Escolas de Nova Iguaçu ganham novo modelo de gestão Decreto municipal instituiu os Conselhos Escolares na rede pública de ensino. Formado por um colegiado que reúne representantes dos professores, alunos, funcionários, pais ou responsáveis, o Conselho Escolar torna-se o órgão máximo de decisão da unidade, reunindo funções de natureza deliberativa, consultiva, normativa e fiscalizadora Esta é mais uma etapa no processo de democratização que a Secretaria Municipal de Educação está desenvolvendo e você é um convidado muito especial. O Conselho Escolar é um novo modelo de gestão que precisa da participação de todas as pessoas que fazem parte do universo escolar. As primeiras experiências surgiram no final da década de 70, em alguns estados e municípios espalhados pelo país. Na época eles eram chamados apenas de Colegiados, mas, hoje em dia, o próprio Ministério da Educação reconhece o Conselho Escolar como um instrumento fundamental para democratizar as relações de poder no interior da escola. Pautado sempre no diálogo e no respeito à opinião de todos os membros conselheiros, o Conselho Escolar é, antes de tudo, um enorme exercício de ci- dadania, já que ele estimula o convívio sem preconceitos, desvinculado de qualquer postura autoritária. De certa forma, ele acaba se tornando um novo instrumento de educação, uma vez que a participação nesta experiência revela-se uma constante renovação de aprendizado social. Nesta edição, estaremos apresentando matérias sobre o Conselho Escolar, no qual você pode participar de várias maneiras. Uma delas é você se candidatar a ser um membro do Conselho da sua escola, mas nunca esquecendo que você representa todo um segmento maior, seja ele dos pais, alunos, professores ou funcionários. Mas o que de melhor você pode fazer é divulgar esta nova idéia, este novo modelo de gestão que (pode apostar) vai mudar muito a cara da sua escola. Participe! Você é nosso convidado. Em 18 de abril de 2007 foi realizado o “Dia de Mobilização para a Formação dos Conselhos Escolares da Rede Municipal”. Na ocasião, todos os segmentos da comunidade escolar participaram de várias atividades nas escolas e creches, que envolveram a ampla discussão sobre a implantação dos Conselhos. Participe Seja um membro do Conselho Escolar de sua Escola Procure a Comissão eleitoral no período de 11 a 21 de setembro e preencha a ficha de inscrição Foto Eliane Melo EDITORIAL Estudo realizado pelo MEC comprova eficácia do Conselho Escolar A Escola que faz escola No dia primeiro de setembro inicia-se o processo eleitoral que irá escolher os membros que formarão os Conselhos Escolares das nossas unidades de ensino. Esta data representa, acima de tudo, a consolidação do nosso projeto político-pedagógico, pautado no aperfeiçoamento das relações democráticas dentro da comunidade escolar e, por extensão, com toda a comunidade de Nova Iguaçu. Não podemos esquecer que esta trajetória teve o seu início em 2005, com a realização de oito fóruns, onde foram discutidas e aprovadas as propostas de normas para as eleições diretas para diretores de escolas, realizadas no ano seguinte, verdadeiro marco na história da educação do município. E se ali a democracia fez-se plena, com o projeto Bairro-Escola o exercício da cidadania atingiu o seu ponto máximo, através do diálogo direto entre a cidade e a comunidade escolar. Agora, com o Conselho Escolar, que marca a introdução de um novo modelo de gestão, onde todas as pessoas ligadas à escola podem se fazer representar e decidir sobre aspectos administrativos, financeiros e pedagógicos, descentralizando, assim, o poder decisório da unidade, entendemos estar dando um passo gigantesco na melhoria da educação na nossa rede. Antes de uma vontade, isto é uma certeza. Como podemos observar em matéria desta publicação, dados preliminares de um estudo realizado pelo Ministério da Educação, em parceria com a Unicef, demonstram que as escolas que obtiveram as melhores notas no exame Prova Brasil tinham um Conselho Escolar atuante e organizado. Desta forma, desejamos, antecipadamente, as boas-vindas aos futuros membros dos nossos Conselhos Escolares. Os novos artífices da nossa obra educacional. Obra esta que já vem dando o que falar, já vem colhendo os seus frutos e servindo de exemplo para outros estados e municípios. Assim, é com convicção e orgulho que afirmamos que o modelo político-pedagógico da nossa rede de ensino caminha firme para se tornar um diferencial na educação do país, que a nossa Escola faz escola. As escolas que se destacaram na avaliação do Prova Brasil exerciam uma gestão democrática, com a presença de um Conselho atuante e organizado “Uma iniciativa extraordinária, extremamente positiva”, é assim, com muito entusiasmo, que o professor Arlindo Queiroz, diretor da Coordenação de Articulação dos Sistemas de Ensino do MEC, recebeu a notícia da implantação dos Conselhos Escolares na rede pública de educação de Nova Iguaçu. Para o professor, o Conselho torna a escola viva, participativa, transparente: “É, sem sombra de dúvida, uma ação extremamente valorosa, já que o Conselho implica no aumento da qualidade da aprendizagem.” “ O MEC está investindo forte na qualificação do Conselho Escolar. Capacitando o Conselho, você capacita a cidade. ARLINDO QUEIROZ ” A afirmação é comprovada em estudo realizado pelo Ministério da Educação em parceria Fátima Alves com o Fundo das Nações UniC . D G D das para a Infância (Unicef), que selecionou 33 escolas que se destacaram no Prova Brasil (avaliação de desempenho, em LínEXPEDIENTE gua Portuguesa e Matemática, de 3.306.378 alunos da 4ª e 8ª, em Prefeito mais de 40 mil escolas por todo LINDBERG FARIAS o país). Todas as escolas tinham como característica comum, em Secretária de Educação que pese a diversidade geográMARLI DE FREITAS fica, a cultura da gestão democrática e a presença dos ConseSecretário-Adjunto Administrativo lhos Escolares. MÁRIO MEDEIROS DE FARIAS E é por isso que o MEC, como informa Arlindo Queiroz, Secretário-Adjunto Pedagógico está investindo forte na qualiALSENI PEREIRA DA SILVA ficação do Conselho Escolar, já que a sua importância também Coordenadora da Divisão de se manifesta “no sentido de que Gestão Democrática o Conselho leva em consideFÁTIMA APARECIDA ALVES ração as especificidades de cada Equipe do projeto de formação localidade.” Desta forma, ele dos Conselhos Escolares Jornalista responsável expressa a vontade coletiva do ARTHUR VAINFAS - MTb 16079/RJ ROBSON TRAJANO bairro, da comunidade. Assim, MICHELLE CORRÊA “capacitando o Conselho EscoMARCOS FARIAS Projeto gráfico e diagramação lar, você capacita a cidade.” Tiragem 70.000 O pensamento do diretor do ELEN RIBERA OORD DA IVISÃO DE ESTÃO EMOCRÁTICA Arlindo Queiroz, diretor do MEC, acompanha, de perto, o desempenho dos Conselhos Escolares MEC é compartilhado por Jacques Schawrzstein, Oficial de Projetos do Unicef no Rio de Janeiro, que tem convicção de que “quando a comunidade participa dos assuntos da escola, os resultados educacionais podem melhorar muito: os alunos aprendem mais, a violência nas escolas diminui.” Jacques acrescenta que “é por este motivo que o Unicef estimula e apóia os municípios que fazem um trabalho sério de instalação e apoio ao funcionamento dos Conselhos Escolares”, como é o caso de Nova Iguaçu. Parceria inestimável É muito difícil não associar o Unicef às boas coisas que acontecem no âmbito da Educação no Brasil. Ele está presente em todos os projetos, em todas as iniciativas que buscam melhorias na área. Mas sua área de atuação não se restringe à Educação, como explica Jacques Schawrzstein: - Trabalhamos para garantir a todas as crianças e adolescentes do país boas condições de desenvolvimento, boa educação, proteção contra AIDS e contra qualquer tipo de violência. E, também, é muito importante dizer que o Unicef tem uma preocupação maior com aquelas que têm seus direitos mais desrespeitados, entre elas as crianças negras e as crianças das comuni- dades populares mais empobrecidas de grandes centros urbanos, como o Rio de Janeiro. Quando cita o Rio, o representante do Unicef ressalta a preocupação com a questão da violência que atinge as crianças. Ele acredita que a melhor maneira de proteção é ter boas escolas, que estimulem a vontade de aprender e que as crianças freqüentem com prazer. Jacques Schawrzstein conclui lembrando que as crianças são os atores mais importantes desta história, pois são cidadãos como os adultos e devem ser ouvidas, respeitadas e levadas a sério. “ O Unicef trabalha para garantir a todas as crianças e adolescentes do país boa educação e proteção contra qualquer tipo de violência. JACQUES SCHWARZSTEIN ” Pensamento em perfeita sintonia com o do diretor do MEC, Arlindo Queiroz, que lembra, quando perguntado sobre a importância do Unicef, que “todo o trabalho que eles realizam é baseado no direito de aprender. A educação não pertence a uma legenda, a uma família. A educação não é um favor, e sim um direito.” Diálogo entre a Semed e as escolas fortalece a Educação de Nova Iguaçu Agora a Secretaria de Educação realiza todo o seu planejamento levando em conta a realidade das unidades Foto Mazé Mixo A busca incansável da gestão democrática, através da interação entre a comunidade escolar e a Secretaria Municipal de Educação (Semed), talvez seja o que mais chame a atenção, o que mais caracterize, num primeiro momento, a nova postura do órgão. Hoje em dia, esta troca se intensificou de tal forma que orientadores, professores, funcionários e pais estão constantemente em contato com a Secretaria, e esta, por sua vez, também marca presença nas unidades por praticamente todos os seus setores, diferentemente do que ocorria, quando esse contato se restringia à Supervisão Escolar. Esta transformação reescreveu os papéis desempenhados pelos atores da Educação do município, ajudando, assim, na compreensão das dificuldades, como também das potencialidades das partes. E, talvez o mais importante, com o surgimento desse novo diálogo, a Secretaria de Educação passou a realizar todo o seu planejamento levando em conta a realidade das escolas, fato que colabora, de forma decisiva, para o bom desempenho da rede. Conselho Escolar e a construção da autonomia das escolas A TRAJETÓRIA DAS MUDANÇAS A rede de Educação de Nova Iguaçu é imensa – são cerca de 63 mil alunos, 4 mil professores e 600 funcionários distribuídos por 102 escolas e 12 creches -, complexa e estava envelhecida, tanto no aspecto físico quanto no que diz respeito ao seu desempenho político-pedagógico. Era necessária uma série de mudanças. E essas mudanças foram ocorrendo gradativamente e tiveram grande intensidade no aspecto estrutural. Após introduzir o debate coletivo entre os professores para que fosse cons- Alunos no turno da tarde: o tempo integral no foco da política pedagógica da Semed tituída uma proposta curricular, a equipe da Semed concentrou o foco de suas ações na questão pedagógica, que tem como base a educação integrada e em tempo integral. A formação de professores de todos os níveis e modalidades também mereceu especial atenção. Prosseguindo o roteiro das transformações, o exercício da gestão democrática ganha, então, contornos bem nítidos com a incrementação da discussão coletiva – foram sete fóruns indicativos e um deliberativo – que le- Para a equipe da Secretaria Municipal de Educação (Semed), a implantação dos Conselhos Escolares representa, além da consolidação do processo de democratização da rede, a busca da construção da autonomia das escolas. A Semed entende que cada unidade possui os seus problemas específicos, as suas particularidades, cujas soluções só podem ser encontradas por elas mesmas. Desta forma, o Conselho Escolar acaba funcionando como elemento de referência, possibilitando a harmonização das ações entre os segmentos que compõem a comunidade escolar e, também, incentivando o desenvolvimento de novos projetos. vou às eleições diretas para diretores de escolas, e o processo, que agora se inicia, para a elaboração do Plano Municipal de Educação. Não podemos, também, deixar de citar, como exemplos da nova postura política da Semed, a escolha democrática dos repre- sentantes dos conselhos municipais que têm vínculo direto com a educação, sobretudo o CAE e FUNDEF (hoje FUNDEB), e a implantação dos Conselhos Escolares, agora em curso, modelo que consolida o exercício da gestão democrática implantada na Educação de Nova Iguaçu. Merenda na pauta do Conselho Escolar A diretora da E.M. Ruy de Queiroz, Delma Nunes, percebeu que um grupo de crianças estava demonstrando pouco entusiasmo com o tradicional pão com manteiga do café da manhã. Não que fosse uma rejeição, apenas um certo desdém, uma carinha de quem diz “ah, lá vem isso outra vez”. Delma resolveu conversar com uma das merendeiras da escola, Edileuza Matias. Ela comentou o fato e juntas buscaram uma solução. A situação, a princípio, não se constituía num grande problema. Havia, de um lado, crianças alimentadas, mas não satisfeitas, e de outro a “escola” decidida a resolver a questão. A merenda de uma escola nem sempre pode dispor de certos complementos. Então, a solução encontrada veio com a criatividade, temperada com a vontade de melhorar. Após o levantamento dos produtos disponíveis, foi feita uma experiência com salsicha, transformada num patê. Antes das crianças, professores e funcionários se ofereceram como “cobaias” e, para encurtar a história, hoje o patê de salsicha é o grande sucesso do café da manhã da “Ruy de Queiroz”, e a receita já está sendo distribuída para as demais escolas da rede. Esta pequena história serve como exemplo da importância de um Conselho Escolar. O que foi feito é uma questão típica de Conselho, onde você une as várias representações da comuni- dade escolar na busca, consensual, do melhor para o aluno, do melhor para a escola, do melhor para a comunidade. E o patê de salsicha não é a única “invenção” da merenda de Nova Iguaçu. Andam, também, falando muito bem de um doce feito da casca da banana. Aliás, a merenda da Semed anda bem comentada e cotada. Ela está entre os 38 finalistas da 4ª edição do Prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar, organizado pela ONG Ação Fome Zero. Sorte das crianças. A satisfação dos alunos estimula a comunidade escolar na busca de “novidades” para a merenda Foto Mazé Mixo Direção de escola inova e melhora desempenho As 22 turmas do Pêra Flor estão representadas num Colegiado, que já funciona nos moldes de um Conselho Escolar O professor de matemática Alan Calisto, 27 anos, é o diretor da Escola Municipal Pêra Flor, localizada no bairro dos Prados Verdes. A escola, segundo o diretor, possui características especiais. Na contramão da violência que vem ocorrendo em alguns estabelecimentos de ensino do país, como se constata no diaa-dia do noticiário da mídia (pichações, arrombamentos e, até mesmo, embates físicos), ali o comportamento é muito diferente. Talvez por ser a escola mais antiga da região, onde estudaram os pais, os avós dos alunos, a relação da comunidade com a escola é de extremo respeito e consideração, o que colabora para o bom desenvolvimento das atividades. E se a relação já era boa, ela ficou ainda melhor com uma prática que a direção adotou no início da gestão, em 2006. Percebendo que havia uma sobrecarga muito grande na figura do diretor, que era invariavelmente consultado sobre todos os assuntos, Alan sentiu necessidade de descentralizar as ações e resolveu experimentar a formação de um Colegiado para discutir, em reuniões periódicas, as questões pendentes da comunidade escolar. E a experiência deu certo. O professor Alan Calisto e os alunos do Pêra Flor O Colegiado foi montado com representantes dos pais, alunos (a partir da 3ª série) professores e funcionários. Cada uma das 22 turmas, que abrigam 800 alunos, teve a sua representação e, segundo Alan, as coisas começaram a fluir de uma forma bem mais harmoniosa. Alan ilustra a ação do Colegiado com uma pendência surgida logo no início de sua gestão: Buscando alternativas Fotos Arquivo da Escola “ Era uma questão para o Colegiado. Os professores acabaram entendendo a ansiedade dos pais e as crianças passaram a ser apanhadas na entrada da escola. ALAN CALISTO ” - Os pais tinham o costume de buscar os filhos pequenos nas salas de aula. Só que eles começaram a reclamar que tinha muita gente estranha circulando pelas dependências do colégio (na verdade, eles mesmos) e pediram para apanhá-los no portão de entrada. Levei a questão aos professores que não foram favoráveis à medida. Criou-se o impasse. Se eu me posicionasse ao lado dos professores, poderia ser ta- xado de corporativista. Por outro lado, se eu aceitasse a solicitação dos pais, poderiam achar que era uma medida populista. Era uma questão precisa para o nosso recém-criado Colegiado. Na reunião, os professores acabaram entendendo a ansiedade dos pais e, consensualmente, foi decidido que as crianças seriam apanhadas na entrada da escola. Alan Calisto conta que o Co- legiado, com o tempo, foi se tornando um importante instrumento de gerência, já que ele legitima as ações exercidas pela direção. Desta forma, a Pêra Flor, pelo trabalho já desenvolvido, torna-se um perfeito exemplo da importância e eficiência do modelo de gestão que será implantado na rede municipal, através dos Conselhos Escolares. A ação do Colegiado da Escola Municipal Pêra Flor se manifestou através de outras iniciativas não ligadas, diretamente, ao cotidiano do colégio. Por ser uma região carente de áreas de lazer, percebeu-se a necessidade de ocupar as crianças nos fins de semana e, então, a escola abriu as suas portas, transformando-se numa grande área de recreação. Sempre mantendo o espírito de um Colegiado, os pais assumiram a responsabilidade sobre a manutenção do patrimônio. Além disso, e sintonizado com o projeto Bairro-Escola, o Colegiado da Pêra Flor também buscou na comunidade outras ações de caráter sócio-educativo. Foi firmada uma parceria com uma escolinha de futebol e a igreja católica cedeu a sua biblioteca para o uso dos alunos. São pequenos exemplos dos benefícios que um Conselho Escolar, aqui na figura de um Colegiado, pode trazer, não só para a escola, mas para toda a comunidade. Confira a agenda do Conselho Escolar setembro sábado 01 a 06, quinta Composição das Comissões Eleitorais 11 sábado segunda Reunião com os presidentes 10 terça das comissões eleitorais e entrega do ofício com os nomes dos membros da Comissão Eleitoral à ECPEC/Semed 22 terça 25 outubro a 21, sexta Inscrição dos candidatos ao cargo de Conselheiros a 03 de outubro, quarta - Período de sexta 05 a 11, quinta Período de realização das Assembléias eleitorais terça 16 Entrega das cópias da Ata de Eleição e da Ata de Posse à ECPEC/Semed propaganda eleitoral segunda Posse dos Conselheiros eleitos quarta Entrega do formulário de cadastro preenchido pelos candidatos à ECPEC/Semed 15 nas unidades escolares 24 Solenidade de Posse dos Conselheiros