SIMULAÇÃO FÍSICA E MATEMÁTICA DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO COM FLUIDOS DE BASE POLIMÉRICA Maria Aparecida de Melo Tese em Ciência e Tecnologia de Polímeros, submetida ao Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências, em Ciência e Tecnologia de Polímeros, sob orientação conjunta dos Professores Elizabete Fernandes Lucas e Flávio Dickstein. Rio de Janeiro Julho, 2008 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. ii iii Melo, Maria Aparecida de Simulação física e matemática do processo de recuperação de petróleo com fluidos de base polimérica / Maria Aparecida Melo – Rio de Janeiro, 2008. xii,161f.:il Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Polímeros) – Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano – IMA, 2008. Orientadores: Elizabete Fernandes Lucas e Flavio Dickstein 1.Polímero. 2.Dimensionamento. 3.Recuperação Avançada de Petróleo. 4.Simulação física. 5. Simulação matemática. 6. Injeção de polímeros. I. Lucas, Elizabete Fernandes (Orient). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano. III. Título. iv Esta Tese de Doutorado foi desenvolvida nos Laboratórios do Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa Mano (IMA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Centro de Pesquisa da Petrobras - CENPES. v Parte deste trabalho foi apresentada nas seguintes reuniões científicas, com publicação nos respectivos anais. 1) SPE Latin American and Caribbean Petroleum Engineering Conference held in Buenos Aires, Argentina, 15–18 April 2007. Silva, I. P. G., Melo, M. A., Luvizotto, J. M., Lucas, E. F., Polymer Flooding: A Sustainable Enhanced Oil Recovery in the Current Scenario, SPE 107 727. 2) SPE/DOE Thirteenth Symposium on Improved Oil Recovery held in Tulsa, Oklahoma, 13–17 April 2002, Melo, M. A., Silva, I. P. G., Godoy, G. M.; Polymer Injection Projects in Brazil: Dimensioning, Field Application and Evaluation, SPE 75 194,. Parte deste trabalho foi aceito para publicação nos seguintes periódicos 1) M. A. Melo and E. F. Lucas, “Characterization and selection of polymer for use in future research on improved oil recovery”. Chemistry & Chemical Technology, ISSN 1996-4196, Lviv Polytechnic National University, Ukraine 2) M. A. Melo, E. F. Lucas, F. Dickstein, I. P. G. Silva, “Avaliação de traçador para caracterização de reservatórios de petróleo”. Boletim Técnico da Produção de Petróleo, ISSN 1809-6751, Petrobras. Parte deste trabalho será submetida para publicação nos seguintes periódicos. 1) Journal of Petroleum Science & Engineering (0920-4105 – A, Internacional Eng. I) vi Nunca diga para Deus que você tem um grande problema, diga sim para o problema que você tem um grande Deus. Júlio Heringer. vii Aos meus pais Geraldo e Lia, a meu esposo Alcino, e aos meus filhos Arthur e Victor viii Agradecimentos A Deus pela força que me deu em todas as etapas desta jornada. À Petrobras pela oportunidade de fazer o Doutorado. Ao IMA pelo apoio durante o curso. Aos orientadores Prof. Elizabete Fernandes Lucas (UFRJ/IMA) e Prof. Flávio Dickstein (UFRJ/IM) pela orientação e apoio. Ao Gerente Geral do PDEDS/CENPES Ricardo Castello Branco pelo apoio, confiança e incentivo à pesquisa. À Gerente da Química/CENPES Maria Cristina Espinheira Saba, pela confiança, oportunidade e apoio. Ao atual Gerente da Química/CENPES Mauro Rocha Evangelho pelo confiança e apoio. Ao Dr. Roberto Francisco Mezzomo pela transmissão do conhecimento técnico, incentivo a pesquisa e apoio pessoal. Ao meu grupo Ivonete Pereira Gonzalez da Silva, Amaury de Azevedo Aguiar e Viviane Rezende Prates pelo carinho, amizade, colaboração, apoio e compreensão em todos os momentos. A minha família, principalmente meu esposo Alcino Resende de Almeida e aos nossos filhos Arthur e Victor pelo carinho, apoio, colaboração e compreensão. A nossa supervisora Roberta Hadad Cintra pela colaboração e apoio. À equipe da Química/CENPES. A todos que contribuíram para a realização deste trabalho. ix Resumo da Tese apresentada ao Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa Mano da Universidade Federal do Rio de Janeiro com parte dos requisitos para a obtenção do grau de Doutor em Ciência (D.Sc.), em Ciência e Tecnologia de Polímeros. SIMULAÇÃO FÍSICA E MATEMÁTICA DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO COM FLUIDOS DE BASE POLIMÉRICA Maria Aparecida de Melo Orientadores: Elizabete Fernandes Lucas Flávio Dickstein No final do século XX houve um crescimento marcante da consciência da sociedade em relação à degradação do meio ambiente, decorrente do processo de desenvolvimento. As pressões pelo desenvolvimento sustentável e pela responsabilidade sócio-ambiental têm feito com que as indústrias de extração de petróleo busquem a ecoeficiência, que é produzir cada vez mais com o menor impacto possível ao meio ambiente. O processo de injeção de polímero já se destaca neste contexto como um método sustentável, cujos resultados associam o aumento efetivo da produção de óleo com a redução da circulação de água. Porém, o processo carece ainda de um melhor entendimento dos fenômenos envolvidos e de uma modelagem mais fidedigna destes, buscando um melhor dimensionamento do banco a ser injetado e reduzindo os resíduos gerados. Nesta Tese, adotou-se um modelo que consiste na equação clássica de difusão e convecção acrescida dos termos da isoterma de Langmuir para descrever a adsorção na rocha e de um termo fonte para descrever os fenômenos de consumo do banco ao longo do percurso. Este modelo consiste em uma equação diferencial parcial do tipo parabólica, nãohomogênea, não-linear e com termo de fonte, que não apresenta solução analítica. Nesta Tese, desenvolveu-se uma solução híbrida a partir do método das características. A validação do modelo foi realizada por meio de análises paramétricas, de comparação com soluções analíticas parciais e com dados experimentais. A contribuição desta Tese reside no desenvolvimento de uma metodologia abrangente para identificação e quantificação dos fenômenos envolvidos no processo de injeção de soluções poliméricas, que será valiosa na especificação do produto mais adequado e no dimensionamento do banco para aplicações de campo, com foco na ecoeficiência. x Abstract of Thesis submitted to the Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa Mano of Universidade Federal do Rio de Janeiro as partial fulfillment for the degree of Doctor in Science (D.Sc.), in Science and Technology of Polymers. PHYSICAL AND MATHEMATICAL SIMULATION OF ENHANCED OIL RECOVERY USING POLIMERIC FLUIDS Maria Aparecida de Melo Orientadores: Elizabete Fernandes Lucas Flávio Dickstein Since the end of the century XX there has been a remarkable growth of the conscience of the society with respect to the degradation of the environment due to the development process. The pressures for a sustainable development, and for a social-environmental responsibility, are causing the petroleum extraction industries to pursue the ecoefficiency, that is, to produce more with as smallest as possible impact in the environment. The polymer injection process already stands out as a sustainable method, whose results associate the effective increase in oil production with the reduction in water circulation. However, the process still lacks of a better understanding and a reliable modeling of the involved phenomena, aiming at a better design of the bank to be injected and reducing the generated residues. In the present Thesis, it was adopted a model that consists of the classic convection-diffusion equation with added term for the Langmuir isotherm, to describe the adsorption in the rock, and a source term to describe the phenomenon of consumption of the bank along the path. This model represents a nonhomogeneous, nonlinear partial differential equation of parabolic type, with a source term. This equation does not have an analytical solution. In this Thesis, it was developed a hybrid solution based on the method of the characteristics. The model validation has been accomplished through parametric analysis, and comparison against partial analytical solutions and experimental data. The contribution of this Thesis resides in the development of a comprehensive methodology to identify and quantify the phenomena involved in the process, which will be valuable for selecting the most adequate polymer and designing the polymer bank to field applications aiming at ecoefficiency. xi SUMÁRIO Página 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................1 2. OBJETIVO...............................................................................................................6 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................7 3.1 Recuperação de petróleo usando fluidos poliméricos ........................................... 7 3.2 Especificação dos polímeros usados em recuperação de petróleo .................. 13 3.2.1 Tipo de polímero .................................................................................................. 14 3.2.2 Forma física ......................................................................................................... 16 3.2.3 Matéria ativa ........................................................................................................ 18 3.2.4 Teor de água ....................................................................................................... 18 3.2.5 Grau de hidrólise................................................................................................. 18 3.2.6 Estabilidade (Termogravimetria (TGA)) .......................................................... 19 3.3 Propriedades das soluções poliméricas................................................................. 20 3.3.1 Massa molar viscosimétrica média.................................................................. 20 3.3.2 Distribuição de massa molar............................................................................. 20 3.3.3 Desempenho reológico ...................................................................................... 21 3.4 Fenômenos de interação: solução polimérica /reservatório ............................... 25 3.4.1 Parâmetros calculados a partir da pressão (medição em tempo real) ...... 26 3.4.2 Parâmetros calculados a partir da concentração (pós-processamento) ... 28 3.5 Simuladores atualmente disponíveis ...................................................................... 33 4. MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................... 36 4.1 Produtos químicos ...................................................................................................... 36 4.2 Equipamentos utilizados ............................................................................................ 37 4.3 Metodologia.................................................................................................................. 39 4.3.1 Seleção do polímero .......................................................................................... 39 4.3.2 Caracterização das amostras de PHPA ......................................................... 39 4.3.3 Determinação da concentração de iodeto de potássio em solução........... 44 4.3.4 Ensaios de avaliação da interação polímero-reservatório ........................... 44 4.3.5 Seleção dos elementos para a elaboração do modelo matemático........... 48 4.3.6 Seleção das equações matemáticas............................................................... 50 4.3.7 Implementação do simulador............................................................................ 52 4.3.8 Validação do simulador ..................................................................................... 52 xii 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 53 5.1 Caracterização do reservatório ............................................................................. 53 5.2 Caracterização e seleção do polímero................................................................. 55 5.3 Modelo matemático ................................................................................................. 66 5.4 Solução do modelo.................................................................................................. 68 5.5 Implementação do simulador................................................................................. 72 5.6 Validação do simulador........................................................................................... 74 5.6.1 Avaliação qualitativa de acordo com as hipóteses adotadas...................... 75 5.6.2 Calibração do modelo com solução analítica parcial.................................... 89 5.6.2.1 Solução analítica para o caso de pura retenção mecânica ............................... 89 5.6.2.2 Solução analítica para o caso de pura dispersão............................................. 91 5.6.2.3 Solução analítica para o caso de pura adsorção física ..................................... 94 5.6.3 Calibração do modelo com dados experimentais: Traçadores ................... 97 5.7 Modelagem do fluxo de polímero: problema inverso ......................................... 108 5.7.1 Preparação e execução dos testes ............................................................... 108 5.7.2 Parâmetros calculados a partir da pressão (medição em tempo real) .... 112 5.7.3 Parâmetros calculados a partir da concentração (pós-processamento) . 116 6. CONCLUSÕES .................................................................................................. 131 7- SUGESTÕES...................................................................................................... 133 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 134 1 1. INTRODUÇÃO No final do século XX houve um crescimento marcante da consciência da sociedade em relação à degradação do meio ambiente, decorrente do processo de desenvolvimento. Hoje existe uma consciência de que a matriz energética mundial atual, que tem como componente principal os combustíveis fósseis, precisa ser revista e diversificada com o objetivo de conservar o meio ambiente e garantir uma qualidade de vida para as gerações futuras. Em conseqüência desta consciência surgem iniciativas na busca de energia a partir de fontes alternativas limpas e renováveis [1,2]. Porém, apesar desta busca crescente por fontes limpas e renováveis de energia, o petróleo ocupará ainda uma posição importante na matriz energética mundial por algum tempo. O mais importante neste momento não é a consciência da gravidade das mudanças climáticas pelas quais o nosso planeta está passando, mas a consciência da responsabilidade da sociedade nestas mudanças. Como conseqüência, fica claro que os modelos de desenvolvimento seguidos até o momento precisam ser revistos e como reação surge o conceito de novos modelos para integrar o chamado desenvolvimento sustentável, cuja expressão se tornou uma das mais utilizadas pelas indústrias a partir da década de 90 [1]. As pressões internas e externas por parte de ambientalistas, cientistas, sociedade, instituições, governos etc. pelo desenvolvimento sustentável e pela responsabilidade sócio-ambiental, levou a indústria de extração de petróleo a se juntar com as demais na busca da ecoeficiência, que é produzir cada vez mais, com o menor impacto possível no meio ambiente. As indústrias passaram, então, a aumentar seu empenho na redução da geração de resíduos e priorizando o reaproveitamento e a reciclagem [1,2]. Desta forma, o desafio das indústrias passa a ser abastecer a sociedade de forma sustentável. Neste contexto, uma das principais preocupações está na redução do consumo da água industrial. Levando em consideração o aumento vertiginoso da população, o aumento da poluição dos corpos hídricos devido a resíduos da agricultura, indústria e das cidades, os desperdícios e a previsão da ONU 2 (Organização das Nações Unidas) de que até o ano de 2025 duas em cada três pessoas no planeta sofrerão com a falta de água, a preocupação com este recurso natural vital é ainda mais fundamental. Além disso, a água industrial acaba servindo de veículo para os resíduos industriais, transportando-os e contaminando a superfície e outros corpos hídricos superficiais ou subterrâneos. A crescente consciência ecológica e o rigor cada vez maior da legislação ambiental têm levado as indústrias a se preocuparem com o assunto e a buscar alternativas para esse descarte [3]. O processo de injeção de polímero já se destaca neste contexto como um método sustentável de recuperação avançada de petróleo, cujo princípio se baseia na injeção de um banco de solução polimérica, devidamente dimensionado, no poço injetor, que percorre o reservatório no sentido dos poços produtores e cujos resultados associam o aumento efetivo da produção de óleo com a redução da circulação de água [4]. Estes resultados são conseqüência da interação físicoquímica do polímero com o sistema reservatório - rocha e fluidos [5-10]. Para que isso aconteça o banco de polímero deve percorrer a formação atendendo seu objetivo e sendo consumido ao longo do percurso de tal forma que, no final, chegue ao poço produtor a menor quantidade possível de resíduos para serem descartados, atendendo assim os fundamentos da ecoeficiência. O princípio básico envolvido no processo de recuperação de petróleo usando polímero baseia-se no aumento da viscosidade da fase deslocante água, normalmente muito fluida, aproximando-a da viscosidade da fase deslocada óleo, normalmente muito viscosa, melhorando assim a eficiência de varrido, e por conseqüência, a recuperação de óleo. Apesar do princípio envolvido no processo ser relativamente simples, o sucesso do mesmo depende basicamente de dois pontos críticos: 1) a escolha do polímero adequado ao reservatório alvo e 2) o dimensionamento do banco polimérico a ser injetado. A escolha do polímero é normalmente feita a partir das características da molécula e do sistema reservatório e é confirmada em testes laboratoriais específicos para este fim [11,12]. O dimensionamento do banco polimérico, que é o objetivo desta Tese, carece ainda de melhoria, como a necessidade de uma ferramenta matemática 3 adequada, isto é, mais completa e realista no que se refere aos mecanismos de interação do polímero com o sistema reservatório, a fim de aperfeiçoar o processo e reduzir os resíduos gerados. O dimensionamento é um ponto crítico do processo e deve atender aos objetivos técnico (atender ao processo físico-químico), econômico (menor quantidade de polímero e, portanto, menor custo) e ambiental (menor quantidade de resíduos gerados) [12-19]. Uma das grandes dificuldades da indústria de petróleo é a impossibilidade de se estudar o processo de recuperação em escala real devido aos grandes volumes e tempos envolvidos e à inacessibilidade dos reservatórios. Isto faz com que o problema tenha que ser estudado numa escala menor de laboratório, em modelos reduzidos, e transferidos para uma escala real através de simuladores que são ferramentas matemáticas que devem incorporar os fenômenos de transporte típicos do reservatório. Os simuladores disponíveis atualmente são ferramentas robustas que incorporam com grande precisão as características de geometria e propriedades permo-porosas do reservatório, e descrevem bem o processo de injeção de água (recuperação secundária) onde não ocorre nenhuma modificação química ou físicoquímica no reservatório. Algumas versões modelam também processos de recuperação avançada como o método de injeção de polímero onde essas modificações são relevantes. Um ponto importante é que os fenômenos de interação rocha-solução polimérica, estudados nesta Tese, são dados de entrada para estudos de viabilidade técnico-econômica destas simulações. [14-19]. O objetivo desta Tese é desenvolver uma ferramenta computacional (simulador) para a fase de laboratório, com uma modelagem mais completa e realista do processo, através da modelagem física e matemática do escoamento da solução polimérica em meios porosos, necessária na avaliação do polímero mais adequado ao reservatório candidato e ao dimensionamento do banco de solução polimérica a ser injetado para recuperação de petróleo, pontos que são hoje definidos de forma semi-empírica. A primeira fase do trabalho consistiu em uma revisão sobre a recuperação de petróleo usando fluidos políméricos para definição dos mecanismos de atuação durante o processo de escoamento em meios porosos. Nesta fase foram 4 determinados também os parâmetros a serem considerados pela modelagem matemática. A segunda fase do trabalho consistiu na escolha do modelo de transporte que incorporasse os mecanismos levantados na primeira fase. A terceira fase consistiu inicialmente na proposição de solução matemática para o modelo acima, seguida da implementação de uma ferramenta computacional correspondente e da validação desta ferramenta via soluções analíticas parciais do modelo simplificado. Finalmente, a quarta fase compreendeu os testes de laboratório usando soluções de traçadores e polímeros no modelo reduzido do sistema reservatório (rocha, fluidos, temperatura e pressão do reservatório alvo) que foi selecionado mediante critérios específicos para aplicação do processo. Com estes testes foram identificados e quantificados (pelo confronto com o modelo e sua solução) os parâmetros de interação rocha-fluido. Esta quantificação é realizada de maneira integrada, ao contrário dos procedimentos convencionais. A metodologia aqui apresentada, portanto, ajudará futuramente na especificação do polímero mais adequado e no dimensionamento (mudança de escala) do banco para as aplicações de campo, além de fornecer dados para estudos de viabilidade técnica e econômica dos projetos de campo com os simuladores comerciais disponíveis. O ineditismo desta Tese reside no desenvolvimento de uma metodologia integrada, envolvendo simulação física e matemática, para identificação e quantificação dos fenômenos de interação rocha-fluido para o método de recuperação de petróleo usando fluidos poliméricos. Isso permitirá um dimensionamento mais fidedigno do processo em campo. Esta metodologia envolve a implementação de uma ferramenta computacional (simulador) a partir do desenvolvimento de uma solução numérica híbrida baseada no método das características e em diferenças finitas, para a resolução da equação clássica proposta na literatura para modelar o fenômeno de transporte do banco polimérico em meios porosos. A equação em questão é a de convecção-difusão. Trata-se de uma equação diferencial parcial parabólica, acrescida do termo da adsorção de Langmuir para representar a adsorção reversível e um termo fonte para 5 representar a adsorção irreversível. A equação assim constituída é uma equação não-homogênea, não-linear e que não possui solução analítica. A quantificação dos fenômenos foi feita através da determinação dos parâmetros do modelo matemático através do confronto da solução com os dados laboratoriais usando o conceito de problema inverso. A abordagem dada, neste trabalho, ao aperfeiçoar o dimensionamento do banco de fluidos poliméricos para recuperação de petróleo, representa uma parcela de contribuição neste processo da busca pela ecoeficiência. 6 2. OBJETIVO O objetivo geral desta Tese é, através da modelagem física e matemática do escoamento de fluidos poliméricos em meios porosos, desenvolver uma ferramenta computacional (simulador) para a fase de laboratório, com uma abordagem mais completa e realista do processo, a fim de auxiliar na especificação do polímero mais adequado ao reservatório candidato e no dimensionamento do banco a ser injetado para recuperação de petróleo, o que hoje é feito de forma semiempírica. Os objetivos específicos são: 1-Revisão do processo de recuperação de petróleo usando fluidos poliméricos e caracterização dos polímeros usados para este fim. Definição dos mecanismos envolvidos no escoamento de um banco de fluido polimérico em meios porosos. Determinação dos parâmetros a serem considerados pela modelagem matemática. 2-Proposição de um modelo matemático de transporte mais completo e realista, que englobe os fenômenos levantados na primeira fase. 3-Desenvolvimento de uma solução matemática para a modelagem adotada. 4-Implementação de uma ferramenta computacional com o modelo proposto e a solução desenvolvida. 5-Validação desta ferramenta via soluções analíticas parciais do modelo simplificado e com dados experimentais de traçadores. 6-Planejamento e execução criteriosa de testes de laboratório representativos para o estudo dos fenômenos envolvidos. 7-Ajuste do simulador desenvolvido aos resultados da modelagem física de reservatório em laboratório de forma a obter os parâmetros relevantes para o processo. A metodologia aqui apresentada, portanto, ajudará futuramente na especificação do polímero mais adequado ao reservatório alvo e no dimensionamento (mudança de escala) do banco para as aplicações de campo, além de fornecer dados para estudos de viabilidade técnica e econômica dos projetos de campo com os simuladores comerciais disponíveis. 7 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A revisão bibliográfica desta Tese irá englobar: (1) um breve histórico sobre recuperação de petróleo, envolvendo fluidos contendo polímeros; (2) a caracterização de polímeros e suas propriedades em solução; (3) as interações rocha-fluido, as quais influenciam o processo de recuperação do petróleo; e (4) as ferramentas matemáticas que visam simular o processo de recuperação avançada e estimar, de modo mais preciso possível, o tipo e a quantidade de fluido a ser utilizado em determinada região produtora de petróleo. 3.1 Recuperação de petróleo usando fluidos poliméricos O petróleo aparece como componente básico de milhares de itens que vão dos chicletes aos bichos de pelúcia, dos pneus aos computadores. Além do seu emprego como combustível - uso majoritário, 90% - ele aparece como insumo essencial na indústria petroquímica atual, gerando itens que causaram uma revolução nos hábitos do homem moderno, principalmente, com o uso dos descartáveis [20]. Desdobrado em mais de seis mil produtos, o petróleo é citado desde a antiguidade e tornou-se indispensável nas sociedades modernas, dentro do modelo atual. Esta demanda energética crescente, e a conseqüente dependência do petróleo, principalmente dos países mais desenvolvidos como, por exemplo, os EUA, onde o consumo de energia per capita é cerca de cinco vezes maior que a média mundial, tem feito com que o petróleo se torne um bem estratégico e tem influenciado o panorama geopolítico internacional [21]. Apesar da predominância dos itens derivados do petróleo no nosso dia a dia, poucas vezes pensamos no desafio enfrentado para a sua obtenção. Devido às características de esgotamento do petróleo, aumenta cada vez mais a necessidade da utilização de técnicas mais eficientes de extração a partir do reservatório de origem [4-10]. O desafio da produção de petróleo, no sentido de atender à demanda nacional, torna-se ainda mais crítico quando se considera o fato das novas descobertas revelarem petróleo localizado em reservatórios subterrâneos sob lâminas d’água cada vez maiores (>2000 metros da superfície marinha - águas profundas) [20]. 8 O petróleo, definido como uma mistura de hidrocarbonetos, pode ser encontrado na natureza sob a forma gasosa (gás natural), sólida (asfalto) e líquida (óleo cru), e é formado a partir da matéria orgânica remanescente do zooplâncton e do fitoplâncton numa condição termodinâmica adequada (temperatura e pressão elevados) e numa escala de tempo geológica (longo período de milhares de anos). Após o processo de formação, o petróleo se acumula no subsolo em rochas porosas, chamadas rochasreservatório, situadas entre rochas selantes, que são impermeáveis ao petróleo e, por isso evitam que o mesmo se espalhe nas camadas adjacentes, o que impossibilitaria a extração do mesmo pelo homem por meios de poços perfurados da superfície até a acumulação de petróleo (Figura 1) [22,23]. Figura 1: Esquema representativo de um reservatório de petróleo [22] Como a extração do petróleo se dá através da perfuração de poços de diâmetro extremamente reduzido em comparação com a extensão do reservatório, para que o óleo escoe da rocha-reservatório até o poço produtor são necessárias, além da abundância do hidrocarboneto, condições favoráveis de produção. Predominam nestas condições: as características físico-químicas do óleo, principalmente viscosidade; as características permoporosas da rocha (porosidade, permeabilidade, distribuição de tamanho de poros etc.) e as condições termodinâmicas de temperatura e pressão do reservatório [22,23]. 9 Para um reservatório produzir é necessário dispor de certa “energia” para que o petróleo consiga vencer toda a resistência oferecida pelos canais porosos, com suas tortuosidades e estrangulamentos, e se desloque para os poços de produção. Quando essa energia faz parte do reservatório ela recebe o nome de energia primária ou natural, e é o resultado de todas as situações e circunstâncias pelas quais a jazida passou até se formar completamente. A recuperação de óleo utilizando pressões naturais é chamada de Recuperação Primária, mesmo quando o óleo, após chegar ao poço produtor, tenha que ser elevado para a superfície por meios artificiais [22,23]. Os reservatórios cujos mecanismos naturais são pouco eficientes e que, por conseqüência, retêm grandes quantidades de hidrocarbonetos após a exaustão da sua energia natural são fortes candidatos à utilização de processos de recuperação adicional. Esses processos são chamados de Métodos de Recuperação Secundária que, de uma maneira geral, tentam interferir nos aspectos do reservatório que favorecem a alta retenção de petróleo. Baseados na idéia de que as baixas recuperações eram resultado de baixas pressões nos reservatórios, as primeiras experiências buscavam fornecer pressão ao reservatório por meio da injeção de um fluido, cuja finalidade era deslocar o fluido residente no meio poroso e ocupar o espaço deixado pelo mesmo [22]. A Recuperação Secundária, apesar de muito utilizada mundialmente, tem um potencial limitado e, a partir de certo estágio da produção, deixa de ser economicamente viável [8-10]. Com o desenvolvimento da Engenharia de Petróleo, percebeu-se que nem sempre o aspecto mais crítico do fluxo do petróleo nos meios porosos é a baixa pressão; a simples injeção de fluidos para deslocar outros fluidos nem sempre resulta em sucesso. Por isso, criou-se a Recuperação Terciária ou Recuperação Avançada de Petróleo, que, por estar cronologicamente situada após as recuperações primária e secundária, tem como objetivo aumentar a quantidade total de óleo retirado do reservatório, cuja média mundial varia de 10% a 50%, conforme pode ser visto na Figura 2 [8-10]. 10 As baixas recuperações resultantes de um processo convencional de injeção de fluidos (Recuperação Secundária) podem ser creditadas, basicamente, a dois fatores principais: alta viscosidade do óleo do reservatório (forças viscosas); e elevadas tensões de natureza eletroquímica (chamadas tensões interfaciais, forças capilares) entre o fluido injetado, o óleo e a rocha. A recuperação de petróleo pressupõe na grande maioria das vezes uma fase injetada com o objetivo de deslocar o óleo e o fator de recuperação final é uma função de duas eficiências desta fase deslocante: a eficiência de varrido, ligada às forças viscosas; e a eficiência de deslocamento (arraste) do óleo na área varrida, ligada às forças capilares. Estes dois aspectos definem os pontos de ataque da Recuperação Avançada de Petróleo que, apesar de também utilizar a injeção de fluidos, como a Recuperação Secundária, causa modificações na natureza físicoquímica e/ou termodinâmica nos fluidos e nas interações entre eles e o reservatório, por meio do uso de métodos térmicos, miscíveis, químicos, microbiológicos etc. [810]. Figura 2: Métodos de recuperação de petróleo e suas eficiências na recuperação [8] 11 Dentro do grupo de métodos químicos da Recuperação Avançada de Petróleo encontra-se a injeção de soluções de polímeros hidrossolúveis sintéticos ou naturais, cujo princípio é aumentar a viscosidade da água de injeção (fase deslocante) no sentido de aproximá-la da viscosidade do óleo (fase deslocada), obtendo-se uma “Razão de Mobilidade” favorável entre as fases, o que aumenta a eficiência de varrido e, por conseqüência, a recuperação de óleo (Figura 3). A mobilidade (λ) de um fluido é definida como a relação entre sua permeabilidade efetiva (k) na rocha reservatório e a sua viscosidade (μ). A mobilidade do óleo (fluido deslocado) é dada por λo = ko/μo e a da água (fluido injetado) por λw = kw/μw. A razão de mobilidade (M) é definida pela razão λw/λo. Quanto menor a razão de mobilidade mais favorável é a recuperação de óleo. Neste sentido, o polímero age reduzindo a mobilidade da água por dois fatores: 1) pelo aumento da viscosidade da fase aquosa, e 2) pela redução da permeabilidade do reservatório, causada pela adsorção / retenção do polímero nas gargantas dos poros da rocha-reservatório [5, 8-10]. Como a adição de substâncias de base polimérica na água de injeção aumenta seu potencial de recuperação de petróleo, através da correção da diferença de viscosidade óleo/água, durante algum tempo este método foi denominado pela literatura como recuperação de água melhorada. Como já foi dito, apesar do princípio envolvido na injeção de polímero ser simples e de fácil entendimento, o sucesso do método nos campos de petróleo está diretamente relacionado à seleção e dimensionamento do “banco” de solução polimérica a ser injetado, o que é hoje determinado a partir de testes laboratoriais de forma empírica, em função da inexistência de uma ferramenta computacional (simulador) que associe as características do polímero ao seu comportamento em fluxo em condições de reservatório de petróleo. 12 Figura 3: Eficiência de varrido em função da razão de mobilidade entre as fases deslocada (óleo) e deslocante: (A) água e (B) solução polimérica [8] Apesar da utilização da injeção de soluções poliméricas para recuperação de petróleo ser muito antiga (década de 60), este método enfrenta ainda hoje dois grandes desafios para a sua expansão: (1) o desenvolvimento de novas substâncias mais resistentes e com melhor desempenho de espessamento em ambiente salino, como é o caso dos campos offshore, onde injeta-se a água do mar devido a sua disponibilidade e a proibição ambiental do uso de água doce para este fim, e (2) o dimensionamento do “banco” a ser injetado, onde “banco” representa uma quantidade finita de solução polimérica com concentração e volume definidos. A busca de novas substâncias, primeiro desafio, tem sido abordada pela literatura, onde, em função das especificações físico-químicas necessárias a esta aplicação, são selecionados os tipos de polímero (sintético ou natural) com maior poder espessante ou desempenho reológico em ambientes salinos. Esta especificação, ou seja a determinação da conformação, massa molar, distribuição de massa molar, grau de hidrólise etc, deve ser feita de forma que o banco de polímero atenda ao seu objetivo técnico de se propagar de forma uniforme e constante dentro do reservatório, deslocando o banco de óleo sem os problemas indesejáveis de 13 entupimentos localizados ao redor do poço injetor, que ocorrem quando as moléculas de polímero são muito maiores que as gargantas dos poros ou quando existe uma incompatibilidade físico-química com a rocha. O dimensionamento do banco polimérico tem como objetivo definir uma quantidade suficiente para percorrer todo o reservatório cumprindo seu objetivo técnico de deslocamento do óleo, chegando o mínimo possível no poço produtor, evitando assim descartes de água com resíduo polimérico, o que resulta em problemas ambientais e gastos adicionais, cumprindo também os objetivos ambientais e econômicos. 3.2 Especificação dos polímeros usados em recuperação de petróleo A indústria de polímeros evoluiu muito nos últimos anos e hoje são conhecidos inúmeros polímeros solúveis em água, alguns deles já disponíveis no mercado. Porém, a grande maioria destes produtos não é usada na indústria do petróleo por várias razões, sendo o custo a principal delas. Os polímeros atualmente em uso nas técnicas de recuperação avançada de petróleo pertencem, basicamente, a duas categorias: os biopolímeros (polissacarídeos) e os polímeros sintéticos (poliacrilamidas parcialmente hidrolisadas). A segunda categoria praticamente dominou o mercado (cerca de 90% das aplicações de campo) até o momento pelo fato dos biopolímeros ainda não possuírem preços competitivos e pelo fato de toda produção disponível no mercado ser totalmente absorvida pelas indústrias de alimento e de cosmético [5, 8-10]. A caracterização e avaliação de algumas propriedades de polímeros são extremamente importantes para definir o comportamento dos polímeros nas condições de reservatório. O desconhecimento de características, tais como, distribuição de massa molar, macroestrutura, conformação molecular, estrutura das cadeias, interações químicas e estabilidades que regem o comportamento do polímero em solução e sua interação com a superfície sólido-líquido tem tornado a seleção de polímeros para aplicações em reservatório uma área muito empírica. Isso tem gerado muitas contradições na literatura e tem prejudicado também o desenvolvimento de novos produtos [8]. Na realidade, todas as propriedades do 14 polímero que se desejam num processo de recuperação de petróleo, como injetividade, estabilidade, propriedades reológicas e fenômenos de transporte estão diretamente ligadas às características das moléculas de polímero como massa molar, distribuição de massa molar, grau de hidrólise etc. [5, 8-10]. A Tabela I apresenta os parâmetros que fazem parte da especificação básica de um polímero para recuperação de petróleo. Estes parâmetros fazem parte da especificação e das características intrínsecas do polímero para a aplicação em recuperação de petróleo [5-10]. Tabela I: Parâmetros e seus respectivos métodos de determinação [5-11] Parâmetro Método 1 Tipo de polímero Análise elementar orgânica 2 Forma física Sólida ou líquida Matéria ativa Análise elementar orgânica Teor de água Gravimetria 5 Grau de hidrólise Análise elementar orgânica 6 Estabilidade Termogravimetria (TGA) 3 4 Carcterísticas intrínseca do polímero (base seca) 3.2.1 Tipo de polímero A Figura 4 apresenta as estruturas químicas dos dois polímeros mais usados em recuperação de petróleo: poliacrilamida parcialmente hidrolisada, polímero sintético, e goma xantana, um polissacarídeo microbiano. 15 CH2 CH2 CH C=0 CH C=0 - O M+ NH2 Y X Figura 4: Fórmulas do polímero sintético (poliacrilamida parcialmente hidrolisada), à esquerda, e do biopolímero (goma xantana) [8, 9, 24-29] Os biopolímeros, mais precisamente os polissacarídeos de origem microbiana, constituem-se de carboidratos de elevadas massas molares, podendo atingir a casa dos milhões. Sua obtenção se dá através da fermentação dos carboidratos por microorganismos do tipo Xanthomonas Campestris (goma xantana) ou Sclerotium Rolssii (escleroglucana) [25-27]. Eles possuem como característica uma estrutura não-iônica ou fracamente iônica. Já os polímeros sintéticos, particularmente as poliacrilamidas, são obtidos a partir da acrilamida, através da reação de copolimerização em solução aquosa na presença de radicais livres. Esta reação resulta em hidrólise parcial controlável do grupo amido para carboxílico geralmente neutralizado com NaOH. Esta hidrólise confere a este polímero um pronunciado caráter iônico. Este polímero tem como característica uma estrutura fortemente iônica e, como o biopolímero, pode atingir massas molares da ordem de milhões. Estes dois tipos de polímeros possuem propriedades distintas, sendo que algumas delas, dependendo do ponto de vista, podem ser encaradas como vantagens ou desvantagens. A opção entre um deles vai depender sempre destas propriedades frente às características (temperatura e salinidade) do reservatório. A Figura 5 mostra a faixa de aplicação dos polímeros sintéticos e dos biopolímeros [28]. 16 20 Salinidade Total (%) 15 Produtos especiais Biopolímero (Goma Xantan, Scleroglucan) 10 5 Polímeros sintéticos. Poliacrilamida 0 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 Temperatura (º C) Figura 5: Faixa de aplicação (temperatura e salinidade) dos polímeros sintéticos (poliacrilamidas) e biopolímeros (goma xantan e scleroglucan) [28] 3.2.2 Forma física Os polímeros podem se apresentar de duas formas diferentes: pó ou líquida [5-11]. Apesar da forma em pó ter sido usada com sucesso nas primeiras experiências de polímero em campo, os problemas operacionais nas etapas de preparação, diluição e injeção e um tempo de solubilidade relativamente grande, fez com que a indústria de petróleo procurasse novas formas. A forma líquida, dependendo da característica físico-química do produto soluto / solvente, classifica-se em solução, emulsão e dispersão. Na forma de solução, a molécula de polímero está dissolvida em água, com sua molécula totalmente estendida, e com seu poder espessante no máximo [6]. Por isso, a viscosidade da solução aumenta muito, principalmente nos casos de massas molares elevadas, dificultando assim o seu manuseio [6-8]. Este fato faz com que o teor de matéria 17 ativa das soluções varie de 3 a 20% no máximo o que torna esta forma líquida pouco atraente do ponto de vista econômico [6, 11]. Já nas formas de emulsão ou dispersão, a molécula da poliacrilamida encontra-se finamente suspensa em uma fase líquida contínua, normalmente um óleo mineral, em presença de agentes emulsionantes / dispersantes. Estes agentes repelem a molécula de polímero (polieletrólito), fazendo com que as mesmas se retraiam formando um emaranhado [28]. Isto faz com que a viscosidade do polímero, nesta condição, caia drasticamente em relação à condição de solução, onde a molécula encontra-se com o seu comprimento máximo e, portanto viscosidade máxima. Este comportamento permite que os fabricantes alcancem matérias ativas da ordem de 30 e 50% para as formas de emulsão e dispersão, respectivamente [6]. A Tabela II apresenta a comparação entre as características da poliacrilamida na forma de pó com a forma líquida (emulsão / dispersão). Apesar do ganho operacional na preparação do polímero na forma líquida (emulsão / dispersão) em campo (menor tempo de solubilização e equipamentos de superfície mais simples), a evolução tecnológica do produto seco associado ao seu baixo custo faz com que a forma em pó continue sendo a mais usada [5-11]. É importante lembrar neste caso que as características (propriedades físicas e reológicas) finais da solução polimérica são as mesmas, independentemente da forma original ser líquida ou pó. Tabela II: Comparação entre o polímero na forma de pó e na forma líquida [5-11] Seco Líquido Forma pó emulsão dispersão Matéria ativa (%) 100 30 50 Validade 1 ano 6 meses 6 meses Solvente - óleo mineral óleo mineral 6 a 12 h 20 min. a 2 h 20 min. a 2 h baixo alto alto Solubilidade Custo 18 3.2.3 Matéria ativa A determinação da matéria ativa pode ser feita por meio da análise elementar orgânica, que caracteriza os principais elementos (carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio). A análise é feita com o objetivo de avaliar o grau de pureza do polímero. Esta determinação é importante tanto na fase de pesquisa ou seleção do polímero quanto posteriormente na fase de aplicação em campo, como controle de qualidade do processo [11]. 3.2.4 Teor de água A avaliação do teor de água, feita por gravimetria tem como objetivo avaliar o grau e a velocidade de absorção de água do polímero para definir os cuidados necessários em duas fases: (1) manipulação do produto em laboratório, para aumento da precisão dos dados gerados; e (2) aplicação em campo, para definição dos equipamentos de superfície necessários à pré-diluição do polímero a ser injetado [11]. 3.2.5 Grau de hidrólise A poliacrilamida é um polímero sintético cuja estrutura química é mostrada na Figura 6. A primeira parte da molécula [CONH2] representa o grupo amido e a segunda parte [CO2 – M+] o grupo carboxílico, que confere à molécula o caráter iônico [5, 8, 9, 25,26]. A letra M+ representa os cátions sódio (Na+) ou potássio (K+), e as letras X e Y representam o número dos grupos carboxílicos e amido, respectivamente. Estas poliacrilamidas têm caráter aniônico visto que as moléculas catiônicas são fortemente atraídas pelas cargas negativas presentes na superfície de meio poroso, sofrendo uma adsorção instantânea que pode reduzir drasticamente permeabilidade do mesmo, podendo em alguns casos chegar ao entupimento total. a 19 CH2 CH2 CH CH C=0 C=0 NH2 O M+ - Y X Figura 6: Estrutura química da poliacrilamida parcialmente hidrolisada [8, 9, 24-29] Os dois parâmetros grau de hidrólise (Gh) e massa molar (MM) são os que caracterizam a poliacrilamida. Quando a molécula é composta apenas pelo grupo amido (X=0), o polímero é denominado de poliacrilamida, e quando ela é composta pelos dois grupos (X ≠ 0), de poliacrilamida parcialmente hidrolisada, com grau de hidrólise (Gh) definido como: Gh = X / (X+Y), onde 0 ≤ Gh ≤ 1. A poliacrilamida é obtida inicialmente com um grau de hidrólise igual a 0%, ou seja, a molécula é composta somente pelo amido (X=0 e Y=1,0). Depois parte do grupo amido passa para carboxílico, a partir da hidrólise alcalina, através de uma reação controlável [5, 8, 9]. O grau de hidrólise pode variar de 0% a 90% dependendo do tipo de aplicação do polímero. 3.2.6 Estabilidade (Termogravimetria (TGA)) Durante a fase de estocagem e armazenamento é importante garantir uma boa estabilidade à umidade e à temperatura. Uma estabilidade de aproximadamente 1 ano é garantida através de um acondicionamento do produto em embalagens herméticas e em ambientes com temperaturas inferiores a 30º C. 20 3.3 Propriedades das soluções poliméricas 3.3.1 Massa molar viscosimétrica média A viscosidade intrínseca é correlacionada ao tamanho e extensão da molécula de polímero daquela solução em particular. Ela pode ser usada para determinar a massa molar viscosimétrica média de polímeros supostamente homogêneos e lineares, como é o caso de polímeros usados em recuperação avançada de petróleo, cujas massas molares variam em média de 5 a 30 x 106 g/mol [9]. Para o cálculo da massa molar a partir de dados de viscosidade intrínseca utiliza-se a equação de Mark-Houwink [11]. As constantes K e n são obtidas previamente por algum outro método independente como, por exemplo, pressão osmótica, espalhamento de luz etc, em condições específicas para cada polímero, temperatura e salinidade do solvente. Nas aplicações de recuperação de petróleo estes parâmetros normalmente são medidos a 25oC e 3% de NaCl (salinidade próxima à da água do mar que é o fluido de injeção mais utilizado). O valor de massa molar média mais indicado para utilização em recuperação de petróleo é função das características permoporosas da rocha reservatório [8-11]. 3.3.2 Distribuição de massa molar De modo simplificado, a pré-seleção do polímero pode ser feita por meio de uma relação entre sua massa molar e a permeabilidade média do reservatório. Porém, tanto os poros do reservatório quanto a massa molar do polímero apresentam uma distribuição de tamanho. Assim, segundo sugestão de alguns autores [8,9], um estudo mais detalhado sobre estes dois parâmetros teria que incluir uma avaliação estatística entre estas distribuições e não os valores médios. Apesar da determinação da distribuição de massa molar através do método de cromatografia de exclusão por tamanho ser hoje razoavelmente bem desenvolvido, este é um método relativo e pressupõe uma calibração prévia. Existe uma limitação com relação aos padrões quando se trabalha com polímeros de massas molares muito altas, acima de 1 x 106, como é o caso dos polímeros usados em recuperação de petróleo. Por isso, apesar deste parâmetro ser de grande importância, ainda não é possível obtê-lo de modo preciso com as técnicas atualmente disponíveis [8, 9, 30-34]. 21 3.3.3 Desempenho reológico Como o objetivo do polímero nos processos de recuperação de petróleo é espessar ou aumentar a viscosidade da água injetada no reservatório, o estudo do comportamento reológico das soluções de polímero é fundamental para viabilização do processo. Como os polímeros usados em recuperação de petróleo são polieletrólitos, isto é, macromoléculas eletricamente carregadas, seu comportamento reológico está associado a fatores como natureza química e, conseqüente, interação eletroquímica do sistema polímero / solvente, além de massa molar, distribuição de massa molar e concentração do polímero. Como já citado na literatura, a solução polimérica deve possuir um comportamento pseudoplástico (power law ou lei de potência) [5-11, 25, 26], onde a viscosidade do polímero diminui com o aumento da taxa de cisalhamento. O modelo matemático mais aceito para descrever este comportamento é o modelo Ostwald ou modelo de potência, no qual a equação da viscosidade é definida conforme Equação 1. Neste modelo, os parâmetros R e n são constantes denominadas, índice de consistência e comportamento de fluxo, respectivamente. A consistência representa a resistência do fluido em apresentar um deslocamento relativo no seu interior e o comportamento de fluxo indica o afastamento do fluido do modelo newtoniano [5-9, 25-27, 35-40]. ⎛ dv ⎞ σ =R⎜ ⎟ ⎝ dx ⎠ n (1) onde: σ = tensão de cisalhamento, Pa dv/dx = taxa de cisalhamento, s-1 R = constante, índice de consistência, Pa.sn n = constante, índice de comportamento de fluxo Os índices de consistência e de comportamento de fluxo podem ser medidos a partir da viscosidade aparente usando o viscosímetro Brookfield LVT/ULA. De acordo com a literatura, os estudos reológicos para aplicação de campo devem ser feitos a 7 s-1, que é comparável ao cisalhamento no reservatório, isto é, em baixas vazões [8,9]. Nesta taxa de cisalhamento, a viscosidade da solução aumenta com o grau de hidrólise, com a concentração, com a massa molar e cai com o cisalhamento e com a salinidade do meio. 22 Nas injeções de polímero para correção de mobilidade o grau de hidrólise da poliacrilamida fica normalmente em torno de 25%. A escolha deste valor pode ser explicada, de forma qualitativa, na Figura 7, onde podemos notar que a poliacrilamida atinge seu poder viscosificante máximo próximo de 30%; a partir daí, a viscosidade passa a cair com o aumento do grau de hidrólise. Porém, como foi dito no item anterior, uma hidrólise indesejável (degradação química) pode ocorrer ao longo do seu percurso no meio poroso [9, 24-28] (Figura 8), por isso deve-se usar 25% como segurança em vez de 30%. Além disso, os cátions divalentes como cálcio e magnésio podem causar a precipitação da poliacrilamida com grau de hidrólise maior ou igual a 35% [5, 8, 9]. Esta reação de precipitação é uma função da temperatura, do grau de hidrólise e da concentração dos íons divalentes. Figura 7: Variação da viscosidade da solução de poliacrilamida parcialmente hidrolisada em função do grau de hidrólise [41] 23 Figura 8: Variação do grau de hidrólise da poliacrilamida inicialmente não-hidrolisada como função do tempo e da temperatura (1000 ppm em solução salina) [9] Conforme Figura 9, a viscosidade da solução aumenta com a massa molar e diminui com o cisalhamento e com a salinidade. Na Figura 10 observa-se a variação da viscosidade com o tipo de polímero e com a concentração para um cisalhamento constante. Em trabalhos mais recentes os autores têm demonstrado uma preocupação com a componente elástica do fluido devido à característica viscoelástica dos polímeros. Esta componente elástica está ligada à capacidade do polímero de passar por locais menores que sua dimensão principal, como é o caso das gargantas de poros, sem sofrer degradação (romper a molécula). Estudos já demonstraram que a eficiência do polímero na recuperação de óleo está relacionada à resistência à compressão / estiramento, seguida de uma expansão em poros maiores para aumentar a capacidade de arraste [9, 27, 28, 35-40]. A relação entre a viscosidade e a concentração das soluções poliméricas na grande maioria dos casos é muito bem descrita por um polinômio de grau 3 [8,9]. 24 Figura 9: Reologia da poliacrilamida, efeito da salinidade, da massa molar, em 25ºC (cisalhamento= 7,3 1/s - viscosímetro Brookfield LVT/ULA): massa molar de A = 3 x 106 e B = 55 x 106 [9] Figura 10: Reologia dos polímeros usados em recuperação de petróleo em água 1% NaCl e em 23 oC (cisalhamento= 7,3 1/s - viscosímetro Brookfield LVT/ULA) [9] 25 3.4 Fenômenos de interação: solução polimérica /reservatório O objetivo da injeção de fluidos poliméricos para recuperação de petróleo é modificar as propriedades da água circulada resultando num aumento da eficiência de varrido e por conseqüência da recuperação de óleo. Para o sucesso do processo é crucial o conhecimento dos mecanismos que regem o escoamento da solução polimérica em meios porosos, de forma a atender o processo e gerar o mínimo possível de resíduo no poço produtor para ser descartado [8-9, 42-47]. Reservatórios de petróleo são, a grosso modo, meios porosos subterrâneos confinados (pressurizados) onde são encontrados basicamente hidrocarbonetos e água. Na época da descoberta do reservatório, a água pode estar apenas como fase intersticial, como fase imóvel (água conata), ou também na base do reservatório como um aqüífero. Como a pressão do reservatório normalmente não é suficiente para fazer o óleo fluir ou escoar do poro de origem para o poço, o procedimento convencional mais empregado é a injeção de água para deslocar o óleo e ocupar o local do mesmo no reservatório aumentando assim a saturação de água do reservatório [6-11, 25-27]. Como a injeção de polímeros para recuperação de petróleo normalmente ocorre num estágio avançado de produção do campo, a solução polimérica percorre os caminhos já definidos pela fase água interagindo com a mesma na presença da fase óleo. Na prática, os fenômenos de interação rocha/fluidos são medidos em testes de escoamento, que correspondem a uma simulação física do processo em campo, isto é, tenta-se reproduzir, em escala reduzida, os fenômenos físicos, usando para isso a rocha, os fluidos (água e óleo), a temperatura e a pressão do reservatório candidato [42-47]. Um teste de escoamento típico envolve a medição de pressão e vazão em linha (on line) e a avaliação posterior do efluente. A avaliação do efluente é função do objetivo do teste e, normalmente, envolve a medição de concentrações, viscosidade, pH etc. A partir dos parâmetros medidos calculam-se os parâmetros de interesse, que no caso do polímero se dividem em dois grupos: 1) aqueles calculados a partir dos dados de pressão e 2) aqueles calculados a partir do balanço mássico do efluente [25-27]. Na realidade a alteração da pressão é uma conseqüência dos fenômenos de interação rocha/solução polimérica, portanto, os fenômenos calculados a partir da pressão são função dos parâmetros de interação rocha/fluidos. 26 3.4.1 Parâmetros calculados a partir da pressão (medição em tempo real) Fator de resistência O fator de resistência (Fr), definido pela razão entre a mobilidade da água e a mobilidade do polímero (Equação 2), é um parâmetro usado para descrever a redução da mobilidade da solução polimérica durante a passagem do banco de polímero em relação à mobilidade da água. A mobilidade de um fluido em meios porosos é definida pela razão entre a permeabilidade da rocha pela viscosidade do fluido. A redução da mobilidade do polímero é causada não só pelo aumento da viscosidade, mas também pela diminuição da permeabilidade da formação causada pela retenção de moléculas de polímero nas gargantas de poros. Esta retenção causa uma pequena modificação na porosidade em relação à porosidade inicial, mas como conseqüência tem-se uma grande modificação nos fenômenos interfaciais, com aumento de pressão e redução da permeabilidade [5-10]. Fr = λw Kw μ p = . λp μw K p (2) onde: Fr = fator de resistência λw = mobilidade da água, mD/cP λp = mobilidade do polímero, mD/cP Kw= permeabilidade da água, mD Kp= permeabilidade do polímero, mD μw = viscosidade da água, cP μp = viscosidade do polímero, cP Fator de resistência residual O fator de resistência residual (Frr), definido pela razão entre a mobilidade da água antes e depois da passagem do polímero (Equação 3) é um parâmetro usado para descrever apenas a redução da permeabilidade do reservatório após a passagem do polímero [5-10] 27 Frr = λwa Kwa μw Kwa Pd = = = . . λwd μw Kwd Kwd Pa (3) onde: Frr = fator de resistência residual λwa = mobilidade da água antes do polímero, mD/cP λwd = mobilidade da água depois do polímero, mD/cP Kwa= permeabilidade da água antes do polímero, mD Kwd= permeabilidade da água depois do polímero, mD μw = viscosidade da água, cP Pa = pressão durante o fluxo de água antes da passagem do polímero, psi Pd = pressão durante o fluxo de água depois da passagem do polímero, psi Apesar da importância do fator de resistência (Fr) na definição da capacidade do polímero em arrastar óleo no momento da passagem do banco, este não é um parâmetro muito usado por causa da limitação operacional na medida da permeabilidade do polímero em fluxo. O fator de resistência é uma função da permeabilidade do polímero que, por sua vez, é calculada a partir da lei de Darcy [89] usando uma viscosidade interpolada no reograma viscosidade versus cisalhamento, a partir de cisalhamento estimado para reservatório, via correlações empíricas. Como visto anteriormente, o polímero tem um comportamento pseudoplástico, ou seja, a permeabilidade do polímero é uma função do cisalhamento a que está submetido. Um ponto crítico é a definição do cisalhamento no reservatório e sua correlação com o do viscosímetro rotacional. Apesar de muitos artigos terem sido publicados sobre o assunto, este ainda é um ponto de discussão. Por isso, o fator de resistência residual (Frr) é mais usado em detrimento do fator de resistência (Fr), principalmente para comparações de dados de laboratório com os dados de campo, pelo fato do cálculo do Frr ser simples, direto (relação entre as pressões, Equação 3) e isento de simplificações [5-11]. 28 3.4.2 Parâmetros calculados a partir da concentração (pós-processamento) A Figura 11 mostra um esquema dos fenômenos envolvidos no escoamento de fluidos poliméricos para recuperação de petróleo. 1 Dispersão 2 Adsorção físico-química 3 Retenção mecânica 4 Volume poroso inacessível Figura 11: Esquema dos fenômenos envolvidos no escoamento de fluidos poliméricos para recuperação de petróleo O primeiro fenômeno – dispersão - é típico de escoamento em meios porosos. O meio poroso funciona como um difusor criando uma zona de transição entre a solução injetada original e o solvente. O segundo fenômeno – adsorção físicoquímica – também conhecido como fenômeno de troca iônica depende da afinidade eletroquímica entre o produto e a rocha reservatório e pode ocorrer com qualquer produto que apresente esta afinidade. Já os dois últimos fenômenos são típicos de macromoléculas como é o caso dos polímeros usados em recuperação de petróleo. O terceiro fenômeno – retenção mecânica - é função do tamanho relativo entre as moléculas de polímero e as gargantas de poros do reservatório. O quarto fenômeno 29 – volume poroso inacessível – é típico de escoamento de macromoléculas em meios porosos. As moléculas maiores não conseguem entrar nos poros menores, chamados então de volume poroso inacessível, que reduz o volume poroso útil para o polímero. Em seguida apresenta-se um pouco mais de cada um destes fenômenos de forma independente. 1) Dispersão A dispersão hidrodinâmica está relacionada ao espalhamento do banco de solução polimérica, com formação de uma zona de transição (ou zona de mistura), entre os fluidos deslocante e deslocado. A dispersão pode ser decomposta em duas partes: a dispersão mecânica e a difusão molecular. A dispersão mecânica resulta do movimento individual, randômico, das partículas do fluido, com suas variações de velocidade ao longo de caminhos irregulares (tortuosidades) nos poros da rocha reservatório. A difusão molecular ocorre devido aos gradientes de concentração através da superfície perpendiculares à direção principal do fluxo. O efeito da difusão molecular na dispersão hidrodinâmica é desprezível, a não ser que o deslocamento se dê a baixas velocidades. Em termos práticos, a dispersão causa um espalhamento do banco, resultando num adiantamento no tempo de irrupção, redução do tamanho do pico do perfil de concentração e atraso no tempo de chegada desse pico. O coeficiente de dispersão é definido pela Equação 4 e 5. Kd = D + α vn Ea ϕ = α . u ϕ onde: Kd = coeficiente de dispesão efetivo (Ea/ ϕ ), m²/s D = coeficiente aparente de difusão molecular no meio poroso, m²/s α = constante de dispersão (dispersividade), m v = velocidade intersticial (u/ ϕ ), m/s n = coeficiente adimensional, usualmente muito próximo da unidade. (4) (5) 30 Ea = coeficiente de dispersão axial, m²/s u = velocidade de Darcy, m/s ϕ = porosidade, fração A dispersividade (α) depende do meio poroso e da razão de viscosidade dos fluidos deslocante e deslocado. O termo difusivo (D) depende das características do produto e é usualmente muito pequeno em relação ao termo dispersivo (αvn), salvo em velocidades de escoamento extremamente baixas [55-57]. Em velocidades de fluxo típicas de reservatório, o termo dispersivo excede o termo difusivo de aproximadamente duas ordens de magnitude. Por isso, D é normalmente suposto igual a zero para velocidades típicas de recuperação de petróleo [55-60]. Para velocidades típicas de reservatório n é normalmente considerada igual à unidade. 2) Adsorção físico-química (reversível) A adsorção físico-química é um fenômeno de superfície onde as cargas negativas da superfície da rocha são atraídas pelas cargas positivas do polímero [48-56]. A adsorção físico-química, ao contrário da retenção mecânica, é mais difícil de ser determinada, tanto em termos experimentais quanto na escolha de um modelo matemático que a traduza pelo seu caráter reversível. O fenômeno ocorre durante a passagem do banco pelo meio poroso. A adsorção causa um atraso no perfil de concentração. Porém, como existe outro fenômeno, associado às macromoléculas, chamado volume poroso inacessível, que ocorre concomitantemente e que adianta a chegada do banco, na prática eles se anulam e não é possível determinar/quantificar a adsorção físico-química somente analisando a posição do perfil de concentração no eixo do tempo. É necessário conhecer com mais detalhes a equação matemática que descreve o fenômeno [61-70]. Um dos modelos mais bem aceitos para descrever o fenômeno de adsorção físicoquímica e que ajusta o maior número de isotermas experimentais é a chamada isoterma de Langmuir descrita na Equação 6. 31 N (C ) = No . Ke . C (1 + Ke . C ) (6) onde: C = concentração, kg/m³ N(C) = adsorção do polímero na rocha reservatório, kg (polímero)/kg (rocha) No = adsorção máxima (constante), kg (polímero)/kg (rocha) Ke = constante de adsorção, m³/kg 3) Retenção mecânica (irreversível) O termo adsorção é normalmente utilizado de forma genérica para designar a ação conjunta da retenção mecânica (adsorção irreversível) e da adsorção físico-química (adsorção reversível), apesar do uso desta nomenclatura vir mudando com os autores mais recentes. A adsorção mecânica recebe também outros nomes na literatura como filtração das moléculas de polímero nas gargantas dos poros da rocha reservatório [8,9]. Devido à sua irreversibilidade a adsorção mecânica é mais fácil de ser determinada, tanto em termos experimentais quanto em termos do modelo matemático que a traduza. Em termos experimentais podemos determinar em laboratório uma curva chamada de isoterma de adsorção, onde temos uma relação entre a concentração do polímero e a adsorção medida em termos de massa de polímero por grama de rocha. Cada ponto desta curva é determinado fazendo-se um balanço mássico entre o perfil de concentração injetado e o produzido num teste de fluxo, ou seja, cada ponto desta curva é um teste de fluxo independente. A adsorção mecânica (irreversível) varia com o tipo de polímero (massa molar e grau de hidrólise) e com o tipo de rocha (permeabilidade e distribuição das gargantas de poros) e com a concentração da solução. Na prática a adsorção mecânica é um mecanismo de consumo e, portanto, pode ser traduzida matematicamente por um termo fonte (sorvedouro) função da concentração. 32 4) Volume poroso inacessível Muitos autores observaram, em experimentos de laboratório, que, quando não havia adsorção/retenção, as moléculas de polímero eram transportadas no meio poroso com mais velocidade do que as chamadas substâncias traçadores, que são substâncias que não interagem com o reservatório e, portanto caminham com a mesma velocidade do solvente, neste caso, a água [8, 9, 71-73]. Este fenômeno de adiantamento das moléculas de polímero é explicado pelo fato do polímero ser uma macromolécula, cujo tamanho é da mesma ordem de grandeza das gargantas dos poros do reservatório. Na realidade, tanto as gargantas de poros, quanto a molécula não possuem tamanhos absolutos e sim uma distribuição de valores. Assim, estatisticamente, tem-se uma combinação de tamanhos de molécula para passar em uma combinação de tamanhos de garganta de poros. Quando o tamanho da molécula é igual ou maior que o da garganta do poro, ela não passa por este poro e ele é classificado como volume poroso inacessível ou excluído. O volume inacessível é normalmente apresentado em percentual do volume poroso total. Este parâmetro define o volume poroso efetivo para o polímero percorrer na aplicação de campo. Isso, por um lado, pode parecer uma vantagem, pois reduz a quantidade de polímero necessário reduzindo o custo do processo. Por outro lado, quando este parâmetro é muito grande pode inviabilizar o processo de campo. Este parâmetro pode ser reduzido quando se ajusta a relação entre o tamanho da molécula do polímero ao tamanho das gargantas de poros em simulações físicas de laboratório. Analisando este fenômeno de forma individual, segundo a literatura, ele pode ser calculado a partir do balanço mássico de um volume poroso que se encontra na amostra no momento da virada do fluxo para a água [71], ou seja, se o volume de solução polimérica produzido a partir deste momento for correspondente a 90% do volume poroso, significa que 10% do volume encontra-se ocupado por água e não por solução polimérica, correspondendo ao volume inacessível [5-9, 71-73]. Na prática este parâmetro só pode ser calculado diretamente a partir do deslocamento (adiantamento) do perfil de concentração na saída do experimento de laboratório em meios porosos quando a adsorção/retenção for nula. Os fenômenos de adsorção e retenção atrasam o perfil e, portanto, mascaram ou inviabilizam o cálculo do volume poroso inacessível apenas pela análise da posição do perfil de concentração de saída nos testes de escoamento em meios porosos. 33 3.5 Simuladores atualmente disponíveis Uma das grandes dificuldades da indústria de petróleo é a impossibilidade de se estudar o processo de recuperação em escala real devido aos grandes volumes e tempos envolvidos e à inacessibilidade dos reservatórios. Para solucionar o problema são utilizados os simuladores que, por sua vez, podem ser classificados em simuladores físicos ou matemáticos. No caso do reservatório de petróleo os simuladores físicos são os modelos reduzidos de laboratório que utilizam amostras de rocha e fluidos (óleo e água) e reproduzem a temperatura, as pressões (fluxo e confinamento), as saturações e as vazões do reservatório em estudo. Já os simuladores matemáticos são ferramentas computacionais, construídas a partir de modelagem específica, para prever o comportamento do reservatório em diferentes momentos da vida produtiva do reservatório (Figura 12), usando como dados de entrada os dados levantados na modelagem física acoplados com os dados de campo. Desta forma, o simulador matemático permite a mudança de escala do laboratório para o campo. Estes simuladores permitem ao usuário fazer estudos de viabilidade técnico-econômica do processo em campo através do levantamento de mapas de pressão e saturação em relação ao tempo e ao espaço. Figura 12: Fases da vida de um reservatório de petróleo [75] 34 O desenvolvimento de um simulador passa por várias etapas, como ilustrado esquematicamente na Figura 13 [74]: 1-Na primeira etapa conceitua-se o problema que se deseja representar matematicamente. Esta conceituação deve ser feita em consonância com o estado da técnica; 2- Na segunda etapa são feitas as suposições e simplificações compatíveis com o grau de sofisticação que se espera do modelo; 3- Na terceira etapa formulam-se as equações que descrevem o problema alvo, o que é feito considerando-se as hipóteses adotadas; 4- A quarta etapa constitui a solução matemática do modelo; 5- Na quinta etapa um simulador, ou ferramenta computacional, é implementado para viabilizar e agilizar a etapa seguinte de validação da solução; 6- Na sexta etapa verifica-se, então, a validade do simulador com soluções existentes. Os resultados do simulador podem ser comparados com: ¾ soluções analíticas ou resultados reais; ¾ resultados experimentais obtidos através de modelos físicos de laboratório (simulação física) e ¾ simuladores convencionais já calibrados ou consagrados pela literatura para simulação do problema. Caso a validade seja verificada, o simulador estará pronto para simular os fenômenos desejados. Caso contrário, volta-se para um novo ciclo em que novamente são analisadas as hipóteses adotadas ou até mesmo a conceituação do problema. 35 Conceituação problema (estado da técnica) 1 Hipóteses 2 Equacionamento matemático (modelo) 3 Solução matemática 4 não ? Validação da solução (solução existente) 6 Implementação simulador 5 sim Uso do simulador para problemas reais Figura 13: Esquema para desenvolvimento de um simulador [74] A complexidade dos simuladores de reservatório em função de um grande número de equações e variáveis envolvidas praticamente inviabiliza o uso de soluções analíticas e privilegia as soluções numéricas, ou, no máximo, híbridas. Isso traz como desvantagem uma dispersão numérica muito grande, que muitas vezes inviabiliza o estudo de alguns fenômenos de transporte, como por exemplo, a dispersão física. 36 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Produtos químicos Na elaboração desta Tese foram utilizados os seguintes produtos. A) Polímeros: Durante o desenvolvimento desta Tese, foram usadas diversas amostras comerciais de poliacrilamida parcialmente hidrolisada (PHPA) de características distintas. A Tabela III apresenta a identificação comercial destas amostras. É importante ressaltar que os testes finais de escoamento em meios porosos foram realizados com o polímero Flopaam 3230S. Tabela III: Identificação comercial das amostras de PHPA utilizadas Código Procedência Forma Pureza (%) Floerger (França) Pó 99 % Flopaam 2030S Flopaam 2130S Flopaam 2230S Flopaam 2435S Flopaam 2630S Flopaam 3230S Flopaam 0430S B) Reagentes, solventes e materiais 1) Ácido acético glacial - Procedência Merck; grau de pureza: PA; usado como recebido; 2) Água destilada e água de injeção e formação de reservatório de petróleo; 3) Acetona - Procedência Merck; grau de pureza: PA usado como recebido; 4) Hipoclorito de sódio - Procedência Merck; grau de pureza: 5%; usado como recebido; 5) Iodeto de potássio - Procedência Merck; grau de pureza: PA; usado como recebido; 6) Tolueno - Procedência Merck; grau de pureza: PA; usado como recebido; 7) Metanol - Procedência Merck; grau de pureza: PA; usado como recebido; 8) Amostras de rocha de reservatório de petróleo brasileiro. 37 4.2 Equipamentos utilizados Na elaboração desta Tese foram utilizados os seguintes equipamentos do CENPES / Petrobras. A)Caracterização físico-química: 1)Agitador mecânico IKA Eurostar Digital com pás específicas anti-cisalhamento 2)Analisador Elementar C-H-N Perkin Elmer, modelo 2400 3)Analisador Termogravimétrico – Perkin Elmer, modelo TGA 7 4)Balança Analítica Mettler-Toledo AE200 5)Balança semi-analítica Mettler-Toledo PG5002S 6)Brookfield LVT, sensor ULA 7)Reômetro Haake RheoStress RS 600, sensor DG 41 8)Densímetro DMA 4500 Anton Paar 9)Porosímetro Corelab modelo 3020 10)Permeâmetro Corelab PE DA TR 11)Medidor de pH Thermo Orion 290 12)Micropipeta Eppendorf Reference 100-1000 uL 13)Estufa a vácuo Fischer Scientific, modelo LS 14)Medidor de O2 dissolvido – HACH Sension6 15)Banho Brookfield TC 500 16)Banho refrigerador de gelo seco e acetona 17)Liofilizador e Balões de liofilização (destilação) de 250 mL 18)Analisador Elementar da Perkin Elmer, modelo 240 C 19)TGA-7 da Perkin-Elmer, 20)Extrator soxhlet 21)Espectrofotômetro HP 8452 A B)Sistema de fluxo Petrobras composto pelos equipamentos: 1)Estufa Nova Ética 2)Bomba de vácuo Edwards, modelo E2M2 3)Transdutores de Pressão Yokogawa EJA 110A 4)Coletor automático Foxy 200 5)Calibrador de pressão Druck 38 6)Bomba hidropneumática Flutrol 7)Core Holder Phonix Instruments (até 10000 psi) 8)Vasos de transferência em acrílico C) Informática: 1) Hardware Notebook IBM Thinkpad X60s (170249PSM) Sistema Operacional: Windows® XP Professional BR Autêntico Processador: Intel® Core™ Duo L2400(1.66GHz,Cache L2:2MB,FSB:667MHz)tec.móvel Intel® Centrino® Memória (padrão/máximo): 2GB Disco Rígido: 60GB (5400 rpm) Tela/Monitor: 12.1" XGA (1024x768) TFT Rede/Modem: Gigabit Ethernet / 56K padrão V.90 Outros: Wireless Intel® 3945ABG integrado Unidade Combo CD-RW/DVD-ROM portátil USB 2.0 (40Y8668) Memória 1GB PC2-5300 CL5 667MHz DDR2-SDRAM SODIMM (40Y7734) Fonte de Alimentação AC/DC Combo 90W ( 40Y7632 ) ThinkPad - Ultrabase para X6 (40Y8116) Bateria Extra-Life ThinkPad X60 series 2) Software Ambiente de desenvolvimento: Delphi 5.0 39 4.3 Metodologia A descrição da metodologia abrange a seleção/caracterização/especificação dos polímeros, a seleção dos elementos que descrevem o deslocamento de fluido em meio poroso, a seleção das equações matemáticas básicas para compor o modelo matemático utilizado no simulador e os ensaios laboratoriais de injeção de fluidos poliméricos em meios porosos, os quais têm como objetivo validar o modelo matemático desenvolvido. 4.3.1 Seleção do polímero A seleção do polímero englobou três etapas: 1) seleção do tipo de produto, 2) seleção da forma física e 3) especificação do produto no que se refere à massa molar e grau de ionicidade. A seleção do tipo de polímero e da forma física foi feita em função do mercado, ou seja, custo e disponibilidade, já a especificação do polímero foi feita confrontando-se as características do polímero com as características do reservatório alvo. 4.3.2 Caracterização das amostras de PHPA Foram obtidas sete amostras comerciais de PHPA apresentando massas molares e graus de hidrólise distintos. A Tabela IV apresenta um resumo das análises realizadas para caracterização do polímero. 4.3.2.1 Matéria ativa (%) A matéria ativa dos polímeros foi obtida por gravimetria, precipitando-se o polímero na forma de solução aquosa com acetona. O precipitado foi então filtrado e levado a peso constante em estufa. A matéria ativa foi calculada pela relação entre a massa final, (após precipitação / filtragem / secagem) pela massa inicialmente pesada. 40 4.3.2.2 Grau de hidrólise (%) O método citado pela literatura para determinação do grau de hidrólise, via titulação, fornecia um erro associado muito grande. Por isso utilizou-se um método via análise elementar de nitrogênio para determinação deste parâmetro. Neste método, calculou-se o percentual de nitrogênio na fórmula original da Poliacrilamida (Figura 6, página 19) supondo um grau de hidrólise igual a 0 (zero). Em seguida mediu-se o percentual de nitrogênio por um analisador elementar da Perkin Elmer com erro de 0,3 % absoluto. O grau de hidrólise foi calculado pela relação entre o percentual de nitrogênio medido pela análise elementar pelo percentual de nitrogênio calculado pela fórmula original com 0 (zero) % de grau de hidrólise. Tabela IV: Caracterização das amostras de polímeros estudados ETAPA (A) Caracterização produto original PARÂMETRO Pó (base seca) Matéria ativa (%) Gravimetria - 2 Grau de hidrólise (%) Análise elementar - 3 Teor de água (%) Liofilização - 4 Estabilidade Termogravimetria (TGA) - Preparo de solução Velocidade e tempo de solubilização Norma API [11] Qualidade da solução Filtrabilidade Norma API [11] Massa molar Viscosidade intrínseca Norma API [11] pH(1%,25oC) Potenciometria 6 7 Solução polimérica MÉTODO 1 5 (B) Propriedades solução aquosa ANÁLISE 8 9 10 11 - Reologia Brookfield LVT, 7,5 s -1 Norma API [11] Estabilidade em reservatório Brookfield LVT, 7,5 s-1 Norma API [11] -2 Norma API [11] Degradação mecânica 12 Concentração polímero Brookfield LVT, 7,5 s Espectrofotômetria Norma API [11] 4.3.2.3 Teor de água (%) O teor de água foi determinado por liofilização. Na liofilização, que é um processo de secagem e de eliminação de substâncias voláteis em baixa temperatura e sob pressão reduzida, inicialmente foi pesada com precisão uma massa de amostra do polímero entre 5 a 10g em balão de liofilização previamente seco em estufa. Em seguida congelou-se a amostra utilizando banho de gelo seco e acetona. Deixou-se a amostra durante 5 a 10 minutos dentro do isopor com gelo seco para assegurar o congelamento total da amostra. Colocou-se a amostra no condensador e esperou-se 41 5 minutos para que a temperatura do condensador atingisse -40º C. Colocou-se a amostra sob baixa pressão com uma bomba de vácuo e aguardou-se a pressão atingir 10-1 mbar. Pesou-se o balão com resíduo. Esta operação foi repetida até que as duas pesadas consecutivas não diferissem em mais de 5% relativo. Desta forma foi calculado o teor de água pela diferença entre os pesos inicial e final. 4.3.2.4 Análise termogravimétrica (TGA) Nas análises de termogravimetria foi empregada uma termobalança TGA-7 da Perkin-Elmer, a uma velocidade de aquecimento de 5 °C/min, no intervalo de 30 °C a 150 °C, utilizando uma quantidade de amostra em torno de 10 mg em atmosfera de nitrogênio. 4.3.2.5 Preparo das dispersões aquosas para ensaios em solução Todas as soluções foram preparadas de acordo com a Norma American Petroleum Institute - API (Recommended practices for evaluation of polymers used in enhanced oil recovery operations, 1990), a partir de uma solução estoque de 5000 ppm, tomando-se todos os cuidados recomendados com relação à agitação, velocidade, tempo total de solubilização etc. [11]. 4.3.2.6 Qualidade da solução (filtrabilidade) A qualidade ou homogeneidade de todas as soluções usadas foi verificada através do teste de filtrabilidade (Norma API) [11], onde as amostras foram submetidas a uma filtração por um filtro de aço de 10 micrometros, a uma vazão controlada e monitoramento da pressão. O aumento da pressão indica a presença de heterogeneidade, também conhecido como “grumos” ou “olho de peixe” na solução. Quando o aumento de pressão era observado, a solução era descartada, iniciandose o preparo de uma nova solução conforme indicação da norma. Este procedimento foi realizado em todas as soluções como pré-condicionamento para os testes de interação polímero com o reservatório. 42 4.3.2.7 Determinação de massa molar Os valores de massa molar das amostras de polímero foram determinados por meio de análises de viscosidade intrínseca, seguindo a Norma API [11], a fim de confrontar os valores fornecidos pelo fabricante e estimar a massa molar viscosimétrica média. A massa molar foi calculada usando a equação de MarkHouwink-Sakurada ([η] = K x (MM)a). As constantes K e a foram retirados da Norma API RP 63 1990 [11], onde foram determinados de forma independente para uma poliacrilamida de 30% de grau de hidrólise e um solvente com 3% de salinidade, que é próximo da salinidade do reservatório alvo. Os valores de K e a foram 6,75x10-5 e 0,830, respectivamente [11]. 4.3.2.8 Determinação de pH Foram realizadas análises de pH em todas soluções preparadas com as sete diferentes amostras de PHPA em todas as fases do trabalho experimental. 4.3.2.9 Ensaio reológico O estudo reológico foi conduzido em viscosímetro Brookfield LVT/ULA, por ser o mais citado pela literatura para aplicações de campo [11]. Foram efetuadas curvas de viscosidade em função da concentração para polímeros de diferentes massas molares, grau de hidrólise e salinidades do solvente e em presença de alguns íons divalentes, aos quais, o polímero, pela sua característica de polieletrólito, é extremamente sensível. Estas curvas foram levantadas num cisalhamento de 7,3 s-1, conforme recomendado pela literatura [8-10], por ser este um cisalhamento baixo, próximo ao praticado no reservatório. Os ensaios foram inicialmente feitos em condições padrão de água destilada e 25º C e depois nas condições do reservatório alvo com água de injeção e 50º C. 4.3.2.10 Ensaio de estabilidade em reservatório Foi realizado um teste de estabilidade da solução polimérica em condições do reservatório alvo, ou seja, foi feito o reograma do polímero na água de injeção e 43 temperatura do campo (50ºC) e no cisalhamento de 7,3 s-1, considerado pela literatura como típico de reservatório utilizando o viscosímetro Brookfield LVT/ULA. 4.3.2.11 Ensaio de degradação mecânica Ensaios de degradação mecânica (cisalhamento) conforme a Norma API foram também realizados. As soluções poliméricas foram submetidas a um fluxo (altas vazões) pressurizado através de um tubo capilar em diferentes velocidades, variando-se as pressões de injeção, conforme esquema da Figura 14. Como a velocidade do teste é muito alta, acima da vazão máxima da bomba do teste de fluxo, a norma recomenda o uso de gás (nitrogênio) para empurrar a solução polimérica contido na garrafa, forçando-a a passar pelo capilar em velocidades muito altas. O cisalhamento foi então calculado em função do diâmetro do capilar e das vazões: cisalhamento = 4 x vazão / ( π x (raio do capilar)3 ). Através da monitoração da viscosidade Brookfield LVT/ULA antes e depois do fluxo, levantou-se uma curva de percentagem de queda da viscosidade em função do cisalhamento. Um procedimento similar foi feito para determinar a degradação mecânica durante o escoamento no meio poroso. Figura 14: Esquema dos equipamentos usados no teste de degradação ao cisalhamento [11] 44 4.3.2.12 Determinação da concentração de polímero em solução A determinação da concentração de polímero (PHPA) nos efluentes dos testes de fluxo foi realizada usando o método turbidimétrico conforme Norma API [11]. Neste método, o polímero reage com o hipoclorito de sódio resultando em um precipitado insolúvel que turva a solução permitindo a determinação da concentração do polímero por turbidimetria utilizando o Espectrofotômetro HP 8452 A. 4.3.3 Determinação da concentração de iodeto de potássio em solução A determinação de concentração do iodeto de potássio, usado como substância traçadora, foi realizada pelo método potenciométrico, nos efluentes dos testes de fluxo com e sem a presença de polímero. 4.3.4 Ensaios de avaliação da interação polímero-reservatório Os ensaios de interação (Tabela V) polímero-reservatório envolveram: 1) a análise da adsorção estática, e 2) a simulação física do deslocamento de fluido em meios porosos. Nos dois casos foi necessário fazer uma preparação da rocha reservatório a ser usada. Tabela V: Testes de interação rocha–fluidos ETAPA PARÂMETRO Adsorção estática 1 1 Interação polímero reservatório 2 Simulação física 3 4 Adsorção físico-química ANÁLISE MÉTODO Espectrofotômetria / Gravimetria Norma API [11] Sistema de Fluxo Norma API [11] Dispersão Retenção mecânica Adsorção físico-química Volume poroso inacessível A adsorção estática é feita com a rocha reservatório original para preservar as características litológicas da mesma, porém no estado desagregado. A desagregação da rocha é feita usando um equipamento específico chamado “moinho de mandíbula” que separa os grãos, mantendo sua integridade. Após a desagregação a norma recomenda uma separação granulométrica para remover o 45 material muito fino, denominado silte, que é conseqüência da desagregação do cimento natural que une os grãos e pode prejudicar a análise. A modelagem física em laboratório, ou seja, os testes de fluxo em meio poroso são feitos para determinação dos parâmetros de interação rocha-fluidos em condições dinâmicas similares às que ocorrem na recuperação. Estes testes são feitos em amostras do reservatório coletadas na fase de perfuração dos poços numa operação denominada de “testemunhagem”. Pelas dificuldades de se trabalhar com amostras preservadas, a comunidade científica trabalha com a amostra reconstituída como no caso desta Tese. Neste caso a amostra de rocha, após a sua coleta em campo, é submetida a uma limpeza do óleo e do sal num extrator soxhlet, utilizando tolueno e metanol, respectivamente (Norma API – RP 40). Depois de secas, as amostras são submetidas à determinação da permeabilidade absoluta ao ar (N2) e porosidade. As amostras, de aproximadamente cinco centímetros cada, são separadas em grupos de acordo com as propriedades permoporosas mais próximas. Em seguida, determina-se a ordem mais conveniente desta série de amostras, baseada numa série harmônica [76]. A amostra ou série de amostras selecionada é então encapsulada com resina do tipo epóxi ou em camisa de aço como no caso desta Tese, conforme mostrado na Figura 15. Nesta condição (encapsulada), determina-se a permeabilidade absoluta ao ar (N2) e a porosidade da amostra ainda seca. As amostras são saturadas com água de formação e depois com óleo, quando são determinadas a permeabilidade absoluta à água (100% água) e efetiva ao óleo (água e óleo). Neste momento, a amostra representa a condição inicial do reservatório onde temos o óleo na saturação de óleo inicial (Soi) e água na saturação de água conata ou inicial (Swi). Adsorção estática Uma vez que não é possível a determinação da adsorção físico-química a partir do efluente do teste de fluxo devido ao caráter de reversibilidade deste fenômeno, ou seja, ele ocorre (adsorção e desorção) em tempo real durante a passagem do banco, é comum fazer-se o teste de adsorção estática para ter uma idéia deste parâmetro. O teste de adsorção estática foi feito de acordo com a Norma API [11]. Nesse teste, amostras de rochas inconsolidadas e previamente secas foram colocadas em contato com a solução polimérica e, após um tempo de equilíbrio, a 46 concentração final da solução foi medida e comparada com a concentração inicial. A adsorção físico-química foi então calculada (em microgramas de polímero por grama de rocha) pela razão entre a diferença das concentrações inicial e final pela massa total de rocha utilizada. O procedimento foi feito utilizando-se soluções poliméricas de diferentes concentrações, possibilitando a construção de uma curva de adsorção em função da concentração. Os dados obtidos foram então ajustados pela isoterma de Langmuir que é o modelo matemático mais conhecido e aceito para representar o fenômeno e sua reversibilidade. As concentrações foram medidas por Espectrometria [11] e as amostras de rocha e de solução polimérica foram medidas ao longo do método por gravimetria. Simulação física Foram realizados vários testes de fluxo, usando a Norma API [11], para calcular apenas a dispersão no caso das substâncias traçadoras e calcular a dispersão, a adsorção física, a retenção mecânica e o volume poroso inacessível no caso das soluções poliméricas. Nestes testes foram reproduzidas em escala reduzida de laboratório as condições do reservatório alvo, ou seja, tipo de rocha, tipos de fluidos (água e óleo) e condições termodinâmicas de temperatura e pressão. As soluções de traçador e de polímero foram injetadas no meio poroso em diferentes vazões e concentrações. Foram realizadas medições de pressão e vazão em tempo real e a avaliação de concentração, viscosidade e pH no efluente após o teste. A partir do perfil de concentração, calculou-se a dispersão, a adsorção físico-química, a retenção mecânica e o volume poroso inacessível. Os testes de fluxo foram realizados em um sistema de fluxo (Figura 16) onde uma bomba de vazão constante injeta os fluidos de interesse selecionados através de um jogo de válvulas. O(s) fluido(s) injetado(s) percorre(m) o modelo físico reduzido do reservatório que fica confinado em uma camisa de aço que simula a pressão das camadas superiores. Os parâmetros pressão, vazão e temperatura são monitoradas ao longo do teste e o efluente é coletado para posterior análise. 47 Figura 15: Foto da camisa de aço (Core Holder) para encapsulamento ou confinamento da amostra de rocha reservatório Figura 16: Foto dos equipamentos usados nos testes de escoamento em meios porosos. 48 4.3.5 Seleção dos elementos para a elaboração do modelo matemático O primeiro passo na elaboração de um modelo matemático diz respeito à seleção dos elementos de contribuição significativa para o fenômeno que se pretende simular. A Figura 17 apresenta uma relação desses elementos, com base na revisão bibliográfica realizada. Os modelos matemáticos descritos na literatura não consideram a adsorção de forma adequada nem o volume poroso inacessível, os quais estão diretamente relacionados à influência da presença de macromoléculas no fluido, bem como a sua massa molar e conformação. A descrição de cada um dos quatro elementos selecionados já foi apresentada no item Revisão Bibliográfica. Neste item serão mostrados os efeitos de cada um dos fenômenos no perfil de concentração final obtido na saída do meio poroso. Causa Efeito Dispersão Espalha o banco zona de transição 2 Adsorção físico-química Atrasa o banco reversível 3 Retenção mecânica Consome o banco Volume poroso inacessível Adianta o banco 1 4 irreverssível Reduz o volume poroso Figura 17: Esquema dos fenômenos envolvidos no escoamento de fluidos poliméricos para recuperação de petróleo No deslocamento de macromoléculas em meios porosos, os principais fenômenos associados ao fluxo, ou, em outras palavras, à convecção, além da dispersão, são a adsorção físico-química, a retenção mecânica e o volume poroso inacessível, os dois primeiros fenômenos são comuns a qualquer produto, já os dois últimos são típicos 49 de macromoléculas como é o caso dos polímeros usados em recuperação de petróleo. 1) Dispersão - é típico do escoamento em meios poroso e depende da rocha e dos fluidos. O meio poroso funciona como um difusor criando uma “zona de transição” entre a solução injetada original e o solvente. O efeito final da dispersão é o espalhamento do banco, ou seja, ele cria uma zona de transição entre o banco da solução polimérica e o solvente, resultando no adiantamento do tempo de irrupção do banco, na redução do tamanho do pico do perfil de concentração e atraso no tempo de chegada desse pico. 2) Adsorção físico-química – também conhecido como fenômeno de troca iônica, depende da afinidade eletroquímica entre o produto e a rocha reservatório. Este é um fenômeno de superfície, reversível e dependente da concentração. O efeito final da adsorção físico-química é o atraso do banco de polímero. 3) Retenção mecânica - é função do tamanho relativo entre as moléculas de polímero e as gargantas de poros do reservatório. O efeito final da retenção é uma diminuição da massa total injetada. 4) Volume poroso inacessível – é típico de escoamento de macromoléculas em meios porosos. As moléculas maiores não conseguem entrar nos poros menores, chamados então de volume poroso inacessível, cujo efeito final é a redução do volume poroso útil para o banco de polímero com conseqüente redução do tempo de chegada da frente. 50 4.3.6 Seleção das equações matemáticas Três equações foram selecionadas para a elaboração do modelo matemático a ser aplicado nos ensaios de simulação, uma vez que, apesar de cada uma delas descrever de modo satisfatório os comportamentos a que se propõem, nenhuma delas, isoladamente, é satisfatória para descrever o deslocamento de fluido polimérico em meio poroso. As três equações selecionadas foram: (1) equação de difusão e convecção convencional; (2) isoterma de Langmuir; e (3) equação do termo fonte. A equação matemática selecionada como ponto de partida para o desenvolvimento do modelo foi a equação de difusão e convecção convencional (Equação 7), que é uma equação diferencial parcial que descreve o transporte de uma substância (o soluto) conservativa e não-reativa em um fluido de densidade e viscosidade constantes. ∂C u ∂ C Ea ∂ 2 C =0 − + ϕ ∂ x ϕ ∂ x2 ∂t (7) Nesta equação, C é a concentração do soluto, u/φ é a velocidade intersticial, e Ea é o coeficiente de dispersão axial. O fluxo total da substância em solução considera dois fenômenos: a convecção, representada pelo termo que contém a velocidade intersticial, e a dispersão, por meio do termo que contém o coeficiente de dispersão. A convecção relaciona-se ao deslocamento global do fluido, causado por um gradiente de pressão. Geralmente, soluções da equação de difusão-convecção para fluxo linear são satisfatórias para descrever deslocamento miscível de água por um banco de solução de algum produto químico em modelos de laboratório, desde que não ocorra adsorção do soluto na rocha ou reação de consumo do mesmo com a água ou com a rocha, isto é, a equação, nesta forma, não é adequada para o caso de fluidos contendo polímero. 51 A Equação 7, assim constituída, é bem conhecida e tem solução analítica (exata). A isoterma de Langmuir (Equação 6) é um modelo simples, baseado na teoria da adsorção da camada monomolecular e com uma grande concordância com a grande maioria das isotermas experimentais. Esta equação representa o fenômeno da adsorção física ou reversível e será usado nesta Tese para descrever este fenômeno porque, além de ser a equação mais bem aceita das isotermas experimentais usadas para descrever o fenômeno da adsorção de uma forma geral, esta se ajusta muito bem à isoterma típica de adsorção obtida experimentalmente para polímero (poliacrilamida) em meios porosos [48]. A equação do termo fonte (Equação 8) é função da concentração e é adequada para descrever a adsorção irreversível. O termo fonte é função da concentração da solução em condições termodinâmicas constantes. A função f(C) pode assumir diferentes valores de acordo com as características do fenômeno em estudo e ser determinado experimentalmente através de práticas laboratoriais relativamente simples. ∂C = − K f (C ) ∂t (8) A equação de difusão e convecção convencional acrescida dos termos da isoterma de Langmuir e do termo fonte (Equação 9) foi matematicamente solucionada como parte do desenvolvimento desta Tese, o que está descrito no item Resultados e Discussões. ∂ C u ∂ C Ea ∂ 2 C ρr Am (1 − ϕ ) ∂N (C ) = − K f (C ) + − + ϕ ∂t ∂ t ϕ ∂ x ϕ ∂ x2 (9) 52 4.3.7 Implementação do simulador Uma vez delineado o método matemático devidamente solucionado, foi desenvolvida uma ferramenta computacional (Simulador) em Delphi, que considera os elementos listados na Tabela VI. Tabela VI: Parâmetros de entrada do simulador # Parâmetro Símbolo Unidade (SI) 1 Diâmetro D m 2 Comprimento L m 3 Porosidade φ Fração 4 Massa específica da rocha ρr kg/m3 5 Vazão de injeção Q m³/s 6 Concentração do banco Cb kg/m3 7 Concentração irrelevante Cff kg/m3 8 Volume do banco Vb % volume poroso 9 Volume poroso injetado total VPI % volume poroso 10 Coeficiente de dispersão axial Ea m2/s 11 Constante de adsorção Ke m3/kg 12 Adsorção máxima No kg/Kg 13 Constante do termo fonte Kr (kg/m3)1-m/s 14 Ordem termo fonte m ................. 4.3.8 Validação do simulador A validação do simulador foi realizada em quatro etapas: (1) avaliação qualitativa dos fenômenos de acordo com as hipóteses preliminares; (2) calibração do modelo com soluções analíticas parciais; (3) calibração do modelo com resultados experimentais de teste de fluxo com substâncias traçadoras. 53 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste item serão apresentados os resultados da caracterização do reservatório e a pré-seleção do polímero para os ensaios de fluxo em meios porosos. O desenvolvimento do modelo matemático, sua validação, calibração, aplicação em ensaios de fluxo em meio poroso com substâncias traçadores e com as soluções políméricas completam este capítulo. 5.1 Caracterização do reservatório A caracterização do reservatório foi feita usando critérios básicos definidos pela literatura [8,9,27]. Estes critérios variam um pouco dependendo da fonte de onde eles são extraídos. A primeira coluna da Tabela VII apresenta os parâmetros a serem avaliados, e a segunda, o valor médio destes critérios citados na literatura mencionada. A terceira coluna apresenta os valores destes parâmetros relativos ao reservatório alvo desta Tese, localizado no Nordeste Brasileiro. Como podemos observar na Tabela VII, o reservatório selecionado não é um candidato ideal, porém apresenta-se dentro dos limites de aceitação para a aplicação de injeção de polímero para recuperação de petróleo. Para o método de injeção de polímeros, a temperatura e a salinidade são os dois principais parâmetros limitantes, pois, acima de certos valores, o polímero pode sofrer degradações térmica e salina e colocar em risco o sucesso da operação. As características do óleo (viscosidade e grau API) também são importantes para a seleção adequada do polímero a ser injetado, mediante a correção de viscosidade que se pretende alcançar. Outros parâmetros importantes são a saturação de óleo remanescente, que tem que estar acima de um valor mínimo, e a razão de mobilidade (ou viscosidade) água/óleo, a qual será ajustada através da adição do polímero na fase aquosa, permitindo o aumento da eficiência de varrido e, por conseqüência, a recuperação de óleo [6-10]. Esta atuação será tão mais eficiente quanto maior for a razão de mobilidade do campo antes da aplicação do polímero. 54 Tabela VII: Caracterização do reservatório alvo desta Tese # Parâmetros - Literatura Reservatório alvo Resultado 1 Temperatura (°C) máx 80 50 bom 2 Salinidade total (ppm) máx 50.000 30.000 bom 3 Viscosidade óleo (cp) máx 80 50 bom 4 Grau API (óleo) mín 25 22 razoável 5 Saturação de óleo móvel (%) mín 10 32,2 bom 6 Permeabilidade (mD) mín 100 100 bom 7 Razão de Mobilidade água/óleo mín 1 21 bom 8 Tipo de Rocha - arenito arenito bom 9 Heterogeneidade - baixa alta ruim 10 Teor argilas (%) - baixo alto ruim 11 Capa de gás - inexistente inexistente bom 12 Aquífero natural - inexistente inexistente bom 13 Fraturas naturais - inexistente inexistente bom As características do reservatório, tais como tipo de rocha, permeabilidade, ausência de capa de gás, de aqüíferos e de fraturas naturais, devem estar dentro do recomendado pela literatura [8,9,27] para este tipo de processo. O alto teor de argilas pode aumentar sensivelmente a adsorção físico-química do polímero na rocha, gerando um aumento de pressão e, em casos extremos, podendo levar ao entupimento do reservatório [8-10]. Este problema pode ser eliminado, ou minimizado, através dos testes de laboratório para adequação do polímero às condições da rocha. A heterogeneidade muito alta é uma preocupação em todos os métodos de recuperação avançada, particularmente no caso de polímeros, onde se busca uma melhoria da eficiência de varrido [5-10, 25-27]. Portanto, a injeção de polímero, assim como os demais métodos de recuperação avançada, exigem que alguns critérios básicos sejam atendidos para que o processo obtenha sucesso. No caso do reservatório alvo desta Tese, três parâmetros ficaram fora da especificação. Destes três parâmetros o que mais preocupa é o alto teor de argila que pode resultar numa alta adsorção físico-química e aumentar demasiadamente a pressão do reservatório, levando a uma perda de injetividade que venha a 55 comprometer o processo tanto do ponto de vista operacional como técnico. Apesar disto, as características da rocha reservatório selecionada satisfazem às condições necessárias para ensaios de fluxo em meio poroso. 5.2 Caracterização e seleção do polímero Por uma questão de mercado (custo e disponibilidade), nesta Tese, optou-se por trabalhar com um polímero sintético, mais especificamente com a poliacrilamida parcialmente hidrolisada (PHPA) aniônica, que corresponde ao produto usado em mais de 95% das aplicações mundiais. Por uma questão de facilidade de manuseio, foi selecionada, para todas as amostras, a forma física seca (pó) e a carga aniônica, para reduzir a adsorção físico-química na rocha reservatório, conforme sugestão da literatura [5-11,24-27]. Para garantia da reprodução dos resultados optou-se por solicitar amostras oriundas de um único fabricante, no caso a Floerger (França), reconhecido no mercado por ter uma linha de produtos especifica para a recuperação de petróleo [78]. Os polímeros adquiridos foram caracterizados para, com base nessas características, ser selecionada uma amostra para a realização dos ensaios de fluxo em meios porosos para validação modelo matemático. A Tabela VIII apresenta os resultados da caracterização das amostras de PHPA adquiridas para esta Tese. Estes resultados confirmaram os valores fornecidos pelo fabricante. Tabela VIII: Caracterização das amostras de PHPA Amostras Matéria Grau de de ativa hidrólise Flopaam (%) (%) Massa molar (g/mol) Teor de Estabilidade PH Viscosidade água à temp. (1%, intrínseca (%) (oC) (*) 25ºC) (mL/g) (**) 2030S >99 25 5,00E+05 <1 160 7,5 - 2130S >99 25 3,00E+06 <1 160 7,5 - 2230S >99 25 5,00E+06 <1 160 7,5 - 3230S >99 30 5,00E+06 <1 160 7,5 10 0430S >99 10 1,00E+07 <1 160 7,5 - 2435S >99 25 1,20E+07 <1 160 7,5 - 2630S >99 25 1,60E+07 <1 160 7,5 - (*) Temperatura do início da degradação obtida em TGA (curvas no Anexo 1). Os valores das constantes K e a, 6.75E-05 e 0.830, respectivamente foram retirados da Norma API RP 63 1990 [11]. (**) 56 Os polímeros apresentaram teores de matéria ativa de 99 %, confirmando a alta qualidade dos produtos, compatíveis com a utilização em reservatório de petróleo. Os resultados de grau de hidrólise e massa molar mostram que as amostras apresentam características distintas as quais serão avaliados através do comportamento reológico de suas soluções. A qualidade ou homogeneidade de todas as soluções usadas foi verificada através do teste de filtrabilidade (Norma API) [11]. A Figura 18 apresenta os resultados do teste de filtrabilidade de soluções de 1000 ppm do polímero de mais alta massa molar (Flopaam 2630) e do polímero de mais baixa massa molar (Flopaam 2030) e da água destilada como referência. Estes polímeros apresentaram soluções homogêneas sem resíduos insolúveis, ou seja, de boa qualidade através de uma curva de pressão ligeiramente crescente com o tempo sem saltos ou tortuosidades abruptas. Este procedimento foi seguido em todas as amostras como um pré-condicionamento para as demais análises. As soluções poliméricas dos demais polímeros também apresentaram soluções homogêneas sem resíduos insolúveis com curvas localizadas entre a de mais alta e a de mais baixa massa molar (Figura 18). 10,0 Água destilada - 0 ppm polímero Água de injeção - 1000 ppm: alta 8,0 MM - Flopaam 2630S Pressão (kPa) Água de injeção - 1000 ppm: baixa MM - Flopaam 2030S 6,0 4,0 2,0 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 Tempo (h) Figura 18: Resultado de testes de filtração das soluções de polímeros Flopaam 2630 (alta massa molar) e Flopaam 2030 (baixa massa molar) e da água destilada a 25oC. 57 A Figura 19 apresenta a variação do índice de consistência (Equação 1) em função de concentração para soluções aquosas do polímero preparada com PHPA de diferentes massas molares e graus de hidrólise. As análises foram realizadas a 25ºC e taxa de cisalhamento de 7,3 s-1, em viscosímetro Brookfield LVT-ULA. O valor de 7,3 s-1, utilizado para taxa de cisalhamento segue a recomendação da literatura [810], por ser este um cisalhamento próximo daquele que ocorre no fluxo em reservatório. Analisando somente as curvas das soluções dos polímeros com grau de hidrólise de 25%, observa-se, como esperado [8-10], que o índice de consistência aumenta mais acentuadamente com o aumento da concentração para amostras de massa molares mais elevadas. Comparando-se as soluções de polímero de mesma massa molar (5x106 g/mol) e graus de hidrólise distintos, 30% e 25%, respectivamente Flopaam 3230S e Flopaam 2230 S, observa-se que são alcançados valores mais elevados de viscosidade, para uma mesma concentração, para a amostra com maior grau de hidrólise, como conseqüência da maior intensidade de repulsão eletrostática no novelo polimérico que induz a um aumento mais acentuado do volume hidrodinâmico da molécula [8-10,24-26]. 1000 Índice de Consistência (cP) Flopaam 2030-S (MM = 500 mil, GH = 25%) 900 Flopaam 2130-S (MM = 3 milhões, GH = 25%) 800 Flopaam 0430-S (MM = 10 milhões, GH = 10%) Flopaam 2230-S (MM = 5 milhões, GH = 25%) 700 Flopaam 3230-S (MM = 5 milhões, GH = 30%) 600 Flopaam 2435-S (MM = 12 milhões, GH = 25%) Flopaam 2630-S (MM = 16 milhões, GH = 25%) 500 400 300 200 100 0 0 200 400 600 800 1000 1200 Concentração (ppm) Figura 19: Reologia de PHPA em água destilada, a 25oC (cisalhamento= 7,3 1/s viscosímetro Brookfield LVT/ULA), em função da massa molar e do grau de hidrólise 58 Uma vez que o valor de viscosidade é de extrema importância para as operações de injeção de fluidos aquosos em reservatórios de petróleo e que esta varia em função de diferentes parâmetros (tais como, massa molar, grau de hidrólise e concentração), foi feito um ajuste matemático utilizando os dados da Figura 19. Apesar do número de experimentos ser pequeno para se fazer um ajuste matemático preciso, o ajuste linear entre os três parâmetros de forma simultânea dá uma idéia dos pesos relativos destes parâmetros sobre o valor final da viscosidade. Essa indicação é dada pelo valor dos coeficientes da Equação 10, que representa um ajuste linear da viscosidade (μ) em relação à massa molar (MM), grau de hidrólise (GH) e concentração (C). Pode-se notar que a massa molar é o parâmetro de maior peso no valor final da viscosidade seguido do grau de hidrólise e, por fim, da concentração. Esta análise confirma a importância da fase de especificação/seleção do polímero adequado para os processos de campo. μ = 24,02 MM + 12,57 GH + 0,43 C - 480,15 (10) A partir dos dados apresentados foi feita uma pré-seleção do polímero a ser usado nos testes de fluxo nas condições do reservatório alvo já selecionado. Como o tipo de produto (PHPA), a carga iônica (aniônica), a forma física (pó) e o fornecedor (Floerger) já estavam selecionados, restava escolher ainda o grau de hidrólise e a massa molar. Com relação à massa molar, em princípio, quanto maior for esse valor, maior será a viscosidade do fluido com menor consumo de polímero. Entretanto, a faixa geralmente usada em operações de injeção de fluido em reservatório de petróleo é de 1x106 a 30x106 g/mol [9]. A seleção do valor aproximado de massa molar mais indicado para uma operação pode ser baseada no valor de permeablidade média da rocha reservatório em questão. De um modo relativamente simples, é fácil imaginar que meios porosos com valores de permeabilidade muito baixos, o que, de certa forma, está relacionado ao tamanho dos poros, podem ser parcial ou completamente bloqueados (trapeamento mecânico) por moléculas de polímeros que apresentem massas molares muito elevadas, por exemplo, no valor limite da faixa apresentada anteriormente (30x106 g/mol). Por esse motivo, as amostras de Floopam apresentando massas molares ≥ 10 milhões g/mol estão descartadas, apesar dos altos valores de viscosidade atingidos. Dentre as quatro 59 amostras restantes, a que apresenta maior valor de viscosidade, para uma mesma concentração, é a Flopaam 3230S, com valor de grau de hidrólise de 30%. A partir desta avaliação, a Flopaam 3230S foi pré-selecionada para a realização dos ensaios de fluxo em meio poroso, uma vez que o valor de 30% de grau de hidrólise é o limite de ganho de viscosidade em função do aumento do grau de hidrólise, como descrito na literatura [41] (Figura 7). Deste modo, não foi necessária a solicitação de amostras de PHPA adicionais para dar continuidade ao processo de pré-seleção do polímero. A partir desta pré-seleção, a amostra de Flopaam 3230S foi submetida a outros ensaios mais específicos de caracterização e comportamento reológico e de interação rocha-fluido. Caso algum comportamento/característica encontrado para o polímero pré-selecionado não satisfaça os requisitos necessários para injeção do fluido, o estudo deverá retornar a esta etapa de pré-seleção. Assim, os resultados dos testes apresentados a seguir, que avaliam a influência da temperatura, da presença de íons e do cisalhamento sobre a viscosidade da solução, e que complementam a caracterização do polímero, foram realizados somente para a amostra Flopaam 3230S, a que foi pré-selecionada. A Figura 20 mostra a estabilidade da solução de polímero em água destilada em relação à temperatura: 25º C (condição padrão) e 50º C (temperatura do reservatório alvo). Ensaios na temperatura de 50ºC devem ser realizados, pois esta corresponde à temperatura do reservatório onde a solução polimérica será injetada. Os resultados mostram que a viscosidade da solução cai ligeiramente (14%) com o aumento da temperatura, entretanto essa variação pode influenciar o resultado da operação de campo. Por isso, todos os ensaios realizados posteriormente foram a 50ºC. Devido às características do reservatório alvo, faz-se necessário avaliar o comportamento da solução polimérica, não só na temperatura de 50ºC, como também na presença de íons presentes na água de injeção para manter o equilíbrio iônico no meio. Apesar da água de formação possuir outros íons, tais como cálcio e magnésio, o íon sódio é o que está presente em maior quantidade.na água de injeção. Ensaios de viscosidade em função da concentração foram realizados para a solução de Flopaam 3230S em água pura e em água de injeção a 50ºC. 60 200 180 Água destilada, 25°C viscosidade aparente(cP) 160 Água destilada, 50°C 140 120 100 80 60 40 20 0 0 200 400 600 800 1000 1200 Concentração (ppm) Figura 20: Reologia do polímero Flopaam 3230S em água destilada, a 25ºC e 50ºC (cisalhamento= 7,3 1/s - viscosímetro Brookfield LVT/ULA) A Figura 21 mostra o comportamento da viscosidade em função da concentração para soluções do polímero Flopaam 3230S nas condições do reservatório alvo, comparado às condições padrão. Pode-se observar que o sistema nas condições do reservatório alvo apresenta valores de viscosidade muito inferiores àqueles obtidos em condições padrão. Esta queda sofre certa interferência do aumento da temperatura, como observado na Figura 20, entretanto, a maior contribuição para a queda acentuada reside na presença dos íons na água de injeção, os quais interagem com as cargas negativas presentes ao longo da cadeia do polímero, neutralizando o efeito de expansão macromolecular [8-10]. 61 210 Viscosidade aparente (cP) 180 Condição padrão: água destilada, 25°C 150 Condição reservatório: água injeção, 50°C 120 90 60 30 0 0 200 400 600 800 1000 1200 Concentração (ppm) Figura 21: Reologia do polímero Flopaam 3230S em condições do reservatório alvo, água de injeção e 50oC (cisalhamento= 7,3 1/s - viscosímetro LVT/ULA) Após a avaliação da influência da temperatura e da salinidade, o terceiro fator mais importante é a degradação ao cisalhamento. Esta degradação ocorre em duas situações distintas: 1) quando o polímero escoa da superfície até a chegada no meio poroso; e 2) quando o polímero é submetido ao fluxo em meios porosos com suas tortuosidades e estrangulamentos nas gargantas de poros. A primeira etapa representa a perda de viscosidade devido ao rompimento das cadeias poliméricas causado pelo esforço mecânico de estiramento durante o escoamento, levando-se em conta a passagem da solução por pontos de restrição, tais como bombas e válvulas. A degradação em linha foi avaliada em laboratório submetendo a solução polimérica a um fluxo (altas vazões) pressurizado, em um tubo capilar em diferentes velocidades, variando-se a pressão. A degradação em meio poroso foi feita com vazões típicas de reservatório (vazões baixas), durante os testes de escoamento em meios porosos e os resultados serão apresentados juntamente com os resultados dos testes de fluxo no final (item 5.7.3, página 118). A Figura 22 apresenta os resultados de viscosidade em função da taxa de cisalhamento, para soluções poliméricas de Flopaam a 1000 ppm em água de injeção e a 50ºC, previamente submetidas a diferentes condições de cisalhamento em tubo capilar a 25ºC. 62 Observa-se que a perda de viscosidade pode ser considerada desprezível, mesmo quando a solução foi submetida a taxas de cisalhamento tão elevadas quanto 165.000 s-1, significando que o comportamento do polímero também foi satisfatório em relação a mais esta característica. Viscosidade (cP) 100 10 Solução original Cisalhamento (1/s) = 51.029 Cisalhamento (1/s) = 85.752 1 Cisalhamento (1/s) = 109.765 Cisalhamento (1/s) = 165.092 0,1 0,1 1 10 100 Taxa de Cisalhamento (1/s) Figura 22: Degradação mecânica do polímero Flopaam 3230S, 1000 ppm, quando submetido à passagem em restrições de linhas e válvulas em 25oC (Viscosidade: 7,3 1/s - viscosímetro LVT/ULA, 50ºC) Após a avaliação do polímero em relação às estabilidades térmica, salina e mecânica (cisalhamento), é necessário avaliar a interação do polímero com o reservatório. A literatura [5-10,24-29] é unânime ao considerar a importância da adsorção de uma forma global no processo de injeção de polímero para recuperação de petróleo. Este é o principal parâmetro de controle do processo e precisa, portanto, ser conhecido e quantificado previamente em laboratório para garantir as etapas de dimensionamento / acompanhamento / avaliação. A adsorção propriamente dita se divide em retenção mecânica (irreversível) e adsorção físicoquímica (reversível). A adsorção irreversível, relacionada aos tamanhos relativos da molécula de polímero e das gargantas de poro, é facilmente determinada através do balanço mássico do banco de polímero num teste de fluxo convencional. Já a adsorção físico-química, ligada às naturezas química e físico-química do polímero e 63 da rocha, não é fácil de ser medida experimentalmente em testes de fluxo [8-10] e, por isso, vem sendo um ponto de ataque da literatura. Alguns autores sugerem a determinação de forma estática [9]. Seguindo esta tendência, nesta Tese, o primeiro parâmetro de interação rocha fluido avaliado foi a adsorção físico-química ainda em condições estáticas. A solução de Flopaam 3230S foi avaliada quanto à adsorção físico-química, em dois tipos de rocha, em função da concentração. O ensaio realizado foi do tipo estático, tendo sido obtidos três pontos para o reservatório alvo e somente um ponto para a rocha Berea [9]. As amostras de rochas inconsolidadas e previamente secas foram colocadas em contato com a solução polimérica e, após um tempo de equilíbrio, a concentração final da solução foi medida e comparada com a concentração inicial [11]. A Figura 23 apresenta os resultados experimentais e as respectivas curvas ajustadas pela equação de Langmuir. Pode-se notar que a equação de Langmuir ajusta-se bem aos pontos experimentais mostrando a adequação deste modelo para representar este tipo de fenômeno que ocorre no reservatório alvo. A isoterma referente ao afloramento Berea foi traçada por esta rocha ser considerada e adotada por vários autores como uma referência para representar rocha reservatório homogênea e razoavelmente limpa em termos do teor de argila [5-10]. A faixa de adsorção encontrada, em geral, para os reservatórios também é evidenciada na Figura 23 na concentração de 1000 ppm de solução, para servir de referência [9]. A curva de adsorção físico-química, obtida com base método estático [11] para o polímero Flopaam 3230S no reservatório alvo, está um pouco acima da curva do mesmo polímero no afloramento Berea e encontra-se na extremidade superior da faixa descrita pela literatura [9], indicando que, provavelmente, os valores da adsorção físico-química a serem ajustados no teste de fluxo também deverão ser altos. O grande esforço de vários autores em investigar este tipo de análise, como demonstrado pela literatura [5-11, 25-27], deve-se ao fato de se acreditar que seja possível, através da normalização pela área superficial, aplicar para rocha consolidada o valor de adsorção encontrado para a rocha inconsolidada. Este artifício seria de grande utilidade mediante a dificuldade de se levantar a Isoterma de Langmuir em condição de fluxo, devido ao caráter reversível da adsorção físico- 64 química e/ou à presença de volume poroso inacessível [8-10]. Porém, devido ao erro na determinação da área superficial, esta metodologia não satisfaz às necessidades de campo. Espera-se, como desenvolvimento desta Tese, atender a tais necessidades de modo mais preciso. Qualitativamente existe uma correlação entre o alto teor de argila mencionado na Tabela VII (página 54) para o reservatório alvo e o alto valor de adsorção físicoquímica encontrada nesta análise de adsorção estática Adsorção (μg/g) 1800 1600 Berea 1400 Reservatório alvo 1200 Faixa da literatura para adsorção estática [9] 1000 800 600 400 200 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Concentração (ppm) Figura 23: Adsorção estática do polímero Flopaam 3230S na rocha desagregada do reservatório alvo Uma vez que a amostra Flopaam 3230S será utilizada nos ensaios em meio poroso, outras informações mais específicas desta amostra foram obtidas do fabricante [78]. A Tabela IX apresenta as propriedades físico-químicas do polímero Flopaam 3230S. Estas propriedades são importantes para o manuseio correto do produto nas etapas de transporte, estocagem e preparo da solução polimérica em laboratório e em campo. 65 Tabela IX: Propriedades físico-químicas do polímero Flopaam 3230S [78] Parâmetro físico-químico Valor Aspecto pó branco Odor sem cheiro Granulometria (mesh) 10 - 100 mesh 3 Densidade aparente (g/cm ) 0,65 5,0 g/L ……1200 o Viscosidade Brookfield (LVT, 30 rpm, 25 C) (cP) 2,5 g/L…… 450 1,0 g/L..……180 Dissolução máxima (ppm) 10000 Concentração usual de solução estoque (ppm) 5000 Tempo de dissolução (minutos) 60 o Estabilidade do pó a 25 C (*) (dias) 360 Estabilidade da solução em água deionizada (dias) 10 (*) A poliacrilamida na forma de pó é higroscópica e por isso deve ser estocada em locais secos com temperatura abaixo de 35ºC 66 5.3 Modelo matemático Como descrito no item 4.3.6 a equação matemática selecionada como ponto de partida para o desenvolvimento do modelo foi a equação de difusão e convecção convencional (Equação 7). Esta equação é bem conhecida e tem solução analítica (exata). ∂C u ∂ C Ea ∂ 2 C + − =0 ϕ ∂ x ϕ ∂ x2 ∂t (7) onde se tem: 1) ∂C ∂t - termo variação temporal; 2) u ∂C ϕ ∂x - termo convectivo; 3) Ea ∂ 2 C ϕ ∂ x2 - termo da dispersão; O modelo matemático escolhido para descrever os fenômenos envolvidos no deslocamento de um banco de solução polimérica em meios porosos é a equação clássica de difusão e convecção acrescida de dois termos: 1) a isoterma de Langmuir e 2) um termo fonte (Equação 9). ∂ C u ∂ C Ea ∂ 2 C ρr Am (1 − ϕ ) ∂N (C ) + − + = − Kr f (C ) ∂ t ϕ ∂ x ϕ ∂ x2 ∂t ϕ (9) onde se tem: 1) ∂C ∂t - termo variação temporal; 2) u ∂C ϕ ∂x - termo convectivo; 3) Ea ∂ 2 C ϕ ∂ x2 - termo da dispersão; 67 4) ρr Am (1 − ϕ ) ∂N (C ) ϕ ∂t N (C ) = No . - isoterma de Langmuir; Ke . C (1 + Ke . C ) 5) Kr f (C ) - termo fonte; f (C ) = C m O modelo adotado nesta Tese é então representado por uma equação diferencial parcial do tipo parabólica, não-homogênea, não-linear e com termo de fonte. Esta equação descreve o deslocamento miscível, estável, sem os efeitos de segregação gravitacional e de irregularidade da frente de avanço, de um fluido por outro. As hipóteses usuais de incompressibilidade dos fluidos e inalterabilidade das características da rocha como porosidade e permeabilidade são também incorporadas. A equação, assim descrita, não tem solução analítica, e será o ponto de estudo desta Tese. 68 5.4 Solução do modelo A solução do modelo consistiu de três etapas: 1) rearranjo da Equação 9, 2) aplicação do método das características, 3) aplicação do método numérico. 1) Rearranjo da equação: Na Equação 9, a isoterma de Langmuir, que nos fornece a variação da fração adsorvida é função da concentração: Ke . C N (C ) = No (1 + Ke . C ) (6) Retornando agora ao termo da adsorção da Equação 6 tem-se: Ke . ∂N (C ) ∂C . = No . 2 ∂t ∂t (1 + Ke . C ) (11) A Equação 9 pode ser rearranjada da seguinte maneira: 2 ∂C ∂C u Ea Kr ∂ C + = . − .Cm 2 ∂ t ϕ . g (C ) ∂ x g (C ) ϕ . g (C ) ∂ x (12) onde: g (C ) = 1 + ρr . (1 − ϕ ) No . Ke . ϕ (1 + Ke . C ) 2 (13) 2) Aplicação do método das características: Apesar do método das características ter sido originalmente desenvolvido para resolver equações diferenciais hiperbólicas, o método foi usado neste trabalho como base para a elaboração do método numérico utilizado. A justificativa para tal procedimento é que o efeito de dispersão no escoamento do polímero é pequeno. 69 Referências ao uso desta técnica para equações parabólicas já foram feitas anteriormente [53,54]. Através do método das características, transformamos a Equação 9 em um sistema de equações diferenciais mais fácil de resolver. Para isto, toma-se inicialmente o conceito de derivada material para fluxo unidimensional como descrito na Equação 14. dC ∂C ∂C dx = + . dt ∂t ∂x dt (14) Em seguida, considera-se um conjunto de pontos que viajam junto com o fluido-base (solvente). Associa-se a cada um deles, em qualquer momento do percurso, uma abscissa, um instante e uma concentração. Desta forma, o acompanhamento do deslocamento de pontos ao longo do caminho de interesse descreveria o perfil de concentração ao longo deste mesmo trajeto. O termo (∂C / ∂t ) representa a variação da concentração de um ponto ao longo do tempo, quando o observador se localiza num ponto fixo. Já (dC / dt ) representa a variação da concentração deste mesmo ponto ao longo do tempo, quando o observador viaja junto com o ponto. Ao se comparar as Equações 14 e 12, tem-se como resultante o seguinte sistema de equações: K dC Ea ∂ 2C = . − .Cm 2 ϕ . g (C ) ∂x dt g (C ) (15) dx u = dt ϕ . g (C ) (16) Pode-se notar que o sistema de Equações 15 e 16 ainda é não-linear, o que, à primeira vista, poderia indicar que o método das características não foi de grande ajuda. Porém, como será visto a seguir, a formulação encontrada permitiu construir o método numérico para a solução do problema. 70 3) Aplicação do método numérico Baseado no sistema de equações obtido no item anterior e no conceito de pontos viajantes no fluido-base (solvente) passou-se, então, à concepção do método numérico propriamente dito. Inicialmente, foi estabelecido um sistema de coordenadas (x,t), no qual foi desenhada uma malha contendo q subdivisões. A condição inicial, eixo t = 0, e as condições de contorno são conhecidas. Condição inicial: Eixo t = 0 C(0,0) = Cb (17) C(x,0) = 0 (18) Condições de contorno: Eixo x = 0 C(0, t ≤ tb) = Cb (19) C(0, t > tb) = 0 (20) Eixo x = - Δx C( - Δx, t < tb) = Cb (21) C( - Δx, t ≥ tb) = 0 (22) onde: tb é o tempo necessário para a injeção do banco polimérico. O eixo auxiliar (x = - Δx) corresponde ao ponto imediatamente fora do início do meio poroso, ou seja, o fluido que, no instante seguinte, estará entrando no meio poroso e será usado no cálculo da derivada segunda. O método se desenvolve com o cálculo da nova posição e da nova concentração de cada ponto no incremento de tempo seguinte, usando para isso as fórmulas das diferencias finitas correspondentes às equações estabelecidas pelo método das 71 características, onde “i” corresponde ao índice que identifica o ponto e “n” ao respectivo tempo (Equações 23 e 24). x n i C n i = Δt ( = Δt { u n −1 ϕ .g (C i ) Ea )+ x n −1 (23) i n −1 [ n −1 n −1 ϕ .g (C i ) xi +1 n −1 n −1 n −1 − − k 2 n −1 n −1 ( Cni +−11 Cn −i1 − Cni −1 Cn −i1−1 )] − . (C i ) m + C i n −1 n −1 xi +1 − xi xi − xi −1 − xi −1 g (C i ) (24) Assim, a nova condição (posição e concentração) de cada ponto é então calculada, tomando-se como referência básica sempre a concentração deste ponto no tempo anterior. Esta consideração foi feita levando-se em conta o tipo de não linearidade apresentada pelo problema, onde cada ponto com uma velocidade proporcional à concentração do mesmo no ponto de origem, correspondendo a um atraso causado pelo termo da adsorção. Desta forma, a concentração no tempo anterior aparece tanto no cálculo da nova posição, quanto da nova concentração. O termo da derivada segunda, correspondente ao efeito da dispersão, é calculado de forma explícita, também no intervalo de tempo anterior. 72 5.5 Implementação do simulador Uma vez delineado o método numérico, foi desenvolvida uma ferramenta computacional (Simulador) em Delphi. Esta ferramenta de cálculo servirá para validar a metodologia de cálculo empregada para resolver o problema, comparando-a com soluções analíticas e resultados experimentais. A Tabela X mostra os dados de entrada do simulador. Tabela X: Dados de entrada do simulador # Parâmetro Símbolo Unidade (SI) 1 Diâmetro D m 2 Comprimento L m 3 Porosidade φ fração 4 Massa específica da rocha ρr kg/m3 5 Vazão de injeção Q m³/s 6 Concentração do banco Cb kg/m3 7 Concentração irrelevante Cff kg/m3 8 Volume do banco Vb % volume poroso 9 Volume poroso injetado total VPI % volume poroso 10 Coeficiente de dispersão Ea m2/s 11 Constante de adsorção Ke m3/kg 12 Adsorção máxima No Kg/kg 13 Constante do termo fonte Kr (kg/m3)1-m /s 14 Ordem termo fonte m ................. 15 Número de malhas N .................. 16 Constante (H) H .................. 17 Constante (Delta X) Dx .................. 18 Número de Peclet Pe .................. Os quatro primeiros parâmetros (D, L, φ, ρr) são relativos à amostra de rocha a ser estudada. Os dois primeiros parâmetros (diâmetro e comprimento) estão relacionados à geometria da amostra e os outros dois (porosidade e massa específica) estão relacionados às características permoporosas. 73 Os outros cinco parâmetros (Q, Cb, Cff, Vb e VPI) referem-se ao banco de solução polimérica a ser injetada. Os parâmetros Cb e Vb (concentração e volume do banco) definem a quantidade de solução polimérica a ser injetada. O VPI é definido como o volume de fluido injetado até aquele momento, dividido pelo volume poroso da amostra e corresponde ao tempo adimensional.O volume poroso injetado total referese ao total de fluido injetado na amostra desde o início do teste, considerando o volume do banco de solução polimérica acrescido do volume de água injetado após o banco. A concentração irrelevante (Cff) é o valor da concentração onde o programa faz o corte e cessa as iterações. Os parâmetros seguintes (Ea, Ke, No, Kr e m) referem-se aos fenômenos de interação rocha-fluidos considerados na Figura 17. A constante de dispersão axial (Ea) define a intensidade da dispersão no experimento. Os parâmetros constantes de adsorção e adsorção máxima (Ke e No) determinam a intensidade da adsorção reversível ou adsorção físico-química definida pela isoterma de Langmuir. Os parâmetros Kr e m referem-se à constante do termo fonte e à ordem do fenômeno (em relação à concentração), respectivamente, os quais descrevem o fenômeno da retenção mecânica ou adsorção irreversível. N representa o número de pontos do programa e H e Dx são constantes de otimização internas do programa. O número de Peclet, que será descrito no item a seguir, não é um dado de entrada do programa, mas, devido à sua importância na interpretação do problema, é sempre importante que o usuário o calcule antes de proceder a um ciclo de análise e a interpretação desses resultados. 74 5.6 Validação do simulador Antes de se proceder à validação do simulador propriamente dita, será introduzido um parâmetro adimensional conhecido como número de Peclet (Pe), que mede a relação entre a convecção e a dispersão no transporte de um produto (banco de polímero) em meio poroso (Equação 25). Quanto mais difusivo o escoamento (maior a dispersividade (α)) menor o número de Peclet e, quanto mais convectivo o escoamento (menor a dispersividade (α)) maior o número de Peclet. A Figura 24 [53, 77-80] mostra uma faixa de Pe para laboratório e uma fixa de Pe para campo, ou, em outras palavras, a dependência entre a constante de dispersão (α) e a escala do deslocamento em que este parâmetro foi medido [53, 77-80]. Na literatura encontram-se algumas medidas de Pe no laboratório e no campo, como pode ser observado na Tabela XI, onde o autor apresenta alguns valores de Pe coletados na literatura. Pe = L α = u L Ea (25) Onde: L = comprimento do modelo, m α = dispersividade u = velocidade, m/s Ea = coeficiente de dispersão axial, m2/s Tabela XI: Valores do número de Peclet para diferentes fontes da literatura [53] Número de Peclet Tipo de Teste Referência 6600 Campo 364 571 667 Laboratório 90 261 Laboratório 91, 92 9 Campo 93 80, 88, 89 75 Figura 24: Correlação entre a constante de dispersão ou dispersividade (α) de campo e de laboratório e as respectivas distâncias em que foram medidas [53, 60] 5.6.1 Avaliação qualitativa de acordo com as hipóteses adotadas Inicialmente foi feita uma avaliação qualitativa do simulador para verificar apenas a resposta do modelo em relação a cada um dos fenômenos considerados, de acordo com a Figura 17 (página 48), usando diferentes conjuntos de valores para os parâmetros estabelecidos previamente. A Tabela XII apresenta os conjuntos de valores alimentados no simulador, identificando as figuras que contêm os respectivos resultados obtidos como resposta do simulador a cada alimentação de dados. 76 Tabela XII: Parâmetros de entrada do simulador # Símbolo (SI) 1 D m 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 2 L m 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 3 φ ................ 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 4 ρr kg/m³ 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 8,3E-09 Figura 25 Figura 26, 27, 28 Figura 29, 30, 31 Figura 33, 34 5 Q m³/s 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 6 Cb kg/m³ 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 7 Cff kg/m³ 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 8 Vb % VP 0,10 0,50 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 9 VPI % VP 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 10 Ea m²/s - - - - - - - - - 11 Ke m³/kg - - - 0,01 0,04 0,08 - - 12 No kg/kg - - - - - - 3,00; 30,00; 50,00 (E-05) - - 13 kr (kg/m3)1-m/s - - - 1,00E-05 14 m ................ - - - 15 N - 100 100 100 100 100 16 H - 2 2 2 2 1,00; 10,00; 100,00 (E-06) 3,0; 15,0; 30,0 (E-09) - - - - - - - - 2 100 100 100 100 100 100 2 2 2 2 2 2 2 2 1 0 17 Dx - 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 18 Peclet - - - - - - - - - - 706 71 Continuação da Tabela XII: Parâmetros de entrada do simulador # Símbolo (SI) 1 D m 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,2853 Figura 35, 36, 37 Figura 39 Figura 40 Figura 41 2 L m 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 3 φ ................ 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 0,1789 4 ρr kg/m³ 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 8,3E-09 5 Q m³/s 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 8,3E-09 6 Cb kg/m³ 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 7 Cff kg/m³ 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 8 Vb % VP 1,00 1,00 1,00 0,10 0,10 0,10 0,50 0,50 0,50 1,00 1,00 1,00 9 VPI - 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 3,00 10 Ea m²/s 11 Ke m³/kg 12 No kg/kg 13 Kr (kg/m3)1-m/s - - - 14 m ................ - - - 15 N - 16 H - 2 2 17 Dx - 1 18 Peclet - 706 3,00E-09 1,50E-08 3,00E-08 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08 0,01 0,04 0,08 3,00E-04 100 100 100 0,01 0,04 0,08 0,01 0,04 0,08 0,01 0,04 0,08 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04 1E-06 5E-05 1E-04 1E-06 5E-05 1E-04 1E-06 5E-05 1E-04 2 2 2 2 2 2 2 2 2 100 100 100 100 100 100 100 100 100 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 141 71 706 353 71 706 353 71 706 353 1 71 A Figura 25 mostra o efeito do tamanho do banco de polímero sobre o volume poroso injetado, supondo a dispersão, a adsorção físico-química e a retenção mecânica iguais a zero. Esta simulação prevê o uso de um volume poroso de água injetada após a injeção do banco de fluido teste. Pode-se notar que as frentes de avanço dos três bancos têm o mesmo tempo de residência no meio poroso. Por outro lado, o tempo total de permanência na rocha é proporcional ao tamanho do banco, expresso em porcentagem de volume poroso. 77 Concentração / Concentração injetada 1,6 Volume banco: 0,10 VP - 100 pontos Volume banco: 0,10 VP - 200 pontos Volume banco: 0,50 VP - 100 pontos Volume banco: 0,50 VP - 200 pontos Volume banco: 1,00 VP - 100 pontos Volume banco: 1,00 VP - 200 pontos 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 25: Efeito do tamanho do banco nos perfis de concentração obtidos na saída do meio poroso, supondo, dispersão = 0, retenção mecânica = 0 e adsorção físico-química = 0 A Figura 26 mostra o efeito da retenção mecânica (irreversível), considerando-se tanto a dispersão quanto a adsorção físico-química iguais a zero. Os bancos de polímero são consumidos proporcionalmente ao valor da constante do termo fonte para um mesmo valor da ordem da reação (no caso da Figura 26 igual a 2) conforme previsto na Figura 17. As Figuras 26, 27 e 28 apresentam o efeito da retenção mecânica para as ordens de reação de 2, 1 e 0, respectivamente. Observa-se que, para os mesmos valores do termo fonte (Kr), a queda da concentração em relação ao tempo é maior da ordem zero para a ordem 2. 78 Concentração / Concentração injetada 1,6 Kr= 1,0E-6, Kr= 1,0E-6, Kr= 10,0E-6, Kr= 10,0E-6, Kr=100,0E-6, Kr=100,0E-6, 1,4 1,2 m= 2 - 100 pontos m= 2 - 200 pontos m= 2 - 100 pontos m= 2 - 200 pontos m= 2 - 100 pontos m= 2 - 200 pontos 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 26: Efeito da retenção mecânica (ordem = 2) nos perfis de concentração (1 PV), considerando dispersão = 0, adsorção físico-química = 0 Concentração / Concentração injetada 1,6 Kr= 1,4 1,2 1,0E-6, m= 1 Kr= 10,0E-6, m= 1 Kr= 100,0E-6, m= 1 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 27: Efeito da retenção mecânica (ordem = 1) nos perfis de concentração (1 VP), considerando dispersão = 0, adsorção físico-química = 0 79 Concentração / Concentração injetada 1,6 Kr= 1,4 1,0E-6, m= 0 Kr= 10,0E-6, m= 0 1,2 Kr= 100,0E-6, m= 0 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 28: Efeito da retenção mecânica (ordem = 0) nos perfis de concentração (1 VP), considerando dispersão = 0, adsorção físico-química = 0 Da mesma forma, na Figura 29 observa-se o efeito da adsorção físico-química, considerando a dispersão e a retenção mecânica iguais a zero. Neste caso, os bancos de polímero sofrem um atraso no eixo do tempo proporcionalmente aos valores da constante de adsorção e da adsorção máxima, conforme previsto na Figura 17. Figuras 29, 30 e 31 apresentam o efeito da adsorção física (reversível) para as constantes de adsorção iguais a 0,01, 0,04 e 0,08 respectivamente. Observa-se que o atraso no banco de polímero aumenta com o aumento da constante de adsorção. A Figura 32 mostra as isotermas de Langmuir correspondentes (obtidas da Equação 6) e ilustra para uma mesma adsorção máxima o efeito da constante de adsorção na forma dessas isotermas. Quanto maior a constante de adsorção menor é a concentração necessária para saturar a superfície da rocha (atingir a adsorção máxima). Logo, quanto maior a constante de adsorção (Ke), maior a adsorção para uma mesma concentração e, daí, mais produto ficará retido atrasando mais o banco. 80 Concentração / Concentração injetada 1,6 Ke = 0,01 e No = 30,0E-06 1,4 Ke = 0,01 e No = 300,0E-06 Ke = 0,01 e No = 500,0E-06 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 29: Efeito da adsorção físico-química (constante de adsorção = 0,01) nos perfis de concentração (1 VP), considerando dispersão = 0 e retenção mecânica = 0 Concentração / Concentração injetada 1,6 Ke = 0,04 e No = 30,0E-06 1,4 Ke = 0,04 e No = 300,0E-06 Ke = 0,04 e No = 500,0E-06 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 30: Efeito da adsorção físico-química (constante de adsorção = 0,04) nos perfis de concentração (1 VP), considerando dispersão = 0 e retenção mecânica = 0 81 Concentração / Concentração injetada 1,6 Ke = 0,08 e No = 30,0E-6 1,4 Ke = 0,08 e No = 300,0E-6 Ke = 0,08 e No = 500,0e-6 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 31: Efeito da adsorção físico-química (constante de adsorção = 0,08) nos perfis de concentração (1 VP), considerando dispersão = 0 e retenção mecânica = 0 8,E-05 7,E-05 No = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,01 m³/kg Adsorção (kg/kg) 6,E-05 No = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 0,10 m³/kg No = 30,00E-06 kg/kg, Ke= 1,00 m³/kg 5,E-05 4,E-05 3,E-05 2,E-05 1,E-05 0,E+00 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 Concentração (kg/m³) Figura 32: Isoterma de adsorção de Langmuir (Equação 6) efeito da constante de adsorção (Ke) 82 A Figura 33 apresenta o resultado do efeito da dispersão, considerando os demais fenômenos iguais a zero. Pode-se notar que os bancos de polímero sofrem um espalhamento no eixo do tempo proporcional ao valor do coeficiente de dispersão axial (Ea), conforme previsto na Figura 17. Pode-se notar também que, apesar do banco sofrer um espalhamento, com a criação de uma zona de transição, o ponto balizador (C/Co = 0,50 e VPI = 1,00) se mantem, ou seja, não há deslocamento do banco no eixo dos tempo devido à dispersão. 1,4 Concentração / Concentração injetada Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Difusividade (Ea) (m²/s)= 3,0E-9, Pe= 706 1,2 Difusividade (Ea) (m²/s)= 15,0E-9, Pe= 141 Difusividade (Ea) (m²/s)= 30,0E-9, Pe= 71 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 33: Efeito da dispersão nos perfis de concentração (1 Vp) considerando as adsorções reversível e irreversível iguais a zero O fenômeno da dispersão estará sempre presente no escoamento em meios porosos ao contrário da retenção mecânica (irreversível) e da adsorção físicoquímica (reversível) que podem ou não estar presentes, por isso as próximas figuras avaliam a combinação da dispersão com estes dois parâmetros. A Figura 34 apresenta o efeito conjunto da dispersão e da retenção mecânica nos perfis de concentração (1 VP) considerando a adsorção físico-química (reversível) igual a 0. Neste caso, o perfil de concentração apresenta a mesma simetria e a mesma posição no eixo do tempo do perfil com apenas dispersão, porém é observada uma redução na altura deste perfil, correspondente à perda de massa devido à retenção. 83 Concentração / Concentração injetada 1,4 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Ea = 3,0E-9 (Pe= 706), Kr = 10,00E-06, M = 2,00 Ea = 15,0E-9 (Pe= 141), Kr = 10,00E-06, M = 2,00 Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Kr = 10,00E-06, M = 2,00, 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 34: Efeito conjunto da dispersão e da retenção mecânica nos perfis de concentração (1 Vp) considerando a adsorção físico-química (reversível) igual a zero As Figuras 35, 36 e 37 apresentam o efeito da dispersão e da adsorção físicoquímica, considerando a retenção mecânica (irreversível) igual a 0. Neste caso, o perfil de concentração não apresenta a mesma simetria e a mesma posição no eixo do tempo do perfil com apenas dispersão. Além do perfil se deslocar no eixo do tempo proporcionalmente aos valores da constante de adsorção o banco sofre uma modificação na sua forma onde destacamos uma redução na parte superior esquerda do pico do banco compensado em termos de forma (massa) por um alongamento na parte inferior direita (traseira) do banco. Fisicamente, esta redução no início do perfil se deve à saída de massa da fase aquosa para alimentar os sítios eletroquímicos devido à adsorção física. De forma similar, o alongamento da parte traseira da curva se deve ao efeito inverso (desorção) das moléculas presas aos sítios e retorno das mesmas à fase aquosa devido ao caráter reversível do fenômeno da adsorção física. Confirmando esta característica assimétrica a Figura 38 apresenta uma comparação entre o perfil da Figura 37 com a maior dispersão (Ea = 30,0E-9, Pe= 71) e a maior adsorção físico-química (Ke = 0,08, No = 30,0E-05), considerando a retenção mecânica (irreversível) igual a 0, com o perfil correspondente com apenas dispersão (Ea = 30,0E-9, Pe= 71) da Figura 33. 84 Concentração / Concentração injetada 1,4 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Ea = 3,0E-9 (Pe= 706), Ke = 0,01, No = 30,0E-05 Ea = 15,0E-9 (Pe= 141), Ke = 0,01, No = 30,0E-05 Ea = 30,0E-9 (Pe= 76), Ke = 0,01, No = 30,0E-05 Série7 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 35: Efeito da dispersão e da adsorção físico-química (Ke = 0,01) nos perfis de concentração (1 Vp) considerando a adsorção irreversível igual a zero Concentração / Concentração injetada 1,4 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Ea = 3,0E-9 (Pe= 706), Ke = 0,04, No = 30,0E-05 Ea = 15,0E-9 (Pe= 141), Ke = 0,04, No = 30,0E-05 Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Ke = 0,04, No = 30,0E-05 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 36: Efeito da dispersão e da adsorção físico-química (Ke = 0,04) nos perfis de concentração (1 Vp) considerando a adsorção irreversível igual a zero 85 Concentração / Concentração injetada 1,4 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Ea = 3,0E-9 (Pe= 706), Ke = 0,08, No = 30,0E-05 Ea = 15,0E-9 (Pe= 141), Ke = 0,08, No = 30,0E-05 Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Ke = 0,08, No = 30,0E-05 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 37: Efeito da dispersão e da adsorção físico-química (Ke = 0,08) nos perfis de concentração (1 Vp) considerando a adsorção irreversível igual a zero Concentração / Concentração injetada 1,4 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Ke = 0,08, No = 30,0E-05 Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Ke = 0,00, No = 00,0E-05: posição correta Ea = 30,0E-9 (Pe= 71), Ke = 0,00, No = 00,0E-05: deslocado 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 38: Efeito da dispersão e da adsorção físico-química (Ke = 0,08) nos perfis de concentração (1 Vp) considerando a adsorção irreversível igual a zero 86 Na Figura 39 observam-se os perfis de concentração da solução polimérica de um banco de 1,0 volume poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível diferentes de zero e com valores máximos, médios e mínimos, conforme a Tabela IX . A Figura 40 mostra perfis similares aos da Figura 39 para um banco de 0,5 volume poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível com valores máximos, médios e mínimos, conforme a Tabela IX. Os perfis exibidos na Figura 40 também são similares aos da Figura 39, só que para um banco de 0,1 volume poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível com valores máximos, médios e mínimos, conforme a Tabela IX. Neste último caso, observa-se que o banco de 0,1 volume poroso não chega ao seu destino em concentrações perceptíveis para valores máximos das constantes dos fenômenos. A observação das Figuras 39, 40 e 41 evidencia a existência de uma sinergia dos três fenômenos, em termos da mudança da forma do perfil de concentração, e um aumento do consumo do banco proporcional aos valores destes fenômenos. Concentração / Concentração injetada 1,4 Valores fenômenos: mínimo Valores fenômenos: médio Valores fenômenos: máximo 1,2 # 1,0 0,8 0,6 Mínimo Médio Máximo 1,00 1,00 1,00 1 VB 2 Ea m²/s 3 Pe ................ 706 353 71 4 Ke m³/eq 0,01 0,04 0,08 5 No eq/m² 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04 6 m ................ 2 2 2 7 Kr m³/(eq.s) 1E-06 5E-05 1E-04 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 39: Perfis de concentração da solução polimérica de um banco de 1,0 volume poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível 87 Concentração / Concentração injetada 1,4 Valores fenômenos: mínimo Valores fenômenos: médio Valores fenômenos: máximo 1,2 # 1,0 0,8 0,6 Mínimo Médio Máximo 0,50 0,50 0,50 1 VB 2 Ea m²/s 3 Pe ................ 706 353 71 4 Ke m³/eq 0,01 0,04 0,08 5 No eq/m² 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04 6 m ................ 2 2 2 7 Kr m³/(eq.s) 1E-06 5E-05 1E-04 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 40: Perfis de concentração da solução polimérica de um banco de 0,5 volume poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível Concentração / Concentração injetada 1,4 Valores fenômenos: mínimo 1,2 Valores fenômenos: médio 1,0 0,8 0,6 # Mínimo Médio Máximo 0,10 0,10 0,10 1 VB 2 Ea m²/s 3 Pe ................ 706 353 71 4 Ke m³/eq 0,01 0,04 0,08 5 No eq/m² 3,0E-05 3,0E-04 5,0E-04 6 m ................ 2 2 2 7 Kr m³/(eq.s) 1E-06 5E-05 1E-04 3,00E-09 6,00E-09 3,00E-08 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 41: Perfis de concentração da solução polimérica de um banco de 0,1 volume poroso, considerando a dispersão e as adsorções reversível e irreversível 88 Assim, concluindo, as Figuras de 25 a 37 e de 39 a 41 mostram uma correspondência qualitativa entre os resultados encontrados com o simulador desenvolvido nesta Tese e os efeitos esperados de cada um dos três primeiros fenômenos conforme descrito na Figura 17, faltando, então o quarto e último fenômeno (volume poroso inacessível). O volume poroso inacessível, assim como a adsorção física (reversível) é um ponto crítico nos estudos mecanicistas do escoamento de polímeros em meios porosos e será quantificado nesta Tese de uma forma particular não-convencional. Como a adsorção física além de causar uma assimetria no banco, atrasa o mesmo, existem dois efeitos para um mesmo fenômeno. Neste caso, a idéia é ajustar a adsorção física de acordo com a forma do banco, independente da posição deste banco no eixo do tempo. Após o ajuste da forma, a diferença entre a posição real do banco e a posição simulada pelo modelo corresponderá ao volume poroso inacessível em termos de porcentagem de volume poroso. O resultado deste item incentivou a continuação do trabalho no sentido de buscar identificar e quantificar estes quatro fenômenos envolvidos no escoamento de fluidos poliméricos em meios porosos para recuperação de petróleo, usando o conceito de problema inverso uma vez que cada um dos fenômenos em questão tem um efeito bem definido e distinto dos demais. A definição de problema inverso mais conhecida e abrangente é “Resolver um problema inverso é determinar causas desconhecidas a partir de efeitos desejados ou observados”, pressupõe, no mínimo, um conhecimento qualitativo do problema em estudo [94, 95]. 89 5.6.2 Calibração do modelo com solução analítica parcial Não há solução analítica para o modelo considerando todos os fenômenos, porém, existem soluções analíticas parciais. Neste item, serão comparados os resultados da solução semi-analítica aqui adotada com as soluções analíticas parciais do modelo (56,57). 5.6.2.1 Solução analítica para o caso de pura retenção mecânica Quando não existem dispersão nem adsorção física, somente retenção mecânica, a Equação 9 se reduz à Equação 26, que pode ser resolvida usando o método das características (Anexo 3), onde temos, para a ordem 2 (f(C)=C²), como solução as equações de 27 a 29.. ∂C u ∂C + = − K r f (C ) ∂t ϕ ∂ x xb = u ϕ (27) .t xb ≥ x ≥ xb – L.Vb; C = x > xb (26) ou Co Kr . ϕ 1+ . Co . x u x < xb – L.Vb; C =0 , (28) (29) A Figura 42 apresenta a variação da concentração em função da distância para ordem da retenção igual a 2 e diferentes constantes de retenção (Kr) para a solução analítica. Este gráfico explicita a importância da constante de retenção (Kr) na queda inicial da concentração. De modo análogo, a Figura 43 apresenta os perfis de concentração em função do volume poroso injetado para ordem da retenção igual a 2 e diferentes constantes de retenção (Kr), obtidos através do modelo da Tese (já apresentados na Figura 26) e agora confrontados com aqueles obtidos pela solução analítica acima. 90 1,2 Kr = Concentração (kg/m³) 1,0 1,00E-06, m=2 Kr = 10,00E-06, m=2 Kr = 100,00E-06, m = 2 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 100 200 300 400 500 600 Distância (m) Figura 42 Variação da concentração em função da distância para ordem da retenção igual a 2 e diferentes constantes de retenção (Kr) (solução analítica) Concentração / Concentração injetada 1,6 Modelo da Tese: Solução analítica: Modelo da Tese: Solução analítica: Modelo da Tese: Solução analítica: 1,4 1,2 Kr= 1,0E-06, m= 2 Kr= 1,0E-06, m=2 Kr= 10,0E-06, m= 2 Kr= 10,0E-06, m= 2 Kr=100,0E-6, m= 2 Kr=100,0E-6, m= 2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 Volume Poroso Injetado Figura 43 Variação da concentração em função do volume poroso injetado para ordem da retenção igual a 2 e diferentes constantes de retenção (Kr) (modelo da Tese – Figura 26 e da solução analítica) 4,0 91 5.6.2.2 Solução analítica para o caso de pura dispersão Neste item, serão comparados os resultados da solução da Tese com uma solução analítica da equação clássica de difusão e convecção descrita na literatura (53). ∂C u ∂ C Ea ∂ 2 C + − =0 ∂t ϕ ∂ x ϕ ∂ x2 (7) Para fazer uma conexão entre a faixa de número de Peclet da literatura (Figura 24, Tabela XI) e os dados deste item, a Figura 44 apresenta os resultados obtidos a partir da solução analítica da Equação 7 para valores de Peclet cobrindo a faixa levantada pela literatura. A Tabela XIII apresenta os parâmetros de entrada da simulação com a solução analítica (Equação 7) e com modelo desta Tese, em ambos os casos considerando apenas a dispersão. Concentração / Concentração injetada 1,4 Caso 1: Pe = 7.062 1,2 Caso 2: Pe = 706 Caso 3: Pe = 1,0 71 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 44: Resultados do modelo matemático Equação 7 (solução analítica) para valores de número de Peclet cobrindo a faixa da literatura 92 Tabela XIII: Parâmetros de entrada dos simuladores do modelo da Equação 7 (solução analítica pura dispersão) e do modelo desta Tese # Símbolo (SI) Caso 1 Caso 2 Caso 3 1 D m 0,0378 0,0378 0,0378 2 L m 0,285328 0,285328 0,285328 3 φ ........ 0,1789 0,1789 0,1789 4 ρr kg/m³ 2600 2600 2600 5 Q m³/s 8,333E-08 8,333E-08 8,333E-09 6 Cb kg/m³ 1 1 1 7 Cff kg/m³ - - - 8 Vb % VP 1 1 1 9 VPI % VP 4 4 4 10 Ea m²/s 3,00E-09 3,00E-08 3,00E-07 11 Ke m³/eq - - - 12 No kg/kg - - - 13 Kr (kg/m3)1-m /s - - - 14 m ......... - - - 15 N - 50 50 50 16 H - 2 2 2 17 Dx - 1 1 1 18 Peclet - 7.060 706 71 Observando-se as Figuras 45 a 47 pode-se fazer uma comparação do modelo desta Tese com a solução analítica considerando apenas a dispersão, para números de Peclet = 7.062, 706 e 78 típicos de laboratório e de campo conforme Figura 24 e Tabela XI. As Figuras de 45 a 47 mostram uma grande concordância entre os resultados do modelo desta Tese e aqueles da solução analítica considerando apenas a dispersão, a partir de uma discretização de 50 pontos. 93 Concentração / Concentração injetada 1,4 Caso 1: Pe = 7.062 Solução exata Modelo Tese: 30 pontos Modelo Tese: 50 pontos Modelo Tese: 100 pontos 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 45: Comparação do método semi-analítico desenvolvido nesta Tese com a solução analítica considerando apenas a dispersão, para Peclet = 7.062 Concentração / Concentração injetada 1,4 Caso 1: Pe = 706 Solução exata Solução Tese: 30 pontos Solução Tese: 50 pontos Solução Tese: 100 pontos 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 46: Comparação do método semi-analítico desenvolvido nesta Tese com a solução analítica considerando apenas a dispersão, para Peclet = 706 94 Concentração / Concentração injetada 1,4 Caso 1: Pe = 71 Solução exata Solução Tese: 30 pontos Solução Tese: 50 pontos Solução Tese: 100 pontos 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 47: Comparação do método semi-analítico desenvolvido nesta Tese com a solução analítica considerando apenas a dispersão, para Peclet = 71 5.6.2.3 Solução analítica para o caso de pura adsorção física Quando não existem dispersão nem retenção mecânica, somente adsorção física, a Equação 9 se reduz à Equação 30, que pode ser resolvida usando o método das características (Anexo 4), onde temos como solução as Equações de 31 a 33. As Figuras 48 a 50 apresentam os perfis de concentração obtidos através do modelo da Tese e da solução analítica para o caso onde só existe adsorção física, onde também se observa uma grande concordância entre os resultados do modelo desta Tese e aqueles da solução analítica. ∂C u ∂C ρr (1 − ϕ ) ∂N (C ) + = − ∂t ϕ ∂ x ϕ ∂t xb = u .t ϕ . g (C ) (31) xb ≥ x ≥ xb – L.Vb; C = Cb x > xb ou x < xb – L.Vb (30) (32) C =0 , (33) 95 Modelo da Tese: Solução analítica: Modelo da Tese: Solução analítica: Modelo da Tese: Solução analítica: 1,4 1,2 Ke = 0,01 Ke = 0,01 Ke = 0,01 Ke = 0,01 Ke = 0,01 Ke = 0,01 e No = 30,0E-06 e No = 30,0E-06 e No = 300,0E-06 e No = 300,0E-06 e No = 500,0E-06 e No = 500,0E-06 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 48: Perfis de concentração obtidos através do modelo da Tese (já apresentados na Figura 29) e da solução analítica, considerando somente a adsorção físico-química (Ke= 0,01) 1,6 Concentração / Concentração injetada Concentração / Concentração injetada 1,6 Modelo da Tese: Solução analítica: Modelo da Tese: Solução analítica: Modelo da Tese: Solução analítica: 1,4 1,2 Ke = 0,04 Ke = 0,04 Ke = 0,04 Ke = 0,04 Ke = 0,04 Ke = 0,04 e e e e e e No = 30,0E-06 No = 30,0E-06 No = 300,0E-06 No = 300,0E-06 No = 500,0E-06 No = 500,0E-06 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 49: Perfis de concentração obtidos através do modelo da Tese (já apresentados na Figura 30) e da solução analítica, considerando somente a adsorção físico-química (Ke= 0,04) 96 Concentração / Concentração injetada 1,6 Modelo da Tese: Solução analítica: Modelo da Tese: Solução analítica: Modelo da Tese: Solução analítica: 1,4 1,2 Ke = 0,08 Ke = 0,08 Ke = 0,08 Ke = 0,08 Ke = 0,08 Ke = 0,08 e e e e e e No = 30,0E-6 No = 30,0E-6 No = 300,0E-6 No = 300,0E-6 No = 500,0E-6 No = 500,0E-6 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 50: Perfis de concentração obtidos através do modelo da Tese (já apresentados na Figura 31) e da solução analítica, considerando somente a adsorção físico-química (Ke= 0,08) Desta forma, neste item, além de uma grande concordância entre os resultados do modelo desta Tese e aqueles das três soluções analíticas, com os três fenômenos individualmente, pode-se observar também nas Figuras de 45 a 47 uma boa convergência dos resultados do modelo a partir de 50 pontos. 97 5.6.3 Calibração do modelo com dados experimentais: Traçadores Traçadores, por definição, são substâncias de natureza das mais variadas, utilizadas para marcar / etiquetar fisicamente determinada batelada de fluido tornando sempre possível a sua identificação a posteriori, isto é, após percorrer um determinado percurso. Essa definição é ampla e se aplica a várias áreas onde o traçador é empregado como: medicina, meio ambiente, processos industriais, engenharia sanitária, indústria de petróleo e outros. Essa identificação, associada aos fenômenos de transporte, permite caracterizar hidrodinamicamente os canais percorridos. No caso da indústria de petróleo, a inascessibilidade dos reservatórios e a inexistência de qualquer outra ferramenta que percorra efetivamente os canais da formação rochosa faz com que o traçador seja a ferramenta de caracterização mais importante até o momento, e torna o seu uso imprescindível nas avaliações dos métodos de recuperação de petróleo como, por exemplo, o uso de soluções poliméricas tanto em laboratório como em campo. As primeiras aplicações de traçadores em reservatórios de petróleo datam da década de 50 e foram de caráter apenas qualitativo, tendo como objetivo principal a identificação da existência de comunicação entre poços [81, 82]. A partir da década de 60, o uso do traçadores passa a ter um enfoque também quantitativo [6]. Para que o traçador possa fornecer informações quantitativas em campo é imprescindível que ele atenda aos requisitos de um bom traçador [86, 87 e 88], o que pode ser avaliado através da simulação física e matemática em laboratório. Como as substâncias traçadoras não interagem com o meio poroso, no escoamento deste fluido, apenas os mecanismos de convecção e de dispersão estão presentes, assim a dispersividade (Equação 5) é o principal parâmetro a ser medido nos testes de fluxo em laboratório. Com o objetivo de determinar a dipersividade (α, Equação 4, página 29) em diferentes condições (velocidade, saturação e permeabilidade) usando o modelo matemático selecionado, foram realizados 10 testes físicos de deslocamento em 5 amostras. A Tabela XIV apresenta os dados das amostras usadas nos testes. A Tabela XV apresenta os parâmetros de entrada do simulador (1 a 7), o coeficiente de dispersão (8) ajustado pelo modelo de pura dispersão e pelo modelo da Tese, e também o número de Peclet (18) e a dispersividade (19), calculada a partir do coeficiente de dispersão ajustado. A Tabela XVI apresenta um resumo da 98 programação destes 10 testes e dos respectivos coeficientes de dispersão calculados a partir do ajuste dos pontos experimentais com o modelo matemático descrito. Tabela XIV: Dados das amostras de rocha usadas nos testes de fluxo com traçador # Parâmetro 1 Rocha - reservatório alvo 2 Ägua saturação da amostra - formação (reservatório alvo) 3 Água injeção - injeção (reservatório alvo) 4 Diâmetro (m) D 0,03780 0,03780 0,03770 0,03790 0,03780 5 Área (m²) A 0,00112 0,00112 0,00112 0,00113 0,00112 6 Comprimento (m) L 0,22990 0,31640 0,28810 0,23550 0,28530 7 Volume total (m³) Vt 0,00026 0,00036 0,00032 0,00027 0,00032 8 Volume poroso (m³) Vp 0,00003 0,00006 0,00007 0,00005 0,00006 9 Porosidade (%) 13,28 18,02 21,88 17,05 17,88 10 Permeabilidade ao ar (mD) Kar 330 261 278 473 681 11 Permeabilidade à água (mD) Kw 200 260 270 460 630 12 Permeabilidade óleo (mD) Ko _ _ _ _ 210 13 Volume óleo inicial (m³) Voi _ _ _ _ 0,000040 14 Saturação óleo inicial (%Vp) Soi _ _ _ _ 69,9 15 Volume óleo recuperado (m³) Vo rec. _ _ _ _ 0,000019 16 Recuperação (%Vp) R(Vp) _ _ _ _ 33,37 17 Recuperação (%Voi) R(Voi) _ _ _ _ 47,75 18 Saturação óleo residual (%) Sor _ _ _ _ 36,51 Símbolo Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5 φ A Tabela XV, além dos dados de entrada dos simuladores apresenta também os valores do número de Peclet e da constante de dispersão ou dispersividade (α) para cada teste com traçador. O valores de Peclet estão dentro do previsto pela Figura 24 e Tabela XI. Os valores da dispersividade foram calculados para cada teste. Como os conjuntos de testes 5-7 e 8-10 foram realizados nas mesmas condições, isto é mesma amostra, mesma relação de viscosidade dos fluidos deslocante e deslocado e mesma saturação (100% água e Sor respectivamente), a dispersividade deve ser a mesma para cada um dos testes destes conjuntos. A Tabela XI mostra que estes valores são bem próximos e que o desvio final encontrado entre os valores da 99 dispersividade dentro de cada grupo retrata o erro do experimento como todo. O valor da dispersividade é maior na condição de Sor, mostrando uma maior heterogeneidade neste caso que na condição de 100% saturado com água. Os valores da dispersividade medidos neste trabalho para o campo alvo variaram de 0,40 a 2,50 cm, um pouco acima da faixa descrita na literatura para o Berea que é de 0,15 a 0,25 cm [79, 85 e 86], o que confirma a heterogeneidade do campo alvo. Após o deslocamento do banco de solução de traçador pelo modelo físico, o efluente do teste foi coletado e analisado, gerando o perfil de concentração do traçador ao longo do tempo (volume poroso injetado) na face de saída da amostra (Figuras de 51 a 60). Este perfil experimental foi então comparado com o perfil gerado pelo modelo matemático tendo como dados de entrada os valores da Tabela XV e como parâmetro de ajuste o coeficiente de dispersão efetivo (Kd = Ea/φ, Equação 4, página 29). Os valores de Kd foram determinados num processo de tentativa e erro (problema inverso). As Figuras de 51 a 60 apresentam um alongamento não previsto e, portanto, não previsto pelo modelo. Segundo a literatura, no caso das substâncias traçadoras, que não interagem com sistema reservatório (rocha e fluidos) como um todo, este alongamento é explicado pelo fato destas substâncias traçadoras, geralmente íons de pequeno diâmetro muito solúveis, como é o caso do iodeto usado neste trabalho, entrarem com facilidade em poros pequenos não permeáveis. Em outras palavras, poros com apenas uma entrada permitem que parte do traçador entre com facilidade, entretanto sua saída não é tão simples pelo fato de estes poros não fazerem parte da corrente principal de fluxo e sim de uma chamada “corrente secundária” [83, 84]. 100 Tabela XV: Dados de entrada do simulador para cada teste de traçador T1 T2 T3 T4 A1 A2 A3 A4 m 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 0,0378 Teste # 1 Amostra D T5 T6 A5 T7 T8 T9 (100% água) A5 T10 (Sor) 2 L m 0,2299 0,3164 0,2881 0,2355 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 0,2853 3 φ ................ 0,1327 0,1803 0,2188 0,1709 0,1782 0,1789 0,1789 0,1413 0,1413 0,1413 4 ρr kg/m³ 2,7E+03 5 Q m³/s 8,33E-09 8,33E-09 8,33E-09 8,33E-09 5,00E-08 8,33E-09 1,67E-09 5,00E-08 8,33E-09 1,67E-09 6 Cb kg/m³ 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 7 Cff kg/m³ 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 8 Vb % Vp 1,01 0,97 1,01 1,02 0,93 1,01 1,24 3,02 2,85 2,73 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 5,00E-08 3,00E-08 3,00E-08 5,00E-08 3,5E-07 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 2,6E+03 9 VPI % Vp 10 Ea m²/s 11 Ke m³/kg - - - - - - - - - - 12 No kg/kg - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1-m (kg/m3) /s 5E-08 1,33E-08 9,96E-07 1,86E-07 3,32E-08 13 kr 14 m ................ 15 N - 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 16 H - 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 17 Dx - 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 18 Peclet - 34 78 71 35 36 42 32 13 11 13 19 α cm 0,67 0,40 0,40 0,67 0,79 0,67 0,90 2,23 2,50 2,24 Tabela XVI: Programação dos dez testes com traçador Teste Vazão Q (cm³/h) Amostra Permeabilidade a água Kw (mD) T1 30 A1 200 T2 30 A2 260 T3 30 A3 270 0,001370 T4 30 A4 460 0,002920 T5 6 T6 30 T7 180 0,019600 T8 6 0,002350 T9 30 T10 180 Saturação Kd (cm²/s) 0,003770 100% água 0,001660 0,000743 A5 A5 630 630 100% água óleo residual 0,002790 0,013200 0,070500 101 Concentração / Concentração inicial 2,0 Pontos experimentais Solução exata Modelo da Tese 1,5 1,0 0,5 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 51: Perfil de concentração do banco de traçador na saída de modelo físico de laboratório (Teste T1) Concentração / Concentração inicial 2,0 Pontos experimentais Solução exata Modelo da Tese 1,5 1,0 0,5 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 52: Perfil de concentração de um banco de traçador na saída de modelo físico de laboratório (Teste T2) 102 Concentração / Concentração inicial 2,0 Pontos experimentais Solução exata Modelo da Tese 1,5 1,0 0,5 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 53: Perfil de concentração do banco de traçador na saída de modelo físico de laboratório (Teste T3) Concentração / Concentração inicial 2,0 Pontos experimentais Solução exata Modelo da Tese 1,5 1,0 0,5 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 54: Perfil de concentração de um banco de traçador na saída de modelo físico de laboratório (Teste T4) 103 2,0 Concentração / Concentração inicial Pontos experimentais Simulação matemática Modelo da Tese 1,5 1,0 0,5 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 55: Perfil de concentração do banco de traçador na saída de modelo físico de laboratório (Teste T5) Concentração / Concentração inicial 2,0 Pontos experimentais Solução exata Modelo da Tese 1,5 1,0 0,5 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 56: Perfil de concentração de um banco de traçador na saída de modelo físico de laboratório (Teste T6) 104 Concentração / Concentração inicial 2,0 Pontos experimentais Solução exata 1,5 Série3 1,0 0,5 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Volume Poroso Injetado Figura 57: Perfil de concentração do banco de traçador na saída de modelo físico de laboratório (Teste T7) Concentração / Concentração inicial 2,0 Pontos experimentais Solução matemática 1,5 Modelo da Tese 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 Volume Poroso Injetado Figura 58: Perfil de concentração de um banco de traçador na saída de modelo físico de laboratório (Teste T8) 105 Concentração / Concentração inicial 2,0 Pontos experimentais Solução exata 1,5 Solução da Tese 1,0 0,5 0,0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 Volume Poroso Injetado Figura 59: Perfil de concentração do banco de traçador na saída de modelo físico de laboratório (Teste T9) Concentração / Concentração inicial 2,0 Pontos experimentais Solução exata 1,5 Modelo da Tese 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 Volume Poroso Injetado Figura 60: Perfil de concentração de um banco de traçador na saída de modelo físico de laboratório (Teste T10) 106 Uma relação linear entre o coeficiente de dispersão K e a velocidade v pode ser visualizada na Figura 61, como era de se esperar de acordo com a Equação 2. A Figura 61 mostra também que, para uma mesma substância traçadora, mesma rocha e mesma velocidade, a condição de óleo residual apresenta um coeficiente de dispersão maior que a condição de rocha 100% saturada com água de injeção. A Figura 62 apresenta a variação do coeficiente de dispersão efetivo (KD) com a permeabilidade da rocha à água, medida pela equação de Darcy [15]. Não foi observada, neste trabalho, uma correlação entre o coeficiente de dispersão e a permeabilidade. Coeficiente de dispersão efetivo (cm²/s) 1,00E+00 100% água Óleo residual 1,00E-01 1,00E-02 1,00E-03 1,00E-04 1,00E-05 1,00E-04 1,00E-03 1,00E-02 1,00E-01 1,00E+00 Velocidade (cm/s) Figura 61: Variação do coeficiente de dispersão efetivo (Kd) com a velocidade na condição de 100% saturada com água e na saturação de óleo residual 107 0,01000 Coeficiente de dispersão (cm²/s) 0,00900 Amostras 100 % água 0,00800 0,00700 0,00600 0,00500 0,00400 0,00300 0,00200 0,00100 0,00000 100,00 200,00 300,00 400,00 500,00 600,00 700,00 Permeabilidade à água (mD) Figura 62: Variação do coeficiente de dispersão efetivo (Kd) com a permeabilidade na condição de 100% saturada com água 108 5.7 Modelagem do fluxo de polímero: problema inverso 5.7.1 Preparação e execução dos testes Nos preparativos para os testes de fluxo com polímero foram feitas considerações quanto aos seguintes aspectos: (1) permeabilidade da rocha, (2) saturação da rocha, (3) avaliação do modelo físico, (4) pré-condicionamento do polímero, (5) concentração do polímero e (6) volume do banco. 1) Permeabilidade da rocha: O reservatório selecionado possui um larga faixa de permeabilidade / porosidade devido ao alto grau de heterogeneidade, porém, neste item, optou-se por trabalhar numa faixa de permeabilidade baixa com o objetivo de maximizar os fenômenos em estudo. Em outras palavras, a redução da permeabilidade traz como conseqüências: (1) o aumento da área superficial e, portanto, aumento da adsorção físico-química; (2) a redução das gargantas de poros e, portanto, o aumento da retenção mecânica; (3) a redução do tamanho dos poros e, portanto, o aumento de volume poroso inacessível (tornando o volume poroso acessível menor). A dispersão, de acordo com a literatura [79, 81, 82] e com os resultados do item anterior, está muito mais ligada à forma (irregularidade e tortuosidade) dos poros do que à permeabilidade propriamente dita. 2)Saturação da rocha: O objetivo deste item é selecionar e quantificar os fenômenos envolvidos no deslocamento do banco de solução polimérica durante a recuperação terciária (métodos especiais) ou secundária (junto com a água), onde o polímero presente na fase aquosa percorre o meio poroso interagindo físicoquimicamente com a rocha sem interagir química ou físico-quimicamente com o óleo. Além disso, como o objetivo deste trabalho é estudar os mecanismos de interação do polímero com a rocha e não avaliar a eficiência de recuperação do polímero devido à correção de viscosidade da água optou-se por trabalhar com a rocha saturada apenas com a água de formação, sem a fase óleo. 109 3) Avaliação do modelo físico: No caso do uso de polímero, ao contrário do traçador, as mudanças ocorridas no reservatório, tais como aumento da viscosidade da fase deslocante, adsorção físico-química na superfície da rocha e retenção mecânica do polímero nas gargantas de poros, resultam num aumento de pressão. Uma vez que este aumento de pressão, controlado, é interessante para o reservatório e faz parte do mecanismo de atuação do polímero, a pressão passa a ser um parâmetro extremamente importante para o processo. De acordo com a equação de Darcy (Equação 34), desenvolvida originalmente na cidade de Dijon na França [94] e extensamente aplicada nas áreas onde se trabalha com escoamento em meios porosos, como a indústria de petróleo, existe uma relação linear entre a vazão de injeção e a pressão resultante devido à resistência ao fluxo. Na prática isso é relativamente fácil de ser medido usando o esquema da Figura 63. Porém, em alguns casos, onde outros fenômenos ocorrem na amostra (como, por exemplo, inchamento das argilas contidas no cimento que liga os grãos devido a incompatibilidades entre este e o fluido de injeção, ou migração de finos devido ao caráter pouco consolidado da rocha que pode obstruir os poros), pode ocorrer uma alteração no perfil de pressão que pode prejudicar a avaliação da pressão resultante apenas da resistência ao fluxo. Por isso, neste item, antes dos testes de injeção de polímero, as amostras foram submetidas ao fluxo com água para verificação do comportamento das mesmas em relação à lei de Darcy. A Figura 64 apresenta os resultados correspondentes. As amostras apresentaram um comportamento linear, compatível com a lei de Darcy, o que as tornam adequadas para os testes de fluxo em meios porosos usando soluções poliméricas. Q = A. Δ p (34) onde: Q = vazão de injeção Δp = pressão devido à resistência ao fluxo A = constante que é função da permeabilidade e da geometria da amostra, e da viscosidade do fluido injetado. 110 Figura 63: Esquema de fluxo simplificado para verificação da Lei de Darcy 7,0 Lei de Darcy: amostra Teste 1: 138 mD 6,0 Lei de Darcy: amostra Teste 2: 106 mD Pressão (psi) 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 0 50 100 150 200 250 Vazão (cm³/h) Figura 64: Verificação da lei de Darcy para as amostra a serem submetidas aos testes de injeção de polímeros 4) Pré–condicionamento do polímero: As soluções do polímero Flopaam 3230S foram filtradas numa vazão de 6 cm³/h num filtro de 7 μm, conforme recomendação da Norma API como pré-condicionamento para os testes de fluxo [11, 27]. 5) Concentração do polímero: A concentração de injeção foi escolhida em 1000 ppm por ser esta a concentração média usada nos testes de campo de injeção de polímero para correção de mobilidade que varia de 500 a 1500 ppm e por ser esta a concentração mais usada como referência nos testes descritos na literatura [8-9]. 111 6) Volume do banco: Os valores do volume do banco de polímero injetado em campo não ultrapassa 1 volume poroso, pelo fato dos volumes e tempos de reservatório serem muito grandes, o que pode inviabilizar o processo operacionalmente ou economicamente. Porém, os valores definidos neste trabalho foram bem maiores para garantir uma boa estabilização dos fenômenos Neste trabalho são apresentados dois testes de fluxo com injeção de soluções poliméricas. As duas amostras têm permeabilidades próximas e em ambas foram injetados banco de solução polimérica do polímero Flopaam 3230S, com concentrações de 1000 e 600 ppm e com volumes de aproximadamente 6,00 volumes porosos. A Tabela XVII apresenta os dados geométricos e de permoporosidade das amostras usadas nestes testes com polímero. Os ensaios foram realizados numa temperatura de 50º C, que é a temperatura do reservatório alvo. A avaliação destes testes, conforme descrito no item 3.4, foi dividida em duas etapas: 1) parâmetros calculados a partir da pressão (medição em tempo real) e 2) parâmetros calculados a partir do perfil de concentrações (pós-processamento ou problema inverso). Estas duas etapas estão descritas a seguir, respectivamente, nos itens 5.7.2 e 5.7.3. Tabela XVII: Dados das amostras de rocha usadas nos testes com polímero # Parâmetro 1 Rocha 2 Símbolo Amostra P1 Amostra P2 - reservatório alvo reservatório alvo Água saturação da amostra - formação formação 3 Água injeção - injeção injeção 4 Diâmetro (cm) D 3,78 3,78 5 Área (cm²) A 11,22 11,23 6 Comprimento (cm) L 6,92 7,25 7 Volume total (cm³) Vt 77,66 81,44 8 Volume poroso (cm³) 17,74 14,70 9 Porosidade (%) 22,84 18,05 10 Permeabilidade ar (mD) Kar 169 130 11 Permeabilidade água (mD) Kw 138 106 φ 112 5.7.2 Parâmetros calculados a partir da pressão (medição em tempo real) As Figuras de 65 a 67 apresentam os perfis de pressão ao longo dos dois testes (P1 e P2). Na realidade, são apresentadas as diferenças de pressão entre o ponto onde o transdutor está localizado e a pressão atmosférica que é o ponto de coleta do efluente. No primeiro teste (P1 – Figura 65) foi medida apenas a pressão na entrada e no segundo (P2), foram medidas as pressões na entrada e no ponto médio, com o objetivo de verificar possíveis tamponamentos localizados no início ou ao longo da amostra, comprometendo, desta forma, a análise. Os resultados com o modelo físico P2 encontram-se expressos em termos de diferença de pressão (Figura 65 e 66) e diferença de pressão normalizada (Figura 67). 2,0 4,0 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Diferença de pressão (psi) 1,5 3,0 1,0 2,0 0,5 1,0 0,0 Diferença de pressão (psi) Concentração / Concentração inicial Perfil de concentração teórico: ideal (pistão) 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Volume Poroso Injetado Figura 65: Perfil de diferença de pressão medida ao longo do teste de injeção de polímero no modelo físico P1 (Teste P1) 113 4,0 Perfil de concentração teórico: ideal (pistão) Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Diferença de pressão na entrada (psi) Deferença de pressão no ponto médio (psi) 1,5 3,0 1,0 2,0 0,5 1,0 0,0 Diferença de pressão (psi) Concentração / Concentração inicial 2,0 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Volume Poroso Injetado Figura 66: Perfis de diferença de pressão medida ao longo do teste de injeção de polímero no modelo físico P2 (Teste P2) 2,0 2,0 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Diferença de pressão na entrada (normalizada) Diferença de pressão no ponto médio (normalizada) 1,5 1,5 1,0 1,0 0,5 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 Pressão / Pressão máxima Concentração / Concentração inicial Perfil de concentração teórico: ideal (pistão) 0,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 67: Perfis de diferença de pressão normalizados medidos ao longo do teste de injeção de polímero no modelo físico P2 (Teste P2) 114 As Figuras de 65 a 67 apresentam também os perfis teóricos correspondestes aos testes supondo um deslocamento pistão (sem dispersão, sem adsorção, sem retenção mecânica e sem volume poroso inacessível) somente para posicionar o fluxo para a análise da pressão. Nas curvas de pressão existem três etapas distintas, sendo que a primeira consiste de um trecho linear com uma inclinação maior e corresponde à entrada do banco de polímero no meio poroso ocupando os lugares então preenchidos pela água. Essa troca de fluidos causa uma turbulência interna que gera um aumento mais acentuado de pressão. O segundo, um trecho também linear, porém com uma inclinação menor, corresponde ao deslocamento do banco de polímero no meio poroso. Nesse estágio, o polímero passa a escoar num ambiente já saturado por ele próprio, onde existe uma interação entre as próprias moléculas do polímero reduzindo um pouco a pressão em comparação com a etapa anterior. No terceiro e último trecho, a pressão cai imediatamente após o fim da injeção do banco de polímero e reinício da injeção de água, tendendo para um valor constante diferente do inicial. Este valor de pressão residual é importante e vai medir a modificação residual do polímero no reservatório. O valor do fator de resistência (Equação 2) é mais difícil de ser analisado uma vez que a pressão resultante durante a passagem do polímero está vinculada à viscosidade do polímero nesta condição de fluxo, o que é bastante discutido na literatura pela relação desta viscosidade com o cisalhamento no meio poroso e ao fato do polímero ser um fluido pseudoplástico [8,9]. Por isso, o parâmetro menos polêmico e, portanto, mais usado é o fator de resistência residual (Equação 3) que depende apenas das pressões durante o fluxo de água antes e depois do fluxo do polímero e é uma conseqüência da massa de polímero retida irreversivelmente (retenção mecânica) na rocha reservatório. A Tabela XVIII apresenta faixas de retenção mecânica na rocha reservatório e do fator de resistência residual correspondente [9] para a goma xantana e para a poliacrilamida parcialmente hidrolisada. A Tabela XIX apresenta os valores do fator de resistência (fórmula simplificada) e fator de resistência residual para os dois testes de injeção de polímero usado neste trabalho. 115 Tabela XVIII: Faixas de retenção mecânica do polímero na rocha reservatório e conseqüente fator de resistência residual (Frr) da literatura [9] Polímero Retenção mecânica Frr μg/g − 0-7 1-1.5 Baixa adsorção / Frr muito bom 7-21 1-2.5 Baixo / bom (Campo) 21-42 2-4.0 Alto / nível acima do normal 42+ 4-10+ Muito alto para qualquer aplicação 7-14 1.5-2 Baixo / muito bom Goma Xantana Observação 2-5 Baixo / bom (Campo) 5-20 Alto / nível acima do normal (campo) 28-42 3-10 Muito alto 49+ 50+ Muito alto para qualquer aplicação 14-28 PHPA Tabela XIX: Valores do fator de resistência e do fator de resistência residual dos testes de fluxo com polímero # Parâmetro Teste P1 Entrada 1 Pressão inicial, Pi (psi) 2 Teste P2 Entrada Ponto médio 0,1 0,09 0,045 Pressão máxima, Pm (psi) 1,46 1,41 0,64 3 Pressão final, Pf (psi) 0,18 0,18 0,084 4 Pressão máxima / pressão inicial (Pm / Pi) 14,6 15,67 14,22 5 Fator resistência residual, Frr (Pf / Pi) 1,8 2 1,87 6 Retenção mecânica (μg/g) 68 40 Os valores dos fatores de resistência residual para os dois testes (P1 e P2) ainda estão dentro da faixa média aceitável para laboratório, de acordo com a Tabela XVIII. É importante lembrar, porém, que, neste trabalho, procurou-se trabalhar com uma permeabilidade na faixa inferior ao valor recomendado, o que pode ter elevado um pouco o nível de retenção nas gargantas de poros. Além disso, foram realizadas injeções de bancos muito grandes para garantir a estabilização dos fenômenos. 116 As curvas de pressão e os fatores de resistências medidos na entrada e no ponto médio da amostra no testes P2 mostraram que não houve entupimento localizado nem no início nem ao longo do meio poroso, confirmando uma retenção mecânica uniforme ao longo da amostra P2. 5.7.3 Parâmetros calculados a partir da concentração (pós-processamento) Ao contrário do caso da pressão, que é lida em tempo real ao longo do teste, não existe, no momento, nenhuma ferramenta que permita o monitoramento do perfil de concentração durante o percurso do banco no meio poroso. A opção, neste caso é trabalhar com o chamado problema inverso. Como já foi dito, a definição de problema inverso mais conhecida e abrangente é “Resolver um problema inverso é determinar causas desconhecidas a partir de efeitos desejados ou observados”, conforme Figura 68, [95]. O problema inverso é formulado como um problema de otimização não-linear, onde a função objetivo é definida como a diferença quadrática entre dados experimentais e dados obtidos através de um modelo matemático de transporte [95, 96]. Assim, neste trabalho, comparamos a solução dada pelo modelo matemático selecionado mediante os dados de entrada da programação dos testes de laboratório e ajustando o modelo matemático aos dados experimentais para cada um dos fenômenos atuantes, mediante o efeito e a intensidade observada para cada um deles. Problema direto Modelagem física DADOS OBSERVADOS efeitos PARÂMETROS causas Problema inverso Modelagem matemática Figura 68: Representação esquemática de problema inverso [95,96] 117 Desta forma, nesta Tese, os parâmetros associados aos fenômenos de interação rocha-fluidos foram calculados a partir do ajuste do modelo selecionado aos dados experimentais. Os fenômenos foram ajustados de forma independente e na seguinte ordem: 1) Dispersão, 2) Retenção mecânica, 3) Adsorção reversível e 4) Volume poroso inacessível. Avaliamos em paralelo os testes P1 e P2. As Figuras 69 e 70 apresentam os perfis de concentração experimentais na saída do meio dos modelos P1 e P2, respectivamente após os testes de fluxo de um banco de solução polimérica. Esta figura apresenta também dois balizadores para servir de referências no posicionamento dos perfis. O primeiro é o ponto de metade da concentração e de um volume poroso. Este é um ponto de referência quando o banco sofre ou não dispersão. Desde que o banco não sofra nenhuma alteração no eixo do tempo, ou seja, não atrase nem adiante. O outro balizador é o perfil de concentração teórico ideal supondo o deslocamento pistão do banco sem as interferências dos fenômenos de dispersão, adsorção física, retenção mecânica e volume poroso inacessível. A Tabela XX apresenta os dados de entrada do simulador matemático para os dois Testes P1 e P2 de polímero, já otimizados. Tabela XX: Dados de entrada do simulador para os Testes P1 e P2 Teste P1 # # 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 D L φ ρr Q Cb Cff Vb VPI Ea Ke No kr m N H Dx Peclet α VPIn Amostra m m ................ kg/m³ m³/s kg/m³ kg/m³ Vp Vp m²/s m³/kg kg/kg (kg/m3)1-m /s ................ cm Vp P1 Polímero 0,0378 0,0692 0,24 2,6E+03 1,67E-09 1,00 0,001 6,04 10,00 1,00E-09 2,80E-01 300, 0E-06 1,00E-05 2 100 2 1 103 0,07 0,10 Teste P2 P2 Polímero 0,0378 0,0725 0,18 2,6E+03 1,67E-09 1,00 0,001 4,78 10,00 2,00E-09 2,40E-01 200, 0E-06 1,00E-05 2 100 2 1 54 0,13 0,35 118 2,0 Concentração / Concentração inicial 1o Balizador: Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Pulso teórico: deslocamento ideal, pistão Perfil experimental 1,5 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 69: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico P1 (Teste P1) Concentração / Concentração inicial 2,0 Perfil de concentração teórico: ideal (pistão) Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Perfil experimental 1,5 1,0 0,5 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Volume Poroso Injetado Figura 70: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico P2 (Teste P2) 119 1) Dispersão: O primeiro fenômeno ajustado foi a dispersão. Como ponto de partida para os valores do coeficiente de dispersão axial (Ea), era sabido do item anterior que a dispersividade, que é uma característica da rocha e dos fluidos (deslocante e deslocado), variou de 0,40 (Pe= 71) a 0,90 (Pe= 32) para a rocha do reservatório alvo saturada apenas com água e no deslocamento do traçador que é uma molécula com mais mobilidade que o polímero. Como o polímero é uma molécula maior, com menos mobilidade, era esperado, para a mesma condição - mesmo tipo de rocha, mesma saturação (100 % água) e mesma velocidade - que o coeficiente de dispersão fosse um pouco menor que aquele encontrado para o traçador. Assim, no ajuste do polímero, partiu-se de dispersividade de 0,40 (Pe = 71 - Traçador) e o valor final ajustado final foi de 0,07 (Pe= 103 – Teste P1) (Tabela XX). Como era previsto, o coeficiente de dispersão (Ea) para o polímero foi menor do que o dos traçadores nas mesmas condições. Só para ilustrar, a Figura 71 apresenta as curvas correspondentes à dispersividade mínima encontrada para os traçadores e a dispersividade encontrada para o polímero para as mesmas condições. Como o efeito da dispersão é o espalhamento do banco traduzido na inclinação (de forma simétrica) da frente e da traseira, o ajuste do modelo nesta etapa consistiu na busca do valor do coeficiente de dispersão axial que correspondesse à inclinação dos dados experimentais dos Testes P1 e P2. A Figura 72 apresenta o perfil de concentração deste ajuste para o Teste P1 inicialmente no local correto conforme o resultado do modelo e depois deslocado no eixo do tempo com o objetivo apenas didático e elucidativo. A Figura 73 apresenta o perfil de concentração deste ajuste para o Teste P2. Levando em consideração que os dois testes trabalharam com o mesmo sistema: mesma rocha, amostra de mesmo comprimento, mesmos fluidos de reservatório, mesma temperatura, mesma velocidade de fluxo, e com o escoamento de mesmos fluidos (solução polimérica), era esperado que a dispersividade (coeficiente de dispersão) dos dois testes fosse bem próxima. Porém, como o segundo teste tem uma concentração de polímero menor, o que implica numa menor viscosidade e, portanto maior mobilidade, ele apresenta um coeficiente de dispersão axial maior que o Teste P1. 120 2,0 Concentração / Concentração inicial Perfil de concentração teórico: ideal (pistão) Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Modelo matemático: só dispersão: dispersividade (traçador mínimo) = 0,40 cm, Pe = 71 1,5 Modelo matemático: só dispersão: dispersividade (polímero Teste P1) = 0,07 cm, Pe = 103 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 71: Perfis de concentração teóricos supondo apenas a dispersão e os valores de dispersividade mínimo encontrados para o traçador e do polímero 2,0 Concentração / Concentração inicial Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Pulso teórico: deslocamento ideal, pistão Perfil experimental 1,5 Modelo matemático: só dispersao: local correto Modelo matemático: só dispersao: deslocado no eixo do tempo 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 72: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico P1 (Teste P1), ajuste do fenômeno da dispersão 121 Concentração / Concentração inicial 2,0 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Perfil de concentração teórico: ideal (pistão) Perfil experimental 1,5 Modelo matemático: dispersão + retenção macânica 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 73: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico P2 de laboratório (Teste P2), ajuste do fenômeno da dispersão 2) Retenção mecânica: O segundo ajuste foi a retenção mecânica. De acordo com a Tabela XVIII, a retenção mecânica dada em microgramas de polímero por grama de rocha não deveria ultrapassar o valor de 30. Acima deste valor, podem ocorrer problemas de entupimento no meio poroso. Neste trabalho, o balanço mássico convencional indicou uma retenção de 59 para o Teste P1 e 40 para o Teste P2, valores bem acima do recomendado. É importante lembrar que se trabalhou em condições extremas de baixa permeabilidade e volume do banco grande justamente para aumentar os efeitos dos fenômenos. Outro ponto importante da retenção mecânica é a ordem do fenômeno em relação à concentração. As Figuras 26, 27 e 28 apresentam a queda do perfil de concentração em relação à retenção mecânica para as ordens 0, 1 e 2. Como a retenção é uma função da concentração e no caso das macromoléculas, quanto maior a concentração maior a retenção e este fenômeno cai com a redução da concentração, foi escolhido a ordem 2 para a cinética deste fenômeno. Como o efeito da retenção mecânica é a redução da concentração, o ajuste do modelo nesta etapa consistiu na busca do valor do coeficiente de retenção 122 que correspondesse à redução do perfil de concentração dos dados experimentais dos Testes P1 e P2. As Figuras 74 e 75 apresentam os perfis de concentração do ajuste da retenção mecânica, já acrescido da dispersão, no caso da Figura 74 inicialmente no local correto conforme o resultado do modelo e depois deslocado no eixo do tempo com o objetivo apenas didático e elucidativo. Pelo ajuste do modelo da Tese, a taxa de retenção mecânica (Kr) dada em (kg/m3)1-m /s, é a mesma para os dois testes. Neste caso acredita-se que apesar da concentração do segundo teste (P2) ser menor, o que deveria implicar numa redução desta taxa de retenção, a permeabilidade da amostra deste segundo teste (P2) é menor o que implica num aumento da taxa. Desta forma acredita-se que houve uma compensação e a taxa de retenção resultante para os dois testes foi a mesma. Porém, de acordo com a Tabela XIX a retenção mecânica residual dada em microgramas de polímero por gramas de rocha (μg/g), ou seja, a quantidade de massa de polímero que ficou retida na amostra após a passagem do polímero é menor na segunda amostra, pelo fato do segundo teste ter um volume do banco menor que o do primeiro teste (P1). 2,0 Concentração / Concentração inicial Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Pulso teórico: deslocamento ideal, pistão Perfil experimental Modelo matemático: dispersão + retenção: local correto 1,5 Modelo matemático:: dispersao + retenção deslocado no eixo do tempo 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 74: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico P1 (Teste P1), ajuste do fenômeno da retenção mecânica e da dispersão 123 Concentração / Concentração inicial 2,0 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Perfil de concentração teórico: ideal (pistão) Perfil experimental 1,5 Modelo matemático: dispersão + retenção macânica 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 75: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico P2 (Teste P2), ajuste do fenômeno da retenção mecânica e da dispersão 3) Adsorção físico-química: A adsorção físico-química é um dos principais pontos de ataque desta Tese, pois não há como avaliar este parâmetro analisando de forma isolada o perfil de concentração, uma vez que ele é reversível e a alteração causada por ele é o atraso do perfil de concentração. Para substâncias comuns o método de análise do deslocamento do perfil no eixo do tempo é aplicável. Porém, para as macromoléculas, principalmente as de alta massa molar como é o caso dos polímeros usados em recuperação de petróleo, existe o quarto parâmetro chamado de volume poroso inacessível, que tem como consequência o adiantamento do banco. Estes dois efeitos se somam e não há como distingui-los, muito menos mensurá-los em condições normais. No método empregado nesta Tese o ajuste do modelo nesta etapa consistiu na busca do valor da adsorção máxima e da constante de adsorção que correspondesse ao melhor ajuste do perfil de concentração dos dados experimentais dos Testes P1 e P2, olhando apenas a forma (assimétrica) do perfil e não o atraso no eixo do tempo. 124 Como neste caso são dois parâmetros a serem ajustados (No e Ke) buscou-se estimar um deles, no caso a constante de adsorção (Ke) de forma independente. De acordo com a Figura 76, o fator de retardo g(C), que aparece na modelagem aumenta com concentração até um valor de concentração igual a 1. A partir daí ocorre uma mudança de comportamento, isso define que a faixa de variação de Ke é de 0 a 1 (Figura 77). Alem disso o teste de adsorção estático (Figura 23), onde se usou o mesmo sistema polímero/reservatório, o valor de Ke foi de 0,24. Na realidade a constante Ke está ligada ao equilíbrio do sistema, que nos dois casos é o mesmo, o que muda é a adsorção máxima, que no caso do teste estático (rocha inconsolidada) é maior em função da maior área exposta. Sendo assim, neste trabalho usamos o valor de Ke = 0,24 também para o ajuste dos testes de fluxo. As Figuras 78 e 79 apresentam os perfis de concentração do ajuste da adsorção física, já acrescido da dispersão, e da retenção mecânica no local correto conforme a saída do modelo. O ajuste final do modelo gerou um perfil de mesma forma e mesma posição no eixo do tempo dos dados experimentais. Pelo ajuste do modelo da Tese (Tabela XX), os resultados mostraram uma adsorção físico-química de 300E-06 kg de polímero por Kg de rocha para o Teste P1 e de 200E-06 kg de polímero por Kg de rocha para o Teste P2. Estes valores são altos comparados o valor da retenção máxima (Tabela XVIII) aceitável para aplicação de recuperação de petróleo que é de 30E-06. Tem que se levar em conta que, esta adsorção é reversível e, portanto não implica em perda de massa do banco de polímero ao longo do percurso. Porém, esta adsorção implica no aumento de pressão durante o deslocamento do banco e, portanto no fator de resistência, que, se for muito alto pode também inviabilizar o processo. 125 4,0 Fator de retardo do banco (g (C)) Adsorção máxima: No = 30, 0E-06 Adsorção máxima: No = 300, 0E-06 3,5 Adsorção máxima: No = 500, 0E-06 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 Constante de adsorção físico-química, Ke, (m³/kg) Figura 76: Variação do fator de retardo (g ( C)) com a constante de adsorção físico-química (Ke) 4,E-05 No = No = No = No = No = No = No = No = No = No = 4,E-05 Adsorção (kg/kg) 3,E-05 3,E-05 30,00E-06 kg/kg, 30,00E-06 kg/kg, 30,00E-06 kg/kg, 30,00E-06 kg/kg, 30,00E-06 kg/kg, 30,00E-06 kg/kg, 30,00E-06 kg/kg, 30,00E-06 kg/kg, 30,00E-06 kg/kg, 30,00E-06 kg/kg, Ke= Ke= Ke= Ke= Ke= Ke= Ke= Ke= Ke= Ke= 0,10 m³/kg 0,20 m³/kg 0,30 m³/kg 0,40 m³/kg 0,50 m³/kg 0,60 m³/kg 0,70 m³/kg 0,80 m³/kg 0,90 m³/kg 1,00 m³/kg 2,E-05 Adsorção estática Campo alvo 2,E-05 Ke = 0,24 1,E-05 5,E-06 0,E+00 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 Concentração (kg/m³) Figura 77: Variação da adsorção em função da concentração para diferentes constantes de adsorção físico-química (Ke) 126 2,0 Concentração / Concentração inicial Pulso teórico: deslocamento ideal, pistão Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 1,5 Perfil experimentais Modelo matemático: Ke -= 0,24, No = 300E-06 - no local do modelo 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 78: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico P1 (Teste P1), ajuste do fenômeno da adsorção física Concentração / Concentração inicial 2,0 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Perfil experimentais Modelo matemático: dispersão + retenção mecânica 1,5 Ke -= 0,24, No = 200E-06 - deslocado Ke -= 0,24, No = 200E-06 - no local do modelo 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 79: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico P2 (Teste P2), ajuste do fenômeno da adsorção física 127 4) Volume poroso inacessível: Conforme Figura 17, o volume poroso inacessível causa apenas o atraso do banco no eixo do tempo, o grande problema de quantificá-lo em métodos convencionais é diferenciá-lo do efeito da adsorção física, que atrasa o banco. O método descrito nesta Tese quantifica os três primeiros fenômenos e posiciona o banco no eixo do tempo preliminarmente, em seguida, propõe uma forma particular e não convencional para quantificar este quarto mecanismo. Nesta quantificação, o volume poroso inacessível é determinado pela diferença resultante no eixo do tempo entre o perfil gerado pelo programa e o perfil experimental (Tabela XXI e Figura 80). Esta consideração fecha a metodologia descrita nesta Tese. Tabela XXI: Cálculo do volume poroso inacessível nos Testes P1 e P2 # Posição do perfil Teste P1 Teste P2 Figura78 Figura 79 1 Modelo da Tese 0,40 0,35 2 Pontos experimentais 0,30 0,00 3 Volume poroso inacessível 0,10 0,35 Concentração / Concentração inicial 2,0 Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Perfil experimentais Modelo matemático: dispersão + retenção mecânica 1,5 Ke -= 0,24, No = 200E-06 - deslocado Ke -= 0,24, No = 200E-06 - no local do modelo 1,0 Volume poroso inacessível = 0,35 VP 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 80: Perfil de concentração do banco de polímero na saída de modelo físico P2 (Teste P2), ajuste do volume poroso inacessível 128 5) Degradação mecânica do polímero em fluxo em meio poroso: Após a quantificação dos fenômenosl, para completar a análise dos testes e proceder à interpretação dos resultados, foi feito a análise da degradação mecânica, conforme proposto no item 5.2 (Caracterização e seleção do polímero). A degradação mecânica ocorre quando o polímero é submetido ao fluxo em meios porosos com suas tortuosidades e estrangulamentos nas gargantas de poros onde o polímero é submetido nos testes de fluxo. A eficiência do polímero na recuperação de óleo está relacionada à resistência à compressão / estiramento, seguida de uma expansão em poros maiores para aumentar a capacidade de arraste [9, 27,28, 3540]. Esta degradação em meio poroso foi feita durante os testes de escoamento em meios porosos, com vazões típicas de reservatório (vazões baixas). As Figuras 81 e 83 apresentam os pontos de coleta no efluente dos Testes P1 e P2 para a determinação da viscosidade. As Figuras 82 e 84 apresentam os resultados de viscosidade em função da taxa de cisalhamento, para soluções poliméricas de Flopaam 3230S a 1000 e 600 ppm, respectivamente em água de injeção e a 50º C, previamente submetidas aos testes de fluxo. Observa-se que, na Figura 82, as amostras 1 e 6 possuem as menores viscosidades por estarem nas extremidades do perfil, isto é, no início e no final do banco. As quatro amostras restantes apresentam uma tendência definida. De forma decrescente as primeiras amostras apresentam uma maior queda na viscosidade devido à interação com o meio poroso. Na proporção em que a rocha vai ficando mais saturada com o polímero, as amostras seguintes vão sofrendo um menor cisalhamento em função da redução do atrito devido a uma lubrificação da rocha causada pelo próprio polímero. A redução da viscosidade é conseqüência da perda de massa devido à retenção mecânica e da quebra das cadeias devido ao cisalhamento durante o escoamento do banco. A Figura 84 (Teste P2) mostra um comportamento semelhante ao da Figura 82 onde as primeiras amostras possuem uma queda maior na viscosidade que as últimas em função da maior interação das primeiras com o meio poroso. É importante lembrar que os testes foram realizados em concentrações altas e em rochas de baixa permeabilidade o que maximiza o efeito da degradação mecânica. 129 2,0 Concentração / Concentração inicial 1o Balizador: Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Pulso teórico: deslocamento ideal, pistão Pontos experimentais 1,5 2 3 4 5 1 1,0 6 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 81: Esquema de coleta para determinação da viscosidade do efluente do Teste P1 Viscosidade, cP 1000 Solução original 1) Volume poroso injetado = 1,63 2) Volume poroso injetado = 2,86 3) Volume poroso injetado = 3,89 4) Volume poroso injetado = 5,05 5) Volume poroso injetado = 6,18 6) Volume poroso injetado = 7,38 100 10 1 1 10 100 1000 -1 Cisalhamento, s Figura 82: Determinação da viscosidade das amostras coletadas nos pontos de coleta da Figura 80, Viscosímetro Brookfield LVDVIII, CP40, 50º C 130 Concentração / Concentração inicial 2,0 Perfil de concentração teórico: ideal (pistão) Ponto médio: C/Co = 0,50 e VPI = 1,00 Perfil de concentração teste P2: polímero 1,5 1,0 0,5 0,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 Volume Poroso Injetado Figura 83: Esquema de coleta para determinação da viscosidade do efluente do Teste P2 1000 Solução original 1) Volume poroso injetado = 1,70 Viscosidade, cP 2) Volume poroso injetado = 3,34 3) Volume poroso injetado = 4,97 100 10 1 1 10 100 1000 -1 Cisalhamento, s Figura 84: Determinação da viscosidade das amostras coletadas nos pontos de coleta da Figura 81 (Teste P2), Viscosímetro Brookfield LVDVIII, CP40, 50º C 131 6. CONCLUSÕES 1)A ferramenta computacional desenvolvida nesta Tese foi apropriada para a simulação matemática dos testes de fluxo do processo de produção de petróleo usando fluidos poliméricos. 2)O modelo matemático desenvolvido auxiliará na seleção e dimensionamento do banco de polímero a ser usado no campo. 3)O sistema poliacrilamida reservatório/polímero parcialmente (reservatório hidrolisada) do selecionado nordeste foi brasileiro satisfatório para / o levantamento de dados necessários à alimentação do modelo matemático. 4)A consideração dos fenômenos de dispersão, adsorção físico-química, retenção mecânica e volume poroso inacessível permitiu desenvolver um modelo matemático aplicado para a seleção e dimensionamento do banco de fluido para operações de recuperação de petróleo. 5)O modelo matemático, constituído da equação de difusão e convecção acrescida do termo da adsorção de Langmuir e do termo fonte, representa, de modo satisfatório, os fenômenos de dispersão, adsorção físico-química, retenção mecânica e volume poroso inacessível. 6) A avaliação paramétrica qualitativa foi importante para confirmar a resposta do modelo aos efeitos de cada fenômeno previsto na fase de conceituação do problema. 7)O modelo matemático desenvolvido apresentou uma excelente concordância com as soluções analíticas da equação de fluxo quando se considera apenas a retenção mecânica, a difusão e a adsorção física, respectivamente. 8)O modelo matemático também apresentou uma excelente concordância com os dados experimentais do teste de fluxo usando apenas traçador. Nesta etapa foi passível também fazer um estudo independente dos valores da dispersão em função 132 da permeabilidade do modelo, da velocidade de fluxo e das saturações de água (100% água) e de óleo (óleo residual). 9)A metodologia de problema inverso, que é hoje uma área de intensa pesquisa e de grande importância científica na solução de problemas de diversas áreas, permitiu estabelecer uma nova abordagem para determinação dos fenômenos de interação rocha-fluido de forma simultânea e integrada, onde destacamos: ¾ a quantificação da retenção mecânica através de um taxa de retenção dada em m³/(kg.s) que permite a comparação com outros testes de fluxo e a extrapolação para casos de campo de forma consistente em vez da determinação convencional de retenção mecânica em microgramas de polímero por gramas de rocha de forma independente que não leva em consideração a concentração, o tamanho do banco etc. ¾ a avaliação da adsorção físico-química, que, pela sua característica de reversibilidade é impossível de ser avaliada, mesmo independente dos demais fenômenos, por outra forma que não seja a de problema inverso. Esta metodologia é mais precisa e menos trabalhosa que as descritas pela literatura até o momento para este fenômeno. ¾ uma nova abordagem para avaliação do volume poroso inacessível de forma integrada com os demais fenômenos de interação rocha-fluidos. 133 7- SUGESTÕES 1) Planejar uma série de experimentos de laboratório usando a teoria de planejamento de experimento para avaliar melhor a interdependência dos parâmetros de controle de cada um dos fenômenos entre si e entre as características da rocha e da molécula do polímero. 2) Implementar o ajuste automático no simulador híbrido para otimizar o uso do mesmo. 3) Construir o modelo radial para completar o trabalho de dimensionamento de campo. 4) Construir modelo five spot para campo, por exemplo, usando o método similar ao de Abbaszadeh-Dehghani, onde ele primeiro desenha as linhas de fluxo e depois aplica a solução de difusão e convecção para cada um dos canais, no caso dele, sem considerar a adsorção. No caso do escoamento de polímero, incluindo a adsorção físico-química (reversível) e a retenção mecânica (irreversível). 134 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) Pinotti, R.,Desafios ambientais do séculos XX1, Petrobras,2007. 2) Van Bellen, H. M., Desenvolvimento Sustentável: Uma Descrição das Principais Ferramentas de Avaliação, Ambiente & Sociedade – Vol. VII nº. 1 jan./jun. 2004. 3) Souza, A. L. S., Furtado, C. J. A., Reinjeção de água produzida na Petrobras: perspectivas e desafios, Boletim técnico da Produção de Petrobras, Rio de Janeiro – volume 1, número 2, p. 215-231. 4) Silva, I. P. G., Melo, M. A., Luvizotto, J. M., Lucas, E. F., Polymer Flooding: A Sustainable Enhanced Oil Recovery in the Current Scenery, LACPEC 2007, SPE 107 727. 5) Chang, H. 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Ke ρr . (1 − ϕ ) . ϕ (1 + Ke . C ) 2 (73) (74) (75) Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo