WIANEY
CARLET
LUIZ ZINI
PIRES
DIOGO
OLIVIER
DAVID
COIMBRA
NÃO
SIM
NÃO
NÃO
Abel Braga treinou o Inter, pela primeira
vez, em 1988. Passados 26 anos, foi buscado pela sexta vez. Neste pedaço de vida, é
impossível que o Inter não tenha conhecido quem é seu treinador. E, se conheciam,
deveriam saber que Abel só ouve a própria
voz. Ele perdeu um Gauchão por não considerar a opinião de Fernando Carvalho
(perguntem para ele), que não queria ter
o time tão aberto quanto desejava Abel
nos Gre-Nais decisivos. O Inter perdeu o
campeonato quase ganho.
Foi para a história, também, o episódio
acontecido em um jogo pela Libertadores quando Abel escalou Michel e deixou
na reserva Pato, que brilhava como craque. Precisaria três vezes este espaço para
lembrar equívocos e decisões discutíveis
do treinador. Na véspera do jogo contra o
Barcelona, no Mundial, os repórteres José
Alberto Andrade e Sílvio Benfica, hospedados no hotel do Inter, flagraram conversa entre Fernandão, Iarley e outros atletas
sobre as estratégias que o time deveria adotar. É possível que desta conversa envolvendo apenas os jogadores tenha começado a se materializar o título.
O tempo passou, e o Inter encara 2014
tendo Abel, velho conhecido, no comando. Se Giovanni Luigi e Marcelo Medeiros
querem que ele continue, só pode ser
porque estão satisfeitos com o trabalho,
entendendo que o time está precarizado
em várias posições por omissão ou equívoco nas contratações por eles feitas. E se
Abel não é culpado, não existe motivos
Com o time jogando bem ou mal, treinado melhor ou pior, o técnico é o que
os seus números exprimem. Se somados
os últimos 30 dias, os de Abel estão pela
hora da morte. O seu frágil Inter de final de inverno disputou 10 partidas em
quatro semanas. Desfilou em três competições, foi eliminado de duas, perdeu
seis jogos, venceu três, empatou um.
O saldo é vergonhoso para um clube
que investe milhões no futebol a cada
mês. O resultado é danoso para um dos
treinadores mais bem pagos do país. A
zanga é tamanha que até o ranger do
Portão 8 de tantos fantasmas voltou.
Queira ou não, o carioca Abel, 62 anos
de idade, 14 temporadas como jogador,
outras 28 como técnico, é o alvo. O treinador sempre é o centro dos mísseis
teleguiados da torcida. Fica mais fácil
achar um culpado só, despejar toda a
fúria num mesmo centro. É da cultura do
futebol.
No Inter, a crise não se encerra em
Abel. É preciso olhar o entorno. Chamar
a direção ao vestiário, convocar os jogadores, pedir mais ação, suor, aplicação.
Não se observa atletas mobilizados como o fã gosta. Nota-se o treinador falando como dirigente que não explica nada,
se vê os diretores constrangidos. Abel
tinha a confiança do mundo no Inter. Dez
meses depois, não tem mais a solidariedade do time. No fundo, ele não conta
mais que os notáveis parceiros de 2006.
Perdeu as referências. Precisa sair. É im-
O futebol é um tanto previsível, inclusive
por parte da mídia. A pergunta, na hora da
crise, é sempre a mesma: hora de demitir o
técnico? Não se discute se é hora de o goleiro ir para a reserva, de o dirigente sair, se
apostar na base seria uma saída ou quanto
mais de velocidade um time precisa para
sobreviver no futebol de hoje.
Nem sempre a demissão está em pauta de fato no clube, mas logo na primeira
entrevista surgem as indagações. Pior: não
raro a fonte são as redes sociais, onde há
todo tipo de lixo intelectual e informação
inventada. Os dirigentes, então, pensam:
entregarei uma cabeça cortada aos abutres
e eles nos deixarão em paz. E a mídia os
acompanha. O Inter teve bons técnicos recentemente. Todos caíram na mesma vala.
Ganham Gauchão. Ganham Gre-Nal. Largam bem no Brasileirão. Enquanto o fôlego de um grupo com excesso de trintões é
suficiente, o time acumula pontos. Depois,
sem gás, estanca. É assim há três anos.
Por isso, apesar das derrotas para
ameaçados de rebaixamento, das eliminações medonhas, das atuações ruins, de
chegar setembro desentrosado, apesar
de tudo isso, que Abel fique. O substituto
seria diferente? Ou não passaria de mais
do mesmo, aquelas figuras carimbadas de
sempre?
A esta altura, sem tempo para trabalhar,
adiantaria mudar? Os bons estão empregados. Tite mira o Exterior. Já que o risco
de cair é quase nulo, que o Inter confie em
quem lutou tanto para trazer, apesar das
O Inter está no G-4, tem 34 pontos. Quer dizer: está entre os melhores
do Brasileirão. Se demitir seu técnico,
estando nessas condições, outros 16
técnicos têm de perder seus empregos.
É claro que o Inter caiu de rendimento. O time emendou cinco vitórias, uma
na outra. Como não cairia?
Altos e baixos são normais, num
campeonato como esse, um campeonato
de iguais.
O Inter não é pior do que os grandes
times do Brasil. Nem melhor. Seu time
é mais ou menos do nível de todo os
outros. Ou, pelo menos, do nível dos 10
maiores.
É verdade que um técnico faz diferença, vide Felipão no Grêmio. Mas,
por melhor que seja o técnico, o time
não conseguirá manter-se sempre no
mesmo nível, porque, em algum momento neste longo campeonato, perderá
jogadores importantes.
O Inter perdeu seu melhor jogador,
Aránguiz. Tendo perdido Aránguiz, tornou-se um time “mais comum” ainda.
Abel terá de solucionar o problema da
falta de Aránguiz, ou de seu decréscimo
de rendimento. Resolvendo-o, o Inter
voltará a vencer e ganhará confiança.
Por certo tempo. Logo depois, o Inter
perderá de novo, devido a alguma contingência do campeonato.
O futebol brasileiro está nivelado por
baixo, está numa safra ruim. Os supertimes acabaram. Mais do que nunca, é
preciso paciência.
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NÃO SIM NÃO NÃO