FACULDADE CEARENSE - FAC BACHARELADO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA RAFAEL DA SILVA MACIEL O PROCESSO CRIATIVO NO DESENVOLVIMENTO DE MARCAS: UM ESTUDO DE CASO DA MARCA TV DN FORTALEZA 2012 RAFAEL DA SILVA MACIEL O PROCESSO CRIATIVO NO DESENVOLVIMENTO DE MARCAS: UM ESTUDO DE CASO DA MARCA TV DN Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Faculdade Cearense, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Comunicação, com habilitação em Publicidade e Propaganda, sob a orientação do Prof. Francisco Norton Falcão Chaves. FORTALEZA 2012 M152p Maciel, Rafael da Silva O processo criativo no desenvolvimento de marcas: um estudo de caso da marca TV DN / Rafael da Silva Maciel. – 2012. 65f. Orientador: Profº. Francisco Norton Falcão Chaves. Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade Cearense, Curso de Comunicação com Habilitação em Publicidade e Propaganda, 2012. 1. Publicidade – conceito visual. 2. Marca - design. 3. Identidade visual. I Chaves, Francisco Norton Falcão. II. Título CDU 659.12 Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274 RAFAEL DA SILVA MACIEL O PROCESSO CRIATIVO NO DESENVOLVIMENTO DE MARCAS: UM ESTUDO DE CASO DA MARCA TV DN Trabalho de Conclusão de Curso como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Comunicação, com habilitação em Publicidade e Propaganda, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovado pela banca examinadora composta pelos professores. Data de aprovação: ____ / _____ / _____. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________________ Professor Orientador Francisco Norton Falcão Chaves ________________________________________________________________ Professor Esp. Paulo Augusto dos Santos Paiva ________________________________________________________________ Professora Ma. Maria do Céu Studart Matos Cruz AGRADECIMENTOS A Deus, amigos e familiares, pela força, que estimula os sonhos e impulsiona a realização das metas. Sem essa força não há vontade de chegar ao final do objetivo traçado. “Os produtos são criados na fabrica. As marcas são criadas na mente.” (Walter Lander) RESUMO Esta pesquisa intenciona identificar e ressaltar a importância e os mecanismos visuais do design da marca e dos conceitos presentes no desenvolvimento da mesma, tendo como suporte de pesquisa a analise do processo criativo da marca TV DN pertencente ao Jornal Diário do Nordeste. Uma marca voltada para a área do jornalismo na internet, utilizando o mecanismo de web tv. A pesquisa aborda o processo criativo de marcas segundo conhecimentos da comunicação visual, do design, conceitos de marca e a própria criatividade pessoal. A temática não se apresenta como um manual técnico de construção de uma marca, mas sim, uma abordagem de elementos que contribuem para que a marca possa retratar uma estrutura gráfica e conceitual coerente com as ideias captadas desde a coleta das primeiras informações. Objetiva-se apresentar os elementos propulsores da concepção de uma marca, elementos que condicionam a construção visual gráfica, evidenciando a importância do conhecimento em design para o processo criativo, tendo em vista, as várias possibilidades de construção visual da marca. A pesquisa está fundamentada em autores do design e da comunicação visual como Alina Wheeler, Rodolfo Fuentes, Bruno Munari e outros, buscando, através de uma pesquisa de campo, evidenciar o processo criativo da marca TV DN, e assim apresentar elementos da comunicação visual e do design presentes no processo de construção das marcas. Palavras-chave: Conceito Visual. Design. Identidade Visual. Marca. ABSTRACT You research intends to identify and highlight the importance and mechanisms of visual brand design and visual mechanisms present in the same development, supported research to examine the creative process of the brand owned by TV DN Journal Diário do Nordeste. A brand focused on the area of journalism on the Internet, using the mechanism of web tv. The research addresses the creative process of brands seconds knowledge of visual communication, design concepts and brand own personal creativity. The issue is not presented as a technical manual to build a brand, but an approach of elements that contribute to the brand can portray a graphic and conceptual framework consistent with the ideas taken from the collection of the first information. The objective is to present the elements thrusters designing a brand, building elements that affect visual graphics, highlighting the importance of design knowledge into the creative process, in order, the various possibilities for building visual brand. The research is based on the authors design and visual communication as Alina Wheeler, Rodolfo Fuentes, Bruno Munari and others, looking through a field survey highlight the creative process of brand TV DN, and thus introduce elements of visual communication and design present in the process of building brands. Keywords: Visual Concept. Design. Visual Identity. Brand. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 Fumaça de avião-intencional ............................................................. 12 FIGURA 2 Indício visual de chuva - casual ......................................................... 12 FIGURA 3 Comunicação visual intencional ......................................................... 13 FIGURA 4 Formas básicas da comunicação visual ............................................ 16 FIGURA 5 Marca estilo cubista ........................................................................... 24 FIGURA 6 Marca estilo cubista ........................................................................... 24 FIGURA 7 Marca GE estilo Art Nouveaut............................................................ 25 FIGURA 8 Marca Ford Motor estilo Art Nouveaut ............................................... 25 FIGURA 9 Layout com marca Escola de Design Bauhaus.................................. 26 FIGURA 10 Cor inconfundível da Coca Cola ........................................................ 28 FIGURA 11 Cores e layout publicitário da marca Itaú ........................................... 28 FIGURA 12 Marca Mc Donald’s ............................................................................ 33 FIGURA 13 Marca pictórica Lacoste ..................................................................... 36 FIGURA 14 Exemplo de marca abstrata ............................................................... 37 FIGURA 15 Logotipo IBM ...................................................................................... 37 FIGURA 16 Marca CVC ........................................................................................ 38 FIGURA 17 Marca Coca-Cola ............................................................................... 39 FIGURA 18 Exemplo de identidade visual ............................................................ 41 FIGURA 19 Exemplo de manual de identidade visual ........................................... 42 FIGURA 20 Exemplo de aplicação de marca ........................................................ 44 FIGURA 21 Exemplo de aplicação de marca web site .......................................... 45 FIGURA 22 Marca aplicação na publicidade ......................................................... 46 FIGURA 23 Marca aplicação na publicidade ......................................................... 46 FIGURA 24 Logotipo TV DN ................................................................................. 52 FIGURA 25 Raf ou esboço da marca TV DN ........................................................ 53 FIGURA 26 Grade de construção da marca TV DN .............................................. 54 FIGURA 27 Cor verde predominante no grupo SVM ............................................ 56 FIGURA 28 Logotipo TV DN aplicação no “web site” ............................................ 56 FIGURA 29 Logotipo aplicação layout publicitário ................................................ 57 FIGURA 30 Layout publicitário divulgado no site Diário do Nordeste ................... 57 FIGURA 31 Logotipo aplicado ao estúdio de vídeo ............................................... 58 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10 1 COMUNICAÇÃO VISUAL .................................................................................... 12 1.1 Percepção e construção visual ................................................................... 14 1.2 Formas e elementos básicos da comunicação visual ............................... 16 1.3 O simbolo na comunicação visual .............................................................. 18 1.4 Design ............................................................................................................ 19 1.5 A evolução do design e a influência nas marcas ...................................... 23 1.6 Cor: elemento visual influente ..................................................................... 27 2 A MARCA E O DESIGN DA MARCA ................................................................... 32 2.1 Estruturas da marca ..................................................................................... 35 2.2 Identidade visual e manual de identidade da marca.................................. 41 2.3 Aplicações da marca: Pontos de contato ................................................... 43 3 PROCESSO CRIATIVO DA MARCA TV DN........................................................ 48 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 60 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 62 ANEXOS ................................................................................................................... 63 10 INTRODUÇÃO O logotipo, enquanto elemento gráfico, possui a responsabilidade de apresentar a marca, seus atributos, qualidades e serviços, contudo, para chegar a essas informações e transformá-las em uma forma gráfica, é preciso um conhecimento sobre design, comunicação visual e muita criatividade. A pesquisa em questão tem o objetivo de apresentar um universo de elementos visuais que fazem parte do processo criativo de uma marca, tendo como objeto de estudo a marca TV DN, pertencente ao Diário do Nordeste. A marca representa um site de “web tv” que tem como função apresentar programas voltados ao jornalismo. O propósito do estudo se concentra em identificar, a partir do processo criativo da marca TV DN, os elementos da comunicação visual e do design que foram previamente escolhidos e aplicados na concepção da marca. A partir do estudo de caso com abordagem qualitativa e utilizando como instrumento de pesquisa a entrevista, identificou-se, com base em levantamentos bibliográficos, que o processo criativo da marca, evidencia os elementos da comunicação visual e do design. Segundo Lara (2008) a entrevista constitui um dos mais uteis e eficientes instrumentos de coleta de dados. A entrevista qualitativa proporcionou um melhor posicionamento sobre a construção gráfica da marca, identificando os elementos visuais utilizados. No primeiro capitulo da pesquisa, a comunicação visual é apresentada como elemento básico e fundamental para identificação de conceito visual e gráfico. A percepção e compreensão das informações visuais que nos rodeiam é abordada na identificação dos elementos básicos e na questão do símbolo como elemento visual fundamental no processo criativo. Em seguida, o design é abordado para identificação da criatividade no processo de construção visual. Seus elementos e sua história são fundamentais para que a estrutura gráfica seja elaborada. No segundo capitulo, a marca é focada como parte importante da pesquisa, pois para a construção é preciso conhecimento e a marca apresenta-se como elemento visual que reflete o conhecimento, tanto no tangível quanto no intangível. Seguindo também no design da marca, que é um fator primordial para alcançar a identidade que aproxima a marca do seu público. 11 Depois de conhecer os principais elementos envolvidos na geração de conceito na criação de uma marca, o terceiro capítulo traz a marca TV DN e a identificação destes elementos em seu processo criativo, visualizando o contexto do símbolo, cores, tipografia e aplicações da marca. O trabalho apoiou-se em autores da comunicação visual e do design para apresentar conceitos, estruturas, história e a importância dos elementos visuais na construção da marca enquanto conceito. Das informações coletadas com a entrevista, identificou-se a importância do design da marca e como a escolha por elementos visuais que representem a marca, sua experiência, mercado, objetivos e serviços influenciam na atuação e na visualização da marca. 12 1 COMUNICAÇÃO VISUAL Tudo que os olhos podem ver transmitem mensagens, sejam cores, símbolos, ou formas. Imagens, placas, signos, gráficos, vídeos, todos esses elementos estão inseridos na sociedade e funcionam como ponte para determinados serviços ou marcas. Esse conjunto de informações visuais está condicionado no meio em que vivemos, fazem parte do cotidiano e até mesmo da paisagem urbana, tem suas funções e objetivos específicos, está voltada diretamente a nossas percepções e anseios, sempre presente para mostrar e comunicar intenções, transcritas em informações visuais. Segundo Munari (2006), podemos perceber a comunicação visual de dois modos gerais, casual e intencional. A casual refere-se a informações sem intenção proposital de comunicar algo, fenômenos que acontecem naturalmente, mas que podemos compreender, como por exemplo, tempo nublado e nuvens carregadas nos faz entender que vai chover. A comunicação visual intencional é propositalmente criada para mostrar algo, informação visual manipulada intencionalmente com a finalidade de comunicação. Como exemplo, podemos citar sinais de fumaça das fogueiras usados por povos antigos que tinham a função de sinalizar algo ou chamar a atenção, ou as diversas formas da fumaça dos aviões da esquadrilha da fumaça. Figura 1 – Fumaça de avião-intencional Figura 2 – Indicio visual de chuva – casual Fonte: http://www.maisinterativa.com.br Fonte: www.infonet.com.br 13 Munari (2006) aborda ainda que a comunicação casual pode ser livremente interpretada por quem a recebe, ou seja, o receptor pode compreender a mensagem de acordo com seus princípios de percepção. A comunicação intencional deve ser recebida, absorvida e compreendida, atendendo assim, a pretensão do emissor de transmitir uma informação. A comunicação visual casual é a nuvem que passa no céu não certamente com a intenção de nos advertir que está para chegar um temporal. Comunicação intencional é, pelo contrário a serie de nuvenzinhas de fumaça que os índios faziam para comunicar através de um código preciso, uma informação precisa. (MUNARI, 2006, p.65) A comunicação visual é a maneira de mostrar, vender ou simplesmente apresentar algo através de informações acessíveis a nossos olhos. Tem grande poder comunicacional, explorado intensamente no mercado consumidor, estando ligada às emoções e desperta interesses, além de intenções distintas. Tem em seu foco principal a transmissão visual de mensagens, tornando-se imprescindível no meio da comunicação. Figura 3 – Comunicação visual intencional - Fonte: http://newconstructionmanhattan.com A comunicação como um todo se baseia na partilha de informações, ou seja, emissão e recepção. Quando falamos de comunicação, imaginamos alguém enviando uma mensagem e outra pessoa recebendo; esse é o processo natural da intercomunicação. Na comunicação visual acrescentamos ainda o fator compreensão que é elemento necessário para que haja uma comunicação, pois o 14 entendimento da mensagem é que a torna válida. Tudo transmite mensagens e a comunicação visual é uma dessas surpreendentes maneiras de interagir em meio ao mundo, repleto de cores e formas. A comunicação visual é assim, em certos casos, um meio insubstituível de passar informações de um emissor a um receptor, mas as condições fundamentais do seu funcionamento são a exatidão das informações, a objetividade dos sinais a codificação unitária e a ausência de falsas interpretações. (MUNARI, 2006, p. 56) A constante presença da comunicação visual no cotidiano das pessoas, a transforma em um elemento visual necessário para que exista uma troca de informações visuais, ou seja, para que haja uma interação entre emissor e receptor. 1.1 Percepção e construção visual A construção visual está ligada diretamente com o receptor da mensagem, como ele a entende e propaga as informações. A partir do objetivo traçado e da mensagem construída, os elementos visuais tomam forma e manifestam as informações necessárias para a recepção e o entendimento dos receptores. A partir de uma ideia, constrói-se um conceito que atinja a determinado objetivo. Explorando os elementos visuais, pode-se chegar aos significados, que nada mais são, do que a composição das ideias. Criamos um design a partir de inúmeras cores e formas, texturas, tons e porções relativas; relacionamos interativamente esses elementos; temos em vista um significado. O resultado é a composição, a intenção do artista, do fotografo ou do designer. (DONDIS, 2007, p.30) Assim como é importante comunicar, é ainda mais importante interpretar ou assimilar essas informações. A percepção está associada diretamente à comunicação visual; faz com que enxerguemos e compreendamos o conteúdo das mensagens visuais. Na comunicação visual, é importante que não apenas enxerguemos as formas, mas principalmente o conteúdo, o que realmente a mensagem, a cor ou o objeto querem transmitir. “Na criação de mensagens visuais, o significado não se encontra apenas nos efeitos cumulativos da disposição dos elementos básicos, mas também no mecanismo perceptivo universalmente compartilhado pelo organismo humano.” 15 (DONDIS, 2007, p.30) Segundo a afirmação do autor é importante que se veja e traduza-se a informação apresentada, para que se complete o ciclo comunicacional entre emissor e receptor. A comunicação visual, assim como qualquer outro processo de comunicação, almeja a recepção da mensagem e que a mesma seja claramente compreendida. A informação deve ser compreendida pelo receptor, para que seu objetivo seja alcançado, pois, toda mensagem tem uma funcionalidade, ou seja, é criada para um determinado propósito. A percepção e a interpretação dos fenômenos, cores e sons que estão ao nosso redor, nos torna parte desse processo comunicacional. As indicações são emitidas pelos códigos visuais e convertidas em informações. Assim, quando percebemos que vai chover, reconhecemos símbolos de trânsito ou respondemos a um comprimento gestual estamos assimilando a informação visual que conscientemente ou não é reconhecida por nossos olhos e cérebro. A informação visual também pode ter uma forma definível seja através de significados incorporados, em forma de símbolos, ou de experiências compartilhadas no ambiente e na vida. Acima, abaixo, céu azul, árvores verticais, areia áspera, fogo vermelho-alaranjado-amarelo são apenas algumas das qualidades denotativas, possíveis de serem indicadas, que todos compartilhamos visualmente. Assim, conscientemente ou não respondemos com alguma conformidade a seu significado. (DONDIS, 2007, p.32) Existem diferentes maneiras de se interpretar ou compreender a comunicação visual, e a essa parte da decodificação da mensagem visual, Munari (2006, p.68) chama de filtros visuais. Uma pessoa daltônica não vê as cores da mesma forma que uma pessoa com perfeita visão. Esse filtro é chamado de sensorial. Há também o filtro funcional que está ligado às características psicofisiológicas. Uma criança não tem a mesma percepção da informação do que um adulto. No filtro cultural, as informações que são assimiladas são as que fazem parte de seus costumes, suas crenças, seu universo cultural. Os filtros, de modo mais claro, são as percepções e traduções das mensagens que recebemos, cada indivíduo tem sua visão. Enxergar não é apenas ver o objeto e sim entender o que ele significa. A maneira como cada indivíduo responde às diferentes informações que vê resulta em suas escolhas e opiniões sobre contextos diversos, cada consumidor com suas preferências, maneiras de viver, e enxergar o mundo a sua volta. Entende-se então que o mesmo refere-se às 16 diferentes maneiras de percepção e construção do que está a sua volta. A compreensão e visão do indivíduo segundo sua cultura, deficiência ou experiências. As cores e as formas são parte do processo de comunicação visual, são elas que transmitem as informações e através delas interpretamos o que cada uma por si só e reunidas querem transmitir. 1.2 Formas e elementos básicos da comunicação visual As formas básicas são aquelas que podem gerar várias outras mediante a variação de seus componentes. Elas são fundamentais na construção de sentidos para formas de layouts e marcas. Estas formas básicas são: o triangulo equilátero, o quadrado e o círculo. Formas comuns presentes em várias ocasiões da vida e na visão cotidiana. Essas formas integram a base de construção gráfica, como um alicerce, que a partir dele se desenvolve a obra. Na construção visual é preciso desenvolver pilares de sustentação e formas que facilitem o molde da arte gráfica, e as formas básicas se encaixam perfeitamente neste contexto. Elas permitem a ramificação de diferentes formas a partir de seus traços, integram um conteúdo essencial no desenvolvimento das marca e suas complexidades gráficas. As formas básicas estão inseridas em quaisquer estruturas gráficas. Integram o suporte para o desenvolvimento visual e referência inicial na construção de layouts e marcas. Figura 4 – Formas básicas da comunicação visual – Fonte: http://www.acrilex.com.br Para criarmos formas, cores, layouts, temos que ter em vista elementos fundamentais para a composição de um projeto visual. São elementos básicos que 17 compõem o que enxergamos, estruturas fundamentais de qualquer informação visual. Sempre que alguma coisa é projetada e feita, esboçada e pintada, desenhada, rabiscada, construída, esculpida ou gesticulada, a substância visual da obra é composta é composta a partir de uma lista básica de elementos. (DONDIS, 2007, p.51) O ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento são os pilares que sustentam a composição visual. O conhecimento e reconhecimento dessas formas podem trazer profunda compreensão de construção de projetos visuais. Dondis (2007) aborda o conceito e aplicabilidade dos elementos visuais. O ponto é a unidade mínima de comunicação visual da natureza, tem grande poder de referência e atração visual. A linha surge como o movimento do ponto pode assumir diversas formas e expressar diferentes sensações. Ela tem ainda o poder de descrever ou construir formas, na qual temos como básicas: o quadrado, o circulo e o triângulo equilátero. A direção traz sentido à composição, expressando movimento e guiando na leitura visual. O tom traz a expressão da luz, através dela distinguimos a complexidade da informação visual. Nas artes gráficas o tom é reconhecido como pigmentos ou tintas. A cor é um elemento visual carregado de informações, traz consigo diferentes sensações e emoções. Tanto na luz quanto no pigmento exercem as mesmas funções sensoriais. Em uma forma mais simples podemos perceber a estrutura das cores no círculo cromático. Nele estão inseridas as cores primárias (amarelo, vermelho e azul) e as cores secundarias (laranja, verde e violeta) ainda sendo possível através do circulo cromático obter várias outras variações de matizes. Na comunicação visual, a cor exerce uma função de grande importância, atrair a percepção do consumidor ou observador, traz por si só informações suficientes para serem identificadas e compreendidas, Dondis (2007, p.64) aborda que “A cor está, de fato, impregnada de informação, e é uma das mais penetrantes experiências visuais que temos todos em comum.” A textura nos mostra uma visibilidade palpável, sensitiva, podemos não sentir a textura em sua forma visual, mas podemos imaginar e reconhecer que sensações ela nos transmite dando a arte visual qualidades óticas. Quando falamos de escala, falamos de medidas, tamanhos e proporções, muito usadas em projetos gráficos e mapas. Está ligada também a 18 relação entre os objetos ou com o campo visual. O uso correto da escala traz o domínio sobre proporcionalidade. Dondis (2007, p. 75) afirma que “Aprender a relacionar o tamanho com o objeto e o significado é essencial na estruturação da mensagem visual.”. A dimensão é uma sensação visual real, podemos vê-la e senti-la, e ainda manipula-la na comunicação visual, utilizando-se da ilusão da perspectiva ou utilizando-se dos efeitos da luz. O movimento na comunicação visual está implícito, representado. A representação do movimento está ligada ao uso de técnicas ou formas que retratem ou sugiram movimento. Todos esses elementos, o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura a escala, a dimensão e o movimento são os componentes irredutíveis dos meios visuais. Constituem os ingredientes básicos com os quais contamos para o desenvolvimento do pensamento e da comunicação visuais.(DONDIS, 2007, p. 75). Cada elemento visual tem um conceito individual, juntos formam composições necessárias para a comunicação visual, são partes que compõem toda estrutura visual que conhecemos, elementos independentes, mas que unidos formam imagens e geram sensações perceptíveis através dos olhos. E as imagens são elementos que geram uma atração visual, ou seja, tem um poder comunicacional muito forte. É o que encontramos, por exemplo, nos símbolos. 1.3 O símbolo na comunicação visual O símbolo é um elemento visual que está associado a significado. Sua forma, embora, desenvolvida para trazer representação e não reprodução, transmite um significado que, trazendo para o universo do processo criativo de marcas, é fundamental. É também um elemento visual muito utilizado para criar associação de marcas. Hurlburt (1980, p.72) defende que “Desde as primeiras manifestações da comunicação visual, os símbolos tem desempenhado um papel de destaque no processo de construção visual.” Os símbolos conseguem manifestar em pequenas formas grandes significados, um exemplo citado pelo autor é a cruz, que segundo ele, foi um dos primeiros símbolos de importância mundial. O símbolo, segundo Hurlburt (1980) é uma linguagem visual que aproxima o observador, função esta, desempenhada pelas marcas que se interligam a símbolos para aproximar o observador do conceito. Ele pode ser representado por 19 uma forma abstrata, uma figura geométrica, uma fotografia, uma ilustração, uma letra do alfabeto ou até mesmo um numero. Qualquer figura visual pode se apropriar de uma simbologia, trazer um conceito a uma forma, está diretamente ligada ao processo criativo dentro comunicação visual. Os símbolos mergulhados dentro do processo criativo são formas essenciais que ligam imagem a conceito, ajudam o design a dar forma ao conteúdo caracterizando a identificação do conceito através do símbolo. Existe um vasto universo de símbolos que identificam ações ou organizações, estados de espírito, direções — símbolos que vão desde os mais pródigos em detalhes representacionais até os completamente abstratos, e tão desvinculados da informação identificável que é preciso aprendê-los da maneira como se aprende uma língua. (DONDIS, 2007, p.20) Dondis (2007) disserta sobre a complexidade dos símbolos, sua total abrangência no campo visual e importância para o processo criativo. Os símbolos em sua abstração ajudam a sintetizar uma ideia, fazer com que o conteúdo em questão seja rapidamente lembrado e absorvido pelo observador. Pode ser formalmente convencionado, ou simplesmente feito para determinado grupo de observadores que possivelmente compreendem o significado específico do símbolo. Remete valores, desejos, religiosidade, sentimentos em geral. Tem como foco principal a proximidade, que é uma característica presente no contexto do mesmo. Trazer determinada lembrança ou extrair determinado sentimento do observador é sem dúvida a maior expressão do símbolo. Podemos comparar os símbolos com marcas, visualmente falando, pois, possuem a mesma dinâmica de sentido, a lembrança. Suas formas projetam o observador para a raiz da comunicação emitida, correlacionando a forma ao conteúdo que formalmente simboliza. 1.4 Design Projetar ou criar são as definições mais precisas da palavra design, que tem sua origem na língua inglesa. Mais do que uma expressão de significado técnico, o design também está ligado a funcionalidade e conceito. Design é criação, forma e conteúdo, unidos em um mesmo conceito visual. Segundo Cesar (2006, p.111), “Quando se cria um projeto gráfico onde todos os elementos de um conjunto estão combinados e tratados de maneira que fiquem bem distribuídos e tenham 20 sentido se está fazendo design gráfico.” A perfeita sincronia entre os elementos envolvidos na criação visual é fundamental para que haja uma compreensão da comunicação emitida. O design precisamente remete-se a formas e transformações, e o design gráfico compõe este universo. Boas (1963/2003, p.1) assim o define: Design gráfico se refere a área de conhecimento é a prática profissional especificas ao ordenamento estético-formal de elementos textuais e não textuais que compõe peças gráficas destinadas a reprodução com objetivo expressamente comunicacional. Ele transforma, organiza e finaliza uma concepção visual. Tem a função de reunir elementos visuais em um contexto harmônico para transmitir uma mensagem. Fuentes (2006, p. 121) define o que seriam as inspirações do designer “O contexto de trabalho do designer é o mundo, tanto o ambiente físico primário como a complexa trama formada pela cultura humana [...]”. Para o designer o conhecimento é essencial, pois a sua mobilidade depende de sua interpretação do mundo, seus conhecimentos são usados para compor as formas e as estruturas comunicativas. O conhecimento interfere diretamente na qualidade do trabalho do design, quanto mais informação mais precisa será sua abordagem no desenvolvimento de uma marca. O acesso fácil a informação acelera a evolução do design, torna a criação mais produtiva e sem limites de interpretação visual. A informação está ao alcance da mão, de todas as mãos. O que em algum momento foi o guardado secreto do professor, hoje em dia está a disposição de todo mundo. Por esta razão o design gráfico está em permanente mudança, muda constantemente para ser e parecer, ou para diferenciar-se e aparecer. (FUENTES, 2006, p.64) O design faz do conhecimento um mecanismo para suas obras, todas as transformações e criações são baseadas no que o mundo oferece visualmente. Trata-se do contexto que em tempos atuais é fator primordial para o êxito em um algum tipo de trabalho. Na criação de marcas, não funcionaria diferente o conhecimento técnico somado ao conhecimento do perfil do cliente o que resulta em obras visuais que atendem a necessidade e identidade do cliente. Design por tratar-se de organização e sentido, é formado por elementos que somados formam a composição do design, são eles: a estrutura, cor, escala, suporte, tipografia e a imagem. No universo do processo criativo, esses elementos 21 são peças fundamentais para um bom trabalho gráfico, automaticamente também influenciando no processo de desenvolvimento das marcas. A estrutura segundo Fuentes (2006) é o suporte base para o levante do conceito visual. As cores, a tipografia, a texturas são estruturas visuais presentes na composição dos elementos do design. No universo da criação, seja em um simples logotipo utilizado em cartões ou em um outdoor, a construção desses ícones gráficos tem um destaque no tamanho, ou seja, na escala, que significa a proporcionalidade desses layouts em relação ao contexto aplicado. A interpretação real das dimensões em que o trabalho será aplicado é de suma importância, pois só assim pode-se ter uma noção da aplicação do trabalho em sua proporcionalidade verdadeira. O autor Dondis (2007, p.67) ressalta que “Além das diferenças no conteúdo comunicativo é de vital importância considerar o tamanho real do que estamos desenhando, e não menos vital e importante é a distância entre a manipulação ou a leitura de nosso projeto.” O tamanho da arte deve ser proporcional a importância da aplicação perante o público sem esquecer da proporcionalidade visual seguindo a ideia da arte. O papel é a ideia palpável, de acordo com Fuentes (2006, p.78) é o suporte para a transcrição da arte desenvolvida: “O papel é o suporte, a superfície, o palpável do trabalho gráfico e dessa forma atua como protagonista no contato da mensagem com seu receptor.” A importância do papel é observada na quantidade de impressos que nos impactam todos os dias, suas texturas e cores, espessuras e cortes são projetados para transmitir sensações e principalmente se fixarem dentro da rotina das pessoas. A tipografia é uma arte que vem evoluído segundo a imaginação do design. Suas diversas aplicações tornam o texto um elemento fundamental na comunicação humana. A construção de um alfabeto, as relações críticas entre os elementos que regem personalidade, utilidade e legibilidade de uma família de letras em particular requerem profundos estudos, conhecimentos e valores estéticos e funcionais realmente excepcionais. (FUENTES, 2006, p.71) É grande a carga de informações que um tipo carrega consigo, suas aplicações requerem combinação com a temática escolhida e principalmente a estética adequada. Nos logotipos, verifica-se a aplicação de texto e símbolo, no qual 22 o texto tem a função de carregar o nome da empresa ou produto, necessita ter uma ponte que ligue as duas vertentes: imagem e texto. Historicamente, a tipografia se adaptou a cada fase vivida pelo homem, suas diversas famílias, compõem uma transcrição da historia dos textos, segundo suas épocas de aplicações. Consolida-se como elemento fundamental da comunicação visual e do design. As aplicações do texto seguem vertentes de estilos e categorias específicas, por exemplo, o uso de serifas manifesta uma ideia de formalidade e antiguidade, enquanto às fontes sem serifas são usadas para mostrar clareza e objetividade. Transpõem um contraste e diversidade, pois suas aplicações são cabíveis a diferentes temáticas. [...] muitos designers consideram que existem diferentes necessidades e aplicações para uma ampla variedade de tipos: a característica clássica e repousante de um desenho romano, com suas graciosas serifas; a vivacidade de um tipo moderno, com seu toque fino linear e a aparência pesada de um Memphis com suas serifas retas – todos eles têm um potencial específico e estimulante. (HURLBURT, 1980, p.105) Em sua extensa aplicabilidade manifesta sentimentos e desejos tornandose peça chave na comunicação visual. Sua importância visual caminha ao lado de sua importância comunicacional, transcrevendo em texto as diversas formas de ver o mundo. A imagem está presente na história desde que o homem das cavernas desenhava nas paredes para retratar sua história cotidiana. Por conta de sua vital importância para o design, a imagem é elemento fundamental no processo de criação. Segundo Fuentes (2006), as imagens no campo do design se dividem em quatro manifestações visuais de captação: esquemas, ilustrações, fotografias e digitalizações diretas. As fotografias assumem lugar de destaque no campo das imagens, pois retratam a realidade, e na comunicação visual tem o papel de sedução para atrair olhares e criticas. O esquema aparece pela necessidade de apresentar ou mostrar uma rede complexa ou sistemas complexos. Pode ser compreendido como organogramas, sociogramas, cronogramas, redes e histogramas. A ilustração tem como objetivo representar uma visão pessoal ou uma interpretação a fim de completar um determinado texto ou publicação. A ilustração é a maneira de representar o que vemos ou uma interpretação do que vemos. Fuentes 23 (2006) define a ilustração como a herdeira da necessidade pré-fotográfica de mostrar acontecimentos, lugares, personagens e cenas com imagens. A fotografia aparece como elemento visual fundamental no campo do design gráfico, fortalecendo as publicações periódicas e publicidades. No campo visual, pode ser utilizada de duas maneiras: como registro fotográfico e como ilustração fotográfica. O primeiro se apresenta com caráter puramente informativo. Na segunda as imagens são manipuladas segundo as diretrizes do design, está diretamente ligada a estética. Em um caso de uma fotografia publicitária Fuentes (2006) aborda que a fotografia é utilizada em toda a sua capacidade sedutora como elemento fundamental de credibilidade. A digitalização direta está associada às possibilidades disponibilizadas pela era digital, ou seja, o uso de scanners, câmeras digitais, webcams e etc. Fuentes (2006) ressalta a praticidade dessas tecnologias que permitem uma transcrição da imagem para o sistema digital para uma possível manipulação. 1.5 A evolução do design e a influência nas marcas A evolução do design está ligada diretamente com os movimentos artísticos históricos que fazem parte da evolução do pensamento humano. “O estilo do século XX – o que chamamos por design moderno é uma complexa fecundação cruzada de influencias e movimentos artísticos [...]” (HURLBURT, 1980, p.13). A liberdade de expressão artística, a evolução da tipografia, a invenção do papiro culminando na evolução para o papel impresso, o uso de layouts com função divulgadora, todos esses fatores históricos resultam no surgimento do design. O inicio do século XX é marcante, pois começariam uma série de movimentos que fortaleceriam a evolução e o curso do design. Art Nouveaut, o Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo, todos esses movimentos artísticos e estéticos tiveram sua contribuição e influência no processo evolutivo das artes visuais. As marcas até hoje sofrem influência das épocas e dos estilos que fundamentalmente estão presentes no processo criativo em trabalhos com marcas por todo o mundo. O Cubismo, movimento artístico europeu iniciado em 1907, é considerado precursor dos layouts impressos. Esse movimento é caracterizado pela 24 valorização do design, colocando-o como principal elemento do processo criativo. As formas geométricas são bastante valorizadas caracterizando-a como um estilo inconfundível. Terminada em 1922, a Era Cubista continuou a exercer influencia sobre o design gráfico. Foi considerado, o movimento mais revolucionário, e que produziu efeitos mais duradouros no desenvolvimento da comunicação visual. Sua aplicação em logotipos gera muitas possibilidades, pois o uso das formas geométricas é sem duvida um recurso muito bem aplicado no processo de criação de um conceito visual gráfico. Figura 5 – Marca estilo cubista Figura 6 - Marca estilo cubista Fonte:http://francoamapaense.blogspot.com.br Fonte: http://www.underconsideration.com O Art Nouveaut, antecessor do cubismo, é marcado pelo estilo decorativo detalhista, utilizando muitas linhas e curvas sinuosas. Segundo Hurlburt (1980, p.16) “O Art Nouveaut é importante para o artista gráfico por causa do estilo que fixa para a página impressa, por sua influência nos formatos de letras e de marcas comerciais [...]”. O logotipo da General Eletric é um exemplo clássico de uma marca criada no Art Nouveau. Desenvolvida em 1890, mantém sua estrutura até os dias de hoje. Envolvida nos traços do Art Nouveaut, foi um trabalho bem sucedido criado por um design do século XIX. Megges (2009, p.264) fortalece o excelente trabalho visual presente no logotipo da GE. “Este trabalho atende aos requisitos de uma solução bem sucedida; é única, legível e inequívoca o que explica por que sobreviveu à décadas de abordagens oscilantes do design”. Outro logotipo que recebeu o tratamento dos traços do Art Nouveau foi a da Ford. Para a época, sua estrutura era considerada muito moderna. Envolta por uma moldura rodeada de ornamentos, característica visual do Art Nouveau, sua fundamentação expressa o movimento decorativo que tanto atraia aos olhos na época. 25 Figura 7 – Marca GE estilo Art Nouveaut Figura 8 – Marca Ford Motor estilo Art Nouveaut Fonte: http://www.it-review.net Fonte: http://wwwusers.rdc.puc-rio.br O Futurismo surge através de um grupo de jovens artistas italianos que queriam expressar sua visão dinâmica do futuro. A principal característica nos layouts era a expressão do movimento para poder chegar à concepção de dinamismo. A importância deste estilo se concentra mais nas artes do que no design gráfico. Atualmente utilizando efeitos gráficos nos softwares pode-se chegar a texturas que transmitem a Ideia de movimento, brilhos e efeitos metálicos, características que nos aproximam de ideias do futuro. O Dadaísmo surge com um propósito revolucionário de mudar totalmente as estruturas do pensamento racional, está ligado ao anarquismo. Ele pretendia reduzir e desafiar todos os conceitos tradicionais. Esse movimento trouxe grande contribuição para os designers na liberdade de trabalhar o layout, utilizando tipografias que expressavam por si só um visual artístico. Hurlburt (1980, p.23) ressalta que “A influencia do movimento dadaísta perdurará enquanto artistas e designers sentirem a necessidade de protestar [...]”. O Surrealismo aparece com mesma perspectiva artística do dadaísmo e, em muitos estudos sobre design e artes do século XX, não se distingue um do outro, por conta de sua premissa de liberdade visual. A contribuição para o design gráfico foi o uso do abstrato como expressão livre da arte visual gráfica. O design como conhecemos hoje passou por diversas fases, teve sua evolução seguindo os movimentos históricos e acompanhou também a evolução do pensamento humano. Todos os movimentos artísticos tiveram sua parcela de contribuição para a formação do design moderno, mas a escola de Bauhaus1 tem as sua luz própria, pois foi um centro de estudos dedicado a testar novas concepções 1 Escola de arquitetura e design fundado em 1919 na Alemanha. 26 visuais. HURLBURT (1980) ressalta a importância da Bauhaus expressando que nenhum movimento do design moderno tem recebido tanta atenção por parte de críticos e escritores e que provavelmente também nenhum tenha sido tão mal compreendido quanto a Bauhaus. A escola tinha como objetivo original formar arquitetos, pintores e escultores, mas seu legado iria bem, além disto. Suas criações revolucionaram a indústria e proporcionaram o surgimento de profissionais do desenho técnico e do design contribuindo diretamente para o desenvolvimento das técnicas de criação que conhecemos hoje. Uma espécie de logotipo da Escola de Designer Bauhaus, usada em diversos impressos respeitava um design assimétrico a partir da evolução do Cubismo proposta por Piet Mondrian. Após o fim da Bauhaus este estilo foi se expandindo às formas de material impresso como anúncios, cartazes, livros, folhetos e revistas. A escola de design alemã teve sua importância para o design por que inovou em conceitos e optou pela liberdade visual, sua colaboração para a formação de designers do mundo todo é sem dúvida irrevogável. Figura 9 - Layout com marca da Escola de Design Bauhaus Fonte: http://caligraffiti.wordpress.com Ao decorrer dos anos a estrutura do design já era enraizada nos cursos da escola. Grandes experiências com novas tipografias eram estudadas fortalecendo ainda mais a função do designer gráfico. A crescente utilização da publicidade era notável depois do curso de propaganda da escola Bauhaus. A arquitetura evoluiu para um estilo internacional, o design industrial criou força e tornou-se uma nova forma artística. Estudos e manipulações de novos tons agregados as cores primarias, a utilização de novas emoções nos layouts, todas 27 essas características trazem à Bauhaus a um centro de atenções especial, pois propiciou novos rumos ao design gráfico moderno. Quando a Bauhaus encerrou sua atividades e estudos no ano de 1933 a ideia do design já estava praticamente desenvolvida. Continuava ainda tomando forma e evoluindo cada vez mais. Novas expressões surgiram determinantes para o rumo das artes. Estas, somadas às influências que rodeavam o mundo tornaram o design gráfico parte importante no desenvolvimento da estética visual. Contudo a escola de design alemã deixou um legado visual incrível e marcante na história. O que foi desenvolvido e estudado na escola alemã de design repercute na contemporaneidade. O design tomou novos rumos, novos traços e estilos foram criados, tornando-se um elemento fundamental para a composição visual na atualidade. 1.6 Cor: elemento visual influente A cor por ter sentido e significado é uma das primeiras decisões do designer, Fuentes (2006, p. 76) aborda que “[...] a cor e as decisões que a envolvem são, por sua importância visual, a primeira coisa que se deve resolver.”. Em primeiro plano determina o perfil da temática em questão, como exemplo claro e específico pode-se citar o vermelho como a cor do amor, da paixão, de destaque e de alerta. Ela assume seus significados e mostra seu valor na decisão dos variados trabalhos gráfico. As cores tem um potencial comunicacional incrível, sua aplicação é voltada para gerar identidade, mostrar personalidade e estimular associações. Tem papel de suma importância no design, ela gera emoções e interage junto ao observador, tornando perceptível sua existência. Como consumidores, dependemos da nossa familiaridade com as latas de Coca-Cola, que são vermelhas, e com os caminhões UPS, que são marrons. Não é necessário ler a tipografia de uma caixa de presentes da Tiffany para saber onde o presente foi comprado. A assinatura azul da Tiffany desencadeia uma série de impressões imediatas que são alinhados com o posicionamento estratégico de identidade da marca da empresa. (WHEELER, 2008, p.118) Wheeler (2008) discorre sobre a amplitude de possibilidades exercida pela cor e também a forte presença de lembrança que determina o poder de 28 comunicar algo, se utilizando de uma identidade visual composta e fortificada por ela. Figura 10 – Cor inconfundível da Coca-Cola – Fonte: http://updesk.blogspot.com.br Tem uma característica de ligação e proximidade, sua relação com os observadores é de busca por atenção. Quando a marca trabalha para tornar suas cores reconhecíveis aos olhos do consumidor ou observador ela está tornando a marca ainda mais perceptível, pois, é um forte aliado na busca pela atenção. A escolha pela cor que carregue as características da empresa exige, assim como na criação de um logotipo atenção no público, na área de atuação e no produto ou serviço oferecido. Certamente ele será o alicerce da marca e servirá de base para toda a comunicação visual. A compreensão sobre teorias de cores também é essencial para a busca por tons específicos que se encaixem no perfil da marca, o conhecimento sobre cores e suas infinitas possibilidades implica de maneira positiva para conclusões visuais para a marca: A escolha da cor para uma nova identidade requer uma compreensão essencial da teoria das cores, uma visão clara de como a marca precisa ser percebida e diferenciada bem como uma habilidade em comandar a consistência e o significado na amplitude da mídia (WHEELER, 2008, p.118). Wheeler (2008) ressalta a importância de se encaixar a cor no processo de comunicação visual de modo que comunique a marca e principalmente interaja com ela. O conhecimento em aplicações de cor resulta em excelentes estratégias de fixação de marca. 29 Figura 11 - Cores e Layout publicitário da marca Itaú- Fonte: http://midiaria.wordpress.com/ Ao visualizarmos os layouts da Coca-Cola e do Itaú podemos notar que no design da marca, a cor expressa sua identidade, se confunde com a própria marca, se comporta como elemento comunicacional presente. Wheeler (2008, p.118) defende o que seria o básico da cor na identidade da marca “A meta é ter um cor –cor que facilite o reconhecimento e construa o valor da marca.” Para o design da marca a escolha da cor é um passo a ser dado com cuidado e estudo, como a autora deixa claro que a cor precisa construir uma identidade e com ela seu valor. Strunck (2007) defende ainda que a cor com o tempo passa a ter mais reconhecimento que o próprio logotipo da marca. Conforme o autor, as pessoas podem às vezes não saber identificar o logotipo ou o símbolo da marca, mas certamente lembrar-se-ão da cor. No caso, a lembrança ocorre porque as marcas fortalecem o uso de sua cor padrão, ou identidade visual, em seus layouts e trabalhos publicitários, fazendo com que os trabalhos visuais da empresa, fiquem sempre presentes na lembrança e na visão das pessoas impactadas por esta comunicação. Ela pode ser aplicada em processo funcional ou de harmonia de cores. O processo de escolha utilizando um método harmônico ocorre com a escolha adequada da paleta de cores para uma determinada temática, como exemplo: o layout abordará tons azuis, ou as cores frias, ou ainda o layout apresentara tons vermelhos, ou as cores quentes. Seguindo uma transição harmônica de cores. A Coca-Cola é vermelha. A Pepsi, azul. A BR é verde e amarela, a Shell, vermelha e amarela e a Ipiranga azul e amarela. Estas cores estão intrinsecamente relacionadas às empresas que representam, fazem parte de sua personalidade visual podendo ser reconhecidas a grandes distâncias antes mesmo que possamos ler seus símbolos ou logotipos. (STRUNCK, 2007, p.79) A escolha das cores está ligada diretamente com o psicológico de cada individuo. Farina (2006), que está presente dentro deste contexto de pesquisa; 30 aborda que as cores, atendem tanto as necessidades estéticas, quanto às psicológicas. Segundo o autor as cores causam estímulos emocionais, que influenciam nas decisões e preferências por cores específicas, tornando-se assim, elemento fundamental no processo de comunicação do homem. Farina (2006) aborda que na comunicação a cor é utilizada para proporcionar emoções, influenciar e gerar sensações que estimulem decisões. Cada campo de atuação tem sua cor específica, fortalecendo assim, determinados estímulos. O autor coloca como fundamental o estudo da cor para a aplicação da comunicação visual, pois, as cores oferecem amplas possibilidades de comunicação, estão diretamente ligadas as pessoas, e principalmente presentes no cotidiano. A comunicação explora a cor como transporte de determinada comunicação, trazendo interação entre emissor e receptor. Essa interação se dá a partir da associação e compreensão do estimulo gerado. Como Farina (2006) aborda: a medicina tem como cor o verde, expressa em layouts ou comunicação visual em geral, deixando o receptor instintivamente ciente do que está sendo comunicado. Segundo a psicologia das cores citado no artigo de Freitas (2007) sobre psicodinâmica das cores em comunicação, existem três fatores determinantes na escolha das mesmas. São eles: psicológicos, sociológicos e fisiológicos. Esses fatores estão relacionados com o cotidiano das pessoas e com as relações que elas criam com as cores. A partir dessas relações psicossociais as cores vão estabelecendo-se na sociedade como elemento presente na vida das pessoas. Podemos citar alguns exemplos dessa afinidade social com as core. Expressões como: “Estou verde de fome”, ou “estou roxo de frio”, estão sempre associadas com o cotidiano; nas sensações, e principalmente na lembrança das pessoas. Carregam consigo informações capazes de gerar lembrança e associação trazendo para o design da marca e sua identidade a comunicação necessária para o reconhecimento visual. Segundo Strunck (2007) as cores se relacionam diretamente com a emoção e atuam com mais eficiência do que as formas. Pode-se notar em alguns casos a associação direta da cor com o produto. Derivados de tomate em sua maioria utilizam o vermelho em sua identidade. Marcas de café utilizam tons marrons para aproximar o produto do consumidor. As marcas se relacionam com as cores permitindo uma aproximação maior com seu consumidor, objetivando apresentar o produto em questão e permitindo que o 31 consumidor entenda o que a marca quer vender. Assim essa relação associativa requer um conhecimento das cores e suas simbologias. As cores, em seus diversos tons, luminosidades saturações, permitem um número infinito de combinações. O importante é verificar se existe, na categoria do projeto a ser realizado, uma aceitação pelo público de determinadas cores como representativas dessa categoria. (STRUNCK, 2007, p.104) No contexto do design gráfico, as cores aparecem em escalas cromáticas sendo que as mais utilizadas são as escalas CMYK (cian, magenta, amarelo e preto), RGB (do inglês, red/green/Blue) e Pantone2 (cores prontas). Quando aplicamos a escolha das cores para impressão em papel utilizamos o método CMYK ou quadricromia. A mistura dessas cores forma o resultado final desenvolvido. Há ainda as chamadas cores especiais ou Pantones que se apresentam como cores prontas com tipos de tintas específicos. Na aplicação das cores para o digital, utilizase pontos de luz formados por sua escala básica o RGB. Como exemplo de aplicação, temos o monitor do computador que nos apresenta as cores como pontos de luzes. A escolha do padrão de cor é inteiramente funcional, ou seja, são escolhidas segundo suas aplicações: Impressos ou Digitais. Entende então, que, o conhecimento da aplicabilidade dos padrões de cores, se faz presente no processo criativo. É fundamental para o designer conhecer as escalas de cores e seus meios de aplicações. O grande desafio na utilização das cores é a correta aplicação nas diferentes escalas cromáticas, ou seja, em suas diferentes aplicações, no meio digital ou no meio impresso. Strunck (2007, p.77) apresenta essa afirmação: Um dos grandes desafios dos designers, portanto, é o de transitar constantemente entre os dois mundos, o digital e o analógico, e mais desafiador ainda, é a necessidade de estabelecer transportes consistentes e objetivos de um para o outro. Percebe-se então, com base nos autores, a importância da cor para o design e o conceito da marca. O poder comunicacional, a simbologia que a cor transporta, as aplicações da cor na impressão e no digital, todos esses mecanismos, contribuem para que o design da marca seja criado especificamente para ser lembrada, e para fortalecer a atenção com a cor no processo criativo. 2 Sistema de cores normalizadas pela empresa Pantone Inc. O conceito desta escala é a criação de códigos específicos para cada cor. 32 2 A MARCA E O DESIGN DA MARCA A marca carrega consigo um universo de atributos, tais como, personalidade, design, identidade, valores e atuação. A termologia branding vem se tornando bastante presente no universo das marcas, pois sua importância ultrapassa a estrutura estética visual. [...] branding pode ser resumido como um processo de criação, não somente de elementos gráficos, mas principalmente de um ambiente comum e unificador de tudo que diga respeito à identidade de um produto ou grupo de produtos. (CHAMMA; PASTORELO, 2007, p.76) Conceituar tanto o tangível quanto o intangível, manter a informação visual sempre bem identificada, são as missões do processo de branding que valoriza a marca como um elemento estético visual e conceitual que transparece valores e objetivos perante o consumidor e observador. O termo marca ganhou muito mais abrangência depois de fortalecida pela estrutura do branding, deixando de lado somente a estrutura visual e partindo para um universo de percepções além da visão. Nesse sistema planetário, a marca é o principal elemento. E aqui quando falamos em marca, não nos referimos somente a sua vertente visual, representada pelo seu logotipo ou sinal identificador, padrões tipográficos, cromáticos e demais elementos visuais. (CHAMMA; PASTORELO, 2007, p.78) O autor reforça a questão da marca como elemento de conceito que transcende ao formato gráfico, vai além do superficial. A marca tem qualidade e principalmente um serviço a prestar. Buscando cada vez mais estar mais próxima de seu público, interagindo e sendo deslumbrada como algo necessário para fins comerciais ou institucionais. No contexto empresarial a marca é utilizada principalmente para identificar produtos ou serviços de uma empresa e diferencia-los dos concorrentes. É formada pelo conjunto de percepções tanto a partir de seus consumidores como de seus funcionários e ainda de outros grupos de interlocutores e do mercado como um todo. Essas percepções são frutos de visões externas e internas em relação a diversos aspectos da empresa: de seu porte e objetivo, de seus procedimentos, de postura diante do mercado, da qualidade dos produtos fabricados e serviços prestados. (GOMES, 2006, p.61) Todas as características intangíveis que agregam a marca são diretamente ligadas à empresa, pois seu logotipo carrega consigo os valores que a 33 mesma adquiriu. Além dos traços gráficos há também um conceito, que de modo geral é o principal elemento gerador de identidade da empresa, o objeto final do símbolo é a ligação com a marca e ligado a essa dinâmica vem a percepção, como o receptor enxerga a empresa segundo suas cores, sua marca e sua comunicação visual. A marca precisa entre outras coisas alcançar seu objetivo de transmitir valores. Figura 12 – Marca McDonald’s – Fonte: http://www.hdicon.com/vector-logos A marca tem a função primordial de se instalar na memória do consumidor fazendo assim com que o produto ou mesmo a empresa seja reconhecida e lembrada. O símbolo gráfico tem uma grande parcela de importância para a fixação da marca. Sendo bem construído, ou seja, estando inserido no perfil da empresa, carregando suas cores e conceitos diversos terá possivelmente um resultado visual positivo para a empresa. É cada vez mais crescente o uso de símbolos simples e diretos, que expressam em poucos traços a real intenção da marca, formas fáceis de lembrar e memorizar. A marca McDonald’s possui, sem dúvida alguma, um valor intangível e lembrança incontestáveis. O processo de criação de uma marca gráfica requer entre outras coisas a capacidade de síntese, ou seja, de representar em uma forma gráfica todo o conceito da empresa. A criatividade também é um ponto positivo para o desenvolvimento de uma marca, pois o diferencial para o sucesso na finalização do conceito gráfico é a capitação do inesperado, do inovador, características ligadas ao criativo. Hurlburt (1980, p.94) defende que: “O êxito depende muito da aptidão do designer de reunir os princípios básicos da comunicação visual com a destreza, a experiência acumulada e o talento nato.” A criatividade e o conhecimento são fatores primordiais para um resultado visual coerente com o perfil da empresa, pois são fatores que irão ajudar na escolha exata do ícone gráfico que represente com sucesso e clareza a política, a experiência e a identidade da empresa. A ideia surge com a junção das informações obtidas com ícones ou elementos visuais que se encaixem nas expectativas do designer. É preciso ideias 34 para que surjam as formas, Hurlburt (1980, p.94) mostra que “O conceito ou ideia ocupa posição central da síntese do design.”. Ela surge pela necessidade da busca pela solução de um problema aparente, assim inicia-se o processo pela busca de um ícone gráfico que represente fielmente os ideais defendidos e almejado pela empresa. A dinâmica criativa também engloba uma gama de conhecimentos externos ou o conhecimento de mundo, pois qualquer forma, mesmo esta não estando inserida na prática da empresa pode ser utilizado com símbolo que represente como marca da empresa. Hoje em dia, o designer gráfico está envolvido num complexo processo de estudo e avaliação de múltiplos elementos, antes que seja capaz de reunir texto e imagem na arte final. (HURLBURT, 1980, p.21) Sendo assim, é necessário um conhecimento geral das formas e conteúdos que rodeiam o cotidiano do designer. O conhecimento tem uma parcela significativa na escolha exata do símbolo gráfico, pois quanto mais amplo as opções de pesquisa, maiores são as chances de se encontrar um símbolo ou tipografia que se encaixe com o perfil da empresa. No processo criativo da marca, a síntese tem papel fundamental. Chamma e Pastorelo (2007) abordam essa questão, explicando que o conceito e a síntese das informações, caminham lado a lado, para uma expressiva finalização da marca como elemento gráfico. O conceito-síntese deve ser abrangente, preferencialmente e ter como principal referência algo que identifique a personalidade e o espírito da instituição mais do que sua própria atividade, que pode eventualmente ser alterada. (CHAMMA; PASTORELO, 2007, p.106) A marca é o instrumento visual que transmite a real intenção da instituição, produto, serviço ou evento. É o espelho de suas ações e intenções para com seus objetivos, é uma grande manifestação de potencialidades e valores destinados ao mercado e à lembrança de seu público alvo. A concentração de toda essa estrutura visual e não visual é que torna a marca um símbolo de grande relevância para estudos e o conceito-síntese, explicado pelo autor, faz com que tudo isso seja compreendido no símbolo, na cor, na marca. A personalidade, dentre os todos os valores ressaltados para a marca, é o que peculiarmente deve ser exclusivo, pois ela é individual e a marca dentre vários sentimentos comuns a outras, deve ser individual em sua personalidade, pois são 35 esses sentimentos ou sensações que irão trazer a atenção que proporciona distinção de qualquer outra. 2.1 Estruturas da marca A marca em sua representação gráfica tem o objetivo de identificar e diferenciar as qualidades da empresa perante os concorrentes. Expõe sua força na percepção e compreensão visual, pois é um símbolo que remete a lembrança da empresa, produto ou serviço. O design de marca trabalha com a criação de um símbolo que ultrapasse as barreiras visuais, não somente encante os olhos, como também cause admiração, refletindo no símbolo toda a empresa, seu trabalho e objetivos para com os clientes. Por isso são usados recursos ou estruturas visuais na forma de construção da marca, tais como a abstração, o pictórico e o logotipo. Uma marca pictórica usa uma imagem literal e reconhecível. A imagem em si pode aludir ao nome da empresa ou a sua missão, ou pode ser o símbolo de um atributo da marca. A águia do serviço postal dos Estados Unidos é tanto um símbolo do país como um símbolo de rapidez e confiança. (WHEELER, 2008, p.68) Wheeler (2008) esclarece a importância da imagem na marca pictórica, pois elas têm em seus símbolos o ponto forte de seu contexto visual. A aplicação em certos casos nem precisa acompanhar a tipografia, pois o símbolo carrega as informações necessárias para que seja devidamente reconhecido. Certamente que a independência do símbolo leva tempo e dedicação de recursos para que tal reconhecimento seja expressivo. A autora estabelece a independência do símbolo quando relata que a imagem é literal e reconhecível, ou seja, lembrada. Sua forte expressividade perante a identidade da marca e nas assinaturas publicitárias é exemplo claro de que o desenvolvimento e fortalecimento do logotipo são essenciais para o contexto geral da marca, pois, literalmente, a marca só sobrevive se for lembrada. A associação da marca com valores e simbolismos atribuídos a figuras diversas também são uma estratégia para fixação e reconhecimento, pois, o que é primordial é a associação do conceito à marca, trazendo o recall visual para a empresa, produto ou serviço. 36 Figura 13 – Marca pictórica Lacost – Fonte: http://matracacultural.wordpress.com Na marca pictórica, a imagem em si transparece os conceitos que se deseja transmitir, a simbologia aborda claramente a empresa trazendo a lembrança para o observador. Na marca da Lacoste, o jacaré símbolo da marca, se aplicado independentemente sem o uso da tipografia, tem um poder de associação, gerando a lembrança e consequentemente, o reconhecimento. A fácil transcrição de conceitos utilizada pela marca pictórica torna a resposta visual mais clara, a imagem é meramente figurativa e literal para proporcionar fácil compreensão e assim se tornar visível. O símbolo figurativo representa claramente um signo pictórico, claramente reconhecível e identificável. Os desenhos pictóricos, feitos por especialistas em branding apresentam caráter icônico. A abstração nas marcas aparece com intuito de mostrar as qualidades e valores da marca, ou simplesmente a criatividade. Muitas vezes a abstração visual remete à ambiguidade, para uma empresa com diferentes atuações e divisões no mercado, ou seja, tem o objetivo de abranger um conceito amplo de serviços e qualidades. O conjunto de associações abstratas que caracterizam os aspectos ou dimensões mais importantes da marca, com o objetivo de fundamentar sua estratégia, criar um posicionamento diferenciado e, principalmente, suportar a expansão da marca em novas categorias. O abstracionismo deixa a marca aberta a possibilidades, o símbolo abstrato tem essa característica de permitir que o observador reflita sobre seu significado. Diferentemente da Marca Pictórica, na maioria das vezes possui uma forma inédita. As marcas abstratas são muito eficazes para empresas que se baseiam em serviços e tecnologia. De fato, o bom design de marcas desse tipo é extremamente difícil. 37 Figura 14 - Exemplo de marca abstrata – Fonte: http://logos.wikia.com Conforme Wheeler (2008, p.70) “ Uma marca abstrata usa a forma visual para transmitir uma grande ideia ou um atributo da marca”. O símbolo expressa ou minimiza a mensagem da marca e traz inserida em sua estrutura gráfica o conceito, que seria os sentimentos, desejos ou atuação da empresa, produto, evento ou serviço. A marca, ainda que reflita as potencialidades, objetivos e metas planejadas, precisa ainda encantar, atrair o olhar para ela, que é o primeiro passo no processo de construção visual para fixar a identidade junto aos observadores. Wheeler (2008) discorre sobre essa ideia que é a surpresa visual, a estética, as cores, o formato. A criatividade somada ao uso certo do conceito resulta na atração visual, ponto chave para fixação da marca junto aos receptores. A criatividade é sem dúvida fator determinante para uma forma geométrica bem elaborada, uma cor que comunique a marca, um símbolo que carregue o conceito em suas formas. No logotipo o símbolo por si só carrega todas as informações possíveis sobre o conceito e a tipografia escreve na mente o nome que se deseja fixar. O tipo acaba que as vezes tendo que fazer o papel de símbolo e texto para que o nome da marca seja o primeiro e único elemento lembrado. Wheeler (2008, p. 64) defende que: “Os melhores logotipos impregnam uma palavra legível (ou palavras) com as características distintivas de uma fonte tipográfica e podem integrar elementos abstratos ou pictóricos”. Figura 15 - Logotipo IBM – Fonte: http://quackinggraphics.wordpress.com A lembrança é uma das principais metas da marca, no caso do logotipo o nome incorporado a elementos gráficos e artísticos trazem à mente a forma em sua 38 generalidade, ou seja, marca e conceito, as principais informações dispostas para lembrança visual. Wheeler (2008, p. 66) faz uma explanação completa sobre essa aplicação. “A letra é sempre um design único e patenteado que está impregnado de personalidade e significado.”. Já Strunck (2007, p.70) aborda que logotipo “É a particularização da escrita de um nome.” O logotipo é assinatura literal da marca. A particularidade apresentada por Strunck (2007) é a identidade, a individualidade o que difere, o que representa. Essas são as características principais de um logotipo, a leitura da marca é com certeza o principal fator de lembrança. Em suas exceções há marcas que apenas o símbolo fala por elas. A tipografia cumpre funções claramente diferenciadoras entre os diversos componentes textuais. Ela não trata igualmente um título e um texto, e neles marca diferenças e estabelece jogos visuais estéticos e informativos. (FUENTES, 2006, p. 72) As aplicações das tipografias ligadas às características e conceitos, completam o ciclo da informação visual. A captura das fontes artísticas como recurso de logotipo estabelece uma ligação completa da representação das informações da empresa, produto ou serviço. A harmonia entre tipo e símbolo deve ser valorizada, quando criados para serem um só, um completa o outro, ou seja, distancia-los não garantira um reconhecimento instantâneo. Strunck (2007, p.95) aborda que “Toda marca tem sempre um logotipo. Quando uma marca possui também um símbolo, é importante que o estilo dos dois combine”. O autor afirma que precisa existir coerência na produção do logotipo, pois o símbolo representa o que está escrito, não só na questão do tipo, mas também do conceito, cada um com sua parcela de importância e coerência visual. O logotipo deve trazer a empresa tanto no símbolo quanto no tipo. O resultado errôneo dos dois resulta em uma figura gráfica sem identidade ou informações visuais sobre a empresa. Figura 16 – Marca CVC - Fonte: http://www.worlddiverse.com 39 A desinformação do logotipo torna a transcrição gráfica obsoleta. Usada somente como o nome da empresa sem estética visual e conteúdo que defenda os valores e identifique a atuação em um determinado mercado e estilo. O logotipo da CVC, por exemplo, não remete a seu campo de atuação, resultando segundo o autor em pouca lembrança visual. O logotipo é um instrumento de comunicação visual poderoso, suas formas nos prometem algo, nos coloca diante de algo atraente. O poder comunicacional, apoiado inteiramente pela marca, é a atmosfera que envolve tudo no contexto físico, visual e conceitual. A marca é o ponto de atração visual. Sua influência sobre os olhares e as percepções geradas, colocam em evidência a importância de uma aplicação conceitual. Wiedemann (2007, p.10) defende que “Um logotipo é sempre reconhecível, mas sem uma marca por trás não passaria de uma coisa oca, que rapidamente se esqueceria: uma forma sem conteúdo, um projector sem imagens”. O logotipo é expressamente a assinatura da marca, ela representa graficamente seu conteúdo, e suas qualidades são incorporadas as da marca. Figura 17 - Marca Coca-Cola – Fonte: http://optimalbranddevelopment.com O autor ressalta ainda a qualidade, o sucesso, a lembrança e o respeito alcançado pela marca. A estética só vale realmente a pena quando é expressamente reconhecida. “Um logotipo é bonito quando tem um design atraente. Um logotipo é bom quando tem êxito” (WIEDEMANN, 2007, p.10). O comentário do autor entra em conflito com a explicação de Strunck (2007) para os logotipos que não rementem o campo de atuação em sua forma gráfica, pois, segundo ele causam pouca lembrança visual. O logotipo da Coca-Cola é um exemplo claro de êxito no fortalecimento visual que a marca carrega, seu grafismo não remete ao seu campo de atuação. Isso ocorre pela grande quantidade de materiais visuais expostos, campanhas publicitárias constantes, eventos patrocinados, presença na maioria dos países do mundo e em vários estabelecimentos comerciais. Todos esses fatores 40 colocam a marca em um lugar especial na visão do consumidor. A busca pela lembrança é um fator de grande importância para o fortalecimento da marca, sua presença maciça no meio visual acaba tornando seguro o retorno no âmbito da lembrança. Esse seria o êxito abordado pelo autor, o investimento no design da marca garante o fortalecimento da mesma. Pode-se notar uma contradição no que diz respeito ao reconhecimento da marca segundo o seu conteúdo gráfico. Strunk (2007) aborda a identificação do serviço ou área de atuação no logotipo, mas o grafismo da Coca Cola não está associado diretamente a sua área de atuação. Assim como as outras estruturas da marca em sua forma gráfica, o logotipo se incorpora em sua estrutura, sendo responsável pela composição gráfica. Tal estrutura se destaca pela utilização da tipografia como elemento fortalecedor do nome da marca. É um elemento participante da comunicação visual, sua importância e potencial comunicativo são com certeza inegáveis, mas é apenas um pilar que sustenta a abrangência da marca. “O logotipo é uma promessa. O logotipo não é a própria marca. É uma forma de expressão da marca, como que uma súmula.” (WIEDEMANN, 2007, p.8). O autor aborda a questão do logotipo ser apenas uma das estruturas do design da marca e que ele tem, em grande parte, o suporte da atmosfera da marca como um todo. Um logotipo é uma palavra (ou palavras) compostas em uma determinada fonte tipográfica que pode ser normal, modificada ou inteiramente redesenhada. Frequentemente um logotipo é justaposto com um símbolo em relacionamento formal denominado assinatura visual. (WHEELER, 2008, p.116) A assinatura visual é a interação do logotipo com as mídias impressas, seu espaço em cada peça, determinando que aquele espaço visual ou layout pertence a determinada marca. Strunck (2007, p.76) reforça a assinatura visual com a seguinte definição “É como é chamada a combinação do logotipo com o símbolo. Pode ser usado de uma única forma ou ter várias possibilidades de combinação, ora privilegiando o logotipo, ora o símbolo.”. O logotipo precisa ocupar um local no layout determinando a autoria do serviço ou do produto ou da informação em questão. Essa relação do logotipo em meio ao espaço do layout é chamada de assinatura visual. A marca apresenta-se ou através do símbolo ou do logotipo para assinar a peça gráfica. 41 2.2 Identidade visual e manual de identidade da marca Antes das definições de manual de identidade visual, precisa-se compreender o que é identidade visual, sua aplicação e sua importância. A identidade é algo que torna algo ou alguém conhecido é uma característica que pertence ao indivíduo em particular, e é assim também com a marca. Sua identidade irá destacá-la e torná-la reconhecível por seus traços, cores e formas. A identidade visual é um conjunto de elementos gráficos que irão formalizar a personalidade visual de um nome, ideia produto ou serviço. Esses elementos agem mais ou menos como as roupas e as formas de as pessoas se comportarem. Devem informar substancialmente a primeira vista. Estabelecer com quem os vê um nível ideal de comunicação. (STRUNK, 2007, p. 57) Essa particularidade influencia na percepção da marca, a identidade visual é essencialmente necessária, pois ela é o suporte visual que caracteriza a percepção pelo observador, consumidor ou cliente. Fortalece a ideia central de sua comunicação e ajuda a memorização. Wheeler (2008, p. 14) reforça o conceito e a importância da identidade visual para a marca. “A identidade é a expressão verbal e visual da marca. A identidade dá apoio, expressão, comunicação, sintetiza e visualiza a marca.” A marca inteiramente personificada em sua identidade gera visibilidade, engatilha percepções e desencadeia associações sobre a ela. Figura 18 - Exemplo identidade visual Fonte: http://nixnetworks.com.br/servicos/designgrafico 42 Essa unidade visual é o que atrai atenção, massifica e fortalece a marca na lembrança do receptor, além de integrar ampla organização e valorização pela ideia, que está impregnada na identidade visual. A ideia, que é o ponto central, se a identidade visual atrai atenção e é reconhecida por suas cores, logotipo e outros recursos visuais, então a identidade foi devidamente aceita. Para que essa identidade seja devidamente aplicada é necessária uma série de regras visuais que ajudam a marca a manter registradas suas características gráficas e zelar pelo uso correto de sua identidade visual. Esse documento recebe o nome de manual de identidade visual da marca. O manual de identidade visual é o guia para a manutenção e aplicação correta da marca. Nele contem todas informações necessária para o bom uso da marca. Strunk (2007, p. 142) o define como um gerenciador de todas as informações da marca: Do manual deve constar absolutamente tudo. Os elementos institucionais, as assinaturas visuais e seus empregos. Ele deve ser simples e objetivo, exemplificando visualmente o que pode e o que não pode ser feito. O manual exerce um papel de grande valor e importância, pois determina regras de aplicações para que a marca não seja indevidamente utilizada. Em seu conteúdo constam aplicações da marca em papelaria, brindes, fachadas, adesivos, fardamentos, produtos e etc. Figura 19 – Exemplo de manual de identidade visual. Fonte: http://www.bakerdesign.com.br/manual-identidade-visual.html 43 2.3 Aplicações da marca: pontos de contato A marca precisa está em perfeita harmonia com as diferentes mídias impressas e digitais, por isso as aplicações merecem um olhar especial do designer. Cada mídia tem sua particularidade, mas a marca precisa estar em todas as mídias coesa em suas particularidades. Wheeler (2008, p.132) defende que a utilização correta da marca na assinatura das mídias. “Seja qual for a mídia, as aplicações precisam funcionar em harmonia. O desafio é que o design esteja no equilíbrio correto entre flexibilidade de expressão e consistência na comunicação.” A autora expressa a importância da correta aplicação da marca nas diferentes mídias, tendo em vista que as mídias são os pontos de contatos da marca com o receptor. Se a mesma não estiver bem posicionada, de modo que seja identificada a assinatura da marca nas peças gráficas, não atinge sua função principal: a visualização e compreensão da marca. O autor Strunck (2007) defende a mesma linha de raciocínio de Alina Weeler (2008), frisando que a flexibilidade é um ponto forte nas aplicações de marca. Atualmente, um bom projeto de identidade visual deve ter além de tudo já mostrado aqui, um grande grau de flexibilidade em sua aplicação. Isso irá permitir que ele se mantenha atual por muito tempo adaptando-se a boa parte de que venha acontecer (STRUNK , 2007, p. 111). As aplicações são a exposição da marca ao observador, sua coerência visual é fundamental para uma boa visualização. A flexibilidade defendida pelos autores expressa o bom relacionamento da marca com as mídias. A marca deve ser inserida no contexto da mídia em que será utilizada para que sua aplicação se mantenha coesa visualmente. A preocupação com uma aplicação de marca flexível e consistente resulta em uma série de atributos e características positivas, que geram funções essenciais, tais como: transmitir a personalidade da marca; alinhar com a estratégia de posicionamento; criar um ponto de vista; aparência e sentido; diferenciar e demonstrar a compreensão do consumidor-alvo. Assim, quando a marca está inserida no contexto da identidade visual, tendo vista sua importância vital na expressão da marca, ela automaticamente comunica aquilo que deve ser compreendido pelo observador. 44 Os veículos que irão carregar a marca, sejam eles impressos ou não, são pontes que ligam a marca ao consumidor ou observador. Wheeler (2008, p.132) expressa a importância dos pontos de contato que apresentam a marca, suas características, serviços e valores: “Um programa de identidade de marca abrange uma linguagem excepcional e única que se expressa em todas as aplicações”. As aplicações seguem a linha visual da marca, carregam as características que levam ao reconhecimento visual para qualquer local que seja exposta. A seguir os principais pontos de contato presentes na realidade de algumas marcas. Os impressos, assim como em todas as mídias, deve manter a unidade visual “Desde o mais simples cartão de visita até o mais complexo catálogo, devem apresentar uma relação entre si.” (STRUNCK, 2007, p.112). O papel de correspondência ainda é um formato gráfico bastante utilizado nos dias de hoje, mesmo com o crescente uso das mídias digitais como e-mail e rede sociais. “O papel correspondência com uma assinatura visual original, isto é, com marca, logotipo e endereços, ainda é um conduto importante no mundo dos negócios.” (WEELER, 2008, p.136). O cartão de visita é um formato gráfico essencial para uma boa apresentação, seja pessoal ou empresarial. O uso deste impresso valoriza e aproxima a marca. Os folders e folhetos ou panfletos carregam informações de maior relevância para a marca, são instrumentos visuais populares e tem a função de informar algo a um grande numero de pessoas. O folheto tem a missão de tornar a marca e seus serviços mais conhecidos em determinada região ou localidade. Figura 20 – Exemplo de aplicação de marca. Fonte: http://lelak.com.br/blog/tag/identidade-visual/ 45 A aplicação da marca nos “Web sites“ tem uma amplitude maior, pois, está sujeita a uma infinidade de atrativos visuais e sonoros para torná-la um símbolo que gere lembrança. De acordo com Wheeler (2008, p. 144) “Um conteúdo, atraente, som, movimento e cor criam uma experiência dialética e interativa da empresa, dando vida à personalidade da marca.” Os web sites tem essa vantagem estética, pois, carregam a interatividade da marca para o consumidor. Os sites tem uma característica institucional, são fonte informação, atraem pela diversificação de seu conteúdo, promovendo relacionamento direto com o consumidor. Assim, com o dinamismo dos web sites a marca se alimenta de todas essas características positivas; tornando-se assim, com a popularidade da internet ainda mais visível aos consumidores e observadores. Figura 21 – Exemplo de aplicação de marca web site. Fonte: http://www.tigredesign.com.br/projeto Nas propagandas publicitárias o cuidado com a estética não pode deixar de existir. Cores, assinatura visual, adaptação para as variedades de mídias, todos os elementos em perfeita harmonia e sincronia visual. A marca terá seu grau de visualização nas peças publicitárias segundo o objetivo da campanha, se for institucional, a marca e seus valores vem em primeiro lugar, se for para varejo, vendas, promoções, seus produtos e serviços é que serão abordados com ênfase maior. Na publicidade, se o foco do anúncio for a marca, a mesma pode ser aplicada com total liberdade de criação, ou seja, estilizações, aplicações criativas no desenho da marca. A adaptação da marca em elementos visuais que possibilitam o 46 reconhecimento e lembrança é ponto positivo e atrativo visual para o layout e para a marca. Os anúncios publicitários adotam essa linha criativa na elaboração de layouts institucionais, possibilitando novas abordagens e perspectivas sobre a marca. Strunck (2007) aborda essa dinâmica na aplicação da marca em anúncios publicitários. Também é interessante notar o emprego das marcas na publicidade, como o tema central das campanhas. Nesses casos não é raro ver os elementos institucionais alterados ou estilizados, num grau de liberdade que dificilmente estaria previsto pelos seus criadores, certamente não figurando entre as normas para a sua aplicação. (STRUNK, 2007, p.132) A marca está sujeita sempre a novas aplicações visuais na publicidade, desde que siga uma linha de coerência e legibilidade, pois a criatividade no uso da mesma é que faz toda a diferença nos anúncios publicitários. Figura 22 – Marca aplicação publicidade. Figura 23 – Marca aplicação na publicidade. Fonte: http://maxprodesign.wordpress.com Fonte: http://natelinha.uol.com.br A publicidade engrandece o conceito visual da marca, agindo com a função exclusivamente de criatividade e estilização da marca. Logo acima anúncios da Master Card e do Sistema Brasileiro de Televisão – SBT, que traduzem essa atmosfera criativa para com a marca. Tanto o anúncio da Master Card, quanto o 47 anúncio do SBT exploram a marca em visuais criativos, adaptadas ao conteúdo da campanha. Criando-se assim uma conexão com o tema e elevando a marca a um ponto de visão estratégica, ou seja, deixando a marca no centro da informação visual. 48 3 PROCESSO CRIATIVO DA MARCA TV DN O processo criativo é a ferramenta que transforma simples traços ou rabiscos em elementos visuais conceituais, abrange ideias e conteúdo. Essa manifestação visual ocorre através de uma busca por síntese e coerência; os dois elementos bem encaixados geram uma particularidade visual; fazendo com que a simbologia escolhida transpareça a área de atuação, público alvo, a empresa ou serviço, no geral, suas principais características. A busca pela criatividade, ou seja, o conceito é sem dúvida uma escolha positiva, pois é elemento fundamental para que a marca esclareça bem o quer vender ou informar. O processo de identidade da marca é um método provado e disciplinado para criar e implementar uma identidade. É um processo rigoroso que demanda uma investigação, pensamento estratégico, excelência em design e habilidades no gerenciamento de projetos. Ele requer uma extraordinária quantidade de paciência, obsessão de fazer coisas corretamente e capacidade de sintetizar grandes quantidades de informação. (WHEELER, 2008, p. 80) Segundo Wheeler (2008), tudo parte do geral para o específico. Bagagem visual, conceitos e informações gerais, levam a uma expressão visual coesa, o processo de criação vai deixar a marca com as características desejadas, mostrar que ela significa a empresa e que seu símbolo estará sempre na visão e na mente do observador. Todo esse processo criativo tem como objetivo gerar a melhor informação visual, que interligue conceitos da empresa com seu serviço, ou seja, a marca deve ser entendida e associada a seu serviço. Para uma marca obter resultados satisfatórios em sua criação e em seu curso é preciso conhecer algumas características que para Wheeler (2008) fazem parte do desenvolvimento da marca. Essas características não se resumem apenas a critérios estéticos, mas também à funcionalidade, conceito e identidade. A visão é a capacidade de apresentar ideias, almejar o futuro. Wheeler (2008) aborda que o desafio do designer é conseguir traduzir essa visão criativa em uma expressão tangível em uma linguagem visual que tenha consistência. A marca precisa estar preparada para o futuro, pois o curso natural de uma ideia é a evolução. O mesmo pode-se colocar para as marcas. Um dos grandes objetivos de uma marca é a lembrança, e essa lembrança alimenta o anseio de evolução da marca, então a 49 preocupação com o que a marca será no futuro traz sempre bons resultados no presente. Toda marca precisa representar algo ou vender algo, então o significado apresenta-se com ideia fundamental da marca: “O significado inspira o processo criativo e é transmitido por ação.”(WHEELER, 2008, p. 28). meio de um símbolo, uma palavra, uma Esse processo implica no entendimento da mensagem da marca, ou seja, o que a ela é para o consumidor ou cliente, assim com o que ela representa para sua atmosfera comercial. Ele atua na marca como elemento que aproxima, já que são as expectativas geradas pelo cliente. Todos esses atributos criam um significado e consequentemente um espaço na memória do consumidor. A autenticidade está associada ao auto-conhecimento e a tomada de decisões. A empresa precisa ter claro sua razão de existir, precisa apresentar sua posição e sua diferença competitiva. Esta, por sua vez, está ligada a diferenciação, ou seja, em época em que estamos cercados por diferentes marcas, uma ideia que chame a atenção sempre se apresenta como inovação no mercado. Quando um designer cria uma marca, é de sua responsabilidade criar um símbolo que seja único, diferenciado, tenha o poder de comunicar em uma fração de segundo e em muitos casos possa ser produzido em formato menor do que grão de ervilha. (WHEELER, 2008, p.32) E essas novas ideias que se apresentam como diferenciadoras, apresentam a marca ao cliente, atraem o olhar, e consequentemente o trazem para a empresa ou para o serviço que se deseja comunicar. A sustentabilidade da marca é a habilidade de ter longevidade em um ambiente de movimentação constante, caracterizado por possíveis transformações que não podem ser previstas. Essa ação está associada às constantes mudanças no mercado como um todo, às novas tendências, novos perfis, novos serviços. Wheeler (2008, p.34) coloca a importância da decisão do designer sobre a identidade da marca: “[...] o ritmo da mudança está acelerando cada vez mais. Mesmo assim, os designers que são os árbitros do estilo tem que desenhar identidades que tenham sustentabilidade.” A marca de acordo com a autora, precisa ser forte perante as mudanças que ocorrem constantemente no meio social, econômico e até mesmo na comunicação visual e no design. 50 Para que a marca tenha uma identidade eficaz, é preciso, segundo Wheeler (2008), coerência. Percebe-se então que, seguir os padrões normativos da identidade da marca é fundamental para se obter uma visibilidade atraente, garantindo assim, a unidade, qualidade no conceito visual e no serviço prestado. A flexibilidade garante e assegura que a comunicação da marca esteja sempre disposta a possíveis mudanças, ou seja, visando novas identidades, como por exemplo, uma extensão de marca. De acordo com Wheeler (2008, p.38): “O designer, no entanto, precisa antecipar e criar infraestruturas flexíveis que se acomodem ao futuro.”. Entende-se então que a preocupação com aplicações e mudanças futuras são também fatores relevantes para a consistência na criação da marca. A capacidade de gerenciar a marca também é um ponto fundamental para que haja sucesso no percurso da marca. Por isso o comprometimento traduz o desejo de estabilidade e crescimento. Wheeler (2008) aborda a possibilidade de esta característica ser a mais importante de uma identidade visual. Deixando claro então, que a administração e preocupação com o gerenciamento, são fundamentais para que a marca permaneça sempre visível ao cliente ou observador. O valor é a meta incontestável da empresa. É o resultado do investimento, do gerenciamento da identidade da marca e do atendimento aos anseios de seus clientes. Logo se entende que, o logotipo tem a missão de apresentar a empresa, e, com passar do tempo, sendo bem administrado, trazer a valorização que empresa necessita. As melhores empresas demonstram constantemente seu valor por meio da qualidade superior de seus produtos e serviços e de sua dedicação incondicional para ir ao encontro das necessidades de seus consumidores. As melhores identidades de marca são os símbolos desse valor mais conhecidos pelo público e amplamente comunicados. (WHEELER, 2008, p.42) Todas as características anteriores resultam na construção do valor, pois, a longevidade, a credibilidade, a visibilidade e a lembrança da marca estão associadas a ele. Todas essas características somam para um bom desenvolvimento da marca, expressam a criação de sentido e de conceito visual. O design da marca está inteiramente ligado a essas características. São expressões de conteúdo e parte do processo criativo da marca. 51 O objeto de estudo neste contexto visual é a marca TV DN, um site de “web tv” pertencente ao Diário do Nordeste, com a finalidade de informar e levar o jornalismo através da internet. A TV DN tem com principal objetivo fortalecer a marca Diário do Nordeste. Através de um site o público que busca informação por meio da internet. Seu contexto dentro do site é apresentar vídeos jornalísticos em tempo real, trazendo dinamismo ao internauta. O processo criativo da marca foi estudado a partir de um estudo de caso e uma abordagem qualitativa, utilizando como instrumento de pesquisa a entrevista que atende a uma captação de informação direta, bastante útil para a interação e um profundo conhecimento sobre o assunto abordado. Com ênfase nessa metodologia Lara (2008, p.63) aborda a definição e o objetivo direto de uma entrevista. “A entrevista consiste em uma indagação direta, realizada no mínimo entre duas pessoas, com o objetivo de conhecer a perspectiva do entrevistado sobre um ou diversos assuntos”. Tendo em vista também que o questionário qualitativo, ou seja, com perguntas abertas possui um grade diferencial positivo para a conclusão e elaboração dos resultados finais, que são a certificação e a flexibilidade. “Oferece grande flexibilidade ao pesquisador, que pode se certificar durante todo o tempo de que está sendo compreendido e de que seus objetivos estão sendo alcançados” (LARA, 2008, p.63). O estudo de caso proporciona a compreensão prática, ou seja, uma situação real em que a temática está inserida. Lara (2008, p.52) disserta sobre assunto da seguinte forma: Esta tem por objetivo apresentar aos estudantes uma determinada realidade organizacional, um problema, uma situação prática, a partir da qual se utiliza toda uma metodologia didática para levar os participantes a simular situações da vida organizacional. Assim, o estudo de caso referente à marca TV DN proporcionou o entendimento da aplicabilidade do processo criativo segundo as teorias da comunicação visual e do design. Tendo como fator principal de absorção e compreensão da temática: a real situação de aplicação de conteúdo visual. A marca foi cedida pela Flex Comunicação3, uma agência de publicidade, autorizada pelo gerente de criação Amarilio Ratts, que concordou em responder ao questionário qualitativo e apresentar a marca para um estudo acadêmico. A mesma 3 Agência de publicidade situada na Av. João Carvalho, 800 - 11º andar – Aldeota. 52 foi escolhida por ser relativamente nova no mercado e pelo acesso do pesquisador junto à agência de publicidade. A simplicidade no desenvolvimento e o cuidado com a geração de contexto visual da marca também foram fatores que levaram a escolha do estudo da marca. Partindo do ponto inicial de que a comunicação visual é a grande propulsora de informações e contexto visual, e passando por definições de design, seus principais elementos, seus momentos históricos e sua evolução para o que conhecemos na contemporaneidade. Podemos então, compreender melhor como se dá a referida criação de conceito visual para uma marca. Todas essas informações estão inclusas na elaboração de um símbolo ou de um logotipo. Figura 24 – Logotipo TVDN – Fonte: Flex Comunicação. No contexto da comunicação visual, a marca em questão se insere como uma comunicação intencional abordada por Munari (2006) como principio básico da comunicação visual. A mensagem está inserida na marca e esta pretende comunicar seus atributos e seus serviços. Abrange apenas a internet. O foco de atuação principal é o ambiente virtual. Com uma proposta visual simples, mas que transmite seu ponto de atuação para o internauta4. Está inserida no contexto de “web tv”, busca a interatividade através de vídeos jornalísticos como meio para atrair a atenção. Em se tratando de construção visual e simbologia de marca, o logotipo expressa uma linguagem visual reconhecível e de fácil construção e entendimento conceitual. O símbolo remete à ideia do “play” palavra de origem inglesa que significa jogar, cujo símbolo se universalizou como orientação visual para iniciar determinada ação eletrônica. Seja no “click” na internet, no controle do jogo de vídeo game e da TV, a ideia remete ao dinamismo de assistir. Sua estrutura como forma geométrica, está inserida dentro de uma forma básica da comunicação visual: o triângulo, segundo Dondis (2007, p.51) “As formas 4 Usuário que costuma acessar a internet 53 básicas são estruturas fundamentais de qualquer informação visual, elas são o alicerce de toda a construção gráfica.”. O símbolo está inteiramente inserido em seu meio de atuação. Utilizando dentro da comunicação visual a forma geométrica e simbólica que mais se aproxima de seus princípios. Sobre a importância conceitual do símbolo se discorre: As melhores marcas representam alguma coisa: uma grande ideia, uma posição estratégica, um conjunto definido de valores, uma voz que se destaca. O significado inspira o processo criativo e é transmitido por meio de um símbolo, uma palavra, uma ação. (WHEELER, 2008, p.28) Focando a importância do mesmo dentro da comunicação visual, Wheeler (2008) fortalece que a marca precisa ter conteúdo, precisa comunicar ou expressar algo, nada melhor do que usar um símbolo que, além de carregar seus significados de origem, anexa à atuação da empresa em sua forma visual, tornando a marca passível a ser facilmente identificada e associada a seus serviços. Partindo da definição defendida por Gilberto Strunck (2007, p.71) de que símbolo “É um sinal gráfico que, com o uso, passa a identificar um nome, ideia, produto ou serviço” pode-se entender a importância que o significado que o mesmo representa para a atuação da marca. Ele ajuda o observador a identificar a sua proposta e associar as características voltadas a seus serviços. O design é sem dúvida outro ponto importante referente ao contexto visual. Na elaboração da marca, é preciso compreender e aplicar a síntese para chegar a um símbolo e tipografia que carreguem características apropriadas. A marca é planejada e esboçada segundo os conhecimentos obtidos no processo criativo. A TV DN também passou por este processo de construção até chegar a sua forma principal. Figura 25 – Raf ou esboço da marca TV DN - Fonte: Flex Comunicação. 54 Quando o símbolo é delimitado e a estrutura visual é escolhida, a marca passa pela construção geométrica que segundo Strunck (2007) é utilizado para obtenção e aplicação segura de seu tamanho real na peça ou mídia indicada. Tem a função também de organizar o logotipo, alinhado segundo linhas imaginárias que servem como apoio na construção organizada da marca. Figura 26 – Grade de construção da marca TV DN - Fonte: Flex Comunicação. A marca é construída para ser aplicada em sua mídia inicialmente planejada e escolhida. A grade de construção funciona como ponto de visão para que a construção geométrica da marca esteja seguindo um perfeito alinhamento entre símbolo e tipografia. A marca TV DN utilizou uma grade gráfica pertencente aos softwares gráficos; o designer aplicou as linhas de acordo com sua concepção de organização e alinhamento visual. Pode-se notar que a marca não apresenta uma área de segurança, deixando assim livre para aplicações na página do site ou em layouts publicitários. Em seu “mini manual”5 a agência focou apenas no contexto visual e não se preocupou com aplicações em impressos ou outros tipos de aplicações. Dentro do contexto do design da marca, a TV DN explora o uso de símbolo e tipografia caracterizando uma estrutura de marca pictórica que segundo Wheeler (2008) é fortalecida pelo uso de uma imagem de fácil compreensão, ou seja, literal e reconhecível. A imagem tende a transparecer a atuação, missão e atributos da marca, gerando uma compreensão instantânea da marca e de sua proposta. 5 Termo utilizado na entrevista pela agência criadora da marca TV DN. 55 A tipografia, que acompanha o símbolo, reflete a formalidade e tradicionalidade da marca maior, que é a do Diário do Nordeste. A escolha por uma tipografia simples e sem serifas foi intencional, pois estes tipos são muito utilizados para deixar o texto claro e evidente. Outro fator observado foi o da obrigatoriedade de não ofuscar a marca maior. Segundo a agência Flex Comunicação, foi sugerida uma tipografia mais futurista e moderna, mas a ideia foi rejeitada pelos representantes do Site do Jornal Diário do Nordeste, tendo em vista que, seguiam a obrigatoriedade de não chamar muito a atenção e sim interagir com a marca do Diário do Nordeste. Uma tipografia bem encaixada no contexto da marca reflete em um trabalho visual atraente, pois é a tipografia que carrega o nome da marca. Fuentes (2007, p. 72) fortalece a aplicação de uma tipografia que esteja dentro do universo do trabalho solicitado, já que há infinitas possibilidades de escolha de tipos: “O espaço tipográfico é tão fértil como qualquer outro que o designer pode, como usuário e depositário desse saber, manejar com liberdade, mas com respeito ao destinatário do seu trabalho.” Pode-se observar então, a boa relação entre símbolo e tipografia trazendo para a marca uma maior percepção visual, pois se o tipo estiver no mesmo contexto que o símbolo, ambos se tornam portadores da mesma informação, ou seja, a marca. A cor tem grande importância no contexto visual, pois seu poder de comunicação é forte e consistente. O logotipo da TV DN carrega em sua gama de cores o verde, predominantemente ligado à marca maior, ou seja, é uma ramificação da composição de cor da marca do Diário do Nordeste. O elemento visual cor amplia as possibilidades, concretiza uma ideia e gera a identidade. A marca TV DN não possui uma gama de aplicações, mas foi gerada a partir de uma identidade já existente, referente a cor, e isso a torna parte de uma ideia de unificação visual. A marca possui uma simbologia e tipografia independentes, tendo apenas a cor como elemento conectivo com a marca do Diário do Nordeste. Wheeler (2008, p.118) apresenta a cor como um elemento unificador e também parte fundamental para o reconhecimento da marca “Algumas cores são usadas para unificar uma identidade, outras podem ser usadas para tornar clara a arquitetura da marca, diferenciando produtos ou linhas de negócios.” A proposta pela cor verde se justifica pela marca maior, mas o diferencial é a cor usada variando em algumas tonalidades 56 de verde. Essa aplicação se traduz em uma ideia de movimento e dinamismo, apresentando uma estética diferenciada e moderna. Figura 27 – A cor verde predominante nas marcas do grupo Sistema Verdes Mares – Fonte: Flex Comunicação. A identidade visual, gerada pelo uso da cor como elemento unificante, transmite uma melhor percepção sobre a marca, e com isso o reconhecimento, ou seja, a lembrança, que aproxima a marca de seus observadores. Dentro do processo criativo a obrigatoriedade do uso de determinada cor nas diferentes atuações do grupo evidencia a intenção de identidade, pois o grupo possui várias marcas, porém o mesmo segmento: comunicação. A marca tem sua importância mediante o serviço que oferece. Carrega em sua concepção valores que resultam em dinamismo, modernidade e vanguarda. Mesmo não sendo uma marca independente, sua concepção, segundo o gerente de criação da agência de publicidade Flex Comunicação, foi tratada com grande expectativa e atenção, pois, o projeto buscava essa maior interação com o público internauta que acessa o site do Diário do Nordeste. A marca tem o objetivo de ser tratada diferencialmente, mas lembrada como um serviço da marca maior. A marca TV DN não possui uma identidade visual própria, pois está inserida na identidade da marca maior, sua aplicação está direcionada apenas para web site. Figura 28 – Logotipo TV DN aplicado no web site - Fonte: Flex Comunicação. 57 A marca possui um manual de identidade visual, mas não um manual completo, apenas considerações, para que a marca seja aplicada de maneira correta e não seja sujeita a alterações em sua estética gráfica. Em sua maioria, a aplicação da marca é utilizada na internet para manter uma particularidade com o meio, tendo também aplicações em painéis dos estúdios de gravação dos programas da “web tv”. A publicidade é feita pelo Diário do Nordeste que reforça esse serviço buscando tornar a TV DN uma inovação, objetivando trazer mais credibilidade e apresentar um serviço diferenciado. Observa-se que, esteticamente, a marca TV DN trouxe em seu desenvolvimento uma maneira inteligente de criação e uma preocupação com a estética e conceito de seu logotipo. O serviço, por ser inovador, exigia uma atenção também maior, culminado na contratação de uma agência de publicidade para traduzir as expectativas do seu serviço em um logotipo. A TV DN buscou através da valorização estética e conceitual de sua marca apresentar um trabalho diferenciado, colocando em evidencia sua missão, visão e valores segundo o questionário respondido. Figura 29 – Logotipo aplicado em layout Figura 30 – Layout publicitário divulgado no publicitário - Fonte: Flex Comunicação. site do Diário do Nordeste - Fonte: Flex Comunicação. 58 Tendo em vista os autores mencionados, percebe-se que a criação de uma marca é resultado de uma geração de ideias, que fortalecidas e inspiradas por elementos de comunicação visual e design resultam em formas gráficas capazes de traduzir o conceito de sua essência. O design é uma ferramenta visual capaz de transformar conceitos em estruturas gráficas que transmitem sensações e geram uma conexão com a ideia central da marca. Wheeler (2008, p.28) engrandece essa preocupação com o significado “Os símbolos unem inteligência, imaginação e emoção de uma forma que ninguém mais consegue.” O desenvolvimento da marca TV DN, mesmo não abrangendo uma independência visual, foi criada segundo conceitos e aplicações do design, buscando conteúdo visual e almejando uma estética gráfica que retrata a sua atividade no mercado que está inserido. Figura 31 – Logotipo aplicado ao painel do estúdio de vídeo - Fonte: Flex Comunicação. Através do questionário, pode-se notar que a TV DN possui uma marca livre de regras de aplicações, pois, segundo a agência Flex Comunicação representada pelo gerente de criação Amarilio Ratts, foi elaborado apenas um “mine-manual” com o conceito da marca e sua aplicabilidade na internet. Observa-se então, que em alguns pontos do estudo do design, a marca não é aplicada, como é o caso do manual de identidade visual. Porém o conceito e a estética gráfica aplicadas torna seu desenvolvimento parte presente no estudo do processo criativo de marcas. Sua ligação com elementos do design, comunicação visual e 59 conhecimentos gerais, deixa claro que sua criação partiu de um processo criativo previamente discutido e apresentou características de criação apresentadas pelos autores embasados neste trabalho acadêmico. A marca TV DN apresenta em sua estrutura, pontos fundamentais de uma concepção visual coerente, tendo em vista que buscou em conceitos pré-existentes pontos que identificassem ou justificassem sua forma, cor, tipografia, missão, visão e valores. Pontos estes fundamentais para uma marca. O processo criativo foi estudado a partir de um questionário que apresenta perguntas referentes a comunicação visual e design. A partir desse, visualizando a marca e os conceitos dos autores, pôde-se identificar o processo criativo da mesma. Identificando seus pontos positivos, ou seja, coerentes com conceitos de design e comunicação visual, e seus pontos negativos, que estão relacionados como não coerentes com alguns conceitos do design. 60 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foram apresentados os principais elementos visuais envolvidos no processo criativo e um estudo de caso da marca TV DN do Diário do Nordeste, a fim de colocar toda a pesquisa bibliográfica como parte envolvida direta ou indiretamente no processo de criação de uma marca. Observou-se, a partir de um questionário qualitativo, pontos criativos da marca envoltos em características de design e comunicação visual. O questionário com perguntas abertas possibilitou uma maior percepção dos pontos inseridos na temática da pesquisa e o embasamento teórico fortaleceu a pesquisa auxiliando na identificação dos elementos visuais inseridos no processo criativo. Abordou-se autores como Alina Wheeler, Gilberto Strunck e Rodolfo Fuentes no campo do design, e Bruno Munari para reforçar o campo da comunicação visual. O trabalho buscou mostrar embasado em autores da comunicação visual e design a importância do conceito visual na marca; a construção gráfica a partir de ideias pré-definidas e a busca por um elemento que simbolize a missão, visão e valores da mesma. Definições que estão diretamente ligados com o resultado final da criação da marca. A marca TV DN não apresentou um manual de identidade visual bem definido, colocado na entrevista como um “mini manual”. Essa não preocupação em utilizar a marca segundo critérios e regulamentações pré-definidas, coloca a marca a estar sujeita ao mau uso, ou seja, disposta a qualquer tipo de aplicação. Suas limitações estão relacionadas à marca maior, Diário do Nordeste. A aplicação das cores segundo a identidade do grupo e a não utilização de uma tipografia mais complexa, apresentada primeiramente pela agência, deixam claro está associação com a marca maior. Contudo seu processo de criação está inserido em uma escolha conceitual em que se utilizam elementos da comunicação visual e do design, como mostra o questionário qualitativo. Seu processo criativo apresenta pontos importantes de geração de conceito visual, que segundo Wheeler (2008) são ações fundamentais para obtenção de resultados satisfatórios. A marca apresenta autenticidade deixando claro sua área de atuação através de seu símbolo e significado que também é alcançado através da utilização de um símbolo que transpareça a sua atuação. 61 Através deste trabalho acadêmico, pode-se observar a composição criativa para chegar a um conceito visual, e por consequência em uma marca bem definida visualmente. Nota-se que a marca buscou em seu processo criativo, inserir os elementos do design como suporte para a finalização do logotipo. Buscou-se também obter informações que chegassem ao elemento visual compatível com a empresa ou com serviço prestado. Chamma e Pastorelo (2007) referem-se ao conceito-síntese como elemento criativo fundamental para o desenvolvimento e concepção da marca, trazendo assim a comunicação e interação necessária para a visualização da marca enquanto elemento gráfico. A importância do estudo do processo criativo apresentou-se fundamental segundo conceitos e autores da área visual. Sua aplicabilidade no contexto gráfico é identificada na marca, segundo uso de símbolos, e elementos geradores de conceito e identidade visual. A marca é visualizada e lembrada não somente pela forma estética, mas também por características que transpareçam seus serviços, objetivos e atributos junto aos observadores. Deixando claro, segundo embasamento teórico e estudo de caso, a importância do conhecimento na construção do contexto visual. 62 REFERÊNCIAS BOAS, Villas. O que é e o que nunca foi design gráfico, 2AB, Rio de Janeiro, [1963] 2003. CESAR, Newton. Direção de Arte em Publicidade, DF: SENAC Nacional, 2006. CHAMMA, Norberto; PASTORELO, Pedro Dominguez. Marcas e Sinalização – Práticas em design corporativo. São Paulo: Editora Senac, 2007. DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. 3.ed. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2007. FARINA, Modesto. A Psicodinâmica das Cores em Comunicação. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 2006. FREITAS, Ana Karina. Psicodinâmica das Cores. Unicamp, n 12, out./dez. 2007. Disponível em: http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Cor/psicodinamica_das_cores_em_comunicacao .pdf Acesso em 13 de jan. 2013 FUENTES, Rodolfo. A prática do design gráfico – uma metodologia criativa, São Paulo: Edições Rosari, 2006. GOMES, João Filho. Design do objeto: Bases Conceituais, São Paulo: E, 2006. HURLBURT. Allen, Layout – O design da página impressa, São Paulo: Ed Mosaico, 1980. LARA, Janete Oliveira Bertucci. Metodologia básica para elaboração de trabalho de conclusão de cursos. São Paulo: Atlas, 2008. MEGGES, Philip. B. História do Designer Gráfico, 1.ed. São Paulo: Cosac Naify, 2009, 720p. MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual, 3.ed., São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2006. STRUNCK, Gilberto Luiz Teixeira Leite. Como criar identidade visual para marcas de sucesso – Um guia sobre o marketing das marcas e como representar graficamente seus valores. 3.ed. Rio de Janeiro: Rio Books, 2007. 160p. WHEELER, Alina. Design de identidade da marca. Rio de Janeiro: Bookmam, 2008. WIEDEMANN, Julios. Logo Design. Alemanha: Taschen Editora, 2007. ANEXOS Questionário Qualitativo Respondido pelo Gerente de Criação da Agência Flex Comunicação Processo criativo do desenvolvimento da marca TV DN 01. Qual a missão, visão e valores da marca? Missão: manter os leitores e internautas do site do Diário do Nordeste informados, gerando conteúdo em tempo real para web TV. Visão: se tornar parte fundamental na ramificação do negócio voltado ao jornalismo, ampliando o “leque de opções” para o público se manter informado e conectado com uma marca maior: Diário do Nordeste. Valores: Interatividade, modernidade, urgência e tecnologia. 02. O conhecimento em Comunicação Visual é relevante no processo de criação da marca? Sim, fundamental, nesse caso, como a marca foi pensada primeiramente para um mundo inteiramente digital, não havia restrição para a criação e aplicação da mesma. 03. Como se deu o processo de escolha do símbolo da Marca? O brainstorm partiu em tentar formatar um símbolo que representasse esse novo produto, ssa nova ferramenta de jornalismo. Depois de vários estudos chegamos ao ícone gráfico que representa o botão do "Play", necessário para assistir aos vídeos na Web TV e consequentemente as iniciais da palavra Diário, o "D".do Nordeste o “N”. 04. E a tipografia? É um caso interessante, pois na proposta inicial optamos por uma fonte mais moderna, porém o cliente achou que destoaria das demais marcas do grupo e solicitou uma proposta mais formal, e depois de uma nova pesquisa, optamos por uma fonte mais simples, e mesmo assim gostamos muito do resultado. 05. A cor é um elemento de fundamental importância no processo de criação da marca. Qual a ligação da cor escolhida para o logotipo com a marca e sua atuação? Com certeza é fundamental, mas pelo fato de ser uma marca de um grupo, tinhamos uma diretriz a seguir, ser predominante verde. Variamos um pouco a gama de verdes para estudar e chegamos às cores atuais. A utilização do degradê em conformidade com as curvas da marca serve pra dar movimento e dinamismo ao ícone gráfico. 06. O logotipo transparece o conceito da marca? O resultado foi bastante elogiado pelo cliente, mas acima de tudo, bem aceito pelo público. Então é sinal que o objetivo foi atingido e o conceito transmitido. 07. A identidade visual é um ponto fundamental para o fortalecimento visual da marca. As aplicações: impressos, website e publicidades seguem a mesma linha visual? Sim, e sempre precisam seguir, afinal é isso que vai consolidar a identidade da marca. 08. A marca possui um manual de identidade visual? Qual a impotância do manual para a identidade da marca? Não é um manual completo como deveria ser, mas existe um “mini manual” com algumas formas de aplicação e disposição da marca. O manual é importante para que nada fuja do que foi estudado. A marca tem que ser a mesma vista aqui ou na China. Uma logomarca alterada um milímetro, gera desconfiança na credibilidade do que ela esteja sendo apresentada. Um exemplo: se você ver a maçã da Apple, sem aquela mordida você com certeza irá desconfiar que aquele produto é falso e não vai efetuar a compra. 09. Como a marca foi construída, em relação ao design da marca: estrutura, grade, composição e alinhamento? A marca foi construída com uma grade de construção simples existente no software em que foi desenvolvida. Foi utilizada uma tipografia sem serifas com o símbolo fixado no canto esquerdo, podendo também ser aplicado em cima do tipo. Uma produção relativamente simples, mas com muita coerência visual.