Aula 04: Cinemática: Caso geral de movimento no espaço. Caso Geral de movimento no espaço Vamos agora considerar o caso geral de movimento de uma partícula p movendo-se com relação a um sólido que está em movimento com relação a um sistema de coordenadas fixo, como mostra a Fig. 8. Designaremos o sistema de coordenadas fixo por letras maiúsculas XYZ e vamos fixar um sistema de eixos, xyz, no corpo em movimento, denominando-o, portanto, de eixos do corpo. Então, o movimento do sólido é composto pelo movimento da origem dos eixos do corpo, xyz, (translação da origem) e da rotacão, ω , do sistema xyz, fixo no sólido, ambas, translação e rotação, tomadas em relação a XYZ. Em geral, o vetor ω pode variar tanto em módulo quanto em direção. Logo, o movimento geral de uma partícula p, em relação ao sistema XYZ, será igual ao movimento da partícula em relação aos eixos do corpo (ou ao corpo, como queiram) mais o movimento do ponto coincidente (ponto do corpo que coincide momentaneamente com o ponto p) que, em suma, é resultado da translação da origem &. móvel mais o movimento do ponto coincidente devido as rotações ω e ω Para vislumbrar o movimento, suponha que o movimento da partícula p em relação ao sólido esteja ao longo da curva s, fixa no corpo. Então, esta curva é também fixa com relação aos eixos do corpo, xyz. Um observador sentado no corpo veria somente o movimento de p ao longo de s. Fig. 8 - Caso geral de movimento no espaço em termos dos eixos do corpo, xyz, e eixos inerciais XYZ. Suponha que a posição de p relativa aos eixos x, y e z seja representada pelo vetor r = xi + yj + zk , (29) onde i, j e k são os vetores unitários ao longo de x, y e z, respectivamente. Esses vetores (versores) devem ser tratados como variáveis porque suas direções variam. Derivando a Equação (29) obtém-se 9 dj dk di r& = [x&i + y& j + z&k ] + x + y + z , dt dt dt (30) Dado que di / dt = ω × i , dj / dt = ω × j e dk / dt = ω × k , a Equação (30) pode ser reescrita como r& = [x&i + y& j + z&k ] + ω × ( xi + yj + zk ) = [r& ] + ω × r . (31) A Equação (31) pode ser interpretada da seguinte forma: o primeiro termo, [r& ] , representa a diferenciação mantendo i, j e k constantes. É, então, a velocidade de p em relação aos eixos rotativos x, y e z, ou, a velocidade que um observador, estacionado sobre os eixos x, y e z, é capaz de detectar quando a partícula se move ao longo da curva s. O segundo termo, ω × r , é a velocidade do ponto coincidente em relação a origem, devido a rotação ω . Finalmente, devemos adicionar, à velocidade dada pela Equação (31), a velocidade da origem móvel, v O , para obter a velocidade absoluta de p, ou v = v O + [r& ] + ω × r . (32) Para determinar a aceleração partimos da velocidade r& dada pela Equação (31), relativa ao sistema móvel, e diferenciamos uma vez mais &r& = [&x&i + &y&j + &z&k ] + ω × ( x&i + y& j + z&k ) + ω & × ( xi + yj + zk ) + ω × [x&i + y& j + z&k ] + ω × ω × ( xi + yj + zk ) . (33) Os dois primeiros termos da Equação (33) resultam da diferenciação do primeiro termo da Equação (31), [x&i + y& j + z&k ] , enquanto a diferenciação do segundo termo, ω × ( xi + yj + zk ) , fornece os três termos restantes da Equação (33). Podemos agrupar os termos ficando &r& = [a ] + ω × ω × r + ω & × r + 2ω × [v ] , (34) onde [v ] = [r& ] = [x&i + y& j + z&k ] e [a] = [&x&i + &y&j + &z&k ] são a velocidade e aceleração de p em relação aos eixos do corpo. Agora podemos adicionar a aceleração a O da origem para obter a aceleração total, ou seja, & × r + 2ω × [v ] . a = a O + [a] + ω × ω × r + ω (35) & × r são as acelerações do ponto coincidente e Os termos ω × ω × r e ω 2ω × [v ] é a aceleração de Coriolis que é direcionada normal ao plano contendo os vetores ω e [v ] , dado pela regra da mão direita. O termo ω × ω × r é chamado de aceleração centrípeta e aponta para o eixo instantâneo de rotação. 10 As Equações vetoriais (32) e (35) são as definições mais compactas para o caso geral de movimento no espaço. Todos os casos especiais são deduzidos diretamente dessas fórmulas. 11