Piliackas 35, fl. cult. II.1998, fl. (SP). Itaipé: sem localidade, 1074 17º24’44”S, 41º40’29”W, L.Kollmann & E.Leme 11734, 6.VII.2009, fl. (MBML). Mato 1075 Verde: estrada para Montezuma, Serra do Mandaçaia, 15º23'03"S, 42º46'27"W, 1076 C.M.Sakuragui et al. CFCR 15149, 17.III.1994 fl. (ESA). Monte Azul: G.Hatschbach 1077 62863, fl. cult., 26.V.1995, fl. (MBM). Montezuma: divisa com o município de Espinosa, 1078 Serra do Pau D’Arco, 15º04’55”S, 42º38’27”W, C.M.Sakuragui et al. CFCR 15090, 1079 15.III.1994, fl. (SPF). Pedra Azul: estrada para Jequitinhonha (MG-105), R.Mello-Silva et 1080 al. 439, 11.VI.1991, fl. (SPF). Santo Antônio do Retiro: ca. 11 Km em direção a Mato 1081 Verde, 15º22’41”S, 42º41’54”W, C.M.Sakuragui et al. CFCR 15118, 17.III.1994, fl. (SPF). 1082 Rio Pardo de Minas: estrada Rio Pardo de Minas-Serranópolis, Serra Deus-me-Livre, 1083 15º58’S, 42º49’W, R.C.Forzza et al. 794, 13.V.1998, fl. (SPF). Santa Maria do Salto: 1084 estrada Santa Maria do Salto-Alto Cariri, 16º15'37,2"S, 40º02'35,7"W., J.A.Lombardi et al. 1085 5591, 26.VIII.2003, fl. (BHCB). São Gonçalo do Rio Preto: Parque Estadual do Rio Preto, 1086 R.S.Araújo s.n., 20.V.2006, fl. (VIC 30750). Rio de Janeiro. Campos dos Goytacazes: 1087 Morro do Itaoca, A.Campos 4, 18.VIII.2007, fr. (HUENF); idem, A.Campos 18, 1088 12.IV.2008, fl. (HUENF); idem, A.Campos 19, 12.IV.2008, fl. (HUENF); idem, 21 1089 47'18,7"S, 41 27'26,9"W, L.Menini Neto et al. 520, 27.V.2008, fl./fr. (CESJ, HUEFS, RB). 1090 Casimiro de Abreu: Rio Dourado, H.Hofmann s.n., Fl. cult. 11.IV.1976, fl. (HB 63499). 1091 Etimologia: alusão ao epifitismo sobre espécies de Velloziaceae. 1092 Distribuição geográfica e habitat: Pseudolaelia vellozicola é a espécie de distribuição 1093 geográfica mais ampla dentro do gênero e que ocorre em maior amplitude altitudinal, 1094 desde o nível do mar até aproximadamente 1500 m.s.m. Ocorre desde o sudeste e sudoeste 1095 da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, alcançando o norte do estado do Rio de Janeiro. 1096 Pode ser também encontrada nos campos rupestres da Bahia e Minas Gerais, inselbergues 1097 graníticos do leste-sudeste de Minas Gerais e norte do Rio de Janeiro e nas restingas do 1098 Espírito Santo (Figura 18), embora seja mais comum nos inselbergues deste estado, tanto 1099 nos afloramentos à beira-mar, quanto na região da serra capixaba. Pode ser saxícola ou 1100 epífita sobre Velloziaceae, freqüentemente formando amplas populações. 146 1101 Status de conservação: em virtude da ampla distribuição, área de ocupação e populações 1102 formadas geralmente por grande número de indivíduos deve ser considerada na categoria 1103 Não Ameaçada (LC) segundo os critérios da IUCN (2001). 1104 Comentários: Pseudolaelia vellozicola foi descrita por Hoehne (1934) como 1105 Schomburgkia vellozicola, posteriormente transferida para Pseudolaelia por Porto & Brade 1106 (1935). 1107 No protólogo, Hoehne (1934) citou como material examinado espécimes cultivados 1108 em sua coleção particular desde 1918 e na casa de vegetação do Orquidário do Estado, 1109 florescendo em 1929, no entanto, não indicou um espécime de herbário como material 1110 testemunho. No herbário SP há um espécime identificado por O. Handro em 1975 como o 1111 holótipo de Schomburgkia vellozicola, mas não há nenhuma indicação feita por Hoehne na 1112 etiqueta de que este é o holótipo, de modo que não é possível saber se este foi o exemplar 1113 usado na descrição original e ilustração de S. vellozicola. Em adição, a ilustração original 1114 desta espécie está perdida, de modo que Menini Neto et al. (2011) designaram como 1115 lectótipo a prancha número 11 da publicação original de S. vellozicola (Hoehne 1934). 1116 Vale destacar que na obra original, Hoehne afirma ter visto esta espécie em estado 1117 vegetativo também na Serra do Caraça, provavelmente confundindo-a com P. geraensis, 1118 ocorrente nesta região, que só viria a ser descrita por Pabst em 1967, o que ressalta a pouca 1119 variabilidade vegetativa existente entre algumas espécies do gênero. Por outro lado, a 1120 morfologia floral de P. vellozicola é extremamente variável, sendo a espécie que apresenta 1121 além da distribuição mais ampla, também o maior polimorfismo (Capítulos 1 e 2, Anexo 1122 1). 1123 Pseudolaelia vellozicola apresenta maior semelhança com P. dutrae, podendo ser 1124 diferenciada pela inflorescência freqüentemente em racemo (vs. freqüentemente em 1125 panícula em P. dutrae), labelo com margem inteira e ápice do lobo mediano comumente 147 1126 arredondado (vs. de margem fimbriada ou fortemente erosa e ápice profundamente 1127 emarginado) e lamelas longitudinais desde a base até próximo ao ápice do lobo mediano 1128 (vs. lamelas destacadas próximas à base do lobo mediano, verrucosas). 1129 As descrições de P. regentii (Castro Neto & Marçal 2007) para a Bahia, P. 1130 calimaniorum e P. oliveirana (Castro Neto & Chiron 2008) para o Espírito Santo, são 1131 baseadas principalmente em caracteres florais muito variáveis como comprimento e largura 1132 das sépalas e pétalas, comprimento e forma do istmo do labelo e ápice do labelo, todos 1133 muito variáveis inclusive do ponto de vista intrapopulacional, sobretudo no que se refere 1134 ao labelo, como pode ser visto nas figuras 16 e 17. Deve ser ressaltado que nenhum dos 1135 três binômios apresenta exemplar tipo depositado no herbário SP, conforme referido no 1136 protólogo. 1137 As plantas ocorrentes na Bahia, sobretudo na população de Maracás, apresentam 1138 menor porte e flores menores. No norte de Minas Gerais as plantas são um pouco mais 1139 robustas com porte maior do que as anteriores e um pouco menores do que as populações 1140 mais ao sul da área de distribuição de P. vellozicola. É possível que haja uma relação do 1141 tamanho com a disponibilidade menor de umidade, pois os campos rupestres dessa região 1142 estão sob o domínio da Caatinga, diferenciando-as das plantas ocorrentes no centro de 1143 Minas Gerais (Cerrado), Espírito Santo e Rio de Janeiro (Floresta Atlântica). A análise 1144 morfométrica tradicional de 20 variáveis florais (Capítulo 1) aponta para alguma diferença 1145 entre as populações litorâneas (Piúma, Vitória e Campos dos Goytacazes). Por outro lado, a 1146 morfometria geométrica empregando Análise Elíptica de Fourier (Capítulo 2) separa 1147 apenas a população de Campos dos Goytacazes, das demais populações interioranas 1148 (Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia) cujos indivíduos sofrem forte sobreposição das 1149 características, reforçando a influência do ambiente sobre a variação observada. 1150 A análise de diversidade genética com marcadores moleculares ISSR também dá 148 1151 suporte ao reconhecimento da espécie P. vellozicola com ampla distribuição e forte 1152 polimorfismo, embora as populações tenham apresentado alguma diferenciação genética. 1153 Essa situação pode ser explicada pelo fato de as populações ocorrerem em inselbergues que 1154 se comportam como ilhas mais ou menos isoladas na Floresta Atlântica e afloramentos dos 1155 campos rupestres, sem troca gênica acentuada e possibilidade de diferenciação morfológica 1156 pelo isolamento. 1157 Dessa forma, é conveniente que se tenha parcimônia na análise destas populações e 1158 seja levada em consideração sua variação morfológica como um todo. Aparentemente cada 1159 população apresenta indivíduos fortemente variáveis que podem conduzir a uma 1160 interpretação equivocada e à proposta de novas espécies quando se ignora esta variação. 1161 1162 Tendo em vista o exposto, sugere-se a sinonimização de P. regentii, P. calimaniorum e P. oliveirana sob P. vellozicola. 1163 1164 Referências Bibliográficas 1165 1166 1167 Alves, R.J.V. 1992. A new species of Pseudolaelia (Orchidaceae) from Minas Gerais, Brazil. Folia Geobotanica et Phytotaxonomica 27: 189-191. 1168 1169 1170 Atwood, J.T. 1986. The size of the Orchidaceae and the systematic distribution of the epiphytic orchids. Selbyana 9: 171-186. 1171 1172 1173 Barros, F. 1994. Novas combinações, novas ocorrências e notas sobre as espécies pouco conhecidas para as orquídeas do Brasil. Acta Botanica Brasilica 8(1): 11-17. 1174 1175 Barros, F. 2002. Notas taxonômicas para espécies brasileiras dos gêneros Epidendrum e 149 1176 Heterotaxis (Orchidaceae). 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Annals of Botany 104(3): 417-430. 1308 1309 van den Berg, C.; Barros, F.; Singer, R.B.; Azevedo, C.O.; Chiron, G.R.; Smidt, E.C.; 1310 Forster, W.; Felix, L.P.; Figueiredo, G.R.G. & Monteiro, S.H.N. 2009. Orchidaceae. Pp. 1311 299-309. In: A.M. Giulietti; A. Rapini; M.J.G. Andrade; L.P. Queiroz & J.M.C. Silva 1312 (orgs.). Plantas raras do Brasil. Belo Horizonte, Conservação Internacional. 1313 1314 1315 Índice de exsicatas 1316 1317 1318 Os números em negrito entre parênteses correspondem aos respectivos números de cada espécie no tratamento taxonômico. 1319 1320 Anderson - 35518 (10) 1321 Araújo - s.n. (VIC 30750) (12) 1322 Assis – 578 (12) 1323 Barros - 607 (10) 1324 Belém - 1629 (9), 3776 (9) 1325 Bicalho - s.n. (SP 175174) (4) 155 1326 Bis - s.n. (MBML 35414) (6), (MBML 35413) (8) 1327 Borba - 140 (5), 554 (7) 1328 Boudet-Fernandes - 1878 (4), 1927 (8) 1329 Brade - 13325 (7) 1330 Braga - 1358 (7) 1331 Caiafa - s.n. (CESJ 30123) (7) 1332 Campacci - 1918 (11), 1959 (2), 1964 (1) 1333 Campos - 4 (12), 18 (12), 19 (12) 1334 Colnago - s.n. (SP 330906) (8) 1335 Cordeiro - CFSC 6541 (5) 1336 Costa - s.n. (CESJ 57158) (12) 1337 Demuner - 1152 (8), 1623 (6), 2203 (12), 2940 (6), 3459 (6), 3474 (12), 3998 (6), 4234 (6) 1338 Duarte - 13977 (8) 1339 Dungs - s.n. (HB 52519) (7) 1340 Esgario - 20 (4), 55 (4), 65 (6) 1341 Fernandes - s.n. (CESJ 57157) (12) 1342 Fontana - 5 (8), 104 (8), 122 (8), 123 (8), 681 (8), 816 (4), 883 (6), 1150 (4), 1230 (12), 1343 1234 (6), 1542 (8), 1543 (6), 1557 (6), 3387 (8), 3388 (8), 3637 (8), 4831 (6), 5040 (12), 1344 5053 (12) 1345 Forzza – 617 (10), 794 (12), 6044 (9) 1346 Fraga - 426 (12), 498 (12), 527 (12), 1155 (4), 1810 (7) 1347 Frey - 30 (3), 231 (3), 514 (6), 655 (6), 672 (6), 702 (8), 901 (9) 1348 Ghillany - 209 (5) 1349 Gomes - s.n. (RB 29801) (7) 1350 Hatschbach - 40893 (10), 62863 (12) 156 1351 Hofmann - s.n. (HB 63499) (12) 1352 Irwin - 22541 (10), 27706 (10) 1353 Kautsky - 426 (4), 490 (6), 492 (12) 1354 Kollmann - 25 (8), 2795 (4), 3621 (8), 3637 (12), 3638 (8), 8707 (4), 10947 (12), 11013 1355 (12), 11696 (4), 11720 (12), 11746 (12) 1356 Krieger - s.n. (CESJ 6923) (12), s.n. (CESJ 14056) (10), 1357 Leoni - 1813 (7) 1358 Lombardi - 4717 (8), 5181 (4), 5591 (12) 1359 Magnago - 804 (12), 862 (6), 1114 (12) 1360 Martinelli - 8751 (7) 1361 Mello-Silva - 439 (12) 1362 Mendes - 552 (12) 1363 Menezes - 815 (10) 1364 Menini Neto - 401 (7), 475 (4), 519 (9), 520 (12), 521 (7), 522 (7), 614 (4), 615 (6), 616 1365 (4), 622 (10), 729 (10), 732 (10), 743 (10), 753 (9), 754 (12), 755 (12), 756 (8), 757 (12), 1366 758 (4), 760 (11), 761 (4), 762 (8), 763 (6), 764 (9), 766 (8), 767 (8), 768 (6), 769 (12), 992 1367 (7) 1368 Odebrecht - s.n. (HB 60736) (12) 1369 Pansarin - 1021 (7) 1370 Pereira, M. - 893 (5) 1371 Pereira, O.J. – 2043 (12) 1372 Pereira, S.V. – 70 (12) 1373 Perim - 1022 (12) 1374 Pinheiro - 35 (12), 165 (12) 1375 Queiroz - 7597 (10) 157 1376 Ruschi - 46 (4), 194 (4), 1502 (8), s.n. (HB 3871) (4) 1377 Sakuragui - CFCR 15090 (12), CFCR 15118 (12), CFCR 15149 (12) 1378 Santos - 652 (10) 1379 Seidel - 906 (8), 960 (8) 1380 Stehmann - s.n. (BHCB 28388) (9) 1381 Tameirão Neto - 2373 (8) 1382 Teixeira - s.n. (MBML 22562) (8) 1383 van den Berg - 1863 (12), 1864 (12), 1865 (12), 1914 (12), 1915 (12) 1384 Vinha – 1225 (12) 1385 Vervloet - 8 (8), 1901 (4) 1386 Voll - s.n. (RB 26626) (7) 1387 Weinberg - 640 (12) 1388 Sem coletor - (RB 426398) (7), (SP 24567) (12), (HB 18964) (12), (VIES 12571) (12) 158 1389 1390 1391 1392 Figura 1 – Pseudolaelia aromatica: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D. Coluna, vista lateral; E. Coluna, corte longitudinal; F. Coluna, vista ventral; G, Antera, vista ventral; H. Antera, vista dorsal; I. Polínia isolada. (A-I. Campacci 1964). 159 1393 1394 1395 1396 Figura 2 – Pseudolaelia ataleiensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D. Coluna, vista lateral; E. Coluna, corte longitudinal; F. Coluna, vista ventral; G, Antera, vista ventral; H. Antera, vista dorsal; I. Polínia isolada. (A-I. Campacci 1959). 160 1397 1398 1399 1400 Figura 3 – Pseudolaelia brejetubensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D. Coluna, vista lateral; E. Coluna, corte longitudinal; F. Coluna, vista ventral; G, Antera, vista ventral; H. Antera, vista dorsal; I. Polínia isolada. (A-I. Frey 30). 161 1401 1402 1403 1404 1405 1406 Figura 4 – Pseudolaelia canaanensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D. Perianto dissecado; E-G. Detalhes do labelo; H-I. Coluna, vista lateral; J. Coluna, corte longitudinal; K. Antera, vista dorsal; L. Antera, vista ventral; M. Polínia isolada. (A-B, G, I, J. Menini Neto 475; C, H. sem coletor (MBML 22844); D, K-M. Ruschi s. n. (SP 55328); E. Fontana 5052; F. Menini Neto 761). 162 1407 1408 1409 1410 1411 Figura 5 – Pseudolaelia cipoensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D-E. Detalhes do labelo; F. Coluna, vista lateral; G. Coluna, corte longitudinal; H. Coluna, vista ventral; I, Antera, vista ventral; J. Antera, vista dorsal; K. Polínia isolada. (A-C. Ghillány 209; D, F-K. Cordeiro CFSC 6541; E. Borba 140). 163 1412 1413 Figura 6 – Distribuição geográfica de Pseudolaelia aromatica, P. ataleiensis, P. brejetubensis, P. canaanensis e P. cipoensis. 164 1414 1415 1416 1417 1418 1419 1420 Figura 7 – Pseudolaelia citrina: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C-F. Perianto dissecado; G. Vista geral da flor; H-I. Perianto dissecado; J. Vista geral da flor; K. Perianto dissecado; L. Coluna, vista lateral; M. Coluna, corte longitudinal; N. Coluna, vista ventral; O, Antera, vista ventral; P. Antera, vista dorsal; Q. Polínia isolada. (A-B, E, L-Q. Menini Neto 763; C. Kautsky 490; D. Fontana 883; F. Bis s. n. (MBML); G-K. Menini Neto 615; H. Fontana 1243; I-J. Fontana 4831). 165 1421 1422 1423 1424 1425 1426 Figura 8 – Pseudolaelia corcovadensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D-E. Detalhes do labelo; F. Perianto dissecado; G. Coluna, vista lateral; H. Coluna, corte longitudinal; I. Coluna, vista ventral; J, Antera, vista ventral; K. Antera, vista dorsal; L. Polínia isolada. (A, E, G-L. Menini Neto 521; B-C. Menini Neto 522; D. Menini Neto 401; F. Leoni 1813). 166 1427 1428 Figura 9 – Distribuição geográfica de Pseudolaelia citrina e P. corcovadensis. 167 1429 1430 1431 1432 1433 1434 Figura 10 – Pseudolaelia dutrae: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D-I. Detalhes do labelo; J. Coluna, vista lateral; K. Coluna, corte longitudinal; L. Coluna, vista ventral; M, Antera, vista ventral; N. Antera, vista dorsal; O. Polínia isolada. (A-B, J-O. Menini Neto 613; D. Fontana 3388; E. Tameirão Neto 2373; F. Duarte 13977; G. Fontana 2341; H. Lagasa 211; I. Fontana 123). 168 1435 1436 Figura 11 – Distribuição geográfica de Pseudolaelia dutrae. 169 1437 1438 1439 1440 1441 Figura 12 – Pseudolaelia geraensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D-K. Detalhes do labelo; L. Coluna, vista lateral; M. Coluna, corte longitudinal; N. Coluna, vista ventral; O, Antera, vista ventral; P. Antera, vista dorsal; Q. Polínia isolada. (A, C, L-Q. Menini Neto 753; B, H-K. Menini Neto 764; D-G. Menini Neto 519). 170 1442 1443 1444 1445 1446 Figura 13 – Pseudolaelia irwiniana: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C-D. Perianto dissecado; E-F. Detalhes do labelo; G. Coluna, vista lateral; H. Coluna, corte longitudinal; I. Coluna, vista ventral; J, Antera, vista dorsal; K. Antera, vista ventral; L. Polínia isolada. (A-B, E-F, G-L. Menini Neto 622; C. Santos 652; D. Forzza 617). 171 1447 1448 1449 1450 Figura 14 – Pseudolaelia pitengoensis: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Perianto dissecado; D. Coluna, vista lateral; E. Coluna, corte longitudinal; F. Coluna, vista ventral; G, Antera, vista ventral; H. Antera, vista dorsal; I. Polínia isolada (A-I. Menini Neto 760). 172 1451 1452 Figura 15 – Distribuição geográfica de Pseudolaelia geraensis, P. irwiniana e P. pitengoensis. 173 1453 1454 1455 1456 1457 1458 1459 Figura 16 – Pseudolaelia vellozicola: A. Aspecto geral; B. Vista geral da flor; C. Detalhe do labelo; D. Vista geral da flor; E. Detalhe do labelo; F. Vista geral da flor; G. Detalhe do labelo; H-K. Perianto dissecado; L-M. Coluna, vista lateral; N. Coluna, corte longitudinal; O. Coluna, vista ventral; P, Antera, vista dorsal; Q. Antera, vista ventral; R. Polínia isolada (A-C, M-R. Menini Neto 520; D-E. Kollmann 11746; F-G. sem coletor (MBML 31321); H. Pinheiro 165; I. Forzza 794; J. Hoffmann s. n. (HB 63499); K. Pinheiro 35). 174 1460 1461 Figura 17 – Distribuição geográfica de Pseudolaelia vellozicola. 175 1462 1463 1464 1465 1466 Figura 18 – Variação morfológica entre indivíduos ao longo da distribuição geográfica de Pseudolaelia vellozicola. 1) BA – Caetité (van den Berg 1914; foto: S.C.Ferreira; 2) BA – Rio de Contas (cultivada em Paty do Alferes (RJ), foto: M.R.Cabral); 3) BA – Jacaraci (Pinheiro 165); 4) MG – estrada Espinosa-Montezuma (Sakuragui CFCR 15090); 5) MG – 176 1467 1468 1469 1470 1471 1472 1473 1474 1475 1476 1477 1478 1479 1480 1481 1482 Mato Verde (Sakuragui CFCR 15149); 6) MG – Rio Pardo de Minas (Forzza 794); 7) MG – Pedra Azul (Mello-Silva 439); 8) MG – Monte Azul (foto: P.L.Viana); 9) MG – Santa Maria do Salto (Lombardi 5591; foto: L.Kollmann); 10) MG – Caraí (Kollmann 11746; foto: L.Kollmann); 11) MG – Itaipé (Kollmann 11734; foto: L.Kollmann); 12) MG – Ataléia 1 (Menini Neto 754); 13) MG – Ataléia 2 (Menini Neto 755; foto: L.Menini Neto); 14) MG – Diamantina (Pinheiro 35); 15) MG – São Gonçalo do Rio Preto (foto: P.L.Viana); 16) MG – estrada Datas-Diamantina (Menini Neto 377; foto: L.Menini Neto); 17) MG – estrada Diamantina-Extração (Menezes CFCR 9301); 18) ES – Água Doce do Norte (Menini Neto 757; foto: L.Menini Neto) 19) ES – Águia Branca (Fontana 5040; foto: L.Menini Neto); 20) ES – Colatina (Magnago 804); 21) ES – João Neiva (foto: A.Zaslawski); 22) ES – Marilândia (sem coletor (MBML 31321); 23) ES – Santa Teresa (sem coletor (HB 18964); 24) ES – Vitória (Costa s. n. (CESJ 57158); fotos: a. F.E.R.Costa; b. M.R.Cabral; 25) ES – Venda Nova do Imigrante (foto: G. D. Nogueira); 26) ES – Castelo (Fontana 1230); 27) ES – Guarapari (foto: M. Rosim); 28) ES – Piúma (Fernandes s. n. (CESJ 57157); 29) RJ – Campos dos Goytacazes (Menini Neto 520; fotos: L. Menini Neto); 30) RJ – Casimiro de Abreu (Hoffmann s. n. (HB 63499). 177 178 1 Biogeografia e conservação de Pseudolaelia: um gênero de Orchidaceae endêmico do 2 leste do Brasil 3 4 RESUMO 5 Objetivo Pseudolaelia é um gênero endêmico do leste do Brasil, com 12 espécies 6 reconhecidas, ocorrendo como epífitas em Velloziaceae ou saxícolas nos afloramentos 7 quartzíticos dos campos rupestres do Cerrado e da Caatinga e graníticos dos 8 inselbergues da Floresta Atlântica. Os objetivos deste estudo foram caracterizar os 9 padrões de distribuição geográfica, riqueza, diversidade e endemismo das espécies de 10 Pseudolaelia; comparar sua distribuição com as Unidades de Conservação de Proteção 11 Integral e áreas indicadas como prioritárias para a conservação da biodiversidade no 12 Brasil e definir o status de conservação das espécies, indicando áreas importantes para 13 sua conservação. 14 Localização inselbergues e campos rupestres do leste do Brasil 15 Métodos A biogeografia de Pseudolaelia foi estudada através de análise de exemplares 16 de herbário e populações naturais, modelagem de distribuição potencial (MDP) 17 aplicando o algoritmo Maxent (máxima entropia), análise de parcimônia de endemismo 18 (PAE) e sistema de informação geográfica (GIS). O status de conservação das espécies 19 de Pseudolaelia foi definido segundo os critérios propostos pela International Union for 20 Conservation of Nature (IUCN). 21 Resultados Metade das espécies de Pseudolaelia apresentam distribuição restrita, sendo 22 quatro consideradas microendêmicas. Pseudolaelia vellozicola é a única encontrada em 23 toda a área de distribuição do gênero. A região de maior riqueza, diversidade e 24 endemismo engloba a região serrana, noroeste e norte do Espírito Santo (ES) e a divisa 25 com o estado de Minas Gerais (MG), sendo a porção central da Cadeia do Espinhaço em 179 26 MG um centro secundário de riqueza e diversidade. Sete espécies devem ser 27 consideradas ameaçadas, com status variados. 28 Conclusões principais A aplicação de MDP e PAE mostrou que mais da metade das 29 espécies estão ameaçadas em maior ou menor grau, devido à degradação do habitat, 30 causado pela mineração e turismo descontrolado. Poucas espécies estão protegidas em 31 Unidades de Conservação de Proteção Integral e algumas espécies endêmicas restritas 32 não se encontram nem mesmo nas áreas consideradas prioritárias para conservação da 33 biodiversidade. Três regiões são importantes para conservação das espécies de 34 Pseudolaelia: região serrana, noroeste e norte do ES e divisa com MG, a porção central 35 da Cadeia do Espinhaço em MG e a Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro. 36 Palavras-chave 37 Análise de parcimônia de endemismo, Caatinga, campo rupestre, Cerrado, inselbergue, 38 Floresta Atlântica, modelagem ecológica. 39 40 ABSTRACT 41 Aim Pseudolaelia is an endemic genus to eastern Brazil, with 12 recognized species 42 occurring as epiphytes on Velloziaceae or saxicolous, in quartzite outcrops in the 43 Cerrado and Caatinga campos rupestres and in granitic inselbergs of the Atlantic 44 Forest. The aims of this study were to characterize the geographical distribution 45 patterns, richness, diversity and endemism of Pseudolaelia species; compare their 46 distribution with the Conservation Units of Integral Protection and prioritized areas for 47 biodiversity conservation in Brazil and set the status of conservation of species, 48 indicating areas important for conservation. 49 Location inselbergs and campos rupestres of Eastern Brazil 180 50 Methods Biogeography of Pseudolaelia was studied by analysis of herbarium 51 specimens and natural populations, modeling of potential distribution (MPD) by 52 applying the MaxEnt algorithm (maximum entropy), parsimony analysis of endemicity 53 (PAE) and geographic information system (GIS). The conservation status of 54 Pseudolaelia species was defined according to criteria proposed by the International 55 Union for Conservation of Nature (IUCN). 56 Results Half of the Pseudolaelia species have restricted distribution, of which four are 57 considered microendemic. Pseudolaelia vellozicola is the only one found throughout the 58 distribution area of genus. The region of greatest richness, endemism and diversity 59 encompasses the mountainous area, northwestern and northern Espírito Santo (ES) and 60 boundary with state of Minas Gerais (MG), with the central portion of the Espinhaço 61 Range (MG) being a secondary center of richness and diversity. Seven species should 62 be considered endangered, with varying status. 63 Main conclusions The application of MPD and PAE showed that more than half of 64 species are threatened to a greater or lesser degree, due to habitat degradation caused by 65 mining and uncontrolled tourism. Few species are protected in Conservation Units of 66 Integral Protection and some endemic species are not found in the priority areas for 67 biodiversity conservation. Three regions are important for conservation of Pseudolaelia 68 species: mountainous area, northwestern and northern ES and boundary with MG, the 69 central portion of the Espinhaço Range in MG and the Organ Mountains, in Rio de 70 Janeiro. 71 Keywords 72 Atlantic Rainforest, campo rupestre, Caatinga, Cerrado, Ecological modelling, 73 inselberg, parsimony analysis of endemicity. 74 181 75 A) INTRODUÇÃO 76 77 Pseudolaelia Porto & Brade é um gênero de Orchidaceae endêmico do leste do 78 Brasil, que possui 12 espécies predominantemente epífitas sobre Vellozia nos 79 inselbergues do domínio atlântico, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e, em 80 menor escala no Rio de Janeiro e nos campos rupestres da Bahia, com apenas duas 81 espécies ocorrendo exclusivamente nos campos rupestres de Minas Gerais. 82 O gênero Pseudolaelia é monofilético (van den Berg et al., 2000, 2009b) e suas 83 espécies podem ser caracterizadas pelos pseudobulbos fusiformes ou piriformes, 84 homoblásticos, cobertos por catáfilos que se desfazem em fibras, separados por rizoma 85 geralmente longo; inflorescências longas, em geral delgadas, racemosas, simples ou 86 compostas, portando flores numerosas, róseas, amarelas ou alvas, maculadas ou 87 concolores, labelo freqüentemente trilobado, às vezes simples, relativamente amplo, 88 com o disco geralmente ornamentado por lamelas divergentes, cunículo presente 89 (Capítulo 4). 90 Várias espécies do gênero estão citadas em listas de espécies raras (van den Berg 91 et al., 2009a) e ameaçadas de extinção, tanto nacional (Biodiversitas, 2005; Ministério 92 do Meio Ambiente, 2008), quanto regionalmente, em Minas Gerais (Biodiversitas, 93 2007) e no Espírito Santo (Kollmann et al., 2007). 94 Os inselbergues, devido à sua natureza isolada e por não serem propícios à 95 agricultura, deveriam constituir refúgios às espécies que abrigam (Porembski, 2000). No 96 entanto estes ambientes têm sido freqüentemente alvo de mineração para retirada de 97 granito (Porembski, 2007), queimadas, atuação de gado em busca de alimento e turismo 98 descontrolado (através da prática de escalada, motociclismo, etc.). Estas atividades são 99 responsáveis pela degradação de um ecossistema que se destaca pelo desenvolvimento 182 100 de microhabitats singulares e, muitas vezes sendo atribuídos como responsáveis de 101 especiação intensa e pela ocorrência de várias espécies endêmicas (Porembski et al., 102 1998, 2000; Burke, 2003). Da mesma forma, a destruição da matriz circundante também 103 agrava a situação de conservação dos inselbergues, pois abre caminho para a invasão de 104 espécies exóticas (Porembski, 2000) e prejudica a sobrevivência dos polinizadores das 105 plantas dos afloramentos, como destacado por Barbará et al. (2007) para espécies de 106 Alcantarea (Bromeliaceae). 107 Os campos rupestres estão distribuídos em áreas de altitudes elevadas, 108 associadas aos solos rasos e afloramentos rochosos de quartzito, de forma fragmentada e 109 descontínua, nos estados de Minas Gerais e Bahia, além de disjunções em Goiás 110 (Giulietti et al., 2000). Assim como observado para os inselbergues graníticos, o 111 isolamento das populações tem sido empregado como provável explicação para o alto 112 grau de riqueza, endemismo e diversidade observados nesses ambientes (Giulietti et al., 113 1997). 114 A biogeografia estuda a distribuição dos organismos no tempo e no espaço, 115 reconhecendo padrões e propondo hipóteses sobre os processos responsáveis por essa 116 distribuição (Morrone, 2004). É uma ciência multidisciplinar que se vale de dados 117 provenientes da biologia, geografia, geologia, paleontologia e/ou ecologia com o intuito 118 de responder a questões de naturezas variadas (Crisci, 2001; Crisci et al., 2003). A 119 biogeografia histórica é uma vertente desta ciência que estuda como os processos que 120 ocorrem ao longo de extensos períodos de tempo influenciam os padrões de distribuição 121 de espécies (Crisci et al., 2003). 122 Uma das ferramentas utilizadas no estudo da biogeografia histórica é a análise 123 de parcimônia de endemismo (Parsimony Analysis of Endemicity – PAE) desenvolvida 124 por Rosen (1988). Análoga à cladística, esta análise trata as áreas como “táxons” e os 183 125 táxons como “caracteres”, produzindo dendrogramas representando as relações 126 biogeográficas entre as Unidades Geográficas Operacionais (Operating Geographic 127 Units – OGU), freqüentemente representadas por quadrículas de tamanhos variados, ou 128 mesmo de áreas previamente estabelecidas (Morrone & Crisci, 1995; Nihei, 2006). Tem 129 sido aplicada tanto em estudos com espécies vegetais quanto animais (ex. Silva & Oren, 130 1996; Posadas & Miranda-Esquivel, 1999; Garcia-Barros et al., 2002; Goldani & 131 Carvalho, 2003; Manrique et al. 2003; Rovito et al., 2004; Sigrist & Carvalho, 2008), 132 destacando-se em Orchidaceae os estudos realizados na região neotropical por Trejo- 133 Torres & Ackerman (2001), Smidt et al. (2007), Verola (2008) e Chiron (2009). 134 A importância do estudo das espécies endêmicas é amplamente reconhecida do 135 ponto de vista da conservação, auxiliando, por exemplo, na delimitação dos 136 denominados hotspots de diversidade, dos quais a Floresta Atlântica e o Cerrado são 137 exemplos (Myers et al., 2000) e determinando a vulnerabilidade à extinção das espécies 138 em questão, mas também pode ser destacado o conhecimento da evolução das espécies e 139 reconstrução da história biogeográfica das áreas por elas ocupadas (Manrique et al., 140 2003). 141 Outra ferramenta que vem contribuindo com os estudos de biogeografia e 142 conservação das espécies é a modelagem de distribuição potencial (MDP) através de 143 Sistemas de Informação Geográfica (Geographic Information Systems – GIS), que leva 144 em consideração os fatores ecológicos na distribuição geográfica das espécies (Skov, 145 2000), podendo ser implementada através de vários algoritmos (Elith & Graham, 2009). 146 A MDP mostra-se importante, pois a determinação real da distribuição geográfica das 147 espécies é muito difícil em virtude, principalmente, da inexistência de bancos de dados 148 completos de ocorrência dos indivíduos, de modo que a análise de um conjunto amplo 149 de variáveis ambientais permite uma inferência da possibilidade de ocorrência de 184 150 determinada espécie em localidades sem estudo ou pouco exploradas (Cerqueira, 1995), 151 podendo também ser usada na definição de áreas prioritárias para a conservação 152 (Cayuela et al., 2009). 153 Assim, baseado em PAE e MDP os objetivos deste estudo foram: 1) caracterizar 154 os padrões de distribuição geográfica, riqueza, diversidade e endemismo das espécies de 155 Pseudolaelia; 2) comparar a distribuição das espécies com as Unidades de Conservação 156 de Proteção Integral e áreas indicadas como prioritárias para a conservação da 157 biodiversidade; 3) apontar áreas importantes para a conservação de Pseudolaelia e 4) 158 definir seu status de conservação segundo as categorias propostas pela IUCN (2001). 159 160 (A) MÉTODOS 161 162 (B) Análise dos padrões de distribuição geográfica, riqueza e diversidade 163 164 Os dados de distribuição geográfica das 12 espécies reconhecidas no gênero 165 Pseudolaelia (Capítulo 4) foram obtidos através de consulta ao acervo dos herbários 166 BHCB, CEPEC, CESJ, ESA, GFJP, HB, HUEFS, HUENF, MBM, MBML, NY, R, RB, 167 SP, SPF, UB, UNIP, US, VIC e VIES (acrônimos segundo Holmgren et al., 1990) e 168 observação das populações naturais. Os registros que não apresentavam as coordenadas 169 de coleta na etiqueta da exsicata, mas com indicações precisas das localidades, tiveram 170 suas respectivas coordenadas determinadas com a ferramenta “geoLoc” disponível no 171 sítio na internet do Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA) 172 (http://splink.cria.org.br/geoloc?criaLANG=pt) ou com o auxílio do programa Google 173 Earth (http://earth.google.com/intl/pt-BR/). Não foi considerada a ocorrência de P. 174 corcovadensis no município do Rio de Janeiro, devido à grande probabilidade de que a 185 175 localidade típica (Morro do Corcovado) esteja equivocada. Porto & Brade (1935) na 176 descrição original desta espécie que é tipo do gênero Pseudolaelia, destacaram com 177 surpresa a descoberta de um gênero ainda desconhecido em uma localidade amplamente 178 visitada por pesquisadores brasileiros e estrangeiros ao longo do século XIX e início do 179 século XX. Em quase oitenta anos desde a descrição do gênero esta espécie nunca foi 180 reencontrada em nenhum inselbergue deste município, a despeito de estudos específicos 181 nestes ambientes, dos quais a maioria é exclusiva sobre Orchidaceae (Miranda & 182 Oliveira, 1983; Meirelles et al., 1999; Cunha & Forzza, 2007; Saddi, 2008). 183 Os registros foram marcados sobre o America’s Base Map (Bletter et al., 2004) e 184 quadrículas de 1º x 1º foram sobrepostas sobre a área de distribuição das espécies (Fig. 185 1). Foram feitas análises de riqueza (número total de espécies por quadrícula) e 186 diversidade (calculada através do índice de Shannon, que leva em consideração a 187 contribuição de cada espécie por quadrícula). O mapa de distribuição com as 188 quadrículas e as análises de riqueza e diversidade foram feitos através de ferramentas do 189 programa DIVA-GIS 7.1.5.1 (http://www.diva-gis.org/). 190 Os padrões de distribuição foram definidos como segue: 1) ampla distribuição, 191 quando encontrada em mais de 10 quadrículas, 2) distribuição intermediária, quando 192 encontrada entre 2 e 10 quadrículas, 3) distribuição restrita, quando encontrada em 193 apenas uma quadrícula, mas com mais de um registro conhecido e 4) microendêmica, 194 quando encontrada em apenas uma quadrícula e registrada em apenas uma localidade 195 (Tabela 1). 196 Foi feita uma análise de agrupamento (UPGMA – Unweighted Pair-Group 197 Method with Arithmetic Mean) com as quadrículas estabelecidas, empregando-se o 198 índice de Jaccard no programa PAST v. 2.01 (Hammer et al., 2001). Esta análise teve a 186 199 finalidade de verificar a existência de blocos florísticos que pudessem auxiliar na 200 compreensão da relação entre as espécies e os ambientes onde ocorrem. 201 A metodologia adotada foi adaptada do estudo realizado por Verola (2008) com 202 dois gêneros de Orchidaceae de distribuição geográfica semelhante, Hoffmannseggella e 203 Dungsia. 204 205 (B) Análise de parcimônia de endemismo 206 Para a PAE a metodologia utilizada foi aquela proposta por Morrone (1994). 207 Apenas as quadrículas com a presença das espécies foram numeradas (OGU’s), 208 descartando-se as demais. A matriz de presença/ausência foi montada no programa 209 Nexus Data Editor 0.5.0 (Page, 2001), com a presença do táxon em uma OGU sendo 210 representada por 1 e a ausência por 0. Uma área hipotética com os táxons ausentes foi 211 utilizada como “grupo externo” para enraizamento do “cladograma”. A análise de 212 parcimônia foi feita com o programa NONA (Goloboff, 1993), interface WinClada 213 1.00.08 (Nixon, 2002), através do método TBR (tree bisection-reconnection). As 214 árvores mais parcimoniosas resultantes foram submetidas a uma análise de consenso 215 estrito e o nível de suporte foi obtido através de análise de boostrap com 1000 216 replicações (Felsenstein, 1985). 217 218 (B) Modelagem de distribuição potencial 219 220 O algoritmo utilizado na MDP foi o Maxent (máxima entropia) (Baldwin, 2009). 221 Dentre os vários algoritmos disponíveis para MDP (Elith & Graham, 2009) o Maxent 222 tem se destacado dos demais que também usam apenas dados de presença (Elith et al., 223 2006; Hernandez et al., 2006; Phillips et al., 2006), justificando sua escolha. Maxent é 187 224 baseado no ajuste da função que mais se aproxima da distribuição uniforme (de máxima 225 entropia) sob a restrição gerada pelos dados de ocorrência (Phillips et al., 2006), 226 obtendo bons resultados mesmo a partir de dados incompletos ou número reduzido de 227 amostras (Hernandez et al., 2006; Baldwin, 2009). 228 Para estimar a distribuição potencial das espécies de Pseudolaelia foi usado o 229 programa Maxent versão 3.3.3a (http://www.cs.princeton.edu/~schapire/maxent), com 230 os parâmetros padrões de modelagem, e a utilização de 25% das amostras para 231 validação do modelo, conforme descrito por Phillips et al. (2006). O modelo foi testado 232 através da ROC (Receiver Operating Curve) que produz o valor AUC (Area Under the 233 Curve), como indicador do desempenho do modelo quando comparado com uma 234 distribuição aleatória (Phillips et al., 2006). 235 Foram usadas 19 variáveis climáticas e uma variável topográfica listadas em 236 Hijmans et al. (2005) e obtidas no sítio do WorldClim, com resolução de 0,5º 237 (http://www.worldclim.org). 238 239 (B) Distribuição das espécies versus Unidades de Conservação e indicação das 240 áreas importantes na conservação de Pseudolaelia 241 242 As informações de distribuição das espécies foram sobrepostas pelos dados de 243 ocorrência das Unidades de Conservação (UC’s) de Proteção Integral brasileiras, nos 244 âmbitos estadual e federal e as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade 245 brasileira (portaria nº 9 do Ministério do Meio Ambiente (MMA), 23/01/2007). Os 246 dados disponíveis sobre as UC’s e as áreas prioritárias foram obtidos no sítio do MMA 247 (http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm). 188 248 A indicação das áreas prioritárias para conservação das espécies de Pseudolaelia 249 foi baseada nas análises anteriormente citadas e nesta sobreposição da distribuição com 250 as unidades de conservação existentes. 251 252 (B) Categorização das espécies segundo IUCN (2001) 253 254 Através de observações das populações em campo e análise de material de 255 herbário, foi definido o status de conservação de cada espécie de Pseudolaelia segundo 256 IUCN (2001), apresentado na Tabela 1 e comparado com as listagens de espécies 257 ameaçadas da flora do Brasil (Biodiversitas, 2005; Ministério do Meio Ambiente, 258 2008), de Minas Gerais (Biodiversitas, 2007) e do Espírito Santo (Kollmann et al., 259 2007). As espécies que foram publicadas recentemente e conhecidas apenas de uma 260 população que não foi observada em campo, foram consideradas com o status 261 Deficientes de Dados (DD). 262 263 (A) RESULTADOS 264 265 (B) Padrões de distribuição geográfica, riqueza e diversidade 266 267 As espécies de Pseudolaelia têm ocorrência restrita ao leste do Brasil (Fig. 1), 268 tendo como limites de distribuição: ao norte o município de Maracás, Bahia (-13,45 S, - 269 40,48 O), onde ocorre P. vellozicola (Hoehne) Porto & Brade; ao sul o município de 270 Petrópolis, Rio de Janeiro (-22,45 S, -43,32 O), onde ocorre P. corcovadensis Porto & 271 Brade; ao leste, o município de Santa Maria do Salto, Minas Gerais (-16,26 S, -40,04 272 O), onde ocorre P. vellozicola; e ao oeste, a Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais, no 189 273 Planalto de Diamantina, onde foram registradas P. irwiniana Pabst e P. vellozicola (- 274 18,45 S, -43,65 O). 275 Pseudolaelia vellozicola é a única espécie encontrada em todos os quatro 276 estados, presente em 14 das 24 quadrículas estabelecidas e, por isso, considerada a única 277 de ampla distribuição. As demais espécies e respectivos padrões de distribuição são 278 listados na Tabela 1. 279 A região com a maior riqueza é representada pelas quadrículas 9, 10, 14, 17 e 280 18, que englobam os inselbergues da divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito 281 Santo, bem como as regiões serrana, noroeste e norte capixaba (Fig. 2). As demais 282 quadrículas apresentam riqueza relativamente reduzida, mas as quadrículas 8 e 11 283 unidas englobam quatro espécies, sendo que duas delas (P. cipoensis e P. irwiniana) 284 não ocorrem em nenhuma outra localidade. 285 O mapa de diversidade (Fig. 3) destaca a região das quadrículas 7, 9, 10, 14, 17 e 286 18 como principal centro de diversidade e, de forma mais discreta, as quadrícula 4, 6 e 287 11, como centros secundários de diversidade de Pseudolaelia. 288 A análise de agrupamento (UPGMA, índice de Jaccard) obteve alto coeficiente 289 de correlação cofenética (0,9352), não apresentando agrupamentos distintos das áreas 290 do domínio atlântico ou da Cadeia do Espinhaço (Fig.4). Houve tendência de 291 agrupamento entre a maioria das espécies de ocorrência na região serrana, noroeste e 292 norte do ES e divisa com MG (P. aromatica, P. ataleiensis, P. brejetubensis, P. dutrae 293 e P. pitengoensis) ficando todas em um mesmo ramo, mas com posicionamento de duas 294 outras espécies desta região, P. canaanensis e P. citrina em um ramo diferente, embora 295 próximo. Outro ramo que pode ser destacado é aquele que agrupa P. geraensis Pabst e 296 P. vellozicola, unidas devido à distribuição ampla e descontínua, em um grande número 297 de quadrículas na área de ocorrência do gênero, associado ao grande ramo que engloba 190 298 também as sete espécies supracitadas exclusivas das regiões serrana, noroeste e norte 299 capixaba e divisa com Minas Gerais. 300 301 (B) Análise de parcimônia de endemismo 302 303 A análise de parcimônia resultou em sete árvores mais parcimoniosas, com 304 Índice de Consistência (IC) de 0,46 e Índice de Retenção (IR) de 0,53. Foi então feita 305 uma análise de consenso estrito cuja árvore resultante e respectivos valores de bootstrap 306 são apresentados na Fig. 5. 307 As quadrículas 9, 10, 13, 14, 17 e 18 são reconhecidas como as mais importantes 308 na conservação da grande maioria das espécies de Pseudolaelia, localizadas nas regiões 309 serrana, noroeste e norte do Espírito Santo e na divisa deste com os estados de Minas 310 Gerais e Bahia. Estas quadrículas englobam 9 das 12 espécies, sendo sete exclusivas das 311 quadrículas 8 e 11, e não incluem apenas P. irwiniana, P. cipoensis e P. corcovadensis, 312 que ocorrem a oeste e ao sul desta área. 313 314 (B) Modelagem de Distribuição Potencial 315 316 O modelo de distribuição potencial (Fig. 6) gerado apresentou bom desempenho 317 com valor de AUC de 0,940. A área mais extensa predita no modelo, com probabilidade 318 de ocorrência maior que 50% está situada principalmente nas regiões serranas, noroeste 319 e norte do Espírito Santo e divisa com Minas Gerais. Destacam-se, também, pela alta 320 probabilidade, quatro outras áreas menores, que são a região serrana do Rio de Janeiro 321 (Serra dos Órgãos) e parte do Planalto de Diamantina, e duas pequenas manchas no 322 norte e nordeste de Minas Gerais, próximas à divisa com a Bahia. 191 323 Com adequabilidade de ambiente entre 25% e 50% o modelo aponta áreas 324 amplas nos estados do Rio de Janeiro, sobretudo no norte, Espírito Santo, 325 principalmente no nordeste e Minas Gerais, com áreas disjuntas no centro-sul, leste e 326 norte-nordeste. Em menor escala, algumas manchas são destacadas no sul do estado da 327 Bahia e na região de Maracás. 328 329 (B) Distribuição das espécies versus Unidades de Conservação 330 331 A Fig. 7 demonstra que um número extremamente reduzido de populações tem 332 ocorrência registrada em UC’s de Proteção Integral estaduais ou federais, as quais são 333 listadas na Tabela 2. 334 A sobreposição das áreas prioritárias para conservação da biodiversidade 335 (Portaria MMA nº 9 de 23/01/2007) engloba parte dos ambientes de ocorrência das 336 espécies de Pseudolaelia (Fig. 7), sobretudo na região serrana do Rio de Janeiro, Cadeia 337 do Espinhaço, e parte da região serrana do Espírito Santo. No entanto, ficam de fora 338 destas áreas quase todo o leste de Minas Gerais, nos inselbergues da divisa com o 339 Espírito Santo, além de grande parte das regiões serrana, noroeste e norte capixaba e 340 divisa com o sul da Bahia. 341 342 (B) Categorização das espécies segundo IUCN (2001) 343 344 O status de conservação de cada espécie de Pseudolaelia é apresentado na 345 Tabela 1 e a comparação com listagens de espécies ameaçadas previamente publicadas 346 mostra uma modificação no panorama do conhecimento e conservação. 192 347 Uma espécie, P. brejetubensis, é considerada na categoria CR, em virtude do 348 conhecimento de apenas uma população, fora de unidade de conservação, em área 349 utilizada por motociclistas para realização de trilhas, o que pode conduzir à extinção da 350 espécie. Duas espécies (P. corcovadensis e P. irwiniana) aparecem na categoria Em 351 Perigo, devido principalmente à extensão reduzida de ocorrência, distribuição 352 fragmentada e comprometimento da qualidade do habitat. Quatro espécies aparecem na 353 categoria Vulnerável (P. cipoensis, P. citrina, P. geraensis e P. pitengoensis), devido 354 principalmente ao declínio da qualidade do habitat e distribuição fragmentada, no caso 355 de P. citrina e P. geraensis, e área de ocupação reduzida, sujeita a efeitos de atividade 356 humana ou eventos estocásticos, no caso de P. cipoensis e P. pitengoensis. Duas 357 espécies são listadas como Deficientes de Dados (P. aromatica e P. ataleiensis) pois 358 apenas uma população de cada é conhecida, mas não foram observadas em campo 359 durante o desenvolvimento deste estudo. Por fim, três espécies são consideradas Não 360 Ameaçadas em virtude de possuírem várias populações conhecidas, geralmente 361 formadas por muitos indivíduos e ampla distribuição, sendo esta última característica 362 mais marcante em P. vellozicola, e em menor extensão, em P. dutrae. 363 364 (A) DISCUSSÃO 365 366 (B) Padrões de distribuição geográfica, riqueza e endemismo 367 368 Pseudolaelia apresenta padrão de distribuição geográfica semelhante a alguns 369 outros gêneros de Orchidaceae como Constantia (Barros, 1998), Dungsia e 370 Hoffmannseggella (Verola, 2008), Bromeliaceae, destacando-se Encholirium (Forzza, 193 371 2005), Ortophytum (Louzada, 2008) e Alcantarea (Versieux, 2009) e Gentianaceae, 372 com Prepusa e Senaea (Calió et al., 2008). 373 Estes gêneros possuem distribuição disjunta nos campos rupestres quartzíticos 374 do Cerrado e/ou Caatinga e nos inselbergues graníticos da Floresta Atlântica, 375 predominantemente nos estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de 376 Janeiro, podendo variar quanto à riqueza em cada estado e ecossistema. Alcantarea e 377 Prepusa são os que possuem distribuição e representatividade nos ambientes mais 378 semelhantes à Pseudolaelia, pois a maioria de suas espécies ocorre nos inselbergues, 379 com algumas poucas espécies distribuídas em áreas de campo rupestre de Minas Gerais 380 e/ou Bahia. Por outro lado, Encholirium, Hoffmannseggella e Constantia apresentam 381 riqueza mais destacada nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais 382 e Orthophytum e Senaea apresentam número balanceado de espécies entre os campos 383 rupestres e os inselbergues. 384 Duas explicações podem ser usadas para este padrão disjunto de distribuição 385 geográfica: dispersão a longa distância e ocorrência de um ambiente pretérito 386 conectando as floras destas regiões, que sofreu fragmentação e relegou as espécies às 387 “ilhas” de rochas rodeadas por áreas florestais existentes atualmente. Esta última 388 explicação costuma ser aceita como a mais provável para este padrão de distribuição 389 (Safford, 1999; Behling, 2002; Garcia & Pirani, 2005; Verola, 2008; Calió et al., 2008; 390 Antonelli et al., 2010; Gustafsson et al., 2010). Para uma discussão mais aprofundada 391 sobre as duas hipóteses ver Barros (1998). 392 A riqueza e endemismo dos ambientes rochosos são amplamente reconhecidos e 393 freqüentemente citados como áreas importantes para a conservação da biodiversidade 394 (e.g., Porembski et al., 1998; Giullieti et al., 2000; Martinelli, 2007; Porembski, 2007) e 395 os resultados apresentados na análise da distribuição de Pseudolaelia e a comparação 194 396 com os gêneros supracitados reforçam esta afirmação. Pseudolaelia possui metade das 397 espécies conhecidas de distribuição restrita, sendo pelo menos 25% microendêmicas (P. 398 aromatica, P. ataleiensis, P. brejetubensis e P. pitengoensis) conhecidas apenas de um 399 inselbergue, com populações de tamanhos variados, tendência observada também em 400 espécies de Dungsia e Hoffmannseggella, Alcantarea e Orthophytum, Prepusa e 401 Senaea. 402 Os blocos florísticos (Fig. 4) e sua importância no reconhecimento do padrão de 403 distribuição geográfica de Pseudolaelia coincidem em parte com os resultados obtidos 404 por Verola (2008), no estudo de Hoffmannseggella e Dungsia. 405 A região central da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais (Serra do Cipó e 406 Planalto de Diamantina) representa, para Pseudolaelia, um centro secundário de 407 riqueza, diversidade e endemismo (Figs. 2 e 3), se levado em consideração a fusão de 408 duas quadrículas (8 e 11), diferentemente do que foi observado para Hoffmannseggella 409 cuja região é importante em riqueza específica e endemismos, assim como para alguns 410 gêneros das famílias Xyridaceae e Velloziaceae (Giullieti et al., 2005), Bromeliaceae 411 (Versieux et al., 2008), Cactaceae (Zappi & Taylor, 2008) e Eriocaulaceae (Costa et al., 412 2008). 413 Por outro lado, a análise das Figs. 1, 2 e 3 torna evidente que o principal centro 414 de riqueza e diversidade de espécies de Pseudolaelia é delimitado pelas quadrículas 9, 415 10, 14, 17 e 18, compreendendo as regiões serrana, noroeste e norte do Espírito Santo e 416 a divisa com o estado de Minas Gerais. Padrão de riqueza e diversidade semelhante 417 pode ser encontrado em Dungsia (Orchidaceae), com a maioria das espécies ocorrentes 418 nesta região (Verola, 2008), Alcantarea (Bromeliaceae) que possui um terço das 419 espécies endêmicas desta área (Versieux, 2009) e Bradea (Rubiaceae), endêmico dos 420 inselbergues do Espírito Santo e Rio de Janeiro (Fiaschi & Pirani, 2009). 195 421 Embora esta região seja considerada, neste estudo, como um bloco separado, a 422 mesma foi unida por Verola (2008) com o Rio de Janeiro em um grupo de maciços 423 rochosos, mas esta fusão não encontra suporte na análise das espécies do gênero 424 Pseudolaelia. É possível notar que a região fluminense (junto com o sudeste e leste de 425 Minas Gerais) fica isolada (Fig. 4) devido à ocorrência exclusiva de P. corcovadensis 426 nesta área (quadrículas 16, 19, 20, 22, 23 da Fig. 1). 427 428 (B) Definição do status e indicação de áreas prioritárias para a conservação de 429 Pseudolaelia através das análises de distribuição geográfica, PAE e MDP 430 431 Embora Orchidaceae reconhecidamente possua espécies de alto valor 432 ornamental, freqüentemente ameaçadas pela coleta indiscriminada, os riscos às espécies 433 de Pseudolaelia estão mais relacionados à degradação do habitat, pois não apresentam 434 flores tão atrativas aos cultivadores e raramente são encontradas nas coleções 435 particulares (obs. pessoal). 436 Esta constatação é reforçada pela análise da distribuição geográfica das espécies, 437 aliada à distribuição potencial e PAE, sobrepostas pelas UC’s e áreas prioritárias para a 438 conservação da biodiversidade que traça um quadro negativo no que concerne à 439 conservação efetiva das espécies de Pseudolaelia (Fig. 7). 440 Apenas quatro populações das espécies de Pseudolaelia foram registradas nas 441 UC’s de Proteção Integral nas esferas estadual e federal (Fig. 7, Tabela 2), das quais 442 uma se encontra no estado do Espírito Santo e três em Minas Gerais. Embora as UC’s 443 brasileiras não sejam garantia efetiva de proteção da biodiversidade em virtude dos 444 chamados “Parques de Papel”, sobretudo no que concerne às UC’s estaduais de Minas 445 Gerais (Lima et al., 2005), a importância de áreas protegidas é inegável, caso sejam 196 446 estabelecidas e administradas da forma correta (Rylands & Brandon, 2005), pois são 447 consideradas internacionalmente como a principal ferramenta para a conservação de 448 espécies e ecossistemas (UNEP-WCMC, 2008). 449 Estão fora das UC’s espécies endêmicas restritas, como P. cipoensis (embora 450 com registros conhecidos próximos ao Parque Nacional da Serra do Cipó) ou 451 microendêmicas como P. aromatica, P. ataleiensis e P. brejetubensis. Mesmo as 452 espécies de distribuição mais ampla como P. dutrae ou P. geraensis não possuem 453 populações protegidas por UCs estaduais ou federais. A falta de proteção, sobretudo das 454 espécies microendêmicas, pode levá-las à extinção, por exemplo, devido a algum evento 455 estocástico ou por atuação antrópica, por meio de fogo ou extração de granito. 456 A indicação de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade, definidas 457 por critérios de disciplinas variadas com vistas a direcionar a formulação e a 458 implementação de políticas públicas de conservação, também não é garantia de proteção 459 efetiva, mas no mínimo representa um esforço conjunto da academia e governo no 460 intuito de salvaguardar a megadiversidade existente no país. 461 Grande parte das localidades de ocorrência das espécies de Pseudolaelia é 462 englobada por algumas das áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade 463 segundo o MMA (2007), conforme destacado na Fig. 7. No entanto, ainda fica de fora 464 uma importante área para a conservação de Pseudolaelia, representada pelas divisas dos 465 estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, que possuem extensas áreas de 466 inselbergues, e apresentam considerável porcentagem de ambientes adequados (25% a 467 50%), integrando a região com maior riqueza, diversidade e endemismo do gênero. 468 Esta região tem se mostrado profícua em espécies de Pseudolaelia, com grande 469 riqueza e diversidade, além da descoberta de três espécies novas nos últimos dois anos, 470 provenientes de Nova Belém (P. pitengoensis) e Ataléia (P. aromatica e P. ataleiensis), 197 471 Minas Gerais (Campacci, 2008, 2009), além do registro recente de P. canaanensis, até 472 então restrita ao Espírito Santo (Capítulo 4). Representa também a principal área de 473 ocorrência conhecida para P. geraensis (nos inselbergues entre os municípios de Teófilo 474 Otoni e Nanuque, Minas Gerais, área indicada por Martinelli (2007) para realização de 475 inventário e criação de UC, devido a sua importância para a biodiversidade). Algumas 476 espécies de Bromeliaceae são também endêmicas desta região (Versieux, 2009; Leme et 477 al., 2010), reforçando a importância da conservação destes inselbergues para a flora e da 478 realização de inventários que contemplem este tipo de ecossistema, amplamente 479 negligenciado quando comparado com ambiente semelhante representado pelos campos 480 rupestres. 481 A aplicação da PAE tem desempenhado importante papel na determinação dos 482 padrões naturais de distribuição dos organismos (Posadas & Miranda-Esquivel, 1999), 483 avaliação das afinidades biológicas entre áreas distintas (Trejo-Torres & Ackerman, 484 2001; Sigrist & Carvalho, 2008) e definição de áreas de endemismo e de alta 485 biodiversidade (Smidt et al., 2007; Verola, 2008; Chiron, 2009). Conseqüentemente 486 torna-se também importante do ponto de vista conservacionista, podendo ser usada 487 como uma ferramenta para definição de áreas prioritárias para conservação, pois 488 reconhece regiões com composição biótica diferenciada e de alto grau de endemismo 489 (Posadas & Miranda-Esquivel, 1999). 490 Como destacado por Manrique et al. (2003) e corroborado por Verola (2008), a 491 aplicação da PAE para delimitação de áreas para a conservação da diversidade não deve 492 ser feita isoladamente, sendo importante a definição, também, de ambientes viáveis para 493 a sobrevivência das espécies. Este objetivo pode ser alcançado através da utilização da 494 Modelagem de Distribuição Potencial. 198 495 Deste modo, a aplicação destas duas ferramentas em conjunto neste estudo 496 apontou primariamente a importância da área delimitada pelas quadrículas 9, 10, 13, 14, 497 17 e 18, na conservação de Pseudolaelia, devido à representatividade de espécies 498 endêmicas nesta região e a alta porcentagem de adequabilidade de ambiente para 499 ocorrência das espécies (Figs. 1 e 6). Como discutido anteriormente, a riqueza e 500 diversidade altas contribuem para a importância desta área na conservação de 501 Pseudolaelia (Figs. 2 e 3). Destaca-se que o alto valor de AUC obtido (>0,94) dá 502 suporte ao modelo de distribuição potencial, uma vez que Elith (2000) considera que 503 modelos com valores acima de 0,75 são potencialmente úteis. 504 Duas regiões que merecem destaque são a Cadeia do Espinhaço em Minas 505 Gerais e a região da Serra dos Órgãos em Minas Gerais. Estas duas áreas não foram 506 indicadas pela PAE, devido a sua metodologia que prevê a necessidade de ocorrência de 507 pelo menos duas espécies endêmicas por quadrícula, para reconhecê-la como uma área 508 de endemismo, como destacado por Morrone (1994). No entanto, as demais análises 509 realizadas dão suporte à importância destas regiões para a conservação de Pseudolaelia. 510 A porção central da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais (quadrículas 8 e 11) 511 tem sua importância confirmada com base na modelagem, aliada à análise de riqueza e 512 diversidade, devido à ocorrência de duas espécies exclusivas (P. cipoensis e P. 513 irwiniana). Esta mesma área é destacada como importante em endemismos por Verola 514 (2008) e Smidt et al. (2007), respectivamente em estudos de Hoffmannseggella e 515 Bulbophyllum. 516 A região da Serra dos Órgãos também merece atenção, pois apresenta área de 517 extensão considerável com potencial para a ocorrência de Pseudolaelia (50-75%), 518 embora tenha, até o momento, apenas o registro de P. corcovadensis. Aliado a isto, a 519 riqueza específica e ocorrência nesta região de espécies endêmicas de Prepusa e Senaea 199 520 (Calió et al., 2008), Alcantarea (Versieux, 2009), Baptistonia (Chiron, 2009) Bradea 521 (Fiaschi & Pirani, 2009), dentre muitas outras, reforça a importância dos campos de 522 altitude e inselbergues da Serra dos Órgãos como área prioritária para a conservação da 523 biodiversidade. 524 525 (A) REFERÊNCIAS 526 527 Antonelli, A., Verola, C.F., Parisod, C. & Gustafsson, A.L.S. (2010). Climate cooling 528 promoted the expansion and radiation of a threatened group of South American orchids 529 (Epidendroideae: Laeliinae). 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(2009) Sistemática, filogenia e morfologia de Alcantarea 802 803 Versieux, L.M., Wendt, T., Louzada, R.B., Wanderley, M.G.L. (2008) Bromeliaceae da 804 Cadeia do Espinhaço. Megadiversidade, 4, 98-110. 805 806 Zappi, D. & Taylor, N. (2008) Diversidade e endemismo das Cactaceae na Cadeia do 807 Espinhaço. Megadiversidade, 4, 111-116. 211 808 Tabela 1 – Status de conservação e padrões de distribuição geográfica das espécies de Pseudolaelia. Status de Conservação Biodiversitas MMA Biodiversitas Kollmann et al. Padrões de (2005) (2008) (2007) (2007) distribuição geográfica Brasil Brasil Brasil Minas Gerais Espírito Santo P. aromatica DD - - - - Microendêmica P. ataleiensis DD - - - - Microendêmica P. brejetubensis CR (B2ab(iii)* - - - CR Microendêmica P. canaanensis LC VU Anexo II - VU Distribuição intermediária VU (D2)* VU Anexo I CR - Distribuição restrita VU (B1ab(iii)B2ab(iii)* VU Anexo I VU CR Distribuição intermediária EN (B1ab(iii)B2a)* - - EN - Distribuição intermediária LC - - - - Distribuição intermediária P. geraensis VU (B1ab(iii)B2a)* - - - - Distribuição intermediária P. irwiniana EN (B1ab(iii)B2ab(iii)* - - - - Distribuição restrita VU (D2)* - - - - Microendêmica LC - - - - Ampla distribuição Espécies P. cipoensis P. citrina P. corcovadensis P. dutrae P. pitengoensis P. vellozicola Presente estudo 809 DD: Deficiente de Dados; CR: Criticamente em Perigo; EN: Em perigo; VU: Vulnerável; LC: Não Ameaçada. *Os itens entre parênteses 810 correspondem aos critérios adotados pela IUCN (2001) na definição do status de conservação. 212 811 Tabela 2 – Espécies de Pseudolaelia ocorrentes em Unidades de Conservação de 812 Proteção Integral. Espécie Unidade de Conservação Bioma Esfera P. citrina P. E. Sete Salões – MG FA Estadual P. dutrae Monumento Natural dos Pontões Capixabas - ES FA Federal P. irwiniana P. E. Biribiri – MG CE Estadual CE Estadual P. vellozicola P. E. Rio Preto – MG 813 Abreviações: P. E. - Parque Estadual. FA - floresta atlântica. CE - cerrado. 814 815 816 817 818 213 819 820 Figura 1 – Registros das espécies de Pseudolaelia e UC’s de Proteção Integral estadual 821 e federal. Quadrículas de 1° x 1°. BA: Bahia, MG: Minas Gerais, ES: Espírito Santo, 822 RJ: Rio de Janeiro. 214 823 824 Figura 2 – Riqueza de espécies de Pseudolaelia por quadrícula de 1° x 1°. 215 825 826 Figura 3 – Diversidade de Pseudolaelia por quadrícula de 1° x 1°, calculada através do 827 índice de Shannon. 216 828 829 Figura 4 – Dendrograma de similaridade da análise de UPGMA com índice de Jaccard, 830 mostrando a formação de regiões florísticas. Índice de correlação cofenética de 0,9352. 217 831 832 Figura 5 – Árvore mais parcimoniosa da PAE obtida através da análise de consenso 833 estrito de quadrículas de 1° x 1°. Os números acima dos ramos representam o suporte 834 dado pela análise de bootstrap. 218 835 836 Figura 6 – Modelagem de distribuição potencial das espécies de Pseudolaelia. 219 837 838 Figura 7 – Comparação dos registros de ocorrência de Pseudolaelia com a distribuição 839 das áreas consideradas prioritárias para a conservação da biodiversidade e UC’s 840 estaduais e federais, segundo Ministério do Meio Ambiente (2007). 220 221 CONCLUSÕES GERAIS Este é o primeiro estudo que teve o intuito de elucidar as relações entre as espécies do gênero Pseudolaelia, o qual até o momento possuía apenas as descrições originais dos táxons, sendo mais da metade publicado a partir de 2003 (Hoehne 1934, Porto & Brade 1935, Ruschi 1946, 1949, Pabst 1967, 1973, 1976, Frey 2003, 2005a, 2005b, 2005c, Chiron & Castro Neto 2004, Castro Neto & Marçal 2007, Campacci 2008, 2009, Castro Neto & Chiron 2009). Mesmo estudos não-taxonômicos são escassos, como de distribuição geográfica (Leoni 1993) ou biologia reprodutiva (Borba & Braga 2003). A aplicação das análises de morfometria floral tradicional e geométrica, aliadas ao estudo da diversidade genética através de marcadores moleculares Inter Simple Sequence Repeat (ISSR) como ferramentas para a delimitação de Pseudolaelia dutrae e P. vellozicola e táxons afins, demonstrou que estas duas espécies devem ser consideradas amplamente polimórficas, englobando os binômios P. freyi (sinônimo de P. dutrae), P. oliveirana e P. regentii (sinônimos de P. vellozicola). Estas duas espécies apresentaram alto índice de diferenciação genética entre as populações, resultado que pode ser explicado pelo fato dos inselbergues se comportarem como ilhas mais ou menos isoladas, dificultando a troca gênica entre indivíduos de populações diferentes. A sinonimização de sete dos onze binômios descritos desde 2003 sugere que maior parcimônia deve ser adotada na descrição de novos táxons em Pseudolaelia, ou, em uma visão mais ampla, de espécies ocorrentes em inselbergues, devido ao polimorfismo observado pelo isolamento das populações das plantas neste tipo de ambiente com características singulares. No caso de Pseudolaelia, algumas espécies apresentaram ampla variabilidade até mesmo entre indivíduos de uma população, o que poderia conduzir a interpretações errôneas sobre a identidade das espécies caso este polimorfismo seja 222 ignorado. A análise biogeográfica de Pseudolaelia e a comparação com padrões de distribuição geográfica de espécies de outras famílias (notadamente Bromeliaceae) aponta para os inselbergues do Espírito Santo e Rio Janeiro e da divisa destes dois estados com Minas Gerais como áreas importantes na conservação de espécies que, em sua maioria, são endêmicas desta região. Pode-se notar, ainda, que a grande maioria das espécies de Pseudolaelia está fora de Unidades de Conservação de Proteção Integral estaduais ou federais e, o que é ainda mais preocupante, muitas populações não são contempladas nem mesmo pelas áreas consideradas prioritárias para a conservação da biodiversidade pelo Ministério do Meio Ambiente (2007). Este quadro pode resultar em extinção de espécies endêmicas desta região. A avaliação das espécies segundo os critérios da International Union for Conservation of Nature (IUCN) resultou em sete espécies ameaçadas, distribuídas nas cateogrias Criticamente em Perigo (P. brejetubensis), Em Perigo (P. corcovadensis e P. irwiniana) e Vulnerável (P. cipoensis, P. citrina, P. geraensis e P. pitengoensis), enquanto duas espécies descritas recentemente P. aromatica e P. ataleiensis são consideradas como Deficientes de Dados, por falta de informações. As principais ameaças às espécies de Pseudolaelia estão relacionadas à degradação do habitat causada por mineração ou atividade turística descontrolada, uma vez que não apresentam flores grandes e atrativas e, raramente são encontradas em coleções particulares de colecionadores. 223 224 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Angiosperm Phylogeny Group. 1998. An ordinal classification for the families of flowering plants. Annals of Missouri Botanical Garden 85: 531-553. _____. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the order and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 141: 399-436. _____. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the order and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121. Atwood, J.T. 1986. The size of the Orchidaceae and the systematic distribution of the epiphytic orchids. Selbyana 9: 171-186. 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Produzido por: Luiz Menini Neto. © Environmental & Conservation Programs, The Field Museum, Chicago, IL 60605 USA [[email protected]] [www.fmnh.org/plantguides/] Rapid Color Guide # xxx versão 1. 1 Pseudolaelia aromatica 2 Pseudolaelia aromatica 3 Pseudolaelia aromatica Foto: Reginaldo V. Leitão MG – Ataléia MG – Ataléia 5 Pseudolaelia ataleiensis Foto: Reginaldo V. Leitão MG – Ataléia 10 Pseudolaelia canaanensis 6 Pseudolaelia ataleiensis Foto: Cláudio N. Fraga ES – Venda Nova do Imigrante (cultivada) 11 Pseudolaelia canaanensis 7 Pseudolaelia canaanensis ES – Santa Teresa 12 Pseudolaelia canaanensis Foto: André P. Fontana ES – São Roque do Canaã 15 Pseudolaelia citrina Foto: Rosilene O. S. Bis ES – Boa Esperança 4 Pseudolaelia ataleiensis Foto: Reginaldo V. Leitão MG – Ataléia 02/2011 Foto: Mauro Rosim MG – Ataléia 8 Pseudolaelia canaanensis ES – Santa Teresa 9 Pseudolaelia canaanensis MG – Nova Belém 13 Pseudolaelia cipoensis 14 Pseudolaelia citrina Foto: Alek Zaslawski ES – São Roque do Canaã 16 Pseudolaelia citrina Foto: Claudio N. Fraga ES – Águia Branca ES – São Roque do Canaã 17 Pseudolaelia citrina ES – São Roque do Canaã MG – Serra do Cipó (cultivada no ES) 18 Pseudolaelia citrina ES – São Roque do Canaã MG – Mutum 19 Pseudolaelia citrina ES – São Roque do Canaã 234 Anexo 1 2 20 Pseudolaelia citrina 21 Pseudolaelia citrina Foto: André P. Fontana ES – São Roque do Canaã 22 Pseudolaelia citrina Foto: André P. Fontana 26 Pseudolaelia citrina ES – São Roque do Canaã ES – Colatina Foto: André P. Fontana 27 Pseudolaelia citrina 30 Pseudolaelia corcovadensis 31 Pseudolaelia corcovadensis Foto: C. N. Fraga Foto: André P. Fontana MG – Juiz de Fora (Linhares) 24 Pseudolaelia citrina ES – Colatina 29 Pseudolaelia corcovadensis 28 Pseudolaelia citrina 32 Pseudolaelia corcovadensis Foto: Mauro Rosim ES – São Roque do Canaã 25 Pseudolaelia citrina MG – Santa Rita do Itueto 23 Pseudolaelia citrina Foto: C. van den Berg ES – Itaguaçu MG – Tombos 33 Pseudolaelia corcovadensis MG – Juiz de Fora (Monte Verde) MG – Juiz de Fora (Linhares) MG – Juiz de Fora (Linhares) 34 Pseudolaelia corcovadensis MG – Juiz de Fora (Monte Verde) 235 Anexo 1 3 35 Pseudolaelia corcovadensis MG – Juiz de Fora (Monte Verde) 40 Pseudolaelia corcovadensis 36 Pseudolaelia corcovadensis RJ – Paty do Alferes 41 Pseudolaelia corcovadensis 37 Pseudolaelia corcovadensis RJ – Paty do Alferes 42 Pseudolaelia dutrae 38 Pseudolaelia corcovadensis RJ – Paty do Alferes 43 Pseudolaelia dutrae 39 Pseudolaelia corcovadensis ES – Petrópolis 44 Pseudolaelia dutrae Foto: Rosilene O. S. Bis RJ – Cultivada no JBRJ 45 Pseudolaelia dutrae RJ – Cultivada no JBRJ 46 Pseudolaelia dutrae MG – Aimorés 47 Pseudolaelia dutrae ES – Boa Esperança Foto: Rosilene O. S. Bis ES – Boa Esperança 48 Pseudolaelia dutrae 49 Pseudolaelia dutrae Foto: André P. Fontana ES – Vila Pavão ES – Vila Pavão 50 Pseudolaelia dutrae ES – Vila Pavão ES – Pancas Foto: André P. Fontana ES – Pancas 51 Pseudolaelia dutrae 52 Pseudolaelia dutrae 53 Pseudolaelia dutrae 54 Pseudolaelia dutrae ES – São Roque do Canaã ES – São Roque do Canaã ES – São Roque do Canaã ES – São Roque do Canaã Foto: André P. Fontana ES – Pancas 236 Anexo 1 4 55 Pseudolaelia dutrae 56 Pseudolaelia dutrae 57 Pseudolaelia dutrae 58 Pseudolaelia dutrae ES – São Roque do Canaã ES – São Roque do Canaã ES – São Roque do Canaã ES – São Roque do Canaã 59 Pseudolaelia dutrae 60 Pseudolaelia dutrae 61 Pseudolaelia dutrae 62 Pseudolaelia dutrae ES – São Roque do Canaã 64 Pseudolaelia dutrae ES – Brejetuba ES – Brejetuba 65 Pseudolaelia dutrae ES – Brejetuba 66 Pseudolaelia dutrae ES – Brejetuba 67 Pseudolaelia dutrae Fotos: André P. Fontana ES – Brejetuba ES – Brejetuba ES – Brejetuba 69 Pseudolaelia dutrae 70 Pseudolaelia dutrae ES – Afonso Cláudio ES – Afonso Cláudio Fotos: André P. Fontana Fotos: André P. Fontana ES – Afonso Cláudio 71 Pseudolaelia dutrae 72 Pseudolaelia dutrae Fotos: André P. Fontana ES – Afonso Cláudio 63 Pseudolaelia dutrae 68 Pseudolaelia dutrae Fotos: André P. Fontana ES – Afonso Cláudio 73 Pseudolaelia geraensis Foto: Cássio van den Berg ES – Cultivada no MBML BA – Medeiros Neto 237 Anexo 1 5 74 Pseudolaelia geraensis MG – Teófilo Otoni 76 Pseudolaelia geraensis 75 Pseudolaelia geraensis MG – Teófilo Otoni 78 Pseudolaelia geraensis MG – Nova Era MG – Nova Era 80 Pseudolaelia geraensis 79 Pseudolaelia geraensis 77 Pseudolaelia geraensis 81 Pseudolaelia geraensis Foto: Alek Zaslawski MG – Nova Era MG – Nova Era 82 Pseudolaelia geraensis 83 Pseudolaelia geraensis MG – Nova Era 84 Pseudolaelia geraensis 85 Pseudolaelia geraensis Foto: Pedro L. Viana MG – Santa Bárbara 87 Pseudolaelia irwiniana MG – Diamantina MG – Santa Bárbara 86 Pseudolaelia irwiniana Foto: Alek Zaslawski MG – São Gonçalo do Rio Abaixo 88 Pseudolaelia irwiniana MG – Diamantina MG – São Gonçalo do Rio Abaixo 89 Pseudolaelia irwiniana MG – Diamantina MG – cultivada no ES 90 Pseudolaelia irwiniana MG – Diamantina MG – Diamantina 91 Pseudolaelia irwiniana MG – Estrada Serro-Diamantina 238 Anexo 1 6 92 Pseudolaelia irwiniana 93 Pseudolaelia pitengoensis 94 Pseudolaelia pitengoensis 96 Pseudolaelia vellozicola 95 Pseudolaelia pitengoensis Foto: Maria Rita Cabral MG – Estrada Serro - Capivari MG – Nova Belém MG – Nova Belém 97 Pseudolaelia vellozicola MG – Nova Belém 98 Pseudolaelia vellozicola Foto: Silvana C. Ferreira BA – Caetité 101 Pseudolaelia vellozicola Foto: Cássio van den Berg BA – Caetité 105 Pseudolaelia vellozicola 106 Pseudolaelia vellozicola Foto: Cássio van den Berg BA – Caetité 102 Pseudolaelia vellozicola Foto: Pedro L. Viana MG – Monte Azul 99 Pseudolaelia vellozicola Foto: Silvana C. Ferreira BA – Caetité 100 Pseudolaelia vellozicola BA – cultivada no RJ Foto: Pedro L. Viana MG – Monte Azul 107 Pseudolaelia vellozicola 103 Pseudolaelia vellozicola 104 Pseudolaelia vellozicola Foto: L. Kollmann MG – Santa Maria do Salto Foto: L. Kollmann MG – Caraí 108 Pseudolaelia vellozicola 109 Pseudolaelia vellozicola MG – Estrada Datas-Diamantina MG – Estrada Datas-Diamantina Foto: L. Kollmann MG – Itaipé MG – Ataléia MG – Ataléia 239 Anexo 1 7 110 Pseudolaelia vellozicola 111 Pseudolaelia vellozicola 112 Pseudolaelia vellozicola 113 Pseudolaelia vellozicola ES – Água Doce do Norte ES – Água Doce do Norte 116 Pseudolaelia vellozicola 117 Pseudolaelia vellozicola 114 Pseudolaelia vellozicola Foto: Pedro L. Viana MG – São Gonçalo do Rio Preto MG – São Gonçalo do Rio das Pedras 115 Pseudolaelia vellozicola Foto: Alek Zaslawski ES – João Neiva 119 Pseudolaelia vellozicola 120 Pseudolaelia vellozicola Foto: Gustavo D. Nogueira ES – Venda Nova do Imigrante 124 Pseudolaelia vellozicola RJ – Campos dos Goytacazes Foto: Alek Zaslawski ES – João Neiva 121 Pseudolaelia vellozicola Foto: Mauro Rosim MG – Guarapari 125 Pseudolaelia vellozicola RJ – Campos dos Goytacazes Foto: Felix Costa ES - Vitória 122 Pseudolaelia vellozicola ES – Águia Branca 118 Pseudolaelia vellozicola Foto: Maria Rita Cabral ES - Vitória (cultivada no RJ) 123 Pseudolaelia vellozicola Foto: Thiago W. L. Fernandes ES – Piúma 126 Pseudolaelia vellozicola RJ – Campos dos Goytacazes RJ – Campos dos Goytacazes RJ – Campos dos Goytacazes 127 Pseudolaelia vellozicola RJ – Cultivada no JBRJ 240 Anexo 1 8 Mapa de distribuição geográfica de Pseudolaelia. BA – Bahia, MG – Minas Gerais, ES – Espírito Santo, RJ – Rio de Janeiro. Elaborado com o programa DIVA GIS 7.1.5®, tendo como base o Americas Base Map (Bletter, N.; Janovec, J.; Brosi, B. & Douglas, C.D. 2004. A digital base map for studying the Neotropical flora. Taxon 53(2): 46–47). Geographic distribution map of Pseudolaelia. BA – Bahia, MG – Minas Gerais, ES – Espírito Santo, RJ – Rio de Janeiro. Prepared with the software DIVA GIS 7.1.5®, based on the Americas Base Map (Bletter, N.; Janovec, J.; Brosi, B. & Douglas, C.D. 2004. A digital base map for studying the Neotropical flora. Taxon 53(2): 46–47). 241 Anexo 2 242 Anexo 2 243 Anexo 2 244