REFLEXÃO A CERCA DO ESTÁGIO SUPERVIONADO II- PLANEJAMENTO E
EXECUÇÃO
Gisele Cipriano dos SANTOS
Universidade Federal de Campina Grande
[email protected]
Mayara Laiane Vieira de SOUSA
Universidade Federal de Campina Grande
[email protected]
Romennyg Correia PARNAÍBA
Universidade Federal de Campina Grande
[email protected]
RESUMO
O presente trabalho constitui-se a partir da experiência adquirida e vivenciada ao longo do Estágio
Supervisionado II. O estágio foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Prof°
Manoel Mangueira Lima, com alunos do 6º ano do ensino fundamental II, na cidade de Cajazeiras-PB.
O estagio trata-se do momento de aprender a profissão, de por em prática tudo aquilo que foi adquirido
na Universidade, levando sempre em consideração as dificuldades encontradas nas escolas públicas na
atualidade. A temática abordada diz respeito aos “domínios da Caatinga” que tem por objetivo,
analisar e discutir sobre a abrangência e as áreas de domínios da Caatinga, sendo a mesma a vegetação
predominante em nossa região, além de buscar uma reflexão que possa oferecer ao aluno uma visão,
tanto mais ampla, como mais específica a cerca da realidade a qual o aluno esta inserido, estendendo
essa visão para além da memorização e decodificação dos conteúdos. No que diz respeito às
metodologias, as aulas foram ministradas a partir do método expositivo dialogado, utilizando de
imagens e músicas, que auxiliaram na compreensão do conteúdo. O estágio como experiência torna-se
importante não apenas pelo fato de praticar a profissão, mas também de compreender o espaço, a
realidade da escola e principalmente a do aluno, em que o mais importante não é trabalhar o conteúdo
ate o fim, e sim fazer com que esses alunos tenham uma visão mais crítica, deixando de pensar a
Geografia como uma disciplina meramente mnemônica e sem nenhuma importância, contribuindo
assim para a disseminação dos saberes e a construção do conhecimento.
Palavras-Chaves: Estágio. Caatinga. Ensino.
INTRODUÇÃO
O estágio é o momento de aproximação da teoria e da prática, refletir sobre o estagio,
é de fundamental importância no processo de formação profissional docente, desta forma,
procuramos analisar e descrever o que foi por nós vivenciado dentro e fora de sala de aula, a
partir do estágio supervisionado II, levando em consideração a proposta que foi planejada, e
desenvolvida com a temática a ser trabalhada a cerca dos “Domínios da Caatinga”, com
alunos do 6° no do ensino fundamental II, na Escola Estadual de Ensino Fundamental e
Médio Prof° Manoel Mangueira Lima, na cidade de cajazeiras-PB.
A escolha do tema se deu a partir da importância, do único bioma exclusivamente
brasileiro, e da pouca exploração do tema por parte dos livros didáticos, além de ser a
vegetação predominante de nossa região, e o fato de muitos alunos ainda não terem
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conhecimento sobre o tipo da vegetação do sertão nordestino. Cabe ainda destacar as
consequências da extinção dessa vegetação e o que se pode ser feito para conservar um bioma
tão rico em diversidade, trazendo isso para o aluno de forma sucinta e sistematizada.
Desta forma, todo o planejamento de aula foi feito com base em uma turma de 6° ano
do ensino fundamental II, em que foram abordadas a questão das secas no sertão, o tipo de
clima, relevo, solo e o tipo de vegetação predominante no nordeste brasileiro, dando ênfase ao
sertão nordestino, onde os alunos estão inseridos.
Pensar na temática implica também, pensar como esses processos serão desenvolvidos em
sala de aula e quais são os recursos que serão utilizados a partir da metodologia implantada
em sala de aula.
Buscamos nesta proposta, trabalhar com os alunos além dos conceitos de natureza,
região e caatinga, as principais características desse tipo de vegetação, onde são mais
predominantes, e qual a importância da preservação e conservação dessa vegetação, tanto
numa escala local, como de forma mais abrangente. Outro ponto que será destacado será o
polígono das secas, o que é polígono das secas? Onde ocorre? E quais as suas principais
causas?
Como parte integrante do processo de estágio, nossa proposta busca também
sistematizar as ideias e as formas de trabalho que foram executados ao longo do Estágio
Supervisionado II. Desta forma, a partir do processo de vivência na escola, antes de tudo,
procuramos entender o perfil de cada aluno com ajuda de um questionário socioeconômico,
que para nós fez uma grande diferença em conhecer os alunos para quem iriamos planejar
aquelas aulas, nessa perspectiva, visando sempre à melhor forma de ensino/aprendizagem
para o aluno.
Enfim, pretendemos assim com essa proposta de planejamento de aula fazer com que
os alunos prestem mais atenção nas aulas e passem a desenvolver e aprimorar os seus saberes,
principalmente no que diz respeito a sua própria realidade refletindo e contribuindo assim, no
processo de construção da ciência geográfica.
ALGUMAS PALAVRAS SOBRE O ESTÁGIO
O estágio se constitui como o momento de aprender a profissão, e de associar a teoria
e prática. Desse modo, Pimenta e Lima (2008, p. 45) afirma que: [...] o estágio é uma
atividade que transforma a realidade, pois envolve “conhecimento, fundamentação, diálogo e
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intervenção na realidade. Ou seja, é no contexto da sala de aula, da escola, do sistema de
ensino e da sociedade que a práxis se dá”.
O estágio surge a partir da necessidade que o estagiário tem em colocar em prática
tudo aquilo que foi construído na graduação, possibilitando assim a união entre o mundo
acadêmico e o profissional. É nesta fase que podemos observar como o momento do estágio
pode se tornar complexo, onde apenas a teoria muitas vezes não é suficiente, se faz
necessário conhecer a realidade dos alunos e a comunidade a qual a escola está inserida.
Desenvolver as práticas pedagógicas dentro e fora de sala de aula não é tão fácil
quanto se imagina, apesar do grande avanço da ciência geográfica, muitos alunos ainda veem
a Geografia como uma disciplina “chata”, a partir do questionário socioeconômico
percebemos que os alunos não sabiam ao menos o que estuda a Geografia. Dessa maneira
trabalhamos nessa perspectiva, visando sempre à melhor forma de ensino/aprendizagem para
o aluno, posteriormente apresentamos o conteúdo à turma e ao longo do estágio, foi utilizado
o método expositivo dialogado.
A utilização do tema para ser trabalhado em sala de aula “Os domínios da Caatinga”,
apresentou um leque de oportunidades para esses alunos descobrirem mais sobre a realidade
que os rodeia, e da grande importância da preservação desse bioma tão rico em diversidade.
Os alunos gostaram muito do tema, e com o desenvolver da aula passamos a perceber o
empenho por parte de alguns alunos e o descompromisso por parte de outros.
No primeiro dia na escola, de início, participamos juntamente com a professora titular,
Maria Girleide Ramalho, de uma aula de campo, com o intuito de conhecer melhor a turma e
a sua dinâmica (Figura 1).
Figura 1- Fotografia de aula de campo
Fonte: Gisele Cipriano. Cidade de cajazeiras-PB. (2013)
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Já em sala de aula, na segunda semana, procuramos desenvolver o nosso
planejamento, a partir de conceitos, e posteriormente as aulas foram ministradas de acordo
com as dificuldades e necessidade que a turma enfrentava. Foi a partir do andamento das
aulas e no decorrer do estágio que passamos a entender não só a turma, mas também a
estrutura e o funcionamento da escola, além da sua relação com a sociedade a qual esta
inserida, e a importância da participação dos pais na escola.
Apresentamos assim, para os alunos o conteúdo a cerca dos domínios da caatinga,
onde primeiramente foram dados os conceitos de região, natureza, bioma e logo em seguida
juntamente com a turma e o livro didático, fizemos uma leitura em grupo sobre o bioma da
caatinga e a sua relação com o sertão nordestino, gerando uma discussão. Além disso,
apresentamos ainda textos retirados da internet como outro tipo de pesquisa para a
comparação entre os mesmos, partindo dos textos lidos e do conhecimento prévio que os
mesmos já possuem.
Sabemos das profundas mudanças e transformações que ocorreram no âmbito escolar,
no que diz respeito às metodologias utilizadas em sala de aula, o que antes eram consideradas
como a “correta” em sala de aula, hoje podem ser consideradas como técnicas ultrapassadas e
tradicionais.
Levando em consideração o processo histórico, a dinâmica da escola e as inovações
tecnológicas, muitos recursos podem ser trabalhados tanto dentro como fora da sala de aula,
recursos esses que nos auxiliaram durante o estágio, trazendo pra o aluno uma forma mais
atrativa de se dar as aulas, possibilitando ao aluno uma melhor compreensão dos conteúdos.
Nessa perspectiva, na segunda semana utilizamos de imagens, da música “A volta da
asa branca” de Luiz Gonzaga, do livro didático além de outras formas de leituras para o
aprofundamento e comparação dos diferentes conceitos, foram às metodologias aplicadas em
sala de aula, com o objetivo de fazer com que o aluno preste mais atenção na aula, gerando
um debate bastante promissor. Notamos que os alunos conversaram menos, e esse é a nossa
proposta, que tenham vontade de ir para a escola, e principalmente que gostem de estudar
Geografia e possam entende - lá como conhecimento presente em suas vidas.
Imagens da vegetação da caatinga (Figura 2), foram utilizadas para demonstrar os
principais tipos e quais as suas funções e mecanismos de defesa para a sua sobrevivência,
além do tipo de solo e relevo onde se desenvolvem o tipo de clima predominante no sertão
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nordestino, e sempre ao final de cada aula será feito um texto por parte dos alunos, sobre o
assunto exposto.
Figura 2 - Fotografia de imagens da Caatinga
Fonte: Maristela Crispim
Fonte: Hugo Macedo
A utilização da música “a volta da asa branca” que é a continuação da música “Asa
branca”, como recurso metodológico, foi uma ferramenta que dinamizou a aula de forma que
os alunos interagiram, participando mais a cada aula. Posteriormente os alunos indicarão os
elementos presentes na música que falam sobre Geografia, sobre as secas e o processo de
migração, gerando sempre o debate sobre a problemática e as suas consequências tanto
ambientais como sociais.
Outra discussão de pautou nossa aula, foi sobre o polígono das secas (Figura 3), o seu
conceito, causas, sua abrangência com os estados que o compõem, sua extensão, o tipo de
vegetação predominante e suas consequências. A aula com a utilização do mapa permitiu
ainda aos alunos interpretá-lo e entendê-lo para além de sua área, os alunos levantaram
questionamentos que se desenvolveram de forma sucinta durante toda a aula.
Para nós futuros professores o estágio foi um momento gratificante a partir do momento
que vimos à importância de se trabalhar em uma turma com recursos que auxiliam não apenas
o professor na hora da aula, mas também na assimilação dos conteúdos por parte dos alunos.
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Figura 3 – Localização do Polígono das Secas
Fonte: Disponível em: natalgeo.blogspot.com.br.
O debate se estendeu para há terceira semana, a ideia era fazer com que a turma
participasse mais das aulas, que tirassem dúvidas e principalmente que entendessem da grande
importância da caatinga e de todos os fatores que contribuíram para o desenvolvimento dessa
vegetação, o tipo de clima, solo, o relevo e etc.
Porém, as aulas apesar de produtivas, não ocorreram conforme o planejado, e nem no
tempo previsto. Acredito que o desafio do professor na atualidade é proceder em como se
teoriza e como por em prática as metodologias, além de como dinamizar o processo de ensino
e aprendizagem e suas especificidades para além da sala de aula.
Ao nosso entendimento, o estágio torna-se essencial na formação e na construção da
identidade de professores, onde a realidade é o ponto de partida para essa construção. O
estágio deve ser um espaço de diálogo onde se é fundamentado todos aqueles processos
teóricos metodológicos e práticos impostos pelas políticas de formação, além de ser um lugar
de descobertas de construção da educação, de maneira que traga resultados produtivos na
aprendizagem dos alunos. Desta forma, segundo Pimenta (2004): [...] Assim, propomos que o
estágio, em seus fundamentos teóricos práticos, seja espaço de diálogo e de lições, de
descobrir caminhos, de superar os obstáculos e construir um jeito de caminhar na educação de
modo a favorecer resultados de melhores aprendizagens dos alunos.
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Ao final do estágio, avaliação da turma foi feita a partir da participação dos mesmos
na aula, das produções textuais que foram solicitadas, além de uma prova escrita, onde o mais
importante não foi medir o conhecimento do aluno, mas sim fazer com que os mesmos
passassem a refletir mais sobre os conteúdos, contribuindo assim no processo de
ensino/aprendizagem e na sua formação cidadã.
O processo educativo é muito mais amplo e complexo do que havíamos imaginado
pensar nas aulas práticas e refletir sobre elas é um processo longo e às vezes demorado, os
conteúdos não podem simplesmente serão trabalhados em sala sem nenhum objetivo, todas as
aulas foram planejadas e pensadas a partir do desenvolvimento e andamento da turma.
Ensinar Geografia e muito mais do que estudar o espaço, a Geografia é de uma riqueza
imensa, que estuda não só a sociedade, mas o planeta como um todo, onde os métodos
tradicionais e de memorização já foram ultrapassados há muito tempo.
CONCLUSÃO
Portanto, ao término deste trabalho, podemos perceber como é difícil e intenso o
trabalho docente em sala de aula, e que o estágio é o primeiro contato com a realidade da
escola, mas diante de todas as dificuldades encontradas, foi muito gratificante, o
desenvolvimento do tema durante as intervenções na sala de aula, a discursão do tema foi
muito produtivo, já que se tratava dos “Domínios da Caatinga” houve uma grande interação
dos alunos devido a relação do tema com a vivência dos mesmos. Isso foi um fator que
contribuiu muito para o bom desenvolvimento do nosso trabalho.
De maneira geral, a escola é local da disseminação do aprendizado, é na escola em que
os alunos passam a sistematizar os seus conhecimentos, daí a importância de um profissional
realmente comprometido com o que faz isso nos fez repensar sobre algumas práticas docentes
e sobre o nosso objetivo como estagiários e futuros professores. O estágio foi um momento de
aprendizagem que contribuiu com o nosso crescimento pessoal e profissional, foi uma
experiência muito positiva, um momento que permite repensar nossa prática é refletir sobre a
nossa atuação, sempre tentando se aperfeiçoar cada vez mais.
Portanto, o estágio foi de suma importância na contribuição para a formação
acadêmica, contribuindo para a formação da identidade profissional. Diante disso, o
desenvolvimento do tema permitiu uma discussão muito ampla e importante, pois norteia um
tema que requer bastante atenção nos dias de atuais. Contudo nos permitiu por em prática
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conhecimentos adquiridos ao longo do curso, possibilitou uma reflexão a respeito da nossa
função como educador nas adversidades do mundo atual.
REFERÊNCIAS
CAATINGA. [2014?]. Disponível em:
<http://blogs.diariodonordeste.com.br/gestaoambiental/tag/associacao-caatinga/.>
COMITÊ CAATINGAPE. 2009. Disponível em:
http://comitecaatingape.blogspot.com.br/2009/07/caatinga-o-maior-e-mais-importante.html.
PASSINI, Elza Yasuko; PASSINE, Romão; MALYSZ, Sandra T. (Org.). Prática de ensino
em geografia e estágio supervisionado. 2. ed. reimpr. São Paulo: Contexto, 2011.
PIMENTA, Selma G.; LIMA, Maria Socorro L. Estágio e Docência. São Paulo. Cortez
Editora. 2004.
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